hoje macau 21 dez 2014 #3240

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GCS AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB CASIMIRO PINTO FEZ A MÚSICA DOS 15 ANOS DA RAEM EVENTOS CENTRAIS Bem pode Jason Chao organizar protestos, escrever cartas e pedir sufrágio universal. As suas acções parecem cair em saco roto. POLÍTICA PÁGINA 6 MANIFESTAÇÃO DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 DOMINGO 21 DE DEZEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3240 hojemacau CANÇÃO PÁGINAS 2 - 4 PUB O presidente pediu ao povo que apoie o Governo, mas também disse a Chui para governar com justiça. O Chefe do Executivo confessou que não está satisfeito com os resultados que alcançou no primeiro mandato. PRESIDENTE DESPEDIU-SE DE MACAU Xi coracão ´

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Hoje Macau N.º3240 de 21 de Dezembro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 21 DEZ 2014 #3240

GCS

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

CASIMIRO PINTO FEZ A MÚSICA DOS15 ANOS DA RAEM

EVENTOS CENTRAIS

Bem pode Jason Chao organizar protestos, escrever cartas e pedir sufrágio universal. As suas acções parecem cair em saco roto.

POLÍTICA PÁGINA 6

MANIFESTAÇÃO

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 D O M I N G O 2 1 D E D E Z E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 2 4 0

hojemacau

CANÇÃO

PÁGINAS 2 - 4

PUB

O presidente pediu ao povo que apoie o Governo, mas também disse a Chuipara governar com justiça. O Chefe do Executivo confessou que não está

satisfeito com os resultados que alcançou no primeiro mandato.

PRESIDENTE DESPEDIU-SE DE MACAU

Xi coracão´

Page 2: Hoje Macau 21 DEZ 2014 #3240

GCS

2 hoje macau domingo 21.12.2014RAEM 15 AN S1 9 99 - 20 1 4

ANDREIA SOFIA [email protected]

N O dia em que a RAEM fez 15 anos, o novo Governo liderado por Chui Sai On tomou

posse numa cerimónia decorrida na Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental e sob o olhar do presidente da República Popular da China (RPC), Xi Jinping. Primeiro o Chefe do Executivo, depois os novos Secretários e a seguir os membros do Conselho Executivo: todos eles juraram obedecer às leis de Macau e da China. Cumprido o protocolo, coube a Xi Jinping deixar quatro recados à RAEM, que versaram sobre questões políticas, sociais e económicas.

“Devemos aprimorar a capa-cidade e o nível de governação conforme as leis da RAEM. Após o seu regresso à Pátria, o sistema de governação da RAEM ficou cada vez mais aperfeiçoado e a capaci-dade de governação cada vez mais elevada. No entanto, constatamos que novos requisitos mais exigen-tes são colocados pela evolução da conjuntura e expectativas da população”, começou por dizer no seu discurso, perante uma plateia com 1200 individualidades.

“Devemos empreender em for-mar um Governo diligente, honesto, eficiente e justo, que actua, toma decisões e governa segundo as leis, a fim de garantir que o desenvol-vimento da RAEM permaneça na trajectória jurídica”, frisou ainda.

Na área da Administração, Xi Jinping falou da necessidade de “intensificar a construção e gestão dos funcionários públicos, com vista a aumentar a capacidade deles de desempenhar as suas funções, sob orientação das leis”.

Para aqueles que esperavam algumas palavras sobre o sistema político vigente, Xi Jinping foi claro ao referir que devem ser to-madas medidas preventivas contra a infiltração e “a interferência das forças exteriores”, para consolidar a tranquilidade e a solidariedade de Macau. Nesse sentido, o pre-sidente pediu ainda a promoção da “harmonia e estabilidade”, por serem a “base fundamental para o desenvolvimento da economia,

ASSIM que tomou posse para o segundo mandato como Chefe

do Executivo, Chui Sai On frisou que os recados deixados por Xi Jin-ping iriam trazer “novo dinamismo para o início de uma nova etapa para Macau”. Para o governante, essa nova etapa será marcada por uma maior justiça social, segundo referiu no seu discurso. “Estamos a estudar a criação de um mecanismo eficiente de longo prazo no domínio da distribuição dos saldos financeiros, que permita uma alocação mais eficientes de re-cursos sociais e uma distribuição de recursos mais justa”, disse Chui Sai On, garantindo: “Não cruzaremos os braços”. Ainda na área social, o Chefe do Executivo assegurou que o Governo é “responsável por dar prioridade à promoção do bem-estar da popula-ção, com vista à construção célere de uma cidade aprazível para viver e trabalhar”. Chui Sai On disse mesmo não estar “satisfeito com os resultados já alcançados”, pelo que há mais a fazer. “Iremos prosseguir o princípio da nossa governação de ter por base a população e a tomada de decisão baseada em critérios científicos”, referiu. Por forma a responder ao pedido de diversificação económica que tem vindo a ser feito por Pequim – e no mesmo dia em que Xi Jinping volta a reiterar que é preciso “melhorar o regulamento da indústria de Jogo” com “coragem e sabedoria”, recorrendo a “um plano racional” e a “uma visão abrangente e de longo alcance”, Chui Sai On garantiu que esta se trata de uma “opção indiscu-tível”, bem como “uma estratégia a longo prazo” e uma “prioridade”. Foi prometido um controlo do sec-tor do Jogo e o estímulo “ao desen-volvimento de novas indústrias”, na área de exposições e convenções, medicina tradicional chinesa e indústrias culturais e criativas. Chui Sai On realçou que o novo Governo “vai continuar a proteger os espaços urbanos propícios ao desenvolvimento de Pequenas e Médias Empresas”. Se Xi Jinping pediu maior eficácia no novo Governo, Chui Sai On prometeu ainda “concretizar a sim-plificação do aparelho administrati-vo e o aprofundamento da reforma administrativa”, sem esquecer o regime de responsabilização dos titulares dos principais cargos. Fi-cou garantido “o desenvolvimento do sistema jurídico”, bem como a optimização “dos mecanismos de consulta da sociedade, para recolher ao máximo as opiniões públicas e conhecer as realidades”.

15 ANOS DEPOIS NA TERRADAS AMPLAS LIBERDADESXi Jinping não deixou de tecer largos elogios à RAEM 15 anos depois da sua criação. Para o presidente da RPC, os cidadãos de Macau são hoje “donos da própria casa, gozam de ampla liberdade e direitos democráticos” conforme as leis. “Macau vem testemunhando o desenvolvimento ordenado do sistema político democrático, o rápido crescimento económico, a constante melhoria da vida dos habitantes, a harmonia e a estabilidade social”, referiu. Não só os princípios políticos da RPC têm sido respeitados, diz, como a “Lei Básica de Macau é amplamente aceite pela população e aplicada efectivamente”.

“Devemos formar um Governo diligente, honesto, eficiente e justo,que actua, toma decisões e governa segundo as leisXI JINPING Presidente da RPC

CHUI SAI ON

“Não estamos satisfeitos com os resultados alcançados”Na tomada de posse do novo Executivo, Xi Jinping falou de quatro pontos

que Macau deve seguir nos próximos cinco anos: diversificação económica, um Governo mais justo, uma administração mais transparente eficiente e a educação patriótica dos jovens. O presidente pediu ainda “medidas preventivas contraa interferência de forças exteriores”

PRESIDENTE PEDE GOVERNO “JUSTO” E APELA A MEDIDAS CONTRA “FORÇAS EXTERNAS”

O discurso dos quatro recados

sociedade e do bem-estar dos cidadãos de Macau”.

DIVERSIFICAÇÃO IMPRESCINDÍVEL O presidente da RPC voltou também a frisar a necessidade de diversificação económica em Macau, um dia depois de ter falado da existência de “riscos” no futuro. “Devemos promover activamente a diversificação adequada e o desenvolvimento sustentável da economia de Macau. Nestes anos, Macau tem conseguido um rápido progresso sócio-económico, acompanhado por conflitos profundos e riscos de desenvolvimento que se formam ao longo do tempo. Perante isso, devemos ter um pensamento e um plano racional sobre como promover o desenvolvimento sau-dável da economia e da sociedade de Macau, a partir de uma visão abrangente e de longo alcance”.

Para ir além do sector do Jogo, Xi Jinping exige “uma boa capaci-dade de planear o futuro” e “captu-rar as importantes oportunidades trazidas pelo aprofundamento integral das reformas do país”, sem esquecer o desenvolvimento da região como centro de turismo e de plataforma de ligação aos países de língua portuguesa.

O quarto ponto do discurso do presidente da RPC focar-se--ia na necessidade de “reforçar a educação e formação dos jovens”, sempre com os ideais patrióticos subjacentes. Xi Jinping pediu ainda que o novo Executivo crie “um ambiente social mais justo e equitativo mediante o tratamento adequado dos diversos pleitos da sociedade e o equilíbrio entre os interesses das diferentes partes”.

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hoje macau domingo 21.12.2014 3 raem 15 anos

F OI um discurso que não se limitou a falar do sucesso de Macau e da “mãe-Pátria”, mas que deixou directrizes

claras para o novo Executivo lide-rado por Chui Sai On trabalhar. É assim que são vistas as declarações feitas por Xi Jinping, presidente chinês, na tomada de posse do novo Governo.

“Foi um discurso positivo que se coaduna bastante com a realida-de social em Macau, um discurso de elevação da qualidade de gover-nação e transparência governativa, uma governação justa e honesta.” É desta forma que o deputado José Pereira Coutinho olha para as palavras do presidente chinês.

Ao HM, Pereira Coutinho considerou que, depois destas palavras, “o Governo vai ter mes-mo de redobrar os esforços” para elevar a boa governação. “Não tenho dúvidas de que a elevação da qualidade de governação é o ponto central dos trabalhos do fu-turo. Vamos ter as Linhas de Acção Governativa (LAG) em Março de 2015 e daqui até lá o Governo vai ter de tomar o pulso da situação social e desembaraçar-se das amar-ras influentes dos empresários. Os Secretários vão ter de resolver os problemas dos transportes, da habitação e saúde e melhorar a forma de governação para termos mais justos”, apontou ainda.

Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, também o antigo deputado Ung Choi Kun, presiden-te da Associação dos Empresários do Sector Imobiliário de Macau, referiu que o discurso de Xi Jinping foi “diferente dos anteriores”, com “um conteúdo mais prático e ins-truções concretas para o ambiente real de Macau, incluindo o facto do desenvolvimento económico ter de beneficiar os residentes”.

DIVERSIDADE ÉTNICA REFERIDAJorge Fão, antigo deputado e ac-tual dirigente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pen-sionistas de Macau (APOMAC), foi um dos 1200 convidados que esteve ontem na cerimónia de to-mada de posse. Ao HM, começou por destacar o facto do presidente chinês ter falado da “composição étnica da população de Macau”, numa clara alusão à comunidade macaense.

Sobre as propostas de Xi Jin-ping, diz, representam “mais” do que orientações. “O presidente chinês está a par de tudo o que se passou e se passa em Macau e todas estas propostas devem ser seguidas à risca pelo nosso Governo. Quan-do ele diz que quer mais acção tudo isso tem de ser interpretado como o facto de não termos feito

PATRIOTISMO RECADOS A HONG KONG RECEBIDOS SEM SURPRESA

O menino da mamã e os paus-mandados

Figuras políticas olham para as palavras do presidente da República Popularda China como estando mais próximas do que de facto está a acontecer em Macaue como um pedido claro para uma rápida reacção do novo Executivo

ANÁLISE XI JINPING DEIXOU RECADOS CONCRETOS, DIZEM INDIVIDUALIDADES

O fim das palavras molesANDREIA SOFIA [email protected]

FLORA [email protected]

o suficiente nos quatro pontos que mencionou”, referiu Jorge Fão.

Ao falar da formação dos funcionários públicos, Xi Jinping “sabe que há pessoas que estão a dirigir os serviços e não querem assumir responsabilidades e tam-bém que há determinados serviços que não estão a funcionar bem”, defende o dirigente da APOMAC.

COMPLEXOS E FORMAÇÃO“A formação das pessoas, espe-cialmente os quadros da Função

Pública, não tem sido feita. Não só não estamos a fazer nada como ainda temos o complexo de mostrar que não sabemos e temos vergonha de recrutar pessoas do exterior”, disse Jorge Fão, dando o exemplo da falta de magistrados e de médicos.

Outros membros da Assem-bleia Legislativa (AL) também falaram com o canal chinês da Rádio Macau à saída da cerimónia da tomada de posse. Chan Hong, deputada nomeada pelo sector da

educação, lembrou que Xi Jinping deu atenção ao crescimento dos jo-vens enquanto fundamento para o futuro de Macau. “Devemos educar as novas gerações em conjunto”, acrescentou.

O deputado José Chui Sai Peng, primo do Chefe do Executivo, defendeu que o discurso do presi-dente chinês “concretiza o desejo de todos”, bem como o “reforço” das gerações mais novas. “A nova equipa do Governo tem de alcançar uma boa governação e [Xi] teve

mensagens claras. [Este é um discurso] que pede aos residentes que apoiem a RAEM e que dá es-perança ao seu desenvolvimento”, apontou.

Já Lau Veng Seng, deputado nomeado, realçou o facto de Xi Jinping ter dado destaque à neces-sidade de reforçar a cooperação regional. “Macau deve cooperar de forma mais estreita com o interior da China, promovendo uma perspectiva ainda melhor da economia”, concluiu.

N O discurso de ontem, Xi Jinping abor-dou questões políticas, numa altura em que o sufrágio universal motivou

mais de dois meses de protestos e bloqueio nas ruas de Hong Kong. O presidente chinês assegura que é preciso promover a harmonia e a estabilidade, bem como a “coesão social”. Xi deixou ainda um recado sobre o controlo de possíveis influências externas tanto em Macau como em Hong Kong, o que não constituiu uma novidade para quem ouviu o discurso.

“Não fico surpreendido pelo presidente estar em Macau e mandar alguns recados para Hong Kong. Mas não há níveis de compara-ção em termos de dimensões geográficas dos territórios. Em termos de qualidade e nível de

cidadania da população são completamente diferentes”, comentou José Pereira Coutinho.

Já Jorge Fão destacou as notícias recentes publicadas em Hong Kong que ligam os líderes do movimento “Occupy Central” ao magnata dos média Jimmy Lai e a figuras do sistema político norte-americano. “Isso leva-nos a pensar que há outros países que querem interferir nas questões internas de Hong Kong e China e também Macau. [Xi Jinping] deixou um recado para as pessoas terem cuidado para não serem utilizadas como ‘pau mandado’ de determinadas instituições ou países sob a capa da democracia. A democracia em Macau e Hong Kong só vai ter lugar no dia em que sejam implantados na China os primeiros passos da democracia”, lembrou Jorge Fão.

Ontem, Xi Jinping salientou a importância de promover a formação dos jovens, em especial no que toca ao patriotismo. “Devemos destacar os ensinamentos da história, cultura e realidade do país para que os jovens apreciem melhor a riqueza e a grandeza da civilização chinesa (...), compreendam melhor o caminho extraordinário percorrido pela nova China e as enormes conquis-tas, além de perceberem melhor a ligação inerente entre ‘um país, dois sistemas’, o desenvolvimento do socialismo com peculiaridades chinesas e a concretização do sonho chinês”, disse. Deste modo, assegura, os jovens de Macau podem ligar “estreitamente” o “futuro de Macau à pátria” e sentir “mais orgulho nacional e mais amor pelo país e por Macau”. - A.S.S.

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4 RAEM 15 anos hoje macau domingo 21.12.2014

O presidente chinês, Xi Jinping, apelou ontem, numa conversa com alunos da Universidade de Macau, ao retorno de um “revivalismo da cultura chinesa”, acrescentando ainda que o princípio de “um país, dois sistemas” está a ser bem sucedido

LEONOR SÁ [email protected]

E M conversa com 20 alunos da Universidade de Macau (UM), o presidente chinês referiu ontem que a política

“um país, dois sistemas” é “muito difícil, mas bem sucedida”. Isso mesmo referiu Ares Lin Zeng, um dos alunos presentes durante um debate à porta fechada, aos jornalistas.

Macau vai ter jurisdição de águas marítimas

O Chefe do Executivo assegurou ontem que o Governo Central chinês já deu

início à definição das áreas marítimas que ficarão sob jurisdição da RAEM. O líder do Governo, que falou após a sua tomada de posse como quarto Chefe do Executivo para um último mandato, mostrou-se satisfeito pela decisão.

A definição das águas sob jurisdição de Macau, um tema que Chui Sai On não de-senvolveu, permitirá à RAEM gerir e decidir o planeamento da zona que lhe ficará afecta, numa altura em que os recursos de terrenos locais são escassos e não permitem o desen-volvimento para grandes áreas de aterros.

O Governo português fe- licitou ontem o novo Governo de Macau

e destacou “o excelente rela-cionamento” que Portugal e a RAEM “souberam construir” nos últimos 15 anos, desde o fim da administração portu-guesa.

Numa mensagem enviada ao Chefe do Executivo, o ministro de Estado e dos Ne-gócios Estrangeiros português, Rui Machete, felicita Chui Sai On pelo início do seu segundo e último mandato, reiterando o convite que já lhe tinha di-rigido para que visite Portugal em breve.

A propósito do 15.º ani-versário do estabelecimento da RAEM, o governante português sublinhou na sua mensagem “o excelente rela-cionamento” que Portugal e Macau “souberam construir”, adiantou à Lusa fonte oficial do ministério dos Negócios Estrangeiros.

“A nossa proximidade com

XI JINPING APELA A REVIVALISMO DA CULTURA CHINESA EM ENCONTRO COM ALUNOS DA UM

O que é tradicional é bom

ACIDENTE CARICATO Durante o período de espera pelo presidente chinês, frente ao edifício da galeria da UM, foi possível ver e ouvir um incidente com um dos autocarros da instituição, que se encontrava estacionado. O acidente deu-se quando o chão desabou e a carrinha colapsou para o lado. A equipa da UM apressou-se então a tapar o autocarro tombado com outro veículo, de modo a que o cenário insólito não afectasse a chegada de Xi Jinping.

GOVERNO PORTUGUÊS FELICITA O NOVO EXECUTIVO

“Excelente relacionamento”

No evento, esteve presente Chung Ling, conhecida escritora de ficção e professora da Universidade de Hong Kong e da UM. A também directora de uma das residências da UM – e professora na instituição - realçou que Xi quer “estabelecer uma confiança cultural e revivalis-mo da cultura chinesa”, ideia que deixou bem clara durante a conversa com o grupo de estudantes. “O princípio de ‘um país, dois sistemas’ é um esforço sem precedentes que não existe em mais sítio nenhum no mundo”, acrescentou ainda Xi, de acordo com a docente.

A professora avançou ainda que Xi pretende que a cultura tradicio-nal volte a expandir-se pelo país, já que, de acordo com a mesma, “desde o século XIX que os chi-neses perderam confiança [em si próprios] por causa da invasão de forças do ocidente”. Na opinião de Chung Ling, é importante para Xi que haja confiança cultural.

A conversa com os estudantes levou muitos dias e foi treinada “várias vezes”. Os principais assuntos em cima da mesa foram a cultura tradicional chinesa e a juventude contemporânea.

Naquela que foi a última para-gem do presidente da República Popular da China durante a visita oficial de dois dias ao território, Xi Jinping sugeriu aos alunos que lessem os “grandes clássicos” chineses, tomando o seu próprio exemplo de como em criança leu obras como ‘Water Margin’, con-siderada uma das maiores obras literárias da China.

Em última análise, o treino serviu para que os jovens tives-sem confiança para falar com o presidente. “Temos estado a falar sobre estes assuntos com os nossos alunos, questionando-os sobre como vão fazer perdurar a cultura chinesa e passá-la à próxima gera-ção”, disse Chung aos jornalistas, depois do debate.

Já Ares Lin Zeng disse ainda que o debate teve em vista uma retrospectiva da infância do presidente, alguém que o aluno considerou, tal como outros três entrevistados, muito “amigável”.

SEM HIPÓTESEAos jornalistas, contudo, foi ape-nas dado espaço para fotografar o líder da China, já que o percurso não incluiu um discurso por parte de Xi Jinping. Do carro, o presi-dente deslocou-se até ao edifício da galeria da UM para ver uma expo-sição sobre a história da instituição e mostradores com os feitos dos laboratórios de microelectrónica e medicina chinesa. Presentes es-tiveram ainda o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, o reitor da UM, Zhao Wei e o vice-reitor Rui Martins, a quem Xi Jinping perguntou de onde era originário. Portugal, obviamente, foi a resposta.

Macau e a forma construtiva como decorreu a retroces-são deste território para a China têm contribuído para

dinamizar a relação bilateral entre Portugal e a China, uma parceria estratégica global que tem vindo a aprofundar-se

nos últimos anos”, destacou a mesma fonte.

Portugal e Macau, que assinaram um Acordo Quadro de Cooperação, em 2001, têm vindo a aprofundar a parceria em domínios como a eco-nomia, ambiente, educação, língua e cultura.

Segundo a fonte do Palácio das Necessidades, exemplo desse relacionamento é o facto de a comissão mista, criada pelo acordo de 2001, ter passa-do de reuniões de dois em dois anos para reuniões anuais, uma alteração introduzida através de uma revisão assinada por Rui Machete e Chui Sai On, em Maio, durante a visita do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, à China.

Esta comissão reuniu-se em Macau, no mês passado. - Lusa/HM

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O NOVO EXECUTIVO

5POLÍTICAhoje macau domingo 21.12.2014

JOANA [email protected]

J Á estão no comando os novos indigitados para o IV Governo da RAEM. Por um período de cinco

anos, que ontem foi oficialmente iniciado, o Chefe do Executivo Fernando Chui Sai On – que co-meça o segundo e último mandato – vai fazer-se acompanhar por novas caras nas cinco secretarias, nas Forças de Segurança, no Co-missariado contra a Corrupção, na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e na dos Serviços para a Administração e Justiça (DSAJ).

Sónia Chan, Secretária para

a Administração e Justiça, já escolheu o novo director para a DSAJ. É ele Liu Dexue, licencia-do em Agronomia pelo Instituto de Agricultura de Anhui e com mestrado em Direito Civil, pela Universidade de Pequim. Dexue, que substitui o agora comissário contra a corrupção, André Cheong, é ainda doutorado em Direito Civil e Comercial, pela Universidade da Ciência Política e Direito da China.

Foi secretário judicial do Insti-tuto de Juízes do Tribunal Popular Superior da Província Anhui, de Se-tembro de 1988 a Agosto de 1993, técnico superior dos Serviços de Apoio à Assembleia Legislativa, de 1998 a 2004 e assessor dos mesmos serviços de 2006 até ao presente.

E porque Jaime Carion, agora aposentado, também deixou vago o cargo na DSSOPT, o novo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo Arrais do Rosário, teve de fazer também a sua escolha.

É Li Canfeng o novo director do organismo. Licenciado em Engenharia pela Universidade de Tecnologia do Sul da China, Canfeng tem mestrado na mes-ma área pelo Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa e fez o doutoramento no Instituto de Engenharia Civil e Transporte da Universidade de Tecnologia do Sul da China.

De 1995 a 1998 foi técnico su-perior principal no Departamento

de Urbanização e no Departamento de Gestão de Solos e Chefe do Departamento de Gestão de Solos da DSSOPT, tendo sido, de 1998 até 2008 subdirector do organismo.

Como já tinha sido avançado pelo HM, Cheong U, antigo Se-cretário para os Assuntos Sociais e Cultura, foi nomeado para exercer funções na Fundação Macau. De acordo com um despacho publicado ontem em Boletim Oficial, Cheong U será um dos vice-presidentes do Conselho de Administração da Fundação, ten-do sido nomeado por um período de dois anos.

Leong Heng Teng continua como porta-voz do Conselho Executivo.

MACAU JÁ TEM NOVO GOVERNO. DSAJ E DSSOPT MUDAM DE DIRECTORES

Barco novo, capitão antigo

• CHUI SAI ONCHEFE DO EXECUTIVONascido em Macau em 1957Licenciado em Gestão de Sanidade Urbana, pela Universidadedo Estado da Califórnia, Mestre e doutorado em Gestãode Saúde Pública pela Escolade Saúde Pública da Universidade de OklahomaÚltimo cargo: Secretáriopara os Assuntos Sociais e Cultura

• SÓNIA CHANSECRETÁRIA PARAA ADMINISTRAÇÃO E JUSTIÇANasceu em Cantão em Dezembro de 1964. Licenciada em Direitopela Universidade ZhongshanMestrado em Direito Penal pela Universidade Popular da China.Último cargo: coordenadorado Gabinete para a Protecçãode Dados Pessoais.

• ALEXIS TAMSECRETÁRIO PARA OS ASSUNTOS SOCIAIS E CULTURANasceu em Julho de 1962,no MyanmarDoutorado em Gestãode Empresas pela Universidadede Nankai da RPCMestre em International MBApela Universidade de Glasgowdo Reino Unido Licenciatura em Gestãode Empresas pela Universidade Nacional de Chengchi, TaiwanLicenciatura em Direitopela Universidade de Ciências Políticas e Direito da RPCÚltimo cargo: porta-vozdo Governo

• LIONEL LEONGSECRETÁRIO PARAA ECONOMIA E FINANÇAS Nasceu em Macau em 1962Licenciado em Matemática pela University of Waterloo do CanadáEmpresário

• RAIMUNDO DO ROSÁRIOSECRETÁRIO PARA OS TRANSPORTES E OBRAS PÚBLICASNasceu em Macau em 1956Licenciado em Engenharia Civil Último cargo: Chefe da Delegação Económica e Comercial de Macau junto da União Europeia,em Bruxelas e chefe da Delegação Económica e Comercial de Macau, junto da Organização Mundialdo Comércio

• WONG SIO CHAKSECRETÁRIO PARA A SEGURANÇANasceu na Províncida de Guangdong em Setembro de 1968Licenciado e doutorado em Direito pela Universidade de PequimÚltimo cargo: director da PJ

• O Conselho Executivo do novo

Governo realizou ontem a sua

primeira reunião. Presidida

pelo Chefe do Executivo, Chui

Sai On, a reunião serviu para os

membros expressaram votos de

congratulações a Leong Heng

Teng que foi, mais uma vez,

nomeado porta-voz do grupo.

“Todos os membros presentes

reiteraram que irão, no estrito

cumprimento da Lei Básica,

desempenhar fielmente as

suas funções, ser honestos e

servir com dedicação a RAEM

e os cidadãos”, avança um

comunicado.

CONSELHO EXECUTIVO LEONG HENG TENG CONTINUA A DAR A VOZ

Chui Sai On Lionel Leong Vai Tac

Alexis Tam

Ma Io Kun

André Cheong

Sónia Chan Hoi Fan

Ip Son Sang

Wong Sio Chak

Lai Man Wa

Raimundo do Rosário

Ho Veng On

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6 política hoje macau domingo 21.12.2014

JOANA [email protected]

O Governo vai mesmo eliminar as acções ao portador através da revisão do Código

Comercial, por considerar que esta é das únicas formas de evitar que a RAEM não cumpra os critérios do Fórum Global sobre Transpa-rência e Troca de Informações para fins fiscais. O anúncio é feito no

FLORA [email protected]

É já uma manifestação normal levada a cabo no dia da transferência de soberania e, pela sétima vez, ontem,

a Associação Novo Macau saiu de novo à rua. Os pedidos não diferem muito dos que têm vindo, constantemente, a ser feitos pelos activistas deste grupo e da Juventude Dinâmica de Macau, que acompanhou a ANM: mais democracia e sufrágio universal.

Desde a praça do Tap Seac até à sede do Governo, participaram mais de uma centena de pessoas, de acordo com a organização e incluindo as mais activas, como Jason Chou, Bill Chou, Rocky Chan e Ieong Man Teng, líder do grupo Forefront of Macao Gambling.

“Não queremos um Chefe do Executivo eleito por 400 pessoas, queremos um eleito por cada um” e “excluam-se os deputados indirectos e nomeados” eram os gritos de guerra de quem caminhou debaixo de um forte aparato policial.

Sempre controlados por um grande núme-ro de polícias, que filmaram também o protes-

to, os manifestantes foram questionados pela líder do grupo Juventude Dinâmica, Kuan Un San, à chegada à Rua do Campo, em frente ao edifício dos Serviços de Administração e Função Pública: “quantos residentes aqui não se inscreveram como eleitores? Sabiam que o é, para nós, muito importante? Se não votarmos, a AL pode ser ainda mais controlada por [poderosos] e empresários ricos. Portanto, quem ainda não for eleitor, pode ir à máquina automática de inscrição para se inscrever”, gritava a responsável.

Os agentes policiais não permitiram que a manifestação avançasse até à porta da sede do Governo, sendo que esta foi bloqueada, ficando apenas em frente aos lagos Nam Van. Só alguns residentes que entregaram cartas ao pessoal do Executivo é que se puderam aproximar da porta. Entre os manifestantes, estavam também os idosos que pedem a união com os filhos maiores de idade, a quem não é permitido assentar na RAEM.

Durante a manifestação, Xi Jinping já não estava em Macau. Mas, os manifestan-tes consideram que o presidente chinês tem consciência do que se passou. “Xi Jinping

sabe como é a nossa vida quotidiana. Como é que não sabe o que estamos a pedir?”, disse Sou Ka Hou, líder da ANM.

Anteriormente, a Associação já tinha entregue uma carta para ser apresentada a Xi Jinping. Ainda que Sou considere que é muito provável a carta não ter sido entre-gue antes da saída do presidente, considera que, pelo menos, foram expressas as suas solicitações, que passam pela abertura da reforma política e de sufrágio universal. Algo que, diz Sou Ka Hou, não é expresso apenas pela manifestação, mas sido pedido constantemente.

“O Governo da RAEM deve assumir a responsabilidade, porque o primeiro passo de abertura está a cargo do Chefe do Executivo. Não espero que Chui Sai On fuja mais das responsabilidades e diga que a decisão é do Governo Central, porque ele é que tem de entregar primeiro uma proposta.”

A manifestação não teve muita adesão, o que para um dos participantes, Sio Chu, se deve às recentes declarações sobre o ‘Occupy Central’ de Hong Kong, que tem sido classi-ficado como desafio e desobediência civil.

PSP Proibição de entrada de bebé foi “confusão”

O impedimento da entrada no territó-rio de um bebé de Hong Kong com

um ano de idade, na sexta-feira, deveu--se à muita “confusão”, que aconteceu no terminal marítimo do Porto Exterior. É esta a justificação da PSP para quem, “de facto”, o bebé podia entrar em Ma-cau. As autoridades afirmam que estava uma situação “muito confusa no termi-nal, devido aos mais de dez residentes de Hong Kong que estavam a gritar e a queixar-se” por terem sido também barrados. O caso, diz a PSP, “causou um incómodo grave” aos trabalhos da polícia, que, mais tarde, “realmente descobriu que o bebé podia entrar”. A PSP afirma que “ainda quis remediar a situação”, mas que os pais da criança “infelizmente” já tinham regressado a Hong Kong, para onde foram repatria-dos. A criança, recorde-se, foi impedida de entrar em Macau por ter um nome igual, em pinyn, ao de um homem na lista negra da RAEM e por “representar perigo” para a segurança do território. A PSP assegura que vai rever o processo a fim de evitar erros semelhantes no futuro. - F.F.

Para poder passar na avaliação do Fórum Global sobre Transparência e Troca de Informações para fins fiscais, Macau terá de eliminar a permissão de emissão de acções ao portador. A decisão está tomada. Agora falta publicar a lei e dar seis meses a partir daí para que quem tem acções destas as possa converter

CÓDIGO COMERCIAL ACÇÕES AO PORTADOR VÃO SER ELIMINADAS. SEIS MESES PARA CONVERSÃO

Macau quer nota positiva

MANIFESTAÇÃO ANM PEDIDOS DE DEMOCRACIA COM POUCA ADESÃO

Os mesmos pedidos em saco roto

relatório de análise às opiniões da consulta pública sobre o assunto, que foi publicado na sexta-feira.

Actualmente, o regime de Macau não permite identificar os titulares destas acções, algo consi-derado “desfavorável” ao combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento ao terrorismo pelo Fórum Global. Este organismo analisou a situação da RAEM no que refere à implementação e ao cumprimento de padrões interna-cionais e apontou que Macau ainda tem muitos trabalhos a fazer em matéria de revisão legislativa, sen-do que, entre as lacunas, é apontada

a “insuficiência de mecanismos que assegurem a disponibilidade da informação sobre a titularidade das acções ao portador”.

Ora, o Governo diz querer cum-prir esses padrões internacionais, até porque a RAEM vai ser avaliada em 2016 e quer “ser aprovada”. É que, a “manter-se na situação actual, muito provavelmente, não satisfará os critérios da terceira fase de avaliação, o que afecta a imagem internacional e a econo-mia de Macau”, como justifica o Governo.

A decisão de eliminar essas acções é não só a proposta desde

o início pelo Executivo, como, de acordo com o relatório, foi “de forma geral” bem recebida.

SEIS MESES PARA MUDARO relatório indica que não há qualquer impacto negativo na actividade das sociedades, no desenvolvimento do mercado de capitais ou na economia em geral, aquando da eliminação destas ac-ções. Até porque, diz o relatório, este cancelamento não vai afectar outras categorias de acções.

As acções ao portador, recorde--se, são acções que não obrigam a que o titular seja identificado. O

Governo, que deu outras hipóte-ses além desta, indica ainda que o Fórum Global tem vindo a aceitar a opção de estas serem eliminadas.

A alteração ao Código Comer-cial terá, ainda, de ser feita, mas a partir da entrada em vigor, os titulares têm entre seis meses a um ano para pedir a conversão dos seus títulos. Caso contrário, podem mesmo vir a perdê-las.

“Caso os titulares de acções ao portador não tenham pedido a conversão dentro dos seis meses posteriores à entrada em vigor da lei, os mesmos ficam com os seus direitos enquanto accionistas suspensos, incluindo o direito a receber os dividendos. Tendo os direitos suspensos, os accionistas não deixam de o ser, continuando a ser titulares das acções, pelo que o valor das acções não vai ser afectado nem as acções vão ser transferidas para a sociedade”, avisa o Exe-cutivo. Contudo, “consideram-se destruídos os títulos de acções ao portador que não sejam convertidos dentro do prazo de um ano”.

De acordo com o Executivo, a ideia é que os títulos repre-sentativos de acções ao portador sejam convertidos o mais depressa possível para que os titulares das acções sejam conhecidos, assim “permitindo um mais rápido cum-primento dos objectivos do Fórum Global”.

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7SOCIEDADEhoje macau domingo 21.12.2014

U M curso de tradução em Língua Portuguesa e Man-darim, promovido em par-ceria pelos Institutos Po-

litécnicos de Leiria (IPL) e Macau (IPM), já formou 114 tradutores e intérpretes, portugueses e chineses, colocados em empresas privadas e instituições governamentais.

Iniciado há oito anos, em 2006, o curso de Tradução e Interpretação Português/Chinês e Chinês/Português formou, até agora, 44 licenciados portugue-ses e 70 chineses e funciona em paralelo nas duas instituições: o primeiro e quarto ano no país de origem dos alunos e os dois anos intermédios em Portugal (para os chineses) e na China (para os portugueses).

“Essa é uma das mais-valias, potenciar a formação num contexto de imersão linguística”, disse à agência Lusa Inês Conde, coor-denadora do curso.

DIFERENÇAS DEONTOLÓGICAS De acordo com a professora da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do IPL, empresas privadas da área da tradução em Portugal, Brasil e Angola, órgãos de comunicação social de Macau, universidades e entidades repre-sentantes do Governo português na China estão entre os organismos que têm garantido saídas profissio-nais aos alunos.

Durante as aulas, tanto portu-gueses, como chineses sentem as diferenças nas metodologias de ensino - conforme é praticado em Portugal ou no extremo Oriente - embora Inês Conde sublinhe ser “mais difícil” aos alunos chineses assimilarem o método português que o contrário.

“Os professores portugueses usam muito as estratégias criati-vas ou espontâneas de escrita ou produção oral e os alunos chineses estão habituados a um sistema de mais memorização, repetição até de conteúdos e estruturas grama-ticais. Eles têm muita facilidade em estudar a gramática e sentem mais dificuldade na produção oral espontânea, sem preparação prévia”, explicou.

Já os portugueses, continuou, embora em geral adorem a expe-

“Os professores portugueses usam muitoas estratégias criativas ou espontâneasde escrita ou produção oral e os alunos chineses estão habituados a um sistemade mais memorização, repetição atéde conteúdos e estruturas gramaticais”INÊS CONDE Coordenadora do curso

114licenciados em tradução

TRADUTORES CURSO EM PARCERIA COM LEIRIA JÁ FORMOU MAIS DE UMA CENTENA

A falar a mesma línguaSão mais de uma centena os jovens formados em tradução, num curso que contacom a parceria de Macau e Portugal. Empresas privadas e instituições governamentais são os mercados para estes alunos

riência de estudar em Pequim - e de sentir a “pulsão” da capital do país mais populoso do mundo - re-latam as diferenças encontradas na metodologia chinesa, “um tipo de ensino que requer muita disciplina, muito estudo, muito trabalho e muito treino linguístico”.

CULTURASO ‘feedback’ que o Politécnico de Leiria tem dos responsáveis do seu congénere de Macau - com quem a parceria permitiu desenvolver uma “relação muito próxima com docen-tes e funcionários”, quase familiar - é o de que os alunos portugueses que ali estudam “são muito bons a aprender línguas estrangeiras”.

No relacionamento com os professores, os alunos macaenses oriundos do Politécnico de Macau “têm uma relação muito cordial

e muito formal”, principalmente no início do ano lectivo: “depois percebem que podem estar um pouco mais à vontade mas são muito respeitadores, muito bem comportados nas aulas e respon-dem muito bem às solicitações dos docentes”, refere Inês Conde.

Os portugueses, esses, são mais informais, denotam “algumas

características típicas” do país de origem, “nem sempre respeitam as horas de entrada nas aulas”, assinala, com um sorriso, a coor-denadora do curso.

“Temos alunos que já falam chinês quase sem as marcas da sua origem, da sua língua materna. Têm-nos dito que trabalham e vão ao encontro das exigências que

lhes são feitas na aprendizagem do mandarim”, frisou.

No regresso a Leiria, no quarto ano do curso, os professores de chi-nês destacados na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais “ficam muito contentes por per-ceberem que houve uma evolução enorme nos dois anos que passaram na China e o trabalho que é feito já é de grande complexidade”.

No último ano os estudantes trabalham géneros textuais legais, administrativos, relacionados com a economia ou com a literatura “e con-seguem atingir bons resultados”, manifestados, depois, nos estágios profissionais que se realizam no segundo semestre do quarto ano.

“Fazem tradução de chinês para português e, se lhes pedirem, também de português para chinês”, revela. - LUSA/HM

ANTÓ

NIO

FALC

ÃO

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8 sociedade hoje macau domingo 21.12.2014

O S Serviços de Saúde confir-maram a detec-ção de um caso

local de doença Tsutsuga-mushi, conhecida como ‘tifo epidémico’. O doente é um idoso, aposentado, que apre-sentou sintomas da doença já no dia 14 de Novembro.

O homem ficou inter-nado desde o dia 12, mas só na quinta-feira à noite é que o organismo anunciou o caso. O idoso ficou no hospital para se submeter a tratamento, depois de apre-sentar sintomas como febre, fatiga, tontura, hipotensão. O resultado da análise la-boratorial evidencia uma anomalia da função hepática e foi-lhe ainda detectada uma escara no extremo da vértebra esquerda. Foi só quando os SS enviaram a amostra de sangue do doente ao Centro Laboratorial de Hong Kong para análise que se descobriu que a doença é realmente tifo.

Como o doente não tem história de viagem, o caso é classificado como sendo uma infecção adquirida localmente. Até ao presente momento, a família e os co-

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SAÚDE CASO DE TIFO EPIDÉMICO LOCAL DETECTADO EM MACAU

Passeios perigosos

legas do doente não apresen-taram sintomas similares.

Habitualmente o doente faz caminhadas na montanha e, uma semana antes do aparecimento de sintomas,

tinha feito uma caminhada no circuito de manutenção de Coloane e ficado ferido ao raspar num arbusto. A doença tsutsugamuchi é uma doença infecto-contagiosa

aguda provocada pela pica-da das larvas portadoras de Rickettsia tsutsugamushi. Os roedores também são um hospedeiro natural.

Até ao presente momen-to, não existe vacina eficaz para prevenir o tifo e a ad-ministração de antibióticos constitui o tratamento mais eficaz. De acordo com os

SS, o laboratório de Hong Kong entregou os resulta-dos apenas no dia 18, mas o organismo indica que o homem teve alta no dia 2 de Dezembro.

O QUE É O TIFO EPIDÉMICO?O tifo epidémico, popular-mente conhecido apenas como tifo (apesar de outras doenças distintas terem o mesmo nome), é uma doença contagiosa transmitida por parasitas comuns no corpo humano, como piolhos, e causado pela bactéria Ri-ckettsia prowazekii. É dis-tinto e não relacionada com a febre tifóide, que é cau-sada pelas salmonella. Há outras formas semelhantes ao tifo epidémico, porém menos graves, como o tifo endémico causado pela Ri-ckettsia typhi e o tifo do mato causado pela Orientia tsutsugamushi – o que se terá verificado em Macau.

O tifo epidémico foi durante muito tempo uma causa importante de epide-mias mortíferas na Euro-pa (especialmente no Leste

Europeu e na Rússia) e Ásia. Hoje em dia está erradicada na Europa, e em outras regiões. Quando surge, as medidas de saúde pública geralmente previnem o aparecimento de epidemias.

O tifo é transmitido pelo piolho humano do corpo Pediculus humanus corporis, (mais raramente pelo piolho dos cabelos), que os excretam nas suas fezes, invadindo o ser humano através de pequenas feridas invisíveis. A incubação é de 10 a 14 dias. A mortalidade é de 20% se não tratado ade-quadamente, mas algumas epidemias entre desnutridos chegaram a matar cerca de 2 em cada 3 infectados (66%).

Os sintomas do tifo epidémico desenvolvem--se em cerca de uma a duas semanas após a infecção inicial e podem incluir: Febre alta (39-40oC); dor de cabeça; mal-estar; náu-seas; vómitos; tosse; dor de barriga; diarreia e manchas avermelhadas na pele.

UMA TERRÍVEL HISTÓRIAO tifo foi uma importante causa de epidemias antes da Segunda Guerra Mundial. Atingia particularmente os exércitos em campanha e as populações prisio-nais. Alguns historiadores acreditam que foi o tifo a doença misteriosa que atingiu Atenas no século de Péricles (430 a.C), um evento associado ao declínio dessa grande cidade-estado.

Uma das epidemias mais importantes foi aque-la que atingiu Napoleão Bonaparte e a sua Grande Armée na campanha de in-vasão da Rússia, em 1812. Durante a retirada das suas tropas após a destruição de Moscovo pelos russos, as tropas de Napoleão fo-ram reduzidas de 600.000 a 40.000 mais devido ao tifo e ao frio que às tropas inimigas. Outra epidemia mortífera surgiu na Irlan-da entre 1846 e 1849 du-rante a fome da batata nesse país, onde o tifo se uniu à destruição de um fungo parasita dessa cultura para reduzir, pela morte e emi-gração, a população da ilha para menos de um terço.

Apesar de medidas ba-ratas e fáceis de preven-ção já serem conhecidas, os nazis deixaram centenas de milhares de presos nos seus campos de concen-tração, incluindo a maio-ria de judeus(como Anne Frank), morrer da doença durante a Segunda Guerra.

O INSTITUTO PARA OS ASSUNTOS

CÍVICOS E MUNICIPAIS

FELICITA A REGIÃO ADMINISTRATIVA

ESPECIAL DE MACAU PELA PASSAGEM

DO SEU 15º ANIVERSÁRIO

E DESEJA A TODOS UM FELIZ NATAL

Page 9: Hoje Macau 21 DEZ 2014 #3240

LUSA

9 sociedadehoje macau domingo 21.12.2014

A OS 42 anos, com um filho para cuidar, habita numa casa social. A se-nhora Lei tem hoje uma

vida mais desafogada, mas conti-nua a subsistir graças aos apoios do Governo e a sonhar com uma oportunidade de trabalho. Ainda assim, para a senhora Lei, o Go-verno poderia ajudar ainda mais no que diz respeito a recursos, como centros onde deixar as crianças de famílias monoparentais, onde o pai ou a mãe trabalham.

A família Lei é uma das 5684 que vive abaixo do índice mínimo de subsistência em Macau e uma das 1960 que ocupava uma habi-tação pública, segundo dados de 2013 facultados à agência Lusa pelo Instituto de Acção Social (IAS).

Natural do interior da China, Lei veio para Macau há 25 anos. Trabalhou numa caixa de super-mercado, mas o nascimento do fi-lho, agora com oito, provocou uma reviravolta na sua vida, forçando a sua saída do mercado laboral.

“Não consigo encontrar nin-guém para cuidar dele”, conta Lei, lamentando a falta de serviços de ocupação de tempos livres para crianças com idade superior a dois anos. “O Governo tem tantos recursos. Pode fazer muito mais para nos ajudar, oferecendo centros para deixarmos os nossos filhos enquanto vamos trabalhar ou ao nível da formação profissional”, descreve. “Olho para os casinos e vejo tantas oportunidades de emprego...”, acrescenta Lei, sem poupanças, idealizando um pé-de--meia a pensar no futuro do filho.

MELHOR AGORALei, de aparência humilde mas cuidada, tal como a casa que amavelmente mostra às visitas, recebe apoios do IAS desde 2006, actualmente na ordem das 7190 patacas por mês. Um orçamento ao qual não tem tido que subtrair, nos últimos tempos, o dinheiro da renda devido à política de isenção para as famílias carenciadas pro-movida pelo Governo.

Inquilina do complexo de Seac Pai Van, que alberga mais de nove mil fracções, Lei vive afastada do centro da cidade, mas quase a paredes-meias com a ‘strip’ do Cotai e os néones dos seus luxuosos casinos.

Mas nem sempre foi assim. Antes de se mudar, e depois de esperar quatro anos por uma habi-tação social, residia na densamente povoada zona das Portas do Cerco – principal fronteira terrestre com a China –, pelo que hoje na nova casa está contente por respirar “um ar mais puro” e por ter “mais espaço”.

No cubículo que arrendava, a cozinha confundia-se com o quarto e toda a área era equivalente ao ta-manho da sua actual sala-de-estar, também ela já de diminuta dimensão.

“Já não aguentava. A área era muito pequena e o meu filho, que

FAMÍLIA EM CONDIÇÕES POBRES PEDE MAIS AJUDA DO GOVERNO

Quando brilha não é para todos

tem um problema respiratório, tinha de sair sempre que eu co-zinhava”.

O fardo da renda aliada à soli-dão levou-a a recorrer à ajuda da Cáritas. Naquela altura, o apoio chegava em várias frentes: recebia arroz mensalmente, ganhou uma secretária para o filho estudar, envolveu-se em iniciativas da instituição de cariz social.

Também da Caritas veio um presente especial. “O meu filho ficou muito feliz quando os volun-

tários bateram à porta para entregar um bolo de aniversário. ‘Mamã, tu nunca me compras um bolo quando faço anos’, disse ele, porque eu apenas costumava cozer um ovo por essa ocasião”, recorda Lei, sem esconder a alegria do petiz perante a “casa cheia” nos seus anos.

TRISTEZAS E ALEGRIAS As famílias monoparentais figuram como uma das principais benefi-ciárias dos apoios do IAS, com a senhora Lei a encaixar-se também

na faixa etária predominante – en-tre os 40 e os 59 anos.

Segundo o chefe funcional da Equipa de Coordenação e Apoio à Comunidade do IAS, o número anual de famílias carenciadas be-neficiárias de apoios do IAS tem sido idêntico nos últimos 15 anos.

Porém, em 2005, houve um pico: 10.285. Stephen Ng Heng Man avançou à Lusa uma expli-cação para a quebra para quase metade do universo de famílias carenciadas no espaço de oito

anos – segundo os dados oficiais. “A partir de 2005, a expansão da indústria do Jogo trouxe um de-senvolvimento socioeconómico e criou mais postos de trabalho pelo que diminuiu o universo de pedidos de subsídio”.

As famílias carenciadas rece-bem um subsídio regular que re-sulta da diferença entre o valor dos rendimentos mensais e o valor do risco social – o montante mínimo de sobrevivência estipulado pelo Executivo.

O valor mínimo corresponde actualmente a 3800 patacas para uma pessoa que viva sozinha e o máximo, para famílias com número igual ou superior a oito membros, a aproximadamente 17 mil patacas.

O IAS tem outras modalidades de apoio financeiro como subsídios especiais para portadores de defi-ciência ou doentes crónicos.

Também foi criado, em 2009, um banco alimentar, cuja gestão foi posteriormente entregue à Cáritas. Desde Setembro de 2011, mais de quatro mil famílias, ou um uni-verso superior a sete mil pessoas, beneficiaram da ajuda, segundo o secretário-geral, Paul Pun.

Além do Plano de Apoio Alimentar de Curto Prazo – de-signação oficial do programa –, a Caritas presta outro tipo de apoios aos mais carenciados.

Actualmente, gere oito lares, quatro dos quais destinados a ido-sos, a sem-abrigo, contando mais de 40 que retirou das ruas, bem como a jovens e a portadores de deficiência, dispondo, entre outros serviços, de uma linha telefónica para aconselhamento intitulada “Life Hope”, que funciona 24 horas por dia.

E se no mundo Macau ostenta o quarto maior Produto Interno Bruto (PIB) ‘per capita’ dentro de portas essa não é uma realidade palpável. A faceta da pobreza também existe mas raramente se mostra. - LUSA/HM

“A partir de 2005, a expansão do Jogo trouxe um desenvolvimento socioeconómico e criou mais postosde trabalho peloque diminuiu o universo de pedidosde subsídio”

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10 hoje macau domingo 21.12.2014EVENTOS

O HORIZONTE • Patrick ModianoPrémio Nobel da Literatura 2014O Horizonte - um horizonte carregado de esperança que faz deste romance belíssimo uma obra peculiar dentro do universo hipnótico de Patrick Modiano. Jean Bosmans, um homem frágil perseguido pelo fantasma da mãe, recorda a sua juventude e as pessoas que entretanto perdeu. Sobretudo a enigmática Margaret Le Coz, a jovem mulher por quem se apaixonou nos já lon-gínquos anos 60 e que um dia misteriosamente desapareceu. Quarenta anos depois, Bosmans parte à procura desse amor que a memória teimosamente conservou.

AS AVENIDAS PERIFÉRICAS • Patrick ModianoPrémio Nobel da Literatura 2014Numa pequena aldeia ao lado da floresta de Fontaine-bleu, em plena Ocupação alemã, juntam-se ao fim de semana alguns personagens inquietantes. Entre eles, o pai do narrador.Quem é ele? Um traficante? Um judeu acossado? Que faz ele no meio de tal gente? Até ao fim, o narrador perseguirá, com ternura, esse pai fantasmático.

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E M 1999, Casimiro Pin-to foi a voz escolhida para interpretar a can-ção sobre a transição

de Macau para a China. Desde então, a cada cinco anos, o macaense, ex-candidato às eleições legislativas, tem vindo a dar o seu cunho para composições musicais sobre os aniversários da RAEM.

No âmbito do 15º aniver-sário, Casimiro Pinto compôs a música “O sonho de Macau”, com a colaboração do músico

C ARLOS do Carmo celebra 75 anos hoje, domingo, e é homenageado no Cinema S.

Jorge, em Lisboa, com a exibição do documentário “Um Homem no Mundo”, de Ivan Dias, que o definiu, à Lusa, como “um filme de amor”. “Neste filme, e só para os amigos, Carlos do Carmo revela-se, o que me permitiu, como realizador, poder mostrar este mundo que ele não pôde a mostrar ao grande público, e só mostrava aos amigos”, disse Ivan Dias.

“É um filme de afectos, de amizades, quase lhe chamava um filme de Natal, porque é um filme da família, um filme de amor - eu diria que este é um filme de amor”, rematou o cineasta que realizou, entre outros, um documentário sobre o músico Joel Pina. O filme é apresentado no domingo, às 18:00, como obra ainda não concluída, na homenagem ao fadista, no Cinema S. Jorge, em Lisboa.

Casimiro Pinto já é uma voz habitual nos aniversários da transferênciade soberania. Para os 15 anosda RAEM, juntou-se à Associaçãode Intercâmbio da Cultura e Artede Meng Meng e compôs umabalada que apela ao romantismo.A ideia é fazer um videoclipe gravar um álbum

CASIMIRO PINTO COMPÔS “O SONHO DE MACAU” PARA OS 15 ANOS DA RAEM

“Nota-se uma harmonia que não é slogan”

DOCUMENTÁRIO SOBRE CARLOS DO CARMO É COMO “UM FILME DE AMOR”

75 anos, 17 beijos, muitos fadosO realizador disse que “este era

o momento mais brilhante, o mo-mento de consagração” do cantor, pois “poucos artistas chegam aos 50 anos de carreira e também aos 50 anos de casamento com Judite”, de quem tem três filhos e vários netos.

Para Ivan Dias, esta é uma ques-tão “essencial” e afirmou que pro-curou “passar a ideia do afecto com que o Carlos vive com Judite e com os amigos”. “Quando estávamos a mostrar o filme”, Carlos contou “17 beijos que dá a Judite”. “Eu não contabilizei. Agora, de facto, é um ritual que ele cumpre sempre antes de entrar em placo, antes de fazer qualquer coisa importante: olha para ver onde está Judite, dá-lhe um beijo na boca e sobe ao palco”, contou Ivan Dias.

Entre as descobertas deste filme, há uma gravação de “Carlos do Carmo aos 11 anos a cantar, com uma voz de cana rachada, baiões de Luiz Gonzaga, mas já com toda a ‘artistice’, e depois percebemos

como esse rapaz vai estudar para a Suíça, volta para Portugal, o pai morre, ele fica com a gestão da casa de fados [o Faia] nas mãos - casa que tinha a grande Lucília do Car-mo à frente -, e é uma sucessão de coisas que lhe aconteceram, que, de certeza, ele não teria pensado, nem os pais tinham pensado para a vida dele. Ele é levado quase pelo ADN para cantar o fado”, disse o cineasta.

A meio das filmagens surgiu a notícia do Grammy Latino de carreira, o que, para Ivan Dias, “de alguma maneira, ainda se tornou mais relevante”, o que o obrigou “a alterar a narrativa e incluir este prémio”.

Carlos do Carmo, criador de êxitos como “Canoas do Tejo” e

“Os Putos”, disse à Lusa que Ivan Dias lhe quis oferecer este filme.

“O Ivan quis oferecer-me este filme. Há ano e meio ele disse-me: ‘Vou fazer o filme da sua vida, an-dou atrás de mim, foi a Toronto, a Madrid, ao Brasil, e foi filmando, filmando e fazendo uma retrospec-tiva, e fez este documentário que é muito cheio de afectividade - o que ele tem sobretudo é afectividade”, disse o fadista, que referiu que o realizador “andou a bater de porta em porta”, para conseguir os neces-sários apoios financeiros.

Embaixador da candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade, Carlos do Carmo realçou a importância deste tipo de documentários, que não foi possível fazer no passado. “É indispensável, para a memória do futuro, para as pessoas saberem quem nós éramos, ao que andávamos, como era o nosso feitio, e depois têm os discos para ouvir”, rematou.

português Ernesto Leite. Com letra apenas em mandarim, o projecto partiu do convite da Associação de Intercâmbio da Cultura e Arte de Meng Meng, para um espectáculo realizado no Centro Cultural de Macau (CCM) há cerca de um mês.

“Apesar de ser um tema dedicado a um momento histórico e político de Macau, é também dedicado ao roman-tismo. É uma balada e a letra mostra que, mesmo sendo uma cidade pequena, Macau tem o seu sonho e tem o seu passado. Nós, gentes de Ma-cau, temos o nosso sonho, que

depois no conjunto constrói o sonho de Macau. Introduzi algum romantismo na canção para não ser um tema muito político”, explicou ao HM.

A canção serviu apenas de elemento para o espectáculo, mas Casimiro Pinto já tem em mente a criação de um video-clip e gravação da música em português e outros idiomas.

“Apesar de já ter passado o dia 20, este ano celebram-nos os 15 anos e estou a pensar na possibilidade de fazer um videoclip da música. Ao

ouvir o tema já me surgiram algumas imagens na cabeça. O videoclip poderia ter pes-soas diferentes, de diferentes idades e classes sociais, com um sorriso e um cartão. Nesse cartão estaria o sonho da pes-soa”, explica o autor.

A ideia já nasceu, mas a sua concretização ainda terá de esperar. “[O projecto] vai avançar mas não para já. Es-pero que o tema ainda seja pro-movido ou transmitido para as pessoas de Macau. Vou ver se consigo concretizar o projecto

“Hoje fala-se muito no sonho da China, penso que Macau também tem o seu sonho. Com todas essas mudanças, estamos à espera do melhor futuroe as pessoas têm expectativas diferentes”

Page 11: Hoje Macau 21 DEZ 2014 #3240

11 eventoshoje macau domingo 21.12.2014

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CASIMIRO PINTO COMPÔS “O SONHO DE MACAU” PARA OS 15 ANOS DA RAEM

“Nota-se uma harmonia que não é slogan”

A Doca dos Pescadores lança agora uma série de programas de entretenimento para a época festiva em que já se vive

e do frio invernal. “Countdown fever 2015” é apontada como a festa de reveillon a não per-der e que acontece, naturalmente, de 31 deste mês para o primeiro dia do ano. Além disso, haverá ainda a iniciativa “Raspa e ganha”, na qual serão providenciados prémios vários, em lojas e restaurantes do local. O show de neve de Natal tem lugar nos dias 24 e 25 de Dezembro, das 19 às 22 horas, no Arco de Constantino e na Avenida Legend. Já a oferta Santarina acontece entre os próximos dias 24 e 25, das 18.30 às 22.30 horas. Os banquetes gastronómicos festivos custam entre 488 e 388 patacas por pessoas, com preços mais em conta para crianças. A noite de passagem de ano dá direito a dois jantares, um das 18.30

às 21 horas e outro denominado de “jantar de contagem decrescente”, que dura das 21.30 às 00.30 horas. A Doca dos Pescadores oferece ainda um lanche de Ano Novo que acontece no primeiro dia do ano e custa 188 patacas para uma refeição das 15 às 18 horas.

NOITES ANIMADASO restaurante Vic’s, no mesmo espaço de en-tretenimento, oferece a refeição para as três noites mais emblemáticas do final de ano, a véspera de Natal e o próprio dia, bem como o jantar de Ano Novo. “A Doca dos Pescadores oferece a melhor gastronomia internacional. As cozinhas japonesa, europeia, americana e até africana satisfazem as papilas gustativas” dos seus clientes, garante a organização deste programa de Inverno, em comunicado. O Vic’s encontra-se no rés-do-chão do Hotel Rocks.

FESTAS DOCA DOS PESCADORES LANÇA PROGRAMAS DE INVERNO

Para relembrar o Natal

do videoclip, que será simples, mas com grande significado para as pessoas que pertencem a esta terra”, contou.

O objectivo está longe de ser o lucro, mas sim assinalar a passagem dos 15 anos da RAEM. “Vamos ver se con-seguimos apoios ou subsídios. Seria giro termos um álbum com a música interpretada em línguas diferentes, com o videoclip lá dentro, para depois ser distribuído. Não seria um tema para vender e fazer dinheiro. Queríamos que fosse uma espécie de lembrança”, concluiu.

ENCONTRO CULTURALPara este trabalho Casimiro Pinto trabalhou com o músico português Ernesto Leite, que realizou os arranjos e a pro-dução final do tema. Apesar da transferência de soberania

ter um significado político, o intérprete garante que a letra transmite outro significado: não só os sonhos de quem aqui vive, mas o facto da sociedade estar em paz com as suas diferenças. O facto de ser uma balada e da composi-ção evidenciar um estilo pop romântico é talvez a maior diferença desta música em relação aos anteriores traba-lhos que já realizou, garantiu Casimiro Pinto.

“Hoje fala-se muito no sonho da China, penso que Macau também tem o seu sonho. Com todas essas mu-danças, estamos à espera do melhor futuro e as pessoas têm expectativas diferentes. Nota--se uma harmonia que não é um slogan, vemos pessoas no templo e na igreja, com costu-mes diferentes, mas vivemos de forma pacífica”, concluiu.

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12 CHINA hoje macau domingo 21.12.2014

U M administrador da Agên-cia para a Promoção do Investimento e Comércio Externo de Portugal (AI-

CEP) manifestou-se “optimista” acerca das relações económicas luso-chinesas, salientando que a percepção dos investidores chi-neses sobre o país “tem vindo a melhorar”.

“Há uma onda de optimismo em relação à economia portugue-sa, o que é um activo muito bom em relação a todos os processos de privatização”, disse Pedro Ortigão Correia à agência Lusa, no final de um seminário sobre oportunidades de investimento nas áreas da Logística e Trans-portes, realizado na sexta-feira em Xangai. Foi a primeira ac-ção do género promovida pela AICEP e reuniu cerca de setenta participantes.

Entre outras “oportunidades”, o responsável português mencionou o porto de Sines e a privatização da TAP, dossiers em que “já houve manifestações de interesse por parte de investidores chineses”.

P ORTUGAL assinou, na sexta-feira, em Xangai dois acordos

de cooperação com enti-dades locais de logística e transportes para “melhorar o acesso” de produtos por-tugueses ao maior porto da China.

“O objectivo é faci-litar a vida dos nossos exportadores para a China, nomeadamente no sector agro-alimentar”, disse à agência Lusa o adminis-trador da AICEP (Agência para a Promoção do Investi-mento e Comércio Externo de Portugal), Pedro Ortigão Correia, que subscreveu os referidos acordos.

Sede de um município com cerca de 25 milhões de habitantes, Xangai é considerada a “capital eco-nómica da China” e uma das cidades mais cosmopolitas do país, juntamente com Hong Kong.

Os co-signatários dos dois acordos assinados pela AICEP foram o Centro de Logística de Transportes

O antigo número dois do Governo de Hong Kong Rafael

Hui foi, na sexta-feira, de-clarado culpado por aceitar milhares de dólares de subornos no maior caso de corrupção da região admi-nistrativa especial chinesa.

Apesar de ter sido de-clarado culpado, ainda se desconhece a pena que vai ser aplicada a Rafael Hui, ex-secretário-geral do Go-verno de Hong Kong.

PERCEPÇÃO DOS INVESTIDORES CHINESES SOBRE PORTUGAL “TEM VINDO A MELHORAR”

É comprar, senhores, é comprar

XANGAI PORTUGAL ASSEGURA “MELHOR ACESSO”

Porto mais francoHK EX-N.º2 DO GOVERNO CULPADO DE CORRUPÇÃO

Chapéus há muitos

“Falámos também de transportes de carga (nos caminhos de ferro) e da abertura de concessões em pequenos portos”, referiu. “É importante assegurar um encai-xe financeiro considerável para o Estado, mas numa lógica de

parceria estável de longo prazo”, acrescentou.

“Os investidores chineses são muito meticulosos e na área financeira têm pessoas muito competentes”, disse Ortigão Cor-reia. O administrador da AICEP

destacou o caso do Fosun, um dos maiores grupos privados chineses, sedeado em Xangai, que comprou as seguradoras da Caixa Geral de Depósitos por 1.000 milhões de euros e a Espírito Santo Saúde por 480 milhões de euros.

“Portugal tem excelentes ac-tivos nestas duas áreas (seguros e saúde) e é com muito agrado que vemos um grupo tão arrojado como o Fosun escolher Portugal como uma das suas pontas de lança internacionais”, afirmou Ortigão Correia.

Sede de um município com cerca de 25 milhões de habitantes, Xangai é considerada “a capital económica da China” e uma das mais cosmopolitas chinesas, jun-tamente com Hong Kong.

O grupo Haitong, que este mês chegou a acordo com o Novo Ban-co para comprar o BESI (Banco Espírito Santo Investimento) por 379 milhões de euros, está também sedeado em Xangai.

Durante a sua deslocação a Xangai, Ortigão Correia assinou dois acordos de cooperação com entidades locais para “melhorar o acesso” de produtos portugueses ao maior porto da China. “Estou muito esperançado que este ano seja um ano muito bom para as exportações portuguesas para a China”, disse.

Pelas contas da Administração--geral das Alfândegas Chinesas, nos primeiros nove meses de 2014, as exportações portuguesas cresceram 27% em relação a igual período do ano passado, somando 1,28 mil milhões de dólares (cerca de mil milhões de euros).

Marítimos do Porto de Xangai e a Associação de Transportes Marítimos Internacionais de Xangai.

Durante a sua desloca-ção a Xangai, o responsá-vel da AICEP contactou também com um “grande importador e distribuidor chinês de produtos agro--alimentares” estabelecido na nova Zona de Comércio Livre da cidade.

A partir de 2015, numa parceria que envolve a Sonae e a Portugal Foods, haverá naquela Zona de

Comércio Livre uma “Loja de Portugal”, onde estarão expostos em permanên-cia produtos portugueses, anunciou Ortigão Correia.

“Em todas as nossas conversas (com empresá-rios ou entidades chinesas) procuramos posicionar Portugal como um país pro-dutores de artigos ‘gourmet’ de grande qualidade”, disse o administrador da AICEP.

Vinhos, azeites, con-servas, bolachas, sumos, chocolates, cafés e águas são alguns dos produtos agro-alimentares portugue-ses já à venda na China, e já há mais de trinta empresas portuguesas certificadas para exportar laticínios para aquele país.

Em 2013, as vendas de produtos agro-alimentares portugueses para a Chi-na continental subiram para 29 milhões de euros, 14,4 milhões dos quais referentes aos vinhos, que aumentaram sete vezes em apenas quatro anos, estima a AICEP.

O julgamento de Hui e dos irmãos Thomas e Raymond Kwok, empresários com uma das maiores fortunas da Ásia, acusados de suborno e conspiração prolonga-se há mais de três meses.

O júri, formado por nove elementos, considerou que Hui é culpado em atos de corrupção e má gestão do cargo público.

Thomas Kwok foi decla-rado culpado de corrupção por ter oferecido um milhão

de dólares a Hui que, em troca, lhe garantiu uma po-sição favorável à empresa imobiliária Sun Hung Kai, apesar de o irmão ter sido absolvido.

O gabinete anticorrup-ção de Hong Kong for-malizou a acusação no dia 08 de maio através de um comunicado em que deta-lhava os delitos que foram cometidos entre Junho de 2000 e Janeiro de 2009, altura em que Hui ocupava o posto no executivo da região administrativa especial.

De acordo com o gabine-te anticorrupção, os Kwok deram elevadas somas de dinheiro a Hui a troco de favores que beneficiaram o grupo das empresas dos dois irmãos.

Os irmãos Kowk são proprietários e directores da segunda maior agência imo-biliária de Hong Kong e de-têm a segunda maior fortuna da Ásia com um património estimado em mais de 18 mil milhões de dólares, de acordo com a revista Forbes.

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13 chinahoje macau domingo 21.12.2014

A edição de ontem do jornal chinês Global Times qualifica de “arrogância cultural

absurda” o filme norte-ameri-cano “The Interview”, da Sony, cuja estreia foi cancelada após um ataque informático imputado à Coreia do Norte. Protagoni-zada pelos atores Seth Rogen e James Franco, a longa-metragem conta a história de dois jorna-listas recrutados pela CIA para assassinarem o líder da Coreia do Norte.

O filme ‘The Interview, “que faz troça do líder de um inimigo dos Estados Unidos, não é algo de que Hollywood e a sociedade norte--americana se possam orgulhar”, diz um editorial do Global Times, publicação em inglês do grupo Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista chinês.

O comentário surge depois de, na sexta-feira, o Presiden-te norte-americano, Barack Obama, ter garantido que Wa-shington “responderá de forma proporcionada” à Coreia do Norte, na sequência da alegada responsabilidade de Pyongyang num ataque informático aos es-túdios de cinema Sony Pictures.

“Os norte-americanos acre-ditam sempre que podem ‘picar’

A China deteve um tra-balhador humanitário norte-americano cris-

tão junto à sua fronteira com a Coreia do Norte, disse ontem o seu advogado, numa altura em que as autoridades intensi-ficam uma aparente repressão de grupos religiosos na região.

Peter Hahn, de 74 anos, nascido na Coreia do Norte e naturalizado norte-americano, foi detido na sexta-feira, acu-sado de fraude e de falsifica-ção de recibos, informou o seu advogado, Zhang Peihong.

Radicado na cidade fron-teiriça de Tumen desde o final da década de 1990, Peter Hahn fundou uma organização não--governamental cristã que presta assistência à Coreia do Norte e ajuda aos refugiados. Em 2002, criou uma escola vocacional para jovens locais.

Muitos grupos de natureza cristã, a maioria dirigida por

Condenado à morte por dois homicídios na Cidade ProibidaUm ex-funcionário da Cidade Proibida foi condenado à morte por um tribunal de Pequim depois de ser considerado culpado pelo homicídio de dois colegas de trabalho, informou a agência oficial chinesa Xinhua. Zheng Zhibiao, um designer de exposições, esfaqueou dois superiores do departamento de exposições da Cidade Proibida, a 25 de Outubro de 2013, devido a um conflito laboral, de acordo com a sentença. Decretada por um tribunal de Pequim, a sentença também o condena ao pagamento de 30.000 yuans às famílias das vítimas. Zheng Zhibiao alegou, durante o julgamento, que o desentendimento com os seus superiores se ficou a dever às suas queixas pela escassa segurança dos objectos em exposição pertencentes à colecção imperial. Após as mortes, tentou suicidar-se, mas foi travado pelos médicos que se deslocaram para a zona para socorrer as vítimas.

PYONGYANG CANCELA IDA AO CONSELHO DE SEGURANÇAA Coreia do Norte anunciou nesta sexta-feira que não assistirá à reunião do Conselho de Segurança da ONU na próxima segunda-feira, na qual os 15 membros desse organismo vão discutir a situação de direitos humanos no país de Kim Jong-Un. Na segunda, 22 de Dezembro, os 15 membros do Conselho de Segurança terão sua primeira reunião dedicada especificamente à situação dos direitos humanos na Coreia do Norte, apesar das objecções da China - principal aliado de Pyongyang - e da Rússia. “Não podemos reconhecer a reunião do Conselho de Segurança. Seu mandato não é direitos humanos”, alegou o conselheiro político da missão norte-coreana na ONU, Kim Song. “Não participaremos”, disse à AFP.De acordo com os procedimentos da ONU, a Coreia do Norte pode enviar um representante à reunião do Conselho. Os diplomatas da ONU haviam dito que esperavam uma discussão cara a cara com o enviado de Pyongyang. A reunião da semana que vem será realizada alguns dias depois de a ONU ter adoptado uma resolução, na quinta-feira, na qual se pede ao Conselho de Segurança que se envie o caso da Coreia do Norte ao Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade.Dez dos 15 membros do Conselho de Segurança haviam exigido essa reunião, enquanto Rússia e China se opuseram. Agora, cabe ao Conselho de Segurança da ONU, do qual a China é membro, decidir sobre o envio da questão ao TPI, instituição competente em matéria de crimes de guerra e crimes contra a humanidade. A expectativa é de que a proposta receba um veto chinês.A resolução adoptada na quinta-feira pela Assembleia Geral da ONU também pede ao Conselho de Segurança que estude sanções contra os dirigentes norte-coreanos.

IMPRENSA CHINESA QUALIFICA FILME QUE IRRITOU COREIA DO NORTE

“Arrogância cultural absurda”

CHINA DETÉM CRISTÃO DOS EUA NA FRONTEIRA NORTE-COREANA

Mártir moderno em prisão antiga

os líderes de outros países só porque são livres de criticar ou de gozar com os seus próprios”, refere o jornal.

“Independentemente da forma como a sociedade norte--americana olha para a Coreia do Norte e para Kim Jong-un,

Kim é ainda líder do país. A troça viciosa de Kim é apenas resultado de uma arrogância cultural absurda”, diz o Glo-bal Times no mesmo artigo de opinião.

A Sony cancelou o lan-çamento face às ameaças de piratas informáticos anónimos, alegadamente ligados à Coreia do Norte, que invocaram os atentados de 11 de Setembro de 2001 como forma de ameaça às salas de cinemas que exibissem o filme.

O Global Times lançou ainda um apelo aos Estados Unidos para que “mostre boas manei-ras em vez de ser demasiado agressivo”.

A China figura como o aliado mais próximo e maior parceiro comercial da Coreia do Norte, apesar de se ter verificado, nos últimos anos, um clima tenso nas relações entre Pequim e Pyongyang devido aos contínuos testes nucleares levados a cabo pela Coreia do Norte. Pequim teceu críticas, na sexta-feira, o apelo lançado pelas Nações Unidas para que a Coreia do Norte seja julgada pelo Tribunal Penal Internacional devido ao historial de violações aos direitos humanos.

sul-coreanos, são activos ao longo da fronteira. No entan-to, vêm-se forçados a operar na sombra, uma vez que a China proíbe missionários

estrangeiros e promete pren-der refugiados que escapem à perseguição do repressivo regime da Coreia do Norte.

Fonte citada pela agência

AFP, que falou sob a condição de anonimato, afirmou que vá-rios trabalhadores estrangei-ros associados à organização de caridade de Hahn foram deportados nos últimos meses.

As autoridades congela-ram as contas bancárias de Hahn no verão e impedi-ram-no de deixar a China, segundo ‘media’ chineses. Peter Hahn, que afirma ser inocente, deverá ser levado a julgamento no prazo de três meses, de acordo com o ad-vogado. A pena máxima que enfrenta pelos dois crimes é de 12 anos de prisão.

O caso surge meses depois de as autoridades chinesas te-rem avançado com acusações de espionagem contra um casal canadiano, que também vivia perto da fronteira com a Coreia do Norte, que facultava ajuda aos cristãos que fugiam do país.

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F ELIZMENTE não há muitas pessoas que escrevam assim porque gosto de saber que esta escrita é só a escrita de

Clarice. É um conforto e uma distin-ção pensar que é apenas quando ela nos convida a frequentar a sua sala que nos podemos espreguiçar deste modo e deixar-nos ensinar (e humilhar) por alguém sensível, sem temores que não sejam os de nos sentirmos um pou-co, por vezes, convidados apenas por condescendência.

Felizmente, já deixei de ter medo de pessoas assim, com esta escrita à frente daquilo que elas são lá dentro, mesmo que Lispector me faça sentir virgem e desprotegido. O que me resta, que é um pouco de vergonha, já não me im-pede de usar as suas frases para me sen-tir melhor e de fazer o que me apetece com a sua escrita.

É isso que geralmente faço, uso as suas frases e parágrafos, às vezes longos e densos como um matagal, tal como uso as de Agustina Bessa--Luís, para passar melhor um pouco da tarde ou da noite e para recolher, pouco convencido, a impressão de que posso vir a fazer alguma coisa de útil pelos outros. Se Clarice Lispec-tor não estivesse morta há trinta anos escrevia-lhe a agradecer os bons mo-mentos. Assim já não vale a pena e a ela tanto lhe faz.

António Mega Ferreira dedicou uma crónica a Clarice Lispector*. Curta, centra-se em duas alíneas - a particularidade da sua escrita e (d)a sua beleza física. Não leva muito tem-po a Mega Ferreira (isto acontece logo no primeiro parágrafo, sem rodeios) a referir-se aos olhos de Clarice, através de uma citação de Manuel Bandeira: “Olhos de piscina”. Os olhos de piscina são, para Mega Ferreira, “o retrato do mistério”. O seu rosto é, assim, também particular e a sua origem ucraniana e judaica imposta igualmente como condição de mistério. A sua beleza é estrangeira, acusação que se estende à sua prosa.

Logo a seguir vem o mistério e a singularidade da sua escrita “que esconde mais do que revela”. Cita-se um poeta que diz que “Clarice Lispector era uma es-trangeira” e depois vai-se por aí adiante. A prosa de Lispector é vista como uma “reinvenção” de si própria, um exercício necessário relacionado com a sua ori-gem misteriosa, judaica e longínqua. Assim, a sua língua não é apenas o português do Brasil mas o português que Clarice teve de inventar para se proteger.

Mega Ferreira não resiste, depois do parágrafo sobre a prosa, a voltar à bele-

CLARICE

hoje macau domingo 21.12.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

15

za da prosadora brasileira. Não o posso censurar. Este desejo esconde-se, mais adolescente que indecentemente, por trás da referência a uma fotobiografia da escritora estrangeira, organizada por Nádia Batella Gotlieb (2009), a que o cronista tivera acesso.

O que é misterioso na sua escrita é o modo como ela nos incomoda sem nos surpreender. O que é misterioso na sua escrita é que esta não deveria ser familiar mas é-o, terrivelmente junta a nós, como acontece tantas vezes com - perdoem-me a repetição - a escrita de Agustina Bessa-Luís, uma escrita que nos rouba porque não deveria revelar

de modo tão claro e tão brutal os nos-sos desejos e a nossa incompreensão em relação a certas coisas. Apetece ser simples e não ler para não termos de nos sujeitar a humilhações.

O que é menos misterioso mas útil lembrar é que parte do seu encanto é de natureza técnica, a peculiaridade da sua sintaxe, uma maneira própria de insistir a que nos habituamos e de que nos tornamos cada vez mais sequiosos. Dou por mim a procurar certas frases, seguro, por intoxicação, de que elas se encontram algures, certo de que virão mais cedo ou mais tarde, quase crítico quando estas tardam a aparecer. A es-

crita de Clarice, a dada altura, torna-se um vício, deixa-se tornar mais ne-cessária que desejada.

O seu abandono concluir-se-ia, no entanto, numa capitulação demasia-do fácil, e ceder a essa tentação viria acompanhada da admissão de uma der-rota. Isso não acontece nunca porque compreensiva, cheia de razão, insu-portavelmente feminina, os seus livros resgatam-nos antes que tal aconteça. O que eu não gosto em Clarice é aquilo que eu vou buscar aos seus livros, uma vontade de que me digam o que fazer e de dormir em lençóis lavados de fresco.

Prometo que daqui a 10 anos es-crevo um texto melhor sobre Clarice Lispector.

* Lida em António Mega Ferreira, Papéis de Jornal, Crónicas 2003-2010

a revolta do emir Pedro Lystmann

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LISTA DE LESIONADOS DO BENFICA

16 DESPORTO hoje macau domingo 21.12.2014

A S lesões sucessivas têm obrigado Jorge Jesus e os dirigentes encarnados a alterar

algumas estratégias. Por exem-plo, além de dar espaço a Ola John, a lesão contraída por Salvio no braço esquerdo, no clássi-co frente ao FC Porto, poderá também fazer com que a SAD benfiquista recue na intenção de negociar o empréstimo de Bebé já na reabertura do mercado, em Janeiro.

Sem El Toto, ausente dos relvados até meados de Feverei-ro, Jorge Jesus tem Ola John e Gaitán como principais opções para as alas – a dupla já esteve em acção na partida da última quinta-feira diante do Sp. Braga, a contar para a Taça de Portu-gal. Bebé, que sob o comando

do técnico tem jogado sempre encostado às linhas, poderá, desta forma, ganhar espaço nos eleitos do Benfica. Ele que, até ao momento, esteve presente em apenas cinco compromissos oficiais dos encarnados e tinha já como praticamente adquirida a saída no próximo mês.

Recorde-se que no plantel, além de Bebé, Jorge Jesus tem ainda mais três jogadores ca-pacitados para actuar nas alas. Pizzi, que tem jogado como médio-centro, é extremo de origem; Miralem Sulejmani está recuperado de um estiramento no adutor direito e já se treina no relvado; GonçaloGuedes tem estado ao serviço da equipa B mas já vestiu a camisola principal do Benfica frente ao Sp. Covilhã, na Taça de Portugal.

O Benfica venceu o Caldas, pela margem máxima, e saltou para a liderança do campeonato,

aproveitando o facto de a Fonte de Bastardo só jogar hoje, em Matosinhos, com o Leixões.

José Jardim tinha pedido uma vitória pela margem máxima (3-0) para manter a perseguição cerrada aos açorianos, que lideravam com mais um ponto do que os encarnados. E, com uma exibição de raça, os jogadores cumpriram.

Com Hugo Gaspar e André Reis a descansarem, depois do compromisso eu-ropeu de quarta-feira, em que garantiram o passaporte para os oitavos-de-final da

Challenge Cup, onde vão defrontar pre-cisamente a Fonte do Bastardo, Roberto Reis, Kibinho e Joan Diaz deram conta do recado. O primeiro set foi mesmo o mais discutido, com o Caldas a fazer 20 pontos, mas em que a equipa de José Jar-dim liderou sempre com algum conforto.

Com um serviço pressionante e um bloco amuralhado (Kibinho esteve em destaque, com 40 por cento dos seus pontos nesta acção), o Benfica vergou a equipa do Oeste e hoje dormem no primeiro lugar, enquanto esperem que o Bastardo tropece no Leixões. Depois de um início mais musculado, os restantes sets foram mais tranquilos para os da casa.

Benfica Eliminações reduzem o calendárioO Benfica vai disputar pelo menos oito jogos oficiais comparativamente com a época passada, na qual se sagrou campeão nacional. Na época do título, Jorge Jesus comandou a equipa em 57 jogos, repartidos por 30 na I Liga, sete na Taça de Portugal, cinco na Taça da Liga, seis na Liga dos Campeões e mais nove na Liga Europa. Com a saída do clube das provas europeias e da Taça de Portugal, o máximo que o Benfica pode aspirar a disputar, esta época, são 49 jogos, desde que seja um dos finalistas da Taça da Liga. E recorde-se que, nesta época, os encarnados até tinham possibilidade de realizar mais cinco partidas em relação ao ano passado, uma vez que disputaram a Supertaça e o campeonato passou de 16 para 18 equipas, provocando um incremento de quatro confrontos por temporada.

Sporting Marco Silva vai receber “13 reforços” Bruno de Carvalho falou esta sexta-feira à imprensa, tendo no fim anunciado, um por um, o nome dos reforços de inverno do Sporting. «Temos orgulho de ter conseguido manter o plantel que ficou no segundo lugar, ao qual juntámos elementos de clara valia como é o caso de Nani. Muitos sportinguistas questionam-se agora quais são os reforços de inverno que vamos trazer», disse. «Não tenho qualquer prurido em dizer quais são os reforços que o nosso treinador terá à sua disposição.» Bruno de Carvalho fez então um pausa antes de anunciar os nomes. «Podence, Gelson, Francisco Geraldes, Iuri Medeiros, Tobias Figueiredo, Chaby, Wallyson, Dramé, Slavchev, Ryan Gauld, Rabia, Sacko, André Geraldes e tantos outros.» Ou seja, gente da equipa B...

Hazard escolhe o seu onze de lendasEden Hazard, do Chelsea, elegeu o seu onze ideal de lendas do futebol, durante um evento publicitário. Luís Figo, antigo internacional português, está entre as escolhas do jogador belga. «Os seus passes eram excepcionais, fazia o seu clube feliz», apontou o médio. O onze conta ainda com Schmeichel, Cannavaro, Desailly, Blanc, Roberto Carlos, Vieira, Nedved, Pires, Bergkamp e Kluivert. Hazard destaca, por exemplo, a «classe» de Blanc e Bergkamp e os ensinamentos que recebeu de Kluivert, no ano em que jogaram juntos no Lille.

Pinto da Costa inaugura academia de bilharO presidente do FC Porto Pinto da Costa marcará presença na inauguração da academia de bilhar do clube no Estádio do Dragão, hoje, segunda-feira, às 12h30. A academia, que antes funcionava na Avenida dos Aliados, no Porto, muda para o estádio dos azuis e brancos e passa a ser sede para a Dragon Force . O expoente máximo da modalidade, tal como revelou Alípio Jorge, , vice-presidente e responsável pela secção de bilhar do FC Porto, na antevisão da Taça do Mundo de Bilhar, é João Ferreira, “mas já muitos jovens que poderão vir a ser os melhores de Portugal e até os melhores do mundo. O FC Porto provou que a força do bilhar está nos jovens”.

BENFICA UM MAR DE LESÕES E INCÓGNITAS

Natal complicado para Jesus

• LUISÃO - Não entra nas contas para os duelos com Gil

Vicente (Liga) e Nacional (Taça da Liga). Com uma entorse

no tornozelo direito, só regressa no início de 2015.

Eliseu - De fora desde o final de Outubro, o lateral-

esquerdo continua a recuperar de uma fractura no quinto

metatarso (dedo mindinho) do pé esquerdo e também só

estará apto no próximo ano.

• ANDRÉ ALMEIDA - O internacional português não está

lesionado, mas vai falhar o jogo com o Gil Vicente devido a

castigo (cumpriu série de cinco cartões amarelos na Liga).

• FEJSA - Ainda recupera da operação ao ligamento

cruzado anterior do joelho direito. Já se treina no relvado,

mas sem regresso previsto à competição.

• RUBEN AMORIM - Ausente desde a partida com o Boavista,

em Agosto, continua a debelar a lesão no ligamento cruzado

anterior do joelho direito. Só volta em 2015.

• SAMARIS - Falhou a receção ao Sp. Braga devido a fadiga

muscular. JJ vai tentar recuperar um jogador que está em

risco de exclusão na Liga.

• ENZO PÉREZ - O camisola 35 falha o jogo com o Gil

Vicente por castigo. A contas com problemas musculares,

está a um passo de sair rumo ao Valencia.

• SALVIO - O extremo voltou a ser operado ao braço

esquerdo (já o tinha fracturado no final da última época) e

só regressa aos relvados dentro de dois meses.

VOLEIBOL BENFICA VENCE E PRESSIONA BASTARDO

Vitória sem rede

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hoje macau domingo 21.12.2014 (F)UTILIDADES 17

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 12 MAX 19 HUM 40-75% • EURO 9 .8 BAHT 0 .2 YUAN 1 .3

ACONTECEU HOJE 20 DE DEZEMBRO

O QUE FAZER ESTA SEMANA?

João Corvo fonte da inveja

H O J E H Á F I L M E

O Natal transformou um ritual em compras.

• HojeTHE SMURFS AO VIVO EM PALCO – “THE SMURFS SAVE THE SPRING” Venetian, 15h45 e 19h45Bilhetes das 88 às 300 patacas

• DiariamenteCOTAI WINTER (PISTA DE GELO E ACTIVIDADES)Venetian Lagoon, CotaiEntrada livre

EXPOSIÇÃO DE SÂNDALO VERMELHO (ATÉ 22/03)MGM ResortEntrada livre

EXPOSIÇÃO DE PINTURA “113º 55’ E 21’ 11’N”, DE SOFIA AREAL (ATÉ 12/01)Casa GardenEntrada livre

EXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS” DE VICTOR MARREIROS (ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store, Rua Almirante SérgioEntrada livre

EXPOSIÇÃO PÁSSAROS DE MACAU, DE JOÃO MONTEIRO (ATÉ DIA 29/12) Consulado-geral de Portugal em MacauEntrada livre

EXPOSIÇÃO “REGIÃO OBSCURA” DE HEIDI LAU Museu de Arte de MacauEntrada livre

EXPOSIÇÃO DE PINTURA “KOREAN ART”, COM OH YOUNG SOOK E KIM YEON OK (ATÉ 15/02)Galeria Iao HinEntrada livre

EXPOSIÇÃO “RETRATOS DE YU CHANG”Albergue SCMEntrada livre

ALDEIA DO PAI NATAL (ATÉ 26/12)Crystal Lobby do Galaxy Macau, 11h30 às 21h00Bilhetes a 80 patacas

EXPOSIÇÃO DE FLORES DE “BOCAS-DE-LEÃO” (ATÉ DIA 04/01)Casas-Museu da TaipaEntrada livre

PROJECÇÃO MAPPING 3D (ATÉ DIA 31/12)• “Passado”: Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau• “Presente”: Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Taipa• “Futuro”: Igreja de São Francisco Xavier, Coloane Das 20h30 às 22h30Entrada livre

C I N E M ACineteatro

SALA 1EXODUS: GODS AND KINGS [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver14.30, 21.00

EXODUS: GODS AND KINGS [3D] [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver18.00

SALA 2THE THEORY OF EVERYTHING [B]Um filme de: James Marsh

Com: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Emily Watson, Charlie Cox14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3THE BEST OF ME [B]Um filme de: Michael HoffmanCom: Michelle Monaghan, James Marsden, Luke Bracey14.30, 21.30

BIG HERO 6 [B]Um filme de: Don Hall, Chris Williams16.45, 19.30

THE THEORY OF EVERYTHING

Morre Bocage, poeta de uma vida de aventuras e desertor para Macau• “Já Bocage não sou”. A 21 de Dezembro, o poeta apaixonado e sofredor, mais devoto do furor do que da ternura, morre no Bairro Alto, vítima de um aneurisma. À cova escura, seu estro foi parar desfeito em vento, mas as memórias de Bocage perduram. “Magro, de olhos azuis, carão moreno; Bem servido de pés, meão na altura; Triste de facha, o mesmo de figura, Nariz alto no meio, e não pequeno; Incapaz de assistir num só terreno; Mais propenso ao furor do que à ternura; Bebendo em níveas mãos, por taça escura, De zelos infernais letal veneno; Devoto incensador de mil deidades (Digo, de moças mil) num só momento; E somente no altar amando os frades, Eis Bocage, em quem luz algum talento; Saíram dele mesmo estas verdades; Num dia em que se achou mais pachorrento”. Nada melhor do que um soneto de Bocaje, em auto-retrato, para resumir o talento do poeta e as características do homem, nascido em Setúbal, a 15 de Setembro de 1765. É filho de um poeta e sobrinho da célebre poetisa francesa, Anne-Marie Le Page du Bocage. Teve uma infância infeliz, sobretudo em resultado da detenção do seu pai (durante seis anos) e da morte da sua mãe, poucos anos depois. Sofreu de amores na sua juventude, por uma paixão não correspondida, e fez carreira na Marinha. No entanto, Bocage desertou, numa altura em que a sua fama de poeta já corria por Lisboa. Viajou pelas Índias, onde retomou a formação de oficial da Marinha, mas voltou a desertar - para Macau. Foi preso pela Inquisição e na cadeia traduz obras de poetas franceses e latinos. A década seguinte é a da sua maior produção literária e também o período de maior boémia e vida de aventuras. Esteve novamente preso, em Lisboa, e sai em liberdade a 31 de Dezembro de 1798. A partir de 1801, viveu em casa arrendada no Bairro Alto. Morre aos 40 anos, vítima de um aneurisma, a 21 de Dezembro de 1905. Antes, escreve as palavras de uma despedida amarga, cujo excerto se recorda: “Já Bocage não sou!…; À cova escura; Meu estro vai parar desfeito em vento…; Eu aos céus ultrajei! O meu tormento; Leve me torne sempre a terra dura” (…).

“O GANG DOS TUBARÕES”(DREAMWORKS, 2004)

E porque é Natal, escolho um filme de animação, ideal para miúdos e adultos. “O Gang dos Tubarões” junta o que de melhor se costumava fazer na era da animação e o típico humor dedicado aos mais velhos. Já feito a computador, modernizando o que anteriormente se entendia como desenhos animados, “O Gang dos Tubarões” conta a história do jovem Óscar que se torna o herói do oceano, depois de convencer a comunidade que matou o filho de um líder da máfia dos tubarões. Mas, Óscar não está sozinho quando, a ele, se junta o irmão e filho mais novo de Don Lino. Lenny – um tubarão vegetariano que quer tudo menos ser mafioso – deveria seguir as pisadas do pai, mas valores mais altos se levantam... - Joana Freitas

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18 OPINIÃOJOSÉ PACHECO PEREIRA

In Públicxo

hoje macau domingo 21.12.2014

A frase foi dita por Ricardo Salgado numa reunião “familiar” para distribuir os despojos do negó-cio dos submarinos. A audição das gravações dessa reunião, que a TVI tornou possível, apesar da ameaça de processos, permitiu-nos ouvir os

representantes dos diferentes clãs da família Espírito Santo a fazerem essa distribuição ao vivo. Salgado fala com uma voz pausada e de autoridade, os outros fazem perguntas concretas sobre a parte que lhes coube. Com a maior das calmas, sem sequer qualquer visível entusiasmo pelo que cada um ia receber — um milhão de euros, que deixa-riam qualquer mortal feliz —, percebe-se como era habitual lidarem com milhões e milhões, os que eram deles e os que não eram.

Só queriam explicações sobre por que é que não era mais, sabendo que outros tinham ficado pelo caminho, nos intermediários de baixo e no “alguém” que não é nomeado. A voz da ganância perguntava: “como é que aqueles três tipos receberam 15 milhões” e eles só cinco? Quando as perguntas começa-ram a querer ir mais longe, Salgado manda que não “[remexessem] mais no assunto”.

E saindo dali, da sala sumptuosa de madeiras vagamente cheirando a fragân-cias naturais, o que é da natureza das boas madeiras, do couro nobre das cadeiras, dos cristais dos copos de água e dos quadros naturalistas nas paredes, dedicaram-se à esforçada tarefa de manter o seu milhão bem longe dos impostos fora de Portugal, e só o “importaram” quando o Governo permitiu o chamado “Regime Excepcional de Regularização Tributária” (RERT). O dinheiro, algum dinheiro, voltou, e foi um segundo excelente negócio, visto que pela fuga ao fisco pagaram menos impostos do que todos nós pagamos. Menos? Muito menos. Este regime do RERT foi um ex-cepcional presente governamental para os Espírito Santo e para todos os que estiveram envolvidos nestes negócios.

De onde veio o dinheiro? Do bolso dos portugueses, os tais que estavam a “viver acima das suas posses” e que o pagaram quando compraram os submarinos mais caros devido ao rastro de corrupção que eles deixaram atrás. Sabem quando estas frases foram ditas? Há um ano, em Novembro de 2013, estavam os portugueses no seu quinto ano de empobrecimento.

A frase, pausada e grave de Ricardo Salgado merece ser ouvida na sua integra-lidade, visto que ela representa para todos nós uma vergonha colectiva pela impunidade dos nomeados – o autor da frase, os recebe-dores dos milhões, os “tipos” que ficaram com os 15 milhões, e o “alguém” – nesta semana em que o processo dos submarinos foi arquivado:

“E vocês têm todo o direito de perguntar: mas como é que aqueles três tipos receberam

O processo dos submarinos pode não permitir a criminalização dos responsáveis, mas não pode deixar de exigir que pelo menos se puna quem permitiu os desmandos que estão patentes na frase dos Espírito Santo

“Só vejo aldrabões à nossa volta”15 milhões? A informação que temos é que há uma parte que não é para eles. Não sei se é ou não é. Como hoje em dia só vejo aldrabões à nossa volta... Os tipos garantem que há uma parte que teve de ser entregue a alguém em determinado dia.”

Sim, os distintos membros do conselho superior do GES, tinham todo o “direito de perguntar” como é que “aqueles três tipos” receberam o que receberam, como nós temos todo o direito de perguntar como é que, com o arquivamento da investigação judicial, todos ficaram impunes dos seus crimes, porque estes “prescreveram”. Mas, mesmo que não seja possível perseguir na Justiça esses crimes, que estão escritos a néon nos céus de Portugal na frase de Ricardo Salgado, será que não é possível outro tipo de sanções?

Não é preciso ir mais longe do que ler o despacho de arquivamento do Ministério Público, para que se compreenda que em termos de responsabilidade, em particular de responsabilidade política, as investigações apontaram para ilegalidades, mesmo que precisem que a “prática de ilegalidade não tem, necessariamente, de configurar a prática de crime”. Muito bem, deixemos de falar em crime, passemos a falar de responsabi-lidades, porque, se o crime já não pode ser perseguido, pelo menos podemos exigir que um governo e políticos decentes exijam uma sanção pelas responsabilidades, por aquilo que custou muitos milhões aos portugueses.

Aliás, se há matéria que, se os portu-gueses conhecessem em detalhe, ainda endureceriam muito mais a sua crítica aos desmandos do poder, é a longa saga das compras de material militar e das chamadas “contrapartidas”, um dos negócios mais

fraudulentos das últimas décadas. Juntem--no, se fazem favor, às PPP, porque são da mesma natureza: contratos leoninos, com cláusulas ficcionais, que estavam lá para aumentar o preço a pagar pelo Estado por aquilo que comprava e que ninguém contava vir a cumprir.

A coisa era tão escandalosa e o terre-no tão pantanoso que mesmo os distintos membros do conselho superior do GES são aconselhados por Ricardo Salgado a não se meterem nestes negócios, “porque eles estavam-se a preparar para fazer o mesmo com carros blindados”. E na sala ouviu-se “e em metralhadoras e fragatas”. Quem conheça as encomendas previstas de material militar da última década, sabe muito bem do que eles estavam a falar.

Um antigo primeiro-ministro socialista está preso a aguardar acusação, vários altos responsáveis da actual administração pública estão presos, espera-se eternamente pelo julgamento do caso BPN, um antigo líder parlamentar do PSD está condenado a uma longa pena de cadeia, esperando recurso, vários processos e investigações estão em curso, envolvendo dirigentes do PS e PSD, uns antigos, outros ainda detendo conside-rável poder actual. Sobre este pressuposto novo clima da Justiça, a ministra da Justiça disse que “o tempo da impunidade acabou”. Não é verdade, se formos mais longe e aban-donarmos a cómoda e hipócrita afirmação de Pina Moura de que a “ética republicana é a lei”.

Não, a “ética republicana”, se é que isso existe, é mais do que a lei – é a condução dos negócios públicos com sentido de probidade e uma necessária exigência de responsa-

bilidade de quem manda nos governos e nos partidos. O processo dos submarinos pode não permitir a criminalização dos responsáveis, mas não pode deixar de exigir que pelo menos se puna quem permitiu os desmandos que estão patentes na frase dos Espírito Santo.

Por isso, voltemos às responsabilidades que o despacho descreve em pormenor, incluindo várias ilegalidades, em particular envolvendo Paulo Portas enquanto ministro da Defesa, e sancionadas mais tarde pelo Governo Santana Lopes (“Sanou qualquer irregularidade que pudesse ter existido do ponto de vista administrativo”). Por exemplo, lá se afirma que Paulo Portas “excedeu o mandato” que lhe foi conferido pelo Conselho de Ministros em finais de 2003, ao celebrar um contrato de compra diferente dos termos definidos na adjudi-cação, em negociações que “decorreram de forma opaca”.

Foi detectada “a violação de princípios e normas de natureza administrativa” que explica a incúria, negligência e falta de cuidado pelo bem público patentes em todo o processo (“O Estado encontrava-se numa situação muito frágil”). O despacho é claro quanto ao facto de não ter encontrado sinais de favorecimento do consórcio alemão, mas é igualmente claro quanto à geral “opaci-dade do processo”, incluindo a misteriosa desaparição de documentos relevantes para saber o que se passou.

Um crime não se compara a uma ilegali-dade ou a uma negligência. Mas, se Sócrates vier a ser considerado culpado daquilo que é acusado, os governos que dirigiu serão envenenados por essa culpa, porque os restantes membros do Governo teriam então actuado com incúria e negligência perante os crimes que se cometiam ao seu lado. O PSD não deixará de usar na sua propaganda essa circunstância, no ambiente de deses-pero eleitoral que se vive no partido. A isso se somará a culpa objectiva do PS nos negócios ruinosos das dezenas de PPP que fez, e outras aventuras despesistas, e essa responsabilidade cairá sobre todos. Mas, se na coligação permanecer Paulo Portas, e se entretanto depois deste despacho não sair do Governo, não há frase contra as PPP que não possa ser rebatida com os submarinos, porque, em ambos os casos, os governantes não defenderam o bem público a que estavam obrigados.

É um pobre destino da nossa política esta contínua troca de acusações, mas é inevitável, enquanto os responsáveis directos pelos acordos leoninos das PPP estiverem em confronto com a negligência nos acordos de material de guerra que acabaram por levar à mesa do conselho superior do GES os milhões que nós pagamos para alimentar cinco bocas dos clãs Espírito Santos, mais três bocas da Escom, mais uns advogados pagos a preço de ouro e a boca do “alguém” que não se sabe quem é. São, de facto, todos uns aldrabões.

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19 opinião

a outra faceCARLOS MORAIS JOSÉ

hoje macau domingo 21.12.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

1. Dizia um professor de boa memória da minha faculdade que o homem actual é de-masiado parecido, neurofisiologicamente, com o caçador-recolector seu antepassado para ser feliz numa cidade. Quer dizer: temos o selvagem a grunhir alto dentro de nós. E este bicho tem, entre muitos excessos, alguns óbices ao seu bem estar. Um deles deriva do seguinte facto: para um ser humano (dizem as pesquisas americanas e científicas) a coisa mais interessante do mundo é a face de ou-tro ser humano; logo, existe uma tendência digamos que inata para tentar memorizar as caras das pessoas com quem nos cruza-mos. Portanto, não podemos ver outro ser da mesma espécie que não tenhamos logo tendência para o memorizar, seja ele um façanhudo ou uma beldade.

Ora, vivendo numa metrópole isso é claramente impossível, o que nos torna, imediata e inconscientemente, infelizes e mesmo deprimidos. Sem sequer darmos por isso, sem sabermos porquê, sem que nada de óbvio e racional nos surja como motivo para a nossa presente e angustiante insatisfação. E tudo isto pelo facto do nosso ser psico-fisiológico não ter a mesma velocidade de mudança das sociedades que gerou.

Claro que o nosso próprio inconsciente encontra formas de ultrapassar esse estado de miséria, nem que seja por nos induzir a beatitudes ou à estupidificação, em frente ao televisor, por exemplo. Curiosamente, os fluxos de informação ou de ficção (e quão ténue é esta barreira) cada vez nos emocio-nam menos e meramente nos remetem a um estado larvar, passivo, de recepção. O bicho esgotado recolhe-se.

A fome e a farturaRelaxar (esse comportamento tão con-

temporâneo) significa, na maior parte dos casos, limpar a cabeça das memórias do dia que trazemos alapadas sem o desejarmos. Esquecer. Esta ou aquela cena, esta ou aque-la pessoa, a frase, o adágio, o disparate, a cançoneta, o cimento, a ocupar-nos espaço e tempo dentro da cabeça, independentemente da nossa vontade; são as inutilidades, das paisagens ou dos sentimentos. Já nem se trata dos problemas que realmente temos de resolver e nos atormentam em circuito fechado, omnipresentes. É pior. É o lixo do dia, o esgoto a céu fechado do quotidiano.

É tudo isso que temos diariamente de apagar, bem como o desgosto de nada sabermos sobre as gradações de um deter-minado crepúsculo ou aquela pessoa com quem nos cruzámos, nunca mais veremos e que realmente nos interessava. Tudo nos passa demasiado depressa e ao lado. A nós, os caçadores-recolectores disfarçados de sedentários crónicos.

A fartura deu em fome e solidão.

*

2. Tenho, como muitas outras pessoas, por vezes a sensação de que devia ter nascido noutra era, noutra sociedade, noutro am-biente. E como esta sensação nos surge como uma espécie de dejà-vu há quem dela conclua a veracidade da transmigração das almas, da reencarnação, na qual pelo menos dois terços da Humanidade acredita. O que, desde já vos descanso, não é o meu caso.

Não deixei, no entanto, de me querer – sei lá... – nos loucos anos 20 ou na revolucionária

segunda metade do século XIX. No Império Romano dos Gracos, ao lado de Alexandre por essa Ásia fora ou, mais simplesmente, no fausto dos serralhos turcos. Tive, contudo, a sorte de ter nascido nos anos 60 e nunca ter vivido outra guerra que não a de ir ao médico, ser vacinado e assim ter escapado a doenças que noutros momentos da História me teriam certamente liquidado. A sorte da escolaridade obrigatória, da cultura acessível, de um mundo global. A sorte de ter sido livre como nunca ninguém o foi em tempo nenhum e duvido que venha a ser. Vivi um hiato histórico que me parece, visto daqui, irrepetível.

Se me dessem a escolher uma época para viver, escolhia o meu tempo, a minha História. Com todos os seus muitos defeitos e excessos. Nasci no salazarismo, assisti ao 25 de Abril e ao advento da liberdade. De-pois ao período de crença pura, de energia e esperança, que sucede às grandes mudanças. Quando tudo parece possível, até Rousseau ter razão. A seguir ao desencanto, à queda dos Muros e à sua nova construção. Apareceu a internet. Regressou a religião e o homem de Hobbes, de Maquiavel, das genéticas. Difi-cilmente, se poderia encontrar um período mais interessante na História e ao mesmo tempo tão confortável e seguro (sobretudo na Europa), com tanto acesso a tudo.

E escolheria também, por estranho que possa parecer, nascer em Portugal. Com to-dos os seus perenes defeitos e raros excessos. Talvez por Lisboa, talvez por um detalhe de Lisboa ou por uma certa falésia sobre o Atlântico onde há um trono de pedra. Pelo sol vermelho que todos os dias aí encontra a morte.

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cartoonpor Stephff

COREIA DO NORTE VS. HOLLYWOOD

hoje macau domingo 21.12.2014

P YONGYANG propôs on-tem a Washington a reali-zação de um inquérito con-

junto sobre o ataque informático em massa contra o grupo Sony Pictures no final de Novembro e assegurou não ter qualquer responsabilidade no sucedido.

“Tendo em conta que os Esta-dos Unidos espalham alegações sem fundamento e nos difamam, nós propomos um inquérito conjunto”, indicou o ministério dos Negócios Estrangeiros norte--coreano.

“Sem ir até à tortura como fez a CIA norte-americana, nós temos meios para provar que não temos nada a ver com este incidente”, adiantou o ministério, citado pela agência oficial norte--coreana KCNA.

A Coreia do Sul também acu-

sou ontem a Coreia do Norte de ser a responsável pelos ataques contra o grupo Sony Pictures, semelhan-tes a ataques similares aos sofridos por bancos e agências de notícias sul-coreanas no ano passado, que foram atribuídos a Pyongyang.

Seul indicou estar pronta a partilhar com Washington as informações “ligadas ao ataque informático contra a Sony” e a reforçar a cooperação internacio-nal para enfrentar novas ameaças informáticas.

O Japão enviou a mesma men-sagem. Um porta-voz do primei-ro-ministro Shinzo Abe declarou que “o governo japonês comunica estreitamente com os Estados Unidos e defende a abordagem destes sobre esta questão”, sem aludir directamente aos ataques informáticos da Coreia do Norte.

O grupo Sony Pictures foi alvo no final de Novembro de um ataque informático reivin-dicado pelo grupo de piratas informáticos GOP (“Guardians of Peace”), durante o qual inu-meráveis informações foram roubadas e algumas divulgadas.

Este ataque forçou a Sony Pictures a anular a estreia do filme “Uma entrevista de loucos” (The interview, título original), uma comédia satírica sobre um ‘complot’ fictício da CIA para assassinar o líder norte-coreano Kim Jong-un, que desencadeou a ira do re-gime comunista.

A Coreia do Norte continua a desmentir ter encomendado o ataque informático que o FBI, polícia federal norte-america-na, lhe atribuiu claramente.

A China ofereceu mais de 3 mil milhões de dó-lares em empréstimos e ajuda para os vizinhos

Camboja, Vietname, Mianmar, Tailândia e Laos, para investimentos em infra-estruturas e produção e para a luta contra a pobreza, disse a imprensa estatal neste sábado.

O primeiro-ministro da China, Li Keqiang, disse que a oferta inclui mil milhões de dólares para infra--estruturas, 490 milhões de dólares para a redução da pobreza, e 1,6 mil milhões em empréstimos especiais ligados a maior capacidade de produção.

Durante discurso em Banguecoque, na quinta reunião da cimeria de Cooperação Económica da Grande Sub-região do Mekong, Li também prometeu 16,4 milhões de dólares para a dragagem de canais

junto ao Rio Mekong para evitar desastres naturais. “Essas são partes importantes dos nossos esforços para melhorar a cooperação chinesa. Estamos prontos para trabalhar com os cinco países para construir uma nova estrutura para aprofundar a cooperação e levar a nossa parceria a um novo nível”, afirmou Li.

O primeiro-ministro disse que a China planeia exportar capacidade de produção de alto nível em electricidade, telecomunicações, aço e cimento para os seus vizinhos por rotas de transporte regionais, relatou a Xinhua.

Li está na Tailândia para a cimeira de dois dias dos líderes dos países da região do Rio Mekong, o maior encontro internacional na Tailândia desde que os militares tomaram o poder.

ONU Irão honra acordo nuclearO Irão continua a cumprir os compromissos do acordo nuclear interino com seis potências mundiais, declarou um relatório confidencial de uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU), embora Teerão tenha interrompido temporariamente o trabalho de conversão que torna o urânio de alto grau menos indicado para o uso em bombas. O boletim mensal da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), afirma que o Irão não está a enriquecer urânio acima da concentração físsil de cinco por cento, bem inferior aos 90 por cento necessários para armas atómicas. O documento também diz que Teerã não fez “quaisquer avanços adicionais” nas suas actividades em duas instalações de enriquecimento e num reactor de água pesada ainda incompleto. O pacto foi negociado para ganhar tempo para as conversas sobre um acordo que ponha fim à disputa de 12 anos a respeito do programa nuclear iraniano, que Teerã diz ser pacífico mas que o Ocidente teme almejar o desenvolvimento da capacidade de produzir armas nucleares.

Rússia convida líderes das Coreias A Presidente sul-coreana, Park Geun-hye, foi convidada a ir a Moscovo em Maio, indicaram fontes oficiais à agência Yonhap, uma visita que poderá coincidir com a do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, também convidado pela Rússia. O Governo sul-coreano referiu ontem o convite recebido para as comemorações, a 9 de Maio, na capital russa, do 70.º aniversário da vitória soviética sobre os nazis, apenas um dia depois de Moscovo ter confirmado que endereçou idêntico convite a Kim. A confirmar-se a visita do líder norte-coreano, Kim Jong-un realizará a sua primeira viagem ao estrangeiro desde que chegou ao poder em 2012. Além disso, se ambos aceitarem, tratar-se-á da primeira ocasião pública a juntar os dois líderes.

SONY PYONGYANG PROPÕE A WASHINGTON INQUÉRITO CONJUNTO

“Alegações sem fundamento”

Lisboa Falha técnica causou descarrilamentos O descarrilamento de dois comboios na Linha de Cascais, em 2013, teve origem numa falha técnica, revela o relatório da comissão de inquérito nomeada pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT). Verificou-se uma «ruptura do veio motor» dos rodados de um dos comboios o que causou a cadeia de eventos que conduziram aos dois descarrilamentos, levando a que a conclusão se resumisse a uma falha técnica, ao acidente de 8 de Fevereiro de 2013. A peça mecânica que cedeu pertencia ao comboio que saiu de Oeiras e que descarrilou em Algés tendo, nesse trajecto, danificado o aparelho de mudança de via de Caxias, local onde o outro comboio, que seguia na sua retaguarda proveniente de Cascais, viria a descarrilar.

Maputo Empresário raptado resgatado pela polícia O empresário moçambicano Mohamed Bachir Suleimane, dono do grupo MBS, foi resgatado pela polícia, este sábado, e já se encontra junto da família, após ter passado mais de 30 dias em cativeiro, vítima de sequestro. Bachir foi libertado, durante a madrugada pelas autoridades, no município de Macie, na província de Gaza. Segundo as informações disponíveis, já terão sido detidas duas pessoas, sob a suspeita de terem perpetrado o rapto. Em conferência de imprensa, o empresário agradeceu o apoio de todos, dizendo que a justiça tratará de fazer o resto.

Austrália EUA emitem alerta de viagem Os Estados Unidos emitiram, esta sexta-feira, um alerta de viagem mundial na sequência da tomada de reféns, ocorrida esta semana, num café na Austrália, que terminou com a morte do sequestrador e de dois civis. O Departamento de Estado norte-americano adverte os cidadãos que o ataque figura como um «lembrete» para que sejam cuidados e mantenham um «elevado nível» de vigilância, tomando medidas adequadas para «melhorar» a sua segurança pessoal. O alerta, com uma duração de três meses, não faz referência a qualquer ameaça em particular, expirando no próximo dia 19 de Março.

China oferece mais de três mil milhões aos vizinhos