hoje macau 12 dez 2014 #3233

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ENTREVISTA TONG NOI TONG, COMENTADOR DE ASSUNTOS SOCIAIS E POLÍTICOS JOSÉ SIMÕES MORAIS h É o pedido do ex-assistente do Gabinete da Comissão Executiva da TDM que apela ao novos Secretários para assumirem os seus deveres sem medo de cometer erros. Tong Noi Tong aponta ainda falhas ao actual regime da Função Pública, acusando-o de demasiada protecção aos funcionários. Por favor exercam a sua autoridade ´ DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 12 DE DEZEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3233 DIREITOS HUMANOS Activistas: Pior ano de sempre POLÍTICA PÁGINA 6 CONSELHO EXECUTIVO Duas mudanças no onze habitual POLÍTICA PÁGINA 4 ANIMA Orgulho em dia de aniversário SOCIEDADE PÁGINA 8 hojemacau 77 ANOS DO MASSACRE DE NANJING PUB AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PÁGINAS 2-3

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Hoje Macau N.º3233 de 12 de Dezembro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 12 DEZ 2014 #3233

ENTREVISTA TONG NOI TONG, COMENTADOR DE ASSUNTOS SOCIAIS E POLÍTICOS

JOSÉ

SIM

ÕES

MOR

AIS

h

É o pedido do ex-assistente do Gabinete da Comissão Executiva da TDM que apela ao novos Secretários para assumirem os seus deveres sem medo de cometer erros. Tong Noi Tong aponta ainda falhas ao actual regime da Função Pública, acusando-o de demasiada protecção aos funcionários.

Por favor exercam a sua autoridade

´

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E X TA - F E I R A 1 2 D E D E Z E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 2 3 3

DIREITOS HUMANOS

Activistas: Pior ano de sempre

POLÍTICA PÁGINA 6

CONSELHO EXECUTIVO

Duas mudanças no onze habitual

POLÍTICA PÁGINA 4

ANIMA

Orgulho em dia de aniversário

SOCIEDADE PÁGINA 8

hojemacau 77 ANOSDO MASSACRE

DE NANJING

PUB AGÊNCIA COMERCIAL

PICO 28721006

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PÁGINAS 2-3

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HOJE

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hoje macau sexta-feira 12.12.20142 ENTREVISTAFLORA [email protected]

As principais obras pú-blicas do Governo, como o terminal marítimo de passageiros do Pac On ou o Metro Ligeiro, sofrem constantes atrasos e exces-sos de despesa. Já referiu que isso acontece porque não existem sanções pesa-das para as construtoras. Pode explicar melhor?A penalização é uma ideia que todos compreendem: quanto maior for, os custos para as construtoras serão maiores e estas ficarão com medo. As actuais sanções são irracionais, são dema-siado leves. Como já referi, uma obra que custa dez mil milhões de patacas, as cons-trutoras preferem pagar um milhão de patacas de multa. Outra questão que se pode colocar caso as sanções aumentem, é em relação ao executante, e se este terá poder suficiente para o fa-zer. Caso as sanções sejam elevadas o suficiente, como 30% do valor do contrato, e se as multas forem demasia-do pesadas para pequenos erros, acredito que poucos vão querer assinar contratos para obras com o Governo. Isto também não pode acon-tecer e o Governo tem de analisar melhor a situação. O facto é que os atrasos do regime jurídico trazem dificuldades na execução de muitas leis e regulamentos.

TONG NOI TONG, EX-ASSISTENTE DO GABINETE DA COMISSÃO EXECUTIVA DA TDM

“Espero que Secretários exerçam Comentador habitual de assuntos sociais e políticos na imprensa chinesa, Tong Noi Tong critica o actual regime da Função Pública, acusando-o de proteger em demasia os funcionários públicos. Para Tong Noi Tong, o director da DSAT, Wong Wan, é um “caso raro” de quem assumiu os erros. Quanto ao Governo, é preciso “sangue novo” para que haja renovação das equipas

Caso não sejam feitas as previsões por parte do Governo em relação às obras, os membros do Executivo também devem assumir as responsabilida-des, inclusivamente com penalizações?Devemos ver isso com diferentes pontos de vista. Os membros do Governo têm responsabilidade e autoridade, mas reparo que quando têm de exercer esses dois deveres, preferem não o fazer para não cometer erros. Como no Governo existe a preponderância do poder executivo, os membros do Governo têm a autoridade nas mãos, mas nem todos revelam as suas opiniões. As decisões do Governo não são concretas, o que faz com que existam esses atrasos nas obras de grande dimensão.

Não está explícito qual a autoridade que executa as leis, parece que todos os departamentos as executam, ou então parece que ninguémas executa

O Governo espera sempre por um consenso da sociedade para tomar uma decisão final, mas essa medida contraria o actual modelo, que dá a preponderância ao poder executivo, é uma forma passiva de actuar

Um dos exemplos poderá ser as propostas para o traçado do Metro Ligeiro na zona norte?Sim. O Governo espera sempre por um consenso da sociedade para tomar uma decisão final, mas essa

Não está explícito qual a au-toridade que executa as leis, parece que todos os depar-tamentos as executam, ou então parece que ninguém as executa. A situação é pior nos trabalhos interdeparta-mentais, porque quando se toma uma medida, ninguém sabe quem decide, o que causa estes problemas. São necessários muitos esforços do Governo.

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3 entrevistahoje macau sexta-feira 12.12.2014

Como avalia o actual regime da Função Pública?Todos dizem que existem dema-siados funcionários públicos, em que muitos não fazem nada ou cuja eficiência é baixa. Então qual é o ponto crítico? Temos em vigor o regime da Função Pública do tem-po da Administração portuguesa, quando o objectivo era proteger os funcionários públicos. Mas na sociedade actual, onde se exige eficiência, existe demasiada pro-tecção. Por exemplo, para aprovar um despacho, um funcionário de-mora várias semanas para o fazer, enquanto outro colega aprovou três. O primeiro não pode ser despedido, porque não errou, e até é pontual no

FUNÇÃO PÚBLICA REGIME, PRÁTICAS E PROCESSOS

Depressa e bem não há quem

Penso que quanto mais tempo os funcionários estão no Governo mais fácil é serem influenciados pelos maus hábitos

a sua autoridade”medida contraria o actual modelo, que dá a prepon-derância ao poder execu-tivo, é uma forma passiva de actuar, o que causa as demoras. Mas a população também não pode fugir às suas responsabilidades. Muitas pessoas dizem que o Governo errou, mas onde mais errou foi na questão do poder executivo, já que as equipas não dominam muitos assuntos. Em 2005, todas as oposições feitas pelos residentes e deputa-dos foram feitas sem um princípio. Discordaram do traçado na zona norte (traçado elevado margi-nal) porque acham que vai servir turistas e não os residentes. Depois o Go-verno ouviu as opiniões e aí o traçado na avenida 1º de Maio já ia influenciar o dia-a-dia das pessoas. São contraditórios. Muitos re-sidentes foram enganados, não têm conhecimentos profissionais. Só podemos acreditar nos dados. Os moradores não entendem que o som que será feito pelo Metro Ligeiro será menor do que o barulho dos autocarros, e também não vai destruir todo o jardim da Areia Preta. As opiniões da população influenciam as decisões do Governo, e quando os profissionais contrariam a vontade da população, é difícil que as medidas do Executivo se-jam implementadas. Sugiro que se convidem as pessoas mais discordantes e jorna-listas a visitarem sistemas semelhantes ao do Metro Ligeiro no estrangeiro. Aí poderá ver-se como é na realidade, se traz ruído ou poluição. Aí ninguém poderá mentir. Em Hong Kong, no interior da China ou em Taiwan já fizeram isso.

O trânsito em Macau é um caos. Acha que o director dos Serviços para os As-suntos de Tráfego (DSAT), Wong Wan, não fez um bom trabalho?O trânsito em Macau é de facto um caos, e a imagem de Wong Wan é negativa. Mas comparando com ou-tros directores, esse tem uma vantagem: quando o Comissariado contra a

Corrupção (CCAC) denun-ciou os contratos ilegais com as operadoras de au-tocarros, Wong Wan teve a coragem de assumir o erro. Disse que não podia fugir das responsabilida-des e avançou com novos trabalhos. Acredito que ninguém vai dizer que Wong Wan não fez nada. No mínimo, o director da DSAT exerceu a sua auto-ridade. Mesmo sendo um trabalho de risco, é um dos poucos que mostra vontade de trabalhar, mesmo que os resultados sejam alvo de muitas críticas.

O novo Governo vai tomar posse já no dia 20. Quais

Quando o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) denunciou os contratos ilegais com as operadoras de autocarros, Wong Wan teve a coragem de assumir o erro

trabalho. Um vice-director de um serviço disse uma vez que, muitas vezes, os funcionários querem fazer determinado trabalho, mas há uma cláusula que diz que o departamento não trata daquele assunto. Ou seja, um chefe pode não acarretar uma ordem do superior, porque está pro-tegido por essa cláusula. Esse é um problema que será difícil resolver, porque se essa protecção acabar, ninguém vai querer ser funcionário público.

Foi discutido a semana passada na Assembleia Legislativa (AL) o orçamento para 2015, que prevê o recrutamento de mais 2200 fun-cionários públicos. O seu índice

salarial também vai aumentar, prevendo-se um aumento da despesa em 2,9 mil milhões de pa-tacas. Como avalia essa questão?O recrutamento de mais funcio-nários públicos é algo que me deixa contente, porque prova que o Governo reconhece que precisa de sangue novo. Penso que quanto mais tempo os funcionários estão no Governo mais fácil é serem influenciados pelos maus hábitos. Só podemos recrutar jovens para activar mais a equipa governativa, porque têm ambição.

Mas, segundo essa ideia, como se pode garantir que os jovens funcionários não sejam também influenciados por esses maus hábitos?Penso que podem ser criados uns prémios ou medidas de enco-rajamento para que sejam mais activos no trabalho, para que se possam dar mais oportunidades. Mas a promoção deve ser feita consoante os sucessos obtidos, e não de acordo com a experiência ou anos de trabalho. A utilização de talentos é importante. Não as habilitações profissionais dos Secretários, mas sim se o Chefe do Executivo sabe ou não usar os talentos de que dispõe e se promo-ve os directores dos departamento. Chan Meng Kam, na qualidade de presidente da Comissão de Acompanhamento para os As-suntos da Administração Pública,

referiu que todas as avaliações feitas foram de “muito bom”. Isso quer dizer que não há problemas nas equipas? São excelentes? O regime deve determinar que só os que conseguem trabalhar bem devem ser promovidos. Podem ser adicionadas regras, para que em cada departamento só se possa promover um funcionário. Caso contrário, se vão todos esperar que uma promoção aconteça de dois em dois anos, é um problema.

SEM DIVERSIF ICAÇÃO NÃO HÁ PROMOÇÃO Questionado sobre um inquérito recente da Associação de Gestão de Macau, que revela que 68,7% dos trabalhadores locais nunca foram promovidos, Tong Noi Tong defende que isso se deve à falta de diversificação económica. “No geral, a indústria do Jogo trouxe benefícios para Macau, mas sacrificou um recurso social importante, os jovens. Recordo-me de um episódio em 1997, quando estava a acabar o meu curso, e um colega meu desistiu da licenciatura para trabalhar como croupier. Cada vez mais pessoas têm a ideia de que é inútil estudar. Depois, as pessoas não têm habilitações, não sabem inglês. Ao mesmo tempo, há cada vez mais investidores estrangeiros e trabalhadores filipinos que competem com eles. Para além de serem croupiers, que outros trabalhos vão fazer? Como podem ser promovidos? A qualificação não é suficiente, mas o Governo e as entidades disponibilizam cursos, então é um problema das próprias pessoas. Mas também temos de pensar que essas pessoas não são promovidas porque em Macau não existe a diversificação da economia. O Governo tem tentado fazer isso mas é difícil atingir o objectivo. Quando a economia estiver diversificada, então todos os sectores podem ter os seus talentos. É pena que apenas exista uma indústria.”

as suas perspectivas sobre os próximos Secretários?É simples: tal como já disse anteriormente, têm a autori-dade e a responsabilidade. Todos os residentes, mesmo o deputado José Pereira Coutinho, dizem sempre que deve ser criado o regime de responsabilização para os titulares dos principais cargos. Qual responsabili-zação? É verdade que esse regime precisa de melhorias, mas espero que os titulares desses cargos exerçam pri-meiro a sua autoridade com eficiência e seriedade, e só depois se pense na forma de assumir responsabilidades. O que acontece é que os membros do Governo não exercem a sua autoridade. Não quero comentar a ori-gem dos novos Secretários ou a relação que têm uns com os outros. Só espero que eles exerçam a sua autoridade logo que assumam os cargos, por favor.

Mas o Chefe do Executivo, Chui Sai On, prometeu que vai op-timizar a governação e reduzir procedimentos administrativos. Mas agora vai recrutar mais funcionários e a despesa pública vai ser maior. Os conflitos podem surgir?Espero que os residentes entendam uma coisa: é impossível o Governo dizer hoje e realizar amanhã. Esse problema foi sendo acumulado ao longo dos anos. A ideia é boa e pelo menos Chui Sai On tem vontade de começar. Se conseguir começar isso no próximo mandato, já será bom, mesmo que não o consiga concretizar em cinco anos. Mas pelo menos isso já dará um grande apoio à governação. - F.F.

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4 POLÍTICA hoje macau sexta-feira 12.12.2014

Chui Sai On nomeou ontem os onze membros do Conselho Executivo, sendo que a nova Secretária para a Administração e Justiça e o deputado indirecto substituem os lugares de Florinda Chan e Lionel Leong Vai Tac. Larry So não prevê mudançasna concepçãode políticas

ANDREIA SOFIA SILVA*[email protected]

A partir do dia 20 de De- zembro a recém-no-meada Secretária para a Administração e Jus-

tiça, Sónia Chan Hoi Fan, passa a fazer parte do Conselho Execu-tivo, juntamente com o deputado indirecto e empresário Chan Chak Mo. São estas as duas grandes alterações feitas por Chui Sai On na escolha dos onze membros que o vão apoiar na elaboração de políticas governativas para os próximos cinco anos. Leong Heng Teng mantém-se como membro e porta-voz, juntando-se aos nomes dos deputados indirectos Leonel Alves e Cheang Chi Keong, e do deputado directo Chan Meng Kam. Peter Lam, do conselho de administração da Universidade de

O deputado José Pe-reira Coutinho en-

tregou uma interpelação escrita ao Governo onde pede que este comece a fiscalizar a atribuição dos horários aos trabalhado-res do Jogo, por forma a certificar-se de que os horários respeitam as condições familiares e de saúde dos croupiers. “O Governo deve rever

a lei laboral, criar re-gimes para o trabalho por turnos e fiscalizar as concessionárias do Jogo, solicitando-lhes a elaboração de horários por turnos com caracterís-ticas ‘humanas’, ou seja, tendo em conta a saúde e a vida familiar dos seus trabalhadores”, escreveu.

Coutinho lembrou que, durante a década

de 80, “o Governo dava muita importância ao regime de definição de horários por turnos da concessionária de Jogo (STDM), porque a sua implementação carecia na altura da autorização do Governador. Mas de-pois do retorno à Pátria, o Governo da RAEM ‘re-tirou daí as suas mãos’”.

O deputado e pre-

sidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) frisou também que muitos dos croupiers não recebem subsídios de turnos. “O Governo deve rever a lei laboral e eliminar a respectiva norma irracional que constitui uma limitação à concessão do subsídio de turno”, concluiu. - A.S.S.

SÓNIA CHAN HOI FAN E CHAN CHAK MO NO CONSELHO EXECUTIVO

Substituição a quanto obrigas

“Não penso que haverão grandes mudanças ao nível da concepçãode políticas”LARRY SO Académico

Uma das pessoas que pediu alterações profundas foi a do-cente da Universidade de Macau (UM) e ex-candidata às eleições legislativas, Agnes Lam. Num programa Fórum Macau, da TDM, no passado domingo, a docente disse que “a forma de no-meação e a estrutura do Conselho Executivo são problemáticas”, tendo defendido mesmo que todos os Secretários deveriam ser membros, para dominarem os assuntos em agenda.

NOMEAÇÕES SÃO “UMA HONRA”Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, Sónia Chan Hoi Fan disse ser “uma honra” ter recebido a nomeação de Chui Sai On. “A minha principal função no futuro será reflectir sobre a actual situação da Função Pública e dar opiniões e recomendações. Vou também comunicar com as outras áreas, para que possa aprender com as suas opiniões. Vou dar tudo o que puder”, frisou.

A futura Secretária para a Ad-ministração e Justiça disse ainda que o Conselho Executivo “tem uma boa via de comunicação” com a Assembleia Legislativa (AL), prometendo reforçar o que já existe.

Já Chan Chak Mo referiu que a nomeação é “uma honra” e prometeu “contribuir com os seus conhecimentos e experiência na área da cultura, alimentação e turismo”, sem esquecer os assun-tos sociais, como o transporte e a habitação. O deputado à AL disse acreditar que “o Conselho Execu-tivo poderá expressar melhor e mais directamente os seus pontos de vista junto do Governo”.

Mantendo o cargo de deputado, Chan Chak Mo promete não violar o principio de confidencialidade. “Os representantes do Governo explicam na AL os conceitos ge-rais das leis, mas poderei depois explicar melhor na comissão permanente. Até se pode acelerar a comunicação entre o Governo e a AL”, concluiu.

Numa nota oficial, Chui Sai On disse “acreditar que os membros nomeados desempenharão fiel-mente as funções que lhes estão consignadas”. - com F.F. e C.L.

Macau (UM) é outro dos membros, bem como Ho Sut Heng, presidente da Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM). Ma Iao Lei, Liu Chak Wan e o arqui-tecto Eddie Wong são os restantes nomes que se mantêm.

Trata-se de uma substituição que era necessária, uma vez que Florinda Chan, que pertencia à anterior com-posição do Conselho, está de saída do Governo. Já Chan Chak Mo entra para substituir Lionel Leong Vai Tac, que vai ser o novo Secretário para a Economia e Finanças.

IGUAL NO ESSENCIALConvidado a comentar as no-meações, o antigo académico do

Instituto Politécnico de Macau (IPM), Larry So, garantiu não esperar grandes mudanças em relação ao papel desempenhado pelo Conselho Executivo.

“Muitos defendiam que de-veria haver uma total renovação dos membros, mas eu não espe-rava mudanças. Não penso que haverão grandes mudanças ao nível da concepção de políticas”, garantiu.

Larry So frisa que nem o pró-prio Chefe do Executivo anseia alterações profundas. “Penso que Chui Sai On não iria querer grandes alterações, está satisfeito com esta composição. A haver mudanças nas funções e na es-

trutura teria de haver aprovação do Governo Central e isso seria difícil. O Chefe do Executivo tem uma boa relação com os membros do Conselho Executivo, que tem apoiado bastante Chui Sai On nas suas políticas”, adiantou o académico.

Coutinho quer Governo a fiscalizar horários dos croupiers

Sónia Chan Hoi Fan Chan Chak Mo

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5 políticahoje macau sexta-feira 12.12.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

“J Á está completo todo o Re-gime em termos de combate à corrupção. Se no futuro se fizer mais alguma coisa, isso

será responsabilidade do Governo.” A frase pertence ao deputado Chan Chak Mo, presidente da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), que finalizou ontem a discussão do Regime de prevenção e repressão dos actos de corrupção no comércio externo.

Tal como já tinha sido avançado, o diploma será votado na especialidade no próximo plenário, dia 17, para que fique aprovado a tempo da avaliação da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a aplicação da Conven-ção contra a Corrupção em Macau.

Esta proposta de lei visa regular os actos de corrupção dos funcionários públicos estrangeiros e também dos funcionários públicos que desem-penhem funções em organizações internacionais públicas.

Significa isto que está sujeito a pu-nição “quem subornar um funcionário público de jurisdição à RAEM ou um funcionário de organização interna-cional pública como contrapartida de acto ou omissão no exercício das suas funções, com o fim de obter ou conservar um negócio ou outra vanta-gem indevida no âmbito do comércio externo”. Caberá ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC) realizar as investigações dos casos.

SANÇÕES IGUAIS O parecer jurídico, ontem assinado, frisa que o Governo não quis aumentar as molduras penais a aplicar nestes ca-sos, tendo-se ficado pelo que já consta no Código Penal: penas de prisão até três anos ou a aplicação de multas. Chan Chak Mo não adiantou valores.

“Quanto à definição das medidas sancionatórias, o legislador tem uma maior liberdade, visto que na Con-venção não está prevista a disciplina para as mesmas. Porém, o Governo não propõe a alteração da actual política penal, e preconiza que para a corrupção no comércio externo serão aplicadas as sanções já definidas no Código Penal para a corrupção de funcionários públicos do território”, pode ler-se.

O parecer frisa ainda que “a elabora-ção da presente lei constitui uma forma de contribuição para o aperfeiçoamento do regime penal local, dado que não irá regular apenas os actos de corrupção de funcionários públicos estrangeiros e de funcionários de organizações internacionais públicas, mas também actos de corrupção de funcionários de organizações públicas do interior da China, Hong Kong e Taiwan”.

FLORA [email protected]

A deputada Ella Lei considera que o Regime de Previdência Central não Obrigatório deve começar a ter efeito

o mais rapidamente possível. Este tem, na sua opinião, o objectivo de providenciar se-gurança de vida aos residentes aposentados através da poupança a longo prazo e valori-zação do investimento feito pelos cidadãos. No entanto, mostrou-se desapontada com o facto do Governo ter planeado, há mais de sete anos, e o Fundo de Segurança Social (FSS) ter referido que a proposta estaria concluída até final do ano ou início de 2015, mas não haver ainda um calendário de implementação.

Por outro lado, apontou Ella Lei, a retri-buição do investimento é outro dos assuntos ao qual está atenta e muitos residentes estão preocupados com eventuais falhas de despe-

ELLA LEI EFECTIVAR REGIME DE PREVIDÊNCIA CENTRAL NÃO OBRIGATÓRIO

Mais segurança para quem já deu

O hemiciclo já concluiu a discussão sobre o Regime de prevenção e repressãodos actos de corrupção no comércio externo, que deverá ser votado na especialidade dia 17. Chan Chak Mo destacou o facto do combate à corrupção se fazer agoraem todas as frentes, no sector público e privado

CONCLUÍDA ANÁLISE DO REGIME DE CORRUPÇÃO NO COMÉRCIO EXTERNO

Combate em todas as frentes

O diploma será votadona especialidade no próximo plenário, dia 17

sas na gestão do fundo, bem como na perda de contribuições. Para ilustrar esta preocupação, a deputada lembra que já aconteceram casos do género em Hong Kong.

MAIOR COMPETIÇÃOElla questionou ainda o Executivo sobre a eventual utilização do método praticado em Singapura como referência. É que este possibi-lita que os cidadãos possam escolher o tipo de investimento que pretendem fazer. Tal deverá condicionar o valor monetário que flui e que é

investido. Para a deputada, este método permite mais competição no mercado, assim mantendo um nível de despesa razoável de gestão do fundo. Além disso, a deputada da área dos operários espera que o Governo diminua gradualmente o investimento de recursos na Fundação Macau, descolando este montante para o FSS, planeando a sociedade futura mais velha.

Este sistema foi pensado para ajudar os cidadãos do território no período de aposen-tação. É, como o próprio nome indicada, um regime facultativo, pelo que os residentes não são obrigados a contribuir. De acordo com o website do FSS sobre o tema, trata-se de um mecanismo que pretende fortalecer o sistema de financiamento já existente, incluindo me-didas de benefícios fiscais e outras regalias.

Decorreu, este ano, uma consulta pública sobre o tema e no documento o FSS sublinha que este regime propõe a criação de dois planos de contribuições distintos.

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6 política hoje macau sexta-feira 12.12.2014

LEONOR SÁ [email protected]

O balanço do es-tado dos Direi-tos Humanos no último ano

na RAEM, feito pela Socie-dade Aberta de Macau e pela Macau Consciência é claro: 2014 foi um dos piores anos em termos de cumprimento pelos direitos políticos, la-borais, académicos e sociais dos cidadãos. Os dois grupos asseguram mesmo que o Go-verno não seguiu nenhuma

DIREITOS HUMANOS ACTIVISTAS APONTAM 2014 COMO “O PIOR” ANO

Segue novo relatórioA Sociedade Aberta de Macau e a Macau Consciência reuniram-se ontem para anunciar o envio do quarto relatório à ONU, documento que exalta momentos como o “referendo civil”, o processo disciplinar contra o professor Bill Chou ou a detenção de activistas. Para além disto, os dois grupos asseguram que o Executivo não seguiuas sugestões dadas pela ONU

indigitados vão continuar a permitir actos de violação face aos Direitos Humanos. O presidente da Sociedade Aberta de Macau realçou a escolha de Sonia Chan para o cargo de Secretária para a Administração e Justiça. Na conferência de ontem, Chao referiu que vários dos novos Secretários têm uma “longa história” de violação dos Direitos Humanos. Se-gundo Jason Chao, foi Sonia Chan quem deu ordem para a proibição do ‘referendo civil’, alegando violação da Lei de Protecção de Dados Pessoais. Chao aproveita para recordar também que Wong Sio Chak – novo Secretário para a Seguran-ça – e o novo director dos Serviços de Polícia Unitá-rios, Ma Io Kun, estavam integrados no grupo contra a actividade. “Ip Song Sang [novo Procurador] praticou censura política em relação à minha plataforma eleitoral. Por isso, não estou optimista em relação às acções destes dirigentes quando tomarem posse”, rematou.

das sugestões feitas pela Organização das Nações Unidas (ONU), no relatório publicado em Março do ano passado. “O Governo não cumpriu nenhuma das su-gestões da ONU”, reforçou Jason Chao, em declarações ao HM. Os colectivos volta-ram a juntar-se ontem para enviar a quarta carta à ONU, sendo esta a mais extensa de todas, algo justificado por Jason Chao com o facto de 2014 ter sido o ano com “mais violações de Direitos Humanos”.

Por outro lado, lembram os colectivos, pouco foi feito para deixar de limitar os direitos políticos da po-pulação. “Tanto o Governo Central como o local mos-tram querer continuar com o sistema político actual, que nega direitos políticos a uma grande fatia dos cidadãos”, podia ler-se no comunicado entregue na conferência. Os grupos apontam ainda falhas nas áreas da liberdade de expressão e de imprensa, recordando o caso de cartas anónimas que denunciavam

a existência de auto-censura por parte de jornalistas da TDM. A lista de alegados casos de abuso de poder por parte do Governo con-tinua, mas é na liberdade de organizar reuniões e de expressão académica que Jason Chao mais insiste. Para ilustrar a falta disso mesmo, a Sociedade Aberta de Macau e a Macau Cons-ciência referem o media-tismo que teve origem na criação do ‘referendo civil’. “As autoridades recusaram--se a dar permissão para a realização da actividade, justificando que iria haver uma multidão nas ruas para ver o fogo-de-artifício de celebração do Dia Nacio-nal”, refere o comunicado. A suposta discriminação feita aos professores Eric Sautedé e Bill Chou – na Universidade de São José e da Universidade de Macau, respectivamente –, devido às suas ideologias políticas, foi também sublinhada. “O processo disciplinar [a Bill Chou] arrastou-se por mais de seis meses, quebrando os regulamentos internos que declaram que um pro-cesso disciplinar tem que estar concluído num prazo máximo de 30 dias úteis”, adianta.

O relatório continua, re-ferindo casos problemáticos de falta de habitação para os residentes, ou dos direitos dos trabalhadores. Ontem, durante a conferência de apresentação do quarto rela-tório entregue à instituição internacional, o presidente da Sociedade Aberta de Macau, referiu que a ONU

havia recomendado que o funcionamento do Comis-sariado contra a Corrupção estivesse de acordo com os Princípios de Paris ou que, em vez disso, fosse criado uma instituição de Direitos Humanos de cariz indepen-dente. Questionado sobre a certeza da inexistência, até à data, de uma instituição deste género, Jason Chao respondeu ao HM que não tem conhecimento de uma criação neste sentido. “Sabe de alguma instituição que tenha sido criada recente-mente e que regule os Di-reitos Humanos? Eu não”, apontou Chao.

NOVO GOVERNO, AS MESMAS VIOLAÇÕESJason Chao apontou ainda que os novos Secretários

“Tanto o Governo Central comoo local mostram querer continuar com o sistema político actual, que nega direitos políticos a uma grande fatia dos cidadãos”

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7 políticahoje macau sexta-feira 12.12.2014

LembretePlano de comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico

e Apoio pecuniário para o ano de 2011

1. O prazo limite para a apresentação do pedido de atribuição do y de comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico e do Apoio pecuniário para o ano de 2011 é fixado em 31 de Dezembro do corrente ano.

2. Os indivíduos que satisfaçam os requisitos de atribuição, mas não tenham ainda formulado o pedido, devem dirigir-se até ao termo do prazo supracitado ao Centro de Serviços do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, sito na Avenida da Praia Grande, n.ºs 762-804, Edifício “China Plaza”, 2.º andar, Macau, para efeitos de tratamento das respectivas formalidades.

3. Por último, solicita-se que os cheques ainda não sacados sejam apresentados, com a maior brevidade,, junto de qualquer instituição bancária de Macau.

Macau, ao 01 de Dezembro de 2014.

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CECÍLIA L [email protected]

A Associação Nova Visão de Macau (ANVM), lidera-da por Li Lue e

Lou Shenghua, ambos do-centes do Instituto Politécni-co de Macau (IPM), lançou ontem os resultados do seu mais recente inquérito rea-lizado junto da população, desta vez sobre o trabalho dos deputados directos à As-sembleia Legislativa (AL).

Os dados mostram que Chan Meng Kam é o depu-tado mais conhecido, mas mais pessoas reconhecem o trabalho feito por Ng Kuok Cheong, deputado da Asso-ciação Novo Macau (ANM), seguindo-se o deputado José Pereira Coutinho, da Asso-

FLORA [email protected]

O deputado Chan Meng Kam consi-dera que o modelo desempenhado pelo Governo, de “entidade orien-

tadora” do serviço de autocarros funciona há já mais de três anos, de modo que a supervisão destes serviços deveria estar consolidada.

No entanto, apontou, a qualidade do serviço não foi aperfeiçoada de forma gradual. Pelo contrário, os residentes queixam-se de uma frequência insuficiente de carreiras, enquanto as companhias de-claram que não podem aumentar o número de autocarros a circular, pois deverá ser o Executivo a determinar isso mesmo. Assim, Chan Meng Kam afirma que foi criada uma situação de perda para as três partes: residentes, empresas e Governo. Numa interpelação escrita, Chan Meng Kam quis saber como é que a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) vai proceder à revisão concreta desta situação. Para além disto, o depu-

tado questionou ainda quais as principais causas dos problemas, perguntando se é o modelo do Executivo que é inadequado, ou se o Governo não tem simplesmente capacidade para resolver a situação.

PELOS AJUSTESChan mostrou-se também preocupado com a mudança de contrato das duas empresas de autocarros, a Transmac e a Sociedade de Transportes Colectivos de Macau (TCM). Sobre isto, quer saber em que fase está o processo, sugerindo que se aproveite para corrigir eventuais ilegalidades e ajustar o número de autocarros a circular nas ruas.

As operadoras de Jogo arrendam auto-carros de empresas para transportar os pró-prios trabalhadores não residentes (TNR). O deputado questionou o nível de eficácia desta medida, querendo ainda saber se a DSAT já procedeu a essa avaliação. Chan Meng Kam continuou, questionando se o eventual aumento de trabalhadores não residentes faria com que as autoridades planeassem, de melhor forma, as linhas de circulação.

67,81% dos inquiridos aplaude o

desempenho de Ng Kuok Cheong

Os inquiridos pela Associação Nova Visão de Macau conhecem melhor o trabalho de Ng Kuok Cheong e José Pereira Coutinho, sem esquecer Chan Meng Kam. Quanto à avaliação de desempenho, Ng Kuok Cheong e Coutinho também lideram. Quase metade das pessoas diz que a função do hemiciclo não mudou

INQUÉRITO NG KUOK CHEONG E PEREIRA COUTINHO MAIS POPULARES

O gosto pelos directos

AUTOCARROS PAPEL DO GOVERNO QUESTIONADO

Caminho para a perdição

ciação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM).

Em relação ao trabalho feito pelos deputados, as notas atribuídas pelos in-quiridos são mais baixas este ano. Ainda assim, Ng Kuok Cheong ganhou o primeiro lugar, com 67,81% das escolhas, seguindo-se José Pereira Coutinho, com 66,84%. Au Kam Sam, tam-bém da ANM, ganha 66,25% dos apoios, seguindo-se Ho Ion Sang (58,07%) e Kwan Tsui Hang (57,74%). O co-municado da ANVM refere que as notas de Coutinho e

Au Kam San sofreram uma subida em relação a 2013.

Os dados revelam ainda que a população conhece mais os deputados reeleitos do que aqueles que foram

recentemente eleitos. Chan Meng Kam surge em pri-meiro lugar com 88,42%, seguindo-se José Pereira Coutinho (86,68%), Kwan Tsui Hang (84,42%), Angela Leong (84,29%) e Au Kam San (83,36%). 20% dos en-trevistados não conhecem os deputados reeleitos, enquanto que mais de 30% não conhece os novos deputados. A ANVM aponta que os novos deputa-dos são menos populares.

AL POUCO OU NADA MUDOUO inquérito versa também sobre a opinião da popula-

ção em relação ao trabalho do hemiciclo na primeira sessão legislativa da V Le-gislatura. Cerca de metade dos entrevistados dizem que o trabalho dos deputados registou um “nível médio”, sendo que 46% das pessoas acredita que a AL não mudou muito em relação às suas funções. 28% acredita que houve algum avanço nos trabalhos, enquanto que 13% pensa que o trabalho dos deputados piorou.

Esta é a quinta vez que a associação realiza este inquérito sobre o grau de

satisfação dos residentes em relação aos deputados directos, tendo obtido um total de 751 respostas.

Os entrevistados reve-laram apoiar mais os depu-tados em quem já tinham votado em 2013, embora a ANVM fale de alguma arbitrariedade e subjec-tividade nos resultados. Contudo, os responsáveis pela associação acreditam que o inquérito pode ajudar os deputados nos futuros trabalhos junto da comuni-dade e na obtenção de maior reconhecimento.

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HOJE

MAC

AU

8 SOCIEDADE hoje macau sexta-feira 12.12.2014

A comemorar o 11º aniversário, o presidente da Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA) analisa o trabalho realizado até agora, sem nunca esquecer que o importante é lutar pelo futuro certo

FIL IPA ARAÚ[email protected]

N UM balanço de todo o trabalho realizado até agora, Albano Martins, presidente da ANIMA,

sublinha o “grande crescimento” da associação nos seus 11 anos de vida. “Em 2003, quando começá-mos, não tínhamos absolutamente nada. A ANIMA foi constituída em Dezembro e gradualmente fomos andando de um lado para o outro à procura de sítios para ficarmos instalados e tivemos algumas cla-rividência no sentido de encontrar um terreno para nós”, começa por explicar. O terreno, foi de facto, uma enorme vantagem e “uma das grandes coisas que a associação conseguiu” ao longo dos anos.

“A olhar para trás sinto-me bastante contente com o que foi feito até agora”, afirma Albano Martins, justificando que ter um espaço onde a associação pudes-se estar foi um grande objectivo

O índice de felicidade dos residentes da RAEM

fica-se pelos 6,99 numa esca-la de um a 10 e as principais causas para a nível mais alto de infelicidade são o trânsi-to e a habitação. Os dados figuram num inquérito feito pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM) e pela Associa-ção de Economia de Macau.

De acordo com notícia da rádio Ou Mun Tin Tou,

o estudo realça ainda outros elementos influenciadores do grau de felicidade, como o preço dos produtos ou o ambiente. O presidente da Associação Económica de Macau, Joey Lao, explica que este ano o estado do trânsito piorou face ao ano passado, sendo a primeira vez em que as queixas sobre o tráfego rodoviário ultrapassam as dos preços dos produtos.

Joey Lao aconselha o Go-verno a racionalizar o tráfe-go, assim como os trabalhos de manutenção de estradas, coordenando a execução das grandes empresas. O inqué-rito demonstrou ainda que as faixas etárias dos mais jovens são as que mais sentimento de infelicidade experien-ciam. Nos últimos cinco anos, a taxa de felicidade das mulheres é mais alta do

que a de homens, tendo esta dife-rença aumentado no presente ano. O mesmo inqué-rito mostra que os homens entre os 26 e os 35 anos são os menos felizes. O presidente acredita que tal é justificado pelo facto dos jovens terem dificuldades em comprar habitação. - F.F e C.L.

ANIMA ASSOCIAÇÃO ORGULHOSA DO SEU CRESCIMENTO

Uma longa caminhadaVISITASComo forma de promoção a ANIMA tem um acordo de excursões às instalações com várias entidades públicas, privadas, sejam elas escolas ou associações. Albano Martins conta que durante o presente ano, a associação já recebeu mais de 63 excursões, com grupos de 20 a 24 pessoas. “Houve um grupo de 38 pessoas, mas esse foi o maior que recebemos este ano”, conta. Durante o visita, as pessoas podem “brincar com os animais, fazer os percursos de Coloane com eles” ou até ajudar a limpar e a tratar dos animais. O presidente indica também que há quem ajude durante o tempo da visita na parte administrativa. “Os visitantes podem fazer o que quiserem, conhecer, brincar e até ajudar”, clarifica.

conquistado. “Ao longo deste anos crescemos imenso, instalámo-nos em Coloane, temos um escritório em Macau – partilhado com outras empresas para reduzir custos – e temos na nossa histórias milhares de animais salvos, adoptados”, reforça.

Mas os problemas continuam, mesmo corrida mais que uma dé-cada. “A ANIMA continua a ter o mesmo problema da altura do seu nascimento, isto é, embora esteja uma lei em fase de execução, ainda nenhuma lei está implementada”, sublinhou. Para o presidente a Lei de Protecção dos Animais “é uma lei muito pouco moderna para aquilo que se espera”, mas mesmo esperan-

do algo mais do Governo, existe um certo conformismo. “É a lei que vai ser possível neste enquadramento em que vivemos”, afirma.

QUANTOS SÃO?A associação conta agora com cerca de 500 membros sócios, que

anualmente pagam quotas ajudan-do assim a associação, e todos os animais que esta auxilia. “A grande maioria destes sócios são de origem chinesa”, reforça. Passo verdadeiramente importante para o presidente, que quer conquistar a comunidade china. Como traba-lhadores a tempo inteiro a ANIMA conta com 20 funcionários, e viu agora negada pelo Gabinete dos Recursos Humanos, a contratação de mais duas pessoas. “As nossas relações com as autoridades não têm sido fáceis, como se sabe, mas estamos a tentar que isso se altere”, argumenta Albano Martins. A asso-ciação também aceita voluntários, que segundo o presidente, são mais de 160 que “conforme a sua pos-sibilidade vão dando a sua ajuda”.

Relativamente a animais neste momento, esclarece o presidente, então ao encargo da ANIMA, sejam eles em regime interno, ou seja, a viver nas instalações, ou em regime externo, em que a as-sociação só presta apoio. Feitas as contas aos cuidados da associação estão, até ao presente mês, 645 cães e 2250 gatos.

MÃOS-À-OBRAApesar da satisfação mostrada e do “grande salto que a ANIMA deu”, Albano Martins considera que muito mais se podia ter feito, mais uma vez, se existisse uma lei adequada. “Infelizmente não tive-mos o trabalho facilitado por não existir a legislação, caso contrário teríamos evoluído muito mais”, sublinha.

Para já, segundo explica, a as-sociação está a realizar o “trabalho primário”, o mais básico, que passa pelo trabalho de resgate de animais e por campanhas de adopção. “Não temos muita capacidade para ir mais além”, assume. Algo que po-deria ser modificado caso, segundo o próprio dirigente. “Os quadros de dirigentes são todos voluntários, a maior parte deles são quadros que estão super ocupados, e há poucos com disponibilidade para se envol-ver na actividade da ANIMA. E para enquadrar o grande número de voluntários que nós temos, que tantas vezes só não faz mais porque nós não temos capacidade humana, em termos de dirigentes, para os conseguir a meter a trabalhar para nós”, esclarece.

Apesar disso, as coisas estão a melhorar, segundo defende. Albano Martins considera uma vantagem a grande maioria dos trabalhadores serem chineses, pois assim é possível “uma abertura de caminho para conseguir chegar à comunidade chinesa”.

E AGORA?De olhos postos no futuro, o ideal seria que a “ANIMA conseguisse o seu terreno que está em concessão temporária, passa-se a concessão definitiva”, construindo assim um segundo abrigo no terreno. “Para este segundo abrigo, idealizámos uma clínica com preços mais bai-xos e pretendemos ainda que seja também uma escola de formação, ou seja, que através de seminários, visitas e outras actividades as pes-soas aprendam mais sobre os ani-mais e como tratá-los”, rematou.

Estudo Trânsito e habitação geram infelicidade

645cães

2250gatos ao cuidado da associação

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9 sociedadehoje macau sexta-feira 12.12.2014

Universidade Aluna acusa instituição de intimidaçãoUma aluna da Universidade de Macau (UM) acusa a instituição de intimidação por ter tentado divulgar um fórum sobre o sistema politico organizado pelo grupo Macau Consciência, segundo avança a rádio Macau. A aluna diz ter recebido duas cartas de advertência da UM. “São dois casos distintos. Um deles está relacionado com eu estar a distribuir panfletos pelos estudantes. O outro com o facto de eu ter colado cartazes na paragem de autocarro, que é pública e está fora do âmbito da universidade. As regulações do campus determinam que três cartas de aviso resultam em demérito e três deméritos levam à expulsão”, esclareceu.

CECÍLIA L [email protected]

R EPRESENTAN-TES do sector imo-biliário exigem que o novo Governo

tenha ideias novas e exigem que o novo Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo Arrais do Rosário, possa acelerar a aprovação dos processos para a oferta de mais casas no sector privado.

Em declarações ao jornal Ou Mun, Zhong Xiaojian, presidente da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau, disse que Raimundo do Rosário guarda uma boa reputação junto da sociedade dos tempos em que foi director dos Serviços de Solos e Obras Públicas (DSSOPT), acredi-tando que as suas opiniões podem aumentar a eficiência administrativa.

Zhong Xiaojian explicou que os processos estão agora limitados devido às novas Leis de Terras, de Salva-guarda do Património e do Planeamento Urbanístico, o que fez aumentar os pedidos. O responsável lembrou que o período de construção de um projecto é de 36 meses, para que o Governo possa evitar que os empresários não explorem os terrenos. Mas Zhong Xiaojian pede que o prazo de conclusão das obras se adapte à realidade.

Ung Choi Kun, antigo deputado e presidente da Associação dos Empresários do Sector Imobiliário de Ma-cau, referiu ao Ou Mun que Raimundo Arrais do Rosário é uma “pessoa honesta, efi-ciente no seu trabalho e que não se atrasa”. Demonstran-do esperança no trabalho do novo Secretário, Ung Choi Kun frisa que o Governo deve ter determinação em acelerar os pedidos de aprovação de projectos. O ex-deputado pede ainda que o Executivo resolva os casos dos terrenos que não estão explorados, bem como resolver os casos de violação da lei.

“NOVAS IDEIAS” Zhong Xiaojian disse ainda esperar que o novo Executi-vo possa ter “novas ideias” e recomenda a construção

FLORA [email protected]

A Polícia Judiciária (PJ) tem em mãos o caso de um homem que se fez passar por sub-empreiteiro do sector da construção

para burlar 145 trabalhadores não residentes do interior da China em 420 mil reminbis. A PJ está ainda em busca do alegado criminoso. A deputada Ella Lei referiu que o Governo precisa de ela-borar um “Regime de Registo de Empreiteiros” o mais rapidamente possível, pois só assim será possível evitar lacunas no recrutamento de TNR.

Segundo dados da Direcção dos Serviços de

Estatística e Censos (DSEC), o número de traba-lhadores do sector de construção atingiu as 56 mil pessoas entre os meses de Julho e Setembro. É que, aos olhos da deputada, as lacunas existentes na Lei de Relação Laboral dão margem para que crimes deste tipo tenham lugar, enganando quem pretenda vir trabalhar para o território.

SEM ESCRÚPULOSDe acordo com o jornal Exmoo, a burla foi denunciada por um intermediário no processo de recrutamento, que disse à PJ ter conhecido o alegado infractor em Junho passado, e que se fez passar por sub-empreiteiro de uma obra que

estava a precisar de grande volume de mão-de--obra. De acordo com a mesma publicação, o intermediário conseguiu encontrar 145 TNR vítimas de burla num total de 420 mil reminbis, com a justificação de requerer bluecard – vistos de trabalho – para estas pessoas. No processo do requerimento, o intermediário acabou por perder contacto com o alegado trabalhador de construção, apercebendo-se que foi enganado.

A deputada Ella Lei considera que apenas criando um Regime de Registo de Empreiteiros será possível evitar crimes de burla no recruta-mento de TNR, mantendo um ambiente laboral saudável.

Mulheres Urgente lei de violência domésticaNa conferência de imprensa, na quarta-feira, a secretária-geral da Comissão dos Assuntos das Mulheres, Lam Pui Seong, referindo-se ao processo legislativo sobre a violência doméstica, afirmou que o grupo “está a acompanhar todo o processo”, defende que este deve ser resolvido o mais rápido possível. “A nossa posição é que mesmo que a violência doméstica seja considerada um crime público ou semi-público, deve dar-se início ao processo legislativo o mais rápido possível”, avançou, sem clarificar qual a posição da Comissão quanto ao tipo de crime. Segundo a secretária é ainda necessário apostar em formações para todos os profissionais envolvidos, assim como avançar com a construção de infra-estruturas que acolhem as vitimas. É também preciso, segundo Lam Pui Seong, definir de forma clara quais as situações de violência doméstica.

Vozes do sector imobiliário pedem maior eficiência administrativa no seio da DSSOPTe tecem rasgados elogios à capacidade de trabalho do novo Secretário da tutela,Raimundo Arrais do Rosário. Mas exigem medidas nas áreas do trânsito e da habitação

IMOBILIÁRIO GOVERNO DEVE ACELERAR APROVAÇÃO DE PEDIDOS

Resolver o que não pode esperar

BURLA SUB-EMPREITEIRO ENGANA 145 TRABALHADORES NÃO RESIDENTES

Solução mora no Regime de Registo

de casas sociais “com quali-dade”, dando prioridade aos jovens que não conseguem comprar uma habitação. O responsável disse ainda se-rem necessárias novas infra--estruturas para melhorar o trânsito, que vai aumentar

com a inauguração da nova ponte Hong Kong-Macau--Zhuhai e os projectos no Cotai.

Lok Wai Tak, presidente da Associação Comercial de Fomento Predial de Macau, disse ao mesmo jornal que

nos últimos dias o preço da habitação caiu, mas que ainda assim há muitos residentes que não conseguem com-prar casa no sector privado. Lok Wai Tak pede, por isso, que o Governo olhe para as políticas de habitação em

Singapura e ofereça “maiores unidades de habitação com boa qualidade, para que as pessoas possam comprar uma casa com 20 ou 30 anos, e também reduzir a procura no mercado e a especulação”.

Lok Wai Tak revelou ain-

da atenção sobre a questão dos transportes públicos, recomendando que o novo Executivo regule o número de veículos e os autocarros dos casinos, por forma a reduzir a pressão da rede rodoviária.

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10 CHINA hoje macau sexta-feira 12.12.2014

O dia de ontem fica marcado por mais uma acção da polícia para desimpedir as zonas ainda ocupadas pelos estudantes

D EPOIS dos oficiais de jus-tiça de Hong Kong terem iniciado o desmantela-mento do acampamento

dos manifestantes pró-democracia que, há cerca de dois meses, ocupam algumas das principais artérias da antiga colónia britânica, fizeram as primeiras detenções entre os manifestantes que se recusaram a abandonar os locais de protesto.

As autoridades tinham avisado os manifestantes pró-democracia que iriam avançar com detenções, caso os jovens impedissem as acções de desimpedimento das ruas, o que acabou por acontecer - os agentes formaram um cordão humano em volta do grupo de cerca de 100 pessoas, que se mantinha sentado, e começaram a efectuar detenções, descreve o jornal South China Morning Post.

Imagens transmitidas pelas televisões mostraram uma jovem a ser levada para um veículo da polícia em Admiralty. Segundo o jornal, os agentes estão a levar os manifestantes um a um, sem que estes ofereçam resistência.

Centenas de pessoas perma-necem na zona de protesto pese a anunciada intenção das autorida-des em desimpedir Admiralty, a última das áreas onde subsiste um acampamento que começou a ser instalado em finais de Setembro, por ocasião do início da “revolução dos guarda-chuvas”.

O movimento tem como objectivo mostrar o descon-tentamento popular perante a decisão de Pequim em autorizar, em 2017, a eleição directa do chefe do Governo, mas num ato eleitoral onde os candidatos se-

Economia poderá crescer “cerca de 7,5%” A China anunciou ontem que poderá alcançar os objectivos económicos fixados para 2014, procurando aparentemente contrariar as especulações de que o crescimento ficará muito aquém dos “cerca de 7,5%” preconizado pelo governo. A previsão é mencionada no comunicado difundido no final da anual Conferência Central sobre a Política Económica, que reuniu durante três dias em Pequim os principais decisores políticos do país. “A China pode alcançar relativamente bem os objectivos sociais e económicos fixado para 2014 e manter a economia num âmbito razoável”, diz-se num comunicado citado pela agencia noticiosa oficial Xinhua. Segundo o comunicado, a China espera também “manter um firme crescimento” em 2015. No terceiro trimestre de 2014, o crescimento da economia chinesa abrandou para 7,3%, o valor mais baixo dos últimos cinco anos, ficando a um ponto percentual da média do primeiro semestre. Para 2015, o FMI prevê um abrandamento ainda maior, para 6,5% a 7%.

Polícia de Hebeiprocura cem noivas vietnamitas em fugaAs autoridades chinesas estão à procura de mais de 100 noivas vietnamitas que desapareceram depois de casarem com chineses de zonas rurais. Os homens, da cidade de Quzhou, na província de Hebei, foram apresentados às mulheres por Wu Meiyu, uma noiva vietnamita que vive na zona há 20 anos, diz o China Daily. Wu, que recebeu pagamentos de mais de 100.000 yuan em troca de ‘apresentações’ bem-sucedidas, desapareceu juntamente com as outras mulheres, indica o jornal. O diário cita uma fonte oficial não identificada que diz haver suspeitas do envolvimento de um grupo de crime organizado no desaparecimento das mulheres. A compra de mulheres de países do sudeste asiático tornou-se comum em algumas zonas rurais da China onde há um grande desequilíbrio de géneros devido à preferência por rapazes. Na China, nascem 118 rapazes por cada 100 raparigas, de acordo com estatísticas oficiais.

O chefe da seita reli-giosa Ri Yue Ming

Gong, Chen Chiau-ming, foi condenado a 13 anos de prisão pela morte de um estudante de 17 anos, deixado a morrer de fome, escreveu ontem o

diário de Taiwan, China Post.

Chen, con-denado por causar danos que levaram

à morte e por privar o estudante de liberdade, lamentou o falecimento do jovem, mas conside-rou excessiva a pena já que, argumentou, des-conhecia a situação de maus-tratos.

“Se soubesse, teria feito todos os possíveis para o salvar”, disse Chen ao juiz antes de conhecer a pena.

A mãe do estudan-

te, Huang Chiue-fen, membro da Ri Yue Ming Gong, foi condenada a quatro anos e seis meses de prisão devido à sua participação na morte do filho.

Segundo a sentença, os membros da seita, por ordem do líder, in-terrogaram e agrediram o estudante, ataram--lhe as mãos e os pés e obrigaram-no a escrever

uma confissão de que pertencia a um gangue e consumia drogas.

Mesmo depois de es-crita a confissão, o jovem não foi libertado, sendo mantido fechado num pequeno quarto até que, no dia 05 de Janeiro de 2013, perante sinais de aguda deterioração da saúde, foi levado para o hospital, onde chegou já sem sinais vitais.

HONG KONG OCCUPY CENTRAL PERTO DO FIM

Últimos cartuchos

“Penso que não fizemos o suficiente para deixar um sistema eleitoral justo às futuras geraçõesde Hong Kong”ALAN LEONGLíder do Partido Cívico

rão previamente aprovados pelo comité eleitoral.

APOIO COM CARAPerante o cenário a presidente do Partido Democrático, Emily Lau, disse que este dia foi um dia triste para os residentes de Hong Kong que lutam há décadas pela democracia, com o despejo dos manifestantes pró-democracia pela polícia.

A deputada Emily Lau foi um dos rostos da ala pró-democrata presentes na manhã de ontem no local epicentro dos protestos, junto da sede do governo, em Admiralty, de acordo com a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

“Sabemos que a polícia está a vir. É por isso que estamos aqui, para mostrar que estamos determi-nados a recorrer à desobediência

civil para lutar pela verdadeira democracia”, afirmou.

Também presente no local, o líder do Partido Cívico, Alan Leong, expressou sentimentos contraditórios.

“Penso que não fizemos o suficiente para deixar um sistema eleitoral justo às futuras gerações

de Hong Kong”, afirmou, ressal-vando estar “orgulhoso por ver tantos jovens capazes de sair à rua e tomar a liderança”.

Ate ao fecho do jornal, pelo me-nos seis manifestantes foram detidos pela polícia de Hong Kong durante a acção de despejo dos protestos pró-democracia, conforme escreveu a agência Efe.

Recorde-se que os activistas iniciaram a ocupação das ruas de Hong Kong a 28 de Setembro para exigir eleições totalmente livres para a liderança da Região Administrativa Especial chinesa.

A China insiste que os candi-datos às eleições para o chefe do Executivo, em 2017, devem ser pré-seleccionados por um comité eleitoral, condição rejeitada pelos manifestantes, na sua maioria estudantes. - HM com Lusa

Taiwan Chefe de seita religiosa preso por morte de estudante

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11REGIÃOhoje macau sexta-feira 12.12.2014

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A organização Human Ri-ghts Watch instou on-tem o governo tailandês a cancelar o plano que

remete presos comuns a trabalho em barcos de pesca, numa medida que visa mitigar o tráfico humano no sector pesqueiro do país.

Mais de 170 presos com condenações de cerca de um ano começam a trabalhar nas próximas semanas em navios ao largo da província de Samut Sakhon, su-doeste de Banguecoque, explicou o ministro do Trabalho, Surasak Kanchanrat, há uma semana.

Segundo os dados oficiais até 2.830 presos poderiam optar por esta forma de cumprimento de parte da sua pena.

Vários activistas e organiza-ções de defesa dos Direitos Huma-nos acusam a indústria pesqueira tailandesa de abusos aos seus

Coreia do Nortevolta a admitirturistas em 2015A Coreia do Norte vai voltar a autorizar visitas turísticas no primeiro trimestre de 2015 depois de ter encerrado as suas fronteiras a visitantes em Outubro para evitar a “entrada” do vírus Ébola no país. A notícia foi avançada por uma das principais agências turísticas do país, a Koryo Tours, na sua página da Internet, ao salientar que a suspensão temporária “será cancelada em algum momento do primeiro trimestre de 2015”. O governo norte-coreano começou a proibir a entrada de turistas estrangeiros a 25 de Outubro e obrigou todos aqueles que tivessem entretanto entrado a ficar de quarentena durante 21 dias, o período de incubação do vírus Ébola, como medida de prevenção. O regime norte-coreano adopta medidas idênticas em casos de grandes surtos ou epidemias, tendo encerrado também as suas fronteiras em 2003, aquando da pneumonia atípica.

A instituição de defesa dos direitos humanos, Human Rights Watch, acusa a indústria pesqueira tailandesa de situações de abusos sobre os trabalhadores

TAILÂNDIA CRÍTICAS AO ENVIO DE PRESOS COMUNS PARA A PESCA

Trabalhos forçados em alto mar

trabalhadores e de recorrerem às máfias de tráfico de pessoas para forçarem os indivíduos a trabalhar.

“É uma perigosa irresponsabi-lidade da parte do Ministério do Trabalho conduzir os prisioneiros a trabalharem a bordo da abusiva frota pesqueira tailandesa (…) o Ministério não sabe sequer ins-

peccionar as embarcações e muito menos prevenir os abusos da parte da tripulação contra os presos”, assinalou, em comunicado, Brad Adamns, director da Human Ri-ghts Watch.

FALTA DE BRAÇOSA dureza do trabalho e o parco salário dos trabalhadores tailan-

deses na indústria pesqueira fez com que aquele sector careça de mão-de-obra.

A Tailândia é o terceiro ex-portador mundial de marisco e um dos maiores abastecedores dos mercados europeu e norte--americanos.

Milhares de imigrantes ilegais, a maioria oriunda da Birmânia e do Camboja, são empregados na Tailândia no processamento de pescado e marisco e noutros sectores como a construção ou agricultura, onde ficam expostos a abusos e exploração.

Em meados do ano, o Depar-tamento de Estado para o Tráfico de Pessoas nos Estados Unidos fez cair a Tailândia para o nível três dos países que não atuam com esforço suficiente no combate ao tráfico de pessoas, ainda que não tenha imposto qualquer sanção.

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O ATLAS ESMERALDA • John Stephens Foram arrancados da cama quando a noite já ia alta, quando o mundo estava coberto de neve. Dez anos depois, Kate, Michael e Emma saltam de orfanato em orfanato e já não se lembram dos pais. Quando chegam à sinistra casa de Cambridge Falls, depressa percebem que algo de muito estranho se passa… Ao descobrirem um antigo livro com uma encadernação fora do vulgar, dá-se início a uma mágica profecia, que os levará numa viagem por outros universos e tempos. Só eles poderão salvar o mundo… e o seu próprio futuro.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

A CRÓNICA DE FOGO • John Stephens Três crianças. Dois mundos. Uma profecia. Kate, a mais velha, guardiã do Atlas do Tempo. Desapareceu depois de combater um Guincho para salvar os irmãos. Michael comanda as tropas, agora que a irmã Kate desapareceu. Precisa de ir aos confins da Terra revelar os segredos da Crónica de Fogo. Emma, a mais nova e a mais intrépida dos três, gostava de ser ela a mandar. Está ansiosa por ver a família reunida. Com um feiticeiro malvado a persegui-los, esta não será uma batalha fácil... O segundo livro de uma trilogia de estrondoso sucesso internacional.

12 hoje macau sexta-feira 12.12.2014EVENTOSA galeria local IAOHIN vai acolher parte da Exposição de Arte Coreana e traz ao território Oh Young Sook e Kim Yeon Ok, duas artistas da Coreia do Sul com larga experiência de arte contemporânea. As obras ficam expostas até Fevereiro de 2015

LEONOR SÁ [email protected]

A S artistas coreanas Oh Young Sook e Kim Yeon Ok, vão apresentar os seus trabalhos na galeria

de arte local, IAOHIN. As obras, de cariz contemporâneo, estarão em exposição a partir da próxima terça-feira até dia 15 de Fevereiro.

Kim nasceu em 1960 em Incheon e é licenciada em Arte e Design pela Universidade de Kyungki, tendo ainda recebido vários prémios e tido os seus trabalhos expostos em mais de 30 mostras. A autora especializada em Desenho Ocidental tem várias telas em acrílico onde figuram vasos e potes de porcelana, por exemplo. Ti-picamente contemporâneas, as obras de Kim são inspiradas na tradição. “A artista consegue, de forma estratégica, ultrapassar a limitação de pinturas modernistas, captando a essência dos objectos com um processo de trabalho constante e de quem experimenta a adição de elementos e materiais”, escreve a crítica de arte Lee Kyung Mo. As peças da artista coreana são um misto de desenho tradicional, pulverização e outros materiais.

NOVA ORIGINALIDADEOh Young Sook tirou um curso su-perior de Pintura na Universidade coreana de Sejong, tendo exposto as suas obras na Coreia do Sul, Japão, EUA e Indonésia. De acordo com o comunicado da galeria IAOHIN, os trabalhos da pintora partilham

Ilustrador português expõe obras em Nova Iorque

O ilustrador português Vasco Mourão acaba de inaugurar,

em Nova Iorque, nos EUA, a exposição “New York Percep-tions”, patente até ao final do mês na galeria “The Invisible Dog”, em Brooklyn. Os traba-lhos do ex-aluno da Escola de Arquitectura da Universidade do Minho vão estar em exibição junto das de 17 artistas de renome internacional. A mostra é consti-tuída por oito ilustrações sobre a cidade mais populosa dos EUA, inseridas na exposição principal da galeria, “Wonderland”, que inclui obras de Rachel Barrett, Jon Burgerman, Hasley Chait, Oliver Jeffers, You Jung Byun, Mac Premo, entre outros. O an-tigo estudante da universidade minhota lançou-se no mundo da ilustração há cinco anos e tem apostado num estilo miniaturista, onde converte pequenos elemen-tos arquitetónicos em gigantes e detalhadas estruturas ondulantes.

“Esboço cidades, a caneta preta, devido à minha formação em Arquitectura, onde percebi o desenho como ferramenta e forma de pensar. Se tivesse estudado jardinagem, provavelmente dese-nharia flores”, justifica o artista.

GALERIA IAOHIN ARTE CONTEMPORÂNEA DA COREIA DO SUL

MULHERES AO PODERtécnicas e teorias do Design, mas são também inspiradas em puzzles, nunca esquecendo a tradição, os lu-gares e as pessoas da sua terra-natal, a Coreia do Sul. À primeira vista,

as peças de Oh surgem como se de puzzles se tratassem, embora à dis-tância se transformem em objectos e seres humanos e, de perto, se pa-reçam com simples desconstruções

abstractas. “Quando se olha para as minhas peças de arte de perto, apenas se conseguem ver figuras geomé-tricas e não é possível reconhecer a figura. No entanto, tal consegue-se à distância. Consequentemente, o meu trabalho desconstrói a originalidade e a substância, o que recria a nova originalidade sem a substância pri-mária”, diz Oh, sobre o seu trabalho.

A galeria situa-se no número 39 da Rua da Tercena, perto da praça do Leal Senado e a entrada é gratuita. Esta mostra insere-se na Exposição de Arte Coreana, possi-bilitando assim que os cidadãos do território conheçam parte daquilo que é actualmente feito e aclamado na Coreia do Sul.

Oh Young Sook

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13 eventoshoje macau sexta-feira 12.12.2014

AVISO sobre a formulação dos pedidos de apoio financeiro

para actividades no âmbito do Quyi(para o ano de 2015)

1. Âmbito de aplicaçãoEspectáculos de óperas chinesas e de canções clássicas e populares a realizar durante o período compreendido entre os dias 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2015.

2. Requisito para o pedido de apoio financeiroInstituições constituídas e registadas em Macau, e em funcionamento nos termos da lei, e que não tenham fins lucrativos.

3. Destinatários/projectos não-prioritários ou outros aos quais não serão dados apoios(1) Instituições sem fins lucrativos constituídas em Macau há menos de um ano;(2) Projectos que não sejam compatíveis com os fins da instituição requerente;(3) Projectos a realizar no exterior da Região Administrativa Especial de Macau.

4. Prazo para formulação do pedidoDesde 1 até 31 de Dezembro de 2014. Os pedidos formulados fora do prazo não serão considerados.

5. Documentos necessários à instrução do pedidoEntrega do formulário “Requerimento de Apoio Financeiro” devidamente preenchido, acompanhado dos documentos descritos na Parte C do respectivo formulário. Os formulários próprios para instrução do pedido de apoio financeiro e os respectivos exemplares estão disponíveis no website da Fundação Macau. Para mais informações, o requerente pode consultar os “Guias Gerais para Pedido de Apoio Financeiro para Actividades no âmbito de Quyi”, publicados pela Fundação Macau em Julho de 2014.

6. Serviços de atendimento e apoio à instrução do pedidoDurante o prazo acima referido, o requerente pode contar com a ajuda dos trabalhadores da Fundação Macau que estão especializados na prestação de serviços de atendimento e habilitados para esclarecer todas as dúvidas relativas à instrução do pedido de apoio financeiro para as actividades no âmbito do Quyi.

Local para entrega do pedido: Avenida de Almeida Ribeiro, N.ºs 61-75, Circle Square, 7.° andar, Macau

Horas de expediente: De segunda a quinta-feira: das 9H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H45; sexta-feira: das 9H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H30 (à excepção dos dias feriados em Macau e das tolerâncias de ponto)

Contacto: Tel: 87950965 (Dra. Ao), 87950969 (Dra. Chan) ou 87950957 (Dr. Sam)

E-mail: [email protected]

Website: www.fmac.org.mo

A curta-metragem “O Ve-lho do Restelo”, a mais recente obra de Manoel

de Oliveira, estreou ontem em Portugal, dia em que o realiza-dor completou 106 anos.

“O Velho do Restelo” é descrito pelo actor Ricardo Trêpa como a visão de Manoel de Oliveira dos “tempos que correm - que não são famosos -, através de escritos antigos e feitos de grandes figuras da cultura portuguesa e não só”.

Da parte da produtora O Som e a Fúria, Luís Urbano, que mobilizou os recursos para a rodagem da obra, afirmou que a recepção ao filme no circuito de festivais foi “entusiástica” e que tem havido conversas sobre futuros projectos, de-pendentes “da disponibilidade física e de saúde” de Manoel de Oliveira, admitindo que, com o realizador, “tudo é possível”.

Ricardo Trêpa, neto de Manoel de Oliveira, realçou o ânimo do realizador, subli-nhando que “a saúde, para ele, não é uma barreira”. “Até

Flipside DJ Patrick Zigon estreia-se em Macau e Hong KongO produtor e DJ alemão de música electrónica, Patrick Zigon vai animar a noite de hoje, na Live Music Association (LMA), como parte da sua tour pela Ásia. A noite continua até tarde, com Devlar, Gordon e Dhoo a juntarem-se ao alemão no mesmo espaço. A entrada no local custa 120 patacas e inclui já uma bebida, para aquela festa que começa por volta da meia-noite. Esta é a primeira vez que Patrick Zigon pisa o território para o que é considerado “o melhor da música electrónica alemã”. O artista é ainda o director da Biotop Label, uma editora fundada em 2012, e já teve performances em conhecidos bares de Berlim. A festa é organizada pelos Flipside, juntamente com a Red Bull e a LMA.

O Fantasma da Ópera Peça intemporal volta a Hong Kong“O Fantasma da Ópera” volta aos palcos do território vizinho, desta feita no espaço AsiaWorld Expo, de 21 deste mês a 18 de Janeiro. Esta peça, da autoria do dramaturgo Andrew Lloyd Webber, viu já diferentes interpretações por esse mundo fora, sendo a história ensinada em escolas e adaptada para o grande ecrã. É o actor norte-americano da Broadway, Brad Little, quem representa um homem amargurado e fisicamente desfigurado que se apaixona por uma bonita cantora. O musical, adaptado do romance de Gaston Leroux, conta toda esta história e ensina que o amor não escolhe caras, mas sim corações e almas. Os bilhetes custam entre 295 e 1195 dólares de Hong Kong, para um espectáculo que terá lugar numa das maiores salas do território.

MANOEL DE OLIVEIRA ESTREIA DE “O VELHO DO RESTELO”

Tristes tempos modernospartir, assim será o raciocínio dele. Sempre foi um lutador. Não é agora que vai desistir de uma máxima de vida que é ‘eu quero e hei de conseguir’. Vai até ao fim acreditar que vai fazer mais filmes”.

O PENITENTEA curta-metragem é descrita pela produtora como “um mergulho livre e sem esperança na História”, reunindo, num banco do século XXI, “Dom Quixote, o poeta Luís Vaz de Camões e os escritores Teixeira de Pascoaes e Camilo Castelo

Branco”, a partir, precisamen-te, de um texto de Pascoaes.

O filme baseia-se em par-tes do livro “O Penitente”, de Teixeira de Pascoaes, tem argu-mento do cineasta e teve estreia internacional no Festival de Veneza, onde foi exibido fora de competição, em Setembro.

Numa entrevista publicada em Novembro pela revista norte-americana Variety, Ma-noel de Oliveira, distinguido na terça-feira com a Legião de Honra francesa, disse que “O Velho do Restelo” é uma “refle-xão acerca da humanidade”.

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14 hoje macau sexta-feira 12.12.2014

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A MANHÃ, dia 13 de Dezem-bro, recorda-se o Massacre de Nanjing, que aconteceu há 77 anos na então capital

da República da China. Também Ma-cau vai prestar homenagem aos que aí morreram e as cerimónias vão ser reali-zadas às nove horas da manhã na Praça da Escola Superior das Forças de Segu-rança de Macau em Coloane.

O Massacre de Nanjing ocorreu durante seis semanas e começou no dia 13 de Dezembro de 1937, aquan-do da entrada em Nanjing do Exército Imperial Japonês. Só terminou em Ja-neiro de 1938 após a cidade ter sido totalmente saqueada e incendiada, os habitantes torturados e executados, muitos enterrados vivos e as mulhe-res e crianças raptadas e violadas para satisfazerem os desejos sexuais das

O MASSACRE DE NANJINGtropas japonesas, que a seguir as mata-vam. Um genocídio que tirou a vida a 300 000 mil pessoas.

OS ANTECEDENTES

Desde a II Guerra do Ópio (1856-60) os japoneses olhavam com cobiça para a China e com a chegado ao poder dos Meiji em 1868, os japoneses rapida-mente se desenvolveram e moderniza-ram, começando a sonhar em construir um império na Ásia.

O Japão tinha-se mantido fora do mundo desde 1639, devido aos Éditos de Isolamento que o Shogunato Toku-gawa (1600-1867) sucessivamente foi proclamando até que, a 12 de Feverei-ro de 1854, o comodoro Mathew Perry regressou ao Japão com uma esquadra de sete navios para saber a resposta à

carta do presidente Norte Americano Fillmore, que aí deixara um ano antes, a pedir (exigindo) a abertura dos por-tos japoneses ao comércio americano. O shogun conhecendo o grande poder de que dispunham as nações ocidentais assinou um tratado provisório, abrindo os portos de Shimoda e de Hakodate, juntando-se pouco depois o de Naga-sáqui. Como ministro plenipotenciário dos EUA, Harris chegou a Shimoda em 1856 e pediu a abertura de dez portos japoneses. O shogun, que devido à reacção da corte imperial de Quioto em se fazer a guerra para não deixar entrar as potências estrangeiras, foi adiando a resposta, mas logo recebeu de Harris a ameaça: “com a próxima chegada das esquadras francesa e inglesa vindas da China, onde acabavam de humilhar o governo celestial e dispostas, em últi-

ma instância, a recorrer à eloquência dos canhões para se conseguir a aber-tura do Japão aos estrangeiros” e por isso, assinou tal acordo.

Em 1858, o governo shogunal assi-nava tratados com a Holanda, Rússia, Inglaterra e França. Em 1866, o shogun morreu e sucedeu o 15º Shogun Toku-gawa Yosinobu, que pressionado pelos nobres e dáimios resignou em 1867, poucos meses após ter tomado posse. Em Quioto, o imperador Komei Tennô morreu a 3 de Fevereiro de 1867.

Se até então, o verdadeiro poder encontrava-se nas mãos do shogun e os imperadores viviam em Quioto afastados da vida real do país, em 4 de Janeiro de 1868 começou uma nova organização do Estado, acabando-se com o shoganato e iniciando-se a Restauração Imperial.

O imperador Mutsuhito, conheci-

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15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 12.12.2014

José simões moraisTexto e fotos

do posteriormente como Meiji Tennô, apenas com 15 anos, ascendeu ao trono e transferindo a capital de Quito para Yedo (mais tarde Tóquio) começou uma nova era no Japão, com a ajuda de hábeis conselheiros. Com a civili-zação do Ocidente dentro do Império, voltar ao passado era impossível, tal como derrotar as potências Ociden-tais. Aceitar a civilização do Ocidente passivamente, em apática expectativa, era suicídio. Impunha-se então adoptar no Japão a civilização ocidental e abrir de novo o país para o mundo. Assim se inicia o Reino do Imperador Meiji (1868-1912), numa galopante transfor-mação radical, que vai dar os resultados a seguir expostos, já com a governação do Imperador Hirohito (1926-1989).

Em 1874, o Japão, encorajado pe-los americanos, invadiu Taiwan com três mil soldados, mas pouco conse-guiu avançar devido à resistência que encontrou das populações locais. No entanto, sobre a mediação dos norte--americanos e dos britânicos, a dinastia Qing foi obrigada a pagar 18,9 tone-ladas em prata aos japoneses para que estes saíssem da ilha.

Em 1894, o Japão, com a ajuda ame-ricana e o incitamento britânico, inva-diu a Coreia e os chineses enviaram navios com tropas para ajudar o rei co-reano, mas estes nunca chegaram à pe-nínsula coreana, pois foram derrotados no mar. Em Março de 1895, o governo da dinastia Qing foi forçado a assinar o Tratado de Shimonoseki, que acordava em pagar 75,6 mil toneladas de prata e ceder o território chinês de Taiwan e a península de Liaodong aos japoneses, assim como abrir ao comércio estran-geiro Shashi, Chongqing, Suzhou e Hangzhou. No entanto, a Rússia (com a ajuda da França e Alemanha) forçou a que os japoneses voltassem a entregar a península aos chineses, mas os Qing teriam para isso que pagar mais 11 mil toneladas de prata. A população chine-sa reagiu mal a mais esta humilhação. A China deixou que os russos ficas-sem pelo Noroeste, para afastar outras possíveis invasões. Os habitantes de Taiwan reagiram à chegada em Maio desse ano das tropas japonesas à ilha e começaram ferozes combates, que em cinco meses fizeram trinta mil baixas no exército inimigo, mas de nada valeu e a resistência continuou até 1945.

A GUERRA RUSSO-JAPONESA

A China tinha-se fechado ao exterior desde meados do século XVII e assim se mantinha até que, pela via militar, perdeu a I Guerra do Ópio (1839-42), percebendo que tinha sido tecnica-mente suplantada pelos países Oci-

dentais. Nos anos 60 do século XIX começou um movimento que, tal como aconteceu no Japão, pretendia apren-der e adoptar os conhecimentos tec-nológicos do Ocidente, enviando para a Europa estudantes, mas a burocracia

e a corrupção que grassava na dinastia Qing boicotou tal processo.

Com a permissão da entrada de em-presas estrangeiras na China, em 1895, começou um movimento reformista de chineses ricos ligados aos Qing, que

investiram então largas somas de di-nheiro na modernização tecnológica das suas fábricas.

Em 1904 e no ano seguinte aconte-ceu a guerra russo-japonesa e os japo-neses voltaram a conquistar o Nordeste chinês.

A 18 de Setembro de 1931 as tropas japonesas invadiram Shenyang e em quatro meses ocuparam todo o Nor-deste, cometendo graves atrocidades.

Esperava-se que a Guerra Civil, que se travava na China entre o Partido Nacionalista (KMT) e o Partido Co-munista, fosse suspensa para combater os invasores japoneses. Mas apesar de ser esse o desejo de quase todos, tal não aconteceu.

Pu Yi, o antigo imperador manchu destronado em 1912, foi pelos japo-neses em 1935 conduzido a Impera-dor da Manchúria, com a capital em Changchun, na província de Jilin e os japoneses dele se serviram como cabe-ça de cartaz, quando de novo invadi-ram a China

Em 1937, as tropas japonesas in-vadiram o resto da China. Primeiro com o incidente na Ponte Marco Pólo (Lugouqiao) a 7 de Julho, próximo de Beiping (Pequim) caindo a cidade nas mãos dos japoneses a 29 de Julho, se-guindo-se no dia seguinte Tianjin. Em 12 de Novembro de 1937 o exército japonês conquistou Shanghai, tendo morrido 60 mil pessoas e daí, dirigiu-se para a capital da República da China, Nanjing.

O MASSACRE DE NANJING

Chiang Kai-Chek (em mandarim Jiang Jieshi, 1887-1975) sabendo que, após conquistar Shanghai os japoneses vi-riam fazer guerra a Nanjing, ordenou a evacuação das suas tropas de elite e com elas foi em 7 de Dezembro para Wuhan, acompanhado pelo Governo. Assim, em Nanjing ficaram cem mil soldados, sem treino e desmoralizados, sobre o co-mando do General Tang Shengzhi.

Os militares japoneses chegaram junto às muralhas da cidade a 9 de Dezembro, após vencerem as linhas chinesas colocadas em torno da ci-dade, que desde o dia 5 lhes faziam frente. Os soldados chineses cap-turados, por ordem do príncipe ja-ponês Yasuhiko Asaka foram todos mortos. A directiva de não se usar o estatuto de prisioneiro de guerra fora dada em 6 de Agosto de 1937 pelo Imperador japonês Hirohito.

Ao meio dia do dia 9, os japone-ses deram um prazo de 24 horas para

O MASSACRE DE NANJING OCORREU DURANTE SEIS SEMANAS E COMEÇOU NO DIA 13 DE DEZEMBRO DE 1937, AQUANDO DA ENTRADA EM NANJINGDO EXÉRCITO IMPERIAL JAPONÊS. SÓ TERMINOU EM JANEIRO DE 1938 APÓS A CIDADE TER SIDO TOTALMENTE SAQUEADA E INCENDIADA, OS HABITANTES TORTURADOS E EXECUTADOS, MUITOS ENTERRADOS VIVOS E AS MULHERES E CRIANÇAS RAPTADAS E VIOLADAS

PU YI, O ANTIGO IMPERADOR MANCHU DESTRONADO EM 1912,FOI PELOS JAPONESES EM 1935 CONDUZIDO A IMPERADOR DA MANCHÚRIA, COM A CAPITAL EM CHANGCHUN, NA PROVÍNCIA DE JILIN E OS JAPONESES DELE SE SERVIRAM COMO CABEÇA DE CARTAZ, QUANDO DE NOVO INVADIRAM A CHINA (Continua na página seguinte)

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16 hoje macau sexta-feira 12.12.2014h

a cidade se render, mas Chiang Kai--Chek, desde Wuhan, não aceitou tal proposta e deu ordem para que os seus soldados combatessem até ao último homem.

Sem resposta de rendição, a 10 de Dezembro o General Matsui Iwane or-denou o início da investida. Os bom-bardeamentos aéreos fustigavam a ci-dade e a 12, já Nanjing vivia no caos.

Após o cerco, a 13 de Dezembro de 1937 as tropas japonesas entraram na cidade. Começaram então as atroci-dades, tudo o que mexia era morto, as casas pilhadas e incendiadas, as mulhe-res e crianças raptadas e violadas para satisfazer os desejos sexuais das tropas japonesas e depois, torturadas e mortas de uma maneira atroz. Os cadáveres

de civis e militares espalhavam-se por toda a cidade e arredores.

O cenário era de horror, mas houve um quarteirão a Oeste da cidade, que não foi bombardeado e ficou imune a tal carnificina. Era a zona de segurança de Nanjing, onde se refugiaram as duas dú-zias de estrangeiros, comerciantes, mis-sionários e jornalistas, que ficaram na ci-dade. Esse quarteirão, onde flutuava ao vento uma bandeira da Alemanha nazi, estava protegido pelo pacto entre os japoneses e os alemães, tendo aí como chefe um comerciante alemão. Na zona de segurança não podiam deixar entrar os militares chineses e por isso, estes daí foram expulsos. Com a entrada dos ja-poneses na cidade muitos chineses, civis (homens, mulheres e crianças) e milita-

res, que despiram a farda e se vestiram à civil, daí foram retirados e mortos.

Mesmo já com a cidade comple-tamente conquistada não parou o ge-nocídio. Ninguém era poupado, tanto dentro, como fora da cidade.

Em 18 de Dezembro, mais de cin-quenta mil prisioneiros do exército chinês foram levados para as margens do Rio Yangtzé e aí mortos a tiro e pe-las baionetas.

O General Matsui, que entrara no dia anterior em Nanjing, no dia 18 mostrava-se chocado com a barbárie da sua tropa, mas essas atrocidades co-metidas só aí terminaram nos finais de Janeiro de 1938.

As estimativas dos mortos vão entre os 200 mil, a mais de 300 mil, contan-

OS SOLDADOS CHINESES CAPTURADOS, POR ORDEM DO PRÍNCIPEJAPONÊS YASUHIKO ASAKA FORAM TODOS MORTOS. A DIRECTIVADE NÃO SE USAR O ESTATUTO DE PRISIONEIRO DE GUERRA FORA DADAEM 6 DE AGOSTO DE 1937 PELO IMPERADOR JAPONÊS HIROHITO

APÓS O CERCO, A 13 DE DEZEMBRO DE 1937 AS TROPAS JAPONESAS ENTRARAMNA CIDADE. COMEÇARAM ENTÃO AS ATROCIDADES, TUDO O QUE MEXIA ERA MORTO, AS CASAS PILHADAS E INCENDIADAS, AS MULHERES E CRIANÇAS RAPTADASE VIOLADAS PARA SATISFAZER OS DESEJOS SEXUAIS DAS TROPAS JAPONESAS

do com os que morreram nos arredo-res. Esses números são contestados por alguns historiadores mas, perante tal mortandade, essa discussão não faz ne-nhum sentido.

Após a rendição do Japão em 1945 e o fim da II Guerra Mundial, o Massa-cre de Nanjing foi a julgamento, mas o pacto entre o General Mac Arthur e o Imperador Hirohito deixou de fora toda a família imperial japonesa e por isso, nem o imperador, nem o Príncipe Asaka foram julgados.

Este ano de 2014, a China colocou o dia 13 de Dezembro como o Dia Nacional de Memória ao Massacre de Nanjing e assim, também Macau irá re-cordar os 300 mil chineses mortos no Massacre de Nanjing.

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hoje macau sexta-feira 12.12.2014 (F)UTILIDADES 17

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 13 MAX 17 HUM 45-75% • EURO 9 .8 BAHT 0 .2 YUAN 1 .2

ACONTECEU HOJE 12 DE DEZEMBRO

O QUE FAZER ESTA SEMANA?

João Corvo fonte da inveja

C I N E M ACineteatro

SALA 1EXODUS: GODS AND KINGS [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver14.30, 21.00

EXODUS: GODS AND KINGS [3D] [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver18.00

SALA 2THE THEORY OF EVERYTHING [B]Um filme de: James MarshCom: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Emily Watson, Charlie Cox14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3THE BEST OF ME [B]Um filme de: Michael HoffmanCom: Michelle Monaghan, James Marsden, Luke Bracey14.30, 16.45, 19.15, 21.30

THE THEORY OF EVERYTHING

H O J E H Á F I L M E

• HojeFLIPSIDE – DJ PATRICK ZIGONLive Music Association (LMA), 00h00Entrada de 120 mop

EXPOSIÇÃO “113º 55 ‘E 21º 11’ N”, DE SOFIA AREALFundação Oriente, Casa Garden, 18h30Entrada livre

• Sábado VISUALIZAÇÃO DE FILMES DO VAFAFundação Oriente, 19h00Entrada livre

CONCERTO DE SHOW LO “2014 OVER THE LIMIT - DANCE SOUL RETURNS WORLD LIVE TOUR”Cotai Arena no Venetian, 20h00Bilhetes a partir de 380 mop

• DomingoVISUALIZAÇÃO DE FILMES DO VAFAFundação Oriente, 19h00Entrada livre

PARADA “DESFILE POR MACAU, CIDADE LATINA”Ruínas de São Paulo, Tap Seac, Bairro de São LázaroEntrada livre

• DiariamenteEXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS”DE VICTOR MARREIROS(ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store,Rua Almirante SérgioEntrada livre

EXPOSIÇÃO PÁSSAROS DE MACAU,DE JOÃO MONTEIRO (ATÉ DIA 29/12) Consulado-geral de Portugal em MacauEntrada livre

WORKSHOP DE LANTERNAS TRADICIONAIS(ATÉ DIA 13/12)Albergue SCM, das 19h00 às 21h00Entrada livre

EXPOSIÇÃO “REGIÃO OBSCURA” DE HEIDI LAU Museu de Arte de MacauEntrada livre

COTAI WINTER(PISTA DE GELOE ACTIVIDADES)Venetian Macau,todo o dia Entrada livre

Nasce o mítico cantor Frank Sinatra• Hoje é dia de recordar Francis Albert Sinatra, que nasceu em Hoboken, a 12 de Dezembro de 1915, notabilizando-se como cantor. Sinatra foi considerado a voz maior do século XX.Foi considerado dono das maior voz do século XX, imortalizada em temas como ‘Strangers in the Night’, ‘New York, New York’ ou ‘My Way’, entre muitos outros.Frank Sinatra, cujo nascimento se assinala hoje, criou um estilo único, numa sofisticação do canto, sem pausas para respiração, característica denotada em centenas de canções que lançou, ao longo de mais de 50 anos de carreira. Morre em Los Angeles, a 14 de Maio de 1998.Nasceram a 12 de Dezembro Alfred Werner, químico francês (1866), Buck Jones, actor norte-americano (1891), Yasujiro Ozu, cineasta japonês (1903, no mesmo dia da sua morte), Patrick O’Brian, escritor e tradutor inglês (1914), Frank Sinatra, actor e cantor norte-americano (1915), e Marcelo Rebelo de Sousa, professor e ex-político português (1948).Morreram neste dia José de Alencar, escritor brasileiro (1877), Yasujiro Ozu, cineasta japonês (1903, no mesmo dia do nascimento), Max Grundig, empresário alemão (1989), Joseph Heller, escritor norte-americano (1999) e George Montgomery, actor norte-americano (2000).

“GONE WITH THE WIND” (“E TUDO O VENTO LEVOU”)(MARGARET MITCHELL, 1936)

O romance da escritora e jornalista norte-americana Margaret Mitchell foi recebido, em geral, com comentários positivos da crítica, vencen-do os prémios Pulitzer e National Book Award no ano seguinte ao seu lançamento, e é também o único trabalho publicado em vida por Mitchell. Disposta cronologicamente, a sua história, passada no Sul dos Estados Unidos, retrata a vida de Scarlett O’Hara, filha mimada de um rico dono de uma plantação de algodão, que tem de usar todos os meios à sua disposição para sobreviver durante a Guerra Civil Americana e, posteriormente, ao período da Reconstrução. Apesar de extensa, a obra é conhecida pela sua clareza e legibilidade, com temas comuns à literatura popular — aventura, guerra, paixão e tur-bulência social. - Cecilia Lin

É bom, é de Morfeu. Bebes tu e bebo eu.

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20 OPINIÃO hoje macau sexta-feira 12.12.2014

P ASSARAM, com relativa des-crição, trinta e cinco anos sobre o reatamento de relações diplo-máticas entre Portugal e a China de que Macau é por razões tanto históricas como linguísticas ou culturais um incontornável ponto de interligação. Parte significativa deste trajecto foi marcado pela negociação da Questão de Macau

a qual seria levada a bom porto com a assina-tura da Declaração Conjunta entre a República Portuguesa e a República Popular da China em 13 de Abril de 1987. Assinatura que abriria o primeiro período de transição que se estenderia até 19 de Dezembro de 1999.

Concluem-se, também, em breve, 15 anos sob administração chinesa de Macau como

Macau: 35 anos depois

Região Administrativa Especial da República Popular da China, os quais ocupam praticamen-te um quarto do segundo período de transição que se conclui em 2049. Data em que o território adoptará de pleno o modelo político, econó-mico, social e cultural que vigorar na China.

Esta conjugação de datas justifica um balanço do caminho percorrido o qual teve a liderança do Dr. Edmundo Ho no período entre Dezembro de 1999 e Dezembro de 2009 e do Dr. Chui Sai On desde a última data até ao presente.

Quando há cerca de cinco anos promovi em Macau um debate sobre a transição do território, que decorreria no simpático audi-tório dos Correios de Macau sob a chancela do Fórum Luso-Asiático, o balanço foi globalmente positivo quanto aos cinco anos

transcorridos e à liderança de Edmundo Ho num tempo decisivo para Macau. Quando seria expectável um apartamento de relações com a anterior potência administrante como forma de evidenciar o apego patriótico ao país reunificado, o empresário e político de Macau teve o engenho de perceber que a narrativa das relações exigia uma visão de futuro que prevenisse os percalços políticos.

Durante os dez anos que esteve à frente dos destinos do território, Ho Hau Wa (何厚鏵) não se cansou de promover a identi-dade de Macau como fruto do intercâmbio entre o Ocidente e o Oriente, entre Portugal e a China. Cadinho particular de um certo sentido de cosmopolitismo e universalismo que esteve sempre nos 440 anos de história comum, para além da avaliação da conquista

territorial e da legitimidade do domínio colonial. Domínio soberano que como é sabido nunca foi questão de princípio para a potência administrante.

Se olharmos para os dados económicos, o Produto Interno Bruto de Macau cresceu entre 1999 e 2004, 157% e se examinarmos a década o mesmo PIB cresceu três vezes e meia, o que é em termos comparativos - na região em que Macau se integra - um facto impressionante. A estes dados se pode juntar o crescimento da população que era de acordo com o Censos de 2001 de 435 000 habitantes vindo a atingir em 2009 o patamar de 542 000 habitantes, conforme dados oficiais dos Serviços de Estatística e Censos. Relevante também o crescimento das exportações de mercadorias de cerca

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21 opiniãohoje macau sexta-feira 12.12.2014

crepúsculo dos ídolosARNALDO GONÇALVES

Se olharmos para os dados económicos, o Produto Interno Bruto de Macau cresceu entre 1999 e 2004, 157% e se examinarmos a década o mesmo PIB cresceu três vezes e meia, o que é em termos comparativos - na região em que Macau se integra - um facto impressionante

Chegados ao fim do primeiro mandato de Chui Sai On o balanço geral é que parte das expectativas foram confirmadas mas outras preteridas por factores novos que ganharam pujança entre 2009 e 2014

de 17.759 milhões de patacas (em 1999) para 22.561 milhões de patacas no fim do primeiro quinquénio de vida da RAEM. Esse crescimento sofreria um recuo com a queda das exportações para 7.673 milhões de patacas em 2009 (menos de um terço), as quais revelam a perda de importância de Macau como porto de saída das exportações da República Popular da China para os seus mercados da Europa e da América.

Quando Chui Sai On (崔世安) assumiu as responsabilidades de Chefe do Executivo da RAEM, em 20 de Dezembro de 2009, as expectativas eram de continuidade, sem so-bressaltos, das grandes linhas de orientação do mandato de Ho Hau Wa, de quem havia sido colega na Assembleia Legislativa ao tempo da Administração Rocha Vieira e depois, desde 1999, seu Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Foi essa a opinião unânime dos que participaram na sessão de debate sobre os 10 anos da RAEM.

Não escapou, contudo, aos observadores bem posicionados que várias questões co-meçaram a adquirir particular importância e constituíam um teste à focagem e resiliência do Segundo Chefe do Executivo da RAEM. Desde logo, a proximidade entre os interes-ses económicos locais e o poder executivo de que o processo judicial do Secretário Ao Man Long era uma evidência. Por outro lado, o agravamento do fosso entre os mais ricos e os mais pobres expresso na crescente conflitualidade social que tomava as ruas no aniversário do Primeiro Maio, em ma-nifestações de protesto pela forma como as reivindicações das camadas mais pobres da população não eram acauteladas – segundo os manifestantes – pela administração da RAEM. Também a dependência da economia de Macau das receitas do sector do Jogo e dos casinos e as indicações negativas quanto à diversificação industrial e económica.

O perfil mais ‘social’ do Chefe do Exe-cutivo Chui Sai On, um politico que havia obtido as suas qualificações académicas nas vertentes da higiene e da saúde pública na Universidade Estatal da Califórnia e depois na Universidade de Oklahoma, alimentaram expectativas que a ‘governance’ da RAEM

adquiria um pendor mais focado nos pro-blemas sociais e no bem-estar da população e a garantir que casos como o de Ao Man Long não se viriam a repetir. O combate à corrupção foi desde muito cedo eleito como um propósito particular da administração Chui Sai On e a nomeação de um juiz com grande experiência penal foi sinal deste novo pendor.

Chegados ao fim do primeiro mandato de Chui Sai On o balanço geral é que parte das expectativas foram confirmadas mas outras preteridas por factores novos que ganharam pujança entre 2009 e 2014.

Do ponto de vista económico, os dados confirmaram a linha de desenvolvimento e progresso da economia de Macau. Entre 2009 e 2013 (os dados de 2014 não são co-nhecidos porque o ano ainda não terminou) o PIB de Macau cresceu 249% de 165.5 milhões de patacas em 2009 para 413.4 mil milhões em 2013. O factor de alavancagem foi mais uma vez o sector do Jogo e dos casinos que renderia em 2013 receitas no valor de 361.8 mil milhões de patacas, 87% das receitas totais da RAEM. As exportações de mercadorias conheceriam uma ligeira recuperação ao longo do segundo quinqué-nio correspondendo em 2013 a 9.094 mil milhões de patacas, mais ou menos 18% mais que o valor atingido no ano de 2009.

Macau cresceu também em termos de população atingindo em 2013 os 607 000 habitantes, de acordo com dados oficiais, colocando enormes pressões na panóplia de serviços educativos e sociais disponi-bilizados pela administração. O número de visitantes cresceria na exponencial de 6 milhões em 2003 para 15 milhões em 2013, correspondendo mais de sessenta por cento a cidadãos oriundos da China Continental. Isso traduzir-se-ia na massificação do turismo e

depreciação da sua qualidade, agravamento de preços nos bens essenciais, alta de preços no mercado do arrendamento, deterioração na prestação de cuidados de saúde, níveis altíssimos de poluição, desordenação do trânsito ou aumento do ruído urbano.

Paralelamente, assistiu-se à crispação das relações laborais através da manutenção de baixos níveis de remuneração no sector dos serviços, importação maciça de mão-de-obra não qualificada, falta de quadros qualificados para as empresas, o que foi acompanhado de uma degradação do serviço das pequenas e médias empresas locais e da tomada de posições dominantes no mercado por parte de empresas de Hong Kong.

Em termos políticos, tornou-se clara a supervisão da política local por Pequim e a diminuição do grau de autonomia gestionária por virtude da integração económica na pro-víncia de Guangdong e pela supervisão por parte do Presidente Xi Jinping do processo de mudança dos Executivos da RAEHK e RAEM. A questão do método de eleição do Chefe do Executivo da RAEHK em 2017 e o movimento de contestação popular que deflagrou teve evidentes reflexos em Macau com a autonomização dos movimentos de massas do ‘abraço’ das organizações de base do Partido Comunista Chinês. O al-cance global deste fenómeno não é de todo perceptível mas é claro um notório fosso geracional crescente entre a liderança das organizações tradicionais e os líderes dos movimentos ’espontâneos’ que por diversas vezes, durante este ano de 2014, tomaram as ruas do território.

Tornava-se, assim, indispensável que o Chefe do Executivo procedesse a uma sig-nificativa renovação dos quadros dirigentes da RAEM, quebrando eventuais fidelidades institucionais e grupais. Depois de rumores

de continuidade com vários nomes a caírem na comunicação social e dados como ‘in-contornáveis’ e ‘insubstituíveis’ o recente anúncio pelo Chefe do Executivo da sua equipa de secretários e altos dirigentes permite extrair três conclusões. A primeira que esta é uma equipa para um novo tempo, um novo ciclo e uma nova premência de problemas. Gente com idade inferior a 60 anos que irá, porventura, servir dois mandatos. Uma equipa heterogénea com experiência na ad-ministração pública e no empresariado local mas da estrita confiança política de Chui Sai On. Finalmente uma equipa de pendor mais executivo e hierarquizado onde se evidencia apenas um titular: o Chefe do Executivo.

Trinta e cinco anos depois do reatamento das relações entre Portugal e a China, a RAEM adopta o modelo que era do Estatuto Orgânico de Macau: um Chefe do Executivo sucedâneo do Governador do tempo dos portugueses; um governo constituído por Secretários que implementa e supervisiona o programa definido pelo CE feito aprovar na Assembleia Legislativa.

Macau entra num novo tempo.

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22 opinião hoje macau sexta-feira 12.12.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

O comboio andava a oitenta à hora e não era só um trans-porte na distância - transportava-nos também no tem-po. O milénio já tinha mudado, mas aquele continuava a ser um comboio

vestido de napa de um enjoativo verde-água, um linóleo manhoso no chão, uma rosa de plástico enfiada numa jarra também de plástico e um sinal universal de proibição de fumo. Um sinal que ninguém respeitava. Quatro camas, dois beliches, o lugar de baixo era o mais caro e foi um bilhete desses que comprei que queria ir bem instalada, achava eu, burguesa me confesso até nas viagens solitárias desaconselhadas pelas agências de viagens a jovens estrangeiras. Uns lençóis manho-sos. O meu saco-cama emprestado azul, um leitor portátil de cds, umas sanduíches previdentes na mochila. Imensos quilómetros lá fora. Só se sabe como o mundo é grande quando nos sentamos a ver o mundo passar.

Lá fora estava frio e 28 horas depois cheguei. Um endereço escrito num papel e uma cidade imensa à minha frente. Um frio que não me deixava sentir o nariz, as mãos dentro das luvas e a mochila às costas, um táxi e a dificuldade em tirar as notas com as mãos vestidas, a chegada a casa, os rostos amigos, o banho quente e bom. Depois veio o resto da cidade, as ruas estranhas, os militares na rua, muitos militares em todas as ruas, e a grandeza das ruas, ruas onde não se anda a pé, as bicicletas, o frio, as ruas a perder de vista. As ruas que fui explorando de dentro de uma janela de um táxi. Ruas demasiado grandes

contramãoISABEL [email protected]

Das pequenas coisas

Pequim hoje é o que se sabe, é Prada, é Miu Miu, é poder e é o mundo,com o mundo controlado. Um controlo que nãome cai bem, porquenão nasci assim

e frias para percorrer devagar, numa cidade em que foi difícil ver caras debaixo de gorros e cachecóis.

Voltei lá com bom tempo, mas com menos tempo para as descobertas que se fazem quando nos sentamos nos cafés a ver pessoas que moram nas cidades onde não vivemos. Voltei lá sempre a correr, em trabalho, com tarefas específicas, sem tempo para me lembrar do mau tempo da primeira vez. Voltei sempre de avião, a mochila foi trocada por uma mala com rodas, despachada para o porão. Sem sanduí-ches, nem enigmáticos companheiros de viagem, nem saco-cama azul. A vida muda.

Deixei de lá ir por alguns anos. Ou-tros destinos apareceram no caminho. Regressei agora, um dia destes, e esta-va frio. Dos comboios só vi a estação, não entrei em cafés, foram 24 horas em trabalho sem tempo para sentir as ruas. Entra no autocarro, sai do autocarro, entra no táxi, sai do táxi, o frio con-tinua e as avenidas sem fim também, um taxista simpático que apresenta as maravilhas da cidade, as ruas infinitas, as ruas cheias de luz. Prada, Miu Miu, Prada, Miu Miu, a cidade tem luzes estranhas e lojas que não combinam com a arquitectura rígida e inflexível, nem com a impossibilidade de andar a pé. A cidade tem nomes estrangeiros estranhos misturados com a toponímia que só os anos de Oriente ajudam a tornar pronunciável, a cidade conti-nua a ter o peso que tem. A capital. A capital do Norte.

Lembro-me de sair do comboio e pensar que não ia voltar a dizer Pequim da mesma forma. Pequim decidiu. Pe-quim escolheu. Pequim não concorda. Pequim avisa. Pequim quer. Pequim é Pequim por ser grande, imponente, rigorosa, austera, inflexível. Pequim é imensa e, mesmo nessa altura, quando os comboios andavam a oitenta à hora e eram de napa verde-água, Pequim já podia, embora Pequim não fosse o que hoje é.

Pequim hoje é o que se sabe, é Pra-da, é Miu Miu, é poder e é o mundo, com o mundo controlado. Um controlo que não me cai bem, porque não nasci assim. No regresso, num avião com uma mala de rodas, sem saco-cama nem sanduíches, sossego no regresso a casa. A desejar que os companheiros de viagem preservem o que aqui está. Só quem aqui vive sabe a sorte que tem em ter ruas pequenas, que as pequenas coisas são as que nos dão liberdade.

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hoje macau sexta-feira 12.12.2014 23PERFIL

PAULA CRISTINA DA COSTA, DOCENTE DE LÍNGUA PORTUGUESA

“TODOS QUEREMOS O MESMO, SER FELIZES”FIL IPA ARAÚ[email protected]

D E malas feitas para a despedida de Ma-cau, Paula Costa, docente de língua portuguesa como língua estrangeira,

partilhou ao HM o que aprendeu, sentiu e viveu no território que a acolheu, a si e à sua família, durante nove anos.

“A oportunidade de Macau surgiu por me ter inscrito no concurso do Instituto de Camões, que coloca professores de português como língua estrangeira em várias partes do mundo”, começa por contar. A aveirense tinha como destino Gabão, mas um dia alguém lhe propôs a alteração para Macau, desafio que agarrou sem pensar duas vezes. “Não conhecia muito de Macau, sabia que tinha sido uma colónia portuguesa, mas pouco mais que isso”, explica. A docente relembra um detalhe que na altura lhe ficou marcado aquando a sua viagem de barco do aeroporto de Hong Kong para o território. “Na altura [do processo de escolha entre Gabão e Macau] estava a ler um livro do autor João Aguiar, ‘Os Comedores de Pérolas’, que é um dos livros que fala sobre Macau. Foi muito curioso estar a ler o livro e terem feito o convite para a troca de locais. Lembro-me quando estava a fazer a viagem de Hong Kong para Macau, de pensar na descrição do percurso que o autor escreve no livro”, recorda.

PRIMEIRO IMPACTOPaula Costa partilha que é uma pessoa de fácil adaptação. “Para mim é um bocadinho tudo o mesmo, só muda a paisagem, como

costumo dizer”, desdramatiza. Sem hesitar, a docente rapidamente desvenda o primeiro pensamento que lhe ocorreu assim que os seus pés tocaram na terra de Macau. “Mas quem é que ligou o forno?”, brinca. “Sim, esse foi o meu primeiro pensamento. Era Outubro e a humidade já não estava tão intensa. Lembro-me que em 2005 o terminal marítimo era diferentes, não existia toda aquela infra-estrutura, e quem chegava não entrava logo para o terminal. Mal sai do barco senti um calor, super abafado. Pensei logo nisso, mas quem é que ligou o forno”, relata. Depois com o passar dos dias, das semanas e dos meses, tudo se tornou muito comum.

hora de “novas aventuras” ou então apenas “uma pausa”, mas a experiência, essa não a esquece. “De uma forma geral viver em Ma-cau foi uma experiência muito gratificante. Gosto de Macau, gostei de viver aqui e das pessoas que conheci, mas chegou a altura de ir embora”, começa por explicar. A vida no território, diz a professora, também mudou um pouco. “As coisas estão um bocado di-ferentes, quando cheguei cá a vida era um bocado mais barata, as casas, a comida e havia menos gente na rua”, enumera, sem negar que estes noves anos ajudaram-na também a conhecer um pouco de si. “Esta experiência fez-me também conhecer um pouco sobre mim, coisas que em Portugal me passavam ao lado, não são coisas fi-losóficas, nada disso, são pormenores do dia-a-dia. Por exemplo, aqui percebi que ando muito rápido nas ruas e que não tenho paciência nenhuma para o andar vagaroso das pessoas pelas ruas”, brinca, acrescen-tando que “é uma coisa pequena, mas que não sabia que era assim”.

QUASE UMA DÉCADANa sua análise, agora ao olhar para trás, Paula Costa defende que Macau “pode ser um pouco claustrofóbico”, mas que é uma característica “fácil de resolver com umas saídas para Hong Kong ou outros sítios”. Reconhecendo ainda que não par-tilhou muito esta possibilidade de troca de culturas, a docente acrescenta que “esta cultura tão diferente” da portuguesa, veio reforçar um grande ensinamento: “todos nós, de uma forma geral e naquilo que

é mais importante queremos o mesmo, sermos felizes”.

UMA PORTA ABERTASegundo explica a docente, apesar de ter sido uma experiência muito gratificante, o limite foi atingido. “Cheguei ao meu limite”, sublinha, explicando que há dois motivos que a fazem partir. “Macau, como disse, pode ser claustrofóbico, e nove anos depois, sinto-me um bocadinho farta de viver aqui, no sentido em que a claustro-fobia começa a ser um bocado grande. Por outro lado, acho que está na altura de experimentar, ou tentar experimentar, coisas diferentes”, explica. Para Paula Costa há uma tendência de acomodação generalizada dos que aqui vivem. “Sinto que nos acomodamos um bocado, seja por termos uma situação financeira razoável, boa ou óptima, ou outro motivo qualquer. Acho que se calhar ficamos um bocado acomodados e sinto que está na altura de me ‘desacomodar’”, justifica.

Contudo, Macau nunca será, aos olhos da aveirense, uma porta fechada. “Mais que não seja porque aqui nasceu o meu filho”, brinca. A docente garante que foi aqui que “viveu momentos muito bons”, e mesmo que não volte ao território, ele faz parte da sua história, e por isso mesmo, “nunca será esquecido”.

Na bagagem, Paula Costa leva os amigos que aqui fez e que agora a vêem partir, a enorme saudade da comida chinesa que tanto gosta e a possibilidade de um dia, passem meses ou anos, voltar.

“Gosto de Macau, gostei de viver aqui e das pessoas que conheci, mas chegou a altura de ir embora”

“Nos primeiros dias senti-me meia perdida, acho que pelos prédios serem todos um pouco iguais, tinham todos grades, andava meia confusa pelas ruas. Os cheiros também foi uma das coisas que mais notei, talvez por não estar habituada, por serem diferentes, mas sim, os cheiros eram sentidos de forma mais intensa”, conta.

UMA PAUSADe sorriso nos lábios e sempre pronta para brincar, Paula Costa partilha que chegou a

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hoje macau sexta-feira 12.12.2014

Taipa Biblioteca Central vai recrutar mão-de-obra O vice-presidente do Instituto Cultural (IC), Chan Ping Fai, afirmou ontem que as obras de construção da Biblioteca Central da Taipa já terminaram. O próximo passo é apostar no software, ou seja, mão-de-obra, recrutando mais recursos humanos já no início do próximo ano. Para já, Chan Ping Fai não consegue avançar qualquer data para a inauguração, não sabendo quanto tempo poderá ainda demorar.

China Hilton Worldwideprepara mais 150 hotéis A cadeia hoteleira norte-americana Hilton Wolrdwide ultrapassou os 50 hotéis das suas marcas na China e tem mais 150 unidades em construção, mantendo a sua estratégia de expansão no gigante asiático. Bruce McKenzie, vice-presidente de operações na China e Mongólia, garantiu em declarações ao diário Shanghai Daily que o objectivo da companhia é proporcionar aos clientes as diversas marcas do grupo para que estes façam escolhas perante necessidades. “Continuamos muito optimistas sobre a China e sobre o futuro, apesar da economia do país estar a abrandar”, disse. Até agora, a cadeia tem na China cinco das suas marcas: Hilton, Waldorf Astoria, Conrad, Embassy Suite e DoubleTree by Hilton. Em Outubro chegou a um acordo de exclusividade com o grupo hoteleiro chinês Plateno para desenvolver hotéis sob a marca Hampton by Hilton no país.

FIL IPA ARAÚ[email protected]

O deputado Leong Veng Chai está preocupado com as condições de acesso à saúde e

tratamentos dos doentes de foro psiquiátrico. Por isso mesmo, numa interpelação ao Governo, pergunta quais os planos futuros neste área.

Na sua argumentação, o nú-mero dois do deputado Pereira Coutinho, explica que muitas têm sido as reclamações apresentadas

Macau Pass com chip pode ser carregado por smartphone

A Macau Pass vai ter versões de cartões com chips compatíveis,

assim permitindo carregar estes cartões através do telemóvel. O mecanis-mo passa pela introdução de dados pessoais do cartão de crédito numa aplicação de smarphone. O director executivo da Macau Pass, Cheong Chi Wa, referiu ontem ao canal chinês da rádio Macau, que os utentes podem introduzir estes dados através do nú-mero de telemóvel. Em relação à pro-tecção de dados pessoais dos utentes, o director garantiu que a empresa tem tomado as devidas precauções. “Se o cartão apenas for usado para pagar as viagens de transportes públicos, não é necessário introduzir dados pessoais”, disse. Cheong acrescentou que já tinha emitido cerca de um 1,5 milhões de cartões Macau Pass, e por isso mesmo é que os cartões actuais podem conti-nuar a ser usados durante um período máximo de três anos, altura em que deverão ser substituídos pelos novos dispositivos com chip.

China Líderde empresa estatal condenado à morte

A China condenou à morte, na quarta-feira, o líder de uma em-

presa estatal por crimes de corrupção envolvendo 400 milhões de yuan, noticiou ontem a imprensa oficial.

A sentença decorre da campanha anti-corrupção levada a cabo pelas autoridades do Partido Comunista desde que Xi Jinping subiu à presi-dência do país.

Apesar de a China executar mais pessoas do que todos os outros países do mundo juntos, de acordo com as organizações de direitos humanos, é muito raro que uma pena capital seja aplicada a um dirigente gover-namental.

Um tribunal de Cantão condenou Zhang Xinhua, antigo líder da Compa-nhia Industrial e de Agricultura Baiyun, por corrupção e fraude, na quarta-feira, de acordo com a agência Xinhua.

Zhang foi considerado culpado de desviar da empresa montantes no valor de 280 milhões de yuan desde 2003.

Também aceitou subornos de cerca de 95 milhões de yuan em troca de favores, diz a agência.

A condenação de Zhang surgiu no mesmo dia em que Liu Tienan, antigo vice-diretor da Comissão Nacional para o Desenvolvimento e Reforma, a principal agência de planeamento eco-nómico do país, foi condenado a prisão perpétua, também por corrupção.

O evento Desfile por Macau, Cidade Latina, que se realiza a 14 deste

mês, vai obrigar ao corte de algumas das principais artérias da cidade, incluindo as ruínas de S. Paulo, a Rua dos Artilheiros, a Calçada da Igreja de São Lázaro, entre outras. Em comunicado, o Instituto Cul-tural aproveitou para lembrar que todos os parquímetros que abranjam zonas do evento estarão fora de serviço entre as 9 horas de dia 13 e as 20 horas do dia seguinte. O desfile terá início nas ruínas de S. Paulo, às 16 horas e finda às 19.30 horas na praça do Tap Seac. Também o estacionamento de autocarros de turismo estará condicionado ao longo dos lugares

na rua D. Belchior Carneiro, devendo estes veículos abandonar o local até às 9 da manhã de dia 14. As ruas de S. Paulo, Santo António, D. Belchior Carneiro e dos Artilheiros, bem como o Largo da Companhia e o de Santo António serão mesmo encerrados ao trânsito entre as 13 e as 17.30 horas do mesmo dia. A partir das 13.30 horas do dia do evento, os acessos pedonais até à zona das ruínas da Calça-do de S. Paulo e Rua de S. Paulo estarão fechados e não será permitida a entrada de mais pessoas a partir do momento em que o local estiver lotado. O mesmo meca-nismo será implementado para controlar a multidão no Tap Seac, ao final da tarde.

PSIQUIATRIA DEPUTADO PREOCUPADO COM CONDIÇÕES PARA DOENTES

Muito aquém do necessário

“Macau tem cerca de 600 mil habitantes, portanto, deviam existir 60 médicos psiquiatras quando, na realidade,são menos de 20”LEONG VENG CHAI Deputado

pelos familiares dos doentes men-tais “que se queixam de falta de serviços de apoio, ao nível tanto do hardware como do software”. Situação que para o deputado “dificulta a reabilitação e readap-tação à sociedade” dos doentes em causa.

No mesmo documento, Leong Veng Chai mostra que apesar de nos últimos 15 anos, ou seja, depois da transferência de soberania, o desenvolvimento económico ter crescido, já uma “grande pressão para a vida da população”. Recorrendo a núme-ros, o deputado mostra ainda que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a proporção de cada médico da área da psiquia-tria deve ser “um para cada 10 mil pessoas”. “Macau tem cerca de 600 mil habitantes, portanto, deviam existir 60 médicos psi-quiatras quando, na realidade, são menos de 20, portanto, uma situação que está muito aquém de alcançar os referidos critérios da OMS”, argumenta.

CONTRA A NEGLIGÊNCIARelativamente às instalações, o deputado reforça a incapacidade dos espaços de saúde. “Ao ní-vel do respectivo hardware, no Centro Hospitalar de Conde S. Januário existem 91 camas na especialidade de psiquiatria e

aumenta, portanto estamos pe-rante uma situação que não pode ser negligenciada”, alerta Leong Veng Chai.

Por isso mesmo, o deputado quer assim saber, quais os pla-nos, que o Governo dispõe para aumentar o número de médicos, assim como as respectivas ins-talações e material necessário. Na mesma interpelação, Leong Veng Chai questiona o Executi-vo se existe acompanhamento aos ex-doentes que agora estão recuperados, assim como, se as autoridades irão levar a cabo iniciativas para prestar apoio aos pacientes que enfrentam proble-mas de discriminação.

As inúmeras reclamações apresentadas por familiares de pacientes levam o deputado Leong Veng Chai a questionar o Governo sobre os cuidados prestados aos doentesdo foro mental apenas 20 nos lares pertencentes

a instituições particulares, mas o número de pacientes [de Macau] ultrapassa os oito mil e tende a

Cidade Latina Desfile condiciona trânsito