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NATAL: NATAL: a revelação mais comovente e mais desafiadora de Deus Prof. Renold J. Blank, teólogo [email protected]

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Page 1: NATAL: NATAL: a revelação mais comovente e mais desafiadora de Deus Prof. Renold J. Blank, teólogo renoblank@uol.com.br

NATAL:NATAL: a revelação mais comovente e mais desafiadora de Deus

Prof. Renold J. Blank, teólogo

[email protected]

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NATAL:NATAL: a revelação mais comovente e mais desafiadora de Deus

1. O que o Natal nos revela?

Ao falar de Deus, costumamos identificá-lo com o Onipotente, o Criador do cosmo e o Se-nhor do céu e da terra. Sim, ele também é isso, mas infinitamente mais. Nele pode ser encontra-da uma verdade tão chocante, que – apesar de todas as celebrações festivas do ano litúrgico –

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foi muito pouco assimilada pelas pessoas. É uma verdade que ultrapassa em muito o nosso conhecimento sobre a onipotência de Deus e a sua inimaginável glória. Na base dessa verdade, há aquele fato chocante e ao mesmo tempo ma-ravilhoso que marca a sua revelação em Jesus Cristo: Deus é humilde e modesto.Deus é humilde e modesto.

Mas há mais! Tudo indica que Deus está mais

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interessado em ser conhecido exatamente assim – humilde e modesto – do que como criador oni-potente.

É essa verdade fundamental, aliás, que distin-gue essencialmente a nossa fé da professada pelas inúmeras religiões existentes. Na maioria delas também se cultua um Deus que, de uma forma ou de outra, se mostra como poderoso e...

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cheio de glória. Mas é unicamente na religião cristã que esse Deus se revela na pequenez e na fragilidade de uma criança, no seu desam-paro e na sua necessidade de ser amado.

2. No evento do NATAL, Deus se manifesta a nós como realmente é (cf. Hb 1,3)

O Concílio Vaticano II, na constituição dog-mática Dei Verbum, formula de maneira magis-

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tral a verdade fundamental de que, em Jesus Cristo, Deus nos revelou, de maneira mais clara e direta, aquilo que realmente é.

Se acreditarmos nessas palavras da Igreja – e não há razão para não fazê-lo –, descobrimos, na festa do Natal, o conteúdo mais comovente e, ao mesmo tempo, mais feliz de nossa fé. Descobrimos que, diante de Deus, não precisa-

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mos ter medo, porque ele se aproxima de nós no sorriso de uma criança. Descobrimos a verdade de que Deus não se interessa em primeiro lugar pelo poder e não faz questão alguma de ser ve-nerado como poderoso. O fato é que ele se fez pequeno e se aniquilou (cf. Fl 2,5-8), entregan-do-se a nós como criança que suplica pelo nos-so amor.

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Deus é e se revela assim! Torna-se criança para compreendermos que, para ele, há apenas uma coisa que conta: o amor.

3. O NATAL revela que Deus não se interessa pelos mecanismos de prestígio e de poder.

Se Deus se revela dessa maneira, deixando de lado as instâncias de prestígio e de poder, como é que nós poderíamos recorrer a tais mecanis-

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mos na convivência social, na vida pública ou na práxis religiosa?

Deus manifestou-se como criança para com-preendermos que os seus caminhos não são a-queles do poder, mas os da ternura e do amor.

Ao tornar-se homem não na figura de um im-perador poderoso, mas na forma de uma criança indefesa, Deus nos informa, de maneira indiscu-

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tível, que ele não se interessa pelos mecanis-mos de poder. Com isso, porém, assume grande risco. Ele se põe em nossas mãos!Ele se põe em nossas mãos!

Em Jesus Cristo, Deus se entrega aos seres humanos e, com isso, está totalmente sujeito ao agir e às decisões das pessoas. Ele fica à nossa mercê, assim como qualquer criança. Entrega-se a nós, assumindo o risco de que essa sua con-

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fiança possa ser traída.

A decepção diante dessa traição pode ser veri-ficada no decorrer da história e já transparece em diferentes passagens bíblicas. Tal decepção chega a seu cume naquele acontecimento cho-cante em que criaturas humanas torturam e ma-tam o Filho de Deus no pelourinho vergonhoso da cruz. Ninguém teria tido a ousadia de

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crucificar um Deus onipotente que se tivesse manifestado em seu poder e glória. Um Deus assim seria venerado por todos; mas, ao mesmo tempo, seria temido também por todos. Exatamente esse medo, porém, Deus não quer!

4. Não o temor, mas o amor

Deus não quer que o temamos, mas o ame-mos. O evento do Natal mostra que ele não está

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interessado em nos intimidar. Em vez disso, es-pera que o amemos. Para que tal fato se torne visível de maneira mais palpável, ele se revela a nós como criança indefesa que implora nosso amor. De um Deus que se apresenta na forma de uma criança, ninguém tem medo. Um Deus assim só pode ser amado de coração aberto. Só pode encontrar amparo em nosso braços e co-ração. É exatamente isso que Deus deseja.

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5. UM Deus que se manifesta como criança pode ser amado; mas essa criança também pode ser rejeitada e pisada

Deus se mostra a nós como criança para que percamos o medo dele e o amemos. Mas ao in-vés de amá-lo é possível também outra atitude. Se esse Deus se revela indefeso como uma criança, então pode ser rejeitado, pode-se pisar nele e até matá-lo.

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A festa do Natal também nos confronta com essa alternativa. Além de todo romantismo sen-timental e emocional e de todo o barulho da in-dústria da propaganda comercial, descobrimos, nessa criança na manjedoura, um desafio sem igual. Descobrimos a alternativa do amor. Mas será que nós amamos efetivamente essa criança e lhe abrimos o coração? Ou será que nos fe-chamos diante de suas súplicas por amor e o jogamos no chão pisando-o e até o matando?

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Certamente ninguém de nós jamais pensaria em bater naquela criança ou em matá-la. Sobre isso há consenso geral entre nós que vivencia-mos o Natal e estamos felizes porque Deus se tornou homem. Mas exatamente pelo fato de Deus ter se apresentado a nós numa manjedou-ra, por não ter permanecido distante, oculto no interior de céus distantes, ele se torna desafio constante para nós. O desafio é este: fazemos às pessoas tudo a-

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quilo que gostaríamos de fazer a ele? É impor-tante lembrar: tudo aquilo que fazemos a qual-quer pessoa, nós o fazemos a Deus. Com isso, o fazemos também à criança que veneramos no Natal (cf. Mt 25,40.45). Eis aí a grande e cho-cante verdade que, tantas vezes, no decorrer da história, foi esquecida.

6. Deus, que se manifesta como criança, se identifica de maneira plena com as pessoas

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Pensar que qualquer um de nossos atos para com qualquer ser humano se dirige a Jesus Cris-to pode desencadear consequências que dificul-tem cantar as velhas músicas de Natal. Estas só dizem a verdade quando externam o amor que praticamos em favor de nossos irmãos e irmãs, quando começamos a abrir-lhes o nosso cora-ção e respondemos aos seus anseios com amor.

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À luz da identificação direta entre Jesus Cristo e as pessoas que encontramos no dia-a-dia, o Natal se torna desafio constante para nós, inda-gação inquietante para nossa consciência e vocação renovada de forma cada vez mais ur-gente. Isso porque tudo aquilo que fazemos às pessoas, seja no bem, seja no mal, nós o faze-mos à criança que veneramos no Natal.

À medida que, como cristãos e como Igreja, to-

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marmos a sério esse fato, nossa religião se tor-nará fermento e sal da terra. À medida que o Natal readquirir seu sentido original para nós, começaremos a transformar as inúmeras situa-ções e estruturas nas quais seres humanos se encontram pisados, excluídos e desprezados. Agiremos assim por estarmos conscientes de que, em toda pessoa humana maltratada, a criança na manjedoura está sendo maltratada.

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NATAL:NATAL: a revelação mais comovente e mais desafiadora de Deus

Tomando a sério o que nos é revelado no Na-tal, passaremos a trabalhar para construir situa-ções e estruturas que estejam em sintonia com tal relação. Seremos colaboradores de situações onde reine o amor, a justiça e a solidariedade entre os seres humanos. Deus solidarizou-se, identificando-se conosco, de maneira direta e concreta no Natal.

[email protected]

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Formatação de:

Pe. Luiz Carlos do NascimentoPe. Luiz Carlos do Nascimento

Contato: [email protected]

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