geoprocessamento, patrimônio cultural e educação patrimonial · simpósio internacional sobre...
TRANSCRIPT
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
1
Geoprocessamento, Patrimônio Cultural e Educação Patrimonial
Douglas Emerson Deicke Heidtmann Jr. Universidade do Estado de Santa Catarina – [email protected]
Gésica Tarnoski Universidade do Estado de Santa Catarina –[email protected]
Johanna Debatin Universidade do Estado de Santa Catarina – [email protected]
Patricia Becker Universidade do Estado de Santa Catarina – [email protected]
Eixo temático: Conhecimento Interdisciplinar
1. Introdução
O artigo apresenta o relato de experiência de Educação Patrimonial realizado através de Programa de
Extensão da UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina) em Laguna, municipio situado no sul do
estado de Santa Catarina. Visando ampliar a valorização, o reconhecimento e a gestão do patrimônio
material e imaterial do município, o programa de extensão denominado “Valorizando o Patrimônio
Edificado de Laguna” partiu de uma proposta de Interdisciplinaridade no Curso de Arquitetura e Urbanismo,
envolvendo as áreas de Estética e História da Arte, Técnicas Retrospectivas e Topografia e Reproduções
Cartográficas, relacionando-as com a área da Preservação do Patrimônio Cultural.
“A interdisciplinaridade deve ir além da mera justaposição de disciplinas e ao mesmo tempo evitar a
diluição das mesmas em generalidades. De fato, será principalmente na possibilidade de relacionar
as disciplinas em atividades ou projetos de estudos, pesquisa e ação, que a interdisciplinaridade
poderá ser uma prática pedagógica e didática adequada aos objetivos do ensino”. (Parâmetros
Curriculares Nacionais, 2000)
Tal iniciativa de Educação Patrimonial, aplicada diretamente em escolas públicas, pretendeu suprir
uma lacuna existente no processo de preservação do patrimônio em Laguna, produzindo material capaz de
auxiliar diretamente o IPHAN como órgão de preservação diretamente responsável bem como as demais
entidades parceiras, a Prefeitura Municipal de Laguna e a Secretaria de Estado e Desenvolvimento Regional.
O projeto contou com acadêmicos de Arquitetura e Urbanismo e docentes da universidade, com
conhecimentos apurados na área do Patrimônio Cultural e de Geoprocessamento.
2. Laguna e a situaçao de seu Patrimonio Cultural Edificado
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
2
O objeto de estudo desse trabalho é o município de Laguna, mais precisamente um recorte dentro da
poligonal de tombamento de seu centro histórico. Seu tombamento, em nível federal ocorreu em 1985 a
partir de um levantamento iconográfico e cadastral das edificicações existentes na área. Laguna faz parte do
processo de colonização do sul da América Portuguesa. O antigo centro da cidade, atual centro tombado, foi
formado a partir do porto original e abriga aproximadamente 600 imóveis protegidos. Merecem destaque a
Igreja Santo Antônio dos Anjos, a Casa de Anita Garibaldi e a antiga Casa de Câmara e Cadeia, que abriga
atualmente o Museu Anita Garibaldi. A principal característica de Laguna é ser um sítio urbano que por
definição “possui natureza dinâmica e mutante típica das áreas urbanas” (IPHAN, 2011) o que pressupõe
ferramentas de análise e gestão diferenciadas dos procedimentos de restauração de edifícios. Sítios urbanos
são bens patrimoniais autônomos que demandam instrumentos próprios de análise e critérios de intervenção
adequados a essa especificidade. Estes bens não são obras de arte prontas e concluídas num determinado
período, transpondo-lhe pura e simplesmente os procedimentos de restauração de edifícios, eles possuem
natureza dinâmica e mutante típica das áreas urbanas (IPHAN, 2002). A paisagem urbana de Laguna conta
com um conjunto edificado em diferentes tempos e linguagens arquitetônicas, principalmente coloniais,
ecléticas e art déco.
“Laguna apresenta uma paisagem singular, referencial para a construção da identidade da cidade,
dada essencialmente pela relação intrínseca entre o meio natural (a presença marcante das águas da
laguna Santo Antônio dos Anjos e da vegetação circundante dos morros) e o sítio construído,
fortemente historicizado (a articulação entre espaços públicos - ruas e praças - e conjunto edificado - monumental e ordinário; sagrado, civil e doméstico). Essa paisagem, de inestimável valor cultural,
aliada às belezas naturais da região, constitui atualmente o maior “apelo”, a partir da “indústria”
do turismo, ao progresso econômico do município.” (BENICIO; HEIDTMANN, 2013)
Considerando ser necessário que o conhecimento anteceda à ideia de preservação e que, geralmente,
preserva-se aquilo com que se tem uma relação afetiva, o que se estabelece através do conhecer, procurou-se
estudar o conceito de Educação Patrimonial e o modo como o mesmo poderia ser empregado dentro da
realidade do centro histórico de Laguna.
3. Educação Patrimonial por uma valorização do Patrimônio de Laguna
Tendo como principal objetivo a utilização a Valorização do Patrimônio Histórico através da
Educação Patrimonial, foi desenvolvido material didático a partir de produtos advindos de cartografia
temática em geoprocessamento e empregou-se tal material em iniciativas junto a professores e alunos da
escola de ensino fundamental.
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
3
Segundo CUSTÓDIO (2010), o conceito de que "preservar o patrimônio histórico é educação" foi
proposto por Mario de Andrade já no período de criação do Iphan, sendo que a pratica de proteção do
patrimônio não foi devidamente acompanhada por ações educativas.
No final dos anos 70 do século XX, Aloisio Magalhaes – em sua rápida passagem pelo serviço
público – consolidou o lema “a comunidade é a melhor guardiã de seu patrimônio” e o tema da educação foi
recolocado em pauta nas diferentes ações promovidas pelo Centro Nacional de Referencia Cultural, o CNRC
(CUSTÓDIO, 2010).
A Educação Patrimonial, tradução do Heritage Education – expressão inglesa, surge no Brasil em
meio a importantes discussões da necessidade de se aprofundar o conhecimento e a preservação do
Patrimônio Histórico-Cultural. Foi exatamente em 1983 que se iniciam efetivamente as ações de Educação
Patrimonial por ocasião do 1º Seminário sobre o “Uso Educacional de Museus e Monumentos”, no Museu
Imperial de Petrópolis, RJ. O princípio básico da Educação Patrimonial: Trata-se de um processo
permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de
conhecimento individual e coletivo.
Horta (2000) acredita que a tarefa educacional com o patrimônio cultural deve ser considerada como
um processo de construção do conhecimento a partir do contato do sujeito aprendiz com o objeto cultural.
Apenas passar uma informação através de discursos pré-fabricados não oferece uma possibilidade de trocas
de vivências e experimentações é preciso oferecer a descoberta e a possibilidade de um mergulho no
universo das expressões culturais, de modo que o sujeito seja capaz de apropriar e incorporar ao sistema de
sua “enciclopédia mental”.
Abordando a questão específica do patrimônio edificado de Laguna pode-se, por exemplo,
desenvolver no aprendiz a percepção de que as edificações de diferentes linguagens foram construídas em
diferentes épocas. Segundo Horta (1999), quando um indivíduo conhece a ideia, o significado, a técnica de
criação e a importância do objeto para a cultura material específica de uma comunidade, consegue dar um
maior valor.
A aprendizagem em escolas fundamentais a partir da Educação Patrimonial, valorizando o
patrimônio material e imaterial associados à Laguna, através de atividades são mecanismos de inclusão do
cidadão, no sentido de implementar o trinômio: entender, valorizar e preservar tanto o Patrimônio Material e
quanto o Imaterial. O trabalho com o Patrimônio Cultural e Histórico é mais facilmente compreendido no
âmbito das áreas/disciplinas que mais comumente abordam o tema, como a História ou os Estudos Sociais.
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
4
Trabalhar o Patrimônio, por meio de outras áreas/disciplinas, nem sempre é imediatamente
percebido, pelos professores das demais disciplinas do currículo escolar (HORTA, 2005, p. 3). Outra
dificuldade encontrada frequentemente pelos professores é a de pensar de modo Interdisciplinar porque toda
a sua aprendizagem realizou-se dentro de um currículo compartimentado, portanto, eles tem dificuldade em
desenvolver projetos temáticos, que pressupõem intenso trabalho coletivo e que podem implicar a perda da
predominância de tarefas e avaliações individualizadas.
Além disto, os currículos escolares são comumente sobrecarregados, com disciplinas que competem
entre si por limitação do tempo em sala de aula e pelas normas oficiais estabelecidas. Os objetos
patrimoniais, os monumentos, sítios e centros históricos, ou o Patrimônio imaterial e natural, são um recurso
educacional importante, pois permitem a ultrapassagem dos limites de cada área/disciplina, e o aprendizado
de habilidades e temas que serão importantes para a vida dos alunos. Desta forma, podem ser usados como
motivadores para qualquer área do currículo ou para reunir áreas aparentemente distantes no processo
ensino/aprendizagem (HORTA, 2005, p. 3).
O IPHAN vem concentrando seus esforços na proteção dos bens patrimoniais do País, redigindo uma
legislação específica, preparando técnicos e realizando tombamentos e restaurações que asseguraram a
permanência da maior parte do acervo arquitetônico e urbanístico brasileiro, bem como do acervo
documental, etnográfico, das obras de arte integradas e dos bens móveis. No caso especifico de Laguna, a
presença e atuação constante de um Escritório Técnico do IPHAN (ET-IPHAN), vinculado à 11ª
Superintendência Regional (SR), implantada em Florianópolis representa indiscutível contribuição à
Preservação do Patrimônio. No entanto, o escritório tem dificuldades em implementar ações de Educação
Patrimonial devido, principalmente, ao escasso quadro de funcionários disponiveis. Nesse contexto, as
iniciativas do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UDESC representam uma importante contribuição no
processo de conscientização da população, grande parte ainda resistente à ideia do Tombamento.
A partir da experiência e do contato direto com as evidências e manifestações da cultura, em todos os
seus múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho de Educação Patrimonial busca levar as
crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança
cultural, capacitando-os para um melhor usufruto desses bens, e propiciando a geração e a produção
de novos conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural (HORTA; GRUMBERG;
MONTEIRO, 1999, p. 06).
Desta forma, a Educação Patrimonial em suas formas de mediação, possibilita a interpretação dos
bens culturais, tornando-se um instrumento importante de promoção e vivência da cidadania.
Consequentemente, gera a responsabilidade na busca, na valorização e preservação do Patrimônio. O
processo educacional que é centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária do conhecimento e
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
5
enriquecimento individual e coletivo, entre crianças e adultos é a Educação Patrimonial.
Têm como princípio o contato direto com os bens patrimoniais e as manifestações culturais para
conseguir sua compreensão, internalização e valorização de sua herança cultural. (HORTA; GRUNBERG;
MONTEIRO, 1999). As metodologias da Educação Patrimonial podem ser aplicadas em qualquer tipo de
manifestação cultural e evidência material, pois consistem em dialogar de maneira que estimule e facilite a
comunicação e interação entre as comunidades e os agentes responsáveis pela preservação, fortalecendo
parcerias para a proteção e valorização desses bens. (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999)
Tal abordagem funciona como um suporte, uma ideia básica para se adotar. Ela se constitui mais
como uma diretriz conceitual que abrange o campo da memória individual e coletiva dos cidadãos,
envolvendo toda a cultura e a história herdada, ou seja, um patrimônio cultural que foi legado para esses no
presente. Pode-se utilizar das heranças dos mesmos e de outras nações, levando à compreensão de uma
diversidade cultural. A Educação Patrimonial pode ser explorada pelo seu potencial em diversas áreas
possibilitando aliar a história, as artes, a matemática, a geografia, a educação física e as ciências. Os
professores podem utilizar como peças-chave nas suas aulas os objetos culturais da comunidade e dos seus
vizinhos: as próprias edificações da escola, as celebrações, as criações artísticas, as crenças, as músicas entre
outras formas de expressão. É fundamental em todas as áreas do ensino a utilização dos objetos culturais,
podendo cada qual explorar e investigar conforme a especificidade de cada área. Também pode ser adotada
fora da escola, em outras instituições: museus, teatros, hospitais, e até mesmo dentro da própria casa que
carrega toda uma história familiar. Ou seja, pretende-se trabalhar com os legados deixados no presente, que
se referem a uma história, costumes e culturas de uma região.
As etapas metodológicas que podem ser adotadas na Educação Patrimonial consistem: na observação
(a identificação do objeto, sua função e significado); no registro (a fixação do conhecimento percebido,
desenvolvimento da memória e do pensamento lógico, intuitivo e operacional); na exploração (a análise do
problema, o levantamento de hipóteses, discussão, avaliação); e na apropriação (o desenvolvimento da
capacidade de auto-expressão, valorizando o bem cultural). (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999)
Procurando seguir a orientação metodológica do IPHAN para a Educação Patrimonial, os acadêmicos de
Arquitetura e Urbanismo, juntamente com os coordenadores do Programa, escolheram a Escola Pública
Estadual Jeronimo Coelho para realização do Programa de Extensão devido ao fato de tal escola situar-se
dentro da Poligonal de Tombamento e por seu prédio também ser um exemplar da Linguagem Eclética.
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
6
Foto antiga e atual mostrando as instalações do Colégio Jerônimo Coelho. Fonte: Acervo IPHAN.
Após algumas reuniões com os professores do Colégio, os integrantes do Programa elaboraram e
apresentaram a seguinte planilha de atividades a serem realizadas com os alunos, durante o período de aulas
em disciplinas escolhidas, por tratarem de conteúdos que poderiam ter uma caráter Interdisciplinar a serem
utilizado com fins de Educação Patrimonial.
DISCIPLINA CONTEÚDO PROPOSTO ATIVIDADE PROPOSTA
Língua portuguesa Produção textual; gêneros textuais. Produção de poemas e poesias sobre as tipologias
de portas e janelas presentes no centro histórico de
Laguna.
Matemática Sistemas de medida; noções de simetria e
proporção, instrumentos para medição
(réguas, fitas métricas, compasso, entre
outros)
Medição do colégio e representação de uma das
fachadas do mesmo.
Artes Desenho e análise de diferentes estilos
arquitetônicos.
Desenhar as edificações. Trabalho de colagem
(mosaicos) com edificações de diferentes
tipologias, para comparação de suas características
(forma, ornamentação, etc).
Geografia Cartografia. Elaboração de mapas e comparação dos mesmos;
exercícios de localização no espaço.
História Como eram as moradias antigamente e hoje. Comparação da casa do próprio aluno com as do
centro histórico; entrevista com alguém mais velho
e produção de cartazes.
As atividades foram realizadas com alunos de quinta à oitava série, que foram divididos em cinco
grandes grupos (língua portuguesa, matemática, artes, geografia e história). Ou seja, depois de uma breve
apresentação do que seria tratado em cada matéria, os alunos por inciativa própria, escolheriam qual
disciplina iriam desenvolver. Assim em cada grande grupo de aproximadamente vinte à trinta crianças,
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
7
haviam desde alunos de quinta até oitava série. O objetivo principal era desenvolver atividades em que os
alunos teriam o maior aproveitamento possível, unindo conceitos ligados as próprias matérias e a educação
patrimonial, além de divulgar a universidade.
Para preservar, é imprescindível que se rompa com a equivocada ideia de que o passado não pode
conviver harmoniosamente com o presente. Procurou-se estabelecer atividades relacionadas a conteúdos que
pudessem trazer a noção de que deve-se criar uma relação de respeito entre o “velho” e o contemporâneo,
propagando a noção de desenvolvimento sustentável que aspira ao equilíbrio entre o progresso tecnológico-
econômico e o meio ambiente.
4. O papel do Geoprocessamento
O objetivo principal voltado ao geoprocessamento deste projeto de extensão foi a organização de um SIG
(Sistema de Informações Geográficas), que servisse para a identificação e gerenciamento das edificações
tombadas de Laguna, considerando a dificuldade que o órgão nacional de preservação, o IPHAN, tem em
fiscalizar todo o patrimônio material do município. Todas as informações encontradas no IPHAN não são
disponibilizadas em meio digital, e a maioria delas estão desatualizadas, defasadas ou faltantes. Sendo assim,
percebeu-se a necessidade de criarmos um SIG para que essas informações pudessem então serem
disponibilizadas em meio digital, além de serem atualizadas mais facilmente.
Para a criação de um SIG foi necessário georeferenciar uma planta da poligonal de tombamento de
Laguna e digitalizar todos os dados referentes as edificações encontrados no IPHAN para montar uma tabela
no programa Excel. Nesta tabela, encontram-se dados como coordenada “x” e “y”, o número da quadra em
que a edificação está localizada, o número de inscrição imobiliária, a linguagem arquitetônica, o uso do solo
(comercial, residencial, institucional, entre outros), o tipo de ocupação no lote (referente aos afastamentos),
as técnicas construtivas, o nome do proprietário, a data de construção e o estado de conservação. Após estes
procedimentos, que foram concluídos com sucesso, faltaria apenas vincular estas duas informações (a tabela
e o mapa georeferenciado) num programa de georeferenciamento.
Planilha eletrônica referente as edificações do centro histórico de Laguna
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
8
Por falta de tempo, foi apenas concluída a inserção do mapa no programa. No semestre posterior a
finalização do programa de extensão, foi inserida a planilha eletrônica no programa de georeferenciamento,
porém não foi concluída a produção do SIG, já que houve um erro na leitura da tabela. A intenção era
disponibilizar todo o programa para o IPHAN, incluindo diversos mapas temáticos como o uso do solo, o
estado de conservação, entre outros, porém como o SIG não foi concluído, entregamos apenas a planilha
eletrônica, que pode ser atualizada com maior facilidade que os meios hoje implantados no órgão.
Imagem do mapa inserido no programa de georeferenciado
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
9
5. O geoprocessamento vinculado à educação patrimonial
A partir da poligonal de tombamento do IPHAN em Laguna, procurou-se delimitar um recorte contendo
edificações representativas e que se situassem próximas à escola escolhida, para que, eventualmente pudessem
ser realizadas atividades de visitação in loco com os alunos. Tal recorte é apresentado na figura a seguir, com
destaque para o colégio Jeronimo Coelho:
A partir desse recorte foram analisados mapas temáticos em que foram evidenciadas suas variadas
linguagens arquitetônicas, baseadas em levantamentos encontrados no Plano Diretor de Laguna que define 8
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
10
modalidades arquitetônicas: luso brasileiro; luso brasileiro descaracterizado; eclético; art déco; californiano;
modernista; contemporâneo e acréscimos. No recorte escolhido tem-se a predominância de edificações de
linguagens coloniais, ecléticas e art déco nas proximidades da escola, conforme apresentado na figura a
seguir:
Mapa temático: Linguagens Arquitetônicas. Fonte: IPHAN, adaptado pelos autores.
Também foi analisado um mapa temático de Uso do Solo em que foram identificados os principais
usos das edificações situadas no recorte, conforme apresentado na figura a seguir:
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
11
Mapa temático: Uso do Solo. Fonte: IPHAN, adaptado pelos autores.
Tais mapas temáticos foram uteis para a elaboração de um jogo de tabuleiro a ser utilizado na ação
de Educação Patrimonial, conforme apresentado na figura a seguir:
Mapa lúdico construído por alunos do Jerônimo Coelho. Fonte: Acervo VOPEL.
6. Procedimentos Metodológicos
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
12
Tendo como principal objetivo a Valorização do Patrimônio Histórico através da Educação
Patrimonial, foi desenvolvido material didático a partir de produtos advindos de cartografia temática em
geoprocessamento e empregou-se tal material em iniciativas junto a professores e alunos da escola de ensino
fundamental Jeronimo Coelho situada dentro da Poligonal de Tombamento.
Os Procedimentos Metodológicos adotados envolveram as seguintes etapas:
1. adaptação e formatação do conteúdo cartográfico temático em softwares de editoração gráfica
2. impressão dos produtos desenvolvidos
Material elaborado e impresso com atividades lúdicas para alunos do Jerônimo Coelho.
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
13
3. traçar um perfil dos professores e alunos de 5a,6a, 7a e 8a séries do ensino fundamental das
escolas envolvidas.
4. desenvolver ações pedagógicas empregando o material desenvolvido da ferramenta do
Geoprocessamento para identificação e gerenciamento das edificações tombadas em Laguna.
Reunião preparatória com alunos e professores e atividades desenvolvidas no Colégio Jerônimo
Coelho. Fonte: Acervo VOPEL
Grupo de trabalho VOPEL composto por acadêmicos e professores do CERES UDESC e Grupo
responsável pela construção do Mapa lúdico. Fonte: Acervo VOPEL.
A realização do Programa “Valorizando o Patrimônio Edificado de Laguna” demonstrou a
viabilidade “Conhecimento Interdisciplinar” tanto para o sucesso da aplicação da Educação Patrimonial em
escolas públicas, onde o patrimônio cultural foi ressaltado através de matérias como matemática, língua
portuguesa, geografia, história e artes quanto para o desenvolvimento de iniciativas de extensão
universitária, unindo conhecimentos de disciplinas como Estética e História das Artes, Técnicas
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
14
Retrospectivas e Topografia e Reproduções Cartográficas na construção de um mesmo conhecimento e um
mesmo objetivo: a valorização e o gerenciamento do patrimônio cultural tombado de uma cidade.
Portanto, o programa de extensão também recebeu o 1º lugar na área temática Tecnologia e
Produção, na modalidade Oral, no 8º Encontro de Extensão da Universidade do Estado de Santa Catarina,
realizado no período de 08 a 09 de novembro de 2012, sendo contemplado com Certificado de Mérito
Acadêmico Extensionista.
Banner apresentado pelos alunos extensionistas e Mérito Acadêmico Extensionista em Encontro de
Extensão. Fonte: Acervo VOPEL.
7. Considerações finais
Por meio das entidades parceiras (IPHAN e a Prefeitura Municipal de Laguna) foi possível coletar
diversos dados para a produção da planilha eletrônica, gerando um material de grande utilidade para o
gerenciamento do patrimônio cultural junto à Prefeitura da cidade e o órgão de preservação.
A educação patrimonial empregada em uma escola de ensino público, o Colégio Jerônimo Coelho,
que pertence ao centro histórico de Laguna, obteve resultados positivos. A produção de materiais, como
mapas, maquetes, desenhos técnicos, mosaicos e produção textual, todos com um mesmo objetivo, a
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
15
representação, o conhecimento e a valorização do patrimônio material e imaterial em Laguna, serviram de
incentivo, além de terem sido expostos na comemoração do Centenário do Colégio, multiplicando este
conhecimento à boa parte da população local.
Referências:
AMORIM, Rômulo Alves de. Educação Patrimonial e Patrimônio: as representações sociais do Professor de História
do ensino Fundamental, da 5a à 8a série, das redes municipais do Recife e do Cabo de Santo Agostinho. 235 f.
Dissertação (Mestrado em Educação). Centro de Educação, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2004.
BENÍCIO, Danielle; HEIDTMANN JUNIOR, Douglas Emerson Deicke. Um caminho para o ensino de projeto em
pre-existências: Experiência de Ensino nas Disciplinas Patrimônio Histórico e Arquitetônico, Técnicas Retrospectivas: Teoria e Projetos e Projeto Restauração do Patrimônio Arquitetônico no Curso de Arquitetura e Urbanismo da
UDESC em Laguna/SC. In: Anais do ArquiMemória 4 – Encontro Internacional sobre Preservação do Patrimônio
Edificado, Salvador - BA, Faculdade de Arquitetura (FAUFBA), 14 e 17 de maio de 2013.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas
transversais, ética. Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 146p.
CARSALADE, Flávio de Lemos. Educação e Patrimônio Cultural. In: GRUPO Gestor do Projeto de Educação
Patrimonial. Reflexões e contribuições para a Educação Patrimonial. Belo horizonte: SEE/MG (Lições de Minas. 23),
2002.
CUSTÓDIO, Luiz Antônio Bolcato. “Educação Patrimonial: experiências”. In: BARRETO, Euder Arrais et. al.
Patrimônio Cultural e Educação: artigos e resultados. Goiânia: Marques e Bueno Ltda, 2010, p.23- 36
FIGUEIREDO, Betânia Gonçalves. Patrimônio Histórico e Cultural: um novo campo de ação para os professores. In:
Grupo Gestor do Projeto de Educação Patrimonial. Reflexões e contribuições para a Educação Patrimonial. Belo
horizonte: SEE/MG (Lições de Minas. 23), 2002.
GEISSLER, H.J e D.E.D. HEIDTMANN Jr. e C. LOCH et al. 2008, Reconhecendo o Patrimônio Histórico da Ilha de
Santa Catarina: pelas ' lentes ' do presente com vistas ao futuro. In: Anais do I Fórum Latino Americano de Educação Patrimonial; II Seminário Internacional de Turismo e Arqueologia ..., UFPEL, Pelotas - RS, Brasil. Disponível em:
http://www.ufpel.edu.br/ich/fep/baixar/FEP_caderno_resumos.pdf acesso em julho de 2013.
GRUNBERG, Evalina. Manual de atividades práticas de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN, 2007. ______. “Educação Patrimonial: trajetórias”. In: BARRETO, Euder Arrais et. al. Patrimônio Cultural e Educação:
artigos e resultados. Goiânia: Marques e Bueno Ltda, 2010, p.37- 41
______. Educação Patrimonial – Utilização dos Bens Culturais como Recursos Educacionais. Disponível em: <http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo4/estudos_sociais/educacao_patrimonial.pdf> Acesso em 20
setembro 2013.
HEIDTMANN Jr, D.E.D., 2007, Novos usos para edificações de interesse histórico e cultural: lições da produção arquitetônica pelotense, Dissertação, Mestrado em Arquitetura e Urbanismo, UFSC, Florianópolis.
HORTA, Maria de Lourdes Parreira; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN e Museu Imperial, 1999.
______. Fundamentos da Educação Patrimonial. In: Revista Ciências &Letras. Porto Alegre: Faculdade Porto
Alegrense de Educação, Ciências e Letras. jan./jun. 2000, n.27, p. 25-35
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
16
______. Educação Patrimonial. In: BARRETO, Euder Arrais et. al. Patrimônio Cultural e Educação: artigos e
resultados. Goiânia: Marques e Bueno Ltda, 2010, p. 15-21