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PUB Ter para ler O diploma que irá regulamentar o uso da prova de ADN em tribunal, algo que actualmente depende da decisão do juiz, encontra-se em processo legislativo, depois da proposta apresentada há dois anos pela Polícia Judiciária. Um caminho aplaudido por advogados e juristas que há muito defendiam a criação de uma legislação sobre a matéria. PÁGINA 4 LEI DE FACTO ADN REGIME PARA REGULAR USO EM TRIBUNAL EM PROCESSO LEGISLATIVO AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB DIREITOS HUMANOS As fraquezas do sistema em Macau JOGO Manifestações fora da agenda VETERINÁRIOS DIPLOMA PARA QUÊ? SOCIEDADE PÁGINA 9 REPORTAGEM PÁGINAS 2-3 SOCIEDADE PÁGINAS 7-8 DIPL DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUARTA-FEIRA 10 DE DEZEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3231 hojemacau Os trabalhadores da indústria do Jogo temem que as quedas de receitas sirvam de pretexto para cortes. Embora continuem com exigências por satisfazer preferem, para já, esperar para ver. PUB PUB

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Hoje Macau N.º3231 de 10 de Dezembro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 10 DEZ 2014 #3231

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Ter para ler

O diploma que irá regulamentar o uso da prova de ADN em tribunal, algo que actualmente depende da decisão do juiz, encontra-se em processo legislativo, depois da proposta

apresentada há dois anos pela Polícia Judiciária. Um caminho aplaudido por advogadose juristas que há muito defendiam a criação de uma legislação sobre a matéria.

PÁGINA 4

LEI DE FACTOADN REGIME PARA REGULAR USO EM TRIBUNAL EM PROCESSO LEGISLATIVO

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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DIREITOSHUMANOSAs fraquezasdo sistema em Macau

JOGO Manifestações fora da agenda

VETERINÁRIOSDIPLOMAPARA QUÊ?

SOCIEDADE PÁGINA 9

REPORTAGEM PÁGINAS 2-3

SOCIEDADE PÁGINAS 7-8

DIPLOMA

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q UA R TA - F E I R A 1 0 D E D E Z E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 2 3 1

hojemacau

Os trabalhadores da indústria do Jogo temem que as quedas de receitas sirvam de pretexto para cortes. Embora continuem com exigências por satisfazer preferem, para já, esperar para ver.

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hoje macau quarta-feira 10.12.20142 REPORTAGEM

ANDREIA SOFIA SILVA* [email protected]

H Á cerca de três anos, Joel cumpriu o seu sonho: abriu, juntamente com três amigos, o Charming

Pet Hospital. “Todos nós adoramos animais e tivemos a oportunidade para abrir esta clínica. Temos muitos cães e achávamos que as clínicas de Macau, nessa altura, não eram muito profissionais, sobretudo os veterinários, que não eram devidamente qualificados. Queríamos começar uma clínica com bons veterinários e bons equi-pamentos”, conta ao HM.

Contudo, Joel não tem qual-quer formação na área, tendo-se formado em Design de Moda. Para abrir a clínica, bastou tratar das formalidades junto da Direcção dos Serviços de Economia (DSE). Os seus companheiros de negócio também não são formados em medicina veterinária.

ANIMAIS VETERINÁRIOS SEM LICENÇA. CLÍNICAS E PET-SHOPS SEM REGRAS ADEQUADAS

LIBERDADE PARA CUIDARPara abrir uma clínica veterinária em Macau não é necessário ter uma licenciaturaou experiência profissional na área. Os pedidos são feitos junto da Direcção dos Serviços de Economia, como se de uma simples loja se tratasse, e os veterináriossão contratados pelos proprietários. Quanto às lojas, são reguladas pelo IACM,mas profissionais do sector pedem regras mais apertadas

HM que todos os profissionais que trabalham no Charming Pet Hospital têm qualidade, a verdade é que não existe qualquer tipo de licenciamento para os espaços nem existe um sistema de acreditação para estes profissionais. O Governo nada sabe sobre as qualificações

dos veterinários. “Não temos de declarar absolutamente nada”, admitiu ainda Joel.

Também Henrique Galvão, médico veterinário na clínica Green Cross, fala do “caos” que existe no sector. “Há pessoas que não têm nada a ver com a área, como advoga-

dos, que abrem clínicas de animais e depois contratam veterinários para lá trabalhar. Este é um exemplo do caos que há em Macau em relação aos serviços médicos veterinários”, explicou o profissional.

“A pessoa que contrata o ve-terinário é alguém que não sabe

absolutamente nada de medicina veterinária, são eles próprios que fazem a selecção dos profissionais. Como é que um advogado ou eco-nomista pode avaliar a capacidade de um veterinário? Era como se eu abrisse um hospital para seres humanos e contratasse os médicos. É ridículo”, disse ainda.

ACIDENTES ACONTECEMA falta de regulamentação nestes casos já chamou a atenção da So-ciedade Protectora dos Animais - ANIMA que, no arranque da discussão sobre a proposta de Lei de Protecção dos Animais, chegou a enviar uma carta à Assembleia Legislativa (AL) a pedir mais regras para clínicas, lojas e hospi-tais. A legislação, já aprovada na generalidade, nada diz sobre uma futura regulação.

“Macau precisa de um quadro legislativo integrado no que respeita a animais, pois não há regulamentação de veterinários, de lojas de animais, de clínicas, de criadores de animais”, escreveu Albano Martins, presidente da ANIMA, na altura.

Ip U Hang, que, tem em Macau e na Taipa, a Macau Animal Clinic, também considera que o actual sistema “não é perfeito”. Recebe o HM no primeiro andar de um prédio na avenida da Praia Grande, onde mantém a funcionar, há cerca de 30 anos, um dos espaços que dirige.

Ao contrário dos proprietários do Charming Pet Hospital, Ip U Hang é, como Galvão, formado em medicina veterinária, curso que tirou no Japão. Já trabalhou em di-versas associações de tratamentos médicos a animais na América e na Austrália, tendo inclusive desem-penhado funções no Canídromo.

Ao HM, relembra que a ausên-cia de regulamentações nem sem-pre existiu. “Há 20 anos ainda havia alguma fiscalização, até sobre as qualificações dos médicos. Tem de perguntar ao Governo porque é que

“Não há qualquer tipo de restrições para abrir uma clínica. Mesmouma pessoa quenão tenha o curso,pode ser veterinárioem Macau”JOEL Co-proprietáriodo Charming Pet Hospital

“Não há qualquer tipo de restrições para abrir uma clínica. Mesmo uma pessoa que não te-nha o curso, pode ser veterinário em Macau, e isso não é bom. Há cinco anos soube de uma pessoa que abriu um espaço e não era veterinário, mas dizia que era. Macau deveria criar algum tipo de restrições para clínicas e hos-pitais, para existir um bom sistema de tratamento para os animais e qualificações para os seus profis-sionais”, acrescentou Joel.

Apesar de Joel garantir ao

“Há pessoas que não têm nada a ver com a área, como advogados, que abrem clínicas de animais e depois contratam veterinários para lá trabalhar. Este é um exemplo do caos que há em Macau em relação aos serviços médicos veterinários”HENRIQUE GALVÃOMédico veterináriona clínica Green Cross

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3 reportagemhoje macau quarta-feira 10.12.2014

S E em Macau existem cerca de dez clínicas ou hospitais para tratamento de animais,

as lojas são em maior número. O li-cenciamento cabe ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), que garante ao HM fazer a devida fiscalização. “O IACM controla o número de animais que cada loja deve ter através de uma inspecção regular no local, feita a todas as lojas. As condições de higiene, o barulho e a segurança do animal são importantes para os nossos padrões de controlo.”

Contudo, as críticas às lojas

A nova Lei de Protecção dos Animais não prevê o licen-

ciamento dos gatos. Contudo, todos os proprietários das lojas contactados pelo HM defendem que essa é uma necessidade. “É melhor ter o licenciamento tam-bém para gatos para além dos cães, para que o Governo também possa compreender melhor a situação em termos de higiene e multi-plicação desses animais. Se não houver um controlo, pode haver mais animais abandonados, o que poderá influenciar a sociedade e o ambiente”, disse Paso Chan, da Love Dog Família, ao HM.

Já a senhora Sou, da Pu-

ppyland, lembrou que “muitas vezes os gatos perdem-se ou são abandonados e não podem ser encontrados, como os cães. Quando o IACM consegue apanhá-los pode descobrir quem são os donos”.

Teresa, da Bambino Dog Town, lembra que, apesar dos gatos serem animais para estarem mais tempo em casa, também saem à rua. “Os gatos precisam de sair, especialmente aqueles que nunca foram castrados. Já houve muitos casos de gatos perdidos ou abandonados, também é preciso ter licença para eles”, defendeu ao HM.

IACM GARANTE CONTROLO DE HIGIENE E ESPAÇOS NOS ESTABELECIMENTOS

Lojas negam promoção de abandono

“As responsabilidades de abandono não devem recair sobre as lojas e se os animaissão abandonados pelos donos isso não tem nada a ver connosco”LOU Loja Saint Louis

deixou de regulamentar e fiscalizar. Qualquer pessoa pode abrir uma clínica de animais”, disse ao HM.

Joel não tem dúvidas: apesar de existirem cerca de dez clínicas ou hospitais em Macau, mesmo com serviços 24 horas e de emergência, os espaços realmente bons são em menor número. “Antes de se dirigirem a uma clínica as pessoas discutem muito online, no Face-book por exemplo”, conta ao HM.

O facto de não haver regras no sector faz com que o tratamento médico a um animal seja, muitas vezes, como jogar na roleta: o dono pode deparar-se com um bom ou mau veterinário.

LEI PRECISA-SE Fátima Galvão, há 12 anos ligada à protecção dos animais, diz conhe-cer imensos casos de negligência. Fala de gatos que, de uma simples infecção nos olhos, passaram a ficar cegos, ou situações de este-rilizações mal feitas que acabam por resultar em tumores.

“As clínicas que conheço têm ve-terinários. Mas há outras que se sabe perfeitamente que são de pessoas que não estão ligadas à área. Têm as clínicas como investimento, outras estão abertas com veterinários que muitas vezes não têm qualquer ex-periência de trabalho com pequenos animais, porque muitos deles tiram os cursos na área de grandes animais. Depois chegam aqui e abrem uma clínica de pequenos animais e os acidentes vão acontecendo uns atrás dos outros. E os donos e animais é que sofrem”, aponta.

Se Fátima Galvão defende que a nova lei deveria abranger as clínicas, Henrique Galvão dis-corda e pede um regime próprio. “A única autoridade que poderia licenciar as clínicas veterinárias, como acontece em todo o mundo, é uma Ordem dos Médicos Veteri-nários. Isso não existe em Macau, portanto ninguém mais poderá opinar sobre isso.”

Johnson Lee, médico veteriná-rio na clínica American Elwood Petshome Animal Medical Cen-ter, na Taipa, defende que “ter um sistema de certificação [dos veterinários] é muito importante”, uma vez que o “maior problema é a certificação desses profissionais e controlar até que ponto são quali-ficados para o trabalho”. Contudo, o facto de muitas clínicas serem operadas por pessoas que não são veterinárias, não constitui um pro-blema de maior para Johnson Lee.

“Se houvesse pelo menos um mé-dico veterinário a coordenar a clínica, seria o ideal. Mesmo que não haja clínicas que não tenham veterinários qualificados, dão alguma formação. Em Macau, pelo que sei, ou mesmo em Hong Kong, as clínicas têm pelo menos um veterinário. Mas penso que não há necessidade de obrigar as clínicas a ter veterinários como proprietários”, concluiu. - com Cecília Lin e Flora Fong

existem. Numa carta enviada à AL pela ANIMA, por exemplo, é referido que muitas vezes os animais são albergados em es-paços pequenos sem as devidas condições.

Também Fátima Galvão, ligada à protecção dos animais, defende mesmo que as “coisas deveriam ser rigorosamente con-troladas”. “De certeza que há lojas em que os animais vêm da China, criados em condições miseráveis. Alguns deles acabam por morrer quando passam a fronteira, ao fim de uns dias”, aponta.

Para além disso, “as lojas deveriam ter registados todos os animais que têm para venda e os animais deveriam ter um chip, para, aquando da venda, se reco-lher a informação dos donos. Era a maneira de se criar um circuito legal”, defende Fátima Galvão.

SER RESPONSÁVELNo caso das lojas contactadas pelo HM, há muito que deixaram de ven-der animais, por considerarem ser uma “grande responsabilidade”. Os proprietários acreditam, contudo, que não devem ser responsabili-zados pelo abandono dos animais.

“As responsabilidades de abandono não devem recair sobre as lojas e se os animais são aban-donados pelos donos isso não tem nada a ver connosco. Também não é razoável recebermos todos os animais abandonados”, explicou a senhora Lou, da loja Saint Louis.

Paso Chan, da Love Dog Fa-mília, considera mesmo que “em Macau há falta de conhecimento em relação à protecção dos animais”. “Será difícil as lojas receberem animais abandonados para os ven-derem novamente. Caso os donos tenham algum problema com os animais de estimação, se não conseguirem cuidar deles, a minha loja muitas vezes ajuda a contactar pessoas que possam adoptar, o que ajuda a diminuir a pressão do IACM e a inevitável eutanásia”, defende.

“Actualmente o Governo já fiscaliza as lojas de animais”, aponta Teresa, da Bambino Dog Town. “O IACM verifica se os produtos estão fora do prazo, quando os animais es-tão doentes e há mesmo veterinários para tratar desses casos. Mas o mais importante acaba sempre por ser a forma como as pessoas pensam, e ensinar-lhes que não devem aban-donar os animais”, concluiu. - A.S.S.

Pelo licenciamento de gatos

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4 POLÍTICA hoje macau quarta-feira 10.12.2014

Há dois anos que a PJ apresentou uma proposta para que o uso de ADN como prova em tribunal possa ser regulamentado. O teste serve enquanto prova nos tribunais do território, mas não existe nenhuma legislação que regulamente esta prática. Algo que agora pode mudar, uma vez que está já a ser criada esta lei. Advogados locais aplaudem a criação do diploma LEONOR SÁ [email protected]

J Á está em processo legisla-tivo um regime que regule o uso das provas de ADN em tribunal. A informação

foi dada ao HM pela Polícia Judi-ciária (PJ), que foi também quem entregou uma proposta nesse sentido. Actualmente, o ADN nos tribunais de Macau pode servir como prova mas apenas se o juiz o aceitar, sendo que não há uma legislação que regule esta questão, mas apenas uma norma.

A PJ disse ao HM que defende a necessidade de existência de um diploma legal relativo ao assunto, até porque, como diz o organis-mo em resposta ao HM, o ADN é “uma referência importante na investigação criminal”. A autori-dade assegurou que não só já foi entregue aos serviços competentes uma proposta para a criação deste regime, como esta está já em pro-cesso legislativo.

“A PJ apresentou uma proposta sobre este tema há dois anos e o respectivo projecto legislativo está em curso”, assegura a PJ ao HM.

ADVOGADOS CONCORDAMHoje em dia esta é uma prova que pode ser usada em tribunal, mas apenas sob decisão do juiz responsável pelo processo. Para advogados locais contactados pelo HM, a ideia de criar uma lei no sentido de tornar as provas de ADN absolutamente aceitáveis, sem que esta decisão esteja sob a descrição de um juiz, é fundamental.

ADN REGIME PARA REGULAR USO EM TRIBUNAL “JÁ ESTÁ EM PROCESSO LEGISLATIVO”

Código de prova a caminho

“A PJ apresentou uma proposta sobre este tema há dois anos e o respectivo projecto legislativo está em curso”

Uma das defensoras desta ideia é a advogada e professora de Direito na Universidade de Macau (UM) Vera Lúcia Raposo. A especialista havia já referido esta necessidade em 2007, quando o Código Penal português ditava as mesmas disposições actualmente praticadas no território. “É preciso que exista uma lei específica que a fundamente [a prova de ADN]”, começa por dizer a advogada ao HM. “[A legislação actualmente em vigor no território] é muito semelhante àquela que existia em Portugal antes de 2007, quando pela primeira vez o Tribunal Cons-titucional se pronunciou sobre a prova de ADN”, lembra Vera Lúcia Raposo, que naquela altura fez par-te de uma comissão que discutiu a necessidade da existência de uma legislação.

Esta deveria, por sua vez, an-teceder a norma que estava já em

vigor e que também se encontra em acção no território e que diz que o arguido de um processo penal pode ser compelido “à realização dos exames decretados”.

No entanto, esta “norma”, como a jurista explica, é que deve suceder à lei e não o contrário.

A jurista não é, contudo, a única voz a defender a necessidade da legislação. É que muitas vezes, nem os próprios advogados sabem quais foram os métodos através dos quais foram recolhidas as amostras, ou nem mesmo o local em que a análise teve lugar.

Pedro Leal explica isso mesmo, ao mesmo tempo concordando com

a criação de um diploma que re-gulamente esta prática. “Concordo com tudo o que seja para melhorar os meios de provas (...) e para minimizar os riscos de uma prova mal feita”, aponta o advogado em declarações ao HM. A fiabilidade das provas é um das questões aqui em causa, explica.

Já o jurista Mário Paz, especia-lizado em Direito Penal, justifica a necessidade de criação deste diploma com a necessidade de clarificar este campo jurídico. “É preciso tornar a situação mais clara porque actualmente, com o recurso que temos a exames de ADN e, através deles, à identificação das

pessoas, penso que isso terá que obrigar necessariamente a uma autorização do próprio [arguido]”, começa por dizer o advogado, há já vários anos em Macau.

Contudo, há situações que devem ser tidas em conta, como defende Mário Paz. A questão da privacidade da pessoa em causa é, para o advogado, um ponto a esclarecer.

“A situação precisa de estar mais bem regulada do que está hoje em dia, consagrando a necessidade expressa de autorização e a explica-ções das situações em que a amostra pode ser recolhida”, continua.

Também para Vera Lúcia Ra-poso existem perigos que a obriga-toriedade destes testes implicam, como o acesso a informações de cariz “extremamente privado” ou “potencial de violação dos Direitos Fundamentais”, explica.

PORQUÊ CRIAR?Num texto de opinião analisado pelo HM sobre o mesmo tema, os técni-cos forenses Wu Kit Ian e Ng Chok Kei, da PJ, explicam a importância da análise de ADN na resolução de um crime e até na eventual conde-nação de um arguido.

“Como a análise do ADN está ligada a várias disciplinas, (...) este tipo de análise torna-se uma das técnicas mais exacta para identificar os indivíduos suspeitos da prática de um crime”, lê-se no artigo dos especialistas.

Actualmente, a PJ já utiliza as provas de ADN na investigação e foi por isso mesmo que a autoridade decidiu entregar uma proposta: por considerar que as provas de ADN são uma referência importante.

A principal justificação de Vera Lúcio Raposo para a criação deste diploma passa pela necessidade de legislar questões como o tipo de crimes aos quais a prova de ADN se adequa, os cuidados a ter em conta, ou o nome das instituições consideradas como aptas para efectuar estas análises.

“É precisar saber se a recolha do ADN serve para todos os crimes ou só para os mais graves. E até mesmo quem é que recolhe o ADN: as polícias, o Instituto de Medicina Legal?”, questionou a jurista.

Outras alíneas são, por exem-plo, questões relacionadas com o tipo de conservação escolhida ou destino das provas.

O HM tentou perceber qual o ponto de situação do processo legislativo através da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça, mas não foi possível obter ainda qualquer esclarecimento do organismo.

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5 políticahoje macau quarta-feira 10.12.2014

Wong Kit Cheng quer melhor gestão de turistasA deputada Wong Kit Cheng fez ontem uma interpelação escrita onde pede que sejam melhor geridos os turistas que chegam a Macau. A deputada quer que estes sejam divididos em várias rotas turísticas, de forma a que, aponta, os visitantes não se reúnam todos na San Ma Lou, onde “é difícil regular a multidão”. Além disso, durante o Grande Prémio e as férias do Dia Nacional e Ano Novo Lunar, as rotas turísticas promovidas pelo Governo também não são suficientes para dispersar os turistas, diz Wong Kit Cheng, que quer que as autoridades expliquem que plano tem o Governo para aumentar a atracção de Macau enquanto ponto de turismo noutras zonas, bem como é que será feita a previsão sobre o número de turistas, o sítio e a hora de ponta destes. A ideia, diz, é aproveitar os dados para que se arranje maneira de dispersar a multidão.

Cheong Kuok Vávai para a reforma

O actual Secretário para a Se-gurança, Cheong Kuok Vá,

vai reformar-se assim que deixar o cargo. Isso mesmo confirmou o dirigente, à margem da come-moração do 15º aniversário da Guarnição em Macau do Exército de Libertação do Povo Chinês ontem. Cheong Kuok Vá disse aos jornalistas que não vai continuar a trabalhar no Governo, depois de ter estado na Função Pública 39 anos. A 20 de Dezembro, altura em que tomam posse os novos cargos, Cheong Kuok Vá sai para “gozar a vida com a família”. O ainda Se-cretário revelou que já tem também planos para uma viagem e que, se no futuro, houver necessidade de fazer voluntariado vai também considerar essa hipótese. Cheong Kuok Vá será substituído por Wong Sio Chak, actual director da Polícia Judiciária. Sobre o colega, Cheong Kuok Vá diz acreditar que tem capacidades de trabalho. “É uma pessoa capaz para este cargo, tem experiência e ainda é novo. Já [trabalho] com ele há anos e con-sidero que é estável no trabalho. É inteligente e bem qualificado”, frisou. O mesmo responsável acrescentou que ainda há espaço para melhorar na relação entre polícia e cidadãos. - C.L.

FLORA [email protected]

D UAS associações mos-traram-se descontentes com o facto de as cons-trutoras encarregues de

obras públicas poderem acumular despesas sem serem penalizadas. Ao Jornal do Cidadão, ambas criticam também os atrasos sem, da mesma forma, qualquer pe-nalidade.

O presidente da Associação dos Consumidores das Com-panhias de Utilidade Pública de Macau, Cheang Chong Fai, considera, por exemplo, que o orçamento avançado inicialmente para as obras públicas no território é sempre demasiado baixo, dando azo a que as empresas consigam, de forma fácil, acrescentar mais e mais despesas no decorrer das obras.

Também Tong Noi Tong, comentador e membro da As-sociação de Pequenas e Médias Empresas de Macau, referiu que, como não existe pressão ou pe-nalidade para os construtores, as obras acabam por se prolongar e com isso os construtores ganham mais dinheiro.

SEM CONTROLOO problema principal, dizem am-bos os responsáveis, é o facto de o Governo não ter regulada esta situação. “Actualmente, os con-tratos de concessão do Governo não contêm qualquer penalidade.

A Administração Pública vai contar com mais 2224 funcionários no próximo ano, de acordo com o que foi ontem

foi revelado pelo presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa. O nú-mero aumenta, assim, para 35015 funcionários ao serviço do Governo.

Segundo a Rádio Macau, os deputados da Comissão encarregue de analisar a proposta de Lei do Orçamento para o próximo ano as-sinaram ontem o parecer que vai permitir ao documento subir a plenário para apreciação e votação.

A lei prevê que, devido às novas contrata-

FUNÇÃO PÚBLICA MAIS 2224 FUNCIONÁRIOS EM 2015

Máquina sempre a crescer

A ausência de uma lei que permita multar os construtores que constantementeatrasam e aumentam os valores de obras públicas não agrada a duas associações civis, que pedem que o novo Governo se debruce sobre a questão

OBRAS PÚBLICAS CRÍTICAS À AUSÊNCIA DE MULTAS PARA EXCESSO DE DESPESAS E ATRASOS

À vontade dos construtores

“Actualmente, os contratos de concessãodo Governo não contêm qualquer penalidade. Para uma obra de mil milhões, uma multade um milhão não é nada”TONG NOI TONG

Para uma obra de mil milhões, uma multa de um milhão não é nada. Não haver punição impul-siona a prorrogação e excesso de despesas nas obras públicas”, argumentou Tong Noi Tong.

Já Cheong Chong Fai sugere que a nova equipa do Governo se debruce sobre esta questão

juridicamente, para que se possam resolver este tipo de problemas. Caso contrário, na opinião do res-ponsável, nunca haverá controlo no excesso de despesas e atrasos, tendo em conta a inexistência de uma lei .

Nos últimos anos, não é raro o problema dos atrasos e derra-

pagens orçamentais das obras públicas. Exemplos disso são as obras do terminal marítimo de passageiros da Taipa, do metro li-geiro e das habitações públicas. As duas associações apresentaram, por isso, o seu descontentamento criticando estes atrasos e a falta de penalidades como punição.

“O mais importante é assumir o resultado do excesso de des-pesas, incluindo os construtores e oficiais públicos que dão a autorização para as obras. Caso não assumam esse resultado, o orçamento de Macau poderá ter um grande risco”, rematou ainda Tong Noi Tong.

ções, só em actualizações salariais na Função Pública vão ser gastos quase três mil milhões de patacas, mais 18,5% do que este ano.

O aumento do número de funcionários é anunciado depois do Chefe do Executivo, Chui Sai On, ter defendido como prioridade “a simplificação na estrutura administrativa”, relembra ainda a rádio.

O GOVERNO DECIDENa última semana, no plenário em que foi aprovado o Relatório sobre a Execução do Orçamento de 2013, houve deputados que pediram que a contratação de pessoal para a

Administração passe pela aprovação da AL, mas enquanto não houver a Lei de Enquadra-mento Orçamental, o Governo é que decide.

“Se a lei, neste momento, não nos atribui essa competência, o Governo pode, ainda, decidir por si se há necessidade ou não de recrutar pessoal”, explica o presidente da Comissão, Chan Chak Mo.

Ainda assim, salienta ainda a rádio, Chan Chak Mo disse esperar que as reestruturações já anunciadas para o Instituto de Desporto, Instituto Cultural e Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais não resultem “num empo-lamento de pessoal da máquina administrativa”.

Sabe-se para já que 170 novos funcionários vão para o Instituto Cultural.

O orçamento para o próximo ano prevê receitas globais de 154 mil milhões de patacas. Descontadas as despesas, o saldo deverá ser de 71 mil milhões.

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6 política hoje macau quarta-feira 10.12.2014

A oferta de electricidade na zona norte não chega para as necessidades, segundo o deputado Chan Meng Kam

FLORA [email protected]

O deputado Chan Meng Kam considera ne-cessária a cons-

trução de mais estações de electricidade nos bairros an-tigos. Numa interpelação es-crita ao Governo, o deputado aponta que a necessidade de consumo de electricidade

CECÍLIA L [email protected]

A proposta de lei que regulamenta as profissões da cons-

trução civil e urbanismo deverá ser aprovada ainda no mandato do actual Go-verno. Isso mesmo disse Kwan Tsui Hang, durante a reunião de ontem da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), que discute o regime na especialidade.

Aos jornalistas, a pre-sidente da Comissão anun-ciou que o Executivo elimi-nou, na sua versão final da proposta, os regulamentos referentes a questões mo-rais, deixando a promessa de que seria criada uma norma para regular este assunto.

Kwan deixou ainda claro que o Governo remo-veu a cláusula que proíbe as relações familiares ou de subordinação entre os funcionários supervisores e orientadores. Esta será,

C HOI Kam Fu, secre-tário-geral da Asso-

ciação de Empregados das Empresas de Jogo de Macau, disse ao Jornal do Cidadão que o novo Regime de Reparação dos Danos Emergentes de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais deve abranger também as doenças provocadas pelo fumo passivo.

A associação, ligada à Federação das Asso-ciações dos Operários de Macau (FAOM), critica o facto da proposta de lei, aprovada na generalidade no hemiciclo a semana passada, não abranger as doenças que possam ocorrer aos trabalhadores do Jogo que respirem o fumo diariamente. Cham Koi Fu lembra que muitos funcionários viram a sua saúde piorar depois de terem iniciado o trabalho nos casinos, tendo já sido

REGIME DE ACREDITAÇÃO PROPOSTA DE LEI DEVE SER APROVADA ANTES DE 20 DE DEZEMBRO

Todos juntos pela causa

ELECTRICIDADE NÚMERO DE POSTOS NOS BAIRROS ANTIGOS EM QUESTÃO

PME quase às escuras Trabalho Regime de doenças “deve abranger doenças por fumo passivo”

tem aumentado e que existe pressão na oferta, sobretu-do, diz, para as pequenas e médias empresas (PME) dos bairros antigos. Chan Meng Kam assegura ainda estar preocupado com o facto de não haver mais sub-estações eléctricas na zona norte e aponta ao dedo ao Governo por considerar que a oferta de electricidade ser “insuficiente”.

Numa interpelação es-crita, Chan Meng Kam cita responsáveis de PME referindo que, quando abrem um negócio ou pedem para alargar a capacidade de amperímetro ao Governo, conseguem sempre apenas metade – “ou ainda me-nos” – do pedido realmente feito. Mas, aponta, este não é o único problema: Chan Meng Kam diz que o pro-cesso de aprovação demora muito tempo, especialmente quando envolve obras de escavação nas estradas, o que “dificulta o negócio das empresas”.

ONDE E PARA QUANDO?O deputado quer, então, saber se o Governo vai reservar espaço suficiente para que se construam mais postos de electricidade, com especial enfoque nos bairros antigos. Chan Meng Kam pergunta ainda

quais as medidas que o Executivo tem preparadas para resolver problema de não haver espaço para a construção de instalações deste tipo nos bairros an-tigos, devido à quantidade de edifícios.

Chan Meng Kam re-lembra, na interpelação entregue ao Governo, que já há um plano para que sejam construídas mais três sub--estações de electricidade e questiona se uma dessas poderá estar em funciona-mento ainda este ano, tal como previu o Executivo, na Ilha Verde. Mais ainda o deputado quer saber qual o calendário para a construção das outras.

Sobre o tempo que demo-ra o processo de aprovação de alargamento de mais capacidade eléctrica nas PME, Chan questiona o Governo sobre se é possível minimizá-lo.

diagnosticados com doen-ças crónicas, ligadas ao sis-tema respiratório. Por isso, Cham Kam Fu defende que essas doenças também de-vem estar abrangidas pelo novo regime de seguros a ser aplicado no sector privado.

Cham Kam Fu defende ainda que o novo Secre-tário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, não deve esquecer a ilegalidade ocorrida no casino City of Dreams em relação às novas zonas de fumo. “O Executivo nunca publicitou a situação da proibição do tabaco nos casinos e as operadoras também não concordam com as medidas do Go-verno. Sugiro que o Go-verno reveja as leis, para que os equipamentos de monitorização possam dar provas de acusação para o Executivo”, disse ao Jornal do Cidadão.

de acordo com o Governo, uma alínea integrada na alteração do Regulamen-to Geral de Construção Urbana. Algo que os de-putados não querem que fique de fora.

“Realmente devia haver um sistema que prevenisse certas situações: se eu realizasse um projecto do Governo e fosse engenhei-ro orientador e um familiar da minha mãe fosse super-visionar ao meu trabalho, deveria ter um sistema de evasão”, explicou Kwan. De acordo com a presiden-

te, a antiga versão continha esta premissa, tendo agora sido eliminada.

A presidente prometeu ainda que este grupo vai cooperar com o Executivo para assinar a nova versão da proposta do Regime Jurídico de Acreditação, Registo, Inscrição e Qua-lificação para o Exercício de Funções Profissionais nos Domínios da Constru-ção Civil e do Urbanismo o mais cedo possível, de forma a que esta possa subir ao hemiciclo antes de 20 de Dezembro.

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hoje macau quarta-feira 10.12.2014 7SOCIEDADEFIL IPA ARAÚ[email protected]

“D E uma forma geral, há um respeito pelo direitos que são esti-pulados pela Decla-

ração [dos Direitos Humanos], mas se analisarmos no nosso dia-a-dia, de quem vive em Macau, vemos que o documento não está a ser respeitado”. É assim que começa a análise da académica Teresa Vong, quando questionada sobre o cumprimento de Macau da Decla-ração dos Direitos Humanos, que celebra hoje o seu 66º aniversário. O HM ouviu ainda outras vozes, que partilham da mesma opinião.

Para Teresa Vong, professora de Sociologia da Educação, uma análise mais profunda faz-nos per-ceber que nem sempre os direitos estipulados pela Declaração estão a ser respeitados no território. “Es-tamos a falar nas mais pequenas e simples coisas”, avança. “Quando falamos de segurança e educação e outras áreas, de uma forma geral, o Governo cumpre o que lhe é exi-gido. Mas, por exemplo, na área da educação, considero que, de forma geral, os vários níveis de ensino estão garantidos, mas quando pensamos na qualidade? Não basta ter acesso livre à educação é preciso garantir que esta seja de qualidade”, defende.

Outro dos exemplos avançados pela académica foram os regulamen-tos das escolas de Macau. “Algumas escolas – os seus regulamentos – obrigam a que os alunos tenham determinada cor de cabelo”, garante a académica, interrogando “não será isto tirar o direito a alguém de esco-lher a sua própria cor de cabelo?”. Também a proibição do uso dos telemóveis - “não justificada” - foi um dos exemplos defendidos pela docente. “São nestas pequenas coi-sas que verificamos que afinal não somos tão livres como pensávamos que seriamos”, remata.

MAIS PONTOS FRACOSEm concordância com Teresa Vong, está o activista Jason Chao, que muita tinta tem feito correr quando o assunto são os direitos da população. Para Jason Chao “ape-sar de Governo respeitar de forma geral o estipulado pela Declaração, existem algumas lacunas”.

O activista avalia o trabalho do Executivo no sector da habitação e da segurança como bom, mas há muito a fazer quando se toca aos direitos políticos e liberdade de expressão. “Nestes pontos Macau está muito aquém do que seria esperado”, defende Jason Chao, que diz que é ainda necessário analisar a própria sociedade e se esta também respeita os direitos presentes na Declaração.

“Na minha opinião é preciso sensibilizar mais a população para o respeito da comunidade Lésbica, Gay, Bissexual e Transgéneros (LBGT)”. Também no que toca à

LEIS COMO SOLUÇÃO Para Sten Idris Verhoeven, académico da Universidade de Macau especialista na área do Direitos Humanos, a situação na RAEM não está mal. “De uma forma geral os direitos humanos em Macau são claramente respeitados”, diz ao HM. Apesar de algumas falhas que necessitam de aperfeiçoamento, explica Verhoeven, a situação do cumprimento dos direitos humanos não é “de todo problemática”. Para melhorar, o académico acredita que “apostar na legislação para garantir os direitos humanos” poderia ser uma opção. “Ainda há algum trabalho a fazer, apostar numa melhor legislação seria uma boa solução”, rematou.

“Existem pessoas que vivem em espaços que nem sequer janelas têm. Vivem em más condições. Isto não é certo. Não é respeitar os direitos humanos”PAUL PUN Presidente da Cáritas de Macau

Celebra-se hoje o 66º aniversário da Declaração dos Direitos Humanos. Macau ratificou a Convenção a ela subjacente e o balanço é claro: no geral os direitossão respeitados, mas ainda há aspectos que não estão de acordo com a carta

DIREITOS HUMANOS CONVENÇÃO RESPEITADA MAS COM FALHAS, APONTAM ESPECIALISTAS

Liberdades disfarçadas

violência doméstica, Jason Chao defende que deve existir um maior empenho do Governo relativamen-te à legislação, mas a sociedade de Macau também precisa de respeitar os direitos de cada um, relembra.

TNR ESQUECIDOSPara Teresa Vong, o sufrágio univer-sal foi a “violação” mais flagrante. “Não existir sufrágio universal é um dos direitos que não é cumprido. A população tem o direito de escolher os seus representantes, mas a lei de Macau não permite que tal aconte-ça, logo não está de acordo com a Declaração dos Direitos Humanos”, defendeu a docente.

Recorde-se que este foi um dos pontos apresentados pela Organi-zação Mundial das Nações Unidas (ONU), aquando da avaliação de Macau no ano passado. A orga-

nização dizia ainda que a RAEM continua a discriminar deficientes, gays e trabalhadores não-residentes.

Durante a sua análise, Paul Pun, presidente da Cáritas de Macau, defendeu isso mesmo. Os baixos salários de muitos destes TNR, aponta, mostram que há “falhas no cumprimento da Declaração”. Paul Pun acredita que, para haver respeito pelos direitos humanos, o Executivo e a própria sociedade não devem apenas olhar para os locais mais sim para todos, sejam ou não residentes.

“Quando analisamos os direitos dos locais” existem vários pontos que são respeitados, começa por dizer. “Acredito que o Governo tenta seguir a Declaração. Tenta. Exemplo disso é o acesso à edu-cação dos jovens”, começa por de-fender. Relativamente à liberdade

de expressão, Paul Pun acredita que, apesar de haver necessidade de alterar e apostar neste tipo de liberdade, “as pessoas em Macau podem dizer o que pensam, assim como podem criticar o Governo”, pelo que o responsável considera que existe liberdade de expressão.

Mas, há linhas incompletas que, na visão do presidente, referem-se, por exemplo, ao tempo indeter-minado de espera da habitação social. Para Paul Pun a habitação, e acomodação é “também um direito fundamental” e, nesse aspecto, “o Governo tem que melhorar”.

“Existem pessoas que vivem em espaços que nem sequer janelas têm. Vivem em más condições. Isto não é certo. Não é respeitar os direitos humanos”, defende. “Ape-sar de ter melhorado as condições, Macau ainda não atinge o que se pretende, o melhor para todos.”

Hoje, assinala-se o dia da adop-ção da Declaração Universal dos Di-reitos Humanos, que foi adoptada em 1948. Macau assinou a Convenção em 1992. O ano passado, depois de uma avaliação da ONU que sugeria a criação de um órgão fiscalizador

independente no âmbito dos direi-tos humanos, o Governo recusou as recomendações da organização internacional neste sentido, por con-siderar “não haver tal necessidade”, uma vez que Macau “goza de poder judicial independente”.

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HOJE

MAC

AU

8 sociedade hoje macau quarta-feira 10.12.2014

FIL IPA ARAÚ[email protected]

FLORA FONG [email protected]

A LBERT Cheong, pre-sidente da Associação de Promoção dos Di-reitos aos Portadores

de Deficiência Visual, vai ter um frente-a-frente, em 2016, com o Comité Dos Direitos Das Pessoas Com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU), quando se faz a avaliação do trabalho de Macau para com os portadores de deficiência e da aplicação da Convenção dos Direitos dos Por-tadores de Deficiência no território. Cheong avançou ao HM que foi convidado para estar presente.

“Depois das últimas conferên-cias em que estive presente no mês passado, uma em Macau e outra em Hong Kong, a presidente da Worl Blind Union, Penny Hartin, convidou-me para estar presente e discursar na avaliação do Comité, que decorrerá em 2016”, explicou Albert Cheong ao HM. O convite surge, segundo Albert Cheong, depois da própria presidente da organização mundial “ter visto e percebido com os seus próprios olhos o que se passa em Macau”.

Para além de entusiasmado com a oportunidade, o presidente vê o

O S Serviços Meteoro-lógicos e Geofísicos

(SMG) vão gastar mais de três milhões de patacas na construção de estações meteorológicas que serão construídas em ilhas do es-tuário do Rio das Pérolas, desconhecendo-se ainda se serão três ou quatro.

O custo, explicou ontem o

director dos SMG, Fong Soi Kun, teve como base a esti-mativa de um milhão por cada uma das estações previstas. A primeira de todas deverá estar concluída até final de 2016.

De acordo com notícia da Rádio Macau, as estações estão a ser instaladas por uma empresa que foi seleccionada através de concurso público,

devendo permitir aos SMG fa-zer uma previsão do estado do tempo mais rigorosa, princi-palmente em dias de tufão. Os SMG aproveitaram ainda para recordar a construção da rede de observação meteorológica ao longo do Rio das Pérolas e a instalação, em 2011, de uma estação de radar junto ao aeroporto de Zhuhai, com

quem Macau volta a cooperar para celebrar a passagem dos 15 anos da transição.

Será ainda criado um we-bsite destinado à população, que contém a informação meteorológicas do território e de Zhuhai, de modo a dar a conhecer o estado do tempo aos turistas e residentes de ambos os locais.

INVISUAIS ASSOCIAÇÃO NA ONU PARA FALAR SOBRE CONVENÇÃO DO SECTOR

“Direi tudo o que está errado em Macau”

“Vou dizer o que realmente se passa e que nunca é dito”ALBERT CHEONG Presidenteda Associação de Promoçãodos Direitos aos Portadoresde Deficiência Visual

Daqui a dois anos, a Associação de Promoção dos Direitos dos Portadores de Deficiência Visual desloca-se à sede da ONU para fazer uma avaliação de Macau e da aplicação da Convenção dos Portadores de Deficiência no território. O presidente do grupo explica que é preciso contar toda a verdade e aponta ainda que as leis e números do Governo face à quantidade de pessoas invisuais estão errados

momento como uma boa forma de mudar o que está errado. “Durante o pouco período que poderei ter voz para com a ONU direi tudo o que efectivamente está errado em Macau”, garantiu, sublinhando que não irá mentir “nem exagerar”. “Vou dizer o que realmente se passa e que nunca é dito”.

Recorde-se que as organizações não-governamentais têm, geral-mente, apenas três minutos para fazer o balanço da aplicação das Convenções frente à ONU.

ESPERAR QUE MUDEFoi a 31 de Agosto de 2008 que a Convenção dos Direitos dos Portadores de Deficiência entrou em vigor em Macau. Na altura, o Governo assumiu que, através da legislação, elaboração e implemen-tação de políticas iria assegurar “iguais oportunidades em todos os aspectos da vida” para os por-tadores de deficiência. Foi devido à Convenção que foram criados o Sistema de Classificação da Deficiência - os critérios de classi-ficação dos graus de deficiência e a avaliação das deficiências -, assim como o sistema de registo central que pretende recolher dados de todas as pessoas com deficiência que vivem em Macau.

Este trabalho não tem sido su-ficiente, na perspectiva de Albert

Cheong. “Há muita coisa que está errado no que respeita aos portado-res de deficiência visual em Macau, muita coisa”, reforçou.

O Comité, composto por 18 membros independentes e elei-tos pelos Estados membros da Convenção, tem a seu cargo a avaliação dos relatórios redigidos pelos estados membros, que apre-sentam as medidas avançadas para fazer cumprir as disposições da Convenção. Este relatório é apre-sentado de quatro em quatro anos, tendo sido a primeira avaliação a Macau em 2012. No relatório da ONU, era referido, por exem-plo, que os deficientes ainda são

discriminados em Macau. Ainda assim, Cheong não se apresenta muito crente nos relatórios da organização.

“O Governo tem de nos ouvir e mudar o que está errado”, subli-nhou Albert Cheong, adiantando que os relatórios devem sempre corresponder à realidade.

CONTAS MAL FEITASRecentemente, o Instituto de Acção Social (IAS) anunciou que havia cerca de 700 deficientes visuais em Macau, mas Albert Cheong diz que este valor não é real, pois a definição de deficiência visual do Governo é diferente das outras regiões. O presidente explica ainda que, em Macau, só são considera-dos portadores de deficiência vi-sual aqueles que têm capacidade de visão inferior ao nível 0,2, quando uma visão correcta é de 1,0. Albert Cheong, também ele portador da mesma incapacidade, indicou ainda que na lista de classificação não estão incluídos os portadores de visão estreita ou monocular.

“Como no meu caso, tenho ambliopia. No estrangeiro, sou classificado como cego. No en-tanto, as leis de Macau não regu-lamentam isso, ou seja, quem tiver ambliopia, pode até fazer exame de condução,” disse Albert Cheong ao All About Macau.

SMG Mais de três milhões em estações meteorológicas

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9 sociedadehoje macau quarta-feira 10.12.2014

FLORA [email protected]

P ASSARAM três meses des-de a última manifestação dos trabalhadores do sector do Jogo, com os mais recentes

protestos a aparentar terem perdido a força. Este período de calmaria irá continuar por algum tempo, ainda que os responsáveis pela organização das manifestações que invadiram as ruas do território afirmem que as reivindicações feitas ainda não foram satisfeitas.

A questão coloca-se depois de milhares terem ido para as ruas: terão os funcionários do Jogo entrado em estado de satisfação relativamente às condições? Ou terão mais planos para novas manifestações? Como respos-ta, Lei Kuok Keong, vice-presidente do grupo Forefront of the Macau Gaming, uma das organizadoras e apoiantes dos funcionários do jogo e dos vários protestos, referiu ao HM que, tanto o grupo como os trabalha-dores precisam de “esperar e analisar de forma tranquila” toda a situação.

CECÍLIA L [email protected]

W ONG Wan assegurou ontem que já estão 66 novos táxis pre-

tos a circular nas estradas de Macau em substituição dos táxis amarelos. De acordo com o director da Direcção dos Serviços para os Assuntos de

SALAS VIP QUEDA TRAZ DESEMPREGO

A queda nas receitas do Jogo está a assustar os trabalhadores que andaram na rua a manifestar-se. As operadoras ainda não satisfizeram os pedidos dos funcionários, mas estes não têm agendadas manifestações por medo que haja cortes com a desculpa da queda das receitas. Agora, dizem, é esperar para ver

JOGO EXIGÊNCIAS POR SATISFAZER. MANIFESTAÇÕES FORA DA AGENDA

Tempo de calmaria

TÁXIS EMITIDAS 66 NOVAS LICENÇAS. DSAT ESTUDA AUMENTO DE VEÍCULOS

Um lugar “especial” chamado Macau

CORREIOS E DSAT COOPERAM

Tráfego (DSAT), estes são já parte das 200 novas licenças que o Chefe do Executivo prometeu que iria atribuir ainda este ano.

À margem de uma cerimó-nia de celebração de um acordo entre a DSAT e os Correios, Wong Wan referiu que há mais 50 veículos à espera da fase de testes e afirmou acreditar que

no final do ano haja “cem novos táxis a circular nas ruas”.

Wong Wan admite que os táxis que existem actualmente ainda não satisfazem as neces-sidades – principalmente depois de ter sido cancelada a licença dos rádio-táxis amarelos da Vang Iek -, mas assegura que a DSAT está a estudar uma forma de aumentar a oferta de veícu-

los. Wong Wan só não consegue dar um número para já.

“Estamos a fazer uma aná-lise geral, andamos a aprender as experiências das outras regiões”, frisou, referindo-se à visita que o Governo fez a Singapura para recolher ex-periências sobre os transportes públicos. A visita ajudou, mas não parece ter ajudado muito.

“A situação de Macau é especial, o número de turistas já é quase 50 vezes superior ao da população de Macau.”

Questionado sobre se vai lançar mais licenças novas para táxis, Wong Wan disse que sim, mas avança que o número ainda precisa de uma consideração geral do Governo.

A DSAT assinou ontem um acordo de cooperação com os Correios para criar um serviço de notificação electrónica, permitindo aos utentes receberem as informações de tráfego da DSAT. A primeira fase começa a partir de 1 de Janeiro de 2015 e vai permitir à DSAT enviar notificações aos requerentes, através do serviço

electrónico postal dos Correios, e autoriza a DSAT a utilizar o endereço e telefone registados pelos requerentes aquando da subscrição na caixa postal electrónica, assim como a conta da caixa postal electrónica segura activada, para contacto posterior. O serviço de notificação electrónica é gratuito.

À ESPERADO GOVERNOLei Kuok Keong disse ao HM que a Forefront of The Macau Gaming já marcou um encontro com o novo Governo. No entanto, como é ainda possível a alteração do oficial da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) ou dos Serviços de Saúde (SS), é necessário marcar novamente um encontro assim que a nova equipa do Executivo esteja totalmente decidida.

“As operadoras publicaram um anúncio de aumento de salário ou bónus para o fim de Dezembro ou início de Janeiro, mas até ao mo-

mento, nenhum trabalhador recebeu qualquer aviso de aumento de salário ou regalia”, esclareceu, contudo, o vice-presidente ao HM, acrescentan-

do que o mais importante é perceber se a contínua queda nas receitas do Jogo vem prejudicar as lutas dos trabalhadores. “O grupo ajustou a

estratégica de reivindicações. Assim damos mais tempo para observar tranquilamente a situação”, explicou.

DESCULPAS ESFARRAPADAS?Com a queda das receitas do Jogo, o vice-presidente aponta que todos estão preocupados quanto à organi-zação de novo um protesto, pois as operadores de Jogo poderão levar a cabo uma retaliação utilizando a justificação das quebras.

“Como as receitas não estão bem, as operadoras podem dizer que precisam de diminuir o número de trabalhadores, ou até os salários, e por poderem usar a queda como desculpa, os trabalhadores estão preocupados. Por isso, não vamos organizar qualquer protesto neste momento, vamos dar tempo para que as operadoras possam ajustar o seu próprio negócio”, avançou.

Lei Kuok Keong prevê que a queda das receitas irá manter-se neste registo até Junho do próximo ano, altura em que serão inaugurados os novos casinos e hotéis. No entanto, diz o vice-presidente, embora o cofre do Governo seja menor, o índice salarial dos funcionários públicos vai aumentar no próximo ano. Lei Kuok Keong considera, por isso, que há a possibilidade de conflitos, caso haja aumentos dos funcionários públicos e os salários dos trabalhadores se mantenham iguais.

“O dinheiro do Governo será menor e, por isso, as operadoras de Jogo podem alegar que, como as receitas são menores, pretendem suspender o aumento do salários. Mas por outro lado, os funcionários públicos vão receber um aumento, logo é uma contradição e poderá causar um conflito. Tudo isto de-pende da sinceridade do Governo e das operadores e na sua capacidade de diminuir a diferença salarial entre os funcionários”, rematou.

Foram as salas VIP que não pertencem aos casinos as primeiras a sentir a contínua queda nas receitas do Jogo. Segundo Lei Kuok Keong, muitas destas salas já foram fechadas ou o número de funcionários reduzidos. “Acho que a DICJ e a

Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) têm dados que mostram que muitas salas VIP já foram fechadas. Passando Dezembro, posso dizer com certeza que a taxa de desemprego vai aumentar, porque reparei que várias salas VIP já fecharam ou cortaram

no número de funcionários. Estes recursos humanos que agora foram libertados não devem ser absorvidos de forma rápida pelo Governo, portanto, prevejo que, pelo menos, haja 0,2% de aumento da taxa de desemprego neste mês”, defendeu.

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A HISTÓRIA DA INVENÇÃO NA COZINHA • Bee Wilson Há engenho inventivo oculto nas nossas cozinhas que influencia a maneira como cozinhamos e comemos. Este não é um livro sobre a tecnologia da agricultura, nem acerca da tecnologia da cozinha de restaurante. Fala-nos do sustento quotidiano dos lares e dos benefícios (e riscos) que os diferentes utensílios trouxeram ao acto de cozinhar.

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INSURGENTE • Veronica Roth A muito esperada continuação da saga “Divergente” volta a impressionar os fãs, com um enredo pleno de reviravoltas, romance e desilusões amorosas, e uma maravilhosa reflexão sobre a natureza humana.

hoje macau quarta-feira 10.12.2014 11EVENTOSCCM PRODUÇÕES LOCAIS ESTREIAM EM FEVEREIRO

Teatro a abrir o pano

O romance “O Drible”, do brasileiro Sér-

gio Rodrigues, recebeu ontem o Grande Prémio Portugal Telecom 2014, numa cerimónia em que foi também homenageada

A artista plástica Natália Gro- micho inaugura na quarta-

-feira a exposição de pintura “Direitos Humanos” no Centro Cultural da embaixada de Por-tugal em Timor-Leste.

A exposição vai estar pa-tente até ao próximo dia 23 e representa as “atrocidades que o ser humano vai sofrendo em todo o planeta azul, que às vezes não é tão azul assim”, afirmou à agência Lusa a artista.

Para Natália Gromicho, trazer “Direitos Humanos” a Timor-Leste tem um significado “muito especial”.

“É o realizar um sonho antigo e que acompanhei muito. Sei o que aconteceu em Timor”, disse.

Da exposição, apoiada pelo Camões - Instituto da Coopera-ção e da Língua e da embaixada de Portugal, fazem parte obras

LEONOR SÁ [email protected]

O Centro Cultu-ral de Macau (CCM) apre-senta, em Feve-

reiro, espectáculos de quatro produções locais. A série ‘Multiformas’ já aconteceu noutros anos e desta vez traz a palco as peças “Paisagem Perceptual”, “Nãoseionde”, “Ligações Perigosas” e o tea-tro infantil “Lobinho Mau”.

“Nãoseionde” acontece nos dias 6 e 7 de Fevereiro e junta “três corpos sujeitos a diferentes processos de aprendizagem”, sendo in-terpretada pelas bailarinas locais Chan Chi Cheng e Wong Choi Si. A peça está a cargo do coreógrafo de Taiwan Liu Yan Cheng e explora dimensões relativas ao “sentimento de pertença” e de questões identitárias.

“Lobinho Mau” estreia dia 7 e continua no dia seguin-te, dando a possibilidade aos mais novos de se divertirem com a nova peça teatral criada pelo Teatro da Areia Preta. Trata-se de uma peça que junta os três contos clássicos “Os Três Porquinhos”, “O Lobo e os Sete Cabritinhos”

e o “Capuchinho Vermelho”. É através de marionetas e ele-mentos multimédia que esta história ganha vida e espera deliciar os mais novos.

“Paisagem Perceptual” e “Ligações Perigosas”

acontecem no mesmo fim--de-semana, a 13 e 14 de Fevereiro, o primeiro sendo baseado em experiências de luz e teatro. A encenadora Jenny Mok junta-se assim ao designer visual Gabriel

Fung e ao músico Eric Chan para desenvolver um “con-ceito inovador” de teatro experimental.

A peça “Ligações Peri-gosas” retrata um romance que se descreve como um dos mais “escandalosos e controversos” trabalhos da literatura europeia. A peça é construída com base na obra de Pierre Choderlos de Laclos e narra a história da correspondência trocada en-tre as personagens principais. A peça é da autoria de Yves Etienne Sonolet e Thomas Tse e apresenta projecções vi-suais, dança e narra diálogos existentes nas redes sociais.

“Nãoseionde” e “Paisa-gem Perceptual” acontecem às 19h30, “Lobinho Mau”

Crianças e adultos estão convidadas a assistir a quatro novas peças produzidas localmente, que trazem dança, paixões e as mais famosas histórias infantis

está marcado para as 15h00 e 19h30 e, finalmente, “Li-gações Perigosas” tem lugar às 21h00 de dia 13 e 14 de Fevereiro. A entrada para todas as quatro peças fixa-se

nas 120 patacas e os bilhetes estão já disponíveis. A com-pra de três ou mais bilhetes dá direito a um desconto de 15% no preço final, alerta ainda o CCM.

Romance brasileiro vence prémio Portugal Telecom Timor-Leste Natália Gromicho expõe “Direitos Humanos”

a poesia portuguesa, com um prémio para Gastão Cruz. “O Drible”, que além do Grande Prémio foi o eleito na categoria de melhor romance, narra a história de um antigo

jornalista desportivo que, aos 80 anos, já no final da vida, decide reaproximar--se do filho com quem deixara de falar há mais de 20 anos. Pouco a pouco, o velho pai que viveu os anos dourados do futebol brasileiro vai tecendo sua reaproximação com filho, à medida que partilha com ele, durante pescarias de domingo, histórias dos grandes craques brasilei-ros daquele tempo. No seu discurso de agradecimen-to, Sérgio Rodrigues fez um apelo por um ensino público de qualidade no Brasil, salientando que apenas quando o país tiver educação para todos poderá dar um “salto de qualidade”.

como “Faixa de Gaza”, “Nativo”, “Doloroso”, “Dentro”, “Refugia-do”, “Timor-Leste”, “Abraço”, “Tortura”, “Mulher Aniquilada na Índia” e “Alcatraz”.

Durante os dias da exposição, Natália Gromicho vai também pintar ao vivo.

Para 2015, a pintora vai con-tinuar a trabalhar na sua galeria no Chiado, onde expõe artistas internacionais, não tendo ainda previsto qualquer exposição dos seus quadros.

“O que me interessa é conti-nuar em Lisboa com porta aberta e a pintar todos os dias”, sublinhou.

A celebrar 20 anos de carreira no próximo ano, Natália Gromicho estudou pintura na Faculdade de Belas Artes e na Escola ArCo, em Lisboa, e escultura, com o artista cubano Hans Varela.

Natália Gromicho tem a sua obra representada por todo o mundo, nomeadamente em Portugal, Brasil, Espanha, Esta-dos Unidos, Inglaterra, França, Itália, Holanda e Austrália.

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12 publicidade hoje macau quarta-feira 10.12.2014

Request for Proposal – Provision of the “Ground Handling”, “Aircraft Maintenance” and “Cargo & Mail” Subconcession Activities at

Macau International Airport

1. Company: Macau International Airport Company Limited (CAM)2. Method: Open Request for Proposal (RFP)3. Objective: To select ONE operator to provide the “Ground Handling”, “Aircraft Maintenance”

and “Cargo & Mail” Subconcession Activities at Macau International Airport. 4. Validity of the Proponents’ proposals: The validity period of the Proponents’ proposals shall be

270 days counting from the deadline for submission of proposals.5. Minimum qualification: For details, please refer to Page 11 of the Request for Proposal6. Request for Proposal documents:

Request for Proposal Documents and other pertinent information are available on www.macau-airport.com until the deadline for submission of proposal. Please always check the website for additional information, clarifications or modifications of the Request for Proposal documents that may be published from time to time.

7. Location and time for submission of Proponents’ proposals:Macau International Airport Company Limited (CAM)4th Floor, CAM Office Building, Avenida Wai Long, Taipa, Macau S.A.R.Monday to Friday (except public holidays) 9:00a.m-1:00p.m and 2:30p.m to 5:30p.m (Macau Local Time)

8. Deadline for submission of Proponents’ proposals:12:00 noon of 18 March 2015 (Macau Local Time).

9. Proposal evaluation criteria: Company Profile 240 pointsFinancial Proposal and Pro-Forma Statement 200 pointsBusiness Plan 560 points------------------------------------------------------------------------------------------------Total 1,000 points

10. CAM reserves the right to reject any proposal in full or in part without stating any reasons.

AnúncioConcurso Público

« Prestação de Serviços de Inscrição de Actividades de Férias 2015 organizadaspelo Instituto do Desporto e pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude »

Nos termos previstos no artigo 13.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho, e em conformidade com o despacho do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, 25 de Novembro de 2014, o Instituto do Desporto vem proceder, em representação do adjudicante, à abertura do concurso público para a “Prestação de Serviços de Inscrição de Actividades de Férias 2015 organizadas pelo Instituto do Desporto e pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude”.A partir da data da publicação do presente anúncio, os interessados poderão dirigir-se ao balcão de atendimento da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, s/n, Fórum de Macau, Bloco 1, 4.o andar, no horário de expediente, das 9,00 às 13,00 e das 14,30 às 17,30 horas, para consulta do processo do concurso ou para obtenção da cópia do processo, mediante o pagamento da importância de $ 500.00 (quinhentas) patacas ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no Download ficheiro da página electrónica: www.sport.gov.mo.Os interessados deverão comparecer na sede do Instituto do Desporto até à data limite para tomar conhecimento dos eventuais esclarecimentos adicionais.O prazo para a apresentação das propostas termina às 12,00 horas

do dia 7 de Janeiro de 2015, não sendo admitidas propostas fora do prazo. Os concorrentes devem apresentar a sua proposta dentro do prazo estabelecido, na sede do Instituto do Desporto, no endereço acima referido, acompanhada de uma caução provisória no valor de $152,000.00 (Cento e cinquenta e duas mil) patacas. Caso o concorrente optar pela garantia bancária, esta deve ser emitida por um estabelecimento bancário legalmente autorizado a exercer actividade na RAEM e à ordem do Fundo de Desenvolvimento Desportivo ou efectuar um depósito em numerário ou em cheque na mesma quantia, na Divisão Administrativa e Financeira na sede do Instituto do Desporto.O acto público de abertura das propostas do concurso terá lugar no dia 8 de Janeiro de 2015, pelas 9,30 horas, no auditório da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, s/n, Fórum de Macau, Bloco 1, 4.o andar.As propostas são válidas durante 90 dias a contar da data da sua abertura.

Instituto do Desporto, aos 10 de Dezembro de 2014.

O Presidente, José Tavares

Assine-oTELEFONE 28752401 | FAX 28752405

E-MAIL [email protected]

www.hojemacau.com.mo

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13CHINAhoje macau quarta-feira 10.12.2014

PUB

AvisoFaz-se público que se acha aberto o concurso comum, de ingresso externo, de prestação

de provas, para o preenchimento de quatro lugares de técnico-adjunto de radiocomunicações de 2.ª classe, 1.º escalão, da carreira de técnico-adjunto de radiocomunicações, do quadro de pessoal da Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT). Os respectivos detalhes constam do Boletim Ofícial da Região Administrativa Especial de Macau, n.º 50, II série, de 10 de Dezembro de 2014 e estão divulgados nas páginas electrónicas da DSRT (http://www.dsrt.gov.mo) e da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública. Podem também ser obtidos na Divisão Administrativa e Financeira da DSRT sita na Avenida do Infante D. Henrique, n.os 43-53A, The Macau Square, 22.º andar, Macau.

Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações

Gold Fate Companhia Limitadacom sede na Estrada de Nossa Senhora de Ká-Hó, s/nº, Coloane, Macau

registada na CRCBM sob o nº 36733, capital social: MOP$25.000,00

Para os efeitos tidos por convenientes, anuncia-se que, por deliberação da Assembleia Geral extraordinária realizada em 10 de Julho de 2014, foi decidido, por unanimidade dos sócios, dissolver e encerrar a liquidação, a partir da referida data, da sociedade comercial por quotas denominada “Gold Fate Companhia Limitada”, com sede em Macau, na Estrada de Nossa Senhora de Ká-Hó, s/nº, Coloane, registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o nº 36733, com o capital social de MOP$25.000,00, tendo o respectivo registo sido requerido em 17 de Novembro de 2014.

Macau, aos 10 de Dezembro de 2014

Alta velocidade liga Xangai a Cantão A China coloca esta quarta-feira em funcionamento a linha de alta velocidade que vai ligar os principais centros económicos – Xangai, no leste, e Cantão, a sudeste – em seis horas e 51 minutos, quase menos nove horas que o comboio convencional. A abertura da nova linha, cujo tempo de ligação é de sensivelmente o dobro da ligação aérea, integra as novidades das autoridades ferroviárias de Xangai que este mês passam a disponibilizar 32 novas ligações em alta velocidade para cidades do interior do país como Huaihua (província de Hunan), Nanchang (Jiangxi) e Nanning (Guangxi).As novas ligações – incluindo Cantão que dista cerca de 1.200 quilómetros de Xangai - irão partir da estação de Hongqiao, que ‘partilha’ instalações com o aeroporto com o mesmo nome, o segundo da capital económica da China.

Cidade gera energiacom queima de notas de bancoA cidade chinesa de Luoyang, na província central de Henan, obtém energia com a incineração de notas de banco já gastas e fora de circulação, uma nova iniciativa que ajuda a reduzir a poluição, revelou a agência Xinhua. A cidade, próxima do célebre mosteiro de Shaolin, consegue gerar 660 quilowatts por hora de energia por cada tonelada de notas velhas queimadas, uma forma menos poluidora que o carvão, a principal fonte de energia na China. Os promotores da iniciativa esperam estender o novo método a todo o país. De acordo com os peritos, a queima de notas que são retiradas de circulação poderá permitir gerar 1,32 milhões de quilowatts por ano, a mesma energia que se consegue obter na queima de 4.000 toneladas de carvão. As notas antigas ou danificadas são recolhidas pelas sucursais bancárias e enviadas ao Banco Popular da China, a entidade emissora, que depois as entrega a outras empresas para reutilização, geralmente associada à indústria papeleira.

Representante chinêsem Taiwan para reforçar laçosO principal negociador chinês com Taiwan, Chen Deming, chegou ontem a Taipé para uma visita de oito dias com o objectivo de reforçar laços, depois de os resultados das eleições taiwanesas darem uma esmagadora vitória aos independentistas. Chen foi recebido no Aeroporto Internacional de Taoyuan por uma comissão oficial de boas-vindas, mas também por dezenas de activistas críticos da aproximação à China e por 150 polícias. O negociador chinês, presidente da Associação para as Relações entre os Dois Lados do Estreito, terá encontros com o seu homólogo taiwanês, Lin Join-sane, presidente da Fundação para Intercâmbios no Estreito, e visitas oficiais em toda a ilha. Depois da derrota do Partido Kuomintang (KMT) nas eleições locais de 29 de Novembro, em que conseguiu apenas seis dos 22 municípios em disputa, o regime comunista chinês propôs intensificar os seus contactos com diferentes grupos da população e opositores.

S ETE estudantes do académico chinês da minoria uigur Ilham Tohti foram condenados por sepa-ratismo num julgamento secreto,

recebendo penas de prisão entre três e oito anos, informou ontem o advogado.

Os jovens eram alunos do professor de economia, que em Setembro foi con-denado a prisão perpétua por acusações de separatismo.

A condenação dos estudantes foi vista como uma tentativa de Pequim de silen-ciar as críticas às políticas do Governo para a região de Xinjiang, habitada pela

Supremo Tribunal quer acabar com interrogatórios de mais de 12 horas

O Supremo Tribunal Popu-lar da China está a estu-

dar a possibilidade de tornar ilegais os interrogatórios que durem mais de 12 horas, noti-cia hoje o jornal de Hong Kong South China Morning Post.

Estas mudanças regulató-rias, incluídas num projecto de interpretação judicial do tribunal, implicariam a exclu-são de provas obtidas através destes interrogatórios.

Desta forma, o Supremo

Tribunal Popular, a autoridade judicial máxima do país, espe-ra clarificar a regulação sobre as provas obtidas de forma ilegal, proibindo interroga-tórios longos e especificando os procedimentos para excluir essas provas.

Esta norma, que se prevê que comece a ser aplicada antes do final do ano, seria a primeira a catalogar como ilegais as sessões de interrogatórios que durem mais de 12 horas.

O sistema de detenções, que sofreu uma reforma há dois anos depois de críticas da comunidade internacional e de grupos de direitos huma-nos por abuso destas medidas contra dissidentes, já obriga a que todos os interrogatórios sejam gravados, de modo a evitar torturas, e proíbe o uso de provas conseguidas através de “extorsão”.

No entanto, o South China Morning Post afirma serem

raras as ocasiões em que o tribunal recusa provas por estes motivos.

“Fui testemunha de muitos casos em que os tribunais admitiram provas policiais obtidas depois de muitas horas de interrogatório, desde que a polícia preenchesse uma breve declaração dizendo que as suas perguntas não constituíam um interrogatório ilegal”, afirmou ao jornal o advogado Li Xun.

ALUNOS DE ACADÉMICO UIGUR CONDENADOS

O silêncio dos separatistasminoria muçulmana uigur e assolada por violência. O tribunal da capital regional, Urumqi, declarou ontem que os sete estudantes são culpados de activamente ajudarem as “actividades separatistas” de Tohti, explicou o advogado Li Fangping.

“As penas não foram tão severas como esperava”, disse à AFP.

ONDE MORA A CULPA?A China considera que os ataques em Xinjiang, que causaram a morte a cen-tenas de pessoas no último ano, são da responsabilidade de terroristas em busca

de independência da região. No entanto, grupos de defesa dos direitos humanos dizem que a violência é causada pela repressão do Governo sobre a religião e cultura uigur.

Seis dos estudantes condenados são da minoria uigur, enquanto um perten-ce à minoria Yi, indica o jornal oficial Global Times.

Segundo o jornal, os jovens terão ajuda-do a manter o “Uighur Online”, uma página bilingue na Internet lançada por Tohti.

As autoridades descreveram o “Ui-ghur Online” como “uma plataforma para criar conflitos, espalhar o pensamento separatista, incitar ao ódio étnico e pro-mover a independência de Xinjiang”, diz o jornal.

A AFP não conseguiu encontrar nenhum artigo que promovesse a inde-pendência de Xinjiang nas cópias dos arquivos da página, que as autoridades apagaram depois de Tohti ser detido.

Tohti, de 45 anos, disse que a página tinha o objectivo de encorajar o diálogo entre os uigures e a maioria chinesa Han. Apesar de ser um crítico das políticas da China em relação aos uigures, afirmou repetidamente que era contra a indepen-dência da região.

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14 hoje macau quarta-feira 10.12.2014

hARTE

S, L

ETRA

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IDEI

AS

WANG CHONG 王充 OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

Sobre a morte – 17

Antes de ser impregnado, um ovo de galinha não contém na sua casca mais do que uma massa informe; se partirmos a casca, essa massa surge como uma aguadilha. Depois de impregnado o ovo, forma-se o corpo do pinto, que só depois poderá dar patadas e bicadas. Na morte, o homem regressa ao estado de massa informe: como poderiam os fluidos dessa massa informe fazer mal a outrem?Aquilo que faz forte o homem e, como tal, o torna capaz de infligir mal, é o facto de comer e beber: se não consumir alimentação e bebida suficientes não terá o vigor para atacar outros. Doente, já não pode comer nem beber, o seu corpo emagrece e enfraquece e, se tal situação se agrava demasiado, acaba por morrer. Uma pessoa gravemente doente não consegue sequer chamar por socorro se um inimigo a ataca, nem impedir um ladrão de se apoderar dos seus pertences. A morte é o estado extremo do enfraquecimento das forças: como poderia então um defunto causar dano?Quando lhe furtam um frango ou um cão, um homem enraivece-se e, ainda que seja cobarde e pouco robusto, a sua cólera pode ser tal que matará quem o furtou. Durante tumultos e fomes os homens chegam a comer-se uns aos outros. Se aquele que foi devorado fosse dotado de consciência, deveria buscar vingança. De facto, damos mais valor ao nosso próprio corpo do que a um frango ou a um cão e ser morto é mais grave do que se ver espoliado por um ladrão. O facto de aquele que foi devorado não se encolerizar, enquanto que a vítima de um simples furto o faz, prova bem que os mortos não podem fazer mal aos vivos.Antes da sua transformação, a cigarra ainda é uma larva. Depois, separa-se da crisálida e toma a forma de uma cigarra. Poderíamos dizer que os espíritos subtis deixam o corpo do morto à maneira da cigarra que deixa a sua crisálida? Mas a cigarra não pode fazer mal à larva, como poderiam então os espíritos subtis dos mortos fazer mal aos corpos dos vivos?

Tradução de Rui Cascais | Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.

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15 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 10.12.2014

Poderíamos dizer que os espíritos subtis deixam o corpo do morto à maneira da cigarra que deixa a sua crisálida?

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16 DESPORTO hoje macau quarta-feira 10.12.2014

A O Sporting “bas-ta” pontuar esta quarta-feira no terreno do Chel-

sea para se apurar para os oitavos de final da Liga dos Campeões de futebol, na der-radeira partida do Grupo G.

A equipa inglesa, trei-nada por José Mourinho, já garantiu a qualificação e o primeiro lugar do agrupa-mento, cenário que poderá ser vantajoso para os “leões”, na medida em que os “blues” poderão poupar elementos importantes na partida que será dirigida pelo norueguês Svein Oddvar Moen.

Com a continuidade nas competições europeias as-seguradas, o Sporting, que

Platini recusa ter recebido subornos na votação para os MundiaisO presidente da UEFA, Michel Platini, garantiu ontem que não recebeu qualquer tipo de suborno nas votações para a atribuição dos Mundiais de futebol de 2018 à Rússia e de 2022 ao Qatar. “Estou mais do que ‘branco’ [inocente], não recebi nenhum Picasso, nem lingotes, nem petróleo, nem gaz”, referiu o francês, em declarações à rádio francesa Europe 1. O dirigente voltou a afirmar que os rumores lançados sobre ter aceitado subornos para votar nos dois mundiais são falsos e que sempre votou em consciência. “Havia outros interesses [em jogo], muita gente queria que ir para os Estados Unidos [um dos candidatos], eu, volto a dizer, votei sempre por convicção e, se votei para o Qatar e para a Rússia, é porque queria que o futebol fosse para novos territórios”, afirmou.

Man Utd sobe ao terceiro lugar com ‘bis’ de Van PersieO Manchester United subiu segunda-feira ao terceiro lugar da Liga inglesa, ao vencer no terreno do Southampton por 2-1, em partida de encerramento da 15.ª jornada da prova, com um “bis” do holandês Robin van Persie. O internacional português José Fonte, titular pela equipa da casa, “esteve” no primeiro golo dos visitantes, já que foi graças a um atraso defeituoso que o avançado do United abriu o marcador, aos 12 minutos. O italiano Graziano Pellè empatou o encontro aos 31, mas Van Persie “bisou” aos 71, assinando o seu 140.º tento na Liga inglesa, tornando-se no décimo jogador a atingir essa marca e oferecendo a quinta vitória consecutiva à equipa de Louis Van Gaal. A prova é liderada pelo Chelsea, treinado por José Mourinho, com 36 pontos, mais três do que o Manchester City, e com o United a oito de distância, no terceiro posto.

LIGA DOS CAMPEÕES SPORTING A UM PONTO DOS “OITAVOS”

Gestão final

não poderá contar com Nani para a deslocação a Londres, até pode apurar-se com uma derrota, desde que o Schalke 04 não vença na visita ao terreno do Maribor.

SORTES DIFERENTESOs “leões” chegam a este en-contro após um triunfo sobre o Boavista por 3-0, enquanto o Chelsea interrompeu uma série de 23 jogos sem derro-tas, ao perder no terreno do Newcastle (2-1).

Já apurado e com o pri-meiro lugar também assegu-rado no Grupo H, o FC Porto recebe, esta quarta-feira, o Shakhtar Donetsk, também com lugar reservados nos “oitavos”.

O treinador dos “dra-gões”, Julen Lopetegui, pode aproveitar para poupar alguns jogadores tendo em vista o encontro com o Ben-fica, que jogou ontem com o Bayer Leverkusen, já sem hipóteses de deixar o último lugar do Grupo C.

O encontro do Sporting é mesmo o único com “in-teresse” para as equipas portuguesas, uma vez que Rio Ave e Estoril-Praia também vão apenas cumprir calendário na Liga Europa, estando já afastados da ronda seguinte.

Na Liga dos Campeões, além dos três apurados já referidos (FC Porto, Shakhtar e Chelsea), estão na fase seguinte Atlético de Madrid (A), Real Madrid (B), Borús-sia de Dortmund e Arsenal (D), Bayern de Munique (E), Paris Saint-Germain e Barcelona (F).

No Grupo E, no qual im-perou o poderio do Bayern de Munique, vão discutir-se o outro lugar em disputa na quarta-feira, com AS Roma, Manchester City e CSKA Moscovo, todos com cinco pontos, na luta.

ANÚNCIO[N.º 149/2014]

Para os devidos efeitos, vimos por este meio notificar os adquirentes seleccionados da lista com a ordenação dos candidatos abaixos mencionados:

N.º do boletim de candidatura Nome N.º do boletim

de candidatura Nome

81201302484 PAN JIANHUA 81201307491 KU UT LIN

81201314113 CHAN CHI IUN 81201310964 WONG I I

81201312735 HOI HOK MENG 81201307109 TONG KAM IN

81201309719 CHAU MENG U 81201304740 LEONG CHI PAN

81201302780 CHAN CHEONG CHON 81201309105 IP CHIO CHUN

81201306297 CHEANG MIO LENG 81201309734 CHEONG LAI MEI

81201308444 UN KUOK CHIO 81201313315 LAM UT U

81201311586 CHAN WENG PAN 81201307091 NG CHI MAN

81201311094 NG IAN KUAI 81201308515 LEONG WUN CHUN

81201303847 SIN LAI FONG 81201301939 TANG CHAN IENG

81201302573 LEI SOK MAN 81201311362 LO SENG FONG

81201311842 TANG MAN KENG 81201300920 WONG SAO MAN

81201302112 LAM WENG FAI 81201313261 CHAN SAO FONG

81201300203 CHEANG WENG SIO 81201305563 TSUI CHIN KEONG

81201307666 LEE SAI MAN 81201314377 KAM MAN TCHAN ANTONIO

81201302812 LEONG CHI KEONG 81201310965 TENG SUT U

81201313968 LEI WAI IENG 81201300617 LAM KUAI CHAN

81201305150 CHAN UT KEI 81201312870 YUEN KAM SHING

81201309723 PUN POU LENG 81201307641 CHEANG VAI SAM

81201311673 HO PENG SAN 81201304522 CHEANG KAM LUN

De acordo com os termos do artigo 27.º da Lei n.º 10/2011 (Lei da habitação económica), o Instituto de Habitação (IH) informa os adquirentes acima referidos, através de ofícios, para se dirigirem pessoalmente ao IH, sita na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau (perto da Escola Primária Luso-Chinesa do Bairro Norte), no dia 9 de Janeiro de 2015, às horas fixadas nos respectivos ofícios, para escolha das fracções de habitação económica disponíveis de T1 do Edifício Ip Heng. Nesse momento, os adquirentes seleccionados acima mencionados devem apresentar os originais dos bilhetes de identidade de residente dos todos os elementos dos seus agregados familiares constantes nos boletins de candidatura. É necessário assinar os respectivos documentos, pelo que, devem estar presentes os elementos do agregado familiar que pretendem ser outorgantes da fracção de habitação económica, (incluindo o representante do agregado familiar que deve ser um dos outorgantes da fracção de habitação económica).

Na escolha das fracções, o IH verificará, de novo, os dados dos agregados familiares dos adquirentes seleccionados, caso os respectivos dados afectem os requisitos actuais para a compra das fracções ou a composição do agregado familiar, será suspenso imediatamente o procedimento de escolha das fracções.

De acordo com os termos da alínea 4) do artigo 28.º da Lei n.º 10/2011, caso os adquirentes seleccionados não compareçam na escolha das fracções sem motivo justificado, ou, comparecendo, não escolham qualquer fracção disponível, os adquirentes seleccionados serão excluídos do concurso.

No intuito de proporcionar os adquirentes seleccionados para terem mais conhecimentos sobre as informações das fracções de habitação económica disponíveis, o IH juntamente os ofícios enviará em anexo o catálogo com descrições das fracções para venda, tabela dos preços, rácio bonificado e informações sobre o horário de abertura e o local da visita da fracção de modelo. Caso os adquirentes seleccionados não tenham recebidos os ofícios remetidos pelo IH, até 7 dias antes da data fixada, poderão dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane n.º 102, Ilha Verde, Macau) ou consultar através do telefone n.º 2859 4875, durante o horário de expediente.

O Presidente, subst.o,

Ieong Kam Wa3 de Dezembro de 2014

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hoje macau quarta-feira 10.12.2014 (F)UTILIDADES 17

TEMPO CHUVA FRACA MIN 16 MAX 21 HUM 65 -95% • EURO 9 .7 BAHT 0 .2 YUAN 1 .3

ACONTECEU HOJE 10 DE DEZEMBRO

O QUE FAZER ESTA SEMANA?

H O J E H Á F I L M E

João Corvofonte da inveja

Submete-te para que eu te possa servir.

C I N E M ACineteatro

SALA 1EXODUS: GODS AND KINGS [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver14.30, 21.00

EXODUS: GODS AND KINGS [3D] [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver18.00

SALA 2RISE OF THE LEGEND [C](FALADO EM MANDARIM, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Chow Hin Yeung

Com: Sammo Hung, Eddie Peng, Zhang Jin, Angelababy14.15, 21.30

THE THEORY OF EVERYTHING [B]Um filme de: James MarshCom: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Emily Watson, Charlie Cox16.45, 19.15

SALA 3THE BEST OF ME [B]Um filme de: Michael HoffmanCom: Michelle Monaghan, James Marsden, Luke Bracey14.30, 16.45, 19.15, 21.30

EXODUS: GODS AND KINGS

“A DAMA DE FERRO”(PHYLLIDA LLOYD, 2011)

O filme que voltou a consagrar Meryl Streep como uma das grandes actrizes dos nossos tempos é também um bom retrato de outra grande mulher, não do mundo do cinema, mas sim da política. “A Dama de Ferro” traça o retrato de Margaret Tatcher, antiga primeira-ministra do Reino Unido, recentemente falecida. Com um papel preponderante no século XX, destacando-se a Guerra das Malvinas ou a tensão da Guerra Fria, Tatcher ganhou com esta película uma fiel e belíssima biografia no cinema. - Andreia Sofia Silva

Dia Internacional dos Direitos dos Animais e adopção da Declaração Universal dos Direitos Humanos • O Dia Internacional dos Direitos Animais (DIDA) ocorre no dia 10 de Dezembro, desde 1998 e foi criado pela ONG inglesa Uncaged. A data é uma alusão à ratificação, na ONU, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, e visa chamar atenção para a necessidade de inclusão de todos os animais como sujeitos morais, de direito, capazes de sentir e sofrer. Esta posição é defendida com base na teoria dos Direitos Animais.A Declaração Universal dos Direitos dos Animais foi adoptada pela Liga Internacional dos Direitos do Animal em 1977, que a proclamou no ano seguinte. Posteriormente, foi aprovada pela Organização de Nações Unidas (ONU) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO).Já a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que delineia os direitos humanos básicos, foi adoptada pela Organização das Nações Unidas em 10 de Dezembro de 1948 (A/RES/217). Esboçada principalmente por John Peters Humphrey, do Canadá, mas também com a ajuda de várias pessoas de todo o mundo.Abalados pela barbárie recente e com o intuito de construir um mundo sob novos alicerces ideológicos, os dirigentes das nações que emergiram como potências no período pós--guerra, liderados por URSS e Estados Unidos, estabeleceram na Conferência de Yalta, na Ucrânia, em 1945, as bases de uma futura paz, definindo áreas de influência das potências e acertado a criação de uma organização multilateral que promovesse negociações sobre conflitos internacionais, para evitar guerras e promover a paz e a democracia e fortalecer os Direitos Humanos.Embora não seja um documento que representa obrigato-riedade legal, serviu como base para os dois tratados sobre direitos humanos da ONU, de força legal, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais. Continua a ser amplamente citado por académicos, advogados e cortes constitucionais. Especialistas em direito internacional discutem com frequência quais de seus artigos representam o direito internacional usual.

• HojePALESTRA SOBRE CONSCIÊNCIA AMBIENTAL EM MACAU Universidade de São José, 18h00Entrada livre

ABERTURA DO MIPAF (FESTIVAL DE ARTE)Armazém do Boi, 18h30Entrada livre

• AmanhãPALESTRA “A BORDERLESS VILLAGE: BINDING/BOUNDING SPIRITUAL TIES AMONG PHLONG MIGRANTS IN GREATER BANGKOK”, COM INDRĖ BALČAITĖInstituto Ricci, 18h30Entrada livre

ABERTURA DO VAFA (FESTIVAL DE VÍDEO-ARTE)Fundação Oriente, 18h30Entrada livre

• Sexta-feiraEXPOSIÇÃO “113º 55 ‘E 21º 11’ N”, DE SOFIA AREALFundação Oriente, Casa Garden, 18h30Entrada livre

• Sábado VISUALIZAÇÃO DE FILMES DO VAFAFundação Oriente, 19h00Entrada livre

• DomingoVISUALIZAÇÃO DE FILMES DO VAFAFundação Oriente, 19h00Entrada livre

PARADA “DESFILE POR MACAU, CIDADE LATINA”Ruínas de São Paulo, Tap Seac, Bairro de São LázaroEntrada livre

• DiariamenteEXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS” DE VICTOR MARREIROS (ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store, Rua Almirante SérgioEntrada livre

EXPOSIÇÃO PÁSSAROS DE MACAU, DE JOÃO MONTEIRO (ATÉ DIA 29/12) Consulado-geral de Portugal em MacauEntrada livre

WORKSHOP DE LANTERNAS TRADICIONAIS (ATÉ DIA 13/12)Albergue SCM, das 19h00 às 21h00Entrada livre

EXPOSIÇÃO “REGIÃO OBSCURA” DE HEIDI LAU Museu de Arte de MacauEntrada livre

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18 OPINIÃO hoje macau quarta-feira 10.12.2014

A UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cul-tura, ao anunciar, no pas-sado dia 27 de Novembro, a classificação do Cante Alentejano como Patri-mónio Cultural Imaterial da Humanidade, realçou os valores da “solidarie-

dade e fraternidade” imanentes a um canto colectivo “feito para aproximar as pessoas”. Com efeito, a cultura, popular ou erudita, não é mais do que a expressão da vida dos homens e mulheres na sua relação com a natureza, com os outros e consigo próprios, com o trabalho, e com o lazer, através dos sentimentos e emoções transmitidas nas suas obras (de arte).

Há várias teorias para a génese do cante alentejano. Desde quem lhe atribua a origem aos judeus, aos árabes (que dominaram o sul durante cinco séculos), ao teatro tradicional, à dança medieval “carole” (com coplas cantadas pelo mestre da dança e estribilho, cantado, alternadamente, pelo coro dos dançadores) ou, na teoria mais consensual entre os etnomusicólogos, à música eclesiás-tica. Vitorino diz que os corais alentejanos foram influenciados pelos frades da Escola Cantorum da Serra de Ossa que, segundo o padre António Marvão, “depois de terem frequentado as escolas de polifonia clássica em Évora, no século XV, muito terão con-

Carlos Vieirain Esquerda.net

O futuro do Cante passa pelas escolas e pelo estudo, preservação e desenvolvimento deste património únicoda música popular e tradicional portuguesa (tão maltratada por contrafacções “pimbas” promovidaspor algumas estações de rádio, televisão e outros veículos da ignorância e alienação colectiva) e, por extenso, Património da Humanidade

Cante Alentejano Património cultural, memória e futuro

tribuído para a criação ou desenvolvimento do cante alentejano, quando se deslocaram para Serpa, onde fundaram o convento dos Paulistas e as escolas de canto popular”. Esta Escola Cantorum baseava-se no Fabordão do século XV, canto a duas vozes paralelas, que poderia ser extraído do Cantochão ou Canto Gregoriano, cantado em uníssono (monódico), sem acompanhamento (Fabor-dão Rigoroso) ou do cante profano (Fabordão Livre), e na recitação musical da salmodia em uníssono, sobre um único acorde, com uma cadência polifónica a 3 ou 4 vozes (Fabordão do Séc. XVII). Mas, se aquele investigador põe de lado a teoria do cante árabe, em virtude deste ser homofónico e predominantemente em tons menores e o cante alentejano ser polifónico e todo em tons maiores, não deixa de se interrogar quanto à possibilidade de os improvisos e ornatos na melodia cantados pelo Ponto (a voz que

inicia a moda, cantando alguns compassos, que podem abranger metade da quadra) e pelo Alto (a primeira voz, uma terceira maior da melodia iniciada pelo Ponto, no máximo um compasso, abrindo caminho às segundas vozes do coro, os “baixões”) poderem ser “reminiscências dos milismas dos solos dos cantadores árabes”

Até meados do século XX, no Baixo Alentejo, eram as vozes das mulheres que expunham “a primeira metade da melodia, completada pela união de todas as vozes cantando em terceiras e em oitavas; segui-damente, na segunda estrofe, as mulheres retomam sozinhas a melodia; finalmente, cantando em terceiras e oitavas, por vezes em sextas, o coro repete a peça a partir do princípio”, segundo a descrição de Miche-langelo Lambertini, citado por J. Ranita da Nazaré, in Música Tradicional Portuguesa – Cantares do Baixo Alentejo. Com a meca-

nização dos trabalhos agrícolas, as “modas” passaram a ser mais cantadas nas tabernas, onde raramente entravam mulheres, e os grupos foram-se masculinizando. Mas as mulheres resistiram e continuaram a cantar na vindima, na apanha da azeitona, nas fes-tas e convívios, e nos anos 80 formaram-se vários grupos corais femininos.

Outro mito, a par do Cante como poli-fonia de homens, é o canto puramente “a capella”, quando na verdade, até há pouco tempo, o Cante Alentejano era, por vezes, acompanhado pela viola campaniça, esse singular cordofone de arame que, em 1962 chegou a ser dado como extinto pelo etno-musicólogo Ernesto Veiga de Oliveira.

Hoje, como se pode ver nesse maravilho-so e emocionante documentário de Sérgio Tréfaut, “Alentejo, Alentejo”, há imensos jovens a dedicarem-se, de alma e coração, ao Cante, aliando as modas tradicionais ensinadas pelos mais velhos a novos temas da actualidade social, mas sempre sem per-der o carácter lírico e sentimental do Cante Alentejano, herança árabe, por certo.

O futuro do Cante passa pelas escolas e pelo estudo, preservação e desenvolvimento deste património único da música popular e tradicional portuguesa (tão maltratada por contrafacções “pimbas” promovidas por algumas estações de rádio, televisão e outros veículos da ignorância e alienação colectiva) e, por extenso, Património da Humanidade.

cartoon por Stephff

Page 19: Hoje Macau 10 DEZ 2014 #3231

hoje macau quarta-feira 10.12.2014

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L I G U E - S E • PA R T I L H E • V I C I E - S E

POR CARLOS MORAIS JOSÉ

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DIÁRIO 19DE BORDO

O papeldas ilhas

HASSAN ROWHANI, presidente iraniano, deixa o palco depois de um discurso na abertura da conferência “World Against Violence and Extremism”, em Teerão, no Irão. Segundo a imprensa, Rowhani disse que os países da região conseguirão derrotar os militantes do Estado Islâmico (IS) se chegarem a um acordo comum

“Muitas vezes as vítimas vão às seguradoras e depois é-lhes dito para perguntarem ao empregador. Não sei se isto não vai dar lugar a que seguradoras e empregadores empurrem entre si as responsabilidades. Queremos que esta proposta de lei seja exequível e que os direitos das vítimas sejam protegidos”HO ION SANG• Deputado, sobre Regimede Acidentes de Trabalho

“O progresso e a estabilidade de Macau são indissociáveis do desenvolvimento da China, do apoio do país à sua RAE e do modelo de funcionamento como ‘um país, dois sistemas’, que permitiu à cidade manter o seu modode vida, direitos,liberdades e garantias”CHUI SAI ON• Chefe do Executivo

“A China é actualmente o país que mais turistas estrangeiros teme 75% destes vêm a Macau, a Hong Kong e outras regiões da Ásia.Isto só mostra queas pessoas procuram estes destinos”PANSY HO• Directora-executiva do MGM

OS EUA não gostaram do plano chinês para o Mar do Sul da Chi-na. Por seu lado, Pequim diz que Washington não tem nada a ver com a disputa de ilhas e ilhéus. Os americanos respondem que é a pedido de outrem como as Filipinas. A China garante que quer negociar mas não com um grupo de países. Para os chineses, as negociações deverão ser bila-terais, com cada um dos países interessados separadamente. Cada ilha é uma razão. A China tê-la-á nuns casos e não a terá nos outros. Mas este novelo ma-rítimo, vigiado e complexificado pelos EUA, não vai ser fácil de desatar. Por isso é que Pequim disse recentemente a Tóquio que o caminho será talvez deixar acalmar o assunto (no caso das Dyaoyu), parar com avanços de um lado e de outro. No caso japonês, a estratégia chinesa não é nova: quando um problema não tem solução no presente ou apresenta contornos difíceis de polir, baixa-se o tom, encontra-se um ponto de equilí-brio em que ninguém perca face e suspende-se a questão até melhor altura. Entretanto, lentamente, muito lentamente, estabelecem--se contactos, jogam-se outras peças no tabuleiro, reforçam-se posições, garantindo que no fu-turo se ocupa a melhor posição para disputar o prémio desejado. Mero Sunzi.Quanto ao Vietname e às Filipinas, o caso é substancialmente diferen-te, tal como a abordagem chinesa que parece mais musculada. E se no caso do “pequeno irmão” anamita, que a China ocupou mil anos e com quem travou a sua última guerra, uma solução económica que satisfaça as partes parece possível, já no caso filipino a coisa se apresenta mais difícil. As relações sino-filipinas têm sido marcadas por picos de tensão, que as declarações norte-americanas pouco fazem para acalmar. Con-tudo, na realidade muito concreta das coisas, as Filipinas têm ao seu lado um vizinho gigantesco e rico, cuja ajuda económica se poderia revelar importante. As ilhas deveriam ser um pre-texto para uma reaproximação e não para um maior afastamento. Para os Estados Unidos o papel das ilhas é acicatar os vizinhos da China. Para estes, as ilhas ser-virão para obter o maior número de vantagens possível. Para os chineses, são uma questão de orgulho nacional e de recursos económicos. Importante seria que todas as partes, realmente envolvidas, tivessem em mente que a partilha é na História um caminho inevitável e a actual disputa se resolvesse no quadro de uma maior proximidade de todos estes países, invertendo assim o papel antipático que por ora todos impõem a estas pobres ilhas.

“Durante o pouco período que poderei ter voz para com a ONUdirei tudo o que efectivamente está errado em Macau. Vou dizer

o que realmente se passa e que nunca é dito”Albert Cheong, presidente da Associação de Promoção dos Direitos dos Portadores de Deficiência Visual,

sobre a sua deslocação à ONU em 2016 | P. 8

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Page 20: Hoje Macau 10 DEZ 2014 #3231

hoje macau quarta-feira 10.12.2014

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A primeira prestação para a compra do BESI pela Haitong Internacio-nal Holding Limited

(HTIH), no valor de 56,85 milhões de euros, será paga até 19 de Dezembro, anunciou a empresa chinesa.

A informação foi prestada à Bolsa de Hong Kong na terça--feira, já depois do fecho do mer-cado de capitais daquela Região Administrativa Especial da China, onde a HTIH está cotada e tem a sua sede.

Subsidiária da Haitong Secu-rities, empresa financeira estatal, sedeada em Xangai, a HTIH vai

Filipinas Novemortos em explosão de bomba num autocarroNove pessoas morreram e 17 ficaram feridas ontem quando uma bomba explodiu num autocarro no sul das Filipinas, informou um porta-voz militar. O autocarro, da empresa Rural Transit, passava pela cidade de Maramag na ilha de Mindanao quando a bomba explodiu, disse o major Christian Uy. A explosão é o último de uma série de ataques à empresa de autocarros. No mês passado, uma bomba explodiu num outro autocarro daquela empresa, ferindo quatro pessoas. Em 2010, 10 pessoas morreram numa explosão num autocarro da Rural Transit. Extremistas muçulmanos foram responsabilizados pelo ataque como parte de um esquema de extorsão.

A aquisição do BESI pela empresa chinesa Haitong terá um custo total de 379 milhões de euros, sendo que a primeira prestação, no valor de 56,85 milhões, será paga até dia 19 deste mês

BESI PRIMEIRA PRESTAÇÃO DE COMPRA PAGA EM DEZEMBRO

Acerto de contasA compra do BESI “trará um significativo valor estratégico” à Haitong, proporcionando nomeadamente a “partilha de canais de venda, fontes financeiras e relacionamento entre clientes”COMUNICADODA EMPRESA CHINESA

comprar o BESI ao Novo Banco por 379 milhões de euros, confor-me acordo celebrado na segunda--feira em Lisboa.

A finalização do acordo está agora “dependente das necessá-rias aprovações, nomeadamente junto do Banco de Portugal, da Comissão Europeia, das autori-dades da concorrência e de um conjunto de outras autoridades que exercem supervisão directa sobre a entidade compradora”, indicou o Novo Banco à Co-missão do Mercado de Valores Imobiliários (CMVM).

Depois de cumpridas todas as formalidades e o pagamento

do montante total da aquisição, o BESI “passará a ser uma sub-sidiária directa do HTIH”, diz o comunicado da empresa chinesa.

A Haitong é o quarto grande grupo chinês a investir em Portu-gal nos últimos três anos, depois da China Three Gorges, da State Grid e da Fosun.

A compra do BESI “trará um significativo valor estratégico” à Haitong, proporcionando nomea-damente a “partilha de canais de

venda, fontes financeiras e relacio-namento entre clientes”, assinala o comunicado da empresa chinesa.

A Haitong afirma também que “está otimista quanto à expansão dos negócios relacionados com a banca de investimento”.

De acordo com o site da empresa, a Haitong foi uma das primeiras companhias de valores mobiliários da China, fundada em 1988, e conta hoje com cerca de 4,6 milhões de clientes.