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Identificação de complexos protéicos de citros associados ao fator de patogenicidade PthA de Xanthomnas citri Bolsista Nayara Patrícia Vieira de Lira Estudante de Biologia da Universidade Federal de Pernambuco Orientador Prof. Dr. Celso Eduardo Benedetti Co-orientador Tiago Antonio Souza LNBio

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Identificação de complexos protéicos de citros associados ao fator de

patogenicidade PthA de Xanthomnas citri

Bolsista Nayara Patrícia Vieira de Lira

Estudante de Biologia da Universidade Federal de Pernambuco

Orientador

Prof. Dr. Celso Eduardo Benedetti Co-orientador

Tiago Antonio Souza LNBio

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Identificação de complexos protéicos de citros associados ao fator de

patogenicidade PthA de Xanthomnas citri

Bolsista Nayara Patrícia Vieira de Lira

Estudante de Biologia da Universidade Federal de Pernambuco

Orientador

Prof. Dr. Celso Eduardo Benedetti Co-orientador

Tiago Antonio de Souza LNBio

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“Nunca deixe que digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem, que seus

planos nunca vão dar certo ou que você nunca vai ser alguém”

Renato Russo

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família pelo amor e pela base que me ajudaram ser o que

sou e chegar até aqui.

Agradeço à Celso Benedetti pela orientação, lições aprendidas e por ter me

escolhido dentre tantos.

À Tiago pela orientação, paciência e incasável missão de fazer o bolsista de

verão sorrir.

À Adriana pela força e doçura infinita que me ajudaram nos momentos difíceis.

Á Malu, Lílian, Mariane e Bruna pela paciência e acolhimento.

À Adriana Pas Leme do Laboratório de Espectrometria de Massas pelo apoio à

realização dos expereiemtos.

À Romênia pela ajuda nas análises do massas e pelas conversas de bancada.

À Sandra Dias pelo apoio prestado à realização dos experimentos.

À todos os bolsistas pela companhia, risos e cada momento que ficarão

guardados com carinho.

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Sumário

1. Introdução ........................................................................................................................ 7

2. Fundamentação teórica .................................................................................................... 9

2.1 Citros e a Citricultura ......................................................................................................... 9

2.2 O Cancro Cítrico ................................................................................................................. 10

2.3 Mecanismos de Interação Planta-Patógeno............................................................ 13

2.4 Xanthomonas Citri, uma ameaça à citricultura ...................................................... 14

2.5 Sistema de Secreção tipo III (SSTT) ........................................................................... 15

2.6 Efetores TAL ....................................................................................................................... 16

2.7 Proteínas Efetoras Tipo III: PthAs ............................................................................. 17

2.8 Interações Proteína-proteína entre as PthAs e as proteínas de citros ......... 19

2.9 Proteínas com potencial interação com PthAs ...................................................... 21

2.10 Complexos transcricionais ........................................................................................ 21

2.11 Espectrometria de Massas .......................................................................................... 22

2.12 GST Pull Down ................................................................................................................. 23 3. Objetivos ......................................................................................................................... 23

3.1 Objetivo Geral ..................................................................................................................... 23

3.2 Objetivos específicos ....................................................................................................... 23

3.3 Perspectiva .......................................................................................................................... 23 4. Metodologia ................................................................................................................... 24

4.1 Material Vegetal................................................................................................................. 24

Extração de proteínas de Citro ........................................................................................... 24

4.1.1 Extrato Sem Pós-tratamento ................................................................................ 24

4.1.2 Extrato Tratado ......................................................................................................... 24

4.2 Expressão ............................................................................................................................. 25

4.3 Lise celular bacteriana .................................................................................................... 25

4.4 Imobilização de PthAs-GST em resina de glutationa .......................................... 25

4.5 Pull down de proteínas de folha de citrus com PthA2 e PthA4 em coluna de glutationa .................................................................................................................................... 26

4.6 Western Blot ....................................................................................................................... 26

4.7 Espectrometria de massas ............................................................................................ 27

4.7.1 Preparo dos géis e Excisão das bandas ............................................................ 27

4.7.3 Digestão tripsínica em gel ..................................................................................... 28

4.7.4 Digestão em solução ................................................................................................ 28

4.7.8 Condições de corrida e análise de dados em Espestrometro do tipo ESI-Q-TOF ....................................................................................................................................... 29

4.7.8.1 Em gel ........................................................................................................................ 29

4.7.8.2 Em solução ............................................................................................................... 29

4.8 Análise dos dados ............................................................................................................. 29 5. Resultados e Discussão ................................................................................................... 31

5.1 Extração de proteínas ................................................................................................ 31

Expressão das PthAs-GST e Pull down ............................................................................ 33

5.3 Imunodetecção .................................................................................................................. 34

5.3.1 Anti-HMG ..................................................................................................................... 34

5.3.2 Anti-Maf ........................................................................................................................ 35

5.3.3 Anti-Ubc13 .................................................................................................................. 35

5.3.4 Anti-ARF ....................................................................................................................... 36

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5.3.5 Anti-Cyp........................................................................................................................ 37

5.3. 6 Anti-Uev ...................................................................................................................... 37

5.4 Espectrometria de Massas............................................................................................. 37

5.4.1 Excisão de bandas e identificação dos peptídeos ........................................ 37

5.4.2 Identificação das proteínas em solução ........................................................... 38 Conclusão ................................................................................................................................ 40

Bibliografia ............................................................................................................................... 41

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1. Introdução

O citros compreende gêneros da família Rutaceae e são popularmente

conhecidos como laranjas, limões, limas, cidras entre outras. O Brasil é líder mundial

em citricultura seguido pelos Estados Unidos e México (Oliveira, 2006). Porém,

alguns fatores causam danos a produção resultando em prejuízos, dentre eles estão

os fatores ambientais como salinidade do solo e os mais graves causados pelas

doenças que acometem as plantações (Pompeu Jr et al, 2002).

Uma das mais importantes doenças que afetam o citros é o cancro cítrico causado

por dois grupos filogeneticamente distintos de bactérias do gênero Xanthomonas,

são elas: Xanthomonas axonopodis pv citri (Xac) e Xanthomonas axonopodis pv.

arantipholii (Xaa) (Brunings & Gabriel, 2003).

A doença é caracterizada pela formação de tumores ou pústulas resultantes da

hipertrofia e hiperplasia celular nas folhas, frutos e brotos jovens (Domingues et al,

2010). Esses tumores são envoltos por um alo amarelo e possuem líquido

proveniente do xilema e dos polissacarídeos acumulados pela bactéria no espaço

intercelular do hospedeiro. Após se replicar o patógeno rompe a epiderme ficando

livre para infectar outras plantas (Brunings & Gabriel, 2003).

Por se desenvolver no espaço extracelular da planta hospedeira, a bactéria lança

diretamente no citoplasma proteínas que acumulam-se no núcleo modulando a

expressão de genes alvo. Essas proteínas são ditas efetoras e possuem sítios de

reconhecimento de promotores de genes, no hospedeiro, que uma vez expressos

contribuem para desencadear a doença (Bogdanove, 2010).

Quando o patógeno se instala e desenvolve a doença os efetores são ditos

efetores de patogenicidade. Porém, algumas plantas são resistentes pela presença

dos chamados genes resistência (R) que são ativados por efetores bacterianos ditos

efetores de avirulência (Greenerg, 1997).

Estruturalmente as proteínas efetoras são multidomínio apresentando sinal de

localização nuclear (NLS) na porção C-terminal, um N-terminal necessário à

maquinaria de secreção tipo III e um domínio de ativador transcricional ácido

semelhante aos fatores de transcrição (Bogdanove, 2010). A estrutura dessas

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proteínas é fundamental para desempenho de sua função uma vez que é através

desses sítios, comuns a todas as efetoras, que é possível interagir com proteínas do

hospedeiro e os genes alvo. A patogenicidade das PthAs, por exemplo, é

determinada pelo domínio repetido interno que é responsável ainda pela

especificidade de hospedeiro (Yang et al, 1994).

A Xanthomonas citri utiliza a proteína efetora tipo III PthA reconhecida como

crucial para desencadear a doença. Pertencente à família Avr/Bs3, essas proteínas

possuem um domínio interno de 34 aminoácidos repetidos em tandem que

determinam a patogenicidade ou virulência (Kay e Bonas, 2009).

Além ligarem-se ao DNA, pthAs, associam-se à proteínas do hospedeiro como a

α-importina que à direciona ao núcleo. Domingues e colaboradores (2010), através

de ensaios de duplo-híbrido identificaram além da interação com a α-importina,

interações com outras proteínas todas de co-lalização nuclear que estão envolvidas

com a transcrição, estabilização de RNA mensageiro e reparo de DNA.

Dentre as proteínas que fazem interação com as PthAs, confirmadas por duplo-

híbrido de levedura, estão a ciclofilina (cyp), Ubiquitina (UBC13), a tireoredoxina

(TDX) e a varieante de ubiquitina (UEV). Estas proteínas interagem entre si e com as

variantes de PthAs, em graus distintos, indicando haver a formação de um complexo

transcricional que modula a expressão dos genes alvo (Domingues et al, 2010).

Ainda utilizando ensaios de duplo híbrido foram identificadas interações entre

pthAs e as proteínas ARF (Auxin response factor) envolvida em sinalização mediadas

por auxina e CsHMG (High-mobility group) de Citrus sinensis envolvidas em

crescimento celular (Souza, 2010).

Os estudos apontam para a função das PthAs como fatores de transcrição e sua

interação com proteínas nucleares do hospedeiro, porém o mecanismo molecular

utilizado ainda é alvo de investigação. Além disso, os estudos feitos até o momento

utilizam proteínas recombinantes o que torna interessante uma nova abordagem

desses dados prévios, utilizando proteínas nativas de citros.

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2. Fundamentação teórica

2.1 Citros e a Citricultura

O termo citros compreende um grande grupo de plantas originárias

principalmente das regiões subtropicais e tropicais do sul e sudeste da Ásia,

incluindo áreas da Austrália e África. À este grupo pertencem os gêneros Citrus,

espécies do gênero Fortunella e Poncirus, e híbridos da família Rutaceae. Alguns dos

representantes mais conhecidos deste grupo são as laranjas (Citrus sinensis),

tangerinas (Citrus reticulata e Citrus deliciosa), os limões (Citrus limon), limas ácidas

como o Tahiti (Citrus latifolia) e o Galego (Citrus aurantiifolia), e doces como a lima

da Pérsia (Citrus limettioides), pomelo (Citrus paradisi), cidra (Citrus medica),

laranja-azeda (Citrus aurantium) e toranjas (Citrus grandis).

Morfológicamente tratam-se de árvores de porte médio atingindo cerca de 4m

de altura com copa densa e formato geralmente arredondado. Suas folhas são ricas

em componentes aromáticos que lhes confere cheiro característico. Suas flores são

alvo de insetos polinizadores atraídos pelo aroma, também característico, e é

utilizada na indústria, produção de mel, cosméticos e fitoterápicos (IAC, 2010). Por

esses valores nutricionais e sua aplicabilidade, a citricultura é uma atividade

bastante promissora no setor primário refletindo direta e indiretamente na geração

emprego e renda.

A produção mundial de citros chegou à 102 milhões t por ano, provenientes de

7,3 milhões de hectares cultivados, superando grande parte das outras fruteiras

tropicais e subtropicais como banana, maçã, manga, pêra, pêssego e mamão.

Os maiores produtores de laranjas são o Brasil e os Estados Unidos, que juntos

representam cerca de 45% do total mundial. Outros produtores de destaque nesse

panorama são África do Sul, Espanha e Israel, com a produção de laranjas para o

mercado in natura e tangerinas, e o México, com a lima ácida Tahiti, além dos novos

parques citrícolas emergentes na Ásia, como a China (IAC, 2010).

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As primeiras plantas cítricas introduzidas no Brasil foram trazidas, da Espanha,

pelos portugueses como forma de manter um estoque de vitamina C e evitar o

escorbuto entre os navegadores e sua tripulação.

Hoje a citricultura concentra-se principalmente no estado de São Paulo que na

última safra (2009/2010) rendeu 297,5 milhões de caixas de 40,8kg de laranja,

considerando apenas a parcela comercial, que em sua maioria é destinada ao

mercado exterior (Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, 2010).

Apesar da grande diversidade de gêneros, espécies, cultivares e clones de citros a

citricultura ainda é bastante vulnerável uma vez que uma pequena parcela desta

diversidade é cultivada nos pomares comerciais. Além disso, o estabelecimento de

culturas em locais com alta plasticidade genética de patógenos as torna bastante

vulnerável. Assim, estudos voltados ao enriquecimento dos cultivares, bem como

aumento da base genética são fundamentais para otimização do sistema produtivo

(Oliveira, 2006).

Um dos fatores que limitam a produção de laranja no país são as doenças que

acometem os laranjais fazendo o preço da fruta cair. Algumas das principais doenças

que acometem à citricultura no estado de São Paulo são tristeza, cancro cítrico,

declínio, gomose e nematoides (Pompeu Jr et al, 2002).

2.2 O Cancro Cítrico

Uma das enfermidades que atacam o citros é o cancro cítrico, em seu último

levantamento a Fundecitrus (Fundação de Defesa da Citricultura) apontou um

aumento de 0,14 para 0,44% da incidência da doença nos talhões de São Paulo

(Fundecitrus, 2010).

O primeiro caso de cancro cítrico documentado no mundo data de 1827 e

1831 na índia (Amorim & Bergamim filho, 2001). No Brasil, foi diagnosticada pela

primeira vez em 1957 no estado de São Paulo. Essa ameaça ainda não está afastada,

uma vez que o agente causal da doença, a bactéria Xhantomonas axonopodis pv.

citri, penetra na planta por aberturas naturais como os estômatos (Figura 1) e é

disseminada pela chuva e ventos, sendo assim de fácil contágio podendo alcançar

em pouco tempo todo o laranjal. Além disso, todos os cultivares de citrus são

vulneráveis ao cancro cítrico (Brunings & Gabriel, 2003).

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Figura 1: Eletromicrografia de varredura de folha de de citros evidenciando estômato com Xanthomonas. Gottmald et al (2002). In Plant Health Progress (http://www.plantmanagementnetwork.org)

A doença é caracterizada por erupções características nas folhas, frutos e brotos

jovens (Figura 2) causando com isso a queda dos frutos e consequentemente da

produção (Gottwad et al, 2002). É causada por dois grupos de cepas

filogeneticamente distintos de Xanthomonas. Um deles é Xanthomonas axonopodis

pv. citri e o outro Xanthomonas axonopodis pv. aurantiofolii que afeta apenas o

limão galego (Brunings & Gabriel, 2003).

Figura 2: Frutos jovens, caule e folhas apresentando sintomas do Cancro cítrico. Gottmald et al (2002). In Plant Health Progress (http://www.plantmanagementnetwork.org)

Nos órgãos afetados formam-se tumores ou pústulas com a aparência

encharcada, resultados do acúmulo de água, polissacarídeos e da hipertrofia e

hiperplasia celular, causados pela infestação. Esses tumores rompem a epiderme

liberando o patógeno para infectar outras partes da mesma planta ou plantas

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vizinhas. Além disso, o aumento da produção de etileno em resposta ao estresse

biótico causa a queda precoce dos frutos que acabam sem nenhum valor comercial

(Gottwad et al, 2002).

Nas folhas os sintomas iniciam pelo surgimento de manchas amareladas,

pequenas que aos poucos crescem transformando-se em tumores (Figura 3). Com o

tempo e envelhecimento da lesão cresce um halo amarelo e bem distinguível em sua

volta.

Figura 3: Folha de citros apresentando sintomas do Cancro cítrico. Gottmald et al (2002). In Plant Health Progress (http://www.plantmanagementnetwork.org)

Nos ramos as lesões são bem semelhantes a das folhas, salientes e corticosas de

corloração parda, porém agrupam-se cobrindo grandes áreas. Nos frutos os

sintomas são superficiais no início, porém causa a ruptura da casca levando à

contaminação por outros microorganismos que aceleram a podridão (EMBRAPA,

2011).

Existem pelo menos três formas distintas da doença, designadas cancroses A ou

Asiática, B e C. Essa variação é reflexo dos diferentes pathovars que as causa. Esses

pathovars são distinguíveis de acordo com a gama de hospedeiros que infecta,

mapeamento genético entre outros (Gottwad et al, 2002; Brunings & Gabriel, 2003)

A cancrose tipo A ou Asiática como é conhecida constitui a mais severa e

difundida dentre as cancroses. É causada pelo grupo Xanthomonas axonopodis pv.

citri. O tipo B é causado pelo grupo X. axonopodis pv. aurantifolii originário da

América do sul e afeta os limões, laranjas mexicanas, toranjas e limões azedos. O

tipo C da doença é causado também pela X. axonopodis pv. aurantifolii. Foi isolada

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no México e no Brasil no estado de São Paulo. As cepas que provocam as cancroses B

e C não são facilmente distinguíveis (Gottwad et al, 2002) .

A maneira mais eficaz de controle dessa doença é a prevenção e é feita na

implantação do pomar onde deve-se utilizar mudas sadias, e plantio de quebra

ventos. Os cuidados devem ser ainda maiores na colheita, uma vez que nessa época

o ocorre intenso contato com pessoas e instrumentos que podem ser vetores do

patógeno. As medidas preventivas devem começar com uma rigorosa inspeção dos

pomares. Assim, todo o instrumento deve ser desinfetado e as pessoas treinadas

para evitar a proliferação (EMBRAPA, 2011).

2.3 Mecanismos de Interação Planta-Patógeno

As plantas para lidarem com o ataque de patógenos utilizam mecanismos de

defesa que podem ser pré-exixtentes (constitutivos) e aqueles que são induzidos

pela presença do patógeno (Greenberg, 1997).

Algumas plantas desenvolveram genes de defesa que são reconhecidos pelas

proteínas efetoras do patógeno, nesse caso chamadas de fatores de avireulência, e

desencadeiam uma resposta de defesa com morte celular programada e necrose do

tecido, resposta conhecida como HR (Hypersensitive Response). Esse mecanismo

onde a planta apresenta genes de resistência reconhecidos pelo produto de genes

de avirulência, presentes no patógeno, é chamado mecanismo de defesa gene-por-

gene (Keen, 1990).

Os mecanismos de interação planta-patógeno são dinâmicos onde a planta

desenvolve defesas contra o patógeno e este, mecanismos diferentes de ataque ou

desintoxicação que vençam as barreiras impostas pelo hospedeiro. Assim, pode-se

encontrar entre as plantas mecanismos mais robustos onde o patógeno é

completamente eliminado através de vias específicas que impedem o seu

desenvolvimento. Outros, apesar do patógeno desencadear respostas de defesa no

hospedeiro ainda consegue se instalar (Greenberg, 1997).

Uma vez que a bactéria Xac é exclusiva do citros, a faz um excelente modelo

para estudos de interação planta-patógeno. Muitas abordagens tem sido feitas nos

últimos anos com a finalidade de entender essa relação (Brunings & Gabriel, 2003).

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Os mecanismos mais conhecidos em Xanthomonas tem sido o dos PthA/AvrBs3

que são proteínas lançadas diretamente no citoplasma do hospedeiro para alterar a

expressão de genes favoráveis à infestação pelo patógeno como também garantem

sua replicação dando continuidade ao seu ciclo de vida.

2.4 Xanthomonas Citri, uma ameaça à citricultura

A Xanthomona axonopodis pv. citri (Xac) é uma bactéria fitopatogênica gram-

negativa, possui um único flagelo lateral e apresenta pigmentação amarela. Os

hospedeiros das Xanthomonas citri são plantas da família Rutaceae especialmente

do gênero Citrus spp. A gama de hospedeiros afetada pelo gênero Xanthomonas é

grande. De todas as bactérias fitopatogênicas esse gênero é o que apresenta maior

gama de hospedeiro podendo infectar 68 famílias de plantas e até 240 gêneros.

Porém, as espécies, bem como as cepas dessas espécies possuem uma gama de

hospedeiros bastante restrita. Por isso, recebem o epíteto de pathovar (pv) que

expressa, logo após o nome da espécie, o grupo mais afetado pela cepa em questão.

Essa característica faz desse gênero ideal para estudos de interação planta-

patógeno.

A Xac ocupa o espaço extracelular na planta hospedeira e por isso necessita

injetar no interior dessas células proteínas efetoras responsáveis diretos pelo

desenvolvimento da doença ou desencadeamento da resposta de defesa por parte

do hospedeiro (Brunings & Gabriel, 2003). Para injetar as proteínas efetoras a Xac

utiliza o sistema de secreção tipo III, discutido adiante.

Uma vez no interior da célula, as proteínas efetoras, por possuírem domínios

específicos de sinalização nuclear e funcionarem como fatores de transcrição,

interagem com proteínas da planta sendo conduzidas ao núcleo. A proteína que

realiza esse papel de reconhecimento do sinal de localização nuclear é a α-importina

(Szurek, 2001; Kay & Bonas, 2009).

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2.5 Sistema de Secreção tipo III (SSTT)

As bactérias patogênicas gran-negativas utilizam de

vários sistemas para infectar o hospedeiro. Algumas lançam

enzimas que causam a necrose celular no hospedeiro. Outras,

contudo, injetam moléculas diretamente na célula hospedeira

que são responsáveis por desencadear a doença. Na maioria

das vezes essas moléculas são proteínas (Jacob, 2009).

Existem cinco tipos diferentes de sistemas de secreção

que podem ser utilizados. Esses encontram-se nomeados

de I a V. O sistema de Secreção Tipo III (Figura 4), utilizado

pela Xanthomonas Citri, foi reportado pela primeira vez por

volta de 1990 em estudos feitos com Yersinia (Cornelis &

Gijsegem, 2000). No genoma de Xanthomonas campestris são

encontrados genes para os tipos III e IV.

Diferente dos demais, esses sistemas lançam as

proteínas efetoras diretamente no citoplasma da planta

hospedeira. Assim, o sistema é especializado em atravessar

não apenas as camadas celulares da bactéria, mas também as

do hospedeiro (Jacob, 2009). O SSTIII é um sistema sec-

independente, ou seja, secreta as proteínas da bactéria sem a

necessidade de associação com proteínas que catalisem o processo (Duong, 1997).

Para que moléculas como proteínas atravessem a célula bacteriana, adquirem sua

conformação ainda no periplasma, antes de atravessar a membrana. Essa passagem

é feita mediante gasto energético.

O SSTT nas bactérias é codificado por um grupo de aproximadamente 25 genes

que codificam proteínas que se unem em um complexo que atravessa os envoltórios

bacterianos e penetra na célula hospedeira. Essas proteínas formam uma estrutura

aculiforme também chamada de pilus devido a sua semelhança com proteínas da

estrutura flagelar (Thanassi, 2000; Gophna, 2003) que permite a passagem de

moléculas proteicas em seu interior, lançando-as diretamente no citoplasma da

célula hospedeira (Anderson, 1999). São necessárias cerca de 20 proteínas para

Figura 4: Modelo do Sitema de Secreção Tipo III. Modificado de Thanassi et al, (2000)

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formação do complexo que atravessa as barreiras bacterianas e do hospedeiro

(Thanassi, 2000).

Em Xanthomonas o SSTT é fundamental para que ocorra a infecção, uma vez que

através da secreção das proteínas efetoras produtos dos genes conhecidos como Hrp

ou genes efetores de patogenicidade/avirulência (Darsonval, 2008). Dentre as

proteínas desse grupo secretadas pela Xanthomonas citri estão as PthAs cruciais

para desencadear a doença no citros.

2.6 Efetores TAL

Os efetores TAL (Transcricional activator like effectors) são uma classe

estrutural e funcionalmente distinta de proteínas de bactérias fitopatogênicas que

utilizam o sistema de secreção tipo III. Estes efetores são endereçados ao núcleo da

célula hospedeira e ligam-se à sequencias-TALEs de DNA ativando genes no sentido

downstream da fita (Figura 5).

Esse tipo de interação foi selecionada durante a evolução para que uma vez

ativados esses genes da planta com sequencias TALEs facilitem a entrada e

estabelecimento do patógeno. Porém, algumas plantas desenvolveram genes que

são alvo dos efetores bacterianos e desencadeiam respostas de defesa hipersensivas

onde ocorre a morte celular programada e põe fim à infecção. Esses genes são

chamados genes R e os efetores que os ativa chamados fatores de avirulência ou

Avers (Bogdanove, 2010).

As proteínas AvrBs3, um dos mais estudados efetores TAL, ao serem lançadas no

citoplasma da célula hospedeira interagem com importinas α e são direcionadas ao

núcleo através do sinal de localização nuclear (Szurek et al, 2001).

Ao entrarem no núcleo essas proteínas ligam-se à promotores de genes alvo que

irão desencadear a doença, ou reconhecem genes promotores de genes R e

desencadeiam respostas de defesa na planta que culmina coma morte celular

programada (Kay & Bonas, 2009).

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2.7 Proteínas Efetoras Tipo III: PthAs

As PthAs são proteínas efetoras membros da família PthA/AvrBs3, o genes que

as codifica são 98% homólogas aos fatores de avirulência AvrBs3 e avrBs3-2 de

Xanthomonas campestris pv. vesicatoria, 97% homóloga à avrb6 de X. campestris pv.

malvacearum e 95% homóloga a avrXa10 de X. oryzae (Yang & Gabriel, 1995). Além

de possuírem estruturalmente os mesmos domínios, um C-terminal com ativador

trancricional ácido, sinal de localização nuclear e um domínio interno com 17,5

repetições que codificam 34 aminoácidos. Esse domínio central define os limites de

homologia entre os membros do grupo (Jacob, 2009).

Figura 5: Modelo de ação das proteínas efetoras em a) estrutura da proteína efetora AvrBs3; b) o SSTT; c) dimerização e translocação para o núcleo com auxílio da α-importina; d) ativação do gene alvo. Modificado de Kay & Bonas, 2009. In: Microbiology

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Apresentam peso molecular calculado por volta de 122kDa e ponto isoelétrico

de 7.72. PthAs são proteínas ricas em leucinas, correspondendo à 12,3% do total de

aminoácidos da proteína e na região dos 34 aminoácidos repetidos em tandem, as

leucinas respondem por 14,7% do total (Yang & Gabriel, 1995).

Figura 6: Estrutura das proteínas da família PthA/AvrBs3. LRR- Região de Leucinas Repetidas; NLS- Sinal de Localização Nuclear e AAD- Domínio Ativador Transcricional Ácido.

A patogenicidade das PthAs está diretamente ligada a sua estrutura (Figura 6),

uma vez que a região repetida interna é responsável pela patogenicidade e

especificidade de hospedeiro (Yang et al, 1994).

Essas proteínas fazem parte da grande e também conhecida família de efetores

TAL conhecidos pela sua ação como ativadores trancricionais bastante semelhantes

a fatores de transcrição (Kay & Bonas, 2009).

Em uma única cepade Xnthomonas citri podem ser encontradas até quatro

variantes de PthAs denominadas de 1 a 4. As PthA-4 são, como já mencionado

cruciais para desencadear a doença. As demais participam do processo e diferem

entre si pelo número de repetições presentes no domínio repetido interno. Isso

reflete a possibilidade de interação com diversos alvos dentro da célula hospedeira

além do DNA. Domingues e colaboradores estudando as interações entre essas

quatro variantes e as proteínas de citros identificaram ocorrer a formação de homo-

e hetrodímeros entre essas variantes bem como interaçãoes variante- específicas. O

número e o grau de interações variou entre as diferentes PthAs o que era esperado

uma vez que essas proteínas diferem extamente no sítio responsável pelo

reconhecimento dos alvos de interação (Figura 7).

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Figura 7: Modelo esquemático das quatro variantes de PthAs. As diferenças entre elas está

exatamente na região de domínio repetido interno.

A PthA-2 nos ensaios de duplo híbrido mostrou interações com a maioria das

proteínas testadas e em maior grau que a PthA3 que apresenta basicamente a

mesma estrutura. Já as PthA-1 e PthA-4 mostraram-se bastante semelhantes no

número e grau de interação embora a PthA-4 tenha interagido mais fortemente

principalmente com a α-importina.

2.8 Interações Proteína-proteína entre as PthAs e as proteínas de citros

Domingues e colaboradores (2010), em estudos feitos utilizando duplo-híbrido

de levedura com o objetivo de encontrar interações do tipo proteína-proteína entre

as PthAs e proteínas recombinantes de citros, evidenciaram interações com

diferentes proteínas nucleares envolvidas com transcrição, reparo de DNA e

estabilização de RNA, além da anteriormente reportada interação com a α-

importina.

Dentre as proteínas estudas estão a Cyp, Uev, Ubc13 e TDX. Foram observadas

ainda interações entre as variantes de PthAs indicando a formação de homo e

heterodímeros. As proteínas estudadas foram também submetidas aos testes de

duplo híbrido e foram detectadas interações entre elas levando à hipótese de que as

proteínas de citros e as PthAs interagem formando um complexo que atua

modulando a expressão gênica no hospedeiro. Além disso, as proteínas interactoras

com PthAs também estão presentes no núcleo da célula vegetal (Figura 7).

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Em estudos estruturais as proteínas PthAs de Xac apresentam vários domínios

que são indícios das múltiplas interações que podem haver com proteínas

hospedeiras . Além disso, quatro variantes de PthAs foram identificadas numa única

cepa da bactéria corroborando com a hipótese de que não só essas proteínas

interagem com diversos alvos na célula hospedeira, além do DNA, como também o

grau e número de interações varia entre as diferentes isoformas da proteína

(Domingues, 2010).

A ocorrência de várias cópias de genes do tipo Avr no genoma de

Xanthomonas já foi documentado por Yang & Gabriel (1995). Essas isoformas

diferem justamente no domínio repetido interno que é responsável pela

especificidade e reconhecimentos de alvos na célula hospedeira. Ainda em suas

observações Yang & Gabriel (1995) observaram a taxa de mutações que ocorrem

nesses domínios indicando ser esse o mecanismo que ocorre no patógeno

resultando na adaptação ao sistema de defesa gene-por-gene.

Assim, abre-se uma gama de combinações e interações possíveis entre as

proteínas de citros e as PthAs. Porém, os dados obtidos até o momento foram feitos

com proteínas recombinantes abrindo a possibilidade de aprimoramento e avanços

ao utilizar proteínas nativas do citros, reproduzindo, desta vez, condições mais

semelhante ás in vivo.

Figura 8: Localização das PthAs e proteínas de citros. A) Localização nuclear da PthA4 com GFP; B) Localização nuclear da Cyp (ciclofilina) de citros com DsRed e C) Sobreposição evidenciando a co-localização nuclear das proteínas Cyp e PthA4 com GFP + DsRed. Em D) Localização nuclear da PthA2 com GFP; E) Localização nuclear da Uev e F) Co-ocalização nuclear das proteínas PthA2 e Uev com GFP + DsRed . Setas apontam as proteínas identificadas.

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2.9 Proteínas com potencial interação com PthAs

As proteínas PthAs por serem ativadores transcricionais, no contexto da

complexidade da regulação trascricional em eucariotos, é esperado que haja

interações com diversos outros tipos de proteínas atuantes na transcrição e

promotores cis de DNA (Souza, 2010).

Cernadas e colaboradores (2008) ao comparar as alterações na expressão

gênica provocadas pelos dois grupos de Xanthomonas causadoras do cancro cítrico,

Xac e Xaa encontrou variações em genes relacionados à resposta à auxina e possíveis

fatores trancricionais. Assim, justificável encontrar através de ensaios de duplo-

híbrido interações com proteínas envolvidas no processo de transcrição e

principalmente relacionadas à respostas hormonais como as ARFs (Fator de resposta

à auxina), a HMG (proteína do grupo de alta mobilidade) que facilita o acesso de

outros fatores transcricionais ao DNA, as ubiquitinas Ubc13 e Uev que juntas

perticipam do mecanismo de reparo do DNA , a Maf envolvida no controle da

transcrição e proliferação celular em aucariotos e a Cyp requerida para ativação do

AvrRpt2 na célula do hospedeiro.

2.10 Complexos transcricionais

As plantas, como os demais eucariotos apresentam um complexo e fino

controle de expressão gênica. Onde nos diferentes estágios de desenvolvimento

bem como em situações específicas como estresse biótico e abiótico grupos também

específico de genes são ativados e/ou inativados resultando num fenótipo

correspondente (Singh, 1998).

Os eucariotos apresentam diferentes níveis de regulação gênica que vai desde

o empacotamento do DNA até modificações pós-traducionais. Os principais tipos de

regulação gênica em eucariotos são: reorganização da cromatina, controle da

transcrição, estabilidade do RNA mensageiro, modificações pós-transcricionais,

controle da tradução e modificações pós-traducionais. Dentre estes o mais

importante é sem dúvida o controle da transcrição uma vez que é o processo mais

dispendioso do ponto de vista energético (Watson, 2006).

A transcrição para ocorrer necessita da formação de um complexo iniciador de

transcrição associado à RNA polimerase II (Pol II). Assim, a Pol II precisa associar-se à

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seis outras proteínas, fatores de transcrição, para que seja confeccionado o RNA

mensageiro. Os fatores de transcrição desempenham um importante papel na

regulação gênica, pois são responsáveis por reconhecer e iniciar o processo de

formação do complexo transcricional além de reconhecer os genes alvo

(Singh,1998).

Em situação de estresse biótico o patógeno utiliza proteínas que interferem na

expressão de genes no hospedeiro por serem estruturalmente semelhantes à fatores

de transcrição (Yang & Gabriel, 1995). Porém essas proteínas provavelmente não

atuam sozinhas na ativação gênica devendo associar-se às proteínas do hospedeiro

(Domingues et al, 2010).

2.11 Espectrometria de Massas A espectrometria de massas tornou-se uma ferramenta essencial para

análise de biomoléculas devido a sua sensibilidade e conteúdos de informações

totais fornecidos. A técnica se baseia na identificação de moléculas de acordo com

sua razão massa/carga determinadas com base no tempo de vôo e carga da

molécula ionizada (Newton et al, 2004).

O espectrômetro de massas é composto por: um sistema de ionização das

moléculas, um analisador de massas e um detector. Os métodos de ionização de

massas mais utilizados são o MALDI (dessorção ionizante assistida por matriz) e o ESI

(ionização por eletrodispersão). Os principais analisadores de massas associados a

estas técnicas são o tempo de vôo (TOF – time off light), o quadripolo e o

aprisionamento de íons (IT – ion trap) (Cunha et al., 2006).

Os espectrômetros podem ser classificados de acordo com seus constituintes

de análise em: MALDI-TOF, que associa o método de ionização baseado na

dessorção ionizante assistida por uma matriz, com o analisador tempo de vôo e ESI,

que associa a ionização por eletrodispersão com espectrometria de massas em

tandem (MS/MS). Este último é geralmente associado a cromatografia líquida de alta

performance (HPLC - high performance liquid chromatography) (Newton et al.,

2004). Pode ser também associado à cromatografia líquida de ultra performace

(UPLC - ultra performance liquid chromatography).

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2.12 GST Pull Down A Glutationa-S-transferase (GST), são proteínas de fusão que tem ampla

aplicação desde a sua introdução para a síntese de proteínas recombinantes em

bacteria. Hoje tem aplicação em técninas como o GST pull-down que é são

utilizado para identificar as interações entre uma proteína sonda e alvos

desconhecidos. Assim pode-se confirmar interações entre uma proteína e suas

possíveis parceiras de interação. A proteína da sonda é uma fusão GST, cuja

seqüência de codificação é clonada em veores de expressão induzíveis por isopropil-

β-Dthiogalactoside(IPTG).

Esta proteína de fusão é expressa em bactérias e purificada por cromatografia

de afinidade em granulos agarose-glutationa. As proteínas-alvo são geralmente

lisados de células marcadas com [35S] metionina, dependendo do método utilizado

para análise da interação entre o alvo e a sonda. O lisado celular e a proteína de

fusão GST são incubados juntamente com grânulos do agarose-glutationa. Os

complexos formados são recuperados dos grânulos por eluição

resolvidos por SDS-PAGE e analisadas por western blotting autoradiografia ou

coloração (Nature- Classic Protocol, 2004).

3. Objetivos

3.1 Objetivo Geral Identificar complexos proteicos de citros associados ao fator de

patogenicidade PthA de Xanthomonas citri, a fim de confirmar interações já

identificadas por duplo híbrido.

3.2 Objetivos específicos

Separar proteínas de folha de citros que interagem com as vaiantes PthA2 e

PthA4 através de GST pull down.

Identificar através de espectrometria de massas e imunodetecção as

proteínas interactoras provenientes do pull down.

3.3 Perspectiva Confirmar as interações previamente identificadas por duplo-híbrido de

levedura (DH) e descobrir novas proteínas parceiras de PthAs.

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4. Metodologia

4.1 Material Vegetal

Foram utilizadas folhas jovens e sadias de Citrus sinensis cultivadas por seis

meses em casa de vegetação.

Extração de proteínas de Citro

4.1.1 Extrato Sem Pós-tratamento

Para obtenção do extrato bruto de folhas jovens de laranja doce (Citrus sinensis)

foram coletadas e imediatamente congeladas à –96ºC. Posteriormente as folhas

foram maceradas em nitrogênio líquido, até a obtenção de um pó fino. Á esse pó foi

adicionado o tampão de lise contendo 10% de PBS, 10Mm de cloreto de magnésio,

0,1% de Triton-x, 10mM de EDTA e 0,1 mM de PMSF. A fim de evitar a degradação

das proteínas foi adicionado ao tampão de lise 10µg/mL de inibidor de protease

(Sigma). O extrato foi homogeneizado, em cadinho, até formar um líquido ralo. Este

foi centrifugado à 5000g e 4 °C por 5 min. O sobrenadante foi coletado e novamente

centrifugado até não formar pellet visível, sempre em gelo. O extrato final foi

submetido à SDS-PAGE para verificação qualitativa.

4.1.2 Extrato Tratado

Ao extrato bruto foi adicionado 0,4 volumes de tert-butanol e 1:10 de acetato de

sódio 3M pH 4,5. As amostras forma então incubadas em gelo por 30min e agitadas

em vortex a cada 10 minutos. Após esse período o extrato foi centrifugado a

velocidade de 15000g por 10 minutos à 4°C. O sobrenadante foi avaliado através de

SDS-PAGE e estocado à 4°C até a utilização.

Figura 9: Plantas de citrus cultivadas em casa de vegetação por seis meses. A) Folhas jovens e sadias de citros utilizadas no experimento; B) Plantas de citros em casa de vegetação.

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4.2 Expressão

As contruções em cepas BL21(DE3) de E. coli contendo os plasmídeos pGEX-T1-

PthA2-GST, pGEX-T1-PthA4-GST e pGEX-T1-GST (GE-HealthCare) foram pré-

inoculadas em 5mL de meio LB (1% de peptona, 0,5% de extrato de levedura e 1% de

cloreto de sódio pH7,0) e incubado por 16h a 37°C e 200rpm. No dia seguinte 250µL

do pré-inóculo foi adicionado à 250mL de meio LB, com o antibiótico de resistência

com 10% de ampicilina. Este foi incubado em shaker a 37° C até a O.D. (Optical

Density) de 1,1. Em seguida as bactérias foram induzidas utilizando-se 0,1% de IPTG

e incubadas em shaker a 30°C por 3h. Os mesmos passos foram feitos para a PthA2-

GST e para controle com GST.

4.3 Lise celular bacteriana

Os pellets formados por centrifugação da indução à 15000rpm, por 45min á 4°C

foram ressuspendidos em 10mL de tampão A (20mM de Tris-HCl pH 8,0, 200mM de

NaCl, 1mMde PMSF e 5% de glicerol) à essa suspensão foram adicionados 40mg/mL

de lisozima e sonicado com pulsos de 10s com intervalos de 20s entre eles com 40%

da frequência máxima do equipamento até clarificar o extrato. Esse extrato foi então

centrifugado a 10000rpm por 45 min à 4°C. O sobrenadante contendo a proteína

solúvel foi submetido à eletroforese unidimensional ou SDS-PAGE para verificação

da qualidade da expressão. Em seguida esse extrato foi filtrado em filtro 45 m e

incubado em resina de glutationa.

4.4 Imobilização de PthAs-GST em resina de glutationa

Foram utilizados 500µL de resina GST-Fastflow (GE-Healthcare) em cada um dos

três pull downs (PthA2, PthA4 e GST). Esta foi lavada 3 vezes com 5 volumes de

coluna com tampão A. A coluna foi carregada com 5 volumes do extrato filtrado de

E. coli, contendo as PthAs com cauda de GST e o controle com GST, por 1 hora e 30

minutos (4°C). A resina foi lavada 4 vezes com 10 volumes de coluna com o mesmo

tampão e dela retirada uma alíquota para verificação através de SDS-PAGE.

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4.5 Pull down de proteínas de folha de citrus com PthA2 e PthA4 em

coluna de glutationa

Uma vez carregada com as pthAs-GST e GST a coluna foi lavada três vezes com 5

volumes do tampão A para retirada das interações inespecíficas. Incubada com 7

volumes do extrato bruto de proteínas de folhas de citros com fluxo lento e

constante a 4°C durante 3h. A resina foi novamente lavada com tampão A por 3

vezes com 10 volumes de coluna. As proteínas foram eluídas com 15mg/mL de

glutationa reduzida (Thermo Scitific) em tampão A. Foram coletadas três eluições de

cada pthA e da GST. Essas eluições bem como a resina final de cada pull down foram

analisadas em SDS-PAGE e Western Blot.

Um segundo pull down foi feito, desta vez com incubação por 16h nas etapas de

imobilização das proteínas recombinantes à coluna de glutationa e incubação com o

extrato bruto de citros. As incubações foram feitas em câmara fria à 4°C sob

movimentação orbital. Neste ensaio foram utilizados 200 L de resina carregada com

6mL extrato bacteriano filtrado e 5mL de extrato bruto de citros. A intenção foi

diminuir a degradação sofrida pelas PthAs.

4.6 Western Blot

Para a imunodetecção as proteínas foram separadas em gel SDS-PAGE 10% e

13% e transferidas por cerca de 1h10min com amperagem constante de 350mA para

membrana de PVDF (Milipore) em tampão de transferência (48 mM de Tris-base; 39

mM de glicina; 0,037% de SDS e 20% de metanol). A membrana foi incubada em

solução bloqueadora TBS (20 mM de Trisbase; 150 mM de NaCl, 0,05% Tween 20, pH

7,5) + 5% de leite por 1h sob agitação. Em seguida incubada por 1 hora e incubadas

com diluições dos anticorpos primários (fabricados pela Célula B, empresa vinculada

á UFRGS, coordenada pelo Dr. Itabajara, apartir de proteínas purificadas com

imunização em coelhos e camundongos) utilizados na proporção de 1:3000: Anti-

HGM, Anti-Maf, Anti-Uev, Anti-Ubc13, Anti-Cyp e Anti-ARF, também por uma hora.

Após a incubação com o anticorpo primário a membrana foi lava em tampão TBS-T

pH 7,5 por três vezes de 10min cada, sob constante agitação. Incubada com o

anticorpo secundário Anti-Rabbit ou Anti-Mouse (GE-HealthCare), também na

proporção de 1:3000, por 1h agitando sempre. Após esse período procedeu-se

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novamente lavagens TBS-T. A detecção foi realizada com o kit ECL Fast Blotting

Analysis System (GE-HealthCare) de acordo com as recomendações do fabricante.

4.7 Espectrometria de massas

Para espectrometria foram testadas duas abordagens uma com digestão em

gel e outra em solução. Na digestão em gel foram utilizadas as eluições do primeiro

pull dow. A digestão em solução foi feita com as mostras do segundo pull down com

incubação por 16h.

4.7.1 Preparo dos géis e Excisão das bandas

Para digestão em gel foram feitos dois géis SDS-PAGE 10%, um 5cm x 8cm corado

com prata onde foram aplicados 8,5µL de cada amostra e outro 12cm x10cm corado

com azul de coomassie onde foram aplicados 15µL de cada amostra. Deles foram

excisadas 38 bandas diferenciais em relação ao controle sendo 28 do gel menor

(corado com prata) e 10 do maior (corado com coomassie). Estas foram armazenas

em 200µL de água milli-Q à -20°C.

4.7.2 Coloração com prata

O gel foi aquecido em solução fixadora (50% Metanol, 12% Acido acético e 0,05%

de formaldeído) no microondas em potência máxima por 30 segundos e mantido

nessa solução sob agitação por 5 minutos. Aquecido em etanol 30% no microondas

em potência máxima por 30 segundos seguida de mais uma incubação de 5 minutos

sob agitação. Aquecido em solução de tiossulfato de sódio 0,02% em microondas em

potencia máxima por 30 segundos, seguida de incubação por cinco minutos sob

agitação. Lavado duas vezes em água destilada à temperatura ambiente sob

agitação. Aquecido em solução de nitrato de prata (0,2% de nitrato de prata, 0,07%

de formaldeído) em microondas por 30 segundos seguida de incubação por 5

minutos. Lavado com água destilada e revelado com solução reveladora (6% de

carbonato de sódio, 0,05% de formaldaído e 0,0004% de tiossulfato de sódio) em

temperatura ambiente até que aparecessem as bandas. A reação foi parada com

solução stop (50 % de metanol e 12% ácido acético).

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4.7.3 Digestão tripsínica em gel

As proteínas (bandas) diferenciais detectadas foram excisadas dos géis com

bisturi em frações de aproximadamente 3 mm3. Os segmentos de gel foram lavados

duas vezes em uma solução Destain (metanol 50%, ácido acético 2,5%) por 2h na

primeira lavagem e 1h a segunda. Os pedaços de gel foram desidratados em

acetonitrila (100%) por 5 minutos e secos por evaporação. Reduzidos em solução de

DTT (10mM de DTT em bicarbonato de amônio 100mM) por 30 minutos à

temperatura ambiente. Essa solução foi removida e adicionada solução de IAA (50

mM de Iodacetamida em bicarbonato de amônio 100mM) e os fragmentos

incubados por 30 minutos à temperatura ambiente protegido da luz.

Posteriormente, os fragmentos de gel foram desidratados em 200µL de acetonitrila

100% por 5min e secos por evaporação. Estes fragmentos foram reidratados em

acetonitrila duas vezes e secos por evaporação. Em seguida os fragmentos foram

reidratados em solução de tripsina contendo aproximadamente 0,24µg de tripsina

(Promega) em bicarbonato de amônio 25mM. Após 30min, a 4°C, foi adicionado

50mM de bicarbonato de amônio até completa cobertura dos spots, sendo mantido

a 37°C por 16 horas. Foram adicionados 10µL de solução de extração 1 (ácido

fórmico 5%) com incubação por 10min à temperatura ambiente. O sobrenadante da

digestão enzimática foi transferido para um tubo novo. Ao tubo contendo os

fragmentos de gel foram adicionados 12µL da solução de extração 2 (50% v/v

acetonitrila e 5% v/v ácido fórmico) com incubação por 10min à temperatura

ambiente. O sobrenadante foi transferido para o tubo contendo a primeira extração

e seco em Speed Vac.

A preparação dos peptídeos (ou conjuntos de peptídeos) diferenciais

selecionados foi realizada conforme metodologia descrita pelo grupo colaborador de

espectrometria de massas, coordenado pela Dr. Adriana Paes Leme, localizado do

LNBio (Laboratório Nacional de Biociências) em Campinas-SP, onde está foi efetuada

a identificação dos peptídeos via espectrometria de massas, após a digestão

enzimática.

4.7.4 Digestão em solução

As eluições 1, 2 e 3 resultantes do pull down, contendo volume de 100 µL, foram

submetidas à digestão com tripsina. As proteínas foram reduzidas em 5µL de

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solução de DTT (10mM de ditiotreitol (DTT) em bicarbonato de amônio 100mM) por

30 minutos a 60°C. Alquiladas em solução de Iodacetamida (IAA) (50mM de IAA em

bicarbonato de amônio 100mM) por 30 minutos à temperatura ambiente protegido

da luz. A digestão foi feita com solução de tripsina (Promega) (20ng/µL em

bicarbonato de amônio 50mM ) à concentração final para digestão de 50µg/µL. A

digestão foi incubada por 16h à 37°C. Após a incubação reação foi parada com ácido

fosfórico na concentração final de 1%.

4.7.8 Condições de corrida e análise de dados em Espestrometro do tipo ESI-Q-TOF

4.7.8.1 Em gel

A corrida foi feita em espectrômetro do tipo ESI Q-Tof. Foram feitas corridas de

20min e 4,5µL de amostra.

4.7.8.2 Em solução

A identificação foi feita também em espectrômetro do tipo ESI Q-Tof foram feitas

corridas de 20min e 60min para minimizar as chances de contaminação e erro.

Foram utilizados 4,5µL de amostra em cada corrida.

4.8 Análise dos dados

Os dados brutos gerados pelo aparelho passaram por um refinamento no

programa Distiller (Versão 2.3.2.0 da Matrix Science), o resultado foi enviado no

formato .*raw para o programa de que realiza as buscas (Figura 9). A busca dos

dados foi feita com auxílio do programa MASCOT Deamon (versão 2.3.0 da Matrix

Science) cuja interface encontra-se ilustrada na Figura 10. O banco utilizado foi o

banco público do NCBI (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/) considerando todos os

organismos “All entries”.

Os parâmetros do programa utilizados foram: como tolerância de erro do

peptídeo e do fracionamento 0.1 Da. Os resultados relevantes considerados foram

mantidos padrão (AUTO).

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Para análise das amostras digeridas em solução foi feita uma segunda busca

modificando os parâmetros para tolerância de 0.2 Da e resultados considerados para

os dez primeiros.

Figura 11: Interface do programa Mascot Deamon (Versão 2.3.0 da Matrix Science) utilizado para refinamento busca dos dados.

Figura 10: Interface do programa Distiler (Versão 2.3.2.0 da Matrix Science) utilizado para refinamento

dos dados. A seta aponta os espectros gerados para uma das amostras.

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31

Foi utilizado o banco de sequencias expressas de citros (CitrusEST) e organismo

citrus. Os ESTs gerados foram alinhados com o banco de dados de proteínas do

NCBIatravés de Blastx (http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi). Dos dados gerados

foram eliminados os resultados ao controle.

5. Resultados e Discussão

5.1 Extração de proteínas

A extração de proteínas íntegras é fundamental para o sucesso do experimento,

contudo os tecidos vegetais apresentam alto índice de polissacarídeos e polifenóis

que dificultam a obtenção de proteínas puras (Pirovani et al, 2008). A extração de

proteías de folha de citros sem pós-tratamento foi eficiente do ponto de vista

qualitativo como pode ser observado na Figura 12.

Figura 12: Gel SDS-PAGE 10% com proteína de citros extraídas sem pós-tratamento com tert-butanol. 1) 7,5µL de extrato; 2) 6µL de extrato e 3- 5µL de amostra.

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Diferente do observado por Pirovani et al (2008) com folhas de cacau, o extrato

tratado apresentou menor quantidade de proteínas quando comparado ao extrato

sem tratamento (Figura 13).

Esse resultado sugere que a ação do tampão de lise utilizado, associado à

maceração e centrifugação são eficazes para extração de proteínas totais de folha

citros. Ambos os extratos foram utilizados para imunodetecção utilizando Anti-HMG

(Figura 14).

Pode-se perceber a presença da HMG em ambos os extratos, porém a Maf foi

detectada apenas no extrato tratado (Figura, 15) . Esse resultado sugere que a

purificação do extrato apesar de diminuir a quantidade proteínas aumenta a

possibilidade de interação com o anticorpo.

Figura13: Gel SDS-PAGE 10% com proteína de citros extraídas sem pós-tratamento. 1) 5µL de extrato sem pós-tratamento; 2) 8µL de extrato tratado; 3) 8µL de extrato sem pós-tratamento; 4) 5µL de extrato tratado.

1 2

Figure 14: Imunodetecção de proteínas de citros com anticorpo Anti-HMG. 1) Extrato tratado; 2) Extrato sem pós-tratamento

kDa27-

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33

Contudo, para realização do pull donw é necessária uma grande quantidade de

proteínas sendo, portanto, escolhido o extrato sem pós-tratamento para realização

do mesmo.

Expressão das PthAs-GST e Pull down As proteínas recombinantes foram expressas em boa quantidade e qualidade

como pode ser observado na Figura 16.

É possível observar que apesar de o extrato de E. coli não ter passado por uma

pré-purificação a seleção feita pela cauda de GST na coluna foi suficiente para isolar

as proteínas recombinantes das proteínas bacterianas. Porém é possível perceber

nas PthAs bandas provavelmente resultantes de degradação, comum devido a seu

tamanho (Figura 16).

Figura 16: Gel SDS-PAGE 10% de proteínas. MM- Marcador Molecular; 1- Extrato de folha de citros; 2- Extrato de E. coli expressando GST(setas pretas) ; 3-Extrato de E. coli expressando PthA2-GST (setas verdes); 4-Extrato de E. coli expressando PthA2-GST (setas vermelhas); 5-Proteína GST na resina; 6-PthA2-GST na resina e 7-PthA4 na resina.

1 2

Figura 15: Imunodetecção com proteínas de extrato de citros com anticorpo Anti-MAF. Em 1) extrato tratado evidenciando uma interação fraca; 2) extrato não tratado.

116.0

45.0

35.0

25.0

66.2

18.0

kDa

kDa 30-

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A Figura 17 mostra o resultado do pull down GST. Pode-se observar um

perfildiferencial entre as PthAs e o controle com GST. Pode-se perceber também um

perfil semelhante entre as PthAs 4 e 2.

5.3 Imunodetecção

As imunodetecções revelaram haver interações entre as PthAs e proteínas de

citros. Porém algumas proteínas foram detectadas apenas no extrato como a Cyp.

Outras, como a ARF e HMG apresentaram padrão diferente do esperado, contudo

não aparecem no controle. Apenas a HMG, Maf e Cyp foram detectadas no extrato

de citros. Esse resultado pode ser explicado pelo fato de a proporção de proteína de

citros no pull down ter sido bem maior que a aplicada no gel SDS-PAGE resultando

na concentração das proteínas e consequente detecção.

5.3.1 Anti-HMG

A proteína HMG foi detectada no extrato de citros tratado e não-tratado.

Contudo, no pull dow com as PthAs foram detectadas bandas menores que as

esperadas para proteína inteira. Esse resultado pode indicar a degradação das

proteínas HMG sendo detectados apenas alguns domínios mais estáveis (Figura 17).

Figura 17: Gel SDS-PAGE 10% com proteínas após GST pull down com proteínas de citros. MM- Marcador Molecular; 1- GST; 2- PthA2 e 3-PthA4.

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35

Essa hipótese é reforçada pelo fato de ter sido utilizado anticorpo específico

para essa proteína bem como as bandas serem exclusivas das PthAs, não

aparecendo no controle GST.

Uma outra explicação é estas bandas serem provenientes do HMG-box comum

a muitas proteínas de plantas e apresenta tamanho semelhante ao encontrado nas

imunodetecções. Em Ababdopsis foram encontradas proteínas que apresentam de

14,4kDa (HMGB5) a 27kDa com essencialmente dois domínios HMG-box

relativamente conservados (Stros & Grasser 2007). Além disso, ter sido detectada no

extrato demonstra sua alta concentração na amostra.

5.3.2 Anti-Maf

A Maf foi detectada como monômero no tamanho esperado, porém em pequena

quantidade quando comparado ao sinal emitido pelas demais proteínas detectadas.

Além disso, foi necessário um tempo maior de exposição para a detecção (Figura 19)

5.3.3 Anti-Ubc13

A Ubc13 foi detectada em ambas as PthAs porém mostrou-se interagir mais

fortemente coma PthA4. Foram detectadas duas bandas em cada PthA que pode ser

fruto de degradação ou sugere a presença de outra proteían com os mesmos

domínios conservados presentes na Ubc13 (Figura 20).

Figura 18: Imunodetecção com Anti-HMG de proteínas selecionadas através de pull down com PthA4 e PthA2.

Figura 19: Imunodetecção com Anti-Maf de proteínas selecionadas por pull down com Ptha2 e PthA4.

30-

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Figura 20: Imunodetecção com Anti-Ubc13 de proteínas selecionas por GST pull dow com PthA2 e PthA4.

As interações com ambas as PthAs foi semelhante diferente do que ocorre com

a utilização de Anti-HMG e Maf que apresentaram maior interação coma a PthA4.

5.3.4 Anti-ARF

As ARF são proteínas envolvidas nas vias de resposta à auxina e pertencem a

família Aux/IAA que abrange um grande número de proteínas. Essa proteína

apresenta domínios comuns aos membros da família como, por exemplo, o domínio

de interação proteína-proteína carboxi-terminal (Guifoile, 1998).

Foram detectadas três bandas em cada PthA apresentando auto grau de

interação quando comparado às demais proteínas estudadas. Porém também não

encontra-se no tamanho esperado (Figura 21).

Esse sultado pode ser devido ainda à degradação ou à presença de mais de uma

proteína com os mesmos sítios da ARF. Em algumas plantas é comum serem

codificadas várias ARFs. Arabidopsis por exemplo codifica 23 ARFs e arroz 25 (Shen

et al, 2010). O Anti-ARF, como acontece com o Anti-HMG e Anti-Maf, apresentou

uma maior interação com as amostras do pull down com a PthA4. Esses resultados

são ainda preliminares uma vez que não foi feita a quantificação das proteínas

Figura 21: Imunodetecção com Anti-ARF de proteínas selecionas através de pul down com ptha2 e ptha4. Foram detectadas três bandas em ambas as PthAs.

32- 28-

32- 28-

24-

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aplicadas. Contudo, por não haver diferença significativa nos perfis de géis SDS-PAGE

e por terem sido aplicadas as mesma quantidades de amostra em cada lane do gel,

esse tipo de correlação pode ser considerada embora não sejam dados conclusivos.

5.3.5 Anti-Cyp

A Cyp não foi detectada nas PthAs estando presente apenas no extrato sem

pós-tratamento (Figura 22). Indicando não haver interações detectáveis com as

variantes PthA2 e PthA4. Porém, o fato de terem sido detectadas interações através

de duplo-híbrido constitui um forte indício de interação com as PthAs. Assim,

modificações que venham à otimizar a extração de proteínas íntegras possa

confirmar essa interação.

Figura 22: Imunodetecção de proteína de extrato de citros utilizando o anticorpo Anti-Cyp. Em 1) extrato de citros; 2) proteínas do Pull Down com GST; 3) proteínas do pull down com PthA2 e 4) proteínas do pull down com PthA4

5.3. 6 Anti-Uev

A Uev não foi detectada em nenhuma das amostras testadas utilizando o

anticorpo Anti-Uev1. Indicando que esta proteína pode não estar presente no

extrato de citros ou estar em concentração muito baixa. O Anti-corpo utilizado pode

não ser o mais indicado para esta proteína.

5.4 Espectrometria de Massas

5.4.1 Excisão de bandas e identificação dos peptídeos

As proteínas do primeiro pull down foram separadas em SDS-PAGE e as bandas

diferenciais excisadas do gel. Pode-se observar um grande número de bandas nas

PthAs que não estão presentes no controle com GST (Figura 23). Essas bandas foram

digeridas para espestrometria de massas, porém foi detectada alta contaminação

pelos ligantes PthA e GST que acabou por suprimir o sinal das proteínas do citros que

devem estar em pouca quantidade. Além disso, desde o processo de expressão até o

kDa

28-

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38

GST pul down ocorre um elevado índice de degradação das proteínas PthAs. Isso

pode interferir na aderência à coluna GST e dificulta a análise por espectrometria.

Por ser mais específica a imunodetecção se aplica melhor à esse tipo de

análise. Além disso, ajustes no protocolo de extração das PthAs e das próprias

proteínas de Citros podem resolver o problema. Um caminho plausível seria

aumentar ainda mais a proporção de proteínas de citros em relação a recombinante,

associado à redução da degradação das PthAs pelo uso de inibidores de proteases

também na extração dessas proteínas.

Figure 23: Gel SDS-PAGE 10% com proteínas selecionas por GST pull down. Em 1, 2 e 3 estão as eluições, em ordem crescente, de cada pull down. É possível notar (evidenciado com retângulos azuis) as bandas diferenciais presentes em cada uma das diluições com PthA.

5.4.2 Identificação das proteínas em solução

As proteínas provenientes do pull down com incubação por 16h apresentaram o

mesmo perfil das proteínas digeridas em gel com alta contaminação por PthA e GST.

Através da segunda análise com a busca por ESTs de Citros foram encontradas

algumas sequencias diferenciais entre as ampostras que podem ser alvos de

investigações futuras mediante otimização dos protocolos utilizados (Tabela 1).

Nesta tabela estão categorizadas apenas as proteínas exclusivas de cada PthA.

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Tabela 1: Proteínas do pull dow em solução identificadas através de busca no banco de dados de sequencias expressas de citros (CitrosESTs).

Variante de PthA Proteína Identificada Frequencia

PthA2

Fungal Elicitor Protein 0,05

LRR protein 0,05

DHAR Glutathione Transferase 0,05

Chitinase 0,05

Zinc-Finger 0,05

Glucose Dehydrogenase 0,05

ULT1 DNA binding 0,05

Cystein Proteinase 0,05

Sugar Transporter 0,05

Protein kinase APK1B 0,05

Prolin Iminopeptidase 0,05

DNA photolyase 0,05

Transferase I 0,10

ATP-Binding Protein 0,05

Peroxisomal receptor 0,10

Peroxisomal targeting signal 0,10

Citrate Transporter 0,05

DNA Polimerase III 0,05

ATBzip 0,05

ATIREG 0,05

COp1-interacting protein 0,05

PthA4

Hydroxycinnamoyltransferase 0,13

NBS-LRR Resistance Protein 0,13

DNA Photolyase 0,13

Transferase II 0,13

Ubiqutiin Fusion Degradating Protein 0,13

beta-fructofuranosidase 0,13

E3 Ubiquitin Ligase PUB14 0,13

Sodium exchanger 0,25

Abaixo estão categorizadas por função as proteínas identificadas em cada uma

das PthAs (Gráficos 1 e 2). Pode-se perceber a presença de fatores de transcrição,

ubiquitinas e proteínas de defesa principalmente na PthA2, enquanto que na PthA4,

já referida como responsável por desencadear a doença no citros, a proporção das

proteínas de defesa por exemplo é menor.

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Gráfico 1: Proteínas identificadas através de espectrometria de massas nas amostras do pull down com PthA-GST com proteínas de citros. As proteínas foram categorizadas por função.

Gráfico 2: Proteínas identificadas através de espectrometria de massas nas amostras do pull down com PthA-GST com proteínas de citros. As proteínas foram categorizadas por função.

Conclusão

As proteínas de citros HMG, Maf e UBC13 como já identificado por duplo

híbrido parecem interagir com as PthAs 2 e 4. Essa interação é mais intensa de

acordo com a variante de PthA em questão. Nos ensaios de imunodetecão em que

houve interação as proteínas parecem interagir mais fortemente com a variante

PthA4. Algumas proteínas não foram detectadas, podendo ser resultado da

14%

21%

9%12%

0%

44%

PthA2Transportadores

Defesa

Fatores de Transcrição

Hipoteticas

Ubiquitina

Outras

14% 3%

8%

6%

6%

63%

PthA4

Transportadores

Defesa

Fatores de Transcrição

Hipoteticas

Ubiquitina

Outras

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degradação ou protocolo de extração utilizado. Tanto a espectrometria de massas

quanto o GST Pull down se mostraram técnicas promissoras à detecção de

interações proteína-proteína entre as PthAs e proteínas nativas de citros. Contudo,

otimizações em algumas etapas do experiemento são necessários para obtenção de

resultados mais conclusivos.

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