hoje macau 5 dez 2014 #3229

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ANIMAIS DONOS OBRIGADOS A CUIDAR LIEDSON EM MACAU Bate leve, Levezinho HOJE MACAU AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 5 DE DEZEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3229 hojemacau LEI ELEITORAL VASCO FONG APELA A REVISÃO URGENTE Na hora da despedida do comando do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), Vasco Fong deixa um recado importante e várias sugestões. A Lei Eleitoral, que tantos problemas deu nas últimas eleições, deve ser revista o mais breve possível para que os “casos graves” não se repitam ou, pior ainda, haja espaço para o surgimento de outros problemas que venham a ter um maior impacto no processo eleitoral. O supersónico avançado leonino pode em breve voltar a vestir a camisola do Sporting. Para o presidente da filial local, António Conceição Júnior, a confirmação só pode ser dada quando o goleador aterrar em Macau. PUB PÁGINA 4 PÁGINA 5 GOVERNO SEM PERSPECTIVA RHINO LAM IEK CHIT Alertas de comissário URBANISMO PGS. 2 - 3 ÚLTIMA h Um fabuloso destino

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Hoje Macau N.º3229 de 5 de Dezembro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 5 DEZ 2014 #3229

ANIMAIS DONOS OBRIGADOS A CUIDAR

LIEDSON EM MACAUBate leve, Levezinho

HOJE

MAC

AU

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E X TA - F E I R A 5 D E D E Z E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 2 2 9

hojemacauLEI ELEITORAL VASCO FONG APELA A REVISÃO URGENTE

Na hora da despedida do comando do ComissariadoContra a Corrupção (CCAC), Vasco Fong deixa um recado

importante e várias sugestões. A Lei Eleitoral, que tantos problemasdeu nas últimas eleições, deve ser revista o mais breve possível

para que os “casos graves” não se repitam ou, pior ainda, haja espaçopara o surgimento de outros problemas que venham a ter

um maior impacto no processo eleitoral.

O supersónico avançado leonino pode em breve voltar a vestir a camisola do Sporting. Parao presidente da filial local, António Conceição Júnior, a confirmação só pode ser dada quandoo goleador aterrar em Macau.

PUB

PÁGINA 4

PÁGINA 5

GOVERNO SEM

PERSPECTIVA

RHINO LAM IEK CHIT

Alertas de comissário

URBANISMO PGS. 2 - 3

ÚLTIMA

hUmfabulosodestino

Page 2: Hoje Macau 5 DEZ 2014 #3229

HOJE

MAC

AU

hoje macau sexta-feira 5.12.20142 ENTREVISTA

RHINO LAM IEK CHIT, MEMBRO DO CONSELHO DO PLANEAMENTO URBANÍSTICO

“Lei de Macau protege muito a propriedade privada”Para renovar os bairros antigos, Rhino Lam Iek Chit defende que o Governo pode assumir as rédeas e investir dinheiro público, desde que haja justiça no processo.O membro do Conselho do Planeamento Urbanístico e coordenador do grupo “Root Planning” pede mudanças no regime de propriedade horizontal para que se acelerea reconstrução dos prédios

CECÍLIA L [email protected]

O Regime Jurídico de Reordena-mento dos Bairros Antigos inclui os conceitos de reordenamento e planeamento, que são diferentes. Pode explicar melhor?Tratam-se de dois conceitos diferentes. Quando falamos de planeamento, falamos um plano urbanístico para 20 ou 30 anos. Se falarmos de reordenamento, isso já significa uma mudança de direitos de propriedade. Actualmente, para reconstruir um prédio, é necessário

O Governo precisa de intervir nestes casos?Claro que é necessária uma lei para resolver estes problemas de propriedade quando não existe clareza nesse ponto. A lei de Ma-cau protege muito a propriedade privada, por isso é preciso rever a legislação (regime de propriedade privada). Agora é necessário um consenso a 100%, e talvez depois essa percentagem possa diminuir.

ter o consenso de todos os proprie-tários. Isso é muito difícil no caso dos prédios antigos, quando não se conseguem encontrar todos os proprietários.

O caso do edifício Sin Fong Gar-den, é exemplo disso?Nesse caso ainda é possível ter o consenso de todos os proprietários. E se o prédio já está em risco de queda, há uma urgência para fazer a reconstrução. Os bairros antigos têm muitos prédios velhos com más condições de habitação, mas nem todos os proprietários desejam

reconstruir as casas e os edifícios. As lojas podem continuar a ter bons negócios, os lojistas não se importam se o prédio é velho ou se as condições de habitação são más.

Um relatório do Conselho Con-sultivo para o Reordenamento dos Bairros Antigos de Macau (CCRBAM) refere que, em sete prédios no bairro do Iao Hon, é difícil encontrar os seus proprie-tários, devido à imigração ou à saída de proprietários. Como avalia estas situações?Macau tem um papel muito es-

pecial, porque sempre foi um território utilizado como espaço de imigração. Os chineses do continente vieram para Macau, depois foram para outro país. Na-quela altura deixar uma casa não significava deixar um património muito valioso. Portanto as casas não foram cuidadas e em muitos casos nem os seus filhos sabem que os pais deixaram uma casa em Macau. Por isso é difícil encontrar os donos e chegar a um consenso. Depois há a questão da herança, em que a propriedade fica dividida por vários familiares.

Está-se a dar apoio aos proprietários das fracções mais antigas a ter casas novas. O Governo tem de resolver os problemas que poderão existir em termos de finanças públicas e pesaro factor justiça

Muitos defendem que o Governo também deve ser mais activo na reconstrução dos prédios, concorda?Isso é outra questão. Se o Governo quiser ser mais activo tem de gastar muito dinheiro, porque os actuais preços do mercado imobiliário são muito elevados. Uma casa sem elevador por custar três milhões de patacas. Se de facto se avançar para um projecto público de re-construção, os gastos do Governo vão ser enormes.

Muitos afirmam, aliás, que já está a ser usada uma quantia elevada de dinheiros públicos neste projecto. Porque é uma questão de justiça, está-se a dar apoio aos proprie-tários das fracções mais antigas a ter casas novas. O Governo tem de resolver os problemas que poderão existir em termos de finanças públicas e pesar o factor justiça. Não estou a dizer que estas medidas não são boas, porque melhoram a vida de muitas pessoas nestes bairros. Mas isso poderá originar queixas junto de moradores de outras zonas.

A proposta de lei foi retirada em 2005 da Assembleia Legislativa (AL), mas entretanto muita coisa já terá mudado. Naquela época tinham passado poucos anos em relação à abertura do mercado do Jogo e o Governo não era tão rico como é agora. Sempre se falou que não se deviam envolver as finanças públicas em grande escala para o reordena-mento dos bairros antigos, e há aí alguma razão. Não é obrigatório

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3 entrevistahoje macau sexta-feira 5.12.2014

Os dados mostram que Macau faz o que pode, mas isso não deve ser desculpa para o Governo não lutar pela felicidade dos residentes. As dificuldades de urbanismo existem e devem ser resolvidas

que o Governo lidere o ordena-mento, mas também não podemos descartar esse possibilidade. Caso seja necessário, o Governo poderá intervir no caso.

Já se pensava neste reordena-mento no tempo da Administra-ção portuguesa? Ou os bairros ainda não estavam em mau estado de conservação?Nessa altura ainda não eram considerados bairros antigos. Os prédios no bairro de Iao Hon foram construídos na década de 70. A questão do envelhecimento não se colocava. E a economia também não estava em tão boa situação como está agora, e a população também não era tanta.

O Iao Hon foi um bairro desen-volvido em aterro, tal como a zona dos NAPE, que é, contu-do, mais moderna. Porquê um desenvolvimento tão diferente?Cada época teve as suas exigên-cias em termos de residência. O Iao Hon foi um bairro desenvol-vido mais cedo, e as exigências não eram muitas na altura. No centro do bairro há um parque, um mercado e prédios industriais que davam trabalho aos morado-res. Todo o urbanismo foi feito a pensar nas necessidades dos moradores dos anos 70. Naquela altura quase toda a gente morava em prédios com sete andares. A grande diferença é que na zona do Iao Hon, como muitos moradores são emigrantes, muitos saíram e entraram, as manutenções dos

prédios sempre foram fracas. Com sete andares é difícil ter assembleias de condóminos, não há um fundo financeiro para reparações. A maioria dos mora-dores não tem interesse em cuidar dos prédios. Já falei com muitos moradores deste bairro, alguns deles têm medo que o tecto caia, dormem em beliches. Muitos es-peram que os seus prédios sejam reconstruídos e têm urgência em sair das casas.

Muitos turistas estrangeiros gostam de passar nestas zonas,

mesmo que tenham prédios antigos.Sim, eu próprio tenho amigos que quando visitam Macau preferem ficar num hotel onde possam ver as zonas mais antigas do que ver o mar. Dizem que olhar para o mar é uma visão igual em todo o lado, mas que a visão dos bairros antigos não é.

Se há alguns anos a população de Macau não era muita, como disse, hoje ultrapassamos a fas-quia das 600 mil pessoas. Como avalia isso?Há várias razões para isso. O aumento da população deve-se, sobretudo, ao desenvolvimento económico, que trouxe mais Tra-balhadores Não Residentes (TNR) e turistas. O planeamento urbanís-tico de Macau não é cientifico nem racional. Quando se desenvolve um plano desses, tem de se pensar na densidade populacional e que, consequentemente, vai haver trân-sito. Se morarem muitas pessoas, há congestionamento.

O lugar destinado ao complexo habitacional de Seac Pai Van, perto de Coloane, pode ser en-carado como um bom exemplo de transferência de moradores de um lado para outro?Penso que não. O Governo pensou que tinha um terreno lá e, como tinha de fazer mais habitações públicas, fez esse projecto. O planeamento da habitação pú-blica em Seac Pai Van foi feito ao mesmo tempo da concepção

do Metro Ligeiro, mas o plano original não contemplava que o metro passasse lá. Por isso o Governo tem falta de perspectiva.

A mudança de dirigentes pode alterar esse estado de coisas?Isso não pode servir de desculpa, porque a mudança de dirigentes do Governo ou do Chefe do Executivo não vai causar grandes mudanças aos planos do Executivo. A falta de transportes em Seac Pai Van deve-se à falta de visão antecipada e completa.

Quais as zonas de Macau que considera serem mais habitáveis?É difícil responder a essa pergunta. Cada zona tem os seus problemas. Macau tem mais pessoas mas as infra-estruturas não são suficientes, como os hospitais ou os mercados. Parece que os moradores são mais felizes na Taipa, porque há mais espaços para desporto, mas moram lá 100 mil pessoas. Duas das três pontes enchem em horas de ponta. É difícil para estes moradores.

Há áreas urbanas que podem ser um bom exemplo?Na área do tratamento do lixo, a rede de drenagem e abastecimen-to. Para uma cidade com uma elevada densidade populacional, funciona bem. Para muitas cidades estrangeiras vemos o surgimento de bairros de lata nas periferias, mas isso não aconteceu aqui. A segurança também é algo bom. Os dados mostram que Macau faz o que pode, mas isso não deve ser desculpa para o Governo não lutar pela felicidade dos residentes. As dificuldades de urbanismo existem e devem ser resolvidas. Não se pode obrigar os residentes a acei-tar esta situação do trânsito. Não podemos estar sempre a aumentar a população, senão a qualidade de vida vai ser sempre pior.

A maioria dos moradores não tem interesse em cuidar dos prédios. Já falei com muitos moradores deste bairro, (Ia Hon), alguns deles têm medo que o tecto caia, dormem em beliches. Muitos esperam que os seus prédios sejam reconstruídos e têm urgência em sairdas casas

O planeamento da habitação pública em Seac Pai Van foi feito ao mesmo tempo da concepção do Metro Ligeiro, mas o plano original não contemplava que o metro passasse lá. Por isso o Governo tem falta de perspectiva

Foram anunciados novos ho-rários para as fronteiras com o continente. Isso vai trazer mais problemas?A expansão do horário das frontei-ras não vai trazer mais multidões. As pessoas não vão passar mais vezes nas fronteiras só porque estão abertas mais tempo. Isso não vai alterar a situação na zona norte, pelo que a situação do trânsito se vai manter igual ou pior. A melhor maneira é transferir mais pessoas para a fronteira do Cotai.

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HOJE

MAC

AU

SUGESTÕES DE VASCO FONG

4 POLÍTICA hoje macau sexta-feira 5.12.2014

JOANA [email protected]

V ASCO Fong, que deixa o cargo de Comissário no Comissariado contra a Corrupção (CCAC)

a 20 de Dezembro, considera que tem de se rever a Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa (AL) “o mais breve possível”. A mensagem é deixada no Relatório de Activida-des de 2013 do CCAC, onde Vasco Fong assume ainda que o facto da lei estar desactualizada prejudicou as últimas eleições para o hemiciclo e que, se assim continuar, pode trazer mais problemas.

“Considerando o desenvolvi-mento da cultura eleitoral, a ele-vação da qualidade dos eleitores, a maior exigência política, a alteração do ambiente social e a forma de participação e de competição, já é altura oportuna para reflectir sobre os aspectos técnicos da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa”, começa por apontar. “Isto, de modo a evitar a repetição dos problemas ocorridos durante as ultimas elei-ções, que prejudicaram a qualidade das eleições e perturbaram os elei-tores e as autoridades, prejudicando a imagem do Governo.”

Na opinião do Comissário, é pre-ciso definir novas regras e critérios para as candidaturas individuais e colegiais, mas também reforçar “a disciplina sobre a conduta dos apoiantes dos candidatos”.

A ideia de Fong é precisamente contrária à de André Cheong, o

• INTERNET LEGISLADA – “A Lei Eleitoral actualmente em vigor não prevê quaisquer novos meios para a realização da campa-nha, como por exemplo via Internet, Twitter, Facebook, WhatsApp, WeChat, etc. Se a lei continuar a não regulá-las, será muito difícil manter uma ordem desejável durante as eleições, pois haverá sempre pessoas a tirar partido dessas zonas cinzentas.”

• ASSOCIAÇÕES E CANDIDATOS – “É do co-

nhecimento geral em Macau que a cultura política se baseia muito na constituição de associações (...). Na altura das eleições, ao participarem na campanha eleitoral, as suas actividades devem estar sujeitas a limites. A Lei Eleitoral deve ter uma maior amplitude para regular as associações de natureza política, de forma a evitar que estas venham a violar a lei e deve impor-se que a comissão de candidatura declare quais são as associações apoiantes.”

• DIA DE VOTO COM CAMPANHA – “Porque não se abre a possibilidade de autorizar as actividades promocionais [no dia da votação], com a proibição de promoção a menos de cem metros da assembleia de voto?”

• PRESENTES PÚBLICOS - “Exigir aos can-didatos que, durante o período das eleições, declarem todas as lembranças e outros bens oferecidos e serviços prestados ao público”

• NEM SEMPRE IMUNES – “Suprimir a imunidade criminal dos candidatos contra os quais corra inquérito penal por suspeita do crime de corrupção eleitoral durante o período das eleições, mantendo a actual imunidade quando for caso de outro tipo de crimes sem ligação com a actividade eleitoral. Caso o autor do crime seja con-denado pelo tribunal, mesmo que já tenha tomado posse como deputado, [permitir que lhe] seja cessado o mandato.”

CorrupçãoMais casosde angariaçãode voto

NO relatório, o Co-missário admite que,

apesar das acções de pre-venção e fiscalização, “houve quem se iludisse e convencesse de que seria bafejado pela sorte e in-fringiu a lei”, pretendendo prejudicar a integridade das eleições legislativas. Ora, os números não en-ganam: nestas eleições, fo-ram recebidas 434 queixas e denúncias e 213 destas estiveram relacionadas com irregularidades de an-gariação de assinaturas de comissões de candidatura, realização de campanhas fora do período permitido, oferta de vantagens ou a coacção relativa a emprego para influenciar o sentido de voto dos eleitores, o transporte gratuito para os eleitores se deslocarem a assembleias de voto e be-bidas e refeições gratuitas.

O CCAC chegou inclu-sive a encaminhar um caso que envolvia um funcio-nário de uma associação e um cidadão para o MP. No próprio dia das elei-ções, 49 indivíduos foram interceptados por terem realizado reuniões ilegais e propaganda ilícita ou por terem tentado impedir os eleitores de exercer o seu voto.

“Analisando as situa-ções das actividades elei-torais numa perspectiva geral, registaram-se mais situações de angariação desonesta de votos e uma redução significativa do número de ilegalidades de maior gravidade. Para além disso, é de referir que estas eleições demonstram vários problemas: uns têm a ver com o regime eleito-ral, outros relacionam-se com as estratégias adop-tadas por interessados nas actividades eleitorais, bem como alguns têm relação com a cultura eleitoral local. Tudo isso merece uma reflexão pela socie-dade.” - J.F.

“Desejamos que se iniciem o mais brevepossível os trabalhos de análise e revisão da Lei Eleitoral, porque tal constitui no fundouma matéria relevante que tem a ver coma sociedade e o nosso sistema político”VASCO FONG

LEI ELEITORAL COMISSÁRIO CONTRA A CORRUPÇÃO PEDE REVISÃO URGENTE

“Além dos problemasexistentes, podem surgir mais”Vasco Fong está de saída do CCAC, mas não sem antes deixar uma importante mensagem: é preciso iniciar o mais breve possível a revisão da Lei Eleitoral à AL. Caso contrário,os problemas que surgiram nas eleições do ano passado – e que trouxeram casos“mais graves” – podem não deixar de existir e provocar ainda maior impacto

actual director dos Serviços para os Assuntos de Justiça que vai subs-tituir o Comissário. Para Cheong, ainda não é necessário rever esta legislação.

O PRIMEIRO PASSOApesar de admitir que foi pos-sível aplicar medidas adequadas de combate à corrupção eleitoral,

Vasco Fong não nega que tenha sido necessário criar grupos de trabalho específicos para o período das eleições à AL, que tiveram lugar no ano passado, e “levar a cabo actos de repressão”. Ainda assim, a legislação continua a ser, na opinião do Comissário, a melhor forma de combater estes actos.

“Após o estabelecimento da

RAEM, foram já realizadas cinco eleições para a AL e os problemas relacionados com a compra de votos em dinheiro e a oferta de refeições registaram notáveis melhoras, o que se deve às mudanças sociais e ao aperfeiçoamento dos próprios regimes. Mas, caso os regimes em vigor não consigam acompanhar o desenvolvimento da sociedade e das novas tecnologias, para além dos problemas já existentes, poderão ainda surgir novos problemas, situa-ção que poderá provocar impactos sobre a cultura e o regime eleitorais, ficando a sociedade e os cidadãos prejudicados e originando custos elevados para a sociedade”, ressalva Vasco Fong no relatório.

“Desejamos que se iniciem o mais breve possível os trabalhos de análise e revisão da Lei Eleitoral, porque tal constitui no fundo uma matéria relevante que tem a ver com a sociedade e o nosso sistema político.”

O ainda Comissário, que deixa o cargo no dia 20, considera ainda que, caso se avance com a revisão, “seria importante haver troca de impressões e encontrar um consen-so na sociedade, bem como ouvir a opinião das autoridades”. Caso contrário, diz, Macau irá encarar o mesmo tipo de problemas nas próximas eleições ao hemiciclo, previstas para 2017.

“Em todas as coisas, o sucesso depende de uma boa gestão de tempo e de uma preparação prévia. E o que é preciso agora é dar o primeiro passo.”

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5 políticahoje macau sexta-feira 5.12.2014

Com a nova Lei de Protecção dos Animais, os donos deverão ser obrigados a cumprir determinadas regras de cuidados com os seus animais e vai haver multas para quem não o fizer. Estas podem ir das duas mil às dez mil patacas

LEONOR SÁ [email protected]

A 1.ª Comissão Per-manente da As-sembleia Legisla-tiva (AL) reuniu-se

ontem e decidiu, juntamente com o Governo, a obrigatorie-dade de um conjunto de regras

Florinda Chan “Muito satisfeita” com novos SecretáriosA ainda Secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, congratulou a escolha dos novos Secretários escolhidos pelo Chefe do Executivo. “Dou os parabéns, do fundo do coração, e estou muito satisfeita com a nomeação dos titulares dos principais cargos para o quarto Governo”, referiu Florinda Chan. “[Ter feito parte do Governo] é o meu maior orgulho”, contou a dirigente, destacando no entanto que “há sempre espaço para melhorias”. Ocupando a cadeira de Secretária para a Administração e Justiça há 15 anos, Florinda Chan foi a primeira mulher a integrar o grupo de dirigentes de altos cargos do Executivo local. “O trabalho é muito, mas julgo que com a experiência destas pessoas e liderança do Chefe do Executivo, o trabalho levará a um bom termo”, acrescentou a Secretária, que cessa funções no próximo dia 20 de Dezembro, data em que os novos dirigentes tomam posse. É Sónia Chan, actualmente no cargo de coordenadora do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais, quem vai suceder a Florinda Chan.

Novos aterros Ho Ion Sang quer mais túneis nas zonas C e DO deputado Ho Ion Sang questionou o Governo sobre a eventual criação de um túnel submarino na zona B dos novos aterros, frente à estátua de Kun Iam, que ligue às zonas C e D. Tudo isto, explica, deve-se ao facto das zonas C e D dos novos aterros virem a estar localizadas junto da zona central da Taipa. Numa interpelação escrita enviada ao Executivo, o deputado aproveitou ainda para lembrar que as autoridades responsáveis ainda não têm planos concretos para as zonas C e D. Para Ho Ion Sang, a construção do túnel é tão necessária como a construção da 4ª ligação rodoviária marítima entre Macau e a Taipa.

Alexis Tam Lai Ieng Kit poderá ser chefe de gabinete Segundo o canal chinês da TDM, que cita uma fonte anónima, o actual director dos Serviços de Identificação (DSI), Lai Ieng Kit, poderá ser o próximo chefe do Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Recorde-se que Alexis Tam será o próximo Secretário para esta tutela, sendo actualmente o chefe do Gabinete do Chefe do Executivo e porta-voz do Governo.

Académico Seguir a Constituição chinesaO docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), Xu Chang, que participou na redacção da Lei Básica, referiu ontem ao canal chinês da rádio que a Constituição da República Popular da China é um direito fundamental do país e que Macau, como região especial, deve promover e popularizar essa mesma Constituição. Quando foi questionado sobre “Occupy Central” o académico afirmou que considera que uma parte das pessoas pouco ou nada entende em relação a essa ideologia.

ANIMAIS DONOS OBRIGADOS A CUMPRIR INSTRUÇÕES DE CUIDADOS

Proibido não cuidar

2 a 10mil patacas, para quem

quebrar as normas

estipuladas

5 a 40mil patacas, para quem não

procurar socorro no caso

do seu animal estar a ser

violentado

de cuidados para os donos de animais de estimação. Isso mesmo disse Kwan Tsui Hang, presidente da Comissão.

“No futuro, vão ser criadas instruções para os donos dos animais”, referiu Kwan que diz que ainda que as regras não es-tejam estipuladas, a presidente promete que o Governo o fará brevemente.

O mesmo artigo – discutido ontem durante mais uma reu-nião da Comissão que analisa na especialidade a Lei de Pro-tecção dos Animais – define ainda multas entre as duas mil e as 10 mil patacas para quem quebrar as normas estipuladas e de cinco mil a 40 mil, para os donos que não procurarem socorro no caso do seu animal estar a ser violentado.

ANIMAIS PERIGOSOS DE FORAOutro dos artigos discutidos faz referência à posse, cria-ção e reprodução de animais, sendo um dos assuntos que mais celeuma criou entre os deputados da Comissão e o Governo. É que, por um lado, são quatro os princípios usados para proibir a criação de certos animais: tranquilidade públi-ca, protecção dos animais, saúde e segurança públicas. Não é, contudo, certo quais são

os animais que se encaixam nesta norma proibitiva.

Para este efeito, confirmou Kwan, será criado um despa-cho pelo Chefe do Executivo que proíbe a criação de ani-mais considerados perigosos, “ferozes ou que possam atacar seres humanos”. Mais uma vez, esta alínea não define com clareza quais os animais que as pessoas poderão continuar a ter em casa.

A proposta de lei apresen-ta, no entanto, uma alínea que tem causado alguma contro-vérsia. De acordo com Kwan, quem está já em processo de criação e reprodução de animais, tem seis meses para notificar o Instituto para os Assuntos Cívicos e Muni-cipais (IACM) a partir do momento em que o despacho tem efeito. Nesse momento, o IACM tem poder para aprovar ou recusar o pedido do dono de continuar com o animal em casa. “Não percebo porque é que o IACM vai permitir se o Chefe do Executivo mandar não fazer. A lógica não é cor-recta”, apontou Kwan.

Para os deputados da Comissão não parece haver sentido na existência de uma norma que permita algo que, à partida, a própria lei impede. Durante a reunião, Florinda Chan, Secretária para a Admi-nistração e Justiça, concordou com a opinião da Comissão e referiu que vai discutir a questão com o Executivo. “[Os membros do Governo] estão mais inclinados para eliminar esta parte”, destacou a deputada. O Governo vai, de acordo com Kwan, ponderar permitir a criação, mas não a reprodução.

“Há uma lista internacional e o Governo vai agora estudar a situação das regiões vizi-nhas”, explicou a presidente da comissão da AL.

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6 hoje macau sexta-feira 5.12.2014SOCIEDADE

ANDREIA SOFIA [email protected]

F OI em Setembro do ano passado que o HM publicou a reportagem “Regras de alojamento em Hengqin

fintam a lei”, sobre a existência de alegadas ilegalidades no processo de atribuição de alojamento a professo-res e funcionários no novo campus da Universidade de Macau (UM) na Ilha da Montanha, com base em documentos consultados pelo jornal. A mesma reportagem dava conta de

FIL IPA ARAÚ[email protected]

D URANTE o ano de 2013, o Comissaria-do Contra a Corrup-

ção (CCAC) recebeu 896 queixas. Dos casos regis-tados, cerca de 22 “foram investigados por iniciativa” do próprio CCAC, seis por solicitação de autoridades do exterior, 12 por entidades públicas e 856 por queixas apresentadas por cidadãos.

Os dados são do Re-latório de Actividades do CCAC, que indica que 372 destas queixas foram feitas anonimamente ou com pe-dido de confidencialidade do queixoso.

Problemas da Administração

A morosidade nos procedi-mentos, a falta de flexibi-

lidade, a postura burocrática, a interpretação literal da lei e a falta de sensibilidade humana são problemas diários em Ma-cau, que impedem muitas vezes a desburocratização. Quem o diz é Vasco Fong, Comissário contra a Corrupção, no relatório de actividades do Comissariado contra a Corrupção (CCAC).

“Dos problemas verificados e indicados pelo CCAC, alguns deles continuam sem solução. Face aos velhos problemas que permanecem e aos novos problemas que foram surgin-do, é normal que as entidades fiscalizadoras sintam por vezes algum desencanto. O acto ad-ministrativo deve ser rápido, correcto e seguro, daí que, o mais importante é prevenir e não deixar que os problemas se agravem”, escreve Vasco Fong.

“A chave da gestão pública está na boa administração, que deve obedecer quatro critérios fundamentais: rigorosidade e clareza das leis, imparcialidade e integridade, alta eficiência e qualidade na prestação de serviços. Caso o aparelho ad-ministrativo cumprisse esses quatro princípios, teríamos seguramente menos decisões erradas e inadequadas e, ao mesmo tempo, teríamos menos queixas”, realça ainda.

CCAC AUMENTA NÚMERO DE QUEIXAS EM 2013

Trabalhar sem parar

FUNÇÃO PÚBLICA REGIME ORIGINA RECLAMAÇÕES

Com a análise dos da-dos é possível verificar que foi registado um ligeiro au-mento comparativamente ao ano anterior. Em 2012

foram registados 852 ca-sos, menos 44. No ano de 2011, houve apenas 804 casos, pelo que é possível verificar que, anualmen-

te, se tem registado um crescimento do número de ocorrências.

O mesmo documento explica que foi o meio tele-

fónico e a via postal o meio de participação mais usado, atingindo os 67,3%.

Relativamente à natu-reza das queixas, o CCAC explica que 292 dos casos se referem a questões crimi-nais e 604 são de natureza administrativa. O relatório indica ainda que 81 do total dos casos, “não reuniu con-

dições para ser investigado, ou por não caberem na competência do CCAC, ou por insuficiência das infor-mações fornecidas”.

A autoridade esclarece que durante o presente ano tratou um total de 1523 casos, dos quais 627 corres-pondem a queixas já feitas em 2012.

“Após investigação do CCAC, relativamenteao regime vigente de alojamento e subsídiode residência da UM, não se verificou qualquer irregularidade ou ilegalidade nas respectivas orientações e modelos de educação, pelo que,foi o presente processo arquivado”RELATÓRIO DO CCAC

O Comissariado contra a Corrupção fez mesmo uma investigação ao processo de atribuição de alojamento a docentes e funcionários no novo campus da Universidade de Macau, mas o caso acabou por ser arquivado por “não se verificar qualquer irregularidadeou ilegalidade”

UM CASO DE ALOJAMENTO NO CAMPUS FOI INVESTIGADO E ARQUIVADO

Bem está o que bem acaba

que o processo estaria a ser analisado pelo Comissariado contra a Corrup-ção (CCAC).

Mais de um ano depois, o CCAC confirma, no seu mais recente rela-tório de actividades, que o caso foi investigado, com base numa queixa feita em Junho de 2013. O caso foi arquivado.

“Após investigação do CCAC, relativamente ao regime vigente de alojamento e subsídio de residência da UM, não se verificou qualquer irregularidade ou ilegalidade nas respectivas orientações e modelos de educação, pelo que, foi o presente processo arquivado”, pode ler-se.

O relatório revela o conteúdo da queixa, que acusa a UM de “ignorar a legislação actualmente em vigor”, com regras “por si criadas” que

não constam no Boletim Oficial ou website da UM, “evitando assim a fiscalização do Governo, do CCAC e do Comissariado de Auditoria (CA)”.

QUESTÕES HABITACIONAISA queixa feita ao CCAC versava sobre vários aspectos do alojamen-to do pessoal, nomeadamente o pagamento da renda, o facto dos detentores de uma casa em Macau poderem candidatar-se à residência e ainda o facto da UM “não aplicar a respectiva legislação na atribuição de alojamento aos trabalhadores recrutados ao exterior, oferecendo apenas a estes um subsídio um pouco mais alto, calculado de acordo com o respectivo índice de vencimento”.

Em relação aos apartamentos, a queixa referia-se à atribuição de

O CCAC acrescenta ainda que recebeu, este ano, 1304 pedidos de consulta sobre “diferentes matérias”, dos quais 779 estão directamente relacionados com matérias criminais e 525 com questões administrativas. Contudo, houve ainda queixas sobre o Regime da Função Pública. O relatório indica que foram

recebidas 104 queixas sobre este Regime, dos quais 29 correspondem aos direitos dos trabalhadores, 25 a problemas de natureza disciplinar, 23 de recrutamento de pessoas e 27 estão relacionados com a gestão interna. O CCAC indica ainda que recebeu nove queixas relativas a conflitos laborais e um sobre o estatuto

de trabalhadores não residentes. Na sector dos solos e obras públicas, o relatório indica que foram recebidas 40 queixas relativas a obras ilegais, 30 de fiscalização da utilização de prédios urbanos, quatro sobre licenciamento e recepção de obras e o mesmo número de concessão de terrenos.

T3 a “pessoal académico de nível superior e solteiro”, enquanto que “pessoal académico de nível básico e pessoal administrativo só poderão ser atribuídos alojamentos T1, mes-mo que o seu agregado familiar seja composto por cônjuge e três filhos”.

O CCAC explica no relatório que a UM, sendo “uma pessoa colectiva de direito público, pode ainda elaborar regulamentos e regras internas para regular a sua gestão e funcionamento” e diz que regulamentos e regras internas, se não produzirem efeitos externos, não estarão sujeitos a publicação no BO”. O CCAC considera que, uma vez que esses documentos já tinham sido aprovados pelo reitor e Conselho da Universidade, nada existe de ilegal.

A UM disse ainda ao CCAC que o regime de atribuição de alojamento pretendeu “atrair mais pessoal docente de categorias mais altas e experiências mais ricas na investigação académica para residir na Universidade e concretizar uma “educação comunitária e de pares”.

Foi ainda dito que o mesmo re-gime “foi elaborado tendo em vista a concretização de objectivos acadé-micos e não de objectivos sociais”.

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TIAG

O AL

CÂNT

ARA

7 sociedadehoje macau sexta-feira 5.12.2014

PUB

A directora dos Serviços de Tu-rismo (DST), Helena de Sen-

na Fernandes, disse ontem acreditar que Macau pode vir a desenvolver mais elementos não ligados ao Jogo na sua economia.

À margem de um even-to no Instituto de Formação Turística (IFT), Helena de Senna Fernandes referiu, segundo o canal chinês da Rádio Macau, que em Macau “já se criaram gradualmente diversos elementos turísticos”, as-sim como “diferentes tipos de turistas vêm a Macau para sentir de perto esses elementos”.

Helena de Senna Fer-nandes disse ainda estar confiante de que no futuro outras indústrias podem desenvolver-se, ligadas ao sector das exposições e convenções ou indústrias criativas. Para além dos elementos turísticos mais tradicionais, a directora da DST frisou que “novos elementos podem servir de complemento e atrair novos tipos de turistas”.

“O Governo vai conti-

Dois terçosdos trabalhadores nunca foram promovidosA Associação de Gestão de Macau divulgou um estudo que indica que 68,4% dos trabalhadores afirmam nunca terem sido promovidos, segundo anuncia a revista Macau Business, citando o jornal Ou Mun. A publicação esclarece que no inquérito participaram 1013 empregados e que 2/3 destes afirmaram que trabalhavam, pelo menos, há mais de três anos nos actuais postos de trabalho. A mesma quantidade de inquiridos, mostrou-se, segundo o jornal, pessimista quanto ao futuro do mercado de trabalho.

“O Governo vai continuar a cooperar com diversasempresas, desenvolvendo mais elementos não ligados ao Jogo, esperando que isso possa criar diferentes característicasem Macau para atrair turistas”HELENA DE SENNA FERNANDES Directora da DST

TURISMO DIRECTORA ACREDITA NA DIVERSIFICAÇÃO

Resposta a Li Fei

nuar a cooperar com diversas empresas, desenvolvendo mais elementos não ligados ao Jogo, esperando que isso possa criar diferentes características em Macau para atrair turistas”, acrescentou.

As declarações de He-

lena de Senna Fernandes serviram de reacção às palavras de Li Fei, vice secretário-geral do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN), que esta semana esteve em Macau para participar numa

palestra e que referiu que a dependência da economia em relação aos casinos não é positiva.

PASSAPORTES SEM IMPACTOSegundo a Rádio Macau, Helena de Senna Fernandes

comentou ainda as mais recentes medidas adopta-das pelo Governo Central, no sentido de obrigar os portadores de passaportes vermelhos a apresentarem nas fronteiras os bilhetes de avião.

“Da nossa parte, em termos de trabalho, [essa medida] não vai afectar, porque não estamos à pro-cura dos turistas que vêm só em trânsito. Se calhar vai haver alguma diminuição, mas temos de ver que tipo de efeito vai ter em rela-ção ao número de turistas que entram. Mas o nosso trabalho concentra-se nos turistas que querem passar mais tempo em Macau e não naqueles que estão em trânsito”, disse a directora.

Em relação ao estudo global sobre o sector do Tu-rismo, deverá demorar cerca de dois anos e meio a ser finalizado, quando o prazo inicial era de um ano e meio. À Rádio Macau, Helena de Senna Fernandes disse que o estudo irá custar caro aos cofres do Governo, uma vez que se pretende fazer um pla-neamento e análise globais a todo o sector. - A.S.S. / F.F.

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8 sociedade hoje macau sexta-feira 5.12.2014

Em resposta a uma interpelação do deputado Si Ka Lon que questionava sobre as suspeitas de que o lixo recolhido seria todo misturado a DSPA responde que tal não acontece assegurando que os resíduos são sempre separados

FLORA [email protected]

V AI Hoi Ieong, director substituto dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), assegura que

há uma correcta separação e recicla-gem de resíduos e garantiu que tem sido promovida a ideia de “redução de resíduos a partir da fonte e a separação de resíduos”. A resposta surge depois de uma interpelação do deputado Si Ka Lon, que indicava que o território tinha poucos locais para a separação e reciclagem de resíduos. Si Ka Lon chamava ainda a atenção para a suspeita de que os funcionários da CSR misturariam todo o lixo recolhido.

Vai Hoi Ieong nega que isto aconteça e explica que, depois do processo de recolha dos resíduos, a empresa transporta o lixo para

Sai Van Via panorâmica custa mais de 25 mil milhões A primeira fase da obra de reordenamento viário da Avenida Panorâmica do Lago Sai Van vai custar entre 25,8 milhões de patacas e 31,1 milhões de patacas. A concurso estão agora as empresas locais Companhia de Construção e Engenharia Kin Pang Lda. e a Companhia de Construção e Obras de Engenharia Tang Lei Lda. A entrega de propostas para o concurso público teve lugar ontem para a obra que abrange o troço da avenida panorâmica do lago e que se estende até à zona do Museu Marítimo, na Barra. A DSSOPT prevê que a obra tenha início no 1º trimestre de 2015, com um prazo de execução de 120 dias.

MTel Dezenas de pedidos de adesão no primeiro dia

A companhia de telecomu-nicações MTel começou

a operar a 3 de Dezembro, na quarta-feira passada. O director-executivo da empresa, Tsui Tak Ming, confirmou que o grupo recebeu dezenas de pedidos de adesão de poten-ciais clientes, só no primeiro dia. Ao jornal Ou Mun, o res-ponsável revelou ainda que a lista engloba empresas, bancos, operadoras de Jogo e departa-mentos governamentais, 70% dos potenciais clientes sendo nativos do território.

A menor percentagem de clientes – 20% a 30% - é aquela que faze uso de linhas interna-cionais, pois são as mais caras. Tsui prevê ainda que a empresa poderá vir a ter centenas de clientes no primeiro mês de funcionamento e acredita que a aprovação da licença de inter-net poderá vir a ser anunciada em breve pelo Executivo.

O mesmo responsável su-blinhou ainda que a relação preço/qualidade é uma das vantagens competitivas da empresa, porque os preços pra-ticados pela MTel são menores do que aqueles estabelecidos pelo seu concorrente, a CTM, tendo mesmo o Governo já referido que a diferença é de 10% a 20%. As PME podem ainda ter um desconto de 55% no pacote de serviços.

H Á quase 200 reclusos estrangeiros a cumprir

pena no Estabelecimento Prisional de Macau (EPM). O número equivale a 20% do total dos presos, sendo que a maioria dos estrangei-ros apanhados em Macau estão cá detido devido a crimes ligados a estupefa-cientes.

Dados fornecidos ao HM mostram que, no mês de Outubro, a EPM tinha 990 homens a cumprir pena e 216 mulheres, ou seja, um total de 1206 re-clusos. Dentro destes, entre

DSPA GARANTIDA CORRECTA SEPARAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS

Ambiente sem misturas

O director substituto da DSPA garantiu ainda que os resíduos que podem ser reciclados nunca são misturados comaqueles que são destinados para a centralde incineração em Macau

RECICLAGEM CRIADOS MAIS DOIS PONTOS As zonas habitacionais do Fai Chi Kei e Seac Pai Van vão passar a ter mais dois pontos de reciclagem, inseridos no “Programa de Pontos Verdes” e promovidos pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA). A instalação será feita já este mês. Criado em 2011, o “Programa de Pontos Verdes” tem vindo a obter, segundo o Governo, “excelentes resultados”. Até finais de Novembro deste ano, tinham sido recolhidas 643 toneladas de papéis, que terão evitado o abate de 8732 árvores. O Governo frisa que foram ainda recolhidas 339 toneladas de plástico e mais de 177 mil latas de alumínio ou ferro.

EPM Quase 20% dos reclusos são estrangeiros

diferentes sectores, em processos de separação simples, compressão e embalagem, para que depois se-jam transportados e reciclados no estrangeiro. O director substituto da DSPA garantiu ainda que os resíduos que podem ser reciclados nunca são misturados com aqueles que são destinados para a central de incineração em Macau.

PROTECÇÃO INÉDITAVai Hoi Ieong relembrou ainda que o novo contrato celebrado com a Companhia de Sistemas de Resíduos de Macau (CSR) teve em conta, pela primeira vez, os elementos de protecção do meio ambiente, tendo sido adicionados mais ecopontos e veículos especiali-zados de recolha. Recorde-se que a empresa anunciou há duas semanas ter investido cerca de 50 milhões de patacas em novos camiões.

O Governo promete ainda aumentar a consciência cívica das pessoas no que diz respeito à protecção ambiental, chamando a atenção para, no caso de existirem duvidas quanto ao comportamento dos funcionários da CSR, para se-rem apresentadas queixas à DSPA ou à própria empresa.

condenados e presos pre-ventivamente, registam-se 184 reclusos estrangeiros. Destes, que equivalem a 18,6% do total de reclusos, 127 são do sexo masculino e 57 são mulheres.

A maioria está presa de-vido a crimes relacionados com droga. Como indica o EPM, relativamente às causas, o tráfico ilícito de estupefacientes ou produtos psicotrópicos é o que lidera a lista - com 115 casos -, seguindo-se os furtos e roubos, com 40 casos. O consumo ilícito de drogas

e a ofensa qualificada à integridade física da qual resulta a morte são as causas que se seguem com maior registo.

Os últimos dados dispo-níveis quanto ao movimento dos reclusos indicam que, em Julho – data da última análise –, entraram 42 no-vos reclusos e foram soltos 38. Ou seja, nos primeiros sete meses do presente ano deram entrada 324 novos presos no EPM, dos quais 273 são homens e 51 mu-lheres. Analisando as saídas, é possível verificar que 259 reclusos saíram em liberda-de - 215 do sexo masculino e 44 do sexo feminino. - F.A.

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hoje macau sexta-feira 5.12.2014

A luta contra a corrupção levada a cabo desde a tomada de posse de Xi Jinping e que já levou à destituição de centenas de quadros dirigentes atinge pela primeira vez um generaldo sexo feminino

U MA major-general chi-nesa, Gao Xiaoyan, está a ser investigada por suspeita de corrupção

no primeiro processo do género envolvendo uma mulher com aquela patente, anunciou ontem a imprensa oficial chinesa.

Hong Kong Pequim contra interferência norte-americamaA porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying, disse ontem em Pequim que as questões de Hong Kong são um assunto interno da China. O país opõe-se firmemente a qualquer interferência exterior na região. O secretário-adjunto de Estado norte-americano, Daniel Russel, disse no dia 3 no Congresso dos EUA que a China se deve mostrar mais flexível em relação à ocupação de ruas em Hong Kong e permitir que as pessoas da região expressem as suas opiniões. Hua Chunying respondeu que a estabilidade e a prosperidade de Hong Kong correspondem não só aos interesses da China, mas também de todas as partes envolvidas. Por isso, o país espera que outras nações abandonem os apoios às actividades ilegais dos ocupantes das ruas de Hong Kong e contribuam mais para a estabilidade e prosperidade da região.

CORRUPÇÃO COMBATE ATINGE UMA MULHER GENERAL

Vítima do “Imperador Xi”

Gao Xiaoyané suspeita de ter recebido subornos relacionadoscom projectosde construção

Gao Xiaoyan é suspeita de ter recebido subornos relacionados com projectos de construção quando era Comissária Política num hospital militar, entre 2005 e 2012, refere o China Daily.

É o quarto general visado este ano pela campanha anti-corrupção

e que, pela primeira vez em mais de meio século de governação comunista, atingiu um ex-vice--presidente da Comissão Militar Central, Xu Caihuo.

Os outros generais acusados nos últimos meses por “graves violações da disciplina”, expressão oficial

utilizada para os casos de corrupção, foram Gu Junshan e Yang Jingshan, ligados ao departamento de logística e ao comando de uma região militar, respectivamente.

QUESTÃO VITALO combate à corrupção, consi-derado “uma questão de vida ou de morte” para a credibilidade do Partido Comunista Chinês e a sua manutenção no poder, tem sido uma prioridade da liderança do actual presidente, Xi Jinping.

Centenas de quadros dirigentes, alguns dos quais de nível ministe-rial ou até superior, foram atingidos pela campanha anti-corrupção des-de que Xi Jinping assumiu a chefia do PCC, há dois anos.

Xi Jinping, 61 anos, é conside-rado o mais poderoso líder chinês das últimas duas décadas e já foi descrito fora da China como “Impe-rador Xi” e “Presidente Imperial”.

9CHINA

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A LENDA DO VENTO • Stephen King Em “A Lenda do Vento”, Stephen King transporta-nos à Terra Média, o território espectacular da saga “A Torre Negra”. Uma viagem encantadora e assustadora ao mundo de Roland Deschain e um testemunho do poder e da magia de Stephen King a contar histórias.

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10 hoje macau sexta-feira 5.12.2014EVENTOS

ANDREIA SOFIA [email protected]

É conhecido na Ásia e em todo o mundo como o director--executivo de uma das mais importantes operadoras de

Jogo em Macau – a Sociedade de Jo-gos de Macau (SJM). Mas para além da veia de empresário, Ambrose So também sabe caligrafia chinesa. No início desta semana abriu ao público uma exposição na Universidade de Hong Kong com 20 trabalhos do empresário, que podem ser vistos

LEONOR SÁ [email protected]

A artista portuguesa Sofia Areal apresenta, no pró-ximo dia 12, a exposição

“113º 55’E 21º 11’N”, com inau-guração marcada para as 18h30, na Casa Garden. O nome desta mostra remete para as coorde-nadas geográficas do território – onde a artista já viveu –, es-pecificamente do Farol da Guia, ponto escolhido para determinar a localização oficial de Macau no mapa mundial.

Sofia Areal explica que a sua obra é composta por telas com motivos circulares de forma a “expressar o seu ser”, diz. “Estes trabalhos mostram, para além do inequívoco traço e forma de Sofia Areal, também a influência e o impacto que esta experiência teve no olhar da artista e sobre a perspectiva que tem em relação à sua prática como artista”, lê-se num comunicado. A formação académica da artista começou em Inglaterra e continuou mais tarde em Lisboa, onde tirou vários cursos

de Gravura e Pintura, na Ar.Co, escola de arte independente.

TALENTOS VÁRIOSSofia Areal tem vindo a expor em vários locais em Portugal, nomea-damente na Cordoaria Nacional. Em 2012 foi convidada para ilus-trar o colóquio Letras, na Fundação Calouste Gulbenkian.

Além disso, Sofia Areal tem ainda um longo currículo noutras formas artísticas, como a ceno-grafia, a tapeçaria e gráficos para porcelana, tendo inclusivamente criado quatro colecções para a Vista Alegre, marca portuguesa. A presente exposição da artista lusa marca o início de uma tour-née mundial onde as suas obras passarão por vários países durante os próximos três anos.

Sofia Areal expõe individual-mente desde 1990 e esteve até presente na Cidade do México, com a série “Inmóvel en la luz pero Danzante”. A exposição estará patente na Casa Garden até 12 de Dezembro e está aberta diariamente até às 19 horas, excepto segunda--feira e feriados. A entrada é livre.

CALIGRAFIA CHINESA MOSTRA DE AMBROSE SO NA UNIVERSIDADE DE HONG KONG

Talento para o Jogo e para a ArtePINTURA SOFIA AREAL EXPÕE NA CASA GARDEN

Macau, com amorgratuitamente pelo público até ao próximo dia 22.

“A arte da caligrafia chinesa é como a arquitectura – a forma e a função podem mudar ao longo do tempo enquanto se desenha o pas-sado, criando resultados que duram para sempre”, disse Ambrose So no discurso de inauguração da exposição “Infusing the Past with the Present”.

“Adoro caligrafia desde a minha infância e foi algo que se tornou numa companhia para toda a vida. Comecei a apreciá-la e a gostar da caligrafia como um passatempo, ten-

É director-executivo da Sociedade de Jogos de Macau, mas também revela talento para a caligrafia chinesa. Até ao dia 22 deste mês, 20 trabalhos de Ambrose So estarão expostos na Universidade de Hong Kong na iniciativa “Infusing Past with the Present”

Estilistas portugueses premiados em InglaterraA dupla portuguesa de estilistas Marques’Almeida recebeu, esta semana, o prémio da categoria de Talento Emergente - Moda Feminina dos British Fashion Awards, os mais importantes prémios britânicos de moda. Marta Marques e Paulo Almeida, nomeados pelo segundo ano consecutivo pelo British Fashion Council, disputaram, este ano, o prémio com os designers 1205 e Thomas Tait, depois de em 2013 terem perdido para a estilista irlandesa Simone Rocha. A dupla de designers de moda portuguesa participa desde 2010 na Semana da Moda de Londres, cidade os dois onde se instalaram em 2009, e tem a ganga como material de eleição e os anos 90, particularmente o movimento ‘grunge’, como inspiração base. Marta Marques e Paulo Almeida têm uma marca própria desde 2011, vendida actualmente nos EUA, Japão, Austrália, Reino Unido, Itália, Suécia, Rússia, China e Cazaquistão. Este ano, destacaram-se pelo convite para criarem uma colecção para a rede de lojas internacional Topshop.

IPOR Livro “Jogar futebol com as palavras” este sábadoO próximo sábado será marcado pelo lançamento do livro “Jogar futebol com as palavras”, da co-autoria da investigadora Maria Clotilde Almeida. O livro “aborda a desconstrução de metáforas e mesclas em notícias do jornal ‘A Bola’ recolhidas entre 2002 e 2013”. Numa acção conjunta entre a Livraria Portuguesa e o Instituto Português do Oriente (IPOR), o lançamento do livro contará ainda com uma conversa aberta com a académica, onde a também docente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa irá abordar os “jogos de linguagem presentes em textos jornalísticos sobre futebol que remetem para cenários da cultura portuguesa e para a reescrita de episódios da história e da cultura alheias” para expressar os feitos dos heróis desportivos portugueses, indica a organização. Com moderação do jornalista da TDM e colaborador do HM, Marco Carvalho, o evento tem lugar nas instalações da Livraria Portuguesa a partir das 18h00.

Page 11: Hoje Macau 5 DEZ 2014 #3229

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

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LINHAGEM SANGRENTA • James Rollins Galileia, 1025. Um cavaleiro templário infiltra-se numa cidadela antiga e descobre um tesouro sagrado há muito escondido no labirinto do forte: o Bachal Isu, um ícone de valor incalculável que contém um poder misterioso e aterrador que promete mudar a humanidade para sempre. Será possível viver para sempre? E, se fosse, você viveria?

11 eventoshoje macau sexta-feira 5.12.2014

Ópera de Pequim “A Alma de Keng Hoi” em Macau Em comemoração do 15.º aniversário do retorno de Macau à Pátria, serão organizadas duas sessões de apresentação da Ópera de Pequim baseada na História de Macau intitulada “A Alma de Keng Hoi”. Os espectáculos terão lugar nos dias 13 e 14 de Janeiro de 2015, no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau. Esta peça de ópera foi produzida pela Fundação Macau juntamente com o Grupo de Artes Performativas da Província de Jiangsu. A “A Alma de Keng Hoi” estreou-se em Nanjing em Julho deste ano e, posteriormente, subiu ao palco de Tianjin em Novembro durante o 7.º Festival de Ópera de Pequim da China. Os bilhetes custam cem patacas e estão já à venda.

O Armazém do Boi vai organi-zar, das 18h30 às 21h30 de

dia 10, o Festival Internacional de Artes Performativas de Ma-cau (MIPAF). A mostra inclui trabalhos de artistas coreanos, de Taiwan, China e Eslováquia.

O MIPAF é um evento anual que tem vindo a realizar-se sem-pre no Armazém do Boi e que convida artistas de todo o mundo para actuar no território. Por cá vão estar o eslovaco József R. Juhász, que conta com vários anos de carreira, sendo co-fundador da empresa de criatividade K21C, membro do grupo editorial de uma revista húngara e vencedor

do galardão Kassak, ganho no ano 1993, em Budapeste.

O território vai também rece-ber Sung Neung-Kyung, artista da Coreia do Sul, que tem os seus trabalhos seus expostos na Bienal de Gwangju. As peças da sua autoria revelam um interesse especial pelas formas e compor-tamentos humanos, já que grande parte da sua arte é materializada em instalações e esculturas.

A mostra, que é de entrada livre, conta com o apoio do Ins-tituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e da Fundação Macau, estando aberta das 12 às 19 horas.

CALIGRAFIA CHINESA MOSTRA DE AMBROSE SO NA UNIVERSIDADE DE HONG KONG

Talento para o Jogo e para a Arte

do depois utilizá-la para benefícios da comunidade”, disse ainda.

REFERÊNCIAS DE MESTRESAmbrose So também desempenha funções na direcção da Fundação

da Universidade de Hong Kong, que promove esta iniciativa. Esta é a segunda vez que o empresário expõe na região vizinha – a pri-meira foi em meados de 1999, no museu e galeria de arte da mesma

É director-executivo da Sociedade de Jogos de Macau, mas também revela talento para a caligrafia chinesa. Até ao dia 22 deste mês, 20 trabalhos de Ambrose So estarão expostos na Universidade de Hong Kong na iniciativa “Infusing Past with the Present”

universidade. Contudo, Ambrose So já expôs os seus trabalhos em territórios como Xangai, Cantão, Pequim e Taiwan.

Os trabalhos do director-execu-tivo da SJM mostram elementos do Confucionismo, Budismo e Daoís-mo, tendo também como referência os mestres da caligrafia chinesa mais contemporâneos. Quem visi-tar as obras de Ambrose So poderá ainda descobrir pedaços de prosa e poesia que datam das dinastias Tang e Song.

“No meu próprio estudo sobre caligrafia sempre me inspirei nos precedentes históricos, tendo começado por copiar e imitar, até desenvolver um estilo próprio. Espero que através destas obras as pessoas possam apreciar me-lhor a cultura chinesa, por forma a promover a harmonia na socie-dade”, concluiu Ambrose So no seu discurso.

A exposição estará patente de segunda a sábado entre as 9h30 e 18h00. Aos domingos, o público poderá visitar o espaço entre as 13h00 e 18h00. A entrada é livre.

“A arte da caligrafia chinesa é como a arquitectura – a forma e a função podem mudar ao longo do tempo enquanto se desenha o passado, criando resultados que duram para sempre”AMBROSE SO

MIPAF 2014 Armazém do Boi apresenta arte performativa

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GCS

12 DESPORTO hoje macau sexta-feira 5.12.2014

SÉRGIO [email protected]

O Conselho Mundial da Federação Interna-cional do Automóvel (FIA) ditou o espera-

do afastamento do Circuito da Guia do calendário do Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC). A prova de Macau, que por dez anos consecutivos baixou a cortina das temporadas do WTCC, será substituída por um evento nocturno no autódromo de Losail, no Qatar.

“Por mais que o Grande Prémio de Macau tenha ajudado o WTCC a ter um primeiro sabor das corridas na Ásia, agora temos uma base sólida de transmissões na região e presença na China, Japão e Tai-lândia”, disse François Ribeiro, o responsável máximo dos desportos motorizados do Eurosport Events, a empresa promotora do campeo-nato, que anunciou uma corrida na Tailândia em 2015 e confirmou também a continuidade da prova chinesa em Xangai.

Além de Macau, o WTCC deixará também no próximo ano circuitos tão emblemáticos como Suzuka e Spa-Francorchamps. O dirigente francês quis “aproveitar a oportunidade para agradecer aos organizadores do Grande Prémio de Macau” por terem recebido a prova “desde 2005”. Ribeiro também salientou que o “WTCC amadureceu durante os seus dez últimos anos” e que a sua orga-nização decidiu procurar novas alternativas, em novos palcos, onde “seja possível abrir novos mercados, ter melhor horários televisivos e estar mais próximo da base, permitindo o regresso mais rápido à Europa”. Com

MARCO [email protected]

A Maratona Interna-cional de Macau sai para a estrada

no próximo domingo e a principal novidade da 33ª edição do evento é mesmo o percurso que os atletas que disputam a prova de maior cartaz da competição terão que percorrer. A empreita-da de construção do metro ligeiro do território trans-formou a Taipa e o COTAI num enorme estaleiro a céu aberto e obrigou o Instituto do Desporto a improvisar um trajecto muito distinto do habitual. O percurso da 33ª Maratona Internacional de Macau vai obrigar os atletas a atravessar a ponte Sai Van por quatro vezes. O presidente do Instituto do Desporto, José Tavares, reconhece que o trajecto não

WTCC FIA CONFIRMA AFASTAMENTO DE MACAU

Adeus carros de turismoAlém de Macau, o WTCC deixará também no próximo ano circuitos tão emblemáticos como Suzuka e Spa- -Francorchamps

MARATONA DE MACAU SEIS MIL ATLETAS DISPUTAM 33ª EDIÇÃO

Quenianos de novo favoritosé dos mais propícios a bons desempenhos: “O traçado do ano passado era excelente para fazer bons tempos, mas não foi possível repli-car este ano o percurso por razões óbvias. São razões que nos foram explicadas pelas entidades reguladoras do trânsito e que aceitamos com naturalidade. Este ano temos o percurso possível e só com a conclusão das obras do metro deverá ser possível estipular um trajecto perma-nente”, explica o dirigente.

SEIS MIL NA RUAÀs primeiras horas de domin-go deverão ser mais de seis mil os atletas que saem à rua para disputar as três provas

– a maratona propriamente dita, a meia-maratona e a mini-maratona - que com-põem o cartaz competitivo da edição de 2014 do prin-cipal evento do calendário de atletismo de Macau. A prova rainha da competição será disputada por quase um milhar de atletas e o contin-gente queniano, com Duncan Cheruyot Koech à cabeça, volta a ser o grande favorito. Julius Kiplimo Maisei, que há um ano bateu o recorde da prova e arrecadou um prémio monetário no valor de 35 mil dólares norte-americanos, re-gressa para defender o título mas não espera facilidades, dada a qualidade da concor-rência que terá pela frente

nas ruas do território: “Não posso prometer nada no que diz respeito à defesa do título porque há outros candidatos tão bons como eu, por isso neste momento não posso prometer nada”, confessou o atleta, em declarações à TDM.

NO FEMININODo Quénia chega também a grande favorita à conquista da Maratona feminina. Flo-mena Chepchirchir compete pela primeira vez em Macau e está convicta de que pode garantir um bom resultado na competição se as condições atmosféricas o permitirem: “Tenho feito bons treinos no Quénia e espero no domingo

poder fazer uma boa corrida, mas vai depender muito do tempo que se fizer sentir”, reconhece a vencedora da edição de 2013 da Great Scottish Run, prova que se disputa em Glasgow.

Pela primeira vez em muitos anos, a prova da maratona não vai contar com nenhum atleta portu-guês. O atletismo luso es-tará representado apenas na meia-maratona, por Cláudia Pereira e por Daniel Pinhei-ro: “Venho com o objectivo de conseguir ir ao pódio. Eu fiz uma maratona há pouco tempo e a preparação para esta meia atrasou um bocado porque tive alguns problemas físicos. A recuperação aca-

bou por se revelar mais difícil do que estava à espera, mas venho a Macau com o mesmo objectivo de sempre, que passa por tentar ir ao pódio”, esclarece Cláudia Pereira. Um propósito, de resto par-tilhado por Daniel Pinheiro. O atleta está convicto de que pode assinar um brilharete em Macau: “Espero fazer um bom resultado e um bom resultado para mim passa mesmo por vencer”, assume.

Cabo Verde, por sua vez, vai estar representado na Meia Maratona de Macau por Ruben Sança e Crisolita Rodrigues. Na prova vão participar ainda representan-tes de São Tomé e Príncipe, da Guiné Bissau e do Estado Indiano de Goa ao abrigo do protocolo de cooperação fir-mado pelos países membros da Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa.

a saída de cena do mundial de turismos, a Comissão do Grande Prémio de Macau terá nos pró-ximos meses que decidir com que linhas se vai coser a mítica

Corrida da Guia, sendo que o novo campeonato de carros de turismo “TC3 International”, formado por Marcello Lotti, o homem que levou o WTCC a Macau, já terá

expressado interesse em ocupar a vaga, como anteriormente no-ticiado pelo HM.

Costa Antunes, coordenador do Grande Prémio de Macau, diz ser

“decisão natural” o WTCC não vir a Macau. Em declarações à rádio, o responsável diz ainda que é cedo para falar sobre uma corrida de substituição.

REGRESSO A PORTUGALDepois de um ano de ausência, Portugal voltará a acolher o WTCC em 2015. O palco desta vez não será o Circuito da Boavis-ta, nem o Autódromo do Estoril ou o homólogo do Algarve, mas sim o circuito citadino de Vila Real. Dias antes da sua visita a Macau, o Presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, anunciou que o Circuito da Boavista não se realizaria em 2015, dada a inca-pacidade da autarquia portuense em reunir os 650 mil euros pedi-dos pelo Eurosport Events, que compreendia uma campanha de publicidade televisiva. Isto, após o Turismo de Portugal ter cortado o apoio financeiro das edições anteriores. Como alternativa, a Federação Portuguesa de Auto-mobilismo e Karting conseguiu convencer os diversos parceiros, assegurando o campeonato em Vila Real por um período conse-cutivo de três anos, recolocando a cidade transmontana no mapa das corridas de automóveis quatro décadas depois.

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hoje macau sexta-feira 5.12.2014 (F)UTILIDADES 13

TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 11 MAX 15 HUM 65-95% • EURO 9.8 BAHT 0.2 YUAN 1.2

ACONTECEU HOJE 5 DE DEZEMBRO

João Corvo fonte da inveja

Nasce Walt Disney, criadordo Mickey e do Pato Donald• Hoje, recorda-se um nome incontornável do cinema e da animação mundiais: Walt Disney, que nasceu neste dia, em Chicago (EUA). Também neste dia, em 1791, morre Mozart.Walt Disney nasceu em Chicago em 1901 e tornou-se conhecido em todo o mundo, entre os anos de 1920 e 1930, pelas personagens de desenho animado que criou: Mickey e Pato Donald, que permanecem imperecíveis.Realizador, animador, empreendedor e filantropo, Walt Disney foi co-fundador da The Walt Disney Company e da Disneylândia, parque temático sediado nos EUA.Transformou-se numa lenda, tendo criado um universo de referências no imaginário infantil de sucessivas gerações. Walt Disney foi a pessoa que ganhou mais Óscares (22 estatuetas), sendo ainda recordista no que diz respeito a nomeações (59).Morreu em Los Angeles, a 15 de Dezembro de 1966.Nasceram a 5 de Dezembro Carl Ferdinand Cori, bioquímico norte-americano, Nobel de Medicina (1896), Cecil Frank Powell, físico britânico (1903), Wladyslaw Szpilman, pia-nista polaco (1911), e José Carreras, tenor espanhol (1946).Morreram neste dia Mozart, compositor e músico austríaco (1791), Alexandre Dumas, pai, novelista francês (1870), o imperador Pedro II do Brasil (1891), Claude Monet, pintor impressionista francês (1926), Soeiro Pereira Gomes, escritor neo-realista português (1949), Joseph Erlanger, fisiologista norte-americano, Nobel de Medicina (1965), Edoardo Amaldi, físico italiano (1989), e Oscar Niemeyer, arquitecto brasileiro (2012).Hoje, assinala-se o Dia Internacional dos Voluntários para o Desenvolvimento Económico e Social, criado pela ONU, através de resolução em Assembleia-Geral.

O QUE FAZER ESTA SEMANA?C I N E M ACineteatro

SALA 1EXODUS: GODS AND KINGS [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver14.30, 21.00

EXODUS: GODS AND KINGS [3D] [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver18.00

SALA 2RISE OF THE LEGEND [C](FALADO EM MANDARIM, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Chow Hin Yeung

Com: Sammo Hung, Eddie Peng, Zhang Jin, Angelababy14.15, 21.30

THE THEORY OF EVERYTHING [B]Um filme de: James MarshCom: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Emily Watson, Charlie Cox16.45, 19.15

SALA 3THE BEST OF ME [B]Um filme de: Michael HoffmanCom: Michelle Monaghan, James Marsden, Luke Bracey14.30, 16.45, 19.15, 21.30

EXODUS: GODS AND KINGS

“LIFE OF PI”(ANG LEE, 2012)

Uma história que conta a aventura de Pi no Oeano Pacífico depois de um naufrágio numa viagem da Índia para o Canadá com a família e os animais do seu jardim zoológico. Pi foi o único que conseguiu sobreviver num barco salva-vidas, onde precisa de conviver com os animais. Entre eles, contudo, está uma fera, o tigre Richard Pa-rker. Pi tem conhecimentos sobre animais, mas será que consegue sobreviver e ser amigo do tigre? O filme é adaptado do romance do escritor canadiano David Magee e recebeu o Óscar de Melhor Filme em 2013. - Flora Fong

H O J E H Á F I L M E

• AmanhãAPRESENTAÇÃO DE LIVROE CONVERSA ABERTA SOBRE

FUTEBOL COM MARIA CLOTILDE ALMEIDALivraria Portuguesa, 18h00Entrada livre

STANDARD & LATIN DANCE MUSIC SHOWPavilhão desportivo do Tap Seac, 20h00 às 22h00100 patacas

BE THREE GRASSHOPPER(CONCERTO)Venetian, 20h00Bilhetes a partir de 280 patacas

REGGAE SESSION II Hot Rod Café, 22h00Entrada livre

• DomingoCOUNT BASIE ORCHESTRA AO VIVO NO VENETIANVenetian Teathre, 19h45Bilhetes a partir de 200 patacas

CORO PEROSI AO VIVOIgreja de São Domingos, 20h00Entrada livre

• DiariamenteEXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS”DE VICTOR MARREIROS (ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store, Rua Almirante SérgioEntrada livre

EXPOSIÇÃO PÁSSAROS DE MACAU,DE JOÃO MONTEIRO (ATÉ DIA 29/12) Consulado-geral de Portugal em MacauEntrada livre

WORKSHOP DE LANTERNAS TRADICIONAIS(ATÉ DIA 13/12)Albergue SCM, das 19h00 às 21h00Entrada livre

EXPOSIÇÃO “REGIÃO OBSCURA” DE HEIDI LAU Museu de Arte de MacauEntrada livre

A presença feminina, ainda que carnal, induz à reflexão.

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14 hoje macau sexta-feira 5.12.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

P ERDI a conta das vezes que visitei a capital da província de Zhejiang, mas sempre que venho a Hangzhou, encontro

“uma das mais belas cidades do mundo”, como a definiu Marco Pólo (1254-1324) e pelo muito agradável estar, que me pro-picia, corroboro ser o Paraíso na Terra.

A cidade espanta-me cada vez que por aqui passo. A constante abertura de museus e a criação de novos pólos de atracção leva-me, como visitante a prolongar indefinidamente a minha es-tadia e na partida, a vontade de regres-sar. Muitos são os atractivos que apre-senta, mas para lá deles, creio ser uma das cidades do mundo que melhor trata os turistas. Estando toda ela transfor-mada num grande parque museológico, é raro o lugar que cobra entrada.

Os transportes colectivos são exce-lentes, com grande abundância de auto-carros e táxis, cartão-de-visita que torna volátil o circular por Hangzhou. Pelos montes em redor do lago Xi e inspirado pelo sereno correr de um cenário, dedico dias aos museus do chá e da seda escon-didos pelos arredores, a Oeste da cidade. Já a tranquilidade que do lago Xi (Oeste) imana, para quem em torno dele passeia, contrasta com a barafunda diária dos mi-lhares de turistas, que se concentram na parte Norte do lago.

REFAZER AS MEMÓRIAS

Como não venho a Hangzhou há al-guns anos e nas últimas vezes aqui se realizavam grandes obras, trago curio-sidade em ver as transformações.

Rumo directo para o hotel de sem-pre, ou quase, pois no início ficava hospedado na Universidade, nos deso-cupados quartos para estudantes estran-geiros por ser período de férias. Agora, à procura do Dongpo Hotel, circulo pelas ruas próximo do lago, batendo to-das as suas perpendiculares. Muitos dos quarteirões em redor estão em obras, ou já têm um outro visual, pois não os consigo enquadrar no local das minhas memórias. Com uma certa dificuldade reencontro-o, mas o nome do hotel já conta com a palavra Novo a anunciá-lo e os preços, devido à renovação, mais que duplicaram. Assim, experimento um outro lugar para ficar, o que não foi di-fícil pois pela cidade não faltam hotéis.

Sendo horas de jantar e por me en-contrar junto ao lago, vou à procura

O PARAÍSO TURÍSTICODE HANGZHOU

daquele restaurante que tanta saudade me trazia. O restaurante Hong Ni, en-tre as ruas Yan’an e Hubin, ocupava um prédio com quatro andares e estando sempre cheio, para arranjar mesa era preciso chegar antes das cinco da tar-de. A comida, apesar do restaurante ser enorme, era de excelente qualidade e confecção. A vista, que se alcançava da esplanada em terraço fechado do quarto andar, abrangia um idílico ce-nário de quarteirões com antigas casas típicas. Mas na última vez, esse bairro estava entaipado e pronto para ser res-taurado ou demolido, se fosse seguida a linha do que acontecera ao do lado, onde já nessa altura crescia um centro comercial. Agora, encontro o prédio do restaurante muito desmazelado e na entrada, uma tabuleta a indicar ser um

café. Está fechado. Questiono sobre o restaurante a pessoa que toma conta da loja ao lado e ela diz-me que não se lembra de ali ter existido algum e o café fechara já há três anos. A desilusão abate-se sobre o meu estômago.

Está na hora de comer e por isso, vou perguntando aos transeuntes, que me parecem habitantes da cidade, so-bre um restaurante que me faça esque-cer as lembranças e o paladar ainda pressentido nas papilas gustativas de algo provado havia muitos anos. Lá me vão referenciando alguns e após con-sultar o menu de uns quantos, continuo a busca para ver se encontro o perdido restaurante, pois creio que ele nunca poderia fechar, tal era a quantidade de clientes. Aconselham-me a Cozinha da Avó, que já tinha visto referenciado

no prospecto que a cidade oferece aos turistas estrangeiros. Como é o único indicado e por experiência esses luga-res não são normalmente de comida que eu pretendo experimentar e ainda por cima, o local onde se encontra ins-talado é extremamente turístico, opto por um outro, que correspondeu bem ao afagar o estômago. Não era aquele que tanto sonhara, mas serviu!

Com os dias cada vez mais peque-nos, é já noite quando saio do restau-rante e pela proximidade da diária feira nocturna, pelas tendas, a ocupar toda a rua, atravesso Wushan Lu. A mudança dos produtos à venda deixa-me enfas-tiado pois, numa total substituição às pretensas antiguidades, às esculturas de madeira e bambu, às pedras para carim-bos gravadas numa hora e tudo o resto que por aqui aparecia, agora é só roupa e seus acessórios.

ÁREA DA HISTÓRICAE CULTURAL RUA QINGHE

O dia seguinte é dedicado ao Museu de Medicina Tradicional Chinesa e por isso sigo ao longo da Rua Yan’an, que

A CIDADE ESPANTA-ME CADA VEZ QUE POR AQUI PASSO. A CONSTANTE ABERTURA DE MUSEUS E A CRIAÇÃO DE NOVOS PÓLOS DE ATRACÇÃOLEVA-ME, COMO VISITANTE A PROLONGAR INDEFINIDAMENTE A MINHA ESTADIA E NA PARTIDA, A VONTADE DE REGRESSAR

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15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 5.12.2014

José simões moraisTexto e fotos

liga a Praça Wulin à antiquíssima Rua Qinghe, situada numa área a Leste do lago Xi, entre as ruas de Hefang e Da-gangxiang.

Caminhando para Sul, viro depois na Rua Zhonghe para ir visitar a Mesquita Fénix. Olhando-a desde a passagem supe-rior para peões, a sua arquitectura revela ter sido o espaço mutilado, confirmação que vem durante a visita, quando me di-zem que em 1928, para a construção da Rua Zhongshan, foi mais de metade da sua área deitada a baixo.

A mesquita foi construída durante a dinastia Tang por um homem de negó-cios egípcio para os comerciantes árabes crentes no Islão, mas encontrava-se já em ruínas na dinastia Song. Em 1281, por um édito do imperador Kublai Khan, foi mandada reconstruir, sendo restaurada e ampliada nas dinastias seguintes, Ming e Qing. Em 1961 o governo provincial listou o templo como relíquia cultural e em 2001 ficou sobre protecção nacional, sendo uma das quatro mais famosas mes-quitas do Sudeste chinês.

Tomando o actual nome em 1892, a Mesquita Fénix apresenta no seu re-cinto vinte e sete antigas pedras; uma escrita em persa e seis em chinês onde está narrada a construção e a história das reparações por que ela passou. As outras pedras, gravadas em árabe, qua-se todas vieram de túmulos, havendo ainda as que tem os nomes dos que ofereceram donativos.

A Mesquita Fénix encontra-se à en-trada da área da histórica e cultural Rua Qinghe e aí, o movimento de transeun-tes não é muito grande. Mas à medida que caminho pela Rua Zhongshan, a imperial rua da capital da dinastia Song do Sul, por cada paifang (porta de pe-dra com três arcos) atravessado, o nú-mero de turistas vai exponencial-mente aumentando. Ao chegar à Rua Qinghe, a multidão é desco-munal. No cruzamento da Rua Zhongshan com a Qinghe era o local onde se encontrava o Palá-cio Imperial da dinastia Song do Sul. E desde então, quando Han-gzhou foi capital do país, até 1949, Qinghefang foi a rua co-mercial mais famosa da cidade. O nome advém do título Qinghe Jun do então morador Zhang Jun, que era prefeito da cidade. Ainda actualmente, nos 460 me-tros de comprimento desta rua, se encontra um sem número de centenárias lojas, de comida, de chá, de medicina, de leques e ou-tras tantas coisas, que me trans-portam para uma antiguidade de momentos doutros tempos da ci-dade. Sentado numa varanda de um primeiro andar, aprecio todo

aquele rebuliço, enquanto saboreio um chá verde. Assisto à secagem das folhas de chá ao Sol e outras, dentro de uma enorme bacia de metal, com um siste-ma de aquecedor eléctrico por baixo. As folhas são constantemente remexi-das com a mão e por vezes, lá se sepa-ram algumas que não pertencem ao lote do chá verde de primeira. No pequeno bule, que me é servido, é colocada uma grande quantidade de folhas verdes que o enchem a três quartos. Bebo-o em pe-quenos golos, fazendo o líquido tornear pela boca antes de o engolir. As papilas gustativas da ponta da língua e da par-te de trás desta, conjuntamente com a parte interior das bochechas, ganham o sabor daquele chá que constantemente me vai sendo servido. Na primeira ro-dada o sabor é forte, amargo e agres-sivo, mas com a segunda água vertida para o bule, o chá fica mais suave e na terceira, já me delicio com uma doçura e suavidade, restando muito tempo na boca este imperceptível paladar.

MUSEU DE MEDICINATRADICIONAL CHINESA

Os sete caracteres escritos no muro branco de um lado da Rua Qinghe levam-me a dobrar a esquina, onde encontro a Farmácia Huqingyu, que trago referenciada para visitar. Logo à entrada, os meus olhos são apanhados

É HORA DE ALMOÇO E O SOL APERTA. DECIDO SUBIR O MONTE WU E IR REFRESCAR-ME À SOMBRA DAS ÁRVORES. AÍ, NUMA EXTENSA ÁREA DE ESPLANADAS, OS HABITANTES PETISCAM E BEBEM CHÁ, ENQUANTO JOGAM MAHJONG E OUTROS JOGOS DE CARTAS

pelo ambiente e maravilhado, obser-vo extasiado todo aquele lugar e a di-nâmica que aí se encontra. Apesar da antiguidade do local me levar a crer estar num museu, ali encontro pessoas no seu quotidiano trabalho e outras a serem atendidas, comprando remédios para as suas maleitas. Sobre fileiras de folhas de papel são vertidas, após se-rem individualmente pesadas pela ba-lança de uma haste, combinações de diferentes ervas, raízes e frutos. Feitas as misturas com as quantidades deter-minadas pela voz que atende os clien-tes, são as folhas de papel fechadas em pacotes e despachados pelo grande número de empregados que aí traba-lham. Delicio-me com o ambiente que reina no enorme edifício de dois anda-res, com varandas para o pátio interior, onde se encontra a farmácia de medi-cina tradicional. Saindo dessa enorme sala, outros aposentos mais pequenos acolhem, a farmácia ocidental, os de produtos de beleza e a parte dos trata-mentos. Já as consultas são feitas num edifício exterior, situado no outro lado da rua. Depois, ainda dentro do edifí-cio, sigo para a parte do Museu de Me-dicina Tradicional Chinesa. Localizado no andar superior, encontro a entrada após percorrer um corredor exterior com bancos corridos, que fazem de va-randim a um pequeno canteiro. Toda a madeira que abunda pelo edifício está

soberbamente trabalhada. Entrando no museu, as escadas levam-me ao primei-ro andar onde as salas se dispõem sobre um pátio quadrado no meio. Pelas ja-nelas interiores vejo quatro potes para armazenar a água da chuva que para aí escorre e servirá em caso de incên-dio para o apagar. Já o vasto número de vasos com plantas é mudado de lo-cal mediante o movimento do Sol. Ao longo desse andar é dado a conhecer ao visitante a história da vida do fun-dador da Huqingyutang. Hu Xueyan (1823-85) nasceu em Jixi, na província de Anhui, com o nome de Guangyong e devido à ajuda que deu ao impera-dor na conquista de territórios foi-lhe concedido o alto grau de mandarim. Milionário, abriu um Banco e num ges-to de caridade para com os habitantes de Hangzhou fundou em 1874 a Far-mácia Huqingyu. Em 1883 começou com o negócio da seda, mas acabou em bancarrota devido à competição dos comerciantes estrangeiros, tendo morrido dois anos depois. A medicina tradicional tibetana também tem aqui um pequeno espaço. No andar térreo, vemos os diferentes produtos usados na MTC, desde partes de animais, a plantas, raízes e cascas de árvore.

Saindo do edifício que alberga esta farmácia, que literalmente me trans-portara para o período da dinastia Qing, tento fugir da grande confusão visual e sonora criada pela multidão de visitantes chineses. Por uma viela che-go à encosta do Monte Wu, onde uma placa indica o caminho para o Templo do Deus da Cidade mas, os olhos são atraídos para um novo edifício que re-vela ser o Museu de Hangzhou.

É hora de almoço e o Sol aperta. Decido subir o Monte Wu e ir refres-

car-me à sombra das árvores. Aí, numa extensa área de esplanadas, os habitantes petiscam e bebem chá, enquanto jogam mahjong e outros jogos de cartas. Deixo a visita aos templos para outra al-tura.

O destino é fantástico. Já ti-nha adoptado a Cozinha da Avó como o meu novo restaurante, que me iria trazer, conjuntamen-te com a cidade, as saudades que sempre tenho de Hangzhou, pelo trato que aqui recebo, a sim-patia da população e o bem-estar auferido nesta cidade feita para o turismo, de fácil circulação, tanto pedestre, como nos transportes públicos. Não é que na viagem de táxi para o terminal Sul dos Autocarros, estou a despedir-me da cidade quando, ao passar na Rua Zhonghe o meu olhar esbar-ra no restaurante Hong Ni.

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16 OPINIÃO hoje macau sexta-feira 5.12.2014

D E respostas curtas, secas, um discurso com clichês muito oficiais. Da próxima secretária para a Adminis-tração e Justiça não se sabe grande coisa: há alguns me-ses, seriam poucos aqueles que, fora dos círculos mais íntimos do poder, a imagi-navam a chegar ao grupo

dos cinco. Mas depois veio o referendo civil e, no meio da confusão, quem pôs ordem na coisa foi o gabinete que a futura secretária dirige, ao fazer uma estranha interpretação de um acórdão do Tribunal de Última Ins-tância – uma leitura que eu, cidadã comum, ainda não consegui perceber.

Da sucessora de Florinda Chan nada mais sei. Vi-a duas vezes a fazer balanços ente-diantes sobre protecção de dados pessoais. Não sei o que pensa da política e da vida. O momento de apresentação de Sonia Chan ao povo de Macau, no início desta semana, não foi esclarecedor.

Do futuro secretário para a Segurança sabe-se aquilo que fez na última década e meia na Polícia Judiciária – e eu da PJ pou-co sei, que não é organismo que mantenha uma relação frequente com os jornalistas de língua portuguesa. De um secretário para a Segurança espero alguém que seja seguro nas lides difíceis dos equilíbrios locais. Não espero que importe legislação – e espero mesmo que, a bem da harmonia social e de outros chavões locais, deixe de lado ideias complicadas sobre identificação obrigatória de utilizadores na Internet. Não que os nomes verdadeiros me façam confusão – aqui está o meu no topo da página. Acontece sim-plesmente que os limites do controlo estão na Lei Básica, esse livro verde que Wong Sio Chak vai ter de honrar por juramento.

Para o cargo de super-secretário que Cheong U não tem sido salta Alexis Tam, o homem que até agora nos era apresentado como o braço direito de Chui Sai On. O ainda chefe de gabinete do Chefe do Executivo fez uma promessa forte que terá caído bem junto da maioria da população: assumiu desde já que vai tratar da saúde, que vai planear o futuro hospital, que vai criar condições para que médicos de fora venham para cá de modo a que seja possível, a quem aqui vive, ter cuidados condignos.

É uma promessa difícil de concretizar, mas quero muito acreditar nela – quero acreditar que alguém acredita que Macau não pode ser uma conjugação de ouro e fichas de jogo e promessas de cidade internacional e coberto-res com furos e lençóis sujos e médicos à toa e enfermeiros à beira de um ataque de nervos. Mas Alexis Tam tem outras tarefas difíceis pela frente, entre elas a educação – essa área que (também) tão mau aspecto dá a Macau e que tantas consequências indesejáveis traz para quem cá cresce e estuda. O novo super--secretário herda problemas que Chui Sai On não quis repartir por vários secretários feitos de carne e osso.

contramãoISABEL [email protected]

Dos futuros

Os próximos cinco anos são deles. E nossos, muito nossos. São de quem acreditar que vai valer a pena esperar por mudanças

Depois vem a pasta da Economia e Fi-nanças, a tutela que, aparentemente, correu bem nestes 15 anos de região administrativa especial. Mas nem o novo dono desta cadeira se pode sentar confortavelmente: Lionel Leong identificou, no discurso de circuns-tância que fez, alguns dos problemas que vai ter de resolver.

O empresário que agora vai ser mais polí-tico do que tem sido sabe o que são pequenas e médias empresas – mas também sabe que, para que possam sobreviver, é preciso me-xer no mercado imobiliário e nos recursos humanos. E depois há o jogo, o contexto chinês, a conjuntura internacional e o blá blá blá do costume. Não lhe invejo a sorte.

Assim como não invejo a sorte a Rai-mundo do Rosário – que não conheço mas de quem só ouço falar bem. Transportes e Obras Públicas são difíceis aqui como no resto do mundo. Mas aqui, cidade pequenina, são mesmo muito difíceis, sobretudo por que se deixou chegar isto ao estado em que está.

Macau tem uma teia de conhecimen-tos à semelhança da teia de ruas – são todas diferentes e vão todas desembocar aos mesmos pátios e travessas. Ao novo

secretário é entregue uma pasta que ficou manchada e que, diz quem sabe do assunto, ficou parada na rocambolesca novela que teve como protagonista Ao Man Long. As obras públicas são difíceis, as obras privadas também, do trânsito disléxico de Wong Wan nem se fala e, como se não bastasse, não faltam sequer os comentários de que lhe falta chinês na língua. Ou no sangue. Quinze anos depois, ainda há quem não tenha aprendido que a etnia não é sinónimo de competência, apesar dos exemplos dados ao longo do tempo.

A semana em Macau foi assim. Os novos secretários que o jornal Ou Mun tão diligen-temente anunciou, mais os restantes titulares dos principais cargos, foram oficialmente

confirmados por Chui Sai On ao mundo aqui do Delta, depois de um suspense nada cinematográfico que ficou por explicar, mas que também já perdeu o interesse. Os próxi-mos cinco anos são deles. E nossos, muito nossos. São de quem acreditar que vai valer a pena esperar por mudanças.

Não lhes invejo a sorte. Mas espero que tragam ideias, que tenham espaço para trabalhar. Numa equipa que resulta de uma estranha combinação de gente, espero que haja entendimento, que não andem às turras, porque o povo já teve níveis de paciência mais elevados do que os actuais. E espero, acima de tudo, que saibam que por cada milhão que é entregue ao Kiang Wu, dez milhões devem ser investidos no hospital público. Que por cada milhão que é dado a ganhar a quem especula no sector imobiliário, dez milhões devem ser poupados ao conjunto grande de gente que faz contas para chegar ao fim do mês com dinheiro na carteira. Que por cada estudo que se manda fazer, dez medidas sejam postas em prática. Que sejam capazes de equilibrar interesses. Macau tem que che-gue – e sobre – para todos.

FRIT

Z LA

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Page 17: Hoje Macau 5 DEZ 2014 #3229

17 opiniãohoje macau sexta-feira 5.12.2014

*Ex-deputado e membroda Associação Novo Macau Democrático

um gr i to no desertoPAUL CHAN WAI CHI*

cartoon por Stephff

NEGÓCIOS

E NQUANTO que por um lado começaram a ser retiradas as barreiras erguidas pelos apoiantes do movimento “Occupy Central” em Hong Kong, do outro lado a data da nomeação dos novos qua-dros dirigentes do Governo da RAEM foi sido atrasada repetidamente. Além disso, o

debate sobre a reforma política na Assem-bleia Legislativa foi vetado. Tudo isto dá uma forte indicação que o factor decisivo para determinar o sucesso da reforma política não é a capacidade de liderança do Governo mas sim os movimentos populares. Se a percepção política da maioria da população não for cimentada, nada irá mudar apesar de as eleições seguirem o modelo de um voto por pessoa, pois isto será apenas uma formalidade como está a acontecer em re-lação à proposta para a eleição do Chefe do Executivo de Hong Kong em 2017.

Recentemente, uma série de grupos e de deputados têm vindo a pedir ao Governo da RAEM o relatório relativo às eleições de 2013, com o intuito de fazer alterações à lei de forma a eliminar actos de corrupção durante as futuras eleições assim como para penalizar os beneficiários de tais actos. De qualquer forma, as autoridades não forne-ceram nenhuma resposta concreta.

Se eu quisesse distribuir os 14 lugares de deputados directamente nomeados nas eleições de 2013 para a Assembleia Legis-lativa, atribuiria três lugares para a secção pró-governamental, cinco para as recém--formadas associações que representam os detentores de licenças para a operação de casinos, dois para as associações directa-mente ligadas à indústria do Jogo, dois para grupos afiliados com funcionários públicos e os restantes dois lugares para o campo li-beral. Por outras palavras, se a estrutura dos votos dos apoiantes dos diferentes campos permanecer inalterada e se todos os lugares na Assembleia Legislativa forem eleitos por nomeação directa, a voz da maioria da população continuará a não ser ouvida e as suas exigências não serão discutidas na Assembleia Legislativa de acordo com a distribuição proporcional acima men-cionada. Quando a opinião pública não é respeitada, os direitos civis da população não são concretizados e não há maneira de embarcar numa via democrática.

Torna-se assim aparente que o esforço para adoptar o sufrágio universal para a elei-ção do Chefe do Executivo assim como para os lugares na Assembleia Legislativa serem escolhidos por eleição directa não passa de uma etapa no discurso da reforma política. O que é realmente importante é aumentar o nível de participação democrática junto das camadas mais representativas, ao mesmo tempo que se aumenta a sua consciência cívica e se encoraja a participação pessoal.

Quando Chow Po Chung, professor associado no Departamento de Governação e Administração Pública da Universidade Chinesa de Hong Kong conduziu a sua aula no dia 26 de Novembro, este optou por ler em voz alta todas as definições contidas na Secção 56:

A Definição de Objectores de Cons-ciência assim como as da Secção 57: A

Perspectiva de reforma política

Justificação da Desobediência Civil de “Uma Teoria da Justiça”, um trabalho clássico sobre filosofia política de John Rawls. Chow usou o cabeçalho destas duas secções como um tributo aos dois estudantes presos (que ocu-pavam posições importantes na Federação de Estudantes de Hong Kong). Isto serve para ilustrar que no curso da reforma política é necessário haver estrategas assim como exe-cutores. Ao ler as definições inseridas nestas

definições em voz alta o académico visava ganhar mais apoiantes para o movimento.

O objectivo da reforma política é permitir que o sistema político se submeta a um maior desenvolvimento em vez de proporcionar aos activistas políticos ganhos na sua vida pessoal apenas devidos à sua participação. Lau Yui Siu, um comentador de notícias de Macau e de Hong Kong, defende o ponto de vista que as pessoas que participam na

O que é realmente importante é aumentar o nível de participação democrática junto das camadas mais representativas, ao mesmo tempo que se aumenta a sua consciência cívica e se encoraja a participação pessoal

política devem ser detentoras de ética polí-tica, coragem política e sabedoria política. Na minha opinião, a ética política é a mais importante das três qualidades devido ao facto de que sem moral, a sabedoria pode tornar-se em estratagemas e a coragem tornar-se intolerância. Ao mesmo tempo, activistas políticos sem ética podem usar a política apenas para benefício pessoal.

Para aqueles que reconhecem que a chan-ce de a reforma política ter lugar depende das camadas mais populares, estas pessoas devem tentar o seu melhor para canalizar o conceito de democracia e a sua visão de política junto destas mesmas camadas de forma a não se preocuparem com ganhos pessoais ou prejuízos financeiros e passar os seus ideais para as gerações futuras.

De acordo como o trabalho do Professor Chow, “A Ética na Política”, existe um mar-cador de página que contém a seguinte frase que pretendo usar para acabar este artigo: “Quando somos moralmente honestos e into-lerantes na política, existe a possibilidade de o nosso mundo se tornar mais belo e virtuoso. Não há razão para sermos pessimistas. Não temos mais nenhuma opção”.

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CRISTINA SANTOS, PROFESSORA DE PORTUGUÊS

“VIVO MUITO O MEU TRABALHO”

18 PERFIL hoje macau sexta-feira 5.12.2014

FIL IPA ARAÚ[email protected]

F OI há dez anos que Cristina Santos che-gou a Macau. Um anúncio de uma vaga para professora de Língua Portuguesa

no Instituto Português do Oriente (IPOR) despertou a atenção da então docente, que tentou a sua sorte. “Não pensei muito nisso, enviei o currículo e continuei a minha vida”, conta ao HM.

A verdade é que pouco tempo depois lá estava Cristina Santos, de malas feitas para este lado do mundo. “Um dia ligaram--me e disseram: queres vir para Macau? E eu respondi: quero. Aqui estou”, brinca. A estada por terras macaenses não foi sol de grande dura: a docente leccionou durante dois anos, mas decidiu voltar para Portugal. “A verdade é que durante o tempo que estive aqui sentia-me muito sozinha”, conta.

O processo de adaptação foi um pouco mais demorado do que aquele que Cristina Santos esperava. “Decidi voltar para Portu-gal em Julho de 2006”, explica, adiantando com um sorriso que “seis meses depois” voltava para o território.

UM AMOR LOCALFoi exactamente o amor que fez com que a docente retornasse cá. O amor que sentia pelo, na altura, namorado e a ideia que agora a experiência seria totalmente diferente trou-xeram de novo a docente ao mundo do ensino

do Português como língua estrangeira. E o destino tomou o seu caminho.

“Entretanto já passaram dez anos, já tive um filho e apesar de agora estar divorciada a visão que tenho de Macau é outra”, partilha.

Cristina Santos, sempre acompanhada pelo seu “pequeno anjo”, o Gabriel, vive uma fase diferente no território, que na sua opinião, pode ser “difícil para as mulheres estrangeiras”.

Mas é o amor ao trabalho que mantém Cristina por cá. “Adoro o meu trabalho, adoro as aulas, adoro os alunos”, explica com um brilho nos olhos.

Em Macau, segundo a docente, os alunos têm “efectivamente vontade de aprender”, são interessados e dar aulas torna-se muito mais aprazível. “A verdade é que vivo muito o meu trabalho, pelo dinheiro claro, mas porque gosto muito daquilo que faço”, conta.

EXPERIÊNCIA PARA A VIDACom apenas seis meses de Macau, Cristina Santos decidiu ir passar a época natalícia com uma amiga e mais um casal conhecido à Tailândia. “Chegámos no dia 25 à noite a Puket, já era tarde”, recorda. Os amigos ti-nham planeado uma viagem por vários pontos do país, onde incluíam três dias em Puket.

“Na manhã de 26, deixamo-nos dormir por mais umas horas”, começa por contar.

Talvez tenha sido a melhor opção, visto que durante a manhã a tragédia acordou o país. “Estávamos alojados em dois bunga-lows que tinham uma pequena varandinha,

com dois degraus. Não eram virados para a praia, estávamos atrás de uma espécie de colina”, descreve.

Ao levantar-se, Cristina Santos foi à varanda e achou que a noite tinha sido de tempestade. “Pensei que tinha chovido tor-rencialmente durante a noite, porque estava tudo inundado, a água chegava ao primeiro degrau e era muito suja”, explica.

Ao acordar a amiga, as companheiras de viagem foram surpreendidas pela segunda onda do maior Tsunami sentido na Tailândia.

a chamar e numa reacção imediata abriu a porta”, explica.

Acto que talvez as tenha salvado. A força da água era imensa e imediatamente o bun-galow encheu-se de “água preta”.

Ao sair, os quatro viajantes encontraram--se e foram auxiliados por um grupo de locais que os conduziram até ao cima da montanha. “E foi aí que ficámos durante três dias, até voltarmos para Macau,”.

Durante todo esse tempo, a docente não percebia a dimensão da catástrofe. “Sa-bíamos que tinham morrido pessoas, mas não todo aquele desastre. Lembro-me que mandei uma mensagem para um vizinho dos meus pais em Portugal para os tranquilizar”.

Mas o verdadeiro choque foi quando o grupo de amigos chegou ao aeroporto. “Foi aí que apanhei o verdadeiro choque, ainda hoje me arrepio só de pensar naquilo”, diz Cristina Santos referindo-se ao cartaz com todas as fotografias de pessoas desapareci-das. “Foi horrível”, remata.

FUTURO NO MUNDOO aumento do custo de vida no território, durante os últimos anos, é uma das preocu-pações apresentadas pela docente quando questionada sobre o futuro. Sem certezas sobre o que fazer ou onde estar, Cristina Santos assume que se vê “a morar em Macau durante mais alguns anos”, mas não nega que também tem algum interesse em “conhecer novos sítios” e, por isso, ter experiências a nível profissionais noutros países.

Adoro o meu trabalho, adoro as aulas, adoro os alunos

“Começámos a ver uma onda a descer a colina e com ela arrastava motas, carros, lixo, árvores. Era uma coisa impressionan-te”, relata.

Sem pensar duas vezes, as amigas tran-caram-se no pequeno espaço onde estavam hospedadas e em pequenos segundos a água já invadia o espaço pela frecha da porta.

“De um momento para o outro estávamos ali, com os pés a ficar todos molhados e sem perceber muito o que se passava”, conta. Tudo mudou quando a amiga de Cristina Santos pensou ouvir o casal que com elas partilhava a viagem chamar. “A minha ami-ga pensou ter ouvido a nossa outra amiga

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19EDITORIALhoje macau sexta-feira 5.12.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

É curioso ver alguns comentadores locais contabilizar quantos dos no-vos dirigentes máximos da RAEM

nasceram realmente em Macau e quantos viram a luz fora deste abençoado lugar. Na realidade, não compreendo muito bem qual a relevância deste critério, sobretudo se tiver em consideração a actuação de muita boa gente aqui nascida. Poder-se-ia pensar que os naturais de Macau, naturalmente, teriam um grande amor à sua terra, por ela e pela sua população se sacrificariam sem hesitação. Contudo, não é isso que nos indica a experiência. Infelizmente.

O dito “Amar a Pátria, amar Macau” não tem sido aplicado na totalidade no “Macau governado pelas suas gentes”. Nomeadamente, a segunda parte. De facto, assistimos a tantos desmandos nesta cidade, da responsabilidade de gente aqui nascida, que é caso para perguntar onde está o amor pela terra e pelo bem estar hoje e no futuro desta população. Daí que não consiga ver o alcance do critério. A não ser que os comen-tadores optem pela estratégia de menorizar logo à partida os dirigentes. Tal poderia ser válido, no caso de criticarem as suas carac-terísticas profissionais e políticas, nunca quando se invocam argumentos frustes e de gosto duvidoso.

A PERCENTAGEM DE PEQUIMMuito se tem discutido também qual a percentagem da intervenção de Pequim na escolha dos membros do novo Governo. De tal maneira que Chui Sai On, homem pouco dado a estes maneios da política, sentiu ne-cessidade de vir a propósito de nada garantir que a escolha tinha sido sua e só sua. Ou seja, confirmou a existência da lebre.

Como me fartei de repetir, as manifes-tações recentes em Hong Kong tiveram um efeito contraproducente, não apenas na ex-colónia britânica, mas também na RAEM. Isto porque chamou definitiva-mente a atenção de Pequim para o facto dos governos locais parecerem não terem a capacidade para manter a harmonia de-sejada no seio da população. Se em Hong Kong a questão foi eminentemente política e constitucional, em Macau queda-se, por enquanto, pelas reivindicações sociais, embora tenha sido o que foi entendido como um “abuso de poder” (o regime de garantias) que fez sair mais gente para a rua neste ano que agora termina.

Como seria de esperar, o Governo central redobrou as suas atenções sobre as regiões administrativas especiais, alarmado com o facto de poderem ocorrer desenvolvi-

A digestão das pastasCarlos Morais José

mentos indesejados. Sendo que Hong Kong continua a ocupar o centro das atenções, problemas congéneres em Macau seria a última coisa que Pequim poderia desejar. Por outro lado, existe a clara noção de que por aqui esses problemas são evitáveis, se forem colocadas em moção políticas económicas e sociais que permitam uma melhor distribuição da riqueza.

Não será, no entanto, de espantar que se assista a uma maior preocupação, por parte do Centro, pelo que se passa nesta Periferia do lazer e do entretenimento. E, nomeadamente, que nos postos-chaves da Segurança — Secretaria, CCAC e Ministério Público — estejam agora personalidades que darão outras garantias, nomeadamente nas relações transfronteiriças e talvez no modo como a justiça passe a ser aplicada. Há quem tema mudanças rápidas, nomeadamente no Código do Processo Penal... Os aconteci-mentos de Hong Kong revelaram-se claros tiros nos pés, que atingiram também quem vive deste lado do Rio das Pérolas, na medida em que reduziram o capital de confiança do governo central nas duas regiões.

A SAÚDE ESTÁ PRIMEIROO futuro Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura focou a atenção das suas primeiras

intervenções na questão da Saúde. Fez bem. Uma cidade como Macau não tem qual-quer motivo para não possuir excelentes cuidados de saúde, públicos e privados. Entendamo-nos: é certo que a Saúde é hoje desenvolvida em todo o mundo como um negócio e faz a riqueza de muito boa gente, como também é verdade que aqui podiam ser desenvolvidos vários tipos de especialidades, pensando igualmente no chamado turismo médico. Contudo, o que é mais certo ainda é que todos os residentes, toda a população de Macau, deveria ter direito a um serviço público gratuito de altíssima qualidade, à medida das capaci-dades financeiras da região.

De momento, são longas as filas de espera no hospital público, cuja qualidade caiu muito depois da transferência de so-berania, como se os sucessivos governos não estivessem realmente interessados em prestar este serviço à população, desvian-do-a para os privados, nomeadamente o Kiang Wu. Por isso, se Alexis Tam tem como prioridade a Saúde, espero assistir a um melhor apetrechamento do hospital público, nomeadamente em termos pro-fissionais e humanos, bem como na área tecnológica de diagnóstico e tratamento.

Nietzsche disse que a Saúde viria a ser

a religião do futuro e não se enganou. Num mundo desencantado, o prolongamento da vida assumiu um papel fundamental na psicologia colectiva. Com certeza que o governo de Macau não deseja que somente alguns tenham direito a entrar no templo e que outros fiquem do lado de fora. É tempo de terminar o novo hospital, uma velha e necessária promessa, e de melhorar significativamente as coisas no “velho” São Januário.

O PESO DAS PASTASSe Alexis Tam deterá uma pasta gigante, outras áreas não deixarão de dar dores de cabeça aos titulares. É o caso das Obras Públicas e Transportes onde, devido ao estado do sítio, Raimundo do Rosário não vai ter muito tempo para apresentar serviço. E o mesmo pode ser dito da Economia e Finanças, pasta da qual se espera um mui-to maior dinamismo nas mãos de Leong Vai Tac. Ou da Administração e Justiça, onde Sónia Chan terá incontáveis tarefas, no âmbito da reforma administrativa, e numerosas pressões, no que diz respeito ao processo legislativo. As suas anteriores prestações esclareceram onde mora a sua fidelidade, pelo que deveremos assistir a um incremento/aperfeiçoamento do segundo

sistema, à medida dos dese-jos expressos por Pequim. Teoricamente, tal deverá resultar em mais primado da lei e uma maior transparência administrativa.

À partida todas as pastas, talvez com a excepção da Segurança, pressupõem um enorme trabalho que será minuciosamente escrutina-do, de cima e de baixo. Os Secretários sabem disso. Sabem que não desfrutarão da mesma benevolência e distância com que foram sempre tratados os seus antecessores. Sabem que as pessoas têm esperança na sua competência. E sabem que vivemos cinco anos cruciais da RAEM e que o seu desempenho poderá moldar o futuro das novas gerações. Em tom de metáfora culinária, nunca tão pesadas pastas foram digeridas pelos Secretários em Macau. Esperemos que façam uma boa digestão.

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PRESIDENTE E AGENTE À CONVERSA

hoje macau sexta-feira 5.12.2014

MARCO [email protected]

“L IEDSON prepara-se para voltar a vestir a camisola do Sporting, mas desta vez não o de

Portugal.” É assim que começa a notícia do jornal “A Bola” que ontem colocou o território em alvoroço. O diário desportivo assegurava na sua primeira pá-gina que o antigo internacional português deverá vestir a camisola do Sporting Clube de Macau já a partir de Janeiro próximo e a informação foi depois parcial-mente confirmada por António Conceição Júnior, presidente dos leões do território, em declarações à Rádio Macau e à TDM.

O dirigente leonino reconhece que em Outubro último esteve reunido com Marcelo Robalinho, empresário de Liedson, mas diz ainda assim que só confirma a cem por cento as informações ontem veiculadas pelo jornal “A Bola” quando o avançado luso-brasilei-ro se der a conhecer ao território: “ Só posso confirmar depois do Liedson chegar a Macau. Essa é a verdade”, referiu António Con-ceição Júnior ao canal em língua portuguesa da TDM.

O presidente do Sporting Clube de Macau explica a enig-mática resposta com o facto do clube ser alheio aos trâmites gerais que devem trazer o antigo dianteiro do Sporting, do Futebol Clube do Porto e do Flamengo para o futebol de Macau: “Não compete ao Sporting nem a mim, enquanto presidente da direcção do Sporting Clube de Macau, confirmar as informações, até por-que não somos nós que estamos

Investidor malaio nega ligação a 14K O investidor malaio de Jogo Paul Phua rejeita as acusações feitas por um tribunal norte-americano de ter sido líder da tríade 14K e ter subornado um polícia de Macau. De acordo com notícia avançada pela revista Macau Business, os advogados do investidor asseguram que as acusações feitas por procuradores dos EUA, de que Phua é membro da seita 14K, são falsas. Os mesmos advogados defendem ainda a inocência do investidor malaio no que diz respeito à acusação de ter subornado um polícia local para que este o pusesse em liberdade, durante o período em que esteve preso no território, em Junho. O alegado suborno seria de cinco milhões de dólares de Hong Kong. Phua acabou por ser detido pelas autoridades norte-americanas em Las Vegas.

Patane Obras do mercado atrasadas

O presidente do Conselho de Administração do Instituto

para os Assuntos Cívicos e Muni-cipais (IACM), Alex Vong, prevê que o processo de concessão do Complexo do Mercado do Patane estará concluída apenas na primeira metade do próximo ano. Algo que vai atrasar a obra.

Segundo o responsável, es-pera-se que se possa começar a obra o mais rápido possível. No entanto, é de lembrar que Vong afirmou no mês passado, que o IACM estava a tentar começar a obra na primeira metade do próximo ano. Com as novas decisões, a obra só acontecerá posteriormente ao término do processo de concessão, estando, portanto, atrasada.

Numa resposta a uma in-terpelação escrita do deputado Chan Meng Kam, o presidente do IACM referiu que a obra de reconstrução irá ser supervisio-nada pela autoridade e por uma empresa de gestão profissional. Assim, segundo Alex Vong, será possível assegurar a construção adequada cumprindo todos os requisitos legislativos. Vong afirmou ainda que irá manter uma comunicação próxima com os comerciantes e residentes da área para diminuir o máximo de influência negativa.

No que toca ao Mercado Provisório do Patane, já aberto ao público, o deputado apontou que há falta de estacionamento no exterior. Algo que mereceu a aten-ção da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) que irá adicionar mais lugares de estacionamento e de carga e descarga de produtos, respon-dendo assim à necessidade dos consumidores e comerciantes.

LIEDSON VOLTA AO LEÃO NO SPORTING LOCAL

Supersónico aterra em Macau

Futebol Cantão venceu edição de 2014 do Interport

A selecção de futebol de Macau perdeu ontem por

duas bolas a zero na recepção à congénere da vizinha província continental de Guangdong, em partida a contar para a segunda mão da edição de 2014 do In-terport que anualmente coloca frente a frente as selecções de ambas as regiões.

A formação orientada por Leung Sui Wing já tinha perdi-do o desafio da primeira mão, disputado no último sábado. No Continente, o emblema do Ló-tus perdeu por três bolas a uma e ontem, no relvado do campo da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau não con-seguiu dar a réplica necessária à formação de Guangdong. Nicholas Torrão e Filipe Duarte, atletas da Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau, fizeram parte das escolhas iniciais de Leung Sui Wing para o desafio. O dian-teiro, que no sábado apontou o único golo da formação do território, considera o triunfo da selecção de Cantão justo e até diz que Macau jogou melhor no terreno do adversário do que perante o seu próprio público: “Tentamos atacar o jogo com alguma ousadia e optámos desde cedo por fazer pressão alta sobre quem tinha a bola, mas a estratégia acabou por não resultar. Eles foram mais fortes, nós falhamos no capítulo dos passes e da transição de bola e eles acabaram por aproveitar. Parece-me que jogamos melhor no primeiro jogo do que no segundo e o resultado acaba por encerrar alguma justiça”, confessa o dianteiro. - M.C.

• Uma foto da Think Ball & Sports Consulting, retirada do Facebook, mostra António Conceição Júnior com o agente de Liedson, Marcelo Robalinho

a tratar deste assunto em termos globais e, sobretudo, em termos financeiros”, esclareceu António Conceição Júnior.

Por detrás da vinda de Liedson para os leões do território estará Marcelo Robalinho. O empresário do jogador esteve reunido com o presidente do Sporting Clube de Macau em Outubro e o encontro serviu para definir as linhas gerais do regresso do avançado aos rel-vados. A notícia ontem publicada

no jornal “A Bola” garante que as negociações entre os leões do território e o “Levezinho” estão em fase acelerada e que o salário do jogador deverá ser suportado, em parte, por duas empresas portuguesas. António Conceição Júnior garante não saber de que empresas se trata e esclarece que o Sporting Clube de Macau não tem capacidade para assegurar, por si mesmo, o pagamento dos hono-rários que poderão determinar a vinda de Liedson para o território

“A Bola” garantia que o salário não será, ainda assim, um grande obstáculo, uma vez que o antigo internacional português quer doar a uma instituição de solidariedade social uma parte da verba que vier a receber.

IDEIA QUE ENTUSIASMAO empresário do jogador, Mar-celo Robalinho, garantiu ao diário desportivo português que Liedson está entusiasmado com a possibilidade de poder voltar a competir: “Gostou muito da ideia. Agora é uma questão de acertar. Após um mês de prepa-ração ele vai estar pronto a jogar. Vai gostar muito de voltar a vestir a camisola do Sporting e de sentir o ambiente dos derbies que por lá também existem”, podia ler-se ontem em “A Bola”.

Para António Conceição Jú-nior, a muito provável vinda de Liedson para o Sporting Clube de Macau mais do que valor com-petitivo, tem um valor simbólico, que honra os leões do território, mas de um modo geral também o futebol de Macau: “A ideia é sempre simbólica. O Liedson foi um grande goleador com a camisola do Sporting. Ter o Liedson no Sporting de Macau vem demonstrar, de certo modo, como o Sporting de Macau já re-presenta em termos internacionais alguma coisa”, lembra o dirigente leonino.