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© 2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

V332 Vasconcellos, Maria de Nazareth Machado de Barros. / Gestão de Sistemas Educacionais. / Maria de Nazareth Machado de

Barros Vasconcellos. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009.116 p.

ISBN: 978-85-387-0723-3

1. Escolas – Administração. 2. Planejamento educacional. 3. Educação – Estudo e Ensino. 4. Supervisão escolar. 5. Sistemas Educacionais. I. Título.

CDD 371.2

Capa: IESDE Brasil S.A.

Imagem da capa: Jupiter Images / DPI Images

IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br

Todos os direitos reservados.

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Pós-Graduada em Administração Pública – CIPAD EXECUTIVO – pela Fun-dação Getúlio Vargas – FGV/RJ. Graduada em Pedagogia - Habilitação em Super-visão Escolar pela Fundação Educacional Unificada Campograndense - FEUC/RJ. Licenciada em Letras Português-Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.

Maria de Nazareth Machado de Barros Vasconcellos

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Sumário

A gestão do espaço educacional ........................................ 13

A escola como um núcleo a ser gerido .............................................................................. 14

O lado humano da administração no processo de gestão ........................................ 16

O papel da gestão frente aos desafios do cotidiano escolar ..................................... 19

Participação da comunidade na gestão escolar ........... 29

Condicionantes da participação na gestão da escola .................................................. 30

A questão da liderança do diretor da escola ................................................................... 38

Gestão contemporânea: sistemas, escolas e projetos .................................................. 45

Os papéis da administração, da supervisão e da orientação no plano pedagógico .............................................................................. 47

Gestão de projetos X Gestão educacional ....................................................................... 54

A gestão enquanto uma ação integrada e democrática ............................................. 59

Competências gerenciais ...................................................................................................... 60

A avaliação na gestão de pessoas ....................................................................................... 66

Democracia e integração: competências gerenciais .................................................... 68

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Uma nova perspectiva da gestão de sistemas educacionais ....................................... 75

A hiperespecialização e a organização sistêmica .......................................................... 78

Autoridade e autonomia ........................................................................................................ 80

A importância da construção coletiva de um projeto educacional/institucional ......................................................................... 81

Planejamento estratégico ...................................................................................................... 82

A gestão futura da escola e de projetos desenvolvidos em espaços não-formais .......................... 89

Ciclos de formação ................................................................................................................... 90

Recursos midiáticos .................................................................................................................. 92

Organizações não-governamentais - ONGs .................................................................... 95

Ensino a distância ...................................................................................................................... 96

Gabarito .....................................................................................105

Referências ................................................................................111

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Apresentação

Quando se fala em gestão, logo de imediato, são os pressupostos da li-derança que vêm à cena. E liderança, no início de um novo século, constitui-se em tarefa bastante complexa e desafiadora, principalmente, em se tratando de Gestão de Sistemas Educacionais. As atividades do líder, nas ações eminentemen-te educacionais, trazem, em sua essência, o conceito de alteridade, ou seja, a im-portância do outro no seu fazer cotidiano. Seja no lidar com os companheiros de trabalho – professores e funcionários de apoio –, seja na interação permanente como os alunos, seja na busca necessária e significativa da participação efetiva dos pais e responsáveis, seja no estabelecimento de parcerias com a comunidade escolar e a sociedade de modo geral.

Os estudos a respeito da constituição do ser humano registram a comple-xidade da convivência social, na medida em que somos, cada um de nós, seres únicos e singulares e, por essa razão, seres diferenciados, em todos os aspectos: físico, intelectual e emocional.

Neste universo individualizado e coletivo, é que transita a liderança dos sistemas educacionais. Acrescidos aos desafios na gestão de pessoas (diferentes e diferenciadas), estão os novos paradigmas, inerentes ao século XXI, que também vão exigir da liderança, ousadia, determinação e perseverança, a fim de que as mudanças necessárias, inadiáveis e urgentes aconteçam no interior dos sistemas educacionais, e ainda a fim de que se irradiem para fora de seus muros.

A gestão democrática e participativa, a incorporação das novas tecnolo-gias ao cotidiano escolar, a criação de novos espaços educacionais e as dificul-dades inerentes à concretização de uma escola inclusiva e, ao mesmo tempo, competente, são sinalizadores relevantes dos desafios enfrentados pela liderança educacional neste início de século. Por outro lado, o esgarçamento dos valores éticos e morais, assimilado pela sociedade nos dias atuais, também precisa ser redimensionado, ou melhor, reconstituído, no cotidiano educacional. Urge o res-gate da dimensão humana no dia-a-dia da sala de aula.

Por todo o exposto, as aulas relativas à Gestão de Sistemas Educacionais pretendem discutir essas questões, apresentando caminhos e sugestões para aqueles que pretendem fazer a diferença neste mundo complexo e diferenciado, contribuindo com seu trabalho, para uma sociedade mais justa, mais solidária, mais fraterna, onde cada ser humano, respeitado na sua integralidade, possa vi-venciar dias mais amenos e mais felizes, fazendo com que o conhecimento adqui-rido nos bancos escolares, acrescente realmente, qualidade de vida a cada um de nós, à sociedade como um todo e ao nosso planeta Terra, que, neste momento, pede socorro.

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Podemos terminar com Bertold Brecht, que sintetiza a importância da lide-rança educacional no cotidiano de todos nós:

“Se não morre aquele que escreve um livro ou planta uma árvore, com mais razão não morre o educador que semeia a vida e escreve na alma.” (FAZENDA, p. 57)

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A gestão do espaço educacional

Estamos em um novo século.

Numa sociedade em permanente mutação – consequência natural de um mundo eminentemente tecnológico e científico – os desafios se agi-gantam. Em decorrência, também se agiganta o papel da escola.

É necessário que o espaço escolar auxilie o homem novo, ainda em estado de desenvolvimento, a adquirir conhecimentos imprescindíveis à contemporaneidade e que o preparem para, mais que enfrentar a socie-dade do futuro, transformá-la num espaço de convivência justo, solidário e democrático.

Será que os gestores educacionais estão preparados para o enfren-tamento desses desafios e para as mudanças necessárias e inerentes ao século XXI?

Dois conceitos básicos do cientista americano Peter Senge (2005) servem de subsídio à discussão sobre a gestão dos sistemas educacionais.

Ambos se referem à “QUINTA DISCIPLINA”, em que Senge (2005) enfatiza a importância do pensamento sistêmico nas organizações da pós-moder-nidade, afirmando que tudo deve estar interligado. Aliás, o termo sistema, segundo o Prof. Aurélio Buarque de Holanda, contempla, de certa manei-ra, as concepções teórico-filosóficas de Senge: “disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si, e que funcionam como estrutura organizada” (SISTEMA, 1999).

O segundo conceito, também presente em Senge (2005) refere-se às organizações de aprendizagem. Segundo ele, as organizações do novo milênio, devem ser organizações aprendentes, cujas características prin-cipais podem assim estar discriminadas:

prática do diálogo; �

compartilhamento de valores e objetivos; �

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Gestão de Sistemas Educacionais

valorização da criatividade; �

percepção da complexidade das interações; �

busca pela integração entre a razão e a intuição; �

investimento efetivo na melhoria da capacidade reflexiva, nas descobertas �grupais e na análise conjunta dos problemas complexos da organização.

Desnecessário registrar que os sistemas educacionais trazem, em si, o pensa-mento sistêmico, proposto por Peter Senge. O próprio nome já sinaliza o fato. Des-necessário registrar, também, que os sistemas educacionais são, eminentemente, de aprendizagem. Aprender se constitui na razão primeira da instituição escola.

Sempre positivo recordar Paulo Freire: “Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 1996, p. 22).

Se acoplarmos, ainda, as concepções de Peter Senge ao que diz a Prof.ª Heloísa Lück perceberemos que a gestão dos sistemas educacionais não se distancia das questões gerenciais no seu sentido macro:

É preciso examinar a escola por meio de uma concepção sistêmica. Por sua própria função, a escola constitui-se em uma organização sistêmica aberta, isto é, em um conjunto de elementos (pessoas, com diferentes papéis, estrutura de relacionamento, ambiente físico etc) que interagem e se influenciam mutuamente. (LÜCK, 2007, p. 9)

A gestão do espaço escolar, portanto, incorpora o sentido de inteireza conti-do nos estudos dos autores acima. Somente desta maneira as mudanças neces-sárias e inerentes ao século XXI ocorrerão no universo educacional.

É neste contexto socioeducativo que discutiremos questões significativas re-lacionadas à gestão num universo de diferenças e diferentes – característico do espaço escolar – que precisa, urgentemente, estar antenado com as esperanças e necessidades do novo milênio.

A escola como um núcleo a ser geridoA palavra núcleo, segundo Aurélio Buarque de Holanda, significa “o ponto cen-

tral, o ponto essencial [...]”(NÚCLEO,1999). Podemos estabelecer relações entre essas definições a respeito da palavra núcleo e as unidades escolares. A insti-tuição escola está no centro dos sistemas educacionais, ou seja, ela é o núcleo

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A gestão do espaço educacional

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do sistema educacional, pois o processo de conhecimento se realiza na escola. A escola é que dá concretude aos sistemas educacionais.

Ainda de acordo com o Prof. Aurélio, complementando a definição de núcleo, no que se refere à Citologia (estudo das células): “Organela celular com as funções de armazenamento de informação genética, duplicação [...] de DNA” (NÚCLEO, 1999), outra correlação pode ser estabelecida. É na escola que a socialização das informações, relativas ao fazer educativo, acontece. Cabe à escola não apenas ar-mazenar informações, mas duplicá-las. Numa sociedade que busca a inclusão, a escola é o núcleo gerador de informações. Mais do que isso, é o núcleo gerador, por excelência, do conhecimento, em todos os seus matizes, tendo, inclusive, a responsabilidade de ampliar (duplicar) este conhecimento.

Embora a escola, na sua essência, seja a organização da aprendizagem, du-rante muitos anos, foi concebida como a escola da ensinagem. Espaço rotineiro, mecanicista, linear e estático. O aluno apenas era o depositário das informações. As aulas expositivas eram valorizadas e ocupavam lugar de destaque. Celso Vas-concellos, no seu livro Construção do Conhecimento, discorre sobre os equívocos da escola da ensinagem:

O aluno recebe tudo pronto, não problematiza, não é solicitado a fazer relação com aquilo que já conhece ou a questionar a lógica interna do que está recebendo e acaba se acomodando. A prática tradicional é caracterizada pelo ensino “blá-blá-blante”, salivante, sem sentido para o educando, meramente transmissora, passiva, a-crítica, desvinculada da realidade, descontextualizada. (VASCONCELLOS, 1997, p. 20)

Sinaliza, ainda, as questões preocupantes do ponto de vista pedagógico e político:

Poderíamos dizer que o grande problema da metodologia expositiva, do ponto de vista pedagógico, é o seu alto risco de não aprendizagem, em função do baixo nível de interação sujeito-objeto do conhecimento-realidade; o grau de probabilidade de interação significativa é muito baixo. (VASCONCELLOS, 1997, p. 22)

Do ponto de vista político, o grande problema da metodologia expositiva é “[...] a formação do homem passivo não-crítico [...]” (VASCONCELLOS, 1997, p. 22).

O Professor Paulo Roberto Motta, referindo-se às transformações organiza-cionais, sinaliza que: “Aprender não é uma simples incorporação de informações, mas a construção da capacidade de criar e de romper as maneiras rotineiras e habituais de pensar e agir. Ao contrário do mero recebimento de informações, o aprendizado é intimamente ligado à ação” (MOTTA, 1999, p. 137).

Se as mudanças organizacionais da atualidade sinalizam para a criação de novas possibilidades de “pensar e agir”, a escola não pode estar alienada, nem

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excluída deste processo de mudança organizacional. A gestão escolar precisa, como as demais organizações, de mudanças significativas, condizentes com as necessidades de um novo século.

A legislação atual, que trata dos sistemas educacionais, caminha nesta dire-ção. A Constituição Federal, no seu Capítulo III, Seção I, Artigo 206, Inciso VI, as-segura a “gestão democrática do ensino público, na forma da lei”.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), no seu Artigo 14, assevera que:

Art. 14

Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:

I- participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto político-pedagógico da escola;

II-participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

A gestão democrática e participativa, contemplada nas leis norteadoras da educação no país, são demonstrações efetivas da necessidade das mudanças organizacionais propostas por Senge, Lück, Motta e Vasconcellos em que de-mocracia e participação excluem do cotidiano escolar a passividade, a automa-ção, a rotina. E incluem a interação, o dinamismo, as parcerias, a flexibilidade e o coletivo.

O lado humano da administração no processo de gestão

Pascal afirmava que “não se ensinam os homens a serem homens honestos, mas ensina-se tudo o mais” (apud MORIN, 2006, p. 21).

Lenilson Naveira constata que “há um total desencontro entre a evolução tec-nológica e a evolução ética e filosófica do homem” (SILVA,1991, p. 201).

Toynbee assevera que “as mudanças recentes caracterizam-se pelo rápido e intenso desenvolvimento tecnológico sem igual correspondência no progresso espiritual, moral e político da humanidade” (apud MOTTA, 1999, p. 11).

Daniel Bell enfatiza “a perda de valores espirituais para explicar a crise con-temporânea” (apud MOTTA, 1999, p. 11).

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A gestão do espaço educacional

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Neste cenário, a dimensão humana, os valores éticos e morais, a dimensão do SER, perdem espaço para a dimensão material da vida e para a realização profis-sional, que visa apenas o sucesso econômico e financeiro, valorizando o TER.

Não é sem razão que os estudos atuais, a respeito da necessidade de mudan-ças organizacionais, principalmente no que se refere à gestão, além de toda a legislação vigente, sinalizam para a importância dos valores éticos, perdidos ao longo dos anos e, especialmente, para o resgate da dimensão humana, objeti-vando a melhoria da qualidade de vida do homem, da sociedade e, consequen-temente, do Planeta.

Quando as mudanças organizacionais, relativas à gestão, apontam em dire-ção à importância da aprendizagem, trazem, em si, a concepção da alteridade, ou seja, a concepção do outro. Aprender sempre envolve o conceito de alteri-dade. De acordo com Freire (1996) – docência e discência, ensinar e aprender. Quando envolvemos o outro, estamos em busca da dimensão humana.

Quando as leis vigentes caminham em direção à participação dos diferentes segmentos da comunidade escolar, também contemplam o conceito de alteri-dade. O outro ou os outros sempre estarão presentes quando se fala em partici-pação. Mais uma vez, reiteramos que, buscando o outro, buscamos a dimensão humana. Assim, dimensão humana se constitui em objeto de estudo das estru-turas organizacionais contemporâneas. Não mais o eu tem sido valorizado nos estudos e pesquisas da atualidade, mas a busca do comunitário e do coletivo.

Quando se fala em Gestão Democrática, estão implícitos a troca, o exercício constante do diálogo, o respeito ao outro. Outro aspecto, relacionado ao lado humano da gestão, é o investimento na autoestima de cada liderado. Dulce Ma-galhães afirma que: “um líder [...] pode moldar uma performance de excelência nos indivíduos sob sua tutela [...] o exemplo dos pais, determinados professores ou alguns chefes/treinadores exercem uma influência decisiva para a autossupe-ração e a confiança em vencer obstáculos” (MAGALHÃES, 2002, p. 98).

O lado humano no processo de gestão de um novo século, deve caminhar sempre em simbiose com a competência técnica. Embora de um lado a gestão antenada com o século XXI, do ponto de vista da competência técnica, tenha como prioridades:

a importância do estabelecimento de objetivos e metas; �

a elaboração de planos de ação; �

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Gestão de Sistemas Educacionais

a determinação de métodos de avaliação; �

a identificação de necessidades. �

A dimensão humana precisa estar efetivamente presente, por meio de:

saber ouvir; �

elogiar com pertinência; �

solicitar opiniões; �

disponibilizar as informações; �

facilitar a resolução de problemas. �

Pierre Weil afirma que “entre as metas da nova educação estão a saúde do corpo, o equilíbrio entre mente e coração e o despertar e a manutenção dos valores humanos” (WEIL, 2002, p. 45).

Podemos ainda citar os Parâmetros Curriculares Nacionais, que enfatizam as questões éticas, nos seus objetivos gerais:

Compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de �direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito.

Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações so- �ciais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas.

Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando �seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente. (BRASIL, 1997, p. 107)

Todas as questões apresentadas ratificam e reiteram a necessidade de huma-nidade no homem do século XXI.

O lado humano da gestão se constitui no grande diferencial da atualidade. A gestão educacional muito tem a contribuir para o novo milênio e para a cons-trução de uma nova sociedade – justa, solidária e fraterna – por conta de sua especificidade, contida, inclusive, na Constituição Federal:

Art. 205

“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvi-mento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

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A gestão do espaço educacional

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O papel da gestão frente aos desafios do cotidiano escolar

Apesar dos avanços tecnológicos e científicos, apesar das críticas severas a respeito de diversas posturas pedagógicas, principalmente relativas à gestão, a organização escolar ainda traz, em si, concepções de autoritarismo, discrimina-ção, preconceito e exclusão. Historicamente, a questão da obediência às normas disciplinares, o rigor pedagógico, a submissão do aluno às determinações supe-riores impregnavam o espaço escolar.

Algumas expressões do universo educacional comprovam tais afirmações. Tomemos de início, como referenciais, dois vocábulos muito presentes no coti-diano educacional – disciplina e reprovação – e busquemos o seu significado.

Primeiramente, a palavra disciplina.

Etimologicamente, disciplina constituía-se em “um pequeno chicote utilizado no autoflagelamento e permitia, portanto, a autocrítica [...]” (MORIN, 2006, p. 106).

A autocrítica era realizada por meio do autoflagelamento, da autopunição. O cas-tigo era necessário por conta dos erros ou falhas cometidas. O chicote e a palmatória eram importantes para que os defeitos fossem corrigidos e os culpados, punidos.

No dicionário Aurélio (século XXI), disciplina significa “regime de ordem im-posta ou livremente consentida. Ordem que convém ao funcionamento regular duma organização (militar, escolar etc). Relações de subordinação do aluno ao mestre ou ao instrutor [...]. Submissão a um regulamento”(DISCIPLINA, 1999).

Como nós, responsáveis pela gestão da escola, utilizamos a palavra disciplina nos dias de hoje? Qual o seu significado? A sua conotação?

Interessante notar a presença de duas organizações, no momento da con-ceituação da palavra disciplina: militar e escolar. A reflexão a respeito do uso do vocábulo é, portanto, uma exigência pedagógica. Impossível a gestão escolar “passar ao largo” dessa reflexão.

Quanto ao outro vocábulo bastante utilizado – a palavra reprovação – no-vamente visitemos o Prof. Aurélio: “reprovação: condenação, crítica, censura [...] desprezo, desconsideração, desdém”(REPROVAÇÃO, 1999).

Resgatar o significado das palavras torna-se bastante pertinente, já que ratifi-ca as concepções rígidas, fechadas e herméticas da escola tradicional.

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Onde fica a dimensão humana neste contexto em que a palavra reprovação ainda se constitui em fator decisivo para a vida escolar de crianças, jovens e adolescentes?

Como nós, enquanto gestores educacionais, empregamos a palavra reprova-ção? Qual o seu significado? A sua conotação?

Novamente, reiteramos, ratificamos a importância da reflexão a respeito do uso deste vocábulo. É uma exigência pedagógica. Impossível a gestão escolar também “passar ao largo” dessa reflexão.

Podemos repetir aqui os pressupostos mais significativos de uma gestão que se preocupa com a dimensão humana de seus profissionais. Perceberemos as contradições existentes na escola, que já está imersa em um novo século – quei-ramos ou não.

Vale a pena, portanto, repeti-los:

saber ouvir; �

elogiar com pertinência; �

solicitar opiniões; �

disponibilizar as informações; �

facilitar a resolução de problemas. �

Importante, também, não esquecer de que a Prof.ª Heloísa Lück (2007) refere-se à organização escola como um sistema aberto, já que a interação e a troca são constantes.

Felizmente, no contexto educacional da atualidade, já há indícios de conotações positivas que vão tomando a cena. Ao invés de disciplina, interdisciplina(ridade) e transdisciplina(ridade), vocábulos que apresentam prefixos latinos que signi-ficam, respectivamente, reciprocidade, intercâmbio e movimento para além de, sinalizadores do sentido de flexibilidade, troca, abertura, ampliação. Não mais conceitos fechados em si mesmos.

A questão do erro, por exemplo, já se apresenta de maneira diferenciada – objeto de estudo de inúmeros pesquisadores e de acordo com as novas concep-ções educacionais:

O modo como escutamos o aluno pode contribuir para que ele potencialize sua expressão ou se cale; corrigir uma resposta errada pode ajudar o aluno a aprender o que ainda não sabia, mas, também, pode paralisar seu movimento em direção a novos conhecimentos. Como

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avaliar aquela criança que avançou muito mas não atingiu os objetivos propostos para a série? Aprova-se ou reprova-se aquele menino que, no final do ano, deu um estalo, aprendeu muitas coisas, mas ainda não está no nível do resto da turma? (ESTEBAN, 2001, p. 58)

Um dos postulados da gestão atual é a concepção de que o erro deve ser visto como oportunidade de crescimento e não como motivo de punição ou represália. Importante registrar que o erro, do ponto de vista profissional, está sempre aliado à questão da responsabilidade .

Já se percebe, na gestão de algumas escolas, aspectos relevantes, bastante positivos:

a descentralização do poder, por meio da construção coletiva do projeto �político-pedagógico;

o estabelecimento de parcerias; �

a valorização da criatividade e do lúdico; �

a prática pedagógica interativa. �

É pertinente resgatar alguns estudiosos encontrados em Aranha (2000) que se debruçaram, mais detalhadamente, sobre as questões humanas, relativas à aprendizagem.

Pestalozzi (1746-1827) considerava o amor o grande responsável pelo �processo de autoeducaçao.

Vygotsky (1896-1934) valorizou a memória afetiva e considerava que o �homem não tinha condições de se construir na ausência do outro. Acredi-tava na importância da interação.

Freinet (1896-1966) buscou, primeiramente, no seu fazer pedagógico, es- �tabelecer uma relação de confiança e respeito com seus alunos, baseada em forte afetividade.

Wallon (1879-1962) estudou as questões relativas às emoções das crian- �ças e estruturou sua teoria em cima de quatro princípios básicos que, se-gundo ele, eram indissociáveis: afetividade, movimento, inteligência e a formação do eu como pessoa. Na teoria Walloniana, a construção do eu depende, em essência, do outro.

O lado humano da gestão escolar vem à tona, nos dias atuais, de maneira �emblemática, com Edgar Morin, quando explicita a importância do co-nhecimento, tendo, como razão primeira, o ser humano.

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Gestão de Sistemas Educacionais

As ciências humanas se ocupam do homem, mas este é, não apenas, um ser físico e cultural, como também um ser biológico, e as ciências humanas, de certa maneira, devem ter raízes nas ciências biológicas, que devem ter raízes nas ciências físicas – nenhuma dessas ciências, evidentemente, é redutível uma a outra. Entretanto, as ciências físicas não constituem o último e principal pilar sobre o qual são edificados todos os outros; essas ciências físicas, por mais fundamentais que sejam, também são ciências humanas, no sentido em que surgem em uma história humana e em uma sociedade humana. (MORIN, 2006, p. 113. Grifo nosso)

A história humana e em uma sociedade humana tem que estar presente, compulsoriamente, no universo educacional. A escola do século XXI precisa sair do “chicote” disciplinar, no seu sentido mais amplo, para a concepção macro do exercício democrático, da inclusão, da escola para todos, da aprendizagem de todos e, principalmente, para o conhecimento, em todos os seus matizes.

No entanto, torna-se importante considerar que a questão do conhecimento, vista dessa forma, implica, também, no conhecimento científico e tecnológico, que estão diretamente ligados à competência técnica e que são, também, ine-rentes à gestão da escola.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Artigo 32, Inciso I, enfatiza uma das competências básicas para o enfrentamento do mercado de trabalho e, princi-palmente, para o exercício pleno da cidadania, já que propicia uma leitura cons-ciente de mundo: Art. 32, I “o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo”.

Todas as pesquisas realizadas, nos últimos anos, sinalizam para esses aspec-tos significativos e preocupantes que constam neste artigo da LDB, relacionados à competência técnica da gestão da escola:

a elevação da escolaridade traz um aumento significativo nos ganhos; �

os operários precisam ter capacidade de abstrair, entender, somar, dividir; �

são raros os profissionais que já vêm prontos. As empresas precisam inves- �tir o dinheiro do acionista em treinamento e bolsas universitárias;

não saber ler e escrever significa a exclusão do mercado – mesmo para as �tarefas mais simples.

O grande desafio da gestão educacional, ou melhor, de qualquer gestão que busque a excelência, é conciliar competência técnica e dimensão humana. É per-seguir, insistentemente, esta interação. Ler e reler Edgar Morin1 é um excelente caminho.

1 MORIN, Edgar. A Cabeça Bem-Feita. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

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Esta responsabilidade cabe à gestão escolar. A responsabilidade de redimen-sionar o espaço pedagógico, repensar o fazer educativo, oxigenar o cotidiano da sala de aula. Buscar a gestão democrática, na participação efetiva dos diferentes segmentos da comunidade escolar, constitui-se em facilitador significativo para a escola antenada com a modernidade e que se preocupa com os anseios do cidadão do século XXI.

Alguns postulados de Cícero Penha, relativos à gestão de pessoas, merecem registro e devem ser objeto de reflexão:

Relações democráticas – ambientes de trabalho cada vez mais democráticos e participativos, mas profissionalizados.

Vão faltar talentos – faltarão talentos preparados para os desafios das corporações, mesmo em atividades mais simples. Isso exigirá que cada empresa se transforme numa escola para preparar sua força de trabalho.

Preocupação em ter um plano de vida – plano de vida em vez de plano de carreira.

Ser humano mais complexo – pessoas cada vez mais complexas como seres humanos, exigindo melhor preparo de quem gerencia equipes.

Estresse e neurose – as pessoas ficarão, a cada dia, mais preparadas profissionalmente. Porém mais estressadas e neuróticas, exigindo estratégias de gerenciamento mais sensíveis.

Estruturas em rede – as estruturas organizacionais serão em rede para facilitar a gestão de negócios e de pessoas.

Busca do equilíbrio – a busca do equilíbrio entre a profissão e a vida será, daqui para a frente, a grande preocupação de todos os seres humanos.

Liderança educadora – o modelo de liderança deverá ser, cada vez mais, o da liderança educadora. (PENHA, 2002, p. 130)

Interessante perceber a expressão final de Cícero Penha: “liderança educa-dora”. Podemos repetir nossos avós, quando afirmavam que a educação se dá pelo exemplo. Ou então falar da importância, para o líder, da coerência entre o discurso e a prática. Por último, comemorar, como educadores que somos, a importância da educação para o mundo empresarial.

No âmbito da educação, o relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, coordenada por Jacques Delors, contempla a integralidade do conhecimento e a relação intrínseca existente entre competên-cia técnica e dimensão humana:

Para poder dar resposta ao conjunto das suas missões, a educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão, de algum modo, para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. (DELORS apud WEIL, 2002, p. 123. Grifo nosso)

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Gestão de Sistemas Educacionais

Aprender a ser nos remete a sentimentos, há muito esquecidos pela sociedade tecnológica e científica. Busquemos a fala dos que entendem, verdadeiramente, de educação neste país:

“Não se pode fazer educação sem ‘paixão’. Agir em educação como um buro-crata, é fazer o jogo de decisões alheias [...]” (LUCKESI, In: CANDAU, 2007, p. 28).

“[...] um professor que tem a visão e o tipo de engajamento que apontamos [...] está profundamente imerso na dinâmica do amor pelos alunos, pelo conhecimen-to, pelo ensinar, por si, pela sociedade e pela vida” (VASCONCELLOS, 1997, p. 62).

Assim crianças, jovens, adolescentes, sujeitos de sua aprendizagem, possuem professores e gestores comprometidos e apaixonados. Educação se faz com exemplos. Somente professores e gestores que são apaixonados e comprometi-dos com a educação de todos os seus alunos, podem contribuir para a formação de cidadãos críticos que, pelo exemplo, também serão apaixonados pela busca do conhecimento, pelo ato de aprender.

Texto complementar

Uma nova concepção de vida(WEIL, 2002, p. 26)

[...] Acumulamos conhecimentos em quantidade. Mas, sem sabedoria para usá-los, podemos destruir-nos e ao mundo que habitamos.

Felizmente, uma nova consciência está se estabelecendo no espírito de grande parte das pessoas. Ela inspira outra maneira de ver as coisas em ci-ência, filosofia, arte e religião [...]. Trata-se de um momento de síntese, inte-gração e globalização. Nesta fase, a humanidade é chamada a colar as partes que ela mesma separou nos cinco séculos em que se submeteu à ditadura da razão.

[...] Dividimos arbitrariamente o mundo em territórios, pelos quais mata-mos e morremos [...]. A loucura e a competição são tão ferozes que ignoram o óbvio: não haverá uma segunda Terra para ser destruída, nem ninguém ou coisa alguma para acionar o gatilho atômico depois da primeira vez.

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A gestão do espaço educacional

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Quebramos a unidade do conhecimento e distribuímos os pedaços entre os especialistas. Aos cientistas, demos a natureza; aos filósofos, a mente; aos artistas, o belo; aos teólogos, a alma.

Não satisfeitos, fragmentamos a própria ciência, espalhando-a pelos do-mínios da matemática, da física, da química, da biologia, da medicina e de tantas outras disciplinas. O mesmo ocorreu com a filosofia, a arte e a religião, cada um desses ramos se subdividindo ao infinito.

Como consequência, o mundo do saber tornou-se uma verdadeira “torre de babel”, em que os especialistas falam cada qual a sua língua e ninguém se entende.

A mais ameaçadora de todas as fragmentações, no entanto, foi a que di-vidiu os homens em corpo, emoção, razão e intuição, porque ela nos impede de raciocinar com o coração e de sentir com o cérebro.

[...] Recuperar a unidade perdida significa reconquistar a paz. Mas, desta vez, o inimigo a derrotar não é estrangeiro. Ele mora dentro de nós. É a força que isola o homem racional de suas emoções e intuições.

Dicas de estudoAs Pequenas Memórias

José Saramago / Companhia das Letras / 2006 / Prêmio Nobel de Literatura / Escritor português da atualidade.

Relato de fatos de sua infância em que as impressões da escola estão muito nítidas.

Importante realizar uma avaliação crítica em relação à escola da infância de José Saramago. Marcas positivas ou negativas?

Estabelecer semelhanças/diferenças com a escola brasileira (reler item 1.4).

O professor deve sempre perceber, nas mais diferentes mídias, como é vista e pensada a instituição escola na percepção do “não professor”. Atentar para esta questão. É uma forma de nos mantermos antenados com o mundo.

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Gestão de Sistemas Educacionais

Encontro com Portinari

Rosane Acedo e Cecília Aranha / Coleção Encontro com a Arte Brasileira / MINDEN – Editora e Artes Gráficas / 1995 / Literatura infantil sobre a vida e a obra de Portinari.

Acervo importante para os professores que desejam redimensionar a sua prá-tica pedagógica, incluindo a arte no cotidiano da sala de aula.

Aprendizagem x ensinagem (item 1.2).

A Cabeça Bem-Feita

Edgar Morin.

Aborda a questão da integralidade do conhecimento no século XXI.

Enriquece todas as questões apresentadas nesta unidade.

Atividades1. Comente, de acordo com os estudos apresentados nesta aula:

“O mais importante, na construção do Homem, não é instruí-lo – haverá algum interesse em fazer dele um livro que caminha?” (Antoine de Saint-Exupéry In CHALITA, 2001 p. 65)

2. Muitos professores consideram pieguismo (sentimentalismo), a utilização de palavras como paixão, amor, afeto, prazer no universo educacional. Como você avalia a questão?

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3. Avalie as críticas de Celso Vasconcellos às aulas eminentemente expositivas, tão utilizadas pelo professor, no cotidiano da sala de aula.

Se sua avaliação crítica for semelhante a de Celso Vasconcellos, explique como atuaria, enquanto gestor da unidade escolar, junto a esse professor.

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