grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo...

94
0 Kennedy Maia dos Santos Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo transversal com a etnia Khisêdjê do Parque Indígena do Xingu, Brasil. São Paulo 2012 Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências

Upload: others

Post on 09-Aug-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

0

Kennedy Maia dos Santos

Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo

transversal com a etnia Khisêdjê do Parque Indígena do

Xingu, Brasil.

São Paulo

2012

Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências

Page 2: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

1

Kennedy Maia dos Santos

Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo

transversal com a etnia Khisêdjê do Parque Indígena do

Xingu, Brasil.

São Paulo

2012

Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Orientadora: Profª Associada Suely Godoy Agostinho Gimeno

Page 3: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

2

Ficha catalográfica

Santos, Kennedy Maia dos Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo transversal com

indígenas Khisêdjê do Parque Indígena do Xingu, Brasil / Kennedy Maia dos Santos. —São Paulo, 2012.

xiv, 82f.

Orientadora: Profª Associada Suely Godoy Agostinho Gimeno Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista

de Medicina. Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva.

Degree of physical activity and the metabolic syndrome: a cross-sectional study with indigenous Khisêdjê the Xingu Indigenous Park, Brazil.

1. Atividade Física 2. Síndrome Metabólica 3. Indígenas

Page 4: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

3

Universidade Federal de São Paulo

Escola Paulista de Medicina

Departamento de Medicina Preventiva

Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva

Chefe do Departamento: Profª Associada Rebeca de Souza e Silva

Coordenador do programa: Profª Associada Suely Godoy Agostinho Gimeno

Page 5: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

4

Kennedy Maia dos Santos

Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo

transversal com a etnia Khisêdjê do Parque Indígena do

Xingu, Brasil.

Presidente da banca:

Profª. Associada Suely Godoy Agostinho Gimeno

Data do exame de defesa: ______/_______/_______

BANCA EXAMINADORA

Profª.Dra. ______________________________________________

Profª.Dra. _______________________________________________

Profª.Dra. _______________________________________________

Profª.Dra. ______________________________________________

Page 6: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

5

Dedicatória

Dedico esta dissertação, com amor, gratidão e profunda

admiração à minha querida mãe Nelcy Maia dos Santos (in

memoriam), que me ensinou valores e princípios éticos e morais

que norteiam a minha existência. Ao meu filho, Salmon Yanke

Leão dos Santos, que é benção em minha vida e um dos

motivadores para eu continuar aprendendo. E à Raquel da

Rocha Paiva Maia, minha adorável esposa à qual sou

admirador incondicional e profundamente grato pelo amor,

paciência, amizade e compreensão em todos os momentos.

Page 7: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

6

AGRADECIMENTOS

À Deus. Obrigado Deus pelo amor incondicional, pela presença e ajuda em todos os

momentos. Por permitir a realização de mais um grande sonho em minha vida. Devo TUDO

ao Senhor, Pai eterno.

À minha esposa Raquel. Agradeço por simplesmente TUDO. Sem você nada disso seria

possível. “(...) Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se

tornarão uma só carne” (Gn 2:23). Você é o meu maior presente. AMO VOCÊ.

À minha orientadora Professora Dra. Suely. Agradeço pela paciência, dedicação, ajuda em

tudo, carinho e principalmente por ter acreditado e investido seu tempo, e um pouco da sua

vida em minha formação profissional e humana. Sou eternamente grato.

Aos Khisêdjê. Agradeço pela colaboração, disposição e ajuda que nos deram durante todos os

dias que estivemos na aldeia. Vocês proporcionaram a maior experiência e aprendizado da

minha vida.

Aos amigos Lalucha, Mario, Patrícia e todos do Projeto Xingu e UNIFESP. Pela amizade,

ajuda e paciência. “(...) Amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito (...)”

(Canção da América - Milton Nascimento). Conviver com vocês foi um presente para mim.

Aos professores. Pela inestimável contribuição que vocês deram à minha vida. Por terem

plantado em mim a preciosa semente do conhecimento. Sempre lembrarei e serei grato a

vocês. Muito obrigado!

À minha família. Aos tios (as) e primos (as) agradeço pelo amor, incentivo e por acreditar em

mim. Sei que tudo que tem acontecido de bom em minha vida é fruto da oração e torcida de

todos vocês. A minha querida irmã Raquel por acreditar em mim tanto, ou mais do que eu

mesmo, amo-te minha irmã. Todas as minhas irmãs e irmãos que se sacrificaram de uma

forma ou de outra para a realização deste sonho. AOS MEUS PAIS, que com simplicidade

conseguiram criar e educar quinze filhos. Vocês são extraordinários. AMO VOCÊS.

E por último, mas não menos importante, aos amigos de Cruzeiro do Sul e Rio Branco – AC.

Para não cometer injustiça não citarei nomes, pois são muitos amigos especiais. Muito

obrigado pela amizade, cuidado, amor, incentivo, ajuda e oração. “Ame um amigo, pois na

angústia nasce um irmão” (Pv 17:17). Sou um ser humano realizado por ter amigos como

vocês. Amo vocês.

Page 8: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

7

AGRADECIMENTOS ÀS INSTITUIÇÕES

À Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Departamento de Medicina Preventiva da

Escola Paulista de Medicina. Por oportunizar-me ensino de qualidade e aprendizado singular.

Ao Projeto Xingu, pela parceria e apoio essencial para realização desse estudo.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo apoio financeiro

que permitiu a realização deste trabalho.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo apoio

financeiro, por meio de bolsa de pesquisa, que me possibilitou realizar este sonho.

Ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Acre, na pessoa do seu Comandante Coronel

Flávio Pires. Pelo apoio e incentivo. Permitiu que me ausentasse do trabalho para poder cursar

o mestrado e realizar esse meu grande sonho. Amo essa instituição.

Ao Governo do Estado do Acre, que permitiu que me ausentasse de minhas funções

trabalhistas para galgar novos patamares em minha formação.

À Igreja Batista do Bosque de Cruzeiro do Sul, que é nossa verdadeira casa e que tem nos

apoiado em tudo. Sou grato a Deus pela vida de cada um dos nossos amigos e pastores. Muito

obrigado, amamos vocês.

A todos (as), muito obrigado.

Page 9: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

8

“Como é feliz o homem que acha a sabedoria, que

obtém o entendimento; pois a sabedoria é mais

proveitosa que a prata e rende mais que o ouro”.

(Provérbios de Salomão: 3: 13 – 14)

Page 10: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

9

SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17

2.1 ATIVIDADE FÍSICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

2.1.1 Prevalência de inatividade física

2.2 SÍNDROME METABÓLICA

2.2.1 Componentes da síndrome metabólica

2.2.2 Fisiopatologia da síndrome metabólica

17

19

20

21

24

2.2.3 Prevalência da síndrome metabólica

2.3 ATIVIDADE FÍSICA E SÍNDROME METABÓLICA

2.4 ATIVIDADE FÍSICA E SÍNDROME METABÓLICA EM

POPULAÇÕES INDÍGENAS

2.4.1 Prevalência de inatividade física entre indígenas

2.4.2 Prevalência de síndrome metabólica entre indígenas

2.5 O PARQUE INDÍGENA DO XINGU E OS KHISÊDJÊ

3 JUSTIFICATIVA

26

27

30

30

33

34

37

4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

38

38

38

5 MATERIAL E MÉTODOS 39

5.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO

5.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO

39

39

5.3 COLETA DE DADOS 39

5.3.1 Técnicas e critérios diagnósticos 40

5.4 ANÁLISE DOS DADOS

5.5 ASPECTOS ÉTICOS

50

50

6 RESULTADOS 52

7 DISCUSSÃO 59

8 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 69

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 70

10 ANEXOS 83

Page 11: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

10

Lista de Figuras

Figura 1 - Mapa da localização geográfica do Parque Indígena do Xingu e do Posto Indígena Wawi.

36

Figura 2 - Execução do teste de Rockport (uma milha/1609m) por indígenas Khisêdjê, Brasil, 2011.

43

Figura 3- Execução do teste de flexibilidade (banco de Wells) por indígena Khisêdjê, Brasil, 2011.

44

Figura 4 - Execução do teste de força de membros inferiores (impulso horizontal) por indígenas Khisêdjê, Brasil, 2011.

46

Figura 5 - Execução do teste de resistência muscular (flexão de tronco) por indígena Khisêdjê, Brasil, 2011.

47

Figura 6 - Execução do teste de resistência muscular (flexão de braço) por indígena Khisêdjê, Brasil, 2011.

48

Figura 7 - Verificação do número de passos/dia por meio do pedômetro em indígena Khisêdjê, Brasil, 2011.

50

Figura 8 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê por faixa etária segundo sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.

52

Figura 9 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê por categoria de desempenho no teste de uma milha segundo sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.

55

Figura 10 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê por categoria de desempenho no teste de flexibilidade com o banco de Wells segundo sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.

55

Figura 11 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê por categoria de desempenho no teste de flexão de braço segundo sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.

55

Figura 12 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê por categoria de desempenho no teste de flexão de tronco segundo sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.

55

Figura 13 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê por categoria de desempenho no teste de impulso horizontal segundo sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.

55

Figura 14 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê por categoria de desempenho na avaliação do nível de atividade física com o pedômetro segundo sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.

55

Figura 15 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê com síndrome metabólica segundo faixa etária e sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.

56

Figura 16 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê segundo desempenho físico global por sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.

57

Page 12: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

11

Lista de Tabelas

Tabela 1. Critérios da WHO, IDF, NCEP e critério consensual para o diagnóstico de síndrome metabólica.

22

Tabela 2. Tipo de procedimento segundo ano da coleta dos dados. Parque Indígena do Xingu, 2011.

40

Tabela 3. Classificação do volume máximo de oxigênio em ml(kg.min) segundo critérios da American Heart Association para o sexo feminino.

43

Tabela 4. Classificação do volume máximo de oxigênio em ml(kg.min) segundo critérios da American Heart Association para o sexo masculino.

43

Tabela 5. Classificação da flexibilidade segundo o teste com o banco Wells para o sexo masculino.

45

Tabela 6 - Classificação da flexibilidade segundo o teste com o banco Wells para o sexo feminino.

45

Tabela 7. Classificação dos resultados do teste de impulso horizontal para avaliação de força de membros inferiores.

46

Tabela 8. Classificação da resistência muscular localizada segundo o teste de flexão de tronco (abdominal).

47

Tabela 9. Classificação dos resultados do teste de flexão de braço para avaliação da resistência muscular localizada no sexo masculino.

48

Tabela 10. Classificação dos resultados do teste de flexão de braço para avaliação da resistência muscular localizada no sexo feminino.

49

Tabela 11. Número (ou média) e porcentagem (ou desvio padrão) de indígenas Khisêdjê segundo sexo e variáveis de interesse. Parque Indígena do Xingu, 2011.

54

Tabela 12. Número (ou média), porcentagem (ou desvio padrão) e razões entre as prevalências de variáveis de interesse segundo a presença de síndrome metabólica em indígenas Khisêdjê. Parque Indígena do Xingu, 2011.

58

Page 13: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

12

Abreviaturas utilizadas

AAHPERD - American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance ACSM - American College of Sports Medicine ADA – American Diabetes Associates AFRS - Aptidão física relacionada à saúde CSTF - Canadian Standardized Test of Fitness DCNT - Doenças crônicas não-transmissíveis DM - Diabetes mellitus FC - Freqüência cardíaca FUNASA - Fundação Nacional de Saúde GJ - Glicemia capilar de jejum G2h - Glicemia capilar de duas horas GJA - Glicemia em jejum alterada HA - Hipertensão arterial HAS - Hipertensão arterial sistêmica HDL – Lipoproteína de alta densidade IDF - International Diabetes Federation IG - Intolerância à glicose LDL – Lipoproteína de baixa densidade MS - Ministério da Saúde NCEP - National Cholesterol Education Program International Diabetes WHO – World Health Organization PA – Pressão arterial PAD - Pressão arterial diastólica PAS - Pressão arterial sistólica PC – Perímetro da cintura PIX - Parque Indígena do Xingu RI - Resistência à insulina SM - Síndrome metabólica SBC - Sociedade Brasileira de Cardiologia TOTG - Teste oral de tolerância à glicose TSA - Teste de flexibilidade sentar e alcançar UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo

Page 14: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

13

RESUMO

Este estudo teve como objetivo verificar a existência de associação entre o grau de atividade

física e a presença de síndrome metabólica (SM) entre indígenas Khisêdjê com 20 anos ou

mais. Por meio de abordagem epidemiológica do tipo transversal, foram avaliados indivíduos

Khisêdjê, do Parque Indígena do Xingu, Brasil. Formulários (dados sociodemográficos),

testes (resistência cardiorrespiratória, força e resistência muscular, flexibilidade e nível de

atividade física segundo o número de passos/dia utilizando o pedômetro) e análise de material

biológico (glicose e lipoproteínas séricas) foram utilizados para obtenção das informações de

interesse. A existência de associação entre atividade física e a presença de SM foi avaliada

pela estatística qui-quadrado (p < 0,05) e pelas razões de prevalências (por ponto e por

intervalo com 95% de confiança) brutas e ajustadas. Empregou-se, na comparação dos valores

médios das variáveis biológicas segundo sexo ou idade, o teste t de Student. No teste de

resistência cardiorrespiratória, 90,7% dos sujeitos apresentaram desempenho bom ou

excelente; no de flexibilidade, 98,7% obtiveram desempenho excelente. Quanto ao número de

passos/dia, 70,0% foram classificados como ativos ou muito ativos. Nos testes de flexão do

braço e do tronco, 50,6% e 33,3% foram classificados com desempenho acima da média ou

excelente, respectivamente. No teste de impulso horizontal, 1,1% obtiveram desempenho

bom. A prevalência de SM foi de 27,8%, sendo maior entre as mulheres e entre os sujeitos das

faixas etárias de 39 – 49 anos e ≥ 50 anos, quando comparado com a faixa etária de 20 – 29

anos. A freqüência de SM também foi maior entre aqueles que tiveram desempenho fraco ou

regular no teste de resistência cardiorrespiratória (RP= 2,52; IC95%: 1,26 – 5,03) e entre os

classificados como “baixo ativo ou sedentário” na avaliação do nível de atividade física

segundo o número de passos/dia; esta última associação perdeu a significância estatística

quando ajustada por sexo e idade. Médias menores no teste de impulso horizontal foram

identificadas entre os sujeitos com SM quando comparados aos indígenas sem essa condição.

Com exceção do teste de força explosiva de membros inferiores (impulso horizontal), os

Khisêdjê apresentaram desempenho satisfatório nos testes físicos. O pior desempenho nos

testes físicos associou-se a presença de SM, indicando a necessidade de maior vigilância no

controle e prevenção dos fatores de risco que compõe a SM.

Palavras chaves: atividade física; síndrome metabólica; indígenas.

Page 15: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

14

ABSTRACT

This study had the purpose of verifying the existence of an association between the physical

activity level and the presence of metabolic syndrome (MS) among indigenous Khisêdjê ≥ 20

years of age. It was a cross-sectional study developed with individuals of the Khisêdjê tribe in

the Xingu Indigenous Park, Brazil. Questionnaires, (sociodemographic data), tests

(cardiorespiratory endurance, muscular strength and resistance, flexibility, and physical

activity level according to number of steps/day using the foot pod) and analyses of biological

material (glucose and serum lipoproteins) were used to obtain information of interest. The

existence of associations between physical activity and the presence of MS were evaluated by

the chi-square statistic (p < 0.05), and by crude and adjusted prevalence rate ratio (point and

interval with 95% confidence). The Student`s t test was used in the comparison of the mean

values of biological variables according to sex or age. In cardiorespiratory resistance test, 90.7

% of the subjects presented good or excellent performance; in flexibility, 98.7 % obtained

excellent performance. As to the number of steps/day, 70.0 % were classified as active or very

active. In flexion of the arm and torso tests, 50.6 % and 33.3 % were classified as above

average or excellent, respectively. In horizontal impulse test, 1.1 % had good performance.

The prevalence of MS was 27.8 %, and higher among women and among the subjects of the

age groups of 39 - 49 years and ≥ 50 years, when compared with the age range of 20 - 29

years. The frequency of MS was also higher among those who had poor or just regular

performance in cardiorespiratory resistance test (RP= 2.52; 95% CI: 1.26 - 5.03), and among

those classified as "low active or sedentary lifestyle" in the assessment of physical activity

level according to number of steps/day; this last association lost statistical significance when

adjusted for age and sex. Lower mean value of horizontal impulse was observed among

subjects with MS than those verified among indigenous without this condition. With the

exception of the explosive force test of the lower limbs (impulse horizontal), the Khisêdjê

showed satisfactory performance in physical tests. The worst performance in physical tests

was associated with the presence of MS indicating the need for greater vigilance in the control

and prevention of the risk factors that comprise MS.

Key words: physical activity, metabolic syndrome; indigenous.

Page 16: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

15

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) representam um problema de saúde

pública e um desafio ao sistema de saúde na medida em que adquirem importância crescente

nas estatísticas de morbidade e mortalidade em todo o mundo (WHO, 2002; BRASIL, 2005;

MALTA et al., 2009). A redução da mortalidade infantil e por doenças infecciosas e

parasitárias, o desenvolvimento econômico, as mudanças no estilo de vida e o conseqüente

envelhecimento populacional, são fatores que contribuem para que esses agravos respondam

pela maior carga de doenças no Brasil. Em 2007, por exemplo, cerca de 70% das mortes no

Brasil ocorreram como conseqüência das DCNT (BRASIL, 2005; SILVA-JUNIOR, 2009).

Dentre as DCNT, a síndrome metabólica (SM) se destaca por se tratar de um conjunto

de fatores de risco que potencializam o risco de aparecimento de doenças cardiovasculares e o

diabetes mellitus (DM) (ALBERTI et al., 2006; BARBOSA et al., 2006; REAVEN, 2011).

Apesar de ainda não haver consenso sobre a definição de SM, sabe-se que seu diagnóstico se

dá pela identificação de pelo menos três entre cinco fatores de risco (hipertensão arterial

(HA), obesidade central, intolerância à glicose (IG), valores alterados de lipoproteína de alta

densidade (HDL) e hipertrigliceridemia (ALBERTI et al., 2006; BARBOSA et al., 2006;

ALBERTI et al., 2009; REAVEN, 2011). A SM está relacionada a fatores hereditários,

hábitos alimentares inadequados e a inatividade física (DURSTINE e HASKELL, 1994;

CASTANEDA et al., 2002; CIOLAC e GUIMARÃES, 2004). Fatores comportamentais que

aumentam o risco das DCNT (em geral) e também da SM não estão presentes apenas entre as

sociedades industrializadas, mas inserem-se de forma crescente em populações indígenas

(COIMBRA, 2003; SALVO et al., 2009; PARK e LINDHOLM, 2009).

A maior proximidade entre as populações indígenas e as populações urbanas associa-

se às modificações de sua relação com a terra, o trabalho e a alimentação (COIMBRA, 2003);

essas mudanças trazem consigo uma consequente alteração no perfil epidemiológico desses

Page 17: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

16

povos, sendo possível observar uma elevação de agravos à saúde, tais como, obesidade,

hipertensão, intolerância à glicose, diabetes e SM (GUGELMIM e SANTOS, 2006; SALVO

et al, 2009; SCHMIDT et al., 2011). Observa-se que, na atualidade, as DCNT já representam

um problema de saúde pública importante também entre povos indígenas.

Dado o problema social que as DCNT representam, ações de promoção e prevenção da

saúde são fundamentais para o combate e controle das mesmas. Estudos epidemiológicos

comprovam os efeitos benéficos da atividade física regular para a manutenção do bem-estar,

bem como para a prevenção e controle das DCNT (FLORINDO e HALLAL, 2011). VUORI

(2001) destaca que essa prática favorece o metabolismo lipídico, auxilia no controle da

pressão arterial e da densidade óssea, além de contribuir positivamente nas funções

psicológicas e imunológicas.

Embora a associação entre atividade física e saúde já tenha sido identificada por meio

de estudos epidemiológicos, essa relação ainda não foi estudada entre as populações indígenas

do Brasil. A exemplo de outras populações, o povo Khisêdjê vive um processo de transição

epidemiológica (COIMBRA, 2003; SALVO et al, 2009). Os Suyá, como eram chamados, era

um povo guerreiro que travou diversas batalhas violentas com outras etnias antes da chegada

dos irmãos Villas Bôas, por volta de 1948 (BARUZZI et al., 2005). Esse povo, que outrora

produzia seus próprios alimentos ou utilizava o que havia disponível na floresta, nos últimos

anos, incorporou, em parte de sua dieta, alimentos industrializados, o que pode contribuir

substancialmente para a ocorrência de DCNT (SALVO et al, 2009).

Dentro desse contexto, a proposta do presente trabalho é verificar a existência de

associação entre desempenho físico e a presença de SM entre índios Khisêdjê, do Parque

Indígena do Xingu.

Page 18: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ATIVIDADE FÍSICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

Na primeira conferência internacional sobre promoção da saúde, realizada em 12 de

novembro de 1986, na cidade de Ottawa, Canadá, estabeleceu-se um dos primeiros conceitos

sobre promoção de saúde, sendo assim contextualizado como “processo de capacitação da

comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde (...)” (carta de Ottawa,

1986). Sob esse prisma, entende-se que promoção da saúde de uma população não é de

responsabilidade apenas do estado, por meio do setor saúde, mas também de um conjunto de

setores sociais, entre o indivíduo e o meio, com fim no bem-estar de todos (MORETTI et al.,

2009).

O Ministério da Saúde (MS) publicou, em 2006, a Política Nacional de Promoção da

Saúde. Tal política estabeleceu a prática corporal /atividade física como uma de suas ações

específicas, buscando incentivar a inserção dessa prática ao cotidiano da comunidade, haja

vista os benefícios advindos da regularidade da mesma (BRASIL, 2006a).

Há evidências de que a atividade física regular contribui substancialmente para o

equilíbrio da pressão arterial, do metabolismo lipídico, composição corporal, intolerância à

glicose, densidade óssea e das funções psicológicas (VUORI, 2001). Esses benefícios se

contrapõem aos hábitos sedentários, que por sua vez, favorecem o aumento de peso,

desequilíbrio metabólico, elevação do estresse e constituem fatores de risco para as DCNT

(ROBERGS e ROBERTS, 2002; BRASIL, 2005).

ROBERGS e ROBERTS (2002) referem que não se pode estimar, de forma precisa, a

importância do exercício físico e sua contribuição exata à saúde e ao bem-estar do indivíduo

praticante; entretanto, evidências mostram que “a atividade física regular e o exercício

aumentam a longevidade e diminuem o risco de óbitos por doenças cardiovasculares”. Ao

Page 19: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

18

fazer essa afirmação os autores pressupõem uma diferença entre atividade física e exercício

físico, isso porque durante muito tempo os dois termos foram utilizados como unívocos.

Atualmente se entende exercício físico como uma subcategoria da atividade física que,

no seu planejamento ou prescrição, tem características como: tipo de atividade, freqüência

semanal, tempo de cada sessão/treino, intensidade e duração do exercício, e progressão ou

evolução da carga de exercício, tendo como objetivo o aprimoramento dos componentes da

aptidão física (CASPERSEN et al., 1985; ACSM, 2001). Já a atividade física diz respeito a

toda e qualquer movimentação corpórea que resulte em um gasto de energia calórica acima

dos níveis de repouso. Pode-se dizer que todo exercício físico é uma atividade física, mas nem

toda atividade física é um exercício físico.

A aptidão física (aptidão física relacionada à saúde – AFRS) pode ser definida como a

capacidade do indivíduo executar tarefas do cotidiano de forma satisfatória, com disposição e

vigor (CASPERSEN et al., 1985; PATE, 1988). Em geral, pessoas que se enquadram nessa

definição apresentam menor propensão a desenvolver, precocemente, incapacidade motora e

algumas doenças como as DCNT (ACSM, 1996). Para GLANER (2002) isso decorre de

diversos fatores: morfológicos (referente à composição corporal), funcionais (relacionada à

capacidade cardiorrespiratória), motores (propriedades de força, resistência muscular e

flexibilidade), fisiológicos e comportamentais.

Os componentes da AFRS são conhecidos como: aptidão cardiorrespiratória,

capacidade músculo-esquelético (força e resistência musculares), composição corporal e

flexibilidade (GUEDES et al., 2002; GLANER, 2002). Para medi-los, faz-se necessário a

utilização de diversos testes e protocolos, de campo ou laboratoriais, sendo alguns deles

práticos e de baixo custo, enquanto outros são mais sofisticados. Entre os testes mais

utilizados estão os recomendados pela American Alliance for Health, Physical Education,

Recreation and Dance (AAHPERD, 1988) e pelo American College of Sports Medicine

Page 20: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

19

(ACSM, 2001). Os mesmos são bem aceitos na comunidade acadêmica e apresentam

parâmetros para avaliar e mensurar a aptidão física relacionada à saúde de indivíduos ativos

fisicamente ou não. Dentre os testes presentes nesses protocolos, estão os de resistência

cardiorrespiratória (teste de uma milha), de flexibilidade (teste de sentar e alcançar), de

resistência e força muscular localizada (por meio da flexão de braço e de tronco; impulso

horizontal), e a avaliação da composição corporal (índice de massa corporal).

2.1.1 Prevalência de inatividade física

Segundo relatório da WHO (2002), aproximadamente 17% da população mundial com

idade superior a 14 anos não pratica qualquer atividade física. O relatório ainda aponta que

60% dos indivíduos não realiza atividade física o suficiente para ser classificada como

fisicamente ativa, ou seja, menos de 150 minutos por semana.

Uma revisão da literatura feita por DUMITH (2011), com o objetivo de verificar a

prevalência da prática de atividade física no Brasil e no mundo, mostrou que essa variou de

37% na Colômbia a 69% na União Europeia, com média e mediana por volta de 55%. O autor

refere um estudo com abrangência nacional, publicado em 2003 pelo Instituto Nacional do

Câncer (INCA), onde se detectou prevalência geral de atividade física insuficiente

(sedentário, irregularmente ativo) de 37%, variando de 28% em Belém a 55% em João Pessoa

(INCA, 2003).

Em outro estudo realizado pelo MS no ano de 2008, por meio de inquérito telefônico

domiciliar realizado pelo sistema VIGITEL (vigilância de fatores de risco e proteção para

doenças crônicas por inquérito telefônico), verificou-se que a frequência de atividade física

regular entre adultos no país é ainda muito modesta, com variação entre as capitais de 12,1%

em São Paulo e 21,5% em Palmas (BRASIL, 2009). Esse estudo ainda identificou que essa

prática é mais comum entre os homens do que entre as mulheres. Detectou-se maior

Page 21: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

20

freqüência entre os homens nas capitais de Macapá (28,8%), Distrito Federal (26,5%) e

Vitória (26,1%); entre mulheres, em Palmas (18,9%), Campo Grande (18,3%) e Florianópolis

(17,2%). Para o sexo masculino, as localidades que apresentaram menores freqüências de

atividade física suficiente no lazer foram: São Paulo (13,8%), Curitiba (16,1%) e Aracajú

(17,4%); no sexo feminino, destacam-se São Luiz (9,9%), Rio Branco (10,2%) e São Paulo

(10,6%) (BRASIL, 2009).

2.2 SÍNDROME METABÓLICA

A SM já recebeu, ao longo dos anos, diversas denominações: síndrome X, quarteto

mortal, síndrome plurimetabólica, síndrome de resistência à insulina e síndrome

cardiometabólica (MOEBUS et al., 2007). Entretanto, é consensual que a SM é composta por

um grupo de fatores de risco à saúde, dentre eles, a obesidade central, resistência à insulina

(RI), dislipidemia, hipertensão arterial e intolerância à glicose (IDF, 2006; CHEN e

BERENSON, 2007; PARK e LINDHOLM, 2009). Todos esses distúrbios associam-se às

doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e doença renal crônica (DRC) (PARK e

LINDHOLM, 2009).

Segundo PARK e LINDHOLM (2009), até o presente, diversos debates circundam a

definição e patogênese da SM (descrita em 1923 por Kylin, Vagas em 1947 e ampliado por

Reaven em 1988). Segundo especialistas da WHO, o diagnóstico da SM é definido pela

presença de resistência à insulina, ou IG, e, a presença associada de pelo menos duas outras

anomalias: hipertensão arterial, triglicerídeos elevados, obesidade central, HDL baixo ou LDL

elevado (WHO, 1999). Outra proposta foi feita pelo National Cholesterol Education Program

International Diabetes (NCEP-ATP III), em 2001 (aceita e definida na I-DBSM, 2005),

definindo como critérios para o diagnóstico de SM a presença de três ou mais alterações:

Page 22: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

21

obesidade abdominal, hipertrigliceridemia, HDL baixo, hipertensão, glicose em jejum elevada

(ALBERTI et al., 2009).

Uma das definições mais utilizadas foi proposta pela International Diabetes Federation

(IDF, 2006), que previa a obesidade abdominal como componente central da SM, seguido de

mais dois componentes relacionados pela NCEP-ATP III. As definições feitas por outras

entidades, a partir dessa, tiveram poucas diferenças; além do mais, estudos comprovaram que

os resultados utilizando os diferentes métodos e definições (WHO e NCEP) se mostraram

moderadamente concordantes (IDF, 2006; PICON et al., 2006; CHEN e BERENSON, 2007;

PARK e LINDHOLM, 2009). Em 2009, estabeleceu-se um consenso de que o critério

diagnóstico dessa síndrome poderia ser feito a partir da presença de pelos menos três dos

cinco fatores de risco (ALBERTI et al., 2009). Na Tabela 1 encontram-se os diferentes

critérios utilizados para o diagnóstico da SM.

2.2.1 Componentes da síndrome metabólica

a) Hipertensão arterial

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma alteração metabólica caracterizada pela

elevação e sustentação da pressão arterial sistólica ou diastólica ≥ 140 ou 90 mmHg,

respectivamente. A HAS é considerada um dos principais fatores de risco para as doenças

cardiovasculares (SBC, 2006; CARDOSO et al., 2008; SANTOS e ABREU-LIMA, 2009;

OLIVEIRA, 2010a).

No Brasil, a classificação relacionada à pressão arterial (PA) adotada pelo Ministério

da Saúde, é: normal: PAS < 120 mmHg e PAD < 80 mmHg; pré-hipertensão: PAS entre 120 –

139 mmHg e PAD entre 80 – 89 mmHg; e, hipertensa arterial (HA) estágio I: PAS entre 140

Page 23: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

22

– 159 mmHg e PAD entre 90 – 99 mmHg, e estágio II: PAS > 160 mmHg e PAD > 100

mmHg (BRASIL, 2006b).

Tabela 1. Critérios da WHO, IDF, NCEP e critério harmonizado para diagnóstico de síndrome

metabólica

FATORES DE RISCO

WHO (1999)

NCEP ATPIII (2001)****

IDF (2005)

CRITÉRIO CONSENSUAL

(2009)1 Obesidade central

Relação cintura/quadril > 0,9 em homens e > 0,85 em mulheres e/ou IMC > 30 kg/m²

Cintura abdominal > 102 cm em homens e > 88 cm em mulheres

Cintura abdominal > 94 cm em homens europeus, > 90 cm em homens asiáticos e >80 cm em mulheres***

Definição segundo critérios específicos da população e país (IDF ou AHA/NHLBI)

Glicose plasmática

Diabetes,intolerância glicídica ou resistência insulínica comprovada pelo clamp*

≥ 110 mg/dL ≥ 100 mg/dL ou diagnóstico prévio de diabetes

≥ 100 mg/dL

Triglicerídeos ≥ 150 mg/dL** ≥ 150 mg/dL ≥ 150 mg/dL ou tratamento para dislipidemia

≥150 mg/dL (1.7 mmol/L)

HDL < 35 mg/dL em homens e < 39 mg/dL em mulheres

< 40 mg/dL em homens e < 50 mg/dL em mulheres

< 40 mg/dL em homens ou < 50 mg/dL em mulheres ou tratamento para dislipidemia

≥40 mg/dL (1.0 mmol/L) em homens ≥50 mg/dL (1.3 mmol/L) em Mulheres

Pressão arterial

Pressão sistólica ≥ 140 mmHg ou diastólica ≥ 90 mmHg, ou tratamento para HA

Pressão sistólica ≥ 130 mmHg ou diastólica ≥ 85 mmHg

Pressão sistólica ≥ 130 mmHg ou diastólica ≥ 85 mmHg ou tratamento para HÁ

Pressão sistólica ≥ 130 mmHg e /ou diastólica ≥ 85 mmHg

Outros Excreção urinária de albumina ≥ 20 µg/min ou relação albumina/creatinina ≥ 30 mg/g

* Fator de risco distinto e mais dois fatores de risco; ** Tanto triglicerídeos elevados ou HDL baixo constituem apenas um fator pela WHO; *** Componente obrigatório para o diagnóstico e mais dois; **** A existência de três ou mais dos fatores de risco citados. WHO: World Health Organization; NCEP: National Cholesterol Education Program; IDF: International Diabetes Federation; AHA/NHLBI: American Heart Association; National Heart, Lung, and Blood Institute. 1 - Critério estabelecido em consenso pelas principais organizações que estudo o tema síndrome metabólica: WHO, NCEP ATPIII, IDF.

Page 24: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

23

b) Intolerância à glicose (IG)

Sabe-se que a IG é uma condição clínica que se associa à maior propensão ao diabetes

mellitus (DM) e a diversos problemas cardiovasculares (CIPRIANO et al., 2006). MATOS e

DIAS (2010) afirmam que a IG, em geral, é assintomática, portanto, seu diagnóstico pode

demorar diversos anos. Além disso, os autores comentam que diversos casos de DM não

diagnosticados apresentam níveis de glicemia em jejum (GJ) normais, porém apresentam

níveis anormais adquiridos após refeição (pós-prandiais), obtidos por meio do teste oral de

tolerância à glicose (TOTG).

O TOTG é realizado com um aporte oral de 75g de glicose - 120 minutos após a

ingestão realiza-se uma coleta de sangue para determinar a concentração de glicose (MATOS

e DIAS, 2010). A WHO (2003) e o Comitê de especialistas sobre o diagnóstico e classificação

do diabetes mellitus (The Expert Committee On The Diagnosis And Classification Of

Diabetes Mellitus, 2003) consideram como normais níveis de glicemia em jejum até 99

mg/dL, e até 139 mg/dL após a sobrecarga de glicose. Considera-se com DM o sujeito com

glicemia de jejum ≥ 126mg/dL ou ≥ 200 mg/dL após a sobrecarga. Tolerância a glicose

diminuída ou pré-diabetes corresponde a glicemia em jejum entre 100 e 125 mg/dL e, após a

sobrecarga ≥ 140mg/dL e < 200 mg/dL.

c) Dislipidemia

A dislipidemia é caracterizada pela alteração dos níveis de lipoproteínas séricas,

estando diretamente associada às doenças cardiovasculares (FRANCA e ALVES, 2006). A

ocorrência de dislipidemia está relacionada com fatores genéticos e ambientais, tendo como

principais características a elevação do colesterol total, aumento do LDL (lipoproteína de

baixa densidade), ou diminuição do HDL (lipoproteína de alta densidade) e aumento dos

valores de triglicérides (ARCANJO et al., 2005; FRANCA e ALVES, 2006).

Page 25: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

24

A presença de dislipidemia pode ser caracterizada quando a concentração de colesterol

total for > 200 mg/dL, ou triglicérides e LDL forem maior que 150 mg/dL e 130 mg/dL,

respectivamente, ou quando o valor de HDL for < 40 mg/dL (NCEP, 2001).

d) Obesidade central

A obesidade central caracteriza-se pela concentração de gordura na região abdominal;

além disso, constitui-se um fator de risco que está associado à maior propensão para o

desenvolvimento de DM e doenças cardiovasculares (BARBOSA et al., 2006; LEITÃO,

2009). Considera-se que valores do perímetro da cintura ≥ 80 cm e ≥ 94 cm, para mulheres e

homens, respectivamente, são indicativos da presença dessa anormalidade (IDF, 2006;

ALBERTI et al., 2009).

2.2.2 Fisiopatologia da síndrome metabólica

Por sua natureza multifatorial, os mecanismos envolvidos na fisiopatologia da SM são

complexos. Acredita-se que a resistência à insulina (RI) seja o componente essencial da SM.

A RI caracteriza-se por uma excessiva produção de insulina pelo pâncreas, em resposta a uma

elevação dos níveis de glicose sanguínea; ou seja, existe uma inabilidade desse hormônio em

produzir seus efeitos biológicos em concentrações normais ou aumentadas nos tecidos

periféricos como o adiposo, o muscular e o hepático. Isso ocorre como conseqüência do

prejuízo na transmissão do sinal intracelular desse hormônio (REAVEN, 1988; MCARDLE et

al, 2008; MORI et al., 2010).

A obesidade abdominal também parece exercer um importante papel na SM. No

organismo humano, o tecido adiposo armazena a gordura na forma de triglicérides, que são

compostos constituídos por três moléculas de ácidos graxos ligados ao glicerol. Porém, em

indivíduos obesos, devido ao maior aporte de triglicérides, os adipócitos aumentam de

Page 26: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

25

tamanho; se a capacidade de armazenagem desses adipócitos for excedida, ocorre a liberação

de ácidos graxos livres para a corrente sanguínea. Essas moléculas, posteriormente,

depositam-se em órgãos como o fígado e o tecido muscular favorecendo a ocorrência da RI

(BAYS et al., 2004; PIMENTA, 2008). O fígado é um órgão diretamente afetado pela elevada

deposição de gordura intra-abdominal. A drenagem sanguínea da gordura visceral converge

diretamente para a veia porta, levando grandes quantidades de ácidos graxos livres para esse

órgão; isto diminui a extração hepática de insulina, contribuindo para o quadro de

hiperinsulinemia e RI. Mutações no gene obeso (ob) podem ser responsáveis pela obesidade.

Esse gene é responsável pela produção da substância hormonal chamada leptina. Essa

substância desempenha papel fundamental no controle do peso, pois ao ser depositado na

corrente sanguínea a mesma atua sobre hipotálamo fazendo com que o mesmo interrompa a

vontade de comer (MCARDLE et al, 2008).

A hiperinsulinemia e a RI estão, por sua vez, associadas a outro componente da

síndrome metabólica: a hipertensão arterial (ECKEL et al., 2005; PIMENTA, 2008). A

insulina tem ação vasodilatadora e exerce efeitos secundários na reabsorção de sódio nos rins.

Em indivíduos com resistência à insulina, essa segunda função é preservada, entretanto, o

efeito vasodilatador desaparece (STEINBERG et al., 1994; TOOKE e HANNEMANN,

2000). Adicionalmente, há maior reabsorção de sódio nos rins devido a hiperinsulinemia,

levando a um aumento do volume plasmático e, em consequência, elevação da pressão arterial

(KURODA et al.,1999). Outro fator contribuinte para a hipertensão arterial observada na SM

é a produção e secreção, pelo tecido adiposo, de hormônios conhecidos coletivamente como

adipocinas. Dois desses hormônios, o angiotensinogênio e as catepsinas D e G estimulam a

síntese de angiotensina II, que provoca vasoconstrição periférica e elevação dos níveis

plasmáticos da aldosterona, hormônio produzido pelas glândulas adrenais e que tem

capacidade de aumentar a reabsorção renal de sódio (LOPES, 2003).

Page 27: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

26

A importância do agrupamento desse arcabouço de anormalidades que juntos

compõem a SM, relaciona-se ao fato de que quando identificados em um sujeito, tal condição

se constitui fator de risco amplificado para as doenças cardiovasculares e DM (FERREIRA e

CATÂNIA, 2010). Esta hipótese é endossada por meio de diversos estudos (GIACAGLIA et

al, 2010). GAMI et al (2007) realizaram uma meta-análise para investigar a associação entre

SM e eventos cardiovasculares. Os autores referiram que a presença de SM aumentou o risco

cardiovascular em 1,54 vezes. Em outro estudo, o risco de relativo médio DM em sujeitos

com SM foi de 3,5 a 5,2 (FORD et al, 2008).

2.2.3 Prevalência da síndrome metabólica

Segundo pesquisadores da Federação Internacional de Diabetes (2006), cerca de 20%

a 25% da população adulta mundial tem SM; esses sujeitos têm o dobro da probabilidade de

morrer, além de terem três vezes mais chance de derrame ou ataque cardíaco em relação aos

que não têm SM. Essa propensão, no entanto, é mais evidente em países desenvolvidos; tende

a aumentar com idade e sua prevalência varia de acordo com fator étnico, como afirmam

PARK e LINDHOLM (2009). Segundo os autores, enquanto na Índia se observou uma

prevalência de 8% de SM na população urbana adulta masculina, nos Estados Unidos essa

prevalência foi de 21%.

Embora seja reconhecida a importância da SM e suas consequências às doenças

cardiovasculares e diabetes, ainda não existem estudos representativos sobre sua prevalência

na população brasileira (LAKKA et al., 2002; SALAROLI et al., 2007). No Brasil, estudo do

tipo transversal feito com 1554 trabalhadores de uma indústria petrolífera na Bahia, com base

nos critérios estabelecidos para diagnóstico segundo o NCEP/ATP III, e recomendado pela I

Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da SM, detectou uma prevalência de 15% de

SM entre os avaliados (FELIPE-DE-MELO et al., 2009).

Page 28: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

27

Em outro estudo transversal realizado com 753 pacientes de ambos os sexos, e

diferentes grupos étnicos, com idade média de 57 anos, e que procuraram o serviço

ambulatorial de um hospital no Rio Grande do Sul, observou-se a presença de SM em 89% e

87%, segundo a definição da WHO e do NCEP respectivamente (PICON et al., 2006). O

estudo mostrou que houve uma diferença substancial nos valores entre os sexos, sendo maior

entre os homens, e menor entre pessoas negras. Em outro estudo, realizado com nipo-

brasileiros na cidade de Bauru-SP, identificou-se prevalência de 54, 3% de indivíduos com

síndrome metabólica, sendo identificada maior prevalência entre indivíduos mais velhos, de

ambos os sexos (DORO et al., 2006; BORGES et al., 2007).

2.3 ATIVIDADE FÍSICA E SÍNDROME METABÓLICA

A atividade física é considerada um importante mecanismo de intervenção não

medicamentoso para algumas enfermidades, desempenhando importante papel na prevenção

dos fatores de risco que constituem a SM. A prática regular de atividade física favorece

estabilização dos níveis pressóricos e lipídicos, auxilia na manutenção do peso corporal,

melhora a função cardiorrespiratória, auxiliando na manutenção dos níveis normais de

freqüência cardíaca, aumenta a captação de glicose pelo músculo ativo durante e após a sessão

de exercício, causando melhoria na sensibilidade da ação da insulina (ROBERGS e

ROBERTS, 2002; CARROLL e DUDFIELD, 2004; MCARDLE et al., 2008; GIACAGLIA

et al., 2010).

Segundo ROBERGS e ROBERTS (2002), durante o exercício o organismo é

estimulado a adaptar-se para manter o estado estável (condição onde as funções orgânicas se

adaptam ao esforço submetido). Esse processo faz com que haja mudanças fisiológicas que

vão influenciar nos sistemas de controle corporal (responsável pela homeostase do corpo).

Dessa forma, os mecanismos que agem e influenciam no controle da pressão sanguínea, do

Page 29: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

28

metabolismo energético e nos estímulos bioquímicos provocam mudanças essenciais na

fisiologia dos sistemas de controle biológico.

O exercício físico possibilita a maximização do metabolismo energético, pois durante

o mesmo a necessidade de energia (calorias) aumenta para que ocorram as contrações

musculares; com isso, essa necessidade energética do músculo esquelético estimula algumas

reações que coincidem com algumas alterações nas funções orgânicas (coração, rins, pulmões,

fígado e outros órgãos), que naturalmente sustentam a necessidade energética de forma cíclica

(ROBERGS e ROBERTS, 2002; MCARDLE et al., 2008). Os autores referem ainda que

indivíduos fisicamente ativos mantêm-se com níveis satisfatórios do metabolismo em

repouso, mesmo com o aumento da idade. Dessa forma, a atividade física regular pode

aprimorar o metabolismo das gorduras e carboidratos, melhorando a utilização das reservas de

glicogênio, da função respiratória e melhor distribuição da massa corpórea.

Em relação à pressão arterial, o exercício físico possibilita melhoras significativas ao

condicionamento do sistema cardiovascular (ROBERGS e ROBERTS, 2002). Com isso, o

sistema cardiovascular pode regular de forma mais eficiente à distribuição sanguínea no

corpo, ao mesmo tempo em que a pressão arterial e a frequência cardíaca se mantêm estáveis.

MCARDLE et al. (2008) explicam que os sujeitos fisicamente ativos desenvolvem uma

capacidade fisiológica que permite aumentar o volume sistólico de ejeção do coração,

aumentando o débito cardíaco (volume de sanguíneo que é bombeado pelo coração/minuto),

reduzindo a resistência do fluxo de sangue nos tecidos periféricos (pressão sanguínea nos

vasos e artérias) sem aumentar a frequência cardíaca. Isso ocorre devido mudanças

morfológicas arteriolares que possibilitam a redução do fluxo sanguíneo, e ao fato de que a

função renal alterada pode facilitar à eliminação do sódio, reduzindo a quantidade de liquido e

consequentemente os níveis da PA.

Page 30: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

29

A atividade física regular também pode ser responsável pela ativação de

neurotransmissores e hormônios secretados pela glândula hipófise. Esses hormônios por sua

vez são responsáveis pela função adrenocortical (função de produção de hormônios que

regulam o uso de substâncias químicas pelos órgãos), funcionamento do sistema nervoso e

imunológico e função reguladora da ingestão de alimentos e armazenamento das gorduras

(ROBERGS e ROBERTS, 2002; MCARDLE et al., 2008).

Estudos realizados em diferentes países com grupos e faixas etárias distintas, suscitam

a hipótese de que a prática regular de atividade está inversamente associada à SM, da mesma

forma que inatividade física pode ser um fator nocivo à qualidade de vida dos sujeitos que

apresentam SM (CIOLAC e GUIMARÃES, 2004; DORO et al., 2006; ELIAS et al., 2008;

CHURILLA e ZOELLER, 2008). Estudando a influência da atividade física sobre a SM em

um grupo de mulheres em Minas Gerais, ELIAS et al. (2008) identificaram maior prevalência

de SM entre aqueles indivíduos sedentários e menor prevalência naqueles mais ativos

fisicamente.

A SM é considerada um complexo conjunto de fatores de risco associados às doenças

cardiovasculares e DM, que é originado a partir de fatores genéticos e ambientais (hábitos

alimentares, idade, sexo, fumo, álcool e o nível de atividade física) (POULSEN et al., 2001;

OLIVEIRA et al., 2006). A prevenção ou o tratamento de seus componentes consiste na

adoção de atividade física regular e consumo adequado de alimentos (CIOLAC e

GUIMARÃES, 2004; OLIVEIRA et al., 2006; GOTTLIEB et al., 2008; GIACAGLIA et al.,

2010). A IDF (2006) e a WHO (2010a) referem que a prevenção dos fatores de risco que

compõem a SM deve ocorrer, sobretudo por meio de mudanças no estilo de vida (alimentação

saudável e prática regular de atividade física).

É consenso que atividade física regular é um importante mecanismo de prevenção e

tratamento da SM e seus componentes (CIOLAC e GUIMARÃES, 2004). Entidades como o

Page 31: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

30

American College of Sports Medicine, American Heart Association, IDF e a Sociedade

Brasileira de Cardiologia (SBC), sugerem que inúmeros benefícios à saúde podem ser obtidos

com a simples adoção de hábitos mais ativos. Ao mesmo tempo em que o exercício físico

regular colabora para o controle dos níveis glicêmicos, da composição corporal e da PA, entre

outros, também contribui para melhoria da qualidade de vida (ACSM, 2001; RENNIE et al.,

2003; CIOLAC e GUIMARÃES, 2004; SBC, 2005; IDF, 2010).

2.4 ATIVIDADE FÍSICA E SÍNDROME METABÓLICA EM POPULAÇÕES INDÍGENAS

2.4.1. Prevalência de inatividade física entre indígenas

A prevalência de inatividade física pode apresentar grandes disparidades entre

diferentes etnias. Em estudo realizado com aborígenes adultos australianos utilizando um

método recordatório de sete dias onde os participantes foram questionados sobre a prática de

atividade física, identificou-se que 26,7% de indivíduos eram fisicamente ativos (atividade

física moderada ou vigorosa por mais de 30 minutos/dia, durante cinco dias na semana) (LI et

al., 2009).

ROSS e HAMLIN (2007) conduziram uma revisão de estudos sobre a prevalência de

inatividade física em adultos de diferentes etnias da Nova Zelândia. Os autores referem que

60% e 51% de homens e mulheres, respectivamente, realizavam pelo menos 30 minutos de

atividade física durante cinco dias na semana. Essa porcentagem foi semelhante à encontrada

entre homens (58%) e mulheres (50%) europeus. Os autores referiram ainda que 12% dos

indivíduos dessa população indígena afirmaram não realizar nenhuma atividade física de

lazer.

Estudo realizado com 49 indígenas adultos de uma comunidade do Equador detectou

maior gasto de energia e nível de atividade física em homens; entretanto, os autores referem

Page 32: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

31

que os níveis de atividade física nessa população são relativamente baixos quando

comparados com outras populações não ocidentais (MADIMENOS et al., 2011).

Nas populações indígenas do Brasil, informações referentes à frequência das práticas

de atividades físicas e aptidão física relacionada á saúde são escassas, embora existam

diversos estudos de cunho antropológico que descrevem a importância do corpo e do bem

estar físico para os mesmos (SEEGER, 1981; SOUZA, 2008). SOUZA (2008), estudando

atividade física e o cotidiano dos jovens indígenas Terena, menciona que 73% referem fazer

algum tipo de esporte (futebol, voleibol, caminhada, bicicleta). Os estudos a respeito das

práticas corporais entre os povos indígenas descrevem uma variedade tão grande quanto à

própria variação cultural existente entre as diversas populações indígenas do Brasil

(GRANDO, 2004; GRANDO et al., 2009a; OLIVEIRA e GRANDO, 2009a).

Nos últimos anos, algumas iniciativas estão sendo feitas no intuito de promover a

socialização e fortalecer a diversidade cultural entre as populações indígenas existentes no

país; entre elas citam-se os “Jogos indígenas”. Cada edição é realizada em uma comunidade

diferente. A programação conta geralmente com competições e atividades lúdicas, indígenas e

não indígenas. Dentre essas estão presentes principalmente as competições de futebol,

atletismo e natação em rios. Entre aquelas tradicionais destacam-se as danças, cânticos, lutas,

corridas com toras, competição com arco e flecha (GRANDO et al., 2009b; ALMEIDA et al.,

2010).

Diferentemente das populações não indígenas, que possuem rotinas e hábitos

semelhantes nas grandes cidades, as comunidades indígenas podem ter hábitos e

características culturais totalmente distintas umas das outras: cada etnia constitui uma nação,

com características, símbolos, costumes e valores próprios (FASSHEBER, 2006; LEITE

2007; ALMEIDA et al., 2010). Em relação ao cotidiano desses povos (atividades de trabalho

e lazer), os autores que descreveram o modo de vida e a rotina (DIECKERT e MEHRINGER,

Page 33: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

32

1989; VINHA e ROCHA, 2003; TAGLIARI, 2006; MELATTI, 2007; LEITE, 2007; SOUZA,

2008) evidenciam que, em geral, os mesmos não são sedentários, e que em seu cotidiano

costumam participar de práticas corporais lúdicas como danças, rituais, festas, cerimônias e

lutas. A própria rotina pela busca ou produção do alimento (plantio ou coleta do alimento,

caça e pesca) entre esses povos é extremamente extenuante, sendo necessário muitas vezes o

deslocamento por mata ou rios durante horas (GRANDO, 2004; FASSHEBER, 2006;

ALMEIDA et al., 2010).

Para DIECKERT e MEHRINGER (1989), a importância do corpo e as formas que os

indígenas vivenciam as práticas corporais do movimento estão ligadas aos meios de produção,

subsistência e ao trabalho diário, e, de forma lúdica, por meio das expressões culturais e

ritualísticas que também são rotineiras. Entre os Khisêdjê, por exemplo, o corpo e suas

faculdades (capacidade utilitária) também são de grande importância. SEEGER (1981)

menciona que o corpo para esse povo transcende ao aspecto físico, mas o mesmo é

compreendido como parte do universo que o cerca. Para o autor, a relação do corpo, sua

importância e significado podem ser percebidos por meio da peculiar ornamentação corporal,

que não está relacionada ao aspecto estético apenas, mas, sobretudo à identidade. A

importância do corpo, segundo o autor, fica mais evidente quando ocorrem as cerimônias e

festas.

Nos diversos ritos existentes entre os indígenas a figura corpórea de uma pessoa forte

fisicamente é constantemente cantada. Esta é uma forma de culto ao corpo, não em sua forma

estética apenas, mas acima de tudo louvando seus atributos utilitários e, ou guerreiro

(SEEGER, 1980).

Page 34: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

33

2.4.2 Prevalência de síndrome metabólica entre indígenas

Alguns estudos epidemiológicos mostram grandes variações nas prevalências de SM

entre diferentes etnias do Brasil e do mundo (DEEPA et al., 2007; ROCHA et al., 2011). Essa

variação pode ser atribuída, dentre outros fatores, as mudanças no perfil alimentar e

comportamental (ROCHA et al., 2011; OLIVEIRA et al., 2011). SNODGRASS et al. (2010)

estudaram a prevalência de SM em uma população indígena adulta da Sibéria e identificaram

10% de sujeitos com SM. ALAYÓN et al. (2010), estudando fatores de risco para doenças

cardiovasculares em comunidade indígena da Colômbia, encontraram porcentagem de SM de

21%. Já em pesquisa com aborígenes australianos, LI et al. (2011) identificaram prevalência

maior da doença (33%).

Estudos com populações indígenas, em todo o mundo, também apontam uma aumento

da SM, inclusive em faixas etárias menores (ZORZI et al., 2009). No Brasil, um estudo com

os indígenas adultos da etnia Khisêdjê, do Parque Indígena do Xingu, identificou 21,9% dos

sujeitos com SM, sendo mais prevalente entre as mulheres com mais idade (SALVO et al.,

2009).

Outro estudo realizado também no Brasil com 150 indígenas das etnias Kaingang e

Guarani, com idade igual e acima de 40 anos, detectou prevalência de SM de 65,3%, sendo

mais freqüente ente os indivíduos do sexo feminino (ROCHA et al., 2011). Segundo os

autores, a alta prevalência de SM observada associou-se aos hábitos alimentares dos sujeitos

pesquisados, que incorporaram em suas dietas grandes quantidades de alimentos

industrializados.

Page 35: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

34

2.5 O PARQUE INDÍGENA DO XINGU E OS KHISÊDJÊ

O Parque Indígena do Xingu (PIX), criado na década de 60, localiza-se a noroeste do

estado de Mato Grosso, ocupando uma área de 26.400 km², composto de cerrado, típico da

região central do Brasil, e também de Floresta Amazônica, haja vista que o outro extremo se

localiza ao norte, com o Estado do Pará; ao sul, até a cachoeira Von Martius (BARUZZI e

JUNQUEIRA, 2005; BARUZZI, 2007). Segundo dados da FUNASA (BRASIL, 2010) vivem

nesse território em torno de 5.835 indivíduos, distribuídos em 14 nações indígenas nas três

sub-regiões do Parque, denominadas: baixo Xingu, médio Xingu e alto Xingu.

Uma das etnias que habita no PIX é a Khisêdjê. Eles são falantes da língua Jê e vivem

atualmente na região sudeste do PIX (médio Xingu; Figura 1). Tiveram o primeiro contato

com não indígenas em 1884, quando uma expedição liderada pelo alemão Karl von den

Steiner adentrou naquela região (BARUZZI e JUNQUEIRA, 2005). Nesse período, esses

povos ainda não haviam se fixado em definitivo em uma localidade, e eram comuns conflitos

e mortes por guerras entre as diversas etnias. Entretanto, com o passar dos anos e a

aproximação dos não indígenas, esses conflitos foram diminuindo e as principais causas de

óbitos foram mudando, tornando-se mais comuns principalmente mortes por epidemias, que

foram responsáveis pela diminuição drástica no número de indivíduos (COIMBRA JR e

SANTOS, 2001; BARUZZI e JUNQUEIRA, 2005; PAGLIARO, 2010).

Para SEEGER (1980; 1981) os ornamentos corporais utilizados pelos Khisêdjê não

são utilizados aleatoriamente, ou por vaidade. A utilização do disco labial, por exemplo,

representa valorização do órgão boca. Quando se menciona a boca, deve-se entender como

sendo a função ou significado da boca no universo Khisêdjê. Da mesma forma, os objetos

presos na orelha remetem a importância da audição. Ou seja, esses ornamentos refletem a

importância da comunicação para esse povo.

Page 36: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

35

Outro aspeto que os diferencia de outros povos indígenas, é maneira particular com

que entoam seus cânticos (SEEGER, 1980). O Khisêdjê considera o ato de cantar a melhor

forma de expressão oral. Dessa forma, todas as canções são expressões referentes a algo que

faz parte de sua rotina, na convivência com os elementos que o cerca. Não necessariamente,

em uma cerimônia, todos os participantes devem cantar a mesma música (SEEGER, 1980).

SEEGER (1980) explica que os próprios significados dessas faculdades são diferentes

daqueles atribuídos na língua portuguesa. A audição, por exemplo, que significa ouvir, para os

Khisêdjê significa ouvir, compreender e saber. Já a faculdade da fala significa falar, exortar,

orar, oratória. Essa é uma capacidade inerente a todos os seres (plantas, animais, terra). Essa

inclusive deve ser uma habilidade de um grande líder; ou seja, a capacidade de solucionar

conflitos e problemas por meio da oratória (convencimento). Em relação a outros sentidos

(paladar, tato e outros), são ainda menos importantes simbolicamente que os anteriores

(SEEGER, 1974, apud SEEGER, 1980).

Outra particularidade dos Khisêdjê é a figura e a representação dos mais velhos. Os

mesmos são uma espécie de “palhaço” na comunidade, principalmente nos rituais, festas e

cerimônias. Eles fazem todo tipo de brincadeira e levam todos ao êxtase de tanta risada. As

brincadeiras estão longe de serem interpretadas como ridículas ou maliciosas; pelo contrário,

é algo que se espera desses indivíduos (SEEGER, 1980). Segundo SEEGER (1980), a figura

do idoso que lhe foi apresentada é exclusiva dessa cultura, sendo desconhecido algo

semelhante em qualquer outra.

Na cultura Khisêdjê o papel da liderança é fundamental e plural. Existem dois tipos de

líderes atuando harmoniosamente na aldeia. Um líder exerce função política e outro exerce

função cerimonialista (meropakande líder politico, e o merokinkande líder cerimonial). A

liderança sempre está relacionada às características físicas e a laços familiares. No entanto, as

características físicas valorizadas na cultura Khisêdjê, estão mais relacionadas ao conceito

Page 37: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

36

utilitário do físico, seja ele relacionado ao aspecto guerreiro, ou relacionado às faculdades

valorizadas entre eles (instrumento musical – cânticos, danças e audição). Essas qualidades

são constantemente referidas nas cerimônias e festas (SEEGER, 1980).

Figura 1- Mapa da localização geográfica do Parque Indígena do Xingu e do Posto Indígena Wawi.

Fonte: Instituto Socioambiental, 2002 (www.socioambiental.org)

Page 38: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

37

3 JUSTIFICATIVA

O Brasil possui uma população indígena com cerca de trezentas e setenta mil pessoas,

com 210 etnias, distribuídas em 562 terras indígenas nas cinco regiões do país, sendo mais da

metade localizadas nos estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima

(BRASIL, 2002a). Elas apresentam características culturais, costumes e histórias peculiares,

que as diferem umas das outras, incluindo a língua.

A maior proximidade da população indígena com os não indígenas, em muitos casos,

aumenta a vulnerabilidade desses povos, contribuindo para o surgimento de diversos

problemas de saúde, outrora não existentes. Esse contato traz consigo a aquisição de novos

hábitos e costumes que contribuem para o aparecimento de doenças, especialmente as

relacionadas ao estilo de vida tais como a hipertensão arterial e o diabetes (BRASIL, 2002a).

De fato, resultados de estudos epidemiológicos evidenciam um aumento de diversas DCNT

entre os povos indígenas (COIMBRA, 2003; SALVO et al., 2009; GIMENO et al., 2007).

Além disso, é possível que essa proximidade colabore também para a ocorrência de mudanças

na forma de aquisição de alimentos e atividades culturais podendo ocasionar uma redução na

prática de atividades físicas, o que constitui um fator de risco importante para tais doenças

(CIOLAC e GUIMARÃES, 2004; DORO et al., 2006; ELIAS et al., 2008).

A elevação das DCNT em populações indígenas bem como as alterações no estilo de

vida desses indivíduos são fatores que reforçam a necessidade da realização de diagnósticos

sobre a sua situação de saúde, haja vista que os estudos realizados neste campo ainda são

escassos, o que dificulta o planejamento e direcionamento das ações de instituições

responsáveis pela formulação das políticas de saúde indígena no país. Portanto, a proposta do

presente trabalho foi investigar o nível de atividade física na população Khisêdjê, bem como

sua relação com a presença de síndrome metabólica.

Page 39: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

38

4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Verificar a existência de associação entre o grau de atividade física e a síndrome

metabólica entre indígenas Khisêdjê com 20 anos ou mais.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Descrever o desempenho de indígenas Khisêdjê em testes físicos;

b) Descrever a prevalência de síndrome metabólica entre indígenas Khisêdjê.

Page 40: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

39

5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO

Estudo epidemiológico do tipo transversal.

5.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO

A população de estudo foi composta por indivíduos pertencentes à comunidade

indígena Khisêdjê, residente no Parque Indígena do Xingu, de ambos os sexos e com idade

igual ou maior que vinte anos.

Num universo de 190 sujeitos elegíveis (47% da população Khisêdjê), 181 indígenas

participaram da pesquisa (95,3%). Onze mulheres foram excluídas do presente estudo por não

se dispor de informações sobre a prática de atividade física (quatro grávidas e sete com

alguma enfermidade ou limitação física).

5.3 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada na aldeia Ngojwere, no posto indígena Wawi, Parque

Indígena do Xingu, por profissionais treinados (médicos, enfermeiras, nutricionistas e

educadores físicos). Ela ocorreu em duas fases: em 2010 (julho) e em 2011 (agosto/setembro),

conforme apresentado do Quadro 1. As informações foram registradas em formulário padrão

(Anexo 1). Contou-se, sempre que necessário, com auxílio de tradutores indígenas (auxiliares

de saúde ou professores indígenas).

Page 41: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

40

Tabela 2. Tipo de procedimento segundo ano da coleta dos dados. Parque Indígena do Xingu, 2011.

Ano

Procedimento† 2010 2011

Exame físico (pressão arterial sistólica e diastólica) Sim ♯

Antropometria (peso§, altura§, perímetros corporais) Sim ♯

Antropometria (peso, altura e idade de menores de 5 anos)§,† Não Sim

Impedância bioelétrica§ Sim ♯

Calorimetria indireta§ Não Sim

Perfil bioquímico (glicose e lipoproteínas séricas, entre outros) Sim ♯

Perfil bioquímico (hemoglobina, leptina e adiponectina)§ Não Sim

Imagem corporal (como se vê? como gostaria de estar?)§ Não Sim

Consumo de alimentos e práticas agrícolas§ Sim ♯

Condição socioeconômica (família ampliada)§ Sim ♯

Atividade física (teste de uma milha; flexibilidade com banco de Wells) Sim ♯

Atividade física (pedômetro; força ou resistência muscular) Não Sim

† nome, sexo, data de nascimento, etnia, aldeia de residência: obtidos nas fichas de acompanhamento médico

§ dados não utilizados neste estudo ♯ apenas para aqueles sujeitos cuja informação não foi obtida em 2010

5.3.1 Técnicas e critérios diagnósticos

A pressão arterial (sistólica - PAS e diastólica - PAD) foi verificada com aparelho

automático de pulso (HEM 741C-INT-OMRON®), em triplicata (preferencialmente no braço

esquerdo), após repouso por 10 (dez) minutos, em posição sentada. O valor final foi aquele

que representou a média aritmética das duas últimas medidas.

Para classificação dos indivíduos quanto à pressão arterial utilizou-se o critério

proposto no relatório do Joint National Commitee on Prevention, Detection, Evaluation, and

Treatment of High Blood Pressure (CHOBANIAN et al., 2003) para adultos maiores de 18

anos, a saber: normal se PAS < 120 mmHg e PAD < 80 mmHg, pré-hipertenso se PAS estiver

entre 120-139 mmHg e PAD entre 80-89 mmHg e hipertenso quando os valores de PAS ou

PAD foram, respectivamente, ≥ 140 ou 90 mmHg.

Page 42: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

41

Mediu-se o perímetro da cintura (PC) utilizando-se uma fita métrica metálica (modelo

17, Grafco , São Paulo, Brasil). O indivíduo colocava-se de pé, ereto, braços estendidos ao

longo do corpo, abdômen relaxado e pés separados a uma distância aproximada de 25 a 30

cm. O avaliador passava então a fita ao redor da menor curvatura localizada entre as costelas e

a crista ilíaca. Solicitava-se ao indivíduo para inspirar e em seguida expirar totalmente quando

então se realizava a leitura. Esse procedimento foi feito em duplicata e o valor final foi a

média aritmética entre essas medidas. A presença de obesidade central foi caracterizada por

valores de PC ≥ 94 cm, para homens, ou ≥ 80 cm, para mulheres (ALBERTI et al., 2009).

O teste oral de tolerância a glicose (TOTG) foi feito, após jejum de 12 horas, com

glicemia capilar de jejum (GJ) e de duas horas (G2h) após a ingestão de solução com 75

gramas de glicose (Glutol), segundo as recomendações sugeridas pela WHO (1999) e

American Diabetes Association (ADA, 2009). O TOTG foi precedido de rastreamento para o

diabetes mellitus (DM) a fim de selecionar aqueles que receberiam a sobrecarga oral de

glicose, ou seja, aqueles com valores ≥ 200 mg/dL, considerados diagnósticos de DM, foram

dispensados de realizar o teste.

Os pontos de corte para a classificação dos diferentes graus de tolerância à glicose

foram definidos segundo proposta da ADA (2009) com as correções para aferições em sangue

capilar indicada pela WHO (ALBERTI et al., 1998). Os indivíduos foram considerados

“normais” quando não tinham história prévia de DM e cujas dosagens de GJ e G2h

apresentassem, respectivamente, valores < 100 mg/dL ou < 140 mg/dl. Aqueles com história

prévia de DM ou com glicemia de jejum ≥ 200 mg/dL foram classificados como diabéticos.

Os participantes foram classificados como pertencentes à classe glicemia de jejum alterada

(GJA) desde que não referissem história prévia de DM, apresentassem GJ ≥ 100 mg/dL e <

110 mg/dL e G2h < 140 mg/dL. Na classe tolerância à glicose diminuída (TGD) foram

Page 43: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

42

incluídos os que, sem história prévia de DM, apresentaram GJ < 110 mg/dL e valores de G2h

≥ 140 mg/dL e < 200 mg/dL (ALBERTI e ZIMMET, 1998).

Uma amostra de sangue venoso colhida após jejum de 12 horas foi obtida para dosar a

concentração de lipoproteínas séricas, entre outros. Os níveis de HDL e triglicérides foram

determinados por kits enzimáticos e processados em analisador automático. Os valores de

referência para identificação da hipertrigliceridemia e HDL reduzido foram, respectivamente,

triglicérides >150 mg/dL e HDL < 40 mg/dL, para homens, ou < 50 mg/dL, para mulheres

(ALBERTI et al., 2009).

Para o diagnóstico de síndrome metabólica utilizou-se o critério resultante do

consenso estabelecido pela International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology

and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Association;

World Heart Federation; International Atherosclerosis Society; and International Association

for the Study of Obesity. O consenso propõe, para o diagnóstico da SM, a presença de pelo

menos três entre os cinco fatores de risco: hipertensão arterial, intolerância à glicose ou DM,

presença de obesidade central, hipertrigliceridemia ou HDL reduzido (ALBERTI et al., 2009).

No teste de Rockport (ou de uma milha) os sujeitos foram orientados a caminhar, o

mais rápido possível, por uma distância de 1609 metros (Figura 2). Ao final da prova,

registrou-se a sua duração (minutos; cronômetro da marca Guepardo modelo OF0200) e a

frequência cardíaca do indivíduo (frequencímetro da marca e modelo Oregon Scientific HR-

102).

O volume máximo de oxigênio (VO2max), indicativo da aptidão cardiorrespiratória, foi

obtido pela equação do Rockport Walking Institute, (ROBERGS e ROBERTS, 2002), a saber:

VO2max (ml/kg/min) = 132,853 - [0,0769 x (P/0,454)] - (0,3877 x idade) + (6,3150 x sexo) -

(3,2649 x tempo) - (0,15655 x FC), onde:

Page 44: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

43

P = peso corporal, em kg; idade, em anos completos; sexo = feminino (0), masculino (1);

tempo = duração do teste, em minutos; FC = frequência cardíaca ao final do teste, em

batimentos por minuto (bpm).

Nas Tabelas 2 e 3 apresentam-se os critérios utilizados na classificação do volume

máximo de oxigênio.

Figura 2- Execução do teste de Rockport (uma milha/1609m) por indígenas Khisêdjê, Brasil, 2011.

Tabela 3. Classificação do volume máximo de oxigênio em ml(kg/min) segundo critérios da American Heart Association para o sexo feminino

Idade Muito Fraca Fraca Regular Boa Excelente 20 – 29 < 24 24 – 30 31 – 37 38 – 48 > 49 30 – 39 < 20 20 – 27 28 – 33 34 – 44 > 45 40 – 49 < 17 17 – 23 24 – 30 31 – 41 > 42 50 – 59 < 15 15 – 20 21 – 27 28 – 37 > 38 60 – 69 < 13 13 – 17 18 – 23 24 – 34 > 35

Fonte: PITANGA, 2004

Tabela 4. Classificação do volume máximo de oxigênio em ml(kg/min) segundo critérios da American Heart Association para o sexo masculino

Idade Muito Fraca Fraca Regular Boa Excelente 20 – 29 < 25 25 – 33 34 – 42 43 – 52 > 53 30 – 39 < 23 23 – 30 31 – 38 39 – 48 > 49 40 – 49 < 20 20 – 26 27 – 35 36 – 44 > 45 50 – 59 < 18 18 – 24 25 – 33 34 – 42 > 43 60 – 69 < 16 16 – 12 23 – 30 31 – 40 > 41

Fonte: PITANGA, 2004

Page 45: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

44

No teste de flexibilidade (sentar e alcançar – TSA / Teste de Wells e Dillon), utilizou-

se um banco construído no formato e medidas exatas do Banco de Wells (30,5 cm em todas as

laterais, havendo, em uma delas, prolongamento de 23 cm, totalizando 53,5 cm). Na lateral

“prolongada” (permaneceu voltada para o lado de cima, ou seja, oposta ao solo) fixou-se fita

métrica, de forma a quantificar (cm) o desempenho do sujeito no teste: o indivíduo sentava-se,

em uma superfície plana, de frente para o banco, com os joelhos estendidos (pernas

inteiramente alongadas), apoiando os pés no banco em flexão plantar. Nesse momento, os pés

localizavam-se abaixo do prolongamento do banco, no 23° cm da escala métrica (CARDOSO

et. al., 2007; SIGNORI et al., 2008). Ao final da projeção à frente, com os membros

superiores totalmente estendidos e com o tronco flexionado, o avaliador marcava o maior

valor (em centímetro) das três tentativas, tendo como referência a ponta dos dedos (Figura 3).

Nas Tabelas 4 e 5 apresenta-se o critério utilizado na classificação dos resultados desse teste,

segundo faixa etária.

Figura 3- Execução do teste de flexibilidade (banco de Wells) por indígena Khisêdjê, Brasil, 2011.

Page 46: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

45

Tabela 5. Classificação da flexibilidade corporal avaliada pelo teste com o banco Wells (sexo masculino) Nível / Idade ≤ 29 anos 30 - 39 anos 40 - 49 anos 50 - 59 anos ≥ 60 anos

Excelente ≥ 40cm ≥ 38cm ≥ 35cm ≥35cm ≥ 33cm

Bom 34 – 39cm 33 – 37cm 29 – 34cm 28 – 34cm 25 – 32cm

Médio 30 – 33cm 28 – 32cm 24 – 28cm 24 – 27cm 20 – 24cm Regular 25 – 29cm 23 – 27cm 18 – 23cm 16 – 23cm 15 – 19cm

Fraco ≤ 24cm ≤ 22cm ≤ 17cm ≤ 15cm ≤ 14cm Fonte: POLLOCK e WILMORE, 1993.

Tabela 6. Classificação da flexibilidade corporal avaliada pelo teste com o banco Wells (sexo feminino)

Nível/ Idade ≤ 29 anos 30 – 39 anos 40 - 49 anos 50 - 59 anos ≥ 60 anos

Excelente ≥39cm ≥ 39cm ≥ 38cm ≥38cm ≥ 33cm

Bom 35 – 38cm 34 – 38cm 33 – 37cm 33 – 37cm 32 – 35,5cm

Médio 31 – 34cm 29 – 33cm 29 – 32cm 28 – 32cm 27 – 31cm Regular 26 – 30cm 25 – 28cm 23 – 28cm 22 – 27cm 22 – 26cm

Fraco ≤ 25cm ≤ 24cm ≤ 22cm ≤ 21cm ≤ 21cm Fonte: POLLOCK e WILMORE, 1993.

O teste de impulso horizontal foi utilizado para avaliar a força muscular de membros

inferiores. Para isso, usou-se uma trena (marca Profield 50m) para medir a distância do salto

executado e uma fita afixada ao chão, demarcando o local onde o indivíduo se posicionava

para execução. Os indivíduos foram orientados para se posicionar com os pés ligeiramente

afastados, com as pontas dos pés sobre a fita sem ultrapassá-la e com os joelhos e o tronco

semiflexionados (Figura 4). Foram executados três saltos sendo considerado apenas o melhor

deles (em metros). A classificação dos resultados encontra-se na Tabela 6 (FONTOURA et

al., 2008).

Page 47: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

46

Figura 4- Execução do teste de força de membros inferiores (impulso horizontal) por indígenas Khisêdjê, Brasil, 2011.

Tabela 7. Classificação dos resultados do teste de impulso horizontal para avaliação de força

de membros inferiores

Classificação Resultados (expressos em metros) Fraco < 2,30

Regular 2,30 – 2,49 Bom 2,49 – 2,69

Muito bom 2,70 – 2,89 Excelente > 2,70

Fonte: CALDAS e ROCHA (1978, apud FONTOURA et al., 2008)

O teste de flexão de tronco foi utilizado para avaliar a resistência muscular localizada

de membros superiores; para isso, empregou-se o procedimento sugerido pela ACSM (2006).

O material utilizado foi um colchonete e fita adesiva. As fitas foram fixadas no solo

transversalmente ao lado do colchonete (distância de oito cm da 1ª para 2ª fita para execução

dos sujeitos com idade ≥ 45 anos; e, 12 cm da 1ª para 3ª fita para execução daqueles com

idade < 45 anos). O indivíduo deitava-se em decúbito dorsal, com joelhos ligeiramente

flexionados a 90° e com braços e dedos estendidos (Figura 5). Com os dedos posicionados em

cima da primeira fita fixada, começava a executar as abdominais compassadamente. A

execução era validada quando a ponta dos dedos percorria a distância entre as fitas

correspondente a faixa etária. O teste foi encerrado quando o avaliado executava seu maior

número de repetições ou quando completava 75 execuções.

Page 48: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

47

A classificação quanto ao desempenho neste teste foi feita com base na proposta da

Canadian Society for Phisiology e Fitness Canada (Tabela 7). Esse critério classifica o

desempenho dos indivíduos de acordo com o número de execuções segundo sexo e faixa

etária (excelente (percentil 90); acima da média (percentil 70); média (percentil 50); abaixo da

média (percentil 30) e fraco (percentil 10); ACSM (2006)).

Figura 5- Execução do teste de resistência muscular (flexão de tronco) por indígena Khisêdjê, Brasil, 2011.

Tabela 8. Classificação da resistência muscular localizada segundo o teste de flexão de tronco (abdominal)*

Fonte: ACSM (2006) *Baseado em dados de Canadian Standardized Test of Fitness Operations Manual 3rd ed. Ottawa: Canadian Society for Phisiology em cooperação com Fitness Canada, Governo do Canadá, 1986. Os sguintes valores podem ser usados como descritores para as taxações com percentis; bem acima da média (90). Acima da média (70), média (50); abaixo da média (30) e bem abaixo da média (10). M = sexo masculino; F = sexo feminino.

O teste de flexão de braço foi empregado para avaliar a resistência muscular localizada

de membros superiores. Adotou-se o critério e protocolo do CSTF (Canadian Standardized

Idade 20 -29 anos 30 -39 anos 40 - 49 anos 50 -59 anos 60-69 anos

Percentil-Sexo M F M F M F M F M F

90 75 70 75 55 75 50 74 48 53 50 80 56 45 69 43 75 42 60 30 33 30 70 41 37 46 34 67 33 45 23 26 24 60 31 32 36 28 51 28 35 16 19 19 50 27 27 31 21 39 25 27 9 16 13 40 24 21 26 15 31 20 23 2 9 9 30 20 17 19 12 26 14 19 0 6 3 20 13 12 13 0 21 5 13 0 0 0 10 4 5 0 0 13 0 0 0 0 0

Page 49: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

48

Test of Fitness, apud MORROW et al., 2003). O posicionamento e execução diferem entre os

sexos. As mulheres apoiavam os joelhos e mãos no solo, e os homens apoiavam as pontas dos

pés (Figura 6). Com braços ligeiramente à frente, distantes um do outro acompanhando a

amplitude dos ombros e com cotovelos estendidos, executavam o maior número de repetições

até a exaustão. Uma execução completa correspondia a um movimento onde os cotovelos

eram flexionados (cotovelo a 90° aproximadamente) e se estendiam completamente,

conforme descrição da CSTF. A classificação no teste ocorreu mediante o número de

repetições executadas segundo sexo e faixa etária (Tabelas 8 e 9).

Figura 6- Execução do teste de resistência muscular (flexão de braço) por indígena Khisêdjê, Brasil, 2011.

Tabela 9. Classificação dos resultados do teste de flexão de braço para avaliação da resistência muscular localizada no sexo masculino

dade Excelente Média + Média Média - Fraco

15 – 19 + 39 29 a 38 23 a 28 18 a 22 - 17 20 – 29 + 36 29 a 35 22 a 28 17 a 21 - 16

30 – 39 + 30 22 a 29 17 a 21 12 a 16 - 11

40 – 49 + 22 17 a 21 13 a 16 10 a 12 - 09

50 – 59 + 21 13 a 20 10 a 12 07 a 09 - 06

60 – 69 + 18 11 a 17 08 a 10 05 a 07 - 04 Fonte: NIEMAN (1995, apud MORROW et al., 2003)

Page 50: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

49

Tabela 10. Classificação dos resultados do teste de flexão de braço para avaliação da resistência muscular localizada no sexo feminino

Idade Excelente Média + Média Média - Fraco

15 – 19 + 33 25 a 32 18 a 24 12 a 17 - 11

20 – 29 + 30 21 a 29 15 a 20 10 a 14 - 09

30 – 39 + 27 20 a 26 13 a 19 08 a 12 - 07 40 – 49 + 24 15 a 23 11 a 14 05 a 10 - 04

50 – 59 + 21 11 a 22 07 a 10 02 a 06 - 01

60 – 69 +17 12 a 16 05 a 11 02 a 04 - 01 Fonte: NIEMAN (1995, apud MORROW et al., 2003)

O nível de atividade física segundo o número de passos/dia foi medido em três dias

consecutivos por meio do pedômetro. Iniciava-se a avaliação calculando o tamanho médio do

passo do avaliado; o equipamento (pedômetro) da marca Geonaute (distância F100) foi

colocado ao lado direito da cintura. O sujeito foi orientado para retirá-lo apenas para dormir e

para o banho. A cada 24 horas o número de passos dado era registrado (Figura 7) ( TUDOR-

LOCKE et al., 2005; MATSUDO e ARAÚJO, 2008; GZGIK, 2010; SANTOS et. al., 2010).

A classificação do nível de atividade física segundo o número de passos/dia (média de

três dias) foi feita segundo a proposta de TUDOR-LOCKE et al. (2004), ou seja: < 5.000

passos/dia – sedentários, de 5.000 a 7.499 passos/dia - baixo ativos, de 7.500 a 9.999

passos/dia - pouco ativos (mínimo satisfatório), de 10.000 a 12.499 passos/dia - plenamente

ativos e, ≥ 12.500 passos/dia ou mais - muito ativos.

Com o objetivo de realizar uma avaliação mais abrangente do desempenho dos

indígenas nos testes físicos, criou-se uma variável denominada “desempenho físico global”.

Para criação desta variável utilizou-se critério próprio com base no que preconiza

FLEISHMANN (1964) sobre as capacidades físicas relacionadas ao desempenho físico global

e esportivo. Essa variável foi composta a partir dos resultados nos testes de Rockport,

flexibilidade, flexão de tronco, flexão de braço. Consideraram-se como com desempenho

físico global satisfatório aqueles indivíduos que obtiveram desempenho bom ou acima da

Page 51: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

50

média ou excelente em, no mínimo, três testes; os demais foram classificados como com

desempenho físico global insatisfatório.

Figura 7- Verificação do número de passos/dia por meio do pedômetro em indígena Khisêdjê, Brasil, 2011.

5.4 ANÁLISE DOS DADOS

Na descrição dos dados foram utilizados medidas de tendência central e de dispersão,

para variáveis quantitativas, e porcentagens para variáveis qualitativas. A existência de

associação entre atividade física e a presença de síndrome metabólica foi avaliada pela

estatística qui-quadrado (p < 0,05) e pelas razões de prevalências (por ponto e por intervalo

com 95% de confiança). Para obtenção da razão de prevalência ajustada (por sexo e idade)

utilizou-se a regressão de Poisson. Empregou-se, para a comparação dos valores médios das

variáveis biológicas dos indivíduos segundo sexo ou idade, o teste t de Student (SNEDECOR

e COCHRAN, 1989). O programa Stata (Statacorp, 2008. Stata statistical software release 10

College Station, TX Stata Corporation) foi utilizado em todas as etapas da análise.

5.5 ASPECTOS ÉTICOS

O desenvolvimento deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de São Paulo sob o parecer de número 0320/2011 (Anexo 2). Ele é um

Page 52: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

51

subproduto do projeto intitulado Perfil Nutricional e Metabólico de Índios Khisêdjê, cujo

desenvolvimento foi anteriormente aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa

(CONEP 16105, parecer 113/2011) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP

(protocolo CEP 0760/10).

Page 53: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

52

6 RESULTADOS

Entre os 170 indivíduos que participaram do estudo, 40% era do sexo feminino (n=68)

e 60% do sexo masculino (n=102). A média de idade foi de 38 anos (desvio padrão (dp) =

14,8 anos). Em ambos os sexos (Figura 8), observou-se maior porcentagem de indígenas na

faixa etária de 20 a 29 anos (38,2%). A distribuição dos sujeitos segundo faixas etárias foi

semelhante em ambos os sexos (p= 0,280).

Em relação à atividade física (Tabela 10), diferenças estatisticamente significantes

foram encontradas entre os valores médios de todos os testes segundo sexo (p<0,05). As

mulheres apresentaram médias superiores nos testes de flexibilidade e flexão de braço;

enquanto os homens obtiveram médias maiores nos testes de teste de uma milha, flexão de

tronco, impulso horizontal e número de passos/dia (p<0,05).

Quanto ao desempenho, observou-se que 90,7% dos indígenas apresentaram

desempenho bom ou excelente no teste de uma milha e 73% obtiveram desempenho bom ou

Page 54: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

53

excelente no teste de flexibilidade. Nos testes de flexão de braço e tronco, 50,5% e 33,3%

foram classificados, respectivamente, com desempenho acima da média ou excelente.

Entretanto, o mesmo não ocorreu no teste de impulso horizontal, onde apenas 1,1% dos

participantes apresentaram desempenho bom. Entre aqueles que participaram da avaliação

com o pedômetro, 48,4% foram classificados como muito ativos (Figuras de 9 a 14).

A prevalência de SM foi 27,8%, sendo esta maior entre as mulheres quando

comparadas aos homens (Tabela 10, p= 0,003). Na Figura 15 pode-se observar a distribuição

dos indivíduos com SM segundo a faixa etária e sexo. Quanto aos componentes da SM, as

prevalências foram: hipertensão arterial 6,8%, intolerância à glicose 23,1%; obesidade central

37,4%, hipertrigliceridemia 43,5% e HDL-c reduzido 66,2% (Tabela 10).

Page 55: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

54

Tabela 11. Número (ou média) e porcentagem (ou desvio padrão) de indígenas Khisêdjê segundo sexo e variáveis de interesse. Parque Indígena do Xingu, 2011. Sexo Feminino (n=68) Masculino (n=102) Total (n=170)

Variável N (ou média) % (ou desvio padrão) N (ou média) % (ou desvio padrão) N (ou média) % (ou desvio padrão) P*

Idade (anos) 40,0 15,9 36,6 13,9 38,0 14,8 0,066 Teste de 1 milha (VO2max; ml/kg/min) 46 (38,0) 7,8 94 (45,8) 6,8 140 (43,3) 8,0 <0,001 Teste de flexibilidade (banco de Wells), cm 55 (38,5) 5,1 97 (35,1) 6,6 152 (36,3) 6,3 <0,001 Teste de flexão de braço (repetições) 19 (32,4) 20,0 68 (22,9) 8,2 87 (25,0) 12,3 0,001 Teste de flexão de tronco (repetições) 18 (20,4) 22,4 70 (31,9) 17,4 88 (29,6) 19,0 0,010 Teste de impulso horizontal (metros) 24 (1,1) 0,2 69 (1,8) 0,3 93 (1,6) 0,4 <0,001 Número de passos/dia 18 (10645,9) 2915,7 46 (12977,8) 4409,0 64 (12321,9) 4159,0 0,021 Pressão arterial sistólica (mmHg) 114,6 17,3 122,7 13,4 119,5 15,5 <0,001 Pressão arterial diastólica (mmHg) 65,6 9,1 64,7 8,3 65,1 8,6 0,240 Hipertensão arterial1 Sim 5 7,8 6 6,1 11 6,8 0,676 Não 59 92,2 92 93,9 151 93,2 Glicemia em jejum (mg/dL) 90,5 9,3 92,3 7,4 91,6 8,2 0,106 Glicemia de 2 horas (mg/dL) 120,6 22,9 104,4 18,9 110,4 21,9 <0,001 Grau de tolerância à glicose2 Normal 40 67,8 80 82,5 120 76,9 <0,05 Glicemia de jejum alterada 7 11,8 12 12,4 19 12,2 Tolerância diminuída a glicose 8 13,5 3 3,1 11 7,0 Diabetes 4 6,8 2 2,0 6 3,8 Perímetro da cintura (cm) 85,2 9,2 87,1 8,1 86,3 8,6 0,082 Obesidade central3 Sim 43 67,2 18 18,2 61 37,4 <0,001 Não 21 32,8 81 81,8 102 62,6 Triglicérides (mg/dL) 157,1 101,3 186,8 126,5 177,1 117,8 0,077 Hipertrigliceridemia4 Sim 23 35,9 48 48,5 71 43,5 0,115 Não 41 64,1 51 51,5 92 56,5 HDL colesterol (mg/dL) 43,5 11,1 36,6 9,4 39,3 10,6 <0,001 HDL reduzido5 Sim 45 70,3 63 63,6 108 66,2 0,379 Não 19 29,7 36 36,4 55 33,7 Síndrome metabólica6 Sim 26 40,6 19 19,4 45 27,8 0,003 Não 38 59,4 79 80,6 117 72,2 *qui-quadrado ou t de Student 1 sim se PAS e PAD forem, respectivamente, ≥ 140 ou 90 mmHg 2 normal: GJ < 100 mg/dL e G2h < 140 mg/dL, glicemia de jejum alterada: GJ ≥ 100 mg/dL e < 110 mg/dL, G2h < 140 mg/dL, tolerância diminuída a glicose: GJ < 110 e G2h entre 140 e 199 mg/dL, diabetes: GJ ≥ 110 mg/dL ou G2h ≥ 200 mg/dL 3perímetro da cintura > 80 cm ou 94 cm, para mulheres e homens, respectivamente 4 sim se triglicérides > 150 mg/dL 5 HDL < 40 mg/dL (homens) e < 50 mg/dL (mulheres) (Alberti et al., 2009) 6 sim se o indivíduo apresenta três ou mais dos seguintes fatores de risco cardiovascular: hipertensão arterial, intolerância à glicose, obesidade central, hipertrigliceridemia ou HDL reduzido.

544

Page 56: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

55

p=0,016

p=0,002 p=0,017

p=0,483

p=0,055

Page 57: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

56

Ao comparar os valores médios das variáveis relativas à atividade física segundo a

presença de SM (Tabela 11), verificou-se que os indivíduos sem essa condição apresentaram

melhores resultados no teste de uma milha (p<0,001), número de passos/dia (p= 0,004) e impulso

horizontal (p= 0,018).

O número e a porcentagem de indígenas segundo a presença de síndrome metabólica e

prática de atividade física podem ser observados na Tabela 11. Indígenas sem SM apresentaram

melhor desempenho no teste de uma milha (Rockport) e na avaliação do nível de atividade física

segundo o número de passos/dia (p<0,05) quando comparados com aqueles com SM.

Na Tabela 11 (e Figura 15) pode-se verificar que entre os sujeitos com idade ≥ 30 anos, a

prevalência da SM foi estatisticamente maior que aquela observada entre os mais jovens. Além

disso, a prevalência de SM também foi estatisticamente maior no sexo feminino, em comparação

ao sexo masculino, nos sujeitos que tiveram desempenho fraco ou regular no teste de uma milha

(Rockport) em relação aqueles com desempenho excelente (Tabela 11). Situação semelhante foi

observada em relação à avaliação do nível de atividade física por meio do número de passos/dia

(com pedômetro) e entre os sujeitos classificados como sedentário/baixo ativo e pouco ativo,

quando comparados com o grupo classificado como muito ativo.

Page 58: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

57

Em relação à variável desempenho físico global, observou-se que 52,3% dos indivíduos

obtiveram desempenho satisfatório (desempenho bom ou superior em pelo menos três dos

quatros testes físicos). Não houve diferença estatisticamente significante entre os sexos (Figura

16). Além disso, não se observou associação desta variável com a presença de SM (Tabela 11).

p= 0,580

Page 59: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

58

Tabela 12. Número (ou média), porcentagem (ou desvio padrão) e razões entre as prevalências de variáveis de interesse segundo a presença de síndrome metabólica em indígenas Khisêdjê. Parque Indígena do Xingu, 2011.

Com síndrome metabólica

Sem síndrome metabólica

Total

Variável N (média) % (dp) N (média) % (dp) N (média) % (dp) P RP (bruta) RP ajustada* IC95% Idade (anos) 20 a 29 30 a 49 ≥ 50

6

26 13

13,3 57,8 28,9

56 39 22

47,9 33,3 18,8

62 65 35

38,3 40,1 21,6

< 0,001

1

4,1 3,8

Sexo Masculino Feminino

19 26

42,2 57,8

79 38

67,5 32,5

98 64

60,5 39,5

0,003

1

2,0

Flexibilidade (centímetro) 40 (37,3) 6,5 111 (35,9) 6,2 151 (36,3) 6,3 0,115 Impulso horizontal (metros) 17 (1,4) 0,3 75 (1,7) 0,4 92 (1,6) 0,4 0,018 Teste de uma milha, ml(kg/min) 39(36,5) 7,6 100(45,8) 6,5 139(43,2) 8,0 < 0,001 Teste de uma milha Fraco / Regular Bom Excelente

9 22 8

23,0 55,4 20,5

4 58 38

4,0

58,0 38,0

13 80 46

9,3 57,5 33,0

0,001

3,9 1,5 1

2,5 1,3 1

1,26 – 5,03 0,66 – 2,59

- Número de passos/dia Sedentário/Baixo ativo Pouco ativo Ativo Muito ativo

16 (10032,0) 2 7 3 4

3710,9 12,5 43,7 18,7 25,0

48 (13085,2) 1 9 11 27

4051,0 2,0

18,7 22,9 56,2

64 (12321,9) 3 16 14 31

4159,0 4,6 25,0 21,8 48,4

0,004 0,040

5,1 3,3 1,6 1

3,1 2,0 0,9 1

0,94 – 10,84 0,64 – 6,30 0,27 – 3,01

- Flexão de tronco Fraco /< que a média Médio Acima da média Excelente

17 (26,0) 7 5 3 2

22,6 41,1 29,4 17,6 11,7

70(30,4) 20 25 17 7

18,2 28,9 36,2 24,6 10,1

87 (29,6) 27 30 20 9

19,1 21,4 34,8

23,2 10,4

0,198 0,765

1,1 0,7 0,6 1

0,8 0,7 0,9 1

0,28 – 2,73 0,20 – 2,60 0,23 – 3,78

- Flexão de braço Fraco / < que a média Médio Acima da média Excelente

17 (24,1) 4 3 4 6

10,8 23,5 17,6 23,5 35,2

69 (25,1) 17 19 16 17

12,8 24,6 27,5 23,1 24,6

86 (24,9) 21 22 20 23

12,4 24,4 25,5 23,2 26,7

0,383 0,775

0,7 0,5 0,7 1

1,8 0,3 0,1 1

0,61 – 5,87 0,35 – 5,20 0,42 – 3,27

- Desempenho físico global Satisfatório Insatisfatório

9 9

50,0 50,0

36 33

52,2 47,8

45 42

51,7 48,3

0,869

1

1,1

1

1,7

-

0,72 – 3,82

* Ajustada por sexo e idade

58

Page 60: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

59

7 DISCUSSÃO

No presente estudo, constatou-se que a maioria dos indígenas Khisêdjê apresentou

desempenho excelente em praticamente todos os testes físicos realizados, destacando-se, em

particular, os resultados observados nos testes de flexibilidade e de resistência cardiorrespiratória

(teste de uma milha), e também na avaliação do nível de atividade física por meio do número de

passos/dia (pedômetro). A presença de SM associou-se ao desempenho insatisfatório no teste de

uma milha e ao número de passos/dia. Média significativamente maior da distancia alcançada no

teste de impulso horizontal (metros) foi observada entre sujeitos sem síndrome metabólica em

comparação com os demais.

Pesquisas de natureza semelhante a esta já foram realizadas com populações urbanas;

entretanto, entre indígenas, elas são raras ou inexistentes. No Brasil, este é o primeiro estudo que

quantificou a prática atual de atividade física de indígenas e examinou sua relação com a

presença de SM. Se, por um lado, esse aspecto é positivo, por outro, a comparação dos achados

desta com os de outros pesquisadores é limitada.

Resultados de pesquisas epidemiológicas evidenciam a associação entre inatividade física

e maior frequência da SM. No trabalho conduzido por ELIAS et al. (2008), identificou-se o

dobro da prevalência de SM em indivíduos sedentários, em comparação com aqueles ativos

fisicamente. Essa relação também foi confirmada no presente estudo, onde maior frequência da

SM associou-se com desempenho insatisfatório nos testes físicos que avaliaram a

força/resistência muscular localizada (membros inferiores e superiores) e nível de atividade

física segundo o número de passos/dia. Esses resultados são corroborados por estudos que

investigam os benefícios da prática regular de atividade física no controle e redução da SM.

KATZMARZYK et al. (2003) observaram redução de 30% na prevalência de SM em população

Page 61: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

60

canadense saudável após intervenção com a introdução de exercícios predominantemente

aeróbios.

É consensual que a prática regular de atividade física é de grande importância para o

controle e manutenção dos níveis pressóricos, glicêmicos, adiposidade e composição corporal,

servindo como proteção às alterações metabólicas (SANTIAGO et al., 2002; RONQUE et al.,

2007). Além disso, há evidências de que essa prática, juntamente com alimentação adequada,

pode prevenir o aparecimento de diversas DCNT (DURSTINE e HASKELL, 1994; BLAIR et

al., 1996; ERIKSSON et al., 1997; ACSM, 2001; CASTENEDA et al., 2002; GUSTAT et al.,

2002; RENNIE et al., 2003; CIOLAC e GUIMARÃES, 2004; BARROSO et al., 2008;

MEDINA et al., 2010). De forma oposta, níveis de condicionamento físico abaixo dos

parâmetros considerados adequados relacionam-se com os fatores de risco que compõem a SM

(hipertensão arterial, dislipidemia, intolerância à glicose e obesidade) (BLAIR et al., 1996;

CIOLAC e GUIMARÃES, 2004; BARROSO et al., 2008).

O aumento da prevalência de SM tem sido uma preocupação constante da comunidade

científica e das entidades ligadas à saúde, haja vista que a mesma exerce grande impacto sobre as

doenças cardiovasculares e DM (IDF, 2006; OLIVEIRA et al, 2008; PARK e LINDHOLM,

2009).

Entre populações não indígenas, existe grande variação da prevalência de SM. Países

como a Índia, apresentam valores muito abaixo do que aqueles observados na América do Norte

(8% Índia, 21% USA) (PARK e LINDHOLM, 2009). No Brasil, em estudo realizado com

trabalhadores no estado da Bahia, observou-se prevalência de 15% (FELIPE-DE-MELO et al.,

2009). PIMENTA et al. (2011), identificaram prevalência de 14,9% em estudo realizado em

comunidade rural de Minas Gerais. OLIVEIRA et al. (2006), analisando uma população com

características semelhantes, encontraram maior prevalência (30,0%). Esses estudos mostram que

a prevalência de SM pode estar relacionada a diversos fatores, mesmo em populações com

Page 62: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

61

características socioeconômicas relativamente próximas, como é o caso dos descritos por

PIMENTA et al. (2011) e OLIVEIRA et al. (2006).

Elevadas prevalências desse agravo não são exclusividade de um grupo étnico ou racial.

Mesmo entre as populações indígenas, as prevalências parecem estar aumentando

substancialmente nas últimas décadas. No presente estudo, a SM foi diagnosticada em 27,8% dos

indivíduos. Essa porcentagem, foi maior que aquela identificada por SALVO et al. (2009)

quando estudaram esta mesma população anteriormente (21,9%). OLIVEIRA et al. (2011)

também identificaram elevada prevalência de SM entre indivíduos com idade de 18 a 69 anos da

etnia Jaguapirú, no Mato Grosso do Sul (43,4% entre as mulheres e 26,1% entre os homens). Os

achados de OLIVEIRA et al. (2011), assim como o presente trabalho, evidenciam uma situação

preocupante do quadro de SM entre as populações indígenas, no instante em que os mesmos

mostram evolução dos casos de SM entre essas populações tornando-os mais suscetíveis às

doenças cardiovasculares e DM.

Estudo realizado com nativos americanos detectou prevalências diferentes segundo o

acesso a produtos industrializados pelas diferentes populações indígenas. Entre sujeitos

residentes na região sudeste dos EUA, a prevalência foi de 43,2% e 47,0% entre homens e

mulheres respectivamente. Na população do Alasca, a prevalência foi de 26,5% entre os homens,

e 31,2% entre as mulheres (SCHUMACHER et al., 2008).

Diferentes estudos apontam para a hipótese de que o acesso a alimentos hipercalóricos

por populações indígenas está influenciando drasticamente a ocorrência de mudanças no

metabolismo e composição corporal das populações (BASIT e SHERE, 2008; SCHUMACHER

et al., 2008; PANDIT et al., 2012). Em relação aos Khisêdjê, nos últimos anos nota-se que a

alimentação também vem sendo modificada. Produtos como sal, óleo de cozinha, açúcar,

refrigerantes, bolachas, arroz e outros, estão se tornando cada vez mais comuns em algumas

Page 63: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

62

famílias. É possível que esse fator seja um dos contribuintes para a elevada porcentagem de SM

observada entre os Khisêdjê.

Em relação à atividade física entre indígenas, existem poucos dados disponíveis na

literatura. Os estudos realizados indicam a presença de grandes desigualdades em relação a essa

prática e consequentemente em relação ao condicionamento físico desses indivíduos. Tais

disparidades, embora possam ser influenciadas pelos diversos métodos utilizados para medir

atividade física (questionários com informações sobre o tempo diário/semanal gasto para praticar

atividades; entrevistas telefônicas; avaliação do nível de atividade por meio de instrumentos

como o acelerômetro), possivelmente refletem os diferentes momentos históricos e de transição

vivenciados por cada etnia (ZURLO et al., 1992; FISCHER et al., 1999; KRISKA et al., 2003;

DUNCAN et al., 2009; FRETTS et al., 2009). A prevalência de aborígenes ativos fisicamente

varia desde 26,7% entre adultos australianos (LI et al., 2009) até 51% em mulheres e 60% em

homens na Nova Zelândia (ROSS e HAMLIN, 2007). Uma pesquisa sobre fatores de risco para

doenças crônicas identificou que 37,2% de nativos do Alaska não praticam nenhuma atividade

física no lazer (DENNY et al., 2005).

Os dados supracitados ratificam a afirmação de que os Khisêdjê apresentam condição

física satisfatória. No presente estudo, por exemplo, a média geral do VO2max (43,3 ml(kg.min))

foi semelhante à encontrada por CIRO (2003) em estudo com 369 militares do estado de Santa

Catarina (43,3 ml(kg.min)). Cabe resaltar que esses sujeitos avaliados por CIRO (2003), por

conta da profissão, possuem rotina de treinamento físico diferenciada da população civil;

evidenciando o quão importante é o resultado encontrado entre os Khisêdjê. Além disso,

independente da faixa etária ou sexo, esse resultado pode ser considerado extremamente

satisfatório, considerando os valores de referência para esse teste (ROBERGS e ROBERTS,

2002; PITANGA, 2004).

Page 64: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

63

A porcentagem de sujeitos com desempenho excelente foi maior no sexo masculino que

no feminino (41,5% versus 17,4%). É provável que isso ocorra devido à distribuição de afazeres

na aldeia, uma vez que os homens se deslocam mais que as mulheres no dia-a-dia em tarefas

como ir ao roçado, pescar e caçar, enquanto as mulheres exercem atividades mais próximas de

casa, como artesanato, preparo dos alimentos e o cuidado com os filhos pequenos.

A aptidão cardiorrespiratória é um importante componente da AFRS à saúde. Pesquisas

indicam que níveis baixos de VO2max estão associados a maior risco de doenças crônicas não

transmissíveis (ACSM, 1996; HOOTMAN et al., 2001; GUEDES et al., 2002; GLANER, 2002).

Os valores do VO2max podem variar de acordo com a idade, sexo, peso, nível e tipo de atividade

física diária do indivíduo, ingestão de bebida alcoólica, fumo e sedentarismo (WASSERMAN et

al.,1999; ATS/ACCP, 2003; HERDY e UHLENDORF, 2011).

Quanto à capacidade funcional das articulações (componente da AFRS flexibilidade),

segundo TUBINO (1984), ARAÚJO (1987) e BARBANTI (1994) essa capacidade possibilita a

execução de quaisquer atividades físicas, sejam elas esportivas ou rotineiras, dentro da amplitude

articular que cada indivíduo possui. Pode ser ativa ou passiva, e é uma capacidade física que

varia de acordo com o sexo, idade e o estilo de vida, haja vista que se trata de um componente

treinável, caso o indivíduo adote em seu cotidiano hábitos estimulantes para o aprimoramento da

mesma (HOLLMANN e HETTINGER, 1989; DANTAS, 1995; WERLANG, 1997;

BAGRICHEVSKY, 2002).

Entre os Khisêdjê, observou-se média geral elevada no teste de flexibilidade (36,4 cm,

dp= 6,3) com 58,2% das mulheres e 35% dos homens sendo classificados com excelente

desempenho. Esses resultados se mostram satisfatórios se comparados aos observados por

PRATI e PRATI (2006) que identificaram média também elevada (40 cm) em estudo realizado

com bailarinas com mais de sete anos de experiência. Esses resultados podem estar relacionados

à posição adotada por esses indivíduos para realizar atividades como cozinhar, ralar e descascar a

Page 65: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

64

mandioca, trabalhar com artesanato, lavar roupa, se deslocar de canoa, plantar e colher, ou

apenas sentar no chão. Todas essas atividades exigem a adoção de posturas anatômicas com

elevada amplitude articular, provavelmente incômodas para outros indivíduos, mas rotineiras

para os Khisêdjê.

A força muscular de membros inferiores é um importante componente da AFRS, sendo

necessária em toda e qualquer atividade do cotidiano (MAGALHÃES et al., 2001). O teste de

impulso horizontal foi utilizado com a finalidade de mensurar, indiretamente, a força explosiva

dos membros superiores (FONTOURA, 2008). É um teste muito utilizado devido ao seu baixo

custo e a relativa simplicidade para execução; entretanto, é mais freqüente seu uso com crianças

e jovens até os 18 anos, tendo como objetivo principal o diagnóstico da condição física para

posteriormente desenvolver um treinamento específico de força explosiva de membros inferiores

(KISS, 1987; FERNANDES FILHO, 2003; PRATI e PRATI, 2006; PEREIRA e GRAUP, 2007;

COTTA et al., 2009; LEITE et al., 2011).

PEREIRA e GRAUP (2007), avaliando jovens calouros do curso de Educação física da

Universidade Federal de Santa Maria, detectaram uma distância média de 2,05 m entre os

homens, e 1,45 m entre as mulheres no teste de impulso horizontal. LEITE et al. (2011) por sua

vez, analisando o perfil atlético de jovens do sexo masculino praticantes Le Parkour (esporte que

utiliza transposição à obstáculos naturais ou não para desenvolvimento do corpo e mente),

identificaram média de 2,53 m. Tais resultados estão muito além daqueles encontrados com a

população Khisêdjê (média= 1,66 m; dp=0,43). Não se pretende fazer comparações entre o

desempenho dos indígenas e dos estudos supracitados, haja vista que são grupos distintos. Deve-

se considerar que esse teste é geralmente empregado na mensuração da força explosiva de

membros inferiores em grupo de atletas de diversas modalidades esportivas (KISS, 1987). É

provável que este instrumento não seja o mais adequado para avaliar essa habilidade nessa

população.

Page 66: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

65

A força/resistência muscular corresponde a um dos componentes da AFRS responsável

pela mobilidade do corpo e realização de tarefas rotineiras ou esportivas. Também promove a

sustentação do corpo possibilitando a manutenção postural. Uma condição desfavorável desse

componente pode acarretar problemas posturais, articulares, lesões no sistema músculo-

esquelético, dores localizadas e inúmeros desconfortos ao corpo (ACSM, 1996; NIEMAN, 1999;

GLANER, 2002). NIEMAN (1999) salienta que a boa condição desse componente auxilia na

qualidade de vida das pessoas em qualquer idade, inclusive daquelas pessoas com idade mais

avançada, prevenindo doenças ósseas e lesões causadas por simples acidentes, mas que podem

ter danos graves de acordo com a idade.

Os dois testes mais utilizados para avaliar a condição do componente força/resistência

muscular são os de flexão de tronco (abdominal) e de flexão de braço (HOLLOWAY, 1989;

GONÇALVES, 2006; ACSM, 2006). A baixa aptidão nesse componente pode ser considerada

um risco na medida em que a idade avança e os riscos de lesões aumentam (TINETTI e

SPEECHLEY, 1989). Entre os Khisêdjê, médias satisfatórias foram encontradas nos testes de

flexão de braço e tronco. Além disso, entre os pesquisados, 35,7% (masculino) e 23,5%

(feminino) apresentaram desempenho bom ou excelente no teste de flexão de tronco; e, 44,1%

(masculino) e 73,7% (feminino) obtiveram desempenho bom ou excelente no teste de flexão de

braço. PRATI e PRATI (2006), em estudos com jovens bailarinas, identificaram médias de 21,0

e 23,0 repetições nos testes de flexão de braço e flexão de tronco respectivamente. Segundo os

autores os resultados ficam abaixo das recomendações satisfatórias para os testes. PEREIRA e

TEIXEIRA (2006), avaliando militares de ambos os sexos da Aeronáutica, encontraram as

seguintes médias de repetições nos testes de flexão de tronco e flexão de braço: 40,7 no sexo

masculino e 28,5 repetições no sexo feminino para flexão de tronco; e, 22,0 no sexo masculino e

25,9 no sexo feminino para flexão de braço.

Page 67: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

66

Uma alternativa que tem sido cada vez mais utilizada para avaliar o nível de atividade

física é a contagem do número de passos/dia por meio do pedômetro (TUDOR-LOCKE et al.,

2005; BENEDETTI et al., 2007; MATSUDO e ARAUJO, 2008; PORTO e JUNQUEIRA JR,

2009). Esse é um aparelho simples e relativamente barato que fica preso ao corpo do avaliado,

devendo ser retirado apenas para tomar banho e dormir. O mesmo é dotado de um sensor que

registra a distância que o sujeito percorreu (em número de passos) durante o dia, desde que o

corpo esteja em posição vertical (LAPORTE et al.,1985; OLIVEIRA e MAIA, 2001; TUDOR-

LOCKE et al., 2005; GZGIK, 2010; SANTOS et. al., 2010; OLIVEIRA et al., 2010b). TUDOR-

LOCKE et al. (2005) explicam que o número de pessoas que um adulto saudável costuma dar

por dia é cerca de 7000 a 13000. Os autores esclarecem que 30 minutos de atividade física

moderada equivalem aproximadamente de 3000 a 4000 passos apenas. Para que um indivíduo

seja considerado ativo fisicamente, segundo esse método, o mesmo deve dar pelo menos 10000

passos por dia (TUDOR-LOCKE et al., 2008). OLIVEIRA et al. (2010b), em artigo de revisão

sobre a fidedignidade e validade da utilização do pedômetro e acelerômetro entre populações de

idosos, chegaram a conclusão de que ambos os instrumentos são adequados para avaliar o nível

de atividade física. Outros autores também corroboram com a proposta de que o uso do

pedômetro constitui-se em bom instrumento para avaliar o nível de atividade em diversos grupos

e faixas etárias (LAPORTE et al.,1985; OLIVEIRA e MAIA, 2001; BENEDETTI et al., 2007).

Estudos com diferentes populações têm revelado que a média de passos diários está

abaixo dos parâmetros considerados adequados (OLIVEIRA e MAIA, 2001; TUDOR-LOCKE et

al., 2005; BENEDETTI et al., 2007; MATSUDO e ARAUJO, 2008). RICHARDSON et al.

(2008), por meio de uma meta-análise, investigaram estudos de intervenção que utilizaram o

pedômetro para avaliar o nível de atividade física e a perda de peso por meio da caminhada.

Todos os estudos analisados fizeram duas aferições do desempenho dos participantes. Na

primeira, as médias de passos/dia dos avaliados variaram de 4791 a 7029 (dp=3100). Na segunda

Page 68: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

67

aferição, as médias foram de 7296 a 10480 (dp=3224). Apenas em dois, a média de passos estava

no limiar que considera o sujeito ativo, ou seja, ≥ 10000 passos/dia. GZGIK (2010),

investigando o nível de atividade física de professores, detectou média de passos de 6248,3

(dp=3123,99) entre os homens, e 7010,33 (dp=1479,65) passos/dia entre as mulheres.

No presente estudo, a média geral de passos/dia encontrada foi de 12321,9 com valores

superiores sendo identificados entre os homens (12977,8) em comparação às mulheres

(10645,9). Essas médias classificam ambos os sexos como plenamente ativos (TUDOR-LOCKE

et al., 2004). Tais resultados se mostram superiores aos encontrados entre os estudos referidos

acima.

Em relação à diferença observada entre os sexos, alguns estudos identificam maior média

de passos/dia entre homens, e outros entre mulheres (TUDOR-LOCKE et al. 2004; MATSUDO

e ARAUJO, 2008; TUDOR-LOCKE et al., 2008; PORTO e JUNQUEIRA JR, 2009; GZGIK,

2010); entretanto, em nenhum dos estudos identificou-se médias iguais às encontradas entre a

população Khisêdjê. É importante ressaltar, que tais valores podem estar subestimados, pois se

percebeu que alguns indivíduos esqueciam o uso do equipamento em alguns momentos, e outros

sujeitos o retiravam quando iam pescar. Além disso, alguns possuem bicicletas, cujo uso é

bastante freqüente, o que também pode subestimar substancialmente o número de passos do

indivíduo no dia. Apesar disso, não há dúvidas que a condição física favorável observada nesse

teste reflete o modo de vida desse povo.

É possível que esses indivíduos tivessem, há décadas atrás, um condicionamento físico

superior ao que foi revelado neste estudo. Sabe-se que a rotina física de trabalho e afazeres atual

da maioria desses sujeitos se modificou, com a incorporação de alguma tecnologia (motor de

barco, carro, por exemplo). Além disso, alguns já possuem trabalho remunerado na própria

aldeia (agentes de saúde, professores, entre outros), o que pode refletir na saúde dos mesmos

sobre dois aspectos: o primeiro está relacionado à diminuição da atividade física, e, o segundo

Page 69: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

68

relaciona-se ao aumento do poder de compra e consumo de alimentos industrializados desses

indivíduos.

O fato dos Khisêdjê não terem tido desempenho tão satisfatório nos teste de força e

resistência de membros inferiores e superiores (impulso horizontal, flexão de tronco e de braço),

quando comparados aos seus próprios testes de flexibilidade, resistência cardiorrespiratória e

nível de atividade física (banco de Wells, uma milha, pedômetro), pode estar relacionado com a

familiarização da técnica adequada para a execução dos mesmos. Sabe-se que os testes em

questão exigem não apenas boa condição atlética do componente em questão, mas, sobretudo

técnica apropriada. Portanto, essa pode ter sido uma limitação deste estudo que talvez tenha

subestimado os resultados nesses testes.

Outra limitação, diz respeito à possibilidade do nível de atividade física, principalmente

entre as mulheres, ter sido subestimada. Muitas atividades executadas pelas mulheres são feitas

em posição sentada ou de cócoras (fazendo os alimentos, artesanatos, lavando roupas,

descascando e ralando a mandioca). Essas atividades demandam um tipo de movimento físico e

gasto energético não captado pelo pedômetro.

Apesar das limitações, este estudo se destaca pelo pioneirismo de desenvolver uma

pesquisa com esse desenho em populações indígenas. Esse estudo possibilitou, pela primeira vez

em nosso meio, quantificar a condição física de indígenas. Além disso, possibilitou verificar a

relação da condição física com a prevalência de SM em indígenas, visto até então apenas em

população não indígena.

Page 70: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

69

8 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo, foi possível constatar que apesar da alta prevalência de SM e de seus

componentes, os Khisêdjê ainda estão em condição física satisfatória, em sua maioria. Além

disso, o menor nível de atividade física e desempenho inferior nos testes físicos foram associados

com maior prevalência da síndrome metabólica. Esses resultados enfatizam a etiologia

multicausal das DCNT e indicam que esses agravos estão se tornando uma ameaça à saúde e

qualidade de vida desse povo.

Devido à ausência de estudos que avaliam a condição física e sua relação com a SM em

população indígenas, não foi possível fazer comparações. Entretanto, foi possível constatar o

bom desempenho físico dos mesmos por meio dos parâmetros estabelecidos na literatura. A

associação entre a presença de SM e nível insatisfatório de condicionamento físico identificada

neste estudo corrobora com os resultados de outros estudos realizados em populações não

indígenas, constituindo mais uma evidência de que o sedentarismo (ou condição física abaixo do

recomendado) é um fator de risco aos componentes da SM.

Mesmo com algumas limitações, este estudo pode ser considerado como parâmetro na

medida em demonstrou que a avaliação do condicionamento físico de indígenas é factível,

mesmo se a população em questão não tenha tido contato com técnicas de execução nos referidos

testes. Os métodos, técnicas e testes aqui utilizados podem ser reproduzidos em estudos com

outras etnias.

Page 71: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

70

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AAHPERD. American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance. Physical Best. Reston, VA; 1988. ACSM. American College of Sports Medicine. Manual para teste de esforço e prescrição de exercício. 4.ed. Rio de Janeiro: Revinter; 1996. ACSM. American College of Sports Medicine. ACSM stand position on the appropriate intervention strategies for weight loss and prevention of weight regain for adults. Med Sci Sports Exerc. 2001;33:2145-56. ACSM. Manual do ACSM para avaliação da aptidão física relacionada à saúde/American College of Sports Medicine; editoria de Gregory B. Dwyer e Shala E. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2006. Alayón AN, Ariza S, Baena K, Lambis L, Martínez L, Benítez L. Búsqueda activa y evaluación de factores de riesgo cardiovascular en adultos jóvenes, Cartagena de Indias, 2007. Biomédica. 2010;30(2):238-244. Alberti KGMM, Zimmet P. For the WHO Consulation. Definition, Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus and its Complications: Part 1: diagnosis and classification of diabetes mellitus. Provisional report of a WHO Consultation. Diab Med. 1998;15:539-553. Alberti KGMM, Zimmet P, Shaw J. Metabolic syndrome--a new world-wide definition. A Consensus Statement from the International Diabetes Federation. Diabet Med. 2006;23(5):469-80. Alberti KGMM, Eckel RH, Grundy SM, Zimmet PZ, Cleeman JI, Donato KA, et al. Harmonizing the metabolic syndrome: a joint interim statement of the International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Association; World Heart Federation; International Atherosclerosis Society; and International Association for the Study of Obesity. Circulation. 2009; 120(16):1640-5. Almeida AJM, Almeida DMF, Grando BS. As práticas corporais e a educação Do corpo indígena: a contribuição do esporte nos jogos dos povos indígenas.Rev. Bras. Ciênc. Esporte. 2010;32(2-4):59-74. American Diabetes Association. Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus. Diabetes Care. 2009;32:62-7. Araújo CGS. Medidas e Avaliação em Flexibilidade [tese de Doutorado]. Rio de Janeiro: Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro; 1987. Arcanjo CL, Piccirillo LJ, Machado IV, Andrade Jr CRM, Clemente EL, Gomes MB. Avaliação de Dislipidemia e de Índices Antropométricos em Pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 1. Arq Bras Endocrinol Metab. 2005;49(6):951-958.

Page 72: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

71

ATS/ACCP. Statement on cardiopulmonary exercise testing. Am J Respir Care Med. 2003; 167(2):211-77. Bagrichevsky M. O desenvolvimento da flexibilidade: Uma análise teórica de mecanismos neurais intervenientes. Rev. Bras. Cienc. Esporte. 2002;24(1):199-210. Araújo CGS. Medidas e Avaliação em Flexibilidade [tese de Doutorado]. Rio de Janeiro: Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro; 1987. Barbosa PJB, Lessa I, Almeida-Filho N, Magalhães LBNC, Araujo J. Critério de obesidade central em população brasileira: impacto sobre a síndrome metabólica. Arq. Bras. Cardiol. 2006; 87(4):407-414. Barroso WKS, Jardim PCBV, Vitorino PV, Bittencourt A, Miquetichuc F. Influência da atividade física programada na pressão arterial de Idosos hipertensos sob tratamento não-farmacológico. Rev Assoc Med Bras. 2008;54(4):328-33. Baruzzi RG, Junqueira C, organizadores. Parque Indígena do Xingu: Saúde, Cultura e História. São Paulo: Terra virgem; 2005. Baruzzi RG. A Universidade na Atenção à Saúde dos Povos Indígenas: a experiência do Projeto Xingu da Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina. Saúde Soc. 2007;16(2):182-186. Basit A, Shera AS. Prevalence of metabolic syndrome in Pakistan. Metab Syndr Relat Disord. 2008;6(3):171-5. Bays H, Mandarino L, Defronzo RA. Role of the adipocyte, free fatty acids, and ectopic fat in pathogenesis of type 2 diabetes mellitus: peroxisomal roliferator-activated receptor agonists provide a rational therapeutic approach. Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism. 2004;89(2):463-478. Benedetti TRB, Antunes PC, Rodriguez-Añez CR, Mazo GZ, Petroski EL. Reprodutibilidade e validade do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) em homens idosos. Rev Bras Med Esporte. 2007;13(1):11-16. Blair SN, Kampert JB, Kohl III HW, Barlow CE, Macera CA, Paffenbarger RS, et al. Influences of cardiorespiratory fitness and other precursors on cardiovascular disease and all-cause mortality in men and women. JAMA. 1996;276:205-10. Borges PKO, Gimeno SGA, Tomita NE, Ferreira SR. Prevalência e características associadas à síndrome metabólica em nipo-brasileiros com e sem doença periodontal. Cad. Saúde Pública. 2007;23(3):657-668. Brasil. Fundação Nacional de Saúde. Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. 2. ed. Brasília; 2002a. Brasil. Ministério da Saúde. A vigilância, o controle e a prevenção das doenças crônicas não-transmissíveis: DCNT no contexto do Sistema Único de Saúde brasileiro / Brasil. Ministério da Saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2005.

Page 73: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

72

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. Brasília: MS; 2006a. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde. Brasília: MS; 2006b. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (Vigitel Brasil 2008). Brasília: MS; 2009. Brasil. Fundação Nacional de Saúde Relatório SIASIWEB. Quantitativo de Pessoas [acesso em 01 nov 2010]. Disponível em: http://sis.funasa.gov.br/transparencia_publica/siasiweb/Layout/ quantitativo_de_pessoas_2010.asp. Caldas PRL, Rocha PSO. Treinamento Desportivo. Brasília: Ministério da Educação e Cultura - Secretaria de Educação Física e Desporto; 1978. Cardoso ALS, Tavares A, Plavnik FL. Aptidão física em uma população de pacientes hipertensos: avaliação das condições osteoarticulares visando a benefício cardiovascular. Rev Bras Hipertens. 2008; 15(3):125-132. Cardoso JR, Azevedo NCT, Cassano CS, Kawano MM, Âmbar G. Confiabilidade intra e interobservador da análise cinemática angular do quadril durante o teste sentar e alcançar para mensurar o comprimento dos isquiotibiais em universitários. Rev. bras. fisioter. 2007;11(2):133-138. Carroll S, Dudfield M. What is the relationship between exercise and metabolic abnormalities? A review of the metabolic syndrome.Sports Med. 2004;34(6):371-418. Caspersen CJ, Powell KE, Christensen GM. Physical activity, exercise, and physical fitness: definitions and distinctions for health-relates research. Public Health Reports. 1985;100(2):172-179. Castaneda C, Layne LE, Orians LM, Gordon PL, Walsmith J, Foldvari M, et al. A randomized controlled trial of resistance exercise training to improve glycemic control in older adults with type 2 diabetes. Diabetes Care. 2002;25:2335-41. Chen W, Berenson GS. Metabolic syndrome: definition and prevalence in children. Jornal de Pediatria. 2007;83(1):1-3. Chobanian AV, Bakris GL, Black HR, Cushman WC, Green LA, Izzo JL Jr, Jones DW, et al. The Seventh Report of the Joint National committee on Prevention, Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure: The JNC 7 Report. JAMA. 2003; 289: 2560-2572. Churilla JR, Zoeller RF .Physical Activity: Physical Activity and the Metabolic Syndrome: A Review of the Evidence. American Journal of Lifestyle Medicine. 2008;2:118-125. Ciolac EG, Guimarães GV. Exercício físico e síndrome metabólica. Rev Bras Med Esporte. 2004;10(4):319-324.

Page 74: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

73

Cipriano DO, Lima HV, Souza AAS, Silva MCFC, Santos ACO. Freqüência de indivíduos com intolerância à glicose em jejum em um hospital universitário: comparação de critérios diagnósticos. J Bras Patol Med Lab. 2006;42(6):419-423. Ciro RRA. Sistema de avaliação para a promoção e gestão do estilo de vida 2003 saudável e da aptidão física relacionada à saúde de policiais militares [tese de doutorado]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; 2003. Coimbra Jr. CEA, Santos RV. Perfil Epidemiológico da População Indígena no Brasil: Considerações Gerais. Documento de Trabalho no. 3. Porto Velho: Centro de Estudos em Saúde do Índio de Rondônia, Universidade Federal de Rondônia; 2001. Coimbra Jr CEA, organizador. Epidemiologia e saúde dos povos indígenas do Brasil. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ABRASCO; 2003. Cotta RM, Barletta G, Monteiro AC, Affonso CO, Santos WF. Utilização dos testes de salto vertical e salto horizontal para prescrição de treinamento pliométrico. Revista Digital - Buenos Aires. 2009;14(131). Dantas EHM. A Prática da Preparação Física. 3ª edição. Rio de Janeiro: Shape, 1995. Deepa M, Farooq S, Datta M, Deepa R, Mohan V. Prevalence of metabolic syndrome using WHO, ATPIII and IDF definitions in Asian Indians: The Chennai Urban Rural Epidemiology Study. Diabetes Metab Res Rev. 2007;23:127–134. Denny CH, Holtzman D, Goins RT, Croft JB. Disparities in chronic disease risk factors and health status between American Indian/Alaska Native and White elders: findings from a telephone survey, 2001 and 2002. Am J Public Health. 2005;95(5):825-7. Dieckert J, Mehringer J. Cultura do lúdico e do movimento dos índios canela. Revista brasileira de ciências do esporte. 1989;11(1):54-7. Doro AR, Gimeno SGA, Hirai AT, Franco LJ, Ferreira SRG. Análise da Associação de Atividade Física à Síndrome Metabólica em Estudo Populacional de Nipo-Brasileiros. Arq Bras Endocrinol Metab. 2006;50(6):1066-74. Dumith SC. Descrição da atividade física no Brasil e no mundo. In: Florindo AA, Hallal PC. Epidemiologia da atividade física. São Paulo: Atheneu; 2011. Duncan GE, Goldberg J, Buchwald D, Wen Y, Henderson JA. Epidemiology of Physical Activity in American Indians in the Education and Research towards Health Cohort. Am J Prev Med. 2009; 37(6): 488–494. Durstine JL, Haskell WL. The influence of exercise on plasma lipids and lipoproteins. Exerc Sport Sci Ver. 1994;22:477-521. Eckel RH, Grundy SM, Zimmet PZ. The metabolic syndrome. Lancet. 2005;365(9468):1415-1428.

Page 75: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

74

Elias RGM, Fernandes CAM, Fontes CER, Cuman RKN. Influência da atividade física sobre a prevalência de síndrome metabólica, em mulheres atendidas em uma Unidade básica de saúde, Maringá – PR. Cienc Cuid Saude. 2008;7(1):88-93. Eriksson J, Taimela S, Koivisto VA. Exercise and the metabolic syndrome. Diabetologia. 1997;40:125-35. Fassheber JRM. Etno-desporto indígena: contribuições da antropologia social a partir da experiência entre os Kaingang. [tese de doutorado]. Capinas: Faculdade de Educação Física; 2006. Felipe-de-Melo ERT, Silva RCR, Assis AMO, Pinto EJ. Fatores associados à síndrome metabólica em trabalhadores administrativos de uma indústria de petróleo. 2009[acesso em 20 de out 2010]. Disponível em: http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/artigo_int.php? id_artigo=4928. Fernandes filho J. A prática da avaliação física: testes, medidas e avaliação física em escolares, atletas e academias de ginástica. 2 ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003. Ferreira SRG, Catânia AFS. Epidemiologia da síndrome metabólica. In: Giacaglia LR, Silva MER, Santos RF. Tratado de Síndrome Metabólica. São Paulo: Roca, 2010. Fischer ID, Brown DR, Blanton CJ, Casper ML, Croft JB, Brownson RC. Physical Activity Patterns of Chippewa and Menominee Indians The Inter-Tribal Heart Project. Am J Prev Med 1999;17(3). Fleishman EA. The structure and measurement of physical fitness. Englewood Clifes, N.J. Prentice-Hall, 1964. Florindo AA, Hallal PC. Epidemiologia da atividade física. São Paulo: Atheneu; 2011. Fontoura, AS. Guia prático de avaliação física: uma abordagem didática, abrangente e atualizada /Andrea Silveira da Fontoura, Charles Marques Formentin, Everson Alves Abech. São Paulo: Phorte, 2008. Ford ES, Li C, Sattar N. Metabolic syndrome and incident diabetes: current state of the evidence. Diabetes Care. 2008;31(9):1898-904. Franca E, Alves JGB. Dislipidemia entre crianças e adolescentes de Pernambuco. Arq Bras Cardiol. 2006;87(6):722-727. Fretts AM, Howard BV, Kriska AM, Smith NL, Lumley T, Lee ET, et al. Physical Activity and Incident Diabetes in American Indians the Strong Heart Study. Am J Epidemiol 2009;170:632–639. Gami AS, Witt BJ, Howard DE, Erwin PJ, Gami LA, Somers VK, Montori VM. Metabolic syndrome and risk of incident cardiovascular events and death: a systematic review and meta-analysis of longitudinal studies. J Am Coll Cardiol. 2007;49(4):403-14. Giacaglia LR, Silva MER, Santos RF. Tratado de Síndrome Metabólica. São Paulo: Roca, 2010.

Page 76: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

75

Gimeno SGA, Rodrigues D, Pagliaro H, Cano EM, Lima EES, Baruzzi RG. Perfil metabólico e antropométrico de índios Aruák: Mehináku, Waurá e Yawalapití, Alto Xingu, Brasil Central, 2000/2002 Cad. Saúde Pública. 2007;23(8):1946-1954. Glaner MF. Nível de atividade física e aptidão física relacionada à saúde em rapazes rurais e urbanos. Rev. paul. Educ. Fís. 2002;16(1):76-85. Gonçalves LGO. Aptidão física relacionada à saúde de policiais militares do município de porto velho-RO. [dissertação de mestrado]. Brasília: Universidade de Brasília; 2006. Gottlieb MGV, Cruz IBM, Bodanese LC. Origem da síndrome metabólica: aspectos genético-evolutivos e nutricionais. Scientia Medica. 2008;18(1):31-38. Grando BS. Corpo e Educação: as relações interculturais nas práticas corporais bororo em Meruri-MT [tese de Doutorado]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; 2004 [acesso em 14 jan 2012]. Disponível em: www.tede.ufsc.br/teses/PEED0466.pdf. Grando BS, Oliveira BM, Aguiar ET. A Produção do Conhecimento sobre as Práticas Corporais Indígenas e suas Relações com os Jogos dos Povos Indígenas do Brasil. In: 61ª Reunião Anual da SBPC. Manaus, 2009a. [acesso em 14 jan 2012]. Disponível em: http://www.sbpcnet.org.br/ livro/61ra/resumos/resumos/6164.htm Grando BS, Oliveira BM, Aguiar ET. Os saberes e práticas corporais indígenas e suas relações com os jogos indígenas. In: II Seminário Nacional Corpo e Cultura: Políticas e cotidiano da formação em educação física & seminário do CBCE, 2009b [acesso em 14 jan 2012]. Disponível em: http://www.unemat.br/pesquisa/coeduc/downloads/saberes_indigenas_jogos.pdf Guedes DP, Guedes JERP, Barbosa DS, Oliveira JA. Aptidão física relacionada à saúde e fatores de risco predisponentes às doenças cardiovasculares em adolescentes. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. 2002;2(5):31–46. Gugelmin SA, Santos RV. Uso do Índice de Massa Corporal na avaliação do estado nutricional de adultos indígenas Xavánte, Terra Indígena Sangradouro-Volta Grande, Mato Grosso. Cad. Saúde Pública; 2006;22(9):1865-1872. Gustat J, Srinivasan SR, Elkasabany A, Berenson GS. Relation of self-rated measures of physical activity to multiple risk factors of insulin resistance syndrome in young adults: the Bogalusa Heart study. J Clin Epidemiol. 2002;55: 997-1006. Gzgik ZM. Verificação e comparação do nível de atividade física obtida com o pedômetro e o teste da milha. [acesso em 10 out 2010] Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/ diaadia/diadia/arquivos/file/conteudo/artigos_teses/educacao_fisica/artigos/verificacao_e_comparacao_do_nivel_de_atf.pdf. Herdy AH, Uhlendorf D. Valores de Referência para o Teste Cardiopulmonar para Homens e Mulheres Sedentários e Ativos. Arq Bras Cardiol. 2011;96(1):54-59. Hollmann W, Hettinger TH. Medicina do Esporte. São Paulo; Manole, 1989. Holloway JB. Exercícios abdominais. Isprint magazine; 1989.

Page 77: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

76

Hootman JM, Macera CA, Ainsworth BE, Martin M, Addy CL, Blair SN. Association among physical activity level, cardiorespiratory fitness, and risk of musculoskeletal injury. American Journal of Epidemiology. 2001;154(3):251-8. IDF. International Diabetes Federation. The IDF consensus worldwide definition of the METABOLIC SYNDROME. 2006 [acesso em 20 out 2010]. Disponível em: http://www.idf.org/ webdata/docs/IDF_Meta_def_final.pdf IDF. International Diabetes Federation. Prevalence estimates of impaired glucose tolerance (IGT), 2010 [acesso em 30 out 2010]. Disponível em: http://www.diabetesatlas.org/content/ prevalence-estimates-impaired-glucosetolerance-igt-2010. INCA. Inquérito domiciliar sobre comportamento de risco e morbidade referida de doenças e agravos não transmissíveis. Ministério da Saúde: Instituto Nacional do Câncer; 2003 [acesso em 15 nov 2010]. Disponível em: www.inca.gov.br/publicacoes/publicacao_inquerito22_06.pdf Katzmarzyk PT, Leon AS, Wilmore JH, Skinner JS, Rao DC, Rankinen T, Bouchard C. Targeting the metabolic syndrome with exercise: evidence from the HERITAGE Family Study. Med Sci Sports Exerc. 2003;35(10):1703-9.

Kiss MAPDM. Avaliação em educação física. São Paulo: Manole, 1987. Kriska AM, Saremi A, Hanson RL, Bennett PH, Kobes S, Williams DE et al. Physical Activity, Obesity, and the Incidence of Type 2 Diabetes in a High-Risk Population. Am J Epidemiol 2003;158:669–675. Kuroda S, Uzu T, Fujii T, Nishimura M, Nakamura S, Inenaga T, Kimura G. Kuroda. Role of insulin resistance in the genesis of sodium sensitivity in essential hypertension. Journal of Human Hypertension, Houndmills. 1999;13(4):257-262. Lakka HM, Laaksonen DE, Lakka TA, Niskanen LK, Kumpusalo E, Tuomilehto J, Salonen JT. The metabolic syndrome and total and cardiovascular disease mortality in middle-aged men.JAMA. 2002;288(21):2709-16. Laporte RE, Montoye HJ, Caspersen CJ. Assessment of Physical Activity in Epidemiologic Research: Problems and prospects. Public Health Reports. 1985;100(2):131-146. Leite MS. Transformação e persistência: antropologia da Alimentação e nutrição em uma sociedade indígena amazônica. Rio de janeiro: FIOCRUZ; 2007. Leite N, Aguiar Junior RP, Cieslak F, Ishiyama M, Milano GE, Stefanello JMFl. Perfil da aptidão física dos praticantes de Le Parkour. Rev Bras Med Esporte. 2011;17(3):198-201. Leitão MPC. Síndrome metabólica e stress em usuários de unidades básicas de saúde da zona sul de São Paulo [dissertação de mestrado]. São Paulo: Faculdade de Saúde Publica/USP; 2009. Li M, Campbell S, McDermott R. γ-Glutamyltransferase, obesity, physical activity, and the metabolic syndrome in indigenous Australian adults. Obesity (Silver Spring). 2009;17(4):809-13.

Page 78: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

77

Lopes HF. Hipertensão arterial e síndrome metabólica: além da associação. Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. 2003;13:64-77. Madimenos FC, Snodgrass JJ, Blackwell AB, Liebert MA, Sugiyama LS. Physical activity in an indigenous Ecuadorian forager-horticulturalist population as measured using accelerometry. Am J Hum Biol. 2011;23(4):488-497. Magalhães J, Oliveira J, Ascenção A, Soares JMC. Avaliação isocinética da força muscular de atletas em função do desporto praticado, idade, sexo e posições específicas. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. 2001;1(2):13–21. Malta DC, Moura L, Souza FM, Rocha FM, Fernandes RM. Doenças crônicas não-transmissíveis: mortalidade e fatores de risco no Brasil, 1990-2006. In: Ministério da Saúde, ed. Saúde Brasil 2008: 20 anos de Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Matos LN, Dias CB. Perfil lipoproteico de pacientes com intolerância à glicose em hospital terciário da cidade de São Paulo. Rev Bras Clin Med. 2010;8(3):212-5. Matsudo VKR, Araujo TL. Pedômetros: uma nova alternativa de prescrição médica. Diagnóstico e Tratamento. 2008;13(2):102-106. Mcardle WD, Katch FI, Katch VL. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. Medina FL, Lobo FS, Souza DR, Kanegusuku H, Forjaz CLM. Atividade física: impacto sobre a pressão arterial. Rev Bras Hipertens. 2010;17(2):103-106. Melatti JC. Índios do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; 2007. Moebus S, Hanisch JU, Aidelsburger P, Bramlage P, Wasem J, Jöckel K. Impact of 4 different definitions used for the assessment of the Prevalence of the metabolic syndrome in primary healthcare:the German metabolic and cardiovascular risk project (gemcas). Cardiovascular diabetology. 2007; 6(22):1-10. Moretti AC, Almeida V, Westphal MF, Bógus CM. Práticas Corporais/Atividade Física e Políticas Públicas de Promoção da Saúde. Saúde Soc. 2009;18(2):346-354. Mori RCT, Anhê GF, Machado UF. Bases Biomoleculares da resistência à insulina. In: Giacaglia LR, Silva MER, Santos RF. Tratado de Síndrome Metabólica. São Paulo: Roca, 2010. Morrow JR, Jackson AW, Disch JG, Mood DP. Medida e avaliação do desempenho humano. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003. NCEP. Executive summary of the Third Report of the National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on detection, evaluation, and treatment of high blood cholesterol in adults. JAMA. 2001;285:2486-2497. Nieman DC. Exercício e saúde. São Paulo: Manole, 1999.

Page 79: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

78

Oliveira AS, Santos AC, Cabral DL, Brasileiro-Santos MS. Acelerômetros, pedômetros e monitores de frequência cardíaca são adequados para avaliar o nível de atividade física em idosos? uma revisão sistemática. R. bras. Ci. e Mov. 2010b;18(2):100-106. Oliveira BM, Grando BS. As Influências dos Jogos dos Povos Indígenas nas Práticas Corporais do Povo Umutina. In Anais: V Congresso Interno de Iniciação Cientifica da Unemat, Cáceres. 2009 [acesso em 20 out 2010]. Disponível em: http://www2.unemat.br/prppg/jornada2009/ resumos_conic/Simples_00195.pdf Oliveira EP, Souza MLA, Lima MDA. Prevalência de síndrome metabólica em uma área rural do semi-árido baiano. Arq Bras Endocrinol Metab. 2006;50(3):456-465. Oliveira GF, de Oliveira TR, Rodrigues FF, Corrêa LF, de Arruda TB, Casulari LA. Prevalence of metabolic syndrome in the indigenous population, aged 19 to 69 years, from Jaguapiru Village, Dourados (MS), Brazil. Ethn Dis. 2011;21(3):301-6. Oliveira KPC, Vieira EL, Oliveira JD, Oliveira KR, Lopes FJG, Azevedo LF. Exercício aeróbio no tratamento da hipertensão arterial e qualidade de vida de pacientes hipertensos do Programa de Saúde da Família de Ipatinga. Rev Bras Hipertens. 2010a;17(2):78-86. Oliveira MM, Maia JA. Avaliação da atividade física em contextos epidemiológicos. Uma revisão da validade e fiabilidade do acelerómetro tritrac–r3d, do Pedómetro yamax digi-walker e do questionário de baecke. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. 2001;1(3):73–88. Oliveira RMS, Chaves OC, Franceschini SCC, Rosado GP, Priore SE. Alterações metabólicas e adiposidade em adultos jovens e sua correlação com a ingestão dietética em Viçosa-MG. Nutrire: Rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr. São Paulo. 2008;33(3):31-47. Pagliaro H. A revolução demográfica dos povos indígenas no Brasil: a experiência dos Kayabí do Parque Indígena do Xingu, Mato Grosso, Brasil, 1970-2007. Cad. Saúde Pública. 2010;26(3):579-590. Pandit K, Goswami S, Ghosh S, Mukhopadhyay P, Chowdhury S. Metabolic syndrome in South Asians. Indian J Endocrinol Metab. 2012;16(1):44-55. Park SH, Lindholm B. Definition of metabolic syndrome in peritoneal dialysis. Peritoneal Dialysis International. 2009;29(2):137-144. Pate RR. The evolving definition of physical fitness. Quest, Champaign. 1988;40(3):174-9. Pereira EF, Teixeira CS. Proposta de valores normativos para avaliação da aptidão física em militares da Aeronáutica. Rev. bras. Educ. Fís. Esp. 2006;20(4):249-56. Pereira EF, Graup S. Aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho atlético de calouros de educação física. EFDeportes.com, Revista Digital. 2007;11(104). Picon PX, Zanatta, CM, Gerchman F, Zelmanovitz T, Gross JL, Canani LH. Análise dos critérios de definição da síndrome metabólica em pacientes com diabetes melito tipo 2. Arq Bras Endocrinol Metab. 2006;50(2):264-270.

Page 80: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

79

Pimenta AM. Fatores associados à síndrome metabólica em área rural de Minas Gerais [tese de doutorado]. Belo Horizonte: Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais; 2008. Pimenta AM, Gazzinelli A, Velásquez-Meléndez G. Prevalência da síndrome metabólica e seus fatores associados em área rural de Minas Gerais (MG, Brasil). Ciênc. saúde coletiva. 2011; 16(7):3297-3306. Pitanga FJG. Testes, Medidas e Avaliação em Educação Física e Esportes. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2004. Pollock ML, Wilmore JH. Exercícios na saúde e na doença. 2 ed. Rio de Janeiro: MEDSI; 1993. Porto LGGI, Junqueira Jr LF. Padrão usual de passos diários de indivíduos com atividade profissional administrativa pública. R. Bras. Ci. e Mov./ Brazilian Journal of Science and Movement. 2009;17(1). Poulsen P, Vaag A, Kyvik K, Beck-Nielsen H. Genetic versus environmental aetiology of the metabolic syndrome among male and female twins. Diabetologia. 2001;44(5):537-43. Prati SRA, Prati ARC. Níveis de aptidão física e análise de tendências posturais em bailarinas clássicas rev. Bras. cineantropom. Desempenho hum. 2006;8(1):80-87. Reaven GM. Banting lecture 1988. Role of insulin resistance in human disease. Diabetes. 1988;37(12):1595-1607. Reaven GM. The metabolic syndrome: time to get off the merry-go-round? J Intern Med. 2011;269(2):127-36. Rennie KL, McCarthy N, Yazdgerdi S, Marmot M, Brunner E. Association of metabolic syndrome with both vigorous and moderate physical activity. Int J Epidemiol. 2003;32:600-6. Richardson CR, Newton TL, Abraham JJ,Sen A, Jimbo M, Swartz AM. A meta-analysis of pedometer-based Walking interventions and weight loss. Ann Fam Med. 2008;6:69-77. Robergs RA, Roberts SO. Princípios Fundamentais de Fisiologia do Exercício: para Aptidão, Desempenho e Saúde. São Paulo: Phorte; 2002. Rocha AKS, Bos ÂJG, Huttner E, Machado DC. Prevalência da síndrome metabólica em indígenas com mais de 40 anos no Rio Grande do Sul, Brasil. Rev Panam Salud Publica [online]. 2011;29:41-45. Ronque VER, Cyrino ES, Dórea V, Júnior HS, Galdi EHG, Arruda M. Diagnóstico da aptidão física em escolares de alto nível socioeconômico: avaliação referenciada por critérios de saúde. Rev Bras Med Esporte. 2007;13(2). Ross J, Hamlin M. Maori physical activity: a review of an indigenous population's participation. Health Promot J Austr. 2007;18(1):73-6.

Page 81: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

80

Salaroli LB, Barbosa GC, Mill JG, Molina MCB. Prevalência de Síndrome Metabólica em Estudo de Base Populacional, Vitória, ES – Brasil. Arq Bras Endocrinol Metab. 2007;51(7):1143-1152. Salvo VLMA, Rodrigues D, Baruzzi RG, Pagliaro H, Gimeno SGA. Perfil metabólico e antropométrico dos Suyá: Parque Indígena do Xingu, Brasil Central. Rev. bras. epidemiol. 2009;12(3):458-468. Santiago LM, Sá O, Carvalho IM, Rocha MG, Palmeiro L, Mesquita EP, et al. Hipercolesterolemia e factores de risco cardiovascular associados, em crianças e adolescentes. Rev Port Cardiol. 2002;21:301-13. Santos AC, Abreu-Lima C. Hipertensão de difícil controle: impacto do estilo de vida. Rev Bras Hipertens. 2009;16(1):S5-S6. Santos CM, Cruciani F, Araujo T, Matsudo SMM, Matsudo V. Estudo de validade e reprodutibilidade do questionário adaptado de atividade física ‘Youth Risk Behavior Survey’ em escolares de Ilhabela, SP. Revista Digital - Buenos Aires. 2010;14(142). SBC. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica. Arq. Bras. Cardiol. 2005;84:3-28. SBC. Sociedade Brasileira de Cardiologia. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol. 2006;1-48. Schmidt MI, Duncan BB, Silva GA, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM, et al. Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: carga e desafios atuais. 2011 [acesso em 15 fev 2012]. Disponível em: http://download.thelancet.com/flatcontentassets/pdfs/brazil/brazilpor4.pdf. Schumacher C, Ferucci ED, Lanier AP, Slattery ML, Schraer CD, Raymer TW, Dillard D, Murtaugh MA, Tom-Orme L. Metabolic syndrome: prevalence among American Indian and Alaska native people living in the southwestern United States and in Alaska. Metab Syndr Relat Disord. 2008;6(4):267-73. Seeger A. Os Índios e Nós: Estudos Sobre Sociedades Tribais Brasileiras. Rio de Janeiro: Campus; 1980. Seeger A. Nature and Society in Central Brazil: The Suya Indians of Mato Grosso. Cambridge, MA: Harvard University Press; 1981. Signori LU, Voloski FRS, Kerkhoff AC, Brignoni L, Plentz RDM. Efeito de Agentes Termicos Aplicados Previamente a um Programa de Alongamentos na Flexibilidade dos Músculos Isquiotibiais Encurtados. Rev Bras Med Esporte. 2008;14(4). Silva-Junior JB. As doenças transmissíveis no Brasil: tendências e novos desafios para o Sistema Único de Saúde. In: Ministério da Saúde, ed. Saúde Brasil 2008: 20 anos de Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Snedecor GW, Cochran, WG. Statistical methods. 8 ed. Iowa: University Press; 1989.

Page 82: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

81

Snodgrass JJ, Leonard WR, Tarskaia LA, Egorova AG, Maharova NV, Pinigina IA, et al. Impaired fasting glucose and the metabolic syndrome in an indigenous Siberian population. Int J Circumpolar Health. 2010;69(1):87-98. Souza AF. Atividade diária e (in) atividade física: Processo e Mudanças sociais na sociedade indígena Terena [dissertação de mestrado]. Campinas: Faculdade de Educação Física da UNICAMP; 2008. Steinberg HO, Brechtel G, Johnson A, Fineberg N, Baron AD. Insulin-mediated skeletal muscle vasodilation is nitric oxide dependent. A novel action of insulin to increase nitric oxide release. J Clin Invest. 1994;94(3):1172-9. Tagliari IA. Crescimento, atividade física, performance e ingestão alimentar em crianças indígenas, urbanas e rurais [tese de doutorado]. Campinas: Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP; 2006. The Expert Committee on the Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus. Follow-up report on the diagnosis of diabetes mellitus. Diabetes Care. 2003;26:3160-3167. Tinetti ME, Speechley M. Prevention of Falls among the Elderly. The New England Journal of Medicine. 1989;320:1055-1059. Tooke JE, Hannemann MM. Adverse endothelial function and the insulin resistance syndrome. J Intern Med. 2000;247(4):425-31. Tubino MJG. Metodologia científica do treinamento desportivo. 3 ed. São Paulo: Ibrasa; 1984. Tudor-Locke C, Bell RC, Myers AM, Harris SB, Ecclestone NA, Lauzon N, Rodger NW.Controlled outcome evaluation of the first step Program: a daily physical activity intervention for Individuals with type II diabetes. International Journal of Obesity. 2004;28:113–119. Tudor-Locke C. Burkett L. Reis JP, Ainsworth BE, Maceda CA, Wilson DR. How many days of pedometer monitoring predict weekly physical activity in adults? Preventive medicine. 2005;40:293-8. Tudor-Locke C, Bassett DRJ, Rutherford WJ, Ainsworth BE, Chan C.B, Croteau K, et al. BMI - Referenced Cut Points for Pedometer-Determined Steps per Day in Adults. J Phys Act Health. 2008;5(1):126-139. Vinha M, Rocha FMB. Esporte entre os índios Kadiwéu. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. 2003;24:145-158. Vuori MI. Health benefits of physical activity with special reference to interaction with diet, Public Health Nutr. 2001;4(2B):517-28.

Wasserman K, Hansen JE, Sue DY, Whipp BJ, Casaburi R. Principles of exercise testing and interpretation: including pathophysiology and clinical applications, 3rd ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 1999.

Page 83: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

82

Werlang C. Flexibilidade e sua Relação com o Exercício Físico. Exercícios em Situações Especiais I. Florianópolis: UFSC; 1997. WHO. World Health Organization: definition, diagnosis and classification of Diabetes Mellitus and its complications. Report of a WHO Consultation. Part 1: diagnosis and classification of diabetes Mellitus. Geneva: World Health Organization; 1999. WHO. The World Health Report 2002. Reducing risks, promoting, healthy life. Geneva: World Health Organization; 2002. WHO. Recomendaciones mundiales sobre actividad física para la salud. Organización Mundial de la Salud. Geneva: World Health Organization; 2010. World Health Organization. The World Health Report 2003. Geneva:World Health Organization; 2003. Zorzi A, Wah G, Macnab AJ. Prevalence of impaired glucose tolerance and the components of metabolic syndrome in Canadian Tsimshian Nation youth .Can J Rural Med. 2009;14(2). Zurlo F, Ferraro RT, Fontvieille AM, Rising R, Bogardus C, Ravussin E. Spontaneous physical activity and obesity: cross-sectional and longitudinal studies in Pima Indians. Am. J. Physiol. 1992; 263 (26): E296-E300.

Page 84: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

83

10 ANEXOS

Anexo 1

Page 85: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

84

Universidade Federal de São Paulo Departamento de Medicina Preventiva

Projeto Khisêdjê, 2010-2011 Gestante ( ) Jejum ( ) Coleta de sangue ( ) Antropometria ( ) Exame físico ( ) Impedância/Calorimetria ( ) Atividade física 1 ( ) Atividade física 2 ( )

Preencher com letra de forma

Número da casa � � Dados gerais – FICHA INDIVIDUAL

1. Número do registro: � � � � � � 2. Nome: _____________________________________________________________________________

3. Aldeia (0) NGOJWERE (1) ROPTOTXI (2) NGOSOKO (3) HURAHOSSINKÔ �

4. Etnia _______________________________ �

5. Data ________ / ________ / ____________ � � /� � /� � � �

6. Sexo Feminino Masculino �

7. Data de nascimento ________ / ________ / ____________ � � /� � /� � � �

Exames bioquímicos 8. Glicose de jejum (GJ)

___________________________ mg/dL � � � � 9. Horário da coleta (GJ)

________________________________ h � :� � 10. Glutol Não

Sim � 11. Hemoglobina

___________________________ mg/dL � � ,� � 12. Glicose de 2 horas

___________________________ mg/dL � � � � Antropometria

13. Peso corporal _________________, ___________ kg _________________, ___________ kg

� � � ,� � � � � ,� �

Page 86: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

85

14. Altura (comprimento) _________________, ___________ cm _________________, ___________ cm

� � � ,� � � � ,�

15. Perímetro da cintura: ___________________, __________cm ___________________, _________ cm

� � � ,� � � � ,�

16. Perímetro do quadril ___________________, _________ cm ___________________, _________ cm

� � � ,� � � � ,�

17. Perímetro do braço

___________________, _________ cm ___________________, _________ cm � � ,�

� � ,� Pressão arterial

18. Pressão sistólica

___________________________ mmHg � � �

19. Pressão diastólica

___________________________ mmHg � � �

20. Pressão sistólica

___________________________ mmHg � � �

21. Pressão diastólica

___________________________ mmHg � � �

22. Pressão sistólica

___________________________ mmHg � � �

23. Pressão diastólica

___________________________ mmHg � � �

Exame físico

24. Gestante

Não

Sim �

25. Se sim, há quanto tempo? ___________________________

semanas ou data última menstruação � � �

26. Achados do exame físico

Page 87: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

86

Calorimetria indireta (para não grávidas) 27. Volume de oxigênio inspirado

______________________________ � � � � 28. Volume de oxigênio expirado

______________________________ � � � � 29. Consumo de oxigênio (VO2)

______________________________ � � � � 30. Taxa metabólica de repouso

______________________________ � � � � ,� Impedância bioelétrica (para não grávidas)

31. Reactância: ______________________________ � � � ,�

32. Resistência: _______________________________ � � � ,�

33. % Água ______________________________ � �

34. % Massa Magra ______________________________ � �

35. % Massa Gorda ______________________________ � �

Page 88: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

87

Atividade Física (para não grávidas) 37. Tempo do teste de uma

milha

___________________ minutos � � :� � 38. Frequência cardíaca (teste

1 milha)

___________________ bpm � � � 39. Pedômetro (horário)

________ h ________ m � � :� � 40. Pedômetro (dia 1)

____________________ � � � � � 41. Dia da semana (dia 1) ( 0) 2ª feira ( 1 ) 3ª feira

( 2 ) 4ª feira ( 3 ) 5ª feira ( 4 ) 6ª feira ( 5 ) sábado ( 6 ) domingo

� 42. Pedômetro (dia 2)

____________________ � � � � � 43. Dia da semana (dia 2) ( 0) 2ª feira ( 1 ) 3ª feira

( 2 ) 4ª feira ( 3 ) 5ª feira ( 4 ) 6ª feira ( 5 ) sábado ( 6 ) domingo

� 44. Pedômetro (dia 3)

____________________ � � � � � 45. Dia da semana (dia 3) ( 0) 2ª feira ( 1 ) 3ª feira

( 2 ) 4ª feira ( 3 ) 5ª feira ( 4 ) 6ª feira ( 5 ) sábado ( 6 ) domingo

� 46. Teste de flexibilidade

____________________ cm

____________________ cm

� � ,� � � ,�

Exames bioquímicos 47. Colesterol total

___________________________ mg/dL � � � � 48. Triglicérides

___________________________ mg/dL � � � � 49. HDL

___________________________ mg/dL � � � � 50. LDL

___________________________ mg/dL � � � � 51. Ácido úrico

___________________________ mg/dL � � ,� 52. Creatinina

___________________________ mg/dL 53. Leptina

___________________________

� � � � 54. Adiponectina

___________________________ � � � � 55. PCR

___________________________

� � � �

Page 89: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

88

Universidade Federal de São Paulo Departamento de Medicina Preventiva

Projeto Khisêdjê 2010-2011

Preencher com letra de forma FICHA DO DOMICÍLIO

1. Nome (s) do (s) informante (s): _________________________________________________________

2. Aldeia (0) NGOJWERE (1) ROPTOTXI

(2) NGOSOKO (3) HURAHOSSINKÔ � 3. Etnia

_______________________________ � 4. Data

________ / ________ / ____________ � � /� � /� � � � 5. Sexo Feminino

Masculino � Condição sócio-econômica

6. Número da casa ___________________________ � �

7. Chefe da casa ________________________________

____________________

______ 8. No. Moradores

___________________________ � � 9. Número de pessoas com atividade remunerada (ou

aposentadoria)

___________________________ � �

10. Tipo de atividade remunerada

� � � � � � � �

Page 90: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

89

� � � � 11. Renda total (atividade

remunerada) R$ __________________,__________

� � � � ,� � 12. Carro (0) Não

(1) Sim � 13. Motocicleta (0) Não

(1) Sim � 14. Bicicleta (0) Não

(1) Sim � 15. Trator (0) Não

(1) Sim � 16. Moto serra (0) Não

(1) Sim � 17. Motor de barco (0) Não

(1) Sim � 18. Televisão (0) Não

(1) Sim � 19. Aparelho de som (0) Não

(1) Sim � 20. Computador (0) Não

(1) Sim � 21. Máquina fotográfica (0) Não

(1) Sim � 22. Fogão a gás (0) Não

(1) Sim � 23. Telefone celular (0) Não

(1) Sim � 21. DVD (0) Não

(1) Sim � 22. Filmadora (0) Não

(1) Sim � 23. Antena parabólica (0) Não

(1) Sim � 24. Energia solar (0) Não

(1) Sim � 25. Rádio (0) Não

(1) Sim �

Consumo habitual de alimentos Pergunta que o inquérito visará responder: Qual é a interferência dos alimentos industrializados na transição epidemiológica e nutricional dos Khisêdjê? Hipótese: Supõe-se que a introdução de alimentos industrializados na sociedade Khisêdjê tenha gerado uma desordem alimentar por não obedecer a regras fundamentadas em experiências anteriores, e que esteja contribuindo para o aumento da obesidade e o aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis como o diabetes e a hipertensão. Para comprovar esta hipótese serão levantadas informações sobre:

1. Consumo alimentar – rotina diária:

Page 91: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

90

1.1. Tipos de alimentos – provenientes da roça, caça, pesca, coleta, criação de animais, comprados – industrializados ou não;

1.2. Preparo dos alimentos – quem prepara? Como prepara? Aonde os alimentos são preparados? Que tipo de combustível se usa para o preparo dos alimentos? Quem distribui? Quem come primeiro (hierarquia)? Onde comem? Como comem (utensílios)? Metodologia Neste momento a investigação deverá ser realizada com a participação de agentes indígenas de saúde ou outro interlocutor, como um professor indígena ou liderança. Visita e acompanhamento da rotina diária nas casas. Elaboração de um mapa da aldeia com a nomeação dos responsáveis pelas casas, junto com os agentes de saúde. Elaboração de um calendário alimentar, junto com os agentes de saúde. Aspectos do consumo alimentar a serem investigados por observação e questionamento:

1) TIPOS DE ALIMENTOS Produtos da Roça: Distâncias entre as casas investigadas e suas respectivas roças; Número de roças por casa/famílias; Posse das roças por casas; Meios de transporte utilizados/ locomoção; Tipos de alimentos cultivados, inclusive temperos como pimenta, etc. ; Quem planta/colhe/transporta e como transporta; Freqüência com que vão às roças; Alimentos procedentes de roças de outros povos; Existe excedente? Existe venda de produtos da roça? Qual é a medida de venda? Esta venda compromete a alimentação da família? Em que momentos? Coleta: Tipos de alimentos coletados, frutas, temperos, formigas, gafanhotos, outros insetos, ovos de tracajá, sal (aguapé); Roteiros percorridos na coleta dos diferentes alimentos/ avaliação das distâncias; Freqüência das coletas; Quem/quando/transporte. Pesca: Disponibilidade – lagoa/ rios, outros; O que pescam e onde; Freqüência das pescas; Classificação e hierarquia dos peixes; Sabores e odores; Preferências do ponto de vista da saúde – indicações: para que/quando; Ocasiões de festividades; Interdições; Como são tratados os peixes. Como está hoje a disponibilidade de pescado? Sofreu alguma alteração nos últimos anos? Qual? Existe escassez de pescado em algum momento do ano? Em que situações? Caça: Disponibilidade/ onde? Estimativa das distâncias Freqüência das caçadas/ quando caçam/ periodicidade; O que caçam - hierarquia/classificação/preferências; Quem caça? Como caçam? Calendário por tipo de caça; Tratamento Como está hoje a disponibilidade da caça? Sofreu alguma alteração nos últimos anos? Qual? Existe escassez de caça em algum momento do ano? Em que situações? Outros alimentos industrializados ou não: Como se dá o acesso aos alimentos industrializados? Compra/doação/distribuição; Quais são os componentes das “cestas de alimentação” que chegam das áreas urbanas nas aldeias? – tipos de alimentos e + outros produtos como sabonetes, shampoo, fraldas, sabão, fósforos, bebidas alcoólicas, refrigerantes, etc...;

Page 92: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

91

Preferências – produtos mais comprados? Procedências Criação de animais: Existe criação de algum animal? Como foi introduzida? Quais são as regras para o seu uso? Quem cuida da criação? Existe algum incentivo/recurso/projeto destinado à criação de animais?

2) PREPARO DOS ALIMENTOS Como são ingeridos: assados/cozidos/crus; Quem prepara; Quem está proibido de preparar (mulher menstruada ou parida/homens em algumas condições); Onde é feito o preparo (dentro/fora de casa); Como são preparados; Se existe acréscimo de elementos externos à cultura tradicional no preparo dos alimentos; Quem serve os alimentos e hierarquia da distribuição; Onde e como comem: sentados em bancos/rede/solo – com a mão/talheres, em cuias, pratos, folhas..; Horários das refeições (se existem);

3) REGRAS RELACIONADAS À ALIMENTAÇÃO INTRA E EXTRA DOMICILIAR – CIRCULAÇÃO DOS ALIMENTOS ENTRE AS CASAS – DESCREVER. 4) REGRAS DA ALIMENTAÇÃO NAS DIFERENTES FASES DA VIDA, NO ADOECIMENTO E NAS CERIMÔNIAS.

Page 93: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

92

Page 94: Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo …periodicos.uninorteac.com.br/files/arquivos_uninorte/... · 2019-04-19 · motivadores para eu continuar aprendendo

93