hoje macau 18 dez 2012 #2757

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TEMPO CHUVA FRACA MIN 14 MAX 19 HUMIDADE 80-95% • CÂMBIOS EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ TERÇA-FEIRA 18 DE DEZEMBRO DE 2012 ANO XII Nº 2757 PUB PANDA VERMELHO Governo investe 16 milhões em Seac Pai Van PÁGINA 12 DELEGADOS DA ANP Gabriel Tong no banco de suplentes PÁGINA 4 ENSINO SUPERIOR UCM com certificação internacional PÁGINA 5 O Hoje Macau sabe que o advogado macaense foi apontado como possível número um na lista da Voz Plural - Gentes de Macau nas eleições do próximo ano para a Assembleia Legislativa. Contactado pelo nosso jornal, Dias Azedo negou qualquer intenção de se candidatar mas admitiu que a situação já foi discutida “à mesa durante conversa de amigos”. O rosto da Voz Plural em 2009, Casimiro Pinto, também afirmou desconhecer qualquer movimentação no senti- do de formação de lista. Seja como for, admitiu ser ele mesmo o candidato no próximo ano, se estiverem reunidas as condições. Terá o mentor do projecto, o deputado Leonel Alves, alguma palavra a dizer? PÁGINA 3 PUB Ter para ler CASO “COMENTÁRIO APAGADO” NETO VALENTE ACUSA MINISTÉRIO PÚBLICO DE ATENTADO À LEI BÁSICA PÁGINA 3 E EDITORIAL ASSOCIAÇÕES DA RAEM VIRAM SUBSÍDIOS AUMENTADOS NATAL É QUANDO A FUNDAÇÃO MACAU QUISER PÁGINA 2 António Dias Azedo nega ser candidato ELEIÇÕES 2013 Nos bastidores da Voz Plural

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Edição do Hoje Macau de 18 de Dezembro de 2012 • Ano X • N.º 2757

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Page 1: Hoje Macau 18 DEZ 2012 #2757

TEMPO CHUVA FRACA MIN 14 MAX 19 HUMIDADE 80-95% • CÂMBIOS EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006 MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 18 DE DEZEMBRO DE 2012 • ANO XII • Nº 2757

PUB

PANDA VERMELHO

Governo investe 16 milhões em Seac Pai Van

PÁGINA 12

DELEGADOS DA ANP

Gabriel Tongno bancode suplentes

PÁGINA 4

ENSINO SUPERIOR

UCM com certificação internacional

PÁGINA 5

O Hoje Macau sabe que o advogado macaense foi apontado como possível número um na lista da Voz Plural - Gentes de Macau nas eleições do próximo ano para a Assembleia Legislativa. Contactado pelo nosso jornal, Dias Azedo negou qualquer intenção de se candidatar mas admitiu que a situação já foi discutida “à mesa durante conversa de amigos”. O rosto da Voz Plural em 2009, Casimiro Pinto, também afirmou desconhecer qualquer movimentação no senti-

do de formação de lista. Seja como for, admitiu ser ele mesmo o candidato no próximo ano, se estiverem reunidas as condições. Terá o mentor do projecto,

o deputado Leonel Alves, alguma palavra a dizer? PÁGINA 3

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Ter para ler

CASO “COMENTÁRIO APAGADO”

NETO VALENTE ACUSA MINISTÉRIO PÚBLICO DE ATENTADO À LEI BÁSICA

PÁGINA 3 E EDITORIAL

ASSOCIAÇÕES DA RAEM VIRAM SUBSÍDIOS AUMENTADOS

NATAL É QUANDOA FUNDAÇÃO MACAU QUISER

PÁGINA 2

António Dias Azedo nega ser candidato

ELEIÇÕES 2013 Nos bastidores da Voz Plural

Page 2: Hoje Macau 18 DEZ 2012 #2757

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terça-feira 18.12.2012política2

Joana [email protected]

OS subsídios forne-cidos pela Funda-ção Macau (FM) às associações

dos território têm cada au-mentado cada vez mais. Os dados são apresentados numa compilação feita pelos democratas da Associação Novo Macau e publicados na edição deste mês da revista da associação. Sob o título “O nosso dinheiro público”, os democratas apresentam nú-meros que mostram o top10 dos aumentos dos subsídios.

Na lista, consta, por exemplo, a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), da qual é vice-presidente a deputada Kwan Tsui Hang, que rece-beu um aumento de 58% de 2011 - 19 milhões de patacas – para 2012 – quando lhes foram atribuídos 30 milhões.

Mas é a Associação Ge-ral dos Voluntários de Macau que eleva mais a fasquia nos aumentos: de 2011 para este ano, a associação rece-beu mais 262% em apoios

O deputado José Perei-ra Coutinho disse,

ontem, num programa da MASTV que Raymond Tam e Lei Wai Nong deveriam ser suspensos das suas funções por terem sido constituídos arguidos no âmbito do caso das campas. Segun-do o deputado, quando os funcionários públicos se tornam suspeitos ou arguidos, têm de ser sus-pensos do seu trabalho e ficar em casa por 90 dias, para não se envolverem na investigação do caso.

Por isso mesmo,

apontou, há trabalhos marcados para breve que Raymond Tam não deve fazer. “A consulta pública sobre o projecto turístico do lago Sai Van não pode ser liderada pelo presidente Raymond Tam e o vice-presidente Lei Wai Nong. Se não, os residentes não vão acreditar mais nos seus trabalhos.”

Sobre o projecto, Pe-reira Coutinho considera que tem de se considerar outras questões antes de implementar o mercado. “Primeiro temos de dis-

cutir se precisamos de um mercado à noite. Se precisarmos, onde vai ser um local ideal?” O deputado deixa ainda no ar a questão da protecção ambiental e diz que a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental tem que tomar a sua responsabilidade. “A empresa que faz a avalia-ção do ambiente recebeu dinheiro do Governo, claro que vai falar bem do projecto. Por isso, acho que ainda falta uma decente avaliação do ambiente.”

Direitos dos homossexuais no dia da transferência Um grupo liderado por Jason Chao, presidente da Associação Novo Macau (ANM) foi ontem para a rua onde voltou a utilizar cartazes para protestar contra aquilo que consideram ser uma falha da proposta de lei sobre a violência doméstica. O grupo considera que os homossexuais não estão abrangidos no diploma e já entregou uma carta ao Instituto de Acção Social (IAS), exigindo a correcção do “erro”. Como o Governo não deu qualquer resposta, o grupo anunciou que vai falar da questão na manifestação do próximo dia 20, por ocasião do aniversário da transferência de soberania. “Encorajamos todos os que se preocupam com os direitos dos homossexuais a dar este passo, que se reúnam no largo do mercado do Iao Hon para ir para a sede do Governo. Vamos entregar uma carta para que o Governo apresente uma atitude de igualdade na lei da prevenção da violência doméstica”, pode ler-se no comunicado. - C.L.

Democratas e Coutinho contestam aumentos dos subsídios da Fundação Macau e apresentam dados

“Associações não precisam de ter medo da inflação”

Pereira Coutinho quer suspensão do trabalho de Raymond Tam e Lei Wai Nong

Sem intromissões

Tradução da lista publicada na revista da Associação Novo Macau (acima)

2011 2012Percentagem de aumentos

1 – Federação das Associações dos Operários de Macau

19 milhões

30 milhões

58%

2 – União Geral das Associações dos Moradores de Macau

19 milhões

23 milhões

21%

3 – Associação Geral das Mulheres de Macau

11 milhões

15 milhões

36%

4 – Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau

7.5 milhões

9 milhões

20%

5 – Associação da Nova Juventude Chinesa de Macau

7 milhões

8 milhões

14%

6 – Obra das Mães5.9

milhões8

milhões36%

7 – Associação Geral dos Conterrâneos de Fukien de Macau

6.6 milhões

7.5 milhões

15%

8 – Aliança do Povo da Instituição de Macau

5.5 milhões

6 milhões

9%

9 – Federação da Juventude de Macau

5.5 milhões

6 milhões

9%

10 – Associação Geral dos Voluntários de Macau

1.6 milhões

5.8 milhões

262%

financeiros atribuídos pela Fundação Macau.

A lista aponta ainda a Obra das Mães e a Associa-ção Geral das Mulheres de Macau – com um aumento de 36% - e a União Geral das Associações dos Moradores de Macau – que recebeu mais 21% -, entre outras. Tam-bém José Pereira Coutinho apresentou a mesma lista traduzida para português na sua página do Facebook, como forma de contestar as atribuições financeiras da Fundação Macau.

Os autores da revista escrevem ainda inadmissí-vel que a Fundação Macau atribua financiamentos sem sofrer qualquer tipo de fisca-

lização e consideram mesmo “estranho” que o organismo tenha o poder de receber dinheiro directamente das receitas dos casinos. “Nem a Fundação Macau nem as associações beneficiadas têm de se preocupar com a inflação, porque recebem sempre cada vez mais. Mas a Fundação só financia os amigos”, pode ler-se na publicação.

Entretanto, ontem, sete associações locais reuniram--se com membros da Funda-ção Macau, a quem pediram explicações por acreditarem que os subsídios são conce-didos de forma diferente. Se-gundo a TDM, a Fundação descarta a acusação e diz que

os subsídios são atribuídos consoante quatro critérios, que têm a ver com “a pro-moção da harmonia e esta-bilidade da sociedade”, “o progresso”, “ajudar a criar talentos” e “contribuir para a estabilidade dos cidadãos”. Wu Zhiliang, presidente do organismo, assegura que não há favoritismos. “Nunca há tráfico de interesses. Eu expliquei aos líderes das as-sociações que as atribuições de subsídios dependem dos serviços que as associações prestam. Algumas prestam mais e, por isso, recebem mais”, explicou o presidente ao canal português da TDM.

Um relatório do Co-missariado de Auditoria (CA) acusou a Fundação Macau de não garantir que os beneficiários informem caso tenham outros apoios financeiros e de não exigir a restituição dos subsídios a quem não apresentar o re-latório de actividades. O or-ganismo recebe anualmente 1,6% das receitas brutas do jogo – o que em 2011, lhe conferiu mais de quatro mil milhões de patacas.

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3políticaterça-feira 18.12.2012 www.hojemacau.com.mo

Gonçalo Lobo Pinheiro*[email protected]

O advogado António Dias Azedo é o número um da lista da Voz Plural – Gentes de Macau

para as eleições do próximo ano à Assembleia Legislativa (AL). A informação foi ontem avançada ao Hoje Macau por uma fonte ligada à comunidade macaense que asse-gurou que o nome do jurista tem sido aventado como candidato à AL nas movimentações de bastidores para a criação da lista.

Contactado pelo Hoje Macau, António Dias Azedo não se mos-trou totalmente surpreendido com a conversa sobre a sua possível candidatura mas afirmou não ter qualquer intenção de o fazer. “Ontem, por acaso, estive num jantar onde um amigo aventou essa possibilidade, mas pensei que tudo não passasse de uma brincadeira. Sinceramente, não é verdade e não tenho essa intenção [de ser candidato á AL].”

Instado a comentar a brincadei-ra do amigo, Dias Azedo voltou a negar uma possível candidatura deixando isso para alguém que “tenha mais tempo disponível”. “Não está no meu horizonte. Já participei em campanhas, mas haverá com certeza pessoas com mais tempo e vontade.”

Da parte da Voz Plural, o seu

Hoje Macau*[email protected]

O presidente da Associa-ção dos Advogados de

Macau (AAM), Jorge Neto Valente, considerou “perigo-sa e sem fundamento legal” a actuação do Ministério Público (MP) ao exigir a retirada de um comentário alegadamente difamatório da página de Internet do Hoje Macau.

O caso, que teve o seu início no passado dia 3 de Dezembro quando a Polícia Judiciária (PJ) se deslocou ao Hoje Macau, envolve um comentário de um leitor do jornal a uma entrevis-ta à antiga presidente do conselho de administração da Sociedade para o De-senvolvimento do Parque Industrial da Concórdia, na ilha de Coloane, Paulina Al-ves dos Santos, na sequência da sua exoneração recente pelo Executivo. Na altura, e mediante tal ordem do MP, a decisão acabou por ser acatada pelo jornal.

Em declarações à agên-cia Lusa e Rádio Macau, o presidente AAM disse não haver base legal para a actu-ação do MP, a quem compete

Fonte ligada à comunidade macaense coloca António Dias Azedo como candidato à AL pela Voz Plural. Advogado nega tudo

Manobras de bastidores

AAM e AIPIM preocupadas com retirada de comentário online

Atentado à Lei Básica

rosto mais conhecido, Casimiro Pinto, também revelou ao Hoje Macau desconhecer a informa-ção. “Até este momento não tive nenhuma informação.”

Contudo, não fecha as portas a uma eventual candidatura de Antó-nio Dias Azedo. “O Azedo é uma possibilidade? Todas as pessoas que quiserem podem participar. A lista em si tem uma matriz com-

posta por membros da comunidade macaense, e quem faz parte dessa comunidade pode fazer parte. O importante é que cada um saiba quais são os objectivos e se estão de acordo as mesmas ideologias.”

“Da minha parte não recebi qualquer telefonema dele e não cheguei a falar com ele”, acres-centou.

Aliás, Casimiro Pinto ainda não tem 100% certeza da partici-pação da Voz Plural na eleição dos deputados para a AL. Seja como for, a ser criada será liderada por si. “O que disse é que se tivermos condições para irmos às eleições, se as pessoas concordarem, iremos, mas tem de ser feita uma reunião para formar a lista. Ainda não foi feita qualquer reunião. Vamos ver se há condições para formar uma lista, e aí terei condições para liderar a lista.”

PERNAS QUE POUCO ANDARAMLeonel Alves foi o grande mentor do projecto político da Voz Plural – Gentes de Macau, no entanto,

quem acabou por ser o rosto, em 2009, da lista foi Casimiro Pinto. Nas eleições para a AL, a Voz Plural apostou na educação, saúde, justiça e solidariedade social como bandeiras da campanha política. Igualmente, o seu manifesto po-lítico falava de “reforma política com 18 deputados eleitos por via directa”

Muitos foram os que se uniram em torno da Voz Plural. Para além de Casimiro Pinto, a lista para as eleições de há quatro anos também tinha os nomes de, entre outros, Jorge Godinho, Jenny Lao ou Paula Carion. E o apoio expresso de Carlos Marreiros e José Sales Marques.

Apesar disso, e de não ter eleito qualquer deputado, a Voz Plural acabou por não ter qualquer actividade durante os quatro anos seguintes. Miguel Senna Fernan-des, presidente da Associação dos Macaenses (ADM), chegou a desabafar à imprensa em Feve-reiro deste ano que “encabeçada por Casimiro Pinto, a Voz Plural

concorreu ao lado da lista de Pe-reira Coutinho e Rita Santos. Mas, após as eleições, nunca mais se ouviu falar deste grupo”, falando depois de chamar “corajoso” a Luiz Pedruco quando da apresentação da candidatura deste às eleições para 2013.

Senna Fernandes foi mais longe nas suas declarações e falou de “desilusão”. “Desiludiu um bo-cado, porque a Voz Plural, como projecto, tinha pernas para andar. Claro que não iria eleger coisa nenhuma, mas iria ser um projecto que, se perdurasse, tinha tempo para criar raízes e para entrar agora em forma nas novas eleições. Seria uma estratégia a médio prazo, foi pena, não se viu mais nada.”

Na altura, o também advogado, alertou a que a ADM terá de ser sempre uma associação neutra, onde caibam todas as sensibili-dades, mas afirma que não vale o argumento de que uma candidatura macaense vá prejudicar outra. “Os macaenses devem participar”, sublinhou. – *com A.S.S.

determinar a abertura do inquérito e superintender a investigação. “Apenas fico surpreendido se o director do jornal, que penso que é o responsável pelo site, exe-cutar aquela determinação, que a meu ver não tem base nenhuma legal.”

Jorge Neto Valente re-cordou que, de acordo com a Lei Básica da RAEM, o sistema instituído “significa que o Ministério Público propõe as sanções e o juiz as aplica”. “É contra a Lei Básica, e contra a letra e o espírito do sistema, o Ministério Público aplicar directamente as medidas que acha que deviam ser aplica-das. É por isso que no nosso sistema há uma entidade que propõe as medidas e o juiz de instrução criminal as sanciona ou não”, sublinhou Jorge Neto Valente.

O presidente da AAM mostrou-se também preocu-pado com as repercussões do caso. “Claro que considero que é perigoso e é por isso

que me assustam certas ideias que há aí de transfor-mar isto não sei em quê. Isto é o caminho do desmantela-mento do sistema jurídico de Macau”, afirmou.

Nesse sentido aconse-lhou “a resistir civicamente e legalmente, a ir para os tribunais, e não deixar que haja atropelos como se pers-pectivam”.

MANTER LIBERDADESQuem também se mostra preocupada com o caso é Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM). “Estamos seria-mente preocupados com o recente caso que envolve o diário Hoje Macau, alvo de uma diligência do Ministério Público que obrigou à retira-da de um comentário de um leitor na página da Internet do matutino”, pode ler-se num comunicado emitido ontem à tarde.

Mais, “a direcção da AIPIM deseja mostrar a sua total solidariedade para com

o director e os profissionais que trabalham no diário Hoje Macau”, esperando que “as autoridades competentes se pronunciem o mais rapida-mente possível sobre este caso a fim de o esclarecer cabalmente”. “E mais reitera a importância da imperiosa manutenção das liberdades

de expressão e de opinião que estão consagradas na Lei Básica”, concluiu a AIPIM.

Ouvido pela Lusa, o director do Hoje Macau, Carlos Morais José, disse tratar-se de um “procedi-mento gravíssimo”. “Fomos intimidados de alguma ma-neira a retirar o comentário

do site. Confiámos na pala-vra da polícia, que só trazia um documento em chinês. Partimos do princípio que tinha sido assinado por um juiz”, afirmou.

Carlos Morais José ex-plicou que teve de esperar um dia pela tradução, quan-do finalmente percebeu que a ordem do MP para retirar o comentário na edição online do jornal “estava assinada pelo procurador adjunto e não por um juiz”.

O jornalista lamentou ainda a situação gerada por um comentário de um leitor, que descreveu como não ofensivo. “Se não era verdadeiro, não quer dizer que tenha de ser retirado”, acrescentou.

Questionado sobre even-tuais acções futuras do jornal, Carlos Morais José salientou que “não pode processar o Ministério Pú-blico”, mas disse esperar uma reacção da sociedade civil e comunidade jurídica, além de uma investigação do organismo que combate a corrupção em Macau. “Es-pero que o comissário contra a corrupção faça alguma coisa, e que investigue este caso”, concluiu. – *com Lusa

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RESULTADOS

4 política terça-feira 18.12.2012www.hojemacau.com.mo

Cecília Lin*cecí[email protected]

A Torre de Macau foi o palco escolhido para mais uma sessão eleitoral para eleger os 12 deputados de Macau

para representar o território na As-sembleia Nacional Popular (ANP), em Pequim. Os deputados foram eleitos por um Colégio Eleitoral composto por 359 membros.

Gabriel Tong, deputado à Assem-bleia Legislativa (AL), foi o grande derrotado nesta sessão, não tendo conseguido ir além de um terço dos votos. Houve ainda duas novidades do lado feminino, já que foi eleita a candidata pela Associação Geral das Mulheres (AGM), a vice-presidente Iong Weng Ian, com 315 votos. Do lado da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) foi eleita a sua presidente, Ho Sut Heng. Lau Ngai Leong e Lionel Leong conseguiram o maior número de votos (ver caixa). De fora ficaram dois candidatos que adquirem papel de substitutos quando necessário.

Eleitos os 12 representantes de Macau à ANP

Gabriel Tong jogará nas reservas

Na conferência de imprensa marcada para depois das elei-ções, Leong Hing Teng, porta--voz do Colégio Eleitoral, disse que os resultados eleitorais já foram apresentados ao grupo de revisão do comité permanente da ANP para análise, mas não revelou quando é que os depu-tados vão ocupar oficialmente as suas posições, porque “não tinha mais informações quanto a esse assunto”. Apenas se sabe que a próxima etapa na agenda será o

Congresso Nacional do Povo, ocorrido em Março.

MAIS RECONHECIMENTONo final da eleição, Gabriel Tong falou sobre a sua derrota. “Preciso de mais tempo para obter o reconheci-mento dos outros pelo meu trabalho, mas vou continuar a trabalhar. Perdi não por causa de ser novo, porque já tenho 40 anos. Se irei participar nas próximas eleições? Ainda faltam cinco anos (risos)”.

As representantes das Mulheres e dos Operários disseram que vão aprender o trabalho de forma hu-milde, cumprir as suas obrigações e dar sugestões positivas. Já José Chui Sai Peng, reeleito, disse ter confiança na capacidade das novas deputadas, esperando que se pos-sam adaptar ao trabalho.

Já o “rei dos votos”, Lau Ngai Leong garantiu que vai dar mais aten-ção ao desenvolvimento económico e legislativo, enquanto Lionel Leong prometeu aumentar a transparência do seu trabalho no futuro, por forma a que os residentes entendam como

pode ser feita a cooperação da RAEM com outros país. A advogada Paula Ling foi outra das eleitas e considerou ser importante que mais advogados possam pertencer à ANP, por ser um órgão legislativo. Por isso, lamentou a derrota de Gabriel Tong. “Gostaria que ele tivesse sido eleito, porque a ANP deveria ter mais um represen-tante da área jurídica. Foi uma pena ele ter falhado”.

“ELEIÇÃO BEM SUCEDIDA”No tempo reservado aos jornalistas as perguntas recaíram sobre as críticas ouvidas recentemente, que clamam por maior representatividade da população nesta eleição. Contudo, Leong Hing Teng garantiu que não se trata de “uma eleição interna entre o Governo da RAEM e o Governo Central”. “O processo da eleição foi ordenado e bem sucedido. A eleição é aberta, justa e equitativa, como disse o vice-presidente do comité perma-nente da ANP, Li Jaingguo. Como já disse na reunião da semana passada, há sempre espaço para melhorar o regime de eleição”, acrescentou.

• ELEITOSLau Ngai Leong 337 votosLionel Leong 333 votosLei Pu Lam 329 votosKou Hoi Hin 329 votosIo Hong Meng 321 votosHo Iat Seng 321 votosJosé Chuí Sai Peng 318 votosLok Po 302 votosLeong Iok Va 290 votosPaula Ling 284 votos

• SUPLENTESKelvin Chan 164 votosGabriel Tong 162 votos

O porta-voz frisou nessa reunião que “a população deve acreditar nos membros do Colégio Eleitoral que têm inteligência suficiente para fazer as suas escolhas”, e garantiu que, no futuro, haverá mudanças, permitindo que os candidatos possam entrar em maior contacto com a comunidade. “Eu acredito que a eleição vai ter mais desenvolvimentos.”

Para a história ficou ainda criticas quanto à falta de tradução em simul-tâneo. Leong Hing Teng admitiu que os trabalhos de comunicação não correram bem e pediu desculpas, e prometeu que irá haver um trabalho de reflexão por parte das autoridades competentes. - *com Andreia Sofia Silva

Gabriel Tong

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terça-feira 18.12.2012 5www.hojemacau.com.mo sociedade

Rita Marques [email protected]

A Universidade Ci-dade de Macau vai passar a ter cursos na Faculdade de

Turismo Internacional e Gestão com certificação internacional. A data ainda não é certa mas o processo está nas mãos da Organização Mundial de Turismo, que já aprovou a primeira etapa do processo: a avaliação interna. A garantia é dada por Aliana Leong, vice-reitora da insti-tuição de ensino superior, que acredita que Macau só bene-ficia com o reconhecimento internacional ao nível de en-sino. “Temos três programas, de Licenciatura em Hospita-lidade e Gestão de Turismo e de mestrado e doutoramento em Hospitalidade e Gestão Hoteleira, em chinês e inglês, então habilitamo-nos para a certificação da Organização Mundial de Turismo. Depois de meio ano, já passamos a avaliação interna e no próximo ano vamos ter uma auditoria formal, o processo ainda demora um ano ou dois e seremos então certificados no mundo inteiro”, explica a coordenadora da faculdade, à margem da Conferência sobre a Garantia da Qualida-de do Ensino Superior , que teve lugar no Venetian nos últimos dois dias. “Agora com o apoio do Governo para certificação, os ventos estão a mudar. Embora muitas pes-soas se sintam sob pressão, deviam sentir-se motivados porque é a maneira de o ensino superior em Macau mudar para um nível superior e enriquecer Macau, tendo os recursos para o fazer.”

Em seu entender, os pla-nos da lei de bases do ensino superior que, nas palavras

Universidade Cidade de Macau vai ter certificações em diversos cursos

Ensino como porta internacional de MacauAliana Leong, vice-reitora da Universidade Cidade de Macau, explica que a Faculdade de Turismo Internacional e Gestão, vai ter três programas de estudos com certificação internacional. Rui Rocha não vê para já a mesma hipótese para os cursos presenciais de português, que serão entregues ao Governo para aprovação em breve

Rui Martinsdiz que é “muito importante”a acreditação O vice-reitor da Universidade de Macau (UMAC) vê na certificação dos programas de ensino superior criados nos últimos 20 anos, uma necessidade. Rui Martins vê por isso urgência na criação de um regime de avaliação, que, segundo Sou Chio Fai será feito pela agência portuguesa sobre a avaliação e a acreditação do ensino superior. “Na China há um centro específico para a avaliação do ensino superior; em Portugal foi criada uma agência também de avaliação do ensino superior (…). Hong Kong também tem uma agência de certificação de programas de ensino superior. E Macau está na altura em que precisará de definir o que fazer nesta área”, explicou à agência Lusa. “Claro que a Universidade de Macau e o Instituto Politécnico de Macau (IPM) já têm uma tradição nesta área, porque os nossos programas foram quase todos reconhecidos em Portugal, pelo ministério da Educação e com extensão à União Europeia na década de 90. Mas todos os outros programas novos em Macau ainda não têm essa acreditação, e isso é muito importante.” Por isso, espera que o Governo tenha em atenção os últimos desenvolvimentos em Macau, onde existem actualmente cerca de 10 estabelecimentos de ensino.

de Sou Chio Fai, director do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES), deve ser entregue à Assem-bleia Legislativa no início do próximo ano, contemplando os modelos de avaliação dos currículos e de acreditação

das instituições, mostra-se um “bom projecto” para aquele que deve ser um centro internacional também ao nível de ensino. A mesma opinião é manifestada pelo director da Faculdade de Programas Portugueses que acredita que esse “crédito internacional”, debatido no colóquio que reuniu cerca de uma dezena de universida-des de Macau, Hong Kong, Taiwan e Portugal, deve ser um objectivo de Macau, no entanto, tal certificação ain-da não foi debatida para os novos cursos de português. “Essa questão ainda não foi lançada, ainda não temos nada sobre isso. A nossa preocupação agora tem sido a concepção dos cursos e sobretudo a aprovação pelo

Governo”, explica Rui Ro-cha, que garante estarem a ser ultimados internamente. Para já, não se sabe o número e os níveis dos cursos nem quando serão entregues mas a ideia é entrarem em funcionamento no próximo ano lectivo. “Estamos numa fase inicial, queremos que arranquem em Setembro do próximo ano mas neste momento ainda é prematuro falar do que quer que seja”, diz Rui Rocha. “Queremos que seja aprovado o mais rapidamente possível.”

PARCERIAS INTERNACIONAISRui Rocha tinha confirma-do em Setembro ao Jornal Tribuna de Macau contactos com uma rede de instituições

de ensino superior no Brasil que, para já, estão em “stand by”. “O nosso parceiro histó-rico é a Universidade Aberta (UAb), e vamos continuar com ela em termos de ensino online (e-learning) e, portan-to, neste momento queremos consolidar a parceria com a UAb e não convém avançar com outras parcerias. Eles já têm parcerias com Brasil, Angola e Japão, inclusi-vamente, estou a estudar o dossier todo e a perceber o que podemos desenvolver da parte de parcerias”, avança. “A nossa pretensão é ter par-cerias com os países de língua portuguesa e com a China e isso vamos conseguir. Mas só possa adiantar quando ouvir um protocolo ou um ‘memo-randum’ de entendimento.”

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6 sociedade terça-feira 18.12.2012www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

AINDA pode estar longe o julgamento de Arturo Chiang Calderon, deti-do no mês passado por

alegado planeamento de um homi-cídio. De acordo com informações prestadas ao Hoje Macau pelo ad-vogado, João Redinha, o processo está agora em “fase de inquérito” e o Ministério Público (MP) ainda tem de proferir a acusação contra Arturo Calderon.

O ex-investigador da Polícia Judiciária (PJ), tido como o braço direito do ex-líder da 14K, Wan Kuok Koi, - entretanto posto em liberdade -, foi detido de madru-gada num apartamento da Taipa, juntamente com outras quatro pessoas. Está em prisão preventiva desde então e poderá ficar assim pelo menos até Julho do próximo ano. “É difícil prever [quando será

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais

(DSAL) tem implementado, nos últimos anos, um plano promocional que inclui os “Dispositivos Portáteis de An-coragem Temporária”, o “Cal-çado de segurança” e a “Caixa de primeiros socorros”, tendo fornecido gratuitamente às em-presas e instituições que preen-chem os requisitos produtos de segurança e saúde ocupacional, para além de ter proporcionado cursos de formação, para incen-tivar os profissionais do sector a utilizarem e disponibilizarem equipamento que estão em conformidade com os padrões de segurança, elevando o seu nível de segurança e saúde ocupacional.

Para avaliar os resultados desse plano e para que o mesmo seja mais adequado às neces-sidades do sector, a DSAL realizou, no Verão, um inqué-rito sobre as três modalidades acima referidas desse plano, tendo verificado que 80% das entidades inquiridas manifes-taram que esse plano contribui positivamente não só para o conhecimento dos padrões de segurança por parte das empresas e dos trabalhadores, mas também para elevar os seus

Banda larga regista mais de 4,5 milhões de acessosAté Novembro de 2012, registaram-se mais de 4,5 milhões de acessos à Internet com a utilização do serviço “WiFi GO”, um acesso de banda larga gratuita à internet, providenciado em instalações públicas, espaços do governo e atracções turísticas pelo Governo. O serviço, que já tem dois anos, tem vindo a ser expandido contando a partir hoje com um total de 132 pontos de acesso. A Direcção dos Serviços de Regulação das Telecomunicações estimula as instituições e organizações a conceberem vários tipos de aplicações através da plataforma de acesso às aplicações “WiFi GO”, por forma a que os cidadãos e turistas possam obter as informações necessárias e os serviços adequados.

Hutchison e Smartone por mais algum tempoFoi prolongado o período de prestação de serviços de telecomunicações de uso público móvel, que terminava no final deste ano. Segundo o Boletim Oficial (BO), a Hutchison — Telefone (Macau), Limitada e a Smartone — Comunicações Móveis, S.A. podem continuar a fornecer sérvios de telemóvel através da rede pública GSM de telecomunicações móveis terrestres até Junho de 2015, mais dois anos e meio do que o previsto. O despacho foi assinado pelo próprio Chefe do Executivo e altera o que vem previsto nas cláusulas iniciais do contrato com as duas operadoras. - J.F.

Julgamento de Arturo Calderon ainda está longe de ter início

Processo em fase de inquérito

Plano promocional de segurança e saúde ocupacional da DSAL

Aumenta os conhecimentos, dizem

o julgamento], mas legalmente a prisão preventiva só pode ser aplicada até oito meses.”, explicou João Redinha ao Hoje Macau. Após a acusação proferida pelo MP, o processo ainda pode seguir para fase de instrução, caso o arguido assim o pretenda. “Só depois é que pode ser o julgamento”, frisa o advogado.

João Redinha confirmou ao Hoje Macau ter sido constituído advogado por Calderon e explicou ainda que este se encontra em pri-são preventiva no Estabelecimento Prisional de Macau, podendo receber visitas da família apenas uma hora por semana.

Conhecido em chinês como Chan Yuet-bo, Arturo Calderon terá sido contratado por um ho-mem de apelido Lam, com 62 anos e trabalhador de um casino, que lhe terá pedido que matasse a sua esposa, isto segundo a polícia. Lam terá suspeitado que a mulher

teria um amante. Calderon, que saiu do Estabelecimento Prisional de Macau há três anos, onde cum-priu pena de 10 anos e meio por associação criminosa, terá então contratado uma outra pessoa, de apelido Zhou, para assassinar a mulher. Outros dois homens, Fong e Zhang, foram também detidos, todos por suspeita de envolvimento em crime organizado, liderança de uma tríade, tentativa de homicídio, posse ilegal de armas e acomoda-ção de imigrantes ilegais.

Calderon foi detido num apar-tamento na Taipa, no sábado, onde as autoridades de Macau dizem ter descoberto um grande número de armas, como chaves de fendas afiadas, 20 facas, várias pistolas de ar, armas de atordoamento, gás--pimenta e explosivos de pólvora.

De acordo com a PJ, Calderon terá dito a Fong para contratar Zhou, da província de Guangdong, dando-lhe residência numa casa que terá sido cedida por Zhang, no Beco da Barra. Desde Setem-bro que Fong e Zhou estariam a seguir a mulher de Lam. A PJ diz ter recebido uma queixa e daí ter dado início a uma operação de mo-nitorização, que levou à detenção de Arturo Calderon.

conhecimentos de segurança, o que representa uma avaliação favorável em geral.

Em relação ao plano de “Dispositivos Portáteis de Ancoragem Temporária”, verificou-se, segundo dados da DSAL, que de entre as 36 empresas ou instituições a quem foram atribuídos aqueles dispositivos e que os utiliza-ram por um período superior a um ano, cerca de 80% (28 empresas ou instituições) manifestaram que aqueles

dispositivos proporcionam um ponto de ancoragem de sim-ples montagem e utilização, contribuindo para o aumento da segurança nos trabalhos em altura, reduzindo os acidentes desse tipo de trabalho.

Por outro lado, também cerca de 80% das empresas in-quiridas fizeram uma avaliação positiva daquele dispositivo. No respeitante ao “calçado de segurança”, de entre as 78 empresas ou instituições a quem foram atribuídos aquele

calçado, 86% (67 empresas ou instituições) entenderam que aquele calçado contribui para um melhor conhecimento dos padrões de segurança sobre aquele tipo de calçado por parte dos trabalhadores, sendo que 97% (76) manifestaram que esse calçado elevou os conhecimentos dos trabalha-dores sobre a protecção dos pés. Quanto à “caixa de pri-meiros socorros”, de entre as 146 empresas ou instituições a quem foram atribuídas essas caixas, 92% (134 empresas ou instituições) manifestaram que esse plano contribuiu para os trabalhadores conhecerem melhor os objectos que estão em conformidade com os pa-drões de segurança constantes de uma caixa de primeiros socorros, sendo que 91% (133) entenderam que a caixa de pri-meiros socorros é útil para as empresas fazerem o tratamento preliminar dos trabalhadores em caso de emergência.

Até Novembro do corrente ano, a DSAL atribuiu 53 con-juntos daqueles dispositivos, 240 caixas de primeiros socor-ros e 1 240 pares de calçado de segurança a empresas ou instituições que preenchiam os requisitos.

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HOJE

MAC

AU

7sociedadeterça-feira 18.12.2012 www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

O número de alunos a aprender português

nas escolas privadas de Macau aumentou em mais de 18%, tendo hoje 1641 jovens a aprender o por-tuguês. Maria Antónia Espadinha, coordenadora do Centro de Avaliação de Português como Língua Estrangeira da Universi-dade de Macau (MACAU) observa cautelosamente este fenómeno. “As escolas particulares aumentaram. Um aumento é sempre um aumento mas se continuar, se for exponencial, terá um grande significado”, avalia. De acordo com dados da DSEJ, há 16 escolas pri-vadas a ter o português no currículo e apenas nove es-colas públicas, nestas últi-mas o português mantém-se estável este número (cerca de 2000 estudantes).

Por outro lado, observa a docente, o mercado de trabalho continua a ser um potencial chamariz destes alunos, que queiram depois especializar-se na língua. “Há escolas que de facto estão a pedir professores [à DSEJ]. Ter português é uma mais valia para uma grande quantidade de emprego mas não tenho uma expec-tativa exagerada. Estou à espera de ver o que dá”, indica. “A nível de trabalho local se concorrem à função pública são privilegiados

enquanto para os casinos não. A maioria dos jovens que conheço, embora seja um número limitado, é porque querem trabalhar para o Governo. Porque parece que trabalhar para lá é melhor porque há uma segurança e incentivos bastantes.”

Quanto à possível falta de professores para ensina-rem nas escolas, não parece ser uma questão de escassez de pessoal formado mas de encorajamentos que lhes devem ser dados e que, hoje, estão aquém, salienta. “Não há falta de professores, há bastante gente formada mas têm de lhes ser dadas con-dições. A nível de ensino médio há alguma rigidez e os professores têm de estar muito tempo dentro das escolas, mesmo que não tenham aulas.” Talvez por isso, indica, “não há muita gente que queira ser professor”, facto que, diz, se observa na falta de alunos nestas licenciaturas de ensino na UMAC.

FRACA PROMOÇÃO FOI FALHA DOS PORTUGUESESDespromover esta língua oficial foi um erro que Macau enfrentou ainda no tempo da administração portuguesa, analisa Maria Antónia Espadinha. “Hou-ve erros tremendos, como nas luso-chinesas o portu-guês deixar de ser relevante. Estava lá e continua mas está-se a investir muito mais

agora do que se investia. Os alunos como não estuda-vam não passavam e como não passavam, para não os deter por demasiado tempo começaram a dispensar as aulas de português. Porque tinham aula mas a nota não interessava para as médias. Foi muito mau. O projecto das escolas luso-chinesas é um dos mais bonitos que existiram na educação do território mas foi mal tratado, deixou-se cair lentamente. Continuam a ser escola oficial mas há muitos alunos que não in-vestem, porque não lhes faz falta para passar”, explica a coordenadora.

Sobre a exigência do en-sino do português no ensino médio, uma vez que está mais ligada à licenciatura em estudos portugueses, onde é dado o português como língua estrangeira para alunos que não sabem pouco ou nada do idioma, Maria Antónia Espadinha apenas fala como observa-dora de que “a cultura de aprendizagem de Macau não é a melhor nas escolas” mas está também depen-dente da disponibilidade e do “investimento pessoal” que é dado pelos estudantes do território. Por outro lado, repara, tradicionalmente “os alunos que vêm da China eram os melhores mas, por exemplo, neste momento as melhores alu-nas de 3º e 4º anos são de Macau”.

Maria Antónia Espadinha vê com reserva o aumento de alunos de português no ensino médio

“Não tenho uma expectativa exagerada”

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terça-feira 18.12.2012nacional8

UM líder budista chinês sugeriu que o 21 de De-zembro, data do

fim do mundo supostamente previsto pelo antigo calen-dário maia, seja nomeado “Dia Mundial do Humor”, em homenagem ao “humor negro” daquela civilização pré-colombiana. “O ‘Fim do Mundo” é apenas uma piada que os maias nos deixaram. Eles tinham um bom humor negro e esse humor assustou muita gente”, disse o mestre Yancan, abade do templo de Shuiyue, na província de Hebei, centro da China, e vice-presidente da Asso-ciação Budista provincial.

Numa entrevista publi-cada ontem no jornal oficial China Daily, mestre Yancan realça também que “o con-ceito de ‘fim do mundo’ não existe no budismo”. “O ‘fim do mundo’ é a coisa mais horrível que posso imaginar. Quando o dia 21 de De-zembro chegar, as pessoas

NUM comunicado oficial à imprensa, a Apple

anunciou esta segunda-feira que vendeu mais de dois mi-lhões de iPhone 5 na China neste último fim-de-semana. O lançamento do aparelho no país aconteceu na sexta--feira. O resultado surpreen-deu os analistas de mercado e os investidores, que têm vindo a penalizar a empresa com reduções sucessivas do valor das suas acções. “A aceitação do iPhone 5 pelos consumidores na China tem sido incrível e estabeleceu um novo recorde com o melhor fim-de-semana de vendas até hoje”, disse Tim Cook, CEO da Apple, no comunicado. “A China é um mercado muito importante para nós e os consumidores anseiam por ter produtos da Apple”, disse Cook.

No lançamento do iPhone 5 nos EUA e noutros 30 paí-ses, em Setembro, a empresa vendeu cinco milhões de

Suspeito de ataque a escola chinesa está “psicologicamente afectado”O suspeito de ter entrado numa escola chinesa da província de Henan e esfaqueado 23 crianças está “psicologicamente afectado” por previsões catastróficas, revelaram ontem as autoridades chinesas. Min Yongjun é suspeito de ter entrado na casa de uma idosa na sexta-feira e a ter atacado com uma faca de cozinha, dirigindo-se depois à escola primária mais próxima numa aldeia da província de Henan e atacado 23 crianças antes de ser detido por professores e polícias. Um comunicado do governo da aldeia de Chenpeng, onde ocorreu o ataque, explica que o suspeito está a ser avaliado psicologicamente, mas as investigações iniciais permitem dizer que está fortemente afectado pelos rumores apocalípticos.

21 de Dezembro “Fim do Mundo” ou Dia Mundial do humor negro?

A vida continua

Apple vende dois milhões de iPhone 5 na China

Novo recorde durante o fim-de-semanaunidades nos primeiros três dias de vendas. O desempenho na China em três dias revela como o país é importante para a Apple. A China é o segundo maior mercado mundial da Apple e representou 15% das receitas da empresa no ano fiscal que se encerrou em Setembro.

Na sexta-feira, dia do lançamento do iPhone 5 na China, informações de que os consumidores não estavam a fazer filas nas Apple Store em Pequim e em Xangai fizeram com que os investidores fizessem cair as acções da Apple novamente. Segundo uma reportagem da

compreenderão melhor que o mundo continua e que há muitas coisas belas para celebrar”, acrescentou.

Mas nem todos os chine-ses pensam assim.

Dezenas de pessoas foram detidas no passado fim de semana em três pro-víncias da China por “espa-lharem boatos” acerca do “eminente fim do mundo”.

Na província de Qinghai, noroeste dos pais, a polícia deteve 37 pessoas ligadas a uma seita religiosa chamada Deus Todo Poderoso, que distribuiu mensagens anun-ciando “grandes tsunamis e terramotos”, disse ontem o jornal Global Times.

Em Chongqing, a polícia deteve quatro pessoas pelo mesmo motivo e em Wuhan, centro da China, registaram--se também algumas deten-ções, adiantou aquele jornal.

Um responsável de uma moderna empresa de Cheng-du, sudoeste da China, contou que decidiu dar folga

aos empregados na próxima sexta-feira porque “alguns estão assustados com o ‘fim do mundo’”. “É melhor que eles fiquem em casa com as pessoas de quem mais gostam do que tê-los no es-critório com o espírito fora do trabalho”, disse Deng Xiangyun, diretor-geral da Chengdu Higgses Internet and Tecnology Co.

Assumindo-se como “materialista”, Deng Xian-gyun diz que não segue “qualquer religião” e, por isso, não acredita no ‘dia do Juízo Final’.

Um autor de ficção cien-tífica ouvido pelo China Daily, Liu Cixin, considera que “o sistema humano na Terra é tão instável como um remoinho num rio” e “como tudo mais, a terra também acabará”, mas - acrescenta - isso não acontecerá na data prevista pelos maias”.

O astrólogo Liu Hongchen, que tem mais de 210.000 se-guidores no Sina Weibo, o

twitter chinês, contesta que os maias tenham afirmado que o mundo acabará no dia 21 de Dezembro de 2012: “O que eles gravaram numa pedra foi que aquele dia iria assinalar um novo ciclo para a humanidade”.

agência Reuters, no entanto, os consumidores fizeram as suas compras directamente nas lojas das operadoras Chi-na Unicom (CHU) e China Telecom (CHA), parceiras da empresa, que ofereciam iPhone 5 com grandes descontos subsidiados para planos de longo prazo.

A notícia deve agitar o mercado esta segunda feira. Segundo os analistas do banco de investimentos Canaccord Genuity, é esperado que a Apple venda 47,5 milhões de iPhones neste trimestre, 2,5 milhões de aparelhos a mais do que tinha sido estimado an-teriormente para este período.

A origem do calendário maia remonta ao século VI A.C. “Em 2012 registaram--se posições astrológicas que só acontecem uma vez em cem anos” e “isso indica que a sociedade hu-mana irá conhecer grandes

mudanças”, afirmou Liu Hongchen.

A civilização maia, cujo apogeu terá ocorrido há cerca de 1.500 anos, desenvolveu-se na região ocupada hoje pelo México e a América Central.

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9terça-feira 18.12.2012 www.hojemacau.com.mo região

OS conservadores do Partido Libe-ral Democrata do Japão regressa-

ram ao poder na sequência das eleições deste domingo após três anos na oposição, segundo as mais recentes sondagens, com o ainda primeiro-ministro a demitir--se de presidente do Partido Democrático.

Yoshihiko Noda demi-tiu-se da liderança do Partido Democrata na sequência dos resultados eleitorais, dando assim como certo que será Shinzo Abe a regressar à liderança do governo japo-nês, tornando-se no sétimo primeiro-ministro do Japão em seis anos e meio.

Shinzo Abe foi primeiro--ministro do Japão durante um ano, entre 2006 e 2007. As mais recentes sondagens apontam para entre 275 a 300 lugares na câmara baixa do Parlamento, que tem 480 lugares ao todo, ao Partido Liberal Democrata do Japão.

Antes destas eleições, o partido liderado por Shinzo Abe só tinha 118 lugares.

O resultado da votação dá, assim, novamente lugar

O presidente da nova au-toridade reguladora nu-

clear japonesa insistiu este domingo na transparência e independência da entidade, criada em Setembro, para substituir a anterior, acusada de falhar antes e depois do acidente nuclear em Fukushi-ma. “A agência precedente de segurança industrial e nuclear (NISA) fazia parte do minis-tério da Indústria (Meti), que promovia a energia nuclear”, disse Shunichi Tanaka diante uma plateia de especialistas mundiais reunidos na confe-rência ministerial internacio-nal sobre segurança nuclear em Fukushima, no Japão.

“A nova agência de segu-rança é claramente separada

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, deslo-

cou-se ontem ao Palácio Memorial Kumsusan, em Pyingyang, para prestar homenagem ao seu pai, Kim Jong-il, cuja morte, por en-farte, aconteceu há um ano.

Imagens da televisão estatal norte-coreana mos-traram Kim Jong-un acom-

Conservadores de regresso ao poder no Japão três anos depois, Noda demite-se

Shinzo Abe reafirma soberaniajaponesa sobre as ilhas Diaoyuao partido que liderou o país durante a maioria do tempo desde a II Guerra Mundial, até ser afastado do poder em 2009.

A votação demonstra a insatisfação dos eleitores com o incumprimento das promes-sas eleitorais e pela estagnação da economia japonesa, que já foi ultrapassada pela China como segunda maior econo-mia do mundo.

Entretanto, Shinzo Abe já reafirmou ontem a sobe-rania japonesa sobre as ilhas Diaoyu, disputadas com a China, e disse que não haverá discussões sobre o tema. “As ilhas Senkaku são territó-rio japonês”, afirmou Abe referindo-se ao arquipélago a que Pequim chama Diaoyu.

Presidente da autoridade nuclear japonesa insiste na transparência e independência da entidade

Dados na InternetPoder norte-coreano presta homenagem a Kim Jong-il no primeiro aniversário da sua morte

Tributo embalsamado

do ministério”, explicou o responsável.

Constituída por um comité de cinco membros e pessoal administrativo e técnico de 500 pessoas, a nova autori-dade reguladora tem, entre outras missões, de definir as normas de segurança nuclear, supervisionar a elaboração de planos de prevenção/emer-gência para as regiões que acolher instalações atómicas e de pronunciar-se sobre segurança.

De acordo com o presi-dente da autoridade, a trans-parência reivindicada materia-liza-se, nomeadamente, pela divulgação na Internet de suas reuniões e três conferências de imprensa semanais.

Para os cidadãos, o primeiro teste será, segura-mente, o meio pelo qual a autoridade recém-criada vai validar ou não a segurança dos reactores nucleares.

O Japão tem 50 reactores e 48 destes estão parados, no momento.

Os dois reactores em actividade foram ligados no verão, sem a autorização da nova agência, que ainda não existia.

Além de uma revisão dos resultados de “testes de stress”, impostos a todos os reactores, a autoridade está em processo de, com geólo-gos especialistas externos, examinar o subsolo de seis reactores suspeitos de terem sido construídos em áreas de falha sísmica.

Tanaka sugeriu, recen-temente, que para o reactor 2 do complexo atómico de Tsuruga seria difícil renovar o selo da autoridade de se-gurança, com risco mesmo de ser desmantelado, inver-tendo o veredicto feito ante-riormente pelo Estado e pela antiga agência reguladora.

panhado da sua mulher e de altos cargos do regime, todos vestidos de luto en-quanto prestavam tributo ao líder falecido.

O primeiro aniversário da morte de Kim Jong-il foi o dia escolhido para a reabertura, depois de uma renovação, do Palácio de Kumsusan, que alberga

Shinzo Abe recordou que o “Japão possui e controla as ilhas no âmbito do Direito Internacional e por isso não há lugar a negociações sobre o tema”.

Shinzo Abe durante a campanha eleitoral compro-meteu-se a estudar a cons-trução de um porto numa das ilhas do arquipélago de forma a aumentar o controlo japonês na região.

As ilhas Diaoyu estão desabitadas a e disputa entre os dois países asi-áticos deve-se à enorme reserva de petróleo e gás natural que especialistas dizer existir no local e que são fundamentais para o desenvolvimento da China e do Japão.

ainda os restos mortais em-balsamados do fundador do regime Kim Il-sung, avô do actual líder norte-coreano.

A agência sul-coreana Yonhap referiu num des-pacho que também poderia ser apresentado o corpo embalsamado de Kim Jong-il.

No domingo, véspera do aniversário da morte, o Estádio de Pyongyang acolheu uma cerimónia que contou com a partici-pação de Kim Jong-un e dos principais líderes do regime em memória do “querido líder”.

Kim Jong-il morreu há um ano quando regressava a Pyongyang depois de uma visita de trabalho pelo país.

Após a morte, o poder foi entregue a Kim Jong-un, nascido em 1983 ou 1984 e que em poucos meses se consolidou como “líder supremo” do país sem aparentes dificuldades e que no primeiro ano deu continuidade às políticas de prioridade militar aplicadas pelo seu pai.

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terça-feira 18.12.2012www.hojemacau.com.mo10 rússia

Andreia Sofia Silva*[email protected]

A pedra no sapato de Vladimir Putin foi retirada em 2006. No dia do aniver-

sário do presidente da Rússia, Anna Politkovskaya, jornalis-ta do Novaya Gazeta que mais criticava o Governo com os seus trabalhos de investiga-ção, foi assassinada à porta de sua casa, em Moscovo, com vários tiros à queima-roupa, um deles na cabeça.

Sete anos depois, o tribu-nal condenou o seu homicida, Dimitri Pavlyuchenkov, a 11 anos de prisão, mas muitas coisas ficaram por explicar. Uma delas o nome de quem terá encomendado o acto que roubou ao país uma das vozes mais fortes da oposição no jor-nalismo à liderança de Putin.

Segundo as agências no-ticiosas, colegas de trabalho e a família de Politkovskaya mostraram-se contra a sen-tença, alegando que a verdade não chegou ao grande público. “Nós respeitamos a presunção da inocência, mas percebemos que quando uma investigação trava qualquer possibilidade de identificar o mandante do crime, estamos face a uma das pessoas mais intocáveis da Federação Russa”, afirmou, citado pela Euronews, o chefe

Dimitri Pavlyuchenkov foi condenado esta semana a 11 anos de prisão pelo assassinato da jornalista russa Anna Politkovskaya, assassinada à porta de casa em 2006. Contudo, o advogado de defesa, a família e colegas de Anna não se conformam com o facto de não ter ficado esclarecido quem encomendou o homicídio. “Percebemos que quando uma investigação trava qualquer possibilidade de identificar o mandante do crime, estamos face a uma das pessoas mais intocáveis da Federação Russa”, disse o chefe de redacção do Novaya Gazeta

Ex-polícia acusado do homicídio da jornalista, mas tribunalnão esclareceu quem encomendou o assassinato

Quem mandoumatar AnnaPolitkovskaya?

de redacção do Novaya Gaze-ta, Dmitry Muratov.

O Tribunal de Moscovo condenou o antigo agente da polícia a 11 anos numa prisão de máxima segurança, quan-do a moldura penal máxima nestes casos poderia ir até aos 18 anos. Pavlyuchenkov terá ainda de pagar um total de 750 mil patacas (3 milhões de ru-blos, moeda russa) à família da jornalista. Perante os juízes o condenado assumiu a sua cul-pa, aceitou cooperar em todo o processo de investigação e serviu ainda de testemunha a outros participantes do crime. Contudo, o advogado de defesa de Politkovskaya não se mostrou satisfeito com a decisão e já afirmou que irá recorrer da sentença que determinou a diminuição da pena.

Antes de saber qual seria o destino ditado pelos juízes, Pavlyuchenkov pediu des-culpa pela morte que causou. “Quero pedir-lhes um sim-ples perdão humano, se tal for possível. Pode-se falar muito, mas isso não alivia o sofrimento nem da família de Politkovskaya, nem da minha.”

Em Outubro último, a im-portância do trabalho de Anna foi lembrado em Moscovo, graças à presença de fami-liares e amigos da jornalista.

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11terça-feira 18.12.2012 www.hojemacau.com.mo rússia

Alexander Litvinenko era um espião triploTambém esta semana foram tornados públicos mais dados sobre o antigo espião do KGB (serviços secretos russos), Alexander Litvinenko, que morreu envenenado com polónio em 2006 e que chegou a investigar a morte de Anna Politkovskaya. De acordo com um pré-inquérito feito pelo Ministério Público do Reino Unido, Litvinenko era um espião triplo, pois trabalhava para o M16 e também para os serviços secretos espanhóis. Segundo a sua viúva, Marina Litvinenko, o marido recebia um salário do M16, serviços secretos britânicos, e o seu chefe chamava-se Martin. Já em Espanha o seu chefe era Uri. Segundo o documento do MP, o governo russo poderá estar envolvido no envenenamento do espião. Andrei Lugovoy e Dmitry Kovtun, antigos espiões do KGB, são apontados como mentores do assassinato, mas já negaram as acusações. Depois da morte de Politkovskaya, o espião gravou um vídeo onde acusou o Kremlin de ser o principal responsável pela sua morte. “Se alguém me pergunta directamente quem matou Anna, digo já que foi o senhor Putin. Depois do livro que ela publicou teme ameaças frequentes e num dos nossos últimos encontros perguntou-me: “achas que podem matar-me?”. Eu respondi-lhe francamente que sim e aconselhei-a a sair do país.” Litvinenko ainda terá conseguido descobrir os nomes dos assassinos de Anna. Resta saber se coincidiam com os que agora são revelados.

Ex-polícia acusado do homicídio da jornalista, mas tribunalnão esclareceu quem encomendou o assassinato

Quem mandoumatar AnnaPolitkovskaya?

Em Paris, uma iniciativa da Aministia Internacional a fa-vor da liberdade de imprensa também recordou o trabalho de Politkovskaya no Novaya Gazeta.

Ao canal de televisão Euronews, Vera, filha de Anna e também jornalista, falou do caso. “Não acho que se esteja a fazer o suficiente para favorecer o inquérito, os investigadores fazem o que podem. A minha mãe dedicou a vida ao jornalismo, a única coisa que lhe interessava era que seus leitores conhecessem a verdade, para mim é um exemplo e um modelo. Para fazê-lo há que saber como e ter a capacidade real…mas sobretudo há que ser muito valente para trabalhar assim, dizendo a verdade.”

COMITÉ SABIA,MAS NÃO DISSEO assassinato de Anna Poli-tkovskaya foi apenas a con-cretização de um objectivo já muito antes anunciado, dado que a jornalista já tinha sido vitima de uma tentativa de envenenamento. A cobertura do conflito na Chechénia e a defesa dos direitos humanos em todos os seus artigos tornaram-na numa das vozes mais fortes anti-Putin, e o No-vaya Gazeta era o palco para denunciar mortes e torturas

feitos a civis por parte das autoridades russas.

Em Agosto de 2011, di-versos meios de comunica-ção noticiaram que o comité responsável pela investigação confirmou que o assassinato tinha sido encomendado e que sabia qual era o mentor, mas recusou avançar qualquer nome.

Já nessa altura, Pavlyu-chenkov tinha sido acusado de organizar todo o esquema para matar Anna. “Ele (Pavlyu-chenkov) recrutou o grupo de criminosos composto pelos três irmãos Makhmudov. Or-denou aos subordinados que seguissem a jornalista para se inteirarem da sua rotina diária. Depois recebeu as in-formações e a arma do crime que passou ao assassino” disse Vladimir Markin, porta-voz do Comité de Investigação.

O chefe de redacção fa-lou mesmo da existência de “acções politicamente moti-vadas” e mostrou-se surpre-endido pelas declarações do comité.

O processo para saber a verdade da morte de Politko-vskaya passou por avanços e recuos. Isto porque depois de um primeiro julgamento anu-lado pelo Supremo Tribunal, devido à existência de erros processuais, o segundo avan-çou em 2009. *- com agências

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terça-feira 18.12.2012vida12

Joana [email protected]

O pavilhão do pan-da pequeno – a nova mascote da RAEM que vai

fazer companhia a Hoi Hoi e Sam Sam – vai custar quase 16 milhões de patacas. Segundo o Boletim Oficial (BO), a adjudicação para a execução das obras de construção do pavilhão do panda pequeno, no Parque de Seac Pai Van, foi feita à empresa AD & C Engenharia e Construções Companhia, Limitada e vai demorar mais de um ano.

O contrato foi celebrado entre o Chefe do Executivo e a empresa e tem o valor de 15 469 612 patacas, sendo que o primeiro pagamento é ainda feito este ano, no valor de um milhão e meio de patacas.

Recorde-se que o anún-cio feito pelo Governo de que mais animais iriam ha-

NÃO é propriamente o que se chamaria uma mulher bonita,

mas as suas feições eram, sem dúvida, distintivas. Palavras da antropóloga australiana Susan Hayes, depois de ter revelado ao mundo como era o rosto de uma mulher que viveu há 18 mil anos na ilha indonésia das Flores, naquela que é a primeira reconstrução facial de uma pessoa desta espécie de humanos.

A história da descoberta desta espécie, com quase uma década, lançou muita confusão na árvore evolutiva humana, já de si comple-xa. Em Agosto de 2003, uma equipa de cientistas australianos e indo-nésios encontrou o fóssil de uma mulher, incluindo o crânio, na gruta de Liang Bua. No ano seguinte, na revista Nature, a equipa anunciava a descoberta e defendia tratar-se de uma nova espécie de humanos. E eis que começava a controvérsia: antes de mais, porque até essa altura estávamos convencidos de que há muito mais tempo éramos os únicos humanos que restavam no planeta.

Na viagem evolutiva dos hu-manos, os Neandertais eram até aí considerados os nossos últimos com-panheiros. Desapareceram há cerca de 28 mil anos, tendo a Península Ibérica como último refúgio, depois de terem vivido por toda a Europa.

Mas o fóssil da mulher com 18 mil anos, o primeiro exemplar des-coberto, serviu de referência para identificar a nova espécie. O Homo floresiensis, ou homem das Flores,

Novo pavilhão em Seac Pai Van vai custar quase 16 milhões de patacas

Habitação para panda vermelhobitar Seac Pai Van inquietou os deputados da Assembleia Legislativa, que criticaram o facto de não ter havido con-sultas públicas sobre os gas-tos com a casa para o panda vermelho. Pereira Coutinho questionou se a chegada dos pandas vermelhos iria ajudar o desenvolvimento do turis-mo. “Será que os residentes de Macau precisam disto? É necessário usar tanto dinhei-ro público para construir a casa?”, questionou na altura.

A Casa do Panda Verme-lho está prevista para come-çar a ser construída no final deste ano e vai demorar seis meses a estar pronta. Para os responsáveis do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), que responderam aos deputados, o investimento não seria alto e a principal despesa é o custo de transporte.

O custo é agora publicado, no valor de quase 16 milhões de patacas, um valor bem inferior ao do pavilhão dos pandas gigantes, que custou 90 milhões de patacas. As ca-racterísticas da casa dos novos pandas são semelhantes às dos que já habituam Seac Pai Van, mas com áreas menores.

Homem (na verdade, a mulher) das Flores já tem um rosto

O verdadeiro Hobbitteria surgido há cerca de 95 mil anos e a sua existência ter-se-ia prolongado até há 12 mil anos, quando desapa-receu e, aí sim, nos deixou sozinhos, como espécie humana, na Terra.

Como a mulher já era adulta, isso mostrava que aqueles humanos teriam apenas um metro de altura e 25 quilos. Por serem tão pequenos, os cientistas pensaram nas criaturas minúsculas do mundo imaginado por J. R. R. Tolkien em O Hobbit e na trilogia O Senhor dos Anéis, a ponto de considerarem chamar-lhe Homo hobbitus, em vez de Homo floresiensis.

Além da sua coexistência tar-dia com a nossa espécie, o Homo sapiens, os hobbits reais das Flores eram polémicos precisamente de-vido ao crânio muito pequeno. Isso implicava uma capacidade craniana de apenas 380 centímetros cúbicos, idêntica à dos chimpanzés.

UMA APROXIMAÇÃOSeriam então uma espécie nova ou apenas indivíduos doentes da nossa própria espécie? Referindo-se a esta última hipótese, houve cientistas que avançaram que o homem das Flores sofria de microcefalia, uma patologia caracterizada por um crâ-nio e um cérebro muito pequenos e

deficiências mentais. Outra hipótese considerava os hobbits como Homo sapiens pigmeus, pois ainda hoje vivem nas Flores populações de baixa estatura.

Mas, para a equipa que esca-vou e estudou os fósseis do Homo floresiensis, coordenada pelo arqueólogo Mike Morwood, da Universidade de Nova Inglaterra, na Austrália, uma das provas de que era uma espécie distinta estava na ausência de queixo. Só a nossa espécie tem queixo.

Vários estudos têm reforçado a tese de que o homem das Flores era uma espécie distinta, baseando-se, por exemplo, na comparação da forma do seu cérebro com o de in-divíduos microcéfalos e saudáveis da nossa espécie e ainda na análise dos ossos do pulso. O seu lugar na árvore evolutiva e que relação tinha connosco é que continuam por determinar.

Só que, até agora, nunca tínha-mos visto uma reconstrução da cara do homem das Flores - ou melhor, da mulher das Flores -, porque só o primeiro exemplar descoberto tem o crânio completo, embora tenham entretanto sido encontrados fragmentos de vários indivíduos.

Especialista em reconstrução fa-

cial, Susan Hayes, da Universidade de Wollongong, na Austrália, deu agora um rosto à mulher das Flores, moldando músculos e gordura sobre uma réplica do crânio. Assim, a cara foi ganhando “carne” e o resultado foi divulgado numa conferência de Arqueologia na Universidade de Wollongong, numa altura em que, por todo o mundo, também se tem estreado o filme O Hobbit: Uma Viagem Inesperada.

Maçãs do rosto proeminentes e um nariz largo são algumas surpresas, refere um comunicado da universi-dade australiana. Perante o resultado, Susan Hayes reconheceu então que a mulher não seria uma beldade. “Não diríamos que era bonita, mas era seguramente distintiva.”

Como é que a antropóloga sabia que espessura de tecidos moles pôr no rosto dos hobbits, uma vez que não existem dados específicos para essa população desaparecida? Su-san Hayes responde ao PÚBLICO

que usou dados existentes para a população mundial com as espessu-ras médias dos tecidos moles: “São aplicáveis a todas as populações e baseiam-se num grande conjunto de dados, por isso são muito fiáveis. Para o Homo floresiensis, usei um subconjunto destes dados, uma vez que o crânio dela é muito pequeno.”

E o que traz de novo a recons-trução do rosto desta mulher? Traz algumas provas sobre a aparência de outros humanos, diz Susan Hayes. “Mas, tal como toda a ciência, os resultados do trabalho baseiam-se no que sabemos hoje sobre o crânio, sobre a sua relação com os tecidos moles e a população em questão. Como todo o meu trabalho, é sempre uma aproximação.”

Num comentário ao trabalho, Darren Curnoe, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, disse que o rosto é mais moder-no do que esperava. “Os ossos parecem-se um pouco como os dos pré-humanos que viveram há dois ou três milhões de anos, mas, com esta reconstrução, vê-se como são surpreendentemente modernos”, disse o especialista em evolução humana. “É interessante ver uma nova abordagem baseada na ciên-cia forense, que pode melhorar a compreensão de como era o aspecto do Homo floresiensis. Ate agora, vimos interpretações artísticas, muito bonitas, mas esta dá-nos uma visão mais científica e rigorosa do aspecto do hobbit.”

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O primeiro-ministro bri-tânico, David Came-

ron, anunciou que o Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido (o NHS) vai dispor de mais de 120 milhões de euros para, nos próximos três a cinco anos, sequenciar, na totalidade, o ADN de 100 mil cidadãos que foram diagnosticados com cancro ou doenças raras. “O Reino Unido será o primeiro país no mundo a introduzir esta tecnologia num sistema de saúde mainstream”, lê-se num comunicado publicado no site oficial do gabinete de Cameron.

Em Fevereiro, a Noruega já tinha anunciado que iria sequenciar o ADN dos tu-mores de mil doentes com cancro – e, a prazo, todos os cerca de 20 mil genes contidos no genoma que comandam o fabrico de pro-teínas. Mas esta é a primeira vez, segundo o site da revista Science, que um projecto de sequenciação deste tipo envolve a descodificação

Reino Unido lança programa para sequenciar todo o genoma

100 mil pessoas com cancro e doenças raras

de genomas inteiros (com os seus três mil milhões de pares de moléculas de base) e não apenas a de alguns fragmentos – para além de que o número de genomas a sequenciar passa a ser 100 vezes maior. “Ao libertar a força dos dados

genéticos, o NHS vai li-derar a corrida global para a obtenção de melhores testes [de diagnóstico], de melhores medicamentos e de melhores tratamentos”, disse Cameron.

O comunicado do n.º 10 de Downing Street também

sugere que haverá benefícios directos e imediatos para as pessoas que contribuírem (voluntariamente) com o seu genoma para o projecto: “O perfil genético fornecerá aos médicos uma compreensão nova e avançada da consti-tuição genética do doente, da

sua doença e necessidades terapêuticas, garantindo o seu acesso aos medicamen-tos adequados e a cuidados personalizados muito mais depressa do que nunca”.

Leif Ellisen, oncologista do Hospital Geral do Mas-sachusetts de Boston citado

pela Science, considera esta promessa “exagerada” – apesar de concordar com o facto de que sequenciar genomas inteiros em gran-de escala “seja o caminho certo”.

Já na altura do anúncio do projecto norueguês, este mesmo especialista, citado pela revista Nature, tinha ali-ás declarado: “Não conheço muita gente que sugira que todos os doentes com cancro deveriam ter todos os seus genes sequenciados porque isso iria ter um impacto positivo sobre o tratamento clínico da sua doença.” A questão é que, segundo ele, ninguém é capaz de prever quando é que esses benefí-cios se concretizarão.

Para já, salienta ainda, o grande desafio para os britânicos vai consistir em conseguir processar a gigan-tesca quantidade de informa-ção que irá ser gerada pela sequenciação dos genomas de forma a que possa ajudar a tratar as pessoas.

ANÚNCIO [N.º368/2012]

Paraosdevidosefeitosvimosporestemeionotificarosrepresentantesdosagregadosfamiliaresdoconcursodehabitaçãoeconómicaabaixoindicados,nousodacompetênciadelegadapelaalínea19)don.º3doDespachon.º09/IH/2012,publicadonoBoletim OficialdaRAEM,n.º13,IISérie,de28deMarçode2012enostermosdon.º2doartigo72.ºdoCódigodoProcedimentoAdministrativo,aprovadopeloDecreto-Lein.º57/99/M,de11deOutubro:

Nome N.ºdoboletimdecandidatura

Nome N.ºdoboletimdecandidatura

CHIANGWA 50170 NGLAIIENG 72127KONGKENG 66923 CHEONGTAKIAO 92431CHENGWENGWA 72033 CHOICHICHONG 96642LOSOISIM 72042 CHEANGMANWAI 111690

PorcausadosrepresentantesdosagregadosfamiliaresacimamencionadosnãocompareceremnoesteInstitutoparaescolhadehabitaçãoapósaemissãodasegundaconvocação,asrespectivascandidaturasserãoexcluídasnalistageral,deacordocomostermosdaalínea2)don.º5doartigo60.ºdaLein.º10/2011(Leidahabitaçãoeconómica)ealíneaa)doartigo14.ºdoRegulamentodeAcessoàCompradeHabitaçõesConstruídasnoRegimedeContratodeDesenvolvimentoparaaHabitação,aprovadopeloDecreto-Lein.º26/95/M,de26deJunho,revistopeloRegulamentoAdministrativon.º25/2002. TendoesteInstitutopublicadoumanúncionaimprensadelínguachinesaelínguaportuguesa,no dia 16 deNovembro de 2012, a solicitar aos interessados acimamencionados para apresentaremporescritoassuascontestaçõespelosfactosacimareferidosnoprazode10(dez)diasacontardadatadepublicaçãodo referidoanúncio,masnãofizeramaentregadas suascontestaçõesdentrodoprazoindicado,assimcomodadecisãododespachodosignatário,exaradona Informaçãon.º 3943/DAHP/DAH/2012,asrespectivascandidaturasforamexcluídasdalistageraldeespera. E deacordocomodispostonon.º21doDespachon.º09/IH/2012,revistopeloDespachon.º20/IH/2012, publicado noBoletim Oficial daRAEM, n.º 25, II Série, de 20 de Junho de 2012 e noartigo155.ºdoCódigodoProcedimentoAdministrativo,aprovadopeloDecreto-Lein.º57/99/M,de11deOutubro, cabem recursohierárquiconecessárioda respectivadecisãoadminstrativa, aoPresidentedesteInstituto,noprazode30(trinta)diasacontardadatadepublicaçãodopresenteanúncio,orecursohierárquicotemefeitosuspensivo.

OChefedoDepartamentodeAssuntosdeHabitaçãoPública,.

CheangSekLam13deDezembrode2012

13vidaterça-feira 18.12.2012 www.hojemacau.com.mo

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terça-feira 18.12.2012cultura14

A 4 de Junho de 1994, Ai Weiwei fotografou a sua mulher a levantar a saia e a mostrar as cuecas na praça da Paz

Celestial, em Pequim. Não era uma data qualquer. O ar-

tista chinês, que terá em Fevereiro a sua primeira exposição individual no Brasil, no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, acabava de voltar de uma década a viver em Nova Iorque, e aquele dia assinalava o quinto aniversário do massacre ali ocorrido e que marcou a onda violenta de repressão na China.

De então para cá, o país ganhou força no cenário geopolítico equivalente à exposição mediática global do autor.

Os seus ataques ao regime, tanto na sua obra como em manifestações pelas redes sociais, acabaram por despertar a ira do governo e culminaram na prisão domiciliar que o artista cumpre agora em Pequim, para além da proibição de se pronunciar na internet.

Mesmo confinado à sua casa desde o ano passado, depois de ficar encarce-rado por três meses, Ai não deixou os holofotes da cena artística.

A exposição individual de Fevereiro de 2013 no MIS, uma retrospectiva da sua obra fotográfica, chega ao país três anos depois de o artista participar da

Bienal de São Paulo com uma insta-lação. “Estas fotografias revelam mais sobre a sua atitude e o seu pensamento político do que o resto de sua obra”, disse Urs Stahel, curador da mostra, à Folha de S.Paulo. “São um retrato desde os tempos em que vagueava por Nova Iorque até à sua vida em Pequim e à rotina do atelier.”

As imagens a preto e branco, de facto, começam como uma espécie de diário visual dos seus anos em Manhattan, onde conviveu com o poeta beatnik Allen Ginsberg e estudou a obra de Marcel Duchamp. Mas, no fim dos anos 1980, Ai voltou as suas lentes para a degradação urbana da cidade e a truculência policial em manifestações de rua.

Este olhar crítico parece adensar-se no retorno do artista a Pequim. Filho do poeta Ai Qing, perseguido pela ditadura e condenado a trabalhos forçados numa área remota do nordeste da China, Ai passara a adolescência numa espécie de deserto intelectual. Tornou-se artista em Nova Iorque e regressou à terra natal num momento que ele descreve como “negro”. “Essa era a cor de fundo, como se tivéssemos todos caído num balde de tinta”, escreveu Ai no seu blogue censurado pelo Estado chinês em 2009. “Não havia outra cor.”

ARQUEÓLOGOS chi-neses anunciaram a

descoberta das ruínas de um enorme palácio imperial num mausoléu de Qinshihuang, o primeiro imperador da China.

Sun Weigang, investiga-dor associado do Instituto Provincial de Arqueologia de Shaanxi, disse que tendo em conta as dimensões dos

A Presidente do Brasil Dilma Rousseff é

quem terá a palavra final. No seu gabinete, está um decreto preparado por res-ponsáveis do seu Governo para adiar a plena aplica-ção do Acordo Ortográfico (AO), que apenas aguarda aprovação presidencial.

Inicialmente, no Bra-

Ai Weiwei com primeira exposição individual no Brasil, em Fevereiro

Diário visual

Ruínas de palácio descobertas em mausoléu do primeiro imperador da China

Esplendor imperialDilma Rousseff decide em breve se adia plena aplicação do Acordo Ortográfico

A última palavratijolos encontrados, o palácio pode ter medido 690 metros de comprimento e 250 metros de largura.

O tamanho do palácio, que cobria uma superfície de 170 mil metros cúbicos, equivale a um quarto da Ci-dade Proibida de Pequim, o palácio imperial das últimas dinastias feudais da história

chinesa, Ming e Qing (1368-1911), disse Sun.

Este é o maior complexo descoberto até hoje no mau-soléu de Qinshihuang, consi-derado o primeiro imperador da China pelo seu papel na unificação do país.

O palácio era formado por 18 construções e uma estrutu-ra principal com vistas para todas elas, de acordo com o especialista.

O complexo, que devia integrar mais informações sobre os estilos arquitectóni-cos próprios da dinastia Qin (221 a.C-207 a.C), mostra a ambição de Qianshihuang de continuar de viver com o mes-mo esplendor imperial na outra vida, disse Sun. O mausoléu de Qinshihuang, cuja super-fície de 56 metros quadrados fazem dele o maior mausoléu do mundo, é famoso por seus guerreiros de terracota.

sil, a data para a plena aplicação do acordo era 1 de Janeiro de 2013. A data agora mais badalada e que apenas aguarda decisão presidencial é 1 de Janeiro de 2016, a mesma para a entrada em vigor total do AO decidida em Portugal.

Ao longo da última semana várias foram as

vozes que deram como certo um adiamento. Será para esse cenário que aponta o consenso. Mas nem todos os sectores têm os mesmos interesses. De um lado, estariam editores e órgãos de comunicação social que já adoptaram as novas regras, a pressionar para uma entrada em vigor obrigatória já em 2013. Do outro, os mais cépticos ten-deriam para o adiamento e mesmo uma revisão do acordo. Chegou a haver uma proposta para se adiar a entrada em vigor obriga-tória para 1 de Janeiro de 2019. E há senadores que defendem mesmo a revisão do acordo.

Janeiro de 2016 terá sido a data de meio-termo ou de compromisso en-contrado para aproximar as posições mais extremas.

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15culturaterça-feira 18.12.2012 www.hojemacau.com.mo

O arquivo é gigan-tesco, cheio de televisores retro, jornais, robôs,

cartas ou escritos sobre his-tória e tecnologia. E o museu Smithsonian, em Washing-ton, expõe agora uma parte do espólio do sul-coreano Nam June Paik, pensador do futuro da arte, considerado o “pai da vídeo-arte” e um dos mais importantes artistas plásticos da segunda metade do século XX. Desenhos, fotografias ou brochuras são mostradas pela primeira vez ao público a partir desta quinta-feira na capital dos EUA pela instituição que alberga a maior colecção de trabalhos de Paik. “Picasso revolucionou a forma de ver a pintura e a escultura na primeira metade do século XX” e Nam June Paik fez o mesmo “na segunda metade” do século XX, diz a directora do museu Smithsonian, Eli-zabeth Broune, citada pela agência AFP. O sul-coreano, plenamente integrado na cena artística europeia e

UM cartaz do filme Metrópolis (1927) de Fritz Lang foi adquirido, junta-

mente com outros cartazes, por quase 9,4 milhões de patacas por Ralph DeLuca, um coleccionador de objectos ligados ao cinema, num leilão sexta-feira em Los Angeles.

O cartaz de Metrópolis era a jóia da coroa do conjunto, que incluía também um de King Kong, outro de O Homem Invisível (ambos clássicos de 1933), um de Arsénico e Rendas Velhas (1944), de Frank Capra, e a pintura original de Elvis Presley que serviu de base para o poster do filme Jailhouse Rock, de 1957.

DeLuca, proprietário de uma empre-sa de artigos de cinema que adquiriu os cartazes disse estar convencido de que “o poster de Metrópolis tem mais valor do que o lote completo”. E acrescentou que embora não tenha planos para já, acredita que o cartaz de Metrópolis vai valorizar-se para o dobro do valor que pagou por ele.

Esta é uma de apenas quatro cópias que, tanto quanto se sabe, são as únicas sobreviventes dos cartazes originais do filme futurista de Lang, ilustrado pelo alemão Heinz Schulz-Neudamm. Outra das cópias faz parte da colecção do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, o que, sublinhou DeLuca, citado pela Reuters, lhe confere o estatuto de obra de arte. Outra cópia está na Biblioteca Nacional da Áustria, e julga-se que a quarta per-tence ao actor Leonardo DiCaprio. “É O Grito [quadro de Munch], a Guernica [de Picasso] dos cartazes de cinema”, afirma DeLuca. “É literalmente a Mona Lisa”.

ALGUMAS peças da marca portuguesa de

joalharia Eleuterio estão em exposição no British Museum, um dos mais im-portantes museus do mundo, em Londres. Flora, Lace e Oriental Fantasy são alguns dos produtos que poderão ser vistos e comprados no maior e mais antigo museu do Rei-no Unido, que tem 250 anos de história e uma colecção permanente de mais de oito milhões de obras.

Robôs-escultura de sul-coreano Nam June Paik mostram-se no Smithsonian

Pai da vídeo-arte

Nove milhões de patacas por cartaz de Metrópolis

Uma de quatro cópiasJóias portuguesas no British Museum

Eleuterio chega a Londres

o Museum of Modern Art (MoMA) ou o Guggenheim, que deveriam fazer pro-postas sobre a forma como o acolheriam, tratariam e exporiam. Um arquivo alta-mente desejado de um artista que tem peças nas principais colecções museológicas do mundo, entre as quais Wrap Around the World Man, de 1990, integrado na portu-guesa Colecção Berardo. O Smithsonian American Art Museum foi o escolhido pelos gestores do seu lega-do, propondo-se a criar um centro de estudos com o seu nome e a catalogar os milha-res de itens que lhe chegaram às mãos, para que sirvam de base a académicos e que continuem a influenciar e a inspirar novas gerações de artistas, como indica a instituição. Que visa ago-ra, com a primeira grande exposição feita a partir dos seus arquivos, “procurar o lastro do desenvolvimento da prática artística e das ideias ao longo de mais de 40 anos”.

norte-americana, morreu em 2006 – como assinala o Washington Post, um ano depois do nascimento do YouTube, que pode muito bem ser entendido como a materialização de uma das suas muitas previsões e ideias sobre a tecnologia e a sua prevalência no quo-tidiano.

Não é por acaso que a exposição que se prolonga até 11 de Agosto de 2013 se intitula Nam June Paik: Global Visionary – ao longo da sua carreira, produziu obras que fazem a ponte entre as artes performativas e as artes plásticas, entre a tecnologia, as suas formas e potencial social. Falava de uma “literatura sem livros”, como nota também o Post, e é o autor da expressão (em 1974) que precedeu a revo-lução tecnológica: “a super auto-estrada electrónica”.

Em 2009, o acervo do artista visionário foi colo-cado à disposição de várias instituições museológicas de primeira linha, como

Numa nota publicada no site da marca de joalha-ria lusa, Luís Antunes, da Eleuterio refere que este facto não só é “extrema-mente dignificante para a marca, a presença das peças Eleuterio no British Museum é também um testemunho à qualidade e

originalidade da ourivesa-ria portuguesa”.

A Eleuterio foi criada em 1925, em Travassos seguindo, até aos dias de hoje, uma tradição artesanal na produção de ourivesaria. A combinação entre o estilo clássico, personificado na arte da filigrana, e contem-porâneo é o que caracteriza as peças e as torna únicas, trabalhadas, sempre, ao detalhe.

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terça-feira 18.12.2012desporto16

O vice-presidente para as selecções, Humberto Coelho, admitiu ontem de manhã, que espera-

va mais de Portugal na campanha de apuramento para o Mundial de 2014. Mesmo assim, acredita que será conseguido o apuramento. Não foi uma crítica. Apenas uma constatação da realidade, à luz dos números. Portugal é terceiro no grupo de apuramento para o Mundial do Brasil, a cinco pontos do líder Rússia.

Humberto Coelho, na manhã em que foi feito o balanço de um ano de trabalho da nova direcção da Federação Portuguesa de Fu-tebol, admitiu que esperava outra

posição no grupo. “Logicamente, não estamos na melhor posição. Esperávamos mais. Mas o futebol é assim mesmo”, afirmou.

Contudo, nada está perdido. Ainda há muitos jogos para fazer e para além do optimismo, há uma enorme confiança no trabalho que Paulo Bento está a fazer. “Estou convencido e creio que temos uma equipa que conseguirá o apuramen-to. Os nossos jogadores são dos melhores do mundo e todos querem estar nos grandes palcos. Nos jogos que faltam, faremos todos os possí-veis para nos apurarmos”, garantiu.

Portugal terá uma jornada dupla em Março, com jogos em Israel e no Azerbaijão.

TREINADOR do Real Madrid passa por momentos difíceis

no Bernabéu e a sua relação com os adeptos do clube parece cada vez mais difícil. José Mourinho já conheceu melhores dias no Real Madrid, quer na relação com os jogadores quer com os adeptos, e os resultados também não têm ajudado, face a um Barcelona cada vez mais líder da Liga.

No seio do clube, as atitudes

TONI, antiga glória do futebol do Benfica e

amigo de Jesualdo Ferreira, elogiou a contratação do treinador português para o cargo manager do Sporting. “Serei sempre suspeito para falar do Jesualdo, mas, para mim, é a melhor aquisição dos últimos anos que o Sporting faz. É um homem competente, profissional,

Lúcio deixou a JuventusInternacional brasileiro era pouco utilizado pelo clube de Turim e chegou a acordo para a saída, podendo estar a caminho do São Paulo. O futebolista brasileiro Lúcio rescindiu por mútuo acordo o contrato com a Juventus, informou hoje o campeão italiano, através de um comunicado no seu sítio oficial. O internacional brasileiro chegou à Juventus em Julho, numa transferência a “custo zero”, proveniente do Inter de Milão, com o qual havia terminado contrato. Depois de ter participado em apenas quatro jogos oficiais esta temporada, o defesa e o clube de Turim chegaram a acordo para terminar o contrato. Ao serviço da Juventus, Lúcio venceu a Supertaça de Itália, numa vitória sobre o Nápoles, por 4-2, após prolongamento. Do Brasil chegam notícias de que o internacional brasileiro poderá vir a reforçar o São Paulo.

Diego Reyes chegaao F.C. Porto em JunhoDiego Reyes vai reforçar o FC Porto na próxima temporada. As partes confirmaram o acordo nesta segunda-feira. O jovem central mexicano, que alinha no Clube América, chegará a Portugal em Junho. Os dragões anunciaram o negócio através de um espaço informativo no Porto Canal, à mesma hora em que, do outro lado do Atlântico, o América divulgava a mudança. “Estou feliz por ele, por dar o salto para a Europa. O F.C. Porto negociou de forma clara e contundente para levar o Diego Reyes. Já pertence ao F.C. Porto e foi uma grande operação”, explicou Miguel Herrera, treinador do emblema mexicano. O central assina contrato válido por cinco temporadas, por valores ainda não divulgados mas que podem chegar às setenta milhões de patacas. Aos 20 anos, Diego Reyes muda-se para o futebol europeu depois de ter ajudado a Selecção do México a vencer a medalha de ouro no torneio de futebol dos Jogos Olímpicos de Londres.

Humberto Coelho admite que esperava mais da Selecção

Constatação dos números

Desabafo de Mourinho publicado pelo “El País”

“Nem o Leiria tinha adeptos destes”

Toni elogia competência do novo manager do Sporting

“Jesualdo é a melhor aquisição dos últimos anos”seguida que não acredita que as funções de Jesualdo colidam com as de Vercau-teren. “Seja quais forem as funções dele, com certeza que não vai colidir com as funções de Vercauteren até ao final da época. Jesualdo vai ser o homem forte do futebol e vai pensar toda a estrutura do futebol do Sporting.”

organizado e metódico. Com o Sporting a viver o período mais difícil da sua história, agora tem alguém que pode relançar o futebol e dar os primeiros passos para a construção do novo Sporting”, revelou Toni, em entrevista à Antena 1.

O agora treinador do Tractor, do Irão, reconheceu que o seu antigo adjunto no

Benfica não terá um traba-lho fácil pela frente. “O Sporting não tem a estrutura do FC Porto, mas o Jesualdo vai dar o seu cunho pessoal. Ele é conhecedor do mundo do futebol. Os resultados de ontem não existem. Vai ser um período difícil mas, em termos de competência e profissionalismo, não há melhor”, revelando de

União de Leiria, o clube que ele treinou antes de ingressar no FC Porto e atingir o estrelato.

Diego Torres revelou este fim de semana no “El País” o desabafo de Mourinho, irritado com o adeptos do Real Madrid, aos seus adjuntos. “Nunca traba-lhei num clube com adeptos de tão baixa cultura futebolística. Nem o União de Leiria tinha adeptos destes”.

do técnico, sempre muito crítico em relação a diversos aspectos de funcionamento da estrutura ou em guerrilha com árbitros e jornalistas, nunca terão sido bem acolhidas. O desafio lançado aos adeptos merengues para o assobiarem antes do derby com o Atlético terá azedado ainda mais o ambiente. Curioso é que Mourinho colocou--os, segundo o diário “El País”, abaixo do nível dos... adeptos do

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SALA 1IRON SKY [C]Um filme de: Timo VuorensolaCom: Julia Dietze, Götz Otto, Chistropher Kirby14.30, 19.30

COLD WAR [C](Falado em cantonês e legendado em chinês/inglês)Um filme de: Longman Leung, Sunny LukCom: Aaron Kwok, Andy Lau, Tony Leung Ka Fai, Eddie Peng16.30, 21.30

SALA 2THE HOBBIT: AN UNEXPECTED JOURNEY [3D] [A]Um filme de: Peter JacksonCom: Ian McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage14.30, 18.15, 21.15 SALA 3LIFE OF PI [3D] [A]Um filme de: Ang LeeCom: Suraj Sharma, Gerard Depardieu14.30, 21.30

WRECK-IT RALPH [3D] [B](Falado em cantonês)Um filme de: Rich Moore16.45, 19.30

terça-feira 18.12.2012 17www.hojemacau.com.mo futilidades

[Tele]visão

Sudoku [ ] Cruzadas

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

TDM 13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h RTi14:45 RTPi DIRECTO18:30 TDM Desporto (Repetição)19:30 Resistirei20:30 Telejornal21:00 TDM Entrevista21:30 AS Pedras Chinesas Shoushan22:00 A Engraçadinha23:00 TDM News23:30 Viagem ao Centro da Minha Terra00:20 Telejornal – Repetição01:00 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:35 Inovar é Fazer15:05 Sal na Língua15:35 AntiCrise16:00 Bom Dia Portugal 17:00 Decisão Final17:50 Vingança18:35 Best of Portugal19:05 Voo Directo19:50 Escape. TV – SIC20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo22:10 Portugal no Coração

30 - ESPN13:00 Marathon Des Sables 13:30 Chinese Badminton Super League Highlights14:30 The Royal Trophy 2012 Day 317:30 FINA Aquatics World 2012 18:00 Chinese Badminton Super League - Highlights19:00 The Football Review 2012-2013 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 201220:00 World Cup Final (China) - Mens 21:00 X Games Los Angeles 22:00 Sportscenter Asia 2012

22:30 AFF Suzuki Cup 2012 Thailand vs. Malaysia

31 - STAR Sports13:00 Asian Gymnastics Championships 16:00 HSBC FEI Classics 2012/201317:00 The Verdict 17:30 Achilles Formula Drift Singapore 201219:30 Rebel TV 19 20:00 FIFA Beach Soccer World Cup 2013 Final Russia vs. Spain21:00 FINA Aquatics World 2012 21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 Hero Women’s Indian Open 23:00 AFC Annual Awards 2012

40 - FOX Movies11:40 Real Steel13:50 Monkeybone15:25 The Grey17:30 What’S Your Number?19:15 Bruce Almighty21:00 National Treasure

41 - HBO12:00 2012 Rock And Roll Hall Of Fame Induction Ceremony14:50 Mississippi Burning17:00 A Few Good Men19:25 Gladiator22:00 Bridesmaids00:00 Boardwalk Empire

42 - Cinemax11:10 Black Rain13:10 Behemoth14:40 Bulletproof16:00 The Big Cube17:35 Calendar Girl19:00 All-Star Superman20:20 Hunted22:00 Priest23:30 True Blood 00:25 Friday The 13Th Part Viii

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DENTRO DO SEGREDO • José Luís PeixotoDesde o interior da ditadura mais repressiva do mundo, desde um país coberto por absoluto isolamento, Dentro do Segredo. Em Abril de 2012, José Luís Peixoto foi um espectador privilegiado nas exuberantes comemorações do centenário do nascimento de Kim Il-sung, em Pyongyang, na Coreia do Norte. Também nessa ocasião, participou na viagem mais extensa e longa que o governo norte-coreano autorizou nos últimos anos, tendo passado por todos os pontos simbólicos do país e do regime, mas também por algumas cidades e lugares que não recebiam visitantes estrangeiros há mais de sessenta anos. A surpreendente estreia de José Luís Peixoto na literatura de viagens leva-nos através de um olhar inédito e fascinante ao quotidiano da sociedade mais fechada do mundo. Repleto de episódios memoráveis, num tom pessoal que chega a transcender o próprio género, Dentro do Segredo é um relato sobre o outro que, ao mesmo tempo, inevitavelmente, revela muito sobre nós próprios.

A GRANDE FOME DE MAO • Frank DikotterEntre 1958 e 1962, 45 milhões de chineses passaram fome, foram sujeitos ao trabalho forçado ou mesmo espancados até à morte. Mao Tsé-Tung lançou o seu país num frenesim com o Grande Salto em Frente, uma tentativa de alcançar e ultrapassar o mundo Ocidental em menos de 15 anos, e com esse desígnio provocou uma das maiores catástrofes que o mundo jamais conheceu. “A Grande Fome de Mao” é o relato rigoroso dessa catástrofe, e lança uma luz inteiramente nova sobre a história recente da República Popular da China.

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Da parte de cá. Espécie de punhal. 2-Assento, rabo. Espada curta de um só fio. No corrente ano (abrev. lat.). 3-Grito aflitivo. Extrais, puxas. Naqueles país. 4-Bário (s.q.). Arrastara com o rodo (o sal). Negação (Pref.). 5-Pronome demonstrativo. Pau com que se impelem as bolas do bilhar. 6-Casca de pouca grossura. Daquele sítio. 7-Prefixo de origem grega que significa inteiro. Obra ou trabalho de sapador. 8-Povoação portuguesa (O. Azeméis). Partiamos. Prata (s.q.). 9-Forma antiga de mim. Desenhe traços. Retaguarda. 10-Dó (Ant.). Protelai. Moeda chinesa. 11-Ecoara. Engodos.

VERTICAIS: 1-Finalize. O m. q. Humo. 2-Variedade de andaluzite. (Minério) caracterizada por apresentar inclusões grafitosas dispostas em cruz (Geol.). 3-Astro-rei. 4-Tresnoutar. 5-Giesta em flor. Incendeie-se. 6-Pez Negro. Estimai. 7-Sulcar. Esvaziai. 8-Desprendêsseis. 9-Saia!. 10-Que é amigo de galicismos. 11-Disponho em camadas. Destros, expeditos.

HORIZONTAIS: 1-AQUEM. ADAGA. 2-CU. SABRE. AC. 3-AI. TIRAS. LA. 4-BA. RAERA. IM. 5-ESSE. U. TACO. 6-TONA. DALI. 7-HOLO. A. SAPA. 8-UL. IAMOS. AG. 9-MI. TRACE. RE. 10-UT. ADIAI. LI. 11-SOARA. ISCAS.VERTICAIS: 1-ACABE. HUMUS. 2-QUIASTOLITO. 3-U. SOL. A. 4-ESTRENOITAR. 5-MAIA. A. ARDA. 6-BREU. AMAI. 7-ARAR. D. OCAI. 8-DESATASSEIS. 9-A. ALA. C. 10-GALICIPARLA. 11-ACAMO. AGEIS.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

Aqui há gatoELEIÇÃO OU REPRESENTAÇÃOOuvi dizer que algumas das eleições na RAEM têm de passar pelas mesmas mãos: o Conselho Consultivo.Os residentes terão sido, ontem, “representados” na eleição dos delegados para o Congresso Nacional do Povo. Seja como for, não conheço a maioria dos eleitos. Se calhar os seus nomes são mais conhecidos que as suas caras. Ontem, uma jornalista do Hoje Macau teve a oportunidade de vê-los ao vivo na Torre de Macau. Contou-me que o que lá se passou não pode ser uma “verdadeira eleição”. A maioria dos escolhidos pertencem ao sector comercial. Muitos são de associações financiadas com o dinheiro público. Faço uma pergunta: quem escolhe a representação de Macau em Pequim, o Governo de Chui ou o povo?Não estou a dizer que o Governo da RAEM não possa ter uma palavra a dizer mas escolher os seus “amigos” não significa que se esteja a escolher a representação ideal da população de Macau.Outro assunto. Qual será o próximo Chefe do Executivo? Em 2001, afirmou-se que o actual procurador do Ministério Público, Ho Chio Meng, poderia ser uma séria alternativa a Chui Sai On caso este falhe a reeleição em 2014. A dica, dada por um responsável dos EUA em Hong Kong e Macau, foi dada dois meses depois de Chui assumir o cargo, o que deixou mais perplexo com ouviu na altura. O tal responsável disse também que se a metodologia para a escolha do Chefe do Executivo não fosse alterada, em 2019 Macau arriscava que Lionel Leong e Chan Meng Kam pudessem ser candidatos ao lugar. Aliás, Lionel foi tido como tendo “boas relações” com Chui Sai On e Chan Meng Kam tem grande influência junto da comunidade originária de Fujian.Se o Chui Sai On conseguir a reeleição, em 2019, Ho Chio Meng já terá 63 anos, o que pode ser um entrave à possibilidade de ser Chefe do Executivo. Enfim. Quando um sujeito norte-americano já vem dar palpites sobre a política de Macau, onde está a transparência de todo o processo? Os residentes terão alguma palavra a dizer? É porque eu não consigo ver futuro na política através das “boas relações” entre os políticos. De facto, a política não pode ser, infelizmente, um jogo sério entre aquilo que chamo de “residentes normais”. Nunca! Muito menos um gato como eu pode almejar a participar. Miau!

Pu Yi

IRON SKY

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terça-feira 18.12.2012opinião18

Ao Sr. Director do jornal Hoje Macau,

INão tendo os tribunais dado provimento a três processos em que eu era Autor (A) e a Ré a Direcção dos Serviços de Saúde, de maneira nenhuma posso permanecer-me quedo e mudo perante tamanhas injustiças de que fui vítima, dirigindo esta carta a V.Exa para publicação no seu jornal. Do rol dos quesitos que serviram de base à matéria do julgamento da “Acção de Declarativa de Condenação com Processo Ordinário”, movida contra a Ré, procuro respigar o que me pareceu chocante à face da justiça. No entanto, devo informar que haviam sido elaborados por quem negara provimento ao meu Recurso Contencioso (Proc. 1º), e que viria a ser Juiz-Relator do Tribunal de Segunda Instância. Por não provado ou provado, dão as dignas Juízas do Colectivo do Tribunal Administrativo no seu Acórdão as suas respostas aos seguintes quesitos de Base Instrutória, e sobre as quais irei incidir as necessárias observações.

Nº.1 – A decisão da intervenção cirúr-gica indicada em F) dos factos assentes, foi recomendada [em 1/11/2000] pelo seu médico assistente após diagnóstico e porque a terapêutica prescrita anterior-mente se revelou ineficiente? Resposta – Provado que a decisão da intervenção

cirúrgica indicada em F) dos factos assentes foi tomada após diagnóstico. Obs: Mas o diagnóstico havia ou não sido seguro? As juízas não respondem à pergunta nem esclarecem se a terapêutica a mim prescrita havia sido ineficiente!! Dos registos clínicos da consulta exter-na (doc. 113), verifica-se que até a 1ª. intervenção cirúrgica foram-me, apenas, feitas biópsias. No entanto, não se regista qualquer dado comprovativo do toque rectal (DRE)). A relevância do toque rectal vem mencionada nas rubricas 40 e 41 das 100 perguntas sobre a HBP, de autoria do dr. Francisco Rolo (Doc.1). Porém, as ditas biópsias tanto bastaram para que pelos médicos da Ré fossem consideradas diagnósticos seguros da HBP (hipertrofia benigna da próstata). Daí que seria recomendado a sujeitar-me à dita intervenção cirúrgica. Eis aqui a primeira negligência médica.

Nº. 2 – Num caso de suspeita de can-cro [que era o meu] não se pode operar um paciente para tratamento de HBP, designadamente, não se pode efectuar uma TURP? Resposta – Não provado. Obs: São duas doenças completamente distintas uma da outra, razão pela qual merecem tratamentos respectivos, em-bora ambas possam ser coexistentes, sendo que a HBP se desenvolve na parte central da próstata, o cancro na perifé-rica. Donde é inevitável que se faça o diagnóstico seguro, devendo o DRE ser a

primeira diligência exigida, uma vez que proporciona “valiosa informação sobre o tamanho, consistência e sensibilidade da próstata; assim como sobre a presença de nódulos sugestivos de cancro” e serve “para garantir que não há carcinoma prostático concomitante”. Se houver dúvidas então é preciso fazer biópsia múltipla da próstata. Tudo isso nos ensina o Dr. Francisco Rolo nas rubricas 40) e 41) das 100 perguntas sobre HBP (Doc. 1). Logo, uma vez que não foi provada a matéria do quesito, poder-se-á concluir que os clínicos voltaram a não respeitar os seus deveres profissionais. Eis a segunda negligência médica.

Nº. 3 – Para que um paciente possa ser operado à próstata, com o fim de tratar HBP, [que era o meu caso] tem de ter-se a certeza de que não se trata de cancro de próstata? Resposta –Não provado. Obs: – Logo, pelas razões ex-pendidas nos quesitos anteriores e uma vez que as juízas não chegam a provar que essa diligência, que ora se coloca, me havia sido efectuada, então temos de admitir que estamos perante nova negligência clínica.

Manuel de Senna Fernandes

*Por a missiva de Manuel de Senna Fernandes ser um documento com mais de vinte mil caracteres, ficou acordado que o documento ficará disponível na íntegra em www.hojemacau.com

A SOCIEDADE CIVIL REAGIUFoi um fim de semana agitado e gratificante para o Hoje Macau. Na sequência do nosso editorial de sexta-feira passada, no qual demos a conhecer ao público o documento do Ministério Público, que nos intimou a retirar da nossa página na internet um comentário de um leitor, recebemos da parte da sociedade civil da RAEM, sobretudo jurídica como solicitámos, um grande número de opiniões sobre o problema em questão. Não podemos deixar de agradecer a todos, nomeadamente ao presidente da Associação de Advogados de Macau, Jorge Neto Valente, e à Associação da Imprensa em Português e Inglês de Macau, que claramente chamaram a atenção para a necessidade de defendermos em conjunto a liberdade de expressão e os direitos e garantias expressos na Lei Básica.Na verdade, temos muita dificuldade em com-preender as atitudes, que consideramos desne-cessárias do Ministério Público, nem entende-mos a (des)razão pela qual um órgão com a sua responsabilidade, de uma forma que nos parece apressada e leviana, as toma. De facto, se o Procurador Ho Chio Meng pre-tende ainda candidatar-se a Chefe do Executivo, como por aí se sussurra, este tipo de compor-tamento cria um elevado nível de desconfiança na população da RAEM, fazendo temer por um futuro em que, eventualmente, se sentasse na cadeira do poder.O Ministério Público existe para defender os cidadãos de crimes e de abusos, mas no respeito pela mais estrita legalidade, sem a arrogância de contornar a lei a seu bel-prazer. A verdade é que o Hoje Macau continua à espera de um contacto desta entidade judicial, porque não queremos acreditar que por ali existe uma tamanha crença na sua intangibilidade e impu-nidade em relação aos actos menos próprios que eventualmente cometa.A parte boa de todo este processo é ter assistido à vitalidade com que a sociedade civil reagiu, na defesa dos valores fundamentais de um estado de Direito, onde terá que imperar o que a doutrina anglo-saxónica chama de “rule of law”. E se a sociedade civil reagiu é porque ainda acredita que vale a pena reagir. Ainda acredita que a RAEM vale a pena como território onde se é plenamente livre, onde os direitos humanos são respeitados e a lei não é letra morta. Desta vez o caso deu-se com o nosso jornal mas amanhã poderá acontecer com o mais simples cidadão cuja capacidade para trazer à superfície as questões será com certeza muito menor. Desta vez o caso ocorreu com um comentário sobre um assunto não político, mas será que amanhã poderá acontecer com uma crítica ao Chefe do Executivo, qualquer outro governante ou ao próprio Procurador?Pela nossa parte continuaremos na senda a que habituámos os nossos leitores: a defesa intran-sigente da liberdade de expressão e dos direitos consagrados na Lei Básica. Com isto – temos a certeza – estaremos a defender os mais altos interesses de Macau, dos seus cidadãos e da República Popular da China. A todos, uma vez mais, o nosso sincero obrigado.

edi tor ia l carta ao directorCarlos Morais José

As injustiças e anomalias devem ser sempre denunciadas*

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Leocardo; Maria Alberta Meireles; Mica Costa-grande; Paul Chan Wai Chi; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

cartoon O BEBÉ CHORÃOpor Steff

19opiniãoterça-feira 18.12.2012 www.hojemacau.com.mo

Desígnios

à f lor da peleHelder Fernando

Em Macau, há uma ou outra associação que definha com a falta de apoios, com falta de espaços, com falta de tudo menos da boa vontade de quem pensa nos outros. Até existe um triste exemplo de uma associação ser corrida do espaço onde amparava tantas crianças e jovens, sob o martelo gigante da criminosa exploração imobiliária sem regra nem controlo

INão se entende nada.

Desde que começamos a abrir um pou-co olhos, dizem-nos sobre uma qualquer razão para andarmos por este mundo, até nos falam em desígnio. Naturalmente que há outras teorias a colocarem o ser huma-no como apenas fruto das contingências e nada mais para além disso. O facto é que estamos neste mundo, observamo--lo, relacionamo-nos com ele, tentamos compreendê-lo, temos desejos, ambições, apreensões. Também, quando calha, este mundo nos catalisa. Temos pensamento, portanto, inteligência.

Na nossa natureza, temos ainda o corpo, parte importante nas conexões que natu-ralmente o corpo tem com os aspectos da vida, mas que uma série de religiões e ideo-logias ditas políticas pretende teoricamente diminuir, acorrentar, subjugar ou castrar no fundo. As mesmas que se enfurecem quando pensamos e agimos desigual ao que eles controlam e determinam. Os decisores do mundo, estejam lá onde estiverem, andam investidos numa função principal: diminuírem-nos. Para um leigo como eu, esta é a famigerada Ordem Social deste tempo. Constância essa que durará até à rebelião total. A rebelião que nos acorde com lucidez para desconstruir o que anda sendo mal construído.

Na relação que cada um de nós tem com o mundo, corpo e pensamento, é que está porventura o entendimento sobre o quotidiano que nos cerca. Os psicólogos ou os filósofos serão os melhores na tentativa de descodificarem para nós alguns destes mistérios aparentes.

Não se entende nada. Objectivamente, os grandes decisores não nos deixam discordar deles consequentemente. Um pouco mais e proíbem-nos a atitude do sonho. Já que quanto a valores, os decisores do mundo - montados sempre nos habituais burros de carga - já nem sequer pensam nisso, nos valores que conferem sentido à vida.

Mudam os valores conforme a época histórica, sofrem ou beneficiam com a influ-ência do tempo? Parece que os especialistas no relativismo dizem que sim. Só que existe perenidade em alguns deles: o da amizade, da lealdade, da honra. São valores absolutos e fazem sentido.

As crises sociais, as dívidas públicas, as soberanas, as crises financeiras, esse pa-lavreado todo, provocam alterações muito significativas, servem para tudo ou quase. Começam por salvar bancos falidos e cor-ruptos com sacrifício dos contribuintes da classe média para baixo. Aprendemos - e

ultimamente ouve-se com alguma frequên-cia - que do grego, a palavra crise significa questionamento e decisão. A instabilidade, como assistimos mais longe ou mais perto das crises, disfarçadas ou não que elas estejam à nossa volta, não deve alterar a chamada hierarquia dos valores clássicos. Podendo até acrescentar outros que vão chegando nas últimas décadas: a ecologia é, possivelmente, um dos mais importantes.

Como os instintos políticos de grande parte dos decisores são perfeitamente terroristas, ao menos que da ecologia derrame algo de positivo e exemplar.

Já passou, em grande parte dos países, o tempo em que as sociedades se regiam pelas normas do direito. Hoje existem estados com democracia formal onde o povo deixou de ser soberano, nem anda lá próximo sequer. Acho ultrajante assistirmos a altos responsáveis falarem de moralidade, de direitos humanos, de preocupação pelos mais sacrificados. Nojenta verborreia. A corrupção anda dando golpes tremendos nas ditaduras, quanto mais nas frágeis democracias.

IIAs Nações Unidos criaram o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo. Foi em 2007, precisamente a 18 de Dezembro.

Por todo o mundo, gente de bem, com enorme altruísmo, saber, sacrifício, abnega-ção, tem erguido associações de ajuda a este tipo de deficiência, e a outros. Os governos, alguns, lá vão dando uns arremedos de apoio, muitas vezes apenas para descarregar a má consciência.

Em Macau, há uma ou outra associação que definha com a falta de apoios, com falta

de espaços, com falta de tudo menos da boa vontade de quem pensa nos outros. Até existe um triste exemplo de uma associação ser corrida do espaço onde amparava tantas crianças e jovens, sob o martelo gigante da criminosa exploração imobiliária sem regra nem controlo.

Profunda tristeza.

IIIHá precisamente um ano, fazíamos luto pela morte de um dos nomes mais importantes do século XX, e também deste, na luta pelos direitos humanos. Vaclav Havel, que muito para além de ter sido o último presidente da Checoslováquia e o primeiro presidente e fundador da República Checa, foi cultural e politicamente um homem extraordinário. Com ou sem ironia (atitude de que ele muito gostava, segundo se diz) escreveu poemas, peças de teatro, ensaios políticos e sobre variados temas. Vaclav Havel foi o símbolo da chamada Revolução de Veludo, o político eloquente e lúcido, não apenas o dissidente, contra as tiranias e contra as ditaduras ditas comunistas, o homem que imaginou uma Europa e um mundo para este tempo, afinal tão diferente agora do que ele ambicionou.

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terça-feira 18.12.2012www.hojemacau.com.mo

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Maria João BelchiorEm Pequim

TERMINAR um curso univer-sitário há muito que deixou

de representar emprego certo no Ocidente. Mas a tendência não é exclusiva dos países afectados pela crise e os recém-licenciados chineses começam a ter mais difi-culdade em encontrar um trabalho certo quando acabam o curso.

Num estudo académico realizado pela Universidade de Economia e Finanças em Chengdu, os resultados revelam que no ano 2011, um total de 16,4 por cento da população urbana com idades entre os 21 e os 25 anos e formação univer-sitária, estava desempregada. Um número que contrastava com os 4,2 por cento daqueles que com a mesma idade mas sem cursos superiores, também estavam desempregados. Sendo um estudo preliminar e o pri-meiro publicado que pretende analisar um problema cada vez mais presente na sociedade chinesa, não é ainda suficiente para tirar conclusões. Para um dos responsáveis pelo projec-to de estudo do desemprego na China, o número tão alto entre recém-licenciados é um fenómeno temporário. O inves-tigador Li Gan considera que as expectativas dos estudantes são muito altas quando terminam os cursos e cedo descobrem que os primeiros empregos não lhes oferecem o salário com que sonhavam. Segundo este modelo, o desemprego acaba depois por descer.

O grande medo dos estudan-tes universitários é igual na Chi-na ou na Europa. Para a maior parte o único sonho é arranjar um emprego estável. Na China, o sector público continua a ser o que oferece maiores benefícios

Primeiro estudo académico publicado

Mais licenciados no desemprego

pela própria estabilidade a ele inerente. No entanto, a procura supera em muito a oferta de posições e a maior parte tem de seguir a busca para o sector privado onde a concorrência é mais forte e é preciso aceitar a primeira oportunidade, mesmo que longe do trabalho dos so-nhos de estudante.

Considerando todos os sectores etários na sociedade, os jovens urbanos ainda são os que têm um desemprego mais baixo. Para quem não chega a terminar o ensino secundário, é mais difícil encontrar trabalho.

Com a reforma nos 50 anos nas mulheres e 60 anos nos homens, um reflexo dos tempos antes da reforma, o desemprego também se tornou um receio dos mais velhos. O encerrar de várias empresas públicas levou gente com pouco mais de 40 anos para o desempre-go. Várias empresas públicas, sobretudo fora das cidades mais desenvolvidas, continua hoje a passar por processos de reestruturação.

No total, de acordo com o estudo que foi tornado público no passado fim-de-semana, há 27.7 milhões de desempregados nos meios urbanos chineses, o que representa oito por cento do total da população urbana. Neste como em outros estu-dos transversais na sociedade chinesa, coloca-se o problema de saber quem está ou não está registado como urbano. A questão do hukou, o registo de nascimento que diferencia entre urbano e rural, torna di-fícil averiguar o número total dos desempregados dos meios urbanos, visto que uma grande parte da população faz parte do que o governo chama a “popu-lação flutuante” e não aparece em estatísticas.