hoje macau 18 dez 2014 #3237

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STANLEY AU As preferências de Pequim POLÍTICA PÁGINA 7 TIAGO ALCÂNTARA GONÇALO LOBO PINHEIRO Pensada há três meses, a Associação Poder do Jogo de Macau está oficialmente criada. Recusa as manifestações como forma de resolver conflitos e assume-se como uma ponte de comunicação entre empregados e empregadores. José Pereira Coutinho é o presidente honorário. FÓRUM MACAU Rita Santos na porta de saída? O novo Chefe chamado Chui DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 18 DE DEZEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3237 hojemacau POLÍTICA PÁGINA 4 PÁGINAS 2-3 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB JOGO NOVA ASSOCIAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS Outra carta no baralho PÁGINA 8 EMPREGO A idade da rejeição POLÍTICA PÁGINA 5 PUB

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Hoje Macau N.º3237 de 18 de Dezembro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 18 DEZ 2014 #3237

STANLEY AUAs preferências

de Pequim POLÍTICA PÁGINA 7

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

Pensada há três meses, a Associação Poder do Jogo de Macau está oficialmente criada. Recusa as manifestações como forma de resolver conflitos e assume-se

como uma ponte de comunicação entre empregados e empregadores.José Pereira Coutinho é o presidente honorário.

FÓRUM MACAURita Santos na porta de saída?

O novo Chefe chamado Chui

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q U I N TA - F E I R A 1 8 D E D E Z E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 2 3 7

hojemacau

POLÍTICA PÁGINA 4

PÁGINAS 2-3

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

JOGO NOVA ASSOCIAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS

Outra carta no baralho

PÁGINA 8

EMPREGO

A idade da rejeição POLÍTICA PÁGINA 5

PUB

Page 2: Hoje Macau 18 DEZ 2014 #3237

REUT

ERS

CRONOLOGIA

2 hoje macau quinta-feira 18.12.2014RAEM 15 AN S2009-2011

2009

2010

2011

• Revista Macau inicia versão em inglês• UM passou a ter uma fundação para gerir a angariação de donativos• Criada a Associação Casa do Brasil em Macau• Nova sessão de julgamento de Ao Man Long, acusado

de corrupção passiva para acto ilícito, branqueamento de capitais e abuso de poder envolvendo um total

de 28 crimes • Anunciadas novas regras que ditam que só com cartão

de imprensa os jornalistas de Macau podem efectuar trabalhos na China continental

• Conselho Executivo apresenta proposta de lei sobre o combate à criminalidade informática• Residentes permanentes de Macau deixam de precisar

de impresso para entrar em Hong Kong• Comissão Mista Macau – União Europeia reúnem,

lançando um programa de informação empresarial• Último governador português de Macau, Rocha Vieira,

vem a Macau desde 1999• UM apresenta pela primeira vez o projecto do novo

campus na Ilha da Montanha à AL

• Rita Santos passa a ser a secretária-geral adjunta do Fórum Macau• Praia Grande Edições assume concessão da Livraria

Portuguesa • Decididos nomes dos dois pandas oferecidos pelo

Governo Central: “Hoi Hoi” e “Sam Sam”. A casa dos pandas, em Seac Pai Van, custa 90 milhões de patacas.• Chui Sai On promete pela primeira vez iniciar consultas

para reforma do sistema político

• Galaxy abre portas• Dóci Papiaçam entregam candidatura de patuá a

património imaterial da UNESCO• Consulado de Portugal acusado de tratar mal chineses

com passaporte português, uma denúncia da antiga deputada Ho Sio Kam

• Pirmeiras discussões sobre as zonas A, B, C, D, E dos novos aterros • Barracas da Ilha Verde totalmente deitadas abaixo • Encerramento da companhia de ferries Macao Dragon• Macau inaugura em Guangdong um centro de venda

para produtos lusófonos • Gabinete de Chui Sai On lança página interactiva na

Internet • Governo respondeu a uma interpelação com três anos

de atraso ao ex-deputado Leong Heng Teng • Realiza-se o 1º Congresso de Jornalistas de Macau• Acontece o primeiro Concurso Centralizado em

Novembro• Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo entra em vigor

Numa Macau ainda afectada pela crise financeira internacional, surgem casos de cortes de salários e redução de TNR. O artigo 23º é aprovado. O Governo muda. A AL muda. Há pancadaria no primeiro de Maio. E há outras coisas que não mudam

FLORA [email protected]

JOANA [email protected]

O ano de 2009 marca a estreia de Chui Sai On como Chefe do

Executivo. O então Secretá-rio para os Assuntos Sociais e Cultura demite-se do cargo para se candidatar a líder do Governo. Nem os mais de mil membros de um grupo no Facebook que se dizia contra a candidatura do agora Chefe do Executivo – por “não que-rerem empresários a liderar a RAEM” – impediram o que sabemos que aconteceu.

Em Julho Chui substitui Edmund Ho, com 281 assi-naturas. Ho diz que não quer continuar na política.

Em Novembro, Chui escolhe a nova equipa do Governo: Cheong U para o cargo de Secretário para Assuntos Sociais e Cultura, Vasco Fong para o Comis-sário contra Corrupção, Ho Veng On para a Auditoria. Alexis Tam é escolhido como porta-voz do Gover-no da RAEM no início de 2010, enquanto Ung Vai

TRANSFERÊNCIA DE SOBERANIA O NOVO GOVERNO, A NOVA AL E SANGUE NO DIA DO TRABALHADOR

Quando Chui se candidata a Chefe

Meng substituiu Heidi Ho na direcção do Instituto Cultural.

O mesmo ano fica tam-bém marcado pelas eleições à AL. Na altura, Rita Santos junta-se a José Pereira Cou-tinho numa candidatura pela lista Nova Esperança. A, actualmente, deputada Me-linda Chan candidata-se pela primeira vez, substituindo o marido, David Chow. Mais tarde, em Outubro, Lau Cheok Va e Ho Iat Seng confirmam a presidência e a vice-presidência da AL, para deixar Susana Chou sair do cargo.

Em 2009, a RAEM fes-teja o décimo aniversário e

recebe uma visita especial – que se iria repetir cinco anos depois: Xi Jinping, na altura vice-presidente da China, chega à RAEM pela terceira vez, tendo-se encon-trado com representantes da comunidade macaense.

Xi alerta Macau que “tem de avançar de uma vez por todas para a diversificação

da economia através da Ilha da Montanha”. Os avisos repetem-se desde então.

ECONOMIA DESCE E SOBEO ano de 2009 inicia-se sem aumentos salariais na Fun-ção Pública e com cortes nos ordenados dos trabalhadores a serem implementados por várias operadoras de Jogo. Quem, agora, vê a economia de Macau perfeitamente es-tável, apesar das quedas das receitas dos casinos, nunca iria imaginar isso mesmo, quando, há cinco anos, Macau surgia no penúltimo lugar de uma lista das melho-res 20 economias asiáticas feita pela consultora HR Business Solution.

As receitas brutas dos casinos de Macau caíam 17% no ano anterior. Despe-dimentos e cortes salariais de 13,3% marcavam o desem-penho da Sands em Macau, com a operadora de Jogo a prometer que o cenário não se repetiria em 2009.

Nesse ano, o “rei” do Jogo de Macau, Stanley Ho, perde 89% da sua fortuna devido à crise económica. Apesar de tudo, o City of Dreams garantia, neste ano, que a sua mão-de-obra era 80% local e que a crise

Com uma economia trémula, as boas notícias surgiam num campo em que hoje não acontecem: o preço médioda habitação caía 21,5% em 2008

Em manifestações no Dia do Trabalhador, saem à rua mais de400 manifestantes. Mas saem também gás-pimenta e canhões de água,que fazem vários feridos

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hoje macau quinta-feira 18.12.2014 3 raem 15 anos

• Em Março de 2009 se registaram apenas 311 transacções

de vendas de casa? Este número era o mesmo que em 1985.

• De Outubro a Dezembro, a RAEM perdeu 12 mil TNR?

• Em 2010, o Governo deu, pela primeira vez, luz verde

à importação de veículos eléctricos?

• Macau confirmou o primeiro caso de contágio local da gripe A

(H1N1) em Junho de 2009? Os receios instalaram-se porque as

vacinas para a H1N1 só chegaram meio ano depois.

• A primeira manifestação sobre a protecção animal aconteceu

em 2011? A marcha foi liderada pelos deputados José Pereira

Coutinho e Ng Kuok Cheong e mil pessoas marcharam desde a

praça do Tap Seac até ao edifício do Governo para entregar uma

petição.

• Em 2010, Chan Meng Kam propôs ao Governo que este tivesse

o seu próprio casino? A sugestão viria a repetir-se várias vezes

anos depois

SABIA QUE...

“Não tenho planos em concorrer ao cargo de Chefe do Executivo”Ho Iat Seng, na altura deputado, em 2009

“O gabinete de Ho Chio Meng funciona melhor do que o de Chui Sai On”Au Kam San em 2009

“O Dubai devia ser exemplo para desenvolver a Ilha da Montanha”Director da agência de notícias Xinhua de Guangdong

“Quero consulta à reforma política em 2010, um eleitor um voto é o destino”Kwan Tsui Hang

“Só se deve fazer amor quando se ama de verdade”Melinda Chan, defendendo a educação sexual nas escolas

“Gastou 80 milhões com ursos, quando há gente a precisar de casa”Susana Chou a Florinda Chan, sobre a decisão de construir a casa dos pandas

“Macau pode não mudar mesmo depois de 50 anos”Ieong Wan Chong, director do Centro de Estudos Um país, Dois sistemas

“As pessoas não estão motivadas para pedir mais democracia”Bill Chou, antigo professor de Ciência Politica na UM

“Macau tem grande défice de democracia”Sonny Shiu-Hing Lo, académico de Hong Kong

O QUE ELES DIZIAM...

TRANSFERÊNCIA DE SOBERANIA O NOVO GOVERNO, A NOVA AL E SANGUE NO DIA DO TRABALHADOR

Quando Chui se candidata a Chefe

O ano de 2011 fica marcado por uma corrida ridícula a... sal

económica de 2008 – cujos resquícios inquietavam o território - não assustava Lawrence Ho, o director executivo do COD.

Os receios atingiam antes os trabalhadores, que viam a taxa de desemprego a aumentar novamente e pela primeira vez desde 2004 e a inflação a registar a mais alta taxa desde a transferência de Administração: 8,61%.

Com uma economia trémula, as boas notícias surgiam num campo em que hoje não acontecem: o preço médio da habitação caía 21,5% em 2008. Se alguém comprou casa nessa altura, saiba que o valor que pagou pela sua casa já aumentou mais do dobro em 2014.

Ainda assim, a falta de dinheiro fazia sentir-se: em Março de 2009 são regista-das apenas 311 transacções de fracções, um nível seme-lhante a 1985.

A economia desfavorá-vel e o 1º de Maio à porta faz também o Governo começar a fazer contas à vida, anunciando que estava a pensar reduzir para metade o número de trabalhadores não-residentes (TNR) em Macau, para garantir mais estabilidade para os traba-lhadores locais. A RAEM perde mais de 12 mil TNR em três meses, de Outubro ao final de 2008. Já em Maio, a Sands tinha anunciado despedimentos de cerca de quatro mil trabalhadores.

Precisamente nesse mês, mas em 2010, em manifesta-ções no Dia do Trabalhador, saem à rua mais de 400 ma-nifestantes. Mas saem tam-bém gás-pimenta e canhões de água, que fazem vários feridos. Entre eles, Carmo Correia, fotógrafa da Agência Lusa, que ficou hospitalizada com várias fracturas.

“Escapei da morte por pouco”, dizia a profissional ao HM na altura. Chui Sai On vem a público dizer que a polícia “mostrou conten-ção”. E nasce a Juventude Dinâmica de Macau: de uma página de Facebook salta para a rua e respectiva criação da associação.

CASAS À VENDA, DINHEIRO EM FALTA Se, em 2010, a economia de Macau começa, finalmente,

a mostrar sinais de cresci-mento, nem isso impede os alunos mais jovens de não se sentirem em casa. Uma no-tícia do HM neste ano dava conta que 46 em cada cem dos estudantes do ensino se-cundário de Macau se auto--definiam como “macaenses da China continental” e não como macaenses do territó-rio. O estudo, da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, dizia ainda que “um terço dos estudantes até mudava de nacionalidade se pudesse”.

Com a economia a subir, os preços das casas de luxo sobem entre 30% e 50%. O Regime de Mediação Imo-biliária, apresentado anos antes, continua a ser ajustado pela DSAL.

A inflação desce até 6,4%. E, em Agosto de 2011, a STDM é obrigada a indem-nizar uma dezena de funcio-nários. Num caso que se vem a repetir nos anos seguintes, a justiça reconhece uma série de irregularidades face aos trabalhadores da empresa de Stanley Ho, como férias não pagas e ausência de feriados obrigatórios. Três milhões de patacas saem dos cofres da STDM para compensar os trabalhadores. Um ano antes, Stanley Ho sofria um AVC.

POLÉMICASEm 2007, já se tinha apre-sentado a questão do artigo 23º, que regula a defesa de segurança de Estado. Apesar de sempre ter feito parte da Lei Básica, este não estava activo. Algo que muda em 2009, quando a Assembleia Legislativa o aprova em Ja-neiro, com dois votos contra dos deputados democratas Ng Kuok Cheong e Au Kam San.

para a inevitabilidade de incluir esta legislação no seu ordenamento jurídico. Em Fevereiro, o Governo decide baixar penas mínimas no diploma sobre a defesa do Estado. No mesmo mês, a União Europeia pede esclarecimentos a Macau sobre a lei.

As polémicas não param em Macau nem no ano se-guinte, quando a Viva Macau – a companhia aérea – luta contra o Executivo devido à cessação do contrato e Francis Tam, Secretário para a Economia e Finanças, assegura que ainda há des-pesas a pagar: 40 milhões de patacas tinham de ser devol-vidos ao Governo em 2010. Mais 200 milhões tinham de chegar em 2011. Até hoje, os empréstimos ainda não foram pagos.

Pela primeira vez, a As-sociação de Advogados de Macau (AAM) é acusada de “tratar mal” os alunos da Uni-versidade de Ciência e Tec-nologia de Macau (MUST). O reitor Xi Aoao acusa a Associação de “ser parcial” face a estes estudantes, por não os aceitar como esta-giários. A polémica começa aí e acaba apenas cinco anos depois, recorde-se, quando, este ano, o Tribunal de Segu-rança Instância decide que os licenciados da MUST têm de ser aceites pela AAM.

Ao Man Long regressa ao banco dos réus em Feve-reiro de 2009, acusado de mais 28 crimes. Vê a sua pena ser aumentada para 28 anos e meio de prisão efectiva. Na mesma altura, também Pedro Chiang, empresário, é julgado num caso conexo, com mais 12 arguidos. É condenado a seis anos de prisão. Os advo-gados de defesa queixam-se de não ter acesso a todas as provas da acusação, algo que se vem repetindo anos depois.

O sismo em Fukushima, que se seguiu com um tsuna-mi, assusta os residentes de Macau. O ano de 2011 fica marcado por uma corrida ridícula a... sal. Sacos e carros de compras cheios de sal para prevenir a radiação obrigam o Governo a alertar a população que Macau está a salvo.

Sal à parte, é neste ano que a DSEJ forma a sua equi-pa, com Leong Lai a entrar para a direcção. A família Ho põe finalmente tréguas na guerra que opunha Stanley e mulheres e filhos, devido à separação de acções, que todos querem.

8,61%foi a taxa de inflação

registada em Macau

em 2008

1/3dos toxicodependentes

registados em 2010 tinha

menos de 21 anos

e começaram

a consumir aos 15

2015era o ano previsto para que

o novo hospital das Ilhas

estivesse concluído

O Conselho para os As-suntos Chineses de Taiwan considera que a regula-mentação do artigo 23º em Macau tem como objectivo final preparar Hong Kong

Page 4: Hoje Macau 18 DEZ 2014 #3237

IPIM

4 POLÍTICA hoje macau quinta-feira 18.12.2014

JOANA [email protected]

R ITA Botelho dos Santos deverá deixar de ser a secretária-geral adjunta do Secretariado Permanente

do Fórum Macau. Fonte conhece-dora do processo confirmou isso mesmo ao HM, acrescentando ainda que já há substituta para o seu lugar: Echo Chan, directora do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM).

O HM tentou chegar à fala com ambas as dirigentes, mas não foi possível. O HM contactou o IPIM, que não permitiu que a cha-mada fosse passada à dirigente. Já Rita Santos encontrava-se numa

LEONOR SÁ [email protected]

É oficial: o mais recente estudo publicado pela Universidade de Hong Kong, intitu-lado “Sondagem sobre Desenvolvimento

Político em Macau” mostra que 61% de 506 inquiridos – residentes no território – é a favor do sufrágio universal como sistema de voto na eleição do Chefe do Executivo. Também a grande maioria destes – 71% - concorda com a eleição dos membros da Assembleia Legislativa através do mesmo método eleitoral.

Para Jason Chao, membro da Associação Novo Macau (ANM) – que encomendou o estudo - o próximo passo será sensibilizar e informar a popu-lação acerca deste tipo de eleição e outras questões políticas, já que para o activista “não chega votar”.

O estudo foi proposto à instituição pela Novo Macau, que anunciou ontem os resultados. O inquérito mostra ainda que, de entre as mais de 500 pessoas questionadas, 62% delas tinha conhecimento da realização do “referendo civil”,

organizado em Agosto passado por três grupos de activistas. Para Chao, a percentagem alargada de pessoas com conhecimento sobre a sondagem de Agosto deveu-se, em grande parte, à cobertura noticiosa que teve a nível internacional, mas também à campanha de sensibilização que a organização encetou, várias semanas antes da iniciativa ter lugar.

LEITURAS POSSÍVEIS“Os resultados mostram duas coisas: primeiro, vão ao encontro das questões na nossa agenda e depois pudemos ver que os 10% que estão contra o sufrágio universal duvidam da qualidade dos votantes. Isso fez-nos perceber que é preciso convencê-los da ligação entre o sistema político e os problemas da sociedade”, disse Jason Chao ao HM.

A principal questão, para o activista, prende--se com o actual sistema político e não com o facto das pessoas saberem, ou não, como e em quem votar. “O mero processo de votar é apenas uma pequena fracção da prática da democracia”,

lembrou. O essencial agora é usar os dados do inquérito como argumento para continuar a pedir a reforma do sistema político da RAEM.

Dos inquiridos que responderam afirmati-vamente à eleição dos membros do Chefe do Executivo, cerca de 67% considera que a reforma política devia acontecer já nas próximas eleições, em 2019, 23% preferindo que fosse em 2014 e apenas 4% destes a considerarem que o modelo de “uma pessoa, um voto” só devia ter lugar em 2029 ou mais tarde.

Teresa Vong“Jovens são desincentivadosa participarem política”

A académica Teresa Vong considera que a geração

nascida nos últimos 20 anos em Macau está a ser desin-centivada de envolver-se na política pelos mais velhos, que temem a agitação social. Em declarações à Lusa, a directora do Centro de Pesquisa Educacional da Universidade de Macau considera que a sociedade local está a afastar da políti-ca os mais novos, procuran-do uma harmonização social que não seja questionada.

Os mais novos “estão a ser harmonizados, tocam todos a mesma música”, diz, referindo-se à maioria dos adolescentes de Macau. “Não vão às manifestações porque os pais e os profes-sores dizem ‘Vais ser um agitador’. Na verdade, têm o direito de expressar as suas opiniões através de protestos, é um direito que a Lei Básica lhes confere”, mas “estamos a prepará-los para não se envolverem na política”, lamenta.

Ainda assim, Teresa Vong reconhece que os jovens de Macau compreen-dem e valorizam as liber-dades que aqui gozam, em comparação com a China continental, principalmente por serem frequentemente confrontados com essa diferença.

“Há uma experiência muito imediata. Quando vão a Zhuhai não podem usar Facebook. Sentem que aqui o ar é mais limpo, sabem pelas notícias que alguém foi preso por ter dito alguma coisa contra o Governo. Nisso acho que fazem uma avaliação justa”, comenta.

Apesar desta consciên-cia, a académica manifesta--se “muito preocupada” com o que diz ser uma a falta de motivação generalizada da geração pós-RAEM, nascida num território prós-pero, com uma das mais baixas taxas de desemprego do mundo. É uma geração “muito mimada porque não tem de competir. A maioria são filhos únicos a quem os pais dão tudo”, aponta.

Esta é também uma geração sem grande cons-ciência do passado histó-rico de Macau, diz Teresa Vong. - LUSA/HM

SUFRÁGIO UNIVERSAL MAIORIA A FAVOR, DIZ ESTUDO EM UNIVERSO DE 506 INQUIRIDOS

Cientificamente provado?

32número de anos de Rita Santos

ao serviço da Administração

HOJE

MAC

AU

Ninguém quer dar a cara para falar do assunto, mas duas fontes asseguram ao HM que Rita Santos vai deixar o cargo de secretária-geral adjunta do Fórum Macau. Ao fim de mais de 30 anos na Função Pública, a dirigente deverá ir para reforma, sendo substituída por Echo Chan, do IPIM

FÓRUM MACAU RITA SANTOS DEVERÁ SER SUBSTITUÍDA POR ECHO CHAN

Uma década depois

reunião, pelo que não podia falar, e não se mostrou contactável pos-teriormente.

Ainda assim, o HM conseguiu chegar à fala com uma outra fonte - que também não quis ser identifi-cada, como normalmente acontece nestas ocasiões -, que assegurou que a transferência de Echo Chan irá, de facto, acontecer.

De acordo com ambas as fontes, Rita Santos vai aposentar-se. Ainda que a secretária-geral não tenha atingido a idade da reforma, já se en-contra ao serviço da Função Pública “há tempo suficiente” para a pedir.

DÚVIDAS DISSIPADASRita Santos foi nomeada secretária--geral adjunta do Fórum Macau em

2010, mas estava já no organismo como coordenadora do Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente desde 2003.

Na altura, como disse ao HM numa entrevista, ainda teve dúvidas em aceitar o cargo, mas tudo isso esvaneceu com o desenvolvimento do Fórum.

Rita Santos, nascida em Macau, tirou o curso de Gestão de Empre-sas em Portugal, tendo regressado ao território para trabalhar na

Função Pública. A dirigente esteve ao serviço da Administração mais de 32 anos, tendo também sido candidata ao lugar de deputada à Assembleia Legislativa em 2009. Foi também uma das fundadoras da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM), na qual esteve como presidente até passar a pasta a José Pereira Coutinho, deputado com quem concorreu através da lista Nova Esperança e agora presidente da associação, onde Rita Santos ainda desempe-nha funções.

Ao HM, José Pereira Coutinho não quis prestar declarações sobre a saída de Rita Santos do Fórum Ma-cau, não tendo sequer confirmado a informação.

Echo Chan

Page 5: Hoje Macau 18 DEZ 2014 #3237

HOJE

MAC

AU

5 políticahoje macau quinta-feira 18.12.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

N UM mercado laboral onde existem mais de cem mil trabalhadores importados, e com uma

constante necessidade de mão--de-obra, ainda há residentes de Macau que não conseguem traba-lho devido à idade. A situação foi ontem denunciada pela deputada Ella Lei, durante o período de interpelações orais apresentadas antes da ordem do dia.

“Em Macau existe discrimina-ção etária no recrutamento e apesar de todos os sectores gritarem que há falta de mão-de-obra, os resi-dentes de meia-idade saudáveis continuam a não ser aceites. Se em Macau falta verdadeiramente mão-de-obra, os residentes de meia-idade saudáveis não deviam sofrer discriminação etária. É pena que o Governo continue a permitir a importação de mão-de-obra e que, no momento actual de prosperi-dade económica, estes residentes encontrem ainda grandes dificulda-des no acesso ao emprego, sendo até excluídos”, disse a deputada, que representa, na Assembleia Legislativa (AL), a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

A deputada frisou ainda que o actual Governo tem vindo a passar a bola, sem resolver estes tipos de casos.

“O Governo salienta sempre que os trabalhadores importados só suprem a insuficiência dos recursos humanos locais, mas é pena que nunca assuma as devidas responsabilidades pela fiscalização e gestão, daí que os trabalhadores locais se tornaram vítimas desta política”, disse.

Ella Lei pede então novas me-didas mais eficazes no combate a esta situação, as quais devem ser adoptadas pelo novo Executivo.

“O novo mandato do Governo vai iniciar-se em breve. Apelo aqui aos novos dirigentes para assumi-rem a responsabilidade de adoptar medidas eficazes para colmatar as

Função Pública Deputados aprovam aumentos para 2015 Si Ka Lon Urgência nos trabalhos de renovação urbana

Ella Lei disse ontem no hemiciclo que há empresasque não estão a contratar pessoas locais devido à idade.A deputada indirecta pediu “responsabilidades” ao novo Governo, acusando-o de não “salvaguardar os direitoslaborais dos trabalhadores locais”

AL ELLA LEI DENUNCIA “DISCRIMINAÇÃO ETÁRIA NO RECRUTAMENTO”

A ternura dos cinquenta

lacunas que existem nesta política, darem respostas rápidas a queixas ligadas ao recrutamento de residen-tes por empresas, com o devido acompanhamento para evitar que o recrutamento não passe de um processo que se aproveita para alegar a produção de documen-

tos legais para a importação de mão-de-obra e para prejudicar os interesses e o direito ao emprego dos trabalhadores locais”, apontou.

PROTECÇÃO A LOCAIS NÃO EXISTENa sua interpelação oral ao Go-verno, a deputada acusou ainda

FOI ontem aprovada na especialidade a proposta de Lei do Orçamento para

2015, que prevê aumentos salariais dos funcionários públicos na ordem dos 6,75%. Contudo, os deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San acabariam por votar contra o artigo referente às despesas.

Ng Kuok Cheong fez uma declaração de voto onde voltou a questionar os aumentos de gastos com salários de funcionários pú-blicos, tendo dado o exemplo dos aumentos superiores a 100% no Gabinete de Protecção dos Dados Pessoais (GPDP) e Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA).

“Tenho de apontar as despesas de algum pessoal que carecem de justificação. Tendo uma visão prospectiva, espero que a nova Lei

do Enquadramento Orçamental seja previsto que nos orçamentos de criação de serviços públicos ou a contratação de pessoal devam ser submetidos à Assembleia Legislativa (AL) para uma apreciação pública, para que a população possa ter acesso ao seu conteúdo para melhor controlar as despesas públicas. Não pode continuar a haver esbanjamento”, defendeu o deputado da Associação Novo Macau (ANM).

Ng Kuok Cheong pediu ainda explicações para tais aumentos ao ainda Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam – que esteve na AL pela última vez como dirigente do Governo - mas este deu uma resposta vaga. “Esperamos poder inteirar-nos do assunto com os respectivos serviços”, apontou. - A.S.S.

EM mais uma sessão plenária na Assem-

bleia Legislativa (AL), o deputado directo Si Ka Lon deixou claras sugestões para o próximo Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo Ar-rais do Rosário. No período de interpelações antes da ordem do dia, Si Ka Lon

referiu que nas prioridades que Raimundo do Rosário delineou há outras que se levantam. “Recentemente o próximo Secretário, o engenheiro Raimundo do Rosário, referiu que vai dar prioridade às questões relacionadas com o trânsito e a habitação. Podemos dizer que estas são as soli-citações mais prementes da população e que o próximo Secretário sabe perfeita-mente qual a sua missão para os próximos cinco anos. Mas como existe uma

grande escassez de recursos de solos em Macau, será impossível não relacionar a questão da habitação com a reconstrução dos bairros antigos e a renovação urba-na. Apelo ao Governo que dê prioridade aos trabalhos do princípio de renova-ção urbana e se preocupe com as questões que mais inquietam a população, com maior brevidade, os planos de pormenor e a sua calendarização”, apontou o parceiro político de Chan Meng Kam. - A.S.S.

o Governo de não ter criado condições favoráveis ao trabalho dos residentes, nomeadamente em termos de salários.

“Os serviços competentes não implementaram medidas para sal-vaguardar os direitos laborais dos trabalhadores locais. Nos últimos

dois anos houve muitas constru-ções e houve necessidade de muita mão-de-obra, mas o salário destes trabalhadores não aumentou muito. No quarto trimestre deste ano, o salário médio deste sector é de 13 mil patacas, e, em 2008, o salário médio era de dez mil patacas. Comparando estes dois valores podemos ver que o aumento não é grande”, defendeu.

Ella Lei apontou mesmo a existência de “salários [desfa-sados] da realidade dos valores” do mercado. “Como o número de trabalhadores não-residentes (TNR) em Macau aumenta em flecha, isso afecta a relação entre a oferta e a procura de recursos humanos, diminuindo o poder de negociação do salário dos traba-lhadores locais”, adiantou.

A deputada da FAOM lembra que muitas empresas contratam locais para depois os despedirem passado pouco tempo para pode-rem contratar TNR com salários mais baixos. “É normal que muitas pessoas questionem constantemen-te quando as empresas anunciam que desejam contratar locais, pois estão apenas a cumprir certos pro-cedimentos, com vista a obter cri-térios para a contratação de TNR. (…) Isso faz com que os locais se transformem em substitutos de TNR”, concluiu.

“Em Macau existe discriminação etária no recrutamento e apesar de todos os sectores gritarem que há falta de mão-de-obra, os residentes de meia--idade saudáveis continuam a nãoser aceites

Page 6: Hoje Macau 18 DEZ 2014 #3237

GCS

6 política hoje macau quinta-feira 18.12.2014

ANDREIA SOFIA SILVA [email protected]

F ALHAS do novo Regime de Acreditação nos Domínios de Construção Urbana e Urbanismo, cujo nome foi

alterado da proposta inicial, vie-ram à tona no plenário de ontem na Assembleia Legislativa (AL). Apesar de ter sido aprovado na especialidade, seis deputados vo-taram contra a proposta de lei. A questão das incompatibilidades na fiscalização das obras foi o ponto que gerou mais discórdia.

O diploma agora aprovado refere que “o técnico responsável pela fiscalização não pode acumu-lar a função de direcção de obras”, tendo sido eliminada a proibição da existência de relações comer-ciais ou de parentesco entre o empreiteiro e fiscal de obras. Os deputados questionaram a retirada dessa regra em nome do interesse público.

Leonel Alves e Kwan Tsui Hang exigiram que a norma seja retirada do

Aprovado Regime de Corrupção no Comércio ExternoEstá aprovado o novo Regime de Prevenção e Combate aos Actos de Corrupção no Comércio Externo, o qual foi ontem votado na especialidade por unanimidade. O novo diploma pretende tratar dos casos de corrupção que envolvem funcionários públicos da RAEM, bem como funcionários públicos estrangeiros e de funcionários de organizações internacionais públicas e de organizações públicas do interior da China, Hong Kong e Taiwan.

Segurança Vong Chun Fat vai para a reforma O chefe do gabinete do Secretário para a Segurança vai cessar funções e aposentar-se no dia 19. O HM já tinha avançado com a notícia,

agora oficialmente confirmada através de um despacho ontem publicado no

Boletim Oficial. O chefe de gabinete era intendente alfandegário dos Serviços de Alfândega e foi o próprio a assinar o despacho.

URBANISMO REGIME DE ACREDITAÇÃO APROVADO. DEPUTADOS PEDEM REVISÃO

Obras privadas de fora

DIPLOMA SERÁ CORRIGIDO DEPOIS DE APROVADOO debate sobre o novo Regime de Acreditação de Arquitectos e Engenheiros começou com Leonel Alves a revelar que existem diferenças na redacção das versões em português e chinês. “Este foi um processo bastante complicado. Precisaríamos de mais algum tempo para encontrar uma redacção mais apropriada, no que diz respeito à coincidência entre as duas versões. Fui alertado pela assessoria da Assembleia Legislativa (AL) que, de facto, existem problemas terminológicos”, defendeu. Leonel Alves deu como exemplo as diferenças no conceito de Administração Pública, ou o facto da versão chinesa falar da direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), quando “a intenção legislativa é atribuir uma competência a uma pessoa”. “Queria então pedir para que, depois da aprovação, da parte da comissão de redacção, haja uma atenção especial para que a versão do diploma publicada em Boletim Oficial seja a melhor possível”, pediu Leonel Alves. O pedido foi aceite pelo presidente da AL, Ho Iat Seng.

O novo Regime de Acreditação de arquitectos e engenheiros já está aprovado, mas Leonel Alves e Kwan Tsui Hang pediram a retirada de um artigo sobre incompatibilidades, defendendo a sua inclusão num futuro código deontológicoda profissão. A fiscalização de obras privadas não está abrangida e tem de esperarpelo novo Regime Geral de Construção Urbana

diploma e incluída no futuro código deontológico destas profissões.

“O que se exige, para o interes-se público, é que as obras sejam bem feitas e fiscalizadas. O facto deste tipo de norma ser obrigatória

no espaço de seis meses pode criar problemas ao sector. Entendo que é mais pertinente discuti-la no futuro Conselho de Arquitectura, Engenharia e Urbanismo (CAEU) e aí os membros deverão debater a criação do código deontológico, debruçar-se sobre as questões de impedimento profissional e depois apresentar a proposta à AL”, apontou.

Leonel Alves explicou que, dadas as reduzidas dimensões do mercado da construção civil, nem sempre é possível existir uma clara separação das águas.

“Qual é o tipo de relação co-mercial que impede a realização da fiscalização da obra? Dizer, no imediato, que haver todo este tipo de impedimento por relações familiares ou de dependência, que não se sabe como são...”, apontou o deputado indirecto.

Já a deputada directa Kwan Tsui Hang foi uma das que votou contra a proposta de lei. “Acho difícil aceitar este artigo. Depois de ouvir o nosso colega, penso que é necessário retirar este regime de impedimento, por causa da

dimensão reduzida do mercado de Macau”, defendeu.

“Há um trabalho de fiscali-zação nas empreitadas públicas, mas no sector privado não. Isso [regime de incompatibilidades] deve ser resolvido depois. Mas temos de fazer isso o quanto antes, é inaceitável”, defendeu ainda a deputada da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

No último plenário em que par-ticipa na qualidade de Secretário das Obras Públicas e Transportes, Lau Si Io referiu que “há necessi-dade” de criar este regime.

“Os juristas acham que essas exigências devem ficar no futuro regime disciplinar deontológico. Dissemos em sede de Comissão que esse trabalho está em andamen-to e esta matéria vai ser adicionada ao regime deontológico”, explicou.

NOVO RGCU SEM DATA Ella Lei também referiu a questão das incompatibilidades, mas não deixou de lembrar a necessidade de ligar a fiscalização de obras privadas com o novo Regime Geral de Construção Urbana (RGCU), actualmente em revisão. Mas Lau Si Io não avançou com uma data para o novo diploma, o que signi-fica que, até lá, não é obrigatória essa fiscalização.

“A fiscalização deve ficar defi-nida no RGCU e uma vez revisto há uma articulação. Quanto ao trabalho de revisão, foi iniciado há vários anos e estamos a trabalhar a toda a velocidade. Esperamos o quanto antes podermos apresentar [o projecto de lei] à AL”, garantiu Lau Si Io.

Na sua declaração de voto, feita em conjunto com Kwan Tsui Hang, Ella Lei disse existir um vazio nesta proposta de lei. “Se houver problemas com a segurança dos edifícios um acidente como o do Sin Fong Garden deve servir de alerta. Espero que o Governo elabore o quanto antes o código deontológico e reveja o RGCU”, frisou.

Chui Sai Cheong, deputado indirecto lembrou que “não há unanimidade em relação ao articu-lado”. “Espero que o RGCU seja revisto o quanto antes. O sector deve ser pragmático e ter em conta os interesses públicos. Demos um passo para a frente”, concluiu.

“Há um trabalho de fiscalização nas empreitadas públicas, mas no sector privado não. Isso [regime de incompatibilidades] deve serresolvido depois” KWAN TSUI HANG Deputada

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7 políticahoje macau quinta-feira 18.12.2014

Sem papas na língua, o ex--candidato a Chefe do Executivo e ex--deputado diz que não há pessoas a concorrer ao cargo porque “não há coragem para tentar” quando existe uma predisposição para haver apenas um nome na corrida. Au assume que pensou que poderia ganhar nas eleições e assegura que as pessoas de Macau querem mais democracia

O único candidato der-rotado em 15 anos nas eleições para Chefe do Executivo

de Macau admite que existe uma predisposição para haver apenas um nome na corrida. “Ficaria surpreendido é se tivesse surgido alguém”, diz Stanley Au, em entre-vista à agência Lusa, comentando o facto do actual Chefe do Executivo ter sido reeleito sem oposição.

A primeira e única disputa eleitoral deu-se em Maio de 1999, meses antes da transferência do exercício de soberania para a Chi-na, com Stanley Au a sofrer uma pesada derrota frente ao também banqueiro Edmund Ho: conquistou 34 votos de uma comissão compos-ta por 200 individualidades.

Hoje, o empresário, de 73 anos, que aspirava tornar-se o primeiro

A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental

(DSPA) anunciou ontem o início da consulta pública sobre as Normas de Controlo de Emissão de Fumos de Óleo Provenientes de Restaurantes e Estabeleci-mentos de Comidas. O intuito é saber a opinião da população sobre a revisão da legislação sobre o assunto. A recolha des-tas informações acontece até

dia 16 de Março do próximo ano, devendo a proposta para a revisão ser entregue após análise das opiniões.

A revisão do diploma passa pela tentativa de proceder à melhoria da qualidade do ar no território, uma das linhas traçadas pelo Executivo nas Linhas de Acção Governativa.

Em comunicado, a DSPA informa ainda que está a ser

feito um estudo, por consul-tores profissionais, relativo às normas de emissão de fumos e cheiros nestes espaços. “[A DSPA] procede à elaboração de proposta das normas para controlo de emissão de fumos oleosos em estabelecimentos de restauração e bebidas e melhoramento do regime de regulação e ainda do texto para consulta do respectivo

documento”, lê-se num co-municado.

Os números e mecanismos de redução propostos no texto da consulta prevêem a redu-ção anual entre cerca de 23% a 25% da emissão total de fumos oleoso e partículas em suspensão, respectivamente. O documento de consulta poderá ser encontrado online, no web-site da DSPA.

GOVERNO STANLEY AU DIZ QUE RESIDENTES QUEREM MAIS ESCOLHA DEMOCRÁTICA

Considerações de ex-candidatoChefe do Executivo da então futura RAEM, admite que só concorre quem tem a certeza de conseguir ganhar a maioria dos apoios do Colégio Eleitoral.

“Depois da primeira eleição, as pessoas viram os resultados. Por isso, não têm coragem para fazer frente à impossibilidade”, defen-de o empresário que confessa ter acreditado até ao último momento que poderia sair vencedor.

Contudo, hoje, à distância de década e meia, reconhece ter come-tido um “erro de cálculo”: o apoio de Pequim. “Pensei que Pequim iria escolher competência em vez de [privilegiar as] relações”.

Edmund Ho, filho do antigo líder da comunidade chinesa Ho Yin - o qual possuía importantes ligações com o Governo comunista de Mao Zedong e teve um papel de destaque como elo entre as autoridades portuguesas de Macau e o Governo de Pequim antes do estabelecimento de relações diplo-máticas - era desde a primeira hora apontado como favorito de Pequim.

“Concorri porque pensei que poderia contribuir para o bem--estar de Macau”, recorda Stan-ley Au, invocando o ‘slogan’ do manifesto – “manter estabilidade mas também procurar mudanças” –, sem esquecer o “trabalho de preparação” efectuado. “Estava muito comprometido”, lembra o empresário, para quem “as suas estratégias de campanha foram todas reprimidas”.

DEMOCRACIA, SIMStanley Au não tem dúvidas sobre o desejo das pessoas de Macau: “Tenho a certeza de que gostariam de ter mais escolha e não penso que gostem que certas coisas lhes sejam ‘dadas’”.

E, aponta, que a evolução vai nesse sentido. “Os jovens e as pessoas com um maior nível de formação estão à procura de liberdade e de democracia”, uma

“vontade” que “será mais eviden-te” à medida que cresce o nível de educação em Macau.

“Penso que todo o ser hu-mano gostaria de ter liberdade e democracia. Mas, claro, dadas determinadas circunstâncias, há um consenso sobre se a ‘mãe--pátria’ gostaria disso ou não e não se quer ‘aborrecer’ o sistema político da China. Há receios”, realça Stanley Au.

DIFERENÇAS REGIONAISEssa vontade de ter uma voz activa na escolha do líder do Governo não é, contudo, visível nas ruas, como em Hong Kong, onde os residentes saem frequentemente para a rua para exprimir as suas aspirações.

“Macau está sob uma situação política diferente. As pessoas são menos corajosas e têm menos visão

do que as de Hong Kong e não querem pagar o preço, que pode ser qualquer coisa como perder oportunidades ou ir para a prisão. Basta ver o caso dos estudantes de Hong Kong mesmo sendo apenas uma manifestação...”, diz.

Os jovens que se têm vindo a evidenciar são “iniciantes”, mas conquistaram a simpatia de mui-tos, os quais não têm, no entanto, “coragem”, talvez por “o ambiente não ser propício ou favorável”. Não obstante “o descontentamento

escondido, ninguém quer uma revolução”.

Em paralelo, “Macau está sob mais pressão política contra mo-vimentos democráticos. Porquê? Macau não tem muitos jornais independentes e depende muito mais da China”, sustenta Stanley Au, para quem o facto de a região ser qualificado de ‘bom aluno’ – por oposição à região vizinha – é um efeito disso mesmo.

DEPENDÊNCIAS E DISSIDÊNCIAS“Somos bem-comportados por causa da pressão política. Temos de depender dos casinos, as pessoas dependem mais do Governo e dos interesses velados do que em Hong Kong”, pelo que essa é a razão pela qual as pessoas não se manifestam tanto em Macau.

Mas, “há cada vez mais resi-dentes a elevarem as suas vozes”, nota, destacando a recente agitação civil de Maio, quando milhares de pessoas se manifestaram contra a proposta de lei que previa regalias para os titulares de cargos políti-cos e que acabou por ser retirada pelo Governo, num dos maiores protestos desde 1999.

Apesar de haver mais vozes essas “vão levar mais tempo a ‘explodir’”, uma vez que o poder económico continua a tomar conta de instâncias como o hemiciclo: “Mais de metade pertence a interesses velados, por isso, Macau está bem controlada politicamente”, diz Stanley Au, que chegou a ser deputado nomeado da Assembleia Legislativa no primeiro mandato de Edmund Ho.

Até 2049, Stanley Au acredita que Macau vai assistir a “algumas grandes mudanças”, mas sem gran-des ilusões, afirmando apenas ser “razoável” que o território siga os passos de Hong Kong.

“Se em Hong Kong houver sufrágio universal, penso que as pessoas de Macau também vão tentar lutar por ele se também o quiserem”. - Lusa/HM

“Pensei que Pequim iria escolher competência em vez de [privilegiar as] relações”

Fumos oleosos Consulta pública sobre revisão da lei já começou

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8 hoje macau quinta-feira 18.12.2014SOCIEDADE

Casinos Pequim lança novas medidas para travar fundos ilícitos

CECÍLIA L [email protected]

C HAMA-SE Associação Poder do Jogo de Macau e foi oficialmente criada no dia 10 de Dezembro.

É mais uma organização para re-presentar os funcionários do Jogo , que ontem levou a cabo a tomada de posse dos corpos gerentes e que tem como presidente um gestor de sala da Sands e como presidente honorário o deputado José Pereira Coutinho.

“A ideia de criar esta Asso-ciação surgiu há três meses e o objectivo é o de comunicar com os empregadores”, começou por dizer Lei Iok Po ao HM. “Actualmente, há más relações entre empregados e empregadores, as acções das empresas caíram e isso não é nada bom para os funcionários. Por isso, queremos fazer uma ponte de co-municação entre os dois.”

O presidente da Associação, que é funcionário de Jogo, não concorda com as manifestações

Lawrence HoPolíticas anti-corrupçãominam indústriaO director-executivo da Melco Crown, Lawrence Ho, disse ontem que as políticas anti-corrupção do Governo Central estão a restringir o sector do Jogo. Para Ho, as consequências para o sector VIP são piores do que aquelas que o mesmo enfrentou durante a crise económica de 2008. De acordo com notícia da revista Macau Business, a empresa de investimento Sterne Agee cita o dirigente da Melco Crown durante uma reunião com analistas, onde refere que a campanha anti-corrupção está a ter um “impacto psicológico profundo” em quem joga elevadas quantias. Ho referiu ainda que estas reformas do Governo Central fazem com que os maiores jogadores de Macau sejam mais tímidos quanto a gastar dinheiro.

AS autoridades de Pequim lan-çaram novas medidas para

travar a circulação de fundos ilí-citos da China continental através dos casinos de Macau, noticiou ontem o South China Morning Post. O jornal de Hong Kong faz referência a documentos envia-dos pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM) aos bancos do território, que apontam para um “aumento de pressão sobre as controversas operações dos junkets no mercado VIP”.

Segundo fontes “conhecedo-ras da situação”, não identificadas pelo diário inglês, estas novas directivas permitem à Divisão de Investigação de Crimes Económi-cos do Ministério da Segurança

Pública chinês ter acesso elec-trónico a todas as transferências feitas com cartões da UnionPay China, de modo a identificar transacções suspeitas.

Esta acção conjunta, que o jor-nal diz ser liderada pelo Ministério

da Segurança Pública chinês, tem também o objectivo de pressionar o Governo de Macau a avançar com a prometida diversificação económica, poucos dias antes da visita do Presidente chinês, Xi Jinping, ao território.

O HM tentou obter esclareci-mentos da AMCM, mas não foi possível. Contudo, contactada pela agência Lusa, a AMCM remeteu para esclarecimentos já prestados a 21 de Novembro, em que confirma que representantes da Divisão de Investigação de Crimes Económicos se reuniram com o Ministério Público, bem como com a Polícia Judiciária e a UnionPay Internacional.

Neste encontro, realizado a

20 de Novembro, ficou acordada a implementação de um “meca-nismo de fiscalização recíproco” entre a China e Macau, com o ob-jectivo de combater “actividades criminosas transfronteiriças rela-cionadas com cartões bancários da China Continental”.

Dados compilados pela agên-cia Lusa junto de operadores de Jogo indicam que os casinos de-vem fechar o mês de Dezembro com uma quebra de 30% das re-ceitas brutas, os piores resultados homólogos de 2014.

Já ontem, as cotações em bolsa dos principais operadores do Jogo estavam a cair. Entre as maiores per-das em bolsa estavam as do grupo de entretenimento Galaxy, que caía 8,2% e a MGM CHina Holdings, que desvalorizava 7%, o mesmo que a Sands China. - Lusa/HM

IEONG MAN TENG QUER COOPERAR

JOGO CRIADA NOVA ASSOCIAÇÃO PARA REPRESENTAR FUNCIONÁRIOS

Sem manifestações nos entendemosNão se querem manifestar, preferem arranjar reuniões entre patrões e funcionários.É o ideal da mais recente associação de trabalhadores do Jogo, criada este mêse que tem como presidente honorário José Pereira Coutinho. Já está a ser pensadoum diploma para proteger os funcionários na reforma

e assegura ao HM que a “ideia é comunicar bem com as operado-ras” para resolver os conflitos “em vez de se manifestarem nas ruas”. O responsável diz mesmo que “nunca vão ser realizadas mani-festações para lutar pelos direitos”. “Queremos usar uma maneira mais razoável, através de reuniões com as operadoras e cartas escritas.”.

Lei Iok Po descreveu as recen-tes manifestações dos funcioná-rios dos casinos durante o Verão como algo que não resolveu os problemas, mas piorou a relação entre empregador e empregados. Ora, a Associação quer, através de reuniões com os dirigentes das

operadoras, criar mais confiança dos funcionários no patrão, assim como melhorar a qualidade do serviço, para que haja um “win--win” no trabalho.

A Associação tem como base funcionários da Sands China, ainda que permita a participação de outros funcionários do Jogo.

“SITUAÇÕES REAIS”Ao HM, o presidente honorário, o deputado e presidente da Associa-ção dos Trabalhadores da Função Pública, José Pereira Coutinho, disse na reunião que a criação da Associação preenche uma vaga em Macau.

“Primeiro, temos de ser uma unidade, temos de nos ajudar uns aos outros e não só alguns cargos dos casinos, mas todos. Também temos responsabilidade de apresentar a situação real aos membros, porque muitos [deles] trabalham por turnos e às vezes não conseguem receber informações fora do trabalho.”

Já Lei Iok Po defende também a demonstração de situações reais do mercado, até porque considera que “alguns funcionários de Jogo foram usados por outras organiza-ções [nas manifestações]”.

“Queremos dar as informações mais claras, para que não haja mal entendidos”, disse o responsável ao HM.

LEIS E SUBSÍDIOS Sem esquecer que no próximo ano está prevista a revisão dos contratos de Jogo com as operadoras, Lei Iok Po assegura que a Associação está já a estudar a criação de um Regime de Protecção dos Funcionários do Jogo Aposentados. O grupo vai mesmo a Singapura, onde existe também o Sands, para uma sessão de intercâmbio.

Já Pereira Coutinho acrescentou que vai lutar pela criação de um subsídio para o trabalho por turnos, através de interpelações ao Governo, como já tem vindo a fazer.

Apesar de serem contra as manifestações, os dirigentes da Associação não excluem a cooperação com outras associações do mesmo tipo, mas salientam que estas têm de ter um objectivo comum

e ser razoáveis. O presidente da Forefront of the Macao Gaming, Ieong Man Teng, assegurou ao HM que já anteriormente tentou comunicar com os fundadores da Associação Poder do Jogo de Macau,

mas que a reacção da Associação “não foi positiva”. Ieong Man Teng diz esperar que, no futuro, possa haver uma cooperação real para que se lute em conjunto pelos direitos e interesses dos funcionários do Jogo.

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9 sociedadehoje macau quinta-feira 18.12.2014

A maioria da população até aceita o alojamento de turistas em casas residenciais, desde que não seja na sua zona. Mas, mesmo que isso viesse a acontecer – e não vai – seria preciso primeiro elaborar legislação

LEONOR SÁ [email protected]

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) de-cidiu que a criação de alojamentos em resi-

dências de família não é um modelo a adoptar. Pelo menos para já. Mais de metade das pessoas envolvidas num estudo feito com o propósito de perceber a concordância da população sobre o assunto, até vêem necessidade na criação deste modelo, mas o Governo entende que as leis actuais não permitem a sua implementação. E, apesar de concordarem, nem todos os resi-dentes querem que isso aconteça na sua zona de residência.

Consumidores CC assina protocolo com a ASAE O Conselho de Consumidores (CC) assinou, no mês passado, um protocolo de cooperação com a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica de Portugal, conhecida como ASAE. O intuito é, de acordo com comunicado do CC, “reforçar a cooperação entre as partes na área de teste laboratorial, segurança alimentar e comunicação de risco”. As análises de laboratório passarão então a ter a participação da ASAE. Também no mês passado o CC integrou um seminário da Associação de Consumidores da China para discutir a nova lei de Defesa do Consumidor do continente, tomando ainda parte numa conferência organizada pela DECO, de Portugal.

Sugerida redução dos alimentos instantâneos Na mais recente Revista do Consumidor, o Conselho de Consumidores sugere ainda à população que reduza o consumo de massas instantâneas e produtos prontos a comer, devido ao elevado nível de sódio que contêm. O anúncio surgiu na sequência de uma análise laboratorial feita pelo CC a 40 alimentos de diferentes tipos. Os testes foram feitos a produtos como legumes, peixe, carne e sopas enlatadas, produtos prontos a comer e massas instantâneas, os dois últimos revelando níveis mais altos de sódio (sal).

F ORAM ontem publica-das em Boletim Oficial

(BO) novas regras para as se-guradoras que trabalhem no ramo vida. Estas passam a ser obrigadas a ter um actuário, ou seja, um funcionário que faça trabalhos de assessoria e de análise, em aspectos tão variados como “os riscos actuais e financeiros das seguradoras”, bem como “a futura situação de solvência da seguradora”, as “provi-sões técnicas”, “matérias relacionadas com prémios” ou no “cumprimento das disposições legais”.

Esse funcionário terá depois de entregar rela-tórios com frequência ao Conselho de Administração da AMCM. A formação do

HOTELARIA ALOJAMENTO EM RESIDÊNCIAS DE FAMÍLIA NÃO É PARA JÁ

Em casa sim, mas não na do vizinho

60%dos entrevistados concordam

com a criação deste regime

de alojamento, mas não perto

de suas casas

Seguros AMCM aperta controlo às seguradoras actuário deverá ser comu-nicada à AMCM um mês depois da sua criação e, no caso da seguradora não cumprir com esta regra, será alvo de sanções.

A AMCM explica que “todas as seguradoras au-torizadas a explorar o ramo

vida devem dispor de uma sólida função actuarial, que esteja bem posicionada, com recursos suficientes e devidamente autorizada e provida de pessoal, que sejam essenciais para o funcionamento adequado da seguradora”.

É ainda obrigatório ter um actuário independente. Este “não deve deter po-sições dentro ou fora da seguradora que sejam sus-ceptíveis de gerar conflitos de interesses ou comprome-ter a sua independência”. Se o actuário designado não for um trabalhador da seguradora, o órgão de ad-ministração deve verificar se o actuário externo tem qualquer conflito potencial de interesses, nomeada-mente se a sua firma efec-tua serviços de auditoria à seguradora, como explica ainda a AMCM.

O organismo poderá ainda determinar a subs-tituição do actuário caso existam conflitos de inte-resses, se o actuário deixar de responder aos requisitos ou se cometer falhas. - A.S.S.

“Quanto à legislação vigente e instalações complementares, não há ainda condições para impulsio-nar de imediato o desenvolvimento do alojamento em residências de família”, determina a DST.

A ideia passaria por estabelecer um regime onde os turistas pudes-sem pernoitar em casa de residentes locais, assim “experienciando a cultura” do território de uma forma diferente, mas a DST entendeu que, entre os principais entraves, está a legislação e emissão de alvarás.

A explicação foi feita ontem. De acordo com um inquérito feito pelo Centro de Estudos de Macau, que decorreu este Verão, 60% dos entrevistados concor-dam com a criação deste regime

de alojamento, mas não perto de suas casas. “A maioria concorda, mas não na casa do seu vizinho”, explicou Helena de Senna Fernan-des, directora da DST, à margem da apresentação. Sé e Coloane são os locais onde os moradores concordam com a ideia.

A pesquisa custou ao Governo menos de 500 mil patacas e preten-dia analisar algo que há muito vem sendo questionado por algumas pessoas: a carência de mais ofertas no que diz respeito ao sistema de alojamento local.

RONDA O MESMOForam estudados, a título compara-tivo, modelos já existentes noutros países, como no Japão, Taiwan ou

interior da China e, para a directora da DST, a conclusão é clara: passar a noite em casa de famílias locais não sai mais barato do que outras opções já em vigor no território.

Recorde-se que, embora o Regime de Actividade Hoteleira e Similar inclua os ‘hostels’ na categoria de pensões, pouco se conhece sobre estabelecimentos

deste género na região. Ao fazer uma pesquisa por um hotel no território num dos mais conhecidos motores de busca na internet, os resultados são claros: a quantida-de de alojamentos com menos de três estrelas é ínfimo, pelo que os resorts integrados e hotéis de luxo dominam a lista. E mesmo que houvesse mais, a diferença entre os preços não é assim tanta.

Uma noite de Abril de 2015 num hotel de quatro estrelas em Macau pode chegar às 1600 pata-cas, enquanto a mesma noite numa pensão marcada como sendo de duas estrelas atinge as 1080 patacas por noite.

Para Helena de Senna Fernan-des, a ideia passa mais pela dife-renciação na experiência cultural, mais do que pela poupança de dinheiro, uma vez que este projecto – que deverá demorar ainda alguns anos para ser implementado – está pensado para quem fica por cá mais do que uma noite.

O estudo agora feito terá uma segunda fase, já que nada mais se sabe sobre o método de implemen-tação, as eventuais localizações dos espaços de alojamento e, principalmente, sobre as alterações à lei. “Vamos ter só uma zona de Macau [com esse tipo de aloja-mento] e uma legislação só para essa zona ou deve ser para Macau inteiro?”, questiona a directora da DST. São estes tipo de perguntas que a DST tem que continuar a fazer para saber, explica Helena de Senna Fernandes, qual o caminho a seguir.

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WWW. IACM.GOV.MO

Notificação no 001/GJN/2014 Considerando que não se revela possível notificar o interessado, pessoalmente,

por ofício, telefone, ou outra forma, prevista no no 1 do artigo 72º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei nº 57/99/M, de 11 de Outubro, a decisão administrativa de indeferimento da sua reclamação, notifico, nos termos do nº 2 do artigo 72º do referido Código, Ngai Man In (titular da licença no 45/2012, do Estabelecimento de Comidas Mendes), sobre as respectivas decisões deste Instituto.

O Presidente do Conselho de Administração, substituto, Vong Iao Lek, no uso das competências conferidas pela Proposta de Deliberação nº 01/PDCA/2009, publicada na Série II do Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau nº 6, de 10 de Fevereiro de 2010, proferiu por despacho de 12 de Março de 2014, o indeferimento da reclamação de Ngai Man In, mantendo a mesma decisão sancionatória, ou seja, a aplicação da multa no valor de quinze mil patacas (MOP15.000) que lhe foi aplicada, e o prazo de 15 (quinze) dias para efectuar reparações, limpeza ou substituição de equipamentos do respectivo sistema, com vista a ter um eficaz e normal funcionamento, sob pena de encerramento temporário do estabelecimento, até que o acto de infracção tenha sido corrigido, com base nos seguintes motivos:

1. A decisão sancionatória tomada pelo Presidente do Conselho de Administração, substituto, Lo Veng Tak, em 20 de Janeiro de 2014, baseia-se nos fundamentos de factos constantes do auto de notícia no 0763/DFAA/SAL/2013, de 6 de Abril de 2013, testemunhas, registo de inspecção e informações elaboradas pela Divisão de Higiene Ambiental; os referidos factos constituem novos factos de infracção e com provas suficientes comprovadas que Ngai Man In praticou um acto que, nos termos da alínea o) do no 1 do artigo 80º do Decreto-Lei no

16/96/M de 1 de Abril, constitui infracção e, por conseguinte, foi-lhe instruído, nos termos da lei, o procedimento sancionatório, por isso, a respectiva decisão sancionatória tem legalidade;

2. Confirmado foi que Ngai Man In praticou a infracção prevista, na alínea o) do no 1 do artigo 80º do Decreto-Lei no 16/96/M, de 1 de Abril. O IACM, nos termos do artigo 64º e do no 2 do artigo 80º do mesmo Decreto-Lei, aplicou-lhe uma multa no valor de quinze mil patacas (MOP15.000);

3. Os fundamentos apresentados na reclamação por Ngai Man In não ilidem o facto provado no processo, nem apresentam razões bastantes para refutar a respectiva decisão sancionatória.

Nos termos do n° 1 do artigo 151° e do n° 1 do artigo 155° do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n° 57/99/M, de 11 de Outubro, Ngai Man In pode interpor recurso hierárquico ao Conselho de Administração deste Instituto, no prazo de 26 dias, contado a partir do dia da publicação da presente notificação.

Excepto em caso de actos nulos, o recurso contencioso para o Tribunal Administrativo apenas é possível, nos termos da lei, após a apresentação do recurso hierárquico necessário.

O infractor deverá pagar a totalidade da multa no prazo de 10 (dez) dias (contado a partir do dia da publicação da presente notificação), no Centro de Serviços do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, sito na Avenida da Praia Grande, n° 804, Edifício China Plaza, 2° andar, nos termos do artigo 62° do Decreto-Lei no 16/96/M, de 1 de Abril. Em caso de não pagamento da multa dentro do prazo, o Instituto emitirá, de acordo com a lei, uma certidão de execução à Repartição das Execuções Fiscais, para efeitos de cobrança coerciva.

Para quaisquer informações em pormenor, queira pedir esclarecimentos junto da Divisão de Licenciamento Administrativo deste Instituto (no de telefone: 87952733).

Aos 10 de Dezembro de 2014.

O Presidente do Conselho de AdministraçãoVong Iao Lek

Anúncio【N.º 201412-3】

Torna-se público que, nos termos do artigo 29.º do Regulamento Administrativo n.º 5/2014 (Regulamentação da Lei do planeamento urbanístico), vai proceder-se à recolha de opiniões dos interessados e da população respeitantes aos projectos de Planta de Condições Urbanísticas (PCU) elaborados para os lotes abaixo indicados:

─ Processo N.º: 89A168, Rua de Pedro Nolasco da Silva nos 2A-4D e Travessa dos Anjos nos 24-34 – Macau;─ Processo N.º: 91A134(A), Travessa do Colégio no 3 – Macau;─ Processo N.º: 96A069, Rua do Barão nos 2-2B – Macau;─ Processo N.º: 2006A032, Beco do Cisne nos 4-8 – Macau;─ Processo N.º: 2011A085, Rua das Lorchas nos 87-91 – Macau;─ Processo N.º: 2012A060, Pátio do Socorro no 10 – Macau;─ Processo N.º: 2012A075, Rua da Palmeira no 85 – Macau;─ Processo N.º: 2014A048, Rua dos Pescadores nos 120-158 – Macau.

Para efeitos de referência, os projectos de PCU dos lotes supracitados já estão disponíveis para consulta no Departamento de Planeamento Urbanístico, situado na Estrada de D. Maria II n.º 33, 19º andar, Macau, e encontram-se afixados na Rede de Informação de Planeamento Urbanístico desta Direcção de Serviços (http://urbanplanning.dssopt.gov.mo).

O período de recolha de opiniões tem a duração de 15 dias e decorre entre 22 de Dezembro de 2014 e 05 de Janeiro de 2015.

Os interessados e a população poderão apresentar as suas opiniões sobre os projectos de PCU referidos, mediante o preenchimento do formulário O011, o qual pode ser descarregado nos websites http://urbanplanning.dssopt.gov.mo ou www.dssopt.gov.mo, ou levantado nesta Direcção de Serviços (Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau), podendo submetê-lo no período de recolha de opiniões através dos seguintes meios:

─ Comparecendo pessoalmente: Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau, durante o horário de expediente nos dias úteis─ Correio: Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau (o prazo limite de entrega é contado a partir da data de envio indicada no carimbo do correio)─ Fax: 2834 0019─ Email: [email protected] mais informações pode pesquisar o website http://urbanplanning.dssopt.gov.mo e para qualquer informação adicional queira contactar o Centro de Contacto desta Direcção de Serviços (8590 3800).

Macau, aos 12 de Dezembro de 2014

O Director Subst.o da DSSOPTShin Chung Low Kam Hong

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ATENÇÃO AO TÁXI

11 sociedadehoje macau quinta-feira 18.12.2014

Zheng Anting está a ajudar residentes de Macau que se queixam de ter comprado casas em Zhuhai que, passados mais de dez anos, ainda não foram construídas. O deputado pede maior fiscalização

CECÍLIA L [email protected]

C OMPRAM uma casa em Zhuhai e apenas a podem habitar três anos depois. Ou, noutros casos, in-

vestem numa casa aqui ao lado e continuam à espera que a obra co-mece. Ambos os casos levaram um

FLORA [email protected]

A Direcção dos Servi-ços Meteorológicos e Geofísicos de Macau

(SMG) assinou ontem um protocolo com a Companhia de Electricidade de Macau (CEM) que tem em vista a cooperação na extensão da rede de monitorização da qualidade do ar.

Fong Soi Kun, director dos SMG, referiu estar com esperança de que esta nova fase de cooperação facilite o trabalho da CEM na opti-mização do seu desempenho operacional e ambiental na Central Térmica de Coloa-ne. Para os SMG, permitirá expandir a rede de monito-rização da qualidade do ar, incluindo cinco subestações alocadas na península de Macau e ilhas da Taipa e Coloane. “Actualmente, a rede de monitorização da qualidade do ar cobre todas as áreas na península de Macau, Taipa e Coloane.

• Ieong Man Teng, presidente da Forefront of the Macao Gaming e activista, esteve na segunda-feira da manhã na paragem de táxi das Portas do Cerco, para avisar os turistas que as tarifas dos serviços de táxi já aumentaram, mas também para os avisar sobre as acções comuns dos taxistas que violam a lei, incluindo a rejeição de passageiros, o uso de rotas que não são as mais curtas face ao destino e também os abusos na cobrança de tarifas.

ZHUHAI RESIDENTES COMPRAM CASAS E ESTÃO À ESPERA DESDE 1998

Ai que saudades da casinha que nunca tive

“A actual lei de Macau não pode proteger os direitos dos residentes que compram uma casa no continente”ZHENG ANTING Deputado

SMG ASSINADO PROTOCOLO COM A CEM PARA MELHORIA DO AR

A arte de bem monitorizar

GÁS NATURAL PARA O ANOO Coordenador do Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético, Arnaldo Santos, afirmou que vai tentar concluir as negociações com a Companhia de Gás Natural Nam Kwong durante os primeiros seis meses de 2015. No que diz respeito ao preço desta fonte de energia, o coordenador sublinha que os custos deverão depender do preço de mercado. “O contrato regulamenta que o preço máximo é de cerca de 2,7 cêntimos, mas esse preço é muito mais baixo do que o preço do mercado, ou seja, é mais baixo do que o preço da compra da empresa”, começou por dizer. Arnaldo Santos continuou, referindo que tanto a empresa como o Governo esperam que as negociações possam ser feitas o mais rápido possível. “Actualmente quando a companhia vende um metro cúbico de gás natural perde dinheiro, mas deve ser decidido pelo preço do mercado”, rematou.

Os poluentes atmosféricos monitorizados incluem o dióxido de enxofre, dióxido de azoto, ozono e monóxido de carbono, os quais preocu-pam a população em geral” disse o director.

No que toca à qualidade do ar na região do Delta do Rio das Pérolas, Fong Soi Kun acrescentou que a SMG está a elaborar um estudo, juntamente com a

província de Guangdong e a região de Hong Kong, sobre como melhorar a qualidade do ar, ainda prevendo a sua conclusão para meados de 2017.

Barnie Leong, presiden-te da Comissão Executiva da CEM, afirmou que, de forma a obedecer aos pa-râmetro da rede de monito-rização da qualidade do ar na região do Delta do Rio

das Pérolas, a empresa vai renovar as duas estações de monitorização localizadas na subestação Concórdia e no Grand Coloane Re-sort, acrescentando mais um monitor automático de meteorologia.

DADOS POUCO TRANSPARENTESPara Ho Wai Tim, presidente da Associação Ecológica de Macau, a publicação dos dados dos SMG não é suficientemente transpa-rente. “A SMG tem apenas publicado, frequentemente, os dados comuns tais como o PM10 e o PM2.5 das su-bestações. No entanto, não foram publicados dados específicos sobre os níveis de dióxido de enxofre e poluentes de ar emitidos pela Central Térmica. Já percebi que o novo protocolo também não anuncia esses dados” disse o presidente ao HM, esperando que as informações possam ser mais transparentes.

grupo de locais a apresentar uma queixa no escritório do deputado directo Zheng Anting. Este pede mais protecção, até porque a lei de cá não se estende até Zhuhai.

“A actual lei de Macau não pode proteger os direitos dos re-sidentes que compram uma casa no continente. Mesmo agora há muitos projectos na Ilha da Mon-

tanha que estão a ser promovidos em Macau e os residentes têm de pagar uma parte inicial ou a maior parte do custo da habitação, quando ainda não há nada no ter-reno”, apontou o parceiro político de Mak Soi Kun na Assembleia Legislativa (AL).

CASOS EM TRIBUNALOs casos ouvidos pelo deputado são de cinco residentes que com-praram 16 vivendas em Zhuhai em 1998, mas, quase dez anos depois, as casas ainda não foram construí-das. O caso já está nos tribunais da província de Guangdong, tendo os juízes dado razão aos compradores.

“Em 2011, o tribunal de Jinwan (região de Zhuhai onde ficam as vivendas) disse para cancelarmos o contrato e disse que nos iam devol-ver o dinheiro que pagámos, com juros, bem como a compensação de cem mil renmimbi”, disse Ieong, um dos proprietários visados. As casas custaram entre um milhão a um milhão e meio de yuan.

Zheng Anting explica que, com a abertura das fronteiras durante 24 horas, há cada vez mais residentes

com vontade de adquirir uma habi-tação na China, mas é necessário “cuidado” nos investimentos. E pede intervenção do Executivo ao nível de uma maior comunicação com o Governo de Guangdong, por forma a “garantir o interesse das propriedades dos residentes de Macau”.

“Concordo que os projectos imobiliários do continente têm que ter uma autorização de venda em Macau e o Governo também deveria fiscalizar. Penso que deveriam exis-tir pessoas ou agências imobiliárias qualificadas para fazer o negócio da compra das casas”, apontou.

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hoje macau quinta-feira 18.12.201412 publicidade

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hoje macau quinta-feira 18.12.2014 13EVENTOS

A mostra da artista local, que vai estar patente ao público até 25 de Janeiro, inspira-se emlendas budistas

LEONOR SÁ [email protected]

H OJE, às 18h30, a artista residente Joey Ho Chong I, vai ver obras suas apresentadas na Montra

de Artes de Macau, um programa que compreende um espaço e pla-taforma de arte contemporânea do Museu de Arte de Macau (MAM). A entrada na exposição “Crie a sua própria lenda” é gratuita e é com-posta por várias pinturas de Joey.

A artista já expôs na Bienal de Arte de Macau, participou na Expo-sição Internacional de Arte da Ásia, no concurso de arte da Fundação Philippe Charriol e foi ainda con-vidada por vários colectivos para apresentar as suas instalações sob forma de exposição.

Desta feita, Joey Ho deverá apresentar “Crie a sua própria lenda”, colecção inspirada em histórias populares entre budistas e os seus seguidores.

O Centro Cultural de Macau (CCM) está à procura de

novas produções cinematográfi-cas locais para lançar no Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Macau (MIFVF), que decorre de Março a Maio de 2015. Esta competição insere-se no ‘Macau Indies’, “que se tem afirmado como plataforma de intercâmbio para os cineastas locais colocarem as suas ideias no grande ecrã”, de acordo com a organização.

As inscrições estão abertas até às 18h00 do dia 12 de Janeiro de 2015 e não existem limites no que diz respeito ao tema ou duração dos filmes. A competição é aberta a qualquer trabalho produzido por realizadores de Macau ou filmado no território e as inscrições estão abertas para diferentes categorias: longa-metragem, documentários, animação e filme experimental. Todos os trabalhos seleccionados terão a oportunidade de ganhar

diversos prémios num valor total de mais de 80 mil patacas.

As edições anteriores da competição contaram com filmes como “Sirena”, “No Vazio”, “Um Amigo Meu”, “Viagem no Tempo”, “Um outro Lar” e “Aqui Estou”, sendo que alguns deles chegaram a ser mostrados no exterior. O ‘Macau Indies’ foca-se principalmente na criatividade, qualidade e origina-lidade das obras.

MONTRA DE ARTES JOEY HO EXPÕE OBRAS NO MAM

Uma plataforma contemporânea“Estas estórias mostram-se muito misteriosas, espantosas e bastante complicadas para nós as compreendermos, pois fomos educados num sistema dito científico e lógico”JOEY HO Artista

CADA HOMEM É UMA RAÇA • Mia Couto«Inquirido sobre a sua raça, respon-deu: — A minha raça sou eu, João Passarinheiro. Convidado a explicar--se, acrescentou: — Minha raça sou eu mesmo. A pessoa é uma humanidade individual. Cada homem é uma raça, senhor polícia.» Extracto das “Decla-rações do Vendedor de Pássaros”

VAGAS E LUMES • Mia Couto«Há quem se deite em fogo para morrer. Pois eu sou como o vagalume: – só existo quando me incendeio.»

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

O MEU IRMÃO• Afonso Reis Cabral (Vencedor do Prémio LeYa 2014)A relação entre dois irmãos, um deles deficiente mental, que têm de aprender a viver juntos. Com a morte dos pais, é preciso decidir com quem fica Miguel, o filho de 40 anos que nasceu com síndrome de Down. É então que o irmão – um professor uni-versitário divorciado e misantropo – surpreende (e até certo ponto alivia) a família, chamando a si a grande responsabilidade. “O Meu Irmão”, vencedor do Prémio LeYa 2014 por unanimidade, é um romance notável e de grande maturidade literária que, tratando o tema sensível da deficiência, nunca cede ao sentimentalismo, oferecendo--nos um retrato social objectivo e muitas vezes até impiedoso.

Português eleito presidente de museu de arte inglês

O português António Horta--Osório foi nomeado para

presidente do conselho de ad-ministração do museu londrino Wallace Collection, em Inglater-ra, considerado um dos mais im-portantes da Europa. A nomeação foi feita pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron.

Horta-Osório, actual presi-dente do grupo bancário Lloyds, vai substituir, a partir de Janeiro, ‘sir’ John Ritblat, um empreende-dor britânico do sector imobiliá-rio que ocupou o cargo durante uma década, período durante o qual o número de visitantes aumentou 80%.

De acordo com um comuni-cado da instituição, a nomeação do português foi efectuada, for-malmente, por David Cameron, que, por ser primeiro-ministro, é responsável pela designação dos administradores do museu, cujo acervo foi doado, no final do século XIX, pela viúva de Richard Wallace, filho ilegítimo e herdeiro do quarto Marquês de Hertford.

“Sinto-me imensamente pri-vilegiado por ter a oportunidade de ser o presidente da Wallace Collection na próxima fase da sua evolução e por continuar o grande trabalho feito por ‘sir’ John na década passada”, disse o português.

Macau Indies CCM procura novas produções cinematográficas

Interpretação”. No website da Ma-cau Creations – espaço que agrega formas de arte de vários profissionais do território e conta já com uma loja de venda de produtos – podem ser vistos alguns dos trabalhos da autora, dos quais “A metamorfose completa dos pés”, ou outras peças feitas através de colagens.

A Montra de Artes teve início em 2012 e pretende ser uma plataforma de expansão dos artistas locais, dando a conhecer os seus trabalhos e peças artísticas à população. O MAM tem vindo a organizar este programa para estabelecer uma plataforma de comunicação entre os artistas locais e a população. A presente exposição de Joey Ho vai estar aberta ao público até dia 25 de Janeiro do próximo ano, no 3º andar do MAM.

“Estas estórias mostram-se muito misteriosas, espantosas e bastante complicadas para nós as compreendermos, pois fomos educados num sistema dito cientí-fico e lógico”, explica a autora da colecção, em comunicado.

VENDAVAL DE AFECTOSHouve, para Ho, o iniciar de um diálogo entre as criações e a própria

criadora. “Durante a criação desta colecção, estas lendas desenca-dearam em mim uma tempestade de afectos e poderosa imaginação e estabeleceram um diálogo entre mim e a sabedoria antiga através do tempo e do espaço”, continua a dizer.

A artista é ainda conhecida pelas obras “Gordura é Poder”, “Viagem para o Ocidente” e “Liberdade de

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LUSA

15CHINAhoje macau quinta-feira 18.12.2014

A China expressou ontem o seu apoio ao Paquis-tão contra o terrorismo e condenou veemente-

mente o ataque perpetrado por um comando talibã contra uma escola pública militar em Peshawar que fez 148 mortos, na sua maioria crianças.

“Estamos profundamente cho-cados e transtornados com o ata-que e condenamos da forma mais veemente os terroristas”, disse o porta-voz do Ministério dos Ne-

Portugal Consulados negam vistos a grávidas casadas com imigrantes chineses

Tibetano morre depois de se imolar pelo fogo

Honda vai chamar à revisãoquase 570 mil veículos

O atentado terrorista em Peshawar, já considerado o mais sangrento na história do país, fez quase 150 mortos, dos quais a grande maioria são crianças. O Paquistão decretou três dias de luto

PEQUIM APOIA PAQUISTÃO CONTRA O TERRORISMO E CONDENA ATENTADO

Terça-feira sangrenta

“Estamos profundamente chocadose transtornados com o ataque e condenamosda forma mais veemente os terroristas”QIN GANG Porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês

UM tibetano morreu após ter-se imolado pelo fogo na China

em protesto contra a política re-pressiva das autoridades na região, segundo informações reveladas ontem por uma organização não--governamental e uma rádio.

Sangye Khar, de 33 anos, morreu na terça-feira numa região tibetana da província de Gansu, no noroeste da China, de acordo com a organização International Campaign for Tibet (ICT) e a Radio Free Asia (RFA).

Trata-se da primeira imola-ção pelo fogo de um tibetano em três meses.

Citando fontes locais anóni-mas, a RFA, meio de comuni-cação financiado pelos Estados

Unidos, indicou que, após a imolação, as autoridades impuse-ram um ‘apagão’ em Amuqu (ou Amchok em tibetano), cortando as comunicações locais, numa tentativa sistemática de evitar a propagação da notícia.

A polícia e as autoridades da cidade vizinha de Xiahe também estavam ontem incontactáveis telefonicamente.

“A situação na região é ten-sa”, referiu, por seu lado, a ICT, organização de defesa dos tibe-tanos, com sede em Washington.

Mais de 130 tibetanos imo-laram-se pelo fogo ou tentaram fazê-lo desde 2009 em protesto contra a repressão da sua religião e cultura.

MULHERES grávidas casa-das com imigrantes resi-

dentes em Portugal estão a ver negados os vistos para se juntarem aos maridos. Os casos conhecidos são de famílias originárias da China e de África e o argumento para a recusa é a falta de garan-tias de meios de subsistência. O presidente da Liga dos Chineses diz que o mesmo acontece a mulheres com filhos que pedem o reagrupamento familiar. Há processos autorizados pelo SEF mas impedidos pelos consulados.

Residente em Portugal há

quase cinco anos, um empresário chinês dirigiu-se ao SEF para pedir um visto de residência para a mulher, grávida de seis meses. Os serviços tutelados pelo Ministério da Administra-ção Interna (MAI) validaram o pedido e o processo seguiu para o consulado português em Xangai. Mas o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), em Novembro deste ano, negou a atribuição do visto por considerar que “não estavam garantidos os meios de subsistência da famí-lia”. Este não é caso único. - DN

A Honda vai chamar à revi-são quase 570 mil veículos

na China a partir de Fevereiro devido a potenciais defeitos nos ‘airbags’, informaram as autori-dades chinesas.

As duas ‘joint’ventures’ chinesas do fabricante auto-móvel japonês submeteram à Administração Geral de Super-visão de Qualidade, Inspecção e Quarentena da China os seus planos para chamar à revisão 553.264 viaturas a partir de 28 de Fevereiro, indicou o organismo, esta terça-feira, em comunicado.

A operação envolve 527.136 Accord sedans fabricados pela GAC-Honda, uma ‘joint-ven-ture’ com o grupo Guangzhou Automobile, entre Maio de 2002 e Dezembro de 2007, de acordo com a mesma nota.

Outras 26.128 viaturas que a ‘joint-venture’ com o grupo Dongfeng Motor produziu sob a marca Elysion entre Junho de 2012 e Junho de 2014 também serão afectadas, segundo o organismo.

A GAC-Honda vai também chamar à revisão 16.505 Fit Sa-loons, fabricados entre Outubro de 2002 e Dezembro de 2003, por um problema idêntico no ‘airbag’, desta feita, do lado do passageiro, informou, em comu-nicado separado, o organismo.

Os comunicados não men-cionam o nome do fabricante do ‘airbag’. Na semana passada, o jornal japonês Nikkei revelou que a Honda vai expandir a sua chamada à revisão de veículos equipados com ‘airbags’ pro-duzidos pela nipónica Takata para um total de 13 milhões de viaturas em todo o mundo.

Defeitos nos ‘airbags’ da Takata têm sido ligados à ocor-rência de cinco mortes e de centenas de feridos.

gócios Estrangeiros chinês Qin Gang, em comunicado citado pela agência oficial Xinhua.

Qin Gang também manifestou “sinceras condolências” em nome do Governo chinês aos familiares das vítimas do ataque.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros realçou que a China que se opõe a qualquer forma de terrorismo e frisou que Pequim apoiará os esforços do Paquistão tanto nesse combate como na sal-vaguarda da estabilidade nacional.

A polícia paquistanesa infor-mou que todos os atacantes foram mortos. A par das vítimas mortais, foram registados pelo menos 80 feridos.

O atentado, o mais sangrento ataque terrorista da história do Paquistão, foi reivindicado pelo principal comando talibã paquis-tanês, Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP).

O TTP declarou ter realizado o ataque em represália pela operação militar lançada em Junho e ainda em curso contra os seus escon-derijos e os dos seus aliados da Al-Qaida no Waziristão do Norte, zona tribal no noroeste junto à fronteira afegã.

O primeiro-ministro paquista-nês, Nawaz Sharif, decretou três dias de luto nacional.

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16 hoje macau quinta-feira 18.12.2014

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POR ESSE RIO ACIMA

CINCO SÉCULOS DE TORRE

RicaRdo JoRge PeReiRaAntropólogo

A SSINALAM-SE, em 2014, os 400 anos da publicação da Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto.

A Peregrinação foi escrita em Almada (numa altura em que o autor se encontrava já afastado das suas jor-nadas mais aventureiras e agitadas) e publicada, postumamente, em 1614. Desde logo, em língua portuguesa, mas, pouco depois, noutros idiomas: em castelhano (a primeira edição espa-nhola data de 1620), em francês (com a sua primeira edição a ter lugar em Paris em 1625), em neerlandês (1652), em inglês (1653) e em alemão (1671).

Note-se, por exemplo, que a muitos funcionários da Companhia Holandesa das Índias Orientais era solicita-da a leitura da Peregrinação. É que a Peregrinação – como destacava a capa da primeira edição inglesa – relatava as vivências e impressões do autor em muitos «reinos do Oriente» como o da Malásia, o do Sião (hoje, a Tailândia), o do Pegu (hoje, a Birmânia) ou o da China ao mesmo tempo que descrevia a sua «religião, leis, riquezas, costumes e formas de governo». Mas, simulta-neamente, a Peregrinação era «um ro-mance de crítica à sociedade do tempo: denúncia de atrocidades, ingratidões, desmandos, fraudes, hipocrisia e falsa religiosidade». Sociedade de que, re-lembre-se, Fernão Mendes Pinto tam-bém fazia parte pelo que não podia, ele próprio, escapar às críticas tecidas.

Foi, no entanto, muito provavel-mente, Fernão Mendes Pinto (para além de «marinheiro, senhor, escravo, jesuíta, pirata, mercador, juiz, escritor» como evoca o monumento erigido no Pragal, em Almada, por ocasião do 4º centenário da sua morte, em 1983), independentemente da sua maior ou menor imaginação, o primeiro a recor-rer, de forma sistemática e exaustiva, aos métodos fundamentais que, séculos mais tarde, viriam a ser reclamados pela ciência etnográfica para a obtenção de informação e simples relatos descriti-vos, isto é, a observação e a participa-ção directas (na ‘primeira pessoa’) nos acontecimentos.

Contributo maior para a Europa ganhar uma maior consciência dos ou-tros e, portanto, de si própria (e, tal-vez, um precioso auxílio para espoletar ou acelerar o início do fim do império português em terras do Oriente…), a Peregrinação é, ainda hoje, o título em língua portuguesa mais traduzido em todo o mundo.

CELEBRAM-SE, igualmen-te, neste ano em que a

língua portuguesa comemora 800 anos de existência, 500 do início da construção da Torre de Belém.

Lisboa adquiriu, nos sécu-los XV e XVI, o estatuto de importante plataforma gira-tória comercial no mundo fruto das viagens marítimas portuguesas e suas conse-quências. Assim, para pro-tecção e defesa da cidade, o monarca D. João II idealizou um plano estratégico que passava por dotar o rio Tejo de estruturas que permitis-sem controlar o tráfego ma-rítimo e, também, detectar a entrada de navios inimigos provenientes do oceano.

Iniciada a sua construção

em 1514, a Torre de Belém veio responder a estes anseios de maior segurança. No en-tanto, após a construção da Fortaleza de São Julião da Barra e do Forte do Bugio, a Torre de Belém começou a assistir à pro-gressiva diminuição da sua fun-ção defensiva de Lisboa tendo servido, por exemplo, como prisão de Estado (e o conse-quente encarceramento de indivíduos considerados oposi-tores ao poder político vigen-te) e como ponto de apoio ao estabelecimento e melhoria da rede de comunicações.

Símbolo de Lisboa e de Portugal, a Torre de Belém foi, em 1983, classificada como pa-trimónio da Humanidade (jun-tamente com o Mosteiro dos Jerónimos).

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17 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 18.12.2014

I NTERSTELLAR (realização de Christopher Nolan, 2014) co-meça com uma distopia banal: uma família de agricultores, os

Cooper, resiste dia a dia à degradação ecológica na planície norte-americana, num futuro incerto em que o planeta vai empobrecendo. A saga de um pai com dois filhos esconde no entanto uma outra história: ele quer esquecer o seu passado, quando trabalhava na NASA, um tempo que foi erradicado dos ma-nuais de estudo para ser esquecido por todos. Porque não pode ser permitido que alguém imagine um além no espa-ço, onde se pudessem encontrar novas eternidades para a salvação da espécie.

É o mistério, um “fantasma”, que comunica com a sua filha Murphy através de incidentes com ondas gra-vitacionais, que o leva a procurar uma agulha em palheiro. Reunido, através desse acaso, com o seu antigo mentor na NASA, Cooper vai dirigir uma ope-ração de busca através de um buraco negro, por mundos em que o tempo se acelera.

Com Gravity (realizado por Alfon-so Cuarín, 2013) este é o segundo fil-me de grande audiência que, em pouco tempo, nos faz olhar para o espaço. Mas Interstellar não é unicamente um passeio no cosmos e um filme-catástro-fe: é uma narrativa sobre a fronteira da ciência quando a Terra se esgota. E essa fronteira é misteriosa.

Como em 2001, Odisseia no Espa-ço (1968, Stanley Kubrick), não sa-beremos exactamente quem é a inte-ligência que nos contacta, ou que lhes abre os caminhos do buraco negro, ou que organiza o espaço que encerra o tempo e através do qual Cooper con-tacta consigo próprio e com a filha, como o “fantasma” do seu quarto. Ele vai e volta, não sabemos como. Pode ser por mão alienígena, podemos ser nós próprios no futuro a reorganizar o passado.

Outras semelhanças com 2001 le-varam muitos críticos a inquietar-se com este mistério. O lugar de Hal9000 é aqui ocupado pelos robots TARS e CASE, a busca é sempre ambígua, o tempo torce-se, a ciência não aprende o suficiente, não sabemos se estamos sozinhos, olhamos para todo o lado e não vemos.

Ao deixar as perguntas, o filme de-

Francisco Louçãin EsquErda.nEt

INTERSTELLAR NÃO ÉUNICAMENTE UM PASSEIO NO COSMOS E UM FILME-CATÁSTROFE: É UMA NARRATIVA SOBRE A FRONTEIRA DA CIÊNCIA QUANDO A TERRA SE ESGOTA. E ESSA FRONTEIRA É MISTERIOSA

INTERSTELLARA UTOPIA RESGATA O PRESENTE DO FUTURO?

senha uma utopia: o êxodo da humani-dade salva-a de si própria, depois de es-gotado o planeta da origem. Mas, des-se modo, o filme afasta-se da tradição mais eloquente da ficção científica, a que procura outros seres que são como

nós ou que são meios de nós próprios. Arthur C. Clarke, autor do texto ori-ginal de 2001, adivinhava aliens, mas Isaac Asimov construía robots, Philip K. Dick andróides e Donna Haraway cyborgs, todos eles sendo reproduções do humano. No cinema, temos uma e outra destas narrativas, por vezes pela mesma mão: foi Ridley Scott quem rea-lizou Aliens (1979), sobre o outro que nos ameaça, mas também Blade Runner (1982, a partir de um conto de Philip K. Dick), sobre os nossos semelhantes que foram criados por nós.

Em todo o caso, esta ficção científi-ca diverge da fantasia, que tem predo-minado nos ecrãs nos últimos anos, em particular evocando empolgantes nos-talgias medievais (O Senhor dos Anéis, de JRR Tolkien, A Guerra dos Tronos,

de George RR Martin, todos grandes textos antes de serem grandes filmes ou séries), mas também a literatura infantil (Harry Potter, de JK Rowling). Esses livros e esse cinema, mesmo invocan-do a magia, reproduzem os dramas clássicos: Westeros é a Dinamarca de Shakespeare e King’s Landing é a corte de Camelot depois da morte de Arthur e Lancelot. Em contraste, a ficção cien-tífica não imagina o passado, procura o futuro e por isso ocupa a incerteza mais radical, que as artes do feitiço não podem sequer simular. A nostalgia é conservadora, a ficção é ousadamente transformadora.

Ou, se tiver arte para isso, procurará um futuro que volte ao passado onde vivemos, por entre as estrelas e por dentro do que não sabemos delas.

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18 publicidade hoje macau quinta-feira 18.12.2014

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19DESPORTOhoje macau quinta-feira 18.12.2014

LembretePlano de comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico

e Apoio pecuniário para o ano de 2011

1. O prazo limite para a apresentação do pedido de atribuição do y de comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico e do Apoio pecuniário para o ano de 2011 é fixado em 31 de Dezembro do corrente ano.

2. Os indivíduos que satisfaçam os requisitos de atribuição, mas não tenham ainda formulado o pedido, devem dirigir-se até ao termo do prazo supracitado ao Centro de Serviços do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, sito na Avenida da Praia Grande, n.ºs 762-804, Edifício “China Plaza”, 2.º andar, Macau, para efeitos de tratamento das respectivas formalidades.

3. Por último, solicita-se que os cheques ainda não sacados sejam apresentados, com a maior brevidade,, junto de qualquer instituição bancária de Macau.

Macau, ao 01 de Dezembro de 2014.

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MARCO [email protected]

B OB Arum, patrão da principal promoto-ra de boxe mundial, tinha deixado no ar

a promessa em Novembro na Arena do COTAI e ago-ra chega a confirmação: o próximo combate de Zou Shiming é mesmo a doer. O pugilista da China vai tentar, no Venetian Macau, o seu primeiro assalto a um título mundial, ao desafiar o tailandês Amnat Ruen-roeng, actual campeão do mundo de pesos-mosca da Federação Internacional de Boxe.

Agendado para 7 de Março próximo, o combate deverá ocorrer menos de 23 meses depois de Zou

SÉRGIO [email protected]

A capital da Malásia, Kuala Lumpur, irá colocar de pé no

próximo ano um evento em todo semelhante ao Grande Prémio de Macau. O Grande Prémio Cidade de KL (KL City Grand Prix, na designação inglesa) será um evento automobilístico de três dias, com início a 7 de Agosto.

O circuito de 3,2 qui-lómetros no centro da cosmopolita cidade passará por algumas das artérias principais e a recta da meta tem como pano de fundo as icónicas Torres Petronas. Foi apresentado na passada quarta-feira.

Uma delegação do promotor do evento, a empresa GT Global Race (Malaysia) Sdn Bhd, vi-sitou o Grande Prémio de Macau em Novembro e gostou do que viu. “As-sim que percebemos o conceito, sabíamos que o Grande Prémio Cidade de KL iria trazer benefícios para as pessoas de Kuala Lumpur e iria aumentar o perfil da nossa cidade

maravilhosa”, disse o edil local, Datuk Seri Ahmad Phesal.

Por agora, os malaios não querem rivalizar com os vizinhos de Singapura, que recebem uma prova do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 em plena zona turística de Marina Bay. O objectivo, para este pri-meiro ano, é edificar um circuito urbano de acordo com a normas da FIA e reunir um leque de meia dúzia de competições fortes do continente asiático.

Super Troféu Lambor-ghini, Fórmula Masters China Series e uma cor-rida de celebridades com viaturas da marca Volks-wagen, tudo competições que visitaram Macau no primeiro fim-de-semana da 60ª edição, estão já confirmadas no programa. Uma corrida com viaturas de GT, à semelhança da popular Taça GT Macau, poderá ser mesmo “cabeça de cartaz” do evento.

Contudo, ao contrário do Circuito da Guia, o ho-mólogo malaio não prevê acolher qualquer corrida de motociclismo. Só em redor do evento, a organi-

zação espera um impacto económico superior a mil milhões de patacas e a cria-ção directa de 6300 novos postos de trabalho.

Durante os quatro dias da última edição do Grande Prémio de Ma-cau, o terri-tório registou 650 mil vi-sitantes e a taxa média de ocupação nos hotéis de três a cinco estre-las foi de 95,72%. Kuala Lumpur espera por seu lado receber cem mil visitante no primeiro ano, com um acréscimo de 50 mil visi-tantes nos anos seguintes. O valor do investimento de todo o projecto não foi dado a conhecer à imprensa. A Malásia, que tem no circuito de Sepang uma das melhores infra-estruturas para a práti-ca de desportos motorizados na região, não é estranha a corridas citadinas, tendo o mês passado acolhido com relativo sucesso, nas ruas do distrito financeiro de Putrajaya, a segunda prova do Campeonato FIA de Fórmula E, competição para viaturas eléctricas.

BOXE ZOU SHIMING PREPARA ASSALTO A TÍTULO MUNDIAL

Em Março, no sítio do costume

GP SEMELHANTE A MACAU ACONTECE NA MALÁSIA

Macaquinhos de imitação

Shiming se ter estreado como pugilista profissio-nal. O antigo bicampeão olímpico de boxe combateu

pela primeira vez com o estatuto de profissional a 6 de Abril de 2013, tendo derrotado em quatro rounds

e sem dificuldades de maior o inexperiente Eleazar Va-lenzuela. Ao triunfo sobre o mexicano seguiram-se cin-co outras vitórias, uma das quais - frente a Yokthong Kokietgym - por KO.

O mais convincente dos triunfos obtidos por Zou Shiming remonta, no entan-to, ao final do mês passado, quando o pugilista chinês derrotou com uma prestação unânime o tailandês Kwan-pichit Onesongchaigym pelos parciais de 119-106, 119-106 e 120-103.

Apesar de ter brindado os cerca de quinze mil es-

pectadores que encheram as bancadas da Arena do Cotai com uma performance quase imaculada, Zou Shiming terá que demonstrar ainda maiores apetências frente a Amnat Ruenroeng. O tai-landês é amplamente mais cotado que os adversários contra quem Zou combateu ao longo dos últimos dezoito meses.

O actual campeão do mundo de pesos-mosca da Federação Internacional de Boxe encontrou na mo-dalidade uma espécie de prancha de salvação, depois de ter colocado para trás das costas um percurso sinuoso: antigo toxicodependente,

Amnat foi por três vezes condenado a penas de prisão e foi na prisão que se estreou nas lides do pugilismo, ao abrigo de um programa desportivo de reinserção social que culminou com a conquista do título tailan-dês de campeão de boxe amador.

O percurso de sucesso de Amnat Ruenroeng não só apressou a sua saída da prisão, como lhe abriu as portas da comitiva que representou a Tailândia, primeiro na King’s Cup e depois nos Jogos Olímpi-cos de Pequim. Foi ao ser-viço da selecção amadora da Tailândia que o destino de Amnat Ruenroeng se cruzou com o de Zou Shi-ming, por três ocasiões: em 2007, no primeiro combate entre ambos os pugilistas, o triunfo sorriu ao atleta nascido em Si Racha. Zou Shiming vingou o desaire, vencendo os dois outros duelos em que ambos fo-ram protagonistas, embora no último confronto – a contar para as meias-finais do torneio de boxe dos Jo-gos Asiáticos de 2010 – o equilíbrio tenha sido a nota dominante.

Ontem, em Xangai, Zou Shiming recordou os duelos que manteve com o próximo adversário, com os olhos postos num novo triunfo: “Quando lu-távamos como amadores, parece-me que estávamos ao mesmo nível em ter-mos de técnica e de força. Agora que ele é campeão do mundo é sem dúvida um lutador mais forte, mas eu também tenho vindo a melhorar muito. Uma coisa posso garantir: a 7 de Mar-ço vão assistir em Macau a um combate cativante”, assegura Zou.

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“SINAIS DE FOGO”(JORGE DE SENA, 1979)

Trata-se de um romance – que se acredita ser autobiográfico – de Jorge de Sena, um dos “mais influentes intelectuais” do século XX. “Sinais de Fogo” foi publicado no ano seguinte à morte do autor, pelo que apenas uma parte da história havia sido escrita. A narrativa passa-se entre Lisboa e a Figueira da Foz, retratando parte do percurso juvenil de Jorge, que vive momentos intensos de amor e paixão, aventura e mistério durante as férias de Verão. Tudo se passa durante a Guerra

Civil de Espanha e o protagonista acaba por ter um contacto (quase) directo com o conflito. “Sinais de Fogo” era o primeiro volume de um ciclo de ficção chamado Monte Cativo, mas que não chegou a ser concluído. “Estou escrevendo um magno romance”, terá Jorge de Sena escrito numa carta endereçada a José-Augusto França. E foi precisamente isso que fez. Um magno romance que nos faz querer ler tudo de uma vez só. A obra promete avivar a memória de quem passou por tudo isto, dando aos mais jovens a sensação de como é viver a história. - Leonor Sá Machado

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 10 MAX 16 HUM 35-65% • EURO 9 .9 BAHT 0 .2 YUAN 1 .2

ACONTECEU HOJE 18 DE DEZEMBRO

O QUE FAZER ESTA SEMANA?

João Corvofonte da inveja

20 hoje macau quinta-feira 18.12.2014(F)UTILIDADES

Nasce Steven Spielberg,o mago do cinema

• Hoje recordamos Steven Spielberg, realizador norte-americano que nasceu neste dia. Spielberg é um dos cineastas mais influentes da história do cinema.Steven Allan Spielberg nasceu no Cincinnati, a 18 de Dezembro de 1946. Desde muito novo sentiu um apelo pelo cinema e contou com a ajuda das três irmãs, que convidava para participar nas suas criações caseiras de infância.Membro de uma família judaica, Spielberg desde sempre foi vítima do preconceito anti-semita, o que se repercutiu nas suas obras. Com 13 anos, venceu o primeiro prémio para uma curta--metragem de 40 minutos, que retratava a guerra.Diversos prémios na juventude e alguns avanços e recuos na carreira permitiram-lhe cimentar as bases para entrar na indústria do cinema, o que acontece, em 1971, quando assina um contrato com a Universal, dirigindo a sua primeira longa--metragem: ‘Encurralado’. O sucesso foi imediato e um filme criado para a televisão acaba por ser transportado para o cinema.Ano após ano, Spielberg vai criando filmes que são reconhecidos pelo público e pela crítica, desde o ‘Tubarão’ (um sucesso de bilheteira, que facturou cerca de cem milhões de dólares e conquistou plateias em todo o mundo), à ‘A Lista de Schindler’, que retratava o sofrimento dos judeus na II Guerra Mundial, passando por diversas obras de grande sucesso.Steven Spielberg é hoje um dos maiores realizadores e um dos mais proeminentes da história do cinema, com mais obras na lista dos cem melhores filmes de todos os tempos, feita pelo American Film Institute. Nasceram a 18 de Dezembro Josef Stalin, líder soviético (1879), Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones (1943), Steven Spielberg, realizador norte-americano (1946), Brad Pitt, actor norte-americano (1963), Alejandro Sanz, cantor espanhol (1968), Arantxa Sánchez, tenista espanhola (1971), e Christina Aguilera, cantora norte-americana (1980).Hoje, assinalam-se o Dia Mundial de Consciencialização do Autismo e o Dia Internacional dos Migrantes (UNESCO).

C I N E M ACineteatro

SALA 1EXODUS: GODS AND KINGS [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver14.30, 21.00

EXODUS: GODS AND KINGS [3D] [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver18.00

SALA 2THE THEORY OF EVERYTHING [B]Um filme de: James Marsh

Com: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Emily Watson, Charlie Cox14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3THE BEST OF ME [B]Um filme de: Michael HoffmanCom: Michelle Monaghan, James Marsden, Luke Bracey14.30, 21.30

BIG HERO 6 [B]Um filme de: Don Hall, Chris Williams16.45, 19.30

THE THEORY OF EVERYTHING

Se eu fosse realmente racional,o animal ia-se embora enojado.

• AmanhãTHE SMURFS AO VIVOEM PALCO – “THE SMURFS SAVE THE SPRING”(ATÉ DOMINGO)Venetian, 15h45 e 19h45Bilhetes das 88 às 300 patacas

• DiariamenteCOTAI WINTER(PISTA DE GELO E ACTIVIDADES)Venetian Lagoon, CotaiEntrada livre

EXPOSIÇÃO DE SÂNDALO VERMELHO (ATÉ 22/03)MGM ResortEntrada livre

EXPOSIÇÃO DE PINTURA “113º 55’ E 21’ 11’N”,DE SOFIA AREAL (ATÉ 12/01)Casa GardenEntrada livre

EXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS” DE VICTOR MARREIROS(ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store, Rua Almirante SérgioEntrada livre

EXPOSIÇÃO PÁSSAROS DE MACAU,DE JOÃO MONTEIRO(ATÉ DIA 29/12) Consulado-geral de Portugal em MacauEntrada livre

EXPOSIÇÃO “REGIÃO OBSCURA” DE HEIDI LAU Museu de Arte de MacauEntrada livre

EXPOSIÇÃO DE PINTURA “KOREAN ART”,COM OH YOUNG SOOK E KIM YEON OK (ATÉ 15/02)Galeria Iao HinEntrada livre

EXPOSIÇÃO “RETRATOS DE YU CHANG”Albergue SCMEntrada livre

ALDEIA DO PAI NATAL (ATÉ 26/12)Crystal Lobby do Galaxy Macau, 11h30 às 21h00Bilhetes a 80 patacas

EXPOSIÇÃO DE FLORES DE “BOCAS-DE-LEÃO” (ATÉ DIA 04/01)Casas-Museu da TaipaEntrada livre

PROJECÇÃO MAPPING 3D (ATÉ DIA 31/12)“Passado”: Museu das Ofertas sobre a Transferênciade Soberania de Macau“Presente”: Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Taipa“Futuro”: Igreja de São Francisco Xavier, Coloane Das 20h30 às 22h30Entrada livre

U M L I V R O H O J E

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21OPINIÃOhoje macau quinta-feira 18.12.2014

N O passado dia 28 de Ou-tubro, de passagem por Lisboa, tive a oportunidade de assistir à apresentação de um livro com o título “De Jogador a Treinador de Basquetebol”da autoria do Dr. José Teotónio Lima, um homem respeitado e admirado, quer nos meios

do basquetebol português, quer no seio da classe dos chamados professores de educa-ção física!

Já não via o professor há mais de três décadas e confesso, que me custou vê-lo chegar à sede do COP em cadeira de rodas!

Sabia também, que esta cerimónia tinha igualmente o propósito de prestar uma justíssima homenagem a um Homem, que dedicou toda a sua vida ao ensino e ao trei-no do basquetebol, em clubes e na própria selecção, desde a década de sessenta até ao fim do milénio passado.

A apresentação da obra foi feita pelo Dr. Olímpio Coelho, seu aluno no antigo INEF e seu jogador, nas equipas, que Teo-tónio Lima orientou. Olímpio Coelho não conseguiu esconder, quanto o ligava ao seu antigo mestre e emocionou uma plateia cheia de gente, onde não faltaram figuras ligadas à modalidade, todos seus ex alunos: Jorge

Muito embora estejamos na cauda da lista dos Paísesda Europa em relação a percentagens de habitantesque praticam um qualquer desporto, pelo menosduas vezes por semana, não faltam “Desportistas”de bancada, de sofá e de jornal!

desporto e não sóFERNANDO VINHAIS GUEDES

“Desportistas”Araújo, Carlos Gonçalves, Hermínio Bar-reto, Jorge Palma, José Curado, Eliseu Beja e tantos outros, que ali marcaram presença num acto carregado de significado!

No final, Teotónio Lima, agradeceu e fez alguns comentários, realçando, que o livro, não se destinava somente aos que se inte-ressavam pela modalidade de basquetebol, mas também para quem treina ou ensina outras modalidades.

Com o mesmo tom de voz serena e calmo, que lhe ouvi há quase quarenta nos, no salão nobre da actual Faculdade de Motricidade Humana, contextualizou e historiou alguns dos velhos entraves ao desenvolvimento do desporto Português, não se esquecendo de dar exemplos: o desporto é futebol e o resto pouco interessa, quer à comunicação social dita de desportiva, quer à classe política que nos tem governado.

Disse a certo passo, que actualmente,

qualquer pessoa que vai assistir a um jogo de futebol, sai do campo um desportista habili-tado e pronto para discutir sobre desporto!

Mas há outros desportistas, que, para se considerarem como tal, nem sequer neces-sitam de entrar em qualquer estádio, tanto mais, que os bilhetes de ingresso estão cada vez mais caros e a vida não está difícil!

Neste caso limitam-se a ver os jogos pela televisão - desportistas de sofá, ou os que não vão, nem vêm, bastando-lhes ler uma das três “ bíblias”que tratam dos assuntos desportivos, como quem espreme o sumo, a casca e os caroços de uma laranja!

Neste último caso, são os chamados des-portistas de jornal “ pasquins”, que se podem ler sem pagar, nos cafés e nas barbearias, locais de excelência para discussões aca-loradas, superficiais inconclusivas, porque tendenciosas.

O que se passou no último domingo é bem

a prova de como a comunicação social, serve doses maciças de informação futebolística, com assuntos para preencher tempo envol-vendo todos canais de televisão, generalistas e de notícias, públicos e privados.

Fiquei a saber, que a RTP tem 4 espaços desportivos por semana (trio de ataque, grande área, zona mista, 4x3x3. A SIC Notícias tem 3 (O Dia Seguinte, Play Off e Tempo Extra). A TVI 24 oferece 4 espaços (Prolongamento, Mais Futebol, Minuto No-venta e Contra Golpe. A CMTV oferece dois espaços (Mercado/Noite e Mercado manhã)

A tudo isto, há ainda a Sport TV 1, 2, 3, e 4, a Benfica TV, canal Porto, Sporting e o canal do jornal “A Bola”

Quanto ao número de horas gastas em todos os canais antes, durante e depois deste FCP e SLB, a contabilidade ainda não foi feita!

Uma coisa é certa, a TV do Estado é a que bate a concorrência em número de horas dedicadas ao futebol, não desmerecendo aquela a frase antiga: ”o Povo gosta é de Futebol, de Fado e de Fátima”!

Muito embora estejamos na cauda da lista dos Países da Europa em relação a percentagens de habitantes que praticam um qualquer desporto, pelo menos duas vezes por semana, não faltam “Desportistas” de bancada, de sofá e de jornal!

THE

ROYL

E FA

MIL

Y

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22 opinião hoje macau quinta-feira 18.12.2014

“S E não consegues vencê-los, junta-te a eles”, é o que se pode dizer da decisão de tomei ao perceber que assis-timos a um momento de tran-sição na evolução da espécie humana. É que em menos de duas ou três gerações, a to-talidade da população estará com os olhos fixados “Smar-

tphone”, enquanto circula na via pública – e alguns ao mesmo tempo que conduzem o seu veículo na estrada, pasme-se. Perante esta evidência, decidi reformatar a postura de “homo erectus” para outra ligeiramente “curvatus” ao nível do “pescoçus”, e adquirir para mim próprio um desses bilhetes para modernidade – afinal é tudo em nome da sobrevivência. Atendendo à solenidade do momento, deleguei a um especialista a res-ponsabilidade de me escolher um aparelho cuja complexidade me permita entender os comandos essenciais logo no primeiro dia. Para mim o “choque tecnológico” dá-se no chão quando as máquinas me fazem esgotar a paciência.

No dia seguinte, ao serão, e enquanto transferia toda a informação contida no meu velhinho telemóvel, pensava naquele milagre do progresso que segurava nas

Fui à loja da CTM dos NAPE, o único onde há um “service centre” desta marca que me possa resolver este problema que não criei. E o que faria uma companhia que vende um produto CARO, e que mesmo assim levanta dúvidas quanto ao controlo de qualidade, e faz-me perder o Sábado inteiro? Indemniza-me?

Evolvo, revolvo, devolvobairro do or ienteLEOCARDO

mãos. Dava graças também pelo triunfo do capitalismo e da sociedade de mercado: não fosse pela mão-de-obra semi-escrava que montou aquela pequena maravilha, e seria quase incomportável para mim usufruir da qualidade garantida pela empresa que lhe colou uma etiqueta com a marca. Tivesse Marx vivido na era digital, e com acesso à “world wide web”, o seu manifesto seria publicado em formado PDF e partilhado nas redes sociais. Duvido que alguém fosse ler, mas levava uns quantos “likes” e os amigos diziam-lhe que “davam uma vista de olhos, mais tarde”.

Foi no dia seguinte que a bela teve o seu senão; recebi uma chamada telefónica, uma das funções menos conhecidas do “Smartphone”, e para meu espanto não consigo estabelecer contacto auditivo, e como viria a tomar conhecimento logo a seguir por SMS, também não me fazia escutar. Após alguns testes concluí que o problema era do “speaker”, que contrasta-va com a majéstica e infalível perfeição do resto do aparelho. Era um génio, mas era surdo, e pensei em chamar-lhe Beethoven. Antes disso fiquei a saber onde podia resolver o problema, ou noutras palavras, onde pedir satisfações aos humanos pela inexplicável falência da máquina. Afinal

EDM

UND

GOUL

DING

, GRA

ND H

OTEL

a aquisição foi feita na CTM, o que me deixou a pensar: “de certeza que só pode ser engano; como é que a CTM ia prestar um mau serviço ou vender um produto defeituoso, Deus meu?”.

E assim, num lindo Sábado depois de almoço, após cancelar um compromisso e

adiar outro que me faria perder o final da tarde e início da noite, fui à loja da CTM dos NAPE, o único onde há um “service centre” desta marca que me possa resolver este problema que não criei. E o que faria uma companhia que vende um produto CARO, e que mesmo assim levanta dúvidas quanto ao controlo de qualidade, e faz-me perder o Sábado inteiro? Indemniza-me? Implora perdão de joelhos e chama o ge-rente para me apresentar um pedido formal de desculpas? Pelo menos um “desculpe pelo incómodo”, mesmo sem a oferta de um brinde, ou de uma boleia de regresso a casa, certo? Nada disso! Encontraria mais competência e simpatia devolvendo um DVD pirata marado aos ciganos do mercado do Feijó. Esses davam-me uma cópia do mesmo disco em condições, e ainda ofereciam à minha escolha, e a pa-lavra “desculpe” seria pronunciada, e não da minha boca.

A CTM deixa-me a “secar” uma hora para se certificar que não andei a barrar manteiga ou a tomar banho com o “Smar-tphone”, e quando confirma que eu não estava a MENTIR, passa-me uma guia para levantar um aparelho novo no andar de baixo. Mostro o papel a um tipo e a uma tipa que a julgar pelo aspecto “trabalham” ali, dizendo (e demonstrando) que estou com pressa, e a seguir a menina tira-me um bilhete com um número e aponta para uma fila onde estavam outros patetas como eu a escolher telefones, mas com uma diferença: EU JÁ PAGUEI! Denotando a expressão homicida bem latente no meu semblante, o outro funcionário leva-me ao balcão de atendimento personalizado (não se iludam pelo nome) onde “só” precisei de esperar mais meia hora. Não agradeci, é um facto, mas para quê? Não fosse agora época festiva e ainda ofendia a cidadania de cada um deles.

Mas vou abster-me de contar mais de-talhes dessa fantochada que é o serviço da CTM, mas já agora para a próxima vez – se houver uma – gostaria que me beijassem. Sim, já que sou o elemento passivo nesta relação, e ainda por cima estou a pagar (e não é pouco), uns beijos era o mínimo que me podiam dar enquanto me fo...foi este episódio, quer dizer. Foi este episódio que me deixou também a pensar naquele paradigma do copo meio cheio e do copo meio vazio. Por um lado pode ser que a CTM queira atingir novos patamares de mediocridade para garantir competição justa com o novo concorrente no mercado de telecomunica-ções, e assim temos o copo meio cheio. Ou então aqueles que aí vêm para competir com a CTM são iguais ou piores, mantendo assim a hegemonia dos actuais detentores do monopólio, e lá está o copo meio vazio. Eu nunca beberia o líquido desse famigerado copo, mas já agora aproveitava para enchê-lo até acima, a atirá-lo nas ventas destes gajos. Ah é verdade, boas festas a todos menos para a CTM.

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23 opiniãohoje macau quinta-feira 18.12.2014

ATAQUE TERRORISTA

Rui TavaResin Público

cartoonpor Stephff

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

D ECOREMOS então este nome: Antoine Deltour, francês, 28 anos. Algumas das suas palavras a um jornalista: “Há muitas pe-quenas e médias empresas que passam por dificuldades para poder fazer face à sua carga fiscal, e no entanto vejo que as multinacionais

não contribuem com a sua parte para o esforço conjunto. Sou cidadão, pago os meus impostos como você, e gostaria que as multinacionais pagassem também a parte delas ao mesmo título que eu pago os meus impostos sobre o rendimento.”

Banal, não é? Toda a gente acha o mesmo. A diferença é que Antoine Deltour arrisca agora uma pena de prisão de cinco anos e uma multa de mais de um milhão de euros por isso.

Enquanto contabilista, Antoine Deltour trabalhou durante um par de anos na Price-waterhouseCoopers, empresa que ajuda mul-tinacionais a fugir aos impostos, legalmente, através do Luxemburgo. Antes de demitir-se, copiou um dossier com milhares de docu-mentos provando centenas de milhares de

“Se não eu, quem?”milhões de euros em transacções de multi-nacionais realizadas noutros países que são taxadas irrisoriamente no Grã-ducado. Esses documentos foram entregues, anos depois, ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, e é assim que Antoine Deltour está agora num enorme sarilho.

Como Edward Snowden ou Bradley Manning (agora Chelsea Manning) antes dele, é possível que Antoine Deltour tenha cometido um crime. Mas sem esse putativo crime, seria mais fácil a toda a gente igno-rar uma imoralidade em larga escala que decorria já há anos, e que agora temos uma oportunidade para fazer parar.

***

Há 500 milhões de cidadãos na União Europeia, e mais ainda no resto do mundo, que têm razões para estar gratos a Antoine Deltour. Com um só acto, pacífico e ordeiro, ele pôs o dedo na maior das contradições da economia actual. Essa contradição exprime--se em três frases. A nossa sociedade está a ficar mais rica. Nós estamos a ficar mais pobres. E há quem ache que isto é normal.

Todos os dias nos dizem que teremos

de nos desabituar de uma sociedade de bem-estar, igualitária e com um nível substancial de provisões e protecções públicas. A razão para isso, dizem, é que

A nossa sociedade está a ficar mais rica. Nós estamos a ficar mais pobres. E há quemache que isto é normal

já não há dinheiro. Os documentos de Deltour relembram que há, sim, muito dinheiro. Ao contrário das pequenas e médias empresas que fecham as portas por não conseguir fazer face a uma economia em contracção, as multinacionais que se escapam aos impostos são as companhias que mais sucesso têm no mundo, mesmo em crise. Algumas delas, recentes e de base tecnológica, ultrapassaram em capitaliza-ção as grandes empresas do passado, como as petrolíferas ou as grandes construtoras de automóveis. Comparativamente, são empresas que empregam muito pouca gente, e que portanto contribuem pouco para os sistemas de segurança social. E não têm, é claro, um problema de dinheiro a menos. Fogem aos impostos porque as outras também o fazem, e aí está também a razão para que se resolva tudo de uma vez — pelo menos ao nível europeu, como tem sido proposto aqui.

Isso só acontecerá, contudo, se os 500 milhões de cidadãos europeus o exigirem aos seus governos. Antoine Deltour foi apenas um indivíduo que disse “se não eu, quem?”. Chegou a altura de todos nos fazermos a mesma pergunta.

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GCS

hoje macau quinta-feira 18.12.2014

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Pergunta: Pode-se imprimir o número do BIR no cartão do sócio? Se o Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais tem orientações para regular quantos números do BIR podem ser revelados no cartão de sócio?Resposta: O número do BIR é dados pessoais únicos e importantes, o GPDP recomenda fortemente que as

instituições devem evitar imprimir outros dados do sócio junto com esse número num cartão de sócio caso não for necessário, podendo substituir o número do BIR por números de sócio ou de cliente. Se preciso mesmo imprimir o número do BIR, é aconselhável omitir pelo menos dois dígitos.

(O texto é oferecido pelo Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais. A linha aberta é 28715666.)

Ilha da MontanhaJovens têm direitoa dois mil milhõesAs autoridades da Ilha da Montanha criaram um fundo ao empreendedorismo para jovens no valor de dois mil milhões de patacas, avançou ontem o jornal Ou Mun. O dinheiro é destinado às indústrias criativas e culturais. O fundo do apoio tem como missão encorajar os jovens a apostarem de forma empreendedora na Ilha da Montanha e, ao mesmo tempo, a também ajudar na diversificação das indústrias em Macau. Além do dinheiro, as autoridades do lado de lá também vão oferecer lugares para escritórios em cerca de 140 mil metros quadrados de terreno e de construção em cerca de 120 mil metros quadrados, bem como subsídios, de forma a garantir que não há nenhum obstáculo ao empreendedorismo dos jovens de Macau. O Governo de Macau não fez qualquer referência a este novo fundo.

Identificados 53 fármacos que podem conter o ébolaUma equipa internacional de cientistas identificou, de um universo de 2816 fármacos, 53 que poderão servir para travar a disseminação do vírus do Ébola nas células. Apesar disso, e ainda que todos os fármacos identificados estejam já aprovados para uso em pacientes com outras patologias, são precisas mais investigações e testes em animais e humanos. Esta é uma das principais conclusões de um estudo publicado na revista Emerging Microbes and Infections, do grupo editorial Nature, no qual participaram cientistas de centros dos Estados Unidos e Canadá. Adolfo García-Sastre, da Escola Icahn de Medicina do Hospital Monte Sinai, em Nova Iorque, explicou à agência Efe que alguns dos medicamentos identificados encontram-se já no mercado, enquanto outros não, mas que todos foram aprovados para uso. Para realizar a investigação, os cientistas geraram partículas virais não infecciosas que usam o mesmo mecanismo de entrada nas células que o Ébola. O Governo quer mais passagens auto-

máticas na fronteira das Portas do Cerco. Representantes do Executivo

participaram ontem em mais uma edição do programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, onde afirmaram ser objectivo aumentar as passagens automáticas no local.

Se, actualmente, existem 120 pontos de passagem automática, o Governo pretende criar mais 30. Os mesmos representantes esperam que, através da tecnologia, possam resolver o problema da falta de mão-de--obra. Apenas os residentes e TNR utilizam actualmente estas vias automáticas, mas o Governo afirma estar a estudar que mais pessoas o possam fazer.

EQUILIBRAR PRESSÕESDa mesma forma, o Executivo assegura que quer encorajar a utilização da fronteira no Cotai. Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, confirmou ontem que, após o arranque do funcionamento da fronteira durante 24 horas, existem condições para encorajar os visitantes a transferirem-se

para a fronteira no Cotai, por forma a diminuir a pressão nas Portas do Cerco. Uma vez que vão existir mais hotéis no Cotai, Helena de Senna Fernandes acredita que o sector vai automaticamente ajustar-se em termos de utilização dos postos fronteiriços.

Desde hoje que os postos transfrontei-riços da Ilha Verde, Flor de Lótus e Portas do Cerco têm novos horários, pelo que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, decidiu fazer uma visita oficial a estes locais.

Em declarações à imprensa chinesa, Chui Sai On disse acreditar que, com os esforços de todos os departamentos, as novas medidas podem entrar em vigor sem problemas, para que possam ser dis-ponibilizados serviços mais convenientes para os residentes e turistas.

O Governo acredita que não vão entrar mais turistas nas fronteiras, que agora abrem das 6h00 à 1h00, no caso das Portas do Cerco, 24 horas, no caso do Cotai, e da meia-noite às sete da manhã, no caso da Ilha Verde, ainda que esta seja apenas para residentes e TNR. - C.L.

JOANA [email protected]

K OI Kuok Ieng, ex-director dos Ser-viços de Saúde (SS), voltou a perder em tribunal contra o Governo. Num caso que diz respeito ao subsídio de

aposentação, o responsável pelo organismo em 2001 vê o seu segundo recurso não ser aceite mais uma vez, desta vez pelo Tribunal de Última Instância (TUI).

O ex-director aposentou-se voluntariamente em 2001 por ter efectuado 36 anos de serviço. Koi ficou então a receber a aposentação de acordo com o equivalente ao índice 1000 da tabela dos funcionários públicos da altura, cujos valores eram diferentes dos actuais e mudaram também em 2009, fazendo com que esse índice fosse aumentado de mil para 1100.

Em 2010, o responsável apresentou um requerimento à Presidente do Conselho de Administração do Fundo de Pensões e ao Secretário para a Economia e Finanças, pedindo que a sua aposentação subisse de acordo com os novos valores e que fosse cal-culada com base no índice 1100. “Através dos requerimentos de 2010 dirigidos à Presidente do Conselho de Administração do Fundo de Pensões e ao Secretário para a Economia e Finanças, o director aposentado solicitou a rectificação da sua pensão de aposentação, de modo a equipará-la ao actual vencimento de director”, pode ler-se no acórdão.

O Secretário Francis Tam negou o pedido, fazendo com que Koi Kuok Ieng interpusesse

O ex-director dos SS viu esgotadas as possibilidades de passar a receber um subsídio de aposentação superior ao que lhe foi atribuído em 2001 quando deixou os serviços

TUI EX-DIRECTOR DOS SERVIÇOS DE SAÚDE VOLTA A PERDER

Daqui não leva nadaO TUI recusa o recurso do ex-responsável, assegurando que o ajustamento automático da pensãode aposentação apenas se verifica com a actualização do valor de cada índice de vencimento, mas que isso não acontece com a atribuição de novo índicea determinada categoriaou cargo dos funcionários

recurso para o Tribunal de Segunda Instância. Este tribunal, contudo, também não favoreceu o ex-director, entendendo que as pensões não são actualizadas aquando da atribuição de novo índice à categoria ou cargo do pessoal no activo.

EM RECURSOKoi Kuok Ioeng teve conhecimento da decisão do TSI em Janeiro deste ano, mas voltou a recor-rer da decisão, desta vez para o TUI, alegando que o tribunal não interpretou amplamente a norma do Estatuto dos Trabalhadores da Ad-ministração Pública de Macau (ETAPM), que indica que “as pensões de aposentação são (...) revistas sempre e na medida em que o forem os vencimentos do pessoal no activo”.

O tribunal, contudo, não tem a mesma opinião e diz que este artigo se refere apenas à revisão geral de vencimentos que beneficiam todos os trabalhadores da Administração Pú-blica e não à revisão de vencimentos a favor de determinadas categorias de funcionários no activo. “Se a lei isso pretendesse, tê-lo-ia dito de forma expressa”, indica o tribunal, que acrescenta que, para os índices sobre os valores da aposentação “se faz através de uma lei própria

para o efeito, mas não automaticamente com a atribuição de novo índice a determinada cate-goria ou cargo dos funcionários, que beneficia apenas as classes activas”.

O TUI recusa, então, o recurso do ex--responsável, assegurando que o ajustamento automático da pensão de aposentação apenas se verifica com a actualização do valor de cada índice de vencimento, mas que isso não acontece com a atribuição de novo índice a determinada categoria ou cargo dos fun-cionários. Koi Kuok Ieng não pode recorrer mais da decisão.

FRONTEIRAS HORÁRIOS ALARGADOS EM ACTIVIDADE

Aqui já se pode passar