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Gerenciamento de riscos na Construção civil: saúde e segurança do trabalhador Dezembro/2015 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/2015 dez/2015 1 Gerenciamento de riscos na Construção civil: saúde e segurança do trabalhador Gedean Jaderson Cardoso de Jesus - [email protected] Gestão de Projetos em Engenharia e Arquitetura Instituto de Pós-Graduação - IPOG Manaus, Am, 17 de Abril de 2015 Resumo O setor da construção civil destaca-se pelo alto nível de acidentes de trabalho, isso ocorre por contratar mão de obra não qualificada, alta rotatividade e suas condições de trabalho. Trazendo a necessidade das empresas utilizarem novas abordagens de gerenciamento de risco e segurança do trabalho, para a melhoria da produtividade e diminuição dos custos e tempo de entrega do serviço. Por isso o objetivo deste trabalho é analisar as etapas do gerenciamento de riscos na construção civil relacionada à saúde e segurança do trabalhador. E como objetivos específicos adotaram-se: identificar os riscos inerentes da construção civil aos trabalhadores; elaborar uma análise dos efeitos dos riscos a saúde e a segurança do trabalhador e realizar um plano de controle através de ferramentas de segurança do trabalho. Palavras-chave: Construção civil; gerenciamento de risco; segurança do trabalho. 1. Introdução No Brasil a construção civil destaca-se pelo alto nível de acidentes de trabalho, isso ocorre pela sua alta rotatividade, suas condições de trabalho e a contratação de trabalhadores de baixo nível de qualificação. Pode-se dizer que o canteiro de obra por si só já é uma área de risco, contendo ferramentas e máquinas que exige procedimentos de execução para serem manuseados e por falta de consciência dos riscos envolvidos faz com que muitos trabalhadores realizem os procedimentos sem um prévio treinamento, não tomando as devidas precauções para se evitar acidentes ou doenças do trabalho. Dentro deste contexto as empresas das construções civis estão à procura de meios para amenizar acidentes, através do gerenciamento de risco e segurança do trabalho. O gerenciamento de risco são procedimentos adotados para controlar os riscos e mitigar seus efeitos, são parte desse gerenciamento a identificação, análise e controle. Conforme Cruz (2005), a gerência de riscos pode ser definida como a ciência, a arte e a função que visa à proteção dos recursos humanos, materiais e financeiros de uma empresa, no que se refere à supressão, redução ou ainda financiamento dos riscos, caso seja economicamente viável.

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Gerenciamento de riscos na Construção civil: saúde e segurança do trabalhador Dezembro/2015

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/2015 dez/2015

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Gerenciamento de riscos na Construção civil: saúde e segurança do

trabalhador

Gedean Jaderson Cardoso de Jesus - [email protected]

Gestão de Projetos em Engenharia e Arquitetura

Instituto de Pós-Graduação - IPOG

Manaus, Am, 17 de Abril de 2015

Resumo

O setor da construção civil destaca-se pelo alto nível de acidentes de trabalho, isso ocorre

por contratar mão de obra não qualificada, alta rotatividade e suas condições de trabalho.

Trazendo a necessidade das empresas utilizarem novas abordagens de gerenciamento de

risco e segurança do trabalho, para a melhoria da produtividade e diminuição dos custos e

tempo de entrega do serviço. Por isso o objetivo deste trabalho é analisar as etapas do

gerenciamento de riscos na construção civil relacionada à saúde e segurança do

trabalhador. E como objetivos específicos adotaram-se: identificar os riscos inerentes da

construção civil aos trabalhadores; elaborar uma análise dos efeitos dos riscos a saúde e a

segurança do trabalhador e realizar um plano de controle através de ferramentas de

segurança do trabalho.

Palavras-chave: Construção civil; gerenciamento de risco; segurança do trabalho.

1. Introdução

No Brasil a construção civil destaca-se pelo alto nível de acidentes de trabalho, isso ocorre

pela sua alta rotatividade, suas condições de trabalho e a contratação de trabalhadores de

baixo nível de qualificação. Pode-se dizer que o canteiro de obra por si só já é uma área de

risco, contendo ferramentas e máquinas que exige procedimentos de execução para serem

manuseados e por falta de consciência dos riscos envolvidos faz com que muitos

trabalhadores realizem os procedimentos sem um prévio treinamento, não tomando as devidas

precauções para se evitar acidentes ou doenças do trabalho.

Dentro deste contexto as empresas das construções civis estão à procura de meios para

amenizar acidentes, através do gerenciamento de risco e segurança do trabalho. O

gerenciamento de risco são procedimentos adotados para controlar os riscos e mitigar seus

efeitos, são parte desse gerenciamento a identificação, análise e controle. Conforme Cruz

(2005), a gerência de riscos pode ser definida como a “ciência, a arte e a função que visa à

proteção dos recursos humanos, materiais e financeiros de uma empresa, no que se refere à

supressão, redução ou ainda financiamento dos riscos, caso seja economicamente viável”.

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Por isso o objetivo geral dessa pesquisa é analisar as etapas do gerenciamento de riscos na

construção civil relacionada à saúde e segurança do trabalhador. E como objetivos específicos

adotaram-se: identificar os riscos inerentes da construção civil aos trabalhadores; elaborar

uma análise dos efeitos dos riscos a saúde e segurança do trabalhador e realizar um plano de

controle através de ferramentas de segurança do trabalho.

Nota-se que as empresas que aplicam o gerenciamento de riscos minimizam os acidentes de

trabalho, os desperdícios de matérias, os custos e o tempo de entrega das obras. Versuh (2000)

confirma que o gerenciamento de risco “é o trabalho principal de um gerenciamento de

projetos e que as técnicas adotadas reduzem os riscos de atrasos e extrapolar o orçamento

proposto, assegurando a qualidade final do produto. Elevando as suas chances de sucesso”.

Por isso essa pesquisa limita-se: a buscar os conhecimentos de gerenciamento de riscos de

obras empreitadas de construção civil na literatura; descrever as práticas utilizadas para o seu

gerenciamento de riscos; Apresentar as principais técnicas e ferramentas e a segurança tratada

nessa pesquisa referem-se aos procedimentos necessários para evitar acidentes que pode trazer

consequências para as empresas.

2. Definição e conceitos

2.1 Riscos

Segundo a OHSAS 18.001 (2007), risco “é a combinação da probabilidade de ocorrência de

um evento perigoso ou exposição com a gravidade da lesão ou doença que pode ser causada

pelo evento ou exposição.” A OHSAS dividiu o risco em três interpretações:

Risco Aceitável: risco que foi reduzido a um nível que pode ser tolerado pela

organização, levando em consideração suas obrigações legais e sua própria política

de saúde e segurança do trabalho.

Risco Potencial: está associado ao fato de a resistência do corpo, eventualmente

atingido, ser inferior a uma determinada energia (causadora de acidente, por

exemplo).

Risco Efetivo: é a probabilidade de o homem estar exposto a um risco potencial

(OHSAS 18.001, 2007).

Michaelis (2002) entende como risco a “possibilidade de perigo, incertos, mas previsíveis,

que ameaçam de dano à pessoa ou coisa”.

Ruppenthal (2013) define risco como “a possibilidade de um evento adverso possa afetar

negativamente a capacidade de uma organização para alcançar seus objetivos.” Ruppenthal

classifica risco em:

Hazard: condições de uma variável com potencial necessário para causar danos

como lesões pessoais, danos a equipamentos e instalações, danos ao meio-ambiente,

perda de material em processo ou redução da capacidade de produção.

Risk: expressa uma probabilidade de possíveis danos de um período específico de

tempo ou número de ciclos operacionais, podendo ser indicado pela probabilidade

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de um acidente multiplicado pelo dano em valores monetários, vidas ou unidades

operacionais.

Incerteza: quanto à ocorrência de um determinado acidente (RUPPENTAL, 2013).

A NR 9 considera “riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos

ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo

de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.” A NR define:

Os agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os

trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas

extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o

ultrassom.

Os agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no

organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas,

gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter

contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Os agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus,

entre outros.

Além dos agentes físicos, químicos e biológicos a NR 17 inclui como um agente dos riscos

ambientais os riscos ergonômicos. USP (2007) considera agentes ergonômicos “como

condições que interferem no conforto do trabalhador, podendo causar doenças e/ou lesões.”

Classificando-o como sendo: esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de

peso, exigência de postura inadequada, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos

excessivos, trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e

repetitividade e outras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico.

De acordo com Zarpelon et. al. (2008) os riscos de acidentes ou mecânicos “ocorrem

imediatamente após o contato entre o agente e o trabalhador, no qual o nexo entre a causa e o

efeito é relativamente fácil”.

2.2. Acidente de trabalho

A lei n 8.213/91 define acidente de trabalho no seu art.19:

“Acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da

empresa, ou ainda, pelo serviço de trabalho de segurados especiais, provocando

lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da

capacidade para o trabalho, permanente ou temporária”.

Acidente de Trabalho “é aquele que ocorre durante o exercício do trabalho, que provoca lesão

corporal ou perturbação funcional que causa a morte, perda ou redução permanente ou

temporária da capacidade para o trabalho” (MENDES, 2002). O autor equipara a acidente os

casos ocorridos no percurso (casa-trabalho-casa) e no local de refeição.

Para Ayres e Correa (2001) o acidente de trabalho “é uma ocorrência não programada,

inesperada ou não, que interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade

ocasionando perda de tempo e/ou lesões nos trabalhadores e/ou danos materiais.”

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Opitz e Opitz (1988) dividem em cinco grupos os fatores que podem causar acidentes de

trabalho:

(i) acidentalidade, quando há a predisposição (entendida como conjunto de

circunstâncias) da pessoa sofrer um acidente, mais do que os demais colegas ou

profissionais que executem a mesma tarefa; (ii) idade e antiguidade profissional,

quando o profissional não tem a mesma experiência dos mais velhos e, por isso, se

expõem aos riscos; (iii) aptidão profissional – quando há instrução e treinamento, a

possibilidade de erros diminui drasticamente; (iv) influência social – quando o grupo

social que rodeia o trabalhador, ou mesmo causas psicológicas e emocionais, afeta o

comportamento do trabalhador, que se expõe mais aos acidentes; e (v) os fatores

ambientais.

3. Gerenciamento de risco

Ruppenthal (2013) define gerência de riscos “como uma metodologia que visa aumentar a

capacidade de uma organização em prever, priorizar e superar obstáculos para obter a

realização de suas metas.” A autora enfatiza que além de a gerência de risco atuar na proteção

dos recursos humanos, materiais e financeiros da empresa, ela preocupa-se também, nas

consequências de eventos.

O gerenciamento de risco consiste “no planejamento, identificação, análise, respostas,

monitoramento e controle dos riscos em um projeto”, e tem como objetivo maximizar a

probabilidade e o impacto dos eventos positivos e minimizar a probabilidade e o impacto dos

eventos negativos projeto. (PMBOK-PMI, 2004).

Para Gonçalves (2000) a Gestão de Riscos pode ser definida como “a aplicação sistemática de

estratégias, procedimentos e práticas com o objetivo de identificar os perigos e analisar,

avaliar e controlar os riscos de acidentes”.

Souza (2015) confirma que a gerência de riscos “é a ciência, a arte e a função que visa à

proteção dos recursos humanos, materiais e financeiros de uma empresa, quer através de

financiamento dos riscos remanescentes, conforme seja economicamente mais viável.”

O gerenciamento de risco pode ser entendido como a utilização dos recursos

humanos, materiais, financeiros e tecnológicos de forma preventiva com objetivo de

evitar acidentes que possam causar danos à saúde dos trabalhadores e impactos

ambientais, sendo necessária identificação dos riscos, planejamento de ações de

bloqueio, ações preventivas, controle e monitoramento e análise crítica para

melhoria continua e aprendizado. (CALIXTO, 2013).

Morano (2003) constatou em seus trabalhos metodologias de gerenciamento de risco e as dividiu

em: identificação, análise ou avaliação, ações de prevenção e controle ou monitoramento.

3.1. Identificação dos riscos

“Conforme Ruppenthal a identificação de riscos “é o processo do qual as situações de risco de

acidentes são analisadas de forma contínua e sistemática.” O autor expõe que o gerenciamento

de riscos e o controle de perdas, podem ser realizados por meio de fatores: tecnológicos,

econômicos e sociais. Definidos respectivamente a seguir:

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Os fatores tecnológicos estão relacionados ao desenvolvimento de processos mais

complexos, como o uso de novos materiais e substâncias e de condições

operacionais, como pressão e temperatura, consideravelmente mais severas.

Os fatores econômicos relacionam-se com o aumento da escala das plantas, o

aumento da produtividade e a permanente redução dos custos.

A relevância dos fatores sociais está relacionada à proximidade de concentrações

demográficas, assim como com uma organização comunitária fortemente

preocupada com questões ambientais e de segurança. (RUPPENTHAL, 2013)

Para Melo Júnior (2007), as atividades do canteiro de obras e a falta de gerenciamento das

atividades levam como consequência os acidentes de trabalho, sendo os acidentes de maior

ocorrência: as condições inseguras, choques, queda de nível, mau uso das máquinas ou falta

de proteção das mesmas, irregularidades nas proteções de poços de elevadores e de periferias

de lajes, ausência de sinalização, não seguimento das normas de segurança.

Os riscos físicos encontrados na construção civil são: ruído, vibração, radiações ionizantes e

radiações não ionizantes que surgem nas operações de máquinas e equipamentos para a

realização das tarefas. No quadro abaixo podem-se identificar os riscos físicos, a sua fonte e

suas consequências a saúde do trabalhador.

Agentes de

Risco Fonte de Emissão

Possíveis Consequências à Saúde dos

Trabalhadores

Ruído

Máquinas e equipamentos: Bate-estaca,

Betoneira, Bomba de concreto, Bomba de

drenagem, Caminhão, Compactador,

Compressor de ar, Elevador de cargas e de

passageiros, Esmerilhadeira, Ferramenta de

fixação à pólvora, Grua, Guincho de coluna,

Lixadeira para piso, Máquina de furar portátil,

Martelete, Pá Carregadeira, Policorte,

Retroescavadeira, Rompedor, Serra circular de

mesa e manual, Serra de material cerâmico,

Vibrador, etc. Neste rol incluem-se também

todos os equipamentos pesados utilizados na

movimentação de terra.

Diminuição da audição temporária ou persistente,

surdez, zumbidos.

Como efeitos gerais: perturbações funcionais nos

aparelhos nervosos, digestivos e

cardiocirculatórios.

Vibração Máquinas e equipamentos elétricos, à

combustão e pneumáticos.

Localizadas (mãos e braços):

Dor, formigamento e diminuição da sensibilidade

das mãos, dedos e antebraço. As mãos podem

ficar arroxeadas e úmidas, com aparecimento de

pequenas necroses na pele. Podendo ainda

provocar alterações nos vãos do coração e do

cérebro.

De corpo inteiro:

Problemas na região dorsal e lombar,

gastrointestinais, sistema reprodutivo, desordens

nos sistema visual.

e vestibular, problemas nos discos intervertebrais

e degenerações da coluna vertebral.

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Calor

Trabalho a céu aberto; trabalho em locais

confinados, operação de soldagem e corte a

quente, operação de caldeira

(impermeabilização a quente).

Fadiga precoce, prostração térmica, câimbras de

calor, desconforto, insolação, intermação e

desidratação.

Radiação

ionizante

Gamagrafia industrial6 (análise de estruturas

de concreto, verificação da integridade de

soldas e estruturas metálicas).

Alterações na pele, nos órgãos formadores de

sangue, esterilidade masculina e feminina, câncer,

catarata, osteossarcoma e carcinoma dos seios da

face, leucemia.

Radiação não

ionizante

Operações de soldagem elétrica e

oxiacetilênica.

Queimaduras, lesões nos olhos, na pele e em

outros órgãos.

Pressões

anormais

Trabalho em tubulão pressurizado, mergulho e

em elevadas altitudes.

Hiperbárica (acima de 760 mmHg):

Barotrauma, Embolia traumática pelo ar,

Embriaguez das profundidades.

Hipobárica (abaixo de 760 mmHg):

Taquipnéia, alcalose respiratória, tonturas,

vertigens, enjoo.

Quadro 1 – Identificação dos riscos físicos

Fonte: Adaptado da USP (2006) e SENAI (1994).

Os riscos químicos encontrados na construção civil são derivados de manipulações das

matérias-primas, as quais são transformadas ou passam por processos que modificam a sua

natureza. Como no caso do cimento que é um produto o qual pode afetar a saúde do

trabalhador em seu estado natural (poeiras alcalinas) ou após sua preparação e aplicação.

Podendo provocar dermatoses quando entra em contato com a pele.

Agentes de Risco Fonte de Emissão Possíveis Consequências à Saúde dos

Trabalhadores

Poeiras Insolúveis Não

Classificados de outra

Maneira – PNOS10

Corte de vergalhões de aço. Pneumoconioses benignas11.

Poeiras Alcalinas

Cal e cimento. Doenças pulmonares crônicas, dermatite,

urticária, conjuntivite, inchaço das

membranas, espirro, dificuldade de

respirar, bronquite e asma.

Poeiras Minerais

Acabamentos em concreto e pedras

ornamentais, carga e descarga de areia,

pedra e outros materiais, corte de paredes,

estruturas, pisos cerâmicos, pedras

ornamentais e telhas cerâmicas e de

amianto, demolição, fibra de vidro,

grandes movimentações de terra, limpeza

do canteiro de obra a seco com vassouras e

pás, preparação de massa de cimento e

argamassas, rejuntamento de pisos e

azulejos, remoção dos resíduos do canteiro

de obra, etc.

Fibroses (Silicose e Asbestose), Bronquite,

Asma, Câncer e Efeitos Sistêmicos.

Poeiras Vegetais Corte e lixamento de madeira. Renite alérgica e Adenocarcinomas.

Fumos Metálicos Operações de corte e soldagem a quente. Doença pulmonar obstrutiva, febre dos

fumos metálicos e intoxicação específica

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de acordo com o metal.

Produtos Químicos

Ácido muriático e clorídrico, aguarrás,

argamassas, desformantes, massa plástica,

massa de cimento, premer, resinas epóxi,

seladora, thiner, tintas, verniz, etc.

Obs.: muito desses produtos têm em sua

composição hidrocarbonetos alifáticos e

aromáticos.

Dermatite Irritativa de Contato – DIC;

Dermatite Irritativa de Contato Forte –

DICF; Dermatite Alérgica de Contato –

DAC (cimento e solventes), intoxicações,

reações inflamatórias na pele e na via

respiratória superior, lesões na mucosa dos

olhos, contaminação por via digestiva,

câncer: fígado e rins, redução dos glóbulos

vermelhos (hidrocarbonetos), lesões no

sistema nervoso central.

Gases, névoas e

vapores

Armazenamento inadequado de produtos

químicos, operações de corte e soldagem a

quente, pintura a revólver, produtos

químicos que podem evaporar quando

expostos à temperatura ambiente, trabalhos

em locais confinados, etc.

Efeitos Asfixiantes: provoca dor de

cabeça, náuseas, vômitos, sonolência,

convulsões, coma e morte.

Efeitos Irritantes: provoca irritação das

vias aéreas superiores, pele e mucosa dos

olhos.

Efeitos Anestésicos: provocam ação

depressiva sobre o sistema nervoso, danos

aos diversos órgãos do corpo (rins e

fígado) e ao sistema formador do sangue.

Efeitos Sistêmicos: não provocam danos

aos pulmões, mas em órgãos e sistemas do

corpo.

Efeitos Sensibilizantes: aumento da

probabilidade de asma ocupacional

Quadro 2 – Identificação dos riscos químicos

Fonte: Adaptado da USP (2006) e SENAI (1994).

Quanto aos riscos biológicos vale salientar a preocupação com a limpeza e higiene das áreas

de vivência (instalações sanitárias, locais para refeição, alojamento e vestiário), pois uma

simples poça d’água pode proliferar o mosquito transmissor da dengue e levar a adoecer

vários trabalhadores. No quadro a seguir estão relacionados os Agentes Biológicos que podem

estar presentes nos canteiros de obras, bem como sua fonte de emissão e quais doenças podem

afetar à saúde dos trabalhadores.

Agentes de Risco Fonte de Emissão Possíveis Conseqüências à

Saúde dos Trabalhadores

Bacilos, Bactérias,

Fungos,

Protozoários,

Parasitas, Vírus.

Ambulatório médico, água contaminada, trabalhos em

esgotos, área de vivência sem higienização

(alojamento, banheiro, refeitório e vestiário), animais

no canteiro de obra, ausência de acondicionamento e

tratamento do lixo (restos de comida e materiais

contaminados), reservatório de água descoberto, água

parada no canteiro de obra, trabalhadores doentes no

canteiro ou no alojamento, trabalhos próximo de

florestas e matas, trabalhos em efluentes e saneamento

básico.

Tuberculose, Brucelose,

Cólera, Conjuntivite, Diarréia,

Doença de Chagas, Gripe,

Hepatite, Infecções Intestinais,

Leptospirose, Tifo, Malária,

Febre Amarela, Dengue,

Solitária e Esquistossomose.

Quadro 3 – Identificação dos riscos químicos

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Fonte: Adaptado por SENAI (1994)

Para os agentes ergonômicos os canteiros de obras apresentam patologias da coluna, no qual o

carregamento de materiais e os trabalhos em altura são importantes fatores de traumas

vertebrais, um pela postura indevida e pelo excesso de peso; outro pelo impacto em caso de

queda.

Dentre as doenças ergonômicas temos as provocadas por esforços repetitivos denominadas

LER/DORT – Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbio Osteosmusculares Relacionados

ao Trabalho. Causando sintomas como: dor, parestesia, sensação de peso, fadiga de

aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores, mas podendo acometer

membros inferiores. Entidades neuro-ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites,

compressões de nervos periféricos, síndromes miofaciais, podem ser identificadas ou não. As

regiões cervical e lombar e os membros superiores são os locais mais frequentemente

comprometidos, mas estes distúrbios podem ocorrer em qualquer parte do sistema

osteomuscular.

Figura 1- Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com a sua natureza e a

padronização das cores correspondentes

Fonte: Tabela I do Anexo à Portaria n° 25 (Brasil, 1994)

Acima pode-se ver os riscos conforme os agentes, no quadro a seguir será visto os tipos de

riscos na execução de tarefas, as possíveis atividades e a probabilidade de ocorrência.

Riscos Atividades Probabilidade de

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ocorrência

B M A

Queda de altura

a) Tarefas inerentes à execução dos elementos estruturais

b) Tarefas inerentes à execução da cobertura do edifício

c) Tarefas inerentes à execução de alvenarias,

d) Revestimentos

X X

Soterrateamento a) Escavação (fundações do edifício)

b) Demolições X

Queda de Objetos e de

materiais

a) Demolições

b) Tarefas inerentes à execução dos elementos estruturais

c) Tarefas inerentes à execução da cobertura do edifício

d) Tarefas inerentes à execução de alvenarias,

e) Revestimentos

X X

Dermatoses (Ação do cimento)

e carcinoma (utilização de óleo

descorante)

a) Tarefas inerentes à execução dos elementos estruturais

b) Tarefas inerentes à execução da cobertura do edifício

c) Tarefas inerentes à execução de alvenarias,

d) Revestimentos

X X

Quadro 4 – Riscos na construção civil

Fonte: PSS fase de Projeto (2009)

Riscos Atividades

Probabilidade de

ocorrência

B M A

Eletrocussão Montagem e colocação em serviço das instalações elétricas e do

equipamento eletromecânico. X

Queda de altura Montagem e colocação em serviço das instalações elétricas e do

equipamento eletromecânico

Entalamento Carga, descarga e montagem do equipamento eletromecânico

pesado. X

Esmagamento Carga, descarga e montagem dos equipamentos

eletromecânicos pesados. X

Quadro 5– Riscos nos equipamentos da construção civil

Fonte: PSS fase de Projeto (2009)

3.2Análise/Avaliação de risco

A avaliação de riscos consiste em ser uma das principais atividades do setor de segurança do

trabalho, e a indicação das medidas mais adequadas para prevenção também faz parte da

avaliação (BERKENBROCK e BASSANI, 2010).

De acordo com Santafé Júnior a análise de risco “identifica as ferramentas que podem ser

utilizadas para avaliação e tratamento de risco, permitindo que estas atividades sejam

realizadas com um elevado nível de profissionalismo”.

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O Portal da Construção resume o processo de análise de riscos no trabalho do seguinte modo:

Identificar os perigos – determinar com um elevado nível de certeza as

condicionantes que poderão colocar em risco a segurança do(s) trabalhador (es);

Quantificar os riscos – estimar a quantidade de riscos e, em caso de acidente, as

consequências que terão;

Determinar o risco aceitável – depois de definidos quais os riscos, decidir quais são

os que, mesmo existindo, têm probabilidade muito reduzida de se concretizarem;

Definir a estratégia para a gestão do risco – escolher um método que permita gerir da

melhor forma os riscos existentes. (O PORTAL DA EDUCAÇÃO, 2015)

Técnicas de análise de riscos são métodos capazes de fornecer elementos visíveis para

fundamentar o processo de decisão de redução de riscos e perdas, podendo ser aplicadas em

diversas situações produtivas, pois um indivíduo sozinho não consegue controlar os riscos de

sua atividade (PATRICIO, 2013).

Ponzetto (2002) a avaliação de risco deve incluir as seguintes etapas: identificação de perigos

e de trabalhadores potencialmente expostos a riscos resultantes desses perigos; estimativa

qualitativa e quantitativa do risco; estudo da possibilidade de eliminar o risco; verificação da

necessidade de tomar novas medidas para prevenir ou reduzir o risco, no caso de não ser

possível eliminá-lo.

Stavrianidis& Bhimavarapu (2000) apud Morano (2003) subdividiu a análise de riscos

aplicadas ao planejamento e programação de projetos da construção civil em qualitativas,

quantitativas e quali-quantitativas. E as definiu da seguinte forma:

Técnicas Qualitativas são aquelas que se baseiam na experiência e no conhecimento

adquirido dos membros da organização, e dos especialistas no assunto, para

identificar os eventos de risco e avaliar a probabilidade e consequências destes.

Técnicas Quantitativas são aquelas que se baseiam na quantificação e identificação

dos riscos associados ao seu impacto, estimando a probabilidade da sua ocorrência.

Técnicas Qualitativas e Quantitativas são aquelas que não somente se baseia na

experiência, mas também na análise quantitativa dos dados obtidos.

(STAVRIANIDIS& BHIMAVARAPU apud MORANO, 2003).

Cooper et al. (2005) também subdivide a análise de riscos em três maneiras: através da análise

qualitativa, da análise semi-quantitativa ou através da análise quantitativa de riscos. O autor

define a escala qualitativa de riscos ordenada em cinco escala, cada uma associada a uma

descrição, a um intervalo e a uma justificativa de acordo com a figura a seguir.

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Figura 2- Escala de Probabilidade de Ocorrência do Risco

Fonte: Adaptado de Cooper et al. (2005)

Para Cicco (2002) a técnica de análise qualitativa utiliza palavras ou escalas explicativas para

descrever a amplitude das consequências potenciais e a probabilidade dessas consequências

ocorrerem. Essas escalas podem ser adaptadas ou ajustadas de acordo com as circunstâncias.

3.3. Controle dos riscos

O monitoramento e controle dos riscos “é o processo de identificar novos riscos, controlar os

riscos identificados, analisar os riscos existentes, monitorar as condições de ataque de planos

emergenciais e riscos residuais, rever e avaliar a execução das respostas aos riscos” (PMI,

2004)

Santafé Junior (2015) relata que após a identificação, análise/avaliação e classificação dos

riscos, realiza-se a identificação das formas possíveis de se tratar os riscos, determinando-se

então o tratamento adequado para os mesmos, buscando:

a) Evitar a consumação do risco

b) Reduzir as possibilidades para que o risco se consuma

c) Assumir o risco por auto adoção

d) Transferir o risco a terceiros

e) Contratar seguros

Através dos riscos identificados no capítulo anterior pode-identificar os principais tipos de

EPI que deverão ser utilizados em obra, tal como se indica no quadro abaixo.

Riscos Parte do corpo a proteger EPI

Queda de Objetos Cabeça Capacete de Proteção

Entalamento Pés e Pernas Botas de Segurança

Ruído Ouvidos Proteções Auriculares

Queda em Altura Corpo Inteiro Cintos de Segurança

Intoxicação por tintas Vias Respiratórias Máscara Filtrante

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Óculos de Proteção

Dermatoses Mãos Luvas de proteção

Carcinoma Vias Respiratórias Máscara Filtrante

Óculos de Proteção

Acidentes Rodoviários Corpo Inteiro Vestuário e Acessórios Florescentes de

Sinalização

Quadro 6 – Riscos nos equipamentos da construção civil

Fonte: PSS fase de Projecto (2009)

Souza et. al (2005) expõe na tabela a seguir que podemos tomar algumas medidas para

eliminar ou minimizar o impacto que o agente físico causam sobre o trabalhador. Agente Físico Medidas Preventivas

Ruído

a) Treinamento dos trabalhadores;

b) Sinalização e limitação ao acesso do local com alto índice de ruído;

c) Exames audiométricos;

d) Barreiras acústicas;

e) Limitação do tempo de exposição do trabalhador ao local;

f) Rotatividade nos postos de trabalho;

g) Utilização de protetores auricular.

Vibração

a) Adoção de métodos de trabalho alternativo que permitam a redução da exposição a

vibrações mecânicas;

b) Escolha de equipamento adequado;

c) Concepção e disposição ajustada dos locais e postos de trabalhos;

d) Informação e treinamento adequados dos trabalhadores;

e) Limitação da duração e da intensidade de exposição;

f) Vigilância médica adequada;

g) Horário de trabalho adequado, com períodos de repouso frequentes.

Térmico

a) Alteração de layout;

b) Implementação de sistemas de ventilação;

c) Implementação de turnos com menor carga horária em situações onde ocorre a

exposição a ambientes hostis;

d) Adoção de medidas de proteção coletiva (como enclausuramento ou arrefecimento de

máquinas) e ou medidas de proteção individual (viseiras, vestuário térmico especial).

Radiação e

ionização

a) Treinamento e informação dos trabalhadores;

b) Medidas limitativas de exposição às radiações;

c) Organização da vigilância física e médica;

d) Organização e manutenção de processos e registros adequados;

e) Implementação de sinalização de segurança;

f) Planificação da eliminação e armazenamento dos resíduos radioativos.

Quadro 7 – Controle dos riscos químicos

Fonte: Souza et. al. (2005)

Nos quadros 8 e 9 Souza et.al. (2005) definiu medidas preventivas aos agentes químicos e

biológicos respectivamente.

Agente Medidas preventivas

Químico a) Equipamento de proteção individual;

b) Treinamento e informação dos trabalhadores;

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c) Organização da vigilância física e médica;

d) Organização e manutenção de processos e registros adequados;

e) Sinalização de segurança;

f) Limitação da duração e da intensidade de exposição;

g) Planificação da eliminação e armazenamento dos resíduos radioativos.

Quadro 8 – Controle dos riscos químicos

Fonte: Souza et. al. (2005)

Agente Medidas preventivas

Biológico

a) A rigorosa higiene dos locais de trabalho e dos trabalhadores;

b) Destruição destes agentes por processos de elevação da temperatura (esterilização) ou

uso de cloro;

c) Uso de equipamentos individuais de proteção para evitar contato direto com os

microrganismos;

d) Ventilação permanente e adequada;

e) Manutenção e limpeza dos sistemas de ventilação;

f) Manutenção e limpeza dos equipamentos de trabalho;

g) Controle médico constante;

h) Vacinação sempre que possível;

i) Treinamento e informação dos trabalhadores;

j) Sinalização de segurança.

Quadro 9 – Controle dos riscos biológicos

Fonte: Souza et. al. (2005)

No quadro 10 e 11 PSS fase de Projeto (2009) define os riscos mais frequentes no canteiro de

obra e suas medidas preventivas.

Riscos Medidas preventivas

Queda de altura

Utilização de guarda-corpos nas bordaduras da laje de cobertura e aberturas

nela existentes; colocação adequada de redes de proteção exterior; delimitação

de escavações com guardas ou com fitas sinalizadoras; execução adequada de

andaimes; correta utilização de escadas de mão; execução de coragens de

pilares e paredes incorporando nestas as respectivas plataformas de trabalho.

Queda ao mesmo nível Limpeza do canteiro de obra; arrumação ordenada dos materiais de construção

e equipamento de canteiro de obra.

Eletrocussão Identificação, sinalização e proteção das zonas de interferência com linhas

elétrica;

Intoxicação por tintas Utilização de tintas e vernizes não tóxicos; assegurar o arejamento dos locais de

respectiva aplicação.

Carcinoma Utilização de líquidos descorantes de origem vegetal; aplicação do líquido a “a

favor do vento”.

Inundação Identificação, sinalização e proteção das zonas de interferência com

infraestruturas de águas e esgotos.

Entalamento Definição das rotinas e organização das tarefas, por forma a reservar distâncias

de segurança entre os trabalhadores e máquinas.

Estabilização de fundações de

vias de acesso e/ou construções

existentes

Identificação das situações e execução prévia das obras de suporte e

estabilização que se imponham.

Acidentes Rodoviários Sinalização adequada da obra; minimização do tempo de intervenção junto de

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estradas e arruamentos.

Ruído

Utilização de equipamentos que respeitem as normas sobre o ruído; assegurar a

correta utilização e manutenção de equipamento; utilizar o equipamento

adequado a cada situação.

Quadro 10 – Medida preventivas dos riscos da construção civil

Fonte: PSS fase de Projeto (2009)

Riscos Medidas preventivas

Eletrocussão

No caso de trabalhos nas proximidades de Linhas Elétricas aéreas de A.T:

respeitar as distâncias de segurança recomendadas, promover

afastamentos específicos através da colocação de obstáculos com

bandeirolas de aviso, considerar a possibilidade de estabelecer percursos

alternativos para a movimentação de máquinas; caso não seja possível

utilizar percursos alternativos para a movimentação de máquinas,

identificar e sinalizar adequadamente, através da colocação de balizas

limitadoras de altura em ambos os lados do cruzamento com aquelas

linhas; evitar o armazenamento de materiais na proximidade ou por baixo

das linhas de A.T. No caso de trabalhos no âmbito da “Instalação Elétrica

no Canteiro de obra (incluindo a utilização dos equipamentos elétricos)”:

desvio, sinalização e proteção das zonas de interferência com linhas

elétricas existentes; considerar proteção diferencial de alta sensibilidade

nos quadros elétrico do canteiro de obra (nas condições de “canteiro de

obra molhado”); colocar o quadro geral em local acessível e sobrelevado

em relação ao terreno (com sinalização na parte exterior a indicar o

perigo de eletrocussão); não efetuar ligações ou arranjos provisórios, nem

modificar instalações elétricas; informar imediatamente qualquer

anomalia ou defeito de caráter elétrico ao chefe direto (ou ao eletricista

responsável); não deixar cabos em contacto com arestas vivas; proteger o

mais possível às canalizações elétricas contra riscos de esmagamento e

corte; proceder à substituição de todos os cabos danificados; manipular

com prudência as junções e as fichas; utilizar fichas e tomadas de

corrente normalizadas; retirar uma ficha de uma tomada puxando pela

ficha e não pelo cabo de alimentação.

Queda em altura Execução adequada de andaimes, correta utilização de escadas de mão.

Queda ao mesmo nível Limpeza do canteiro de obra arrumação ordenada dos materiais de

construção e equipamento de canteiro de obra

Entalamento Definição das rotinas e organização das tarefas, por forma a reservar

distâncias de segurança entre os trabalhadores e máquinas.

Ruído

Utilização de equipamentos que respeitem as normas sobre o ruído;

assegurar a correto utilização e manutenção de equipamento; utilizar o

equipamento adequado a cada situação.

Quadro 11 – Medida preventivas na fase acabamento da obra

Fonte: PSS fase de Projeto (2009)

Para a solução dos problemas ergonômicos na Indústria da Construção, propõem-se: que as

cargas tenham seus pesos limitados; escadas, rampas, bancadas e prateleiras passem por

manutenções constantes; que os cabos de segurança sejam utilizados como auxílio nos cintos

durante os procedimentos de carga e descarga de materiais e que a mecanização de alguns

processos pode apresentar algum alívio aos trabalhadores (PROTEÇÃO, 2007

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Conclusão

Nota-se que muitos acidentes de trabalho podem ser evitados se as empresas estiverem

empenhadas a desenvolverem um gerenciamento de risco e implementassem programas de

segurança e saúde do trabalhador, oferecendo educação e treinamento aos seus operários.

Sabe-se que no canteiro de obra existe riscos, sendo fundamental saber reconhecê-los e

identificâ-los para projetar medidas de controle para eliminá-los, neutralizá-los ou reduzi-los,

garantindo assim, a segurança e qualidade de vida no trabalho.

Os programas de segurança na construção civil tem que levar como prioridade a prevenção

dos acidentes graves e fatais relacionados com quedas de altura, soterramento, choque

elétrico, máquinas e equipamentos sem proteção, pois podem provocar acidentes fatais.

Pode-se observar a necessidade da qualificação e treinamento dos trabalhadores, pois devem

ser priorizados, com o objetivo de melhorar a produtividade e reduzir o número de acidentes

do trabalho.

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