hipotireoidismo

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ESTUDO DE TEMA 2 HIPOTIREOIDISMO SUB-CLÍNICO Introdução O hipotireoidismo refere-se à situação metabólica resultante da diminuição da produção e da redução dos níveis circulantes dos hormônios tireoidianos. Segundo Kumar, Abbas e Fausto em Patologia – Bases Patológicas das Doenças-2005 é causado por qualquer alteração estrutural ou funcional que interfira na produção de níveis adequados de hormônios tireoidianos, podendo ser resultante de um defeito no eixo hipotálamo-hipófise-tireóide. É classificada em várias literaturas de acordo com sua localização no eixo referido acima, com primário(distúrbio na glândula tireóide), secundário (o distúrbio é de origem central, localizado na hipófise) e terciário(quando o distúrbio se encontra no hipotálamo). Vamos abordar neste estudo de tema mais especificamente uma área relacionada ao hipotireoidismo ainda não muito bem demarcada, seja pelo diverso número de protocolos e consensos seja pela não padronização do quadro clínico em si. Caracteriza-se o hipotireoidismo como subclínico quando os níveis de T4/T3 estão normais mas o nível de TSH está elevado, geralmente sem nenhum achado clínico clássico dos hipotireóidicos (fadiga, fraqueza, ganho de peso, obstipação etc.). Mais adiante discutiremos como identificar, quando tratar e se a conduta no relato de caso anterior corresponde à realidade atual do hipotireoidismo na prática médica. Epidemiologia De acordo com Knobel e Medeiros Neto em Tratado de clínica médica, v3/ Antônio Carlos Lopes, 2006,o hipotireoidismo é um distúrbio relativamente comum, com prevalência de 2% na população adulta feminina e 0,2% na população adulta masculina, mas de acordo com o mesmo tratado, o hipotireoidismo sub-clínico predomina em , aproximadamente, 8% das mulheres e em 3% dos homens, sendo que em idosos este índice aumenta consideravelmente para 15% no sexo feminino e 8% nos homens. Quadro clínico No hipotireoidismo subclínico o quadro de sinais e sintomas

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ESTUDO DE TEMA 2

HIPOTIREOIDISMO SUB-CLÍNICO

Introdução

O hipotireoidismo refere-se à situação metabólica resultante da diminuição da produção e da redução dos níveis circulantes dos hormônios tireoidianos. Segundo Kumar, Abbas e Fausto em Patologia – Bases Patológicas das Doenças-2005 é causado por qualquer alteração estrutural ou funcional que interfira na produção de níveis adequados de hormônios tireoidianos, podendo ser resultante de um defeito no eixo hipotálamo-hipófise-tireóide. É classificada em várias literaturas de acordo com sua localização no eixo referido acima, com primário(distúrbio na glândula tireóide), secundário (o distúrbio é de origem central, localizado na hipófise) e terciário(quando o distúrbio se encontra no hipotálamo). Vamos abordar neste estudo de tema mais especificamente uma área relacionada ao hipotireoidismo ainda não muito bem demarcada, seja pelo diverso número de protocolos e consensos seja pela não padronização do quadro clínico em si. Caracteriza-se o hipotireoidismo como subclínico quando os níveis de T4/T3 estão normais mas o nível de TSH está elevado, geralmente sem nenhum achado clínico clássico dos hipotireóidicos (fadiga, fraqueza, ganho de peso, obstipação etc.). Mais adiante discutiremos como identificar, quando tratar e se a conduta no relato de caso anterior corresponde à realidade atual do hipotireoidismo na prática médica.

Epidemiologia

De acordo com Knobel e Medeiros Neto em Tratado de clínica médica, v3/ Antônio Carlos Lopes, 2006,o hipotireoidismo é um distúrbio relativamente comum, com prevalência de 2% na população adulta feminina e 0,2% na população adulta masculina, mas de acordo com o mesmo tratado, o hipotireoidismo sub-clínico predomina em , aproximadamente, 8% das mulheres e em 3% dos homens, sendo que em idosos este índice aumenta consideravelmente para 15% no sexo feminino e 8% nos homens. Quadro clínico

No hipotireoidismo subclínico o quadro de sinais e sintomas torna-se de certa maneira inespecífico, uma vez que sua apresentação pode não acontecer ou acontecer de maneira tão sutil que pode passar desapercebido aos olhos e ouvidos menos treinados . Mas diante de algum achado clássico do hipotireoidismo, a investigação deve prosseguir até que a melhor conduta seja aplicada. Sendo assim, os principais sinais e sintomas do hipotireoidismo são:

fadiga e fraqueza mialgia obstipação ganho de peso rouquidão edema pele seca depressão bradicardia movimentos e fala lentos fácies mixedematosa demência

Diagnóstico

Levando-se em conta o prévio conhecimento do funcionamento por retroalimentação do eixo tireóide- hipotálamo – hipófise, os testes laboratoriais que dosam os níveis de hormônios tireoidianos no soro são a forma mais usual e com melhor custo/benefício na prática médica, sendo indicado com mais freqüência a dosagem de T4 livre e TSH. Existem outros exames, tais como teste de TRH , ultrassom cervical, dosagem de T3, mas se tornam inviáveis ou desnecessários diante do caso relatado.

Tratamento O tratamento consiste na administração de Levotiroxina (L-T4) imediatamente após o diagnóstico realizado, visando atingir a dosagem sérica normal em 60-90 dias, com habitual correção com as diversas dosagens do fármaco dispostas no serviço de saúde. A grande discussão sobre o tratamento consiste em identificar o nível sérico dos hormônios tireoidianos que indica o tratamento. De acordo com artigo publicado na revista da associação médica brasileira em 2002 o nível consensual que possui estudos mostrando benefícios é o do TSH superior a 10 mU/mL. Segundo outros estudos, níveis de TSH em 5 e 10 tratados com levotiroxina não mostraram benefícios em aspectos cognitivos, motores ou sensoriais, ao contrário dos portadores de níveis hormonais mais elevados. Segundo Romaldini, Sgarbi e Farah em Disfunções Mínimas da Tiróide: Hipotiroidismo Subclínico e Hipertiroidismo Subclínico, de 2004, o efeito do tratamento com levotiroxina em pacientes com hipotireoidismo subclínico no metabolismo lipídico ainda é controverso, sendo necessária a complementação terapêutica individualizada para casos de dislipidemias. Outro aspecto importante abordado pela maioria dos autores é a falta de aderência dos pacientes ao tratamento, uma vez que a clínica as vezes é ausente ou muito sutil, levando à descontinuidade do tratamento por parte dos pacientes, tornando assim o desafio da melhoria da qualidade de vida da população mais árduo.

Discussão Diante do breve relato de caso feito, e das informações obtidas pelo histórico, fica evidente o quadro de hipotireoidismo subclínico, uma vez que a paciente não apresentou sintomatologia alguma da doença somado ao nível de TSH elevado (> 10mU/ml) As condutas adotadas para a paciente se encontram dentro da normalidade. A levotiroxina foi bem indicada, uma vez que o nível de TSH era demasiado elevado e as orientações relacionadas a dieta hipolipídica são a primeira escolha no combate à dislipidemia. O correto diagnóstico precoce e rápida intervenção previnem a condição de hipotireoidismo instalado, que pode evoluir para quadros graves, como coma mixedematoso e óbito.

Referências bibliográficas1. http://www.endocrino.org.br/hipertireoidismo-e-hipotireoidismo/ acessado 03/08/2010 às 21:042. http://bvsms.saude.gov.br/html/pt/dicas/110hipotireoide.html acessado 03/08/2010 às 23:313. http://www.projetodiretrizes.org.br/4_volume/17-Hipotireoidismo.pdf acessado 04/08/2010 às 19:414. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302002000300025 acessado 04/08/2010 às

20:005. Tratado de clínica médica, v2/ Antônio Carlos Lopes, editor. - São Paulo: Roca, 2006. página 33896. Patologia – Bases Patológicas das Doenças/ [editores] Kumar, Abbas, Fausto;[tradução Maria da Conçeição

Zacharias...et al.]. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. páginas 1220-12217. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-27302004000100016&script=sci_arttext&tlng=es acessado

04/08/2010 às 20:288. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-27302006000300016&script=sci_arttext&tlng=es acessado

04/08/2010 às 20:40