fusões e aquisições na alemanha e na europa central e no ... · a) compra e venda de empresas 5...
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ÍNDICE
A. PREFÁCIO 2
B. PARTE GERAL 3 1. Considerações gerais sobre M&A 3
2. Ordem jurídica europeia e tipos societários europeus 3
C. PARTE ESPECIAL – M&A NA ALEMANHA 4 1. Procedimento típico de uma transação de M&A 4
2. Modalidades 5
a) Compra e venda de empresas 5
b) Reorganizações (fusão, cisão, mudança de tipo legal) 6
c) Management-Buy-Out 8
d) Joint Venture 9
e) Ofertas públicas para aquisição de empresas 10
f ) Aquisição de empresas em situação de
insolvência e de pré-insolvência 11
3. Aspectos tributários nas transações de M&A 12
a) Tratamento de diferentes tipos de organização
empresarial 13
b) Tributação na compra e venda de empresas na
Alemanha 13
4. Financiamento de transações de M&A 15
a) Financiamento interno 16
b) Financiamento externo 16
c) Informações fi nanceiras para o mercado de
transações e seu signifi cado 19
5. Sistema de responsabilidade na aquisição de empresas 20
a) Estados de responsabilidade 20
b) Processamento de demandas 25
6. Aspectos trabalhistas 26
a) Incorporação de empregados 26
b) Reestruturação do negócio 28
7. Restrições as transações de M&A 29
a) Obrigações concorrenciais 29
b) Questões de interesse nacional 30
D. PARTE ESPECIAL – PANORAMA DE NEGÓCIOS NA EUROPA CENTRAL E NO LESTE EUROPEU 31 1. Rússia 31
2. Polônia 34
3. Hungria 37
4. Ucrânia 40
5. Romênia 42
6. República Tcheca 45
7. Eslováquia 48
E. NOERR 50
Todas as informações contidas nesta publicação foram cuidadosamente
pesquisadas. Entretanto, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-
Alemanha e os autores não podem se responsabilizar pela veracidade
das mesmas.
Edição: Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo
Arte: Victor Nishino
Autoria e patrocínio: Noerr
Setembro de 2013
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A. PREFÁCIO
Com um Produto Interno Bruto (PIB) de praticamente 2,6 trilhões
de euros1, a Alemanha representa a maior economia europeia.
Com um volume de transações equivalente a 133.463 milhões de
dólares no ano de 20122, o mercado de fusões e aquisições (M&A)
na República Federativa da Alemanha representa um campo de
atividades extremamente atraente. Além disto, é perceptível o
avanço da cultura de negócios na Europa Central e no Leste Euro-
peu e a consequente abertura de novos mercados. Por essa razão,
este texto aborda além de considerações sobre M&A investimen-
tos na Alemanha, o mercado para negócios nos países da Europa
Central e do Leste Europeu.
A presente publicação se dirige a empresários e investidores brasi-
leiros e visa proporcionar um panorama geral sobre transações de
M&A na Alemanha e negócios nos países da Europa Central e do
Leste Europeu. Para tanto, inicialmente, se apresentará o procedi-
mento típico de uma transação de M&A na Alemanha e, em segui-
da, se exporá com maior detalhe as especifi cidades relacionadas
a diferentes áreas do direito, bem como as modalidades de fi nan-
ciamento. Finalmente, para cada país da Europa Central e do Leste
Europeu há um capítulo dedicado a investimentos estrangeiros,
formas de organização empresarial, bem como questões tributárias,
trabalhistas e concorrenciais relevantes para a realização de negó-
cios em cada um dos países.
Ressalta-se que esta publicação não tem o intuito de substituir a
assessoria jurídica necessária para cada situação concreta, sendo
aconselhável por tal razão buscar assessoramento jurídico e fi scal
para a realização de uma transação em cada caso particular.
1 Dado relativo ao ano de 2012, fonte Statistisches Bundesamt.
2 Bloomberg “Global Financial Advisory Mergers & Acquisitions Ranking
2012” disponível em http://www.bloomberg.com/professional/fi les/2013/01/
MA-Financial-Ranking-League-Tables-2012.pdf.
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B. PARTE GERAL
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE M&A
Transações de M&A, ou seja, fusões e aquisições de empresas viven-
ciaram um grande aumento no mercado durante as duas últimas
décadas e, nesse ínterim, passaram a ser consideradas enquanto
modalidade de investimento externo uma alternativa ao crescimen-
to orgânico. Com o decorrer do tempo, entretanto, tais transações
se tornaram cada vez mais sofi sticadas. Bancos de investimento e
fundos de investimento em participações privadas (private equity)
alteraram as estruturas do mercado. Procedimentos de vendas pú-
blicas são rotineiros hoje em dia, o mesmo vale em relação à pro-
dução de fact books e realização de auditorias (due diligences) na
empresa alvo. Ao mesmo tempo em que as estratégias do lado do
vendedor se aperfeiçoam, maiores exigências podem ser feitas ao
comprador em termos de fi nanciamento.
2. ORDEM JURÍDICA EUROPÉIA E TIPOS SOCIETÁRIOS EUROPEUS
As fontes de direito na União Europeia (UE) incluem, além do Tra-
tado de Lisboa, os instrumentos de direito comunitário secundário
ou derivado (regulamentos, diretivas, decisões, recomendações e
pareceres), acordos internacionais e princípios gerais do direito co-
munitário. Os regulamentos possuem alcance geral e são aplicáveis
diretamente em todos os Estados-Membros, sem que seja necessá-
rio um ato nacional de transposição, ao passo que as diretivas vin-
culam os Estados-Membros em relação a um resultado específi co a
alcançar e, via de regra, devem ser transpostas por meio de legisla-
ção nacional em cada país membro para criar direitos e obrigações
diretamente aplicáveis as pessoas físicas e jurídicas. As decisões dos
órgãos jurisdicionais e deliberativos, por sua vez, vinculam apenas
seus destinatários, já as recomendações e pareceres emitidos pelas
instituições europeias não possuem efeito vinculativo.
A legislação europeia em matéria societária abrange as fusões e ci-
sões nacionais e transnacionais, os direitos dos acionistas das com-
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panhias abertas e o regime fi scal das empresas controladoras e suas
fi liais em Estados-Membros diferentes. Ainda que haja a garantia da
liberdade de estabelecimento na UE, por meio da qual uma em-
presa com sede num Estado-Membro possa exercer atividades em
todo o território europeu, é certo que um mercado interno efetivo
pode ser melhor concretizado por meio da criação de um quadro
jurídico comum em matéria de sociedades.
Nesse sentido, por meio do Regulamento nº. 2.157/2001 foi criada
a “societas europaea” ou “sociedade anônima europeia” (SE). Em tra-
ços largos, a SE pode ser descrita como uma sociedade comercial
registrada apenas em um dos Estados-Membros da UE ou na Área
Econômica Europeia, que pode operar diretamente em todos os
países dos referidos âmbitos, sob aquele único registro. O elemen-
to material transnacional inerente à SE manifesta-se na exigência
de conexão efetiva e continuada da sociedade com a economia
de mais de um Estado-Membro, sendo necessário o envolvimento
de duas ou mais sociedades de pelo menos dois Estados-Membros
para a criação da SE. Finalmente, vale mencionar a “sociedade coo-
perativa europeia”, por meio da qual se permite o desenvolvimento
de atividade cooperativa em escala comunitária, e o “agrupamento
europeu de interesse econômico”, que constitui um instrumento de
cooperação transnacional disponível para empresas que não pre-
tendam a fusão nem a criação de fi liais comuns.
C. PARTE ESPECIAL – M&A NA ALEMANHA
1. PROCEDIMENTO TÍPICO DE UMA TRANSAÇÃO DE M&A
Considerando possíveis diferenças em relação a natureza, dimen-
são e estrutura organizacional da empresa alvo, a transação para
sua aquisição ou fusão pode ser estruturada de maneiras diversas.
A aquisição de empresas, envolvendo a transferência de ativos, é
regida basicamente pelo Código Civil Alemão (Bürgerliches Geset-
zbuch – BGB), já a fusão se constitui em uma das espécies de reor-
ganização empresarial disposta na Lei Alemã de Reorganizações So-
cietárias (Umwandlungsgesetz – UmwG). O procedimento típico de
cada uma dessas operações será explicado separadamente a seguir.
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2. MODALIDADES
a) Compra e venda de empresasAs fases típicas de um procedimento de aquisição incluem - após
a manifestação inicial de interesse do potencial comprador, - a for-
malização de um acordo de confi dencialidade e de uma carta ou
memorando de intenções, a realização de auditoria, a assinatura do
contrato de compra e venda e, por fi m, o fechamento da transação
com a efetiva transferência da propriedade para o comprador.
Inicialmente, as partes fi rmam um acordo de confi dencialidade, por
meio do qual o potencial comprador assume obrigações pré-con-
tratuais de não divulgar a terceiros ou utilizar informações confi den-
ciais sobre a empresa alvo, as quais venha a ter acesso durante as
negociações. Trata-se de uma proteção para o potencial vendedor
caso a transação não se materialize. Em seguida, as partes formali-
zam uma carta de intenções contendo os resultados das negocia-
ções até então e um cronograma para avanços futuros.
O processo de auditoria (due diligence), cujo escopo é específi co
a cada transação, geralmente abrange aspectos jurídicos, fi nancei-
ros e contábeis, bem como uma análise estratégica do negócio. Os
resultados da auditoria, normalmente documentados em relató-
rios, importam para a especifi cação das garantias e declarações do
vendedor no contrato de compra e venda, bem como para efeitos
da exoneração de responsabilidade do vendedor por defeitos do
bem ou direito adquirido, de que o comprador tinha conhecimento
quando o contrato foi concluído. A aplicação de tal regra pode ser
afastada pelas partes, de maneira que o comprador, ainda que cien-
te de defeitos identifi cados no curso da auditoria, possa recorrer à
proteção estatutária legal.
Em relação as garantias legais associadas à aquisição de uma em-
presa, é necessário diferenciar a alienação de bens da de direitos. O
vendedor é responsável por vícios materiais do bem alienado, sen-
do que, no caso da venda de uma empresa, o vício deve impactar o
valor total da empresa. No que tange a transferência de direitos, em
princípio, o vendedor responde pela existência dos direitos como
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tais, e não pelo valor econômico incorporado nas ações vendidas
e transferidas. Entretanto, a aquisição da totalidade das ações de
uma empresa pode ser tratada como uma transferência de bens e,
consequentemente, da empresa em si. No caso da existência de ví-
cios, o comprador pode demandar o adimplemento complementar
(Nacherfüllung) ou, alternativamente, rescindir o contrato, reduzir o
preço da venda ou demandar danos e/ou reembolso de despesas
(cf. item 5 abaixo).
A conclusão da aquisição pode envolver uma série de transações
adicionais, além da notifi cação da operação para análise das auto-
ridades concorrenciais competentes e a aprovação de resoluções
pelos sócios das empresas adquirentes e alvos.
b) Reorganizações (fusão, cisão, mudança de tipo legal)A Lei Alemã de Reorganizações Societárias (Umwandlungsgesetz -
UmwG) permite que processos de reorganização de empresas ocor-
ram por meio de sucessão universal (Gesamtrechtsnachfolge), com o
objetivo de proteger os interesses dos sócios (em especial, os minoritá-
rios) e dos credores das sociedades envolvidas. Além disto, a Lei Alemã
de Reorganizações Societárias não se aplica somente à reorganização
de empresas nacionais, mas também prevê a implementação da Direti-
va nº 56/2005 relativa a fusões transfronteiriças no âmbito da UE.
Fusão é defi nida como a transação por meio da qual a totalidade
de ativos e passivos de uma sociedade é transferida para outra pré-
-existente (Verschmelzung durch Aufnahme), ou para uma nova so-
ciedade (Verschmelzung zur Neugründung). A empresa que trans-
fere ativos e passivos deixa de existir sem que haja a sua liquidação,
e seus sócios recebem ações da sociedade receptora no valor equi-
valente à participação que detinham na sociedade transferente.
O procedimento típico de uma fusão se inicia com a formalização
de um contrato entre as partes, incluindo informação específi ca em
relação à proporção para a substituição de ações e o montante adi-
cional de contribuições em espécie. O contrato de fusão deve ser
encaminhado ao órgão social de representação dos trabalhadores
(Betriebsrat), caso existente, com antecedência de pelo menos um
mês contado da data prevista para a reunião de sócios que tenha
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por ordem do dia a aprovação da operação. Para tanto, os órgãos re-
presentativos das entidades envolvidas devem preparar um relató-
rio da fusão (Verschmelzungsbericht), com o objetivo de prover aos
sócios sufi ciente informação em relação ao fundamento jurídico e
econômico da operação, bem como a respeito dos termos e con-
dições específi cas do contrato de fusão. O requisito da preparação
do relatório da fusão pode ser afastado por resolução unânime dos
sócios ou caso a operação se constitua na fusão entre uma subsidi-
ária totalmente controlada e a sociedade controladora.
O contrato de fusão deve ser analisado por pelo menos um auditor
externo, o qual deverá submeter um relatório sobre a adequação
da relação para a troca de ações e da eventual compensação em
espécie. O relatório do auditor externo não será necessário caso as
mesmas condições estabelecidas acima com relação ao requisito
da preparação do relatório da fusão se materializem. Por fi m, a fusão
deve ser aprovada pelos sócios das sociedades envolvidas por meio
de resolução formalizada e lavrada por tabelião público. A fusão so-
mente será considerada legalmente válida após o registro dos do-
cumentos relevantes da operação, bem como do balanço fi nal da
sociedade transferente.
A cisão, por sua vez, pode se dar por meio de (i) transferência to-
tal de ativos e passivos de uma sociedade para outras duas ou
mais sociedades via sucessão universal, cessando a existência da
sociedade transferente (Aufspaltung), (ii) transferência parcial de
bens e passivos para duas ou mais entidades, permanecendo a
sociedade transferente em plena existência e recebendo os seus
sócios participações nas sociedades receptoras (Abspaltung), ou
(iii) transferência parcial de bens e passivos, em que a sociedade
transferente (e não os seus sócios) receba participação na socie-
dade receptora, a qual consequentemente se converte em sua
controlada (Ausgliederung).
Finalmente, a mudança de tipo legal se refere à conversão de uma
sociedade em outra, com forma de organização empresarial dis-
tinta. A identidade da sociedade permanece preservada e não há
qualquer transferência de bens ou passivos. A mudança de tipo le-
gal pode ser realizada em sociedades organizadas sob a forma de
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sociedades de direito privado (Gesellschaft bürgerlichen Rechts),
sociedades de pessoas (Personengesellschaft), sociedades não-
-comerciais (Partnerschaftsgesellschaft), sociedades empresárias
(GmbH, AG, KGaA) ou cooperativas (Genossenschaft).
c) Management-Buy-OutManagement Buy-Out (MBO) corresponde à aquisição de uma
empresa por um grupo de investidores incluindo os membros da
administração atual da empresa alvo. Na Alemanha, grande parte
das operações de MBO se estrutura por meio de fi nanciamento for-
temente alavancado em assunção de dívida pela sociedade veículo
para aquisição ou pelos investidores. Nesse particular, as regras de
manutenção de capital mínimo em sociedades limitadas (Gesell-
schaft mit beschränkter Haftung – GmbH) e sociedades anônimas
(Aktiengesellschaft – AG) merecem especial atenção. Via de regra,
a aquisição é fi nanciada por fundos de investimento de capital pri-
vado (private equity funds), bem como através de empréstimos ga-
rantidos (senior e mezzanine).
Em vista da participação dos atuais administradores no processo de
aquisição e do consequente potencial confl ito de interesses, faz-se
necessário o consentimento dos sócios da empresa alvo por meio
de resolução de sócios antes da conclusão do contrato de compra
e venda. Além disto, seja por exigência legal ou por disposições pre-
vistas individualmente nos contratos de prestação de serviços, os
administradores da empresa alvo podem ser responsabilizados ci-
vil e penalmente pelo descumprimento de deveres fi duciários, tais
como confi dencialidade e não-concorrência.
Na prática, as transações de MBO seguem dois modelos, sendo
eles: (i) a aquisição direta pela administração da empresa alvo, sen-
do que os próprios administradores contratam o fi nanciamento
e geralmente empenham as ações adquiridas em garantia, ou (ii)
aquisição indireta através de uma nova sociedade, a qual geral-
mente será uma sociedade limitada tendo por sócios os adminis-
tradores e outros investidores, como por exemplo, um fundo de
investimento de capital privado.
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d) Joint VentureAs razões para o estabelecimento de uma cooperação econômica
entre empresas são extremamente variadas, incluindo o reforço de
interesses e ideais comuns, o desenvolvimento de novas tecnolo-
gias ou o fortalecimento de uma posição de mercado, bem como o
interesse e o senso de oportunidade das partes para melhor orga-
nizar suas atividades empresariais e dividir riscos e custos. No mais,
muitas vezes, uma das partes se vê compelida a formalizar uma joint
venture com um parceiro local em cumprimento a requisitos es-
pecífi cos para investimento na jurisdição em que pretende operar.
Tradicionalmente diferenciam-se as chamadas joint ventures con-
tratuais das joint ventures de participação. A primeira categoria refe-
re-se à cooperação puramente obrigacional entre as partes, que no
direito alemão toma a forma de uma sociedade de direito privado
(Gesellschaft bürgerlichen Rechts). Nesse caso as partes dispõem de
grande fl exibilidade para estabelecer contratualmente os termos da
cooperação empresarial. Trata-se de uma estrutura mais apropriada
à realização de projetos de escopo específi co e delimitado no tem-
po, sendo menos dispendiosa e mais fácil de ser terminada do que
uma joint venture de participação.
As joint ventures de participação, por sua vez, são mais largamente
utilizadas e proporcionam às partes mecanismos mais aptos ao es-
tabelecimento de uma cooperação contínua e uma presença mais
duradoura no mercado. Para tanto, as partes constituem uma nova
sociedade, geralmente uma sociedade limitada, que servirá de ve-
ículo para a joint venture, assumindo diretamente direitos e obri-
gações para com terceiros. Além disto, sob o escopo geral de um
contrato de joint venture, as partes determinam o conceito econô-
mico subjacente à cooperação pretendida, o objeto de acordos de
sócios e de contratos que pretendem formalizar com a sociedade
joint venture para a operacionalização de suas atividades no mer-
cado (incluindo contratos de fornecimento, prestação de serviços,
transferência de direitos de propriedade industrial e intelectual),
bem como obrigações de não concorrer e mecanismos para a solu-
ção de eventuais confl itos.
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e) Ofertas públicas para aquisição de empresasAquisições de empresas por meio de ofertas públicas, incluindo as
chamadas aquisições hostis, tornaram-se um fenômeno mundial
crescente e mesmo depois de um período de certa calmaria de-
corrente da crise fi nanceira iniciada em 2008, nota-se sua retomada
nos mercados europeus, principalmente na Alemanha. Empresas
consolidam e adquirem participações em companhias estrangeiras
e até mesmo geram confl itos econômicos e políticos por meio de
tais transações. As companhias-alvo reagem a esse tipo de ameaça
desenvolvendo mecanismos de defesa aplicáveis previamente à
possível aquisição, bem como as chamadas poison pills, desde que
previstas em lei doméstica.
A aquisição de empresas listadas em bolsas de valores na Alemanha
se sujeita às regras que regulam as ofertas públicas de aquisição
de valores e tomadas de controle (Wertpapiererwerbs- und Über-
nahmegesetz – WpÜG). A aquisição de participação representando
pelo menos 30% (trinta por cento) dos direitos de voto implica na
obrigação de estender a oferta aos demais acionistas da compa-
nhia. O investidor deve comprovar o fi nanciamento para a oferta
antes da divulgação, bem como cumprir com requisitos formais le-
gais relativos à forma e prazos inerentes ao procedimento. Há tam-
bém a previsão de sanções para infrações a tais disposições legais,
como por exemplo, a proibição da oferta com prazo de suspensão
de um ano e multas até o valor de um milhão de euros.
Uma vez publicada a oferta para a aquisição e antes da publicação
do resultado, é possível impedir o sucesso da aquisição por meio de
mecanismos defensivos da companhia-alvo. Assim, poderá a diretoria
(Vorstand) da companhia-alvo, mediante concordância do órgão ad-
ministrativo supervisor (Aufsichtsrat), adotar medidas contra a oferta
pública, desde que tais ações sejam de competência da diretoria na
sua função de condução dos negócios da companhia. Não sendo a
diretoria competente, é possível a outorga de competências da as-
sembleia geral de acionistas (Hauptversammlung) para a diretoria, na
ocasião de uma oferta presente. A lei prevê requisitos formais menos
rigorosos para a reunião de acionistas com o intuito de possibilitar
uma reação imediata da companhia-alvo a uma oferta hostil.
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Há também a possibilidade de atribuição de competências para a
adoção de medidas defensivas pela diretoria de maneira abstrata,
ou seja, sem que ainda haja uma oferta presente para a aquisição
pública. Nesse caso, bastaria, por exemplo, a outorga de competên-
cia para a realização de um aumento de capital, sendo necessária a
concordância da assembleia geral de acionistas e não podendo tal
autorização ser concedida por mais de 18 (dezoito) meses.
Por fi m, não é necessária qualquer autorização ou atribuição de
competências pela assembleia geral de sócios, nem assentimento
por parte do órgão administrativo supervisor, para medidas que o
administrador de uma companhia não afetada por uma oferta de
aquisição ordinariamente adotaria, como por exemplo, a busca de
uma oferta concorrente (White Knight).
f ) Aquisição de empresas em situação de insolvência e de pré-insolvênciaOs principais benefícios, para a parte compradora, associados
com esse tipo de transação se referem, de um lado, ao preço de
compra que pode mais facilmente ser barganhado e atingir pa-
tamares que normalmente não seriam possíveis na aquisição de
uma empresa em situação fi nanceira saudável e, de outro lado,
à possibilidade de exclusão de responsabilidade por obrigações
pré-existentes à crise fi nanceira da empresa alvo. Normalmente,
a aquisição de uma empresa em crise fi nanceira se dá por meio
da transferência de bens essenciais ao negócio, permanecendo
parte das obrigações associadas à empresa alvo responsabilidade
da parte vendedora. No início do ano de 2013 entrou em vigor a
Lei Alemã para a Facilitação da Reorganização de Empresas (Ge-
setz zur weiteren Erleichterung der Sanierung von Unternehmen
- ESUG), a qual codifi cou o chamado “debt equity swap“ no âmbi-
to de um plano de insolvência (Insolvenzplan). Tanto o devedor
como o administrador podem submeter um plano de insolvência
ao tribunal de insolvência, com o intuito de preservar e reorga-
nizar a empresa falida. O debt equity swap dá aos devedores a
possibilidade de transferir a dívida em troca de participação na
empresa falida, mesmo contra a vontade do credor.
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Após a ordem judicial para o início do procedimento de insolvência
(Eröff nungsbeschluss), a parte interessada na aquisição da empresa
em situação de insolvência negocia diretamente com o administra-
dor da insolvência (Insolvenzverwalter), o qual está legitimado a ser
parte no contrato de compra e venda. Nos casos em que o tribunal de
insolvência autoriza a autoadministração pelo devedor (Eigenverwal-
tung), o devedor mantém o poder de negociar contratos de compra
e venda, porém sob fi scalização de um consultor especializado (Sa-
chwalter). Para a formalização do contrato de compra e venda, quer
no procedimento regular quer na autoadministração, faz-se necessá-
ria a concordância do comitê de credores (Gläubigerausschuss) ou da
assembleia geral de credores (Gläubigerversammlung), conforme o
caso. Nesta constelação, não se transferem para a parte compradora
responsabilidades que geralmente seriam assumidas automaticamen-
te por lei, como as obrigações decorrentes da condução dos negócios
até o momento da transferência pela empresa e a responsabilidade
tributária pelos impostos devidos pela empresa adquirida relativos a
todo o ano fi scal prévio à aquisição. No mais, as responsabilidades de-
correntes da transferência dos contratos de trabalho se restringem às
obrigações assumidas após o início dos procedimentos de insolvência.
Apesar das vantagens disponíveis em termos de restrição de res-
ponsabilidade do comprador em uma aquisição de bens de empre-
sa em crise após o início do procedimento de insolvência, a nego-
ciação de garantias e declarações a respeito dos ativos transferidos,
a ser conduzida com o administrador da insolvência, tende a ser
mais difícil. Isso porque, o administrador da insolvência responde
pessoalmente pela compensação de danos resultantes da insufi ci-
ência da massa falida para cobrir as garantias assumidas.
3. ASPECTOS TRIBUTÁRIOS NAS TRANSAÇÕES DE M&A
Ao estruturar uma transação de M&A, ambas as partes visam redu-
zir os encargos tributários por meio de um planejamento tributário
efetivo. De um lado, a parte vendedora preferirá receber quaisquer
ganhos de capital decorrentes da alienação líquidos de tributação
ou sujeitos a uma alíquota favorável. A parte compradora, por sua
vez, buscará um incremento da base tributária dos bens da empresa
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alvo, utilizando-se ao máximo possível de depreciação e/ou amor-
tização dos bens alienados (Abschreibung). Além disso, buscará re-
duzir os custos da aquisição por meio da minimização dos impostos
associados à transferência de propriedade.
A depender de quem seja a parte vendedora (pessoa física, socieda-
de de pessoas ou sociedade de capital) e da natureza do negócio a
ser alienado se participação em uma sociedade empresária ou em
uma sociedade de pessoas, se bens comerciais (Betriebsvermögen)
ou bens privados (Privatvermögen), existem diferentes possibilida-
des disponíveis em termos de planejamento tributário. Os dois mé-
todos legais para aquisição de um negócio, quais sejam, uma tran-
sação de venda de participação ou uma alienação de bens, geram
conseqüências tributárias substancialmente distintas, tanto para o
vendedor como para o comprador.
De maneira geral, em uma aquisição de participação, a posição tri-
butária da parte compradora é menos vantajosa do que no caso da
aquisição de bens, que permite a alocação de custos diretamente
nos bens adquiridos. Normalmente, o oposto se aplica em relação à
parte vendedora, para quem a venda de bens implica na tributação
de quaisquer ganhos de capital como parte de sua renda ordinária.
a) Tratamento de diferentes tipos de organização empresarial O tratamento tributário de uma empresa varia de acordo com o tipo
de organização empresarial adotada. As sociedades empresárias
(AG, GmbH, KGaA e SE) são entidades sujeitas a Imposto de Renda
de Pessoa Jurídica (Körperschaftsteuer), Imposto sobre Lucro Indus-
trial ou Comercial (Gewerbesteuer) e Sobretaxa de Solidariedade
(Solidaritätszuschlag). As sociedades de pessoas (OHG, KG e GbR)
são consideradas transparentes para fi ns de tributação de renda, a
qual é alocada diretamente no nível dos sócios participantes. Entre-
tanto, tais entidades se sujeitam ao Imposto sobre Lucro Industrial
ou Comercial, bem como à Sobretaxa de Solidariedade.
b) Tributação na compra e venda de empresas na Alemanha O sistema tributário alemão é complexo, havendo tributação fede-
ral, estadual e, de maneira mais restrita, municipal. As transações
envolvendo a transferência de participação ou a alienação total ou
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parcial do negócio mediante transferência de ativos não se sujeitam
à tributação pelo chamado Imposto sobre Vendas (Umsatzsteuer).
Além disto, as transações sujeitas a Imposto sobre a Transmissão de
Bens Imóveis (Grunderwerbsteuer) também não são tributadas por
Imposto sobre Vendas.
O Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis, por sua vez, incide
não apenas na alienação de bens que impliquem na transferência
de propriedade de bens imóveis, mas também (i) na alienação de
participação em sociedades de pessoas (OHG, KG e GbR) quando
houver transferência de participação equivalente a pelo menos 95%
(noventa e cinco por cento) das quotas a novos sócios dentro do
prazo de 5 (cinco) anos, e (ii) na alienação de participação em socie-
dades de capital (AG, GmbH) quando participação representativa
de pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) do capital social
passar a ser detida por um único sócio.
Em geral, a aquisição de participação paga em espécie ou em par-
ticipação não afeta a empresa alvo, a qual continua registrando os
ativos no valor contábil (Buchwert) em seus livros. A transferência
de ações, entretanto, pode impactar no aproveitamento de perdas
fi scais de exercícios anteriores (Verlustvortrag), bem como resultar
em tributação pelo Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis,
conforme mencionado acima.
Na venda de participação por pagamento em espécie, o eventual
ganho de capital resultante, isto é a diferença positiva entre o preço
de venda e o valor contábil da participação, é tributável. A parte
compradora registrará o preço de venda como custo de aquisição
não sujeito a depreciação, dado que se trata de transferência de par-
ticipação e não de bens.
É possível evitar a obtenção de ganho de capital tributável na aqui-
sição de bens em troca de participação, se for transferido, para uma
empresa, (i) o negócio na sua totalidade, (ii) parte ou divisão autô-
noma do negócio (Teilbetrieb), (iii) participação em sociedade de
pessoas, ou (iv) participação em outra empresa, desde que a empre-
sa que adquire tal participação após a transferência detenha a maio-
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ria das ações ou quotas da empresa da qual recebe participação.
A empresa adquirente registrará contabilmente os bens recebidos
no valor de mercado, podendo fazê-lo alternativamente no valor
contábil mínimo, caso determinadas condições sejam preenchidas.
Considerando que o valor escolhido pela empresa adquirente para
a contabilização dos bens é presumido como sendo o preço de
venda, a tributação de ganhos de capital pode ser evitada se a em-
presa adquirente optar por continuar registrando os bens no valor
contábil em seus livros (Buchwertfortführung).
4. FINANCIAMENTO DE TRANSAÇÕES DE M&A
Dentre os diversos fatores que infl uenciam a escolha das partes
para o fi nanciamento da transação, deve-se destacar o risco ineren-
te à atividade da empresa alvo e o grau de assimetria informacional
entre comprador e vendedor. Dessa forma, se a atividade empresa-
rial for profundamente dependente de inovação tecnológica ou se
inserir em um setor da economia cujo desenvolvimento não é está-
vel ou previsível, como no caso das chamadas empresas start-ups,
as opções de fi nanciamento disponíveis implicam em incremento
do custo de capital com juros altos incorporando um prêmio pelo
risco inerente a esse tipo de investimento. Na perspectiva da parte
compradora, os futuros fl uxos de caixa da empresa alvo têm um
valor presente baixo, dado o desconto de uma taxa de juros elevada
associada ao risco do negócio.
De maneira oposta, se a empresa alvo já estiver estabelecida no
mercado há alguns anos e a atividade empresarial se inserir em um
setor econômico maduro, não somente o risco inerente ao negócio
é menor, como também é possível recorrer a dados de exercícios
passados da empresa alvo e estabelecer previsões fi nanceiras com
mais segurança. No mais, se a parte compradora atuar no mesmo
setor econômico (i.e. dispuser de know-how a respeito da atividade
empresarial da empresa alvo) e se tratar de companhia aberta, lis-
tada em bolsa, estando toda informação relevante disponível para
análise do comprador, a assimetria informacional entre as partes
resta substancialmente reduzida.
16
Em linhas bastante gerais, quanto maior for o risco inerente ao ne-
gócio da empresa alvo, maiores serão os custos de fi nanciamento
e mais escassas são as opções de fi nanciamento externo (em casos
extremos, somente o investimento por meio de fundos especializa-
dos de venture capital estará disponível). Da mesma forma, quanto
maior for a assimetria informacional entre as partes, menos disposto
estará o comprador em comprometer recursos próprios por meio
de fi nanciamento interno. Esse tipo de consideração é fundamental
para a estruturação do endividamento, se no nível da empresa alvo
por meio da alienação de participações minoritárias a outros inves-
tidores ou se no nível do comprador por meio da realização de um
aumento de capital, por exemplo.
a) Financiamento internoA parte compradora pode fi nanciar a transação por meio de re-
cursos próprios, sem recorrer a capital de terceiros, utilizando-se
de fl uxos de caixa livres, da retenção de lucros e dividendos, bem
como da venda de ativos fi xos (Anlagevermögen) e/ou circulantes
(Umlaufvermögen), ou mesmo de divisões inteiras de seu negócio.
Normalmente, os recursos disponíveis por meio de fi nanciamento
interno não são sufi cientes para a conclusão da operação, de tal
maneira que importa analisar as possibilidades de fi nanciamento
externo com maior detalhe.
b) Financiamento externo(1) Participações no capital socialTal tipo de fi nanciamento se refere à aquisição de partici-
pação na empresa alvo ou na sociedade veículo da aqui-
sição e, assim, implica na integral participação nos lucros e
prejuízos da empresa a ser adquirida. O fi nanciamento de
aquisição de participações no capital social (equity) depen-
de do tipo de organização empresarial em questão. No caso
de uma GmbH, existem três possibilidades para o fi nancia-
mento por meio de capital próprio, a saber, (i) pagamento
de contribuições ao capital social correspondendo a quotas
do capital social criadas com valor nominal, (ii) criação de
quotas com um prêmio adicional ao valor nominal, prêmio
esse que não integra o capital registrado e é indicado como
17
reserva de capital (Kapitalrücklagen) nas demonstrações fi -
nanceiras da empresa, e (iii) pagamento de contribuições
suplementares (Nachschüsse).
A sociedade por ações (AG), por sua vez, é primariamente
fi nanciada por contribuições ao capital social, não sendo
possível emitir ações por contribuição inferior ao valor no-
minal ou à participação atribuída no caso de ações sem va-
lor nominal. Parte substancial das participações em uma AG
toma a forma de ações comuns ou ordinárias (Stammaktie).
A lei não dispõe a respeito de obrigações para contribuições
suplementares vinculadas a ações ordinárias, apenas há refe-
rência a obrigações adicionais (Nebenpfl ichten) representan-
do contribuições não-monetárias. Todas as classes de ações
que não sejam ações ordinárias são referidas conjuntamente
como ações preferenciais, as quais podem ser emitidas com
ou sem direito de voto, não sendo permitida sua emissão
com direito de voto múltiplo. Ações preferenciais sem direito
de voto são mais usuais e não podem ultrapassar 50% (cin-
qüenta por cento) do capital social registrado.
Finalmente, em relação a sociedades não-incorporadas (part-
nerships), não há regra legal específi ca a respeito de contri-
buição em participação, nem requisito para capital mínimo.
(2) Contratos de crédito bancárioNormalmente, a parte compradora dispõe de linhas de cré-
dito livre junto as instituições bancárias de que seja cliente
e, assim, pode se utilizar de instrumentos fi nanceiros fl e-
xíveis e de curto prazo. Especialmente nos casos em que
há pouca assimetria informacional entre as partes e o ris-
co associado com a transação de M&A é baixo, é possível a
concessão de crédito sem grandes exigências a respeito de
compromissos fi nanceiros e, até mesmo, sem que qualquer
garantia seja necessária.
Entretanto, se o fi nanciamento por meio de contratos bilate-
rais de crédito bancário não for sufi ciente, o que ocorre, em
18
geral, quando existem maiores riscos e custos mais altos para
fi nanciar a aquisição, é possível a contratação de crédito sin-
dicalizado. Os chamados contratos de crédito sindicalizado
permitem que pelo menos dois ou mais bancos forneçam os
recursos, de maneira que individualmente cada banco parti-
cipante do sindicato reduza os riscos associados ao evento
de inadimplemento do devedor.
(3) Financiamento mediante empréstimoO fi nanciamento por meio da emissão ou negociação de tí-
tulos da companhia tais como Medium Term Notes (MTN) e
Commercial Papers (CP), em geral, possibilita ao comprador
o acesso a volumes mais signifi cativos de crédito do que a
contratação de crédito bilateral com instituições fi nanceiras.
Entretanto, tal volume de crédito, bem como os custos asso-
ciados a esse tipo de fi nanciamento, são bastante sensíveis às
condições do mercado.
(4) Financiamentos mezzanineTrata-se de qualquer forma híbrida de fi nanciamento que
pode ser classifi cada entre participação no capital social e obri-
gações de crédito privilegiado que são satisfeitas em primeiro
lugar no caso de liquidação ou falência do devedor (senior
debt). Financiamentos por meio de senior debt implicam em
taxas de juros mais baixas que as disponíveis para o chamado
fi nanciamento mezzanine, dado que envolvem menos riscos.
Em estruturas de fi nanciamento híbrido, o credor (Mezza-
nine-Kapitalgeber) participa, pelo menos parcialmente, nos
lucros e prejuízos da empresa fi nanciada. O credor normal-
mente será o próprio comprador ou um conjunto de investi-
dores institucionais (em geral, bancos de investimento, com-
panhias de seguro e fundos de pensão).
O direito alemão oferece uma série de possibilidades adequa-
das ao fi nanciamento mezzanine, por exemplo, empréstimo
subordinado (subordiniertes Darlehen), certifi cados de par-
ticipação em lucros sem direito de voto ou participação na
19
empresa emissora (Genussscheine), títulos de participação
em lucros, que outorgam adicionalmente ou, em lugar de,
uma taxa de juros fl utuante, bônus variável de acordo com os
lucros realizados pela empresa emissora ou por outra com-
panhia (Gewinnschuldverschreibungen), títulos passíveis de
conversão em ações da empresa emissora ou de outra com-
panhia (Wandelschuldverschreibungen) e investimento em
sociedades em conta de participação (stille Beteiligung).
(5) Private EquityPrivate equity corresponde ao investimento em empresas não
listadas em bolsa de valores, viabilizado por recursos próprios
dos investidores que normalmente formam um fundo para a
aquisição de participações. Normalmente, as participações ad-
quiridas são detidas pelo período de três a sete anos, visando à
obtenção de lucro com a venda da participação. Atualmente,
os investimentos de fundos de participação privada são extre-
mamente relevantes no mercado alemão e havendo atingido
a marca de 5,84 bilhões de euros no ano de 20123.
c) Informações fi nanceiras para o mercado de transações e seu signifi cadoO desenvolvimento do mercado de M&A na Alemanha, em especial
o aumento de leilões de empresas organizados pela parte vende-
dora e da participação de investidores institucionais estrangeiros,
acentuou a importância da transparência, atualidade e consistên-
cia das informações fi nanceiras sobre a empresa objeto da possível
transação. A qualidade das informações disponíveis sobre a empre-
sa alvo, seja essa companhia listada em bolsa de valores ou não,
é essencial para a sua valoração e para a estruturação do fi nancia-
mento da operação, sendo, portanto, de interesse tanto da parte
compradora como da parte vendedora.
3 Dados do Bundesverband Deutscher Kapitalbeteiligungsgesellschaften,
publicação de 25 de fevereiro de 2013 disponível em http://www.bvkap.de/
privateequity.php/cat/144/aid/812/title/BVK-Jahresstatistik_2012:_Deuts-
cher_Beteiligungskapitalmarkt_mit_starkem_Schlussspurt.
20
5) SISTEMA DE RESPONSABILIDADE NA AQUISIÇÃO DE EMPRESAS
Questões relativas à possível limitação contratual da responsabili-
dade civil da parte vendedora por vícios dos bens alienados, bem
como do espectro de garantias outorgadas à parte compradora são
de fundamental importância para a valoração da empresa alvo e
a divisão de riscos entre as partes mesmo após o fechamento da
operação. As regras de responsabilidade associadas tanto ao valor
presente do negócio (Substanzwert) como a rendimentos a serem
capitalizados no futuro (Ertragswert) estão presentes no contrato
de compra e venda, na documentação preparatória do contrato
(por exemplo, cartas de intenções e memorados de informações),
em garantias associadas ao contrato e também nos dispositivos de
lei aplicáveis.
O sistema de responsabilidade na aquisição de empresas e as possí-
veis conseqüências legais associadas ao descumprimento das obri-
gações contratuais e delituais que se referem à natureza, qualidade
e condições dos ativos transferidos impactam diretamente na de-
terminação do preço. Em razão do grau de assimetria informacional
e dos riscos inerentes à atividade empresarial em cada caso concre-
to, as partes poderão utilizar-se de diferentes mecanismos contratu-
ais para o ajuste pós-contratual do preço se a empresa alvo atingir
determinado desempenho fi nanceiro e houver divergência entre as
partes em relação ao referido ajuste (Earn-Out-Klauseln).
a) Estados de responsabilidade(1) Responsabilidade legal pré-contratualA responsabilidade pré-contratual abrange danos por des-
cumprimento de obrigações durante o período entre a
avaliação da empresa alvo e as respectivas negociações até
a efetiva assinatura do contrato de compra e venda. Tais obri-
gações não se referem a obrigações de performance (nicht
leistungsbezogenen Pfl ichten), mas sim correspondem a
normas de conduta, incluindo os deveres de transparência,
de informação e outros.
21
O direito da parte compradora de demandar a parte vende-
dora por descumprimento de obrigações pré-contratuais,
como, por exemplo, a informação de dados fi nanceiros incor-
retos que infl uenciaram a negociação e resultaram na forma-
lização do contrato de compra e venda em condições desfa-
voráveis ao comprador, prescreve no prazo de 3 (três) anos. O
prazo prescricional é computado a partir do fi m do ano em
que surge a pretensão da parte compradora e em que essa
última obtém (ou deveria ter obtido) conhecimento a respei-
to da parte infratora e das circunstâncias que fundamentam a
referida pretensão.
Normalmente, durante a fase pré-contratual de uma aquisi-
ção, as partes fi rmam uma carta de intenções (LOI) e/ou um
memorando de entendimentos (MOU), e a parte comprado-
ra realiza uma auditoria (due diligence) na empresa alvo. De
acordo com o direito alemão, a LOI constitui mera declaração
de intenções sem efeito vinculante, entretanto é possível que
se estabeleçam obrigações pré-contratuais referentes à con-
dução e interrupção das negociações, bem como deveres de
confi dencialidade e informação. Em relação às informações e
aos documentos disponíveis para análise da parte compra-
dora durante a auditoria, responde a parte vendedora por
negligência e dolo na prestação de informação incompleta
ou incorreta que induza a erro, por exemplo, orçamento e
business plan que não refl itam a real previsão fi nanceira da
empresa alvo. Nesse caso, há obrigação de compensação
por parte do vendedor para com o comprador. Com base no
§ 311 Abs. 3 BGB, podem também ser responsabilizados os
terceiros, que mesmo não sendo partes no contrato infl uen-
ciam a sua negociação e conclusão, tais como procuradores
ou representantes legais (Vertreter) e consultores especiali-
zados (Sachwalter).
As possíveis consequências legais do descumprimento de
obrigações pré-contratuais são as seguintes: (i) se em decor-
rência da violação de deveres pré-contratuais não foi conclu-
22
ído um contrato com outra parte, a parte prejudicada pode
pleitear a compensação de danos causados pelo referido
descumprimento; e (ii) se ao invés de impossibilitar a conclu-
são do contrato, a violação de obrigação pré-contratual resul-
tar em um contrato que contenha condições desfavoráveis,
poderá a parte prejudicada sujeitar-se ao contrato e pleitear
apenas a compensação por danos indiretos (Begleitschaden),
ou demandar a anulação do contrato e o restabelecimento
do “status quo ante”. Alternativamente ao desfazimento do
contrato, pode a parte prejudicada demandar a reparação
dos custos razoavelmente incorridos em razão da conclusão
do contrato. Finalmente, poderá a parte prejudicada ainda
rescindir o contrato, quando se tratar de descumprimento de
uma obrigação acessória, não sendo razoável que ela con-
tinue sujeitando-se à relação contratual e, adicionalmente,
pleitear a compensação de danos.
(2) Responsabilidade contratual por acordo entre as partes e por leiA responsabilidade contratual refere-se ao descumprimento
de obrigações após a conclusão do contrato de compra e
venda, ou a partir do momento em que tal contrato passa
a surtir efeitos. As partes podem escolher se preferem sub-
meter as obrigações decorrentes do contrato de compra e
venda aos dispositivos de lei, ou acordar regras autônomas
para a responsabilidade contratual. Em relação à responsa-
bilidade contratual por lei, deve-se diferenciar entre a vali-
dade das regras de descumprimento contratual (Leistungs-
störungsrecht) e das regras de responsabilidade por garantia
(Gewährleistungshaftung).
No que diz respeito aos regimes de responsabilidade civil, im-
porta distinguir a aquisição de bens (Sachkauf ) da aquisição
de direitos (Rechtskauf ), dado que, no caso de uma alienação
de participação minoritária, a parte vendedora somente res-
ponde pela existência do direito enquanto tal (Verität), mas
não pelos vícios associados ao direito (Bonität). Entretanto,
caso a transação resulte na transferência de bens essenciais
ou de participação que garanta à parte compradora uma
23
posição econômica dominante, responderá o vendedor por
vícios dos bens ou direitos alienados como se fosse uma
aquisição de bens.
(3) Direitos do comprador ao saneamento de víciosA responsabilidade pela insufi ciência do título ou defi ciência
do direito (Rechtsmangel) e pelos vícios do objeto (Sachman-
gel) se submete ao princípio da culpa (Verschuldensprinzip),
havendo presunção simples de culpa do vendedor. No en-
tanto, a constatação de defi ciências do direito adquirido, por
exemplo, problemas relativos a direito a voto e à distribuição
de dividendos associados às ações alienadas, se dá de manei-
ra objetiva, já os requisitos dos vícios do objeto são analisa-
dos conforme critérios subjetivos (subjektiver Fehlerbegriff ).
Assim, o bem será considerado contaminado por vício quan-
do não corresponder as qualifi cações e condições acordadas
no contrato ou, se nada foi acordado a respeito pelas partes,
quando o objeto não for apto ao seu uso ordinário ou não se
encontrar em condições que o comprador poderia esperar de
um objeto da mesma qualidade. As partem podem restringir
contratualmente a responsabilidade delitual, entretanto não
poderão excluir a responsabilidade decorrente de dolo.
Caso os bens ou direitos adquiridos estejam maculados de
vícios, não equivalham ao objeto do contrato de compra e
venda ou estejam incompletos, não poderá o comprador
pleitear imediatamente do vendedor a compensação de da-
nos no lugar do cumprimento da obrigação. Em primeiro lu-
gar, há que se esgotar os remédios previstos no contrato para
o caso de inadimplemento. Normalmente, as partes acordam
como adimplemento suplementar a entrega de novo bem
livre de vícios ou a remoção dos vícios existentes (Nachbes-
serung), cabendo a escolha ao comprador. Quando o adim-
plemento suplementar implicar em custos desproporcional-
mente altos, o vendedor poderá se recusar a cumprir com
tais obrigações. Obviamente, no caso da aquisição de uma
empresa, a possibilidade da entrega de outro bem seria pra-
ticamente impossível, sendo os mecanismos de saneamento
de vícios mais relevantes.
24
Somente caso o vendedor, após o prazo estabelecido, não
cumprir as obrigações suplementares, ou se tais obrigações
resultarem impossíveis ou desproporcionais, poderá o com-
prador recorrer aos seguintes remédios: (i) rescisão do con-
trato de compra e venda, observadas as condições restritivas
previstas, (ii) redução do preço, e (iii) adicionalmente ou em
lugar da rescisão contratual, a compensação de danos e pre-
juízos. As pretensões do comprador relativas aos vícios de
bens e direitos prescrevem no prazo de 2 (dois) anos con-
tados da entrega dos bens ou da transferência dos direitos.
(4) Responsabilidade por garantiaO alcance da responsabilidade por garantia pode ser defi nido
contratualmente, no entanto, no caso da chamada qualidade
garantida (zugesicherte Eigenschaft), na sistemática anterior à
reforma de 2002, normalmente continuará a parte vendedora
respondendo objetivamente. Essa situação se refere à garan-
tia que abrange as características próprias do bem alienado,
relevantes para a determinação de seu valor e sua utilidade ou
uso estabelecido contratualmente (Beschaff enheitsgarantie).
A reforma do direto das obrigações na Alemanha adaptou
o sistema de efeitos legais da responsabilidade por garantia
as consequências do inadimplemento da obrigação de en-
tregar bens livres de vícios ao comprador. Assim sendo, as
considerações acima a respeito dos remédios disponíveis ao
comprador se aplicam também aos casos de responsabilida-
de por garantia do vendedor.
(5) Exclusão de responsabilidade por leiNa prática, é comum que as partes estabeleçam contratual-
mente a exclusão de responsabilidade do vendedor por ví-
cios de que o comprador tinha conhecimento, ou dos quais
não se fez ciente por negligência. Tal regra está também pre-
vista no Código Civil Alemão. Entretanto, a obrigação do ven-
dedor de entregar o bem alienado livre de vícios não poderá
ser restringida ou eliminada quando o vendedor silenciou
propositalmente a respeito dos defeitos ou assumiu uma
garantia pela qualidade e condição (Beschaff enheit) do bem.
25
Caso o vendedor haja dado ao comprador garantia neste es-
copo, não poderão as partes estabelecer contratualmente a
exclusão da responsabilidade assumida. Em outras palavras,
a cláusula que excluir responsabilidade por garantia assumi-
da não surtirá efeitos. Entretanto, a nulidade da cláusula de
exclusão de responsabilidade não resultará na nulidade do
contrato de compra e venda como um todo.
b) Processamento de demandasPara a resolução de eventuais controvérsias relativas às responsa-
bilidades descritas acima, associadas com a transferência de ativos
e direitos para o comprador, podem as partes escolher submeter
confl itos aos tribunais civis ou a arbitragem.
(1) Eleição de foroAs partes de um contrato de compra e venda de empresa
normalmente estabelecem uma cláusula de eleição de foro
(Gerichtsstandsvereinbarung). A lei dispõe que podem as
partes acordar, por escrito, a respeito da competência de um
tribunal alemão para a resolução de confl itos derivados do
contrato, ainda que uma das partes não tenha sede social na
Alemanha. Entretanto, caso uma das partes seja residente na
Alemanha, somente poderão ser eleitas como competentes
as cortes do local em que se encontra a sede social dessa
parte, ou do lugar de execução das obrigações contratuais
(Gerichtsstand des Erfüllungsorts).
(2) Convenção de arbitragemAs demandas de direito patrimonial são arbitráveis. Além
disso, as decisões arbitrais somente podem ser contestadas
com base nas condições restritivas dispostas na lei. Assim,
seja por meio de um compromisso arbitral (Schiedsabrede)
ou por meio de uma cláusula compromissória (Schiedsklau-
sel) inserida no contrato de compra e venda, ambos neces-
sariamente em forma escrita para serem considerados vincu-
lantes, as partes podem submeter eventuais controvérsias a
arbitragem. Especialmente em vista da celeridade, fl exibilida-
de e especialidade dos procedimentos arbitrais, a arbitragem
se tem constituído como um mecanismo preferido ao judi-
26
ciário. A vantagem da especialidade é particularmente rele-
vante quando os confl itos emergem de questões complexas
relativas à determinação do montante da compensação ou
ajuste de preço vinculado a variáveis fi nanceiras.
6. ASPECTOS TRABALHISTAS
Questões trabalhistas impactam diretamente na negociação e es-
truturação de transações de M&A, especialmente no que se refere à
valoração da empresa alvo tendo em vista os custos e riscos associa-
dos à incorporação de empregados e sua avaliação face à estratégia
da parte adquirente. Dessa maneira, após a realização da auditoria
trabalhista, as partes normalmente recorrem a mecanismos de re-
tenção de risco, como o estabelecimento de uma conta de garantia
(escrow account), na qual parte do preço negociado fi ca deposita-
da com a fi nalidade de cobrir determinados custos decorrentes de
contingências que venham a se materializar.
Além disso, a repartição de obrigações trabalhistas e encargos pre-
videnciários entre a parte alienante (antigo empregador) e a parte
adquirente (novo empregador), a defi nição do cronograma para
fechamento da operação e a implementação de regras de harmoni-
zação para a integração de empregados, dependem de disposições
legais cogentes aplicáveis à relação de emprego e aos deveres de
informação das partes, bem como do estabelecido em acordos co-
letivos de trabalho (Tarifverträge) e em convênios negociados pelo
órgão social de representação dos trabalhadores (Betriebsvereinba-
rungen). Por fi m, também as previsões dos contratos individuais de
emprego devem ser analisadas, especialmente tendo em vista que
os acordos coletivos de trabalho estabelecem, via de regra, regras
que representam condições mínimas de proteção dos empregados.
a) Incorporação de empregadosEm primeiro lugar, é necessário diferenciar a aquisição por meio da
venda de participação daquela que implica a transferência de bens.
No caso da alienação de participação, a identidade do empregador
permanece inalterada e não há que se falar em incorporação de
27
empregados. Assim sendo, exceto se disposto de maneira diversa
em uma cláusula de mudança de controle, os direitos e as obriga-
ções entre empregador e os empregados, estabelecidos nos con-
tratos de trabalho individuais, não são alterados.
Se um negócio (Betrieb) ou parte de um negócio (Betriebsteil) é
transferida para outra parte, todos os direitos e obrigações associa-
dos às relações de emprego existentes ao tempo da transferência
são automaticamente transmitidos à parte adquirente. A referida
transferência de negócio não tem que ser necessariamente total,
mas sim substancial, sendo sufi ciente que o comprador continue a
atividade econômica, cuja identidade é defi nida pela organização
dos negócios, contingente de empregados e bens disponíveis. Em
relação às obrigações trabalhistas e previdenciárias criadas antes da
transferência do negócio e que somente se tornarão devidas den-
tro de um ano após tal transferência, a parte vendedora permanece
solidariamente responsável com a parte compradora.
Apesar da transferência das relações de emprego se dar de manei-
ra automática por lei, pode o empregado individualmente objetar
tal transmissão de direitos e obrigações. Referida objeção deve ser
feita por escrito e encaminhada ao novo ou ao antigo empregador
dentro de um mês contado do cumprimento da obrigação dos em-
pregadores de informar os empregados a respeito das circunstâncias
da transferência (incluindo cronograma, razões e implicações para os
empregados). O direito de objeção (Widerspruchsrecht) foi intensifi -
cado na reforma legislativa de 2002, sendo que o prazo de um mês
somente começa a ser computado quando a obrigação de informa-
ção for integralmente cumprida.
A parte compradora e a parte vendedora não podem unilateral-
mente terminar a relação de emprego em razão da transferência
do negócio. Finalmente, importa ressaltar que ainda que as regras,
comentadas acima, sejam mandatórias e, portanto, não possam
ser afastadas por acordo entre as partes, o vendedor e o compra-
dor podem dispor de maneira diversa no contrato de aquisição
(tipicamente a respeito da rescisão de contratos de trabalho e do
impacto de contingências trabalhistas e previdenciárias, entre ou-
28
tros). Entretanto, tais acordos individuais não surtirão quaisquer
efeitos face aos empregados, se estiverem em confl ito com o dis-
posto na lei.
b) Reestruturação do negócioAs condições e objetivos para a reestruturação do negócios após a
aquisição são certamente específi cas a cada transação, entretanto,
de maneira geral, a parte compradora terá em conta circunstâncias
do negócio adquirido que impactam diretamente nos custos de re-
organização. Assim, por exemplo, importa avaliar a estrutura etária e
a duração das relações de emprego na empresa adquirida a fi m de
se determinar o escopo de uma possível redução do contingente
de empregados. Outra circunstância relevante seria a possível ou-
torga, como parte da remuneração de determinados empregados,
de opções sobre ações da empresa holding controladora da adqui-
rida. Nesses casos, é relevante verifi car se a aquisição constitui even-
to que autoriza o exercício de tais opções e se a parte adquirente
deverá substituir tais planos de opções sobre ações de maneira a
manter equivalente o valor da remuneração dos empregados.
Normalmente, vigoram na empresa adquirente regras específi cas,
que o comprador buscará aplicar uniformemente aos empregados
incorporados após a aquisição. Tal harmonização das condições
de trabalho pode estar sujeita ao prazo de um ano para alterações
(Jahressperrfrist).
Vale mencionar o caso da reestruturação de empresas que se dê
por meio da constituição de uma SE via fusão de duas companhias
pré-existentes. Se uma das companhias for alemã, são aplicáveis as
regras de co-determinação (Mitbestimmung), sendo o número de
empregados representantes no órgão de supervisão (Aufsichtsrat)
ou no órgão administrativo (Verwaltungsrat) igual ao maior número
de empregados representantes na companhia-sócia.
29
7. RESTRIÇÕES ÀS TRANSAÇÕES DE M&A
a) Obrigações concorrenciaisNa UE, existem regras concorrenciais comunitárias e nacionais
para o controle de concentração de empresas. O Regulamento
nº139/2004 aplica-se às fusões e aquisições diretas ou indiretas que
tenham “dimensão comunitária”, vale dizer, caso (i) o volume de ne-
gócios total realizado a nível mundial pelo conjunto das empresas
envolvidas represente um montante superior a 5 (cinco) bilhões de
euros, ou (ii) o volume de negócios total realizado individualmente
na UE, por pelo menos duas das empresas envolvidas, represente
um montante superior a 250 (duzentos e cinqüenta) milhões de eu-
ros, exceto se dois terços ou mais do referido volume de negócios
seja realizado dentro de um mesmo Estado-Membro.
Ainda que determinada transação não atinja os limites referidos
acima, adquirirá “dimensão comunitária”, devendo ser submetida à
análise da Comissão Europeia, quando (i) o volume de negócios to-
tal realizado a nível mundial pelo conjunto das empresas envolvidas
representa um montante superior a 2,5 (dois vírgula cinco) bilhões
de euros, (ii) em cada um de pelo menos três Estados-Membros,
o volume de negócios total realizado por todas as empresas en-
volvidas é superior a 100 (cem) milhões de euros, (iii) em cada um
de pelo menos três Estados-Membros, o volume de negócios total
realizado individualmente por pelo menos duas empresas envolvi-
das é superior a 25 (vinte e cinco) milhões de euros, e (iv) o volume
de negócios total realizado individualmente na UE por pelo menos
duas das empresas envolvidas representa um montante superior a
100 (cem) milhões de euros, exceto se cada uma das empresas en-
volvidas realize mais de dois terços do seu volume de negócios total
na UE, no interior de um único Estado-Membro.
Quando o Regulamento nº139/2004 não for aplicável, a transação
pode ainda estar sujeita ao controle de concentrações de empre-
sas de acordo com a Lei Alemã Contra Restrições à Concorrência
(Gesetz gegen Wettbewerbsbeschränkungen - GWB). Tal situação
se confi gura, caso o faturamento global das partes envolvidas seja
superior a 500 (quinhentos) milhões de euros e pelo menos uma
30
das partes haja gerado um faturamento superior a 25 (vinte e cinco)
milhões de euros na Alemanha, durante o ano fi scal anterior à ope-
ração. Transações que incluam a aquisição total ou substancial de
bens de outra empresa, a obtenção de controle direto ou indireto,
o incremento de participação acionária com direito a voto em outra
empresa ou o estabelecimento de uma joint venture se caracteri-
zam como fusões. O poder de controle não se restringe a relações
de direito societário, podendo também ser obtido por meio de
acordos e outras medidas que permitam a uma parte exercer uma
infl uência dominante sobre os negócios da empresa alvo.
Quaisquer operações de fusão planejadas que se encaixem nos
critérios acima devem ser notifi cadas previamente à Autoridade
Concorrencial Alemã (Bundeskartellamt) sob pena de ofensa admi-
nistrativa sujeita a penalidades.
b) Questões de interesse nacionalComo regra geral de controle de investimentos estrangeiros, ainda
que haja livre circulação de capitais na Alemanha, a aquisição de
participação direta ou indireta representando 25% (vinte e cinco
por cento) ou mais dos direitos de voto numa empresa alemã se
sujeita à análise do Ministério Federal da Economia (Bundeswirt-
schaftsministerium) para verifi car se a aquisição ameaça a ordem e
segurança pública caso a parte adquirente seja (i) residente em Es-
tado que não seja parte da Associação Europeia de Livre Comércio
(AELC), ou (ii) residente em Estado membro da AELC, mas tenha em
seus quadros sócio residente em Estado que não seja parte da AELC
que detenha pelo menos um quarto dos direitos de voto da parte
adquirente, devendo haver indicações de que tal entidade está sen-
do utilizada como mero veículo para a aquisição, com o intuito de
afastar a referida revisão pelo Ministério Federal da Economia.
Além disso, existem restrições a investimentos estrangeiros em áre-
as sensíveis ao interesse público, como por exemplo, a produção
militar, por razões de segurança nacional, e o registro de aerona-
ves na Alemanha, que somente é possível caso a aeronave seja de
propriedade de cidadãos alemães ou companhias domiciliadas na
Alemanha e controladas por nacionais alemães.
31
Por fi m, há o requerimento de obtenção de uma licença pública
para a realização de atividades nas áreas de serviços fi nanceiros, se-
guros, indústria farmacêutica, energia nuclear, transporte público e
gastronomia. Via de regra, a licença obtida previamente por uma
empresa continua válida em caso de mudança de controle, desde
que a administração da sociedade permaneça a mesma. Por outro
lado, no caso de aquisição exclusivamente de bens, é possível que a
parte adquirente deva obter novas licenças para operar.
D. PARTE ESPECIAL – PANORAMA DE NEGÓCIOS NA EUROPA CENTRAL E NO LESTE EUROPEU
1. RÚSSIA
a) Brasil e RússiaA história das relações internacionais entre a Rússia e o Brasil conta
com mais de 180 anos, tendo se intensifi cado cada vez mais des-
de meados da década de 1990. Em nível multilateral, os dois países
mantêm um importante diálogo no âmbito do bloco BRICS (Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul). No plano bilateral o processo
da formação das relações da parceria estratégica entre a Rússia e
o Brasil é ainda mais evidente. Em dezembro de 2012, a presiden-
ta Dilma Rousseff visitou Moscou durante o II Fórum de Negócios
Brasil-Rússia. No inicio de 2013, foram assinados acordos bilaterais
incluindo, por exemplo, um acordo de cooperação nas áreas fi tos-
sanitária e de defesa militar.
Por enquanto, o crescimento do volume de importações e expor-
tações se sustenta pelos setores tradicionais do comércio entre
Brasil e Rússia, sendo os principais produtos russos de exportação
fertilizantes, laminados de aço, petróleo bruto, paládio, diesel, arma-
mentos e munições. A exportação brasileira, por sua vez, persiste
concentrada em produtos agrícolas, como carne e açúcar.
Existe forte vontade política para expandir a cooperação entre os
países para além dos setores tradicionais do comércio menciona-
32
dos acima. Nesse sentido, entrou em vigor desde julho de 2010 o
acordo para a isenção de vistos de curta duração para nacionais da
República Federativa do Brasil e da Federação da Rússia. Em 2010,
foi aberto um centro de negócios da APEX Brasil (Agência Brasileira
de Promoção de Exportações e Investimentos) em Moscou, com
objetivo de fomentar oportunidades nas áreas de alta tecnologia,
moda e software no mercado russo.
b) Investimentos estrangeiros na RússiaNão existem restrições fundamentais ao investimento estrangeiro
no país, entretanto, algumas limitações setoriais se aplicam em re-
lação, por exemplo, a empresas de seguros, instituições fi nanceiras
e de telecomunicações. Em termos de oportunidades e estímulos
ao investimento estrangeiro na Rússia, foram implementadas as
chamadas “zonas econômicas especiais” que oferecem vantagens
fi scais, com a isenção de imposto sobre o valor agregado ou redu-
ção das alíquotas aplicáveis a imposto de renda. No mais, o gover-
no russo deu inicio a um amplo regime de privatizações, o qual, de
maneira geral, não veda a participação de empresas estrangeiras.
c) Formas de organização empresarial na RússiaA forma societária preferida por empresas estrangeiras na Rússia é a
sociedade por responsabilidade limitada, sendo também bastante
utilizada a sociedade por ações. O capital social mínimo de uma so-
ciedade por responsabilidade limitada é de RUB 10.000,00 (dez mil ru-
blos), equivalentes a aproximadamente R$ 714,00 (setecentos e qua-
torze reais). O processo de constituição junto ao registro de comércio
leva cinco dias úteis. Os demais registros para fi ns tributários e de se-
guridade social podem ser obtidos no prazo de cinco a quatorze dias.
d) Empregados estrangeiros na RússiaEmpregadores russos podem contratar empregados estrangeiros
caso detenham uma permissão para tanto emitida pelo Serviço Fede-
ral de Migração no prazo de aproximadamente quarenta a cinquenta
dias. Mais frequentemente, entretanto, deve o estrangeiro obter uma
permissão de trabalho antes de iniciar suas atividades na Rússia. Tal
permissão é emitida pelo Serviço Federal de Migração no prazo de
dois a três meses após o recebimentos dos documentos necessários.
33
e) Tributação empresarial na RússiaOs lucros de empresas russas e de empresas estrangeiras que te-
nham estabelecimento permanente na Rússia são tributados, em
geral, com uma alíquota de 20%. Empresas estrangeiras que rece-
bam recursos de fontes localizadas na Rússia, tais como royalties,
estão sujeitas a 20% de imposto retido na fonte. Dividendos pagos
a empresas estrangeiras se sujeitam a 15% de imposto retido na
fonte, caso não haja um tratado ou acordo internacional para evitar
a dupla tributação. Ao imposto sobre o valor agregado aplica-se,
em geral, uma alíquota equivalente a 18%. À alíquota de até 2,2%,
incide ainda o imposto sobre a propriedade imobiliária para bens
do ativo imobilizado de estabelecimentos permanentes na Rússia
ou para imóveis situados em território russo e de propriedade de
empresas estrangeiras sem estabelecimento permanente na Rússia.
f ) Controle concorrencialA autoridade competente para o controle concorrencial na Rússia é
o Serviço Federal Antimonopólio (SFA). As principais regras concor-
renciais estão estabelecidas na Lei n°.135-FZ de 26 de julho de 2006
(Lei Russa da Concorrência) e em regulamentos específi cos, como
a Lei Russa sobre Monopólios Naturais. A Lei Russa da Concorrência
abrange regras sobre concentração econômica, abuso de posição
dominante, acordos verticais e horizontais, requisitos para editais de
licitação e concorrência, e procedimentos para a outorga de bene-
fícios estaduais e locais.
É obrigatória a aprovação preliminar do SFA no caso de reorganiza-
ções de empresas se o valor consolidado de ativos (incluindo os res-
pectivos grupos) exceder RUB 7 bilhões (aproximadamente R$ 500
milhões) ou se o valor consolidado das receitas obtidas (incluindo
os respectivos grupos) no ano fi scal anterior à reorganização exce-
der RUB 10 bilhões (aproximadamente R$ 700 milhões). No caso de
aquisições envolvendo mais de 25% das ações (ou um terço das
quotas de sociedades por responsabilidade limitada) e sujeitas a
valores consolidados similares da parte vendedora e da empresa-
alvo (ou respectivos grupos), também deve ser obtida a aprovação
preliminar da transação pelo SFA.
34
O controle posterior à transação se dá no caso de reorganizações
de empresas se o valor consolidado de ativos ou receitas obtidas no
ano fi scal anterior à operação excedendo RUB 400 milhões (aproxi-
madamente R$ 29 milhões) ou, no caso de aquisições envolvendo
mais de 25% das ações (ou um terço das quotas de sociedades por
responsabilidade limitada) e sujeitas aos mesmos valores consolida-
dos da parte vendedora e da empresa-alvo (ou respectivos grupos).
A decisão do SFA nos casos de notifi cação para aprovação prelimi-
nar deve ser dada dentro do prazo de trinta dias após o protocolo
dos documentos necessários. Notifi cações posteriores devem ser
apresentadas em ate 45 dias após a conclusão da respectiva reor-
ganização ou transação.
NOERR NA RÚSSIAFundado em 1994
45 advogados e consultores fi scais e fi nanceiros
Contato: Björn Paulsen, Sócio E-mail: [email protected]
2. POLÔNIA
a) Brasil e PolôniaO Brasil é o parceiro comercial mais importante da Polônia na América
do Sul. O volume de comércio entre o Brasil e a Polônia no ano de 2010
atingiu, de acordo com dados o Centro de Estatística Polonês (GUS),
1.387,1 milhões de dólares em 2012 – um dos valores históricos mais
altos. Os produtos poloneses exportados para o Brasil correspondem
a fertilizantes, eletrodos de carbono e de componentes para automó-
veis e produtos dos grupos de máquinas e equipamentos. De outro
lado, as importações polonesas do Brasil tradicionalmente incluem
bagaço e óleo de soja, café, minério de ferro, petróleo e automóveis.
Ainda que atualmente inexista um acordo para evitar a dupla tri-
butação entre o Brasil e a Polônia, uma série de acordos comerciais
bilaterais foram assinados, como por exemplo, o acordo de coope-
35
ração entre a Agência Polonesa de Informação e Investimento Es-
trangeiro (PAlilZ) e a Apex formalizado em 2008.
b) Investimentos estrangeiros na Polônia Dentre as possibilidades mais fáceis de entrada no mercado polo-
nês, destaca-se a aquisição de participação em negócios já estabe-
lecidos. Entretanto, atualmente, a Polônia oferece oportunidades
especialmente atrativas para investidores estrangeiros, sendo elas
a concessão de subsídios pelo governo polonês, as chamadas zo-
nas econômicas especiais e a isenção de impostos municipais sobre
propriedades imobiliárias.
As chamadas zonas econômicas especiais correspondem a divisões
administrativas polonesas, que oferecem, dentre outras vantagens,
benefícios fi scais.. Subsídios dentro do escopo do “Programa de
apoio a investimentos relevantes para a economia polonesas para
os anos 2011-2020” são concedidos por meio da formalização de
um acordo entre o Ministro da Economia e o investidor. Os setores
considerados prioritários para investimento incluem o setor auto-
motivo, biotecnologia e aviação, dentre outros.
c) Formas de organização empresarial na PolôniaO tipo societário mais adotado na Polônia corresponde à sociedade
limitada (spółka z ograniczona odpowiedzialnością), para a qual ine-
xistem restrições a participação de sócios estrangeiros e cujo capital
mínimo deve ser equivalente a pelo menos PLN 5.000,00 (aproxi-
madamente R$ 3.684,00). O processo de constituição de uma socie-
dade limitada dura dez semanas, incluindo preparação do contrato
social, registro na corte competente e obtenção dos registros fi scais.
d) Empregados estrangeiros na PolôniaDe acordo com o Ato sobre a Promoção do Emprego e Instituições
do Mercado de Trabalho de 20 de abril de 2004, para a contratação
de empregado que não seja cidadão europeu, o futuro empregador
deverá apresentar requerimento para nota promissória junto às au-
toridades regionais (voivode). Além disto, é necessária a obtenção de
permissão de residência. Somente após a autorização pelo voivode
relativa ao trabalho durante o período de validade da permissão de
36
residência é que a relação de emprego passa a ser legal. O procedi-
mento completo dura aproximadamente três meses. Vale enfatizar
que tal permissão de trabalho não concede direitos ao empregado
estrangeiro para livre circulação no mercado de trabalho polonês,
sendo restrito à relação específi ca de emprego tal como estipulada
no contrato de trabalho. Caso uma empresa estrangeira decida en-
viar empregado seu para trabalhar na Polônia, deverá assegurar que
as mesmas condições mínimas aplicáveis aos trabalhadores polone-
ses, tal como dispostas no Código Polonês do Trabalho, sejam respei-
tadas. Tais condições mínimas se referem principalmente ao valor do
salário mínimo (atualmente PLN 1.600,00, equivalentes a aproxima-
damente R$ 1.179,00) e ao número de dias de férias (20 ou 26 dias).
e) Tributação empresarial na PolôniaO direito tributário polonês é harmonizado ao direito comunitário e,
em algumas áreas, representa um sistema tributário relativamente
competitivo. Entidades que exerçam atividade empresarial, incluin-
do sociedades empresárias, estabelecimentos permanentes e em-
presários individuais, se submetem a uma alíquota única de 19%
a título de imposto de renda sobre os lucros obtidos na Polônia. É
recolhido imposto de renda retido em relação a dividendos, juros e
royalties pagos por empresas polonesas para entidades estrangeiras,
bem como em relação a serviços intangíveis, respeitados eventuais
acordos internacionais para evitar a dupla tributação e as disposi-
ções aplicáveis de direito comunitário. Imposto sobre a circulação
de mercadorias e serviços (VAT) é devido a uma alíquota de 23%,
havendo casos especiais em que a alíquota é reduzida a 8%, 5% ou
0%. Determinadas transações se sujeitam a um imposto análogo ao
imposto sobre a transmissão de direitos e bens. Há ainda o imposto
sobre a propriedade imóvel, que deve ser pago às municipalidades.
f ) Controle concorrencialA Lei Polonesa sobre Concorrência e Proteção aos Consumidores de
16 de fevereiro de 2007 é o principal instrumento regulando acor-
dos lesivos à concorrência, abusos de posição dominante e atos de
concentração. Na Polônia, o sistema de notifi cação de aquisições e
fusões é prévio ao fechamento da operação. A análise concorrencial
dura até trinta dias ou, em casos excepcionalmente complicados,
até sessenta dias.
37
NOERR NA POLÔNIA Fundado em 1992,
25 advogados, consultores fi scais e fi nanceiros
Contato: Dr. Jacek Bak, Sócio E-mail: [email protected]
3. HUNGRIA
a) Brasil e HungriaO Brasil e a Hungria vêm intensifi cando o intercâmbio bilateral
por meio da formalização de acordos de cooperação econômica e
comercial, incluindo uma cooperação entre o Banco Nacional do
Desenvolvimento (BNDES) e o Eximbank húngaro. Os dois países
formalizaram um acordo para evitar a dupla tributação e prevenir
a evasão fi scal, o qual determina as alíquotas máximas aplicáveis
a tributação na fonte sobre dividendos (15%), juros (10% no que
concerne aos juros de empréstimos e créditos concedidos por um
período de no mínimo 8 anos, ligados à venda de equipamentos
industriais ou ao estudo, à instalação ou ao fornecimento de uni-
dades, industriais ou científi cas, assim como a obras públicas e 15%
do montante bruto dos juros em todos os demais casos) e royalties
(25% para uso de marcas e 15% nos demais casos).
b) Investimentos estrangeiros na HungriaO governo húngaro apoia projetos de investimento de alto valor
agregado, disponibilizando um tratamento diferenciado e, em cada
caso individual, um pacote de subsídios pode ser oferecido ao in-
vestidor. Nos casos em que não houver subsídios co-fi nanciados
pela União Europeia, o governo húngaro oferece incentivos espe-
cífi cos para projetos cujos custos excedam aproximadamente R$
31,5 milhões, ou R$ 157,4 milhões no caso de projetos na área de
turismo. Tais incentivos podem consistir em subsídios em espécie,
incentivos tributários e subsídios para a criação de empregos.
c) Formas de organização empresarial na HungriaA forma societária mais comum prevista em lei é a sociedade por
responsabilidade limitada. Na Hungria, sociedades por respon-
sabilidade limitada podem tomar a forma de uma sociedade por
38
quotas de responsabilidade limitada (Kft), de uma sociedade por
ações aberta (Nyrt) ou de uma sociedade por ações fechada (Zrt).
Em geral, a Kft representa o tipo societário mais adotado e o capital
mínimo registrado exigido equivale a HUF 500.000,00 (aproximada-
mente R$ 5.222,00). No caso de empresas tendo por escopo ativida-
des em um ou mais países da EU, pode ser constituída uma societas
europea com sede na Hungria.
d) Empregados estrangeiros na HungriaEstrangeiros que pretendam trabalhar legalmente na Hungria de-
vem obter uma permissão de trabalho e de residência. Cidadãos
da UE ou da Área Econômica Europeia (AEE), refugiados, imigrantes
e pessoas residentes na Hungria não precisam obter tal permissão.
A depender das condições em cada caso, a obtenção de uma per-
missão de trabalho pode ser concedida em um mês. A permissão é
válida por um período máximo de dois anos e pode ser prorrogada
por outro período de dois anos.
e) Tributação de empresas na HungriaSão consideradas domiciliadas na Hungria para fi ns tributários as
sociedades constituídas e registradas de acordo com a lei húngara.
Pessoas jurídicas estrangeiras serão consideradas domiciliadas caso
tenham como local da administração a Hungria. Já as sociedades
que não forem constituídas de acordo com a lei húngara e que
desempenhem atividades na Hungria por meio de fi liais não serão
consideradas domiciliadas no país para fi ns tributários.
O imposto de renda para pessoas jurídicas equivale a 19% (deze-
nove por cento) da renda universal, sendo aplicada uma alíquota
reduzida de 10% (dez por cento) quando a renda tributável não for
superior a HUF 500 milhões (aproximadamente R$ 5,22 milhões). O
imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços (VAT) é de-
vido a uma alíquota geral de 27% (vinte e cinco por cento), sendo
que são aplicáveis para determinados produtos e serviços alíquotas
favoráveis de 5% ou 18%.
Empresas não-domiciliadas na Hungria, porém que realizem ativi-
dades empresariais por meio de um estabelecimento permanente
39
na Hungria, são tributadas pela renda gerada nessas atividades na
mesma alíquota de imposto de renda que empresas domiciliadas.
Sócios que sejam pessoas naturais devem pagar imposto de renda
na alíquota de 16% (dezesseis por cento) sobre dividendos recebi-
dos e sócios que sejam pessoa jurídica não são tributados por divi-
dendos recebidos, a não ser que seja disposto de maneira diversa
em um acordo internacional para evitar a dupla tributação. Juros e
royalties pagos para uma empresa estrangeira por seu estabeleci-
mento permanente na Hungria são considerados parte dos lucros
resultantes das atividades empresariais desenvolvidas e, assim, são
tributáveis pelo imposto de renda.
f ) Controle concorrencialO Ato n° LVII de 1996 sobre a proibição de práticas desleais no mer-
cado e de restrições à concorrência (“Lei de Concorrência”) regula
também o procedimento para o controle de fusões de empresas. Se
os parâmetros de faturamento determinados na Lei de Concorrência
forem atingidos e a fusão não estiver sujeita ao controle da Comissão
Europeia, a operação deverá ser submetida à aprovação prévia pela
Autoridade Húngara da Concorrência (AHC). O controle de fusões
pela AHC se estende a transações entre empresas estrangeiras, caso
o mercado húngaro seja afetado. Se uma operação é consumada
sem que haja a prévia autorização pela AHC, as empresas envolvidas
estarão sujeitas a severas multas. Além disto, a AHC poderá requisitar
que se desfaça a operação não submetida caso tal fusão não se qua-
lifi casse para autorização pela autoridade concorrencial. O critério
utilizado na Hungria para o controle de fusões corresponde a uma
combinação do chamado Signifi cant Lessening of Competition Test
com um teste de dominância, que se refere à criação ou fortaleci-
mento de uma posição dominante no mercado relevante. Infrações
à Lei de Concorrência podem resultar em multas de até 10% (dez
por cento) do faturamento global da empresa no ano fi scal anterior.
NOERR NA HUNGRIAFundado em 1990
15 advogados e consultores fi scais
Contato: Zoltan Nadasdy, Sócio localE-mail: [email protected]
40
4. UCRÂNIA
a) Brasil e UcrâniaO Brasil é o principal parceiro comercial da Ucrânia na América
Latina. O volume de importações e exportações entre o Brasil e a
Ucrânia superou a marca de R$ 2,38 bilhões em 2012. Em 2009, o
volume total equivalia a R$ 947,5 milhões. As exportações brasileiras
concentram-se em produtos alimentícios, maquinário e tabaco, já
as exportações do lado ucraniano incluem principalmente fertili-
zantes, metais, carvão e petróleo.
Desde 10 de agosto de 2002 está em vigor o acordo para evitar a
dupla tributação entre os dois países, que se aplica aos impostos
incidentes sobre renda e determina as alíquotas máximas aplicáveis
no caso de pagamento de dividendos, juros e royalties.
b) Investimentos estrangeiros na UcrâniaDe maneira geral, os investidores estrangeiros se submetem às
mesmas restrições legais aplicáveis aos investidores domésticos em
relação a atividades que somente podem ser exercidas pelo Estado.
Entretanto, a lei ucraniana estabelece ainda limitações específi cas
a investimentos estrangeiros em empresas ucranianas atuando em
determinados setores, tais como imprensa e transmissão televisiva
e de rádio.
Estando os investimentos devidamente registrados perante as auto-
ridades locais, há uma série de garantias disponíveis aos investidores
estrangeiros. Tais garantias incluem (a) proteção contra alterações le-
gislativas em matéria de investimentos estrangeiros pelo período de
dez anos, (b) proteção contra nacionalização, exceto em casos emer-
genciais (por exemplo, desastres naturais, acidentes e epidemias) e
mediante decisão dos órgãos competentes e autorização ministerial,
(c) garantia de compensação por danos resultantes de falha ou omis-
são de órgãos estaduais e locais ou de seus funcionários em relação
às obrigações para com investidores estrangeiros estabelecidas em
lei, (d) livre repatriação dos recursos investidos, sem a cobrança de
impostos e encargos de exportação, durante os seis meses seguintes
ao término das atividades de investimento, e (e) livre remessa de lu-
41
cros e outros recursos obtidos legalmente por meio do investimento
na Ucrânia, após o pagamento dos impostos e encargos devidos.
c) Formas de organização empresarial na UcrâniaA forma de organização empresarial mais comumente utilizada por
investidores estrangeiros corresponde às sociedades limitadas. A so-
ciedade limitada pode ser constituída por um único sócio, pessoa
física ou jurídica, de nacionalidade ucraniana ou não. Há um limite
máximo de dez sócios no quadro social de uma sociedade limitada.
O processo de constituição e registro de uma sociedade militada na
Ucrânia dura aproximadamente entre cinco e sete dias úteis.
d) Empregados estrangeiros na UcrâniaÉ necessária a obtenção de uma autorização de trabalho pelo
empregado estrangeiro perante as autoridades ucranianas do tra-
balho. Após trinta dias contados da apresentação de todos os do-
cumentos necessários, a agência do trabalho emite a autorização
de trabalho para o empregador. Referida autorização de trabalho é
concedida pelo período de um ano e poderá ser prorrogada após
a expiração. O processo de preparação da documentação necessá-
ria para a autorização de trabalho implica pelo menos três meses,
sendo a autorização de trabalho condição para a obtenção de visto
de trabalho ou permissão de residência temporária na Ucrânia. Os
requisitos e procedimentos para autorizações de trabalho e permis-
sões de residência sujeitam-se a alterações periódicas, que devem
ser verifi cadas regularmente.
e) Tributação de empresas na UcrâniaRecentemente, foi realizada uma série de reformas na legislação tri-
butária ucraniana, sendo que o Código Tributário entrou em vigor
em 1° de janeiro de 2011 e foi reformado em 3 de fevereiro de 2013.
Tais mudanças sinalizam uma redução geral das alíquotas de im-
postos devidos por empresas. Assim, atualmente, é devido imposto
sobre os lucros obtidos por empresas à alíquota de 19%, a qual será
reduzida para 16% a partir de 2014. O imposto sobre o valor agrega-
do, devido na venda de bens, prestação de serviços e importação/
exportação de mercadorias e serviços auxiliares, é atualmente reco-
lhido à alíquota de 20%. A partir de janeiro de 2014, tal alíquota será
reduzida para 17%.
42
f ) Controle concorrencialDe acordo com o direito concorrencial ucraniano, transações su-
jeitas ao controle pela Comissão Antimonopólio Ucraniana (CAM)
incluem fusões e consolidações, aquisição direta ou indireta de con-
trole, incorporação de uma empresa que resulte na coordenação de
conduta entre as sócias da empresa incorporada ou entre a nova
empresa e suas sócias, aquisição, administração ou disposição de
participações societárias. Tais transações se sujeitam à aprovação
prévia da CAM, cujo procedimento de revisão dura aproximada-
mente quatro meses e meio.
TOV Nobles em cooperação com Noerr Contato: Dr. Mansur Pour Rafsendjani, Sócio E-mail: [email protected]
5. ROMÊNIA
a) Brasil e RomêniaAs relações entre a Romênia e o Brasil têm se intensifi cado nos últi-
mos anos com a formalização de acordos bilaterais na área comer-
cial, incluindo o acordo para a cooperação econômica, científi ca e
tecnológica assinado em 2010.
De acordo com dados do Ministério Romeno da Economia, as ex-
portações romenas para o Brasil totalizaram aproximadamente R$
718 milhões no ano de 2012, ao passo que as importações de pro-
dutos brasileiros representaram um total equivalente a cerca de R$
805 milhões. Os principais produtos brasileiros exportados para a
Romênia são ferro, açúcar, café, couro e carne, ao passo que os pro-
dutos romenos importados pelo Brasil correspondem a autopeças,
produtos químicos, equipamentos industriais e fertilizantes.
b) Investimentos estrangeiros na RomêniaEm geral, não é necessário obter aprovações para conduzir ativida-
des empresariais na Romênia. Entretanto, a depender do setor de in-
dústria ou atividade no caso concreto, pode ser necessário requerer
autorização do órgão competente. Empresas que pretendam fazer
um investimento direto na Romênia podem candidatar-se a progra-
43
mas de subvenção do governo romeno, caso as seguintes condições
sejam preenchidas: (i) o investimento inicial represente um valor en-
tre cinco e dez milhões de euros (aproximadamente R$ 15,7 e 31,7
milhões) e sejam criados, no mínimo cinquenta novos empregos, (ii)
o investimento inicial represente um valor entre dez e vinte milhões
de euros (aproximadamente R$ 31,5 e 62,9 milhões) e sejam criados,
no mínimo, cem novos empregos, (iii) o investimento inicial repre-
sente um valor entre vinte e trinta milhões de euros (aproximada-
mente R$ 62,9 e 94,4 milhões) e sejam criados, no mínimo, duzentos
novos empregos, ou (iv) o investimento inicial represente um valor
superior a trinta milhões de euros (aproximadamente R$ 94,4 mi-
lhões) e sejam criados mais de trezentos novos empregos.
Esta subvenção está disponível pelo período de cinco anos (2009-
2013) e equivale a 50% (cinquenta por cento) do valor do investi-
mento, porém não poderá exceder o valor em Leu romeno (RON)
correspondente a 28,125 milhões euros (aproximadamente R$ 88,5
milhões), para investimentos fora da região de Ilfov-Bucareste, ou
a 22,5 milhões de euros (aproximadamente R$ 70,8 milhões), para
investimentos na região de Ilfov-Bucareste.
c) Formas de organização empresarial na RomêniaA forma societária mais utilizada e fl exível prevista pela lei romena
corresponde à sociedade limitada. Dentre as vantagens da socieda-
de limitada, destaca-se a limitação da responsabilidade dos sócios,
o valor reduzido a ser contribuído ao capital social e a estrutura sim-
plifi cada em termos de órgãos sociais. O capital registrado mínimo
equivale a RON 200 (aproximadamente R$ 141,80), dividido em
quotas de valor nominal de RON 10. A sociedade limitada pode ser
constituída por um até, no máximo, cinquenta acionistas. Normal-
mente, as formalidades para a constituição de uma sociedade na
Romênia, independentemente do tipo societário, junto ao registro
de comércio duram aproximadamente cinco dias úteis.
d) Empregados estrangeiros na RomêniaComo regra geral, empregados estrangeiros devem obter uma per-
missão de residência bem como um autorização de trabalho, os
quais podem ser obtidos em até dois meses após a apresentação
dos documentos necessários. Há, entretanto, uma série de exceções
44
à necessidade de obtenção de uma autorização de trabalho na Ro-
mênia, tais como para estrangeiros na posição de diretores de uma
subsidiária, fi lial ou escritório de representação de empresa sediada
no exterior. Cidadãos da UE, AEE e Suíça também não precisam ob-
ter autorização de trabalho na Romênia.
e) Tributação de empresas na RomêniaEmpresas domiciliadas na Romênia se sujeitam ao imposto so-
bre lucros na alíquota de 16% (dezesseis por cento). Como regra
geral, rendas obtidas por empresas estrangeiras na Romênia (por
exemplo, pagamento de juros, royalties e dividendos) são tributa-
das por imposto de renda retido na fonte, na alíquota de 16%. A
alíquota do imposto sobre a circulação de mercadorias (VAT) é de
24%, podendo ser reduzida a 9% ou 5%, em determinadas situa-
ções. O imposto predial para empresas corresponde a 0,25% até
1,5% do valor do inventário.
f ) Controle concorrencialIndependentemente de se tratar de investimentos estrangeiros ou
domésticos, operações de aquisições e fusões se submetem às re-
gras concorrenciais aplicáveis às concentrações econômicas. A Lei
n° 21/1996 (Lei Romena da Concorrência) estabelece o regime jurí-
dico para a proteção da concorrência no mercado, incluindo previ-
sões que regulam as concentrações econômicas.
A autoridade competente para o controle concorrencial na Romê-
nia é o Conselho da Concorrência (CC). De acordo com a Lei Ro-
mena da Concorrência, uma operação de concentração econômica
deverá ser submetida à análise pelo CC caso as seguintes condições
cumulativas sejam preenchidas:
(i) o faturamento global agregado das empresas envolvidas na
operação exceder dez milhões de euros (aproximadamente
R$ 31,5 milhões); e
(ii) pelo menos duas das empresas envolvidas obtiverem um fa-
turamento na Romênia no valor em RON equivalente a qua-
tro milhões de euros (aproximadamente R$ 12,6 milhões).
45
Uma operação de concentração econômica nos parâmetros refe-
ridos deverá ser notifi cada ao CC antes de ser concluída. O tempo
médio para análise da transação corresponde a três meses.
NOERR NA ROMÊNIAFundado em 1998
40 advogados e consultores fi scais e fi -nanceiros
Contato: Prof. Dr. Jörg K. Menzer, Sócio E-mail: [email protected]
6. REPÚBLICA TCHECA
a) Brasil e República TchecaAs relações bilaterais entre a República Tcheca e o Brasil represen-
tam uma continuação direta e ininterrupta de relações pacífi cas que
vinham sendo mantidas com a Tchecoslováquia desde 1989, quan-
do o país adotou o sistema político democrático e a economia de
mercado aberto.
O Brasil é o parceiro comercial mais importante da República Tcheca
na América Latina. De acordo com dados da Embaixada da Repúbli-
ca Tcheca no Brasil, os volume de exportações tchecas para o Brasil
no ano de 2011 foi de aproximadamente R$ 1,04 milhão, ao passo
que as importações de produtos brasileiros totalizaram cerca de R$
838.328,00. Os principais produtos tchecos exportados para o Brasil
incluem autopeças, motores elétricos e partes de equipamentos de
ar condicionado. Os produtos brasileiros importados pela República
Tcheca, por sua vez, incluem carne congelada, tabaco e alumínio.
O Brasil e a República Tcheca formalizaram um acordo para evitar a
dupla tributação, o qual determina as alíquotas máximas aplicáveis
a tributação na fonte sobre dividendos (15%), juros (10% no que
concerne aos juros de empréstimos e créditos concedidos por ban-
co, por um período de no mínimo 10 anos, ligados à venda de equi-
pamentos industriais ou ao estudo, à instalação ou ao fornecimento
de unidades, industriais ou científi cas, assim como a obras públicas
46
e 15% do montante bruto dos juros em todos os demais casos) e
royalties (25% para uso de marcas e 15% nos demais casos).
b) Investimentos estrangeiros na República TchecaOs investimentos estrangeiros na República Tcheca concentramse
atualmente na indústria automotiva, aeroespacial, de energias re-
nováveis e de software, bem como em serviços de tecnologia da
informação e comunicação. Tais setores representam também as
oportunidades de negócios mais interessantes e para as quais exis-
tem programas de incentivo e subsídio que incluem isenções fi scais
em todas as regiões tchecas exceto Praga.
c) Formas de organização empresarial na República TchecaAs duas principais formas de organização empresarial na República
Tcheca são a společnost s ručením omezeným (s.r.o), equivalente à
sociedade limitada brasileira e a akciová společnost (a.s.), similar a
uma sociedade anônima fechada no Brasil. O processo para a cons-
tituição de uma sociedade, limitada ou anônima, dura aproximada-
mente quatro semanas.
d) Empregados estrangeiros na República TchecaEmpregados que não sejam nacionais de países da União Europeia
devem obter uma permissão de residência e uma permissão de tra-
balho para serem contratados na República Tcheca, com exceção
do exercício de funções de gerência e administração. O procedi-
mento para obtenção das referidas permissões pelas autoridades
tchecas competentes dura trinta dias após a entrega dos documen-
tos necessários.
e) Tributação de empresas na República TchecaEm razão de a República Tcheca ser Estado-membro da União Eu-
ropeia, o sistema tributário tcheco (incluindo impostos diretos, im-
postos sobre a circulação de mercadorias (VAT), assistência mútua
e cooperação administrativa) foi harmonizado às disposições do
direito tributário comunitário.
O Imposto de Renda Pessoa Jurídica para sociedades tchecas (s.r.o. e
a.s.) e empresas não-domiciliadas é cobrado numa alíquota de 19%.
47
Para uma referência às alíquotas favoráveis aplicáveis em vista do
acordo para evitar a bitributação entre o Brasil e a República Tcheca,
ver item a) acima.
f ) Controle concorrencialA autoridade competente para o controle concorrencial na Repú-
blica Tcheca é o Órgão Tcheco de Proteção à Concorrência (OTPC).
Caso a aquisição de uma empresa tcheca ou qualquer outra forma
de concentração no mercado preencha uma das condições abaixo,
a transação se sujeitará à aprovação prévia do OTPC (exceto se a
Comissão Europeia for competente para analisar a operação):
(i) O faturamento líquido das empresas envolvidas, no mercado
tcheco e durante o último ano fi scal, excede CZK 1,5 bilhões
(aproxima-damente R$ 182.940.000,00), e o faturamento líquido
de cada uma de pelo menos duas empresas, no mercado tcheco
durante o último ano fi scal, ultrapasse CZK 250 milhões aproxi-
madamente R$ 30.500.000,00; ou
(ii) O faturamento líquido alcançado no mercado tcheco durante
o último ano fi scal por pelo menos uma das empresas exceder
CZK 1,5 bilhões (aproximadamente R$ 182.940.000,00) e, ao mes-
mo tempo, o faturamento líquido global de outra empresa parte
na operação ultra-passou CZK 1,5 bilhões (aproximadamente R$
182.940.000,00), no último ano fi scal
O OTPC analisa a operação dentro do prazo de trinta dias, após os
quais poderá autorizar o fechamento da transação ou notifi car as
partes a respeito da necessidade de investigar a operação mais de-
talhadamente em razão de potenciais efeitos anticompetitivos. De
qualquer maneira, uma decisão do OTPC deverá ser emitida em ate
cinco meses após a notifi cação da operação.
NOERR NA REPÚBLICA TCHECA Fundado em 1990
15 advogados e consultores fi scais
Contato: Barbara Kusak, Sócia E-mail: [email protected]
48
7. ESLOVÁQUIA
a) Brasil e EslováquiaDe maneira análoga às relações brasileiras com a República Tcheca,
o Brasil segue travando relações diplomáticas com a Eslováquia em
continuidade ao histórico com a Tchecoslováquia.
O Brasil e a Eslováquia formalizaram um acordo para evitar a du-
pla tributação, datado 26 de agosto de 1991, o qual determina as
alíquotas máximas aplicáveis a tributação na fonte sobre dividen-
dos (15%), juros (10% no que concerne aos juros de empréstimos e
créditos concedidos por banco, por um período de no mínimo 10
anos, ligados à venda de equipamentos industriais ou ao estudo, à
instalação ou ao fornecimento de unidades, industriais ou cientí-
fi cas, assim como a obras públicas e 15% do montante bruto dos
juros em todos os demais casos) e royalties (25% para uso de marcas
e 15% nos demais casos).
b) Investimentos estrangeiros na EslováquiaAs melhores oportunidades para investimentos no país estão na in-
dústria automotiva, no crescente setor de eletrônicos, desenvolvimen-
to de software, tecnologia da informação e comunicação, na indústria
de energias renováveis, novos materiais e tecnologias médicas.
Existe uma série de incentivos e fontes de recursos para investi-
mentos na Eslováquia, incluindo subsídios para a construção de
centros de tecnologia (Ato n° 561/200), fundos estruturais da União
Européia e programas específi cos para pesquisa e desenvolvimento
tecnológico. Além disto, há subvenção estatal direta sob a forma
de outorgas, subsídios e reembolso de juros pagos pelo crédito
concedido ao empreendedor ou de parte desse crédito, bem como
subvenção indireta por meio de concessão de garantias, tratamen-
to fi scal vantajoso ou isenções de penalidades fi scais e venda de
propriedades estatais a preço inferior aos valores de mercado.
c) Formas de organização empresarial na EslováquiaA forma empresarial mais utilizada é a sociedade limitada ou Spo-
ločnosť s ručením obmedzeným (s.r.o. ou spol. s.r.o.), que pode ser
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constituída por um ou mais sócios (no máximo, cinquenta), pessoas
naturais ou jurídicas, independentemente de sua nacionalidade. Não
existem restrições à participação estrangeira em empresas eslovacas.
d) Empregados estrangeiros na EslováquiaNacionais de país que não seja membro da União Europeia necessi-
tam obter uma permissão de trabalho. Para tanto, deve ser feito um
requerimento por escrito junto ao órgão competente do trabalho,
assuntos sociais e família, por parte do próprio estrangeiro, do fu-
turo empregador ou da pessoa natural ou jurídica junto à qual o
estrangeiro prestará serviços.
e) Tributação de empresas na Eslováquia A Eslováquia implantou um dos sistemas tributários mais fl exíveis,
dinâmicos e simples da União Europeia. O governo eslovaco esta-
beleceu um sistema de tributação baseado em uma alíquota única
e fi xa de 23% de imposto de renda para pessoas jurídicas e aboliu
os impostos sobre dividendos, doações, heranças e transferência de
propriedade imóvel. A alíquota do imposto sobre a circulação de
mercadorias (VAT) é de 20% (vinte por cento) aplicável a pratica-
mente todos os produtos, exceto livros e produtos médicos, para os
quais a alíquota é reduzida a 10% (dez por cento).
Para uma referência às alíquotas favoráveis aplicáveis em vista do
acordo para evitar a bitributação entre o Brasil e a Eslováquia, ver
item a) acima.
f ) Controle concorrencialO Órgão Antimonopólio Eslovaco (OAE) foi criado em 1990 e tem
por funções a intervenção para proibir a restrição da concorrência
no mercado, seja por meio de acordos entre empresas ou por meio
de abuso de posição dominante, bem como o controle preventi-
vo da estrutura dos mercados mediante análise de concentrações.
Entende-se concentração como o processo de combinação econô-
mica de empresas, o qual pode se materializar como consequência
de transações tais como fusões, aquisições de controle e formação
de joint ventures. Sujeitam-se à supervisão do OAE as transações
que preencham os seguintes critérios:
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(i) O faturamento global total de todas as empresas participantes
de uma fusão, durante o último ano fi scal, for igual ou superior a
EUR 46.000.000,00 (aproximadamente R$ 144.340.000,00) e, pelo
menos uma de duas das empresas envolvidas, obtiver um fatu-
ramento de pelo menos EUR 14.000.000,00 (aproximadamente
R$ 43.930.000,00) na Eslováquia, no mesmo ano fi scal; ou
(ii) O faturamento global de pelo menos uma das empresas parti-
cipantes de uma fusão, no ano fi scal anterior, for igual ou supe-
rior a EUR 46.000.000,00 (aproximadamente R$ 144.340.000,00)
e, pelo menos uma das demais empresas envolvidas, obtiver
um faturamento na Eslováquia equivalente a, pelo menos, EUR
19.000.000,00 (aproximadamente R$ 59.620.000,00).
NOERR NA ESLOVÁQUIAFundado em 2004
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emissões secundárias, emissões de títulos), bem como no fi nancia-
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Prof. Dr. Alexander Liegl é sócio do Noerr em Munique e representa
investidores estratégicos e fi nanceiros em transações internacionais
de M&A e reorganização. Ele assessora clientes na aquisição, venda
e estruturação de investimentos, estratégias de sucessão, constitui-
ção de fundações e empresas familiares bem como em disputas su-
cessórias. Além disso, Alexander é um reconhecido especialista na
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tral e Leste Europeu. Desde 1989 no Noerr, Alexander é qualifi cado
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que operam no mercado brasileiro e europeu no que se refere a
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nanciamento e transações de M&A. Luiza é membro da Associação
de Juristas Alemanha-Brasil (DBJV) e da Associação Empresarial para
a América Latina (LAV). Desde 2011 no Noerr, Luiza é qualifi cada
como advogada registrada nos quadros da Ordem dos Advogados
do Brasil Seção de São Paulo (OAB-SP) e nos quadros da Ordem dos
Advogados de Portugal – Conselho Distrital de Lisboa, bem como
membro da Câmara de Advogados de Frankfurt.
ANOTAÇÕES
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