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FUNÇÃO E ORIENTAÇÕES PARA A PRÁTICA DO PEDAGOGO PARTE 01: Perfil e função do Pedagogo PARTE 02: Normas e definições legais e orientadas para a “Comunidade Educadora” PARTE 03: Rotinas e Instrumentos de Trabalho

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FUNÇÃO E ORIENTAÇÕES PARA A PRÁTICA DO PEDAGOGO

PARTE 01: Perfil e função do PedagogoPARTE 02: Normas e definições legais e orientadas para a “Comunidade Educadora”PARTE 03: Rotinas e Instrumentos de Trabalho

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Parte 01

Perfil e função do PedagogoO PAPEL DO PEDAGOGO NA LEGISLAÇÃO

Ao longo da história educacional brasileira, o pedagogo apresenta- se como um profissional que atravessa diversas mudanças, desde formação geral a habilitações específicas. Buscando suprir as necessidades educacionais vivenciadas em cada momento histórico, o pedagogo tornou-se um profissional mencionado nas leis de diretrizes e bases da educação nacional, ora como especialista (supervisor, orientador administrador, planejador, inspetor), ora como generalista.

No contexto atual, observemos o que diz a Lei no 9394/96.Artigo 64 referente à formação de especialista:

“a formação de profissionais da educação para a administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós- graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional”.

Já a Proposta das Diretrizes Curriculares/2005, no seu art. 3º registra: O Curso de Pedagogia visa à formação de licenciados que sejam capazes de:

• planejar, promover, conduzir, acompanhar e avaliar processos educativos de crianças, nos anos iniciais do Ensino Fundamental e ou na Educação Infantil, bem como em contextos educativos não escolares;

• avaliar, criar e utilizar textos, materiais e procedimentos de ensino que contemplem a diversidade de seus alunos, fazendo com que eles se sintam incluídos no ambiente escolar, como individualidades e como pertencentes a diferentes grupos sociais.

Segundo Saviani, 1985:

“Ser pedagogo significa ter o domínio sistemático e intencional das formas (método) através dos quais se deve realizar o processo de formação cultural.”

O PAPEL DO PEDAGOGO NA ESCOLA PÚBLICA

Devido às mudanças no processo ensino aprendizagem e o grande aumento da demanda, determinado pela legislação e a imposição social, nas últimas décadas a escola pública tem assumido diversos papéis.

Esse fato vem causando desorganização dos papéis funcionais, fazendo com que os profissionais se desvinculem de sua função para assumir outras atribuições determinadas por ordem superior ou ocasionadas no próprio cotidiano escolar, tornando-os confusos quanto à especificidade do trabalho a ser desenvolvido por eles gerando, consequentemente, a indisciplina organizacional. Neste contexto, é que atuam os pedagogos das escolas públicas.

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PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA

A diversidade de funções atribuídas ao pedagogo através das ocorrências disciplinares, infracionais e administrativas, tomam conta da maior parte do seu tempo o que faz com que, no interior da escola, não se reconheça neste profissional sua característica principal que é planejar, decidir, coordenar, executar ações, acompanhar percursos educacionais, avaliar as questões didáticas e pedagógicas de forma articulada com os demais profissionais , buscando a efetivação no processo ensino- aprendizagem.

a dimensãopedagógica

dimensãopolítica

dimensãoadministrativa

O pedagogo precisa se reconhecer e ser reconhecido como o profissional que deve articular coletivamente as ações na escola e, para tal, ter como norte os princípios da gestão democrática e participativa. Sua atuação deve englobar três dimensões:

POLÍTICA quando elege e privilegia, juntamente com os professores, objetivos e metas que fundamentam as ações de reflexão, orientação, coordenação, acompanhamento e articulação da escola com as famílias e com a comunidade escolar e local para mudanças no processo ensino aprendizagem, na escola e na sociedade.

PEDAGÓGICA quando contribui para a melhoria do processo ensino-aprendizagem por meio de ações de planejamento, orientação, acompanhamento, execução e avaliação, desenvolvidas de maneira compartilhada entre pedagogos e docentes.

ADMINISTRATIVA quando contribui para a viabilização do processo ensino-aprendizagem por meio da coordenação e articulação de ações de conteúdos e disciplinas que visam a integração entre professores, estudantes e famílias.

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A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NO DIA A DIA DA ESCOLA

Quais seriam, então, o foco dos pedagogos nas escolas das redes municipais de ensino?

Destacamos, a seguir, seis objetivos centrais que devem conformar suas rotinas diárias:

OBJETIVO 01: O projeto político-pedagógico

Norte e referência para todas as ações educacionais na escola, este documento deve ser construído coletivamente. O pedagogo deverá coordenar sua elaboração, criando condições para a participação dos profissionais da escola e comunidade na construção deste documento orientador das ações educacionais em cada escola/comunidade.

OBJETIVO 02: A organização do espaço e do tempo escolar

- Organizar turmas, calendário letivo, distribuição das aulas e disciplinas, horário semanal de aulas, disciplinas e recreio.

- Planejar e organizar espaços e tempos da escola para projetos de recuperação de estudos.

- Organizar a hora atividade do professor para estudo, planejamento e reflexão do processo de ensino e aprendizagem.

- Planejar e organizar atividades culturais.

OBJETIVO 03: Organização da prática pedagógica

- Assessorar o professor na identificação e planejamento para o atendimento às dificuldades de aprendizagem.

- Planejar em conjunto com o coletivo da escola a intervenção aos problemas levantados em conselho de classe.

- Levantar e informar ao coletivo de profissionais da escola e comunidade os dados do aproveitamento escolar.

- Coordenar empréstimo e aquisição de materiais e equipamentos de uso didático–pedagógicos.

- Incentivar e assessorar o professor na seleção de recursos didáticos para o ensino e aprendizagem dos conteúdos escolares.

- Participar da organização e atualização do acervo de livros e periódicos da biblioteca da escola.

- Desenvolver processos de gestão colegiada entre os profissionais da equipe pedagógica.

OBJETIVO 04: Formação continuada do coletivo de profissionais da escola

-Viabilizar, junto à direção da escola e Seduc, a formação continuada dos profissionais da escola para o aprimoramento teórico-metodológico, na forma de trocas de experiências, estudos coletivos sistemáticos e oficinas.

- Desenvolver processo contínuo pessoal e profissional de fundamentação teórica.

- Pesquisar e fornecer subsídios teórico-metodológicos para estudos coletivos e individuais dos educadores

-Organizar reuniões de estudo para reflexão e aprofundamento de temas relativos ao trabalho pedagógico da escola.

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PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA

OBJETIVO 05: Relações entre a escola e a comunidade/território

- Desenvolver projetos de interação escola e comunidade, ampliando os espaços de participação da comunidade nas decisões pedagógicas da escola.

- Participar do Conselho Escolar subsidiando teórica e metodologicamente as reflexões e decisões sobre o trabalho pedagógico escolar.

- Incentivar e propiciar a participação dos alunos nos diversos momentos e órgãos colegiados da escola (grêmios estudantis, conselho de classe, conselho escolar)

- Elaborar estratégias para a superação de todas as formas de discriminação, preconceito e exclusão social e de compromisso ético e político com todas as categorias e classes sociais.

- Fazer cumprir os preceitos constitucionais, a legislação educacional em vigor, o Estatuto da Criança e do Adolescente, O Estatuto da Juventude, como fundamentos da prática educativa.

OBJETIVO 06: Avaliação do trabalho pedagógico

- Organizar e coordenar conselhos de classe de forma a garantir um processo coletivo de reflexão-ação sobre o trabalho pedagógico.

- Avaliar o trabalho pedagógico desenvolvido pelos profissionais da escola e pela comunidade.

- Acompanhar e assessorar o professor na seleção de procedimentos de avaliação do rendimento da aprendizagem adequando-os aos objetivos educacionais previstos no Projeto Político Pedagógico.

Parte 02

Normas e definições legais e orientadas para a “Comunidade Educadora”O PEDAGOGO NA REDE DE ENSINO DE CONTAGEM

No Estatuto do Servidor de Contagem e no Decreto nº 1781, de 06 de fevereiro de 2012, que elenca suas funções/atribuições, encontramos as definições detalhadas da função do pedagogo na rede municipal de ensino.

O objetivo geral de sua função é definida como a de coordenação, organização e avaliação pedagógica nos estabelecimentos de ensino. Para tanto, o pedagogo deve promover a articulação da comunidade escolar tendo como meta a qualidade do processo educacional, da participação na elaboração, coordenação e implementação do Projeto Pedagógico da Escola e do cumprimento do regimento escolar, dentre outras atividades correlatas, pertinentes ao cargo.

Este quadro geral de atuação indica, portanto, dois focos centrais: coordenação pedagógica da escola e articulação da comunidade escolar para execução do PPP.

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A coordenação pedagógica pressupõe um permanente diagnóstico panorâmico das situações e desempenho das salas de aulas e dos ciclos de formação de cada escola, por turno. Pressupõe, ainda, a construção de indicadores de avaliação que supere a coleta de avaliações dos estudantes por disciplina ou área de conhecimento. Indicadores que possibilitem a leitura transversal do desenvolvimento cognitivo e comportamental (capacidade de interpretação, de intervenção criativa, de resolução de situações-problema, de solidariedade, estágio de desenvolvimento da autonomia, entre outros).

Quanto às atribuições do pedagogo, o Estatuto do Servidor de Contagem e no Decreto nº 1781, além das funções já destacadas, define-se como suas atribuições, dentre outras:

• Acompanhar o registro do desenvolvimento dos estudantes, a partir de processos avaliativos, numa ação conjunta com os professores que atuam no ciclo;

• Atualizar a Proposta Pedagógica, considerando as orientações e diretrizes da SEDUC, bem como a realidade da unidade escolar;

• Acompanhar, avaliar e redefinir o planejamento com o coletivo de professores, considerando a formação integral e as especificidades dos estudantes;

• Participar da organização e do desenvolvimento de processos de democratização da gestão, fortalecendo os conselhos escolares e demais instâncias participativas da unidade escolar;

• Participar da organização e do desenvolvimento de projetos e de ações que promovam a interação entre escola, família e comunidade;

• Coordenar a elaboração das atividades formativas dos educadores, considerando as especificidades do coletivo e a proposta pedagógica da escola e avaliar o impacto dessas atividades nas práticas pedagógicas e na aprendizagem dos estudantes;

• Incentivar e possibilitar a participação de todos os educadores no programa de formação continuada oferecido pela Administração Pública;

• Participar do programa de formação continuada oferecido pela Administração Pública e das atividades formativas da unidade escolar, a fim desenvolver propostas de melhoria ou inovação da prática pedagógica;

Destacam-se as funções de coordenação, incentivo à participação e avaliação do impacto no processo de aprendizagem dos estudantes de todo programa de formação continuada municipal.

Esta é a função que começa a se desenhar a partir das paradas quinzenais de formação continuada de docentes por turno, em cada escola. Evidentemente que não se resume à coordenação da atividade de duas horas por quinzena. O pedagogo acompanhará os impactos desta formação no processo de aprendizagem dos estudantes, o que sugere uma rigorosa avaliação da mudança ou otimização de práticas pedagógicas e didáticas adotadas na sua unidade de ensino.

Mais: sugere uma relação direta com outros atores que estimulam e influenciam no processo de desenvolvimento dos estudantes, em especial, sua família (e, mais especificamente, as mães dos estudantes) e redes sociais de amigos e inseridos na sua comunidade de referência. Neste ponto, o diálogo com os articuladores comunitários e conselhos tutelares se constitui num aporte dos mais importantes e fundamentais para a construção deste amplo diagnóstico de múltiplos processos de aprendizagem e estímulo, aumentando as informações pedagógicas que podem orientar o trabalho dos docentes.

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PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA

Com base nos documentos e contextos aqui explicitados, o papel do pedagogo na rede educacional de Contagem deverá apresentar, em relação à sua prática pedagógica, ênfase na dimensão humana social da aprendizagem, na formação continuada, na atenção aos territórios, na identidade cultural dos sujeitos desses territórios e na organização da escola como ambiente de trabalho e de convivência entre iguais e diferentes.

Quanto aos territórios, vale destacar que o projeto educacional municipal adota, como referência, a construção de comunidades educadoras, ou seja, a formação de redes territoriais de sujeitos e instituições em parceria para proteção e desenvolvimento das crianças e adolescentes de cada entorno escolar.

No que se refere à sua prática política, deve buscar a interface com o externo econômico, político e cultural, a atenção à comunidade e à sociedade, a participação externa nas decisões internas e potencializar a interface família-escola, escola-comunidade, educadores e cidadania, considerando

Para a prática Organizacional deverá fazer uso de formas ativas e autogestionárias, contribuir para que a descentralização do poder ocorra, trabalhar no sentido de uma gestão escolar mais horizontal, participativa e democrática e estabeler parcerias e trabalho cooperativo.

O documento “Educação em Contagem: Diretrizes, Políticas e Bases” apresenta e detalha, ainda, os fundamentos sobre os quais as ações educacionais devem se desenvolver.

O referido documento preconiza que a concepção de educação adotada pela Secretaria Municipal de Educação de Contagem,

É de uma educação territorializada, que aponta para as diferenças e aproximações, igualdades e diversidades, inclusão e exclusão, perspectivas de futuro e fatalismos na cidade – demarcada por territórios com suas especificidades e demandas únicas, que precisam ser atendidas em suas peculiaridades quanto ao contexto da vida, idade, movimentação dos sujeitos que constroem suas histórias e estabelecem relações com a cidade.

Como a educação permeia todos os espaços e relações onde os sujeitos constroem sua identidade, sua história, suas expectativas e perspectivas de vida, o currículo na rede de educação de Contagem deve buscar a aceitação e a convivência entre diferentes que se dão em espaços distintos.

Portanto, o currículo que articula território, cultura e existência humana múltipla e dinâmica deve estabelecer interlocução entre sujeitos, espaços, relações sociais, esperanças e frustrações .

Para encarar os desafios que essa realidade lhe apresenta, a busca contínua e permanente da interlocução com as famílias e com a sociedade, se faz necessária e fundamental, para garantir aprendizagem, formação integral e cidadania dos estudantes, no sentido de que estes estejam preparados para intervir corretamente nos territórios onde as políticas públicas devem se fazer concretas e efetivas e onde, além da escola, o estudante socializa e também se educa, como podemos ver.

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Parte 03

Rotinas e Instrumentos de TrabalhoRetomemos os seis objetivos centrais da função do pedagogo:

OBJETIVO 01: O projeto político-pedagógico

OBJETIVO 02: A organização do espaço e do tempo escolar

OBJETIVO 03: Organização da prática pedagógica

OBJETIVO 04: Formação continuada do coletivo de profissionais da escola

OBJETIVO 05: Relações entre a escola e a comunidade/território

OBJETIVO 06: Avaliação do trabalho pedagógico

A seguir, indicaremos algumas sugestões, como base de discussão para o conjunto dos pedagogos da rede, para a implementação concreta desses objetivos. Não se trata de uma norma, mas de uma pauta para debate que tem como meta a construção de um pacto que balize, no interior da rede municipal de ensino, suas ações e metas funcionais. Assim, nos encontros quinzenais de formação de dirigentes e pedagogos, este pacto poderá ser detalhado, otimizado e redefinido, num processo de formatação contínuo, dinâmico e participativo.

Procuramos, ainda, recuperar alguns acordos já estabelecidos no segundo semestre de 2014, quando ocorreram encontros com dirigentes e pedagogos da rede municipal a partir do mote “avaliação”.

O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

O PPP é a “constituição de cada escola”. Um documento geral, composto por diagnóstico, definição de prioridades, metas a serem observadas por toda instituição de ensino sob sua orientação e mecanismos de interação social, de formulação e reformulação de rotinas e objetivos institucionais.

A palavra projeto tem origem no latim (pro jactum) e significa algo que se joga para frente, que é produto de um planejamento de médio e longo prazos, teleológico, portanto. Não se trata de algo que se resume a uma ação ou ao curto prazo, mas uma cadeia de ações que perseguem um objetivo estratégico, ou seja, a escola que se quer construir e a sociedade que se projeta no processo de aprendizagem.

Político, no caso, vem de politae, que significa organização social. Qualquer PPP se insere numa organização social. No caso, o PPP de cada escola se assenta na dinâmica e estrutura do entorno escolar, na rede de socialização e convivência, nos valores e crenças, de sua comunidade.

Finalmente, o pedagógico, ou seja, a condução, o processo ensino-aprendizagem pelo qual a instituição de ensino se oriente, a partir do diagnóstico social e pedagógico que realiza.

O pedagogo tem a função de atualizar o PPP, em especial, produzindo diagnósticos sociais e de desenvolvimento dos estudantes periodicamente, construindo um quadro dinâmico que possibilita aos profissionais de sua unidade de ensino a analisar o impacto de suas ações e perceber mudanças sociais e comportamentais que exigem mudanças na “constituição” da escola.

O atual projeto de formação continuada se estrutura a partir da dinâmica de construção de comunidades educadoras do entorno escolar, que pode ser assim apresentado:

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PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA

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Como se percebe, os articuladores comunitários fazem um importante trabalho de comunicação e envolvimento de diversos atores sociais que contribuem direta e indiretamente para a formação de nossos estudantes.

Numa ponta, visita periodicamente famílias e lideranças comunitárias informais que alimentam o cotidiano de nossos estudantes. Na outra ponta, se relaciona constantemente com conselhos e instâncias de representação territorial (como as associações de bairro) para formatar a rede de proteção e articulação para o processo de aprendizagem integral de nossos estudantes.

O pedagogo deverá orientar e dialogar permanentemente com os articuladores comunitários para construir diagnósticos mais precisos sobre o sistema de socialização e estímulos formativos que nossos estudantes recebem. Sem este amplo diagnóstico, o trabalho dos docentes pode competir com outras instâncias formativas locais, diminuindo a possibilidade de sucesso de seus esforços.

A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E ESPAÇO ESCOLAR

O diagnóstico sobre as dinâmicas formativas e estímulos externos que sofrem nossos estudantes não é suficiente. É fundamental que os pedagogos elaborem instrumentos de avaliação permanente do desempenho escolar.

Neste sentido, no segundo semestre de 2014, pedagogos e dirigentes escolares destacaram os principais ambientes externos e nas escolas em que os estudantes mais se envolvem e se socializam. Os mais destacados foram: rua, redes sociais e igrejas; e, nas escolas, recreio e pesquisas de campo.

Estes locais específicos possuem características e estímulos que foram identificados, no ano passado, pelos pedagogos e dirigentes. São eles:

• Garantem liberdade individual

• Criam novas rotinas e ordem específica

• Transpiram sexualidade/sensualidade

• Desafiam agressivamente

• Acolhem e geram afinidades intensas

• Criam tribos (redes de proteção)

• Informam com rapidez

• São instáveis e movediças

• Criam estéticas que definem identidades

• Geram comando (grupal e pessoal)

• São irreverentes e rebeldes

Cabe ao pedagogo potencializar e administrar espaços escolares que dialoguem com esta dinâmica socializadora que envolve nossos estudantes.

Ainda nos encontros de 2014, foi acordado que os espaços escolares deveriam motivar mais nossos estudantes, tal como se percebe no diagrama apresentado a seguir:

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PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA

Enfim, cabe ao pedagogo aprofundar este diagnóstico e apresentar as mudanças no espaço escolar que acolham e dialoguem com as práticas e subculturas infanto-juvenis.

Cabe, ainda, de posse dos diagnósticos de desempenho por turno, sala e ciclo, sugerir reenturmações ou até mesmo ações complementares às turmas de referência para trabalhar problemas de aprendizagem e comportamento assim que se verificarem pontos de estrangulamento ou dificuldades específicas.

ORGANIZAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Sugerimos a adoção de instrumentos que possibilitem um diagnóstico mais amplo das tendências pedagógicas das turmas e ciclos.

Ainda nas reuniões realizadas em 2014, foi apresentado pelo Instituto Cultiva uma planilha a ser desenvolvida e complementada pelas escolas para coleta de informações que pudessem construir este diagnóstico. A intenção era definir os indicadores mais significativos para a rede de ensino municipal como processo de formação dos estudantes. A seguir, apresentamos esta tabela que, sugerimos, seja analisada e reformatada pelo conjunto de pedagogos da rede municipal de ensino:

Motivação

disciplina

espaço desociabilidade

senso depertencimento

Consequência

causa

causa

Consequência

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Indicador Sala 01 Sala 02 Sala 03

Conteúdos memorizáveis

Códigos

Fórmulas

Datas e personalidades

Conteúdos de interpretação

Instrumentos de pesquisa

Métodos

Hábitos de estudo

Inteligência lógico-matemática

Inteligência Linguística

Inteligência musical

Inteligência espacial

Conteúdos de Comportamento

Solidariedade

Liderança

Criticidade

Criatividade

Inteligência físico-cinéstica

Inteligência intrapessoal

Inteligência interpessoal

Inteligência existencial

FORMAÇÃO CONTINUADA

Esta função tem, agora, um lócus específico que são os encontros quinzenais de formação continuada, por turno, em cada escola. O papel do pedagogo não se restringe, evidentemente, à coordenação dos encontros quinzenais. É fundamental que oriente e estimule as discussões quinzenais. Mas há um trabalho maior a partir deles.

Entre os encontros quinzenais ocorrerão diálogos dos docentes com a coordenação do programa via FÓRUM DE DÚVIDAS que é um dos instrumentos do website criado para este programa de formação. Os docentes poderão enviar suas dúvidas que serão respondidas pela equipe técnica do programa. Há, entretanto, a possibilidade dessas dúvidas serem organizadas por escola e turno, criando um instrumento que oriente o trabalho dos pedagogos. Em outras palavras, entre os encontros quinzenais, os pedagogos podem se constituir num pólo de aprofundamento e resolução de dúvidas que persistirem. A equipe técnica do programa de formação continuada, instalada na sede da SEDUC, deve ser acionada como parceiro e apoio a este trabalho dos pedagogos.

Finalmente, cada ciclo temático do programa de formação continuada dura dois meses. A partir daí, um novo tema entra em discussão em toda rede. Estes temas seguirão uma lógica e serão cumulativos, ou seja, terão um encadeamento entre eles. Contudo, surgirão das sugestões e demandas apresentadas pelos docentes, via preenchimento dos formulários de avaliação.

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PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA

Na medida em que os temas se sucedem, os pedagogos continuarão fomentando as práticas e diagnósticos decorrentes dos temas discutidos anteriormente. Em síntese: as práticas e projetos decorrentes de cada discussão temática (lembremos que ao final de cada ciclo temático de formação os docentes elaborarão um plano de trabalho de seu turno relacionado àquele tema estudado) serão acompanhadas pelos pedagogos, mesmo quando o programa de formação continuada adotar um novo ciclo temático de discussão, de tal forma que o pedagogo será o elo de ligação entre cada plano de trabalho que vai sendo construído pelos docentes ao final de cada ciclo temático do programa de formação continuada.

Esta prática pode redefinir espaços de diálogo por turno, aumentando o número de conselhos de classe para esta finalidade. Uma possibilidade é a realização de conselhos de classe quinzenais ou mensais.

RELAÇÃO ESCOLA-COMUNIDADE/TERRITÓRIO

Já tratamos deste tema quando citamos a construção da comunidade educadora. Mas, vale registrar, aqui, a necessidade de um planejamento de reuniões dos pedagogos com os articuladores comunitários, periodicamente, para fazer a leitura dos processos de formação exógenos à escola e que envolvem nossos estudantes.

Na medida em que avançarmos no programa de formação continuada e na construção das comunidades educadoras, atividades conjuntas envolvendo pedagogos, articuladores comunitários, conselhos tutelares e associações de bairro serão programadas e mais freqüentes, possibilitando troca de informações e a construção da cultura de colaboração. Como sabemos, muitas dessas instâncias competem entre si ou geram tensões que procuraremos superar na direção de parcerias permanentes.

AVALIAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

Finalmente, as ações avaliativas. Há dois mecanismos centrais na avaliação do trabalho pedagógico.

O primeiro mecanismo é o monitoramento. O monitoramento é uma sequência de avaliações periódicas (ao menos, mensais) que procuram se antecipar a um problema ou impasse futuro. As escolas que menos repetem são as que produzem monitoramento rigoroso. Antecipam-se e criam novas dinâmicas formativas, novas enturmações, trabalhos complementares e outros expedientes pedagógicos que corrigem o rumo até então adotado. Definição de indicadores prioritários para monitoramento, preenchimento de tabelas ou planilhas a partir dos indicadores definidos, conselhos de classe periódicos podem criar a cultura do monitoramento.

O segundo mecanismo é a avaliação. Avaliar vem do latim a-avalere, que significa “dar valor a algo”. Não é julgar, mas escutar e enxergar. A avaliação, quase sempre, identifica resultados obtidos. Pode medir metas que a instituição desejava atingir (normalmente, definidas em seu PPP) ou impactos no processo de aprendizagem dos estudantes. No caso dos impactos, mede-se o comportamento dos estudantes antes e depois da intervenção pedagógica daquele período (semestre ou ano). Para medir, repetimos, é preciso ter claro os indicadores de avaliação (ou, o que se considera prioritário avaliar no processo de ensino-aprendizagem).

É o pedagogo que define a lógica do monitoramente e das avaliações da instituição de ensino, em comum acordo com os dirigentes escolares. É boa prática submeter este planejamento ao corpo docente e observar suas sugestões. Mas esta rotina avaliativa é a que gera profissionalismo e oxigena as práticas educativas. Sem ela, a escola se repete, erra constantemente e, ao invés de cumprir sua tarefa de educar, se perde em protocolos pouco compreensíveis para estudantes e suas famílias e desgastam a relação no interior das escolas.