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IMPORTÂNCIA DA TRILHA ECOLÓGICA INTERPRETATIVA- SENSORIAL, COM ORIENTAÇÃO, PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE DEFICIENTES VISUAIS Marcelino Franco de Moura (Instituto Federal do Triângulo Mineiro - IFTM) Ubiramar Ribeiro Cavalcante (Instituto Federal do Triângulo Mineiro - IFTM) Resumo Este trabalho faz uma revisão bibliográfica sobre a utilização de trilhas ecológicas como instrumento pedagógico para a educação ambiental dos deficientes visuais. A educação ambiental permite a adoção de uma posição consciente e participaativa dos recursos naturais, orientando para uma postura de integração do meio ambiente com as pessoas da sociedade, inclusive pessoas portadoras de necessidades especiais. A deficiência visual atingia 3,5% da população brasileira em 2010. A Educação Ambiental se concretizará para os portadores de deficiência visual quando estes tomarem consciência de sua utilidade, significado e representação. A trilha ecológica é um instrumento pedagógico; é uma maneira prática de combinar a observação da fauna, flora e topografia de uma região e promover o ensino ambiental e social ao educando. As trilhas ecológicas sensoriais para portadores de deficiência visual devem ser previamente elaboradas de acordo com a idade dos participantes e o local onde será desenvolvida. Para esta atividade, podem ser utilizados espaços como parques, praças, ou até mesmo pátios de instituições de ensino. Palavras-chaves: Educação Ambiental, Trilhas Ecológicas e Deficiência Visual 20, 21 e 22 de junho de 2013 ISSN 1984-9354

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IMPORTÂNCIA DA TRILHA

ECOLÓGICA INTERPRETATIVA-

SENSORIAL, COM ORIENTAÇÃO, PARA

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE

DEFICIENTES VISUAIS

Marcelino Franco de Moura

(Instituto Federal do Triângulo Mineiro - IFTM)

Ubiramar Ribeiro Cavalcante

(Instituto Federal do Triângulo Mineiro - IFTM)

Resumo Este trabalho faz uma revisão bibliográfica sobre a utilização de

trilhas ecológicas como instrumento pedagógico para a educação

ambiental dos deficientes visuais. A educação ambiental permite a

adoção de uma posição consciente e participaativa dos recursos

naturais, orientando para uma postura de integração do meio ambiente

com as pessoas da sociedade, inclusive pessoas portadoras de

necessidades especiais. A deficiência visual atingia 3,5% da população

brasileira em 2010. A Educação Ambiental se concretizará para os

portadores de deficiência visual quando estes tomarem consciência de

sua utilidade, significado e representação. A trilha ecológica é um

instrumento pedagógico; é uma maneira prática de combinar a

observação da fauna, flora e topografia de uma região e promover o

ensino ambiental e social ao educando. As trilhas ecológicas sensoriais

para portadores de deficiência visual devem ser previamente

elaboradas de acordo com a idade dos participantes e o local onde

será desenvolvida. Para esta atividade, podem ser utilizados espaços

como parques, praças, ou até mesmo pátios de instituições de ensino.

Palavras-chaves: Educação Ambiental, Trilhas Ecológicas e

Deficiência Visual

20, 21 e 22 de junho de 2013

ISSN 1984-9354

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IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013

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1. Introdução

O avanço da degradação ambiental tem sido objeto de discussão no mundo inteiro.

Neste contexto, a Educação Ambiental é uma importante ferramenta para reverter esse

quadro, porque permite a compreensão do meio ambiente e o reconhecimento da

interdependência e inter-relações existentes entre os seus diversos elementos, com vistas à

utilização racional dos recursos naturais.

Devemos ter a percepção exata da responsabilidade de partilhar o planeta com todos os

outros seres vivos. Esta perspectiva contribui para evidenciar a necessidade de um trabalho

vinculado aos princípios da dignidade, solidariedade e da equidade do ser humano. O Brasil, e

os demais países, estão empenhados em promover reformas radicais no sentido de reverter o

quadro de degradação ambiental que assola diversas nações do mundo. E uma maneira de se

concretizar estas ações e promovendo a Educação Ambiental.

A percepção de mundo, para os seres humanos, se dá por meio dos sentidos sensoriais:

audição, tato, paladar, olfato e visão. A união e o estímulo desses sentidos facilitam o

processo de aprendizagem do educando, pois o conhecimento do mundo chega por meio

desses sentidos, sendo captado por células sensoriais e, posteriormente, interpretado pelo

cérebro. Dessa forma, o corpo se estabelece como o principal instrumento de aprendizagem.

Educação Ambiental e o processo em que se busca despertar a preocupação individual

e coletiva para a questão ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem

adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o

enfrentamento das questões ambientais e sociais. Desenvolve-se num contexto de

complexidade, procurando trabalhar não apenas a mudança cultural, mas também a

transformação social, assumindo a crise ambiental como uma questão ética e política

(MOUSINHO, 2003).

A Educação Ambiental objetiva orientar o conjunto da sociedade para uma postura de

integração com o meio ambiente, seja ela com necessidades especiais ou não.

Deficiência refere-se a qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou função

psicológica, fisiológica ou anatômica, podendo resultar numa limitação ou

incapacidade no desempenho normal de uma determinada atividade que,

dependendo da idade, sexo, fatores sociais e culturais, pode se constituir em uma

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deficiência. Desta forma, uma doença ou trauma na estrutura e funcionamento do

sistema visual pode provocar no indivíduo a incapacidade de ver ou de ver bem,

acarretando limitações ou impedimentos quanto à aquisição de conceitos, acesso

direto à palavra escrita, à orientação e mobilidade independente, à interação social e

ao controle do ambiente, o que poderá trazer atrasos no desenvolvimento normal. Os

alunos com deficiência visual ou com baixa visão não constituem um grupo

homogêneo, com características comuns de aprendizagem, sendo também, um erro

considerá-los como um grupo à parte, uma vez que suas necessidades educacionais

básicas são geralmente as mesmas que as das crianças de visão normal. Muitas

pessoas nasceram ou adquiriram deficiência visual durante o transcorrer da vida e

necessitam de uma atenção diferenciada (MASI, 2002 p. 06).

Estas pessoas não enxergam as belezas do mundo como estamos acostumados a ver,

mas podem enxergar com os outros sentidos do corpo: o tato, a fala, a audição, o olfato e o

paladar, no entanto, elas não devem ser excluídas do contato direto com a natureza. Os

deficientes visuais natos ficam apenas com a educação teórica sobre meio ambiente, pois

conhecem pouco ou quase nada dos vários tipos de ecossistemas existentes ao seu entorno. Já

os que foram perdendo a visão no decorrer do tempo têm uma percepção maior de meio

ambiente. E necessário proporcionar a esta parcela da população o contato direto com a

natureza e com o meio ambiente: rios, florestas, matas, praças, parques, animais, cidades, etc.

Considera que 80% das informações perceptivas das pessoas se captem pela visão e que

somente 35% do significado da mensagem é transmitida verbalmente e 65% da comunicação

é não verbal, sugere-se a utilização desse segundo tipo, ou seja, a não-verbal para se alcançar

um bom nível de eficácia (PAGLIUCA 1996, apud LEÃO, 2007). Pagliuca (1996 apud

LEÃO, 2007, p. 66) recomenda que para se estabeleça um canal de comunicação efetivo com

os deficientes visuais, por meio do tato, se explorem as artes plásticas (em cujo paisagismo se

acha incluído), como linguagem e que se reúnam subsídios para criar métodos de

comunicação não-verbais, de modo a desenvolver estratégias para otimizar a educação e a

saúde dos portadores de deficiência visual.

A trilha ecológica é uma importante ferramenta para desenvolver a Educação Ambiental

e social dos educandos, pois é uma maneira prática de combinar a observação e contato direto

com a fauna, flora e topografia de uma região. As trilhas nos dão uma direção a seguir em um

espaço determinado, se não houvesse a trilha cada pessoa andaria por um caminho diferente

prejudicando o desenvolvimento de plantas e animais, plantas seriam pisoteadas, galhos

seriam quebrados. Isto se deve pelo fato das trilhas serem demarcadas e seu uso assistido,

apesar do grande número de usuários, com a vantagem do impacto ambiental gerado pelas

visitas serem controlados. O contato direto nos ajuda a valorizar e apontar pontos onde a

fauna e flora correm riscos. Assim o conhecimento adquirido será estendido aos seus amigos e

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familiares aumentando a consciência da população. Para que isto ocorra há a necessidade do

contato direto do educando com deficiência visual com o meio, por isto as trilhas ecológicas,

preparadas para este tipo de público, se tornam importantíssimas. Essas trilhas necessitam de

adaptações que possibilite uma maior independência dos portadores de deficiência visual.

Atividades educadoras adaptadas, aliadas às atividades sensório-perceptivas em um ambiente

repleto de situações desafiadoras e que não são ocasionais no cotidiano, proporciona o

desenvolvimento da capacidade e das habilidades motoras, contribuindo para sua percepção

de mundo. O deficiente visual necessita de professores especializados, adaptações curriculares

e ou materiais adicionais de ensino, para ajudá-lo a atingir um nível de desenvolvimento

proporcional às suas capacidades (MASI, 2002, PORTO, 2005). Segundo a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional (LDB) em seu Artigo 58, entende-se por educação especial, para

os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede

regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.

§1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para

atender as peculiaridades da clientela de educação especial.

§2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados,

sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua

integração nas classes comuns do ensino regular.

Artigo 59°. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:

I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender

às suas necessidades;

II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a

conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir

em menor tempo o programa escolar para os superdotados;

III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento

especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses

educandos nas classes comuns;

IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em

sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção

no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para

aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou

psicomotora (BRASIL, 1996).

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A Educação Ambiental só se concretizará para os portadores de deficiência visual no

momento em que este estudo fizer sentido para o sujeito, tendo este consciência de sua

utilidade, significado e representação. Para tanto tem, que se comprometer com necessidades

justificadas, ou seja, seus conteúdos têm que estar voltados para a realidade em que o

indivíduo se insere. O objetivo deste trabalho e fornecer material teórico atual sobre o tema

proposto, para os profissionais envolvidos na educação de portadores de deficiência visual.

Este estudo pretende mostrar aos profissionais da educação a importância da trilha

ecológica interpretativa-sensorial na Educação Ambiental, promovendo assim uma Educação

Inclusiva. Uma revisão teórica do tema foi realizada, o qual servirá como material de

consulta, e de trabalho aos profissionais da educação e aos profissionais ligados ao lazer dos

deficientes visuais.

O contado direto com a natureza deve ser estimulado para que o educando possa ter

uma percepção real do meio.

O educador tem um papel fundamental neste convívio do deficiente com o meio

ambiente, pois ele pode usar das trilhas ecológicas para promover a Educação Ambiental. O

professor deve proporcionar experiências que elas não podem conseguir por si só, e ser um

agente estimulador e fornecedor de oportunidades.

2. Revisão de Literatura

2.1 Breve histórico da Educação Ambiental

Já no ano de 1962 se afirmava que o uso indiscriminado e excessivo de substâncias

tóxicas na agricultura e os efeitos dessa utilização sobre os recursos naturais ocasionaria

acentuada perda da qualidade de vida de todos os seres vivos do planeta. Após esta data os

movimentos ambientalistas mundiais cresceram, sendo também alimentados pela crescente

exploração dos recursos naturais e degradação ambiental (CARSON, 1962 apud MARTELL,

1994; DOBSON, 1994).

A atenção ambiental teve seus primórdios em 1968 quando acontece em Roma a

reunião de alguns cientistas dos países desenvolvidos que se reuniram para discutir o consumo

e as reservas de recursos naturais não renováveis e o crescimento da população mundial. Dá-

se daí o inicio de uma abordagem mundial sobre como utilizar os recursos naturais e sua

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durabilidade em relação ao crescimento populacional. Em 1972 em Estocolmo, na Suécia, a

Organização das Nações Unidas (ONU) realizou a Primeira Conferência Mundial de Meio

Ambiente Humano. Nesse sentido, “uma resolução importante da conferência de Estocolmo

foi a de que se deve educar o cidadão para a solução dos problemas ambientais. Podemos

então considerar que aí surge o que se convencionou chamar de Educação Ambiental

(REIGOTA, 1994). A partir daí a Educação Ambiental sofreu muitas transformações nestes

últimos anos, passando a ser exigência obrigatória na formação do cidadão.

2.2 Educação Ambiental

Reconheceu-se o desenvolvimento da Educação Ambiental como o elemento crítico

para o combate à crise ambiental no mundo e enfatizou a urgência da necessidade do homem

reordenar suas prioridades (DIAS, 2004). A problemática ambiental vem se agravando com o

tempo, o papel da Educação Ambiental no âmbito do ensino escolar se torna importantíssimo

neste controle. Desde então, essa modalidade da educação passa a ser considerada como

campo de ação pedagógica, adquirindo relevância e vigência internacional. Ação esta onde se

promove a construção do conhecimento contextualizado para que não seja mera transmissão

de conteúdo. O processo pedagógico deve desenvolver atitudes de abertura, interação

solidária, subjetividade coletiva, sensibilidade e afetividade com conteúdo ensinado.

É um tema que deve ser obrigatoriamente abordado nas escolas, é multidimensional, ou

seja, pode ser inserido em todas as disciplinas, pois o aprendizado está fundamentado na

interdisciplinaridade, todas as matérias podem ser desenvolvidas na Educação Ambiental, ou

vice-versa (MORIN, 2006). O processo pedagógico utilizado na Educação Ambiental deve

possibilitar transitar-se das ciências naturais às ciências humanas e sociais, da filosofia à

religião, da arte ao saber popular, em busca da articulação dos diferentes saberes.

Considerando a importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo, as

escolas se sobressaem, como espaços privilegiados na implementação de atividades que

propiciem essa reflexão, pois isso necessita de atividades de sala de aula e atividades de

campo, que possibilite ao educando um contato com a realidade ensinada em sala de aula.

Essas ações podem ser desenvolvidas em projetos e ou em processos de participação que

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levem à autoconfiança, a atitudes positivas e ao comprometimento pessoal com a proteção

ambiental, implementados de modo interdisciplinar (DIAS, 2004).

Deve atingir todos os cidadãos através de uma intervenção pedagógica participativa

permanente, e que seja abordada como um tema transversal, procurando incutir no educando

uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, fazendo com que o educando seja

capaz de ler seu ambiente e interpretar as relações, os conflitos e os problemas aí presentes e

que consiste numa possibilidade de formar conceitos, atitudes e habilidades novas na relação

sadia entre o homem e o meio ambiente (ARAÚJO et al., 2008; COSTA et al., 2008). Os

educadores devem estar preparados para desenvolver um senso critico no educando.

Esta educação só será efetiva se for desenvolvida cuidadosamente, seguindo uma série

de etapas numa direção definida (CAPRA, 2001). Para assim desenvolver um comportamento

pró-ambiente.

Designa-se como comportamento pró-ambiente o conjunto de valores e ações que

tornam os indivíduos conscientizados e os transformam em divulgadores e agentes de

transformação social em busca da sustentabilidade e da melhoria da qualidade de vida, e em

questionadores das praticas individualistas e consumistas da sociedade, e em integrantes de

busca coletiva pelo equilíbrio do meio ambiente e com o meio ambiente, e, eventualmente,

das causas ecológicas (STAPP et al., 1969).

Educação Ambiental deve propiciar às pessoas uma compreensão global do ambiente.

Esclarecer valores e desenvolver atitudes que lhes permitam adotar uma posição consciente e

participativa dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade de vida e a eliminação da

pobreza extrema e do consumismo desenfreado (EFETING, 2007).

2.3 Legislação da Educação Ambiental

A importância da Educação Ambiental se explicita formalmente na Constituição Federal

em seu Artigo 225° parágrafo 1° inciso VI “promover a educação ambiental em todos os

níveis de ensino e conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (BRASIL,

1988).

A Lei Federal 9795/99 define a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), em

seu Artigo 1º conceitua com Educação Ambiental: “Entendem-se por Educação Ambiental os

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processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,

conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio

ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua

sustentabilidade” (BRASIL, 1999), com esta lei se reconhece, enfim, a Educação Ambiental

como um componente urgente, essencial e permanente em todo processo educativo, formal

e/ou não-formal, como orientam os Artigos 205° e 225° da Constituição Federal.

A Política Nacional de Educação Ambiental é uma proposta programática de promoção

da Educação Ambiental em todos os setores da sociedade, não estabelece regras ou sanções,

mas estabelece responsabilidades e obrigações.

A inclusão nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) se tornaram instrumentos

legais e documentos governamentais que asseguram a temática um caráter transversal,

indispensável e indissociável da política educacional brasileira – “mesmo que possamos

considerar que a Educação Ambiental não esteja consolidada nacionalmente enquanto política

pública” (LOUREIRO, 2005 apud FURTADO, 2009).

A Política Nacional de Educação Ambiental legaliza a obrigatoriedade de trabalhar o

tema ambiental de forma transversal, conforme é proposto pelos Parâmetros e Diretrizes

Curriculares Nacionais (EFETING, 2007).

2.4 Deficiência Visual

Segundo o resultado do Censo realizado em 2010 o Brasil possui um universo de

190.732.694 habitantes (IBGE, 2012) deste total 6,7% da população declarou possuir pelo

menos uma deficiência severa, representando um total aproximado de 12.777.207 indivíduos.

As pessoas agrupadas na categoria deficiência severa são as que declararam, para um tipo ou

mais de deficiência, as opções “grande dificuldade” ou “não consegue de modo algum”, além

daquelas que declararam possuir deficiência mental. A deficiência visual severa foi a que

mais incidiu sobre a população em 2010: 3,5% dos entrevistados declararam possuir grande

dificuldade ou nenhuma capacidade de enxergar. Em seguida, apareceu a deficiência motora

severa, atingindo 2,3% dos indivíduos. O percentual de pessoas que declararam possuir

deficiência auditiva severa foi de 1,1% e o das que declararam ter deficiência mental foi de

1,4% (IBGE, 2012).

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A deficiência visual total é a perda ou a redução da capacidade de visão de ambos os

olhos, em caráter definitivo ou temporário, que não possa ser melhorada ou corrigida com uso

de lentes, com tratamentos clínicos, cirúrgicos ou similares. Existem também pessoas com

visão cujos limites variam com outros fatores, tais como, fusão, visão cromática, adaptação ao

claro-escuro, sensibilidade ao contraste, etc. (LEÃO, 2007). A Lei 3298/99 define como

deficiência visual: cegueira, acuidade visual igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a

melhor correção óptica; baixa visão, acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a

melhor correção óptica; e os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em

ambos os olhos for igual ou menor que 60o (BRASIL, 1999).

A capacidade de ver e de interpretar as imagens visuais depende fundamentalmente da

função cerebral de receber, decodificar, selecionar, armazenar e associar essas imagens a

outras experiências anteriores (DOUGLAS, 1999).

Do ponto de vista educacional, devem-se evitar esses conceitos de cegueira legal, que

devem ser utilizados somente para fins sociais, pois não revelam o potencial visual útil para a

execução das tarefas (ARANHA, 2005).

2.5 Educação Ambiental para Deficientes Visuais

De acordo com Scholl (1982, p. 17) “o programa educacional para a criança portadora

de deficiência visual deve ser planejado de modo a utilizar os sentidos restantes". Deve-se

avaliar a idade em que se manifestou o problema visual em uma criança com cegueira, ou

com baixa visão, pois este indivíduo dependerá da audição e do tato para adquirir

conhecimentos e formar imagens mentais. Uma criança cuja cegueira ou perda acentuada da

visão ocorra depois do nascimento, poderá reter imagens visuais e ser capaz de relacioná-las

com as impressões recebidas pelos outros sentidos. No entanto, segundo Lowenfeld (1965

apud MASI, 2002, p. 07), aquelas que perdem a visão antes dos cinco anos, não são capazes

de reter imagens visuais.

Outro ponto a ser considerado é se a deficiência ocorreu antes ou depois da

alfabetização, uma vez que poderá haver maior resistência ou dificuldade para a aceitação da

escrita Braille. Tais informações são importantes, tanto para os aspectos educacionais, quanto

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pelos efeitos emocionais que o aparecimento da deficiência pode causar no indivíduo,

conforme o período de desenvolvimento em que se encontra (MASI, 2002).

O homem é um ser dotado de emoção, capazes de influenciar suas reações diante dos

mais diversos estímulos. O deficiente visual, difere apenas no que diz respeito à utilização da

visão. No conjunto das outras atividades, ele é potencialmente igual aos demais, sendo capaz

das mesmas reações emocionais e de assumir ideologicamente uma postura perante a vida.

Além disso, necessita apenas de atendimento diferenciado em termos metodológicos e em

relação aos recursos didáticos utilizados (MARQUES, 1992).

Associando-se os aspectos da inclusão de educandos com deficiência visual na classe

regular e a Educação Ambiental, o ensino formal deve ter preocupações em favorecer, por

meio de metodologias diferenciadas, a utilização dos sentidos existentes desses alunos para

que possam interagir com o meio e perceber, eles próprios, as problemáticas ambientais

(CAMARGO, 2005).

A Educação Especial começa pelo perfil de capacidade do educando, interessante

analisar aquilo que ele pode fazer com o esforço de suas possibilidades e, assim, estimular e

explorá-los (FONSECA, 1995). A realização de atividades de Educação Ambiental em áreas

naturais, e que, se for proporcionado um contato apropriado com a natureza (por exemplo,

pela experiência de entrar em uma mata, de respirar os aromas das folhas molhadas e ouvir a

chuva caindo, de passar em uma enxurrada, por o pé no barro, de avistar ou sentir um animal

em suas atividades próprias) pode ser facilitada a aquisição ou o melhoramento de

sentimentos positivos a respeito do que deve ser preservado e sobre porque é preciso

preservar. Não é apenas pelo sentido ético de obrigação que se deve trabalhar o gosto pela

natureza e pela preservação (NEIMAN, 2007). Os portadores de deficiência visual apresentam

uma variação de perdas que poderão se manifestar em diferentes graus de acuidade visual que

pode ir desde a ausência total da visão, ou seja, a perda da percepção de luz, ou a pequenas

perdas da acuidade visual, conforme detalhado nas definições médica e educacional (MASI,

2002).

Para colocar estas pessoas em igualdade, recorremos a Constituição Federal (BRASIL,

1988), que apresenta a Educação Ambiental como processo entre ser humano e a coletividade

gerando valores sociais, conhecimentos, habilidades, iniciativas e competências para a

conservação do meio ambiente e para a sustentabilidade do povo.

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2.6 Trilhas Ecológicas interpretativas na Educação Ambiental de

Deficientes Visuais

Segundo o Comitê de Competência do Departamento de Educação dos Estados Unidos,

os professores que trabalham com crianças deficientes visuais necessitam conhecer as

habilidades básicas de orientação e mobilidade (MOTA, 2003) para orientar os educandos a

se locomover a pé, em ambiente conhecidos ou não, utilizando-se de bengala longa, das

técnicas de Hoover e dos sentidos remanescentes (audição, aparelho vestibular, tato,

consciência sinestésica, olfato e visão residual, nos caso das de pessoas com baixa visão)

(RAMOS, 2009).

As trilhas ecológicas, vão alem de uma simples caminhada em ambientes naturais, pois

as mesmas constituem como um instrumento pedagógico, onde proporciona ao visitante a

possibilidade de aprendizado prático da importância e influência dos recursos naturais na

sobrevivência humana (SANTOS et al., 2007).

Segundo Guimarães (2001, p. 01) as vivências na Natureza constituem-se em

atividades de sensibilização ambiental, envolvendo multi-estimulação da acuidade perceptiva,

cognitiva e afetiva, sendo incluídas ou não durante a realização das trilhas, onde é

desenvolvido um processo de educação através de valores, de identificação com a paisagem,

onde são enfocados aspectos relativos ao sentir-se e ser parte.

As trilhas ecológicas sensoriais são previamente elaboradas de acordo com a idade dos

participantes e o local a ser desenvolvido. Para esta atividade, podem ser utilizados espaços

como parques, praças, ou até mesmo pátios de instituições. Os participantes percorrem

determinado trajeto trabalhando seus sentidos através do toque nas árvores conforme as

figuras 1 e 2; sentindo o cheiro da terra, flores e ervas aromáticas e ouvindo os diversos sons

que a natureza proporciona (MACIEL et al., 2008).

Figura 1: Percepção tátil do caule de uma árvore.

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Fonte: Sávio Vieira Ramos (2006).

Figura 2: Percepção tátil do caule de uma árvore com espinhos.

Fonte: Sávio Vieira Ramos (2006).

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A oportunidade para este evento acontecer, entretanto, depende das condições dos

alunos, professores, ambiente ecológico, no caso a trilha, e demais condicionantes que possam

gerar conhecimento. Quando o aprendizado acontece por meio de padrões cognitivos não

usuais, como é o caso de pessoas com deficiência visual, outros parâmetros de percepção

devem ser considerados e adaptados. Por outro lado, o ato de fazer uma trilha ecológica, por si

só, apresenta diferentes percepções sensoriais que o usuário não teria habitualmente em sala

de aula. O sentir do vento, a água fria de uma cachoeira, o caule de uma grande árvore, o

canto dos pássaros nativos (GOLIN et al., 2009).

As trilhas ecológicas interpretativas têm se mostrado grandes aliadas na sensibilização

das pessoas, uma vez que permitem o contato perdido entre indivíduo e meio ambiente,

trazendo conhecimentos sobre aquele local, suas características e aspectos, além de

proporcionar momentos de recreação (AMBRÓSIO et al., 2011).

Trilhas como meio de interpretação ambiental visam não somente a transmissão de

conhecimentos, mas também propiciam atividades que revelam os significados e as

características do ambiente por meio do uso de elementos originais. Nesse sentido, a

interpretação em áreas naturais é uma estratégia educativa que integra o ser humano com a

natureza, motivando-o a contribuir para a preservação ambiental (ROBIM et al., 1993).

A trilha tem o objetivo de proporcionar atividades de lazer e oferece oportunidades de

observação, estudo e pesquisa. Em cada pedra, em cada pássaro, em cada galho, o sujeito

amplia conhecimentos, busca o crescimento pessoal e compreende melhor o mundo em que

vive (BELART, 1978; BEDIM, 2004).

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em sua Norma Brasileira

(NBR) 15500 uma trilha e uma via estreita usualmente não pavimentada e intransitável para

veículos de passeio como mostra a figura 3.

Figura 3: Trilha ecológica com fio-guia.

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Fonte: Sávio Vieira Ramos (2006).

A implantação da trilha deve ser um trabalho multidisciplinar envolvendo vários

profissionais tanto da área da educação quanto da área técnica.

As pesquisas nesta área estão bastante avançadas, principalmente no Brasil. Existem

vários trabalhos na literatura, com vários tipos de trilhas adaptadas, vão desde dispositivos

sonoros eletrônicos sensíveis ao toque, que após serem acionados descrevem todo o ambiente

para o deficiente visual, ou as trilhas que usam o sistema tátil escrito em Braille para

descrever o ambiente. Para que ocorra a educação desta parcela da sociedade há a necessidade

de adaptações mínimas para o deslocamento e interpretação destes ambientes.

O fio-guia, instalado em toda a extensão de um dos lados da trilha, deve cumprir a

função definida pela NBR – 9050, que é a de ser utilizada como guia de balizamento para

pessoas com deficiência visual que utilizem bengala de rastreamento (RAMOS, 2009) ou

possa se conduzir segurando o fio-guia.

No sistema fio-guia são fixados guizos para indicar a presença das placas onde estão as

informações sobre o ambiente visitado.

Para confecção das placas pode ser utilizado vários materiais, um bastante utilizado e o

método proposto por Costa (2001 apud RAMOS, 2009, p. 68), que consiste na gravação em

folhas de alumínio, os quais não se apagarão com a ação do tempo. Como suporte para as

placas pode ser utilizado plástico ou madeira, ou outros materiais que sejam duráveis,

evitando manutenção ou a substituição em um curto espaço de tempo.

Segundo Ramos (2009, p. 69) com as informações descritas nas placas, espera-se que o

usuário assimile o conhecimento sobre o ambiente, o qual deve atender aos princípios da

escrita universal do Braille. As informações devem ser de fácil entendimento independente da

experiência, conhecimento, linguagem e grau de concentração dos usuários. O projeto deve

comunicar necessariamente informações efetivas ao usuário. As placas devem expressar de

forma simples e objetiva as informações necessárias para a segurança (Figura 4) do usuário e

descrever informações do ambiente, informações estas que deve ser utilizadas para promover

a Educação Ambiental.

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Figura 4 - Fio-guia e guizos, auxiliam na localização das

placas de sinalização e de informações.

Fonte: José Júlio Cordeiro Ramos (2009).

Para usufruir de todo o potencial que as trilhas oferecem há a necessidade de

profissionais preparados para trabalhar Educação Ambiental e com os portadores de

deficiência visual. Profissionais estes que podem ser professores, guias turísticos, pedagogos

entre outros. Com todos estes atributos as trilhas podem cumprir seu papel educacional e de

lazer.

3. Métodos de Pesquisa

Neste trabalho foi realizada uma revisão bibliográfica e documental, onde se procurou

aprimorar e adaptar as ideias sobre este tema. A coleta de informações para a execução do

trabalho foi feita através dos seguintes procedimentos técnicos: revisão de ampla literatura e

conhecimento científico acumulado sobre o tema, usando como fontes bibliográficas, livros,

documentos, Internet, publicações periódicas, legislação vigente e normas técnicas.

4. Conclusões

É de suma importância incentivar e direcionar atividades de Educação Ambiental a toda

a sociedade, atividades estas que deveriam ser executada de uma maneira interdisciplinar, ou

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seja, com todos os professores e em todas as disciplinas e deve ser trabalhada com todas as

idades e realidades, considerando o meio ambiente em sua totalidade, sendo imprescindível

incluir as pessoas portadoras de necessidades especiais. O cidadão deveria estar preparado

para ter uma compreensão dos principais problemas do mundo contemporâneo. A Educação

Ambiental deve proporcionar ao indivíduo conhecimento e as qualidades necessárias para

desempenhar uma função produtiva, com vistas a melhorar a qualidade de vida e proteger o

meio ambiente, prestando a devida atenção aos valores éticos. Deste modo devemos levar em

consideração a satisfação das necessidades e desejos de todos os cidadãos da Terra,

promovendo o desenvolvimento de suas capacidades e singularidades. Este conhecimento

deve ser construído de uma forma libertadora onde o indivíduo possa se expressar e construir

um mundo habitável por todos.

A relação homem-natureza é um elo que deve ser cada vez mais incentivado.

As trilhas ecológicas interpretativas se apresentam como notáveis recursos didáticos

para a Educação Ambiental, capazes de incentivar a capacidade de observação, reflexão,

sensibilização e a conscientização ambiental. Além de reforçar o traço dos lugares, das

regiões e das paisagens, criando novos conteúdos até então imperceptíveis, a interpretação

ambiental. É uma oportunidade de desenvolvimento humano que estimula a capacidade

investigadora, levando o indivíduo a repensar seu modo de ver e sentir o planeta como um

todo, a partir da leitura e da percepção da realidade ambiental. Dessa forma, a natureza se

firma como ferramenta facilitadora do aprendizado.

As trilhas ecológicas compactuam com os objetivos de conservação do mundo natural,

já que a natureza preservada é o seu principal atrativo. Compreender a sabedoria da natureza é

a essência da interpretação ambiental. A Educação Ambiental deve orientar as ações da

sociedade sobre o meio ambiente.

Para que a Educação Ambiental possa acontecer de maneira inclusiva necessitamos de

trilhas ecológicas adaptadas aos portadores de necessidades e que estas adaptações venha a

cumprir com seu objetivo pedagógico, facilitando assim a concretização do conhecimento. Os

professores, guias e profissionais que irão trabalhar Educação Ambiental com esta parcela da

sociedade em trilhas, devem estar preparados pedagogicamente nesta área, pois há a

necessidade de um atendimento especializado para com os deficientes visuais. As trilhas

devem propiciar o máximo de mobilidade para aos invisuais, para que eles possam realmente

se sentir a vontade e possam usufruir da educação e do lazer que a as trilhas proporcionam.

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5. Recomendações e Sugestões

Espera-se, portanto, que o educador ao discutir Educação Ambiental considere a

presença de educandos com necessidades especiais na classe regular, que já é uma realidade

em muitas escolas brasileiras. A educação para as pessoas com necessidades especiais deve

seguir os princípios da Educação Inclusiva e utilizar recursos adequados para cada

especificidade de deficiência.

É necessário buscar a compreensão do educando com necessidades especiais sobre

Educação Ambiental, para que ele possa ser um agente ativo no processo do aprendizado. Ao

implantar trilhas ecológicas adaptadas aos deficientes visuais deve se conhecer a idade, as

experiências, a cultura, as dificuldades, e os conhecimentos dos usuários, pois a trilha deve ser

construída respeitando todos estas características. Um levantamento completo do perfil do

público que frequentará esta trilha ajudará na escolha do método e do material que será

empregado na construção das trilhas facilitando sua implantação. Os educandos devem ser

levados a opinar no processo de implantação.

Não se tem um contingente exato do número de trilhas adaptadas no território nacional,

mas se sabe que há uma quantidade pequena; são necessários estudos quanto a real quantidade

e disponibilidade das trilhas existentes em nosso país. Esta quantificação é importante para

que se possa elaborar políticas locais e nacionais sobre este tema.

Faz-se necessário a união da: comunidade acadêmica, sociedade civil, entidades que

representem os deficientes visuais, pesquisadores, governo e organizações não

governamentais (ONGs) para a implantação de novas trilhas, trilhas estas que devem ser

implantadas de acordo com a realidade local. As trilhas, não adaptadas, existentes devem ser

adaptadas para que se possa receber os deficientes visuais, com segurança, promovendo

educação e lazer.

Escolas podem trabalhar com sua própria estrutura: jardins e toda biodiversidade

existente dentro dos muros da escola, e utilizar os recursos em seu entorno como praças,

parques e bosques, buscando adaptar estes locais para garantir mobilidade e segurança dos

usuários.

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Deve se desenvolver materiais pedagógicos concretos que facilitem o ensino-

aprendizagem sobre as questões ambientais em sala de aula, materiais didáticos adaptados

assumem um papel importante na educação, pois propicia o desenvolvimento cognitivo do

aluno. O ensino em sala de aula que antevem ao ensino de campo e importantíssimo, pois

desenvolve a curiosidade e a compreensão do educando.

Novas tecnologias devem ser desenvolvidas para facilitar a educação formal e não

formal dos deficientes visuais, tecnologias que possam auxiliar no desenvolvimento da

Educação Ambiental, cumprindo assim a legislação brasileira.

O Brasil possui uma das maiores biodiversidades do planeta, distribuídos em vários

biomas, isto deve ser explorado para promover a Educação Ambiental, de maneira que

respeite o meio ambiente e ao mesmo tempo promova uma Educação Inclusiva.

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