ii anno - mun-montijo.pt · pos tem eclipsado nem já-1 mais eclipsará, porque del ... em...
TRANSCRIPT
II ANNO DOMIISTG-O, 30 DE MARÇO DE 1903
SEM AN A R I O N O T IC IO S O , L IT T E R A R IO E A G R ÍC O L A
A sslgn atn raAnno, iSooo réis; sem estre, 5oo réis. Pagam ento adeantado. Para o Brazil, anno, 2$5oo réis (moeda forte).Avulso, no dia da publicação, 2 0 réis.
EDITOR — José Augusto Saloio li 16 LARGO DA M IS E R IC O R D IA -i6 ie "T h °A L D K G A L L K G A g PROPRIETÁRIO
PMl&licaçÕCS ç ’A nnuncios— i.a publicação, 40 réis a linha, nas seguintes,
(S 2 0 réis. Annuncios na 4 .:' pagina, con trac to e.sp xia l. Os au to ra graphos não se restituem quer sejam ou não publicados.
■José Augusto Saloio
e x p e d i e n t e
A cceita in -se com g r a tidão qw acsqner n o t ic ia s que sejam de in te r e s s e pnbllco .
lia dezanove séculos rea- lisou-se no cume do Calva- rio a tragédia mais admi- ravel, mais lugubré, mais treitiòndd,; mais horrivel, mais dilacerante, que a historia tem registado nas suas paginas.
Hasteava-se uma cruz, e delia pendia no meio dos sofírimentos mais atrozes, das agonias mais lancinantes, das affrontas sem nome, sem graduação 11a escala da infâmia, o Homem- Deus, esse vulto venerando é eminentemente grandioso, que espalhára tantos benefícios, enxugara tantas lagrimas, opérára tantos milagres, prégando a sua doutrina, sublime doutrina de paz, de amor, de . mansidão, de fraternidade e egualdade, doutrina que constitue um poema da mais pura moral, e que nem a falsa philosophia nem a impiedade dos tempos tem eclipsado nem já-1 mais eclipsará, porque delia nasceu o Christianismo, luz beneíica que se estadeia refulgentissima, acontecimento sublime que os povos christãos commemo- ram com os olhos fitos na lampada, que, pendendo accesa, ha tantos seculós do cimo do Golgotha, dá luz á fé, alegria á esperança e alento á caridade.
Quando Jesus, no meio dos seus algozes, ao pé da Mãe inconsolável, exhalou o ultimo suspiro, a terra tremeu sob o pezo de uma dôr immensa, as ondas do niar encapellaram-se rugindo lugubremente, a natureza inteira convulsionando-se parecia clamar— Deicidas, deicidas! que fizestes Aquelle, cuja vida fòra o exemplo mais sublime da caridade, da abnegação e da humildade?!
Assim se realisou um os mais portentosos desi-
griios da Providencia; assim se operou a redempção do genero humano; assim o LIomem-Deus, morrendo, alcançou a mais extraordi- naria victoria.
Trinta e tres annos gastou na sua obra grandiosis- sima, e por fim, quando o sublime consumatum est deslisou dos seus labios angustiosos, as tyranias, os privilégios, as oppressões desappareceram da face da terra, como se um vulcão, rebentando, sepultasse todos os erros nas suas lavas.
Ateiam-se e protraem- se guerras sanguinolentas, desabam thronos, decahem nacionalidades, porque tudo isto é obra dos homens; ao passo que o Christianismo, porque é obra de Deus, tem permanecido e continuará a permanecer, de pé, inabalavel, embora acossado pelas tempestades da descrença e pela corrente impia dos séculos.
E’ que sem a religião não póde haver verdadeira ci- vilisacão, assim como sem alicerces não póde haver edifícios. A religião adoça os coraeões; a civilisação, traçando uma immensa trajectória de luz, pharoli- sa os espiritos.
Uma e outra são como que os poios do mundo social.
Uma e outra brilharam em horisontes mais esplendidos, quando o Verbo, descendo do Céo á terra, veiu cumprir a sua missão divina.
Morreu como homem, e resuscitou por effeito da omnipotência de Deus.
Resuscitou! E a cruz, que até então era considerada como um objecto de terror, como um instrumento infamantissimo, em que eram suppliciados os maiores criminosos, converteu- se em balsamo salutar para todas as angustias, em iris de bonança para todas as tempestades da vida. Ostenta-a na farda o condecorado, no collo a don- zella, no santuario a familia, e até o condemnado a
sua desgraça. Firmada na cupula dos templos symbolisa a redempção, nos cemiterios as gerações ex- tinctas e a saudade pungente dos que lhes sobrevivem. E’ ella que nos en- corpora no grande gremio catholico e que nos acompanha até á beira da campa.
Resuscitou! E a mulher, que até então fora vilipendiada, ultrajada e escarnecida, quebrou os duros grilhões da escravidão, foi admittida ao amor de familia, e considerada como estrella polar da esperança, manancial perenne das mais ternas affeiçoes, balsamo consolador das agruras da vida, flôr sempre perfumada que inhala aromas suavíssimos, fonte sempre pura, donde derivam lagrimas da mais terna dedicação e dos affectos mais sublimes.
Resuscitou, e com elle o amor universal que elle prégára; resuscitou, e com elle a egualdade de direitos, avaliada na balança da justiça; resuscitou, e com elle a felicidade dos povos e o caminho patente para a bemaventurança eterna; resuscitou, e com elle a ventura, o progresso, e o bem estar da humanidade!
Alleluia!!A N TO N IO PIN H EIR O .
 PASCHOA, Ouvem-se ainda no es
paço os últimos sons da Allekiia, e a Paschoa apresenta-nos com o seu cortejo de flores e alegrias. Quadra bemdita em que se reunem as familias para festejarem, no conchego do lar, as santas tradições que lhes ensinaram seus avós.
Depois do luto pela morte de Christo, a alegria pela sua resurreição. Effe- ctivamente resurgiu, porque vive no coração de todos os que prezam as doutrinas do Bem e da Verdade. As sombras da morte não puderam apagar aquelie grande espiri-; '! r c ?0 ':*rn r? 1" r r i—
apreciam
vessado os séculos, resistindo a todos os embates, a todas as luctas. Se os homens as teem deturpado, nem por isso ellas deixam de brilhar como um pharol luminoso na historia da Humanidade.
O preto, que tão bem assenta nos rostos formosos, faz com que na Semana Santa as mulheres nos pareçam mais bonitas. E’ a moldura de um formoso quadro. E nós vêmol-as ligeiras e graciosas, atravessando as ruas com o seu passo curto, levando a animação e a vida á triste * * monotonia da nossa existe ncia.
Nas montras dos confeiteiros ostentam-se as amêndoas numa profusão e num alinhamento artistico desafiando a gulodice das creancas e até dos adultos,
todos n este mundo a doçura como
prazer do estomago. E’ a quadra do anno em que os chefes de familia se vêem em embaraços para satisfazer tantos pedidos.
Paschoa florida e ridente, como nos alegras o coração! Tudo surri, a natureza toda em festa traz-nos á alma um jubilo infinito. E comtudo, neste conjun- cto de alegrias, quantos desgraçados soffrem a fome e o desprezo, sem pão para se alimentarem, nem lar para se acolherem! Que os ricos, os felizes da terra, lancem os olhos para tanta desdita e destinem uma parcella da sua fortuna aos desprotegidos da sorte. As lagrimas de reconhecimento, as bênçãos dos infelizes, transformar- se-hão em pérolas divinas, em hymnos fervorosos que irão elevar-se no espaço, formando a sua mais bella corôa de gloria.
Aos nossos estimados assignantes e leitores ap- petecemos uma Paschoa cheia das maiores alegrias e venturas.
P rííc lss lo íleCom a costumada so-
lemnidade dos annos anteriores realisou-se- no. do
mingo passado n’esta nossa importante villa a procissão de Nosso Senhor dos Passos, com extraordi- naria sumptuosidade e boa ordem. Pelas 5 horas e meia da tarde, começava o cortejo a .sahir da egreja de Nossa Senhora da Conceição pela seguinte ordem: guião, pendão, irmandade do Senhor dos Passos que era composta de grande numero de membros, oito anjinhos sumptuosamente vestidos conduzindo os symbolos dos sofírimentos de Christo, a imagem de Nosso Senhor dos Passos sobre o seu andor gostosamente ornamentado com flores natu- raes, atraz a imagem de Nossa senhora da Purificação, o palíio debaixo do qual iam os reverendos João P ereira Vicente Ramos, que conduzia o santo lenho, e Theodoro de Sousa Rego, fechando este majestoso cortejo a phylarmonica i.° de Dezembro desta villa, que durante o percurso desempenhou duas lindas marchas fúnebres devidas a excellente penna do nosso bom amigo Balthaza<r Manuet Valente. Os mote- tes foram cantados pelos phylarnlonicos José Cândido Rodrigues dAnnun- ciação, Joaquim d’Almeida e Manuel Luiz Dias.
Ao pretorio, encontro e calvario prégou o rev. João D. Fiadeiro, professor de latim no ceminario de S. Vicente, cujos discursos agradaram muitíssimo, e não o rev. Napoleão José Thomaz de Aquino, conforme noticiamos no ultimo numero d’Q Domingo.
O encontro, deu-se pelas6 horas e um quarto, e o sermão durou 20 minutos, chegando a procissão á egreja matriz, pelas 7 horas e 3o minutos da tarde.
Apesar da manhã ameaçar-nos chuva, affluiu, como se esperava, muiío povo dos logares limitrophes.
Ainda a procissão não tinha começado a sahir da egreja de Nossa Senhora da Conceição, estavam sendo os devotos mimosca- í l o s por pesadas bategas
O D O M I N G O
C O F R E D E P É R O L A S .
0 8 T Y P O G R A P H O Smotivo os srs. DIAS AMADO nos pedem para em seu nome, por este meio, os desculparmos para com todas as pessoas com quem esta falta involuntaria se tenha dado, promettendo de futuro a maior pontualidade ' na satisfação dos pedidos.
E’ impossível descrever o que se está passando rias províncias com o depurativo DIAS AMADO. As cartas dahi recebidastodos os dias, umas referindo resultados espantosos, outras pedindo informações e outras fazendo pedidos deste | depurativo chega a ser in- acreditavel.
A nosso ver, são centenas e centenas de pessoas a tratarem-se actualmente com este preparado, con- sequencia sem duvida dos resultados assombrosos que está causando em toda a parte.
Nunca se viu uma tão grande fé e enthusiasmo por um medicamento.
Mas, ha razão de ser, porque o depurativo DIAS AMADO, ninguém perante os factos assombrosos que temos apresentado nos jornaes, o poderá contestar, tem poupado á morte e a operações de resultados duvidosos, não dezenas cie* pessoas, mas algumas centenas
, ¥Este poderoso depurati
vo do sangue, composto apenas de vegetaes inof- fensivos, está sendo appli- cado, com eífeitos radicaes em todas as manifestações syphiliticas, rh e u m at i sm o de todas as naturezas, doenças do estomago, feridas modernas e antigas e erupção de pelle.
Deposito geral; Pharmacia Ultramarina, rua de S. Paulo, c)) e 101, Lisboa.
Preço de cada frasco, 1S000 réis.
Para fóra de Lisboa não se remettem encommen- das inferiores a dois frascos, sendo o porte do correio de dois até seis frascos 200 reis.
«Quem sois? D’onde surgistes? Qual é vosso estandarte ? ■E u vejo em toda a parte O vosso nome audaz.Não sei se traceis guerra.
( Nas dobras da bandeira,..Se o ramo d’oliveira.
0 symbolo da paz!»
«Quem somos? Perguntae A ’ gente d’outras eras,Bravia como as feras,Triste, abatida, v il. . .Do campo da sciencia Nós somos os cultores, Lançando á terra as flores Do fecundante abril!»
JOAQ UIM DOS ANJOS.iiiiimiiiniiiiiiiiiimiiiiiiiiiiiii iiimiii
A UNS OLHOS
Os teus olhos são dois pombos Que não cançam de voar,Para que ninguém irios roube Vou-os sempre acompanhar!
M A N U EL DA S IL V A GAYO
PENSAMENTOSA cxpenencia das outras pessoas corrige raramente
os homens; a sua própria experiencia não corrige nunca uma nação.— G. M. Valtour.
— 0 espirito não impede de ler manias; ainda lhes dá mais relevo.— M.me de Stael.
— A vingança é um manjar que se come fr io .— Provérbio japonez.
— Em moral, como em arte, di~xer é nada,faser é tudo.— Renan.
A N E C D O T A S
Ia atravessando um n o com um bole um mestre de meninos muito pedante. No meio do rio perguntou ao calraeiro:
— Tu conheces a Phylosophia?— Nunca ouvi f aliar riella, respondeu o barqueiro.— Então perdeste a quarta parle da tua vida. Conhe
ces a Geologia?— Não.•— Então perdeste Ires parles da vida.Ia a continuar no mesmo lhana, quando o bole se
voltou, despejando no charco o barqueiro e o professor.— Você sabe nadar? perguntou o barqueiro.— Não.— Então vae perder toda a sua vida.
!! 1111111111111111111111
Um marido encontra-se com um amigo que lhe segreda:
— Vou dar-te uma terrível noticia.— Bise.— Tua mulher engana-le.0 marido indignado:--Quem se engana és tu! Minha mulher tem-me con
tado tudo.niiniMMiiiwiuiiin
Uma senhora, consultando o medico, disse-lhe:—■ Snr. doutor, ha quem affirme que o pintar o ca-
bello fa \ mal aos miolos. Será verdade?— Não, minha senhora, e por uma ra^ão muito sim
ples, por que quem pinta o cabello não tem miolos!
2
dagua que duraram apenas 5 minutos, conservando-se o resto do dia perfeitamente bom.
A ordem foi mantida por grande numero de cabos de policia d’esta villa. Não se deu accidente algum digno de mencionarmos aqui.
A ThomarE’ geral a animação no
povo Aldegallense, pelo passeio a Thomar projectado pela Sociedade Phy- larmonica i.° de Dezembro.
Diz-se ser em junho ou agosto.
Alcochctc
Pelas 9 horas da noite de 25 do corrente, um indivíduo de nome Nuno Maria, trabalhador, natural e residente na villa d’Alco- chete, deu tres facadas em um outro conhecido pelo nome de Alfredo Garran- cho, pondo-se immediata- mente em fuga. No dia 27 veio entregar-se á prisão, sahindo no dia 28 acompanhado por cabos de policia para as cadeias de Aldegallega.
Consta-nos que o que deu occasião a este confli- cto, foi o Garrancho negar- se ao pagamento de uns dias de trabalho que devia ao Nuno.
O depurativo M ias Am ado e o s jo rn a es de SJs- l»oa.
AS DOENÇAS DO UTERO E OYARÍOSDestruição completa da
syphilis em todas as suas manifestações, rheumatis- 7110, erupção de pelle, feridas antigas ou recentes, es- cropliulas, olhos e nevralgias.
Os muitos pedidos que deste depurativo teem sido feitos nestes últimos dias á Pharmacia Ultramarina, e do Bolhão, teem dado origem a uma pequena irregularidade na remessa para a província, por cujo
FOLHETIM
Traducção de J. DOS ANJOS ---- * :----
UMA HISTORIADO
OUTRO IU N D ORomance de aventuras
11Porto de França e de
Jlontparnasse
— Mas, papásinho, náo vás rece- bel-os com mau modo!
Barbellez franziu as sobrancelhas, puxou pelo bigode, tornou o seu ar mais carrancudo e respondeu:
— Hei de recebei-os como devo receber os .nimigos da sociedade. Ahi está!
— E como se chamam elles?— Náo sei.N'este momento chegavam o João
Pioux e o Mario Mazuclard, conduzidos po r uma guarda da chusma. Quando os viu, Joanna fez um momento de surpreza e de hesitação, como se os reconhecesse vagamente e procurasse recordar-se das suas fei çóes.
Effectivãmente, para quem os tivesse conhecido n'outro tempo deviam estar bem mudados. O João, com a cara lisa, e o Mario. sem a ca- belleira comprida, estavam impossíveis de reconhecer.
Se o trabalho os tinha sustentado, também os emmagrecera. O João tornara se todo másculo e o Mario to
do nervos. Um já não tinha a bella plenitude de carne que fazia pasmar os amadores de luetas, e nos punhos podiam-se-lhe contar os tendões, retesados como cordas. O outro, que passava antigamente todo o corpo pelo nó de um lenço, só precisava egora metade d’essa circumferencia.
Tiraram os bonets quando chegaram ao pé de Barbellez e de Jo. nn.i.
— Ah! ah! meus meninos! disse o ajudante. Vadios, não é verdade? Sujeitos costumados a mangar com a tropa! Não julguem que, por ser mudados de classe, vão ficar aqui de braços cruzados! Isto cá é outro can tar!
E animava-se como se tivesse um - questão, como se estivessem a contradizei o.
Co ntudo o João e o Mario não diziam n;.da. Já os t nham avisado. Sa
biam que o velho começava sempre por tratar mal os prisioneiros. O melhor que tinham a fazer era não lhe responderem.
— Sim! sim ! continuou o ajudante, Barbellez sou e u .. . cumprimentem- me! E está aqui a minha filha Joanna a quem devem respeitar como ás meninas dos seus olhos! Meia volta á direita!
No momento em que obedeciam a esta ordem, a Joanna fêl-os parar para lhes perguntar os nomes. Quanto mais os examinava, mais se recordava d’elles. Mas não podia determinar com exactidão essas recordações.
— Então, responde, disse o ajudante, dirigindo-se ao Mario. Como te chamas?
De repente veiu a memeria á Joanna c exf lamou:
Theatro barracaNão agradaram os espe
ctáculos que aqui se reali- saram no domingo ultimo e segunda-feira. Os acto- res, que segundo nos consta pertencem ao theatro do Rato,: sahiram-nos uns grandes ratazanas. Praticavam indecencias no palco. Uns pobres diabos que a ignorancia aqui trouxe.
A casa de domingo esteve boa; e, apezar dos bilhetes que se venderam servirem para ambas as noites, 11a segunda-feira tinha muito poucos espectadores.
Foi tocar aos espectáculos uma fanfarra formada por phylarmonicos da Sociedade i.° de Dezembro.
Acha-se, desde domingo passado, preso nas cadeias d esta villa, um individuo conhecido pelos nomes de Antonio Jorge e Antonio Pequeno, de quem se desconfia ser o verdadeiro auctor do crime de estupro praticado na fazenda de José M. Pinto, em 21 de fevereiro, proximo d’Atalaya.
Na sociedade i.° de Dezembro, ha hoje baile para as familias dos socios.
Os »SBsdasHontem, pelas 9 horas da
manhã, foram aqui espancados e queimados muitos judas. A chusma da garotada armada de bons cacetes invadia as ruas por onde passava.
S9e!i v ranceDeu hontem á luz, pela
uma hora da manhã, uma robusta creança do sexo masculino, a esposa do nosso amigo Joaquim Francisco dos Santos. Os nossos sinceros parabéns.
LITTERATURAO moleiro de .IBausflcld
(Continuação |
— Podeis estar seguro de que sou homem honrado, e em penhor aqui está a minha mão.
— E ’ o Gafanhoto e o Homem-T o u ro !
O ajudante, o Mario e o João ficaram estupefactos com aquelle incidente inesperado, de que Joanna depressa lhes deu a explicação.
A tia que a educára morava no «boulevar» Monlparnasse, ao pé do Observatorio e a Joanna ia todos os domingos ao passeio dos Lilazes divertir-se um pouco.
Conhecia por isso todos os saltimbancos que por alli andavam. Os que a divertiam mais eram o Homem- Touro e o Gafanhoto. O Homem- Touro assustava-a, mas o que ella adorava mais do que tudo no mundo era ouvir e contemplar o Gafanhoto.
(Continua)
_Devagar, devagar meuquerido; escusaes de vos chegar muito para mim porque eu ás escuras não aperto a mão a ninguém. Deixemos isso lá para ca sa.
Depois de meia hora de marcha o rei avistou no baixo de uma collina um fraco raio de luz que sahia pelas fendas de uma porta e algumas fagulhas que sahiam pelo cimo da chaminé. Era a habitação do moleiro. Logo que entraram, o primeiro cuidado deste foi de examinar a physionomia do seu hospe de, depois do que excla rnou:
— «Por vida minha, que me não é de todo estranha esta cara! E decerto que não tem ar de um tratante, como eu pensava. Ora pois cearás, e ficarás com- nosco».
Henrique II havia tirado respeitosamente o seu barrete, e conservava-se em pé deante da moleira, que sentada ao pé da mesa esfregava um pichei de estanho.
«E’ um pobre diabo que encontrei perdido no bosque; disse o moleiro para sua mulher; e tive dó de0 deixar dormir ao relento. Olha-lhe para a cara... quasi que me parece um homem de bem».
A moleira não pareceu formar de Henrique menos favoravel opinião que seu marido, e lhe disse com modo agradavel, que nem sempre tinha.
_ «Ora pois, sejais bem vindo, meu bom rapaz. Comereis do que houver, e depois tereis um bom feixe de palha nova, e dois len- çoes lavados para dormir. Talvez que nem sempre passeis uma noite tão regalada».
O rei não poude conter uma risada; mas a sua expressão de alegria longe de olicnder os seus hospedas, os pôz ainda de melhor humor. Pozeram-se á mesa: um grande prato de batatas cosidas, um pudins; preto e uma grossa fatia de toícinho grilhado, convidavam um' esto mago esfomeado. Nunca o rei comera com melhor appetite, nem coisa que tão bem lhe soubesse.
~7«A tua saude, meu amigo; diz o moleiro pegando com ambas as mãos no grande pichei de estanho, trasbordando de cerveja.
A saude da vossa nonrada companheira, disse o rei tomando das mãos1 °, n,1l(̂ en'° o pichei, que LSte Hie passava.
"- Obrigada, meu rapaz,ayia-te, passa para cá o
pichei, que te quero fazer a razão.
_ A jovialidade e a satisfa- çao se estabeleceram inteiramente entre todos os commensaes.
— Ora pois, nossa mu lher; diz o bom moleiro jâ encantado das maneiras do seu hospede, então não tens mais nada para nos dar? Ora vamos, vasaos, vae á salgadeira, e manda pôr nas brazas um naco de carne; é preciso obsequiarmos este bom moço.
A mulher não se fez ro gar muito; e dahi a pouco uma appetitosa grilhada fumava no meio da mesa.
—=■« Oh! que saborosa coisa! diz o rei devorando grandes pedaços delia,'que gosto tão delicioso! Em que mercado se. vende esta carne?
— Em nenhum; d’istò não vae ao mercado.
— Mas onde a comprais vós?
(Continua)
ANNUNCIOS
A.NNXjKTCIO.
(MCA DE ALMGALLÉI) 1!) AT
P u b licação)
Pelo Juizo de Direito desta comarca, no inventario por obito de João Antonio Escomalha e no qual é inventariante Emilia dos Santos, hão de ser postos
m praça, á porta do tribunal deste Juizo, no dia3o do corrente mez, pelo meio dia, e arrematados a quem maior lanço offerecer sobre os valores abaixo declarados os seguintes dominios uteis: O dominio util do foro annual de réis 33q5o e uma gallinha ou 3oo réis por ella, e laudemio de quarentena do qual é senhoria directa D. Rosa Perpetua dos Santos Pereira, de Lisboa, constante dum predio rústico sito na Gortageira, freguezia de Alhos Vedros no valor de 3 j.iS2.5o réis. O dominio util do foro de 3§:.)3o réis e uma gallinha ou 3oo réis por ella com laudemio de quarentena do qual é senhoria a mesma D. Rosa constante de um predio rústico no mesmo sitio e freguezia, no valor de réis 2o 5 $ o i o . O dominio util de 48000 réis e uma galli- nlia ou 3oo réis por ella, com laudemio de quarentena á mesma senhoria D. Rosa, constante de uma fazenda 110 mesmo sitio e freguezia no valor de réis 26:.)'m00. Pelo'presente são citados quasquer crédores
incertos pára assistir-em á referida' praça.
Aldeia Galiega do Ribatejo, i 5 de março de I 9 '0 2 .
V e r fiquei a exac tidão .
O JUIZ D E D IR E IT i
N. Souto.O E SC R IV Á O
José Maria de Mendonça.
O DOMI NGO
A N N U N G I O
COMARCA DE ALDEGALKAIIBATEJ
. (*.;a i Bsa?}!leaçâ«)
Pelo Juizo de Direito da comarca de Aldeia Galiega do Ribatejo, e cartorio do escrivão Silva Coelho, correm editos de 3o dias, citando a senhoria directaD. Maria Henriqueta Jose- phina Dionisia Fortt Roam, ausente em parte incerta, para comparecer querendo, no tribunal judicial desta villa de Aldeia Galiega, no dia i 3 do proximo mez de abril, pelo meio dia, a fim de assistir á arrematação do dominio util duma fazenda situada no logar de Santo Antonio da Charneca, composta de terra de semeadura, vinha e arvores de frueto, que lhe é foreira em 4^740 réis annuaes, com laudemio de vintena, que vae á praça no valor de .poSooo •éis’ nos autos de abertura
de fallencia, contra o falli- do Manuel Roque da Silveira, e ahi 110 acto da praça usar do seu direito de opção, sob pena de revelia.
Aldegallega do Ribatejo,7 de março de 1902.
O E S C R IV Á O
Antonio Augusto da Silva Coelho.
Verifiquei a exactidão;
O JUIZ D E D IR E IT O
N. Souto.
A i q - j s r u M c x o
I A S C A I ALDEGALLEGA 1)0 H j A I E J O
(3 .a P u b licação)
No dia 3o do corrente mez de março pelo meio dia, á porta do tribunal judicial d’esta villa de Aldeia Galiega, no inventario or- phanologico a que se procede por obito de Ignacia Maria, viuva, moradora que foi na villa de Cunha, se ha de vender e arrematar em hasta publica a quem maior lanço o!lère- cer, sobre o valor abaixo
designado, — uma courella de terra de semeadura, com algumas oliveiras no sitio das Quintas, subur- bios da villa de Canha, livre de foro ou penção, e vae á praça no valor de 608000 réis.Pelo presente são citados os credores incertos para assistirem á dita arrematação.
Aldegallega do Ribatejo, 10 de fevereiro de 1902.
Verifiquei a exactidão.
O JUIZ DE D IR E IT O
N. Souto.0 E SC R IV Á O
Antonio Augusto da SilvaCoelho.
AlNTjNriXTNrCIO
iiijUJli UaL!i
D l rl,10.
( l . a PuMseaçãíí)
No dia i 3 do proximo mez de abril, pelo meio dia, á porta do tribunal judicial desta villa de Aldeia Gal- lega do Ribatejo, por deliberação do conselho de familia e accordo dos interessados nos autos de inventario orphanologico a que se procede por obito de Rosa da Cruz e marido Manuel dos Santos Minga- tes, moradores que foram na freguezia de Sarilhos Grandes, se ha de vender e arrematar em hasta publica, a quem maior lanço offerecer sobre o valor da sua avaliação:— Uma quinta denominada a ESPINHOSA, situada no logar de Sarilhos Grandes, que se compõe de vinha, arvores de frueto, terras de semeadura, casas para habitação, lagar de pedra e vara, abegoarias, casas para arrecadações, poços e palheiros, é livre de fôro ou penção e avaliada pelos louvados, na quantia de 6:0008000 réis. Pelo presente são citados os credores incertos para assistirem á dita arrematação e ahi usarem dos seus direitos.
Aldegallega do Ribatejo, ee de março de 1902.
O E S C R IV Á O
Antonio Augusto da SilvaCoelho.
V e rif iq u e i a exactidão.
0 JU IZ D E D IR E IT O
N. Souto.
AMEMATAÇlOA Camara Municipal de
este Concelho, manda an- nunciar que no dia i 3 do proximo mez dábril, pelas
2 horas da tarde na sala dos Paços do Concelho, ha de ter logar a arrematação em hasta publica do fornecimento de pedra preta basalto para as obras de calçada a fazer durante o corrente anno, e bem assim o respectivo trabalho de calcetamento. As condicções para estas arrematações' acham-se patentes todos os dias não santificados na Secretaria da Camara.
Aldegallega do Ribatejo, 18 de março de 1902.
O Sec re ta r io da Camara
Antonio Tavares da Silva
MODISTAEspecialidade em corte e
execução de Vestidos, Casacos e Capas, para senhoras e meninas. Dd licções de córte.— Rua de José Maria dos Santos, n.° 11S, i.°
£
O
£
b
8£
3C/)
>t—DtnO>
tnO>
£naWÍ4ee*I*
§3
©SS
r>s22ir*SS*
M A P P A S D E P O R T U G A L
Ha para vender mappas de Portugal, não coloridos, ao preço de 60 réis cada um.
Ha para vender collec- ções de jornaes, taes como: Seculo, Pimpão, Parodia, Supplemento ao Seculo, e outros; assim como livros antigos de diversos idiomas.
N'eeta redaccão se trata.
ANTI niíi CE ASMA DO POVO
DE
O D O MI N G O
A N T O N I O C H R I S T I A N O S A L O I O,V e s te e s ta b e le c im e n to c R « o a < ra -sc á v e a d a p e lo s p re ç o s m a is c o n v i
d a t iv o s , i im v a r ia d o s « r ( ia ic « io de g e n e ro s p r o p r io s do se n ra m o de co in- in e r c io , o ffe re c e n d o p o r is s o as m a io re s g a ra n tia s aos s e a s e s t im á v e is fre - g n e z e s e a© r e s p e it á v e l p n b lic o .
R U A 1 3 0 G A E S — ALDEGALLEGA DO RIBATEJO
POVOA L D E G A L L E G A D O R I B A T E J O , '
Grande estabelecimento de fazendas por preços limitadíssimos, pois que vende todos os seus artigos pelos preços das principaes casas de Lisboa, e alguns
A I N D A M A I S B A R A T O SGrande collecção dartigos de Retroseiro.Bom sortimento dartigos de FA N Q U E IR O .Setins prelos e de cor para fórros de fatos para homem, assim como todos os
accessorios para os mesmos.Esta casa abriu uma SECCÃO ESPECIAL que muito util é aos habitantes
desta villa, e que éa COMPRA EM LISBOA de todos e quaesquer artigos ainda mesmo os que não são do seu ramo de negocio; garantindo o %êlo na escolha, e preço porque vendem a retalho as primeiras casas da capital.
B O A C O L L E C Ç Ã O de meias-pretas para senhora e piuguinhas para creanças de todas as edades.
A CO R PRETA D’ESTE ARTIG O É GARANTIDA A divisa desta casa t GANHAR POUCO PARA VENDER MUITO.
JOAO BENTO & NUNES BE C ARYALIIO88, R. DIREITA, 90-2, R, DO CONDE, 2
D E P O S I T OD E
VINHOS, VINAGRES E AGUARDENTESE F A B R I C A D E L I C O R E S
G R A N D E D E P O S I T O D i A C R E D I T A D A F A D R I C AJANSEN 4 C. LISBOA
DK
>t- 1aeso>t—Ht-nO>
C E R V E J A S , G A Z O Z A S , P I R O L I T O S VENDIDOS PELO PRECO DA FABRICA
— LUCAS & C.A —L A R G O D A C A L D E IR A — ALDEGALLEGA DO RIBATEJO
»
v i i í h o sVinho tinto de pasto de i . a, litro
» » )> )) )) 2.a? »branco » » i ,&■ »verde, t i n t o . . » »abafado, branco » »de Collares, tinto » garrafa Carcaveilos br.<M » »de Palmella. . . . »> »do Porto, superpor »da M adeira............ »
V in a g r e sVinagre t nto de i . a, litro.......
» » » 2.a, » ............» branco » i . a, » ............» » » 2.a, » ............
L ic o r e sL ico r de ginja de i . a, Htro..........
» » aniz » » » ..........» » canella...........................» » rosa.............. » » hortelã pim enta..........
Granito.........................................Com a garrafa mais 6o réis.
5o rs. 40 » 70 »
100 »15o » 160 » 240 » 240 » 400 » 5oo »
60 rs. 5 o » 80 » 60 »
200 » 180 » 180 » 180 » 180 »
j A gu ard en tes| Alcool 40o............................. litro
, | Aguardente de prova 3o°. »» ginja................. »» âe bagaço 20o » 1 -a') » » 20o » 2.a» » » 18°.»
;; ». » figo 20o.»» » Evora 18’.»
| Cauna ESranca| Parati............................. .litro| Cabo V e rd e ................................. »| Cognnc.............................. garrafa
Genebra.
320 rs. 320 >' 240 » 160 » i 5o » 140 » 120 » 140 »
700 rs. 600 »
1S200 » i$ooo »
36o »
< O w _ 1 -4 < OUJ
Q-j<
| CERYE!JAS, GAZOZAS E PIROLITOSi Posto em casa do consumidor| Cerveja de Março, duzia........ 480 rs.| » Pilcener, » ........ 720 »| » da pipa, meio barril . 750 »I Gazozas, duzia . . . ............ . . . . 4.20 »S Pirolitos, caixa, 24 garrafas.. . 36o »
C a p ilé , l i t r o £ 8 0 r é is , cosa g a rra fa 3 -tO r é is
E M A IS B E B ID A S D E D IF F E R E N T E S Q U A L ID A D E S
PARA REVENDERV E N D A S A D I N H E I R O
PEDIDOS A LUCAS 8l C,A — ALDEGALLEGA
SALCHICHARÍA MERCANTIL
JOAQUIM PEDRO*JESUS RELOSlO— ---- -
Carne de porco, azeite de Castello Branco, c mais qualidades, petroleo, sabão, cereaes e legumes.
Todos estes generos são de primeira qualidade e vendidos por preços excessivamente baratos.
C ira n d e s d e s c o n to s p a ra o s re v c ^ d c d O re fc !0 j;Lrr>i ^54 a 5 6 , Largo da Praça Serpa Pinto, 54 a 5 6
ftLDEGALLEGAJOSÉ DA ROCHA BARBOSA
» ! ; ' 'V '.i -.-O ? J iC om o f& c ln a de
C O R R E E I R O E S E L L E I R O
18, RUA DO FORNO,- 18 A JL SB l i « A S j I . Si « A
COMPANHIA FABRIL SINGEI!P o r 5 00 réis semanaes se adquirem as cele
bres machinas SINGER para coser.Pedidos a AURÉLIO JO Ã O DA CRUZ, cobrador
da casa a ís c o c m «& C‘.a e concessionário em Portugal para a venda das ditas machinas.
Envia catalogos a quem os desejar, yo, rua do Ralo, yo — Alcochete.
NOVA S AL CHI CHA RÍ AD E
A N T O N I O J O A Q U I M R E L O G I O— ca>—
© p r o p r ie t á r io d ’este e s ta b e le c im e n to prom etíe t e r se m p re fr e s c o s , e de p r im e ir a qna? id a d e todos o s g e n e ro s q n e d iz e m r e s p e it o a s a le li lc l ia r la .
PRECOS AO ALCANCE DE TODOS!o....................... <c>' ............... ..
L A R G O D A E G R E J A — A L D E G A L L E G A
MERCEARIA ALDEGALLENSEDE
Jo sé A n ton io N u n es- = 0 0 O o o
Neste estabelecimento encontra-se á venda pelos preçoi mais convidativos, um variado e amplo sortimento è generos proprios do seu ramo de commercio, podendo por isso ojferecer as maiores garantias aos seus estima veis fregueses e ao respeitável publico em geral.
Visite pois 0 publico esta casa.
19-LAEGO 1 3 7 ̂ E G R E J A - 19-A
A ld egallega do R ib a tejo
tijQj
H A V A N E Z A D A P R A Ç A25:0003000 DE RÉIS
i 3.:i loteria do anno em 10 de abril de i9°:
Encont<-a-se, dos principaes cambistas, n’esta casa grande sortimento- bilhetes, meios bilhetes, quai tos de bilhete, décimos, vigésimos è cautel de todos os preços.
lista casa é a mais feliz -ao genero!
JOÃO ANTONIO RIBEIROP R A C A S E R IE i P I N 1 0 — A L D E G A L L E G*