história e geografia

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Didatismo e Conhecimento HISTÓRIA GEOGRAFIA RESUMO PARA CONCURSOS Conteúdo Resumido dos Principais Concursos Keila Naiara Veronez e Luciana de Deus Neto Ferrari CONTATO EDITORA NOVA APOSTILA FONE: (11) 3536-5302 / 28486366 EMAIL: [email protected] WWW.NOVACONCURSOS.COM.BR WWW.NOVAAPOSTILA.COM.BR

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Page 1: História e Geografia

Didatismo e Conhecimento

HISTÓRIAGEOGRAFIA

RESUMO PARA CONCURSOSConteúdo Resumido dos Principais Concursos

Keila Naiara Veronez e Luciana de Deus Neto Ferrari

CONTATOEDITORA NOVA APOSTILA

FONE: (11) 3536-5302 / 28486366EMAIL: [email protected]

WWW.NOVACONCURSOS.COM.BRWWW.NOVAAPOSTILA.COM.BR

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Didatismo e Conhecimento

HISTÓRIAGEOGRAFIA

RESUMO PARA CONCURSOSCOORDENAÇÃO GERAL

Juliana PivottoPedro Moura

DIAGRAMAÇÃO

Pollyana Lebrão

DESIGN GRÁFICO

Bárbara Gabriela

Veronez, Keila Naiara

Ferrari, Luciana de Deus Neto

História. Resumo para Concursos / Keila Naiara Veronez. São Paulo: Editora Nova Apostila, 2011

Geografia. Resumo para Concursos / Luciana de Deus Neto Ferrari. São Paulo: Editora Nova Apostila, 2011

1º edição

ISBN........

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Didatismo e Conhecimento

SumárioHistóriaCAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO À HISTÓRIA.............................................................................01

O Surgimento do Homem.....................................................................................................................02O Surgimento das Cidades....................................................................................................................04

CAPÍTULO 2: HISTÓRIA ANTIGA.............................................................................................05A Antiguidade Oriental.........................................................................................................................05História da Mesopotâmia......................................................................................................................05O Egito Antigo........................................................................................................................................07História dos Hebreus, Persas e Fenicios..............................................................................................09Grécia Antiga.........................................................................................................................................10História de Atenas..................................................................................................................................13Guerra de Tróia.....................................................................................................................................16História da Roma Antiga e Império Romano.....................................................................................16Povos Bárbaros-História dos Povos Germânicos...............................................................................18

CAPÍTULO 3: IDADE MÉDIA....................................................................................................23Absolutismo............................................................................................................................................23Império Bizantino..................................................................................................................................24Império Carolíngio................................................................................................................................25Feudalismo na Idade Média..................................................................................................................26As Cruzadas...........................................................................................................................................27

CAPÍTULO 4: OS IMPÉRIOS COLONIAIS...............................................................................31Civilizações Pré-Colombianas..............................................................................................................34Maias, Astecas, Incas, México...............................................................................................................34A Reforma Protestante..........................................................................................................................36O Luteranismo.......................................................................................................................................36O Calvinismo..........................................................................................................................................39A Reforma Católica (Contra-Reforma)...............................................................................................41O Batismo da América..........................................................................................................................42

CAPÍTULO 5: O ANTIGO REGIME E A AMÉRICA.................................................................45As Invasões dos Franceses ao Brasil....................................................................................................47As Primeiras Lavouras de Cana-de-Açúcar no Brasil.......................................................................48O Mercantilismo Português..................................................................................................................48A União Ibérica......................................................................................................................................49

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Didatismo e Conhecimento

O Comércio Negreiro.............................................................................................................................51Monarquias Européias..........................................................................................................................57A Idade do Ouro no Brasil....................................................................................................................60O Iluminismo e o Despotismo Esclarecido..........................................................................................61As Reformas Pombalinas......................................................................................................................63A Extinção da Companhia de Jesus.....................................................................................................63

CAPÍTULO 6: A ERA DAS REVOLUÇÕES E DOS IMPÉRIOS...............................................68A Revolução Francesa...........................................................................................................................69A Revolução Industrial..........................................................................................................................70Conspirações e Revoltas na América Portuguesa...............................................................................71Brasil Colônia........................................................................................................................................74As Independências na América Espanhola.........................................................................................84

CAPÍTULO 7: NAÇÕES E NACIONALISMO............................................................................96A França no Século XIX........................................................................................................................96

CAPÍTULO 8: A ERA DOS IMPÉRIOS.....................................................................................102O Império do Café...............................................................................................................................103O Exército Brasileiro...........................................................................................................................110

CAPÍTULO 9: A REPÚBLICA DO BRASIL..............................................................................114A Indústria do Café.............................................................................................................................120

CAPÍTULO 10: A ERA DOS EXTREMOS.................................................................................125A Revolução Socialista Russa.............................................................................................................129A Revolução Mexicana........................................................................................................................132O Brasil entre O Moderno e O Arcaico.............................................................................................133A Crise de 1929 e a Quebra da Bolsa.................................................................................................134O Fascismo Italiano.............................................................................................................................137O Nazismo............................................................................................................................................138Retratos do Brasil................................................................................................................................140A Revolução de 1932............................................................................................................................140O Plano Cohen.....................................................................................................................................143O Estado Novo.....................................................................................................................................143Os Direitos Trabalhistas......................................................................................................................144

CAPÍTULO 11: GUERRAS E CRISES......................................................................................151A Guerra Fria.......................................................................................................................................166

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Didatismo e Conhecimento

CAPÍTULO 12: GOVERNANTES E GOVERNADOS..............................................................171Ditadura Militar...................................................................................................................................173O Autoritarismo em Marcha..............................................................................................................175Guerra no Vietnã.................................................................................................................................178A Era de Aquário no Brasil.................................................................................................................181O Milagre Brasileiro............................................................................................................................182O Governo do Fernando Collor (1990 - 1995)..................................................................................190Reeleição de FHC.................................................................................................................................192Lula.......................................................................................................................................................192Dilma....................................................................................................................................................193

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................199

GeografiaGEOGRAFIA FÍSICA.................................................................................................................201

Conceito de Geografia.........................................................................................................................201A Terra e seus movimentos.................................................................................................................201Elementos do Clima.............................................................................................................................205Vegetação do Brasil..............................................................................................................................210Hidrografia do Brasil...........................................................................................................................216Relevo do Brasil...................................................................................................................................221Domínios Morfoclimáticos..................................................................................................................227Questões Ambientais...........................................................................................................................231

GEOGRAFIA HUMANA.............................................................................................................239Brasil-Dados.........................................................................................................................................239Localização Geográfica.......................................................................................................................240Industrialização do Brasil...................................................................................................................244Agricultura do Brasil...........................................................................................................................251Pecuária do Brasil................................................................................................................................257Fontes de Energia................................................................................................................................262Aspectos da População mundial.........................................................................................................268

GEOGRAFIA GERAL.................................................................................................................279Revolução Industrial...........................................................................................................................279Capitalismo..........................................................................................................................................283Globalização.........................................................................................................................................286Nova Ordem Mundial.........................................................................................................................289Continentes..........................................................................................................................................299

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Didatismo e Conhecimento

Keila Naiara Veroneze

Luciana de Deus Neto Ferrari

RESUMO DE CONCURSOSConteúdo Resumido dos Principais Concursos

1ª edição

São PauloNova Apostila

2011

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

HISTÓRIACAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO À HISTÓRIA

Quando lemos um jornal ou uma revista, vemos várias notícias: guerras, violência nas cidades, desemprego, greves, destruição de florestas, projetos contra a fome, etc. Notícias que mostram os problemas enfrentados por homens, mulheres e crianças em todo o mundo.

Este é um mundo em que a pobreza e a riqueza convivem em um quadro de grandes desigualdades sociais. A História ajuda a entender a realidade mundial. Estudando a maneira como as pessoas viviam no passado, como se relacionavam e transformavam o ambiente ao seu redor, é possível compreender melhor os problemas que enfrentamos no dia-a-dia.

História é uma ciência humana que estuda o desenvolvimento do homem no tempo. A História analisa os processos históricos, personagens e fatos para poder compreender um determinado período histórico, cultura ou civilização.

Um dos principais objetivos da História é resgatar os aspectos culturais de um determinado povo ou região para o entendimento do processo de desenvolvimento.

Entender o passado também é importante para a compreensão do presente.O estudo da História foi dividido em dois períodos: a Pré-História (antes do surgimento da escrita) e a História (após o surgimento

da escrita, por volta de 4.000 a.C). Para analisar a Pré-História, os historiadores e arqueólogos analisam fontes materiais (ossos, ferramentas, vasos de cerâmica, objetos de pedra e fósseis) e artísticas (arte rupestre, esculturas, adornos). Já o estudo da História conta com um conjunto maior de fontes para serem analisadas pelo historiador.

Estas podem ser: livros, roupas, imagens, objetos materiais, registros orais, documentos, moedas, jornais, gravações,etc.A História conta com ciências que auxiliam seu estudo. Entre estas ciências auxiliares, podemos citar: Antropologia (estuda o

fator humano e suas relações), Paleontologia (estudo dos fósseis), Heráldica (estudo de brasões e emblemas), Numismática (estudo das moedas e medalhas), Psicologia (estudo do comportamento humano), Arqueologia (estudo da cultura material de povos antigos), Paleografia (estudo das escritas antigas) entre outras.

Periodização da História

Pré-História: antes do surgimento da escrita, ou seja, até 4.000 a.C.Idade Antiga (Antiguidade): de 4.000 a.C até 476 (invasão do Império Romano)Idade Média (História Medieval): de 476 a 1453 (conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos).Idade Moderna: de 1453 a 1789 (Revolução Francesa).Idade Contemporânea: de 1789 até os dias de hoje.

A tradicional divisão da História em idades – Pré-história, Antiga, Média, Moderna e Contemporânea – é muito difundida no Ocidente. Entretanto sofre forte crítica na atualidade, sendo contestada por correntes que indicam ser esta divisão parcial, por privilegiar a História das sociedades dominantes e ignorar ou depreciar a História das sociedades dominadas. Além disso, supervaloriza a História dos países ricos.

É, então, apresentada uma divisão que utiliza como critério o Modo de produção econômico – que demonstra a organização da economia e as relações sociais decorrentes. Por esta classificação são apresentadas as situações das classes dominantes e dominadas

De acordo com o Modo de produção, a História é dividida da seguinte forma:

Pré- História

Antiga

Aparecimento do homem

Modo de Produção Primitivo --------------------------------------------EscritaModo de Produção AsiáticoModo de Produção Escravista

Média Modo de Produção Feudal

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RESUMO DE CONCURSOS

ModernaModo de Produção Mercantilista

Modo de Produção Pré-Capitalista

ContemporâneaModo de Produção Capitalista

Modo de Produção Socialista

Primitivo: caracteriza as sociedades primitiva, pré-históricas. A produção era comum a todos os membros da comunidade que usufruíam em condições de igualdade. Todos trabalhavam e não existiam classes sociais.

Asiático: as terras pertenciam ao Estado e as relações sociais eram de servidão coletiva.

Escravista: apareciam os senhores, os donos. A eles pertenciam as terras, os meios de produção e os trabalhadores (escravos). A riqueza se concentrava nas mãos dos senhores. Existiam a classe dominante e a dominada. As relações sociais eram de dominação.

Feudal: os donos mantinham a classe trabalhadora na servidão. Os senhores feudais formavam a classe dominante.

Mercantilista: caracteriza-se por um grande crescimento do comércio, o que exigia maior produção, construção de navios e grandes capitais. A burguesia enriqueceu, os reis absolutistas montaram cortes luxuosas e fizeram muitas guerras. É o período do pré-capitalista.

Pré-Capitalista: servos libertos arrendam partes de propriedades feudais e a produção agrícola passou a orientar-se para a venda nas cidades e não apenas para o consumo. Novas técnicas de cultivo aumentam a produtividade do solo.

Capitalista: o trabalho passa a ser assalariado e estabelece-se a luta de classes entre a classe proprietária e a classe trabalhadora (proletariado).

Socialista: das condições do capitalismo desenvolve-se o modo de produção socialista, que defende a organização de uma sociedade sem classes sociais.

O Calendário Gregoriano:

O calendário mais usado no mundo atual é o calendário gregoriano, também conhecido como calendário cristão. É um calendário inteiramente solar, isto é, baseado na rotação da Terra em torno do Sol. Esse calendário tem a sua origem no calendário oficial do Império Romano, o chamado calendário Juliano, que tinha 365,25 dias.

A reforma do calendário Juliano foi encomendada pelo papa Gregório XIII (1502-1585), procurando aproximar o ano definido no calendário com o ano solar, que é de 365 dias, 5 horas e 49 minutos.

O novo calendário institui o ano bissexto a cada quatro anos, começando a partir de 1600 e definiu o dia 1º de janeiro como início do ano para toda a cristandade.

O grego Heródoto, que viveu no século V a.C é considerado o “pai da História” e primeiro historiador, pois foi o pioneiro na investigação do passado para obter o conhecido histórico.

A historiografia é o estudo do registro da História.O historiador é o profissional, com bacharelado em curso de História, que atua no estudo desta ciência, analisando e produzindo

conhecimentos históricos.

O SURGIMENTO DO HOMEM

A Origem do Homem

Sabe-se que a princípio, não existiam seres vivos possuidores de coluna vertebral. Antes do surgimento dos primeiros vertebrados milhões de anos se passaram na história da evolução. Os primeiros a aparecer tinham a forma de peixe, e somente milhões de anos após é que os primeiros anfíbios passaram a existir, e depois vieram os répteis, pássaros e mamíferos. Para a ocorrência de todo esse processo, ocorreram inúmeras explicações, contudo, a mais conhecida foi explanada por Darwin (teoria evolucionista). Ele se fez notar quando observou que não existem duas plantas ou dois animais exatamente iguais. Observou-se que partes dessas diferenças

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

são benéficas para a obtenção mais alimento, fato que permite uma melhor formação e um tempo de vida mais prolongado. Essas variações passaram de geração para geração e foram muito úteis para o desenvolvimento dos seres vivos. Após milhões de anos, a aparência de animais e plantas ficou bem diferente do que era. Aqueles que se desenvolveram melhor, foram os que tiveram a chance de se adaptar as inúmeras mudanças que ocorreram em nosso planeta.Podemos definir a pré-história como um período anterior ao aparecimento da escrita. Portanto, esse período é anterior há 4000 a.C, pois foi por volta deste ano que os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme. Foi uma importante fase, pois o homem conseguiu vencer as barreiras impostas pela natureza e prosseguir com o desenvolvimento da humanidade na Terra. O ser humano foi desenvolvendo, aos poucos, soluções práticas para os problemas da vida. Com isso, inventando objetos e soluções a partir das necessidades. Ao mesmo tempo foi desenvolvendo uma cultura muito importante. Esse período pode ser dividido em três fases: Paleolítico, Mesolítico e Neolítico. No decorrer deste último século os cientistas descobriram várias pistas que os levaram as comprovações da teoria da evolução.

Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada

Nesta época, o ser humano habitava cavernas, muitas vezes tendo que disputar este tipo de habitação com animais selvagens. Quando acabavam os alimentos da região em que habitavam, as famílias tinham que migrar para outra região. Desta forma, o

ser humano tinha uma vida nômade (sem habitação fixa). Vivia da caça de animais de pequeno, médio e grande porte, da pesca e da coleta de frutos e raízes. Usavam instrumentos e ferramentas feitos a partir de pedaços de ossos e pedras. Os bens de produção eram de uso e propriedade coletiva.

Neste período intermediário, o homem conseguiu dar grandes passos rumo ao desenvolvimento e à sobrevivência de forma mais segura. O domínio do fogo foi o maior exemplo disto. Com o fogo, o ser humano pôde espantar os animais, cozinhar a carne e outros alimentos, iluminar sua habitação além de conseguir calor nos momentos de frio intenso. Outros dois grandes avanços foram o desenvolvimento da agricultura e a domesticação dos animais. Cultivando a terra e criando animais, o homem conseguiu diminuir sua dependência com relação a natureza. Com esses avanços, foi possível a sedentarização, pois a habitação fixa tornou-se uma necessidade. Neste período ocorreu também a divisão do trabalho por sexo dentro das comunidades. Enquanto o homem ficou responsável pela proteção e sustento das famílias, a mulher ficou encarregada de criar os filhos e cuidar da habitação.

Neolítico ou Idade da Pedra Polida

Nesta época o homem atingiu um importante grau de desenvolvimento e estabilidade. Com a sedentarização, a criação de animais e a agricultura em pleno desenvolvimento, as comunidades puderam trilhar novos caminhos. Um avanço importante foi o desenvolvimento da metalurgia. Criando objetos de metais, tais como, lanças, ferramentas e machados, os homens puderam caçar melhor e produzir com mais qualidade e rapidez. A produção de excedentes agrícolas e sua armazenagem garantiam o alimento necessário para os momentos de seca ou inundações. Com mais alimentos, as comunidades foram crescendo e logo surgiu a necessidade de trocas com outras comunidades. Foi nesta época que ocorreu um intenso intercâmbio entre vilas e pequenas cidades. A divisão de trabalho, dentro destas comunidades, aumentou ainda mais, dando origem ao trabalhador especializado.

As pinturas Ruprestes

Os povos antigos, antes de conhecerem a escrita, já produziam obras de arte. Os homens das cavernas faziam bonitas figuras em suas paredes, representando os animais e pessoas da época, com cenas de caças e ritos religiosos. Faziam também esculturas em madeira, ossos e pedras; os cientistas estudam esses objetos e pinturas, e conseguem saber como viviam aqueles povos antigos. Além da arte dos povos pré-históricos, também é considerada arte primitiva aquela produzida pelos índios e outros povos que viviam na América antes da vinda de Colombo. Os maias, os astecas e os incas representavam a arte pré-colombiana. São pinturas, esculturas e templos maravilhosos, feitos de pedras ou materiais preciosos, que nos contam a história desses povos.

A Origem do Homem Americano

Segundo alguns estudiosos, o continente americano começou a ser povoado há 30.000, 50.000 ou até 60.000 anos atrás. Dos povos mais antigos, os arqueólogos encontraram restos de carvão, objetos de pedra, desenhos e pinturas em cavernas e partes de esqueletos. Dos povos mais recentes encontramos grandes obras como: pirâmides, templos e cidades. Alguns, como os Astecas e os Mais, conheceram a escrita e deixaram documentos que continuam sendo estudados. Hoje, os pesquisadores admitem que os primeiros habitantes americanos vieram da Ásia, devido à grande semelhança física entre índios e mongóis. A teoria mais aceita é de que os primitivos vieram a pé, pelo estreito de Behring, na glaciação de 62.000 anos atrás. Outros afirmam que vieram pelas ilhas da Polinésia, em pequenos barcos, tendo desembarcado em diversos pontos e daí se espalhado. Os vestígios mais antigos da presença do homem no continente foram encontrados em São Raimundo Nonato no Piauí pela arqueóloga Niede Guidon, com idade de 48.000 anos, permitindo a conclusão de que eram caçadores e usavam o fogo para cozinhar, atacar e defender-se dos inimigos, pelos utensílios encontrados.

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

O SURGIMENTO DAS CIDADES

Em urbanismo, duas grandes correntes de pensamento procuram explicar a origem das cidades. Para uma delas, a origem estaria no comércio. As cidades teriam nascido como centros de troca. Para a outra, seria a guerra. A cidade como uma fortaleza, uma muralha de proteção contra inimigos presentes e futuros.

Ao observarmos fotos, revistas, jornais e filmes antigos podemos ver o quanto as coisas eram diferentes do mundo de hoje. As roupas das pessoas, os projetos de suas casas, os móveis, os carros, dentre outros. Fazer visitas e passeios a museus também nos ajuda a descobrir essas diferenças, pois nestes são encontrados objetos que retratam diferentes épocas e fatos históricos.

As cidades existem desde a pré-história, e vêm sofrendo transformações em razão das necessidades do homem.As primeiras cidades desenvolveram-se nas proximidades de grandes rios, onde se iniciou a atividade agrícola.O cultivo da terra permitiu que as sociedades produzissem mais alimentos. Com isso, a população humana cresceu mais

rapidamente.Ao contrário dos agrupamentos humanos anteriores, as cidades tinham duas características básicas: maior divisão do trabalho e

centralização política. No século XIX, surgiram as primeiras indústrias, as facilidades que trouxeram para a vida do homem aceleraram o crescimento

das cidades. Onde havia indústrias a população era maior, pois era uma forma das pessoas procurarem emprego.Outro motivo que influenciou no crescimento das cidades foram as grandes plantações de café. Nas fazendas também havia

grandes concentrações de pessoas para cuidar das lavouras e fazer a coleta. Os imigrantes, pessoas de outros países que vieram para o Brasil, foram os grandes responsáveis por esse trabalho, pois ofereciam mão-de-obra mais barata para os senhores do café.

A Centralização Política

Com o desenvolvimento da agricultura e o aumento populacional, tornou-se necessário organizar melhor o trabalho na sociedade. Esse trabalho de coordenação era feito pela família da aldeia mais poderosa, que assumia o controle da produção de alimentos e da construção de obras públicas, como canais de irrigação e diques. O chefe dessa família passava então a ser um rei.

Para conseguir estender esse controle sobre toda a população, o rei utilizava seus próprios servidores. Entre esses servidores, uns eram encarregados de registrar as colheitas, outros eram responsáveis pelo armazenamento dos grãos, e assim por diante.

Originou-se assim uma organização de pessoas com plena autoridade sobre a população, que podiam, por exemplo, criar e cobrar impostos, organizar a defesa, fazer as leis e julgar os crimes. É o que chamamos de processo de centralização política ou de formação do Estado. O palácio era o local onde essas pessoas se reuniam com o rei.

Além do palácio, existiam os templos, onde os sacerdotes cultuavam os deuses protetores da cidade.Hoje em dia é muito diferente. A modernidade deixou a vida mais agitada e as cidades mais completas. Nelas podemos encontrar

esportes, lazer, cultura, arte, trabalho, um grande comércio, várias indústrias, além dos governantes que cuidam dos problemas e dos interesses de seu povo.

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

CAPÍTULO 2: HISTÓRIA ANTIGA

A História Antiga é uma época histórica que coincide com o surgimento e desenvolvimento das primeiras civilizações, também conhecidas como civilizações antigas. De acordo com a historiografia, o início deste período é marcado pelo surgimento da escrita (por volta de 4.000 a.C), que representa também o fim da Pré-História. De acordo com este sistema de periodização histórica, a Antiguidade vai até o século V, com a queda do Império Romano do Ocidente após as invasões dos povos germânicos (bárbaros).

Principais características históricas desta época

- Surgimento e desenvolvimento da vida urbana;- Poder político centralizado nas mãos de reis;- Sociedade marcada pela estratificação social;- Desenvolvimento de religiões (maioria politeístas) organizadas;- Militarização e ocorrências constantes de guerras entre povos;- Desenvolvimento e fortalecimento do comércio;- Desenvolvimento do sistema de cobrança de impostos e obrigações sociais;- Criação de sistemas jurídicos (leis);- Desenvolvimento cultural e artístico.

Principais povos e civilizações antigas

- Mesopotâmia - Persas - Egito Antigo - Hebreus - Hititas - Grécia Antiga - Roma Antiga - Creta - Povos Bárbaros - Celtas - Etruscos

A ANTIGUIDADE ORIENTALHISTÓRIA DA MESOPOTÂMIA

A palavra mesopotâmia tem origem grega e significa “terra entre rios”. Essa região localiza-se entre os rios Tigre e Eufrates no Oriente Médio, onde atualmente é o Iraque. Esta civilização é considerada uma das mais antigas da história. Vários povos antigos habitaram essa região entre os séculos V e I a.C. Entre estes povos, podemos destacar: babilônicos, assírios, sumérios, caldeus, amoritas e acádios. Vale dizer que os povos da antiguidade buscavam regiões férteis, próximas a rios, para desenvolverem suas comunidades. Dentro desta perspectiva, a região da mesopotâmia era uma excelente opção, pois garantia a população: água para consumo, rios para pescar e via de transporte pelos rios. Outro benefício oferecido pelos rios eram as cheias que fertilizavam as margens, garantindo um ótimo local para a agricultura. No geral, eram povos politeístas, pois acreditavam em vários deuses ligados à natureza. No que se refere à política, tinham uma forma de organização baseada na centralização de poder, onde apenas uma pessoa ( imperador ou rei ) comandava tudo. A economia destes povos era baseada na agricultura e no comércio nômade de caravanas.

Sumérios

Este povo destacou-se na construção de um complexo sistema de controle da água dos rios. Construíram canais de irrigação, barragens e diques. A armazenagem da água era de fundamental importância para a sobrevivência das comunidades. Uma grande

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

contribuição dos sumérios foi o desenvolvimento da escrita cuneiforme, por volta de 4000 a.C. Usavam placas de barro, onde cunhavam esta escrita. Muito do que sabemos hoje sobre este período da história, devemos as placas de argila com registros cotidianos, administrativos, econômicos e políticos da época.

Os sumérios, excelentes arquitetos e construtores, desenvolveram os zigurates. Estas construções eram em formato de pirâmides e serviam como locais de armazenagem de produtos agrícolas e também como templos religiosos. Construíram várias cidades importantes como, por exemplo: Ur, Nipur, Lagash e Eridu.

Babilônios

Este povo construiu suas cidades nas margens do rio Eufrates. Foram responsáveis por um dos primeiros códigos de leis que temos conhecimento. Baseando-se nas Leis de Talião (“ olho por olho, dente por dente”), o imperador de legislador Hamurabi desenvolveu um conjunto de leis para poder organizar e controlar a sociedade. De acordo com o Código de Hamurabi, todo criminoso deveria ser punido de uma forma proporcional ao delito cometido. Os babilônios também desenvolveram um rico e preciso calendário, cujo objetivo principal era conhecer mais sobre as cheias do rio Eufrates e também obter melhores condições para o desenvolvimento da agricultura. Excelentes observadores dos astros e com grande conhecimento de astronomia, desenvolveram um preciso relógio de sol.

Além de Hamurabi, um outro imperador que se tornou conhecido por sua administração foi Nabucodonosor II, responsável pela construção dos Jardins suspensos da Babilônia (que fez para satisfazer sua esposa) e a Torre de Babel (zigurate vertical de 90 metros de altura). Sob seu comando, os babilônios chegaram a conquistar o povo hebreu e a cidade de Jerusalém.

Assírios

Este povo destacou-se pela organização e desenvolvimento de uma cultura militar. Encaravam a guerra como uma das principais formas de conquistar poder e desenvolver a sociedade. Eram extremamente cruéis com os povos inimigos que conquistavam. Impunham aos vencidos, castigos e crueldades como uma forma de manter respeito e espalhar o medo entre os outros povos. Com estas atitudes, tiveram que enfrentar uma série de revoltas populares nas regiões que conquistavam.

Acadianos

Os acádios, grupos de nômades vindos do deserto da Síria, começaram a penetrar nos territórios ao norte das regiões sumérias, terminando por dominar as cidades-estados desta região por volta de 2550 a.C.. Mesmo antes da conquista, porém, já ocorria uma síntese entre as culturas suméria e acádia, que se acentuou com a unificação dos dois povos. Os ocupantes assimilaram a cultura dos vencidos, embora, em muitos aspectos, as duas culturas mantivessem diferenças entre si, como por exemplo - e mais evidentemente - no campo religioso.

A maioria das cidades-templos foi unificada pela primeira vez por volta de 2375 a.C. por Lugal-zage-si, soberano da cidade-estado de Uruk. Foi a primeira manifestação de uma ideia imperial de que se tem notícia na história.

Depois, quando Sargão I, patési da cidade de Acádia, subiu ao poder, no século XXIII a.C., ele levou esse processo cooptativo adiante, conquistando muitas das regiões circunvizinhas, terminando por criar um império de grandes proporções, cobrindo todo o Oriente Médio e chegando a se estender até o Mar Mediterrâneo e a Anatólia, .

Sargão I era chamado “soberano dos quatro cantos da terra” (isto é, governante do mundo inteiro), em reconhecimento ao sucesso da unificação mesopotâmica. O rei tornou-se mítico a ponto de ser tradicionalmente considerado o primeiro governante do novo império (que combinava a Acádia e a Suméria), deixando o Lugal-zage-si de Uruk perdido por muito tempo nas areias do tempo, sendo redescoberto apenas recentemente. É interessante notar, contudo, que, apesar da unificação, as estruturas políticas da Suméria continuaram existindo. Os reis das cidades-estados sumerianas foram mantidos no poder e reconheciam-se como tributários dos conquistadores acadianos.

O império criado por Sargão desmoronou após um século de existência, em conseqüência de revoltas internas e dos ataques dos guti, nômades originários dos montes Zagros, no Alto do Tigre, que investiam contra as regiões urbanizadas, uma vez que a sedentarização das populações do Oriente Médio lhes dificultava a caça e o pastoreio. Por volta de 2150 a.C., os guti conquistaram a civilização sumério-acadiana. Depois disso, a história da Mesopotâmia parecia se repetir. A unidade política dos sumério-acadianos era destruída pelos guti, que, por sua vez, eram vencidos por revoltas internas dos sumério-acadianos.

O domínio intermitente dos guti durou um século, sendo substituído no século seguinte (cerca de 2100 a.C.–1950 a.C.) por uma dinastia proveniente da cidade-estado de Ur. Expulsos os guti, Ur-Nammu reunificou a região sobre o controle dos sumérios. Foi um rei enérgico, que construiu os famosos zigurates e promoveu a compilação das leis do direito sumeriano. Os reis de Ur não somente restabeleceram a soberania suméria, mas também conquistaram a Acádia. Nesse período, chamado de renascença sumeriana, a civilização suméria atingiu seu apogeu. Contudo, esse foi o último ato de manifestação do poder político da Suméria: atormentados pelos ataques de tribos elamitas e amoritas, o império ruiu. Nesta época, os sumérios desapareceram da história, mas a influência de sua cultura nas civilizações subseqüentes da Mesopotâmia teve longo alcance.

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

O EGITO ANTIGO

Os faraós eram os reis do Egito Antigo. Possuíam poderes absolutos na sociedade, decidindo sobre a vida política, religiosa, econômica e militar. Como a transmissão de poder no Egito era hereditária, o faraó não era escolhido através de voto, mas sim por ter sido filho de outro faraó. Desta forma, muitas dinastias perduraram centenas de anos no poder.

O poder dos faraós

Na civilização egípcia, os faraós eram considerados deuses vivos. Os egípcios acreditavam que estes governantes eram filhos diretos do deus Osíris, portanto agiam como intermediários entre os deuses e a população egípcia.

Os impostos arrecadados no Egito concentravam-se nas mãos do faraó, sendo que era ele quem decidia a forma que os tributos seriam utilizados. Grande parte deste valor arrecadado ficava com a própria família do faraó, sendo usado para a construção de palácios, monumentos, compra de jóias, etc. Outra parte era utilizada para pagar funcionários (escribas, militares, sacerdotes, administradores, etc) e fazer a manutenção do reino.

Ainda em vida o faraó começava a construir sua pirâmide, pois está deveria ser o túmulo para o seu corpo. Como os egípcios acreditavam na vida após a morte, a pirâmide servia para guardar, em segurança, o corpo mumificado do faraó e seus tesouros. No sarcófago era colocado também o livro dos mortos, contando todas as coisas boas que o faraó fez em vida. Esta espécie de biografia era importante, pois os egípcios acreditavam que Osíris (deus dos mortos) iria utilizá-la para julgar os mortos.

Exemplos de faraós famosos e suas realizações

- Tutmés I – conquistou boa parte da Núbia e ampliou, através de guerras, territórios até a região do rio Eufrates.- Tutmés III – consolidou o poder egípcio no continente africano após derrotar o reino de Mitani.- Ransés II – buscou estabelecer relações pacíficas com os hititas, conseguindo fazer o reino egípcio obter grande desenvolvimento

e prosperidade. - Tutankamon – o faraó menino, governou o Egito de 10 a 19 anos de idade, quando morreu, provavelmente assassinado. A

pirâmide deste faraó foi encontrada por arqueólogos em 1922. Dentro dela foram encontrados, além do sarcófago e da múmia, tesouros impressionantes.

A maldição do faraó

No começo do século XX, os arqueólogos descobriram várias pirâmides no Egito Antigo. Nelas, encontraram diversos textos, entre eles, um que dizia que: “morreria aquele que perturbasse o sono eterno do faráo”. Alguns dias após a entrada nas pirâmides, alguns arqueólogos morreram de forma estranha e sem explicações. O medo espalhou-se entre muitas pessoas, pois os jornais divulgavam que a “maldição dos faraós” estava fazendo vítimas. Porém, após alguns estudos, verificou-se que os arqueólogos morreram, pois inalaram, dentro das pirâmides, fungos mortais que atacavam os órgãos do corpo. A ciência conseguiu explicar e desmistificar a questão.

A sociedade egípcia

A sociedade do Egito Antigo possuía uma forma de organização bem eficiente, embora injusta, garantindo seu funcionamento e expansão. Esta sociedade era hierárquica, ou seja, cada segmento possuía funções e poderes determinados, sendo que os grupos com menos poderes tinham que obedecer quem estava acima.

Os principais grupos sociais e suas funções

Faraó

Era o governante do Egito. Possuía poderes totais sobre a sociedade egípcia, além de ser reconhecido como um deus. O poder dos faraós era transmitido hereditariamente, portanto não havia nenhum processo de escolha ou votação para colocá-lo no poder. O faraó e sua família eram muito ricos, pois ficavam com boa parte dos impostos recolhidos entre o povo. A família real vivia de forma luxuosa em grandes palácios. Ainda em vida, ordenava a construção da pirâmide que iria abrigar seu corpo mumificado e seus tesouros após a morte.

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RESUMO DE CONCURSOS

Sacerdotes

Na escala de poder estavam abaixo somente do faraó. Eram responsáveis pelos rituais, festas e atividades religiosas no Antigo Egito. Conheciam muito bem as características e funções dos deuses egípcios. Comandavam os templos e os rituais após a morte do faraó. Alguns sacerdotes foram mumificados e seus corpos colocados em pirâmides, após a morte.

Chefes Militares

Os chefes militares eram os responsáveis pela segurança do território egípcio. Em momentos de guerra ganhavam destaque na sociedade. Tinham que preparar e organizar o exército de forma eficiente, pois uma derrota ou fracasso podia lhes custar a própria vida.

Escribas

Eram os responsáveis pela escrita egípcia (hieroglífica e demótica). Registravam os acontecimentos e, principalmente, a vida do faraó. Escreviam no papiro (papel feito de fibras da planta papiro), nas paredes das pirâmides ou em placas de barro ou pedra. Os escribas também controlavam e registravam os impostos cobrados pelo faraó.

Povo Egípcio

Mais da metade da sociedade egípcia era formada por comerciantes, artesãos, lavradores e pastores. Trabalhavam muito para ganhar o suficiente para a manutenção da vida. Podiam ser convocados pelo faraó para trabalharem, sem receber salários, em obras públicas (diques, represas, palácios, templos).

Escravos

Geralmente eram os inimigos capturados em guerras de conquista. Trabalhavam muito e não recebiam salário. Ganhavam apenas roupas velhas e alimentos para a sobrevivência. Eram constantemente castigados como forma de punição. Eram desprezados pela sociedade e não possuiam direitos.

As pirâmides

As Pirâmides de Gizé, Guizé ou Guiza ocupam a primeira posição na lista das sete maravilhas do mundo antigo.A grande diferença das Pirâmides de Gizé em relação às outras maravilhas do mundo é que elas ainda persistem, resistindo ao

tempo e às intempéries da natureza, encontrando-se em relativo bom estado e, por este motivo, não necessitam de historiadores ou poetas para serem conhecidas, já que podem ser vistas.

A palavra pirâmide não provém da língua egípcia. Formou-se a partir do grego “pyra” (que quer dizer fogo, luz, símbolo) e “midos” (que significa medidas).

As pirâmides de Gizé estão localizadas na esplanada de Gizé, na antiga necrópole da cidade de Mênfis, e atualmente integra o Cairo, no Egito. Elas são as únicas das antigas maravilhas que sobreviveram ao tempo.

Estas três majestosas pirâmides foram construídas como tumbas reais para os reis Kufu (ou Quéops), Quéfren, e Menkaure (ou Miquerinos) - pai, filho e neto. A maior delas, com 160 m de altura (49 andares), é chamada Grande Pirâmide, e foi construída cerca de 2550 a.C. para Kufu, no auge do antigo reinado do Egito.

As pirâmides de Gizé são um dos monumentos mais famosos do mundo. Como todas as pirâmides, cada uma faz parte de um importante complexo que compreende um templo, uma rampa, um templo funerário e as pirâmides menores das rainhas, todo cercado de túmulos (mastabas) dos sacerdotes e pessoas do governo, uma autêntica cidade para os mortos. As valas aos pés das pirâmides continham botes desmontados: parte integral da vida no Nilo sendo considerados fundamentais na vida após a morte, porque os egípcios acreditavam que o defunto-rei navegaria pelo céu junto ao Rei-Sol. Apesar das complicadas medidas de segurança, como sistemas de bloqueio com pedregulhos e grades de granito, todas as pirâmides do Antigo Império foram profanadas e roubadas possivelmente antes de 2000 a.C.

A Grande Pirâmide, de 450 pés de altura, é a maior de todas as 80 pirâmides do Egito. Se a Grande Pirâmide estivesse na cidade de Nova Iorque por exemplo, ela poderia cobrir sete quarteirões. Todos os quatro lados são praticamente do mesmo comprimento, com uma exatidão não existente apenas por alguns centímetros. Isso mostra como os antigos egípcios estavam avançados na matemática e na engenharia, numa época em que muitos povos do mundo ainda eram caçadores e andarilhos. A Grande Pirâmide manteve-se como a mais alta estrutura feita pelo homem até a construção da Torre Eiffel, em 1900, 4.400 anos depois da construção da pirâmide.

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RESUMO DE CONCURSOS

Para os egípcios, a pirâmide representava os raios do Sol, brilhando em direção à Terra. Todas as pirâmides do Egito foram construídas na margem oeste do Nilo, na direção do sol poente. Os egípcios acreditavam que, enterrando seu rei numa pirâmide, ele se elevaria e se juntaria ao sol, tomando o seu lugar de direito com os deuses.

Um velho provérbio árabe ilustra isso: “O tempo ri para todas as coisas, mas as pirâmides riem do tempo”.Pouco se sabe a respeito do rei Kufu. As lendas dizem que ele era um tirano, fazendo de seu povo escravos para a realização do

trabalho. É possível, porém que os egípcios comuns considerassem uma honra e um dever religioso trabalharem na Grande Pirâmide. Além disso, a maior parte do trabalho na pirâmide ocorreu durante os quatro meses do ano quando o rio Nilo estava inundado e não havia trabalho para ser feito nas fazendas. Alguns registros mostram que as pessoas que trabalharam nas pirâmides foram pagas com cerveja.

Foram necessários 30.000 trabalhadores por mais de 50 anos para construir a Grande Pirâmide. Foram usados mais de 2.000.000 de blocos de pedra, cada qual pesando em média duas toneladas e meia. Existem muitas idéias diferentes sobre o modo de construção daquela pirâmide. Muito provavelmente os pesados blocos eram colocados sobre trenós de madeira e arrastados sobre uma longa rampa. Enquanto a pirâmide ficava mais alta, a rampa ficava mais longa, para manter o nível de inclinação igual. Mas uma outra teoria é a de que uma rampa envolvia a pirâmide, como uma escada em espiral.

Existem três passagens dentro da Grande Pirâmide, levando às três câmaras. A maioria das pirâmides tem apenas uma câmara mortuária subterrânea, mas enquanto a pirâmide ia ficando cada vez mais alta, provavelmente Kufu mudou de idéia, duas vezes. Ele finalmente foi enterrado na Câmara do Rei, onde a pedra do lado de fora de seu caixão - chamado sarcófago - está hoje. (A câmara do meio foi chamada Câmara da Rainha, por acidente. A rainha foi enterrada numa pirâmide muito menor, ao lado da pirâmide de Kufu).

O paradeiro do corpo de Kufu é desconhecido, bem como os tesouros enterrados com ele. A pirâmide foi roubada há alguns milhares de anos. Todos os reis do Egito foram vítimas de ladrões de túmulos - exceto um, chamado Tutankhamon (ou Rei Tut Ankh Âmon’. Os tesouros de ouro da tumba de Tutankhamon foram descobertos em meio a riquíssimos tesouros por Lord Carnavon e seu amigo Howard Carter, em 1922.

Começando por seu interior ela foi construída com blocos de pedra calcária, sendo que a camada externa das pirâmides foi revestida com uma camada protetora de pedras vindas das pedreiras de Tura, que são polidas e tem um brilho distinto.

Era composta de 1,0 milhões de enormes blocos de calcário - estima-se que cada um pese de duas a três toneladas.Observa-se que o ângulo de inclinação de seus lados fizeram com que cada lado fosse orientado cuidadosamente pelos pontos

cardeais.Em todos os níveis da pirâmide a seção transversal horizontal é Triangular.As teorias inventadas nos últimos séculos para explicar a construção das pirâmides sofrem todas de uma problema comum. O

desconhecimento da ciência egipcia do Antigo Império. Conhecimento este que foi recuperado apenas no final do século XX.A teoria que melhor explica as construções das pirâmides sem encontrar contradições logísticas e sem invocar elementos extra-

terrenos é a química, mais exatamente um ramo dela, a geopolimerização. Os blocos foram produzidos a partir de calcário dolomítico, facilmente agregado no local usando-se compostos muito comuns na época, como cal, salitre e areia. Toda a massa dos blocos foi transportada por homens carregando cestos da massa, posta a secar em moldes de madeira. O esforço humano neste caso seria muito menor e o assentamento do blocos perfeito.

Contra a teoria da geopolimerização pesa nomeadamente o fato de que os antigos egípcios especializaram-se na extração e transporte de enormes blocos de pedra, tais como obeliscos de granito que chegavam a pesar mais de 300 toneladas. Ainda hoje é possível ver-se, em uma pedreira abandonada, em Assuã, o famoso obelisco inacabado, com mais de mil toneladas de peso, que tem servido como fonte de informações das técnicas utilizadas na extração de blocos de granito.

HISTÓRIA DOS HEBREUS, PERSAS E FENICIOS

História do povo hebreu

A Bíblia é a referência para entendermos a história deste povo. De acordo com as escrituras sagradas, por volta de 1800 AC, Abraão recebeu uma sinal de Deus para abandonar o politeísmo e para viver em Canaã ( atual Palestina). Isaque, filho de Abraão, tem um filho chamado Jacó. Este luta , num certo dia, com um anjo de Deus e tem seu nome mudado para Israel.

Os doze filhos de Jacó dão origem as doze tribos que formavam o povo hebreu. Por volta de 1700 AC, o povo hebreu migra para o Egito, porém são escravizados pelos faraós por aproximadamente 400 anos. A libertação do povo hebreu ocorreu por volta de 1300 AC. A fuga do Egito foi comandada por Moisés, que recebeu as tábuas dos Dez Mandamentos no monte Sinai. Durante 40 anos ficaram peregrinando pelo deserto, até receberem um sinal de Deus para voltarem para a terra prometida, Canaã.

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RESUMO DE CONCURSOS

Jerusalém é transformada num centro religioso pelo rei Davi. Após o reinado de Salomão, filho de Davi, as tribos dividem-se em dois reinos : Reino de Israel e Reino de Judá. Neste momento de separação, aparece a crença da vinda de um messias que iria juntar o povo de Israel e restaurar o poder de Deus sobre o mundo. Em 721 começa a diáspora judaica com a invasão babilônica. O imperador da Babilônia, após invadir o reino de Israel, destrói o templo de Jerusalém e deporta grande parte da população judaica.

No século I, os romanos invadem a Palestina e destroem o templo de Jerusalém. No século seguinte, destroem a cidade de Jerusalém, provocando a segunda diáspora judaica. Após estes episódios, os hebreus espalham-se pelo mundo, mantendo a cultura e a religião. Em 1948, o povo hebreu retoma o caráter de unidade após a criação do estado de Israel.

História dos Persas

Os persas, importante povo da antiguidade oriental, ocuparam a região da Pérsia (atual Irã). Este povo dedicou-se muito ao comércio, fazendo desta atividade sua principal fonte econômica. A política era toda dominada e feita pelo imperador, soberano absoluto que mandava em tudo e em todos. O rei era considerado um deus, desta forma, o poder era de direito divino.

Ciro, o grande, foi o mais importante imperador dos medos e persas. Durante seu governo ( 560 a.C - 529 a.C ), os persas conquistaram vários territórios, quase sempre através de guerras. Em 539 a.C, conquistou a Babilônia, levando o império de Helesponto até as fronteiras da Índia.

A religião persa era dualista e tinha o nome de Zoroastrismo ou Masdeísmo, criada em homenagem a Zoroastro ou Zaratrusta, o profeta e líder espiritual criador da religião.

História dos Fenícios

A civilização fenícia desenvolveu-se na Fenícia, território do atual Líbano. No aspecto econômico, este povo dedicou-se e obteve muito sucesso no comércio marítimo. Mantinha contatos comerciais com vários povos da região do Oriente. As cidades fenícias que mais de desenvolveram na antiguidade foram Biblos, Tiro e Sidon.

A religião fenícia era politeísta e antropomórfica, sendo que cada cidade possuía seu deus (baal = senhor). Acreditavam que através do sacrifício de animais e de seres humanos podiam diminuir a ira dos deuses. Por isso, praticavam esses rituais com certa freqüência, principalmente antes de momentos importantes.

GRÉCIA ANTIGA

Civilização minóica

A civilização minóica foi uma civilização existente nas ilhas do mar Egeu entre 2200 a.C. e 1400 a.C.. Esta civilização foi descoberta pelo arqueólogo inglês Arthur Evans, tendo o seu foco principal na ilha de Creta.

A civilização minóica teria surgido a partir de uma fusão dos habitantes de Creta com populações que se fixaram nesta ilha vindas da Ásia Menor. Os Minóicos tiveram como principal actividade económica o comércio e criaram uma civilização que tinha em grandes palácios os seus centros administrativos. Em torno dos palácios existiam casas, não sendo os palácios amuralhados. Os palácios apresentavam sistemas de iluminação e esgotos e estavam decorados com belas pinturas.

Os Minóicos já conheciam a escrita (Linear A e Linear B) e destacaram-se pelo trabalho do ouro e das gemas, bem como por uma cerâmica decorada com motivos marítimos e geométricos.

Suas terras mais férteis estavam na parte esquerda da ilha, onde se encontravam as principais cidades como Cnossos (capital) e Kato-Zacros. Apesar dos seus palácios terem sofrido com os terremotos que atingiam a região, os Minóicos prosperaram até 1400 a.C. A decadência desta civilização parece ter sido o resultado de ataques de inimigos, entre os quais se encontrariam os Micénicos.

Vale a pena destacar o papel da mulher na sociedade minóica. Ao contrário das futuras cidades, como Atenas e Esparta, onde a mulher não tinha direitos políticos e era vista apenas como uma reprodutora, a mulher Minóica era livre, podia adquirir propriedades e ser independente.

Civilização micênica

Os Minóicos viriam a influenciar a história da Grécia através dos Micénicos, que adoptam aspectos da cultura minóica. O nome “micénico” foi criado por Heinrich Schliemann com base nos estudos que fez no sítio de Micenas, no nordeste do Peloponeso, onde outrora se erguia um grande palácio e uma das principais cidades além de Tirinto, Tebas e Esparta. Julga-se que os Micénicos se chamariam a si próprios Aqueus. A sua civilização floresceu entre 1600 e 1200 a.C.

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RESUMO DE CONCURSOS

Os Micénicos já falavam grego. Não tinham uma unidade política, existindo vários reinos micénicos. À semelhança dos Minóicos o centro político encontrava-se no palácio, cujas paredes também estavam decoradas com afrescos.

Para além de praticarem o comércio, os Micénicos eram amantes da guerra e da caça. Por volta de 1400 a.C. os Micénicos teriam ocupado Cnossos, centro da cultura minóica.

Por volta de 1250 a.C. o mundo micénico entra em declínio, o que estaria relacionado com a decadência do reino hitita no Próximo Oriente, que teria provocado a queda das rotas comerciais. Sua decadência envolveu também guerras internas. É provável que a destruição da cidade de Tróia, facto que se teria verificado entre 1230 a.C. e 1180 a.C., possa estar relacionado com o relato literário de Homero na Ilíada, escrita séculos depois.

Idade das Trevas

Dá-se o nome de Idade das Trevas ao período que se seguiu ao fim da civilização micénica e que se situa entre 1100 a.C. e 750 a.C.. Durante este período perdeu-se o conhecimento da escrita, que só seria readquirido no século VIII a.C.. Os objectos de luxo produzidos durante a era micénica não são mais fabricados neste período. A designação atribuída ao período encontra-se relacionada não apenas com a decadência civilizacional, mas também com as escassas fontes para o conhecimento da época.

Outro dos fenómenos que se verificou durante este período foi o da diminuição populacional, não sendo conhecidas as razões exactas que o possam explicar. Para além disso, as populações também se movimentam, abandonando antigos povoados para se fixarem em locais que ofereciam melhores condições de segurança.

O Período Homérico

Chama-se período homérico uma das fases da história da Grécia (c. 1200 a.C. –800 a.C.) cuja principal fonte de informação são as obras de Homero, Ilíada e Odisseia.

Inicia-se no final da civilização micênica - com a suposta invasão dórica do século XI a.C. -, estendendo-se até o fim da Idade das Trevas na Grécia, por volta de 800 a.C.), quando surgem os primeiros registros escritos, inclusive a literatura épica de Homero século VIII a.C.), e as primeiras pólis, as cidades-estados gregas começam a se estruturar.Durante o período micênico (c. 1600 a.C. - c. 1100 a.C.), os eólios e os jônios já se haviam estabelecido na Ática, onde fundaram Atenas.

O período homérico tem início por volta de 1150 a.C., quando os dóricos começaram a invadir o Peloponeso, o que provocou a redução da atividade agrícola e da produção artesanal, a paralisação do comércio e a emigração de muitos jônios e eólios para as ilhas do Egeu e Ásia Menor, no episódio denominado de Primeira Diáspora Grega, com a consequente desarticulação da civilização creto-micênica até ali estruturada.

O período homérico ficou marcado pela constituição das chamadas comunidades gentílicas. A base da sociedade passou a ser o genos (reunião em um mesmo lar de todos os descendentes de um único antepassado - aparentados consanguíneos ou não - , que era um herói ou um semideus). Era uma espécie de clã e funcionava em economia fechada (autarquia) e politicamente autônoma. Cada um dos genos possuía o seu pater, uma espécie de líder político e econômico, pessoa de prestígio dentro do grupo, que entretanto não usufruía de privilégios maiores em relação aos demais membros do grupo. Um conjunto de genos formava a fratria; as fratrias reunidas formavam as tribos. Tudo o que era produzido pela fratria era distribuído igualitariamente entre as genos, impedindo assim a ascensão de um único genos. Caso o genos fosse pouco numeroso ou não dominasse certo tipo de trabalho, era aceitável buscar o trabalho de escravos ou de artesãos. Apesar da distribuição da produção ser de caráter igualitário, existia uma organização social baseada no grau de parentesco com o chefe do genos. Quanto mais distante este grau de parentesco, menor a sua importância social. No plano político, o poder do chefe pater tinha sua base no monopólio de fórmulas secretas que permitiam um contato com os ancestrais e os deuses que protegiam aquela família.

Em período relativamente curto, o desenvolvimento dessas comunidades baseado em atividades agrícolas e na exploração coletiva das terras, resultou em um incremento populacional que acabou abrindo caminho para diversas disputas pelo controle das terras cultiváveis. O genos começou a encontrar dificuldades para manter sua organização econômica e social em razão de limitações técnicas na produção de alimentos e, ao mesmo tempo, começa a se fragmentar em núcleos menores, o que leva ao seu enfraquecimento.

Neste processo, os beneficiados foram os parentes mais próximos do pater, enquanto os mais afastados foram excluídos de vez. Esta desintegração fez com que as diferenças sociais fossem aumentadas consideravelmente. O grupo dos que quase nada possuíam formou uma camada marginal que mal sobrevivia, enquanto o poder do chefe diluía-se entre seus parentes mais próximos, os eupátridas, que passaram a monopolizar os equipamentos de guerra, a justiça, a religião e tudo aquilo que envolvesse poder. Isto fez com que se consolidasse uma aristocracia que teve como base a posse de terras. A divisão das terras prosseguiu da seguinte forma:

- Os eupátridas (bem-nascidos), ficaram com as terras mais férteis;- Os georghoi (agricultores) ficaram com a periferia, ou seja, as terras menos férteis;- Os thetas (marginais), foram os que ficaram sem terras, marginalizados.- Os eupátridas, herdeiros da tradição do pater, monopolizaram o poder político, constituindo uma aristocracia fundiária.

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RESUMO DE CONCURSOS

Por volta do século VIII a.C., a população crescia acentuadamente, e a escassez de terras férteis levou novamente a disputas e guerras entre os genos e à desestruturação das comunidades. A desorganização da vida coletiva da Grécia conduz à Segunda Diáspora Grega. Dessa vez, contingentes populacionais marginalizados pela crescente apropriação de terras assolados pela fome deslocam-se em direção ao Mar Negro e à Península Itálica, onde fundam cidades e colônias, superando os limites do Mar Egeu. Essa expansão dá lugar à fundação de novas cidades, como Éfeso, Magnésia, Mileto, Foceia, Cindo, Halicarnasso, isoladas e independentes. Com o tempo a união de tribos deu origem a pequenas cidades-estado, as pólis. Entre os séculos IX a.C. e VIII a.C. surgiram cerca de 160 cidades-estado - cada uma delas com um templo constuído em sua parte mais elevada, a Acrópole. O processo de estruturação das pólis dura aproximadamente 300 anos e culmina com a realização das primeiras olimpíadas, em 776 a.C.

O Período Arcaico

Período Arcaico é o nome que se dá ao período da Grécia Antiga em que ocorreu o desenvolvimento cultural, político e social, situado entre c. 700 a.C. e 500 a.C., posterior à Idade das Trevas e antecessor o Período clássico. Nesta altura dão-se os primeiros avanços significativos para a ascensão da democracia e observa-se também uma revitalização da linguagem escrita.

Em termos artísticos o período caracteriza-se pela edificação dos primeiros templos inspirados nas habitações micénicas, pelas tipologias escultóricas kouros e kore, e pelo início do registo de pintura negra em cerâmica.

A colonização

Um dos fenômenos mais importantes do Período Arcaico foi o da colonização, que espalhou os gregos um pouco por toda a área costeira da bacia do Mar Mediterrâneo e do Mar Negro.

Os motivos que geraram estes fenômenos foram variados. Entres eles podem ser referidos os excessos populacionais, as dificuldades da pólis em alimentar a sua população após um período de seca ou de chuvas torrenciais, os interesses comerciais ou a simples curiosidade e espírito aventureiro.

A colonização grega obedecia a um planeamento preciso, que implicava, para além da escolha do local que seria colonizado, a nomeação do comandante da expedição (o oikistes) que seria responsável pela conquista do território e que o governaria a colônia (apoika, “residência distante”) como rei ou governador. Antes de partir com a sua expedição, o oikistes consultava o Oráculo de Apolo em Delfos, que aprovava o local sugerido ou propunha outro. O deus Apolo encontrou-se assim associado à colonização; muitas colônias na Ilíria, Trácia, Líbia e Palestina recebem o nome Apolónia em sua honra. Os colonizadores levavam da cidade mãe - a metrópole - o fogo sagrado e os elementos culturais e políticos desta, como o dialeto, o alfabeto, os cultos e o calendário. Por vezes as colônias poderiam fundar por sua vez outras colônias.

Uma das primeiras colonizações deste período data de 775 a.C., tendo sido uma iniciativa de gregos da cidades de Cálcis e Erétria que partem para a ilha de Ischia na baía de Nápoles. Na década de 30 do século VIII estão documentadas as fundações de colônias na Sicília: Naxos e Messina (por Cálcis) e Siracusa (por Corinto)

As costas do Mar Negro foram colonizadas essencialmente pela pólis de Mileto. As colônias mais importantes desta região foram Sinope (c. 700 a.C.) e Cízico (c. 675 a.C.). De Megara partem colonos que fundam em 667 a.C. a cidade de Bizâncio.

No norte da África Cirene foi fundada por colonos da ilha de Tera por volta de 630 a.C.. Na região ocidental do Mediterrâneo, salientem-se colônias como Massalía (a moderna Marselha), Nice (de niké, vitória) e Ampúrias (esta última na Península Ibérica).

A colonização grega deve ser entendida de uma forma diferente da colonização realizada pelos Europeus na Idade Moderna e Contemporânea, na medida em que a colônia não tinha qualquer tipo de dependência política e econômica em relação à metrópole. Entre a metrópole e a colônia existiam laços cordiais (era por exemplo chocante que ocorresse uma guerra entre as duas), mas os gregos que partiam para uma colônia perdiam a cidadania que detinham na cidade de onde eram oriundos.

O desenvolvimento do comércio

Uma das consequências da colonização será o desenvolvimento do comércio, não apenas entre a colónia e a metrópole, mas entre as colônias e outros locais do Mediterrâneo. Até então o comércio não era uma atividade econômica própria, mas uma atividade subsidiária da agricultura. Algumas colônias funcionam essencialmente como locais para a prática do comércio e sem um estatuto político: os empórios.

O incremento da atividade comercial gera por sua vez o fomento da indústria. Deste sector destaca-se a produção da cerâmica, sendo famosos os vasos de Corinto e de Atenas, que se tornaram os principais objectos de exportação.

No último quartel do século VII a.C. ocorreu o aparecimento na Lídia da moeda, que se espalhou lentamente por toda a Grécia.

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RESUMO DE CONCURSOS

Consequências do desenvolvimento do comércio e da indústria

Com o afluxo a partir das colónias de quantidades elevadas de cereais e com a importância que a exportação do vinho e do azeite adquiriu, desenvolveu-se entre as classes mais abastadas a tendência para substituir o cultivo do trigo pelo da vinha e da oliveira.

Os camponeses com poucos recursos econômicos ficam impossibilitados de proceder a esta substituição, uma vez a vinha e a oliveira necessitam de algum tempo até oferecerem resultados. Para além disso, estas culturas exigiam menos mão-de-obra e alguns trabalhadores tornaram-se excedentários.

Em resultado desta realidade econômica nasce no Período Arcaico uma nova classe, a dos plutocratas, cujos membros, oriundos frequentemente das classes inferiores, enriquecem graças às possibilidades oferecidas pelo desenvolvimento do comércio e da indústria, atividades desdenhadas pela aristocracia. Esta classe possui ambições políticas, que na época se encontravam relacionadas com a posse de terra. Como tal, os plutocratas procuram comprar terras. Os nobres, não pretendendo serem relegados para segundo plano, entram também na corrida à compra das terras. As consequências desta competição econômica repercutem-se entre os camponeses de fracos recursos, cujas condições de vida se agravam.

Os legisladores

Perante os conflitos sociais que se acentuaram na segunda metade do século VII a.C., as pólis vão procurar resolver de forma pacífica os conflitos. As parte em conflito concordam em nomear homens com uma reputação íntegra que dotam as cidades de códigos de leis - os legisladores.

Até então as leis não eram escritas, o que dava azo a intepretações arbitrárias ao serviço da aristocracia. A exigência de um código escrito das leis parte das classes populares.

Os primeiros legisladores conhecidos surgiram nas cidades da Magna Grécia em meados do século VII a.C.. O mais antigo legislador conhecido é Zaleuco de Locros, figura com contornos lendários, que teria escrito o primeiro código de leis, aceite por cidades da Itália e Sicília.

Em Atenas os legisladores mais conhecidos foram Drácon e Sólon; o primeiro ficou conhecido pelo seu código de leis rigoroso (é do seu nome que deriva o adjectivo draconiano). As leis destes homens foram escritas em prismas de madeira rotativos (axones) que se encontravam expostos ao público.

Os tiranos

A obra dos legisladores não conseguiu resolver os conflitos sociais. Assim, quase todas as cidades gregas conhecem entre 670 e 510 a.C. o domínio dos tiranos. A palavra tirano não possuía a conotação negativa que hoje tem, significando apenas “usurpador com poder supremo”; entre os gregos, o termo só adquire um sentido negativo a partir do governo dos Trinta Tiranos em Atenas (404 a.C.), conhecidos pela sua crueldade.

Os tiranos conquistaram o poder através da violência e da força, recebendo o apoio das classes inferiores as quais passam depois a proteger. O fenómeno dos tiranos manifestou-se em primeiro lugar nas cidades comerciais. Os primeiros tiranos conhecidos foram Ortágoras em Sícion e Cípselo em Corinto. A Atenas do século VI conhece o tirano Pisístrato e Siracusa Dionísio, o Velho e Dionísio, o Novo.

Entre as medidas tomadas pelos tiranos encontram-se a partilha das terras, a abolição das dívidas e a isenção de impostos. Cunham a moeda e lançam grandes obras públicas, que permitem absorver a mão-de-obra excedentária e que embelezam as cidades. No campo da religião, procedem à centralização dos cultos.

Os descendentes dos tiranos acabaram por não manter o seu apoio às classes populares, tornando-se impopulares. Quase todos desaparecem antes de 500 a.C., derrotados por nobres ou por Esparta. Na Sicília a situação diferente, dado que perante a ameaça dos Cartaginenses os tiranos conseguem continuar no poder até ao século III a.C..

As tiranias serão substituídas por oligarquias ou democracias.

HISTÓRIA DE ATENAS

Por volta dos anos 500 e 400 AC, esta cidade, fundada há mais de 3.000 anos, era a mais próspera da Grécia Antiga e possuía um poderoso líder, Péricles. Nesta fase, a divisão hierárquica seguia a seguinte ordem: nobres, homens livres e uma grande quantidade de escravos que realizavam trabalhos como mercadores, carpinteiros, professores e marceneiros.

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RESUMO DE CONCURSOS

História e características sociais, políticas e econômicas

Por ser uma cidade bem sucedida e comercial, Atenas despertou a cobiça de muitas cidades gregas. Esparta se uniu a outras cidades gregas para atacar Atenas. A Guerra do Peloponeso (431 a 404 a.C.) durou 27 anos e Esparta venceu, tomando a capital grega para si, que, a propósito, continuou riquíssima culturalmente.

Alguns dos maiores nomes do mundo viveram nesta região repleta de escritores, pensadores e escultores, entre eles estão: os autores de peças de teatro Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristófanes e também os grandes filósofos Platão e Sócrates.

Atenas destacou-se muito pela preocupação com o desenvolvimento artístico e cultural de seu povo, desenvolvendo uma civilização de forte brilho intelectual. Na arquitetura, destacam-se os lindos templos erguidos em homenagens aos deuses, principalmente a deusa Atena, protetora da cidade.

A democracia ateniense privilegiava apenas seus cidadãos (homens livres, nascidos em Atenas e maiores de idade) com o direito de participar ativamente da Assembléia e também de fazer a magistratura. No caso dos estrangeiros, estes, além de não terem os mesmos direitos, eram obrigados a pagar impostos e prestar serviços militares.

Hoje em dia, Atenas tem mais de dois milhões e meio de habitantes, e, embora tenha inúmeras construções modernas, continua com suas ruínas que remetem aos memoráveis tempos antigos. A cidade é um dos principais pontos turísticos da Europa.

Período Clássico

História (ocidente)

Pré-História

Idade da PedraPaleolíticoMesolíticoNeolítico

Idade dos MetaisIdade do CobreIdade do BronzeIdade do Ferro

Idade AntigaAntiguidade OrientalAntiguidade clássicaAntiguidade tardia

Idade Média

Alta Idade Média

Baixa Idade Média Idade Média PlenaIdade Média Tardia

século XV

Idade Moderna século XVIséculo XVII

século XVIII

Idade Contemporânea século XIXséculo XX

século XXI

O Período Clássico estende-se entre 480 a.C. e 359 a.C. e é dominado por Esparta e Atenas. Cada um destas Pólis desenvolveu o seu modelo político (a oligarquia militarista em Esparta e a democracia aristocrata em Atenas).

Ao nível externo verifica-se a ascensão do Império Persa Aqueménida quando Ciro II conquista o reino dos medos. O Império Aqueménida prossegue uma política expansionista e conquista as cidades gregas da costa da Ásia Menor. Atenas e Erétria apoiam a revolta das cidades gregas contra o domínio persa, mas este apoio revela-se insuficiente já que os jónios são derrotados: Mileto é tomada e arrasada e muitos jónios decidem fugir para as colónias do Ocidente. O comportamento de Atenas iria gerar uma reacção persa e esteve na origem das Guerras Médicas (490-479 a.C.).

Em 490 a.C. a Ática é invadida pelas forças persas de Dario I, que já tinham passado por Erétria, destruindo esta cidade. O encontro entre atenienses e persas ocorre em Maratona, saldando-se na vitória dos atenienses, apesar de estarem em desvantagem numérica.

Dario prepara a desforra, mas falece em 485, deixando a tarefa ao seu filho Xerxes I que invadiu a Grécia em 480 a.C. Perante a invasão, os gregos decidem esquecer as diferenças entre si e estabelecem uma aliança composta por 31 cidades, entre as quais Atenas e Esparta, tendo sido atribuída a esta última o comando das operações militares por terra e pelo mar. As forças espartanas lideradas

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RESUMO DE CONCURSOS

pelo rei Leónidas I conseguem temporariamente bloquear os persas na Batalha das Termópilas, mas tal não impede a invasão da Ática. O general Temístocles tinha optado por evacuar a população da Ática para Salamina e sob a direcção desta figura Atenas consegue uma vitória sobre os Persas em Salamina. Em 479 a.C. os gregos confirmam a sua vitória desta feita na Batalha de Platéias. A frota persa foge para o mar Egeu, onde em 478 a.C. é vencida em Mícale.

Guerra do Peloponeso

Com o fim das Guerras Médicas, e em resultado da sua participação decisiva no conflito, Atenas torna-se uma cidade poderosa, que passa a intervir nos assuntos do mundo grego. Esparta e Atenas distanciam-se e entram em rivalidade, encabeçando cada um delas uma aliança política e militar: no caso de Esparta era a Liga do Peloponeso e no caso de Atenas a Liga de Delos. Esta última foi fundada em 477 a.C. e era composta essencialmente por estados marítimos que encontravam-se próximos do mar Egeu, que temiam uma nova investida persa. O centro administrativo da liga era a ilha de Delos.

Para poder atingir o seus objectivos a Liga precisava possuir uma frota. Os seus membros poderiam contribuir para a formação desta com navios ou dinheiro, tendo muitos estados optado pela última opção. Com o tempo Atenas afirma-se como o estado mais forte da liga, facto simbolizado com a transferência do tesouro de Delos para Atenas em 454 a.C.. Os Atenienses passam a considerar qualquer secessão da Liga como um acto de traição e punem os estados que tentam fazê-lo. Esparta aproveita este clima para realizar a sua propaganda.

As relações entre as duas póleis atingem o grau de saturação em 431 a.C., ano em que se inicia a guerra. As causas para esta guerra, cuja principal fonte para o seu conhecimento é o historiador Tucídides, são essencialmente três. Antes do conflito Atenas prestara ajuda a Córcira, ilha do mar Jónio fundada por Corinto (aliada de Esparta), mas que era completamente independente. Atenas também decretara sanções económicas contra Mégara, justificadas com base em uma alegada transgressão de solo sagrado entre Mégara e Atenas. Para além disso, Atenas realiza um bloqueio naval à cidade de Potideia, no norte da Grécia, sua antiga aliada que se revoltara e pedira ajuda a Corinto.

Esparta lança um ultimato a Atenas: deve levantar as sanções a Mégara e suspender o bloqueio a Potideia. Péricles consegue convencer a Assembleia a rejeitar o ultimato e a guerra começa. Os Atenienses adoptam a estratégia proposta por Péricles, que advogava que a população dos campos se concentrasse no interior das muralhas de Atenas; os alimentos e os recursos chegariam através do porto do Pireu. Contudo, a estratégia teve um resultado imprevisível: a concentração da população, aliada a condições de baixa higiene provocou a peste que atingiu ricos e pobres e o próprio Péricles. A guerra continuou até 422 a.C. ano em que Atenas é derrotada em Anfípolis. Na batalha morrem o general espartano Brásidas e o ateniense Cléon, ficando o ateniense Nícias em condições de estabelecer a paz (Paz de Nícias, 421 a.C.). Apesar do suposto cessar das hostilidades, entre 421 e 414 as duas póleis continuam a combater, não directamente entre si, mas através do seus aliados, como demonstra a ajuda secreta dada a Argos por Atenas. Em 415 a.C. Alcibíades convenceu a Assembleia de Atenas a lançar um ataque contra Siracusa, uma aliada de Esparta, em expedição que se revelou um fracasso. Com a ajuda monetária dos Persas, Esparta construiu uma frota, que foi decisiva para vencer a guerra. Na Primavera de 404 a.C. Atenas rende-se.

Esse foi um tempo em que o mundo grego prosperou, com o fortalecimento das cidades-Estado e a produção de obras que marcariam profundamente a cultura e a mentalidade ocidental, mas foi também o período em que o mundo grego viu-se envolvido em longas e prolongadas guerras.

Ascensão da Macedónia

O reino da Macedónia, situado a norte da Grécia, emerge em meados do século IV a.C. como nova potência. Os macedónios que não falavam o grego e não adoptaram o modelo político dos gregos, eram vistos por estes como bárbaros. Apesar disso, muitos nobres macedónios aderiram à cultura grega, tendo a Macedónia sido responsável pela difusão da cultura grega em novos territórios.

Durante o reinado de Filipe II da Macedónia o exército macedónio adopta técnicas militares superiores, que aliadas à diplomacia e à corrupção, vão permitir-lhe a dominar as cidades da Grécia. Nestas formam-se partidos favoráveis a Filipe, mas igualmente partidos que se opõem aos Macedónios. Em 338 a.C. Filipe e o seu filho, Alexandre, o Grande, derrotam uma coligação grega em Queroneia, desta forma colocando a Grécia continental sob domínio macedónio. Filipe organiza então a Grécia em uma confederação, a Assembleia de Corinto, procurando unir os gregos com um objectivo comum: conquistar o Império Persa como forma de vingar pela invasão de 480 a.C. Contudo, Filipe viria a ser assassinado por um nobre macedónio em Julho de 336 a.C., tendo sido sucedido pelo seu filho Alexandre.

Alexandre concretizou o objectivo do pai, através da vitória nas batalhas de Granico, Isso e Gaugamela, marchando até à Índia. No regresso, Alexandre era senhor de um vasto império que ia da Ásia Menor ao Afeganistão, passando pelo Egipto. Alexandre faleceu de forma prematura (possivelmente de malária) na Babilónia em 323 a.C.

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RESUMO DE CONCURSOS

Período Helenístico

Após a morte de Alexandre, os seus generais lutaram entre si pela posse do império. As cidades gregas aproveitam a situação para se livrarem do domínio macedónio, mas foram subjugadas por Antípatro na Guerra Lamíaca (323-322 a.C).

Nenhum dos generais de Alexandre conseguiu reunir o império sob o seu poder. Em vez disso, nasceram vários reinos que seguiriam percursos diferentes: Antígono fundou um reino que compreendia a Macedónia, a Grécia e partes da Ásia Menor; Seleuco, estabeleceu um vasto reino que ia da Babilónia ao Afeganistão e Ptolemeu torna-se rei do Egipto.

GUERRA DE TRÓIA

Introdução

A Guerra de Tróia foi um conflito bélico entre aqueus (um dos povos gregos que habitavam a Grécia Antiga) e os troianos, que habitavam uma região da atual Turquia. Esta guerra, que durou aproximadamente 10 anos, aconteceu entre 1300 e 1200 a.C.

Causa da guerra

Gregos e troianos entraram em guerra por causa do rapto da princesa Helena de Tróia (esposa do rei lendário Menelau), por Páris (filho do rei Príamo de Tróia). Isto ocorreu quando o príncipe troiano foi à Esparta, em missão diplomática, e acabou apaixonando-se por Helena. O rapto deixou Menelau enfurecido, fazendo com que este organiza-se um poderoso exército. O general Agamenon foi designado para comandar o ataque aos troianos. Usando o mar Egeu como rota, mais de mil navios foram enviados para Tróia.

A Guerra

O cerco grego à Tróia durou cerca de 10 anos. Vários soldados foram mortos, entre eles os heróis gregos Heitor e Aquiles (morto após ser atingido em seu ponto fraco, o calcanhar).

A guerra terminou após a execução do grande plano do guerreiro grego Odisseu. Sua idéia foi presentear os troianos com um grande cavalo de madeira. Disseram aos inimigos que estavam desistindo da guerra e que o cavalo era um presente de paz. Os troianos aceitaram e deixaram o enorme presente ser conduzido para dentro de seus muros protetores. Após uma noite de muita comemoração, os troianos foram dormir exaustos. Neste momento, abriram-se portas no cavalo de madeira e saíram centenas de soldados gregos. Estes abriram as portas da cidade para que os gregos entrassem e atacassem a cidade de Tróia até sua destruição.

Os eventos finais da guerra são contados na obra Ilíada de Homero. Sua outra obra poética, Odisséia, conta o retorno do guerreiro Odisseu e seus soldados à ilha de Ítaca.

Mito ou fato histórico?

Durante muitos séculos, acreditava-se que a Guerra de Tróia fosse apenas mais um dos mitos da mitologia grega. Porém, com a descoberta e estudo de um sítio arqueológico na Turquia, pode-se comprovar que este importante fato histórico da antiguidade realmente ocorreu. Porém, muitos aspectos entre mitologia e história ainda não foram identificados e se confundem. Mas o que se sabe é que esta guerra ocorreu de fato.

HISTÓRIA DA ROMA ANTIGA E IMPÉRIO ROMANO

A história de Roma Antiga é fascinante em função da cultura desenvolvida e dos avanços conseguidos por esta civilização. De uma pequena cidade, tornou-se um dos maiores impérios da antiguidade. Dos romanos, herdamos uma série de características culturais. O direito romano, até os dias de hoje está presente na cultura ocidental, assim como o latim, que deu origem a língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola.

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RESUMO DE CONCURSOS

Explicação mitológica

Os romanos explicavam a origem de sua cidade através do mito de Rômulo e Remo. Segundo a mitologia romana, os gêmeos foram jogados no rio Tibre, na Itália. Resgatados por uma loba, que os amamentou, foram criados posteriormente por um casal de pastores. Adultos, retornam a cidade natal de Alba Longa e ganham terras para fundar uma nova cidade que seria Roma.

Explicação histórica e Monarquia Romana(753 a.C a 509 a.C)

De acordo com os historiadores, a fundação de Roma resulta da mistura de três povos que foram habitar a região da Península Itálica: gregos, etruscos e italiotas. Desenvolveram na região uma economia baseada na agricultura e nas atividades pastoris. A sociedade, nesta época, era formada por patrícios ( nobres proprietários de terras ) e plebeus ( comerciantes, artesãos e pequenos proprietários ). O sistema político era a monarquia, já que a cidade era governada por um rei de origem patrícia. A religião neste período era politeísta, adotando deuses semelhantes aos dos gregos, porém com nomes diferentes. Nas artes destacava-se a pintura de afrescos, murais decorativos e esculturas com influências gregas.

República Romana (509 a.C. a 27 a.C)

Durante o período republicano, o senado Romano ganhou grande poder político. Os senadores, de origem patrícia, cuidavam das finanças públicas, da administração e da política externa. As atividades executivas eram exercidas pelos cônsules e pelos tribunos da plebe. A criação dos tribunos da plebe está ligada às lutas dos plebeus por uma maior participação política e melhores condições de vida. Em 367 a.C, foi aprovada a Lei Licínia, que garantia a participação dos plebeus no Consulado (dois cônsules eram eleitos: um patrício e um plebeu). Esta lei também acabou com a escravidão por dívidas (válida somente para cidadãos romanos).

Formação e Expansão do Império Romano

Após dominar toda a península itálica, os romanos partiram para as conquistas de outros territórios. Com um exército bem preparado e muitos recursos, venceram os cartagineses, liderados pelo general Anibal, nas Guerras Púnicas (século III a.C). Esta vitória foi muito importante, pois garantiu a supremacia romana no Mar Mediterrâneo. Os romanos passaram a chamar o Mediterrâneo de Mare Nostrum. Após dominar Cartago, Roma ampliou suas conquistas, dominando a Grécia, o Egito, a Macedônia, a Gália, a Germânia, a Trácia, a Síria e a Palestina.

Com as conquistas, a vida e a estrutura de Roma passaram por significativas mudanças. O império romano passou a ser muito mais comercial do que agrário. Povos conquistados foram escravizados ou passaram a pagar impostos para o império. As províncias (regiões controladas por Roma) renderam grandes recursos para Roma. A capital do Império Romano enriqueceu e a vida dos romanos mudou.

Principais imperadores romanos

• Augusto (27 a.C. - 14 d.C), • Tibério (14-37), • Caligula (37-41), • Nero (54-68), • Marco Aurelio (161-180), • Comodus (180-192).

Pão e Circo

Com o crescimento urbano vieram também os problemas sociais para Roma. A escravidão gerou muito desemprego na zona rural, pois muitos camponeses perderam seus empregos. Esta massa de desempregados migrou para as cidades romanas em busca de empregos e melhores condições de vida. Receoso de que pudesse acontecer alguma revolta de desempregados, o imperador criou a política do Pão e Circo. Esta consistia em oferecer aos romanos alimentação e diversão. Quase todos os dias ocorriam lutas de gladiadores nos estádios ( o mais famoso foi o Coliseu de Roma ), onde eram distribuídos alimentos. Desta forma, a população carente acabava esquecendo os problemas da vida, diminuindo as chances de revolta.

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RESUMO DE CONCURSOS

Cultura Romana

A cultura romana foi muito influenciada pela cultura grega. Os romanos “copiaram” muitos aspectos da arte, pintura e arquitetura grega.

Os balneários romanos espalharam-se pelas grandes cidades. Eram locais onde os senadores e membros da aristocracia romana iam para discutirem política e ampliar seus relacionamentos pessoais.

A língua romana era o latim, que depois de um tempo espalhou-se pelos quatro cantos do império, dando origem na Idade Média, ao português, francês, italiano e espanhol.

A mitologia romana representava formas de explicação da realidade que os romanos não conseguiam explicar de forma científica. Trata também da origem de seu povo e da cidade que deu origem ao império. Entre os principais mitos romanos, podemos destacar: Rômulo e Remo e O rapto de Proserpina.

Religião Romana

Os romanos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. A grande parte dos deuses romanos foram retirados do panteão grego, porém os nomes originais foram mudados. Muitos deuses de regiões conquistadas também foram incorporados aos cultos romanos.

Os deuses eram antropomórficos, ou seja, possuíam características ( qualidades e defeitos ) de seres humanos, além de serem representados em forma humana. Além dos deuses principais, os romanos cultuavam também os deuses lares e penates. Estes deuses eram cultuados dentro das casas e protegiam a família.

Principais deuses romanos : Júpiter, Juno, Apolo, Marte, Diana, Vênus, Ceres e Baco.

Crise e decadência do Império Romano

Por volta do século III, o império romano passava por uma enorme crise econômica e política. A corrupção dentro do governo e os gastos com luxo retiraram recursos para o investimento no exército romano. Com o fim das conquistas territoriais, diminuiu o número de escravos, provocando uma queda na produção agrícola. Na mesma proporção, caia o pagamento de tributos originados das províncias. Em crise e com o exército enfraquecido, as fronteiras ficavam a cada dia mais desprotegidas. Muitos soldados, sem receber salário, deixavam suas obrigações militares.

Os povos germânicos, tratados como bárbaros pelos romanos, estavam forçando a penetração pelas fronteiras do norte do império. No ano de 395, o imperador Teodósio resolve dividir o império em: Império Romano do Ocidente, com capital em Roma e Império Romano do Oriente (Império Bizantino), com capital em Constantinopla. Em 476, chega ao fim o Império Romano do Ocidente, após a invasão de diversos povos bárbaros, entre eles, visigodos, vândalos, burgúndios, suevos, saxões, ostrogodos, hunos etc. Era o fim da Antiguidade e início de uma nova época chamada de Idade Média.

POVOS BÁRBAROS-HISTÓRIA DOS POVOS GERMÂNICOS

Os povos bárbaros eram de origem germânica e habitavam as regiões norte e nordeste da Europa e noroeste da Ásia, na época do Império Romano. Viveram em relativa harmonia com os romanos até os séculos IV e V da nossa era. Chegaram até a realizar trocas e comércio com os romanos, através das fronteiras. Muitos germânicos eram contratados para integrarem o poderoso exército romano.

Os romanos usavam a palavra “bárbaros” para todos aqueles que habitavam fora das fronteiras do império e que não falavam a língua oficial dos romanos: o latim. A convivência pacífica entre esses povos e os romanos durou até o século IV, quando uma horda de hunos pressionou os outros povos bárbaros nas fronteiras do Império Romano. Neste século e no seguinte, o que se viu foi uma invasão, muitas vezes violenta, que acabou por derrubar o Império Romano do Ocidente. Além da chegada dos hunos, podemos citar como outros motivos que ocasionaram a invasão dos bárbaros: a busca de riquezas, de solos férteis e de climas agradáveis.

Principais Povos Bárbaros

• Francos: estabeleceram-se na região da atual França e fundaram o Reino Franco (veja exemplo de obra de arte abaixo) • Lombardos: invadiram a região norte da Península Itálica • Anglos e Saxões: penetraram e instalaram-se no território da atual Inglaterra

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RESUMO DE CONCURSOS

• Burgúndios: estabeleceram-se na sudoeste da França • Visigodos: instalaram-se na região da Gália, Itália e Península Ibérica (veja exemplo abaixo da arte visigótica) • Suevos: invadiram e habitaram a Península Ibérica • Vândalos: estabeleceram-se no norte da África e na Península Ibérica • Ostrogodos: invadiram a região da atual Itália

Economia, Arte, Política e Cultura dos Bárbaros Germânicos

A maioria destes povos organizavam-se em aldeias rurais, compostas por habitações rústicas feitas de barro e galhos de árvores. Praticavam o cultivo de cereais como, por exemplo, o trigo, o feijão, a cevada e a ervilha. Criavam gado para obter o couro, a carne e o leite. Dedicavam-se também às guerras como forma de saquear riquezas e alimentos. Nos momentos de batalhas importantes, escolhiam um guerreiro valente e forte e faziam dele seu líder militar. Praticavam uma religião politeísta, pois adoravam deuses representantes das forças da natureza. Odin era a principal divindade e representava a força do vento e a guerra. Para estes povos havia uma vida após a morte, onde os bravos guerreiros mortos em batalhas poderiam desfrutar de um paraíso. A mistura da cultura germânica com a romana formou grande parte da cultura medieval, pois muitos hábitos e aspectos políticos, artísticos e econômicos permaneceram durante toda a Idade Média.

Os Hunos

Dentre os povos bárbaros, os hunos foram os mais violentos e ávidos por guerras e pilhagens. Eram nômades ( não tinham habitação fixa e viviam a percorrer campos e florestas ) e excelentes criadores de cavalos. Como não construíam casas, viviam em suas carroças e também em barracas que armavam nos caminhos que percorriam. A principal fonte de renda dos hunos era a pratica do saque aos povos dominados. Quando chegavam numa região, espalhavam o medo, pois eram extremamente violentos e cruéis com os inimigos. O principal líder deste povo foi Átila, o líder huno responsável por diversas conquistas em guerras e batalhas.

TESTES

01. (ADMINISTRADOR-COMPERVE/UFRN-2008) – A partir do III milênio a.C. desenvolveram-se, nos vales dos grandes rios do Oriente Próximo como o Nilo, o Tigre e o Eufrates, Estados teocráticos, fortemente organizados e centralizados e com extensa burocracia. Uma explicação para seu surgimento é:

a) A revolta dos camponeses e a insurreição dos artesãos nas cidades, que só puderam ser contidas pela imposição dos governos autoritários.

b) A necessidade de coordenar o trabalho de grandes contingentes humanos, para realizar obras de irrigação.c) A influência das grandes civilizações do Extremo Oriente, que chegou ao Oriente Próximo através das caravanas de seda.d) A expansão das religiões monoteístas, que fundamentavam o caráter divino da realeza e o poder absoluto do monarca.e) A introdução de instrumentos de ferro e a conseqüente revolução tecnológica, que transformou a agricultura dos vales

e levou à centralização do poder.

RESPOSTA “B”.

02. (ACONSELHADOR-DST/AIDS-PREF. BALNEÁRIO DE CAMBORIÚ-FEPESE-2011) – Entre os povos do Oriente Médio, os hebreus foram os que mais influenciaram a cultura da civilização ocidental, uma vez que o cristianismo considerado como uma continuação das tradições religiosas hebraicas.

A partir do texto anterior, assinale a alternativa incorreta.a) Originários da Arábia, os hebreus constituíram dois reinos: o de Judá e o de Israel na Palestina.b) As guerras geraram a unidade política dos hebreus. Esta unidade se firmou primeiro em torno de juízes e, depois em

volta dos reis.c) Os profetas surgiram na Palestina por volta dos séculos VIII e VII a.C., quando ocorreu uma onda de protestos dos

trabalhadores contra os comerciantes.d) A religião hebraica passou por diversas fases, evoluindo do politeísmo ao monoteísmo difundido pelos profetas.e) Os hebreus se organizaram social e economicamente com base na propriedade da terra, o que deu início à Diáspora.

RESPOSTA “E”.

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RESUMO DE CONCURSOS

03. (FUVEST-2009) – “Usamos a riqueza mais como uma oportunidade para agir que como um motivo de vanglória; entre nós não há vergonha na pobreza, mas a maior vergonha é não fazer o possível para evitá-la... olhamos o homem alheio às atividades públicas não como alguém que cuida apenas de seus próprios interesses, mas como um inútil... decidimos as questões públicas por nós mesmos, ou pelo menos nos esforçamos por compreendê-las claramente, na crença de que não é o debate que é o empecilho à ação, e sim o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da ação.”

Esta passagem de um discurso de Péricles, reproduzido por Tucídides, expressa:a) Os valores ético-políticos que caracterizam a democracia ateniense no período clássico.b) Os valores ético-militares que caracterizaram a vida política espartana em toda a sua história.c) A admiração pela frugalidade e pela pobreza que caracterizou Atenas durante a fase democrática.d) O desprezo que a aristocracia espartana devotou ao luxo e à riqueza ao longo de toda a sua história.e) Os valores ético-políticos de todas as cidades gregas, independentemente de sua forma de governo.

RESPOSTA “A”.

04. (GV-2009) A Guerra do Peloponeso (431 a.C.- 404 a.C.) – Que teve importância fundamental na evolução histórica da Grécia antiga, resultou, entre outros fatores, de:

a) Um confronto econômico entre as cidades que formavam a Confederação de Delos.b) Um esforço da Pérsia para acabar com a influência grega na Ásia Menor.c) Um conflito entre duas ideologias: Esparta, oligárquica, e Atenas, democrática.d) Uma manobra de Esparta para aumentar a sua hegemonia marítima no mar Egeu.e) Uma tentativa de Atenas para fracionar a Grécia em diversas cidades-Estado.

RESPOSTA “C”.

05. (URFS-2009) – O soberano dividiu o seu império em províncias, chamadas satrapias, sendo a terra considerada como propriedade real e trabalhada pelas comunidades.

Estas características identificam o:a) Império dos persas durante o reinado de Dario.b) Império babilônico durante o governo de Hamurabi.c) Antigo império egípcio durante a dinastia de Quéops.d) Reino de Israel sob o comando de Davi.e) Estado espartano durante a vigência das leis de Dracon.

RESPOSTA “A”.

06. (GV-2008) – “Representando pequeno número em relação às outras classes, eles estavam constantemente preparados para enfrentar quaisquer revoltas, daí a total dedicação à arte militar. A agricultura, o comércio e o artesanato eram considerados indignos para o (...), que desde cedo se dedicava às armas. Aos sete anos deixava a família, sendo educado pelo Estado que procurava fazer dele um bom guerreiro, ensinando-lhe a lutar, a manejar armas e a suportar as fadigas e a dor. Sua educação intelectual era bastante simples (...). Aos vinte anos o (...) entrava para o serviço militar, que só deixaria aos sessenta, passando a viver no acampamento, treinando constantemente para as coisas da guerra (...). “Apesar de ser obrigatório o casamento após os trinta anos, sua função era simplesmente a de fornecer mais soldados para o Estado.”

A transcrição anterior refere-se aos cidadãos que habitavam:a) Atenas.b) Creta.c) Esparta.d) Chipre.e) Roma.

RESPOSTA “C”.

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RESUMO DE CONCURSOS

07. (ADMINISTRADOR-PREF. OLINDA/PE-IPENET/IAUPE) – A civilização grega atingiu extraordinário desenvolvimento. Os ideais gregos de liberdade e a crença na capacidade criadora do homem têm permanente significado. Acerca do imenso e diversificado legado cultural grego, é correto afirmar que:

a) A importância dos jogos olímpicos limitava-se aos esportes.b) A democracia espartana era representativa.c) A escultura helênica, embora desligada da religião, valorizava o corpo humano.d) Os atenienses valorizavam o ócio e desprezavam os negócios.e) Poemas, com narrações sobre aventuras épicas, são importantes para a compreensão do período homérico.

RESPOSTA “E”.

08. Após a conquista da Península ltálica, Roma ampliou seus domínios em torno do Mediterrâneo, que passou a ser designado como mare nostrum, um verdadeiro lago interno que permitia a comunicação, as transações comerciais e o deslocamento de tropas para as diversas regiões romanas.

A respeito dessa expansão, é correto afirmar:a) A conquista de novos territórios desacelerou o processo de concentração fundiária nas mãos da aristocracia patrícia, uma

vez que o Estado romano estabeleceu um conjunto de medidas que visava distribuir terras aos pequenos e médios proprietários e à plebe urbana empobrecida.

b) Apesar da conquista do Mediterrâneo, os romanos não conseguiram estabelecer a integração das diversas formações sociais ao sistema escravista nem tampouco se dispuseram a criar mecanismos de cooptação social e política dos seus respectivos grupos dominantes.

c) As conquistas propiciaram, pela primeira vez na Antigüidade, a combinação entre o trabalho escravo em larga escala e o latifúndio, associação que constituiu uma alavanca de acumulação econômica graças às campanhas militares romanas.

d) As conquistas militares acabaram por solucionar o problema agrário em Roma, colocando em xeque as medidas defendidas por líderes como os irmãos Graco, que postulavam a expropriação das terras particulares dos patrícios e sua repartição entre as camadas sociais empobrecidas.

e) A expansão militar levou os romanos a empreender um duro processo de latinização dos territórios situados a leste, o que se tornou um elemento de constante instabilidade político-social durante a República e também à época do Império.

RESPOSTA “C”.

09. (CONSULTOR TÉCNICO LEGISLATIVO-CÂMARA DE SÃO PAULO-/SP-VUNESP-2007) – Na atualidade, praticamente todos os dirigentes políticos, no Brasil e no mundo, dizem-se defensores de padrões democráticos e de valores republicanos. Na Antiguidade, tais padrões e valores conheceram o auge, tanto na democracia ateniense, quanto na república romana, quando predominaram:

a) A liberdade e o individualismo.b) O debate e o bem público.c) A demagogia e o populismo.d) O consenso e o respeito à privacidade. e) A tolerância religiosa e o direito civil.

RESPOSTA “B”.

10. (HISTORIA DA ARTE-NCE/UFRJ-2007) “A cidade-Estado era um objeto mais digno de devoção do que os deuses do Olimpo, feitos à imagem de bárbaros humanos. A personalidade humana, quando emancipada, sofre se não encontra um objeto mais ou menos digno de sua devoção, fora de si mesma.” Toynbee, Arnold J. Helenismo, história de uma civilização.

Na antiguidade clássica, as cidades-Estado representavam:a) Uma forma de garantir territorialmente a participação ampla da população na vida política grega.b) Um recurso de expansão das colônias gregas.c) Uma forma de assegurar a independência política das cidades gregas entre si.d) Uma característica da civilização helenística no sistema político grego.e) Uma instituição política helenística no sistema político grego.

RESPOSTA “C”.

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RESUMO DE CONCURSOS

11. (PUCPR-2007) – Relacione o texto às proposições a seguir colocadas, assinalando a correta: “Ó senhor de todos! Rei de todas as casas. Nas decisões mais distantes fazes o Nilo celeste para que desça como chuva e açoite as montanhas, como um mar para regar os campos e jardins estranhos. Acima de tudo, porém, fazes o Nilo do Egito que emana do fundo da terra. E assim, com os teus raios, cuidas de nossas hortas. Nossas colheitas crescem, e crescem por ti (...). Tu estás em meu coração. Nenhum outro te conhece, a não ser teu filho Aknaton.”

a) Destaca a função geradora da vida do Deus Amon e do faraó, responsáveis por tudo que existia no Egito.b) Mostra que o Sol, Áton, era encarnado na terra pelo faraó Aknaton.c) Evidencia que o alimento e a vida do homem dependiam do grande Deus Tebano.d) O texto acima assinala o caráter ideológico na sociedade egípcia, destacando a figura do faraó ligada ao Deus principal

e reforçando seu papel político.e) Mostra a profunda ligação mística entre o faraó e o Deus que dominou o Egito no Médio Império.

RESPOSTA “D”.

ANOTAÇÕES

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RESUMO DE CONCURSOS

CAPÍTULO 3: IDADE MÉDIA

A formação da Idade Média

A Idade Média é um período de tempo da história humana, caracterizado pelo domínio cultural da Igreja Católica, tal período durou desde a queda do Império Romano do Ocidente(século V), até a queda do Império Romano do Oriente(século XV). Esse período de tempo teve também a influência dos feudos, que eram áreas rurais, cujo “protetor” e cobrador de impostos era o senhor Feudal, que possuia poderes plenos. Outro marco importante da Idade Média foi o surgimento de mais uma classe social, a burguesia. Os castelos são um dos maiores ícones da Idade Média no imaginário das pessoas.

Periodização

O período da Idade Média foi tradicionalmente delimitado com ênfase em eventos políticos. Nesses termos, ter-se-ia iniciado com a desintegração do Império Romano do Ocidente, no século V (em 476 d. C.), e terminado com o fim do Império Romano do Oriente, com a Queda de Constantinopla, no século XV (em 1453 d.C.).

A Era Medieval pode também ser subdividida em períodos menores, num dos modos de classificação mais populares, é separada em dois períodos:

• 1. Alta Idade Média, que decorre do século V ao X;• 2. Baixa Idade Média, que se estende do século XI ao XV.

Uma outra classificação muito comum divide a era em três períodos:

• 1. Idade Média Antiga (ou Alta Idade Média ou Antiguidade Tardia) que decorre do século V ao X;• 2. Idade Média Plena (ou Idade Média Clássica) que se estende do século XI ao XIII;• 3. Idade Média Tardia (ou Baixa Idade Média), correspondente aos séculos XIV e X

Início

A maioria dos historiadores consideram o início da Idade Média, com a queda do Império Romano do Ocidente para os Bárbaros, em 476 d.C, pois a partir daí os habitantes urbanos, com medo das pilhagens bárbaras fugiram para o campo, refugiando-se nos grandes feudos.

Revolução Cultural

Durante o período da Baixa Idade média, os feudos começaram a entrar em declínio, devido às Cruzadas, que “faliram” os Senhores feudais. A partir daí, os camponeses começaram a fugir dos feudos em busca de uma vida melhor nas cidades. Com isso as cidades ficaram lotadas e os novos moradores, que na maioria das vezes trabalhavam com o comércio, resolveram trabalhar fora dos muros fortificados das cidades, formando assim os burgos e fazendo surgir uma nova classe social, a burguesia. A partir desse ponto, a vida urbana começou a se organizar, fazendo a cultura crescer. Com isso, surgiram novas expressões culturais, como o estilo gótico. Foi nesse período que surgiu a Liga Hanseática, que dominou o comércio centro-europeu por mais de dois séculos.

ABSOLUTISMO

Podemos definir o absolutismo como um sistema político e administrativo que prevaleceu nos países da Europa, na época do Antigo Regime (séculos XVI ao XVIII ).

No final da Idade Média (séculos XIV e XV), ocorreu uma forte centralização política nas mãos dos reis. A burguesia comercial ajudou muito neste processo, pois interessa a ela um governo forte e capaz de organizar a sociedade. Portanto, a burguesia forneceu apoio político e financeiro aos reis, que em troca, criaram um sistema administrativo eficiente, unificando moedas e impostos e melhorando a segurança dentro de seus reinos. Nesta época, o rei concentrava praticamente todos os poderes. Criava leis sem

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RESUMO DE CONCURSOS

autorização ou aprovação política da sociedade. Criava impostos, taxas e obrigações de acordo com seus interesses econômicos. Agia em assuntos religiosos, chegando, até mesmo, a controlar o clero em algumas regiões. Todos os luxos e gastos da corte eram mantidos pelos impostos e taxas pagos, principalmente, pela população mais pobre. Esta tinha pouco poder político para exigir ou negociar. Os reis usavam a força e a violência de seus exércitos para reprimir, prender ou até mesmo matar qualquer pessoa que fosse contrária aos interesses ou leis definidas pelos monarcas.

Exemplos de alguns reis deste período :

• Henrique VIII - Dinastia Tudor : governou a Inglaterra no século XVII • Elizabeth I - Dinastia Stuart - rainha da Inglaterra no século XVII • Luis XIV - Dinastia dos Bourbons - conhecido como Rei Sol - governou a França entre 1643 e 1715. • Fernando e Isabel - governaram a Espanha no século XVI.

Teóricos do Absolutismo

Muitos filósofos desta época desenvolveram teorias e chegaram até mesmo a escrever livros defendendo o poder dos monarcas europeus. Abaixo alguns exemplos: Jacques Bossuet : para este filósofo francês o rei era o representante de Deus na Terra. Portanto, todos deveriam obedecê-lo sem contestar suas atitudes.

Nicolau Maquiavel : Escreveu um livro, “ O Príncipe”, onde defendia o poder dos reis. De acordo com as idéias deste livro, o governante poderia fazer qualquer coisa em seu território para conseguir a ordem. De acordo com o pensador, o rei poderia usar até mesmo a violência para atingir seus objetivos. É deste teórico a famosa frase : “ Os fins justificam os meios.”

Thomas Hobbes : Este pensador inglês, autor do livro “ O Leviatã “, defendia a idéia de que o rei salvou a civilização da barbárie e, portanto, através de um contrato social, a população deveria ceder ao Estado todos os poderes.

Mercantilismo, a prática econômica do absolutismo

Podemos definir o mercantilismo como sendo a política econômica adotada na Europa durante o Antigo Regime. Como já dissemos, o governo absolutista interferia muito na economia dos países. O objetivo principal destes governos era alcançar o máximo possível de desenvolvimento econômico, através do acúmulo de riquezas. Quanto maior a quantidade de riquezas dentro de um rei, maior seria seu prestígio, poder e respeito internacional. Podemos citar como principais características do sistema econômico mercantilista: Metalismo, Industrialização, Protecionismo Alfandegário, Pacto Colonial, Balança Comercial Favorável.

IMPÉRIO BIZANTINO

No século IV o Império Romano dava sinais claros da queda de seu poder no ocidente, principalmente em função da invasão dos bárbaros (povos germânicos) através de suas fronteiras. Diante disso, o Imperador Constantino transferiu a capital do Império Romano para a cidade oriental de Bizâncio, que passou a ser chamada de Constantinopla. Esta mudança, ao mesmo tempo em que significava a queda do poder no ocidente, tinha o seu lado positivo, pois a localização de Constantinopla, entre o mar Negro e o mar Mármara, facilitava muito o comércio na região, fato que favoreceu enormemente a restauração da cidade, transformando-a em uma Nova Roma.

Reinado de Justiniano

O auge deste império foi atingido durante o reinado do imperador Justiniano (527-565), que visava reconquistar o poder que o Império Romano havia perdido no ocidente. Com este objetivo, ele buscou uma relação pacífica com os persas, retomou o norte da África, a Itália e a Espanha. Durante seu governo, Justiniano recuperou grande parte daquele que foi o Império Romano do Ocidente.

Religião

A religião foi fundamental para a manutenção do Império Bizantino, pois as doutrinas dirigidas a esta sociedade eram as mesmas da sociedade romana. O cristianismo ocupava um lugar de destaque na vida dos bizantinos e podia ser observado, inclusive, nas mais diferentes manifestações artísticas. As catedrais e os mosaicos bizantino estão entre as obras de arte e arquitetura mais belos do mundo.

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RESUMO DE CONCURSOS

Os monges, além de ganhar muito dinheiro com a venda de ícones, também tinham forte poder de manipulação sobre sociedade. Entretanto, incomodado com este poder, o governo proibiu a veneração de imagens, a não ser a de Jesus Cristo, e decretou pena de morte a todos aqueles que as adorassem. Esta guerra contra as imagens ficou conhecida como A Questão Iconoclasta.

Sociedade bizantina

A sociedade bizantina era totalmente hierarquizada. No topo da sociedade encontrava-se o imperador e sua família. Logo abaixo vinha a nobreza formada pelos assessores do rei. Abaixo destes estava o alto clero. A elite era composta por ricos fazendeiros, comerciantes e donos de oficinas artesanais. Uma camada média da sociedade era formada por pequenos agricultores, trabalhadores das oficinas de artesanato e pelo baixo claro. Grande parte da população era formada por pobres camponeses que trabalhavam muito, ganhavam pouco e pagavam altas taxas de impostos.

Crise e Tomada de Constantinopla

Após a morte de Justiniano, o Império Bizantino ficou a mercê de diversas invasões, e, a partir daí, deu-se início a queda de Constantinopla. Com seu enfraquecimento, o império foi divido entre diferentes realezas feudais. Constantinopla teve sua queda definitiva no ano de 1453, após ser tomada pelos turcos.

Atualmente, Constantinopla é conhecida como Istambul e pertence à Turquia. Apesar de um passado turbulento, seu centro histórico encanta e impressiona muitos turistas devido à riquíssima variedade cultural que dá mostras dos diferentes povos e culturas que por lá passaram.

IMPÉRIO CAROLÍNGIO

O Império Carolíngio, também conhecido como o Império de Carlos Magno, foi o momento de maior esplendor do Reino Franco (ocupava a região central da Europa). Este período ocorreu durante o reinado do imperador Carlos Magno (768 – 814).

Com uma política voltada para o expansionismo militar, Carlos Magno expandiu o império, além dos limites conquistados por seu pai, Pepino, o Breve. Conquistou a Saxônia, Lombardia, Baviera, e uma faixa do território da atual Espanha.

Embora as conquistas militares tenham sido significativas, foi nas áreas cultural, educacional e administrativa que o Império Carolíngio demonstrou grande avanço. Carlos Magno preocupou-se em preservar a cultura greco-romana, investiu na construção de escolas, criou um novo sistema monetário e estimulou o desenvolvimento das artes. Graças a estes avanços, o período ficou conhecido como o Renascimento Carolíngio.

Reforma Educacional

Na área educacional, o monge inglês Alcuíno foi o responsável pelo desenvolvimento do projeto escolar de Carlos Magno. A manutenção dos conhecimentos clássicos (gregos e romanos) tornou-se o objetivo principal desta reforma educacional. As escolas funcionavam junto aos mosteiros (escolas monacais), aos bispados (escolas catedrais) ou às cortes (escolas palatinas). Nestas escolas eram ensinadas as sete artes liberais: aritmética, geometria, astronomia, música, gramática, retórica e dialética.

Administração territorial

Para facilitar a administração do vasto território, Carlos Magno criou um sistema bem eficiente. As regiões foram divididas em condados (administradas pelos condes). Para fiscalizar a atuação dos condes, foi criado o cargo de missi dominici. Estes funcionários eram os enviados do imperador para fiscalizar os territórios. Ou seja, eles deveriam verificar e avisar ao imperador sobre a cobrança dos impostos, aplicação das leis e etc.

Arte carolíngia

A arte sofreu uma grande influência das culturas grega, romana e bizantina. Destacam-se a construção de palácios e igrejas. As iluminuras (livros pequenos com muitas ilustrações, com detalhes em dourado) e os relicários (recipientes decorados para guardar relíquias sagradas) também marcaram este período.

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RESUMO DE CONCURSOS

Coroação

No ano de 800, um importante fato histórico representou o poder de Carlos Magno. Aproximou-se da Igreja Católica e foi coroado imperador, do Sacro Império Romano-Germânico, pelo papa Leão III. Desta forma, colocou-se como um defensor e disseminador da fé cristã pelas terras dominadas.

Enfraquecimento do império

Após a morte de Carlos Magno, em 814, o Império Carolíngio perdeu força. As terras do império foram divididas entre o netos de Carlos Magno, em 843, através do Tratado de Verdun.

FEUDALISMO NA IDADE MÉDIA

O feudalismo tem inicio com as invasões germânicas (bárbaras ), no século V, sobre o Império Romano do Ocidente (Europa). As características gerais do feudalismo são: poder descentralizado (nas mãos dos senhores feudais), economia baseada na agricultura e utilização do trabalho dos servos.

Estrutura Política do Feudalismo

Prevaleceram na Idade Média as relações de vassalagem e suserania. O suserano era quem dava um lote de terra ao vassalo, sendo que este último deveria prestar fidelidade e ajuda ao seu suserano. O vassalo oferece ao senhor, ou suserano, fidelidade e trabalho, em troca de proteção e um lugar no sistema de produção. As redes de vassalagem se estendiam por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso.

Todos os poderes, jurídico, econômico e político concentravam-se nas mãos dos senhores feudais, donos de lotes de terras (feudos).

Sociedade feudal

A sociedade feudal era estática (com pouca mobilidade social) e hierarquizada. A nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes) era detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses. O clero (membros da Igreja Católica) tinha um grande poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade. Era isento de impostos e arrecadava o dízimo. A terceira camada da sociedade era formada pelos servos (camponeses) e pequenos artesãos. Os servos deviam pagar várias taxas e tributos aos senhores feudais, tais como: corvéia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha (metade da produção), banalidade (taxas pagas pela utilização do moinho e forno do senhor feudal).

Economia feudal

A economia feudal baseava-se principalmente na agricultura. Existiam moedas na Idade Média, porém eram pouco utilizadas. As trocas de produtos e mercadorias eram comuns na economia feudal. O feudo era a base econômica deste período, pois quem tinha a terra possuía mais poder. O artesanato também era praticado na Idade Média. A produção era baixa, pois as técnicas de trabalho agrícola eram extremamente rudimentares. O arado puxado por bois era muito utilizado na agricultura.

Religião

Na Idade Média, a Igreja Católica dominava o cenário religioso. Detentora do poder espiritual, a Igreja influenciava o modo de pensar, a psicologia e as formas de comportamento na Idade Média. A igreja também tinha grande poder econômico, pois possuía terras em grande quantidade e até mesmo servos trabalhando. Os monges viviam em mosteiros e eram responsáveis pela proteção espiritual da sociedade. Passavam grande parte do tempo rezando e copiando livros e a Bíblia.

As Guerras

A guerra no tempo do feudalismo era uma das principais formas de obter poder. Os senhores feudais envolviam-se em guerras para aumentar suas terras e poder. Os cavaleiros formavam a base dos exércitos medievais. Corajosos, leais e equipados com escudos, elmos e espadas, representavam o que havia de mais nobre no período medieval. O residência dos nobres eram castelos fortificados, projetados para serem residências e, ao mesmo tempo, sistema de proteção.

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Educação, artes e cultura

A educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam. Marcada pela influência da Igreja, ensinava-se o latim, doutrinas religiosas e táticas de guerras. Grande parte da população medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros.

A arte medieval também era fortemente marcada pela religiosidade da época. As pinturas retratavam passagens da Bíblia e ensinamentos religiosos. As pinturas medievais e os vitrais das igrejas eram formas de ensinar à população um pouco mais sobre a religião.

Podemos dizer que, em geral, a cultura e a arte medieval foram fortemente influenciadas pela religião. Na arquitetura destacou-se a construção de castelos, igrejas e catedrais.

AS CRUZADAS

As cruzadas foram tropas ocidentais enviadas à Palestina para recuperarem a liberdade de acesso dos cristãos à Jerusalém. A guerra pela Terra Santa, que durou do século XI ao XIV, foi iniciada logo após o domínio dos turcos seljúcidas sobre esta região considerada sagrada para os cristãos. Após domínio da região, os turcos passaram impedir ferozmente a peregrinação dos europeus, através da captura e do assassinato de muitos peregrinos que visitavam o local unicamente pela fé.

Em 1095, Urbano II, em oposição a este impedimento, convocou um grande número de fiéis para lutarem pela causa. Muitos camponeses foram a combate pela promessa de que receberiam reconhecimento espiritual e recompensas da Igreja; contudo, esta primeira batalha fracassou e muitos perderam suas vidas em combate. Após a Primeira Cruzada foi criada a Ordem dos Cavaleiros Templários que tiveram importante participação militar nos combates das seguintes Cruzadas.

Após a derrota na 1ª Cruzada, outro exército ocidental, comandado pelos franceses, invadiu o oriente para lutar pela mesma causa. Seus soldados usavam, como emblema, o sinal da cruz costurado sobre seus uniformes de batalha. Sob liderança de Godofredo de Bulhão, estes guerreiros massacraram os turcos durante o combate e tomaram Jerusalém, permitindo novamente livre para acesso aos peregrinos.

Outros confrontos deste tipo ocorreram, porém, somente a sexta edição (1228-1229) ocorreu de forma pacífica. As demais serviram somente para prejudicar o relacionamento religioso entre ocidente e oriente. A relação dos dois continentes ficava cada vez mais desgastada devido à violência e a ambição desenfreada que havia tomado conta dos cruzados, e, sobre isso, o clero católico nada podia fazer para controlar a situação.

Embora não tenham sido bem sucedidas, a ponto de até crianças terem feito parte e morrido por este tipo de luta, estes combates atraíram grandes reis como Ricardo I, também chamado de Ricardo Coração de Leão, e Luís IX. Elas proporcionaram também o renascimento do comércio na Europa. Muitos cavaleiros, ao retornarem do Oriente, saqueavam cidades e montavam pequenas feiras nas rotas comerciais. Houve, portanto, um importante reaquecimento da economia no Ocidente. Estes guerreiros inseriram também novos conhecimentos, originários do Oriente, na Europa, através da influente sabedoria dos sarracenos.

O fim da Idade Média

Segundo muitos historiadores, o término da Idade Média deve-se à queda do Império Romano do Ocidente para os Otomanos, mudando assim o pólo marítimo da época, pois o comércio de especiarias tornou-se mais cara, poprquê a passagem do Bósforo foi fechada. Fazendo os países da época, criar espedições em busca da Índia. Assim o pólo marítimo foi mudado, do Mediterrâneo para o Atlântico.

O Renascimento entre o mundo medieval e o início da Idade Moderna

Renascimento, período da história européia caracterizado por um renovado interesse pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela sua arte. O Renascimento começou na Itália, no século XIV, e difundiu-se por toda a Europa, durante os séculos XV e XVI. A fragmentada sociedade feudal da Idade Média transformou-se em uma sociedade dominada, progressivamente, por instituições políticas centralizadas, com uma economia urbana e mercantil, em que floresceu o mecenato da educação, das artes e da música.

O termo “Renascimento” foi empregado pela primeira vez em 1855, pelo históriador francês Jules Michelet, para referir-se ao “descobrimento do Mundo e do homem” no século XVI. O historiador suíço Jakob Burckhardt ampliou este conceito em sua obra A civilização do renascimento italiano (1860), definindo essa época como o renascimento da humanidade e da consciência moderna, após um longo período de decadência.

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RESUMO DE CONCURSOS

O Renascimento italiano foi, sobretudo, um fenômeno urbano, produto das cidades que floresceram no centro e no norte da Itália, como Florença, Ferrara, Milão e Veneza, resultado de um período de grande expansão econômica e demográfica dos séculos XII e XIII.

Uma das mais significativas rupturas renascentistas com as tradições medievais verifica-se no campo da história. A visão renascentista da história possuía três partes: a Antigüidade, a Idade Média e a Idade de Ouro ou Renascimento, que estava começando.

A idéia renascentista do humanismo pressupunha uma outra ruptura cultural com a tradição medieval. Redescobriram-se os Diálogos de Platão, os textos históricos de Heródoto e Tucídides e as obras dos dramaturgos e poetas gregos. O estudo da literatura antiga, da história e da filosofia moral tinha por objetivo criar seres humanos livres e civilizados, pessoas de requinte e julgamento, cidadãos, mais que apenas sacerdotes e monges.

Os estudos humanísticos e as grandes conquistas artísticas da época foram fomentadas e apoiadas economicamente por grandes famílias como os Medici, em Florença; os Este, em Ferrara; os Sforza, em Milão; os Gonzaga, em Mântua; os duques de Urbino; os Dogos, em Veneza; e o Papado, em Roma.

No campo das belas-artes, a ruptura definitiva com a tradição medieval teve lugar em Florença, por volta de 1420, quando a arte renascentista alcançou o conceito científico da perspectiva linear, que possibilitou a representação tridimensional do espaço, de forma convincente, numa superfície plana.

Os ideais renascentistas de harmonia e proporção conheceram o apogeu nas obras de Rafael, Leonardo da Vinci e Michelangelo, durante o século XVI.

Houve também progressos na medicina e anatomia, especialmente após a tradução, nos séculos XV e XVI, de inúmeros trabalhos de Hipócrates e Galeno. Entre os avanços realizados, destacam-se a inovadora astronomia de Nicolau Copérnico, Tycho Brahe e Johannes Kepler. A geografia se transformou graças aos conhecimentos empíricos adquiridos através das explorações e dos descobrimentos de novos continentes e pelas primeiras traduções das obras de Ptolomeu e Estrabão.

No campo da tecnologia, a invenção da imprensa, no século XV, revolucionou a difusão dos conhecimentos e o uso da pólvora transformou as táticas militares, entre os anos de 1450 e 1550.

No campo do direito, procurou-se substituir o abstrato método dialético dos juristas medievais por uma interpretação filológica e histórica das fontes do direito romano. Os renascentistas afirmaram que a missão central do governante era manter a segurança e a paz. Maquiavel sustentava que a virtú (a força criativa) do governante era a chave para a manutenção da sua posição e o bem-estar dos súditos.

O clero renascentista ajustou seu comportamento à ética e aos costumes de uma sociedade laica. As atividades dos papas, cardeais e bispos somente se diferenciavam das usuais entre os mercadores e políticos da época. Ao mesmo tempo, a cristandade manteve-se como um elemento vital e essencial da cultura renascentista. A aproximação humanista com a teologia e as Escrituras é observada tanto no poeta italiano Petrarca como no holandês Erasmo de Rotterdam, fato que gerou um poderoso impacto entre os católicos e protestantes.

Galileu

O físico e astrônomo italiano Galileu afirmava que a Terra girava ao redor do Sol, contra as crenças da Igreja Católica, segundo a qual a Terra era o centro do Universo. Negou-se a retratar-se, apesar das ordens de Roma, e foi sentenciado à prisão perpétua.

Lourenço de Medici, O Magnífico

O político e banqueiro italiano Lourenço de Medici (1449-1492) foi um influente mecenas das humanidades durante o Renascimento. A família Medici governou Florença, desde meados do século XV até 1737, dominando a vida política, social e cultural da cidade. O próprio Lourenço foi poeta, construiu bibliotecas em Florença e patrocinou artistas e literatos, tais como o pintor Michelangelo e o poeta e humanista Angelo Poliziano.

TESTES

01. (CONTABILIDADE-IPSERV-PREF. UBERABA/MG-FUNDEP-2009) – Com a chamada Partilha de Verdun, de 843, o império de Carlos Magno foi dividido entre seus três netos: Lotário, Carlos e Luís. A esse respeito podemos afirmar:

a) Nesse acordo preservava-se a unidade político-institucional, uma das características do sistema feudal em processo de estruturação.

b) A partilha marca o início do processo de síntese romano-germânico, que redundaria no aparecimento de diversos pequenos reinos durante a Alta Idade Média.

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RESUMO DE CONCURSOS

c) O resultado é o esboço da futura divisão européia, uma vez que os domínios de Carlos e Luís darão origem aos reinos francês e germânico respectivamente.

d) Nesse momento consagra-se a divisão da cristandade, em razão da aproximação de Lotário e Carlos com o papado e de Luís com o patriarcado de Constantinopla.

e) O Tratado de Verdun marcou o fm dos confitos entre os poderes seculares e eclesiásticos, verifcado desde o início da Idade Média.

RESPOSTA “C”.

02. (AGENTE TECNICO LEGISLATIVO-FCC-2010) – “A Península Itálica foi o berço do Movimento Renascentista”. Entre as alternativas a seguir, assinale aquela que não justifca esta afirmação.a) A consolidação da monarquia e a precoce centralização política italiana favoreceram a burguesia mercantil, que estimulava

as artes e as ciências, através do mecenato.b) O objetivo dos burgueses italianos ao patrocinarem as artes e as ciências era o de afirmar seus valores, assegurando a sua

legitimidade enquanto grupo social.c) As cidades italianas encontravam-se enriquecidas devido ao comércio com o Oriente, através do Mar Mediterrâneo.d) Após a queda de Constantinopla, muitos sábios Bizantinos emigraram para a Península ltálica, levando consigo muitos

elementos da cultura clássica preservada em Bizâncio.e) Sendo a Península ltálica a sede do Império Romano do Ocidente, existia nessa região uma série de elementos preservados

da Antigüidade, que inspiraram os artistas e filósofos renascentistas.

RESPOSTA “A”.

03. (CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS-FHEMIG-FUNDEP-2011) – “Nunca uma civilização dera tão grande lugar à pintura e à música, nem erguera ao céu tão altas cúpulas, nem elevara ao nível da alta literatura tantas línguas nacionais encerradas em tão exíguo espaço. Nunca no passado da humanidade tinham surgido tantas invenções em tão pouco tempo. Pois o Renascimento foi, especialmente, progresso técnico; deu ao homem do Ocidente maior domínio sobre um mundo mais bem conhecido. Ensinou-lhe a atravessar os oceanos, a fabricar ferro fundido, a servir-se das armas de fogo, a contar as horas com um motor, a imprimir, a utilizar dia a dia a letra de câmbio e o seguro marítimo”.

DELUMEAU, Jean, A Civilização do Renascimento, vol. 1, p. 23.A respeito do Renascimento é correto afirmar:a) O termo foi criado no século XVI por Giorgio Vasari e transmite uma visão depreciativa da cultura clássica e valorativa da

cultura medieval.b) As alterações culturais experimentadas durante o Renascimento limitaram-se a questões estéticas, completamente

divorciadas das transformações sociais, políticas, religiosas e econômicas do período.c) Cenas do Antigo Testamento, episódios da vida de Jesus, retratos de santos e mártires compunham os principais temas da arte

renascentista, evidenciando uma perspectiva teocêntrica de valorização do sagrado.d) A propagação da cultura renascentista esteve articulada ao impulso das atividades mercantis e ao desenvolvimento da

imprensa, que possibilitou a difusão em maior escala das obras literárias.e) O Renascimento desenvolveu-se após a expansão industrial européia e motivou uma atitude nostálgica com relação aos

paraísos tropicais que passaram a ser retratados nas obras literárias, nas pinturas e nas composições musicais.

RESPOSTA “D”.

04. “Que obra prima é o homem! Como é nobre em sua razão! Como é infinito em faculdades! Em forma e movimentos, como é expressivo e maravilhoso! Nas ações, como se parece com um anjo!

Na inteligência, como se parece com um deus! A maravilha do mundo! O padrão de todos os seres criados!”. (Hamlet,William Shakespeare, trad., São Paulo: Martin Claret, 2002, p.47.)

Nesse trecho do Hamlet de William Shakespeare podemos identifcar algumas características:a) Do Catolicismo, com a afirmação da arte como um ofício religioso.b) Do Protestantismo, com a perspectiva da infalibilidade dos escritos bíblicos.c) Do Renascimento, com a valorização do homem como o centro ou a medida do Universo. d) Do Hedonismo, com a identificação da beleza como uma manifestação do espírito divino.e) Do Teocentrismo, com a negação da influência do classicismo Greco romano.

RESPOSTA “C”.

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RESUMO DE CONCURSOS

05. (FEI– 2008) – As principais características do Renascimento foram:a) Teocentrismo, realismo e intensa espiritualidade;b) Romantismo, espírito crítico em relação à política, temas de inspiração exclusivamente naturalistas;c) Ausência de perspectiva e adoção de temas do cotidiano religioso, tendo como foco apenas os valores espirituais;d) Uso de temas ecológicos evidenciando a preocupação com o meio ambiente, execução de variados retratos de

personalidades da época.e) Antropocentrismo, humanismo e inspiração greco-romana.

RESPOSTA “E”.

ANOTAÇÕES

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RESUMO DE CONCURSOS

CAPÍTULO 4: OS IMPÉRIOS COLONIAIS

A Expansão Marítima

A expansão ultramarina Européia deu início ao processo da Revolução Comercial, que caracterizou os séculos XV, XVI e XVII. Através das Grandes Navegações, pela primeira vez na história, o mundo seria totalmente interligado. Somente então é possível falar-se em uma história em escala mundial. A Revolução Comercial, graças a acumulação primitiva de Capital que propiciou, preparou o começo da Revolução Industrial a partir da segunda metade do século XVIII. Apenas os Estados efetivamente centralizados tinham condições de levar adiante tal empreendimento, dada a necessidade de um grande investimento e principalmente de uma figura que atuasse como coordenador – no caso, o Rei. Além de formar um acúmulo prévio de capitais, pela cobrança direta de impostos, o rei disciplinava os investimentos da burguesia, canalizando-os para esse grande empreendimento de caráter estatal, ou seja, do Estado, que se tornou um instrumento de riqueza e poder para as monarquias absolutas.

Fatores que provocaram a expansão:

• Centralização Política: Estado Centralizado reuniu riquezas para financiar a navegação; • O Renascimento: Permitiu o surgimento de novas idéias e uma evolução técnica; • Objetivo da Elite da Europa Ocidental em romper o monopólio Árabe-Italiano sobre as mercadorias orientais; • A busca de terras e novas minas (ouro e prata) com o objetivo de superar a crise do século XIV; • Expandir a fé;

Objetivos da expansão

• Metais; • Mercados; • Especiarias (Noz Moscada, Cravo...) • Terras; • Fiéis;

Pioneirismo português

• Precoce centralização Política; • Domínio das Técnicas de Navegação (Escola de Sagres) * • Participação da Rota de Comércio que ligava o mediterrâneo ao norte da Europa; • Capital (financiamento de Flandres); • Posição Geográfica Favorável;

Escola de Sagres

Centro de Estudos Náuticos, fundado pelo infante Dom Henrique, o qual manteve até a sua morte, em 1460, o monopólio régio do ultramar. O “Príncipe perfeito” Dom João II (1481-1495) continuou o aperfeiçoamento dos estudos náuticos com o auxílio da sua provável Junta de Cartógrafos, que teria elaborado em detalhe o plano de pesquisa do caminho marítimo para as índias.

Revolução de Avis

Nos fins do século XIV uma transformação muito importante aconteceu em Portugal: a morte do rei D. Fernando em 1383, deu origem a uma crise política que, envolvendo os vários grupos sociais, veio a levar ao poder uma nova família real e a iniciar uma orientação diferente na vida dos portugueses.

D. Fernando tinha uma única filha, D. Beatriz, que, apenas com doze anos de idade, casara com o rei de Castela, pondo-se assim termo a uma série de guerras em que D. Fernando se envolvera com aquele reino.

Essas guerras tinham agravado os problemas do país, provocando o descontentamento popular: gastou-se muito dinheiro com a guerra, muitos homens morreram, a falta de mão-de-obra agravou-se, os produtos alimentares subiram de preço.

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RESUMO DE CONCURSOS

D. Fernando morreu alguns meses depois deste casamento. Nem D. Beatriz tinha filhos, nem, entretanto, nascera nenhum outro sucessor legítimo do rei.

A viúva de D. Fernando - D. Leonor Teles - nunca fora bem vista pelo povo. De fato, quando o rei se apaixonara por ela, D. Leonor já era casada, e foi necessário obter, por influência de D. Fernando junto ao Papa, a anulação de seu primeiro casamento. Por outro lado, por causa de Leonor Teles, D. Fernando desistiu de outros casamentos que teriam sido, politicamente, mais úteis ao país.

A agravar tudo isto, depois de ser rainha, D. Leonor vingou-se duramente de todos os que tinham desaprovado o seu casamento, levando o rei a condenar a morte ou tormentos muitos deles, especialmente os homens dos ofícios da cidade de Lisboa que tinham declarado abertamente a sua discordância.

O povo não gostava, pois, da viúva de D. Fernando. No entanto, pelo contrato de casamento, cabia-lhe governar o reino como regente até que um filho de D. Beatriz completasse 14 anos.

Assim, D. Leonor Teles, a regente, depois de não ter comparecido ao funeral de D. Fernando - o que agravou o descontentamento popular - mandou aclamar rainha D. Beatriz.

Naquele tempo, a aclamação de um novo soberano era feita através de “pregões” lidos por emissários da Corte nas principais vilas e cidades do Reino.

Em lisboa, Santarém, Elvas e outros lugares, a leitura dos pregões desencadeou revoltas populares: as populações dessas localidades injuriavam os pregoeiros e recusavam-se a aceitar a aclamação de uma rainha que era mulher de um rei estrangeiro (Castela), o que poderia dar origem à união dos dois países e em consequência a perda de independência de Portugal.

Entretanto, o descontentamento com a regência de Leonor Teles e a grande influência que junto dela tinha o Conde de Ourém - João Fernandes Andeiro - levaram a que fosse planejado o assassinato deste, prevendo-se desde logo o apoio do povo de Lisboa. D. João, Mestre de Avis ficou encarregado de matar o “Andeiro”; à mesma hora Álvaro Pais, antigo funcionário de D. Fernando, chamaria o povo ao palácio para proteger o Mestre de Avis.

Realizado o plano e morto o “Andeiro”, o povo de Lisboa pediu a D. João que aceitasse ser o “Regedor e Defensor do Reino”, ficando a seu cargo a direção da luta contra D. Beatriz e o rei de Castela.

Leonor Teles refugia-se em Alenquer e pede auxílio ao seu genro, D. João de Castela. Este, aproveitando-se da situação, avançou com seus exércitos sobre Santarém, retirou a regência de Leonor Teles e intitulando-se “Rei de Portugal”, dirigiu-se para Lisboa, cercando a cidade.

Este abuso do rei castelhano fez com que muitos burgueses, até aí hesitantes, aderissem á causa do Mestre de Avis, juntando-se ao povo que o apoiava. Pelo contrário, a maior parte do clero e da nobreza respeitavam a legalidade da sucessão e apoiavam D. Beatriz.

Entretanto, um pequeno exército português, chefiado por D. Nuno Álvares Pereira - um dos nobres que tomara o partido do Mestre de Avis - vence os castelhanos no lugar de Atoleiros, no Alentejo.

Em Lisboa, o cerco prolongou-se por vários meses. Os lisboetas resistiram no meio das maiores privações e dificuldades. O aparecimento da peste nas tropas castelhanas obrigou o rei de Castela a levantar o cerco e retirar.

Os partidários do Mestre de Avis e da independência de Portugal começavam a ter uma maior certeza da vitória.Foram convocadas Cortes em Coimbra em março de 1385 e o Mestre de Avis foi aclamado rei de Portugal.Os castelhanos reagiram a esta decisão, como era de se esperar, invadindo novamente Portugal. Mas os portugueses saíram ao

seu encontro e travou-se em Aljubarrota, em agosto de 1385, uma batalha decisiva: usando a tática do quadrado e aproveitando as vantagens da colocação no terreno(os inimigos estavam de frente para o sol), as tropas portuguesas, chefiadas pelo próprio rei D. João I e por D. Nuno Álvares Pereira, conseguiram a vitória, pondo o exército inimigo em fuga.

A paz definitiva com Castela só veio a ser assinada alguns anos depois, em 1411. Para assinalar o acontecimento, D. João I mandou iniciar, no local, a construção do mosteiro de Santa Maria da Vitória, conhecido por mosteiro da Batalha.

A Expansão Marítima Portuguesa

Após a deflagração da Revolução de Avis, Portugal passou por um processo de mudanças onde a nacionalização dos impostos, leis e exércitos favoreceram a ascendência das atividades comerciais de sua burguesia mercantil. A prosperidade material alcançada por meio desse conjunto de medidas ofereceu condições para o investimento em novas empreitadas mercantis.

Nesse período, as principais rotas comerciais estavam voltadas no trânsito entre a Ásia (China, Pérsia, Japão e Índia) e as nações mercantilistas européias. Parte desse câmbio de mercadorias era intermediada pelos muçulmanos que, via Mar Mediterrâneo, introduziam as especiarias orientais na Europa. Pelas vias terrestres, os comerciantes italianos monopolizavam a entrada de produtos orientais no continente.

A burguesia portuguesa, buscando se livrar dos altos preços cobrados por esses intermediários e almejando maiores lucros, tentaram consolidar novas rotas marítimas que fizessem o contato direto com os comerciantes orientais. Patrocinados pelo interesse do infante Dom Henrique, vários navegadores, cartógrafos, cosmógrafos e homens do mar foram reunidos na região de Sagres, que se tronou um grande centro da tecnologia marítima da época.

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RESUMO DE CONCURSOS

Em 1415, a Conquista de Ceuta iniciou um processo de consolidação de colônias portuguesas na costa africana e de algumas ilhas do Oceano Atlântico. Esse primeiro momento da expansão marítima portuguesa alcançou seu ápice quando os navios portugueses ultrapassaram o Cabo das Tormentas (atual Cabo da Boa Esperança), que até então era um dos limites do mundo conhecido.

É interessante notar que mesmo com as inovações tecnológicas e o grande interesse comercial do mundo moderno, vários mitos Antigos e Medievais faziam da experiência ultramarina um grande desafio. Os marinheiros e navegadores da época temiam a brutalidade dos mares além das Tormentas. Diversos relatos fazem referência sobre as temperaturas escaldantes e as feras do mar que habitavam tais regiões marítimas.

No ano de 1497, o navegador Vasco da Gama empreendeu as últimas explorações que concretizaram a rota rumo às Índias, via a circunavegação do continente africano. Com essa descoberta o projeto de expansão marítima de Portugal parecia ter concretizado seus planos. No entanto, o início das explorações marítimas espanholas firmou uma concorrência entre Portugal e Espanha que abriu caminho para um conjunto de acordos diplomáticos (Bula Intercoetera e Tratado de Tordesilhas) que preestabeleceram os territórios a serem explorados por ambas as nações.

O processo de expansão marítima português chegou ao seu auge quando, em 1500, o navegador Pedro Álvares Cabral anunciou a descoberta das terras brasileiras. Mesmo alegando a descoberta nessa época, alguns historiadores defendem que essa descoberta foi estabelecida anteriormente. Anos depois, com a ascensão do processo de expansão marítima de outras nações européias e a decadência dos empreendimentos comercias portugueses no Oriente, as terras do Brasil tornaram-se o principal foco do mercantilismo português.

A Expansão Marítima Espanhola

Tão logo completou a sua centralização monárquica, em 1492, a Espanha inicia as Grandes Navegações Marítimas. Os Reis Católicos (Fernando e Isabel) cederam ao navegador Cristóvão Colombo três caravelas. Com elas, Colombo pretendia chegar às Índias, navegando na direção do oeste. Ao aportar nas Antilhas, ele chega em Cuba, El Salvador e Santo Domingo acreditando ter chegado ao arquipélago do Japão. Com a entrada da Espanha no ciclo das grandes navegações, criou-se uma polêmica entre esta nação e Portugal, pela posse das terras recém-descobertas da América. Essa questão passa pelo Papa, que escreve a Bula “Inter Colétera” (as terras da América seriam dividas por uma linha a 100 léguas das Ilhas de Cabo Verde, em que Portugal ficaria com as terras orientais e a Espanha ficaria com as terras ocidentais). Portugal fica insatisfeito, recorre ao Papa -> Tratado de Tordesilhas. (Foto)

As viagens ibéricas prosseguiram até que a descoberta de ouro na América, pelos espanhóis, aguçou a cobiça de outras nações européias que procuravam completar seu processo de centralização monárquica. Passam a contestar o Tratado de Tordesilhas, ao mesmo tempo em que tentavam abrir novas rotas para a Ásia, através do Hemisfério Norte, e se utilizavam da prática da Pirataria. Afirmavam ainda que a posse da terra descoberta só se concretizava quando a nação reivindicasse a ocupasse efetivamente, o princípio do “Uti Possidetis” (usucapião). França foi uma das mais utilizarias desse pretexto.

Expansão no século XVI

Após a crise do século XVI, a economia européia sofreu transformações essenciais, na medida em que as riquezas exteriores, adquiridas na expansão marítima, não só ampliou o grande comércio, como também elevou o nível científico. Foram intensificados os estudos para desenvolver a bússola, novos modelos de embarcações (caravelas, nau), o astrolábio, portulanos (livrinho que continha a observação detalhada de uma região, feita por um piloto que estivera lá antes) e cartas de navegação. Esses novos conhecimentos, aliados a nova visão do mundo e do homem, preconizada pelo Renascimento, ampliaram os horizontes europeus, facilitando o pleno desenvolvimento da expansão ultramarina.

Essa expansão foi a responsável pelo surgimento de um mercado mundial, baseado no capital gerado pelas atividades comerciais, que afetou todo o sistema produtivo e favoreceu a consolidação do Estado Nacional. No século XVI, as nações pioneiras (Portugal e Espanha) prosseguiram suas viagens conquistando territórios na América, África e Ásia. Inglaterra e França procuravam romper tal domínio na tentativa de conseguir mercados e áreas de exploração.

Embarcações

A caravela possuía um casco estreito e fundo, com isto ela possuía uma grande estabilidade, por baixo do convés havia um espaço que servia para transportar os mantimentos, o castelo que era os aposentos do capitão e do escrivão se localizava na popa do navio, porém a grande novidade deste navio foi a utilização das velas triangulares em mar aberto, as quais permitiam que a caravela avançasse em zig-zag mesmo com ventos contrários, as caravelas não possuíam os mesmos tamanhos, as pequenas levavam entre vinte e cinco a trinta homens e as maiores chegavam a levar mais de cem homens a bordo, geralmente a tripulação era formada por marinheiros muitos jovens, os capitães podiam ser rapazes de vinte anos de idade eles eram o chefe máximo, que tinham a competência de organizar a vida a bordo e tomar as decisões sobre as viagens, o escrivão tinha a competência de registrar por escrito o rol da carga.

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RESUMO DE CONCURSOS

O piloto encarregava-se da orientação do navio, geralmente viajava na popa do navio com os seguintes instrumentos, uma bússola, um astrolábio e um quadrante, ele orientava aos homens do leme que manejavam o navio de acordo com as instruções do piloto e do capitão e em dia de mar revolto era necessário dois homens ao leme do navio, o homem da ampulheta era o marinheiro que vigiava o relógio de areia para saberem as horas, os marinheiros a bordo das caravelas tinham que fazer todos os tipos de serviços, desde içar, manobrar e recolher as velas, esfregar o convés, carregar e descarregar a carga e outras fainas a bordo, os grumetes eram constituídos em sua maioria por rapazes de dez anos de idade que iam a bordo para aprender e fazer as rotinas das viagens. A construção das caravelas era executada a beira do Tejo na Ribeira das Naus junto ao Palácio Real, onde trabalhavam os mestres de carpinteiros os quais não se serviam de planos, nem de desenhos técnicos.

Mercantilismo

Conjunto de medidas econômicas adotadas pelos Estados Nacionais modernos no período de Transição (Feudalismo p/ Capitalismo), tendo os Reis e o Estado, o poder de intervir ma economia. Esse sistema buscava atender os setores feudais visando conseguir riquezas para a sua manutenção. O mercantilismo não é um modo de produção, mas sim um conjunto de práticas de produção. Não existe uma sociedade Mercantilista. Tais medidas variavam de Estado para Estado, logo, não existiu apenas um mercantilismo. Não se pode generalizá-lo.

Princípios (Variavam de Estado para Estado)

• Metalismo ou Bullionismo;• Balança Comercial Favorável (Vender mais e comprar menos visando garantir o acúmulo de ouro e prata);• Protecionismo Alfandegário (grandes tarifas aos produtos estrangeiros); • Construção Naval (frota Mercante e Marinha de Guerra); • Manufaturas; • Monopólio (Rei vende monopólio para as Companhias de Comércio nas cidades); • Sistema Colonial (Pacto Colonial, Latifúndio, Escravismo); • Intervenção do Estado na Economia;

Política dos Estados

• Espanha – Bullionismo (metais)• Holanda – Comercialismo • França – Colbertismo (Manufaturas de luxo)• Inglaterra – Comercialismo

Colônias de Exploração

As colônias de exploração atendiam as necessidades do sistema mercantilista garantindo, através de uma economia complementar e do pacto colonial, lucros para a metrópole. Nesse tipo de colonização, não havia o respeito devido pelo povo ou pela terra.

CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS MAIAS, ASTECAS, INCAS, MÉXICO

Civilização Maia

O povo maia habitou a região das florestas tropicais das atuais Guatemala, Honduras e Península de Yucatán (região sul do atual México). Viveram nestas regiões entre os séculos IV a.C e IX a.C. Entre os séculos IX e X , os toltecas invadiram essas regiões e dominaram a civilização maia.

Nunca chegaram a formar um império unificado, fato que favoreceu a invasão e domínio de outros povos. As cidades formavam o núcleo político e religioso da civilização e eram governadas por um estado teocrático.O império maia era considerado um representante dos deuses na Terra.

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RESUMO DE CONCURSOS

A zona urbana era habitada apenas pelos nobres (família real), sacerdotes (responsáveis pelos cultos e conhecimentos), chefes militares e administradores do império (cobradores de impostos). Os camponeses, que formavam a base da sociedade, artesão e trabalhadores urbanos faziam parte das camadas menos privilegiadas e tinham que pagar altos impostos.

A base da economia maia era a agricultura, principalmente de milho, feijão e tubérculos. Suas técnicas de irrigação eram muito avançadas. Praticavam o comércio de mercadorias com povos vizinhos e no interior do império.

Ergueram pirâmides, templos e palácios, demonstrando um grande avanço na arquitetura. O artesanato também se destacou: fiação de tecidos, uso de tintas em tecidos e roupas. A religião deste povo era politeísta, pois acreditavam em vários deuses ligados à natureza. Elaboraram um eficiente e complexo calendário que estabelecia com exatidão os 365 dias do ano.

Assim como os egípcios, usaram uma escrita baseada em símbolos e desenhos (hieróglifos). Registravam acontecimentos, datas, contagem de impostos e colheitas, guerras e outros dados importantes. Desenvolveram muito a matemática, com destaque para a invenção das casas decimais e o valor zero.

Civilização Asteca

Povo guerreiro, os astecas habitaram a região do atual México entre os séculos XIV e XVI. Fundaram no século XIV a importante cidade de Tenochtitlán (atual Cidade do México), numa região de pântanos, próxima do lago Texcoco.

A sociedade era hierarquizada e comandada por um imperador, chefe do exército. A nobreza era também formada por sacerdotes e chefes militares. Os camponeses, artesãos e trabalhadores urbanos compunham grande parte da população. Esta camada mais baixa da sociedade era obrigada a exercer um trabalho compulsório para o imperador, quando este os convocava para trabalhos em obras públicas (canais de irrigação, estradas, templos, pirâmides).

Durante o governo do imperador Montezuma II (início do século XVI), o império asteca chegou a ser formado por aproximadamente 500 cidades, que pagavam altos impostos para o imperador. O império começou a ser destruído em 1519 com as invasões espanholas. Os espanhóis dominaram os astecas e tomaram grande parte dos objetos de ouro desta civilização. Não satisfeitos, ainda escravizaram os astecas, forçando-os a trabalharem nas minas de ouro e prata da região. Os astecas desenvolveram muito as técnicas agrícolas, construindo obras de drenagem e as chinampas (ilhas de cultivo), onde plantavam e colhiam milho, pimenta, tomate, cacau etc. As sementes de cacau, por exemplo, eram usadas como moedas por este povo.

O artesanato a era riquíssimo, destacando-se a confecção de tecidos, objetos de ouro e prata e artigos com pinturas. A religião era politeísta, pois cultuavam diversos deuses da natureza (deus Sol, Lua, Trovão, Chuva) e uma deusa representada

por uma Serpente Emplumada. A escrita era representada por desenhos e símbolos. O calendário maia foi utilizado com modificações pelos astecas. Desenvolveram diversos conceitos matemáticos e de astronomia.

Na arquitetura, construíram enormes pirâmides utilizadas para cultos religiosos e sacrifícios humanos. Estes, eram realizados em datas específicas em homenagem aos deuses. Acreditavam, que com os sacrifícios, poderiam deixar os deuses mais calmos e felizes.

Civilização Inca

Os incas viveram na região da Cordilheira dos Andes (América do Sul ) nos atuais Peru, Bolívia, Chile e Equador. Fundaram no século XIII a capital do império: a cidade sagrada de Cusco. Foram dominados pelos espanhóis em 1532.

O imperador, conhecido por Sapa Inca era considerado um deus na Terra. A sociedade era hierarquizada e formada por: nobres (governantes, chefes militares, juízes e sacerdotes), camada média ( funcionários públicos e trabalhadores especializados) e classe mais baixa (artesãos e os camponeses). Esta última camada pagava altos tributos ao rei em mercadorias ou com trabalhos em obras públicas.

Na arquitetura, desenvolveram várias construções com enormes blocos de pedras encaixadas, como templos, casas e palácios. A cidade de Machu Picchu foi descoberta somente em 1911 e revelou toda a eficiente estrutura urbana desta sociedade. A agricultura era extremamente desenvolvida, pois plantavam nos chamados terraços (degraus formados nas costas das montanhas). Plantavam e colhiam feijão, milho (alimento sagrado) e batata. Construíram canais de irrigação, desviando o curso dos rios para as aldeias. A arte destacou-se pela qualidade dos objetos de ouro, prata, tecidos e jóias.

Domesticaram a lhama (animal da família do camelo) e utilizaram como meio de transporte, além de retirar a lã , carne e leite deste animal. Além da lhama, alpacas e vicunhas também eram criadas.

A religião tinha como principal deus o Sol (deus Inti). Porém, cultuavam também animais considerados sagrados como o condor e o jaguar. Acreditavam num criador antepassado chamado Viracocha (criador de tudo). Criaram um interessante e eficiente sistema de contagem : o quipo. Este era um instrumento feito de cordões coloridos, onde cada cor representava a contagem de algo. Com o quipo, registravam e somavam as colheitas, habitantes e impostos. Mesmo com todo desenvolvimento, este povo não desenvolveu um sistema de escrita.

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Os povos indígenas da América Portuguesa

No caso do atual território brasileiro, quatro grandes grupos lingüísticos marcaram a diferenciação básica: tupi, jê, aruaque e caraíba, subdivididos em várias famílias.

No Brasil atualmente há várias pesquisas sendo desenvolvidas em sítios arqueológicos, locais onde se descobriram vestígios de ocupação humana. Os arqueólogos procuram por restos de fogueiras, pedaços de cerâmica, pinturas rupestres, esqueletos humanos, vestígios de aldeias e habitações, tentando levantar hipóteses quanto à época desses objetos, bem como sobre a forma de vida desses nossos antepassados.

Junto com essas informações e hipóteses, a outra forma de tentar reconstruir a vida dos nativos antes da chegada dos europeus é, por mais contrário que possa parecer, pelos relatos e crônicas escritos por esses mesmos europeus no período colonial. Como os povos indígenas da América portuguesa não desenvolveram a escrita, os principais documentos a respeito de sua história foram elaborados pelos conquistadores.

Dois grandes problemas aparecem de imediato.Primeiro: até que ponto as descrições dos conquistadores retratam de fato ávida dos nativos ou apresentam projeções e distorções? Segundo: tendo tais descrições sido realizadas até o ano de 1500, as formas de vida desses indígenas já não teriam sido alteradas pela chegada dos europeus, diferenciando-se daquelas que eram características no período pré-colonial? Os nativos eram chamados pelos lusitanos de negros da terra.

A REFORMA PROTESTANTE O LUTERANISMO

É uma denominação cristã ligada diretamente a Martinho Lutero, pioneiro da Reforma da Igreja na Alemanha, a partir de 1517.

A História da Igreja Luterana

A 10 de novembro de 1483, na cidade de Eisleben, na Alemanha, nasceu Martinho Lutero, um jovem que, contrariando a vontade dos pais, decidiu tornar-se monge. No mosteiro, Lutero vivia em angústias e desespero por dúvidas que tinha sobre seus méritos espirituais. Quanto mais se penitenciava, tanto mais cresciam suas dúvidas e incertezas. Não possuía, por isso, paz de alma e via Deus como um severo juiz pronto a castigar os pecadores.

Lutero tornou-se Doutor em Teologia e passou a lecionar na Universidade de Wittenberg. Sendo um dos privilegiados a ter acesso a uma Bíblia, Lutero desenvolveu nova visão teológica lendo as palavras de Romanos 1.17: “O justo viverá por fé”. Segundo sua interpretação, dizia que o perdão e a vida eterna não são conquistados por nós mediante boas obras, mas nos são dados gratuitamente por meio da fé em Jesus Cristo.

Em 1517, na Alemanha, o professor e monge Martinho Lutero fixou à porta da Catedral de Wittenberg 95 teses criticando a atuação do Papa e do alto clero. Elas se propagaram rapidamente, mesmo com a intervenção da Igreja. Lutero foi apoiado por parte da população e pela nobreza que, desejosa de conquistar novas terras sob domínio de Roma (na região da atual Alemanha), o protegeram da perseguição do papa, poupando-o da fogueira, mas não da excomunhão.

Alguns exemplos dessas teses:• Tese 27: Pregam a doutrina humana os que dizem que, tão logo seja ouvido o tilintar da moeda lançada na caixa, a alma

sairá voando.• Tese 32: Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação

através de cartas de indulgência.• Tese 86: Por que o papa, cuja fortuna é hoje maior que a dos mais ricos crassos, não constrói com seu próprio dinheiro

ao menos a Basílica de São Pedro, em vez de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?Lutero, então, passou a participar de vários debates teológicos com autoridades civis e eclesiásticas que tentavam fazê-lo abrir

mão de suas idéias e retratar-se de críticas à Igreja e ao Papa. Em 1520, Lutero foi excomungado pelo Papa e, no mesmo ano, queimou a Bula de Excomunhão em praça pública, rompendo assim com a Igreja Católica da época. Em 1530, surgiu a Confissão de Augsburgo que foi escrita por Lutero e Melanchthon, um fiel companheiro seu. Este documento trazia um resumo dos ensinos luteranos.

Uma das principais preocupações de Martinho Lutero,era que todas as pessoas pudessem ler o livro no qual os ensinamentos católicos estariam escritos e assim poderem tirar suas próprias conclusões. Por isto Martin Lutero traduziu a Bíblia para o Alemão para que todos pudessem lê-la em sua própria língua. Alguns anos mais tarde, a bíblia foi traduzida para o Inglês, Francês e Espanhol as pessoas passaram a ler a Bíblia e terem suas próprias conclusões. Aos poucos a Igreja Católica foi perdendo poder e influência. Depois de Lutero a Igreja Católica nunca mais conseguiu exercer o forte domínio sobre a Europa como tinha antes da Reforma Protestante.

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RESUMO DE CONCURSOS

Pouco a pouco, o ideal de reforma da Igreja Católica que Lutero possuía foi sendo sufocado e o Reformador viu-se obrigado, juntamente com seus seguidores, a formar um grupo separado de cristãos que queriam permanecer fiéis às suas idéias. Surgia assim a Igreja Luterana.

As Confissões Luteranas

As Confissões Luteranas podem também ser consideradas como estandarte, em torno do qual os luteranos cerram fileiras em defesa de suas visões doutrinárias da Escritura sagrada contra o erro, ou podem ser consideradas como uma bandeira, à qual os mestres da igreja prestam juramento de fidelidade. Cada membro da Igreja Luterana deve subscrever não apenas a Bíblia, mas também as confissões como exposição correta das doutrina bíblicas. Para o leigo isto significa, ao menos, o Catecismo de Lutero; para o pastor e professor significam todas as confissões adotadas pela Igreja Luterana.

Em suas constituições, os grupos luteranos – congregações, bem como sínodos – geralmente definem sua posição doutrinária mais ou menos nestas palavras: “Confessamos que os livros canônicos do Antigo e do Novo Testamento são a palavra de Deus inspirada e, portanto, a única regra de fé e vida, e que as confissões da Igreja Luterana são uma exposição correta das doutrinas desta palavra”. Por que esta firme insistência, como resumido nas confissões luteranas? Porque para luteranos não pode haver nada mais importante do que as doutrinas expostas conforme sua interpretação da Bíblia.

Em vista do precedente, segundo sua interpretação, o termo “igreja” jamais deveria ser empregado para definir um grupo religioso que não pertence ao Senhor como seu corpo (Ef. 1.22,23). Uma seita que, de acordo com sua visão, nega a divindade de Jesus, como a dos unitaristas não deveria ser chamada igreja.

Escreve Lutero nos Artigos de Esmalcalde: “Graças a Deus, (hoje) uma criança de sete anos de idade sabe o que é a igreja, a saber, os santos crentes e cordeiros que escutam a voz do seu Pastor” (parte III, art. XII, cf. Livro de Concórdia, p. 338). Em seu Catecismo Maior, ele apresenta essa definição clássica: “Eu creio que há sobre a terra um pequeno grupo santo e congregação de santos puros sob uma cabeça, Cristo, chamados pelo Espírito Santo para uma fé, uma mente e uma compreensão, com dons multiformes, entretanto concordando em amor, sem seitas nem cismas. Também faço parte do mesmo, sendo participante e co-proprietário de todos os bens que possui, trazido a ele e incorporado nele pelo Espírito Santo pelo ouvir e pelo continuar a ouvir a palavra de Deus, que é o processo de iniciação nele. Pois, anteriormente, antes de termos alcançado isto, pertencíamos ao diabo, nada sabendo de Deus e de Cristo. Assim, até o último dia, o Espírito Santo permanece com a santa congregação, ou cristandade, por intermédio da qual ele nos traz a Cristo, e é ela que o Espírito Santo utiliza para nos ensinar a pregar a palavra; pela igreja ele age e promove a santificação, fazendo-a crescer diariamente e fortalecendo-a na fé e nos frutos que ele faz produzir”. (O Credo. Art. III, cf. Livro de Concórdia, p. 454).

A Confissão de Ausburgo

A Confissão de Ausburgo é o documento que Felipe Melanchton escreveu e que foi apresentado, como sendo o testemunho luterano, ao Imperador Carlos V e à Dieta do Santo Império Romano, a 25 de junho de 1530. Compõe-se de vinte e oito artigos. Destes, os primeiros vinte e um apresentam a doutrina luterana e sintetizam os ensinamentos de Lutero. Eles tentam provar que os luteranos não estavam ensinando novas doutrinas, contrárias às Escrituras Sagradas, e que não constituíram uma nova seita religiosa. Os Artigos XXI a XXVIII pretendem tratar dos abusos medievais que os luteranos tinham corrigido.

Sua leitura angariou prosélitos importantes. O bispo Stadion de Ausburgo teria afirmado: “O que foi lido é a pura verdade, e nós não podemos negá-lo”. Quando João Eck, um dos mais ativos adversários de Lutero, supostamente disse ao duque Guilherme da Baviera que ele era capaz de refutar a Confissão de Ausburgo com os pais eclesiáticos, mas não com as Sagradas Escrituras, Guilherme teria respondido: “Assim, pois, ouço que os luteranos estão com a Escritura e nós, que seguimos o pontífice, fora dela”.

Os Credos Ecumênicos

Em reposta à acusação de que a Igreja Luterana se desviou da antiga fé da Igreja Cristã e era, por isso, uma nova seita, os pais luteranos oficialmente declararam sua concordância total com os credos ecumênicos. No prefácio da Fórmula de Concórdia declararam: “E porque imediatamente depois do tempo dos apóstolos e mesmo enquanto eles ainda viviam, falsos mestres e hereges se levantaram, símbolos, isto é, confissões breves e concisas, foram compostos contra eles na igreja primitiva, que foram considerados como a unânime, universal fé cristã e a confissão da Igreja Ortodoxa e verdadeira, a saber, o Credo Apostólico, o Credo Niceno, e o Credo Atanasiano; juramos fidelidade a eles, e deste modo rejeitamos todas as heresias e doutrinas, que, contrárias a eles, têm sido introduzidas na igreja de Deus”.

A primeira confissão da fé cristã foi o Credo Apostólico. Divergências posteriores levaram à formulação do Credo Niceno (325) e do Credo Atanasiano (451). Essas três confissões são conhecidas como Credos Ecumênicos ou Universais.

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RESUMO DE CONCURSOS

Contudo, com o passar dos tempos, segundo a visão Luterana, a igreja foi se desviando da verdade bíblica. Vozes que clamavam contra o erro foram silenciadas. Martinho Lutero, monge agostiniano, doutor em Teologia e professor da Bíblia na Universidade de Wittemberg, Alemanha, postulou que a igreja estava desviada da verdade bíblica. A Igreja Luterana vê em Lutero um instrumento de Deus para reconduzir a igreja às verdades bíblicas e considera ainda que Deus preparou outros homens fiéis que participaram da causa da Reforma.

Os seguintes documentos formam as Confissões Luteranas:

• Catecismo Menor (1529), um resumo de interpretações bíblicas, escritas para o povo.• O Catecismo Maior (1529), as mesmas interpretações detalhadamente explicadas para adultos.• A Confissão de Augsburgo (1530), a principal confissão luterana.• A Apologia (1531), uma defesa da Confissão de Augsburgo.• Os Artigos de Esmalcalde (1537) reafirmam os ensinos da Confissão de Augsburgo e expõem, com mais profundidade,

a doutrina da Santa Ceia, segundo a visão Luterana.• A Fórmula de Concórdia (1577), que define o pecado original, a impossibilidade de o homem salvar-se por suas próprias

forças e a pessoa e obra de Cristo.

As Confissões foram reunidas no Livro de Concórdia, em 1580, que é aceito hoje por muitas igrejas luteranas no mundo. Essas igrejas afirmam: “ Aceitamos todos os livros canônicos das Escrituras Sagradas do Antigo e Novo Testamentos, como palavra infalível de Deus e, como exposição correta da Escritura Sagrada, aceitamos os livros simbólicos reunidos no Livro de Concórdia.” A Escritura ou Bíblia Sagrada é a única norma na igreja para doutrina e praxe.

Luteranismo Mundial

A distribuição dos Luteranos hoje se encontra da seguinte forma:

• Europa: 49 milhões;• África: 21 milhões;• América: 10 milhões;• Ásia: 10 milhões.

Os países com o maior número de Luteranos hoje são:

1º) Alemanha: 23,0 milhões;2º) Estados Unidos: 8,4 milhões;3º) Suécia: 7 milhões;4º) Finlândia: 4,6 milhões;5º) Dinamarca: 4,5 milhões;6º) Etiópia: 5,6 milhões;7º) Indonésia: 5,7 milhões;8º) Noruega: 4 milhões;9º) Tanzânia: 3,5 milhões;10º) Madagascar: 3,5 milhões;11º) Brasil: 1 mihão.

Hoje mundo afora existe cerca de 250 ramos Luteranos, desta igrejas mais de 160 estão filiadas a (LWF) Federação Luterana Mundial e mais 50 fazem parte do (ILC) Concílio Luterano Internacional. As demais Igrejas Luteranas estão na sua maioria filiadas à Conferência Luterana Confessional e várias outras se intitulam Comunidades Luteranas Indepedentes. segundo dados levantados no período de 2005 / 2010 o número de Luteranos ultrapassa a marca dos 90.000.000. Mesmo com uma queda considerável na Europa o percentual de luteranos continua crescendo, no período de 2001 / 2006 houve um crescimento de quase 8.000.000 adeptos.

O Luteranismo Brasileiro

No ano de 1532 chegou ao Brasil o primeiro Luterano, Heliodoro Heoboano, filho de um amigo de Lutero, que aportou em São Vicente.

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RESUMO DE CONCURSOS

A primeira comunidade Luterana foi a de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro organizada em 1824 por Friedrich Osvald Sauerbronn o primeiro pastor luterano no Brasil. O Luteranismo se estabeleceu e expandiu em solo brasileiro através da Imigração alemã no Brasil. No Rio Grande do Sul o primeiro pastor luterano Georg Ehlers chegou com a terceira leva de imigrantes à São Leopoldo em 1824.

Dessas comunidades luteranas iniciais surgiram vários sínodos que foram se aglutinando e hoje formam especialmente duas igrejas: Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e a Igreja Evangélica Luterana do Brasil. No sul do Brasil existe outra igreja luterana, a IELI Igreja Evangélica Luterana Independente, proveniente de comunidades chamadas livres. A IELI, é uma igreja um pouco menor que as outras. A maioria dos membros da IELI, estão nas cidades de: Canguçu, São Lourenço do Sul, Arroio do Padre e Pelotas RS.

No século XIX, após a ordem de unificação dos luteranos com os reformados sob o comando do estado, na Prússia, o maior estado da Alemanha desta época, muitos dos que não concordaram com esta decisão, defendendo a distinção entre Igreja e Estado, emigraram para a América do Norte, fundando, em 1849, o “Sínodo de Missouri, Ohio e outros estados”, que hoje é a LC-MS (Lutheran Church - Missouri Synod). Assim,enquanto a maioria dos luteranos que chegaram ao Brasil em 1824 eram provenientes da linha estatal alemã, que gerou os diversos sínodos que deram origem à IECLB, a IELB é fruto de missão da igreja norte-americana a partir de 1900, que veio atendendo pedidos de luteranos no Brasil que desejavam atendimento daquele Sínodo Luterano.

Em 1 de julho de 1900, foi fundada uma congregação luterana no município de São Pedro, RS. Esta congregação enviou o chamado para um pastor do Sínodo de Missouri. Este pastor, Rev. W. Mahler, veio em 1901.

O número total de luteranos no Brasil, atualmente, é de pouco mais de um milhão.

Distribuição de luteranos no Brasil

• Rio Grande do Sul: 630 mil• Santa Catarina: 260 mil• Paraná: 90 mil• Espírito Santo: 85 mil• São Paulo: 45 mil• Rondônia: 21 mil• Minas Gerais e Rio de Janeiro: 35 mil• Região Centro-Oeste: 27 mil• Região Nordeste: 10 mil• Região Norte (exceto Rondônia): 5 mil

O CALVINISMO

O Calvinismo é tanto um movimento religioso protestante quanto uma ideologia sociocultural com raízes na Reforma iniciada por João Calvino em Genebra no século XVI.

A obra de João Calvino

João Calvino exerceu uma influência internacional no desenvolvimento da doutrina da Reforma Protestante, à qual se dedicou com a idade de 30 anos, quando começou a escrever os “Institutos da religião Cristã” em 1534 (publicado em 1536). Esta obra, que foi revista várias vezes ao longo da sua vida, em conjunto com a sua obra pastoral e uma coleção massiva de comentários sobre a Bíblia, são a fonte da influência permanente da vida de João Calvino no protestantismo.

Calvino apoiou-se a frase de Paulo: “pela fé sereis salvos”, esta frase de epístola de Paulo aos Romanos foi interpretada por Martinho Lutero ou simplesmente Lutero como pela fé sereis salvos. As duas frases, possuem a mesma coisa, ou seja, não muda o sentido.

Para Bernardye Cotitretw, biógrafo de Calvino, “o calvinismo é o legado de Calvino e torna-se uma forma de disciplina, de ascese, que não raramente é levada ao extremo da teimosia”. O Calvinista é pois no extremo um profundo conhecedor da Bíblia, que pondera todas as suas ações pela sua relação individual com a moral cristã. O Calvinismo é também o resultado de uma evolução independente das idéias protestantes no espaço europeu de língua francesa, surgindo sob a influência do exemplo que na Alemanha a figura de Martinho Lutero tinha exercido. A expressão “Calvinismo” foi aparentemente usada pela primeira vez em 1552, numa carta do pastor luterano Joachim Westphal, de Hamburgo.

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RESUMO DE CONCURSOS

O Calvinismo marca a segunda fase da Reforma Protestante, quando as igrejas protestantes começaram a se formar, na seqüência da excomunhão de Martinho Lutero da Igreja Católica romana. Neste sentido, o Calvinismo foi originalmente um movimento luterano. O próprio Calvino assinou a confissão luterana de Augsburg de 1540. Por outro lado, a influência de Calvino começou a fazer sentir-se na reforma Suíça, que não foi Luterana, tendo seguido a orientação conferida por Ulrico Zuínglio. Tornou-se evidente que a doutrina das igrejas reformadas tomava uma direcção independente da de Lutero, graças à influência de numerosos escritores e reformadores, entre os quais João Calvino era o mais eminente, tendo por isso esta doutrina tomado o nome de Calvinismo.

Uma vez que tem múltiplos fundadores, o nome “Calvinismo” induz ligeiramente ao equívoco, ao pressupor que todas as doutrinas das igrejas calvinistas se revejam nos escritos de João Calvino.

O nome aplica-se geralmente às doutrinas protestantes, que não são luteranas, e que têm uma base comum nos conceitos calvinistas, sendo normalmente ligadas a igrejas nacionais de países protestantes, conhecidas como igrejas reformadas, ou a movimentos minoritários de reforma protestante.

Nos Países Baixos, os calvinistas estabeleceram a Igreja Reformada Neerlandesa. Na Escócia, através da zelosa liderança do ex-sacerdote católico John Knox, a Igreja Presbiteriana da Escócia foi estabelecida segundo os princípios calvinistas. Na Inglaterra, o calvinismo também desempenhou um papel na Reforma, e, de lá, seguiu com os puritanos para a América do Norte. Na França, os calvinistas, chamados de Huguenotes, foram perseguidos, combatidos e muitas vezes obrigados ao exílio. Em Portugal, na Espanha ou na Itália, estas doutrinas tiveram pouca divulgação e foram ativamente combatidas pelas forças da Contra-Reforma, com a ação dos Jesuítas e da Inquisição.

O sistema teológico e as práticas da igreja, da família ou na vida política, todas elas algo ambiguamente chamadas de “Calvinismo”, são o resultado de uma consciência religiosa fundamental centrada na “soberania de Deus”.

O Calvinismo pressupõe que o poder de Deus tem um alcance total de atividade e resulta da convicção de que Deus trabalha em todos os domínios da existência, incluindo o espiritual, físico, intelectual, quer seja secular ou sagrado, público ou privado, no céu ou na terra. De acordo com este ponto de vista, qualquer ocorrência é o resultado do plano de Deus, que é o criador, preservador, e governador de todas as coisas, sem excepção, e que é a causa última de tudo. As atividades seculares não são colocadas abaixo da prática religiosa. Pelo contrário, Deus está tão presente no trabalho de cavar a terra como na prática de ir ao culto. Para o cristão calvinista, toda a sua vida é um culto a Deus.

De acordo com o princípio da Predestinação, por causa de seus pecados,o homem perdeu as regalias que possuía e distanciou-se de Deus. O homem é considerado “morto” para as coisas de Deus e é dominado por uma indisposição para servir a Deus.

Só havia, então, uma maneira de resolver esse problema: o próprio Deus reatando os laços. Deus então, segundo a doutrina da predestinação, escolheu alguns dos seres humanos caídos para salvar da pecaminosidade e restaurar para a comunhão com ele. Deus teria tomado esta decisão antes da criação do Universo. Mas é claro que não é por causa de quaisquer boas ações que eles foram escolhidos: “porque pela graça sois salvos,mediante a fé, e isso não vem de vós;é dom de Deus; não vem de obras, para que ninguém se glorie”.(Efésios 2:8,9) Os cinco pontos do calvinismo (conhecidos pelo acróstico TULIP, referente às iniciais dos pontos em inglês) são doutrinas básicas sobre a salvação, definidas pelo Sínodo de Dort. São eles:

• Predestinação da alma;• Eleição incondicional;• Expiação limitada;• Vocação eficaz (ou Graça Irresistível);• Perseverança dos santos.

O Calvinismo também defende uma Teologia Aliancista e os Sacramentos como meio de graça, Santa Ceia e Batismo, incluindo o Batismo infantil. Calvino na sua principal obra, as Institutas diz: “Eis aqui por que Satanás se esforça tanto em privar nossas criaturas dos benefícios do batismo; Sua finalidade é que se esquecermos de testificar que o Senhor tem ordenado para confirmar as graças que ele quer nos conceder pouco a pouco vamos nos esquecendo das promessas que nos fez a respeito disto. De onde não só nasceria uma ímpia ingratidão para com a misericórdia de Deus, mas também a negligência de ensinarmos nossos filhos no temor do Senhor, e na disciplina da Lei e no conhecimento do Evangelho. Porque não é pequeno estimulo sabermos que educá-los na verdadeira piedade e obediência a Deus. E saber que desde seu nascimento foram recebidos no Senhor e em seu povo, fazendo-os membros de sua igreja.” (CALVINO, 1999, p. 1069.) O calvinismo deveria ser austero e disciplinado, ou seja: As pessoas não tinham direito a excessos de luxo, e conforto, sem esbanjamento matriana.

Interpretação Sociológica

Sociólogos como Max Weber e Ernest Gellner analisaram a teoria e as conseqüências práticas desta doutrina e chegaram à conclusão de que os resultados são paradoxais. Em parte explicam o precoce desenvolvimento do capitalismo nos países onde o Calvinismo foi popular (Holanda, Escócia e Estados Unidos da América, sobretudo).

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RESUMO DE CONCURSOS

O Calvinista acredita que Deus escolheu um grupo de pessoas e que as restantes vão para o Inferno. Conseqüentemente, a pergunta que qualquer Calvinista se faz é: “Estarei eu entre os escolhidos?”.

Como é que um Calvinista sabe se está entre os escolhidos ou não? Teoricamente, não é ele que o determina. A decisão está tomada. Foi tomada por Deus. Como é que eu sei se fui escolhido ou não? Resposta: Deus me atraiu e eu cri na sua palavra. Ela é que me diz: “Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus a saber os que creem em seu nome”. Pela graça sois salvos, isto não vem de vós é dom de Deus para que ninguém se vanglorie.

Sendo um bom cristão, trabalhando muito, seguindo sempre todos os princípios bíblicos, o Calvinista prova a si mesmo que foi um escolhido, pelo seu sucesso como cristão. Não é a sua própria ação, mas de Deus, pois se Deus trabalha por ele, ele conclui que foi um dos eleitos.

Sendo assim, historicamente, para muitos Calvinistas, o sucesso no trabalho e a conseqüente riqueza poderá ser um dos sinais de que está entre os escolhidos de Deus. Os Holandeses, os Escoceses e os Americanos ganharam, então, a fama de serem sovinas, pouco generosos, interessados apenas no dinheiro. Estas características são na vida moderna quase um dado adquirido em qualquer cultura, mas nos tempos da Reforma Protestante, o Calvinismo terá instituído uma nova e revolucionária forma de relação com a riqueza. Ver Ernest Gellner para mais detalhes..

Ocorre que o uso dos ideais calvinistas para o alavancar da sociedade capitalista é equivocadamente relacionado a ideais capitalistas intrínsecos ao calvinismo. Calvino em sua obra afirma que a riqueza não tem razão de ser se não para ajudar aos que necessitam, e critica a avareza ao dizer que o fruto do trabalho só é digno se útil ao próximo:

“Da mão de Deus tens tu o que possuis. Tu, porém, deverias usar de humanidade para com aqueles que padecem necessidades. És rico? Isso não é para teu bel prazer. Deve a caridade faltar por isso? Deve ela diminuir? Não está ela acima de todas as questões do mundo? Não é ela o vínculo da perfeição?” Sermao CXLI sobre Dt 24.19-22. OPERA CALVINI, tomo XXVIII, p. 204

“Condena o Profeta a estes ladrões e assaltantes que lhe parecia deterem o poder de oprimir a gente pobre e o pequeno trabalhador, uma vez que eram eles que tinham grande abundância de trigo e grãos; ... é o mesmo como se cortassem a garganta dos pobres, quando os fazem assim sofrer fome.” Os Doze Profetas Menores, op. cit., Am 8.5

Mas o Calvinismo se espalhou pelos países que estavam passando pelo processo da Expansão Comercial. Entre eles os países eram: França, Holanda, Inglaterra, e Escócia. Isto atraíra vários comerciantes, e banqueiros.

A prosperidade econômica também foi um sinal da escolha divina, o que valorizava o trabalho, e a justificativa as atividades da burguesia.

A REFORMA CATÓLICA (CONTRA-REFORMA)

Reação da Igreja Católica

Na tentativa de conter o avanço protestante a Igreja Católica reativou o Tribunal da Inquisição em 1542, para julgar àqueles acusados de propagar as idéias reformistas.

Convocado pelo Papa Paulo III, foi realizado na cidade de Trento, norte da Itália, entre os anos de 1545 e 1563. Ali foram traçadas as estratégias para combater o avanço protestante. Ele se realizou em três períodos e determinou:

• Organizou a disciplina do clero: os padres deveriam estudar e formar-se em seminários. Não poderiam ser padres antes dos 25 anos, nem bispos antes dos 30 anos.

• Estabeleceu que as crenças católicas poderiam ter dupla origem: as Sagradas Escrituras (Bíblia) ou as tradições transmitidas pela Igreja; apenas esta estava autorizada a interpretar a Bíblia. Mantinham-se os princípios de valia das obras, o culto da Virgem Maria e das imagens.

• Reafirmava a infalibilidade do papa e o dogma da transubstanciação. • A conseqüência mais importante deste Concilio foi o fortalecimento da autoridade do papa, que, a partir de então, passou

a ter a palavra final sobre os dogmas defendidos pela igreja católica. • A partir da Contra-Reforma surgiram novas ordens religiosas, como a Companhia de Jesus, fundada por Ignácio de

Loyola em 1534. Os jesuítas se organizaram em moldes quase militares e fortaleceram a posição da Igreja dentro dos países europeus que permaneciam católicos. Criaram escolas, onde eram educados os filhos das famílias nobres; foram confessores e educadores de várias famílias reais; fundaram colégios e missões para difundir a doutrina católica nas Américas e na Ásia. “

• Em 1564, é criado o Índex, Librorum Prohibitorum, uma lista de livros elaborada pelo Santo Ofício, cuja leitura era proibida aos fiéis católicos.

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RESUMO DE CONCURSOS

O BATISMO DA AMÉRICA

A cada passo da aproximação e da conquista das novas terras, os portugueses repetiam as atitudes de Adão ao tomar conhecimento dos animais: conferiam nomes aos lugares. Primeiro, Monte Pascoal, ao visitarem terras à época da Páscoa. Terra de Vera Cruz e Terra de Santa Cruz para definir a vinculação das possessões à cristandade. Baía de Todos os Santos, São Vicente, São Sebastião do Rio de Janeiro, São Paulo, todos os nomes das regiões referiam-se ao santo padroeiro do dia de sua conquista pelos portugueses. O batismo das novas terras antecedeu o batismo dos nativos. Como dizia na Bíblia, nomear era uma forma de exercer o domínio e o controle simbólicos da quilo que se nomeia.

A obsessão pela rota das Índias (terra das especiarias) fez com que o reinado português, especialmente nos séculos XV e XVI, investisse em esforços para realização de grandes expedições marítimas. O fato é que Portugal, neste período, mostrou ser uma importante potência marítima, possuidora de um conhecimento apurado com respeito às técnicas de navegação. A “empresa marítima” portuguesa contava ainda, com pilotos competentes como: Diogo Cão, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama, entre outros. A famosa “Escola de Sagres” foi desenvolvida pelo então Infante D. Henrique, com objetivo de reunir mestres das artes e das ciências da navegação.

Seguindo os mesmos ares do interesse luso, a realeza espanhola decidiu acreditar nas teorias e cálculos do genovês Américo Vespúcio (alimentado com a mesma pretensão de atingir as Índias). Vespúcio, ao manter o primeiro contato com o litoral brasileiro em 1501, ficou vislumbrado com tamanha beleza “espalhada”, embora imaginasse ter atingido as Índias. Américo Vespúcio chegou a comparar a nova descoberta com o Jardim do Éden (registrado no livro de gênesis da Bíblia). O verde era exuberante, abundante, totalmente envolvido por um azul puro do céu. Havia uma vasta extensão de terras, e as criaturas eram diversas. Realmente, a biodiversidade contida no litoral do Novo Mundo encantou os viajantes europeus. Pois, esta admiração e, sobretudo, reconhecimento frente à beleza presente no litoral brasileiro não foi expressa somente por Américo Vespúcio, outros personagens históricos também o fizeram (até mesmo antes do viajante genovês). Conforme exemplo da expedição de Pedro Álvares Cabral, que por meio de seu escrivão oficial da tripulação, Pero Vaz de Caminha, registrou dizeres similares (sobre a “nova descoberta”) em sua magnífica carta direcionada ao então, rei D. Manuel I, em abril de 1500. Caminha relata inclusive um amistoso relacionamento com os nativos do Novo Mundo, conforme trecho: “foram recebidos com muito prazer e festa”.... “mansos e seguros”.

Havia, portanto, um ponto em comum com respeito aos adjetivos e comparações direcionadas ao Novo Mundo, tanto pelos portugueses quanto pelo genovês e sua tropa.

Entretanto, o bom relacionamento estabelecido entre portugueses e ameríndios, cercados da beleza singular do local, logo se perderia com a falta de tranqüilidade, marcada, sobretudo, pela disputa de terras e pela necessidade de mão - de - obra. A modificação deste ambiente contaria com a exploração, mais tarde, de africanos trazidos para o Novo Mundo.

Ainda assim, é importante entender que o processo de colonização do Brasil abrigou muitos episódios revoltosos durante sua trajetória. O pacto colonial estabelecido entre colônia e metrópole (Portugal) gerou instabilidade política, refletindo fortes alterações econômicas e, sobretudo, sociais. Na metade do século XVII houve o revigoramento deste pacto, onde a política colonial provocou uma concentração de motins na região. Esta condição acabou alimentando um forte sentimento de descontentamento na colônia, visto que o comportamento da Coroa portuguesa oscilava entre episódios de liberalidade e outros de extremo controle e rigorosidade, principalmente na fiscalidade.

Morte a Hospitalidade Nativa

Como mencionado, a carta de Pero Vaz de Caminha revela o tranqüilo clima inicial entre portugueses e nativos. Este clima envolvia até mesmo a troca de objetos e de favores, principalmente por parte dos nativos, que, por qualquer novidade lusitana, traziam alimentos (principalmente água pura, visto que a água armazenada nos navios estava podre devido à longa viagem) e ajudavam os brancos em atividades braçais. Porém, esta situação não duraria por muito tempo.

No século XVI regiões como o sul da Bahia e a Companhia de São Paulo foram palcos de grandes conflitos envolvendo índios e brancos. Muitas vezes o maior número de nativos, comparados à população branca, estimulava e encorajava o desenvolvimento de conflitos. Estas revoltas nasciam de pequenos desentendimentos entre colonos e índios. Em 1567 explodiu uma revolta na Bahia, onde havia escravização generalizada de nativos. Nesta ocasião, proprietários de engenho foram atacados e mortos, fazendas foram destruídas, ocorreram fugas em massa, mobilizaram um maior número de nativos, plantações foram queimadas.

Por outro lado, os colonizadores estavam dispostos a conquistar grandes extensões de terras para plantações e, sobretudo, criações de gado, especialmente na região norte. Em 1680, no Rio Grande do Norte, esta intenção dos portugueses desencadeou um grande motim por parte dos índios da nação dos janduís - este grupo apoiou os holandeses quando da invasão destes ao litoral brasileiro entre (1360-54) - daí o enorme temor quanto à possibilidade de serem escravizados. Neste conflito centenas de colonos foram mortos, a ferocidade dos janduís mostrou-se extrema. Todas as vítimas tornaram-se banquete para os nativos.

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RESUMO DE CONCURSOS

Outro importante conflito que mereceu destaque no Brasil colonial fica por conta de uma espécie de resistência a escravização que “trabalhava” principalmente o lado espiritual (com traços do catolicismo) como proteção, denominada “Santidade de Jaguaribe”, ocorrida aproximadamente em 1580 na Bahia. Os participantes deste fenômeno eram índios, ex-escravos, e mais tarde, escravos foragidos. Eles acreditavam poder atingir o fim da escravidão.

Em busca da “melhor” escravidão

O foco de resistência escravista na América portuguesa aumentava juntamente com o crescimento do número de escravos vindos da África. Na busca frenética pelo ouro, nas primeiras décadas do século XVIII, Minas Gerais chegou a abrigar o maior número de escravos já computados da América. As insurreições generalizadas tornaram-se mais comuns em meados do século XIX. Até então, havia resistências coletivas e individuais.

Os quilombos eram modelos da resistência coletiva que nos revela uma condição surpreendente quanto aos objetivos de tal comportamento. Estes grupos de escravos não reivindicavam a destruição definitiva e imediata da escravidão, e sim, uma forma negociada (melhores condições) de conviver entre: senhores, africanos, mulatos e crioulos.

O aumento da formação de quilombos (atingiu o número de 160 em Minas Gerais no século XVIII) e das fugas em massa acabou alimentando as revoltas em fazendas, como ocorrido em Camamu (região sul da Bahia), em 1691. Este levante provocou destruição de plantações, morte dos proprietários e seqüestro de mulheres e crianças. O conflito tornou-se uma insurreição coletiva com a catalisação dos escravos.

Na Minas Gerais havia um verdadeiro caldeirão de inquietações, a região vivia sob o tormento da possibilidade de, a qualquer momento, sofrer um ataque generalizado dos escravos. O número de rebeliões até então, não acompanhava, nem de perto, o aumento da formação de quilombos. Segundo Carlos Magno Guimarães, o quilombo era uma forma de negação da ordem escravista. A população senhorial vivia sob forte tensão e ameaças de ataques por meio de planos secretos objetivando a morte de todos os brancos.

Embora o espírito de revolta e descontentamento fosse o que tomara contra dos negros escravizados na colônia, percebemos que, nem sempre, a luta e resistência - seja ela individual ou coletiva - refletia na busca, por parte destes “revoltosos”, da liberdade absoluta. Para ilustrar este tipo de situação, vejamos o exemplo de um levante ocorrido aproximadamente em 1789, no Engenho de Santana, em Ilhéus (sul da Bahia), conforme relato: “Essa insurreição é especialmente surpreendente não por lances de violência ou radicalismo, mas porque ali os escravos amotinados redigiram um acordo que apresentaram ao proprietário com os termos para acabarem com a revolta. Verdadeira lição sobre os limites e as popularidades da insurreição escrava, nos termos do “tratado”, ao contrario do que se pode - e deve - imaginar, os escravos não reivindicavam a liberdade nem sequer mencionavam os castigos corporais. Pediam, isso sim, a substituição dos feitores e a participação na escolha dos próximos, melhores condições de trabalho - mais dias para cultivar lavoura própria, embarcação para levar seus produtos para serem comercializados na cidade, mais funcionários, etc.”

O Brasil (do descobrimento ao colonialismo) conseguiu encantar os europeus viajantes e, ao mesmo tempo, despertou um acirrado interesse entre estes que mais adiante, provocaria um verdadeiro teatro de conflitos com a participação de “estrangeiros”, índios, brancos e negros. Os motivos que alimentaram as rebeliões estendiam-se a diversidade. Havia descontentamento pelas altas taxações impostas pela metrópole, pela falta de gêneros alimentícios para colonos e escravizados, pelo desequilíbrio político contido na relação entre colônia e metrópole, pela falta de regularidade no pagamento dos soltos dos militares, etc. O paraíso terrestre do Novo Mundo fora vencido pelos interesses de natureza infernal e européia.

TESTES

01. (FUVEST-2011) – “Os cosmógrafos e navegadores de Portugal e Espanha procuram situar estas costas e ilhas da maneira mais conveniente aos seus propósitos. Os espanhóis situam-nas mais para o Oriente, de forma a parecer que pertencem ao Imperador (Carlos V); os portugueses, por sua vez, situam-nas mais para o Ocidente, pois deste modo entrariam em sua jurisdição.”

Carta de Robert Thorne, comerciante inglês, ao rei Henrique VIII, em 1527.O texto remete diretamente:a) À competição entre os países europeus retardatários na corrida pelos descobrimentos.b) Aos esforços dos cartógrafos para mapear com precisão as novas descobertas.c) Ao duplo papel da marinha da Inglaterra, ao mesmo tempo mercantil e corsária.d) Às disputas entre países europeus, decorrentes do Tratado de Tordesilhas.e) À aliança das duas Coroas ibéricas na exploração marítima.

RESPOSTA “D”.

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RESUMO DE CONCURSOS

02. (GV-2008) – “Uma civilização, via de regra, implica uma organização política formal com regras estabelecidas para governantes e governados (mesmo que autoritários e injustos); implica projetos amplos que demandem trabalho conjunto e administração centralizada (como canais de irrigação, grandes templos, pirâmides, portos, etc.); implica a criação de um corpo de sustentação do poder (como a burocracia de funcionários públicos ligados ao poder central, militares, etc.); implica a incorporação das crenças por uma religião vinculada ao poder central, direta ou indiretamente (os sacerdotes egípcios, o templo de Jerusalém, etc.); implica uma produção artística que tenha sobrevivido ao tempo e ainda nos encante (o passado não existe em si, senão pelo fato de nós o reconstruirmos); implica a criação ou incorporação de um sistema de escrita (os incas não preenchem esse quesito, e nem por isso deixam de ser civilizados); implica finalmente, mas não por último, a criação de cidades.” J. Pinsky. As Primeiras Civilizações.

Com base nessa conceituação podemos afirmar que:a) Na América pré-colombiana não havia civilizações.b) As tribos ameríndias, entre elas, Incas, Maias e Astecas apesar de não terem desenvolvido um sistema de escrita são, por esses

critérios, civilizações.c) Trata-se de um modelo utilizado para diferenciar as muitas experiências humanas e tem como síntese a idéia de que toda e

qualquer forma de organização social é uma civilização.d) Considerando esses critérios, Incas, Egípcios, Gregos, Romanos, Mesopotâmios, Hebreus, Maias e Astecas são civilizações.e) Trata-se de uma conceituação que vincula a noção de não-violência à existência de povos civilizados.

RESPOSTA “D”.

03. (FUVEST–2009) – Em 1748, Benjamin Franklin escreveu os seguintes conselhos a jovens homens de negócios. “Lembra-te que o tempo é dinheiro... Lembra-te que o crédito é dinheiro... Lembra-te que o dinheiro é produtivo e se multiplica... Lembra-te que, segundo o provérbio, um bom pagador é senhor de todas as bolsas... A par da sobriedade e do trabalho, nada é mais útil a um moço que pretende progredir no mundo que a pontualidade e a retidão em todos os negócios”. Tendo em vista a rigorosa educação religiosa do autor, esses princípios econômicos foram usados para exemplificar a ligação entre:

a) Protestantismo e permissão da usura.b) Anglicanismo e industrialização.c) Ética protestante e capitalismo.d) Catolicismo e mercantilismo.e) Ética puritana e monetarismo.

RESPOSTA “C”.

ANOTAÇÕES

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RESUMO DE CONCURSOS

CAPÍTULO 5: O ANTIGO REGIME E A AMÉRICA

O Império de Deus pelos Ibéricos

A Reconquista foi decisiva para a história ibérica. Em termos políticos, o poder foi centralizado em Portugal e Castela. Dispondo de novas terras, que eram concedidas a seus vassalos, os reis controlaram o poder e a fidelidade da nobreza e assumiram o papel de representantes de Deus, cuja missão era construir o império de Cristo na Terra.

O fortalecimento das monarquias permitiu a padronização de moedas e de pesos e medidas, o que facilitou as transações mercantis. Os Estados aumentaram a arrecadação de impostos e obtiveram recursos para a montagem de exércitos e expedições marítimas.

Em 1415, Portugal dava início à expansão ultramarina com a conquista de Ceuta, no norte da África. Após uma série de viagens pela costa africana durante o século 15, os lusitanos conseguiram chegar às Índias em 1497.

Enquanto os portugueses controlavam a nova rota mercantil com o velho mundo, os espanhóis chegavam ao Caribe e incorporavam um novo continente à rede mercantil que se formava.

A expansão marítima retomava as motivações da Reconquista, combater em nome da fé e obter terras e riquezas. A conquista do ultramar parecia confirmar a crença de que os ibéricos haviam sido escolhidos por Deus.

Quanto mais se reforçava a identidade cristã na península Ibérica, mais intensas se tornavam as perseguições aos judeus. Vistos como responsáveis pela morte de Cristo, eles eram acusados de praticar magia negra, de propagar doenças e de sacrificar crianças cristãs no Natal.

A partir do século 15, os judeus foram obrigados a converter-se ao cristianismo em Portugal e na Espanha. Surgiram duas categorias sociais: o cristão-velho, antigo seguidor da religião cristã, e o cristão-novo, judeu recém-convertido. Para esse, outras diferenciações: o converso, sempre suspeito de judaísmo, e o marrano, que mantinha a fé judaica, mas praticava exteriormente o cristianismo para sobreviver.

Num momento de valorização do humanismo representado pelo Renascimento, desencadeava-se um agudo processo de desumanização. Os judeus eram descritos como porcos nas representações da época (marrano quer dizer suíno em espanhol) e sofreram todo tipo de humilhação e violência. Os índios foram escravizados, tiveram suas terras tomadas e foram submetidos a uma agressiva evangelização.

Restavam ainda os negros africanos, que passaram a ser trazidos para a América para produzir as riquezas coloniais. A esses estava reservado um destino não menos cruel e desumano. Ascensão e queda dos Impérios Ibéricos

1532-1580: Conquista Ibérica

De acordo com registros não-oficiais, o primeiro registro visual do continente por europeus aconteceu em 1498, pelo navegador português Duarte Pacheco Pereira. Nos anos seguintes, o espanhol Vicente Yáñez Pinzón, o genovês Cristóvão Colombo e o português Fernão de Magalhães, todos a serviço de Castela, costearam e exploraram o litoral sul-americano em diferentes pontos. Em 1500, Pedro Álvares Cabral chega oficialmente ao Brasil e toma posse da nova terra para Portugal. Explorações continuaram nos anos seguintes, com Sebastião Caboto, Diogo Botelho Pereira, Nicolau Coelho, Alonso de Ojeda, Francisco de Orellana, entre outros.

Em 1494, face ao achamento do Novo Mundo por Colombo, Portugal e Castela se apressaram em negociar a partilha das novas terras. A divisão do planeta em dois hemisférios foli oficializada no Tratado de Tordesilhas, auspiciado pelo papa espanhol Alexandre VI. As demais potências européias, como a França, no entanto, se recusaram a aceitar validade do tratado, como explicitado na declaração do rei Francisco I de França, que ironizou os reinos ibéricos por não ter visto “o testamento de Adão” que lhes legava de herança o mundo inteiro. Na mesma intenção, o britânico Walter Raleigh explorou a costa norte do continente, do Orinoco ao Amazonas.

Os espanhóis, estimulados pelo sucesso de Cortés no México (contra os astecas), descem pelo Panamá e desembarcaram na costa do Império Inca, liderados por Francisco Pizarro, Gonzalo Pizarro, Hernando de Soto e Diego de Almagro. Numa rápida guerra, seqüestraram e executaram o imperador, Atahuallpa, e destróem o maior Estado da América de então. As décadas seguintes assistiram ao massacre sistemático e ao genocídio dos povos nativos (por meio de ataques ou transmissão de doenças contra as quais não tinham imunidade), especialmente nas zonas de ocupação portuguesa, onde até hoje a população indígena foi praticamente aniquilada e não deixou vestígios nos traços étnicos da população. A conquista resultou num violento decréscimo demográfico, reduzindo drasticamente a população do continente.

A América do Sul ficou dividida praticamente entre os dois reinos ibéricos, com áreas de colonização litorânea ocidental-pacífica para Castela e a oriental-atlântica para Portugal. Espanhóis se instalaram no Prata, no Caribe e nos Andes, utilizando a infraestrutura

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RESUMO DE CONCURSOS

de cidades e transportes dos incas, além de iniciar a exploração de minas de prata em locais como Potosí. Já os portugueses investiram principalmente no extrativismo de pau-brasil e, mais tarde, na plantação de cana-de-açúcar. A ocupação portuguesa, a princípio, foi exclusivamente concentrada na faixa litorânea. O planalto das Guianas foi ocupado por ingleses (no Orinoco e Essequibo) e franceses (no Oiapoque e Maroni), mais tarde acrescentados dos holandeses.

A colonização ibérica também trouxe o proselitismo religioso, com a fundação de missões católicas para conversão dos nativos. O trabalho foi conduzido especialmente pelos jesuítas, membros da Companhia de Jesus fundada pelo espanhol Inácio de Loyola. Os jesuítas, como Bartolomeu de las Casas, tiveram papel fundamental na defesa dos indígenas contra a exploração por trabalho escravo. Povos como os guarani, na bacia do Paraná, foram protegidos durante três séculos pelos missionários. Isso estimulou a compra de africanos para trabalhar nas áreas de colonização (principalmente de plantação de cana-de-açúcar), o que fez crescer o tráfico negreiro da África para a América do Sul.

1580-1703: Disputas Coloniais

A União Ibérica, formada a partir de 1580, extingue na prática as fronteiras das zonas de colonização na América do Sul, alterando profundamente a dicotomia de ocupação até então existente entre lusos e castelhanos. Os dois povos, subordinados à mesma coroa, ganham a permissão de transitar livremente entre as duas áreas colonizadas — embora, na prática, o intercâmbio humano seja pouco.

A principal mudança da União Ibérica é que Portugal passa a ser inimiga dos adversários da Espanha, como Inglaterra e as recém-emancipadas Províncias Unidas dos Países Baixos. Com isso, potências como Inglaterra, França e Holanda invadiram e ocuparam áreas de dominação dos reinos ibéricos, como na Guiana, em Pernambuco e nas ilhas Malvinas, além de várias ilhas no Caribe. Os espanhóis não recuperam mais estas terras, enquanto os portugueses só conseguem expulsar os invasores após a recuperação da independência com a Revolução de 1640 (ver Guerra contra os holandeses).

A divisão administrativa das colônias criou, do lado espanhol, o Vice-Reino do Prata (atuais Argentina, Uruguai e Paraguai), o Vice-Reino de Nova Granada (atuais Colômbia, Venezuela, Equador e Panamá), o Vice-Reino do Peru (atuais Peru, Bolívia e norte do Chile) e a Capitania Geral do Chile, enquanto o lado português teve o Estado do Maranhão e o Estado do Brasil, depois unificados sob o Vice-Reino do Brasil.

Aos poucos, surgiu uma nova classe social e étnica, a partir da miscigenação entre colonos ibéricos e os índios: os mestiços ou gentio (na América Portuguesa) e os mestizos ou criollos (na América Hispânica). Nas áreas de escravidão, ocorreu o mesmo entre europeus e africanos, dando origem aos mulatos, cafuzos e mamelucos. Assim como os nativos, os mestiços eram forçados a pagar impostos abusivos, mas tinham mais acesso à cultura e de certa forma se viam herdeiros do patrimônio cultural católico e europeu. Aos poucos, esta “casta” começou a se rebelar contra o sistema de dominação colonial.

Presença portuguesa no Brasil

Em 1499 na segunda armada à Índia, a mais bem equipada do século XV, Pedro Álvares Cabral afastou-se da costa africana. A 22 de abril de 1500 avistou o Monte Pascoal no litoral sul da Bahia. Oficialmente tida como acidental, a descoberta do Brasil originou a especulação de ter sido preparada secretamente. O território conseguira fazer parte dos domínios portugueses renegociando a demarcação inicial da Bula Inter Coetera de 1493, quando D. João II firmou o Tratado de Tordesilhas em 1494, que movia mais para oeste o meridiano que separava as terras de Portugal e de Castela.

Até 1501, a Coroa portuguesa enviou duas expedições de reconhecimento. Confirmando a descrição de Pero Vaz de Caminha, de que “Nela até agora não podemos saber que haja ouro nem prata, nem alguma coisa de metal nem de ferro lho vimos; pero a terra em si é de muitos bons ares, assi frios e temperados como os d’antre Doiro e Minho”, encontrou-se como principal recurso explorável uma madeira avermelhada, valiosa para a tinturaria europeia, que os tupis chamavam ibirapitanga e a que foi dado o nome pau-brasil. Nesse mesmo ano o rei D. Manuel I decide entregar a exploração a particulares, adotando uma política de concessões de três anos: os concessionários deveriam descobrir 300 léguas de terra por ano, instalar aí uma fortaleza e produzir 20.000 quintais de pau-brasil.

Em 1502 um consórcio de comerciantes financiou uma expedição, que terá sido comandada por Gonçalo Coelho, para aprofundar o conhecimento sobre os recursos da terra, estabelecer contactos com os ameríndios e principalmente fazer o mapeamento da parte situada aquém do Meridiano de Tordesilhas, por isso pertencente à coroa portuguesa.

Em 1503, todo o território foi arrendado pela coroa para exploração do pau-brasil aos comerciantes que financiaram a expedição, entre eles Fernão de Noronha, que seria representante do banqueiro Jakob Fugger, que vinha financiando viagens portuguesas à Índia. Em 1506 produzia cerca de 20 mil quintais de pau-brasil, com crescente demanda na Europa, cujo preço elevado tornava a viagem lucrativa. Os navios ancoravam na costa e recrutavam índios para trabalhar no corte e carregamento, em troca de pequenas mercadorias como roupas, colares e espelhos (prática chamada “escambo”). Cada nau carregava em média cinco mil toras de 1,5 metro de comprimento e 30 quilogramas de peso. O arrendamento foi renovado duas vezes, em 1505 e em 1513. Em 1504, como reconhecimento, o rei D. Manuel I doou a Fernão de Noronha a primeira capitania hereditária no litoral brasileiro: a ilha de São João da Quaresma, atual Fernando de Noronha.

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Nas três primeiras décadas o Brasil teria um papel secundário na expansão portuguesa, então centrada no comércio com a Índia e para o Oriente. O litoral servia fundamentalmente como apoio à carreira da Índia, em especial a Baía de Todos-os-Santos onde as frotas se abasteciam de água e lenha, aproveitando para fazer pequenos reparos. No Rio de Janeiro, junto à foz do rio foi erguida uma construção inspirou o nome que os índios deram ao local: “cari-oca”, casa dos brancos.

Comerciantes de Lisboa e do Porto enviavam embarcações à costa para contrabandearem pau-brasil, aves de plumagem colorida (papagaios, araras), peles, raízes medicinais e índios para escravizar. Surgiram, assim, as primeiras feitorias. A cultura da cana-de-açúcar foi introduzida a partir de 1516 e as grandes plantações na Bahia e em Pernambuco exigiriam um número crescente de escravos negros da Guiné, do Benim e da Angola.

As Capitanias hereditárias e o primeiro Governo Geral (1532-1580)

Desde as expedições de Gonçalo Coelho que se assinalavam incursões de franceses no litoral brasileiro. A partir de 1520, os portugueses apercebem-se que a região corria o risco ser disputada, dada a contestação do Tratado de Tordesilhas por Francisco I de França, que incentivava a prática do corso(espécie de ataque). O aumento do contrabando de pau-brasil e outros gêneros por corsários, desencadearam um esforço de colonização efectiva do território.

Entre 1534-36 D. João III instituiu o regime de capitanias hereditárias, promovendo o povoamento através das sesmarias (Sesmaria foi um instituto jurídico português que normatizava a distribuição de terras destinadas à produção), como se fizera com sucesso nas ilhas da Madeira e de Cabo Verde. Foram criadas quinze faixas longitudinais que iam do litoral até o Meridiano das Tordesilhas. Este sistema envolvia terras vastíssimas, doadas a capitães-donatários que possuíssem condições financeiras para custear a colonização. Cada capitão-donatário e governador deveria fundar povoamentos, conceder sesmarias e administrar a justiça, ficando responsável pelo seu desenvolvimento e arcando com as despesas de colonização, embora não fosse proprietário: podia transmiti-la aos filhos, mas não vendê-la. Os doze beneficiários eram elementos da pequena nobreza de Portugal que haviam se destacado nas campanhas da África e na Índia, altos funcionários da corte, como João de Barros e Martim Afonso de Sousa. Das quinze capitanias originais (a dois meses de viagem de Portugal) apenas as capitanias de Pernambuco e de São Vicente prosperaram. Ambas se dedicaram à lavoura de cana-de-açúcar e, apesar dos problemas comuns às demais, os donatários Duarte Coelho e os representantes de Martim Afonso de Sousa, conseguiram manter os colonos e estabelecer alianças com os indígenas.

Percebendo o risco que corria o projeto de colonização, a Coroa decidiu centralizar a organização da Colónia. Com a finalidade de “dar favor e ajuda” aos donatários, o rei criou em 1548 o Governo Geral, enviando como primeiro governador-geral Tomé de Sousa. Resgatou dos herdeiros de Francisco Pereira Coutinho a Capitania da Baía de Todos os Santos, transformando-a na primeira capitania real, sede do Governo Geral. Esta medida não implicou a extinção das capitanias hereditárias.

O governador-geral passou a assumir muitas funções antes desempenhadas pelos donatários. Tomé de Sousa fundou a primeira cidade, Salvador (Bahia), capital do estado. Trouxe três ajudantes para ocupar os cargos das finanças, da justiça e da defesa do litoral. Vieram também padres jesuítas, para catequese dos indígenas. Em 1551, foi criado o 1º Bispado do Brasil. Foram também instaladas as Câmaras Municipais, compostas pelos “homens bons”: donos de terras, membros das milícias e do clero. Sob o governo de Tomé de Sousa que chegou ao Brasil um considerável número de artesãos. De início trabalharam na construção da cidade de Salvador e, depois, na instalação de engenhos na região.

Os governadores seguintes, Duarte da Costa (1553 - 1557) e Mem de Sá (1557 - 1572), reforçaram a defesa das capitanias, fizeram explorações de reconhecimento e tomaram medidas no sentido de reafirmar a colonização, enfrentando choques com índios e com invasores, especialmente os franceses.

AS INVASÕES DOS FRANCESES AO BRASIL

Em 1555, no governo de Duarte da Costa, os franceses invadiram o Brasil na região do Rio de Janeiro, pois não aceitavam o domínio de Portugal sobre as terras brasileiras.

Os franceses vieram para fundar uma colônia de exploração econômica, através do tráfico do pau-brasil, a madeira mais nobre e bonita que havia em nossas terras.

Comandados pelo almirante Coligny e por Nicolau Durand de Villegaignon, tomaram posse da baía de Guanabara, se instalando na ilha de Paranapuã, a atual ilha do Governador, no estado do Rio de Janeiro.

Como eram muito simpáticos e de boa prosa, os franceses não tiveram dificuldades em conquistar a simpatia dos índios Tamoios, que também eram contra os portugueses. Com isso, os franceses contaram com o apoio desses índios para permanecerem no Brasil..

Para se protegerem, construíram o forte de Villegaignon e fundaram a colônia França Antártica, que existiu pelo período de 1555 a 1567, buscando implantar a primeira igreja protestante no País. Mas não conseguiram se firmar em nossas terras, pois foram expulsos pelos portugueses.

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RESUMO DE CONCURSOS

Mem de Sá, o governador da época, precisou contar com reforços para liderar esse movimento, sendo enviado Estácio de Sá, seu sobrinho, que se tornou o grande líder da disputa.

Os franceses não desistiram. Em 1612, fizeram novas tentativas de se estabelecer no Brasil, mas dessa vez no estado do Maranhão. Sob o comando de Daniel de La Touche, as terras maranhenses foram invadidas, onde fundaram a França Equinocial, construindo o forte de São Luis para se defenderem.

O nome do forte foi uma homenagem ao rei da França na época, Luís XIII, o que originou o nome da futura capital do estado, São Luis do Maranhão.

Mas em 1615 os franceses perderam mais um confronto, os portugueses conseguiram expulsá-los novamente do Brasil.

AS PRIMEIRAS LAVOURAS DE CANA-DE-AÇÚCAR NO BRASIL

As lavouras de cana de açúcar do Brasil foram uma forma que os portugueses encontraram para ganhar dinheiro na Europa, pois o açúcar era bem aceito e comercializado lá fora.

Para instalar a produção de açúcar no Brasil, Portugal fez um acordo com a Holanda, dando-lhe o direito de assumir o refino e a venda do produto. Em troca, a Holanda financiaria a construção de engenhos pelo país, mas teria que comprar dos portugueses as pedras de açúcar, que eram feitas em forma de pão. Essas pedras ficaram conhecidas como Pão-de-Açúcar, o que originou o nome do lindo morro da cidade do Rio de Janeiro.

As pedras adquiridas pelos holandeses passavam pelo processo de refino, e o açúcar produzido era vendido nos países europeus, o maior lucro ficava para a Holanda.

Em Pernambuco e na Bahia as plantações eram grandes, pois o tipo de solo favorecia as plantações, além do clima quente e úmido. Lá se encontravam os maiores engenhos do país, na época colonial.

Mas foi Martin Afonso Pena que levou a cultura da cana para o litoral do estado de São Paulo, através de mudas retiradas da ilha da Madeira. Nos engenhos eram produzidos produtos como caldo de cana, melado, rapadura, aguardente, além do açúcar.

As fazendas de plantio de cana também eram conhecidas como engenhos e nelas moravam os donos das terras, conhecidos também como senhores de engenho, homens ricos e muito respeitados. Com eles moravam seus familiares, os escravos, os feitores e outros empregados.

Com o aumento da produção de cana de açúcar, o país precisou de mão de obra para o trabalho nas lavouras, e os escravos, trazidos da África em navios negreiros, vieram para esse trabalho. Isso aconteceu por volta do ano de 1535. Tiveram ainda que investir na criação de gado, para fazer o transporte da cana.

Os navios negreiros não tinham condições adequadas para o transporte de pessoas. Ali os negros podiam contrair doenças, pois não tinham condições de higiene. Além disso, eram muito maltratados, apanhavam, passavam fome e frio, muitos morriam durante a viagem.

Quando chegaram ao Brasil encontraram imensos canaviais para trabalharem cortando e plantando a cana, com uma jornada de trabalho que ia do nascer ao pôr do sol.

Tantos maus tratos fizeram com que os negros mais corajosos fugissem das fazendas em busca da liberdade, assim formaram as comunidades negras, a que deram o nome de quilombos. O mais conhecido deles foi o Quilombo de Palmares, situado onde é hoje o estado de Alagoas.

As fazendas de cana de açúcar fizeram com que o litoral nordestino tivesse um grande crescimento, com o surgimento de várias outras fazendas que aos poucos viraram pequenas vilas, sendo mais tarde transformadas em cidades.

Os negros foram muito importantes para a formação da etnia brasileira, pois trouxeram seus conhecimentos culinários, de danças, músicas, além de palavras que influenciaram nossa língua.

O MERCANTILISMO PORTUGUÊS

A agricultura e o comércio

A economia do Antigo Regime caracterizou-se pelo predomínio das actividades agrícola e mercantil. A produtividade agrícola era fraca devido às técnicas e aos instrumentos utilizados (tradicionais e rudimentares) e ao regime senhorial de exploração da terra. Nos séculos XVII e XVIII, a actividade mercantil tornou-se mais lucrativa e dinâmica. Portugal, como outros países que possuíam domínios ultramarinos, praticava a política de exclusivo colonial. Assim se desenvolveu um crescente tráfico colonial entre a Europa, a África e a América, mas a maioria do nosso comércio externo era realizado por mercadores estrangeiros.

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RESUMO DE CONCURSOS

O valor das nossas importações não era integralmente coberto pelas exportações, o que fazia a balança comercial portuguesa apresentar sucessivamente saldos negativos, mas as vendas dos géneros comerciais permitiam sustentar as importações dos produtos manufacturados. A partir de 1670 os preços dos géneros coloniais (como o açúcar e o tabaco) começaram a baixar, pois os rendimentos das exportações desceram a níveis muito inferiores às elevadas importações, dando origem a uma crise comercial agravada pelo facto de os compradores habituais de açúcar e tabaco passarem não só a produzi-los nas suas colónias como a procurarem outros mercados.

A política mercantilista

Por essa altura, a politica dominante na Europa era o mercantilismo, em que os governantes procuravam que a balança dos seus países fosse positiva através do protecionismo das atividades nacionais. Colbert, em França, tomou um conjunto de medidas que foram adoptadas por outros Estados Europeus. Em Portugal destacaram-se as medidas do conde de Ericeira: fundação e protecção de manufaturas, nomeadamente da indústria têxtil; vinda de técnicos estrangeiros especializados; monopólio de produtos; aumento de taxas alfandegárias sobre produtos concorrentes à produção nacional e publicação das pragmáticas.

A partir de 1699 o ouro brasileiro começa a achegar a Portugal, abandonando-se muitas das restrições impostas com a doutrina mercantilista e a política proteccionista. Tal agravou de novo o défice da balança comercial sendo os pagamentos em ouro, principal meio de pagamento da época, a compensar esse défice. Por outro lado a industria têxtil seria ainda mais prejudicada com o Tratado de Methuem em 1703, entre Portugal e Inglaterra, com o objectivo de garantir um mercado certo para os vinhos portugueses e o fim do contrabando dos têxteis ingleses.

A UNIÃO IBÉRICA

A União Ibérica e o Brasil Holandês - 1580 - 1640

Anexação de Portugal. Desde 1556 a Espanha era governada por Filipe II (1556 - 1598), membro de uma das mais poderosas dinastias européias: os Habsburgos ou Casa d’Áustria, que além da Espanha detinha o controle do Sacro-Império Romano Germânico, sediado na Áustria, com influências também sobre a Alemanha e a Itália.

Nos tempos do reinado de Filipe II, a exploração das minas de prata da América espanhola havia atingido o seu apogeu. Com a entrada da prata do México e do Peru, a Espanha se transformara, durante o século XVI, na mais poderosa nação européia. Isso levou os historiadores a classificarem o século XVI como o século da preponderância espanhola. Tendo em mãos recursos abundantes, Filipe II aliou o poderio econômico a uma agressiva política internacional, da qual resultou a anexação de Portugal (até então, reino independente) e a independência da Holanda (até então, possessão espanhola). Vejamos como Portugal passou ao domínio espanhol.

Em 1578, o rei de Portugal, D. Sebastião, morreu na batalha de Alcácer-Quibir, no atual Marrocos, em luta contra os árabes. Com a morte do rei, que não tinha descendentes, o trono de Portugal foi ocupado pelo seu tio-avô, o velho cardeal D. Henrique, que, no entanto, faleceu em 1580, naturalmente sem deixar descendência... Com a morte deste último, extinguia-se a dinastia de Avis, que se encontrava no trono desde 1385, com a ascensão de D. João I, mestre de Avis.

Vários pretendentes se candidataram então ao trono vago: D. Catarina, duquesa de Bragança, D. Antônio, prior do Crato e, também, Felipe II, rei da Espanha, que descendia, pelo lado materno, em linha direta, do rei D. Manuel, o Venturoso, que reinou nos tempos de Cabral. Depois de invadir Portugal e derrotar seus concorrentes, o poderoso monarca espanhol declarou: “Portugal, lo herdé, lo compré y lo conquisté”.

Assim, de 1580 até 1640, o rei da Espanha passou a ser, ao mesmo tempo, rei de Portugal, dando origem ao período conhecido como “União Ibérica”.

Portugal havia adotado até então uma política internacional muito prudente, evitando, tanto quanto possível, atritos nessa área, ciente de sua própria fragilidade. Essa situação foi altera da completamente com a sua anexação pela Espanha, já que Portugal herdou, de imediato, todos os numerosos inimigos dos Habsburgos. Do ponto de vista colonial, o mais temível inimigo era a Holanda.

Holandeses no Brasil

Os Países Baixos (atuais Bélgica, Holanda e parte do norte da França), desde a segunda metade da Idade Média, constituíram -se numa região de grande prosperidade econômica, cujas manufaturas têxteis desfrutavam inigualável reputação internacional. Formou-se, assim, nos Países Baixos, uma poderosa burguesia mercantil, uma das mais progressistas da Europa.

Os Países Baixos eram possessões dos Habsburgos e tinham grande autonomia no rei nado de Carlos V (pai de Filipe II). Suas tradições e interesses econômicos locais eram respeitados.

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RESUMO DE CONCURSOS

Essa situação se alterou profundamente com a ascensão de Filipe II, que herdou do pai o trono espanhol e os Países Baixos. A razão da mudança explica-se por dois motivos básicos: em primeiro lugar, o advento do protestantismo tinha polarizado o mundo cristão no século XVI, provocando intermináveis conflitos entre católicos e protestantes. Nos Países Baixos, em razão do predomínio burguês, difundiu-se rapidamente o calvinismo, ao passo que a Espanha mantinha-se profundamente católica. E Filipe II era considerado o mais poderoso e o mais devotado monarca católico. Em segundo lugar, Filipe II era um rei absolutista. Assim, com a sua chegada ao trono terminou a fase de benevolência em relação aos Países Baixos. O novo monarca pôs fim à tolerância religiosa e substituiu os governantes nativos por administradores espanhóis de sua confiança, subordinando os Países Baixos diretamente à Espanha.

A reação nos Países Baixos foi imediata, com a eclosão de revoltas por toda parte. A fim de reprimi-las, Filipe II enviou tropas espanholas sob o comando do violento duque de Alba. À repressão político-religiosa, somou se o confisco dos bens dos revoltosos, conforme relatou o duque de Alba ao rei: “Atualmente detenho criminosos riquíssimos e temíveis e os submeto a multas em dinheiro; logo me ocuparei das cidades criminosas. Desse modo às arcas de Vossa Majestade fluirão somas consideráveis”.

Contra essa violência espanhola uniram-se dezessete províncias dos Países Baixos para resistir melhor. Porém, a luta anticatólica, antiabsolutista e antiespanhola dos Países Baixos começou a tomar, com o tempo, uma coloração mais radical e passou a ameaçar a própria ordem social. A nobreza e os ricos mercadores começaram a se sentir ameaçados em seus privilégios pela crescente participação popular na rebelião antiespanhola, principalmente nas províncias do sul - Bélgica atual. A fim de evitar o agravamento dessa tendência indesejável para a camada dominante, as províncias do sul decidiram abandonar a luta e se submeter aos espanhóis em 1579. No entanto, continuaram a resistir as sete províncias do norte, que formaram a União de Utrecht, em 1581, e não mais reconheceram a autoridade de Filipe II.

Sob a liderança de Guilherme, o Taciturno, prosseguiu a luta da União de Utrecht. Guilherme, entretanto, foi assassinado em 1584, o que conduziu à criação de um Conselho Nacional, integrado pela nobreza e pela burguesia. Nasceram, desse modo, as Províncias Unidas dos Países Baixos na República da Holanda.

Em sua luta contra a Espanha, a Holanda foi apoiada ativamente pela Inglaterra. Assim, devido à tenaz resistência holandesa e à ampliação do conflito, a Espanha aceitou finalmente uma trégua - a trégua dos 12 anos: de 1609 a 1621 –, que foi, na prática, o reconhecimento da independência da Holanda.

Reflexos da Guerra dos Países Baixos em Portugal

Desde a Idade Média, Portugal mantinha com os Países Baixos relações comerciais, que se intensificaram na época da expansão marítima. Os mercadores flamengos eram os principais compradores e distribuidores dos produtos orientais trazidos por Portugal.

Ora, essa situação se alterou radicalmente com a Guerra dos Países Baixos. A Espanha, que nesse tempo já havia incorporado o reino português, adotou, em represália aos Países Baixos, medidas restritivas ao comércio com seus portos, incluindo Portugal.

Para a Holanda, que conquistara a independência, tais medidas tornaram-se permanentes. Porém, uma vez vedado o acesso aos portos portugueses, os mercadores de Amsterdã decidiram atuar diretamente no Índico. As primeiras experiências acabaram fracassando, mas a solução para o comércio direto foi finalmente encontrada com a constituição da Companhia das Índias Orientais (1602), que passou a ter o monopólio do comércio oriental, garantindo desse modo a lucratividade da empresa.

O êxito dessa experiência induziu os holandeses a constituírem, em 1621, exatamente no momento em que expirava a trégua dos 12 anos, a Companhia das Índias Ocidentais, a quem os Estados Gerais (órgão político supremo da Holanda) concederam o monopólio do tráfico de escravos, da navegação e do comércio por 24 anos, na América e na África. A essa nova companhia deve-se creditar a maior façanha dos holandeses: a conquista de quase todo o nordeste açucareiro no Brasil.

Os holandeses na Bahia (1624-1625)

A primeira tentativa de conquista holandesa no Brasil ocorreu em 1624. O alvo visado era Salvador, a capital da colônia. Os holandeses não faziam muito segredo de seus planos. Diogo de Mendonça Furtado, governador da Bahia, tinha conhecimento

do fato, embora não tomasse nenhuma providência para repelir o iminente ataque holandês. Resultado: no ano de 1624, quando a invasão holandesa se efetivou, bastaram pouco mais de 24 horas para que a cidade fosse completamente dominada. O governador Mendonça Furtado foi preso e enviado a Amsterdã. O seu lugar foi ocupado pelo holandês Van Dorth.

Passado o pânico inicial, os colonos se reagruparam e começaram a resistência. Destacou-se aqui o bispo Dom Marcos Teixeira, que mobilizou os moradores através do apelo religioso: a luta contra os holandeses foi apresentada como luta contra os heréticos calvinistas. Essa luta guerrilheira que então se iniciou, contabilizou alguns êxitos, entre eles a morte do próprio governador holandês, Van Dorth. Enfim, os holandeses foram repelidos por uma esquadra luso espanhola, conhecida com o nome pomposo de Jornada dos Vassalos. Essa primeira tentativa holandesa durou praticamente um ano: de 1624 a 1625.

Apesar do fracasso em Salvador, os holandeses foram amplamente recompensados, em 1028, com a apreensão, nas Antilhas, de um dos maiores carregamentos de prata americana para a Espanha. A façanha é atribuída a Piet Heyn, comandante da esquadra holandesa. Os recursos obtidos com esse ato de pirataria ser viram para financiar uma segunda tentativa, desta vez contra Pernambuco.

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O COMÉRCIO NEGREIRO

As formas de resistência do escravo africanoO Tráfico Negreiro

Na Colônia, ainda no século XVI, os portugueses já haviam dado início ao tráfico negreiro, atividade comercial bastante lucrativa. Os traficantes de escravos negros, interessados em ampliar esse rendoso negócio, firmaram alianças com os chefes tribais africanos. Estabeleceram com eles um comércio baseado no escambo, onde trocavam tecidos de seda, jóias, metais preciosos, armas, tabaco, algodão e cachaça, por africanos capturados em guerras com tribos inimigas.

Segundo o historiador Arno Wehling, “a ampliação do tráfico e sua organização em sólidas bases empresariais permitiram criar um mercado negreiro transatlântico que deu estabilidade ao fluxo de mão-de-obra, aumentando a oferta, ao contrário da oscilação no fornecimento de indígenas, ocasionada pela dizimação das tribos mais próximas e pela fuga de outras para o interior da Colônia”. Por outro lado, a Igreja, que tinha se manifestado contra a escravidão dos indígenas, não se opôs à escravização dos africanos. Dessa maneira, a utilização da mão-de-obra escrava africana tornou-se a melhor solução para a atividade açucareira.

Os negros trazidos para o Brasil pertenciam, principalmente, a dois grandes grupos étnicos: os sudaneses, originários da Nigéria, Daomé e Costa do Marfim, e os bantos, capturados no Congo, Angola e Moçambique. Estes foram desembarcados, em sua maioria, em Pernambuco, Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Os sudaneses ficaram na Bahia. Calcula-se que entre 1550 e 1855 entraram nos portos brasileiros cerca de quatro milhões de africanos, na sua maioria jovens do sexo masculino.

Os navios negreiros que transportavam africanos até o Brasil eram chamados de tumbeiros, porque grande parte dos negros, amontoados nos porões, morria durante a viagem. O banzo (melancolia), causado pela saudade da sua terra e de sua gente, era outra causa que os levava à morte. Os sobreviventes eram desembarcados e vendidos nos principais portos da Colônia, como Salvador, Recife e Rio de Janeiro. Os escravos africanos eram, de forma geral, bastante explorados e maltratados e, em média, não aguentavam trabalhar mais do que dez anos. Como reação a essa situação, durante todo o período colonial foram constantes os atos de resistência, desde fugas, tentativas de assassinatos do senhor e do feitor, até suicídios.

Essas reações contra a violência praticada pelos feitores, com ou sem ordem dos senhores, eram punidas com torturas diversas. Amarrados no tronco permaneciam dias sem direito a comida e água, levando inumeráveis chicotadas. Eram presos nos ferros pelos pés e pelas mãos. Os ferimentos eram salgados, provocando dores atrozes. Quando tentavam fugir eram considerados indignos da graça de Deus, pois, segundo o padre Antônio Vieira, ser “rebelde e cativo” é estar “em pecado contínuo e atual”.

A escravidão, também conhecida como escravismo ou escravatura, foi a forma de relação social de produção adotada, de uma forma geral, no Brasil desde o período colonial até o final do Império. A escravidão no Brasil é marcada principalmente pelo uso de escravos vindos do continente africano, mas é necessário ressaltar que muitos indígenas também foram vítimas desse processo. A escravidão indígena foi abolida oficialmente por Marquês do Pombal, no final do século XVIII.

Os escravos foram utilizados principalmente na agricultura – com destaque para a atividade açucareira – e na mineração, sendo assim essenciais para a manutenção da economia. Alguns deles desempenhavam também vários tipos de serviços domésticos e/ou urbanos.

Os escravos foram utilizados principalmente em atividades relacionadas à agricultura – com destaque para a atividade açucareira – e na mineração, sendo assim essenciais para a manutenção da economia. Alguns deles desempenhavam também vários tipos de serviços domésticos e/ou urbanos.

A escravidão só foi oficialmente abolida no Brasil com a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. No entanto, o trabalho compulsório e o tráfico de pessoas permanecem existindo no Brasil atual, a chamada escravidão moderna, que difere substancialmente da anterior.

Os índios e o surgimento da escravidão no Brasil

Não é possível entender o Brasil sem antes entender a escravidão no Brasil, já disse uma grande estudiosa do tema. Antes da chegada dos portugueses a escravatura não era praticada no Brasil. Há grande dificuldade em se analisar a sociedade e os costumes indígenas devido à diferença entre a nossa cultura e a dos índios, e ainda hoje existem fortes preconceitos em torno da temática, sem contar a falta de dados, da diversidade de documentos escritos e da dificuldade de se obtê-los. Os europeus, quando aqui chegaram, encontraram uma população bastante parecida em termos culturais e linguísticos. Esses indígenas se encontravam espalhados pela costa e pelas bacias dos rios Paraná e Paraguai. Não obstante a semelhança de cultura e língua, podemos distinguir os indígenas em dois grandes blocos: os tupis-guaranis e os tapuias. Os tupis-guaranis se localizavam numa extensão que vai do litoral do Ceará até o Rio Grande do Sul. Os tupis ou tupinambás dominavam a faixa litorânea do norte até a Cananeia, no sul do atual Estado de São

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Paulo; os guaranis, na bacia do Paraná-Paraguai e no trecho do litoral entre Cananeia e extremo sul do Brasil de anos mais tarde. Em alguns pontos do litoral, outros grupos menores dominavam. Era o caso dos goitacases, na foz do rio Paraíba, e pelos aimorés no sul da Bahia e norte do Espírito Santo ou ainda pelos tremembés no litoral entre o Ceará e o Maranhão. Esses outros grupos eram chamados de tapuias pelos tupis-guaranis, pois falavam outra língua.

Entre as tribos indígenas, além das atividades como a caça, a coleta de frutas, a pesca e, é claro, a agricultura, havia também guerras e capturas de inimigos. Para a agricultura usavam a terra até seu esgotamento relativo. Depois se mudavam definitiva ou temporariamente para outras áreas. A derrubada de árvores e as queimadas eram um modo costumeiro de preparar a terra para a lavoura e essa técnica foi incorporada mais tarde pelos colonizadores. Plantavam feijão, milho, abóbora e especialmente mandioca da qual faziam a farinha, que se tornou um alimento básico no Brasil a partir do período colonial. A economia era destinada ao consumo próprio, sendo basicamente de subsistência, e cada aldeia produzia apenas para suprir suas próprias necessidades, havendo assim pouca troca de mercadorias entre aldeias. Mas existiam, sim, contato entre as aldeias para a troca de mulheres e de bens de luxo, como penas de tucano e de pedras para se fazer botoque. Dessas trocas nasciam alianças entre as tribos, que se viam obrigadas a lutar uma ao lado da outra quando qualquer delas fosse atacada. Daí nasceram as guerras entre as tribos e a captura de índios e inimigos de uma mesma tribo.

É bom não confundir o simples apresamento de inimigos com escravização, que é mais complexa. Tais inimigos, quando capturados, recebiam um tratamento diferenciado, eram bem alimentados, às vezes andando livremente pela tribo e ajudando na caça e, inclusive, obtendo da tribo, consentidamente, favores sexuais das índias. Isso se prolongava até chegar o dia em que eram mortos em meio à celebração de um ritual canibalístico, cujo costume se baseava na crença de que a bravura do guerreiro inimigo passaria ao vencedor quando este se alimentasse da carne daquele outro bravo guerreiro. Toda a tribo participava desse ritual e cabia a cada parcela da tribo (crianças, mulheres, guerreiros e velhos) uma parte específica do corpo do adversário vencido. O movimento artístico de 1922, chamado Movimento Antropofágico, tinha como base tais princípios. Com a chegada dos portugueses os índios seus aliados passam a vender muitos dos seus prisioneiros em troca de mercadorias. Este comércio era chamado de resgates. No entanto, só podiam ser resgatados os índios de corda, aqueles que eram prisioneiros ou escravos capturados nas guerras tribais e que iriam ser devorados; e os índios capturados nas guerras justas, operações militares organizadas pelos colonos ou pela coroa.

A lei de 1610 decreta que o índio assim resgatado só poderia ficar escravizado por 10 anos. Esta lei foi alterada em 1626 para que os índios pudessem ser escravizados por toda a vida. Em 1655 uma nova lei proibia fazer guerra contra os índios sem ordem do rei e impedia qualquer tipo de violência contra eles. Os índios convertidos ao cristianismo não poderiam servir os colonos mais tempo do que o regulamentado pela lei, deveriam viver livres dirigidos pelos seus chefes e padres da companhia. Estas regulamentações desagradaram os colonos que, em 1661, repetidamente se amotinaram em protesto.

Durante o período pré-colonial (1500 – 1530), os portugueses desenvolveram a atividade de exploração do pau-brasil, árvore abundante na Mata Atlântica naquele período. A exploração dessa matéria-prima foi possibilitada não só pela sua localização, já que as florestas estavam próximas ao litoral, mas também pela colaboração dos índios, com os quais os portugueses desenvolveram um tipo de comércio primitivo baseado na troca – o escambo. Em troca de mercadorias europeias baratas e desconhecidas, como espelho e pedaços de pano, os índios extraíam e transportavam a valiosa madeira para os portugueses até o litoral.

A partir do momento em que os colonizadores passam a conhecer mais de perto o modo de vida indígena, com elementos desconhecidos ou condenados pelos europeus, a exemplo da antropofagia, os colonos passam então a alimentar uma certa desconfiança em relação aos índios. A colaboração em torno da atividade do pau-brasil já não era mais possível e os colonos tentam submetê-los à sua dominação, impondo sua cultura, sua religião – função esta que coube aos jesuítas, através da catequese – e forçando-os ao trabalho compulsório nas lavouras, já que não dispunham de mão-de-obra.

A escravidão no Brasil segue assim paralelamente ao processo de desterritorialização sofrido por estes. Diante dessa situação, os nativos só tinham dois caminhos a seguir: reagir à escravização ou aceitá-la.

Houve reações em alguns os grupos indígenas, muitos lutando contra os colonizadores até a morte ou fugindo para regiões mais remotas. Essa reação indígena contra a dominação portuguesa ocorreu pelo fato de que as sociedades indígenas sul-americanas desconheciam a hierarquia e, consequentemente, não aceitavam o trabalho compulsório. Antes dos estudos etnográficos mais profundos (fins do século XIX e, principalmente, século XX), pensava-se que os índios eram simplesmente “inaptos” ao trabalho, tese que não se sustenta depois de pesquisas antropológicas em suas sociedades sem o impacto desestabilizador do domínio forçado.

Os índios assimilados, por sua vez, eram superexplorados e morriam, não só em decorrência dos maus-tratos recebidos dos colonos, mas também em decorrência de doenças que lhes eram desconhecidas e que foram trazidas pelos colonos europeus, como as doenças venéreas e a varíola e mais tarde pelos escravos africanos.

Diante das dificuldades encontradas na escravização dos indígenas, a solução encontrada pelos colonizadores foi buscar a mão-de-obra em outro lugar: no continente africano. Essa busca por escravos na África foram incentivados por diversos motivos. Os portugueses, reinóis e colonos, tinham interesse em encontrar um meio de obtenção de altos lucros com a nova colônia, e a resposta estava na atividade açucareira, uma vez que o açúcar tinha grande aceitação no mercado europeu. A produção dessa matéria-prima, por sua vez, exigia numerosa mão-de-obra na colônia e o lucrativo negócio do tráfico negreiro africanos foi a alternativa descoberta, iniciando-se assim a inserção destes no então Brasil colônia. Convém ressaltar que a escravidão dos índios perdura até meados do século XVIII. Os negros vinham em navios negreiros da África do Sul. Eram escravos. Sofriam castigos físicos, eram apartados definitivamente de seus familiares.

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A escravização indígena e africana - o lucrativo tráfico negreiro

Eram mais valorizados, para os trabalhos na agricultura, os negros Bantos ou Benguela ou Bangela ou do Congo, provenientes do sul da África, especialmente de Angola e Moçambique, e tinham menos valor os vindo do centro oeste da África, os negros Mina ou da Guiné, que receberam este nome por serem embarcados no porto de São Jorge de Mina, na atual cidade de Elmina, e eram mais aptos para a mineração, trabalho o qual já se dedicavam na África Ocidental. Por ser a Bahia mais próxima da Costa da Guiné (África Ocidental) do que de Angola, a maioria dos negros baianos são Minas.

Como eram vistos como mercadorias, ou mesmo como animais, eram avaliados fisicamente, sendo melhor avaliados, e tinham preço mais elevado, os escravos que tinham dentes bons, canelas finas, quadril estreito e calcanhares altos, numa visão que valorizava o físico e as habilidades.

Em São Paulo, até ao final do século XVII, quase não se encontravam negros, dado a pobreza de sua população que não dispunha de recursos financeiros para adquirirem escravos africanos, e os documentos da época que usavam o termo “negros da terra” referiam-se na verdade aos índios, os quais não eram objeto de compra e venda, só de aprisionamento, sendo proibido inclusive que se fixasse valor para eles nos inventários de bens de falecidos.

A escravidão ameríndia foi a principal forma de obtenção de escravos pelos europeus após a descoberta da América. A partir de 1530, com a colonização portuguesa tomando forma, a razão de ser do Brasil passou a ser a de fornecer aos mercados europeus gêneros alimentícios ou minérios de grande importância. A metrópole portuguesa passou a incentivar um comércio que tinha suas bases em alguns poucos produtos exportáveis em grande escala, assentadas na grande propriedade. Assim, por causa da decisão lusitana em exportar poucos produtos tropicais em grande escala para a Europa, nasceu em Portugal uma justificativa para a existência do latifúndio no Brasil. Após a captura, os índios eram forçados a executar um duro trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar, onde eram supervisionados, explorados e maltratados. Os portugueses que vinham para o Brasil não desejavam executar o trabalho que a produção de açúcar exigia. Isso se explica em parte porque a tradição católica e ibérica desprezava o trabalho manual, considerando-o como “coisa de escravo”. Os índios capturados nas guerras tribais também começaram a ser vendidos aos colonos em vez de permanecerem escravos na aldeia do seu captor.

Os índios sofreram violência cultural, epidemias e mortes. Eles eram difíceis de escravizar por vários motivos. Um desses era a incompatibilidade com um trabalho intensivo, regular e obrigatório, como pretendidos pelos europeus. Não eram vadios ou preguiçosos, apenas faziam o que era necessário à sua sobrevivência. Nada difícil em épocas de abundância de peixes, frutas e animais. Eles empregavam grande parte de sua energia nos rituais e nas guerras. Noções como a de produtividade eram estranhas ao entendimento deles. Outras formas de resistência foram as fugas, a guerra e a recusa ao trabalho compulsório. Outro fator importante que desestimulou a escravização indígena foi a catástrofe demográfica, pois eles não tinham defesa biológica contra as doenças europeias como sarampo, varíola, gripe. Outro fator foi o conhecimento indígena dos relevos, das terras americanas, posto que o interior permanecia quase inexplorado pelos invasores portugueses. Isso facilitou uma maior organização de ataques contra as fazendas e fortes portugueses distribuídos ao longo da faixa litorânea brasileira. Além disso, a partir de um certo momento, a própria Igreja Católica passou, através principalmente dos jesuítas, a fazer um trabalho de catequização junto aos índios, dificultando aos comerciantes e colonos portugueses a escravização dos nativos. Esta posição fora defendida pelos Jesuitas no Brasil, o que gerou conflitos com a população local interessada na escravatura, culminando em conflito, na chamada “A botada dos padres fora” em 1640.

Mas não significa que os padres tratavam os índios ou a cultura indígena com respeito. A cultura dos índios, suas crenças religiosas eram consideradas pelos padres inferior se comparadas à cristã. Os padres chegavam mesmo a duvidar que os índios fossem pessoas.

As línguas indígenas, apesar de parecidas, não ajudavam a formar uma nação indígena, coesa contra ataques externos, representando apenas grupos dispersos, muitas vezes em conflito. Isso permitiu aos portugueses encontrar aliados indígenas na luta contra os grupos que lhes resistiam. Uma forma de resistência aos colonizadores, principalmente à escravização, foi o isolamento, alcançado por meio de permanentes deslocamentos para áreas mais pobres. Os que assim procederam conseguiram, com algum sucesso, a preservação de uma herança biológica, social e cultural. Se bem que há tribos isoladas que por comercializarem diretamente com empresas estrangeiras, falam sua língua materna mas também um inglês rudimentar para viabilizar os negócios. Como resultado, temos hoje tanto grupos indígenas mais isolados como grupos indígenas que sofreram uma maior mestiçagem, tanto no aspecto biológico como social e cultural, mostrando sua influência na formação da sociedade brasileira. Certamente, o encontro desses povos com os europeus foi catastrófico, pois de uma população tão numerosa - embora os cálculos variem enormemente, entre 2 milhões e mais de 5 milhões - apenas entre 300 mil e 350 mil indígenas existam atualmente em território nacional.

Além disso, a escravização indígena era uma atividade que gerava lucros internos, ou seja, a metrópole portuguesa não se beneficiava com ela.

Portanto, a preferência pelo trabalho escravo negro e não pelo índio se deve ao fato de que o comércio internacional de escravos trazidos da costa africana era tão tentador que acabou se transformando no negócio mais lucrativo da Colônia. Portugueses, holandeses e, no final do período colonial, brasileiros disputaram o controle dessa área tão lucrativa. Portanto, o tráfico se tornou mais do que um meio de prover braços para a grande lavoura de exportação, mas uma potencial fonte de riqueza para quem vendia os escravos, tratados como coisa, produto. Devido às dificuldades encontradas em escravizar os índios, a partir de 1570 a Coroa

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portuguesa passou a incentivar a importação de africanos, tomando também medidas para tentar evitar a escravização desenfreada e o morticínio indígena. Porém, a transição da escravização indígena para a negra africana se deu de maneira diferente na América portuguesa, variando no tempo e no espaço. Ela acabou mais rapidamente no núcleo mais importante da empresa mercantil, destinada à exportação de produtos agrícolas em grande escala. E demorou mais para acabar nas regiões periféricas, como é o caso de São Paulo.

Esses fatores contribuíram para que a mão-de-obra africana fosse inserida nas lavouras brasileiras, sendo obtida através do tráfico de escravos vindos principalmente das colônias portuguesas na África. A atividade do tráfico negreiro inicia-se oficialmente em 1559, quando a metrópole portuguesa decide permitir o ingresso de escravos vindos da África no Brasil. Antes disso, porém, transações envolvendo escravos africanos já ocorriam no Brasil, sendo a escassez de mão-de-obra um dos principais argumentos dos colonos.

Capturados nas mais diversas situações, como nas guerras tribais e na escravização por dívidas não pagas, os escravos africanos provinham de lugares como Angola e Guiné. Eram negociados com os traficantes Africanos (negros, também) em troca de produtos como fumo, armas e aguardentes e transportados nos chamados navios negreiros. Esses navios tinham destinos como as cidades do Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São Luís, e delas eram transportados para regiões mais distantes. Durante as viagens, muitos escravos morriam em decorrência das péssimas condições sanitárias existentes nas embarcações, que vinham superlotadas. Quando desembarcavam em solo brasileiro, os escravos africanos eram vendidos em praça pública. Os mais fortes e saudáveis eram os mais valorizados.

A aquisição de mão de obra escrava tornou-se imperativa para o sucesso da colonização holandesa. Os holandeses passaram a importar escravos para trabalhar nas plantações. A Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais começou a traficar escravos da África para o Brasil. Havia protestos, embora por vezes distantes, sem continuidade e sem medidas coercitivas, contra os maus tratos. Em 1º de março de 1700 por exemplo, o Rei de Portugal D. Pedro II escreveu uma carta indignada ao governador-geral D. João de Lencastre sobre os maus tratos dados aos escravos no Brasil: “… Não lhe dando fardas e outros nem ainda farinha», e comentando dos “cruéis castigos, por dias e semanas inteiras, havendo alguns que por anos se acham metidos em correntes, sendo mais cruéis as senhoras em alguns casos para com as escravas, apontando-se alguns que obram tanto os senhores como as senhoras com tal crueldade como são pingar de lacre e marcar com ferro ardente nos peitos e na cara, executando neles a mutilação de membros. De Francisco Pereira de Araújo se diz que cortou as orelhas a um, e pingou com lacre; outro veio do sertão, a quem o senhor cortou as partes pudendas, entendeu com uma sua negra; de outro, que se curou no hospital, se diz que foi tão cruelmente açoitado do seu senhor que lhe provocara especialmente o rigor da Justiça Divina, pelo que é de razão”. Diz ainda de castigos que se fazem por suspensão de cordas em árvores, para que os mosquitos os estejam picando e desesperando, sobre os açoitarem e pingarem com a mesma crueldade que fazem os demais…”

Houve muito alvoroço com a necessidade de mão-de-obra nas Minas Gerais. Datado de 26 de março de 1700, um Bando do Governador do Rio Artur de Sá e Menezes proibiu que fossem transportados para as Minas escravos de cana e mandioca, enquanto ao mesmo tempo a Câmara se dirigia ao Conselho Ultramarino e pedia providências para facilitar entrada de africanos. Conseguiu duas medidas: a instituição de um tributo de 4$500 por cada escravo tirado de engenhos e despachado para as Minas, (e desde Carta Real de 10 de junho de 1699 havia direitos de entrada de 3$500 por cada negro vindo da África para o Rio de Janeiro) e a liberdade de comércio de negros e do tráfico. A própria Coroa traficava e desde a Carta Régia de 16 de novembro de 1697 o preço de cada negro vendido era 160$000; em 1718 o preço tinha subido a 300$000, embora custo fosse de apenas 94$000. Segundo André João Antonil, em “Cultura e Opulência do Brasil por suas drogas e minas”, está alta de preços, no início do século XVIII, se deu, em Minas Gerais, no início da mineiração, devido a grande carestia de vida que se gerou com a chegada em massa de portuguesês em Minas Gerais e pela grande abundância de ouro. Ainda segundo Antonil, em São Paulo, os preços dos escravos, naquela época, era a metade do preço em Minas Gerais, assim também para as demais mercadorias.

A atividade do tráfico negreiro foi extremamente lucrativa e perdurou até 1850, sendo oficialmente extinguida nesse ano com a Lei Eusébio de Queirós.

O trabalho dos escravos

Os índios que foram assimilados e escravizados pelos colonos portugueses mostraram-se mais eficientes na execução de tarefas a que já estavam adaptados no seu modo de vida, como a extração e o transporte de madeira, do que nas actividades agrícolas. Esses trabalhadores eram superexplorados e muitos morriam em decorrência dos castigos físicos aplicados pelos seus senhores. O uso de indígenas como escravos perdurou até o século XVIII.

Diante das dificuldades encontradas no processo de escravização dos indígenas, os colonos encontram como alternativa a utilização de escravos africanos, obtidos através do tráfico negreiro. Os escravos africanos poderiam ser designados pelos seus senhores para o desenvolvimento dos mais diversos tipos de atividades,destacando-se as atividades agrícolas,lavoura, sendo a extração da cana-de-açúcar a principal, a mineração e os serviços domésticos.

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A atividade açucareira foi durante muito tempo o pilar sobre o qual a economia colonial se sustentou. Foi desenvolvida principalmente na Zona da Mata, no litoral nordestino, que oferecia condições naturais favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar, produto que obtinha grande aceitação no mercado europeu e que garantia alta lucratividade. Para o seu cultivo, adotou-se o sistema de plantation, caracterizado pelo uso de latifúndios monocultores. A extração da cana necessitava de um grande contingente de mão-de-obra e foi a partir dessa necessidade que uma grande quantidade de africanos passou a trabalhar nos engenhos - propriedades destinadas ao cultivo e produção de açúcar.

Na agricultura, muitos escravos foram utilizados também no cultivo de tabaco, algodão e café, por exemplo.Já na mineração, atividade que começa a ganhar grande importância na economia colonial durante o século XVIII, muitos

nativos foram utilizados na exploração de metais preciosos, principalmente o ouro, na região de Minas Gerais. Vale ressaltar que com o desenvolvimento da mineração foram desenvolvidas várias atividades secundárias e dependentes dela, como a pecuária, das quais os escravos também participaram.

Os escravos domésticos - como indica o próprio nome - trabalhavam nas casas de seus senhores, realizando serviços como cozinhar e costurar. Existiram ainda casos de escravos que prestavam serviços remunerados e deveriam pagar parcela de sua renda ao seu proprietário, os chamados “escravos ao ganho”, além de escravos que eram alugados pelos seus senhores para desenvolver algum ofício (pedreiro, carpinteiro, cozinheiro, ama de leite) a um terceiro, sendo assim “escravos de aluguel”. Estes dois últimos tipos de escravos desenvolviam suas tarefas geralmente nos espaços urbanos.

O escravo encontrava-se na posição de propriedade de seu senhor, não possuindo assim qualquer direito. Era o seu proprietário o responsável por garantir os elementos básicos à sua sobrevivência, como a alimentação e as suas vestimentas. O cativo estava à disposição do seu dono, que o superexplorava. Era vigiado pelos chamados capitães-do-mato, que também capturavam os escravos fugidos e lhes aplicava os mais diversos tipos de castigos, como o açoitamento, o tronco, peia, entre outras punições, o que contribuía para diminuir o tempo de vida dessa mão-de-obra. Em síntese, executava o seu trabalho nas mais desumanas das condições.

Por parte dos senhores, existia uma discriminação com relação ao trabalho, já que o consideravam como “coisa de negros”. Convém ressaltar que houve casos de alforria, isto é, de escravos que foram libertados. Essas libertações ocorriam pelos mais variados motivos, desde vontade do senhor em virtude da obediência e lealdade do escravo até casos em que o cativo conseguia comprar a sua liberdade. Vale ressaltar também que a escravidão foi a base de sustentação da economia brasileira até o final do Império.

Resistência à escravidão

Tanto os índios quanto os africanos promoveram formas de resistência à escravidão, não sendo assim passivos a ela.Os índios resistiram desde o momento em que os colonos tentam escravizá-los a força. Os africanos e seus descendentes, por sua

vez promoveram várias formas de resistência à escravidão. A mais conhecida de todas foi a criação dos quilombos, uma espécie de “sociedade paralela” formada por escravos que fugiam de seus senhores, sendo o mais popular o Quilombo dos Palmares, localizado em Alagoas. Existiram, porém, inúmeras outras formas de se resistir à escravidão, como o suicídio, assassinatos, rebeliões, Aborto e revoltas organizadas contra os senhores.

Convém ressaltar que essas revoltas são um dos fatores que contribuíram para a abolição da escravatura. Diga-se que a escravatura também era frequentemente praticada nos quilombos, por exemplo, no Quilombo dos Palmares os cativos eram mantidos como escravos e utilizados para o trabalho nas plantações. No entanto, não era abolir a escravatura que algumas destas revoltas tinham como objetivo. A revolta dos Malês não só visava a libertação dos escravos africanos como pretendia escravizar os brancos, os mulatos e os não muçulmanos.

A violência da resistência quilombola em Minas Gerais foi assim descrita por Luíz Gonzaga da Fonseca, no seu livro “História de Oliveira”, na página 37, descreve o caos provocado no Caminho de Goiás, a Picada de Goiás, pelo quilombolas do Quilombo do Ambrósio, o principal quilombo de Minas Gerais:

“Não há dúvida que esta invasão negra fora provocada por aquele escandalosa transitar pela picada, e que pegou a dar na vista demais. Goiás era uma Canaã. Voltavam ricos os que tinham ido pobres. Iam e viam mares de aventureiros. Passavam boiadas e tropas. Seguiam comboios de escravos. Cargueiros intérminos, carregados de mercadorias, bugigangas, minçangas, tapeçarias e sal. Diante disso, negros foragidos de senzalas e de comboios em marcha, unidos a prófugos da justiça e mesmo a remanescentes dos extintos cataguás, foram se homiziando em certos pontos da estrada (“Caminho de Goiás” ou “Picada de Goiás”). Essas quadrilhas perigosas, sucursais dos quilombolas do rio das mortes, assaltavam transeuntes e os deixavam mortos no fundo dos boqueirões e perambeiras, depois de pilhar o que conduziam. Roubavam tudo. Boidadas. Tropas. Dinheiro. Cargueiros de mercadorias vindos da Corte (Rio de Janeiro). E até os próprios comboios de escravos, mantando os comboeiros e libertando os negros trelados. E com isto, era mais uma súcia de bandidos a engrossar a quadrilha. Em terras oliveirenses açoitava-se grande parte dessa nação de “caiambolas organizados” nas matas do Rio Grande e Rio das Mortes, de que já falamos. E do combate a essa praga é que vai surgir a colonização do território (de Oliveira e região). Entre os mais perigosos bandos do Campo Grande, figuravam o quilombo do negro Ambrósio e o negro Canalho.”

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Abolição da Escravatura

A abolição da escravatura foi processada de forma gradual e decorreu de toda uma situação formada com a sucessão do processo histórico, sendo ocasionada por uma série de pressões exercidas tanto por fatores externos quanto internos.

Pode-se encontrar nos fatores internos a ação de grupos abolicionistas compostos por indivíduos oriundos de diversas camadas da sociedade. Deve-se distinguir entre aqueles que eram favoráveis ao fim da escravidão os abolicionistas dos emancipacionistas, visto que estes eram favoráveis a uma abolição lenta e gradual dessa relação de trabalho, enquanto aqueles defendiam o fim imediato do trabalho escravo. Além da ação dos grupos abolicionistas, deve-se destacar a atuação de resistência da maior vítima do processo de escravidão, visto que os escravos não eram passivos e resistiam à dominação das mais diversas maneiras, como fugas, revoltas, assassinatos, suicídios, entre outros métodos.

Entre os fatores externos, pode-se destacar as pressões exercidas pelo Império Britânico sobre o governo brasileiro. A Inglaterra vivia naquele momento o auge do fenômeno do qual foi berço - a Revolução Industrial. O processo de industrialização demandava a ampliação dos mercados consumidores a fim de se obter a venda da crescente produção. O Brasil era um dos grandes parceiros comerciais ingleses, mas a relação de trabalho escravista não garantia aos trabalhadores que dela foram alvos poder aquisitivo. Além disso, o governo inglês já abolira a escravidão em todos os seus territórios.

As elites latifundiárias das colônias inglesas nas Antilhas sofreram perdas nesse processo a partir do momento em que haviam ganhado mais um custo de produção com o desenvolvimento de relações de trabalho assalariadas e que perdiam espaço na concorrência com a produção brasileira. Sentindo-se lesados, esses latifundiários passaram a exercer pressão sobre o parlamento inglês a fim de que a escravidão fosse combatida de forma mais efetiva. Em 1845, o parlamento inglês aprovou a chamada Lei Bill Aberdeen (em inglês, Aberdeen Act), que concedia à Marinha Real Britânica poderes de apreensão de qualquer navio envolvido no tráfico negreiro em qualquer parte do mundo. Como consequência da pressão inglesa, em 1850, o tráfico negreiro é oficialmente extinto com a Lei Eusébio de Queirós. Com o fim da principal fonte de obtenção de escravos, o preço destes elevou-se significativamente, uma vez que ocorre uma diminuição na sua oferta. Já em 1871, é promulgada a Lei do Ventre Livre, que garante a liberdade aos filhos de escravos. Oito anos depois, em 1879, inicia-se uma campanha abolicionista estimulada por intelectuais e políticos, como José do Patrocínio e Joaquim Nabuco.

O sistema escravista enfraquece-se mais ainda com a Lei dos Sexagenários (1885), que liberta todos os escravos com mais de 60 anos de idade.

Em 5 de maio de 1888, o Papa Leão XIII, na encíclica In Plurimis, dirigida aos bispos do Brasil, pede-lhes apoio ao Imperador, e a sua filha, na luta que estão a travar pela abolição definitiva da escravidão. No dia 13 de maio, a Lei Áurea é assinada pela Princesa Isabel, extinguindo oficialmente a escravidão no Brasil.

A abolição da escravidão, apesar de garantir a liberdade, não alterou em nada as condições sócio-econômicas dos ex-escravos, que continuaram a viver, de uma forma geral, na pobreza, sem escolaridade e sofrendo com a discriminação. Não impediu também que a superexploração de mão de obra em regime de escravidão e o tráfico de pessoas continuassem sendo praticados até os dias atuais.

Convém ressaltar que, enquanto relação social de trabalho predominante no território brasileiro, a escravidão foi substituída pela mão-de-obra imigrante assalariada.

A herança dos escravos

Tanto os indígenas quanto os escravos africanos foram elementos essenciais para a formação não somente da população, mas também da cultura brasileira. A diversidade étnica verificada no Brasil decorre do processo de miscigenação entre colonos europeus (portugueses), indígenas e africanos. A cultura brasileira, por sua vez, apresenta fortes traços tanto da cultura indígena quanto da cultura africana. Desde a culinária, onde se verificam o vatapá, o caruru e chegando até a língua portuguesa, é impossível não perceber a influência da cultura dos povos que foram escravizados no Brasil.

A origem da feijoada brasileira tem sido alvo de controvérsias, alguns afirmam que, ao contrário do que é amplamente difundido, não tem origem entre os escravos, mas em um prato português. Nesse aspecto, entretanto, é importante ressaltar que partes dos porcos utilizados no preparo da feijoada não eram usados pelos escravocratas, o que reforça a tese de que, como em outros espaços da cultura brasileira, houve uma reelaboração a partir do que os negros dispunham para sua alimentação.

No contexto do estado de São Paulo

Durante o período escravocrata, a cidade brasileira de São Carlos, no estado de São Paulo, atingiu o segundo lugar no tráfico de escravos para o interior paulista, perdendo somente para a região de Campinas. A economia da povoação era totalmente agrária com alguma produção de cana e quase totalmente voltada para a subsistência. Na época o negro era a base da produção, sendo o escravo quem trabalhava no campo e produzia o alimento e a renda.

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RESUMO DE CONCURSOS

O Bandeirantismo no Brasil

No desenvolvimento do processo de colonização do Brasil, a organização de expedições pelo interior teve objetivos diversos. A busca por metais e pedras preciosas, o apresamento de indígenas, a captura de escravos africanos fugitivos e o encontro das drogas do sertão são apenas alguns dos aspectos que permeiam a motivação desses deslocamentos. Em suma, as expedições pelo interior do território estiveram divididas entre a realização das entradas e bandeiras. As entradas envolviam a organização do governo português na realização de expedições que buscavam a apresamento de índios e a prospecção de minérios. Chegando ao século XVII, momento em que o açúcar vivia uma acentuada crise e o governo português se recuperava do domínio espanhol, as autoridades coloniais incentivavam tais ações exploratórias na esperança de descobrirem alguma outra atividade econômica capaz de ampliar os lucros da Coroa. Além da ação oficial, a exploração do território colonial aconteceu pelas mãos de particulares interessados em obter riquezas, buscar metais preciosos e capturar escravos. Conhecidos como bandeirantes, essas figuras do Brasil Colonial irrompiam pelos sertões ultrapassando os limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas e saíam, geralmente, das regiões de São Paulo e São Vicente. De fato, ao longo do tempo, vemos que o bandeirantismo se dividiu em diferentes modalidades. No chamado bandeirantismo apresador, os participantes da expedição tinham como grande alvo o aprisionamento e a venda de índios como escravos. Esse tipo de atividade gerava bons lucros e atraia a atenção dos bandeirantes às proximidades das reduções jesuíticas. Afinal de contas, essas comunidades religiosas abrigavam um grande número de nativos a serem convertidos à condição de escravos. Como resultado dessa ação, a Igreja entrou em conflito com os praticantes desse tipo de bandeirantismo.

No bandeirantismo prospector, observamos a realização de expedições interessadas na busca por metais e pedras preciosas pelo interior. Por não ter garantias sobre o descobrimento de regiões auríferas, o bandeirantismo prospector era realizado paralelamente à captura de nativos, extração de drogas do sertão ou realização de qualquer outra espécie de atividade. Nos fins do século XVII, a prospecção bandeirantista instaurou a exploração de ouro na região de Minas Gerais.

Por fim, ainda devemos falar sobre o bandeirantismo de contrato. Esse tipo de ação expedicionária era contratado por representantes da Coroa ou senhores de engenho interessados em combater as populações indígenas mais violentas ou realizar a recaptura dos escravos africanos que fugiam. Além disso, o bandeirantismo de contrato foi empregado na organização de forças que combatiam a organização dos quilombos pelo interior do território.

MONARQUIAS EUROPÉIAS

O Absolutismo Europeu

Durante a Baixa Idade Média (séc. X-XV), com as alterações socioeconômicas, decorrentes do renascimento do comércio, da urbanização e do surgimento da burguesia, impulsionou a formação do Estado Nacional.

Durante a Idade Moderna, a Monarquia absoluta ou absolutista, era muito comum, segundo a definição clássica, é a forma de governo onde o Monarca ou Rei exerce o poder absoluto, isto é, independente e superior ao de outros órgãos do Estado. Tem como principal característica o seu detentor estar acima de todos os outros poderes ou de concentrar em si os três poderes do constitucionalismo moderno - legislativo, executivo e judicial.

O Estado característico da época moderna é o absolutista, porque o poder estava concentrado nas mãos do rei e de seus ministros, que monopolizavam a vida política. O Estado absolutista dependia dos impostos e recursos gerados pelas atividades comerciais e manufatureiras, sendo o desenvolvimento das atividades mercantis fatores importantes, incentivando a expansão do mercado e a exploração das colônias.

A sociedade do período moderno é chamada de sociedade de ordens (clero, nobreza e povo), dividida em uma classe de proprietários de terras (clero e nobreza) e uma classe de trabalhadores (servos, assalariados) e uma classe burguesa (mercantil e manufatureira). O Absolutismo foi o regime da centralização: os soberanos passaram a concentrar todos os poderes, ficando os cidadãos excluídos de qualquer participação e controle na vida pública.

O rei, além de deter o poder executivo, o governo político propriamente dito, detinha o poder de fazer as leis e a justiça. O poder emanava do rei e era por ele exercido. Não havia justiça nem política autônomas.

A base social do Absolutismo era o privilégio: honras, riquezas e poderes eram reservados a um pequeno grupo de pessoas, clero e nobres. Eram: privilégios sociais (acesso exclusivo a cargos, oficialato no exército, colégios, distinção nas vestes); privilégios jurídicos (direito de passar testamento, tribunais e penas especiais); privilégios econômicos (isenções de impostos que recaíam sobre os pobres).

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RESUMO DE CONCURSOS

Surge na época do absolutismo o processo de formação das nações européias, sobretudo, a francesa e a inglesa. A idéia de Nação estava vinculada à necessidade de apoiar a soberania do monarca, vital para a construção de um Estado forte que deixaria de ser um agregado de feudos para se tornar uma “Nação”, isto é, um Estado em que todos se identificavam e que era governado por um único soberano, o rei absolutista.

O absolutismo francês

O apogeu do processo de centralização política e do estabelecimento do Estado nacional moderno na França se configura com a dinastia dos Bourbons. A dinastia Bourbon tem seu apogeu durante o governo do rei Luís XIV (1643-1715) – o Rei Sol.

Tendo como ministro o cardeal Manzarino, foi estabelecida uma política centralizadora eliminando-se as frondas, associações de nobres e burgueses, opositoras do absolutismo. Quando Luís XIV assume o governo pessoalmente, passou a aplicar a sua máxima “L’Etat c’est moi” (“O Estado sou eu”).

Luís XIV, o rei Sol, foi de fato o grande símbolo do absolutismo monárquico europeu. Sua imagem tornou-se simbólica do período monárquico da era moderna. O próprio Luís XIV soube utilizar politicamente sua imagem de senhor absoluto como meio de dominação de sua corte e de seus súditos. Em público ou representado simbolicamente em pinturas e esculturas, sua postura, vestimentas, equipagem e gestos deviam provocar o respeito e mesmo o medo de todos. Sua imagem era um instrumento de poder e servia como representação de sua posição social. Isto fazia reconhecer e afirmava a existência da hierarquia na qual ele estava no topo.

Em 1685, o seu caráter despótico é fundamentado no princípio “um rei, uma lei, uma fé”. O rei reformulou sua política religiosa, assinou o Édito de Fontainebleau, que anulava o Édito de Nantes (1685), o qual protegia os protestantes (dava liberdade de culto aos huguenotes), desencadeando a perseguição religiosa, agora com o objetivo de unificar a França em um estado nacional sob uma única religião julgando que assim o país ficaria mais estável.

Durante o seu longo reinado, que na prática exerceu de 1661 a 1715 (54 anos), reorganizou e equipou o exército francês, tornando-o o mais poderoso da Europa.

Símbolo da grandiosidade econômica e política do Estado, o rei transferiu sua corte para o Palácio de Versalhes, um monumental conjunto arquitetônico construído no século XVII.

O Palácio de Versalhes (em francês Château de Versailles) é um château real localizado na cidade de Versalhes, uma aldeia rural à época de sua construção, mas atualmente um subúrbio de Paris. Desde 1682, quando Luís XIV se mudou de Paris, até que a família Real foi forçada a voltar à capital em 1789, a Corte de Versalhes foi o centro do poder do Antigo Regime na França.

O monarca queria um local onde pudesse organizar e controlar completamente o Governo da França através de um governante absoluto. Todo o poder da França emanava deste centro: ali existiam gabinetes governamentais, tal como as casas de milhares de cortesãos, dos seus acompanhantes e dos funcionários da Corte. Versalhes é famoso não só pelo edifício, mas como símbolo da Monarquia absoluta, a qual Luís XIV sustentou.

O absolutismo inglês

O início da centralização política na Inglaterra ocorreu após as guerras dos Cem Anos (1337-1453) e das Duas Rosas (1455-1485), que possibilitaram a ascensão da dinastia Tudor (1485-1603). Esta, com apoio da burguesia e do Parlamento, instalou o absolutismo no país.

Foi Henrique VIII que, sujeitando o Parlamento e realizando a reforma protestante através do Ato de Supremacia (1534), estabeleceu o absolutismo na Inglaterra.

Henrique VIII, alegando querer um herdeiro para o trono da Inglaterra, pretendeu desfazer seu casamento com Catarina de Aragão para casar-se com Ana Bolena. Esta atitude de afronta sem precedentes à Igreja Católica valeu-lhe a excomunhão, declarada por Clemente VII em 11 de Julho de 1533.

Henrique decidiu o rompimento com a Igreja Católica Romana, declarou a dissolução dos monastérios, tomando assim muitos dos haveres da Igreja, e formou a Igreja Anglicana (Church of England), da qual se declarou líder. Esta decisão tornou-se oficial com o Ato de Supremacia (Act of Supremacy) de 1534.

Também em 1534, Henrique determinou A Ata de traições (“Treasons Act”), que converteu em alta traição, castigada com a morte, não reconhecer a autoridade do Rei, entre outros casos. Ao Papa foram negadas todas as fontes de ingressos monetários, como o Óbulo de São Pedro, para a sustenção das obras sociais e caritativas do Santo Padre, o Papa. Também promulgou legislações importantes, como as Union Acts de 1535 e 1542, que unificaram a Inglaterra e Gales como uma só nação.

Elizabeth I, filha de Henrique VIII, assumiu o trono, retomando a política do pai, consolidando o anglicanismo e desenvolvendo uma política mercantilista agressiva, para aumentar o poder inglês nos mares.

Com a morte de Elizabeth I, que não deixou herdeiros, o trono passou ao rei da Escócia, Jaime I, que iniciou a dinastia Stuart. Jaime I uniu a Inglaterra à Escócia. Se sucessor, Carlos I (1625-1648), estabeleceu novos impostos sem a aprovação do Parlamento. Em 1628, o Parlamento sujeitou o rei a “Petição dos Direitos”, que garantia a população contra tributos e detenções ilegais.

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RESUMO DE CONCURSOS

Carlos I dissolveu o Parlamento, desencadeando uma guerra civil na Inglaterra. As forças inglesas dividiram-se em dois partidos: os Cavaleiros, partidários do rei; e os Cabeças Redondas (roundheads), defensores do Parlamento. Liderados por Oliver Cromwell, os Cabeças Redondas derrotaram os Cavaleiros, executando o rei e estabelecendo o regime republicano.

Em 1653, Cromwell dissolveu o Parlamento e impôs uma ditadura pessoal, até 1658. Neste período a Inglaterra tornou-se uma grande potência, com o desenvolvimento da indústria naval após a publicação dos Atos de Navegação (1650), protegendo os mercadores ingleses no comércio britânico.

Com a morte de Cromwell, os Stuart retornam ao trono. O rei Jaime II deu continuidade à política de restauração do absolutismo. O seu casamento com uma católica gerou descontentamento entre os partidos do Parlamento, os Whig (burgueses) e os Tory (conservadores, pró-Stuart).

Contrários a um governante católico, ambos os partidos ofereceram o trono a Guilherme de Orange, protestante e casado com uma das filhas de Jaime II. Guilherme invadiu a Inglaterra, expulsou Jaime II, jurou o Bill of Rights (Declaração de Direitos), que estabelecia as bases da monarquia parlamentar, ou seja, a superioridade do Parlamento sobre a do rei. Foi a Revolução Gloriosa.

O Bill of Rights ou Declaração dos direitos inglês é uma lista de direitos. Com ele, a população inglesa passou a ter a liberdade de expressão, a liberdade política(podaim votar em quem quiser), a liberdade individual, a proteção à propriedade e a tolerêancia religiosa(podiam crer em qualquer religião, sem desrespeitar a outra). Consolidava-se, assim, o liberalismo político inglês anunciado por John Locke (1632–1704) filósofo inglês, pai do Liberalismo e do individualismo liberal, e o predominio da burguesia no parlamento, que criaram as condições necessárias ao avanço da industrialização e do capitalismo, no decorrer dos sécs. XVIII e XIX.

O Mercantilismo

Durante o período de constituição das monarquias absolutistas européias, consolidou-se um Estado interventor, que devia atuar em todos os setores da vida nacional. No plano econômico essa intervenção ocorreu através do mercantilismo. O mercantilismo foi a base da economia do absolutismo e estava subordinado à política, isto é, ao poder monárquico. Mercantilismo é o nome dado a um conjunto de práticas econômicas desenvolvido na Europa na Idade Moderna, entre o século XV e os finais do século XVIII.

O termo Mercantilismo, foi criado pelo economista Adam Smith em 1776, a partir da palavra latina mercari, que significa “gerir um comércio”, de mercadorias ou produtos.

O mercantilismo caracterizou-se por ser uma política de controle e incentivo, por meio da qual o Estado buscava garantir o seu desenvolvimento comercial e financeiro.

O Mercantilismo estava diretamente ligado ao absolutismo. Através de medidas político-econômicas mercantilistas, os reis procuravam manter seu absolutismo monárquico e, dessa forma, promover a prosperidade do Estado. Os princípios mercantilistas eram:

- O metalismo: idéia que indica a riqueza e o poder de um Estado à quantidade de metais preciosos por ele acumulados. Foi dentro deste contexto histórico, que a Espanha explorou toneladas de ouro das sociedades indígenas da América como, por exemplo, os maias, incas e astecas;

- Balança comercial favorável: buscava-se manter o nível das exportações superior ao das importações, desta forma entraria mais moedas do que sairia, deixando o país em boa situação financeira;

- Protecionismo Alfandegário ou medidas protecionistas: os reis criavam impostos e taxas para evitar ao máximo a entrada de produtos vindos do exterior, assim, o Estado restringia as importações impondo pesadas taxas alfandegárias, para proteger a produção nacional, era uma forma de estimular a indústria nacional e também evitar a saída de moedas para outros países.

- Colônias de Exploração: a riqueza de um país está diretamente ligada à quantidade de colônias de exploração deste. Neste contexto, destacou-se o processo das expansões marítimas e comerciais das nações européias;

- Pacto Colonial: as colônias européias deveriam fazer comércio apenas com suas metrópoles. Era uma garantia de vender caro e comprar barato, obtendo ainda produtos não encontrados na Europa.

É possível distinguir três modelos principais de mercantilismo: bulionismo ou metalismo, colbertismo ou balança comercial favorável e mercantilismo comercial e marítimo.

- Bulionismo ou metalismo: Na Idade Moderna, Espanha e Portugal buscavam uma balança comercial favorável através do monopólio da estocagem de lingotes de ouro e prata (bullion, em inglês), prática denominada bulionismo.

- Colbertismo: deriva das teorias do ministro das finanças francês Jean-Baptiste Colbert, é o Mercantilismo voltado, sobretudos, para a industrialização e exportação de produtos de luxo.

- Mercantilismo comercial e marítimo: voltado para a exploração das colonias européias, sobretudo, a comercialização das especiarias coloniais asiáticas (pedras preciosas, tecidos de seda, pimenta, cravo, canela, etc.) por parte de Portugal, Espanha, Holanda e, posteriormente, Inglaterra e França.

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RESUMO DE CONCURSOS

O Mercantilistmo no século XVI

No final do século XV e durante o XVI, os países ibéricos (Portugal e Espanha) comandaram a economia mercantil européia. Pioneiros no processo de expansão ultramarina, foram beneficiados com as riquezas das terras descobertas, as quais defendiam o seu monopólio através do exclusivo colonial.

O Mercantilismo nos séculos XVII e XVIII

Nos séculos XVII e XVIII, França e Inglaterra passam a liderar a economia mercantilista européia. Na Inglaterra, o Estado estimulou a construção naval, criando uma poderosa marinha mercante, e adotou medidas de proteção de seu comércio marítimo através dos Atos de Navegação (1660), proibindo navios estrangeiros transportar produtos da metrópole e das colônias inglesas.

O desenvolvimento naval inglês assegurou o controle das rotas e mercados ultramarinos pela Inglaterra, que dominou o comércio de produtos agrícolas e industriais (Europa, América do Norte) e comércio de contrabando (principalmente no Oriente).

Na França, sobretudo durante o reinado de Luís XIV (1661-1715), sob a orientação do ministro das finanças Colbert, o Estado incentivou o comércio e a construção naval. A França tornou-se famosa pela excelente qualidade de seus produtos manufatureiros, principalmente os artigos de luxo (jóias, móveis, perfumes, etc.), conquistando o mercado externo.

O Estado Moderno – o Absolutismo e seus teóricos

O Absolutismo é uma teoria política que defende que uma pessoa (em geral, um monarca) deve deter um poder absoluto, isto é, independente de outro órgão, seja ele judicial, legislativo, religioso ou eleitoral. Os teóricos de relevo associados ao absolutismo incluem autores como Nicolau Maquiavel, Jean Bodin, Bossuet e Thomas Hobbes.

Assim, no início da Idade Moderna surgiram teorias justificadoras do Estado Absolutista. O mais importante dos teóricos do absolutismo foi Nicolau Maquiavel, membro do governo dos Médice, de Florença, Itália.

Maquiavel, no livro O Príncipe, aconselha o soberano florentino a que fique acima das considerações morais, mantendo a autonomia política. Para ele, “os fins justificam os meios” e a razão de Estado deve sobrepor-se a tudo, ou seja, o soberano tudo pode fazer pelo bem-estar do país.

Thomas Hobbes, em seu livro o Leviatã, justificou a necessidade do Estado despótico. Para Hobbes, na sociedade primitiva ninguém estava sujeito às leis, todos estando em guerra entre si (bellum omnia omnes) – o homem era como um lobo para o próprio homem (homo homini lupus). Posteriormente, o homem dotado da razão e do sentimento de autoconservação buscou unir-se em uma sociedade civil, mediante um contrato segundo o qual cada um cede seus direitos ao soberano.

Jaques Bossuet estabeleceu o princípio do direito divino dos reis, isto é, do poder real emanado de Deus. Segundo Bossuet, a autoridade do rei é sagrada, pois ele age como ministro de Deus na terra, e rebelar-se contra ele é rebelar-se contra Deus. Essa teoria influenciou decisivamente os reis franceses da dinastia Bourbon, sobretudo Luis XIV, o rei sol.

Jean Bodin defendia a “soberania não-partilhada”. Para ele, a soberania real não pode sofrer restrições nem submeter-se a ameaças, pois ela emana de Deus. Assim, o soberano tem o poder de legislar sem precisar de consentimento de quem quer que seja.

A IDADE DO OURO NO BRASIL

A exploração de ouro e pedras preciosas

A descoberta de ouro e de diamantes no centro-sul da Colônia causou grande fluxo migratório para a região. A busca por pedras e metais preciosos e pela posse das minas provocou até conflitos armados.

Para controlar a extração de diamantes e evitar o contrabando, a Coroa portuguesa criou, em 1734, o Distrito Diamantino, cuja área foi isolada do restante da Colônia, após ter sido delimitada. A atividade de extração ficou restrita a pessoas escolhidas pela Coroa.

Posteriormente, a metrópole assumiu o monopólio da extração.Todos esses esforços, porém, não inibiram o contrabando.A regulamentação régia Para não perder tributos com a exploração, a Coroa portuguesa regulamentou a extração do ouro e

fiscalizou as operações mineradoras.Em 1702, foi criado um órgão específico para esse fim, chamado Intendência das Minas, e promulgou-se o Regimento das Minas

de Ouro. As minas descobertas eram informadas à Intendência, que as dividia em lotes. O descobridor escolhia dois lotes.

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RESUMO DE CONCURSOS

Um terceiro se tornava propriedade da Coroa, que o vendia em leilões.Os demais eram sorteados entre os interessados, que deveriam ter no mínimo 12 escravos. Tal medida impedia que pessoas sem

posse explorassem as minas.Um dos impostos cobrados na época era o quinto, ou seja, a quinta parte de todo o ouro extraído. Para impedir o contrabando do

metal, foram criadas as Casas de Fundição. Nelas o ouro era fundido e transformado em barras, sobre as quais se inscrevia o símbolo real. Durante esse processo, já se fazia a separação do quinto, e apenas as barras marcadas com o selo real eram consideradas legais.

O rei de Portugal exigiu também que se criasse um sistema de cotas, pelo qual o quinto deveria chegar, obrigatoriamente, a 100 arrobas anuais – cerca de 1,5 mil quilogramas. Esse sistema, no entanto, entrou em crise. Entre os motivos estava a escassez progressiva do ouro, o que gerou dificuldades para os mineradores conseguirem reunir o montante exigido para o pagamento de impostos.

Casa de Intendência das Minas da cidade de Diamantina, Minas Gerais.Construída entre 1733 e 1735 para regulamentar e fiscalizar a extração de ouro e pedras preciosas, essa construção é atualmente

fonte para o conhecimento histórico dessa época.

A Guerra dos Emboabas

Alegando terem descoberto as primeiras minas de ouro na Colônia portuguesa, os Bandeirantes paulistas queriam a exclusividade na exploração do ouro. No entanto, os colonos portugueses, além de inúmeros aventureiros, também estavam interessados no lucrativo negócio.

Essa situação gerou inúmeros conflitos, que culminaram na Guerra dos Emboabas.A guerra terminou com a vitória dos portugueses e com a retirada dos paulistas para a região de Mato Grosso e Goiás em busca

de ouro.

Regulamentando a vida na Colônia

A extração de ouro e diamantes deu origem à intervenção regulamentadora mais ampla que a Coroa realizou no Brasil. O governo português fez um grande esforço para arrecadar os tributos. Tomou também várias medidas para organizar a vida social nas minas e em outras partes da Colônia, seja em proveito próprio, seja no sentido de evitar que a corrida do ouro resultasse em caos. Na tentativa de reduzir o contrabando e aumentar suas receitas, a Coroa estabeleceu formas de arrecadação dos tributos que variaram no curso dos anos.

Uma sociedade urbana na Colônia

Em áreas próximas às minas de ouro e diamantes, formaram-se vilas, que, maistarde, deram origem a várias cidades. O crescimento urbano foi consequência danecessidade de se garantir a estrutura mínima para que se praticassem o comércio e o transporte do ouro e se administrasse a extração de pedras e metais preciosos.

As pessoas envolvidas na atividade mineradora não tinham como gerir o abastecimento das vilas, dependendo de terceiros para fazer chegar até a região a carne, o leite, os grãos e outros alimentos.

Na sociedade mineradora, havia muitos homens livres que se dedicavam ao comércio ambulante ou de pequeno porte, aos ofícios artesanais e ao transporte dos produtos de primeira necessidade. Essas pessoas, porém, não conseguiram enriquecer.

Em contrapartida, havia homens que enriqueceram com a extração do ouro ou com a atividade pecuária, o comércio e a administração metropolitana. Havia ainda outros profissionais que se integravam à vida urbana mineira, como advogados, militares, professores e médicos.

A população escrava era numerosa. Nas minas, os escravos trabalhavam especialmente nas lavras, onde a extração do ouro era mais difícil. Já nas vilas eles exerciam as funções de mecânicos, fabricantes de carroças e até soldados.

O ILUMINISMO E O DESPOTISMO ESCLARECIDO

Os escritores franceses do século XVIII provocaram uma revolução intelectual na história do pensamento moderno. Suas idéias caracterizavam-se pela importância dada à razão: rejeitavam as tradições e procuravam uma explicação racional para tudo. Filósofos e economistas procuravam novos meios para dar felicidade aos homens. Atacavam a injustiça, a intolerância religiosa, os privilégios. Suas opiniões abriram caminho para a Revolução Francesa, pois denunciaram erros e vícios do Antigo Regime.

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RESUMO DE CONCURSOS

As novas idéias conquistaram numerosos adeptos, a quem pareciam trazer luz e conheci mento. Por isto, os filósofos que as divulgaram foram chamados iluministas; sua maneira de pensar, Iluminismo; e o movimento, Ilustração.

A ideologia burguesa

O Iluminismo expressou a ascensão da burguesia e de sua ideologia. Foi a culminância de um processo que começou no Renascimento, quando se usou a razão para descobrir o mundo, e que ganhou aspecto essencialmente crítico no século XVIII, quando os homens passaram a usar a razão para entenderem a si mesmos no contexto da sociedade. Tal espírito generalizou-se nos clubes, cafés e salões literários.

A filosofia considerava a razão indispensável ao estudo de fenômenos naturais e sociais. Até a crença devia ser racionalizada: Os iluministas eram deístas, isto é, acreditavam que Deus está presente na natureza, portanto no próprio homem, que pode descobri-lo através da razão.

Para encontrar Deus, bastaria levar vida piedosa e virtuosa; a Igreja tornava-se dispensável. Os iluministas criticavam-na por sua intolerância, ambição política e inutilidade das ordens monásticas.

Os iluministas diziam que leis naturais regulam as relações entre os homens, tal como regulam os fenômenos da natureza. Consideravam os homens todos bons e iguais; e que as desigualdades seriam provocadas pelos próprios homens, isto é, pela sociedade. Para corrigi-las, achavam necessário mudar a sociedade, dando a todos liberdade de expressão e culto, e proteção contra a escravidão, a injustiça, a opressão e as guerras.

O princípio organizador da sociedade deveria ser a busca da felicidade; ao governo caberia garantir direitos naturais: a liberdade individual e a livre posse de bens; tolerância para a expressão de idéias; igualdade perante a lei; justiça com base na punição dos delitos; conforme defendia o jurista milanês Beccaria. A forma política ideal variava: seria a monarquia inglesa, segundo Montesquieu e Voltaire; ou uma república fundada sobre a moralidade e a virtude cívica, segundo Rousseau.

Principais Filósofos Iluministas

Podemos dividir os pensadores iluministas em dois grupos: os filósofos, que se preocupavam com problemas políticos; e os economistas, que procuravam uma maneira de aumentar a riqueza das nações. Os principais filósofos franceses foram Montesquieu, Voltaire, Rousseau e Diderot.

Montesquieu publicou em 1721 as Cartas Persas, em que ridicularizava costumes e instituições. Em 1748, publicou O Espírito das Leis, estudo sobre formas de governo em que destacava a monarquia inglesa e recomendava, como única maneira de garantir a liberdade, a independência dos três poderes: Executivo; Legislativo, Judiciário.

Voltaire foi o mais importante. Exilado na Inglaterra, publicou Cartas Inglesas, com ataques ao absolutismo e à intolerância e elogios à liberdade existente naquele país. Fixando-se em Ferney, França, exerceu grande influência por mais de vinte anos, até morrer. Discípulos se espalharam pela Europa e divulgaram suas idéias, especial mente o anticlericalismo.

Rousseau teve origem modesta e vida aventureira. Nascido em Genebra, era contrário ao luxo e à vida mundana. Em Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens (1755), defendeu a tese da bondade natural dos homens, pervertidos pela civilização. Consagrou toda a sua obra à tese da reforma necessária da sociedade corrompida. Propunha uma vida familiar simples; no plano político, uma sociedade baseada na justiça, igualdade e soberania do povo, como mostra em seu texto mais famoso, O Contrato Social. Sua teoria da vontade geral, referida ao povo, foi fundamental na Revolução Francesa e inspirou Robespierre e outros líderes.

Diderot organizou a Enciclopédia, publicada entre 1751 e 1772, com ajuda do matemático d’ Alembert e da maioria dos pensadores e escritores. Proibida pelo governo por divulgar as novas idéias, a obra passou a circular clandestinamente. Os economistas pregaram essencialmente a liberdade econômica e se opunham a toda e qual quer regulamentação. A natureza deveria dirigir a economia; o Estado só interviria para garantir o livre curso da natureza. Eram os fisiocratas, ou partidários da fisiocracia (governo da natureza). Quesnay afirmava que a atividade verdadeira mente produtiva era a agricultura.

Gournay propunha total liberdade para as atividades comerciais e industriais, consagrando a frase: “Laissez faire, laissez passar”.(Deixe fazer, deixe passar.).

O escocês Adam Smith, seu discípulo, escreveu A Riqueza das Nações (1765), em que defendeu: nem a agricultura, como queriam os fisiocratas; nem o comércio, como defendiam os mercantilistas; o trabalho era a fonte da riqueza. O trabalho livre, sem intervenções, guiado espontaneamente pela natureza.

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RESUMO DE CONCURSOS

AS REFORMAS POMBALINAS

O Marquês de Pombal

Sebastião Jose de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal (1699-1782), foi um estadista português, ministro dos Negócios Estrangeiros no governo de Dom José, propôs uma serie de reformas políticas e econômicas em Portugal e no Brasil; entre elas, a transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro. Em 1755 começou a perseguir judeus e padres jesuítas, conseguindo por fim expulsá-los do Brasil.

Quando D. Maria I subiu ao trono português, anistiou vários presos políticos e desterrou Pombal, sob a acusação de que ele teria se aproveitado das funções oficiais em beneficio próprio.

A EXTINÇÃO DA COMPANHIA DE JESUS

Fundada por Santo Inácio de Loiola, atravessou períodos muito conturbados ao longo da História.Em Portugal, a situação começou a complicar-se com a subida do marquês de Pombal ao poder. Atingiu-se o ponto de ruptura

quando, em 1759, foram retirados todos os bens móveis dos padres da companhia e esta foi expulsa de Portugal e dos seus domínios ultramarinos.

As pressões portuguesas e bourbónicas contribuíram em larga escala para que, a 21 de Julho de 1773, o papa Clemente XIV promulgasse o breve Dominus ac Redemptor, estabelecendo a extinção da Companhia de Jesus em toda a Cristandade.

O espírito iluminista dos jesuítas, o seu poder, a forma como conseguiram integrar-se nas missões e a oposição ao Tratado de Madrid (1750) são alguns dos motivos inventariados para a fricção que existiu entre os membros da companhia e o poder político.

Após a decisão de Clemente XIV, os jesuítas encontraram algum apoio na Rússia, que não chegou a acatar o breve Dominus ac Redemptor. Assim se mantiveram até 7 de Agosto de 1814, altura em que a Companhia de Jesus foi restaurada por Pio VII.

Em Portugal, só com D. Miguel puderam regressar.

TESTES01- (MACKENZIE-2008) Constituíram importantes fatores para o sucesso da lavoura canavieira no início da colonização

do Brasil:a) O Domínio Espanhol, que possibilitou o crescimento do mercado consumidor interno.b) O predomínio da mão de obra livre com técnicas avançadas.c) O financiamento, transporte e refinação nas mãos da Holanda e a produção a cargo de Portugal.d) A expulsão dos holandeses que trouxe a imediata recuperação dos mercados e ascensão econômica dos senhores de

engenho.e) A estrutura fundiária, baseada na pequena propriedade voltada para o consumo interno.

RESPOSTA “C”.

02. (AGENTE TÉCNICO LEGISLATIVO-FCC-2010) – A respeito da época pombalina, analise as afirmativas a seguir: I. A competição entre as potências hegemônicas 10 européias, durante o século XVII, aumentou a subordinação das

que “se atrasaram”, como Portugal, o que ameaçava o seu domínio sobre as colônias e a sua própria independência. II. O absolutismo ilustrado buscava evitar que o privilégio da ordem jesuíta e a emergência de novas forças sociais,

desejosas de maior representação política, viessem a ameaçar o regime. III. Com a expulsão dos jesuítas, Pombal buscava promover o desenvolvimento econômico, assegurar o poder político e

controlar a população indígena da Região Amazônica.Assinale:a) Se somente a afirmativa I estiver correta.b) Se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.c) Se somente a afirmativa II estiver correta.d) Se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

RESPOSTA “B”.

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RESUMO DE CONCURSOS

03. “O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais, não deixa de ser mais escravo do que eles (...) A ordem social é um direito sagrado que serve de base a todos os outros. Tal direito, no entanto, não se origina da natureza: funda-se, portanto, em convenções.” (J.J. Rousseau, Do Contrato Social, in Os Pensadores. São Paulo, Abril Cultural, 1978, p. 22)

A respeito da citação de Rousseau, é correto afirmar:a) Aproxima-se do pensamento absolutista, que atribuía aos reis o direito divino de manter a ordem social.b) Filia-se ao pensamento cristão, por atribuir a todos os homens uma condição de submissão semelhante à escravatura.c) Filia-se ao pensamento abolicionista, por denunciar a escravidão praticada na América, ao longo do século XIX.d) Aproxima-se do pensamento anarquista, que estabelece que o Estado deve ser abolido e a sociedade, governada por

autogestão.e) Aproxima-se do pensamento iluminista, ao conceber a ordem social como um direito sagrado que deve garantir a liberdade e

a autonomia dos homens.

RESPOSTA “E”.

04. (PUCCAMP-2007) - O processo de colonização européia da América, durante os séculos XVI, XVII e XVIII está ligado à:

a) Expansão comercial e marítima, ao fortalecimento das monarquias nacionais absolutas e à política mercantilista.b) Disseminação do movimento cruzadista, ao crescimento do comércio com os povos orientais e à política livre-cambista.c) Política imperialista, ao fracasso da ocupação agrícola das terras e ao crescimento do comércio bilateral.d) Criação das companhias de comércio, ao desenvolvimento do modo feudal de produção e à política liberal.e) Política industrial, ao surgimento de um mercado interno consumidor e ao excesso de mão-de-obra livre.

RESPOSTA “A”.

05. (OFICIAIS DO QUADRO COMPLEMENTAR-HISTÓRIA-EXÉRCITO BRASILEIRO-2010) – Com a morte de Elizabeth I, da Inglaterra (1603), acaba a dinastia Tudor, que desfrutava de uma situação de grande prosperidade, graças à política mercantilista, e tem início a dinastia Stuart.

Sobre a dinastia Stuart é correto afirmar que:a) Carlos I assume o poder logo após a morte de Elizabeth e torna-se o todo-poderoso, rei de três países: Inglaterra, Escócia e

Irlanda.b) Jaime I foi chamado de “o imbecil mais sábio de toda a cristandade”, por Henrique IV, rei da França, devido à falta de

habilidade política, excesso de vaidade, teimosia inarredável e grande erudição.c) Oliver Cromwell exigiu que o Parlamento criasse o Primeiro Bill of Rights, que dava ao cidadão garantia contra

detenções arbitrárias e tributos ilegais.d) Jaime II lançou os Atos de Navegação, decretos que estabeleciam que somente embarcações inglesas poderiam realizar o

comércio com suas colônias da América.e) Carlos II fugiu para a França quando Guilherme de Orange invadiu a Inglaterra, e iniciou-se a Puritana.

RESPOSTA “B”.

06. (ATENDENTE ADMINISTRATIVO-PREF. PUXINANÃ/PB-ADIVISE-2009) – A respeito da Reforma Protestante é correto afirmar:

a) O anglicanismo estabelecia o monarca inglês como chefe supremo da Igreja da Inglaterra.b) O luteranismo significou o surgimento de uma religião popular contrária aos privilégios da nobreza da Alemanha.c) O calvinismo difundiu-se rapidamente na Itália e na Península Ibérica devido aos seus valores aristocráticos.d) O anglicanismo representou a separação entre o poder religioso e o Estado na Inglaterra no século XVI.e) O calvinismo do século XVI sustentava a idéia de que a salvação realizava-se pela fé e pelas obras humanas.

RESPOSTA “A’.

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RESUMO DE CONCURSOS

07. (ADJUNTO DE PROCURADOR-TCE/RS-FMP-2009) – A respeito da abolição da escravatura no Brasil é correto afirmar:

a) Ocorreu fundamentalmente devido às pressões inglesas que obrigaram as autoridades brasileiras a extinguir a escravidão.b) Ocorreu depois que os cafeicultores encontraram, na imigração européia, uma forma de substituição da mão de obra escrava.c) Ocorreu de maneira gradual, vinculada à política de promoção da cidadania dos libertos, apesar das pressões políticas

dos abolicionistas na segunda metade do século XIX.d) Ocorreu fundamentalmente devido à crise demográfica do continente africano, que não oferecia mais grandes contingentes

humanos que pudessem ser comercializados.e) Ocorreu devido à força com que as idéias ilustradas foram incorporadas pelas elites brasileiras à época da independência.

RESPOSTA “B”.

08. (ANALISTA CULTURAL-HISTÓRIA-PREF. VITÓRIA/ES-2010) – “A produção se destinava fundamentalmente ao consumo da família, mas, ao mesmo tempo, essa família, estava obrigada a entregar ao mocambo, como comunidade, um excedente depositado em paiol situado no centro da cidadela. O excedente se destinava ao sustento dos produtores não diretos e aos improdutivos em geral: chefes guerreiros, prestadores de serviço, crianças, velhos, doentes. Produzia-se, ainda, um excedente dedicado a acudir emergências, como secas, pragas, taques externos.” FREITAS, Décio. Palmares, a guerra dos escravos. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1984, p. 37.

A leitura do fragmento acima permite-nos compreender a gênese da organização produtiva de alimentos no Quilombo dos Palmares, que ainda caracteriza diversas comunidades remanescentes de quilombos e que pode ser resumida em produção:

a) Comunitária, com arrecadação e administração do uso de excedentes.b) Comunitária, sem preocupação com a administração de excedentesc) Comunitária de baixo rendimento, o que não permitia a produção de excedentes.d) Em larga escala, de poucos produtos para o comércio em localidades próximas.e) De produtos variados por todos os integrantes do quilombo, não havendo preocupação em controlar excedentes.

RESPOSTA “A”.

09. (CESGRANRIO-2007) – Sobre a revitalização de formas compulsórias de trabalho nas áreas coloniais durante a Época Moderna quando na Europa ocorria um movimento inverso da liberação de mão de obra podemos afirmar que:

I. A adoção do trabalho compulsório de escravos africanos insere-se na lógica do Antigo Sistema Colonial, pois o tráfico negreiro, controlado pela burguesia mercantil metropolitana, era uma atividade altamente lucrativa e contribuía para a acumulação primitiva de capital na metrópole.

II. A grande disponibilidade de terras impediu a exploração de trabalhadores livres e assalariados, que poderiam ter acesso a terra e desenvolver uma economia de subsistência, o que seria contrário ao sentido da colonização e à organização de grandes propriedades produtoras de mercadorias para o comércio metropolitano.

III. A adoção do trabalho escravo na Colônia se deveu à falta de dinheiro dos grandes proprietários de terra para pagar salários, pois, como vendiam seus produtos a baixos preços aos comerciantes metropolitanos, só podiam utilizar mão de obra que não exigisse nenhum investimento de capitais.

Assinale a opção que contém a(s) afirmativa(s) correta(s).a) Apenas I.b) Apenas II.c) Apenas I e II.d) Apenas III.e) I, II e III.

RESPOSTA “C”.

10. (ADMINISTRAÇÃO DE REDE-FHEMIG-FUNDEP-2009) – Sobre a economia brasileira durante a Primeira República, é possível destacar os seguintes elementos:

a) Exportações dirigidas aos mercados europeus e asiáticos e crescimento da pecuária no Nordeste.b) Investimentos britânicos no setor de serviços e produção de bens primários para a exportação. c) Protecionismo alfandegário para estimular a indústria e notável ampliação do mercado interno.d) Aplicação de capital estrangeiro na indústria e consolidação do café como único produto de exportação.e) Integração regional e plano federal de defesa da comercialização da borracha na Amazônia.

RESPOSTA “B”.

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11. (UFRN -2008) – A implantação do sistema colonial transformou as relações amistosas existentes entre indígenas e portugueses no início da ocupação do Brasil. Essa transformação se deveu à:

a) Grande inabilidade dos indígenas para a agricultura, recusando-se a trabalhar nas novas plantações açucareiras, atitude que desagradou aos portugueses.

b) Crescente ocupação das terras pelos portugueses e à necessidade de mão-de-obra, levando à escravização dos índios, que reagiram aos colonos.

c) Importação de negros africanos, cuja mão de obra acabou competindo com a dos indígenas, excluindo estes do mercado de trabalho agrário.

d) Introdução de técnicas e instrumentos agrícolas europeus nas aldeias indígenas, desestruturando a economia comunal dos grupos nativos.

RESPOSTA “B”.

12. (ADMINISTRADOR-PREF. OLINDA/PE-UPENET/IAUPE) – “Na primeira carta disse a V. Rev. a grande perseguição que padecem os índios, pela cobiça dos portugueses em os cativarem. Nada há de dizer de novo, senão que ainda continua a mesma cobiça e perseguição, a qual cresceu ainda mais. No ano de 1649 partiram os moradores de São Paulo para o sertão, em demanda de uma nação de índios distantes daquela capitania muitas léguas pela terra adentro, com a intenção de os arrancarem de suas terras e os trazerem às de São Paulo, e aí se servirem deles como costumam.” Pe. Antônio Vieira, Carta ao padre provincial, 1653, Maranhão. Este documento do Padre Antônio Vieira revela:

a) Que tanto o Padre Vieira como os demais jesuítas eram contrários à escravidão dos indígenas e dos africanos, posição que provocou conflitos constantes com o governo português.

b) Um dos momentos cruciais da crise entre o governo português e a Companhia de Jesus, que culminou com a expulsão dos jesuítas do território brasileiro.

c) Que o ponto fundamental dos confrontos entre os padres jesuítas e os colonos referia-se à escravização dos indígenas e, em especial, à forma de atuar dos bandeirantes.

d) Um episódio isolado da ação do Padre Vieira na luta contra a escravização indígena no Estado do Maranhão, o qual se utilizava da ação dos bandeirantes para caçar os nativos.

e) Que os padres jesuítas, em oposição à ação dos colonos paulistas, contavam com o apoio do governo português na luta contra a escravização indígena.

RESPOSTA “C”.

13. (PUCCAMP-2008) – “Senhores e autoridades escravistas da Bahia, como em toda parte, usaram da violência como método fundamental de controle dos escravos. Mas a escravidão não funcionou e se reproduziu baseada apenas na força. O combate à autonomia e indisciplina escrava, no trabalho e fora dele através de uma combinação da violência com a negociação, do chicote com a recompensa.” (Reis, João José. Negociação e conflito.).

Segundo a afirmação do historiador João José Reis:a) As relações existentes entre senhores e escravos eram baseadas exclusivamente na força e na violência.b) A recompensa era dada toda vez que o chicote era usado de modo exagerado sobre os escravos.c) A autonomia escrava não passava de uma ilusão permitida pelos senhores, pois na prática apenas eles tinham poder e força de

decisão.d) Diante da violência com a qual eram tratados, os escravos se rebelavam contra os senhores, fugindo e montando grupos de

resistência escrava, como os quilombos.e) Havia por vezes um equilíbrio de forças entre senhores e escravos, uma negociação que era necessária entre esses dois grupos

para a manutenção da própria escravidão.

RESPOSTA “E”.

14. (AÇOGUEIRO-CONSULPLAN-2011) – No Brasil, a sociedade colonial foi marcada pela dominação de preconceitos e pelo poder do Catolicismo. Essa sociedade:

a) Era sustentada pelo trabalho escravo, não havendo mão de obra livre em nenhum setor da economia.b) dependia de investimentos europeus, com destaque para os holandeses em relação ao açúcar. c) Aceitava o trabalho escravo como base de produção até o começo do século XIX. d) Submetia-se às ordens da metrópole, sem haver rebeliões políticas ou movimentos sociais. e) Tinha autonomia econômica, negociando com as grandes potências européias.

RESPOSTA “B”.

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RESUMO DE CONCURSOS

15. (AGENTE TÉCNICO LEGISLATIVO-FCC-2010) – Foram respectivamente, razões e características de ocupação holandesa no Nordeste açucareiro:

a) Envolvimento da Holanda no Comércio de escravos e a proibição do catolicismo.b) Expulsão dos holandeses das Antilhas e monopólio do comércio de escravos. c) Exclusão dos holandeses do comércio do açúcar e o financiamento aos senhores de engenho.d) Interesse da Holanda no pau-brasil e a proibição do trabalho escravo.e) Participação da Holanda no refino do açúcar e o abandono de Recife.

RESPOSTA “C”.

16.. (JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO-TJ/DFT-2008) – “Como decorrência do caminho, constituiu-se a civilização paulista (...). Na faina sertaneja e predadora dos paulistas, desenvolveram-se hábitos próprios, tributários dos indígenas e incorporados mesmo por aqueles que haviam nascido na Europa, como o alentejano Antonio Raposo Tavares.”

Laura de Mello e SouzaO texto reporta-se às características da vida paulista no período colonial e seu significado. Sobre estes fatos não podemos

dizer que:a) O isolamento e a reduzida importância econômica da região resultaram num forte senso de autonomia entre a gente paulista.b) Casas de taipa, móveis rústicos, tendo com idioma dominante o tupi-guarani até o século XVIII, esta era a vila de São

Paulo.c) Mestiços rudes, os mamelucos paulistas vagavam pelos sertões, apresando índios, buscando ouro ou atacando quilombos.d) O alargamento da fronteira foi uma conseqüência inconsciente da luta destes homens pela sobrevivência.e) O prestígio do bandeirante deve-se à integração dos vicentinos à economia exportadora açucareira.

RESPOSTA “E”.

17. (UFU-2009) – A atividade bandeirante marcou a atuação dos habitantes da capitania de São Vicente entre o século XVI e XVIII. A esse respeito, assinale a alternativa correta.

a) Buscando capturar o índio para utilizá-lo como mão-de-obra ou para descobrir minas de metais e pedras preciosas, o chamado bandeirismo apresador e o prospector foram importantes para a ampliação dos limites geográficos do Brasil colonial.

b) As bandeiras eram empresas organizadas e mantidas pela metrópole, com o objetivo de conquistar e povoar o interior da colônia, assim como garantir, efetivamente, a posse e o domínio do território.

c) As chamadas bandeiras apresadoras tinham uma organização interna militarizada e eram compostas exclusivamente por homens brancos, chefados por uma autoridade militar da Coroa.

d) O que explicou o impulso do bandeirismo no século XVII foi à assinatura do tratado de fronteiras com a Espanha, que redefiniu a linha de Tordesilhas e abriu as regiões de Mato Grosso até o Rio Grande do Sul, possibilitando a conquista e a exploração portuguesa.

e) Derivado da bandeira de apresamento, o sertanismo de contrato era uma empresa particular, organizada com o objetivo de pesquisar indícios de riquezas minerais, especialmente nas regiões de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.

RESPOSTA “A”.

18. (MACK-2007) – A historiografia tradicional atribui ao bandeirismo o alargamento do território brasileiro para além de Tordesilhas. Sobre esta atividade é correto afirmar que:

a) Jamais se converteu em elemento repressor, atacando quilombos ou aldeias indígenas.b) As missões do Sul foram preservadas dos ataques paulistas, devido à presença dos jesuítas espanhóis.c) Na verdade, o bandeirismo era a forma de sobrevivência para mestiços vicentinos, rudes e pobres, e a expansão territorial

ocorreu de forma inconsciente como subproduto de sua atividade.d) Eram empresas totalmente financiadas pelo governo colonial, tendo por objetivo alargar o território para além de Tordesilhas.e) Era exercida exclusivamente pelo espírito de aventura dos brancos vinculados à elite proprietária vicentina, cujas lavouras

de cana apresentavam grande prosperidade.

RESPOSTA “C”.

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CAPÍTULO 6: A ERA DAS REVOLUÇÕES E DOS IMPÉRIOS

O nascimento dos Estados Unidos- as treze colônias

Antes da Independência, os EUA era formado por treze colônias controladas pela metrópole: a Inglaterra. Dentro do contexto histórico do século XVIII, os ingleses usavam estas colônias para obter lucros e recursos minerais e vegetais não disponíveis na Europa. Era também muito grande a exploração metropolitana, com relação aos impostos e taxas cobrados dos colonos norte-americanos.

Colonização dos Estados Unidos

Para entendermos melhor o processo de independência norte-americano é importante conhecermos um pouco sobre a colonização deste território. Os ingleses começaram a colonizar a região no século XVII. A colônia recebeu dois tipos de colonização com diferenças acentuadas:

• Colônias do Norte : região colonizada por protestantes europeus, principalmente ingleses, que fugiam das perseguições religiosas. Chegaram na América do Norte com o objetivo de transformar a região num próspero lugar para a habitação de suas famílias. Também chamada de Nova Inglaterra, a região sofreu uma colonização de povoamento com as seguintes características : mão-de-obra livre, economia baseada no comércio, pequenas propriedades e produção para o consumo do mercado interno.

• Colônias do Sul : colônias como a Virginia, Carolina do Norte e do Sul e Geórgia sofreram uma colonização de exploração. Eram exploradas pela Inglaterra e tinham que seguir o Pacto Colonial. Eram baseadas no latifúndio, mão-de-obra escrava, produção para a exportação para a metrópole e monocultura.

Guerra dos Sete Anos

Esta guerra ocorreu entre a Inglaterra e a França entre os anos de 1756 e 1763. Foi uma guerra pela posse de territórios na América do Norte e a Inglaterra saiu vencedora. Mesmo assim, a metrópole resolveu cobrar os prejuízos das batalhas dos colonos que habitavam, principalmente, as colônias do norte. Com o aumento das taxas e impostos metropolitanos, os colonos fizeram protestos e manifestações contra a Inglaterra.

Metrópole aumenta taxas e impostos

A Inglaterra resolveu aumentar vários impostos e taxas, além de criar novas leis que tiravam a liberdade dos norte-americanos. Dentre estas leis podemos citar: Lei do Chá (deu o monopólio do comércio de chá para uma companhia comercial inglesa), Lei do Selo ( todo produto que circulava na colônia deveria ter um selo vendido pelos ingleses), Lei do Açúcar (os colonos só podiam comprar açúcar vindo das Antilhas Inglesas).

Estas taxas e impostos geraram muita revolta nas colônias. Um dos acontecimentos de protesto mais conhecidos foi a Festa do Chá de Boston ( The Boston Tea Party ). Vários colonos invadiram, a noite, um navio inglês carregado de chá e, vestidos de índios, jogaram todo carregamento no mar. Este protesto gerou uma forte reação da metrópole, que exigiu dos habitantes os prejuízos, além de colocar soldados ingleses cercando a cidade.

Primeiro Congresso da Filadélfia

Os colonos do norte resolveram promover, no ano de 1774, um congresso para tomarem medidas diante de tudo que estava acontecendo. Este congresso não tinha caráter separatista, pois pretendia apenas retomar a situação anterior. Queriam o fim das medidas restritivas impostas pela metrópole e maior participação na vida política da colônia.

Porém, o rei inglês George III não aceitou as propostas do congresso, muito pelo contrário, adotou mais medidas controladoras e restritivas como, por exemplo, as Leis Intoleráveis. Uma destas leis, conhecida como Lei do Aquartelamento, dizia que todo colono norte-americano era obrigado a fornecer moradia, alimento e transporte para os soldados ingleses. As Leis Intoleráveis geraram muita revolta na colônia, influenciando diretamente no processo de independência.

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Segundo Congresso da Filadélfia

Em 1776, os colonos se reuniram no segundo congresso com o objetivo maior de conquistar a independência. Durante o congresso, Thomas Jefferson redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. Porém, a Inglaterra não aceitou a independência de suas colônias e declarou guerra. A Guerra de Independência, que ocorreu entre 1776 e 1783, foi vencida pelos Estados Unidos com o apoio da França e da Espanha.

Constituição dos Estados Unidos

Em 1787, ficou pronta a Constituição dos Estados Unidos com fortes características iluministas. Garantia a propriedade privada (interesse da burguesia), manteve a escravidão, optou pelo sistema de república federativa e defendia os direitos e garantias individuais do cidadão.

A REVOLUÇÃO FRANCESA

A situação da França no século XVIII era de extrema injustiça social na época do Antigo Regime. O Terceiro Estado era formado pelos trabalhadores urbanos, camponeses e a pequena burguesia comercial. Os impostos eram pagos somente por este segmento social com o objetivo de manter os luxos da nobreza.

A França era um país absolutista nesta época. O rei governava com poderes absolutos, controlando a economia, a justiça, a política e até mesmo a religião dos súditos. Havia a falta de democracia, pois os trabalhadores não podiam votar, nem mesmo dar opiniões na forma de governo. Os oposicionistas eram presos na Bastilha (prisão política da monarquia) ou condenados à guilhotina.

A sociedade francesa do século XVIII era estratificada e hierarquizada. No topo da pirâmide social, estava o clero que também tinha o privilégio de não pagar impostos. Abaixo do clero, estava a nobreza formada pelo rei, sua família, condes, duques, marqueses e outros nobres que viviam de banquetes e muito luxo na corte. A base da sociedade era formada pelo terceiro estado (trabalhadores, camponeses e burguesia) que, como já dissemos, sustentava toda a sociedade com seu trabalho e com o pagamento de altos impostos. Pior era a condição de vida dos desempregados que aumentavam em larga escala nas cidades francesas.

A vida dos trabalhadores e camponeses era de extrema miséria, portanto, desejavam melhorias na qualidade de vida e de trabalho. A burguesia, mesmo tendo uma condição social melhor, desejava uma participação política maior e mais liberdade econômica em seu trabalho.

A situação social era tão grave e o nível de insatisfação popular tão grande que o povo foi às ruas com o objetivo de tomar o poder e arrancar do governo a monarquia comandada pelo rei Luis XVI. O primeiro alvo dos revolucionários foi a Bastilha. A Queda da Bastilha em 14/07/1789 marca o início do processo revolucionário, pois a prisão política era o símbolo da monarquia francesa. O lema dos revolucionários era “Liberdade, Igualdade e Fraternidade “, pois ele resumia muito bem os desejos do terceiro estado francês.

Durante o processo revolucionário, grande parte da nobreza deixou a França, porém a família real foi capturada enquanto tentava fugir do país. Presos, os integrantes da monarquia, entre eles o rei Luis XVI e sua esposa Maria Antonieta foram guilhotinados em 1793.O clero também não saiu impune, pois os bens da Igreja foram confiscados durante a revolução.

No mês de agosto de 1789, a Assembléia Constituinte cancelou todos os direitos feudais que existiam e promulgou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Este importante documento trazia significativos avanços sociais, garantindo direitos iguais aos cidadãos, além de maior participação política para o povo.

Girondinos e Jacobinos

Após a revolução, o terceiro estado começa a se transformar e partidos começam a surgir com opiniões diversificadas. Os girondinos, por exemplo, representavam a alta burguesia e queriam evitar uma participação maior dos trabalhadores urbanos e rurais na política. Por outro lado, os jacobinos representavam a baixa burguesia e defendiam uma maior participação popular no governo. Liderados por Robespierre e Saint-Just, os jacobinos eram radicais e defendiam também profundas mudanças na sociedade que beneficiassem os mais pobres.

A Fase do Terror

Em 1792, os radicais liderados por Robespierre, Danton e Marat assumem o poder e organização as guardas nacionais. Estas, recebem ordens dos líderes para matar qualquer oposicionista do novo governo. Muitos integrantes da nobreza e outros franceses de oposição foram condenados a morte neste período. A violência e a radicalização política são as marcas desta época.

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A burguesia no poder

Em 1795, os girondinos assumem o poder e começam a instalar um governo burguês na França. Uma nova Constituição é aprovada, garantindo o poder da burguesia e ampliando seus direitos políticos e econômico. O general francês Napoleão Bonaparte é colocado no poder, após o Golpe de 18 de Brumário (9 de novembro de 1799) com o objetivo de controlar a instabilidade social e implantar um governo burguês. Napoleão assumi o cargo de primeiro-cônsul da França, instaurando uma ditadura.

A Revolução Francesa foi um importante marco na História Moderna da nossa civilização. Significou o fim do sistema absolutista e dos privilégios da nobreza. O povo ganhou mais autonomia e seus direitos sociais passaram a ser respeitados. A vida dos trabalhadores urbanos e rurais melhorou significativamente. Por outro lado, a burguesia conduziu o processo de forma a garantir seu domínio social. As bases de uma sociedade burguesa e capitalista foram estabelecidas durante a revolução. A Revolução Francesa também influenciou, com seus ideais iluministas, a independência de alguns países da América Espanhola e o movimento de Inconfidência Mineira no Brasil.

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico pelo sistema fabril constituiu a Revolução Industrial; revolução, em função do enorme impacto sobre a estrutura da sociedade, num processo de transformação acompanhado por notável evolução tecnológica.

A Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII e encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação primitiva de capitais e de preponderância do capital mercantil sobre a produção. Completou ainda o movimento da revolução burguesa iniciada na Inglaterra no século XVII.

Etapas da industrialização

Podem-se distinguir três períodos no processo de industrialização em escala mundial:

• 1760 a 1850 – A Revolução se restringe à Inglaterra, a “oficina do mundo”. Preponderam a produção de bens de consumo, especialmente têxteis, e a energia a vapor.

• 1850 a 1900 – A Revolução espalha-se por Europa, América e Ásia: Bélgica, França, Ale manha, Estados Unidos, Itália, Japão, Rússia. Cresce a concorrência, a indústria de bens de produção se desenvolve, as ferrovias se expandem; surgem novas formas de energia, como a hidrelétrica e a derivada do petróleo. O trans porte também se revoluciona, com a invenção da locomotiva e do barco a vapor.

• 1900 até hoje – Surgem conglomerados industriais e multinacionais. A produção se automatiza; surge a produção em série; e explode a sociedade de consumo de massas, com a expansão dos meios de comunicação. Avançam a indústria química e eletrônica, a engenharia genética, a robótica

Artesanato, manufatura e maquinofatura

O artesanato, primeira forma de produção industrial, surgiu no fim da Idade Média com o renascimento comercial e urbano e definia-se pela produção independente; o produtor possuía os meios de produção: instalações, ferramentas e matéria-prima. Em casa, sozinho ou com a família, o artesão realizava todas as etapas da produção.

A manufatura resultou da ampliação do consumo, que levou o artesão a aumentar a produção e o comerciante a dedicar-se à produção industrial. O manufatureiro distribuía a matéria-prima e o arte são trabalhava em casa, recebendo pagamento combinado. Esse comerciante passou a produzir. Primeiro, contratou artesãos para dar acabamento aos tecidos; depois, tingir; e tecer; e finalmente fiar. Surgiram fábricas, com assalariados, sem controle sobre o produto de seu trabalho. A produtividade aumentou por causa da divisão social, isto é, cada trabalhador realizava uma etapa da produção.

Na maquinofatura, o trabalhador estava sub metido ao regime de funcionamento da máquina e à gerência direta do empresário. Foi nesta etapa que se consolidou a Revolução Industrial.

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RESUMO DE CONCURSOS

CONSPIRAÇÕES E REVOLTAS NA AMÉRICA PORTUGUESA

A Inconfidência Mineira

O movimento mineiro foi o primeiro a realmente manifestar com clareza a intenção da colônia de romper suas relações com a metrópole. Outras rebeliões já haviam ocorrido na colônia que, no entanto, possuíam reivindicações parciais, locais, que nunca propuseram a Independência em relação a Portugal.

A importância da Inconfidência Mineira reside no fato de exprimir a decadência da política colonial e ao mesmo tempo a influência das idéias iluministas sobre a elite colonial que, na prática, foi quem organizou o movimento.

As Razões do movimento

Vários foram os motivos que determinaram o início do movimento, reunindo proprietários rurais, intelectuais, clérigos e militares, numa conspiração que pretendia eliminar a dominação portuguesa e criar um país livre no Brasil, em 1789.

A Crise Econômica

O século XVIII foi caracterizado pelo brutal aumento da exploração portuguesa sobre sua colônia na América. Apesar de o Brasil sempre ter sido uma colônia de exploração, ou seja, ter servido aos interesses econômicos de Portugal, durante o século XVIII, a nação portuguesa conheceu uma maior decadência econômica, entendido principalmente pelos déficits crescentes frente a Inglaterra, levando-a a aumentar a exploração sobre suas áreas coloniais e utilizando para isso uma nova forma de organização do próprio Estado, influenciado pelo avanço das idéias iluministas, que convencionou-se chamar “Despotismo Esclarecido”. Nesse sentido, a política pombalina para o Brasil, normalmente vista como mais racional, representou na prática uma exploração mais racional, com a organização das Companhias de Comércio monopolistas, que atuaram em diversas regiões do Brasil.

Em Minas Gerais, especificamente, que se constituía na mais importante região aurífera e diamantífera brasileira, o peso da espoliação lusitana se fazia sentir com maior intensidade.

A exploração de diamantes era monopolizada pela Coroa desde 1731, que demarcara a região, proibindo o ingresso de particulares em tal atividade. Ao mesmo tempo, as jazidas da região aurífera se esgotavam com muita repidez, em parte por ser o ouro de Aluvião, em parte pelas técnicas precárias que eram empregadas na atividade e esse esgotamento refletia-se na redução dos tributos pagos a Coroa, fixado em “Um Quinto”, portanto vinculado à produção. Para a Coroa, no entanto, a redução no pagamento de impostos devia-se a fraude e ao contrabando e isso explica a mudança na política tributária: Em 1750, o quinto foi substituído por um sistema de cota fixa, definido em 100 arrobas por ano (1500 Kg). Como a produção do ouro continuava a diminuir, tornou-se comum o não pagamento completo do tributo e a cada ano a dívida tendeu a aumentar e a Coroa resolveu, em 1763, instituir a Derrama. Não era um novo imposto, mas a cobrança da diferença em relação à aquilo que deveria ter sido pago. Essa cobrança era arbitrária e executada com extrema violência pelas autoridades portuguesas no Brasil, gerando não apenas um problema financeira, mas o aumento da revolta contra a situação de dominação.

Soma-se a isso as dificuldades dos mineradores em importar produtos essenciais como ferro, aço e mesmo escravos, produtos esses que tinham seus preços elevados constantemente. Um dos principais exemplos dessa situação foi o “Alvará de proibição Industrial” baixado em 1785 por D. Maria I, a louca, que proibia a existência de manufaturas no Brasil. Os efeitos do alvará foram particularmente desastrosos para a população interiorana, que costumava abastecer-se de tecidos, calçados e outros gêneros nas pequenas oficinas locais ou mesmo domésticas e que, a partir daí, dependeria das tropas que traziam do litoral os produtos importados, por preços muito elevados e em quantidade nem sempre suficiente.

Influências Externas

O ideal Iluminista difundiu-se na Europa ao longo do século XVIII, principalmente a partir da obra de filósofos franceses e teve grande repercussão na América; primeiro influenciando a Independência dos EUA e posteriormente as colônias ibéricas.

Ao longo do século XVIII tornou-se comum à elite colonial, enviar seus filhos para estudar na Europa, onde tomaram contato com as idéias que clamavam por direitos, liberdade e igualdade. De volta a colônia, esses jovens traziam não só os ideais de Locke, Montesquieu e Rousseau , mas uma percepção mais acabada em relação a crise do Antigo Regime, representada pela decadência do absolutismo e pelas mudanças que se processavam em várias nações, mesmo que ainda controladas por monarcas despóticos.

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RESUMO DE CONCURSOS

Outra importante influência que marcou a Inconfidência Mineira foi a Independência das 13 colônias inglesas na América do Norte, que apoiadas nas idéias iluministas não só romperam com a metrópole, mas criaram uma nação soberana, republicana e federativa. A vitória dos colonos norte americanos frente a Inglaterra serviu de exemplo e estímulo a outros movimentos emancipacionistas na América ibérica, incluindo o Brasil. Percebe-se essa influência, através da atitude do estudante brasileiro José Joaquim da Maia que, em Paris, entrou em contato com Thomas Jefferson, representante do governo dos EUA na França, para solicitar o apoio dos norte americanos ao movimento de rebelião contra a dominação portuguesa, que estava prestes a eclodir no Brasil.

Em uma das cartas mais famosas de Maia a Thomas Jefferson, o estudante brasileiro escreveu: “Sou brasileiro e sabeis que minha desgraçada pátria geme em um espantoso cativeiro, que se torna cada dia menos suportável, desde a época de vossa gloriosa independência, pois que os bárbaros portugueses nada pouparam para nos tomar desgraçados, com o temor que seguíssemos os vossos passos; ... estamos dispostos a seguir o marcante exemplo que acabais de nos dar... quebrar nossas cadeias e fazer reviver nossa liberdade que está completamente morta e oprimida pela força, que é o único direito que os europeus possuem sobre a América... Isto posto, senhor, é a vossa nação que acreditamos ser a mais indicada para nos dar socorro, não só porque ela nos deu o exemplo, mas também porque a natureza nos fez habitantes do mesmo continente e, assim, de alguma maneira, compatriotas”.

A conspiração

A Inconfidência Mineira na verdade não passou de uma conspiração, onde os principais protagonistas eram elementos da elite colonial, homens ligados à exploração aurífera, à produção agrícola ou a criação de animais, sendo que vários deles estudaram na Europa e que organizavam o movimento exatamente em oposição as determinações do pacto colonial, enrijecidas no século XVIII. Além destes, encontramos ainda alguns indivíduos de uma camada intermediária, como o próprio Tiradentes, filho de um pequeno proprietário e que, após dedicar-se a várias atividades, seguiu a carreira militar, sendo portanto, um dos poucos indivíduos sem posses que participaram do movimento. Essa situação explica a posição dos inconfidentes em relação a escravidão, muito destacada nos livros de história; de fato, a maior parte dos membros das conspirações se opunha a abolição da escravidão, enquanto poucos, incluindo Tiradentes, defendiam a libertação dos escravos. As idéias liberais no Brasil tinham seus limites bem definidos, na verdade a liberdade era vista a partir do interesse de uma minoria, como a necessidade de ruptura dos laços com a metrópole, porém, sem que rompessem as estruturas socioeconômicas. Mesmo do ponto de vista político, a liberdade possuia limites. A luta pela independencia incluía ainda a definição do regime político a ser adotado, embora a maioria defendesse a formação de uma República que fosse Federativa, porém não garantia o direito de participação política a todos os homens. Na verdade os inconfidentes não possuíam uma orientação política definida, mas um conjunto de propostas, que tratavam de questões secundárias, como a organização da capital em São João Del Rei ou ainda a criação de uma Universidade em Vila Rica.

O movimento conspiratório tornou-se maior após a chegada do Visconde de Barbacena, nomeado novo governador da capitania de Minas Gerais e incumbido de executar uma nova derrama, utilizando-se de todo o rigor necessário para garantir a chegado do ouro a Portugal. De setembro de 1788 em diante, as reuniões tornaram intensas, onde eram alimentadas várias discussões sobre temas variados e o entusiasmo exagerado contrastava com a falta de organização militar para a execução da independencia. Tiradentes e outros membros da conspiração procuravam garantir o apoio dos proprietário rurais, levando suas propostas de “revolução” a todos que, de alguma forma, pudessem apoiar.

Um os mineradores contatados foi o coronel Joaquim Silvério dos Reis que, a princípio aderiu ao movimento, pois como a maioria da elite, era um devedor de impostos, no entanto, com medo de ser envolvido diretamente, resolveu deletar a conspiração. Em 15 de março de 1789 encontrou-se com o governador, Visconde de Barbacena e formalizou por escrito a dnúncia de conspiração. Com o apoio das autoridades portuguesas instaladas no Rio de Janeiro, iniciou-se uma sequência de prisões, sendo Tiradentes um dos primeiros a ser feito prisineiro, na capital, onde se encontrava em busca de apoio ao movimento e alguns dias depois iniciava-se a prisão dos envolvidos na região das Gerais e uma grande devassa para apurar os delitos.

Num primeiro momento os inconfidentes negaram a existência de um movimento contrário a metrópole, porém a partir de novembro vários participantes presos passaram a confessar a existência da conspiração, descrevendo minuciosamente as reuniões, os planos e os nomes dos participantes, encabeçada pelo alferes Tiradentes.

Tiradentes sempre negou a existência de um movimento de conspiração, porém, após vários depoimentos que o incriminava, na Quarta audiência, no início de 1790, admitiu não só a existência do movimento, como sua posição de líder .

A devassa promoveu a acusação de 34 pessoas, que tiveram suas sentenças definidas em 19 de abril de 1792, com onze dos acusados condenados a morte: Tiradentes, Francisco de Paula Freire de Andrade, José Álvares Maciel, Luís Vaz de Toledo Piza, Alvarenga Peixoto, Salvador do Amaral Gurgel, Domingos Barbosa, Francisco Oliveira Lopes, José Resende da Costa (pai), José Resende da Costa (filho) e Domingos de Abreu Vieira.

Desses, apenas Tiradentes foi executado, os demais tiveram a pena comutada para degredo perpétuo por D. Maria I. O Alferes foi executado em 21 de abril de 1792 no Rio de Janeiro, esquartejado, sendo as partes de seu corpo foram expostas em Minas como advertência a novas tentativas de rebelião.

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Conjuração Baiana

Em agosto de 1798 começam a aparecer nas portas de igrejas e casas da Bahia, panfletos que pregavam um levante geral e a instalação de um governo democrático, livre e independente do poder metropolitano. Os mesmos ideais de república, liberdade e igualdade que estiveram presentes na Inconfidência Mineira, agitavam agora a Bahia.

As inflamadas discussões na “Academia dos Renascidos” resultarão na Conjuração Baiana em 1789. Esse movimento, também chamado de Revolta dos Alfaiates foi uma conspiração de caráter emancipacionista, articulada por pequenos comerciantes e artesãos, destacando-se os alfaiates, além de soldados, religiosos, intelectuais, e setores populares. Se a singularidade da Inconfidência de Tiradentes está em seu sentido pioneiro, já que apesar de todos seus limites, foi o primeiro movimento social de caráter republicano em nossa história, a Conjuração Baiana, mais ampla em sua composição social, apresenta o componente popular que irá direciona-la para uma proposta também mais ampla, incluindo a abolição da escravatura. Eis aí a singularidade da Conjuração Baiana, que também é pioneira, por apresentar pela primeira vez em nossa história elementos das camadas populares articulados para conquista de uma república abolicionista.

A segunda metade do século XVIII é marcada por profundas transformações na história, que assinalam a crise do Antigo Regime europeu e de seu desdobramento na América, o Antigo Sistema Colonial.

No Brasil, os princípios iluministas e a independência dos Estados Unidos, já tinham influenciado a Inconfidência Mineira em 1789. Os ideais de liberdade e igualdade se contrastavam com a precária condição de vida do povo, sendo que, a elevada carga tributária e a escassez de alimentos, tornavam ainda mais grave o quadro sócio-econômico do Brasil. Este contexto será responsável por uma série de motins e ações extremadas dos setores mais pobres da população baiana, que em 1797 promoveu vários saques em estabelecimentos comerciais portugueses de Salvador.

Nessa conjuntura de crise, foi fundada em Salvador a “Academia dos Renascidos”, uma associação literária que discutia os ideais do iluminismo e os problemas sociais que afetavam a população. Essa associação tinha sido criada pela loja maçônica “Cavaleiros da Luz”, da qual participavam nomes ilustres da região, como o doutor Cipriano Barata e o professor Francisco Muniz Barreto, entre outros.

A conspiração para o movimento, surgiu com as discussões promovidas pela Academia dos Renascidos e contou com a participação de pequenos comerciantes, soldados, artesãos, alfaiates, negros libertos e mulatos, caracterizando-se assim, como um dos primeiros movimentos populares da História do Brasil.

A participação popular e o objetivo de emancipar a colônia e abolir a escravidão, marcam uma diferença qualitativa desse movimento em relação à Inconfidência Mineira, que marcada por uma composição social mais elitista, não se posicionou formalmente em relação ao escravismo.

A conjuração

Entre as lideranças do movimento, destacaram-se os alfaiates João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira (este com apenas 18 anos de idade), além dos soldados Lucas Dantas e Luiz Gonzaga das Virgens, todos mulatos. Um outro destaque desse movimento foi a participação de mulheres negras, como as forras Ana Romana e Domingas Maria do Nascimento.

As ruas de Salvador foram tomadas pelos revolucionários Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas que iniciaram a panfletagem como forma de obter mais apoio popular e incitar à rebelião. Os panfletos difundiam pequenos textos e palavras de ordem, com base naquilo que as autoridades coloniais chamavam de “abomináveis princípios franceses”.

A Revolta dos Alfaiates foi fortemente influenciada pela fase popular da Revolução Francesa, quando os jacobinos liderados por Robespierre conseguiram, apesar da ditadura política, importantes avanços sociais em benefício das camadas populares, como o sufrágio universal, ensino gratuito e abolição da escravidão nas colônias francesas. Essas conquistas, principalmente essa última influenciaram outros movimentos de independência na América Latina, destacando-se a luta por uma República abolicionista no Haiti e em São Domingos, acompanhada de liberdade no comércio, do fim dos privilégios políticos e sociais, da punição aos membros do clero contrários à liberdade e do aumento do soldo dos militares.

A violenta repressão metropolitana conseguiu deter o movimento, que apenas iniciava-se, detendo e torturando os primeiros suspeitos. Governava a Bahia nessa época (1788-1801) D. Fernando José de Portugal e Castro, que encarregou o coronel Alexandre Teotônio de Souza de surpreender os revoltosos. Com as delações, os principais líderes foram presos e o movimento, que não chegou a se concretizar, foi totalmente desarticulado.

Após o processo de julgamento, os mais pobres como Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nascimento e os mulatos Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas foram condenados à morte por enforcamento, sendo executados no Largo da Piedade a 8 de novembro de 1799. Outros, como Cipriano Barata, o tenente Hernógenes dâ??Aguilar e o professor Francisco Moniz foram absolvidos. Os pobres Inácio da Silva Pimentel, Romão Pinheiro, José Félix, Inácio Pires, Manuel José e Luiz de França Pires, foram acusados de envolvimento “grave”, recebendo pena de prisão perpétua ou degredo na África. Já os elementos pertencentes à loja maçônica “Cavaleiros da Luz” foram absolvidos deixando clara que a pena pela condenação, correspondia à condição sócio-econômica e à origem racial dos condenados. A extrema dureza na condenação aos mais pobres, que eram negros e mulatos, é atribuída ao temor de que se repetissem no Brasil as rebeliões de negros e mulatos que, na mesma época, atingiam as Antilhas.

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BRASIL COLÔNIA

As grandes navegações

As grandes viagens marítimas dos séculos XV-XVI foram uma continuação natural do renascimento do comércio na Europa, iniciado ainda na Idade Média. Esse renascimento deu origem ao capitalismo, cujo elemento impulsionador é o lucro. Era natural então que, esgotadas as possibilidades de desenvolvimento comercial na Europa, novas regiões passassem a ser exploradas, mesmo à custa de muito esforço e sacrifício.

Entre os fatores que motivaram as grandes navegações marítimas, o principal foi sem dúvida a busca de lucros pela burguesia comercial e financeira da Europa. Por isso, a burguesia européia investia vultosos recursos para armar esquadras, remunerar tripulações, para financiar, enfim, as expedições oceânicas. Neste mesmo sentido, foi importante também o apoio de alguns monarcas, com os de Portugal e Espanha, que partilhavam os lucros dos empreendimentos comerciais.

As navegações portuguesas

Como vimos, Portugal foi o primeiro país a empreender sistematicamente a navegação atlântica. Mesmo antes do bloqueio do Mediterrâneo pelos turcos, os portugueses já haviam iniciado a exploração das costas da África.

Sem dúvida, a posição geográfica de Portugal contribuiu para o seu pioneirismo. Com todo o litoral voltado para o Atlântico, o país tinha nas atividades marítimas uma importante base econômica: a pesca ocupava boa parte de sua população e seus portos serviam No entanto, esse não foi o principal fator do pioneirismo português nas grandes navegações. O mais importante foi o fato de Portugal ter um governo forte, centralizado na pessoa do rei, e cujo interesse fundamental eram as atividades comerciais. A partir da Revolução de Avis, a vida política portuguesa passou a girar em torno do rei. E os reis da dinastia de Avis, conduzida ao trono com o apoio dos comerciantes, empenharam-se principalmente em levar adiante empreendimentos de natureza essencialmente comercial.de escala para os navios que faziam o percurso de ida e volta entre o Mediterrâneo e o mar do Norte.

Também contribuíram para o êxito português os estudos desenvolvidos em Sagres, no sul de Portugal. Ali, o Infante Dom Henrique, filho do Rei Dom João I, reuniu numerosos pilotos, cartógrafos e astrônomos, cujos trabalhos favoreceram o avanço da arte de navegar e impulsionaram a expansão marítima portuguesa.

Descobrimento do Brasil

Pouco depois do retorno de Vasco da Gama a Portugal, o Rei Dom Manuel, o Venturoso, mandou organizar uma esquadra com o objetivo de garantir a supremacia portuguesa na Índia. Outra finalidade da expedição era difundir a religião cristã entre os pagãos.

A esquadra, a maior até então organizada em Portugal, era composta de treze navios e tinha uma tripulação de aproximadamente 1200 homens. Para comandá-la, o rei escolheu Pedro Álvares Cabral, fidalgo de uma das mais tradicionais famílias portuguesas.

Cabral partiu de Lisboa no dia 9 de março de 1500. Em 22 de abril de 1500, tendo-se afastado, para oeste, da rotas estabelecida por Vasco da Gama, avistou terra. Não se sabe ao certo o que teria levado Cabral a se afastar da rota estabelecida. Alguns autores admitem que ele teria instruções de Dom Manuel para procurar terra no lado ocidental do Atlântico. O estabelecimento da linha de Tordesilhas -- recuada para oeste, em relação à da bula Inter Coetera, por insistência de Portugal -- reforça essa hipótese, pois parece indicar que os portugueses suspeitavam da existência de terras no Atlântico Sul. No entanto, a escassez de documentos sobre o assunto impede que se afirme categoricamente a intencionalidade ou não do descobrimento.

Exploração do litoral brasileiro

A primeira exploração do litoral do território descoberto foi feita pela própria esquadra de Cabral, que seguiu paralelamente à costa em direção norte, procurando um porto onde os navios ficassem abrigados. O lugar escolhido recebeu o nome de Porto Seguro e hoje chama-se baía Cabrália, localizada no atual estado da Bahia.

Durante uma semana os portugueses ficaram na região -- batizada de Ilha de Vera Cruz--- e mantiveram alguns contatos com os habitantes. Para assinalar a posse da terra, Cabral mandou erguer uma cruz com o brasão do rei de Portugal. O nome Ilha de Vera Cruz foi substituído por Terra de Santa Cruz, mais tarde abandonado em favor do nome Brasil, que se tornou definitivo.

No dia 2 de maio, a esquadra retomou seu caminho para a Índia. Um dos navios, comandados por Gaspar de Lemos, foi enviado de volta a Portugal. Levava a notícia dos acontecimentos e várias cartas, entre elas a de Pero Vaz de Caminha, que relatava a viagem e o descobrimento da nova terra. Antes de realizar a travessia do Atlântico, esse navio explorou parte do litoral ao norte de Porto Seguro.

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A expedição de Martim Afonso de Souza

Em 1530, Dom João III enviou ao Brasil a expedição de Martim Afonso de Sousa, cujos principais objetivos eram verificar a existência de metais preciosos, explorar e patrulhar o litoral e estabelecer os fundamentos da colonização do Brasil. Martim Afonso tinha poderes para nomear autoridades e distribuir terras às pessoas que quisessem permanecer aqui para desempenhar essa missão.

Martim Afonso percorreu quase todo o litoral brasileiro. De Pernambuco, enviou dois barcos para explorar o litoral norte; organizou expedições rumo ao sertão, partindo de Cabo Frio e de Cananéia; chegou até a foz do rio da Prata e depois retornou ao litoral paulista, onde fundou a vila de São Vicente (1532). Ali se organizaram alguns povoados, iniciou-se o plantio da cana e foram construídos os primeiros engenhos da colônia. Começava assim a colonização efetiva do Brasil, apoiada na produção de açúcar para o mercado externo.

Início da colonização no Brasil

Além da defesa do território, a colonização do Brasil teve outra finalidade: transformar a colônia num empreendimento lucrativo para Portugal.

Durante o reinado de Dom João III (1521-1557), o comércio português na Índia entrou em crise, em virtude da concorrência de outras nações européias, principalmente da Holanda e da Inglaterra. Ao mesmo tempo, as enormes despesas com a montagem e a manutenção do império português na África e na Ásia -- construção de navios, pagamento de tripulações, edificação de fortalezas etc. --- arruinaram as finanças do país. Nessa situação, tornava-se urgente o aproveitamento do Brasil, até então pouco lucrativo. Por outro lado, os portugueses esperavam encontrar metais preciosos, incentivados pelas notícias da descoberta de grandes jazidas de ouro e prata na América espanhola.

Instalações produtivas açucareiras

Martin Afonso de Souza trouxe as primeiras mudas de cana-de-açúcar da ilha da Madeira e instalou o primeiro engenho da colônia em São Vicente, no ano de 1533. Inaugurava-se, assim, a base econômica da colonização portuguesa no Brasil.

Os engenhos multiplicaram-se rapidamente pela costa brasileira, chegando a 400 em 1610. A importância econômica do açúcar como principal riqueza colonial evidencia-se no valor das exportações do produto no período do apogeu da mineração (século XVIII): superior a 3000 milhões de libras esterlinas, enquanto a mineração, na mesma época, gerou um lucro de cerca de 200 milhões.

A produção do açúcar voltava-se exclusivamente para a exportação e, por gerar elevados lucros comandava a economia colonial. Outra lavouras desenvolveram-se na colônia, mas geralmente apresentavam um caráter complementar e secundário. À produção canavieira destinavam-se as melhores terras, grandes investimentos de capital e a maioria da mão-de-obra.

O responsável pela produção -- o senhor de engenho -- usufruía de enorme prestígio social. Sobre um latifúndio monocultor, escravista e exportador, um padrão de exploração agrícola denominado plantation, assentava-se a agricultura brasileira no início da colonização de nosso território.

A região Nordeste, destacadamente o litoral de Pernambuco e Bahia, concentrou a maior produção de açúcar da colônia.As unidades açucareiras agro-exportadoras, conhecidas como engenhos, eram compostas de grandes propriedades de terra,

obtidas com as doações de sesmarias pelos donatários e representantes da Coroa (governadores-gerais) a quem se interessasse pelo empreendimento. A grande extensão dessas propriedades impediu à formação de uma classe camponesa e o desenvolvimento significativo de atividades comerciais e artesanais que pudessem dinamizar um mercado interno, como ocorria em algumas regiões coloniais da América do Norte.

O engenho, que em alguns casos chegava a ter perto de 5 mil moradores, era constituído por extensas áreas de florestas fornecedoras de madeira; plantações de cana; a casa-grande, residência do proprietário, sua família e agregados e se da administração; a capela; e a senzala, alojamento dos escravos. A moenda, a casa das caldeiras e a casa de purgar formavam a fábrica do açúcar, o engenho propriamente dito.

O produto era enviado para Portugal e depois para os Países Baixos, onde era refinado e comercializado.

Escravos na sociedade açucareira

Diversos fatores determinaram a generalização do trabalho escravo africano no Brasil, a partir do final do século XVI, ao mesmo tempo que a mão-de-obra nativa deixava de ser opção viável. Epidemias adquiridas em contato com os brancos, mortes pelo trabalho forçado, desarticulação de sua economia de subsistência, fugas para o interior marcavam os povos indígenas.

Além disso, a luta dos jesuítas contra sua escravização levou os colonos a voltarem seus olhos cada vez mais para os escravos africanos. Há longo tempo o trabalho já era explorado por companhias particulares graças ao assiento, direito de explorar o tráfico negreiro cedido pelo rei, mediante pagamento.

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Os negros eram capturados na África pelos portugueses que, não raramente, promoviam ou estimulavam guerras entre as tribos africanas para poderem comprar, dos chefes vencedores, os negros derrotados. Aos poucos, os sobas, chefes locais africanos, passaram a capturar seus conterrâneos e a negociá-los com os traficantes, em troca de fumo, tecidos, cachaça, armas, jóias, vidros, etc.

Mesmo considerando a diversidade das cifras, entre os estudiosos, sobre o tráfico de escravos capturados na África, alguns números finais certamente estão bem próximos do que já se chamou de “holocausto negro”. Os escravos chegavam ao Brasil amontoados nos porões de navios negreiros chamados tumbeiros, sujeito a condições tão insalubres pela superlotação e a longa duração da viagem, que a média de mortalidade era estimada em 20%.

Não seria exagero estimar que o número de vítimas envolvendo os escravos transportados e os que morreram na luta contra as incursões brancas chegaria a algo próximo do dobro ou até do triplo dos africanos deslocados para a América. Calcula-se que, até o século XIX, entre 10 e 15 milhões de africanos, dos quais cerca de 40% vieram para o Brasil, foram capturados pelos brancos e deslocados para a América.

Apogeu e a crise do açúcar

Durante o século XVI e início do século XVII, o Brasil tornou-se o maior produtor de açúcar do mundo e o responsável pela riqueza dos senhores de engenho, da Coroa e de comerciantes portugueses. Mas foram sobretudo os holandeses que mais se beneficiaram com a atividade açucareira.

Responsáveis pelas etapas de refinação e comercialização, segundo estimativas, obtinham a terça parte do valor do açúcar vendido.

O caráter exportador da economia, característico do pacto colonial (relação entre metrópole e colônia, segunda a política mercantilista), foi firmado pela maciça importação de mercadorias européias, como roupas, alimentos e até objetos decorativos, para garantir o sustento e a opulência em que viviam os senhores de engenho do Nordeste. Além disso, a participação dos holandeses e portugueses no comércio do açúcar foi fator que desviou a riqueza para as áreas metropolitanas.

Por razões dinásticas, entre 1580-1640, o monarca espanhol Filipe II passou a dominar vastas extensões da Europa. nesse período, Portugal e suas colônias também estiveram subordinados ao domínio espanhol.

Uma guerra de independência entre Países Baixos e Espanha levou os holandeses, conhecedores das técnicas de refino e comercialização do açúcar, a produzi-lo em suas colônias. Concorrendo em melhores condições com o produto brasileiro, causaram a queda do preço, entre 1650 e 1688, a um terço de seu valor. A crise da produção açucareira no Brasil trouxe prejuízos tanto para a economia portuguesa quanto para a colonial.

Diante da crise da produção colonial de açúcar, o rei de Portugal, D. Pedro II (1683-1706), procurou soluções para superá-la, apoiando-se na atuação de seu ministro, o conde de Ericeira, que baixou as leis “pragmáticas”. Proibiu-se o uso de certos produtos estrangeiros, a fim de reduzir as importações e equilibrar a deficitária balança comercial lusa, além de reorientar as atividades produtivos no reino e nas colônias, com a ajuda de técnicos estrangeiros.

Estimulou-se no Brasil a produção do tabaco e outros produtos alimentares destinados à exportação, bem como intensificou-se a busca das drogas do sertão. Juntamente com a tentativa de revitalização da produção açucareira, essas medidas surtiriam efeitos positivos um pouco mais tarde, já no início do século XVIII, coincidindo com o princípio da atividade mineradora. Mesmo perdendo a supremacia no conjunto da economia colonial, o açúcar, que apresentava, nessa fase, uma rentabilidade bem menor que a de séculos anteriores e concorria num mercado bastante competitivo continuou a ser o principal produto nas exportações.

Capitanias hereditárias

A colonização do Brasil, iniciada em 1530 com a expedição de Martim Afonso de Souza, não foi uma tarefa fácil. Em 1532, Martim Afonso fundou São Vicente, a primeira vila brasileira. No entanto, um único núcleo de povoamento na imensidade da costa não resolvia os problemas causados por navios franceses que vinham buscar pau-brasil.

Era necessário povoar rapidamente a região costeira, mas a Coroa portuguesa não dispunha na época de recursos humanos nem econômicos para colonizar, em curto prazo, o litoral brasileiro. Por isso, a partir de 1534, o governo português resolveu iniciar no Brasil um processo de colonização que já havia sido aplicado, com muito sucesso, na ilha da Madeira e nos Açores: a divisão da terra em capitanias. Dessa forma, a Coroa portuguesa pretendia ocupar o território brasileiro e torná-lo uma fonte de lucros.

As capitanias eram imensos lotes de terra que se estendiam, na direção dos paralelos, do litoral até o limite estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas. Esses lotes foram doados em caráter vitalício e hereditário a elementos pertencentes à pequena nobreza lusitana. Os donatários tinham de explorar com seus próprios recursos as capitanias recebidas.

Ao doar as capitanias, a Coroa portuguesa abria mão de certos direitos e vantagens, em favor dos donatários, esperando com isso despertar seu interesse pelas terras recebidas. A Carta de Doação e o Foral garantiam os direitos do capitão donatário.

- Pertenciam-lhe todas as salinas, moendas de água e quaisquer outros engenhos da capitania.- Podia escravizar índios em número indeterminado, mas devia enviar 39 para Lisboa, anualmente.

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RESUMO DE CONCURSOS

- Ficava com a vigésima parte da renda do pau-brasil.- Podia criar vilas, administrar a justiça e doar sesmarias, menos para a esposa, para o filho mais velho e para judeus e estrangeiros.

Sesmaria era uma extensão de terra que o donatário doava a quem se dispusesse a cultivá-la. Ao contrário da capitania, da qual o donatário não tinha a propriedade (mas apenas o uso), a sesmaria era propriedade do sesmeiro, após dois anos de real utilização.

O rei reservava para si algumas vantagens que, na verdade, lhe garantiam os melhores proveitos que a terra poderia oferecer: dez por cento de todos os produtos da terra; vinte por cento (um quinto) das pedras e metais preciosas; monopólio do pau-brasil, das drogas e das especiarias.

No Brasil, o sistema de divisão da terra em capitanias não deu bons resultados. A grande extensão dos lotes talvez a principal razão do insucesso. Sem recursos suficientes, os donatários só conseguiam fundar estabelecimentos precários na região costeira dos lotes que recebiam; não tinham condições de tentar a colonização do interior.

A enorme distância que separava as capitanias da metrópole, de onde vinham os recursos necessários para a sobrevivência dos núcleos iniciais, dificultava ainda mais a colonização.

As capitanias de São Vicente e de Pernambuco, apresentaram resultados melhores do que as outras. O sucesso dessas capitanias se deveu ao êxito da cultura canavieira e da criação de gado.

Com o passar do tempo, as capitanias foram revertendo ao governo português. No século XVIII, quando Portugal era governado pelo Marquês de Pombal, o sistema foi totalmente extinto. Os limites das capitanias sofreram modificações, mas determinaram os contornos gerais das províncias do Império que se limitavam com o Atlântico; estas, por sua vez, deram origem aos Estados litorâneos do Brasil atual. Os estados do interior tiveram origem diferente.

Governo de Tomé de Souza

Tomé de Souza foi escolhido por Dom João III para ser o primeiro governador-geral do Brasil.Chegou em 29 de março de 1549, acompanhado por mais de novecentas pessoas, entre soldados, colonos a degredados. O

governador trazia ainda material para iniciar a construção da primeira cidade, além de algumas cabeças de gado. Estes foram os principais fatos da administração de Tomé de Souza:

- Início das atividades dos jesuítas no Brasil. O primeiro grupo de missionários jesuítas chegou com o governador e era chefiado pelo padre Manuel da Nóbrega.

- Fundação de Salvador, a primeira capital do Brasil, em 1549.- Criação do primeiro bispado brasileiro.- Visita às capitanias do sul, onde o governador considerou aprovada a fundação da vila de Santo André da Borda do Campo,

feita anos antes por Martim Afonso de Souza, e proibiu que os missionários se instalassem no sertão (medida que se revelou inútil). As duas atitudes do governador relacionavam-se com o fato de a capitania de São Vicente ser considerada um ponto estratégico por sua proximidade com as terras espanholas, com as quais inclusive, os vicentinos mantinham muitos contatos.

- Criação das primeiras fazendas de gado.Foi muito importante para o primeiro governo-geral a ajuda recebido do português Diogo Álvares Correia, o Caramuru, bem

como o trabalho dos jesuítas. Diogo Álvares vivia entre os indígenas da Bahia desde 1510 e desempenhou importante papel como intermediário entre os portugueses e os índios. Os sacerdotes da Companhia de Jesus, sob a chefia de Nóbrega, fundaram em Salvador, o primeiro colégio do Brasil. Os jesuítas penetraram no sertão, empenharam-se na catequese dos índios, fundaram escolas para os filhos dos colonos e procuraram impor aos portugueses as normas da moral cristã no relacionamento com os indígenas. Assim, tentaram impedir a escravização de índios e a exploração sexual das mulheres indígenas pelos colonizadores.

Governo de Duarte da Costa

O segundo governador-geral, Duarte da Costa, chegou ao Brasil em 1553, trazendo 250 pessoas, entre elas o noviço José de Anchieta. Vários acontecimentos marcaram a administração do segundo governador-geral:

• Combate às tribos indígenas do Recôncavo Baiano.• Expedição ao sertão, com o objetivo de procurar as tão faladas riquezas minerais, procedentes das colônias espanholas

situadas na região andina.• Incidente entre o primeiro bispo, Dom Pero Fernandes Sardinha, e o filho de Duarte da Costa, Dom Álvaro da Costa,

que trouxe conseqüências trágicas para o bispo. Diante das críticas de Dom Pero Fernandes à agressividade e aos maus costumes de Dom Álvaro, a população de Salvador se dividiu em duas facções: uma favorável a Dom Álvaro e ao governador; outra favorável ao bispo. Dom Pero Fernandes foi chamado a Portugal para dar explicações sobre os acontecimentos, mas seu navio naufragou no litoral de Alagoas e ele foi morto pelos índios caetés.

• Fundação do Colégio de São Paulo pelos jesuítas, em 25 de janeiro de 1554.• Invasão do Rio de Janeiro em 1555 pelos franceses, que pretendiam estabelecer uma colônia naquele local. Como não

dispunha de recursos suficientes para expulsá-los, o governador nada pôde fazer.

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RESUMO DE CONCURSOS

Governo de Mem de Sá

Um dos principais acontecimentos durante o governo de Mem de Sá, sucessor de Duarte da Costa, foi a expulsão dos franceses no Rio de Janeiro.

Os invasores tinham estabelecido relações cordiais com os indígenas, incitando-os contra os portugueses.Em 1563, os jesuítas José de Anchieta e Manuel de Nóbrega conseguiram firmar a paz entre os portugueses e os índios tamoios,

que ameaçavam a segurança de São Paulo e de São Vicente. Anchieta permaneceu cinco meses como refém dos índios de Iperoig, aldeia localizada onde é hoje a cidade de Ubatuba, no litoral norte do Estado de São Paulo. A chamada Paz de Iperoig, conseguida pelos dois sacerdotes, permitiu a sobrevivência do Colégio de São Paulo e a permanência dos portugueses na região.

Mem de Sá, num primeiro ataque contra os invasores do Rio de Janeiro, conseguiu destruir o forte Coligny, que eles tinham construído na ilha de Serigipe, hoje Villegaignon, na baía de Guanabara. Depois disso, o governador voltou à Bahia. Os franceses, que tinham conseguido refúgio junto aos índios, seus aliados, retornaram e reconstruíram o forte.

Em 1º de março de 1565, o sobrinho de Mem de Sá, Estácio de Sá, fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. A nova cidade tornou-se a base das operações dos portugueses na luta contra os franceses.

A expulsão definitiva dos franceses só foi conseguida depois de muitas lutas. Estácio de Sá, com a ajuda de tropas do governador e da região de São Vicente, derrotou os invasores depois da batalhas do forte Coligny, de Uruçu-Mirim e da ilha do Governador (Paranapuã). Destacaram-se nos combatentes, lado a lado com os portugueses, os índios temiminós do Espírito Santo, comandados por Araribóia. Como recompensa, esse chefe indígena recebeu uma sesmaria na região do Rio de Janeiro, onde fundou a vila de São Lourenço, que deu nome à cidade de Niterói. Mem de Sá governou até 1572, ano de sua morte. Dom Luís de Vasconcelos, que havia sido enviado em 1570 para ser o quarto governador, morreu durante a viagem para o Brasil, quando seu navio foi atacado por pirata franceses.

A revolta de Beckman

No Maranhão, como em São Paulo, houve conflitos entre os colonos e os jesuítas por causa da escravização dos indígenas. Em 1661, por seu trabalho de intransigente defesa da liberdade dos índios, os religiosos da Companhia de Jesus foram expulsos do Maranhão. Só puderam voltar, por decisão da Coroa, em 1680.

Nessa data, o governo português proibiu terminantemente a escravização de índios.Para resolver o problema da falta de braços para a lavoura, bem como para controlar o comércio naquela região do Brasil,

o governo português criou, em 1682, a Companhia de Comércio do Estado do Maranhão, à qual passou a responsabilidade do monopólio da Coroa.

A companhia não cumpriu os compromissos assumidos, o que despertou grande descontentamento entre os colonos da região. Os escravos africanos não foram trazidos para o Maranhão em número suficiente, e os gêneros alimentícios negociados pela companhia, além de muito caros, não eram de boa qualidade.

Revoltaram-se contra esta situação elementos do clero, da classe mais elevada e do povo, chefiados por Manuel Beckman, fazendeiro muito rico e respeitado na região. Os revoltosos expulsaram os jesuítas, declararam deposto o governador e extinta a companhia de comércio.

Beckman governou o Maranhão durante um ano, até a chegada de uma frota portuguesa sob o comando de Gomes Freire de Andrada. Beckman fugiu, mas foi delatado por Lázaro de Melo, sendo então preso e enforcado.

A extinção da Companhia de Comércio do Estado do Maranhão foi mantida pelo governo português , como queriam os revoltosos, mas os jesuítas puderam retornar e continuar seu trabalho.

A guerra dos Emboabas

Quando as notícias da descoberta de ouro em Minas Gerais se espalharam pelo Brasil e chegaram a Portugal, milhares de pessoas acorreram à região. No livro Cultura e opulência do Brasil por suas Drogas e Minas, do padre João Antônio Andreoni (Antonil), editado em 1711, encontramos a seguinte referência ao afluxo de pessoas a Minas Gerais.

“A sede do ouro estimulou tantos a deixarem suas terras e a meterem-se por caminhos tão ásperos como são os das minas, que dificilmente se poderá dar conta do número de pessoas que atualmente lá estão...”

O afluxo de forasteiros desagradou os paulistas. Por terem descoberto as minas e por elas se encontrarem em sua capitania, os paulistas reivindicaram direito exclusivo de explorá-las. Entre 1708 e 1709, ocorreram vários conflitos armados na zona aurífera, envolvendo de um lado paulistas e de outro portugueses e elementos vindos de vários pontos do Brasil.

Os paulistas referiam-se aos recém-chegados com o apelido pejorativo de emboabas. Os emboabas aclamaram o riquíssimo português Manuel Nunes Viana como governador das Minas. Nunes Viana, que enriquecera com o contrabando de gado para a zona mineira, foi hostilizado por Manuel de Borba Gato, um dos mais respeitados paulistas da região. Nos conflitos que se seguiram, os paulistas sofreram várias derrotas e foram obrigados a abandonar muitas minas.

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RESUMO DE CONCURSOS

Um dos episódios mais importantes da Guerra dos Emboabas foi o massacre de paulistas pelos embobas, no chamado Capão da Traição. Nas proximidades da atual cidade de São João del-Rei, um grupo de paulistas chefiados por Bento do Amaral Coutinho. Este prometeu aos paulistas que lhes pouparia a vida, caso se rendessem. Entretanto, quando eles entregaram suas armas, foram massacrados impiedosamente.

Em represália, os paulistas organizaram uma tropa de mais ou menos 1 300 homens. Essa força viajou para Minas com o objetivo de aniquilar os emboabas, mas não chegou a atingir aquela capitania.

A guerra favoreceu os emboabas e fez os paulistas perderem várias minas. Por isso, eles partiram em busca de novas jazidas; em 1718 encontraram ricos campos auríferos em Mato Grosso.

Estas foram as principais conseqüências da Guerra dos Emboabas:• Criação de normas que regulamentam a distribuição de lavras entre emboabas e paulistas e a cobrança do quinto.• Criação da capitania de São Paulo e das Minas de Ouro, ligada diretmente à Coroa, independente portanto do governo

do Rio de Janeiro (3 de novembro de 1709).• Elevação da vila de São Paulo à categoria de cidadePacificação da região das minas, com o estabelecimento do controle

administrativo da metrópole.

A guerra dos mascates

A Guerra dos Mascates foi um movimento de caráter regionalista cujos principais fatores foram:• decadência da atividade agroindustrial açucareira em virtude da concorrência internacional;• desenvolvimento comercial e urbano em Pernambuco;• elevação do povoado de Recife à categoria de vila.

Com a decadência do açúcar, a situação dos poderosos senhores de engenho de Pernambuco sofreu grandes modificações. Empobrecidos, os fazendeiros de Olinda, pertencentes às mais tradicionais famílias da época, eram obrigados a endividar-se com os comerciantes portugueses do Recife, que lhes emprestavam dinheiro a altos juros.

Os olindenses chamavam os recifenses de mascates, referindo-se de forma pejorativa à sua profissão. Os recifenses, por sua vez, designavam os habitantes de Olinda pelo apelido de pés-rapados, por serem pobres.

Recife crescera tanto desde a época do domínio holandês que, em 709, o Rei Dom João V elevou o povoado à categoria de vila. Este fato desagradou os habitantes de Olinda, a vila mais antiga da capitania, embora mais pobre e menos povoada que Recife.

Em 1710, ao serem demarcados os limites entre as duas vilas, teve início a revolta. O governador de Pernambuco, Sebastião de Castro e Caldas, foi ferido por um tiro na perna e, com o agravamento da luta, fugiu para a Bahia.

Sucederam-se os choques entre olindenses e recifenses, e a revolta tomou conta de toda a capitania. Com a nomeação de um novo governador (Felix José Machado de Mendonça), as lutas acalmaram-se. Em 1714, o Reio Dom João V anistiou todos os que se envolveram na revolta, restabelecendo a ordem em Pernambuco.

A rivalidade entre brasileiros e portugueses na capitania continuou a existir, mas só se transformou novamente em revolta mais de um século depois (1817) e com caráter diferente.

Motins do Maneta

Nos últimos meses de 1711, ocorreram duas sublevações populares na Bahia. A razão do primeiro motim, chefiado pelo negociante João de Figueiredo da Costa, apelidado o Maneta, foi um aumento de impostos decretado pelo governo. A multidão, formada principalmente por portugueses, avançou contra o palácio do governador Pedro de Vasconcelos e Souza, que atendeu aos pedidos da massa popular. Todos os participantes da revolta forma anitiados.

Pouco tempo depois, ocorreu outro motim na Bahia, quando a esquadra francesa do corsário Duguay-Trouin ocupou o Rio de Janeiro. Os revoltosos queriam a organização imediata de uma expedição para combater os invasores. O governador Pedro de Vasconcelos conseguiu contornar a situação até os franceses deixarem o Rio de Janeiro.

Revolta de Filipe dos Santos

Na região das minas, o ouro em pó era utilizado como se fosse moeda corrente. Com a criação das Casas de Fundição em Minas Gerais, em 1719, a circulação de ouro em pó foi proibida.

As casas de Fundição foram criadas pelo governo português para evitar o contrabando de ouro e obrigar o colono a pagar o quinto devido à Coroa. Todo ouro descoberto deveria ser encaminhado a essas repartições, onde era derretido e, depois de separada a parte do rei, transformado em barras.

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RESUMO DE CONCURSOS

Foi contra essas condições do governo que ocorreu a revolta de 1720, chefiada por Filipe dos Santos Freire. A Revolta de Filipe dos Santos foi motivada, portanto, apenas por fatores econômicos.

Seus objetivos eram impedir o estabelecimento das Casas de Fundição e manter a legalidade da circulação de ouro em pó.Em 28 de junho de 1720 teve início a revolta em Vila Rica (atual Ouro Preto). Cerca de 2 000 revoltosos dirigiram-se para

Ribeirão do Carmo, atual Mariana, e pressionaram o governador de Minas, Dom Pedro de Almeida, Conde de Assumar, para que atendesse às suas exigências. Este concordou com os pedidos dos revoltosos, pois não contava com forças armadas para enfrentá-los. Assim que conseguiu tropas suficientes, o governador esmagou a revolta, mandando prender os cabeças do movimento. Filipe dos Santos foi enforcado (16 de julho de 1720), e seu corpo esquartejado após a execução.

Inconfidência carioca

A Inconfidência Carioca teve características parecidas com o movimento sufocado em Minas Gerais cinco anos antes. A Revolução Francesa foi a inspiradora dos inconfidentes do Rio de Janeiro, que fundaram uma Sociedade Literária para a divulgação de suas idéias. Denunciados, os conjurados foram presos e acusados de fazerem críticas à religião e ao governo, além de adotarem idéias de liberdade para a colônia.

Entre os inconfidentes cariocas estavam o poeta Manuel Inácio da Silva Alvarenga, Vicente Gomes e João Manso Pereira. Durante dois anos e meio, os implicados no movimento frustrado ficaram presos, sendo depois libertados.

Inconfidência baiana

A Inconfidência Baiana em 1798, também chamada Conjuração Baiana, teve características bem diferentes das anteriores, especialmente porque seus participantes pertenciam às camadas pobres da população.

Os chefes da Inconfidência foram Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens, que eram soldados, João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira, alfaiates. A conspiração é por isso conhecida também como Revolta dos Alfaiates.

Inspirados nos ideais da Revolução Francesa, os inconfidentes pretendiam proclamar a República.Em 12 de agosto de 1798, os conspiradores colocaram nos muros da cidade papéis manuscritos chamando a população à luta

e proclamando idéias de liberdade, igualdade, fraternidade e República. Foram descobertos e presos e, em 8 de novembro de 1799, enforcados em Salvador.

Revolução pernambucana

Com a vinda de Dom João em 1808, o Brasil passou por profundas modificações. Por isso, na época da Revolução Pernambucana a situação do Brasil era bem diferente da que vivia o país, quando eclodiram os movimentos revolucionários anteriores a esse.

Os principais fatores da Revolução de 1817 em Pernambuco foram:• a independência das colônias espanholas da América do Sul;• a independência dos Estados Unidos;• as idéias de liberdade que vinham se propagando desde o século anterior em todo o Brasil;• a ação das sociedades secretas, que pretendiam a libertação da colônia;• o desenvolvimento da cultura em Pernambuco, por influência do Seminário de Olinda.

O governador de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, ficou sabendo dos planos dos revolucionários e mandou prender os principais implicados na conspiração. Estes, então, anteciparam a eclosão do movimento, que teve início quando o capitão José de Barros lima (apelidado “Leão Coroado”) matou o oficial português encarregado de prendê-lo.

A revolta estendeu-se rapidamente e os patriotas tornaram-se senhores da situação, estabelecendo novo governo assim que Caetano Montenegro partiu para o Rio de Janeiro. Os principais implicados na Revolução Pernambucana em 1817 foram: Domingos José Martins, Domingos Teotônio Jorge Martins Pessoa, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, padre João Ribeiro Pessoa, Antônio Gonçalves da Cruz, José de Barros Lima, padre Miguel de Almeida Castro, José Inácio Ribeiro de Abreu Lima e outros.

Assim que conseguiram dominar a situação, os revoltosos organizaram um governo provisório. O novo governo procurou logo estender o movimento às outras capitanias e obter o reconhecimento no exterior.

A revolta estendeu-se ao Ceará, à Paraíba e ao Rio Grande do Norte.O governo revolucionário pernambucano durou pouco mais de dois meses. Recife foi cercada por mar e tropas enviadas da Bahia

avançaram por terra, colocando os revoltosos em situação desesperadora, desmantelando-lhes a resistência.

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RESUMO DE CONCURSOS

Transferência da Corte Portuguesa para o Brasil

A mudança da família real e da Corte portuguesa para o Brasil foi conseqüência da situação européia no início do século XIX. Naquela época, a Europa estava inteiramente dominada pelo imperador dos franceses, Napoleão Bonaparte. Com sua política expansionista, ele submetera a maior parte dos países europeus à dominação francesa. O principal inimigo de Napoleão era a Inglaterra, cuja poderosa armada o imperador não pudera vencer.

Em 1806, Napoleão decretou o Bloqueio Continental, obrigando todas as nações da Europa continental a fecharem seus portos ao comércio inglês. Com essa medida, Napoleão pretendia enfraquecer a Inglaterra, privando-a de seus mercados consumidores e de suas fontes de abastecimento. Nessa época, Portugal era governado pelo Príncipe Regente Dom João, pois sua mãe, a Rainha Dona Maria I, sofria das faculdades mentais.

Pressionado por Napoleão, que exigia o fechamento dos portos portugueses ao comércio inglês, e ao mesmo tempo pretendendo manter as relações com a Inglaterra, Dom João tentou adiar o mais que pôde uma decisão definitiva sobre o assunto.

Se aderisse ao Bloqueio Continental, Portugal ficaria em condições extremamente difíceis, porque a economia portuguesa dependia basicamente da Inglaterra. Os ingleses eram os maiores fornecedores dos produtos manufaturados consumidos em Portugal e também os maiores compradores das mercadorias portuguesas e brasileiras. A Inglaterra, por sua vez, também não queria perder seu velho aliado, principalmente porque o Brasil representava um excelente mercado consumidor de seus produtos.

Para resolver a situação de acordo com os interesses de seu país, o embaixador em Lisboa, Lorde Percy Clinton Smith, Visconte de Strangford, conseguiu convencer Dom João a transferir-se com sua Corte para o Brasil Desse modo, os ingleses garantiam o acesso ao mercado consumidor brasileiro.

A transferência da Corte era uma boa solução também para a família real, pois evitava a deposição da dinastia de Bragança pelas forças napoleônicas.

O Tratado de Fontainebleau, estabelecido entre a França e a Espanha em outubro de 1807, apressou a decisão do Príncipe Regente Dom João a abandonar a metrópole. Por aquele tratado, Portugal e suas colônias, inclusive o Brasil, seriam repartidos entre a França e a Espanha.

No dia 29 de novembro, Dom João e sua família, acompanhados por cerca de 15.000 pessoas, partiram para o Brasil. No dia seguinte, as tropas francesas do general Junot invadiram Lisboa.

Quatro navios britânicos escoltaram as embarcações portuguesas até o Brasil; parte da esquadra portuguesa aportou na Bahia e parte no Rio de Janeiro.

A chegada de Dom João à Bahia, onde ficou pouco mais de um mês, ocorreu em 22 de janeiro de 1808. Teve início, então, uma nova História do Brasil, pois a colônia foi a grande beneficiado com a transferência da Corte. A presença da administração real criou pouco a pouco condições para a futura emancipação política da colônia. Na Bahia, Dom João seguiu para o Rio de Janeiro. Ali, o alojamento da numerosa comitiva do príncipe causou grandes problemas. As melhores residências da cidade foram requisitadas para os altos funcionários da Corte, não sendo poucas as pessoas despejadas de suas casas para hospedar os recém-chegados.

O governo de Dom João

Em 1810, dois anos após o estabelecimento da Corte portuguesa no Rio de Janeiro, a Inglaterra renovou seus tratados comerciais com o príncipe dom João. Beneficiados com esses tratados, os ingleses aumentaram ainda mais a venda de seus produtos para o mercado brasileiro. A burguesia portuguesa, ao contrário, viu seus privilégios se reduziram. No Reino, os portugueses hostilizavam dom João; na Colônia, dirigiam sua insatisfação contra a elite local.

A relação entre os portugueses recém-instalados e os brasileiros -- latifundiários e comerciantes -- tornaram-se tensas, pois somente os portugueses tinham acesso aos postos do governo. Aos brasileiros restava apenas o pagamento dos impostos, usados basicamente para a sustentação da Corte.

A Coroa era incapaz de contentar brasileiros e portugueses porque ela mesma estava quase sempre sem dinheiro. Dom João recorria freqüentemente aos empréstimos externos de banqueiros ingleses.

Esse descontentamento geral levou um jornal clandestino -- O Correio Braziliense -- a criticar o governo português.Mas, apesar de todas as dificuldades, dom João reurbanizou o Rio de Janeiro, construiu escolas, bibliotecas e teatros. Trouxe para

o Brasil artistas e cientistas europeus, o que contribuiu para renovar a cultura brasileira.

As guerras Napoleônicas

Das grandes guerras ocorridas na história, as guerras napoleônicas estão, entre as mais importantes, pois influenciaram o destino de muitos países, inclusive o Brasil. A conturbada relação entre os revolucionários franceses e as monarquias européias fez com que os reinos da Áustria e da Prússia, em 1792, criassem uma aliança para reaver o trono da França, conhecida como primeira coalizão ou coligação. A resposta do Diretório, órgão máximo da república francesa veio, com a organização inúmeras tropas para o combate, dentre elas uma enviada para a Itália comandada pelo jovem Napoleão Bonaparte, que com grande agilidade em seus movimentos alcançou inúmeras vitórias em Lodi, Castiglioni, Árcole e Rívole em 1797.

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RESUMO DE CONCURSOS

Com essas outras conquistas a primeira coalizão viu-se estraçalhada. Sobrava apenas a Inglaterra, que insistia sozinha em lutar contra a França. Com a intenção de arruinar o poder inglês no Oriente Médio, Napoleão planejou a conquista do Egito. Desembarcou no delta do Rio Nilo, derrotando os mamelucos que controlavam esta região na famosa batalha das Pirâmides, porém, logo após a invasão da cidade do Cairo, os franceses ficaram imobilizados, pois haviam perdido a sua esquadra na batalha naval de Abukir. Com a notícia da formação de uma nova coalizão, Bonaparte e seu exército viram-se forçados a retornar para a França.

O retorno das forças francesas foi o trunfo que levou a mais uma vitória sobre a aliança das monarquias européias. Esta deu a Napoleão Bonaparte, recém nomeado cônsul pelo golpe 18 Brumário, uma grande fama entre as massas, levando em 1804 o Senado, em conjunto com um plebiscito, declará-lo imperador da França. Os ideais da revolução francesa se expandiam por todoa o continente europeu, o que causava um desequilíbrio nas demais nações européias. A paz perdurou na Europa por mais alguns anos, até que se formou uma outra coalizão.

Realizando um contra-ataque, os franceses se dirigiram contra a Áustria. Após atravessar o rio Reno, o exército inimigo se rendeu, e com a sua entrada triunfante em Viena a França pôde comemorar uma de suas mais rápidas campanhas; os russos e austríacos foram derrotados logo depois, em Austerlitz. A Prússia promoveu pouco depois a quarta coalizão, que foi derrotada em Iena. Entrando em Berlim, Napoleão decretou o “Bloqueio Continental” para acabar com a economia inglesa. A Rússia, outrora aliada dos prussianos, passou para o lado francês.

Porém, nem todos os Estados europeus aceitaram o bloqueio. Um deles foi Portugal, antigo aliado da Inglaterra, que teve que transferir a sua corte real para o Brasil, devido à invasão das tropas do General Junot.

A Espanha aliou-se à França, fazendo a Inglaterra atacar as colônias espanholas na América e no Caribe, o que gerou uma crise interna. Vendo que sua aliada estava com grandes problemas, Napoleão derrubou o rei espanhol e colocou no lugar seu irmão José Bonaparte o que forçou o povo a voltar-se contra ao imperialismo francês gerando carnificina na Península Ibérica. Essa revolução inspirou as demais nações européias a rebelar-se contra o império napoleônico.

O czar (imperador da Rússia) ficou encolerizado com Napoleão e para provocá-lo abriu seus portos aos ingleses, dando início a guerra. Bonaparte arregimentou mais de 500.000 homens, constituindo assim o famoso “Exército das 20 nações”. Os russos sempre evitaram grandes batalhas, por isso recuaram devastando plantações e cidades que poderiam dar abrigo às tropas inimigas. Vencedores em Moskova, os franceses se apoderaram de Moscou, que foi parcialmente incendiada pelos próprios russos. Esperando pelo seu grande aliado, o “general inverno”, o czar atrasou as propostas de paz. O inverno veio. Napoleão optou pela retirada tarde demais, então expostos ao frio e à fome e perseguidos pela cavalaria russa, os soldados franceses pereciam aos milhares.

Após este desastre, os inimigos da França se uniram novamente em uma nova coalizão, e esta reuniu novo exército às pressas para tentar se defender. Os aliados foram vencidos em alguns conflitos, mas em Leipzig, na batalha das Nações, Napoleão sofreu uma irreparável derrota, que pôs em cheque o império francês. O fracasso em Leipzig foi tão evidente que os aliados entraram em Paris no ano de 1814. O Imperador ainda tentou abdicar em favor de seu filho, mas o senado já havia dado o trono a um irmão de Luís XVI, que recebeu o nome de Luís XVII.

Após fugir do exílio na ilha de Elba, Bonaparte foi aclamado pelos exércitos que iam prendê-lo. Em Paris, depôs Luís XVII e restabeleceu a ordem no império; essa empreitada durou cerca de cem dias. Reunidos no Congresso de Viena, os adversários o declararam fora da lei e estabeleceram uma ultima coalizão contra a França. Forçado a abdicar do trono, em 15 de julho de 1815, Napoleão invade a Bélgica com 124 mil soldados, dando início a batalha que selou o destino europeu: Waterloo.

O único trunfo do general Napoleão Bonaparte era de obter a vitória sobre os seus inimigos separadamente, antes que eles conseguissem se reunir. As tropas inimigas que ocupavam a área eram compostas por ingleses, prussianos, belgas, alemães e holandeses.

O objetivo de Napoleão era render os inimigos para forçar algum armistício. A tarefa não era fácil. O exército anglo-alemão contava com 93 mil homens, sob o comando do Duque de Wellington. Os prussianos tinham 117 mil homens, liderados pelo general Blücher. Para vencer os franceses deveriam atacar, mas devido ao fracasso do general Grouchy, eles foram atacados pela retaguarda, forçando a rendição da França. Sob custódia inglesa, o famoso e brilhante general Napoleão Bonaparte foi enviado a ilha de Santa Helena onde morreu, em 1821, dando fim a era napoleônica.

As guerras napoleônicas conseguiram difundir os ideais iluministas da revolução francesa, com o enfraquecimento das monarquias européias que após a Primeira Guerra Mundial seriam depostas dando lugar as repúblicas democráticas fundadas nesses ideais, que até então não tinham uma forte expressão no mundo, contribuindo assim, com muitas as revoltas coloniais. Além disso, a derrota francesa ter definido a Inglaterra como potência naval, econômica e militar da idade moderna.

A crise da coroa portuguesa

Com a morte de D.Maria I, em 1816, D.João VI tornou-se soberano com plenos poderes. A cerimônia de aclamação realizou-se em 1818, ainda no Rio de Janeiro, provocando protestos entre os portugueses que viviam em Portugal. Os motivos eram simples: desde 1811, as tropas francesas já haviam se retirado do reino, Napoleão Bonaparte já fora derrotado definitivamente na famosa batalha de Waterloo (1815) e a guerra terminara na Europa.

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Aparentemente não havia razão para a Corte continuar sediada no Rio de Janeiro.Na América portuguesa, os conselheiros de D.João VI acompanhavam apreensivos os acontecimentos políticos. Desde 1810,

o império espanhol fragmentava-se em diversos pequenos Estados republicanos. Além de temer que os exemplos pudessem ser seguidos no Brasil, D. João, aproveitando-se dessas inssurreições, anexou a Banda Oriental aos domínios portugueses, passando a denominá-la Província Cisplatina. O objetivo era controlar a região do prta e alargar ainda mais as fronteiras de seu império.

Insurreição pernambucana

A insurreição pernambucana, também referida como Guerra da Luz Divina, registrou-se no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil, culminando com a expulsão dos neerlandeses da região Nordeste do Brasil. Em 15 de maio de 1645, reunidos no Engenho de São João, 18 líderes insurretos pernambucanos assinaram compromisso para lutar contra o domínio holandês na capitania. O movimento integrou forças lideradas por André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira, Henrique Dias e Felipe Camarão.

Até a chegada do administrador da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (WIC), João Maurício de Nassau-Siegen, aos territórios conquistados em 1637, os luso-brasileiros empreendiam a chamada “Guerra Brasílica”, um tipo de guerrilha que consistia em ataques rápidos e furtivos às forças neerlandesas, após o qual os atacantes desapareciam rapidamente nas matas. A partir de então essas emboscadas ficariam suspensas no território da capitania de Pernambuco, uma vez que Nassau implementou uma política de estabilização nos domínios conquistados.

Sob o seu governo, o nordeste brasileiro conheceu uma época de ouro: a “Nova Holanda”. Ao pisar em solo americano, encontrou cerca de 7.000 almas vivendo nas piores condições de higiene e habitação. Mandou construir pontes, palácios, iniciou a urbanização do que hoje é conhecido como o bairro de Santo Antônio na capital pernambucana, incentivou as artes e as ciências, retratou a natureza do novo mundo através de seus dois artistas Frans Post e Albert Eckhout. Ao todo foram 46 estudiosos dos mais variados gêneros.

Com relação à exploração da colônia, foi tolerante com os senhores de engenho, os quais deviam muito à WIC. Foi igualmente tolerante com o judaísmo e o catolicismo, deixando que se professassem todas as religiões livremente. Preferia não penhorar engenhos nem sufocar revoltas com crueldade. Enfim, procurava fazer a administração contrária ao que queriam os senhores da WIC.

Motivos para a Insurreição

No contexto da Restauração portuguesa, o Estado do Brasil pronunciou-se em favor do Duque de Bragança (1640), assinando-se uma trégua de dez anos entre Portugal e os Países Baixos.

No nordeste do Brasil, os engenhos de cana-de-açúcar viviam dificuldades num ano de pragas e seca, pressionados pela Companhia das Índias Ocidentais, que sem considerar o testamento político de Nassau, passou a cobrar a liquidação das dívidas aos inadimplentes. Essa conjuntura levou à eclosão da Insurreição pernambucana, que culminou com a extinção do domínio neerlandês (holandês) no Brasil.

De acordo com as correntes historiográficas tradicionais em História do Brasil, esse movimento assinala o início do nacionalismo brasileiro, pois os elementos étnicos brancos, africanos e indígenas fundiram os seus interesses na luta pelo Brasil e não por Portugal. Foi esse movimento que deu à população local a verdadeira compreensão de seu valor, incutindo no povo o espírito de rebeldia contra qualquer tipo de opressão.

Heróis

João Fernandes Vieira - Senhor de engenho de origem portuguesa, era mulato e chegou ao Brasil com dez anos de idade, na opinião do historiador Charles Ralph Boxer foi o principal herói da reconquista de Pernambuco. Conforme as palavras do historiador brasileiro Oliveira Lima, “João Fernandes Vieira, apesar de ser de cor, governou Angola e Pernambuco”.[2] Em 1645 foi o primeiro signatário do pacto então selado no qual figura o vocábulo pátria pela primeira vez utilizado em terras brasileiras. Na função de Mestre-de-Campo, comandou o mais poderoso terço do Exército Patriota nas duas batalhas dos Guararapes (1648 e 1649). Por seus feitos, foi aclamado Chefe Supremo da Revolução e Governador da Guerra da Liberdade e da Restauração de Pernambuco.

André Vidal de Negreiros - Brasileiro que mobilizou recursos e gentes do sertão nordestino para lutar ao lado das tropas luso-brasileiras, um dos melhores soldados de seu tempo, tomou parte com grande bravura em quase todos os combates contra os holandeses. Foi nomeado Mestre-de-Campo, notabilizando-se no comando de um dos terços do Exército Patriota nas duas batalhas dos Guararapes. Comandou o sítio de Recife que resultou na capitulação holandesa em 1654. André Vidal de Negreiros foi na opinião do historiador Francisco Adolfo de Varnhagen o grande artífice da expulsão dos holandeses. Pelos seus feitos foi nomeado governador e capitão-geral das capitanias do Maranhão, de Pernanbuco e o Estado de Angola.

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Felipe Camarão ou Potiguaçu - Indígena brasileiro da tribo potiguar, à frente dos guerreiros de sua tribo organizou ações de guerrilha que se revelaram essenciais para conter o avanço dos invasores, destacou-se nas batalhas de São Lourenço (1636), Porto Calvo (1637) e de Mata Redonda (1638). Nesse último ano participou ainda da defesa de Salvador, atacada pelos melhores soldados de Maurício de Nassau. Distinguiu-se comandando a ala direita do exército rebelde na Primeira Batalha dos Guararapes, pelo que foi agraciado com a mercê de Dom, o hábito de cavaleiro da Ordem de Cristo, o foro de fidalgo com brasão de armas e o título de Capitão-Mor de Todos os índios do Brasil.

Henrique Dias - Brasileiro filho de escravos, conhecido como governador da gente preta, recrutou ex-escravos afro-brasileiros oriundos dos engenhos assolados pelo conflito e dominados pelos invasores, como mestre-de-campo comandou o Terço de Homens Pretos e Mulatos do Exército Patriota nas duas batalhas dos Guararapes, suas tropas também eram denominadas Henriques ou milícias negras. Participou de inúmeros combates, distinguindo-se por bravura nos combates de Igaraçu onde foi ferido duas vezes, participou ainda da reconquista de Goiana e notoriamente em Porto Calvo em 1637, quando teve a mão esquerda estralhaçada por um tiro de arcabuz, sem abandonar o combate decidiu a vitória na ocasião. Quando D. João IV desautorizara a Insurreição Pernambucana há uma breve trégua, mas mesmo assim Henrique Dias escreve estas palavras ao holandeses “...Meus senhores holandeses...Saibam Vossas Mercês que Pernambuco é...minha Pátria, e que já não podemos sofrer tanta ausência dela. Aqui haveremos de perdar as vidas, ou havemos de deitar a Vossas Mercês fora dela. E ainda que o Governador e Sua Majestade nos mandem retirar para a Bahia, primeiro que o façamos havemos de responder-lhes, e dar-lhes as razões que temos para não desistir desta guerra.”. Pelos seus serviços prestados também recebeu vários títulos de fidalgo, como a a mercê do Hábito da Ordem de Cristo e a a Comenda de Soure.

Antonio Dias Cardoso - Foi um dos principais líderes da Insurreição Pernambucana e comandou um pequeno efetivo que venceu a batalha dos Montes das Tabocas contra uma tropa muito maior liderada diretamente por Maurício de Nassau e posteriormente também em menor número venceu em Casa Forte a tropa neerlandesa comandada pelo coronel Van Hans, Comandante-Geral holandês no Nordeste do Brasil. Também participou ativamente nas duas batalhas dos Guararapes quando na primeira foi subcomandante do maior dos quatro terços do Exército Patriota, tendo-lhe sido passada a investida da principal frente de batalha por João Fernandes Vieira, na segunda batalha comandou a chamada Tropa Especial do Exército Patriota, desbaratando toda a ala direita dos holandeses.

São insuficientes os registros históricos sobre este personagem, mas acredita-se que tenha nascido em Portugal e vindo ainda criança para o Brasil. Nesta campanha começou no posto de soldado, durante a invasão de 1624 a 1625 teve sucesso ao lado de sua companhia em conter o invasor no perímetro de Salvador que estava cercada pelos melhores soldados de Maurício de Nassau, por seus feitos durante a campanha chegou rapidamente ao posto de capitão, onde foi para a reserva, mas devido ao seu reconhecido valor foi novamente convocado para lutar, era conhecedor profundo das técnicas de guerrilha dos indígenas, onde os mesmos utilizavam-se largamente de emboscadas, e em 1645 recrutou, treinou e liderou uma força de 1.200 pernambucanos mazombos insurretos, armados com armas de fogo, foices, paus e flechas, numa emboscada em que derrotaram 1.900 neerlandeses melhor equipados. Esse sucesso lhe valeu o apelido de mestre das emboscadas.

Devido a seus feitos foi lhe concedido a honra de Cavaleiro da Ordem de Cristo e o comando do Terço de João Fernandes Vieira, do qual havia sido ajudante à época da 1ª batalha dos Guararapes. Em 1656 foi nomeado Mestre-de-Campo, encerrando definitivamente a sua carreira militar. Em 1657, assumiu o governo da Capitania da Paraíba.

Devido a ter comandado a Tropa Especial do Exército Patriota e principalmente por ter operado no passado da mesma maneira que fazem atualmente as tropas de forças especiais, combatendo em menor número, sem posição fixa, usando a surpresa como elemento de combate, utilizando-se de emboscadas, recrutando população local, treinando-as em técnicas irregulares como as de guerrilha, dentre outras coisas, foi homenageado como patrono do 1º Batalhão de Forças Especiais do Exército Brasileiro e por isso é reconhecido atualmente como o primeiro operador de forças especiais do Brasil.

AS INDEPENDÊNCIAS NA AMÉRICA ESPANHOLA

Napoleão no poder da França revelou-se contraditório e autoritário, renunciando assim os princípios da Revolução Francesa e iniciando sua expansão pela Europa. O único país que poderia impedir esse projeto expansionista era a Inglaterra. Como as topas francesas não conseguiam desestabilizar a Inglaterra, a França decretou, em 1806, o bloqueio continental (os países europeus estavam proibidos de abrirem seus portos ao comércio inglês). Os países que não aceitassem o bloqueio continental seriam invadidos pelas tropas de Napoleão.

A Espanha não aceita e por isso, é invadida em 1808. O rei Fernando VII é deposto e é colocado no poder o irmão de Napoleão, José I. No entanto tanto as colônias espanholas como a Espanha resistiram à ocupação francesa. Com o apoio da Inglaterra e da elite Criolla (descendentes de espanhóis nascidos na América), foram organizadas na colônia Juntas Governativas, que em várias cidades passaram a defender a idéia de ruptura definitiva com a metrópole.

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Emancipação das colônias

A política econômica da Espanha, baseada no mercantilismo, buscava desenvolver as metrópoles explorando as riquezas produzidas nas colônias.

Mas nessa mesma política começaram a surgir brechas, que permitiram certo desenvolvimento às colônias. Ao criar universidades e liberas o comércio nas colônias, o rei Carlos III (1759-1788) estimulou seu desenvolvimento, assim como o anseio de libertação.

De modo geral, as primeiras manifestações de descontentamento que surgiram na América dominada pelos ibéricos não tinham caráter separatista. Exprimiam, antes, o mal-estar dos colonos com os abusos da metrópole, sua oposição à política mercantilista e a sua busca de liberdade econômica.

Na América espanhola, a ocupação da Espanha pelas tropas de Napoleão enfraqueceu o controle da metrópole sobre as colônias. Em 1811, o padre Hidalgo tentou sem êxito proclamar a independência do Vice-Reino de Nova Espanha (México). Nova tentativa em 1813, novo fracasso: Hidalgo foi executado. A conquinta da independência veio em 1821, liderada pelo general Itúrbide, que se proclamou imperador. Obrigado a abdicar em 1823, morreu fuzilado. O méxico tornou-se então uma República federal independente.

Do Vice-Reino de Nova Granada surgiram Venezuela, Colômbia e Equador, libertados por Simón Bolívar, respectivamente, em 1817, 1819 e 822. O Vice-Reino do Peru deu origem a três países: Peru, Chile e Bolívia.

Do Vice-Reino do Prata surgiram outros três países: Argentina, Uruguai e Paraguai. O Paraguai libertou-se sem guerras em 1811. O Uruguai, invadido por Portugal em 1816 e anexado ao Brasil com o nome de Porvíncia Cisplatina, só se tornou independente em 1828.

Diante da revolta generalizada, o rei espanhol Fernando VII chegou a pedir ajuda a Santa Aliança (organização da qual a Espanha participava e que tse arrogava o direito de intervir nas colônias). Mas os Estados Unidos e a Inglaterra se opuseram à intervenção e reconheceram a independência das colônias espanholas. A Posição dos EUA pode ser resumida na política estabelecida, em 1823, pelo presidente James Monroe, a chamada Doutrina Monroe, que declarava “a América para os americanos”.

A Inglaterra era movida por interesses econômicos, já que os novos países podiam representar mercado seguro para seus produtos. Sem a ajuda da Santa Aliança, o domínio da Espanha na América chegou ao fim.

A revolução do Porto ( 1922 )

Influenciados pelas idéias difundidas pelas lojas maçônicas, pelos liberais emigrados, principalmente em Londres, os portugueses criticavam e questionavam a permanência da Corte no Rio de Janeiro. O momento era favorável à eclosão de um movimento liberal. Em 1817, Gomes Freire de Andrada, que ocupava posição de destaque na Maçonaria, liderou uma revolta para derrubar Lord Beresford e implantar um regime republicano em Portugal. A descoberta do movimento e a confirmação de sua ligação com a Maçonaria desencadeou uma grande perseguição aos maçons, culminando com a proibição das sociedades secretas por D. João VI, em 1818, não só em Portugal como também no Brasil.

Os portugueses sofriam ainda a influência dos movimentos havidos na Espanha, que já aprovara uma Constituição em 1812 e onde, em inícios de 1820, ocorrera uma revolução liberal.

No dia 24 de agosto de 1820 começou, na cidade do Porto, um movimento liberal que logo se espalhou por outras cidades, consolidando-se com a adesão de Lisboa. Não houve resistência. Iniciada pela tropa irritada com a falta de pagamento e por comerciantes descontentes, conseguiu o apoio de quase todas as camadas sociais: Clero, Nobreza, e Exército. A junta governativa de Lord Beresford foi substituída por uma junta provisória, que convocou as Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa para elaborar uma Constituição para Portugal. Enquanto a Carta estava sendo feita, entrou em vigor uma Constituição provisória, que seguia o modelo espanhol.

A revolução vitoriosa, que ficaria conhecida como a Revolução do Porto, exigia o retorno da Corte, visto como forma de “restaurar a dignidade metropolitana”, o estabelecimento, em Portugal, de uma Monarquia constitucional e a restauração da exclusividade de comércio com o Brasil.

Repercursões da Revolução

A Revolução de 1820 apresentava duas faces contraditórias. Para Portugal, era liberal, na medida em que convocou as Cortes (Assembléia), que não se reuniam desde 1689, com o objetivo de elaborar uma Constituição que estabelecesse os limites do poder do rei. Para o Brasil, foi conservadora e recolonizadora, visto que se propunha a anular as medidas concedidas por D. João, exigindo a manutenção dos monopólios e privilégios portugueses, limitando a influência inglesa, subordinando novamente a economia e a administração brasileiras a Portugal.

No Brasil, as primeiras notícias sobre o movimento chegaram por volta de outubro, ocasionando grande agitação. Todos se confraternizaram, mas aos poucos ficou clara a divergência de interesses entre os diversos setores da população. No Grão-Pará,

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na Bahia e no Maranhão, as tropas se rebelaram em apoio aos revolucionários portugueses, formando Juntas governativas que só obedeceriam às Cortes de Lisboa. A presença da família real no Rio de Janeiro agravara as diferenças que separavam o Centro-Sul do Norte e Nordeste, sobrecarregando essas regiões com o aumento e criação de novos tributos, destinados à manutenção da Corte, chamada de a “nova Lisboa”.

Muitos comerciantes portugueses, ansiosos por recuperar seus privilégios, aderiram ao movimento. Foram apoiados pelas tropas portuguesas. Outros grupos acreditavam que o regime constitucional implantado em Portugal seria também aplicado no reino do Brasil. Havia também aqueles que, beneficiados com o estabelecimento da Corte no Rio de Janeiro, não queriam a volta a Lisboa. Afinal, seus negócios estavam correndo bem e o retorno significaria o fim das vantagens e de seu prestígio social e político. Funcionários que haviam recebido cargos públicos e proprietários de escravos e terras do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e de São Paulo, manifestaram-se contra a Revolução do Porto, defendendo a permanência da família real no Brasil.

O retorno da Corte para Portugal dividia as opiniões. De um lado o Partido Português, que agrupava as tropas portuguesas e os comerciantes reinóis, exigindo o regresso da família real. De outro, aqueles que se opunham, por terem progredido, ganho prestígio e poder com a vinda da Corte para o Rio de Janeiro e que portanto, queriam que o rei ficasse. A partir do momento em que se manifestaram favoráveis à permanência de D. João, passaram a ser conhecidos como Partido Brasileiro. Seus integrantes não eram necessariamente brasileiros de origem, mas tinham seus interesses vinculados ao Brasil.

D. João VI resolveu ficar, mas, tentando contornar a situação, anunciou que enviaria o príncipe D. Pedro a Portugal, “para ouvir os povos”. Essa medida não foi bem aceita por comerciantes e tropas portuguesas do Rio de Janeiro. Em fevereiro de 1821, as tropas reuniram-se no largo do Rossio, atual praça Tiradentes, exigindo que D. Pedro e D. João jurassem a Constituição que estava sendo feita pelas Cortes, e a substituição de ministros e de funcionários que ocupavam os principais cargos administrativos. D. João concordou com tudo.

Alguns dias depois de jurar, antecipadamente, a Constituição, no Real Teatro São João, atual João Caetano, o rei foi pressionado a retornar a Lisboa, deixando o príncipe D. Pedro como regente. Ficou também decidido que se realizariam eleições para a escolha dos representantes brasileiros nas Cortes.

No entanto, a agitação continuava. No dia 21 de abril, grupos populares reuniram-se em assembléia no edifício da praça do Comércio, exigindo que D. João jurasse a Constituição espanhola enquanto era elaborada a Constituição portuguesa. Devido aos sucessivos adiamentos da partida, manifestações tanto a favor como contra o retorno do rei tomaram conta da reunião. Para controlar a situação e terminar com a manifestação, D. Pedro ordenou à tropa que dispersasse a assembléia. Uma pessoa morreu e muitas ficaram feridas e, por isso, o edifício projetado por Grandjean de Montigny, a atual Casa França-Brasil, passou a ser conhecido como “Açougue dos Braganças”.

Dias depois, a 26 de abril de 1821, D. João VI deixava o Brasil, acompanhado por 4 mil pessoas, levando tudo o que puderam, inclusive todo o ouro que existia no Banco do Brasil. Grupos de brasileiros tentaram impedir a volta das jóias e dos bens do Tesouro para Lisboa. Cantava-se nas ruas:

“Olho vivo,pé ligeiro,vamos a bordo,buscar o dinheiro”.

Seu regresso atendia às exigências das Cortes, mas, deixando D. Pedro como príncipe-regente do Brasil, agradava também ao grupo político que defendera a permanência da família real no Brasil - o Partido Brasileiro, que começava então, a se formar.

Crise portuguesa e a revolução do Porto

Durante o período em que a Corte esteve no Rio de Janeiro, Portugal foi governado por uma junta presidida por Lord Beresford, que comandava o Exército e mantinha sob seu controle a nação portuguesa. A economia vivia um momento de profunda crise. O comércio estava decadente, praticamente paralisado, não só pela ocupação francesa como também pela abertura dos portos da Colônia em 1808. Os comerciantes portugueses estavam descontentes pois haviam perdido o monopólio comercial, situação agravada pelos Tratados de 1810, assinados com os ingleses. A agricultura estava desorganizada, as cidades destruídas por causa das lutas com os franceses e as manufaturas portuguesas não tinham condições de concorrer com as inglesas. Para muitos, tudo isso era resultante da ausência do rei. Além disso, sabia-se que as lojas maçônicas, em Portugal, divulgavam as idéias liberais, defendendo uma Constituição que limitaria o poder do soberano instituindo, assim, uma Monarquia constitucional.

Em 1814, com a derrota de Napoleão Bonaparte e o fim da guerra na Europa, o retorno da Corte voltou a ser discutido em Portugal. Os portugueses sentiam-se abandonados e queriam seu rei de volta. A queda de Napoleão tornou mais evidente a decadência do reino português, que em nada fora beneficiado com a permanência da família real na América.

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Mas não era apenas Portugal que desejava mudanças. Em 1815, os vencedores de Napoleão reuniram-se em um Congresso na cidade de Viena, capital da Áustria, com o objetivo de restaurar a velha ordem transformada pela Revolução Francesa, evitar que as idéias liberais se espalhassem e também reconduzir ao poder as antigas dinastias. Os participantes do Congresso de Viena, tranqüilos por terem vencido os revolucionários, discutiam as mudanças que deveriam ser feitas para anular as conseqüências produzidas pela Revolução Francesa e pelo governo de Napoleão. A criação da Santa Aliança, uma associação formada pelos três reinos mais importantes presentes ao Congresso - Rússia, Áustria e Prússia -, com poder de intervenção em nações onde movimentos liberais pudessem pôr em xeque os governos absolutos, contribuía para ajudar a reconstruir a ordem conservadora européia.

No entanto, a partir de 1820, a Europa foi sacudida por uma onda de movimentos de contestação, de inspiração liberal, em reação às medidas restauradoras do Congresso de Viena. Esses movimentos combatiam o absolutismo de direito divino dos reis, mas admitiam a Monarquia desde que os poderes dos soberanos ficassem limitados por uma Constituição e fossem respeitadas as liberdades individuais.

Pelo princípio da legitimidade, defendido pelo príncipe Talleyrand, representante do rei absolutista da França, Luís XVIII, no Congresso de Viena, os soberanos das antigas dinastias européias que haviam sido depostos após a Revolução Francesa, principalmente no período napoleônico, deveriam ser restaurados em seus tronos. Assim, Portugal deveria voltar a ser governado pela dinastia de Bragança, representada por D. João VI. No entanto, D. João, conhecido na Europa como o Rei do Brasil, acostumara-se à idéia de permanecer no Rio de Janeiro, concretizando o tão sonhado Império luso-americano. A solução encontrada, atribuída ao próprio Talleyrand, e proposta ao representante português, conde de Palmela, foi a elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves. Essa medida, além de defender a presença da Europa e da realeza na América, também agradaria aos súditos do Brasil, pois destruiria a idéia de Colônia que tanto lhes desagradava, além de afastá-los da idéia de Independência e de República.

D. João, desinteressado de voltar a Lisboa, em 16 de dezembro de 1815 fez publicar a Carta de Lei que dizia: “Que os meus Reinos de Portugal, Algarves, e Brasil formem dora em diante um só e único Reino debaixo do título de REINO UNIDO DE PORTUGAL, E DO BRASIL, E ALGARVES”. Saudada com entusiasmo no Rio, a mudança não foi tão bem recebida pelos portugueses. A elevação a Reino Unido colocava o Brasil em condições de igualdade ou até em situação superior a Portugal, visto que a Corte permanecia no Rio de Janeiro.

A Independência do Brasil

Festejos da aclamação de D. Pedro I à Imperador, símbolo da Independência do BrasilOcorreram muitas revoltas pela libertação do Brasil, nas quais muitos brasileiros perderam a vida.Os que morrem achavam que valia a pena sacrificar-se para melhorar a situação do povo brasileiro. Queriam uma vida melhor,

não só para eles, mas para todos os brasileiros.Mas a Independência do Brasil só aconteceu em 1822. E não foi uma separação total, como aconteceu em outros países da América

que, ao ficarem independentes, tornaram-se repúblicas governadas por pessoas nascidas no país libertado. O Brasil independente continuou sendo um reino, e seu primeiro imperador foi Dom Pedro I, que era filho do rei de Portugal.

Historicamente, o processo da Independência do Brasil ocupou as três primeiras décadas do século XIX e foi marcado pela vinda da família real ao Brasil em 1808 e pelas medidas tomadas no período de Dom João. A vinda da família real fez a autonomia brasileira ter mais o aspecto de transição.

O processo da independência foi bastante acelerada pelo que ocorreu em Portugal em 1820. A Revolução do Porto comandada pela burguesia comercial da cidade do Porto, que foi um movimento que tinha características liberais para Portugal mas, para o Brasil, significava uma recolonização.

O processo da independência do Brasil acabou em 1822, quando Dom Pedro proclamou a Independência, se separando assim de Portugal.

Antes do Brasil conseguir sua Independência muitos brasileiros perderam a vida para melhorar a situação do povo brasileiro.

Como foi o desenvolvimento da independência do BrasilChegada da Família Real no Brasil

No início do século XIX Napoleão Bonaparte era imperador da França. Ele queria conquistar toda a Europa e para tanto derrotou os exércitos de vários países. Mas não conseguiu vencer a marinha inglesa.

Para enfrentar a Inglaterra, Napoleão proibiu todos os países europeus de comercializar com os inglês. Foi o chamado Bloqueio Continental (Congresso de Viena).

Nessa época, Portugal era governado pelo príncipe regente Dom João. Como Portugal era um antigo aliado da Inglaterra, Dom João ficou numa situação muito difícil: se fizesse o que Napoleão queria, os ingleses invadiriam o Brasil, pois estavam muito interessados no comércio brasileiro; se não o fizesse, os franceses invadiriam Portugal.

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A solução que Dom João encontrou, com a ajuda dos aliados ingleses, foi transferir a corte portuguesa para o Brasil o que acabou por culminar mais tarde na independência do Brasil.

Em novembro de 1807 Dom João com toda a sua família e sua corte partiram para o Brasil sob a escolta da esquadra inglesa. 15 mil pessoas vieram para o Brasil em quatorze navios trazendo suas riquezas, documentos, bibliotecas, coleções de arte e tudo que poderam trazer.

Quando o exército de Napoleão chegou em Lisboa, só encontrou um reino abandonado e pobre.O príncipe regente desembarcou em Salvador em 22 de janeiro de 1808. Ainda em Salvador Dom João abriu os portos do Brasil

aos países amigos, permitindo que navios estrangeiros comerciassem livremente nos portos brasileiros.Essa medida foi de grande importância para a economia brasileira, o que também facilitou a nossa independência.De Salvador, a comitiva partiu para o Rio de Janeiro, onde chegou em 08 de março de 1808. O Rio de Janeiro tornou-se a sede

da corte Portuguesa.Com a chegada da Família Real ao Brasil, novos tempos para a colônia, e no fim a indepêndencia do Brasil.

O Reino de Dom João – as portas abertas para a independência do Brasil

Com a instalação da corte no Brasil, o Rio de Janeiro tornou-se a sede do império português e Dom João teve de organizar toda a administração brasileira.

Criou três ministérios: o da Guerra e Estrangeiros, o da Marinha e o da Fazenda e Interior; instalou também os serviços auxiliares e indispensáveis ao funcionamento do governo, entre os quais o Banco do Brasil, a Casa da Moeda, a Junta Geral do Comércio e a Casa da Suplicação ( Supremo Tribunal).

A 17 de dezembro de 1815 o Brasil foi elevado a reino e as capitanias passaram em 1821 a chamar-se províncias.Em 1818 com a morte da rainha D. Maria I, a quem Dom João substituía, deu-se no Rio de Janeiro a proclamação e a coroação

do Príncipe Regente, que recebeu o título de Dom João VI.A aclamação de D. João VI deu-se nos salões do Teatro de São João.

As mudanças econômicas antes da independência do Brasil

Depois da chegada da família real duas medidas de Dom João deram rápido impulso à economia brasileira: a abertura dos portos e a permissão de montar indústrias que haviam sido proibidas por Portugal anteriormente.

Abriram–se fábricas, manufaturas de tecidos começaram a surgir, mas não progrediram por causa da concorrência dos tecidos ingleses.

Bom resultado teve, porém, a produção de ferro com a criação da Usina de Ipanema nas províncias de São Paulo e Minas Gerais.Outras medidas de Dom João estimularam as atividades econômicas do Brasil como:

• Construção de estradas; • Os portos foram melhorados. Foram introduzidos no país novas espécies vegetais, como o chá; • Promoveu a vinda de colonos europeus. • A produção agrícola voltou a crescer. O açúcar e do algodão, passaram a ser primeiro e segundo lugar nas exportações,

no início do século XIX. Neste período surgiu o café, novo produto, que logo passou do terceiro lugar para o primeiro lugar nas exportações brasileira.

Medidas de incentivo à cultura

Além das mudanças comerciais, a chegada da família real ao Brasil também causou um reboliço cultural e educacional o que só fez facilitar o processo de independência do Brasil. Nessa época, foram criadas escolas como a Academia Real Militar, a Academia da Marinha, a Escola de Comércio, a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, a Academia de Belas-Artes e dois Colégios de Medicina e Cirurgia, um no Rio de Janeiro e outro em Salvador. Foram fundados o Museu Nacional, o Observatório Astronômico e a Biblioteca Real, cujo acervo era composto por muitos livros e documentos trazidos de Portugal. Também foi inaugurado o Real Teatro de São João e o Jardim Botânico. Uma atitude muito importante de dom João foi a criação da Imprensa Régia. Ela editou obras de vários escritores e traduções de obras científicas. Foi um período de grande progresso e desenvolvimento.

A volta da Família Real a Lisboa e o início do processo de independência do Brasil

Tanto movimento por aqui provocou a indignação do outro lado do Atlântico. Afinal, o Brasil deixara de ser uma simples colônia. Nosso país tinha sido elevado à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves. Quer dizer, enquanto a família real esteve por aqui, a sede do reino foi o Rio de Janeiro, que recebeu muitas melhorias. Enquanto isso, em Portugal, o povo estava empobrecido com a guerra contra Napoleão e o comércio bastante prejudicado com a abertura dos portos brasileiros. Os portugueses estavam

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RESUMO DE CONCURSOS

insatisfeitos e, em 1820, estourou a Revolução Liberal do Porto, cidade ao norte de Portugal. Os rebeldes exigiram a volta de dom João e a expulsão dos governantes estrangeiros. Queriam também que o comércio do Brasil voltasse a ser feito exclusivamente pelos comerciantes portugueses. Cedendo às pressões de Portugal, dom João voltou em 26 de abril de 1821. Deixou, contudo, seu filho dom Pedro como regente do Brasil. Assim, agradava aos portugueses e aos brasileiros que tinham lucrado com a vinda da corte portuguesa para o Brasil, especialmente com a abertura dos portos.

Dom Pedro o defensor do Brasil

A situação do Brasil permaneceu indefinida durante o ano de 1821. No final desse ano, um fato novo redefiniu a situação: chegaram ao Rio de Janeiro decretos da corte que exigiam a completa obediência do Brasil às ordens vindas da metrópole. No dia 9 de dezembro de 1821, o governo brasileiro voltou a ser dependente de Portugal. Dom Pedro recebeu ordens para voltar a Portugal, mas o Partido Brasileiro, grupo formado por grandes fazendeiros, comerciantes e altos funcionários públicos, o convenceu a ficar. O regente recebeu listas com assinaturas de cerca de 8.000 pessoas pedindo que ele permanecesse no país. Em 9 de janeiro de 1822, apoiado pelas províncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, dom Pedro decidiu permanecer. Ele foi à sacada e disse: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico!”. Essa data ficou conhecida como o Dia do Fico.

Portugal não aceitou pacificamente a decisão de Dom Pedro. As tropas portuguesas sediadas no Rio de Janeiro tentaram força-lo a embarcar, o povo reagiu em defesa de Dom Pedro . Pressionados essas tropas voltaram para Portugal.

D. Pedro recusou-se a partir. Momentos decisivos para a independência do Brasil com rompimento com Portugal

Dom Pedro estimulado pelo entusiasmo popular, tomou novas decisões. Primeiramente reformou o ministério dando-lhe força e unidade . Para isso nomeou a 16 de janeiro de 1822, José Bonifácio de Andrada e Silva Ministro dos Negócios do Interior, da Justiça e dos Estrangeiros. Em 04 de abril aconselhado por José Bonifácio decretou que as ordens vindas de Portugal, só teriam valor se aprovadas por ele, como isso, enfrentando as exigências das cortes.

Em 03 de junho de 1822, convocou uma Assembléia Nacional Constituinte para fazer as novas leis do Brasil. Isso significava que, definitivamente, a independência do Brasil estava próxima e os brasileiros fariam as próprias leis. Para o Parlamento português (denominado Cortes) não poderia haver desobediência maior.

As agitações populares tomaram conta das ruas nas principais cidades brasileiras. E em 1º de agosto Dom Pedro dirigiu um manifesto aos brasileiros, convocando-os a se unirem. Em 06 de agosto, dirigiu outro manifesto às nações exigindo o reconhecimento, pelos outros povos, dos direitos do Brasil.

No dia 14 de agosto, Dom Pedro partiu para a província de São Paulo que se encontrava agitada por lutas internas. A regência ficou entregue à sua esposa dona Leopoldina. Durante a sua ausência, chega ao Rio de Janeiro uma carta das Cortes Portuguesas, na qual exigia a volta imediata de Dom Pedro à Portugal e a anulação da convocação da Assembléia Nacional Constituinte.

Leopoldina e José Bonifácio enviaram um correio para levar essa carta a Dom Pedro. José Bonifácio e Leopoldina enviam outra carta, cada um reforçava a idéia de que havia chegado a hora de tomar uma decisão.

A proclamação da Independência é considerada necessária por D. Leopoldina e o conselho do Estado.

A Proclamação da Independência do Brasil

Dom Pedro estava voltando à São Paulo, após uma viagem a Santos. Era 16 horas e 30 minutos do dia 07 de setembro de 1822, quando o correio alcançou Dom Pedro nas margens do rio Ipiranga e entregou-lhe as cartas. Ele começou a lê-las.

Eram uma instrução das Cortes portuguesas, uma carta de Dom João VI, outra da princesa e um ofício de José Bonifácio. Todos diziam a mesma coisa: que Lisboa rebaixava o príncipe a mero delegado das Cortes, limitando sua autoridade às províncias, onde ela ainda era reconhecida. Além disso, exigiam seu imediato regresso a Portugal, bem como a prisão e processo de José Bonifácio. A princesa recomendava prudência, mas José Bonifácio era alarmante, comunicando-lhe que além de seiscentos soldados lusitanos que já haviam desembarcado na Bahia, outros 7 mil estavam em treinamento para serem colocados em todo o Norte do Brasil. Terminava afirmando: “Só existem dois caminhos: ou voltar para Portugal como prisioneiro das cortes portuguesas ou proclamar a Independência, tornando-se imperador do Brasil”.

Dom Pedro sabia que o Brasil esperava dele uma atitude. Depois de ler, amassou e pisoteou as cartas, montou seu cavalo e cavalgou até às margens do Ipiranga e gritou à guarda de honra: “Amigos, as cortes de Lisboa nos oprimem e querem nos escravizar...Deste dia em diante, nossas relações estão rompidas”.

Após arrancar as insígnia de cores azuis e brancas de seu uniforme, o príncipe sacou a espada e gritou: “ Por meu sangue, por minha honra e por Deus, farei do Brasil um país livre”, em seguida, erguendo a espada, afirmou: “Brasileiros, de hoje em diante nosso lema será: Independência ou Morte!”.

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RESUMO DE CONCURSOS

Momento em que D. Pedro proclama a Independência do Brasil nas margens do Rio Ipiranga em São Paulo.A notícia se espalhou por todo o Brasil. O povo cantou e dançou nas ruas. O Brasil não era mais uma nação acorrentada.No dia seguinte, iniciou a viagem de retorno ao Rio de Janeiro. Na capital foi saudado como herói.No dia 1º de dezembro de 1822, aos 24 anos, foi coroado imperador do Brasil e recebeu o título de Dom Pedro I.

As guerras pela Independência do Brasil

A Independência havia sido proclamada, mas nem todas as províncias do Brasil puderam reconhecer o governo do Rio de Janeiro e unir-se ao Império sem pegar em armas. As Províncias da Bahia, do Maranhão, do Piauí, do Grão-Pará e , por último, Cisplatina, dominadas ainda por tropas de Portugal , tiveram que lutar pela sua liberdade, até fins de 1823.

Na Bahia, a expulsão dos portugueses só foi possível quando Dom Pedro I enviou para lá uma forte esquadra comandada pelo almirante Cochrane, para bloquear Salvador. Sitiados por terra e por mar, as tropas portuguesas tiveram finalmente que se render em 02 de julho de 1823.

Após a vitória na Bahia, a esquadra de Cochrane, seguindo para o norte, bloqueou a cidade de São Luís. Esse bloqueio apressou a derrota dos portugueses não só no Maranhão, mas também no Piauí.

Do Maranhão um dos navios de Cochrane continuou até o extremo norte, e, ameaçando a cidade de Belém, facilitou a rendição dos portugueses no Grão-Pará.

No extremo Sul, a cidade de Montevidéu, sitiada por terra e bloqueada por uma esquadra brasileira no rio do Prata teve de se entregar.

Com o reconhecimento da Independência pela Cisplatina completou-se a união de todas as províncias, sob o governo de Dom Pedro I, firmando assim o Império Brasileiro. (Ver: Guerras da Independência do Brasil)

O reconhecimento da Independência do Brasil

Unidas todas as províncias e firmado dentro do território brasileiro o Império, era necessário obter o reconhecimento da Independência por parte das nações estrangeiras.

A primeira nação estrangeira a reconhecer a Independência do Brasil foram os Estados Unidos em maio de 1824. Não houve dificuldades, pois os norte-americanos eram a favor da independência de todas as colônias da América. (Independência dos EUA)

O reconhecimento por parte das nações européia foi mais difícil porque os principais países da Europa, entre eles Portugal, haviam-se comprometido, no Congresso de Viena em 1815, a defender o absolutismo, o colonialismo e a combater as idéias de liberdade.

Entre as primeiras nações européias apenas uma foi favorável ao reconhecimento do Brasil independente: a Inglaterra, que não queria nem romper com seu antigo aliado, Portugal, nem prejudicar seu comércio com o Brasil. Foi graças à sua intervenção e às demoradas conversações mantidas junto aos governos de Lisboa e do Rio de Janeiro que Dom João VI acabou aceitando a Independência do Brasil, fixando-se as bases do reconhecimento.

A 29 de agosto de 1825 Portugal, através do embaixador inglês que o representava, assinou o Tratado luso-brasileiro de reconhecimento. O Brasil, entretanto, teve que pagar a Portugal uma indenização de dois milhões de libra esterlinas, e Dom João VI obteve ainda o direito de usar o título de Imperador do Brasil, que não lhe dava, porém qualquer direito sobre a antiga colônia.

A seguir as demais nações européias, uma a uma, reconheceram oficialmente a Independência e o Império do Brasil.Em 1826 estava firmada a posição do Brasil no cenário internacional.Enquanto o Brasil era colônia de Portugal, o Brasil enfrentou com bravura e venceu os piratas, os franceses e os holandeses.

Ocorreram muitas lutas internas e muitos perderam a sua vida para tentar tornar seu país livre e independente de Portugal. Essa luta durou mais de trezentos anos.

O processo da Independência foi muito longo e por ironia do destino foi um português que a proclamou.Em 07 de Setembro de 1822, Dom Pedro filho do rei de Portugal Dom João VI, pressionado pelas Cortes de Lisboa para retornar

a imediatamente para Portugal , pois o interesse das Cortes eram a recolonização do Brasil e também sofrendo pressões do povo brasileiro ele às margens do Ipiranga proclama a independência do Brasil e definitivamente separando-se de Portugal.

Porém a independência do Brasil não ocorreu em todas as províncias do Brasil, as províncias da Bahia, do Maranhão, do Piauí, do Grão-Pará e da Cisplatina, ainda estavam dominadas pelos portugueses e precisaram de muitas lutas para que elas tornassem também independentes. Essas lutas se estenderam até 1823.

Depois de todas as províncias estarem independentes, houve a necessidade do reconhecimento da Independência por parte das outras nações. O primeiro país da América a reconhecer a nossa independência foi os Estados Unidos. Os países europeus o reconhecimento foi mais difícil, e o Brasil teve até que pagar uma indenização à Portugal, depois de demoradas conversações a Independência do Brasil foi reconhecida por todas as nações européia e em 1826 o Brasil firmou sua posição de país independente no cenário internacional.

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RESUMO DE CONCURSOS

Mais será que o Brasil conseguiu realmente a sua independência? Acho que a resposta é sim e não ao mesmo tempo. Porque o Brasil atualmente tem seu governo, formado por brasileiros, e não é mais uma colônia de outro país. Mas por outro lado ele ainda continua dependendo dos outros países, possuindo uma dívida externa muito alta. Os estrangeiros continuam invadindo o nosso país montando empresas estrangeiras em nosso país, e com isso as nossas riquezas acabam indo para fora enquanto isso nosso país continua tento desemprego, pessoas miseráveis, baixo salários, etc, e os países que aqui se estalam quase não pagam impostos e enviam grandes remessas de dinheiro para seu país de origem deixando ele cada vez mais rico as custas de nosso país.

Por tudo isso, ainda falta muita coisa para a total independência do Brasil, e para isso acontecer muita coisa precisa ser mudada em nosso país. As riquezas produzida com o trabalho do brasileiro deve contribuir para elevar o nível de vida da nossa população, a vida dos brasileiros deve ser mais respeitada e protegida e para isso ainda temos que lutar muito ainda para que possamos conseguir realmente a nossa total independência.

TESTES

01. (ADMINISTRAÇÃO OU GESTÃO-FHEMIG-FUNDEP-2010) – “O livre comércio é um bem – como a virtude, a santidade e a retidão – a ser amado, admirado, honrado e firmemente adotado, por si mesmo, ainda que todo o resto do mundo ame restrições e proibições, que, em si mesmas, são males – como o vício e o crime – a serem odiados e detestados sob quaisquer circunstâncias e em todos os tempos.” The Economist, em 1848.

Tendo em vista o contexto histórico da época, tal formulação favorecia particularmente os interesses: a) Do comércio internacional, mas não do inglês.b) Da agricultura inglesa e da estrangeira. c) Da indústria inglesa, mas não da estrangeira. d) Da agricultura e da indústria estrangeiras.e) Dos produtores de todos os países.

RESPOSTA “C”.

02. (MACK-2006) – A transferência da Corte Portuguesa para o Brasil resultou em inúmeras mudanças para a vida da colônia, exceto:

a) A extinção do monopólio, através do decreto da Abertura de Portos, em 1808.b) O Alvará de Liberdade Industrial anulado em grande parte pela concorrência inglesa.c) As iniciativas que favoreceram a vida cultural da colônia, como o ensino superior, a imprensa régia e a Missão Francesa.d) A tentativa do governo de conciliar os interesses dos grandes proprietários rurais brasileiros e comerciantes reinóis.e) Os Tratados de 1810, assinados com a Inglaterra, que aboliram vantagens e privilégios, bem como a preponderância comercial

deste país entre nós.

RESPOSTA “E”.

03. (ARQUITETO-SENAC/PB-IFEP/PB-2009) – A transferência da corte portuguesa para o Brasil conferiu à nossa independência política uma característica singular, pois favoreceu a:

a) Ruptura do pacto colonial, sem graves convulsões sociais e, também, sem a fragmentação territorial.b) Manutenção do exclusivo colonial e a continuidade dos investimentos portugueses.c) Coesão partidária sem contestação e a unidade provincial em torno do novo regime.d) Alteração da estrutura social anterior e, também, da organização econômica.e) Permanência dos funcionários ligados à corte e, também, dos burocratas lusos.

RESPOSTA “A”.

04. (ARQUITETO-SENAC/PB-IFEB/PB-2011) – Como conseqüência do Bloqueio Continental, em 22 de janeiro de 1808, da família real portuguesa desembarcou no Rio de Janeiro. Sua vinda:

a) Trouxe à colônia portuguesa um maior número de proibições e taxações de impostos, que, anos depois, levariam à Independência.b) Deu à cidade do Rio de Janeiro o estatuto de capital de todo o império lusitano e, com a abertura dos portos, ocasionou o

rompimento do monopólio metropolitano.c) Abriu caminho para o comércio brasileiro, uma vez que os portos foram abertos a outras nações, fator que iniciou o

desenvolvimento industrial do Brasil.

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RESUMO DE CONCURSOS

d) confirmou a tradição portuguesa de tolerância colonial, uma vez que D. João VI abriu a possibilidade de crescimento econômico aos colonos portugueses e de liberdade aos escravos.

e) enxugou o número de funções políticas e administrativas existentes no Rio de Janeiro, transformando a cidade num espaço menos burocrático.

RESPOSTA “B”.

05. (AGENTE DE DEFENSORIA-DPE/SP-FCC-2009) – Em novembro de 1807, a família real portuguesa deixou Lisboa e, em março de 1808, chegou ao Rio de Janeiro. O acontecimento pode ser visto como:

a) Incapacidade dos Braganças de resistirem à pressão da Espanha para impedir a anexação de Portugal.b) Ato desesperado do Príncipe Regente, pressionado pela rainha-mãe, Dona Maria I.c) Execução de um velho projeto de mudança do centro político do Império português, invocado em épocas de crise.d) Culminância de uma discussão popular sobre a neutralidade de Portugal com relação à guerra anglo-francesa.e) Exigência diplomática apresentada por Napoleão Bonaparte, então primeiro cônsul da França.

RESPOSTA “C”.

06. “A confrontação entre a loja e o engenho tendeu principalmente a assumir a forma de uma contenda municipal, de escopo jurídico-institucional, entre um Recife florescente que aspirava à emancipação e uma Olinda decadente que procurava mantê-Io numa sujeição irrealista. Essa ingênua fachada municipalista não podia, contudo, resistir ao embate dos interesses em choque. Logo revelou-se o que realmente era, o jogo de cena a esconder uma luta pelo poder entre o redor urbano e o devedor rural.” (Evaldo Cabral de Mello. A fronda dos mazombos, São Paulo, Cia. das Letras, 1995, p. 123). O autor refere-se:

a) Ao episódio conhecido como a Aclamação de Amador Bueno.b) À chamada Guerra dos Mascates.c) Aos acontecimentos que precederam a invasão holandesa de Pernambuco.d) Às conseqüências da criação, por Pombal, da Companhia Geral de Comércio de Pernambuco.e) Às guerras de Independência em Pernambuco.

RESPOSTA “B”.

07. (DOCENTE I-HISTÓRIA-FUNCAB-2010) – “O senhor de engenho é título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado por muitos”. Essa frase de João Antônio Andreoni (conhecido como Antonil), escrita no seu livro Cultura e Opulência do Brasil por suas drogas e minas, referem-se aos:

a) Ricos comerciantes que lidavam com os negócios de exportação e importação; b) Proprietários das terras que formavam a aristocracia agrária, de grande poder econômico e político;c) Lavradores assalariados que plantavam a cana-de-açúcar;d) Trabalhadores livres dos engenhos: artesãos, barqueiros, capatazes;e) Grandes proprietários das fábricas de manufaturas têxteis.

RESPOSTA “B”.

08. (FUVEST-2010) – A colonização portuguesa no Brasil perdurou quase 300 anos. A forma de colonização foi denominada pela historiografa como Antigo Sistema Colonial. Entre as alternativas abaixo assinale as características desse sistema.

a) Escravidão, produção para o consumo interno e minifúndiosb) Trabalho assalariado, produção industrial e exportaçãoc) Escravidão, agroexportação e latifúndiod) Trabalho assalariado, agroexportação e latifúndioe) Escravidão, produção industrial e exportação

RESPOSTA “C”.

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RESUMO DE CONCURSOS

09. “... Os moradores desta Costa do Brasil todos têm terras de Sesmarias dadas e repartidas pelos Capitães da terra, e a primeira coisa que pretendem alcançar, são os escravos para lhes fazerem e granjearem suas roças e fazendas, porque sem eles não se podem sustentar na terra: e uma das cousas porque o Brasil não floresce muito mais, é pelos escravos que se levantaram e fugiram para suas terras e fogem cada dia: e se estes índios não fossem tão fugitivos e mudáveis, não tivera comparação à riqueza do Brasil.” (GANDAVO, Pero de Magalhães, Tratado da Terra do Brasil. História da Província de Santa Cruz. Belo Horizonte: Itatiaia, 1980, p. 42).

Sobre o trabalho no Brasil, no período colonial, podemos afirmar:a) Era executado por portugueses pobres que podiam obter terras à vontade e assim desenvolver a economia familiar baseada na

pequena propriedade.b) Foi realizado exclusivamente por negros africanos escravizados, uma vez que os índios resistiram à escravidão e fugiam

para o interior da América Portuguesa.c) Desenvolveu-se o sistema de produção missionário, baseado na exploração da mão de obra indígena que impediu a escravização

dos povos indígenas.d) Foi realizado principalmente por degredados portugueses, que eram obrigados a trabalhar em latifúndios pertencentes à

Coroa portuguesa.e) Era visto como uma atividade desonrosa para os brancos e destinada, sobretudo, aos nativos e aos negros africanos escravizados.

RESPOSTA “E”.

10. (MACKENZIE – 2008) Sobre o Iluminismo, é correto afirmar que:a) Defendia a doutrina de que a soberania do Estado absolutista garantiria os direitos individuais e eliminaria os resquícios

feudais ainda existentes.b) Propunha a criação de monopólios estatais e a manutenção da balança de comércio favorável, para assegurar o direito de

propriedade.c) Criticava o mercantilismo, a limitação ao direito à propriedade privada, o absolutismo e a desigualdade de direitos e deveres

entre os indivíduos.d) Acreditava na prática do entesouramento como meio adequado para eliminar as desigualdades sociais e garantir as liberdades

individuais.e) Consistia na defesa da igualdade de direitos e liberdades individuais, proporcionada pela influência da Igreja Católica

sobre a sociedade, através da educação.

RESPOSTA “C”.

11. (CESGRANRIO-2011) – Durante as últimas décadas do século XVIII, a colônia portuguesa na América foi palco de movimentos como a Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração do Rio de Janeiro (1794) e a Conjuração Baiana (1798). A respeito desses movimentos pode-se afirmar que:

a) Demonstravam a intenção das classes proprietárias, adeptas das idéias liberais, de seguirem o exemplo da Revolução Americana (1776) e proclamarem a independência, construindo uma sociedade democrática em que todos os homens seriam livres e iguais.

b) Expressavam a crise do Antigo Sistema Colonial através da tomada de consciência, por parte de diferentes setores da sociedade colonial, de que a exploração exercida pela metrópole era contrária aos seus interesses e responsável pelo empobrecimento da colônia.

c) Denunciavam a total adesão dos colonos às pressões da burguesia industrial britânica a favor da independência e da abolição do tráfico negreiro para se constituir, no Brasil, um mercado de consumo para os manufaturados.

d) Representavam uma forma de resistência dos colonos às tentativas de re-colonização empreendidas, depois da Revolução do Porto, pelas Cortes de Lisboa, liberais em Portugal, que queriam reaver o monopólio do comércio com o Brasil.

e) Tinham cunho separatista e uma ideologia marcadamente nacionalista, visando à libertação da colônia da metrópole e à formação de um Império no Brasil através da união das várias regiões até então desunidas.

RESPOSTA “B”.

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RESUMO DE CONCURSOS

12. Em 21 janeiro de 1793, Luís XVI foi guilhotinado em Paris. Chegava ao fim a monarquia francesa e iniciava-se um novo período na história da França.

Em meio a um contexto de fortes turbulências, rebentaram revoltas internas e guerras externas. Sobre esse contexto, pode-se afirmar que:

a) Em junho do mesmo ano, os jacobinos, comandados por Robespierre, assumiram o poder na França, inaugurando o período da Convenção jacobina, considerado o mais popular e radical de toda a Revolução.

b) Foi marcado pela guerra civil, em que partidários do rei e da república se enfrentaram, com a vitória dos primeiros, que impuseram uma ditadura ao país, sob o comando de Marat e dos girondinos.

c) A morte do rei desencadeou a revolta de toda a nobreza européia e da Igreja Católica, levando à formação de um exército multinacional - a Primeira Coligação - contra a França. Em menos de um ano, o exército francês, debilitado pelas baixas, rendeu-se e a monarquia foi restaurada.

d) Em meio aos combates externos, destacou-se a fgura do general Napoleão Bonaparte que, amparado pelos girondinos, venceu os opositores externos e internos e tornou-se Imperador dos franceses, em 1795, colocando um ponto fnal no processo revolucionário francês.

e) A guerra civil e a guerra externa geraram uma crise sem precedentes: lavouras arruinadas, inflação, desabastecimento. A crise só foi superada com a Restauração da monarquia em 1795 e com a subordinação definitiva da França às demais potências européias.

RESPOSTA “A”.

13. (DOCENTE II-HISTÓRIA-PREF. CORONEL FABRICIANO/MG-FUNRIO) – As revoluções burguesas localizadas entre o final do século 17 e o fnal do século 18 foram fundamentais para que o Sistema Capitalista criasse condições políticas para o seu pleno desenvolvimento na Europa Ocidental. Entre as alternativas abaixo indique a mais significativa revolução burguesa do final do século 18.

a) Revolução Gloriosa.b) Revolução Francesa.c) Revolução dos Cravos.d) Revolução dos Boxers.e) Revolução Cultural.

RESPOSTA “B”.

14. (UFPE-2006) – A Independência do Brasil despertou interesses conflitantes tanto na área econômica quanto na área política. Qual das alternativas apresenta esses conflitos?

a) Os interesses econômicos dos comerciantes portugueses se chocaram com o liberalismo econômico praticado pelos brasileiros e subordinado à hegemonia da Inglaterra.

b) A possibilidade de uma sociedade baseada na igualdade e na liberdade levou a jovem nação a abolir a escravidão.c) As colônias espanholas tornaram-se independentes dentro do mesmo modelo brasileiro: monarquia absolutista.d) A Guerra da Independência dividiu as províncias brasileiras entre o partido português e o partido brasileiro, levando as

províncias do Grão-Pará, Maranhão, Bahia e Cisplatina a apoiarem, por unanimidade, a independência.e) Os republicanos, os monarquistas constitucionalistas e os absolutistas lutaram lado a lado pela Independência, não deixando

que as suas diferenças dificultassem o processo revolucionário.

RESPOSTA “A”.

15. (ECONOMIA DA SAÚDE-FUNDEP-2009) – A organização do Estado brasileiro que se seguiu à Independência resultou do projeto do grupo:

a) Liberal-conservador, que defendia a monarquia constitucional, a integridade territorial e o regime centralizado.b) Maçônico, que pregava a autonomia provincial, o fortalecimento do executivo e a extinção da escravidão.c) Liberal-radical, que defendia a convocação de uma Assembléia Constituinte, a igualdade de direitos políticos e a

manutenção da estrutura social.d) Cortesão, que defendia os interesses re-colonizadores, as tradições monárquicas e o liberalismo econômico.e) Liberal-democrático, que defendia a soberania popular, o federalismo e a legitimidade monárquica.

RESPOSTA “A”.

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RESUMO DE CONCURSOS

16. (MACK-2008) – Relativamente ao Primeiro Reinado, considere as afirmações a seguir.I. A dissolução da Constituinte, o estilo de governo autoritário e a repressão à Confederação do Equador aceleraram o

desgaste político de Pedro I.II. O temor de uma provável re-colonização, caso fosse restabelecida a união com Portugal, aprofundou os atritos

entre brasileiros e portugueses.III. O aumento das exportações agrícolas, a estabilidade da moeda e a redução do endividamento externo foram os

pontos favoráveis do governo de Pedro I.IV. A cúpula do exército, descontente com a derrota militar na Guerra Cisplatina, aderiu à revolta, que culminou na

abdicação do Imperador.Então:a) Todas estão corretas.b) Todas são falsas.c) Apenas I e II estão corretas.d) Apenas I, II e IV estão corretas.e) Apenas III está correta.

RESPOSTA “D”.

17. (FISCAL DE INDÚSTRIA E COMERCIO-FUNDEP-2009) – “Usando do direito que a Constituição me concede, declaro que hei de muito voluntariamente abdicado na pessoa de meu mui amado e prezado filho o Sr. D. Pedro de Alcântara.”

Boa Vista, 7 de abril de 1831, décimo da Independência e do Império - D. Pedro I.Nesses termos, D. Pedro I abdicou ao trono brasileiro no culminar de uma profunda crise, que não se caracterizou por:a) Antagonismo entre o Imperador e parte da aristocracia rural brasileira.b) Empréstimos externos para cobrir o déficit público gerado, em grande parte, pelo aparelhamento das forças militares.c) Aumento do custo de vida, diminuição das exportações e aumento das importações.d) Pressão das elites coloniais que queriam o fim do Império e a implantação de uma República nos moldes dos Estados Unidos.e) Conflitos entre o Partido Brasileiro e o Partido Português e medo da re-colonização.

RESPOSTA “D”.

18. (MACK-2009) – Do ponto de vista político podemos considerar o período regencial como:a) Uma época conturbada politicamente, embora sem lutas separatistas que comprometessem a unidade do país.b) Um período em que as reivindicações populares, como direito de voto, abolição da escravidão e descentralização política

foram amplamente atendidas.c) Uma transição para o regime republicano que se instalou no país a partir de 1840.d) Uma fase extremamente agitada com crises e revoltas em várias províncias, geradas pelas contradições das elites,

classe média e camadas populares.e) Uma etapa marcada pela estabilidade política, já que a oposição ao imperador Pedro I aproximou os vários segmentos

sociais, facilitando as alianças na regência.

RESPOSTA “D”.

19. (FUVEST-2011) – Sabinada na Bahia, Balaiada no Maranhão e Farroupilha no Rio Grande do Sul foram algumas das lutas que ocorreram no Brasil em um período caracterizado:

a) Por um regime centralizado na figura do imperador, impedindo a constituição de partidos políticos e transformações sociais na estrutura agrária.

b) Pelo estabelecimento de um sistema monárquico descentralizado, o qual delegou às províncias o encaminhamento da “questão servil”.

c) Por mudanças na organização partidária, o que facilitava o federalismo, e por transformações na estrutura fundiária de base escravista.

d) Por uma fase de transição política, decorrente da abdicação de Dom Pedro I, fortemente marcada por um surto de industrialização, estimulado pelo Estado.

e) Pela redefinição do poder monárquico e pela formação dos partidos políticos, sem que se alterassem as estruturas sociais e econômicas estabelecidas.

RESPOSTA “E”.

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RESUMO DE CONCURSOS

CAPÍTULO 7: NAÇÕES E NACIONALISMO

Nação, do latim natio, de natus (nascido), é a reunião de pessoas, geralmente do mesmo grupo étnico, falando o mesmo idioma e tendo os mesmos costumes, formando assim, um povo, cujos elementos componentes trazem consigo as mesmas características étnicas e se mantêm unidos pelos hábitos, tradições, religião, língua e consciência nacional.

Mas, a rigor, os elementos território, língua, religião, costumes e tradição, por si sós, não constituem o caráter da nação. São requisitos secundários, que se integram na sua formação. O elemento dominante, que se mostra condição subjetiva para a evidência de uma nação assenta no vínculo que une estes indivíduos, determinando entre eles a convicção de um querer viver coletivo. É, assim, a consciência de sua nacionalidade, em virtude da qual se sentem constituindo um organismo ou um agrupamento, distinto de qualquer outro, com vida própria, interesses especiais e necessidades peculiares.

Nesta razão, o sentido de nação não se anula porque seja esta fracionada esta entre vários Estados, ou porque várias nações se unam para a formação de um Estado. O Estado é uma forma política, adotada por um povo com vontade política, que constitui uma nação, ou por vários povos de nacionalidades distintas, para que se submetam a um poder público soberano, emanado da sua própria vontade, que lhes vem dar unidade política. A nação preexiste sem qualquer espécie de organização legal. E mesmo que, habitualmente, seja utilizada em sinonímia de Estado, em realidade significa a substância humana que o forma, atuando aquele em seu nome e no seu próprio interesse, isto é, pelo seu bem-estar, por sua honra, por sua independência e por sua prosperidade.

O nacionalismo é uma tese. Em sentido estrito, seria um sentimento de valorização marcado pela aproximação e identificação com uma nação, mais precisamente com o ponto de vista ideológico. Segundo Ernest Gellner (1983) o nacionalismo é a ideologia fundamental da terceira fase da história da humanidade, a fase industrial, quando os estados nação se tornam a forma de organização político cultural que substitui o império.

Costuma diferenciar-se do patriotismo devido à sua definição mais estreita. O patriotismo é considerado mais uma manifestação de amor aos símbolos do Estado, como o Hino, a Bandeira, suas instituições ou representantes. Já o nacionalismo apresenta uma definição política mais abrangente Por exemplo: da defesa dos interesses da nação antes de quaisquer outros e, sobretudo da sua preservação enquanto entidade, nos campos linguístico, cultural, etc., contra processos de destruição identitária ou transformação.

São vários os movimentos dentro do espectro político-ideológico que se apropriam do nacionalismo, ora como elemento programático, ora como forma de propaganda. Durante o século XX, o nacionalismo permeou movimentos radicais como o fascismo, o nacional-socialismo e o integralismo no Brasil e em Portugal, especialmente durante o Estado Novo (Portugal).

O nacionalismo é uma antiga ideologia moderna: surgiu numa Europa pré-moderna e pós-medieval, a partir da superação da produção e consumo feudais pelo mercado capitalista, com a submissão dos feudos aos estados modernos (ainda absolutistas ou já liberais), com as reformas religiosas protestantes e a contrarreforma católica – fatos históricos estes que permitiram, ou até mais, que produziram o surgimento de culturas diferenciadas por toda a Europa, culturas que, antes, eram conformadas, deformadas e formatadas pelo cristianismo católico, com o apoio da nobreza feudal.

Surgiu como uma ideologia popular revolucionária, pois foi contrária ao domínio imperialista político-cultural do cristianismo católico que se apoiava nos nobres feudais e ajudava a sustentar a superada, limitada e limitante economia feudal, mas também como uma ideologia burguesa, pois as massas camponesas e o pequeno proletariado que também surgia passavam do domínio da nobreza feudal para o da burguesia industrial – e a ideologia dominante em uma sociedade é a ideologia das classes dominantes.

Após a definitiva vitória político-cultural dos burgueses sobre a nobreza feudal – a qual foi submetida pela destruição ou pela absorção pela cultura e pela política burguesa – foi parcial e progressivamente deixado para trás, como uma ideologia que teria sido importante, mas que já não seria mais do que uma lembrança histórica.

A FRANÇA NO SÉCULO XIX

A Revolução de 1830

Com o fim da Era Napoleônica, a França assistiu a supremacia dos regimes absolutistas lhe impor o retorno da dinastia Bourbon, sob a tutela do rei Luís XVIII (1814 - 1824). A partir de então, uma nova Constituição determinava que o rei fosse o representante máximo do Poder Executivo e que o Poder Legislativo seria organizado em sistema bicameral, onde a Câmara dos Pares seria ocupada por membros escolhidos pelo rei e a Câmara dos Deputados seria eleita através do voto censitário.

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RESUMO DE CONCURSOS

Dessa maneira, todos os ideais e anseios gerados pela experiência revolucionária francesa seriam sepultados por um governo elitista que combinava elementos liberais e monárquicos. Sob a perspectiva política, a França se mostrava dividida entre três grupos políticos: os ultras, defensores irrestritos da perspectiva absolutista; os bonapartistas, partidários do retorno de Napoleão Bonaparte ao governo; e os radicais, que buscavam a imediata retomada dos princípios transformadores de 1789.

Em 1824, a morte de Luís XVIII acabou agravando as rivalidades políticas. Naquele ano, com o expresso apoio das alas políticas mais conservadoras de todo o país, o rei Carlos X passou a fomentar medidas que restaurassem o absolutismo do Antigo Regime. Para tanto, indenizou os nobres que fugiram da França durante a revolução, determinou a censura dos meios de comunicação e ampliou a participação da Igreja nas instituições educacionais.

No ano de 1830, a vitória liberal nas eleições para deputado manifestou a imediata reação contra o desenvolvimento de um governo tão conservador. Entretanto, Carlos X não recuou e, por meio das chamadas Ordenações de Julho, impôs um decreto que retirou o cargo de todos os deputados eleitos. Sob a liderança do duque Luís Felipe, jornais, estudantes, burgueses e trabalhadores iniciaram manifestações e levantes que conduziriam a Revolução de 1830.

Por meio da intensa ação de populares que organizaram as chamadas “jornadas gloriosas”, o rei Carlos X abdicou o trono e buscou imediato exílio na Inglaterra. Dessa maneira, o duque Luís Felipe foi quem assumiu o trono com o indelével apoio da burguesia francesa. Em razão desta associação, o novo monarca estabeleceu o fim de várias ações e leis de natureza absolutista, mas fez questão de preservar a excludente barreira política do voto censitário.

Mesmo não permitindo o atendimento das reivindicações republicanas, o novo governo teve a significativa função de colocar fim às intenções restauradoras do Congresso de Viena. Em pouco tempo, a disseminação dos acontecimentos franceses inspirou outros levantes nacionalistas pela Europa. Um exemplo disso se deu na Bélgica, que acabou alcançando sua independência em relação à Holanda.

A Revolução de 1848

O ano de 1848 marcou o continente europeu com movimentos revolucionários que, a partir de Paris, tiveram rápida propagação nos grandes centros urbanos. A consolidação do poder político da burguesia e o surgimento do proletariado industrial enquanto força política foram os reflexos mais importantes daquele ano, que também foi marcado pela publicação do “Manifesto Comunista” de Marx e Engels.

Em 1830, com a chegada ao poder de Luís Filipe de Orleans, conhecido como “o rei burguês”, os financistas viam-se representados, uma vez que o próprio monarca era oriundo daquelas fileiras. No entanto, diversos eram os grupos de oposição que, organizados em partidos, nutriam o mais vivo interesse em ampliar seu poder político:

• Os legitimistas, conservadores representantes da antiga nobreza, vislumbravam restituir a dinastia dos Bourbon;• os republicanos, representavam os profissionais liberais e as classes médias, empunhando bandeiras nacionalistas;• os bonapartistas, liderados pelo sobrinho de Napoleão (Luis Bonaparte), representavam a pequena burguesia descontente;• e os socialistas representavam a crescente classe operária, que a despeito da organização muitas vezes precária, fazia-se

notar enquanto força política considerável.

Banquetes oposicionistas

Em 1847, grupos políticos de oposição ao governo de Luís Filipe, impedidos de realizar manifestações públicas, decidiram pela realização de banquetes, com o objetivo de discutir não apenas a grave crise econômica enfrentada pelo país - as secas afetaram toda a cadeia econômica - mas para discutir propostas de ação e meios de obter mais representatividade política.

Para o dia 22 de fevereiro de 1848, foi marcado um grande banquete, que contaria com a presença de representantes dos partidos de oposição advindos de toda a França, com o objetivo de protestar contra os boatos de corrupção no governo e contra a política repressiva do primeiro-ministro Guizot, que paulatinamente cerceava os direitos políticos.

No entanto, este banquete foi impedido por ordem do próprio Guizot, o que provocou uma violenta reação dos proletariados parisienses. O movimento foi imediatamente seguido pela quase totalidade da população de Paris, incluindo elementos da Guarda Nacional. Após três dias de luta, com centenas de ruas tomadas por barricadas, os revoltosos conseguiram a abdicação de Luís Filipe, dando lugar ao estabelecimento de um governo provisório, que proclamaria a República.

A República social

O novo governo dividiu-se sob a influência de bonapartistas, socialistas e republicanos, e cedendo aos protestos do proletariado, organizou a criação de Oficinas Nacionais, com a intenção de dar combate ao enorme desemprego. Este período inicial da revolução, também chamado de República Social, foi marcado pela provisoriedade e pela intensa disputa entre os diferentes interesses envolvidos na consolidação do poder.

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Nas eleições convocadas para abril, os moderados republicanos, representantes da burguesia industrial, obtiveram a maioria na Assembléia Constituinte, graças aos votos não só dos conservadores, mas dos proprietários rurais e dos camponeses. Mais uma vez, reativamente, dando lugar a diversas manifestações do proletariado urbano. O fechamento das Oficinas Nacionais em junho, determinou o início de um novo movimento de sedição. As batalhas travadas entre os operários rebelados e a Guarda Nacional tiveram como saldo cerca de 3 mil fuzilados e mais de 15 mil deportados para colônias francesas.

À frente do chamado Partido da Ordem, e aproveitando-se do prestigioso nome de seu tio, Luís Bonaparte venceu as eleições de dezembro com cerca de 73% dos votos. No entanto, no legislativo, houve uma vitória expressiva dos monarquistas no ano seguinte, estabelecendo um quadro de constante tensão entre o novo presidente e a Assembléia.

O 18 brumário de Luis Bonaparte

Em novembro de 1852, Luis Bonaparte pôs em marcha um golpe de Estado que ficaria conhecido como seu 18 Brumário, tornando-se imperador da França, sob o título de Napoleão III. Tal episódio levaria Karl Marx a afirmar: “Hegel faz notar algures que todos os grandes acontecimentos e personagens históricos ocorrem, por assim dizer, duas vezes. Esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.

As agitações ocorridas na França rapidamente se espalharam por diversas nações européias, inspirando movimentos de sublevação contra as monarquias sobreviventes do Congresso de Viena. Na Itália, o movimento de 1848 teve caráter liberal e manifestadamente nacionalista, numa região extremamente fragmentada, dominada por governos absolutistas e em certa medida mantida sob a tutela da Áustria.

Assim, o movimento tomou feições de reivindicações independentistas e de unificação, processo que se alongou até 1870. Na Confederação Germânica, mantida sob a influência de austríacos e prussianos, o movimento também se expressou pela via do nacionalismo e da unificação, processo que se arrastaria por mais 20 anos. Até mesmo o Brasil pôde sentir os efeitos da onda revolucionária das barricadas francesas, que inspiraria os rebeldes pernambucanos na Revolução Praieira.

A Primavera dos Povos

Segundo o historiador Eric Hobsbawm, a Primavera dos Povos foi a primeira revolução potencialmente global, tornando-se um paradigma de “revolução mundial” que alimentou rebeldes de várias gerações. Por outro lado, o triunfo eleitoral de Luís Bonaparte mostrou que a democracia, anteriormente relacionada com os ideais da revolução, prestava-se também à manutenção da ordem social.

A burguesia apercebera-se dos perigos das revoluções, tomando consciência de que seus anseios políticos poderiam ser alcançados pela via do sufrágio universal, evitando conflitos e sublevações. Assim, a revolução de 1848 foi o movimento que posicionou definitivamente burguesia e proletariado em campos opostos, o que marcaria profundamente os embates políticos vindouros.

A unificação da Itália

Situação inicial, um mosaico de estados. A península itálica foi dividida em vários Estados século XIX. Partes da Itália, foram mesmo sob a existência extranjera. A dominação de uma língua comum foi a base dos pedidos de todos os unidade. Em revoluções da primeira metade do século levantes nacionalistas décima nona ocorreu, mas foi a iniciativa de unificação exito. Finalmente veio do reino do Piemonte, o seu primeiro-ministro Cavour Quer conquista, o imperador francês Napoleão III apoiou as reivindicações italianas.

Processo de unificação: Em 1859, a Itália foi militar.En-piemonteses derrotaram o exército de Franco em Magenta e Solferino para Austriacos.Una depois de atingir a paz no norte Garibaldi republicano, liderando um exército de voluntários conquistou os estados sur.Entonces tropas Piedmont ocupado Itália central para evitar Garibaldi entrou em Roma. Em 1861, ele proclamou o reino da Itália, cujo primeiro rei foi Victor Emmanuel II, rei da Piamonte.Solo Veneza e dos Estados Pontifícios estavam fora do reino, que se juntou em 1866 e 1870.

A unificação da Alemanha

A progressiva afirmação da Prússia em 1815, o território alemão foi dividido em 39 estados. El Congresso de Viena agrupados no chamado confederação germanica. Presidida-lo por Austria. El estado mais poderoso era o foco do caso da Prússia unificacion. Fueke em 1834 organizou uma união aduaneira participaram do ke nenhuma patente progresso Austria.El KEDO do nacionalismo na revolução de 1848, quando o parlamento reuniu na cidade de Frankfurt ofereceu-lhe a coroa de uma Alemanha unificada para o rei da Prússia, mas eu não aceito.

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O nascimento de um grande poder: desde 1862 o rei prussiano Guilherme I eo chanceler Bismarck acelerou o processo de unificação foi feito pelo ke via militar. En 1866 após a vitória sobre a Áustria na Batalha de Sadowa, a Prússia criou o Confederação da Alemanha do Norte. Em 1870, após a vitória sobre a França na Batalha de Sedan, o alemão estados do Sul se juntou ao nascer confederacion. Em 1871 Império Alemão, o Segundo Reich, que foi imperador Guilherme I. A Alemanha tornou-se uma grande potência.

Karl Marx

Karl Heinrch Marx , filósofo e economista alemão , nasceu em Trier ( atual Alemanha Ocidental ) a 5 de maio de 1818.Estudou na Universidade de Berlim, interessando-se principalmente pelas idéias do filósofo Hegel . Formou-se pela Universidade

de Iena em 1841. Em 1842 assumiu o cargo de redator – chefe do jornal alemão Gazeta Renana, editado em colônia onde tinha a postura de um liberal radical.

Ele queria descobrir a causa dos conflitos de classes provocadas pela revolução Industrial e o meio de os resolver. Algumas influências no desenvolvimento do pensamento de Marx: leitura crítica da filosofia de Hegel ( método dialético ) , contato com o pensamento socialista francês e inglês. ( uma transformação social total ) No ano de 1843 transferiu-se para Paris. Lá conheceu Engels, um radical alemão de quem se tornaria amigo íntimo e com quem escreveria vários ensaios e livros. Sua doutrina, a revolução tinha de se realizar não só na França e na Inglaterra, mas em todo mundo civilizado ( universal ).

De 1845 a 1848 viveu em Bruxelas, onde participou de organizações clandestinas de operário e exilados. Em 1847 redigiu com Engels O Manifesto Comunista , da teoria que , mais tarde ,seria chamada de marxismo. No Manifesto Marx convoca o proletariado à a luta pelo socialismo. Em 1848, quando eclodiu o movimento revolucionário em vários países europeus, Marx voltou para Alemanha. Em 1864 Marx fundou, a Associação Internacional dos Trabalhadores, depois chamada Primeira Internacional dos Trabalhadores com o objetivo de organizar a conquista do poder pelo proletariado em todo o mundo. Em 1867 publicou o 1º volume de sua obra mais importante. O Capital livro, em que faz uma crítica ao capitalismo e a sociedade burguesa. Marx é o principal idealizador do socialismo e do comunismo revolucionário. O marxismo – conjunto das idéias político – filosóficas de Marx – propunha a derrubada da classe dominante, a burguesia, através de uma revolução do proletariado. Marx criticava o capitalismo e seu sistema de livre empresa que, segundo ele, pelas contradições econômicas internas, levaria a classe operária à miséria. Propunha uma sociedade na qual os meios de produção fossem de toda a coletividade.

Anarquismo

Anarquismo é uma filosofia política que engloba teorias, métodos e ações que objetivam a eliminação total de todas as formas de governo compulsório. De um modo geral, anarquistas são contra qualquer tipo de ordem hierárquica que não seja livremente aceita e, assim, preconizam os tipos de organizações libertárias.

Anarquia significa ausência de coerção e não a ausência de ordem. A noção equivocada de que anarquia é sinônimo de caos se popularizou entre o fim do século XIX e o início do século XX, através dos meios de comunicação e de propaganda patronais, mantidos por instituições políticas e religiosas. Nesse período, em razão do grau elevado de organização dos segmentos operários, de fundo libertário, surgiram inúmeras campanhas antianarquistas. Outro equívoco banal é se considerar anarquia como sendo a ausência de laços de solidariedade (indiferença) entre os homens. À ausência de ordem - ideia externa aos princípios anarquistas -, dá-se o nome de “anomia”.

Passando da conceituação do Anarquismo à consolidação dos seus ideais, existe uma série de debates em torno da forma mais adequada para se alcançar e se manter uma sociedade anárquica. Eles perpassam a necessidade ou não da existência de uma moral anarquista, de uma plataforma organizacional, questões referentes ao determinismo da natureza humana, modelos educacionais e implicações técnicas, científicas, sociais e políticas da sociedade pós-revolução. Nesse sentido, cada vertente do Anarquismo tem uma linha de compreensão, análise, ação e edificação política específica, embora todas vinculadas pelos ideais-base do Anarquismo. O que realmente varia, segundo os teóricos, são as ênfases operacionais.

Principais anarquistas da época

Pierre Joseph Proudhon(1809-1865)

Principal teórico do movimento anarquista francês, nasceu em Besançon, França, cujas idéias influenciaram organizações de trabalhadores no mundo inteiro e contribuíram para a formação dos movimentos sindicais mais poderosos da Europa, em países como Espanha, França, Itália e Rússia. Tornou-se autodidata porque sua família não tinha condições de mantê-lo na escola, estudando sozinho grego, latim e hebreu. Aos 18 começou a trabalhar como tipógrafo, onde conheceu liberais, socialistas e o utopista Charles Fourier, que muito o influenciou. Foi para Paris (1838), já diplomado pela faculdade de Besançon e publicou Qu’est-ce que la propriété?

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(1840), onde defendia a idéia de que toda propriedade é uma forma de roubo. Sua crítica à sociedade passou a sensibilizar um grande número de trabalhadores, principalmente em Avertissement aux propriétaires (1842) e Système des contradictions économiques ou philosophie de la misère (1846). Em Paris entrou em contato com Karl Marx, Mikhail Bakunin e outros revolucionários, e foi eleito para a Assembléia Nacional (1848). Participou pouco das atividades parlamentares mas suas idéias, divulgadas também em seu trabalho como jornalista, contribuíram para a transformação do anarquismo em movimento de massas. Para ele a sociedade devia organizar sua produção e consumo em pequenas associações baseadas no auxílio mútuo entre as pessoas. Encarcerado (1849-1852), devido a críticas que fez a Napoleão III, durante o período de prisão, escreveu Idée générale de la révolution au XIX siècle (1851). Com De la justice dans la révolution et dans l’église (1858), obra violentamente anticlerical, foi obrigado a exilar-se em Bruxelas. De volta a Paris (1864), sintetizou suas idéias políticas em Du principe fédératif (1863) e, vítima de cólera, morreu em Paris.

Mikhail Bakunin (1814-1876)

Foi um teórico político russo, um dos principais expoentes do anarquismo em meados do século XIX.Nascido no Império Russo de uma família proprietária de terras de tendência nobre, Mikahil Bakunin passou sua juventude

em Moscou estudando filosofia e começou a frequentar os círculos radicais onde foi em grande medida influenciado pelas ideias de Aleksandr Herzen. Deixou a Rússia em 1842 mudando-se para Dresden (Alemanha), e depois para Paris (França), onde conheceu grandes pensadores políticos entre estes George Sand, Pierre-Joseph Proudhon e Karl Marx.

Foi deportado da França por discursar publicamente contra a opressão russa na Polônia. Em 1849 foi preso em Dresden por sua participação na Rebelião de 1848. Levado de volta ao Império Russo, foi aprisionado na Fortaleza de Pedro e Paulo em São Petersburgo, permanecendo preso até 1857, quando foi exilado em um campo de trabalhos forçados na Sibéria. Conseguiu escapar do exílio na Sibéria indo para o Japão, mudou-se para os Estados Unidos, e de lá retornou para Londres, ficou nessa cidade durante um curto período de tempo em que juntamente com Herzen colaborou para o periódico jornal radical Kolokol (“O Sino”). Em 1863 Bakunin partiu da Inglaterra para se juntar a insurreição na Polônia, mas não conseguiu chegar ao seu destino, permanecendo algum tempo na Suíça e na Itália.

Apesar de ser considerado um criminoso pelas autoridades religiosas e governamentais, já naquela época, Bakunin havia se tornado uma figura de grande influência para a juventude progressista e revolucionária, não só na Rússia, mas por toda a Europa. Em 1868, tornou-se membro da Associação Internacional de Trabalhadores, uma federação de progressistas e organizações sindicais com grupos em grande parte dos países europeus.

Em 1870, entrou na insurreição de Lyon, um dos principais precedentes da Comuna de Paris. Em 1872 Bakunin havia se tornado uma figura influente na AIT, fazendo com que, através de suas posições o congresso ficasse dividido em duas tendências contrapostas: uma delas que se organizava em torno da figura de Marx que defendia a participação em eleições parlamentares e a outra, de caráter libertário, se opunha a esta participação considerada não revolucionária, se articulava em torno de Bakunin.

A posição defendida pelo círculo de Bakunin acabaria sendo derrotada em votação, e ao fim do congresso, Bakunin e muitos membros foram expurgados sob a acusação de manterem uma organização secreta dentro da Internacional. Os libertários, entre eles Bakunin responderam a acusação afirmando que o congresso fora manipulado, e que por esse motivo organizariam sua própria conferência da Internacional em Santo-Imier na Suíça depois de 1872.

Bakunin manteve-se envolvido com muita atividade no âmbito dos movimentos revolucionários europeus. De 1870 à 1876, escreveu grande parte de sua obra, textos como Estadismo e Anarquia e Deus e o Estado. Apesar de sua saúde frágil, tentou participar em uma insurreição em Bolonha, mas foi forçado a voltar para a Suíça disfarçado, para receber tratamento médico. Mais tarde, morando em Lugano conviveu com Errico Malatesta.

No final de sua vida com muitos problemas de saúde, foi levado da Itália para um hospital em Berna, onde morreu em 1876.Bakunin é lembrado como uma das maiores figuras da história do anarquismo e um oponente do Marxismo em seu caráter

autoritário, especialmente das ideias de Marx de Ditadura do Proletariado. Ele segue sendo uma referência presente entre os anarquistas da contemporaneidade, entre estes, nomes como Noam Chomsky.

TESTES

01. (ASSISTENTE DE HISTÓRIA-MPE/RS-UFRGS-2007) – A sociedade Feudal é considerada uma sociedade estamental, profundamente marcada pelo domínio da nobreza rural européia que, além de dominar os meios de produção, detinha o poder político. Sobre a sociedade feudal é correto afirmar que era basicamente dividida entre:

a) Senhores e servos.b) Patrícios e plebeus.c) Burguesia e proletariado.d) Clero e servos.e) democratas e conservadores.

RESPOSTA “A”.

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02. (AGENTE DE ESCOLTA-SEJU/ES-CESPE-2009) – Leia com atenção as proposições abaixo:I. “A história de qualquer sociedade até aos nossos dias foi apenas a história da luta de classes. Homem livre e escravo,

patrício e plebeu, barão e servo, mestre e companheiro, numa palavra opressores e oprimidos em oposição constante, desenvolveram uma guerra que acabava sempre ou por uma transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em luta.”

II. “Se me pedissem para responder à pergunta: O que é a escravidão? E eu respondesse numa só palavra: Assassinato!? Todos entenderiam imediatamente o significado da minha resposta. Não seria necessário utilizar nenhum outro argumento para demonstrar que o poder de roubar um homem de suas idéias, de sua vontade e sua personalidade é um poder de vida ou morte e que escravizar um homem é o mesmo que matá-lo. Por que, então, não posso responder da mesma forma a essa outra pergunta: O que é a propriedade? Com uma palavra só: Roubo.”

Assinale a alternativa correta:a) A primeira proposição reproduz um trecho de uma das mais importantes obras do filósofo alemão Karl Marx, que serviu de

base para a ideologia liberal desenvolvida no século XIX.b) A segunda proposição refere-se ao manifesto cristão proposto por bispos da Igreja, indignados com a miséria que assolava

as classes trabalhadoras européias no século XIX.c) A “luta de classes” é um dos principais aspectos da doutrina marxista e a definição da “propriedade como um roubo” tornou-se

um dos principais lemas do anarquismo desde o século XIX.d) A segunda proposição é de Joseph Proudhon, teórico liberal francês, indignado com a escravidão ainda praticada em

determinados continentes no século XIX.e) A segunda proposição refere-se à região da Palestina na perspectiva sionista, desenvolvida na Europa ao final do século

XIX.

RESPOSTA “C”.

03. Sobre o processo de unificação da Itália e seus desdobramentos, é correto afirmar que:a) O processo de unificação levou ao agravamento das tensões no campo, principalmente na parte sul da península, o que

provocou uma intensa onda migratória de camponeses miseráveis para outras partes da Europa e para a América.b) A partir das divisões estabelecidas pelo Congresso de Viena, no início do século XIX, as lutas pela unificação foram refreadas

pela presença de tropas alemãs nos territórios da península.c) Nas lutas pela unificação, destacaram-se as lideranças do conde Cavour, pelos republicanos, e de Giuseppe Garibaldi, pelos

monarquistas, este último conhecido dos brasileiros por sua participação na Guerra dos Farrapos.d) Apesar de a unificação ter-se dado em 1871, questões com a Igreja Católica e com a Áustria se mantiveram até o século

XX. No caso da Igreja, a questão só foi solucionada após a Segunda Guerra Mundial, com a derrota do fascismo.e) Norte e sul da península tinham propostas diferentes para a construção do novo país. Sob o comando de Garibaldi, os italianos

do norte conseguiram impor o modelo republicano ao novo país.

RESPOSTA “A”.

ANOTAÇÕES

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CAPÍTULO 8: A ERA DOS IMPÉRIOS

A guerra de Secessão

Depois da gloriosa insurreição do século XVIII, e a não feliz guerra contra os Ingleses, em 1812, os Estados Unidos usufruíram de um longo período de paz; decênios de imensos progressos, tanto em sentido territorial (os Estados Unidos abraçavam, já, todo o continente norte-americano, do Atlântico ao Pacífico e dos limites com o Canadá ao golfo do México), tanto em sentido civil. É preciso pensar que os imigrantes, que, durante os dois últimos séculos, povoaram a América pertenciam, mais ou menos, às mais ínfimas classes sociais européias, eram gente que nada tinham a perder; robusta, fisicamente, mas, culturalmente, atrasada; e que, além disso, a luta pela vida, num país quase completamente selvagem, contribuirá para reconduzir esses homens a um estado de barbárie profunda, moral, se não material. Isto vale, naturalmente, para as populações do interior; os povos da costa atlântica, de menos recente estacionamento e em contato com a civilização européia, eram, evidentemente, bastante evoluídos, mesmo com todas as características e as ingenuidades dos povos jovens. Os longos decênios de paz e o rapidíssimo desenvolvimento de uma economia dotada de inexauríveis recursos materiais tinham conduzido a nova nação a um estado de invejável e sempre crescente prosperidade.

A primeira fratura (e, até hoje, a única: mas a história americana é tão curta...) determinou-se não tanto por uma questão econômica quanto por problema marcadamente moral: o problema da escravatura. Como todos sabem, desde o século XVII, tinham sido deportados para a América muitíssimos negros, preados ou “comprados”, na costa africana. Estes negros tinham-se tornado, lá pela metade do século XIX, milhões. Mas, se nos estados do Norte, haviam, praticamente, libertado os negros, nos primeiros decênios do século, nos estados do Sul, vigorava, ainda, um implacável, regime escravagista.

Aqui, de fato, o principal recurso econômico era a agricultura, ao passo que, no setentrião, a indústria já era considerável, e, se é fácil sustentar um camponês inculto em estado de escravidão, não é tão fácil nem retribuitivo obrigar a permanecer no mesmo estado um operário. Para os estados do Norte, pois, a abolição da escravatura se resolveu numa vantagem econômica, mas o mesmo não se pode dizer quanto aos proprietários rurais, os fazendeiros do Sul, e é, portanto, lógico, se não compreensível, que, ao anúncio dado por Abraão Lincoln – recém-eleito presidente dos Estados Unidos – de querer abolir a escravatura, os estados meridionais se rebelassem concordemente. Carolina do Sul, Alabama, Flórida, Mississipi, Luisiana, Geórgia, Texas, Virgínia e, depois, Arcansas e Tennessee proclamaram a secessão, ou seja, separaram-se da União e constituíram uma própria Confederação. Naturalmente, os estados do Norte tomaram, imediatamente, armas contra os secessionistas e conseguiram, com uma imediata política de força, evitar que a cisão se estendesse aos demais estados.

A força, tanto numérica como em armamento e dinheiro, esta nitidamente do lado do Norte, mas impulso combativo que tinha o Sul levou as armas sulistas a colher os primeiros êxitos. Os encontros sucederam-se, durante todo o ano de 1862, em alternadas vicissitudes mas, como se disse, com prevalência dos Confederados, os quais encontraram, no general Lee, um chefe de primeira ordem. No verão, as forças Nortistas estavam em retirada, e os Sulistas, transpondo o rio Potomac, marchavam contra Filadélfia e Baltimore.

Os Nortistas, doutro lado, tinham o domínio do mar e, portanto, das costas. Somente este fato, decisivo e suficiente para conter qualquer iniciativa Sulista, bastava, desde o princípio, para fazer compreender de que lado se inclinaria a sorte do conflito. Realmente, no ano seguinte, as forças nortistas começaram a recuperar-se e, apesar das vitórias de Lee, os Confederados foram abandonando lentamente suas posições, no Kentucky e além do Potomac, sob a pressão dos Nortistas,comandados por Grant. Batidos perto de Chattanooga, após uma desesperada pontada ofensiva, que ameaçara até a própria Washington, os Sulistas fortificaram-se na Virgínia. A marinha Nortista, a pouco e pouco, cerrava o bloqueio em torno dos portos confederados, os generais Sheridan e Sherman avançavam com um ritmo sempre mais insistente; a decisão do Congresso, de libertar os escravos das regiões ocupadas, permitiu aos exércitos Nortistas enriquecer-se com novos contingentes, os negros forros, que combatiam com vigor contra seus ex-patrões. Nos primeiros dias de abril do ano de 1865, Lee sofreu uma definitiva derrota, por parte do general Sheridan.

Bloqueado por terra e por mar, com o exército desorganizado, o grande comandante foi obrigado a entregar a espada ao adversário. Poucos dias depois, ocorria a rendição incondicional dos Confederados, que retornavam à União e aceitavam a abolição da escravatura. A obra de Lincoln estava terminada mas infelizmente, sua vida também. Em 14 de abril de 1865, quando ainda estava em curso a capitulação das armas sulistas, um fanático patriota do Sul matou, a tiros de revólver, o grande Presidente, que tanto lutara para libertar os Estados Unidos da horrenda mancha da escravatura.

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O IMPÉRIO DO CAFÉ

O Apogeu do Império e o Rei Café (1850 – 1870)Café: base econômica do Segundo Reinado

A superação da crise regencial, a reorientação centralista e conservadora e a conseqüente estabilidade do Império a partir de 1850 encontram-se intimamente relacionadas à economia cafeeira.

Como vimos, a estrutura econômica e social do Brasil não havia sido alterada com a emancipação política e continuava, em essência, tão colonial e escravista quanto fora durante o período colonial. Estruturada para a monocultura, a economia colonial e escravista no Brasil prosperou quando produziu uma mercadoria de grande aceitação no mercado europeu e, também, quando não era ameaçada pela concorrência. Assim aconteceu com o açúcar no passado e agora com o café, em meados do século XIX.

Desenvolvendo-se principalmente no sudeste (Rio, Minas e São Paulo), a cafeicultura forneceu uma sólida base econômica para o domínio dos grandes proprietários daquela região e favoreceu, enfim, a definitiva consolidação do Estado nacional.

Origem do café

A produção e o consumo do café tiveram origem entre os árabes, e esse produto era conhecido pelos europeus desde o século XVI. Seu consumo no Ocidente começou em Veneza, em meados do século XVII, difundindo-se rapidamente. A demanda do novo produto, daí em diante, só aumentou. Já no século XVIII sua produção tinha atingido as Antilhas e, no seguinte, o Brasil, onde em pouco tempo superou todas as culturas tradicionais.

Os investimentos iniciais

Tornando-se um novo e principal produto de exportação a partir do século XIX, o café ocupou, de início, regiões vizinhas da capital brasileira. - o Rio de Janeiro. Ali encontrou uma infra-estrutura já montada, reaproveitando a mão-de-obra escrava disponível em virtude da desagregação da economia mineira.

Além disso, favoreceram enormemente a nova cultura. A abundância de animais de transporte (mulas) e a proximidade do porto, que facilitava o seu escoamento para o exterior. Portanto, sem grandes dificuldades, com os próprios recursos existentes e disponíveis, deu-se o impulso inicial à economia cafeeira.

O Império entra em crise (1870-1889)A crise final da escravidão

A partir de 1870, com o fim da Guerra do Paraguai, antigos problemas e contradições que não haviam sido re solvidos voltaram à tona com toda a intensidade. Ao mesmo tempo, a incapacidade do Império em resolvê-los tornava se cada dia mais pa tente.

A questão central era naturalmente o escravismo. Em 1870, fazia vinte anos que o tráfico havia sido extinto, mas a escravidão resistia.

Desde o início do século XIX, a Grã Bretanha vinha pressionando o Brasil, e a opinião pública contra a escravidão havia cresci do no mundo inteiro. Os escravistas brasileiros e o governo, que afinal os representava, ha viam adotado a tática do silêncio para proteger os seus interesses. O problema da escravidão, em suma, não era discutido publicamente em parte alguma do Brasil. Muito menos no Parlamento. E isso era coerente, pois os próprios senhores de escravos sabiam que sua posição era insustentável. Porém, não moviam uma palha Pará encaminhar a solução. Fizeram de conta que o problema simplesmente inexistia.

Havia uma explicação para isso. O governo imperial, em seu profundo conservadorismo, inquietava-se com a possibilidade de agitação incontrolável caso a questão escravista fosse abertamente colocada.

Com certeza, essa política do avestruz adotada pelo governo era confortável para os escravistas, mas o inconveniente da situação estava no fato de que o Brasil como um todo não ficou parado. Na verdade, desde a extinção do tráfico em 1850, muitas coisas foram mudando no Brasil. Em seu imobilismo, o governo preferiu ignorar as transformações.

Por volta de 1860 a questão escravista já havia sido colocada publicamente, o que fora uma grande novidade. A eclosão da Guerra do Paraguai interrompeu os debates que estavam começando a ganhar espaço no próprio Parlamento. Eles retornaram com intensidade imediatamente depois da vitória brasileira em 1870.

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RESUMO DE CONCURSOS

O panorama em 1870, em síntese, era o seguinte: 62% dos escravos do Brasil estavam concentrados em São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Dos 1 540 000 es cravos, 955 109 encontravam-se nessas províncias. No norte e nordeste, em razão de sua de cadência econômica, o peso da escravidão ha via diminuído. Portanto, os escravistas estavam concentrados no sudeste e no sul do país, onde, por sua vez, situava-se o pólo dinâmico da nossa economia. Contudo, uma economia forte, mas desmoralizada pela escravidão não podia se apresentar como esperança e promessa para um país.

No plano internacional as coisas eram ainda mais complicadas. A Guerra de Secessão (1861-1865) nos Estados Unidos havia mostra do que o escravismo não tinha futuro. Desde a eclosão da Revolução Industrial na Inglaterra, no século XVIII, o trabalho livre foi ganhando espaço e, no final do século XIX, apenas o Brasil, em companhia de países como Cuba e Costa Rica, insistia em manter um sistema social condenado e vergonhoso.

A lei do Ventre Livre (1871)

Foi nesse ambiente que o ministério chefiado pelo visconde do Rio Branco apresentou o projeto da lei do Ventre Livre em maio de 1871 para a Câmara dos Deputados. Depois de modificada e adaptada aos interesses escravistas, a lei que declarava livres os filhos de escravos foi finalmente aprovada em 1871, por 65 votos a favor e 45 contra. A maioria dos deputados de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro votou contra, acompanhados pelos deputados do Espírito Santo e do Rio Grande do Sul.

Os representantes das províncias do norte e nordeste votaram maciçamente a favor. Essa lei que apenas jogava para o futuro a solução do problema foi, entretanto, considerada pelo governo e pelos escravistas

como solução definitiva. Não era essa a opinião dos abolicionistas brasileiros. Em 1880, o debate retornou com maior vigor.

As agitações abolicionistas

No Rio de Janeiro, no ano de 1880, os abolicionistas fundaram duas sociedades a fim de organizar a sua luta: a Sociedade Brasileira contra a Escravidão e a Associação Central Emancipacionista. Publicações diversas começaram a circular, pregando a abolição. Outras sociedades, no mesmo molde que as da capital, foram organizadas em várias províncias.

A luta abolicionista se ampliou e criou condições para a organização da Confederação Abolicionista (1883), que unificou o movimento no plano nacional.

Naturalmente, a abolição da escravatura não foi obra exclusiva dos abolicionistas que, em sua maioria, eram moradores das cidades. Como demonstram as fugas e rebeliões ao longo de toda a história do Brasil, os escravos não permaneceram passivos. A possibilidade de um levante escravo de grandes proporções foi considerada e atemorizou os escravistas, enfraquecendo a sua resistência ao movimento.

Os cafeicultores paulistas foram particular mente atingidos pelo movimento de fuga dos escravos promovido e apoiado pelos caifases, organizados por Antônio Bento, que foi juiz de paz e juiz municipal e nos cargos que ocupou defendeu sempre os escravos contra a opressão senhorial.

Na década de 1880, o poder escravista foi seriamente abalado e o Império, atingido em seus alicerces.

A campanha abolicionista

Nas regiões onde a lavoura cafeeira se expandiu e prosperou, ocorreram importantes transformações econômicas e sociais. A urbanização e a industrialização foram estimuladas, de modo a provocar o surgimento de novos grupos sociais com interesses distintos daqueles grupos ligados a produção agrícola.

Progressivamente, esses novos grupos sociais começarão a se opor ao regime escravista. O movimento abolicionista surgiu em meados de 1870, a partir de ações individuais promovidas por ativistas da causa, que incentivavam as fugas e rebeliões de escravo.

Em 1879, um grupo de parlamentares lançou oficialmente a campanha pela abolição da escravatura. Foi uma resposta a crescente onda de agitações e manifestações sociais pelo fim da escravidão. No Parlamento formaram-se duas tendências: uma moderada, que defendia o fim da escravidão por meio de leis imperiais. Seus principais defensores foram Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e Jerônimo Sodré.

A outra tendência era mais radical, porque defendia a idéia de que o fim da escravidão deveria ser conquistada pelos próprios escravos, através da insurreição e lutas de libertação. Seus principais defensores foram Raul Pompéia, André Rebouças, Luís Gama e Antonio Bento.

O movimento abolicionista intensificou-se, ganhando maior respaldo e adesão popular. Uma série de iniciativas de caráter popular em defesa da abolição foram surgindo. Nas cidades eram freqüentes a realização de manifestações e comícios em favor do fim da escravidão. A tática da recusa também foi muito empregada. Na imprensa, por exemplo, os tipógrafos passaram a não imprimir folhetos com textos que defendessem a escravidão.

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RESUMO DE CONCURSOS

Os jangadeiros, que realizavam o transporte de escravos da decadente zona açucareira do nordeste para as regiões sul, entraram inúmeras vezes em greve. Em 1887, o Exército nacional lança um documento declarando que não mais desempenharia a função de perseguir os escravos fugitivos. Todas essas ações levam progressivamente o trabalho escravo a se desagregar.

O governo monárquico procurou reagir a todas as pressões pela abolição da escravidão. Em 1885, promulgou a Lei dos Sexagenários, ou Lei Saraiva-Cotegipe, estabelecendo que depois de completar 65 anos os escravos estariam em liberdade. A lei recebeu fortes críticas e foi veementemente repudiada pelos abolicionistas, sob a argumentação de que eram poucos os escravos que chegariam a tal idade. Além disso, a lei beneficiava os proprietários de escravos porque os liberava de arcar com o sustento dos cativos que chegassem a idade avançada.

As leis abolicionistas

Em 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel sancionou a Lei Áurea que aboliu oficialmente o trabalho escravo no Brasil. O fim da escravidão foi o resultado das transformações econômicas e sociais que começaram a ocorrer a partir da segunda metade do século 19 e que culminaram com a crise do Segundo Reinado e a conseqüente derrocada do regime monárquico.

A ruptura dos laços coloniais e a consolidação do regime monárquico no Brasil asseguraram a manutenção da economia agroexportadora baseada na existência de grandes propriedades rurais e no uso da mão-de-obra escrava do negro africano. A escravidão, e a sociedade escravista que dela resultou, foi marcada por um estado de permanente violência.

Mas desde os tempos coloniais, os escravos negros reagiram e lutaram contra a dominação dos brancos, através da recusa ao trabalho, de rebeliões, de fugas e formação de quilombos.

A Lei Eusébio de Queirós e do Ventre Livre

Ao longo do século 19, a legislação escravista no Brasil sofreu inúmeras mudanças como conseqüência das pressões internacionais e dos movimentos sociais abolicionistas. A primeira alteração na legislação ocorreu em 1850, quando foi decretada a Lei Eusébio de Queirós, que extinguiu definitivamente o tráfico negreiro no país. Foi uma solução encontrada pelo governo monárquico brasileiro diante das constantes pressões e ameaças da Inglaterra, nação que estava determinada a acabar com o tráfico negreiro.

Em 1871, foi decretada a Lei Visconde do Rio Branco. Conhecida também como a Lei do Ventre Livre, estabelecia que a partir de 1871 todos os filhos de escravos seriam considerados livres. Os proprietários de escravos ficariam encarregados de criá-los até os oito anos de idade, quando poderiam entregá-los ao governo e receber uma indenização. Com as leis de extinção do tráfico negreiro e de abolição gradual da escravidão, o trabalho cativo estava fadado a acabar.

A lei Saraiva-Cotegipe ou lei dos Sexagenários (1885)

A camada dominante escravista viu-se, então, forçada a novas concessões, que tinham por objetivo frear o movimento abolicionista. A lei Saraiva-Cotegipe de 1885, ao estabelecer a liberdade aos escravos com mais de 60 anos, teve exatamente esse propósito.Tratava-se de uma lei de alcance insignificante diante das exigências cada vez mais radicais de abolição imediata da escravatura.

Assim, fora do Parlamento o desespero tomou conta dos escravistas, pois os escravos abandonavam as fazendas sob estímulo e proteção de organizações abolicionistas. Para impe dir as fugas, os escravistas chegaram a convocar o próprio exército, que, entretanto, se recusou, sob a alegação de que “o exército não é capitão- do-mato” e por julgar a missão indigna dos altos propósitos para que fora instituído.

A lei Áurea (1888)

No debate que se seguiu a promulgação da Lei dos Sexagenários, ficou cada vez mais evidente as divergências entres as elites agrárias do país. Os prósperos cafeicultores paulistas, que já haviam encontrado uma solução definitiva para a substituição da mão-de-obra escrava pelo trabalho assalariado, se afastaram dos decadentes cafeicultores do vale do Paraíba e da aristocracia rural nordestina (os senhores de engenho), que ainda resistiam na defesa da escravidão.

Como já não dependiam do trabalho escravo para continuar com o empreendimento agrícola, os cafeicultores paulistas se colocaram ao lado dos abolicionistas. Para essa próspera elite agrária, que representava o setor mais dinâmico da economia do país, o regime imperial e o governo monárquico também já não serviam aos seus interesses.

Em 13 de maio de 1888, o ministro João Alfredo, promoveu a votação de um projeto de lei que previa o fim definitivo da escravidão. Os parlamentares representantes dos interesses dos proprietários agrários do vale do Paraíba se opuseram votando contra. Mas foram derrotados pela ampla maioria de votos a favor. Estava aprovada a Lei Áurea. Na condição de regente do trono imperial, a princesa Isabel sancionou a nova lei. O Brasil, porém, carrega o fardo histórico de ter sido um dos últimos países do mundo a abolir a escravidão.

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RESUMO DE CONCURSOS

O sistema de parceria

Fundada em 1817 pelo Senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, a Fazenda Ibicaba foi sede da primeira, e uma das mais importantes colônias do Brasil.

Foi pioneira na substituição de mão de obra escrava pela de imigrantes europeus, principalmente Suíços e Alemães, trinta anos depois de sua fundação.

O Senador Vergueiro foi o responsável pela vinda dos primeiros imigrantes da Europa, muito antes da abolição da escravatura. Sua empresa, a Vergueiro e Companhia, recrutava os imigrantes, financiava a viagem, e o imigrante tinha que quitar sua dívida trabalhando por pelo menos quatro anos. A cada família cabia um número determinado de pés de café que pudesse cultivar, colher e beneficiar, além de roças para o plantio de mantimentos.

O produto de venda do café era repartido entre colono e fazendeiro, devendo prevalecer o mesmo princípio para sobras de mantimentos que o colono viesse a vender. Esses contratos ficavam conhecidos como “Sistema de parceria”.

Cerca de mil pessoas, entre portugueses, suíços, e alemães viviam em Ibicaba, que era quase independente, e teve até circulação interna de moeda própria. Durante uma década, o modelo de colonização obteve sucesso e serviu de exemplo para todo o país.

Devido a sua importância para a economia de São Paulo, e ao reconhecimento da influência política do Senador Vergueiro, a Fazenda Ibicaba recebeu grandes personalidades, entre elas Dom Pedro II, a Princesa Isabel, e o Conde D’eu. Foi usada durante a Guerra do Paraguai como estação militar.

A extinção do tráfego negreiro em 1850, levou muitos fazendeiros a implantar o mesmo “Sistema de parceria”, criado pelo Senador Vergueiro. Os imigrantes além de exercerem grande influência cultural, contribuíram com novas técnicas de produção: utilização de arado na plantação de café, eixo móvel para carroças e demais utensílios agrícolas. A oficina de Ibicaba fornecia máquinas e instrumentos para a região, posto que muitos imigrantes não tinham vocação agrícola, mas eram excelentes artesãos. Um dos primeiros motores a vapor de São Paulo foi importado pela Ibicaba, e hoje se encontra em um museu em Limeira.

Com as dificuldades enfrentadas pelos colonos, na adaptação ao clima e culturas locais, aliadas a subordinação econômica aos fazendeiros por não conseguirem saldar suas dívidas, baseadas numa contabilidade questionável, foi criando uma crise que, em 1856, culminou com a “Revolta dos Parceiros”, ou a Insurreição dos Imigrantes Europeus, tendo como palco a maior produtora de café da época: a Fazenda Ibicaba.

A revolta foi comandada pelo suíço Thomaz Davatz, que conseguiu inclusive que as autoridades suíças tomassem conhecimento das condições em que viviam os colonos. Thomaz Davatz, ao retornar à Europa, escreveu o livro “Memórias de um colono no Brasil”, cujo teor inibiu o ciclo da imigração, e que até hoje nos ajuda a compreender este período histórico.

Em 1886 foi criada a sociedade promotora da imigração que se encarrega de uma grande campanha publicitária para atrair mão de obra estrangeira, publicando panfletos vendendo a imagem do Brasil como um maravilhoso país tropical, e apagando a impressão negativa deixada pelo livro de Davatz.

Em 1877, chega o primeiro grande grupo de italianos para São Paulo, com cerca de 2000 imigrantes.É a política oficial da província atraindo braços para a grande lavoura. A partir de 1882, o movimento cresce assustadoramente e o estado, pela primeira vez, destina verbas para apoiar os imigrantes,

criando inclusive a “Hospedaria do Imigrante”, onde ficavam gratuitamente por sete dias esperando pelo fazendeiro que fosse contratá-los.

A imigração italiana foi a que obteve o maior sucesso, tanto do ponto de vista de adaptação dos imigrantes, como de sua produtividade. Tal sucesso se deve a procedência rural da maior parte dos italianos, vindos principalmente da Itália Meridional, então terra de latifúndios.

A identidade religiosa também foi um fator favorável, num tempo em que havia muita intolerância nesse terreno, devido ao grande poder da Igreja Católica.

Até hoje, há predominância de sobrenomes italianos na região, que venceram as dificuldades iniciais, se estabeleceram definitivamente nesta terra, criaram raízes e permaneceram para sempre.

A transição para o trabalho livre

Em 1850, ao mesmo tempo que ocorriam as experiências de parceria, o Estado nacional anunciava duas medidas de forte impacto: o fim do tráfico negreiro e a Lei de Terras.

Dois motivos levaram Paraty a ser um dos mais movimentados porto de desembarque de escravos africanos. O primeiro é que Paraty foi, durante muito tempo, o único ou o mais rápido acesso do litoral para a cidade de São Paulo, para Minas Gerais e para o Vale do Paraíba. Por isso, durante os ciclos do açúcar, ouro e café, era pelo porto da cidade que chegavam os navios negreiros com escravos destinados a essas regiões. O segundo motivo é que por ser uma vila pequena, não havia fiscalização de autoridades civis, militares e eclesiásticas, além do zelos dos humanitários, que embaraçavam o desembarque, leilão, venda e entrega dos escravos.

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RESUMO DE CONCURSOS

O principal local de desembarque de escravos era no fundo do Saco de Mamanguá. Uma bula papal proibia a venda ou leilão de escravos antes de serem batizados. Daí o motivo da construção em 1720 da capela de Nossa Senhora da Conceição de Mamanguá. O registro era feito apenas do primeiro nome e da idade estimada. Pouco mais tarde a capela foi transferida para Paraty-mirim onde criou-se uma estrutura de descanso, engorda, batizado e venda de escravos. Tão intenso foi esse movimento que o território de Paraty-mirim foi elevado à categoria de Paróquia por decreto-provincial de 1836.

Por pressão dos ingleses, foi promulgada em 1830 a Lei Feijó proibindo o tráfico de escravo. Apesar de não ser levada a sério, os cafeicultores pressentindo o fim do tráfico, começaram a fazer estoque de escravos. Devido a essa lei, os navios negreiros não podiam chegar oficialmente pelo porto da cidade e, por isso, até o ano de 1850 os escravos eram desembarcados clandestinamente no porto de Paraty-Mirim, a 20 km da cidade. Nesse ano foi promulgada a lei Eusébio de Queiroz que acabou definitivamente com o tráfico, afetando a economia do município. A abolição definitiva da escravatura foi em 1888 com a promulgação da Lei Áurea.

Com tanta facilidade para obter escravos, Paraty foi construída com esse tipo de mão de obra. Foram os negros que moveram os engenhos de açúcar e os alambiques de pinga, calçaram as ruas da cidade e as estradas da serra com pedras, subiram a serra com mercadorias destinadas ao interior e desceram com ouro e com café, cuidaram das plantações, mantiveram os rios limpos de galhos e árvores para evitar enchentes. Em 1717 o Capitão Lourenço de Carvalho era o mais rico paratiense “porque se acha com tresentos negros, que lha adquirem grande cabedal com a condução de cargas, em que comtiuadamente andão serra assima”. No auge do ciclo do café Paraty tinha uma população de 10.000 habitantes dos quais 3.500 eram escravos.

Por um documento oficial - o Registro de Posturas da Assembléia Legislativa Provincial de 1836 (equivalente à Assembléia Estadual) - percebe-se, pelos artigos transcritos, como era dura a vida dos escravos:

Postura 1: Ninguém poderá vender pólvora, nem arma de qualquer natureza ... à escravos ... O infrator escravo será punido com cem a duzentos açoites...

Postura 2: Todo escravo que for encontrado de noite ou nos domingos e dias santos a qualquer hora do dia, fora da fazenda de seus senhores .... será punido com vinte e cinco a cinquenta açoites

Postura 6: ... consentir ajuntamento para danças e candomble em que entre escravos alheios, será punida com as penas impostas na Postura Quinta. Os escravos que forem apreendidos serão castigados com cinquenta a cem açoites.

Outro documento oficial, este um Registro das Posturas da Câmara Municipal da Villa de Paraty de 1829, dá uma idéia sobre a vida dos escravos:

Artigo 52: Os escravos que forem encontrados nas ruas e praças públicas a jogarem (candomble), serão castigados na cadeia a arbítrio dos senhores ....

O fim do tráfico negreiro e, logo depois, a abolição da escravatura foi um duro golpe para a economia paratiense. Além da receita gerada pela intermediação da venda de escravos, os alambiques perderam seu principal cliente: o traficante, que usava a pinga para trocar por escravos na África.

Uma comunidade negra, remanescente de quilombo, localizada a 13,4 km de Paraty, junto à rodovia BR-101, sentido Ubatuba, é considerada como a de maior organização comunitária do estado do Rio de Janeiro. Oficialmente conhecida como quilombo do Campinho da Independência, no dia 21 de março de 1999 - Dia Internacional Contra a Discriminação Racial - o então governador Antony Garotinho, cumprindo o artigo 68 da Constituição Federal, que assegura aos remanescentes de quilombo o reconhecimento definitivo da propriedade fez a primeira titulação, nesse sentido, de terras do Rio de Janeiro, ao registrar 287,94 hectares em nome do quilombo.

Essa terra não pode ser vendida, doada ou alugada a pessoas de fora da comunidade e, apesar da posse ser individual, seu uso é comunitário. Se um pedaço de terra não está sendo usado, outra família pode vir e fazer uma plantação.

Não há registros históricos sobre o quilombo do Campinho, mas a memória coletiva diz que por volta de 1750 essas terras foram doadas a três escravas libertas (Antonica, Marcelina e Luiza) pelo seu senhor, que tinha ali a Fazenda Independência. Talvez tenha contribuído para essa doação, o fato de que as terras não produzissem atividade rentável e não estivessem valorizadas, pois nessa época estava acabando o ciclo do ouro.

As terras do Campinho se tornaram o refúgio dos negros que eram libertos, ou dos que mesmo depois da abolição, não queriam continuar trabalhando para os brancos. Formaram uma comunidade completamente isolada da civilização e que, até hoje, evitam misturas com “gente de fora”. Por tanto, além de todos serem descendentes de Antonica, Marcelina ou Luiza, todos tem algum laço de parentesco. De 1750 até 1970, quando foi construída a BR-101, cortando suas terras, essa comunidade negra vivia completamente isolada do mundo, “presos no meio da serra”, longe da cidade e do mar.

No quilombo do Campinho a sociedade é nitidamente matriarcal, seja pelo fato das terras terem sido dadas às mulheres, seja porque era muito mais difícil um escravo homem ser liberto do que uma escrava mulher, fazendo do Campinho uma comunidade com muito mais mulheres do que homens. Todo o trabalho de roça, artesanato e de produção de farinha são ainda hoje feitos principalmente pelas mulheres. Os homens procuram trabalho na cidade, estando sempre no ciclo entre estar empregado ou não. A renda da comunidade vem da venda de produtos agrícolas (cana e banana), da produção de farinha de mandioca e do artesanato (cestos e esteiras feitos em taquara, taboa e cipó). Há na comunidade uma Casa do Artesanato, aberta diariamente e onde se pode comprar os produtos feitos no local e conhecer um pouca da história do quilombo.

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RESUMO DE CONCURSOS

A comunidade, católica em sua maioria, tem em maio o seu maior evento religioso, a Festa de São Benedito, o santo dos negros. Atualmente além da igreja católica, há mais duas igrejas evangélicas. As igrejas e o campo de futebol são as principais áreas de socialização.

A escola atende mais de cem crianças e está em processo de diferenciação, de forma a ensinar e preservar as características afro-brasileiras.

A Casa de Farinha, local onde ficam os equipamentos para descascar, lavar, ralar, secar e torrar a mandioca, é essencial para a comunidade pois produz o alimento básico para consumo diário além de ser sua principal fonte de renda. A Casa de Farinha é utilizada por várias famílias, que se unem para colher a mandioca e produzir a farinha. Existe uma Casa de Farinha comunitária, localizada na beira da BR-101, próxima a uma pequena cachoeira, e mais umas três ou quatro Casas de Farinhas menores. Atualmente a comunidade está buscando recursos para a construção de um alambique de pinga e um engenho para produção de açúcar mascavo.

Fim do tráfico negreiro

O tratado de 1826 causou grande indignação no Brasil escravocrata. O deputado Cunha Matos, de Goiás, foi a plenário deplorar que o país tivesse sido “forçado, obrigado, submetido e compelido pelo governo britânico a assinar uma convenção onerosa e degradante sobre assuntos internos, domésticos e nacionais”. Contudo, os escravos continuaram a chegar ao país -- e em números cada vez maiores: 30 mil em 1827, 38 mil em 1828 e 45 mil no ano seguinte.

Em novembro de 1831, o padre Diogo Feijó, ministro da Justiça durante a Regência Trina, assinou uma lei decretando que “todos os escravos que entrarem no território ou portos do Brasil vindos de fora ficam livres”. Mas em 1838 foram trazidos mais de 40 mil. Em 1843, o número chegou a 64 mil e nenhum deles ficou livre, é evidente. Explica-se: a p regência aumentara muito o poder dos juízes locais. Vários deles eram donos de fazendas e de es cravos. Os que não erram, passaram a cobrar 10,8% do valor de cada africano desembarcado para fazer vista grossa. Os poucos juízes que tentaram impor a lei foram ameaçados de morte -como os juízes italianos que enfrentariam a ráfia e os magistrados colombianos inimigos do narcotráfico.

Em 1842, o desrespeito à lei era tal que o dramaturgo Martins Pena incluiu em uma de suas peças a fala: “Há por aí uma costa tão larga e autoridades tão condescendentes...” Os escravos já não desembarcavam no Rio de Janeiro, nem iam direto para a alfândega, nem, após a quarentena na ilha de Jesus, para os mercados da rua do Valongo. Os novos portos da costa tão eram na ilha Grande, em Sernampetiba e Marambaia. Os negros eram desembarcados na praia e trocados no ato por sacas de café.

Os traficantes criaram também uma companhia de seguros, que cobrava 10% do valor da carga e, no caso de apreensão do navio por cruzadores ingleses, pagava metade de seu valor total. A proibição fizera o preço dos escravos despencar à quarta parte em Cabinda e Benguela. No Brasil, por outro lado, o bom do café (a partir de 1845) quintuplicara o valor das “peças”. Assim, os negreiros passaram a entupir seus navios com uma quantidade brutal de negros. As descrições do interior dos barcos - muito propriamente apelida dos “tumbeiros” - suplanta qualquer horror imaginável. Houve - e ainda há - quem preferisse culpar por esses abusos as instituições humanitárias e os “malditos ingleses”.

Os “malditos ingleses” não podiam diminuir as costas largas do Brasil, mas podiam reduzir a “condescendência”. Foi ó que fizeram. Depois que o diplomata lorde Brougham enviou uma car ta para Londres dizendo que “a história toda da deste humana não apresenta passagem que possa rivalizar” com o desrespeito à lei contra a escravidão no Brasil, foi assinado, em 9 de agosto de 1845, o famigerado “Bill Aberdeen” -um ato unilateral que permitia aos britânicos abordar e inspecionar qualquer navio brasileiro em qualquer oceano. Ainda assim, se de 1841 a 45 entraram ilegalmente no Brasil 97.742 regos, de 45 a 51 esse número chegaria a 243.496.

Porém, em 4 de setembro de 1850 o então ‘ministro da Justiça, Eusébio de Queirós, assinou uma lei rígida que, enfim, foi cumprida. (em 1851, só 700 escravos entraram no país). Queirós lamentaria a própria atitude: para ele, como toda a nação praticava o tráfico, co, era “impossível que fosse um crime e haveria temeridade em chamá-lo de erro”. De qualquer forma, após meio século de luta, o tráfico findara. Mas ainda havia 1,5 milhão de cativos no Brasil. Para libertá-los, iniciou-se vigorosa abolicionista na qual se destacaram Patrocínio e Nabuco.

Essa lei surgiu em uma época de intensas transformações sociais e políticas do Império. Naquele mesmo ano, duas semanas antes da aprovação da Lei de Terras, o governo imperial criminalizou o tráfico negreiro no Brasil por meio da aprovação da Lei Euzébio de Queiroz. De fato, essas duas leis estavam intimamente ligadas, pois o fim da importação de escravos seria substituído por ações que incentivavam a utilização da mão de obra assalariada dos imigrantes europeus.

A chegada desse novo contingente populacional, representava uma ameaça ao interesse econômico de muitos proprietários de terra. De fato, vários dos imigrantes europeus esperavam chegar ao Brasil para obterem terras onde poderiam praticar um tipo de agricultura contrário ao sistema monocultor e agroexportador estabelecido pela nossa classe proprietária de terras. Além disso, a extinção do regime de sesmarias, abolido em 1822, representava um risco à grande propriedade mediante a falta de uma nova lei agrária.

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RESUMO DE CONCURSOS

Antes da aprovação dessa lei, já em 1843, foi oferecida à Câmara de Deputados um primeiro projeto de lei onde se defendia uma política agrária semelhante à que foi criada para o processo de colonização australiano. Esse primeiro projeto liberava a compra de terras devolutas por meio de pagamento à vista e com altos valores, a criação de um imposto sob a propriedade das terras e o estabelecimento do registro e demarcação de todas as propriedades em um prazo de seis meses.

A proposta, que já assegurava boa parte dos interesses dos grandes proprietários, foi aprovada e enviada para o Senado. No ano de 1848, os senadores decidiram estabelecer algumas alterações que retiravam a cobrança do imposto e substituía as penas de desapropriação – mediante situação irregular – pelo pagamento de multas. Após a aprovação dessas correções, o Senado aprovou definitivamente a lei no ano de 1850.

Por meio desta, a terra se transformava em uma mercadoria de alto custo, acessível a uma pequena parte da população brasileira. Com isso, pessoas com condição financeira inferior – como ex-escravos, imigrantes e trabalhadores livres – tinham grandes dificuldades em obter um lote de terras. Paralelamente, apesar de regulamentar a propriedade agrária, a lei de terras não foi cumprida em boa parte das propriedades, legitimando o desmando e a ampliação de terras dos grandes proprietários.

Apesar de ter sido criada em um momento completamente distinto das nossas instituições políticas e condições sócio-econômicas, a Lei de Terras de 1850 legalizou o penoso processo de concentração de terras que marcou a história brasileira. Ainda hoje, alguns movimentos populares tentam superar esse arcaico traço de nossa história ao defender uma reforma agrária capaz de facilitar o acesso às terras para aquelas famílias camponesas que almejam uma condição de vida mais digna.

As ferrovias

A expansão comercial, a intensificação dos deslocamentos humano, a necessidade de escoar produtos esbarrava nos acidentes geográficos, nas conseqüências do mau tempo, deixavam os caminhos intransitáveis. os caminhos precisavam ser melhor aproveitados, as diligências de tração animal, o lombo dos muares e os carroções precisavam ser substituídos por meios de transporte mais eficientes. E foi lá na inglaterra, em meio ao século XVIII, introduzida a máquina ao carro, em uma estrada específica, de ferro, para suportar o peso sem afundar.

Em 1804, dois mecânicos ingleses, adaptaram uma máquina de alta pressão a um chassi para ser usada nas minas de carvão. Outros engenheiros empenharam-se no melhoramento da nova máquina a vapor destinada ao transporte, e, em pouco tempo, mais precisamente em 1825, George Stephenson inaugura a primeira linha férrea do mundo, ligando os campos de Durham ao litoral inglês. Em pouco tempo linhas férreas se espalhariam pelo mundo.

No Brasil, a expansão férrea tomou rumos peculiares, se em outros países como os Estados Unidos, por exemplo, o trem havia arrastado o progresso, nas terras tupiniquins, o trem segue as fazendas de café, atendendo aos interesses das elites agrárias. Foi Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá,que teve a iniciativa de construir a primeira ferrovia do Brasil.

A primeira viagem de trem realizada no Brasil, foi no dia 06 de setembro de 1835, oito meses depois seria inaugurada a primeira ferrovia do Brasil; a composição puxada pela Baronesa pesava 17 toneladas e media 7,5 metros de comprimento. A ferrovia que ligava a Serra de Petrópolis ao Porto Mauá, na Baia de Guanabara foi inaugurada com a presença do então monarca do Brasil D. PedroII.

No sudeste do país, o traçado das ferrovias interioranas não seguiu um plano de engenharia, porque foi obedecendo a rota dos cafezais, e atendendo às ordens dos fazendeiros com mais dinheiro e força política.

A partir da década de 20, a ferrovia brasileira começa a entrar em decadência perdendo seu prestígio. O lema: “Governar é abrir estradas” do governo de Washington Luís, dá abertura à montadoras como a Ford, General Motors, Volkswagen de veículos, e a primeira linha de ônibus urbano na cidade de São Paulo, o ícone da modernidade passa a ser o automóvel e não mais o trem.

Com a decadência do café a partir de 1929, e o fim das oligarquias agrárias, esse meio transporte eficiente, barato e menos poluente passa a ser deixado de lado,substituído e sucateado.

Atualmente projetos estão sendo estudados para a implantação de TREM DE ALTA VELOCIDADE, ou ainda, TAV BRASIL, que visa interligar as duas principais metrópoles brasileiras: Rio-de-Janeiro e São Paulo.

Projetos como esse estão pautados: na integração nacional, melhor concorrência com os produtos externos pelo preço do transporte, além de menor emissão de poluentes e baixa manutenção.

Devemos, nos próximo anosseguir o exemplo de países como Japão, Alemanha, Estados Unidos entre outros, que souberam reconhecer nesse meio de transporte a eficácia e economia.

O café e as transformações econômicas

As mudanças nas leis escravistas coincidiram com profundas transformações econômicas que o país atravessava. Enquanto a produção açucareira e os engenhos do nordeste entravam em franca decadência, a lavoura cafeeira dá novo impulso a economia agroexportadora.

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RESUMO DE CONCURSOS

O café, plantado nas regiões do Rio de Janeiro, vale do Paraíba e Oeste paulista, passa a ser o principal produto de exportação brasileiro.

Quando a produção do café se expande, os cafeicultores têm que lidar com o problema da escassez de mão-de-obra na lavoura. A compra de escravos, provenientes sobretudo das regiões econômicas decadentes do nordeste, não soluciona o problema.

Os prósperos fazendeiros paulistas tomaram as primeiras iniciativas visando a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre. A elite de cafeicultores paulistas adotou uma política oficial de incentivo a imigração européia e fizeram as primeiras experiências de introdução do trabalho assalariado nas lavouras através do chamado sistema de parcerias, em que os lucros da produção eram divididos entre os colonos e os proprietários.

As intervenções brasileiras na região do Prata

A partir de 1850 o Estado nacional brasileiro encontrava-se consolidado. As divergências regionais já não punham em causa a autoridade da monarquia estabelecida no Centro-sul. O fim do tráfico restabeleceu as relações com a Inglaterra. O olhar imperial mirva a possibilidade de expndir sua influência em direço à região do Prata, abalada desde a independência do Uruguai.

A guerra do Paraguai

A Guerra do Paraguai teve seu início no ano de 1864 a partir da ambição do ditador Francisco Solano Lopes, que tinha como objetivo aumentar o território paraguaio e obter uma saída para o Oceano Atlântico, através dos rios da Bacia do Prata. Ele iniciou o confronto com a criação de inúmeros obstáculos impostos às embarcações brasileiras que se dirigiam a Mato Grosso através da capital paraguaia.

Visando a província de Mato Grosso, o ditador paraguaio aproveitou-se da fraca defesa brasileira naquela região para invadi-la e conquistá-la. Fez isso sem grandes dificuldades e, após esta batalha, sentiu-se motivado a dar continuidade à expansão do Paraguai através do território que pertencia ao Brasil. Seu próximo alvo foi o Rio Grande do Sul, mas, para atingi-lo, necessitava passar pela Argentina. Então, invadiu e tomou Corrientes, província Argentina que, naquela época, era governada por Mitre.

Decididos a não mais serem ameaçados e dominados pelo ditador Solano Lopes, Argentina, Brasil e Uruguai uniram suas forças em 1° de maio de 1865 através de acordo conhecido como a Tríplice Aliança. A partir daí, os três paises lutaram juntos para deterem o Paraguai, que foi vencido na batalha naval de Riachuelo e também na luta de Uruguaiana.

Esta guerra durou seis anos; contudo, já no terceiro ano, o Brasil via-se em grandes dificuldades com a organização de sua tropa, pois além do inimigo, os soldados brasileiros tinham que lutar contra o falta de alimentos, de comunicação e ainda contra as epidemias que os derrotavam na maioria das vezes. Diante deste quadro, Caxias foi chamado para liderar o exército brasileiro. Sob seu comando, a tropa foi reorganizada e conquistou várias vitórias até chegar em Assunção no ano de 1869. Apesar de seu grande êxito, a última batalha foi liderada pelo Conde D`Eu (genro de D. Pedro II). Por fim, no ano de 1870, a guerra chega ao seu final com a morte de Francisco Solano Lopes em Cerro Cora.

Antes da guerra, o Paraguai era uma potência econômica na América do Sul. Além disso, era um país independente das nações européias. Para a Inglaterra, um exemplo que não deveria ser seguido pelos demais países latino-americanos, que eram totalmente dependentes do império inglês. Foi por isso, que os ingleses ficaram ao lado dos países da tríplice aliança, emprestando dinheiro e oferecendo apoio militar. Era interessante para a Inglaterra enfraquecer e eliminar um exemplo de sucesso e independência na América Latina. Após este conflito, o Paraguai nunca mais voltou a ser um país com um bom índice de desenvolvimento econômico, pelo contrário, passa atualmente por dificuldades políticas e econômicas.

O EXÉRCITO BRASILEIRO

Consolidado como potência regional, o Império brasileiro saía da guerra ainda mais endividado com a Inglaterra. Internamente o Exército, que se formara durante as lutas utilizando-se combtenetes negros alforriados, começava a questionar a monarquia e a escravidão. A fragililidade material, a escassez de soldados e a falta de profissionalização ficaram patentes durante o conflito. Para um Exército de cidadãos era necessário ampliar a cidadania brasileira e, para tanto, abolir imediatamente a escravidão. Por outro lado, a auto-imagem da corporação militar colocava-os acima da política do regime monárquico, marcado por fraudes e corrupção. O Exército definia-se como uma espécie de instituição além dos interesses dos grupos sociais, visando à defesa nacional. Evocava a missão de salvar o país dos males provocados pelos desmandos de seus governantes. Por ironia a derrota do Paraguai e maior vitória militar do Império Brasileiro marcou também o início da derrota da monarquia.

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RESUMO DE CONCURSOS

TESTES

01. (CESGRANRIO-2010) – No Brasil, a expansão cafeeira, na segunda metade do século XIX, pode ser identificada a partir das seguintes características:

a) Expansão do consumo externo, progressos técnicos, abertura de créditos, desenvolvimento das ferrovias e introdução da mão de obra escrava.

b) Expansão das áreas cultivadas na província fluminense, tráfico interprovincial de escravos, avanços tecnológicos, créditos externos e maior consumo interno.

c) Expansão ferroviária, crescimento do Oeste Novo paulista, aumento do tráfico negreiro, maior consumo interno e externo e chegada dos imigrantes.

d) Incentivos estatais à produção, créditos do Banco do Brasil, introdução do trabalho livre, desenvolvimento ferroviário e aumento das áreas cultivadas em Minas Gerais.

e) Substituição do escravo pelo imigrante, capitais ingleses, introdução de máquinas modernas, elevação dos preços e rápida urbanização.

RESPOSTA “E”.

02. Sobre a proibição do tráfico negreiro para o Brasil, é correto afirmar:a) As pressões inglesas sobre o governo brasileiro para extinguir o tráfico de africanos permearam as relações entre Inglaterra

e Brasil no decorrer do Segundo Reinado, tendo por auge o rompimento das relações diplomáticas na chamada Questão Christie.b) As pressões inglesas pela extinção do tráfico de escravos foram apoiadas pela Igreja Católica, interessada em reduzir a

influência africana na religiosidade popular brasileira e estabelecer sua hegemonia espiritual na América.c) As pressões inglesas obrigaram o governo brasileiro a negociar com a potência europeia um prazo para a extinção do tráfico.

Vencido este prazo, em 1831 era promulgada uma primeira lei que proibia o tráfico de africanos para o Brasil.d) As pressões inglesas pela extinção do tráfico de escravos foram apoiadas pela população que, influenciada pelas idéias

liberais, estava ansiosa para acabar com a escravidão no Brasil.e) As pressões inglesas foram prontamente aceitas pelo governo brasileiro que, para obter o reconhecimento da Independência

pela Inglaterra, proibiu o tráfico de africanos para o Brasil em 1823.

RESPOSTA “C”.

03. O sucesso da imigração na década de 1880, como fórmula para substituir os escravos nas fazendas de café, foi resultado:a) Da Lei de Terras, que tornava acessível a terra aos estrangeiros pobres.b) Do financiamento da entrada de contingentes de imigrantes pelo governo.c) Da industrialização do país, que abria novas perspectivas de empregos.d) Das colônias de parceria, introduzidas pelo senador Vergueiro em 1882.e) Da crise econômica nos EUA, que estimulou a emigração para o Brasil.

RESPOSTA “B”.

04. (FAAP-2010) – O café realmente marcou a vida brasileira, imprimindo várias características.I. Povoamento de várias áreas do Brasil, com a formação de frentes pioneiras.II. Estimulou os fluxos imigratórios para o Brasil, principalmente de italianos.III. Promoveu o desenvolvimento ferroviário, sobretudo no estado de São Paulo IV. O aparelhamento do porto de Santos. (Cia. Mogiana de Estradas de Ferro, Cia. Paulista, Araraquarense, Santos-

Jundiaí e Sorocabana).Responda com apoio no códigoa) Desde que apenas estejam corretas I e III.b) Desde que apenas estejam corretas II e IV.c) Desde que apenas estejam corretas I, II e III.d) Desde que apenas estejam corretas III e IV.e) Desde que todas estejam corretas.

RESPOSTA “E”.

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RESUMO DE CONCURSOS

05. (FMTM-2009) – O desenvolvimento da lavoura cafeeira no Sudeste brasileiro foi responsável por inúmeras mudanças na segunda metade do século XIX. Assinale a alternativa que explica, corretamente, algumas dessas mudanças.

a) Com o fim do tráfico negreiro, foi necessário incentivar a vinda de imigrantes, realizando-se a transição para o trabalho livre. A construção de ferrovias modernizou os transportes, interligando de modo mais rápido e eficiente as regiões produtoras aos portos.

b) A expansão da cafeicultura gerou uma diferenciação na sociedade, antes rural e aristocrática, com o surgimento da classe média urbana e de uma burguesia cafeeira. Além disso, os lucros dessa economia promoveram a industrialização do país, em especial, do Sudeste.

c) O cultivo de café valorizou economicamente a terra, que se tornou mercadoria pela Lei de Terras de 1850, possibilitando a formação de frentes pioneiras. A nova realidade no campo acirrou os conflitos, impondo a necessidade de reforma agrária.

d) Os lucros da lavoura cafeeira foram investidos em diferentes atividades urbanas, transformando a pacata capital de São Paulo em próspero centro industrial. As relações escravistas de produção salientaram-se nas novas regiões de cultivo do Oeste paulista.

e) O desenvolvimento do abolicionismo levou à substituição da mão-de-obra escrava pelo trabalho assalariado, articulando o comércio interno. As aspirações unitaristas dos cafeicultores chocaram-se com o imobilismo do Império, provocando sua queda.

RESPOSTA “A”.

06. (HISTÓRIA-EXÉRCITO BRASILEIRO-2010) – Ao longo da segunda metade do século XIX, o Brasil passou por profundas transformações que afetaram, de forma geral, a economia e a organização social e política do país. Sobre esse período, é correto afirmar que:

a) O fuxo de imigrantes para o Brasil, sobretudo de italianos, contribuiu para retardar o início das atividades industriais, já que eram trabalhadores rurais que não formavam um mercado consumidor.

b) A partir de 1850, com o fim do trafico negreiro, o problema da falta de mão-de-obra para as lavouras cafeeiras foi solucionado provisoriamente com o tráfico interno de escravos e a vinda de imigrantes estrangeiros.

c) O desenvolvimento econômico, iniciado nas regiões produtoras de café, impulsionou a recuperação econômica do Nordeste, através de investimentos na indústria açucareira.

d) O êxito do sistema de parceria, adotado a partir de 1847, estimulou a imigração européia para o Brasil. Com esse sistema, o imigrante podia se tornar, rapidamente, um pequeno proprietário.

e) A adoção do trabalho assalariado, estimulada pela imigração, ficou restrita às atividades urbanas. A relação de trabalho no âmbito rural continuou servil, até a abolição da escravidão.

RESPOSTA “B”.

07. (UFF-2008) – A abolição do trafico africano pode ser considerada um dos principais fatores explicativos do definhamento progressivo do escravismo no Brasil. Privada da fonte atlântica de abastecimento de cativos, a classe senhorial do Império teve que apelar para o trafico interno entre as províncias. Deste se beneficiou o Sudeste, região que concentrava 87% da população cativa do país entre 1870 e 1880. No ano de 1887, às vésperas da Abolição, 15% da população cativa estavam na província de São Paulo.

Assinale a opção que caracteriza melhor a dinâmica da economia cafeeira no século XIX em função do problema da mão-de-obra.

a) A cafeicultura do Oeste paulista ancorada nas colônias de parceria não se baseou no trabalho livre, mas em relações semi-escravistas, como demonstra a revolta dos imigrantes de Rio Claro na década de 40.

b) A abolição do tráfico africano conduziu ao reforço da escravidão nas antigas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, sobretudo no Vale do Paraíba, ao contrário do ocorrido em São Paulo, cujos cafeicultores optaram, desde logo, pelo trabalho assalariado de imigrantes.

c) A abolição do tráfico africano não conduziu de imediato, à crise do escravismo, uma vez que a população cativa do país aumentou extraordinariamente até a década de 80, sobretudo no Sudeste, graças ao crescimento vegetativo ocorrido entre africanos e crioulos.

d) A crise da economia cafeeira no Vale do Paraíba fluminense deveu-se mais ao desgaste dos cafezais plantados em encostas, do que à falta de braços para a lavoura, ao passo que, no Oeste paulista, a abundância de solos de terra roxa e o trabalho dos colonos impulsionaram a cafeicultura da região.

e) A expansão cafeeira no Sudeste desenvolveu-se como base no trabalho escravo, inclusive no Oeste paulista, não obstante ali se tenha adotado, em larga escala, o trabalho juridicamente livre de imigrantes ao longo dos anos 80.

RESPOSTA “E”.

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RESUMO DE CONCURSOS

08. (MAGISTÉRIO-HISTÓRIA-PREF. TAUÁ/CE-UECE-2008) – “É particularmente no Oeste da província de São Paulo, o Oeste de 1840, não o de 1940 que os cafezais adquirem seu caráter próprio, emancipando-se das formas de exploração agrária estereotipadas desde os tempos coloniais no modelo lássico da lavoura canavieira e do engenho de açúcar.”BUARQUE DE HOLANDA, S. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1987, p. 129.De acordo com a citação,

a) O caráter próprio dos cafezais do Oeste de 1840 pode ser identificado, por exemplo, pela utilização de mão-de-obra predominantemente escrava, ao contrário da mão de obra assalariada utilizada nos engenhos.

b) A diferenciação entre o Oeste de 1840 e o Oeste de 1940 refere-se ao fato de o primeiro ser uma região de produção cafeeira e o segundo, uma região de concentração de engenhos de açúcar.

c) O modelo clássico da lavoura canavieira e do engenho de açúcar significa, em geral, um apego grande do senhor de engenho à rotina rural, ao contrário da maior abertura dos cafezais do Oeste de 1840 à influência urbana.

d) A diferenciação entre o caráter próprio dos cafezais do Oeste de 1840 e o modelo clássico da lavoura canavieira explica-se, entre outros fatores, pela venda do produto dos primeiros no mercado interno e da segunda no mercado externo.

e) As formas de exploração agrária estereotipadas desde os tempos coloniais contrapõem-se ao caráter próprio dos cafezais do Oeste de 1840, pois as primeiras acompanharam práticas de mandonismo político local e o segundo trouxe práticas políticas democráticas.

RESPOSTA: “C”.

ANOTAÇÕES

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RESUMO DE CONCURSOS

CAPÍTULO 9: A REPÚBLICA DO BRASIL

A implantação da República do Brasil não foi fruto de um processo revolucionário em que os grupos populares tenham participado ativamente nem ampliou a representação política no país. Houve sim, uma espécie de reacomodação entre os grupos dominantes, ou seja, proprietários de terras e/ou comerciantes e indústrias, em torno das instituiçõe públicas. Mesmo assim emergiu um novo sistema político em que novos setores sociais passaram a exercer também o poder e o controle sobre o Estado nacional.

A Proclamação da República Brasileira foi um episódio da história do Brasil, ocorrido em 15 de novembro de 1889, que instaurou o regime republicano no Brasil, derrubando a monarquia do Império brasileiro, pondo fim à soberania do Imperador Dom Pedro II.

Ocorreu no Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, na praça da Aclamação, hoje Praça da República, quando um grupo de militares do exército brasileiro, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, deu um golpe de estado, sem o uso de violência, depondo o Imperador do Brasil.

Foi instituído, naquele mesmo dia 15, um “Governo Provisório” republicano. Faziam parte deste “Governo Provisório”, organizado na noite de 15 de novembro, o marechal Deodoro da Fonseca como presidente da república e chefe do Governo Provisório, marechal Floriano Peixoto como vice-presidente, e como ministros, Benjamin Constant, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sales, Aristides Lobo, Demétrio Ribeiro e o almirante Eduardo Wandenkolk, todos membros regulares da maçonaria brasileira.

O governo provisório

Em 15 de novembro de 1889, aconteceu a Proclamação da República, liderada pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Nos cinco anos iniciais, o Brasil foi governado por militares. Deodoro da Fonseca, tornou-se Chefe do Governo Provisório. Em 1891, renunciou e quem assumiu foi o vice-presidente Floriano Peixoto.

O militar Floriano, em seu governo, intensificou a repressão aos que ainda davam apoio à monarquia. A proclamação da República, em 1889, trouxe à cena do jogo político um poder controlado pelas classes militares. Inspirados pelo discurso positivista, prometiam fazer da hierarquia e rigidez da esfera militar, grandes instrumentos de mudança da ordem política estabelecida. Liderados pelo ex-Ministro da Guerra, Deodoro da Fonseca, a república brasileira foi um misto de transformação e conservadorismo na história política nacional no final do século XIX.

Assumindo o poder provisoriamente, Deodoro anulou os efeitos legais da constituição de 1824 e passou a governar por meio de decretos que acumulavam em suas mãos as funções legislativas e executivas da República. A partir daí, começou a renovar os cargos políticos da nação, instaurar a separação entre o Estado e a Igreja, reformular o Código Penal e criar novos símbolos da renovada nação brasileira.

O acúmulo de poderes nas mãos dos militares já começava a sofrer suas primeiras oposições. Acostumado à subserviência dos ambientes militares, Deodoro não teve grandes habilidades em negociar as questões políticas com diferentes grupos da época. Alguns militares defendiam a instalação de uma ditadura republicana, enquanto outras figuras políticas alertavam sobre a urgência de uma nova Assembléia Constituinte.

Tentando indicar o tom modernizante do novo governo, Deodoro convidou o intelectual Rui Barbosa a ocupar o Ministério da Fazenda. Procurando diversificar o parque industrial do país e consolidar políticas afirmativas para a consolidação do trabalho assalariado, o novo ministro criou uma política monetária conhecida como encilhamento. Essa nova medida concedia liberdade para que os bancos emitissem livremente papel-moeda e oferecia facilidades na obtenção de empréstimos.

Sem maiores experiências no assunto, a gestão de Rui Barbosa casou um impacto negativo na economia nacional. A especulação financeira veio seguida de um volume de moeda sem lastro, ou seja, sem um valor financeiro baseado nas reservas econômicas nacionais. Em pouco tempo o preço dos alimentos subiu vertiginosamente e criou uma crise econômica criticada por toda população brasileira. A derrota no setor econômico representava uma primeira ameaça ao governo de Deodoro da Fonseca.

Não resistindo à pressão dos setores políticos liberais, Deodoro convocou uma Assembléia Constituinte em junho de 1890. Após a convocação de eleições a nova Assembléia aprovou o novo texto constitucional no início de 1891. Além de estabelecer a divisão da República em três poderes, a nova carta ainda destacou-se pela adoção do voto universal masculino, para os maiores de 21 anos alfabetizados. O novo sistema eleitoral excluía os soldados, padres, mulheres e analfabetos.

De acordo com essa mesma constituição, o presidente deveria ser eleito por voto direto. No entanto, um dispositivo legal garantiu que Deodoro fosse eleito indiretamente com o voto da Assembléia.

Eleito constitucionalmente, Deodoro agora deveria dividir o poder com o Congresso. A presente crise econômica e a natureza autoritária do presidente pioraram o quadro de tensões daquela época.

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RESUMO DE CONCURSOS

Durante a discussão de um projeto que limitava os poderes presidenciais, as divergências entre o Congresso e o presidente só pioravam. Sentindo-se ameaçado em seus poderes, Deodoro resolveu decretar Estado de sítio e dissolver a Assembléia, em novembro de 1891. Estarrecidos com o autoritarismo de Deodoro da Fonseca, vários representantes políticos civis, em sua maioria cafeicultores, começaram a tramar um golpe político.

Autoridades de outros estados também começaram a se mobilizar contra o governo do Marechal. Em Minas Gerais, Pernambuco e no Rio Grande do Sul já existia uma forte oposição pronta para afrontar o presidente. Para agravar a situação, uma greve dos trabalhadores da Estrada de Ferro da Central do Brasil, indicava o reboliço político que tomou de assalto a capital do país.

Sem demora, um grupo de militares insatisfeitos com a desordem política causada por Deodoro resolveu agilizar o golpe. Em 23 de novembro de 1891, o almirante Custódio de Melo comandou uma frota de navios atracados na Baía de Guanabara. Ameaçando bombardear a cidade, os revoltosos exigiram o fim do governo. Sem maior apoio político e adoentado, Deodoro da Fonseca renunciou ao cargo presidencial.

Floriano Peixoto

Em 23 de novembro de 1891, a renúncia do marechal Deodoro da Fonseca transformou Floriano Peixoto no segundo presidente do regime republicano. Nessa época, as conturbações entre o poder legislativo e executivo e a crise econômica deixaram o cenário político bastante delicado. Dessa forma, Floriano assumiu o governo brasileiro interessado em contornar os problemas correntes e fortalecer a vigência da República no Brasil.

Inaugurando ações de cunho paternalista, que ainda marcam nossa cultura política, o novo presidente mandou construir casas, emitiu isenção sobre os impostos cobrados nos alimentos e reduziu o preço dos alugueis. Por meio dessas medidas popularescas, Floriano Peixoto construiu uma imagem de bom governante. Contudo, essas ações eram seguidas por arroubos autoritários que determinavam uma relação política de lealdade sustentada pela troca de favores.

Apesar disso, alguns membros de elites locais e integrantes da Marinha capitaneavam um intenso movimento de oposição ao seu governo. Alegando que novas eleições deveriam ser realizadas com a prematura saída de Deodoro da Fonseca, esses críticos organizaram duas revoltas que agitaram o cenário da época: a Revolução Federalista, na região sul do país, e a Revolta da Aramada, que exigia a imediata deposição de Floriano Peixoto.

Para contornar a eclosão desses levantes, Floriano Peixoto não poupou esforços para que a situação fosse eficazmente superada. Por conta da extrema violência utilizada, Floriano acabou sendo conhecido como o “Marechal de Ferro”. Com o expresso apoio de influentes setores da oligarquia paulista, o presidente Floriano Peixoto organizou o processo eleitoral que daria a vitória a Prudente de Morais. Pela primeira vez, um civil viria a assumir a República Brasileira.

A Constituição de 1891

Primeira Constituição Republicana.Após o início da República havia a necessidade da elaboração de uma nova Constituição, pois a antiga ainda seguia os ideais da

monarquia. A constituição de 1891, garantiu alguns avanços políticos, embora apresentasse algumas limitações, pois representava os interesses das elites agrárias do pais. A nova constituição implantou o voto universal para os cidadãos ( mulheres, analfabetos, militares de baixa patente ficavam de fora ). A constituição instituiu o presidencialismo e o voto aberto.

O fim do Poder Militar

O período que vai de 1889 a 1930 é conhecido como a República Velha. Este período da História do Brasil é marcado pelo domínio político das elites agrárias mineiras, paulistas e cariocas. O Brasil firmou-se como um país exportador de café, e a indústria deu um significativo salto. Na área social, várias revoltas e problemas sociais aconteceram nos quatro cantos do território brasileiro.

República das Oligarquias

O período que vai de 1894 a 1930 foi marcado pelo governo de presidentes civis, ligados ao setor agrário. Estes políticos saiam dos seguintes partidos: Partido Republicano Paulista (PRP) e Partido Republicano Mineiro (PRM). Estes dois partidos controlavam as eleições, mantendo-se no poder de maneira alternada. Contavam com o apoio da elite agrária do país. Dominando o poder, estes presidentes implementaram políticas que beneficiaram o setor agrário do país, principalmente, os fazendeiros de café do oeste paulista.

Surgiu neste período o tenentismo, que foi um movimento de caráter político-militar, liderado por tenentes, que faziam oposição ao governo oligárquico. Defendiam a moralidade política e mudanças no sistema eleitoral (implantação do voto secreto) e transformações no ensino público do país. A Coluna Prestes e a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana foram dois exemplos do movimento tenentista.

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Política do Café-com-Leite

A maioria dos presidentes desta época eram políticos de Minas Gerais e São Paulo. Estes dois estados eram os mais ricos da nação e, por isso, dominavam o cenário político da república. Saídos das elites mineiras e paulistas, os presidentes acabavam favorecendo sempre o setor agrícola, principalmente do café (paulista) e do leite (mineiro). A política do café-com-leite sofreu duras críticas de empresários ligados à indústria, que estava em expansão neste período.

Se por um lado a política do café-com-leite privilegiou e favoreceu o crescimento da agricultura e da pecuária na região Sudeste, por outro, acabou provocando um abandono das outras regiões do país. As regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste ganharam pouca atenção destes políticos e tiveram seus problemas sociais agravados.

Política dos Governadores

Montada no governo do presidente paulista Campos Salles, esta política visava manter no poder as oligarquias. Em suma, era uma troca de favores políticos entre governadores e presidente. O presidente apoiava os candidatos dos partidos governistas nos estados, enquanto estes políticos davam suporte a candidatura presidencial e também durante a época do governo.

O coronelismo

A figura do “coronel” era muito comum durante os anos iniciais da República, principalmente nas regiões do interior do Brasil. O coronel era um grande fazendeiro que utilizava seu poder econômico para garantir a eleição dos candidatos que apoiava. Era usado o voto de cabresto, em que o coronel (fazendeiro) obrigava e usava até mesmo a violência para que os eleitores de seu “curral eleitoral” votassem nos candidatos apoiados por ele. Como o voto era aberto, os eleitores eram pressionados e fiscalizados por capangas do coronel, para que votasse nos candidatos indicados. O coronel também utilizava outros “recursos” para conseguir seus objetivos políticos, tais como: compra de votos, votos fantasmas, troca de favores, fraudes eleitorais e violência.

O Convênio de Taubaté

Essa foi uma fórmula encontrada pelo governo republicano para beneficiar os cafeicultores em momentos de crise. Quando o preço do café abaixava muito, o governo federal comprava o excedente de café e estocava. Esperava-se a alta do preço do café e então os estoques eram liberados. Esta política mantinha o preço do café, principal produto de exportação, sempre em alta e garantia os lucros dos fazendeiros de café.

A crise da República Velha e o Golpe de 1930

Em 1930 ocorreriam eleições para presidência e, de acordo com a política do café-com-leite, era a vez de assumir um político mineiro do PRM. Porém, o Partido Republicano Paulista do presidente Washington Luís indicou um político paulista, Julio Prestes, a sucessão, rompendo com o café-com-leite. Descontente, o PRM junta-se com políticos da Paraíba e do Rio Grande do Sul (forma-se a Aliança Liberal ) para lançar a presidência o gaúcho Getúlio Vargas.

Júlio Prestes sai vencedor nas eleições de abril de 1930, deixando descontes os políticos da Aliança Liberal, que alegam fraudes eleitorais. Liderados por Getúlio Vargas, políticos da Aliança Liberal e militares descontentes, provocam a Revolução de 1930. É o fim da República Velha e início da Era Vargas.

Galeria dos Presidente da República Velha

• Marechal Deodoro da Fonseca (15/11/1889 a 23/11/1891), • Marechal Floriano Peixoto (23/11/1891 a 15/11/1894), • Prudente Moraes (15/11/1894 a 15/11/1898), • Campos Salles (15/11/1898 a 15/11/1902) , • Rodrigues Alves (15/11/1902 a 15/11/1906), • Affonso Penna (15/11/1906 a 14/06/1909), • Nilo Peçanha (14/06/1909 a 15/11/1910), • Marechal Hermes da Fonseca (15/11/1910 a 15/11/1914), • Wenceslau Bráz (15/11/1914 a 15/11/1918), • Delfim Moreira da Costa Ribeiro (15/11/1918 a 27/07/1919), • Epitácio Pessoa (28/07/1919 a 15/11/1922),• Artur Bernardes (15/11/1922 a 15/11/1926),• Washington Luiz (15/11/1926 a 24/10/1930)

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Fora da ordem- as armas da fé

O Nordeste passava por uma situação muito precária. Com o deslocamento do eixo da economia agroexportadora par o Sudeste e com o declínio centuado da atividade açucareira, provocado, entre outros fatores, pela concorrência cubana, amiséria psou a compor o cenário da região.

Nesse contexto, formram-se grupos armados que assaltavam as fazendas, viajantes, vilas e cidades, denominados cangaceiros.

Virgulino Ferreira da Silva (O Lampião)

Virgulino nasceu em 7 de junho de 1898 na cidade de Vila Bela, atual Serra Talhada, no semi-árido do estado de Pernambuco e foi o terceiro filho de José Ferreira da Silva e Maria Lopes. O seu nascimento, porém, só foi registrado no dia 7 de agosto de 1900. Até os 21 anos de idade ele trabalhava como artesão, era alfabetizado e usava óculos para leitura, características bastante incomuns para a região agreste e pobre onde ele morava.

Sua família travava uma disputa mortal com outras famílias locais até que seu pai foi morto em confronto com a polícia em 1919. Virgulino jurou vingança e, ao fazê-lo, provou ser um homem extremamente violento. Ele se tornou um criminoso e foi incessantemente perseguido pela polícia, a quem ele chamava de macacos.

Durante os 19 anos seguintes, ele viajou com seu bando de cangaceiros, nunca mais de 50 homens, todos com cavalos e fortemente armados usando roupas de couro como chapéus, sandálias, casacos, cintos de munição e calças para protegê-los dos arbustos com espinhos típicos da caatinga. Suas armas eram, em sua maioria, roubadas da polícia e unidades paramilitares como a espingarda Mauser militar e uma grande variedade de armas pequenas como rifles Winchester, revolveres e pistolas Mauser semi-automáticas.

Lampião foi acusado de atacar pequenas fazendas e cidades em sete estados além de roubo de gado, sequestros, assassinatos, torturas, mutilações, estupros e saques.

Sua namorada, Maria Gomes de Oliveira - conhecida como Maria Bonita, juntou-se ao bando em 1930 e, assim como as demais mulheres do grupo, vestiam-se como cangaceiros e participou de muitas das ações do bando. Virgulino e Maria bonita tiveram uma filha, Expedita Ferreira, nascida em 13 de setembro de 1932. Há ainda a informação controversa de que eles tiveram mais dois filhos: os gêmeos Ananias e Arlindo Gomes de Oliveira, além de outros dois natimortos.

No dia 27 de julho de 1938, o bando acampou na fazenda Angicos, situada no sertão de Sergipe, esconderijo tido por Lampião como o de maior segurança. Era noite, chovia muito e todos dormiam em suas barracas. A volante chegou tão de mansinho que nem os cães pressentiram. Por volta das 5:15 do dia 28, os cangaceiros levantaram para rezar o oficio e se preparavam para tomar café; quando um cangaceiro deu o alarme, já era tarde demais.

Não se sabe ao certo quem os traiu. Entretanto, naquele lugar mais seguro, segundo a opinião de Virgulino, o bando foi pego totalmente desprevenido. Quando os policiais do Tenente João Bezerra e do Sargento Aniceto Rodrigues da Silva abriram fogo com metralhadoras portáteis, os cangaceiros não puderam empreender qualquer tentativa viável de defesa.

O ataque durou uns vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Dos trinta e quatro cangaceiros presentes, onze morreram ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a morrer. Logo em seguida, Maria Bonita foi gravemente ferida. Alguns cangaceiros, transtornados pela morte inesperada do seu líder, conseguiram escapar. Bastante eufóricos com a vitória, os policiais apreenderam os bens e mutilaram os mortos. Apreenderam todo o dinheiro, o ouro e as joias.

A força volante, de maneira bastante desumana para os dias de hoje, mas seguindo o costume da época, decepou a cabeça de Lampião. Maria Bonita ainda estava viva, apesar de bastante ferida, quando foi degolada. O mesmo ocorreu com Quinta-Feira, Mergulhão (os dois também tiveram suas cabeças arrancadas em vida), Luis Pedro, Elétrico, Enedina, Moeda, Alecrim, Colchete (2) e Macela. Um dos policiais, demonstrando ódio a Lampião, desfere um golpe de coronha de fuzil na sua cabeça, deformando-a; este detalhe contribuiu para difundir a lenda de que Lampião não havia sido morto, e escapara da emboscada, tal foi a modificação causada na fisionomia do cangaceiro.

Feito isso, salgaram as cabeças e as colocaram em latas de querosene, contendo aguardente e cal. Os corpos mutilados e ensanguentados foram deixados a céu aberto, atraindo urubus. Para evitar a disseminação de doenças, dias depois foi colocada creolina sobre os corpos. Como alguns urubus morreram intoxicados por creolina, este fato ajudou a difundir a crença de que eles haviam sido envenenados antes do ataque, com alimentos entregues pelo coiteiro traidor.

Percorrendo os estados nordestinos, o coronel João Bezerra exibia as cabeças - já em adiantado estado de decomposição - por onde passava, atraindo uma multidão de pessoas. Primeiro, os troféus estiveram em Piranhas, onde foram arrumadas cuidadosamente na escadaria da igreja, junto com armas e apetrechos dos cangaceiros, e fotografadas. Depois, foram levadas a Maceió e ao sul do Brasil.

No IML de Maceió, as cabeças foram medidas, pesadas, examinadas, pois os criminalistas achavam que um homem bom não viraria um cangaceiro: este deveria ter características sui generis. Ao contrário do que pensavam alguns, as cabeças não apresentaram qualquer sinal de degenerescência física, anomalias ou displasias, tendo sido classificados, pura e simplesmente, como normais.

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RESUMO DE CONCURSOS

Do sul do País, apesar do péssimo estado de conservação, as cabeças seguiram para Salvador, onde permaneceram por seis anos na Faculdade de Odontologia da UFBA. Lá, tornaram a ser medidas, pesadas e estudadas, na tentativa de se descobrir alguma patologia. Posteriormente, os restos mortais ficaram expostos no Museu Nina Rodrigues, em Salvador, por mais de três décadas.

O Memorial da Resistência localizado em Mossoró no Rio Grande do Norte é um museu que retrata a história da única cidade nordestina a resistir à invasão do bando de Lampião.

Durante muito tempo, as famílias de Lampião, Corisco e Maria Bonita lutaram para dar um enterro digno a seus parentes. O economista Silvio Bulhões, filho de Corisco e Dadá, em especial, empreendeu muitos esforços para dar um sepultamento aos restos mortais dos cangaceiros e parar, de vez por todas, a macabra exibição pública. Segundo o depoimento do economista, dez dias após o enterro de seu pai, a sepultura foi violada, o corpo foi exumado, e sua cabeça e braço esquerdo foram cortados e colocados em exposição no Museu Nina Rodrigues.

O enterro dos restos mortais dos cangaceiros só ocorreu depois do projeto de lei no. 2867, de 24 de maio de 1965. Tal projeto teve origem nos meios universitários de Brasília (em particular, nas conferências do poeta Euclides Formiga), e as pressões do povo brasileiro e do clero o reforçaram. As cabeças de Lampião e Maria Bonita foram sepultadas no dia 6 de fevereiro de 1969. Os demais integrantes do bando tiveram seu enterro uma semana depois .

Padre Cícero

Cícero Romão Batista nasceu em 1844 na antiga Vila Real do Crato e chegou a Juazeiro em 1872, dando início ao sacerdócio junto a população pobre de sertanejos, numa cidade marcada pela violência e pela prostituição. Teve importante atuação tanto no sentido de aconselhamento espiritual como no trabalho junto às comunidades nas épocas de seca e de fome. Dessa maneira conquistou o respeito da comunidade que passou a lhe atribuir a qualidade de santo e profeta.

O messianismo passou a fazer parte de sua vida em 1891, quando a hóstia ficou vermelha na boca da beata Maria Madalena, fazendo com que o povo considerasse o fato como um milagre.

A partir de então desenvolveu-se grande campanha contra o padre movida pela Igreja católica, que proibiu-o de rezar as missas e forçou sua transferência de Juazeiro. Em 1898 foi chamado à Roma para dar explicações sobre o “milagre” e é absolvido, retornando a Juazeiro. Mesmo com a rejeição do milagre pelo padre, o boato se espalha e a cidade torna-se centro de romarias de camponeses que buscam a cura para seus males, ampliando a fama do “Padim Ciço”.

A Guerra dos Canudos e “Sertões”

Para entendermos a Guerra dos Canudos e a violência com que foi esmagada a revolta camponesa é preciso restabelecer o cenário histórico em que ela ocorreu. Não pode-se entender Canudos isoladamente, sem conhecer as circunstâncias históricas e políticas que a provocaram.

O Brasil estava em permanente ebulição, desde 13 de maio de 1888 com a assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel, acontecimentos espetaculares e traumáticos se sucediam um ao outro. A Questão Militar que vinha se arrastando desde 1883, com o debate em torno da doutrina do soldado-cidadão, que defendia a participação dos oficiais nas questões políticas e sociais do país, teve uma conclusão repentina, com o golpe militar republicano de 15 de novembro de 1889.

A derrubada da Monarquia, que de imediato foi sem derramamento de sangue, terminou por provocar reações anti-republicanas. Uma nova constituição foi aprovada em 1891, tornando o Brasil uma república federativa e presidencialista no modelo norte-americano. Separou-se o estado da Igreja (o que vai provocar a indignação de Antônio Conselheiro) e ampliou-se o direito de voto (aboliu-se o sistema censitário existente no Império e permitiu-se que todo o cidadão alfabetizado pudesse tornar-se cidadão).

As dificuldades políticas da implantação da República se aceleraram com a crise inflacionária provocada pelo Encilhamento, quando o Ministro da Fazenda, Rui Barbosa, autorizou um aumento de 75% na emissão de papel-moeda nacional. Houve muito desgaste do novo regime devido ao clima de especulação e de multiplicação de empresas sem lastro (mais de 300 em um ano apenas). O presidente da República, Mal. Deodoro da Fonseca chegou a fechar o Congresso, o que serviu de pretexto para a Marinha de Guerra rebelar-se exigindo e conseguindo sua renúncia , o que ocorreu em 23 de novembro de 1891. Deodoro doente retirou-se, sendo substituído pelo vice-presidente Mal. Floriano Peixoto.

Em fevereiro de 1893 estoura no Rio Grande do Sul a revolução federalista, quando maragatos insurgem-se contra o governo de Júlio de Castilhos, conduzindo o estado a uma dolosa guerra civil. Neste mesmo ano em setembro, ocorre o segundo levante da Armada, novamente liderado pelo Al. Custódio de Melo, seguida pela adesão do Al. Saldanha da Gama, que chega a bombardear o Rio de Janeiro, Floriano Peixoto mobiliza a população para a defesa da capital e Custodio de Melo resolve abandonar a baía da Guanabara para juntar-se aos maragatos que haviam ocupado Desterro (em Santa Catarina). A guerra no sul militarmente se encerra com a morte de Gumercindo Saraiva o guerrilheiro maragato em 1894, e com derrota da incursão do Al. Saldanha da Gama na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai em 1895. A guerra tinha produzido mais de 12 mil mortos em uma parte deles havia sido vítima de degolas de parte a parte. Coube ao novo presidente, Prudente de Morais, alcançar a pacificação que é assinada em Pelotas em agosto de 1895.

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RESUMO DE CONCURSOS

Foi nesse pano de fundo turbulento, marcado por transformações repentinas e radicais, pela abolição da escravidão, pelo golpe republicano, pelo fechamento do Congresso, pelo estado de sítio, por dois levantes da Armada e por uma cruel Guerra Civil, que a população urbana ouviu com espanto a notícia, em novembro de 1896, de que uma expedição de 100 soldados havia sido derrotada pelos jagunços do interior da Bahia. Começava então a Guerra de Canudos.

Guerra do Contestado

A foi um conflito que alcançou enormes proporções na história do Brasil e, particularmente, dos Estados do Paraná e de Santa Catarina. Semelhante a outros graves momentos de crise, interesses político-econômicos e messianismo se misturaram ao contexto explosivo. Ocorrido entre 1912 e 1916, o conflito envolveu, de um lado, a população cabocla daqueles Estados, e, de outro, os dois governos estaduais, apoiados pelo presidente da República, Hermes da Fonseca.

A região do conflito, localizada entre os dois Estados, era disputada pelos governos paranaense e catarinense. Afinal, era uma área rica em erva-mate e, sobretudo, madeira. Originalmente, os moradores da região eram posseiros caboclos e pequenos fazendeiros que viviam da comercialização daqueles produtos.

A construção da estrada de ferro

No final do século 19, o governo brasileiro autorizou a construção de uma estrada de ferro ligando os Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Para isso, desapropriou uma faixa de terra, de aproximadamente 30 km de largura, que atravessava os Estados do Paraná e de Santa Catarina - uma espécie de “corredor” por onde passaria a linha férrea.

A responsável pela construção foi a empresa norte-americana Brazil Railway Company, de propriedade do empresário Percival Farquhar, que também era dono da Southern Brazil Lumber and Colonization Company, uma empresa de extração madeireira. A construção da estrada acabou atraindo muitos trabalhadores para a região onde ocorreria a Guerra do Contestado. Com o fim das obras, o grande número de migrantes que se deslocou para o local ficou sem emprego e, conseqüentemente, numa situação econômica bastante precária.

Ao mesmo tempo, os posseiros que viviam na região entre o Paraná e Santa Catarina foram expulsos de suas terras. Isso porque, embora estivessem ali já há bastante tempo, o governo brasileiro, no contrato firmado com a Brazil Railway, declarou a área como devoluta, ou seja, como se ninguém ocupasse aquelas terras.

Além de construir a estrada de ferro, Farquhar, por meio da Southern Brazil Lumber, passou a exportar para os Estados Unidos a madeira extraída ao longo da faixa de terra concedida pelo governo brasileiro. Com isso, os pequenos fazendeiros que trabalhavam na extração da madeira foram arruinados pelo domínio da Lumber sobre as florestas da região.

Messianismo

A construção da estrada de ferro ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul trouxe consigo os principais elementos político-econômicos que levaram à eclosão da Guerra do Contestado. Afinal, a presença das empresas de Farquhar na região e os termos do acordo firmado com o governo brasileiro levaram, de uma só vez, à expulsão dos posseiros que trabalhavam no local, à falência de vários pequenos fazendeiros que viviam da extração da madeira e à formação de um contingente de mão-de-obra disponível e desempregada ao fim da construção.

Entretanto, havia também um outro elemento importante para o início do conflito: o messianismo. A região era freqüentada por monges que faziam trabalhos sociais e espirituais e, vez ou outra, envolviam-se também com questões políticas - o que lhes dava certo destaque entre os moradores daquela localidade.

Em 1912, apareceu na região um monge chamado José Maria de Santo Agostinho, nome que mais tarde a polícia descobriria ser falso. José Maria foi saudado pelos habitantes do local como a ressurreição de outro monge que vivera ali até 1908, o monge João Maria: era como se o antigo líder espiritual tivesse voltado.

José Maria rapidamente ganhou fama na região por seu suposto dom de cura. Em meio aos problemas político-econômicos provocados pelas atividades das empresas de Percival Farquhar, o monge passou a envolver-se também com questões que estavam muito além dos problemas espirituais dos seus seguidores.

A guerra

Sob a liderança de José Maria, os camponeses expulsos de suas terras e os antigos trabalhadores da Brazil Railway organizaram uma comunidade no intuito de solucionar os problemas ocasionados pela tomada das terras e pelo desemprego. Uniram-se ao grupo os fazendeiros prejudicados pela presença da Lumber na região. Tudo isso reforçado pelo discurso messiânico do monge José Maria, que logo declarou a comunidade sob sua liderança como um governo independente.

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RESUMO DE CONCURSOS

A mobilização na região passou a incomodar o governo federal não apenas por crescer rapidamente, com a formação de novas comunidades, mas também porque os rebeldes passaram a associar os problemas econômicos e sociais à República. Ao mesmo tempo, os coronéis locais ficaram incomodados com o surgimento de lideranças paralelas, como José Maria. Já a Igreja, diante do messianismo que envolvia o movimento, também defendeu a intervenção na região.

De forma autoritária e repressiva, os governos do Paraná e de Santa Catarina, articulados com o presidente Hermes da Fonseca, começaram a combater os rebeldes. Embora tenham tido pouco sucesso nos dois primeiros anos do conflito, as forças oficiais obtiveram, a partir de 1914, sucessivas vitórias sobre os revoltosos - graças à truculência das tropas e ao seu numeroso efetivo, que contava com homens do Exército brasileiro e das polícias dos dois estados.

Com quase 46 meses de conflito, a Guerra do Contestado superou até mesmo Canudos em duração e número de mortes. Famintos e com cada vez mais baixas, diante do conflito prolongado, da força e crueldade das tropas oficiais e da epidemia de tifo, os revoltos caminharam para a derrota final, consumada em agosto de 1916 com a prisão de Deodato Manuel Ramos, último líder do Contestado.

A INDÚSTRIA DO CAFÉ

Milhares de italianos vieram para o Brasil entre 1870 e 1930, e se concentraram, principalmente, nos estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul. Na verdade, esse período foi marcado por um intenso fluxo migratório em várias partes do mundo. Italianos, alemães, eslavos, judeus, árabes, indianos, irlandeses, japoneses, chineses, portugueses e tantos outros povos deixavam sua terra natal em busca de melhores condições de vida. Porém, a América era totalmente nebulosa para a maioria desses imigrantes. Muitos nem sabiam aonde deviam ir-Estaos Unidos, Argentina, Brasil.As populações já estabelecidas sentiam-se invadidas pelos estrangeiros. A discriminação era constante.

Com o desenvolvimento da produção cafeeira, a população de estado de São Paulo cresceu numa velocidade vertiginosa. Somava cerca de 800 mil habitantes em 1872.

Complexo Cafeeiro

A cultura de café chegou a representar 70% das exportações brasileiras. Hoje, ainda permanece importante nas vendas externas de produtos de origem agrícola - está entre os seis principais itens na pauta de exportação do País -, mas está sujeita a oscilações dos preços internacionais (que têm flutuado mais intensamente com o fim da Organização Internacional do Café) e aos problemas provocados pelo clima.

Podem-se resumir os principais aspectos que prejudicam a competitividade internacional da cafeicultura: a) deficiência na qualidade, baixa produtividade, custos de transporte elevados e ociosidade na indústria de processamento;b) bloqueio de mercado (principalmente na distribuição e no controle de marcas) causado por acordos comerciais à penetração

do produto brasileiro;c) a tributação imposta pelos países importadores.

A produção brasileira está regionalizada em basicamente dois pólos. Um, na região sul do estado de Minas Gerais - e mais recentemente no Cerrado Minerio -, onde se concentram variedades de café arabica suficientes para produzir um café de qualidade, adaptadas a novas técnicas de produção, como a do “café adensado”. Outro, onde se encontra produção de cafés de baixa qualidade, voltados basicamente para a composição de misturas (blends) pelos produtores internacionais, utilizando basicamente as espécies chamadas robusta.

A perda de controle por parte do Brasil do mercado mundial (o País já teve 80% do mercado mundial e hoje apenas cumpre sua cota de 25%, ou de 18 milhões de toneladas/ano) teve alguns aspectos positivos.

Entre eles, o de alertar para a necessidade de introduzir conceitos de qualidade e dar maior atenção à diferenciação do produto, explorando nternacionalmente a faixa gourmet, hoje dominada pela Colômbia e por países da América Central. A tendência para a introdução de técnicas de adensamento da produção, o uso crescente da irrigação (em Minas Gerais), a concentração do plantio em regiões de baixa incidência de geadas e a busca de mercados de qualidade abrem a perspectiva de retomada de parte do espaço perdido no período em que o País se dedicou apenas a administrar uma política de preços e tarifas de exportação elevados.

Em algumas regiões, os aumentos significativos de produtividade (chegando a 40 sacas/60 kg por hectare), a disponibilidade de terras para a duplicação das áreas apropriadas à produção de cafés de melhor qualidade e a melhoria da qualidade na etapa de torrefação sugerem que o café brasileiro tende a recuperar sua competitividade no mercado internacional, a despeito dos problemas apresentados.

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RESUMO DE CONCURSOS

Políticas econômicas

A partir do governo de Prudente de Morais (1894-1898), com a hegemonia pulista sobre o governo federal, a política econômica brasileira tendeu a voltar-se pra os interesses da cafeicultura. No entanto, em momentos de crise e pressões externas, os governantes paulistas foram obrigados a adotar medidas que sacrificavam alguns setores da produção cafeeira. O aumento da dívida externa brasileira, a desvalorização da moeda no mercado internacional e a inflação galopante provocaram a primeira crise, logo nos primeiros anos da República. Em 1898, no início do governo de Campos Sales, Ra firmado o funding-loan, acordo que estipulava o pagamento da dívida extrna brasileira em um prazo de 63 anos, com o início programado para 1911. O governo comprometia-se a retirar papel-moeda de circulação, de forma provocar a queda da inflação e promover uma ampla redução nos gastos públicos, com demissões de funcionários, paralisação de obras públicas e novos impostos sobre a população. Além disso, deixava como garantia aos credores as receitas da alfândega do Rio de Janeiro.

A cidade do Rio de Janeiro contava com cerca de 1 milhão de habitantes em 1910, quase o dobro da população da cidade de São Paulo n mesma época. Seu crescimento acelerado não ocorreu, todavia, de forma súbita. Desde o início do século XIX, com a chegada d família real portuguesa e, posteriormente, como sede da Monarquia brasileira, o Rio manteve-se como a maior cidade do país. Capital política, cultural e econômica, teve nos anos republicanos o período mais agitado da sua história.

A reurbanização do rio do Rio de Janeiro

A cidade do Rio de Janeiro tinha cerca de 700 mil habitantes em 1904. Desde o início do século 19, manteve-se como a maior cidade do país. Com exceção de seus palacetes de Botafogo e Laranjeiras, era cortada por ruas estreitas e vielas, onde se erguiam prédios e imensos cortiços.

Nos morros, amontoados de barracos formavam as primeiras favelas. Nas áreas pantanosas, ocorriam epidemias de febre tifóide, varíola e febre amarela. O mau cheiro era insuportável, principalmente com o calor.

Uma reformulação do Rio de Janeiro foi concebida para tornar a cidade semelhante às metrópoles européias e agradável para sua elite. Abrir largas avenidas, erradicar as doenças, derrubar os cortiços e sobretudo empurrar para longe a massa pobre, negra e mestiça eram os desejos da população elegante do município.

Durante o governo de Rodrigues Alves (1902-1906), cortiços foram derrubados, dando lugar a belas praças, charmosos jardins, largas avenidas e vistosos palacetes. O Rio iria tornar-se a “cidade maravilhosa”.

O resultado foi a deterioração das condições de vida dos trabalhadores. O preço dos aluguéis subiu, e a população mais pobre foi removida do centro para áreas mais distantes. Nos morros, as favelas proliferavam.

Em 9 de novembro de 1904, o governo decretou a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola. O jovem dr. Oswaldo Cruz comandava a campanha. O anúncio provocou uma onda de protestos que culminou na chamada Revolta da Vacina. Nos dias seguintes, populares levantavam-se no espaço público recém-urbanizado incitando à rebelião. A polícia era recebida a pedradas. A multidão circulava ruidosamente pelas largas avenidas, pelos belos jardins, diante das suntuosas mansões.

O espaço público era ocupado, à força, pelos manifestantes. A fúria se voltava contra automóveis, bondes, delegacias, postes de iluminação, calçamentos. O governo perdeu o controle da capital, só retomado com a repressão do Exército, da Marinha e da Guarda Nacional. A revolta tornou-se epidêmica.

Para a maior parte da população, vítima de seu alheamento das decisões políticas, de uma modernização autoritária que desalojava os moradores e expulsava-os das regiões centrais, de um poder público que agravava cada vez mais suas condições de vida e não lhes oferecia nenhum tipo de assistência, a vacinação representava uma espécie de violação de seus próprios corpos.

A revolta da vacina

A cidade do Rio de Janeiro tinha cerca de 700 mil habitantes em 1904. Desde o início do século 19, manteve-se como a maior cidade do país. Com exceção de seus palacetes de Botafogo e Laranjeiras, era cortada por ruas estreitas e vielas, onde se erguiam prédios e imensos cortiços.

Nos morros, amontoados de barracos formavam as primeiras favelas. Nas áreas pantanosas, ocorriam epidemias de febre tifóide, varíola e febre amarela. O mau cheiro era insuportável, principalmente com o calor.

Uma reformulação do Rio de Janeiro foi concebida para tornar a cidade semelhante às metrópoles européias e agradável para sua elite. Abrir largas avenidas, erradicar as doenças, derrubar os cortiços e sobretudo empurrar para longe a massa pobre, negra e mestiça eram os desejos da população elegante do município.

Durante o governo de Rodrigues Alves (1902-1906), cortiços foram derrubados, dando lugar a belas praças, charmosos jardins, largas avenidas e vistosos palacetes. O Rio iria tornar-se a “cidade maravilhosa”.

O resultado foi a deterioração das condições de vida dos trabalhadores. O preço dos aluguéis subiu, e a população mais pobre foi removida do centro para áreas mais distantes. Nos morros, as favelas proliferavam.

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RESUMO DE CONCURSOS

Em 9 de novembro de 1904, o governo decretou a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola. O jovem dr. Oswaldo Cruz comandava a campanha. O anúncio provocou uma onda de protestos que culminou na chamada Revolta da Vacina. Nos dias seguintes, populares levantavam-se no espaço público recém-urbanizado incitando à rebelião. A polícia era recebida a pedradas. A multidão circulava ruidosamente pelas largas avenidas, pelos belos jardins, diante das suntuosas mansões.

O espaço público era ocupado, à força, pelos manifestantes. A fúria se voltava contra automóveis, bondes, delegacias, postes de iluminação, calçamentos. O governo perdeu o controle da capital, só retomado com a repressão do Exército, da Marinha e da Guarda Nacional. A revolta tornou-se epidêmica.

Para a maior parte da população, vítima de seu alheamento das decisões políticas, de uma modernização autoritária que desalojava os moradores e expulsava-os das regiões centrais, de um poder público que agravava cada vez mais suas condições de vida e não lhes oferecia nenhum tipo de assistência, a vacinação representava uma espécie de violação de seus próprios corpos.

A revolta da chibata

No ano de 1910, ocorreu uma rebelião militar na Marinha, mais conhecida como a Revolta da Chibata. Naquela época o recrutamento militar é obrigatório e quem mais sofria era a população mais pobre, pois não contava com nenhum prestígio político para livrá-los do serviço militar. O corpo militar contava com diferentes castigos físicos sob os membros inferiores, como cabos, soldados e sargentos, onde ocorria tanto na força do Exército quanto na Marinha.

No Exército os castigos físicos eram menos violentos e também ocorriam em menor escola graças ao seu caráter popular. Entretanto, na Marinha qualquer desvio de conduta ocasionava em castigos com açoitamentos. Após a condenação de Marcelinho Meneses a 250 chibatas, em 1910, onde os demais marinheiros tiveram que obrigatoriamente assistir ao castigo, os mesmo se revoltaram. No dia 22 de novembro de 1910, os marinheiros se rebelaram e tomar posse do navio Minas Gerais, com isso, outros três navios aderiram ao movimento, sendo eles: São Paulo, Bahia e Deodoro.

Como líder, este movimento teve João Cândido, onde o comandante do navio de Minas Gerais juntamente com outros oficiais foram mortos e o conflito tomou outras dimensões, isto é, de luta armada que ocasionou também mortes do lado dos marinheiros. As reivindicações dos marinheiros eram apenas duas: o fim dos castigos corporais e a melhoria na alimentação, e assim solicitando suas reivindicações, João Candido enviou através do rádio uma mensagem ao Palácio do Catete (Sede do Governo Federal), dizendo que caso não fossem aceitas as mudanças exigidas pelos marinheiros, haveria um bombardeamento contra a cidade.

Os navios estavam ancorados na Baía de Guanabara, estando apontados diretamente para o centro da cidade, onde fez com que o presidente Hermes da Fonseca ficasse sem saída. Entretanto, com a iniciativa do senador Rui Barbosa, foi aprovado às reivindicações propostas pelos marinheiros e ainda nenhum deles seria preso. Assim, os marinheiros revoltosos se entregaram a autoridade, e os castigos corporais foram definitivamente encerrados, porém os líderes do movimento foram presos, inclusive João Candido. Com a precária condição da prisão muitos desses líderes presos morreram em cárcere, sendo que João Candido sobreviveu e foi absolvido pelo julgamento ocorrido em 1912. Desta forma, ficou conhecido como Almirante Negro que faleceu em 1969.

TESTES:

01. (FUVEST-2008) – “A exclusão dos analfabetos pela Constituição republicana (de 1891) era particularmente discriminatória, pois, ao mesmo tempo retirava a obrigação do governo de fornecer instrução primária, que constava do texto imperial, e exigia para a cidadania política uma qualidade que só o direito social da educação poderia fornecer...” Os Bestializados, José Murilo de Carvalho

a) Que relação o texto estabelece entre ensino público e exercício da cidadania política durante a Primeira República (1889 - 1930)?

b) O que a atual Constituição dispõe a respeito desta relação?

RESPOSTA A- O Sistema eleitoral agora concedia direito ao voto universal masculino, não-secreto a todos aqueles que fossem maiores

de 21 anos e comprovassem sua alfabetização. A adoção do voto universal e abandono do regime censitário, criado durante a monarquia, de fato, modificou o universo de cidadãos votantes. A péssima condição da educação nacional fazia com que a exigência da alfabetização deixasse a grande maioria dos brasileiros alheia ao pleito. Além disso, o voto não-secreto era outro dispositivo que impedia o exercício autônomo das escolhas políticas.

B- Foram realizadas mudanças para a consolidação da democracia como o direito de voto aos analfabetos e facultativos aos jovens com idade entre 16 e 18 anos. A Constituição de 1988 estabelece a gratuidade e a obrigatoriedade da freqüência escolar até os 14 anos - término do ensino fundamental, antigo 1º grau, além de conceder o direito de voto aos analfabetos (facultativo), ampliando assim o exercício da cidadania política.

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RESUMO DE CONCURSOS

02. (AGENTE OPERACIONAL-HRSM/DF-MOVENS-2011) – Sobre o período regencial brasileiro afirma-se:I. A Constituição de 1824 previa a eleição de um regente, caso o imperador estivesse impossibilitado de governar. Como o

herdeiro era menor de idade, a Assembléia Geral viu-se forçada a eleger tal regente.II. Pelo Ato Adicional de 1834 substituía-se a Regência Una por uma Regência Trina, tirava-se a autonomia das

províncias e criava-se o Conselho de Estado.III. Foram criadas três correntes políticas: a dos chimangos (que queriam a autonomia para as províncias), a dos

restauradores (que eram a favor da monarquia e da centralização administrativa) e a dos farroupilhas (que tinham como objetivo o retorno de D. Pedro I ao trono imperial).

Deve-se dizer, sobre essas afirmações, que:a) Todas são corretas.b) Nenhuma é correta.c) Apenas I e II são corretas.d) Apenas II e III são corretas.e) Apenas I e III são corretas.

RESPOSTA “B”.

03. Rui Barbosa, como candidato à presidência da República nas eleições que se realizaram em 1910, declarava: “Mas por isso mesmo que quero o exército grande, forte, exemplar, não o queria pesando sobre o governo do país. A nação governa. O exército, como os demais órgãos do país, obedece”. (Apud Edgard Carone. A Primeira República.1889-1930. São Paulo. Difel. 1969. p. 51).

Nesta declaração, Rui Barbosa expressava uma:a) Crítica ao governo militar do então presidente Marechal Deodoro da Fonseca.b) Crítica à candidatura de seu oponente, o militar Hermes da Fonseca.c) Defesa da maior atuação do Exército na política nacional.d) Resposta à tentativa de golpe militar liderada pelo Marechal Floriano Peixoto.e) Recusa ao apoio da oligarquia paulista para sua candidatura.

RESPOSTA “B”

04. (FATEC-2010) Em relação ao direito de voto, na história política do Brasil, é correto afirmar que: a) Na Constituição do Império (Carta outorgada de 1824), escravos e analfabetos não podiam votar.b) No regime militar, a Constituição de 1967, que instituiu a eleição indireta para os cargos executivos, reconheceu o direito de

voto dos analfabetos.c) A primeira Constituição republicana (1891) eliminou a exigência de renda mínima para definir quem seria eleitor, mas proibiu

o analfabeto de votar.d) A Constituição republicana de 1891 estendeu o direito de voto à mulher.e) A Constituição de 1934 (Período Vargas) estendeu o direito de voto à mulher e ao analfabeto.

RESPOSTA “C”.

05. (DEFENSOR PÚBLICO-DPE/ROFMP-2009) – “... As eleições de 1900 para a Câmara Federal e o terço do Senado confirmam o benefício desta política em favor das oligarquias que estão no poder. (...) Este sistema de apoio às oligarquias vai significar a permanência daquelas que estão no poder. (...) As oposições oligárquicas agora não podem mais ter esperança de uma vitória legal, e às vezes, nem mesmo de um bom êxito revolucionário.” (CARONE. Edgard. A República Velha. 166 edição. São Paulo: Difel. pp. 193-194).

O autor se refere:a) À política da conciliação. b) Ao Encilhamento. c) À República da Espada.d) À promulgação da nova constituição republicana. e) À política dos governadores.

RESPOSTA “E”.

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RESUMO DE CONCURSOS

06. (AGENTE DE COMBATE A ENDEMIAS-INST. LUDUS-2009) – “Cabo de enxada engrossa as mãos. O laço de couro cru, machado e foice também.

Caneta e lápis são ferramentas muito delicadas. A lida é outra: labuta pesada, de sol a sol, nos campos e nos currais. (...) Ler o quê? Escrever o quê? Mas agora é preciso: a eleição vem aí e o alistamento rende a estima do patrão, a gente vira pessoa.” Mário Palmério, Vila dos Confins.

Partindo do texto, é correto dizer que, na República Velha,a) A campanha eleitoral realizada pelos chefes políticos locais procurava atingir essencialmente os trabalhadores urbanos

menos embrutecidos pelo trabalho pesado e já alfabetizados.b) Durante o período eleitoral operava-se uma transformação no trabalhador; esta era a marca do sistema político que ia do

poder dos grandes proprietários rurais aos municípios e, daí, à capital do Estado.c) Constantemente os chefes locais se voltavam para seus subordinados, impondo-lhes seus candidatos e dispensando-os

dos trabalhos que engrossam as mãos.d) O predomínio oligárquico, baseado em uma rede de favores pessoais, visava, sobretudo, a dissolver os focos de tensão

social e oposição política, representadas nas diversas formas de organização de trabalhadores rurais naquele momento.e) Ocorria o predomínio oligárquico ligado à manipulação do processo eleitoral, no qual uma grande rede de favores e

compromissos era estabelecida entre patrão e empregados.

RESPOSTA “E”.

7. (DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA-CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO- FUNDEP-2011) – Sobre o movimento operário no Brasil, durante a República Velha (1889-1930), pode-se afirmar que:

I. O anarco sindicalismo foi à tendência predominante nas duas primeiras décadas do século XX, perdendo importância nos anos seguintes.

II. As principais reivindicações eram os aumentos salariais, a regulamentação do trabalho e a liberdade de organização.III. Os anarquistas, ao contrário dos demais agrupamentos, eram constituídos apenas por imigrantes europeus e

seus descendentes.IV. As maiores greves ocorreram na segunda década do século atual, em razão, principalmente, da acentuação das

diferenças entre os aumentos dos preços e dos salários.Estão corretas somente as afirmativasa) I, II e IV.b) I e III.c) II, III e IV.d) I e IV.e) II e III.

RESPOSTA “A”.

8. (PUCMG-2011) – Todas as opções a seguir têm relação com o movimento operário na República Velha no Brasil, exceto:a) Inexistência de regulamentação das relações trabalhistas e grande número de desempregados.b) Reduzido poder de pressão, originado pelo pequeno grau de sindicalização.c) Ausência de organizações autônomas de trabalhadores e de movimentos grevistas.d) Grande número de imigrantes em alguns centros urbanos, especialmente São Paulo.e) Presença considerável de mulheres e crianças, submetidos a baixos salários.

RESPOSTA “C”.

9. (UERJ-2008) – “(...) Estão em greve presentemente, nesta capital, cerca de 15 mil operários, e à hora e que escrevemos, nada faz prever que esse número decresça tão cedo. Ao contrário, há justificados receios de que o movimento aumente ainda, caso não se encaminhem as desinteligências para um acordo satisfatório e eqüitativo”.

O Estado de São Paulo, 12/07/1917. Citado por TREVISAN, Leonardo. A República Velha. São Paulo: Global, 1982.O movimento operário, durante as primeiras décadas do regime republicano no Brasil, caracterizou-se pela existência de:a) Apoio de trabalhadores rurais, que participaram de várias greves organizadas.b) Partidos de tendência anarquista, que foram responsáveis pela Greve Geral de 1917.c) Reivindicações políticas, que foram atendidas por legislação implantada na década de 20.d) Lideranças de imigrantes europeus, que traziam a experiência de organização de seus países de origem.

RESPOSTA “D”.

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CAPÍTULO 10: A ERA DOS EXTREMOS

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra, Guerra das Guerras ou Guerra para por fim em todas as guerras) foi um conflito mundial ocorrido entre 28 de Julho de 1914 e 11 de Novembro de 1918.

A guerra ocorreu entre a Tríplice Entente (liderada pelo Império Britânico, França, Império Russo (até 1917) e Estados Unidos (a partir de 1917) que derrotou a coligação formada pelas Potências Centrais (liderada pelo Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano)[1], e causou o colapso de quatro impérios e mudou de forma radical o mapa geo-político da Europa e do Médio Oriente.

No início da guerra (1914), a Itália era aliada dos Impérios Centrais na Tríplice Aliança, mas, considerando que a aliança tinha carácter defensivo (e a guerra havia sido declarada pela Áustria) e a Itália não havia sido preventivamente consultada sobre a declaração de guerra, o governo italiano afirmou não se sentir vinculado à aliança e que, portanto, permaneceria neutro. Mais tarde, as pressões diplomáticas da Grã-Bretanha e da França fizeram-na firmar em 26 de abril de 1915 um pacto secreto contra o aliado austríaco, chamado Pacto de Londres, no qual a Itália se empenharia a entrar em guerra decorrido um mês em troca de algumas conquistas territoriais que obtivesse ao fim da guerra: o Trentino, o Tirol Meridional, Trieste, Gorizia, Ístria (com exceção da cidade de Fiume), parte da Dalmácia, um protetorado sobre a Albânia, sobre algumas ilhas do Dodecaneso e alguns territórios do Império Turco, além de uma expansão das colônias africanas, às custas da Alemanha (a Itália já possuía na África: a Líbia, a Somália e a Eritreia). O não-cumprimento das promessas feitas à Itália foi um dos fatores que a levaram a aliar-se ao Eixo na Segunda Guerra Mundial.

Em 1917, a Rússia abandonou a guerra em razão do início da Revolução. No mesmo ano, os EUA, que até então só participavam na guerra como fornecedores, ao ver os seus investimentos em perigo, entram militarmente no conflito, mudando totalmente o destino da guerra e garantindo a vitória da Tríplice Entente.

Muitos dos combates na Primeira Guerra Mundial ocorreram nas frentes ocidentais, em trincheiras e fortificações (separadas pelas “Terras de Ninguém”, que era o espaço entre cada trincheira, onde vários cadáveres ficavam à espera do recolhimento) do Mar do Norte até a Suíça. As batalhas davam-se em invasões dinâmicas, em confrontos no mar, e pela primeira vez na história, no ar.

O saldo foi de mais de 19 milhões de mortos, dos quais 5% eram civis.Na Segunda Guerra Mundial, este número aumentou em 60%.O conflito rompeu definitivamente com a antiga ordem mundial criada após as Guerras Napoleônicas, marcando a derrubada do

absolutismo monárquico na Europa.Três impérios europeus foram destruídos e consequentemente desmembrados: Alemão, o Austro-Húngaro e o Russo. Nos Bálcãs

e no Médio Oriente o mesmo ocorreu com o Império Turco-Otomano. Dinastias imperiais europeias como as das famílias Habsburgos, Romanov e Hohenzollern, que vinham dominando politicamente a Europa e cujo poder tinha raízes nas Cruzadas, também caíram durante os quatro anos de guerra.

O fracasso da Rússia na guerra acabou contribuindo para a queda do sistema czariano, servindo de catalisador para a Revolução Russa que inspirou outras em países tão diferentes como China e Cuba, e que serviu também, após a Segunda Guerra Mundial, como base para a Guerra Fria. No Médio Oriente, o Império Turco-Otomano foi substituído pela República da Turquia e muitos territórios por toda a região acabaram em mãos inglesas e francesas. Na Europa Central os novos estados Tchecoslováquia, Finlândia, Letônia, Lituânia, Estônia e Iugoslávia “nasceram” depois da guerra e os estados da Áustria, Hungria e Polônia foram redefinidos. Pouco tempo depois da guerra, em 1923, os Fascistas tomaram o poder na Itália. A derrota da Alemanha na guerra e o fracasso em resolver assuntos pendentes no período pós-guerra, alguns dos quais haviam sido causas da Primeira Guerra, acabaram por criar condições para a ascensão do Nazismo quatorze anos depois e para a Segunda Guerra Mundial em 1939, vinte anos depois.

Antecedentes e possíveis causas

Em 28 de Junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono Austro-Húngaro, e sua esposa Sofia, Duquesa de Hohenberg, foram assassinados pelo sérvio Gavrilo Princip, que pertencia ao grupo nacionalista-terrorista armado Mão Negra (oficialmente chamado “Unificação ou Morte”), que lutava pela unificação dos territórios que continham sérvios.

O assassinato desencadeou os eventos que rapidamente deram origem à guerra, mas suas verdadeiras causas são muito mais complexas. Historiadores e políticos têm discutido essa questão por quase um século sem chegar a um consenso. Algumas das melhores explicações estão listadas abaixo:

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Corrida armamentista

A corrida naval entre Inglaterra e Alemanha foi intensificada em 1906 pelo surgimento do HMS Dreadnought, revolucionário navio de guerra. Uma evidente corrida armamentista na construção de navios desdobrava-se entre as duas nações. O historiador Paul Kennedy argumenta que ambas as nações acreditavam nas teorias de Alfred Thayer Mahan, de que o controle do mar era vital a uma nação.

O também historiador David Stevenson descreve a corrida como um “auto reforço de um ciclo de elevada prontidão militar”, enquanto David Herrman via a rivalidade naval como parte de um grande movimento para a guerra. Contudo, Niall Ferguson argumenta que a superioridade britânica na produção naval acabou por transformar tal corrida armamentista em um fator que não contribuiu para a movimentação em direção a guerra.

Este período, entre 1885 e 1914, ficou conhecido como a Paz Armada.

Militarismo e autocracia

O presidente dos EUA Woodrow Wilson e outros observadores americanos culpam o militarismo pela guerra. A tese é que a aristocracia e a elite militar tinham um controle grande demais sobre a Alemanha, Itália e o Império Austro-Húngaro, e que a guerra seria a consequência de seus desejos pelo poder militar e o desprezo pela democracia. Consequentemente, os partidários dessa teoria pediram pela abdicação de tais soberanos, o fim do sistema aristocrático e o fim do militarismo - tudo isso justificou a entrada americana na guerra depois que a Rússia czarista abandonou a Tríplice Entente. Wilson esperava que a Liga das Nações e um desarmamento universal poderia resultar numa paz, admitindo-se algumas variantes do militarismo como nos sistemas políticos da Inglaterra e França.

Imperialismo econômico

Lênin era um famoso defensor de que o sistema imperialista vigente no mundo era o responsável pela guerra. Para corroborar as suas ideias ele usou as teorias econômicas de Karl Marx e do economista inglês John A. Hobson, que antes já tinha previsto as consequências do imperialismo econômico na luta interminável por novos mercados, que levaria a um conflito global, em seu livro de 1902 chamado “Imperialismo”. Tal argumento provou-se convincente no início imediato da guerra e ajudou no crescimento do Marxismo e Comunismo no desenrolar do conflito. Os panfletos de Lênin de 1917, “Imperialismo: O Último Estágio do Capitalismo”, tinham como argumento que os interesses dos bancos em várias das nações capitalistas/imperialistas tinham levado à guerra.

Nacionalismo, romantismo e a “nova era”

Recrutamento de britânicos para a guerra, a exemplo da onda nacionalista que varria o continente europeu.Os líderes civis das nações europeias estavam na época enfrentando uma onda de fervor nacionalista que estava se espalhando

pela Europa há anos, como memórias de guerras enfraquecidas e rivalidades entre povos, apoiados por uma mídia sensacionalista e nacionalista. Os frenéticos esforços diplomáticos para mediar a rixa entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia foram irrelevantes, já que a opinião pública naquelas nações pediam pela guerra para defender a chamada honra nacional. Já a aristocracia exercia também forte influência pela guerra, acreditando que ela poderia consolidar novamente seu poder doméstico. A maioria dos beligerantes pressentiam uma rápida vitória com consequências gloriosas. O entusiasmo patriótico e a euforia presentes no chamado Espírito de 1914 revelavam um grande otimismo para o período pós-guerra.

Culminação da história europeia

A guerra localizada entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia teve como principal (e quase único) motivo o Pan-eslavismo, o movimento separatista dos Bálcãs. O Pan-eslavismo influenciava a política externa russa, principalmente pelos cidadãos eslavos no país e os desejos econômicos de um porto em águas quentes.[7] O desenrolar da Guerra dos Balcãs refletia essas novas tendências de poder das nações europeias. Para os germânicos, tanto as Guerras Napoleónicas quanto a Guerra dos Trinta Anos foram caracterizados por invasões que tiveram um grande efeito psicológico; era a posição precária da Alemanha no centro da Europa que tinha levado a um plano ativo de defesa como o Plano Schlieffen. Ao mesmo tempo a transferência da disputada Alsácia e Lorena e a derrota na Guerra franco-prussiana influenciaram a política francesa, dando origem ao chamado revanchismo. Após a Liga dos Três Impérios ter se desmanchado, a França formou uma aliança com a Rússia, e a guerra por duas frentes começou a se tornar uma preocupação para o exército alemão.

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A crise de Julho e as declarações de guerra

Após o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando em 28 de Junho, o Império Austro-Húngaro esperou três semanas antes de decidir tomar um curso de ação. Essa espera foi devida ao fato de que grande parte do efetivo militar estava na ajuda a colheita, o que impossibilitava a ação militar naquele período. Em 23 de Julho, graças ao apoio incondicional alemão (carta branca) ao Império Austro-Húngaro se a guerra eclodisse, foi-se mandando um ultimato a Sérvia que continha várias requisições, entre elas a que agentes austríacos fariam parte das investigações, e que a Sérvia seria a culpada pelo atentado. O governo sérvio aceitou todos os termos do ultimato, com exceção da participação de agentes austríacos, o que na opinião sérvia constituía uma violação de sua soberania.

Por causa desse termo, rejeitado em resposta sérvia em 26 de Julho, o Império Austro-Húngaro cortou todas as relações diplomáticas com o país e declarou guerra ao mesmo em 28 de Julho, começando o bombardeio à Belgrado (capital sérvia) em 29 de Julho. No dia seguinte, a Rússia, que sempre tinha sido uma aliada da Sérvia, deu a ordem de locomoção a suas tropas. Os alemães, que tinham garantido o apoio ao Império Austro-Húngaro no caso de uma eventual guerra mandaram um ultimato ao governo russo para parar a mobilização de tropas dentro de 12 horas, no dia 31. No primeiro dia de Agosto o ultimato tinha expirado sem qualquer reação russa. A Alemanha então declarou-lhe guerra. Em 2 de Agosto a Alemanha ocupou Luxemburgo, como o passo inicial da invasão à Bélgica e do Plano Schlieffen (estratégia de defesa alemã que previa a invasão da França, Inglaterra e Rússia). A Alemanha tinha enviado outro ultimato, desta vez à Bélgica, requisitando a livre passagem do exército alemão rumo à França. Como tal pedido foi recusado, foi declarada guerra à Bélgica.

Em 3 de Agosto a Alemanha declarou guerra à França, e no dia seguinte invadiu a Bélgica. Tal ato, violando a soberania belga - que Grã-Bretanha, França e a própria Alemanha estavam comprometidos a garantir fez com que o Império Britânico saísse da sua posição neutra e declarasse guerra à Alemanha em 4 de Agosto.

O início dos confrontos

A Tríplice Aliança está representada em castanho, a Tríplice Entente em verde e as nações neutras em pêssego.Algumas das primeiras hostilidades de guerra ocorreram no continente africano e no Oceano Pacífico, nas colônias e territórios

das nações europeias. Em Agosto de 1914 um combinado da França e do Império Britânico invadiu o protetorado alemão da Togoland, no Togo. Pouco depois, em 10 de Agosto, as forças alemãs baseadas na Namíbia atacaram a África do Sul, que pertencia ao Império Britânico. Em 30 de Agosto a Nova Zelândia invadiu a Samoa, da Alemanha; em 11 de Setembro a Força Naval e Expedicionária Australiana desembarcou na ilha de Neu Pommern (mais tarde renomeada Nova Britânia), que fazia parte da chamada Nova Guinéa Alemã. O Japão invadiu as colônias micronésias e o porto alemão de abastecimento de carvão de Qingdao na península chinesa de Shandong. Com isso, em poucos meses, a Tríplice Entente tinha dominado todos os territórios alemães no Pacífico. Batalhas esporádicas, porém, ainda ocorriam na África.

Na Europa, a Alemanha e o Império Austro-Húngaro sofriam de uma mútua falta de comunicação e desconhecimento dos planos de cada exército. A Alemanha tinha garantido o apoio à invasão Austro-Húngara a Sérvia, mas a interpretação prática para cada um dos lados tinha sido diferente. Os líderes do Austro-Húngaros acreditavam que a Alemanha daria cobertura ao flanco setentrional contra a Rússia. A Alemanha, porém, tinha planejado que o Império Austro-Húngaro focasse a maioria de suas tropas na luta contra a Rússia enquanto combatia a França na Frente Ocidental. Tal confusão forçou o exército Austro-Húngaro a dividir suas tropas. Mais da metade das tropas foi combater os russos na fronteira, enquanto um pequeno grupo foi deslocado para invadir e conquistar a Sérvia.

A Batalha Sérvia

O exército sérvio submeteu-se a uma estratégia defensiva para conter os invasores austro-húngaros, o que culminou na Batalha de Cer. Os sérvios ocuparam posições defensivas no lado sul do rio Drina. Nas duas primeiras semanas os ataques austro-húngaros foram repelidos causando grandes perdas ao exército das Potências Centrais. Essa foi a primeira grande vitória da Tríplice Entente na guerra. As expectativas austro-húngaras de uma vitória fácil e rápida não foram realizadas e como resultado o Império Austro-Húngaro foi obrigado a manter uma grande força na fronteira sérvia, enfraquecendo as tropas que batalhavam contra a Rússia.

Alemanha na Bélgica e França

Após invadir o território belga, o exército alemão logo encontrou resistência na fortificada cidade de Liège. Apesar do exército ter continuado a rápida marcha rumo à França, a invasão germânica tinha provocado a decisão britânica de intervir em ajuda a Tríplice Entente. Como signatário do Tratado de Londres, o Império Britânico estava comprometido a preservar a soberania belga. Para a Grã-Bretanha os portos de Antwerp e Ostend eram importantes demais para cair nas mãos de uma potência continental hostil ao país. Para tanto, enviou um exército para a Bélgica, atrasando o avanço alemão.

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Inicialmente os mesmos tiveram uma grande vitória na Batalha das Fronteiras (14 de Agosto a 24 de Agosto de 1914). A Rússia, porém, atacou a Prússia Oriental, o que obrigou o deslocamento das tropas alemãs que estavam planejadas para ir a Frente Ocidental. A Alemanha derrotou a Rússia em uma série de confrontos chamados da Segunda Batalha de Tannenberg (17 de Agosto a 2 de Setembro de 1914). O deslocamento imprevisto para combater os russos, porém, acabou permitindo uma contra-ofensiva em conjunto das forças francesas e inglesas, que conseguiram parar os alemães em seu caminho para Paris, na Primeira Batalha do Marne (Setembro de 1914), forçando o exército alemão a lutar em duas frentes. O mesmo se postou numa posição defensiva dentro da França e conseguiu incapacitar permanentemente 230.000 franceses e britânicos.

A Guerra das Trincheiras

Os avanços na tecnologia militar significaram na prática um poder de fogo defensivo mais poderoso que as capacidades ofensivas, tornando a guerra extremamente mortífera. O arame farpado era um constante obstáculo para os avanços da infantaria; a artilharia, muito mais letal que no século XIX, armada com poderosas metralhadoras. Os alemães começaram a usar gás tóxico em 1915, e logo depois, ambos os lados usavam da mesma estratégia. Nenhum dos lados ganhou a guerra pelo uso de tal artifício, mas eles tornaram a vida nas trincheiras ainda mais miserável tornando-se um dos mais temidos e lembrados horrores de guerra.

Numa nota curiosa, temos que no início da guerra, chegando a primeira época natalícia, se encontram relatos de os soldados de ambos os lados cessarem as hostilidades e mesmo saírem das trincheiras e cumprimentarem-se. Isto ocorreu sem o consentimento do comando, no entanto, foi um evento único. Não se repetiu posteriormente por diversas razões: o número demasiado elevado de baixas aumentou os sentimentos de ódio dos soldados e o comando, dados os acontecimentos do primeiro ano, tentou usar esta altura para fazer propaganda, o que levou os soldados a desconfiar ainda mais uns dos outros.

A alimentação era sobretudo à base de carne e vegetais enlatados e biscoitos, sendo os alimentos frescos uma raridade.

Fim da Guerra

A partir de 1917 a situação começou a alterar-se, quer com a entrada em cena de novos meios, como o carro de combate e a aviação militar, quer com a chegada ao teatro de operações europeu das forças norte-americanas ou a substituição de comandantes por outros com nova visão da guerra e das tácticas e estratégias mais adequadas; lançam-se, de um lado e de outro, grandes ofensivas, que causam profundas alterações no desenho da frente, acabando por colocar as tropas alemãs na defensiva e levando por fim à sua derrota. É verdade que a Alemanha adquire ainda algum fôlego quando a revolução estala no Império Russo e o governo bolchevista, chefiado por Lênin, prontamente assina a paz sem condições, assim anulando a frente leste, mas essa circunstância não será suficiente para evitar a derrota. O armistício que põe fim à guerra é assinado a 11 de Novembro de 1918.

Participação de países lusófonos - Brasil

O nono presidente do Brasil, Venceslau Brás, declara guerra aos Poderes Centrais. Ao seu lado, o ministro interino das Relações Exteriores Nilo Peçanha (em pé) e o presidente de Minas Gerais, Delfim Moreira (sentado).

No Brasil, o confronto foi conhecido popularmente até a 2ª Guerra como a Guerra de 14, em alusão à 1914. No dia 5 de abril de 1917, o vapor brasileiro “Paraná”, que navegava de acordo com as exigências feitas a países neutros, foi

torpedeado, supostamente por um submarino alemão. No dia 11 de abril o Brasil rompeu relações diplomáticas com os países do bloco liderado pela Alemanha. Em 20 de maio, o navio “Tijuca” foi torpedeado perto da costa francesa. Nos meses seguintes, o governo Brasileiro confiscou 42 navios alemães, austro-húngaros e turco-otomanos que estavam em portos brasileiros, como uma indenização de guerra.

No dia 23 de outubro de 1917, o cargueiro nacional “Macau”, um dos navios arrestados, foi torpedeado por um submarino alemão, perto da costa da Espanha, e seu comandante feito prisioneiro. Com a pressão popular contra a Alemanha, no dia 26 de outubro de 1917 o país declarou guerra aos Poderes Centrais.

A partir deste momento, por um lado, sob a liderança de políticos como Ruy Barbosa recrudesceram agitações de caráter nacionalista, com comícios exigindo a “imperiosa necessidade de se apoiar os Aliados com ações” para por fim ao conflito. Por outro lado, sindicalistas, anarquistas e intelectuais como Monteiro Lobato criticavam essa postura e a possibilidade de grande convocação militar, pois segundo estes, entre outros efeitos negativos isto desviava a atenção do país em relação a seus problemas internos.

Assim, devido a várias razões, de conflitos internos à falta de uma estrutura militar adequada, a participação militar do Brasil no conflito foi muito pequena; resumindo-se no envio ao front ocidental em 1918 de um grupo de aviadores do Exército e da Marinha que foram integrados à Força Aérea Real Britânica e de um corpo médico-militar, composto por oficiais e sargentos do exército que foram integrados ao exército francês, tendo seus membros tanto prestado serviços na retaguarda como participado de combates no front. A Marinha também enviou uma divisão naval com a incumbência de patrulhar a costa noroeste da África a partir de Dakar e o Mediterrâneo desde o estreito de Gibraltar, evitando a ação de submarinos inimigos.

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Portugal

Portugal participou no primeiro conflito mundial ao lado dos Aliados, o que estava de acordo com as orientações da República ainda recentemente instaurada.

Na primeira etapa do conflito, Portugal participou, militarmente, na guerra com o envio de tropas para a defesa das colónias africanas ameaçadas pela Alemanha. Face a este perigo e sem declaração de guerra, o Governo português enviou contingentes militares para Angola e Moçambique.

Em Março de 1916, apesar das tentativas da Inglaterra para que Portugal não se envolvesse no conflito, o antigo aliado português decidiu pedir ao estado português o apresamento de todos os navios germânicos na costa lusitana. Esta atitude justificou a declaração oficial de guerra a Portugal pela Alemanha, a 9 de Março de 1916 (apesar dos combates em África desde 1914).

Em 1917, as primeiras tropas portuguesas, do Corpo Expedicionário Português, seguiam para a guerra na Europa, em direcção à Flandres. Portugal envolveu-se, depois, em combates em França.

Neste esforço de guerra, chegaram a estar mobilizados quase 200 mil homens. As perdas atingiram quase 10 mil mortos e milhares de feridos, além de custos económicos e sociais gravemente superiores à capacidade nacional. Os objectivos que levaram os responsáveis políticos portugueses a entrar na guerra saíram gorados na sua totalidade. A unidade nacional não seria conseguida por este meio e a instabilidade política acentuar-se-ia até à queda do regime democrático em 1926.

Consequências - Crimes de Guerra

A limpeza étnica da população armênica durante os anos finais do Império Turco-Otomano é amplamente considerada como um genocídio. Com a guerra em curso, os turcos acusaram toda a população armênica, cristãos em sua maioria, de serem aliados da Rússia, utilizando-se disso como pretexto para lidar com toda a minoria considerando-a inimiga do império. É dificil definir o número exato de mortos do período, sendo estimado por diversas fontes para quase um milhão de pessoas mortas em campos de concentração, excluindo-se as que morreram por outros motivos. Desde o evento os governos turcos têm sistematicamente negado as acusações de genocídio, argumentando que os armênicos morreram por uma guerra estar em curso ou que sua matança foi justificada pelo apoio dado aos inimigos do país.

Tecnologia

A Primeira Guerra Mundial foi uma mistura de tecnologia do século XX com tácticas do século XIX.Muitos dos combates durante a guerra envolveram a guerra das trincheiras, onde milhares de soldados por vezes morriam só

para ganhar um metro de terra. Muitas das batalhas mais sangrentas da história ocorreram durante a Primeira Guerra Mundial. Tais batalhas incluiam Ypres, Vimy, Marne, Cambrai, Somme, Verdun, e de Gallipoli. A artilharia foi a responsável pelo maior número de baixas durante a guerra.

Neste conflito estiveram envolvidos cerca de 65 milhões de soldados e destacaram-se algumas figuras militares, como o estrategista da Batalha do Marne, o general francês Joffre, o general Ferdinand Foch, também da mesma nacionalidade, que veio a assumir o controle das forças aliadas, o general alemão Von Klück, que esteve às portas de Paris, general britânico John French, comandante do Corpo Expedicionário Britânico e o comandante otomano Kemal Ataturk, vencedor na Batalha de Gallipoli contra a Inglaterra e o ANZAC (Austrália e Nova Zelândia).

A guerra química e o bombardeamento aéreo foram utilizados pela primeira vez em massa na Primeira Guerra Mundial. Ambos tinham sido tornados ilegais após a Convenção Hague de 1907. Os aviões foram utilizados pela primeira vez com fins militares durante a Primeira Guerra Mundial. Inicialmente a sua utilização consistia principalmente em missões de reconhecimento, embora tenha depois se expandido para ataque ar-terra e atividades ar-ar, como caças. Foram desenvolvidos bombardeiros estratégicos principalmente pelos alemães e pelos britânicos, já tendo os alemães utilizado zeppelins para bombardeamento aéreo.

A REVOLUÇÃO SOCIALISTA RUSSA

Nem econômica, nem militarmente a Rússia estava preparada para entrar na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Sua participação no conflito, portanto, foi uma sucessão de desastres, com números imensos de mortos e feridos. Além disso, a própria posição política do país na guerra era paradoxal: a Rússia aliou-se aos regimes democráticos da França e da Inglaterra, combatendo os Impérios centrais da Alemanha e da Áustria-Hungria (mais a Turquia).

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No entanto, a Rússia não era uma democracia, mas uma autocracia: o czar (imperador) governava com poderes absolutos. O Parlamento ou Duma, instituído em 1906, mal e mal se opunha a ele. Para complicar, a czarina (imperatriz) era alemã e boa parte da corte simpatizava com a Alemanha, querendo mudar de lado no conflito. Para isso, não hesitavam em sabotar seus próprios exércitos, facilitando as vitórias adversárias.

Não bastasse tudo isso, o czar Nicolau 2º era um homem medíocre e indeciso, que sofria forte influência da esposa, Alexandra. Esta por sua vez estava praticamente dominada por um homem chamado Grigori Rasputin, um camponês que era ao mesmo tempo um místico e um charlatão e que passou a governar a Rússia, nos bastidores.

Rasputin aconselhava, por exemplo, a czarina a nomear um ministro à noite, alegando que Deus lhe transmitiu essa ordem. No dia seguinte, mandava demiti-lo, afirmando que o homem fora possuído pelo demônio. “A corte parece ora o zôo, ora o pátio dos milagres”, escreveu um deputado russo da época.

Repressão policial

Esse governo caótico era mantido à força de violenta repressão policial a seus opositores, que eram muitos e que se manifestavam desde as últimas décadas do século 19, quando a Rússia começou a se industrializar - embora o país permanecesse essencialmente agrário nas primeiras décadas do século 20: 85% de seus 170 milhões de habitantes viviam no campo.

Tentando sublevar os camponeses contra o regime autocrático, existiam grupos ou organizações como os “narodniks” (populistas), socialistas revolucionários e anarquistas, mas não obtiveram grandes êxitos: eram formados por intelectuais de classe média, cuja visão do povo era basicamente idealizada. Havia ainda uma oposição liberal burguesa ao czarismo, que acreditava na possibilidade de criar uma monarquia constitucional e efetivamente parlamentar no país.

O Partido Social-Democrata

Entre os grupos de esquerda, destacou-se - por seu papel histórico - o Partido Social-Democrata, de orientação marxista. Este, porém, como em geral tem acontecido às agremiações marxistas, já surgiu praticamente dividido em dois grupos:

1) Os mencheviques (termo russo que significa “minoria”), que acreditavam que uma revolução socialista só podia acontecer na Rússia depois que essa se tornasse industrializada e capitalista, de acordo com o pensamento original de Karl Marx;

2) Os bolcheviques (que significa “maioria”), que defendiam a revolução imediata, com a implantação de uma ditadura do proletariado, conduzida por um partido operário-camponês, adaptando o pensamento marxista à realidade local.

Antes de prosseguir é importante lembrar que essa nomenclatura não corresponde aos fatos: os mencheviques eram a verdadeira fração majoritária do Partido Social-Democrata. Em sua própria maneira de autodenominar-se, os bolcheviques estavam contando sua primeira mentira. Contariam muitas outras.

A Revolução de março

Convém esclarecer que, quando se fala em indústria e operariado na Rússia de então, fala-se nas grandes cidades: Petrogrado (antiga São Petersburgo, a capital do país), Moscou e Odessa. Era nelas que os problemas econômicos iriam se fazer sentir mais acirradamente e que a miséria crescente iria levar o povo em fúria às ruas, em março de 1917. A revolução russa iniciou-se em Petrogrado, de maneira caótica, sem lideranças definidas. A massa via no fim do czarismo a solução para seus problemas.

As mulheres deram início aos protestos populares, devido ao racionamento de alimentos. Foram seguidas pelos operários, que fizeram greves. A polícia não tinha contingente suficiente para reprimir tantos manifestantes e o governo resolveu apelar ao exército. Os soldados, porém, também insatsifeitos com os rumos da guerra, confraternizaram com o povo. Formou-se o soviete (conselho) de operários e soldados de Petrogrado e criou-se um Comitê Executivo Provisório na Duma (12 de março).

Três dias depois, o czar Nicolau 2º abdicou o trono. Os acontecimentos políticos passaram a se suceder tão rapidamente que se torna impossível não fazer algumas simplificações didáticas. Após a abdicação, formou-se um Governo Provisório presidido, a princípio, pelo príncipe Lvov, e depois por um de seus ministros, Alexander Kerensky, já num um regime republicano. O poder, contudo, era parcialmente dividido com o soviete de operários e soldados de Petrogrado. O caos reinava na nova República russa.

Contudo, por trás do caos aparente, aproveitando-se dele, as elites industriais e financeiras procuravam se impor. Dominando o mercado e estabelecendo preços, estavam se lixando para a miséria das massas. Financiavam o Governo provisório, mas não deixavam de ajudar também a seus próprios opositores mais radicais - os bolcheviques - de modo a salvaguardar-se caso estes últimos conseguissem triunfar (muitos capitalistas, por sinal, conseguiram salvo conduto para deixar o país quando isso aconteceu).

O finaciamento dos bolcheviques pelos capitalistas denota a hipocrisia da política e das relações humanas. Cinismo contra cinismo: “Tenho dinheiro suficiente para me dar ao luxo de sustentar até mesmo meus inimigos”, declarava um dos maiores capitalistas do país, em pleno governo Kerensky. “Eu pegaria o dinheiro do Diabo, se preciso, para servir à revolução”, declarava, com a mesma desfaçatez, o líder bolchevique Vladimir Ilitch Ulianov, que passou à história com seu nome de guerra: Lênin.

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Lênin

Em março de 1917, Lênin amargava o exílio na Suíça, tendo fugido da polícia do czar. Era um homem envelhecido para os seus 47 anos, sofria possivelmente de sífilis, e não acreditava que veria a revolução, à qual dedicara os últimos 27 anos de sua vida.

Os acontecimentos de março na Rússia, porém, deram-lhe novo ânimo. Através da Alemanha, ele retornou a seu país onde chegou em abril, anistiado pelo Governo Provisório. Foi recebido calorosamente por seus correligionários.

Sem dúvida um grande estrategista político, Lênin compreendeu a situação que seu país vivia e percebeu como tornar a revolução dos mencheviques, dos anarquistas, de outros socialistas e dos liberais burgueses na “sua” revolução. Em primeiro lugar, os camponeses russos queriam terra, coisa que o Governo provisório (também sustentado pelos grandes proprietários rurais) não poderia dar. Em segundo lugar, os operários queriam melhorar seu modo de vida, algo para que o capitalismo selvagem vigente no país não iria absolutamente contribuir.

Finalmente, os soldados queriam paz e o Governo provisório, que contava com o apoio da França e da Inglaterra, não podia de maneira nenhuma retirar-se do campo de batalha. Mas Lênin sabia que aquele não era o momento de se opor radicalmente ao Governo provisório, o que poderia favorecer uma reação czarista.

Todo poder aos sovietes

Era preciso atacar os mencheviques sutilmente, utilizando-se do poder paralelo dos sovietes, que, aos poucos, Lênin vai bolchevizar, isto é, converter à sua visão do marxismo, que mais tarde se chamaria leninismo. A prova de que sua estratégia era correta está na breve duração da República burguesa na Rússia: de março a novembro de 1917. Em novembro (pelo calendário russo, outubro), os bolcheviques dariam um golpe de Estado, tomariam o poder e mudariam os rumos do país e da história universal.

Antes disso, porém, Kerensky conseguia se equilibrar no poder. Conseguiu, inclusive, em setembro, frustrar um golpe de direita do general Lavr Kornilóv. Mas, para isso, precisou pedir auxílio aos bolcheviques (o que não deixa de ser uma demonstração de sua fraqueza). Kerensky foi perdendo terreno ao insistir na guerra, ao negar-se a promover uma reforma agrária e a adiar as eleições para uma Assembléia Constituinte que estabelecesse o arcabouço legal do novo país.

Outubro vermelho

Gradualmente, os bolcheviques se infiltravam nos sovietes e aumentavam sua influência junto aos operários e soldados em especial. Lênin foi forçado a deixar o país mais uma vez, mas Trotsky prosseguiu sua obra, dedicando-se especialmente à criação de uma milícia bolchevique: a Guarda Vermelha.

Desse modo, na noite de 6 de novembro (24 de outubro no calendário russo), os bolcheviques tomaram todos os pontos estratégicos de Petrogrado. O Palácio de Inverno do czar, que era a sede do governo, foi bombardeado e Kerensky fugiu, sem contar com tropas para se defender.

O partido dos bolcheviques estava no poder e começou a expedir decretos que, a princípio, pareciam atender aos interesses das massas: suprimiram as grandes propriedades, atribuíram a gestão das terras aos comitês de camponeses, estatizaram fábricas que passaram ao controle dos operários. Isso não significava, porém, que a utopia igualitária do socialismo estava se tornando realidade.

Em primeiro lugar, a oposição ainda era enorme. Em segundo lugar, ao lado dos bolcheviques estavam outros grupos de esquerda, como os socialistas revolucionários e os anarquistas, que não estavam dispostos a concordar com eles em tudo.

Em terceiro lugar, a desordem era generalizada no país.

Vodka e sangue

Para se ter uma idéia dessa última afirmação basta apontar dois fatos: o governo bolchevique resolveu abrir o Palácio de Inverno do czar à visitação pública e o resultado foi o saque de tudo o que havia no local, especialmente das adegas do palácio onde homens e mulheres se embriagaram numa orgia que se estendeu por uma semana.

Conforme relata um historiador trotsquista, Isaac Deutscher, foram necessários sete tentativas de conter a festa, uma vez que só a sétima guarnição destacada para a tarefa conseguiu executá-la - as seis anteriores confraternizaram com o inimigo.

A questão do alcoolismo pode parecer cômica, mas teve um fim trágico: como a população invadia todas as adegas disponíveis e se embriagava, os bolcheviques começaram a dinamitá-las, sem se preocupar em retirar os bêbados lá de dentro.

A repressão aos opositores do novo regime se organizou rapidamente: além da Guarda Vermelha, formou-se a Tcheka - uma polícia política secreta com plenos poderes, comparável à Gestapo nazista. Desde sua criação, a Tcheka era um sinal evidente de que a revolução bolchevista não criaria a utopia socialista, mas o regime totalitário que Stálin comandaria, pouco depois da morte de Lênin, em 1924.

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A REVOLUÇÃO MEXICANA

A Revolução iniciada em 1910 foi um grande movimento popular, anti-latifundiário e anti-imperialista, que foi responsável por importantes transformações no México, apesar da supremacia da burguesia sobre as instituições do Estado.

O Porfiriato

O período de 1876 a 1911 caracterizou-se pela ditadura de Porfírio Diaz, responsável pelo desenvolvimento do capitalismo mexicano, apoiado no ingresso de capitais e empresas estrangeiras e em uma política anti popular. O governo de Diaz foi dominado por uma burocracia positivista - os científicos - responsáveis pelo desenvolvimento do capitalismo associado e pela política repressiva às camadas populares. Apoiou-se ainda no exército, que possuía a função de polícia do Estado e na Igreja Católica, que apesar de estar proibida de possuir propriedades que não se destinassem ao culto, possuía grande liberdade de ação.

A principal base de apoio da ditadura foi a camada latifundiária; estes os grandes beneficiários da política do governo, que eliminou o ejido ( terras comunitárias de origem indígena ) possibilitando maior concentração fundiária e a formação de grande contingente de camponeses superexplorados.

O último pilar de sustentação do governo foi o capital estrangeiro, que durante a ditadura passou a controlar a exploração mineral, petrolífera, as estradas de ferro, bancos, produção e distribuição de energia elétrica, grande parte das indústrias e do grande comércio.

O início da revolução

Do ponto de vista institucional, oficial, considera-se a revolução como o movimento que derrubou a ditadura e possibilitou a ascensão de Francisco Madero em junho 1911. Apesar de originário de uma família de latifundiários, Madero passou a liderar a pequena burguesia urbana, nacionalista, que organizou o movimento “Anti Reeleicionista” Perseguido, foi forçado a exilar-se e tornou-se o símbolo da luta contra a ditadura para as camadas urbanas, inclusive o proletariado.

No entanto, o movimento revolucionário possuía outra dimensão: os camponeses do sul, liderados por Emiliano Zapata, invadiam e incendiavam fazendas e refinarias de açúcar, e ao mesmo tempo organizavam um exército popular. Ao norte, o movimento camponês foi liderado por Pancho Villa , também defendendo a reforma agrária.

Os exércitos camponeses ao longo de 1910 e 1911 ampliaram sua atuação, combateram o exército federal e os grandes proprietários, conquistando vilas e cidades em sua marcha em direção à capital.

A revolução popular

Em novembro de 1911, Zapata define o Plano de Ayala, propondo a derrubada do governo de Madero e um processo de reforma agrária sob controle das comunidades camponesas. O plano defendia a reorganização do ejido, a expropriação de um terço dos latifundiários mediante indenização e nacionalização dos bens dos inimigos da revolução.

A existência de um exército popular organizado e armado era visto como uma ameaça pelo novo governo, pela velha elite e pelos EUA. O avanço popular era contínuo, pois apesar das mudanças no governo, as estruturas sócio econômicas permaneciam sem alterações.

A deposição e assassinato de Madero em 1913 e a ascensão do general Vitoriano Huerta, apoiado pelos porfiristas somente fez crescer as lutas camponesas e desencadeou nas cidades um movimento constitucionalista, que levaria ao poder Venustiano Carranza em 1914.

O governo Carranza adotou uma série de medidas para consolidar as estruturas políticas: promoveu intenso combate às forças populares tanto no sul como no norte do país, adotou medidas nacionalistas que levariam a nacionalização do petróleo ao mesmo tempo em que fez concessões às grandes empresas norte americanas e organizou uma Assembléia Constituinte (excluindo a participação camponesa).

Toda essa situação e a nova Constituição de 1917, considerada extremamente progressista, somente foi possível pela grande pressão popular e pelo envolvimento do México e das grandes potências na Primeira Guerra Mundial.

Constituição de 17, garantia os direitos individuais, o direito à propriedade, leis trabalhistas, reconhecia o ejido e regulava a propriedade do Estado sobre as terras , águas e riquezas do subsolo; e em parte serviu para desmobilizar os camponeses, fato que contribuiu para o assassinato do líder agrarista Zapata.

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O BRASIL ENTRE O MODERNO E O ARCAICO

A Semana da Arte Moderna

A Semana de Arte Moderna ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922, tendo como objetivo mostrar as novas tendências artísticas que já vigoravam na Europa. Esta nova forma de expressão não foi compreendida pela elite paulista, que era influenciada pelas formas estéticas européias mais conservadoras. O idealizador deste evento artístico e cultural foi o pintor Di Cavalcanti.

Em um período repleto de agitações, os intelectuais brasileiros se viram em um momento em que precisavam abandonar os valores estéticos antigos, ainda muito apreciados em nosso país, para dar lugar a um novo estilo completamente contrário, e do qual, não se sabia ao certo o rumo a ser seguido.

No Brasil, o descontentamento com o estilo anterior foi bem mais explorado no campo da literatura, com maior ênfase na poesia. Entre os escritores modernistas destacam-se: Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida e Manuel Bandeira. Na pintura, destacou-se Anita Malfatti, que realizou a primeira exposição modernista brasileira em 1917. Suas obras, influenciadas pelo cubismo, expressionismo e futurismo, escandalizaram a sociedade da época. Monteiro Lobato não poupou críticas à pintora, contudo, este episódio serviu como incentivo para a realização da Semana de Arte Moderna.

A Semana, na verdade, foi a explosão de idéias inovadoras que aboliam por completo a perfeição estética tão apreciada no século XIX. Os artistas brasileiros buscavam uma identidade própria e a liberdade de expressão; com este propósito, experimentavam diferentes caminhos sem definir nenhum padrão. Isto culminou com a incompreensão e com a completa insatisfação de todos que foram assistir a este novo movimento. Logo na abertura, Manuel Bandeira, ao recitar seu poema Os sapos, foi desaprovado pela platéia através de muitas vaias e gritos.

Embora tenha sido alvo de muitas críticas, a Semana de Arte Moderna só foi adquirir sua real importância ao inserir suas idéias ao longo do tempo. O movimento modernista continuou a expandir-se por divulgações através da Revista Antropofágica e da Revista Klaxon, e também pelos seguintes movimentos: Movimento Pau-Brasil, Grupo da Anta, Verde-Amarelismo e pelo Movimento Antropofágico.

Todo novo movimento artístico é uma ruptura com os padrões utilizados pelo anterior, isto vale para todas as formas de expressões, sejam elas através da pintura, literatura, escultura, poesia, etc. Ocorre que nem sempre o novo é bem aceito, isto foi bastante evidente no caso do Modernismo, que, a principio, chocou por fugir completamente da estética européia tradicional que influenciava os artistas brasileiros.

A Reação Republicana

Reação republicana é o nome pelo qual ficou conhecida a chapa de oposição apresentada, em 1921, por alguns estados - Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro e Distrito Federal - contra o candidato à presidência da República apoiado por Minas Gerais e São Paulo. Em março de 1922, seria escolhido o novo presidente da República, que substituiria o paraibano Epitácio Pessoa, no cargo desde 1919.

Seguindo a política do café-com-leite, as oligarquias de Minas e São Paulo lançaram o nome do governador mineiro, Arthur Bernardes, à sucessão presidencial. Insatisfeitos, alguns estados de importância secundária no cenário político-econômico da época - ou que buscavam mais espaço frente à hegemonia mineira e paulista - indicaram o então senador fluminense Nilo Peçanha para a disputa contra a chapa situacionista. Estava formada, assim, a Reação republicana.

Versões para a dissidência

O movimento oposicionista de 1921 evidenciou, pela segunda vez, a crise política provocada pelo controle da máquina pública por parte das oligarquias de Minas Gerais e São Paulo. Ao mesmo tempo, canalizou as insatisfações provocadas pela relativa exclusão política a que estavam condenadas outras elites regionais.

A Reação republicana representou, de forma consistente, mais uma contestação à dinâmica político-eleitoral que dominava a República desde o final do século 19. Algumas versões tentam explicar o movimento de 1921 e estabelecer suas conexões com o quadro mais amplo da política do café-com-leite e da política dos governadores.

A primeira delas atribui a crise não à disputa pela sucessão presidencial em si, mas à indicação do vice na chapa encabeçada pelo candidato apoiado por Minas e São Paulo. Assim, não haveria maiores questionamentos quanto à preponderância desses estados, mas tão-somente no que dizia respeito à participação, ainda que secundária, das demais oligarquias no processo político.

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Outra versão tenta associar o lançamento de Nilo Peçanha à presidência com os interesses de uma camada urbana em franco crescimento no Distrito Federal. Nesse caso, é ressaltado o aspecto populista do então candidato da oposição e a forma como ele se relacionava com sua base político-eleitoral.

Por fim, uma outra corrente de historiadores atribui a Reação republicana aos problemas da economia brasileira do início dos anos 1920. Muito além da insatisfação política, as oligarquias dissidentes, conforme essa versão, sentiam-se prejudicadas pela política econômica que, privilegiando a recuperação financeira do setor cafeeiro, afastava-se dos interesses mais imediatos daquelas forças regionais.

A campanha de Arthur Bernardes

O programa lançado pelo movimento oposicionista defendia: 1) maior independência do Legislativo em relação ao Executivo, o que significava uma crítica à política dos governadores; 2) o fortalecimento das Forças Armadas, o que acabou atraindo os militares para a campanha de Nilo Peçanha; e 3) políticas sociais para a população urbana, o que permitiu o avanço da candidatura oposicionista sobre esse segmento do eleitorado.

No caso dos militares, em particular, sua relação com Epitácio Pessoa vinha se deteriorando desde 1919, já que o presidente, em várias ocasiões, nomeara civis para ocupar cargos militares - por exemplo, o Ministério da Guerra. Em 1920, o ex-presidente Hermes da Fonseca retornara do exterior. Seu prestígio junto às Forças Armadas fez com que seu nome fosse cogitado novamente para a sucessão de 1922.

Embora Nilo Peçanha tenha conseguido emplacar sua candidatura, em detrimento à de Hermes da Fonseca, os militares não apoiaram o candidato da situação. Para isso também pesou bastante o episódio envolvendo supostas cartas que Arthur Bernardes teria escrito criticando os militares e, em particular, o marechal Hermes da Fonseca, eleito, em 1921, para presidir o Clube Militar. Mas tarde, descobriu-se que as cartas eram falsas.

A eleição transcorreu normalmente e, apesar da intensa radicalização política, a vitória do candidato situacionista confirmou-se. Em Pernambuco, eclodiram rebeliões populares contra o resultado das eleições no estado. O governo Epitácio Pessoa enviou tropas para reprimir as manifestações. Hermes da Fonseca envolveu-se no episódio ao manifestar-se contra o envio do Exército para acabar com as rebeliões.

Em seguida, como reposta, o governo decretou a imediata prisão do marechal e o fechamento do Clube Militar. A partir daí, desencadeou-se uma onda de insatisfações dentro das Forças Armadas que culminaria com a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana. Apesar da vitória e da posse, no final de 1922, Arthur Bernardes conviveria com a constante tensão com os militares ao longo de todo o seu governo.

A CRISE DE 1929 E A QUEBRA DA BOLSA

A famosa crise do café que faz parte da história de tantas famílias paulistas que sofreram suas duras conseqüências começa na realidade em 1920, devido ao contínuo, descontrolado e excessivo aumento da produção do café cuja safra chegava a espantosos 21 milhões de sacas para um consumo mundial de 22 milhões.

Já havia uma série de falências e concordatas muito antes da quebra de Wall Street em Outubro de 1929, assim sendo, só em Setembro de

1929 o Correio da Manhã anunciava 72 falências e concordatas! 1927: O Brasil exportou 15.115.000 de sacas de café. 1928: Houve mais uma enorme safra porem a exportação caiu para 13.881.000 sacas (menos 11%) já que os EUA, França, Itália,

Holanda e Alemanha, que compravam 84% da produção brasileira, estavam comprando de outros países irritados com o Brasil, pois a nossa fama de exportador de café era péssima uma vez que aqui se misturavam pedras, terra e gravetos para aumentar o peso das sacas, alem de incluir café de qualidade inferior adulterando o produto final.

Para piorar o contexto, em Outubro de 1929 os fazendeiros ainda estavam exportando a safra de 1927!! e a safra de 1928 estava toda ela retida nos armazéns de valorização de café que eram gerenciados pelo Instituto do Café que fora criado em São Paulo para apoiar financeiramente os fazendeiros paulistas com auxílio do governo federal.

Em Outubro de 1929 o Herald Tribune informava que 2/3 do café consumido no mundo inteiro era produzido em São Paulo e que o café representava ¾ das exportações brasileiras e, por conta da crise mundial, o país estava em precária situação financeira.

Previa-se um déficit de 120.000 contos de réis no orçamento de 1930.

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RESUMO DE CONCURSOS

A falta de planejamento e controle sobre a produção do café era total e suicida, pois o consumo mundial era de 22 milhões de sacas e o Brasil sozinho, produzia essa quantidade sem mercado comprador determinado. 1929: a safra projetada para 13,7 milhões de sacas chega a mais de 21 milhões e a exportação diminuía cada vez mais!

A crise nos EUA começou a 19/10/29 com a dificuldade de se levantar meros US$ 100.000 em fundos do governo americano. A crise arrastou milhões de pessoas na chamada matança dos inocentes (a famosa quinta feira negra de 24/10/29), onde pessoas ingênuas perderam tudo o que possuíam já que, em poucas horas, 12.894.650 ações trocaram de dono provocando uma das quedas de Bolsa de Valores mais drásticas da história e provocando a miséria de milhares de famílias nos EUA. Em Outubro de 1929 o governo federal brasileiro pretendia emprestar US$ 50 milhões para permitir que o Instituto do Café ajudasse os fazendeiros, só que o governo americano recusou o empréstimo, pois não havia mais dinheiro disponível nos EUA para empréstimo externo e a crise de Wall Street alastrou-se para o mundo.

Um empréstimo de emergência de US$ 10 milhões da Schroeder and Company foi feito para alavancar o banco do Estado de São Paulo tendo como único motivo a necessidade de financiar o Instituto do Café de São Paulo e tentar evitar a quebradeira geral dos fazendeiros paulistas. A queda das exportações do café diminuiu as importações de outros produtos e os negócios encolhem e provocam o fechamento de empresas. O comércio e a industria diminuem o movimento com a recessão e como não havia dinheiro na praça as fabricas quebram gerando um enorme desemprego.

O achatamento dos negócios provoca a ruína, a desonra e a desgraça das famílias, outrora abastadas, e muitos fazendeiros se suicidam ao se verem na miséria, alguns em desespero chegam a recorrer ao jogo para tentar salvar o patrimônio do naufrágio final. A derrocada financeira que devasta os EUA, Europa e América Latina piora todo dia gerando o desemprego e a miséria e preparando o cenário para a 2ª guerra mundial.

No Brasil:aparecem notícias de falências, concordatas e tragédias familiares: • No Rio a tradicionalíssima firma Oswaldo Tardim & Cia quebra com um passivo de 3.359.534$900, que era uma enorme

quantia para a época! • Em São Paulo a população está estarrecida com a tragédia do palacete da rua Piauí no bairro de Higienópolis onde o

empresário Abelardo Laudel de Moura de 28 anos, afogado em dívidas se arma com uma navalha e tenta matar a mulher, que consegue escapar, ele degola o filho de 2 anos e a filha e, em seguida, se suicida!

• No interior o café é queimado, pois não há esperança de venda, nem há como arcar com o alto custo da estocagem do café de várias safras que não conseguem mercado consumidor e os grandes fazendeiros naufragam em dívidas e tem que vender as jóias de família para sobreviver.

Esta crise econômica repercute na disputa presidencial já em conflito com a disposição de Washington Luis de romper o Pacto de Ouro Fino celebrado em 1912 que fixara a alternância de São Paulo e Minas Gerais no poder governamental, com a famosa política café com leite ao insistir no nome de seu afilhado político Júlio Prestes de São Paulo em detrimento do mineiro Antonio Carlos que deveria ser o próximo presidente pelo Pacto. A súbita fraqueza econômica de São Paulo é o fato gerador para alicerçar a ambição política de Getúlio Vargas que mantém, dissimuladamente, a aparência de aliado confiável de Washington Luis de quem, aliás, fora Ministro da Fazenda desde o início do governo em novembro de 1926 até o final de 1927 quando Vargas sai do Ministério para assumir o governo do Rio Grande do Sul.

Algumas forças políticas vêm em Vargas a opção para se contrapor a Washington Luís e à política café com leite, opção que evolui no meio efervescente das lutas políticas e interesses de vários personagens como Borges de Medeiros, o Papa Verde, os tenentes de 1922 e 1924 (Siqueira Campos, Juarez Távora, Cordeiro de Farias), o que restara da Coluna Prestes com a facção marxista do Luis Carlos Prestes e Maurício de Lacerda, os comunistas do Paulo de Lacerda, até culminar com a deposição de Washington Luis a 24/10/1930 que acaba com a hegemonia de São Paulo e Minas Gerais e promoverá a instalação de uma nova sociedade no Brasil.

1930, a instalação do governo Vargas acaba com o poder secular de São Paulo e Minas Gerais na política brasileira e muda radicalmente a sociedade constituída pelas grandes famílias agrárias de São Paulo como fonte de poder político e econômico. Getúlio é figurinha carimbada na história do Brasil; sua lembrança tanto serve para os que o odiavam como para os que até hoje o veneram. Para os primeiros, foi o “populista” que produziu um “mar de lama”; para os outros, foi o estadista que implantou um novo modelo de desenvolvimento que, apesar de seus defeitos, perdurou por mais de 50 anos, que bem ou mal incluiu à sociedade do século 20 as massas pobres e sem direitos.

Para entender esta dança do poder no Brasil vamos voltar ao sec. XVII com o poder nas mãos dos engenhos de açúcar do nordeste que abasteciam o mundo, ao sec. XVIII com o poder nas mãos dos mineradores de ouro de Minas Gerais que reconstruíram Lisboa e enriqueceram a Inglaterra, ao sec. XIX com o poder da monocultura do café fazendo os riquíssimos barões de café do Rio de Janeiro sustentarem o Império até ter seu poder anulado pela exaustão das terras e pela abolição da escravidão, ao sec. XX com o poder do café de São Paulo e sua luxuosa belle époque ainda ligada ao poder agrário e chegando aos novos donos do poder a partir de 1930.

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RESUMO DE CONCURSOS

A partir de Vargas, (que é uma conseqüência da Crise de 1929), o contexto social brasileiro se desloca dos grandes fazendeiros e sua estrutura social agrária e se muda para os industriais e comerciantes provenientes de uma mescla de raças/culturas/tradições diferentes, (onde predominam majoritariamente os italianos e os árabes), que se instalam como os novos mandatários do poder e do dinheiro e moldam a dinâmica social urbana da nova sociedade onde a única linguagem sem fronteiras, que todos entendem, é o dinheiro. Essa nova sociedade que se forma no país, e no mundo, segue em uma transformação acelerada até eclodir a 2ª guerra mundial. Porém há que se observar que, em todas estas transformações sociais seculares se mantém o conceito da permanência histórica das elites no comando das mudanças sociais sempre manobrando em proveito próprio.

Entendendo melhor a quebra da bolsa de Nova York

Durante a Primeira Guerra Mundial, a economia norte-americana estava em pleno desenvolvimento. As indústrias dos EUA produziam e exportavam em grandes quantidades, principalmente, para os países europeus.

Após a guerra o quadro não mudou, pois os países europeus estavam voltados para a reconstrução das indústrias e cidades, necessitando manter suas importações, principalmente dos EUA. A situação começou a mudar no final da década de 1920. Reconstruídas, as nações européias diminuíram drasticamente a importação de produtos industrializados e agrícolas dos Estados Unidos.

Com a diminuição das exportações para a Europa, as indústrias norte-americanas começaram a aumentar os estoques de produtos, pois já não conseguiam mais vender como antes. Grande parte destas empresas possuíam ações na Bolsa de Valores de Nova York e milhões de norte-americanos tinham investimentos nestas ações.

Em outubro de 1929, percebendo a desvalorizando das ações de muitas empresas, houve uma correria de investidores que pretendiam vender suas ações. O efeito foi devastador, pois as ações se desvalorizaram fortemente em poucos dias. Pessoas muito ricas, passaram, da noite para o dia, para a classe pobre. O número de falências de empresas foi enorme e o desemprego atingiu quase 30% dos trabalhadores.

A crise, também conhecida como “A Grande Depressão”, foi a maior de toda a história dos Estados Unidos. Como nesta época, diversos países do mundo mantinham relações comerciais com os EUA, a crise acabou se espalhando por quase todos os continentes.

A crise de 1929 afetou também o Brasil. Os Estados Unidos eram o maior comprador do café brasileiro. Com a crise, a importação deste produto diminuiu muito e os preços do café brasileiro caíram. Para que não houvesse uma desvalorização excessiva, o governo brasileiro comprou e queimou toneladas de café. Desta forma, diminuiu a oferta, conseguindo manter o preço do principal produto brasileiro da época. Por outro lado, este fato trouxe algo positivo para a economia brasileira. Com a crise do café, muitos cafeicultores começaram a investir no setor industrial, alavancando a indústria brasileira.

A solução para a crise surgiu apenas no ano de 1933. No governo de Franklin Delano Roosevelt, foi colocado em prática o plano conhecido como New Deal. De acordo com o plano econômico, o governo norte-americano passou a controlar os preços e a produção das indústrias e das fazendas. Com isto, o governo conseguiu controlar a inflação e evitar a formação de estoques. Fez parte do plano também o grande investimento em obras públicas (estradas, aeroportos, ferrovias, energia elétrica etc), conseguindo diminuir significativamente o desemprego. O programa foi tão bem sucedido que no começo da década de 1940 a economia norte-americana já estava funcionando normalmente.

A Aliança liberal e a revolução de 1930

Revolução de 1930 é o nome do movimento (erroneamente identificado como revolução, tendo características mais semelhantes às de um golpe de estado) que pôs fim à Primeira República Brasileira, conhecida popularmente como “República Velha” ou “República do Café com Leite”.

O movimento de 30 insere-se num contexto social e econômico de grande apreensão, não só dentro das fronteiras brasileiras, mas no mundo todo. Com a quebra da Bolsa de Nova Iorque ocorrida em outubro de 1929, inicia-se uma crise econômica de escala mundial, esmagando todas as economias com alguma participação nos mercados internacionais, caso do Brasil e suas exportações de café. É nesse momento que chega a um triste fim a irracional ligação do Brasil com a cultura cafeeira. Além de não ser um gênero de primeira necessidade na dieta de qualquer indivíduo (na verdade, consumido como uma sobremesa nos EUA e Europa), o café ocupava a esmagadora maioria das terras cultiváveis do país, impedindo uma diversidade das suas exportações.

Havia uma óbvia teimosia por parte das elites em redirecionar e modernizar a política econômica brasileira. Além disso, o regime mostrava sinais de desgaste devido às várias revoltas militares ocorridas durante o governo Artur Bernardes (1922-1926). Eleito com a ajuda das oligarquias, ele era claramente impopular perante à opinião pública.

Para as eleições de março de 1930, houve um racha entre as elites políticas de São Paulo e Minas Gerais, que dominavam os rumos do país quase que desde a instituição da República. Ante à insistência do presidente Washington Luís em lançar como candidato o seu apadrinhado político, (o paulista Júlio Prestes) em detrimento daquele programado para a sucessão, Antonio Carlos de Andrada,

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RESUMO DE CONCURSOS

presidente (cargo equivalente a Governador de Estado na época) de Minas Gerais, surge pela primeira vez no período republicano um cenário onde a oposição tinha verdadeiras chances de vitória, com a formação da Aliança Liberal, unindo as oligarquias de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba.

Sob a bandeira da Aliança Liberal, são lançados Getúlio Vargas e João Pessoa, candidatos a presidente e vice-presidente respectivamente. Mais uma vez a fraude eleitoral grassa durante o processo eleitoral (feita por ambos os lados), e novamente a situação leva a melhor, elegendo Júlio Prestes presidente.

A situação econômica insustentável, porém, ia se unir ao estranho assassinato do candidato à vice presidência da Aliança Liberal, João Pessoa, envolvido num caso de lutas políticas regionais misturado a um crime passional. Seu assassinato passa a ser visto e alardeado como manobra do governo para calar qualquer opositor.

Assim estoura a revolta militar, partindo do sul, com o objetivo de derrubar o regime. Junto ao café, a classe que dava apoio ao governo dissolve-se na fumaça das sacas de café queimadas com a finalidade de baixar os preços do produto.

O governo, impopular perante às massas, cai facilmente. Getúlio Vargas assume o poder em caráter provisório a 3 de novembro de 1930. As classes que apareciam logo abaixo dos barões do café, como militares, classe média e operários são alçados à ponta da pirâmide social brasileira. De qualquer modo, a orientação política desses indivíduos não diferia o bastante para que houvesse uma mudança de rumos drástica na condução do país, descaracterizando assim, por completo, o termo “revolução”.

O FASCISMO ITALIANO

Sentimento de nacionalismo humilhado (desde a anexação da Tunísia, pela França, em 1881, e a derrota de Ádua, perante os abissínios, em 1890); sentimento de revolta – após a I Guerra Mundial – contra o não cumprimento integral das promessas dos Aliados. Os italianos receberam menos do que esperavam; inflação, carestia da vida, especulação dos aproveitadores. Queda das exportações e dos negócios. Caos econômico; crescimento do partido socialista (1/3 da Câmara dos Deputados, em 1919). Radicalismo econômico e político dos socialistas (operários socialistas assumem o controle de quase 100 fábricas); influência da filosofia hegeliana: supremacia do Estado. “Nada pelo indivíduo, tudo pela Itália”; fraqueza do regime parlamentar: queda freqüente dos ministérios, pela falta de maioria na Câmara. Luta constante entre os dois maiores partidos. O Socialista e o Popular (católico).

A Revolução Fascista

O movimento fascista começou em 1919. Sua primeira doutrina redigida por Mussolini (antigo agitador socialista), era assaz radical: “sufrágio universal, a abolição do Senado, a instituição legal da jornada de 8 horas, um pesado imposto sobre o capital, o confisco de 85% dos lucros de guerra, a aceitação da Liga das Nações, a oposição a todos os imperialismos, e a anexação do Fiúme e da Dalmácia“.

Em 1920, essa plataforma foi substituída por uma de caráter mais conservador. No novo programa desapareceram os argumentos em prol duma reforma econômica. Condenava-se apenas, dubiamente, “o socialismo dos políticos”, e reclamava-se o cumprimento de algumas promessas feitas pelos aliados durante a guerra. Nenhum dos dois programas trouxe algum prestígio apreciável aos fascistas. Em 1922, quando se apoderaram do governo, os fascistas só possuíam 35 deputados, na Câmara – num total de 500.

Mesmo assim, apesar do seu reduzido número, os fascistas – disciplinados e agressivos – marcharam sobre Roma e tomaram o poder. A famosa “marcha sobre Roma”, dos camisas-pretas (milicianos fascistas), foi apenas simbólica: eles só se arriscaram depois que o rei Vitor Manuel se negou a decretar o estado de sítio, como reclamava Facta, o último democrata.

Em 28 de outubro de 1922, sem disparar um só tiro e sem oposição da polícia, do exército ou do governo, 50.000 camisas-pretas “ocuparam” Roma. O primeiro-ministro demitiu-se e Mussolini foi convidado pelo rei a organizar um novo gabinete. Assim, em meio ao caos do pós-guerra, e pela ausência, em certas camadas do povo italiano, de apego ao regime democrático, os fascistas assumiram o poder, no qual ficaram durante 21 anos.

Características do Fascismo Italiano

Estado corporativo – Fundamentos econômicos, mas subordinação do Capital e do Trabalho ao Estado. Proibição de greves e

locautes. Totalitarismo – Negação dos ideais liberal-democráticos. Absoluta soberania do Estado, que deve ser governado por uma elite

forte e audaz. “A liberdade é um cadáver em putrefação, um dogma cediço da Revolução Francesa”. Só pode existir “um partido fascista, uma imprensa fascista e uma educação fascista”.

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Nacionalismo – O internacionalismo é “uma grosseira perversão do progresso humano”. A nação deve ser grande e forte, “pela auto-suficiência, por um poderoso exército e pela rápida elevação do índice de natalidade”.

Idealismo – O fascismo se opõe à interpretação materialista da história. É, sobretudo, contra o materialismo e dialética dos marxistas.

Romantismo – Antiintelectualismo. Não é a razão que resolve os grandes problemas nacionais, mas “a fé mística, o auto-sacrifício e o culto do heroísmo e da força”. “O espírito fascista é vontade, não intelecto”.

Militarismo – As nações que não se expandem – morrem. “A guerra exalta e enobrece o homem, e regenera os povos ociosos e decadentes”.

“O regime fascista, escreve Taunay, mais oportunista que baseado em considerações doutrinárias, procurando sempre se adaptar às condições do momento, pode ser caracterizado pelo nacionalismo agressivo, pela ação antiparlamentar, pela ambição de adquirir prestígio internacional e conquistar colônias. No poder, não admitiram os fascistas qualquer oposição e assim foi suprimida a liberdade de imprensa, proibido o funcionamento de outros partidos e instituída uma justiça especial para julgamento dos crimes políticos. O desemprego foi combatido com a instalação de organizações profissionais, e com o incentivo do comércio e da indústria, ambos submetidos ao controle governamental: obras públicas, algumas mesmo monumentais, foram realizadas, e assim, de um modo geral, todas as atividades italianas tiveram o apoio do governo, que interferia na atuação da família, das organizações profissionais e a economia”.

Algumas Realizações do Fascismo

Reduziu o analfabetismo; solucionou a contenda com a Santa Sé (tratado de Latrão); eliminou a Máfia, na Sicília; melhorou a

agricultura; intensificou a produção industrial (sobretudo: seda, rayon e automóveis); duplicou a força hidroelétrica; obteve grandes progressos na drenagem de pântanos.

Há, porém, o reverso da medalha. Embora aumentassem as horas de trabalho, o padrão de vida dos assalariados não melhorou. Ademais, a estabilidade e a ordem imposta pelo fascismo exigiram do povo italiano uma esmagadora “uniformidade de pensamento e ação”.

O governo fascista atirou-se a duas dispendiosas aventuras no setor das guerras estrangeiras: A conquista da Etiópia (1935-1936); intervenção aberta (ao lado dos nazistas) na guerra civil da Espanha (1936-1939), em prol de Franco, “representante dos elementos conservadores e fascistas espanhóis (nobreza territorial, clero e forças armadas)”. O governo legal de Madrid foi derrotado e a República Espanhola suprimida.

Todavia, “havia poucos indícios de que quaisquer uns desses empreendimentos tivessem sido bem recebidos pelo povo italiano, ou de que os proveitos para o país viessem a compensar os sacrifícios”.

O NAZISMO

O Partido Nazista

Comunismo, Nazismo, Fascismo, Integralismo e Positivismo são ideologias semelhantes quanto a pedirem um Estado forte, terem uma receita racional ou científica para o desenvolvimento, dependerem ou esperarem por uma guerra ou revolução para domínio mundial, e terem origem em minorias fanáticas extremamente ativas. Essas ideologias (pessoalmente e para meu uso, eu defino “ideologia” como uma tese sociopolítica em adequação a um conceito peculiar de natureza humana), na ordem em que estão citadas, decrescem em sua virulência, embora, sob objetos diferentes, a agressividade do comunismo e do nazismo se equivalham.

Um movimento forte pede outro igualmente forte ou que lhe seja superior, para que seja contido; resulta que ditaduras podem nascer como antíteses umas às outras. O nazismo surgiu em oposição ao comunismo e a ditadura de Vargas, no Brasil, e também o governo militar na década de sessenta e setenta surgiram em oposição aos progressivamente fortalecidos integralismo e comunismo.

O comunismo difere das outras ideologias citadas porque pressupõe uma terra arrasada sobre a qual edificará um novo regime e um novo Estado, enquanto as que a ele se opõem, ao contrário e obviamente, adotam valores como tradição, família, propriedade e, no caso do nazismo, a raça. Quanto ao mais, todas têm em comum alguns aspectos principais como:

1. Um corpo oficial de doutrinas que abarca todos os aspectos da vida individual e social na pretensão de criar um estágio final e perfeito da humanidade; bem como na conquista do mundo tendo em vista uma sociedade nova.

2. Um partido político conduzido por um líder autoritário, que supostamente reúne a elite social e os intelectuais (jornalistas, escritores, cineastas, compositores musicais), os quais sistematizam em planos a ação política e se encarregam da formulação e divulgação do apelo passional ideológico.

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RESUMO DE CONCURSOS

3. Um sistema repressivo secreto baseado no terror, montado para identificar e eliminar indivíduos e movimentos dissidentes.4. Envolvimento político das forças armadas mediante infiltração de agentes, doutrinação do partido, concessão de privilégios e

centralização absoluta do comando. Monopólio quase total de todos os instrumentos de luta armada.5. Controle de todas as formas de expressão e comunicação, desde as artísticas e públicas até os simples contactos particulares

interpessoais.6. Controle centralizado do trabalho e da produção pela politização das entidades corporativas; planejamento rigidamente

centralizado da economia através de planos de produção e destinação de bens.

Origem e características do nazismo

A ameaça de internacionalização do comunismo após a revolução russa de 1917 foi responsável pelo surgimento de governos fortes, ditatoriais ou não, em praticamente todos os países mais adiantados. Enquanto em alguns ocorreu apenas um endurecimento quanto a grupos ativistas socialistas, em outros instalaram-se ditaduras cujas ideologias ou se opunham frontalmente às propostas comunistas, ou buscavam neutralizá-las com medidas de segurança nacional no bojo de um projeto político com forte apelo às massas (o fascismo de Mussolini, o justicialismo de Peron, o sindicalismo de Vargas). O nazismo foi uma proposta de oposição frontal.

O Nacional Socialismo, em alemão Nationalsozialismus, ou Nazismus, foi um movimento totalitário triunfante na Alemanha, em muitos aspectos parecido com o Fascismo italiano, porém mais extremado tanto como ideologia quanto na ação política. O partido político foi batizado Nationalsozialistishe Deutsche Arbeiterpartei com a abreviação Nazi.

Filosoficamente foi um movimento dentro da tradição de romantismo político, hostil ao racionalismo e aos princípios humanistas que fundamentam a democracia. Com ênfase no instinto e no passado histórico, afirmava a desigualdade dos homens e das raças, os direitos de indivíduos excepcionais acima das normas e das leis universais, o direito dos fortes governarem os fracos, invocando as leis da natureza e da ciência que pareciam operar independentemente de todos os conceitos do bem e do mal. Demandava a obediência cega e incondicional dos subordinados aos seus líderes. Apesar de ter sido um movimento profundamente revolucionário, buscou conciliar a ideologia nacionalista conservadora com sua doutrina social radical.

O partido nasceu na Alemanha em 1919 e foi liderado por Adolf Hitler a partir de 1920. Seu principal objetivo era unir o povo de ascendência alemã à sua pátria histórica, mediante sublevações sob a fachada falsa de “autodeterminação”. Uma vez reunida, a raça alemã superior, ou Herrenvolk, governaria os povos subjugados, com eficiência, e a dureza requerida conforme seu grau de civilização.

Figuras intelectuais como o conde de Gobineau, o compositor Richard Wagner, e o escritor Houston Stewart Chamberlain influenciaram profundamente a formulação das bases do Nacional Socialismo com seus postulados de superioridade racial e cultural dos povos “Nórdicos” (Germânicos) sobre todas as outras raças Européias.

Os judeus deviam ser discriminados não por sua religião mas pela “raça”. O Nacional Socialismo declarou os judeus, não importava sua educação ou desenvolvimento social, fundamentalmente diferentes e para sempre inimigos do povo alemão.

Propaganda

As dificuldades econômicas da Alemanha e o a ameaça do comunismo que a classe média e os industriais temiam, foi o que os líderes do partido tiveram em mente na fase de sua implantação e de sua luta por um lugar no cenário político alemão. Para explorar esses fatores Adolf Hitler, o primeiro lider expressivo do nazismo (em 1926 ele suplantou Gregor Strasser, que havia criado um movimento nazista rival no norte da Alemanha) juntou a fé na missão da raça alemã aos mandamentos de um catecismo revolucionário em seu livro Mein Kampf (1925-27), o evangelho da nova ideologia. No livro Hitler enfatiza quais deveriam ser os objetivos práticos do partido e delineia as diretrizes para sua propaganda. Ele salienta a importância da propaganda adequar-se ao nível intelectual dos indivíduos menos inteligentes da massa que pretende atingir, e que ela deve ser avaliada não pelo seu grau de verdade mas pelo sucesso em convencer. Os veículos da propaganda seriam os mais diversos, incluindo todos os meios de informação, eventos culturais, grupos uniformizados, insígnia do partido, tudo que pudesse criar uma áurea de poder. Hitler escolheu a cruz suástica como emblema do nazismo, acreditam alguns de seus biógrafos que devido ao fato de ter visto esse símbolo talhado nos quatro cantos da abadia dos beneditinos em Lambach-am-Traum, na Áustria superior, onde ele havia estudado quando criança.

Repressão

Simultaneamente com a propaganda, o partido desenvolveu instrumentos de repressão e controle dos oponentes. Na fase vitoriosa do partido, esses instrumentos foram o comando centralizado de todas as forças policiais e militares, a polícia secreta e os campos de concentração. Todos os oponentes ao regime eram declarados inimigos do povo e do Estado. Membros da família e amigos deviam ajudar na espionagem para não serem punidos como cúmplices, o que espalhou um temor geral e coibia qualquer crítica ao regime ou aos membros do governo. Por intimidação, a Justiça tornou-se completamente subordinada aos interesses do partido sob a alegação de que aqueles eram interesses do povo.

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Brutalidade

Um espírito de disciplina militar traduzido em um automatismo de obediência assinalado pelo característico bater dos calcanhares impedia, entre militares e civis, a reação às ordens mais absurdas recebidas de qualquer superior hierárquico, o que permitiu à repressão atingir um grau de brutalidade metódica e eficiente nunca vistos. Foi decretada a eliminação não apenas dos judeus, mas de todos que não se conformavam aos padrões de cidadania estabelecidos na doutrina, quer por inconformismo político, quer por defeito eugênico ou falhas morais. Gabriel Marcel, em “Os homens contra o homem”, ressalta a elaborada técnica utilizada para voltar contra si mesmos os judeus, levando-os a aviltar-se e a se odiarem, instigando entre eles disputas por alimento, em que perdiam sua dignidade.

Trajetória do nazismo

O partido nazista chegou ao poder na Alemanha em 1933 e constituiu um governo totalitário chefiado pelo seu único líder Adolf Hitler. Nos anos entre 1938 e 1945 o partido expandiu-se com a implantação do regime fora da Alemanha, inicialmente nos enclaves de população alemã nos países vizinhos, depois nos países não germânicos conquistados. Como movimento de massa o Nacional Socialismo terminou em abril de 1945, quando Hitler cometeu suicídio para evitar cair nas mãos dos soldados soviéticos que ocuparam Berlim.

RETRATOS DO BRASILA REVOLUÇÃO DE 1932

Explode em São Paulo uma revolta contra o presidente Getúlio Vargas. Tropas federais são enviadas para conter a rebelião. As forças paulistas lutam contra o exército durante três meses. O episódio fica conhecido como a Revolução de 1932.

Em 1930, uma revolução derrubava o governo dos grandes latifundiários de Minas Gerais e São Paulo. Getúlio Vargas assumia a presidência do Brasil em caráter provisório, mas com amplos poderes. Todas as instituições legislativas foram abolidas, desde o Congresso Nacional até as Câmaras Municipais. Os governadores dos Estados foram depostos. Para suas funções , Vargas nomeou interventores. A política centralizadora de Vargas desagrada as oligarquias estaduais, especialmente as de São Paulo. As elites políticas, do Estado economicamente mais importante, sentem-se prejudicadas. E os liberais reivindicam a realização de eleições e o fim do governo provisório. O governo Vargas reconhece oficialmente os sindicatos dos operários, legaliza o Partido Comunista e apóia um aumento no salário dos trabalhadores. Estas medidas irritam ainda mais as elites paulistas.

Em 1932, uma greve mobiliza 200 mil trabalhadores no Estado. Preocupados, empresários e latifundiários de São Paulo se unem contra Vargas.

No dia 23 de maio é realizado um comício reivindicando uma nova constituição para o Brasil. O comício termina em conflitos armados. Quatro estudantes morrem: Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo.

As iniciais de seus nomes formam a sigla MMDC, que se transforma no grande símbolo da revolução. E em julho, explode a revolta. As tropas rebeldes se espalham pela cidade de São Paulo e ocupam as ruas. A imprensa paulista defende a causa dos revoltosos. No rádio, o entusiasmo de Cesar Ladeira faz dele o locutor oficial da Revolução . Uma intensa campanha de mobilização é acionada.

Sociedade paulista movimenta-se em apoio à revolução Quando se inicia o levante, uma muldidão sai às ruas em seu apoio. Tropas paulistas são enviadas para os fronts em todo o

Estado. Mas as tropas federais são mais numerosas e bem equipadas. Aviões são usados para bombardear cidades do interior paulista. 35 mil homens de São Paulo enfrentam um contingente de 100 mil soldados. Os revoltosos esperavam a adesão de outros Estados, o que não aconteceu.

Em outubro de 32, após três meses de luta, os paulistas se rendem. Prisões, cassações e deportações se seguem à capitulação. Estatísticas oficiais apontam 830 mortos. Estima-se que centenas a mais de pessoas morreram sem constar dos registros oficiais.

A Revolução de 1932, foi o maior confronto militar no Brasil no século XX. Apesar da derrota paulista em sua luta por uma constituição, dois anos depois da revolução, em 1934, uma assembéia eleita pelo povo promulga a nova Carta Magna.

Getúlio em Itararé, após a Revolução (em todas as cidades aconteceram adesões ao getulismo)No concurso aberto para construção do monumento “Mausoléu do Soldado de 32” (Obelisco), obteve o primeiro lugar o projeto

de Galileu Emendabile, escultor italiano; o engenheiro Mário Pucci foi o responsável pela parte técnica das obras do monumento.

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Esse monumento compõe-se de um obelisco de mármore travertino romano e de uma cripta, em formato de cruz grega. O viaduto que contorna o monumento aos heróis da Revolução de 32, e ainda o que fica próximo ao Pavilhão da Bienal, receberam nomes bastante significativos aos paulistas que veneram os heróis da epopéia de 1932; o general Euclides Figueiredo e o general Júlio Marcondes Salgado.

Teve como contexto político e social a Revolução de 1932. Os reconstitucionalistas, formados por paulistas civis e parte dos militares, brigavam por autonomia política e uma nova

constituição contra os legalistas federais, ligados ao governo Vargas. O estopim da revolução acontece em 23 de maio, mas ela só será irrompida em 9 de julho de 1932. Emendabili construiu o obelisco com 72 metros de altura e esculturas em alto-relevo aplicadas nas faces. Apesar de ter sido

inaugurado em 9 de julho de 1955, próximo ao parque do Ibirapuera, o monumento só foi concluído em 1970.

Revolução de 32

É considerada por muitos como um marco de nossa história republicana – embora, seja um dos episódios menos conhecidos da história recente do Brasil. Tanto as causas que levaram à guerra, como o entendimento de suas conseqüências na sociedade, ainda são discutíveis.

A Revolução de 32 não foi um movimento de elite, embora a elite tenha liderado, o movimento de maior mobilização de massa em nossa história foi predominantemente popular.

As controvérsias sobre a revolução de 32 permanecem como um dos episódios menos conhecidos sobre o Brasil. Não existe outro movimento revolucionário na história do Brasil comemorado por vencidos, é considerada como uma guerra civil e não uma revolução pois o País estava sem um governo legítimo estabelecido.

O movimento armado de 1932 reivindicava o cumprimento dos ideais da Aliança Liberal que havia tomado o poder por meio de um golpe militar em 1930 .Uma facção militar garante o poder a Getúlio Vargas, depondo Washington Luiz, um presidente institucional em fim de mandato que seria posteriormente substituído por Júlio Prestes. Prestes havia vencido as eleições. Vargas destitui pela força das armas um governante eleito com a promessa de “salvar” a nação e terminar com os vícios da “República Velha”.

O golpe militar de 1930 instaura a ditadura ou “Governo Provisório”. Assim que se instala no poder Vargas fecha o Congresso Nacional (Senado Federal e Câmara dos Deputados), destitui as Assembléias Estaduais e Câmaras Municipais, anula a Constituição vigente de 1891 e substitui vereadores, prefeitos, governadores e deputados por delegados de polícia e interventores militares. Instaura-se a censura, perseguições, torturas, prisões e mortes.

A Revolução de 1932 foi principalmente gerada dentro da própria Aliança Liberal que solicitava a convocação de urna Assembléia Constituinte Nacional para a instituição de nova Constituição e retomo do Brasil ao Estado de direito. O governo provisório do ditador preferiu ignorar. “O mesmo grupo político e militar que colocou Vargas no poder se revolta contra a “provisoriedade”, provocando uma cisão dentro da Aliança Liberal e a guerra civil”.

Civis voluntários dos Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Norte, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Bahia, Pará e Amazonas e uma cisão militar no interior das Forças Armadas uniram-se ao fundamental mecanismo de sustentação financeira da Revolução de 32: a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Por intermédio de seus setores produtivos - industriais e operariado - e junto ao comércio de São Paulo converteram-se em eficientes indústrias bélicas.

“Até mesmo as pessoas mais simples doavam seus objetos de valor e principalmente ouro para financiar a guerra, recebendo em troca um anel de ferro simbolizando a participação na Revolução de 32”..

Teve a duração de oitenta e cinco dias (de 09 de julho a 02 de outubro de 1932). Esta Revolução de 1932 assumiu em muitas ocasiões o aspecto de uma luta encarniçada e selvagem. Ódios, paixões e ideais

levavam os dois lados a usarem de quaisquer recursos para abater o adversário. O número de mortos em combate, somente do lado paulista, somou cerca de oitocentos e trinta soldados, quase o dobro dos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira que perderam a vida nos campos da Itália durante a Segunda Guerra Mundial.

Acredito ter sido esta Revolução o único movimento que teve como bandeira uma luta armada a favor de um poder constituinte, ao contrário de todos os outros que, apesar de também terem como objetivo maior a “redenção” do Brasil, foram dirigidos contra um poder constituído.

As características deste movimento são sui generis . Pois não encontramos registros em nossa história de algum outro movimento revolucionário em que a preservação da memória, a comemoração do evento e o culto aos heróis, sejam tradicionalmente realizados pelos vencidos e não pelos vencedores da guerra.

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Outros aspectos importantes referem-se aos seus dois extremos: visto por muitos como o maior movimento armado que já se registrou em território brasileiro, bem como, a maior mobilização popular já ocorrida na história do país.

As pistas e vestígios encontrados nas fotografias, sugerem perguntas e formulam conjecturas, levando a uma (re) exploração de outras fontes historiográficas. Essa característica fotográfica, facilitou a construção de novas leituras, traçadas por outros estudos. Foi possível propor algumas hipóteses interpretativas, com os argumentos sugeridos pelas versões do evento.

Apesar da Revolução de 1932 ser caracterizada como reacionária à de 30, a sua documentação sugere o oposto: demonstra que os revoltosos visavam aos mesmos objetivos que haviam levado a Aliança Liberal ao poder. Por essa razão, as opiniões dos especialistas se dividem. Quem venceu a guerra chama-a de contra-revolução paulista. Quem a perdeu, de revolução.

A Constituição de 1934

A Constituição de 1934 confirmou o nome de Getúlio Vargas para Presidente da República Federativa do Brasil. Visando a melhoria das condições de vida da grande parte dos brasileiros, a Constituição de 1934 criou leis sobre educação, trabalho, saúde e cultura. Fez uma ampliação no direito de cidadania dos brasileiros, possibilitando grande fatia da população, que até então era marginalizado do processo político do Brasil, participar desse processo. A Constituição de 34 na realidade trouxe, portanto, uma perspectiva de mudanças na vida de grande parte dos brasileiros. O que outubro de 1930 representou para o Brasil? Nessa data, terminou a República oligárquica, a Primeira República, que os revolucionários de 30 logo chamaram de República Velha. É bom frisar que antes da Constituição nem tudo era um mar de rosas.

Getúlio Vargas, em uniforme militar, foi levado ao Catete e lá começou o governo Vargas, enquanto o presidente deposto, Washington Luís, ia para o exílio. Iniciou-se um período de muitas transformações na história brasileira. A mudança foi determinada pelo quadro econômico e financeiro mundial, com a grande crise de 1929 e que em alguns casos se prolongou até a Segunda Guerra Mundial. Muitas das decisões do governo Getúlio têm a ver com a crise mundial e suas restrições. As exportações de café caíram, pois havia excesso de produção e queda de consumo; ao mesmo tempo, o Brasil não podia importar mercadorias como no passado, porque não dispunha de recursos em dólares ou em libras inglesas. A própria figura de Getúlio Vargas como personagem político mudou a partir de 1930. Antes, ele era um político gaúcho formado nos quadros da oligarquia do Rio Grande do Sul, com uma carreira tradicional. Quando assumiu o poder, se transformou num personagem centralizador e ao mesmo tempo modernizador do país, com fortes traços autoritários. Á época do Governo Constitucional de Getúlio Vargas, foi um período de efervescência política, uma época de intensas divergências e intensos debates e manifestações populares. Os beneficiados pela nova Constituição, queriam influir nos novos rumos do país. Além do mais, por outro lado surgiam novas resistências, a tais mudanças. Dois novos partidos políticos opostos foram criados: a Ação Integralista Brasileira (AIB) e a Aliança Libertadora Nacional (ALN).

Em oposição à Aliança Integralista , surgiu a Aliança Libertadora Nacional, um partido de esquerda que condenavam os prestígios da elite brasileira e lutava pelos interesses do povo. Este partido era de direita. O de esquerda tinha em seu rol (latifundiários, grandes comerciantes, empresários, na classe média, no clero e nas Forças Armadas). ALN tinha uma força e essa força era o partido comunista com apoio de Luis Carlos Prestes, um dos tenentes que na década de vinte havia liderado revoltas tenentistas conta à velha República. A propriedade privada não era aceita, defendiam a reforma agrária, eram contrário a empresas multinacionais no Brasil. Defendiam a nacionalização das empresas do país. Houve uma profunda alteração na vida política brasileira a que chamamos de “sistema político”. Antes de 1930, o país era controlado por um sistema oligárquico, no qual mandavam apenas uns poucos – as elites políticas, especialmente as dos grandes Estados. Com a centralização política efetivada por Getúlio Vargas, as oligarquias estaduais perderam muito de seu peso. E Carlos Prestes criou um movimento armado que ficou conhecido como Intentona Comunista, que foi esmagada pelas tropas do governo em 1935, fortalecendo o governo de Getúlio. Em 1937 era época de eleição, mas Getúlio falsificou o plano, como o mesmo tivesse sido feito pelos comunistas, para o assassinato de líderes políticos de influência para estancar os movimentos grevistas.

Convenceu os militares que o país estava ameaçado e as Forças Armadas lhe deram todo apoio. Fecharam o Congresso Nacional e em 10 de novembro deu o golpe de estado. Fato totalmente contrário a Constituição que havia sido aprovada. Foi à terceira era Vargas que se chamou de “Estado Novo”. Destitui a Constituição de 1934 e criou uma nova em 1937. Getúlio era um verdadeiro ditador. O Estado Novo só viria se findar com a cúpula militar, que até então apoiara o ditador, não aceitou o rumo dado pelo movimento queremista e depôs o presidente, com a participação de grupos da elite civil. Vargas conservava intacto seu prestígio junto à população e a determinados setores, como a maioria dos industriais. Assim, os que o depuseram não pretenderam colocá-lo fora do jogo político, mas sim tirá-lo do poder central, sem cortar todas suas asas. Getúlio foi deposto em outubro de 1945 e substituído provisoriamente pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro José Linhares (cearense). Seguiram-se as eleições gerais, em dezembro daquele ano.

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A Constituinte

Nas eleições para a Constituinte, realizadas em maio de 1933, o governo estabeleceu um conjunto de regras que aperfeiçoava o processo eleitoral ao mesmo tempo que enfraquecia o poder oligárquico. O estabelecimento do voto secreto diminuía a ocorrência de fraudes e a corrupção eleitoral. Por outro lado, a extensão do direito de voto para as mulheres ampliava o eleitorado. Por fim, a instituição da bancada classista, eleita por sindicatos de patrões e empregados, e composta por 40 delegados, diminuía a influência dos outros 214 representantes eleitos em seus Estados e, em sua maioria, defensores de interesses oligáquicos.

Ao final dos trabalhos, em julho de 1934, a Assembléia Constituinte escolheu Getúlio Vargas para governar o Brasil até 1938. O país ganhava o mais avançado texto constitucional de sua história até então, que estabelecia direitos trabalhistas, garantias individuais e apresentava forte inclinação nacionalista quanto a seus recursos minerais. O presidente conseguia enquadrar as oligarquias no novo arranjo político e assumia um novo mandato com uma nova Constituição.

O PLANO COHEN

O Plano Cohen foi um documento divulgado pelo governo brasileiro em 30 de setembro de 1937, atribuído à Internacional Comunista, contendo um suposto plano para a tomada do poder pelos comunistas. Anos mais tarde, ficaria comprovado que o documento foi forjado com a intenção de justificar a instauração da ditadura do Estado Novo, em novembro de 1937.

O panorama político no Brasil durante o ano de 1937 foi dominado pela expectativa da eleição do sucessor de Vargas, prevista para janeiro do ano seguinte. O presidente, contudo, alimentava pretensões continuístas e nos bastidores articulava o cancelamento do pleito. O pretexto para isso seria a iminência de uma revolução preparada pelos comunistas, conforme informações obtidas pelas autoridades militares.

Em setembro, realizou-se uma reunião da alta cúpula militar do país, na qual foi apresentado o Plano Cohen, supostamente apreendido pelas Forças Armadas. Participaram dessa reunião, entre outros, o general Eurico Dutra, ministro da Guerra; o general Góes Monteiro, chefe do Estado-Maior do Exército (EME); e Filinto Müller, chefe de Polícia do Distrito Federal. A autenticidade do documento não foi questionada por nenhum dos presentes, e dias depois o Plano Cohen seria divulgado publicamente, alcançando enorme repercussão na imprensa e na sociedade ao mesmo tempo em que era desencadeada uma forte campanha anticomunista. O plano previa a mobilização dos trabalhadores para a realização de uma greve geral, o incêndio de prédios públicos, a promoção de manisfestações populares que terminariam em saques e depredações e até a eliminação física das autoridades civis e militares que se opusessem à insurreição.

Vargas aproveitou-se em seguida para fazer com que o Congresso decretasse mais uma vez o estado de guerra e, usando dos poderes que esse instrumento lhe atribuía, afastou o governador gaúcho Flores da Cunha, último grande obstáculo ao seu projeto autoritário. No dia 10 de novembro, a ditadura do Estado Novo foi implantada.

Em março de 1945, com o Estado Novo já em crise, o general Góes Monteiro denunciou a fraude produzida oito anos antes, isentando-se de qualquer culpa no caso. Segundo Góes, o plano fora entregue ao Estado-Maior do Exército pelo capitão Olímpio Mourão Filho, então chefe do serviço secreto da Ação Integralista Brasileira (AIB). Mourão Filho, por sua vez, admitiu que elaborara o documento, afirmando porém tratar-se de uma simulação de insurreição comunista para ser utilizada estritamente no âmbito interno da AIB. Ainda segundo Mourão, Góes Monteiro, que havia tido acesso ao documento através do general Álvaro Mariante, havia-se dele apropriado indevidamente. Mourão justificou seu silêncio diante da fraude em virtude da disciplina militar a que estava obrigado. Já o líder maior da AIB, Plínio Salgado, que participara ativamente dos preparativos do golpe de 1937 e que, inclusive, retirara sua candidatura presidencial para apoiar a decretação do Estado Novo, afirmaria mais tarde que não denunciou a fraude pelo receio de desmoralizar as Forças Armadas, única instituição, segundo ele, capaz de fazer frente à ameaça comunista.

O ESTADO NOVO

No dia 10 de novembro de 1937, o presidente Getúlio Vargas anunciava o Estado Novo, em cadeia de rádio. Iniciava-se um período de ditadura na História do Brasil.

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RESUMO DE CONCURSOS

Alegando a existência de um plano comunista para a tomada do poder ( Plano Cohen ) Getúlio fechou o Congresso Nacional e impôs ao país uma nova Constituição, que ficaria conhecida depois como “Polaca” por ter se inspirado na Constituição da Polônia, de tendência fascista. O Golpe de Getúlio Vargas foi articulado junto aos militares e contou com o apoio de grande parcela da sociedade, pois desde o final de 1935 o governo havia reforçado sua propaganda anti comunista, amedrontando a classe média, na verdade preparando-a para apoiar a centralização política que desde então se desencadeava. A partir de novembro de 1937 Vargas impôs a censura aos meios de comunicação, reprimiu a atividade política, perseguiu e prendeu inimigos políticos, adotou medidas econômicas nacionalizantes e deu continuidade a sua política trabalhista com a criação da CLT em 1943.

O principal acontecimento na política externa foi o desenvolvimento da 2º Guerra Mundial (39-45), responsável pela grande contradição do governo Vargas, que dependia economicamente dos EUA e possuía uma política semelhante à alemã. A derrota do Nazi fascismo contribuiu decisivamente para o fim do Estado Novo.

Em 1939, durante o Estado Novo, Vargas criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), inicialmente sob a direção do jornalista Lourival Fontes.

As funções do Departamento, conforme própria cartilha interna explica, eram de “centralizar, coordenar, orientar e superintender a propaganda nacional, interna ou externa (...) fazer a censura do Teatro, do Cinema, de funções recreativas e esportivas (...) da radiodifusão, da literatura (...) e da imprensa (...) promover, organizar, patrocinar ou auxiliar manifestações cívicas ou exposições demonstrativas das atividades do Governo”. Para enviar aos jornais as notícias sobre os atos do governo, criou-se uma subdivisão do DIP, a Agência Nacional, que fornecia cerca de 60% das matérias publicadas na imprensa, destacando a organização do Estado e os valores nacionalistas, ou seja, responsável por uma propaganda essencialmente ideológica O DIP foi uma das estruturas fundamentais para a manutenção da ditadura varguista, sendo que a propaganda desenvolvida por ele foi responsável por difundir a imagem do progresso e do desenvolvimento associados diretamente à figura de Vargas. A valorização da imagem do líder é uma das características dos regimes fascistas, assim como dos governantes populistas.

OS DIREITOS TRABALHISTAS

Getúlio Vargas, o presidente que ficou mais de 15 anos no poder, suicidou-se em meio a uma crise política. A Era Vargas foi marcada pela ditadura e pela organização dos direitos trabalhistas, muitos deles em vigor até hoje. Alguns foram ampliados, mas pouca gente sabe disso.

Getúlio Vargas saiu da cena política na madrugada do dia 24 de agosto de 1954, com um tiro no coração.O suicídio teve um caráter épico: ele deixou uma carta-testamento em que responsabilizava a oposição que, segundo ele, não

queria que o trabalhador fosse livre. Getúlio escreveu: “Eu vos dei a minha vida. Agora, ofereço a minha morte... serenamente, dou o primeiro passo no caminho da

eternidade e saio da vida para entrar na história”.Sua morte arrastou uma multidão de brasileiros às ruas. O mesmo Getúlio que decretou o estado novo, fechou o Congresso e

impôs um regime semelhante ao fascismo de Mussolini. Era chamado de “o pai dos pobres” porque foi o responsável por algumas conquistas trabalhistas que vigoram até hoje.

Em 1943, editou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), um conjunto de normas criadas desde os anos 30 para proteger o trabalhador.

Getúlio fez uma comissão para estudar a legislação trabalhista e compilar aquelas regras num único texto de lei. As leis criadas no governo de Getúlio Vargas determinaram: - criação do salário mínimo e da carteira de trabalho;- jornada diária de 8 h; - direito a férias anuais remuneradas;- descanso semanal e direito à previdência social;- regulamentação do trabalho do menor e da mulher.

Depois vieram o décimo terceiro salário e o salário família, benefício pago aos trabalhadores que recebem um salário mensal de até R$ 586,19 para ajudar no sustento dos filhos de até 14 anos, e a obrigatoriedade do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o Programa de Integração Social (Pis).

A Constituição de 1988 criou uma lei que garante quatro meses de licença-maternidade, cinco dias de licença-paternidade, jornada de trabalho semanal de 44 h e hora extra de, no mínimo, 50%.

Cinqüenta anos depois da morte de Getúlio, menos da metade dos trabalhadores brasileiros têm carteira assinada. A maioria está empregada no mercado informal, ou seja, sem os benefícios previstos por lei.

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RESUMO DE CONCURSOS

No estúdio, Ana Maria conversou sobre as vantagens e desvantagens dos diversos contratos de trabalho com Celina Coutinho, conselheira do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo.

Conheça os tipos de contrato de trabalho: 1) Contrato com vínculo empregatício: o empregado tem todas as vantagens da CLT, como FGTS, convênio de assistência

médica e férias;2) Contrato temporário: tem as mesmas vantagens do empregado acima, sendo a única diferença o período pré-determinado de

trabalho. Pode ou não ser renovado;3) Pessoa Jurídica (PJ): esse trabalhador precisa abrir uma empresa na Junta Comercial e prestar serviço para a empresa em

questão. O salário é maior do que um empregado registrado, porém não tem os benefícios da CLT.

Tipos de empresa: 1) Empresa limitada: para abrir a empresa, é necessária mais de uma pessoa. Se for apenas um trabalhador, ele pode colocar ser

o sócio principal (com 99% do negócio) e o 1% restante pode ser colocado no nome do pai, da mãe, do irmão, etc. 2) Empresa individual de prestador de serviço: o trabalhador precisa colocar na firma outros ramos de atividades.

Com relação aos impostos: quem tem uma empresa precisa pagar vários impostos, como contribuição sindical, Pis, Cofins e ISS. As taxas são as mesmas para a firma limitada e a individual.

Profissionais liberais (médicos, dentistas, jornalistas, etc.) não podem abrir microempresas.

TESTES:

01. (FGV-2010) Acerca da política trabalhista de Vargas é incorreto afirmar que:a) As medidas referentes às relações capital-trabalho, tomadas durante a Era Vargas, foram, em grande parte, inspiradas na

“Carta del Lavoro” do regime fascista de Mussolini.b) Se consubstanciaram no período algumas conquistas históricas dos trabalhadores, tais como salário mínimo, jornada

de oito horas de trabalho, férias e descanso semanal remunerado e indenização por demissão sem justa causa.c) Foi criado o imposto sindical, instrumento básico de financiamento do sindicato, correspondente a um dia de trabalho e

pago por todo empregado, sindicalizado ou não.d) Os sindicatos tornaram-se completamente independentes do Estado, a partir de decreto-lei que estabeleceu as linhas gerais

dessa independência.e) Para decidir questões envolvendo conflitos trabalhistas foi organizada a Justiça do Trabalho.

RESPOSTA “D”.

02. (ANALISTA JUDICIÁRIO-HISTÓRIA-CESPE-2010) – No Brasil, a CLT - Consolidação das Leis do Trabalho - foi criada pelo Decreto 5452, de 1943, em meio ao governo de Getúlio Vargas, para reunir e sistematizar as leis trabalhistas existentes no país. Tais leis representaram a:

a) Conquista evidente do movimento operário sindical e partidariamente organizado desde 1917, defensor de projetos socialistas e responsável pela ascensão de Vargas ao poder.

b) Participação do Estado como árbitro na mediação das relações entre patrões e trabalhadores de 1930 em diante, permitindo a Vargas propor a racionalização e a despolitização das reivindicações trabalhistas.

c) Inspiração notadamente fascista, que orientou o Estado Novo desde sua implantação em 1937, desviando Vargas das intenções nacionalistas presentes no início de seu governo.

d) Atuação controladora do Estado brasileiro sobre os sindicatos e associações de trabalhadores, permitindo a Vargas criar, a partir de 1934, o primeiro partido político de massas da história brasileira.

e) Pressão norte-americana, que se tornou mais clara após 1945, para que Vargas controlasse os grupos anárquicos e socialistas presentes nos movimentos operário e camponês.

RESPOSTA “B”.

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RESUMO DE CONCURSOS

03. (HISTÓRIA-NCE/UFRJ-2010) – A Era Vargas foi responsável por mudanças significativas na área socioeconômica, dentre elas:

a) A extensão dos direitos trabalhistas à zona rural, fruto da bem sucedida negociação do governo com as oligarquias.b) A criação de imposto sindical, fator de crescimento e independência dos sindicatos frente ao governo.c) A legislação do trabalho, embora com conotações paternalistas e atendendo também às necessidades do capital.d) A defesa intransigente do capital estrangeiro e a ausência de direitos para o trabalhador.e) O retorno à política que via a questão social como caso de polícia.

RESPOSTA “C”.

04. (PUC-2007) – “.... uma das grandes surpresas dos republicanos históricos foi a persistência desse sistema (o coronelismo) que acreditaram ter anulado com a modificação do processo eleitoral....”

Isto quer dizer que, durante a Primeira República, no Brasil:a) As modificações da lei eleitoral foram feitas de acordo com os interesses das oligarquias regionais.b) O domínio das instituições e das diversas leis eleitorais escapava ao controle da Justiça Eleitoral.c) A força das armas garantia, aos coronéis, suas patentes militares, suas fortunas e os votos nas urnas.d) A substituição do critério censitário pelo direito de voto aos brasileiros alfabetizados não conseguiu alterar as regras do jogo

eleitoral.e) As tentativas de estabelecer o sufrágio universal foram bloqueadas pelos interesses dos partidos políticos.

RESPOSTA “D”.

05. Eram características da doutrina defendida pela Ação Integralista Brasileira:a) Defesa da ditadura do proletariado e combate à democracia.b) Liberalismo econômico e autoritarismo político.c) Liberdade de expressão e defesa da reforma agrária.d) Concepção corporativista de sociedade e ideologia nacionalista.e) Ateísmo e perspectiva totalitária.

RESPOSTA “D”.

06. (AGENTE OPERACIONAL-HRSM/DF-MOVENS-2009) – Com relação ao Estado Novo (1937), nos seus aspectos fundamentais, é correto afirmar que:

a) Se caracterizou pela aliança entre Vargas, os EUA e as forças democráticas da Alemanha.b) Se marcou pela preocupação de Vargas em definir ideologicamente o regime para obter o apoio dos EUA.c) Se caracterizou pela não intervenção do Estado no campo econômico e social, criando condições para o agravamento da luta

de classes.d) Se iguala ao fascismo pela grande mobilização popular e existência de um grande partido de massas (PTB).e) Se caracterizou pela centralização absoluta do poder nas mãos do Executivo, representado por Vargas e seus auxiliares

mais próximos, anulando a autonomia federalista dos estados.

RESPOSTA “E”.

07. (ADMINISTRADOR-PROGEP-2008) – O general Góis Monteiro, Ministro da Guerra de Getúlio Vargas, afirmava em uma carta dirigida ao presidente, em 1934: “O desenvolvimento das idéias sociais preponderantemente nacionalistas e o combate ao estadualismo (provincialismo, regionalismo, nativismo) exagerado não devem ser desprezados, assim como a organização racional e sindical do trabalho e da produção, o desenvolvimento das comunicações, a formação das reservas territoriais e milícias cívicas, etc., para conseguir-se a disciplina intelectual desejada e fazer desaparecer a luta de classes, pela unidade de vistas e a convergência de forças para a cooperação geral, a fim de alcançar o ideal comum à nacionalidade”. No trecho dessa carta estão expressos pontos centrais do regime instalado após a Revolução de 1930, entre elas:

a) Organização de milícias estaduais, regulamentação das relações trabalhistas e educação.b) Estímulo à autonomia dos Estados, organização de milícias estaduais e nacionalismo.c) Organização de milícias estaduais, centralização política e educação.d) Centralização política, regulamentação das relações trabalhistas e nacionalismo.e) Estímulo à autonomia dos Estados, regulamentação das relações trabalhistas e educação.

RESPOSTA “D”.

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RESUMO DE CONCURSOS

08. (PUCCAMP-2010) – “Hitler considerava que a propaganda sempre deveria ser popular, dirigida às massas, desenvolvida de modo a levar em conta um nível de compreensão dos mais baixos. â??As grandes massas? Dizia ele, têm uma capacidade de recepção muito limitada, uma inteligência modesta, uma memória fraca. Por isso mesmo, a propaganda deveria restringir-se a pouquíssimos pontos, repetidos incessantemente...Tudo interessa no jogo da propaganda: mentiras, calúnias; para mentir, que seja grande a mentira, pois assim sendo, nem passará pela cabeça das pessoas ser possível arquitetar uma tão profunda falsificação da verdade”. Lenharo, Alcir, Nazismo, “o triunfo da vontade”. 6ª ed., São Paulo, Ática, 1998, p. 47-48.

A respeito do nazismo é correto afirmar:a) Não pode ser definido como um regime totalitário, uma vez que a aceitação de sua doutrina foi conseguida pelo

convencimento das massas populares, através de uma intensa propaganda.b) Utilizou-se da propaganda para construir uma imagem grandiosa da Alemanha, para louvar seu líder Adolph Hitler e para

estimular a perseguição a grupos considerados perigosos, traidores e inferiores à raça ariana.c) Os grandes espetáculos eram espontaneamente organizados pelas massas e contavam com uma diversidade de símbolos e

bandeiras representando a pluralidade étnica característica da Alemanha.d) A celebração procurava interferir na educação da juventude alemã, uma vez que as escolas conseguiram manter-se a salvo das

influências nazistas.e) Apesar da intensa propaganda, o número de parlamentares eleitos pelo partido nazista manteve-se estável na década de 1930,

formando uma ruidosa minoria que só chegaria ao poder pelo golpe de Estado de 1933.

RESPOSTA “B”.

09. (ADMINISTRAÇÃO GERAL-NCE/UFRJ-2009) – “Os verdadeiros chefes não têm nenhuma necessidade de cultura e ciência”. H. Goering“Quando ouço a palavra cultura, ponho a mão no revólver”. J. Goebbels“Os intelectuais são como as rainhas que vivem das abelhas trabalhadoras”. A. Hitler“Sem espírito militar a escola alemã não poderá existir. Um professor pacifista é um palhaço ou um criminoso. Deve ser

exterminado”. Ministro Schewemm - Bavária“Professores alemães ... nenhum menino e nenhuma menina da escola devem sair de vossas aulas sem o sagrado

propósito de ser um inimigo mortal do bolchevismo judeu, na vida e na morte”. F. WeachterContextualizando historicamente as declarações anteriores, de lideranças nazistas na Alemanha, pode-se afirmar que:a) O nazismo não tinha nenhum projeto para as áreas de educação e cultura, pois dentro da perspectiva do culto ao

corpo e da obediência sem questionamentos, aquelas lhes eram completamente indiferentes.b) Ao contrário da produção cultural, à qual eram refratários, os nazistas permitiram a permanência das diretrizes educacionais

da República de Weimar.c) Tanto a educação como a cultura foram áreas enquadradas dentro dos pressupostos básicos do regime transformando-se em

instrumentos ideológicos de controle e propaganda.d) O Estado nazista interveio fortemente somente nas escolas freqüentadas por alunos não arianos e filhos de pais bolcheviques.e) Educação e militarização da sociedade eram projetos excludentes dentro do projeto nazista de dominação.

RESPOSTA “C”.

10. (DEFENSOR PÚBLICO-DPE/RO-FMP-2011) – A política de valorização do café, implementada no decorrer da República Velha, atendia aos interesses dos cafeicultores. Para tanto, utilizava os seguintes instrumentos:

a) Investimentos na produção e desvalorização cambial;b) Compra e queima do excedente produzido e desvalorização cambial;c) Compra e queima do excedente produzido e investimentos na produção;d) Financiamentos para modernização tecnológica e investimentos na produção;e) Compra e queima do excedente produzido e financiamentos para modernização tecnológica.

RESPOSTA “B”.

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RESUMO DE CONCURSOS

11. (LICENCIADO EM HISTÓRIA-UNAMA-2010) – A questão social na Era Vargas assumiu um perfil totalmente diferente do existente na República Velha, na medida em que:

a) O conflito de classes continuava sendo visto pelo governo como um “caso de polícia.”b) A questão social deveria ser racionalizada, controlada pelo Estado, para permitir o desenvolvimento seguro do capitalismo

brasileiro.c) O Estado permitiu total liberdade sindical, não interferindo mesmo nos sindicatos combativos.d) A legislação trabalhista criada na época não tinha características paternalistas.e) O avanço de direitos trabalhistas estendeu-se igualmente aos trabalhadores urbanos e rurais.

RESPOSTA “B”.

12. (FGV-2009) – Sobre a intervenção nas questões do trabalho durante o Estado Novo é correto afirmar que:I. Apresenta uma clara inspiração na Carta del Lavoro (1927).II. Instituiu-se a obrigatoriedade do sindicato único por categoria profissional.III. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não é resultado direto dessa intervenção.IV. As negociações entre empregados e empregadores passam a ser tuteladas pelo Estado através da chamada Justiça do

Trabalho.V. As medidas são favoráveis principalmente para os sindicatos de orientação anarco sindicalista.a) Apenas I, II e III são corretas.b) Apenas II, III e V são corretas. Por demissão sem justa causa.c) Apenas I, II e IV são corretas.d) Apenas III, IV e V são corretas.e) Apenas I, III e IV são corretas.

RESPOSTA “C”.

13. (UNITAU-SP-2011) O crack da Bolsa de valores de Nova Iorque, em outubro de 1929, além de colocar os Estados Unidos numa situação de calamidade, arrastou consigo quase todos os países do mundo.

Apenas um país europeu não foi diretamente afetado pela crise:a) Itáliab) Inglaterrac) Françad) Alemanhae) União Soviética

RESPOSTA “E”.

14. (AGENTE PREVIDENCIÁRIO-IPSERV-PREF. UBERABA/MG-FUNDEP-2008) – “Tentativas de combinar as particularidades nacionais e as tendências artísticas mundiais, a herança cultural e os impulsos de modernização. Tentava-se entender o Brasil para transformá-lo, procurando alimentar-se do que lhe seria particular e do que seria proveniente de fora. Em resumo, devorar o que a cultura ocidental tinha a oferecer, sem perder a identidade nacional.” (Adaptado de Flávio de Campos - Oficina de História. Ed. Moderna - 1999 - p.218)

Assinale a alternativa que identifica corretamente o movimento cultural brasileiro referido no texto acima.a) Movimento Modernista.b) Movimento Indianista.c) Movimento Romântico.d) Movimento Parnasiano.e) Movimento Dadaísta.

RESPOSTA “A”.

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RESUMO DE CONCURSOS

15. “Come ananás, mastiga perdiz. Teu dia está prestes, burguês” (Vladimir Maiakóvski, trad. de Augusto de Campos. Schnaiderman, B. et al. Maiakóvski - Poemas, São Paulo, Perspectiva, 1992, p. 82.).

“Come Ananás... é um exemplo de poesia de luta. Jornais dos dias da Revolução de Outubro noticiaram que os marinheiros revoltados investiam contra o palácio de inverno cantando esses versos. É fácil compreender sua popularidade: o dístico incisivo, de ritmo tão martelado, à feição de provérbios russos, fixava-se naturalmente na memória e convidava ao grito, ao canto.” (Schnaiderman, B. et al. Maiakóvski- Poemas, São Paulo, Perspectiva, 1992, p. 19.).

A poesia citada foi elaborada no contextoa) Da resistência russa ao avanço das tropas de Napoleão no início do século XIX.b) Dos ataques russos à cidade de Stalingrado, tomada pelos nazistas em 1942.c) Dos grupos contrários a Mikhail Gorbatchov em 1991.d) Da revolução socialista na Rússia, em 1917.e) Da invasão russa ao Afeganistão, em 1979.

RESPOSTA “D”.

16. (ENSINO MÉDIO E TÉCNICO-LA SALLE-2009) – Considerando-se as relações internacionais presentes na conjuntura pré-Primeira Grande Guerra, podemos afirmar que:

I. As rivalidades anglo-germânicas foram agravadas pela construção da Estrada de Ferro Berlim-Bagdá.II. As pretensões da Rússia de dominar os Estreitos de Bósforo e Dardanelos aumentaram os seus confitos com o Império

Turco.III. As desavenças entre a Sérvia e o Império Austro-Húngaro estavam diretamente ligadas à disputa pela anexação

da Bósnia-Herzegovina pela Inglaterra.IV. A morte do futuro Imperador Austro-Húngaro, Francisco Ferdinando, em Serajevo, na Bósnia, precipitou o início da

Guerra.V. A união da Inglaterra, França e Japão para formar a Tríplice Entente foi uma maneira de neutralizar a Tríplice

Aliança, que unia Alemanha, Rússia e Itália.Estão corretas as afirmativas:a) Somente I, II e III.b) Somente I, II e IV.c) Somente I, III e V.d) Somente II, III e IV.e) Somente III, IV e V.

RESPOSTA “B”.

17. (PUCCAMP-2011) – I. .... “longe (...) das melodiosas valsas vienenses (...) eram audíveis os lamentos das nacionalidades abortadas pela

prepotência dos grandes impérios....”II. “.... o capitalismo se transformou num sistema de opressão colonial e de asfixia financeira da intensa maioria da

população do globo por um punhado de países avançados....”Aos textos pode-se associar:a) A Comuna de Paris.b) A Primeira Guerra Mundial.c) O conflito Sino-Soviético.d) O Congresso de Viena.e) A política da Santa Aliança.

RESPOSTA “B”.

18. O código eleitoral de 1932 significou um avanço importante em termos de exercício da democracia no Brasil. Entre as medidas nele consagradas estavam:

a) Direito de voto para maiores de 18 anos, direito de voto para os analfabetos, direito de voto para as mulheres.b) Introdução do voto secreto, direito de voto para maiores de 18 anos, direito de voto para analfabetos.c) Criação da justiça eleitoral, voto censitário, direito de voto para maiores de 18 anos.d) Voto censitário, direito de voto para analfabetos, introdução do voto secreto.e) Introdução do voto secreto, criação da justiça eleitoral, direito de voto para as mulheres.

RESPOSTA “E”.

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RESUMO DE CONCURSOS

19. Sobre a política externa desenvolvida pelo governo brasileiro durante o Estado Novo (1937-1945), é correto afirmar:a) Um dos objetivos centrais da política externa do período foi a procura de recursos, em forma de capital e tecnologia, para

promover a industrialização do país. A estratégia adotada foi a da barganha com Estados Unidos e Alemanha.b) A prioridade da política externa do período foi a de encontrar mercados para os produtos brasileiros de exportação,

especialmente o café, de forma a contornar os efeitos da crise econômica deflagrada em 1929. A estratégia adotada foi a do alinhamento incondicional com a Alemanha.

c) Para atender ao seu principal objetivo - a obtenção de recursos externos para promover a industrialização do país - Vargas optou desde 1939 pelo alinhamento incondicional aos Estados Unidos, então maior potência ocidental.

d) O alinhamento incondicional aos Estados Unidos foi a estratégia adotada para garantir um novo mercado consumidor para o café brasileiro. Em troca do apoio às proposições norte-americanas nos organismos internacionais, o Brasil obteve isenção de taxas alfandegárias para o café exportado para os Estados Unidos.

e) As relações diplomáticas nesse período caracterizaram-se pelo alinhamento incondicional à Alemanha, em função da convergência ideológica que aproximava a ditadura varguista do nazismo alemão.

RESPOSTA “A”.

ANOTAÇÕES

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RESUMO DE CONCURSOS

CAPÍTULO 11: GUERRAS E CRISES

A Segunda Guerra Mundial

A Segunda Guerra Mundial ou II Guerra Mundial foi um conflito militar global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do mundo – incluindo todas as grandes potências – organizadas em duas alianças militares opostas: os Aliados e o Eixo. Foi a guerra mais abrangente da história, com mais de 100 milhões de militares mobilizados. Em estado de “guerra total”, os principais envolvidos dedicaram toda sua capacidade econômica, industrial e científica a serviço dos esforços de guerra, deixando de lado a distinção entre recursos civis e militares. Marcado por um número significante de ataques contra civis, incluindo o Holocausto e a única vez em que armas nucleares foram utilizadas em combate, foi o conflito mais letal da história da humanidade, com mais de setenta milhões de mortos.

Geralmente considera-se o ponto inicial da guerra como sendo a invasão da Polônia pela Alemanha Nazista em 1 de setembro de 1939 e subsequentes declarações de guerra contra a Alemanha pela França e pela maioria dos países do Império Britânico e do Commonwealth. Alguns países já estavam em guerra nesta época, como Etiópia e Itália na Segunda Guerra Ítalo-Etíope e China e Japão na Segunda Guerra Sino-Japonesa.[2] Muitos dos que não se envolveram inicialmente acabaram aderindo ao conflito em resposta a eventos como a invasão da União Soviética pelos alemães e os ataques japoneses contra as forças dos Estados Unidos no Pacífico em Pearl Harbor e em colônias ultramarítimas britânicas, que resultou em declarações de guerra contra o Japão pelos EUA, Países Baixos e o Commonwealth Britânico.

A guerra terminou com a vitória dos Aliados em 1945, alterando significativamente o alinhamento político e a estrutura social mundial. Enquanto a Organização das Nações Unidas era estabelecida para estimular a cooperação global e evitar futuros conflitos, a União Soviética e os Estados Unidos emergiam como superpotências rivais, preparando o terreno para uma Guerra Fria que se estenderia pelos próximos quarenta e seis anos. Nesse ínterim, a aceitação do princípio de autodeterminação acelerou movimentos de descolonização na Ásia e na África, enquanto a Europa ocidental dava início a um movimento de recuperação econômica e integração política.

Eventos pré-guerra

A Primeira Guerra Mundial - “feita para pôr fim a todas as guerras” - transformou-se no ponto de partida de novos e irreconciliáveis conflitos, pois o Tratado de Versalhes, assinado em 1919, disseminou entre os alemães um forte sentimento nacionalista, que culminou no totalitarismo nazi-fascista. As contradições se aguçaram com os efeitos da Grande Depressão, e nesse cenário surgiram e se consolidaram vários regimes totalitários na Europa. O germânico de origem austríaca Adolf Hitler - líder do Partido Nazista, que se tornara o Führer do Terceiro Reich - defendia que a Alemanha necessitava mais espaço vital, ou Lebensraum, e pretendia conquistá-lo na Europa Oriental. Esta política, ao lado da contraposição ideológica, o levaria cedo ou tarde ao confronto com a URSS.

Valendo-se da Política de apaziguamento praticada pela Grã-Bretanha do Primeiro-ministro Neville Chamberlain e secundada pela França do presidente Édouard Daladier, Hitler conseguiu, inicialmente, concretizar uma série espantosa de conquistas incruentas: remilitarizou a Renânia, anexou a Áustria, e incorporou os Sudetos, destruindo a Tchecoslováquia. Mas quando avançou sobre a Polônia, os ingleses e franceses reagiram, iniciando-se a Segunda Guerra Mundial.

Hitler na rota da expansão

Logo após o abandono da Liga das Nações (que já se ressentia da ausência dos Estados Unidos e URSS) pelo Japão, foi a vez da Alemanha retirar-se. Anunciando a saída da representação germânica, Hitler declarou que o não desarmamento das outras nações obrigava a Alemanha àquela forma de protesto. Embora na realidade ele simplesmente desejasse furtar-se às peias que a Liga das Nações poderia opor à sua política militarista, o Führer teve o cuidado de reiterar os propósitos pacifistas de seu governo. Aliás, nos anos seguintes, Hitler proclamaria suas intenções conciliatórias em várias oportunidades, como meio de acobertar objetivos expansionistas.

O nazismo fortalecia-se rapidamente na Alemanha. Hitler precisava do apoio de Reichswehr para realizar o rearmamento alemão, mas a maioria dos generais mantivera-se até então numa atitude de expectativa em relação ao novo governo. A pretensão da SA, manifestada por seus chefes em múltiplas ocasiões, de se transformarem em exército nacional, horrorizava os militares profissionais, educados na Escola von Seeckt. Parecia-lhes um absurdo entregar aquela pequena, mas eficientíssima máquina, que era Reichswehr, nas mãos dos turbulentos “camisas pardas”, acostumados apenas a combates de rua. Hitler inclinava-se a dar razão aos generais, o que vinha contra os interesses dos membros da SA mais radicais. Em alguns círculos da milícia nazista, já se falava na necessidade de uma segunda revolução que restituísse ao Partido o ímpeto inicial.

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O capitão Ernst Röhm, grande influenciador das tropas de choque nazistas, a SA, passou então a não só se mostrar mais radical ao Führer, mas ainda a incentivar a deposição de Adolf Hitler e fazer então um novo Putsch. Heinrich Himmler, chefe da SS, que na época era apenas uma subdivisão da SA, entregou a Hitler provas dos planos elaborados por Röhm - uma tentativa de assassinato a todos os grandes nomes do partido nazista, que, segundo os próprios planos, seria conhecido como Noite das facas longas.

Por ordem expressa do Führer, foram realizadas execuções sumárias, realizadas pela SS e pela SD, na noite de 29 para 30 de Junho de 1934. Por ironia, Adolf Hitler deu às execuções o próprio nome idealizado por Röhm, Noite das Facas Longas. Quase todos os líderes da SA, a começar por seu chefe, o Capitão Ernst Röhm, foram passados pelas armas, juntamente com alguns políticos oposicionistas e o General von Schleicher (Kurt, 1882-1934), que era o maior opositor a Hitler no seio da Reichswehr. Tal decisão provocou a morte de algumas centenas de pessoas, muitas das quais eram fiéis do Partido, desde longa data.

Com essas execuções, o Führer atingiu um duplo objetivo: extinguiu os gérmenes da rebelião entre os SA, desde então reduzidos a um papel meramente decorativo, e deu aos generais uma sangrenta garantia de que pretendia conservá-los na direção da Reichswehr. O expurgo fora levado a cabo pela SS, tropas de elite do Partido, ligadas a Hitler por um juramento especial. Esse corpo de homens selecionados, formando uma verdadeira guarda do regime, iniciou naquele dia a ascensão que iria levá-lo, sob a chefia de Heinrich Himmler, ao controle total da vida alemã, em nome de Hitler. Em 1945, quase um milhão de homens tinha envergado o uniforme negro com a insígnia da caveira, partindo de um núcleo que em 1929 contava com apenas 280 elementos.

A Noite das Facas Longas fez a Reichswehr cerrar fileiras em torno de Hitler, que, reforçado por tal sustentáculo, pode então se dedicar a seus planos longamente acalentados.

A primeira tentativa expansionista do III Reich fracassou. Desde sua ascensão ao poder, Hitler vinha incentivando o desenvolvimento de um partido nazista austríaco, como base para uma posterior anexação da Áustria à Alemanha. Nessa época, os austríacos estavam sob o governo ditatorial do chanceler católico Engelbert Dollfuss, inquebrantável defensor da independência de seu país. Em 27 de Julho de 1934, Dollfuss foi assassinado em Viena, por um grupo de nazistas sublevados. Mussolini, temendo que os alemães ocupassem a Áustria, enviou tropas para a fronteira, enquanto a Europa era sacudida por um frêmito de indignação contra a Alemanha. Hitler, porém, recuou, negando qualquer conivência com os conspiradores austríacos. Dollfuss foi sucedido por von Schuschnigg (Kurt Edler, n. 1897), que continuou a política conservadora e nacionalista de seu antecessor.

Reincorporação do Sarre e criação da Luftwaffe

Em 13 de janeiro de 1935, o nazismo obteve seu primeiro sucesso internacional. O Sarre era um antigo território alemão que tivera suas jazidas exploradas pelos franceses, durante 15 anos, como parte das reparações de guerra estabelecidas pelo Tratado de Versalhes. Agora, um plebiscito junto à população decidia, por maioria esmagadora, a reincorporação do Sarre ao Reich. Logo em seguida, em março, Hitler abalava a Europa com duas declarações retumbantes: No dia 9, anunciou a criação da Luftwaffe (Força Aérea) e, no dia 16, o restabelecimento do serviço militar obrigatório, elevando imediatamente os efetivos de Wehrmacht (Força de Defesa, novo nome das forças armadas alemãs), de 100.000 para 500.000 homens. Ambas as declarações foram feitas em sábados, para que seu impacto internacional fosse amortecido pelos feriados dos fins-de-semana.

As potências, alarmadas com o rearmamento germânico, decidiram, na Conferência de Stresa (abril de 1935), formar uma frente antialemã, condenando o repúdio unilateral de qualquer tratado de fronteiras na Europa e garantindo a independência da Áustria. Observe-se, porém, que a declaração de Stresa, subscrita pela Grã-Bretanha, França e Itália, não proibia a alteração de fronteiras fora da Europa, não impedindo a Mussolini a conquista da Etiópia.

Em represália às decisões de Stresa, Hitler denunciou, em 21 de maio de 1935, todas as cláusulas militares do Tratado de Versalhes. Manifestando, como sempre, seus objetivos pacíficos, o Führer restituía à Alemanha a liberdade de ação no campo dos armamentos.

O governo inglês, preocupado com um possível desenvolvimento da marinha de guerra germânica, iniciou negociações secretas com os alemães, sem qualquer consulta à França. Em 18 de junho de 1935, a Europa soube, estarrecida, que Londres permitia aos nazistas a construção de uma frota de alto-mar, equivalente a 1/3 da marinha britânica, com uma proporção ainda maior de submarinos. Tal acordo equiparava a força naval alemã à francesa. A notícia provocou em Paris uma profunda irritação contra os britânicos, que haviam agido em função de seus interesses exclusivos e abandonado a França, diante de uma Alemanha cada vez mais poderosa. Ressentidos com os britânicos, os franceses procuraram então se aproximar da Itália, como um meio de barrar o caminho à Alemanha. O principal propugnador dessa nova orientação política da França foi o Primeiro-ministro francês Pierre Laval.

Mussolini aceitou com entusiasmo a mão que a França lhe estendia, o que vinha servir seus planos imperialistas. O fascismo consolidara-se internamente, e a população italiana atingira um nível de prosperidade material até então jamais alcançado. Fiume fora definitivamente incorporada à Itália, mediante a concordância iugoslava. Satisfaziam-se assim as reivindicações nacionalistas italianas.

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Entretanto, a própria psicologia do fascismo obrigava os dirigentes a estimularem constantemente o povo, conservando-o sempre excitado, a fim de manter o prestígio de Mussolini. O Duce queria evitar que a população italiana se habituasse à rotina, diminuindo o apoio ruidoso que lhe prestava e que afagava sua volúpia de poder. Devido a seu temperamento, era um líder que precisava de grandes gestos e de atos igualmente grandiosos, para alimentar sua enorme vaidade. Embora houvesse feito uma administração de incontestável valor na Itália, isso não lhe bastava. Sua concepção histórica impelia-o a imitar Júlio César, fazendo-o entrar, também, para a galeria dos grandes homens, sob o tríplice rótulo de administrador, estadista e conquistador.

Guerra Civil Espanhola

A Alemanha e a Itália deram apoio à insurreição nacionalista liderada pelo general Francisco Franco na Espanha. A União Soviética apoiou o governo existente, a República Espanhola, que apresentou tendências esquerdistas. Ambos os lados usaram a guerra como uma oportunidade para testar armas e táticas melhores. O Bombardeio de Guernica, uma cidade de 5000-7000 habitantes, foi considerada um ataque terrível na época e usado como uma propaganda amplamente difundida no Ocidente, levando a acusações de “atentado terrorista” e de que 1 654 pessoas tinham morrido no ataque. Na realidade, o ataque foi uma operação tática contra uma cidade com importantes comunicações militares próximas à linha de frente e as estimativas modernas não rendem mais de 300-400 mortos no fim do ataque.

Invasão japonesa da China

A guerra sino-japonesa divide-se em dois grandes períodos: o primeiro deles, denominado de período crítico, teve seu início em julho de 1937 quando os nipônicos lançam sua ofensiva-relâmpago sobre as províncias do Norte e Leste (Hopei, Shantung, Shanxi, Chamar e Suyan) com o objetivo de separá-las da China, seguindo os ditames do “Memorial Tanaka”. Numa audaciosa operação de desembarque, ocuparam mais ao sul Cantão, uns anos depois Hong Kong (que era colônia inglesa) e partes de Macau, nomeadamente Lapa, Dom João e Montanha. Os invasores tiveram seu caminho facilitado por encontrarem pela frente uma China politicamente desorganizada, onde a rivalidade militar entre nacionalistas e comunistas havia sido suspensa a contra gosto, vendo-se ainda subdividida em várias “autoridades locais”, que se mostraram relutantes em oferecer-lhes uma resistência efetiva e coerente.

Mesmo assim Chiang Kai-shek e Mao Tse-tung assinam um acordo em 22 de setembro de 1937, pelo qual os comunistas abandonam seu projeto de um governo revolucionário e passavam a designar sua área de domínio como Governo Autônomo da Região Fronteiriça, enquanto o Exército Vermelho mudou seu nome para ser o Exército Revolucionário Nacional, renunciando a insurgir-se contra o governo de Chiang Kai-shek que, pelo seu lado, comprometeu-se a suspender as operações anticomunistas.

A estratégia japonesa baseava-se em sua mobilidade, fruto do desenvolvimento industrial do país. A ofensiva-relâmpago deles rapidamente ocupou Pequim em 8 de agosto de 1937, em seguida capitularam Tientsin e Shangai. Depois de quebrarem a encarniçada resistência das tropas chinesas, que lhes resistiram por três meses numa batalha nas ruas de Shangai, os japoneses marcharam para dentro do continente e, logo depois, em 13 de dezembro de 1937 entram em Nanquim.

Nanquim, era a antiga capital imperial, e também ex-sede do governo nacionalista de Chiang Kai-shek. Os soldados japoneses sob o comando do general Iwane Matsui realizaram a partir de dezembro de 1937 a invasão de Nanquim, onde a população foi submetida à mais extrema barbaridade. Um ano depois de terem tomado a ofensiva, os nipônicos controlam amplas margens do Mar da China, ocupando uma boa parte da costa, na tentativa de isolar o país de qualquer auxílio ocidental. Apesar da simpatias americanas e britânicas inclinarem-se para os chineses, devido à rivalidade colonial que tinham com os nipônicos pela hegemonia sobre a Ásia, nada podem fazer de prático para ajudá-los.

Este período de seguidos triunfos japoneses chegou ao seu clímax com a invasão de outras partes da Ásia pelo Exército e pela Marinha Imperial (Indochina, Indonésia, Malásia, Filipinas e Birmânia), seguida da desastrosa decisão do Micado de estender a guerra aos Estados Unidos.

A guerra

Em 1936, o governo japonês assinou com a Alemanha o Pacto Anti-Komintern (anticomunista) com o objetivo de combater o comunismo soviético, sendo a URSS a principal liderança comunista da Europa e Ásia. Devido a cultura militarista do Japão, um país de poucos recursos, eles planejaram conquistar todos os territórios da Ásia, o que incluía, a Coreia, a China e as ilhas do Pacífico. Porém o Tratado de Versalhes impedia as ambições japonesas, o que eles consideravam uma traição por parte das potências vencedoras da 1ª Guerra, pois o Japão ficou do lado delas, então eles se aliaram a Alemanha, cuja política expansionista ia ao encontro das ambições japonesas de conquistas territoriais.

O ataque japonês à base naval americana de Pearl Harbour em 7 de dezembro de 1941, obrigou o império do Sol Nascente a espalhar os seus recursos militares pelo Pacífico Ocidental, declinando como consequência disso as atividades bélicas no fronte da China.

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No segundo período, que vai de dezembro de 1941 até agosto de 1945, os Estados Unidos assumem a tarefa de derrotar os japoneses, enquanto os exércitos nacionalistas chineses atuam apenas em pequenas escaramuças visando à fixação e ao desgaste do inimigo.

Consciente da sua absoluta inferioridade militar e estratégica, Chiang Kai-shek após sete meses de infrutífera resistência, ordenara a adoção da política de “vender espaço para ganhar tempo”, que implicava na renúncia de enormes extensões territoriais chinesas. Ao mesmo tempo em que recuavam, as tropas nacionalistas dedicaram-se à tática da destruição sistemática da infra-estrutura rural e urbana das regiões que fatalmente seriam ocupadas pelos invasores (semelhante à estratégia batizada de “terra devastada” que Stalin usou para enfrentar as tropas nazistas), tal como a explosão de diques do Rio Amarelo, que provocou a inundação de milhares de quilômetros quadrados de terras aráveis, arrasando e arruinando por muitos anos as propriedades camponesas, mas que somente atrasou o japoneses em três meses, ou o incêndio precipitado de Changsha, a capital de Hunan (fruto do pânico das tropas chinesas em debandada).

Mas havia outro motivo para Chiang Kai-shek evitar confrontar-se com os japoneses. Ele desejava preservar suas forças militares (e as armas que recebia dos Estados Unidos) para lutar contra o Exército Popular de Mao Tse-tung, na guerra civil que certamente eclodiria, após a expulsão dos japoneses. Foi uma decisão que acabou se revelando equivocada, pois enquanto os nacionalistas recuavam, o Exército Popular continuou fustigando os japoneses, granjeando a simpatia e o apoio dos camponeses chineses (apoio que se mostraria decisivo na guerra civil).

A estratégia de “luta de longa duração” contra os japoneses, adotada por Mao, fez crescer o número de camponeses que aderiram à guerrilha, enquanto nas zonas controladas pelo Kuomintang, eles se mostravam arredios em colaborar, pois além da brutal repressão japonesa, calcada nos “três tudo - “matar tudo, queimar tudo, destruir tudo” (Sanko Sakusen) -, o exército nacionalista cometia saques, confiscos e conscrições forçadas.[7]

Além disso, ao optar por evitar o combate, Chiang tornou desconfortável a ajuda que recebia tanto dos estadounidenses quanto da URSS, que também era sua aliada, apesar do Exército Popular ser dirigido pelo Partido Comunista Chinês.

Guerra na Europa

O plano de expansão do governo envolvia uma série de etapas. Em 1938, com o apoio de parte da população austríaca, o governo nazista anexou a Áustria, episódio conhecido como Anschluss. Em seguida, reivindicou a integração das minorias germânicas que habitavam os Sudetos (região montanhosa da Tchecoslováquia). Como esta não estava disposta a ceder, a guerra parecia iminente, foi então convocada uma conferência internacional em Munique. Na conferência de Munique, em setembro de 1938, britânicos e franceses, seguindo a política de apaziguamento, cederam à vontade de Hitler, concordando com a anexação dos Sudetos.

O exército alemão lançou uma forte ofensiva de surpresa contra a Polónia, com o principal objectivo de reconquistar seus territórios perdidos na Primeira Guerra Mundial e com o objetivo secundário de expandir o território alemão. O ataque começa às 4h45 da madrugada de 1 de Setembro de 1939, quando os canhões do cruzador alemão SMS Schleswig-Holstein abream fogo sobre as posições polacas em Westerplatte, na então Cidade Livre de Danzig, hoje Gdansk.

As tropas alemãs conseguiram derrotar as tropas polacas em apenas um mês. A União Soviética tornou efetivo o acordo (Ribbentrop-Molotov) com a Alemanha nazi e ocupou a parte oriental da Polónia. A Grã-Bretanha e a França responderam à ocupação declarando guerra à Alemanha mas, apesar dos compromissos que haviam assumido para com a Polônia, nada fizeram para ir em socorro do país, limitando-se a formar uma linha defensiva para enfrentar um possível ataque alemão a oeste. A Itália, nesta fase, declarou-se “país neutro”.

Contrastando com o que aconteceu em 1914, quando trens ou comboios de soldados partiam para a guerra enfeitados de flores e sob aplausos da multidão, os povos das nações que iniciaram a Segunda Guerra Mundial não demonstraram euforia com o reinício da matança na Europa.

Quando Hitler anunciou no Reichtag, em 1 de setembro de 1939, a guerra contra a Polônia, as ruas de Berlim se mantiveram mortalmente silenciosas. As pessoas estavam sisudas, oprimidas pela preocupação com o futuro. Aceitaram o que estava acontecendo com resignação pacífica, como uma fatalidade que não podiam evitar, mas sem nenhum entusiasmo.

A 10 de Maio de 1940, após um período de ausência de hostilidades - a “Falsa guerra” - o exército alemão lançou uma ofensiva contra os Países Baixos, dando início à Batalha da França. Os alemães visavam a contornar as poderosas fortificações francesas da Linha Maginot, construídas anos antes na fronteira da França com a Alemanha. Com os britânicos e franceses julgando que se repetiria a guerra de trincheiras da Primeira Guerra Mundial, e graças à combinação de ofensivas de pára-quedistas com rápidas manobras de blindados em combinação com rápidos deslocamentos de infantaria motorizada (a chamada “guerra-relâmpago” - Blitzkrieg, em alemão), os alemães derrotaram sem grande dificuldade as forças franco-britânicas, destacadas para a defesa da França. Nesta fase, ocorre a famosa retirada das forças aliadas para o Reino Unido por Dunquerque. O Marechal Pétain assumiu então a chefia do governo na França, que ficou conhecido como o governo de Vichy, assinou um armistício com Adolf Hitler e começou a colaborar com os alemães. Aproveitando-se da situação, a Itália fascista, de Benito Mussolini, declarou guerra aos franco-britânicos e ordenou a invasão do sul da França (Batalha dos Alpes).

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Guerra na África

A Setembro de 1940, após a tomada da França pelas forças alemãs, as tropas italianas destacadas na Líbia sob o comando do Marechal Graziani, uma vez livres da ameaça das forças francesas estacionadas na Tunísia iniciaram uma série de ofensivas contra o Egito, então colônia da Grã-Bretanha, com vista a dominar o canal de Suez e depois atingir as reservas petrolíferas do Iraque, também sob domínio britânico.

Os efetivos ingleses destacados no norte da África e que compunham o então designado XIII Corpo de Exército, comandado pelo General Wavell, após alguns reveses iniciais realizaram uma espetacular contra-ofensiva contra as forças italianas que, apesar de sua superioridade numérica foram empurradas por 1200 km de volta à Líbia, perdendo todos os territórios anteriormente conquistados. Esta derrota custou aos italianos a destruição de 10 divisões, a perda de 130.000 homens feitos prisioneiros, além de 390 tanques e 845 canhões.

Como a situação que surgia na África era crítica para as forças do Eixo, Adolf Hitler e o Oberkommando der Wehrmacht (OKW) decidiram enviar tropas alemãs a fim de não permitir a completa desagregação das forças italianas. Cria-se dessa forma em Janeiro de 1941 o Afrika Korps (Corpo Expedicionário Alemão na África), cujo comando foi passado ao então Leutenantgeneral (Tenente-General) Erwin Rommel, que posteriormente se tornaria uma figura legendária sob a alcunha de “A Raposa do Deserto”. Foram enviadas a África duas divisões alemãs em auxílio aos Italianos, a 5a. Divisão Ligeira e a 15a. Divisão Panzer.

Os alemães, sob o hábil comando de Rommel, conseguiram reverter a iminente derrota italiana e empreenderam uma ofensiva esmagadora contra as forças britânicas enfraquecidas (muitos efetivos britânicos haviam sido desviados para a campanha da Grécia, então sob pressão do Eixo) empurrando-as de volta à fronteira egípcia. Após uma sucessão de batalhas memoráveis como El Agheila, El Mechili, Sollum, Gazala, Tobruk e Marsa Matruh os alemães e italianos são detidos por falta de combustível e provisões na linha fortificada de El Alamein, uma vez que o Mediterrâneo encontrava-se sob domínio da marinha britânica. Finalmente, a Outubro de 1942, após 4 meses de preparação os Britânicos contra-atacaram na Segunda Batalha de El Alamein, sob o comando do General Montgomery.

Rechaçadas pelas bem supridas forças britânicas, as tropas ítalo-alemãs iniciaram um grande recuo de volta à Líbia de forma a encurtar suas linhas de suprimento e ocupar posições defensivas mais favoráveis. Entretanto, dias depois, a 8 de Novembro, as forças do Eixo recebem a notícia de que estão sendo cercadas pelo oeste por forças norte-americanas do 1o. Exército Aliado que haviam desembarcado em Marrocos através da Operação Tocha. Pelo leste, o 8o. Exército Britânico continua o seu avanço, empurrando as forças ítalo-alemãs para a Tunísia. Finalmente, cercado pelos exércitos americano e britânico e sem a guia de seu audacioso comandante, pois Rommel havia sido hospitalizado na Alemanha, o “Afrika Korps” e o restante do contingente italiano na África do Norte, totalizando mais de 250 mil homens e reduzidos à inatividade pela falta de suprimentos e de apoio aéreo, se rendem aos aliados na Tunísia em maio de 1943, dando fim à guerra na África.

O calcanhar de Aquiles de Rommel na África do Norte era o reabastecimento. O transporte das tropas e suprimentos italianos e alemães era feito por mar, e os homens da marinha mercante partiam para a África para proverem as tropas de alimentos, roupas, água, armas, munições e combustível, devendo então empreender uma jornada de quinhentos quilômetros da Sicília, no sul da Itália, até a Tripolitânia, no norte da África. Mas, para que a guerra do deserto fosse vencida pelo Eixo, o domínio marítimo do Mediterrâneo era um fator prepoderante, e seu principal adversário neste aspecto era a Marinha Real da Grã-Bretanha.

Em 22 de julho de 1941,o cargueiro alemão Preussen parte da Itália rumo à África do Norte. No caminho, é posto a pique por um esquadrão de bombardeiros Bristol Blenheim da RAF. Com ele afundam 200 dos 650 soldados e tripulação a bordo. Além de perdas humanas, vão para o fundo do mar mil toneladas de alimentos, seis mil toneladas de munições, mil toneladas de gasolina e 320 tanques e caminhões de transporte que seriam usados pelas tropas do Eixo. Muitos outros navios como o Arta, o Aegina, o Iserlohn, o Samos, o Larissa, o Birmânia, o Arcturus, o Citá di Bari, dentre outros, tiveram o mesmo destino do Preussen, pois o Mediterâneo tornou-se um cemitério de homens e máquinas que tentavam chegar à África.

Na convergência de todos esses desastres estava a ilha de Malta, principal ponto de apoio das forças aéreas e navais britânicas no Mediterâneo. Malta foi tomada do domínio francês pelos britânicos em 1800 e desde então era parte da Coroa Britânica, sendo uma base naval da Marinha Real. Percebendo a importância estratégica da ilha, os britânicos tornaram-na cada vez mais fortificada, transformando sua retomada pelos italianos em uma tarefa a cada dia mais improvável. Apesar dos bombadeios alemães e italianos, Malta resistia, e, com as pesadas perdas sofridas pelos alemães na tomada da ilha de Creta, Hitler decidiu não mais arriscar suas tropas para tomar Malta. Essa decisão acabou acarretando o afundamento de até 77% dos navios do Eixo que cruzaram o Mediterrâneo. Com as tropas mal supridas, a derrota dos italianos e do Afrika Korps foi inevitável.

Invasão da União Soviética

Frente do Leste, na altura da Batalha de Moscou: • Avanço inicial da Wehrmacht - 9 de julho de 1941• Avanços subsequentes- 1 de setembro, 1941• Cerco e batalha de Kiev - 9 de setembro, 1941• Final do avanço da Wehrmacht - 5 de dezembro, 1941

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Em 22 de junho de 1941, os exércitos do Eixo lançam-se à conquista do território soviético com a chamada Operação Barbarossa. Contavam com 180 divisões, entre tropas alemãs, italianas, húngaras, romenas e finlandesas, num total de mais de três milhões e meio de soldados. A estes se opunham 320 divisões soviéticas, num total de mais de seis milhões de homens, porém apenas 160 destas divisões estavam situadas na região de fronteira com a Alemanha Nazi. Grande parte das tropas soviéticas estava na região leste do país, na fronteira com a China ocupada, antecipando a possibilidade de mais um ataque japonês contra a União Soviética, conforme acontecera em março de 1939.

A ofensiva era amplamente esperada, pois a invasão da União Soviética fazia parte do discurso nazista desde o surgimento do partido, tendo sido fortemente pregada por Adolf Hitler em seu livro “Mein Kampf” e em diversos de seus pronunciamentos políticos anteriores até mesmo ao início da guerra. Relatórios de serviços secretos davam conta da iminência da invasão, partindo não somente da espionagem soviética mas também de informações obtidas pelos ingleses e norte-americanos. A mobilização de grande número de tropas alemãs para a região de fronteira também foi percebida. Os soviéticos já vinham tomando medidas contra a invasão desde a década de 1930, aumentando exponencialmente o contingente de seu exército.

Apesar de tudo isto, a invasão começa a 22 de junho de 1941. Veio como uma surpresa, pois não se esperava que a Alemanha atacasse a URSS antes que o Reino Unido se retirasse da guerra, conforme se previa. O resultado disto foi uma enorme vantagem tática para as tropas alemãs nos primeiros dias da guerra, o que permitiu o envolvimento de grande número de divisões do exército vermelho e a destruição de grande parte dos aviões soviéticos ainda nas suas bases, antes mesmo que conseguissem levantar voo.

As tropas do Eixo foram divididas em três grupos de exércitos: norte, central e sul. O grupo norte atravessou os países bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia) e marchou contra Leningrado , que foi atacada ao mesmo tempo pelos finlandeses, mais ao norte, numa atitude de revanchismo por parte destes. A cidade foi completamente cercada a 8 de setembro de 1941; a partir de então só foi possível abastecê-la pela rota que atravessava o lago Ladoga, constantemente vigiada pelos aviões alemães. O resultado foi uma grave crise de fome, que segundo as estimativas teria vitimado por volta de um milhão de civis e provocou alguns episódios de canibalismo. A partir de 20 de novembro de 1941, foi possível estabelecer uma rota segura para Leningrado através do lago congelado, devido à recaptura do eixo ferroviário na cidade de Tikhvin, o que permitiu a evacuação de civis, melhorando a situação da cidade. O cerco de Leningrado só foi completamente levantado em Janeiro de 1944.

O exército central foi o que progrediu mais rapidamente, tendo conquistado completamente a cidade de Minsk a 29 de junho de 1941, operação que resultou na captura de 420 mil soldados do exército vermelho. A ofensiva prosseguiu com o grupo central marchando através da Bielorússia até atingir a cidade de Smolensk, penetrando finalmente no território da Rússia propriamente dita. Aqui o avanço das tropas alemãs foi interrompido pela primeira vez, dada a forte resistência oposta pelas tropas soviéticas, porém a cidade foi conquistada a 16 de julho.

O exército sul prosseguiu mais vagarosamente do que os outros dois, sendo forçado a combater no terreno dos pântanos Pripet, o que reduzia a velocidade dos avanços. Apesar disso, conseguiu empurrar o grupo sul do exército vermelho até a cidade de Kiev, onde seu avanço foi interrompido. Aproveitando-se do fato de que o exército central havia avançado muito mais adiante, os alemães deslocaram boa parte desse segundo grupo de exércitos para o sul, conseguindo assim envolver um enorme grupo de divisões no que ficou conhecido como o bolsão de Kiev. O resultado foi a captura de 700 mil soldados soviéticos, o que resultou praticamente na destruição do grupo sul do exército vermelho. A luta pela captura da capital da Ucrânia prosseguiu até 26 de setembro.

Após esta operação, o grupo sul do exército lançou-se à captura da península da Crimeia. Esta operação seria concluída a 30 de outubro, com o cerco da cidade de Sebastopol que, no entanto, só foi capturada em Julho de 1942. A cidade de Odessa, sitiada por tropas romenas desde os primeiros dias da guerra, só foi tomada em setembro. Após capturar o território da Crimeia, os alemães voltaram-se para o Cáucaso, chegando a tomar Rostov a 21 de novembro. Entretanto, a cidade foi retomada pelos soviéticos poucos dias depois, a 27 de novembro.

As tropas do exército central uniram-se a várias unidades do grupo norte e iniciaram a operação que tinha por objetivo envolver a cidade de Moscou, a 30 de setembro de 1941. Inicialmente as tropas do eixo prosseguiram com velocidade, capturando Bryansk, Orel e Vyazma, numa batalha em que foram cercados e capturados 650.000 homens, no que seria o último grande envolvimento em 1941. As tropas alemãs continuaram avançando até capturarem a cidade de Tula, a 165 quilômetros da capital russa, que passou a sofrer bombardeamentos aéreos. Entretanto, o avanço do exército alemão foi barrado, e as pinças norte e sul do ataque não puderam se encontrar, fechando o cerco. Apesar das gigantescas perdas que o exército vermelho havia sofrido, os soviéticos conseguiram formar novas divisões de conscritos, trazendo também para a frente oeste tropas anteriormente localizadas na região leste do país, repondo suas perdas e conseguindo dar combate aos alemães.

No dia 6 de dezembro, em pleno inverno, começou a contra-ofensiva dos russos, chefiada pelo general Georgy Zhukov. Utilizando equipamentos novos como os tanques T-34 e os morteiros foguetes Katyusha, o exército vermelho conseguiu retomar uma quantidade significativa de território, afastando definitivamente a ameaça que pairava sobre sua capital.

Em 1942, o exército alemão já não se encontrava em condições de tentar uma nova ofensiva contra Moscou, que também seria demasiadamente previsível. A Wehrmacht voltou-se então contra a região do Cáucaso, de grande importância econômica e militar devido a seus recursos petrolíferos (reservas de petróleo soviéticas no Mar Cáspio), industriais e agrícolas. Além disso, a conquista

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da região permitiria bloquear o rio Volga. A operação de captura do Cáucaso foi chamada de operação Azul e teve início em 28 de junho de 1942. No final do mês de julho os alemães já haviam avançado até a linha do rio Don e começaram os preparativos para o envolvimento da cidade de Stalingrado, defendida pelas tropas do General Chuikov. A cidade sofreu pesados bombardeamentos aéreos.

No fim de Agosto, Stalingrado foi cercada ao norte e no 1.º de setembro as comunicações ao sul também foram interrompidas. A partir de então, as tropas que combatiam na cidade só puderam ser abastecidas através do rio Volga, constantemente bombardeado pelos alemães. A batalha durou três meses, conhecendo avanços e recuos de ambas as partes, com lutas sangrentas pela conquista de simples casas, prédios ou fábricas. O tipo de terreno resultante das ruínas da cidade arrasada favorecia o combate de infantaria, impedindo a utilização eficiente de tanques. Milhares de civis aprisionados no interior da cidade foram vitimados, principalmente em consequência dos bombardeios. Em novembro, os alemães haviam alcançado a margem do rio Volga, impedindo o abastecimento das tropas soviéticas.

Em novembro de 1942, os soviéticos iniciaram seu contra-ataque, batizado de Operação Urano, que tinha o objetivo de envolver as divisões alemãs em Stalingrado. Em 19 de novembro, as tropas do general Vatutin, que formavam a pinça norte do ataque, irromperam contra o flanco dos exércitos do Eixo, enquanto ao sul as tropas de Konstantin Rokossovsky faziam o mesmo. Os alemães foram cercados pelo Exército Vermelho e as tentativas de abastecê-los através de uma ponta aérea não tiveram sucesso. Uma tentativa de romper o cerco foi feita pelas tropas do General Erich von Manstein, numa operação chamada de Tempestade de Inverno, porém as tropas cercadas no interior da cidade já estavam sem abastecimento há um bom tempo e não tiveram condições de colaborar com as demais tropas alemãs. Os soviéticos continuavam seu contra-ataque (agora a Operação Saturno), ameaçando envolver os exércitos de Manstein, que foi forçado a abandonar sua tentativa de salvamento e retirar-se. A 2 de fevereiro de 1943, os alemães remanescentes na cidade rendem-se.

Mais de 800 mil soldados do eixo, entre alemães, húngaros, romenos e italianos, além de dois milhões de soviéticos, morreram nas operações que envolveram Stalingrado e todo o restante do 6º Exército alemão, comandado pelo Generalfieldmarschall (Marechal-de-Campo)Friedrich Von Paulus, que obedeceu até o fim as ordens de Hitler de não romper o cerco, sendo feito prisioneiro junto com o seu exército. A batalha de Stalingrado dura cinco meses. Dos trezentos mil soldados alemães encurralados no cerco, noventa mil morrem de frio e fome e mais de cem mil são mortos nas três semanas anteriores à rendição. Devido às rigorosas dificuldades do inverno nesse ano, que dificultava a subsistência até da população local, um grande número dos soldados alemães, sem proteção contra o frio nos campos de prisioneiros, não sobreviveu, sendo que poucos retornaram a sua terra natal após a guerra. Após a tomada de Stalingrado, as tropas soviéticas continuaram avançando e em fevereiro de 1943 retomaram Kursk, Kharkov e Rostov, retomando completamente a região do Cáucaso. A 20 de fevereiro de 1943, os alemães retomaram Kharkov, formando uma saliência no front soviético em Kursk, o que teria importantes consequências nos meses seguintes.

Os generais alemães e o próprio Hitler, após a queda de Stalingrado, tinham noção que esse quadro de desestabilização geral estava ocorrendo, e começaram a planejar medidas para reduzir seus efeitos. Muitos oficiais preferiam esperar uma ofensiva soviética e contra-atacar – a “ação de retaguarda” proposta por Manstein – buscando paralisar os russos com contra-ataques locais; outros militares defendiam que uma ofensiva deveria ser desfechada o quanto antes para incapacitar os soviéticos e depois esperar pelos ataques dos aliados ocidentais. Essa tática acabou sendo a escolhida por Hitler, resultando na “Operação Cidadela”, cognome do ataque contra a cidade de Kursk, onde estavam concentradas grandes forças russas que deveriam ser cercadas e destruídas. Foi uma operação perdida desde o início para os alemães, pois os soviéticos tinham superioridade em artilharia, tanques, homens e aviões, o que talvez não fizesse tanta diferença se também não tivessem as informações sobre os planos de ataque alemães – obtidas através da rede de espiões comunistas Orquestra vermelha na Alemanha – e contassem com defesas em profundidade largamente preparadas na região. A culminância dessa malfadada operação foi a Batalha de Kursk, em julho de 1943, onde os alemães sofreram uma grande derrota e foram recuando até saírem da URSS e as forças soviéticas avançando em direção à Alemanha.

Embora o significado das batalhas entre Alemanha e URSS tenha sido enormemente relativizado no mundo capitalista pós-guerra, por conta de questões ideológicas próprias da Guerra Fria (quando não era mais conveniente ressaltar qualidades positivas do antigo aliado soviético), o chamado fronte oriental foi onde aconteceram as mais ferozes batalhas, com as maiores perdas civis e militares da história, e mostrou excepcionais tenacidade e capacidade de reorganização e aprendizado do Exército Vermelho frente à Wehrmacht. Apesar de imensas perdas humanas e materiais, a URSS foi a única nação da guerra a ser invadida territorialmente pela Werhmacht (então o maior, melhor treinado, mais bem equipado, e mais eficiente exército do mundo, cujos vários feitos em eficiência e versatilidade em campo permanecem inigualados até hoje) a ser capaz de se reorganizar, e, sem rendição ou acordos colaboracionistas (como o do “Governo de Vichy”, na França), resistir, combater, e efetivamente rechaçar as forças alemãs para fora de seu território sem tropas externas atuando em seu território (como na recuperação da França, por exemplo, que precisou da ajuda maciça de tropas americanas e britânicas), e, mais importante, seguir um curso de vitórias até a capital da Alemanha - terminando, na prática, a guerra: poucos dias depois do suicídio de Hitler na Berlim já completamente ocupada pelo Exército Vermelho, as forças alemãs assinaram sua rendição incondicional.

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Guerra no Pacífico

O encouraçado USS Arizona adernando e em chamas após ser atingido por uma bomba japonesa durante o Ataque a Pearl Harbor.Por volta de 1940, o Japão já havia ocupado vários territórios no Pacífico, e tentava agora aumentar a sua influência no Sudoeste

Asiático, invadindo, em Junho de 1941, a Indochina. O governo dos Estados Unidos da América, indignado, impõe sanções econômicas ao Japão. Como represália, a 7 de Dezembro de 1941, a aviação japonesa ataca Pearl Harbor, a maior base norte-americana do Pacífico. Em apenas duas horas, os pilotos japoneses conseguiram inutilizar todos os navios ancorados no porto, cinco navios de guerra e destruir ou afundar outras quinze embarcações.

No dia seguinte os Estados Unidos declaram guerra ao Japão, dando início à Guerra do Pacífico. Apenas duas horas após o ataque a Pearl Harbor, os japoneses iniciaram a invasão de vários territórios da Ásia e do Pacífico. Em maio de 1942, o Japão, tinha já conquistado esses vastos territórios; controlando Hong Kong, a Malásia, Singapura — a qual a Grã-Bretanha abandonou a 15 de Fevereiro de 1942, a Indonésia, as Filipinas, a Birmânia e outras ilhas no Pacífico.

O sucesso dos japoneses, devia-se à adaptação do conceito de Blitzkrieg às condições da geografia da Ásia e Pacífico: a utilização de um relativamente pequeno número de tropas em relação ao inimigo, altamente treinadas, motivadas e protegidas por um poder naval que logo derrotou os aliados no mar e por uma força aérea que tinha como trunfo principal, tanto defensivamente (servindo de escolta dos bombardeiros japoneses) como ofensivamente, o avião caça mais moderno na época, o Mitsubishi Zero que, em combates individuais, demonstrou não ser superado nem mesmo pelo lendário Spitfire britânico. Em terra, os conflitos decisivos foram efetuados por divisões de infantaria utilizando-se pontualmente de tanques e blindados leves e carregando peças de artilharia compacta facilmente desmontáveis e tranportáveis.

Um kamikaze (parte superior esquerda da foto) prestes a impactar contra o USS Missouri em 11 de abril de 1945. Agindo a partir de outubro de 1944, estes pilotos-suicidas foram uma tentativa desesperada e inútil dos japoneses para impedir o avanço Aliado. Afundaram entre 50 e 90 navios aliados (dependendo da fonte), causando a morte de cerca de 5000 homens - mas a um custo de quase 4000 pilotos e suas aeronaves.

No entanto, esse mesmo material que dava agilidade e leveza na movimentação, portanto uma vantagem ofensiva, se tornaria obsoleto se transformando em desvantagem quando no decorrer dos anos seguintes, o exército imperial viu-se obrigado a defender as posições conquistadas sem a vantagem da cobertura aeronaval que dispunha durante a ofensiva e sem poder contar com a reposição por mar deste armamento mais leve por um mais pesado e, dentro daquelas condições, apropriado à defesa.

Já em meados 1942 a guerra na Ásia e Pacífico começava a progredir mais devagar para os japoneses, que não mantinham o ritmo inicial da campanha. Ao mesmo tempo que a aviação de caça das forças aliadas, ainda em inferioridade técnica começava a se utilizar de técnicas de combate aéreo que compensavam tal desnível. Com o impasse causado pela Batalha do Mar de Coral em maio daquele ano, resultando em vitória estratégica para os aliados, devido aos japoneses, por não terem uma ideia precisa do real poder aeronaval dos aliados na região, terem sido induzidos a desistirem de desembarcar em Port Moresby na Nova Guiné; a derrota em Midway no mês seguinte resultando, por parte dos japoneses, na perda de 4 porta-aviões e de grande número de tripulantes e pilotos altamente experientes; somado ao desembarque e estabelecimento em terra dos americanos em Guadalcanal em agosto; fizeram com que os japoneses passassem à defensiva no Pacífico já no último trimestre daquele ano. Com a vitória americana em Guadalcanal em fevereiro de 1943, após meses de intensos combates aéreos, marítimos e terrestres que resultaram em grandes perdas humanas e materiais para ambos os lados, o rumo do conflito naquele teatro de operações virou definitivamente em favor dos aliados.

O sucesso da guerra submarina irrestrita levada a cabo pela marinha americana que privava o Japão das matérias primas essenciais, necessárias não só para levar a cabo seu projeto expansionista, como para manter a própria indústria e economia internas em pleno funcionamento, bem como o abastecimento da população por um lado e; a capacidade do complexo militar-industrial americano de repor não apenas suas perdas humanas e materiais mas também as perdas materiais de seus aliados num ritmo muito acima das do Japão; resultou que, a partir de meados de 1943, americanos e seus aliados no Pacífico se mantivessem na ofensiva ininterruptamente, avançando de complexo em complexo de ilhas rumo ao Japão. Ao mesmo tempo que a chegada em grande número à frente de combate de novos modelos de aviões-caça, que se equiparavam ou superavam em performance o Mitsubishi A6M Zero, fazia com que mesmo a relativa vantagem que o Japão dispunha no ar também fosse anulada.

Nos territórios ocupados durante a ofensiva do primeiro semestre de 1942, com exceção das Filipinas, num primeiro momento as forças japonesas foram recebidas como libertadoras pelas populações nativas ressentida da colonização europeia. Porém, em poucos meses devido às duras condições impostas pelos novos governos militares japoneses que recrudesceram a opressão e a repressão sobre as populações locais, a exemplo do que já faziam na China e Coreia; o sentimento dessas populações ocupadas passou da simpatia à hostilidade, fomentando movimentos de resistência que cedo encontraram apoio material dos anglo-americanos.

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Reconquista da Europa

A partir de meados 1943, os exércitos Aliados foram recuperando território passo a passo. Enquanto na frente principal os soviéticos obtinham a rendição dos alemães em Stalingrado em fevereiro, e em agosto tomavam a iniciativa dos combates após terem derrotado no mês anterior a última grande ofensiva alemã realizada à Leste, em Kursk, anglo-americanos e franceses livres, após a vitória no norte da África em maio, tomaram a partir de julho, Sicília, Córsega, Sardenha e o sul Itália, causando tanto a queda do gabinete de Benito Mussolini, e a prisão deste, que foi resgatado por comandos alemães, quanto a rendição e a adesão formal da Itália à causa aliada em setembro.

A 6 de junho de 1944, no chamado Dia D (D-Day), os Aliados efectuaram um desembarque nas praias da Normandia (Operação Overlord), em que participaram o Exército Britânico (lutando nas praias de Gold e Sword), o Exército Americano (lutando em Omaha e Utah) e o Exército Canadense (lutando em Juno). Os americanos sofreram por volta de duas mil baixas, pois os tanques Sherman, (disfarçados de Chatas pelo Exército Americano para os esconder, e torná-los um fator surpresa) afundaram. Já o Exército britânico não teve muitas baixas em Gold e Sword, pois seus tanques blindados e especializados (em cortar trincheiras e explodir minas) conseguiram ultrapassar. Era o início da Batalha da Normandia. Apesar da inferioridade aérea, e submetida a constantes bombardeios aéro-navais, os alemães resistiram durante mais de 1 mês antes que os aliados tomassem o primeiro porto, Cherbourg em meados de julho, o que somado à outro desembarque aliado no sul da França no final de agosto, forçou o recuo das forças alemãs para a Bélgica.

Após a libertação de Paris, seguiu-se em Setembro de 1944 a libertação de parte da Bélgica, incluindo sua capital e a operação Market Garden que tinha como um dos objectivos libertar os Países Baixos. Esta operação foi superior à Overlord no que respeita ao número de pára-quedistas envolvidos, mas resultou num enorme fracasso, contando-se cerca de 20 mil mortos, só entre os americanos, e 6500 britânicos foram feitos prisioneiros. O objectivo dos Aliados era conquistar uma série de pontes nos Países Baixos, o que lhes permitiria atravessar o rio Reno.

Colapso do Eixo e vitória Aliada

Apesar da evidente superioridade militar Aliada, as tropas alemãs resistiram tenazmente, até porque Hitler alimentava a esperança de que as contradições internas entre os aliados, especialmente a perspectiva de ocupação da Europa Oriental pelos soviéticos, levasse os anglo-americanos a firmarem uma paz em separado com a Alemanha. Afinal, como ele disse aos seus generais: “Jamais houve, em toda a história, uma coalizão composta por parceiros tão heterogêneos quanto essa de nossos inimigos. Estados ultra-capitalistas de um lado e um estado marxista do outro”.[12] Foi dentro desse objetivo estratégico de ganhar tempo até que ocorresse a “reviravolta política”, que Hitler ordenou, em dezembro de 1944, uma inesperada investida na Bélgica - a contra-ofensiva das Ardenas - cujo objetivo tático era tomar Liège e Antuérpia, para se apropriar dos enorme depósitos de suprimentos dos aliados ocidentais, sobretudo petróleo, do qual a Wehrmacht e a Luftwaffe já careciam seriamente. Apanhadas de surpresa, as forças anglo-americanas sofreram pesadas baixas. Além disso, a infiltração de soldados alemães, disfarçados de soldados americanos, em áreas controladas pelos aliados, causou sérios transtornos, como mudança de caminhos de divisões inteiras, mudanças de placas, implantações de minas e emboscadas. Estes soldados alemães, os primeiros comandos, estavam sob a liderança do Oberst Otto Skorzeny, que em 1943 libertara Mussolini de uma prisão na Itália. A situação se mostrou de tal maneira confusa que o general Patton postou tropas negras guarnecendo armazens e depósitos de combustível na região ordenando que atirassem em qualquer tropa branca que se aproximasse sem autorização agendada via rádio por seu quartel general.[13] No entanto, passado o momento inicial, a ofensiva perdeu força[14] e tão logo o tempo melhorou a superioridade aérea aliada também se fez presente no ataque constante às tropas alemãs no solo.

Na Itália, contando com tropas experientes[15], como a 1ª divisão de paraquedistas Hermann Goering[16] e a 16ª divisão SS, somada à vantagem do terreno montanhoso para as tropas defensoras e ao desinteresse do alto comando aliado que após a queda de Roma e a invasão da Normandia, passou a considerar o front italiano secundário[17][18], o general alemão Kesselring não encontrou maiores dificuldades em manter lento e penoso o avanço das tropas aliadas (das quais fazia parte uma divisão brasileira)[19] ao longo da península. Somente em 2 de maio de 1945 a rendição das forças alemãs que lá combatiam foi oficializada.

Antes mesmo de findar a guerra, as grandes potências firmaram acordos sobre seu encerramento. O primeiro dos acordos foi a Conferência de Teerã, no Irã, em 1943. Em janeiro de 1945, Winston Churchill, Franklin D. Roosevelt e Josef Stalin reúnem-se novamente em Ialta, Ucrânia, já sabendo da inevitabilidade da derrota alemã, para decidir sobre o futuro da Europa pós-guerra. Nesta conferência definiu-se a partilha da Europa, cabendo à União Soviética o predomínio sobre a Europa Oriental, enquanto as potências capitalistas prevaleceriam na Europa Ocidental. Acertou-se também a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), a participação da URSS na guerra contra o Japão e a divisão da Coreia em bases diferentes das da Liga das Nações. Definiu-se, ademais, a partilha mundial, cabendo a incorporação dos territórios alemães a leste e a participação da URSS na rendição do Japão, com a divisão da Coreia em áreas de influência soviética e norte-americana. Lançavam-se assim as bases para a Guerra Fria.

Enquanto isso, o avanço das tropas aliadas e soviéticas chegava ao território alemão. O avanço dos dois exércitos já havia sido previamente combinado, ficando a tomada de Berlim a cargo do Exército Vermelho. Esta decisão foi encarada com apreensão

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pela população, pois era conhecido o rasto de pilhagens, execuções e violações que os soldados soviéticos deixavam atrás de si, em grande parte como retaliação pela mortes causadas pelos soldados alemães na União Soviética. Em 30 de abril de 1945, Adolf Hitler suicidou-se quando as tropas soviéticas estavam a exatamente dois quarteirões de seu bunker. Em 7 de maio o seu sucessor, o almirante Dönitz, assina a capitulação alemã.

No Pacífico, as forças estadunidenses acompanhadas por forças da Comunidade das Filipinas avançam nas Filipinas, tomando Leyte até o final de abril de 1945. Eles desembarcam em Luzon em janeiro de 1945 e ocupam Manila em março, deixando-a em ruínas. Combates continuaram em Luzon, Mindanao e em outras ilhas das Filipinas até o final da guerra.

Em maio de 1945, tropas australianas aterraram em Bornéu. Forças britânicos, estadunidenses e chinesas derrotaram os japoneses no norte da Birmânia, em março, e os britânicos chegam a Yangon em 3 de maio. Forças estadunidenses também chegam ao Japão, tomando Iwo Jima em março e Okinawa até o final de junho. Bombardeiros estadunidenses destroem as cidades japonesas e submarinos bloqueiam as importações do país.

Em 11 de julho, os líderes Aliados se reuniram em Potsdam, na Alemanha. Lá eles confirmam acordos anteriores sobre a Alemanha

e reiteram a exigência de rendição incondicional de todas as forças japonesas, especificamente afirmando que “a alternativa para o Japão é a rápida e total destruição.” Durante esta conferência, o Reino Unido realizou a sua eleição geral, e Clement Attlee substituí Churchill como primeiro-ministro. Como o Japão continuou a ignorar os termos de Potsdam, os Estados Unidos lançam bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em agosto. Entre as duas bombas, os soviéticos, em conformidade com o acordo de Yalta, invadem a Manchúria, dominada pelos japoneses, e rapidamente derrotam o Exército de Guangdong, que era a principal força de combate japonês. O Exército Vermelho também captura a ilha Sacalina e as ilhas Curilas. Em 15 de agosto de 1945 o Japão se rende, com os documentos de rendição finalmente assinados a bordo do convés do navio de guerra americano USS Missouri em 2 de setembro de 1945, pondo fim à guerra.

Pós-guerra

Os Comandantes Supremos em 5 de junho de 1945 em Berlim: Bernard Montgomery, Dwight D. Eisenhower, Georgy Zhukov e Jean de Lattre de Tassigny.

Os aliados estabeleceram administrações de ocupação na Áustria e na Alemanha. O primeiro se tornou um estado neutro, não alinhado com qualquer bloco político. O último foi dividido em zonas de ocupação ocidentais e orientais controlada pelos Aliados Ocidentais e pela União Soviética (URSS), em conformidade. Um programa de “desnazificação” da Alemanha levou à condenação de criminosos de guerra nazistas e a remoção de ex-nazistas do poder, ainda que esta política se mudou para a anistia e a reintegração dos ex-nazistas na sociedade da Alemanha Ocidental. A Alemanha perdeu um quarto dos seus territórios pré-guerra (1937), os territórios orientais: Silésia, Neumark e a maior parte da Pomerânia foram assumidos pela Polônia; Prússia Oriental foi dividida entre a Polônia e a URSS, seguido pela expulsão de 9 milhões de alemães dessas províncias, bem como 3 milhões de alemães dos Sudetos, na Tchecoslováquia, para a Alemanha. Na década de 1950, um em cada 5 habitantes da Alemanha Ocidental era um refugiado do leste. A URSS também assumiu as províncias polonesas a leste da linha Curzon (dos quais 2 milhões de poloneses foram expulsos),[31] leste da Romênia, e parte do leste da Finlândia e três países Bálticos.

Em um esforço para manter a paz, os Aliados formaram a Organização das Nações Unidas, que oficialmente passou a existir em 24 de outubro de 1945, e aprovaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, como um padrão comum para todas as nações-membro. A aliança entre os Aliados Ocidentais e a União Soviética havia começado a deteriorar-se ainda antes da guerra, a Alemanha havia sido dividida de facto e dois estados independentes, a República Federal da Alemanha e a República Democrática Alemã, foram criados dentro das fronteiras das zonas de ocupação dos Aliados e dos Soviéticos, em conformidade. O resto da Europa também foi dividido em esferas de influência ocidentais e soviética.[42] A maioria dos países europeus orientais e centrais ficaram sob a esfera soviética, o que levou à criação de regimes comunistas, com o apoio total ou parcial das autoridades de ocupação soviética. Como resultado, a Polônia, Hungria, Tchecoslováquia, Romênia, Albânia, e a Alemanha Oriental tornaram-se Estados satélite dos soviéticos. A Iugoslávia comunista realizou uma política totalmente independente, o que causou tensão com a URSS.

A divisão pós-guerra do mundo foi formalizada por duas alianças militares internacionais, a OTAN, liderada pelos Estados Unidos, e o Pacto de Varsóvia, liderado pela União Soviética; o longo período de tensões políticas e militares da concorrência entre esses dois grupos, a Guerra Fria, seria acompanhado de uma corrida armamentista sem precedentes e guerras por procuração.

Mapa mundial dos impérios coloniais no final da Segunda Guerra Mundial em 1945. Com o fim da guerra, guerras de libertação nacional se espalharam pelo mundo, levando à criação de Israel e à descolonização da Ásia e da África.

Na Ásia, os Estados Unidos ocuparam o Japão e administraram as antigas ilhas do Japão no Pacífico Ocidental, enquanto os soviéticos anexaram a ilha Sacalina e as ilhas Curilas. A Coreia, anteriormente sob o governo japonês, foi dividida e ocupada pelos Estados Unidos no Sul e pela União Soviética no Norte entre 1945 e 1948. Repúblicas separadas surgiram em ambos os lados do paralelo 38, em 1948, afirmando ser o governo legítimo de toda a Coreia, o que levou a Guerra da Coreia. Na China, forças nacionalistas e comunistas retomaram a guerra civil em junho de 1946. As forças comunistas foram vitoriosas e estabeleceram a

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República Popular da China no continente, enquanto as forças nacionalistas fugiram para a ilha de Taiwan em 1949 e fundaram a República da China.[51] No Oriente Médio, a rejeição árabe ao Plano de Partilha da Palestina da Organização das Nações Unidas e à criação de Israel, marcou a escalada do conflito árabe-israelense. Enquanto as potências coloniais européias tentaram reter parte ou a totalidade de seus impérios coloniais, a sua perda de prestígio e de recursos durante a guerra fracassou seus objetivos, levando a descolonização.

A economia mundial sofreu muito com a guerra, embora os participantes da Segunda Guerra Mundial tenham sido afetados de forma diferente. Os Estados Unidos emergiu muito mais rico do que qualquer outro país do planeta; no país aconteceu o “baby boom” em 1950, seu produto interno bruto (PIB) per capita o maior do mundo e dominou a economia mundial.

O Reino Unido e os Estados Unidos implementaram uma política de desarmamento industrial na Alemanha Ocidental nos anos 1945-1948.

Devido à interdependência do comércio internacional, este levou à estagnação da economia europeia e o atraso, em vários anos, da recuperação europeia. A recuperação começou com a reforma monetária de meados de 1948 na Alemanha Ocidental e foi acelerada pela liberalização da política econômica europeia, que o Plano Marshall (1948-1951) causou tanto direta quanto indiretamente. A recuperação pós-1948 da Alemanha Ocidental foi chamada de milagre econômico alemão. Além disso, as economias italiana e francesa também se recuperaram. Em contrapartida, o Reino Unido estava em um estado de ruína econômica e entrou em relativo declínio econômico contínuo ao longo de décadas. A União Soviética, apesar dos enormes prejuízos humanos e materiais, também experimentou um rápido aumento da produção no pós-guerra imediato. O Japão passou por um crescimento econômico incrivelmente rápido, tornando-se uma das economias mais poderosas do mundo na década de 1980. A China voltou a sua produção industrial de pré-guerra em 1952.

Mortos e crimes de guerra

As estimativas para o total de mortos na guerra variam, pois muitas mortes não foram registradas. A maioria sugere que cerca de 60 milhões de pessoas morreram na guerra, incluindo cerca de 20 milhões de soldados e 40 milhões de civis. Muitos civis morreram por causa de doenças, fome, massacres, bombardeios e genocídio deliberado. A União Soviética perdeu cerca de 27 milhões de pessoas durante a guerra, quase metade de todas as mortes da Segunda Guerra Mundial. Um em cada quatro cidadãos soviéticos foram mortos ou feridos nessa guerra.

Do total de óbitos na Segunda Guerra Mundial cerca de 85 por cento, na maior parte soviéticos e chineses, foram do lado dos Aliados e 15 por cento do lado do Eixo. Muitas dessas mortes foram causadas por crimes de guerra cometidos pelas forças alemãs e japonesas nos territórios ocupados. Estima-se que entre 11 e 17 milhões de civis morreram como resultado direto ou indireto das políticas ideológicas nazistas, incluindo o genocídio sistemático de cerca de seis milhões de judeus durante o Holocausto, juntamente com mais cinco milhões de ciganos, eslavos, homossexuais e outras minorias étnicas e grupos minoritários. Aproximadamente 7,5 milhões de civis morreram na China durante a ocupação japonesa e os sérvios foram alvejados pela Ustaše, organização croata alinhada ao Eixo.

A atrocidade mais conhecida cometida pelo Império do Japão foi o Massacre de Nanquim, na qual centenas de milhares de civis chineses foram estuprados e assassinadas. Entre 3 milhões e 10 milhões de civis, a maioria chineses, foram mortos pelas forças de ocupação japonesas. Mitsuyoshi Himeta registrou 2,7 milhões de vítimas durante a Sanko Sakusen. O general Yasuji Okamura implementou a política em Heipei e Shandong.

As forças do Eixo fizeram uso de armas biológicas e químicas. Os italianos usaram gás mostarda durante a conquista da Abissínia, enquanto o Exército Imperial Japonês usou uma variedade de armas biológicas durante a invasão e ocupação da China (ver Unidade 731) e nos conflitos iniciais contra os soviéticos. Tanto os alemães quanto os japoneses testaram tais armas contra civis e, em alguns casos, sobre prisioneiros de guerra.

Embora muitos dos atos do Eixo tenham sido levados a julgamento nos primeiros tribunais internacionais, muitos dos crimes causados pelos Aliados não foram julgados. Entre os exemplos de ações dos Aliados estão a transferência de população na União Soviética e o internamento estadunidenses-japoneses em campos de concentração nos Estados Unidos; a Operação Keelhaul, a expulsão dos alemães após a Segunda Guerra Mundial, os estupros em massa de mulheres alemãs pelo Exército Vermelho Soviético; o Massacre de Katyn cometido pela União Soviética, para o qual os alemães enfrentaram contra-acusações de responsabilidade. O grande número de mortes por fome também pode ser parcialmente atribuída à guerra, como a fome de 1943 em Bengala e a fome de 1945 no Vietnã.

Também tem sido sugerido como crimes de guerra por alguns historiadores o bombardeio em massa de áreas civis em território inimigo, incluindo Tóquio e mais notadamente nas cidades alemãs de Dresden, Hamburgo e Colônia pelos Aliados ocidentais, que resultou na destruição de mais de 160 cidades e matou um total de mais de 600 mil civis alemães.

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Campos de concentração e trabalho escravo

Os corpos mortos no campo de concentração de Mauthausen-Gusen após a libertação, possivelmente presos políticos ou prisioneiros de guerra soviéticos.

Os nazistas foram responsáveis pelo Holocausto, a matança de cerca de seis milhões de judeus (esmagadoramente asquenazes), bem como dois milhões de poloneses e quatro milhões de outros que foram considerados “indignos de viver” (incluindo os deficientes e doentes mentais, prisioneiros de guerra soviéticos, homossexuais, maçons, testemunhas de jeová e ciganos), como parte de um programa de extermínio deliberado. Cerca de 12 milhões, a maioria dos quais eram do Leste Europeu, foram empregados na economia de guerra alemã como trabalhadores forçados.

Além de campos de concentração nazistas, os gulags soviéticos (campos de trabalho) levou à morte de cidadãos dos países ocupados, como a Polônia, Lituânia, Letônia e Estônia, bem como prisioneiros de guerra alemães e até mesmo cidadãos soviéticos que foram considerados apoiadores ou simpatizantes dos nazistas. Sessenta por cento dos prisioneiros de guerra soviéticos dos alemães morreram durante a guerra. Richard Overy aponta o número de 5,7 milhões de prisioneiros de guerra soviéticos. Destes, cinquenta e sete por cento morreram ou foram mortos, um total de 3,6 milhões. Ex-prisioneiros de guerra soviéticos e civis repatriados foram tratados com grande suspeita e como potenciais colaboradores dos nazistas e alguns deles foram enviados para gulags no momento da revista pelo NKVD.

Os campos de prisioneiros de guerra do Japão, muitos dos quais foram utilizados como campos de trabalho, também tiveram altas taxas de mortalidade. O Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente concluiu que a a taxa de mortalidade de prisioneiros ocidentais foi de 27,1 por cento (para prisioneiros de guerra estadunidenses, 37 por cento), sete vezes maior do que os prisioneiros de guerra dos alemães e italianos. Apesar de 37.583 prisioneiros do Reino Unido, 28.500 da Holanda e 14.473 dos Estados Unidos tenham sido libertados após a rendição do Japão, o número de chineses foi de apenas 56.

Segundo o historiador Zhifen Ju, pelo menos cinco milhões de civis chineses do norte da China e de Manchukuo foram escravizados pelo Conselho de Desenvolvimento da Ásia Oriental, ou Kōain, entre 1935 e 1941, para trabalhar nas minas e indústrias de guerra. Após 1942, esse número atingiu 10 milhões. A Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos estima que, em Java, entre 4 e 10 milhões de romushas (em japonês: “trabalhadores braçais”) foram forçados a trabalhar pelos militares japoneses. Cerca de 270.000 destes trabalhadores javaneses foram enviados para outras áreas dominadas pelos japoneses no Sudeste Asiático e somente 52.000 foram repatriados para Java.

Em 19 de fevereiro de 1942, Roosevelt assinou a Ordem Executiva 9066, internando milhares de japoneses, italianos, estadunidenses, alemães e alguns emigrantes do Havaí que fugiram após o bombardeio de Pearl Harbor durante o período da guerra. Os governos dos Estados Unidos e do Canadá internaram 150.000 estadunidenses-japoneses, bem como cerca de 11.000 alemães e italianos residentes nos EUA.

Em conformidade com o acordo Aliado feito na Conferência de Ialta, milhões de prisioneiros de guerra e civis foram usados em trabalhos forçado por parte da União Soviética. No caso da Hungria, os húngaros foram forçados a trabalhar para a União Soviética até 1955.

Desenvolvimento tecnológico

A tecnologia bélica evoluiu rapidamente durante a Segunda Guerra Mundial e foi crucial para determinar o rumo da guerra. Algumas das principais tecnologias foram usadas pela primeira vez, como as bombas nucleares, o radar, sistemas de comunicação por micro-ondas, o fuzil mais rápido, os mísseis balísticos e os processadores analógicos de dados (computadores primitivos). Enormes avanços foram feitos em aeronaves, navios, submarinos e tanques. Muitos dos modelos usados no início da guerra se tornaram obsoletos quando a guerra acabou. Um novo tipo de navio foi adicionado aos avanços: navio de desembarque anfíbio (usado no Dia D).

Prisioneiros de guerra

Com a derrota e posterior separação da Alemanha, cerca de 3 mil civis alemães viraram prisioneiros de guerra tendo que trabalhar em campos de trabalhos forçados no Gulag, na Rússia. Apenas em 1950, os civis puderam ter a sua liberdade e voltar para a Alemanha.

Muitos dos prisioneiros de guerra alemães e italianos foram trabalhar na reconstrução da Grã-Bretanha e da França. Cerca de 100 mil prisioneiros foram enviados para a Grã-Bretanha e cerca de 700 mil para a França. Além disso, os milhares de soldados presos pelos soviéticos continuaram em cativeiro, diferentemente dos prisioneiros pelos aliados, que foram libertados entre 1945 e 1948.

No início dos anos 1950, alguns prisioneiros alemães foram libertados pelos russos, mas somente em 1955, após a visita de Konrad Adenauer à URSS é que os restantes prisioneiros ainda vivos foram libertados e retornaram a sua terra natal após até 14 anos de cativeiro.

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RESUMO DE CONCURSOS

Danos materiais

Os Aliados determinaram o pagamento de indenizações de guerra às nações derrotadas para a reconstrução e indenização dos países vencedores, assinado no Tratado de Paz de Paris. A Hungria, Finlândia e Romênia foi ordenado o pagamento de 300 milhões de dólares (valor baseado no valor do dólar em 1938) para a União Soviética. A Itália foi obrigada a pagar o correspondente a 360 milhões de dólares de indenizações cobrados pela Grécia, Iugoslávia e União Soviética.

No fim da guerra, cerca de 70% da infra-estrutura europeia estava destruída. Os países membros do Eixo tiveram que indenizar os países Aliados em mais de 2 bilhões de dólares.

Com a derrota do Eixo, a Alemanha teve expressivos recursos financeiros e materiais transferidos para os Estados Unidos e a União Soviética, além de ter as indústrias bélicas desmanteladas para evitar um novo rearmamento.

A guerra impediu também a realização de eventos esportivos, como foi o caso da Copa do Mundo FIFA de 1942 e de 1946.

Territoriais

Zonas ocupadas pelos Aliados na Alemanha em 1947, com os territórios a leste da linha Oder-Neisse sob administração polaca ou anexação soviética, além do protetorado de Sarre e a Berlim dividida. A Alemanha Oriental era formada pela Zona Soviética, enquanto a Alemanha Ocidental era formada pelas zonas estadunidense, britânica e francesa em 1949 e do Sarre em 1957.

As transformações territoriais provocadas pela Segunda Guerra começaram a ser delineadas pouco antes do fim desta. A Conferência de Ialta (4-12 de Fevereiro de 1945) teria como resultado a partilha entre os Estados Unidos e a União Soviética de zonas de influência na Europa. Alguns meses depois a Conferência de Potsdam, realizada já com a derrota da Alemanha, consagra a divisão deste país em quatro zonas administradas pelas potências vencedoras. No lado Oriental, ficaria a administração sob incumbência da União Soviética e, no lado Ocidental, a administração ficaria sob incumbência dos Estados Unidos, França e Reino Unido, tendo estas duas últimas desistido da incumbência.

A Itália perderia todas as suas colónias; a Ístria acabaria por ser integrada na Jugoslávia, tendo também sofrido pequenas alterações fronteiriças a favor da França.

O território da nação polaca desloca-se para oeste, integrando províncias alemãs (Pomerânia, Brandemburgo, Silésia), colocando a sua fronteira ocidental até aos cursos do Oder e do Neisse. A URSS progrediu igualmente para oeste, graças principalmente à reversão das perdas territoriais sofridas pelo Pacto de Brest-Litovsk: houve a criação da República Socialista Soviética da Bielorússia (numa área de maioria étnica bielorussa, mas que havia sido concedida à Polônia), e também a ampliação da Ucrânia, que também havia perdido território, duas décadas antes, para a Polônia.

O Japão teve que abandonar, de acordo com o estabelecido no acordo de paz de 1951 com os Estados Unidos, a Manchúria e a Coreia, além dos territórios que havia conquistado durante o conflito. Nos anos 1970, os Estados Unidos devolvem Okinawa ao Japão.

Políticas

No plano político, a Segunda Guerra Mundial produziu, entre outros, os seguintes resultados: O esmagamento dos imperialismos alemão, italiano e japonês;O enfraquecimento dos imperialismos britânico e francês;Ascensão dos Estados Unidos como potência imperialista hegemônica no mundo;Ascensão da URSS como potência militar dominante na Europa Oriental;Ascensão dos movimentos de libertação nacional nos países explorados pelo colonialismo europeu, em alguns casos combinando

nacionalismo com revolução social (como na China);Deflagração da Guerra Fria, como um teste de força entre os Estados Unidos e a União Soviética;Fundação da Organização das Nações Unidas, em Junho de 1945, em substituição à Sociedade das Nações.Uma das razões apontadas para o fracasso da Liga das Nações seria a igualdade entre países pequenos e grandes, bloqueando

o processo de tomada de decisões. Valendo-se desse discutível argumento, as potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial reservaram-se um papel de destaque e domínio dentro da ONU, através de assento permanente no Conselho de Segurança, onde possuem direito de veto. Os outros membros do Conselho são seis países eleitos rotativamente (sem poder de veto).

Herança humana

A herança de destruição deixada pela Segunda Guerra Mundial foi assombrosa. Além das mortes causadas, direta ou indiretamente (fome e doenças), pelo conflito, dezenas de cidades foram arrasadas, inúmeras florestas desapareceram, e milhares de hectares de terras cultiváveis foram transformados em desertos, em proporções nunca vistas desde a Guerra dos Trinta Anos.

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RESUMO DE CONCURSOS

Mas o pior foi a devastação causada ao comportamento humano. Violência bárbara e desrespeito generalizado aos mais elementares direitos humanos - sobretudo o direito à vida -, disseminaram-se numa escala bem maior do que se viu durante e depois da Primeira Guerra Mundial, e cujos exemplos mais gritantes foram os Holocaustos nazistas, o Massacre de Nanquim e as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki.

Recursos materiais volumosos, capazes de alimentar, vestir e educar milhões de seres humanos, que vivem na linha da pobreza (ou abaixo dela), foram desperdiçados para fins puramente destrutivos.

Participação de países lusófonos - Brasil

Embora estivesse sendo comandado por um regime ditatorial simpático ao modelo fascista (o Estado Novo getulista), o Brasil acabou participando da Guerra junto aos Aliados. Em de fevereiro de 1942 submarinos alemães e italianos iniciaram o torpedeamento de embarcações brasileiras no oceano Atlântico em represália à adesão do Brasil aos compromissos da Carta do Atlântico (que previa o alinhamento automático com qualquer nação do continente americano que fosse atacada por uma potência extra-continental), o que tornava sua neutralidade apenas teórica.

Devido à pressão popular, após meses de torpedeamento de navios mercantes brasileiros, finalmente o Brasil declarou guerra à Alemanha nazista e à Itália fascista, em agosto de 1942. Sendo na época, um país com uma população majoritariamente analfabeta, vivendo no campo, com uma economia com foco principal voltado para exportação de commodities, uma política internacional tradicionalmente isolacionista com eventuais alinhamentos automáticos contra “perturbadores da ordem e do comércio internacionais”, sem uma infra-estrutura industrial-médico-educacional que pudesse servir de sustentação material e humana ao esforço de guerra que aquele conflito exigia, o Brasil não apenas se viu impedido de seguir uma linha de ação autônoma no conflito como encontrou dificuldades em assumir mesmo um modesto papel[111]. A Força Expedicionária Brasileira por ex. teve sua formação inicialmente protelada por um ano após a declaração de guerra. Por fim, seu envio para a frente de batalha foi iniciado somente em julho de 1944, quase 2 anos após a declaração. Tendo sido enviados cerca de 25 000 homens, de um total inicial previsto de 100 000. Mesmo com problemas na preparação e no envio, já na Itália, treinada e equipada pelos americanos, a FEB cumpriu as principais missões que lhe foram atribuídas pelo comando aliado.

Portugal

Durante a Segunda Grande Guerra, Portugal estar sobre um regime político quase fascista (Estado Novo) e que, embora se declarasse neutro, fosse um país que vendia os seus produtos aos países que pagavam mais, fossem aliados, neutros ou do eixo. O Estado Português, em Março de 1939, assina um tratado de amizade e não agressão com a Espanha nacionalista, representada pela Junta de Burgos e pelo Nuevo Estado dirigido por Franco, recusando o convite do embaixador italiano, em Abril do mesmo ano, para aderir ao Pacto Anti-Komintern, aliança da Alemanha, Itália e Japão contra a ameaça comunista.

Em Agosto de 1939, a Grã-Bretanha assina um acordo de cooperação militar com Portugal, aceitando apoiar directamente o esforço de rearmamento e modernização das forças armadas portuguesas. Todavia, o acordo só começará a ser cumprido a partir de Setembro de 1943. No dia 29 de Junho de 1940, Espanha e Portugal assinam um protocolo adicional ao Tratado de Amizade e Não Agressão. Embora se tenha declarado como um país neutro, Portugal assina um Acordo Luso-Britânico, em Agosto de 1943, que concede ao Reino Unido instalações militares nos Açores, que será divulgado em 12 de Outubro seguinte. Embora, tal como já foi referido, Portugal fosse para todos os efeitos um país neutro no panorama da Segunda Guerra Mundial, exportava uma série de produtos para os países em conflito, como açúcar, tabaco e mesmo volfrâmio (tungstênio), produto cuja exportação é suspensa apenas em 1944, datando deste mesmo ano o acordo de concessão de instalações militares nos Açores com os Estados Unidos. Com o final da guerra, o governo de Salazar decreta luto oficial de três dias pela morte de Hitler aquando da sua morte, em 1945.

A Política Externa Brasileira

A diplomacia brasileira da Republica Velha caracterizou perante alguns propósitos gerais: o centro diplomático que ficava em Londres foi transferido para Washington, os diplomatas brasileiros delimitaram as fronteiras brasileiras que estavam desocupadas e eram tão contestadas, o Brasil passou a ter uma participação mais representativa, se tornando um país ativo mundialmente.

O ministro das Relações Externas, José Maria da Silva Paranhos Junior foi quem possibilitou essas mudanças, pois foi durante a sua administração (1902-1912) que ocorreram os principais momentos das relações exteriores.

Reconhecimento da República

Após quatro da Proclamação da República no Brasil, a Argentina foi o primeiro país a reconhecer este novo regime. Já nos países da Europa, foi maior a espera pelo reconhecimento, pois eles aguardavam um Congresso Constituinte. Então quando se oficializou publicamente a Constituição de 1891, os países da Europa começaram a dar o reconhecimento ao governo brasileiro, sendo que a França foi o primeiro país a tornar isto um feito em meio a Europa, e a Rússia foi o último país a dar seu devido reconhecimento.

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Rompimento com Portugal

Em 1894, ano em que estava acontecendo a Revolta Armada, Saldanha da Gama embarcou junto com seus oficiais e marinheiros em um navio de guerra português, em direção ao Rio da Prata, pois o governo de Portugal não aceitou entregar os revoltosos para que fossem devidamente julgados, isso causou o rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Portugal, que só foi reatada somente quando Prudente de Morais tomou o posse e começou a exercer seu mandato em 1895.

A relação Brasil - Estados Unidos

No final do século XIX, a união entre Brasil e Estados Unidos ficou ainda mais forte, pois o país norte-americano se tornou o maior comprador de café, borracha e até mesmo de cacau. Esses investimentos aumentaram consideravelmente com a grande guerra, ao passo que caía a supremacia econômica e diplomática da Grã-Bretanha. Com o tempo, a união dos dois países, levou o Brasil a entrar numa ótima situação financeira, o que possibilitou a obtenção de produtos europeus, porém essa forte relação consolidou ainda mais a dependência do Brasil com os Estados Unidos.

As Questões Limites

A monarquia brasileira deixou uma herança problemática para o Brasil Republicano, que foi a questão das fronteiras.Tais questões só foram definitivamente resolvidas através de acordos diplomáticos, geralmente com arbitramento internacional.

A questão de Palmas ou das Missões

Brasil e Argentina eram dois países que lutavam pelo pódio de maior potência da América do Sul. O governo argentino considerava que os rios Iguaçu e Chapecó eram a fronteira deles com o Brasil, então tentavam ocupar o

território de Palmas. A questão foi solucionada mediante o arbitramento do presidente dos Estados Unidos Grover Clevand, com o Barão do Rio

Branco na defesa do Brasil. E conforme o árbitro, a fronteira entre os dois países ficou definida pelos rios Pepiri-Guaçu e Santo Antonio, sendo assim a região de Palmas permaneceu no poder do Brasil.

A questão do Amapá

O ano de 1895 foi marcado por grandes conflitos entre o Brasil e a França. Nesta época o governo francês queria parte do território do Amapá, pois desde o século XIX não reconhece o rio Oiapoque como a fronteira entre Amapá e Guiana.

Novamente a questão foi resolvida por arbitramento, desta vez pelo presidente do Conselho Federal Suíço, Walter Hauser. E mais uma vez quem defendeu o Brasil foi o Barão do Rio Branco. A decisão tomada pelo árbitro também favoreceu o Brasil, pois o rio Oiapoque foi reconhecido como fronteira entre Brasil e França, e isso assegurou ao Brasil o poder da região do Amapá.

A questão da ilha de Trindade

Em meados de 1895 a Inglaterra reparou que a mais de um século não haviam habitantes na ilha de Trindade, então o governo inglês resolveu povoá-la, mas o Brasil reivindicou seus direito, e protestou.

Então a Inglaterra propôs resolverem o assunto da ilha através de arbitramento, mas o Brasil se recusou a resolver desta maneira, todavia, resolveu aceitar a intervenção de Dom Carlos I, rei de Portugal, porque lá existiam alguns documentos que provavam o descobrimento da ilha pelos portugueses.

Desta vez o ministro João Artur de Sousa Correia e o Marquês Soveral defenderam o Brasil em Londres, e em 1896 a Inglaterra se retirou da ilha de Trindade.

A questão Pirara

Foi uma grande disputa pela região do Pirara. Tudo começou quando a Inglaterra ocupou a região que era fronteira da Guiana Inglesa.

Com a chegada da Republica, a questão foi solucionada através do arbitramento pelo rei da Itália, Vitor Emanuel III. Desta vez, a decisão foi favorável aos ingleses. Sendo assim, a região foi dividida entre o Brasil e a Guiana Inglesa.

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A Questão do Acre

O Acre era um estado ocupado por seringueiros, que trabalhavam na extração da borracha. Mas essas terras segundo o tratado de 1777 e 1867 pertenciam à Bolívia. Tudo se tornava mais complicado, quando em 1902, os bolivianos começaram a expulsar os seringueiros brasileiros de suas terras, sendo que a extração da borracha era primordial para o Brasil. Foi então que sob o comando de Plácido de Castro, proclamaram o Estado independente do Acre, fez isso pensando em trazê-lo ao Brasil. Mesmo com as batalhas o Barão do Rio Branco começou a defender os interesses brasileiros como ministro das relações exteriores, começou as negociatas que se resultou no Tratado de Petrópolis. Então o Brasil recebeu o Acre, e em troca cedeu à Bolívia uma pequena área no estado de Mato Grosso, uma quantia de 2 milhões de libras, e construiu a famosa estrada de ferro Madeira-mamoré, assegurando que as produções bolivianas escoassem pelo rio Amazonas.

Participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial

Os alemães, diante da superioridade naval da Inglaterra, resolveram empreender uma guerra submarina sem restrições. Na noite de 3 de abril de 1917, o navio brasileiro “Paraná” foi atacado pelos submarinos alemães perto de Barfleur, na França. O Brasil, presidido por Wenceslau Brás, rompeu as relações com Berlim e revogou sua neutralidade na guerra. Novos navios brasileiros foram afundados. No dia 25 de outubro, quando recebeu a noticia do afundamento do navio “Macau”, o Brasil declarou guerra à Alemanha. Enviou auxilio à esquadra inglesa no policiamento do Atlântico e uma missão médica.

O fim do Estado Novo

A guerra dos Aliados contra o nazi-fascismo foi aproveitada pelos grupos liberais brasileiros para combater o fascismo interno do próprio Estado Novo. Combater a ditadura Vargas.

Sentindo a onda liberal que tomava contra o país, Getúlio Vargas procurou liberar a abertura democrática. Em fevereiro de 1945, o governo fixou prazo para à próxima eleição presidencial. Concedeu anistia ampla a todos os condenados políticos. Soltou os comunistas que estavam na cadeia, entre os quais os líderes Luís Carlos Prestes. Permitiu a volta dos exilados ao país.

Nesse ambiente de democracia, renascia a vida partidária. Foram organizados diversos partidos políticos como: UDN (União Democrática Nacional); PSD (Partido Social Democrático); PTB (Partido Trabalhista Brasileiro); PSP (Partido Social Progressista). Foi permitida a legalização do PCB (Partido Comunista do Brasil), que vivia na clandestinidade.

Nas eleições presidenciais, marcadas para 2 de dezembro de 1945, concorreriam três candidatos: o general Eurico Eduardo Dutra (pelo PSD e PTB), que contava com o apoio de Vargas; o brigadeiro Eduardo Gomes (pela UDN); o engenheiro Yedo Fiúza (pelo PCB).

O Queremismo

No decorrer da campanha eleitoral, Getúlio Vargas fazia um jogo político contraditório. Apoiava aparentemente o general Eurico Gaspar Dutra. Mas, às escondidas, estimulava um movimento popular que pedia sua permanência no poder. Era o queremismo, palavra derivada dos gritos populares de “Queremos Getúlio!”. O queremismo era impulsionado pelo PTB e pelo PCB.

Aproveitando o momento de prestígio popular, Getúlio Vargas decretou, em Junho de 1945, a Lei Anti-truste, que dificultava as atividades do capital estrangeiro no Brasil. Essa lei provocou enorme reação das eleições presidenciais. Então, uniram força spara derruba-lo da presidência.

Em 29 de outubro de 1945, tropas do Exército cercaram a sede do governo (Palácio do Catete) e obrigaram Vargas à renúncia. A presidência da República foi entregue temporariamente a José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal.

Era o fim do Estado Novo. Getúlio Vargas foi afastado do poder sem receber nenhuma punição política. Retirou-se tranqüilamente para sua fazenda em São Borja, no Rio Grande do Sul.

Com o apoio político de Vargas, o general Dutra venceu as eleições presidenciais.

A GUERRA FRIA

A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois os Estados Unidos e a União Soviética vão disputar a hegemonia política, econômica e militar no mundo.

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RESUMO DE CONCURSOS

A União Soviética possuía um sistema socialista, baseado na economia planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade social e falta de democracia. Já os Estados unidos, a outra potência mundial, defendia a expansão do sistema capitalista, baseado na economia de mercado, sistema democrático e propriedade privada. Na segunda metade da década de 1940 até 1989, estas duas potências tentaram implantar em outros países os seus sistemas políticos e econômicos.

A definição para a expressão guerra fria é de um conflito que aconteceu apenas no campo ideológico, não ocorrendo um embate militar declarado e direto entre Estados Unidos e URSS. Até mesmo porque, estes dois países estavam armados com centenas de mísseis nucleares. Um conflito armado direto significaria o fim dos dois países e, provavelmente, da vida no planeta Terra. Porém ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como, por exemplo, na Coréia e no Vietnã.

Paz Armada

Na verdade, uma expressão explica muito bem este período: a existência da Paz Armada. As duas potências envolveram-se numa corrida armamentista, espalhando exércitos e armamentos em seus territórios e nos países aliados. Enquanto houvesse um equilíbrio bélico entre as duas potências, a paz estaria garantida, pois haveria o medo do ataque inimigo.

Nesta época, formaram-se dois blocos militares, cujo objetivo era defender os interesses militares dos países membros. A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte (surgiu em abril de 1949) era liderada pelos Estados Unidos e tinha suas bases nos países membros, principalmente na Europa Ocidental. O Pacto de Varsóvia era comandado pela União Soviética e defendia militarmente os países socialistas. Alguns países membros da OTAN : Estados Unidos, Canadá, Itália, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia, Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia.

Alguns países membros do Pacto de Varsóvia : URSS, Cuba, China, Coréia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia, Tchecoslováquia e Polônia.

Corrida Espacial

EUA e URSS travaram uma disputa muito grande no que se refere aos avanços espaciais. Ambos corriam para tentar atingir objetivos significativos nesta área. Isso ocorria, pois havia uma certa disputa entre as potências, com o objetivo de mostrar para o mundo qual era o sistema mais avançado. No ano de 1957, a URSS lança o foguete Sputnik com um cão dentro, o primeiro ser vivo a ir para o espaço. Doze anos depois, em 1969, o mundo todo pôde acompanhar pela televisão a chegada do homem a lua, com a missão espacial norte-americana.

Caça às Bruxas

Os EUA liderou uma forte política de combate ao comunismo em seu território e no mundo. Usando o cinema, a televisão, os jornais, as propagandas e até mesmo as histórias em quadrinhos, divulgou uma campanha valorizando o “american way of life”. Vários cidadãos americanos foram presos ou marginalizados por defenderem idéias próximas ao socialismo. O Macartismo, comandado pelo senador republicano Joseph McCarthy, perseguiu muitas pessoas nos EUA. Essa ideologia também chegava aos países aliados dos EUA, como uma forma de identificar o socialismo com tudo que havia de ruim no planeta.

Na URSS não foi diferente, já que o Partido Comunista e seus integrantes perseguiam, prendiam e até matavam todos aqueles que não seguiam as regras estabelecidas pelo governo. Sair destes países, por exemplo, era praticamente impossível. Um sistema de investigação e espionagem foi muito usado de ambos os lados. Enquanto a espionagem norte-americana cabia aos integrantes da CIA, os funcionários da KGB faziam os serviços secretos soviéticos.

“Cortina de Ferro”

Após a Segunda Guerra, a Alemanha foi dividida em duas áreas de ocupação entre os países vencedores. A República Democrática da Alemanha, com capital em Berlim, ficou sendo zona de influência soviética e, portanto, socialista. A República Federal da Alemanha, com capital em Bonn (parte capitalista), ficou sob a influência dos países capitalistas. A cidade de Berlim foi dividida entre as quatro forças que venceram a guerra : URSS, EUA, França e Inglaterra. No final da década de 1940 é levantado Muro de Berlim, para dividir a cidade em duas partes : uma capitalista e outra socialista. É a vergonhosa “cortina de ferro”.

Plano Marshall e COMECON

As duas potências desenvolveram planos para desenvolver economicamente os países membros. No final da década de 1940, os EUA colocaram em prática o Plano Marshall, oferecendo ajuda econômica, principalmente através de empréstimos, para reconstruir os países capitalistas afetados pela Segunda Guerra Mundial. Já o COMECON foi criado pela URSS em 1949 com o objetivo de garantir auxílio mútuo entre os países socialistas.

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RESUMO DE CONCURSOS

Envolvimentos Indiretos Guerra da Coréia

Entre os anos de 1951 e 1953 a Coréia foi palco de um conflito armado de grandes proporções. Após a Revolução Maoista ocorrida na China, a Coréia sofre pressões para adotar o sistema socialista em todo seu território. A região sul da Coréia resiste e, com o apoio militar dos Estados Unidos, defende seus interesses. A guerra dura dois anos e termina, em 1953, com a divisão da Coréia no paralelo 38. A Coréia do Norte ficou sob influência soviética e com um sistema socialista, enquanto a Coréia do Sul manteve o sistema capitalista.

Guerra do Vietnã

Este conflito ocorreu entre 1959 e 1975 e contou com a intervenção direta dos EUA e URSS. Os soldados norte-americanos, apesar de todo aparato tecnológico, tiveram dificuldades em enfrentar os soldados vietcongues (apoiados pelos soviéticos) nas florestas tropicais do país. Milhares de pessoas, entre civis e militares morreram nos combates. Os EUA saíram derrotados e tiveram que abandonar o território vietnamita de forma vergonhosa em 1975. O Vietnã passou a ser socialista.

Fim da Guerra Fria

A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da década de 1980. Em 1989 cai o Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas. No começo da década de 1990, o então presidente da União Soviética Gorbachev começou a acelerar o fim do socialismo naquele país e nos aliados. Com reformas econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo implantado nos países socialistas.

TESTES:

01. “Hoje sabemos que Stalin foi a principal vítima dessa falta de realismo, recusando-se obstinada e sistematicamente a aceitar a acumulação de provas detalhadas e absolutamente confiáveis do plano de Hitler de atacar a União Soviética, mesmo depois que os alemães já haviam cruzado suas fronteiras.” (Hobsbawm, Eric. Tempos Interessantes. São Paulo: Cia das Letras, 2002. p. 186)

A “falta de realismo” de Stalin, a que se refere Hobsbawm, estava ancorada:a) Na crença de que os governos dos EUA e da Inglaterra não haviam atacado a URSS porque esta se colocara ao lado

dos nazistas no confito.b) Na crença que Stalin tinha na identificação entre as ideologias socialista e nacional-socialista.c) Na certeza de que Hitler não arriscaria uma invasão à URSS devido à superioridade bélica evidente do Exército Vermelho.d) Na suposição de que o objetivo de Hitler era destruir as potências capitalistas para depois, com a URSS, construir uma

Europa socialista.e) Na existência de um pacto de não-agressão entre a Alemanha e a URSS, assinado em 1939.

RESPOSTA “E”.

02. (PUCMG-2007) – A Guerra do Vietnã ultrapassa os limites da luta pela libertação do domínio estrangeiro e se insere nos quadros da Guerra Fria, quando:

a) A URSS oferece seu apoio irrestrito ao partido comunista de Ho Chi Minh.b) Os EUA atuam no sentido de impedir o avanço do comunismo no sudeste asiático.c) O regime comunista do Vietnã do Norte se alia ao regime socialista de Mao Tsé tung.d) a aliança França-EUA se consolida na luta contra a libertação da Indochina.e) A política bem sucedida de Ho Chi Minh se expande por toda a península indochinesa.

RESPOSTA “B”.

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RESUMO DE CONCURSOS

03. (ANALISTA-FUNIVERSA-2009) – A partir da Segunda Guerra Mundial e até 1960, o Brasil, a exemplo de outros países do denominado “Cone Sul”, teve sua história marcada por um processo de modernização caracterizado:

a) Pela criação de uma política desenvolvimentista baseada em um processo de industrialização associado aos capitais estrangeiros.b) Pela organização de políticas de moldes socialistas que ocasionaram a fuga de capitais estrangeiros.c) Pela elaboração de uma política populista, caracterizada por uma intensa reforma agrária, levando a um processo de crescimento

do mercado interno.d) Pelo surgimento de governos militares de regime ditatorial instalados para frear a expansão de movimentos socialistas.e) Pela preservação de uma política oligárquica e de caráter nacionalista, responsável por um desenvolvimento industrial contrário

aos interesses norte-americanos.

RESPOSTA “A”.

04. “Estoy aqui de passagem/ Sei que adiantei/ Um dia vou morrer/ De susto, de bala ou vício/ No precipício de luzes/ Entre saudades, soluço/ Eu vou morrer de bruços/ Nos braços de uma mulher/ Mas apaixonado ainda/ Dentro dos braços da camponesa/ Guerrilheira, manequim/ Ai de mim/ Nos braços de quem me queira/ Soy loco por ti, América/ Soy loco por ti de amores.” Soy loco por ti, América. Gilberto Gil/Capinam, 1968.

A década de 1960 foi marcada por uma intensa movimentação política e cultural na qual a participação dos jovens foi decisiva e registrada em diversos países do mundo. A esse respeito, é correto afirmar:

a) A contestação foi essencialmente econômica e secundariamente política e cultural, como pode ser exemplificado pela Revolução Cultural chinesa e pela revolta dos estudantes na França, em 1968, movimentos contrários a qualquer culto a personalidades.

b) A vitória da Revolução Cubana não influenciou a juventude latino americana devido ao embargo econômico e à política de isolamento sustentada pelos Estados Unidos contra o regime de Fidel Castro.

c) A juventude estudantil brasileira manteve-se distante do processo político até o final de 1968, quando passou a organizar diversas manifestações de massas contra o regime militar.

d) A América Latina tornou-se uma das únicas regiões não contaminadas pela Guerra Fria, graças ao estabelecimento de ditaduras militares e regimes nacionalistas refratários a qualquer vinculação com os Estados Unidos ou com o bloco soviético.

e) Liberdade sexual, contracultura, revolução social, apologia à juventude e oposição à Guerra do Vietnã foram elementos da contestação dos anos sessenta.

RESPOSTA “E”.

05. (FISCAL DE MEIO AMBIENTE, POSTURA E URBANISMO-MOURA MELO-2009) – O filósofo francês Jean-Paul Sartre, falecido em 1980, foi convocado para servir ao exército ao eclodir a Segunda Guerra Mundial. Ele registrou em um diário:

“(...) tenho vergonha de confessar, começo a esperar o fim da guerra. Oh, é uma crença imaginária, eu a espero como durante o inverno de 38 esperava o fim da paz, sem acreditar. Mas afinal, estou tão deslocado da guerra como em 38 - 39 estava deslocado da paz.” J. P. Sartre, Diário de uma Guerra Estranha.

Destaque os acontecimentos ocorridos antes da ofensiva alemã, que levaram o flósofo, em 38-39, a sentir-se deslocado da paz.a) A assinatura do Pacto Anti-Kominterm e a realização da Conferência de Potsdam.b) A formação da Liga das Nações e a invasão da URSS.c) A Conferência de Munique e Pacto de Não-Agressão Nazi-Soviético.d) A Conferência de Yalta e a divisão da Alemanha.e) O rompimento dos acordos de paz de Brest-Litowsky e a consolidação de duas superpotências.

RESPOSTA “C”.

06. (CESGRANRIO-2006) – Com o final da Segunda Guerra Mundial, os países vitoriosos procuraram criar vários mecanismos internacionais que buscassem o desenvolvimento do planeta de forma mais harmônica. É dessa época a criação do seguinte organismo:

a) ONU- para a constituição de um exército internacional para por fim às guerras.b) OTAN - para a desmilitarização dos países ocidentais e a diminuição das zonas de conflito.c) GATT - para a implantação de uma tarifa única sobre os produtos e serviços internacionais.d) UNESCO - para a melhoria da qualidade alimentar das populações miseráveis do Terceiro Mundo.e) FMI - para ajudar financeiramente aos países membros, quando em dificuldades.

RESPOSTA “E”.

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

07. (FGV -2008) – A política anticomunista acentuou-se nos países capitalistas após a Segunda Guerra Mundial. Nos EUA pós-guerra, esta expressou-se através:

a) Do assassinato dos líderes sindicais Sacco e Vanzetti.b) Do Comitê de Atividades Antiamericanas destinado a investigar e perseguir condutas consideradas desleais para com a

política oficial dos EUA.c) Do decreto Roosevelt, que indicou o republicano J. McCarthy à presidência da Polícia Federal dos EUA.d) Da criação da Polícia Federal, dirigida pelo senador McCarthy.e) Da indicação do General Eisenhower à presidência do Senado.

RESPOSTA “B”.

08. (PUCCAMP- 2010) – Leia o seguinte texto sobre a Segunda Guerra Mundial: “Antes mesmo de findar a guerra, as grandes potências [vitoriosas] firmaram acordos sobre seu encerramento, além de definirem partilhas, inaugurando novos confrontos que poderiam desencadear uma hecatombe nuclear.” Considere as alternativas abaixo, relacionando-as com os efeitos dos confrontos citados.

I. A Instituição de duas Alemanhas - a República Federal Alemã e a República Democrática Alemã - e a divisão da cidade de Berlim em quatro zonas.

II. O surgimento de dois Estados Coreanos: a República da Coréia e a República Popular Democrática da Coréia do Norte.

III. A divisão do Vietnã em Vietnã do Norte e Vietnã do Sul.IV. A Conferência de Bandung e a demarcação de áreas de infuências européias.Estão corretas somente:a) I e II.b) III e IV.c) I, II e III.d) I, II e IV.e) II, III e IV.

RESPOSTA “C”.

09. (FISCAL DE VIGILÃNCIA SANITÁRIA-UNISUL-2009) – “...inspirado por razões humanitárias e pela vontade de defender uma certa concepção de vida ameaçada pelo comunismo, constitui também o meio mais efcaz de alargar e consolidar a influência norte-americana no mundo, um dos maiores instrumentos de sua expansão (...) tem por conseqüência imediata consolidar os dois blocos e aprofundar o abismo que separava o mundo comunista e o Ocidente...”

“...as partes estão de acordo em que um ataque armado contra uma ou mais delas na Europa ou na América do Norte deve ser considerado uma agressão contra todas; e, consequentemente, concordam que, se tal agressão ocorrer, cada uma delas (...) auxiliará a parte ou as partes assim agredidas (...)”.

Os textos identificam, respectivamente:a) A Doutrina Monroe e a Organização das Nações Unidas (ONU).b) O Plano Marshall e a organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).c) O Pacto de Varsóvia e a Comunidade Econômica Européia (CEE).d) O Pacto do Rio de Janeiro e o Conselho para Assistência Econômica Mútua (COMECON).e) A Conferência do Cairo e a Organização dos Estados Americanos (OEA).

RESPOSTA “B”.

ANOTAÇÕES

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RESUMO DE CONCURSOS

CAPÍTULO 12: GOVERNANTES E GOVERNADOS

O populismo na Argentina

O populismo é um dos fenômenos políticos mais marcantes da américa latina durante o século XX. Com base nesta afirmativa, iremos apontar algumas das características de um governo populista e comparar a nível de ilustração os governos de J. Perón (Argentina), Lázaro Cádernas ( México) e Getúlio Vargas (Brasil).

Os governos populistas na América Latina, estão marcados por diversas características em comum dentre elas gostaríamos de destacar : políticas econômicas voltas para o incentivo da industrialização e substituição de importações; o desenvolvimento de ideologias nacionalistas que pregavam a união das diferentes classes sociais sobre a tutela do estado, tendo o líder muitas vezes sido confundido ou se fazendo confundir com o próprio estado e o antagonismo com aqueles que fossem contrários aos governos populistas; fenômeno urbano que se utiliza das massas para se apoiar; criação de políticas trabalhistas e controle de sindicatos pelo poder público possibilitava um maior controle sobre as massas trabalhadoras urbanas; práticas antiimperialista, como nacionalização de “setores estratégicos” para o país ( petróleo, estradas de ferro ...).

Após destacar alguns dos aspectos encontrados nos diferentes países que sofreram governos populistas, gostaríamos de trazer a baila, ou melhor, de tratar mais especificamente alguns aspectos do populismo na Argentina (J. Perón), México (Lázaro Cárdenas) e Brasil ( Getúlio Vargas), já que um assunto tão vasto foge das dimensões de uma analise deste porte .

Lázaro Cárdenas no México e Perón na Argentina chegaram ao poder através de eleições. Já Getúlio Vargas chegou ao poder através do golpe de Estado que deu fim ao período da História Brasileira, conhecido como republica velha.

Interessante que diferente da Argentina e do Brasil o populismo no México toma rumo diferente numa questão crucial chamada reforma agrária. O governo cárdenas foi o governo que mais distribuiu terras dentre o período de 1915 à 1962 .Sendo inclusive essa relação com o campesinato rural no México um dos grandes diferenciais dos outros governos populistas. Por que na Argentina e no Brasil o populismo se caracterizou eminentemente nos grandes centros urbanos e a reforma agrária não foi feita, pois os grandes Fazendeiros e Latifundiários continuaram a dominar o cenário rural nestes dois países.

Sendo o populismo um fenômeno arraigado no meio urbano e que busca o apoio nas crescentes massas trabalhadoras, cada governo toma diferentes atitudes, para tentar controlar essas massas populares.

No México com referência aos extratos urbanos o governo Cárdenas “ mostrou-se progressista e não repressor. O Estado cardenista não reprimiu as greves nem outras manifestações operárias ou camponesas. ... O Estado, à época de Cárdenas, consolidou-se, burocratizou-se e se fortaleceu diante da sociedade como um todo ; os principais canais de participação política passaram a ser articulados à estrutura estatal, de forma particular o PRI, além dos sindicatos urbanos e rurais.”

Já na Argentina o “ peronismo se caracterizou também por uma política de concessões à classe operária; mas, ao lado das concessões, a postura autoritária repressiva do regime contra oposicionistas em geral. Além disso, a política posta em prática por Perón levou a um atrelamento dos sindicatos à burocracia estatal ... e, durante o regime peronista,- os sindicatos - são reconhecidos como uma mediação entre trabalhadores e poder político.”

No governo Vargas, semelhante a Argentina o Estado intervém nos sindicatos e passa a legislar sobre as necessidades dos trabalhadores, além disso o governo Vargas ao intervir no sindicatos os torna dependente do poder público pois através do repasse de “contribuições” ( Impostos), dos trabalhadores para o sindicatos e tornando oficiais apenas os sindicatos que se alinhassem ao governo. Além disso a criação de uma legislação trabalhista como mostra Francisco Weffort, serve para controlar as massas de trabalhadoras. Pois ao controlar e administrar as demandas dos trabalhadores o governo passa a ter um poder de barganha junto a essas massas urbanas e de certa parte minar a influência de outros grupos, tais como os anarquistas e socialistas, que geralmente estavam presentes no meio dos movimentos urbanos trabalhistas.

E nas palavras do próprio Weffort ao comentar a legislação trabalhista e relação de troca surgida com a regulamentação das necessidades dos trabalhadores ele fala que “Vargas, apoiado no controle das funções políticas, “doa” às massas urbanas uma legislação trabalhista que começa a formular-se desde os primeiros anos do Governo Provisório e que se consolida no ano de 1943. A limitação da legislação aos setores urbanos não deve passar despercebida. São os setores que possuem maior capacidade de pressão sobre o Estado e aqueles que, desde antes de 1930, possuíam alguma tradição de luta; são também os setores disponíveis, para a manipulação política, pois apesar de que as regras de jogo eleitoral estivessem suspensas desde 1937 elas foram uma das primeiras conquistas da revolução de 1930 e continuavam a Ter uma existência virtual. Por outro lado, a restrição da legislação trabalhista às cidades atende às massas urbanas sem interferir com os interesses dos grandes proprietários de terra..”

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RESUMO DE CONCURSOS

Após analisar algumas das características do populismo no México, Argentina e Brasil, constatamos que o populismo no três países abordados têm alguns elementos em comum, mas dado a condições em que aconteça e o contexto histórico do País em que ocorra ele adquire características diferenciadas de um local para o outro.

A democracia populista

A queda do Estado Novo abriu caminho para a democratização do Brasil no pós-guerra. De várias formas e em maior ou menor grau, os vários governos que sucederam a Era Vargas continuaram a praticar a “política de massas”, afirmando seus compromissos “com o povo”, mais do que com seus partidos e programas. Essa prática populista ajustou-se bem à situação do país, no momento em que crescia rapidamente a população urbana. Era principalmente às massas proletárias urbanas que o populismo se dirigia.

O governo JK e o Desenvolvimentismo

O ponto central do governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960) foi o Plano de Metas, com o qual o presidente JK prometia ao povo brasileiro fazer o país crescer “cinqüenta anos em cinco”. Tratava-se de um plano de desenvolvimento econômico em setores-chaves da economia, como energia, transporte, indústria de base e de bens de consumo. Um dos maiores êxitos do Plano de Metas foi a aceleração do crescimento da indústria automobilista.

Uma das marcas do governo JK foi sem dúvida a construção da capital brasileira, Brasília. A inauguração da nova capital federal, em 21 de abril de 1960, foi um dos marcos dos anos JK e um fator de estímulo à integração nacional a partir do Centro-Oeste brasileiro.

No Plano de Metas, o desenvolvimento industrial estava centrado na produção de veículos, principalmente automóveis. A indústria automobilística do ABC paulista foi a grande alavanca que impulsionou a industrialização brasileira nos anos 50 e 60.

Contudo, o governo de JK estava mais voltado para o incentivo à indústria automobilística do que para as carências e necessidades da população.

Para se ter uma idéia, o investimento para o transporte, sistema ferroviário, pavimentação de rodovias, etc., representava 28% do investimento total do governo no país; o investimento no setor energético, para aumentar a produção de energia, fora de 48%. Já na Educação, o governo JK investiu somente 2,8%, para a manutenção e ampliação do ensino público; no setor da Alimentação, o investimento total do governo foi de 3,6%.

Curiosidade. Na cédula de Cem Cruzados, imagem do presidente, as estradas do país e central de energia elétrica, símbolos do governo JK; no verso da cédula, Brasília.

O Governo de Jânio Quadros

Em 1961 assumiu a presidência da República brasileira Jânio Quadros. Jânio foi o típico político populista. Seu método político de ação consistia no contato corpo a corpo com a massa de eleitores. Carismático, falava a linguagem que o povo queria ouvir. O símbolo de sua campanha foi a vassoura. Com ela, prometia ao povo varrer a corrupção que se alastrava pelo país.

Contudo, Jânio em poucos meses perdeu boa parte de sua base parlamentar no Congresso Nacional. Seu próprio partido, a UDN, o abandonou. Sob muitas críticas contra o seu governo, a 25 de agosto de 1961, em um bilhete manuscrito dirigido ao Congresso Nacional, anunciou sua renúncia à Presidência da República.

O Governo João Goulart

Com a renúncia de Jânio Quadros, assumiu a Presidência do Brasil João Goulart, o popular Jango. Desenvolvendo uma política populista de massas, Jango em meados de 1963, enviou ao Congresso Nacional o programa de Reformas de Base, com projetos de reforma agrária, tributária, urbana, bancária e educacional. Ainda em 1963, Jango aprovou o Estatuto do Trabalhador Rural (direitos trabalhistas no campo), apoiou a fundação da Confederação dos Trabalhadores Agrícolas (CONTAG) e criou o 13º salário.

Esta política populista de Jango, desagradou setores importantes da elite brasileira, principalmente a classe empresarial e militar.Contra Jango e sua política populista, interessados em seu afastamento do governo, erguiam-se o empresariado, governadores

dos estados, como Carlos Lacerda (Guanabara, atual Rio de Janeiro), Ademar de Barros (São Paulo), e partidos políticos como o PSD e a UDN.

Além disto, no contexto da guerra-fria, estavam contra Jango o Estado Maior das Foças Armadas do Brasil, o EMFA, e a embaixada dos Estados Unidos, inclusive com o apoio do governo norte-americano a um possível golpe de Estado no país.

Com a movimentação de tropas militares em Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro, em 31 de março de 1964, começava o golpe militar que perduraria no Brasil até 1985.

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RESUMO DE CONCURSOS

DITADURA MILITAR

Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período da política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar.

O golpe militar de 1964

A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, organização populares e trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria. Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista.

Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de estar planejando um golpe de esquerda e de ser o responsável pela carestia e pelo desabastecimento que o Brasil enfrentava.

No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande comício na Central do Brasil ( Rio de Janeiro ), onde defende as Reformas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país.

Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organizam uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo.

O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder. Em 9 de abril, é decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este, cassa mandatos políticos de opositores ao regime militar e tira a estabilidade de funcionários públicos.

Governo Castello Branco (1964-1967)

Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso Nacional presidente da República em 15 de abril de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a democracia, porém ao começar seu governo, assume uma posição autoritária.

Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de dissolver os partidos políticos. Vários parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos receberam intervenção do governo militar.

Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estavam autorizados o funcionamento de dois partidos: Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada, o segundo representava os militares.

O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova Constituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o regime militar e suas formas de atuação.

Governo Costa e Silva (1967-1969)

Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu governo é marcado por protestos e manifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce no país. A UNE (União Nacional dos Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil.

Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários paralisam fábricas em protesto ao regime militar. A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada por jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e seqüestram embaixadores

para obterem fundos para o movimento de oposição armada. No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Institucional Número 5 ( AI-5 ). Este foi o mais duro do governo militar,

pois aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou a repressão militar e policial.

Governo da Junta Militar (31/8/1969-30/10/1969)

Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica).

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RESUMO DE CONCURSOS

Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN seqüestram o embaixador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem a libertação de 15 presos políticos, exigência conseguida com sucesso. Porém, em 18 de setembro, o governo decreta a Lei de Segurança Nacional. Esta lei decretava o exílio e a pena de morte em casos de “guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva”.

No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi morto pelas forças de repressão em São Paulo.

Governo Medici (1969-1974)

Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general Emílio Garrastazu Medici. Seu governo é considerado o mais duro e repressivo do período, conhecido como “ anos de chumbo “. A repressão à luta armada cresce e uma severa política de censura é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e outras formas de expressão artística são censuradas. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores são investigados, presos, torturados ou exilados do país. O DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de Operações de Defesa Interna ) atua como centro de investigação e repressão do governo militar.

Ganha força no campo a guerrilha rural, principalmente no Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida pelas forças militares.

O Milagre Econômico

Na área econômica o país crescia rapidamente. Este período que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido com a época do Milagre Econômico. O PIB brasileiro crescia a uma taxa de quase 12% ao ano, enquanto a inflação beirava os 18%. Com investimentos internos e empréstimos do exterior, o país avançou e estruturou uma base de infra-estrutura. Todos estes investimentos geraram milhões de empregos pelo país. Algumas obras, consideradas faraônicas, foram executadas, como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-Niteroi.

Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssimo e a conta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos estrangeiros geraram uma dívida externa elevada para os padrões econômicos do Brasil.

Governo Geisel (1974-1979)

Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Geisel que começa um lento processo de transição rumo à democracia. Seu governo coincide com o fim do milagre econômico e com a insatisfação popular em altas taxas. A crise do petróleo e a recessão mundial interferem na economia brasileira, no momento em que os créditos e empréstimos internacionais diminuem.

Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e segura. A oposição política começa a ganhar espaço. Nas eleições de 1974, o MDB conquista 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos Deputados e ganha a prefeitura da maioria das grandes cidades.

Os militares de linha dura, não contentes com os caminhos do governo Geisel, começam a promover ataques clandestinos aos membros da esquerda. Em 1975, o jornalista Vladimir Herzog á assassinado nas dependências do DOI-Codi em São Paulo.

Em janeiro de 1976, o operário Manuel Fiel Filho aparece morto em situação semelhante. Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-corpus e abre caminho para a volta da democracia no Brasil.

Governo Figueiredo (1979-1985)

A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a acelerar o processo de redemocratização. O general João Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia, concedendo o direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e demais brasileiros exilados e condenados por crimes políticos. Os militares de linha dura continuam com a repressão clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos da imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil). No dia 30 de Abril de 1981, uma bomba explode durante um show no centro de convenções do Rio Centro. O atentado fora provavelmente promovido por militares de linha dura, embora até hoje nada tenha sido provado.

Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o pluripartidarismo no país. Os partidos voltam a funcionar dentro da normalidade. A ARENA muda o nome e passa a ser PDS, enquanto o MDB passa a ser PMDB. Outros partidos são criados, como: Partido dos Trabalhadores ( PT ) e o Partido Democrático Trabalhista ( PDT ).

A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas Já

Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários problemas. A inflação é alta e a recessão também. Enquanto isso a oposição ganha terreno com o surgimento de novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos.

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RESUMO DE CONCURSOS

Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e milhões de brasileiros participam do movimento das Diretas Já. O movimento era favorável à aprovação da Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas para presidente naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.

No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente Liberal.

Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vice-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova constituição para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios democráticos no país.

O AUTORITARISMO EM MARCHA

O Ato Institucional nº 1

O Ato Institucional Número Um ou AI-1, foi criado em 9 de abril de 1964 por uma junta militar composta pelos militares: o general do exército Artur da Costa e Silva,o tenente-brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo e o vice-almirante Augusto Hamann Rademaker Grünewald, que subscreveram o ato.

A decretação do ato teve como objetivo o de fortalecer ainda mais o regime militar, além de evitar que os políticos depostos e a oposição se reorganizassem para combater a nova ordem. Somente com uma medida radical, os militares poderiam convencer os indecisos dos rumos determinados pelos golpistas e um Congresso indeciso seria perigoso, pois poderia desencadear uma Guerra Civil no país. Todos aqueles que poderiam reagir ou dificultar o processo tinham que ser afastados.

Houve uma radicalização que não aceitava de forma alguma um governo com tendências esquerdistas. Segundo o grupo mais radical, se isso acontecesse poderia gerar conflitos agrários e urbanos, com muito mais violência do que se os militares permanecessem no poder.

Ficaram suspensos por dez anos os direitos políticos de todos os cidadãos que eram vistos como opositores do atual regime, entre eles tinham congressistas, governadores e até militares. A partir disso, surgiram as ameaças de prisões, cassações, enquadramentos e expulsão do país.

A eleição indireta do presidente da República foi institucionalizada. Desta forma, somente o colégio eleitoral, composto pelos congressistas poderiam eleger o presidente.

A Constituição da República foi suspensa por seis meses e com ela, todas as garantias constitucionais.Através do AI-1, o regime militar pôde cassar os direitos políticos de centos e dois cidadãos contrários a ditadura que estava se

iniciando. O AI-1 dava poderes para o Presidente escolher os congressistas que ficariam na casa e estes o elegeriam, pois fariam parte do colégio eleitoral. Com isso, criavam uma falsa imagem de democracia para a opinião pública internacional, onde o presidente seria eleito por um colégio eleitoral, composto de representantes escolhidos pelo povo. Sendo que o colégio eleitoral havia sido mutilado pelo próprio AI-1.

A Revolução Cubana

A queda de Batista (1953-1959) – Cuba vivia, desde 1952, sob a ditadura de Fulgêncio Batista, que chegara ao poder através de um golpe militar. Batista era um ex-sargento, promovido de uma hora para outra a coronel, depois da chamada “revolução dos sargentos” que depôs o presidente Gerardo Machado, em 1933. Sete anos depois, em 1940, Batista foi eleito presidente. Concluído seu mandato, manteve-se distante do poder durante o governo de seus dois sucessores, para retornar novamente à ativa em 1952, com um golpe.

Contra a ditadura de Batista formou-se uma oposição, na qual se destacou o jovem advogado Fidel Castro, que em 26 de julho de 1953 atacou o quartel de Moncada, com um grupo de companheiros. O ataque fracassou e foram todos encarcerados, mas o ditador anistiou os rebeldes em 195. Fidel, impossibilitado de agir devido à rigorosa vigilância policial, procurou exílio no México, onde reorganizou suas forças. No final de 1956, retornou a Cuba no barco Granma, carregado de armas para iniciar o confronto militar com Batista.

O plano de desembarque, porém, fracassou, e Fidel teve que se refugiar com os companheiros em Sierra Maestra, de onde começaram as operações guerrilheiras. Essas operações tornaram-se cada vez mais organizadas e o movimento guerrilheiro cresceu em força e apoio popular enfrentando o poder do ditador.

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RESUMO DE CONCURSOS

A selvagem repressão desencadeada por Batista aumentou sua impopularidade a tal ponto que, em 1958, os Estados Unidos acabaram suspendendo a venda de armas para o ditador. Em 8 de janeiro de 1959, depois de uma bem-sucedida greve geral, Batista foi derrubado e as tropas de Fidel entraram em Havana.

Manuel Urritia Manzano, moderado opositor do regime Batista, ocupou a presidência, e Fidel foi indicado primeiro-ministro. Alguns membros do Movimento 26 de Julho – nome da organização político-guerrilheira chefiada por Fidel – também ocuparam cargos ministeriais.

A organização de Fidel desfrutava de uma simpatia generalizada entre os cubanos e, a princípio, manteve-se eqüidistante do comunismo e do capitalismo. Os cubanos esperavam, por isso, que se instalasse um governo constitucional, um sistema democrático-representativo nos moldes conhecidos das repúblicas burguesas.

A radicalização

O fuzilamento dos inimigos da revolução (o famoso paredón), as reformas urbanas que obrigaram a baixar os preços dos aluguéis e a reforma agrária, de profundidade sem paralelo na América, eram manifestações de radicalismo que começaram a inquietar os moderados e, no plano externo, o governo dos Estados Unidos.

A resistência do presidente Urritia à radicalização levou Fidel a demitir-se em julho de 1959. Essa atitude suscitou a mais viva manifestação a favor de Fidel e levou, por sua vez, à renúncia de Urritia, que foi substituído por Osvaldo Dorticós Torrado. Fidel voltou a assumir o posto de primeiro-ministro.

Os moderados, vendo na manobra política de Fidel o sintoma de uma indesejável combinação de radicalismo e autoritarismo, afastaram-se do poder. Isso significou, para a revolução, a perda de apoio dos quadros qualificados (profissionais especializados), a qual, no entanto foi compensada pela aproximação e colaboração dos comunistas, que desde o início da guerrilha conservaram-se distantes do Movimento 26 de Julho.

A adesão dos comunistas à revolução, embora tardia, fez com que às audaciosas medidas do novo governo fossem interpretadas como de origem e inspiração comunista, o que não era verdade. De qualquer forma, serviu para encaixar o governo castrista no esquema da guerra fria: se o novo regime não era pró-capitalista, então só podia ser comunista. Essa foi a conclusão dos conservadores e moderados.

Etapas da ruptura com a ordem capitalista (1960-1961)

Era verdade, contudo, que a reforma radical implantada pelo novo governo possuía uma profunda orientação anticapitalista. O radicalismo do governo revolucionário era visto com desconfiança pelos Estados Unidos, sobretudo porque a reforma agrária atingira propriedades açucareiras que pertenciam a capitalistas norte-americanos. O presidente Eisenhower, contrariando o desejo dos ultraconservadores, descartou, entretanto a intervenção militar. Em represália, porém, desencadeou uma dura pressão econômica, cortando fornecimentos - por exemplo, de petróleo - e fazendo vistas grossas para ações de sabotagem contra a economia cubana.

Em julho de 1960, Cuba passou a importar petróleo da União Soviética, mas as refinarias, de propriedade norte-americana e britânica, recusaram-se a refinar o produto. Como resposta, o governo cubano encampou as refinarias, e os Estados Unidos reagiram suspendendo a compra do açúcar cubano.

Em 1961, com John Kennedy, a ruptura se completou. Os Estados Unidos romperam as relações diplomáticas com Cuba e Kennedy autorizou a invasão militar do país pelos exilados cubanos treinados por militares norte-americanos. No dia 17 de abril de 1961, com apoio aéreo dos Estados Unidos, os contra-revolucionários desembarcaram na praia de Girón, na baía dos Porcos, mas foram derrotados em 72 horas.

Dois dias antes da invasão, no dia 15 de abril, Fidel havia declarado, pela primeira vez, que a revolução cubana era socialista.

O socialismo cubano

A Revolução Cubana tornou-se socialista no processo, e nisso reside sua originalidade. Em julho de 1961, o Partido Comunista Cubano ampliou sua participação e influência no governo. No ano seguinte, porém, sua

ascensão foi freada, com o afastamento de seu núcleo dirigente do quadro governamental. O controle do poder foi então retomado pelos revolucionários de Sierra Maestra.

Contudo, o ingresso de Cuba na via socialista levou o país a vincular-se cada vez mais ao bloco socialista, enquanto era forçado a se afastar do sistema pan-americano. Em 1962, na Conferência de Punta del Este (Uruguai), Cuba foi excluída da Organização dos Estados Americanos (OEA). Com exceção do México, todos os países romperam relações diplomáticas e comerciais com Cuba, sob o pretexto de que Cuba estava exportando sua revolução para toda a América Latina.

Em meados de 1962, Kennedy denunciou a presença de mísseis soviéticos em Cuba e ordenou seu bloqueio naval, forçando a União Soviética a retirar da ilha seu arsenal nuclear.

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RESUMO DE CONCURSOS

O isolamento de Cuba imposto pelos Estados Unidos e sua dependência econômica e militar de uma potência distante (União Soviética) não deixaram a Fidel outra alternativa senão tentar modificar esse quadro opressivo para o país. Por isso, a partir de 1962, passou a defender, incansavelmente, a insurreição armada na América Latina, com a esperança de que, com uma revolução em escala continental, Cuba pudesse finalmente romper o isolamento ao qual estava submetida.

Por volta de 1965, devido ao bloqueio econômico, Cuba vivia graves problemas. Para solucioná-los, os revolucionários viram-se diante de um dilema: ou apelavam para soluções eminentemente técnicas e econômicas ou reacendiam a chama revolucionária. Ernesto Guevara, argentino de nascimento, mas que se tornara um dos principais dirigentes da revolução, era favorável à segunda solução. Entretanto, não havia unanimidade.

De qualquer modo, Cuba não tinha como renunciar a sua liderança continental, visto que exercia uma grande influência sobre as esquerdas na América Latina. E, como as esquerdas latino-americanas eram seu único ponto de apoio no continente, seria um suicídio político abrandar em Cuba a chama revolucionária.

Dentro desse espírito revolucionário, realizou-se em Cuba, no ano de 1966, o Congresso Tricontinental, que reuniu os principais movimentos revolucionários e antiimperialistas da Ásia, África e América Latina. Nesse momento, encontrava-se no auge a agressão norte-americana no Vietnã, e a heróica resistência vietnamita despertava enorme admiração em todo o mundo e motivava os revolucionários.

Em julho-agosto de 1967, fundou-se em Havana a Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), cujo lema era: “O dever de todo revolucionário é fazer a revolução”. Esse lema, que criticava implicitamente os partidos comunistas e outras correntes de esquerda que se haviam acomodado à ordem capitalista, retratava também o excesso de otimismo voluntarista, típico da época.

Isso veio a se confirmar no mesmo ano de 1967: Guevara, que há muito “desaparecera” do cenário político cubano, reapareceu na Bolívia, onde procurava repetir a experiência cubana. Dessa vez, entretanto, fracassou e foi morto pelo exército de Barrientos.

A partir de 1968, os dirigentes cubanos, admitindo agora outras alternativas revolucionárias, começaram gradualmente a se retrair, muito embora, por essa mesma época, a guerrilha estivesse se desenvolvendo no Brasil, na Argentina e no Uruguai. Porém, o ímpeto guerrilheiro não ultrapassou o ano de 1975, e as lutas armadas urbanas e rurais fracassaram. Com isso, a tradição bolchevique abandonada começou a ser retomada, em sua vertente anti-stalinista.

O “Foquismo”

Singularidade do modelo cubano – A luta armada não constituía um fato excepcional na América Latina, mas em Cuba assumiu uma característica muito particular, na medida em que separou, de modo radical, a luta política da militar.

Segundo a teoria tradicional concebida por Lênin - líder da Revolução Russa de 1917 - e adotada por todos os par-tidos comunistas do mundo, a revolução socialista deveria ser conduzida por uma minoria esclarecida, que se autoproclamava “vanguarda do proletariado”. O modelo cubano, teorizado nos anos 60 pelo jovem intelectual francês Régis Debray, substituiu a vanguarda política por uma vanguarda militar.

A ação da vanguarda política do tipo leninista apoiava-se, de início, nas reivindicações econômicas do operariado e, por isso, começava com a infiltração comunista nos sindicatos. Os comunistas procuravam, desse modo, ampliar a luta dos trabalhadores, objetivando dar-lhes uma consciência política que, supostamente, não possuíam, mas que lhes pertencia por natureza. Assim, os comunistas (leninistas) esperavam que os operários passassem da luta meramente econômica para a política, preparando-se enfim para o enfrentamento global com a burguesia, através de uma insurreição armada. Chegava-se, desse modo, à tomada do poder. O modelo leninista subordinava, pois, a ação armada à estratégia política.

Segundo Debray, isso foi invertido pelo castrismo, que se peculiarizava pela prioridade virtualmente absoluta conferida à luta armada. Esta seria iniciada por um pequeno grupo (vanguarda militar), cujas ações deveriam criar as condições objetivas para a tomada do poder. Portanto, o castrismo consistia em começar a revolução com um foco guerrilheiro que, gradualmente, ampliaria seu raio de ação. Por isso, o modelo castrista teorizado por Debray ficou conhecido como “foquismo”.

Quem levou mais longe essa concepção, na prática, foi Ernesto Che Guevara - que devido a sua origem argentina ficou conhecido como “Che”. Guevara separou completamente a ação militar da militância política e ignorou a realidade econômica e social, apostando tudo, ao que parece, na vontade (subjetiva) heróica de um punhado de guerrilheiros determinados a sacrificar a própria vida pela causa revolucionária. Com essa concepção subjetivista e totalmente irreal, Guevara iniciou a guerrilha de Nancahuazú na Bolívia, onde encontrou a morte em 9 de outubro de 1967. A concepção era irreal, mas muito propicia para a construção de mitos heróicos. E, de fato, Guevara, com sua boina com uma pequena estrela, foi o herói revolucionário mais cultuado nos anos 60.

Os Partidos Comunistas e as Guerrilhas

A Revolução Cubana exerceu, sem dúvida, um enorme fascínio sobre as esquerdas. Sob sua influência, movimentos guerrilheiros surgiram em vários países da América Latina. Além da influência cubana, esses movimentos recebiam ainda estímulo vindo de longe, do sudeste asiático, onde se desenrolava a guerra do Vietnã (1954-1975). O êxito com que os guerrilheiros vietnamitas enfrentavam o exército norte-americano, o mais poderoso do mundo, era um acréscimo adicional de esperança para os partidários da guerrilha latino-americana.

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RESUMO DE CONCURSOS

Tudo isso contribuiu para fazer da luta armada o modelo revolucionário por excelência. As figuras de Fidel Castro, Guevara e Ho Chi Min pareciam ofuscar os nomes de Lênin e Stalin no panteão revolucionário.

Lembremos que a crítica a Stalin e ao stalinismo - portanto, aos PCs - ganhou mais intensidade nas esquerdas dos anos 70. Além disso, com exceção dos partidos comunistas do Brasil, Chile, Uruguai e da Argentina, que eram reformistas, na Venezuela, Colômbia e Guatemala os PCs apoiaram explicitamente a luta armada e chegaram a organizá-la.

As lutas armadas que eclodiram nos anos 60, contudo, não podem ser consideradas meros reflexos da Revolução Cubana, embora se tenham inspirado no seu exemplo.

A teoria do foco, tal corno foi formulada por Debray e encarnada por Guevara, como já assinalamos, conferia prioridade absoluta à luta armada. Entretanto, é preciso adicionar mais uma observação: o foquismo era considerado na época uma estratégia alternativa válida para toda a América Latina e, portanto, uma via socialista adequada a sua realidade.

Ora, esse modelo nem sempre foi seguido à risca, e as guerrilhas dos anos 60 apresentaram uma grande variedade.

As experiências guerrilheiras

Na Venezuela, a guerrilha foi organizada pelo Partido Comunista Venezuelano e começou a operar em 1962, tendo como principal dirigente Douglas Bravo. Em 1966, Bravo foi desligado da direção do partido e, em 1970, a esquerda abandonou a luta armada sem ter atingido seus objetivos.

Na Colômbia, as guerrilhas de direta inspiração cubana começaram a atuar em 1964, destacando-se como dirigente, no ano seguinte, o padre Camilo Torres, morto em 25 de fevereiro de 1966. No Peru, o mais conhecido dirigente guerrilheiro foi Hugo Blanco, da Frente de Izquierda Revolucionaria, de tendência trotskista, cujas ações se desenvolveram entre 1961 e 1964.

No Brasil, Carlos Marighela, ex-dirigente comunista, rompeu com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e fundou, em 1968, a organização guerrilheira Aliança Libertadora Nacional (ALN); em 1969, foi morto pelos órgãos de repressão do regime militar. No mesmo ano, começou a luta armada na Argentina contra o regime militar de Onganía, destacando-se duas organizações guerrilheiras: o Exército Revolucionário do Povo (ERP) e os Montoneros - extrema esquerda peronista. De 1968 a 1973 esteve em atividade a organização guerrilheira uruguaia - os Tupamaros.

Com exceção de Camilo Torres, os dirigentes guerrilheiros eram de filiação comunista ou pertenciam a alguma de suas variantes. Nenhum desses movimentos de luta armada foi rigorosamente foquista, com exceção talvez da ALN e dos Tupamaros, mas ambos configuraram-se como guerrilhas essencialmente urbanas. Por fim, nenhum deles repetiu o êxito cubano.

GUERRA NO VIETNÃ

A Guerra do Vietnã foi um conflito armado que começou no ano de 1959 e terminou em 1975. As batalhas ocorreram nos territórios do Vietnã do Norte, Vietnã do Sul, Laos e Camboja. Esta guerra pode ser enquadrada no contexto histórico da Guerra Fria.

Contexto Histórico

O Vietnã havia sido colônia francesa e no final da Guerra da Indochina (1946-1954) foi dividido em dois países. O Vietnã do Norte era, comandado por Ho Chi Minh, possuindo orientação comunista pró União Soviética. O Vietnã do Sul, uma ditadura militar, passou a ser aliado dos Estados Unidos e, portanto, com um sistema capitalista.

Causas da Guerra

A relação entre os dois Vietnãs, em função das divergências políticas e ideológicas, era tensa no final da década de 1950. Em 1959, vietcongues (guerrilheiros comunistas), com apoio de Ho Chi Minh e dos soviéticos, atacaram uma base norte-americana no Vietnã do Sul. Este fato deu início a guerra. Entre 1959 e 1964, o conflito restringiu-se apenas ao Vietnã do Norte e do Sul, embora Estados Unidos e também a União Soviética prestassem apoio indireto.

Intervenção militar dos Estados Unidos

Em 1964, os Estados Unidos resolveram entrar diretamente no conflito, enviando soldados e armamentos de guerra. Os soldados norte-americanos sofreram num território marcado por florestas tropicais fechadas e grande quantidade de chuvas. Os vietcongues utilizaram táticas de guerrilha, enquanto os norte-americanos empenharam-se no uso de armamentos modernos, helicópteros e outros recursos.

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RESUMO DE CONCURSOS

Invasão norte-vietnamita

No final da década de 1960, era claro o fracasso da intervenção norte-americana. Mesmo com tecnologia avançada, não conseguiam vencer a experiência dos vietcongues. Para piorar a situação dos Estados Unidos, em 1968, o exército norte-vietnamita invadiu o Vietnã do Sul, tomando a embaixada dos Estados Unidos em Saigon. O Vietnã do Sul e os Estados Unidos responderam com toda força. É o momento mais sangrento da guerra.

Protestos e o fim da guerra

No começo da década de 1970, os protestos contra a guerra aconteciam em grande quantidade nos Estados Unidos. Jovens, grupos pacifistas e a população em geral iam para as ruas pedir a saída dos Estados Unidos do conflito e o retorno imediato das tropas. Neste momento, já eram milhares os soldados norte-americanos mortos no conflito. A televisão mostrava as cenas violentas e cruéis da guerra.

Sem apoio popular e com derrotas seguidas, o governo norte-americano aceita o Acordo de Paris, que previa o cessar-fogo, em 1973. Em 1975, ocorre a retirada total das tropas norte-americanas. É a vitória do Vietnã do Norte.

Resultados da Guerra

O conflito deixou mais de 1 milhão de mortos (civis e militares) e o dobro de mutilados e feridos. A guerra arrasou campos agrícolas, destruiu casas e provocou prejuízos econômicos gravíssimos no Vietnã.

O Vietnã foi reunificado em 2 de julho de 1976 sob o regime comunista, aliado da União Soviética.

A primavera de Praga

Foi um movimento dos intelectuais reformistas do Partido Comunista Tcheco, cujo objetivo era modificar as estruturas políticas, econômicas e sociais naquele país. O líder do movimento era Alexander Dubcek, que lançou estas posturas políticas em 5 de abril de 1968.

O objetivo era quebrar o despotismo e o autoritarismo do socialismo theco, no sentido de humanizar o sistema político do país. Visava abrir o Partido Comunista na Tchecoslováquia, desagradando a antiga URSS e a base política de Stalin.

Antes de abril de 1968, Alexander Dubcek havia assumido o governo da Tchecoslováquia em janeiro do mesmo ano, inserindo reformas políticas, sociais, econômicas e culturais. Segundo a sua pretensão, os membros do Partido Comunista deveriam agir conforme a livre consciência de cada um e não por imposições do socialismo soviético.

Dentro destas perspectivas, a antiga Tchecoslováquia se aproximava economicamente da antiga Alemanha Ocidental, fato que incomodou ainda mais a URSS. A Primavera de Praga restabeleceu a liberdade de imprensa e a tentativa de restabelecimento do Partido Social Democrata, extinto após a revolução socialista no leste europeu.

Em 20 de agosto de 1968, o exército da URSS e do Pacto de Varsóvia invadiu a Tchecoslováquia para reprimir a abertura social e política de Dubcek. A Primavera de Praga fora desmontada em uma semana e Dubcek levado a Moscou.

A população tcheca por outro lado manteve-se posicionada a favor das liberalidades de Dubcek, trocando as placas de trânsito de lugar para confundir as tropas soviéticas e mantendo o dia-dia indiferente a presença das tropas. A Assembleia Nacional tcheca manteve lealdade ao seu líder e manteve suas sessões plenárias. Porém , pressionado, Dubcek negou ajuda aos seus aliados, e a linha dura soviética empossou Gustáv Husák em seu lugar em 17 de abril de 1969, restabelecendo o estado stalinista na Tchecoslováquia.

Revoluçaõ cultural na China

Buscando fortalecer-se pessoalmente, Mao Tsé-tung deu início, em 1966, a um movimento que visava a expurgação de opositores no governo- a Revolução Cultural- que envolveu toda a população chinesa.

Esse movimento, que começou tentando integrar o trabalho manual ao intelectual, ativou o fervor revolucionário, a participação popular, a produtividade e atacou a burocratização partidária e governamental. Logo desdobrou-se em críticas ao PCC, aos opositores de Mao (os pró-burguesia, Kruchevistas), atraindo a participação de toda a sociedade contra o inimigo capitalista. Os dazibaos, jornais-murais feito por populares espalham-se pelo país divulgando o movimento.

A Revolução Cultural logo transformou-se numa luta pelo poder, empreendida pelo grupo maoísta, sustentada pelo Exército Popular de Libertação, liderado por Lin Piao, contra o grupo de Liu Shaochi e Deng Xiaoping, opositores de Mao no PCC. Estes e seus seguidores foram forádos a fazer uma autocrítica pública. O movimento cresceu, multiplicando as organizações revolucionárias que se inspiravam no livro Pensamentos de Mao Tsé-Tung, conhecido como “Livro Vermelho”, onde firmavam-se as idéias de reeducação socialista, críticas ao burocratismo, fidelidade a Mao e alerta contra o inimigo.

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RESUMO DE CONCURSOS

A esposa de Mao, Chiang Ching, comandava o Grupo Central da Revolução Cultural, que reprimiu não só os acusados de direitistas como também os ultra-esquerdistas, que pretendiam aprofundar mais as críticas e o andamento da Revolução. No final de 1967 e início de 1968, consolidou-se a autoridade de Mao que expurgou do partido seus opositores. Mao sobrepôs-se até ao PCC, transformando-se no líder máximo nacional, a quem chamavam de “o grande timoneiro”.

Ampliando seu poder, Mao, em 1970, entrou em choque com Lin Piao, seu sucessor e chefe do Exército Popular. Lin é derrubado do comando militar e morre em 1971, quando tentava fugir para a URSS em um avião.

Em janeiro de 1976, morreu o primeiro ministro Chou En-lai, conciliador das tendências do PCC, e em setembro Mao Tsé-tung, com 83 anos, abrindo um novo caminho na disputa do poder na China.

A China que Mao deixou aos seus sucessores era bem diversa ad que herdarano início da revolução de 1949. Quando Mao assumiu o poder a população chinesa era de aproximadamente 540 milhões, com a redução da mortalidade infantil ela chegou aos 950 milhões no ano de sua morte. Além disso a expectativa de vida do chinês, 6 anos depois de sua morte era de 68 anos, quando em 1949 era de 35 anos. Mesmo sem eliminar o analfabetismo, conseguiu multiplicar por seis as matrículas nas escolas primárias chinesas.

Maio de 1968 na França

Em Maio de 68, a França concentrou em um mês as transformações sociais de uma década que já ocorriam nos Estados Unidos e em países da Europa e da América Latina.

Em 30 dias, os estudantes criaram barricadas, formando verdadeiras trincheiras de guerra nas ruas de Paris para confrontar a polícia. Mais do que isso, os jovens tiveram idéias e criaram frases tidas como as mais “ousadas” da segunda metade do século 20.

Em discursos nas ruas e nas universidades, em cartazes e muros, os estudantes franceses deixaram as salas de aula e se mobilizaram para dar a seus professores, pais e avós, e às instituições e ao governo “lições” sobre os “novos tempos, a liberdade e a rebeldia”.

“O que queremos, de fato, é que as idéias voltem a ser perigosas”, diziam os integrantes do grupo de intelectuais de esquerda chamado de “Internacional Situacionista”, entre os quais o mais destacado foi Guy Debord.

A França dos anos de 1960, sob o comando do general Charles De Gaulle, era uma sociedade culturalmente conservadora e fechada, vivendo ainda o reflexo das perdas sofridas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Nas escolas francesas, as crianças eram disciplinadas com rigidez. As mulheres francesas tinham o costume de pedir autorização aos maridos para expressarem uma opinião, e a homossexualidade era diagnosticada pelos médicos como uma doença.

O Maio de 68 mudou profundamente as relações entre raças, sexos e gerações na França, e, em seguida, no restante da Europa. No decorrer das décadas, as manifestações ajudaram o Ocidente a fundar idéias como as das liberdades civis democráticas, dos direitos das minorias, e da igualdade entre homens e mulheres, brancos e negros e heterossexuais e homossexuais.

O Maio francês rapidamente repercutiu em vários países da Europa e do mundo, de uma forma direta e imediata. As ocupações de universidades se multiplicaram a partir da França, e ocorreu a expansão das mobilizações entre os trabalhadores europeus e latino-americanos, em muitos casos em aliança com os estudantes.

Ocupações e Barricadas

O movimento francês teve início na Universidade de Nanterre, nos arredores de Paris, que foi cercada no final de abril por estudantes liderados por Daniel Cohn-Bendit. O protesto dos estudantes logo se dirigiu à capital.

Em 5 de maio, cerca de 10 mil estudantes entraram em choque com policiais no bairro laitino Quartier Latin, em Paris, em um protesto contra o fechamento de outra universidade francesa, a Sorbonne, em Paris.

Em seguida, em 10 de maio, ocorre a Noite das Barricadas, quando 20 mil estudantes enfrentaram a polícia nas universidades e ruas de Paris.

No dia 13, estudantes e trabalhadores franceses unificam seus movimentos e decretam uma greve geral de 24 horas em Paris, em protesto contra as políticas trabalhista e educacional do governo do general De Gaule.

No dia 20, a mobilização atinge seu auge: Paris amanhece sem metrô, ônibus, telefones e outros serviços. Cerca de 6 milhões de grevistas ocupam as 300 fábricas da França.

A Universidade de Sorbonne, ocupada pelos estudantes, começa uma outra batalha, em que as maiores “armas” foram as palavras. Surgiram frases que expressavam a política “libertária” desejada pelos jovens universitários: “A imaginação ao poder”, “É proibido proibir”, “Abaixo a universidade” e “Abaixo a sociedade espetacular mercantil”.

Mundo

É difícil precisar quais acontecimentos e protestos em outros países foram conseqüência direta do maio francês. Na Europa, Espanha, Alemanha Ocidental e Itália já viviam dias de conflitos em universidades desde o início do ano de 1968. Na Alemanha, por exemplo, uma tentativa de assassinato, em 11 de abril, do líder estudantil Rudi Dutschke aumentou a tensão em Berlim, e a revolta se espalhou por dezenas de cidades.

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RESUMO DE CONCURSOS

No entanto, após a explosão do maio francês, os conflitos se intensificaram. A Universidade de Madri, na Espanha, foi fechada pelo governo no fim do mês de maio. A polícia reprimiu violentamente

estudantes e operários. Na Universidade de Frankfurt (Alemanha), estudantes da esquerda e da direita entraram em choque. Em Milão (Itália), já em

junho, estudantes tomaram a sede de um jornal, impedindo sua circulação. A juventude de países do Leste Europeu como Polônia, Tchecoslováquia e Iugoslávia, por sua vez, protestava pelo afrouxamento

do comunismo de influência soviética, para eles, demasiado “rígido e burocrático”. Na Iugoslávia, 20 mil estudantes tentaram ocupar as universidades do país em junho. Na Polônia, intelectuais e estudantes protestaram, em março, contra a proibição de uma peça de teatro considerada anti-soviética.As greves em massa nas universidades foram reprimidas com violência. Na Tchecoslováquia, o dirigente comunista Alexandre Dubcek introduziu, em abril, uma tímida liberdade, e falou de um

“socialismo humano”. Os tanques do Pacto de Varsóvia acabaram, em agosto, com a esperança suscitada pela Primavera de Praga.

A ERA DE AQUÁRIO NO BRASIL

O Ato Isntitucional nº 5

O Ato Institucional nº 5, ou AI-5, é conhecido por ser o mais cruel dos Atos Institucionais decretados pelo Regime Militar (1964-1985). Assinado pelo presidente Arthur Costa e Silva, em 13 de dezembro de 1968, o ato se sobrepôs aos dispositivos da Constituição de 1967 e deu poderes supremos ao chefe do Executivo.

O ano de 1968 é relembrado até hoje pelo intenso envolvimento da sociedade civil nas manifestações contrárias à ditadura. No início deste ano, os estudantes da UNE reivindicavam contra a privatização do ensino superior e o fim da repressão, principalmente após a morte do estudante Edson Luís de Lima Souto.

Em setembro, o deputado Márcio Moreira Alves provocou os militares na Câmara, questionando seu caráter abusivo e amplamente autoritário. “Quando não será o Exército um valhacouto de torturadores?”, disse ele, enfatizando o fim das celebrações da Independência do Brasil em 7 de setembro.

Costa e Silva ordenou que o deputado fosse processado, mas a Câmara não acatou sua decisão. Sentindo-se insultado, o chefe do Gabinete Militar Jayme Portella exigiu que medidas mais radicais fossem tomadas pelo governo.

No fatídico dia 13 de dezembro, o Conselho de Segurança, formado por 24 membros, se reuniu para votar o texto do Ato Institucional, redigido pelo Ministro da Justiça Luis Antônio da Gama e Silva. De todos os membros presentes, somente o vice-presidente Pedro Aleixo votou contra a proposta.

Segundo o AI-5, os direitos políticos de qualquer cidadão estariam suspensos por 10 anos em caso de manifestação contrária ao regime. Também foi suprimido o direito ao habeas corpus o que, na prática, significaria a prisão efetiva de manifestantes sem que eles pudessem recorrer aos seus direitos constitucionais.

Além disso, o Congresso Nacional permaneceria fechado por um ano, e só seria reaberto quando fosse consultado. O Poder Judiciário também não podia intervir no Poder Executivo, o que deu margem para que o exercício do magistrado fosse vigiado. O Poder Executivo também tinha liberdade de confiscar bens materiais que não fossem devidamente declarados.

O AI-5 foi responsável pelo endurecimento da censura do Regime Militar, estendendo a fiscalização prévia aos artigos e reportagens da imprensa, às letras de música, às peças teatrais e às cenas de filmes. Ele só foi revogado constitucionalmente exatos dez anos depois, no governo de Ernesto Geisel, que impedia que “todos os atos institucionais e complementares (…) fossem contrários à Constituição Federal de 1967”. Foi durante o AI-5 que a ditadura mostrou sua faceta mais cruel contra os dissidentes e contrários ao Regime Militar.

A guerrilha do Araguaia

Brasil virou réu internacional por violações de direitos humanos durante a ditadura.A Guerrilha do Araguaia foi um agrupamento de militantes contrários à ditadura militar que acreditavam que a revolução

socialista só teria sucesso se acontecesse no interior rural do Brasil.Os militantes, na maioria membros do PCdoB, escolheram a região no sul do Pará, nas divisas entre o Maranhão e Tocantins. A

área, de aproximadamente 7.000 km², foi palco de treinamentos e ações dos militantes, que pegaram em armas e criaram um esquema paramilitar para realizar suas operações.

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RESUMO DE CONCURSOS

Entre 1972 e 1975, a Guerrilha do Araguaia foi alvo de uma grande ação do exército, que queriam reprimir e acabar com o movimento.

Durante as ações militares, os agentes de repressão da ditadura teriam cometido graves violações aos direitos humanos, como prisões ilegais e execuções de guerrilheiros e moradores locaism, condenados como “colaboradores”.

Os militares são acusados de sessões de tortura, como estupros e mutilações, além desaparecimento forçado de diversos militantes.Estima-se que pelo menos 70 dos desaparecidos políticos no Brasil tenham sido mortos por militares durante as ações de repressão

no Araguaia. Entre os que sobreviveram depois da ação militar, está o deputado federal José Genoino, que foi detido em 1972.

O MILAGRE BRASILEIRO

No início do Regime Militar a inflação chega a 80% ao ano, o crescimento do Produto Nacional Bruto (PNB) é de apenas 1,6% ao ano e a taxa de investimentos é quase nula. Diante desse quadro, o governo adota uma política recessiva e monetarista, consolidada no Programa de Ação Econômica do Governo (Paeg), elaborado pelos ministros da Fazenda, Roberto de Oliveira Campos e Octávio Gouvêa de Bulhões. Seus objetivos são sanear a economia e baixar a inflação para 10% ao ano, criar condições para que o PNB cresça 6% ao ano, equilibrar o balanço de pagamentos e diminuir as desigualdades regionais. Parte desses objetivos é alcançada. No entanto, em 1983, a inflação ultrapassa os 200% e a dívida externa supera os US$ 90 bilhões.

Para sanear a economia, o governo impõe uma política recessiva: diminui o ritmo das obras públicas, corta subsídios, principalmente ao petróleo e aos produtos da cesta básica, dificulta o crédito interno. Em pouco tempo aumenta o números de falências e concordatas. Paralelamente, para estimular o crescimento do PNB, oferece amplos incentivos fiscais, de crédito e cambiais aos setores exportadores. Garante ao capital estrangeiro uma flexível lei de remessas de lucro, mão-de-obra barata e sindicatos sob controle. Extingue a estabilidade no emprego e, em seu lugar, estabelece o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). No final do governo Castello Branco a inflação baixa para 23% anuais. A capacidade ociosa da indústria é grande, o custo de vida está mais alto, há grande número de desempregados, acentuada concentração de renda e da propriedade.

Para financiar o déficit público, o governo lança no mercado as Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTNs). Estimula a construção civil criando o Banco Nacional de Habitação (BNH) para operar com os recursos captados pelo FGTS. Estabelece também a correção monetária como estímulo à captação de poupança num momento de inflação alta. Ao fazer isso, cria um mecanismo que, na prática, indexa a economia e perpetua a inflação.

A economia volta a crescer no governo Castello Branco. Os setores mais dinâmicos são as indústrias da construção civil e de bens de consumo duráveis voltados para classes de alta renda, como automóveis e eletrodomésticos. Expandem-se também a pecuária e os produtos agrícolas de exportação. Os bens de consumo não-duráveis, como calçados, vestuário, têxteis e produtos alimentícios destinados à população de baixa renda têm crescimento reduzido ou até negativo.

No campo das relações econômicas externas, procurou-se recuperar credibilidade junto aos organismos multilaterais de crédito, aos investidores estrangeiros e aos países industrializados - especialmente os Estados Unidos. Estimulou-se a entrada de capitais, com expectativas de que a Aliança para o Progresso se tornasse uma fonte de captação relevante. Ao mesmo tempo que se recuperava o apoio financeiro externo, o desempenho agrícola contribuiu para reequilibrar a balança comercial.

Primórdios

A partir de 1967, com a mudança de governo, o crescimento tornou-se a meta econômica primordial. Foi elaborado o Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) para o período de 1968 a 1970. O crescimento econômico foi impulsionado pelo bom desempenho nas indústrias de bens duráveis (automóveis e eletrodomésticos) e de construção civil. As indústrias de material elétrico, química, construção naval e de bens de capital também aumentaram sua produção. O demanda por bens duráveis aumentou em virtude dos consórcios e do fornecimento de crédito ao consumidor por empresas financeiras. O Sistema Financeiro da Habitação, o BNH e o FGTS estiveram por trás da expansão da construção civil, que passou a contratar mais. Com isso, cresceram o consumo agregado e a produção das indústrias metalúrgica e de minerais não-metálicos.

A política monetária antiinflacionária de altas taxas de juros do período anterior tinha reduzido o consumo e o investimento agregados. Com o PIB abaixo de sua taxa natural, o objetivo do plano era estimular a demanda privada. Foram adotadas políticas monetária e fiscal expansionistas. A oferta de moeda e o crédito ao setor privado foram expandidos e os gastos do governo aumentaram. Aço e outros insumos básicos para a indústria automobilística foram barateados. Sob a gestão de Antônio Delfim Netto (1967-74), foram expandidos os investimentos de infra-estrutura, estendida a presença do Estado na economia e ampliado o segmento técnico-burocrático alocado em atividades de planejamento. Em 1972, foi lançado o I Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), que reuniu

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RESUMO DE CONCURSOS

um conjunto de metas de crescimento setorizadas, a serem alcançadas até 1974. O “modelo brasileiro” seria organizar o governo de modo a tornar a economia plenamente desenvolvida no espaço de uma geração. Os custos da indústria nacional seriam reduzidos pelo fornecimento governamental de insumos básicos mais baratos. As exportações, principalmente de produtos manufaturados, seriam diversificadas. Seriam feitos investimentos em educação, no desenvolvimento tecnológico e na agricultura. Surgia no Brasil uma “tecnocracia” e as empresas estatais dilatavam seu raio de ação com base na expansão de seu endividamento externo. Para complementar, foi ativada uma rede de programas de financiamento e investimento, gerenciados por agências públicas e bancos oficiais.

Os anos do milagre

Os anos de 1969 a 1973 foram o período de maior crescimento da história da economia brasileira. A disponibilidade externa de capital e a determinação dos governos militares de fazer do Brasil uma “potência emergente” viabilizam pesados investimentos em infra-estrutura (rodovias, ferrovias, telecomunicações, portos, usinas hidrelétricas, usinas nucleares), nas indústrias de base (mineração e siderurgia), de transformação (papel, cimento, alumínio, produtos químicos, fertilizantes), equipamentos (geradores, sistemas de telefonia, máquinas, motores, turbinas), bens duráveis (veículos e eletrodomésticos) e na agroindústria de alimentos (grãos, carnes, laticínios). O setor de bens de consumo duráveis foi o que mais se expandiu. O retorno ao crescimento foi facilitado pela existência de capacidade ociosa do período anterior, pela nova estrutura de financiamento montada no PAEG e pela disponibilidade de empréstimos estrangeiros. Na falta de poupança doméstica, a poupança externa foi a alternativa viável. Graças a um conjunto de incentivos governamentais, observou-se um importante crescimento e modernização da agricultura, que logo teve impacto sobre as exportações. As exportações aumentaram e o volume de empréstimos externos superou o montante utilizado para financiar o crescimento. Houve, então, grande acúmulo de reservas cambiais. Entre 1968 e 1973 a taxa média de crescimento do Produto Interno foi de 11,2%. Neste mesmo período, os índices de expansão da atividade industrial variaram, conforme o setor, entre 12 e 18 %. Este desempenho levou o período a ser conhecido no Brasil como “o milagre econômico”. A economia atingiu o pleno emprego em 1970. A partir deste ano, investimentos foram destinados a ampliar a capacidade produtiva da economia. O auge do milagre econômico deu-se nos anos de 1972 e 1973.

O crescimento da atividade industrial foi acompanhado pelo aumento dos investimentos externos, com a presença de firmas norte-americanas, européias e japonesas. Estas empresas - incentivadas pela legislação local - contribuíram para a expansão das exportações de produtos manufaturados e para o avanço da tecnologia industrial no país. Em 1973, a entrada de capitais passou de 4,3 bilhões de dólares. Isto significava o dobro do patamar de 1971 e o triplo de 1970. De fato, o novo perfil industrial e agrícola brasileiro logo se refletiu nas relações econômicas externas do país. O peso do café no comércio exterior brasileiro reduziu-se sensivelmente, registrando-se entre 1955 e 1975 um declínio de 53% para 10,8%. O aumento e diversificação das exportações e de seus destinos foi acompanhado pelo crescimento das importações - especialmente de bens de capital e petróleo. Este processo foi estimulado pelo Conselho de Comércio Exterior (CONCEX), criado em 1968.

No campo financeiro, o Brasil iniciou um processo de crescente endividamento externo, no qual a participação de empréstimos privados tornou-se cada vez mais relevante. Nos anos 1968-73, a dívida externa do país saltou de US$ 3,780 para US$ 12,571 bilhões. A gama de operações de crédito contratadas direta ou indiretamente pelas empresas públicas foi beneficiada pela conjuntura de ampla liquidez do mercado financeiro internacional. O impacto deste endividamento foi neutralizado por confortáveis reservas e o positivo desempenho das exportações.

O preço do milagre

Este equilíbrio começou a romper-se no início dos anos setenta, quando se passou a sentir o peso do serviço da dívida (juros e amortizações). Novas dificuldades emergiram com a crise do petróleo de 1973, que provocou a drástica redução das reservas brasileiras. Nesta época, o petróleo representava aproximadamente 40% do total da energia básica consumida no Brasil. A estreita dependência brasileira deste insumo tornou difícil manter o ritmo prévio de crescimento econômico. A partir de 1973 o crescimento econômico começa a declinar. No final da década de 70 a inflação chega a 94,7% ao ano. Em 1980 bate em 110% e, em 1983, em 200%. Nesse ano, a dívida externa ultrapassa os US$ 90 bilhões e 90% da receita das exportações é utilizada para o pagamento dos juros da dívida. O Brasil mergulha em nova recessão e sua principal conseqüência é o desemprego. Em agosto de 1981 há 900 mil desempregados nas regiões metropolitanas do país e a situação se agrava nos anos seguintes.Nos anos 1973 / 74, o valor das importações brasileiras de combustíveis e lubrificantes saltou de US$ 169 para US$ 2.962. Ao mesmo tempo, aumentaram significativamente as compras externas de insumos e equipamentos.

O Milagre Econômico revelou seu “calcanhar de Aquiles” no campo social. O aumento da renda agregada não se distribuiu para todos e houve tendência à sua concentração. O crescimento rápido beneficiou a mão-de-obra especializada e o valor do salário mínimo real declinou consideravelmente (“O país vai bem e o povo vai mal”, diria o General Médici em 1971). Em 1979, apenas 4%

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da população economicamente ativa do Rio de Janeiro e São Paulo ganha acima de dez salários mínimos. A maioria, 40%, recebe até três salários mínimos. Além disso, o valor real do salário mínimo cai drasticamente. Em 1959, um trabalhador que ganhasse salário mínimo precisava trabalhar 65 horas para comprar os alimentos necessários à sua família. No final da década de 70 o número de horas necessárias passa para 153. No campo, a maior parte dos trabalhadores não recebe sequer o salário mínimo.

Os indicadores de qualidade de vida da população despencam. A mortalidade infantil no Estado de São Paulo , o mais rico do país, salta de 70 por mil nascidos vivos em 1964 para 91,7 por mil em 1971. No mesmo ano, registra-se a existência de 600 mil menores abandonados na Grande São Paulo. Em 1972, de 3.950 municípios do país, apenas 2.638 têm abastecimento de água. Três anos depois um relatório do Banco Mundial mostra que 70 milhões de brasileiros são desnutridos, o equivalente a 65,4% da população, na época de 107 milhões de pessoas. O Brasil tem o 9o PNB do mundo, mas em desnutrição perde apenas para Índia , Indonésia , Bangladesh , Paquistão e Filipinas .

A rodovia Transamazônica

Muito se tem discutido sobre o significado nacional e internacional dessa grande rodovia, planejada para a conquista definitiva da região amazônica ao complexo de civilização que contribuímos para a grande aventura do homem em seus objetivos de triunfo sobre a natureza e sua potencialidade terrena. Em que pese a opinião negativista de alguns ecologistas, não há dúvida que a construção desta imensa estrada possibilitará, ao lado de outros recursos, criar na Amazônia uma área humanizada, fruto de vontade e da civilização tecnológica dos tempos em que vivemos. O Presidente Medici tomou a ousada decisão de iniciar este empreendimento, vencendo a indiferença, as dúvidas e as hesitações de muitos brasileiros, para permitir o domínio do homem sobre a mais discutida, cobiçada e controvertida área tropical do mundo. O Professor Arthur Cezar Ferreira Reis, antigo governador do Estado do Amazonas e um dos mais profundos conhecedores daquela região, acaba de coordenar a publicação de um interessante livro sobre a Transamazônica (Rio, Ed. Conquista, 1976), no qual, seus autores procuram oferecer aos leitores interessados pelo assunto uma informao esclarecedora, fiéis a verdade e, com a mais alta preocupação de, sem ufanismo comprovar o fundamento da política que vem sendo projetada e executada.

A construção desta rodovia constitui uma das mais audaciosas tarefas da nossa engenharia. Com aproximadamente 4.572 km, ela parte de João Pessoa e Recife, encontra-se em Picos, no Piauí e segue até Cruzeiro do Sul, no Acre. Quando o governo peruano terminar sua maior estrada, o Oceano Atlântico estará unido ao Pacífico por uma única rodovia. No nordeste brasileiro, ela atravessa três zonas com características diferentes quanto as condições naturais: a faixa litorânea e as zonas do agreste e a sertaneja. Já no meio-norte (Piaui os terrenos elevados São representados por formas de relevo constituídos de rocha s sedimentares.

Nesta região, a Transamazônica atravessa duas áreas climáticas diferentes: uma de clima semiárido, a sudeste do estado do Piauí e uma de clima tropical, abrangendo parte da região da “cuestas” e toda a região das chapadas. Já na Amazônia, a rodovia atravessa uma jovem planície sedimentar, disposta entre o rio Amazonas e um antigo e pouco elevado planalto cristalino (planalto brasileiro). As principais áreas aluviais percorridas São as dos rios Tapajós e Madeira. Esta planície inundável apresenta duas espécies de terrenos: o igapó e a várzea. O elemento da paisagem que mais impressiona a quem viaja pela região é a floresta equatorial, constituída quase sempre por árvores de grande porte. No entanto, interrompem a Hiléia manchas de campos naturais, relativamente pequenos e outros São campos de Várzea. É rica a fauna aquática e terrestre. Possuindo zonas de condições climáticas diferentes, ela está sujeita a vários regimes pluviométricos. No Estado do Acre a Transamazônica atravessa as bacias do Purus e do Juruá (esses rios São os mais importantes afluentes do Solimões).

Abre-se, agora, na Amazônia, o caminho terrestre, pois até então, toda a sua vida se vinha realizando com a presença humana montada as margens dos rios e lagos. Tudo corria em função dos caminhos fluviais. Assim, o rio Amazonas, os governantes portugueses chamavam-no de “estrada real”. Lá o rio comandava a vida, na expressão de Leandro Tocantins. Milhares de pessoas já começam a ser fixadas na região amazônica, atendendo os fluxos migratórios que partem de diversos recantos do país, formando agrovilas e agrópolis, estas últimas já com maiores implementos socioeconômicos. São ricos os depósitos minerais da região que a rodovia atravessa. Com a Transamazônica conquistaremos a hinterlándia brasileira, servindo ao ideal nacional e ao continente de integração material. econômica e cultural, tudo isto a serviço da humanidade.

Eleições de 1982

A Quinta República, é dominada pelo período da Ditadura Militar. Nesse período os militares governaram o Brasil com mão-de-ferro. Houve muita repressão contra os que eram contra o regime. Conseqüencias: muitas pessoas mortas e desaparecidas.

O Golpe Militar de 1964: Antes do Comício das Reformas de Base, realizada no dia 13 de março de 1964, já havia uma forte conspiração contra Goulart. Os golpistas apelavam para a ameaça do comunismo, que haveria de destruir as famílias, acabar com a propriedade privada e proibir a prática da religião. No dia 19 de março de 1964, em São Paulo, foi realizada uma marcha contra Goulart, chamada de Marcha da Família com Deus pela Liberdade, como resposta ao Comício das Reformas.

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Na noite do dia 31 de março de 1964, inicia-se um movimento militar em Minas Gerais para a deposição do presidente, comandada pelos Generais Carlos Luís Guedes e Olympio Mourão Filho, apoiados pelo governador Magalhães Pinto. O movimento militar de Minas, ganha apoio em outras unidades militares em São Paulo, Guanabara (atualmente incorporado ao Rio de Janeiro ) e no Rio Grande do Sul.

Na noite de 1º de abril de 1964, Jango retira-se para o Rio Grande do Sul, onde o deputado federal Leonel Brizola, tenta organizar a resistência.

Na mesma noite, Auro de Moura, presidente do Senado declara vaga a Presidência da República, empossando no cargo o paulista Ranieri Mazzilli.

No dia 4 de abril de 1964, querendo evitar derramamento de sangue brasileiro, Jango parte para o exílio no Uruguai.Com a deposição de Jango, o Alto Comando da Revolução, chefiado por general Arthur da Costa e Silva, almirante Augusto

Rademacker e brigadeiro Correia de Melo, decreta o Ato Institucional nº1, que estabeleceu a eleição indireta do presidente. No dia 15 de abril de 1964, o chefe do Estado-Maior do Exército, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, toma posse como 1º Presidente da Ditadura.

Governo Castelo Branco ( 15/04/1964 - 15/03/1967 ): O governo de Castelo Branco começou em 15 de abril de 1964 e iria até 31 de janeiro de 1966, completando o mandato de Jango. Mas seu mandato foi prorrogado para 15 de março de 1967.

A primeira medida de Castelo Branco foi anular todas as reformas de Jango. O governo iniciou também uma forte repressão contra os que não aceitavam o regime.

Castelo Branco acha que seus poderes são poucos, por isso baixa em 27 de outubro de 1965 o AI-2 e em 5 de fevereiro de 1966 o AI-3.

Governo Costa e Silva ( 15/03/1967 - 31/08/1969 ): O Marechal Arthur da Costa e Silva assume a presidência no dia 15 de março de 1967, contra a vontade de Castelo Branco. Costa e Silva assume com uma nova Constituição, promulgada em 24 de janeiro de 1967. Essa constituição dava grandes poderes ao Presidente, mas foi modificada em 17 de outubro de 1969.

Durante seu governo, Costa e Silva, teve de enfrentar diversas manifestações de estudantes, operários e políticos. No Rio, cerca de cem mil pessoas foram às ruas se manifestar contra a morte do estudante Edson Luís pela polícia. Em São Paulo, novecentos estudantes foram presos no XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes ( UNE ). Trabalhadores de Osasco e outras cidades entram em greve.

A resposta do governo foi fulminante. No dia 13 de dezembro de 1968, o governo baixa oAI-5, que deu enormes poderes ao ditador.

No mesmo dia, o Congresso foi fechado, e foram cassados 110 deputados federais, 161 estaduais, 163 vereadores, 22 prefeitos e 4 ministros do STF. Muitas pessoas foram presas, entre elas o ex-presidente Juscelino Kubistschek.

Em agosto de 1969, o general Costa e Silva adoece, e seu vice, o civil Pedro Aleixo, não é confiável para os militares. Então os ministros militares tomam o poder, tento feito então, um golpe dentro do golpe de 1964. Esse governo foi chamado de Junta Militar. Era o dia 31 de agosto. A Junta governou o Brasil por 2 meses. De 31/08/1969 até 30/10/1969. Nesse meio tempo, a Constituição foi modificada mais uma vez, estabelecendo maiores poderes ao Ditador. No dia 22 de outubro de 1969, o Congresso é reaberto para receber o nome do novo Presidente: Emílio Garrastazu Médici. No dia 25 desse mês ele é eleito e no dia 30 toma posse.

Governo Garrastazu Médici ( 30/10/1969 - 15/03/1974 ): Quando Garrastazu Médici assume o governo, grupos armados já atuavam nas grandes cidades brasileiras: era a guerrilha urbana. Como a oposição não podia se manifestar, várias organizações partiram para a prática de ações armadas. Os líderes dessas organizações eram políticos cassados, como o ex-deputado Carlos Marighela, que chefiava a ALN ( Aliança Libertadora Nacional ), e ex-militares, como o capitão Carlos Lamarca, que chefiava a VAR-Palmares ( Vanguarda Armada Revolucionária ).

Dois tipos de ações eram freqüetemente praticado por esses grupos: assaltos a Bancos, para conseguir dinheiro para a luta, e seqüestros, como a do embaixador dos Estados Unidos, Charles Elbrick, que exigiram em troca de sua vida, a libertação de presos políticos. Durante esse governo, houve a guerrilha do Araguaia, organizada pelo PC do B, na região do “Bico do Papagaio”.

O governo reprimiu duramente todos esses atos. Muitas pessoas foram mortas, como Carlos Marighela, morto em São Paulo, e Carlos Lamrca, morto no interior da Bahia. Na Guerrilha do Araguaia, cerca de 20.000 homens das Forças Armadas foram enviados para combater cerca de 70 guerrilheiros. Com excessão de alguns, todos foram mortos. O governo Médici estabeleceu forte censura à imprensa. O SNI ( Serviço Nacional de Informações ), espalhou milhares de agentes pelo país para descobrir e denunciar quem fosse contra o regime. Em todos os lugares poderiam se encontrar esses agentes, como nas escolas, fábricas, prédios de apartamento, etc.

De 1968 a 1973 houve no Brasil o “milagre econômico”, quando o país cresceu 11% ao ano. Nesse período o Ministro da Fazenda era Delfim Neto. Essa foi a época das grandes obras. Entre essas grandes obras podemos citar a ponte Rio-Niterói e a estrada Transamazônica.

Havia nessa época a propaganda de que tudo ia bem: o país era uma “ilha de tranqüilidade”. Por outro lado o governo criou um slogan para os que eram contra o regime: “Brasil, ame-o ou deixe-o”, ou seja, quem não estivesse de acordo com o regime, que deixasse o país.

Repressão e milagre econômico, foram marcantes no governo Médici.

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Governo Geisel ( 15/03/1974 - 15/03/1979 ): Com o término do mandato de Emílio Médici, no dia 15 de março de 1974, os militares indicam um novo presidente: General Ernesto Geisel. No seu governo, Geisel inicia um processo de abertura política, como ele mesmo disse: “um processo lento, gradual e seguro de aperfeiçoamento democrático”. Os grandes jornais e as obras de arte como a música, cinema e teatro foram liberados da censura. No ano de 1974, houve eleições livres para senadores. O MDB, de oposição, conseguiu 15 milhões de votos, elegendo 16 senadores. A ARENA, da situação, conseguiu 12 milhões de votos, elegendo 5 senadores.

Entretanto, os serviços de informação e segurança continuavam agindo. Em outubro de 1975 o jornalista Vladimir Herzog foi preso e assassinado nas dependências do II Exército, em São Paulo. Em janeiro de 1976, o operário Manuel Fiel Filho, acabou tendo o mesmo fim de Herzog. Essas mortes representavam a ação de forças que estavam descontentes com o governo Geisel, que eram fovoráveis ao aumento da repressão e contra a abertura política. Como resposta a essas forças, Geisel passou a ter maior controle sobre as forças de segurança, demitindo o comandante do II Exército, o general Ednardo D’Ávila Neto.

Em junho de 1976, para evitar uma grande derrota da ARENA, e evitar o avanço da oposição, Geisel, através do ministro Armando Falcão, da Justiça proíbe a propaganda e os debates na TV, evitando assim, as críticas ao governo. Assim, os candidatos poderiam apenas apresentar se curriculum e uma fotografia.

Depois de uma recusa da oposição em aprovar um projeto de reforma judiciária, proposto pelo presidente, é lançado o “Pacote de Abril” ( 1977 ). Diante da posição mantida pelo MDB, o presidente fecha o Congresso, e decreta o “Pacote de Abril”.

Em 1º de janeiro de 1979, Geisel extingue o famoso AI-5. Em 15 de março de 1979, o chefe da SNI, general João Baptista de Oliveira Figueiredo, assume a presidência.

No governo do General João Figueiredo, cresceram as manifestações populares. Os operário, principalmente de São Bernardo do Campo, fazim freqüentemente greves em busca de melhores salários. Mas não foram apenas os operários que faziam greve, os funcionários públicos também começaram a se manifestar em busca de melhores salários.

A campanha da Anistia, foi a maior campanha popular, que saiu vitoriosa ao ser aprovada pelo Congresso em 1979. Os brasileiros que estavam banidos do país, puderam voltar.

As eleições de 1982 seriam diretas de acordo com a Constituição. Porém, o governo sabia que iria sofrer grande derrota. Por isso o governo tomou uma série de medidas:

- a formação de novos partidos. Com isso a ARENA passou a se chamar PDS (Partido Democrático Social), e o MDB passou a se chamar PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro). Também surgiram novos partidos como o PT (Partido dos Trabalhadores), PDT (Partido Democrático Trabalhista), O PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), etc;

- a proibição de coligações;- os eleitores deveriam votar em candidatos do mesmo partido para todos os cargos;- só era válido voto no candidato;- não votar no Partido;- continuidade da Lei Falcão de 1977

Mesmo com todas essas medidas o governo perdeu. O PDS só elegeu governadores no Nordeste, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso. O PDT elegeu Brizola no Rio de Janeiro. Nos outros nove estados, foram eleitos governadores pelo PMDB. Para a Câmara dos Deputados o quadro ficou da seguinte forma: o PDS elegeu 235 deputados; PMDB: 200; o PDT:23 ; o PTB:13; PT:8.

Em 15 de março de 1983, assumiram os primeiros eleitos pelo voto direto após dezoito anos. Após as eleições de 1982, o povo brasileiro começou a reinvidicar eleições diretas para a sucessão de Figueiredo. Sucessor que não seria militar.

A conta do “milagre”

O período compreendido entre 1980 e 1984 marca o início de uma crise econômica no país devido ao seu desajustes macroeconômicos que geravam taxas insuportáveis de inflação o que de fato impedia o sucesso de qualquer plano de crescimento econômico.

A crise financeira dos anos 80

A década de 80 é considerada a década perdida da economia brasileira, na medida que os níveis de crescimento do PIB apresentaram significativas reduções, só para recordar o crescimento médio na década de 70 foi de 7%, já na década de 80 foi de somente 2% . Além disso, tivemos um aumento do déficit público devido ao crescimento da divida externa ocasionada pela elevação das taxas internacionais de juros, com a divida interna seguindo a mesma direção com o governo dando continuidade a sua política fiscal expansionista. Ainda para caracterizar a década de 80, podemos citar a escalada inflacionária que chegou no final de 89 perto do que podemos considerar como hiperinflação.

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Porém a década de 80 não foi de um todo ruim para o país na medida em que as pressões sobre o governo militar foram tantas e insuportáveis frente à crise que se instalou no Brasil que em 1985 iniciava-se a nova república com a eleição de um presidente civil pelo voto indireto que séria a porta de entrada para a retomada da democracia.Pelo menos no campo cívico o país teve um grande avanço nos anos 80.

1980 E 1981 um mau começo

Antes de iniciarmos o estudo sobre a década de 80 é importante colocarmos para a melhor compreensão do quadro econômico que se instalou na época alguns fatos que marcaram o ano de 1979 que de passa com a volta de Delfim Netto da embaixada do Brasil na França com a missão de implantar um novo milagre só que agora no governo Figueiredo que séria o último presidente do regime militar.

Logo no início do seu governo, trava-se uma luta digamos política econômica entre aqueles que eram considerados ministros desenvolvimentista como Delfim Netto até então ocupando a pasta da agricultura, Mário Andreazza ministro do interior contra Mário H. Simonsen ministro do planejamento que em razão do quadro externo marcado por um grande déficit no balanço de transações correntes em razão da elevação dos juros, propôs um forte ajuste fiscal com cortes de investimentos em áreas não prioritárias tendo como objetivo controlar o processo de endividamento externo.As idéias de Simonsen assim como no governo Geisel foram mais uma vez vencidas, o que não é de se admirar vindo de um governo militar que ao longo da história não poupou o endividamento do país como forma de garantir o crescimento econômico.

A política econômica inicial implantada por Delfim agora na pasta do planejamento é considerada de caráter heterodoxa na medida que propunha um controle dos juros, uma indexação salarial com reajustes semestrais e uma desvalorização cambial que séria de 30% em dezembro de 1979. Foram mantidos os investimentos nos setores de energia, de substituição de importação, insumos básicos e nas atividades voltadas para a exportação, mais uma vez. Mais uma vez é feita uma tentativa de se criar um ambiente macroeconômico voltado para o crescimento da economia sem medir as responsabilidades fiscais, monetárias e cambiais o que de certa forma deu resultado tendo o PIB crescido 9.1% em 1980.

Porém não existia no Brasil a mesma condição interna e externas encontradas no período anterior ao milagre onde o ministro Roberto Campos havia realizado profundas reformas estruturais que possibilitaram a queda da inflação e o controle da dívida externa do que se aproveitou Delfim Netto para a realização de uma política expansionista sobre todos os aspectos o que possibilitou o sucesso do milagre.O quadro externo em 1980 muda sensivelmente com o segundo choque do petróleo e a elevação das taxas internacionais de juros que tornaram mais cara para o Brasil o processo de ajuste, já que ao contrário do que no correu no primeiro choque do petróleo, houve uma escassez de oferta monetária logo a comunidade financeira internacional não tinha mais confiança na capacidade do Brasil equilibrar seu balaço de pagamento que no final de 1980 tem um déficit em transações correntes de U$12.8 bi. e na ausência de empréstimos externos para financia-lo o país ver suas reservas cambiais diminuírem em US$3 bi. Diante desse novo quadro econômico interno e externo Delfim Netto passa a não ser mais o administrador do segundo milagre e sim de uma profunda crise econômica com a inflação chegando a 110.2% em 1982, com a situação insustentável o governo não ver outra saída a não ser adotar uma política econômica ortodoxa como forma de criar um ambiente macroeconômico que pudesse já em 1981 diminuir a necessidade de divisas estrangeiras através do controle da absorção da demanda interna, a idéia era conter demanda o que diminuiria as importações melhorando assim o déficit em transações correntes na medida em que o saldo da balança comercial iria crescendo. As medidas tomadas e que prevaleceram até 1982 seguiram a cartilha pragmática e consista no controle das despesas públicas incluindo os gastos com as estatais, aumento da arrecadação através da elevação de alguns impostos como o IOF e IR uma política cambial que se diminui as importações, elevação da taxa interna de juros, contenção da liquidez real e contenção do crédito. Além dessas medidas é estabelecida uma nova política salarial que começa a ser implantada em 1980 o que proporcionou uma queda do salário real das faixas de renda mais alta o que de certa forma possibilitou uma melhor distribuição da renda.

Os créditos voltados para a agricultura bem como para a política exportadora foram mantidos devido ao interesse do governo em melhorar a balança comercial.

O resultado desse pacote não foi o esperado pela equipe econômica já que a economia entra em recessão com a produção industrial caindo 10% e o PIB 3.1% o que foi a primeira queda deste o fim da segunda guerra, em 1982 há uma ligeira melhora do PIB que cresce 1.1% o que não evita, porém a queda do PIB per-capita. Para aprofundar ainda mais o quadro, o efeito da política restritivo da demanda é praticamente nulo já que a inflação no ano de 1981 chega a 120% fechando em 100% graças a safra agrícola do período que joga os preços dos produtos primários para baixo contrabalançando com o aumento dos preços dos produtos industriais que é de 99.7% .A inflação brasileira para alguns economistas é considerada uma inflação inercial dada as sua rigidez.

Apesar da relação de troca um pouco deteriorada devido a queda dos preços agrícolas e o aumento do preço do barril de petróleo que tem um peso significativo na pauta de importação brasileira, o país registra um saldo positivo na balança comercial em 1981 de U$1.2 bi. após um déficit de U$2.8 bi. em 1980. Tal superávit não é suficiente para cobrir o déficit no balaço de serviço que tem um significativo aumento devido a elevação das taxas internacionais de juros na ordem de quatro pontos fazendo com que o Brasil perdes-se US$ 3 bi. somente com o pagamento da divida externa.

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1982 – 1983

O ano de 1982 é marcado pelo socorro que o fmi deu a economia brasileira, vale destacar que nesse mesmo ano o Brasil teve uma queda acentuada de U$3 bi. nas suas exportações motivada pela recessão econômica mundial que levou os países centrais a reduzirem suas importações o que impossibilitou o projeto do governo de obter um grande superávit comercial, o quadro externo brasileiro só não foi pior devido a queda nas também nas importações de U$2.6 bi. devido a recessão interna e pelo projeto de substituição de importação que diminuiu a demanda por bens intermediários. Com essa combinação de fatores temos uma perda de U$500 mi.na balança comercial e somado com o serviço da dívida que crescia ano a ano o déficit em transações correntes chega a U$16.3 bi. um valor difícil de ser financiado pelo capital externo já que o México decreta a sua moratória e o investidores passam a não mais financiar as economias emergentes dada a perda de crédito provocado pelo calote mexicano.O BRASIL diante da situação não teve outra escolha a não ser recorrer ao FMI.

O acordo com o fundo foi fechado somente em novembro de 1982 já que não interessava ao governo levar a questão para o debate político em razão das eleições indiretas marcadas para o final do ano. Com a derrota do partido do governo, três dias depois das eleições o ministro do planejamento anuncia que o país já vinha adotando uma política econômica nos patrões do FMI quando em 20 de novembro é feito o acordo formal do acordo.As metas estabelecidas pelo fundo visavam o equilíbrio do balanço de pagamento, ou seja, o país teria que realizar reformas na sua estrutura econômica de modo a garantir recursos que fosse suficientes para garantir o pagamento dos seus compromissos externos, para tanto ficou estabelecido um teto limite para o déficit em transações correntes para 1983 na ordem de U$6.9bi. o que implicaria em um saldo na balança comercial de U$6bi. e um volume de exportações líquidas de bens e serviços de U$4 bi. Para facilitar as exportações previa-se a desvalorização do cruzeiro a uma taxa mensal de 1% á cima da inflação, estabelecida em 78% para 1983, esse número deveria ser alcançado através do controle da demanda agregada via desindexação dos salários.Em curtas palavras o fundo exigia uma mudança do comportamento que estava sendo dada a economia brasileira que de certa forma colocou o país em situação muito complicada.

Em relação aos números da economia para 1982 não tivemos grandes mudanças em relação ao ano anterior, somente o PIB tem um crescimento de 1.1% um resultado muito fraco dada a situação econômica que estava tentando escapar de uma recessão e a inflação manteve-se em 100% caracterizando um processo de estagnação da economia brasileira. Em 1983 o governo prossegue com a política de retração da demanda, porém o resultado medíocre apresentados pela balança comercial nos primeiros meses do ano levou o governo a promover uma maxidesvalorização cambial de 30% abandonando o programa de desvalorização gradual da moeda, esse valor segundo Batista Jr. Correspondia a valorização do cruzeiro em termos da taxa efetiva de cambio entre 1979 e 1982. Com a desvalorização o país passa a ter os preços dos produtos agrícolas aumentados devido ao fato dos insumos que eram importados bem como os custos de transporte a combinação de desvalorização cambial e choque agrícola produz uma inflação na economia brasileira de 211%.Com a inflação em alta e a desindexação parcial dos salários, verifica-se uma perda de 15% no poder de compra dos salários reais conseqüentemente a queda no PIB é de 2.8% aprofundando o quadro recessivo. Um dos setores mais atingidos foi o de produção de bens de capital que teve uma queda de 19% na produção, acumulando uma perda de 55% no período que vai de 1981 a 1983.O setor industrial de maneira geral teve uma retração de 52% e a taxa de desemprego foi de 7.5% entre trabalhadores ligados a industria.Todo esse quadro desfavorável a industria principalmente de bens de capital serviu de base para os críticos do programa de substituição de importação que colocavam como causa principal do problema dessas dificuldades não o ambiente econômico desfavorável e sim o artificialismo e a pouco grau de competitividade das industrias fruto da implantação do próprio modelo. Porém tal crítica perde força em 1984 com a retomada do crescimento.

Se o ambiente interno era um problema para os formuladores de política econômica, no âmbito externo o país consegue atingir as metas estabelecidas com o FMI graças a uma combinação de fatores como a própria recessão interna que aliada a perda de salários reais e a desvalorização cambial gera uma queda nas importações na ordem de 25% do PIB em 1982 pra 6.5% do PIB em 1983. Vale lembrar que um fator que contribui para essa redução de importação foi a queda do preço do petróleo de 4.7% em 1983% .Para ajudar ainda mais essa recuperação temos o início da recuperação da economia norte americana o que aumenta as exportações, conseqüentemente no final de 1983 temos o anuncio de um superávit comercial de U$6.5 bi. , 10% superior a meta estabelecida com o FMI, o déficit em transações correntes ficou em U$6.2 bi. ou 2.7% do PIB, mostrando o ajustamento externo da economia com um certo sucesso.

1984, volta do crescimento

No ano de 1984 a economia brasileira finalmente volta a crescer e o país foge da recessão econômica graças a forte recuperação da economia americana que proporcionou um aumento das exportações brasileiras com destaque para as exportações de aço que aumenta 40% no primeiro semestre do ano. Com esse novo estímulo a atividade industrial da claros sinais de recuperação no primeiro trimestre de 1984 quando o nível da atividade industrial cresce 4% , ao longo do ano esse numero sobe para 7% com destaque para industria de extração mineral que cresce 27% devido aos investimentos da Petrobrás no setor.O PIB cresce 5.7% em termos reais em 1984 o que permitiu interromper o processo de encolhimento da renda per-capita iniciado em 1981.

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RESUMO DE CONCURSOS

O balanço de pagamentos passa a apresentar um equilíbrio devido a expansão comercial que permitiu um superávit na balança comercial de U$13.1 bi. superando em U$4 bi. e pela primeira vez deste o choque do petróleo em U$3 bi. a conta de juros.A queda do preço do petróleo aliada ao aumento da produção doméstica permitiu uma redução nas despesas de importação de U$4 bi.

Apesar da excelente safra agrícola, a inflação em 1984 chega a 235% a causa dessa estabilidade inflacionária esta relacionada com crescente indexação da economia que provoca aumento de inflação a cada choque de oferta, cambial ou mudança na estrutura de apropriação de renda o que é a base do conceito de inflação inercial.

Diretas Já!

No ano de 1979, o regime militar tomou medidas que permitiram o retorno das liberdades democráticas no país. O sistema bipartidário foi substituído por uma reforma política que abriu espaço para a formação de novos partidos dentro do país. Dessa forma, as novas siglas que ao mesmo tempo representavam maior direito de expressão política, também marcavam um atípico processo de fragmentação político-partidária.

Chegado o ano de 1982, estes partidos disputaram eleições para os governos estaduais e demais cargos legislativos. Mediante esse novo quadro, membros de oposição da Câmara dos Deputados tentaram articular uma lei que instituísse o voto direto na escolha do sucessor do presidente João Batista Figueiredo. Em 1983, essa movimentação tomou a forma de um projeto de lei elaborado pelo deputado peemedebista Dante de Oliveira.

A divulgação da chamada “Emenda Dante de Oliveira” repercutiu entre vários grupos mais politizados das capitais e grandes cidades do país. Em um curto espaço de tempo, membros do PMDB, PT e PDT passaram a organizar grandes comícios onde a população se colocava em favor da escolha direta para o cargo de presidente. Com a repercussão tomada nos meios de comunicação, essas manifestações se transformaram no movimento das “Diretas Já!”.

Reconhecida como uma das maiores manifestações populares já ocorridas no país, as “Diretas Já!” foram marcadas por enormes comícios onde figuras perseguidas pela ditadura militar, membros da classe artística, intelectuais e representantes de outros movimentos militavam pela aprovação do projeto de lei. Em janeiro de 1984, cerca de 300.000 pessoas se reuniram na Praça da Sé, em São Paulo. Três meses depois, um milhão de cidadãos tomou o Rio de Janeiro. Algumas semanas depois, cerca de 1,7 milhões de pessoas se mobilizaram em São Paulo.

Mesmo realizando uma enorme pressão para que as eleições diretas fossem oficializadas, os deputados federais da época não se sensibilizaram mediante os enormes apelos. Com isso, por uma diferença de apenas 22 votos e um vertiginoso número de abstenções, o Brasil manteve o sistema indireto para as eleições de 1985. Para dar a tal disputa política uma aparência democrática, o governo permitiu que civis concorressem ao pleito.

Tancredo de Almeida Neves (1910-1985)

Nasceu no dia 4 de março de 1910 em São João Del Rei, Minas Gerais. Diplomou-se em Direito pela Universidade de Minas Gerais e iniciou sua carreira política em 1933, quando filiou-se ao Partido Progressista.

Com a decretação do Estado Novo getulista, em 1937, interrompeu sua carreira, voltando à política em 1945, com a queda do Estado Novo. Foi eleito deputado federal em 1950 e em 1953, com o apoio de Juscelino Kubitschek, foi ministro da Justiça. Exerceu também os cargos de Primeiro-Ministro no governo de João Goulart e de governador do Estado de Minas Gerais em 1982.

Tancredo aceitou o desafio de se candidatar à Presidência da República e, com o apoio de Ulysses Guimarães venceu as eleições, sendo eleito o primeiro Presidente civil em mais de 20 anos, no dia 15 de janeiro de 1985. A posse estava prevista para o dia 15 de março mas, na véspera, Tancredo foi internado no Hospital de Base, em Brasília, com fortes dores abdominais e José Sarney tomou seu lugar interinamente. Depois de sete cirurgias, veio a falecer em 21 de abril de 1985, aos 75 anos de idade, vítima de infecção generalizada.

O Plano Cruzado

O Plano Cruzado foi um plano econômico lançado em 28 de fevereiro de 1986, durante o governo de José Sarney. Tinha como principal objetivo a redução e controle da inflação, que na época era muito elevada.

Principais medidas econômicas do Plano Cruzado

- Criação de uma nova moeda, o Cruzado (Cz$), em substituição ao cruzeiro. Cada Cruzado tinha o valor de 1.000 Cruzeiros.- Congelamento dos preços de produtos e salários por um ano.

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RESUMO DE CONCURSOS

Efeitos na economia

- Nos primeiros meses houve o controle inflacionário com o congelamento de preços;- Após alguns meses, começou a faltar mercadorias nos supermercados. Como não podiam reajustar os preços, muitos

empresários e fazendeiros resolveram não colocar seus produtos a venda. O resultado foi o desabastecimento no país.- No final de 1986, o Plano Cruzado deixou de funcionar e a inflação voltou a crescer.

A Constituição de 1988

A Constituição Federal Brasil de 1988, também conhecida como a Constituição Cidadã, foi a sétima constituição do Brasil desde a Independência. Elaborada por 558 constituintes durante 20 meses, ela foi promulgada no dia 5 de outubro de 1988. Possui 245 artigos, dividida em nove títulos. Esta Constituição é considerada a mais completa, principalmente, no sentido de garantir os direitos a cidadania para o povo brasileiro.

Principais características

- Restabeleceu eleições diretas para os cargos de presidente da República, governadores de estados e prefeitos municipais;- Definiu o mandato presidencial de 5 anos;- Estabeleceu o direito de voto para os analfabetos;- Definiu o voto facultativo para os jovens de 16 a 18 anos de idade;- Sistema pluripartidário;- Colocou fim a censura aos meios de comunicação, obras de arte, músicas, filmes, teatro, etc

Emenda da reeleição

- Em 1997, foi elaborada uma emenda constitucional que abriu a possibilidade de reeleição para os principais cargos do poder executivo (presidente da República, governadores de estados e prefeitos municipais).

O GOVERNO DO FERNANDO COLLOR (1990 - 1995)

A posse do novo Presidente, em março de 1990, em meio à hiperinflação, foi acompanhada de novas medidas econômicas, organizadas pela ministra Zélia Cardoso de Mello - o Plano Collor. Depois do curto sucesso dos primeiros meses do seu mandato, Collor passou a viver a reversão econômica. Em 1991, a ministra Zélia demitiu-se do cargo, ao mesmo tem po que emergiam sucessivos escândalos envolvendo membros do Governo. Ainda nesse ano, ganhou força a política recessiva, ampliando o desemprego e a miséria da maioria da população. Já no início de 1992, o presidente Collor experimentava uma crescente impopularidade com uma inflação sempre superior a 20%, com sinais preocupan tes de elevação.

Outro destaque econômico do governo Collor foi a abertura do mercado à entrada de produtos estrangeiros, com a redução das tarifas de importação, incluindo a elimi nação da reserva de mercado, como o da informática. O Governo justificava que a política de comércio exterior, facilitando as importações, produziria a reestruturação da economia, tornando as indústrias nacionais mais competitivas e estimuladas a igualar-se aos padrões internacio nais. Muitos opositores acusavam tal política de sucatear a produção interna, irradiando falências e desemprego. Embora breve, o governo Collor deu ênfase à privatização, isto é, à transferência de empresas estatais para o setor privado. Alcançou-se, também, uma parcial normalização nas relações com os credores estrangeiros, ampliando a capacidade de pagamento de dívidas do País. Nesse caso, a política econômica foi favorecida pelo su perávit na balança comercial e entrada de novos emprésti mos e investimentos estrangeiros. No plano interno, en tretanto, agravaram-se as condições de vida da maioria da população.

Plano Collor e o Impeachment

Após quase trinta anos sem eleições diretas para Presidente da República, os brasileiros puderam votar e escolher um, entre os 22 candidatos que faziam oposição ao atual presidente José Sarney. Era novembro de 1989. Após uma campanha agitada, com trocas de acusações e muitas promessas, Fernando Collor de Mello venceu seu principal adversário, Luís Inácio Lula da Silva.

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RESUMO DE CONCURSOS

Collor conquistou a simpatia da população, que o elegeu com mais de 42% dos votos válidos. Seu discurso era de modernização e sua própria imagem validou a idéia de renovação. Collor era jovem, bonito e prometia acabar com os chamados “marajás”, funcionários públicos com altos salários, que só oneravam a administração pública.

Sua primeira medida, ao tomar posse no dia 15 de março de 1990, foi anunciar seu pacote de modernização administrativa e vitalização da economia, através do plano Collor I, que previa, entre outras coisas:

- Volta do Cruzeiro como moeda;- Congelamento de preços e salários;- Bloqueio de contas correntes e poupanças no prazo de 18 meses;- Demissão de funcionários e diminuição de órgãos públicos;

O objetivo deste plano, segundo Collor, era conter a inflação e cortar gastos desnecessários do governo. Porém, estas medidas não tiveram sucesso, causando profunda recessão, desemprego e insatisfação popular.

Trabalhadores, empresários, foram surpreendidos com o confisco em suas contas bancárias. O governo chegou a bloquear em moeda nacional o equivalente a oitenta bilhões de dólares.

O governo Collor também deu início às privatizações das estatais e à redução das tarifas alfandegárias. Com produtos importados a preços menores, a indústria nacional percebeu a necessidade de se modernizar e correr atrás do prejuízo.

Seis meses após o primeiro pacote econômico, Collor lançou um segundo plano, o Collor II, que também previa a diminuição da inflação e outros cortes orçamentários. Mas, novamente, não obteve êxito e só fez aumentar o descontentamento da população.

A ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, não suportou a pressão e em maio de 1991 pediu demissão do cargo. Em seu lugar, assumiu Marcílio Marques Moreira, até então embaixador do Brasil, em Washington. Marcílio não lançou nenhuma medida de impacto. Sua proposta era liberar os preços e salários gradualmente, porém não teve bons resultados.

A esta altura, surgiram várias denúncias de corrupção na administração Collor, envolvendo ministros, amigos pessoais e até mesmo a primeira dama, Rosane Collor. Paulo César Farias, ex-tesoureiro da campanha e amigo do presidente, foi acusado de tráfico de influência, lavagem e desvio de dinheiro.

Em entrevista à revista Veja, Pedro Collor, irmão do presidente, foi quem revelou os esquemas, que envolviam também Fernando Collor. A notícia caiu como uma bomba. A população, já insatisfeita com a crise econômica e social, revoltou-se contra o governo.

Foi instalada uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), a fim de investigar a participação de Collor no esquema chefiado por PC Farias. Num ato desesperado para salvar seu mandato, Collor fez um discurso em rede nacional e pediu para que os brasileiros fossem às ruas, vestidos de verde e amarelo, em gesto de apoio ao presidente. Realmente, o povo foi às ruas, mas vestido de preto e exigindo o impeachment de Collor.

No dia 29 de setembro de 1992 a Câmara dos Deputados se reuniu para votar o impeachment do presidente, ou seja, sua destituição do cargo. Foram 441 votos a favor do impeachment e somente 38 contra. Era o fim do “caçador de marajás”. No lugar de Collor, assumiu o vice-presidente, Itamar Franco.

O Plano Real

O Plano Real nasceu no governo Itamar Franco, que nomeou Fernando Henrique Cardoso para o ministério da Fazenda, o qual soube escolher bem sua equipe de economistas e elaborar um plano que realmente controlaria a inflação. O plano teve como objetivo criar uma unidade real de valor (URV) onde todos os produtos ficariam desvinculados da moeda vigente, denominado Cruzeiro Real. Ficou estabelecido que uma URV corresponderia a US$ 1. O Cruzeiro Real se desvalorizava em relação a URV e o dólar. Porém foi determinado um prazo para de vigência e depois a URV passou a ser referencia de cálculo para preços e contratos firmados desde sua criação, o Cruzeiro Real foi deixando aos poucos de ser referência e também o caráter de moeda.

Em 1994 os dois principais candidatos à presidência da republica foram: Lula do PT e Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. Partido esse com muitos intelectuais, com destaque para FHC, sociólogo, considerado honesto, professor da USP e universidades estrangeiras. Como já foi comentado acima, ele como Ministro da Fazenda conseguiu êxito com o Plano Real e a instituição da URV no governo Itamar, depois de tantos planos fracassados nos governos anteriores. Todo esse quadro era favorável ao PSDB, que formou uma frente partidária, a principio com o PSDB/PFL/PTB todo esse quadro levaria ao seu êxito eleitoral e também a chamada governabilidade, foi eleito Presidente da Republica no primeiro turno.

O PSBB encontrou na Argentina e México, o modelo ideal de plano econômico para controlar a inflação satisfatoriamente. Foi necessário fazer pequenas modificações para implantar no Brasil, denominado de Plano Real.

Nascia o Real como a nova moeda brasileira, valorizada com valor acima do dólar americano, quem diria, era difícil de acreditar, mas era verdade. A nossa moeda ficou tão forte que podemos destacar muitos benefícios: As importações de matérias-primas e máquinas ficaram mais fáceis e tinham seus custos reduzidos. Os produtos importados chegavam para o Brasil com os preços abaixo dos produtos similares nacional. O dólar seria a referencia absoluta para todos os preços. A sociedade em geral apoiou o plano, porque

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RESUMO DE CONCURSOS

a inflação chegou ao nível mais baixo em toda a sua história, onde patrões e trabalhadores, não tinham mais razão de reivindicar aumentos. O governo fazia muita propaganda onde falava na melhora do poder aquisitivo dos menos favorecidos, que a partir do Plano Real poderiam comprar a credito, porque as prestações não sofreriam aumento todo mês como antes do plano. O brasileiro passou a comprar mais, a economia foi reaquecida.

A diferença dos planos anteriores é que o Plano Real conseguiu acabar com a indexação da economia sem congelamentos de preços, também foi criada uma nova moeda, o real. Como todo plano precisa de ajustes, o Plano Real também fez ajustes.

REELEIÇÃO DE FHC

Fernando Henrique Cardoso, nasceu no Rio de Janeiro no dia 18 de junho de 1931. É professor, sociólogo e político brasileiro formado pela USP (Universidade de São Paulo) e popularmente conhecido como

FHC. Fernando Henrique Cardoso participou da criação do MDB (Movimento Democrático brasileiro) e teve participação decisiva

nas diretas-já e na eleição no colégio eleitoral. Foi senador por São Paulo, Ministro das Relações Exteriores e Ministro da Fazenda no governo de Itamar Franco, além de ser o “idealizador” do Plano Real.

Fernando Henrique Cardoso foi co-fundador do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) e desde 2.001 é presidente de honra do partido.

Eleições e o Governo FHC

Após o sucesso do plano real, Fernando Henrique Cardoso foi eleito Presidente do Brasil já no primeiro turno com larga escala de votos e tomou posse dia 1º de Janeiro de 1.995, sendo reeleito em 1.998, tendo nos dois mandatos Marco Maciel, do PFL, como vice-presidente.

A política de estabilidade e da continuidade do Plano Real foi o principal apelo da campanha eleitoral de Fernando Henrique Cardoso e um dos fatores decisivos para sua reeleição em 1.998, sendo reeleito no primeiro turno.

FHC conseguiu sua eleição graças ao apoio do PSDB, do PFL, do Partido Progressista brasileiro (atual PP) e de parte do PMDB, e conseguiu manter uma estabilidade política durante seus oito anos de governo. No primeiro mandato FHC conseguiu a aprovação da emenda constitucional que criou a reeleição para cargos executivos.

O governo de Fernando Henrique Cardoso foi marcado pela privatização de empresas estatais, como: Embraer, Telebrás, Vale do Rio Doce e outras estatais.

Além da privatização, seu governo também houve diversas denúncias de corrupção, como: a compra de parlamentares para aprovação da emenda constitucional que autorizava a reeleição e também o favorecimento de alguns grupos financeiros na aquisição de algumas estatais.

No início do segundo mandato de FHC, em 1.999 houve uma forte desvalorização do real, devido a crises financeiras internacionais (Rússia, México e Ásia) que levou o Brasil a maior crise financeira da história, além de aumentar os juros reais e aumentar a dívida interna brasileira.

Os grandes destaques brasileiros foram a implantação do gasoduto Brasil-Bolívia, a elaboração de um Plano Diretor da Reforma do Estado, um acordo que priorizaria o investimento em carreiras estratégicas para a gestão do setor público, aprovação de emendas que facilitaram a entrada de empresas estrangeiras no Brasil e a flexibilização do monopólio de várias empresas, como a Petrobrás, Telebrás e etc.

Alguns dos programas sociais criados no governo de Fernando Henrique Cardoso foram: A Bolsa Escola, Bolsa Alimentação e o Vale Gás.

No governo de FHC entrou em vigor a lei de responsabilidade fiscal (LRF) que caracterizava-se pelo rigor exigido na execução do orçamento público, que limitava o endividamento dos estados e municípios e os gastos com o funcionalismo público.

Os salários dos funcionários públicos também não tiveram reajustes significativos, uma forma de evitar a inflação e controlar os gastos públicos.

O governo de Fernando Henrique Cardoso teve fim no dia 1º de Janeiro de 2003, com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

LULA

No ano de 2002, as eleições presidenciais agitaram o contexto político nacional. Os primeiros problemas que cercavam o governo FHC abriram brechas para que Lula chegasse ao poder com a promessa de dar um outro rumo à política brasileira. O desenvolvimento econômico trazido pelo Plano Real tinha trazido grandes vantagens à população, entretanto, alguns problemas com o aumento do desemprego, o endividamento dos Estados e a distribuição de renda manchavam o bloco governista.

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RESUMO DE CONCURSOS

Foi nesse contexto que Lula buscou o apoio de diversos setores políticos para empreender uma chapa eleitoral capaz de agradar diferentes setores da sociedade brasileira. No primeiro turno, a vitória de Lula sobre os demais candidatos não foi suficiente para lhe dar o cargo. Na segunda rodada da disputa, o ex-operário e retirante nordestino conseguiu realizar um feito histórico na trajetória política do país.

Lula se tornou presidente do Brasil e sua trajetória de vida fazia com que diversas expectativas cercassem o seu governo. Seria a primeira vez que as esquerdas tomariam controle da nação. No entanto, seu governo não se resume a essa simples mudança. Entre as primeiras medidas tomadas, o Governo Lula anunciou um projeto social destinado à melhoria da alimentação das populações menos favorecidas. Estava lançada a campanha “Fome Zero”.

Essa seria um dos diversos programas sociais que marcaram o seu governo. A ação assistencialista do governo se justificava pela necessidade em sanar o problema da concentração de renda que assolava o país. Tal medida inovadora foi possível graças à continuidade dada às políticas econômicas traçadas durante a Era FHC. O combate à inflação, a ampliação das exportações e a contenção de despesas foram algumas das metas buscadas pelo governo.

A ação política de Lula conseguiu empreender um desenvolvimento historicamente reclamado por diversos setores sociais. No entanto, o crescimento econômico do Brasil não conseguiu se desvencilhar de práticas econômicas semelhantes às dos governos anteriores. A manutenção de determinadas ações políticas foram alvo de duras críticas. No ano de 2005, o governo foi denunciado por realizar a venda de propinas para conseguir a aprovação de determinadas medidas.

O esquema, que ficou conhecido como “Mensalão”, instaurou um acalorado debate político que questionava se existia algum tipo de oposição política no país. Em meio a esse clima de indefinição das posições políticas, o governo Lula conseguiu vencer uma segunda disputa eleitoral. O novo mandato de Lula é visto hoje mais como uma tendência continuísta a um quadro político estável, do que uma vitória dos setores de esquerda do Brasil.

Independente de ser um governo vitorioso ou fracassado, o Governo Lula foi uma importante etapa para a experiência democrática no país. De certa forma, o fato de um partido formalmente considerado de esquerda ascender ao poder nos insere em uma nova etapa do jogo democrático nacional. Mesmo ainda sofrendo com o problema da corrupção, a chegada de Lula pode dar fim a um pensamento político que excluía a chegada de novos grupos ao poder.

DILMA

Dilma Rousseff - A 1ª Mulher no Poder

Filha do engenheiro e poeta búlgaro Pétar Russév (naturalizado brasileiro como Pedro Rousseff) e da professora brasileira Dilma Jane Silva, Dilma Vana Rousseff faz a pré-escola no Colégio Isabela Hendrix e, a seguir, ingressa em um dos colégios mais tradicionais do Brasil, o Sion, de influência católica, ambos em Belo Horizonte.

Aos 16 anos, transfere-se para uma escola pública, o Colégio Estadual Central (hoje Escola Estadual Governador Milton Campos). Começa, então, a militar como simpatizante na Organização Revolucionária Marxista - Política Operária, conhecida como Polop, organização de esquerda contrária à linha do PCB (Partido Comunista Brasileiro), formada por estudantes simpáticos ao pensamento de Rosa Luxemburgo e Leon Trotski.

Mais tarde, em 1967, já cursando a Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Dilma passou a militar no Colina (Comando de Libertação Nacional), organização que defendia a luta armada. Esse comportamento, de passar de um grupo político a outro, era comum nos movimentos de esquerda que atuavam durante o período da ditadura iniciada com o Golpe de 1964.

Em 1969, já vivendo na clandestinidade, Dilma usa vários codinomes para não ser encontrada pelas forças de repressão aos opositores do regime. No mesmo ano, o Colina e a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) se unem, formando a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Em julho, a VAR-Palmares rouba o “cofre do Adhemar”, que teria pertencido ao ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros. A ação ocorreu no Rio de Janeiro e teria rendido à guerrilha US$ 2,4 milhões. Dilma nega ter participado dessa operação, mas há quem afirme que ela teria, pelo menos, ajudado a planejar o assalto.

Em setembro de 1969, a VAR-Palmares sofre um racha. Volta a existir a VPR. Dilma escolhe permanecer na VAR-Palmares - e ainda teria organizado três ações de roubo de armas no Rio de Janeiro, sempre em unidades do Exército.

Presa em 16 de janeiro de 1970, em São Paulo, o promotor militar responsável pela acusação a qualificou de “papisa da subversão”. Fica detida na Oban (Operação Bandeirantes), onde é torturada. Depois, é enviada ao Dops. Condenada em 3 Estados, em 1973 já está livre, depois de ter conseguido redução de pena no STM (Superior Tribunal Militar). Muda-se, então, para Porto Alegre, onde cursa a Faculdade de Ciências Econômicas, na Universidade Federal do RS.

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RESUMO DE CONCURSOS

Do PDT ao PT

Filia-se, então, ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), fundado por Leonel Brizola em 1979, depois que o governo militar concedeu anistia política a todos os envolvidos nos anos duros da ditadura.

Dilma Rousseff ocupou os cargos de secretária da Fazenda da Prefeitura de Porto Alegre (1986-89), presidente da Fundação de Economia e Estatística do Estado do Rio Grande do Sul (1991-93) e secretária de estado de Energia, Minas e Comunicações em dois governos: Alceu Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT).

Filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde 2001, coordenou a equipe de Infra-Estrutura do Governo de Transição entre o último mandato de Fernando Henrique Cardoso e o primeiro de Luiz Inácio Lula da Silva, tornando-se membro do grupo responsável pelo programa de Energia do governo petista.

Ministérios

Dilma Rousseff foi ministra da pasta das Minas e Energia entre 2003 e junho de 2005, passando a ocupar o cargo de Ministra-Chefe da Casa Civil desde a demissão de José Dirceu de Oliveira e Silva, em 16 de junho de 2005, acusado de corrupção. Em 2008, a Casa Civil foi envolvida em duas denúncias. Primeiro, a da montagem de um provável dossiê contendo gastos pessoais do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O dossiê seria uma suposta tentativa de silenciar a oposição, que, diante do escândalo dos gastos com cartões de créditos corporativos realizados por membros do governo federal, exigia a divulgação dos gastos pessoais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua esposa. Depois, em junho, a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, acusou a Casa Civil de ter pressionado a agência durante o processo de venda da empresa Varig ao fundo de investimentos norte-americano Matlin Patterson e seus três sócios brasileiros. Dilma Rousseff negou enfaticamente todas as acusações.

Em 9 de agosto de 2009, a ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, disse ao jornal Folha de S. Paulo que, num encontro com Dilma, a ministra teria pedido que uma investigação realizada em empresas da família Sarney fosse concluída rapidamente. Dilma negou a declaração de Lina, que, por sua vez, reafirmou a acusação em depoimento no Senado Federal, mas não apresentou provas.

Apesar de, em diferentes períodos, ter cursado créditos no mestrado e no doutorado de Economia, na Unicamp, Dilma Rousseff jamais defendeu a dissertação ou a tese. De guerrilheira na década de 1970 a participante da administração pública em diferentes governos, Dilma Vana Rousseff tornou-se uma figura pragmática, de importância central no governo Lula. No dia 20 de fevereiro de 2010, durante o 4º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores, Dilma foi aclamada pré-candidata do PT à presidência da República. Em 31 de março, obedecendo à lei eleitoral, afastou-se do cargo de ministra-chefe da Casa Civil. Durante a cerimônia de transferência do cargo, assumido por Erenice Guerra, Dilma afirmou, referindo-se ao governo Lula: “Com o senhor nós vencemos. Vencemos a miséria, a pobreza ou parte dela, vencemos a submissão, a estagnação, o pessimismo, o conformismo e a indignidade”.

Dilma Rousseff venceu as eleições presidenciais de 2010, no segundo turno, com 56,05% dos votos válidos (derrotou o candidato José Serra, que obteve 43,95% dos votos válidos), tornando-se a primeira mulher na presidência da República Federativa do Brasil. Ao tomar posse, no dia 1º de janeiro de 2011, discursando no Congresso Nacional, Dilma afirmou: “Meu compromisso supremo [...] é honrar as mulheres, proteger os mais frágeis e governar para todos! [...] A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos”.

TESTES:

01. (ANALISTA-FUNIVERSA-2009) – A respeito da política econômica adotada por Juscelino Kubitschek de Oliveira, não podemos afirmar que:

a) Se ajustou perfeitamente às novas tendências do capitalismo americano contidas na Doutrina Truman.b) Continuou a orientação político-econômica da “era de Vargas”.c) Priorizou o desenvolvimento dos setores de energia, alimentação, transporte, indústria de base e educação.d) Visou a expandir a economia brasileira, integrando-a as correntes mais fortes do sistema capitalista ocidental.e) Estimulou a iniciativa do empresariado nacional e atraiu o interesse do capital estrangeiro.

RESPOSTA “B”.

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

02. (PUCCAMP-2005 e FGV-2007) – A respeito da política desenvolvimentista do governo Juscelino Kubitschek, podemos afirmar que:

I. Levou a um desenvolvimento integrado do território nacional, diminuindo sensivelmente as disparidades regionais.II. Contribuiu para uma integração mais profunda da economia brasileira ao sistema capitalista mundial, dentro de

um desenvolvimento industrial acelerado, com o apoio de capitais e tecnologia estrangeiros.III. Representou o privilegiamento da indústria alimentícia e de bens de consumo populares, dada a preocupação

marcadamente social que caracterizava seu projeto de desenvolvimento.IV. Apesar da modernização a que levou uma parte do país, deixou sérios problemas econômicos e sociais de herança para

os governos seguintes, como a dependência em relação ao capital estrangeiro, índices elevados de inflação, e dívida externa crescente.

Estão corretos os itensa) I e IV.b) I e III.c) I e II.d) II e III.e) II e IV.

RESPOSTA “E”.

03. (MACK-2009) – A ideologia desenvolvimentista subordinava o capital nacional ao estrangeiro. O projeto de modernização do país promovia a importação de indústrias e tecnologia, sobretudo no setor de base e bens de consumo duráveis, como automóveis. Estas características identificam um governo e suas conseqüências econômicas. Assinale-o.

a) O segundo governo Vargas, contando com forte oposição do capital estrangeiro.b) Eurico Gaspar Dutra, que, adotando facilidades alfandegárias, esgotou as reservas acumuladas durante o Estado Novo.c) Juscelino Kubitschek, que, embora atingindo um notável crescimento econômico, fez crescer o endividamento externo e

as disparidades regionais.d) José Sarney e o congelamento de preços e salários do Plano Cruzado, resultando em infação descontrolada a partir de 1987.e) Collor de Mello e a estagnação econômica, desemprego e infação geradas pelo Plano Collor.

RESPOSTA “C”.

04. (FUVEST-2008) – Afirma-se sobre o governo de Juscelino Kubitschek: I. Possuía dois conceitos chave: o nacionalismo e o desenvolvimentismo.II. Lançou o Plano de Metas, apontando como áreas prioritárias para o investimento estatal os setores de energia,

alimentação, educação, transporte e indústria de base.III. Implantou a reforma agrária, desagradando a elite latifundiária brasileira.IV. Era elitista, favorecendo os setores empresariais ligados direta ou indiretamente ao capital transnacional.Está correto o que se afirma em:a) I, II e IV apenas.b) I, II, III e IV.c) I e III apenas.d) II, III e IV apenas.e) I, III e IV apenas.

RESPOSTA “A”.

05. (DESING GRÁFICO-FHEMIG-FUNDEP-2009) – “O sucesso da política econômica de Kubitschek foi o resultado direto de seu sucesso no sentido de manter a estabilidade política. O segredo residia na marcante habilidade de Kubitschek em encontrar alguma coisa para cada um, enquanto evitava qualquer conflito direto com seus inimigos. Este estilo político não envolvia mudanças fundamentais. Pelo contrário, Kubitschek utilizava-se do próprio sistema a fim de ganhar apoio”. (Thomas Skidmore - Brasil: de Getúlio a Castelo. p. 207).

A política econômica referida no texto é:a) O Plano Cruzado, que tinha por objetivo combater a inflação.

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RESUMO DE CONCURSOS

b) O Plano SALTE, cujas propriedades eram saúde, alimentação, transporte e energia.c) O Plano de Reformas de Base, que tinha por prioridade a redistribuição de renda.d) O Plano de Metas, que consagrava a política nacional desenvolvimentista.e) O Plano Trienal, que previa reformas econômicas estruturais.

RESPOSTA “D”.

06. (HISTORIA DA ARTE-NCE-UFRJ-2007) – Acerca da década de 1980 no Brasil, podemos afirmar, do ponto de vista econômico, que foi um período:

a) De grande expansão, embora fortemente perturbado pelas incertezas quanto à consolidação da democracia.b) De forte desenvolvimento da indústria, ainda que não acompanhado por outros setores da economia.c) De recomposição da mão-de-obra, como resultado do declínio das migrações.d) De recessão das atividades econômicas, tanto que muitos o consideram uma década perdida.e) De ampla abertura ao capital estrangeiro, propiciando por essa via o aumento do Produto Interno Bruto.

RESPOSTA “D”.

07. O chamado “pacote de abril”, conjunto de medidas promulgadas pelo presidente Ernesto Geisel em 1977, representou:a) A institucionalização da ditadura militar, na medida em que criava mecanismos de repressão à oposição, através de uma

série de atos institucionais, entre eles o AI-5.b) A inauguração da política de abertura lenta e gradual, na medida em que estabelecia o voto direto e universal para a escolha

de senadores e deputados.c) A reação do governo às conquistas eleitorais da oposição, na medida em que impunha restrições, como a eleição indireta de

um terço dos senadores por colégios eleitorais estaduais.d) O retrocesso na política de abertura lenta e gradual, na medida em que impunha a censura, até então inexistente, a todos os

órgãos de comunicação.e) o fm da ditadura militar, na medida em que estabeleceu as eleições diretas para todos os cargos de governo, inclusive a

presidência da República.

RESPOSTA “C”.

08. Durante a Ditadura Militar, a economia brasileira apresentou um desempenho extraordinário no período conhecido como “Milagre econômico” (1969-1973), em que o PIB cresceu a uma taxa média anual de 11,2%. Sobre a política econômica desse período, é possível afirmar:

I. Foi implementada sob a direção do ministro Delfim Neto.II. Teve como importante resultado uma distribuição de renda eqüitativa.III. Expandiu o crédito ao consumidor para elevar o consumo interno de produtos industriais.IV. Foi a solução adotada para enfrentar o aumento drástico do preço do petróleo no mercado externo.As afirmativas corretas são:a) l e IIb) I, II e IIIc) II, III e IVd) I e IIIe) II e IV

RESPOSTA “D”.

09 (ASSISTENTE DE HISTORIA-UFRGS-2011) – O “milagre econômico” fez da economia brasileira, na década de 70, a oitava economia do mundo capitalista. O PIB – Produto Interno Bruto – teve notável crescimento e o ufanismo chegou até os slogans como: “Brasil, ame-o ou deixe-o”; “Ninguém segura este país”. O Presidente Médici era aplaudido quando entrava no estádio do Maracanã.

O “milagre” apoiou-se em algumas colunas básicas, entre as quais não está incluído (a):a) A empresa nacional, apoiada por subsídios e por uma política de arrocho salarial.

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RESUMO DE CONCURSOS

b) A prática do liberalismo econômico, com livre jogo nos mercados, de produtos nacionais e importados, tendo os últimos baixas taxas alfandegárias.

c) O capital estrangeiro, em forma de empréstimos e investimentos diretos, que afluíam abundantemente.d) A conjuntura favorável do capitalismo mundial, incluindo preços baixos do petróleo árabe/venezuelano.e) A empresa estatal, com numerosas atribuições, respondendo por 50% do PIB em 1970.

RESPOSTA “B”.

10. (MACK-2009) – O modelo econômico brasileiro dos anos 70 não se sustentou na década seguinte, dentre outras causas, por que:

a) A distribuição equilibrada de renda e a politização das massas inviabilizaram a alternativa econômica autoritária.b) A política eficaz de controle à inflação gerou desemprego e redução do mercado interno.c) Os altos investimentos, no ensino público e pesquisa, impossibilitaram o Estado de manter-se como agente do desenvolvimento.d) As preocupações ecológicas e pressões internacionais exigiam a mudança do modelo.e) O Estado perdeu sua capacidade de financiar o modelo de substituição de importações, que se esgotou.

RESPOSTA “E”.

11. (FGV-2007) – O Movimento “Diretas Já”, que promoveu em 1984 uma intensa mobilização popular a favor da eleição direta para Presidente da República, teve como resultado imediato:

a) A eleição de um governo popular e democrático chefado por José Sarney.b) A eleição do candidato da oposição, Tancredo Neves, pela via indireta.c) A primeira eleição direta do Presidente da República, a primeira em quase trinta anos, com a vitória de Fernando Collor

de Mello.d) A anticandidatura de Ulysses Guimarães e a convocação da Assembléia Nacional Constituinte.e) A revogação dos Atos Institucionais, apesar da derrota da emenda das Diretas.

RESPOSTA “B”.

12. (HISTÓRIA DA ARTE-NCE/UFRJ-2009) – O final da Ditadura Militar no Brasil (1964/1985) foi marcado por um movimento popular e político-partidário que aglutinou diversas forças políticas durante o seu processo. Foi um movimento que levou milhares de pessoas às ruas conclamando a redemocratização do Brasil, Assinale entre as alternativas abaixo o nome desse movimento.

a) Movimento dos “Cara Pintada”.b) Movimento pelas Diretas-Já.c) Greves do ABC paulista.d) Guerra de Canudos.e) Revolta da Armada.

RESPOSTA “B”.

13. (AUXILIAR DE CONSULTÓRIO-PREF. ILHA COMPRIDA/SP-MOURAMELO-2008) – “A vigência do Ato-5, os limites impostos à instituição parlamentar, a repressão política, a censura prévia e a ação privilegiada do Executivo evidenciam a predominância em relação ao Estado da sociedade política, da função coercitiva que potencializa toda uma rede de mecanismos de sujeição acionados em lugares estratégicos do corpo social, da fábrica ao aparelho escolar. Em nome do desenvolvimento e dos ideais do Ocidente promove-se a criminalização da atividade política”. (Heloísa B. de Hollanda e Marcos A. Gonçalves - Cultura e participação nos anos 60, p. 93). O texto descreve:

a) O processo de abertura política do regime militar.b) O fortalecimento do coronelismo após o golpe de 1964.c) A implementação da censura durante o regime populista.d) O endurecimento do regime militar a partir de 1968.e) A adoção do regime parlamentarista entre 1961-1963.

RESPOSTA “D”.

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RESUMO DE CONCURSOS

14. (ANALISTA PREVIDENCIÁRIO-IPSERV-PREF. UBERABA/MG-FUNDEP-2009) – “O governo João Goulart nasceu, conviveu e morreu sob o signo do golpe de Estado. Se, em agosto de 1961, o golpe militar pôde ser conjurado, em abril de 1964, no entanto, ele deixaria de se constituir num fantasma para se tornar uma concreta realidade.” (Toledo, Caio Navarro de. O governo Goulart e o golpe de 64. São Paulo: Brasiliense, 1984, p.07.).

Assinale a alternativa em que se encontram os fatos referidos por esse trecho:a) Em agosto de 1961, após a implementação do Plano Trienal, Jango havia sido ameaçado por uma tentativa de golpe, e em abril

de 1964, após o Comício das Reformas, foi deposto por grupos de civis e militares.b) Em agosto de 1961 os militares já se colocavam contra o governo de Jango, demonstrando sua força numa greve

nacional, e em abril de 1964 as forças armadas efetivamente o depuseram, assumindo o poder.c) Em agosto de 1961, após a renúncia de Jânio Quadros, houve um veto de setores militares à posse de Jango, e em abril de 1964

setores militares, e também civis, em nome da ordem e da liberdade, depuseram-no.d) Em agosto de 1961, com a adoção das reformas de base, Jânio Quadros colocou seu cargo à disposição do Congresso, e em

abril de 1964, com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, os militares se sentiram fortes e capazes de assumir o poder.e) Em agosto de 1961, após a renúncia de Jânio Quadros, a UDN procurou impedir a posse de Jango, que foi ameaçado de prisão,

e em abril de 1964 a direita brasileira, liderada pelo PTB, depôs o presidente, com a ajuda dos militares.

RESPOSTA “C”.

15. (ANALISTA OPERACIONAL-HRSM/DF-MOVENS-2009) – No decorrer do governo de João Goulart, a instabilidade da democracia populista chegou ao seu ponto culminante. A esse respeito é correto afirmar:

a) O descontentamento dos setores conservadores era decorrente do decreto de 1964, pelo qual Goulart garantia a legalidade do Partido Comunista Brasileiro.

b) A união dos setores progressistas aos grupos conservadores do PSD permitia a implementação de medidas de caráter socialista com ampla maioria parlamentar.

c) No Congresso houve um realinhamento partidário, que resultou na organização da Frente Parlamentar Nacionalista e da Ação Democrática Parlamentar.

d) O descontentamento dos setores da esquerda era decorrente do veto de Goulart à Lei de Remessa de Lucros, que limitava a saída de capital do país.

e) O fechamento do Congresso Nacional e a decretação do Estado de Sítio, quando da Revolta dos Sargentos, fizeram o presidente perder o apoio político dos setores democráticos.

RESPOSTA “C”.

16. (CESGRANRIO-2008) – O desenvolvimento foi um dos elementos de maior importância nos debates políticos e intelectuais ocorridos no Brasil, a partir da década de 40, sendo também a preocupação das políticas governamentais do período.

Assinale a opção que não expressa uma política governamental no período.a) O segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954) imprimiu um caráter nacional ao desenvolvimentismo com restrições ao

capital estrangeiro e criação de empresas estatais.b) Os “cinqüenta anos em cinco”, slogan do Programa de Metas de JK, caracterizado por um rápido crescimento industrial, foi

facilitado pela atração de capitais estrangeiros.c) A política desenvolvimentista, em todas as suas etapas, foi acompanhada por crescente interferência do Estado no domínio

econômico através da formulação de planos, criação de agências de financiamento e de empresas estatais.d) A abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro, a partir do Estado Novo, com a participação dos Estados Unidos no

desenvolvimento da siderurgia, foi o principal fator de estímulo ao desenvolvimento brasileiro.e) As empresas estatais de grande porte criadas no período, como a Vale do Rio Doce, a Petrobrás e a Eletrobrás, colocavam sob

o controle do governo setores de base considerados estratégicos, que exigiam vultosos investimentos.

RESPOSTA “D”.

17. (FEI-2010) – São características do modelo econômico que passou a ser implementado no Brasil, especialmente a partir do início dos anos 90:

a) A estatização e a abertura comercial.b) A abertura comercial e a criação da CLT.c) A privatização e a criação de regras que dificultam a importação.d) O rígido controle de preços e a privatização.e) A privatização e a abertura comercial.

RESPOSTA “E”.

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A Bíblia de Jerusalém, São Paulo, Paulinas, 1985.

ALVES, Maria Helena M. Estado e oposição no Brasil (1964-1984). 5. Ed. Petrópolis, Vozes, 1989.

ANDERSON, Perry. Tibério Graco. In: Passagem da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo, Brasiliense, 1987.

ARBEX JR., José. Guerra Fria; terror de Estado, política e cultura. São Paulo, Moderna, 1997.

ARISTÓTELES. A política. Rio de Janeiro, Ediouro, s/d.

ASIMOV, Isaac. Cronologia das ciências e das descobertas. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1993.

BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento. 2. Ed. São Paulo, Hucitec, 1993.

BERNARD, Carmem e GRUZINSKI, Serge. História do Novo Mundo. Edusp, São Paulo, 1997.

BONIFÁCIO, José. “Documento preparado para a Assembléia Constituinte de 1823”. In: José Bonifácio. São Paulo, Ícone, 1998.

CALMON, Pedro. História do Brasil na poesia do povo. Rio de Janeiro, Bloch, 1973.

CAMPOS, F., MIRANDA, R. G.. A escrita da história. 1.ed. São Paulo, Escala Educacional, 2005.

CARDOSO, Fernando Henrique. Dos governos militares a Prudente-Campos Sales. In: BÓRIS, Fausto (org.). História geral da civilização brasileira. 2. ed. São Paulo, Difel,1997.t. III, v.1.

CARNEIRO, Edison. O quilombo dos Palmares. São Paulo, Brasiliense, 1947.

ELIAS, Norbert. O processo civilizador. São Paulo, Jorge Zahar, 1995.v. 1.

FALCON, F. C. e MATTOS, I. R. O processo de independência do Rio de Janeiro. In: MOTA, Carlos Guilherme (org.) 1822: dimensões. 2. ed. São Paulo, Perspectiva, 1986.

FINLEY, M. I. Aspectos da Antiguidade. São Paulo, Martins Fontes, 1991.

FRASCHETTI, Augusto. O mundo romano. In: História dos jovens. São Paulo, Companhia das Letras, 1996. V. 1.

IGLÉSIAS, Francisco. A Revolução Industrial. São Paulo, Brasiliense, 1981.

MARTINS, José de Souza. A guerrilha do Araguaia. In: História imediata. São Paulo, Alfa- Ômega, 1978.v.1.

MAXWELL, Kenneth. A devassa da devassa; a Inconfidência Mineira: Brasil e Portugal (1750-1808). 3. Ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985.

NOVAIS, Fernando (coord.). História da vida privada no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1997. V. 2.

PINHEIRO, Paulo Sérgio. Estratégias da ilusão; a revolução mundial e o Brasil (1922- 1935). 2. ed. São Paulo, Companhia das Letras, 1992.

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

RODRIGUES, João Antonio. Atlas para Estudos Sociais. Rio de Janeiro, Ao Livro Técnico, 1977.

SAID, Edward W. Orientalismo; o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.

SILVA, Hélio Sclitter. Tendências e características gerais do comércio exterior no séc. XIX. In: Revista de história da economia brasileira. jun. 1953.

VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. 3. ed. São Paulo, Difel, 1981.

VOLTAIRE. Cândido. São Paulo, Martins Fontes, 1998.

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

GEOGRAFIA FÍSICACONCEITO DE GEOGRAFIA

Geografia é ciência que estuda as características do planeta Terra, os fenômenos naturais, sociais, econômicos, culturais, políticos, religiosos, humanos, relacionando e articulando a ação humana no meio ambiente e vice-versa.

Importância do estudo

A Geografia é uma ciência muito importante, pois permite ao homem compreender melhor o planeta em que vive. Para isso, esta ciência dispõe de diversos recursos matemáticos e tecnológicos. A estatística, por exemplo, é muito usada na área da pesquisa populacional. Os satélites são fundamentais na elaboração de mapas, além de fornecerem dados importantes para a verificação de mudança na vegetação do planeta.

Principais áreas da Geografia e exemplos de temas estudados por cada área:

- Geografia Física: relevo, rios, vegetação.- Geografia Humana: população (crescimento demográfico, alfabetização, migração, etc.).- Geografia Política: relações políticas, conflitos entre nações.- Cartografia: elaboração e interpretação de mapas.- Geografia Turística: desenvolvimento do turismo mundial e regional.- Geografia Urbana: desenvolvimento das cidades, planejamento urbano.- Geografia Social: problemas sociais (violência, desemprego, falta de habitação)- Geografia Agrária: questões ligadas ao campo (meio rural)- Geomorfologia: formas da superfície terrestre- Climatologia: climas, temperatura e fenômenos climáticos (seca, furacões, tempestades)- Hidrografia: estudo dos recursos hídricos (mares, rios, lagos, oceanos)

A TERRA E SEUS MOVIMENTOS

Movimento de Translação

- A translação da Terra é o movimento em forma de elipse que a Terra realiza ao redor do Sol. Esse movimento, juntamente com a inclinação do eixo de rotação da Terra, é responsável pelas estações do ano.

- O movimento demora 365 dias e seis horas a ser realizado

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

Solstício e Equinócio

- O eixo de rotação da terra (movimento da terra em torno dela mesma) possui uma posição fixa que está ligeiramente inclinada em 23,5 º em relação ao eixo de translação da terra (movimento da terra em torno do sol). Isto faz com que em determinada época do ano, a luz solar incida com maior intensidade sobre o hemisfério norte e, na outra parte do ano, incida com maior intensidade sobre o hemisfério sul, caracterizando o chamado solstício. Da mesma forma, ocorre que em determinada época, a luz solar incide de maneira igual sobre os dois hemisférios, caracterizando o equinócio.

- Equinócio é uma palavra que deriva do latim (aequinoctium), e significa “noite igual”, e refere-se ao momento do ano em que a duração do dia é igual à da noite sobre toda a Terra.

- A imagem da esquerda se refere à posição de um Equinócio, ou seja, os dois hemisférios recebem a luz solar da mesma maneira, com ângulos iguais para as mesmas latitudes ao norte e ao sul do equador.

A imagem da direita mostra como é o Solstício de Verão no hemisfério norte e o Solstício de Inverno no hemisfério sul O solstício e o equinócio ocorrem duas vezes por ano, nos dias 22 de dezembro e 22 de junho, no caso do solstício, e nos dias 23

de setembro e 21 de março para o equinócio.

Se a Terra girasse ao redor do Sol com o seu eixo exatamente na direção perpendicular ao plano da sua órbita, não haveria estações do ano, pois a luz solar atingiria igualmente os dois hemisférios terrestres em qualquer época do ano.

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

Movimento de Rotação

O movimento da terra em torno de si mesma é chamado de rotação, este período de rotação é de um dia, isto é, 24 horas. Isso quer dizer que a Terra demora 1 dia para completar uma volta em torno de si mesma.

O movimento de rotação da Terra explica a existência dos dias e das noites.

Exemplos de Termos Utilizados no Estudo da Geografia Física

- Por influência da língua inglesa, na indicação do oeste pode aparecer um W (de Weste, em inglês) e na indicação do leste pode aparecer um E (de East, em inglês).

- Um ponto qualquer da Terra pode ser setentrional, se estiver ao Norte do outro, e meridional se estiver ao Sul do outro. - Equador é o paralelo cujo plano é perpendicular ao eixo da Terra e está equidistante dos pólos geográficos, dividindo o globo

terrestre em dois hemisférios: Hemisfério Norte ou boreal e Hemisfério Sul ou austral. - O oriente está a Leste ou nascente e o ocidente está a Oeste ou poente.- Quando abrimos os braços, ficando com o direito voltado para o nascente e o esquerdo para o poente, teremos a frente voltada

para o norte e as costas para o sul. - O Meridiano de Greenwich é a origem da contagem as longitudes, enquanto o Equador é a origem da contagem das latitudes. - Latitude é a distância em graus de um dado ponto da superfície terrestre à linha do Equador, varia de 0º a 90º tanto para o

Norte como para o Sul, enquanto longitude é a distância em graus de um dado ponto da superfície terrestre ao Meridiano de origem (Greenwich). Varia de 0º a 180º para o Leste e para o Oeste.

- Norte, sul, leste e oeste são os pontos cardeais. Existe um desenho, chamado Rosa dos Ventos, que representa as diversas direções através dos pontos cardeais, colaterais e subcolaterais.

- A bússola é um instrumento contém agulha magnética, móvel em torno de um eixo que passa pelo seu centro de gravidade, montada em caixa com limbo graduado e usado para orientação.

- Eixo da Terra é a linha em torno da qual a Terra executa o seu movimento de rotação, de Oeste para Leste.

EXERCÍCIOS

1. Assinale a alternativa que relaciona corretamente o movimento de rotação com as diferenças de fuso horário:a) Durante o movimento de translação parte da Terra fica de frente para o sol iluminada e a outra parte fica oposta ao sol no

escuro, assim se dá a diferença de horário. b) Durante o movimento de rotação parte central da Terra fica de frente para o sol iluminada e a outra parte fica oposta ao sol no

escuro, por isso na parte central é sempre mais cedo.c) Durante o movimento de rotação parte da Terra fica de frente para o sol iluminada e a outra parte fica oposta ao sol no escuro,

assim se dá a diferença de horário. d) Durante o movimento de translação parte central da Terra fica de frente para o sol iluminada e a outra parte fica oposta ao sol

no escuro, por isso na parte central é sempre mais cedo.e) Durante o movimento de rotação parte do hemisfério norte fica para o sol, iluminado, e a outra parte do hemisfério sul fica

oposta ao sol, no escuro, assim se da a diferença de horário.

2. Ele (a) é o principal meridiano (linhas imaginárias que vão do Pólo Norte ao Pólo Sul). É através dele (a) que determinamos os fusos horários da Terra. Estamos falando:

a) do Meridiano de Greenwichb) da Linha do Equadorc) da Linha dos fusos horáriosd) do Meridiano do Equadore) Trópico de Câncer

3. (PEB II Geografia – Prefeitura Municipal de Cariacica – ES – 2009) Ao se tratar do funcionamento do clima em nosso planeta, deve-se levar em consideração a dinâmica e a composição atmosférica mantida em volta da Terra pela força gravitacional. Para explicar o mecanismo do clima além do contexto atmosférico, outros dois fatores naturais que devem ser considerados são:

a) temperatura da água nos oceanos, crescimento urbano;b) emissão de poluentes, densidade da vegetação;c) variação latitudinal, inclinação do eixo terrestre;d) presença de desertos, existência de ilhas de calor;e) variação de dias e noites, distância entre a Terra e o Sol.

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RESUMO DE CONCURSOS

4. Sobre a latitude e longitude, é correto afirmar:a) São medidas angulares entre dois pontos.b) São distâncias em graus entre dois pontos.c) São medidas em quilômetros entre a linha do Equador e o meridiano de Greenwich.d) A latitude varia de 0º a 180º para Leste ou para Oeste.e) A longitude varia de 0º a 90º para Norte ou para Sul

RESPOSTAS

1. B

2. A

3. C

4. C

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

ELEMENTOS DO CLIMA

Tempo – refere-se ao comportamento da atmosfera em um determinado momento e lugar. O tempo pode se alterar rapidamente com as mudanças nas condições atmosféricas.

Clima – refere-se ao comportamento da atmosfera observando-se a sucessão dos tempos meteorológicos com ciclos que se repetem, em linhas gerais, a cada ano. Alterações climáticas ocorrem em períodos mais longos. Situações anômalas em determinado ano não são suficientes para caracterizar alterações permanentes no clima de uma região, país ou continente. Influenciam na formação do tempo e do clima os seguintes elementos estáticos e dinâmicos;

Elementos Estáticos

- Altitude- Latitude- Continentalidade- Maritimidade- Vegetações- Correntes marítimas- Altitude (quanto maior a altura, menor a temperatura visto que a irradiação do calor é feita pelas superfícies sólidas e líquidas

da Terra e, também, porque os componentes gasosos da atmosfera se vão dispersando na medida em que se sobe);

Latitude (quanto maior é a latitude, menor é a temperatura);

Latitude é a distancia em graus de um ponto qualquer da Terra paralela ao Equador. A Latitude determina as zonas térmicas da Terra.

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RESUMO DE CONCURSOS

Elementos dinâmicos

- Temperatura- Pressão atmosférica- Ventos- Umidade do ar- Precipitações

O conjunto desses elementos forma as massas de ar

Massas de ar

As massas de ar são porções da atmosfera com determinadas condições de temperatura, umidade e pressão atmosférica. Constituem uma síntese dos elementos do clima, mas com caráter dinâmico, deslocando-se das áreas de alta pressão para as áreas de baixa pressão. No Brasil há 5 massas de ar que atuam em seu território. Quando uma massa de ar se forma no Continente é chamada Massa Continental, quando uma massa se forma no Oceano é chamada de Atlântica (dependo do oceano em que se forma) e quando uma massa se forma nos Pólos é chamada Massa Polar. Dependendo da época do ano as massas de ar atuam com intensidades diferentes.

- Massa Polar Atlântica (m.P.a.) – durante o verão chega ao território brasileiro menos fria e mais úmida contribuindo muito para a ocorrência das chuvas frontais. No inverno é mais fria e menos úmida contribuindo para a formação de geadas, queda de neve (esporadicamente no Sul do Brasil) e para o fenômeno da friagem na Amazônia Ocidental e Centro-Oeste.

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RESUMO DE CONCURSOS

- Massa Tropical Atlântica (m.T.a.) – é quente e úmida. Atua no leste do nosso território provocando chuvas na fachada litorânea do Nordeste, Sudeste e parte da Região Sul.

- Massa Tropical Continental (m.T.c.) – é quente e seca. Proveniente da Depressão do Chaco no Paraguai contribui com o inverno quente e seco da porção central do território brasileiro.

- Massa Equatorial Atlântica (m.E.a.) – quente e úmida. Proveniente do Atlântico, na região equatorial, provoca chuvas no litoral da Amazônia e parte do Nordeste.

- Massa Equatorial Continental (m.E.c.) – é quente e, apesar de ser uma massa continental, é úmida devido à contribuição da evapotranspiração da imensa Floresta Amazônica. Atua sobre a Amazônia Centro-ocidental e, no verão, expande sua atuação até o Sudeste brasileiro, contribuindo com as fortes chuvas de verão.

Tipos de Clima

- Equatorial – sempre quente e sempre úmido. Apresenta reduzida amplitude térmica e um elevado índice de chuvas. Ocorre na Amazônia brasileira.

- Tropical – sempre quente, com verão chuvoso e inverno seco. Também chamado de tropical continental é o clima predominante no país. Apresenta uma variação mais úmida junto ao litoral (Tropical Úmido).

- Semi-árido – sempre quente, com reduzido índice de chuvas (mal distribuídas). Apresenta a maior média térmica do país. Ocorre no Sertão.

- Tropical de altitude – chuvas concentradas no verão e inverno seco. Sua média térmica é inferior ao tropical por influência da altitude e maior atuação da m.P.a.

- Subtropical – apresenta a menor média térmica do país (16° - 18° C), a maior amplitude térmica (grandes variações de temperatura entre o verão e o inverno) e chuvas regulares, bem distribuídas. É típico da Região Sul, abaixo do Trópico de Capricórnio.

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RESUMO DE CONCURSOS

EXERCÍCIOS

1. A “friagem” consiste na queda brusca da temperatura, na região amazônica. Sobre ela pode-se afirmar que:I. O relevo baixo, de planície, facilita a incursão de massas de ar frio que atingem a Amazônia.II. A massa de ar responsável pela ocorrência de friagem é a Tropical Atlântica.III. A friagem ocorre no inverno.De acordo com as afirmativas acima, assinale:a) se I e III estiverem corretas;b) se I e II estiverem corretas;c) se II e III estiverem corretas;d) se apenas I estiver correta;e) se todas as afirmativas estiverem corretas

2. (UEL)-Observe os climogramas apresentados abaixo.

Eles representam tipos climáticos característicos da região Sul do Brasil, respectivamente, a) tropical úmido e semi-árido.b) tropical e subtropical.c) tropical continental e tropical de altitude.d) semi-árido e subtropical.e) equatorial seco e tropical.

3. Complete a frase abaixo corretamente: O clima ____________, grandes áreas cobertas por floresta e a grande quantidade de rios, são as características mais

marcantes da Região _____________. Essa região concentra cerca de ______ do território nacional, e é também uma região _______povoada.

a) Equatorial, Amazônica, 58%, pouco b) Tropical Atlântico, Amazônica, 98%, pouco.c) Tropical, Amazônica, 58%, muito.d) Equatirial, Amazônica, 28%, muito.e) Sub equatorial, Amazônica, 58% pouco.

4. As áreas assinaladas no mapa correspondem ao clima:

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RESUMO DE CONCURSOS

a) Subtropical de altitude.b) Equatorial úmido.c) Tropical alternadamente úmido e seco.d) Tropical semi-áridoe) Subtropical úmido.

5. Predomina na região sul brasileira:a) clima subtropical com cerrados e campos.b) clima tropical de altitude com mata de araucária.c) clima tropical com mata dos pinhais e cerrado.d) clima tropical com araucárias e campos.e) clima subtropical com campos e mata dos pinhais.

RESPOSTAS

1. A

2. B

3. A

4. C

5. E

ANOTAÇÕES

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RESUMO DE CONCURSOS

VEGETAÇÃO DO BRASIL

▪ Floresta Amazônica:

- É a maior floresta tropical do mundo, com uma área aproximada de 5,5 milhões de km², dos quais 60% estão no norte do território brasileiro: Acre, Amazonas, Pará, Mato Grosso e Maranhão.

- Clima equatorial: extremamente úmido e com chuvas abundantes.- Divide-se em três grandes tipos: Igapó (vitória-régia); a Várzea (seringueiras, jatobás e palmeiras) e Mata de Terra Firme(árvores

com até 60m de altura).- Maior reserva de diversidade biológica do planeta.- Maior bacia hidrográfica do mundo.- Perda de 13,31% de sua área original em virtude da exploração econômica das frentes de expansão agrícola e madeireira.- Ciclo da borracha no século XIX: desenvolvimento urbano e modernização.- Extrativismo é a principal atividade econômica das comunidades locais: índios, seringueiros e ribeirinhos.- Alguns Estados vêm investindo no Ecoturismo.- Desmatamento da Amazônia: a extração da madeira é revertida em comércio clandestino.

- Mata Atlântica:

- É a formação mais devastada do país. Corresponde à área litorânea do Brasil, que foi ocupada desde os primeiros tempos da colonização. Estende-se do Rio Grande do Norte ao litoral de Santa Catarina.

- Em período colonial cedeu espaço à agricultura canavieira no Nordeste e à produção cafeeira na região Sudeste, reduzindo 7% de sua área original.

- Clima tropical: quente e úmido.- Relevo de planaltos e serras, que impedem a passagem de massas de ar para o interior, provocando chuvas constantes.- Sua área abrange as bacias dos rios Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco.- Rica em espécies vegetais (jequitibá-rosa, cedro, figueira, ipê, braúna e pau-brasil) e muitos dos animais brasileiros em extinção

se encontram em suas florestas.- Grandes conglomerados populacionais e urbanos do país. Mais de 70% da população brasileira vive nessa área, reunindo

consequentemente os principais pólos industriais, petroleiros e portuários do Brasil, representando 80% do PIB nacional.- Desmatamento da Mata Atlântica: as principais áreas devastadas deram origem a pastagens e investimentos imobiliários.

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RESUMO DE CONCURSOS

▪ Caatinga:

- Ocupa 10% do território nacional, abrangendo os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, sul e leste do Piauí e norte de Minas Gerais.

- Clima semi-árido: temperaturas anuais oscilando entre 25ºC e 29ºC.- Solo raso e pedregoso.- A vegetação é típica de áreas secas, com folhas finas ou inexistentes. Algumas plantas armazenam água e outras possuem raízes

superficiais para captar o máximo da água da chuva.- Espécies mais comuns: amburana, aroeira, imbuzeiro, baraúna, maniçoba, macambira, mandacaru e juazeiro.- A falta das chuvas é o maior problema da região, onde vivem cerca de 20 milhões de pessoas. As secas são cíclicas e prolongadas,

interfirindo diretamente na vida do sertanejo (habitante da caatinga).- Produção agrícola e pecuária, que são a base da economia local, são prejudicadas.- Problemas sociais: baixo nível de renda e escolaridade, falta de saneamento básico e altos índices de mortalidade infantil.- Açudes e poços artesianos são construídos cada vez mais para combater as secas.- Desenvolvimento da caatinga esbarra na aridez da terra e instabilidade das precipitações.

▪ Cerrado:

- É a segunda maior formação vegetal brasileira. Estendia-se originalmente por uma área de 2 milhões de km², abrangendo 10 Estados do Brasil Central. Hoje, restam apenas 20% deste total.

- Clima típico tropical, apresenta duas estações bem definidas: inverso seco e verão chuvoso.

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RESUMO DE CONCURSOS

- Solo de savana tropical deficiente em nutrientes, abriga plantas de aparência seca, entre arbustos esparsos e gramíneas e o cerradão, um tipo mais denso de vegetação de formação florestal.

- Três maiores bacias hidrográficas da América do Sul: Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata.- Grande biodiversidade.- Sua riqueza biológica é seriamente afetada pela caça e comércio ilegal de animais.- É o sistema ambiental que mais sofreu alteração com a ocupação humana: atividade garimpeira que devido à contaminação dos

rios com mercúrio os assoreou; a mineração desgastando e erodindo os solos e a grande abertura de estradas.- Economia destaca-se a agricultura mecanizada (soja, milho e algodão) e a pecuária extensiva.- Cerca de 20 milhões de pessoas habitam o cerrado, sendo majoritariamente uma população urbana.- Desemprego, falta de habitação e poluição são os agravantes sociais.

▪ Campos:

- É uma formação bastante variada. Na região Norte aparece na forma de savana e gramíneas de terras firmes do Amazonas, Roraima, Pará, Ilhas do Bananal e de Marajó. Já na região Sul, surge como as estepes úmidas dos campos limpos.

- Os campos do Sul: Pampas Gaúchos, região plana de vegetação aberta e de pequeno porte. Estende-se do Rio Grande do Sul à Argentina e ao Uruguai.

- Áreas com abundância de água e de boa qualidade, utilizadas para a agricultura (arroz, milho, trigo e soja) e criação de gado.- Agricultura mecanizada e moderna.- População urbana e bem distribuída pelo território.- Os campos do Norte: fronteira entre a Amazônia e a caatinga.- Áreas secas e de florestas de palmeiras e matas de cocais.- Principal atividade econômica é o extrativismo: buritis, oiticicas, babaçus e carnaúbas – palmeiras para extração de óleos e

ceras.- Região de baixíssima densidade demográfica, quase desabitada.

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RESUMO DE CONCURSOS

▪ Pantanal:

- É a maior planície de inundação contínua do mundo, formada principalmente pelas cheias do rio Paraguai e afluentes. A região tem cerca de 250 mil km², sendo que mais de 80% fica no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O restante fica principalmente na Bolívia e uma pequena parte ao Paraguai, onde recebe o nome de Chaco.

- Clima quente e úmido no verão, embora seja relativamente frio no inverno.- Constituído por uma savana estépica, alagada em sua maior parte.- Possui uma impressionante diversidade de fauna e flora.- 1.132 espécies de borboletas, 656 de aves, 122 de mamíferos, 263 de peixes e 93 de répteis.- Entre outubro e fevereiro, época das chuvas, fica praticamente intransitável por terra. No restante do ano, o solo forma um

excelente pasto para gado.- Principal atividade econômica ligada ao gado bovino.- Problemas ambientais do Pantanal: desequilíbrio ecológico provocado pela pecuária extensiva, pelo desmatamento para

produção de carvão com destruição da vegetação nativa; a pesca e a caça predatórias; o garimpo de ouro e pedras preciosas, que gera erosão, assoreamento e contaminação das águas dos rios Paraguai e São Lourenço; o turismo descontrolado que produz o lixo, esgoto e que ameaça a tranqüilidade dos animais.

EXERCÍCIOS

1. (UNIFESP/2003) Brasil, de importador de algodão na década de noventa do século XX, passou a ter exportações significativas na atualidade. No mapa, estão destacados os estados produtores de algodão para exportação. Utilizando seus conhecimentos geográficos, assinale a alternativa que indica corretamente a vegetação nativa da área, o sistema de cultivo e as técnicas principais empregadas.

a) Campos de altitude, rotação de terras, baixa mecanização.b) Coníferas, rotação de cultura algodão/cana-de-açúcar, baixa mecanização.c) Gramíneas, rotação de terras, tração animal.d) Floresta caducifólica, rotação de culturas com pastagens artificiais, alta mecanização.e) Cerrado, rotação de cultura algodão/soja, alta mecanização.

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RESUMO DE CONCURSOS

2. (ENEM) A Mata Atlântica, que originalmente se estendia por todo o litoral brasileiro, do Ceará ao Rio Grande do Sul, ostenta hoje o triste título de uma das florestas mais devastadas do mundo. Com mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, hoje restam apenas 5% da vegetação original, como mostram as figuras.

Considerando as características histórico-geográficas do Brasil e a partir da análise das figuras é correto afirmar quea) as transformações climáticas, especialmente na Região Nordeste, interferiram fortemente na diminuição dessa floresta úmida.b) nas três últimas décadas, o grau de desenvolvimento regional impediu que a devastação da Mata Atlântica fosse maior do que

a registrada.c) as atividades agrícolas, aliadas ao extrativismo vegetal, têm se constituído, desde o período colonial, na principal causa da

devastação da Mata Atlântica. d) a taxa de devastação dessa floresta tem seguido o sentido oposto ao do crescimento populacional de cada uma das Regiões

afetadas.e) o crescimento industrial, na década de 50, foi o principal fator de redução da cobertura vegetal na faixa litorânea do Brasil,

especialmente da região Nordeste.

3. Esse domínio apresenta um clima seco, com chuvas mal distribuídas ao longo do ano. Sua vegetação é geralmente caracterizada por árvores e arbustos pequenos, de troncos e galhos retorcidos, de casca espessa protegida por uma camada de cortiça, e com raízes profundas. Esse é o domínio:

a) dos Pampas.b) do Cerrado.c) dos Mares de Morros.d) da Floresta Amazônica.e) da Mata Araucária.

4. (PUC-SP) – A cobertura vegetal típica do Brasil Central é a do cerrado. Essa vegetação está correlacionada com:a) os elevados índices de umidadeb) os solos ricos em húmus, porém muito permeáveisc) o clima tropical, de estação seca bem marcadad) o clima subtropical, de prolongada estação secae) os solos endurecidos por uma camada de seixos ferruginosos

5. (FUVEST) – A partir de 1950, cerca de metade das florestas tropicais úmidas do Globo foram derrubadas. Esse desflorestamento, embora com taxas variáveis de área para área, vem ocorrendo principalmente em grandes porções:

a) da América Latina, do norte da África e do sudeste da Ásiab) da América Central, do centro-oeste da África e do centro-sul da Austráliac) da América Latina, do centro-oeste da África e do sudeste da Ásiad) do norte da América do Sul, do centro-leste da África e do norte da Austráliae) do centro-leste da América do Sul, do centro da África e do noroeste da Ásia

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RESUMO DE CONCURSOS

6. (VUNES) – Em grande parte do litoral brasileiro ocorre um tipo de formação complexa formado por vegetais que apresentam raízes aéreas, classificados como halófilos e hidrófilos, que se desenvolvem em solos salinos e com falta de oxigênio. Assinale a alternativa que indica corretamente esta formação vegetal:

a) Pantanalb) Mata Galeriac) Babaçuald) Manguezale) Campos sujos

7. (UFRJ) – A bacia hidrográfica com maior possibilidade de navegação é:a) São Franciscob) Paranác) Uruguaid) Amazônicae) Paraíba do Sul

8. (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ) – A rede hidrográfica brasileira apresenta, dentre outras, as seguintes características:a) grande potencial hidráulico, predomínio de rios perenes e predomínio de foz do tipo delta.b) drenagem exorréica, predomínio de rios de planalto e predomínio de foz do tipo estuário.c) predomínio de rios temporários, drenagem endorréica e grande potencial hidráulico.d) regime de alimentação pluvial, baixo potencial hidráulico e predomínio de rios de planície.e) drenagem endorréica, predomínio de rios perenes e regime de alimentação pluvial.

9. (FGV) – “A hidrovia Paraná-Paraguai requer obras para a expansão do tráfego de cargas, como a dragagem do rio Paraguai, entre Cáceres (MT) e Corumbá (MS).” Jornal Folha de São Paulo – 19/08/97. Considerando-se as condições naturais da área citada acima estima-se que tal dragagem poderá provocar:

a) um maior alagamento da planície de inundação, pois a retirada de detritos significa a retirada de obstáculos das águas do rio Paraguai, que avançarão rumo às áreas mais distantes do leito do rio.

b) uma questão diplomática com a Argentina, pois a alteração no fluxo das águas do rio Paraguai rebaixará sensivelmente o volume de água da Hidrelétrica de Itaipu.

c) alterações radicais na paisagem, pois o rio Paraguai percorre um vale em canyon, que será inundado a partir do represamento das águas, a exemplo do ocorrido com Sete Quedas.

d) um rebaixamento do nível do rio Paraguai e, em decorrência, trechos do Pantanal deixarão de ser alagados durante a cheia, provocando alteração e mesmo morte de espécies da fauna e flora da região.

e) uma questão diplomática com o Paraguai, pois a alteração no fluxo das águas reduzirá significativamente o volume de águas da Hidrelétrica de Itaipu, gerando uma crise no fornecimento de energia.

RESPOSTAS

1. E2. B3. B4. C5. C6. D7. D8. B9. D

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RESUMO DE CONCURSOS

HIDROGRAFIA DO BRASIL

Definição

A hidrografia está relacionado aos estudos das características físicas (geografia física) que estuda as águas do planeta, abrangendo portanto rios, mares, oceanos, lagos, geleiras, água do subsolo e da atmosfera. A grande parte da reserva hídrica mundial (mais de 97%) concentra-se em oceanos e mares, com um volume de 1.380.000.000 km³. Já as águas continentais representam pouco mais de 2% da água do planeta, ficando com um volume em torno de 38.000.000 km³.

Características da Rede Hidrografia Brasileira

- Rica em rios e pobre em lagos- Os rios brasileiros dependem das chuvas para se “alimentarem”. Rio Amazonas embora precise das chuvas ele também se

alimenta do derretimento da neve da Cordilheira dos Andes, onde nasce- A maior parte dos rios é perene (nunca seca totalmente)- As águas fluviais deságuam no mar, porém podem desaguar também em depressões no interior do continente ou se infiltrarem

no subsolo- A hidrografia brasileira é utilizada como fonte de energia (hidrelétricas) e muito pouco para navegação.

Rios de planalto e de planície

Devido à natureza do relevo, no Brasil predominam os rios de planalto, que apresentam rupturas de declive, vales encaixados, entre outras características, que lhes conferem um alto potencial para a geração de energia elétrica. Encachoeirados e com muitos desníveis entre a nascente e a foz, os rios de planalto apresentam grandes quedas-d’água. Assim, em decorrência de seu perfil não regularizado, ficam prejudicados no que diz respeito à navegabilidade. Os rios São Francisco e Paraná são os principais rios de planalto.

Em menor quantidade, temos no Brasil os rios que correm nas planícies, sendo usados basicamente para a navegação fluvial, por não apresentarem cachoeiras e saltos em seu percurso. Como exemplo pode ser citado alguns rios da bacia Amazônica (região Norte) e da bacia Paraguaia (região Centro-Oeste, ocupando áreas do Pantanal Mato-Grossense). Entre os grandes rios nacionais, apenas o Amazonas e o Paraguai são predominantemente de planície e largamente utilizados para a navegação.

Apesar da maioria dos rios brasileiros nunca secar, alguns apresentam características curiosas, como por exemplo, o Jagauribe (Ceará), que desaparece nas secas, e o Paraguaçu (Bahia), que se torna subterrâneo e depois volta a ficar visível.

Rios de Planaltos

Rios de Planícies

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RESUMO DE CONCURSOS

Principais Bacias Hidrográficas do Brasil:

O conjunto das terras drenadas ou percorridas por um rio principal e seus afluentes recebe o nome e Bacia Hidrográfica.

- Bacia do Amazonas

- É a maior bacia hidrográfica do mundo, com 7.050.000 km², sendo mais da metade localizado em terras brasileiras. Abrange também terras da Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname. Seu rio principal, o Amazonas, nasce no Peru com o nome de Vilcanota e recebe posteriormente os nomes de Ucaiali, Urubamba e Marañon. Quando entra no Brasil, passa a se chamar Solimões e, após o encontro com o Rio Negro, perto de Manaus, recebe o nome de Rio Amazonas.

- Bacia do São Francisco

- Nasce em Minas Gerais, na serra da Canastra, atravessando os estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. O Rio São Francisco é o principal curso d’água da bacia, com cerca de 2.700 km de extensão e 168 afluentes. De grande importância política, econômica e social, principalmente para a região nordeste do país, é navegável por cerca de 1.800 km, desde Pirapora, em Minas Gerais, até a cachoeira de Paulo Afonso. O principal aglomerado populacional da bacia do São Francisco corresponde à Região Metropolitana de Belo Horizonte, na região do Alto São Francisco.

- Bacia do Paraná

- É a região mais industrializada e urbanizada do país. Na bacia do Paraná reside quase um terço da população brasileira, sendo os principais aglomerados urbanos as regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e de Curitiba. O rio Paraná, com aproximadamente 4.100 km, tem suas nascentes na região Sudeste, separando as terras do Paraná do Mato Grosso do Sul e do Paraguai. O rio Paraná é o principal curso d’água da bacia, mas também são muito importantes os seus afluentes e formadores, como os rios Grande, Paranaíba, Tietê, Paranapanema, Iguaçu, dentre outros. Essa bacia hidrográfica é a que tem a maior produção hidrelétrica do país, abrigando a maior usina hidrelétrica do mundo: a Usina de Itaipu, no Estado do Paraná, projeto conjunto entre Brasil e Paraguai.

- Bacia do Paraguai

-Destaca-se por sua navegabilidade, sendo bastante utilizada para o transporte de carga. Assim, torna-se importante para a integração dos países do Mercosul.. Suas águas banham terras brasileiras, paraguaias e argentinas.

- Bacia do Uruguai

- É formada pelo rio Uruguai e por seus afluentes, desaguando no estuário do rio da Prata, já fora do território brasileiro. O rio Uruguai é formado pelos rios Canoas e Pelotas e serve de divisa entre os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Faz ainda a fronteira entre Brasil e Argentina e entre Argentina e Uruguai. Deságua no oceano após percorrer 1.400 km. A região hidrográfica do Uruguai apresenta um grande potencial hidrelétrico, possuindo uma das maiores relações energia/km² do mundo. Da união das Bacias do Paraná, Paraguai e Uruguai, temos a Bacia Platina

- Bacia do Tocantins-Araguaia

- Com uma área superior a 800.000 km2, a bacia do rio Tocantins-Araguaia é a maior bacia hidrográfica inteiramente situada em território brasileiro. O rio Tocantins nasce na confluência dos rios Maranhão e Paraná (GO), enquanto o Araguaia nasce no Mato Grosso. Localiza-se nessa bacia a usina de Tucuruí (PA), que abastece projetos para a extração de ferro e alumínio.

- Bacias secundárias:

- Formada por rios que não pertencem a nenhuma bacia principal, porém foram reunidas em 3 grupos de bacias isoladas devido a sua localização:

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RESUMO DE CONCURSOS

- Bacia do Nordeste

- Abrange diversos rios de grande porte e de significado regional, como: Acaraú, Jaguaribe, Piranhas, Potengi, Capibaribe, Una, Pajeú, Turiaçu, Pindaré, Grajaú, Itapecuru, Mearim e Parnaíba. O rio Parnaíba forma a fronteira dos estados do Piauí e Maranhão, desde suas nascentes na serra da Tabatinga até o oceano Atlântico, além de representar uma importante hidrovia para o transporte dos produtos agrícolas da região.

- Bacia do Leste

- Assim como a bacia do nordeste, esta bacia possui diversos rios de grande porte e importância regional. Entre eles, temos os rios Pardo, Jequitinhonha, Paraíba do Sul, Vaza-Barris, Itapicuru, das Contas, Paraguaçu, entre outros. O rio Paraíba do Sul, por exemplo, situa-se entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, apresentando ao longo do seu curso diversos aproveitamentos hidrelétricos, cidades ribeirinhas de porte e indústrias importantes, como a Companhia Siderúrgica Nacional.

- Bacia do Sudeste-Sul

- É composta por rios da importância do Jacuí, Itajaí e Ribeira do Iguape, entre outros. Os mesmos possuem importância regional, pela participação em atividades como transporte hidroviário, abastecimento d’água e geração de energia elétrica.

Hidrografia no Mundo

Confira a seguir a lista dos maiores rios, oceanos, mares e bacias hidrográficas do mundo.

Os maiores rios

Nome e local Extensão (km) FozAmazonas, Brasil 6.868 Oceano AtlânticoNilo, Egito 6.671 Mar MediterrâneoXi-Jiang, China 5.800 Mar da ChinaMississippi-Missouri, EUA 5.620 Golfo do MéxicoObi, Federação Russa 5.410 Golfo de Obi

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RESUMO DE CONCURSOS

Os maiores oceanos e mares

Nome Área (km²) Profundidade máxima (m)Oceano Pacífico 179.700.000 11.020Oceano Atlântico 106.100.000 7.758Mar Glacial Ártico 14.090.000 5.450Mar do Caribe 2.754.000 7.680Mar Mediterrâneo 2.505.000 5.020

As maiores bacias hidrográficas

Nome Local Área (km²)Bacia Amazônica Brasil 7.050.000Bacia do Congo Zaire 3.690.000Bacia do Mississippi EUA 3.328.000Bacia do Rio da Prata Brasil 3.140.000Bacia do Obi Federação Russa 2.975.000

EXERCÍCIOS

1. É uma bacia essencialmente planáltica, situada na parte central do planalto meridional brasileiro. Trata-se da:a) Bacia do Paranáb) Bacia do Niloc) Bacia Amazônicad) Bacia do Tocantins-Araguaia

2. Este rio apresenta um dos mais importantes tráfegos fluviais do país pelo alto valor da carga transportada: minério de ferro, de manganês, gado e madeira para exportação; trigo e derivados de petróleo para consumo interno. Seus principais portos são: Corumbá e Ladário.

Trata-se do rio:a) Paraná b)Paraguai c)Uruguaid) Tietêe) Tocantins.

3. (UFRJ) A bacia hidrográfica brasileira com maior possibilidade de navegação é:a) Bacia do São Francisco;b) Bacia do Paraná;c) Bacia do Uruguai;d) Bacia Amazônica;e) Bacia do Paraíba do Sul.

4. (FGV) “Em virtude da existência de inúmeros fatores históricos e econômicos, os baixos cursos dos rios geralmente apresentam elevadas densidades demográficas”. Comprovam a afirmação os rios:

a) Mackenzie e Volga.b) Yukon e Reno.c) Nilo e Ganges.d) Ob e Mississipi.e) Ienissei e São Francisco.

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RESUMO DE CONCURSOS

5. (UNOPAR) A expressão “Bacia Hidrográfica” pode ser entendida como:a) o conjunto das terras drenadas ou percorridas por um rio principal e seus afluentes.b) a área ocupada pelas águas de um rio principal e seus afluentes no período normal de chuvas.c) o conjunto de lagoas isoladas que se formam no leito dos rios quando o nível de água da água baixa.d) o aumento exagerado do volume de água de um rio principal e seus afluentes quando chove acima do normal.e) o lago formado pelo represamento das águas de um rio principal e seus afluentes.

6. (FUND. OSWALDO CRUZ) A rede hidrográfica brasileira apresenta, dentre outras, as seguintes características:a) grande potencial hidráulico, predomínio de rios perenes e predomínio de foz do tipo delta.b) drenagem exorréica, predomínio de rios de planalto e predomínio de foz do tipo estuário.c) predomínio de rios temporários, drenagem endorréica e grande potencial hidráulico.d) regime de alimentação pluvial, baixo potencial hidráulico e predomínio de rios de planície.e) drenagem endorréica, predomínio de rios perenes e regime de alimentação pluvial.

7. (ENG. - Santos) Aponte a afirmativa correta:a) No rio Paraná, entre São Paulo e Mato Grosso do Sul, está localizado o Complexo Hidrelétrico de Urubupungá.b) O rio Paraguai nasce na serra de Araporé, em Mato Grosso, com o nome de rio das Pedras, de Amolar.c) Durante as cheias do rio Paraguai, no início de outono, todo o Pantanal vê-se invadido pela águas do rio, constituindo, então,

a lagoa Xarajes.d) O rio Uruguai é formado pelos rios Canoas e Pelotas.e) O rio Uruguai é o principal rio da Bacia Platina em potencial hidrelétrico.

8. (UNIV. CATÓLICA - Pelotas) A Bacia Platina é formada por grandes bacias secundárias, possuindo o maior potencial hidrelétrico instalado no Brasil, e a maior usina hidrelétrica construída até hoje. Esse potencial é localizado na bacia do rio:

a) Piratinib) Uruguaic) Paraguaid) Paranáe) São Francisco

9. (UNIV. ESTÁCIO DE SÁ) Aponte a afirmativa incorreta:a) O regime dos rios brasileiros depende das chuvas de verão.b) Talvegue é a linha de maior profundidade do leito do rio.c) Os rios brasileiros possuem um regime pluvial, excetuando-se o Amazonas que é complexo.d) Todos os rios do Brasil podem ser caracterizados como perenes.e) A foz de um rio pode ser de dois tipos: o estuário, livre de obstáculos, e o delta, com ilhas de aluvião separadas por uma rede

de canais.

10. (FAC. AGRONOMIA E ZOOTECNIA de Uberaba) Leia as afirmativas abaixo sobre a hidrografia brasileira:I. É a maior das três bacias que formam a Bacia Platina, pois possui 891.309 km2, o que corresponde a 10,4% da área

do território brasileiro.II. Possui a maior potência instalada de energia elétrica, destacando-se algumas grandes usinas.III. Em virtude de suas quedas d’água, a navegação é difícil. Entretanto, com a instalação de usinas hidrelétricas, muitas

delas já possuem eclusas para permitir a navegação.Estas características referem-se à bacia do:a) Uruguaib) São Franciscoc) Paranád) Paraguaie) Amazonas

RESPOSTAS

1. (A) 2. (B) 3. (D) 4. (C) 5. (A) 6. (B) 7. (E) 8. (D) 9. (D) 10. (C)

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RESUMO DE CONCURSOS

RELEVO DO BRASIL

- O relevo brasileiro é constituído de diversas formas, dentre elas, “serras, planaltos, chapadas, depressões, planícies”, etc., ocasionadas, principalmente, por processos externos, como a chuva e o vento e processos internos. A estrutura geológica é, predominantemente, antiga, as mais recentes são da era cenozóica. O Brasil é um país de altitudes modestas. Cerca de 40% do seu território encontra-se abaixo de 200 m de altitude, 45% entre 200 e 600 m, e 12%, entre 600 e 900 m. O Brasil não apresenta altas montanhas, pois não existe nenhum dobramento moderno no território brasileiro.

- O território brasileiro pode ser dividido em grandes unidades e classificado a partir de diversos critérios. Uma das primeiras classificações do relevo brasileiro identificou oito unidades e foi elaborada na década de 1940 pelo geógrafo Aroldo de Azevedo. Ela considera principalmente o nível altimétrico para determinar o que é um planalto ou uma planície.

- No ano de 1958, essa classificação tradicional foi substituída pela tipologia do geógrafo Aziz Ab´Sáber, que acrescentou duas novas unidades de relevo, esta classificação despreza o nível altimétrico, priorizando os processos geomorfológicos, ou seja, a erosão e a sedimentação. Assim, o professor considera planalto como uma superfície na qual predomina o processo de desgaste, enquanto planície é considerada uma área de sedimentação

- Uma das classificações mais atuais é do ano de 1995, de autoria do geógrafo e pesquisador Jurandyr Ross, do Departamento de Geografia da USP ( Universidade de São Paulo). Seu estudo fundamenta-se no grande projeto Radambrasil, um levantamento feito entre os anos de 1970 e 1985. O Radambrasil tirou diversas fotos da superfície do território brasileiro, através de um sofisticado radar acoplado em um avião. Jurandyr Ross estabelece 28 unidades de relevo, que podem ser divididas em planaltos, planícies e depressões.

- O relevo do Brasil tem formação muito antiga e resulta principalmente de atividades internas do planeta Terra e de vários ciclos climáticos. A erosão, por exemplo, foi provocada pela mudança constante de climas úmido, quente, semi-árido e árido. Outros fenômenos da natureza (ventos e chuvas) também contribuíram no processo de erosão.

Conceitos de Relevo

- Relevo “É o conjunto de formas presentes na superfície sólida do planeta”. Resulta da estrutura geológica (fatores internos) e dos

processos geomórficos (fatores externos). O primeiro forma a estrutura do relevo e o segundo esculpe as formas.

- PlanícieÁreas extensas planas em que há mais sedimentação que erosão. Áreas chatas e mais baixas, geralmente, no nível do mar. Porém,

podem ficar em terras altas, como as várzeas de um rio num planalto.

- Planalto Terras mais altas que o nível do mar, razoavelmente planas delimitadas por escarpas íngrimes. Há mais erosão que sedimentação.

- Montanha Terrenos bastante elevados, acima de 300 metros. Podem ser classificadas quanto à origem ou idade.

- Depressão Áreas situadas abaixo do nível do mar ou das outras superfícies planas.

Agentes externos modeladores do relevo

Fatores externos

O principal fator externo que atua na formação e na transformação do relevo é a erosão, nome dado ao processo que desgasta e, ao mesmo tempo, constrói novas formas de relevo. Esse processo natural pode ser desencadeado pela ação das águas, dos ventos e das geleiras.

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RESUMO DE CONCURSOS

Ação da água

Em diversas partes do planeta, sobretudo nas regiões tropicais, as chuvas são os principais agentes modeladores do relevo, provocando deslizamentos de terra e enxurradas. Os deslizamentos ocorrem porque o solo fica saturado e pesado com a água das chuvas, provocando o deslocamento de grande quantidade de terra, sobretudo nas encostas mais íngremes do relevo.

Com as chuvas intensas, também podem se formar as enxurradas, correntes de água que, por não se infiltrarem totalmente no solo, escoam para as partes mais baixas do terreno, formando valetas. Essas valetas, com o passar do tempo, podem atingir vários metros de profundidade, sendo, então, conhecidas por voçorocas.

O desgaste provocado pelas águas das chuvas recebe o nome de erosão pluvial.Além das chuvas, as águas dos rios e do mar também atuam na transformação do relevo terrestre.A ação das águas dos rios, que recebe o nome de erosão fluvial, se dá nas partes de maior declividade do terreno, onde o

escoamento é mais rápido, desgastando o relevo, ampliando a largura e a profundidade dos cursos de água. Já em áreas de menor declividade, o escoamento das águas é mais lento, ocorrendo, então, o acúmulo de sedimentos.

As águas do mar transformam o relevo litorâneo ao agirem, por exemplo, sobre as rochas, escavando suas bases e formando as chamadas falésias, paredões abruptos à beira-mar. As águas do mar também depositam areia e cascalhos ao longo do litoral, constituindo as praias e as restingas. A ação dessas águas sobre o relevo recebe o nome de erosão marinha.

Ação das geleiras

As geleiras são grandes massas de gelo que se formam em regiões muito frias, onde a quantidade de neve que cai é sempre maior que a quantidade que derrete.

Nas regiões montanhosas, as geleiras formam-se sobre os vales e nas encostas das altas montanhas. À medida que a neve cai, a geleira aumenta em volume e em peso. Isso faz com que ela deslize montanha abaixo, carregando consigo grande parte das rochas da superfície, o que provoca o alargamento e aprofundamento dos vales. A ação das geleiras sobre o relevo é denominada erosão glacial.

Ação dos ventos

Os ventos atuam na transformação do relevo terrestre, em especial no litoral e no deserto, onde retiram areia e poeira de determinados lugares e acumulam-nas em outros, formando dunas.

Os ventos também transformam o relevo quando as partículas de areia e poeira suspensas no ar colidem contra as rochas. Lentamente, o vento esculpe o relevo, originando formações rochosas curiosas, como arcos e monólitos. A ação dos ventos na modelagem do relevo terrestre é denominada erosão eólica.

Dunas são montes de areia que se forma pela ação dos ventos e migram de um lugar para outro. A areia, composta por grãos muito finos, é carregada pelo vento e se acumula ao encontrar algum obstáculo pelo seu caminho, como grandes rochas ou vegetação. Ao atingir determinada altura, a duna costuma desmoronar, reiniciando o processo.

Pontos Culminantes do Brasil:

PICO da Neblina 31 de Março da Bandeira Roraima Cruzeiro

SERRA Imeri (Amazonas)

Imeri (Amazonas)

do Caparaó (Espírito Santo/Minas Gerais)

Pacaraima (Roraima)

do Caparaó (Espírito Santo)

ALTITUDE (m) 3.014 2.992 2.890 2.875 2.861

Planalto Meridional

O Planalto Meridional recobre a maior parte do território da Região Sul do Brasil, alternando extensões de arenito com outras extensões de basalto. O basalto é uma rocha de origem vulcânica responsável pela formação de solos de terra roxa, que são bastante férteis. Na Região Sul, excluindo-se o norte e oeste do Paraná, são poucas as áreas que possuem tais solos, pois muitas vezes as rochas basálticas são recobertas por arenitos.

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RESUMO DE CONCURSOS

A elevação de maior destaque no Planalto Meridional é a Serra Geral, que no Paraná e em Santa Catarina aparece à retaguarda da Serra do Mar, mas no Rio Grande do Sul termina junto ao litoral, formando costas altas como as que aparecem nas praias da cidade de Torres, no Rio Grande do Sul. Para facilitar sua caracterização, o Planalto Meridional costuma ser dividido em duas partes: Planalto Arenito-basáltico e Depressão Periférica.

A classificação de Aroldo de Azevedo

Foi feita em 1949, por isso está um pouco desatualizada, mesmo assim continua em uso, por três fatores: a preocupação com um tratamento coerente às unidades do relevo, dando mais valor a terminologia geomorfológica; a identificação de áreas individualizadas; e a simplicidade e originalidade. Aroldo dividiu o país em:

- Planalto das Guianas (região Norte: Amapá, Amazonas, Roraima e Pará)- Planalto Central (ao centro)- Planalto Atlântico (região leste)- Planalto Meridional (região Sul – Paraná e Santa Catarina – e São Paulo)- Planície Amazônica (Amazônia)- Planície Costeira (litoral)- Planície do Pantanal (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul)

A classificação de Aziz N. Ab’Sáber

Em 1962, Aziz dividiu o relevo brasileiro, utilizando, às vezes, fotografias aéreas. Basicamente, ele manteve a classificação de Aroldo de Azevedo, fazendo algumas modificações com base no tipo de alteração (sedimentação ou erosão) predominante. As mudanças feitas em relação à classificação foram:

- Planalto Nordestino (parte nordeste do Planalto Atlântico, de Aroldo)- Planalto Leste e Sudeste (parte leste e sudeste do Planalto Atlântico)- Planalto do Maranhão-Piauí (nos estados do Maranhão e Piauí)- Planalto Uruguaio-Sul-Rio-Grandense (no Rio Grande do Sul)

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RESUMO DE CONCURSOS

A classificação de Jurandir L. S. Ross

Divulgada em 1995, usa uma tecnologia avançada que identifica as verdadeiras dimensões das unidades de relevo. A Planície Amazônica, por exemplo, reduziu-se a 5% do que era nas outras classificações e virou Planície do Rio Amazonas. O resto virou depressões e planaltos. Já o Planalto Central foi dividido e o Meridional e das Guianas “sumiram”. Ele classificou em três níveis o relevo: o 1º dizia se o tipo da estrutura (planalto, planície ou depressão); o 2º considerava a estruturação dos planaltos (ex.: sedimentar, cristalino...); e o 3º dava nome aos planaltos, planícies e depressões. Agora, havia 28 unidades geomorfológicas. Dentre elas, havia a dos 11 planaltos – com morros, serras, chapadas e costas -, com destaque para: o Planalto da Amazônia Ocidental, os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná, Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba, e Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste. Também existia a unidade das 11 depressões – podendo ser periféricas, marginais ou interplanaticas – e a das 6 planícies, composta pelas planícies do Rio Araguaia, do Rio Guaporé, da Lagoa dos Patos e Mirim, do Pantanal Mato-Grossense, do Rio Amazonas.

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Conclusão

Existem vários tipos de formas na crosta terrestre. Elas são conseqüências de ações na superfície terrestre e muda com o desgaste das áreas mais elevadas e com a deposição de materiais nas superfícies deprimidas. Ações internas como o terremoto e o vulcanismo também alteram o relevo. Os seres vivos mudam o terreno escavando-o, degradando-o, ou fornecendo matéria orgânica. Eles também necessitam do relevo, que é importante no plantio de certos produtos para os agricultores e, consequentemente, para toda a sociedade. Cidades litorâneas e turísticas dependem muito do relevo.

Assim como a crosta terrestre sofre alterações, tendo de se adaptar às mudanças dos seres vivos, o ser humano tem que se adaptar a Terra e conviver com ela, por isso é importante conhecer o relevo.

A EXTRAÇÃO DE MINERAIS

No Brasil, a Companhia Vale do Rio Doce, controla a extração de minerais metálicos. Para explorar uma província mineral de forma autônoma, as empresas dependem de uma autorização especial, que é fornecida pelo Ministério das Minas e Energia.

No Brasil, como também nos outros países subdesenvolvidos, há uma grande participação de capital estrangeiro nesse setor. Mas o interesse dessas empresas estrangeiras é controlar a produção mineral do planeta e assegurar o fornecimento de matéria-prima as suas indústrias, garantindo o preço em níveis baixos. Caso aja algum aumento no valor de algum minério, as empresas multinacionais aumentam a sua produção garantindo novamente os preços baixos. Há situações que a exportação de minérios vem mesmo chegar a cobrir as despesas as explorações minerais.

As principais áreas de extração brasileiras são:

- Quadrilátero Ferrífero:

Localiza-se no centro-sul de Minas Gerais, é responsável pela maior produção brasileira de minérios de ferro e manganês. Ao seu redor encontram-se diversas indústrias siderúrgicas, responsáveis pela produção de aço. Para o escoamento de minério há dois canais. Um é através da estrada de ferro Vitória Minas, que liga o vale do rio Doce aos portos de vitórias e tubarão. O outro é a Estrada de Ferro Central do Brasil, que liga o vale do rio Paraopeba ao porto de Sepetiba. De ambos os portos, o minério abastece tanto o mercado externo, como a Campanha Siderúrgica Paulista.

- Projeto Trombetas:

Esse projeto se localiza no estado do Pará, no vale do rio Trombetas. Esse projeto surgiu com a criação da Mineração Rio do Norte, em consórcio de empresas da qual participam a CRVD, com 56% das ações; a Alcan (Canadá), com 24%; a anglo-holandesa Shell, com 10%; e a Companhia brasileira de Alumínio, com 10% das ações. Com a extração mineral em Trombetas e a industrialização de minério em Cargas passou de importador de alumínio.

- Projeto Cargas:

Na serra do Carajás, localizada no Sudeste, foi encontrada, no final da década de 60, uma grande concentração mineral do planeta, com ferro, manganês, bauxita, estanho, ouro, cobre e níquel. Em 1970, foi criado em consorcio entre a CVRD e a CMM, uma empresa norte-americana. Mas, em 1977, devido aos baixos preços alcançados pelo minério no mercado internacional, a CMM retirou-se do consorcio. Então, o Estado brasileiro arcou com as despesas da implantação da infra-estrutura necessária a extração e a escoação do minério. Para isso, foram construídas as usinas hidrelétricas do Tucuruí, também a estrada de Ferro Carajás (890km), e foi ampliado o porto de Itaqui, para receber grandes cargueiros. Apesar de terem previsto desenvolvimento econômico nossa região, não foi isso o que aconteceu na pratica. O volume de capital que entrou no país, não compensou o Estado pelos investimentos feitos em infra-estrutura.

- Maciço de Urucum:

Localiza-se no meio do pantanal mato-grossense, tendo uma modesta produção de ferro e manganês, que é escoada por barco, através do rio Paraguai.

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RESUMO DE CONCURSOS

EXERCÍCIOS

1. Qual desses abaixo, não é um agente interno:a) terremotob) chuvac) vulcanismod) movimentos orogenéticos

2. Uma forma de relevo com área irregular, e relativamente plana e inclinada, é o que chamamos de: a) montanhasb) litoralc) planaltod) planície

3. Quando uma depressão tem altitude inferior ao nível do mar chamamos de: a) agentes esculturaisb) pequena depressãoc) piemonted) depressão absoluta

4. Fenômenos de ação lenta, mas de grande importância na transformação do relevo, dá-se o nome:a) agentes esculturaisb) agentes internosc) agentes culturaisd) agentes físicos

5. A ação dos agentes físicos, químicos e biológicos, separando e decompondo as rochas, dá-se o nome de:a) metamorfismob) intemperismoc) erosão eólicad) sedimentação

6. (FGV) O Quadrilátero Central uma das mais significativas jazidas de minérios de ferro do Brasil e do Mundo, localiza-se:a) em Minas Gerais, em terrenos pré-cambrianos, importante região para o abastecimento de minério da Cia Siderúrgica Nacional

(CSN) em Volta Redonda-RJ;b) no Mato Grosso do Sul, em terrenos proterozóicos do Maciço de Urucum,importante região para implantação e abastecimento

de minérios da Cia Siderúrgica Nacional (CSN) em Volta Redonda-RJ;c) no Pará, na região de Carajás, em terrenos mesozóicos, sendo a maior exportadora de minérios, via porto de Itaqui, cujo

crescimento econômico foi estimulado;d) em Minas Gerais, em terrenos quaternários, representando a principal área de fornecimento de minério de ferro exportado pela

Cia Vale do Rio Doce, através do porto do Rio de Janeiro;e) no Pará, na região de Carajás, em terrenos pré-cambrianos, constituindo a principal área fornecedora de minérios exportados

pela Cia Vale do Rio Doce, via porto de São Luís.

7. (MACKENZIE) Importantes áreas de ocorrência deste minério se encontram em Poços de Caldas, mas as suas maiores jazidas se localizam no Vale do Rio Trombetas, na Amazônia. Trata-se:

a) da bauxitab) do manganêsc) do ferrod) do carvãoe) da cassiterita

Respostas

1. (B) 2. (C) 3. (D) 4. (D) 5. (B) 6. (A) 7. (A)

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RESUMO DE CONCURSOS

DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS

Da interação entre os vários elementos naturais: relevo, solos, climas, vegetações e rede hidrográfica, temos os Domínios morfoclimáticos Brasileiros:

1- Domínio Amazônico

- Apresenta o domínio de terras baixas que formam a Planície Amazônica. Abaixo da camada orgânica superficial, o solo é pobre e arenoso. O clima nesse domínio é quente e úmido com chuvas freqüentes. A cobertura vegetal é representada por uma floresta densa e a rede hidrográfica é muito rica, com rios extensos e volumosos e milhares de pequenos cursos d’água.

2- Domínio da Caatinga

- Estende-se pelo Sertão de clima semi-árido com chuvas mal distribuídas. O relevo é dominado por extensas superfícies planas entre formações serranas e chapadas. Quimicamente o solo é fértil, mas ele é raso e pobre em matéria orgânica. Os rios intermitentes ou temporários são uma marca desse domínio onde impera a caatinga, formação vegetal aberta e de pequeno porte.

3- Domínio do Cerrado

- Ocupa a porção central do país. É um dos mais importantes domínios naturais do Brasil. Estende-se por áreas planálticas com chapadas, clima tropical continental com chuvas no verão e inverno seco. O cerrado, sua cobertura de vegetação é uma formação predominantemente arbustiva. Essa região central é um berçário de rios que nascem nessa região e correm para diferentes bacias hidrográficas.

4- Domínio dos Mares de Morros

- Ocupa a porção oriental do país por onde se estende o Planalto Atlântico com suas escarpas e um relevo ondulado. O clima inclui desde o tropical mais úmido junto ao litoral até o tropical de altitude. A formação vegetal original era a Mata Atlântica ou Floresta Tropical, intensamente desmatada. Seus rios percorrem um relevo acidentado e são úteis para a produção de energia.

- Domínio das Araucárias

- Ocorre em áreas planálticas do Sul do Brasil, onde se encontra o fértil solo de terra roxa. Área de clima subtropical dominada pela Floresta Subtropical com pinheiros (Araucária angustifólia) e rios que pertencem à Bacia do Paraná, de grande aproveitamento hidrelétrico.

- Domínio dos Pampas

- Também se estende por áreas de clima subtropical com temperaturas mais amenas. Relevo aplainado com suaves ondulações destacando-se as coxilhas. Rios pertencentes à Bacia do Uruguai. A área é dominada por uma vegetação rasteira, os campos, utilizados como pastagens. A destruição de Matas Galerias nessa região associada a um aproveitamento predatório desse espaço tem provocado casos de desertificação nesse domínio.

- Faixas de Transição

- Encontram-se entre os domínios morfoclimáticos descritos e não apresentam características bem definidas. Combinam as características dos domínios vizinhos.

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RESUMO DE CONCURSOS

Extrativismo vegetal no Brasil

O Brasil possui grande extensão territorial e variadas formações vegetais e geológicas. Assim, nosso país conta com grande diversidade e quantidade de vários recursos naturais, vegetais e minerais. O Brasil tem uma das maiores biodiversidades do mundo, mas o progressivo desmatamento de nossas vegetações naturais coloca em risco essa biodiversidade. A exploração predatória, muitas vezes ilegal, ameaça várias espécies de extinção.

Faltam centros de apoio para essa atividade no Brasil. A infraestrutura de armazenagem e transporte é precária. A produtividade é baixa, as técnicas de extrativismo são arcaicas, há muito desperdício e o nível de rendimento para as pessoas que trabalham nessa atividade é muito baixo.

Produtos mais explorados

- Seringueira O extrativismo do látex responde hoje por uma pequena parte da produção nacional de borracha e está concentrado no sudoeste

da (Acre, Amazonas e Rondônia). O auge na extração do látex no Brasil ocorreu entre 1870 e 1910, levando milhares de nordestinos para o Acre (incorporado ao território brasileiro após acordo com a Bolívia). O contrabando de sementes de seringueira do Brasil, transplantadas no sudeste asiático comprometeu o domínio brasileiro no mercado mundial. O ciclo da borracha chegou ao final, não conseguindo resistir à concorrência asiática. Atualmente,além de o país importar borracha, a maior parte da produção interna é conseguida pelo cultivo de seringueiras, como ocorre no oeste de São Paulo.

- Madeira As florestas cobrem grande extensão do território brasileiro garantindo a existência de numerosas espécies de madeira para

usos diversos. A mata de araucárias fornece madeira principalmente para a produção de papel e celulose. Trata-se de uma floresta homogênea e aberta que facilita muito a extração. Atualmente cultivam-se florestas com espécies não-nativas de crescimento mais rápido nas áreas em que as araucárias já foram retiradas.

A Mata Atlântica, apesar da proteção oficialmente estabelecida, continua a sofrer com a exploração ilegal de suas espécies. A Floresta Amazônica produz muitas madeiras-de-lei (exemplo: mogno) e o extrativismo está concentrado nas áreas periféricas dessa floresta, em locais de acesso mais fácil e/ou cortadas por rodovias. É preocupante a entrada de madeireiras asiáticas que passam a atuar na região e a continuidade do corte ilegal apesar do reforço na fiscalização dos órgãos competentes.

Muitas florestas brasileiras são heterogêneas e a dispersão das árvores de mesma espécie contribui para o desperdício nessa extração. É importante lembrar também que a maior parte da madeira cortada na Amazônia é consumida no mercado interno, principalmente em São Paulo. No Brasil destacam-se na produção de madeira os Estados do Pará,Rondônia, Mato Grosso e Paraná.

- Castanha-do-paráSua extração ocorre principalmente no leste do Pará. É um produto de utilização interna e exportação (Estados Unidos, Alemanha,

Inglaterra). O fruto da castanheira é o ouriço, no interior do qual se encontram as castanhas utilizadas como alimento e matéria prima para alguns setores industriais como cosméticos. O Pará mantém a liderança nacional, mas com uma produção em queda, assim como as exportações desse produto. O avanço do corte da madeira e da pecuária na Amazônia e a entrada da Bolívia no mercado internacional têm contribuído para a redução da produção e das exportações.

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RESUMO DE CONCURSOS

- Açaí Palmeira típica da região Amazônica (aproximadamente 25 metros de altura) da qual tudo se aproveita: raízes, caule, frutos,

folhas e palmito. Os frutos destinam-se mais ao mercado local e o palmito para exportação. A madeira e as folhas são empregadas, por exemplo, na construção de casas. O fruto é um pequeno coco que produz o suco e o vinho de açaí. O açaizeiro hoje responde pela maior parte da produção de palmito no Brasil devido à quase extinção desse recurso na Mata Atlântica em decorrência de uma extração ilegal e predatória. Desenvolve-se nas terras firmes e várzeas da Amazônia.

- Lenha/carvão vegetalMadeiras menos nobres no Brasil são utilizadas como lenha ou queimadas para a produção de carvão vegetal. Eliminar a

utilização de mão-de-obra de crianças nos fornos de produção de carvão vegetal no país é uma das atuais preocupações na área social. Essa produção de lenha/carvão vegetal abastece tanto o consumo doméstico como estabelecimentos comerciais (padarias, pizzarias, churrascarias) e também indústrias irregularmente abastecidas por carvão mineral e que buscam no carvão vegetal uma alternativa. A utilização desse recurso tem diminuído no país (provoca conseqüências prejudiciais ao meio ambiente), mas já contribuiu muito para o desmatamento no Sudeste e Centro-Oeste.

- BabaçuPalmeira com aproximadamente 20 metros de altura com maior produção no Maranhão e Tocantins. Seus frutos produzem

amêndoas ricas em graxas e gorduras com aplicação industrial (esmagamento para a produção de óleo) e alimentícia. Pesquisas procuram desenvolver o uso do óleo de babaçu como combustível. As folhas servem para a confecção de esteiras, cestos e quando derrubado, também se aproveita o palmito do babaçu. Mas seu uso permanece marginal e basicamente como produto de subsistência.

- CarnaúbaPalmeira com aproximadamente 15 metros de altura encontrada no Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, com grande utilização.

O fruto serve como alimento, o caule fornece madeira resistente e das folhas se extrai a cera de carnaúba, com várias aplicações industriais. As folhas são usadas para a cobertura de casas, para confeccionar chapéus e cordas. Os carnaubais são espaçados e ensolarados acompanhando várzeas de rios intermitentes no Nordeste.

- Piaçava, coco, castanha-de-caju e buritiSão outros importantes produtos de extrativismo no Nordeste.- A piaçava fornece fibras mais duras, utilizadas na confecção de vassouras e cordas para navios.- O coco do litoral nordestino, trazido da Ásia pelos portugueses, tem ampla utilização: folhas para cobertura, casca do fruto

para confecção de cordas, palmito para alimentação, água e polpa para consumo natural ou industrializados (incluindo a fabricação de sabão, sabonete, leite e óleo).

- O cajueiro, que pode alcançar 20 metros de altura, é típico de porções litorâneas do nordeste tem ampla utilização. Sua castanha produz um óleo com propriedades especiais (uso culinário, cosmético e medicinal) e a polpa do seu falso fruto é utilizada para a produção de sucos.

- O buriti é uma palmeira que pode alcançar 35 metros de altura. A polpa do seu fruto é importante fonte de alimento além de produzir um óleo com funções medicinais (contra queimaduras, efeito cicatrizante e aliviador).

EXERCÍCIOS

1. Indique abaixo o domínio morfoclimático brasileiro que apresenta um relevo dominado por morros arredondados (em forma de meia laranja ou mamelonar), cobertos originariamente pela floresta tropical, em áreas de clima quente com verão chuvoso e que esteja associado a um problema latente decorrente do desmatamento verificado nesse domínio:

a) cerrado – lixiviação do solo com perda de nutrientesb) caatinga – erosão do solo e agravamento das secasc) mares de morros – desmoronamento de encostasd) pradarias – desertificação com a eliminação de matas galeriase) mares de morros – aumento da umidade na atmosfera

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RESUMO DE CONCURSOS

2. (FUVEST) – A existência de extensas áreas secas localizadas nas costas ocidentais dos continentes em latitudes vizinhas a ambos os trópicos é determinada, essencialmente, pela:

a) Dinâmica atmosférica controlada pela zona de convergência intertropical.b) Presença de áreas de baixa pressão atmosférica.c) Alternância entre massas polares e equatoriais em tais latitudes.d) Presença de correntes marítimas quentes ao longo dos litorais.e) Presença de correntes marítimas frias ao longo dos litorais.

3. ((VUNESP) – No Brasil, o Planalto Atlântico obriga a elevação dos ventos vindos do oceano carregados de umidade. Ao encontrar camadas mais frias de ar, o vapor da atmosfera se condensa e se precipita em forma de chuva. Estas características individualizam as chuvas:

a) frontaisb) polaresc) mediterrâneasd) orográficase) térmicas

4. (UEMA) – Na hipótese de destruição da Floresta Amazônica é provável ocorrer como consequência climática:a) Diminuição dos ventos, especificamente dos alísios do hemisfério sul.b) Diminuição das chuvas, já que a maior parte da umidade atmosférica da região se deve à evapotranspiração das plantas.c) Aumento dos índices pluviométricos e das médias térmicas.d) Diminuição das nuvens e aumento na velocidade dos ventos.e) Diminuição da temperatura na região.

5. Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, um recurso de extração vegetal do Nordeste, da Amazônia e do Centro-Sul do território brasileiro:

a) madeira – castanha – palmitob) babaçu – palmito – oiticicac) carnaúba – palmito – madeirad) lenha – buriti – seringueirae) castanha de caju – erva-mate – babaçu

6. Assinale a alternativa que realiza uma avaliação correta do extrativismo vegetal no Brasil:a) a produção do látex para borracha a partir do extrativismo da seringueira tem obtido significativos avanços no sudoeste da

Amazônia, recuperando o prestígio internacional do Brasil nesse setor;b) as queimadas para expansão agropecuária no leste da Amazônia destruíram os castanhais do leste do Pará, exterminando assim

essa atividade que produzia muitas divisas para esse Estado;c) babaçu e carnaúba são duas palmeiras que sustentam as populações pobres do Vale do Ribeira em SP;d) a biopirataria ameaça o ecossistema amazônico porque está processando rápida destruição vegetal com a retirada do mogno,

que pode ser considerado o principal recurso vegetal em valor nessa região;e) o Brasil realiza um sub-aproveitamento dos seus recursos vegetais, mal explorados, muitas vezes de maneira predatória, e com

grande desperdício.

RESPOSTAS

1. C2. E3. D4. B5. C6. E

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RESUMO DE CONCURSOS

QUESTÕES AMBIENTAIS

IMPACTOS AMBIENTAIS

Com a revolução agrícola, há aproximadamente 10.000 a.C, o impacto sobre a natureza começou a aumentar gradativamente, devido a derrubada das florestas em alguns lugares para permitir a pratica da agricultura e pecuária. Além disso, a derrubada de matas proporcionava madeira para a construção de abrigos mais confortáveis e para a obtenção de lenha. A partir de então, alguns impactos sobre o meio ambiente já começaram a se fazer notar: alterações em algumas cadeias alimentares, como resultado da extinção de espécies animais e vegetais; erosão do solo, como resultado de pratica agrícolas impróprias; poluição do ar, em alguns lugares, ela queima das florestas e da lenha; poluição do solo e da água, em pontos localizados, por excesso de matéria orgânica.

Outro importante resultado da revolução agrícola foi o surgimento das primeiras cidades, há mais ou menos 4.500 anos. A população humana passou a crescer num ritmo mais rápido do que até então.

Paralelamente a espantosa aceleração do crescimento demográfica, ocorreu avanços técnicos inimagináveis para o homem antigo, que aumentaram cada vez mais capacidade de transformação da natureza.

Assim, o limiar entre o homem submisso a natureza e senhor dela é marcado, pela Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX. Os impactos ambientais passaram acrescer em ritmo acelerado, chegando a provocar desequilíbrio não mais localizado, mas em escala global.

Os ecossistemas têm incrível capacidade de regeneração e recuperação contra eventuais impactos esporádicos, descontínuos ou localizados, muitos dos quais provocados pela própria natureza, mas a agressão causada pelo homem e contínua, não dando chance nem tempo para a regeneração do meio ambiente.

Principais impactos

Impacto ambiental deve ser entendido como um desequilíbrio provocado por um choque, resultante da ação do homem sobre o meio ambiente. No entanto, pode ser resultados de acidentes naturais: a explosão de vulcão pode provocar poluição atmosférica. Mas devemos dar cada vez mais atenção aos impactos causados pela ação do homem. Quando dizemos que o homem causa desequilíbrios, obviamente estamos falando do sistema produtivo construído pela humanidade ao longo de sua historia.

Um impacto ocorrido em escala local, posa ter também conseqüências em escala global. Por exemplo, a devastação de florestas tropicais por queimadas para a introdução de pastagens pode provocar desequilíbrios nesse ecossistema natural. Mas a emissão de gás carbônico como resultado da combustão das árvores vai colaborar para o aumento da concentração desse gás na atmosfera, agravando o “efeito estufa”. Assim, os impactos localizados, ao se somarem, acabam tendo um efeito também em escala global.

As florestas tropicais Um dos principais impactos ambientais que ocorrem em um ecossistema natural é a devastação das florestas, notadamente das

florestas tropicais, as mais ricas em biodiversidades. Essa devastação ocorre basicamente por fatores econômicos, tanto na Amazônia quanto nas florestas africanas e nas do Sul e Sudeste Asiático. O desmatamento ocorre principalmente como conseqüência da:

- Extração da madeira para fins comerciais;- Instalação de projetos agropecuários;- Implantação de projetos de mineração;- Construção de usinas hidrelétricas;- Propagação do fogo resultante de incêndios;

Os incêndios ou queimadas de florestas, que consomem uma quantidade incalculável de biomassa todos os anos, são provocados para o desenvolvimento de atividades agropecuárias. Podem também ser resultado de uma prática criminosa difícil de cobrir ou ainda de acidentes, inclusive naturais.

A primeira conseqüência do desmatamento é a destruição da biodiversidade, como resultado da diminuição ou, muitas vezes, da extinção de espécies vegetais e animais.

Um efeito muito sério, do desmatamento é o agravamento dos processos erosivos. Em uma floresta, as árvores servem de anteparo para as gotas de chuva, que escorrem pelos seus troncos, infiltrando-se no subsolo. Além de diminuir a velocidade de escoamento superficial, as árvores evitam o impacto direto da chuva com o solo e suas raízes ajudam a retê-lo, evitando a sua desagregação. A retirada da cobertura vegetal expõe o solo ao impacto das chuvas. As conseqüências dessa interferência humana são várias.

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RESUMO DE CONCURSOS

- Aumento do processo erosivo, o que leva a um empobrecimento dos solos, como resultado da retirada de sua camada superficial, e, muitas vezes, acaba inviabilizando a agricultura;

- Assoreamento de rios e lagos, como resultado da elevação da sedimentação, que provoca desequilíbrios nesses ecossistemas aquáticos, além de causar enchentes e, muitas vezes, trazer dificuldades para a navegação;

- A elevação das temperaturas locais e regionais, como conseqüência da maior irradiação e calor para atmosfera a partir do solo exposto. Boa parte da energia solar é absorvida pela floresta para o processo de fotossíntese e evapotranspiração, Sem a floresta, quase toda essa energia é devolvida para a atmosfera em forma de calor, elevando as temperaturas médias.

- Agravamento dos processos de desertificação - Proliferação de pragas e doenças, como resultado de desequilíbrio nas cadeias alimentares. Algumas espécies, geralmente

insetos, antes sem nenhuma nocividade, passam a proliferar exponencialmente com a eliminação de seus predadores, causando graves prejuízos, principalmente para agricultura.

Além desses impactos locais e regionais da devastação das florestas, há também a queima das florestas que tem colaborado para aumentar a concentração de gás carbônico na atmosfera. É importante lembrar que esse gás é um dos principais responsáveis pelo efeito estufa.

O desmatamento no Brasil

Há três importantes fatores responsáveis pelo desflorestamento no Brasil: as madeireiras, a pecuária e o cultivo da soja. Como boa parte opera ilegalmente, principalmente na Amazônia, os estragos na floresta são cada vez maiores.

Os estados mais atingidos pelo desflorestamento são Pará e Mato Grosso. A média de madeira movimentada na Amazônia - é de aproximadamente 40 milhões de m³. Apenas 3% desse total é de madeira

legalizada Impactos ambientais em ecossistema agrícolas Como resultado da modernização do campo e da introdução de novas técnicas agrícolas, a produção de alimentos aumentou

significativamente. Contudo, apesar dos espantosos avanços tecnológicos, a fome ainda ronda milhões de pessoas em países subdesenvolvidos, principalmente na África. Além disso, como resultado da revolução agrícola, enfrenta-se, atualmente, uma série de desequilíbrios no meio ambiente.

Poluição com agrotóxicos O plantio de uma única espécie em grandes extensões de terra tem causado desequilíbrio nas cadeias alimentares preexistentes,

favorecendo a proliferação de vários insetos, que se tornaram verdadeiras pragas com o desaparecimento de seus predadores naturais. Por outro lado, a maciça utilização de agrotóxicos, na tentativa de controlar tais insetos, tem levado a proliferação de linhagens resistentes, forçando a aplicação de pesticidas cada vez mais potentes. Isso, além de causar doenças nas pessoas que manipulam e aplicam esses venenos e naqueles que consomem os alimentos contaminados, tem agravado a poluição dos solos.

Erosão Outro impacto sério causado pela agricultura é a erosão do solo. A perda de milhares de toneladas de solo agricultável todos os

anos, em conseqüência da erosão, é um dos mais graves problemas enfrentados pela economia agrícola. O processo de formação de novos solos, como resultado do intemperismo das rochas, é extremamente lento, daí a gravidade do problema.

O combate a erosão - Terraceamento:Consiste em fazer cortes formando degraus nas encostas das montanhas, o que dificulta ao quebrar a velocidade de escoamento

da água, o processo erosivo. Essa técnica é muito comum em países asiáticos, como a China, o Japão, a Tailândia.

- Curvas de nível:Esta técnica consiste em arar o solo e depois e fazer semeadura seguindo as cotas altimétricas do terreno. Pra reduzi-la ainda

mais, é comum a construção de obstáculos no terreno, espécies de canaletas, com terra retirada dos próprios sulcos resultantes da aração. O cultivo seguindo as curvas de nível é feito em terrenos com baixo declive, propício a mecanização.

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RESUMO DE CONCURSOS

- Associação de culturas:

Em que deixam boa parte do solo exposto a erosão é comum plantar entre uma fileira e outra, espécies leguminosas que recobrem bem o terreno. Essa técnica, além de evitar a erosão, garante o equilíbrio orgânico do solo.

Poluição das águas em ecossistemas naturais e em ecossistemas agrícolas

- Uma das piores formas de poluição das águas num ecossistema natural é o derrame de mercúrio nos rios, lagos e mares.

O mercúrio, metal pesado e extremamente tóxico, tende a se concentrar no organismo dos animais, como os peixes. Como essa concentração é cumulativa, tende a ser muito maior no último elo da cadeia alimentar, que é justamente o homem. Por se acumular mais facilmente no cérebro, provoca sérios problemas neurológicos.

- Há muitos rios e lagos na Amazônia e no Pantanal contaminados com mercúrio, por causa do garimpo e ouro.- Outra forma de poluição das águas em ecossistemas naturais é o carreamento, quantidades de agrotóxicos e de fertilizantes

utilizados pela agricultura moderna. Acabam escoando para os rios e lagos e, muitas vezes, atingem frágeis ecossistemas naturais, causando grandes desequilíbrios. O excesso de alimentos provoca uma enorme proliferação de algas, que logo morrem, consumindo enorme quantidade de oxigênio no processo de decomposição e, assim, matando os peixes por asfixia. Assim, a poluição orgânica mata os peixes por asfixia, e não por envenenamento.

- Outro caso grave de poluição das águas que sempre ocorre é o derrame de petróleo nas águas oceânicas.

Poluição das Águas em sistemas urbanos - Nas grandes aglomerações urbanas, o problema da poluição das águas assume proporções catastróficas. Nas cidades, há um

elevado consumo de água e, consequentemente, uma infinidade de fontes poluidoras, tanto na forma de esgotos domésticos como de fluentes industriais.

- Há a necessidade de implantação de um sistema de coleta e tratamento dos esgotos domiciliares e industriais para que, depois de utilizada, a água retorne limpa a natureza.

Problemas do lixo - Onde há serviço de coleta, o lixo é depositado em terrenos usados exclusivamente para esse fim, os chamados lixões, que são

depositados a céu aberto, ou então enterrado e compactado em aterros sanitários. Esses locais sofrem graves impactos ambientais. O acúmulo de lixo no solo traz uma série de problemas não somente para alguns ecossistemas, mas também para a sociedade: proliferação de insetos e ratos, que podem transmitir várias doenças, decomposição bacteriana da matéria orgânica que além de gerar um mau cheiro típico, produz um caldo escuro e ácido denominado chorume, o qual, nos grandes lixões, infiltra-se no subsolo, contaminado o lençol freático, contaminação do solo e das pessoas que manipulam o lixo com produtos tóxicos e o acúmulo de materiais não-biodegradáveis.

Soluções para o lixo - As soluções para o problema do lixo urbano são várias, dependendo da fonte produtora. No caso do lixo hospitalar, por exemplo,

não há outra saída a não ser a incineração, dada a sua alta periculosidade por causa do risco de contaminação.- Para o lixo orgânico, predominante nos países subdesenvolvidos, o ideal seria o retorno do lixo ao solo, para servir como adubo

orgânico ou também para a produção de gás metano, resultante da fermentação anaeróbica, que pode ser usado como combustível. No Brasil aproximadamente 70% do total do lixo domiciliar é orgânico, essa é uma boa saída para o país. Em muitos países da Europa Ocidental, o lixo orgânico é triturado e enviado pela pia ao esgoto.

- Já para o lixo inorgânico, o ideal seria a coleta seletiva, que possibilitaria a reciclagem de grande parte dos materiais contidos no lixo domiciliar e industrial.

- Muitos países instalaram usinas de incinerações do lixo. Mas, a não ser que a energia produzida seja utilizada para algum fim, como no caso da França, que utiliza para aquecimento dos metrôs, essa é uma saída pouco racional em termos ambientais, pois desperdiça grande quantidade de matérias e de energia, além de poluir o ar.

- A grande dificuldade para um melhor aproveitamento do lixo está exatamente na forma de coleta. Como é sólido, o lixo tem de ser coletado por caminhões, o que por si só já cria algumas dificuldades.

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RESUMO DE CONCURSOS

POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

A poluição do ar ocorre pela emissão de poluentes para a atmosfera segue alguns efeitos provenientes da poluição atmosférica

- Chuva Ácida: - Volume elevado de poluentes na atmosfera gera reações químicas no decorrer de atividades pluviométricas.- Poluição das águas;- Poluição do solo;- Degradação em edificações.

- Ilhas de Calor: - Elevação das temperaturas no interior das cidades.- Grande volume de construções;- Diminuição da vegetação e da circulação de ar;- Grande depósito de poluentes;- Grande circulação de veículos;- Prejuízos à saúde e à qualidade de vida.

-Inversão Térmica: - Dificuldade da circulação normal do ar, mantendo poluentes em camadas próximas à superfície.- Ocorro com maior incidência no inverno.

- Efeito Estufa: - A emissão de poluentes para a atmosfera através da queima de combustíveis fósseis.- Queimadas de florestas e na agricultura provocam uma maior retenção da radiação solar;- Esses gases estufa absorvem essa radiação provocando a lenta e gradual elevação da temperatura da atmosfera;- Derretimento do gelo das calotas polares e das geleiras nas altas montanhas;- Elevação do nível da água dos oceanos;- Chuvas intensas e inundações em algumas áreas;- Alterações nos ecossistemas do planeta;- Protocolo de Kyoto.

- Buraco na camada de ozônio: Essa camada encontra-se na estratosfera (aproximadamente 15 Km de altitude) e protege a superfície e os seres vivos da entrada

de radiações ultravioletas. Observam-se, no entanto, aberturas ou perfurações (inconvenientemente chamadas de buracos) nessa camada, o que facilita a entrada dessas radiações nocivas. As análises recaem sobre um gás, o CFC, utilizado em certas produções industriais, aparelhos de refrigeração e aerossóis. Assim, desenvolvem-se programas de redução e eliminação do uso desse gás para evitar maiores prejuízos a essa camada. A entrada de grandes quantidades dos raios ultravioletas pode acabar provocando significativas alterações em ecossistemas do planeta e sérios problemas de saúde (câncer) ao ser humano. Em estágio avançado pode inviabilizar a sobrevivência do homem no planeta;

-Aquecimento Global dO aquecimento global é o resultado da emissão excessiva de gases do efeito estufa na atmosfera, principalmente o dióxido de

carbono (CO2). Esse excedente forma uma camada que fica mais espessa a cada ano, impedindo a dispersão da radiação solar e, em conseqüência, aquecendo exageradamente o planeta.

O aquecimento global está ligado a fenômenos como o degelo nas regiões polares e o agravamento da desertificação. Um aumento de 1o C na temperatura média da Terra seria o suficiente para alterar o clima de várias regiões, afetando biodiversidade. De acordo com os cientistas do Painel Intergovernamental em Mudança do Clima, da ONU, o século 20 foi o mais quente dos últimos 500 anos, com aumento da temperatura média entre 0,3 oC e 0,6 o C.Segundo os cientistas, as causas do aquecimento global são; principalmente, a derrubada de florestas e a queima de combustíveis fósseis - petróleo, carvão e gás natural -, atividades cada vez mais intensas desde o início da Revolução Industrial, em meados do século 18. Esses três combustíveis correspondem a mais da metade das fontes de energia do mundo. Formam, portanto, a base da atividade industrial e dos transportes.

Entre as causas, ainda podemos citar o excesso de gases como metano e nitroso, que são gerados, sobretudo, pela decomposição do lixo, pela pecuária e pelo uso de fertilizantes.

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RESUMO DE CONCURSOS

Conferências sobre Meio Ambiente

▪ Protocolo de Montreal (1987):

Erradicação gradual da produção mundial do clorofluorcarboneto (CFC).

▪ Eco 92(RJ):

Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) que definiu os princípios de desenvolvimento sustentável: conservação da biodiversidade e exploração econômica sustentável. Assinatura da Convenção Climática (reduzir a emissão dos gases que provocam o aquecimento do planeta) e da Convenção da Biodiversidade.

▪ Protocolo de Kyoto (1997):

Corte de 5,2% na emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa (entre 2008 e 2012) em relação aos índices de 1990.Posteriormente aceita-se um abrandamento (“sumidouros” de carbono – florestas capazes de absorver o CO2) em que os países

com florestas podem utilizá-las como crédito caso não consigam cumprir sua meta de redução nas emissões de dióxido de carbono. No entanto, os EUA, e recentemente a Austrália, confirmaram que não irão assinar e cumprir os acordos estabelecidos pelo Protocolo de Kyoto.

▪ Agenda 21:

- As táticas servem para que haja uma manutenção do meio, gerando uma ampla fonte de renda.- Reciclar;- Reaproveitar;- Reduzir.

Área desmatada nos continentes %

-Ásia 72-África 66-Europa e Federação Russa 42-Oceania 35-América do Sul 30-América do Norte e Central 25

Em resumo, podemos lembrar:

Poluição dos solos:

- Agrotóxicos- Mercúrio- Destino inadequado do lixo- Desertificação

Poluição das águas:

- Esgotos- Vazamento de petróleo- Destino inadequado do lixo- Agrotóxicos- Mercúrio

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RESUMO DE CONCURSOS

Poluição do ar:

- Ilhas de calor – maior aquecimento de áreas centrais- Chuvas ácidas – precipitações com elevada acidez- Inversão térmica – dificuldade para dispersão da poluição- Efeito estufa – interfere na dispersão dos ventos- Buraco na camada de Ozônio- aumento de raios UVA e UVB

EXERCÍCIOS

1. (FUVEST) Sobre a questão ambiental, no planeta, é correto afirmar que:a) países que se industrializaram ainda no século XIX já conseguiram superar seus problemas de meio ambienteb) a introdução da economia de mercado nos antigos países de economia socialista tem permitido reorganizar o espaço e conservar

o meio ambientec) a pobreza, o crescimento da população e a degradação do meio ambiente estão intimamente ligados e podem explicar vários

problemas ecológicosd) caso se confirme o aquecimento climático global pelo efeito estufa, as planícies litorâneas serão as áreas menos afetadase) a emissão de gases prejudiciais à camada de ozônio por países desenvolvidos e subdesenvolvidos, embora de natureza diversa,

é equivalente.

2. (VUNESP) Em 1982, cada brasileiro produzia meio quilo de lixo/dia: em 1996 esta média subiu para 750 gramas. Considerando que menos de 3% do lixo brasileiro passa por processos de compostagem, assinale a alternativa que apresenta o destino dado à maior parte deste lixo:

a) produção de adubob) reciclagemc) depósito a céu abertod) depósito em aterros seladose) depósito em aterros regionais

3. (VUNESP) Confirmadas as tendências que apontam para o aquecimento global do planeta Terra, duas conseqüências importantes ocorrerão. Assinale a alternativa que contém tais consequências:

a) diminuição das camadas de gelo eterno e aumento do nível geral das águas oceânicasb) diminuição da camada de ozônio e diminuição das águas oceânicasc) diminuição do efeito estufa e aumento do índice de salinização das águas oceânicasd) aumento das camadas de gelo eterno e diminuição do nível geral das águas oceânicase) aumento das camadas de gelo eterno e aumento do nível geral das águas oceânicas

4. (GV) Dentre as áreas oceânicas que apresentam problemas mais agudos de poluição das águas destacam-se, principalmente, as:

a) áreas costeiras e estuários junto a centros urbanos de grande porteb) regiões intertropicais de forma geral, em virtude da trajetória das correntes marítimasc) regiões de economia pesqueira mesmo onde a atividade é praticada de forma não predatóriad) faixas de plataforma continental sujeitas a inversões térmicas freqüentese) áreas de ocorrência de anomalia térmica denominada “El Niño”

5. Leia as manchetes:MANCHETE 1 ‘’Chuva causa estragos em dez cidades de SP. Em um dia choveu o equivalente ao índice médio de um

mês nos vales do Paraíba e do Ribeira. ’’MANCHETE 2 ‘‘Primeira forte onda de neve gera caos na Europa. A Europa foi atingida nessa sexta feira pelas primeiras

neves fortes deste inverno, e que causaram sérias perturbações nos transportes aéreos, ferroviários e terrestres da Europa. ’’Nas reportagens de jornal destacam-se, respectivamente, os seguintes elementos do clima:a) precipitação e temperaturab) continentalidade e umidadec) pressão atmosférica e altituded) altitude e configuração do relevoe) evaporação e altitude

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RESUMO DE CONCURSOS

6. (VUNESP) Confirmadas as tendências que apontam para o aquecimento global do planeta Terra, duas conseqüências importantes ocorrerão. Assinale a alternativa que contém tais consequências:

a) diminuição das camadas de gelo eterno e aumento do nível geral das águas oceânicasb) diminuição da camada de ozônio e diminuição das águas oceânicasc) diminuição do efeito estufa e aumento do índice de salinização das águas oceânicasd) aumento das camadas de gelo eterno e diminuição do nível geral das águas oceânicase) aumento das camadas de gelo eterno e aumento do nível geral das águas oceânicas

7. (PREF. ITU/SP-2009-MOURAMELO) A pauta da ECO-92 produziu três documentos principais. Não é um deles:a) Convenções.b) Carta da Terra.c) Agenda 21.d) Protocolo de Kyoto.

8. (Agente Censitário-IBGE) - As emissões de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global, decorrem:a) das queimadas em grandes extensões de florestas do mundo tropical;b) das emanações gasosas das grandes superfícies dos oceanos;c) do crescimento do lixo urbano e da sua incineração; d) das práticas agrícolas antiquadas dos países do Terceiro Mundo;e) das grandes concentrações urbanas e industriais dos países desenvolvidos.

9. (PMDG-AL 2006 – Professor de Geografia) - Sabe-se que a construção de aterros às margens das lagunas, lagos, rios e o mar pode ameaçar as áreas de manguezal no Estado de Alagoas – “mangue ameaçado”. Os constantes aterros, construções e os despejos de esgoto residencial e industrial são as maiores ameaças aos manguezais alagoanos. Quanto a importância desse ecossistema, é correto afirmar que:

a) possuem uma vegetação rica em madeira de lei, muito utilizada na fabricação de móveis.b) desempenham a função de catalisadores de oxigênio para a formação de bancos de coral.c) constituem essenciais fornecedores de enxofre para a atividade petroquímica do Estado de Alagoas.d) servem de proteção às áreas de restinga, pois diminuem os processos de sedimentação.e) são verdadeiros berçários das vidas lacustre, fluvial e marinha, pois muitos peixes e crustáceos têm nos manguezais o estágio

inicial de sua cadeia alimentar.

10. (PREF. ITU/SP-2009-MOURAMELO) Que conseqüência uma grande circulação de veículos pode trazer para o meio ambiente?

a) Nenhuma.b) Uma maior emissão de gases, que podem aumentar a poluição.c) A redução da frota de ônibus, estes sim grandes poluidores.d) Grande emissão de fumaça, no caso de automóveis novos.

11. (PREF. ITU/SP-2009-MOURAMELO) O fenômeno verificado nas últimas décadas, denominado efeito estufa, é responsável por:

a) Elevar a temperatura da superfície terrestre acima da temperatura de equilíbrio radiativo (referente à radiação).b) Elevar a temperatura do centro da Terra acima da temperatura de equilíbrio radiativo (referente à radioatividade).c) Abaixar a temperatura do centro da Terra acima da temperatura de equilíbrio radiativo (referente à radiação).d) Abaixar a temperatura da superfície da Terra acima da temperatura de equilíbrio radiativo (referente à radioatividade).

12. (PREF. ITU/SP-2009-MOURAMELO) A poluição atmosférica está associada especialmente as seguintes atividades humanas. Não é uma delas:

a) A destruição das florestas.b) A chuva ácida.c) A queima das florestas.d) A queima de combustíveis fósseis.

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RESUMO DE CONCURSOS

13. (BANCO DO BRASIL ESCRITURARIO)A CONSERVAÇÃO É DESENVOLVIMENTOAs preocupações ambientais hoje estão todas mobilizadas pelo aquecimento global. Mas a degradação climática do

mundo é apenas um dos sintomas de um desequilíbrio mais profundo, que também se mostra na taxa acelerada de extinção de espécies e no risco de desaparecimento de ecossistemas saudáveis. Para além do aquecimento global, o Secretário chama a atenção para os atuais problemas ambientais relativos à

a) cultura de massa. b) diversidade biológica.c) economia de mercado. d) ideologia ecológica.e) produção flexível.

RESPOSTAS

1. C 2. C 3. A 4. A 5. A 6. A 7. C 8. E 9. E 10. B 11. A 12. B 13. B

ANOTAÇÕES

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RESUMO DE CONCURSOS

GEOGRAFIA HUMANABRASIL-DADOS

BRASIL

DADOS ATUALIZADOS ATÉ 19.09.2010Nome Oficial: República Federativa do BrasilDescobrimento: 22 de Abril de 1500Independência: 07 de Setembro de 1822Proclamação da República: 15 de Novembro de 1889Governo: República presidencialistaCapital: Brasília (2.606.885 habitantes) - 2009.Nacionalidade: BrasileiraÁrea: 8.511.925 km² (0,65% de águas internas).Fuso horário oficial: UTC-3h (UTC-4h em horário de verão).Código de internet: br.Código telefônico internacional: 55.PIB: US$ 1,995 trilhões, 2009 - 8º do mundo.PIB per capita: US$ 10,340.83Moeda: Real (desde 01.01.1994 com a entrada em vigor da Lei nº 8.880/94).População atual: 192.924.526 habitantes, 2010 (fonte: IBGE) - 5ª do mundo.Densidade: 22,66 habitantes por km² (2010) - 182º do mundo.Distribuição: 49,4% (brancos), 42,3% (pardos), negros (7,4%), Ameríndios, amarelos, árabes e outros (0,9%) - 2007.Cidades mais populosas: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte, Curitiba, Manaus, Recife,

Belém, Porto Alegre, Guarulhos, Goiânia, Campinas, São Luís, São Gonçalo, Maceió, Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São Bernardo do Campo.

Religião: Católicos (73,8%), Protestantes (15,4%), Sem religião (7,4%), Espíritas (1,3%), Religiões afro-brasileiras (0,3%) e Outras religiões (1,8%) - 2007.

Km de rodovias federais: 76.000 km (2009).Km de rodovias em regime de concessão: 14.000 km (2009). Número de veículos: 59,4 milhões (2009) - Em 2000 esse número era de 29,5 milhões (Fonte: DNIT)Pesca: 1,24 milhões de toneladas (2009), sendo 415,64 mil t produzidas em cativeiro.Turismo: 5 milhões de turistas estrangeiros, com gastos de US$ 5,8 bilhões (2008).Localização: Leste da América do SulClimas: Equatorial, tropical, tropical de altitude, atlântico, subtropical e semi-árido.Expectativa de vida: 72,4 anos (2007) - 92º do mundo.Mortalidade infantil: 19,3 por mil nascimentos (2007) - 106º do mundo.Alfabetização: 90,0% (2007) - 95º do mundo.Área de Floresta: 5.511.000 km²; Desmatamento: 25.544 km² ao ano (1995-2000).IDH: 0,813 - 75º do mundo (2007).

Governo

Sistema: República presidencialistaDivisão administrativa: 26 estados e 1 Distrito FederalPoder Legislativo: Bicameral, Senado Federal e Câmara dos DeputadosSenado Federal: 81 membros, eleitos para mandatos de 8 anos.Câmara dos Deputados: 513 membros, eleitos para mandatos de 4 anos.

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RESUMO DE CONCURSOS

LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA

O território brasileiro está localizado, a oeste do meridiano de Greenwich, portanto, sua área está situada no hemisfério ocidental. A linha do Equador passa no extremo norte do Brasil, fazendo com que 7% de seu território pertença ao hemisfério setentrional (norte) e 93% localizados no hemisfério meridional (sul). Cortado ao sul pelo trópico de Capricórnio apresenta 92% do território na zona intertropical (entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio); os 8% restantes estão na zona temperada do sul (entre o trópico de Capricórnio e o círculo polar Antártico). O Brasil destaca-se quanto à extensão territorial, ocupa o quinto lugar do mundo, por isso é considerado um país de dimensão continental, o espaço geográfico ocupado representa 5,7% das terras emersas do planeta, com uma área de 8.514.876,6 km2.

O Brasil está situado na América do Sul. Banhado a leste pelo Oceano Atlântico, possui várias ilhas oceânicas, destacando-se as de Fernando de Noronha, Abrolhos e Trindade. Ao norte, a oeste e ao sul limita-se com todos os países do continente sul-americano, excetuando-se o Chile e o Equador.

Divisão Regional Brasileira

A divisão regional brasileira é realizada de duas formas: através das 05 (cinco) regiões do IBGE (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul) ou a partir de 03 (três) grandes regiões geoeconômicas (Amazônia Nordeste e Centro-Sul)

Brasil: Divisão Regional – Atual

A última divisão regional do Brasil foi estabelecida pelo IBGE em 1988 com a criação do estado de Tocantins, antes pertencente ao estado de Goiás. Com o desmembramento, essa porção do território deixou de fazer parte da Região Centro-Oeste, por suas características naturais e em virtude das formas particulares de ocupação do espaço, e foi considerada parte integrante da região Norte.

A regionalização do IBGE é a mais utilizada em livros, jornais, revistas e pela mídia em geral. Os críticos dessa divisão regional afirmam que ela se baseia nos limites dos estados brasileiros e que nem sempre essas divisões são adequadas para delimitar regiões.

- Norte: Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Acre, Rondônia e Tocantins.- Centro-Oeste: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal.- Nordeste: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.- Sudeste: Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito do Santo.- Sul: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

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RESUMO DE CONCURSOS

Regiões Geoeconômicas

Outra divisão do Brasil em espaços regionais foi proposta por Pedro Pinchas Geiger em 1967. Esse geógrafo propôs a divisão regional do território nacional em três grandes complexos regionais, sem considerar as divisões dos estados. Para definir a organização das regiões, Pinchas utilizou como critério a formação histórica do Brasil e seus aspectos econômicos.

- Amazonas: Roraima, Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia, parte norte de Mato Grasso, Tocantins e Maranhão.- Nordeste: parte sul do Maranhão, estado do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia

e parte norte de Minas Gerais.- Centro-Sul: parte sul de Mato Grosso do Sul e de Tocantins, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de

Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

(1) Amazônia (2) Centro-Sul (3) Nordeste

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RESUMO DE CONCURSOS

EXERCÍCIOS

1. Acerca da divisão regional do Brasil é correto afirmar quea) são observadas, na Amazônia, diferenças internas caracterizadas no Meio Norte, Sertão, Zona da Mata e Agreste.b) a Amazônia compreende apenas parte da Floresta Amazônica localizada em território brasileiro. Integrada por quase todos

os estados da região Norte (exceto parte do Ceará), além do Mato Grosso e leste do Maranhão, é uma região que apresenta baixa densidade demográfica.

c) o Centro-Sul é a região onde ocorreu o processo de povoamento do país. Possui grandes contrastes naturais e socioeconômicos entre as áreas do interior, mais urbanizadas, industrializadas e desenvolvidas economicamente e o litoral com grandes problemas sociais.

d) a agropecuária, no Nordeste, constitui o setor econômico mais importante, seguido pelo extrativismo vegetal, mineração e o setor industrial, com destaque para a zona industrial de Manaus.

e) o norte de Minas Gerais faz parte do complexo regional nordestino; o extremo sul do Mato Grosso pertence à região Centro-Sul e o restante do seu território faz parte da região da Amazônia; a porção oeste do Maranhão integra-se à Amazônia e o extremo sul do Tocantins pertence à região Centro-Sul.

2. (UNEAL) O Brasil está dividido em três regiões geoeconômicas que refletem as diferentes formas de ocupação humana ao

longo do tempo histórico: Nordeste, Centro-Sul e Amazônica. Analise os aspectos que caracterizam essas regiões:I. O Nordeste é a principal área de refluxo (saída) de pessoas nas migrações internas do país.II. A região Centro-Sul é a mais industrializada, povoada e urbanizada do país.III. A Amazônia é a região menos povoada do Brasil e sofre grandes impactos ambientais.IV. A região nordestina apresenta muitas marcas da colonização e, por praticamente três séculos, foi a região mais rica

do Brasil.

Está correto o contido ema) I e II, apenas.b) I, II e III, apenas.c) I, II e IV, apenas.d) I, III e IV, apenas.e) I, II, III e IV. 3. (UECE) As regiões brasileiras são agrupamentos das unidades da federação com o propósito de ajudar as interpretações

estatísticas, implantar sistemas de gestão de funções públicas de interesse comum ou orientar a aplicação de políticas públicas dos governos federal e estadual. Há também outra forma de regionalização não-oficial, criada por especialistas em geografia, na qual o Brasil é dividido em três complexos geoeconômicos. Assinale, nas opções abaixo, aquela que apresenta, de forma correta, os três complexos geoeconômicos.

a) Amazônia, Centro-Sul e Pantanalb) Centro-Sul, Nordeste e Pantanalc) Amazônia, Nordeste e Centro-Suld) Nordeste, Sudeste e Centro-Sul 4. (CFTSC) Sobre a economia atual das regiões brasileiras, assinale a alternativa CORRETA.a) O Nordeste do Brasil concentra a maior produção industrial brasileira, com destaque para os setores de açúcar e álcool e de

pesca e maricultura.b) Na região Sul, destacam-se apenas as atividades agrícolas e extrativistas, como a produção de papel e celulose.c) A região Norte não possui nenhum pólo industrial, concentrando apenas atividades extrativistas de características de

subsistência.d) Não se pode afirmar que existam diferenças entre as regiões brasileiras no que concerne às suas atividades econômicas.e) Na região Centro-Oeste, existe um grande pólo econômico associado a atividades agroindustriais, como a produção de carne

ligada a grandes frigoríficos, e a produção de grãos, como a soja.

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RESUMO DE CONCURSOS

5. (CFTSC) Essa é a região brasileira que possui o segundo maior contingente populacional do Brasil. Ainda que venha crescendo economicamente nas últimas décadas, boa parte de sua população enfrenta graves problemas sociais. Em algumas áreas dessa região, encontramos o clima tropical semiárido.

O texto refere-se a qual região brasileira?a) Nordeste.b) Centro-Oeste.c) Norte.d) Sul.e) Sudeste. 6. (CFTSC) Sobre o território brasileiro, assinale a alternativa CORRETA:a) Possui um território federal: Fernando de Noronha.b) No Sudeste, destacam-se, principalmente, as regiões metropolitanas de São Paulo (SP) e do Rio de Janeiro (RJ).c) Apresenta vantagem econômica em relação ao transporte marítimo, porque dispõe, no continente americano, do maior litoral

voltado para o Oceano Pacífico.d) As cidades de Recife (PE) e do Rio de Janeiro (RJ) foram capitais federais antes de Brasília (DF).e) Após a criação do estado de Tocantins, em 1988, este foi anexado à Região Centro-Oeste. 7. (FUVEST) O Brasil é uma República Federativa que apresenta muitas desigualdades regionais. Confrontando-se dois

aspectos - a igualdade jurídica entre os Estados-membros e as disparidades econômicas entre as regiões - pode-se afirmar que:a) o desequilíbrio econômico regional vem sendo, ao menos parcialmente, atenuado pelo menor número de representantes do

Sudeste no Congresso Nacional, em comparação aos do Norte e Nordeste.b) a região Norte é a menos representada no Congresso Nacional, fato notável principalmente no Senado, derivando daí uma

situação de desigualdade perante as demais regiões.c) a região Sul goza de ampla maioria de representação no Congresso Nacional, o que lhe tem permitido obter vantagens na

redistribuição dos repasses federais.d) o princípio da igualdade, garantido pelo número fixo de senadores por Estado, permite uma distribuição equilibrada dos

repasses federais, entre as diferentes regiões do país.e) os Estados nordestinos, apesar de sua pouca representatividade no Congresso, vêm assumindo liderança na definição das

políticas monetária e cambial no país.

8. (Pref. Sapezal/MT – IPED - PROF.GEOGRAFIA-2010). Os dois Estados brasileiros com maior população absoluta são:a) São Paulo e Rio de Janeiro.b) São Paulo e Bahia.c) São Paulo e Rio Grande do Sul.d) São Paulo e Minas Gerais

9. (Pref. Sapezal/MT – IPED - PROF.GEOGRAFIA-2010) Na divisão do Brasil levando-se em consideração os aspectos econômicos, encontramos os seguintes blocos:

a) Amazônia, Centro-Oeste e Centro-Sul.b) Amazônia, Centro-Sul e Sudeste.c) Amazônia, Nordeste e Centro-Sul.d) Amazônia, Centro-Oeste e Sul

RESPOSTAS

1. E 2. E 3. C 4. E 5. A 6. B 7. A 8. A 9. C

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RESUMO DE CONCURSOS

INDUSTRIALIZAÇÃO DO BRASIL

- Breve histórico

- É possível falarmos em industrialização no Brasil a partir do final do século XIX, período em que ocorreu o fim da escravidão no país e teve início uma forte imigração, formando um mercado consumidor interno. Antes disso, havia, no máximo, algumas indústrias isoladas, atividades artesanais e algum crescimento manufatureiro, mas não uma industrialização. Além do mais, a existência do trabalho escravo contradizia um pilar básico do desenvolvimento industrial, que é a formação de um mercado de consumo.

Fatores que contribuíram para a implantação de indústrias no Brasil;- Imigrantes: Mao de obra, grupo de trabalhadores assalariados no Brasil, operários das indústrias e mercado consumidor.- Lavoura cafeeira: auge no final do século XIX e início do XX. O café foi o principal produto da economia brasileira e teve

grande participação no processo industrial. Desenvolveu-se principalmente em São Paulo, lucro com a venda do café, investimento na indústria

- Crise cafeeira de 1929: dificuldade de exportação de café (devido à diminuição do mercado consumidor) e na importação de máquinas e equipamentos.

- Investimentos na indústria leve, isto é, bens de consumo não duráveis (indústria têxtil, alimentícia, de móveis, gráfica, de bebidas, etc).

- Indústria de substituição: Substituir as importações. Produzir internamente bens que eram importados de países desenvolvidos.

▪ A indústria após a Segunda Grande Guerra Mundial:

- Nova fase de industrialização no início dos anos 1950: de um lado, empreendimentos centrados na produção de bens não-duráveis (têxtil, alimentar, gráfica, editorial, vestuário, fumo, couros e peles) e de outro, empresas inteiramente nacionais, as indústrias pesadas (siderurgia e petroquímica) com forte participação estatal.

- A “Era Vargas” divide 5 funções entre as 5 regiões do Brasil: o Sudeste seria a área industrial, o Norte (Amazônia) seria responsável por fornecer matérias-primas pra indústria do Sudeste, o Nordeste seria responsável por fornecer mão-de-obra pra indústria do Sudeste (foi quando nasceram os “paus-de-arara”), e o Sul seria responsável por fornecer comida para o Sudeste. Nesse modelo, as 5 regiões dariam todo o apoio pra indústria do Sudeste e todas elas só teriam uma opção de onde comprar produtos industriais: do Sudeste. Canalizando muitos recursos do país para cidades como São Paulo, ABC paulista, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

- Getúlio Vargas ficou marcado por incentivar a abertura de grandes empresas com capital totalmente brasileiro, visando que o lucro não fosse enviado para fora: que ficasse dentro do Brasil para ser reinvestido dentro do nosso país.

- A partir de 1953, houve a queda dos preços dos produtos primários no mercado internacional. Provocada uma crise financeira, empréstimos no exterior foram a solução encontrada.

- A morte de Getúlio Vargas, em agosto de 1954, representou a vitória para o desenvolvimento dependente do capital estrangeiro. Entre 1954 e 1956, o governo brasileiro foi liderado por Café Filho.

- A ascensão de Juscelino Kubitschek em 1956, marcou o início do processo de industrialização inteiramente voltado aos interesses do capital estrangeiro.

- Plano de metas: desenvolver 50 anos em cinco.- Crescimento concentrado no Sudeste, apoio ao setor de bens de consumo duráveis, especialmente às indústrias automobilísticas.- Completava-se, assim, o ciclo de implantação industrial no Brasil, com grande desigualdade regional e a reboque do capitalismo

internacional.

▪ O período militar (1964-1985):

- 1964: regime militar e economia aberta ao capital estrangeiro foram instalados.- Anos de Chumbo: Período do “Milagre Brasileiro” (política fiscal e emissão de moedas).- Inflação: perda do poder aquisitivo da moeda nacional atingiu os assalariados.- Ricos cada vez mais ricos e pobres ficaram mais pobres.- Investimentos na melhora da tecnologia, restringindo a criação de empregos.

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RESUMO DE CONCURSOS

- Restrição do mercado consumidor.- Dificuldade em elevar o nível de vida da população.- Década de 1980: Década Perdida – estagnação econômica, comprometimento do PIB para pagamento de dívidas externas.

▪ O neoliberalismo no Brasil (anos 90):

- Fim da Guerra Fria: abertura total do mercado aos produtos estrangeiros e política de privatizações.- Concorrência dos importados X descompromisso do Estado com setores essenciais da economia.- Governos neoliberais: Fernando Collor de Melo, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso (2 mandatos) e Luís Inácio Lula

da Silva(2 mandatos).- Lula, mesmo filiado ao Partido dos Trabalhadores, de esquerda, deu continuidade às políticas econômicas.- Atualmente, grande concentração industrial no Sudeste.- Dispersão das indústrias procurando reduzir custos de produção.

Classificação das indústrias

O setor industrial de transformação pode ser classificado quanto ao tipo de indústria.Assim, podemos falar em:

- Indústria de base

É a indústria que vai produzir para outros setores industriais. Podemos aí incluir o setor pesado como a siderurgia, a química e os de equipamentos e máquinas como a mecânica e metalúrgica.

- Indústria de bens de consumo

Indústria produz diretamente para o consumidor final. Pode ser subdividida em durável (consumo e/ou reposição de longo prazo) como a automobilística, eletro-eletrônicos, e não-durável (consumo e/ou reposição de curto prazo) como a têxtil e alimentícia.

Localização das indústrias

A concentração das indústrias em determinados lugares depende de certos fatores que passamos a analisar abaixo:

- Oferta de energia

Um dos insumos mais importantes para o setor industrial é a energia. Determinados setores consomem muita energia, como a indústria de base. A siderurgia requer o uso do carvão mineral, a indústria que produz alumínio requer muita energia elétrica. A não interrupção do fornecimento da energia é um fator essencial para a sobrevivência dessas empresas e, em alguns casos, o custo final de seus produtos é fortemente influenciado pelo custo da energia.

- Proximidade de matérias-primas

É mais importante no caso de setores industriais que lidam com grandes volumes de matéria-prima, como o setor pesado. A siderurgia, por exemplo, necessita de grandes quantidades de ferro e manganês. Essa proximidade reduz o custo com o transporte e garante maior eficiência na continuidade das atividades desenvolvidas pela empresa.

- Mão-de-obra disponível

Isso explica o porquê das indústrias concentrarem-se em áreas urbanas onde podem contar com essa oferta de mão-de-obra. Evidentemente, alguns setores requerem mão-de-obra mais qualificada e procuram cidades onde existam centros universitários e de pesquisa.

- Mercado consumidor

No caso das indústrias de bens de consumo, a proximidade do mercado consumidor reduz o custo final do produto no varejo pelo menor custo do transporte até os pontos de venda. Grandes concentrações urbanas atraem mais indústrias que, assim, podem ficar próximas de um grande mercado consumidor.

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- Rede de transportes

Essencial para garantir a circulação das matérias-primas, da energia e do produto acabado.A saturação dos transportes em algumas áreas urbanas tem afugentado algumas empresas desses locais.Políticas de fomento ao desenvolvimento industrial incluindo isenções de impostos e facilidades para exportação. Assim como

é importante também entender que o elevado custo da mão-de-obra, movimento sindical forte e problemas como enchentes, espaço físico disponível (para uma eventual expansão) e falta de segurança motivam indústrias a procurarem novos locais para sua instalação.

Distribuição geográfica das indústrias

Observa-se uma tendência à maior dispersão geográfica desse setor nos últimos quinze anos, mas ainda é forte a concentração na Região Sudeste.

Podemos destacar:

- Região Norte – é pouco industrializada destacando-se a Zona Franca de Manaus e a Região de Belém;- Região Nordeste – as maiores concentrações industriais estão em suas regiões metropolitanas: Salvador, Recife e Fortaleza;- Região Centro-Oeste – possui um modesto setor industrial sem a formação de grandes centros. As indústrias encontram-se

espalhadas pelas principais cidades da Região.- Região Sudeste – as maiores concentrações industriais se encontram nas Regiões Metropolitanas de São Paulo, do Rio de Janeiro

e de Belo Horizonte. Destacam-se também a Baixada Santista (Cubatão), o Vale do Paraíba, a Região de Campinas e crescimento do setor na Região de Vitória, Triângulo Mineiro, além de várias cidades no oeste paulista e sul de Minas Gerais;

- Região Sul – são importantes as Regiões Metropolitanas de Curitiba e Porto Alegre, além do Vale do Itajaí (SC) e Serras Gaúchas;

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RESUMO DE CONCURSOS

Destaques no Setor industrial

Setores industriais de maior destaque no Brasil e que, historicamente, tem se mostrado serem os mais importantes ou pelo valor da produção ou pelo número de empresas e de funcionários. Observa-se recentemente maior aquecimento em setores como o de papel e papelão, além dos setores de borracha, metalúrgico e têxtil.

- Alimentícia

A produção brasileira é muito diversificada, de boa qualidade e conta com a presença de algumas grandes multinacionais. Também se encontram bastante dispersas pelo território com maior concentração no Sudeste e no Sul (maior mercado consumidor, não só na quantidade, mas observando-se o nível de renda da população). É um setor com fortes ligações com a agropecuária preocupando-se com a procedência da matéria prima (regularidade na quantidade e qualidade) e, assim, acaba por influenciar muito a vida do produtor rural. A exportação de alimentos industrializados tem apresentado crescimento. Essa indústria reúne o setor do açúcar, leite e derivados, óleos vegetais, massas, bebidas (como sucos, refrigerantes, vinho e aguardente), carne e derivados, doces, chocolate, sorvete e outros.

- Siderurgia

O Brasil está entre os dez maiores produtores de aço no mundo iniciando maior desenvolvimento;- A partir da entrada em funcionamento da CSN em 1946, no município de Volta Redonda – RJ.- A maior parte das siderúrgicas brasileiras concentra-se no Sudeste devido à proximidade do ferro e manganês do Quadrilátero

Ferrífero - MG,- Da boa rede de transportes (ferrovias, proximidade de portos)- E do mercado consumidor (representado pelas indústrias que consomem o aço). Podemos destacar:- MG: USIMINAS, ACESITA e Belgo-Mineira;- RJ: CSN (Companhia Siderúrgica Nacional);- SP: COSIPA (Companhia Siderúrgica Paulista);- ES: CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão).

Esse setor já foi privatizado. Busca nesse período a modernização e eficiência para aumentar sua competitividade. A produção e os lucros cresceram, mas enfrenta-se no mercado externo um duro protecionismo no Primeiro Mundo (EUA) que estabelece taxas e quotas para a compra do aço brasileiro. Também melhorou a qualidade do aço produzido após a privatização, assim como a diversificação de produtos fabricados pela siderurgia no Brasil.

- Química

Sua produção também é crescente com grande destaque para o setor petroquímico, setor que ainda promove uma abertura e modernização. A entrada do capital estrangeiro nesse setor e a quebra do monopólio da PETROBRAS trazem a perspectiva de grande aumento da produção e de aumento dos investimentos. Outro destaque é a produção de adubos e fertilizantes. Reúne ainda as produções de cosméticos e perfumaria.

Permanecem ainda problemas na Química Fina que envolve uma tecnologia mais avançada como no setor químico-farmacêutico.

- Automobilística

Inicialmente com forte concentração na região do ABC, a partir dos anos 70 inicia uma maior dispersão geográfica deslocando-se para Betim – MG (FIAT) e Vale do Paraíba nos anos 80 (Taubaté e São José dos Campos). As mudanças empreendidas na década de 90 alteram bastante o perfil desse setor. A abertura do mercado interno provocou a necessidade de produzir um automóvel de melhor qualidade. Posteriormente, a entrada de novas montadoras (como a Renault, Peugeot, Toyota, Mitsubishi e Audi) diversifica a oferta de produtos e aumenta a produção. O Brasil começa a se tornar uma plataforma de produção para vendas não só no mercado interno

mas também para exportação. O baixo nível de renda no país, a ausência de estímulos mais eficazes para o setor exportador e a ocorrência de crises no país ou importadas de outros, ainda tem provocado instabilidades no setor com quedas na produção e nas vendas. Trata-se também de uma indústria que atualmente poupa mão-de-obra e terceiriza muitas etapas da produção.

Geograficamente, apresenta maior dispersão pelo território, mas ainda concentrada na Região Sudeste onde é maior o mercado consumidor.

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RESUMO DE CONCURSOS

- Têxtil

Apresenta maior crescimento após a Segunda Guerra Mundial, mas, obsoleta nos anos 80, passa a enfrentar sérias dificuldades com a progressiva abertura do mercado interno, especialmente durante os anos 90 com a entrada do produto asiático que utiliza uma mão-de-obra muito barata. Essa mesma abertura facilita o re-equipamento desse setor com a compra de novas máquinas. Promove-se também uma modernização administrativa e na produção. Várias indústrias têxteis não suportaram o quadro decorrente dessa abertura e fecharam as portas nos anos 90. As que sobreviveram parecem estar mais competitivas. A indústria têxtil dissemina-se por todo o país com maior concentração nas Regiões Sudeste e Sul.

Setores da Economia

A economia de um país pode ser dividida em setores (primário, secundário e terciário) de acordo com os produtos produzidos, modos de produção e recursos utilizados. Estes setores econômicos podem mostrar o grau de desenvolvimento econômico de um país ou região.

▪ Setor Primário:

- Produção através da exploração de recursos da natureza.- Agricultura, mineração, pesca, pecuária, extrativismo vegetal e caça.- Fornece a matéria-prima para a indústria de transformação.- Países com economias baseadas neste setor econômico, não geram riquezas apenas com a produção e exportação de matéria-

prima, pois não possuem valores agregados como os produtos industrializados.- É muito vulnerável, pois depende muito dos fatores da natureza: clima.

▪ Setor Secundário:

- Transforma as matérias-primas (produzidas pelo setor primário) em produtos industrializados. - Roupas, máquinas, automóveis, alimentos industrializados, eletrônicos, casas.- Conhecimento tecnológico agregado aos produtos: lucro obtido na comercialização é significativo.- Países com bom grau de desenvolvimento: economia concentrada no setor secundário.- A exportação destes produtos também gera riquezas para as indústrias destes países.

▪ Setor Terciário:

- Relacionado aos serviços. São produtos não materiais em que pessoas ou empresas prestam a terceiros para satisfazer determinadas necessidades.

- Comércio, educação, saúde, telecomunicações, serviços de informática, seguros, transporte, serviços de limpeza, serviços de alimentação, turismo, serviços bancários e administrativos, transportes.

- Marcante nos países de alto grau de desenvolvimento econômico.- Com o processo de globalização, foi o setor da economia que mais se desenvolveu no mundo.

EXERCÍCIOS

1. (VUNESP) Um pólo de inovação tecnológica pode ser definido em função de sua capacidade criativa, de reciclagem e de difusão de tecnologia de ponta. Tecnopólos é a denominação atribuída à cidade que reúne as principais características de um pólo de inovação tecnológica. Assinale a alternativa que apresenta três cidades paulistas que, na atualidade, reúnem tais características:

a) Santos, Sorocaba e Taubatéb) São Carlos, São José dos Campos e Campinasc) Limeira, São Carlos e Ribeirão Pretod) Santo André, São José do Rio Preto e Presidente Prudentee) São José dos Campos, Lorena e Campinas

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RESUMO DE CONCURSOS

2. (FUVEST) As afirmações abaixo apontam algumas tendências da nova lógica de localização industrial.

I – Distribuição dos estabelecimentos industriais das empresas em diferentes localidades de tradição manufatureira.II – Separação territorial entre processo produtivo e gerenciamento empresarial com a reintegração de ambos por

intermédio de redes internacionais.III – Desconcentração da atividade industrial e emergência de novos espaços industriais, estruturando redes globalizadas.IV – Concentração territorial da indústria dependente de fontes de energia e matéria-prima.

Está correto apenas o que se afirma em:a) I e IIb) I e IIIc) II e IIId) II e IVe) III e IV

3. (PUC-RIO) Nas últimas décadas, vem ocorrendo no Brasil uma tendência de desconcentração industrial em direção às regiões periféricas. Observa-se também uma concentração de investimentos nas áreas já mais dinâmicas e competitivas do país, devido à presença dos fatores locacionais exigidos pelos setores de produção mais modernos e de tecnologia avançada. Entre esses fatores, podemos destacar os abaixo apresentados, exceto:

a) matérias-primas industriaisb) mercado consumidor de alta rendac) infraestrutura de telecomunicaçõesd) proximidade dos parceiros do Mercosule) centros de produção de conhecimento de tecnologia

4. (UNOPAR) As cidades de Volta Redonda (RJ) e Camaçari (BA) destacam-se, respectivamente, na concentração de indústrias:

a) siderúrgicas e alimentíciasb) alimentícias e petroquímicasc) eletroeletrônicas e de calçadosd) siderúrgicas e petroquímicase) eletroeletrônicas e têxteis

5. A industrialização denominada tardia aconteceu em alguns países de economia subdesenvolvida, como por exemplo, México e Brasil, após a Segunda Guerra Mundial. Essa industrialização baseou-se na:

a) implantação da política de “pleno emprego” no Setor Secundário da economia.b) adoção do modelo de estatização generalizada. Dos meios de produção.c) política de substituição das importações.d) proibição da importação de produtos industrializados dos países desenvolvidos.e) aliança econômica com países socialistas da Europa Oriental.

6. Os automóveis e os eletrodomésticos são classificados como indústrias:a) de bens de consumo não duráveis;b) de bens de consumo duráveis;c) intermediária;d) de bens de capital;e) pesadas ou de base.

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

7. Sobre o processo de industrialização brasileira, são verdadeiras as seguintes afirmativas:1 - A indústria localizou-se principalmente nas áreas onde já havia forte concentração de capitais, como no Sudeste;2 - As necessidades de mão-de-obra farta e barata nas cidades foram atendidas pelo aumento das migrações rural-

urbanas, aceleradas a partir da década de l940.3- A indústria automobilística e a da construção civil tiveram papel decisivo, nas últimas três décadas, para a expansão

do setor secundário.a) se somente a afirmativa 1 está correta;b) se somente as afirmativas 1 e 2 estão corretas;c) se somente as afirmativas 1 e 3 estão corretas;d) se somente as afirmativas 2 e 3 estão corretas;e) se as afirmativas 1, 2, e 3 estão corretas

8. Assinale a característica que não pertence à industrialização brasileira;a) substituição de importações;b) priorizou a indústria de Base;c) passa a ocorrer intensamente após a Segunda Guerra Mundial;d) maior desenvolvimento das indústrias de bens de consumo;e) os ramos mais dinâmicos, lucrativos e de menor risco, costumam ser ocupados pelo capital externo.

9. A indústria siderúrgica pode ser classificada como:a) de bens de produção ou de base;b) de bens de consumo duráveis;c) indústria extrativa;d) da construção;e) de bens não duráveis.

10. Uma das características do Setor secundário da economia brasileira é a:a) concentração em sua distribuição pelo território nacional, tanto ao nível das grandes regiões, como ao nível dos Estados que

as constituem;b) complementaridade em relação à localização dos recursos minerais, que determinam fortemente sua distribuição espacial;c) dependência da reserva de mercado, uma vez que a tecnologia nacional ainda não atingiu um nível que permita a colocação da

produção no mercado internacional;d) auto-suficiência, por ser o País bastante extenso e possuir territórios em todas as zonas climáticas da terra.e) dispersão uma vez que este setor já se encontra bastante evoluído, particularmente no Sul e Sudeste do País

RESPOSTAS

1. B 2. C 3. A 4. D 5. C 6. B 7. E 8. A 9. A

10. C

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RESUMO DE CONCURSOS

AGRICULTURA DO BRASIL

A Agricultura no Brasil é, historicamente, umas das principais bases da economia do país, desde os primórdios da colonização até o século XXI, evoluindo das extensas monoculturas para a diversificação da produção.

Inicialmente produtora de cana-de-açúcar, passando pelo café, a agricultura brasileira apresenta-se como uma das maiores exportadoras do mundo em diversas espécies de cereais, frutas, grãos, entre outros.

▪ Agricultura Familiar:

- A que emprega apenas o núcleo familiar (pai, mãe, filhos e, eventualmente, avós e tios) nas lides da terra, podendo empregar até cinco trabalhadores temporários.

- É responsável direta pela produção de grande parte dos produtos agrícolas brasileiros.- Década de 1990: apresentou um crescimento de sua produtividade na ordem de 75%.- Criação do PRONAF (Programa Nacional da Agricultura Familiar), que abriu uma linha especial de crédito para o financiamento

do setor. - Traz grande importância do setor para a economia brasileira, pois responde por 70% dos alimentos consumidos no país, o que

perfaz um total de 10% do PIB. - O Nordeste é a região brasileira que detém a maior parcela dos estabelecimentos agrícolas familiares do país (49,7%), comparado

com as demais regiões.- Em algumas áreas do país, sobretudo no interior do estado de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, houve

um grande fortalecimento da produção agro-industrial e da organização sindical que, de forma geral, melhorou a vida da população, tanto rural quanto urbana

- Pouco capital;- Cultivo para sua subsistência e o excedente da produção abastece os centros urbanos;- Emprego de técnicas, rudimentares, tradicionais e queimadas.

Importância

- Mantém o pequeno agricultor no campo;- Emprego de práticas produtivas ecologicamente mais equilibrados;- Diversificação de cultivos;- Abastece o mercado interno.- Relação cooperativa/agricultura familiar- A criação de cooperativas é a oportunidade de tornar a economia da agricultura familiar ainda mais forte e competitiva no país.- Em muitas regiões empobrecidas é a produção familiar quem dinamiza a economia local e gera postos de trabalho.

▪ Agricultura Moderna:

- Iniciou-se na década de 50, com as importações de máquinas e equipamentos mais avançados para a produção agrícola.- Provocaram um grande aumento no número de trabalhadores rurais desempregados, pois a partir das implantações de novas

tecnologias (equipamentos e máquinas modernas), os esforços físicos foram reduzidos ou, substituídos pela tecnificação.- Utilizam mão-de-obra especializada, como engenheiros e técnicos agrícolas.- O proprietário da terra contrata trabalhadores para plantar, limpar e colher.- Monocultura: Nesse tipo de agricultura, em uma propriedade é plantado um único tipo de produto.

▪ Revolução Verde:

- Surge com o propósito de aumentar a produção agrícola através do desenvolvimento de pesquisas em sementes, fertilização do solo e utilização de máquinas no campo que aumentassem a produtividade.

- Sementes adequadas para tipos específicos de solos e climas;

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

- Possuem alta resistência a diferentes tipos de pragas e doenças, seu plantio, aliado à utilização de agrotóxicos, fertilizantes, implementos agrícolas e máquinas, aumenta significativamente a produção agrícola;

- Financiado pelo grupo Rockefeller em Nova Iorque: discurso ideológico de aumentar a produção de alimentos para acabar com a fome no mundo. Expandiram seu mercado consumidor, com vendas de verdadeiros pacotes de insumos agrícolas, principalmente para países em desenvolvimento como Índia, Brasil e México.

Sistemas de produção na Agricultura

▪ Sistema Extensivo:

- Esse sistema é característico de regiões com grandes extensões de terras vazias e de menor grau de desenvolvimento.- Técnicas simples- Mão-de-obra desqualificada- Abundância de terras- Baixa produtividade- Rápido esgotamento dos solos

▪ Sistema Intensivo:

- É um sistema característico de regiões de maior desenvolvimento, geralmente com maior ocupação humana.- técnicas modernas- mão-de-obra qualificada- terras exíguas- alta produtividade- conservação dos solos

Quadro comparativo sobre a distribuição das terras no Brasil• Grades propriedades• Modernização• Cultivo de produtos agro-industriais para exportação • Trabalho temporário - Os bóias-frias • Trabalho assalariado - Representa apenas 10% da mão de obra agrícola. São trabalhadores que possuem

registro em carteira, recebendo, portanto, pelo menos um salário mínimo por mês. Trabalhando em fazendas e agroindústrias.

• Pequenas propriedades• Cultivos voltados ao abastecimento interno. • Cerca de 80% da força de trabalho agrícola é encontrada em pequenas e médias propriedades • Utilizam mão de obra familiar

Nossa produção agropecuária

O Brasil se destaca no mercado mundial como exportador de alguns produtos agrícolas - café, açúcar, soja e suco de laranja. Entretanto, para abastecer o mercado interno de consumo, há a necessidade de importação de alguns produtos, com destaque para o trigo.

Problemas no espaço agrário brasileiro

- Parte dos trabalhadores agrícolas mora na periferia das cidades e se desloca diariamente ao campo para trabalhar como bóias frias em modernas agroindústrias,

- Apesar da modernização verificada nas técnicas de produção em regiões onde agroindústria se fortaleceu, ainda persistem o subemprego, a baixa produtividade e a pobreza no campo.

- Predomínio de latifúndios e a falta de investimentos estatais em obras de infra-estrutura.- Subordinação da agropecuária ao capital industrial, - Intensificação do êxodo rural em condições precárias.

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RESUMO DE CONCURSOS

Conflito pela posse de terra

- O Brasil vem sofrendo sérios problemas sociais e conflitos pela sua má distribuição de terras. Entre eles se destaca:- Movimentos do MST- Conflito entre seringueiros, indígenas, garimpeiros e madeireiros.

Organização da produção na agricultura brasileira e as relações de trabalho

- Latifúndio correspondente a grandes propriedades dedicadas a uma produção voltada para o mercado interno ou externo, nas quais a produção é realizada por uma força de trabalho que pode ser classificada em cinco tipos (o morador ou agregado, o parceiro, o trabalhador assalariado, o diarista ou bóia-fria e o arrendatário);

- Unidade familiar produtora de mercadorias corresponde á utilização da terra realizada por pequenos proprietários e arrendatários (como, por exemplo, a produção hortifrutigranjeira nos arredores de grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro);

- Unidade familiar de subsistência corresponde à exploração de terra realizada por pequenos proprietários (minifundiários ou não), arrendatários, parceiros ou, ainda, posseiros. O trabalho empregado é familiar e a produção visa, principalmente, a atender as necessidades de subsistência, embora nessas unidades, quando maiores em extensão, encontra-se a associação de culturas de mercado com as de subsistência também conhecido como minifúndio;

- Complexo agroindustrial é a integração técnica intersetorial entre agropecuária, as indústrias que produzem para a agricultura (maquinas e insumos) e as agroindústrias (que processam matérias-primas agropecuárias e as transformam em produtos industrializados: queijo, manteiga, óleos vegetais, extratos de tomate, suco de laranja, álcool etílico, açúcar etc.);

- Agribusiness é um conjunto de negócios agropecuários que corresponde à soma total de operações de produção e distribuição de suprimentos (insumos), operações de produção nas unidades rurais e armazenamento, processamento e distribuição dos produtos e itens produzidos por ele, ou seja, envolve vários mecanismos que movimentam a agropecuária (agronegócios).

A agricultura e a biotecnologia

A biotecnologia, estudada e aplicada desde os anos 1950, apresentou grande desenvolvimento nas décadas de 1970 e 1980. Podemos defini-la como o conjunto de tecnologias biológicas utilizadas para o melhoramento genético de plantas, animais e microorganismos por seleção e por cruzamentos naturais. Por intermédio da engenharia genética, a biotecnologia insere genes de outros organismos vivos no DNA dos vegetais.

Esse processo tem como objetivo alterar o tamanho das plantas, retardar a deterioração dos produtos agrícolas após a colheita ou torná-los mais resistentes às pragas, aos herbicidas e pesticidas durante a fase do plantio, e também aumentar o ajuste entre os vegetais e os diferentes tipos de solo e climas. As plantas resultantes do processo de alteração genética são chamadas de transgênicas. Nos produtos agrícolas criados através da biotecnologia, os traços genéticos naturais indesejáveis podem ser eliminados, implantando-se, artificialmente, traços que melhorem sua qualidade. Também na pecuária a engenharia genética é utilizada, criando-se animais híbridos a partir de cruzamentos de espécies diferentes, além da aplicação de injeções de hormônios para aumentar a capacidade reprodutiva, o crescimento e o peso dos animais. Os efeitos, para o homem, das plantas transgênicas, ou dos animais alterados geneticamente, ainda não são totalmente claros. Alguns países proíbem, por exemplo, a importação de carne proveniente de gado criado com hormônios ou alterações genéticas. Além desse fato, a utilização da biotecnologia não está isenta de complicações futuras no processo produtivo.

Não é difícil prever que haverá uma homogeneidade cada vez maior das espécies cultivadas, pois os agricultores sempre decidirão pela plantação das que forem mais produtivas e mais resistentes.

As diferentes formas de produção Agropecuária A forma de produção agrícola apresenta-se bem diversificadas no mundo;- Os países desenvolvidos e industrializados interferiram a produção agrícola por modernizar as técnicas empregadas, utilizando

cada vez menos mão-de-obra.- Nos países subdesenvolvidos, foram principalmente as regiões agrícolas que abastecem o mercado externo que passaram por

modernização na técnica de cultivo e colheita. Mas, houve o êxodo rural acelerado, que contribuiu para o aumento nas periferias das grandes cidades.

- As regiões ricas e modernizadas produzem apenas o que lhe é mais conveniente, garantindo maiores taxas de lucros, e buscam em outras regiões o que não produzem internamente. Essa realidade intensificou o comercio mundial.

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RESUMO DE CONCURSOS

- As regiões tecnicamente atrasadas se vêem obrigadas a consumir basicamente o que produzem e são bem sensíveis aos rigorosos impostos pelas condições naturais.

- Nos países em que predominam o trabalho agrícola, utilizando mão-de-obra urbana e rural, o Estado assume importância fundamental no combate a fome.

- As políticas modernas de reforma agrária visam à integração dos trabalhadores agrícolas e dos pequenos e médios proprietários nas modernas técnicas de produção. Trata-se de reformas a estrutura fundiária e as relações de trabalho, buscando o estabelecimento de prioridades na produção.

- Há uma tendência a entrada do capital agroindustrial no campo, tanto nos setores voltados ao mercado externo quanto ao mercado interno. Assim, a produção agrícola tradicional tende a se especializar para produzir a matéria-prima utilizada pela agroindústria.

- Já é passado o tempo em que a economia rural comandava as atividades urbanas. O que se verifica hoje é a subordinação do campo a cidade, uma dependência cada vez maior das atividades agrícolas as maquinas, agrotóxicas e tecnológicas.

Os diferentes sistemas agrícolas no mundo A agricultura itinerante - A produção é obtida em pequenas e medias propriedades ou em parcelas de grande latifúndio, com utilizações de mão-de-obra

familiar e técnicas tradicionais. Por falta de recursos, não há preocupação com a conservação do solo, as sementes são de qualidade inferior e não há investimentos em fertilizantes, por isso, a rentabilidade e, as produções são baixas. Depois de alguns anos de cultivo, há uma diminuição da fertilidade natural do solo. Quando percebem que o rendimento está diminuindo, a família desmata uma área próxima e pratica queimada para acelerar o plantio, dando inicio a degradação acelerada de uma nova área, que em breve também será abandonada. Daí o nome da agricultura itinerante.

- Em algumas regiões do planeta, a agricultura de subsistência, itinerante e roça, está voltada as necessidades de consumo alimentar dos próprios agricultores. Tal realidade ainda existe em boa parte dos países africanos, em regiões do Sul e Sudeste Asiáticos e na América Latina, mas tem prevalecido hoje é uma agricultura de subsistência voltada ao comercio urbano.

- O agricultor e sua família cultivam um produto que será vendido na cidade mais próxima, mas o dinheiro que recebem só será suficiente para garantir a subsistência de cultivo e aumentar a produtividade.

- Esse tipo de agricultura é comum em áreas distantes dos centros urbanos, onde a terra é mais barata; predominam as pequenas propriedades, cultivadas em parceria.

Agricultura de jardinagem - Essa expressão tem origem no Sul e no Sudeste da Ásia, onde há uma enorme produção de arroz em planícies inundáveis, com

a utilização de mão-de-obra.- Tal como a agricultura de subsistência, esse sistema é praticado em pequenas e medias propriedades cultivadas pelo dono da

terra e sua família. A diferença é que nelas se obtém alta produtividade, através do selecionamento de sementes, da utilização de fertilizantes e de técnicas de preservação do solo que permitem a fixação da família na propriedade por tempo indeterminado. Em países como as Filipinas, a Tailândia, devido a elevada densidade demográfica, as famílias obtém áreas muitas vezes inferiores a um hectare e as condições de vida são bem precárias.

- Na China, desde que foram extintas as comunas populares, houve um significativo aumento da produtividade. Devido a grande população, o excedente a modernização da produção agrícola foi substituída pela utilização de enormes contingentes de mão-de-obra. Em algumas províncias, porém, está havendo um processo de modernização, impulsionando pela expansão de propriedades particulares e da capitalização proporcionada pela abertura econômica a parti de 1978. Sua produção é essencialmente voltada para abastecer o mercado interno.

As empresas agrícolas - São as responsáveis pelo desenvolvimento do sistema agrícola dos países desenvolvidos. Nesses sistemas, a produção é obtida

em medias e grandes propriedades altamente capitalizadas. A produtividade é bem alta devido à seleção de sementes, uso intensivo de fertilizantes, elevado de mecanização no preparo do solo, no plantio e na colheita, utilização de silos de armazenagem, sistemático de todas as etapas da produção e comercialização por técnicas.

- Funciona como uma empresa e sua produção são voltadas ao abastecimento tanto do mercado interno como o externo. Nas regiões onde se implantou esse sistema agrícola, há uma tendência a concentração de terras.

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RESUMO DE CONCURSOS

Plantation - É a propriedade monocultura, com produção de gêneros tropicais, voltadas para a exportação. Esse sistema agrícola foi

amplamente utilizado durante a colonização européia na América.- Na atualidade, esse sistema persiste em várias regiões do mundo subdesenvolvido, utilizando, além de mão-de-obra assalariada,

trabalho semi-escravo ou escravo, que não envolve pagamento de salário. Trabalha em troca de moradia e alimentação. No Brasil, encontramos plantation em várias partes de territórios, com destaque para as áreas onde se cultivam café e cana-de-açúcar.

- Próximo das platations sempre se instalam pequenas e medias propriedades policulturas, cuja produção alimentar abastecer os centros urbanos próximos.

Cinturão Verde e Bacias leiteiras - Ao redor dos centros urbanos, pratica a agricultura e pecuária intensiva para atender as necessidades de consumo da população

local. Nessas áreas, produzem-se hortifrutigranjeiros e cria-se gado para a produção de leite e laticínios em pequenas e medias propriedades, com predomínio da utilização de mão-de-obra familiar. Após a comercialização da produção, o excedente obtido é aplicado na modernização das técnicas.

A agropecuária em países desenvolvidos - A agricultura e a pecuária, no geral, são praticados de forma intensiva, com grande utilização de agrotóxicos, fertilizantes,

técnicas aprimoradas de correção e conservação dos solos e elevadas índices de mecanização agrícola. Por isso, a mão-de-obra no setor primária da economia é bem pequena.

- Nesses países, além do enorme índice de produtividade, obtém-se um enorme volume de produção que abastece o mercado interno e é responsável por grande parcela do volume de produtos agropecuárias que circulam o mercado mundial. Uma quebra na safra de qualquer produto cultivado nos Estados Unidos ou na Europa tem reflexos imediatos no comércios mundial e na cotação dos produtos agrícolas.

Agropecuária em países subdesenvolvidos - Tanto nos países subdesenvolvidos cuja base da economia é rural , como nas regiões pobres dos países subdesenvolvidos que se

industrializaram, há um amplo predomínio da agricultura de subsistência, que ocupa os piores solos, e do sistema de plantation, área de solos melhores. Essa situação é uma herança histórica do período em que esses países foram colônias.

- O setor primário constitui a base da economia nesses países. O percentual da população economicamente ativa que trabalha no setor primário é sempre superior a 25%, ou até muito mais, como a Etiópia, 77% da população ativa é agrícola. É comum vigorar uma política agrícola que priorize a produção voltada ao abastecimento do mercado externo, mais lucrativo.

EXERCÍCIOS

1. (SEE-SP-2010-CESGRANRIO) - Apesar da miséria de grande parcela dos trabalhadores rurais brasileiros, há outra face da agropecuária brasileira pautada pela modernização, pela alta produtividade e pela capacidade competitiva no mercado internacional.

Por trás dessa face moderna, estão as cadeias produtivas formadas por dezenas de elos ou agentes econômicos, integrados por diversos mecanismos, que constituem o que é denominado de;

a) agronegócio.b) associativismo.c) cooperativismo.d) parcerias contratuais.e) integração comercial.

2. (IBGE Recenseador – CESGRANRIO 2010) - Nos últimos anos, a matriz energética brasileira vem-se diversificando, sobretudo com a incorporação dos agro-combustíveis, como o etanol. O principal produto empregado na fabricação desse agro combustível no Brasil é a (o);

a) coco de babaçu.b) erva-mate.c) cera de carnaúba.d) cana-de-açúcar

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RESUMO DE CONCURSOS

3. (Agente Censitário – IBGE- 2010) - O MST, importante movimento social surgido nos últimos anos no país, tem como objetivo prioritário:

a) O aumento da produtividade no campo;b) A migração da cidade para o campo;c) A disputa por financiamentos agrícolas;d) A educação da população rural;e) A reforma agrária

4. (SEE/Geografia- 2009) - Considere as afirmações seguintes.I. A industrialização da agricultura intensificou a degradação dos solos no Brasil.II. A proposta de reservas extrativistas para a Amazônia tem ênfase na questão agrária, mas é compatível com a

preservação ambiental.III. A disseminação de pragas é mais intensa nas áreas de policultura do que nas áreas de monocultura.IV. A erosão dos solos é maior em cultivos temporários (algodão, arroz) do que em cultivos permanentes, como o café.V. As pastagens artificiais são os cultivos que menos protegem os solos da erosão.Estão corretas APENAS;a) I, II e III.b) I, IV e V.c) I, II e IV.d) II, III e V.e) III, IV e V.

5. (POLICIA CIVIL/SC. 2008-ACAFE) Sobre a divisão do trabalho na agricultura brasileira, assinale a alternativa correta.a) A economia extrativista vegetal é predominante da Amazônia, onde a presença da floresta contribui para tal atividade econômica.b) A modernização agrícola é mais evidente no Centro-Sul do país, onde as relações de trabalho capitalistas se desenvolveram

mais intensamente.c) A expansão da fronteira agrícola se evidencia num transbordamento da economia agrícola do Nordeste para o restante do país.d) No Centro-Oeste brasileiro a expansão da soja tem levado a mudanças na estrutura agrária e à devastação do Cerrado.

6. “Na década de 50 (no México) e na década de 60 (nas Filipinas, na Índia, no Paquistão e no Quênia), foi testado, com sucesso, o plantio de sementes híbridas de milho, trigo e arroz. Produto de pesquisas genéticas, essas sementes introduziam o cultivo de novas variedades de plantas com maior rendimento, mais resistentes às pragas e mais adaptadas às especificidades climáticas dessas regiões.”

As inovações tecnológicas a que o texto acima se refere constituem a:a) Revolução Industrial;b) Revolução Urbana;c) Revolução Verde;d) Revolução Cultural;e) Revolução Ideológica;

7. O máximo de produção agrícola com total aproveitamento do solo é obtido através do sistema;a) roçab) extensivoc) primitivod) intensivoe) itinerante

RESPOSTAS

1. A 2. D 3. E 4. C 5. D 6. B 7. D

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RESUMO DE CONCURSOS

PECUÁRIA DO BRASIL

Definição

Compreende a criação de gado (bovino, suíno e eqüino e etc.), aves, coelhos e abelhas. A criação de gado bovino é a mais difundida mundialmente devido à utilidade que apresenta ao homem - força de trabalho, meio de transporte e principalmente fornecimento de carne, leite e couro. O gado bovino compreende três espécies principais: O boi comum , o zebu ou boi indiano e o búfalo .

Finalidades:

Essa atividade está dividida em dois tipos, que compreende a pecuária de corte e de leite e ambas podem ser desenvolvidas de duas formas, pecuária intensiva e extensiva. Pecuária de corte consiste na criação de animais com o objetivo de fornecer carne. Na produção extensiva os animais são criados soltos em grandes áreas, alimentam-se de pastagens e não recebem maiores cuidados, em contrapartida, na intensiva os animais são manejados em pequenos recintos com dieta à base de rações balanceadas específicas para engorda ou leite.

A pecuária de corte é a criação destinada ao abate para o fornecimento de carne, as principais raças encontradas no Brasil são: Angus, Hereford, Shorthorn , Devon e etc.(inglesas) Nelore, Gir, Guzerá (indianas) e indu - brasileiras, Red polled, Normanda, Santa Gertudes e etc. (mistas)

A pecuária leiteira é a criação destinada à produção de leite e derivados. As melhores raças surgiram também na Europa daí espalhando-se para o mundo. As principais são:

Holandesa, Flamenga e Jersei.

Histórico

Introduzido no Brasil por volta de 1530 em São Vicente (SP), e logo após no Nordeste (Recife e Salvador), o gado bovino espalhou-se com o tempo para as diversas regiões do país da seguinte maneira:

- De São Vicente, o gado atingiu o interior paulista (região da França) e daí dirigiu-se para as regiões Sul e Centro - Oeste.- Do litoral nordestino, o gado se espalhou pelo Vale do São Francisco, Sertão Nordestino, região Norte (PA) e MG. A partir do séc. XIX as raças indianas (zebu) foram introduzidas na região Sudeste, principalmente em MG, onde adaptaram-

se bem e expandiram-se. Seu cruzamento com raças nacionais de qualidade inferior originou um gado mestiço indubrasil. No final do séc. XIX iniciou-se a importação de raças européias selecionadas, principalmente para o Sul do país, região que permitiu boa aclimatização e grande expansão.

Importância da Pecuária no Brasil

No decorrer de sua expansão geográfica, a pecuária desempenhou importante papel no processo de povoamento do território brasileiro, sobre tudo nas regiões Nordeste (sertão) e Centro - Oeste, mas também no sul do país (Campanha Gaúcha).

O Rebanho Bovino

O gado bovino representa a principal criação do país, e apresenta como características:- O rebanho brasileiro é na maior parte de baixa qualidade, e, portanto de baixo valor econômico;- A relação bovino/habitante no Brasil é muito baixa quando comparado à países Argentina, Austrália e Uruguai.- A idade média do gado para abate no Brasil é de 4 anos, muito elevada em relação a países como Argentina, E.U.A e Inglaterra

(cerca de 2 anos)- O peso médio também é muito baixo ainda, 230 a 240 quilos, contra mais de 600 quilos na Argentina, E.U.A e Inglaterra.- A pecuária brasileira é caracterizada pelo baixo valor econômico e pelo mau aproveitamento do potencial do rebanho, resultantes

principalmente de deficiências tecnológicas tais como:- Zootécnicas: falta de aprimoramento racial;- Alimentos: deficiência das pastagens (a maior parte é natural) e de rações complementares;- Sanitário: elevada incidência de doenças infecto-contagiosas e precária inspeção sanitária.

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RESUMO DE CONCURSOS

Principais áreas de Criação

Região SudestePossui o 2º maior rebanho bovino do país distribuídos em MG, SP, RJ e ES.Nesta região predomina a raça zebu (Nelore, Gir, Guzerá), aparecendo raças européias e mistas, destinadas tanto ao corte como

a produção de leite. As principais áreas de gado de corte são:SP: Alta Sorocabana (Presidente Prudente) e Alta Nordeste (Araçatuba);MG: Triângulo Mineiro e Centro - Norte do estado (Monte Claros);ES: Norte do estado (bacia do rio S. Mateus).

As principais áreas de gado leiteiro estão em:SP: Vale do Paraíba, encosta da Mantiqueira (S. João da Boa Vista, S. José do Rio Pardo e Mococa) e região de Araras Araraquara;MG: Zona da Mata, região de Belo Horizonte e Sul do estado.RJ: Vale do Paraíba e norte do estado.ES: Sul do estado (cachoeirinha de itapemirim).

OBS.: A região Sudeste possui a maior bacia leiteira e a maior concentração industrial de laticínios no país, abastecendo os maiores mercados consumidores, representados por SP, RJ e BH.

Região SulPossui o 3º maior rebanho distribuído pelo RS, PR e SC.Esta região destaca-se por possuir o rebanho que além de numeroso, é o de melhor qualidade no Brasil. O rebanho é constituído

por raças européias (Hereford, Devon, Shorthorn) e conta com técnicas aprimoradas de criação e condições naturais favoráveis, como: relevo suave, pasto de melhor qualidade, clima subtropical com temperaturas mais baixas e chuvas regulares.

No Sul prevalece a pecuária de corte. A principal área de criação é a Campanha Gaúcha, onde se localizam a maior parte do rebanho e importantes frigoríficos, tais como Anglo (Pelotas), Swift (Rosário). A pecuária nesta região destina-se principalmente à obtenção de carne, couro e charque para atender ao mercado interno e externo. A pecuária leiteira é menos importante, aparecendo principalmente nas áreas:

RS: porção norte - nordeste, abrangendo Vacuria, Lagoa Vermelha e Vale do Jacuí;SC: regiões de lagoas e Vale do ItajaíPR: porção leste do estado, abrangendo as regiões de Curitiba, Castro e Ponta Grossa.Além da pecuária bovina, a região Sul possui os maiores rebanhos nacionais de ovinos, concentrados principalmente na Campanha

Gaúcha (Uruguaiana, Alegrete, Santana do Livramento e Bagé) e de suínos, que aparecem no norte - nordeste de RS (Santana Rosa e Erexim), sudoeste do Paraná e no oeste catarinense (concórdia e Chapecó), onde se localizam os principais frigoríficos como a Sadia.

Região Centro – OestePossui o maior rebanho bovino do país, distribuídos por GO, MS, MT e DF.A pecuária é predominantemente extensiva de corte e destinada, na maior parte, ao abastecimento de mercado paulista. Apesar de

estar disseminada por toda a região, abrangendo tanto as áreas de cerrado como o pantanal, as maiores densidades de gado aparecem no sudoeste de MT (Chapada dos Parecia) e centro - leste (vales dos rios Cristalino e das Mortes), sudeste de GO e maior parte de MS (pantanal e centro - sul).

A maior parte do Centro-oeste, oferece boas possibilidades de expansão pecuária porque tem abundância de pastagens naturais, boa pluviosidade no verão, os preços das terras são mais acessíveis em relação aos do Sudeste e Sul e é próxima do maior centro consumidor do país. Na verdade a quantidade de cabeças vem crescendo, porém a qualidade deixa muito a desejar.

A pecuária leiteira é pouco significativa ainda; aparecendo principalmente na Porção Sudeste de Goiás (Vale do Paraíba), que abastece as regiões de Goiânia e DF.

Região NordestePossui o 4º maior rebanho bovino do país, concentrado principalmente em: BA, MA, CE, PE e PI.A pecuária bovina do nordeste é predominantemente extensiva de corte. Apesar de estar difundida por toda a região, a principal

área pecuarista é o Sertão. A pecuária leiteira ocupa posição secundária e está mais concentrada no Agreste, onde se destacam duas bacias leiteiras, a bacia do Recife (Pesqueira, Cachoeirinha, Alogoinhas e Guranhum) e a de Batalha em Alagoas.

A produtividade do rebanho nordestino é das mais baixas do país, tanto em carne como em leite.

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RESUMO DE CONCURSOS

Região NortePossui o menor rebanho bovino do país, concentrado principalmente no estado do Pará.Apesar de ser o menor, foi o que mais cresceu no último decênio.Nesta região predomina a pecuária extensiva de corte, e as áreas tradicionais de criação correspondem aos campos naturais do:Pará: Campos de Marajó, médio e baixo Amazonas.Amazonas: médio Amazonas e as regiões dos rios Negro e SolimõesAcre: Alto Peirus e alto JureiáAmapá: Litoral Rondônia: Vale do rio madeiraNas ultimas décadas a expansão pecuária na região Norte tem sido muito grande, mesmo a custa de desmatamento indiscriminado,

invasão de terras indígenas e restrição das áreas de lavoura. Essas áreas de expansão estão principalmente no leste e sudeste do Pará (Paragominas, Conceição do Araguaia), Amazonas, Rondônia e Acre é a chamada ‘’Expansão da Fronteira Agrícola’’, essas áreas estão sendo utilizada no cultivo da soja e na criação bovina de corte.

A pecuária leiteira é muito restrita e aparecem nas proximidades das capitais Belém, Manaus e etc. Esta região conta com o maior rebanho de búfalos do país, concentrados principalmente na ilha de Marajó (PA).

O Brasil é um dos maiores exportadores de carne do mundo.

Apesar dos contrastes no desenvolvimento econômico do Brasil sendo considerado um país industrializado, ao mesmo tempo em que ocupa um dos primeiros lugares em produção agrícola e pecuária.

A pecuária exerce uma grande relevância nas exportações brasileiras, além de abastecer o mercado interno. É uma atividade econômica desenvolvida em áreas rurais que consiste na criação de animais (como o gado) com o objetivo de comercializá-los, suprindo assim as necessidades da família do criador.

No caso dos bovinos, além da carne são extraídas outras matérias-primas como o couro (produção de calçados), pele (vestuário), ossos (fabricar botões) e muitos outros.

Fundamentalmente a atividade em foco é ligada à criação de gado (bovinos), embora seja considera também a produção de suínos, aves, eqüinos, ovinos, bufalinos. Esse ramo tem como responsabilidade principal disponibilizar para o mercado alimentos como carne, leite e ovos, base da dieta humana.

EXERCÍCIOS

1. (PUC) A Região Sul se destaca em termos de atividade criatória e entre as regiões brasileiras é a que dispõe do maior rebanho de:

a) bovinos e equinosb) equinos e asininosc) asininos e muaresd) suínos e ovinose) ovinos e caprinos

2. (MACKENZIE) O Pantanal mato-grossense possui características singulares que o individualizam e tornam uma unidade fisiográfica e morfoestrutural única no território brasileiro, com uma economia caracterizada pela:

a) criação extensiva de gado bovino.b) criação intensiva de gado bovino.c) extração mineral.d) elevada densidade de produção agrícola.e) policultura comercial.

3. (CESGRANRIO) Que atividade econômica foi desenvolvida no Vale do Paraíba do Sul, como fase intermediária entre a cultura cafeeira e a indústria?

a) plantação de milhob) cultivo de videirac) plantação de algodãod) pecuária leiteirae) rizicultura

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RESUMO DE CONCURSOS

4. O rebanho ovino do Brasil, em razão das condições climáticas mais favoráveis, concentra-se principalmente no Estado de: a) São Paulob) Mato Grossoc) Rio Grande do Suld) Rio de Janeiroe) Pará

5. O Vale do Itajaí (SC) destaca-se por apresentar expressivo rebanho:a) caprinob) bubalinoc) ovinod) equinoe) bovino de leite

6. (SANTA CECÍLIA - Santos) A maior parte do rebanho bovino brasileiro está concentrada na região:a) Sudesteb) Sulc) Centro-Oested) Nordestee) Norte

As questões 07 e 08 estão ligadas ao texto a seguir:

“O homem está destruindo, em poucas décadas, o que a natureza levou milhões de anos para construir. A enorme capa de basalto, encobrindo o arenito, já está totalmente desaparecida, em virtude da erosão. A prática da queima e o pisoteio dos campos pelo gado bovino e principalmente ovino, não permitem uma margem de tempo para que a terra recupere suas qualidades naturais.”

7. O texto acima aplica-se melhor às áreas agropecuárias do:a) sul de Goiásb) oeste de Mato Grossoc) oeste de Mato Grosso do Suld) norte do Paranáe) oeste do Rio Grande do Sul

8. Qual das seguintes alternativas apresenta o tema mais abrangente do texto?a) Degradação dos recursos naturais.b) Empobrecimento de áreas agrícolas.c) Erosão em solos de campos.d) Conseqüências de atividades pecuárias.e) Conseqüências do desmatamento. 9. (UNISA) Na região Sudeste, dois Estados se destacam na criação de gado:a) Espírito Santo e Rio de Janeiro;b) Minas Gerais e Espírito Santo;c) São Paulo e Rio de Janeiro;d) Minas Gerais e São Paulo;e) Rio de Janeiro e Minas Gerais.

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RESUMO DE CONCURSOS

10. (FUVEST) “Até hoje, a produção leiteira é das mais importantes do vale que se tornou uma das mais fortes áreas da zona de laticínios da Região.” O vale e a Região a que se refere o texto são, respectivamente:

a) Vale do Paraíba e Região Sudeste;b) Vale do Ribeira e Região Sudeste;c) Vale do Rio Doce e Região Sudeste;d) Vale do São Francisco e Região Nordeste;e) Vale do Itajaí e Região Sul.

RESPOSTAS

1. D 2. A 3. D 4. C 5. E 6. C 7. E 8. A 9. D 10. A

ANOTAÇÕES

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RESUMO DE CONCURSOS

FONTES DE ENERGIA

O homem desde a antiguidade, até os nossos dias tem procurado novas fontes de energia para realizar suas tarefas diárias. No começo, usava-se apenas a força de animais para transportar mercadorias ou arar a terra. Mas, com o tempo, os progressos técnicos foram avançando e novas fontes de energia foram sendo descobertas, tornando o trabalho humano mais eficiente.

Desde a revolução Industrial, quando houve a entrada das maquinas, o trabalho humano vem se tornando cada vez necessário. Quando uma maquina é aperfeiçoada, a produtividade aumenta e, como, hoje em dia, a energia já não é mais tão barata como antes, o homem tem se preocupado com as formas de economizá-la. Desde a Segunda Guerra Mundial o consumo vem aumentando sem parar, e o desenvolvimento tecnológico busca meios de economizar os meios de produzir e transportar mercadorias.

O consumo de energia está intimamente relacionado com a qualidade de vida do país. Em países desenvolvidos o consumo é maior, devido ao grau de industrialização e o nível de consumo residencial em aparelhos domésticos.

O setor energético quase sempre é controlado pelo Estado, através de política de planejamento da produção, concessão de exploração de grupos privados ou intervenção direta na produção da atração de empresas estatais.

O setor energético está inserido diretamente na geopolítica e economia de um país. Qualquer aumento nos custos ou problemas na produção de energia afeta todas as atividades desenvolvidas no país. A produção industrial, o sistema de transportes, de segurança, de saúde, de educação, lazer, comercial, agricultura dependem de energia, por isso a falta dela, afeta todo o país.

A energia gasta na produção industrial é necessariamente um fator que pode tomar a mercadoria mais ou menos competitiva no comércio internacional. Assim, qualquer nação almeja atingir a auto-suficiência e baixos custos na produção de energia, para que as atividades econômicas não sejam afetadas pelas oscilações de preço de mercado internacional e nem dependam de boa vontade de terceiros para o fornecimento de energia.

O petróleo é a principal fonte de energia do planeta, seguida pelo carvão mineral e pelo gás natural. Isso é preocupante, visto que 90% da energia consumida no planeta é provida de fontes não-renováveis, quer dizer, que um dia vã se esgotar. Isso não quer dizer que faltará energia no mundo, mas que haverá um trabalhoso e caso período de transição para nos acostumarmos com a utilização de um novo tipo de energia.

Petróleo

O petróleo é encontrado em bacias sedimentares resultantes do soterramento de antigos ambientes aquáticos. Pode ser encontrado nos estados sólidos, líquidos e gasosos. É usado pelo homem desde a muito tempo.

O petróleo, além de ser a principal fonte de energia do planeta, é importantíssimo e está presente em todo o nosso cotidiano. Com ele, as indústrias petroquímicas fabricam o plástico, a borracha sintética, os fertilizantes e os adubos usados na agricultura. Mas, essa grande dependência gera outras questões: o petróleo é uma fonte não-renovável de energia. Algumas previsões indicam que ele se esgotará em no mínimo dois séculos.

Edwin Drake encontrou petróleo em apenas 21 metros de profundidade, na Pensilvânia, Estados Unidos, e passou a comerciá-lo com as cidades (em substituição ao óleo de baleia utilizado na iluminação pública). Junto com esse rápido consumo, surgiram companhias petrolíferas, atuando em todos os quatros fases econômicas de exploração: extração, transporte, refino e distribuição.

A partir da década de 30, diversas empresas estatais passaram a atuar diretamente nos quatros fases econômicas do petróleo, ou pelo menos em uma delas. Alguns países fizeram concessões para que as empresas estrangeiras atuassem no setor petrolífero. Exemplo: a Pemox, no México; a Petroven, na Venezuela; a Agip, na Itália. No Brasil, com a criação da Petrobrás em 1953, estatizaram a extração, o refino e o transporte. Em 1995, foi extinto o monopólio da Petrobrás.

Em 1960, criou-se a OPEP (Organização dos países Exportadores de Petrobrás), formada por 11 países: Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Catar, Indonésia, Argélia, Nigéria, Líbia e Venezuela.

Com a eclosão da guerra entre Irã e Iraque, entre 1979 e 1980, os países importadores ficaram apreensivos com a possibilidade iminente de ingresso de outras nações árabes no conflito. Se isso acontecesse, a oferta mundial do petróleo ficaria comprometida, o que levou muitos países a comprar o produto, visando aumentar os seus estoques estratégicos. Com isso, a OPEP elevou o preço do barril para 34 dólares.

Com isso elevações do preço do petróleo, os países importadores ficaram ainda comprometidos, pois agravava ainda mais a crise econômica do mundo desenvolvido, que já se arrastava desde o final da década de 60.

Para enfrentar a crise, estabeleceram duas estratégias: aumento da produção interna e substituição do petróleo por fontes alternativas. Essas medidas visavam diminuir a dependência energética.

Em 1986, com a substituição por outras fontes e com o aumento da produção em escala mundial, a lei da oferta e da procura voltou a funcionar e, a cotação do Brasil caiu para 12 dólares.

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RESUMO DE CONCURSOS

A partir de 1986, o poder da OPEP foi se fragilizando, e ficava cada vez mais complicado estabelecer um acordo de preços e cotas de produção entre os países membros. Os Estados Unidos conseguiram essa fragilização de favorecimento comercial a Arábia Saudita e ao Kuwait.

Em dezembro de 1990, o Iraque invadiu o Kuwait e ameaçou invadir a Arábia Saudita, sob o pretexto de disputa territorial, mas a verdade é que eles estavam tentando impedir que esses países extrapolassem a cota de produção de petróleo estabelecida pela OPEP, que estava causando queda no preço do barril. Os Estados Unidos, querendo defender seus interesses comerciais, interfeririam imediatamente, enviando tropas ao Oriente Médio e pondo fim a guerra em janeiro de 1991. Durante o conflito, o barril de petróleo atingiu seu preço Maximo de 40 dólares. Com o restabelecimento da normalidade no Oriente Médio, o preço no final da década de 90 em torno de 16 dólares o barril.

Carvão mineral e Gás Natural

A participação dessas fontes de energia aumentou significativamente a parti das crises do petróleo em 1973, 1979 e 1991, que levaram os países a substituí-los por outras fontes de energia. O carvão mineral ocupa hoje a segunda posição, e o gás natural a terceira no consumo mundial de energia.

O carvão mineral é uma fonte de energia muito abundante, o que torna o substituto imediato do petróleo em situações de crise e aumento de preços. Mas, o carvão mineral acarreta prejuízos ambientais ao planeta, pois a estrutura molecular do carvão contém enorme quantidade de carbono e enxofre que, após a queima para a atmosfera na forma de gás carbônico, que agrava o efeito estufa, e o dióxido de enxofre, o grande responsável pela ocorrência da chuva ácida.

O carvão mineral, também é uma importante matéria-prima da indústria de produtos químicos orgânicos, que produz piche, asfalto, plásticos, etc.

O gás natural, além de ser mais barato e facilmente transportável em condutores, apresenta uma queima quase limpa, que polui pouco a atmosfera se comparada a do carvão e a do petróleo. E sua queima libera uma boa quantidade de energia, que vem sendo utilizada, cada vez mais, nos transportes e na produção industrial.

Energia Elétrica A energia elétrica é produzida principalmente em usinas, termelétrica e termonuclear. O que muda em cada uma é a forma de

girar um eixo e produzir energia mecânica, que será posteriormente transformada em eletricidade. Hidrelétrica A energia hidrelétrica é gerada através de uma barragem feita em rio que apresenta não necessariamente uma queda d’água, e sim

de desníveis que possibilitem a instalação de uma barragem que forme uma represa e crie uma queda artificial. A energia potencial da barragem faz girar o eixo de uma turbina, gerando energia mecânica, que, posteriormente, é transformada em energia elétrica. Trata-se de uma forma limpa, barata e renovável de obtenção de energia, havendo imposto ambiental apenas na construção das barragens e no consequente represamento da água.

Termelétrica Para se obter energia elétrica a partir da termeletricidade, aumentam-se os custos e o impacto ambiental, mas a construção de uma

mina requer investimentos menores do que a de uma hidrelétrica. O que faz a turbina de usina termelétrica girar é a pressão do vapor de água obtido através da queima de carvão mineral ou petróleo. Sua vantagem em relação a hidrelétrica é que a localização da usina é determinada pelo homem e não pela topografia do terreno, o que possibilita sua instalação nas proximidades da área de consumo.

Energia Atômica O que movimenta a turbina de uma usina nuclear é o vapor de água, que é gerado através da fissão de átomos de urânio em um

reator. As usinas nucleares são típicas de países desenvolvidos, já que o custo da instalação é elevado e a tecnologia incorporada ao

processo é avançada.Se ocorrer alguns acidentes com essas usinas, a radiatividade leva anos ou até mesmos séculos para se dissipar. Ainda outro

problema, é o destino do lixo atômico. Diversa outra forma de obtenção de energia elétrica vem sendo estudada por vários países, mas a sua produção e instalação ainda

dependem da redução dos custos.

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RESUMO DE CONCURSOS

As fontes de energia no Brasil

As principais fontes de energia do Brasil são: petróleo, água, carvão mineral, lenha e carvão vegetal, álcool, xisto e a energia nuclear.A fonte de energia mais importante para o Brasil é o petróleo, que existe em quantidade insuficiente no país – apesar de algumas

descobertas recentes dessa riqueza mineral. Esse combustível fóssil é responsável por cerca de 35% do consumo nacional de energia. O gás natural, que normalmente surge associado ao petróleo em certos terrenos sedimentares, participa com 0,6% desse consumo, sendo todo ele produzido internamente.

A energia hidráulica, que representa 32,5 % do consumo energético do país, ainda é subaproveitada: apenas 25% do potencial hidroelétrico foi aproveitado até 1990 para a obtenção de energia elétrica. Restam 75% do potencial hidráulico dos rios brasileiros a serem aproveitados como fontes de energia. Mas no tocante à produção de eletricidade, a fonte hidráulica ganha longe das demais: cerca de 93% da energia elétrica do país provém de usinas hidroelétricas e apenas 7% é fornecido por usinas termelétricas.

As fontes de energia, assim como todos os recursos naturais que homem utiliza, podem ser de dois tipos: as renováveis, isto é, que podem ser aproveitadas indefinidamente, tais como a biomassa, a energia hidráulica, a solar, os ventos, etc.; e as não-renováveis, constituídas pelos recursos que existem em quantidade limitada no planeta e tendem esgotar, como é o caso do petróleo, do carvão mineral, do urânio, e do xisto betuminoso.

As fontes de energia não-renováveis, portanto, apresentam o problema de se esgotarem completamente daqui a algumas décadas ou séculos. Além disso, normalmente elas provocam maior poluição que as fontes renováveis.

Os combustíveis fósseis, tais como o petróleo e o carvão, são os mais poluentes de todos, tendo uma grande parte de responsabilidade pela poluição atual dos oceanos, da atmosfera, dos solos e rios.

Energia e Indústria

A industrialização de uma sociedade sempre provoca um notável aumento do consumo energético. As fontes de energia constituem um dos pré-requisitos básicos para o desenvolvimento da atividade industrial, pois para haver fábricas é necessário que existam petróleo, carvão, além de matérias – minérios, madeiras, etc.

No Brasil notamos que o setor que mais gasta energia é o industrial, com mais de 40% do total. Em segundo lugar vêm os transportes, com mais de 20%. Depois aparecem, como maiores consumidores de energia, o setor residencial, o comércio e o setor público.

Energia hidroelétricaO potencial hidráulico brasileiro é considerado o 3° do mundo, e sua utilização, apesar de cerca de 70% desse potencial

permanecer ainda inaproveitado, tem sido intensa, pois cerca de 93% da eletricidade gerada no país provém das usinas hidrelétricas.Como podemos observar, a energia hidráulica pode perfeitamente suprir todas as necessidades brasileiras de eletricidade. E

ela apresenta uma série de vantagens em relação à energia produzida em usinas termelétricas e atômicas. Uma delas é que a água não se esgota, outra que seu custo operacional é menor que o das usinas nucleares e termelétricas. Outra vantagem é o fato de ser menos poluente que essas outras formas de obtenção de eletricidade. A grande desvantagem das usinas hidroelétricas é o espaço que ocupa com o lago artificial imposto pela construção da usina: com o represamento do rio e formação do lago, sempre há perda de bons solos agricultáveis e a necessidade de remoção de populações.

O Petróleo

A produção nacional de petróleo, que se concentra nos estados do Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Norte e Sergipe. O petróleo ocupa 1° lugar dentre as fontes de energia utilizadas no Brasil e é responsável por cerca de 35% do total de

energia consumida no Brasil. Além de servir como fonte de energia, o petróleo é importante como matéria-prima para vários tipos de indústrias.

As principais áreas produtoras de petróleo no Brasil são:- Recôncavo Baiano- Bacias de Sergipe, Alagoas e Rio Grande do Norte- Bacia do Espírito Santo- Áreas da Plataforma Continental. Essas áreas vão da Bahia até o Rio de Janeiro, onde se destaca a Bacia de Campos.

O carvão mineral

As maiores reservas nacionais de carvão mineral encontram-se no sul do país, em formações sedimentares do Paleozóico, e vão do Rio Grande do Sul ao Paraná. As jazidas de melhor qualidade encontram-se em Santa Catarina, de onde se extrai a maior parte de carvão utilizado no país.

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RESUMO DE CONCURSOS

O Brasil é um país importador de carvão mineral, não tanto devido à carência desse produto e sim pelo fato de os alto-fornos das siderúrgicas necessitarem de carvão de boa qualidade, que não deixa resíduo.

O Álcool

O Programa Nacional do Álcool – Proálcool – foi criado em 1975 como uma tentativa brasileira de desenvolver fontes alternativas de energia que substituíssem pelo menos parcialmente, o petróleo.

Apesar de o Proálcool ter sido um dos elementos – juntamente com os grandes aumentos do preço do petróleo – ter contribuído para a desaceleração das importações de petróleo, ele apresenta uma série de aspectos negativos, que são:

- O cultivo da cana-de-açúcar expandiu-se muito nos últimos anos, ocupando terras que produziam gêneros alimentícios. Isso trouxe conseqüências para a alimentação do povo e contribuiu para a elevação de preços dos gêneros agrícolas básicos.

- O uso do álcool como combustível em substituição à gasolina não alterou o modelo de desenvolvimento dos transportes do Brasil, onde os beneficiários são sempre uma minoria da população.

Assim, continua-se a dar prioridade ao automóvel particular em detrimento dos transportes coletivos.

A Energia nuclear

No final da década de 60, o governo brasileiro começou a definir o Programa Nuclear Brasileiro, em especial o acordo nuclear com a Alemanha, que vem sendo objetivo de inúmeras críticas, por vários motivos:

- Em primeiro lugar, foi uma decisão tomada de “cima para baixo”, isto é, sem consulta à população e nem a associações científicas do país.

- Em segundo lugar porque se percebeu que o argumento usado para assinatura do Acordo Nuclear era falso, pois o potencial hidráulico do país não estava se esgotando (como foi dito )

Devemos lembrar, ainda, que os custos de construção e operação das usinas nucleares são bastante altos, cerca de 3 vezes mais que os de uma usina hidroelétrica equivalente. Além disso, os riscos que a energia nuclear envolve são muito grandes.

Outras fontes

Além das fontes de energia anteriores, oferecem alguma importância para o Brasil outras fontes que são:

- Xisto betuminoso

O Brasil é um dos países que possuem grandes reservas de xisto, localizadas principalmente na área da formação Irati, que vai de São Paulo até o Rio Grande do Sul.

O aproveitamento desse minério ainda é muito pequeno, devido inúmeras dificuldades técnicas e ocorrências de poluição a serem superadas.

- Lenha e carvão vegetal

A lenha e o carvão vegetal sempre desempenharam um papel importante para a industrialização brasileira, tendo sido fonte básica para um grande número de indústrias. Mas sua importância foi decaindo com o tempo.

Seu uso implica um e desmatamento muito grande, e o reflorestamento da área desmatada torna a exploração dessa fonte inviável economicamente, pois se demora muito para produzir novas arvores.

- Energia solar

Essa fonte de energia mostra um futuro promissor no país, porém a tecnologia para uso dessa fonte encontra-se ainda em estágio incipiente. Seu uso mais comum, no Brasil, é para aquecimento de água em residências e hotéis.

Entretanto, a tecnologia existente, ainda rudimentar, aproveita muito pouco da enorme quantidade de energia proveniente dos raios solares, além de não dominar perfeitamente a técnica de armazenamento.

- BicombustívelSão todos os combustíveis de origem biológica, ou seja, que não é de origem fóssil. Sua origem vem da cana-de-açúcar, mamona,

soja, babaçu e etc.

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RESUMO DE CONCURSOS

São considerados bicombustíveis:

- Etanol: é produzido através da biomassa biodegradável, para utilizá-lo como bicombustível; - Gás: também é produzido através da biomassa biodegradável, porém ele pode ser transformado em gás natural; - Metanol: assim como o éter dimetílico, o metanol também é produzido pela biomassa e também serve para ser utilizado como

biocombustível; - Combustíveis sintéticos: são hidrocarbonetos sintéticos que são produzidos através da biomassa; - Biohidrogênio: é um hidrogênio produzido por biomassa biodegradável, para ser utilizado como bicombustível;

EXERCÍCIOS

1. As jazidas brasileiras de carvão mineral localizam-se em terrenos, datando geologicamente:a) do proterozóicob) do triássicoc) do pliocenod) do cambrianoe) do permocarbonífero

2. (CEFET-PR) dentre as citadas assinale a alternativa que contenha apenas as fontes de energia renováveis mais utilizadas no Brasil:

a) Solar, hidrelétrica e eólica.b) Hidráulica, lenha e biomassa.c) Hidráulica, xisto e solar.d) Petróleo, solar e lenha.e) Álcool, eólica e solar.

3- (PUC) A Usina de Itaipu é um empreendimento conjunto:a) Brasil – Paraguai;b) Brasil – Argentina;c) Brasil – Paraguai – Argentina;d) Argentina – Paraguai;e) Brasil – Uruguai.

4. (PUC) A área carbonífera de Santa Catarina compreende os municípios de:a) Brusque, Jaraguá do Sul e Lages;b) Campos Novos, Chapecó e Aranguá;c) Joinville, Blumenau e Rio do Texto;d) Criciúma, Lauro Müller e Urussanga;e) Itajaí, Florianópolis e Laguna.

5. A bacia sedimentar do Brasil, que responde pela maior produção de petróleo é:a) Bacia de Carmópolis.b) Bacia de Tabuleiro do Martins.c) Bacia do Meio-Norte.d) Bacia do Recôncavo Baiano.e) Bacia de Campos.

6. (FGV) Sobre o consumo de energia no Brasil é correto afirmar que:a) a Região Sudeste não consegue consumir toda a energia que produz;b) o setor residencial e de comércio representam 80% do consumo total de energia;c) mais da metade da energia consumida no país provém de fontes renováveis, como a hidráulica e a biomassa;d) nesta década, devido às sucessivas crises econômicas, não tem havido aumento do consumo de energia;e) o petróleo e o carvão mineral representam mais de 70% de energia produzida para consumo no país.

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RESUMO DE CONCURSOS

7. (TAUBATÉ) Usina brasileira que se revelou um verdadeiro fracasso em todos os aspectos: técnico, financeiro, social e ecológico. Inundou 2.360 metros quadrados de floresta, sem qualquer aproveitamento, e vai gerar uma energia muito cara em relação ao investimento, sem atender à demanda da região:

a) Tucuruíb) Balbinac) Xingód) Orocóe) Paratinga

8. A energia elétrica, no Brasil, contribui de maneira significativa para atender às necessidades do país em fontes de energia. O setor que mais utiliza ou consome energia elétrica no Brasil é:

a) a indústriab) os domicíliosc) o comérciod) a iluminação públicae) os transportes

9. O levantamento do potencial hidráulico das principais bacias hidrográficas brasileiras demonstra a grande supremacia dos rios da bacia:

a) Amazônicab) do São Franciscoc) do Paranád) do Tocantins-Araguaiae) do Leste

RESPOSTAS

1. E2. B3. A4. D5. E6. C7. B8. A9. A

ANOTAÇÕES

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RESUMO DE CONCURSOS

ASPECTOS DA POPULAÇÃO MUNDIAL

- A população mundial já ultrapassa o total de 6 bilhões de pessoas.- Estimativas da ONU calculam que a partir de 2050 chegará à 8,9 bilhões de pessoas.- Mas já esta havendo uma desaceleração no ritmo de crescimento populacional devido à alguns fatores: - Redução do numero de filhos por mulher- Aumento da mortalidade em algumas regiões (doenças, AIDS, guerras)

O crescimento da população é diferente em determinados países:

- Crescimento maior nos países subdesenvolvidos (baixos índices econômicos e sociais)- Menor nos países desenvolvidos

Quando há um grande crescimento populacional (altas taxas de natalidade) dizemos que existe uma explosão demográfica no país.

Quando há um equilíbrio entre o número de nascimentos e os números de mortes dizem que existe uma transição demográfica.

Fatores que contribuem para a redução do crescimento populacional:- Controle de natalidade - imposto pelo governo- Planejamento familiar - Métodos contraceptivos- Educação- Aumento do custo de vida - Entrada da mulher no mercado de trabalho

Distribuição da população mundial

A população mundial esta irregularmente distribuída pelo planeta.Existem áreas favoráveis à ocupação humana (ecúmenas) vales, planícies etc; E áreas desfavoráveis a ocupação (anecúmenas) desertos, florestas, altas montanhas.

Conceitos fundamentais da demografia

- População absoluta

- Número total de habitantes (pais, estado, cidade) - Países com grande número de habitantes – populoso- Países com pequeno número de habitantes – pouco populoso

Por exemplo, a China possui a maior população absoluta entre os países do mundo, com aproximadamente 1 bilhão e 300 milhões de habitantes. Ou seja, de cada cinco habitantes do planeta Terra, um é chinês (cerca de 20% dos 6,5 bilhões de habitantes do planeta).

Podemos, portanto, afirmar que a China é o país mais populoso do mundo. Populoso é o país que apresenta grande população absoluta.

Países mais Populosos do Mundo- 1º China 1.300.000.000 hab.- 2º Índia 1.100.000.000 hab.- 3º EUA 300.000.000 hab.- 4º Indonésia 220.000.000 hab.- 5º Brasil 185.000.000 hab.

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RESUMO DE CONCURSOS

População relativa

- Número de habitantes por km² - Países com grande concentração de população por km² - países povoados- Países com pequena concentração de população por km² - países pouco povoado

População relativa – pode ser chamada também de densidade demográfica e é obtida dividindo-se o número de habitantes pela área em que eles vivem (nº hab/Km_).

Podemos concluir que o Brasil possui uma baixa densidade demográfica, pois está muito abaixo da média mundial. Portanto o Brasil é um país populoso e pouco povoado; isto é, possui uma grande população absoluta, mas uma baixa densidade demográfica

É a maneira pela qual a população de certo lugar está distribuída em seu território. A população brasileira encontra-se muito mal distribuída, cerca de 70% vivem em uma faixa de aproximadamente 100 km junto ao litoral, apresentando elevadas densidades demográficas, por exemplo:

Dois fatores contribuem para a ocupação da população mundial:- Fatores físicos – áreas ecúmenas ares anecúmenas- Fatores históricos – migrações, econômicos e sociais

Estrutura da população

- Estuda a distribuição da população por faixas de idades: - De 0 a 19 anos – Jovem- De 20 a 59 – Adulto- De 60 anos em diante – Idosos

Países desenvolvidos possuem mais população de adultos e idosos – alta expectativa de vida.Países subdesenvolvidos possuem mais população jovem – déficit de mão de obra, gasto com educação. A forma de apresentar

a estrutura da população é a pirâmide etária, que mostra além das faixas de idade a estrutura por gêneros (masculino e feminino).

Outra forma de analisar se um país é desenvolvido, subdesenvolvido ou em desenvolvimento é através da estrutura ocupacional da população. A população é dividia em economicamente ativa (PEA) e inativa. Países com mais população economicamente ativa são mais desenvolvidos

A dinâmica da população

Estuda o crescimento da população levando em conta os seguintes fatores:

Nascimento – Morte – Migração

Quando um país tem o numero maior de nascimentos do que morte em um determinado período há um crescimento populacional.

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RESUMO DE CONCURSOS

Taxa de natalidade

É o numero de nascidos vivos em um ano por mil habitantes. É a relação entre os nascimentos e a população total expressa por mil habitantes

Exemplo:

Nascimentos anuais - 775.000População total - 55.173.000

Taxa de natalidade = 775.000 x 1000 = 775.000.000 14%( 14 por mil) 55.173.000 55.173.000

Para cada 1000 habitantes nasceram 14 crianças em um ano.

Crescimento natural ou vegetativo

É a diferença entre as taxas de natalidade e taxas de mortalidade de uma população no período de um ano. Quando há um rápido crescimento vegetativo em uma região pode-se falar que houver uma explosão demográfica.

Fatores que contribuem para um rápido crescimento vegetativo:- Casamento precoce- Religião- Condições econômicas- Falta de instrução- Falta de planejamento familiar- Aumento da expectativa de vida- Urbanização- Saneamento básico- Progresso na medicina- Mecanização agrícola- alta produtividade

Movimentos Migratórios:

▪ Migração: É todo movimento de população que ocorre no espaço geográfico.Migrante é aquele que realiza o movimento de migração.

▪ Emigração: Refere-se ao ato da saída de um país para outro.

▪ Imigração: Refere-se ao ato da entrada em outro país .- Os deslocamentos populacionais apresentam uma série de causas:

▪ Causas de repulsão: Explicam a saída da população – ocorrem nas áreas de emigração.

▪ Causas de atração: Explicam a entrada da população – ocorrem nas áreas de imigração.

Essas causas podem ser:

▪ Naturais: Como a desertificação de um local, secas prolongadas, inundações, terremotos.No Brasil podemos lembrar as secas prolongadas que ocorrem no Sertão.

▪ Políticas/religiosas: Incluindo guerras civis, revoluções, perseguições religiosas, conflitos separatistas, discriminação com violência (racismo).

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RESUMO DE CONCURSOS

▪ Econômicas: São as de maior importância no caso das migrações internas no Brasil. Inclui a decadência econômica de uma região e o crescimento de outra.

- Podemos observar que a maior parte dos migrantes se desloca a procura de um emprego, de melhores níveis salariais e de um melhor padrão de vida.

Fogem também de áreas em conflito, de perseguições étnicas e religiosas.

Migrações no Brasil

Breve histórico

- Séculos XVI e XVII – deslocamento de pessoas do litoral para o interior do Nordeste acompanhando a expansão da pecuária (através do Vale do São Francisco);

- Século XVIII – deslocamento de paulistas e nordestinos para Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso atraídos pela descoberta de ouro e pedras preciosas;

- 1870-1910 – deslocamento de nordestinos para a Amazônia (especialmente para o Acre, durante o ciclo da borracha;- Final do século XIX-início do século XX – nordestinos para São Paulo, atraídos pela cafeicultura;- Década de 1940 – nordestinos para oeste paulista e norte do Paraná, atraídos pela expansão da cultura do algodão;- Década de 1950 – nordestinos para Goiás, atraídos pela oferta de empregos na construção civil durante a construção de Brasília;- Décadas de 1960/70 – nordestinos para a Amazônia, devido aos projetos de colonização agrícola e de mineração, além da

abertura de rodovias como a Transamazônica.- Historicamente a principal região de emigração no Brasil tem sido o Nordeste. Isso não se deve exclusivamente às secas,

mesmo porque devemos lembrar que não é só o sertanejo que deixa sua região. A falta de empregos, de infraestrutura, a concentração de terras e o baixo padrão de vida são os fatores principais para a saída dos nordestinos de sua região. A seca é um agravante para aqueles que moram nas áreas afetadas por esse fenômeno climático.

Além desses movimentos importantes ao longo da história do Brasil existem alguns movimentos específicos e muito importantes;

▪ Êxodo rural

- Envolve o deslocamento do campo para a cidade. - A população sai do campo devido à falta de empregos, baixos níveis salariais, concentração de terras nas mãos de poucos

proprietários, modernização agrícola, falta de infraestrutura na zona rural.- Seguem para as cidades. São atraídos por: maior oferta de empregos (economia mais dinâmica nas áreas urbanas), salários mais

elevados, melhor infraestrutura.- A idéia equivocada de maior facilidade para o enriquecimento, a eterna perseguição do eldorado nas metrópoles despertam a

atenção.- Constituem uma mão-de-obra sem qualificação que vai enfrentar uma dura realidade nas cidades, como a feroz competição

pelo mercado de trabalho. - As expectativas são frustradas logo no início e boa parte desses migrantes vai engrossar as estatísticas dos excluídos sociais das

favelas, cortiços e loteamentos irregulares.

▪ Transumância;

- Movimento temporário em que, terminada a causa que motivou a saída do migrante, ele retorna ao local de origem.- É considerado um movimento sazonal, pois acompanha geralmente a alternância das estações climáticas.

▪ Migrações pendulares diárias:

- São comuns nas grandes regiões metropolitanas.- Trata-se de um movimento de ida e volta durante um dia. - Envolve especialmente o deslocamento de casa para o trabalho e a volta para a casa. Milhões de brasileiros executam esse

movimento diariamente.

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RESUMO DE CONCURSOS

▪ Migrações inter/intra regionais:

▪ Migrações inter-regionais: envolvem o deslocamento de uma região brasileira para outra.- É tradicional o deslocamento de nordestinos para o Sudeste (atraídos pelo mercado de trabalho, pela industrialização e

construção civil, além do melhor padrão de vida).

▪ Migrações intra-regionais: são aqueles que ocorrem entre os estados de uma mesma região.- Destacam-se como centros de atração mais recentes os estados de Tocantins, Goiás, Amapá e Maranhão.- Há um menor crescimento populacional nas metrópoles de várias regiões metropolitanas e um maior crescimento nos municípios

periféricos a essas capitais, até mesmo fora das regiões metropolitanas.- Os municípios de porte médio têm obtido um crescimento mais expressivo.

Imigração no Brasil

O Brasil já foi um importante país imigratório, principalmente no período entre 1850 e 1934. Nesse período podemos identificar uma série de acontecimentos que contribuem para essa entrada de imigrantes no Brasil:

- Leis que restringiram e eliminaram a escravidão no Brasil:- Eusébio de Queirós – 1850 – proibição ao tráfico de escravos- Ventre Livre – 1871 – liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir da data de sua promulgação- Sexagenários – 1885 – liberta os escravos com mais de 60 anos- Áurea – 1888 – libertação dos escravos- Crescimento da cafeicultura, necessitando de mais mão-de-obra- Crises econômicas e políticas na Europa, estimulando a saída de sua população.

A partir de 1934, com a Lei de quotas restringindo a entrada dos imigrantes, com a crise na cafeicultura e, mais tarde, a Segunda Guerra Mundial e a recuperação econômica na Europa, diminui a entrada de imigrantes no Brasil. Nas últimas décadas temos recebido principalmente sul americano, africanos e asiáticos. Observe os principais grupos de imigrantes que vieram para o Brasil:

- Portugueses – em grande número se distribuíram por várias regiões do país, especialmente no Sul e Sudeste, em atividades urbanas (comércio e ndústria). Vale lembrar também dos portugueses na Campanha Gaúcha desenvolvendo a pecuária extensiva nas estâncias;

- Italianos – destacaram-se na Região Sul (Vale do Tubarão, no sul de SC, e Serras Gaúchas – Caxias do Sul, Garibaldi, Farroupilha, Flores da Cunha, Bento Gonçalves) com a produção de uva e vinho, e principalmente em São Paulo, como mão-de-obra assalariada na cultura de café no oeste paulista e na capital e região do ABC no setor industrial;

- Espanhóis – entram no Brasil principalmente no século XX, concentrando-se nas Regiões Sudeste e Sul em atividades do comércio e indústria;

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RESUMO DE CONCURSOS

- Alemães – entram em pequeno número no Espírito Santo e São Paulo e em maior número na Região Sul (Joinvile, Vale do Itajaí, Serras Gaúchas e proximidades de Porto Alegre). Desenvolvem atividades de policulturas e criação em pequenas e médias propriedades e pequenas produções industriais caseiras;

- Japoneses – sua primeira entrada no Brasil ocorre em 1908 e concentram se principalmente no período entre 1920 e 1934. Dirigem-se para a Amazônia iniciando os cultivos de juta e pimenta-do-reino, para o oeste paulista (Marília, Bastos e Tupã) com atividades ligadas à granjas, algodão e sericicultura, para o Vale do Ribeira (chá e banana), para o Vale do Paraíba (arroz e hortifrutigranjeiros) e arredores da capital paulista (o chamado cinturão verde com a produção de hortifrutigranjeiros).

Além desses grupos podemos mencionar a entrada de imigrantes eslavos (principalmente no Paraná), sírios, libaneses, turcos, judeus, asiáticos do extremo oriente, e reduzidas presenças de franceses, holandeses e até norte-americanos.

Migrações Internacionais

Nos movimentos migratórios internacionais as principais áreas de atração são a América Anglo-saxônica e a Europa Ocidental. As principais áreas de saída são a América Latina, África e Sul e Sudeste da Ásia. A globalização da economia mundial tem acentuado as diferenças regionais e sócio-econômicas. Esse fato, associado aos conflitos presentes em algumas partes do mundo, à péssima qualidade de vida e falta de perspectivas em alguns países tem acentuado o deslocamento de migrantes, especialmente do Terceiro para o Primeiro Mundo. Os Estados Unidos recebem imigrantes provenientes da América Latina (região do Caribe, México, América do Sul...), do leste, sul e sudeste da Ásia e do norte da África. A Europa Ocidental tem recebido migrantes da África ao sul do Saara, do norte desse continente, da América Latina e do sul, sudeste e leste da Ásia, além de um crescimento nas migrações do leste europeu a partir das reformas que colocaram fim ao socialismo nos países da Europa Oriental.

A maior parte desses migrantes constitui mão-de-obra sem qualificação e que vai ocupar no mercado de trabalho das regiões receptoras postos até mesmo desprezados pela população local, ainda que esta reclame da concorrência da mão-de-obra imigrante. Muitos desses migrantes assumem contratos temporários de trabalho, permanecendo nos países receptores por dois ou três anos. Sujeitam-se à jornadas de trabalho prolongadas, privações no dia-a-dia, com o objetivo de guardarem o máximo do que recebem para enviar esse dinheiro para os países de origem. A idéia é conseguir melhorar o próprio padrão de vida quando retornarem ao país do qual saíram. Partes desses migrantes são ilegais. Não tem permissão para entrada e permanência.

Sua situação irregular faz com que aceitem péssimas condições de trabalho e salários de exploração, além de não terem acesso à saúde pública e a reclamações trabalhistas porque, afinal, estão irregularmente estabelecidos. Isso não ocorre somente na Europa ou nos EUA. Aqui, no Brasil, temos como exemplo os imigrantes bolivianos, ilegais, explorados em longas jornadas de trabalho com baixos salários em oficinas de confecção na cidade de São Paulo.

Há também a discriminação, perseguição e até assassinatos de estrangeiros em países europeus, envolvendo grupos minoritários de postura muito radical e ideologias totalitárias, configurando a chamada Xenofobia.

Xenofobia

A xenofobia (do grego, “xeno” = estrangeiro e “fobia” = medo), entendida como aversão ao imigrante, tornou-se cada vez mais forte nos países desenvolvidos. Isso é devido, basicamente, às diferenças sócio-culturais existentes entre pessoas de países diferentes e, principalmente, à relação tensa entre os trabalhadores dos países ricos e os estrangeiros, vindos de países mais pobres, que disputam os mesmos postos de trabalho. A partir de então, os governos desses países ricos passaram a criar medidas legais e até mesmo barreiras físicas (muro na fronteira dos Estados Unidos com o México, muro na cidade de Celta, Espanha), de modo a dificultar cada vez mais a entrada de imigrantes. Tais medidas, no entanto, só têm conseguido aumentar a migração ilegal. Acredita-se que entram em torno de 2,5 a 4 milhões de migrantes sem autorização nos países ricos. Nos Estados Unidos, estima-se que existam mais de 10 milhões de migrantes ilegais; na Europa, cerca de 6 milhões. O grande desafio entre os países ricos e pobres, mais do que construir muros e elaborar leis que impeçam a entrada de migrantes, talvez seja a construção de um mundo mais justo e igualitário no século 21.

A Urbanização Brasileira

A principal característica da urbanização brasileira é o aumento contínuo e acelerado da população urbana em comparação à diminuição da população rural.

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Quadro evolutivo Evolução da População Rural e Urbana do Brasil

1950 1960 1970 1980 1990 2000Rural 64% 55% 44% 32% 25% 18,8%Urbana 36% 45% 56% 68% 75% 81,2%

A tabela acima, com dados do IBGE, mostra que o Brasil é um país urbano, pois a maior parte de sua população vive nas áreas urbanas. Em 2000, eram 137.697.439 milhões de população urbana e 31.847.004 de população rural, perfazendo 168.544.443 milhões de habitantes.

Causas da urbanização

Há uma urbanização acelerada no período de industrialização pós-guerra. Mas a industrialização não é a única causa desse processo. Destacam-se:

- As alterações das relações de trabalho no campo, principalmente a partir do Estatuto do Trabalhador Rural, em 1964, que estendeu ao trabalhador rural os mesmos direitos garantidos aos trabalhadores urbanos. Em resposta aos benefícios implantados pelo Estatuto, muitos proprietários rurais promoveram demissões em massa de seus empregados, que foram para as periferias das cidades, transformados em bóias-frias.

- A mecanização da agricultura, principalmente no complexo regional do Centro-Sul, que economiza mão-de-obra.- A concentração fundiária decorrente da absorção das pequenas e médias propriedades pelos grandes proprietários.- A estrutura fundiária atual, com minifúndios que não conseguem produzir o suficiente para garantir a subsistência da família,

estimulando a migração para os centros urbanos.

Problemas Urbanos

- Saturação da infraestrutura urbana:

- Faltam escolas, creches, postos de saúde, hospitais, saneamento básico, rede de água tratada, asfalto e iluminação pública, além do transporte coletivo urbano

- Crescimento de favelas, cortiços e loteamentos irregulares:

- Falta de habitações, a especulação imobiliária e o baixo nível de renda dos habitantes, empurram parte considerável dos moradores nas regiões metropolitanas para habitações precárias. As favelas são encontradas tanto em áreas centrais como periféricas nas grandes cidades, os cortiços em áreas centrais, em antigos casarões ou prédios semi-abandonados, e os loteamentos irregulares em áreas desvalorizadas, muitas vezes com riscos de enchentes ou de desmoronamentos de encostas. Localizam-se em áreas periféricas, por vezes em áreas de mananciais, ao redor de represas, contribuindo para graves problemas ambientais urbanos;

- Aumento do desemprego e subemprego: - Ocorre porque o próprio mercado de trabalho nessas áreas urbanas está saturado. O subemprego pertence à economia informal,

atividades que não tem registro, funcionam fora do controle tributário do Estado (não pagam impostos) e não oferecem os direitos trabalhistas (um vendedor ambulante não tem a garantia de férias e descanso semanal remunerado, ou décimo terceiro salário, aposentadoria...);

- Aumento dos índices de criminalidade urbana:

- Evidentemente as causas desse problema são complexas e as formas de atuação para sua diminuição também. Os itens relacionados acima contribuem para a ocorrência desse problema (o texto não está dizendo que o morador de favela está propenso à criminalidade – não generalize, não reforce estereótipos falsos – apenas devemos lembrar que a forma de ocupação do solo urbano em favelas, cortiços, favorece a instalação de grupos pertencentes ao crime organizado).

Muitos fatores que levam à criminalidade são sociais como o baixo nível de renda, um Estado pouco atuante na área de atendimento social, a falta de empregos, de lazer, de uma qualidade de vida minimamente decente.

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RESUMO DE CONCURSOS

- Agravamento dos problemas ambientais urbanos:

-Desmatamento excessivo, a erosão do solo urbano, o assoreamento dos rios, a contaminação desses rios e represas com esgotos ou lixo depositado em locais inadequados (a falta de tratamento do lixo produzido na área urbana já constitui um problema ambiental), a poluição atmosférica que vai provocar as chuvas ácidas, o fenômeno da ilha de calor, os problemas de saúde durante uma inversão térmica, e as poluições sonora, visual e eletromagnética.

- Conturbação:

- A intensa urbanização do País foi acompanhada pelo processo de metropolização, decorrente da grande concentração populacional em um número reduzido de grandes cidades. A expansão horizontal das cidades, que vão se encontrando, é chamada de conturbação. As cidades conturbadas enfrentam problemas com transportes, enchentes e excesso de lixo.

Regiões metropolitanas foram criadas com o objetivo de enfrentar as dificuldades decorrentes das conturbações. Além desses problemas, as cidades brasileiras não conseguem absorver o grande volume de mão-de-obra do campo, gerando uma grande massa de subempregados e desempregados.

EXERCÍCIOS

1. (PUC) – Entre os fatores que impulsionaram a migração européia para o Brasil entre 1870-1930, podemos excluir:a) o desenvolvimento da cafeicultura.b) as iniciativas dos fazendeiros de auxiliar os colonos.c) a abolição da escravatura e a conseqüente liberação da mão-de-obra.d) A unificação política da Itália.e) A Primeira Guerra Mundial.

2. (FUVEST) – O movimento pendular da população que se verifica, diariamente, com bastante intensidade, em quase todas as grandes cidades brasileiras está associado a:

a) movimentos rítmicos sazonais, resultantes da homogeneidade do espaço urbano;b) uma modalidade de transumância para aproveitar trabalhadores temporários nas áreas centrais;c) expansão horizontal urbana e periferização da mão-de-obra;d) um intenso nomadismo gerado pela especulação imobiliária com verticalização da mancha urbana;e) movimentos rítmicos sazonais ligados às atividades do setor terciário.

3. (FATEC) –“Ao entrar no Recife, não pensem que entro só. Entra comigo a gente que comigo abaixou por essa velha estrada que vem

do interior; (...) e também retirantes em que só o suor não secou.”MELO NETO, João Cabral de. “O RIO” In: Morte e Vida Severina e Outros Poemas em Voz Alta.

Esses versos permitem identificar um movimento migratório:a) do Nordeste brasileiro para outras regiões do país.b) do Recife para a Zona da Mata.c) da Zona da Mata para o Sertão do Nordeste brasileiro.d) do Sertão para a Zona da Mata do Nordeste brasileiro.e) de nordestinos que retornam de outras regiões brasileiras.

4. (UNIFOR) – A região que forneceu o maior contingente de colonos migrantes para a ocupação da fronteira agrícola, no Mato Grosso, Rondônia e Acre, durante os anos 70 e 80, foi a:

a) Norteb) Nordestec) Centro-Oested) Sule) Sudeste

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5. Observe a tabela e responda;Taxas de Crescimento da População BrasileiraAno %1950/1960 3,171960/1970 2,761970/1980 2,481980/1991 1,891995 1,32

Estudos recentes sobre a população brasileira explicam a situação apresentada na tabela acima, como resultado da: a) queda do índice de fertilidade das mulheres, nas duas últimas décadas, e o aumento da taxa de mortalidade infantil.b) diminuição da entrada de imigrantes, desde 1950, e da concentração da renda nacionalc) grande concentração da renda após 1970, acentuando o aumento da taxa de mortalidade infantil.d) queda da taxa de fecundidade das mulheres, associada a um mínimo de programação familiar. e) aumento da mortalidade devido á carência de tratamentos e urbanização.

6. (FUVEST) Distribuição da População Rural e Urbana – Brasil 1940 / 1991

Ano Urbana % Rural %1940 31,23 68,771950 36,16 63,841960 44,67 55,331970 55,92 44,081980 67,60 32,401991 75,47 24,53

Fonte: IBGE / 1991

Assinale a alternativa que explica a tabela acima:a) O intenso processo de modernização do campo explica o acentuado esvaziamento da população rural entre 1950 e 1960.b) O avanço da industrialização no campo, interrompido nas duas últimas décadas, justifica a redução, pela metade, da população

rural.c) Após 1950, o processo de industrialização gerou forte migração da população do campo para a cidade, praticamente invertendo

sua distribuição no final dos anos 80.d) Devido à grande industrialização nas cidades, o período de 1940-1950 registrou as maiores taxas de crescimento da população

urbana.e) A população rural vem aumentando nos anos 1991 devido a agroindústria.

7. São características da população de países desenvolvidos:a) Urbanização, alta qualidade de vida, baixa natalidade;b) População rural, baixa qualidade de vida, alta natalidade;c) Urbanização, baixa natalidade, alta mortalidade;d) População rural, alta natalidade, baixa natalidade;e) População urbana, baixa expectativa de vida, alta mortalidade.

8. O crescimento vegetativo da população consiste:a) na relação entre as taxas de natalidade e mortalidadeb) na elevação do índice de natalidade da populaçãoc) no crescimento populacional decorrente da migraçãod) no número de nascidos vivos em cada mil habitantese) nos números de imigrantes que chega a um país

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9. (CESGRANRIO) Comparando as pirâmides etárias a seguir, pode se concluir que:

a) a pirâmide II representa países com altas densidades demográficas;b) a pirâmide I representa países com forte crescimento vegetativo;c) a pirâmide I corresponde a países de domínio de população adulta, com baixa natalidade;d) a expectativa de vida é maior na pirâmide II;e) a pirâmide II é típica dos países que realizaram o controle da natalidade.

10. (FUVEST) Considerando-se a distribuição da população mundial por atividades econômicas, é incorreto afirmar que:a) a repartição da PEA pelos setores de atividades reflete o grau de desenvolvimento econômico;b) o setor terciário apresenta-se em expansão em quase todos os países do mundo;c) em diversos países subdesenvolvidos, o número de pessoas empregadas no setor secundário vem aumentando devido à

existência de um processo de industrialização;d) os países subdesenvolvidos apresentam geralmente um setor terciário hipertrofiado;e) em todos os países desenvolvidos, de economia capitalista, o predomínio dos setores primário e secundário reflete o elevado

poder aquisitivo da sociedade.

11. (OSEC) Assinale a alternativa incorreta:a) Classifica-se como Hábitat Rural o espaço humano ocupado por atividades econômicas ligadas à agropecuária, sendo então

um espaço rural.b) Os povoados e colônias são exemplos de Hábitat aglomerado.c) Quando as habitações encontram-se distantes umas das outras no meio rural damos o nome de Hábitat Rural disperso.d) O Hábitat Rural pode ser disperso ordenado e como exemplo podemos citar a dispersão ordenada ao longo de um rio.e) No Brasil predomina o Hábitat Rural aglomerado sob a forma de colônias, as quais aparecem principalmente na região Sul

do país.

12. (FAAP) Algumas regiões brasileiras apresentam elevada porcentagem de população ativa ligada ao setor primário. São atividades relacionadas:

a) à indústria de tecidos e alimentares.b) à indústria automobilística e extrativismo.c) à indústria petrolífera e à agricultura.d) ao comércio e a agricultura.e) à agricultura e à extração mineral.

13. (UNIVALE) Sobre a ‘população’ a alternativa verdadeira é:a) Densidade demográfica é a divisão da população relativa pela área do local.b) A população relativa é o número total de habitantes de um local.c) Pode-se chamar uma área ou região de populosa quando ela possui uma grande população absoluta.d) As áreas onde a população absoluta é grande são chamadas de áreas de grande concentração populacional.e) As áreas anecumênicas são aquelas de grande concentração populacional. Geralmente são áreas urbanas, de grande concentração

industrial.

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14. (UNISA) Lendo as frases seguintes:I. Será subpovoado o país que oferecer mais empregos anualmente aos indivíduos que se apresentam no mercado de trabalho,

fazendo com que o aumento da população não crie pressões sobre a produção.II. Será superpopuloso, mesmo com densidade demográfica reduzida, o país que não absorver a mão-de-obra posta à

venda no mercado de trabalho.

Verificamos que o Brasil:a) está no caso I;b) está no caso II;c) está no caso I ao norte e no caso II ao sul;d) está no caso I no interior e no caso II nas zonas litorâneas;e) esteve no caso II até a década passada, encontrando-se na caso I atualmente.

15. (FUVEST) Considerando-se a distribuição da população mundial por atividades econômicas, é incorreto afirmar que:a) a repartição da PEA pelos setores de atividades reflete o grau de desenvolvimento econômico;b) o setor terciário apresenta-se em expansão em quase todos os países do mundo;c) em diversos países subdesenvolvidos, o número de pessoas empregadas no setor secundário vem aumentando devido à

existência de um processo de industrialização;d) os países subdesenvolvidos apresentam geralmente um setor terciário hipertrofiado;e) em todos os países subdesenvolvidos, de economia capitalista, o predomínio dos setores primário e secundário reflete o

elevado poder aquisitivo da sociedade.

16. (FAAP) A população do Brasil é:a) irregularmente distribuída, predominando etnicamente o branco e etariamente o adulto;b) de elevado crescimento vegetativo, elevado nível cultural e com predominância étnica do negro;c) de alto crescimento vegetativo, com predominância dos mestiços e elevado consumo de energia;d) regularmente distribuída, predominando os brancos e etariamente o jovem;e) de grande crescimento vegetativo, etariamente jovem e com a predominância do branco.

RESPOSTAS

1. E 2. C 3. D 4. D 5. D 6. C 7. A 8. A 9. C

10. D 11. E 12. E 13. C 14. B 15. E 16. A

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GEOGRAFIA GERALREVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A Revolução Industrial teve início no século XVIII, na Inglaterra , com a mecanização dos sistemas de produção. Enquanto na Idade Média o artesanato era a forma de produzir mais utilizada, na Idade Moderna tudo mudou. A burguesia industrial, ávida por maiores lucros, menores custos e produção acelerada, buscou alternativas para melhorar a produção de mercadorias. Também podemos apontar o crescimento populacional, que trouxe maior demanda de produtos e mercadorias.

Pioneirismo Inglês

Foi a Inglaterra o país que saiu na frente no processo de Revolução Industrial do século XVIII. Este fato pode ser explicado por diversos fatores. A Inglaterra possuía grandes reservas de carvão mineral em seu subsolo, ou seja, a principal fonte de energia para movimentar as máquinas e as locomotivas à vapor. Além da fonte de energia, os ingleses possuíam grandes reservas de minério de ferro, a principal matéria-prima utilizada neste período. A mão-de-obra disponível em abundância (desde a Lei dos Cercamentos de Terras), também favoreceu a Inglaterra, pois havia uma massa de trabalhadores procurando emprego nas cidades inglesas do século XVIII. A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, comprar matéria-prima e máquinas e contratar empregados. O mercado consumidor inglês também pode ser destacado como importante fator que contribuiu para o pioneirismo inglês.

Avanços Tecnológicos

O século XVIII foi marcado pelo grande salto tecnológico nos transportes e máquinas. As máquinas à vapor, principalmente os gigantes teares, revolucionou o modo de produzir. Se por um lado a máquina substituiu o homem, gerando milhares de desempregados, por outro baixou o preço de mercadorias e acelerou o ritmo de produção.

Na área de transportes, podemos destacar a invenção das locomotivas à vapor (Maria fumaça) e os trens à vapor. Com estes meios de transportes, foi possível transportar mais mercadorias e pessoas, num tempo mais curto e com custos mais baixos.

A Fábrica

As fábricas do início da Revolução Industrial não apresentavam o melhor dos ambientes de trabalho. As condições das fábricas eram precárias. Eram ambientes com péssima iluminação, abafados e sujos. Os salários recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e chegava-se a empregar o trabalho infantil e feminino. Os empregados chegavam a trabalhar até 18 horas por dia e estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas como, por exemplo, férias, décimo terceiro salário, auxílio doença, descanso semanal remunerado ou qualquer outro benefício. Quando desempregados, ficavam sem nenhum tipo de auxílio e passavam por situações de precariedade.

Relação dos Trabalhadores

Em muitas regiões da Europa, os trabalhadores se organizaram para lutar por melhores condições de trabalho. Os empregados das fábricas formaram as trade unions (espécie de sindicatos) com o objetivo de melhorar as condições de trabalho dos empregados. Houve também movimentos mais violentos como, por exemplo, o ludismo. Também conhecidos como “quebradores de máquinas”, os ludistas invadiam fábricas e destruíam seus equipamentos numa forma de protesto e revolta com relação a vida dos empregados. O cartismo foi mais brando na forma de atuação, pois optou pela via política, conquistando diversos direitos políticos para os trabalhadores.

Conclusão

A Revolução tornou os métodos de produção mais eficientes. Os produtos passaram a ser produzidos mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o consumo. Por outro lado, aumentou também o número de desempregados. As máquinas foram substituindo, aos poucos, a mão-de-obra humana. A poluição ambiental , o aumento da poluição sonora , o êxodo rural e o

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RESUMO DE CONCURSOS

crescimento desordenado das cidades também foram conseqüências nocivas para a sociedade. Até os dias de hoje, o desemprego é um dos grandes problemas nos países em desenvolvimento. Gerar empregos tem se tornado um dos maiores desafios de governos no mundo todo. Os empregos repetitivos e pouco qualificados foram substituídos por máquinas e robôs. As empresas procuram profissionais bem qualificados para ocuparem empregos que exigem cada vez mais criatividade e múltiplas capacidades. Mesmo nos países desenvolvidos têm faltado empregos para a população.

Fordismo

Idealizado pelo empresário estadunidense Henry Ford (1863-1947), fundador da Ford Motor Company, o Fordismo é um modelo de Produção em massa que revolucionou a indústria automobilística a partir de janeiro de 1914, quando introduziu a primeira linha de montagem automatizada. Ford utilizou à risca os princípios de padronização e simplificação de Frederick Taylor e desenvolveu outras técnicas avançadas para a época. Suas fábricas eram totalmente verticalizadas. Ele possuia desde a fábrica de vidros, a plantação de seringueiras, até a siderúrgica. Uma das principais características do Fordismo foi o aperfeiçoamento da linha de montagem. Os veículos eram montados em esteiras rolantes que movimentavam-se enquanto o operário ficava praticamente parado, realizando uma pequena etapa da produção. Desta forma não era necessária quase nenhuma qualificação dos trabalhadores

Evolução da Indústria

- Artesanato

Corresponde à primeira etapa na qual o produto é concebido a partir da transformação de uma determina matéria-prima em um produto, entretanto, o que difere do processo atual é o sistema de produção ou maneira como é confeccionado, o trabalho que é conhecido com um ofício é desenvolvido em todas as etapas por um único executor, denominado de artesão, que realiza a elaboração de seu ofício sem auxílio de máquinas, usando somente instrumentos rudimentares.

- Manufatura

Representa a segunda etapa do setor secundário na história, quando já haviam surgido algumas máquinas manuais simples e o trabalho não mais era executado por uma única pessoa, pois existia divisão de tarefas no processo de produção.

- Indústria moderna ou Maquinofatura

Compreende a terceira etapa, que configura como a mais atual nesse seguimento, pois seu processo produtivo está diretamente ligado ao uso de tecnologias, como a robótica, e máquinas cada vez mais sofisticadas que, para serem usadas, utilizam uma grande quantidade de energia. Nessa etapa cada trabalhador exerce quase que exclusivamente uma tarefa, isso visa dinamizar o trabalho, uma vez que o funcionário fica totalmente adaptado, e assim ganha agilidade e rapidez e o resultado é um menor tempo na confecção de um produto.

EXERCÍCIOS

1. A forma predominante de produção de bens no mundo de hoje é:a) industrialb) artesanalc) manuald) robóticae) educacional

2. A principal característica da produção:a) em série é a produção de bens únicos produzidos pelos artesãos.b) artesanal é a produção de bens padronizados em grandes quantidades.c) em série é a produção de bens padronizados e a divisão das etapas da produção.d) a produção manual de produtos e a divisão das etapas da produção.e) m robótica é a utilização de muita mão-de-obra

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RESUMO DE CONCURSOS

3. A primeira fase da Revolução Industrial teve:a) a Inglaterra como país mais importante, a máquina a vapor como inovação técnica e a indústria de informática como a mais

importante da época.b) a Inglaterra como país mais importante, a máquina a vapor como inovação técnica e a indústria têxtil como a mais importante

da época.c) a Inglaterra como país mais importante, a robótica como inovação técnica e a indústria têxtil como a mais importante da época.d) o Japão como país mais importante, a máquina a vapor como inovação técnica e a indústria têxtil como a mais importante da

época.e) o Estados Unidos como país mais importante, uso da manufatura e da produção em série

4. Sobre a transformação do Artesanato para a Manufatura, estão corretas as afirmativas:1. O produto final era de propriedade do artesão. 2. As oficinas e os instrumentos de trabalho não pertenciam mais aos artesãos. 3. As oficinas ficavam nas casas dos artesãos. 4. O artesão trabalhava para um contratante.

a) 1 e 2b) 2 e 3c) 2 e 4d) 3 e 4e) 2 e 4

5. Observe as seguintes afirmações sobre a passagem da produção manufatureira para a produção maquinofatureira. 1 - As fábricas ficaram menores, mais compactas, pela a diminuição da quantidade de pessoas necessárias para produção

graças ao advento das máquinas. 2 - O número de funcionários nas fábricas cresce, agora é necessário um número maior de trabalhadores para a

manipulação das máquinas. 3 - Volta à forma de produção artesanal, onde todo produto é feito inteiramente por um trabalhador em sua própria casa.

É (são) correta(s) a(s) afirmação (ões): a) 2 e 3.b) 1 apenas.c) 1 e 3.d) 2 apenas.e) 3 apenas

6. (ENEM) A evolução do processo de transformação de matérias-primas em produtos acabados ocorreu em três estágios: artesanato, manufatura e maquinofatura. Um desses estágios foi o artesanato, em que se:

a) trabalhava conforme o ritmo das máquinas e de maneira padronizada.b) trabalhava geralmente sem o uso de máquinas e de modo diferente do modelo de produção em série. c) empregavam fontes de energia abundantes para o funcionamento das máquinas.d) realizava parte da produção por cada operário, com uso de máquinas e trabalho assalariado.e) faziam interferência do processo produtivo por técnicos e gerentes com vistas a determinar o ritmo de produção.

7. (ENEM) Até o século XVII, as paisagens rurais eram marcadas por atividades rudimentares e de baixa produtividade. A partir da Revolução Industrial, porém, sobretudo com o advento da revolução tecnológica, houve um desenvolvimento contínuo do setor agropecuário. São, portanto, observadas conseqüências econômicas, sociais e ambientais inter-relacionadas no período posterior à Revolução Industrial, as quais incluem.

a) a erradicação da fome no mundo.b) o aumento das áreas rurais e a diminuição das áreas urbanas. c) a maior demanda por recursos naturais, entre os quais os recursos energéticos. d) a menor necessidade de utilização de adubos e corretivos na agricultura. e) o contínuo aumento da oferta de emprego no setor primário da economia, em face da mecanização.

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RESUMO DE CONCURSOS

8. (Prefeitura Municipal de Alagoinhas - 2/2004 Geografia) O domínio da concepção de desenvolvimento econômico que valorizou, acima de tudo, a multiplicação quantitativa da produção e do consumo, e que tem sido responsável por grande parte da destruição ambiental, se deu a partir:

a) do século XV, com as Grandes Navegações;b) do século XVIII, com a Revolução Industrial;c) do século XIX, com o neocolonialismo;d) do século XX, com o desenvolvimento da informática;e) do século XXI, com a expansão financeira.

RESPOSTAS

1. A 2. C 3. B 4. C 5. B 6. A 7. C 8. B

ANOTAÇÕES

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RESUMO DE CONCURSOS

CAPITALISMO

O capitalismo surge na passagem da Idade Média para a Idade Moderna. Com o renascimento urbano e comercial dos séculos XIII e XIV, surgiu na Europa uma nova classe social: a burguesia. Esta nova classe social buscava o lucro através de atividades comerciais. Historiadores e economistas identificam nesta burguesia, e também nos cambistas e banqueiros, ideais embrionários do sistema capitalista: lucro, acúmulo de riquezas, controle dos sistemas de produção e expansão dos negócios.

Primeira Fase: Capitalismo Comercial ou Pré-Capitalismo

- Do século XVI ao XVIII. Inicia-se com as Grandes Navegações e Expansões Marítimas Européias, fase em que a burguesia mercante começa a buscar riquezas em outras terras fora da Europa. Os comerciantes e a nobreza estavam a procura de ouro, prata, especiarias e matérias-primas não encontradas em solo europeu. Estes comerciantes, financiados por reis e nobres, ao chegarem à América, por exemplo, vão começar um ciclo de exploração, cujo objetivo principal era o enriquecimento e o acúmulo de capital. Neste contexto, podemos identificar as seguintes características capitalistas: busca dos lucros, uso de mão-de-obra assalariada, moeda substituindo o sistema de trocas, relações bancárias, fortalecimento do poder da burguesia e desigualdades sociais.

Segunda Fase: Capitalismo Industrial

- No século XVIII, a Europa passa por uma mudança significativa no que se refere ao sistema de produção. A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, fortalece o sistema capitalista e solidifica suas raízes na Europa e em outras regiões do mundo. A Revolução Industrial modificou o sistema de produção, pois colocou a máquina para fazer o trabalho que antes era realizado pelos artesãos. O dono da fábrica conseguiu, desta forma, aumentar sua margem de lucro, pois a produção acontecia com mais rapidez. Se por um lado esta mudança trouxe benefícios (queda no preço das mercadorias), por outro a população perdeu muito. O desemprego, baixos salários, péssimas condições de trabalho, poluição do ar e rios e acidentes nas máquinas foram problemas enfrentados pelos trabalhadores deste período. O lucro ficava com o empresário que pagava um salário baixo pela mão-de-obra dos operários. As indústrias, utilizando máquinas à vapor, espalharam-se rapidamente pelos quatro cantos da Europa. O capitalismo ganhava um novo formato. Muitos países europeus, no século XIX, começaram a incluir a Ásia e a África dentro deste sistema. Estes dois continentes foram explorados pelos europeus, dentro de um contexto conhecido como neocolonialismo. As populações destes continentes foram dominadas a força e tiveram suas matérias-primas e riquezas exploradas pelos europeus. Eram também forçados a trabalharem em jazidas de minérios e a consumirem os produtos industrializados das fábricas européias.

Terceira Fase: Capitalismo Monopolista-Financeiro

Iniciada no século XX, esta fase vai ter no sistema bancário, nas grandes corporações financeiras e no mercado globalizado as molas mestras de desenvolvimento. Podemos dizer que este período está em pleno funcionamento até os dias de hoje. Grande parte dos lucros e do capital em circulação no mundo passa pelo sistema financeiro. A globalização permitiu as grandes corporações produzirem seus produtos em diversas partes do mundo, buscando a redução de custos. Estas empresas, dentro de uma economia de mercado, vendem estes produtos para vários países, mantendo um comércio ativo de grandes proporções. Os sistemas informatizados possibilitam a circulação e transferência de valores em tempo quase real. Apesar das indústrias e do comercio continuarem a lucrar muito dentro deste sistema, podemos dizer que os sistemas bancário e financeiro são aqueles que mais lucram e acumulam capitais dentro deste contexto econômico atual.

Capitalismo tem as seguintes características;

- Propriedade privada dos meios de produção (o governo não interfere, ele não é o dono das propriedades).- Os preços são determinados pela oferta de mercado, isto é, depende da lei da oferta e da procura. - No Capitalismo os donos dos meios de produção paga pela força de trabalho (surge a relação entre patrão e empregado),

Proletariados e Burgueses.- Existe uma divisão de classes sociais.

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RESUMO DE CONCURSOS

Quadro comparativo entre o capitalismo e o socialismo

CAPITALISMO

-Economia de mercado – jogo entre oferta e procura – busca do lucro-Propriedade privada dos meios de produção-Duas classes sociais: burguesia e proletariado

SOCIALISMO

-Economia planificada – procura atender as necessidades sociais-Propriedade estatal dos meios de produção-Não existe essa divisão de classes

Outros tipos de concentração indústria

Após o Capitalismo Financeiro surgem diferentes grupos de Corporações comerciais e empresariais que se unem para controlarem toda a produção comercial, são eles;

- Trustes:

A expressão adaptada do inglês trust, que significa “confiança”. Designa empresas ou grupos que, sob a mesma orientação, mas sem perder a autonomia, se unem com o objetivo de dominar o mercado e suprimir a livre concorrência. São grandes grupos que controlam todas as etapas da produção. A maior vantagem dos trustes é a economia de escala, ou seja, a produção de grandes volumes e a redução dos custos, o que permite vender a preços mais baixos que os praticados pelas pequenas empresas.

Esse tipo de união levou, em muitos países, a criação de leis antitrustes, a fim de proteger a livre concorrência.

- Holdings:

Sociedades financeiras que investem em indústrias, dominando uma parcela importante das áreas e, dessa forma, controlando a tomada de decisões. Representam, portanto, uma forma de concentração de capital.

- Cartéis:

Formados de acordos explícitos ou implícitos entre concorrentes, cujo objetivo por meio da fixação de preços (ou cotas de produção) e da divisão de clientes e de mercados, eliminar a concorrência, aumentar o preço e ampliar o lucro das empresas participantes. Trata-se de uma concentração horizontal, pois os cartéis são formados por empresas que produzem mercadorias semelhantes.

Os Cartéis são considerados graves, ao sistema de livre concorrência. Segundo estimativas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os cartéis geram um sobre preço de 10% a 20% (quando comparado ao preço de um produto semelhante, em um mercado competitivo).

EXERCÍCIOS

1. Os itens abaixo descrevem características do sistema capitalista.1) Produção em série2) Mão-de-obra escrava3) Propriedade comunitária dos meios de produção4) Obtenção de lucro

Estão corretos os itens: a) 2 e 3.b) 1 e 4.c) 1 e 2.d) 3 e 4.e) 2 e 4

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RESUMO DE CONCURSOS

2. No mundo bipolar dos anos 1990 e início do Século XXI encontramos três áreas de influência econômica que são:a) Estados Unidos, Europa e China.b) Estados Unidos, Alemanha e Tigres Asiáticos.c) Estados Unidos, Reino Unido e Japão.d) Estados Unidos, Europa e Japão.e) Estados Unidos, Japão e Alemanha

3. O termo «nova ordem mundial» surgiu com o fim da “ordem bipolar”, para definir as relações entre as nações do mundo. A chamada “nova ordem mundial” tem como uma de suas características:

a) a acentuação das desigualdades entre os países pobres do hemisfério sul e os ricos do hemisfério norte.b) a divisão equilibrada de poder entre todas as nações do mundo.c) o fim das organizações de defesa militar, tais como a OTAN.d) o fechamento, desde o início, dos mercados nacionais.e) a manutenção das fronteiras existentes entre os países desde a II Guerra Mundial

4. Considerada uma das mais importantes inovações produtivas trazidas pelo capitalismo industrial, a produção em série revolucionou a forma de organizar o trabalho. Leia as alternativas abaixo e escolha a que melhor define o que é a produção em série.

a) Um tipo de organização social, onde há uma nítida divisão de classes. De um lado os trabalhadores e de outro os capitalistas. b) Uma forma de organização fabril na qual os trabalhadores se concentram na realização de um produto, realizando todas as

etapas produtivas dele. c) Um conjunto de técnicas produtivas baseadas em alta tecnologia e que emprega poucos trabalhadores, permitindo a

padronização do produto. d) Uma forma de produção baseada na divisão do trabalho, onde cada trabalhador realiza uma pequena etapa do processo

produtivo. O resultado é padronização dos produtos. e) A idéia de que era possível fazer uma administração científica do tempo de trabalho, otimizando a mão-de-obra fabril.

RESPOSTAS

1. B2. D3. A4. D

ANOTAÇÕES

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RESUMO DE CONCURSOS

GLOBALIZAÇÃO

A globalização é um fenômeno econômico, social, cultural e político entre diferentes países visando a integração entre os povos. A globalização é oriunda de evoluções ocorridas, principalmente, nos meios de transportes e telecomunicações fazendo com

que o mundo “encurtasse” as distâncias. No passado, para a realização de uma viagem entre dois continentes eram necessárias cerca de quatro semanas, hoje esse tempo diminuiu drasticamente. As inovações tecnológicas, principalmente nas telecomunicações e na informática, promoveram esse processo. A partir da rede de telecomunicação (telefonia fixa e móvel, internet, televisão, aparelho de fax, entre outros) foi possível a difusão de informações entre as empresas e instituições financeiras, ligando os mercados do mundo.

Os principais agentes da globalização da produção são as grandes corporações multinacionais. Segundo dados apresentados no relatório da UNCTAD, em 1998 já havia cerca de 50 mil corporações transnacionais, com 450 mil filiais espalhadas pelo mundo.

O processo de globalização estreitou as relações comerciais entre os países e as empresas. As multinacionais ou transnacionais contribuíram para a efetivação do processo de globalização, tendo em vista que essas empresas desenvolvem atividades em diferentes territórios.

Outra faceta da globalização é a formação de blocos econômicos, que buscam se fortalecer no mercado que está cada vez mais competitivo. A globalização envolve países ricos, pobres, pequenos ou grandes e atinge todos os setores da sociedade, e por ser um fenômeno tão abrangente, ela exige novos modos de pensar e enxergar a realidade. Não podemos negar que a globalização facilita a vida das pessoas, por exemplo o consumidor foi beneficiado, pois podemos contar com produtos importados mais baratos e de melhor qualidade, porém ela também pode dificultar. Uma das grandes desvantagens da globalização é o desemprego. Muitas empresas aprenderam a produzir mais com menos gente, e para tal feito elas usavam novas tecnologias fazendo com que o trabalhador perdesse espaço.

Não podemos esquecer também que, hoje em dia, é essencial o conhecimento da língua inglesa. O inglês, que ao longo dos anos se tornou a segunda língua de quase todos nós, é exigido em quase todos os campos de trabalho, desde os mais simples como um gerente de hotel até o mais complexo, como um grande empresário que fecha grandes acordos com multinacionais.

Para encarar todas estas mudanças, o cidadão precisa se mantiver atualizado e informado, pois estamos vivendo em um mundo em que a cada momento somos bombardeados de informações e descobertas novas em todos os setores, tanto na música, como na ciência, na medicina e na política.

Imagens muito utilizadas que justificam a globalização;

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RESUMO DE CONCURSOS

Esse mapa mostra a evolução dos meios de transporte e a redução do tempo gasto para que as notícias chegassem a diferentes localidades. Não é que o mundo diminuiu, mas sim os meios de transporte e comunicação evoluíram, demonstrando a importância dos fluxos da globalização que é; o Fluxo de meios de transporte e o Fluxo dos meios de informação

Para que serve a Globalização?

Tem como objetivo estreitar as relações comerciais entre os países e as empresas e ampliar o comércio mundial.

Quem influencia esse processo?

A sociedade ocidental, com seus hábitos de consumo e do modo de vida dos países desenvolvidos.

EXERCÍCIOS

1. (ENEM) Os meios de comunicação funcionam como um elo entre os diferentes segmentos de uma sociedade. Nas últimas décadas, acompanhamos a inserção de um novo meio de comunicação que supera em muito outros já existentes, visto que pode contribuir para a democratização da vida social e política da sociedade à medida que possibilita a instituição de mecanismos eletrônicos para a efetiva participação política e disseminação de informações.

Constitui o exemplo mais expressivo desse novo conjunto de redes informacionais a;a) Internet.b) fibra ótica.c) TV digital.d) telefonia móvel.e) portabilidade telefônica

2. (UESC/BA): Pane no sistema alguém me desconfigurou / Onde estão meus olhos de robô? / Eu não sabia, eu não tinha percebido / Eu sempre achei que era vivo / Parafuso e fluido em lugar de articulação / Até achava que aqui batia um coração / Nada é orgânico é tudo programado / E eu achando que tinha me libertado / Mas lá vêm eles novamente, eu sei o que vão fazer: / Reinstalar o sistema / Pense, fale, compre, beba / Leia, vote, não se esqueça / Use, seja, ouça, diga / Tenha, more, gaste, viva / [...] / Não senhor, Sim senhor, Não senhor, Sim senhor / [...] / Mas lá vêm eles novamente, eu sei o que vão fazer: / Reinstalar o sistema.

(PITTY, 2007).

Os versos caracterizam uma situação de:a) padronização do consumo e do comportamento.b) perda de identidade étnica e racial.c) mecanização da produção de materiais orgânicos.d) vulnerabilidade do sistema de informática.e) hierarquização das relações de trabalho.

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RESUMO DE CONCURSOS

3. (PEB II Geografia – Prefeitura Jardim de Piranhas – RN 2010) Assinale a alternativa que apresenta uma característica importante do mundo globalizado.

a) As diferenças entre países ricos e pobres são cada vez menores;b) Há uma grande rapidez na circulação de informações;c) Desapareceu totalmente a fome ou subnutrição;d) O analfabetismo está em via de desaparecer.

4. (PEB II Geografia – Prefeitura Municipal de Montes Claros – MG 2010).Milton Santos, buscando caracterizar esta nova fase da humanidade marcada por signos como multinacionais, revolução da

informática e da informação, chamou o espaço geográfico de:(Fonte: MOREIRA, Igor. O Espaço Geográfico: Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 1998)

a) meio técnico-científico.b) território globalizado.c) região homogênea.d) lugares luminosos.

5. (IBGE) O desenvolvimento econômico teve importantes conseqüências para a melhoria da qualidade de vida de parcela significativa da população mundial. Porém, os avanços tecnológicos e a competitividade internacional têm excluído grandes áreas do mundo e suas populações. O Continente mais afetado por essa exclusão é:

a) a Ásia;b) a América do Sul;c) a África;d) a Antártida;e) a Oceania.

6. (IBGE) A globalização implica, além da circulação de capitais, um aumento de competitividade entre as economias nacionais e a disputa por mercados. Para acelerar o processo de abertura do mercado latino-americano aos seus produtos, os Estados Unidos têm interesse na criação:

a) do Pacto Andino;b) da ALCA;c) do Nafta;d) da OEA;

7. (Pref. Sapezal/MT – IPED - PROF. GEOGRAFIA-2010) O principal fator para a globalização foi a disseminação das corporações multinacionais pelo mundo. Esse fato começa a ocorrer a partir:

a) Da criação do FMI e do BIRD que financiaram a industrialização.b) Da desintegração da antiga URSS.c) Do término da Segunda Guerra Mundial.d) Da entrada da China e dos Tigres Asiáticos no mercado mundial

RESPOSTAS

1. A 2. A 3. B 4. A 5. C 6. B 7. C

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NOVA ORDEM MUNDIAL

ORDEM BIPOLAR OU GUERRA FRIA OU CONFLITO LESTE X OESTE

Depois da 2ª Guerra Mundial, o mundo ficou praticamente dividido entre as “potências ganhadoras” da guerra: os Estados Unidos e a União Soviética.

As atividades sócio-econômicas, políticas e militares estavam praticamente concentradas em torno desses dois países, que tinham regimes político-econômicos antagônicos:

Os Estados Unidos, capitalista e a União Soviética, socialista.Ambos passaram a disputar áreas de influência geopolítica internacional

Disputa pela hegemonia mundial entre Estados Unidos e União Soviética após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). É chamada de Guerra Fria por ser uma intensa guerra econômica, diplomática e ideológica travada pela conquista de zonas de influência.

O Conflito Leste X Oeste, foi marcado pelo antagonismo geopolítico-militar e pela propaganda ideológica, com cada uma das superpotências tentando disseminar seus valores e visões do mundo.

Ordem Multipolar ou Conflito Norte x Sul

A nova ordem mundial a partir dos anos de 1990 apresenta uma faceta geopolítica e outra econômica. Na geopolítica, houve uma mudança para um mundo multipolar, onde as potencias impõe mais por seu poder econômico de que bélico. Na economia o que aconteceu de novo foi o processo de globalização e a formação de blocos econômicos supranacionais. Hoje no mundo multipolar pós-guerra fria, o poder é medido pela capacidade econômica do país, que envolve disponibilidade de capitais, avanço tecnológico, mão-de-obra qualificada e nível de produtividade. Isso explica a emergência de Japão e Alemanha como potencias, e ao mesmo tempo, a decadência da Rússia.

Assim, podemos afirmar que os países mais poderosos do mundo hoje são os Estados Unidos, Japão e Alemanha.Esse é o chamado conflito norte x sul, que é de natureza econômica, é não geopolítica, como era o caso do conflito leste x oeste. A divisão norte-sul é uma divisão socioeconômica e política utilizada para separar os países desenvolvidos, chamados de países

do norte, dos países do sul, grupo de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.

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RESUMO DE CONCURSOS

Essa classificação entre norte e sul é uma classificação preconceituosa, para justificar as diferenças de renda entre os países e manter as relações da Divisão Internacional do Trabalho, no qual se criou um vínculo entre os países subdesenvolvidos produtores de matéria prima e os países desenvolvidos grandes produtores industriais. Outro fator que citam para justificar essa classificação é a questão do clima, Isto é, os países que estão abaixo da linha são países tropicais, de clima quente e que a população não é tão produtiva devido ao calor. Já os países acima da linha divisória estão em um clima temperado, mais ameno e por isso a produção é maior. Então o que falar da Oceania, em que existem países ricos como a Austrália e é esta localizada ao sul, mas alinha não respeita essa localização e incluiu a Oceania nos países do norte.

Países Desenvolvidos e Países Subdesenvolvidos

A divisão norte/sul levou outra classificação dos países, quanto ao seu grau de desenvolvimento, em países desenvolvidos e países subdesenvolvidos. Veja agora algumas características de cada tipo de países.

Características dos Países Desenvolvidos

- Dominação econômica;- Apresentam estrutura industrial completa, produzem todos os tipos de bens;- Agropecuária moderna e intensiva emprego de máquinas e mão-de-obra especializada.- Desenvolvimento científico e tecnológico elevado;- Modernos e eficientes meios de transporte e comunicação;- População urbana é maior que a população rural;Exemplo: Inglaterra, EUA, Alemanha, etc.

- População Ativa empregada, em principalmente, nos setores secundários e terciários.Exemplo: Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha;

- Pequeno número de analfabetos;- Elevado nível de vida da população;- Boas condições de alimentação, habitação e saneamento básico;- Reduzido crescimento populacional;- Baixa taxa de natalidade e mortalidade infantil;- Elevada expectativa de vida.

As sociedades desses países são altamente consumistas isto é percebido, sobretudo devido ao poder aquisitivo elevado da sociedade e a grande quantidade produtos com tecnologia avançada, que são lançados no mercado a cada ano. Se todas as nações do mundo passassem a consumir supérfluos com a mesma intensidade das nações desenvolvidas o mundo entraria em colapso, pois, não haveria matéria-prima suficiente para abastecer a todos os mercados.

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RESUMO DE CONCURSOS

A luta por melhores condições de vida da população é visível, principalmente no que diz respeito a uma melhor distribuição de renda, não existindo grandes disparidades entre uma classe social e outra. Para que isso fosse possível foi necessária a participação direta da sociedade, exigindo dos seus governantes uma postura voltada para os interesses da população.

Os governos passaram a cobrar mais impostos das classes sociais mais favorecidas em prol da sociedade. Os impostos cobrados são direcionados à construção de escolas, habitações, estradas, hospitais, programas de saúde, aposentadorias mais justas, etc., isto foi possível graças ao engajamento consciente de todos os cidadãos na formação do Estado Democrático.

Características dos Países Subdesenvolvidos

- Passaram por um grande processo de exploração durante o período colonial. Colônia de Exploração;- Baixo nível de industrialização, com exceção de alguns países como: Brasil, México, os Dragões de Exploração;- Dependência econômica, política e cultural em relação às nações desenvolvidas;- Deficiência tecnológica e baixo nível de conhecimento científico;- Rede de transporte e meios de comunicação deficientes;- Baixa produtividade na agricultura que geralmente emprega numerosa mão-de-obra;- População Ativa empregada principalmente nos setores primários ou no setor terciário em atividades marginais (camelôs,

trabalhadores sem carteira assinada etc). Exemplo: Brasil, Etiópia, Uruguai;- Cidades com crescimento muito rápido e cercada por bairros pobres e miseráveis;- Baixo nível de vida da maioria da população;- Crescimento populacional elevado;- Elevada taxa de natalidade e mortalidade infantil;- Expectativa de vida baixa.

Existem países subdesenvolvidos que são fortemente industrializados como é o caso do Brasil, México, Argentina, Dragões Asiáticos, etc. A industrialização existente nesses países na verdade é sustentada por países desenvolvidos, que os utilizam para expandir seus parques industriais e garantir lucros vultosos. Um exemplo nítido de expansão industrial é, o caso dos Dragões Asiáticos que evoluíram enormemente nas últimas décadas, principalmente no setor industrial através do capital e tecnologia japonesa.

Alguns fatores atraem esses investimentos estrangeiros para os países subdesenvolvidos, como:- Mão-de-obra barata e numerosa;- Muitas vezes são isentos de pagamento de impostos;- Doação de terrenos por parte do governo;- Remessa de lucro das transnacionais para a sede dessas empresas;- Legislação flexível.

Na visão de alguns escritores como Demétrio Magnoli “A grande mutação na economia mundial e na geopolítica planetária agravou as desigualdades entre a acumulação de riquezas e a disseminação da pobreza. O desenvolvimento assume padrões crescentemente perversos, marginalizando parcelas maiores da população. Em escala mundial, a década de 80 presenciou uma ampliação da fratura econômica entre o Norte e o Sul. Atualmente, os 20% mais ricos da população do planeta repartem entre si 82,7% da riqueza, enquanto os 20% mais pobres dispõem apenas de 1,4%.”

A partir daí podemos afirmar que o desenvolvimento em partes dos países centrais são de fato sustentado à custa da exploração dos países periféricos.

EXERCÍCIOS

1. (Pref. Sapezal/MT – IPED - PROF. GEOGRAFIA-2010) Os países pobres abrigam quase 80% da população mundial. Sobre eles é correto afirmar:

a) Controlam quase metade do Produto Nacional Bruto Mundial.b) Tem base econômica agro-mineradora, com algumas exceções, como Brasil, México e África do Sul.c) Estão entrando em fase de industrialização.d) Estão em declínio populacional.

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Didatismo e Conhecimento

RESUMO DE CONCURSOS

2. O termo “nova ordem mundial” surgiu com o fim da “ordem bipolar”, para definir as relações entre as nações do mundo. A chamada “nova ordem mundial” tem como uma de suas características:

a) a acentuação das desigualdades entre os países pobres do hemisfério sul e os ricos do hemisfério norte.b) a divisão equilibrada de poder entre todas as nações do mundo.c) o fim das organizações de defesa militar, tais como a OTAN.d) o fechamento, desde o início, dos mercados nacionais.e) a manutenção das fronteiras existentes entre os países desde a II Guerra Mundial

3. (Pref. Sapezal/MT – IPED - PROF.GEOGRAFIA-2010) A mundialização da economia capitalista gerou a segmentação do espaço econômico mundial. E isto se expressa com a formação de blocos econômicos em todo o mundo. Eles têm características diferentes, pois se originam de acordos:

a) Militares.b) Políticos.c) Multilaterais.d) Pluritários

4. Com a intenção de analisar o desenvolvimento sócio-econômico dos países a ONU criou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). São componentes básicos que constituem o IDH:

a) Superfície ainda coberta por florestasb) Recursos naturaisc) Nível de satisfaçãod) Renda, saúde e educação.e) países desenvolvidos e países subdesenvolvidos

5. A industrialização nos países subdesenvolvidos ocorre porque é oferecido ás multinacionais muitos incentivos. Assinale uma alternativa que não ocorre nos países subdesenvolvido.

a) mão-de-obra abundante e baratab) elevada renda per capitac) terrenos a preços baixosd) mercado consumidore) isenção de impostos

6. (VUNESP) No fim da década de 80 e início dos anos 90 a bipolaridade mundial declinou; da polaridade ideológica e militar leste/oeste passou-se para a econômica e política norte/sul. Isto significa dizer que atualmente há oposição entre:

a) o oeste rico e industrializado e o leste pobre e agráriob) o oeste pobre e agrário e o sul rico e muito industrializadoc) o leste pobre e agrário e o norte rico e industrializadod) o sul rico e industrializado e o norte pobre e agrárioe) o norte rico e industrializado e o sul pobre e em processo de industrialização

RESPOSTAS

1. B 2. A 3. C 4. D 5. B 6. E

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RESUMO DE CONCURSOS

BLOCOS ECONOMICOS

Com a economia mundial globalizada, a tendência comercial é a formação de blocos econômicos. Estes são criados com a finalidade de facilitar o comércio entre os países membros. Adotam redução ou isenção de impostos ou de tarifas alfandegárias e buscam soluções em comum para problemas comerciais.

Em tese, o comércio entre os países constituintes de um bloco econômico aumenta e gera crescimento econômico para os países. Geralmente estes blocos são formados por países vizinhos ou que possuam afinidades culturais ou comerciais. Esta é a nova tendência mundial, pois cada vez mais o comércio entre blocos econômicos cresce.

MERCOSUL

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi criado em 26/03/1991 com a assinatura do Tratado de Assunção no Paraguai.Os membros deste importante bloco econômico do América do Sul são os seguintes países: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

UE (União Européia)A União Européia é um bloco econômico, político e social de 27 países europeus que participam de um projeto de integração

política e econômica.Os países integrantes são:Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária.Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia,

Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos (Holanda), Polônia, Portugal, Reino Unido, República, Romênia e Suécia. Macedônia, Croácia e Turquia encontram-se em fase de negociação. Estes países são politicamente democráticos, com um

Estado de direito em vigor.

NaftaO NAFTA (North American Free Trade Agreement ou Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) é um bloco econômico

formado por Estados Unidos, Canadá e México. Foi ratificado em 1993, entrando em funcionamento no dia 1º de janeiro de 1994

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Apec

A APEC (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico) é um bloco econômico que foi criado em 1993 na Conferência de Seattle (Estados Unidos da América). Este importante bloco econômico ainda está em fase de implantação.

Fazem parte deste bloco econômico os seguintes países: - Estados Unidos da América- Japão - China- Rússia- Peru- Formosa (também conhecida como Taiwan), - Coréia do Sul,- Hong Kong (região administrativa especial da China), - Cingapura- Vietnã- Malásia - Tailândia - Indonésia - Brunei- Filipinas- Austrália - Nova Zelândia - Papua Nova Guiné - Canadá - México - Chile

Pacto Andino

A Comunidade Andina de Nações é um bloco econômico sul-americano formado por Bolívia, Colômbia, Equador, Peru E Venezuela.

EXERCÍCIOS

1. (Policia Civil/MG) No ano de 1994, foi assinada, por 34 países da América, a carta de intenções que cria as diretrizes para a formação de um bloco econômico nas Américas que têm por objetivo eliminar, paulatinamente, as barreiras alfandegárias entre os países participantes. Em função do bloqueio econômico que sofre imposto pelos Estados Unidos, Cuba não faz parte deste acordo. O texto faz referência à implantação do (a);

a) ALADI.b) MERCOSUL.c) NAFTA.d) ALCA.e) MCCA.

2. (PMDG-AL 2006 – Professor de Geografia) – O MERCOSUL é um bloco comercial, no qual o Brasil se acha inserido e tem como objetivo primeiro constituir uma aliança:

a) política e estratégica, visando a criação de fundos para desenvolver a indústria atômica.b) de mercado comum, que cria através da queda de barreiras alfandegárias a livre circulação de mercadorias e capitais.c) comercial do Cone Sul, na tentativa de diminuir as diferenças de renda e de qualidade de vida entre os países membros.d) que estabeleça relações comerciais intensas com os Estados Unidos e garanta preços compensadores para os produtos

industriais do Cone Sul.e) comercial que permita a livre negociação com os países africanos e asiáticos, sem interferências das multinacionais.

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RESUMO DE CONCURSOS

3. (Pref. Sapezal/MT – IPED - PROF. GEOGRAFIA-2010) No mundo bipolar dos anos 1990 e início do Século XXI encontramos três áreas de influência econômica que são:

a) Estados Unidos, Europa e China.b) Estados Unidos, Alemanha e Tigres Asiáticos.c) Estados Unidos, Reino Unido e Japão.d) Estados Unidos, Europa e Japão.

4. (Pref. Sapezal/MT – IPED - PROF.GEOGRAFIA-2010). Da disputa pela hegemonia mundial, surgiu a chamada “Guerra Fria” no período que compreendeu:

a) Do término da Primeira Guerra até o início da Segunda Guerra.b) Do término da Segunda Guerra até a queda do Muro de Berlim.c) Da Revolução Russa até o início da Conquista Espacial.d) Do término da Segunda Guerra até a Revolução dos Cravos.

5. O termo “nova ordem mundial” surgiu com o fim da “ordem bipolar”, para definir as relações entre as nações do mundo. A chamada “nova ordem mundial” tem como uma de suas características:

a) a acentuação das desigualdades entre os países pobres do hemisfério sul e os ricos do hemisfério norte.b) a divisão equilibrada de poder entre todas as nações do mundo.c) o fim das organizações de defesa militar, tais como a OTAN.d) o fechamento, desde o início, dos mercados nacionais.e) a manutenção das fronteiras existentes entre os países desde a II Guerra Mundial

6. (VUNESP) No fim da década de 80 e início dos anos 90 a bipolaridade mundial declinou; da polaridade ideológica e militar leste/oeste passou-se para a econômica e política norte/sul. Isto significa dizer que atualmente há oposição entre:

a) o oeste rico e industrializado e o leste pobre e agráriob) o oeste pobre e agrário e o sul rico e muito industrializadoc) o leste pobre e agrário e o norte rico e industrializadod) o sul rico e industrializado e o norte pobre e agrárioe) o norte rico e industrializado e o sul pobre e em processo de industrialização

7. A industrialização nos países subdesenvolvidos ocorre porque é oferecido ás multinacionais muitos incentivos. Assinale uma alternativa que não ocorre nos países subdesenvolvido.

a) mão-de-obra abundante e baratab) elevada renda per capitac) terrenos a preços baixosd) mercado consumidore) isenção de impostos

8. “Alguma coisa está fora da ordem, Fora da nova ordem mundial.”Caetano Veloso

Como sugere o poeta, os acontecimentos que marcaram a “nova ordem” econômica e política mundial apresentam também os seus reversos, ameaçando essa mesma “ordem”. Está entre as “coisas fora da ordem” que contradizem o novo ordenamento mundial, pretendido pelas grandes potências:

a) o término da Guerra Fria e a unificação das duas Alemanhas.b) a formação dos megablocos econômicos e as pressões norte americanas sobre a OMC.c) a unificação da Europa e a crise do Estado do Bem-Estar Social nos países capitalistas.d) a guerra civil na antiga Iugoslávia e o crescimento de movimentos étniconacionais.e) o reforço dos elos comerciais entre os três centros econômicos: EUA, CEE e Japão.

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RESUMO DE CONCURSOS

9. (UNIFICADO-RIO) - No pós-Guerra, difundiu-se o uso de uma classificação em que os diversos países foram divididos formando o Primeiro, o Segundo e o Terceiro Mundos. Essa classificação, no entanto, apresenta, sobretudo neste final de século, inúmeros inconvenientes, em virtude da:

a) insistência em fundamentar os critérios de classificação a partir de fatores raciais e da naturezab) incapacidade de criar agrupamentos para países que tenham características híbridas.c) desconsideração de elementos políticos e econômicos como base para a divisão das varias naçõesd) observação de espaços subdesenvolvidos no interior do Primeiro Mundo, rebaixando alguns países para o Segundo Mundo.e) manutenção das nações socialistas no grupo do Terceiro Mundo, quando deveriam estar no do Primeiro Mundo.

10. (PEB II Geografia – Prefeitura Jardim de Piranhas – RN 2010) Assinale a alternativa correta. Japão, China, Cingapura, Brunei, Malásia, Tailândia, Indonésia, Hong Kong, Canadá, México, Chile, Vietnã e alguns outros países compõem o bloco:

a) Nafta; b) MERCOSUL;c) Comecom; d) APEC.

RESPOSTAS

1. D 2. B 3. D 4. B 5. A 6. D 7. B 8. D 9. A

10. D

ANOTAÇÕES

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RESUMO DE CONCURSOS

GEOGRAFIA DAS RELIGIÕES

Cristianismo

- É praticado por pelo menos 1/3 da população mundial (mais de 2 bilhões de seguidores)o que faz dessa religião a maior do mundo em numero de fieis.O cristianismo é uma religião surgida na Palestina, no primeiro século depois de Cristo, cujos alicerces são baseados nos ensinamentos de Jesus Cristo.O cristianismo se divide em;

- Cristão do Oriente – Ortodoxo- Cristão do Ocidente - Protestantes ou Católicos

Islamismo

- É a segunda maior religião do mundo em numero de fiéis. Conta com cerca de 1.3 bilhões de seguidores. Foi fundada pelo profeta Mohammed (Maomé), no território que hoje corresponde à Arábia Saudita.

Todo aquele que segue o Islamismo é chamado de Muçulmano, que é uma religião Monoteísta (um só deus), baseado no Corão ou Alcorão, o livro sagrado do Islã, considerado como a palavra de Deus revelada a Maomé. O termo Islã vem do árabe e significa “submissão”. Os lugares considerados mais sagrados pelos Muçulmanos são: as cidades de Meca Medina e Jerusalém, todas localizadas no Oriente Médio. Pelo menos uma vez na vida o Muçulmano faz uma peregrinação à cidade de Meca, essa peregrinação é chamada de Hajj, o alvo da peregrinação é a Caaba, uma construção em forma de cubo em que os fieis se dedicam inteiramente a Alá.

Existem dois grupos de islâmicos;- Os Sunitas, que formam 90 % de todos os fieis;- Os Xiitas, que são a maioria em países como Irã e Iraque.Dentro do Islamismo existe uma corrente religiosa radical que prega a obediência literal a um conjunto de preceitos religiosos

chamado de Fundamentalismo Islâmico.

Judaísmo

- Mais antiga as religiões Monoteístas, apresenta o menor numero de fieis no mundo, são cerca de 13 milhões de Judeus. Atualmente as maiores comunidades judaicas se concentram na Europa (França) em Israel e nos Estados Unidos. Os judeus ceguem os preceitos da lei judaica (a Torá), interpretada como a orientação de Deus por meio das escrituras. Torá é chamada pelos cristãos de velho testamento, reunindo os cinco primeiros livros da bíblia cuja autoria é atribuída a Moises, o chamado Tentateuco. Em cada sinagoga existe um resumo das leis do Judaísmo chamado de Talmud (um compêndio da lei). Os judeus possuem uma forte ligação com Israel (estado criado pela partilha da ONU em 1948).

Existem dois grupos de judeus;- Os Askenazes originário da Europa Central e Oriental; - Os Sefarditas originários na Espanha, Portugal e no Oriente Médio.

INSTITUIÇÕES MULTILATERAIS

Organizações internacionais, também chamados de instituições multilaterais, são entidades criadas pelas principais nações do mundo com o objetivo de trabalhar em comum para o pleno desenvolvimento das diferentes áreas da atividade humana: política, economia, saúde, segurança, etc.

Essas organizações podem ser definidas como uma sociedade entre Estados. Constituídas por meio de tratados ou acordos, têm a finalidade de incentivar a permanente cooperação entre seus membros, a fim de atingir seus objetivos comuns. Atuam segundo quatro orientações estratégicas:

- Adotar normas comuns de comportamento político, social, etc. entre os países-membros;- Prever, planejar e concretizar ações em casos de urgência (solução de crises de âmbito nacional ou internacional, originadas

de conflitos diversos, catástrofes, etc.);- Realizar pesquisa conjunta em áreas específicas;- Prestar serviços de cooperação econômica, cultural, médica, etc.

As mais relevantes organizações internacionais:

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RESUMO DE CONCURSOS

ONU - Organização das Nações Unidas

Foi criada pelos países vencedores da Segunda Guerra Mundial e tem como principal objetivo manter a paz e a segurança internacionais. Proíbe o uso unilateral da força, prevendo, contudo sua utilização – individual ou coletiva - para defender o interesse comum dos seus países-membros. Seu principal objetivo é manter a segurança internacional e pode intervir nos conflitos não só para restaurar a paz, mas também para prevenir possíveis enfrentamentos. Também incentiva as relações amistosas entre seus membros e a cooperação internacional.

UNESCO - Organização das Nações Unidas para educação, ciência e cultura

Foi criada em 1945 pela Conferência de Londres e tem como objetivo contribuir para a paz através da educação, da ciência e da cultura. Visa eliminar o analfabetismo e melhorar o ensino básico, além de promover publicações de livros e revistas, e realizar debates científicos. Desde 1960, atua também na preservação e restauração de espaços de valor cultural e histórico.

OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico

É um fórum internacional que articula políticas públicas entre os países mais ricos do mundo. Fundada em 1961, substituiu a Organização Européia para a Cooperação Econômica, criada em 1948, no quadro do Plano Marshall. Sua ação, além do terreno econômico, abrange a área das políticas sociais de educação, saúde, emprego e renda.

OMS - Organização Mundial da Saúde

É uma agência especializada em saúde, fundada em 7 de abril de 1948 e subordinada à ONU. Sua sede é em Genebra, na Suíça. Tem como objetivo principal o alcance do maior grau possível de saúde por todos os povos. Para tanto, elabora estudos sobre combate de epidemias, além de normas internacionais para produtos alimentícios e farmacêuticos. Também coordena questões sanitárias internacionais e tenta conseguir avanços nas áreas de nutrição, higiene, habitação, saneamento básico, etc.

OEA - Organização dos Estados Americanos

Criada em 1948, com sede em Washington (EUA), seus membros são as 35 nações independentes do continente americano. Seu objetivo é o de fortalecer a cooperação, garantir a paz e a segurança na América e promover a democracia.

OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte

Foi criada em 1949, no quadro da Guerra Fria, como uma aliança militar das potências ocidentais em oposição aos países do bloco socialista. Formada inicialmente por EUA, Canadá, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal e Reino Unido, a OTAN recebeu a adesão da Grécia e da Turquia (1952), da Alemanha (1955) e da Espanha (1982).

BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento

Com o objetivo de conceder empréstimos aos países membros, o BIRD, também conhecido como Banco Mundial, oferece financiamento e assistência técnica aos países menos avançados, a fim de promover seu crescimento econômico. É formado por 185 países-membros e iniciou suas atividades auxiliando na reconstrução da Europa e da Ásia após a Segunda Guerra Mundial.

FMI - Fundo Monetário Internacional

Criado para promover a estabilidade monetária e financeira no mundo oferece empréstimos a juros baixos para países em dificuldades financeiras. Em troca, exige desses países que se comprometam na perseguição de metas macroeconômicas, como equilíbrio fiscal, reforma tributária, desregulamentação, privatização e concentração de gastos públicos em educação, saúde e infraestrutura.

OMC - Organização Mundial do Comércio

Trata das regras do comércio entre as nações. Seus membros negociam e formulam acordos que, depois, são ratificados pelos parlamentos de cada um dos países-membros. Tem como objetivo desenvolver a produção e o comércio de bens e serviços entre países-membros, além de aumentar o nível de qualidade de vida nesses mesmos países.

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RESUMO DE CONCURSOS

OIT - Organização Internacional do Trabalho

Tem representação paritária de governos dos seus 182 Estados-membros e de organizações de empregadores e de trabalhadores. Com sede em Genebra, Suíça, a OIT possui uma rede de escritórios em todos os continentes. Busca congregar seus membros em torno dos seguintes objetivos comuns: pleno emprego, proteção no ambiente de trabalho, remuneração digna, formação profissional, aumento do nível de vida, possibilidade de negociação coletiva de contratos de trabalho, etc.

CONTINENTES

A superfície total da terra possui 510.000.000 km. Deste total, 360.000.000 km são de terras imersas e 150.000.000 km são de terras emersas. O hemisfério Sul é chamado hemisfério das águas porque possui apenas 1/3 das terras emersas. É no hemisfério Norte que se concentram 2/3 dessas terras. Devido a isto, é chamado hemisfério das terras ou continental.

Continente Asiático

De todos os continentes o maior e mais populoso é a Ásia. Ela apresenta espaços geográficos diferenciados. Foi no continente asiático que teve início o processo de civilização do homem. Na Ásia originaram-se as primeiras cidades, aproximadamente 3.500 anos, as margens dos rios Tigre e Eufrates (Mesopotâmia).

A superfície da Ásia é de 44.329.852 km, o que corresponde a quase 30% das terras emersas, situadas totalmente no hemisfério Oriental e em maior parte ao norte do Equador.

A Ásia limita-se: - Ao norte, com o oceano Glacial Ártico; - Ao sul, com o oceano Índico;- A leste, com o oceano Pacifico;- A oeste, com a Europa e o mar Mediterrâneo; - A sudoeste, com a África e o mar Vermelho.

Os Tigres Asiáticos Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura, até a segunda guerra mundial, eles em nada diferiam dos outros países asiáticos.

Eram países agrícolas, com boa parte da população vivendo no campo e cultivando principalmente arroz. O futuro para esses países não parecia ser muito promissor, visto que a população era na sua maioria analfabeta, tinha um território reduzido e não possuía nenhuma reserva de recursos minerais ou combustíveis fósseis. No entanto, atualmente esses países possuem as economias mais dinâmicas do mundo. São as economias que apresentaram os maiores índices de crescimento na década de 80, enquanto a América Latina vivia a “década perdida”. Suas economias são as que mais incorporam rapidamente novas tecnologias no processo de produção. E ao meio tempo em que aumentam os índices de produtividade, diminuem os índices de desigualdade sociais. Os tigres asiáticos, assim chamados desde a década de 80, mostram uma forte agressividade na busca de novos mercado no exterior. Em 1965, esses países detinham uma fatia de apenas 1,5% do comércio mundial, mas, em 1986, essa fatia já alcançava 8,5%.

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Esses países que hoje formam os tigres asiáticos, desde o expansionismo imperialista do final do século XIX, já sofriam influencia japonesa.

Continente Africano

A África é um continente com, aproximadamente, 30,27 milhões de quilômetros quadrados de terras. Estas se localizam parte no hemisfério norte e parte no sul. Ao norte é banhado pelo mar Mediterrâneo; ao leste pelas águas do Oceano Índico e a oeste pelo Oceano Atlântico. O Sul do continente africano é banhado pelo encontro das águas destes dois oceanos.

Informações sobre o Continente Africano:

- A África é o segundo continente mais populoso do mundo (fica atrás somente da Ásia). Possui, aproximadamente, 800 milhões de habitantes.

- É um continente basicamente agrário, pois cerca de 63% da população habitam o meio rural, enquanto somente 37 % moram em cidades.

- No geral, é um continente pobre e subdesenvolvido, apresentando baixos índices de desenvolvimento econômico. A renda per capita, por exemplo, é de, aproximadamente, US$ 800,00. O PIB (Produto Interno Bruto) corresponde a apenas 1% do PIB mundial. Grande parte dos países possui parques industriais pouco desenvolvidos, enquanto outros nem se quer são industrializados, vivendo basicamente da agricultura.

- O principal bloco econômico africano é o SADC (Southern Africa Development Community), formado por 14 países: África do Sul, Angola, Botswana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagascar, Malaui, Maurícia, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue.

- Além da agricultura, destaca-se a exploração de recursos minerais como, por exemplo, ouro e diamante. Esta exploração gera pouca renda para os países, pois é feita por empresas multinacionais estrangeiras, principalmente da Europa.

- Os países africanos que possuem um nível de desenvolvimento um pouco melhor do que a média do continente são: África do Sul, Egito, Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia.

- Os principais problemas africanos são: - Fome, epidemias (a AIDS é a principal) e os conflitos étnicos armados (alguns países vivem em processo de guerra civil).- Os índices sociais africanos também não são bons. O analfabetismo, por exemplo, é de aproximadamente 40%. - As religiões mais presentes no continente são: muçulmana (cerca de 40%) e católica romana (15%). Existem também seguidores

de diversos cultos africanos.- As línguas mais faladas no continente são: inglês, francês, árabe, português e as línguas africanas.

Europa

A Europa é um continente situado no hemisfério norte do globo terrestre. Ao norte do continente europeu situa-se o Oceano Glacial Ártico; ao sul os mares Mediterrâneo, Negro e Cáspio, a leste os Montes Urais e a oeste o Oceano Atlântico. Do ponto de vista econômico é o continente mais rico e desenvolvido do mundo.

Informações importantes sobre a Europa:

- A área do continente europeu é de 10.498.000 km².- A população da Europa é de 744,7 milhões de habitantes (estimativa 2006).- A moeda mais importante da Europa é o Euro (moeda oficial da União Européia), que circula em 16 países.- A densidade demográfica da Europa é de 101 habitantes por quilômetro quadrado.- O nome do continente tem sua origem na mitologia grega, pois Europa era uma mulher muito linda que despertou o interesse

de Zeus (deus dos deuses).- No geral, a economia dos países é bem desenvolvida, sendo que as mais fortes são: Alemanha, Grã-Bretanha, França, Itália e Espanha.- Existe no continente um forte bloco econômico chamado União Européia (UE), que envolve 27 países. Quinze destes países

utilizam uma mesma moeda, o euro. Existem também leis comuns que facilitam a circulação de cidadãos integrantes da UE.- Em geral, a qualidade de vida dos europeus é muito boa. Os índices sociais estão entre os melhores do mundo. Nos países mais

desenvolvidos da Europa (região centro-oeste), o analfabetismo é baixo, a expectativa de vida é alta e a criminalidade é pequena.

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América Latina

A América Latina estende-se desde o México até a Terra do Fogo, no extremo sul da América. Totaliza aproximadamente 20,5 milhões de Km, ou seja, 13,7 % das Terras emersas do Globo, com uma população de 350 milhões de habitantes.

América Latina: Países Lutam Pelo Desenvolvimento

- Esse conjunto é assim denominado porque toda essa vasta área de Terra foi colonizada por povos latinos – principalmente portugueses e espanhóis. A América Latina abrange o México/na América do Norte/ a América Central e a América do Sul.

- Os países Latino-americanos estão bastante ligados entre si por laços semelhantes de cultura:- Línguas Faladas: Espanhol e Português;- Principal Religião: Catolicismo; (cristã)- Civilização: De origem européia, que se impôs aos motivos do Novo Continente.Estes países formam uma grande família, que vai desde o México (na América do Norte), passa pela América Central e termina

no Extremo Sul da América do Sul. Essa parte do Continente Americano apresenta características físicas bem diferentes, por isso, ela pode ser dividida em;

América Platina: Abrange os países que estão mais ligados à Bacia Platina (rios Panamá, Paraguai e Uruguai).América Andina: Abrange os países que estão ligados à Cordilheira dos Andes.Guianas: Localizadas ao norte da América do Sul.América Central: abrange o trecho do Istmo e as Antilhas.México.Brasil.

População Latino Americana

- Elevado crescimento vegetativo, devido à alta mortalidade.- Predomínio de jovens, o que representa pesado encargo para os Estados Unidos.- Predomínio de mestiços e população rural.- Maiores concentrações demográficas: litoral brasileiro, estuário do Prata, Caracas, Santiago, Litoral do Pacífico de Bogotá a

Lima, América Central.- Principais vazios demográficos estão no interior da América do Sul, como Amazônia e trechos acidentados dos Andes e

Patagônia.

Economia Latino Americana

- A agricultura é a base econômica latino-americana, principalmente da América Central, Equador, Colômbia.- A América Latina possui grandes riquezas do subsolo, destacando-se o Brasil, o México, e países Andinos.- O desenvolvimento industrial vem se fazendo lentamente e de maneira desigual entre os diversos países. Brasil, México,

Argentina, Venezuela, Chile estão na vanguarda industrial.- Os produtos agrícolas e minerais representam, em geral, mais de 90% do valor das exportações dos países latino-americanos.

As importações são, principalmente, de produtos manufaturados.

A predominância do setor primário

A América Latina ficou dividida economicamente em: países exportadores de produtos de clima temperado como a Argentina e o Uruguai (trigo, carnes e lã); os países exportadores dos produtos tropicais como o Brasil, Colômbia, Equador, Venezuela, México, e América Central (café, cacau, banana, cana e outros) e países exportadores de produtos minerais como o Chile (cobre, salitre), Bolívia (estanho), Peru (petróleo, prata) Venezuela (petróleo) e México (prata, petróleo).

A grande propriedade monocultura predominava. As técnicas primitivas também. A mão-de-obra era basicamente escrava. Os trabalhadores agrícolas livres recebiam salários em espécie, pagos através de produtos dos armazéns do latifundiário, ficando sempre endividados. Para desempenhar o trabalho agropecuário não havia necessidade de instrução, resultando um altíssimo índice de analfabetismo.

O comercio continuou nas dos antigos comerciantes das ex-metrópoles que, aos poucos foram sendo substituídos pelos comerciantes ingleses.

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RESUMO DE CONCURSOS

Como as importações eram maiores que as exportações, os déficits de balança comercial iam se acumulando para pagar o exterior muitas vezes faltava moeda para o mercado interno, tendo os governos que emitirem moeda de pouco valor perpetuando a inflação.

América do Sul

É formada tem 13 territórios, mas apenas 12 deles são países. A exceção é a Guiana Francesa, que tem sua própria capital, Cayenne, mas é um dos departamentos da França alem de e 7 territórios que são as Ilhas Geórgia e Sandwich, Fernando de Noronha e Ilhas Malvinas..Limita-se ao norte com a América Central, à leste com o oceano atlântico e à oeste com o oceano pacífico.

- Informações sobre a América do Sul

- Atravessado pela Linha do Equador e pelo Trópico de Capricórnio, o continente possui a segunda maior cordilheira do mundo na Região Andina que se estende desde a Venezuela até o Chile e a Argentina.

- No vale do Amazonas encontramos a maior bacia hidrográfica do mundo, e também, a região de maior biodiversidade: a floresta Amazônica. O clima tropical úmido garante alta densidade pluviométrica em toda a região que se situa entre a Linha do Equador e o Trópico de Capricórnio, com algumas exceções devido ao relevo.

- O clima no continente Sul Americano é bastante diversificado devido ao tamanho do continente. Na região mais próxima a linha equatorial predomina o clima tropical úmido.

- Ao sul do Trópico de Capricórnio têm-se áreas de clima temperado. - As regiões mais frias do continente são o extremo sul e a região dos Andes, devido à altitude. Em contraste, a América do Sul

também abriga o deserto mais seco do mundo, o Deserto do Atacama no Chile. Lá existem pessoas que nunca viram uma chuva na vida: no local podem-se passar até 20 anos sem chover.

- Os principais recursos explorados até hoje em todo o subcontinente são o ouro, cobre, prata, mercúrio, diamante, chumbo, zinco, manganês e estanho, sendo o carvão um mineral pouco encontrado e a bauxita e o ferro os de maior importância econômica. O petróleo e o gás natural também se encontram bem distribuídos pelo continente.

- Principais cidades da América do Sul: Rio de Janeiro (Brasil), São Paulo (Brasil), Buenos Aires (Argentina), Quito (Equador), Caracas (Venezuela) e Montevidéu (Uruguai)

População

Este continente tem sua população formada por uma miscigenação de raças. Desde a chegada de Colombo (1492), muitos imigrantes buscaram morar e construir uma vida melhor na América do Sul. Colonos e imigrantes da Itália, Alemanha, Espanha, Portugal, Japão, China entre outros, juntaram-se aos negros africanos e índios para formar a população deste continente.

América Andina

Está localizada na porção ocidental da América do Sul estendendo-se no sentido norte-sul e é formada pela Venezuela, Colômbia, Equador, Peru,Bolívia e Chile.Todos esses países são cortados pela Cordilheira dos Andes.

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América Platina

É uma porção da América do Sul formada por três nações: Argentina, Paraguai e Uruguai. O vínculo entre esses países é desde o período colonial, pois já participaram de uma mesma administração política. Além desse aspecto, essas três nações possuem outra característica em comum: são banhadas pelos rios que formam a Bacia Hidrográfica do Rio Prata.

Conclusão

Sobre a América Latina vimos que o Brasil é o país mais populoso seguido do México. A urbanização latino-americana é muito elevada, quase todos os países do continente tem cerca de 50% da sua população vivendo nas cidades, o Uruguai está entre os mais urbanizados do mundo pois 91% da população vive em cidades.

A América Latina é um continente rico em minerais, durante o período inicial da colonização da América-Latina a Europa estava passando por um período histórico conhecido como capitalismo comercial.

O continente latino-americano destaca-se também pelo modo de colonização que eles sofreram, foram colonizados por Europeus, que ao chegarem aqui introduziram religião, língua e modo de vida aos nativos desta forma tentando erradicar seus antigos costumes. Mas como vimos isso aconteceu pois os antigos costumes estão presentes até hoje, dessa forma os latino-americanos tem uma das culturas mais bonitas do mundo.

Nos anos de 1950 houve uma explosão demográfica, ou seja, a população cresceu de forma acelerada. Graças a essa aceleração de crescimento populacional a América Latina, estava passando, por exemplo: os remédios que eram importados de outros países (principalmente Europa) passaram a ser produzido aqui mesmo.. Eles vendem os produtos primários para outros países por um preço bem baixo, enquanto que os países que compram nossas mercadorias vendam os produtos de sua origem por ate três vezes mais do que o preço que compraram.

EXERCÍCIOS

1. (FUVEST) - O cartograma ao lado corresponde à situação atual dos principais países da América Latina em relação à (ao):a) produção de petróleob) rebanho de ovinosc) exportação de caféd) população absolutae) produção de cobre

2. Destaca-se pela extração de minérios ao norte, especialmente o cobre, produção de cereais e concentração urbano-indus-trial no centro do país, além de atividades turísticas, exploração de madeira, produção de uva e exportação de vinho. Trata-se do país:

a) Uruguaib) Chilec) Argentinad) Venezuelae) Peru

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3. (UNIP) A América Latina apresenta um desenvolvimento industrial muito desigual, podendo-se reconhecer:I. Países com maior dinamismo econômico, apresentando maior nível de industrialização e grande diversificação de

atividade: Brasil, México e Argentina;II. Países numa posição intermediária quanto à industrialização, mas com características mono exportadoras (agrícola

ou mineral): Chile, Venezuela, Cuba, Peru, Trinidad e Tobago e Colômbia;III. Países de economia predominantemente agrária ou mineral e com um fraco setor industrial, abrangendo a maioria

dos países da América do Sul: Bolívia, Guiana, Suriname e Uruguai.Estão corretas:a) Todasb) Nenhumac) Somente Id) Somente I e IIIe) Somente II e III

4. (PUC) O fenômeno representado no mapa da América do Sul, ao lado, corresponde à distribuição das:

a) chuvas de inverno;b) áreas de produção de café;c) isotermas de verão;d) densidades demográficas;e) áreas de criação de gado.

5. (UDESC 2008) Sobre a América do Sul é correto afirmar, exceto:a) Grande parte do continente apresenta clima tropical quente e chuvoso. Ao longo da costa Oeste, as condições são muito mais

secas, com clima semi-árido e desértico quente em alguns lugares.b) Embora a economia de alguns países dependa de atividades primárias, outros, como Brasil, Argentina e Venezuela, também

desenvolveram uma série de atividades manufatureiras e de alta tecnologia.c) A produção de alimentos para exportação é uma importante fonte de renda para muitos países sul-americanos.d) Apesar de o clima ser tropical, existe poucas florestas tropicais no continente, cuja população é majoritariamente rural.e) A população da América do Sul está distribuída desigualmente. Existem altas densidades ao longo das costas, enquanto grande

parte do interior é desocupada ou escassamente povoada.

RESPOSTAS

1. D2. B3. A4. D5. D