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FORA DE QUALQUER CONDUTA Aquilo que nunca se pode esperar Gênero comédia De Leandro Vieira

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FORA DE QUALQUER CONDUTA ☻ Aquilo que nunca se pode esperar

Gênero comédia

De Leandro Vieira

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Fora de qualquer conduta. A história se passa em um hotel, e conta o drama cômico de quatro situações diferentes, vividas por pessoas distintas.

1° DRAMA: Osvaldo e Lucí vão passar sua tão sonhada lua de mel em um hotel modesto só que aconchegante. Ele já não vê a hora, pois ela é virgem, e faz muito tempo que o cara não transa, e essa vai ser a grande oportunidade de finalmente terem uma relação sexual, mas... Lucí teve que levar seu pai doente, que já está com noventa e nove anos. O velho é osso duro de roer e vai aprontar de todas para sua filha querida não perder a virgindade, e claro, Osvaldo vai comer o pão que o diabo amassou com as armações de seu sogro.

2° DRAMA: Mario e Márcia têm aproximadamente quarenta anos cada um, e são casados há dez anos. Eles não vêem à hora de um e outro morrer para ficar com todo o dinheiro e os bens do companheiro... Decidem passar uns dias em um hotel, onde se tem varias

opções de como matar um a outro, quando estão juntos fingem se amar, mas quando estão separados bolam varias estratégias homicidas.

3° DRAMA: Valdemar e Cimária, Joelson e Karina, são dois casais muito amigos, se conhecem desde a infância e já compartilharam vários momentos juntos, são muito amigos só que nunca chegaram a passar férias juntos, e então decidem curtir as férias no hotel. Ia tudo muito bem, até que a convivência mostrou realmente como é o costume de cada um, e é aí que as coisas mudaram de rumo.

4° DRAMA: Cândida, Astolfo e Enzo trabalham no hotel, e vão ter que se desdobrar para segurar as pontas e não deixar que nada saia do controle.

PERSONAGENS:OsvaldoLucíFonsecaMarioMárciaValdemarCimáriaJoelsonKarinaCândida

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Astolfo Enzo

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CENA 1 - CHEGADA DOS HOSPEDESNarrador: Vamos começar essa historia com uma moral, sim uma moral, estou cansado de fulanos, ciclanos e beltranos sem ter o que fazer vir me azucrinar pedindo moral para as minhas historias. Talvez uma moral que resuma a historia é: Mais vale um peixe na mão do que dois nadando. (Dá risada) É uma piada. Bom, vamos lá para as alternativas, a moral dessa historia é: alternativa (a) quem muito quer, pouco tem, alternativa (b) o cego é aquele que não quer ver, alternativa (c) antes tarde do que mais tarde, alternativa (d) o importante não é saber, é ter o telefone de quem sabe, alternativa (e) chocolate não engorda, quem engorda é você, alternativa (f) onde há fumaça há Febem, alternativa (g) diga-me com quem andas que eu te direi se vou contigo, alternativa (h) antes a sua mãe do que a minha, alternativa (i) a que se faz a que se paga, alternativa (j) melhor um pardal na mão do que um pombo no telhado, alternativa (l), ops, o K entrou no nosso alfabeto, alternativa (k) nunca puxe o tapete dos outros, afinal você pode estar em cima dele... Bom, agora vocês já têm onze alternativas de morais, escolham uma que achem que tem a ver com a historia e sejam felizes, ótima solução para esse problema não é? Se quiser eu continuo o alfabeto inteiro, mas acho que não há necessidade. Bom, a historia que vai ser contada hoje se resume em pessoas fora do normal, ou seja, que não seria bom elas terem contatos com vocês. Elas já se conheciam desde bebes e depois de muitos tempos foram se encontrar em um hotel no tempo de férias. (As cortinas se abrem e entram os personagens todos vestidos de Bebês). (Os quatro amigos estão de um lado brigando por um brinquedo, Mario está com uma faca, e Márcia com uma dinamite, Lucí está com algumas bexigas e Osvaldo babando por ela).

Karina: Essa boneca é minha.

Cimária: Não! É minha!

Joelson e Valdemar: Não! É nossa.

Joelson: Vocês duas sempre querem mandar.

Karina: E você sempre rouba as minhas rosquinhas.

Cimária: E você sempre faz xixi na cama.

Valdemar: Pikachu. (Continuam brigando pela boneca).

Mario: Ontem eu assisti um filme.

Márcia: Qual? O “peixinho dourado”?

Mario: (voz de assassino) Não! “O massacre da serra elétrica”.

Márcia: Nossa! E ontem eu levei meu gatinho pra tomar sol.

Mario: Na praia?

Márcia: (voz de assassina) Não! No microondas. (Lucí começa a gatinhar e Osvaldo fica indo atrás dela).

Valdemar: Olhem! Ela vai pegas todas as rosquinhas.

Karina: As rosquinhas são minhas.

Mario: (voz de assassino) Vamos matar ela! (Todos os bebes começam a gatinhar e saem).

Narrador: As aberrações que acabaram de ver, são os personagens centrais da historia, sim, eu sei que têm muitos, pra falar a verdade os coadjuvantes são três, que é esses daí. (Entram os funcionários do hotel, Enzo traz sua mesa e se senta na cadeira). Não eu não sou coadjuvante meu bem, sou participação especial. E agora para aqueles lerdinhos, que costumam não acompanhar a historia, e ficam sempre se perguntando o que está acontecendo, eu vou explicar. (Ele narra o resumo da historia de cada um). Vai queridos, é com vocês.

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Cândida: Nossa! Está um calor...

Enzo: Cândida cala a boca e trabalha. (Cândida e Astolfo se olham).

Astolfo: Enzo... Logo, logo chegam os hospedes, não é?

Enzo: Você sabe que sim, porque pergunta?

Cândida: Você anda muito mal humorado.

Enzo: Cândida! Você está aqui para varrer o chão e não para medir o meu temperamento. (Entra Osvaldo com duas malas e logo atrás Lucí com o seu pai). Bom dia queridos hospedes.

Osvaldo: (nervoso) Bom dia querido recepcionista, diga bom dia a minha esposa, e também diga bom dia ao meu sogro, adivinha o que a gente veio fazer no seu hotel? Não, não foi passar as férias, estamos aqui de Lua de mel... SIM! SIM! Estamos passando nossa ou minha tão esperada “LUA DE MEL”. Ouviu direito? LUA DE MEL! (Aponta para seu sogro).

Lucí: Osvaldo, não me faça passar vergonha.

Fonseca: Porque Osvaldo está tão nervoso minha filha? Estou com medo dele. (Lucí abraça o pai).

Lucí: Não fique assim papai, não é nada... Osvaldo! Está assustando meu papai.

Osvaldo: Você pode falar pro seu pai ir encontrar os amigos dele no cemitério? Porque ele está atrasado! (Lucí dá um tapa no braço de Osvaldo, pega seu pai e depois as chaves e sai). Podem rir da minha cara, até por que... (Os três começam a rir, Osvaldo olha assustado e eles param). Esquece. (Ele sai).

Enzo: Eu não acredito... Um casal vai passar a lua de mel com o pai da noiva!

Cândida: Dá pra acreditar em uma coisa dessas?

Astolfo: Que mico esse cara ta passando.

Enzo: É, e tipo... (Se compondo) Parem de ficar falando da vida dos outros, estamos aqui para

trabalhar não para... (Começa a rir, entra um casal e ele para). Bom dia queridos hospedes.

Mario: Bom dia, eu amo a minha esposa mais que a minha própria vida, e só a morte vai nos separar.

Maria: Bom dia, e eu amo meu esposo mais ainda que a minha própria vida, e só a morte mais ainda vai nos separar. (Os dois se olham, começam a rir e se beijam).

Enzo: É bom ver um casal que se ama.

Mario: Sim, a gente se ama. (No pensamento dele: Morre logo sua desgraçada).

Márcia: É! Nos amamos muito. (No pensamento dela: Dessa noite você não passa miserável).

Mario: O nosso quarto fica bem no alto?

Enzo: Sim, por quê?

Mario: Para eu poder jogá-la bem... Para eu tomar muito ar.

Enzo: Aqui está a chave. (Os dois pegam e vão saindo, e quando se viram cada um trás consigo uma faca na mão direita).

Cândida: O amor é lindo...

Enzo: É, mas você não, então volte a trabalhar.

Cândida: Nossa. Desculpa aí “oitava maravilha”. (Entram os quatro amigos, todos de mão dadas).

Karina: ...E aí o peixe morreu afogado! (Todos do grupo dão risada).

Joelson: Isso é muito hilário!

Enzo: Olá queridos hospedes...

Joelson: Olá odiado recepcionista! (Todos dão risada). É brincadeira parceiro... Não é não! (Todos dão risada).

Enzo: Vocês querem a chave?

Valdemar: Não! A gente quer a sua mãe! (Todos dão risada).

Enzo: Vocês são muito engraçados, mas...

Joelson: Não gente, é serio, é serio, olha aqui... Eu peidei! (Todos dão risada).

Enzo: Olha meus senhores dá pra pegar a chave de vocês e subirem? (Joelson pega a chave, eles ficam

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em silencio, quando estão quase saindo começam a rir).

Valdemar: A bicha ta brava. (Dão risada e saem). (Enzo olha para Cândida e Astolfo que vão saindo).

Astolfo: A bicha ta brava. (Dão risada e saem).

CENA 2 – INÍCIO DAS CONFUSÕES (Entra Osvaldo que se senta na cama).

Osvaldo: Até que o hotel é aconchegante. (Cândida entra e dá uma varrida no chão). Vocês aqui não têm o costume de bater na porta? (Cândida dá um sorriso e não responde) Esquece, você viu a minha esposa?

Cândida: Moço, você não pode perguntar pra ela? É que eu to um pouco apressada. (Cândida varre rápido e sai).

Osvaldo: Seria interessante eu perguntar para minha esposa onde ela está não sabendo onde ela está. (Começa a olhar o quarto e entra Lucí).

Lucí: Desculpa a demora, fui colocar meu pai no quarto dele.

Osvaldo: Você acredita que eu achei que ele ia dormir junto com a gente? Sim, eu pensei. E você sabia que eu também pensei que ele ia transar junto com a gente...

Lucí: Osvaldo! O meu pai está doente, eu não podia deixar ele em casa sozinho.

Osvaldo: E por isso veio na sua cabeça a brilhante idéia de levar o seu pai... O SEU PAI, NA SUA LUA DE MEL?

Lucí: Nossa! Olha Osvaldo, eu achei que você gostava do meu pai. (Osvaldo abraça Lucí).

Osvaldo: (calmo) Eu gosto Lucí, mas lá no asilo, com os amiguinhos dele! Longe da gente, sendo visitado uma vez por semana! (nervoso) Não convivendo com a gente, justo na nossa lua de mel! (Lucí sobe no colo de Osvaldo).

Lucí: Mas lembra o que de mais importante viemos fazer aqui? (Osvaldo a coloca na cama).

Osvaldo: Me lembro muito bem. (As luzes se apagam, e Fonseca chama a filha e a luz se acende).

Fonseca: LUCÍ! LUCÍ! (Ela sai da cama rapidamente, Osvaldo grita de raiva e o pai entra). Lucí você esqueceu de fazer o meu leitinho.

Lucí: Ah sim! O seu leitinho.

Osvaldo: (nervoso) Oh o leitinho dele.

Lucí: Eu vou ir preparar! Espera só um momentinho. (Lucí sai).

Osvaldo: Seu Fonseca, a gente precisa conversar... De genro adorável para sogro dos infernos! Eu e sua filha precisamos ter momentos sozinhos. Mas desde a viajem, você não desgruda. Entendeu? (Os dois ficam se olhando por um tempo, Fonseca então se joga da cama e começa a gritar de dor, Lucí entra correndo). Mas o que...

Lucí: Papai! Papai? O que aconteceu?

Osvaldo: Ele deve ter...

Fonseca: O Osvaldo me empurrou da cama só porque vocês queriam fazer amor e eu inocentemente atrapalhei. (Lucí ajuda seu pai a se levantar). Você é um monstro Osvaldo, abusando de mim só porque estou quase morrendo.

Osvaldo: Você sabe muito bem...

Fonseca: CALE-SE! Judas! Não merece dirigir a palavra comigo, um pobre e velho homem que não tem forças nem para erguer uma colher.

Osvaldo: Pra encher o meu saco você move até um trator.

Lucí: Seu leitinho está aqui... Vamos, eu te levo pro seu quarto. (nervosa) Enquanto a você Osvaldo, daqui a pouco a gente conversa. (Os dois saem).

Osvaldo: Velho desgraçado. (Ele sai entra Mario e Márcia).

Mario: O hotel é ótimo, não é?

Márcia: Sim, é! (Os dois começam a rir. Mario pega sua mochila e começa a ver algumas roupas até que acha uma bomba).

Mario: Márcia, você tem idéia do que uma bomba faz nas minhas coisas?

Márcia: Uma bomba? Não meu amor! (Os dois começam a rir) Porque eu saberia? (Os dois vão para cama).

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Mario: Eu gostaria muito de saber. (Os dois vão para debaixo dos lençóis e começam a transar). Um dia você vai me matar de tanto prazer.

Márcia: E com muito prazer. (Começam a rir) Meu amor, porque você não vai tomar um banho?

Mario: Porque você quer que eu tome um banho?

Márcia: Ah! Porque você está fedendo. (Mario sai olhando fixamente para os olhos dela). Vai ordinário, tome seu banho e tomará que morra afogado no chuveiro. (Pega a bomba) Porque será que ela não deu certo? Ah, que droga, tinha que colocar pilha. Dá bomba pode ter escapado, e também do atropelamento, da agulha na calça, das pombas assassinas, dos cachorros com raiva, da velha malvada, dos cogumelos que é alérgico e também do resfriado, mas quero ver escapar de uma água fervendo! Vou colocar a água na temperatura máxima! (Mexe em uns botões, e entra Mario que fica a olhando).

Mario: Algum problema amor? (Márcia solta um grito de susto).

Márcia: Meu amor? Mas já saiu do banho? Nem deu tempo de colocar a água... Como foi seu banho?

Mario: Ah... Um pouco molhado! (Os dois começam a rir) Mas, porque a gente não desce para a piscina?

Márcia: Mas você sabe que eu não sei nadar.

Mario: (com um sorriso e satisfação) Ah, é verdade. (Os dois ficam se olhando) Já percebeu como você tem cara de assassina? (Os dois dão risada).

Márcia: Que tal irmos tomar um suco de limão?

Mario: Mas você sabe que eu sou alérgico a limão.

Márcia: (Com um sorriso e satisfação) Ah é verdade. Vamos procurar alguma para fazer. (Os dois se abraçam e saem, entram os quatro amigos).

Joelson: Vocês viram como aquele recepcionista adorou a gente?

Valdemar: É, eu notei uma certa alegria nele.

Karina: Será que bosta escorrega?

Cimária: Olha Karina, dependendo da forma que a pessoa pise, pode ser que sim. Mas por quê?

Karina: Porque eu caguei no corredor pra ver se alguém pisa e escorrega, coloquei o meu celular pra

gravar. (Cimária e Valdemar fazem cara de nojo e Joelson fica muito feliz).

Joelson: Meu amor! Você fez isso? (Beija ela) Estou tão orgulhoso de você, isso é... Isso é espetacular, é idéia de gênio, voltamos na infância quando aprontávamos.

Cimária: Não, isso não é espetacular, é nojento Karina. E Joelson, não somos mais crianças.

Joelson: Para de ser chata Cimária, o que fará mal um pouquinho de travessura?

Cimária: Um pouquinho de travessura eu não sei, mas um pouquinho de merda vai fazer esse hotel feder inteiro.

Karina: Um pouquinho? (Ela e Joelson dão risada). Eu botei pra quebrar minha filha!

Joelson: Ah meu amor! Você é tão sapeca!

Valdemar: Eu vou lá limpar.

Cimária: Isso meu amor, vai lá. (Valdemar sai) Olha Karina e Joelson, somos muito amigos, mas, vocês têm que parar de ser tão infantis, são mais crianças que meus sobrinhos.

Karina: Ai Cimária! E você tem que parar de ser tão ranzinza, é mais velha que a avó da minha avó. (Os dois dão risada).

Cimária: É, pode ser... Mas mesmo assim não concordo com o que fez. (Valdemar entra dando risada).

Valdemar: Já escorregaram na sua merda Karina. (Os três dão risada).

Cimária: Valdemar! Não é engraçado. Estão vendo, alguém já deve ter se machucado. E você pelo menos limpou o resto?

Valdemar: Não... (Começa a rir) Eu achei tão engraçado que caguei também. (Os três dão risada) Quero ver mais um trouxa caindo na merda!

Cimária: Valdemar, até você? Eu mesma vou lá limpar essa sujeira. (Ela sai e os três começam a rir).

Karina: Só um idiota pra cair nessa, depois quero ver quem foi, e tomará que mais um tenha caído na sua merda antes que a chata da Cimária limpe.

Joelson: A Cimária precisa ser mais alegre. (Entra Cimária). E aí dona Clotilde, limpou as merdas do seu marido? (Dão risada).

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Cimária: Não! Porque eu caí nela. (Mostra suas costas). Olha o que a brincadeira de vocês fez?

Valdemar: Desculpa meu amor. Realmente foi uma brincadeira de mau gosto... Mas vai tomar um banho porque você está fedendo! (Os três dão risada).

Cimária: Tudo bem meu amor, mas não pense você que hoje a noite vai transar com a borradinha aqui, entendeu? Com a borradinha não, com a cheia de merda não, com a otária da bosta não. (Sai).

Valdemar: Meu amor, meu amor, não precisa pegar tão pesado... Cimária foi uma brincadeira, você até fica bem de merda. (Ele sai atrás dela preocupado, e os dois vão logo em seguida dando risada).

CENA 3 – PERDENDO AS ESTRIBEIRAS(Entra Astolfo que pega uma revista pornô e fica olhando e tendo certas excitações. Entra Osvaldo seguido de Lucí).

Astolfo: Não! Isso não era uma revista pornô, eu juro.

Lucí: Cala essa boca seu pivete.

Osvaldo: Está vendo! Você é sem educação com todos, menos com o seu pai.

Astolfo: Ele tem razão...

Osvaldo: Cala essa boca moleque! Lucí! Estamos aqui há um dia, vinte e quatro horas, a metade de um domingo com a metade de uma segunda! E até agora não transamos!

Lucí: Porque você é um idiota!

Osvaldo: ERRADO! Porque o seu pai é um parasita e não desgruda de você! Tem noção do que é para um homem ficar dois anos! Sim, dois anos, agora eu posso colocar mais emoção e ênfase nessa frase! (Começa a chorar) DOIS ANOS sem transar, e quando finalmente chega sua lua de mel e sua esposa cheia de frescura que prometeu só dar a vagina depois do casamento, e então chega o dia e mesmo assim você não consegue transar, e tudo por quê? Por quê? Astolfo me responda por quê?

Astolfo: Porque o que?

Osvaldo: Porque eu não consigo transar com a minha própria esposa! Porque ela trouxe o papai mimado e chato e cínico e mentiroso e tudo que a de ruim no mundo.

Lucí: Já terminou?

Osvaldo: NÃO! E nojento... Agora sim. (Lucí dá um tapa na cara de Osvaldo).

Lucí: Pois eu também terminei. Amanhã mesmo eu peço o divorcio. (Vai saindo)

Astolfo: Lucí! Eu to solteiro, qualquer coisa. (Osvaldo olha bravo para Astolfo, Lucí sai).

Osvaldo: Você vai ver... Daqui a pouco ela volta arrependida. (Lucí entra) O que eu falei... (Lucí dá um beijo em astolfo). LUCÍ?

Lucí: Sim, eu o beijei, beijei, beijei mesmo! E não me arrependo. (Osvaldo olha em volta, pega uma vassoura e começa a beijá-la). (Lucí e Astolfo olham com nojo).

Osvaldo: (rindo e convencido) E aí sua imbecil, o que achou? Pelo menos eu fui trocado por um ser humano, já você foi trocada por uma vassoura, VASSOURA! E aí vai fala isso pra suas amigas? Vai? Que foi trocada por uma vassoura? O que elas vão achar? Vai contar vai? (Lucí pega o celular e liga).

Lucí: Oi Tatiana, você não acredita, o Osvaldo beijou uma vassoura, sim ele me trocou por ela, sim, eu sei que ele é um idiota... Carla? Você está na linha? Ouviu o que eu disse? Sim, eu sei, ele é um retardado, o que ele vai fazer com a vassoura? Bom, ele tem outro jeito de brincar com ela... Bruna? Ah, sim foi o que você ouviu... (Osvaldo pega o celular de Lucí).

Osvaldo: Para com isso! Poh! Lucí eu te amo.

Lucí: Eu também te amo Osvaldo, mas você tem que parar de pegar no pé do meu pai. Ele é apenas um senhor de idade. (Os dois se beijam).

Astolfo: Mas e eu Lucí? E o nosso beijo? E esse momento tão especial? Será que não significou nada pra você? Será que fui apenas mais um em sua vida?

Lucí: Astolfo, eu só queria passar ciúmes no meu marido. E a vassoura? Como acha que ela está sentindo com tudo isso? (Dá risada e sai com Osvaldo).

Astolfo: Não adianta me olhar assim, a culpa foi sua, quem mandou ser tão fria e áspera? (Sai). (Entra Cândida que pega sua vassoura).

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Cândida: Porque está chorando? (Abraça a vassoura e começa a varrer). (Entra Mario).

Mario: Canjica pode arrumar uma faca pra mim?

Cândida: É Cândida, não canjica... E a faca é pra você?

Mario: Não, é para a Família Adams... É lógico que é pra mim, eu estou pedindo, eu estou aqui, está dialogando comigo. Quando eu disse: Pode arrumar uma faca pra mim! É pra mim, mim, mim, mim, a palavra mim está indicando a mim, mim, eu, não ao Fred ou a o Jason, ou ao Chuck ou até mesmo a bolha assassina, é somente a mim. (Cândida começa a chorar). Porque está chorando agora sua idiota?

Cândida: Ninguém nunca foi tão mau comigo. Eu só queria saber se era pra você.

Mario: Está bem, agora já sabe que é pra mim, pode me arrumar? Ou você tem alguma duvida se é realmente pra mim, mim?

Cândida: Mas pra que quer essa faca?

Mario: Para enfiar no seu cérebro... ARRUMA A FACA PRA MIM! (Cândida entrega à faca para Mario, entra Márcia com um ponte de morango, os dois se beijam e se sentam).

Márcia: É com essa faca que a gente vai comer os morangos? Mas cadê o garfo?

Mario: Eles não tinham... Abre a boquinha. (Mario pega o morango com a faca e coloca na boca de Márcia, e cada vez vai enfiando mais).

Márcia: Mario! Obrigado, Mario! Mario tira essa faca da minha boca.

Mario: Come meu amor! Come! Come!

Cândida: (chorando) Como é lindo o amor. Come Márcia, come tudo linda. (Ela tira a faca da boca dela).

Márcia: Achei que você ia enfiar essa faca na minha garganta.

Mario: (Insano) É! (Começa a rir) Quer mais morango?

Márcia: Pode deixar que eu pego com as minhas mãos.

Cândida: Ah! Estava tão lindo ele dando os morangos na sua boca com a faca.

Márcia: Cala a boca sua imunda e se intrometa do que é da sua conta, que tal ir dar uma voltinha nessa vassoura? (Cândida começa a chorar, Maria e Márcia ficam olhando para ela dando risada). Olha como ela chora! (Ela fica sem graça e para de chorar e sai. Mario dá um soco em Márcia) PORQUE FEZ ISSO?

Mario: Tinha um... Um sapo em seu rosto, aí eu fiquei com tanta raiva que resolvi tira-lo.

Márcia: Um sapo?

Mario: É, um sapo.

Márcia: Como o meu amor é preocupado comigo. (Dá um tapa na cara dele) ÓH! Olha, quase matei a pomba que voou no seu rosto.

Mario: Ah meu amor, deixasse a pomba! (Bate a cabeça dela no chão). Quase matei um piolho boi que estava na sua cabeça. (Márcia dá um soco no estomago dele).

Márcia: Por pouco eu não pego essa barata! (Os dois começam a se bater, e vão inventando vários animais. Mario pega a vassoura e bate nas costas dela).

Mario: Eu vou tirar esse cavalo das suas costas amor! (Os dois ficam cansados e deitam no chão). Eu te amo Márcia.

Márcia: Eu também te amo Mario.

Mario: É bom ver que a gente se preocupa um com o outro. Tantos anos casados, não é? (Os dois começam a chorar e saem). (Entram os dois casais, Joelson e Karina estão bêbados).

Valdemar: Ainda bem que você desistiu da idéia de não transar comigo.

Cimária: Eu não desisti Valdemar, você ainda está de castigo... E eu não quero mais dormir com todo mundo na mesma cama, foi horrível.

Valdemar: Mas então... (Karina olha com um sorrisinho para Valdemar). Ai meu pai.

Cimária: Olha Karina, somos grandes amigas, as melhores, mas é que já que vamos conviver no mesmo quarto por um tempo, queria que você parasse com a batalha do pum mais fedido com o seu marido.

Karina: Cimária larga a mão de ser quadrada. Tem coisa mais cheirosa que uma guerra de puns? Ah tem sim... O bafo da mãe do Joelson! (Karina e Valdemar dão risada).

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Joelson: Não vem não Karina, sua mãe também tem um bafo desgraçado.

Karina: Cala a boca seu idiota, minha mãe morreu e você nunca conheceu ela.

Cimária: Nossa! Que triste não ter passado muito tempo com a sua mãe. Ela morreu e você era bem novinha, tinha sete anos não é Karina? A gente ainda não éramos amigos. Do que ela morreu?

Karina: Eu sei lá... Pergunta pra ela.

Cimária: Mas a sua mãe morreu Karina. (Karina começa a chorar).

Karina: Ai meu Deus. (Abraça Cimária) Como foi isso? Quando?

Cimária: Karina! Você sabe que sua mãe morreu, e faz muito tempo. (Karina dá um tapa na cara de Cimária).

Karina: Nunca mais fala isso. Minha mãe morreu, mas depois ela viveu de novo... Sabe onde Cimária? Aqui dentro, aqui dentro do meu coração.

Cimária: Que lindo o que disse Karina.

Karina: Lindo o escambal, eu quero que aquela velha se dane. (Karina e Joelson dão risada).

Cimária: Vinte e três anos de amizade e eu não sabia que vocês dois eram tão idiotas.

Joelson: Calma lá dona quadrada, não precisa ofender.

Valdemar: Cimária, os dois estão bêbados, não ligue para o que eles falam.

Cimária: Mas eu bêbada, sei muito bem o que eu faço. Esse negócio de bêbado é só uma desculpa, uma desculpa para os engraçadinhos fazerem o que bem entendem. (Entra Enzo).

Joelson: Luz na passarela que entrou o homem mortadela. (Karina, Joelson e Valdemar dão risada).

Valdemar: Essa foi boa Joelson! Ouve essa: Luz na passarela que lá vem o homem canela! (Os três dão risada).

Enzo: Que tipo de problema mental tem os seus amigos?

Cimária: Desculpa amigo, eles são uns bandos de imbecis.

Karina: Não tem que pedir desculpas não Cimária, a gente está pagando aqui, entendeu? Estamos pagando o bagulho louco desse hotel, e eu faço o que eu quiser! (Tira a camisa e começa a rodar). Uh, tiazinha, mostra essa tetinha e vem! (Joelson pega a mão de Karina e a de Valdemar, que pega a mão de Enzo, e formam uma ciranda e começam a rodar).

Joelson: Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar... Vamos dar à meia voltar, volte e meio vamos dar... Vamos rodar mais depressa. (Eles começam a rodar bastante). Entra na farra Cimala!

Karina e Valdemar: Vem Cimala! Vem Cimala! Vem Cimala!

Karina: Cimala combinou direitinho com ela! (Eles formam a ciranda em torno dela)

Karina, Joelson, Valdemar: Cimala, Cimala, Cimala!

Cimária: Era o meu apelido da infância! (Sai da roda, senta e emburra!) Bobos!

Karina: Oh Cimária, brinca com a gente, brinca.

Joelson: Desculpa Cimária, a gente não queria te magoar.

Cimária: Eu to de mal.

Karina: Então eu vou contar tudo pra minha mãe, sua boba. (Os quatro começam a chorar feito crianças).

Enzo: Mas o que é isso? Parem de chorar seus loucos.

Joelson: A gente só para de chorar, se você contar uma historinha pra gente!

Enzo: O QUE? (Os quatro começam a pular e gritar).

Os quatro: queremos historia! Queremos historia! Queremos historia!

Enzo: Está bem! Eu conto uma historia pras crianças de vinte e poucos anos. Era uma vez uma garotinha chamada Chapeuzinho vermelho, ela foi levar os doces para sua avozinha e no caminho o Lobo Mau comeu a garotinha. (Os quatro começam a chorar). Mas o que foi?

Karina: O Lobo Mau não pode comer a garotinha.

Enzo: Está bem! O lobo mau não comeu a garotinha, foi ela quem comeu ele. (Eles começam a chorar). Mas...

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Joelson: Menina má, menina má! Não podia comer o pobre do lobinho. Auuuuh! (Choram bastante).

Enzo: ESTÁ BEM! Ninguém comeu ninguém, os dois se casaram e foram felizes para sempre! (Eles batem palmas, sorriem e saem). (Entra Astolfo e Cândida). Eu vou ficar louco! LOUCO! Essa é a pior temporada de hospedes que já tivemos!

Cândida: Assino embaixo. São tão mal educados.

Astolfo: Brincam com os nossos sentimentos. (Abraça a vassoura).

Enzo: E são malucos, retardados, pirados da cabeça!

Cândida: Que tal fazermos uma festa?

Astolfo: Uma festa?

Cândida: É! Uma festa! Uma festa pra acalmar e apaziguar as situações com os nossos hospedes.

Enzo: É uma ótima idéia, eu sou demais, isso só poderia ter vindo da minha cabeça.

Cândida: Mas essa idéia...

Enzo: Cala a boca Cândida, como você fala minha filha. Vou providenciar tudo, Cândida encomende as comidas e limpe todo o salão de festa! Astolfo veja as musicas, decorações, e também providencie as luzes.

Cândida: E você o que faz?

Enzo: Mando vocês fazerem! Como é difícil mandar, me deixa todo suado! Vou comunicar ao gerente minha extraordinária idéia. (Sai).

Cândida: Engraçadinho ele, não?

CENA 4 - COMPLICAÇÕES (Entra Osvaldo e Lucí).

Osvaldo: Amor, que tal agora? Eu não agüento mais, por favor!

Lucí: Tudo bem meu garanhão! (Os dois se beijam). Eu te amo sabia? (Se deitam na cama e entra Fonseca).

Fonseca: Lucí, minha filha, (Lucí solta um grito e sai da cama).

Osvaldo: NÃO!

Lucí: Pai! O que foi?

Fonseca: Eu estou com medo, posso dormir essa noite ao seu lado?

Osvaldo: Lucí eu vou dar uma voltinha ali fora porque se não eu sou capaz de matar uma múmia ambulante, e espero que quando eu chegar essa múmia já esteja na tumba dela e que eu posso finalmente encaixar a minha chave na sua fechadura! (Sai).

Lucí: Pai, eu e o Osvaldo precisamos ficar uns tempos sozinhos. (Fonseca faz cara de dó e afina a voz).

Fonseca: Mas você disse que ia cuidar de mim.

Lucí: Sim, eu vou cuidar, mas também não é assim... (Lucí se vira de costa e Fonseca dá uma paulada na cabeça da filha que desmaia na mesma hora, ele a coloca para dormir, pega a chave e tranca a porta).

Fonseca: Hoje não tem lugar pra você aqui genro predileto. (Olha pra filha dele) Fica despreocupada meu anjo, ninguém vai tirar sua virgindade... Não enquanto eu estiver vivo! (Deita na cama e dorme) (Osvaldo bate na porta).

Osvaldo: LUCÍ! LUCÍ! Abre essa porta! LUCÍ! (Começa a bater na porta) (Fonseca pega o telefone e liga para a recepção).

Fonseca: Alo, tem um louco atormentando minha filha, será que vocês não podem tirá-lo daqui? Quarto 302.

Osvaldo: ME SOLTEM! ME SOLTEM! Esse é o meu quarto, eu durmo aqui!

Fonseca: Em fim paz! Ah Osvaldo o que eu puder fazer pra você se ferrar eu vou fazer. (As luzes se apagam, eles saem e entram Mario e Márcia). (Uma mesa de jantar está posta no meio do palco, os dois se sentam e ficam se olhando).

Márcia: Um jantar para mim? Como você é romântico Mario.

Mario: Você merece Márcia. (Os dois começam a rir. Uma musica romântica toca) Posso tirar minha bela esposa para dançar? (Os dois começam a dançar) Você sempre querendo dançar melhor que eu.

Márcia: Mas eu danço meu amor. (A musica romântica para, e toca uma musica de balada).

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Mario: Então vamos ver baby. (Ele começa a dançar). E aí o que achou sua trouxa? (Ela também começa a dançar).

Márcia: Vê se consegue isso! (Os dois começam a dançar, disputando espaço e se olhando com bastante rivalidade). (Os dois caem no chão bem cansados). Estamos um pouco ultrapassados para essas danças.

Mario: Fale por você, eu conseguiria ficar dançando ali por mais quatro horas, só parei pra não te deixar sem graça. (Os dois se sentam e começam a comer). (No pensamento dele: Ordinária, quando você vai morrer para me deixar feliz?).

Márcia: (No pensamento dela: Desgraçado, com os ossos podres que você tem, achei que essa dança iria arrebentar todo o seu esqueleto). (Ela joga suco na cara dele) Ah, desculpe, era pra acertar na minha boca. (Os dois vão se olhando com raiva e então começam uma guerra de comida).

Mario: Estava uma delicia meu amor.

Márcia: Eu digo o mesmo. Vou ao banheiro dar uma lavada no meu rosto. (Ela sai).

Mario: Vai, vai, vai sua pistoleira! É agora que vem a melhor parte dessa noite. (Pega uma garrafa de vinho e duas taças, coloca o vinho nelas). O vinho e agora... (Pega um saquinho e despeja em uma das taças) Prontinho, o suplemento da sua morte minha querida esposa. Foram bons os momentos ao seu lado... MAS CHEGA! Eu quero poder desfrutar logo de toda nossa fortuna, sozinho! Com minhas vadias particulares, com as minhas viagens a Londres, Texas, Roma, e tantos outros lugares que são bem bonitos sem você do meu lado peste dos infernos. (Entra Márcia).

Márcia: Que delicia! Vinho?

Mario: Não, água roxa! (Os dois riem) Vamos brindar ao nosso amor, a nossa felicidade... E ao mais importante! Aos nossos tantos anos de vida juntos que foram e que virão! (Os dois dão risada). (Márcia pega a taça e quando vai beber, entra Cândida que esbarra nela onde o vinho cai). NÃO!

Cândida: Desculpe Márcia, é que eu vim ver se precisavam de alguma coisa.

Mario: E não podia ver isso, um minuto depois? (Começa a chorar) Um minutinho era tudo o que eu precisava! Um só um!

Márcia: Calma Mario. Tem mais aqui na garrafa.

Mario: Sim, tem, tem um monte, mas não igual tinha naquela taça... Com que permissão você entra no quarto dos hospedes?

Cândida: Desculpa, eu só queria...

Mario: Você queria é acabar com a minha festa. (Deita no chão e faz carinho no vinho derramado) E acabou! Sua bruxa, cara de pernilongo diabético, SOME DAQUI! (Cândida sai chorando) Chora mesmo sua ordinária, desgraçada (começa a chorar) destruidora de sonhos.

Márcia: Mario vamos tomar um banho! Você está precisando.

Mario: A gente pode tomar banho na piscina? Porque assim você... Você... Cabum, xuá, bluft, ploft. (Os dois saem, entram os quatro amigos).

Cimária: Precisamos conversar. (Os quatros se sentam no chão formando uma roda). Acho que nossa amizade era mais bonita quando não convivíamos todos os dias juntos. O Joelson não dá descarga, a Karina não lava uma louça... Eu não gosto de desorganização.

Karina: Eu também acho que a convivência não está dando bons resultados. A Cimária acha que é nossa mãe.

Joelson: E o Valdemar fica contando piadas chatas que ele já me contou centenas de vezes.

Valdemar: Já que é pra jogar na cara... Ótimo! Eu estou cansado de toda vez que a gente vai dormir, você vir cantar aquelas musicas. (Joelson começa a chorar).

Joelson: Eu achei que você gostava!

Valdemar: E eu achei que você gostava das minhas piadas.

Joelson: Gosto quando ela não chega a ser contada cinco vezes por mês.

Karina: A comida da Cimária é horrível, o arroz é papa, o feijão é aguado e o macarrão é duro.

Cimária: O QUE? Mas você sempre elogiou minha comida.

Karina: Não! Eu sempre elogiei a sua coragem de fazê-la. Lembra: “Você gosta de cozinhar hein”, “Oh coragem pra fica na cozinha”, “Força no fogão”, “Que os santos protejam essa comida”... Sempre foram as minhas frases pra você, nunca elogiei sua comida. (Cimária dá um tapa na cara de Karina e as duas começam a brigar) (Joelson dá um tapa na cara

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de Valdemar, e os dois brigam iguais a elas). (Entra Enzo)

Enzo: Mas o que está acontecendo aqui? PAREM DE BRIGAR! (Eles param e ficam olhando para Enzo). Eu já estou cansado das infantilidades de vocês! São os piores hospedes que a gente já recebeu... E sim, eu posso dizer isso, quando os hospedes não respeitam os regulamentos tenho o direito de dar bronca. (Os quatro começam a chorar) Eu não acredito nisso! (Enzo faz palhaçadas e eles param de chorar e começam a rir).

Os quatro: AE! QUE LEGAL! (Enzo abraça eles).

Enzo: Meus bebezinhos! A mamãe está aqui. (Os quatro se olham assustados). Quer dizer... Parem de brigar que eu não agüento mais. (Ele sai).

Cimária: Desculpa Karina, eu não queria bater em você.

Karina: Sai dessa querida, eu bati mais que você.

Cimária: Não bateu não! (Os quatro saem discutindo).

CENA 5 – A FESTA DE CONFRATERNIZAÇÃO(Entra Enzo, seguido de Astolfo que trás duas mesas, e Cândida que trás cadeiras).

Cândida: Tomara que esse meu esforço vala pena. Já estou com os ossos moídos.

Enzo: Você só reclama Cândida.

Cândida: E você não faz nada, mais motivos pra eu reclamar.

Astolfo: Está tudo arrumado! Daqui a pouco eles chegam... Espero que vacinados. (Entra Osvaldo, Lucí e Fonseca). Oi Lucí.

Enzo: Boa noite queridos hospedes. Sintam-se a vontade.

Cândida: Sem sexo ainda?

Osvaldo: (Nervoso) É. (Os três se sentam em uma mesa).

Lucí: Acho que essa noite vai ser muito boa.

Osvaldo: Seria se depois daqui eu e você fossemos transar, mas não, isso não vai acontecer, porque o parasita do seu pai continua grudado na filhinha que morre de pena dele.

Lucí: Dá pra você controlar seus instintos? Osvaldo entenda o meu lado.

Osvaldo: Sim, eu entendo Lucí... Mas será que você pode entender o meu?

Fonseca: Osvaldo, eu não atrapalho as suas investidas por querer, sempre acontece realmente algo.

Osvaldo: E eu sou a pombinha branca dos Estados Unidos que posou no Iraque pedindo paz!

Lucí: Está vendo Osvaldo? Meu pai conversa com você numa boa, mas mesmo assim o seu instinto animal quer agredi-lo.

Osvaldo: Não Lucí, eu não quero agredi-lo, eu quero matar o seu pai, passar com um trem em cima dele, afogá-lo em um corgo qualquer, pegar uma pedra e jogar na cabeça dele, eu quero... Eu quero ser feliz ao seu lado.

Lucí: Matando o meu pai?

Osvaldo: É! Quer dizer, talvez, ou, é uma boa possibilidade.

Fonseca: Minha filha! Eu estou sendo ameaçado de morte! Você não pode continuar casada com um homem que quer matar seu pai.

Osvaldo: Seu desgraçado! (Começa a enforcá-lo, até que Lucí os separa).

Lucí: Osvaldo! Ele é o meu pai.

Osvaldo: Sim ele é o seu pai, e é meu pior castigo, o meu pior pesadelo, a maior pedra do meu sapato, o tubarão mais faminto do meu rio cheio de focas! Eu não agüento mais! Às vezes tenho vontade de sair correndo e ir abraçar a minha mãe.

Lucí: Opa! Não fala da sua mãe perto de mim! Eu já falei que eu não gosto... Prefiro não falar.

Osvaldo: Está vendo! Você não gosta da minha mãe, o que me faz ter todo o direito de odiar o seu pai.

Lucí: Mas eu nunca desejei morte a ela.

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Osvaldo: O QUE? Então o que era aquela promessa pra Santa expedita? “Você mata a minha sogra e eu doou minhas roupas para a casa de abrigo”. Pensa que eu não ouvi? (Lucí fica sem graça).

Lucí: tudo bem eu desejei a morte da sua mãe, mas no mesmo dia eu tinha brigado com a santa expedita então o meu pedido não teve validade. (Os dois se emburram, e Fonseca fica feliz). (Entra Mario e Márcia).

Márcia: É junto deles que vamos nos sentar?

Mario: Parece que vamos ficar todos juntos nessas mesas de plástico.

Enzo: Boa noite meus hospedes queridos, queiram se sentar. (Os dois se sentam e Fonseca fica olhando para Márcia).

Márcia: Mario, aquele velho não para de me olhar.

Mario: Márcia aquele velho nem deve enxergar direito. (Eles ficam em silencio e Osvaldo solta um grito).

Osvaldo: (gritando) Esse é o seu problema! Você só enxergar os seus problemas.

Lucí: (Gritando) E esse é o seu problema, você só sabe me criticar. (Os dois começam a discutir, Fonseca põe mão no peito e desmaia). OH MEU DEUS! Meu papai!

Márcia: Mario, você é medico.

Mario: Sim meu amor eu sei disso.

Márcia: Então ajuda ela.

Mario: Por quê?

Márcia: Porque você é médico.

Mario: Ah sim. Eu posso ajudá-los. Sou médico.

Lucí: Muito obrigada moço. (Mario e Astolfo pegam Fonseca).

Mario: Obrigada nada, isso vai custar alguma coisa. (Os dois levam Fonseca).

Márcia: Fica tranqüila, seu pai vai ficar bem.

Lucí: Ele já tem noventa e nove anos.

Márcia: É não fique tão tranqüila. Mas ele parece ser um velho forte, vai resistir ainda por bastante tempo.

Osvaldo: Que Deus não te ouça.

Lucí: Está vendo seu ordinário! É tudo culpa sua.

Osvaldo: O que? Deus agora anda fazendo favores pra mim, eu não tenho culpa que o seu pai morreu.

Lucí: Meu pai não morreu!

Osvaldo: Não fala isso! (Entra os dois casais dançando).

Valdemar: Vamos lá pessoal! Animação!

Karina: Hoje eu quero botar pra quebrar.

Joelson: Que cara de enterro são essas?

Osvaldo: O pai dela morreu. (Os quatro ficam sem graça).

Lucí: O meu pai não morreu!

Osvaldo: Não fala isso!

Cimária: Desculpe a gente não sabia. (Todos ficam em silencio). (Entra Mario que pega nos ombros de Lucí).

Mario: Tenho uma noticia pouco agradável pra você... Bom, seu pai morreu. (Lucí começa a chorar e abraça Astolfo, Osvaldo fica feliz, e os quatro ficam tristes). Calma gente é só uma piada.

Lucí: (nervosa) O que?Você é louco, isso não é motivo de piada.

Mario: Eu acho mortes coisas saudáveis. (Olha para Márcia e sorri). Te amo meu amor. Mas seu pai está bem, foi apenas um susto. (Osvaldo começa a chorar e abraça Astolfo). (Fonseca entra, e os quatro batem palmas).

Fonseca: Vocês vão ter que me agüentar mais cem anos. (Osvaldo grita).

Karina: Vamos comemorar então. (Toca uma musica e todos começam a dançar, menos Osvaldo que fica sentado no chão indignado). (Mario e Márcia vão à frente, dançam e ficam se olhando).

Mario: (No pensamento dele) Vai, dança, dança sua ordinária, os seus dias estão contados.

Márcia: (No pensamento dela) Baba mais um pouco otário, pode olhar a vontade, aproveita, porque logo não poderá nada dentro de um caixão. (Cimária bebe sem parar e começa a dançar bêbada).

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Karina: O que aconteceu Cimária? Cimária: Cala a boca sua cretina, deixa eu em paz. Eu não estou bêbada, e eu sei muito bem o que eu estou fazendo. (começa a dançar sensualmente).

Valdemar: Cimária! Pare com isso? (Ela dá risada).

Cimária: E quem vai me obrigar? O meu pai?

Valdemar: Cimária, eu estou muito chateado com você.

Cimária: Vai peidar na água seu corno. (Valdemar também começa a dançar sensualmente para as mulheres).

Valdemar: Podem usufruir de todo esse pecado meninas!

Karina! Uhuuul!

Cimária: Valdemar! Pare com isso! Eu sou sua esposa! Exijo respeito!

Valdemar: Vai se ferrar sua ordinária! (Começa a correr em torno do palco só de cueca) Eu sou feliz! Eu sou feliz! (Osvaldo pega Lucí e vai para o canto do palco).

Lucí: O que está fazendo?

Osvaldo: Vai ser agora! A gente vai transar Lucí! Nem que seja a ultima coisa que eu faça nessa noite.

Lucí: Eu não pensei que a minha primeira vez fosse assim, mas... Tudo bem. (Lucí fica esperando) E então Osvaldo, quando a sua chave... Vai entrar... Na minha fechadura? É assim que você fala não é?

Osvaldo: Lucí não ta... LUCÍ! Lucí o negocio não quer subir!

Lucí: Osvaldo você broxou? Osvaldo eu não acredito nisso! (Osvaldo grita de raiva e começa bater a cabeça na parede).

Osvaldo: Não! Não! Não! Não! (Fonseca chama todo mundo para verem Osvaldo, e todos começam a rir).

Fonseca: Broxou aí genrinho?

Joelson: Que coisa feia hein! Broxar desse jeito?

Karina: Joelson cala a boca que você vive broxando. (Todos dão risada).

Joelson: Pessoal! Vamos se focar ali nos dois.

Todos: ELE BROXOU! ELE BROXOU! (Todos saem correndo, e ficam só os três funcionários).

Enzo: É! Agora vem o trabalho duro. Arrumem tudo aí, estou indo dormir. (Cândida pega Enzo pelo pescoço).

Cândida: Olha aqui meu filho, eu to cansada de eu e o idiota aqui fazermos tudo e você só mandar, pois agora fique sabendo que é você que vai limpar tudo isso daqui sozinho, você não é o patrão pra mandar tanto assim, hoje eu não arrumo nada. (Ela sai).

Astolfo: Eu também...

Enzo: Astolfo meu querido, em nome da nossa amizade. Ajude-me a limpar as coisas, você é meu grande amigo.

Astolfo: (feliz) Você me chamou de amigo! De amigo! (Ele pega na mão de Enzo e os dois começam a rodar) AMIGO! AMIGO! AMIGO! (Enzo fica irritado)

Enzo: Para Astolfo! Sim, somos amigos, mas não precisa alarmar tanto. (Ele pega as cadeiras e Astolfo às mesas).

CENA EXTRA – O ASSALTO(Os personagens entram para tomar o café da manha). (Cândida vai atender Mario e Márcia).

Cândida: O que vocês vão querer?

Márcia: Queijo, algumas torradas, pão e no café você pode colocar açúcar, muito açúcar, entupir de açúcar, transbordar de açúcar...

Mario: Amor, você sabe que eu sou diabético.

Márcia: (sorriso com satisfação) Ah é verdade. Tudo pela sua saúde.

Cândida: Bom, então o que vocês vão querer?

Márcia: (nervosa) Nada, perdi a fome.

Mario: Pra mim você trás um café da manhã normal.

Cândida: O que é um café da manha normal?

Mario: Um pudim de chocolate com algumas azeitonas, e um suco de beterraba com cenoura. (Mario olha pra Enzo que entende o pedido).

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Cândida: Jurava que era pão, café, leite, e alguns biscoitos. Gente rica tem cada desejo. (Vai à mesa de Osvaldo). E o casal mais feliz do hotel, o que vão querer?

Osvaldo: Não sei... O que você vai querer sogrinho?

Fonseca: Bom eu vou...

Osvaldo: Pimenta malagueta? Ou que tal algumas costelas cheia de gorduras ótimas para seu colesterol, pensando bem você podia pedir uma passagem de ida para o inferno... Pão, café, leite, biscoito, queijo e torradas.

Fonseca: E uma pílula azul. (Ele e Cândida dão risada).

Cândida: Essa foi boa.

Osvaldo: Seu velho ordinário! (Começa a enforcá-lo, e Lucí os separa).

Lucí: Osvaldo você quer matar o meu pai?

Osvaldo: Lucí me faz essa pergunta de novo? (Cândida sai, e os dois ficam discutindo, a empregada vai para a mesa dos dois casais).

Cândida: Bom dia, o que vocês vão querer?

Karina: Ah sei lá, alguma coisa pra comer. (Eles dão risada).

Cândida: (irônica) Ah que engraçado, anda logo minha filha, não tenho o tempo todo do mundo pra você.

Valdemar: Ah com ela não tem graça. (Eles olham para Enzo) Gatinho! Vem aqui vem! (Os quatro dão risada).

Cândida: (entediada) Nossa! Vocês são tão engraçados que nem se tocam das piadas de vocês.

Cimária: A gente quer com um café da manhã normal.

Cândida: Um pudim de chocolate com algumas azeitonas, e um suco de beterraba com cenoura?

Cimária: Não, apenas um pão, café, leite, biscoitos...

Cândida: Ta querida, eu já entendi. (Entra um bandido).

Bandido: Todos com as mãos para cima.

Karina: Ai cara vai se ferrar, to morrendo de dor de cabeça.

Bandido: Cala a boca filhinha de papai, isto daqui é um assalto. TODOS COM A MAO PRA CIMA!

Mario: Olha cara, eu não estou com a mínima vontade erguer as mãos. To super cansado.

Bandido: Eu acho que vocês não estão entendo que isso é um assalto.

Mario: Cara e será que você não entendeu que isso daqui é um hotel e a gente veio aqui pra passar as férias e não pra ser assaltado? (O Bandido fica irritado e dispara pra cima, todos se viram e voltam a conversar).

Bandido: Tudo bem, a minha paciência está acabando! Eu vou matar todo mundo se não me passarem a grana, sabem da onde...

Karina: (gritando) Cadê o meu café da manhã em oh sua tartaruga, eu estou com fome, será que a sua mãe não aprendeu que na vida a gente tem que ser rápido? Bandido: CHEGA! (Pega no ombro de Lucí e Fonseca dá bengaladas nele).

Fonseca: Não ouse a encostar um dedo na minha filha. (Ele vai em direção a Karina).

Karina: Cara, eu juro que se você colocar sua mão em mim, eu enfio sua cabeça no ralo. (O Bandido fica mais nervoso e solta dois tiros pro alto). Ai socorro, cuidado com ele!

Bandido: Eu estou perdendo a paciência, eu mato todo mundo, eu juro que mato. (Mario pega o telefone e liga pra policia).

Mario: Alo! Policial? Olha tem um cara aqui enchendo o saco, não quer deixar a gente tomar o nosso café da manhã, ta falando que vai matar todo mundo, eu to de saco cheio... (O Bandido pega o celular e joga no chão).

Bandido: Já chega, eu vou escolher um e vou matar.

Fonseca: Você pode fazer o favor de escolher o marido da minha esposa, se você for mesmo tomar alguma iniciativa e for gastar mais uma bala, gaste atirando nele, fazendo o favor.

Lucí: Papai!

Fonseca: Lucí! Deixe homem, ele quer atirar em alguém, porque não o seu marido?

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Bandido: Vocês devem estar achando que isso daqui é uma brincadeira não é?

Cimária: Olha moço, se eu fosse você eu ia pra sua casa, tomava um calmante, descansava e pensasse melhor no que você quer ser pra sua vida.

Valdemar: Porque sinceramente, nem pra bandido você serve, está aqui há meia hora e até agora eu só fiquei com medo da cara feia que a Karina fez pra comida.

Karina: Não, e tipo, olha a postura desse ladrão? Quem vai ter medo disso? (Todos começam a rir, o bandido fica nervoso e solta mais dois tiros e grita de raiva). Já saquei a desse cara, ele quer atenção, vamos dar atenção pra ele. (Todos começam a bater palmas pro bandido que começa a chorar e vai embora). Gente até que enfim, esse cara desconfio. (Todos se levantam e saem)

CENA 6 – ULTIMAS TENTATIVAS (Entra Osvaldo seguido de Lucí).

Osvaldo: Eu não sei como aquilo foi acontecer. Eu esperei tanto! E na hora que finalmente o seu pai não iria atrapalhar... EU BROXEI!

Lucí: Mas não ia ser interessante acontecer daquele jeito... (Passa a mão no rosto dele) Tem que ser assim, calmo, com amor. (Beija-o). (Osvaldo a coloca deitada na cama, os dois vão se beijando até que sentem um cheiro muito forte).

Lucí: Osvaldo! Que clima romântico se pode ter com você peidando?

Osvaldo: Mas eu não peidei... QUE CHEIRO É ESSE?

Lucí: Desculpa Osvaldo, mas não tem clima com esse cheiro, eu vou me sentir transando com um gambá, e eu não quero que a minha primeira vez eu tenha esses tipos de emoções.

Osvaldo: Amor, a gente coloca prendedores no nariz...

Lucí: Não adianta, não vou fazer amor desse jeito, vou transar mais com o meu nariz do que com a minha... Bom você sabe. Vou tomar um ar. (Sai, e Osvaldo começa a bater a cabeça na cama e morder o travesseiro).

Osvaldo: QUE INFERNO! Quando eu vou poder fazer amor com ela? Quando? Espera! Por trás de todo esse odor, só tem uma pessoa que pode estar envolvida nisso... FONSECA! VELHO MALDITO! Vou tomar um banho! (Vai pro banheiro, tira sua roupa e de lá se ouve:) O que temos aqui? Um prato de carne estragada! Foi aquele velho! (Fonseca entra e tranca a porta do banheiro e pega as roupas dele).

Osvaldo: Quem fechou a porta! Abre aqui! Lucí? Lucí? Foi você? FONSECA! MALDITO! ABREM! ABREM! (Entra todos do hotel, menos Mario e Márcia).

Enzo: O que está acontecendo?... Nossa que fedo!

Karina: O bonitão não tem potencia pra transar, mas pra soltar uns canhões... Jesus amado!

Cândida: Ele está trancando no banheiro. (Pega umas chaves) Eu tenho reservas! (Abre a porta e sai Osvaldo nu, tampando suas partes intimas com revistas). JESUS!

Osvaldo: Eu não sei o que aconteceu! Mas acho que o Fonseca poderia responder.

Fonseca: Não, eu estou tranqüilo... Com a minha consciência limpa de qualquer maldade. Não entendo porque tudo joga a culpa em mim Osvaldo, já cansei de ser injustiçado.

Osvaldo: Eu só não lhe arrebento, porque minhas mãos estão ocupadas e ao usá-las posso causar um grande transtorno.

Cândida: Eu não me importo.

Osvaldo: Muito obrigado a todos, mas podem ir embora!

Karina: Educação na lata, adoro isso. (Todos saem, fica só Lucí e Fonseca).

Osvaldo: Quando eu disse todos, eram todos! PRINCIPALMENTE VOCÊ!

Fonseca: Mas acontece que o meu quarto está com goteiras e por isso eu vou dormir aqui... Mas minha filhinha se ouver algum problema, tudo bem, eu volto pro meu quarto, por mais que as goteiras vão me dar um resfriado, mas fazer o que.

Lucí: Não, você vai ficar aqui.

Osvaldo: Lucí eu vou ir à Antártica fazer amor com os pingüins, e quando o seu pai concretamente morrer, você me manda um telegrama e eu volto e vejamos se finalmente poderemos fazer uma das coisas mais comuns entre um homem e uma

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mulher! Porque o seu pai já fez isso, e agora ele está tendo a maldade de não deixar a filha dele experimentar, mas ele sabe como é bom, é muito bom, você não tem noção Lucí! (Sai).

Lucí: Eu vou perder o Osvaldo desse jeito papai.

Fonseca: Se ele te ama de verdade, não vai ser isso que vai separá-lo de você. (Os dois se abraçam e Fonseca dá risada, os dois saem, entra Mário).

Mario: CHEGA! CHEGA! Eu preciso matar aquela cretina! Mas como? Pobre Márcia, a coitada não moveria uma pena pra me machucar e nem imagina quais são os meus planos para ela... Ah eu já sei! (Ele sai entra Márcia).

Márcia: CHEGA! CHEGA! Eu preciso matar aquele cretino! Mas como? Já tentei tantas coisas! Pobre Mario... Me ama tanto, daria sua vida pela minha e nem imagina que eu estou tentando matar ele... Já sei! Isso tem que dar certo! (Ela sai e entra Cândida).

Cândida: Esses dois são tão estranhos! Deixa-me varrer aqui, porque essa sala ta uma sujeira e depois aquela enjoada fica reclamando. Aquela Márcia tem sorte, o marido gostoso... Se eu tivesse um desse, UIH! Nem sei o que dizer. “Eu sei que eu sou bonita e gostosa e eu também sou viu e perigosa, e lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá”. (Entra Mario vestido de bandido de um lado e Márcia vestida de bandida de outro). JESUS CRISTO!

Mario: Levanta a mão!

Cândida: Eu ou ele?

Márcia: Levanta a mão!

Cândida: Você é a mulher? Então pra você: Eu ou ela? E agora pra você: Eu ou ele?

Mario: Espera aí... Eu conheço muito bem a voz da minha mulher! É você Márcia? (Os dois tiram a toca). Meu amor? O que faz vestida assim?

Márcia: Eu te pergunto o mesmo... Quer saber! Eu vim aqui pra te matar Mario! Eu não agüento mais, o nosso casamento é mais enjoativo que sorvete de leite condensado...

Mario: Mais nojento que baba de velho reumático.

Márcia: Mais estranho que a Família Adams.

Mario: Mais chato que jogar xadrez em um domingo.

Márcia: Mais falso que a sua mãe com as amigas.

Mario: E pelo visto mais perigoso que um campo minado. Detalhe a minha mãe já morreu não envolva o nome dela. Mas quer saber Márcia, que bom que estamos jogando as cartas na mesa, não agüentava mais fingir que te amava.

Márcia: E eu não agüentava mais fazer amor com você.

Mario: Que bom, porque eu nem sentia diferença. Mãos para cima Márcia.

Márcia: Mãos para cima você Mario... Qual vai ser o final disso daqui? Eu te mato e você me mata?

Mario: Eu só quero a fortuna toda pra mim.

Márcia: Pois saiba que eu também quero.

Mario: Já sei! Tive uma idéia, a gente se mata e ninguém fica com o dinheiro.

Márcia: Ótima idéia Mario, assim pelo menos eu morro em paz.

Mario: É! Nenhum de nós dois ficamos lá no inferno sabendo que o outro está usufruindo do dinheiro.

Márcia: Por isso que eu te amo Mario, você é tão inteligente.

Mario: Ah Márcia você é tão excitante. Eu só não transo com você agora, com medo de que você passe a perna em mim.

Márcia: Eu também sou pelo mesmo motivo. Vamos contar até três. Um...

Cândida: Está bem, vocês dois estão brincando...

Mario: Dois...

Cândida: Eu posso ficar com o dinheiro pra mim já que vocês dois vão morrer?

Márcia: Três. (Os dois atiram um no outro e caem mortos). (Cândida fica olhando os dois mortos).

Cândida: Gente! Eu não acredito nisso. Bom, pelo menos no fundo eles se amavam. (Ela sai e os dois vão levantando bem devagar).

Mario: Estamos mortos! Como eu sou bonito morto!

Márcia: E agora? Pra onde nós vamos. (Uma voz da cabine)

Voz: Siga o fogo! (Os dois saem). (Entram os quatro amigos).

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Cimária: Nem acredito que aqueles dois se mataram, pareciam se amar tanto.

Valdemar: Pessoal, eu preciso desabafar. Acho que nós não somos como antigamente, vivemos brigando, e por nada... Não éramos assim.

Cimária: Tem razão Valdemar. Quando a gente não se via todos os dias, nos dávamos bem melhor.

Joelson: Vocês são os meus irmãos, não podemos brigar.

Karina: Tenho uma ótima idéia pra comemorar essa união... Que tal um sexo a quatro?

Valdemar: Uau! Isso é extraordinário. Vão ser tantas emoções.

Cimária: Eu não sei se quero participar disso.

Valdemar: Tudo bem meu amor não precisa... Vamos Karina?

Cimária: Hei! Eu quero sim. E eu vou mostrar quem é Cimária de baixo de um edredom.

Valdemar: Adoro essa sua eletricidade. (Os quatro vão para cama e se cobrem com o edredom) JOELSON! Não é nesse buraco!

Joelson: Desculpa Valdemar! Acertei?

Cimária: Acertou sim Joelson!

Karina: Sua cretina! Vem aqui Valdemar!

Cimária: Tira a mão da minha cabeça. (O edredom vai se mexendo bruscamente) Vai com mais força! (Os quatro colocam a cabeça pra fora). Eu nunca imaginei que seria tão bom isso!

Valdemar: Foram os melhores minutos da minha vida!

Karina: Vai lá Cimária, prepara uma janta, que eu estou faminta.

Cimária: Não, eu não vou! Não sou sua empregada.

Karina: Para de drama sua louca, é só uma janta.

Cimária: Louca é você!

Karina: Posha vida Cimária! Será que eu vou ter que conversar com você igual eu converso com o meu sobrinho de três anos... Posha! E esses cinco minutos? Será que não significaram nada pra você? Pra mim foi muito importante.

Cimária: Ok, pra mim também foi! Mas não é por isso que eu vou sair dando uma de escrava.

Karina: Valdemar! Eu não deixava! Ela disse que cozinheira é escrava, e sua mãe é cozinheira.

Cimária: Você não contorce as minhas palavras sua piranha!

Valdemar: O problema não é a Karina, é o Joelson, ele nunca faz nada.

Joelson: Espera aí, o assunto era é as duas jacas e você quer colocar o pepino aqui na conversa?

Valdemar: Você não chame a minha esposa de jaca, saiba que ela é a melancia mais gostosa que eu já comi.

Cimária: MELANCIA? Você está me chamando de gorda?

Valdemar: Calma amor! Estamos falando do pepino.

Joelson: Só eu e minha mulher podemos me chamar de pepino.

Cimária: PEPINO! PEPINO! Eu chamo você de pepino.

Karina: Olha aqui meu amor, você cuida do seu picles e deixa o meu pepino em paz.

Cimária: Quer saber? É isso que eu vou fazer. Rompemos aqui neste exato momento a nossa antiga amizade.

Karina: Ótimo! Eu nem estou preocupada!

Valdemar: Mas a gente podia fazer mais uma vez aquilo que a gente acabou de fazer... Só pra despedir.

Cimária: Não! Nunca mais essa louca encosta nas minhas partes intimas. (Cada casal sai para um lado).

CENA 7 – O FINAL(Entra Enzo, Cândida e Astolfo).

Enzo: Hoje esse inferno acaba! Todos vão embora.

Astolfo: Só quero ver se alguém mais vai querer se hospedar aqui depois da morte daquele casal.

Enzo: Os dois se mataram, não tivemos nada a ver com isso.

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Cândida: Tomará que eles tenham esquecido algum dinheiro por aí! (Os dois olham assustados pra ela) Calma! Assim eu iria devolver. (Entra Fonseca, Lucí e Osvaldo).

Osvaldo: Bom, foi um prazer conhecer vocês... Aceitam cartão?

Astolfo: Lucí! Tem certeza que não vai largar o Osvaldo?

Lucí: Pra fala a verdade eu nunca tive alguma duvida sobre isso.

Astolfo: (chorando) Suas palavras cortam o meu coração, rasgam o meu alto estima, pulveriza os meus sentimentos mais românticos e intensos!

Fonseca: Alguém faz esse cara calar a boca pelo amor de Deus.

Osvaldo: Será que dá pra andar logo?

Enzo: Pra transar você não teve pressa, dá pra esperar um pouco? (Osvaldo fica nervoso) (Enzo arruma a maquininha e Osvaldo passa o cartão).

Osvaldo: Foi bom conhecer vocês. E então meu amor, como se sente indo embora da sua Lua de mel virgem?

Lucí: Eu me sinto da mesma forma que eu entrei... Virgem!

Osvaldo: Pois saiba que você perdeu a melhor coisa da vida com a pessoa que mais sexy que você já viu.

Lucí: Não ouse a falar que você é mais sexy do que o Reynaldo Gianecchini. (Vai saindo).

Osvaldo: Então você acha o Reynaldo Gianecchini mais sexy do que eu? (Lucí para olha bem no fundo dos olhos de Osvaldo, e depois o olha de cima em baixo).

Lucí: Da licença meu filho. (Sai).

Osvaldo: Pois saiba que eu acho a Fernanda Popozuda mais sexy do que você.

Lucí: Ela é travesti. (Osvaldo sai correndo atrás da esposa).

Fonseca: Aqui está o seu dinheiro Astolfo, me ajudou a impedir que minha filha perdesse sua gloriosa virgindade para aquele ordinário. (Entrega um envelope para Astolfo e sai).

Cândida: Você não vale nada em Astolfo.

Astolfo: To valendo duzentos reais.

Cândida: Duzentos reais de brinquedo! Idiota!

Astolfo: Não é de brinquedo.

Cândida: É só não tem valor. (Mostra onde está escrito na nota).

Astolfo: Fui enganado por um velho na beira da morte. (Entra os casais, um de cada lado).

Karina e Cimária: Eu vim acertar... (Se olham, começam a chorar e os casais se abraçam).

Enzo: Já vai começar o show das antas.

Karina: Eu te amo Cimária.

Cimária: Eu também te amo Karina.

Valdemar: Eu também te amo...

Cimária: Cala a boca, você ama só a mim e ao Joelson!

Valdemar: Eu te amo Joelson!

Joelson: Eu também te amo Valdemar! (Os dois se abraçam) Como os seus braços são fortes! (Os quatro se abraçam e começam a pular).

Cândida: Gente! O que é isso?

Enzo: É o que eu passei durante esses dias.

Joelson: Bom, eu passo o cartão na maquininha ou em você? (Os quatro dão risada).

Enzo: Que tal você passar na sua mãe?

Karina: Uh!

Joelson: Você não fala da minha mãe se não eu...

Enzo: (rodando a baiana) Se não você o que meu amor? Vai querer enfrentar? Então vem! Então vem! Vem que eu esfolo o seu bumbum naquele chão!

Joelson: Calma aí parceiro, eu só estava brincando. (Valdemar passa o cartão na maquininha).

Valdemar: Parabéns pelo hotel, muito aconchegante! Até mais seus babacas!

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Enzo: Saem por aqui, por favor!

Valdemar: A gente sai por onde a gente quer, e só por isso vamos por esse lado! (Os quatro saem rindo e mostrando o dedo para eles).

Enzo: A vingança é um prato que se come frio. (Da coxia).

Cimária: Valdemar! Karina! Joelson! Vocês estão bem?

Valdemar: Quem cagou aqui? (Enzo começa a rir).

Karina: Eu estou cheia de merda!

Cândida: Enzo! Que nojo!

Enzo: Estou apenas me vingando. (Eles saem).

Fim