guia de estudos spmun 2012 - acnur
DESCRIPTION
Guia de estudosTRANSCRIPT
1
2
GUIA DE ESTUDOS
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOSIII
A QUESTÃO DE DADAAB: OS REFUGIADOS SOMALIS E A CRISE NO
QUÊNIA1
SÃO PAULO MODEL UNITED NATIONS
MARIA BRAGALIA2
MAYARA AJEJ3
NATALIE BATISTA4
JOÃO VICTOR GONÇALVES
BERNARDO FICO
1 Artigo desenvolvido como parte dos requisitos necessários para o comitê a ser simulado no III São Paulo Model United Nations, em São Paulo, de 15 a 18 de novembro de 2012. 2 Graduanda em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Uberlândia. 3 Graduanda em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Uberlândia e em Direito pela Faculdade Politécnica. 4 Graduanda em Direito pela Universidade Federal de Uberlândia, bolsista em pesquisa pelo PIBEG/UFU.
3
Sumário
1. Introdução.
2. O ACNUR
3. Os campos de refugiados em Dadaab.
4. A intervenção do ACNUR em Dadaab.
5. Conclusão.
4
CARTA DE APRESENTAÇÃO
Senhores Delegados, benvindos!
É com enorme satisfação que os recebemos para o início dos trabalhos do Alto
Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Durante quatro dias, os senhores serão os
responsáveis por traçar o caminho de milhares de refugiados que vivem hoje no Quênia.
Como agentes internacionais dentro desse importante órgão da ONU, os senhores deverão
agir com diplomacia e mostrar conhecimento do atual problema na África Oriental.
Como Diretoras do ACNUR, eu, Natalie Batista – estudante de Direito, Mayara –
estudante de Relações Internacionais – e Maria Bragaglia – estudante de Relações
Internacionais – auxiliaremos os senhores no que for possível para que se preparem para os
dias de discussão daquela que será sua melhor experiência de simulação.
O Guia de Estudos foi desenvolvido para compartilharmos informações, darmos dicas
e começarmos a nos conhecer até o dia do evento. Sintam-se a vontade para tirarem dúvidas e
também darem suas contribuições ao comitê
Estamos ansiosas para encontrá-los pessoalmente! Até novembro!
5
1. INTRODUÇÃO
Uma vez que os Estados se formaram pela identidade comum das pessoas em relação à
sua cultura – linguagem, modos de sobrevivência, rituais, crenças – e estabelecendo soberania
absoluta através dos acordos da Paz de Vestfália (maio-outubro de 1648), impasses entre os
mesmos também começaram e se formar. Com a passagem das duas Grandes Guerras,
preocupações com a segurança internacional, refugiados e estabilidade da economia
começaram a dominar a cabeça dos grandes líderes. Como uma forma de cooperar com a
segurança e a paz mundial entre todos os países que assim o quisessem, criou-se então a
Organização das Nações Unidas (ONU).
Hoje a ONU lida com os mais diversos assuntos relacionados com a manutenção da
estabilidade política entre os países, sendo um deles a problemática dos refugiados. Grande
parte deles são pessoas que fogem de seus países de origem, normalmente incorrendo em
guerra civil e, consequentemente, gerando perseguições, tortura e matança da população, para
países vizinhos que oferecem asilo para aqueles fugidos. O Alto Comissariado das Nações
Unidas para Refugiados (ACNUR) foi criado com o intuito de ser uma agência especializada
para tomar ações eficazes, tanto imediatistas quanto em longo prazo, para solver tais
problemas de maneira menos impactante possível na vida pessoal destes refugiados. Mas é tão
simples o trabalho feito pelo ACNUR. Cada ano o número de ajudados cresce e, com isso, a
preocupação com uma boa infraestrutura para que todos gozem do direito ao asilo com
dignidade, seguindo o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, da Declaração Universal
dos Direitos Humanos (1948). Dadaab, sendo o maior campo de concentração de refugiados
do mundo, segue com inúmeros problemas e empecilhos para a boa convivência com os
nativos quenianos e com os próprios cidadãos somalis.
2. O ACNUR
A ONU, sucessora da Liga das Nações e constituída depois do horror da Segunda
Guerra Mundial pelos líderes dos países vencedores da guerra, foi criada com o objetivo
primeiro de assegurar a paz entre os países. Hoje, a organização conta com 193 países-
membros, e, para se tornar um deles, deve-se haver uma decisão da Assembleia Geral
mediante recomendação do Conselho de Segurança.5
5 Site: http://www.onu.org.br/conheca-a-onu/paises-membros/
6
As Nações Unidas são movidas por um sistema composto por órgãos principais, que
lidam com assuntos determinados, e deles descendem organismos subsidiários, comissões
técnicas, agências especializadas, escritórios, institutos de pesquisa, programas e fundos (ver
quadro 1). Da Assembleia Geral, foi criado o Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados, em 14 de dezembro de 1950 e com sede em Genebra, na Suíça. Sendo uma das
principais agências humanitárias do mundo, lida com a proteção e a assistência às vitimas de
perseguição, violência e tolerância6, podendo ser consideradas como refugiados, solicitantes
de refúgio, apátridas, deslocados internos e repatriados, e tem por objetivo encontrar soluções
permanentes para o problema dos refugiados. O trabalho do Alto Comissariado tem caráter
apolítico, humanitário e social, realizado sempre com muito diálogo entre o país de origem do
refugiado e o país de refúgio.
Quadro 1 – O sistema das Nações Unidas
Fonte: http://unic.un.org/imucms/rio-de-janeiro/64/264/organograma-do-sistema-onu.aspx
O ACNUR é uma das poucas agências da ONU que se mantém com, além do
orçamento anual, contribuições voluntárias de países doadores, setor privado e doadores
6 Site: http://www.acnur.org/t3/portugues/informacao-geral/breve-historico-do-acnur/
7
particulares em todo o mundo. Esse orçamento deve cobrir os gastos indispensáveis para a
sobrevivência de milhões de pessoas que são assistidas pela organização.7 Além da
contribuição financeira, o ACNUR é dependente dos países-membros para a implementação
de normas, regras e princípios dentro do regime de refugiados, uma vez que a agência acolhe
pessoas que fugiram de países instáveis para outros países, que nem sempre são estáveis e,
portanto, somente esses países podem dar um aval para que a agência prossiga trabalhando
sem problemas de ferimento de soberania interna de cada Estado. A contribuição de
organizações não-governamentais (ONG’s) e organizações regionais e internacionais também
são de extrema importância para a proteção plena daqueles que necessitam da ajuda da
agência.
Como o Alto Comissariado é subordinado à ONU, ele deve promover os objetivos e os
princípios da Carta das Nações Unidas, visando manter a segurança e a paz mundial,
desenvolvendo relações amigáveis entre as nações e estimulando o respeito pelos direitos
humanos e liberdades fundamentais8. A agência deve seguir também
“(...) o quadro de direito internacional e (d)as normas que incluem a
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) r as Convenções
de Genebra (1949) sobre direitos humanos internacional. Outrossim,
existem tratados regionais e internacionais, vinculativos e não
vinculativos, que tratam sobre as necessidades de refugiados.” 9
Mais especificamente, ela deve agir de acordo com seu próprio Estatuto, guiando-se
pela Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951 e seu
Protocolo de 1967. Essas legislações internacionais combinadas sobre refugiados compõe o
quadro normativo essencial das atividades do ACNUR. Sendo, por tal motivo, o
embasamento primário das ações deste Alto Comissariado.
O ACNUR é considerado como um guardião das normas internacionais sobre
refugiados, mas, além disso, tal agência também oferece ajuda legal e diplomática par o
retorno do refugiado ao seu país de origem, caso assim for desejado. Considerando, claro, a
opinião e a vontade do próprio refugiado, princípio essencial da agência.
7 Site: http://www.acnur.org/t3/portugues/informacao-geral/breve-historico-do-acnur/ 8 SALMIO, Tiina. Refugees and the Environment: an analysis and evaluation of the UNHCR’s policies in 1992-
2002. In: Web Reports, n. 49 – Institute of Migration. Turku: Ed.University of Turku, 2009. p.13. 9 Tradução livre. Original: “(...) the framework of international Law and standarts that include the Universal
Declaration of Human Rights (1948) and the Geveva Convetions (1949) on international human rights law. Furthermore, there are both binding and non-binding international and regional treatries and declarations on the need of refugees.”
Formatado: Português (Brasil)
8
2.1 A FIGURA DO REFUGIADO
A ideia de refugiados começou a ser pensada durante a Segunda Guerra Mundial, no
qual eram vistos como um “problema do combate” ou uma “responsabilidade militar”. Com a
emergência do ACNUR, os refugiados começaram a ser vistos como um “problema
humanitário social internacional”.10
Mas muito antes de uma agência internacional ter sido
criada especialmente para lidar com o problema, várias comunidades já ofereciam asilo para o
pessoal escapando de perseguições de suas áreas locais, um exemplo são os livros sagrados
dos Judeus, Cristãos e Mulçumanos. Até mesmo o filósofo Kant influenciou os fundamentos
das leis de refugiados internacionais ao enfatizar que existem bons motivos para receber
estrangeiros e manter a hospitalidade internacional.11
Ao ser considerada uma questão global12
, amplamente compartilhada, deve ser tratada
considerando-se tal magnitude, entretanto, as ações a serem tomadas precisam ser,
basicamente, locais e regionais. Quase toda nação precisa lidar com refugiados, logicamente
umas mais que as outras, mas a maioria deles estão localizados em países subdesenvolvidos
ou em desenvolvimento, o que se mostra como um certo tipo de dificuldade no crescimento
tanto econômico quanto político, perante os outros, do Estado. Países dos continentes
africanos e asiáticos são os que mais sofrem com o problema em questão.
É extremamente importante que haja cooperação entre atores locais, regionais,
internacionais e globais para que soluções de larga escala sejam executadas para um melhor
acompanhamento do problema, entretanto, é preciso também reconhecer que a maneira na
qual cada país lida com refugiados é peculiar e interna, não sendo vinculantes a outros países,
desta forma, nem sempre a cooperação é exercida.
Infelizmente o que os dados mostram é um aumento considerável de pedidos de asilo do ano
2010 para o ano 2011, uma alta de aproximadamente 20% (ver quadro 2). E como já seria de
se esperar, os países que mais recebem pedidos de asilo são os desenvolvidos, com economia
e política estável e grandes chances de empregos como EUA, Alemanha, France e Itália.
Quadro 2 – 10 Países que mais recebem asilados
10
Malkki, Lisa H. (1995) Refugees and Exile: From “Refugee Studies” to the National Order of Things. In: Annu. Rev. Anthoropool. 24, 495-523. 11 SALMIO, Tiina. Refugees and the Environment…, cit., p. 12. 12 Principalmente por Harto Hakovirta, professor da Universidade de Torku, no Departamento de Ciência Política.
9
Fonte: O relatório Níveis e Tendências do Refúgio em Países Industrializados 2011
(ou Asylum Levels and Trends in Industrialized Countries 2011)
2.2 CAMPOS DE REFUGIADOS
O objetivo de um campo de refugiados é basicamente prover proteção e bem estar ao
perseguido, como uma pequena comunidade. Normalmente são localizados nos arredores das
fronteiras por ser uma localização e mais fácil acesso a quem está fugindo. Nesse momento,
os refugiados não são considerados cidadãos ou nacional país de refúgio, embora alguns
países ofereçam sua tutela, e grande parte deles deseja ou mantém a ideia de voltar ao seu país
de origem.
Alguns autores13
discutem sobre outras possibilidades de manutenção da vida digna dos
refugiados além dos Campos, uma vez que a maioria deles já estão super lotados ou não
oferecem mais capacidade para receber refugiados em suas dependências.
3. OS CAMPOS DE REFUGIADOS EM DADAAB
Localizada a oeste do Quênia, Dadaab foi a cidade escolhida para abrigar o que forma
hoje, o maior complexo de refugiados do mundo. Os campos de IFO, HAGADERA e
DAGAHALEY foram fundados em setembro de 1991, em março e em junho de 1992,
respectivamente. Tais campos estão afastados apenas a 18 quilômetros do centro da cidade e
têm uma área conjunta de 1600 metros quadrados. No que tange às fronteiras, Dadaab está a
13 Richard Black é um exemplo.
10
70 quilômetros do limítrofe com a Somália, a 500 quilômetros de Nairobi e 600 quilômetros
do porto de Mombasa, no nordeste do Quênia.
Os fatores geográficos influenciam consideravelmente na chegada de refugiados de
toda a África Ocidental, principalmente do Sudão, da Etiópia e de Uganda; formando
juntamente com os somalis e quenianos, a comunidade local de Dadaab14
.
Os campos estão situados em uma área semiárida, com pouca chuva e muita
instabilidade na humidade relativa do ar. O solo é pobre em nutrientes e a terra plana, o que
acaba dificultando o cultivo de muitos tipos de alimentos. Outro fator que influencia o mau
plantio são os rios sazonais e a água bastante escassa. Tudo isso, contradiz com parte das
figuras que compõem os campos, pois parte da população de refugiados é formada por ex-
agricultores e pastores nômades que perderam tudo o que tinham – propriedade rural, casa,
animais e meios de produção agrícola – durante sua fuga.
Assim, a falta de oportunidade e condições para produção de alimentos dentro dos
campos gera uma alta dependência de ajuda para além das cercas do local15
. Isto é, a
impossibilidade de cultivo e comércio de mantimentos nos limites, tanto de IFO quanto de
DAGAHALEY e HAGADERA, aumentam exponencialmente a quantidade de mantimentos a
serem enviados por organizações internacionais16
. Ademais, os refugiados não têm permissão
para trabalharem fora dos campos, por isso, tais instituições arcam com não só quanto as
necessidades alimentares, como as educacionais e de saúde também.
É indispensável ressaltar que o governo queniano não investiu na área onde se situam
os campos de refugiados de Dadaab, isso porque, a administração pública carece de
infraestrutura e organização17. No mais, a baixa produtividade econômica é resultado
também dos vários períodos de seca que o país tem enfrentado nos últimos tempos.
Outro fator imprescindível para a compreensão dos baixos esforços do governo local em
prover manutenção à área é a discriminação que o mesmo faz – desde a época colonial –
aos refugiados somalis-quenianos, pela sua prévia intenção de se unirem à Somália18.
14 HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005. p. 487. 15 SALMIO, Tiina. Refugees and the Environment: an analysis and evaluation of the UNHCR’s policies in 1992-2002. In: Web Reports, n. 49 – Institute of Migration. Turku: Ed.University of Turku, 2009. p.90. 16 SALMIO, Tiina. Refugees and the Environment…, cit., p. 93. 17 SALMIO, Tiina. Refugees and the Environment…, cit., p. 95. 18 UNESCO. História Geral da África, VIII. África desde 1935. Brasília: UNESCO, 2010. p. 847.
11
Mesmo com toda essa falta de investimento, é preciso considerar que o Quênia assinou
a Convenção de Geneva sobre Refugiados de 1951 em 1966 e a protocolou alguns anos mais
tarde, em 1981, além de ter assinado a Convenção de Refugiados que estabelece que todos os
Estados devem garantir asilo a grupo de pessoas que fogem de perseguição política em seu
país de origem. Basicamente, o governo local deveria ser o responsável pela manutenção da
segurança, das leis nacionais e dos tratados internacionais, enquanto o ACNUR cuidaria da
proteção aos refugiados.
Eis que devido à infraestrutura precária, à falta de policiamento na área e também às
condições climáticas e de plantação desfavoráveis, acrescidos da superpopulação de
refugiados em um local construído para 90 mil pessoas, começaram a surgir inúmeros
conflitos19
. Esses não só provenientes entre refugiados, mas também oriundos da relação entre
refugiados e a população local. As “guerras locais” são oriundas de problemas provenientes
da coleta de galhos para construção de fogueiras, da disputa por água no período de seca e,
claro, diversos conflitos com a população local, como veremos mais adiante. No entanto, a
acusação mais forte que é feita aos refugiados concerne à destruição do meio ambiente nos
arredores de Dadaab.
Apesar de tudo, as agitações decorrentes da falta de recurso e mínimas condições de
existência não são a causa da maioria dos conflitos. Os desentendimentos que geram alta
instabilidade e insegurança aos refugiados são gerados, principalmente, pela proximidade com
a Somália. Isso permite que nacionais desse país (supostamente radicais islamitas ligados ao
Al Qaeda), adentrem os campos, com a finalidade única de recrutar soldados, roubar a escassa
comida e água, estuprar mulheres e crianças, desafiar clãs inimigos; gerando então, mais os
principais problemas para a região. Os desdobramentos desses conflitos serão abordados no
próximo tópico.
3.1 OS REFUGIADOS SOMALIS EM DADAAB
A Somália é considerada – desde o colapso político-financeiro de 1991 – um dos
países menos desenvolvidos de todo o planeta20
. Desde então, esse Estado está assolado por
uma crise política interna, além de milhares de conflitos civis21
.
19 SALMIO, Tiina. Refugees and the Environment…, cit., p. 97. 20 A Somália chegou a ser considerada como único estado falido no sistema internacional. 21 SALMIO, Tiina. Refugees and the Environment…, cit., p. 135.
Formatado: Inglês (EUA)
12
Dado o ambiente de crise, as Nações Unidas até tentaram remediá-la. Entretanto, as
Operações das Nações Unidas na Somália (UNOSOM I22
) falharam e partiram do país em
1995. O país foi abandonado à própria sorte e os conflitos, seguidos de estupros, violência
generalizada, sequestros e, posteriormente, ataques islamitas são a ordem de todos os dias.
A Guerra Civil na Somália dura mais de duas décadas e os incessantes massacres
geram migrações interna e externa massivas23
. Ademais, não existem mais no país instituições
políticas e infraestruturas sociais e econômicas também foram destruídas. Todos esses fatores
levaram ao aumento do índice de pobreza e da vulnerabilidade do povo somali.
A falta de qualquer instituição governamental e, logo, um plano político, faz com que
os somalis partam para os campos de refugiados no país vizinho, o Quênia, e não queiram
retornar devido à instabilidade constante – diminui a repatriação voluntária desses emigrantes.
O que tem acontecido recentemente é a ida de milhares de refugiados – partindo de IFO,
HAGADERA e DAGAHALEY e dos dois novos campos instituídos em Dadaab24
– para os estados
de Somaliland e Puntland. Ambos declararam independência em 1991 e possuem
Constituição, eleições, forças militares, parlamento e até mesmo presidentes próprios; ainda
assim, não têm reconhecimento internacional.
Vê-se um mínimo de prosperidade nesses dois estados dentro da Somália –
Somaliland, ao noroeste, e Puntland, ao nordeste. Apesar da falta de soberania, muitas
organizações internacionais têm ajudado no processo de peacekeeping e peacebuilding dos
mesmos, em conjunto com as autoridades e também organizações locais. Entretanto, os
programas de reconstrução e de repatriação são difíceis de ser implementados vistos os
diversos obstáculos como a falta de infraestrutura e insegurança. SALMIO definiu bem a
situação:
“Como a independência da Somaliland não é reconhecida
internacionalmente, o ACNUR está trabalhando em conjunto com ‘um estado
dentro de um estado’. Está modificando suas políticas de trabalho em
22 A UNOSOM (United Nations Operation in Somália) foi a primeira tentativa da comunidade internacional em propiciar, facilitar e proteger a ajuda humanitária na Somália, além de monitorar o cessar-fogo que ocorrera em 1991. A missão da ONU foi composta de militares e centenas agentes de seguranças mandados de países como Austrália, Áustria, Bangladesh, Bélgica, Canadá, Egito, Fiji, Indonésia e outros. Houve conflitos significativos e a ONU sofreu perdas irreparáveis, optando assim, por se retirar do país em março de 1995. 23 UNESCO. História Geral da África, VIII. África desde 1935. Brasília: UNESCO, 2010. p. 186. 24
13
cooperação com atores semigovernamentais, organizações internacionais e
organizações não governamentais locais.”25
Apesar dessa constatação, muitas autoridades desse estado – com a ajuda de
representantes de organizações não-governamentais – alertaram que o ACNUR deveria estar
muito mais envolvido, assim como outras organizações internacionais no auxílio ao processo
de repatriação e readaptação dos então refugiados.
O que se faz preciso entender é a necessidade de ter, no caso da Somália, planos de
ação de longos termos e feito em cooperação26
(como já dissemos, entre autoridades e
organizações locais, órgãos das Nações Unidas e demais organizações internacionais). Os
esforços dos atores internacionais deveriam se dar principalmente no que tange à atuação
humanitária e ao desenvolvimento, seja do país, seja dos expatriados.
Em resposta às “acusações” de não efetividade dos planos do ACNUR, seus
representantes alegam a falta de recurso como um problema imediato. Isto é, sem mais apoio
financeiro e uma política forte nacional, não há muito o que se fazer dentro dos campos de
refugiados somalis. Todavia, estudos já apontaram que a melhor saída seria uma aproximação
holística, focada na prevenção dos conflitos e não em sua remediação27
. Cabe à comunidade
internacional, posicionada dentro do ACNUR, trabalhar para chegar aos meios efetivos de
solução de tais problemas.
Ademais, a prospecção é de que quando a situação na Somália se estabilize, um grande
número de refugiados somalis no Quênia retorne ao seu país de origem. Mesmo assim, as
Nações Unidas precisarão continuar atentas às condições pelas quais tais refugiados
retornarão, dada a situação de falência em que se encontra o referido estado28
.
No momento, é notório que a Somália enfrenta a pior crise humanitária dos últimos
tempos e isso tem refletido diretamente na quantidade de pessoas e problemas na cidade de
Dadaab. As dificuldades são tamanhas que em outubro de 2011 o governo do Quênia
suspendeu os registros de novos refugiados que chegassem ao país. A justificativa dessa
25 Tradução livre. Texto original: “As the independence of Somaliland is not internationally recognised, the UNHCR is working together with a ‘state within a state’. It is modifying its policies to work in co-operation with semi-governmental actors, international organisations and local non-governamental organisations.” SALMIO, Tiina. Refugees and the Environment…, cit., p.136. 26 SALMIO, Tiina. Refugees and the Environment…, cit., p.136. 27 SALMIO, Tiina. Refugees and the Environment…, cit., p.136. 28 Tais questões deverão ser tratadas por outros órgãos da ONU, que não o ACNUR.
14
decisão se deu pelo fato de os campos estarem com suas capacidades lotadas – e receber mais
refugiados colocaria em risco a segurança nacional.
Embora os registros tenham sido suspensos, refugiados continuam a chegar a todo
momento e põem à prova que o governo queniano está descumprindo deveres postos pela
Convenção de Refugiados além de suas obrigações no que tange direito internacional29
. Sem
o devido registro, os novos ocupantes dos campos não têm o direito de usufruir dos benefícios
que são de direito a todo e qualquer refugiado. Aos olhos da comunidade internacional, parece
que o governo do Quênia não se atém ao fato de que a falta de registro apenas prejudica mais
ainda as atuais condições de refúgio. Tudo isso porque, é o processo de registro de pessoas
que garante a quantidade correta de benefícios a serem enviados aos campos: desde
acompanhamento médico, psicológico, nutricional a materiais para construção de abrigos para
novas famílias. Outro benefício trago pelo correto registro de pessoas é a possibilidade de
desclassificar alguns indivíduos que não se encaixem na condição de refugiado ou possam ser
considerados uma ameaça aos campos30
.
Uma das organizações mais atentas à questão dos refugiados em Dadaab é a REFUGEES
INTERNATIONAL (RI). Segundo a organização, constantemente são providos anúncios pelas
autoridades quenianas, as quais atestam a pretensão do governo em mandar somalis de volta
para seu país de origem, principalmente para a região sul – considerada como “área limpa”.31
Mais uma vez, é falha a posição queniana, pois impor que parcela dos refugiados somalis
retorne à Somália configura outra violação ao direito internacional de refugiados. Consta do
relatório da RI, que o retorno forçado pode também ocorrer se os refugiados em Dadaab se
sentirem desconfortáveis nos campos e tiverem diversas dificuldades em acessar serviços
básicos nos acampamentos. Dada essa situação desagradável, os refugiados poderão enxergar
como única saída de melhoria de condição de vida o retorno à terra natal32
.
4. A INTERVENÇÃO DO ACNUR EM DADAAB
29 REFUGEES INTERNATIONAL. Somali Refugees: ongoing crisis, new realities. In: Field Report. Washington DC: Março, 2012. 30 REFUGEES INTERNATIONAL. Somali Refugees: ongoing crisis, new realities. In: Field Report. Washington DC: Março, 2012. 31 A área é considerada sem grandes conflitos pelo governo queniano, por isso, julgam ser o melhor lugar para realocar os refugiados. 32 REFUGEES INTERNATIONAL. Somali Refugees: ongoing crisis, new realities. In: Field Report. Washington DC: Março, 2012.
15
O Quênia reporta já receber refugiados muito antes de ser um país independente. Com
sua conquista, foi criada uma secretaria no Ministério de Assuntos Internos encarregada de
providenciar a documentação, registro e assentamento dos refugiados. No início da década de
1990, o fluxo de refugiados vindo dos países vizinhos sofreu um aumento repentino e o
governo queniano requisitou ao ACNUR que, a partir de então, ficasse responsável pela
determinação do status de refugiado no país, como aponta o próprio governo queniano. Sendo
assim, desde que foram assentados os primeiros acampamentos para abrigar os refugiados e
os solicitantes de refúgio da guerra civil somali em outubro de 1991, o complexo de Dadaab,
projetado com uma capacidade máxima para 90.000 pessoas, foi administrado pelo ACNUR.
Hoje o ACNUR ainda desempenha esse papel, sendo responsável pelo já considerado
maior complexo de refugiados do mundo desde 2008, como afirma a organização. Ao redor
do mundo, o ACNUR conta com a parceria de mais de 750 organizações, 600 delas com
atuação local33
. Para desempenhar todas as suas ações humanitárias em Dadaab, não só essas
parcerias são necessárias, bem comoo apoio de toda a comunidade internacional: Estados,
organizações internacionais, setor privado, sociedade civil34
e autoridades locais.
Com um orçamento calculado de US$ 3,59 bilhões em 2012 e de US$ 3,42 bilhões
para 2013 em prol de sua atuação global, a realização dessas atividades é altamente
dependente de doações, tanto em espécie quanto em artigos35
, sendo a falta de recursos, por
consequência, um dos vários obstáculos enfrentados pelo ACNUR em tal complexo – ainda
mais quando se considera o fato de que, em meados de 2012, foram contabilizados pouco
mais de 450.000 habitantes no total. (ACNUR, 2012).
Outros obstáculos igualmente persistentes e significativos consistem na falta de
segurança e superlotação, além das condições climáticas habituais (como as chuvas
estacionais), que acabam por piorar a já grave crise humanitária da região e a aumentar o
fluxo nos países vizinhos da Somália que também recebem refugiados somalis além do
Quênia: Etiópia, Djibuti e Iêmen.
33 O ACNUR também oferece assistência humanitária aos deslocados internos na própria Somália, onde enfrenta múltiplos empecilhos. Não bastasse a guerra civil em si, em novembro de 2011 a milícia islamita Al-Shabab revogou a permissão para o ACNUR e seus parceiros atuarem humanitariamente nas regiões sob seu controle, diminuindo drasticamente o acesso e a eficácia da ajuda humanitária. (ANUR, 2011) 34 ONGs e outras agências humanitárias são parcerias vitais para o ACNUR por serem responsáveis pela implantação e implementação de projetos nos locais mais remotos e de difícil acesso em todo o mundo. 35 Por “artigos” entendem-se artefatos para higiene, educação, moradia e demais relacionados à subsistência, ou seja, todas aquelas doações que não são realizadas em dinheiro.
16
Segundo o ACNUR, seu trabalho em Dadaab começa com a chegada do refugiado,
após uma longa jornada em que está sujeito a sofrer assaltos, agressões e outras adversidades,
sem meio de transporte e qualquer tipo de apoio. Após a chegada, faz-se o registro do
refugiado em um banco de dados com algumas informações vitais, uma avaliação médica
inicial, providencia-se alimento e outros itens de assistência, e depois o refugiado é
transportado ao seu abrigo – é nesse processo em que se classificam os refugiados mais
vulneráveis e necessitados de assistência emergencial, como os portadores de deficiência.
Desse ponto em diante, o ACNUR relata fazer a manutenção do campo em diversas
outras atividades essenciais, participando ativamente de mais da metade delas: itens de
necessidade básica, educação fundamental e secundária, saúde, HIV/AIDS, logística, nutrição,
proteção e registro. Essas atividades e outras além, que consistem na proteção à criança,
serviços comunitários, ambiente, alimentação, violência de gênero, subsistência, abrigo,
transporte de água e saneamento, também são desempenhadas pelas ditas agências
humanitárias e ONGs parceiras do ACNUR, destacadamente: Save the Children UK (SCUK),
CARE International in Kenya (CARE), The Lutheran World Federation (LWF), The Deutsche
Gesellschaft Für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), African Development and Emergency
Organization (ADEO), Danish refugee Council (DRC), FilmAid International (FilmAid),
Norwegian Refugee Council (NRC), United Nations Children’s Fund (UNICEF), Windle
Trust Kenya (WTK), Fafi Integrated Development Association (FaIDA), Relief,
Reconstruction and Development Organization (RRDO), World Food Programme (WFP),
International Rescue Committe (IRC), International Organization for Migration (IOM),
National Council of Churches of Kenya (NCCK), Handicap International (HI), Refugee
Consortium of Kenya (RCK), Department of Refugee Affairs of Kenya(DRA) e Shelter Box
(Shelter Box).
É importante distinguir as responsabilidades assumidas pelo governo queniano quanto
a Dadaab atualmente e como elas afetam a manutenção do complexo. O Departamento de
Assuntos dos Refugiados é ligado ao ACNUR e outras agências humanitárias parceiras na
promoção das instalações e serviços necessários à proteção, recepção e cuidado dos
refugiados, ajudando com a coordenação de suas atividades e projetos e proporcionando um
ambiente que possibilite demais operações, segundo sua capacidade. Sendo assim, é
responsabilidade do Quênia garantir a segurança não só de seus cidadãos, mas também
daqueles que estão sob sua jurisdição, como os refugiados, estando, portanto, o país no direito
17
de controlar a entrada, permanência e retirada de estrangeiros. Porém, forçar o retorno de
algum deles para um lugar em que não há garantia de seus direitos vai contra outros
compromissos humanitários firmados pelo país internacionalmente, como relembra a Anistia
Internacional.
Temendo que o conflito somali viesse a se espalhar, em janeiro de 2007 o Quênia
declarou o fechamento de um trecho de sua fronteira com a Somália, incluindo o Centro de
Liboi36
. Embora essas decisões sejam compreensíveis do ponto de vista da segurança, elas não
surtiram em nenhuma diminuição do fluxo de somalis rumo a Dadaab e em nenhuma melhora
significativa. Desde então, o Quênia desrespeita o princípio de non-refoulement37
, mandando
muitos somalis refugiados de volta ao seu país de origem; proíbe a entrada de tantos outros
em seu território, que comparativamente tem maiores condições de garantir seus direitos; não
conseguiu impedir que os campos continuassem sendo usados como centro de tráfico de
armas e fonte de recrutamento para as forças rebeldes somalis, como reportado pela Anistia
Internacional; e ainda destacou o caráter corrupto do policiamento queniano, que não oferece
confiança aos seus protegidos devido às práticas de abuso, principalmente sexual, exigências
de suborno para passagem e/ou permanência e prisão arbitrária de refugiados, como
denunciado pela mesma instituição, entre outras. Em suma, a falta de segurança impede a
intervenção imediata do ACNUR, dificultando a distribuição, fornecimento e acesso aos
meios de subsistência, tornando mais necessárias as participações das ONGs.
Há ainda, como remonta a Anistia Internacional, o aumento da ocorrência de crimes e
atentados internos, caracterizados pela extrema vulnerabilidade de mulheres e crianças,
coexistência de clãs somalis inimigos e a prática de xenofobia contra os refugiados e
descendentes somalis.
O fechamento de parte da fronteira e do centro de Liboi juntamente com o pedido de
governo queniano ao ACNUR em outubro de 2011 para parar de registrar novos refugiados,
trouxe consequências diretas para o trabalho exercido pela agência. Sem registro inicial, não
se identifica quem precisa de ajuda emergencial e não se tem um censo apurado de quem está
usufruindo dos recursos dos campos, que já sofrem pressão o suficiente com a superlotação
36 O Centro de Liboi é de suma importância na recepção dos refugiados. Devido a sua localização, lá se faziam os registros, avaliação médica inicial e se providenciava o transporte dos refugiados recém-chegados aos campos que compõem o complexo de Dadaab. 37 “O princípio de non-refoulement proíbe a expulsão, extradição, deportação, retorno ou qualquer tipo de remoção de qualquer pessoa de qualquer maneira para um país ou território onde ele ou ela enfrentará um real risco de perseguição ou dano grave.” (ANISTIA INTERNACIONAL, 2010, p. 05, tradução nossa)
18
crônica. Em síntese, além de o governo queniano não mais corresponder às necessidades dos
refugiados que continuam entrando no país sem passar pelo procedimento de praxe, a
ausência consequente desse procedimento implica em mais riscos impostos àqueles que já se
encontram alocados.
Como há muito vem sendo relatado por outras organizações humanitárias como a
Anistia Internacional e a Human Rights Watch, a situação dos campos que compõem o
complexo de Dadaab é crítica. A infraestrutura e os recursos são exigidos além de sua
capacidade, qualidade e quantidade – os serviços essenciais ao cotidiano de milhares de
pessoas estão comprometidos. Os serviços psicossociais e de aconselhamento, importantes
para aqueles que enfrentaram traumas, não são oferecidos em escala suficiente, assim como o
ensino, gravemente também prejudicado pelo sentimento de insegurança no complexo. As
condições de abrigo são cada vez piores: barracas de plástico são divididas entre muitas
pessoas, sejam de mesma família ou de clãs diferentes; o sistema de fornecimento de água
está ultrapassado, com um encanamento antigo que não interliga todas as regiões dos campos,
levando a realização de jornadas para a busca de água, por sua vez, não é abundante e acaba
por instigar mais conflito; os abusos continuam recorrentes frente a forças policiais
insuficientes e corruptas e a impossibilidade de o ACNUR monitorar a área entre a fronteira e
os campos, principalmente.
Sendo esses os problemas mais enfrentados hoje nos campos, soluções de longo prazo
são necessárias, e as de curto prazo são urgentes. Em 2010 já se clamava por uma ampliação
dos campos, estendidos em 2011 após a concessão de novas terras pelo Quênia com a criação
de Ifo II e Ifo III38
, juntos com capacidade para 80.000 pessoas, e Kambioos, com capacidade
para 90.000 pessoas. Antes de liberar o assentamento de refugiados recém-chegados, deve-se
transferir os excedentes dos três campos originais, aliviando os recursos. Embora já seja de
grande ajuda, estima-se que essa capacidade adicional de 170.000 habitantes está longe de ser
suficiente para sustentar os futuros refugiados vindos desse conflito infindável. (ACNUR,
2012)
Deve-se também estimular e realizar programas para a geração de renda para os
refugiados e trabalhadores de Dadaab, que preservem os recursos naturais e comunidades
locais. Aqueles que servem ao ACNUR e outras agências humanitárias não recebem salários,
38 Campos de extensão também comumente denominados pelo ACNUR de Ifo II East Camp (campo oriental Ifo II) e Ifo II West Camp (campo ocidental Ifo II).
19
mas “incentivos” e os refugiados não disfrutam de oportunidades econômicas nos
assentamentos, ou seja, são pouco empoderados em relação à gestão de suas vidas e
comunidade ao terem poucas responsabilidades a eles delegadas. Esse é um fato relevante
tendo em vista que, por não poderem deixar o campo sem permissão, os refugiados com
liberdade de locomoção restrita preferem se arriscar por uma situação de vida melhor,
abandonando de vez os campos rumo às áreas urbanas e, com esse ato, perdendo o status de
refugiados prima facie e ficando mais vulneráveis à exploração. (ANISTIA
INTERNACIONAL, 2012)
Por fim, não se faz necessário reafirmar o estado caótico em que todo o complexo de
Dadaab se encontra. Diante de tantos fatores que afetam fundamentalmente e negativamente a
vida de tantos refugiados, clama-se por ajuda e soluções a nível internacional, sejam elas de
iniciativa de quem for.
Uma das possíveis soluções para essa crise humanitária consiste no reassentamento
dos refugiados em outros países, também apoiado pelo governo queniano enquanto não há
possibilidade de retorno seguro a Somália. Como mostra o gráfico a seguir, no ano de 2011
esses pedidos de realocação aumentaram em cerca de 20% em relação ao ano anterior.
4. CONCLUSÃO
Frente aos principais tópicos expostos ao longo desse trabalho o que, diante mão
deverá ser discutido será a pertinente preocupação da comunidade internacional: o maior dos
campos de refugiados do planeta e propor efetivas soluções para tal problema que aloca seres
humanos dos mais diversificados segmentos.
Os internacionalistas envolvidos deverão se reunir lidar com questões apolíticas,
sociais e principalmente, as que ressaltem as melhores condições humanitárias para aqueles
que são tidos como refugiados. Resultado de inúmeros conflitos provenientes da África
Oriental, o campo de refugiados fundado na cidade de Dadaab, no Quênia, abriga hoje
número ultrapassado da quantidade de pessoas esperadas no projeto inicial. Como lidar com a
questão da segurança? O que fazer com o excedente de refugiados? Como prover satisfatória
infraestrutura para aqueles que ali se refugiam? Qual o verdadeiro papel das lideranças
regionais? Deve a ONU continuar a intervir no meio?
20
Todas essas perguntas angustiam a todos envolvidos no cenário internacional e urge
então que, o encontro anual do Comitê Executivo do ACNUR lide com essas questões além
de também, com problemas concernentes às fronteiras.
Em 2012, ano marcado por um recontrato entre as nações no que tange ao
desenvolvimento econômico-social sustentável depois do encontro no Brasil, lideranças
mundiais devem se reunir na Suíça para tratar das questões de suma importância acima
tratadas. Espera-se que os direitos humanos sejam protegidos e se chegue à resolução pacífica
de conflitos, amenizando por fim, a condição dos refugiados de Dadaab.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS. ACNUR ajuda
os mais vulneráveis em Dadaab. Dadaab, 10 ago. 2011. Disponível em:
<http://www.acnur.org/t3/portugues/noticias/noticia/acnur-ajuda-os-mais-vulneraveis-em-
dadaab/>. Acesso em: 27/08/2012.
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS. Situação de
emergência na Somália afeta países vizinhos. Nairóbi, 3 maio 2010. Disponível em:
<http://www.acnur.org/t3/portugues/noticias/noticia/situacao-de-emergencia-na-somalia-
afeta-paises-vizinhos/>. Acesso em: 03/09/2012.
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS. Pedidos de
refúgio em países industrializados crescem 20% em 2011, revela ACNUR. Genebra, 27
mar. 2012. Disponível em: <http://www.acnur.org/t3/portugues/noticias/noticia/pedidos-de-
refugio-em-paises-industrializados-crescem-20-em-2011-revela-acnur/?L=gulnlxwosh>.
Acesso em: 27/08/2012.
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS. Doadores
prometem US$ 482 milhões para apoiar deslocados forçados no mundo. Genebra, 15 dez.
2011. Disponível em: <http://www.acnur.org/t3/portugues/noticias/noticia/doadores-
prometem-us-482-milhoes-para-apoiar-deslocados-forcados-no-mundo/?L=fjwzwcrungo>.
Acesso em: 03/09/2012.
21
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS. ACNUR
promove inovação e autonomia em encontro anual de ONGs. Genebra, 3 jul. 2012.
Disponível em: <http://www.acnur.org/t3/portugues/noticias/noticia/acnur-promove-
inovacao-e-autonomia-em-encontro-anual-de-ongs/>. Acesso em: 27/08/2012.
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS. Conflito na
Somália devasta a população civil, adverte ACNUR. Genebra, 12 jan. 2010. Disponível
em: <http://www.acnur.org/t3/portugues/noticias/noticia/conflito-na-somalia-devasta-a-
populacao-civil-adverte-acnur/>. Acesso em: 30/08/2012.
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS. ACNUR
transfere refugiados somalis para novos campos. Dadaab, 12 ago. 2011. Disponível em:
<http://www.acnur.org/t3/portugues/noticias/noticia/acnur-transfere-refugiados-somalis-para-
novos-campos/>. Acesso em: 30/08/2012.
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS. Explosões em
Dadaab aumentam preocupação sobre questões de segurança. Genebra, 21 dez. 2011.
Disponível em: <http://www.acnur.org/t3/portugues/noticias/noticia/explosoes-em-dadaab-
aumentam-preocupacao-sobre-condicoes-de-seguranca/>. Acesso em: 30/08/2012.
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS. ACNUR
preocupado com novas restrições ao trabalho humanitário na Somália. Genebra, 29 nov.
2011. Disponível em: <http://www.acnur.org/t3/portugues/noticias/noticia/acnur-preocupado-
com-novas-restricoes-ao-trabalho-humanitario-na-somalia/>. Acesso em: 03/09/2012.
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS. Dadaab, o
maior campo de refugiados do mundo completa 20 anos. Genebra, 21 fev. 2012.
Disponível em: <http://www.acnur.org/t3/portugues/noticias/noticia/dadaab-o-maior-campo-
de-refugiados-do-mundo-completa-20-anos/>. Acesso em: 27/08/2012.
22
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS. Situation
report Dadaab e Alinjugur 13-17 July. [S.l.]: ACNUR, 2012. Disponível em: <
http://data.unhcr.org/horn-of-africa/region.php?id=3&country=110>. Acesso em: 03/09/2012.
QUÊNIA. Department of Refugee Affairs. Historical background. [S.l.], 2012. Disponível
em:
<http://www.refugees.go.ke/index.php?option=com_content&view=article&id=72&Itemid=1
07> Acesso em: 30/08/2012.
HUMAN RIGHTS WATCH. Kenya: Stop Forced Returns to Somalia. Náirobi, 3 abr.
2009. Disponível em: <http://www.hrw.org/news/2009/04/03/kenya-stop-forced-returns-
somalia>. Acesso em: 30/08/2012.
HUMAN RIGHTS WATCH. International Donors Respond to Mounting Need of Somali
Refugees in Kenya. [S. l.], 5 maio 2009. Disponível em:
<http://www.hrw.org/news/2009/05/05/international-donors-respond-mounting-need-somali-
refugees-kenya>. Acesso em: 03/09/2012.
HUMAN RIGHTS WATCH. From Horror to Hopeless. [S.l.]: Human Rights Watch, 2009.
Disponível em: <http://www.hrw.org/sites/default/files/reports/kenya0309web_1.pdf>.
Acesso em: 30/08/2012.
ANISTIA INTERNACIONAL. Somali refugee crisis: Kenya’s opening of camp extension
only a first step. [S. l.], 15 jul. 2011. Disponível em: <http://www.amnesty.org/en/news-and-
updates/international-community-must-help-shoulder-somalia-refugee-burden-2011-07-15>.
Acesso em: 27/08/2012.
ANISTIA INTERNACIONAL. Amnesty International Briefing. Londres: Anistia
Internacional, 2010. Disponível em:
<http://www.amnesty.org/en/library/asset/AFR52/013/2010/en/1d8a0187-b1d9-4005-a0b7-
68138a3cba14/afr520132010en.pdf>. Acesso em: 03/09/2012.
Formatado: Português (Brasil)
23
ANISTIA INTERNACIONAL. From life without peace to peace without life. [S.l.]:
Anistia Internacional, 2010. Disponível em:
<http://www.amnesty.org/en/library/asset/AFR32/015/2010/en/1eb8bd34-2a5c-4aa4-8814-
83e0e8df8ebf/afr320152010en.pdf>. Acesso em: 27/08/2012.
ANISTIA INTERNACIONAL. Kenya Submission to the United Nations Human Rights
Commitee. Londres: Anistia Internacional, 2012. Disponível em: <
http://www.amnesty.org/en/library/asset/AFR32/002/2012/en/1a25708e-ac39-45d8-bb86-
371dd2080321/afr320022012en.pdf>. Acesso em: 30/08/2012