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Curso de Treinadores de FutebolUEFA “C” - Raízes / Grau I
| Rui Pedro Lima Pinho |
Componente de Formação Geral
Aprendizagem e
Desenvolvimento Motor Revisões para teste
Unidade de Formação
Curso de Treinadores de FutebolUEFA “C” - Raízes / Grau I
► UNIDADE DE FORMAÇÃO
► UNIDADE DE FORMAÇÃO
► UNIDADE DE FORMAÇÃO
Curso de Treinadores de FutebolUEFA “C” - Raízes / Grau I
Subunidade 1APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO HUMANO1.1 Desenvolvimento, Maturação, Crescimento e Aprendizagem
1.2 Dimensões de análise do desenvolvimento humano
1.3 Principais fases do desenvolvimento humano
1.4 Caraterização geral das fases da Infância, Adolescência, Idade Adulta e
Senescência
1.5 A pirâmide do desenvolvimento motor
1.6 Períodos sensíveis e períodos críticos de desenvolvimento
1.1. Desenvolvimento, Maturação, Crescimento e
Aprendizagem
Curso de Treinadores de FutebolUEFA “C” - Raízes / Grau I
► Aprendizagem e Desenvolvimento Humano
CrescimentoIncremento do tamanho do corpo como um todo ou em partes específicas. Diferentes partes do
corpo crescem em momentos e a ritmos distintos, implicando alterações ao nível da
proporcionalidade (Malina et al., 2004)
Através de dois processos diferentes
1. Aumento do nº de células (Hiperplasia);
2. Aumento do tamanho das células (Hipertrofia);
MaturaçãoMomento e a cadência de um processo que leva ao estado biologicamente maturo. Processo
individualizado, que difere nas taxas de maturação (Malina, 2001; Malina et al., 2004)
Distingue-se de crescimento uma vez que todos os sujeitos atingem o mesmo estado final, o
estado maturo (Beunen, 1989; Claessens et al., 2007)
► Aprendizagem e Desenvolvimento Humano
DesenvolvimentoInteração entre as características biológicas individuais (crescimento e maturação) com o meio
ambiente ao qual o sujeito é exposto durante a vida (Malina et al., 2009)
AprendizagemConjunto de modificações estruturais que se refletem geralmente numa alteração do
comportamento como resultado da prática do individuo (Rose, 1997)
1.4. Caraterização geral das fases da Infância,
Adolescência, Idade Adulta e Senescência
Curso de Treinadores de FutebolUEFA “C” - Raízes / Grau I
► Aprendizagem e Desenvolvimento Humano1. Pré natal• União do óvulo ao espermatozóide;
• Mudanças embrionárias com organogénese e morfogénese;
2. Infância1ª infância – 0 aos 2 anos de idade;
• Inicia-se a relação entre o bebé e o ambiente externo;
• As estruturas neurológicas estão razoavelmente bem formadas, principalmente o cérebro e
as funções sensoriais extrocetivas (visão, audição, olfato, tato e paladar);
• Relações afetivas e sociais com os pais deverão ser fortemente estabelecidas;
• Atividade motora do recém nascido é bem ativa mas desordenada e sem finalidade objetiva;
• Inibição progressiva de reflexos involuntários devido ao amadurecimento do cerebelo e do
córtex frontal;
► Aprendizagem e Desenvolvimento Humano2. Infância2ª infância – 2 aos 12 anos de idade;
• Entre os 3 e os 5 anos as habilidades motoras fundamentais adquiridas na etapa anterior
são cada vez mais refinadas possibilitando a execução de movimentos de complexidade
crescente;
• Curvas de crescimento em estatura e peso corporal mantém-se relativamente estáveis,
importante para a aquisição e retenção de um amplo acervo motor;
• As contrações musculares inerentes à atividade contribuem para um desenvolvimento
saudável do musculo esquelético;
• A atividade física não exerce influência na capacidade muscular porque a quantidade de
hormonas esteróides é baixa;
• Maior ênfase em aspetos coordenativos e cognitivos (tomada de decisão);
• Entre os 5 e os 10 anos ocorre uma grande evolução na coordenação e controlo motor
facilitando a aprendizagem de habilidades motoras cada vez mais complexas;
• Utilização de jogos reduzidos no processo de treino, com regras simples;
• Aumento relativamente constante da força, velocidade e resistência;
► Aprendizagem e Desenvolvimento Humano
3. Puberdade (Muito importante)Inicio da puberdade – 11/13 anos de idade (raparigas); 12/14 anos de idade (rapazes)
• Período dinâmico do desenvolvimento marcado por rápidas alterações no tamanho e na
composição corporal;
• Principais indicadores pubertários são o pico de velocidade de crescimento em estatura
(PVC) e a maturação biológica e muscular;
► Aprendizagem e Desenvolvimento Humano
3. Puberdade(muito importante)Inicio da puberdade – 11/13 anos de idade (raparigas); 12/14 anos de idade (rapazes)
Rapazes:
• PVC em estatura ocorre aproximadamente aos 14 anos de idade, sendo no entanto normal a
sua ocorrência entre os 12 e os 14 anos de idade;
• 6 meses após o PVC em estatura ocorre o pico de ganho de massa muscular, associado ao
aumento de testosterona;
• Aumento da massa muscular proporciona um aumento dos níveis de força, velocidade e
resistência;
• Em geral, os jovens que apresentam uma maturação biológica precoce (antes do 13 anos de
idade), possuem uma maior capacidade metabólica e tamanho corporal, quando
comparados com os seus pares;
• Justifica-se adaptar o processo de treino, às características individuais do atleta;
► Aprendizagem e Desenvolvimento Humano
3. Puberdade (muito importante)Inicio da puberdade – 11/13 anos de idade (raparigas); 12/14 anos de idade (rapazes)
Raparigas
• PVC em estatura ocorre por volta dos 12 anos de idade, podendo situar-se entre os 10 e os
14 anos;
• Após o PVC em estatura ocorre a menarca, associada à elevação da produção de estradiol,
no entanto não há um ganho acentuado da massa muscular uma vez que não há elevação
significativa da testosterona;
• Aumento da % de gordura, o que não favorece a execução de habilidades motoras;
• Ao contrário dos rapazes, as raparigas com maturação biológica precoce não apresentam
uma vantagem no desempenho desportivo;
► Aprendizagem e Desenvolvimento Humano
4. Idade AdultaA partir dos 19 anos de idade
• Saúde física atinge o seu máximo nesta altura, caindo depois ligeiramente;
• Pico de desenvolvimento pessoal pela adoção de papeis sociais importantes e pela evolução de uma
estrutura de vida adulta;
• O envelhecimento inicia-se com a taxa de degradação celular a sobrepor-se à formação e
crescimento de novas células;
• Aumento do estilo de vida sedentário com as consequências que isso acarreta;
SenescênciaMulher: a partir dos 60 anos; Homens: depois dos 65 anos
• Envelhecimento é provocado sobretudo pela hereditariedade, meio ambiente, dieta, estilo de vida e
níveis de atividade física;
• Alterações no sistema muscular do idoso, com atrofia muscular e consequente diminuição da força
e resistência muscular;
• Alterações no controlo e reportório de movimentos, falta de equilíbrio, flexibilidade e reação;
• Importante a adoção de estilos de vida saudáveis, e de uma atividade física regular;
1.6. Períodos sensíveis e períodos críticos de
desenvolvimento
Curso de Treinadores de FutebolUEFA “C” - Raízes / Grau I
► Aprendizagem e Desenvolvimento Humano
Período sensível
Intervalo de desenvolvimento durante o
qual o efeito de um estímulo é maximizado.
Para estimulações adequadas serão
obtidas aquisições potenciadas.
Período crítico
Tempo a partir do qual a apresentação de
um estímulo já não produz efeito
comportamental significativo, resultando
numa organização definitivamente
empobrecida.
► Aprendizagem e desenvolvimento humano
Curso de Treinadores de FutebolUEFA “C” - Raízes / Grau I
Subunidade 2O QUE É APRENDER?2.1 Aprendizagem e Desempenho
2.2 Aprendizagem e memória
2.3 Aquisição, retenção e transfer
2.4 Curvas de aprendizagem
2.5 A quantidade e a distribuição da prática
2.6 A variabilidade da prática
2.7 Demonstração e instrução
2.8 Informação de retorno sobre o resultado (IRR)
2.9 Motivação para aprender
2.1. Aprendizagem e desempenho
2.2. Aprendizagem e memória
2.3. Aquisição, retenção e transfer
2.4. Curvas de desempenho
Curso de Treinadores de FutebolUEFA “C” - Raízes / Grau I
►O que aprender?AprendizagemConjunto de modificações estruturais que se refletem geralmente numa alteração do
comportamento como resultado da prática do individuo (Rose, 1997)
Aprendizagem motoraConjunto de processos internos que induzem alterações permanentes na capacidade individual
do desempenho motor. Ocorre em função da prática e da experiência e não devido à
maturação ou motivação(Rose, 1997).
Desempenho ou performanceResposta temporária a uma determinada tarefa, que se distingue de aprendizagem pelos
efeitos temporários ou duradouros da ação.
Exemplo: O treino e a motivação induzem alterações ao nível do desempenho. Se um
individuo realiza um programa de melhoria da capacidade aeróbia durante dois meses vai
melhorar o seu desempenho aeróbio. No entanto, se deixar de o fazer a sua performance
baixa novamente. Tal facto não acontece quando uma habilidade é aprendida.
►O que aprender?Aprendizagem versus Desempenho/Performance
Aprendizagem Desempenho/Performance
Não observável (observável
indiretamente através da
performance)
Observável
Efeitos duradouros Efeitos momentâneos
Traduz-se em transformações
internas
Resulta em manifestações
externas
Resulta da prática É uma execução
Processo de transformação Alteração de estado
►O que aprender?Fases de análise da aprendizagem: aquisição, retenção e transfer
AquisiçãoConjunto de ensaios ou sessões de prática numa habilidade motora. O nível de desempenho
nesta fase corresponde à performance, ou seja, aos efeitos temporários da prática.
RetençãoCapacidade do sujeito em reter uma determinada competência, no caso, a performance no
movimento adquirido em resultado da prática na fase de aquisição.
No teste de retenção é solicitada a repetição do movimento anterior, sendo esta:
• Separada da fase de aquisição;
• Precedido por um período de repouso
É frequente observar-se uma diminuição da performance no teste de retenção face à
demonstrada na fase de aquisição, em consequência da dissipação por esquecimento dos
efeitos temporários da prática anterior.
►O que aprender?TransferCapacidade do sujeito transferir a competência adquirida para uma situação diferente, ou seja,
a capacidade de realizar movimentos novos
No teste de transfer é requerida a produção de um movimento semelhante ao anterior mas
diferente por alterações das suas características temporais ou de intensidade.
Para se analisar o progresso do desempenho durante a prática, isto é, para medir a
aprendizagem utilizam-se curvas de desempenho ou performance, que representam
graficamente a evolução da performance ao longo da prática
►O que aprender?Curvas de DesempenhoMuitos autores não aceitam a denominação de curvas de aprendizagem mas sim de
desempenho.
Utilizam-se para medir o processo de desempenho durante a aprendizagem de uma habilidade
motora
Traçadas a partir de um gráfico, com os resultados obtidos pelos atletas:
• Eixo dos “x” – fator tempo, nº de sessões, etc
• Eixo dos “y” – unidades de medida de desempenho (segundos, centímetros, etc)
Exemplo prático: A aprendizagem da precisão do remate no futebol
►O que aprender?As curvas de desempenho podem apresentar
diversas formas, sendo comum observarem-se
quatro tipos de curvas:
• Curva linear – indica uma progressão estável da
performance ao longo do tempo
• Curva negativamente acelerada – melhoria
notável no inicio seguida de uma redução
progressiva do nível de desempenho;
• Curva positivamente acelerada – inicio lento,
seguido de uma melhoria acentuada
• Curva em forma de “S” ou sigmóide (exemplo na
figura) – curva tipo de aprendizagem,
apresentando uma aceleração progressiva no
desempenho, seguida de uma redução associada
a maiores dificuldades à medida que se
alcançam níveis de desempenho superiores;
2.5. A quantidade e a distribuição da prática
2.6. A variabilidade da prática
2.7. Demonstração e instrução
2.8. Informação de retorno sobre o resultado (IRR)
2.9. Motivação para aprender
Curso de Treinadores de FutebolUEFA “C” - Raízes / Grau I
►O que aprender?Quantidade e distribuição da prática
Como distribuir e quantificar a prática para uma ótima aprendizagem?
Prática distribuída Prática massivaProporção
prática/repouso
Tempo de recuperação entre
execuções ou séries de
execuções igual ou superior
ao tempo de prática motora
Não existem pausas entre as
repetições ou quando o tempo
de repouso é inferior ao
tempo de prática.
Não existe uma unanimidade no melhor tipo de prática, encontrando-se sujeita a factores
como os requisitos energéticos e a fadiga. Nas fases iniciais de aprendizagem deve-se
privilegiar a distribuição quantitativa da prática em sessões pequenas, espaçadas e
numerosas.
►O que aprender?A variabilidade da prática
Que tipo de prática deveremos utilizar nas nossas sessões de treino?
Prática variada Prática constante
Repetição de variantes da mesma
tarefa, ou seja, variações da mesma
habilidade em resultado das
alterações dos parâmetros.
Prática da mesma tarefa sempre nas
mesmas condições de realização,
experimentando apenas uma
variação da tarefa motora.
O aumento da variabilidade das experiências motoras vividas pelo sujeito durante a prática
contribui para a construção e fortalecimento de esquemas de respostas mais genéricos. A
prática variada produz efeitos positivos na retenção e no transfer de aprendizagem, embora
dificulte ou interfira com a performance durante a aquisição (Barreiros, 1992)
►O que aprender?Demonstração e instrução
Qual o papel da demonstração e instrução no processo de treino?
Instrução Demonstração
Reporta-se às informações sobre o
objetivo, a especificação (o que
fazer) e o modo de execução (como
fazer) da tarefa.
Refere-se à imagem, ou seja, à
apresentação visual da tarefa
motora a realizar
A transmissão de informações verbais orienta a atenção do sujeito para as componentes
criticas do movimento, contribuindo para a sua correta execução e para a capacidade de
detetar e corrigir os erros efetuados. Um dos efeitos da observação de um movimento
demonstrado (modelo) é o de conduzir o sujeito a extrair informações relevantes para a
organização e execução da ação motora.
►O que aprender?Informação de retorno sobre o resultado (IRR)
Noção genérica que identifica o mecanismo de retroalimentação de qualquer sistema
processador de informação. No treino desportivo, este mecanismo de retroalimentação produz-
se maioritariamente sob a forma de feedbacks – toda a informação recebida durante ou depois
da execução da habilidade motora.
Informação de retorno
ExtrínsecaIntrínseca
►O que aprender?Informação de retorno sobre o resultado intrínseca
Da execução do movimento derivam um conjunto de informações sensoriais (propriocetiva,
sensoriais, auditiva) usadas pelo indivíduo para avaliar o que se passou (informação
intrínseca),num mecanismo designado de reforço subjetivo.
Informação de retorno sobre o resultado extrínseca
Informação do resultado medido da performance, que é a resposta dada ao executante por
algum meio artificial, seja visual, ou verbal.
Frequência relativa de IRR - % que representa a relação entre o total de ensaios e o nº de
ensaios efetuados com IRR;
IRR diferida – quando se fornece informação ao individuo referente a um ensaio após um
intervalo de tempo em que a tarefa é repetida um certo nº de vezes;
IRR compactada ou sumariada – informação condensada referente a um conjunto de ensaios de
cada vez
►O que aprender?
Redução da Frequência relativa de IRR
Provoca efeitos nulos ou com tendência
negativa em termos temporários, ou seja,
durante a prática propriamente dita
No entanto, nas fases de retenção e
transfer, a redução desta variável parece
provocar efeitos positivos
Uma diminuição da frequência relativa de IRR parece produzir um
efeito positivo na fase de retenção
►O que aprender?
IRR diferida IRR compactada ou sumariada
Aumento de ensaios sumariados e valores superiores na informação diferida, induzem o
sujeito a utilizar e privilegiar a informação intrínseca na fase de aquisição, favorecendo o
processo de aprendizagem.
As conclusões sobre esta temática reforçam a necessidade de se dar mais informação de
retorno ao indivíduo na prática, em fases iniciais de aprendizagem e progressivamente
reduzir a IRR favorecendo a concentração do atleta nas sensações próprias da ação
realizada.
►O que aprender?Informação de retorno sobre o resultado e performance
A performance é influenciada positivamente pelo aumento da IRR, no entanto, são nulos efeitos
do aumento da precisão de IRR em termos duradouros. Em suma, um excesso ou um deficit
informacional podem produzir efeitos semelhantes, e, em ambos os casos contrários ao
desejável em termos de aprendizagem.
O deficit informacional impede o atleta de elaborar as correspondências adequadas, ao passo
que o aumento exagerado produz uma sobrecarga informacional que interfere provavelmente
nas operações de comparação com o objetivo e as sensações intrínsecas.