hoje macau 17 dez 2014 #3236

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Em jeito de despedida, o ainda procurador-geral do Ministério Público deixa uma série de recados para o seu sucessor. Num discurso proferido ontem na presença do Secretário da Justiça de Hong Kong e de individualidades do sector, Ho Chio Meng denunciou contradições internas e apelou à criação de uma nova cultura jurídica que passe por uma maior racionalização e pela revisão dos diplomas legais. DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUARTA-FEIRA 17 DE DEZEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3236 MINISTÉRIO PÚBLICO HO CHIO MENG APELA À MUDANÇA PÁGINA 4 Temos de ter coragem para assum r desaf os PÁGINA 6 PÁGINA 5 O QUE NINGUÉM ESPERAVA Visita presidencial Jason Chao fala de perseguições Urbanismo Regime polémico vai hoje a votos PUB PUB PUB Ter para ler AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB hojemacau PÁGINAS 2-3 ‘‘

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Hoje Macau N.º3236 de 17 de Dezembro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 17 DEZ 2014 #3236

Em jeito de despedida, o ainda procurador-geral do Ministério Público deixa uma série de recados para o seu sucessor. Num discurso proferido ontem na presença do Secretário da Justiça de Hong Kong e de individualidades do sector, Ho Chio Meng denunciou contradições internas e apelou à criação de uma nova cultura jurídica que passe por uma maior racionalização e pela revisão dos diplomas legais.

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q UA R TA - F E I R A 1 7 D E D E Z E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 2 3 6

MINISTÉRIO PÚBLICO HO CHIO MENG APELA À MUDANÇA

PÁGINA 4

Temos de ter coragem para

assum r desaf os

PÁGINA 6

PÁGINA 5

O QUE NINGUÉMESPERAVA

Visita presidencialJason Chao falade perseguições

UrbanismoRegime polémicovai hoje a votos

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Ter para ler

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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PÁGINAS 2-3

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Page 2: Hoje Macau 17 DEZ 2014 #3236

CRONOLOGIA

2 hoje macau quarta-feira 17.12.2014RAEM 15 AN S

• Doca dos Pescadores, novo projecto de David Chow,recebe 110 mil visitantes

• É criada a Comissão de Renovação dos Bairros Antigos• Para que o Fundo de Segurança Social não entre em

bancarrota, Governo decide que receitas do Jogo vão pagar ordenados em atraso

• Construção da Ponte do Delta que liga Macaua Hong Kong e Zhuhai anunciada para final de 2006

• Residentes são a favor de construção do metro ligeiro• Melco Crown apresenta projecto para actual

City Of Dreams• Começam obras de construção de terminal marítimo

do Pac On, na Taipa• Manifestação do 1º de Maio termina em confrontos

com autoridades• Sector de têxteis com força no mercado,

aumentando 40%• Bandeirada de táxis sobe para 11 patacas• Regime de Previdência é aprovado

na Assembleia Legislativa• School of Nations consegue terreno na Taipa• Aprovado novo Código da Estrada• Morre Henry Fok, aos 83 anos• Descoberto envolvimento do ex-Secretário das Obras

Públicas, Ao Man Long, em crimes de branqueamento de capitais e corrupção

• Início da construção da ponte Hong Kong-Macau--Zhuhai atrasa-se, mas é assegurado para iníciode Julho de 2007

• Surgem as duas primeiras comissões da Assembleia Legislativa: uma que regula concessões públicas e outra de finanças públicas

• Lao Si Io substitui Ao Man Long• Sands anuncia projecto para maior hotel

da cadeia Sheraton• Banco Espírito Santo do Oriente regista lucros

com crescimento de 51% face a 2005• Aprovada Lei Laboral na generalidade• Ao Man Long é acusado de corrupção passiva • Previsão aponta para inauguração do metro em 2011• Venetian factura 600 milhões de patacas nas primeiras

duas semanas• Jovem português Luís Amorim encontrado morto

• RAEM tem mais de 15 mil casas desocupadas• Stanley Ho inaugura Ponte 16• Winnie Ho condenada a 14 anos de prisão em pena

suspensa, por processo do próprio irmão, por calúniae difamação

• Leonel Alves sugere que Susana Chou se candidatea Chefe do Executivo

• Anunciada a atribuição de subsídios de residência• Criada Direcção dos Serviços para os Assuntos

de Tráfego• Carlos Marreiros vence concurso para pavilhão

na expo Xangai 2010• Criada Associação Energia Cívica, presidida

por Agnes Lam• Iniciada discussão sobre Artigo 23º da Lei Básica• Alimentos contaminados com melanina

assolam Macau• Las Vegas Sands com dificuldade

em assegurar investimentos• CE anuncia entrega de vales de saúde• Pansy Ho anuncia projecto de parque temático no COTAI

2006-2008

2006

2007

2008

Entre 2006e 2008 foram feitas promessas incumpridas, como a de deslocar a AL para os NAPE. O ano de 2007 foi marcadopela detenção do ex-Secretário para as Obras Públicas,Ao Man Long, que acabapor ser julgadopela práticade 76 crimes, antes de regressarao bancodos réus. A crise económicade 2008 atacao sector do Jogoem força

TRANSFERÊNCIA DE SOBERANIA SUGERIDA MUDANÇA DA AL PARA OS NAPE. RECESSÃO ECONÓMICA

Quando Ao Man Long foi preso

LEONOR SÁ [email protected]

O tempo parece andar a galo-pe por terras macaístas, mas

a verdade é que muito aconteceu na RAEM entre 2006 e 2008. O escândalo político que envolveu o ex-Secretário para os Trans-portes e Obras Públicas, Ao Man Long é, decerto, um dos momentos mais marcantes destes três anos e da história da RAEM.

A 8 de Dezembro de 2007, Ao Man Long é figura principal numa investigação que envolve branqueamento

de capitais e corrupção. Em letras gordas, o HM escreve então: “O que ninguém espe-rava”, já que o assunto nunca havia sido mencionado. O caso arrastou-se durante vá-rios anos, tendo-se chegado ao consenso da prática de 76 crimes de corrupção passiva grave que envolveram não só o ex-Secretário, mas também familiares seus. Ao Man Long foi condenado a 27 anos de prisão, estando ainda actualmente no Es-tabelecimento Prisional de Macau, depois de ter sido julgado mais duas vezes. Condenações que o levam a ficar 29 anos e meio na cadeia.

O artigo 23º - que vigora na Lei Básica e regula a de-fesa da segurança de Estado – sempre fez parte da “mini--constituição” da RAEM, mas não haviam ainda sido definidos os trâmites para a sua prática. O diploma vai

Ao Man Long foi condenado a 27 anos de prisão, estando ainda actualmente no Estabelecimento Prisional de Macau, depois de ter sido julgado mais duas vezes. Condenações que o levam a ficar29 anos e meio na cadeia

a consulta pública a 3 de Novembro de 2008, depois de, em Outubro, Edmund Ho ter apresentado o regime e garantido a continuação das liberdades e direitos da população. Tudo isto porque o mesmo ponto gerou polé-

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O QUE ELES DIZIAM...

hoje macau quarta-feira 17.12.2014

“Tenho muita pena em irmos mudar de casa,perder esta vista magnífica”Susana Chou, presidente da Assembleia Legislativa sobre a mudança das instalações para o NAPE, que nunca chegou a acontecer

“A única maneira [sufrágio universal ] de combatero conluio entre o Governo e empresários”Au Kam San, reivindicando a implementação do sufrágio universalnas eleições para o Chefe do Executivo em 2009

“Temos de aceitar que paisagens lindíssimas como asdas Casas Museu da Taipa não podem ser eternas, a Taipa precisade se desenvolver”Lionel Leong, em entrevista ao HM

“Não está envolvido nenhum outro alto governante[no caso Ao Man Long]. Se isso acontecesse, o Governo cairia”Larry So, professor do Instituto Politécnico de Macau,em entrevista ao HM

“O caso [Ao Man Long] sacrificou a minha credibilidade, sacrificoua imagem da RAEM e sei que já não tenho a confiança da população”Edmund Ho

“[Ao] não era um indivíduo que gostasse de ouvir ‘não’, mesmoda parte dos familiares. Sabia que era um indivíduo que gostava que as coisas fossem feitas à sua maneira, não gostava de ser contrariado”Frederico Nolasco, a propósito do julgamento do antigo Secretário

“Esta reforma [jurídica] está afectada pela doença de Parkinson”Ng Kuok Cheong a Florinda Chan, numa reunião plenáriada Assembleia Legislativa

“Para a próxima venha de uniforme militar”David Chow a Cheong Kuok Vá, durante a apresentaçãodas LAG de 2008 para a Segurança

“Os recursos públicos roubados nestes últimos oito anosatingiram valores superiores aos roubados pelos portugueses durante 400 anos”Au Kam San, em 2007

“Qualquer chinês que saiba português tem trabalho”Alan Baxter, director do departamento de Português da Universidadede Macau, em entrevista ao HM em 2008

“A comunidade macaense passou a ser mais respeitada depoisda transferência”António José de Freitas, em entrevista ao HM em 2008

“A economia cresceu de tal maneira que quem é rico ficamais rico e quem é pobre fica cada vez mais pobre”Angela Leong em entrevista ao HM

“[Fazer o metro suspenso] é o maior assassinato urbanístico que se vai fazer em toda a vida da cidade. Vamo-nos arrepender de ter feito este projecto”Arquitecto Carlos Couto, sobre a construção do metro ligeiro, em 2008

“Futuro Chefe do Executivo deve ser como líderesdo Governo Central”Deputada Kwan Tsui Hang, sobre as eleições de 2009

“Mais urgente o direito à greve do que o artigo 23º”Eric Sautedé em entrevista ao HM

“A diferenciação turística é o que Macau precisa”Pansy Ho, ao anunciar criação de um parque temático no COTAI,em 2008, que não chegou a acontecer

3 raem 15 anos

11mil pessoas

despedidas em

Novembro de 2008

pela Las Vegas Sands

TRANSFERÊNCIA DE SOBERANIA SUGERIDA MUDANÇA DA AL PARA OS NAPE. RECESSÃO ECONÓMICA

Quando Ao Man Long foi preso

76crimes de corrupção

passiva grave,

acusação que pesou

sobre Ao Man Long

O ano de 2007 fica tambémmarcado pela infeliz notíciade que Luís Amorim, jovem português residente na RAEM, aparece morto debaixoda Ponte Nobre de Carvalho.A tese de suicídio é defendidapelas autoridades. A famílianão tem dúvidas de que setratou de um homicídio

mica na RAEHK. “Uma das mais aguardadas e contro-versas peças legislativas”. Foi assim mesmo que o HM chamou ao agora em vigor Artigo 23º.

AS MUDANÇAS (OU NÃO)Enquanto isso, a presumível mudança de instalações da Escola Portuguesa de Macau (EPM) continuava, como até recentemente, em águas de bacalhau. Em 2006, havia ficado decidido que o estabelecimento de ensino se mudaria para a zona da Barra ou Tap Seac. As decisões, no entanto, ficaram-se pelo papel. É que a EPM continua no mesmo sítio, tal como aconteceu com os tribunais de Segun-da Instância e Judicial de Base e a AL.

Foi em 2006, que a então presidente da AL, Susana Chou, atira um misterioso “Tenho muita pena em ir-mos mudar de casa, perder esta vista magnífica”, dei-xando no ar a ideia de que a AL iria mudar de local. No mesmo ano em que o gigante da música Grunge, Kurt Cobain, destrona Elvis Presley, o Rei do Rock, na lista de celebridades mortas que mais milhões rendem, fica a saber-se que a EPM esteve pensada para ir para os NAPE, mas acabou por não mudar. O que realmente teve lugar foi a demolição do Mercado de S. Lourenço, edifício já tão icónico de Macau.

O HM escreve, em capi-tulares, “Não deitem abaixo o património”. As obras do novo complexo foram orçadas em cem milhões de patacas, num ano em que o mundo perde mais um gigante da música: James Brown morre aos 73 anos e o HM refere que o cantor “será sempre uma das gran-des influências dos últimos 50 anos”.

INFELICIDADES Outro dos assuntos “quen-tes” prende-se com os aci-dentes laborais e conse-quentes mortes que tiveram lugar em vários estaleiros de construção, nomeadamente no Venetian.

“O Executivo deve obri-gar as empresas responsá-

veis a cumprirem as suas responsabilidades no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores”, dizia a deputada Leong Iok Va, em interpelação, num ano em que se assinala ainda a condenação do ex-ditador iraquiano, Saddam Hussein, à morte por crimes contra a humanidade e a frase que ficou para história, do rei de Espanha, Juan Carlos, para o presidente venezuelano, Hugo Chavez, “Porque não te calas?”.

O ano de 2007 fica tam-bém marcado pela infeliz notícia de que Luís Amorim, jovem português residente na RAEM, aparece morto debaixo da Ponte Nobre de Carvalho. A tese de suicídio é defendida pelas autori-dades. A família não tem dúvidas de que se tratou de um homicídio, bem como a comunidade local que se choca com um caso que ainda não terminou.

A ERA DA DEPRESSÃOAté 2008, tudo ia de vento em popa na economia local, não estivessem os casinos com margens de lucro recorde. É só em meados deste ano que a região co-meça a sentir os efeitos da crise económica que então afectava o mundo. Os azares sucedem-se e surge na China e na RAEM um escândalo alimentar, com queixas de presença de melanina em leite em pó e bolachas. A 27 de Outubro pode ler-se, nas gordas, “Melanina chega aos ovos”.

Macau começava então a sentir os efeitos da crise económica profunda na qual o mundo inteiro mergulhava. Antes de Edmund Ho, já o deputado Ng Kuok Cheong tinha chamado a atenção para o aumento do desem-prego como consequência da recessão. Só em Outubro é que o Chefe do Executivo

vem admitir que Macau não deverá sair impune deste pe-ríodo. Tudo isto incapacitou a Las Vegas Sands de asse-gurar o financiamento de cinco mil milhões de dólares para finalização de projectos no Cotai. A mesma empresa acabou por despedir 11 mil pessoas em Novembro. O final de 2008 é marcado pelo estado “crítico” do desemprego.

ETERNOS PROBLEMASOs problemas em apanhar táxis e a má conduta dos motoristas não é assunto novo e quem por cá já anda há vários anos sabe disso mesmo. Há oito anos falava-se já de “dificuldade em apanhar táxis”. David Chow queixava-se da falta de acessos até à Doca dos

Pescadores e a culpa, dizia, era dos transportes públicos.

No final de 2006, Macau foi considerada a quarta ci-dade mais congestionada do mundo. Enquanto isso, o nú-mero de carros e turistas nas ruas aumentava sem dó nem piedade, numa altura em que as atenções, do outro lado do mundo, nos EUA, estavam focadas em Barack Obama a candidatar-se à presidência do país, acabando por vencer as eleições.

Por cá, a falta de habitação e a poluição foram dois outros grandes assuntos, bem como uma reforma política que incluísse o sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo em 2009. A discus-são a nível local teve a celeuma de Hong Kong como exemplo, mas de nada serviu.

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4 POLÍTICA hoje macau quarta-feira 17.12.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

F OI um discurso marcado pelo adeus mas cheio de recados para o sucessor. Ontem, Ho Chio Meng, que deixará de

ser procurador-geral do Ministério Pú-blico (MP) no próximo dia 20, pediu mudanças no sistema jurídico local.

“Temos de rever a nossa men-talidade jurídica com a base que já formámos. Temos de cultivar uma nova cultura jurídica”, disse no âm-bito da conferência académica por ocasião dos 15 anos da criação do MP.

“Verificámos a existência de muitas alterações na sociedade e este ano verificámos muitas contradições internas. Temos de fazer a revisão dos diplomas legais para que o nosso sis-tema se adeqúe à realidade. Temos de ter coragem para assumir desafios”, disse Ho Chio Meng, dando como exemplo a necessidade de rever o Código Penal.

Ao nível dos processos judi-ciais, o ainda procurador-geral da RAEM falou de uniformização.

“Temos de uniformizar a decisão ou o proferimento das sentenças. Os crimes transfronteiriços estão a aumentar e o nosso sistema jurídico já não satisfaz. A cooperação regional é um bom começo, mas o caminho é muito comprido. Temos de estu-dar como podemos tratar matérias ligadas aos crimes transfronteiriços e esperar que os trabalhos possam ser feitos com maior fluência. É necessário racionalizar o poder da sentença e da acusação”, frisou.

QUESTÃO BILINGUEHo Chio Meng destacou os primór-dios do MP, quando os profissio-

R IMSKY Yuen, Secretário para a Justiça de Hong Kong, foi um dos oradores na conferência dos 15 anos de criação

do Ministério Público (MP), ontem, tendo defendido a urgência de implementação da cooperação judicial em matéria penal com Macau. É que o processo ainda não

“Temos de fazer a revisão dos diplomas legais para que o nosso sistema se adeqúe à realidade. Temos de ter coragem para assumir desafios”

O ainda procurador--geral da RAEM falou dos desafios nos primeiros anos de criação do Ministério Público. Na altura de passar a pasta a Ip Son Sang, Ho Chio Meng pediu uma “uniformização” de etapas processuais e a “revisão dos diplomas legais”

MP HO CHIO MENG PEDE MUDANÇAS NA HORA DE DEIXAR CARGO

“O nosso sistema jurídico já não satisfaz”

nais da Justiça se depararam com a questão do bilinguismo. Hoje, confirmou, 95% dos processos são em língua chinesa.

“O Governo está a crescer cada vez mais e na sociedade já se su-perou a questão do vencido ou do vencedor e também da fiscalização. É uma boa cultura para seguir o primado da lei”, disse ainda Ho Chio Meng, tendo garantido a total independência judicial no território.

“Os órgãos judiciais apenas

SOBRE “OCCUPY CENTRAL”À margem do evento, Rimsky Yuen não deixou de fazer um balanço do movimento “Occupy Central” em Hong Kong, agora que a polícia conseguiu retirar de zonas como Admiralty todos os manifestantes. “Em duas vezes foram presas um total de 50 pessoas, estamos à espera e ainda não podemos tomar uma decisão, portanto os casos foram adiados para a decisão do tribunal em Janeiro. Espero que os casos não sejam mais adiados e que haja rapidez para que se faça justiça para os réus. Espero que a sociedade de Hong Kong possa reconhecer o trabalho da justiça”, disse aos jornalistas. Para Rimsky Yuen, o movimento em prol da democracia e do sufrágio universal teve “um grande impacto ao nível do Direito” e também ao nível da sociedade. “Todos podem expressar as suas ideias, mas devem fazê-lo de forma legal”, apontou.

COOPERAÇÃO JUDICIAL EM MATÉRIA PENAL COM HONG KONG POR DECIDIR

Uma necessidade mais que urgente

executam a lei sem nenhum tipo de dependência da opinião pública e só assim se pode proteger a lei e os direitos dos cidadãos”, concluiu.

SEM RUPTURASO advogado Rui Cunha, que esteve presente no evento, garantiu, em declarações ao HM, ser cedo para se fazer uma total avaliação do trabalho feito pelo MP nos últimos 15 anos. Mas deixa esperanças.

“Foi feito um trabalho meritó-

rio porque a actividade do MP não é fácil. Penso que tem sido feito um grande esforço e ainda haverá aspectos a melhorar, como o senhor procurador acabou de referir, e com as melhorias que foram fluindo penso que Macau terá o MP que merece. Em 15 anos ainda é muito cedo para fazermos uma análise rigorosa em termos históricos, é cedo para avaliar o que foi feito e o que falta fazer”, disse o causídico.

Já Jorge Neto Valente, presi-

está concluído por estarem a ser discutidos “detalhes importantes”.

“Até ao presente, não conseguimos celebrar acordos quanto à cooperação judiciária em matéria penal. Esperamos que haja uma cooperação judiciária [nes-te âmbito], para que consigamos alargar

a escala no combate à criminalidade transfronteiriça e para que haja um maior impacto no combate a um maior tipo de crimes. Há questões complexas que ainda estão por resolver”, disse Rimsky Yuen no seu discurso.

A necessidade de melhor combater os crimes transfronteiriços foi um ponto muito referido no discurso do dirigente, que indicou ainda que o desenvolvimento da sociedade tem importância nestas questões.

“Nos últimos tempos o desenvolvimento da internet e novas tecnologias, bem como o desenvolvimento sócio-económico, têm sido os elementos mais importantes [no combate ao crime]. Com o decorrer dos tempos encontrámos muitas dificuldades no combate à criminalidade. Nestes casos, o Direito Internacional é cada vez mais importante. Os princípios nem sempre são os mais adaptáveis às situações de Macau e Hong Kong. O que pretendemos é alargar a cooperação judiciária com Macau e a China”, frisou. - A.S.S. / F.F.

dente da Associação dos Advoga-dos de Macau (AAM), garantiu ao HM que os 15 anos de MP “foram óptimos e vão continuar”.

“Um trabalho nunca está ter-minado e estas coisas não acabam. Não há rupturas, há continuidade, e vai continuar a ser assim, como já foi quando foi o estabelecimento da RAEM”, disse, numa clara referên-cia ao sucessor de Ho Chio Meng.

Contudo, questionado sobre a nomeação de Ip Son Sang, Jorge Neto Valente optou por referir que “vai começar a trabalhar e para o ano a gente fala”. Rui Cunha apenas disse “estar convencido” de que “a continuidade do esforço até então desenvolvido há-de justificar uma saída própria”, esperando “que o MP tenha o papel relevante na sociedade como parte do aparelho necessário”.

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5 políticahoje macau quarta-feira 17.12.2014

Centro de Política Leida droga não é eficazO Centro de Política da Sabedoria Colectiva lançou ontem um estudo sobre droga, onde aponta que, desde que entrou a em vigor a nova Lei de Combate à Droga, em 2009, os números de casos de tráfico e de consumo aumentaram. O grupo considera que a lei não tem eficácia por ter penas sem efeitos dissuasórios, pedindo, por isso, uma revisão deste diploma. O mesmo tem vindo a ser pedido por deputados.

Ho Ion Sang pede multas de trânsito mais gravesO deputado Ho Ion Sang pede que seja feita a revisão da Lei do Trânsito Rodoviário para que se possam agravar as multas de trânsito. Para o deputado, as multas por este tipo de irregularidades na estrada são “demasiado baixas”, apesar dos casos terem sofrido um aumento de 35% em relação ao ano passado. Em interpelação escrita entregue ao Governo, o deputado questiona se o Governo tem dificuldades em implementar o novo regime e se podem existir mais medidas viáveis para resolver o problema dos acidentes frequentes no território.

ANDREIA SOFIA [email protected]

N O dia em que o novo Re-gime de Acreditação dos Profissionais da Arquitec-tura e Urbanismo é votado

na especialidade no hemiciclo, o sector continua com dúvidas sobre a maneira como vai funcionar na prá-tica. Se os deputados que analisaram o diploma revelam receios quanto à falta de auto-regulação do sector, esses medos também são partilhados por dois profissionais da área.

“[O Governo] deveria ser coerente e autonomizar a acreditação profissio-nal, principalmente em sectores que poderão ser motores de diversificação da economia”, disse ao HM o arqui-tecto Rui Leão, membro do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU).

O arquitecto diz mesmo que, dos vários sistemas de acreditação que conhece, mesmo em regiões como Hong Kong ou Singapura, o Governo tem uma participação minoritária no processo.

“Quem melhor podia ajuizar sobre estas matérias seriam os profissionais da própria classe. Mesmo na China a acreditaçãoé feita pelas associações profissionais”RUI LEÃO, ARQUITECTO Membro do CPU

É hoje votado na Assembleia Legislativa o novo Regime de Acreditaçãopara engenheiros e arquitectos. Tal como os deputados, também os profissionaisdo sector dizem que o futuro Conselho de Arquitectura, Engenharia e Urbanismodeve ser mais independente face ao Governo

ARQUITECTOS E ENGENHEIROS PEDEM ACREDITAÇÃO MAIS INDEPENDENTE

O Conselho da discórdia

“Há sempre uma maioria de profissionais liberais. Compete aos profissionais que praticam a profissão ajuizar os parâmetros e a ética que está envolvida com a própria profissão. A ética da profissão dentro da máquina da Administração rege-se por éticas e leis diferentes. Quem melhor podia ajuizar sobre estas matérias seriam os profissionais da própria classe. Mesmo na China a acre-ditação é feita pelas associações profissionais”, explicou.

Além disso, a acreditação decidida pelos governos “é uma

coisa desactualizada, é algo que tem vindo a ser transferido dos Governos para as ordens profis-sionais”, refere.

UM PASSO DE CADA VEZAddy Chan, vice-presidente da Associação de Engenheiros de Macau (AEM), considera também que a auto-regulação deve acontecer, mas que numa primeira fase é difícil avaliar a situação na prática. Contudo, disse esperar que “no futuro o Governo possa, passo a passo, diminuir o seu controlo neste

Conselho de Arquitectura, En-genharia e Urbanismo”.

“Sabemos que o Governo vai ter uma maior posição, mas o ponto mais importante é sabermos a for-mação dos membros do Conselho. No futuro, se quisermos ligar com os restantes sistemas de acredita-ção, temos de ver como é formado o nosso Conselho”, garantiu ao HM.

Rui Leão diz ainda não fazer sentido que este grupo seja uma junção de profissionais distintos. “Deveria haver um painel exclu-sivamente de arquitectos. Não faz sentido ter um painel com enge-nheiros nem outro tipo de profissio-nais. Dentro do Conselho deveria haver uma clara divisão, para haver um painel de avaliadores para cada profissão. Os outros profissionais não têm competência para fazer isso, porque as formações académi-cas são completamente diferentes”, concluiu.

Recorde-se que os deputados assinaram na sexta-feira passada o parecer jurídico sobre o novo Re-gime, tendo revelado receios sobre o facto do futuro Conselho poder ser maioritariamente composto por membros do Governo e que as áreas da engenharia e arquitectura não sejam auto-reguladas. O Executivo terá explicado que, numa primeira fase, a dependência do Conselho será uma certeza.

FLORA [email protected]

A ex-presidente da Assembleia Legislativa (AL), Susana Chou, lembrou, no seu blogue, os mo-

mentos da redacção da Lei Básica e da presidência da AL como os melhores momentos da sua carreira.

A participação numa actividade rea-lizada pela Associação de Divulgação da Lei Básica de Macau, no início de Dezembro passado, fez a antiga líder do hemiciclo recordar as memórias de momentos de que sente orgulho. Isto porque, de acordo com o que escreve no blogue, foram convidados membros e especialistas da equipa que redigiu o

documento da Lei Básica e da Comis-são Preparativa da RAEM. O grupo de trabalho incluía a própria Susana Chou.

MARAVILHAS DO DESTINOEm 1989, a ex-líder da AL foi convi-dada para ajudar na elaboração da Lei Básica e Susana Chou considera que teve sorte por ser integrada neste acto, que serviu para promover e preparar o estabelecimento da RAEM. Juntando a redacção da RAEM à liderança da AL como presidente, Susana Chou faz um balanço e afirma mesmo que estes foram “os 20 anos mais maravilhosos e dos quais mais orgulho tem” na sua vida. A ex-presidente acrescentou que durante os três anos da elaboração da Lei Básica co-

nheceu muitos “amigos” de Macau e do interior da China, exemplificando com o caso do ex-presidente da AL e também membro da equipa de redacção da Lei Básica, Carlos d’Assumpção. “Mesmo sendo deputada há já vários anos, o meu interesse por Direito só começou nessa altura”, disse Susana Chou.

Chou recordou ainda que, nas reu-niões do grupo de trabalho de redacção da Lei Básica foram várias as discussões com o então Secretário-geral da Comis-são de Elaboração da AL, Lu Ping. Os dois tinham opiniões diferentes sobre a lei. Apesar de tudo, afirma, estes debates não aconteceram por razões pessoais, mas sim para defender os interesses de Macau e dos seus residentes.

SUSANA CHOU ORGULHO NA REDACÇÃO DA LEI BÁSICA E NA PRESIDÊNCIA NA AL

Recordar momentos de ouro

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6 política hoje macau quarta-feira 17.12.2014

LEONOR SÁ [email protected]

J ASON Chao afirma que foi aconselhado a não protestar du-rante a visita oficial

do presidente chinês, Xi Jinping, ao território. Em declarações ao HM, o acti-vista confirma que a infor-mação veio de “uma fonte de Pequim”, preferindo não revelar mais pormenores sobre a questão. Pelo menos por enquanto.

O activista, membro da Associação Novo Macau – que anunciou uma manifes-tação para o dia 20 -, disse ainda estar a ser seguido por “homens de meia-idade,

A Administração Pública, principal empregador de Macau, sofreu grandes

transformações ao longo dos últi-mos 15 anos, logo a começar pelo universo de funcionários públicos, desde a origem, à formação até ao vínculo laboral. O número de fun-cionários públicos cresceu quase dois terços, de 17.056 para 28.221, mas em 1999 mais de metade pertencia ao quadro por nomeação definitiva ou provisória, enquanto hoje em dia apenas quatro em cada dez têm esse estatuto.

De acordo com dados oficiais compilados pela agência Lusa, uma subida exponencial verificou-se também ao nível das habilitações académicas. Em 1999, menos de um quinto detinha licenciatura ou graus superiores, mas 15 anos depois a pirâmide inverteu-se e hoje são mais de metade. E, se em 1999 existia um doutorado na Ad-ministração Pública, actualmente contam-se 172.

O activista, membro da Associação Novo Macau, que já anunciou a intenção de organizar um protesto para o próximo dia 20, diz-se perseguido “homens de meia-idade”, não excluindo a hipótese de estes serem membros da Segurança Nacional Chinesa

XI JINPING JASON CHAO “ACONSELHADO” A NÃO PROTESTAR DURANTE VISITA

A voz que veio do céu

“Os meus planos vão ser revelados em breve, de certeza antes da visita, mas não posso fazê-lo já porque isso poderia pôr em risco aquilo que tenho pensado”JASON CHAO Membro da Associação Novo Macau

CARTA AO PRESIDENTEOs deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San entregaram ontem uma carta na Sede do Governo, pedindo que o documento seja enviado ao Presidente do Governo Central, Xi Jinping. Na carta, os dois pedem que a reforma do sistema político seja feita já no próximo ano. A carta explica que o sistema político do território não é democrático e existe conluio entre empresários e governantes, algo que prejudica a vida da população. O mesmo documento critica ainda o Chefe do Executivo, Chui Sai On, por ter adiado o pedido dos dois deputados de uma reforma política para 2015. O líder da RAEM justificou que a decisão “é feita pelo Governo Central”. Ng Kuok Cheong e Au Kam San esperam que a reforma possa contar com apoio do líder do país, para que Chui Sai On assuma essa “responsabilidade” com confiança e apresente um relatório sobre o assunto ao Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional. Au Kam San e Ng Kuok Cheong sugerem ainda que se aproveite o clima de estabilidade económica actual, considerando ser “boa altura” para a reforma ter início. Ng Kuok Cheong explicou não entregar a carta ao próprio presidente para que “não haja mal entendidos”, como o facto de poderem considerar esta entrega um ataque. - F.F.

com aparência normal” e que não se pareciam com agentes policiais.

“Não descarto a hipótese de ser parte da Segurança

FUNÇÃO PÚBLICA AUMENTAM FUNCIONÁRIOS E SALÁRIOS. PORTUGUESES EM QUEDA

Sobe e desce no lugar mais apetecívelPor outro lado, os homens con-

tinuam a ser maioria na Adminis-tração Pública, ainda que diferença se tenha vindo a esbater: em 1999 dois terços dos funcionários públi-cos eram do sexo masculino, mas esse número caiu 15 anos depois para 57,6%.

A distribuição por grupo etário também revela que a Administração Pública conta, agora, com um uni-verso mais envelhecido: 67% dos funcionários públicos tinha menos de 40 anos em 1999, um número que sofreu uma queda de 20 pontos percentuais volvidos 15 anos.

Ao nível salarial, apenas 13,30% (3753) dos funcionários públicos aufere um vencimento igual ou inferior a 14.800 patacas, enquanto em 1999 eram mais de um terço (38,9%) os funcionários que se situavam nesse patamar que, há 15 anos, correspondia, à luz da tabela indiciária então em vigor, a dez mil patacas.

Nos dias que correm, 351 funcionários (1,24% do total) têm remunerações superiores a 66.600 patacas mensais –, enquanto em 1999 apenas 55 ou 0,3% do total se ‘encaixava’ neste patamar que, à época, equivalia a 45 mil patacas.

PORTUGAL ULTRAPASSADOEm termos do local de nasci-mento, os dados compilados pela Lusa ilustram uma diminuição no número de funcionários oriundos de Portugal: de 426 para 319. Aliás, no espaço de 15 anos, Hong Kong ultrapassou mesmo Portugal como ‘fonte’ de funcio-

nários públicos, que aumentaram de 372 para 943.

Mas muito mais significativo foi o “pulo” dos funcionários provenientes do interior da China: aumentaram de 4977 para 8163.

Por conseguinte, também caiu de 1.920 para 1.384 o universo de funcionários que têm o Português como língua materna, os quais correspondem hoje a 4,9% do total, por oposição, aos 11,2% que representavam em 1999.

Ao nível dos conhecimentos linguísticos, segundo dados dos Serviços de Administração e Função Pública, e em linha com o aumento do número de funcionários provenientes do interior da China, o universo de falantes de mandarim cresceu dez pontos percentuais de 63 para 73%.

Paralelamente, diminuiu em termos proporcionais a ‘quota’ de funcionários com conhecimentos (oral e escrito) da língua portugue-sa, actualmente na ordem dos 40%.

Os dados oficiais compilados pela Lusa não incluem os ele-mentos do pessoal de fundações e organismos públicos que se regem pelo direito privado (2548), contra-tos de tarefa (72) ou de prestação de serviços (7). - Lusa/HM

Nacional Chinesa”, afirmou ontem ao HM.

A alegada vigilância de que está a ser alvo, diz, tem vindo a acontecer há cerca de uma semana, o mesmo tendo sucedido em 2009, durante a vinda de Wen Jiabao, primeiro-ministro da China na altura. Porquê denunciar a perseguição agora? Jason Chao res-ponde: “Inicialmente não queria referir o caso ao público, mas é preciso que estas situações sejam denunciadas”, disse.

Questionado sobre se pensa denunciar o caso à polícia, o activista res-ponde peremptoriamente que não, uma vez que lhe seria pedida identificação e várias perguntas sobre as suas acções.

Para já, fica no ar a ideia da participação em acções de activismo du-rante a visita do presidente chinês, mas Chao prefere não levantar já o pano. “Os meus planos vão ser revelados em breve, de certeza antes da visita, mas não posso fazê-lo já porque isso poderia pôr em risco aquilo que tenho pensado”, frisou o activista.

A Associação Novo Macau anunciou ontem que está a planear uma manifes-tação para o próximo dia 20, durante a visita oficial de Xi Jinping.

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7SOCIEDADEhoje macau quarta-feira 17.12.2014

CECÍLIA L [email protected]

U M grupo de proprietários de apartamentos no edi-fício Pearl Horizon, na Areia Preta, queixaram-

-se ontem sobre o atraso da cons-trução do prédio, por estarem a pagar empréstimos ao banco de casas que já deviam estar cons-truídas mas ainda não estão.

De acordo com os moradores, a empresa Polytec Asset Holdings Limited prometeu, em 2011, que a primeira fase de habitação deveria estar concluída no terceiro trimes-tre de 2015, mas até agora as obras ainda nem sequer começaram.

Há pouco dias, a companhia anunciou que já obteve a aprovação do pedido de construção, algo que só agora conseguiu porque, diz, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, fize-ram “mais exigência” sobre as obras.

“Segundo o relatório anual de

Finanças Receitasda Administração crescem apenas 1,9%

ATÉ Novembro, as receitas da Administração cresce-

ram apenas 1,9%, mas estão cumpridas em 103,2% face ao previsto para 2014, um ano marcado pela queda homóloga das receitas do Jogo no segundo semestre, indicam dados oficiais.

A Direcção dos Serviços de Finanças indica que as receitas totais atingiram os 145.758,6 milhões de patacas, mais 1,9% do que no mesmo período de 2013.

Já as receitas correntes estão a subir 4,8% para 145.113,5 milhões de patacas e cumpridas em 103,5%.

Entre as receitas correntes, os impostos directos valeram 127.206,2 milhões de patacas, ou mais 4,7% face ao período entre Janeiro e Novembro de 2013, e estão cumpridos em 103% com os impostos directos sobre o sector do Jogo, de 35% do valor das receitas brutas, a crescerem 3,6% para uma execução de 102% e a valerem 120.213,6 milhões de patacas. Os impostos sobre o Jogo traduzem assim um peso de 82,47% da receita total da Administração.

Já no campo da despesa, Macau gastou apenas 53.012 milhões de patacas, uma subida de 14,9% face aos primeiros 11 meses de 2013, mas ainda assim com uma execução de 68,3% face ao previsto para 2014. No capítulo da despesa, os Inves-timentos do Plano (PIDDA), cuja dotação para 2014 foi de 14.801,4 milhões de patacas, continua abaixo do previsto com despesas pagas de apenas 2.525,4 milhões de patacas, uma quebra de 5,5% face ao mesmo período de 2013 e apenas a tra-duzir 17,1%.

Entre receitas e despesas, Macau tem um saldo positivo de 92.746,6 milhões de patacas, mesmo assim menos 4,3% do que entre Janeiro e Novembro de 2013, mas 145,8% acima do previsto para os 12 meses do ano.

PEARL HORIZON PROPRIETÁRIOS PAGARAM CASAS MAS NÃO AS TÊM

Horizonte fantasmaOs donos de apartamentos já pagos no edifício Pearl Horizon, na Areia Preta, esperam por casas que deveriam estar prontas no ano que está prestes a entrar, mas cuja construção ainda nem sequer teve início

“ A Polytec já recebeu o nosso dinheiroe já investiu noutro lote do mesmoprojecto, que seria [feito] mais tardedo que o projecto [deste lote P]. Não dominamos a lei, mas não será isto uma fraude aos compradores imobiliários?”PROPRIETÁRIO DE UM APARTAMENTO

2013, o prazo das obras do projecto Pearl Horizon, vai terminar em 2017 e 2018, quando, anteriormente, o relatório do presidente da direcção da empresa dizia, em 2011, que as obras estavam previstas para acabar em 2014 e 2015”, referiu um proprie-tário. “A explicação da companhia sobre o atraso são as exigências da DSSOPT, que aumentaram, e o facto de precisarem de recrutar empresas de protecção ambiental para fazer a avaliação. Contudo, a Polytec já recebeu o nosso dinheiro e já investiu

noutro lote do mesmo projecto, que seria [feito] mais tarde do que o pro-jecto [deste lote P]. Não dominamos a lei, mas não será isto uma fraude aos compradores imobiliários?” questiona o pequeno proprietário.

COM MEDO Na conferência, onde o HM esteve presente, quase todos os pequenos proprietários usaram máscaras, porque não querem ser reconhecidos. Até porque alguns são empregados da Polytec.

“Somos empregados da compa-nhia. Temos de pagar o empréstimo bancário todos os meses. Pago quase 20 mil patacas por mês, mas estou a [pagar] a relva”, disse outro proprietário. “Além do emprés-timo, também temos de pagar a renda da casa onde vivemos agora. Algumas pessoas não conseguem comprar uma casa, nós sim, mas não conseguimos viver nela.”

De acordo com os presentes, há mais proprietários na mesma situação, que, no início, “acredi-tavam na empresa”, até porque a Polytec já desenvolveu vários projectos na zona da Areia Preta, como o La Baie du Noble, o La Cité e o Ville de Mer. Contudo, já passaram quatro anos e o terreno onde deveria estar erguido o Pearl Horizon ainda está vazio.

Segundo os dados apresentados na conferência, de entre as cinco mil unidades do edifício, mais de 2770 já foram vendidas.

Presente na conferência de on-tem esteve a deputada Ella Lei, que pediu que a empresa pagasse uma compensação aos moradores se nos próximos anos não entregasse as casas aos proprietários.

Lei diz ainda que não se pode permitir que a qualidade das casas piore devido ao facto de quererem acelerar as obras.

Contactada pelo HM, a Polytec considerou muito “estranha” a conferência de imprensa de on-tem, porque, assegura, já tinha combinado uma reunião com os proprietários do Pearl Horizon no dia 23 de Dezembro.

IPM Professor pede talentos bilíngues com mais qualidadeO responsável de Centro do Inglês Bell do Instituto Politécnico de Macau (IPM), Mao Si-hui, disse que Macau tem poucos talentos bilíngues de alto nível e que, por isso, é preciso fortalecer a formação, para que Macau possa ser o tal Centro Mundial de Turismo e Lazer. Mao Si-hui apontou que para que isso aconteça é preciso que haja cultura e língua de boa qualidade, mas em Macau, aponta, faltam talentos tanto de língua portuguesa, como de inglesa. O responsável “espera” que o Governo fortaleça as políticas para aumentar o nível de ensino de línguas estrangeiras aos residentes, beneficiando, assim, o desenvolvimento geral de Macau.

FAOM 78% dos trabalhadores de Jogo não quer fumoA Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) publicou ontem um relatório de inquérito sobre “A vida e trabalho de trabalhadores do Jogo”, onde mostra que, de cerca de mil funcionários do Jogo que foram entrevistados, 78% não quer trabalhar nos casinos com fumo. De acordo com o estudo, 70% dizem ainda que não estão satisfeitos com o salário e as regalias pagas e 75% consideram que a introdução de TNR no mercado local pode fazer com que os locais percam as oportunidades de trabalho. O responsável do relatório, Choi Kam Fu, referiu ao canal chinês da Rádio Macau que o fumo nos locais de trabalho pode influenciar a saúde de funcionários, bem como o ruído nos casinos, que considera que pode prejudicar a audição dos trabalhadores. A FAOM sugere que o Governo implemente o mais rápido possível o calendário da proibição total de tabaco nos casinos, assim como melhore o sistema de promoção.

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TIAG

O AL

CÂNT

ARA

8 sociedade hoje macau quarta-feira 17.12.2014

O gosto pela cidade, segundo os analistas, desce de ano para ano. O dinheiro nos bolsos é cada vez menos, e, para alguns, a RAEM correo risco de se tornar“um parquede diversões com muitos casinos”

M ACAU continua a ba-ter recordes mundiais e muitos elogiam o milagre económico

proporcionado pelo Jogo, mas para os residentes o ‘El Dorado’ acabou: o território sofre cada vez mais de uma subida acentuada de preços, excesso de pessoas, poluição e tensão social.

Para o historiador Jorge Cava-lheiro, o sociólogo Hao Zhidong e o economista José Isaac Duarte, o Produto Interno Bruto (PIB) não é tudo, já que os frutos do desenvolvimento que começaram por melhorar a vida da população, estão hoje a fugir dos bolsos dos residentes.

UM Criado Centro de Estudos de Tradução e InterpretaçãoFoi inaugurado em Novembro o novo Centro de Estudos de Tradução, Interpretação e Conhecimento (CSTIC, na sigla inglesa), o qual ficará a funcionar na Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade de Macau (UM). Segundo um comunicado enviado ontem às redacções, o reitor da UM, Wei Zhao, destacou a importância da nova entidade. “Estamos determinados a desenvolver um campus de nível internacional e uma das características comuns das universidades de topo é a existência de departamentos ou centros nas línguas maternas dos países. Temos três idiomas em Macau - o chinês, o inglês e o português – então, estamos determinados a desenvolver a Faculdade de Artes e Humanidades, especialmente os departamentos de Chinês, Inglês e Português”, apontou. Martin Montgomery, director interino da faculdade, disse que a linguagem é talvez “uma das mais complexas actividades do ser humano.

POLUIÇÃO, TRANSPORTES, PESSOAS E PREÇOS TORNAM CIDADE MENOS HABITÁVEL

Macau já não é a luz ao fundo do túnel

“O que assistimos hoje, com esta confusão de gente, tráfego, com esta poluição, é que as pessoas se desmotivam, recolhem, isolam-se e, de certo modo, perdem o gosto pela cidade”JORGE CAVALHEIRO Historiador

“A população não beneficiou em nada com o crescimento de Macau”, lamenta Jorge Cavalheiro, minimi-zando o facto de o território ser o quarto com maior PIB per capita, à frente de países como a Suíça.

O historiador aponta para vários factores que degradaram a qualidade de vida dos residentes - trânsito, ambiente, excesso de pessoas, deterioração do patrimó-nio, má qualidade dos alimentos - e sublinha que nem ao nível económico é hoje vantajoso viver em Macau.

“O preço da habitação é uma exorbitância, o preço do arren-damento é uma exorbitância e o Governo, sob o pretexto de Ma-cau ser uma economia livre, não interfere”, diz.

Cavalheiro lembra ainda os efeitos da inflação. “Hoje vamos ao mercado e é tudo muitíssimo mais caro, há coisas que aumentam 100, 200, 300% e os produtos de super-mercado é a mesma coisa”, diz.

Os dados mais recentes apon-tam para uma média de cem mil patacas por metro quadrado no mercado imobiliário. E o arrenda-mento oscila entre as 9 mil e as 15 mil patacas por mês, para um T2.

E AGORA, MACAU? José Isaac Duarte admite que “houve uma subida significativa nos salários por escassez da mão--de-obra local” mas lembra que “essa subida dos salários tem vindo a ser consumida pela inflação e pela subida da habitação”.

Por isso, assiste-se a “uma de-gradação do tecido empresarial das pequenas e médias empresas, o que, no fundo, é o fim de Macau como entidade histórica. Macau tenderá, se isto não for invertido, a tornar-se um parque de diversões com muitos casinos”, sentencia o economista.

Uma das consequências so-ciais deste fenómeno, que Isaac Duarte acredita ter-se intensifica-do a partir de 2011, é o abandono escolar de muitos jovens para trabalhar nos casinos.

A actual queda nas receitas dos casinos, que desceram 23% em Novembro, mostra como o modelo económico de Macau é “extremamente vulnerável a qualquer alteração das condições externas”, alerta.

Caso a contracção não se in-verta, diz Isaac Duarte, alguns dos novos projectos para o Cotai vão ser suspensos, o que pode reflectir--se numa queda dos preços.

O ‘EL DORADO’ NÃO MORA AQUIPara Jorge Cavalheiro, a questão vai muito além do custo de vida. “O que assistimos hoje, com esta confusão de gente, tráfego, com esta poluição, é que as pessoas se desmotivam, recolhem, isolam--se e, de certo modo, perdem o gosto pela cidade”, lamenta.

Além disso, persistem proble-mas que não se coadunam com a riqueza do território: “Se sair da zona do Leal Senado vai encontrar ruas estreitas com casas degrada-das, onde vivem pessoas, onde não há casas de banho condignas, não há cozinhas condignas, não há ven-tilação. São casas com humidade, insalubres, que não são dignas de um ser humano viver”.

Para o sociólogo e comentador político Hao Zhidong, Macau enfrenta também outro tipo de tensões. “Há uma palavra, ‘con-tinentalização’, para dizer que Macau está a tornar-se cada vez mais como a China continental. Isso vai ser um problema, porque quer dizer que haverá menos liber-dade de expressão, de imprensa, e menos autonomia”, indica.

Os sinais já estão aí, diz, apon-tando para os recentes casos dos professores de Ciência Política Éric Sautedé e Bill Chou, que perderam os seus empregos, na Universidade de São José e na Universidade de Macau (UM), respectivamente, em casos com contornos políticos.

“Isso mostra que há proble-mas com a liberdade académica”, salienta o académico, também ele docente da UM.

Perante este cenário, ainda vale a pena rumar a Macau? Nem por isso, diz Isaac Duarte.

Primeiro, porque a atribuição de residência está a ser cada vez mais dificultada, com o Gover-no a aplicar uma “política não declarada” para acabar com os residentes não permanentes - es-tatuto intermédio em que ficam a maioria dos portugueses nos primeiros sete anos de estadia e que lhes permite aceder a uma série de regalias.

Em segundo lugar, os salários já não se mostram tão competiti-vos como antes. “Começa a ver-se pessoas de sectores profissionais aos quais habitualmente se as-sociava um certo desafogo eco-nómico a começarem a partilhar apartamento, a ter mais cuidado com os gastos. Se as pessoas querem vir e dividir casa, fazer refeições em casa, isso é uma op-ção, mas já não é o ‘El Dorado’”, alerta. - Lusa/HM

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TIAGO ALCÂNTARA

9 sociedadehoje macau quarta-feira 17.12.2014

C ASO singular ao tornar--se na primeira região da China a implementar a escolaridade gratuita até

aos 15 anos, Macau está acima da média nos três ramos de literacia, mas também nas taxas de reprova-ção, o que leva alguns professores a dizer que há falta de estratégia no sector e a pedir mais formação de docentes.

“Macau é um local estranho: o desempenho escolar é bom, mas a repetição de ano é grande. É um fenómeno que estamos a estudar”, disse à agência Lusa o director do Centro de Investigação de Testes e Avaliação do Programa Inter-nacional de Avaliação de Alunos (PISA), da Faculdade de Educação da Universidade de Macau.

Segundo Kwok-Cheung Cheung, “Macau tornou-se, em 2012, uma das poucas economias no mundo com alto desempenho na aprendizagem de Matemática, com a percentagem de sucesso dos alunos com problemas familiares a constar entre as mais elevadas entre os participantes do PISA”.

Ainda assim, salienta, “há cerca de 10% da população escolar que não completa o ensino secundário”.

Com uma rede escolar assente em instituições privadas, Macau implementou plenamente a esco-laridade gratuita até aos 15 anos a partir do ano lectivo de 2007/2008.

O alargamento da escolaridade gratuita também é destacado pelo professor de matemática Jack Ng: “Foi uma boa medida para as famílias porque a economia de Macau não estava tão boa e isso ajudou os pais a garantirem uma educação para os filhos”.

Q UASE um quinto da população vive actualmente em ha-

bitações públicas em Macau, onde o preço médio por metro quadrado galgou a barreira das cem mil patacas, valor que se multiplicou por dez no intervalo de uma década.

Segundo dados facultados à agência Lusa pelo Instituto de Habitação (IH), até ao final de Setembro, 116.228 pessoas residiam em habita-ções públicas, ou seja, 18,4% da população estimada de Macau.

Do total, 75,6% residia em casas económicas, enquanto as restantes 25.796 habitava casas sociais.

Os ‘inquilinos’ de ha-bitações públicas estavam distribuídos por um universo de 45.573 habitações públi-

cas – 32.763 económicas e 12.810 sociais –, o que dá uma média de 2,5 elementos por cada lar.

Em construção, até ao fi-nal de Setembro, estavam, de acordo com o IH, mais 7005 habitações públicas: a maio-ria das quais económicas.

PROCURA NÃO PÁRAJá excluindo da população total o universo de traba-lhadores não residentes e os residentes não permanentes, os quais não são elegíveis, a percentagem que vive em habitação pública sobe para a ordem dos 25%.

A procura por habitação pública é extremamente visí-vel, como prova o resultado do mais recente concurso: mais de 42 mil residentes per-manentes apresentaram uma

candidatura para a compra de apenas 1900 fracções de habitação económica disponi-bilizadas pela Administração.

Em relação aos prazos dos próximos concursos de habitação, o IH indica, em resposta escrita, que “há que considerar vários aspectos em conjunto com a oferta dos terrenos e os trabalhos de revisão”.

Qualificada como “a prio-ridade das prioridades” pelo chefe do Executivo, Chui Sai On, aquando da sua reeleição, a habitação continua a figurar como um dos principais pro-blemas de Macau.

Segundo dados facultados pelo próprio líder do Governo, em 2010, durante um plenário da Assembleia Legislativa, mais de 70% da população tem casa própria. - LUSA/HM

Ilha da MontanhaMais de 200 empresasde Macau registadas O director do Conselho de Gestão da Nova Zona da Ilha de Montanha, Niu Jing, referiu que o desenvolvimento integrado de Macau e da Ilha da Montanha tem uma forte tendência, sendo que os projectos investidos por empresas locais ocupam 53% de todos os terrenos de construção da mesma ilha. Como a Nova Zona da Ilha de Montanha foi criada há já cinco anos, Niu Jing afirmou, na passada segunda-feira aos Serviços de Notícias da China, que as duas regiões vão construir uma ligação do metro ligeiro, cooperar ao nível financeiro e do mecanismo de comunicação de políticas. O director acrescentou ainda que 213 empresas de Macau estão já registadas na Ilha da Montanha e a ocupação de terreno dos projectos atinge os 932,7 hectares, ou seja, 53% dos terrenos de construção da Ilha da Montanha. Niu espera que, durante os próximos cinco anos, os recursos das duas partes possam complementar-se, assim desenvolvendo as indústrias dos dois lados conjuntamente.

MAIS DE UM QUINTO DA POPULAÇÃO VIVE EM HABITAÇÕES PÚBLICAS

Quem casa quer casa do Governo

“Não temos uma visão muito forte sobre o futuro. Penso que esse é o maior desafio para alunos, pais e Governo. Parece que estamos a ter muitas mudanças, mas não estamos certos de que signifiquem melhor educação no futuro”JACK NG Professor de matemática

Apesar da escolaridade gratuita até aos 15 anos e do desempenho escolar positivo, a RAEM conta, no entanto, com uma alta taxade reprovação. Fenómeno que é agora objecto de estudo

ENSINO PROFESSORES FALAM EM FALTA DE ESTRATÉGIA

Estranhas contradições

O académico reconhece que “o Governo está a alocar muitos recur-sos para a Educação” comparando com o passado, mas também nota

que isso pode “não querer dizer nada”, elencando vários factores que podem influenciar a Educação, a começar pela “cultura da escola”.

“As escolas são encorajadas a reformar os seus currículos para que possam ensinar os alunos a pensar de forma crítica, mas se vamos para a política escolar, talvez as escolas não queiram que os alunos pensem de forma muito crítica”, observa Jack Ng, sugerindo um maior envolvimento dos docentes.

Em termos gerais, Jack Ng queixa-se daquilo que considera ser a falta de estratégia no sector: “Não temos uma visão muito forte sobre o futuro. Penso que esse é o maior desafio para alunos, pais e

Governo. Parece que estamos a ter muitas mudanças, mas não estamos certos de que signifiquem melhor educação no futuro”.

SEM SURPRESASJá a directora da Faculdade de Educação da Universidade de São José (USJ), Ana Correia, considera que, globalmente, “a Educação tem evoluído de uma forma extrema-mente positiva” e dá dois exemplos objectivos: o investimento em tecnologia, que permitiu às escolas estarem “extraordinariamente bem equipadas”, e a oferta de incentivos para a formação de professores.

Macau continua, porém, no topo do mundo ao nível das taxas de reprovação, com uma média acima da OCDE.

“Até há pouco tempo, a formação de professores era oferecida em pou-quíssimas áreas. Estava dependente de outras regiões, como Taiwan. Portanto, de facto, não espanta que uma situação em que grande parte dos professores não tem qualifi-cações profissionais e académicas suficientes produza essas terríveis taxas”, observa, apontando “a falta de conhecimento” ao nível da pe-dagogia, didáctica e de técnicas de ensino/aprendizagem como estando “na base” desse fenómeno.

“Não digo que não sejam neces-sárias políticas bastante assertivas do Governo, mas a própria mudan-ça da situação dos professores vai fazer com que esse fenómeno deixe de ser tão acentuado”, salienta.

Na pasta das prioridades da Edu-cação há, no entanto, na perspectiva da docente da USJ, duas áreas de ensino ainda negligenciadas: o pré--escolar e o ensino especial. - LUSA/HM

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DENTRO DE TI VER O MAR • Inês PedrosaDentro de ti ver o mar. A frase era dele, e dissera-a sem sequer gaguejar. Dentro dela Gabriel perdia completamente a gaguez. A frase era dele e agora Rosa esperava que viesse reivindicar-lha. Era esse o seu engenho emancipatório. Dessa frase que não lhe pertencia surgira uma letra de fado e o sucesso da fadista, numa Lisboa saturada de novos heróis do fado. Procissões de artistas despontavam diariamente para o anonimato. O fracasso subia-lhes à cabeça. A vida da fadista Rosa, que procura o pai que nunca conheceu, cruza-se com a de Farimah, que escapa ao fado desenhado pelo pai, e com a de Luísa, que não teve mãe e ofereceu a filha. A história de três mulheres desobedientes e de como cada uma delas encontra a sua própria voz.

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NAS TUAS MÃOS • Inês PedrosaTrês mulheres - Jenny, a avó; Camila, a mãe; Natália, a filha - cruzam destinos e as suas memórias do século neste romance. Entre o diário da primeira, o álbum de fotografias da segunda, e as cartas da terceira revelam-se sucessivos rostos da paixão numa sociedade em mudança. Com o seu primeiro romance, “A Instrução dos Amantes”, Inês Pedrosa traçou as estratégias da vida adulta sobre um microcosmos de adolescentes suburbanos. Depois, em “Nas Tuas Mãos”, ela convida-nos a imaginar o Portugal das últimas décadas medido e analisado pelas variáveis emoções das suas protagonistas.

10 hoje macau quarta-feira 17.12.2014EVENTOSAs memórias estavam guardadas numa cápsula desde 2009, altura em que se comemorou o décimo aniversário da transferênciade soberania

FLORA FONG [email protected]

V INCENT Tung, director de Marketing da Shun Tak, juntamente com vários convidados de empresas

locais, como a Galaxy, o City of Dreams, a Macau Pass, a Doca dos Pescadores, a Macau Creations, a TDM e outras, abriram ontem uma cápsula do tempo, onde tinham sido guardados alguns objectos. As memó-rias estavam desde 2009 depositadas no primeiro andar subterrâneo da Torre de Macau e foram ontem retiradas para celebrar os 15 anos da transferência de soberania. Entre os vários objectos encontrava-se uma edição especial do jornal Ou Mun, um bilhete de ferry da TurboJet, um telemóvel 3G considerado moderno na altura e até uma garrafa com “ar de 2009”.

A ideia da cápsula do tempo e das memórias é fazer recordar “cada sector de Macau”.

Documentário com Carlos Morais José estreia na TDM Está marcado para o dia 20 de Dezembro a estreia do grande documentário televisivo “Macau Back To Common Roots”. Levado a cabo pela Associação de Promoção ao Desenvolvimento Cultural de Macau, Tianyi Media e & Culture Company, TDM e China Radio Film & TV A/V Publishing Center, o filme conta com a participação de várias figuras da comunidade, incluindo o director do HM, Carlos Morais José. De nome original “Ao Longo do Rio Durante o Festival Qingming”, o documentário vai passar no canal Ou Mun da TDM a partir de dia 20, sendo dividido em dez séries. O documentário levou 16 meses a ser feito e está incluído nas comemorações do 15º aniversário da RAEM.

Venetian Cantora Joey Yung actua em JaneiroConsiderada uma diva da pop da região vizinha, a cantora Joey Yung vem a Macau para dar dois concertos no espaço Cotai Arena do Venetian, nos dias 23 e 24 de Janeiro do próximo ano. Os bilhetes começaram ontem a ser vendidos por preços que variam entre as 480 e 1080 patacas. Êxitos como “Little Day”, “My Pride” e “Forest of Flowers” poderão ser ouvidos pelo público, num espectáculo marcado para as 20h00.

E M celebração do 15º aniversário do estabe-lecimento da RAEM, o

Instituto para os Assuntos Cí-vicos e Municipais (IACM) organiza, nas Casas-Museu da Taipa, a Exposição de flores “Bocas-de-Leão”.

“As flores temáticas desta exposição são flores de Bocas-de-Leão, assim deno-minadas devido ao formato que as tornam parecidas com o peixe-dourado, símbolo da riqueza, prosperidade e vita-lidade”, começa por explicar o IACM, no seu website.

Ao todo, serão exibidos mais de 70 mil vasos deste tipo de flores, de diferentes

ABERTA CÁPSULA DO TEMPO PARA CELEBRAR 15 ANOS

VIAGEM AO PASSADO

TAIPA “BOCAS-DE-LEÃO” EM EXPOSIÇÃO

Cores do marespécies e cores, e mais de 10 mil vasos de flores de Inver-no. O local da exposição será

e resultados frutíferos. Outra característica é um grande palácio submerso, simboli-zando o regresso de navios ao porto.

RICA MOSTRAA exposição é nas Casas--Museu da Taipa, pelo que também poderá ser vista na praça junto da Estrada da Baía de Nossa Senho-ra da Esperança e no Jardim do Mercado do Iao Hon.

“Para enri-quecer esta acti-vidade, o IACM irá organizar,

durante o período da expo-sição, uma série de eventos temáticos sob o tema das flores de Bocas-de-Leão, nomeadamente, exposições da arte de flores, pales-tras, demonstração da arte de flores, exposições de fotografias e de pintura, workshops sobre pintura corporal, flores em farinha, arte da flor em papel, con-curso sobre a arte da flor,

concursos de fotografia e pintura, etc.”

A entrada na ex-posição é gratuita e a mostra decorre até 4 de Janeiro de 2015.

70 mil vasos de floresBocas-de-Leão

10 milvasos de flores de Inverno

decorado “como um mundo aquático para transmitir a noção de se estar perante um mar de flores”, havendo arranjos florais tridimensio-nais com paisagens aquáti-cas e formas de animais. A mostra está dividida em duas zonas principais: a primeira retrata uma viagem ao ocea-no com a ajuda de um farol, enquanto o arranjo floral de Bocas-de-Leão num navio simboliza uma boa viagem

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11 eventoshoje macau quarta-feira 17.12.2014

MACAU recebe novamente espectáculos de projecção de

vídeo mapping a 3D, desde ontem e até 31 de Dezembro. Sob o título “Passado, Presente e Futuro” em comemoração do 15° aniversário da RAEM, os espectáculos têm lugar em três locais diferentes: no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo na Taipa e na Igreja de São Francisco Xavier em Coloane.

“Cada espectáculo tem apro-ximadamente dez minutos de

Por isso mesmo, e porque as memórias são para continuar, todos os convidados presentes foram ins-tados a colocar mais objectos “pre-ciosos” dentro da cápsula, que, desta vez, será aberta quando a RAEM festejar o vigésimo aniversário.

Um iPhone 6, medalhas da Maratona deste ano realizada pela Galaxy, um cartão de débito do ICBC, fotografias da Associação International Brand Enterprise Commercial e o primeiro cartão da Macau Pass que pode ser carregado por aplicativo de telemóvel, entre muitos outros, foram outros dos no-vos objectos colocados na cápsula.

PARA MAIS TARDE RECORDARO administrador da Teledifusão de Macau (TDM), Manuel Pires, esteve também presente para colo-car uma gravação da festa de 30 º aniversário da TDM, que aconteceu este ano, bem como uma colecção de DVD de todas as competições musicais que já passaram pela televisão. A escolha, diz, recaiu no facto de muitos cantores de Macau se terem conseguido desenvolver no estrangeiro devido ao sucesso nestas competições da TDM.

A oferta do City of Dreams foram bilhetes do House of Dancing Water, uma forma de demonstrar esperança de que, até 2019, existam mais pro-jectos extra-Jogo em Macau.

Representando a Torre Macau, Vincent Tung colocou o troféu de “Melhor Actividade Criativa”, emitido pela Federação Mundial das Grandes Torres em 2012, junta-mente com um modelo da Torre de Cantão, simbolizando a promoção de indústria de turismo entre as duas regiões.

As cápsulas do tempo continuam a ser colocados no primeiro andar subterrâneo da Torre de Macau, um local aberto ao público. Prevê-se que no 20º aniversário do estabele-cimento da RAEM sejam reabertos estes novos “tesouros”, “memórias brilhantes” destes cinco anos que hão-de passar.

Entre os vários objectos encontrava--se uma edição especial do jornalOu Mun, um bilhete de ferry da TurboJet, um telemóvel 3G considerado moderno na altura e atéuma garrafa com“ar de 2009”

Mapping Espectáculos de 3D em Macau, Taipa e Coloane duração, contando ainda que os espectáculos apresentados na Taipa incluem uma sessão interactiva e que a duração do espectáculo de-pende da participação do público”, avisa a Direcção dos Serviços de Turismo (DST), em comunicado.

“Desta vez os espectáculos têm como tema ‘Passado, Presente e Fu-turo’, sendo o ‘Passado’ projectado nas paredes do exterior do Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau, com a evolução histórica de Macau. O ‘Presente’ é uma sessão interac-

tiva, em frente à Igreja de Nossa Senhora do Carmo na Taipa. O ‘Futuro’ realiza-se na Igreja de São Francisco Xavier em Coloane, com a projecção de desenhos feitos por crianças de Macau.”

Através de equipamentos, o público pode criar o seu próprio espectáculo de mapping a 3D, par-ticipando no que vai ser mostrado.

Os interessados podem assistir gratuitamente a esta série de espec-táculos, que têm lugar diariamente até 31 de Dezembro, das 20h30 às 22h30.

DST

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13CHINAhoje macau quarta-feira 17.12.2014

AnúncioConcurso público para

«Empreitada de Remodelação de Equipamentos Sociais na Habitação Pública do Fai Chi Kei»

1. Entidade que põe a obra a concurso: Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas.2. Modalidade de concurso: concurso público.3. Local de execução da obra: na Habitação Pública do Fai Chi Kei.4. Objecto da Empreitada: remodelação de equipamentos sociais.5. Prazo máximo de execução: 360 (trezentos e sessenta) dias.6. Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do

acto público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no programa do concurso.7. Tipo de empreitada: a empreitada é por série de preços.8. Caução provisória: $ 1 200 000,00 (um milhão e duzentas mil patacas), a prestar mediante depósito em

dinheiro, garantia bancária ou seguro-caução aprovados nos termos legais.9. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber

em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar).

10. Preço base: não há.11. Condições de admissão: serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na DSSOPT para

execução de obras, bem como as que à data do concurso tenham requerido a sua inscrição, neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido de inscrição.

12. Local, dia e hora limite para entrega das propostas:Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar;Dia e hora limite: dia 29 de Janeiro de 2015, quinta-feira, até às 17,00 horas.

13. Local, dia e hora do acto público:Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, sala de reunião;Dia e hora: dia 30 de Janeiro de 2015, sexta-feira, pelas 9,30 horas.Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público de abertura de propostas para os efeitos previstos no artigo 80.º do Decreto-Lei n.º 74/99/M e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso.

14. Local, hora e preço para obtenção da cópia e exame do processo:Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar;Hora: horário de expediente;Preço: $ 2 000,00 (duas mil patacas).

15. Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação:- Preço razoável : 60%;- Plano de trabalhos: 10%;- Experiência e qualidade em obras: 18%;- Integridade e honestidade: 12%;

16. Junção de esclarecimentos:Os concorrentes poderão comparecer na sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, a partir de 14 de Janeiro de 2015, inclusive, e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.

Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, aos 10 de Dezembro de 2014.

O Coordenador do Gabinete, substitutoChau Vai Man

O aviso vem de académicos da Academia Chinesa de Ciências Sociais que prevêem escassez de mão-de-obra e uma população envelhecida sea medida nãofor alterada

P ERITOS chineses estão a defender a abolição da polí-tica de “um casal, um filho”, alertando que o índice de

natalidade do país se encaminha para “um nível perigosamente baixo”, revelou ontem a imprensa oficial.

Em Novembro de 2013, a direcção do Partido Comunista

Carta de Marx leiloada por quatro milhões de yuanUma carta e uma fotografia de Karl Marx, o fundador da doutrina comunista, foram leiloados por 4,2 milhões de yuan em Hangzhou, no leste da China, anunciou ontem a imprensa oficial. Não foi divulgada a identidade do licitador da carta, datada de 1881. Apresentada como “uma importante carta dos últimos anos de Karl Marx (1818-83)”, o documento refere-se ao amigo e co-autor do famoso “Manifesto Comunista”, Friedrich Engels, segundo a imprensa. A carta, com apenas 20 linhas, já tinha sido publicada na edição chinesa das Obras Completas de Marx e Engels. Marx é um dos filósofos ocidentais mais conhecidos na China e o marxismo continua a ser um “princípio cardeal” do Partido Comunista Chinês.

PERITOS DEFENDEM ABOLIÇÃO DA POLÍTICA “UM CASAL, UM FILHO”

Alerta de baixa fertilidade

“Quanto mais cedo promovermos a política de um segundo filho, mais cedo veremos os efeitos positivos que isso trará”CAI FANG Vice-directorda Academia Chinesade Ciências Sociais

Chinês decidiu aliviar o controlo da natalidade imposto há três décadas, mas o número de casais que se inscreveram para ter um segundo filho (cerca de 700.000) ficou muito aquém dos dois milhões previstos pelas autoridades.

“O esperado ‘baby boom’ não aconteceu e a vontade das pessoas de ter mais filhos irá diminuir com o desenvolvimento económico”, disse Cai Fang, vice-director da Academia Chinesa de Ciências Sociais (ACCS).

“Quanto mais cedo promo-vermos a política de um segun-do filho, mais cedo veremos os efeitos positivos que isso trará”, acrescentou.

Cai Fang admite que uma nova política de natalidade “terá alguns resultados negativos”, mas consi-dera que “serão muito limitados,

em comparação com os benefícios que vão introduzir”.

Os casais em que um dos pais é filho único podem agora ter um segundo filho, como já acontecia com os casais em que ambos os cônjuges eram filhos únicos, mas para os outros casos, a política de “um casal, um filho” mantém-se em vigor.

CAMINHO ARMADILHADOPelas contas do governo, sem aque-la política, em vez de cerca de 1.350 milhões de habitantes, a China teria hoje quase 1.800 milhões.

Mas a população activa come-çou a diminuir e a taxa de fertilida-de, que na década de 1970 era 4,77 filhos por mulher, desceu para 1,4, atingindo quase o nível de alerta de 1,3, considerado globalmente como “a armadilha da baixa fertilidade”, indica um relatório da ACCS citado pelo China Daily.

“O baixo índice de natalidade provocará outros problemas, como a escassez de mão-de-obra e o far-do económico de uma sociedade envelhecida”, disse Lu Yang, um investigador da academia especia-lizado em demografia e economia laboral.

Em 2050, um terço da popula-ção chinesa terá 60 ou mais anos e haverá menos trabalhadores para sustentar cada reformado, assinala o China Daily.

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14 hoje macau quarta-feira 17.12.2014

WANG CHONG 王充 OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

Sobre a morte – 18

É difícil de compreender o que são os sonhos. Segundo alguns, seriam as imagens, felizes ou infelizes, produzidas pelos espíritos subtis que residem no corpo. Segundo outros, os sonhos se explicariam pelo encontro entre os espíritos que vagabundeiam [no exterior do corpo de quem dorme] e outros seres. A admitir [a primeira hipótese], segundo a qual os espíritos subtis residem no corpo [de quem sonha], então estes deveriam igualmente residir no corpo depois da morte [não podendo, por isso, fazer mal a ninguém]. Mas se admitirmos que os sonhos se explicam pela vagabundagem dos fluidos [fora do corpo] então, quando um homem sonha que mata alguém, ou por alguém é morto, e examinamos seu corpo ou o da vítima pela manhã, não descobrimos qualquer prova de ferida causada por faca ou arma. Tais espíritos subtis que vagabundeiam durante os sonhos não diferem dos espíritos do morto: se são incapazes de ferir alguém em sonhos, como o poderiam fazer após a morte?Enquanto o fogo arde, o conteúdo do caldeirão ferve; quando a fervura termina o vapor cessa: tudo depende do fogo. Enquanto os espíritos subtis se enfurecem, é possível fazer mal a outrem, caso contrário são incapazes de o fazer: tal como o fogo que arde e provoca ebulição e vapor, os fluidos em cólera no peito excitam a força [física] e aquecem o corpo. Mas, ao chegar a morte, o corpo fica frio, um frio que aumenta e se torna extremo, até que se dá o falecimento: nesse momento, os espíritos subtis já não estão em cólera e, após a morte do corpo, são como a sopa vertida do caldeirão [que já nada agita]; [não podendo já ser agitados por nada] como poderiam os fluidos subtis fazer mal a alguém?

Tradução de Rui Cascais | Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.

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15 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 17.12.2014

Tudo depende do fogo.

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16 publicidade hoje macau quarta-feira 17.12.2014

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hoje macau quarta-feira 17.12.2014 (F)UTILIDADES 17

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 9 MAX 15 HUM 35-60% • EURO 9 .9 BAHT 0 .2 YUAN 1 .3

ACONTECEU HOJE 17 DE DEZEMBRO

O QUE FAZER ESTA SEMANA?

João Corvo fonte da inveja

C I N E M ACineteatro

SALA 1EXODUS: GODS AND KINGS [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver14.30, 21.00

EXODUS: GODS AND KINGS [3D] [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver18.00

SALA 2THE THEORY OF EVERYTHING [B]Um filme de: James Marsh

Com: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Emily Watson, Charlie Cox14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3THE BEST OF ME [B]Um filme de: Michael HoffmanCom: Michelle Monaghan, James Marsden, Luke Bracey14.30, 21.30

BIG HERO 6 [B]Um filme de: Don Hall, Chris Williams16.45, 19.30

THE THEORY OF EVERYTHING

U M L I V R O H O J E

‘The Simpsons’ estreiam na televisão norte-americana• A estreia da famosa série de televisão norte-americana ‘The Simpsons’ dá-se a 17 de Dezembro de 1989. Criada por Matt Groening, ‘The Simpsons’ é um retrato satírico do estilo de vida da classe média dos EUA. A família composta por Homer, Marge, Bart, Lisa e Maggie, que vive na cidade de Springfield, é a representação fiel de uma cultura, num trabalho artístico notável.‘The Simpsons’ é uma série multi-premiada, destacando-se 27 Emmy, e foi eleita pela Time como a melhor série do século XX. É um dos programas de desenho animado de maior duração e já mereceu adaptação para filme.Desde o dia da estreia, a 17 de Dezembro de 1989, foram transmitidos 514 episódios, sendo que o programa segue já na 24.ª temporada, que estreou a 30 de Setembro de 2012.Apesar das críticas de declínio, certo é que ‘The Simpsons’ ficará para a história como uma das mais bem sucedidas séries de televisão.Também a 17 de Dezembro assinala-se o nascimento de D. Maria I, em 1734. Foi Rainha de Portugal de 1777 a1816, sucedendo a D. José I, depois de ter sido princesa do Brasil, da Beira e duquesa de Bragança.Morreu no Rio de Janeiro, a 20 de Março de 1816, e está sepultada na Basílica da Estrela, em Lisboa, para onde foi transladada.D. Maria ficou conhecida pelos cognomes de ‘A Piedosa’ ou ‘A Pia’, em virtude da sua devoção religiosa à Igreja Católica, o que a levou a construir, precisamente, a Basílica da Estrela.Também neste dia 17 de Dezembro assinala-se um feito histórico, conseguido pelos irmãos Wright, Orville e Wilbur, que em 1903 realizam seu primeiro voo de aeroplano.

“CHECHÉNIA, A VERGONHA RUSSA” (ANNA POLITKOVSKAYA, 2008)

Anna Politkovskaya pagou com a própria vida o facto de ter sido uma das mais acérrimas críticas do Governo de Vladimir Putin, ao ser assassinada à porta de casa em Moscovo, em 2006. Este livro é a prova desse trabalho de uma vida, enquanto repórter do semanário Novaya Gazeta. Nestas páginas, Anna Politovskaya decifra os contornos do conflito bélico entre o governo de Moscovo e a região da Chechénia,

mas relata também as consequências sociais e humanas do uso das armas e da frieza dos homens. - Andreia Sofia Silva

• HojeAPRESENTAÇÃO DO LIVRO “NORBERTO BOBBIO, A TRADIÇÃO EUROPEIA DA LIBERDADE”Fundação Rui Cunha, 18h30Entrada livre

ABERTURA DA EXPOSIÇÃO DE PINTURA “KOREAN ART”, COM OH YOUNG SOOK E KIM YEON OK Galeria Iao Hin, 19h00Entrada livre

ABERTURA DA EXPOSIÇÃO “RETRATOS DE YU CHANG”Albergue SCM, 18h30Entrada livre

• Sexta-feiraTHE SMURFS AO VIVO EM PALCO – “THE SMURFS SAVE THE SPRING” (ATÉ 21/12)Venetian, 15h45 e 19h45Bilhetes das 88 às 300 patacas

• DiariamenteCOTAI WINTER (PISTA DE GELO E ACTIVIDADES)Venetian Lagoon, CotaiEntrada livre

EXPOSIÇÃO DE PINTURA “113º 55’ E 21’ 11’N”, DE SOFIA AREAL (ATÉ 12/01)Casa GardenEntrada livre

EXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS” DE VICTOR MARREIROS (ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store, Rua Almirante SérgioEntrada livre

EXPOSIÇÃO PÁSSAROS DE MACAU, DE JOÃO MONTEIRO (ATÉ DIA 29/12) Consulado-geral de Portugal em MacauEntrada livre

EXPOSIÇÃO “REGIÃO OBSCURA” DE HEIDI LAU Museu de Arte de MacauEntrada livre

ALDEIA DO PAI NATAL (ATÉ 26/12)Crystal Lobby do Galaxy Macau, 11h30 às 21h00Bilhetes a 80 patacas

EXPOSIÇÃO DE FLORES DE “BOCAS-DE-LEÃO” (ATÉ DIA 04/01)Casas-Museu da TaipaEntrada livre

PROJECÇÃO MAPPING 3D (ATÉ DIA 31/12)• “Passado”: Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau• “Presente”: Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Taipa• “Futuro”: Igreja de São Francisco Xavier, Coloane Das 20h30 às 22h30Entrada livre

Não acredites, nem duvides: caminha, dança e queima, a cada passo, qualquer coisa que se assemelhe à realidade.

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18 OPINIÃO hoje macau quarta-feira 17.12.2014

A Conferência das Partes (COP 20), como órgão de cúpula da “Conven-ção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC na sigla inglesa) ”, que decorreu entre 1 e 12 de Dezembro de 2014, em Lima, tem a grande responsabilidade

de obter o máximo de consensos e compro-missos possíveis, relativamente aos volumo-sos e carregados temas de cada área, com vista a elaborar uma minuta de aceitável do futuro “Acordo Universal sobre o Clima” que deverá ser assinado, aquando da realização da COP 21, entre 1 e 15 de Dezembro de 2015, em Paris, e que substituirá o Protocolo de Quioto, após 2020.

A resiliência face às mudanças cli-máticas é uma das áreas mais sensíveis e problemáticas. As mudanças climáticas

Os transportes e as mudanças climáticas

estão a aumentar a incidência, frequência e magnitude dos desastres naturais e está a agravar a vulnerabilidade de muitos países e comunidades em todo mundo. Os peri-gos associados ao clima, desde as secas a super tufões como o de Hayan que atingiu as Filipinas, a 8 de Novembro de 2013, e matou mais de sete mil pessoas, e o Tufão Hagupit que assolou igualmente o país, a 7 de Dezembro de 2014, do qual não existe ainda, um registo final de vítimas, feridos e desabrigados, destruiu nos locais da sua passagem, 80 por cento das edificações, e obrigou a 1,2 milhões de pessoas a fugirem das suas residências e a refugiarem-se em centenas de abrigos.

O aumento do nível do mar, pode ter graves consequências para as pessoas, bens, empresas, sistemas financeiros e instituições públicas e privadas, pelo que se torna urgente melhorar a sua capacidade de adaptação e ser resistente a um clima que rapidamente se altera. Quer as administrações centrais, como as locais, o sector privado, a comu-nidade científica e a sociedade civil, têm estado a trabalhar para mitigar a exposição das pessoas e activos económicos, aumentar a resiliência das comunidades e países, e acelerar as medidas no terreno.

As alianças de acção, neste âmbito, estão a ser criadas, tendo em consideração quatro objectivos, como o fortalecimento do acesso e o uso da informação climática, integração dos custos dos riscos associados ao clima nos sectores das finanças e o desenvolvimento,

financiamento dos riscos e os benefícios de cidades com capacidade de resiliência.

A “Iniciativa relativa à Informação Cli-mática” proporcionará aos agricultores, aos responsáveis pela elaboração de políticas e outros encarregados pela adopção de deci-sões, afectados pelas mudanças climáticas e possíveis efeitos dos fenómenos meteoro-lógicos extremos, a possibilidade de acesso a dados climáticos estacionais e informação associada, interpretá-los e posteriormente tomar adequadas decisões.

A “Integração do Risco de Desastres e a Resiliência no Sistema Financeiro”, é a iniciativa que tem por objectivo criar um consórcio entre as principais instituições financeiras, entidades reguladoras, impor-tantes instituições públicas e privadas e cientistas que contribuam para o reconhe-cimento dos custos do risco de desastres

e ausência de planos de resiliência, como por exemplo, os membros do consórcio comprometer-se-iam a pôr a prova parte dos seus investimentos e activos que se encontram em situação de risco, quando se produzisse um desastre associado ao clima, uma vez em cada século. Assim, justificariam o risco das suas carteiras de investimento e integrariam os incentivos em programas de criação de resiliência.

A “Inovação em Fundos para o Risco Climático e de Desastres”, é a iniciativa em que o alcance, as capacidades e a cobertura dos instrumentos existentes, como o “Fundo de Seguro contra Riscos de Catástrofes para as Caraíbas” e a “Capacidade de Riscos de África”, estão a ser alargados de forma a cobrir as necessidades dos países vulnerá-veis às mudanças climáticas e aos desastres naturais.

Quanto ao sector dos transportes, é de esperar que o uso da energia e as emissões de gases de efeito de estufa aumentem, de acordo com a base de referência do “statu quo’’ existente, em 50 por cento, em 2030, e 80 por cento, em 2050, tendo por comparação 2009. O aumento das emissões será provo-cado, principalmente, por um crescimento previsto do parque mundial de veículos. Os transportes eram responsáveis, em 2009, por 25 por cento das emissões de gases de efeito de estufa, associados ao consumo de energia a nível mundial e foram responsáveis por 20 por cento do seu consumo.

As medidas que reduzem a procura de

“Innovation and investments in environmentally sound infrastructure and technologies can reduce greenhouse gas emissions and enhance resilience to climate change. Mitigation can be more cost-effective if using an integrated approach that combines measures to reduce energy use and the GHG intensity of end-use sectors, decarbonize energy supply, reduce net emissions and enhance carbon sinks in land-based sectors”.Climate Change 2014: Impacts, Adaptation and Vulnerability – Summary for Policymakers – Fifth Assessment Report of IPCC – Geneva, 01.11.2014

Os transportes eram responsáveis, em 2009, por 25 por cento das emissões de gases de efeito de estufa, associados ao consumo de energia a nível mundial e foram responsáveis por 20 por cento do seu consumo

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19 opiniãohoje macau quarta-feira 17.12.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

cartoon por Stephff SEQUESTRO NA AUSTRÁLIA

A “Declaração da União Internacional de Transportes Públicos sobre a Liderança Climática”, prevê e bem que as cidades enfrentarão uma rede de tráfego cada vez mais intensa e maiores níveisde poluição, bemcomo um aumento

deslocações curtas ou viagens, incluiem um planeamento urbano compacto e combinado com o alargamento em grande escala dos sis-temas de transportes públicos, a melhoria dos sistemas de transportes de alto rendimento energético, conjuntamente com a promoção do transporte não motorizado, podendo assim, os governos, empresas e cidadãos poupar setenta mil milhões de dólares até 2050, dado que o investimento necessário a veículos, combustível e infra-estruturas de transporte seria menor.

Os governos, empresas, associações do sector dos transportes, outros actores do sector privado e organizações da sociedade civil têm previsto medidas audaciosas para reduzir as emissões de gases de efeito de estufa, associadas ao transporte por meio do maior uso dos transportes públicos e de transportes ferroviário mais eficientes, bem como a introdução acelerada dos transportes eléctricos urbanos.

A “Cimeira sobre o Clima”, terminou a 23 de Setembro de 2014, com muitas promessas, mas sem nenhum compromisso sólido, tendo a China prometido que reduziria as emissões de dióxido de carbono, assim que fosse possível, e os Estados Unidos afirmado que em 2015, publicará um plano para reduzir as suas emissões, a partir de 2020.

A “Iniciativa Urbana de Veículos de Mo-bilidade Eléctrica (UEMI na sigla inglesa) ”, tem como objectivo reduzir a dependência de veículos que usam fontes convencionais de combustível e aumentar a quota de mer-cado de veículos eléctricos nas cidades de todo mundo, num mínimo de 30 por cento até 2030, o que provocaria uma redução de 30 por cento das emissões de dióxido de carbono nas zonas urbanas até 2050.

O “Desafio do Transporte Ferroviário Sustentável e com Baixas Emissões de Car-bono da União Internacional de Transportes Ferroviários’’, é uma iniciativa que pretende reduzir as emissões de gases de efeito estufa criadas pelos transporte e promover o trans-porte sustentável, combinando o aumento da eficiência energética no sector ferroviário, com um aumento da proporção do transporte ferroviário na actividade de transportes.

A iniciativa fixou objectivos baseados na análise realizada pela “Agência Interna-cional de Energia”, sobre a redução de 2.º C recomendado pelo “Painel Intergoverna-mental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC na sigla inglesa) ”. O “Relatório Síntese (SYR na sigla inglesa) ”, apresentado em Copenhaga, a 1 de Novembro de 2014, prevê que o sector ferroviário até 2050, consiga atingir três metas, como a redução de 75 por cento das emissões de dióxido de carbono (ano base relativo ao valor médio de 1990), duplicação da quota de transportes ferroviá-

rios de passageiros (ano base de 1990) e o uso dos transportes ferroviários superior aos volumes do transporte por estrada em 50 por cento.

A iniciativa planeia estabelecer alianças com as autoridades de transportes para supor-tar esta mudança modal e os progressos serão apoiados por um sistema sólido de controlo, verificação e informação. A “Declaração da União Internacional de Transportes Públicos sobre a Liderança Climática”, prevê e bem que as cidades enfrentarão uma rede de tráfe-go cada vez mais intensa e maiores níveis de poluição, bem como um aumento de veículos privados com motor de combustão interna.

Os membros da “União Internacional de Transportes Públicos”, através desta inicia-tiva, comprometem-se voluntariamente a reduzir as emissões de carbono e a reforçar a resiliência às mudanças climáticas nas suas cidades e regiões. O objectivo da “União” é duplicar a quota de mercado do uso de transportes públicos em todo mundo até 2025, realizando desse modo uma mudança

drástica nos transportes públicos que im-pediria a emissão equivalente a quinhentos milhões de toneladas de dióxido de carbono, em 2025.

O SYR afirma taxativamente que a inér-cia terá um preço demasiado caro para o ser humano e planeta. Alguns países, parecem

completamente alheios a todas estas iniciativas e adormecidos quanto aos trabalhos das COP (s), parecendo viver um mundo distinto e que o “aggiornamento” se efectua com a publi-cação de alguns relatórios e a realização de umas quantas feiras e seminários. O resultado quanto ao ambiente é visível pela negativa. As soluções existem e permitem a continuação do desenvolvimento económico sustentável, se os governantes entenderem o que significa e tiverem apoio político e vontade de mudar.

A COP 20 divulgou a 8 de Dezembro de 2014 a primeira versão da minuta do “Acordo Universal sobre o Clima”. O do-cumento resultado do consenso de bons e maus representantes de 195 países terá de estar concluído até final de Maio de 2015 e conterá normas relativas à redução de emis-sões de gases de efeitos de estufa, adaptação às mudanças climáticas, indemnização por perdas e danos originadas por desastres naturais e outros, finanças, desenvolvimento e transferência de tecnologia, capacitação e transparência de acção e apoio.

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hoje macau quarta-feira 17.12.2014

MARCO CARVALHO [email protected]

E STÁ para o boxe feminino como o endeusado Manny Pacquiao está para o pu-

gilismo e deverá demonstrar em Março, em Macau, por que razão é conhecida dentro e fora dos ringues pela alcunha de “O Furacão”. A filipina Ana Julaton poderá ser uma das figuras de proa da série de combates que a promotora norte-americana Top Rank tenciona organizar em Março na Arena do Cotai. A informação foi no início da semana veiculada pelo diário “The Philippine Star” e dá como certo o regresso da atleta, de 34 anos, às lides do pugilismo, depois de no último ano Julaton ter sido uma das poucas atletas a efectuar uma transição bem sucedida para as artes marciais mistas (MMA).

A lutadora trucidou recen-temente a egípcia Walaa Abbas num combate a contar para o circuito ONE FC realizado no maior centro comercial de Manila, o Mall of Asia. Com o triunfo caseiro, Julaton conse-guiu a sua segunda vitória em três combates disputados na gaiola de combate que substitui o ringue no âmbito do MMA. Em Agosto último, a atleta fili-pina sofreu o seu único desaire até ao momento no circuito internacional de “mixed martial arts”, ao perder no Dubai frente à malaia Ana Osman.

Antes de conseguir garantir a ambicionada desforra frente à adversária da Malásia, Julaton poderá assinar um regresso aos ringues já em Março, embalada pela possibilidade de poder vir a protagonizar um feito his-tórico. Caso o convite da Top Rank se mantenha e o evento se concretize, a atleta filipina

BOXE PUGILISTA FILIPINA É APOSTA DATOP RANK PARA NOVA SÉRIE DE COMBATES

‘Furacão’ Julaton ataca em Março

poderá vir a disputar em Macau o título mundial na categoria de pesos super-galo antes de tentar uma proeza ainda maior, a da conquista do título mundial no circuito ONE FC, em Dezembro do próximo ano, em Manila. Um triunfo em ambos as competi-ções asseguraria um feito único, por parte de Ana “Hurricane” Julaton no âmbito dos desportos de combate.

DOIS EM UM“Há muito a acontecer nos bastidores da modalidade, mas estamos a trabalhar de forma diligente para assegurar o meu regresso aos ringues”, assumiu Julaton em declarações ao diário “The Philippine Star”. A atleta, nascida em São Francisco, nos Estados Unidos, diz-se honrada pela possibilidade de alcançar algo único e sagrar-se campeã em duas modalidades distintas.

“Seria um feito único para o desporto filipino. Sou a única lutadora no activo a competir tanto no pugilismo, como nas artes marciais mistas. Consegue imaginar o que seria se pudesse vencer o título em Macau com a Top Rank em Março e depois vencer o circuito ONE FC em Dezembro, em Manila?”, assu-me a lutadora.

Enquanto pugilista profis-sional, Julaton garantiu treze vitórias, quatro empates e uma derrota, em dezoito combates disputados. Dois dos triunfos que Ana “Furacão” alcançou foram por KO, mas a lutadora filipina está desde Novembro de 2013 afastada dos ringues. No último confronto em que esteve envolvida, Julaton teve como adversária a mexicana Perla Hernandez. O embate resultou numa vitória técnica da mais conceituada pugilista filipina da actualidade.