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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS GENES DE VIRULÊNCIA EM Salmonella enterica: Descrição, componentes estruturais e métodos de detecção Adriana Marques Faria Orientador: Prof. Dr. Guido Fontgalland Coelho Linhares GOIÂNIA 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS

GENES DE VIRULÊNCIA EM Salmonella enterica:

Descrição, componentes estruturais e métodos de detecção

Adriana Marques Faria

Orientador: Prof. Dr. Guido Fontgalland Coelho Linhares

GOIÂNIA

2013

ii

ADRIANA MARQUES FARIA

GENES DE VIRULÊNCIA EM Salmonella enterica:

Descrição, componentes estruturais e métodos de detecção

Seminário apresentado junto à

Disciplina Seminários Aplicados do

Programa de Pós-Graduação em

Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás.

Nível: Doutorado

Área de concentração:

Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos

Linha de Pesquisa:

Etiopatogenia, epidemiologia, diagnóstico e controle

das doenças infecciosas dos animais

Orientador:

Prof. Dr. Guido Fontgalland Coelho Linhares

Comitê de Orientação:

Prof.ª Dr.ª Maria Auxiliadora de Andrade - EVZ /UFG

Prof. ª Dr.ª Moema Pacheco Chediak Matos - EVZ /UFG

GOIÂNIA

2013

iii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 1

2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................

2.1 Estrutura celular bacteriana.......................................................................

3

3

2.1.1 Genótipo e fenótipo de Salmonella enterica........................................... 5

2.2 Resistência de Salmonella a agentes antimicrobianos e biocidadas......... 6

2.3 Genes de Virulência.................................................................................. 9

2.3.1 Ilhas de patogenicidade.......................................................................... 10

2.3.2 Plasmídeos............................................................................................. 12

2.3.3 Transposons ..........................................................................................

2.3.4 Integrons ................................................................................................

15

16

2.3.5 Genes cassete........................................................................................

2.4 Métodos de detecção de genes de virulência............................................

2.4.1 Reação em Cadeia da Polimerase.........................................................

2.4.2 Hibridização de ácidos nucleicos............................................................

I. Southern Blotting..........................................................................................

II. Microarray....................................................................................................

2.4.3 Outros métodos de detecção de genes de virulência ...........................

I. Fingerprinting................................................................................................

II. Tipificação de sequência de multilocus.......................................................

III. Dendograma..............................................................................................

IV.Sequência genômica...................................................................................

18

19

19

22

22

24

25

25

25

26

27

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 29

iv

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Estruturas de uma célula bacteriana Gram negativa típica.

Presença de cápsula, parede celular, membrana celular,

citoplasma, nucleoide, fímbrias, flagelos, ribossomos e plasmídeo.

......................................................................................................... 2

FIGURA 2: Representação esquemática dos métodos de transferência gênica

horizontal entre bactérias. Transdução e transformação,

Conjugação; Transposons (genes saltadores) e Conjugação......... 5

FIGURA 3: Representação esquemática dos principais modos de ação de

antibióticos sobre uma célula bacteriana...................................... 7

FIGURA 4: Representação esquemática ilustrando a quantidade de genes

encontrados em Salmonella Typhi. A cada gene, é atribuída uma

cor de acordo com a função exercida na célula bacteriana............9

FIGURA 5: Representação esquemática do cromossomo de Salmonella

enterica. Ilhas de patogenicidade (SPI) são mostradas fora do

cromossomo enquanto genes de virulência e reguladores

transcricionais são mostrados na parte interna............................. 11

FIGURA 6: A: Representação esquemática de célula bacteriana, plasmídeos e

seus respectivos métodos de resistência a antimicrobianos. be –

Bomba de efluxo; ed- Enzimas degradam o antimicrobiano; el-

Enzimas se ligam ao antimicrobiano e inibem sua ação. Fonte:

Adaptada de scienceblogs.com.br. B: Representação esquemática

de vários genes e funções em um plasmídeo, cada cor representa

um gene diferente...........................................................................14

FIGURA 7: Representação esquemática de um transposon codificando um

gene bacteriano e após a ação de uma enzima específica, o

mesmo é realocado em outra posição na mesma célula bacteriana.

....................................................................................................... 15

v

FIGURA 8: Representação esquemática da conformação de integron e genes

cassete........................................................................................... 17

FIGURA 9: Representação esquemática de Reação em cadeia da polimerase

demonstrando as fases de desnaturação, anelamento, extensão e

amplificação da região de interesse.............................................. 20

FIGURA 10: Gel de agarose corado demonstrando perfil plasmidial de vários

sorotipos de Salmonella ............................................................... 21

FIGURA 11: Representação esquemática da técnica de Southern blotting

demonstrando as etapas necessárias para a sua realização.

Extração de DNA; digestão de DNA; preparo da sonda;

transferência; hibridização e detecção do DNA............................. 23

FIGURA 12: Resultado de Southern blotting de plasmídeos de virulência de

Salmonella Cholerasuis isoladas de humanos e

suínos.......................................................................................... 23

FIGURA 13: Representação esquemática de Microarray de genes de virulência e

resistência de Salmonella spp. e E. coli. Cada marcação determina um

gene padrão..................................................................................... 24

FIGURA 14: Tipificação de sequência multilocus (MLST), cada quadrado

branco condiz com a presença de um gene alvo determinado na

abscissa......................................................................................... 26

FIGURA 15: Dendograma de Salmonella Javiana. Presença de genes

semelhantes (linhas vermelhas) ou distintos a partir do peso

molecular em plasmídeos. Presença de resistência a

antimicrobianos testados (quadrado vermelho), baixa

suscetibilidade a antimicrobianos testados (quadrado verde) e

suscetibilidade plena a antimicrobianos testados (azul claro).

Presença de genes de virulência, amarelo presente, azul ausente.

....................................................................................................... 27

vi

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Genes essenciais/fisiológicos e genes de virulência/adaptativos

que podem ser encontrados em Salmonella enterica............... 10

1. INTRODUÇÃO

A crescente problemática de agentes patogênicos resistentes e com

acentuada virulência é uma realidade mundial nos dias de hoje. Bactérias da

Família Enterobacteriaceae representam e demandam muitos estudos com o

intuito de entender os seus métodos de ação e o porquê da sua presença ser tão

deletéria aos homens e animais.

Quando se estuda os patógenos bacterianos, é possível descobrir que

estes possuem múltiplos fatores que em conjunto são essenciais à capacidade de

infectar e causar injúria sobre seus respectivos hospedeiros. Na verdade, a

sobrevivência da bactéria parece depender de um balanço entre muitos produtos

de genes atuando de maneira simultânea. A ausência ou presença de certos

genes está totalmente relacionada a diversos mecanismos essenciais ou

adaptativos às bactérias. Tais estruturas podem ser encontradas em plasmídeos

ou intimamente no próprio cromossomo da bactéria. Alguns genes possuem

funções fisiológicas para o microrganismo, enquanto outros determinam fatores

de virulência que são fundamentais à sobrevivência, invasão e permanência da

bactéria em condições adversas no hospedeiro e no ambiente (1).

O gênero Salmonella é composto por bactérias muito importantes na

área de veterinária e de saúde pública, pois é responsável por doença em animais

e humanos, e extensas perdas econômicas na produção animal. Também é

extensivamente estudada em termos de fisiologia, genética e estrutura celular,

sendo uma das bactérias patogênicas melhor caracterizadas em termos de

virulência. A virulência da Salmonella, e seus respectivos sorotipos, é multifatorial

e complexa, incluindo presença de estruturas como fímbrias e flagelos, bem como

sua habilidade de penetrar e replicar nas células epiteliais (2).

Cada característica da bactéria é determinada por um gene específico,

seja a própria respiração celular ou resistência a antimicrobianos. O estudo de

genes que conferem resistência e características que denominam as bactérias

como virulentas tem como intuito entender a função de cada gene, tornando

possível também determinar o meio de aquisição deste entre as bactérias (3).

Com os avanços nos métodos de diagnóstico, é possível determinar

toda a sequência genética de microrganismos e populações bacterianas de

maneira geral (4). O estudo de métodos para detecção da presença de fatores e

2

estruturas determinantes de virulência em Salmonella constitui um campo

promissor de pesquisa com diversas técnicas sendo utilizadas com relativo

sucesso (5).

Para compreender a virulência de bactérias e sua importância é válido

entender quais seriam os mecanismos de ação, como surgiram e como fazer o

seu diagnóstico. Logo, pretende-se fazer uma revisão de literatura sobre a

importância dos genes de virulência em Salmonella enterica, descrevendo suas

estruturas e os métodos de detecção mais utilizados.

3

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Estrutura celular bacteriana

As bactérias são organismos relativamente simples, unicelulares de

diferente conformação estrutural, onde o seu material genético não está envolto

por uma membrana nuclear e, portanto, são seres procariotos (pré-núcleo) (6). De

maneira geral, uma célula bacteriana típica é composta de uma cápsula, parede

celular, membrana celular, citoplasma contendo material nuclear e estruturas

acessórias como flagelo, fímbrias e plasmídeos (Figura 1) (2).

FIGURA 1: Estruturas de uma célula bacteriana Gram negativa típica. Presença de cápsula, parede celular, membrana celular, citoplasma, nucleoide, fímbrias, flagelos, ribossomos e plasmídeo. Fonte: Adaptado de TORTORA 6 et al. (2012).

A presença de estruturas como cápsula, fímbrias e plasmídeos é

importante na evolução de bactérias, visto que determinam maior capacidade de

sobrevivência no ambiente, motilidade e características de adaptação e

resistência, respectivamente. A partir do conhecimento de algumas características

estruturais de bactérias é possível determinar particularidades que são

fundamentais na determinação da patogenicidade e também são auxiliares no

diagnóstico laboratorial de infecções (2).

O genótipo de uma bactéria representa as propriedades potenciais de

um determinado organismo por meio da composição genética que codifica todas

as suas características particulares. Ainda, representa as características

potenciais delineadas por uma coleção de genes presentes em seu DNA. Quanto

CITOPLASMA

RIBOSSOMOS

NUCLEOIDE

FLAGELO

PLASMIDEO CÁPSULA

PAREDE CELULAR

MEMBRANA

PLASMÁTICA

FÍMBRIAS

4

ao fenótipo, refere-se às propriedades verdadeiramente expressas, resultado

direto da manifestação do genótipo. Em termos moleculares, o fenótipo

representa a coleção de proteínas da qual provém a maior parte das

características da célula (6).

As bactérias podem transferir seu material genético de duas maneiras:

vertical e horizontal. Na transferência gênica vertical, os genes são passados de

um microrganismo para seus descendentes. Na transferência gênica horizontal,

os genes podem ser adquiridos de outros microrganismos da mesma geração.

Esse fenômeno envolve uma célula doadora que contribui parte de seu genoma

para uma célula receptora, que pode ser de uma espécie ou até mesmo de um

gênero diferente (7). Após a transferência, parte do DNA da doadora é

incorporado ao DNA da receptora, que passa a ser denominada de recombinante

(8).

Alguns genes adquiridos horizontalmente podem proporcionar efeitos

deletérios à célula bacteriana que os recebeu. Dessa maneira, essa bactéria será

eliminada da população ao qual está inserida, da mesma forma que mutações

deletérias são perdidas, já que são eventos prejudiciais a sobrevivência do

microrganismo. Por outro lado, genes que conferem ao patógeno vantagem

seletiva em relação ao hospedeiro têm o potencial de serem rapidamente

espalhados dentro da população bacteriana (9).

Para que haja a transferência gênica horizontal existem três

mecanismos a citar: transdução, transformação e conjugação (6) (Figura 2). Além

disso, existem mecanismos adicionais para a modificação genética das bactérias,

os chamados elementos genéticos móveis, cuja presença é associada a genes

codificadores de funções que podem proporcionar vantagem para a sobrevivência

dos microrganismos (10). Plasmídeos, transposons e integrons são os elementos

genéticos móveis de maior interesse na genética bacteriana (11).

5

FIGURA 2: Representação esquemática dos métodos de transferência gênica horizontal entre bactérias. Transdução e transformação, Conjugação; Transposons (genes saltadores) e Conjugação. Fonte: www.studentconsult.com66.

2.1.1 Genótipo e fenótipo de Salmonella enterica

A família Enterobacteriaceae é constituída por membros bastante

semelhantes entre si, apresentando parede celular típica de organismos Gram

negativos constituída interna e externamente por membranas separadas por

glicopeptídeo, com a presença de várias proteínas que diferenciam de acordo

com gênero, espécie e subespécie. O gênero Salmonella é bastante estudado

dentro desta família, onde seus representantes são espécies que apresentam

motilidade, havendo poucas variantes imóveis. Resistem à dessecação e ao

congelamento, podendo sobreviver no ambiente em períodos que variam de

meses a anos (12).

A variação genética em Salmonella sp. está relacionada à codificação

de estruturas como os lipopolissacarídeos, flagelos e fímbrias, bem como a

TRANSDUÇÃO E

TRANSFORMAÇÃO

CONJUGAÇÃO CONJUGAÇÃO

6

expressão de genes de virulência específicos que alteram a fisiologia celular ou

protegem o patógeno das defesas do hospedeiro. Portanto, a pressão seletiva

para promover o polimorfismo genético responsável por variação antigênica

desses microrganismos é consequência direta da presença das estruturas de

superfície, já que são alvos do sistema imune do hospedeiro (13).

A variabilidade fenotípica observada em cepas de Salmonella enterica

é determinada por mecanismos biológicos implícitos em seu genoma e sua

repercussão na epidemiologia da doença causada por este patógeno é

frequentemente objeto de estudos (14).

Nesse sentido, a recombinação genética, que se refere à troca de

genes entre duas moléculas de DNA para formar novas combinações em um

cromossomo, é considerada a fonte da variação evolutiva da maioria dos

procariotos (6). Estima-se que aproximadamente 25% do genoma de uma

bactéria são obtidos de outra célula, podendo esta ser da mesma espécie ou não.

Além disso, esse evento possui papel essencial na preservação da integridade

genética por meio da reparação de possíveis falhas no DNA bacteriano (8).

Em determinadas espécies de bactérias os genes codificadores de

funções específicas são altamente propensos à recombinação e transferência

gênica horizontal de modo que antígenos similares podem ser encontrados em

cepas distantemente relacionadas (15). No gênero Salmonella, a presença de tais

elementos é frequentemente estudada e associada a genes de resistência a

antimicrobianos, sendo geralmente referida como ilhas de resistência

antimicrobiana. Desta forma são importantes indicativos do desenvolvimento e

distribuição desse mecanismo entre os diversos sorotipos de Salmonella (16).

2.2 Resistência de Salmonella a agentes antimicrobianos e biocidas

Os antimicrobianos são metabólitos de origem microbiana com baixo

peso molecular, que têm a capacidade de, em pequenas doses, inibir o

crescimento ou destruir microrganismos causadores de doenças. Os efeitos

bacteriostático e bactericida são determinados por mecanismos de ação, sendo

7

eles exercidos essencialmente por inibição da síntese da parede celular, inibição

da duplicação cromossômica ou transcrição, alterações na permeabilidade da

membrana citoplasmática, interferência na replicação dos cromossomos e

interferência na síntese proteica (6) (Figura 3).

FIGURA 3: Representação esquemática dos principais modos de ação de antibióticos sobre uma célula bacteriana. Fonte: http://revistaescola.abril.com.br67.

A atividade de agentes antimicrobianos é influenciada pelo sítio de

ação, taxa de absorção e poder de penetração na célula e pelo metabolismo do

agente específico. Por isso, a atividade de determinado agente antibacteriano

pode ser totalmente afetada pela interação entre patógeno e droga, bem como

entre o hospedeiro e o patógeno (2).

No tratamento e controle de infecções por Salmonella spp., os

principais agentes antimicrobianos utilizados são as fluoroquinolonas e terceira

geração de cefalosporinas. O aparecimento de resistência a tais compostos leva a

grande preocupação, visto que para o gênero há relatos de resistência à maioria

dos antimicrobianos disponíveis (17), limitando as possibilidades de fármacos

eficazes frente a Salmonella spp., gerando portanto, um problema de alta

relevância em saúde pública (18).

8

Diferentemente de antimicrobianos, que atuam sobre um processo

fisiológico ou estrutura da bactéria, os agentes biocidas possuem mais de um sítio

de ação normalmente. No entanto, essa potencialidade pode ser reduzida em

caso de concentrações subinibitórias. Se um antimicrobiano é limitado a um sítio

de ação apenas, e um processo adaptativo da célula bloqueia o acesso a este, há

o aparecimento de resistência para com determinado agente (19). Os diferentes

mecanismos de ação de agentes biocidas são variáveis de acordo com a

estrutura química deste e da composição bacteriana, podendo-se elencar como

principais mecanismos: Interação com componentes celulares externos; Interação

com a membrana citoplasmática e interação com constituintes citoplasmáticos. Os

biocidas podem atuar em um nível de interação ou em vários com a célula

bacteriana, a fim de produzir atividade antimicrobiana (20).

A resistência bacteriana aos biocidas já fora descrita em 1950 e 1960,

e nos últimos anos vem aumentando. Resposta bacteriana a biocidas é

determinada essencialmente pela natureza de agentes químicos e o tipo de

organismo envolvido. Outros fatores como temperatura, contato, pH ambiental e

presença de matéria orgânica, podem exercer considerável efeito sobre as

propriedades do agente empregado. Os mecanismos de resistência ou tolerância

aos biocidas são relacionados a características estruturais, intrínsecas ou

adquiridas pelas bactérias (21).

A resistência aos compostos de amônio quaternário, um biocida

amplamente utilizado na desinfecção de ambientes, é relatada para diversos

sorotipos de Salmonella enterica (17). Entretanto alguns biocidas que são

amplamente utilizados como Cloreto de benzalcônico ou Iodofor ainda são

eficazes na desinfecção de instrumentos e instalações (22).

Os relatos de resistência a agentes antimicrobianos e biocidas em

Salmonella spp., entre outras bactérias, estão relacionados à existência de genes

específicos que podem determinar diferentes habilidades a célula bacteriana. Tais

genes são denominados genes de resistência e fazem parte dos chamados genes

virulência. O conhecimento sobre sua localização, composição e caracterização

são alvos de muitas pesquisas na última década (6, 7, 10, 11, 15).

9

2.3 Genes de virulência em Salmonella enterica

Genes são segmentos de DNA que codificam produtos funcionais. Os

genes estão organizados em arranjo linear dentro do cromossomo de um

organismo, conhecido como locus genético. Cada gene possui uma função

específica que pode ou não ser expressa, a depender de inúmeros fatores

intrínsecos ao próprio DNA. As bactérias, que são microrganismos de menor

complexidade genética, possuem algo em torno de 500 genes compondo seu

DNA (3) (Figura 4).

FIGURA 4: Representação esquemática ilustrando a

quantidade de genes encontrados em Salmonella Typhi. A cada gene, é atribuída uma cor de acordo com a função exercida na célula bacteriana. Fonte: LANGRIDGE24 et al., 2009.

O DNA de vários sorotipos de Salmonella enterica já foi sequenciado e

caracterizado por métodos bioquímicos e moleculares, portanto a maioria dos

genes é descrita e também se conhece em grande parte as funções que cada

gene determina para a bactéria (23). Alguns genes possuem funções necessárias

à sobrevivência da bactéria, pois codificam proteínas funcionais para a

respiração, locomoção, aquisição de nutrientes entre outras. Outros genes podem

10

estar presentes na bactéria para determinar funções que definem vantagens

evolutivas e competitivas para o microrganismo, como invasão da célula

hospedeira, resistência a determinados antimicrobianos e enterotoxinas (Quadro

1) (24).

QUADRO 1: Genes essenciais/fisiológicos e genes de virulência/adaptativos que podem

ser encontrados em Salmonella enterica. Fonte: Adaptado de

http://www.salmonella.org68.

GENES ESSENCIAIS/ FISIOLÓGICOS GENES DE VIRULÊNCIA/ADAPTATIVOS

dnaB- síntese de DNA InvD- invasão da célula

In1-A- fermentação bacteriana mviM- virulência no hospedeiro

nit- metabolismo de Nitrogênio pho-P- invasão de macrófagos

sinR- inserção da bactéria sapA- resistência a antimicrobianos

fimI- fímbria spvB- plasmídeo de virulência

flgA- flagelo stx- enterotoxina

Os genes de virulência podem estar presentes em diversas regiões do

cromossomo e/ou elementos genéticos móveis da bactéria, sendo responsáveis

pela codificação de produtos e propriedades que podem determinar a

patogenicidade e consequentemente a virulência de Salmonella spp. (25). As

regiões e elementos mais importantes na compreensão dos genes de virulência

serão abordados a seguir.

2.3.1 Ilhas de patogenicidade

Ilhas de patogenicidade são ilhas genômicas, constituídas por amplas

regiões cromossômicas (10.000 a 200.000 pares de bases) de alta instabilidade e

com características distintas do restante do genoma bacteriano (Figura 5). Estas

são diferentes do restante do cromossomo e estão comumente associadas a

genes que codificam RNA transportador. Em suas extremidades possuem regiões

denominadas Hot spots, que são elementos envolvidos na mobilidade genética

(26).

11

FIGURA 5: Representação esquemática do cromossomo de Salmonella

enterica. Ilhas de patogenicidade (SPI) são mostradas fora do cromossomo enquanto genes de virulência e reguladores transcricionais são mostrados na parte interna. Fonte: MARCUS1 et al. (2000).

Nas ilhas de patogenicidade estão presentes vários genes que podem

contribuir para um determinado fenótipo de virulência, o qual é manifestado em

um período específico durante o curso da infecção. A aquisição de uma ilha de

patogenicidade por um organismo não garante a sua transformação em um

patógeno de fato, a virulência é determinada não só pelo microrganismo, mas

também pelo hospedeiro suscetível (1).

Existem 17 ilhas de patogenicidade reconhecidas no gênero

Salmonella, a SPI-1 é a mais bem caracterizada, principalmente por estar

presente em todas as espécies de Salmonella e conter um gene muito utilizado na

identificação do gênero: invA (1). Na SPI-1 estão localizados genes necessários

para invasão, característica importante para virulência (27).

A capacidade de Salmonella em sobreviver no interior de fagócitos e de

replicar dentro de vesículas de células eucarióticas é um processo complexo,

requerendo o envolvimento de muitos genes, incluindo aqueles que auxiliam na

sobrevivência a formas reativas de oxigênio, baixo pH e defensinas. A maioria

destes genes está localizada na SPI-2, essencial para habilidade de proliferar em

tecido extra-intestinal e causar infecções sistêmicas (28).

Na SPI-3 estão presentes os genes mgtB e mgtC, necessários para

12

sobrevivência no interior de macrófagos. O gene mgtB é responsável pelo

transporte de magnésio (Mg2+) quando este se encontra em baixas

concentrações. Este sistema de captação de Mg2+ é importante para adaptação a

limitações nutricionais no interior do fagossomo. A função do mgtC ainda não está

claro. Mutantes para estes genes são deficientes na proliferação intracelular e na

infecção sistêmica (29).

SPI-4 codifica o Sistema de Secreção do Tipo 1, que transloca

proteínas necessárias para colonização intestinal. É especulado que esta ilha está

envolvida na secreção de citotoxinas, responsáveis por induzir a apoptose de

macrófagos infectados. Um lócus dentro da SPI – 4 também tem sido relacionado

com a sobrevivência no interior de macrófagos. No entanto, sua função principal

ainda não foi totalmente determinada (1).

SPI-5 codifica proteínas efetoras que em conjunto a outras proteínas

são necessárias a enteropatogenicidade no hospedeiro suscetível. Estudos

indicam a sua presença em vários sorotipos de S. enterica enterica incluindo os

sorotipos Dublin e Typhimurium (28).

As ilhas de patogenicidade seis a 17 ainda carecem de estudos, sendo

algumas funções muito importantes já identificadas. Em isolados de S. Typhi a

produção de cápsula polissacarídica Vi está relacionada com a ilha de

patogenicidade SPI-7, tal antígeno protege o patógeno dos mecanismos de

imunidade inata e mediada por anticorpos do hospedeiro (30). A SPI-11 e SPI-13

possuem um papel importante que é a permanência no interior de macrófagos

(31).

2.3.2 Plasmídeos

Os plasmídeos são elementos citoplasmáticos que podem se auto-

replicar de forma independente da célula bacteriana. A maioria dos plasmídeos é

circular e composta de DNA de fita dupla, possuindo tamanho variável. A

importância dos plasmídeos incide na sua capacidade de possuir genes de

virulência e codificar fatores de virulência e resistência a antibióticos (2). Os

plasmídeos, como parte de um genoma flutuante de organismos bacterianos,

13

aparentam ser uma miniatura de pan-genoma bacteriano, que é composto por um

genoma intrínseco (essencial) e um genoma dispensável (32).

De maneira evidente, os plasmídeos detém uma grande importância

para a bactéria podendo desempenhar inúmeras funções. Entretanto, sabe-se

que nem todos os sorotipos de Salmonella spp. possuem estas estruturas (33). A

especificidade de hospedeiro de Salmonella indica que os diferentes sorotipos

exploram diferentes ecologias. Portanto, espera-se que os plasmídeos

responsáveis por virulência, lidem com diferentes tipos de seleções naturais de

acordo com os ambientes intra e extracelulares relacionados a cada sorotipo (32).

Para efeito de classificação, os plasmídeos, podem ser agrupados de

acordo com sua funcionalidade, como plasmídeos de virulência sorotipo-

específico, ou plasmídeos de alto peso molecular e os de baixo peso molecular.

Ainda, a troca destas estruturas pode ser observada em diversos sorotipos, sendo

importante essa classificação para também identificar a sua origem (33).

A presença de pequenos e grandes plasmídeos em sorotipos de

Salmonella é foco de um grande número de estudos, determinando também os

diferentes genes codificados e as respectivas regiões responsáveis por

resistência a antimicrobianos, invasão na célula hospedeira e outras funções que

podem ser observadas (34).

No sorotipo Typhimurium existe um pequeno plasmídeo (93kb) de

resistência bem reconhecido denominado pSLT, que desde a década de 70 já é

foco de estudos (35). No sorotipo Montevideo, plasmídeos pequeno e grande

foram identificados carregando genes de resistência (estreptomicina, sulfonamida,

tetraciclina): pS5403-1 (53kb) e pS5403-2 (299kb) (36).

Os plasmídeos podem possuir fatores R (resistência) e os fatores F

(fimbriais). O fator R se relaciona à habilidade de intermediar a transferência de

resistência a antimicrobianos entre bactérias que são resistentes para outras que

não são. Normalmente carreiam um grupo de genes responsáveis pela resistência

cuja função é inativar a ação de determinada droga. Os plasmídeos R, como

exemplo R1 e R100, são responsáveis por controlar o processo de replicação e

conjugação, denominados fatores de transferência de resistência (37) (Figura 6a).

14

FIGURA 6: A: Representação esquemática de célula bacteriana, plasmídeos e seus respectivos métodos de resistência a antimicrobianos. be – Bomba de efluxo; ed- Enzimas degradam o antimicrobiano; el- Enzimas se ligam ao antimicrobiano e inibem sua ação. Fonte: Adaptada de scienceblogs.com.br69. B: Representação esquemática de vários genes e funções em um plasmídeo, cada cor representa um gene diferente. Fonte: SWITT36 et al. (2013).

Genes como dhfrA1, aadA1, qacED1 e sul1, relacionados à resistência

a antimicrobianos, são frequentemente encontrados em plasmídeos como pSLT e

pSD107 (Figura 6b). A identificação e sequenciamento de plasmídeos são

utilizados não apenas para avaliar possíveis mecanismos de virulência, mas

também com intuito de determinar a sua semelhança como uma ferramenta de

epidemiologia, onde se pode determinar a origem e grau de parentesco entre

variantes de Salmonella (34).

A maioria dos plasmídeos apenas consegue adquirir os genes de

resistência por meio de Transposons, seja por um plasmídeo diferente, do

cromossomo ou plasmídeos presentes em outras bactérias num mesmo

hospedeiro (38).

be

el

ed

15

2.3.3 Transposons

Os transposons são chamados de “genes saltadores”, pois podem

mover-se de um lugar para outro no genoma do organismo. Podem também

tornar-se integrados ao DNA plasmidial. Transposons simples chamados de

sequências de inserção têm somente aqueles genes necessários a incorporação

em novos locais (Figura 7). Os transposons complexos têm genes adicionais,

como aqueles que codificam resistência a antibióticos, que podem garantir a

sobrevivência durante a terapia antimicrobiana (6).

FIGURA 7: Representação esquemática de um transposon codificando um gene bacteriano e após a ação de uma enzima específica, o mesmo é realocado em outra posição na mesma célula bacteriana. Fonte: Adaptada de www.chrisdellavedova.com70.

A inserção de um transposon em um gene essencial à sobrevivência

da bactéria resulta na morte da célula. A replicação dos transposons ocorre

somente durante o processo replicativo do cromossomo bacteriano ou do

plasmídeo no qual estão inseridos, portanto não podem se replicar de forma

OUTRO GENE

GENE PARA ENZIMA

TRANSPOSON

FIM DA SEQUÊNCIA

ENZIMA TRANSPOSON

CORTE E INSERÇÃO DE TRANSPOSON EM OUTRO LOCAL

TRANSPOSON

GENE ALTERADO

16

independente. Plasmídeos e transposons codificam funções adicionais que

podem trazer vantagens à sobrevivência de célula. Genes que codificam funções

como produção de toxinas e resistência a antibióticos podem ser transportados

por esses elementos genéticos (2).

Os transposons podem representar um ou mais genes que determinam

um fator de virulência ou resistência como é caso do gene tet(A) localizado no

transposon Tn1721, que determina resistência a tetraciclina. Sua ocorrência foi

relatada em Salmonella Cholerasuis e Typhimurium isolados de animais na

Alemanha. Entretanto um determinante maior de virulência relacionado aos

transposons, é a propriedade de elevar a expressão fenotípica de outros genes

como strA e strB, que definem resistência a estreptomicina às bactérias que os

possuem (38).

Em alguns transposons (Tn21, Tn1403, Tn1404, Tn1696, Tn1412 e

Tn2000) são encontrados integrons que determinam funções de virulência. Esses

transposons podem estar localizados no cromossomo ou em plasmídeos (39).

2.3.4 Integrons

Integrons são definidos como unidades genéticas que possuem um

sistema de recombinação sítio-específica por meio da reorganização dos ORF’s

(Open Reading Frames) presentes em cassetes gênicos, convertendo-os em

genes funcionais. Excisão e inserção de genes cassete são facilitadas por uma

integrase presente nos integrons. Em adição, os integrons fornecem promotores

para a expressão de genes transportados pelo gene cassete (40).

A habilidade para adquirir e expressar novos genes permite aos

integrons contribuir para a variabilidade genética tanto no DNA cromossomal

como no não cromossomal. Além disso, eles parecem desempenhar papel

importante na transmissão de resistência a antibióticos entre bactérias Gram

negativas por meio de conjugação (2).

A grande dispersão dos integrons é provavelmente uma consequência

da sua associação a outros elementos móveis, que também aumenta as

17

possibilidades genéticas. A sua diversidade e abundância está relacionada ao tipo

de pressão seletiva que pode abranger o ambiente e o hospedeiro (41).

Geralmente os integrons possuem o gene intI responsável por codificar

integrase além de um sítio de recombinação denominado attI em que são

inseridos os cassetes gênicos. Vários cassetes podem ser capturados em

conjunto pelo mesmo integron, e sua inserção ou excisão é determinada por meio

da recombinação realizada pela integrase entre attI e/ou qualquer outro sítio-

específico (42) (Figura 8).

FIGURA 8: Representação esquemática da conformação de integron e genes cassete. Fonte: Adaptada de BOUCHER15 et al., 2007.

Os integrons são divididos em classes de acordo com a sequência de

aminoácidos presentes na integrase (IntI). Existem cinco classes de integrons

identificadas, onde cada um é responsável pelo carregamento de cassetes

codificadores de resistência a antibióticos, onde no gênero Salmonella são

associados somente integrons de classe 1 e 2 (39,43).

Apesar de diversos estudos apontarem os integrons de classe 1 como

os principais carreadores de genes de resistência à antimicrobianos (44), é

evidenciado por alguns pesquisadores que na maioria dos isolados de Salmonella

spp. multirresistentes, existe a presença de integrons de classe 1 e 2 (15; 45,46).

GENE CASSETE

CIRCULAR LIVRE

INTEGRAÇÃO/

EXCISÃO

18

Na avaliação de 187 cepas de Salmonella enterica sorotipo

Schwarzengrund coletadas de aves e suínos, foi observada a presença de

integrons de classe 1 na maioria das amostras (84,49%). Foram também

encontrados genes cassetes clássicos como aadA2 (resistência a estreptomicina);

dfrA1 (resistência ao trimetoprim) blaPSE-1 (resistência a ampicilina), além de

seis isolados positivos para SGI-1 (47).

2.3.5 Genes cassete

Os genes cassete são a menor forma de DNA móvel, encontrados

junto a um integron e inseridos normalmente como sequências lineares

constituindo moléculas de DNA maiores como plasmídeos e cromossomos

bacterianos, frequentemente associados ao transporte de genes de resistência a

antibióticos (4) (Figura8).

Diversos sorotipos de Salmonella possuem muitos cassetes gênicos

conhecidos que transportam genes como aadA1, aadA2, aadA4 e aadA5

(conferem resistência a estreptomicina e espectinomicina); blaOXA-30 e bla PSE-

1 (resistência a ampicilina); dfrA1, dfrA7, dfrA12 e dfrA17 (resistência ao

trimetoprim) . Estão frequentemente associados à transposons e plasmídeos

conjugativos, contribuindo para a dispersão dessa característica via transferência

horizontal (48).

Em estudo comparativo entre amostras obtidas de suínos foram

encontrados oito genes cassete diferentes (aadA1, aadA2, AA dA3, aadA4,

aadA5, B, C, D, E1 e E2) associados a integrons, entre os sorotipos Cholerasuis,

Typhimurium, Enteretidis, Heron, Bredeney, Treforest, Albany e Newport. A

resistência à estreptomicina e ampicilina foi a mais observada na maioria dos

sorotipos (49). Uma ocorrência relevante está na grande quantidade de isolados

do sorotipo Cholerasuis com resistência a fluoroquinolona, fato este que enfatiza

a importância dos genes cassete e suas possíveis resistências, visto que

atualmente tal antimicrobiano é o de eleição no tratamento de salmonelose em

humanos (49,50).

19

Os genes cassete possuem uma variabilidade notável, em muitos

estudos onde foi realizada a sua caracterização foi possível a observação da

presença de centenas de sequências diferentes. Até pouco tempo não havia

muito interesse nestes genes, mas várias descobertas têm evidenciado a sua

importância em Salmonella e em outras bactérias. A constituição destas

estruturas singulares intrínsecas a várias bactérias é determinante de diversos

fatores de persistência no ambiente e resistência aos antimicrobianos (41).

2.4 Métodos de detecção de genes de virulência

O estudo de métodos para detecção da presença de fatores de

virulência em bactérias patogênicas é foco de muitas pesquisas e trabalhos no

intuito de facilitar a sua identificação e reduzir os custos finais nesse processo.

Métodos como sequenciamento de DNA, hibridização de DNA e Reação em

cadeia da polimerase são bastante utilizados na detecção de genes de resistência

a antimicrobianos em numerosos gêneros de bactérias. A detecção de genes

relacionados a transposons, integrons e plasmídeos é realizada principalmente

por técnicas de biologia molecular (38). Ainda, a caracterização de ilhas de

patogenicidade é utilizada para descrever sorotipos e linhagens específicos de

Salmonella spp. (51).

2.4.1 Reação em cadeia da polimerase

A reação em cadeia da polimerase (PCR) é uma técnica em que

pequenas amostras de DNA podem ser rapidamente amplificadas em

quantidades suficientes para que a análise seja feita. Iniciando com um fragmento

de DNA do tamanho de um gene, a PCR pode ser utilizada para produzir

literalmente bilhões de cópias em poucas horas (6) (Figura 9, 10). Esta técnica,

em associação ou não à técnica de Southern blotting, é a mais utilizada na

identificação de genes de virulência em Salmonella, entre outros gêneros de

bactérias (50, 52).

20

FIGURA 9: Representação esquemática de Reação em cadeia da polimerase demonstrando as fases de desnaturação, anelamento, extensão e amplificação da região de interesse. Fonte: Adaptada de www.scienceblogs.com.br69.

BANDAS DE

DNA

REGIÃO DE

INTERESSE

1º CICLO 2º CICLO 3º CICLO 4º CICLO

21

FIGURA 10: Gel de agarose corado demonstrando

perfil plasmidial de vários sorotipos de

Salmonella enterica. Fonte: del CERRO

53 et al., 2003.

A utilização da PCR para amplificação do gene invA é um método

muito utilizado na detecção de bactérias do gênero Salmonella, isso porque

muitos estudos apontam a sua presença em todos os isolados de Salmonella spp.

testados (53). Esta é uma ferramenta muito utilizada em pesquisas na qual se

pode também detectar genes de resistência em ilhas de patogenicidade (25, 52),

plasmídeos (49), transponsons (38), integrons de classe 1 e classe 2 e

respectivos genes cassete (45).

Outras modalidades de PCR são focos de muitos estudos no intuito de

aumentar a sensibilidade, elaborar métodos quantitativos e reduzir os custos

dessa técnica (54, 55,56, 57, 58, 59, 60, 61).

A PCR multiplex pode combinar numerosos primers para amplificar

diversos genes alvo, para deduzir informação desejável e diminuir o tempo para

obter os resultados (5). A sua utilização pode ser feita para determinar a presença

de fato de Salmonella e outras bactérias como Shigella e Escherichia

simultaneamente com primers específicos para cada gênero e gene alvo (54).

Sua aplicação também pode ser diretamente voltada à determinação de genes de

virulência como fliC, purE e sucA nas amostras identificadas de Salmonella (5) ou

22

ainda, a diferenciação de alguns sorotipos (Typhimurium, Choleraesuis, Infantis,

Hadar, Enteritidis, Dublin e Gallinarum) sabidamente de importância em saúde

pública e animal (62).

2.4.2 Hibridização de ácidos nucleicos

A hibridização de ácidos nucleicos é um procedimento que considera

que se duas espécies são similares ou relacionadas, uma porção maior das

sequências dos seus ácidos nucleicos também será similar. O método mede a

habilidade das fitas de DNA de um organismo de ligar-se por pareamento de

bases complementares com fitas de DNA de outro organismo. Experimentalmente

utiliza-se uma sonda marcada, para que seja visualizado o alvo de pesquisa (6).

Algumas técnicas bastante eficiente utilizadas na detecção de genes

de virulência, entre outras aplicações, são baseadas na hibridização de ácidos

nucleicos.

I. Southern blotting

A utilização de Southern blotting irá identificar se determinadas

sequências de DNA estão presentes ou não em uma amostra de DNA analisada.

O método consiste em seis etapas inicialmente: extração de DNA; digestão de

DNA; preparo da sonda; transferência; hibridização e detecção do DNA. Para

separar os fragmentos de acordo com seu tamanho, utiliza-se a eletroforese em

gel. A detecção do DNA será com base num filtro de nitrocelulose com DNA e sua

posterior exposição a uma sonda marcada radioativamente específica para um

gene (6). Ainda, pode-se amplificar o DNA com a PCR para que na amostra se

realize o Southern blotting (49) (Figura 11).

23

FIGURA 11: Representação esquemática da técnica de Southern blotting demonstrando as etapas necessárias para a sua realização. Extração de DNA; digestão de DNA; preparo da sonda; transferência; hibridização e detecção do DNA Fonte: www.icb.ufmg.br/big/genmed/southblot.html72.

Em estudo realizado na última década, foi observada uma alteração no

padrão de plasmídeos de isolados de Salmonella Cholerasuis de humanos em

relação aos isolados de suínos com a utilização da técnica de Southern blotting.

Quando foram comparados entre si, as marcações observadas nos sorotipos

isolados de humanos apresentavam plasmídeos sem qualquer ligação com os

observados nos isolados de suínos (Figura 12). Os resultados sugerem que cada

plasmídeo evolui de forma independente, ainda que pertençam ao mesmo

sorotipo (50).

FIGURA 12: Resultado de Southern blotting de plasmídeos de

virulência de Salmonella Cholerasuis isoladas de humanos e suínos. Fonte: TZENG50 et al. (2012).

DNA SEPARADO EM GEL DE AGAROSE TRANSFERÊNCIA DE FRAGMENTOS

DO GEL PARA MEMBRANA

MEMBRANA COM BANDAS DE DNA TRANSFERIDAS

SONDA INCUBADA COM MEBRANA

BANDAS COM DNA LIGADO SÃO EXPOSTAS NO FILME

SONDA RADIOMARCADA

24

II. Microarray ou Chip de DNA

Um chip de DNA pode ser fabricado para conter centenas de milhares

de sequências de DNA de fitas simples sintéticas. Cada sequência de DNA é

exclusiva para um gene diferente. Um DNA desconhecido é separado em fitas

simples, cortado enzimaticamente e marcado com um corante fluorescente, o

DNA desconhecido é inserido no chip e hibridiza com o DNA no chip. O DNA

marcado vai se ligar somente com o DNA complementar no CHIP. O DNA ligado

vai ser detectado pela fluorescência e analisada por um computador (6).

A utilização da técnica de Microarray primeiramente foi testada para

diferenciar apenas a espécie e em seguida os sorotipos de Salmonella.

Inicialmente essa técnica era muito dispendiosa tanto em tempo quanto em

custos para os laboratórios. No entanto, constantes esforços determinaram uma

viabilidade da técnica e conseguiram introduzir vários genes de importância nos

chips, como os genes de virulência de Salmonella stm, sty, e stv. (62) (Figura 13).

A Microarray oferece uma alternativa viável à PCR para caracterização

genética de bactérias. Vem sendo utilizada com relativo sucesso para detectar

genes de resistência, caracterizar a virulência de isolados, Fingerprinting

genômico e detecção de polimorfismos genéticos (49).

FIGURA 14: Representação esquemática de Microarray de genes de virulência e resistência de Salmonella spp. e E. coli. Cada marcação determina um gene padrão. Fonte: CHEN51 et al. (2005)

25

2.4.3 Outros métodos de detecção de genes de virulência em Salmonella enterica

I. Fingerprinting

Nos últimos anos a identificação e sequenciamento completo de bases

do DNA se tornou possível com métodos utilizando dezenas de testes

bioquímicos modernos, mas isso é impraticável para a identificação laboratorial

porque demanda uma grande quantidade de tempo (6).

A técnica de Fingerprinting é capaz de determinar uma ampla

sequência de genes, podendo ser utilizada tanto na detecção de genes de

virulência em diversas regiões do cromossomo, como também na caracterização

de plasmídeos presentes nas bactérias e diferenciação de sorotipos, incluindo

Salmonella spp. (62).

A utilização de Fingerprinting é uma ferramenta valiosa para determinar

os genes presentes e sua relação genética com diversas bactérias isoladas. É um

dos principais métodos moleculares utilizados em agências regulatórias e

laboratórios federais de saúde pública na vigilância sanitária de rotina e para

traçar as fontes de surtos de doenças (63).

II. Tipificação de sequência de multilocus

Um método usado para realizar estudos genéticos em populações

bacterianas é a Tipificação de sequência de multilocus (Multilocus sequence

typing – MLST). Essa técnica é baseada na determinação de sequências de DNA,

e, tem sido aplicada para muitos patógenos importantes fornecendo informações

sobre a evolução e a diversificação de espécies, sendo útil para entender a

evolução de clones e a patogenicidade da Salmonella. No entanto, possui

desvantagens como a acessibilidade limitada e o custo elevado (64).

A MLST pode ser utilizada como uma ferramenta de epidemiologia

molecular de alta relevância podendo detectar muitos genes de resistência (fimA,

tgm, hisC, icdA, atpB) de maneira simultânea (Figura 14). Todos os dados obtidos

26

são determinados de maneira digital e diminuem a taxa de erro, inclusive entre

laboratórios diferentes (5).

FIGURA 14: Tipificação de sequência multilocus (MLST), cada quadrado branco condiz com a presença de um gene alvo determinado na abscissa.

Fonte: SINGH5 et al. 2012.

III. Dendograma

A elaboração de dendogramas é um método realizado a partir de

software específico, onde um conjunto de dados obtidos em testes como

eletroforese, PCR, identificação de plasmídeos e suscetibilidade a

antimicrobianos, é analisado em conjunto como ferramenta para determinar a

similaridade genética bem como outras semelhanças (Figura16). Essa análise

ajuda no entendimento da presença ou não de estruturas como plasmídeos e

genes de virulência, correlacionando à localização geográfica e fontes de

contaminação (64).

27

FIGURA 15: Dendograma de Salmonella Javiana. Presença de genes semelhantes (linhas vermelhas) ou distintos a partir do peso molecular em plasmídeos. Presença de resistência a antimicrobianos testados (quadrado vermelho), baixa suscetibilidade a antimicrobianos testados (quadrado verde) e suscetibilidade plena a antimicrobianos testados (azul claro). Presença de genes de virulência, amarelo presente, azul ausente. Fonte: Adaptada de MEZAL64 et al. 2013.

IV. Sequenciamento genômico

O sequenciamento de todo o genoma bacteriano é possível de ser

realizado, apesar de representar uma técnica laboriosa e cara. A respeito das

bactérias do gênero Salmonella, existem dados publicados de sequenciamento

dos sorotipos Typhimurium, Cholerasuis, Enteritidis, Dublin, Infantis, Hadar e

Gallinarum e podem ser obtidos no chamado GenBank que é administrado pelo

Centro Nacional para Informação de Biotecnologia (NCBI). A partir dos dados

presentes no GenBank pode-se comparar um ou mais fragmentos de DNA

obtidos de Salmonella sem haver necessidade de sequenciar todo o seu genoma

(60).

28

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para entender os fatores que envolvidos na virulência de Salmonella, é

importante admitir a presença dos genes de virulência que auxiliam na

proliferação, disseminação e a patogenicidade nos hospedeiros suscetíveis ao

microrganismo patogênico. Na verdade, esses genes são compostos por várias

sequências que determinam capacidades para a sobrevivência das bactérias em

meio a tantos desafios evolutivos e ambientais.

A presença de dezenas de linhagens de Salmonella multirresistentes a

antimicrobianos comuns é uma realidade preocupante para a saúde pública e

animal. Sabe-se que o uso intensivo de antimicrobianos de maneira

indiscriminada e profilática é um fator de grande relevância na seleção natural de

bactérias mais resistentes. Conhecer os mecanismos, propriedades e estruturas

bacterianas que têm importância na virulência de Salmonella, compõem pontos

necessários no entendimento do comportamento da bactéria em seus

hospedeiros.

A alta demanda por estudos e métodos de detecção de genes de

virulência abrange a pesquisa não só em microbiologia, mas especialmente nas

áreas de bioquímica e biologia celular. Ainda, esses estudos representam passos

largos essenciais para os avanços no entendimento de patógenos e doenças que

acometem animais e seres humanos.

29

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