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HISTÓRIA DOS HEBREUS “O país de Canaã, país do povo de Israel, fica entre os grandes impérios do Leste e do Oeste. É impossível para eles se comunicarem e se enfrentarem sem atravessar a região. Por causa disto, Israel sempre esteve no meio de tudo o que acontecia entre seus poderosos vizinhos.” Império Romano século I AD

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HISTÓRIA DOS HEBREUS

“O país de Canaã, país do povo de Israel, fica entre os grandes impérios do Leste e do Oeste. É

impossível para eles se comunicarem e se enfrentarem sem atravessar a região. Por causa disto, Israel

sempre esteve no meio de tudo o que acontecia entre seus poderosos vizinhos.”

Império Romano – século I AD

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1. PRIMEIRA PARTE: CULTURA E TRAJETÓRIA DOS HEBREUS

1.1. O AMBIENTE:

- clima: variação de uma região para outra: pode nevar no inverno (Jerusalém) ou fazer um calor

tropical (Jericó); em alguns anos, as chuvas torrenciais fazem florescer o deserto, enquanto em outros,

logo depois, fica tudo seco.

- orvalho (condensação noturna) fornecer, às vezes, quase um quarto de umidade. Portanto é

importante fator de fertilidade.

- o vento do oeste vem do mar. Traz um pouco de frescor no verão e todas as chuvas no inverno. O

vento do leste é seco e vem do deserto.

- as temperaturas podem variar de 40º C perto do Mar Morto, no verão, até menos de 0º C no

inverno, nas montanhas da Alta Galileia.Fora desses extremos, o inverno é uma estação mais fresca e

úmida e o verão é um longo período quente e seco: a média é de 23º C durante o verão na costa e nas

colinas da Judeia.

- as zonas habitadas do deserto não passam de ilhotas férteis na imensidão das areias. Não é à toa

que foi dado o apelido de “Crescente Fértil” aos países da Bíblia ao redor do rio Nilo, na costa

mediterrânea e nas planícies irrigadas pelo rio Tigre e pelo rio Eufrates. Além dessas regiões tudo é árido,

com o solo coberto de areia ou de rochedos, sal ou sílex.

- deserto da Etiópia e do Egito, desertos do Sinai (Eram, Paran, Cin e Sin), deserto da Arábia e deserto

do Neguev, estepes de Moab, estepes e deserto da Síria... A fertilidade é uma exceção no meio de vastas

zonas estéreis.

- 0 deserto sempre representa uma ameaça para a terra de Israel. Na verdade o terreno é

constituído, principalmente, de rochas calcárias, que não retêm a água. Ela se infiltra e forma bolsas ou rios

subterrâneos que se esgotam em caso de seca.

- a montanha é considerada como um ponto de união entre o céu e a terra: os habitantes das

planícies construíram montanhas artificiais (na mesopotâmia, os zigurates; no Egito, as pirâmides) para que

os deuses os visitassem. Na Bíblia, um dos primeiros nomes pelos quais Deus de mostrou foi El Shaddai,

que significa Deus, o montanhês.

- durante a longa marcha do povo hebreu pelo deserto foi na montanha que Deus deu sua lei de

liberdade e fraternidade. Foi também aí que o profeta Elias foi se abastecer de coragem. O monte Sião é a

colina sobre a qual foi construída Jerusalém e o templo erigido por Salomão.

- nas regiões com grande deserto e estepe, a vida depende totalmente da água. Para Israel a chuva

servia para irrigar os campos e alimentar as fontes e os poços. Essa ligação entre as águas e a vida é mais

evidente em torno dos poços profundos que o homem deve cavar. O poço é uma ilhota de vida, um ponto

de encontro e de trocas entre as tribos nômades, um lugar onde se bate papo, onde acontecem os

casamentos. O poço é o centro da vida social,

- as pancadas de chuva do deserto são tão fortes que o solo não tem tempo de absorver e a água

incha e arrasa os vales, em torrentes muito violentas. Em poucos minutos os vales ficam cobertos por

quatro a cinco metros de água.

- o Mar Morto, também chamado de Mar Salgado, constitui fenômeno único no mundo: fica no

fundo de uma depressão, a 392 metros abaixo do nível do Mar Maditerrâneo e tem uma concentração de

sal muito maior que os outros mares, por causa da grande evaporação.Nessa água muito salgada, onde dá

para boiar facilmente, nenhum animal ou planta consegue viver.

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- o Mar da Galileia, às vezes é chamado de mar do Kinereth (por ter um formato que lembra a lira)

ou mar de Tiberíades tem água e boa para beber, cheia de peixes e muito pura.

- árvores encontradas na região: carvalho, choupo, cedro, nogueira, acácia, terebinto, macieira,

amendoeira, romãzeira e palmeira.

-plantas: linho, joio, cominho, papoula, nardo, absinto, rosa, narciso, anêmona, mirto, ricínio,

mostarda, funcho, barba-de-velho, hissopo, cardo, coriandro e papiro. A videira é um dos seus bens mais

preciosos. Ele a cultiva nas encostas ensolaradas , dedicando-lhe muitos cuidados. As vindimas são feitas

no outono. A uva é pisada no lagar escavado na rocha, perto da videira.

- a oliveira tem um tronco nodoso e folhas de um brilho prateado. Seus frutos são recolhidos no

outono; são espremidos e retira-se um óleo saboroso, utilizado para muitas finalidades: iluminar a casa.

Cozinhar, cuidar de feridas e se perfumar. É com este óleo que o rei é consagrado.

- a figueira é particularmente apreciada pela sua sombra. Ela cresce mesmo em terreno pedregoso,

desde que haja um mínimo de umidade. Seus primeiros frutos são sumarentos. Dá também para comê-los

secos.

- a cevada e o trigo são os dois principais cereais com os quais o camponês faz o pão. A cevada, mais

barata que o trigo, é o alimento dos pobres. Em outubro, na estação das chuvas, quando a terra está

maleável, o camponês utiliza um carro de bois com uma relha de arado de ferro, puxado por bois ou

burros. As semeaduras são feitas manualmente: depois que a terra é revirada, o camponês joga a semente

em toas as direções. A colheita da cevada é feita em abril, e a do trigo, em maio-junho, Às vezes ela é

muito abundante (100 a 400 Kg por quilo semeado); outras vezes, por causa da seca, dos ventos

escaldantes ou dos pássaros, a colheita fica comprometida. A debulha consiste em retirar o grão da espiga.

As espigas são reviradas pelos bois, numa praça especial da aldeia. Depois, separa-se o grão da palha com a

ajuda de uma peneira (joeira). A palha é utilizada como forragem para os animais.

- os rebanhos de cabras e de ovelhas passam o dia nas colinas e, de noite, são guardados em espaços

rodeados de pequenos muros de pedra seca. Fornece carne, lã, couro e leite, com o qual se fabrica creme

de leite, manteiga e queijo.

- o asno é maior, mais forte e mais esperto que os asnos de outros países. Ele pode andar o dia

inteiro com um cavaleiro no lombo e trotar horas a fio. Nas encostas e nos caminhos difíceis ele ultrapassa

o cavalo. Sua pata é muito segura. É a montaria de todos: pobres, ricos, personalidades importantes. Ele

serve também para trabalhos agrícolas e para o transporte de mercadorias

- pássaros: corvo, coruja, pomba, passarinho, pavão, águia, rola, cegonha, andorinha. Animais

selvagens: urso, lobo, lebre, leopardo, raposa, gazela, chacal, leão e cobra. Insetos: abelhas, formigas,

gafanhotos, mosquitos e pulgas.

- a casa é o lugar onde a família vive a maior parte das vezes. Em hebraico, a mesma palavra significa

casa e família. As paredes são de taipa (mistura de argila e palha), de tijolos, raramente de pedra e as

fundações são sobre a rocha. O teto é achatado, feito de barro e ramagem. Dá para dormir no verão. Pode-

se subir por uma escada externa. Há poucas janelas, pequenas, para conservar o frescor dentro da casa.

Como fica escuro, acende-se a lamparina a óleo. O piso, em geral, é de terra batida.

- os pobres só têm um cômodo. Num canto, eles comem e dormem sobre esteiras; no outro,

guardam suas jarras, moinhos de grãos e seus utensílios de barro cozido. Os ricos têm casas maiores com

um pátio rodeado de vários cômodos. Come-se em mesas e dorme-se em camas.

- a alimentação do dia compreende duas refeições principais; uma ao meio-dia e uma ao anoitecer,

além do desjejum, restrito a uma fatia de pão com algumas azeitonas. A comida do tempo dos patriarcas

nômades é muito simples, até mesmo rudimentar: lentilhas, favas, grãos torrados, laticínios e carnes

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grelhadas que se comem em torno de um prato comum. Depois da instalação em Canaã, ele tornou-se

mais elaborada e tão refinada entre os ricos que provocou a indignação dos profetas.

- o sal tem uma posição privilegiada na alimentação, mas também na vida social e religiosa de Israel.

Serve para salgar e conservar alimentos, misturar na forragem e esfregava-se nos recém-nascidos. Salgam-

se os sacrifícios oferecidos a Deus e também na hora de selar acordos, chamados alianças do sal. O Mar

Morto é uma reserva inesgotável de sal.

- animais puros e impuros. Permitido: carne sangrada de todos os ruminantes que tenham o casco

fendido, como o boi e o carneiro; todos os animais aquáticos com nadadeiras e escamas; as aves não

citadas como proibidas e os insetos da grande família dos gafanhotos. Proibido: inicialmente os carnívoros,

que transmitem rapidamente a infecção num clima quente e cuja carne estraga com facilidade; o porco,

frequentemente, portador de parasitas, se não for bem assado; os insetos e aves de rapina; os frutos do

mar, mesmo hoje, podem provocar intoxicações; finalmente, o rato, a toupeira, as diferentes espécies de

lagartos, os camaleões e as rãs.

- as roupas são feitas de lã de carneiro ou de pelo de cabra e os ricos usam roupas de linho ou de

seda. Até o século VI a.C., não se conhecia o algodão. As tinturas eram obtidas a partir das amêndoas, para

o amarelo; raízes para o vermelho; conchas para o azul e o púrpura. Os hebreus vestiam-se com uma longa

túnica, que ia até o joelho, para o homem, e, para a mulher, até o tornozelo. Para trabalhar ou andar, ela é

arregaçada na cintura e amarrada com um cinto de pano. Nas dobras da cintura é colocado o dinheiro.

Tanto os homens quanto as mulheres usam um turbante de pano na cabeça, enrolado ou caído sobre os

ombros, preso na cabeça por uma tiara. Nos pés, usavam sandálias.

- o dinheiro só apareceu em Israel a partir do século VII a.C. Antes, a compra e a venda eram feitas

por meio da troca. Barganhava-se de tudo: cabras, carneiros, jóias, madeira, alimentos. Depois, para pagar,

foram utilizados, progressivamente, os metais preciosos: ouro, prata, cobre fixando-se aos poucos seu

peso e valor. É por isto que algumas moedas têm o mesmo nome de certos pesos. As moedas foram adotas

por questão de comodidade: é mais prático transportar uma bolsa do que mercadorias para troca.

- as medidas de comprimento são calculadas de acordo com o corpo humano: o dedo (1,875 cm =

largura de um dedo polegar), a palma (7,5 cm, largura de uma mão), o palmo (22,5 cm = largura da mão

quando os dedos estão abertos, da ponta do polegar à extremidade do dedo mindinho) e o cúbito (45 cm =

do cotovelo à ponta do dedo médio.

- as medidas de capacidade são diferentes para os líquidos (óleo, vinho) e para os secos (trigo,

cevada). Elas levam os nomes dos recipientes que contêm uma determinada quantidade

convencionada.Um bati (22,9 litros) para líquidos e um efá para sólidos, sendo que 5 efás correspondem a

um omer (229 litros)

- as festas: 1) páscoa (ou festa dos pães sem fermento), no começo de abril. Comemora-se a

libertação do Egito; 2) festa das colheitas (ou festa das semanas, fim de maio. Agradecimento a Deus pela

colheita e pela lei recebida no deserto. É celebra 50 dias depois da páscoa. É chamada também de

Pentecoste (que, em grego, significa 50); 3) festa das trombetas e do ano novo, em meados de setembro.

Este dia é considerado como o aniversário da criação do homem. O povo começa um período de reflexão e

de penitência que termina com a festa do Grande Perdão, dez dias mais tarde; 4) festa do grande

perdão(Yom Kipur), fim de setembro. Pede-se perdão a Deus por todos os pecados. Um bode, símbolo dos

pecados do povo, é mandado para o deserto, vindo daí a expressão “bode expiatório”; 5) festa da colheita

(ou festa das tendas), no começo de outubro. Agradece-se a Deus pela colheita dos frutos e pela vindima.

Como os hebreus do deserto, os participantes acampam em tendas; 6) festa do templo purificado, no

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começo de dezembro. Esta festa comemora o dia em que o templo de Deus foi libertado do seu invasor e

aberto de novo ao culto, em 165 a.C.

- os instrumentos musicais: lira, flautas, chofar (tipo de trombeta), tamborim, sistro, menoanin,

meziltaim. A música e a dança ocupam um lugar importante no culto. Durante a cerimônia, às vezes se

canta em coro, às vezes um de cada vez.

- o sabá: neste dia não se trabalha. Cai no sábado, o sétimo dia da semana. O sabá começa na sexta-

feira à noite. É um dia de festa e de oração. Todos vestem suas roupas mais bonitas. Em família,

compartilha-se com alegria das refeições e dos doces preparados na véspera.

- a sinagoga é uma casa onde a comunidade se reúne para estudar a Bíblia e para rezar. A direção da

sinagoga é confiada a um grupo de anciãos, sendo um deles escolhido para ser o chefe da sinagoga,

encarregado da organização do culto; ele designa as pessoas que dirão as orações e interpretarão os textos

lidos.

- Jerusalém significa “a cidade da paz”. Desta cidadezinha empoleirada sobre a colina de Sião, Davi

fez a capital do deu reino, em torno de 1.000 a.C. Seu filho Salomão aumentou-a, embelezou-a e construiu

uma muralha. Sua obra-prima é o templo grandioso que ele construiu perto do seu palácio.

- Alguns milhares de pessoas moram na cidade. Muitos trabalham em serviços gerais ou na

manutenção do templo. Na hora das festas de Páscoa, das Colheitas, várias dezenas de milhares chegam a

Jerusalém, de tudo quanto é lugar.

- em 586 a.C., a cidade foi tomada e incendiada por Nabucodonosor da Babilônia. Cincoenta anos

mais tarde, eles voltaram. Jerusalém foi reconstruída com dificuldade. O templo também, mas não tornou

a apresentar o esplendor da primeira construção. Novas muralhas forma construídas para proteger melhor

a cidade. Jerusalém é o ponto de encontro de todos os judeus.

- o templo encontra-se no centro de Jerusalém. Todos os dias e durante as grandes festas do ano,

reza-se no templo. Queimam-se incensos e produtos da colheita, imolando-se no altar animais, geralmente

ovelhas. Essas oferendas chamam-se sacrifícios. Oferecendo o que têm de mais precioso, os crentes

querem dizer que oferecem o melhor de si.

- os três templos sucessivos: 1) O primeiro foi construído pelo rei Salomão no século X a.C. Ele foi

destruído quatro séculos depois, em 587 a.C. por Nabucodonosor, rei da Babilônia; 2) um segundo foi

reconstruído em 515 a.C.; 3) a construção do terceiro começou em 20 a.C. pelo rei Herodes, o Grande. As

obras duraram 80 anos. Também foi destruído em 70 d.C., pelos romanos,

1.2. OS PERSONAGENS

- o povo: Israel se considera como um povo diferente dos outros povos (egípcios, assírios, filisteus,

cretenses...). O Deus único, criador do céu e da terra, escolheu Israel, para ser conhecidos pelos outros

povos. Sua história começa com a saída do Egito. Deus fez com seu povo uma aliança que nada nem

ninguém pode destruir. Ele lhe passou uma lei para ensiná-los a viver na justiça e na fraternidade. Ele lhe

deu uma terra. Ele o governa através dos juízes e, em seguida pelos reis. Ele o guia pelos profetas. Ele o

educa pelos sábios.

- Os hebreus (a palavra significa homem que passa, que anda) é o nome do povo antes de sua

instalação no país de Canaã, em torno de 1235-1210 a.C., quando ainda era nômade.

- Israel: El é um dos nomes de Deus, que designa seu poder. Israel significa “Deus é forte, Deus luta”.

Israel é, antes de mais nada, o nome dado por Deus a Jacó, ancestral do povo. Depois que se instalou em

Canaã, passou a ser o nome do povo. Em 930 a.C., quando o reino de Davi foi dividido em dois, o reino do

Norte (capital Samaria) manteve o nome de Israel e o do sul (capital Jerusalém), passou a se chamar Judá.

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Judeus: a palavra quer dizer louvar, celebrar. Designa uma parte do povo, a tribo ancestral de Judá e que

mora em torno de Jerusalém. Depois da volta do exílio na Babilônia (536 a.C.), todo o povo passou a ser

chamado assim.

- os ancestrais. Há aqueles que deram origem ao povo, os patriarcas: Abraão, Jacó, os doze filhos de

Jacó que deram origem às doze tribos. Há grandes personagens que marcaram a vida do povo: Moisés,

Davi, Salomão... E, enfim, há aqueles ligados à origem de cada família

- o juiz. Em hebraico, julgar não quer dizer só fazer justiça, mas governar, comandar. Os juízes são

homens (há também uma mulher, Débora) que, entre 1200 e 1020 a.C., governaram o povo e libertaram-

no dos seus inimigos. Naquele tempo, o povo não tinha ainda se organizado num único reino. Era formado

de doze tribos independentes, que moravam do norte ao sul da região. Cada tribo era dividida em clãs.

Cada tribo elegia uma assembléia de anciãos para governá-la. Quando uma tribo era ameaçada por um

povo inimigo de fora, ela escolhia um chefe: um dos seus membros particularmente valente e corajoso.

Esse chefe de guerra improvisado, que é chamado de juiz, junta os guerreiros e vai em busca da vitória.

Assim que o perigo é afastado, alguns juízes continuam governando a tribo e outros voltam para casa e

retomam seu trabalho.

- o rei. Em torno de 1.000 a.C., o país de Israel tornou-se um reino: foi escolhido um rei e consagrado

para governar. Esse rei também é chamado de messias de Deus. Foi uma grande mudança para o povo. Até

então o único rei de Israel era Deus. Depois de muitas hesitações e de brigas, a realeza começou com Saul,

depois Davi. O rei não é divinizado, ele continua um homem, só que é chamado filho adotivo de Deus. Ele

não toma o lugar de Deus, mas ele é seu criado. Seu dever é o de servir ao povo na paz e na justiça. Como

todos, ele deve seguir a lei de Deus. Na verdade, poucos reis respeitaram esses princípios. Antes do

desaparecimento da realeza, em 586 a.C., todos sonhavam com um rei justo e pacífico que Deus enviaria

um dia ao seu povo e a todas as nações.

- o messias. Esta palavra hebraica quer dizer “ungido em óleo”. Os reis eram consagrados vertendo-

se óleo sobre sua cabeça. Depois que acabou a realeza (século VI a.C.) esta palavra designa o descendente

de Davi que Deus vai mandar para estabelecer seu reino em todo o universo.

- os profetas. São crentes que se sentem chamados a falar em nome de Deus ao seu povo, quando

este se perde ou desanima. Eles vêm de todas as classes sociais: camponeses, aristocratas, sacerdotes...

Eles se deslocam o tempo todo, para cumprir sua missão. O profeta aponta e critica aqueles que oprimem

os pobres e aqueles que oferecem sacrifícios cometendo injustiça. Eles denunciam aqueles que confiam

no dinheiro, nas armas, no luxo e nos ídolos. Eles não poupam ninguém nem mesmo o rei. Nos momentos

de dificuldade, quando o povo desanima, duvidando das promessas de Deus, o profeta anima, dá

esperança. Os profetas mais conhecidos são: Elias, Amós, Oseias, Isaías, Jeremias e Ezequiel.

- o sacerdote organiza e conduz a oração nos diferentes santuários, mas, a partir do século VII a.C, no

único templo de Jerusalém. O sacerdote ensina ao povo: ele conta a libertação do Egito, lembra a grandeza

e as exigências da aliança com Deus, passa a limpo a lei de Deus. Para ser sacerdote, é preciso pertencer à

tribo de Levi. Esta tribo não tem território, ela se consagra ao culto de Deus. Ela vive com os donativos das

outras tribos.

- os casados. É muito difícil não se casar em Israel. No tempo dos ancestrais, a poligamia era uma

prática comum. Mas, aos poucos, sob a influência dos profetas, a monogamia generalizou-se. Casava-se

muito cedo: a idade mínima foi fixada em 12 anos para a menina e em 13 para o menino. Normalmente,

são os pais que arrumam o casamento, mas isso não impede que haja belas histórias de amor.

- o casamento. Na época do noivado, é feito um contrato diante de duas testemunhas e os pais do

futuro marido oferecem aos pais da noiva uma importante quantia em dinheiro. Assim, a mulher torna-se

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propriedade do marido. O costume determina que o pai não fique com todo o dote. Ele o cede, em parte

ou totalmente, à filha, acrescentando uma ou várias escravas. A festa de núpcias dura uma semana, às

vezes quinze dias.

- a mulher. Na vida do dia a dia, ela não tem os mesmos direitos que o homem. A partir do seu

casamento, a mulher é propriedade de seu marido, sem, no entanto, ser sua escrava. Ela não pode romper

o contrato de casamento, ao passo que o marido pode repudiá-la e tomar decisões por ela e pela família.

Sua vida se passa amais na casa e nos campos, onde trabalha duramente. As leis protegem a mãe. Se a

mulher for estéril, ela tem o direito de dar sua criada pessoal ao marido, reconhecendo o filho que a outra

conceber.

- Toda criança é considerada dádiva de Deus e é acolhida com alegria. Logo que nasce, é banhada na

água, esfregada com sal para fortificá-la e enrolada em fraldas. Cada criança recebe um nome cheio de

significado. Depois do nome do filho, vem o nome do pai (exemplos: Benjamim filho de Jacó, Ana, filha de

Daví). Oito dias depois de nascido o menino é circuncidado. O bar-mitsvá é o fim da infância. Aos 13 anos e

um dia, o rapaz entra no mundo dos adultos. Com uma grande festa, ele torna-se bar-mitsvá, isto é, filho

da lei, que deve respeitar. Além disso, ele pode lê-la na frente de todo mundo na sinagoga, no dia do sabá.

- Os artesãos: carpinteiro, pedreiro, oleiro, ourives, forjador, tintureiro, tecelão, curtidor, pisoeiro

(curtidor).

- O escriba. Antes de aparecerem as primeiras escolas (século VI a.C)a maior parte das pessoas não

sabia ler nem escrever. Elas pediam ao escriba para redigir suas cartas, anotar suas contas, estabelecer os

contratos de compra e venda. Na corte dos reis, desde Davi e Salomão (século X a.C.) havia escribas. Eles

escreviam os principais acontecimentos da vida do rei e do reino. Alguns deles passaram a redigir uma

história do povo de Israel a partir de suas origens, utilizando velhas tradições que eram contadas

oralmente. Depois do exílio (século IV a.C.), eles ensinavam nas sinagogas. Ensinavam as crianças a ler e a

escrever a partir dos livros da Bíblia.

- a invenção da escrita remonta ao ano de 5.000 a.C. Surgiu na Babilônia e no Egito. Havia

necessidade de muitos sinais para se expressar (800 a 1.000). Poucas pessoas sabiam escrever.

- o alfabeto foi inventado na Fenícia, no século XVI a.C. Os sinais não representavam mais objetos,

mas sons. Foi preciso pouco para se comunicar (uns trinta). Assim, todo mundo poderia aprender a

escrever. O alfabeto fenício é o ancestral de todos os alfabetos.

- o escravo. A escravidão existiu em todos os países do Oriente Médio. Em Israel, os escravos eram

menos numerosos e tratados com mais humanidade que em outros lugares. Eram prisioneiros de guerra

ou estrangeiros comprados nos mercados de escravos da Fenícia. Encontram-se também israelitas que se

tornaram escravos por causa de grandes roubos ou para pagar suas dívidas. O escravo estrangeiro fica

nesta condição para sempre. Mas o escravo judeu deve ser libertado depois de seis anos.

- 0 inimigo ameaça do exterior. Durante toda a sua história, desde a saída do Egito e sua instalação

na terra de Canaã, o povo de Israel teve que enfrentar ataques. Às vezes, sentindo-se ameaçado, o povo de

Israel atacava. E, dessas batalhas, nem sempre saía vencedor. No XIII a.C., o maior perigo era o Egito. Entre

o século XIII e o XI, os pequenos povos se estabeleceram em Canaã ou ao redor do país de Canaã. Os mais

perigosos eram os filisteus, que possuíam bigas e armas de ferro. Os hebreus só tinham armas de madeira,

bronze ou couro. Só passaram a usar bigas com Salomão. Do século VIII ao VI, foram os grandes: a Assíria, a

Babilônia, o Egito que queriam dominar toda a região. No século II, foi a Síria cujo rei perseguia os crentes

judeus.

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1.3. HISTÓRICO

A história dos hebreus, para fins didáticos, pode ser dividida nos seguintes períodos: Patriarcal, dos

hebreus no Egito, de Moisés e o Êxodo, de Josué e dos Juízes, dos Reis, de dominação de outros povos, da

diáspora, do chamado segundo êxodo. Vamos sintetizar.

PERÍODO PATRIARCAL

- Inicia-se com Abraão, que saindo da Península Arábica vai para a cidade de UR (sul da Mesopotâmia)

com sua família. Recebe aí, a ordem de Deus para buscar uma terra que ele lhe prometia.

- Abraão e a família se fixaram em Canaã com a promessa de Deus que teria uma descendência

numerosa. Promessa quase impossível de se realizar uma vez que Abraão e Sara, sua esposa, já eram

velhos e não tinham filhos. Por essa época, Abraão tem um filho (Ismael) com uma escrava egípcia de

nome Agar. Quando Ismael já era quase um adolescente, Abraão recebe a notícia de Deus que Sara ia ter

um filho (Isaac) em sua velhice. Abraão então manda embora para o deserto Agar e o filho Ismael.

- Ismael e Agar perambulam pelo deserto, mas conseguem sobreviver. Ismael deu origem ao povo

ismaelita (árabes) do que se conclui que árabes e judeus são povos irmãos, ambos descendentes de

Abraão.

- Por sua vez Isaac casa-se com Rebeca, sua parente. Desse casamento nasceram os gêmeos Esaú e

Jacob. A Bíblia conta que Esaú nasceu primeiro, tendo assim os direitos de primogenitura. Jacob que

desejava tê-los e os comprou de seu irmão por um prato de lentilhas. Porém, os gêmeos se

desentenderam e Jacob foi morar com Labão, irmão de sua mãe.

- Seu tio tinha duas filhas: Raquel e Lia. Jacob apaixonou-se por Raquel, a amais nova, porém Labão lhe

impôs sete anos de trabalho para consegui-la. Quando findou os sete anos Labão lhe entregou Lia por ser a

mais velha e exigiu mais sete anos de trabalho para que pudesse se casar também com Raquel.

- Raquel teve dois filhos: José e Benjamim. Lea teve sete filhos: Rubens, Simeão, Levi, Judá, Issacar,

Zebulon e a filha Dina. Foi, segundo a tradição, da descendência de Judá que nasceu o rei Davi e, mais

tarde, Jesus. Jacob teve ainda dois filhos com a serva Bila: Dã e Naftali, e com a serva Zilpa: Gade e Aser.

- Foram esses doze filhos de Jacob que deram origem às doze tribos de Israel e, sua grande

descendência deu origem ao povo judeu, cumprindo assim a promessa feita por Deus a Abraão.

PERÍODO DOS HEBREUS NO EGITO

- O período dos hebreus no Egito inicia-se quando José, filho de Jacob e Raquel, foi vendido como

escravo por seus próprios irmãos, a mercadores que iam para o Egito. José consegue tornar-se importante

na corte do faraó, que lhe confiou a administração do país.

- Quando Canaã sofreu um período de grande fome, José trouxe sua família para o Egito, recebendo

do faraó terras para o plantio e criação de gado. Com a morte de José e a entronização de um novo faraó,

os hebreus foram escravizados. Esse período durou 400 anos e terminou com Moisés.

PERÍODO DO ÊXODO

- Moisés fora criado pela família do faraó, mas tomou conhecimento de sua origem hebraica. Existe

uma obra mediúnica: “O Faraó Mernephtah” escrito pelo espírito J.W.Rochester (psicografia de K.

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Krinowsky e traduzida por Francisco Pires), que afirma ser Moisés filho da princesa egípcia que o acolhe e

de um judeu, durante o governo do Faraó Ramsés II.

- Moisés negociou a saída de seu povo do Egito com o novo faraó Mernephtah com grandes

dificuldades. Depois da saída do Egito, os hebreus perambularam pelo deserto por quarenta anos, muitas

vezes enfrentando grandes sofrimentos de volta para Canaã. Nesse período, Moisés recebe o Decálogo no

Monte Sinai. Moisés morre antes de entrar na terra prometida e seu irmão Josué conduz o povo.

PERÍODO DE JOSUÉ E DOS JUÍZES

No período em que Josué conduziu povo, aconteceram muitas lutas com povos vizinhos. Após Josué,

surgiram os juízes, homens de personalidade marcante, líderes e que defenderam o seu povo frente às

inúmeras guerras para reconquista do território. Destacaram-se Samuel, Jedeão, Jeffé e Sansão.

PERÍODO DOS REIS

- Foi estabelecido pela necessidade de um governo mais forte, pelas constantes ameaças e guerras

com vizinhos e com outros povos mais distantes.

- O juiz Samuel escolheu Saul para ser o primeiro rei e, após Saul, vieram Davi e Salomão, marcando

uma época áurea para o povo hebreu. Salomão (966 a 959 a.C.) concretizou a construção do templo que

havia sido idealizado por seu pai. Foi famoso também pela riqueza e pelo luxo de sua corte, destacando-se,

porém por sua sabedoria. A Bíblia relata provérbios, poemas, atitudes, discursos e preces que revelam a

grandeza de seu espírito.

- Com a morte de Salomão as tribos se separaram: dez delas formam o reino de Israel (capital Samaria)

sob o governo de Jereboão e as tribos de Benjamim e Judá, ao sul, formaram o Reino de Judá (capital

Jerusalém). Sob o governo de Roboão.

- Os reis que sucederam a Salomão perderam-se em conflitos políticos e em problemas internos,

provocando uma decadência geral, e a Palestina acabou privada da sua autonomia, dando origem a um

novo período na história do povo judeu.

PERÍODO DE DOMINAÇÃO DE OUTROS POVOS

- Foi nesse período que aconteceu o cativeiro da Babilônia quando Nabucodonosor II dispersou as dez

tribos que formavam o Reino de Israel pelo território da Mesopotâmia. Foi Ciro (539-530 a.C.), o rei persa

permitiu que, cincoenta anos depois, os israelitas voltassem ao seu antigo território e reconstruíssem o

templo de Jerusalém (537-516 a.C.). No século IV a.C. Alexandre, rei da Macedônia, e seu exército

conquistaram os persas e, consequentemente, dominaram a Palestina. Com a morte deste rei, a Dinastia

dos Ptolomeus, que houvera sido fundada por um dos generais dos macedônios e que se apoderara do

Egito, entrou em luta contra a dinastia dos Selêucidas ( de idêntica origem que dominava a Síria) por causa

da Palestina.

- Foi Simão Macabeu quem libertou a Judeia, tornando-se pela via da assembléia popular, sumo

sacerdote e general. O título passou a pertencer aos seus descendentes: os asmodeus (2ª. República

judaica, de 142-70 a.C. ou 167-40 a.C. segundo outros autores). O auge das lutas teve lugar com a rebelião

dos macabeus, quando o sacerdote Matatias e, posteriormente, os seus filhos Jônatas (reinou de 160-143

a.C.), e Simeão (143-135 a.C.) se opuseram ao helenismo dos Selêucidas, que tentavam impor os deuses

pagãos aos judeus.

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- O movimento teve algum êxito, porém o sucessor João Hircano (135-104 a.C.), filho de Simeão

Macabeu, amolentou-se aos hábitos dos povos fronteiriços que mantinham costumes helênicos. Seguiram-

se os governos de Aristóbulo (filho de João Hircano, 104-103 a.C,) depois o irmão mais velho de Hircano

chamado Alexandre Janeu (103-76 a.C). Em seguida a esposa deste e, antes de Aristóbulo I, Salomé

Alexandra e, por fim, seu filho Aristóbulo II que foi derrotado pelos romanos.

Houve um confronto entre Pompeu, general romano, e Aristóbulo na disputa pela coroa de Salomé

Alexandra. Pompeu foi chamado pelos israelitas para arbitrar a disputa pela coroa entre os irmãos Hircano

II e Aristóbulo II. Optou pelo primeiro e teve que enfrentar o segundo. A vitória de Pompeu custou a vida

de 12.000 judeus e as terras dos macabeus, anexadas ao Império Romano.

- Portanto, no ano 63 a.C., o Império Romano dominou a Palestina, e entregou o governo ao indumeu

Herodes, cognominado o grande. Nessa época, nasceu Jesus em Belém, segundo a tradição, ou mais

provavelmente em Nazareth.

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2. SEGUNDA PARTE: A PALESTINA NO TEMPO DE JESUS

- a Palestina, com 200 Km de comprimento e 50 a 100 Km de largura , tem um clima seco no verão; a

época das chuvas transcorre de outubro a abril.No oeste estendem-se as planícies férteis. O Vale do rio

Jordão, com margens bem escarpadas (abaixo do nível do mar), é quase desértico. Em ambos os lados do

rio erguem-se duas cadeias de montanhas, de 600 a 1.200 m de altitude.

- as províncias: IDUMEIA, antigo reino de Edom, conquistado em 126 a.C.; JUDEIA, mais ao sul, na

região do Mar Morto, era a província onde se concentrava a maior parte dos judeus, e onde estavam

situados: a cidade de Jerusalém, o Templo e o Sinédrio; SAMARIA, mais ao norte, terra dos samaritanos,

descendentes de judeus e assírios. Eram dissidentes da tribo de Israel. Eram os mais ortodoxos e admitiam

apenas os livros de Moisés; não valorizavam os livros dos profetas. Não se davam com os outros judeus,

não se falavam, não freqüentavam o Templo de Jerusalém, pois tinham seu próprio templo. PEREIA,

território conquistado no século I a.C. DECÁPOLE que era um conjunto de 10 cidades de populações não

judaicas, subordinadas ao pro-cônsul romano da Síria. ITUREIA, GAULANÍTIS, BATANEIA E TRACONÍTIDE

que eram territórios conquistados por Herodes, o Grande. E ainda existiam, na região, as cidades livres da

costa mediterrânea: Ascalão e Gaza.

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2.1. OS RECURSOS NATURAIS DA PALESTINA

- agricultura e pecuária: como no tempo do Antigo Testamento, os judeus do tempo de Jesus

cultivavam a terra e criavam animais domésticos. O trigo e a cevada eram recursos básicos, assim como o

figo, a azeitona e a vinha. As cabras forneciam o leite; os carneiros, a lã; asnos e camelos eram utilizados

para transportar carga, para puxar a charrua ou a mó.

- a pesca era praticada no litoral mediterrâneo, principalmente no lago de Genezaré (ou Mar da

Galileia) que era muito piscoso. Os judeus distinguiam dois tipos de peixes: os puros e os impuros. Os

primeiros, únicos comestíveis, eram os que tinham barbatanas e escamas: tenca, carpa, cadoz, perca,

solha; os demais, sem barbatanas e escamas, eram jogados de volta ao lago: borlado, enguia, arraia e

lampreia.

2.2. AS NOVAS CIDADES DA PALESTINA

- Herodes, o Grande, rei dos judeus de 37 a 4 a.C., empreendeu grandes obras e fundou novas

cidades. Cesareia foi edificada no litoral mediterrâneo. Em seu porto houve tráfego intenso. Fasélis foi

construída em memória de seu irmão; Antipátris, em homenagem ao seu pai.

- restaurou a cidade de Samaria, batizando-a de Sebaste; construiu uma rede de fortalezas no sul, para

proteger-se contra a invasão dos árabes e manterá ordem interna. Entre as cidades mais célebres estão

Herodion, próxima de Belém (onde Herodes foi enterrado), Maquerunte, a leste do Mar Morto, e

Massada, a oeste do mesmo mar.

- realizou, em Jerusalém a restauração do templo, assim como a construção da torre Antônia, ligada ao

templo, um vasto palácio, um hipódromo e um teatro.

- Fora da Palestina, Herodes construiu templos e edifícios públicos, sobretudo em Antioquia, Atenas e

Rodes.

- Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande, que reinou de 4 a.C. a 39 d.C, construiu Tiberíades, à

margem do lago de Genezaré, tornando-a uma cidade não judia impregnada do espírito grego.

- Herodes Filipe, filho de Herodes o Grande (34-34 a.D.) restaurou a cidade de Panias, chamando-a de

Cesareia de Filipe. Fez o mesmo em Betsaida, dando-lhe o nome de Júlia.

- Agripa I, neto de Herodes, o Grande (34-44 a.D.), estendeu as muralhas de Jerusalém ao longo de

mais ou menos 3 quilômetros e meio.

- Pôncio Pilatos, procurador romano (26-36 a.D.), construiu um novo aqueduto em Jerusalém.

2.3. ASPECTOS RELIGIOSOS

- O Templo de Jerusalém era o centro da vida religiosa judaica. No tempo de Jesus tinha sido

reconstruído por Herodes o Grande, embora ainda não estivesse pronto. Tendo sido iniciado em 20 a.C.,

inaugurado em 9 a.C. e concluído em 64 foi destruído pelos romanos em 70. O primeiro templo, construído

por Salomão em 950 a.C., havia sido destruído pelos babilônios (586 a.C.). Um segundo, muito pequeno,

foi reconstruído após o exílio na Babilônia. Em 20 a.C desejando ganhar as boas graças do povo, Herodes

decidiu ampliá-lo e dar-lhe novamente o esplendor que havia tido no tempo de Salomão.

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- Esse templo era grandioso. Construído conforme o plano do primeiro Templo, em pedra branca,

realçada por placas de ouro, erguia-se no centro de uma esplanada de 480 m de comprimento por 300 m

de largura, recoberta de lajes coloridas, de onde dominava toda a cidade. Era cercado por uma balaustrada

em mármore esculpido, limite que os não-judeus (gentios) não podiam atravessar. Com seus pórticos

dotados de soberbas colunas de mármore, enchia de admiração os contemporâneos de Jesus.

- O termo sinagoga, de origem grega, designava, para os judeus do tempo de Jesus, tanto a casa

destinada ao estudo da Bíblia e à oração, como a comunidade que ali se reunia. Sua origem remonta,

provavelmente, aos tempos do exílio em Babilônia (586-536 a.C.) Privados do Templo, os judeus se

reuniam para estudar a Lei e orar. Depois do exílio, as sinagogas multiplicaram-se nas comunidades

judaicas da diáspora e até mesmo em Jerusalém. Geralmente a sinagoga era construída no local mais alto

da cidade, e quase sempre às margens de um rio. De forma retangular, ficava voltada para Jerusalém. No

seu interior, ao fundo, havia um cofre sagrado, a Arca, que continha os rolos da Torá (a Lei). Diante dele, os

candeeiros ficavam sempre acesos.

- Um colégio de anciãos elegia um chefe da sinagoga, cuja função era presidir e organiza a oração,

escolher os que a pronunciariam, leriam e comentariam as Escrituras. Um assistente cuidava da sinagoga,

entregava o texto ao leitor e instruía as crianças. O culto principal acontecia na manhã do sabá (o sábado).

Compreendia a oração, a leitura da Lei e, depois, a de um profeta. Seguia-se uma pregação a respeito dos

textos lidos e a bênção. Os textos eram lidos em hebraico, e traduzidos para o aramaico, mais tarde,

quando o hebraico se tornou língua morta.

- A população vivia, principalmente, em vilas ou lugarejos. As casas modestas eram feitas de taipa,

com caniços, ou de tijolos de argila misturados com palha, calcada com os pés e cozidos no forno. As

paredes eram caiadas. As casas tinham a forma de uma grande caixa quadrada, compostas em um único

andar, dividindo-se em duas partes por uma diferença de nível: a parte mais alta servia de cozinha, sala de

jantar, quarto de dormir; a parte mais baixa servia de estábulo e, quando os animais estavam no campo,

transformavam-se em salas de jogos ou oficinas. As residências dos mais ricos utilizavam a pedra e a

argamassa com cal. As peças se organizavam através de um pátio central. Às vezes havia um segundo piso:

o aposento alto, ou cenáculo, reservado aos hóspedes. Essas casas também possuíam cisternas e

instalações para banho.

- o teto tinha a forma de terraço. Era construído de traves, entrecruzadas com ramagens, tudo

recoberto com barro amassado. O conjunto deveria ser reforçado todo ano, antes da estação das chuvas.

Era cercado por um e dotado de uma escada externa. Utilizava-se o terraço para tomar ar fresco, dormir,

secar os legumes, por as frutas para amadurecer, e para orar. Não havia chaminé. Colocavam-se carvões

apagados em uma cavidade, no meio da peça, ou então acendia-se um braseiro. Os mais ricos conheciam o

aquecimento central, sistema de tubulação de água ou de ar quente, que, a partir de um forno, circulava

pelas paredes ou ficava sob o piso.

- Clero judaico. O sumo sacerdote era chefe supremo do clero, responsável pelo Templo e presidente

da assembléia do sinédrio. A partir do reinado de Herodes, o Grande, ele passou a ser nomeado e

destituído pelo rei e mais tarde pelos procuradores romanos. Ele era muito rico. Para não perder seu lugar,

ele fazia composições com os romanos. Os chefes dos sacerdotes ,frequentemente, pertenciam à família

do sumo sacerdote, ou eram seus amigos. O comandante do Templo velava pelo bom exercício do culto e

garantia o policiamento no Templo. Os chefes das 24 equipes semanais (eram 7.200 sacerdotes).

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Controlavam os sacerdotes que eram substituídos toda semana, para oferecer os sacrifícios no Templo. Os

7 supervisores eram responsáveis pela manutenção do Templo. Os 3 tesoureiros geriam as finanças. Os

sacerdotes recrutados exclusivamente entre os descendentes de Aarão, irmão de Moisés, exerciam ofícios

e geralmente eram pobres. Grande número deles era simpatizante dos zelotes. Seu cargo era hereditário.

Eram mal remunerados e viviam pobremente de seu ofício.

- Os escribas eram os especialistas da Lei escrita e oral, encarregados de transmiti-la e interpretá-la.

Como a Lei regia toda a vida da comunidade judaica, os escribas tinham um poder e uma influência

extraordinários. Ensinavam a Lei de Moisés (Lei escrita) e a tradição dos anciãos (Lei oral), acrescentando-

lhes suas próprias interpretações. Havia diversas escolas de escribas no tempo der Jesus; suas

interpretações da Lei diferiam. Outra de suas funções era a de fazer justiça nos tribunais: participavam do

governo do povo, tendo assento no sinédrio, assembléia que decidia os assuntos internos do judaísmo. Sua

formação durava vários anos junto de um mestre que lhe ensinava a Lei e lhe transmitia uma ciência oculta

e secreta, a respeito de Deus, da criação, do fim dos tempos. Aos 40 anos, ele era ordenado escriba, pela

imposição das mãos. Passava a fazer jus, então, ao nome de sábio, doutor da Lei, mestre (rabino) e a usar a

mesma roupa dos escribas. Nas sinagogas cabia-lhe o lugar de honra. Os escribas viviam quase sempre

pobremente, pois deviam dispensar seus ensinamentos de modo gratuito. Precisavam, portanto, de um

ofício para sobreviver. Recebiam também donativos de seus alunos e auxílios do Templo.

- Os fariseus. Em hebraico e aramaico, fariseu significa “separado”. Eram judeus fervorosos, que

conheciam perfeitamente a Lei, escrita e oral. Formavam comunidades onde podiam seguir fielmente os

mandamentos. Toda sexta-feira, à noite, reuniam-se para a refeição comunitária. Eram intransigentes,

evitando freqüentar aqueles que ignoravam ou não observavam a Lei. Assim, reprovavam aos saduceus

por traírem Deus, colaborando com os romanos. Não era possível contato algum entre eles e os pecadores,

sob pena de grave desonra. Aguardavam com impaciência o advento do reino de Deus e do seu messias.

Para eles, apenas o rigoroso cumprimento da Lei apressaria sua vinda.

- Os saduceus eram relativamente numerosos, mas seu grupo era poderoso, composto pela

aristocracia sacerdotal (chefes dos sacerdotes, antigos sumo sacerdotes, sumos sacerdotes em exercício),

além dos judeus notáveis, ricos e cultos, de Jerusalém (grandes comerciantes e proprietários de imensos

domínios). Detinham altas funções sacerdotais e administrativas do Templo. Durante muito tempo tiveram

a maioria no sinédrio. Seu poder vinculava-se ao dinheiro. Entretanto, sua influência sobre o povo era

limitada, pois eles viviam muito afastados, além de o desprezarem.

- Eram conservadores. Reconheciam apenas a Lei escrita, recusando as tradições orais e as novas

crenças, como a da ressurreição dos mortos, difundida pelos fariseus. Saduceus e fariseus entravam

constantemente em conflito. Para conservar seu lugar, seus podres e seus interesses, colaboravam com os

romanos, esforçando-se para moderar a hostilidade do povo contra Roma. Após a destruição de Jerusalém

e do Templo, em 70 a.D, desapareceram da história.

- A palavra sinédrio vem do grego e significa “assembléia, conselho”. Ele dirige o povo judeu, religiosa,

administrativa e juridicamente. Seu poder, limitado pelo rei Herodes, o Grande, foi aumentado pelos

romanos, após a morte deste último. Era presidido pelo sumo sacerdote, e compreendia 71 membros,

divididos entre a tendência saduceia e a tendência farisaica (escribas). Seu poder estendia-se a tudo que se

referia à vida dos judeus na Palestina e no Império: poder religioso = fixava a doutrina, estabelecia o

calendário litúrgico e controlava a vida religiosa; poder administrativo = votava as leis, dispunha de uma

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polícia, regulamentava as relações com os invasores romanos; poder judiciário = era o tribunal supremo

que julgava os delitos mais graves contra a Lei. Para pronunciar uma condenação à morte, parece que

devia obter a anuência da autoridade romana. Após a destruição de Jerusalém, em 70 a.D., o grande

sinédrio estabeleceu-se em Jamnia, passando a ser uma instituição unicamente religiosa, liderada pelos

escribas fariseus. Os pequenos sinédrios eram tribunais locais, cujo papel era julgar os assuntos rotineiros.

- Os essênios. Por volta de 150 a.C. alguns judeus fervorosos decidiram separar-se de seus líderes

religiosos corruptos. Sob a liderança de um sacerdote, o senhor da justiça, retiraram-se para o deserto, às

margens do mar Morto, onde passaram a viver em comunidade. Chegaram a ser 4.000 pessoas, divididas

em vários mosteiros, dentre os quais o mais célebre era o de Qumrã, situado a noroeste do Mar Morto,

onde passaram a viver em comunidade.

- em relação à Lei, praticavam a Lei judaica, sem a menor concessão, atribuindo grande importância à

pureza ritual. Insistiam na ira de Deus para com os pecadores, aguardando a hora o triunfo dos filhos da luz

(eles mesmos) em sua luta contra os filhos das trevas (os judeus pecadores, os pagãos, os romanos). Em

relação ao Templo: recusavam-se a frequentar o Templo de Jerusalém, considerando inválidas e

condenáveis as cerimônias realizadas pelos sumos sacerdotes ímpios, que haviam feito acréscimos,

modificando o calendário tradicional. Os sacerdotes reunidos em conselho exerciam uma autoridade

absoluta, e a disciplina era rígida. Enfatizavam-se a oração, o trabalho manual, a comunhão dos bens, as

refeições sagradas, o estudo dos Livros santos e dos regulamentos da comunidade, os banhos rituais. A

maioria dos essênios era celibatária. Entre 66 e 70, a comunidade de Qumrãm foi destruída pelos romanos.

Antes de se dispersarem, e de serem massacrados, os membros da comunidade esconderam nas grutas

vizinhas sua preciosa biblioteca.

- A palavra zelote vem do grego e significa “que tem zelo em relação” à Lei. Designava os judeus

fervorosos, frequentemente, pobres, que não gostavam de ver seu país ocupado pelos romanos, e

desejavam defendê-lo. Consideravam um sacrilégio chamar o imperador de “rei” ou de “senhor” (pois

apenas Deus era rei e senhor), e atos de idolatria, o pagamento de impostos e o recenseamento. Segundo

eles, a “guerra santa” devia ser empreenda contra Roma. Assim que se libertasse, o povo de Deus deveria

obedecer a um ideal de justiça: abolir a grande propriedade, libertar os escravos e dividir os bens.

- No ano 6 a.D., Arquelau, filho de Herodes, o Grande, foi banido.A Judeia tornou-se província

romana, e a população foi recenseada para o estabelecimento do imposto. Judas, o Galileu, liderou então

um movimento de revolta, na Galileia, que foi cruelmente reprimido pelos romanos.

- Os batistas praticavam o batismo (de onde seu nome) e tinham grande sucesso nos meios populares.

Fonte de vida e de regeneração, a água era associada a inúmeros rituais judaicos de purificação. O que os

diferenciava em relação a: 1) dos fariseus - a observância minuciosa da Lei não era essencial para eles; a

vida de acordo com Deus consistia na conversão do coração. 2) dos saduceus – os batistas não davam

tanto valor ao Templo, nem aos sacrifício sangrentos. 3) dos essênios – estes multiplicavam as abluções

rituais; os batistas praticavam a imersão na água (o batismo) apenas uma vez, pois isso simbolizava a

confiança em Deus, que modificava o coração.

- No século I a.D., os dois grupos mais conhecidos eram os de João, chamado “o Batista”, e o de Jesus,

o Cristo. Esses grupos eram desconsiderados pelos demais partidos religiosos.

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- A palavra messias vem do hebraico meshiah, que quer dizer “ungido com óleo”, portanto,

“consagrado”, traduzido para o grego como cristo. Os profetas fizeram entrever um reino de justiça e de

paz, onde reinaria um messias de Deus.

Essa esperança desenvolveu-se, sobretudo no momento das crises que o povo judeu atravessou

(deportação e retorno do exílio no século VI a. C., dominações estrangeiras sucessivas, perseguições no

século II a.C., ocupação romana a partir de 63 a.C.) Muitos escritos de um gênero especial pretendiam

anunciar, a partir do século II a.C., o advento do reino de Deus. São chamados de apocalípticos

(revelação), pois dizem revelar o sentido oculto dos acontecimentos.

- os messias descreviam desse modo as etapas da vinda do reino de Deus: - tribulações de toda sorte;

terremotos, calamidades; retorno do profeta Elias; advento do messias, acompanhado de prodígios

semelhantes aos operados por Moisés antigamente, no deserto; luta e vitória contra as forças do mal

(pecadores, estrangeiros, invasores); instauração do reino de Deus (purificação de Jerusalém e do Templo,

dominação do povo judeu sobre as outras nações, reino político do messias, redistribuição dos bens em

proveito dos mais pobres; ressurreição dos mortos; julgamento de Deus, dando a paz eterna aos justos e o

fogo eterno aos ímpios.

2.4. JESUS

- JESUS - embora tenha sido anunciado muitas vezes pelos profetas, dos quais se destacaram Isaías e

Malaquias, como sendo o portador de uma missão muito mais ligada à mudança interior das pessoas que a

lideranças políticas, os judeus eruditos, ricos e orgulhosos, não conseguiram identificar a mensagem

espiritual de Jesus, tal como foi anunciada, e muito mais ligados à forma que à essência, continuaram a

esperar um Messias que iria mudar a política e não a eles próprios.

- a classe dominante de saduceus, escribas e fariseus, era formada de gente abastada, influente,

respeitada e temida, além de orgulhosa, vaidosa e egoísta; talvez por tudo isto, não interessasse a eles

uma mudança social nos moldes que Jesus pregava. Por esta razão sempre o hostilizaram, e Jesus, por sua

vez, em várias ocasiões os censurou.

- pelos mesmos motivos, o clero não o aceitou, tendo sido seu mais ferrenho inimigo. Via nele uma

ameaça à sua segurança. Os sacerdotes também eram ricos e poderosos, o templo lhes garantia uma

posição social extremamente privilegiada e a Doutrina de Jesus não lhes interessava, sendo mesmo

perniciosa. - Jesus ensinava o povo humilde, era por ele amado, possuía grande inteligência e

conhecimento ao lado de dons espirituais extraordinários. Tudo isto aliado ao conteúdo de sua doutrina,

que valorizava muito o espírito e mostrava a inutilidade dos rituais, dos sacrifícios, enfim, da razão de ser

do Templo e do clero, convenceu esses sacerdotes da necessidade de eliminá-lo. Foi o clero daquela época

que deliberou e planejou a morte de Jesus. No entanto, nos informa Emmanuel em “A caminho da luz” que

Jesus acompanha a marcha dolorosa do povo judeu através dos séculos de lutas expiatórias e

regeneradoras.

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BIBLIOGRAFIA:

A Bíblia em cores: O Velho Testamento. São Paulo: Rideel, 1993.

A Bíblia em cores: O Novo Testamento. São Paulo: Rideel, 1993.

CARVALHO, Beatriz P. Um Novo Olhar sobre o Evangelho. 3 ed. Capivari: EME, 2009.

EMMANUEL ; XAVIER, Chico. A Caminho da luz. 37 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008.

FRANCO, Divaldo Pereira; RODRIGUES, Amélia. Sou Eu: a Paixão do Cristo na visão dos espíritos.

Salvador: Livraria Espírita Alvorada, 2007.

REVISTA HISTÓRIA VIVA: Grandes Religiões 2 - Judaísmo. São Paulo: Duetto Editorial.