iesde 4 - a educação básica na ldb
TRANSCRIPT
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 1/32
DIREITO APLICADO À EDUCAÇÃO
Leila de Almeida de LoccoPaulo Afonso da Cunha Alves
2009
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 2/32
IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
© 2008-2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autoriza-ção por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: Jupiter Images/DPI Images
A636 Alves, Paulo Afonso da Cunha; Locco, Leila de Almeida de / Direito Aplicadoà Educação. / Paulo Afonso da Cunha Alves; Leila de Almeida de Locco.
2. ed. rev. atual. — Curitiba: IESDE Brasil S.A. , 2009.196 p.
ISBN: 978-85-387-0962-6
1. Direito Civil. 2. Direito Aplicado. 3. Direito - Educação. I. Título. II. Locco,Leila de Almeida de.
CDD 340
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 3/32
Mestrando em Políticas Públicas e Formação Humana pela Universidade Estadual
do Rio de Janeiro (UERJ). Especialista em Docência Superior pelo Centro Uni-
versitário Augusto Motta (Unisuam) e em Direito pela Escola da Magistratura do
Estado do Rio de Janeiro (Emerj). Graduado em Administração pelas Faculdades
Integradas Nuno Lisboa e em Direito pelo Unisuam.
Leila de Almeida de Locco
Doutora em Educação e Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP). Mestre em Educação: Supervisão e Currículo pela PUC-SP. Gradu-
ada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Paulo Afonso da Cunha Alves
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 4/32
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 5/32
Sumário
O Direito Educacional ............................................................ 11
Legislação educacional ....................... .......................... ......................... .......................... ....... 16
A legislação educacional em âmbito nacional .............. 29
A legislação educacional a serviço da conservação ou da transformação? ......... 29
Histórico das Leis sobre Educação ........................ ......................... .......................... ........... 30
Da Constituição Federal à Lei 9.394/96 ....................... .......................... ......................... ... 34
Ranços e avanços da Lei 9.394/96 ......................... ......................... .......................... ........... 35
As alterações na LDB e suas repercussões ........................................... ......................... ... 36
Os diferentes âmbitos da legislação educacional ........ 45
Introdução .......................... ......................... .......................... ......................... .......................... ... 45
A Constituição Federal (1988),
as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas Municipais ......................... ............... 49
Os princípios .......................... ......................... .......................... .......................... ........................ 50
O Estatuto da Criança e do Adolescente.......................... 57
Educação no Estatuto da Criança e do Adolescente ........................ ......................... ... 57
O Estatuto do Idoso .......................... .......................... ......................... .......................... ........... 63
A Educação Básica na LDB .................................................... 71
Concepção, etapas e modalidades ....................... ......................... .......................... ........... 71
Educação Infantil ...................... .......................... .......................... ......................... .................... 72
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 6/32
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 7/32
O Regimento Escolar .............................................................137
Breve histórico ..........................................................................................................................137
O Regimento Escolar como a Constituição da escola ...................... .......................... 137
Aspectos legais do Regimento Escolar ......................... ......................... .......................... 138
As dimensões pedagógica,
administrativa e disciplinar do Regimento Escolar ....................... ......................... .....139As normas internas .................................................................................................................140
Políticas de currículo na legislação ..................................149
As Políticas Nacionais de Currículo ...................................................................................149
Os Referenciais Curriculares Nacionais de Educação Infantil ......................... .........150
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental .....................151
As adaptações curriculares para a Educação Especial ......................... ...................... 152
As Diretrizes Curriculares Nacionais daEducação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos .........153
Ensino Médio ............................................................................................................................154
O Plano Nacional de Educação (PNE) ..............................167
Breve histórico ..........................................................................................................................167
Aspectos legais.........................................................................................................................168
Diagnóstico, diretrizes, objetivos e metas: estrutura do Plano ...................... .........169
A Educação Infantil no PNE..................................................................................................169O Ensino Fundamental no PNE ..........................................................................................170
A Educação de Jovens e Adultos no PNE ........................ .......................... ...................... 172
A Educação Especial no PNE ...............................................................................................173
A Conferência Nacional de Educação (CONAE 2010) ....................... ......................... .175
Gabarito .....................................................................................183
Referências ................................................................................193
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 8/32
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 9/32
Apresentação
Esta é a proposta de trabalho para os nossos encontros sobre Direito
Aplicado à Educação, que pertence à área temática de Formação Educa-
cional e faz parte da Matriz Curricular de nosso curso.
Fazemos, na condição de responsáveis pela produção escrita, um cha-
mamento inicial a todos vocês para que sejam receptivos a essa área de
conhecimento, dada a sua importância na formação do educador, e assim
possam usufruir suas contribuições.
O material foi estruturado de modo a possibilitar uma caminhada pelarealidade brasileira abrangendo as esferas municipal, estadual e federal.
Objetiva-se a inserção gradativa no contexto das políticas públicas brasi-
leiras que têm na legislação educacional seu principal suporte.
Toda a legislação aplicada à educação será um “diferencial” na sua for-
mação. Portanto, venha conosco descobrir e refletir sobre o conjunto dos
aspectos legais que orientam a estrutura e o funcionamento do nosso sis-
tema de ensino e o papel do professor na escola básica brasileira.
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 10/32
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 11/32
Concepção, etapas e modalidadesUm importante avanço na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)
foi a concepção de Educação Básica.
No sistema brasileiro de ensino, esse conceito aparecia restrito ao
chamado hoje de Ensino Fundamental, e nem a Educação Infantil nem o
Ensino Médio faziam parte desse nível.
O cenário internacional já vinha apontando como tendência a exi-gência de cada vez mais educação, seja na fase inicial (Educação Infantil),
seja ampliando o Ensino Fundamental, seja assegurando o Ensino Médio,
como Educação Básica.
Muitos educadores defendem também o Ensino Superior
como um nível básico (SAVIANI, 1997). O alargamento final-
mente atinge a Pós-Graduação que está estruturada e com-
porta os cursos de aperfeiçoamento, especialização, mestra-
do, doutorado e pós-doutorado. Mas essa tendência atingeainda a dimensão horizontal com o aumento da jornada diária
(4 horas no mínimo para Ensino Fundamental) e dos dias leti-
vos (200 dias para o Ensino Fundamental, Médio e Superior).
Constata-se também o aumento de escolas de tempo integral no
Ensino Fundamental e a oferta de creches em período integral. A LDB
também aponta para a oferta progressiva do Ensino Fundamental em ho-
rário integral.
Houve, portanto, o alargamento da Educação Básica, que hoje abrangedesde a Educação Infantil (0 a 5 anos), o Ensino Fundamental (6 a 14 anos),
até o Ensino Médio (15 anos em diante). Serão 17 anos de educação no
mínimo a serem ofertadas obrigatoriamente pelo Poder Público.
No momento, apenas o Ensino Fundamental é obrigatório, devendo o
Ensino Médio ser universalizado progressivamente para então se tornar
obrigatório.
A Educação Básicadeveria abrangertambém o Ensino
Superior ao qual toddeveriam ter direit(SAVIANI, 1997).
A Educação Básica na LDB
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 12/32
72
Em face desse alargamento da Educação Básica, surgem as etapas, sendo a
Educação Infantil a primeira etapa, o Ensino Fundamental a segunda etapa e o
Ensino Médio a etapa final. Essas etapas possuem finalidades próprias, porém
em articulação com as etapas posteriores, sem obstáculos entre elas.
O processo seletivo entre o Ensino Médio e o Ensino Superior ainda perma-
nece e se mostra disputado quando se trata de instituições públicas (federais eestaduais).
A organização da Educação Básica se completa com as modalidades que per-
meiam as etapas e atendem, ora as especificidades da idade (Educação de Jovens e
Adultos – EJA), ora as necessidades dos alunos (Educação Especial – EE), ora a forma
das ofertas (Educação a Distância – EAD), ora a natureza das ofertas (Educação Pro-
fissionalizante – EP) ou ainda a diversidade da clientela (Educação Indígena – EI).
Cada uma dessas modalidades está presente na legislação, seja com seções oumesmo com artigos, explicitando as peculiaridades. Constata-se que as modali-
dades que agora fazem parte da estrutura organizacional da LDB, e estão, por-
tanto institucionalizadas. Algumas modalidades extrapolam a Educação Básica
e alcançam o Ensino Superior (EAD, EE, EI), outras estão presentes em todas as
etapas (EE), enquanto outras alcançam apenas determinadas etapas (EJA, EP).
Educação InfantilA Educação Infantil constitui-se em uma etapa da Educação Básica, abran-
gendo a faixa etária de 0 a 5 anos. Foi um dos grandes avanços, uma verdadeira
conquista da sociedade brasileira, respaldada nas leis maiores como a Constitui-
ção Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional e o Plano Nacional da Educação. Em nível estadual está
presente na Constituição Estadual e nos municípios na Lei Orgânica Municipal.
Nas leis educacionais anteriores (4.024/61 e 5.692/71), a Educação Infantil apare-
cia como pré-primário e pré-escolar1
, respectivamente, devendo ser zelada e incen-tivada. Era comum o atendimento da faixa dos 6 anos somente através do Prezão na
rede pública, sendo que só as particulares é que já vinham ofertando o Jardim de In-
fância (Jardim I, II e III), abrangendo alunos de 4 a 6 anos (atualmente de 4 a 5 anos).
A Constituição Federal, no artigo 208, estabelece como dever do Estado com
a educação, entre outros, o atendimento em creche e pré-escola às crianças de
1A terminologia pré-escolar abrange a faixa de 4 a 6 anos ou todo o atendimento antes da escolarização, quando se inicia o Ensino Fundamental.
Direito Aplicado à Educação
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 13/32
A Educação Básica na LDB
73
A Educação Infantil,segundo a LDB, é ofertada
em complementação àação da família que tem
responsabilidades comrelação à educação de
seus filhos.
0 a 6 anos. O artigo 211, parágrafo 2.º, mostra que os municípios atuarão prio-
ritariamente no Ensino Fundamental e Pré-Escolar. Essa educação é, portanto,
incumbência do município, devendo o estado e a União atuarem concorrente-
mente, ou seja, colaborando com recursos, apoio técnico, entre outros.
Mas nada impede que o estado ou a União tenham no município uma escola
de Ensino Fundamental, por exemplo, o Colégio Pedro II que, embora seja Fede-ral (União), oferece o Ensino Fundamental, motivo pelo qual a legislação utiliza
o termo “prioritariamente”.
A nomenclatura Educação Infantil só foi consagrada na Lei de Diretrizes e
Bases, que reservou uma seção para a Educação Infantil. Essa lei considerou a
Educação Infantil como etapa da Educação Básica e manteve a separação entre
creche e pré-escola, apresentando a divisão da faixa etária 0 a 3 anos e 4 a 5 anos.
Essa separação tem sido considerada como um ranço da legislação.
A Educação Infantil é direito de todos, mas não é obrigatória, cabendo à fa-
mília a decisão de encaminhar ou não a criança. Nos estabelecimentos oficiais,
sua oferta é gratuita, em obediência à legislação que coloca a gratuidade como
um de seus princípios.
Em razão do atendimento em creches, antes de a Consti-
tuição Federal e a LDB serem ofertadas em outras secretarias
que não a da Educação, foi necessário um período de transi-
ção para regularizar essa situação.
A LDB estabeleceu um prazo de três anos para essa regu-
larização, que, portanto, já expirou.
A lei educacional ainda coloca as finalidades da Educação Infantil (LDB, art.
29), a saber: “o desenvolvimento integral da criança até cinco anos de idade, em
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade”.
A avaliação mereceu destaque na seção destinada à Educação Infantil, emque se determina que esta deva acontecer com os objetivos de acompanha-
mento e registro. Não deve servir para classificar nem promover para a primeira
série do Ensino Fundamental.
A questão da avaliação traz um problema, o da articulação entre a etapa da
Educação Infantil e do Ensino Fundamental. Na parte da alfabetização, também
ocorre esse problema: alfabetizar ou não é uma polêmica e um confronto que
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 14/32
74
consta entre as redes públicas e particulares. Estas antecipam o processo, en-
quanto as públicas são orientadas para trabalhar com o ambiente alfabetizador.
Um avanço da legislação foi a exigência de a formação para os professores
que vão atuar na Educação Infantil ser idêntica à das demais etapas da Educação
Básica. Apesar de ainda não ser obrigatória, a preferência é que seja do nível
Superior, graduação plena, podendo ser na modalidade a distância e/ou comotreinamento de serviço. A formação mínima admitida pela legislação ainda é de
nível médio, na modalidade normal que pode ser presencial e/ou a distância.
Segundo o Censo Escolar da Educação Básica de 2007, 5% dos educadores
que trabalham em creches possuem formação superior sem licenciatura, 10%
nível médio, 3% nível fundamental, 45% têm magistério na modalidade normal
e 37,2% possuem nível superior com licenciatura. Já na pré-escola encontramos
professores com nível superior sem licenciatura – 5,6%, com Ensino Médio ou
Ensino Fundamental – 7,5%, curso normal ou magistério – 41,3% e com cursosuperior com licenciatura – 45%.
A Educação Infantil possui uma demanda acumulada e, portanto, precisaria
de um aporte de recursos bastante grande. No entanto, o município primeiro
tem que atender o Ensino Fundamental, que é prioridade um. Com a aprovação
do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valoriza-
ção dos Profissionais da Educação (Fundeb), o governo poderá atender todas as
etapas da Educação Básica e não só o Ensino Fundamental.
Quadro 1 – Professores da Educação Infantil (Creche e Pré-Escola)
segundo a Dependência Administrativa das Escolas
CRECHE PRÉ-ESCOLA
Total de professores 95.643 240.543
Somente federal 106 101
Somente estadual 885 8.199
Somente municipal 58.991 165.953
Somente privada 35.406 64.798
Estadual e municipal 9 182
Estadual e privada 3 38
Municipal e privada 243 1.272
Fonte: MEC/Inep/Deed
Tanto educadores como economistas acreditam na formação oferecida na
Educação Infantil, sendo que as pesquisas apontam as crianças que passam por
Direito Aplicado à Educação
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 15/32
A Educação Básica na LDB
75
ela têm melhor desempenho no Ensino Fundamental, inclusive permanecem
mais tempo nessa etapa. A Educação Infantil deve ser vista como um direito e até
como um investimento! Convidamos você a defendê-la na sua comunidade!
O Ensino Fundamental para nove anos:ação afirmativa, exigências internacionais
ou questão financeira?Historicamente, a sociedade brasileira tem lutado pela educação como um
de seus direitos básicos. O direito à educação tem estado presente nas Cons-
tituições Federais e na legislação educacional. Assim é que na primeira Lei de
Diretrizes e Bases, a 4.024/61, o “Ensino Primário” tinha duração de quatro anos,
podendo se estender até os seis anos.
Essa proposição já anunciava que quatro anos eram os possíveis no momento,
mas não eram suficientes para oferecer aos brasileiros os fundamentos básicos
de uma educação elementar. Acrescentem-se ainda as barreiras existentes para
a continuidade, sendo o “exame de admissão” a primeira e talvez a mais temida.
A implantação da Lei de Diretrizes e Bases 5.692/71, destinada apenas ao 1.º
e 2.º grau, trouxe uma importante alteração ao unir o antigo Ensino Primário
(quatro anos) com o 1.º ciclo de ensino secundário, o ginasial de quatro anos,num único grau, o 1.º, com oito anos de duração. O exame de admissão foi ex-
tinto e o sistema de ensino ganhou em articulação e continuidade, ou seja, ficou
mais democrático.
É sempre bom lembrar do contexto sociopolítico em que essas Reformas
Educacionais ocorreram. O Brasil estava vivenciando o período da ditadura mi-
litar que possibilitou uma alteração de tal porte que exigiu múltiplas condições
para se concretizar: recursos físicos, humanos, materiais e financeiros.
Justificou-se na época que a ampliação era uma exigência da sociedade brasilei-ra que precisava sair do atraso (o Brasil era considerado um país de terceiro mundo)
e se incorporar a um novo momento de mudanças internacionais. Em termos ope-
racionais, a quem caberia tal tarefa? Ao município? À esfera estadual? À União?
É bom recordar que os estados, a partir da década de 1960, assumiam a maior
responsabilidade com redes que envolviam tanto a zona rural (escolas primárias
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 16/32
76
multisseriadas) como as escolas da zona urbana, grupos escolares, ginásios e até
colégios que ofertavam cursos científicos e clássicos e cursos no ramo profissio-
nalizante: o ensino agrícola, o industrial, o comercial e o ensino normal.
Essa significativa alteração da duração do ensino de 1.º grau para oito anos
veio acompanhada do processo de municipalização. Os estados, embora em
ritmo diferente, foram gradativamente desmontando sua rede de escolas ruraise transferindo suas turmas/escolas primárias da cidade para os municípios.
Nesse momento, os municípios começaram a implantar a continuidade do
1.º grau, ou seja, as séries finais, de forma gradativa. Ocorria ainda o encaminha-
mento dos alunos concluintes das séries iniciais das escolas municipais para as
escolas estaduais que ofertavam o antigo ginasial, agora séries finais do 1.º grau
(5.ª a 8.ª série). Foram momentos de falta de vagas, de luta, de organização e re-
organização para atender a demanda reprimida. A passagem agora estava livre,
desde que houvesse a vaga, a oportunidade. Em muitos casos sacrificavam-se asturmas da pré-escola para ampliar as vagas de 1.ª a 4.ª série e 5.ª a 8.ª série dos
municípios e estados que tiveram que trabalhar de forma colaborativa.
Embora em plena ditadura, houve por assim dizer a democratização das
oportunidades educacionais, para um ensino de 1.º grau ampliado com o dobro
da duração anterior. A questão quantidade estava sendo resolvida, mas e a qua-
lidade? Foram mais de 20 anos para reconhecer e beneficiar uma parcela maior
de brasileiros ainda com percentuais desiguais de escolarização, consideradas
as diferentes regiões, estados, municípios, zonas rural e urbana, os jovens e osadultos, os cidadãos com necessidades educativas especiais, inclusive.
Durante esse período, os municípios receberam esse novo encargo, mas não ti-
veram aporte de recursos pela via da descentralização para cumprir com essa nova
incumbência, agora ampliado de modo que não chegou a ser universalizado.
Ao final da década de 1980, o contexto brasileiro apresenta outras caracterís-
ticas, um processo de abertura política vai se consolidando. A sociedade civil se
organiza para a construção da nova Constituição Federal, que foi elaborada pelo
processo de Constituinte com a participação de deputados e senadores.
Aprovada em 1988 e tida como uma Constituição Cidadã, consagra a educa-
ção como direito de todos e direito subjetivo na etapa do Ensino Fundamental.
Agora, cada um, individualmente, pode reivindicar esse direito que faz parte
de acordos e documentos internacionais, capitaneados pela Organização das
Direito Aplicado à Educação
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 17/32
A Educação Básica na LDB
77
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e pela Organização
das Nações Unidas (ONU). Esse movimento de Constituinte se repetiu nos esta-
dos no ano de 1989 e nos municípios no ano de 1990. As proposições para a área
da Educação se reproduziram e firmaram o entendimento da educação como
direito de todos e dever do Estado, da família e da sociedade.
Na esteira da nova Constituição, educadores organizados inicialmente emcomitês e depois em fóruns em defesa da escola pública, gratuita e universal
prosseguiram as discussões com vistas a uma nova e única LDB que deveria re-
gulamentar o capítulo da Constituição Federal relativo à Educação.
No final de 1996, com a aprovação da Lei 9.394, são mantidos os deveres
constitucionais e propõe-se o Ensino Fundamental com oito anos, no mínimo,
colocando-se a ampliação como real possibilidade, ao mesmo tempo em que se
coloca como facultativa a entrada de alunos com 6 anos de idade nessa etapa.
Estavam abertas as portas para a ampliação do Ensino Fundamental.
Essa LDB também estabeleceu que o Plano Nacional de Educação devesse ser
uma lei. Aprovada em 2001, a Lei do Plano Nacional de Educação, a Lei 10.172,
fixou como uma das metas para o Ensino Fundamental a ampliação dessa etapa
para nove anos de duração, sendo condição para tanto, a universalização do
atendimento de oito anos.
No 2.º semestre de 2004, o MEC/Inep vem a público divulgar as propostas
para que se dê um choque de qualidade na Educação Básica. Entre elas está a
ampliação do Ensino Fundamental para nove anos com a antecipação do ingres-
so dos alunos já aos 6 anos. Justificava-se a proposição com o argumento de que
as crianças que já foram iniciadas na alfabetização se desenvolvem melhor no
decorrer da etapa do Ensino Fundamental.
Alguns estados começaram a experienciar essa proposta, seja antecipando
o ingresso sem, no entanto, ampliar o tempo de duração, seja de forma plena,
antecipando e ampliando.
Em maio do ano de 2005, foi aprovada a Lei 11.114 que tornou obrigatório oingresso para os alunos de 6 anos. Nessa lei, a ampliação para nove anos não foi
firmada, fazendo-se necessária uma nova lei. Em 2006, pela Lei 11.274, foi am-
pliada a duração e estabelecido o prazo de cinco anos para a implantação do
Ensino Fundamental com nove anos. Essa legislação acabou por alterar também
a Educação Infantil que passará a ser de 0 a 5 anos. A ampliação dos nove anos
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 18/32
78
recaiu sobre a fase inicial dessa etapa que passa agora a ter cinco anos de dura-
ção (6 a 10 anos). Isso significa que será preciso mais professores nos anos ini-
ciais. Essa mudança é positiva para a Educação Básica considerando que o estado
(município) terá que ofertar em caráter obrigatório e garantido mais um ano de
Ensino Fundamental, que é direito subjetivo do cidadão brasileiro. Garantem-se,
também, recursos financeiros do Fundef que estende os recursos para todas as
etapas da Educação Básica. Assim é que os alunos de 6 anos, de agora em diante,
terão vagas asseguradas na rede pública, diferentemente da situação anterior,
pois as vagas na pré-escola não têm sido suficientes. Isso tem gerado a fila de
espera e a intervenção do Conselho Tutelar. Enquanto isso, os alunos de famílias
com maior poder aquisitivo, com 6 anos de idade, já frequentavam a 1.ª série do
Ensino Fundamental na rede particular de ensino, após uma Educação Infantil
que antecipa, via de regra, o processo de alfabetização que se inicia no Jardim II
e se completa no Jardim III.
A ampliação do Ensino Fundamental para 9 anos veio, de certa
forma, colocar os alunos da escola pública em pé de igualdade,
pelo menos no que se refere à idade. Na situação anterior, esses
alunos dependiam de vaga para adentrar com 6 anos, quando
essa idade era facultativa. Somente depois que todos os alunos
com 7 anos estivessem sendo atendidos é que isso poderia ser
concretizado. Haveria também a antecipação da participação
desses alunos de 6 anos nos programas sociais do governo, me-
renda escolar, transporte escolar, material didático, Bolsa Família, que não atin-gem a Educação Infantil, ficando mais fácil o controle das crianças de risco, inclu-
sive as que fazem parte do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI).
Com essa medida haverá uma unidade político-pedagógica com relação ao
Ensino Fundamental, um menor distanciamento entre a escola pública e privada
e ainda uma melhor articulação entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamen-
tal (não haveria mais razão de ser para as classes de alfabetização alternativa
ainda utilizada por alguns estados da Federação).
Certo é que se enfrentará um período de transição: tanto a Educação Infantil
como o Ensino Fundamental terão que rever seus Projetos Pedagógicos. A LDB
vigente possui instrumentos legais para fazer frente a essa situação, seja pela
A ampliação doEnsino Fundamental
para 9 anosabrangendo a faixados 6 aos 14 é uma
política afirmativa?
Direito Aplicado à Educação
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 19/32
A Educação Básica na LDB
79
organização em ciclos, que vai se consolidando, seja pelas figuras de classifica-
ção e reclassificação. Entende-se que, por um bom período de tempo, haverá
dificuldades para os alunos que tiverem que trocar de rede e o sistema terá que
estar atento a essas questões.
Algumas famílias ficarão em dificuldades, pois “perderão” um ano de período
integral ofertado em Centros de Educação Infantil, já que o Ensino Fundamen-tal é ofertado em horário integral em poucas instituições (CAICs/CEIs). É preciso
também atentar para a questão da idade que não está fixada em nível nacional,
mas deverá ser objeto de regulamentação em nível de sistema estadual, pelos
encaminhamentos do MEC.
Haverá repercussões, sem dúvida, no processo de formação inicial e conti-
nuada dos professores e dos pedagogos para fazer frente a essas mudanças. O
tempo é uma categoria curricular que vem sendo objeto de estudo e a tendência
é trabalhar com um tempo flexível superando o tempo rígido, considerando-seas novas contribuições nos estudos sobre ciclos de formação humana. Deverá
ocorrer ainda uma revisão das políticas de currículo do Ministério da Educação
(Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e Parâmetros Curri-
culares Nacionais – Ensino Fundamental, anos iniciais), nos estados e municípios,
inclusive no seu sistema de avaliação Saeb/Aneb e a Prova Brasil que abrange
todos os alunos da faixa inicial.
É importante ressaltar que se faz necessária uma ampla discussão com a so-
ciedade, com as famílias e com órgãos envolvidos, pois essas alterações são re-centes e não têm sido alvo dessas discussões, nem de propagandas, nem de
divulgação sistemática, nem de material informativo. Em se implantando essa
ampliação, uma sistemática de acompanhamento e avaliação deve ser proposta
para ir se fazendo os ajustes no decorrer da implantação.
A legislação nacional exigiu a regulamentação dos nove anos elaborados nas
unidades da Federação que estabeleceram as suas orientações, seja nos seus
Planos Estaduais de Educação, seja através dos seus Conselhos Estaduais de Edu-
cação. Em razão do prazo para essa implantação, é possível a convivência comdois sistemas: de oito anos e de nove anos. O ano de 2007 foi, portanto, um
marco, pois foi o ano da implantação dessa política considerada afirmativa para
as classes populares.
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 20/32
80
A Educação Especial na Educação
Infantil e no Ensino FundamentalA Constituição Federal abre o capítulo da educação dizendo que ela é direito
de todos. Se você pensou, entre outros, nos jovens, adultos, idosos, trabalhado-
res e nas pessoas com necessidades especiais, você acertou.
A Educação Especial, agora na condição de modalidade, segundo os preceitos
constitucionais, deve ser ofertada desde a Educação Infantil, e de preferência na
rede regular de ensino. Isso significa que a legislação dá respaldo à inclusão. O Es-
tatuto da Criança e do Adolescente confirma o direito das crianças e adolescentes
com necessidades educativas especiais, que pode ser permanente ou transitório.
Da mesma forma, a LDB destina uma seção à Educação Especial. Nela trata
das ofertas, da exigência de adequar conteúdos, procedimentos, recursos ma-teriais e didáticos. A inclusão no Ensino Fundamental realiza-se, de acordo com
a proposta dos estados e municípios, já há algum tempo, aproximadamente há
três décadas. O mais comum era a classe especial na rede pública de deficiência
auditiva, deficiência mental e deficiência visual, que contava com professores
que fizeram o Curso de Estudos Adicionais em Educação Especial (Deficiência
Auditiva – DA, Deficiência Motora – DM e Deficiência Visual – DV).
Outra alternativa era a escola especializada através das Apaes, que via de
regra, atendia a Deficiência Mental. Os alunos com deficiência auditiva e visualeram atendidos em outras escolas especializadas. Nesses 30 anos foi sendo es-
truturado o Ensino Especial para os alunos considerados infradotados, embora
a legislação abrangesse também os superdotados, que praticamente não foram
atendidos. Novamente, a legislação coloca como alunos especiais não só os
alunos com limitações, mas também os que possuem altas habilidades.
Os professores precisam estar capacitados ou especializados para aten-
dê-los de forma a contemplar não só as suas limitações, mas valorizar as suas
potencialidades.
Há muita discussão em torno da inclusão de alunos especiais na rede regular
de ensino. Quando não há atendimento diferenciado, o aluno pode estar, em
nome da inclusão, sendo excluído.
Outra reivindicação é a diminuição do número de alunos por turma. Nesse
processo de inclusão é muito importante a participação da família.
Direito Aplicado à Educação
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 21/32
A Educação Básica na LDB
81
A Educação de Jovens
e Adultos no Ensino FundamentalDos antigos Exames de Madureza até a Educação de Jovens e Adultos de hoje
foi um longo percurso para aqueles que não tiveram acesso à educação regu-
lar na idade estipulada ou que não permaneceram no sistema educacional por
razões diversas.
A trajetória da Educação de Jovens e Adultos expressa também a discrimi-
nação para com o cidadão que está nessa faixa de idade e nessa modalidade de
ensino.
Na Lei 5.692/71, houve a implantação do Ensino Supletivo que ofertava tanto
cursos como exames com idades diferenciadas. Na legislação atual, a proposta
de cursos e exames continua, mas houve uma diminuição na exigência da idadepara prestar os exames.
Quadro 2 – A Idade na Educação de Jovens e Adultos (EJA): aspectos
legais
( L O C C O ,
2 0 0 5 )
Lei Idade
Lei de Diretrizes e Bases (LDB)5.692/71
Maiores de 15 anos – Curso – Ensino de 1.º grau
Maiores de 18 – Curso – Ensino de 2.º grau
Maiores de 18 anos – Exame – Ensino de 1.º grau
Maiores de 21 anos – Exame – Ensino de 2.º grau
Lei de Diretrizes e Bases (LDB)9.394/96
Maiores de 15 anos – Exame – Ensino Fundamental
Vedada – 14 anos completos
Maiores de 18 anos – Exame – Ensino Médio
Vedada – 17 anos completos
Diretrizes Curriculares Nacio-nais para a Educação de Jovense Adultos (DCNEJA)
Resolução 1/2000
15 anos completos – Exame – Ensino Fundamental
(art. 4.º, I e IIV)
18 anos completos – Exame – Ensino Médio
(art. 4.º, VII)
A EJA que vem sendo ofertada não tem a mesma qualidade e é considerada
de segunda categoria. Em razão disso, há a preferência pela oferta no ensino
regular. Essa tem sido uma das principais polêmicas a respeito da EJA.
Outra questão bastante relevante é a proposta da legislação de ofertar a Edu-
cação de Jovens e Adultos preferencialmente na rede regular. Isso significa, para
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 22/32
82
alguns, um avanço, pois eles terão um ensino como os demais, presencial. Existe
uma outra corrente de pensamento que entende que a EJA deva ser ofertada de
várias maneiras na modalidade a distância com as variações de semipresencial,
por exemplo.
Dada a sua especificidade com relação ao método e recursos didáticos, es-
truturação própria com calendários diferenciados, a EJA possui um espaçonos órgãos ligados à Educação (MEC, CNE, SEEDs, SMEDs) com equipes de
especialistas.
É preciso também todo um trabalho de articulação entre os alunos do ensino
regular e da Educação a Distância e entre uma etapa e outra. A EJA tem ocupado
vários outros espaços que não a escola e tem sido motivo de projetos em parce-
ria com empresas e outras instituições.
Observe que foi colocado que, inicialmente, existem projetos de alfabetização.Antes eram mais comuns as campanhas ou movimentos como o Movimento Bra-
sileiro de Alfabetização (Mobral), que, por serem passageiros, foram amplamen-
te criticados, principalmente pelo uso de recursos humanos não qualificados,
muitas vezes na condição de voluntários e recebendo por aluno alfabetizado, o
que causou na época inúmeros problemas. Percebe-se que ocorreram avanços
na Educação de Jovens e Adultos, mas essa modalidade tem ficado ainda com
poucos recursos para fazer frente à demanda por educação, que aparece como
uma exigência do novo contexto sociopolítico, do processo de mundialização
em que vivemos. É necessária a certificação para manter o posto de trabalho oupara o processo de requalificação.
Os estudiosos da área da Educação e trabalho afirmam que a Educação Pro-
fissionalizante depende cada vez mais da elevação da escolarização para ter re-
torno e sucesso.
O Ensino MédioA Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei 9.394/96, estabe-
leceu como sendo dever do Estado a progressiva extensão da obrigatoriedade
do Ensino Médio.
O Plano Nacional de Educação, Lei 10.172/2001, sancionado pelo Congresso Na-
cional em 2001, estabeleceu metas para a educação no Brasil com duração de dez
anos que garantisse, entre muitos outros avanços, a elevação global do nível de
Direito Aplicado à Educação
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 23/32
A Educação Básica na LDB
83
escolaridade da população, a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis,
a redução das desigualdades sociais e regionais, a ampliação do atendimento na
Educação Infantil, no Ensino Médio e no Superior. O Plano Nacional de Educação, tal
como foi concebido, previu uma reavaliação de suas metas em cinco anos. Uma das
mais importantes metas do Plano Nacional de Educação no que tange ao Ensino
Médio é a garantia do acesso a todos aqueles que concluam o Ensino Fundamental
em idade regular no prazo de três anos, a partir do ano de sua promulgação.
Hoje o Ensino Médio tem duração de três anos, com a idade ideal de 15 aos
17 anos. O Ensino Médio está sob a responsabilidade dos estados, mas não quer
dizer que o município e a União não possam oferecê-lo.
Já estudamos a Educação Infantil, o Ensino Fundamental, o Ensino Médio, ou
seja, a Educação Básica. Também, fizemos menção à Educação Especial e à Edu-
cação de Jovens e Adultos, mas não podemos esquecer que a LBD trata também
da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, que prepara o educando paraprofissões técnicas, da Educação Profissional e Tecnológica, que pode ser ofertada
tanto pelo Ensino Médio quanto pelo Ensino Superior ou de Pós-Graduação, e da
Educação Indígena.
Texto Complementar
A estrutura e o funcionamento
do Ensino Superior no BrasilClarissa Neves
A educação superior no Brasil abarca, hoje, um sistema complexo e diver-
sificado de instituições públicas e privadas com diferentes tipos de cursos e
programas, incluindo vários níveis de ensino, desde a graduação até a pós-
graduação lato e stricto sensu.
[...]
Instituições universitárias e não universitárias
Na LDBN, bem como nos decretos posteriores específicos estão definidas
as atribuições de cada instituição universitária e não universitária que ofere-
ce educação superior.
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 24/32
84
As instituições universitárias classificam-se em:
Universidades: instituições pluridisciplinares, que se caracterizam pela
indissociabilidade das atividades de ensino, pesquisa e de extensão e por
terem, obrigatoriamente, em seu quadro docente, 1/3 de professores com
titulação de mestrado e doutorado e 1/3 de professores em regime de tra-balho integral (artigo 52, Lei 9394/96). As universidades gozam de autono-
mia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial.
É conferido às universidades autonomia para criar, organizar e extinguir
cursos e programas de Educação Superior; fixar os currículos de seus cursos
e programas; aumentar ou diminuir o número de vagas, de acordo com a
capacidade de atendimento e as exigências do seu meio; contratar e dispen-
sar professores; estabelecer planos de carreira docente; elaborar e formar
seus estatutos e regimentos, de acordo com as normas gerais em vigor; es-
tabelecer programas de pesquisa científica, produção artística e atividadesde extensão; celebrar contratos como entidade jurídica; administrar receita
pública e privada; e receber doações e heranças.
Universidade especializada: caracteriza-se por concentrar suas atividades
de ensino e pesquisa num campo do saber, tanto em áreas básicas como nas
aplicadas, pressupondo a existência de uma área de conhecimento ou forma-
ção especializada dos quadros profissionais de nível superior. Somente insti-
tuições de excelência em sua área de concentração poderão ser credenciadas
como universidades especializadas. (ver art. 8.º, §2.° do Decreto 3.860/01).
Centros universitários: configuram-se como uma nova modalidade de
instituição de Ensino Superior pluricurricular (criados a partir do Decreto
3860/01). Caracterizam -se pela oferta de ensino de graduação, qualificação
do seu corpo docente e pelas condições de trabalho acadêmico proporcio-
nadas à comunidade escolar. Esses centros, tanto quanto as universidades,
gozam de algumas prerrogativas de autonomia, podendo criar, organizar
e extinguir, em sua sede, cursos e programas de Educação Superior, assim
como remanejar ou ampliar vagas nos cursos já existentes. Não estão obri-gados a manter atividades de pesquisa e extensão. Os centros universitários
são criados somente por credenciamento de IES já credenciadas e em fun-
cionamento regular (art. 11, do Decreto 3.860/01).
As instituições não universitárias: atuam numa área específica de conheci-
mento ou de formação profissional. A criação de novos cursos superiores de-
pende da autorização do poder executivo (art. 13, do Decreto 3.860/01). São
Direito Aplicado à Educação
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 25/32
A Educação Básica na LDB
85
compostas pelas Faculdades Integradas, Faculdades, Centros Federais de Edu-
cação Tecnológica (CEFETs) e pelos Centros de Educação Tecnológica (CETs).
As Faculdades Integradas são instituições com propostas curriculares que
abrangem mais de uma área de conhecimento, organizadas para atuar com
regimento comum e comando unificado (Decreto 3.860/01). Compreendemvários cursos pautados por um único estatuto e regimento jurídico, possuin-
do conselhos superiores e diretorias acadêmicas e administrativas. Essas fa-
culdades não são, necessariamente, pluricurriculares, nem são obrigadas a
desenvolver a pesquisa e a extensão como ocorre com as universidades.
Os Centros de Educação Tecnológica e os Centros Federais de Educação Tec-
nológica são instituições especializadas em Educação Profissional pós-secundá-
ria, públicas ou privadas, com a finalidade de qualificar profissionais, nos vários
níveis e modalidades de ensino, para os diversos setores da economia, bemcomo realizar atividades de Pesquisa e Desenvolvimento, produtos e serviços,
em estreita articulação com os setores produtivos e a sociedade, oferecendo
mecanismos para a educação continuada (art. 2.º, do Decreto 2 .406/97).
[...]
Os estabelecimentos isolados ou faculdades isoladas são instituições que,
em geral, desenvolvem um ou mais cursos com estatutos próprios e distin-
tos para cada um deles.
Cursos sequenciais – os cursos sequenciais funcionam por campos do saber.
A caracterização mais detalhada dos cursos sequenciais, assim como as suas
regras de funcionamento, encontram-se normatizadas no Parecer CES 968/98.
Os cursos e programas regulares conferem diplomas de bacharel, licenciado
ou tecnólogo (no nível da graduação), enquanto que os cursos e programas
eventuais, tais como os de especialização, educação continuada e cursos se-
quenciais de complementação de estudos, conferem certificados.
[...]Os cursos sequenciais configuram-se em uma nova modalidade de curso,
normatizados na LDBN, organizados por campo de saber, de diferentes níveis
de abrangência, sujeitos à autorização e reconhecimento, abertos a candida-
tos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino,
além de serem portadores de certificados de nível médio. Destinam-se à
obtenção ou atualização de qualificações técnicas, profissionais ou, ainda,
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 26/32
86
acadêmicas ou de horizontes intelectuais em campos das ciências, das hu-
manidades e das artes. Esses cursos distinguem-se em:
Cursos sequenciais de formação específica, com destinação coletiva,
conduzem à obtenção de diploma. Têm como objetivo assegurar uma
formação básica adequada num campo de saber. Sua respectiva cargahorária não poderá ser inferior a 1 600 horas, a serem integralizadas
em prazo nunca inferior a 400 dias letivos. As disciplinas nele cursadas
podem ser aproveitadas em cursos de graduação;
Cursos sequenciais de complementação de estudos, com destinação co-
letiva ou individual, dirigidos exclusivamente para egressos ou matricu-
lados em cursos de graduação, conduzindo à obtenção de certificado.
Sequenciais de complementação de estudos com destinação indivi-
dual: é o próprio candidato quem apresenta sua proposta de sequ-ência de disciplinas a serem cursadas. Caberá às IES, então, avaliarem
a coerência e a lógica interna da proposta, bem como a existência de
vagas nas disciplinas requeridas (as quais já são ofertadas em cursos
de graduação reconhecidos).
Sequenciais de complementação de estudos com destinação coletiva:
é a instituição que elabora a proposta curricular do curso, bem como
a respectiva carga horária e prazo de integralização. Esses cursos apro-
veitam vagas ociosas em disciplinas de cursos de graduação reconhe-cidos e permitem, ainda, que os alunos de graduação, que evadiram e
que tenham cursado disciplinas em um determinado campo do saber,
possam requerer um certificado. Além disso, esse curso permite que
as disciplinas nele cursadas sejam aproveitadas, pelo aluno, no caso de
ele se matricular em um curso de graduação (desde que os currículos
das disciplinas sejam equivalentes).
Os programas de extensão são abertos à comunidade em geral. A extensão
é entendida como uma prática acadêmica que interliga a universidade, nassuas atividades de ensino e de pesquisa, com as necessidades da população,
possibilitando a formação do profissional-cidadão. A consolidação da prática
da extensão permite a constante busca do equilíbrio entre as demandas so-
cialmente exigidas e as inovações que surgem do trabalho acadêmico.
[...]
Direito Aplicado à Educação
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 27/32
A Educação Básica na LDB
87
A estrutura e o funcionamento do Ensino Superior são definidos e regidos
por um conjunto de normas e dispositivos legais estabelecidos pela Constitui-
ção Federal de 1988, pela nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
9.394/96, como também pela Lei 9.135/95, que criou o Conselho Nacional de
Educação, além de vários outros decretos , portarias e resoluções.
Na Constituição Federal de 1988, a Educação Superior é tratada na seção
1 do capítulo 3 do Título VIII – Da Ordem Social – nos artigos 206 até 214.
Nesses dispositivos, define-se que a oferta de Ensino Superior é livre à inicia-
tiva privada, atendidas as condições de cumprimento das normas gerais da
educação nacional e avaliação de qualidade, pelo Poder Público; as ativida-
des universitárias de pesquisa e extensão poderão receber apoio financeiro
do Poder Público. Na Constituição, igualmente fica determinado o dever do
estado em garantir o acesso aos níveis mais elevados de ensino e pesquisa e
é estabelecido que as universidades gozam de autonomia didático-científica,administrativa e de gestão financeira e patrimonial, devendo, ainda, obedecer
ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Quanto
aos recursos públicos, serão destinados às escolas públicas, podendo ser diri-
gidos às escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas definidas em lei.
A Constituição ainda estabelece que o ensino será ministrado com base
nos princípios de igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola, pluralismo de ideias, gestão democrática do ensino público e valori-
zação dos profissionais do ensino.
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional trata da Educação
Superior no capítulo IV, nos artigos 43.º a 57.º. Estabelece, por finalidade do
Ensino Superior, estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espíri-
to científico e do pensamento reflexivo; formar diplomados nas diferentes
áreas de conhecimento; incentivar o trabalho de pesquisa e investigação
científica; promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e
técnicos; suscitar o desejo de aperfeiçoamento cultural e profissional; esti-
mular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular, osnacionais e regionais; promover a extensão, entre outros.
A LDBN, ao mesmo tempo, fixou as regras de funcionamento do Ensino Su-
perior, tais como: a frequência obrigatória de alunos e professores nos cursos,
salvo nos programas de Educação a Distância; a deliberação das universidades
quanto às normas de seleção, devendo levar em conta os efeitos dos critérios
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 28/32
88
por ela estabelecidos sobre a orientação do Ensino Médio; a obrigatoriedade
da oferta de cursos noturnos nas IES públicas; o estabelecimento do período
letivo de 200 dias; o fornecimento das informações obrigatórias que devem
ser disponibilizadas aos alunos antes de cada período letivo; a definição da
carga horária mínima de 8 horas semanais de aula para os docentes das IES
públicas; e a exigência de que os professores do Ensino Superior devam terpós-graduação, prioritariamente o mestrado e o doutorado.
[...]
O controle normativo do MEC é exercido por meio de uma vasta legis-
lação relativa à estrutura e funcionamento do sistema (detalhada na seção
anterior), elaborada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) ou pela Se-
cretaria de Ensino Superior (SESu).
[...]
Outros dois órgãos importantes na esfera da coordenação da Educação
Superior no país são a Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pes-
soal de Nível Superior (CAPES) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep).
Dicas de estudoO livro Formação de Professores para a Educação Básica, de João Valdir Alves
de Souza, da Autêntica Editora, traz uma palavra mágica no discurso cotidiano.
A educação tem sido vista, há muito tempo, como elemento-chave no com-
bate aos problemas com que sociedades modernas têm se defrontado. Mas para
além da genérica e corrente formulação segundo a qual a educação é o antídoto
para todos os males que nos afligem, não seria ela também expressão dos pro-
blemas que tenta combater? E não seriam os próprios professores da Educação
Básica os primeiros a serem afetados por esses problemas? A presente obra se
propõe a tratar dessas questões.
A Avaliação da Educação Básica no Brasil , de Dirce M. Teixeira de Freitas, da
editora Autores Associados, examina a regulação avaliativa da Educação Básica
brasileira para saber como ela aconteceu, como autorizou certos interlocutores,
como educou e como serviu à estrutura do poder.
Direito Aplicado à Educação
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 29/32
A Educação Básica na LDB
89
Atividades1. Como está estruturada a Educação Básica no Brasil?
2. Quais os principais efeitos originados com a ampliação para 9 anos do Ensi-
no Fundamental?
3. Qual a principal meta do Plano Nacional de Educação para o Ensino Médio?
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 30/32
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 31/32
A Educação Básica na LDB
1. A Educação Básica no Brasil está estruturada em:
Educação Infantil – dividida em creche (de 0 a 3 anos) e pré-escola
(4 e 5 anos).
Ensino Fundamental – séries iniciais (1.ª a 4.ª) 6 a 9 anos e séries finais
(5.ª a 9.ª) 10 a 14 anos.
Ensino Médio de 15 a 17 anos.
2. Entrada no Ensino Fundamental aos 6 anos, facilidade de matrícula em
face da idade, participação em programas sociais do governo, menor
distanciamento entre a escola pública e a privada, além de colocar o
Brasil em igualdade com outros países desenvolvidos.
3. Garantir o acesso ao Ensino Médio a todos aqueles que concluam o
Ensino Fundamental.
Gabarito
8/19/2019 iesde 4 - a educação básica na ldb
http://slidepdf.com/reader/full/iesde-4-a-educacao-basica-na-ldb 32/32