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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE MESTRADO EM ECOLOGIA E MANEJO DE RECURSOS NATURAIS ESTUDO DA DEPOSIÇÃO, CONTAMINAÇÃO DE ALIMENTOS, TRANSFERÊNCIA SOLO PLANTA E DETERMINAÇÃO DE DOSE POR 137 Cs NO ESTADO DO ACRE, BRASIL. ADEM NAGIBE DOS SANTOS GEBER FILHO Rio Branco AC 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

MESTRADO EM ECOLOGIA E MANEJO DE RECURSOS NATURAIS

ESTUDO DA DEPOSIÇÃO, CONTAMINAÇÃO DE ALIMENTOS, TRANSFERÊNCIA SOLO

– PLANTA E DETERMINAÇÃO DE DOSE POR 137Cs NO ESTADO DO ACRE, BRASIL.

ADEM NAGIBE DOS SANTOS GEBER FILHO

Rio Branco – AC

2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

MESTRADO EM ECOLOGIA E MANEJO DE RECURSOS NATURAIS

ESTUDO DA DEPOSIÇÃO, CONTAMINAÇÃO DE ALIMENTOS, TRANSFERÊNCIA SOLO

– PLANTA E DETERMINAÇÃO DE DOSE POR 137Cs NO ESTADO DO ACRE, BRASIL.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ecologia e Manejo de Recursos

naturais da Universidade Federal do Acre, como

parte dos requisitos para a obtenção do título de

Mestre em Ecologia e Manejo de Recursos

Naturais.

Orientador: Dr. Marcus Vinicius Vaughan Jennings Licínio

Rio Branco

2014

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ii

GEBER FILHO, A. N. S., 2014.

GERBER FILHO, Adem Nagibe dos Santos. Estudo da deposição, contaminação de alimentos,

transferência solo – planta e determinação de dose por 137

Cs no Estado do Acre, Brasil. Rio

Branco, 2014. 63 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais) –

Programa de Pós-graduação em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais. Universidade Federal

do Acre, 2014.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UFAC

Bibliotecária: Vivyanne Ribeiro das Mercês Neves CRB-11/600

G293e Geber Filho, Adem Nagibe dos Santos, 1989-

Estudo da deposição, contaminação de alimentos, transferência

solo – planta e determinação de dose por 137

Cs no Estado do Acre /

Adem Nagibe dos Santos Geber Filho. – 2014.

63 f.: il.; 30 cm.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Acre,

Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Manejo de Recursos

Naturais. Rio Branco, 2014.

Inclui Referências bibliográficas e anexos.

Orientador: Prof. Dr. Marcus Vinicius Vaughan Jennings Licínio.

1. Alimentos – Contaminação – 137

Cs. 2 Contaminação – Solos

– Acre . 3. Deposição – Solos. I. Título.

CDD. 363.192098112

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“Deixe-me contar-lhe o segredo que me conduziu ao meu

objetivo: a minha força reside apenas na minha tenacidade.”

Louis Pasteur

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iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente o criador, meu fiel e meu salvador Deus, por ter guiado e protegido

todos os meus passos e escolhas.

Aos meus pais José Adem Geber e Maria Rita Geber, meus verdadeiros amigos para todas

as horas de felicidades e tristezas, sempre me apoiando e me ajudando nesta caminhada,

AMO VOCÊS INFINITAMENTE!!!

As minhas irmãs Livia Geber e Liliane Geber, que sempre me ajudaram e sempre me

respeitaram com muito amor e carinho.

Um agradecimento muito especial aos meus orientadores/amigos, Marcus Vinicius Licínio e

Aldrey Gonçalves, por toda atenção, respeito, companheirismo, dedicação e ajuda na

construção desta dissertação, vocês são nota MIL!!!

A CAPES, pelo auxílio financeiro, através da bolsa de mestrado.

Agradeço o professor Lisandro Juno, pelo espaço cedido no Laboratório de Ictiologia, onde

realizei grande parte de minhas atividades.

Agradeço a minha amiga Monik Silveira, por todos os momentos de felicidades e grandes

risadas, você é demais! Aos meus amigos de Laboratório, Daniel, Nagila, Ana Paula, Jairo e

Renata, pelos momentos que compartilhamos.

Jhon Jairo “peruano”, pelas ajudas prestadas neste trabalho.

Agradeço aos parceiros Sérgio Augusto, Luiz Henrique, André Botelho e Natho Mendes

pelos momentos de raivas, alegrias e algumas “mentiras” que tentávamos contar um para o

outro, rsrs.

Aos meus amigos do peito Gabriel, Lenilson, Clécio, Pelé e Alan por toda ajuda nos

momentos difíceis que tive nesta caminhada, como sempre falamos “Parceiro é parceiro”.

Agradeço ao Luiz, técnico do Laboratório de solos da UFAC, por ter sido sempre muito ágil e

eficiente nas análises de solo.

Ao motorista Vladimir, por ter ajudado grandemente em coletas realizadas durante o

mestrado.

Aos professores Sambasiva Rao Patchineelam, Heitor Evangelista da Silva, Antônio Carlos de Freitas e Marcio Cataldo, ao pesquisador Wanderson Oliveira Sousa e a Marcella da Silva Maia Vidalna pela colaboração e apoio nas medidas radiométricas realizadas neste trabalho.

Sergio Barbosa Gonçalves pela contribuição em análises radiométricas realizadas na UERJ.

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v

RESUMO

A presença de radionuclídeos artificiais no mundo tem como principal fonte os

testes atômicos globais, que foram realizados durante muitos anos. O 137Cs, por

suas características químicas e grande capacidade de bioincorporação, é

considerado um dos mais importantes elementos sob o ponto de vista da proteção

radiológica ambiental. O presente trabalho tem como objetivo investigar a

contaminação de alimentos de amplo consumo por 137Cs e deposição em solos do

estado do Acre. Foram coletadas amostras de mandioca, arroz, feijão, banana, de

biomassas vegetais e solos superficiais em seis pontos, sendo eles Rio Branco (P1),

Sena Madureira (P2), Cruzeiro do Sul (P3), Feijó (P4), Xapuri (P5) e Epitaciolândia

(P6). Além disso, foram coletadas amostras de farinha de mandioca e café

processadas industrialmente. As amostras de solos foram realizadas através de

marcação inicial no solo de uma área quadrada com dimensão de 20x20 cm, onde

foram retirados estratos de solo, atingindo a profundidade máxima de 40 cm. As

amostras foram secas em estufa à temperatura máxima de 60°C para a avaliação da

concentração do referido radionuclídeo através de espectrometria gama. Amostras

de biomassas e algumas de solos superficiais apresentaram valores abaixo do limite

de detecção, demonstrando uma baixa contaminação por esse radionuclídeo. A

deposição de 137Cs nos perfis apresentou valores, variando entre 169,3 Bq m-2 e

777,2 Bq m-2. Correlações significativas foram encontradas entre a profundidade de

relaxação e o teor de silte (r= -0,95; p=0,002), velocidade de migração com o teor de

areia (r=0,80; p=0,05) e com a concentração de K e Na (r= -0,85; p=0,02) e (r= -0,92;

p=0,007) respectivamente. Desta maneira parâmetros dos solos demonstraram ser

os principais moduladores da presença e migração de 137Cs nas amostras coletadas

no Estado do Acre.

Palavras chave: 137Cs; contaminação; alimento; deposição; Acre.

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ABSTRACT

The presence of artificial radionuclides in the world has as main source global

atomic tests, which were carried out over many years. The 137Cs by their chemical

characteristics and great bioincorporation capacity is considered one of the most

important elements under the point of view of environmental radiological protection.

The present study investigated the contamination of food of high consumption and

deposition of 137Cs in soils the state of Acre. Samples of cassava, rice, beans,

banana plant biomass and surface soils were collected at six points: Rio Branco (P1),

Sena Madureira (P2), Cruzeiro do Sul (P3), Feijó (P4), Xapuri (P5) and

Epitaciolândia (P6). Furthermore, samples of cassava flour and coffee industrially

processed were collected. Soil samples were delimited by initial marking into the

ground area of a square with dimensions of 20x20 cm, where layers of soil were

removed, reaching a maximum depth of 40 cm. Samples were dried in a heater at a

maximum temperature of 60 °C to evaluate the concentration of above radionuclide

by gamma spectrometry. Samples of biomass and some of topsoil showed values

below the limit of detection, showing a low contamination by this radionuclide. The

deposition of the 137Cs sections showed values ranging from 169.3 Bq m-2 to 777.2

Bq m-2. Significant correlations were found between depth of relaxation and

percentage of silt (r = -0.95; p = 0.002), migration velocity with sand content (r = 0.80;

p = 0.05), and the concentration of K and Na (r = -0.85; p = 0:02) and (r = -0.92; p =

0.007) respectively, thus parameters of soils shown to be the main modulators in the

presence and migration of 137Cs in the State of Acre.

Keywords:137Cs; contamination; food; deposition; Acre.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ................................................................................................iv

RESUMO ...................................................................................................................v

ABSTRACT................................................................................................................vi

LISTA DE FIGURAS..................................................................................................ix

LISTA DE TABELAS..................................................................................................xi

1 Introdução ............................................................................................................... 1

1.1 Aspectos gerais ............................................................................................................ 1

1.2 Radioecologia .............................................................................................................. 5

1.3 Transferência solo-planta ............................................................................................. 7

1.4 Deposição e percolação de 137Cs em perfil vertical de solo. ....................................... 10

1.5 Relevância ................................................................................................................. 10

2 Objetivo geral ....................................................................................................... 12

2.1 Objetivos Específicos ................................................................................................. 12

3 Material e Métodos ............................................................................................... 13

3.1 Área de Estudo........................................................................................................... 13

3.2 Amostragem ............................................................................................................... 15

3.2.1 Biomassa vegetal e solo superficial associado ................................................... 15

3.2.2 Alimentos industrializados .................................................................................... 16

3.2.3 Perfil vertical de solo ............................................................................................ 16

3.3 Espectrometria gama ................................................................................................. 18

3.3.1 Detector, eletrônica e software utilizados ............................................................. 18

3.3.2 Calibração do sistema e determinação da eficiência ............................................ 20

3.3.3 Determinação da Atividade Mínima Detectável .................................................... 22

3.4 Análise de dados ........................................................................................................ 22

4 Resultados e Discussão ...................................................................................... 23

4.1 Fator de transferência ................................................................................................ 23

4.2 Cálculo de Dose ......................................................................................................... 25

4.3 Perfil vertical de 137Cs ................................................................................................. 25

4.3.1 Distribuição vertical da atividade de 137Cs ............................................................ 25

4.3.2 Deposição Total de 137Cs ..................................................................................... 30

4.3.3 Modelo de Transporte Atmosférico (HYSPLIT) .................................................... 32

4.3.4 Determinação da Profundidade de Relaxação, velocidade de migração de 137Cs e

correlações com parâmetros de solo ............................................................................ 33

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4.3.5 Mapa de deposição de 137Cs no Estado do Acre .................................................. 36

5 Conclusão ............................................................................................................. 40

6 Referências Bibliográficas .................................................................................. 41

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Locais de testes nucleares atmosféricos (círculo azul) e subterrâneos (círculo

vermelho) realizados no mundo (Fonte: Johnston, 2009). ..................................................... 1

Figura 2 - Número de testes nucleares atmosféricos e subterrâneos (Fonte: Gabrieli et al.,

2011). .................................................................................................................................... 2

Figura 3 - Potências dos testes nucleares (Fonte: Costa-Gonçalves, 2003). ......................... 3

Figura 4 - Modelo de trocas gasosas no interior da baixa atmosfera (Fonte: UNSCEAR,

2000). .................................................................................................................................... 3

Figura 5 - Mecanismos atmosféricos de deposição seca e úmida (Fonte:Taking Toxics out of

the Air, 2013). ........................................................................................................................ 4

Figura 6 - As principais vias de tranferência de radionuclídeos no ambiente terrestre (Fonte:

UNSCEAR, 2008). ................................................................................................................. 6

Figura 7 - Principais mecanismos de contaminação de alimentos (Fonte: Nuclear Techines in

food and Agriculture, 2013). ................................................................................................... 7

Figura 8 - Processos de incorporação de radionuclídeos por vegetais (Fonte: Nuclear

Techines in food and Agriculture, 2013). ................................................................................ 8

Figura 9 - Pontos de coleta dos perfis de solo e biomassa vegetal. P1-Rio Branco, P2-Sena

Madureira, P3 Feijó, P4-Cruzeiro do Sul, P5-Xapuri, P6-Epitaciolândia. .............................. 14

Figura 10 - Esquema geral da metodologia de processamento de amostras. ...................... 15

Figura 11 - (A) Representação esquemática da coleta de perfil vertical de solo; (B)

Determinação da área de coleta (foto: Adem Nagibe); (C) Retirada das camadas de solo

(foto: Marcus Licínio); (D) Armazenamento individual das camadas coletadas (foto: Adem

Nagibe). ............................................................................................................................... 17

Figura 12 – Detector GeHp utilizado na espectrometria gama, instalado no LARAMG/UERJ

(Costa-Gonçalves, 2003). .................................................................................................... 19

Figura 13 - Curva de calibração em energia. ....................................................................... 20

Figura 14 - Frasco tipo marineli empregado na análise dos alimentos ................................. 21

Figura 15 - Correlação entre o fator de transferência solo-biomassa de 137Cs e concentração

de K no solo. (Costa-Gonçalves, 2003)................................................................................ 24

Figura 16 – Perfil vertical de 137Cs coletado em Rio Branco (P1). ........................................ 26

Figura 17 – Perfil vertical de 137Cs coletado em Sena Madureira (P2). ................................ 26

Figura 18 - Perfil vertical de 137Cs coletado em Feijó (P3). ................................................... 27

Figura 19 – Perfil vertical de 137Cs coletado em Cruzeiro do Sul (P4). ................................. 27

Figura 20 – Perfil vertical de 137Cs coletado em Xapuri (P5). ........................................... 28

Figura 21 – Perfil vertical de 137Cs coletado em Epitaciolândia (P6). .................................... 28

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Figura 22 – Comparativo entre médias das densidades de deposição de 137Cs nas amostras

do Acre e para todas as regiões do Brasil (dados obtidos em Handl et al., 2008). ............... 31

Figura 23 - Comparativo entre as densidades de deposição de 137Cs nas amostras do Acre e

outros estados da Região Norte (dados obtidos em Handl et al., 2008). .............................. 31

Figura 24 - Teste Toucan, realizado pela França em seis de agosto de 1970 às 19h00min

(lat: 21.83 S; long: 138.88 W) com uma altura de 500 metros, tendo rendimento de 594

quilotonelada (kt). (Fonte: Draxler e Rolph 2013). ................................................................ 32

Figura 25 - Porcentagem do deposito de 137Cs nos solos do Acre, de acordo com a

profundidade. ....................................................................................................................... 35

Figura 26 - Mapa representando a deposição de 137Cs (Bq kg-1) nos seis pontos coletados no

Estado do Acre. ................................................................................................................... 36

Figura 27– Valores da deposição de 137Cs (Bq m-2) em classes de latitudes no Brasil. ........ 38

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Descrição dos pontos de coleta (calculado como referência o ano de 2012) ....... 14

Tabela 2. Valores da concentração de 137Cs (Bq Kg-1) de solos superficiais para biomassa

associada. ........................................................................................................................... 23

Tabela 3. Ajustes pelo modelo logarítmico ........................................................................... 29

Tabela 4. Deposição total de 137Cs nos pontos analisados .................................................. 30

Tabela 5. Profundidade de relaxação das amostras de perfis de solo ................................. 33

Tabela 6. Velocidades de migração do 137Cs no solo (cm ano-1) .......................................... 34

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1 Introdução

1.1 Aspectos gerais

Cerca de 530 testes atômicos foram realizados no mundo entre meados

de 1950 e 1960 por diversos países como Estados Unidos, antiga União

Soviética, Reino Unido, China e França (Figura 1) (Wright et al., 1999; Povinec

et al., 2012). Somente em 1963, os Estados Unidos, Reino Unido e antiga

União Soviética assinaram um acordo proibindo os testes nucleares, embora,

China e França continuassem realizando-os durante a década de 1970

(Povinec et al., 2012). Muitos destes testes foram realizados a céu-aberto

(chamados atmosféricos) (Figura 2), onde a bomba é detonada na superfície

terrestre ou lançada na atmosfera, o que acarreta liberação de material

radioativo no meio ambiente (Akata et al., 2008; Caro et al., 2013). Calcula-se

que cerca de 190 megatoneladas (Mt) de material radioativo foi liberado na

atmosfera/meio ambiente ao longo dessa década (UNSCEAR, 2000).

Figura 1 - Locais de testes nucleares atmosféricos (círculo azul) e subterrâneos

(círculo vermelho) realizados no mundo (Fonte: Johnston, 2009).

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Figura 2 - Número de testes nucleares atmosféricos e subterrâneos (Fonte:

Gabrieli et al., 2011).

Os processos de dispersão dos produtos de fissão oriundos desses

testes estão intimamente ligados à magnitude da explosão nuclear, as

características físico-químicas dos radionuclídeos e às suas meias-vidas

(UNSCEAR, 2000). Os radionuclídeos podem ser lançados na troposfera e na

estratosfera, de acordo com a intensidade do artefato (Gabrieli et al., 2011).

Explosões nucleares de baixa potência (na ordem de kilotons) lançam sua

nuvem radioativa (“fireball”) na troposfera, região da atmosfera onde as

correntes de ar são reguladas por processos convectivos de ação local e pelas

células de Hadley, resultando na distribuição desses radionuclídeos em

distâncias restritas de sua origem, contribuindo para uma deposição local ou

“fallout local” (UNSCEAR, 2000). Diferentemente, uma poderosa explosão

nuclear pode inserir uma elevada porcentagem de produtos de fissão

resultantes para a estratosfera, levando semanas ou até mesmo meses para

ter sua deposição nos solos (Figura 3) (UNSCEAR, 2000).

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3

Figura 3 - Potências dos testes nucleares (Fonte: Costa-Gonçalves, 2003).

Estas poderosas explosões nucleares na ordem de megatons, lançam o

seu material radioativo da estratosfera e será posteriormente disperso por um

mecanismo denominado difusão de Eddy, que corresponde a intensos ventos

horizontais, que transportam o material de maneira rápida e eficiente por

grandes distâncias, podendo atingir outro hemisfério (Figura 4) (IAEA, 1985).

Figura 4 - Modelo de trocas gasosas no interior da baixa atmosfera (Fonte:

UNSCEAR, 2000).

Os principais radionuclídeos liberados durante tais explosões nucleares

foram 144Ce, 137Cs, 3H, 131I, 54Mn, 90Sr, 95Zr. Uma vez injetados na atmosfera,

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são dispersos segundo os mecanismos naturais de circulação podendo ser

depositados na superfície terrestre de acordo com as características da

topografia e da climatologia (Forsberg et al., 2000). A deposição pode ocorrer

através de duas vias principais: seca e úmida (Figura 5) (Povinec et al., 2012).

Na primeira, pela ação da gravidade, o material em suspensão é depositado

diretamente na superfície terrestre. As dimensões do aerossol afetam a

velocidade desse processo. Partículas maiores (1-2mm) depositam-se mais

rapidamente que as menores (Golmakani et al., 2008). A via úmida ocorre por

meio de uma varredura atmosférica pela ação da chuva (“washout”) ou quando

o aerossol faz parte na formação da gotícula de chuva (“rainout”). No entanto,

este tipo de deposição (úmida) é fortemente dependente dos índices

pluviométricos da área em questão.

Figura 5 - Mecanismos atmosféricos de deposição seca e úmida (Fonte: Taking

Toxics out of the Air, 2013).

Entre todos os radionuclídeos liberados, o 137Cs, produto de fissões

nucleares, é um dos mais importantes do ponto de vista radiológico a longo

prazo, devido, principalmente, a possuir meia-vida relativamente longa (30,4

anos) e apresentar comportamento químico semelhante ao do potássio (K),

podendo, participar de mecanismos metabólicos tal qual esse elemento,

contribuindo desta maneira para doses externas por um longo período para a

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5

população (Legarda et al., 2011; Caro et. al., 2013; NCRP, 2007; UNSCEAR,

1982).

1.2 Radioecologia

Com os avanços nos estudos sobre radioatividade, a comunidade

científica passou a se interessar pelo comportamento dos radionuclídeos no

meio ambiente, englobando mecanismos de dispersão e migração de

radionuclídeos naturais através das cadeias tróficas no ambiente e do papel

natural da radiação de fundo na evolução da biota no nosso planeta. Trabalhos

desta natureza nas últimas décadas têm sido realizados por diferentes países,

através de estudos dos processos de transferência de radionuclídeos naturais

ou artificiais para os organismos vivos e seus efeitos biológicos que atuam

sobre os seres humanos (UNSCEAR 2000; Schuller et al., 1995; Schuller et al.,

1993; Handl et al., 2008; Bourcier et al., 2010).

A Radioecologia é uma área de estudo multidisciplinar que aborda a

radioatividade ambiental, seja natural ou artificial, e suas consequências sobre

o homem e o meio ambiente. Também engloba o uso de elementos radioativos

como ferramenta para entendimento de processos biogeoquímicos e

ecológicos (IUR, 2012).

A radioatividade antropogênica foi introduzida nos ambientes através

principalmente de testes de armas e acidentes nucleares, como o de Chernobyl

em 1986, que produziu uma grave contaminação radiológica em uma vasta

área do Hemisfério Norte, além de outros processos como eliminação de

resíduos nucleares ou radiológicos e descargas autorizadas de instalações

nucleares (Figura 6) (IAEA 1992; Carini et al., 2006; Anjos et al., 2009; Lokas et

al., 2013).

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6

Figura 6 - As principais vias de tranferência de radionuclídeos no ambiente

terrestre (Fonte: UNSCEAR, 2008).

Uma ampla parte da precipitação radioativa proveniente de testes

nucleares atmosféricas, realizados entre 1955 e 1974 no Atlântico Sul e

Pacífico, foi liberada e dispersada no Hemisfério Sul, representando cerca de

25% do total global de 137Cs e 90Sr (UNSCEAR, 1982; UNSCEAR, 2000).

O estudo do efeito e comportamento de radionuclídeos artificiais e

naturais em diferentes ecossistemas é o objetivo da radioecologia, abordando

diversos parâmetros relacionados aos possíveis impactos em diferentes

ecossistemas, aplicando os conhecimentos e princípios da ecologia (Salbu,

2009). Desta maneira, os estudos sobre a ecologia de radionuclídeos

demonstram-se de grande importância, pois segundo Anjos et al. (2009) é

necessário o entendimento sobre os efeitos da radiação sobre o meio

ambiente, uma vez que a presença destes radionuclídeos de origem antrópica

nas águas, solos, plantas e animais é uma realidade.

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1.3 Transferência solo-planta

Uma vez depositado e disponível nos solo, as plantas são os principais

alvos de contaminação radioativa por 137Cs considerando a cadeia alimentar

(Figura 7) (Golmakani et al., 2008). Os processos pelos quais os radionuclídeos

podem ser incorporados em vegetação podem ser:

1) Direto, por meio de atividade de intercepção por superfícies externas

(diretamente a partir da atmosfera, ou de material ressuspenso);

2) Indireto, através da absorção de radionuclideos pelo sistema radicular

(Golmakani et al., 2008; Vandenhove et al., 2009; Bourcier et al., 2010;

Karunakara et al., 2013b).

Figura 7 - Principais mecanismos de contaminação de alimentos (Fonte:

Nuclear Techines in food and Agriculture, 2013).

A deposição de radionuclídeos nos solos resulta também na

contaminação do homem. A translocação desses elementos ao longo dos

tecidos vegetais acaba por disponibilizá-los em diversas partes do seu

organismo, inclusive em partes comestíveis (Figura 8). Desta forma, conhecer

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8

quais categorias pedológicas, tais como capacidade de troca catiônica, teor de

matéria orgânica, presença de fertilizantes, pH, composição mineralógica,

interferem diretamente na disponibilidade do elemento e, consequentemente,

na absorção via raízes é um fator importante para determinação do grau de

contaminação que o homem está sujeito ao ingerir um produto de origem

vegetal cultivado em um tipo solo (Matisoff et al., 2010; Carini, 2001;

Wasserman et al., 2002; Adriano et al., 2000). Além disso, as necessidades

nutricionais de cada espécie vegetal são específicas e categorizam a absorção

e metabolização de determinado elemento químico (Carini e Bengtsson, 2001;

Golmakani et al., 2008; Handl et al., 2008; Karunakara et al., 2013a).

Figura 8 - Processos de incorporação de radionuclídeos por vegetais (Fonte:

Nuclear Techines in food and Agriculture, 2013).

Portanto, para a avaliação da transferência de radionuclídeos para

vegetais e, consequentemente, animais, é necessário estabelecer uma razão

entre o teor de determinado radionuclídeo no alimento e no solo onde o mesmo

se desenvolveu. Esta razão chama-se fator de transferência (FT), definido

como a razão entre as unidades de radioatividade por unidade de massa seca

de alimento e as unidades de radioatividade por unidade de massa de solo

seco (Frissel et al., 2002; Djingova et al., 2005). Este FT é necessário para os

modelos de transferência, que são utilizados para predizer as concentrações

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de atividade de radionuclídeos na produção agrícola e estimar assim uma

ingestão de doses por seres humanos através da cadeia alimentar (Luksiene et

al., 2013; Carini, 2001).

Na literatura encontram-se equações matemáticas para determinar o

fator de transferência entre solo e biomassa vegetal, como o modelo definido

pela Agência Internacional de Energia Atômica – IAEA (1994) (Equação 1).

137CsBio (Bq kg-1umido)

137CsSolo (Bq kg-1seco)

Onde:

FT é o fator de transferência; 137CsBio é a atividade do radionuclídeo na

biomassa (alimento) úmida; 137CsSolo é a atividade do radionuclídeo no solo

seco.

Porém, variações no teor de água das amostras podem afetar a

densidade da amostra e aumentar a auto absorção da radiação, resultando em

interferência na determinação do fator de transferência. Por esta razão, outro

modelo considera somente o peso seco, tanto para o alimento para o solo

(Equação 2), pois, desta forma, há a padronização das amostras. Este modelo

é utilizado de forma significativa em diversas publicações (Karunakara et al.,

2013b; Handl et al., 2008; Wasserman et al., 2008; Chou et al., 2005; Djingova

et al., 2005; Carini e Bengtsson, 2001).

137CsBio (Bq kg-1 seco)

137CsSolo(Bq kg-1seco)

Onde:

FT é o fator de transferência; 137CsBio é a atividade do radionuclídeo na

biomassa (alimento) seco; 137CsSolo é a atividade do radionuclídeo no solo seco.

Os fatores de transferência para um mesmo alimento podem apresentar

diferenças de acordo com a área geográfica. Isso se deve a variações das

(FT)Cs = Eq. (1)

(FT)Cs= Eq. (2)

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condições climáticas e características pedológicas, que interferem na absorção

e incorporação do 137Cs pelos espécimes vegetais.

Desta maneira, ainda que existam fatores de transferência definidos

para alimentos tipicamente brasileiros (Velasco et al., 2012; Wasserman et al.,

2008; Handl et al., 2008; Carvalho et al., 2005) os valores determinados podem

apresentar grande variação quando observadas as condições climatológicas e

pedológicas do estado do Acre.

1.4 Deposição e percolação de 137Cs em perfil vertical de solo.

A migração de 137Cs no solo pode variar de acordo com as propriedades

do solo, tais como textura, teor de matéria orgânica e pH, sendo por exemplo

facilmente fixado em minerais de argila (Forsberg et al., 2000; Handl et al.,

2008). Com o tempo, o 137Cs penetra lentamente no solo e uma parte da

radiação gama externa é atenuada pelas camadas de solo sobrejacente

assim, atribuindo interesse no conhecimento do conteúdo e comportamento

deste radionuclídeo em solos e seu destino no ambiente terrestre. Além disso,

a distribuição em profundidade de 137Cs é um fator chave que pode ajudar a

entender doses externas recebidas por populações expostas (Bunzl et al.,

2001; Legarda et al., 2011).

Inúmeros trabalhos sobre “fallout” de 137Cs em nível global foram

publicados, mas não estão disponíveis para todos os países (Handl et al.,

2008; Schuller et al., 1995; Schuller et al., 1993). Ainda assim, não importa o

quão extenso o conjunto de dados possa ser, pois cada região apresenta

peculiaridades inerentes às suas condiçoes geográficas, climáticas e

pedológicas (Pálsson et al., 2013).

1.5 Relevância

As pesquisas atmosféricas de 137Cs tiveram inicio em 1960, restritas ao

continente Europeu, com objetivo de acompanhamento da dispersão através

da determinação do “fallout” radioativo produzido por testes nucleares (Bourcier

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11

et al., 2010). No Brasil são poucas as publicações que abordam esse tema

tendo o Brasil como área de estudo. Há referências sobre processos erosivos

utilizando-se o “fallout” de 137Cs como ferramenta (Correchel et al., 2002;

Andrello, 1997), bem como trabalhos sobre o comportamento do 137Cs com

parâmetros pedológicos (Roque et al., 2002; Wasserman, 2002). No entanto, o

estudo da deposição deste radionuclídeo nos solos de diversas regiões do

globo pode representar uma informação significativa para a compreensão da

dinâmica de circulação atmosférica global e deposição, visto que seus termos-

fonte estão bem caracterizados no tempo e no espaço. De acordo com

UNSCEAR (2000), houve uma liberação global em torno de 950 PBq de 137Cs

em decorrência dos testes nucleares.

O modelo atual para distribuição mundial deste elemento foi construído

indiretamente através de medidas 90Sr, empregando-se a razão (137Cs / 90Sr) =

1,6 (UNSCEAR, 1982). Algumas divergências entre os valores sugeridos no

modelo foram detectadas em estudos realizados na parte sul do Chile (Schuller

et al., 1995; Schuller et al., 1993), o que sinaliza a importância de um

levantamento mais preciso sobre a deposição do 137Cs no Hemisfério Sul.

O referencial bibliográfico para determinação de fatores de transferência

em clima tropical é bastante reduzido se comparado ao de clima temperado. É

sabido que fatores climáticos e pedológicos são agentes interferentes no

processo de absorção e translocação de radionuclídeos por grupos vegetais

(Carini, 2001; Wasserman et al., 2002). Handl et al. (2008) determinou os

níveis de deposição de 137Cs e fatores de transferência para diversas

biomassas em inúmeras áreas do Brasil, mas não foi efetuada nenhuma

amostragem no Estado do Acre.

Verifica-se, portanto, a importância da realização desse estudo nessa

região, pois além de determinar os fatores de transferência de vegetais típicos

da região amazônica cultivados no Estado, o presente estudo poderá contribuir

para um inventário global de 137Cs, aumentando a base de dados existente

com dados amostrais.

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2 Objetivo geral

Investigar a contaminação de alimentos de amplo consumo por 137Cs e

deposição em solos do Estado do Acre;

2.1 Objetivos Específicos

Determinar os fatores de transferência solo-planta de 137Cs para

alimentos de origem vegetal (arroz, feijão, banana e mandioca) e estimar

a dose de radiação associada à incorporação de 137Cs por parte da

população acreana pelos principais alimentos consumidos no Estado;

Determinar a distribuição espacial da deposição do 137Cs no Estado do

Acre;

Avaliar o comportamento migratório do 137Cs, em perfil vertical de solo

em amostras coletadas no Estado do Acre, de acordo com parâmetros

pedológicos locais.

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13

3 Material e Métodos

3.1 Área de Estudo

O estado do Acre apresenta área de 164.221 Km2 e caracteriza-se pela

presença de um clima equatorial quente e úmido (Acre, 2010). Possui uma

altitude entre 134 a 308 metros, com pluviosidade em torno de 290 mm nos

meses mais chuvosos (dezembro a março), reduzindo à cerda de 52 mm nos

meses de junho e julho; a temperatura varia de 13°C (julho) a 38C° (entre os

meses de agosto e outubro); umidade relativa variando entre 88% (época

chuvosa) a 75% na época seca (Duarte, 2007). Apresenta um relevo com

predominância de rochas sedimentares de origem terciária e quaternária

(Cavalcante, 2006).

Para a determinação da transferência solo-planta de 137Cs e dosagem,

foram amostrados os alimentos mais consumidos e produzidos no estado que

segundo IBGE (2009) e CEASA – ACRE, são eles: Mandioca, (Manihot

esculenta), feijão (Phaseolus vulgaris), arroz (Oryza sativa), banana (Musa

paradisiaca), café (Coffea arabica) e farinha.

As coletas foram realizadas no período de setembro de 2012 a junho de

2013 totalizando seis pontos de coleta em toda área de estudo, sendo o critério

de escolha as regiões de maior produção agrícola e concentração

populacional, são elas: Rio Branco (Ponto 1), Sena Madureira (Ponto 2), Feijó

(Ponto 3), Cruzeiro do Sul (Ponto 4), Xapuri (Ponto 5) e Epitaciolândia (Ponto

6), (Figura 9). Uma descrição climática e outras características dos pontos de

coleta estão representadas na tabela 1.

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Figura 9 - Pontos de coleta dos perfis de solo e biomassa vegetal. P1-Rio

Branco, P2-Sena Madureira, P3 Feijó, P4-Cruzeiro do Sul, P5-Xapuri, P6-

Epitaciolândia.

Tabela 1. Descrição dos pontos de coleta (referência o ano de 2012).

aINMET - Instituto Nacional de Meteorologia

bCEDEC - Coordenaria de Defesa Civil

Pontos/coleta Latitude/Longitude Precipitação anual (mm ano-1)

Temperatura média (°C)a

Altitude (m)

P1 - Rio Branco S 9°57'/W 67°52' 2689,4a 26,4 166,7

P2-Sena Madureira S 9°14'/W 68°31' 2204,9b 26,5 195,1

P3-Feijó S 8°09'/W 70°26' 2467,4a 26,8 178,2

P4-Cruzeiro do Sul S 7°44'/W 72°34' 1837,8a 26,9 178,9

P5-Xapuri S 10°40'/W 68°29' 1690,9b 26,2 181,6

P6-Epitaciolândia S 11°01'/W 68°43' 1641,4b 25,8 218,1

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3.2 Amostragem

As etapas do processo de amostragem são ilustradas pelo fluxograma

abaixo (Figura 10).

Figura 10 - Esquema geral da metodologia de processamento de amostras.

3.2.1 Biomassa vegetal e solo superficial associado

A amostragem de biomassa vegetal e solo associado permite a

avaliação das concentrações de 137Cs em ambas matrizes e determinação dos

fatores de transferência nesta área geográfica.

Foram coletadas biomassas vegetais nas áreas de cultivo, em

quantidade suficiente a encher um frasco de 1,5 litros (depois de seco e

processado). Apenas as partes comestíveis dos vegetais de estudo foram

amostradas. As amostras foram secas em estufa, por 24 horas, à temperatura

máxima de 60°C, em seguida processadas em blender, para homogeneização.

Próximo às culturas dos vegetais de interesse, realizou-se a coleta do

solo, observando o hábito vegetal, se arbustivo, coleta-se em vários pontos ao

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redor de cada indivíduo várias amostras de solo, atingindo profundidade

máxima de 10 cm. Tipos vegetais que apresentam raízes mais profundas

procurava-se atingir camadas mais inferiores (cerca de 40 cm) em diversos

pontos. O material foi embalado, identificado e seco em estufa, por 24 horas, a

temperatura máxima de 60°C. Em seguida, o solo foi peneirado, a fim de

homogeneizar a amostra.

De cada amostra de solo retirou-se uma alíquota para a avaliação de

características pedológicas, como teor de carbono, matéria orgânica, silte,

argila, entre outras para verificação de parâmetros interferentes na migração do

elemento no solo e consequente adsorção radicular.

3.2.2 Alimentos industrializados

Foram obtidas amostras de alimentos que sofreram processamento

industrial para venda ao consumidor, sendo estas adquiridas em

supermercados da região, com objetivo de se determinar a dose associada à

ingestão de alimento industrializado.

3.2.3 Perfil vertical de solo

No processo de amostragem dos perfis verticais de solo, com intuito de

determinar a deposição de 137Cs na área de estudo, alguns principais critérios

de escolha foram determinados:

(1) - áreas planas que não promovem o acúmulo de água da chuva;

(2)- áreas sem algum tipo de ação antrópica nos últimos 50 anos, para se

evitar interferência na atividade do radionuclídeo nas camadas específicas do

perfil.

Para a coleta das amostras dos perfis de solo, foi demarcado um

quadrado de 20x20cm, conforme Kato et al. (2012), Handl et al. (2008), e

Schuller et al. (2002), e escavada uma trincheira lateral à área delimitada para

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permitir a retirada de estratos de solo, dentro da área demarcada, onde

também ocorreu a retirada da serapilheira presente na camada inicial solo. A

espessura das camadas acompanha a ordem a seguir: 0-1cm, 1-2cm, 2-3cm,

3-5cm, 5-10cm, 10-15cm, 15-20cm, 20-25cm, 25-40cm (Figura 11). As

amostras foram embaladas individualmente e posteriormente secas em estufa,

por 24 horas, à temperatura máxima de 60°C. Em seguida as amostras foram

peneiradas através de uma malha de 2mm antes da medição de 137Cs e

análise das propriedades do solo, como textura, pH e teor de matéria orgânica.

Figura 11 - (A) Representação esquemática da coleta de perfil vertical de solo;

(B) Determinação da área de coleta (foto: Adem Nagibe); (C) Retirada das

camadas de solo (foto: Marcus Licínio); (D) Armazenamento individual das

camadas coletadas (foto: Adem Nagibe).

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3.3 Espectrometria gama

3.3.1 Detector, eletrônica e software utilizados

As concentrações de 137Cs foram determinadas através de

espectrometria gama de alta resolução, que apresenta vantagens sobre a

técnica radioquímica como a não destruição da amostra, possibilitando análises

posteriores e simplificação da técnica dispensando procedimentos de

laboratório mais complexos.

Os detector empregado neste trabalho foi o germânio hiperpuro (GeHp),

tipo semi-condutor de geometria coaxial, com diâmetro de 56 mm e

comprimento de 38,5 mm, instalado no Laboratório de Radioecologia e

Mudanças Globais, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

(LARAMG/UERJ). Também foram utilizados detectores com especificação

semelhante localizados no Laboratório de Radionuclídeos Aplicados ao Meio

Ambiente, da Universidade Federal Fluminense (LARAMAM/UFF) e Laboratório

de Dosimetria Interna e Ocupacional, pertencente ao Instituto de Radioproteção

e Dosimetria (IRD).

A blindagem em torno do detector é formada de um castelo de chumbo

que tem por finalidade reduzir a contribuição da radiação de fundo. A

blindagem possui espessura de 10 cm e forração interna de cobre em todas as

paredes (Figura 12).

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19

Figura 12 – Detector GeHp utilizado na espectrometria gama, instalado no

LARAMG/UERJ (Costa-Gonçalves, 2003).

A medida da atividade da amostra se dá através da reação do material

cristalino do detector à incidência de uma energia. Quando uma energia incide

na região da banda de valência, os elétrons são retirados em direção à banda

de condução. Neste momento ocorre um desequilíbrio na banda que é

representado pela ausência do elétron, representado por um “buraco” de carga

positiva. Quando o elétron migra na banda de condução, este “buraco” segue

um caminho oposto. O resultado é uma pequena variação na polarização, que

é proporcional à energia incidente na região absorvedora (Tahuata et al., 1999;

Rocha e Harbert, 1979). A cada reação como essa corresponde a uma

contagem.

A configuração eletrônica do sistema é composta por fonte de alta

tensão digital marca CANBERRA, modelo 3106D, desenhada para operar com

detectores semicondutores de alta resolução. Este modelo suporta tensões de

até 6 kV e 300 A de corrente. A voltagem empregada neste trabalho foi de 3

kV, pois com essa voltagem o detector apresentou melhor eficiência e

resolução (CANBERRA, Users Manual, 1998). O amplificador linear, marca

CANBERRA, modelo 2022, garante a simetria do pulso e a diminuição do nível

de ruído, além de permitir o ajuste da constante do tempo de formação do

pulso, que neste caso foi fixada em 4 s (CANBERRA, Users Manual, 1998). O

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sistema multicanal, modelo Ortec, para transformação do pulso analógico em

digital, permitindo a aquisição dos dados.

A aquisição dos dados foi possível através da plataforma Gamma Vision.

Este programa armazena os pulsos detectados e organiza-os, de maneira a

gerar um espectro onde o eixo x corresponde à energia dos pulsos e o y ao

número de emissões gama por minuto (cpm).

3.3.2 Calibração do sistema e determinação da eficiência

O processo de calibração do sistema é realizada rotineiramente com

duas fontes radioativas seladas, uma de 137Cs e 60Co (energias de 661,6 keV,

para o 137Cs e 1173,8 e 1332,0 keV, para o 60Co) (Figura 13). As duas fontes

foram colocadas sobre o detector e contadas por um período de 10 minutos.

Após esse período, é possível determinar os decaimentos produzidos

pelas fontes de acordo com suas energias de emissão e a partir deste valor,

construir uma curva de calibração em energia.

Figura 13 - Curva de calibração em energia.

A eficiência de medida foi determinada para as geometrias especificas

empregadas neste trabalho, que foi a de uma placa de petri com as dimensões

(1cm de altura por 8cm de diâmetro) para amostras de solo e frasco tipo

137Cs

60Co

60Co

700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500

600

700

800

900

1000

1100

1200

1300

1400

En

erg

ia (

ke

V)

Canal

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21

Marineli (Figura 14), para amostras biológicas, por permitir um maior volume

desse tipo de amostra, que normalmente apresentam menores concentrações

de radionuclídeos.

Foram contaminadas frações de solo com a mesma densidade (padrões

de calibração) das amostras coletadas, empregando-se solução radioativa

composta por 133Ba, 57Co, 139Ce, 85Sr, 137Cs, 54Mn, 88Y e 65Zn, em solução de

0,5M de HCl. Este coquetel foi produzido pela AEA Technology em julho de

1999, com atividade nominal de 132 kBq e volume de 100,761 g. Tais frações

foram acondicionadas na mesma geometria e medidas por espectrometria,

para determinação da eficiência do detector.

Figura 14 - Frasco tipo marineli empregado na análise dos alimentos.

Uma vez determinada a eficiência, é possível calcular a atividade do

137Cs presente na amostra, através da equação 3 descrita abaixo (IAEA, 1994):

Eq. (3)

O tempo para aquisição dos dados espectrométricos é de 24 horas para

amostras de alimentos e 11 horas para amostras de solo. Essa diferença deve-

se a maior concentração do radionuclídeo em amostras de solo.

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3.3.3 Determinação da Atividade Mínima Detectável

A atividade mínima detectável (AMD) é a menor quantidade de

radioatividade que pode ser detectada com um limite de confiança de 95%. O

aumento da amostra ou do tempo de contagem pode afetar o limite de

detecção. O cálculo pode ser realizado empregando-se a equação 4 (Canadian

Nuclear Safety Commission, 2013).

ET

BAMD

365,4

Onde B é a contagem da radiação de fundo no espectro, na área da energia

do radionuclídeo em questão; E é a eficiência calculada para o radionuclídeo; e

T é o tempo (s) da medida.

Para o presente trabalho, a atividade mínima detectável foi de 0,11Bq.

3.4 Análise estatística dos dados

Todos os gráficos e análises estatísticas de correlação de Pearson entre

os parâmetros abordados nesse estudo foram realizadas com a utilização das

plataformas estatísticas: Statistica 7, BioEstat 5.0 e Surfer 9.

Todas as correlações com o p<0,05 foram consideradas significativas.

Eq. (4)

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4 Resultados e Discussão

4.1 Fator de transferência

A presença de 137Cs em áreas agrícolas acarreta contaminação dos

solos destas regiões e também os vegetais que são cultivados. Neste trabalho,

considera-se apenas a forma indireta, ou seja, através da absorção pelo

sistema radicular, a forma de contaminação das biomassas estudadas, visto

que a deposição de 137Cs ocorreu possivelmente há mais de 40 anos o que

reduz consideravelmente a possibilidade de contaminação direta.

Os valores da concentração de 137Cs nos solos superficiais estão

representados na tabela 2.

Tabela 2. Valores da concentração de 137Cs (Bq Kg-1) dos solos superficiais para biomassa associada.

Solos Superficiais P1 P2 P3 P4 P5 P6

Arroz <LD 0,51* <LD <LD 1,52* <LD

Feijão <LD 0,51* 2,47 4,15 1,52* 1,28*

Banana <LD 3,74 <LD <LD 3,13 <LD

Mandioca <LD 0,32 <LD <LD 1,52* 1,28*

<LD – Valor abaixo do limite de detecção; * mesmo solo associado

Os valores encontrados variam desde limites não detectáveis a 4,15 Bq

kg-1. Handl et al. (2008), em amostras de solos coletadas também na Região

Norte encontrou valores semelhantes. Valores repetidos na tabela 2

representam solos superficiais usados para as mesmas biomassas, devido à

proximidade que estas estavam sendo cultivadas. Os valores abaixo do limite

de detecção podem ser explicados pela ação antrópica em áreas de cultivo

como, aração que ajuda infiltração da água no solo e aplicação de fertilizantes.

Todas as amostras de biomassas analisadas (café, farinha, arroz, feijão,

banana e mandioca) apresentaram valores de atividade abaixo do limite de

detecção do equipamento utilizado, estabelecido neste trabalho em 0,11Bq.

Estes resultados podem ser explicados pela rápida colheita desses vegetais,

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dificultando a incorporação do 137Cs, pois tal processo pode levar um certo

tempo para que o radionuclídeo se acumule em níveis detectáveis. Além disso,

a quantidade significativa de K e matéria orgânica nos solos superficiais

estudados pode exercer uma competição química com 137Cs (Figura 15),

diminuindo a transferência do radionuclídeo para esses vegetais (Robinson et

al., 2009; Frissel et al., 2002; James et al., 2011).

Figura 15 - Correlação entre o fator de transferência solo-biomassa de 137Cs e

concentração de K no solo (Costa-Gonçalves, 2003).

Outros trabalhos como Handl et al. (2008), em amostras de biomassas

vegetais coletadas no Brasil, de todas amostras coletadas (51), cerca de 57%

apresentaram valores abaixo do limite detecção, sendo algumas coletadas na

Região Norte (11), destas 73% apresentam valores não detectáveis,

impossibilitando o cálculo do fator de transferência solo-planta. Gregório et al.

(2004), em amostras também da América do Sul, parte significativa (48%)

apresentaram valores abaixo do limite de detecção, desta maneira a

indeterminação na concentração de 137Cs em biomassas no presente trabalho

é um resultado constante, sendo verificado em trabalhos anteriormente

publicados.

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4.2 Cálculo de Dose

Diante dos resultados encontrados da concentração de 137Cs em

biomassas no estado, onde todos foram abaixo do limite de detecção, o cálculo

para estimar a dosagem de radiação recebida por esses alimentos não foi

efetuado, pelo fato de tais resultados serem indispensáveis para a realização

do mesmo.

4.3 Perfil vertical de 137Cs

4.3.1 Distribuição vertical da atividade de 137Cs

A análise radiométrica dos estratos de solo dos perfis coletados revelou

atividades detectáveis de 137Cs. As informações a respeito das características

pedológicas são de extrema relevância para o entendimento dos resultados,

visto que através deles será possível estabelecer correlações entre o depósito

de 137Cs e sua de migração no solo. A tabela 2 do anexo A resume as

propriedades físico-químicas dos perfis coletados.

As densidades de deposição de 137Cs nos diferentes pontos de coleta

são apresentadas a seguir (Figuras 16 a 21). Em x encontram-se os valores

em Bequerrel por metro quadrado (Bq m-2) e em y encontram-se as camadas

em profundidade segundo as quais foram retiradas as amostras de solo.

Também são apresentados os fluxos de deposição (somatório do total

depositado, distribuído ao longo das camadas de solo).

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26

Figura 16 – Perfil vertical de 137Cs coletado em Rio Branco (P1).

Figura 17 – Perfil vertical de 137Cs coletado em Sena Madureira (P2).

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27

Figura 18 - Perfil vertical de 137Cs coletado em Feijó (P3).

Figura 19 – Perfil vertical de 137Cs coletado em Cruzeiro do Sul (P4).

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28

Figura 20 – Perfil vertical de 137Cs coletado em Xapuri (P5).

Figura 21 – Perfil vertical de 137Cs coletado em Epitaciolândia (P6).

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29

O comportamento migratório do fluxo de 137Cs ao longo do perfil indica

uma percolação do radionuclídeo ao longo dos estratos coletados. Tal

resultado deve-se, possivelmente, a características pedológicas tais como

solos muito arenosos, que favorecem a penetração do elemento cada vez mais

profundamente no solo, fato observado em amostras brasileiras também da

região Norte, por Costa-Gonçalves (2003). Há outras explicações possíveis

para um transporte mais rápido inicial para baixo: a parte superior do perfil do

solo tem maior porosidade e maior presença de macroporos em relação às

camadas mais inferiores que são mais compactadas; e a presença de colóides

dispersos na camada superficial podem melhorar o transporte para baixo

inicialmente, mas com o tempo os colóides seriam esperados agregar e

retardar o transporte (Matisoff et al., 2010).

A fim de se avaliar de que forma ocorre a diminuição da concentração do

137Cs, efetuou-se o ajuste dos gráficos dos perfis de solo. A análise do

comportamento do fluxo de 137Cs permite a identificação de um padrão

logarítmico em todos os pontos amostrados (Tabela 3).

Tabela 3. Ajustes pelo modelo logarítmico.

Locais de Amostragem Coeficientes e correlação de Pearson

A B R

P1 – Rio Branco -18,4 23,5 0,94

P2 – Sena Madureira -38,5 198,1 0,93

P3 – Feijó -19,4 125,1 0,94

P4 – Cruzeiro do Sul -15,9

106,0 0,93

P5 – Xapuri -20,3 123,7 0,88

P6 – Epitaciolândia -28,3 170,6 0,94

logY=A ln(X)+B

De acordo com Costa-Gonçalves (2003), para a maioria das amostras

do Brasil, o ajuste ideal foi polinomial de terceira ordem (41%), enquanto

apenas 32% dos perfis seguiram o modelo exponencial. Blagoeva e Zikovsky

(1995) e Kato et al. (2012), em amostras provenientes do Canadá e Japão

respectivamente, encontraram comportamento migratório exponencial para

137Cs.

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O comportamento logarítmico no fluxo de 137Cs encontrado nos perfis do

estado, deve ser atribuído ao fato da deposição ter sido realizada mais de 40

anos e solos que não apresentam ações antrópicas, tendo como consequência

um longo período para migração e uma distribuição mais uniforme deste

radionuclídeo (Schuller et al., 2002; Isaksson e Bengt, 1995). Lehto et al.

(2013) em perfis coletados em florestas na Finlândia encontraram

comportamento semelhante em suas análises de 137Cs.

A densidade de deposição para os seis pontos analisados (Tabela 4) é

coerente com resultados de outros perfis realizados no Brasil (460 Bq m-2) por

Handl et al. (2008), no Chile (470 Bq m-2) por Schuller et al. (2004) e Argentina

(861 Bq m-2) por Montes et al. (2013).

4.3.2 Deposição Total de 137Cs

Tabela 4. Deposição total de 137Cs nos pontos analisados.

Locais de Amostragem Bq m-2

P1 – Rio Branco 726,3 ± 132,6

P2 – Sena Madureira 169,3 ± 52,9

P3 – Feijó 559,2 ± 208,7

P4 – Cruzeiro do Sul 777,2 ± 271,7

P5 – Xapuri 406,1 ± 116,0

P6 – Epitaciolândia 394,7 ± 106,5

Os dados da tabela 4 e o gráfico da figura 22 evidenciam que as

deposições observadas no Estado do Acre são compatíveis com os resultados

obtidos para outras regiões do país, apresentando a terceira maior média.

Apenas a região sudeste e a sul apresentam médias superiores às encontradas

neste Estado.

Em uma comparação mais detalhada entre os resultados de 137Cs no

Estado do Acre e as médias dos dados de outros estados da região Norte,

observa-se que os resultados encontrados neste estado são bastante

superiores à sua média regional (Figura 23). Monte Alegre no Pará foi

analisado por Handl et al. (2008) e apresentou-se como o ponto de maior

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deposição dentre as outras localidades analisadas. No entanto, a deposição

em Rio Branco é 55% maior que nesta região do Pará.

Figura 22 – Comparativo entre médias das densidades de deposição de 137Cs

nas amostras do Acre e para todas as regiões do Brasil (dados obtidos em

Handl et al., 2008).

Figura 23 - Comparativo entre as densidades de deposição de 137Cs nas

amostras do Acre e outros estados da Região Norte (dados obtidos em Handl

et al., 2008).

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4.3.3 Modelo de Transporte Atmosférico (HYSPLIT)

A presença de 137Cs na América do Sul deve-se principalmente aos

testes nucleares atmosféricos, uma vez que esta região não sofreu influência

de outras fontes como acidentes em usinas nucleares (Schuller et al., 1993).

Diante disso, a presença de 137Cs e seus valores elevados no estado em

relação a outras regiões do Brasil, pode ser explicada através de mecanismos

de circulação naturais e parâmetros climáticos que modulam a dispersão e

deposição do radionuclídeo.

Com a utilização do modelo de circulação HYSPLIT, foi possível verificar

o comportamento das correntes de ar na data que ocorreu o teste atômico no

Oceano Pacífico (Figura 24). Observa-se a corrente de ar passando sobre a

região amazônica próximo do Estado do Acre, sendo esta possivelmente a

principal fonte de 137Cs no estado. Essa linha representa o vetor central de uma

trajetória de uma pluma atmosférica de dispersão.

Outros testes nucleares realizados no Oceano Pacífico como Sirus

(1966), Conopus, Procyon, Castor (1968), Dragon e Licorne (1970) (Jhonston,

2008), podem também ter contribuído para deposição de 137Cs no estado.

Figura 24 - Teste Toucan, realizado pela França em seis de agosto de 1970 às 19h00min (lat: 21.83 S; long: 138.88 W) com uma altura de 500 metros, tendo

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rendimento de 594 quilotoneladas (kt) (Fonte: Draxler e Rolph 2013; Rolph 2013).

4.3.4 Determinação da profundidade de relaxação, velocidade de

migração de 137Cs e correlações com parâmetros de solo

Um parâmetro de estimativa da migração do 137Cs nos solos é a

profundidade de relaxação, que é a profundidade na qual a atividade se reduz

em 63% da inicial (Schuller et al., 1995). As profundidades de relaxação dos

seis perfis estão representadas na tabela 5.

Este parâmetro é bastante empregado para avaliar a migração de 137Cs

no perfil de solo, embora seja mais aplicado a perfis que apresentam um

comportamento exponencial da atividade do radionuclídeo. Neste trabalho, a

profundidade de relaxação foi determinada em 10,8 e 18,3 cm. Costa-

Gonçalves (2003), também determinou a profundidade de relaxação para

diversos perfis de solo brasileiros, encontrando uma média de 17,9 e,

especificamente no perfil coletado em Boa Vista, Roraima, o valor determinado

foi de 11,0, muito próximo ao definido por este trabalho.

Tabela 5. Profundidade de relaxação das amostras de perfis de solo.

Pontos de coleta Profundidade de relaxação (cm)

P1 - Rio Branco 10,8

P2 - Sena Madureira 18,3

P3 – Feijó 11,3

P4 - Cruzeiro do Sul 12,8

P5 – Xapuri 11,1

P6 - Epitaciolândia 14,5

Os resultados de profundidade de relaxação encontrados neste trabalho

podem ser explicados pela variação nas características dos solos. Tais

características como teor argila, onde 137Cs é fixado podendo resultar em uma

migração mais lenta do elemento nos solos (Schuller et al., 2002; Timms et al.,

2004; Herranz et al., 2011). Embora não tenha sido verificada uma correlação

entre teor de argila e as profundidades de relaxação, verificou-se uma

correlação negativa entre o teor de silte (r= -0,95; p=0,002) com as

profundidades em questão, possivelmente por se tratar de um mineral de grãos

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relativamente finos que podem retardar a percolação do 137Cs ao longo das

camadas dos solos.

A velocidade de migração do 137Cs no solo foi estimada para os perfis de

solo coletados. O cálculo utilizou uma equação abaixo, descrita por Arapis e

Karandinus (2004), (Equação 5).

ii

i

gxx Eq. (5)

Onde, xi é a profundidade média da camada de solo (cm), e gi é a

porcentagem de 137Cs na camada correspondente a xi . Como a maior parte

dos testes ocorridos no Pacífico Sul datam década entre os anos de 1960 e

1970, utilizou-se como parâmetro para cálculo da velocidade a diferença entre

53 e 43 anos, considerando o tempo transcorrido entre a época dos testes e a

presente data.

Na tabela 6 podem ser observadas as velocidades determinadas no

presente trabalho e as encontradas na literatura.

Tabela 6. Velocidades de migração do 137Cs no solo (cm ano-1).

Presente trabalho 1960 Média 1970

P1 0,15 0,17 0,19

P2 0,22 0,25 0,27

P3 0,16 0,18 0,19

P4 0,10 0,11 0,12

P5 0,15 0,17 0,19

P6 0,18 0,20 0,22

Schuller et al, 1997 Chile 0,19

Bossew, 2001 Costa Rica 0,13

Likar et al, 2001 Eslovênia 0,18

Arapis et al, 1997 Bielorrússia 0,48

Chibowski e Mitura, 1995 Polônia 0,26

Arapis e Karandinos, 2004 Grécia 0,29

Montes et al, 2013 Argentina 0,17

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As velocidades de migração dos perfis estudados foram entre 0,11 e

0,25 cm ano-1, estes valores encontrados são semelhantes a outros

encontrados na literatura conforme a tabela 6.

Correlações significativas foram encontradas entre a velocidade de

migração e a concentração de areia (r=0,80; p=0,04) dos seis pontos

analisados, provavelmente por sua constituição apresentar grãos maiores que

facilitam a migração de 137Cs, resultado semelhante encontrado por Forsberg et

al. (2000). Concentração de K e Na também correlacionaram significativamente

(r= -0,85; p=0,02) e (r= -0,92; p=0,007) respectivamente, possivelmente por

apresentarem uma competição química com 137Cs retardando a migração deste

radionuclídeo. Desta maneira, estes resultados evidenciam que as

propriedades físicas e químicas dos solos influenciam a velocidade de

migração de 137Cs (Arapis et al., 1997; Arapis e Karandinos, 2004; Shinonaga

et al., 2005).

Uma porcentagem de 137Cs foi calculada para os perfis de solo do

estado em cada estrato específico (Figura 25).

Figura 25 - Porcentagem do deposito de 137Cs nos solos do Acre, de acordo

com a profundidade.

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Observa-se que apesar de apresentar uma velocidade de migração

significativa cerca de 70% de 137Cs está concentrado nos primeiros 10 cm de

profundidade do solo. Outros trabalhos como Arapis et al. (1997), Isaksson e

Bengt, (1995) e Forsberg et al. (2000), em solos coletados na Bielorrússia,

Suécia e Reino Unido, respectivamente, também apresentaram uma maior

porcentagem de 137Cs situada até 10 cm de profundidade.

4.3.5 Mapa de deposição de 137Cs no Estado do Acre

Para uma visão geral da deposição de 137Cs no estado a partir dos perfis

coletados, uma mapa foi construído com os valores da deposição total dos seis

pontos (Figura 26).

Figura 26 - Mapa representando a deposição de 137Cs (Bq kg-1) nos seis pontos

coletados no Estado do Acre.

Apesar do tamanho do estado do Acre ser consideravelmente pequeno

(164.206Km2), a concentração da deposição 137Cs apresentou variações

significativas ao longo dos pontos. O município de Cruzeiro do Sul (P4)

apresentou a maior concentração (25,3 Bq Kg-1), contrariamente o município de

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Sena Madureira, que apresentou a menor concentração do radionuclídeo (2,96

Bq Kg-1).

Os valores das atividades de 137Cs apresentaram correlação negativa

com a velocidade migração (r= -0,92; p=0,002), podendo ser um indicador para

explicar a variação na concentração do radionuclídeo até a profundidade de 40

cm. No município de Sena Madureira (P2), por exemplo, que apresentou a

maior velocidade de migração (0,25 cm ano-1) verificou-se a menor

concentração de 137Cs, sendo este possivelmente sofrido migração para

camadas mais inferiores do solo.

Os valores da deposição de 137Cs em diferentes classes de latitudes em

relação a outros pontos coletados no Brasil é representado na figura 27.

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Figura 27– Valores da deposição de 137Cs (Bq m-2) em classes de latitudes no Brasil.

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Este trabalho apresenta dados complementares para classe de latitude

S 05-10°. Handl et al. (2008), apresentam dados nesta classe de latitude

inferiores (Paulista/Pernambuco 44 Bq m-2; Paulo Afonso1/Bahia 37 Bq m-2;

Paulo Afonso2/Bahia 87 Bq m-2), em relação aos encontrados no presente

trabalho (Cruzeiro do sul 777,2 Bq m-2; Feijó 559,2 Bq m-2; Sena Madureira

169,3 Bq m-2; Rio Branco 726,3 Bq m-2), essas diferenças podem ser

explicadas pela diferença nas longitudes na qual esses dados foram coletados,

Handl et al. (2008) apresenta dados da região litorânea do Brasil, sendo

diferente das longitudes presentes no estado do Acre. No entanto, na classe de

latitude S 10-15°, este trabalho apresenta dados inéditos para o Brasil (Xapuri

406 Bq m-2; Epitaciolândia 394 Bq m-2), mostrando a importância do trabalho na

contribuição do conhecimento sobre o depósito de 137Cs no Brasil.

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5 Conclusões

Parte dos solos superficiais apresentaram valores de 137Cs abaixo do

limite de detecção assim como todas as biomassas vegetais,

impossibilitando determinar os fatores de transferência solo-planta e o

cálculo da radiação associada a incorporação de 137Cs.

Os valores da deposição total de 137Cs apresentaram variações

significativas entre os pontos, apresentando uma terceira maior média

em comparação com outras regiões do país, tendo à sua frente apenas

as regiões sudeste e sul.

A diminuição da concentração de 137Cs identificado em todos os pontos,

pode ser explicado por um padrão logarítmico. Foram encontradas

correlações significativas entre profundidade de relaxação e o teor de

silte (r= -0,95; p=0,002), velocidade de migração com o teor de areia

(r=0,80; p=0,05) e com a concentração de K e Na (r= -0,85; p=0,02) e

(r= -0,92; p=0,007) respectivamente.

Valores da atividade de 137Cs encontrados nos seis pontos

apresentaram correlação negativa com as velocidade de migração (r= -

0,92; p=0,002).

O presente trabalho além de contribuir com dados da deposição na

classe de latitude S 05-10° apresenta dados inéditos para o Brasil na

classe de latitude S 10-15°.

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1

ANEXOS

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2

Tabela 1 – Parâmetros físicos e químicos do solo. Determinação de 137Cs por camada de perfil de solo e deposição total.

Perfil-P1(RIO BRANCO)/QUIMICA FISICA 137Cs

CAMADAS pH Ca Ca+Mg Mg Al H+Al C.0rg. MO K Na P Areia Argila Silte Bq m-2

Fluxo Bq m

-2

Água Cmolc/dm3 g/Kg mg/dm3

%

0-1cm 4.2 1,3 1,6 0,4 0,6 4,7 10,7 18,3 65,0 3,0 2,9 47,8 7,2 45,0 * *

1-2cm 4,1 0,8 1,0 0,3 1,0 4,8 8,3 14,3 42,0 3,0 2,2 46,9 7,7 45,4 40,1 850,8

2-3cm 4,0 0,6 0,7 0,1 1,4 5,1 7,2 12,4 26,0 3,0 1,9 43,1 9,9 47,0 29,8 810,7

3-5cm 3,9 0,5 0,6 0,1 1,7 5,1 6,5 11,2 23,0 3,0 0,7 41,3 11,1 47,6 191,6 780,9

5-10cm 3,9 0,4 0,5 0,1 1,7 5,0 5,8 9,9 24,0 4,0 0,5 40,6 11,8 47,6 174,5 589,2

10-15cm 4,0 0,7 1,0 0,4 1,6 4,8 5,2 8,9 22,0 4,0 2,6 39,9 12,5 47,6 113,7 414,7

15-20cm 4,0 0,5 0,7 0,2 2,0 4,8 4,3 7,3 18,0 2,0 1,7 38,7 13,6 47,7 117,4 300,9

20-25cm 4,0 0,5 0,6 0,2 2,3 4,8 3,5 6,1 15,0 2,0 0,4 38,3 14,4 47,3 32,6 183,5

25-40cm 4,0 0,5 0,5 0,1 2,8 5,1 2,8 4,8 13,0 2,0 0,4 37,7 16,6 45,7 150,8 150,8

Mediana 4,0 0,5 0,7 0,2 1,7 4,8 5,8 9,9 23,0 3,0 1,7 40,6 11,8 47,3

Média 4,0 0,6 0,8 0,2 1,7 4,9 6,0 10,4 27,6 2,9 1,5 41,5 11,6 46,7

Perfil-P2 (SENA MADUREIRA)/QUIMICA FISICA 137

Cs

CAMADAS pH Ca Ca+Mg Mg Al H+Al C,0rg, MO K Na P Areia Argila Silte Bq m-2

Fluxo Bq m

-2

Água Cmolc/dm3 g/Kg mg/dm3

%

0-1cm 3,2 0,4 0,7 0,4 2,7 12 11,3 19,2 102,0 7,0 6,2 53,7 30,0 16,3 3,8 203,2

1-2cm 3,2 0,3 0,4 0,2 3,3 9,6 10,5 17,9 69,0 5,0 2,3 54,2 31,9 13,9 1,8 199,4

2-3cm 3,5 0,2 0,3 0,1 2,9 7,9 9,9 16,9 61,0 5,0 1,3 51,6 33,9 14,5 7,0 197,6

3-5cm 3,7 0,2 0,3 0,1 3 7,9 9,5 16,2 48,0 5,0 1,0 37,2 38,6 24,2 41,3 190,6

5-10cm 3,9 0,1 0,2 0,1 3 6,6 8,8 14,9 44,0 4,0 0,5 45,5 38,0 16,5 15,8 149,3

10-15cm 3,9 0,1 0,2 0,2 3,2 6,2 7,4 12,6 33,0 4,0 0,4 41,4 40,1 18,5 21,8 133,5

15-20cm 4,0 0,1 0,3 0,3 2,8 5,9 6,0 10,3 24,0 3,0 0,6 34,0 47,7 18,3 12,4 111,6

20-25cm 4,0 0,1 0,4 0,4 2,5 5,5 4,4 7,4 16,0 2,0 0,6 33,9 49,8 16,3 11,6 99,2

25-40cm 4,1 0,1 0,3 0,3 2,6 5,3 3,9 6,6 13,0 2,0 0,4 33,3 48,4 18,3 87,6 87,6

Mediana 3,9 0,1 0,3 0,2 2,9 6,6 8,8 14,9 44,0 4,0 0,6 41,4 38,6 16,5

Média 3,7 0,1 0,3 0,2 2,9 7,4 8,0 13,5 46,0 4,0 1,0 42,8 39,8 17,4

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3

Perfil-P3 (FEIJÓ)/QUIMICA FISICA 137

Cs

CAMADAS pH Ca Ca+Mg Mg Al H+Al C,0rg, MO K Na P Areia Argila Silte Bq m-2

Fluxo Bq m

-2

Água Cmolc/dm3 g/Kg mg/dm3

%

0-1cm 5,4 19,5 23,8 4,3 0,1 6,4 42,9 73,7 157,0 9,0 12,5 39,5 12,8 47,7 21,2 559,2

1-2cm 5,4 18,5 22,3 3,8 0,1 5,8 31,2 53,6 120,0 11,0 7,2 27,4 27,8 44,8 4,7 538,0

2-3cm 5,4 17,8 22,2 4,4 0,1 5,9 24,2 41,5 93,0 10,0 4,2 26,5 30,4 43,1 82,9 533,3

3-5cm 5,3 18,2 22,3 4,1 0,1 5,6 19,4 33,4 85,0 10,0 5,0 28,8 27,5 43,7 0,0 450,4

5-10cm 5,2 18,0 21,7 3,7 0,2 5,9 16,4 28,1 79,0 10,0 4,0 27,6 31,1 41,3 144,2 450,4

10-15cm 4,9 17,5 20,8 3,3 0,3 5,4 12,5 21,4 69,0 9,0 3,0 27,5 32,0 40,5 102,5 306,2

15-20cm 4,9 17,4 21,3 3,9 0,3 5,1 9,7 16,8 74,0 10,0 1,7 30,4 27,5 42,1 74,9 203,7

20-25cm 4,9 17,3 21,3 4,1 0,4 5,0 8,6 14,7 72,0 10,0 1,6 29,4 30,4 40,2 25,6 128,8

25-40cm 4,9 15,0 18,7 3,7 0,5 4,8 6,2 10,7 58,0 11,0 1,9 34,7 29,5 35,8 103,1 103,1

Mediana 5,2 17,8 21,7 3,9 0,2 5,6 16,4 28,1 79,0 10,0 4,0 28,8 29,5 42,1 Média 5,1 17,7 21,6 3,9 0,2 5,5 19,0 32,7 89,7 10,0 4,6 30,2 27,6 42,1

Perfil-P4 (CRUZEIRO DO SUL)/QUIMICA FISICA 137

Cs

CAMADAS pH Ca Ca+Mg Mg Al H+Al C,0rg, MO K Na P Areia Argila Silte Bq m-2

Fluxo Bq m

-2

Água Cmolc/dm3 g/Kg mg/dm3

%

0-1cm 4,5 17,5 23,3 4,4 0,1 7,8 17,7 30,4 212,0 36,0 2,9 13,5 49,6 36,9 44,3 777,2

1-2cm 4,6 17,3 22,6 4,4 0,1 7,6 16,5 28,4 199,0 37,0 2,8 13,3 49,0 37,7 49,2 732,9

2-3cm 4,7 16,7 22,4 4,2 0,2 7,4 16,8 28,9 198,0 39,0 2,6 13,0 48,8 38,2 119,7 683,8

3-5cm 4,7 16,6 21,8 3,8 0,2 7,6 16,3 28,0 198,0 36,0 2,8 13,1 48,5 38,4 218,8 564,1

5-10cm 4,8 16,8 20,2 3,4 0,2 7,4 16,4 28,1 198,0 37,0 2,9 12,8 48,3 38,9 51,8 345,3

10-15cm 4,8 14,2 18,1 3,9 0,2 6,7 13,2 22,8 179,0 35,0 2,6 11,4 50,3 38,3 110,2 293,5

15-20cm 4,8 12,3 15,5 3,2 0,3 6,3 7,8 13,4 156,0 34,0 2,4 10,3 52,8 36,9 61,0 183,3

20-25cm 4,7 9,9 12,4 2,5 0,9 7,0 5,5 9,4 158,0 37,0 2,7 9,9 58,0 32,1 23,6 122,3

25-40cm 4,7 6,7 9,6 2,9 1,5 6,6 4,9 8,4 102,0 47,0 3,2 9,0 61,5 29,5 98,6 98,6

Mediana 4,7 16,6 20,2 3,8 0,2 7,4 16,3 28,0 198,0 37,0 2,8 12,80 49,6 37,7

Média 4,7 14,2 18,4 3,6 0,4 7,1 12,8 22,0 177,8 37,6 2,8 11,81 51,8 36,3

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4

Perfil-P5 (XAPURI)/QUIMICA FISICA 137

Cs

CAMADAS pH Ca Ca+Mg Mg Al H+Al C,0rg, MO K Na P Areia Argila Silte Bq m-2

Fluxo Bq m

-2

Água Cmolc/dm3 g/Kg mg/dm3

%

0-1cm 5,8 11,0 13,7 2,7 0,1 3,7 31,2 53,0 131,0 5,0 11,2 9,9 47,2 42,9 3,4 487,2

1-2cm 5,5 8,8 11,4 2,6 0,1 4,0 29,6 50,3 93,0 4,0 6,4 14,7 43,1 42,2 16,7 483,7

2-3cm 5,4 7,8 9,8 2,0 0,1 4,0 21,0 35,7 74,0 4,0 5,4 17,7 40,0 42,3 36,1 467,0

3-5cm 5,2 9,2 13,2 4,0 0,1 4,5 19,5 33,1 98,0 5,0 6,5 27,3 26,2 46,5 87,7 430,8

5-10cm 4,6 8,9 15,1 6,2 1,0 5,6 9,3 15,7 119,0 14,0 10,5 14,0 38,9 47,1 127,0 343,1

10-15cm 4,7 9,5 16,2 6,7 0,8 5,9 8,8 14,9 128,0 10,0 10,5 13,0 40,4 46,6 74,6 216,0

15-20cm 4,6 9,5 16,3 6,8 1,0 6,1 7,0 11,9 116,0 11,0 9,9 17,2 40,7 42,1 6,5 141,4

20-25cm 4,6 9,0 15,8 6,8 1,0 5,6 6,3 10,8 104,0 10,0 9,9 15,6 41,7 42,7 17,9 134,8

25-40cm 4,6 8,8 15,9 7,1 1,5 6,6 5,8 9,9 115,0 12,0 9,0 15,7 43,6 40,7 116,8 116,8

Mediana 4,7 9,0 15,1 6,2 0,8 5,6 9,3 15,7 115,0 10,0 9,9 15,60 40,7 42,7

Média 5,0 9,2 14,3 5,1 0,6 5,2 14,8 25,1 109,3 8,5 8,9 16,07 40,2 43,5

Perfil-P6 (EPITACIOLÂNDIA)/QUIMICA FISICA 137

Cs

CAMADAS pH Ca Ca+Mg Mg Al H+Al C,0rg, MO K Na P Areia Argila Silte Bq m-2

Fluxo Bq m

-2

Água Cmolc/dm3 g/Kg mg/dm3

%

0-1cm 5,9 8,7 10,6 1,9 0,0 2,6 27,2 46,3 94,0 4,0 10,4 53,1 6,3 40,6 * *

1-2cm 5,5 8,1 9,1 1,0 0,05 2,7 18,3 31,1 55,1 3,0 4,3 48,7 12,2 39,1 22,7 473,5

2-3cm 5,2 6,2 7,5 1,2 0,05 3,2 13,6 23,1 46,0 3,0 3,5 49,0 12,2 38,8 43,8 450,8

3-5cm 4,6 5,5 6,5 1,0 0,05 3,4 7,7 13,2 43,0 3,0 3,5 50,7 11,0 38,3 64,5 407,0

5-10cm 4,4 3,7 4,6 0,8 0,10 3,4 6,8 11,5 33,2 2,0 1,7 49,2 12,1 38,7 40,7 342,5

10-15cm 4,3 3,0 4,1 1,1 0,15 3,2 5,6 9,5 26,1 3,0 0,8 47,3 13,0 39,7 55,1 301,8

15-20cm 4,1 2,6 3,2 0,6 0,40 3,0 4,2 7,2 20,3 2,0 0,7 46,7 15,2 38,1 81,3 246,6

20-25cm 4,1 2,7 3,6 0,8 0,75 3,1 3,4 5,7 19,0 2,0 0,3 46,0 16,8 37,2 19,8 165,3

25-40cm 4,1 2,7 3,6 0,8 1,15 3,3 2,3 3,9 17,0 2,0 0,3 45,9 20,0 34,1 145,5 145,5

Mediana 4,4 3,8 4,6 1,0 0,1 3,3 6,8 11,6 33,0 3,0 1,7 48,70 12,2 38,7 Média 4,7 4,8 5,9 1,0 0,3 3,1 9,9 16,9 39,2 2,7 2,8 48,51 13,2 38,2

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