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PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM UMA DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS TÊXTEIS E UTILIDADES LELAYNE DE ARAUJO DUTRA (UFRN) [email protected] Luize Fernandes de Asevedo (UFRN) [email protected] Maria Luiza Azevedo de Medeiros (UFRN) [email protected] Minashe Maria Selvam (UFRN) [email protected] Rodrigo Azevedo Beserra (UFRN) [email protected] A efetiva gestão dos resíduos de uma empresa garante tanto uma excelência de valores passados ao cliente, quanto uma redução de custos nas suas operações. O presente estudo visa à criação de um Plano de Gerenciamento dos Resíduos de uma emppresa distribuidora de produtos em atacado, localizada na região metropolitana de Natal- RN. Utilizou-se como fundamentos teóricos, principalmente conceitos sobre a Política de Gerenciamento dos Resíduos proposta por Piovezan e Carpinetti (1999) e suas ferramentas de apoio, como a técnica dos 3 R’s. A metodologia usada baseou-se nas análises qualitativas e quantitativas. Dentro desse contexto, o principal método utilizado baseou-se na coleta dos resíduos gerados pela empresa, com suas respectivas classificações e análise de riscos dos resíduos. A partir deste diagnóstico, foi criada uma Política de Gestão a ser implantada na empresa, sendo possível então averiguar a influência das pequenas e micro empresas na disseminação da Gestão dos Resíduos pela sociedade. Palavras-chaves: Gerenciamento de Resíduos, distribuidora de produtos, 3R’s XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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PLANO DE GERENCIAMENTO DE

RESÍDUOS SÓLIDOS EM UMA

DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS

TÊXTEIS E UTILIDADES

LELAYNE DE ARAUJO DUTRA (UFRN)

[email protected]

Luize Fernandes de Asevedo (UFRN)

[email protected]

Maria Luiza Azevedo de Medeiros (UFRN)

[email protected]

Minashe Maria Selvam (UFRN)

[email protected]

Rodrigo Azevedo Beserra (UFRN)

[email protected]

A efetiva gestão dos resíduos de uma empresa garante tanto uma

excelência de valores passados ao cliente, quanto uma redução de

custos nas suas operações. O presente estudo visa à criação de um

Plano de Gerenciamento dos Resíduos de uma emppresa distribuidora

de produtos em atacado, localizada na região metropolitana de Natal-

RN. Utilizou-se como fundamentos teóricos, principalmente conceitos

sobre a Política de Gerenciamento dos Resíduos proposta por

Piovezan e Carpinetti (1999) e suas ferramentas de apoio, como a

técnica dos 3 R’s. A metodologia usada baseou-se nas análises

qualitativas e quantitativas. Dentro desse contexto, o principal método

utilizado baseou-se na coleta dos resíduos gerados pela empresa, com

suas respectivas classificações e análise de riscos dos resíduos. A

partir deste diagnóstico, foi criada uma Política de Gestão a ser

implantada na empresa, sendo possível então averiguar a influência

das pequenas e micro empresas na disseminação da Gestão dos

Resíduos pela sociedade.

Palavras-chaves: Gerenciamento de Resíduos, distribuidora de

produtos, 3R’s

XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no

Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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1.1

2 INTRODUÇÃO

O modo de vida que a sociedade atual optou por seguir explora intensamente os recursos

naturais disponíveis, registrando um retorno significativo desses recursos à natureza. Surge

então, dentro desse contexto, a necessidade de desenvolver políticas ambientais e práticas que

visem a sustentabilidade, de modo a reduzir o impacto das nossas atividades no meio

ambiente.

De acordo Zevzikovas (2010), a cada dia a massa ou volume de lixo gerado pelas atividades

humanas vem crescendo de forma irreversível e independente da proporcionalidade do

aumento populacional do planeta. O Brasil não foge a regra mundial, em 2000 nossos quase

170 milhões de habitantes geravam algo em torno de 120 mil ton/dia, já em 2010 os quase

180 milhões de brasileiros chegam a uma geração de lixo superior a 140 mil ton/dia.

Diante das conseqüências desse mau uso dos recursos e das legislações legais que surgem a

cada dia, as indústrias, como grandes geradoras, passam a utilizar e implantar a gestão de

resíduos não apenas como uma estratégia preventiva, mas com vantagem competitiva e

diferencial no mercado.

Assim, o presente artigo busca realizar um plano de gerenciamento de resíduos em uma

pequena empresa de distribuição de produtos. Associado a esse objetivo geral, o estudo busca

i) Realizar um levantamento dos resíduos gerados; ii) Analisar e classificar os tipos de

resíduos gerado, assim como a forma e local de acondicionamento; iii) Realizar um estudo de

como deve se dar a gestão do resíduo baseado na redução, aproveitamento e eliminação e iv)

desenvolver um programa de educação ambiental.

Considerando tais proposições, a problemática de pesquisa encontra-se relacionada com a

aplicação da tecnologia e conceitos dos 3R’s no processo produtivo de uma pequena empresa

do ramo de distribuição de produtos, localizada na região metropolitana de Natal/RN. Para

responder ao problema proposto, objetivou-se conhecer e entender todo o funcionamento do

processo produtivo da organização, analisando as principais etapas geradoras de resíduos.

A organização do presente estudo inicia-se com essa abordagem introdutória, seguida pela

seção 2, fundamentos teóricos, na qual se aborda conceitos importantes sobre a gestão de

resíduos. A seção 3, metodologia, traz os meios de pesquisas utilizados durante o atual estudo.

Posteriormente, a seção 4 expõe o estudo de caso, no qual é apresentado o plano de

gerenciamento de resíduos realizado na empresa Enxovais e Utilidades Comércio LTDA. Em

seguida, na seção 6, encontram-se as considerações finais do estudo e finalmente na seção

Referências são apresentadas as bibliografias utilizadas durante a pesquisa.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Resíduos são restos de atividades humanas considerados como inúteis, indesejáveis ou

descartáveis, sendo que tais atividades podem ser de origem comercial, industrial, doméstica,

hospitalar, agrícola, de serviços e de varrição. A Associação Brasileira de Normas Técnicas,

por meio da NBR 10004, classifica os resíduos em três classes: resíduos perigosos, não-

perigosos e não inertes, e resíduos inertes (ABNT, 2004). A característica inservível de um

resíduo é relativa, já que o mesmo não apresenta serventia para quem o descarta, mas pode ser

útil como matéria-prima para um novo processo ou produto (MONTEIRO, 2001).

Durante vários séculos os resíduos foram classificados como meros subprodutos do sistema

econômico, sendo removidos para locais distantes das áreas habitadas. Atualmente os resíduos

são considerados como importante insumo do processo produtivo, contribuindo para que a

gestão adequada dos resíduos sólidos seja um assunto prioritário no âmbito de debates da

política ambiental. (DEMAJOROVIC, 1996).

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Para tanto o programa de gestão de resíduos se mostra bastante eficaz na busca pela redução e

melhor aproveitamento dos resíduos bem como na redução dos custos de produção

ocasionados por esses desperdícios.

O gerenciamento de resíduos sólidos consiste na prática de utilizar diversas alternativas para

solucionar o problema dos resíduos, de tal forma que o conjunto tenha sustentabilidade

econômica, ambiental e social. Sendo necessária, portanto, a articulação entre medidas de

redução de geração na fonte e métodos de tratamento e disposição, visto que isoladamente

essas ações não são capazes de solucionar os problemas de destinação de resíduos sólidos

(PHILIPPI JR., 2005 apud MACÊDO, PIMENTA; GOUVINHAS, 2008)

A política de gestão de resíduos sólidos inclui a coleta, o tratamento e a disposição adequada

dos subprodutos e produtos finais do sistema econômico. Além disso, há consenso de que esta

política deve também atuar de modo a garantir que a quantidade de resíduos já nas fontes

geradoras. (DEMAJOROVIC, 1996).

O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos deve envolver, após a caracterização

(classificação, quantificação) dos resíduos na fonte geradora, o manuseio, acondicionamento,

armazenamento, coleta, transporte, reuso ou reciclagem, tratamento e disposição final

adequados de acordo com as características e classe de cada resíduo identificado. (SISTEMA

FIRJAN, 2006)

A classificação quanto a sua periculosidade é uma das mais relevantes no gerenciamento dos

resíduos tanto que foi alvo de normatização técnica da ABNT (NBR 10.004/ 2004), que

classifica assim os resíduos sólidos:

- Resíduos Classe I – Perigosos: aqueles que apresentam periculosidade característica

apresentada por um resíduos que, em função das suas propriedades físicas, químicas ou

infecto contagiosas, podem apresentar: risco à saúde publica, provocando mortalidade,

incidências de doenças ou acentuando seus índices; riscos ao meio ambiente, quando o

resíduo for gerenciado de forma inadequada) ou apresentam inflamabilidade; corrosividade,

reatividade, toxicidade e patogenicidade ou constam nos anexos A (Resíduos perigosos de

fontes não específicas) e B (Resíduos perigosos de fontes específicas);

- Resíduos Classe II – Não Perigosos:

Resíduo Classe II A – Não Inertes: aqueles que não se enquadram nas classificações de

resíduos Classe I – perigosos ou Classe II B – inertes. Estes resíduos podem ter

propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

Resíduo Classe II B – Inertes: Quaisquer resíduo que, quando amostrados de forma

representativa, segundo a norma NBR 10007 (Amostragem de resíduos sólidos), e

submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à

temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006 (Procedimentos para obtenção de

extrato solubilizado de resíduo sólido), não tiverem nenhum de seus constituintes

solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-

se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G (Padrões para ensaio de

solubilização).

4 METODOLOGIA

Para a construção do presente artigo utilizou-se técnicas de análise quantitativa e qualitativa,

as quais foram constituídas por revisão de literatura, estudo de caso exploratório, análises de

relatórios de entradas/saídas de produtos na empresa, além de entrevistas com a gerência e

funcionárias dessa organização, a fim de entender a cultura e o procedimento realizado por ela

em relação a gestão de resíduos e por fim treinamento com as funcionárias para que elas

tornassem aptas praticar a gestão de resíduos na empresa e então atingir o objetivo desse

estudo.

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Os métodos de pesquisas utilizados possuem caráter de aprofundamento das idéias sobre o

objeto de estudo, analisando-o no contexto do gerenciamento de resíduos, caracterizando-se,

portanto de modo exploratório. A base teórica utilizada baseou-se nos métodos do diagnóstico

que apontam melhorias de qualidade operacionais (PIOVEZAN; CARPINETTI, 1999).

Durante o estudo de caso foram realizadas visitas técnicas às empresas. Primeiramente

acompanhadas de entrevistas exploratórias com a gerente, buscando informações gerais da

empresa e nos outros momentos, partiu-se para o contato com as funcionárias que trabalham

diretamente com o processo produtivo, para que se entendesse na íntegra o funcionamento

dessa organização. Por fim, houve um foco nas etapas geradoras de resíduos, buscando

informações para que se tornasse possível a identificação dos resíduos, a quantidade gerada

em um certo período de tempo, assim como formas de acondicionamento e armazenamento

adotadas pela empresa.

E por fim, realizou-se um treinamento com as funcionárias, visando principalmente a

capacitação e conscientização do recurso humano da organização, para que tornassem aptos a

atuar na gestão de resíduos da empresa.

5 ESTUDO DE CASO

5.1 Caracterização da Organização

A empresa em estudo atua no mercado há cerca de três anos, no ramo de distribuição de

produtos em atacado. Seus principais clientes são supermercados da região metropolitana de

Natal, e seus principais fornecedores estão localizados no interior do estado do Rio Grande do

Norte e em São Paulo. Os produtos principais que a empresa fornece são do tipo têxtil e

plásticos de utilidades domésticas.

A Enxovais e Utilidades pertence ao setor econômico terciário, o qual está relacionado aos

serviços, mais especificamente na atividade econômica do comércio. Ela possui um corpo de

sete funcionários, além da proprietária que trabalha como gerente e ainda promotora de

vendas, e de acordo com o SEBRAE/SC baseando-se no critério por número de empregados,

ela se enquadra na categoria de Microempresa no setor de Comércio e Serviços.

Como mostra a Ilustração 1 em anexo, ela possui dois andares: o pavimento interno é onde

encontra-se o escritório da empresa, o recebimento da matéria prima e os processos de

reembalagem, além de ocorrer o armazenamento dos produtos têxteis. Já no pavimento

externo, encontra-se estocado a maior parte dos utensílios domésticos.

Ilustração 1 – Pavimento interno

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Ilustração 2 - Pavimento superior

Atualmente, a empresa encontra-se carente de uma política de Gerenciamento de Resíduos.

Apesar de haver a consciência e interesse da proprietária da organização em realizar o

aproveitamento do material descartado ou dar a ele uma destinação adequada, esse

pensamento não consegue ser transparecido em todos os funcionários da empresa.

5.2 Descrição do processo e caracterização da estrutura geradora de resíduos

O principal processo da empresa Enxovais e Utilidades corresponde ao fluxo de atividades

executadas desde o recebimento do material pelos fornecedores até a distribuição aos clientes,

que envolvem diretamente os produtos e suas embalagens, foco do estudo. Não foram

consideradas aqui as atividades administrativas intrínsecas a esse processo.

A primeira atividade realizada diretamente com a matéria-prima corresponde ao seu

recebimento. Nessa etapa, os produtos encomendados chegam embalados em diversas formas

e tipos de materiais, que dependerão do produto e de seu fornecedor, variando entre caixas de

papelão, embrulhos e sacos plásticos, saco de náilon e papel de embrulho. A partir de então,

inicia-se a etapa de desempacotamento, uma vez que os produtos chegam em grandes

quantidades e embalados em grandes volumes. Ao final dessa atividade, essas embalagens

tornam-se resíduo, cada uma possuindo um destino diferente.

Os produtos desembalados irão para a etapa de fracionamento e embalagem em volumes

menores, para serem distribuídos aos clientes da empresa ainda no atacado, porém em

pequenas quantidades. Essa atividade é realizada utilizando-se de fios plásticos e sacolas

plásticas que unirão e envolverão as unidades de cada lote de venda. Esses lotes possuem

quantidades fixas para cada tipo de produto, não variando de acordo com o cliente. Cabe ao

cliente então, apenas definir a quantidade de lotes que irá encomendar.

Os lotes de produtos serão armazenados nas grandes prateleiras do galpão da empresa até que

sejam encomendados e enviados para distribuição. Quando as encomendas são realizadas

pelos clientes, os lotes de produtos requeridos por cada um deles são embalados em sacolas

plásticas grandes e resistentes, cuja função é de unir a encomenda de cada cliente em volumes

maiores, de modo a facilitar sua separação e entrega.

Estas sacolas plásticas grandes passarão agora pela etapa de distribuição, realizada por

funcionários e carros da própria empresa. Para cada carro, dois funcionários são responsáveis

por levar os produtos até seus clientes, entregar o material e, em alguns casos, realizar o seu

desempacotamento e armazenamento no estabelecimento do cliente. Essa última atividade só

é realizada quando é requerida pelo cliente.

Nesse último processo de desempacotamento dos produtos, as sacolas e fios plásticos

inseridos em outras etapas (ver figura 1) tornam-se resíduos que, na sua grande maioria, são

descartados em lixos do próprio local. Porém, em alguns casos, esse material plástico é

recolhido pelos funcionários da Enxovais e Utilidades e levado de volta para a empresa,

visando a sua reutilização.

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Todo o processo descrito acima está representado através de um fluxograma (Figura 1), bem

como a entrada e saída dos materiais plásticos e de papel que se tornarão resíduos em algumas

etapas deste.

Figura 1 - Fluxograma do processo da empresa Enxovais e Utilidades

Dessa forma, pode-se perceber que a atividade geradora de resíduos no processo é o

desempacotamento, tanto do material vindo dos fornecedores como dos produtos entregues

aos clientes. Percebe-se ainda que a própria empresa faz contribuição ao aumento do resíduo,

uma vez que insere aos produtos materiais plásticos, que ao final do processo serão removidos

e inutilizados. Isso ocorre nas atividades de fracionamento e embalagem e separação do

material a ser distribuído.

5.3 Levantamento e classificação dos resíduos gerados

Realizada a análise dos tipos de resíduos que são gerados na empresa durante o seu processo

de desempacotamento, reembalagem dos produtos e distribuição, fez-se um estudo de todo os

produtos que são adquiridos na empresa, além das compras de embalagens durante um certo

período de tempo, afim de analisar os resíduos gerados nesse período. A tabela 1 abaixo

expõe a classificação dos resíduos levantados, de acordo com o seu tipo, periculosidade e

tempo de degradabilidade.

Resíduo

Tipo

Composição Periculosidade Degradabilidade Finalidade

Natureza/

origem

Caixa de

Papelão Urbano Comercial Papel

NÃO-

INERTES

(Classe II A)

Moderadamente

degradável – de 1

a 4 meses

Embrulhos/

Sacos Plásticos Urbano Comercial Plástico

NÃO-

INERTES

(Classe II A)

Moderadamente

degradável - até

450 anos

Saco de Náilon Urbano/

Reverso Comercial Nylon

NÃO-

INERTES

(Classe II A)

Moderadamente

degradável

de 30 a 40 anos

Papel de Urbano Comercial Papel NÃO- Moderadamente

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Embrulho INERTES

(Classe II A)

degradável -

cerca de 6 meses

Sacolas

Plásticas Urbano Comercial Plástico

NÃO-

INERTES

(Classe II A)

Moderadamente

degradável - mais

de 100 anos

Fio Plástico

(Barbante) Urbano Comercial Nylon

NÃO-

INERTES

(Classe II A)

Moderadamente

degradável

de 30 a 40 anos

Tabela 1 - Classificação dos resíduos por tipo, periculosidade, degradabilidade. Fonte: Secretaria do Meio

Ambiente do Estado de São Paulo

Para o levantamento dos resíduos gerados, foram utilizadas informações contidas nas notas

fiscais de entrada, emitidas pelos fornecedores, durante três meses seguidos, as quais contêm

a quantidade de pacotes (caixas, sacos, embrulhos) que são recebidos pela empresa, além da

ajuda de uma funcionária, a qual diferenciava o tipo de material de cada pacote. Observou-se

ainda uma parcial da quantidade de embalagens que a Enxovais e Utilidades compra para o

mesmo período, e os valores obtidos foram 40 kg da Sacola grande e 43 kg de sacos,

concluindo dessa forma, valores em quantidade de todos os resíduos gerados na empresa.

Segue na tabela 2 o resultado parcial e total dos resíduos gerados em conseqüência dos

produtos recebidos. Volume de

compra

(mês)

Caixa de

papelão

Saco de

Náilon

Embalagens

plásticas

grandes

Sacola

plástica

Papel de

embrulho

302 84 17 55 1 24

257 97 58 85 3 11

291 162 18 54 2 0

850 343 93 194 6 35

Fonte: Próprios autores (2010)

Tabela 2 - Quantidade de resíduos gerados pelos produtos recebidos

Com relação aos resíduos gerados, a empresa em estudo não apresenta resíduos que

necessitem de acondicionamento. Isto ocorre devido ao fato dos resíduos serem comerciais e

caracterizados como inertes de classe II. Assim, não há nenhum tratamento dado a eles. O

papelão é simplesmente dobrado para reduzir o volume aparente e posteriormente amarrado.

Já os sacos de náilon, o papel de embrulho e as demais embalagens plásticas são dispostos em

sacos plásticos comuns.

Quanto ao armazenamento temporário dos resíduos, o mesmo não possui abrigo ou local

determinado para ocorrer, ficando estocado no meio do processo produtivo. Isto ocorre devido

à ausência de um período determinado para que as funcionárias da Enxovais e Utilidades se

dediquem a cuidar dos resíduos. Dessa forma, diante de todas as tarefas que devem ser

desempenhadas no cotidiano das mesmas, elas acabam por deixar os resíduos provenientes do

processo de desembalagem no mesmo local onde ocorreu. Além disso, não há data definida

para a duração do armazenamento temporário, de forma que o resíduo fica disposto nesta

situação até que ele atinja um volume considerável, ou até que as atividades das funcionárias

lhes permitam parar e dar-lhes o destino devido.

O armazenamento externo dos resíduos está à mercê da ocorrência da atividade anterior de

disposição, sem data determinada para acontecer. O armazenamento externo, que deveria

possuir em local exclusivo, com acesso externo facilitado à coleta, ter fácil acesso para o

transporte e para os veículos coletores, acaba por ocorrer na própria calçada. Embora sejam

resíduos de alto potencial para ser reciclado, como não há coleta seletiva no bairro, “quem

passar primeiro pega”, podendo este ser o próprio caminhão do lixo, catadores ou carroceiros.

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Com relação à movimentação externa dos resíduos, tem-se a ocorrência de movimentação em

dois tipos de resíduos. O primeiro deles é o das sacolas plásticas e barbantes, originários da

própria empresa (proveniente da embalagem externa dos produtos adquiridos). Tais materiais

são retornados à empresa pelas vendedoras (que desembalam os produtos e os trazem de

volta). No entanto, a periodicidade de ocorrência desta movimentação é inconstante, pois

depende da receptividade do cliente e da disposição das funcionárias no momento de entrega

dos produtos. A quantidade de resíduo movimentado, por sua vez, não pode ser devidamente

mensurada.

O segundo tipo de resíduo a ser movimentado são os sacos de náilon, originários do

fornecedor (embala externamente os produtos). A movimentação ocorre na medida em que os

sacos são levados de volta ao fornecedor pela própria transportadora, no momento em que ela

efetua a entrega do próximo pedido (ela recolhe o material do pedido anterior). Enquanto

espera o próximo pedido, os sacos são separados e armazenados juntamente com os demais

materiais no depósito. A periodicidade de ocorrência da movimentação se dá sempre que há

um pedido e a quantidade de material movimentado corresponde a quantidade de sacos que

chega a empresa (todos são retornados ao fornecedor). A movimentação interna na Enxovais e

Utilidades não é considerada significante.

5.4 Plano de Gerenciamento

5.4.1 Redução

A redução na fonte é a forma mais consciente de gestão de resíduos, pois uma menor geração

de lixo implicará em uma menor estrutura de coleta, acarretando assim uma redução dos

custos de disposição final. A este respeito, pode-se citar que parcerias com os stakeholders do

processo tornam-se como estratégia fundamental no auxílio a essa gestão. Um dos principais

aspectos verificados na empresa é a grande quantidade, muitas vezes desnecessária, de

resíduos gerados das embalagens dos produtos, como quando uma simples mercadoria

apresenta até 4 camadas na sua embalagem: (i)embalagem plástica individual, (ii) embalagem

plástica separando lotes de produtos, (iii) embalagem de plástico-bolha envolvendo os lotes

(não sendo esta necessária para fins de proteção contra impactos), (iv) caixa de papelão

envolvendo a carga.

Segundo Ballou (2006), a embalagem dos produtos pode apresentar as seguintes finalidades:

facilitar a armazenagem e manuseio, promover melhor utilização do equipamento de

transporte, dar proteção ao produto, promover a venda do produto, alterar a densidade do

produto, facilitar o uso do produto, proporcionar ao cliente valor de reutilização. Com base

nisso, pode-se observar que alguns produtos são embalados com excesso de material não por

questões logísticas de manuseio, acondicionamento e transporte, mas sim devido a diversos

aspectos, como a estética, a falta de planejamento no projeto deste produto (ecodesign), ou

economia de escala. Nestes casos, acordos realizados com os fornecedores com os quais a

empresa possui poder de barganha são válidos, através da instituição de certas condições na

compra, tais como, quando aplicável:

(i) requerer a redução no tamanho e na quantidade de embalagens de proteção de certos

produtos;

(ii) Optar pelo uso de materiais biodegradáveis;

(iii) Dar preferência a fornecedores que adotam uma postura mais ecoambiental;

Outro aspecto a ser considerado acerca da Redução na Fonte, ainda considerando as parcerias

com stakeholders, diz respeito ao processo de desembalagem direto nos estabelecimentos,

como ocorre em alguns supermercados. A esse respeito, uma queixa bastante citada pelos

funcionários é que nem todos os clientes autorizam a empresa distribuidora a levarem consigo

os resíduos de embalagens remanescentes do processo, alegando que não acarretaria uma boa

imagem para o estabelecimento se a retirada do resíduo ocorrer à vista dos clientes, na porta

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de entrada, por exemplo. Nesse quesito, sugere-se a adesão de sacolas personalizadas para a

utilização pela distribuidora neste processo de desembalagem. Sacolas reaproveitáveis, com

slogans eco-ambientais, tanto acarretaria redução de custos a médio prazo, na compra de

sacolas pela distribuidora, quanto implicaria em um marketing positivo para os

supermercados e para a própria distribuidora.

5.4.2 Reuso e Reciclagem de Resíduos

Como um dos principais resíduos gerados pela empresa consiste em embalagens plásticas, ou

seja, descartáveis, uma alternativa para a minimização do resíduo gerado seria a confecção de

sacolas de tecido, a qual poderia ser reutilizada inúmeras vezes para transportar os produtos

da empresa até seus clientes. Para que esta ação surta maior efeito, sugere-se que seja feito um

trabalho de conscientização dos clientes, buscando transmitir a cultura de preocupação com o

meio ambiente, atingindo os diversos stakeholders da organização. Tal ação teria como

conseqüência ainda o marketing positivo gerado, mostrando-se ao mercado como empresa

que cuida do meio ambiente, contribuindo para o alcance de vantagem competitiva.

Buscando promover uma maior reutilização dos resíduos, propõe-se que a empresa passe a

conscientizar seus funcionários acerca da importância e dos benefícios que esta ação pode

trazer. Esta reutilização pode ocorrer, por exemplo, no retorno das sacolas e sacos dos

supermercados para que possam ser novamente utilizados para transportar outros produtos.

Com relação à reciclagem, a coleta é uma das formas de redução de resíduos que pode ser

adotada pela Enxovais e Utilidades, levando em consideração que os resíduos gerados

possuem alto potencial de serem reciclados e ainda possuem certo valor econômico. Dessa

forma, propõe-se que a empresa entre em contato com os responsáveis pela coleta seletiva na

cidade e negocie com eles a periodicidade na qual os mesmos poderiam ir buscar o material.

Porém, para isso, a empresa necessita determinar um local adequado para o armazenamento

interno desses resíduos até a chegada da coleta.

Pela complexidade logística da operação, esta deve ser implementada de maneira gradativa,

visando principalmente a reciclagem do papelão. Sugere-se que a empresa inicialmente

adéqüe o espaço físico para acondicionamento do material, posteriormente estabeleça a rotina

de recolhimento interno e por fim, torne pública a sua disposição de realizar a coleta.

Para promover e estimular a reciclagem dos materiais, sugere-se ainda a implantação de

lixeiras que facilitem a separação dos mesmos de forma seletiva, sendo necessário para isso

apenas adquirir quatro lixeiras de cores diferentes.

Com relação ao tratamento dos resíduos passíveis de reutilização ou reciclagem, inicialmente

é necessário separá-los dos demais, sendo este um processo bem simples posto que os

resíduos são inertes e não necessitam de acondicionamento. Basicamente, é preciso separar o

que é papel e o que é plástico.

Com relação ao seu armazenamento temporário, seria interessante a instalação de lixeiras para

os plásticos e a determinação do local do armazenamento do papelão, ambos próximos ao

local em que o resíduo é gerado. Além disso, é preciso determinar o local de armazenamento

interno que deve ocorrer até o período da coleta (sugere-se que este armazenamento seja feito

no local que está sendo atualmente subutilizado embaixo da escada que conduz ao segundo

andar do prédio). Assim, com o acordo feito com os responsáveis pela coleta seletiva, não é

necessário um local de armazenamento externo.

Com relação ao transporte deste resíduo, internamente ele passaria a ocorrer apenas do local

de armazenamento temporário para o local de armazenamento interno, e depois do

armazenamento interno para a coleta, que o transportaria até o local de reciclagem. Já

externamente, esse resíduo é transportado até seu destino final, que no caso do material

reciclável é a empresa de reciclagem e nos demais, é o lixão, sob responsabilidade da

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concessionária de limpeza pública, caracterizando a transferência parcial da responsabilidade

para a concessionária de limpeza pública.

5.4.3 Tratamento e Eliminação

Como já mencionado todo o resíduo gerado pela empresa são lixos não-inertes da classe II A

e como tais são resíduos não perigosos. Portanto não há necessidade nenhum tratamento

especial para o resíduo gerado dentro da empresa.

O resíduo gerado que em fase de sua composição ou até mesmo de seu estado físico ou de

conservação não for passível de reuso ou reciclagem deve se considerados rejeitos.A

identificação destes rejeitos deve ocorrer no momento da separação do resíduo por classe para

a reciclagem. Na qual deve ser observado se o resíduo se enquadra em uma das classes e se

seu estado de conservação, no caso da Enxovais e utilidades, deve-se observar principalmente

presença de papel/papelão molhado ou sujo de qualquer outro material que impossibilita a

reciclagem e pode comprometer todos os outros resíduos que esteja em contato.

A destinação do rejeito é a coleta sanitária da rede pública realizada pela prefeitura, que

atualmente realiza a eliminação deste lixo no aterro sanitário de Ceará-Mirim. Este aterro está

situado na localidade denominada de Massaranduba, distante aproximadamente 30 Km do

Centro da Cidade do Natal, e recebe todo o lixo da região metropolitana de Natal num total de

1300 toneladas por dia.

Segundo a Braseco (BRASECO,2010),empresa que administra o local, o aterro atende a todas

as exigências legais e ambientais, estando de acordo com a NBR8419 e demais determinações

do CONAMA. Fazendo cumprir dentre a legislação a impermeabilização do solo, isolamento

da área aterrada bem como o tratamento do chorume gerado.

5.5 Programa de Educação Ambiental

O Programa de Educação Ambiental deve levar em consideração, prioritariamente, a

realização de treinamento e conscientização de todo o corpo de funcionários da organização,

inclusive do corpo gerencial, uma vez que o envolvimento das pessoas constitui-se o

parâmetro essencial para implantação do Plano de Gerenciamento de Resíduos e garantia de

sua continuidade.

De acordo com Barbosa (1994), o treinamento “(...) visa a desenvolver as habilidades na

execução de tarefas”, principalmente envolvendo os funcionários que estão diretamente

envolvidos com o processo produtivo e, em um segundo momento, abrangerá todos os demais

funcionários. Já o trabalho de conscientização “implica em levar mais conhecimento para a

inteligência das pessoas”, o que abrange todos os funcionários da empresa além dos demais

stakeholders da organização.

Na empresa em estudo, sugere-se que seja realizado um treinamento com todos os

funcionários, com o auxílio de um normativo, desenvolvido pela própria proprietária. Esse

normativo representa o documento que estabelece as responsabilidades de todas as partes

envolvidas nos processos da empresa, apontando as diretrizes e procedimentos gerais para o

gerenciamento de seus resíduos sólidos.

Já para o programa de conscientização na Enxovais e Utilidades, sugere-se a utilização de

informativos que levantem a importância dos cuidados com a questão ambiental, focando no

gerenciamento de resíduos, difundindo entre os funcionários o espírito do programa e

estimulando sua participação efetiva nas melhorias propostas no Plano de Gerenciamento de

Resíduos (PGR) descrito anteriormente, e conseqüentemente, estimulando o cumprimento do

normativo.

Como exemplo de informações que podem ser dispostas nesses informativos, tem-se

características dos resíduos existentes na empresa, como seu tempo de degradação, forma de

armazenamento e disposição, como também características e vantagens das ações propostas

no PGR tanto para a empresa como para os próprios funcionários e toda a sociedade.

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Tais informativos podem ser utilizados como cartilhas a serem entregues não só para os

funcionários, mas para clientes, fornecedores e demais stakeholders da organização. Pode-se

ainda dispor de cartazes nos quadros e murais da empresa, mantendo sempre essas

informações próximas dos funcionários, estimulando sua leitura e envolvimento com a causa.

Sugere-se ainda a elaboração de uma logomarca desse projeto, para a melhor identificação

dos informativos, documentos e treinamentos relativos ao PGR, além se poder ser divulgada

nas sacolas reaproveitáveis propostas para o uso na etapa de distribuição dos produtos aos

clientes.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da realização do estudo, observou-se o crescimento da preocupação voltada a

questões ambientais, como a gestão de resíduos, principalmente dentro das organizações, que

são grandes responsáveis pelos resíduos gerados em todo o mundo.

Na opinião de Fiorentin (2002, apud Santos Júnior 2002), a conduta de cada ser humano no

meio social se traduz no campo da moral, refletindo diretamente no campo de cada um. Em

meio desta visão ecocêntrica, surge a ética ambiental como uma nova relação de consciência

entre o homem e a natureza: o ser humano faz parte da natureza e não é o seu dono, não a tem

para serví-lo mas, para que ele sobreviva em harmonia com os demais seres.

Como conseqüência desse pensamento, as pessoas passaram a se preocupar mais com suas

ações relacionadas à exploração da natureza. A preservação do meio ambiente tornou-se além

de obrigação legal, uma questão moral e ética, alcançando melhores resultados na qualidade

de vida humana e conseqüentemente pontos positivos para a preservação ambiental.

Os aspectos ético-ambientais criam uma nova ordem mundial que obriga a adaptação a regras

de aceitação internacional ocasionando uma normalização em todo o mundo, onde a ISO –

9000 foi o início culminando com a ISO – 14000. Em seqüência a Conferência Rio-92, torna-

se requisito de qualidade ambiental na guerra pela competitividade e da onda preservacionista,

porém, positiva, pois exige o esforço na implantação de tecnologias limpas (SANTOS

JÚNIOR, 1992).

O trabalho desenvolvido conseguiu alcançar os objetivos propostos, na medida em que

conseguiu desenvolver o plano de gerenciamento de resíduos apresentado no estudo,

identificando os resíduos gerados na empresa e caracterizando-o de acordo com o tipo, para

que fosse possível avaliar as formas de acondicionamento e armazenamento mais adequado,

assim como o procedimento que deve ser adotado para cada um deles.

Além disso, o estudo conseguiu analisar como a empresa pode adotar a técnica dos 3R’s em

seu processo produtivo, para que ela consiga reduzir, aproveitar ou eliminar os seus resíduos

da maneira mais adequada, tornando uma empresa com qualidade ambiental.

Por fim, o programa de educação ambiental baseou-se na elaboração de material educativo,

para que os recursos humanos da empresa tornassem capazes de implantar o plano de

gerenciamento e dar continuidade.

Observou-se, com o desenvolvimento do plano, que é de considerável importância a

existência de uma preocupação ambiental dentro das organizações, independente do seu porte,

e acima de tudo que elas busquem tecnologias e métodos para tornarem os seus processos

mais limpos, com menos geração de resíduos ao ambiente. Os benefícios dessa atitude vão

não só para a empresa que garantirá a existência de recursos naturais por mais tempo para que

possam alimentar os seus processos, além de que, em alguns casos, ela ganha financeiramente

também, a partir da redução dos recursos utilizados. Há benefícios ainda para a sociedade que

terá a oportunidade de viver em um ambiente com menos poluição e maior qualidade de vida.

Referências

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