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Administrador José Rocha Diniz • Director Sérgio Terra • Nº 5195 • Segunda-feira, 06 de Março de 2017 10 PATACAS 18 0 C/22 0 C • HOJE Fonte SMG FOTO JTM Grande manifestação de Fé Parceria com Rota das Letras vai levar autores de Macau a Festival Literário de Cabo Verde Pág. 9 Pequim quer ver deputados com sentido patriótico na Assembleia Legislativa da RAEM Págs. 12 e 13 FOTO EPA FOTO EDUARD MARTINS Págs. 2 e 3 FOTO JTM ANA CRISTINA NEVES, PROFESSORA DA USJ, EM ENTREVISTA AO JTM “Nunca se fez tanto pelo Português em Macau” Centrais Faculdade de Direito vai tentar colmatar falta de docentes Considerando que o número de professores é insuficiente, por não terem sido colmatadas as várias saídas registadas nos últimos anos, Gabriel Tong aponta o recrutamento de docentes de qualidade como uma das suas prioridades enquanto director da Faculdade de Direito da Universi- dade de Macau, cargo que passou a ocupar em definiti- vo após um ano de funções interinas. Esse processo será “transparente”, para corresponder “às expectativas da so- ciedade e à natureza da instituição”, assegurou ao Jornal TRIBUNA DE MACAU, reconhecendo que a Faculdade tem de contar com quadros capazes de trabalhar com o Direito de Macau e professores bilingues. Pág. 5 RAEM e Portugal criam rede de escolas associadas Pág. 8 Polícia turística entrou oficialmente em actividade Pág. 7

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Page 1: FOTO EDUARD MARTINS FOTO EPA - JTM

Administrador José Rocha Diniz • Director Sérgio Terra • Nº 5195 • Segunda-feira, 06 de Março de 2017 10 PATACAS

180C/220C• • • HOJE

Fonte SMG

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Grande manifestação de Fé

Parceria com Rota das Letras vai levar autores de Macau a Festival Literário de Cabo Verde

Pág. 9

Pequim quer ver deputadoscom sentido patriótico na Assembleia Legislativa da RAEM

Págs. 12 e 13

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Págs. 2 e 3

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ANA CRISTINA NEVES, PROFESSORA DA USJ,EM ENTREVISTA AO JTM

“Nunca se fez tanto pelo Portuguêsem Macau” Centrais

Faculdade de Direito vai tentar colmatar falta de docentesConsiderando que o número de professores é insuficiente, por não terem sido colmatadas as várias saídas registadas nos últimos anos, Gabriel Tong aponta o recrutamento de docentes de qualidade como uma das suas prioridades enquanto director da Faculdade de Direito da Universi-dade de Macau, cargo que passou a ocupar em definiti-vo após um ano de funções interinas. Esse processo será “transparente”, para corresponder “às expectativas da so-ciedade e à natureza da instituição”, assegurou ao Jornal TRIBUNA DE MACAU, reconhecendo que a Faculdade tem de contar com quadros capazes de trabalhar com o Direito de Macau e professores bilingues. Pág. 5

RAEM e Portugalcriam rede de

escolas associadasPág. 8

Polícia turísticaentrou oficialmente

em actividadePág. 7

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Segunda-feira, 06 de Março de 2017

JORNAL TRIBUNA DE MACAU

Propriedade: Tribuna de Macau, Empresa Jor na lística e Editorial, S.A.R.L. • Administrador: José Rocha Diniz • Director: Sérgio Terra • Editora: Liane Ferreira • Redacção: Catarina Almeida, Inês Almeida, Pedro André Santos, Rima Cui e Viviana Chan • Correspondentes: Ricardo Jorge (Portugal) e Rogério P. D. Luz (Brasil) Colaboradores: Costa Santos Sr., Fátima Almeida, Helder Fernando e Vitor Rebelo • Colunistas: Albano Martins, Carlos Frota, Daniel Carlier, Francisco José Leandro, João Botas, João Figueira, Jorge Rangel e Luíz de Oliveira Dias • Grafismo: Suzana Tôrres • Fotógrafo: Alex Sampaio • Secretária de Redacção: Carmen Sou • Serviços Administrativos e Publicidade: Joana Chói ([email protected] • Fax: 28389886) • Agências: Serviços Noticiosos da Lusa, Xinhua • Exclusivos: Finantial Times, Rádio ONU • Impressão: Tipografia Welfare, Ltd • Administração, Direcção e Redacção: Calçada do Tronco Velho, Edifício Dr. Caetano Soares, Nos4, 4A, 4B - Macau • Caixa Postal (P.O. Box): 3003 • Telefone: (853) 28378057 • Fax: (853) 28337305 • Email: [email protected] (serviço geral)

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Os tambores da banda do Corpo de Polícia de Segurança Pública

deram o mote e o cortejo reli-gioso seguiu, saindo do Largo da Sé em direcção ao Largo do Senado, começando, as-sim, um percurso ligeiramen-te diferente do habitual para a Procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos. Este ano o trajecto começou na Sé Catedral, seguiu em direcção à Rua Pedro Nolasco da Silva, passando pela Rua do Campo, regressando depois às proxi-midades da Igreja de São Do-mingos.

Os fiéis que a ela se juntam, chegam de vários pontos do mundo e têm diversas motiva-ções. Se alguns visitantes do território são surpreendidos com a procissão que decorre sempre no primeiro domingo da Quaresma e ficam para ver ou até mesmo a acompanhar, algumas pessoas são assíduas participantes há já décadas. Há ainda quem comece a des-cobrir a sua própria religiosi-dade.

É o caso de Candy Lei, que veio à procissão pela primeira

Várias centenas de pessoas reuniram-se no Largo da Sé para seguir de perto a Procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos que, este ano, teve um percurso ligeiramente diferente do habitual. Se há quem participe porque a tradição e a religião católica assim determinam, também há quem se sinta “empurrado” pela curiosidade despertada por uma experiência que nunca teve ou, até mesmo, por uma religião distinta da sua

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vez, acompanhada pela mãe, já fiel seguidora desta tradição que conta com cinco séculos de história.

“Só fui baptizada no ano passado, por isso, esta foi a primeira vez que vim. Mesmo sendo natural de Macau, tenho

vivido em Hong Kong e voltei apenas para este evento”, con-tou ao Jornal TRIBUNA DE MACAU.

Apesar de nunca ter par-ticipado na procissão, Candy Lei sabe que se trata de uma tradição importante, até por já

ter visto notícias, e pelo facto de a mãe que a acompanhava a ter encorajado a aderir.

“Esta procissão marca o início da páscoa e temos de pensar no que temos feito ao longo do ano”, referiu a mãe, Anna Leong, que todos os

anos costuma marcar presença na Procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos.

Essa assiduidade também é partilhada por Fernanda Yang. “Esta é a fé que tenho, em Deus, em Jesus, por isso, venho todos os ano, com cer-

Inês Almeida

Procissão dos Passos preserva e dá a conhecer tradições

Anna Leong e Candy Lei Joaquim Che da Paz Rajiv Malu

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JTM | LOCAL 03Segunda-feira, 06 de Março de 2017

teza”, vincou. Fernanda Yang considera a procissão

particularmente importante por ser já uma grande tradição e um “costume” de há mui-to tempo. “Como sou católica, é muito im-portante para mim preservar a minha fé”, salientou.

Enquanto caminha, por norma, fala com Jesus, pede que o mundo tenha paz, “ou al-guma coisa para os meus familiares”, expli-cou.

Tal como Fernanda Yang, Joaquim Che da Paz cumpre esta tradição todos os anos, há já várias décadas. “Somos católicos, te-mos obrigação de cumprir e de vir à pro-cissão. Acho que é algo em que devemos participar”, defendeu, acrescentando que é uma questão de “respeito pela religião” e de cumprimento do “dever de católico”.

Enquanto alguém que tão bem conhece o acontecimento, Joaquim Che da Paz asse-gura que, apesar de os tempos terem mu-dado, mantém-se a tradição e o sentido. Po-rém, alertou, este ano houve uma mudança na trajectória. “Normalmente começa na Igreja de Santo Agostinho e termina na Sé Catedral, mas como a Igreja está em obras, mudou-se [o percurso] para a Igreja de São Domingos”. “De resto mantém-se tudo. O espírito é o mesmo”, sublinhou.

“Pelo menos a comunidade macaense participa sempre, mas a população católica é muito grande em Macau. Mesmo a comu-nidade chinesa participa muito nisto”, asse-gurou.

“Descobrir”uma nova religião

Além dos muitos participantes assíduos, a Procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos também cativa, muitas vezes, turis-tas que, passando pela zona onde ela co-meça, neste caso a Sé Catedral, se deparam com um cenário caracterizado por olhares ansiosos, fixos na porta de uma igreja, sa-bendo de antemão que a qualquer momento de lá sairá a figura do Senhor dos Passos, que reflecte a imagem de Jesus a caminho do calvário, que é suposto seguirem e home-nagearem durante as próximas duas horas.

Foi esse o caso de Rajiv Malu. “Vim a Macau porque ganhei a viagem numa com-petição e decidi participar neste evento por-que já se sabe que Macau tem muitos casi-nos e muito jogo, é essa a imagem que passa lá para fora, mas eu queria ver as pessoas no seu dia-a-dia”, explicou ao Jornal TRIBUNA DE MACAU o jovem oriundo de Bombaim.

“O nosso guia disse-nos que havia hoje [ontem] este evento e achei muito interes-sante porque gosto de fotografar as ruas, de captar o que se está a passar, aquilo que é a realidade da cidade, e Macau não é só jogo, por isso, quero captar boas imagens de tudo o que aqui acontece”.

Nesse sentido, disse, “adorava ver as pessoas a rezar enquanto a estátua é carre-gada, talvez a cantar ou a oferecer qualquer coisa. Também temos uma banda e, como indiano, quando vejo uma banda penso sempre em pessoas a dançar na procissão. Quero ver o que acontece aqui”.

Na sua terra de origem, segundo indicou Rajiv Malu, também há “uma espécie de procissão em que as pessoas fazem oferen-das mas dançam também”. Por isso, insis-tiu, “quero ver o que acontece” em Macau sobretudo tendo em conta que a religião cristã “é totalmente nova” para si.

A procissão do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos, cujas origens remontam a 1586, é uma das mais importantes tradições cató-licas da cidade e um raro evento na China, onde o culto está sujeito a restrições pesadas, uma vez que o Governo Central autoriza apenas a Igreja Católica Patriótica Chinesa, não reconhecida pelo Vaticano. Talvez por isso, a procissão atraia habitualmente crentes vindos do outro lado da fronteira, tanto da China Continental como de Hong Kong.

No sábado, pelas 19:00, realizou-se a Procissão da Cruz.

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Segunda-feira, 06 de Março de 201704 JTM | LOCAL

Na sessão de sexta-feira do julga-mento do antigo Procurador foi ouvida Ao Pan Sang, a primei-

ra testemunha do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC). De acordo com a Rádio Macau, a coordenadora da inves-tigação a Ho Chio Meng levou uma apre-sentação em PowerPoint que usou para tentar provar todos os factos da acusação.

Apesar de ter mostrado o envolvi-mento do ex-Procurador nas empresas de fachada, a testemunha admitiu que algumas das conclusões da investigação basearam-se em presunções.

Ao Pan San, responsável por analisar as ligações entre Ho Chio Meng e os ou-tros co-arguidos com quem controlaria as empresas fictícias, falou em relações muito estreitas entre todos eles, assentes “em vários registos conjuntos de entrada e saída de fronteiras”.

A testemunha foi confrontada pela defesa sobre esta questão e admitiu que afinal apenas há um destes registos. Ain-da assim, Ao Pan San tentou mostrar que a relação entre Ho Chio Meng e o empre-sário Mak Im Tai era mais do que forne-cedor-cliente.

Ainda que o ex-Procurador já tenha admitido que era amigo daquele em-presário, a testemunha assegurou que se conseguiu comprovar que os dois trabalhavam em conluio para beneficiar do erário publico. Segundo o CCAC, Ho Chio Meng e Mak Im Tai encontravam--se na “escola nocturna”, que seria um código para “sauna”, para “combinarem de forma discreta os actos ilícitos que iam praticar”.

Contudo, a defesa tentou interrom-per as declarações por várias vezes: o advogado de Ho Chio Meng queixava--se de não ser justo a testemunha usar o PowerPoint, já que o documento não está nos autos. Recordando o que acon-teceu com o ex-Secretário Ao Man Long, acusado de corrupção quando Ho Chio Meng era Procurador e em cujo jul-gamento foi usado o mesmo recurso, Leung Weng Pun reclamou do facto do Tribunal deixar uma “testemunha usar

CCAC admite “crenças” na investigação a Ho Chio MengUma investigadora do Comissariado Contra a Corrupção admitiu, em mais uma sessão do julgamento do antigo Procurador, que algumas conclusões da investigação contra Ho Chio Meng basearam-se em presunções. Ao Tribunal de Última Instância, Ao Pan San reconheceu falar por vezes em “probabilidades e crenças” já que alguns factos não foram verificados

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gráficos nunca antes vistos pela defesa” e que “tomam como certas presunções dos investigadores”.

O Colectivo de Juízes, presidido por Sam Hou Fai, mandou seguir, o que, se-gundo a Rádio, irritou visivelmente o ex--Procurador, que gesticulou no ar duran-te vários minutos em jeito de reclamação.

A equipa da defesa disse mesmo ha-ver partes que desfavorecem o arguido e que “impossibilitam o contraditório”. Todavia, o CCAC continuou a sua teoria que, segundo a testemunha, prova o que consta da acusação.

Uma dessas “probabilidades” diz res-

peito, por exemplo, ao facto do CCAC tomar como certa a presença de Ho Chio Meng num carro visto a entrar num apar-tamento onde a investigadora diz que estaria alojada Wang Xiandi, alegada “amiga” de Ho Chio Meng que terá bene-ficiado do erário público através de falsos contratos de trabalho com o MP.

Porém, não há imagens do condutor, nem gravações que situem o ex-Procura-dor no local, mas o CCAC assegura vee-mente ser Ho Chio Meng quem esteve dentro do edifício, onde morava também o seu pai.

O depoimento foi bastante confuso,

com a testemunha a confirmar factos que mais tarde assumiu não ter a certeza. Esta situação levou, inclusive, o Tribunal a anunciar que vai descartar algumas de-clarações da testemunha nomeadamente as que asseguram que era Ho Chio Meng quem alterava as propostas das empresas fictícias.

Ainda assim, documentos exibidos indicam que as despesas das empresas de fachada eram suportadas pelo MP e que os arguidos sabiam de antemão que estavam a ser investigados, o que levou alguns deles a sair de Macau.

Um documento que terá sido escrito por Ho Chio Meng foi também mostrado em tribunal: o papel parece ser uma coor-denação de depoimentos e foi o que ser-viu de base para a prisão preventiva dos dois empresários Mak Im Tam e Wong Kuok Wai, após o ex-Procurador ter sido detido a 26 de Fevereiro de 2016.

Ho Chio Meng “não quis fugir”

No final da sessão, Ho Chio Meng disse, pela primeira vez, que não sabia das intenções de Mak Im Tai. O ex-Pro-curador disse desconhecer por completo que o co-arguido no processo terá mon-tado empresas de fachada para ficar com contratos do Ministério Público. Se sou-besse, asseverou Ho Chio Meng, “nun-ca teria adjudicado quaisquer contratos, nunca permitiria que isso acontecesse”. O ex-Procurador disse até estar “arrepen-dido” de ter adjudicado os serviços.

Ho Chio Meng anunciou ainda que ti-nha sido alvo de um processo disciplinar em Maio de 2015 “interposto por um di-rigente”, cujo nome não quis revelar. Isto porque, explicou, o dirigente impediu--o de tirar uma licença sem vencimento “por estar a decorrer um processo judi-cial” contra si.

Ainda assim, Ho Chio Meng saiu do território por “estar doente”, levando à instauração do processo disciplinar. Ho relembrou que estava ainda a desempe-nhar funções quando foi detido e assegu-rou em tribunal que ia sair apenas para receber tratamento médico e que “nunca quis fugir do território, sempre quis ficar e enfrentar” o que quer que fosse.

Segundo a investigadora principal do CCAC, os arguidos já saberiam desde o final de 2014 que estavam a ser investi-gados, tendo Ho Chio Meng entrado e saído de Macau por várias vezes.

Teng Man Lai foi absolvido do crime de burla quali-ficada pelo Tribunal de Última Instância (TUI), num caso que remonta a 2011, quando os vendilhões

num terreno na Rua do Padre João Clímaco acusaram o

Empresário Teng Man Lai absolvido de burlaChegou ao fim o caso dos vendilhões na Rua do João Padre Clímaco, com o TUI a absolver o empresário Teng Man Lai do crime de burla qualificada que o condenava a quatro anos de prisão. Para além disso, o TUI considerou que os vendilhões que ocupavam o terreno sem arrendarem não têm de ser indemnizados, ao contrário do entendimento da Segunda Instância

empresário de cobrar rendas e passar recibos falsos como proprietário, pois alegava ter obtido o terreno em 2004. Em 2009, Teng Man Lai pediu aos vendilhões para abandona-rem o local e entretanto vendeu o terreno ao empresário John Lo.

Em 2014, no primeiro julgamento, o Tribunal Judi-cial de Base chegou à conclusão que não havia provas suficientes e o empresário foi absolvido. No entanto, o Ministério Público recorreu da decisão junto do Tribu-nal de Segunda Instância (TSI) que não só condenou o arguido a quatro anos de prisão como afirmou que os vendilhões prejudicados poderiam interpor acção cível contra o empresário e exigir indemnizações por danos patrimoniais.

Em comunicado, o TUI explica que Teng Man Lai com-prou o terreno, junto ao Mercado Vermelho, em 1977, por 100 mil patacas, algo que essa instância considera ter sido feito de forma legítima e não haver provas de que quisesse obter para si ou terceiros enriquecimento ilegítimo.

O TUI admite que, apesar do arguido ter mentido di-zendo que tinha o “corpus da posse” e cobrado renda aos vendilhões, “tudo leva a crer que usou um meio ilícito para atingir um fim aparentemente legítimo que era a legaliza-ção registral do terreno”.

Por outro lado, destaca que os vendilhões “eram meros ocupantes precários do terreno” não podendo ser réus na acção. Assim, como os comerciantes não tinham o direito de estar no terreno, o proprietário não tinha de os indem-nizar se quisesse a desocupação, deixando por terra o acór-dão do TSI.

Relativamente, ao procedimento cautelar apresentado por John Lo para bloquear o pagamento de mais de 70 milhões de dólares de Hong Kong da compra do terreno, não é conhecida nenhuma informação nova. No entanto, o procedimento foi tomado depois da decisão do TSI de que o lote não pertencia a Teng Man Lai, tese agora rejeitada pelo TUI.

L.F.

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Segunda-feira, 06 de Março de 2017 JTM | LOCAL 05

Liane Ferreira

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Os professores foram saindo e as vagas ficando por preencher, transformando o recrutamento de docentes de qualidade numa das prioridades de trabalho do recém-nomeado director da Faculdade de Direito da Universidade de Macau, após um ano de funções interinas. Gabriel Tong assegura ainda ao Jornal TRIBUNA DE MACAU que a transparência é um objectivo a manter em todas as tarefas da Faculdade, pois tem a noção de que tal corresponde às expectativas da sociedade e à natureza da instituição

Cerca de sete meses de-pois de ter assumido o cargo de director interi-

no da Faculdade de Direito da Universidade de Macau (UM), Gabriel Tong passou oficialmente a director no início de Fevereiro, assumindo como uma das priori-dades o “recrutamento de quali-dade de professores competentes para desenvolver as actividades”.

“O número de professores não é suficiente, porque ao longo destes anos foram saindo profes-sores e não tivemos oportunida-de de preencher essas vagas ou reforçar. Por exemplo, foi embo-ra um especialista em Direito do jogo e branqueamento de capitais e neste momento não temos um professor a tempo inteiro. Tam-bém saiu um professor de Direito laboral, que elaborava manuais dessa área para trabalhar como advogado”, disse Gabriel Tong ao Jornal TRIBUNA DE MACAU.

Segundo explicou, quando a Faculdade “não oferece as melho-res condições ou espaços de tra-balho, muitos advogados fazem a sua escolha” e torna-se necessário procurar formas de preencher as vagas.

Questionado sobre a possibi-lidade de convidar alguém em

Faculdade de Direito com falta de professores

especial, Gabriel Tong frisou que a universidade, como instituição pública tem de abrir um concurso, especificar as condições e o pro-cesso tem ainda de “passar por um comité”. “Como aconteceu comigo, que tive de candidatar--me ao lugar”, recordou o novo director.

“O importante é explicar bem quais são as condições necessárias para o recrutamento dessas va-gas. As coisas vão ser transparen-tes e acredito que isto correspon-de às expectativas da sociedade e à natureza da instituição”, disse Gabriel Tong, acrescentando que a Faculdade tem de contar com pessoas capazes de trabalhar com o Direito de Macau e, nalguns ca-

sos, pelo facto de ser leccionado o curso em Chinês e Português, “têm de ser professores bilin-gues”. “Se forem internacionais temos de procurar as pessoas mais competentes nessas áreas”, frisou.

Gabriel Tong confessa que “há muitas prioridades” de trabalho. “Temos de estabelecer com mais transparência o funcionamen-to do trabalho de investigação e de ensino e dos serviços de cada professor”, afirmou o académico, indicando que a organização de recursos para avançar com o esta-belecimento da “plataforma” en-tre a China e os Países de Língua Portuguesa também está na lista.

“Com o tipo de organização

que tenho em mente, tenho de falar com os professores. No final, qualquer faculdade de Direito ou instituto superior tem como objectivo melhorar e aperfeiçoar o funcionamento do curso, da investigação e serviço à comuni-dade”, salientou, frisando que a faculdade que dirige “é a única que tem as condições e a respon-sabilidade” para reforçar o ensino de Direito.

Acreditação em Portugal“está a andar”

Nesse sentido, admite existir outra prioridade: a acreditação em Portugal do curso de Direito. “Mesmo antes da minha nomea-ção definitiva, fui a Portugal em

Setembro do ano passado com o professor Teixeira Garcia para visitar a agência de acreditação”, revelou ao Jornal TRIBUNA DE MACAU.

“Agora que a nomeação é definitiva temos de proceder a medidas concretas. Está tudo a andar. Espero que com os nossos esforços possamos obter bons re-sultados para o futuro dos nossos alunos. Estamos confiantes na acreditação, mas temos de ver o que falta. Se envolver o Governo também poderemos propor-lhe fazer alguma coisa”, declarou, confessando que se for necessário irá novamente a Portugal e a UM terá de “lutar”.

No que diz respeito à capa-cidade linguística em Português dos estudantes, Gabriel Tong disse que a Faculdade aposta em cursos de Verão e anuais e recor-reu ao apoio do Departamento de Português da UM. “Mas, tam-bém tem a ver com a cultura do ensino secundário. Não digo que têm culpa, mas a situação social é assim. Se chega aqui uma pessoa sem conhecimento qualquer de Português, mas que queremos que se forme em Português é uma tarefa árdua. Estamos sem-pre a tentar e temos exemplos de sucesso”, afirmou.

“Há várias maneiras de dar à sociedade juristas competentes, alguns na perspectiva puramente jurídica, mas também há pessoas com capacidade jurídica e lin-guística em conjunto. Temos con-fiança que este sistema continua a funcionar e vamos tentar o nosso melhor para tentar responder às necessidades da comunidade”, concluiu.

Segurança é “prioridade”em Lai Chi Vun

A “segurança” é a “prioridade” no que diz respeito à situação em Lai Chi Vun, frisou o Chefe do Executivo em reac-

ção às queixas dos moradores daquela zona de Coloane que já se manifestaram contra a de-molição de antigos estaleiros, que o Governo considera correrem risco de queda.

Frisando que “é preciso explicar” à popu-lação o modo como o Governo irá “proteger” e “embelezar” aquela zona, Chui Sai On disse concordar com “o que foi feito nos últimos seis meses”.

Além disso, revelou que vai instruir a Di-recção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) para que explique porme-norizadamente ao público os trabalhos desen-volvidos relativos a Lai Chi Vun, designada-mente sobre a segurança pública e a renovação anual da licença dos estaleiros, no sentido de “aumentar a transparência de informações”.

Manifestando apoio às entidades gover-namentais envolvidas no planeamento da povoação de Lai Chi Vun, o líder do Governo escusou-se a comentar questões de segurança daquelas estruturas, indicando que “depende

de uma avaliação técnica e profissional”. O governante destacou ainda que a zona

de Lai Chi Vun implica zonas de águas e cais marítimo geridas pela DSAMA enquanto que a avaliação da situação na área da segu-rança conta com a participação dos serviços de obras públicas.

Quanto às acções de protecção e vitaliza-ção da zona, para além das entidades refe-ridas, a Direcção de Serviços de Turismo e o Instituto Cultural serão convidados a dar pareceres, apontou Chui Sai On, sublinhan-do que a preservação do Património tem sido uma das suas prioridades desde que inte-grou o Governo da RAEM.

Na semana passada, os proprietários dos estaleiros na “lista negra” de demolição e moradores de Lai Chi Vun apelaram ao Che-fe do Executivo, como última esperança, para preservar os antigos espaços de construção naval. Caso a demolição arranque este mês, como anunciou o Governo, o grupo ameaça ocupar os estaleiros em forma de luta contra a “decisão de uma minoria de matar a me-mória de gerações”.

Chui Sai On frisou que a segurança pública é uma “prioridade” em Lai Chi Vun e expressou apoio às entidades envolvidas no planeamento da zona, admitindo porém que é “preciso explicar tudo” à população

Depois de, em 2013, a es-tratégia de divisão em três listas da Novo Macau

(ANM) ter resultado na perda de um assento na Assembleia Legis-lativa, a associação decidiu “re-pescar” o deputado que perdeu o lugar, Paul Chan Wai Chi.

Em declarações ao Jornal TRI-BUNA DE MACAU, o ex-deputa-do revelou que a decisão de recan-didatura foi tomada recentemente após falar com os outros membros da Novo Macau. “A ideia é unir forças nas eleições”, disse, ao con-firmar uma notícia avançada pelo jornal O Clarim.

Nas últimas eleições, Chan Wai Chi, que tinha ocupado o lugar de deputado depois de eleito como número dois de Ng Kuok Cheong

em 2009, ficou para trás na corri-da eleitoral, devido à divisão da ANM em três listas. Nessa altura, as listas foram encabeçadas por Au Kam San, Ng Kuok Cheong e Jason Chao. Entretanto, Jason Chao vai desvincular-se oficial-mente da associação no fim do mês e Au Kam San também já não integra as fileiras, pelo que resta Ng Kuok Cheong decidir se avan-ça pela ANM.

“Ng Kouk Cheong ainda não decidiu se vai juntar-se à Novo Macau ou não”, afirmou Chan Wai Chi, salientando ainda que não sabe se irá encabeçar a lista de candidatos, porque tal assunto ainda vai ser debatido numa as-sembleia-geral a realizar em Abril.

O ex-deputado acrescentou ainda que a “concorrência é eleva-da” nestas eleições legislativas.

*Com L.F.

Chan Wai Chi concorre à ALPaul Chan Wai Chi vai voltar a candidatar-se à Assembleia Legislativa pela Novo Macau, no entanto ainda são desconhecidos os parceiros de lista, já que Ng Kuok Cheong ainda não decidiu se irá juntar-se à associação. Para já, o antigo deputado admite que a concorrência nas legislativas será elevada, mas a ideia é “unir forças”

Viviana Chan*

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Segunda-feira, 06 de Março de 201706 JTM | LOCAL

Pedro André Santos

• • • BREVESDireitos das mulheres motivam conferência na ATFPMA Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) organizou no sábado uma conferência sobre “Direitos e Regalias das Mulheres”, para sublinhar a importância da igualdade dos géneros. Segundo a ATFPM, participaram cerca de 150 mulheres, que se mostraram atentas a questões como o assédio sexual, violência doméstica, discriminação etária, amamentação, licença de maternidade ou a igualdade no emprego.

Apreendidos 500 produtos electrónicos falsificadosOs Serviços de Alfândega descobriram que uma loja perto das Portas do Cerco vendia mais de 500 produtos electrónicos falsificados, incluindo telemóveis e carregadores. Os produ-tos apreendidos, avaliados em 80 mil patacas, foram comprados no Continente. A proprietá-ria já tinha sido interceptada em Dezembro por trazer produtos semelhantes para Macau.

Cliente antigo assaltou loja de ninhos de andorinhaA Polícia Judiciária (PJ) deteve um homem do Continente suspeito do assalto que lesou em 1,3 milhões de dólares de Hong Kong uma loja que vende “ninhos de andorinha”. Segun-do a PJ, o suspeito, de 57 anos, era um cliente antigo. Terá colocado soporíferos no chá dos funcionários, mas como um deles não ador-meceu, agrediu-o com uma pedra na cabeça e assaltou o cofre. Transferiu 900 mil HKD para o exterior e foi apanhado na posse de 185 mil em dinheiro e fichas de jogo.

Ambrose So espera subidade 10% no jogo em 2017O director-executivo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) acredita que as receitas do jogo poderão aumentar “cerca de 10%” este ano. “A força das salas VIP e do segmento de massas tem aumentado. Espero que esta ten-dência possa ser mantida. Ainda assim, é um pouco cedo para dizer. As receitas do jogo, no ano passado, foram ainda piores do que em 2015. A recuperação leva tempo”, sublinhou Ambrose So ao Canal Macau.

Residentes com passagens “automáticas” no JapãoOs Serviços de Identificação indicaram que os titulares do Passaporte da RAEM podem inscrever-se no programa de “Viajantes Con-fiáveis” do Japão, para aceder às passagens automáticas na entrada e saída do território nipónico. Este sistema permitirá cumprir os trâmites de imigração de forma mais rápida.

Oito processos sobre salário mínimoEm 2016, os Serviços para os Assuntos Labo-rais receberam 335 pedidos de informação so-bre salário mínimo e abriram oito processos, envolvendo oito “porteiros de prédios” e dois “serventes de limpeza”, por queixas ligadas a questões salariais e indemnizações rescisórias. Seis casos foram concluídos estando os restan-tes em avaliação.

“Bad Bad Maria” abriu loja físicaA empresa “Bad Bad Maria” abriu o primeiro estudo criativo no 2º andar da Casa da Rosa, na Calçada da Rocha, sob a gestão de Cátia Silva, dona da empresa que promove Portu-gal e Tailândia como destinos de casamentos. A companhia é também especializada em pla-near casamentos e festas.

Parquímetros “disparam” a partir de Abril

Os automóveis ligeiros vão so-frer um aumento de quatro patacas por estacionamentos

de uma hora em locais com parquí-metros. A tarifa passará ainda de duas para seis patacas, em estacionamen-tos de duas horas, e de uma para três patacas, nos casos de cinco horas. Em relação a veículos pesados, para esta-cionamentos de duas e cinco horas, os preços vão aumentar de cinco para 20 e cinco para 10 patacas, respectiva-mente. Já os motociclos sofrem um au-mento de uma para duas patacas mas apenas nos estacionamentos de duas horas.

Também as horas máximas de es-tacionamento permitidas irão sofrer uma alteração, com o período máximo a diminuir de cinco para quatro horas.

A alteração irá arrancar em Abril, num processo que se prolonga até Março de 2018, referiu Lam Hin San. “Para haver maior uso e aproximar as tarifas dos parquímetros com os auto--silos vamos aumentar o preço de for-ma faseada. Vai começar em Abril na zona da Sé e concluir-se a 1 de Março de 2018. Depois vamos divulgar em concreto o calendário quanto à actua-lização dos preços dos parquímetros”, disse o director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) no final de uma sessão plenária do Conselho Consultivo do Trânsito.

Defendendo que se trata de “um aumento adequado” e que surge “na altura oportuna”, o mesmo responsá-vel disse acreditar que a medida “será bem aceite”, até porque a população tem mais por hábito utilizar os auto--silos.

Contraproposta às bandeiradas Lam Hin San comentou ainda

questões relacionadas com os taxistas, nomeadamente um pedido do sector

As tarifas dos parquímetros serão aumentadas a partir de Abril, numa medida será concretizada de forma faseada até Março de 2018, explicou o director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego. Lam Hin San admitiu ainda um aumento das tarifas dos táxis, mas ressalvou que está em análise uma contraproposta apresentada aos taxistas

para aumentar as tarifas. “Houve uma proposta das associações dos taxistas sobre o aumento das tarifas. Recebe-mos muitas opiniões, algumas contra, outras a favor. Vamos ouvir também a população e pessoas do próprio sector, e iremos levar este assunto de novo ao Conselho Consultivo para ser discuti-do. De momento ainda não temos uma decisão final”, começou por dizer o res-ponsável.

Posteriormente, o director da DSAT falou numa contraproposta apresenta-da, que irá ser ainda discutida, que re-presenta um aumento em duas patacas da bandeirada e algumas taxas extra. “A associação dos taxistas tem de mo-mento alguma reserva sobre a nossa proposta, mas vamos manter um con-tacto estreito para chegar a um consen-so. Propomos um preço de bandeirada com um aumento de duas patacas, de 17 para 19, e introduzir algumas taxas adicionais. Por exemplo, quem apa-nhar um táxi no Terminal de Pac On,

ou no campus da Universidade de Ma-cau, na Ilha da Montanha, tem de pa-gar uma sobretaxa”, disse.

Lam Hin San desvalorizou ainda as queixas frequentes sobre taxistas como justificação para não aumentar a bandeirada, considerando que as irre-gularidades são praticadas apenas por algumas “ovelhas negras do sector”, e que “a maior parte cumpre e lei”. “Atendendo ao aumento do custo de vida há um consenso de que as tarifas de táxi devem ser aumentadas”, consi-derou.

No mês passado, entre outras rei-vindicações, a Associação de Auxílio Mútuo de Condutores de Táxi de Ma-cau pediu uma subida da bandeirada para 20 patacas, ou seja para os primei-ros 1.600 metros a percorrer, a cobrança de duas patacas por cada 220 metros, ao invés dos actuais 260 metros, e uma tarifa extra de 10 patacas durante os primeiros três dias do Novo Ano Lu-nar.

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Ao longo de 2016, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) emitiu 31 ordens de sus-pensão de obras, reflectindo um acréscimo de 40,9%

face às 22 decretadas no ano anterior, devido a más condi-ções de estaleiros ou existência de alto risco de segurança e saúde ocupacional.

De acordo com dados divulgados pelo organismo, foram instaurados 180 processos envolvendo 309 procedimentos de denúncia e o valor das multas aplicadas totalizou 882 mil patacas, mais 11,4% do que as 792 mil patacas contabilizadas em 2015.

Em 2016, a DSAL realizou 117 palestras no âmbito da se-gurança e saúde ocupacional nos estaleiros de obras, tendo contado com 5.398 participantes. Paralelamente, continuou a realizar cursos de formação para pessoal de gestão da segu-rança, co-organizados com instituições de ensino superior.

Por outro lado, noutro comunicado, a DSAL revelou que

os processos relativos a conflitos laborais do sector da cons-trução civil diminuíram de 1.029 em 2015 para 893 no ano passado. O organismo entende que a redução anual, na or-dem de 30%, mostra que as inspecções preventivas levadas a cabo nos estaleiros de grande envergadura tiveram “um efeito positivo”.

Em termos globais, recebeu um total de 2.713 processos sobre conflitos laborais, menos 5% face aos 2.851 instaura-dos em 2015. A DSAL sublinha também que, ao longo de 2016, concluiu 1.975 processos, dos quais mais de 95% foram “fechados” sem passar pelos órgãos judiciais.

“A DSAL vai continuar a tratar dos processos de forma imparcial e proteger, nos termos da lei, os legítimos direitos e interesses dos trabalhadores e dos empregadores, propor-cionando uma plataforma para conciliação de conflitos labo-rais, de modo a manter e promover relações laborais harmo-niosas e estáveis”, indica o comunicado.

Falta de segurança fez subirmultas e suspensões de obrasO número de obras suspensas e o valor das multas impostas por más condições de segurança e saúde ocupacional nos estaleiros de Macau sofreram aumentos de dois dígitos em 2016. Em contrapartida, os casos de conflitos laborais caíram 30%

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Segunda-feira, 06 de Março de 2017 JTM | LOCAL 07

Autocarros no Tap Seac não afectam número de excursionistas

A directora dos Serviços de Turismo (DST) assegurou que o desvio dos autocarros turísticos da zona das Ruínas de São Paulo para a Praça de Tap Seac não tem afectado o número de excursionistas. De acordo com o jornal “Ou Mun”, assumindo que os operadores turísticos têm opiniões diferentes sobre a medida, Maria Helena de Senna Fernandes garantiu que a DST e a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego vão melhorar a comunicação com o sector. Maria Helena de Senna Fernandes referiu ainda que as autoridades estão a equacionar a criação de novos percursos para os excursionistas para equilibrar o fluxo de pessoas nos pontos turísticos.

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Entrou ontem oficialmente em fun-ções a polícia turística do território, que coloca ao serviço dos visitan-

tes 40 agentes distribuídos por todo o ter-ritório, destacando-se dos restantes pelos uniformes com cores mais vivas.

“A nova farda atrai muito atenção das pessoas”, disse Ho, um residente convic-to de que a mudança de imagem cria um sentimento de maior proximidade com os agentes policiais.

Já Li, turista do Interior da China, ad-mitiu que à primeira vista não conseguiu distinguir a identidade de polícia, já que tanto na RAEM como no Continente, os agentes usam fardas mais escuras. “A cor é diferente do costume”, disse ao Jornal TRIBUNA DE MACAU.

Polícia turística arranca oficialmente e vestida a rigorO Corpo de Polícia de Segurança Pública oficializou ontem a entrada em acção da polícia turística, que integra 40 agentes. Esta unidade, que tem como objectivo gerir multidões e lidar com questões relacionadas com os visitantes utiliza um fardamento mais desportivo, que desperta a atenção do público

Sublinhando que o design é mais desportivo, Sonia Zheng, outra visitante, também considerou que a farda não se parece muito com aquilo a que está habi-tuada a ver.

Esta unidade especial do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) foi criada em Abril de 2015 para dar res-posta ao elevado número de visitantes na RAEM, especialmente em períodos de fim-de semana e feriados. Esta si-tuação tornou-se na “nova normalida-de”, como frisaram os serviços poli-

ciais, pelo que esses agentes deveriam não só manter a ordem e estar atentos a possíveis delitos, como responder a questões, tratar de queixas e disputas e gerir e controlar as multidões, que se concentram principalmente nos pontos turísticos.

“Após um ano de experiência, foram bons os resultados, tendo alcançado os objectivos previstos”, disse em comunica-do o CPSP, que após um balanço e “res-pectivo melhoramento” decidiu por isso formalizar a unidade.

A divisão de trabalhos determinou que 30 agentes fossem destacados para locais da Península, como Largo do Se-nado, Ruínas de S. Paulo, Templo de Na Tcha, Troço das Antigas Muralhas de De-fesa, Largo de Santo Agostinho, e zona da Igreja de São Lourenço. Os restantes 10 estarão em acção na Taipa, nomeada-mente na zona da Rua do Cunha, Rua do Regedor e na “strip” do COTAI. Os horários vão depender do fluxo de turis-tas, mas normalmente prolongam-se do meio-dia à noite.

O CPSP explicou que, além da forma-ção policial, os agentes submeteram-se a formação específica em línguas, informa-ções turísticas, gestão de multidões.

As autoridades garantem que irão proceder continuamente a avaliações dos trabalhos desta unidade para fazer os ajustamentos necessários e criar uma imagem de profissionalismo e qualidade de atendimento que seja “positiva” aos olhos dos visitantes.

*Com L.F.

Viviana Chan*

No seu mais recente rela-tório sobre os direitos humanos, divulgado

na sexta-feira, o Departamento de Estado norte-americano re-fere também “preocupações re-lativamente à extradição de cri-minosos para jurisdições com penas mais severas” - mas sem facultar pormenores - e ainda que o tráfico de seres humanos

também “continuou a ser um problema” no ano passado.

Um dos aspectos apontados a Macau no documento prende--se com a liberdade de impren-sa, com o relatório a indicar, por exemplo, que dois “sites” de “media” independentes conhe-cidos por serem críticos do Go-verno alegaram que foram alvo de ataques informáticos antes

EUA repetem críticas sobre direitos humanosA incapacidade dos residentes em mudar o Governo, face à ausência de sufrágio universal na eleição do líder, e restrições à liberdade académica e de imprensa figuram entre os problemas apontados a Macau pelos EUA

da visita a Macau, em Outubro, do Primeiro-Ministro chinês, Li Keqiang.

Washington volta também a destacar preocupações levanta-das por activistas relativamente à autocensura, particularmente porque órgãos de comunicação e jornalistas receiam que certos tipos de cobertura crítica pos-sam limitar o financiamento do Governo, dando ainda conta de que o Executivo seleccionou membros dos “media” com car-gos de chefia para cargos em co-missões consultivas, o que tam-bém resultou em autocensura.

Essa autocensura estendeu--se ao mundo académico, con-

sidera Washington, ao observar que foram relatados casos de académicos que foram dissua-didos de estudar ou de falar de assuntos controversos relativos à China, os quais reportaram também que foram adverti-dos para não falar em eventos politicamente sensíveis ou em nome de determinadas organi-zações políticas.

Sobre a liberdade de reunião e manifestação, refere que acti-vistas alegaram que as autorida-des estavam a fazer um esforço concertado para desencorajar os participantes de protestos pacífi-cos, designadamente através da intimidação, filmando “ostensi-vamente” os manifestantes ou advertindo os transeuntes para não se juntarem.

O relatório fala ainda do uso de circulares internas e de “ru-mores” ameaçando os funcio-nários públicos para não partici-parem em eventos ou protestos politicamente sensíveis; e que activistas políticos denunciaram que o Governo monitorizou as

suas conversas telefónicas e uti-lização da Internet.

São também referidas sete queixas de abuso das forças po-liciais que acabaram arquivadas devido à falta de provas e atra-sos na justiça devido à falta de incapacidade administrativa.

O Departamento de Estado norte-americano refere também que existem desigualdades sa-lariais entre homens e mulheres, com observadores a estimarem uma significativa diferença, em particular nos trabalhos não qualificados, dando ainda eco às frequentes queixas de discrimi-nação no trabalho apresentadas por trabalhadores não-residen-tes, que representam mais de um quarto da população.

Afirma ainda que, apesar de o Governo ter feito esforços, indivíduos de ascendência por-tuguesa e/ou macaenses conti-nuaram a argumentar que não são tratados de forma igual pela maioria étnica chinesa.

JTM com Lusa

Governo expressa “forte oposição” a “comentários irresponsáveis”

O relatório do Departamento de Estado dos EUA sobre direitos humanos “ignora os factos, tecendo comen-tários irresponsáveis sobre a RAEM, que é um assunto interno da China”, lamentou o Executivo de Macau, manifestando a sua “forte oposição” ao documento. O Gabinete do Porta-voz do Governo referiu ainda que os princípios “Um País, Dois Sistemas”, “Macau governado pelas sua gentes”, bem como a política de alto grau de autonomia têm sido “implementados com grande sucesso”.

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Segunda-feira, 06 de Março de 201708 JTM | LOCAL

Lei do Erro Médico “protege” utentes e profissionaisChui Sai On manifestou-se confiante de que o Regime Jurídico do Erro Médico poderá salvaguardar melhor os direitos e interesses legítimos dos utentes e dos pres-tadores de cuidados de saúde. Os Serviços de Saúde (SSM) defenderam por sua vez que, deste modo, existe um “mecanismo claro de regulação e tratamento de even-tuais litígios”. “É compreensível que os pacientes tenham expectativas de que os tratamentos possam ‘curar’ as situações clínicas mas os médicos apenas prestam o apoio e diagnosticam o tratamento mais adequado ao paciente. Estes diagnósticos podem não corresponder à expectativa criada pelos doentes originando, eventual-mente, insatisfação nos utentes provocan-do, por vezes, litígios médicos”, alertaram os SSM. Nesse sentido, defende o organis-mo, “a comunicação, a confiança e o res-peito entre médicos e pacientes é a base da criação de uma boa relação” que deve exis-tir. O Regime também definiu “claramente as questões que envolvem o ‘erro médico’ e implementou um mecanismo justo e im-parcial para resolver eventuais litígios mé-dicos”. Um deles é a Comissão de Perícia do Erro Médico. “A nomeação dos mem-bros da Comissão foi efectuada de forma rigorosa, de acordo com as qualificações dos membros”, garantiu o organismo. Os SSM recordam que o Regime Jurídico do Erro Médico só se aplica aos casos ocorri-dos após a entrada em vigor da lei, sendo que eventuais casos acontecidos anterior-mente, se ambas as partes estiverem de acordo, podem ser tratados pelo Centro de Mediação de Litígios Médicos.

As transferências de pacientes para a RAEHK “de-pendem do diagnóstico médico em Macau, se hou-ver o entendimento que a consulta não precisa ser

realizada fora do território”. “Não tem nada a ver com o orçamento, porque o trabalho tem sido executado assim ao longo dos tempos. É um mecanismo que a população com-preende que só é activado para casos em que não é possível fazer um diagnóstico em Macau”.

Foi desta forma que Chui Sai On respondeu à polémica suscitada por um artigo do “All About Macau” que dava conta do cancelamento das consultas em Hong Kong, de uma paciente oncológica.

De acordo com a notícia, no início deste ano, as consul-tas marcadas num hospital em Hong Kong para uma doen-te oncológica terão sido canceladas sem que lhe tivesse sido apresentada uma explicação. A família da paciente mostra--se preocupada com o facto de poderem ser administrados em Macau fármacos diferentes dos utilizados na RAEHK, o que pode ter um impacto negativo.

O Chefe do Governo realçou ainda a importância de “acreditar nos médicos” e pediu à população para “ter con-fiança nos médicos especialistas”.

A situação mencionada pelo “All About Macau” mo-

Envio de doentes para RAEHKnão depende do orçamentoO Chefe do Executivo assegurou que a decisão de não transferir alguns pacientes para Hong Kong nada tem a ver com questões orçamentais, tratando-se apenas de um entendimento de que em Macau há condições para fazer os respectivos diagnósticos

tivou também respostas por parte dos Serviços de Saú-de (SSM) e do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ). Os SSM asseguraram que “não corresponde à ver-dade” a alegação de que, devido a eventuais cortes orça-mentais, pacientes oncológicos em reabilitação no exterior tenham visto os seus tratamentos cancelados.

O mecanismo de envio de pacientes para o exterior de-pende de critérios como “o diagnóstico do médico assisten-te, a situação clínica do paciente e adequação do hospital” para onde o doente será transferido. “Quer as despesas, quer os locais de tratamento, não irão sofrer influência de-vido às mudanças socioeconómicas”, referiu o organismo.

Tratamento “já concluído”Por sua vez, o CHCSJ assegurou que o tratamento da

paciente em causa, em Hong Kong, já foi concluído, pelo que os procedimentos seguintes podem ser efectuados no hospital público de Macau.

O CHCSJ asseverou que o sistema de transferência de pa-cientes tem funcionado “de forma eficaz ao longo do tempo, o que garante aos pacientes com necessidade de tratamento especial a obtenção de um tratamento oportuno e adequado, salientando que o Governo da RAEM tem vindo a promover o desenvolvimento do sistema de cuidados de saúde diferen-ciados, de acordo com a necessidade real dos pacientes, au-mentando progressivamente os diversos serviços médicos”.

Por outro lado, o hospital desmentiu a alegada recusa de envio para o exterior de um bebé com necessidade urgen-te de um transplante de fígado, devido ao diagnóstico de necrose hepática, assegurando que a criança já foi enviada para tratamento em Hong Kong, onde realizou exames de modo a que possa ser submetida à intervenção cirúrgica, sendo todas as despesas pagas pelo Governo.

Escolas da RAEM e Portugal unidas em redeA RAEM e Portugal vão criar uma “rede de escolas associadas” que unirá estabelecimentos de ensino secundário de ambos as partes. A rede constituirá também uma plataforma privilegiada para o desenvolvimento de outras áreas de cooperação bilateral, como a capacitação institucional no domínio de produção de estatísticas em educação ou no desenvolvimento da educação inclusiva

Macau e Portugal acordaram a criação de “uma rede de escolas associadas” que vai unir, por via

de protocolos de geminação, escolas secun-dárias de ambos os territórios. O anúncio foi feito ontem num comunicado conjunto após a II reunião da Subcomissão da Lín-gua Portuguesa e Educação, constituída no âmbito da Comissão Mista entre Portugal e a RAEM, e que teve lugar entre os dias 20 e 21 de Fevereiro, no Camões, Instituto de Cooperação e da Língua.

“As partes acordaram a criação de uma rede de escolas associadas que unirá, por via de protocolos de geminação, escolas se-cundárias de Portugal, preferencialmente estabelecimentos de ensino onde decorre o projecto-piloto de oferta de mandarim, em colaboração com o Instituto Confúcio (Hanban), e escolas da RAEM onde é mi-nistrada a língua portuguesa”, refere a nota

divulgada pelo gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau.

A rede em causa vai também constituir “a plataforma privilegiada para o desenvol-vimento de outras áreas de cooperação bi-lateral que as partes consideraram relevan-tes, nomeadamente ao nível da capacitação institucional no domínio da produção de estatísticas em educação, desenvolvimento da educação inclusiva, desporto escolar e adaptado, educação estética e artística do ensino e formação profissionais, coordena-ção e liderança escolares, bem como da pro-moção da leitura em língua portuguesa”.

No âmbito do ensino não-superior, Portugal expressou “o seu reconhecimento pelo apoio institucional e financeiro” que tem sido dado à Escola Portuguesa de Ma-

cau, uma “referência no quadro das escolas portuguesas no estrangeiro”, refere o mes-mo comunicado conjunto.

Já ao nível do ensino superior e investi-gação foram sinalizadas como áreas estra-tégicas prioritárias o desenvolvimento de projectos conjuntos nos domínios da Inves-tigação, Ciência e Tecnologia e de Estudos Pós-graduados.

Neste campo, Portugal e a RAEM con-gratularam-se pelo facto de ter sido assina-do, na sequência da primeira reunião em 2015, um Memorando de Entendimento entre a Fundação para a Ciência e a Tecno-logia de Portugal e o Fundo para o Desen-volvimento das Ciências e Tecnologias de Macau.

Assinalando o reforço ao nível dos con-

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GCS tactos entre instituições de ensino superior

portuguesas e de Macau e entre as suas es-truturas representativas, como o Conselho de Reitores das Universidades Portugue-sas (CRUP) e o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Portugal e Macau reafirmaram também o propósito de continuar a trabalhar no pro-cesso de acesso dos estudantes de Macau ao ensino superior em Portugal.

Foram também enquadrados os “avan-ços” ao nível do reconhecimento por parte das instituições de ensino superior por-tuguesas do certificado de conclusão dos estudos secundários na China e do novo exame unificado de Macau.

O comunicado destaca, como exemplo disso, “a disponibilidade demonstrada pelo CCISP no sentido de as instituições que compõem este Conselho passarem a aceitar o exame unificado para efeitos de acesso ao ensino superior”. “No contexto do reconhecimento de graus académicos, as partes têm já em análise técnica o texto do memorando de entendimento no qual será alicerçada a cooperação neste domí-nio”, refere o gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.

Portugal e Macau acordaram ainda a necessidade de continuar a colaborar na área da formação inicial e contínua de pro-fessores, reconhecendo o grande progresso que se tem verificado na RAEM e o traba-lho desenvolvido nesse domínio pelas au-toridades da RAEM e pelas várias institui-ções académicas”.

Neste sentido, “reconhecem como mui-to positiva a assinatura, num futuro próxi-mo, de um protocolo de cooperação entre o Camões e o Instituto Politécnico de Ma-cau”. JTM com Lusa

Subcomissão da Língua Portuguesa e Educação reuniu-se em Lisboa

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Segunda-feira, 06 de Março de 2017 JTM | LOCAL 09

Catarina Almeida

“Nunca deixamos de ser a essência de onde somos”O ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, Abraão Vicente, veio ao Festival Rota das Letras para falar sobre a literatura e a viagem como ponto de partida para encontrar a essência. Numa luta diária para conseguir viver no lugar de origem mas, ao mesmo tempo, estar em contínua descoberta, o autor de romances e contos quer também agitar as águas de Cabo Verde, dando palco aos autores cabo-verdianos. Dessa estratégia, emerge o Morabeza, novo festival literário que terá a presença de um autor de Macau

Foi na qualidade de autor que Abraão Vicente parti-cipou ontem na sessão “Li-

teratura e Viagem ao encontro da cidade: Onde me questiono e me encontro” enquadrada na estreia do Encontro de Escritores Lusófo-nos (UCCLA) em Macau, através da parceria com o Festival Literá-rio Rota das Letras.

Partindo do princípio que a viagem é, frequentemente, um ponto de partida para o ser hu-mano não só se auto-questionar como também à sociedade, o de-bate reuniu José Manuel Simões, Inocência Mata, João Azambuja, Rui Lourido e Abraão Vicente.

Foi precisamente a partir da viagem rumo a Lisboa, para se formar em sociologia na Uni-versidade Nova, que a literatura brotou na vida de Abraão Viven-te. “Foi também o sítio onde me encontrei como pintor e a escrita veio nessa procura de compreen-der de como podemos ser tão di-ferentes estando longe do nosso país, mas sem tornar isso num drama”, salientou.

Munido de um pequeno tex-to, que disse ser uma pequena “batota” para dar o seu contri-buto na sessão, Abraão Vivente contou em tom literário que a viagem até Portugal fez com que se colocasse na pele do outro per-cebendo, em última análise, como “o passaporte pode ser o limite

da identidade”. “Durante todo esse período acabei por pensar no modo como a nossa identidade limita-nos imensamente a circular num mundo. Com o tempo perce-bemos que somos cada vez mais de onde somos: percebi que sou muito cabo-verdiano – sem rene-gar as minhas outras misturas – mas sem que isso seja muito radi-cal”, apontou o autor do romance “O Trampolim”.

Dessa forma de interpretar o mundo, Abraão Vicente aprendeu que embora seja possível “dri-blar a identidade com um visto”, “nunca deixamos de ser a essên-cia de onde somos”.

Regressado de um lugar onde a “lusofonia só deu problemas” e, ao mesmo tempo, permitiu alimentar a “paixão pelo Portu-guês”, Abraão Vicente aproxima--se de uma política que, em gran-de parte, nasce do “activismo por Cabo Verde”. “A minha literatura e toda a minha a arte têm a ver com essa questão identitária de não podermos fugir de nós pró-prios apesar de alguns consegui-rem driblar a identidade”, vincou.

“A maior causa é fazer com que o lugar de onde somos seja um sítio melhor. Acredito pia-mente que não há evolução possí-vel sem que nenhum de nós con-tribua de forma profunda para o

lugar onde nascemos para que os outros sejam iguais a nós. Essa ideia de igualdade é um pouco utópica mas também acho que não vale a pena desistir agora”, destacou Abraão Vicente. “A mi-nha luta é conseguir viver no lu-gar de onde sou e fazer essas via-gens pelo mundo um pouco nessa contínua descoberta”, vincou.

Parceria entre festivaisNão obstante o percurso vas-

to nos caminhos do romance, da poesia e do conto, Abraão Vicente chega a Macau - cidade que, con-fessou, já o inspirou para novos trabalhos no ramo da poesia ou da prosa – na qualidade de gover-nante para oficializar uma parce-ria com o Rota das Letras no âm-bito do novo “Morabeza - Festival Literário de Cabo Verde” que terá a sua edição inaugural na última semana de Outubro, na Cidade da Praia.

Esta parceria prevê que todos os anos um autor de Macau par-ticipe no evento literário de Cabo Verde e vice-versa. Algo que, des-tacou, permitirá “fazer de Cabo Verde aquilo que sempre foi”: um local de chegada onde “damos palco aos autores cabo-verdianos porque é o que precisamos neste momento”.

Segundo o ministro cabo-ver-

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Abraão Vicente (à esq) participou numa das sessões de ontem do Festival Rota das Letras

Pedro Mexia em sessãosobre tradução literária

O Festival Literário Rota das Letras prossegue hoje com um programa cheio do qual se destacam dois pon-tos: a sessão das 18:00 sobre a Tradução Literária com Pedro Mexia, Chen Li e Benjamin Moser e, às 19:00, o encontro de José Rodrigues dos Santos também no Edifício do Antigo Tribunal. Desde sábado, já passaram pelo Festival o músico e autor de banda desenhada, Filipe Melo, para falar sobre escrita para cinema e tele-visão, e Raquel Ochoa para o workshop sobre escrita biográfica, entre outros.

diano, o Morabeza parte da ideia de tricontinentalidade. “Somos o único país feito por ilhas no meio do Atlântico, fomos cruciais nas Descobertas e hoje podemos ser cruciais a unir a América, África e Europa mas agora surge Macau o que é fantástico porque assim cumpre-se os quatro continentes e conseguimos (...) fazer nascer um festival do mundo em Cabo Verde”, destacou.

Com esta iniciativa cultural, Abraão Vicente pretende, sobre-tudo, “colocar nomes na litera-tura cabo-verdiana: os que já são consagrados e os emergentes. Para isso vamos investir num evento com dinheiro público, também privado, para que pos-sam surgir novas vozes”.

Além disso, é também um pouco desta Macau que o gover-nante espera levar para Cabo Ver-de embora, segundo confessou, esperasse encontrar uma Macau “mais portuguesa”. “A experiên-cia, o modo como as pessoas são, como se ocupam o espaço, há um verdadeiro sentido de cosmopoli-tismo e de curiosidade de conhe-cer o mundo e nós queremos que o mundo chegue a Cabo Verde porque ainda estamos muito fe-chados”, destacou.

Cabo Verde é próximaparagem do Encontro

O 7º Encontro de Escritores Lusófonos teve assim a primeira intervenção dentro do Festival Li-terário Rota das Letras numa ses-são que contou com a intervenção de João Azambuja – autor da obra “Era uma vez um homem” pre-miada em 2016 pela UCCLA.

O livro, enviado no último minuto de recepção de candi-

daturas, fala de um homem que “não se integra num mundo que o destrói”, um homem que pode ser “qualquer um de nós”. Na sessão, João Nuno Azambuja sa-lientou ainda que esta condição de que Portugal “é um país de viajantes pelas controvérsias de história e da geografia” reflectiu--se na literatura.

Já a intervenção de Inocência Mata, vice-directora do Departa-mento de Português da Univer-sidade de Macau e autora de vá-rios artigos sobre a literatura em língua portuguesa, destacou-se muito pela sua visão sobre as via-gens da literatura coloniais. Para a oradora, “a literatura mais dinâ-mica é aquela em que a viagem é a intervenção”.

Por seu turno, José Manuel Si-mões, professor na Universidade de São José, e autor de vários li-vros, falou sobre a obra “Ponto de Luz” – livro da sua autoria que, segundo referiu, ajudou a encon-trar a verdadeira essência. “É [o livro] que faz de mim um escritor de viagens”, rematou.

A parceria com o Encontro de Escritores Lusófonos em Macau manifesta-se ainda na participa-ção de vários autores da lusofo-nia que foram convidados pela UCCLA. “Com o apoio da Fun-dação Macau pagámos as viagens dos autores lusófonos de língua portuguesa, sejam da Guiné ou de outras localidades”, disse Rui Lourido, director do sector cultu-ral da UCCLA.

Terminando o Festival Literá-rio, a 7ª edição do Encontro ruma para o segundo pólo: Cabo Verde. Porém, ainda não há uma data definida, sabendo-se apenas que será entre Maio e Setembro.

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10 JTM | LOCAL Segunda-feira, 06 de Março de 2017FO

TOS

JTM Qual é o lugar da Língua Portuguesa

em Macau actualmente?- O uso do Português tem sido re-

forçado. Vejo isso a todos os níveis. Nos ser-viços públicos, as pessoas antes não reagiam tanto em Português e agora fazem um esfor-ço. A comunidade [chinesa], por si, é tímida e reservada, mas faz um esforço, seja nos Cor-reios, seja na Administração Pública, e não me refiro só aos macaenses. Há cada vez mais pessoas a usar o Português. Também noto que há uma curiosidade por parte dos nossos alunos em que se fale a língua. Vê-se Portu-guês nos autocarros, a indicar as paragens. É por este tipo de coisas que acho que está a ser cada vez mais usado. Mas o uso do Português tem muito que se lhe diga.

- Porque é que a língua está a ganhar um novo espaço?

- Há interesse e, certamente, as entidades locais estão a fazer um esforço nesse sentido. Não só pelo valor histórico da língua mas também geopolítico.

- Nota um maior investimento no ensino?- Tem havido investimento a todos os ní-

veis. Agora, quando falamos de uma língua, não podemos estar à espera que sejam só as entidades governamentais, locais ou suprana-cionais, a promovê-la. O uso da língua, sobre-tudo quando se trata de uma língua segunda, tem muito a ver com “o outro” e isso não é só a nível institucional, passa também muito pelo sector privado. A questão da língua se-gunda é complicada porque podemos estar a falar da língua oficial de um país, sendo que uma determinada comunidade tem outra lín-gua materna, como por exemplo o Português em Cabo Verde, ou as comunidades estran-geiras que vivem em Portugal. Mas podemos também estar a falar de um bilinguismo in-dividual em que a pessoa, por opção, escolhe aprender o Português como língua segunda, que é uma que se domina relativamente bem. Pressupõe um certo nível de proficiência, mas esses falantes de língua segunda são mais di-fíceis de contabilizar.

- Em Macau, particularmente, essa conta-gem deve ser difícil...

- É. A língua segunda não passa só por medidas de promoção explícitas e formais, a nível institucional ou governamental. Passa muito pelo sector privado, tem uma presença muito subtil e todos nós podemos contribuir para a promoção da língua segunda, ainda mais em Macau onde o Português já tem es-tatuto por si. Há muitos estrangeiros que gos-tam do Português e adoptam-no como língua segura, indo para Portugal morar ou não, até escrevem em Português, o que exige o tal ní-vel de proficiência. Assim, há muitas formas de promover. Quando tiramos um curso, podemos ter obras literárias de leitura obri-gatória ou opcional, damos uma lista, pro-movemos esses autores que escrevem a nossa língua, no caso o Português. Não se fala só dos clássicos ou dos que ganharam o Prémio Nobel. Vemos a presença da língua segunda, por exemplo, quando preenchemos um for-mulário, nas línguas em que ele vem escrito. Quando vamos a um banco, a uma clínica. Se formos a um restaurante, em que língua é que esse serviço é prestado? As ementas, apare-cem sobretudo em que línguas? As instruções dos aparelhos electrónicos, em que língua aparecem? Há uniformidade ou não? Outras formas de promoção podem passar pela for-mação contínua. Ela é dada em que língua? As empresas oferecem formação aos seus funcionários em que língua? Ou quando con-tratam alguém no exterior, se for uma pessoa que não domina nenhuma das línguas locais, será que impõem como condicionante que es-teja disposta a aprender? São dadas condições para que isso aconteça? Também temos de ver se há intercâmbios para países em que se fala a língua segunda. Mas também tem de haver iniciativa das pessoas.

- O que é que os cidadãos podem fazer?- É tomar iniciativa. Dou-lhe um exemplo.

Na altura em que o Inglês começou a surgir como língua internacional, a língua interna-cional era o Francês, que perdeu um espaço

ANA CRISTINA NEVES, PROFESSORA DA USJ, EM ENTREVISTA AO JTM

Português “está em boas mãos” no sector público

O investimento na Língua Portuguesa nunca foi tão visível como actualmente, e isso é notório a “todos os níveis”, entende Ana Cristina

Neves, sublinhando que as entidades oficiais estão a esforçar-se nesse sentido, “não só pelo valor histórico da língua mas também geopolítico”. No entanto, ressalva, as iniciativas nesse âmbito não

devem partir apenas do Governo mas também das próprias pessoas e empresas, individualmente. Em entrevista ao Jornal TRIBUNA DE

MACAU, a professora da Faculdade de Humanidades da Universidade de São José sustenta ainda que a aprendizagem da língua também permite melhorar o conhecimento da cultura. “A língua é de quem a

fala, não só dos nativos”, frisa Ana Cristina Neves

Inês Almeida

Tem havido investimento a todos os níveis no

Português. Agora, quando falamos de uma língua,

não podemos estar àespera que sejam só as

entidades governamentais, locais ou supranacionais,

a promovê-la

de língua de elite. Isso aconteceu, dizem al-guns autores, desde o Tratado de Versalhes, em que os Estados Unidos impuseram que o mesmo fosse redigido também em Inglês, apesar de, na altura, ser o Francês a língua franca. Os Estados Unidos não faziam e não fazem parte da Commonwealth, que é, mui-tas vezes, comparada à Comunidade dos Paí-ses de Língua Portuguesa. Portanto, não tem de ser uma instituição a vir-nos impor a lín-gua. Naquela altura, estavam-se a criar as pri-meiras avionetas, havia meia dúzia de aero-portos, e não eram como os que conhecemos. Agora o Inglês é a linguagem da aviação, mas para isso foram tomadas iniciativas no espaço anglófono, essencialmente do sector privado. A promoção de uma língua, sobretudo quan-do é língua segunda, passa mais pelo sector privado e individual do que aquilo que se pode imaginar.

- O que deve, então, fazer o sector priva-do em Macau?

- Havendo uma disparidade nas línguas, em alguns contextos certamente, é possível fazer trabalhos de projecto. Vemos que há muitas ementas que não têm os pratos em português, podia fazer-se algo nesse âmbito, como uma iniciativa pedagógica. Alunos que estão a aprender Português podiam traduzi--las. Devia haver incentivos nesse sentido, e não precisam de ser incentivos financeiros. As empresas podem fazer isso. Vou dar ou-tro exemplo. Tanto quanto sei, há cerca de 70 instituições escolares em Macau e o sistema educativo é muito diversificado. Agora, se nos for imposta qualquer coisa a nível públi-co, automaticamente vamos ficar mais limita-dos. Sendo o sistema diversificado, a questão é: quantos pais estão a usufruir da possibili-dade de escolher a escola em termos de for-mação linguística? Quantos pais colocam os seus filhos primeiro numa escola chinesa, de-pois numa inglesa, depois numa portuguesa ou vice-versa? Quantos é que têm atenção a isso? Acho que a Universidade de São José é a única que oferece formação nas três línguas, portanto, todos os alunos que vêm para aqui têm um primeiro contacto pelo menos com uma das línguas, na maior parte dos casos é o Português, mas também o Mandarim, para alguns. Isso é uma forma implícita de promo-ver a língua. Não nos é imposto, mas não é fácil às vezes trabalhar assim. Macau tem um grande potencial e oferta. Agora, cabe às pes-soas escolher.

- Recentemente, duas escolas oficiais anunciaram que vão reforçar o ensino do Português. O que é que isso pode trazer?

- Essas iniciativas são sempre bem-vindas, mas tudo depende que quantas horas o Portu-guês vai ser leccionado, se vai haver possibili-dade de dar continuidade ou não, é uma me-dida de curto prazo ou não. Depende. Mas há essa possibilidade e faz-se uso delas. Isso é im-portante. Sei que há subsídios para isso, mas é preciso ver se só se faz isso em função dos subsídios ou não, porque eles podem não du-rar sempre. Isso tem a ver com a forma como nos relacionamos com o outro e com a imagem

Page 11: FOTO EDUARD MARTINS FOTO EPA - JTM

Segunda-feira, 06 de Março de 2017 JTM | LOCAL 11

Tem havido investimento a todos os níveis no

Português. Agora, quando falamos de uma língua,

não podemos estar àespera que sejam só as

entidades governamentais, locais ou supranacionais,

a promovê-la

de língua de elite. Isso aconteceu, dizem al-guns autores, desde o Tratado de Versalhes, em que os Estados Unidos impuseram que o mesmo fosse redigido também em Inglês, apesar de, na altura, ser o Francês a língua franca. Os Estados Unidos não faziam e não fazem parte da Commonwealth, que é, mui-tas vezes, comparada à Comunidade dos Paí-ses de Língua Portuguesa. Portanto, não tem de ser uma instituição a vir-nos impor a lín-gua. Naquela altura, estavam-se a criar as pri-meiras avionetas, havia meia dúzia de aero-portos, e não eram como os que conhecemos. Agora o Inglês é a linguagem da aviação, mas para isso foram tomadas iniciativas no espaço anglófono, essencialmente do sector privado. A promoção de uma língua, sobretudo quan-do é língua segunda, passa mais pelo sector privado e individual do que aquilo que se pode imaginar.

- O que deve, então, fazer o sector priva-do em Macau?

- Havendo uma disparidade nas línguas, em alguns contextos certamente, é possível fazer trabalhos de projecto. Vemos que há muitas ementas que não têm os pratos em português, podia fazer-se algo nesse âmbito, como uma iniciativa pedagógica. Alunos que estão a aprender Português podiam traduzi--las. Devia haver incentivos nesse sentido, e não precisam de ser incentivos financeiros. As empresas podem fazer isso. Vou dar ou-tro exemplo. Tanto quanto sei, há cerca de 70 instituições escolares em Macau e o sistema educativo é muito diversificado. Agora, se nos for imposta qualquer coisa a nível públi-co, automaticamente vamos ficar mais limita-dos. Sendo o sistema diversificado, a questão é: quantos pais estão a usufruir da possibili-dade de escolher a escola em termos de for-mação linguística? Quantos pais colocam os seus filhos primeiro numa escola chinesa, de-pois numa inglesa, depois numa portuguesa ou vice-versa? Quantos é que têm atenção a isso? Acho que a Universidade de São José é a única que oferece formação nas três línguas, portanto, todos os alunos que vêm para aqui têm um primeiro contacto pelo menos com uma das línguas, na maior parte dos casos é o Português, mas também o Mandarim, para alguns. Isso é uma forma implícita de promo-ver a língua. Não nos é imposto, mas não é fácil às vezes trabalhar assim. Macau tem um grande potencial e oferta. Agora, cabe às pes-soas escolher.

- Recentemente, duas escolas oficiais anunciaram que vão reforçar o ensino do Português. O que é que isso pode trazer?

- Essas iniciativas são sempre bem-vindas, mas tudo depende que quantas horas o Portu-guês vai ser leccionado, se vai haver possibili-dade de dar continuidade ou não, é uma me-dida de curto prazo ou não. Depende. Mas há essa possibilidade e faz-se uso delas. Isso é im-portante. Sei que há subsídios para isso, mas é preciso ver se só se faz isso em função dos subsídios ou não, porque eles podem não du-rar sempre. Isso tem a ver com a forma como nos relacionamos com o outro e com a imagem

que passamos da Língua Portuguesa.- Como assim?- Se estamos abertos à cultura do outro. A

língua segunda tem a ver com isso. O falante nativo tem de estar também aberto à cultura do outro, usando a sua língua. Quando fala-mos do Português como língua segunda, é tudo em função do outro.

- Seria mais fácil se as culturas fossem mais semelhantes?

- Há uma tendência para que haja uma cada vez menor divisão. Vejo uma grande diferença entre os sectores, o privado e o pú-blico. O público promove a língua, e o priva-do se calhar nem tanto. Eu recolhi dados em escolas que leccionam Português e, segundo as minhas estimativas, que foram muito por alto porque não era esse o propósito do estu-do, deve haver cerca de um por cada 15 ou 20 alunos a fazer a escolaridade em Português. Não sei dizer se o número está a aumentar ou a diminuir, é provável que tenha aumentado nos últimos anos, mas, de qualquer forma, é um número sujeito a oscilações que devia ser acompanhado, observado ao longo do tempo. Claro, qualquer empresa ou escola que comece a usar o Português é bom. Mas também é bom perceber uma coisa quando se fala das duas culturas: certamente há uma divisão, mas pas-sa também muito pelo que se faz e como se faz em Português. Não vamos só falar Português e excluir as outras línguas, porque isso não tem futuro. É continuar a falar Português mas dar--nos com o outro e aprender a língua do outro, e não tem de ser só o Inglês. Tem de haver uma abertura às outras línguas locais.

- Haveria mais disponibilidade das outras comunidades para aprender Português se a comunidade portuguesa estivesse mais dispo-nível para aprender Chinês ou outras línguas?

- Não estou a dizer que não têm disponibi-lidade, mas a promoção de uma língua passa sempre por aí, por estar aberto ao outro. Quan-do um estrangeiro vai a Portugal e diz umas palavrinhas em Português, as pessoas ficam contentes porque é alguém que está a apren-der a nossa língua. Aqui também há um pou-co isso, mas talvez não se sintam tão à vontade para falar porque acham que não vão ser com-preendidos, no entanto, se tentarmos aprender a outra língua coexistente, também vai haver outra abertura. Há muitos alunos aqui que sa-bem algumas palavras de Português porque têm amigos que falam Português e, então, gos-tam de experimentar com as palavras, de saber, começam a fazer perguntas e isso, parecendo que não, desperta o interesse e a curiosidade. É também criar coisas em Português. Muitos não sabem que o primeiro Museu de Língua a ní-vel mundial existe no espaço português. É dar continuidade a esses trabalhos. Se calhar, estas medidas não vingariam a curto prazo, mas, a

longo prazo, é uma questão de ser criativo em Português. Depois, outra coisa a ter em atenção é que falar de língua segunda pressupõe uma língua materna, que está associada à mãe, só que o Português foi, durante muitos séculos, a língua paterna e isso, se calhar, não abonou em favor da Língua Portuguesa, porque não foi transmitido da mesma forma. Durante os Des-cobrimentos, os homens iam para os territórios mas, muitas vezes, nem lhes era permitido que lá ficassem e abandonavam essas famílias que criavam. Portanto, o Português está muito mais associado a uma figura paterna.

- Quais é que são as dificuldades de ensi-nar Português como língua segunda?

- Nunca vi dificuldades. Do ponto de vista linguístico, estamos a falar de idiomas mui-to diferentes e é preciso ter isso em atenção quando se prepara os materiais, é preciso co-nhecer a língua do outro, e é preciso usar prá-ticas pedagógicas diferentes porque quando se aprende uma língua aprende-se também uma forma de pensar e de organizar o mun-do. É um processo criativo, mesmo no ensino. Estou sempre a aplicar coisas novas. Uso uma abordagem comunicativa. Por exemplo, nun-ca dou o abecedário. Sei que há pessoas que o fazem e não tenho nada contra, mas para mim não é assim tão positivo. O aluno tem de ver a utilidade daquilo que está a aprender, então, quando quero dar o abecedário, ensi-no frases como “como se chama?” e aí, obri-gatoriamente, o aluno aprende as letras para saber como isso se escreve. Automaticamente estão a aprender o abecedário. Repete-se mui-tas vezes no início, eles ficam surpreendidos porque é uma coisa que nunca viram, depois hesitam e não se sentem à vontade para pro-nunciar as palavras pela primeira vez, sem ter ouvido antes muitas vezes. Eles vão ten-tando, perdem essas inibições. Claro que isso tem a ver com o número de horas a que estão expostos à língua e se dão continuidade ou não, porque a língua é como um girassol. Um girassol vira-se para o sol e, dependendo da água e luz natural que apanha, assim se de-senvolve. Quando dou aulas também recorro muito a exercícios de raciocínio lógico e evi-

to exercícios concentrados na gramática. Há sempre uma base comunicativa subjacente.

- Como é que Macau pode ajudar a me-lhorar o ensino do Português na China?

- Macau já está a contribuir imenso mas pode-se sempre fazer mais. Macau tem um grande potencial, não só pela história. A cul-tura faz parte, sempre. Uma pessoa ao apren-der a língua está sempre a aprender a cultura, implicitamente. Quando se diz “bom dia”, “boa tarde”, quando ao telefone se diz “olá”, isso são tudo formas de cultura, de expressão. A cultura vai onde a língua for e a língua vai onde os falantes forem. A língua é de quem a fala, não só dos nativos.

- Fez um estudo sobre a paisagem lin-guística de Macau...

- Tenho dois estudos sobre isso. Têm a ver com a presença das três línguas e o surgimento do Inglês, em que contexto é que ele aparece.

- A que conclusões chegou?- Ao nível do sector privado, há um re-

curso ao Inglês, sem dúvida. Em relação ao Português, ele está em boas mãos no espaço público, institucional e oficial. Nunca se fez tanto pelo Português em Macau. Tenho senti-do isso ao longo do tempo que cá tenho esta-do. Nos estudos que fiz notei que o Português não está ameaçado, como às vezes se pensa. Acho que o Cantonês é que está com proble-mas e, sobretudo, a presença de palavras na rua. Quando passamos nas montras, palavras como “saldos” aparecem todas em Inglês, que está a marcar presença sobretudo nos secto-res mais expostos ao turismo. E na criação de palavras, nas marcas, é o Inglês que está cada vez mais presente. Isso parecendo que não, influencia porque quanto mais virmos palavras em Inglês, mais se cria esta ideia completamente errada de que se devem criar palavras em Inglês para atrair fregueses. Isso não é assim. Há depois formas subjacentes de mixagem de códigos porque é uma forma também cultural de comunicar. Usam mui-to termos e expressões de sobrevalorização, quase que exageradas, em que promovem o seu produto dessa forma, que é diferente do que se vê, pelo menos no espaço ocidental.

Não vamos só falar Português e excluir as outraslínguas, porque isso não tem futuro. É continuar a falar

Português mas dar-nos com o outro e aprender a língua do outro, e não tem de ser só o Inglês. Tem de haver

uma abertura às outras línguas locais

Page 12: FOTO EDUARD MARTINS FOTO EPA - JTM

Segunda-feira, 06 de Março de 201712 JTM | ESPECIAL

Viviana Chan

Chefe não arriscaprevisões sobre eleições em 2019O Chefe do Executivo da RAEM recusou fazer previsões sobre a possi-bilidade de haver mais do que um candidato ao cargo em 2019, o que só se verificou uma vez na região. “Não consigo fazer nenhuma previ-são sobre a situação em 2019. Mas vamos fazer com que este Governo possa garantir que as eleições para o Chefe do Executivo sigam a legislação (…). Primei-ro, os candidatos têm que ter as suas condi-ções, os requisitos, para participarem, para se candidatarem. Eu não consigo, por enquanto, dar nenhuma resposta concreta”, disse Chui Sai On, em resposta aos jornalistas, antes da par-tida para Pequim. Ao contrário do que aconte-ce em Hong Kong, onde habitualmente há vários candidatos ao cargo do chefe do Executivo, em Macau essa situação apenas se verificou nas primeiras eleições, em 1999, participadas por Stanley Au Chong Kit e Edmund Ho, e vencidas por este último.

O presidente do Comité Permanen-te da Assembleia Nacional Popular (ANP), Zhang Dejiang, incentivou os

residentes de Macau a elegerem deputados patrióticos nas eleições legislativas que de-correrão este Outono.

De acordo com o “Ou Mun Tin Toi”, o apelo foi revelado por Tina Ho, delegada de Macau na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), após um encontro com Zhang Dejiang, durante o qual qual o lí-der da ANP sublinhou que deputados patrió-ticos favorecem o trabalho do Governo.

O delegado de Macau na CCPPC, Leong Sio Pui corroborou as mesmas afirmações, in-dicando que o desejo do responsável da ANP é contar com representantes patrióticos que amem Macau.

Tina Ho afirmou ainda que Zhang De-jiang partilhou três expectativas com os de-legados de Macau e Hong Kong, exortando a RAEM a “agarrar as oportunidades dadas pelo Governo Central”, ao mesmo tempo que se mantêm a estabilidade social e prosperida-de económica.

Ao discursar na abertura das reuniões de Pequim, o presidente da CCPPC, Yu Zhen-gsheng, admitiu a existência de problemas no trabalho da CCPPC, incluindo a falta de profundidade nos estudos. Para além disso, indicou que em geral os resultados não foram satisfatórios, sendo preciso reforçar a fiscali-

Zhang Dejiang quer patriotas na AL da RAEMO líder máximo do órgão legislativo chinês considera que a RAEM deve eleger deputados patrióticos por serem a melhor opção para apoiar o Executivo, segundo revelaram os delegados de Macau que participam nas reuniões da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês em Pequim

zação dos trabalhos do Governo. No lança-mento do relatório do trabalho governamen-tal, Yu Zhengsheng admitiu que 2017 será um ano importante para a concretização do 13º Plano Quinquenal, envolvendo reformas estruturais.

Yu Zhengsheng referiu ainda ser preciso estreitar a comunicação com os patriotas de Macau, Hong Kong e Taiwan , cumprindo o princípio de “Um País, Dois Sistemas” e de “alta autonomia”. Na mesma linha, o presi-dente da CCPPC espera que se promova a comunicação entre essas regiões e a China, através de visitas de jovens ao Continente, por exemplo.

Na reunião com os deputados da Macau, o director do Gabinete de Ligação do Gover-

no Central na RAEM destacou que o relatório do trabalho governamental mostra que Pe-quim está muito atento ao desenvolvimento das RAE. Além disso, Wang Zhimin salien-tou que Pequim está confiante e determinado em manter a prosperidade e estabilidade de Hong Kong e Macau.

Já Bai Zhijian, antigo líder daquele Gabi-nete na RAEM e actual director da Comissão para os Chineses Ultramarinos, realçou que o novo relatório aborda problemas específi-cos das RAE, o que demonstra uma atitude série de Pequim. Na sua opinião, Macau tem vantagens pela sua localização, por isso, deve aproveitar as oportunidades para partici-par mais no desenvolvimento económico da Zona da Delta.

Zhang Dejiang encontrou-se com delegados de Macau

Aviso de RecrutamentoPretende admitir, mediante contrato individual de trabalho, nos termos do “Novo Estatuto de Pessoal do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais”, homologado pelo Despacho n° 49/CE/2010, trabalhadores para os seguintes cargos:

1. Um Letrado de 1.ª classe, 1.º escalão (Área de português, referência n° 0101/DIT-GAT/2017)2. Um Técnico Superior de 2.ª classe, 1.º escalão (Área de electromecânica, referência n° 0201/DE-SCEU/2017)3. Um Adjunto-técnico de 2.ª classe, 1.º escalão (Área de serviços administrativos, referência n° 0301/CS/2017)

Documentos de candidatura:➢ Relativamente às condições, os documentos necessários e os pormenores do concurso, constantes do aviso, podem

ser obtidos na página electrónica (http://www.iacm.gov.mo/p/recruit/) deste Instituto ou consultados nos Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação;

➢ Os respectivos boletins de candidatura deverão ser entregues no prazo de vinte dias, ou seja até ao dia 27 de Março de 2017, a contar do primeiro dia útil imediato ao da publicação do presente aviso;

➢ Os interessados ao concurso obrigam-se a entregar pessoalmente o boletim de inscrição devidamente preenchido e assinado e os documentos referidos no aviso de concurso, no prazo acima referido e dentro das horas de expediente, nos seguintes Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação.

Locais dos Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação:➢ Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Norte

– Rua Nova da Areia Preta, n.° 52, Centro de Serviços da RAEM, Macau (Tel. 2847 1366)

➢ Centro de Prestação de Serviços ao Público das Ilhas – Rua da Ponte Negra, Bairro Social da Taipa, n.° 75 K, Taipa

(Tel. 2882 5252)➢ Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Central

– Rotunda de Carlos da Maia, n.ºs5 e 7, Complexo da Rotunda de Carlos da Maia, 3.º andar, Macau (Tel. 8291 7233)

➢ Posto de Atendimento e Informação Central – Avenida da Praia Grande n.ºs 762-804, China Plaza, 2.° andar, Macau

(Tel. 2833 7676)➢ Posto de Atendimento e Informação de T’oi Sán

– Avenida de Artur Tamagnini Barbosa, n.° 127, Edf. D. Julieta Nobre de Carvalho, Bloco “B” , R/C, Macau (Tel. 2823 2660)

➢ Posto de Atendimento e Informação de S. Lourenço – Rua de João Lecaros, Complexo Municipal do Mercado de S. Lourenço, 4.° andar , Macau

(Tel. 2893 9006)➢ Posto de Atendimento e Informação do Fai Chi Kei

– Rua Nova do Patane, Habitação Social do Fai Chi Kei, Edf. Fai Tat, Bloco II, R/C, lojas G e H, Macau (Tel. 2826 1896)

Horário de expediente: Centro de Prestação de Serviços ao Público: 2.ª a 6.ª feira, das 09:00 às 18:00 horas, sem interrupção ao almoço.Posto de Atendimento e Informação: 2.ª a 6.ª feira, das 09:00 às 19:00 horas, sem interrupção ao almoço.

Macau, aos 28 de Fevereiro de 2017.

O Presidente do Conselho de AdministraçãoJosé Maria da Fonseca Tavares

www.iacm.gov.mo

CONVOCATÓRIAASSEMBLEIA GERAL

De acordo com a alínea a) do número 1 do artigo 26. º do Estatuto do Clube de Pessoal dos CTT, convoco a realização de uma Assembleia Geral Ordinária, no Auditório dos CTT, sito no 2º andar do Edifício Sede dos CTT, Largo do Senado, no dia 27 de Março do corrente ano, pelas 18:00 horas, com a seguinte ordem de trabalhos:

1. Análise e aprovação do Relatório e Contas e parecer do Conselho Fiscal, respeitante ao ano económico de 2016;

2. Análise e aprovação do Plano de Actividades do ano de 2017;

3. Outros assuntos de interesse do Clube.

Macau, 6 de Março de 2017.

A Presidente da Mesa da Assembleia Geral

Lau Wai Meng

Page 13: FOTO EDUARD MARTINS FOTO EPA - JTM

Segunda-feira, 06 de Março de 2017 JTM | ESPECIAL 13

FOTO

EPA

O Primeiro-Ministro chinês prome-teu ontem que os céus do país voltarão a ser azuis, com uma

redução de emissões, garantindo ainda que “irá trabalhar rápido” para eliminar a poluição causada pelo uso de carvão na produção de energia.

Li Keqiang falava durante a abertura da sessão anual da Assembleia Nacional Popular, com o seu discurso a ilustrar a importância do combate à poluição para a liderança do país. As vagas de poluição que regularmente afectam as cidades chi-nesas são umas das principais causas de descontentamento popular na China, a par da corrupção e desigualdade social.

No relatório do governo, Li reconhe-ce, aliás, que as “pessoas estão desespera-damente à espera” de um progresso mais rápido na melhoria da qualidade do ar.

Nesse sentido, o Governo quer acele-rar a modernização das centrais a carvão e integrar as fontes de energia renovável na rede de distribuição eléctrica. “Vamos tornar os nossos céus azuis outra vez”, disse Li.

Li Keqiang disse ainda que a Chi-na vai “basicamente” retirar da estrada todos os veículos com altos níveis de emissão e reduzir na ordem dos 3% as emissões de dióxido de enxofre e óxido de azoto, dois dos principais poluentes atmosféricos.

CHINA

Prometidos céus azuis e economia brilhantePequim quer intensificar o combate à poluição, acelerando a modernização das centrais a carvão e reforçando a aposta nas energias renováveis. Na abertura da sessão da ANP, Li Keqiang fixou a meta do crescimento económico para 2017 em “cerca de 6,5% ou acima se possível” e criticou o “proteccionismo”

A China promete há muito acabar com a poluição, mas a necessidade de al-cançar um rápido ritmo de crescimento económico, que o Governo considera es-sencial para manter a estabilidade social, tem adiado as reformas.

PIB com metade “cerca de 6,5%”

A China fixou a meta de crescimento económico para 2017 em “cerca de 6,5% ou acima se possível”, um valor inferior ao alcançado no ano passado, de 6,5%, mas muito acima da média mundial. O número, que consta no relatório apre-sentado por Li, traduz um abrandamen-to, face ao ano anterior, em linha com os esforços para modernizar a estrutura in-dustrial do país e criar uma “sociedade moderadamente confortável”.

O relatório fixa ainda como objectivos para este ano manter a inflação em torno de 3% e criar 11 milhões de empregos nas cidades. Trata-se de um milhão de postos de trabalho a mais do que os criados no ano passado e “sublinha a grande impor-tância que damos ao emprego”, indica o documento.

O executivo anunciou que vai adop-tar uma política monetária prudente este ano e manter estável o valor do yuan, cuja desvalorização levou a uma fuga massiva de capitais do país.

Nas últimas três décadas, a economia chinesa cresceu em média quase 10% ao ano, mas desde 2010 que tem vindo a abrandar consecutivamente, à medida que o Governo enceta uma transição no modelo económico, visando uma maior preponderância do consumo e do sector

dos serviços, em detrimento das exporta-ções e investimento público.

Contra o proteccionismoNo mesmo relatório, Pequim decla-

rou-se contrário “a qualquer tipo de pro-teccionismo”, perante a “tendência an-tiglobalização” que assola algumas das maiores potências ocidentais, nomeada-mente com a ascensão ao poder de Do-nald Trump nos EUA.

“As portas da China continuarão a abrir-se cada vez mais”, afirmou Li Ke-qiang, indicando que o país estará cada vez mais envolvido nas questões globais.

Pequim tem apoiado acordos comer-ciais multilaterais na Ásia Pacífico, após Trump ter anunciado a saída dos EUA do Acordo de Associação Transpacífico (TPP), levando os países envolvidos a procurar uma nova potência económica para liderar a região.

“O crescimento económico mundial continua a ser débil e a tendência anti-globalização está a crescer tanto como o proteccionismo”, sublinhou o Primeiro--Ministro, advertindo que há “muita in-certeza” sobre a direcção que as grandes economias vão seguir e os efeitos de con-tágio, numa aparente alusão às primeiras decisões de Trump ou à saída do Reino Unido da União Europeia.

“Os factores que poderiam causar instabilidade e incerteza estão a aumen-tar”, referiu, colocando a defesa da glo-balização como uma prioridade do seu Governo para este ano. “Os acontecimen-tos, tanto dentro como fora da China, re-querem que estejamos preparados para enfrentar situações mais complicadas e graves”, disse.

A defesa da globalização pela China contrasta com as suas políticas internas, com empresários a queixarem-se das di-ficuldades em aceder a vários sectores do mercado. Além disso, nos últimos anos, Pequim reforçou o combate à “influên-cia estrangeira” na sociedade civil, meios académicos, sistema judicial ou Internet.

JTM com Lusa

O jornal “South China Morning Post” destaca tratar-se de um gesto

sem precedentes, dado que foi a primeira vez que a noção de “in-dependência de Hong Kong” foi mencionada – e publicamente condenada – no relatório anual

do Governo apresentado pelo Primeiro-Ministro chinês na ses-são anual da Assembleia Nacio-nal Popular (ANP).

“Iremos continuar a agir em estrita conformidade com a Constituição da China e com as Leis Básicas das Regiões Admi-

Li deixa avisos a “independentistas”Li Keqiang advertiu que os apelos para a independência de Hong Kong “não vão levar a lugar nenhum”, deixando idêntico reparo relativamente a qualquer movimento secessionista por parte de Taiwan

nistrativas Especiais de Hong Kong e de Macau, e iremos ga-rantir que o princípio ‘Um País, dois sistemas’ é aplicado com firmeza sem ser deformado ou distorcido”, refere o relatório anual.

O discurso de Li Keqiang tem lugar precisamente três sema-nas antes das eleições, marcadas para o próximo dia 26, para es-colher o Chefe do Executivo de Hong Kong, o qual é eleito por um comité eleitoral formado por 1.200 membros, represen-

tativos de diferentes setores da sociedade, que é dominado por elites ou interesses pró-Pequim. Este ano assinala-se também o 20º aniversário da transferência de soberania de Hong Kong do Reino Unido para a China.

No ano passado, surgiram na cena política da antiga coló-nia britânica novos partidos com aspirações independentistas, como o Demosisto, que defen-de a realização de um referendo sobre a “autodeterminação” e o futuro estatuto de Hong Kong após 2047. Em Outubro, esta-lou uma controvérsia em Hong Kong, depois dos dois deputa-dos pró-independência Sixtus Baggio Leung Chung-hang e Yau Wai-Ching se terem com-prometido a servir a “nação de Hong Kong” e pronunciado “China” de forma considerada ofensiva entre outras alterações ao discurso quando prestaram juramento no Conselho Legisla-tivo. Tal levou o Comité Perma-

nente da ANP a considerar que os dois deputados não podiam repetir o juramento do cargo e tomar posse, uma decisão que se antecipou à que era aguardada e seria confirmada pelos tribunais da antiga colónia britânica.

Relativamente a Taiwan, Li Keqiang também advertiu que a China se opõe firmemente ao “separatismo”: “Vamos resolu-tamente contrariar e conter as actividades separatistas pela in-dependência de Taiwan”.

“Nunca iremos tolerar qual-quer actividade, sob qualquer forma ou nome, que tente se-parar Taiwan da mãe-pátria”, frisou, sustentando que a China continuará a “defender o ‘Con-senso de 1992’ como base polí-tica comum, a salvaguardar a soberania e a integridade territo-rial do país”, assim como manter a estabilidade dos dois lados do Estreito da Formosa.

JTM com Lusa

Reforçada defesa aérea e marítima

O Governo chinês anunciou ontem mais apoio às suas forças armadas com o reforço da defesa aérea e marí-tima, bem como no controlo fronteiriço. O Primeiro-Ministro, Li Keqiang, apresentou parte dos orçamentos e metas para 2017, que o parlamento discutirá e aprovará no final de suas quase duas semanas de reuniões, mas por enquanto o governo não revelou valores exactos para as despesas militares. No sábado, a porta--voz da ANP confirmou que o orçamento de Defesa seria aumentado em cerca de 7% este ano, uma das menores subidas em quase 10 anos, mas o número costumava ser concretizado na abertura da Assembleia, o que não aconteceu.

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Segunda-feira, 06 de Março de 201714 JTM | DESPORTO

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JTM

A Liga de Elite teve uma jornada de emoções fortes e com uma enorme surpresa, a goleada de

6-0, completamente inesperada, impos-ta pelo actual tricampeão Benfica ao Monte Carlo, que vinha fazendo uma boa campanha. Os “azuis e amarelos” estiveram irreconhecíveis, dando prati-camente todos os flancos ao adversário, que não se fez rogado e ganhou com todo o mérito, mostrando que é difícil nesta altura encontrar um opositor à altura.

Foi a vitória também de Henrique Nunes sobre Cláudio Roberto, com o português a não alterar nada na equipa e a tirar partido de um plantel de enor-me qualidade, com várias opções.

O brasileiro mexeu no meio-campo, deixando no banco o habitual estratega Leandro Tanaka e apostando em ho-mens mais velozes, como Neto, Kever-son e Sadan. Só que o dia não era do Monte Carlo, inesperadamente presa fácil do Benfica, num jogo sem grande história, no qual Leonel Fernandes so-bressaiu, ao fazer “hat-trick” (aos 43, 54 e 72), já depois de Nicholas Torrão ter inaugurado o marcador (aos 22) e de Edgar Teixeira ter aumentado à passa-gem da meia-hora.

O Monte Carlo já não teve força aní-mica para tentar dar a volta ao resulta-do na segunda metade e expôs-se a um “score” que poderia até ter sido mais dilatado.

Lee Keng Pan apontou o sexto golo

LIGA DE ELITE

Benfica mostra as “garras” e goleia Monte CarloA equipa de Henrique Nunes marcou seis golos ao anterior líder e passa a ser o novo comandante isolado da Liga de Elite. O Chao Pak Kei derrotou o Kei Lun e tem agora os mesmos pontos dos “canarinhos”. Já o Sporting marcou passo diante do Lai Chi

das “águias”.O campeonato volta assim a pender

para o Benfica, que tem vindo a subir de produção, atingindo níveis conside-rados normais para uma equipa com tanta qualidade individual, tendo con-seguido goleadas nas três últimas par-tidas.

Os “encarnados” têm já na próxima ronda mais um teste importante, no confronto com outro candidato, Chao Pak Kei, um dos segundos classificados.

Chao Pak Kei deu a voltanos últimos dez minutos

No outro desafio também de con-fronto entre equipas da primeira me-tade da tabela, o Chao Pak Kei só foi superior ao seu adversário, Kei Lun, no resultado (3-1), uma vez que em produ-ção exibicional a formação adversária esteve melhor ao longo de cerca de oi-tenta dos noventa e alguns minutos de jogo.

Os últimos dez é que ditaram a der-rota dos pupilos de Josecler, que até aí haviam desperdiçado pelo menos duas oportunidades flagrantes para dar ou-tra história ao desafio.

Mas o futebol é assim mesmo, uma caixinha de surpresas e a máxima “quem não marca arrisca-se a sofrer”, aplica-se na perfeição ao Kei Lun, que mais uma vez não pôde contar com Ismael Orte-ga, Oumar Diarra, Alex Carioca, a que se acrescentou para este jogo a ausência do guarda-redes (improvisado), Jorge Tavares, aparentemente lesionado no joelho que o tem apoquentado nos úl-timos tempos. E, por isso mesmo, tudo leva a crer que deixe definitivamente de jogar.

O Kei Lun chegou ao intervalo em vantagem, com um golo de Adilson Sil-va, num desvio primoroso de cabeça, quase sem ângulo, na sequência de um canto, aos 24 minutos.

O Chao Pak Kei até nem começou mal a partida, com dois lances em que

poderia ter marcado, primeiro por Die-go Félix e depois por Choi Chan In, numa precipitada saída de entre os pos-tes do guardião U Hou Man.

Pouca eficácia do Kei Lun

Antes do golo obtido, o Kei Lun co-meçou a descer com perigo até à área de Domingos, onde Josecler Filho, que se estreou na I Divisão, aos 16 anos, atirou para fora.

Era o primeiro verdadeiro sinal de que o Kei Lun iria partir para cima do adversário, acabando então por marcar e fazer, já na segunda metade, um bom jogo, a que faltou eficácia.

Denilson é um excelente avançado, mas precipita-se por vezes em momen-tos em que o golo parece iminente, o que sucedeu por duas vezes, uma de cabeça, a centro de Taylor Gomes, e posteriormente em zona frontal, na cara do guarda-redes do CPK, em ambos os casos rematando ao lado.

O Kei Lun não conseguiu marcar e o Chao Pak Kei foi crescendo à procura de ainda conquistar um ponto que fos-se, saindo-lhe, quase na lotaria, uma vi-tória com três tentos nos derradeiros 10 minutos, apesar de uma exibição fraca.

Ronaldo Cabrera, um defesa-médio “atirado” para o ataque, resolveu o jogo, com dois golos de cabeça, o pri-meiro dos quais (aos 79 minutos), num toque para trás que surpreendeu o mo-desto guarda-redes do Kei Lun.

A reviravolta consumou-se quan-do um centro de Bruno Figueiredo (em cima dos 90), foi encontrar o paraguaio sem oposição na pequena área contrária.

Já no período de compensação, o CPK voltou a facturar, num remate de Lam Ka Seng.

O triunfo, obtido mais com o cora-ção, não disfarça as carências atacantes da equipa de Leung Kuai Sang, que dei-xou fugir o atacante Roni para o Ching Fung. Notou-se algum desnorte da equipa que continua a ser orientada por

uma autêntica “comissão técnica”, ven-do-se com frequência o director des-portivo Steven Chow a dar instruções aos jogadores, com Leung Kuai Sang e Ignacio Hui na retaguarda.

Vitor Almeida iniciou o jogo a mé-dio, mas, por iniciativa própria ou não, subiu constantemente no terreno, tor-nando a equipa um pouco descaracteri-zada, a praticar um futebol desgarrado, onde as investidas de Diego Patriota e a ajuda de Bruno Figueiredo não che-gavam.

Uma exibição (mesmo a ganhar) que vai certamente dar origem a muita con-versa a nível interno do Chao Pak Kei.

Do lado do Kei Lun, bons porme-nores, bola no chão, mas falta de sorte, com a tal pouca eficácia a trair os ho-mens comandados por Josecler, que era um treinador desiludido no final do de-safio.

Nos restantes jogos da ronda, des-taque para o facto do Sporting ter per-dido uma grande oportunidade para deixar para trás o Lai Chi, empatando a uma bola, com tentos da autoria de Tony Lopes (aos 10 minutos) e Fong Chan Hei (aos 17).

Os “leões”, que contam agora com a ajuda do brasileiro Júnior Soares (esteve no plantel na época passada), a defender as cores de um clube da II Divisão de Hong Kong, dominaram, criaram mais lances de perigo, mas não conseguiram desfazer a igualdade.

Ching Fung e Ka I cumpriram a obrigação de ganhar a adversários me-nos cotados, respectivamente Sub-23 e Polícia.

Na equipa de João Rosa, marcaram Fabrício Lima (aos 28), Roni (35) e Gil-berto Ferreira (89), enquanto que nos jovens patrocinados pela Associação, o único tento seria apontado por Cheong Tin Long (45).

Pelo Ka I, facturaram William Go-mes (13 e 67) e Ho Chi Fong (34 e 43).

*Jornalista

Vitor Rebelo*

RESULTADOSLiga de Elite – 6ª Jornada

Kei Lun – Chao Pak Kei 1-3Sporting – Lai Chi 1-1Benfica – Monte Carlo 6-0Ching Fung – Sub-23 3-1Polícia – Ka I 0-4 ClassificaçãoBenfica 16 (32-2)Monte Carlo 15 (17-10)Chao Pak Kei 15 (18-4)Kei Lun 10 (17-12)Ching Fung 9 (11-9)Polícia  7 (4-9)Ka I 6 (8-16)              Sporting 4 (5-11)Lai Chi 2 (3-23)Sub 23 1 (7-26)

Próxima ronda (Estádio de Macau)

Quinta-feira, dia 9Ka I – Ching Fung (19:00)Kei Lun – Sporting (21:00) Sexta-feira, dia 10Sub 23 – Lai Chi (21:00) Sábado, dia 12Chao Pak Kei – Benfica (18:30)Monte Carlo – Polícia (20:30)

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Segunda-feira, 06 de Março de 2017 JTM | DESPORTO 15

Costa Santos Sr.*

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ELA

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Bruno de Carvalhoreeleito com86% dos votosComo se esperava, os sócios leoninos “tocaram a reunir” e fizeram das eleições um dia de festa e afirmação sportinguista, da força do clube no panorama desportivo português. A maior afluência registada até estas eleições tinha acontecido em 1988, com cerca de 17.500 vo-tantes, mas foi ultrapassada em mais de 1.250! Desde a abertura das urnas, pelas 09:00, foi notó-ria a grande participação dos só-cios, em filas que davam a volta ao Estádio José de Alvalade e assim se mantiveram até à hora prevista para o encerramento das urnas (19:00), o que levou Jaime Marta Soares, presidente da Assembleia Geral e também candidato à continuidade, a ir “fechar” a fila e garantir que o último associado a votar seria ele próprio. Sem dúvida, foi um sinal inequívoco da vitali-dade do clube, da confiança no seu futuro imediato e em quem o liderou nos últimos anos. Já a madrugada ia muito alta, quan-do Jaime Marta Soares, rouco e visivelmente cansado, divul-gou os resultados (o Sporting recusou divulgar “projecções”), perante uma massa enorme de adeptos que se mantinham no estádio à espera dos resultados, com a lista B para o Conselho Directivo, liderada por Bruno de Carvalho a obter 86,13% dos votos. As primeiras palavras de Bruno de Carvalho foram, para além de emocionadas, muito directas : “Não há espaço para falhar; não há espaço para er-rar. Temos que ganhar! Hoje, quem ganhou, foi o Sporting Clube de Portugal”.

C.S.

A viagem do Nacional ao Dragão ficará assinalada pela maior go-leada da época (7-0) e, quiçá,

pela exibição mais conseguida da equi-pa orientada por Nuno Espírito Santo.

Um futebol a toda a largura do cam-po, com os sectores a jogarem muito pró-ximos uns dos outros e tabelinhas ao pri-meiro toque, foram as causas para uma exibição completamente “sem sentido” e sem nexo do Nacional. É óbvio que não se deve tomar como padrão da capacida-de dos nacionalistas aquilo que mostra-ram no Dragão. Se assim fosse, e se isso correspondesse à realidade, o Nacional já tinha o seu destino traçado e as possi-bilidades de continuar entre os grandes seriam pouco mais do que nulas. Aceita-mos – porque foi verdade – que a causa principal para essa “onda negativa” te-nha sido o facto do adversário ter con-seguido atingir um jogo brilhante, quase a roçar a perfeição. Porém, uma equipa joga aquilo que a outra deixa.

Demorou 31 minutos a materializa-ção dessa superioridade (golo de Oliver Torres), mas antes do intervalo Brahimi reforçou a vantagem e, cinco minutos depois do reatamento, André Silva assi-nou o terceiro golo (aos 89 minutos as-sinaria o segunda da sua contagem e o sétimo do jogo). Soares marcou aos 55 e 71 e Layún aos 56.

Nem o facto de se poder argumentar que o Nacional terminou com 10 - expul-são de Tobias Figueiredo aos 63 minutos – atenua o tal descalabro total dos nacio-nalistas.

Em Santa Maria da Feira, o golo de Pizzi, aos 42 minutos, foi suficiente para a importantíssima conquista dos três

LIGA PORTUGUESA

FC Porto “cilindra” e Benfica sofreNo Dragão, o FC Porto terá realizado a melhor exibição da época, mas o adversário tudo permitiu. Em Vila da Feira, um golo apenas provocou muito sofrimento ao Benfica

pontos pelo Benfica, mas não chegou para evitar um sofrimento que teve duas faces: uma, a estra-nha faceta perdulária do ataque encarnado (Salvio, Mitroglou e, depois, Jo-nas…) e, outra, a permea-bilidade do bloco defen-sivo, honrosa excepção feita ao “mago” Ederson, que logo no primeiro mi-nuto e depois aos 69, as-sinou duas prodigiosas defesas que garantiram a inviolabilidade da sua baliza.

Por esta ideia se pode deduzir que o Feirense, ao seu jeito e com as suas “armas”, não deu descan-so aos campeões nacio-nais. Mas, também não marcou!

Até que enfim, o Spor-ting de Braga regressou às vitórias. Dir-se-á que o adversário, o Arouca, desde a saída de Lito Vi-digal, soma por derrotas os jogos disputados, mas o Braga não tem culpa disso e cumpriu, agora de forma satisfatória, o

que lhe era exigido. Três golos à melhor contra um (ao intervalo o resulta-do era 1-1) “dizem” que o segundo tempo foi de melhor rendimento dos bracarenses. Mas, foi uma vitória sem discussão.

No jogo de Moreira de Cónegos (Moreirense--Boavista) um nulo foi castigo para os locais que, jogando bem, finalizaram mal. E os axadrezados só queriam um pontito…

* Jornalista profissional especializado em desporto

FC Porto obteve goleada das “antigas”

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1ª Vez “JTM” - 6 de Março de 2017

Execução Ordinária nº CV1-16-0076-CEO 1º Juízo CívelExequente: VENETIAN MACAU S.A., com sede social em Macau, na Taipa na Estrada da Baía de Nossa Senhora da Esperança, The Venetian Macau Resort Hotel, Executive Offices - L2.Executado: WANG JIAXIANG, de nacionalidade chinesa, com última residência conhecida na República Popular da China, Zhuhai, Distrito de Xianzhou, Nanping, Rua Beishan nº 40, ora ausente em parte incerta.

FAZ-SE SABER que pelo 1º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base da R.A.E.M., correm éditos de TRINTA DIAS, contados a partir da segunda e última publicação do respectivo anúncio, citando o executado, supra identificado, para, no prazo de VINTE DIAS, findo o dos éditos, pagar ao exequente a dívida de novecentas e cinquenta e quatro mil, setecentas dólares de Hong Kong, equivalente a novecentas e oitenta e três mil, trezentas e quarenta e uma patacas (MOP983.341,00), a quantia de cento e vinte mil, cinquenta e seis dólares de Hong Kong e setenta e nove cêntimos, equivalente a cento e vinte e trés mil, seiscentas e cinquenta e oito patacas e cinquenta avos (MOP123.658,50) a título de juros vencidos à taxa acordada de 18% ao ano, a que acrescerão os juros vincendos até à efectiva liquidação do débito, as demais despesas despendidas com a presente cobrança coersiva, que vierem a ser apresentadas a final e, ainda, as custas, selo e condigna procuradoria ou, em alternativa, nomear bens à penhora suficientes para o pagamento da quantia exequenda, ou, querendo, deduzir oposição à execução no mesmo prazo, sob pena de se considerar devolvido ao exequente o direito de nomeação de bens à penhora, tudo como melhor consta da petição inicial, cujo duplicado se encontra nesta secretaria à disposição do citando.

E ainda que é obrigatória a constituição de advogado caso seja deduzida oposição (artº 74º do C.P.C.M.).

Caso seja requerido o apoio judiciário na modalidade de nomeação de patrono, o prazo da contestação/oposição interrompe-se desde a data em que o requerente junte aos autos o documento comprovativo do pedido de apoio judiciário (artº 20º da Lei nº 13/2012).

Tribunal Judicial de Base da R.A.E.M., aos 23 de Fevereiro de 2017.

A Juiz de Direito,Ana Meireles

A Escrivã Judicial Adjunta,Tou Ka Pou

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUÍZO CÍVEL

ANÚNCIO

1ª Vez “JTM” - 6 de Março de 2017

Execução Ordinária n.º CV1-16-0189-CEO 1º Juízo Cível

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUÍZO CÍVEL

ANÚNCIO

O Juiz,Chan Io Chao

O Escrivão Judicial Adjunto,Loi Wa Chon

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Segunda-feira, 06 de Março de 201716 JTM | OPINIÃO

“Nasci adulta,morrerei criança”

REGINADE AZEVEDO PINTO*

AOS MEUS OLHOS

Vivemos num atropelo, numa he-modiálise constante de ideias. Conseguimos perceber a vida

conforme a vamos desfolhando. Por vezes precisamos de fazer a saloiice de levar o dedo à boca para virar a página. A muleta para quem vira muitas folhas em pouco tempo, o dedo não tem tem-po de aderir à história. “Não te agarres, apoia-te só” dizia Sartre. Agarramo-nos ao tecido que nos envolve, vestimo-nos com roupas desajustadas, que não nos acariciam nem a pele nem os sentidos. Passa para segundo plano o respirar da tela de cores, o rol de convicções que dá elasticidade à alma, que a apoia.

A imperatividade do tempo comuni-ca de forma sublime, uma brisa de co-municação. Mostra graciosamente o que realmente importa. No silêncio, na luz da sombra, começa a ser audível. Comu-nica pelos seus vasos exíguos pulsantes. Resvala para a foz, para o nosso patri-mónio emocional, lago de ingenuidade, sinónimo de sabedoria. É a inteligência a manifestar-se, a ganhar corpo. Nunca a frase de Agustina Luís me fez tanto

sentido, “nasci adulta, morrerei criança”. As convicções nascem connosco, estão impressas no nosso DNA, em crianças alcançamos patamares de convicções e credos só nossos, vemos a nossa esca-daria, polimos os corrimões genuínos para nos apoiarmos não agarrarmo-nos, é a nossa matéria prima ali. Com o dis-correr do tempo, as crianças vão salti-tando em pé coxinho pelas convenções sociais, são permeáveis ao exterior. É o jogo da macaca das opções nos quadra-dos do nosso caminho. Nasce-se ino-cente, procuramos aquilo que amamos através de miríades de manifestações da arte. A criança sabe o seu propósi-to, tem-no fresco, mas a vida tem gra-vidade de ruído, faz com que ímpeto se perca, escorregando do regaço. São sugados para o ecoponto dos “ímpetos fibrosos”. A ferrugem instala-se, é a oxi-dação do ímpeto, o florescer dos senti-mentos postiços.

Há que dar a volta, concentrarmo--nos na voz interior, perseguir o ímpeto de forma policial, obriga-lo a render-se, levantar os braços imberbes, entregar-se. Até para nascer temos de dar a volta...

Nascemos inteiros, versos coesos que se abraçam no reverso, vivemos controversos, morremos imersos. So-mos poemas livres no universo.

* Advogada em Lisboa

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Segunda-feira, 06 de Março de 2017 JTM | OPINIÃO 17

Dito

“Aos agentes policiais deveria ser também incutida a noção de que é necessário separar o trigo do joio. Uma contravenção ao volante não é o mes-mo que um sequestro num quarto de hotel por dívidas de jogo”

Isabel Castro, in “Hoje Macau”

• • • HÁ 20 ANOSIn “Jornal de Macau” e “Tribuna de Macau”

06/03/1997

PROPOSTAS SOBRE MACAUNO CONGRESSO DA RPCO director da Xinhua em Macau, Wang Qiren, disse que a criação de uma co-missão sino-macaense para coordenar a construção de grandes infra-estruturas deve ser negociada entre a China e Por-tugal, noticiou a imprensa chinesa local. Falando em Pequim durante a VIII sessão plenária do Congresso Nacional Popular chinês, Wang Qiren justificou a necessi-dade de negociações luso-chinesas para a criação da comissão com o facto de Ma-cau ser um território administrado por Portugal. Wang Qiren referiu, no entanto, que estão a decorrer os trabalhos prepara-tórios para a criação da comissão coorde-nadora Macau-China, que poderá entrar em funcionamento até Junho, destaca o jornal “Ou Mun”, em artigo publicado na primeira página. Segundo o mesmo pe-riódico, que veicula habitualmente as po-sições oficiais chinesas, Wang Qiren disse que a comissão integrará elementos do Gabinete para os Assuntos de HK e Ma-cau do Conselho de Estado chinês, bem como representantes de departamentos do Governo Central da China. A comis-são integrará igualmente elementos da delegação local da Agência Xinhua, que representa oficialmente o Governo de Pequim em Macau, referiu Wang Qiren, citado pelo “Ou Mun”. Wang esclareceu que a comissão não ficará subordinada ao Grupo de Ligação Conjunto Luso-Chinês e defendeu que a nova estrutura aprecia-rá todos os projectos de construção de grandes infra-estruturas destinadas a ser-vir Macau e as regiões chinesas vizinhas.

MOVIMENTO DO AEROPORTOCONTINUA A CRESCERO Aeroporto Internacional de Macau (AIM) foi utilizado por mais de 1,6 mi-lhões de pessoas desde a sua abertura ao tráfego comercial, em Novembro de 1995, anunciou a concessionária do em-preendimento. Em Fevereiro, passaram pelo AIM 50.772 passageiros, que se tor-nou o número de utentes mais elevado registado num mês desde o início das operações, refere uma nota da CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau. O aumento de tráfego duran-te as festividades do Ano Novo Chinês contribuiu para o maior número de pas-sageiros no AIM em Fevereiro, apesar de os primeiros meses do ano correspon-derem habitualmente a época baixa em termos de movimento de aeroportos, se-gundo a CAM. Desde Fevereiro, o AIM foi utilizado por mais de 268.700 passa-geiros, o que corresponde a um aumento de mais de 176% em relação ao mesmo período de 1996. Nos primeiros dois me-ses deste ano, o AIM registou um volu-me de carga de 4.700 toneladas, corres-pondente a um acréscimo de 1000% em comparação com o período homólogo de 1996, acrescenta a nota da CAM.

Macau, da mudança de regime na China em 1911 à revolução de Abril

“O activismo nacionalista chinês que contestavaa dinastia Qing, eivado de um forte pendor republicano

e animado pela figura de Sun Yat-Sen, afirmou-se sobretudoem Guangzhou/Cantão, no início do século XX,

motivando a fuga para Macau de numerosos migrantes,politicamente engajados, que acompanharam a transição

para a República (1911) – apenas um ano após a implantaçãoda República em Portugal.”

O livro “Macau – Roteiros de uma Cidade Aberta”, de Jorge Santos Alves e Rui Simões (IIM, Outu-bro de 2016), recentemente lançado em Lisboa,

depois de uma pré-apresentação no Encontro das Co-munidades Macaenses, levado a efeito em Novembro passado, não só oferece seis bem elaborados roteiros a quem queira ver e entender a cidade numa perspectiva cultural mais completa e exigente, como também facul-ta ao leitor uma interessante síntese histórica de Macau. Seleccionámos dois dos textos que integram essa síntese, respeitantes ao período que vai da revolução republica-na chinesa à primeira fase do funcionamento da RAEM.

Setedécadas

No primeiro desses textos, com o subtítulo “Um Por-to Adormecido (1911 à década de 1980)”, os autores ca-racterizam sucintamente quase sete décadas de Macau, desde a mudança do regime político na China, em 1911, a qual produziu inevitáveis mudanças no relacionamen-to entre a China e o Ocidente e, naturalmente, entre a China e Portugal:

“Em 1922, na sequência da Conferência de Washington, teve lugar a assinatura de um novo tratado no qual Portugal se comprometia a reconhecer a soberania e a autonomia políti-co-administrativa do Governo chinês; contudo, em 1928 o Tra-tado Preliminar de Comércio e Amizade foi entendido por Por-tugal como não pondo em causa as bases do Tratado de 1887 e, na sequência do Acto Colonial de 1933, Macau foi oficialmente assumido como parcela do Império Colonial Português.

Neste período, a adormecida vida económica de Macau as-senta progressivamente no jogo e nas actividades turísticas a ele associadas, da hotelaria e da restauração à prostituição. A transferência para modelos de prestação de serviços gerou uma progressiva desproporção entre uma indústria residual, ligada aos têxteis e aos brinquedos, às indústrias tradicionais como a pirotecnia e a uma ténue ruralidade associada a uma actividade pesqueira cada vez mais distante da costa. Os ex-clusivos das companhias Hou Heng (Haoxing) e Tai Heng (Taixing) alteram a tipologia de jogos, substituindo esta úl-tima o fantan, o p’ai kao (paijiu) e o cussec e pela introdução do daxiao (‘grande e pequeno’). O exclusivo persistirá por um longo período nas mesmas famílias, apenas mudando de mãos na década de 1960.

O período da Guerra do Pacífico (1941-1945) teve, na Chi-na e em Hong Kong, um impacto violento; um significativo número de população, oriunda de Macau e emigrada, sobre-tudo, em Hong Kong e Shanghai, procurou desesperadamente voltar para Macau. A esta vaga de retorno a Macau, juntou-se um elevado número de habitantes de Hong Kong, o que dupli-cou, praticamente, a população residente no território. Apesar da neutralidade portuguesa no conflito, a presença musculada das tropas japonesas desencadeou um período de enormes di-ficuldades na vida quotidiana da cidade, em particular na das populações deslocadas. Foram, então, encontradas soluções de recurso para o acolhimento dos deslocados, adaptando-se edi-fícios públicos e mobilizando a polícia para o seu enquadra-mento e para o controlo possível dum crescimento explosivo do mercado negro, em particular de produtos alimentares.

Terminada a guerra, Macau viu partir grande parte dos migrantes e assistiu-se a uma célere regularização do abas-

tecimento de bens de primeira necessidade. A própria vida económica e financeira do território progrediu, mesmo que a economia não tenha despertado completamente da sua letar-gia; normalizaram-se as taxas cambiais das várias moedas que circularam na cidade, tais como o US$, o HK$ e as diversas moedas chinesas emitidas pelos governos colaboracionista e nacionalista. Por seu turno, também muitas instituições lo-cais, tais como as associações educativas, confessionais e de solidariedade, saíram do período de excepção e retomaram a sua actividade normal.

A instauração da República Popular da China, em 1949, e a partida de Chiang Kai-Chek e dos seus apoiantes para Taiwan, trouxe Macau para a ribalta, graças ao seu papel de mediação política e comercial, acolhendo um contingente de cidadãos até então residentes em Shanghai e que aqui se estabeleceram com os seus capitais e famílias.

A renegociação do Contrato de Jogos (em Março de 1962), pela mão do Governador Silvério Marques, marcará o perfil económico de Macau, com a transferência do exclusivo do jogo para a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, liderada pelo empresário Stanley Ho. Comprometendo-se a assegurar o transporte rápido para Hong Kong e assegurando um montan-te de contribuições mais elevado para a administração, foi ins-talado o primeiro casino num junco ao largo da cidade, depois outro no Hotel Estoril e foi, por fim, construída a ‘catedral’ do jogo em que se transformou o novo Hotel Lisboa, que entra em actividade em 1970.

As sucessivas revisões do contrato de jogos tenderam a acompanhar os mandatos dos novos governadores, muito em-bora a última negociação, pela envergadura das suas contra-partidas, tenha projectado as condições envolvidas até 2001. A despeito do Governo português apenas ter normalizado ofi-cialmente as relações diplomáticas com a República Popular da China em 1979, o contexto do embargo internacional decretado à China tornou Macau uma plataforma crucial para algumas transações e negociações. Numa relação tensa, o Portugal do Estado Novo absteve-se inteligentemente de manifestações os-tensivas de soberania e ultrapassou, em Janeiro de 1967, alguns meses de confronto entre estudantes pró-comunistas e as forças de segurança (episódio conhecido como ‘1, 2, 3’), num período concorrente ao prelúdio da Revolução Cultural Chinesa.”

Vence a letargia

Os autores procuraram identificar as enormes dificul-dades experimentadas ao longo de cerca de sete décadas: radicais mudanças de sistema político, conflitos extrema-dos que marcaram o período que se seguiu à revolução republicana, as guerras civis chinesas, a Guerra do Pací-fico e a ocupação nipónica e os reflexos da chamada “re-volução cultural”. Não obstante as profundas transfor-mações que se foram verificando na vasta área geográfica em que se insere, Macau a todas as vicissitudes sobrevi-veu. Os períodos de paz e de relativo bem-estar nunca foram longos e estáveis, dado que as convulsões em seu redor foram demasiado abundantes, intensas e inevita-velmente perturbadoras, chegando mesmo a ameaçar a sua sobrevivência. A imagem do bambu, assolado por muitas tempestades e vergando-se aos ventos que o em-purram em todas as direcções, nunca saiu do pensamen-to das suas gentes, para quem Macau foi sempre como esse bambu, cujas hastes, em tempo de bonança, voltam a crescer, viçosas, apontadas para o céu.

No final da década de 1950, num tempo de relativa acalmia, o Governador Jaime Silvério Marques ousou mudar a concessionária dos jogos de fortuna e azar, abrindo novas perspectivas de desenvolvimento para Macau, mas na segunda metade da década seguinte os graves incidentes do chamado “1, 2, 3” quebraram a con-fiança recuperada, quando Nobre de Carvalho sucedeu a Lopes dos Santos e governou Macau durante oito anos, entre duas revoluções (a cultural chinesa e a portuguesa, dos “cravos vermelhos”). Foi depois, a partir de Garcia Leandro, que se rasgaram novos caminhos de autonomia e estabilidade que conduziram ao “redespertar da pros-peridade”.

* Presidente do Instituto Internacional de Macau.Escreve neste espaço às 2.as feiras.

JORGEA.H. RANGEL*

FALAR DE NÓS

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Segunda-feira, 06 de Março de 201718 JTM | LAZER

O Centro Presidencial George W. Bush, em Dallas, no Texas, tem patente até 1 de Outubro

uma exposição de pinturas a óleo do ex-presidente americano que represen-tam veteranos militares. Através de 66 pinturas e um mural de quatro painéis, Bush pretende homenagear os quase 100 feridos, física e psicologicamente, que conheceu desde que deixou a Casa Branca em 2009.

Na qualidade de 43º presidente dos Estados Unidos, Bush comandou os mili-tares americanos que serviram nas guer-ras lançadas no Iraque e no Afeganistão depois dos ataques do 11 de Setembro. O ex-comandante em chefe lançou agora o livro “Portraits in Courage: A Comman-der in Chief’s Tribute to America’s War-riors”, que inclui imagens e histórias dos veteranos.

George W. Bush explicou que preten-de usar as pinturas e o livro para realçar a luta dos veteranos, o stress pós-traumáti-co e a transição para a vida civil.

“São histórias de coragem, feridas, re-cuperação, vontade de ajudar os outros”, disse durante um fórum na Biblioteca Presidencial Reagan, próximo de Los An-geles, no âmbito de uma série de iniciati-vas para promover o livro.

“E também queria destacar as feridas invisíveis. Essa é a minha maior preocu-pação”, acrescentou, segundo a agência AFP.

O antigo presidente decidiu explorar sua veia artística inspirado no ex-primei-ro-ministro britânico Winston Churchill,

• • • ARTE

Pintura “mudou a vida” de George W. BushDepois de ter deixado para trás a pressão de liderar os destinos dos EUA, George W. Bush garante que hoje vê o mundo sob uma nova óptica e com novas cores. A transformação aconteceu quando decidiu pegar um pincel e transformar o seu “hobby” numa nova carreira

que também pintou após a aposentação. Basicamente disse: “Que diabos! Se ele pode pintar, eu também posso”, contou entre risadas durante o fórum.

O livro de George W. Bush já se en-contra no topo da lista dos mais vendidos da Amazon, sendo que o ex-Presidente planeia doar o dinheiro das vendas à sua organização que se dedica a ajudar os ve-teranos de guerra.

Matt Amidon, subdirector da Iniciati-va de Serviço Militar no Instituto George W. Bush, assegurou que, para os vetera-nos, tem sido “incrivelmente significati-vo... ter um ex-comandante em chefe que dedica o seu tempo pessoal para pintar cada um deles”.

Aos 70 anos de idade, e completa-mente afastado da vida pública, George W. Bush tem passado a maior parte do

tempo no seu rancho no Texas desde que começou a pintar em 2012.

Inicialmente, Bush manteve o seu “ho-bby” em segredo, mas, em 2014, revelou 30 pinturas de chefes de Estado que co-nheceu enquanto presidente, todas feitas a partir de fotografias. Os rostos distorci-dos e, em alguns casos, vagamente reco-nhecíveis como o do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, do presidente russo, Vladimir Putin, da chanceler alemã, An-gela Merkel, e do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy renderam-lhe algumas críticas que classificaram os seus quadros como “ingénuos”, ou “malfeitos”.

Em contrapartida, outros elogiaram aquilo que encaram como o trabalho “amador” de alguém que, embora não tenha formação na área, evidentemente estudou algo de História da Arte e de téc-

nicas de pintura.Bush, que considera ter evoluído como

pintor, disse que, desde que se aproximou da pintura, começou a ver o mundo sob uma nova óptica. “Vejo cores e sombras que nunca tinha visto antes. Vejo o céu de forma diferente”, contou.

“Isso mudou a minha vida para me-lhor”, admitiu.

A ideia de pintar uma série de retratos de veteranos surgiu depois do seu pro-fessor de Artes ter visto a sua colecção de líderes mundiais e sugeriu que continuas-se a pintar pessoas desconhecidas. E Bush passou um ano a fazer precisamente isso.

Actualmente, está a trabalhar num auto-retrato de dois metros de altura. “É uma experiência fascinante”, confessa.

JTM com agências internacionais

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Segunda-feira, 06 de Março de 2017 JTM | LAZER 19

• • • CINEMA

• • • E AINDA

Jane Fonda revela que foi violada quando era meninaA actriz Jane Fonda, de 79 anos, revelou ter sido vítima de violação quando era pequena. “Fui violada e abusada sexualmente quando era criança. Também já fui demitida por não querer dormir com o meu chefe. Sempre pensei que tudo isso fosse minha culpa, que aconteceu porque eu não tinha dito ou feito a coisa certa”, confessou em entrevista à revista “The Edit”, acrescentando que uma das maiores façanhas do movimento das mulheres “foi percebermos que não somos culpadas das violações e abusos”. Grande activista dos direitos das mulheres, Jane Fonda fundou em 2001 o Centro de Saúde Reprodutiva para Adolescentes, que ajuda a prevenir a gravidez na adolescência. Também faz parte do movimento global V-Day, que luta contra a violência machista. Natalie Portman é mãe

pela segunda vezA estrela de Hollywood Natalie Portman deu à luz uma menina, Amalia Millepied, anunciou na sexta-feira a sua representante, indicando ainda que o parto realizou-se a 22 de Fevereiro. Portman ainda participou nas cerimónias dos Globos de Ouro e dos “SAG Awards” em Janeiro, mas faltou aos Óscares, para o qual foi nomeada na categoria de melhor actriz pelo desempenho em “Jackie”, que conta a história da ex-primeira-dama Jackie Kennedy. Natalie Portman e o coreógrafo francês Benjamin Millepied também são pais de filho Aleph, de seis anos. A actriz conheceu Millepied nas rodagens de “Black Swan”, filme que lhe valeu o Óscar de melhor actriz em 2010.

Schwarzenegger deixa“The Celebrity Apprentice”O actor Arnold Schwarzenegger anunciou que não vai apresentar a próxima temporada do programa “The Celebrity Apprentice”. “Adorei trabalhar cada segundo com a NBC e [o produtor] Mark Burnett”, disse o ex-governador da Califórnia em comunicado, elogiando ainda toda a equipa de produção e os famosos que participaram. “Trabalharia novamente com todos num programa que não tivesse esses antecedentes”, apontou numa aparente referência à troca de farpas com o antigo apresentador, Donald Trump. Em entrevista à revista “Empire”, o actor disse mesmo que “com Trump ainda envolvido no show, as pessoas têm uma má impressão e não querem participar”.

Com dezenas de filmes num currículo com mais de 40 anos de car-

reira, e que o elevaram à cate-goria de estrela de Hollywood, Richard Gere reconhece que cada papel que interpreta no cinema “é um desafio”, in-cluindo personagens de idade avançada como sucede no fil-me “Norman: The Moderate Raise and Tragic Fall of a New York Fixer”, que abriu a edição deste ano do Festival de Cine-ma de Miami.

Aos 67 anos, o actor garan-te que não vê problemas em interpretar esse tipo de perso-nagem, ao contrário de outros actores da sua geração, pouco dados a protagonizar pessoas de idades avançadas. “É traba-lho, e no fim das contas devo utilizar a inteligência para ali-mentar o personagem e confiar nos meus instintos para fazê--lo”, acrescentou, em entrevis-ta à agência EFE.

Em tom irónico, refere ain-da assim que utiliza a sua ex-

Depois de ter chegado à fama na pele de galã em filmes vincadamente românticos, Richard Gere sente hoje uma satisfação acrescida no trabalho, independentemente da idade dos personagens

periência de veterano na indús-tria do cinema para manter a imagem de símbolo sexual que construiu nos anos 1990.

Em “Norman”, longa-me-tragem realizada por Joseph Cedar que estreou nos festivais de Telluride e Toronto, a estrela de Hollywood veste a pele de Norman Oppenheimer, um ho-mem que utiliza a sua rede de contactos para, aparentemente sem pedir nada em troca, aju-dar pessoas das altas esferas do

poder político, económico e so-cial a trabalharem em conjunto “pelo bem do país”.

“O realizador criou esta história para falar do que acon-tece na política, mas acredito que aquilo que conta pode ser aplicado em qualquer lado”, declarou Richard Gere sobre o filme, o qual “fala muito de corrupção”, mas também do “compromisso” que os políti-cos devem adoptar em prol das sociedades.

Com requintes de suspen-se político, o rumo do filme altera-se drasticamente depois de um amigo de Oppenheimer, Misha Eshel (Lior Ashkenazi) se tornar primeiro-ministro de Israel. A partir dessa altura nasce um escândalo envolven-do o protagonista principal.

“Quase tudo o que Norman diz nesta película é mentira ou um exagero extremo”, obser-vou ainda Richard Gere, em entrevista ao Miami Herald.

O galã que não olha à idade dos personagensNa passagem por Miami,

o actor voltou ainda a criticar o Presidente dos EUA, mani-festando esperanças de que os movimentos “pró-Trump” sejam efémeros, já que, na sua opinião, este tipo de ideologia não tem cabimento numa so-ciedade “democrática e inclu-siva”. Gere reiterou estar preo-cupado com a situação política no país e com “os movimentos conservadores” que aflora-ram e permitiram que Donald Trump fosse eleito Presidente.

“O mundo deve ir em di-recção à inclusão e todos de-vemos estar unidos”, disse à EFE, numa clara alusão às po-líticas de “linha dura” contra a imigração irregular que Trump promoveu desde que chegou à Casa Branca.

O galã do cinema dos anos 1980 e 1990, protagonista de fil-mes como “American Gigolo” e “Pretty Woman”, reconhece por outro lado que a indústria de Hollywood não tem poder para mudar o mundo, apesar de algumas das suas estrelas, como Meryl Streep, não pou-parem críticas à actual Admi-nistração.

Defendendo que “as mu-danças devem sair de cada um”, Gere admite ter ficado impressionado com os “pro-testos espontâneos” ocorridos no país após Trump assumir a presidência, e nos quais os par-ticipantes expressaram a “sua visão sobre como deveria ser o mundo, que passa pela união”.

JTM com agências internacionais

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20 JTM | ÚLTIMA Segunda-feira, 06 de Março de 2017 • Fecho da Edição • 00:15 horas

EN PASSANTJOSÉ ROCHA DINIZ*

CONSTITUIR-SEEM REFERÊNCIA

Para quem faz do jornalismo em Língua Portuguesa a sua profissão, o site do CPI-Centro Português de Imprensa é funda-mental para apreciar a evolução dos media em todo o mundo.Neste momento já se conhece a evolução dos jornais em Portu-gal, Espanha e Estados Unidos.Nos países ibéricos, continuam as quebras nas vendas da im-prensa diária generalista, com o Diário de Notícias, a perder 12,66%, o Público 11,52%, o Correio da Manhã, ainda o mais vendido com uma quebra de 8,03% e o Jornal de Notícias com 7,95% (o que teve menor que-bra), enquanto nos semanários o Expresso subiu 27,82%. E se nalguns casos a edição digital melhorou os números (o DN em 103.39%, sem haver dados sobre que parte é do site com conteú-do pago) os dados são revelado-res: “todos os diários generalis-tas (edição impressa e digital) tiveram um balanço negativo.”O mesmo se passou em Espa-nha, onde o El País caiu 14%, o El Mundo, 18,5%, o ABC, menos 13,8% e o La Vanguardia, 12,9%, etc, etc.Todos salientam que as redes sociais, e pelo menos no caso português também os canais de notícias TV-24 horas, influen-ciam negativamente a venda dos jornais. Mas não serão es-tas as únicas razões. Nos Esta-dos Unidos, onde estes factores também são fortes, alguns dos diários de referência captaram milhares de novos subscritores para as edições de papel. Em ano de disputadas edições, é certo, o New York Times ganhou 267 mil, o Washington Post cres-ceu 75% e o Wall Street Journal cerca de 110 mil.E em França, o grupo Le Monde voltou aos lucros.Isto é, quando as redacções têm profissionais experientes e sé-rios e não estão dominadas por jovens convidados a trabalhar gratuitamente, quando os jor-nais lutam pela credibilidade e a mantêm não cedendo ao sen-sacionalismo fácil, quando a imprensa encontra alternativas à televisão e aos rumores e fal-sas notícias que pululam na net, a crise de leitura (existente sem dúvida desde as escolas) não se aprofunda.Constituir-se numa referência, sempre foi uma boa razão para comprar jornais.

Novos manuais de Português chegam às escolas primárias em SetembroA Direcção dos Serviços de Educação e Juventude concluiu a produção de manuais de Português do ensino primário, do 1º ao 3º anos escolares, e que deverão entrar nas escolas em 2017/2018. Em resposta a Chan Meng Kam, o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) afirmou que a DSEJ também já elaborou as exigências das competências académicas básicas para a disciplina de Língua Portuguesa no ensino primário. O próximo passo será criar as mesmas orientações para as escolas secundárias. Por outro lado, a DSEJ vai conceder bolsas extraordinárias a mais finalistas do ensino secundário ou licenciados em Direito, para frequen-tarem cursos relacionados com a língua de Camões em Portugal, elevando as vagas de 33 para 60 no próximo ano académico. Com base nos dados da DSEJ, o GAES revelou ainda que em 2015/2016, o Português foi leccionado em 33 escolas particulares, traduzindo um acréscimo anual de 3.800 alunos. Entre 1999/2000 e 2015/2016, cerca de 100 mil tiveram aulas de Português. A Escola Portuguesa está encarregada desde 2007 de desenvolver cursos intensivos nos seis anos escolares de ensino secundário, fora do horário escolar. O número das turmas subiu de nove para 13 em 2015/2016, contabilizando 247 alunos, mais 36%. Por outro lado, está em preparação a construção do centro de formação de línguas, em Seac Pai Van, sendo que o Governo pretende apostar no reforço do Português, através de actividades e experiências do dia-a-dia. R.C.

AICEP vai abrir delegação em BanguecoqueA Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) vai abrir uma delegação ainda este mês na embaixada de Banguecoque, para facilitar o “trabalho de apoiar os empresários portugueses a entrar neste mercado” disse à Lusa o embai-xador português Vaz Patto. Divulgando que o delegado da AICEP irá de Xangai, este trabalhará também no sentido contrário. Segundo o embaixador, “a Tailândia tem grandes grupos económicos com vontade de investir em Portugal. Não conhecem bem o mercado e essa é também uma das tarefas da delegação da AICEP, mostrar um bocadinho, levá-los a Portugal, são coisas que nós sem uma delegação não podemos fazer”. Vaz Patto reconhece que “a suspensão das negociações para o acordo de comércio livre entre a União Europeia e a Tailândia, devido ao golpe de Estado de 2014, está a prejudicar os empresários portugueses que queiram investir no país”, mas apesar desta questão, que acredita vir a ser resolvida, defende que a Tailândia “é um mercado em que se deve apostar”, já que conta com uma larga classe média “com cada vez mais poder de compra” num país que prevê este ano crescer 3,2%. Por enquanto o comércio bilateral é baixo, 150 milhões de euros, mas o diplomata lembra que “Banguecoque pode ser vista como uma porta de entrada para todos os mercados vizinhos”, incluindo o vietnamita “que está a crescer a uma velocidade imensa”. Na entrevista à Lusa, por outro lado, o embaixador lamenta que não haja um restaurante português porque “os tailandeses adoram experimentar coisas novas”, e explica que a sua “aposta” está no Minor Group, empresa tailandesa que comprou o grupo Tivoli. “Eles têm tantos hotéis aqui e uma relação tão próxima a Portugal, o meu objectivo é que abram um restaurante português” num desses hotéis.“ Acho que já estive mais longe”, conclui. JTM com Lusa

Poiares Maduro defende globalização regulada por “um papel forte” da UEA forma de responder aos “desafios enormes” que o mundo enfrenta ao nível do crescimento da desigualdade e do modelo de traba-lho futuro, face ao aparecimento da robótica, “não é o regresso às fronteiras nacionais”, considera Miguel Poiares Maduro, ex-Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional do Governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho. “A forma de responder a isso é através da Europa, é através de uma globalização regulada por um papel forte da União Europeia”, afirmou à Lusa, à margem de pa-lestras para alunos de Direito em Macau e Hong Kong. Poiares Maduro também disse não excluir a possibilidade de na Europa se re-plicar o modelo de governação designado “geringonça” em Portugal, mas que essa não é uma boa solução política para os problemas europeus. Na sua perspectiva, a actual solução de Governo em Portugal (um Executivo PS apoiado por BE, PCP e PEV) “é sobretudo um acordo de oportunidade política e não de uma visão de fundo, comum para o país”. Por outro lado, Poiares Maduro acha que o Primeiro-Ministro, António Costa, colocou a “fasquia muito baixa” apresentando como um “enorme sucesso económico” tudo o que não é um segundo resgate financeiro.

Malásia expulsa embaixadorda Coreia do NorteO Governo de Kuala Lumpur considerou o em-baixador da Coreia do Norte na Malásia como “persona non grata” e deu-lhe 48 horas para sair do país, prazo que expira hoje às 18 locais. O vi-ce-primeiro-ministro da Malásia, Ahmad Zahid Hamidi, acusou o embaixador Kang Chol, de com as suas declarações sobre a investigação do assassínio de Kim Jong-nam, meio-irmão do líder norte-coreano, tentar “manipular” o incidente. Para além do embaixador, a Malásia emitiu um mandado de captura contra Kim Uk Il, funcioná-rio da companhia aérea norte-coreana Air Koryo, que estará refugiado na embaixada do seu país e pretende também ouvir o testemunho do segundo secretário da representação diplomática de Pyon-gyang em Kuala Lumpur, Hyon Kwang Song, que não pode ser detido por gozar de imunidade. Am-bos foram vistos a despedirem-se no aeroporto de Kuala Lumpur de quatro norte-coreanos conside-rados suspeitos de planear o ataque. A morte de Kim Jong-nam desencadeou uma crise diplomáti-ca, com Kuala Lumpur a anunciar o cancelamento do acordo de isenção de vistos a partir de hoje.

Favoritos iniciam Liga Chinesa com vitórias Com dois golos do médio brasileiro Pau-linho, o Guangzhou Evergrande derrotou ontem o Beijing Guou-an por 2-1, na ronda inaugural do campeo-nato chinês de futebol. A equipa treinada por Scolari iniciou assim da melhor forma uma temporada em que procura conquistar o sétimo título conse-cutivo, numa competição marcada pelas contratações milionárias de joga-dores e treinadores. Um dos principais adversários da equipa de Cantão deverá ser o Shanghai SIPG, comandado pelo treinador português André Villas-Boas, que também entrou a vencer no campeonato, ao golear em casa o Changchun Yatai por 5-1, com golos de Hulk, Lei Wu e um “hat-trick” de Elkeson. Por sua vez, o técnico luso Jaime Pacheco estreou-se com um desaire, já que o seu Tianjin Teda perdeu por 2-0 no reduto do Shandong Luneng. Também muito reforçado, o Shanghai Shenhua derrotou o Jiangsu Suning por 4-0, com golos de Carlitos Tévez, Mao Jianqing e um bis de Giovanni Moreno.