fipe - moradores de rua dados oficiais 2003

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Estimativa do Número de Pessoas em Situação de Rua da Cidade de São Paulo em 2003 Prefeitura Municipal de São Paulo Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com

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Pesquisa sobre déficit habitacional e estudo da situação da moradia no Brasil.

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Estimativa do Nmero de Pessoas emSituao de Rua da Cidade deSo Paulo em2003PrefeituraMunicipal deSoPauloSecretaria Municipal de AssistnciaeDesenvolvimento SocialPDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com2PrefeitaMarta SuplicySecretriaMunicipal deAssistnciaSocialAldaza SposatiEquipetcnicaFI PECoordenaoAdjuntaRinaldo ArtesCoordenadoresdeCampoCoordenaoGeralSilvia Maria SchorSupervisoresdeCampoAlair MolinaRosana Estrela AdamoPesquisadoresAmlia SilvaMarisa Do Esprito Santo BorinTarcsio Neves Da CunhaValria BomfimAid Mercedes TorresAmlia Alves da SilvaAndrea Sampaio BarbosaAndreia MarquisEdvaldo Bezerra Fernandeslide Nogueira MendesHamilton Csar Da SilvaJosu Delfino de FreitasJulio SanchesLilian Rose Dos Santos TropardiLuiz PuntoniMarisa Do Esprito Santo BorinMaria Roseli Ascar De PaivaMyriam Abbua FerreiraEquipetcnicaSASAdelina Baroni RenucciAna Maria Almeida EvangelistaDaniela Santos ReisIsabel Cristina BuenoSASRegionaisIsabel Pelegrino de Souza (SA)John Kenedy Ferreira (MO)Jorge Arthur Canfield Floriani (S)Margarete de Amaral Gurgel de Barros (PI)Maria Aparecida Russo Bresiane Orkey (PE)Miriam Tereza de Oliveira Moraes (ST)Sandra Galvo Branco (PI)Sandra Pasicznik Valenti (IP)Telma Aparecida do Nascimento (IPEquipedeprocessamentodedados/SASAdelina Cristina Pinto KicaAlexandre Lins FerreiraRene Suarez ZiegelmaierGeoprocessamento/SAS-VigilnciaSocialIdeltania Passos de Arajo PereiraMariana Lopes CastilhoDaniela Santos ReisOrganizaesparceirasFrum das Organizaes que trabalham com a populao de rua;Conselho de Monitoramento da Poltica de Direitos das pessoas em situao de rua da Cidade de So PauloOrganizaes parceiras na prestao de servios de ateno as pessoas em situao de rua.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com3Entrevistadores/FI PEAdelmo Irineu SeverinoAdriana Cristina RodriguesAlessandra Apareciada RamosAlexandre Do Esprito Santo BorinAlfredo Miguel FerreiraAmina Mayumi Urasaki CostaAna Beatriz De Barros LealAndr Gustavo De Castro MatosAndr Luiz De ArajoAndr Luiz Teixeira Dos SantosAnita Rodrigues Da SilvaAntonio Carlos FariaAntnio Jos SantanaAramis Luis SilvaCaio L.M.FalcoCarlos Alberto PinheiroCarlos Jernimo Vilhena De ToledoCarolina Teixeira NakagawaClia Regina CavalcanteClia Regina Padilha Da SilvaCesar Augusto Brito PereiraChistopher De Paula MendesClara Siqueira Neves Da RochaClaudia Andrea Charlin MardonesClaudia Regina LaraCleusa DiasDailton Jos SantanaDanielle Amaral DantasDavison Vergaas SenahaDenilson Vergaas SenahaEdmir Paulo SoaresEdson Mauricio CabralElizabete Da PaixoErivaldo Alves Dos SantosErnani Medina PereiraFbio Rocha BragaFernanda Graziela CardosoFernando Ferreira RosaGabriela Carvalho RussoGilza Lopes S. De MelloGuilherme SandlerGustavo Falsetti Viviani SilveiraHelder Bastos FonsecaIlona HertelIsabel De Souza PelegrinoJos Afonso BaloghJos De Mendona NetoJos Higino BarbosaJos Martn Nunez TicernJos Nelton Soares Dos SantosJos Orleans Da SilvaJulio Cesar G. RodriguesJulio Flvio Da Silva FerreiraLigia Medeiros Paes De BarrosLvia Borges MondiniLuciano Santos CorreiaLuiz Fernando MatosinhoLuiza Maria De AssunoMayta Fernandes SantosMarcel Maggion MaiaMarcelo De Castro De SMarcelo De Souza CatalucciMarcelo Joaquim CopianoMarcio Sousa De CarvalhoMarco Antonio MiguelMarcolandio Gurgel PraxedesMarcos Cesar Araujo Medeiros Dos SantosMarcos Roberto BarbosaMargarete Amaral G. De BarrosMaria Cinlia Teixeira DurvalMaria Cristina D. Do AmaralMaria Do Socorro Bonfim PimentelMaria Isabel KulMaria Isabel Sanches CostaMaria Lcia Aparecida PereiraMarta Dionsio Da CostaMaurizio CatalucciMilton Rodolpho De CastroViviane Gomes D' AlmeidaMoiss CastroMonica SaviniNathlia Guimares KrgerPaula Aparecida Ferreira RebelloColognesiPaula Moura Lacerda De SouzaPaula Rochlitz QuintoPaulo Edison De OliveiraRaquel Mendes BorgesRenata De Oliveira ValentimRenato Garcia De SouzaRomildo Alves De OliveiraRonaldo Cunha ValenteRosana Estrela AdamosRosana Naves PereiraRosana RodriguesRosngela Vieira BrandoRosely Dias De Souza CatalucciSamuel Dias GimenezSandra Galvo BrancoSani Mara Dias Dos Santos GimenezSebastio Assis Da SilvaSrgio AlvesSuellen De Arajo CostaTnia Regina G. MoreiraTeodoro AlvesTerezinha Alves SampaioValria Cusinato BomfimValter GercovVanessa Gapriotti NadalinVera Lcia SisternesVernica Kienen DiasProcessamentodeDados/FipeClber Da Costa FigueiredoEmerson De AlmeidaRogrio Koifhi UtidaWellington MihliariEstagirio/FipeCaio FalcoVanessa Nadalin GapriottiDigitaoValmir Dos SantosSecretriaClia Regina CavalcantePDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com4SumrioI ntroduoI - ametodologiadocensoeacontagemdepessoasemsituaoderuanacidadedeSoPaulo 61.1. ocensode2000 81.2. acontagemdepessoasemsituaoderuaem2003 14I I : resultadosdacontagemde2003comparadosaocensode2000 202.1. nmerodepessoasemsituaoderua 202.2. local ondeforamencontradosaspessoasemsituaoderua 252.3. variveisdemogrficas 272.4. pessoaspernoitandonasruas: outrosresultados 312.5. outrosresultadosquantopopulaoalbergada 34ANEXOS1. anexoI : distritoscensitriosdocensode20002. anexoI I - nmerodepessoasemsituaoderuapor distrito,censode20003. anexoI I I - listadealberguesrecenseados em20034. anexoI V - planoamostral5. anexoV - instrumentosdecoletadasinformaesPDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com5introduoAqui se apresentam os resultados da estimativa do nmero de pessoas em situao derua em 29 Distritos Municipais da cidade de So Paulo. A Secretaria Municipal de AssistnciaSocial SAS- contratou a Fundao Instituto de Pesquisas Econmicas FIPE- para realizao dotrabalho, executado entre os meses de maro e outubro de 2003.A realizao da pesquisa atendeu a mltiplos objetivos. Respondeu, em primeirolugar, demanda de SAS por informaes que subsidiem seu trabalho de planejamento e deucumprimento Lei Municipal 12.316/971e o decreto 40.232 de 2 de janeiro de 2001 que tornamobrigatria, at o terceiro ano de cada administrao, a contagem da populao em situao de rua.Permitiu, tambm, que as instituies conveniadas com a Prefeitura para atendimento populaoem situao de rua, e todas as demais instituies que atuam junto a eles, dispusessem deinformaes sobre seu nmero atual e sua distribuio espacial na cidade. Possibilitou a ampliaodo acervo de trabalhos que pesquisadores e estudiosos do tema tm sua disposio, comresultados obtidos mediante inferncias estatisticamente vlidas.A execuo do trabalho contou com inmeros colaboradores. Beneficiou-se, emprimeiro lugar, do interesse e apoio que a Secretaria Municipal de Assistncia Social dispensou aotrabalho, reflexo da prioridade dada questo das pessoas em situao de rua. Igualmenteimportante foi a colaborao da equipe tcnica de SAS que acompanhou os trabalhos da pesquisa,contribuindo, com sua experincia e conhecimento, para os eventuais mritos da pesquisa.Os agentes sociais das instituies que atuamjunto populao de ruadesempenharam papel fundamental na realizao do levantamento. A participao desses agentessociais permitiu um melhor planejamento do trabalho de campo, atualizando e revendo asinformaes do censo de 2000. A participao dos educadores sociais que trabalham com crianase adolescentes em situao de rua nas equipes de campo, em muito auxiliou o trabalho, naidentificao e abordagem das crianas e adolescentes. O mesmo ocorreu pela participao de ex-pessoas das ruas como integrantes das equipes de campo trouxe uma colaborao inestimvel aotrabalho. Sem eles, a procura e identificao das pessoas em situao de rua, principalmente nocentro da cidade, teriam sido mais difceis e menos frutferas.A colaborao dos jovens entrevistadores e supervisores que realizaram o trabalho decampo se deu sob a forma de um legtimo interesse pela questo, acompanhado da sensibilidadenecessria para abordarem as pessoas nas ruas a serem entrevistadas. Foram tambm valentes aono se intimidarem com as difceis condies do trabalho de campo. Finalmente, nossosagradecimentos aos entrevistados, s pessoas em situao de rua que, com suas histrias de vida,permitiram a realizao da pesquisa. A eles, na verdade, pertence este trabalho.1Art. 8 - O Executivo dever at o terceiro ano de gesto realizar o recenseamento da populao de rua da Cidade. 1 - Nos demais anos de gesto os censos anuais podero usar metodologias alternativas de modo que, a cada ano,seja caracterizado um segmento especfico como: populao adulta de rua, populao infanto-juvenil, populaousuria de cada modalidade de servios. 2 - Os resultados do recenseamento quadrienal e dos censos anuais devero ser publicados no Dirio Oficial doMunicpio, obedecido o critrio territorial dos distritos administrativos.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com6I - METODOLOGIADE CENSOE ACONTAGEMDE PESSOAS EMSITUAO DERUA NA CIDADEDESO PAULOA SAS realizou em 2000, mediante contratao da FIPE, o primeiro censo2de pessoasem situao de rua da cidade de So Paulo. Em 2003 a SAS realizou, mediante novo contrato coma FIPE, a estimativa do nmero de pessoas em situao de rua nos 29 distritos municipais dacidade em que, em 2000, se concentravam mais de 90% desta populao. A contagem das pessoasem situao de rua em 2003 replicou a metodologia seguida no censo de 2000 para 11 distritos darea central e trabalhou com esquema amostral nos demais 18 distritos que completaram a rea dolevantamento.Os dados censitrios obtidos em 2000 facilitaram a obteno da amostra em 2003,minimizando custos e permitindo calcular os erros associados s estimativas amostrais. Areplicao da metodologia censitria na rea central permite estrita comparabilidade dos resultadosde 2000 e 2003, para cada um dos distritos desta regio. Para os distritos amostrados asseguradaa comparabilidade dos totais encontrados. definiodapopulaoA definio de populao em situao de rua , sabidamente, difcil. A multiplicidadede condies pessoais, a diversidade de solues dadas subsistncia e moradia, as diferenas detempo em que os vnculos familiares se dissolveram e novas formas de socializao seconsolidaram, so alguns dos inmeros fatores que dificultam a formulao de conceitosunidimensionais e livres de ambigidade. A literatura sobre essa populao atesta os esforos derecort-la conceitualmente.Apesar da reconhecida diversidade, as pessoas em situao de rua partilham inmerascaractersticas. So todos muito pobres, pessoas para quem algumas das instituies bsicas dasociedade - propriedade privada, famlia, mercado - deixaram de propiciar as estratgias usuais desobrevivncia. A trajetria de vida que os levou s ruas desenha sempre uma seqncia defracassos pessoais e desamparo institucional. Sem casa e sem lar, reinventam diariamente assolues para sua subsistncia: alimentos, abrigo, dinheiro,bebida , remdios e segurana.As pessoas em situao de rua se abrigam nos logradouros da cidade, em mocs,casares abandonados, postos de gasolina, cemitrios, carrinhos de catao de papelo e outrasformas improvisadas de dormida. Muitos trabalham noite guardando carros, encartando jornais eem outros tantos bicos que a cidade oferece e confundem-se, muitas vezes, com a populao emmovimento,por trabalho,lazerou simplespassagem.Pode-se supor,muitas vezes,que"flanelinhas", vendedores nos semforos, carregadores de caminhes, entre tantos outros, sotambm pessoas em situao de rua quando, na verdade, so apenas trabalhadores muito pobres.Parte das pessoas em situao de rua procura os albergues da cidade para abrigonoturno. Principalmente nas noites frias, a oferta de alimento e um ambiente aquecido osconvencem a buscar a proteo que a Prefeitura e as organizaes sociais lhes propiciam. Oalbergue se constitui, tambm, em alternativa de pernoite para alguns migrantes de passagem pelacidade, sem renda suficiente para arcar com os custos de uma penso ou hotel. A esses, somam-se2Levantamento censitrio significa a contagem de toda a populao de moradores de rua, enumerando, um a um, osseus componentes. Todos os 96 Distritos Municipais da cidade foram includos na pesquisa.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com7as famlias desalojadas por despejo, demolio ou por dificuldades pessoais. H tambm entre osalbergados, aqueles que perderam o emprego e que, sem amparo familiar, esperam um novo postode trabalho.A heterogeneidade das pessoas em situao de rua passa tambm pelas diferentes faixasetrias da populao: crianas, adolescente, adultos e idosos. Cada um dos grupos etrios apresentasuas especificidades, que se expressam em escolhas distintas quanto aos locais de pernoite,solues de sobrevivncia, formas de socializao e muitos outros condicionantes da permannciana rua.No conjunto, portanto, as pessoas em situao de rua constituemumgrupo heterogneoe a construo de uma tipologia que permitisse distinguir, na heterogeneidade da populao, ascondies definidoras dos vrios subgrupos exigiria um conhecimento aprofundado desseuniverso, que ainda no se dispunha inteiramente em 2000.Alm de precisar, conceitualmente, a populao a ser estudada, a definio dapopulao deve permitir, ademais, a operacionalizao do conceito, possibilitando identificar apessoa em situao de rua em campo, sem confundi-la com outros segmentos da populao maispobre da cidade.Frente s dificuldades conceituais e operacionais, a pesquisa elegeu o lugar de pernoitecomo o indicador da condio de morador de rua. Reconhecendo as implicaes de umadefinio unidimensional, entendeu-se, entretanto, que o local em que se abrigam noite -logradouros ou albergues - reflete o conjunto de privaes e dificuldades presentes nessacondio. A perda da moradia simboliza, tambm, um importante ponto de ruptura, ponto deacumulao de um processo posto em curso muito antes da chegada rua.A definio adotada pode ento ser formulada da maneira que se segue:Considerou-se populao de rua o segmento de baixssima renda que, por contingnciatemporria ou de forma permanente, pernoita nos logradouros da cidade - praas, caladas,marquises, jardins, baixos de viaduto - emlocais abandonados, terrenos baldios, mocs, cemitriose carcaa de veculos. Tambm so pessoas em situao de rua aqueles que pernoitam emalbergues pblicos ou de organizaes sociais3. Denominamos os membros dessa populao comopessoas de rua ou morador de rua.Sabia-se, de antemo, que o trabalho de campo poderia revelar situaes em que adefinio seria de difcil aplicao. Em tais ocorrncias, a deciso de incluso no universo dapesquisa era tomada pelos supervisores de campo que, devidamente habilitados, examinavam,caso a caso, as eventuais dificuldades encontradas.A prioridade dada ao local de pernoite4, dimenso privilegiada na definio demorador de rua adotada, condicionou os procedimentos de campo e a apresentao dosresultados, dividindo a populao em albergados e pessoas de rua pernoitando nas ruas e demaislogradouros da cidade.3Caracterizao Scio Econmica dos Moradores de Rua da Cidade de So Paulo, pg. 5,FIPE/SSAS, 2000. A mesmadefinio dada por Vieira, M.A.C., Bezerra, E. e Rosa, C.M.M. (1992). Populaoderua: quem, comovive, comovista. So Paulo: Hucitec.4A literatura sobre moradores de rua mostra que, no Brasil e em vrios outros pases a definio de morador de ruatambm tem como referncia o local de pernoite. Ver, por exemplo Marpsat, M. (2000) LessansdomicileParisetauxEtats-Units. Paris: INSEE, Donnes Sociales.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com81. oCensode2000Por se tratar do primeiro censo a ser realizado5na cidade de So Paulo, tornou-se necessriodefinir os procedimentos metodolgicos a serem seguidos, destinados a recensear uma populaosem domicilio, sem local de trabalho regular e sem qualquer outro registro que pudesse servir dereferncia para a pesquisa. A ausncia de domiclio a razo principal para que o IBGE6noinclua a populao em situao de rua nos censos demogrficos decenais, o mesmo acontecendoem outros pases7.A quantificao das pessoas em situao dos moradores de rua, desta forma,deve ser obtida mediante pesquisa especialmente desenhada para este fim, enfrentada a questo damobilidade da populao e sua distribuio pela cidade. Para estabelecer procedimentosadequados ao recenseamento dessa populao, a primeira tarefa a ser cumprida foi sua definio, apartir da qual se seguiram as demais etapas de trabalho.osprocedimentosparaorecenseamentodapopulaoem2000O planejamento do trabalhode campo teve que encontrarsoluo para umamultiplicidade de problemas. O primeiro deles foi, sem dvida, a questo da localizao eidentificao da populao. Sem endereo ou qualquer outro ponto de permanncia conhecido8edispersos pela cidade, a rea a ser pesquisada, denominada rea de busca, coincide com a reatotal da cidade. Ademais, como a principal condio definidora do morador de rua - a ausnciade moradia - no observvel diretamente pelo pesquisador, torna-se necessria a abordagem detodas as pessoas que, na rea de busca, possam fazer parte desta populao.A segunda questo a ser levada em conta diz respeito durao do trabalho de campo.A mobilidade da populao, inclusive noite, requer que o levantamento das informaes sejarealizado no menor tempo possvel com o objetivo de minimizar a dupla contagem9. Aextenso darea de busca e a diversidade dos locais de pernoite solicitam, contrariamente, um maior tempo depesquisa. A qualidade dos dados obtidos depende, em grande parte, da soluo encontrada paracompatibilizar estas duas exigncias.O terceiro item refere-se necessidade de realizao do trabalho de campo unicamenteno perodo noturno, como decorrncia da definio da populao. Riscos e temores das equipes decampo, dificuldades de percepo de locais de pernoite de pouca visibilidade podem conduzir sub - enumerao dos elementos da populao. A forma que o censo em So Paulo encontrou paraminimizar estes problemas foi a incluso nas equipes de campo de ex - pessoas de rua e agentessociais de organizaes que atendem esta populao.Os problemas levantados desdobram-se emquestes operacionais igualmentemerecedoras de cuidado na sua soluo: custo do levantamento, tamanho da equipe, treinamento e5Belo Horizonte realizou seu primeiro censo de moradores de rua em 1998 (Secretaria Municipal de Planejamento deBelo Horizonte, 1998). Porto Alegre (Abreu, P. B. e J. Cruz Prates, 1999) tambm promoveu uma contagem dosmoradores de rua da cidade, antecedendo ao levantamento das condies sociais e de sade mental desta populao,tambm em 1998. A Secretaria da Famlia e Bem Estar Social realizou, anteriormente ao levantamento censitrio, trscontagens dos moradores de rua paulistanos, em 1994, 1996 e 1998.6Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. A unidade dos levantamentos censitrios o domiclio e ogrupo residente.7Tambm nos Estados Unidos os moradores de rua no so includos nos levantamentos censitrios regulares (videhttp://www.census.gov/).8Os moradores de rua albergados tambm no tm domiclio conhecido pois o pernoite nestes locais temporrio edependente do nmero de vagas disponveis.9A demora na contagem pode resultar em contar duas vezes o mesmo morador de rua, dada a possibilidade de seudeslocamento pela rea da pesquisa.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com9proteo aos pesquisadores, coordenao das atividades de campo, manuteno de equipe de apoioao levantamento de campo e inmeras outras condies. Embora tais dificuldades sejam denatureza distinta quelas colocadas pelas caractersticas da populao, quando somadas a elasconfiguram o elenco de decises a serem tomadas para a realizao de um trabalho que, compreciso, possa dar o nmero de populao em situao de rua da cidade.areadapesquisaA rea urbana da cidade de So Paulo de aproximadamente 1.500 km2, dividida em96 distritos administrativos. Abrigava em 2000 uma populao de quase 10 milhes de habitantes eem 2003 quase 10,7 milhes. Sua rea no urbanizada bastante reduzida. Dado o porte da cidade,o primeiro procedimento adotado foi dividi-la em distritos censitrios10que facilitassem oplanejamento do trabalho de campo.O critrio para diviso da cidade em distritos censitrios foi duplo. Seria desejvel, emprimeiro lugar, que os limites destas subreas dificultassem a mobilidade de pessoas de rua entreelas, minimizando a possibilidade de dupla contageme sub-enumerao. Procurou-se, desta forma,encontrar limites fsicos que dificultassem a circulao das pessoas em situao de rua: rios, viasexpressas ou grandes reas vazias. Em segundo lugar e tambm com o objetivo de minimizar adupla contagem e a sub-enumerao, cada um dos distritos censitrios deveria ser recenseado emuma nica noite.Foram definidos 9 distritos censitrios como resultado da avaliao das caractersticasnaturais e urbanas da cidade, associadas s informaes sobre a distribuio da populao pelos 96distritos municipais, sua mobilidade diurna e noturna, hbitos relativos demanda de servios aeles ofertados e outros dados complementares. Foram preservados os limites dos distritosmunicipais que, agregados, compuseram os distritos censitrios.As informaes sobre mobilidade, pontos de concentrao e hbitos das pessoas emsituao de rua foram, em grande parte, fornecidas pelas instituies que trabalham com estapopulao - ONGs, instituies religiosas evanglicas e catlicas. Transmitidas oralmente, estasinformaes constituram, dado o reduzido nmero de trabalhos disponveis no Brasil, a fonte dedados disponvelmais atualizada,completa e relevante sobre esta populao. Igualmenteimportantes foram os relatos e informaes fornecidos pelos tcnicos da Secretaria Municipal deAssistncia Social , SAS.definiodasreasdebuscaDividida a cidade em distritos censitrios, pode-se examinar, para cada um deles, assubreas em que se esperava a presena de pessoas em situao de rua. Isto porque, a literaturaexistente, informaes dos tcnicos da SAS e instituies que auxiliavam o planejamento do censoconfirmavam a existncia de pontos de atrao para a populao que, desta forma, no se distribuaaleatoriamente pelos diversos distritos da cidade.Aceita a hiptese da no aleatoriedade da distribuio da populao, foram localizadosespacialmente, em cada distrito, todos os elementos apontados como sendo possveis pontos deatrao: reas comerciais, grandes avenidas, viadutos, praas, estaes de metr, terminaisrodovirios, depsitos de sucata e papelo, mercados municipais, construes abandonadas,10No guardam nenhuma relao com os distritos censitrios do IBGE. A relao dos distritos municipais agrupadospor distrito censitrio apresentada em anexo.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com10cemitrios, prontos socorros pblicos, igrejas, albergues, casas de convivncia. O mapeamento foicompletado com os endereos dos pontos de pernoite identificados pela SAS em 1998 e pelaschamadas da Operao Inverno de 1999.Em cada distrito censitrio foram definidas as reas a serem percorridas que incluamtodos os plos de atrao, todos os pontos onde haviam sido encontradas pessoas em situao derua, todas as grandes avenidas e seus corredores de acesso.definiodostrajetoseroteirosOs distritos censitrios foram divididos em 81 setores censitrios que, por definio,correspondiam rea a ser percorrida por uma equipe em uma nica noite. Os setores censitriosincluam todos os pontos de atrao e o nmero de setores, por distrito, variou em funo donmero e distribuio dos pontos de atrao.Em cada setor censitrio foi definido o percurso a ser seguido pelos recenseadores,denominado roteiro, indicando a seqncia de quadras a serem percorridas .Os roteiros foram marcados nas respectivas pginas do Mapa Oficial da Cidade (MOC),evitando eventual dupla contagem ou sub-enumerao decorrente da atuao simultnea dasequipes de campo. Nestes roteiros estavam apontados o entorno da rea sob responsabilidade decada equipe de campo, as ruas que necessariamente deveriam ser percorridas e pontos de pernoitepreviamente identificados. As equipes de recenseadores receberam instrues para coletarinformaes, junto s prprias pessoas em situao de rua ou outras pessoas presentes nas reas aserem percorridas, quanto existncia de outros locais que, eventualmente, poderiam abrigarpessoas em situao de rua. Estes possveis novos pontos eram tambm verificados pela prpriaequipe de campo que obtivera a informao ou pela equipe responsvel pela rea onde selocalizava.orecenseamentonoscemitriosAimpossibilidade de recensear os cemitrios no perodo noturno exigiu umconjunto deatividades particulares. Foi realizada, inicialmente, uma fase exploratria abrangendo todos oscemitrios da cidade. Nesta etapa, mediante entrevistas com seus administradores, vizinhana einspeo do prprio local, foram excludos aqueles onde no havia nenhum registro, evidncia oumeno quanto presena de pessoas em situao de rua.Identificados os cemitrios a serem recenseados, equipes de campo foram colocadas,antes da abertura dos portes, nas sadas e outros possveis locais de acesso como, por exemplo,muros cados, e abordadas as pessoas em situao de rua que saam. Os cemitrios foramincludos como parte da rea a ser percorrida pelas equipes de campo e foram recenseados namesma noite e madrugada do distrito censitrio ao qual pertenciam.osprocedimentosparaorecenseamentonosalberguesdacidadeO recenseamento das pessoas em situao de rua nos albergues envolveu um menornmero de procedimentos de trabalho de campo, dada a menor dificuldade de localizao eidentificao da populao.Inicialmente foram arrolados todos os albergues estaduais e municipais conveniados;procurou-se identificar,tambm, os locais de abrigo noturno que entidades religiosas ouinstituies privadas colocam disposio das pessoas em situao de rua.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com11A contagem das pessoas em situao de rua albergadas foi realizada na mesma noite dorecenseamento do distrito censitrio onde se localizavam. As equipes de entrevistadores, com aanuncia da administrao, permaneciam nos albergues desde a abertura at o horrio em queterminava a admisso para pernoite, abordando as pessoas em situao assim que eram admitidasno albergue.treinamentodosrecenseadoresO treinamento dos entrevistadores foi dividido em duas fases. A primeira delasconsistiu em um conjunto de seminrios sobre pessoas em situao de rua realizados porpesquisadores da rea, tcnicos da Secretaria de Assistncia Social da Prefeitura de So Paulo eintegrantes de instituies que trabalham com a populao. Os seminrios tinham como objetivoapresentar e discutir com os futuros recenseadores as questes mais relevantes para o trabalho:definio de morador de rua, seus hbitos, linguagem, cdigos de conduta, as peculiaridades dascondies de rua das crianas e adolescentes, formas de abord-los e condies de segurana dosentrevistados. A diversidade dos palestrantes procurou garantir uma viso pluralista da populaomoradora de rua, enfocada sob diferentes ngulos.A segunda fase destinou-se ao treino especfico com o instrumento de coleta deinformaes e procedimentos a serem seguidos no campo. Ao trmino desta segunda etapa, oscandidatos foram testados em campo e selecionada a equipe definitiva, que contou com 90recenseadores.Os supervisores de campo foram selecionados entre pesquisadores com experinciacomprovada e extensa em trabalho de campo na rea social, mediante anlise de currculo eentrevistas pessoais.formaodasequipesAs equipes de campo eram compostas por 10 entrevistadores, agrupados em cincoduplas e um supervisor de campo. O supervisor acompanhava diretamente o trabalho de campo ese comunicava com seus recenseadores por telefone celular. O controle dos roteiros, a incluso denovos pontos, eventuais ocorrncias de campo estavam sob seu controle e responsabilidade, bemcomo o contato com a equipe de planejamento que acompanhava, do escritrio,o trabalho decampo.As equipes de campo incluram tambm ex-pessoas em situao de rua e integrantes deinstituies que trabalham junto a esta populao, denominados "facilitadores do trabalho decampo". Acompanharamas equipes recenseadoras durante o levantamento, fornecendoinformaes quanto aos pontos de concentrao da populao, cdigos de conduta, pontos depernoite e outros dados relevantes, sem participar, contudo, da coleta dos dados.As equipes eram acompanhadas por seguranas profissionais11e por veculos. Aequipe de apoio que acompanhava o desenrolar dos trabalhos no escritrio, orientava o andamentodo trabalho e resolvia eventuais problemas que fugiam da alada do supervisor.11A segurana das equipes de campo poderia ter sido realizada pela Guarda Metropolitana, uma vez que se tratava detrabalho realizado para uma secretaria municipal. Julgou-se, porm, que sua presena poderia causar eventuais receiose retrao dos moradores de rua.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com12osinstrumentosdecoletadasinformaesForam utilizadas duas fichas para coleta das informaes. A primeira continha asquestes para identificao das pessoas em situao de rua e era aplicada a todas as pessoasencontradas nas reas que apresentavam alguma probabilidade de pertencer a esta populao.Confirmada a incluso na populao, os dados pessoais eram registrados na mesma ficha.A segunda ficha registrava o endereo exato do local onde o morador de rua eraabordado, passando a ser denominado "ponto", bem como o tipo predominante de ocupao dosolo: atividades comerciais, industriais, residenciais ou mistas.coletadasinformaesO trabalho de campo tinha incio s 22 horas, estendendo-se at o trmino do ltimoroteiro, exclusive as sextas feiras, os finais de semana e os dias de chuva. Isto porque, nos finais desemana aumenta significativamente o fluxo de pessoas de baixa renda no perodo noturno emalgumas reas da cidade, crescendo as dificuldades de identificao das pessoas emsituao de ruae, alm disso, parte da prpria populao de rua se desloca para as regies de maior fluxo noturno,o que altera sua distribuio espacial da cidade. Desse modo, a realizao da pesquisa nesses diaslevaria a um vis na estimao do nmero de pessoas em situao de rua da cidade. As noites dechuva, por outro lado tornam as pessoas em situao de rua menos visveis.O trabalho de campo foi realizado em 9 noites, entre os dias 09 e 28 de fevereiro de2.000. osresultadosdorecenseamentoForam recenseados 8.706 pessoas em situao de rua. Destes, 5.013 foram encontradosnas ruas e demais logradouros da cidade e 3.693 encontravam-se nos albergues. No foramencontrados pessoas em situao de rua em 7 dos distritos municipais12pesquisados e um dosdistritos no foi recenseado por no se dispor de informaes a priori quanto presena depessoas em situao de rua13.A distribuio espacial das pessoas em situao de rua mostrou uma forte concentraoem 26 dos distritos recenseados; cerca de 91% da populao foi encontrada nos distritos de S,Repblica, Liberdade, Bela Vista, Consolao, Santa Ceclia, Bom Retiro, Pari, Brs, Cambuci,Santana, Barra Funda, Belm, Campo Belo, Ipiranga, Itaim Bibi, Jardim Paulista, Lapa, Mooca,Penha, Pinheiros, Santo Amaro, Sade, Tatuap, Vila Leopoldina, Vila Mariana14. Do total depessoas em situao de rua encontrados nesses 26 distritos, 54 % estavam pernoitando nas ruas edemais logradouros da cidade, enquanto cerca de 46% encontravam-se albergados. Nos demais 69distritos recenseados foram encontrados 616 pessoas, com uma mdia de 9 pessoas por distrito. AFigura 1.1 traz a distribuio espacial das pessoas em situao de rua nos distritos municipais deSo Paulo).12Cidade Lder, Jardim ngela, Parelheiros, Pedreira, Trememb, Vila Andrade e Vila Curu.;13Engenheiro Marsilac, situado no extremo sul do municpio de So Paulo.14Em anexo o nmero de moradores encontrados nos 26 distritos mencionados.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com13figura1distribuiodaspessoasemsituaoderuanosdistritosmunicipais,segundooCensodepessoasderuade2000.figura2distribuiodaspessoasemsituaoderuanosdistritosmunicipais, segundooCensodepessoasderuade2000.figura3distribuiodaspessoasemsituaoderuarecenseadasnoslogradouros, segundooCensodepessoasderuade2000.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com141.2. acontagemdepessoasemsituaoderuaem2003A pesquisa de 2003 se beneficiou do acmulo de conhecimentos gerado pelo censo de2000. No que se refere metodologia de campo, foram utilizados os mesmos procedimentosadotados em 2000. As especificidades da contagem de 2003 esto relacionadas rea de coberturada pesquisa em carter amostral, descritas a seguir.objetivosA contagem realizada em outubro de 2003respondeu a duas questes principais: a)quantos so as pessoas em situao de rua e b) qual a distribuio espacial dessa populao nosdistritos pesquisados na rea central da cidade? Desejava-se obter, adicionalmente, informaessobre variveis demogrficas e scio econmicas da populao. A definio da populao foi,rigorosamente, a mesma empregada em 2000.O levantamento realizado em 2003 teve como referncia o censo de 2000, cujosresultados permitiram combinar procedimentos censitrios na rea central da cidade e estimativapor nos demais distritos pesquisados. Assim, foram recenseados 11 distritos da rea central S,Repblica, Liberdade, Bela Vista, Consolao, Santa Ceclia, Bom Retiro, Pari, Brs, Cambuci eSantana15- e foi realizada uma amostragem em: Barra Funda, Belm, Campo Belo, Carro,Ipiranga, Jabaquara, Jardim Paulista, Lapa, Mooca, Penha, Perdizes, Pinheiros, Santo Amaro,Tatuap, Vila Leopoldina, Vila Mariana e Vila Prudente. Segundo o censo de 2000, mais de 90%das pessoas em situao de rua encontravam-se nos distritos que integram a rea censitria e area amostrada.Restries oramentrias e de tempo, em 2003, recomendavam a reduo da duraodo trabalho de campo e, desta forma, nos custos do levantamento. Os resultados do censo de 2000,por outra parte, favoreceram a elaborao de um esquema amostral para levantamento dasinformaes, viabilizado pelo conhecimento da distribuio espacial das pessoas de rua nacidade obtido em 2000. Poder-se-ia responder s questes colocadas como objetivo do trabalhomediante esquema amostral, aplicado a todos os distritos pesquisados.A deciso de combinar uma rea amostrada com uma rea censitria decorreu doentendimento de que seria til obter-se os dados da rea central com a mesma metodologiaempregada em 2000, para permitir comparaes dos dados por distrito, nos dois levantamentos epara se ter informaes mais detalhadas da distribuio espacial dessa populao nos distritoscentrais, sabidamente com alta densidade de populao em situao de rua. Assim, para os 11distritos da rea censitria, os resultados obtidos podem ser comparados par a par e, tambm,agregados para qualquer subconjunto de distritos de interesse. Para a rea amostrada, o nmerototal de pessoas pernoitando nas ruas e demais logradouros da cidade no pode ser desagregadopor distrito, mas possvel, no entanto, desagregar os dados em termos de regional SAS. Para osalbergados, entretanto, o levantamento obteve o nmero total de pernoites em todos os alberguesexistentes nos distritos pesquisados, procedimento que permite o mesmo tratamento dados aosdados da rea censitria.15Excluindo-se Santana, os 10 distritos restantes integram a antiga Administrao Regional da S; excluindo-seSantana, Brs e Pari, os distritos restantes formam a atual Subprefeitura da S.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com15quadroderefernciaparaolevantamentodecampoAs informaes dadas pelo Censo de 2000 no esgotaram o conjunto de dadosnecessrios ao trabalho de 2003. Complementarmente s informaes censitrias, a FIPE montouum quadro de referncia para 2003, a partir de reunies com tcnicos das regionais de SAS,instituies que trabalham com pessoas em situao de rua, trabalhos acadmicos realizados entre2000 e 2003 e registros das operaes de SAS durante o ano de 2002/2003.As informaes obtidas nas reunies e contatos permitiram atualizar os pontos deatrao da populao em situao de rua definidos em 2000, incluindo novos pontos de servios ede agrupamentos espontneos de pessoas, informaes sobre cemitrios e eventuais mudanas noshbitos de deslocamentos da populao. Permitiram, tambm, checar, junto s equipes regionais,eventuais alteraes na distribuio espacial das pessoas em situao de rua na cidade, hiptesefundamental para a utilizao dos dados de 2000. Foram acrescentados trs distritos relaoinicialmente proposta Carro, Vila Prudente e Jabaquara pois, segundo avaliao das regionaisde SAS, esses distritos, em relao ao ano de 2000, passaram a apresentar uma maiorconcentrao de pessoas em situao de rua. Ainda segundo avaliao das regionais, a distribuioda populao de pessoas em situao de rua apresentou poucas alteraes, entre 2000 e 2003,mantendo-se praticamente a mesma.oesquemaamostralO levantamento das informaes junto aos albergados e s pessoas nas ruas seguiuprocedimentos diferentes, atendendo s especificidades de cada um dos grupos.A sub-populao das pessoas encontradas nas ruas exigiu maiores cuidados naexecuo da pesquisa. Sendo uma populao em constante deslocamento pela cidade, a velocidadeem que a coleta das informaes deveria ser feita constituiu uma importante preocupao16daequipe responsvel, impondo, inclusive, a minimizao do nmero de questes a serem feitas aosentrevistados. Adicionalmente, a realizao do trabalho de campo noite, at altas horas damadrugada, exigiu o estabelecimento de estratgias que garantissema segurana da equipe decampo e a qualidade das informaes levantadas.Seguindo critrios semelhantes ao do censo de 2000, a rea da pesquisa foi dividida emdistritos e setores censitrios, permitindo a diviso do trabalho de campo em 5 noites, o queassegurou a velocidade necessria e a qualidade das informaes. As condies para realizao dasentrevistas nos albergues so menos difceis que na rua, possibilitando diferentes procedimentos nacoleta as informaes.aamostradasreas: pessoaspernoitandonasruasUma dificuldade inicial foi encontrar um sistema de referncia17que balizasse o planoamostral. O fato da populao de rua no ter domiclio fixo e se locomover pela cidade, obrigouque fosse realizado um sorteio de reas. Uma vez sorteada uma rea, essa deveria ser percorridapelas equipes de campo. O ponto de partida para o sorteio foi o Mapa Oficial da Cidade (MOC). O16Presente, como j mencionado, tambm no Censo de 2000.,17Sistema de referncia a listagem de unidades amostrais que utilizado no sorteio da amostra.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com16mapa apresenta todos os quarteires do municpio agrupados em setores ficais18. Desse modo,elaborou-se um sistema de referncia com os setores fiscais presentes em cada distritoadministrativo 19essas reas definem as unidades amostrais primrias (UAP) da amostragem.As UAP foram agrupadas segundo a regional da SAS qual pertencem e cada regionalfoi tratada como uma sub-populao20, de modo a permitir a expanso dos resultados por regional,com controle do erro amostral.O Censo de 2000 forneceu o nmero de pessoas em situao de rua encontrados emcada unidade amostral primria. Assumiu-se a hiptese de que a distribuio espacial das pessoasem situao de rua mantinha-se similar encontrada em 2000. A partir de informaes fornecidaspor tcnicos da SAS e por organizaes que atuam junto a essa populao,assumiu-se que oslocais com maiores concentraes de pessoas em 2000, continuariam a ter uma alta presena dessapopulao. Utilizando essas informaes, as UAPs de cada regio de estudo foram estratificadassegundo o nmero de pessoas encontrados no censo, definindo regies com alta concentrao,concentrao mdia e baixa concentrao. O nmero de estratos variou por regional, haja vista asdiferentes concentraes de pessoas em situao de rua encontradas em 2000. Associou-se, aosestratos um grau de incidncia esperado de morador de rua. Na maioria das regionais, os estratoscom maior incidncia foram selecionados com probabilidade um. Para a determinao do nmerode regies a serem amostradas por estrato foram utilizados os dados do censo 2000. Atravs dessasinformaes foi possvel estabelecer o nmero mnimo de regies que levasse a um erro amostralmximo em torno de 5% na estimao do nmero de pessoas para a totalidade da rea amostrada,com uma confiana de 90%.tabela1dimensionamentoamostral nmerodeunidadesamostraisprimrias por regioregio distritos populao amostraCentro Bela Vista, Bom Retiro, Bras, Cambuci,Consolao, Liberdade, Pari, Repblica, SantaCeclia,S- CensoLapa Barra Funda, Lapa, Perdizes, Vila Leopoldina 17 11Moca Belm, Carro, Mooca, Tatuap 21 14Santo Amaro Campo Belo, Santo Amaro 7 4Oeste Itaim Bibi, Jardim Paulista, Pinheiros 13 9Leste Penha 6 4Norte Santana - CensoSul Jabaquara, Vila Mariana 10 6Sudeste Ipiranga, Vila Prudente 8 6total 82 54Nota: Na regio Centro incluindo Bela Vista, Bom Retiro, Bras, Cambuci, Consolao, Liberdade, Pari, Repblica,Santa Ceclia, S e Norte incluindo Santana foi realizado estudo censitrio.18Setor fiscal um agrupamento de quarteires fronteirios utilizado pela Secretaria de Finanas.19H setores que cruzam mais de um distrito, nesse caso, para efeito do sistema de referncia ele foi dividido deacordo com os limites distritais, sendo cada uma dessas divises considerada um novo setor.20Primeiro critrio de estratificao.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com17Para todas as pessoas encontradas pernoitando nas ruas e demais logradouros da cidade,nas reas recenseada e amostrada, foi aplicado o questionrio para obteno das informaesdemogrficas e scio econmicas.osprocedimentosparacontagemnosalberguesForam recenseados todos os 34 albergues e abrigos especiais existentes na rea dapesquisa. Para obteno do nmero de pessoas que pernoitavam nesses estabelecimentos, foiencaminhado a cada um deles um formulrio com os procedimentos a serem seguidos para registrodo nmero de pessoas atendidos, cadastrados ou no. A cada noite, eram registradas as admisses,nas mesmas reas em que o levantamento de campo estava sendo realizado. Garantiu-se, destaforma, dados sobre o total de pessoas pernoitando nos albergues da regio da pesquisada. Olevantamento do nmero de pessoas albergadas, portanto, foi censitrio. Em anexo, a relao dosalbergues recenseados.Para obteno de informaes demogrficas e scio econmica sobre as pessoas dealbergues adotou-se um procedimento amostral. Os albergues foram estratificados segundo opblico atendido (homens, mulheres, famlias ou mistos) e regio, definidas pelos distritos a serempercorridos em cada dia de campo.Aps a estratificao,os albergues foram sorteadosaleatoriamente e selecionados 40 albergados, em cada um deles, para responder s questes decaracterizao demogrfica e scio econmica. O critrio de seleo dos entrevistados foisistemtico, garantindo a aleatoriedade da amostra. Em anexo, os detalhes tcnicos do planoamostral.osinstrumentosparacoletadasinformaesO levantamento das informaes foi realizado mediante trs instrumentos distintos(vide anexo V). O primeiro deles destinava-se a caracterizar o local em que se dava a abordagemdas pessoas nas ruas. Foram obtidas informaes quanto ao local em que se encontrava o moradorde rua (calada, sob marquise, praas, etc), sobre a rea (comercial, industrial, residencial oumista), nmero de pessoas encontradas no local, presena de carrinhos de catao e de animais.As informaes resultavam da observao direta do entrevistador.O segundo instrumento de coleta das informaes tinha por objetivo levantarinformaes sobre algumas variveis demogrficas das pessoas pernoitando nas ruas, mobilidadeespacial do entrevistado durante o dia, locais alternativos de pernoite e razes para no seencontrar em um albergue (na noite da entrevista). As informaes eram dadas pelo entrevistado.O questionrio iniciava-se com questes filtro destinadas a identificar o entrevistado comomorador de rua ou como um usurio noturno da cidade.O terceiro instrumento de coleta de informaes foi preparado para as entrevistadas nosalbergues. Dada a mais confortvel condio da abordagem e entrevista, o questionrio para aspessoas albergadas era mais extenso e inclua um maior nmero de aspectos para a caracterizaoscio-econmica. Alm das informaes obtidas junto s pessoas nas ruas, os albergadosresponderam sobre renda e ocupao.oplanejamentodotrabalhodecampoeasequipesdetrabalhoA contagem das pessoas de rua em 2003 foi realizada por equipe de campo compostapor entrevistadores e supervisores e com consultores contratados. A interlocuo com tcnicos daPDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com18SAS Central e SAS Regional foi contnua, possibilitando no apenas a troca de informaes mas,tambm, a obteno de dados e registros necessrios ao planejamento do trabalho.A constituio da equipe FIPE atendeu ao critrio de multidisciplinaridade exigido pelanatureza dotrabalho,sendointegrada porestatsticos,socilogos,urbanista,gegrafo eeconomistas. Os entrevistadores e supervisores foram selecionados entre os estudantes ouprofissionais na rea das cincias sociais, todos com experincia em pesquisa de campo.Os100 entrevistadoresselecionadosforam dividido em equipesde 5 duplas,totalizando 10 equipes de campo. A equipe de campo constituiu a unidade de planejamento eexecuo do trabalho de campo, cada uma delas sob a responsabilidade de um supervisor.O planejamento do trabalho de campo dividiu os distritos a serem recenseados eamostrados em reas compatveis com a dimenso das equipes21, resultando em 5 noites delevantamento de campo. Mapas da rea a ser percorrida por cada uma das equipes, em cada umadas noites do trabalho de campo, foram extrados do MOC. Nos mapas foram identificados ospontos de atrao das pessoas em situao de rua, incluindo os pontos do censo de 2000 e osfornecidos pelas SAS Regionais. Sob a responsabilidade do supervisor, as duplas percorriama reado mapa, obedecendo ao trajeto previamente traado.A FIPE contou com os veculos de SAS para transporte dos entrevistadores at as reasde trabalho e para realizao dos percursos entre reas. Os veculos foram utilizados, ademais, paraverificao da presena de pessoas em situao de rua em locais vias expressas, por exemplo -onde o percurso a p se fazia desaconselhvel.As equipes de campo foram integradas, tambm, por tcnicos de SAS, por ex-pessoasem situao de rua e por tcnicos de organizaes que atendem a essa populao; sem quetivessem participao no levantamento das informaes, contriburam, com o conhecimento dasreas e da populao, para a localizao das pessoas em situao de rua, para a abordagem decrianas e adolescentes e para a identificao de especificidades das diversas regies da cidadeem que o trabalho de campo foi realizado.Cada equipe de campo era acompanhada por, no mnimo, um segurana privado noarmado, contratado pela FIPE. aexecuodotrabalhodecampoO trabalho de campo foi realizado nas noites e madrugadas de 13, 16, 20, 21 e 22 deoutubro. A equipe FIPE responsvel pela pesquisa, pesquisadores e supervisores se reuniam nasede da SAS rua Lbero Badar Centro no incio de cada noite de trabalho, de onde partiampara o campo. Reunidas as equipes, era feita a distribuio dos mapas, questionrios, verificao ecrtica dos dados j obtidos e instrues para a noite de trabalho. As equipes de trabalho contavamcom o apoio da equipe FIPE que permanecia em SAS durante todo o tempo em que se realizava otrabalho de campo. A comunicao entre supervisores, entrevistadores e equipe FIPE era feita portelefones celulares.21Distritos e setores censitrios, definidos como do censo de 2000.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com19II - RESULTADOS DA CONTAGEM DE 2003 COMPARADOS AO CENSO 20002.1. nmerodepessoasemsituaoderuaEstimou-se que, em 2003, existiam 10.399 pessoas em situao de rua nos 29 distritospesquisados na cidade de So Paulo. Desse total, 4.213 (40,5%) pernoitavam nas ruas e demaislogradouros da cidade, enquanto 6186 (59,5%) encontravam-se albergados. O nmero de pessoasem situao de rua albergadas quase 50% superior ao total de pessoas pernoitando nas ruas,refletindo uma forte expanso no nmero de vagas da rede de servios de SAS22. estimativa daspessoas pernoitando nas ruas, na rea amostrada23, encontra-se associado um erro de ( ) 145pessoas, com 90% de confiana24,tabela2nmerodepessoasemsituaoderuanareadapesquisa, 2003rea nasruas albergados totaldistritos recenseados2834 3571 6405distritos amostrados 1379 (1)2615 3994total 4213(1)6186 10399(1)(1) margem de erro de 145 pessoas com 90% de confianaA comparao com os nmeros do Censo de 2000 deve ser feita com cuidado. Assim,para que se possa comparar os totais obtidos em 2000 e 2003, deve-se subtrair, dos resultados de2000, as pessoas que pernoitavam nos distritos no includos no levantamento de 2003. Aindaquanto comparao dos resultados, deve ser feita a ressalva de que o censo de 2000 foi realizadoem pleno vero e o levantamento de 2003 num perodo relativamente frio de outubro; isso podeter feito com que, eventualmente, a procura de albergues em 2003 tenha aumentado no perodo, eque o nmero de pessoas pernoitando nas ruas tenha sido potencialmente reduzido, embora aspessoas dos albergues estejam contadas no total da populao estimada.tabela3nmerodepessoasemsituaoderuanareadepesquisa, 2000e20032000 2003rearua alberguetotal rua albergue totaldistritos recenseados 2934 2096 5030 2834 3571 6405distritos amostrados 1461 1597 3058 1379(1)2615 3994 (1)total 4395 3693 8088 4213 (1)6186 10399 (1)(1) margem de erro de 145 pessoas com 90% de confiana22O total de vagas oferecido pela rede de atendimento de SAS passa de 2866 em janeiro de 2001 (total no municpio)para mais de 6332 em outubro de 2003, nmero esse que corresponde ao nmero de vagas apenas na rea da pesquisa..23Como mencionado no captulo anterior, o nmero de albergados foi obtido mediante recenseamento de todos osalbergues da rea da pesquisa. O nmero de albergados, portanto, no foi obtido mediante inferncia estatstica.24Estima-se que, na poca de realizao da pesquisa, o nmero total de pessoas em situao de rua estava entre 10254e 10544, com 90% de confiana e que o nmero dos que pernoitam nas ruas estava entre 4068 e 4358, com 90% deconfiana.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com20ano de 200054%46%ano de 200341%59%ruaalberguefigura4nmerodepessoasemsituaoderua, pernoitandonosalberguesenasruas, 2000e2003figura 5porcentagemdepessoasemsituaoderua, pernoitandonosalberguesenasruas, 2000e2003A distribuio das pessoas em situao de rua nos 29 distritos da cidade no se alterousignificativamente. Assim, a rea central da cidade e Santana (os 11 distritos recenseados)abrigavam, em 2000, 62,2% das pessoas em situao de rua, passando este percentual para 61,6%em 200325. A distribuio da populao entre albergados e pessoas pernoitando nas ruas nessesdistritos, entretanto, se alterou: em 2000, 58,3% pernoitavam nas ruas, enquanto que, em 2003,esse percentual cai para 44,2%. Assim embora o nmero absoluto de pessoas pernoitando nas ruasda rea central tenha praticamente se mantido, entre 2000 e 2003, sua participao na populaototal caiu refletindo, como j mencionado, a forte expanso da rede de atendimento de SAS.A distribuio das pessoas em situao de rua nos 11 distritos recenseados mostra forteconcentrao em Repblica, Pari, Santa Ceclia e S. Adesagregao dos totais, entretanto, mostraque, nesses distritos, varia a participao dos pessoas pernoitando em albergues . Assim, no Pari, ototal encontrado reflete fortemente o nmero de albergados, enquanto que em S, a maior25No h erro associado estimativa, uma vez que os distritos da reacentral foram todos eles recenseados.43954213618636930%10%20%30%40%50%60%70%80%90%100%2000 2003albergueruaPDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com21participao refere-se s pessoas pernoitando nas ruas. O total encontrado em Santa Ceclia,entretanto, mostra participao bastante eqitativa entre albergados e pessoas pernoitando nas ruas.tabela4nmerodepessoasemsituaoderuanosdistritosrecenseados, 2003distritos nasruasalbergados totalS 713 101 814Repblica 671 470 1141Liberdade 64 700 764Bela vista 168 9 177Consolao 198 - 198Santa Ceclia 452 397 849Bom Retiro 120 307 427Pari 75 823 898Brs 147 588 735Cambuci 100 - 100Santana 126 176 302total 2834 3571 6405A comparao da distribuio das pessoas em situao de rua recenseadas em 2000 e2003, nos distritos centrais da cidade mostra que, entre 2000 e 2003, o nmero de pessoaspernoitando nas ruas manteve-se praticamente o mesmo em todos os 11 distritos, excetuandoLiberdade com uma reduo de quase 50%. O mesmo no ocorre como nmero de albergados queexperimentou um considervel aumento em Repblica, Santa Ceclia, Bom Retiro, Pari e, emmenor proporo, na S. Apenas no Brs e Santana houve reduo.tabela5nmerodepessoasemsituaoderuanosdistritosrecenseados, 2000e2003rua albergue totaldistrito2000 20032000 2003 2000 2003S 773 713 47 101 820 814Repblica 715 671 81 470 796 1141Liberdade 109 64 627 700 736 764Bela Vista 138 168 14 9 152 177Consolao 167 198 - - 167 198Santa Ceclia 434 452 51 397 485 849Bom Retiro 151 120 6 307 157 427Pari 69 75 249 823 318 898Brs 180 147 791 588 971 735Cambuci 74 100 - - 74 100Santana 124 126 230 176 354 302total 2934 2834 2096 3571 5030 6405figura6nmerodepessoasemsituaoderuanosdistritosrecenseados, 20030100200300400500600700800900SRepiblicaStaCecliaConsolaoBelaVistaBrsSantanaBomRetiroCambuciPariLiberdadepessoas nas ruas albergadosPDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com22figura8distribuioespacial daspessoasemsituaoderuanosdistritoscentraisdacidade, 2000figura9distribuioespacial daspessoasemsituaoderuanosdistritoscentraisdacidade, 2003PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com23figura10comparativo2000e2003, conformelocalizaodaspessoasemsituaoderua, por distritodacidadeDeve-se esclarecer que nem todos os distritos esto presentes na rea da pesquisa; porexemplo, na Regio Santana/Trememb, apenas o distrito Santana foi includo na pesquisa e, dessemodo, os resultados apresentados referem-se apenas a ele. A agregao dos resultados por regio,desta forma, deve ser tomada com esta qualificao.Alm da estimativa pontual do nmero de pessoas nas ruas foi realizada, umaestimativa da margem de erro dos resultados com 90% de confiana26. Essa informao estrepresentada nas colunas do intervalo de confiana.tabela6nmerodepessoasemsituaode ruapor regio, 2003regio distritosnmerodepessoaserro-padro margemdeerro- 90% deconfianaintervalode90% deconfianaOeste Itaim Bibi, Jardim Paulista, Pinheiros 280 56 92 188 372Sudeste Ipiranga, Vila Prudente 86 10 16 70 102Lapa Barra Funda, Lapa, Perdizes, Vila Leopoldina 338 18 30 308 368Moca Belm, Carro, Mooca, Tatuap 373 58 96 277 469Leste Penha 40 1 2 38 42Santo Amaro Campo Belo, Santo Amaro 134 10 16 118 150Centro1 Bela Vista, Bom Retiro, Bras, Cambuci, Consolao,Liberdade, Pari, Repblica, Santa Ceclia,S2708 - - - -Norte1Santana 126 - - - -Sul Jabaquara, Vila Mariana 128 27 44 84 172total 4213 88 145 4068 4358(1)distritos recenseados e, portanto, sem erro associado ao nmero de pessoas em situao de rua encontrados.26Isso quer dizer que para 90% das possveis amostras, espera-se que o nmero real de moradores de rua presentes emcada SAS no se afaste da estimativa pontual por mais do que a margem de erro. Considerando, por exemplo, a regioda Lapa, estima-se a presena de 338 moradores com uma margem de erro de 30, ou seja espera-se, com 90% deconfiana, que o nmero real de moradores na rua nesse distrito esteja entre 308 (338-30) e 368 (338+30).PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com24Com exceo da regio do Centro, as regies da Lapa e Mooca so as que possuemdistritos na rea da pesquisa com maior incidncia de pessoas em situao de rua.tabela7nmerodepessoasemsituaoderuapor regioSAS, 2000e2003regio distrito 2000 20032003- intervalode90%deconfianaOeste Itaim Bibi, Jardim Paulista, Pinheiros 399 280 188 372Sudeste Ipiranga, Vila Prudente 109 86 70 102Lapa Barra Funda, Lapa, Perdizes, Vila Leopoldina 299 338 308 367Mooca Belm, Carro, Mooca, Tatuap 253 373 277 469Leste Penha 58 40 38 42SantoAmaroCampo Belo, Santo Amaro 197 134 118 150Centro1 Bela Vista, Bom Retiro, Bras, Cambuci, Consolao,Liberdade, Pari, Repblica, Santa Ceclia,S2810 2708 - -Norte1Santana 124 126 - -Sul Jabaquara, Vila Mariana 146 128 84 172total 4395 4213 4068 4358Ao se comparar o nmero de pessoas em situao de rua nos distritos dasregies,nota-se um aumento estatisticamente significativo27nas regies da Lapa (13%) e da Mooca; emSantana o nmero de pessoas manteve-se praticamente estvel e, nas demais, houve uma reduonesse nmero, com exceo de Vila Mariana e Jabaquara , cujo resultado de 2000 encontra-sedentro da margem de erro da pesquisa de 2003.2.2. local ondeforamencontradosaspessoas pernoitandonasruasDenominou-se ponto o local onde as pessoas pernoitando nas ruas eram abordadas.Mediante uma ficha destinada especificamente ao registro das caractersticas desse local, foramlevantadas informaes sobre o entorno, o nmero de pessoas encontradas, a presena decarrinhos de catao e o endereo. Estima-se a existncia de 2.223 pontos, ou endereos.A distribuio das pessoas em situao de rua por local da abordagem, evidencia a altaconcentrao dos pernoites emcaladas, sob marquises, viadutos e praas. Em ordem decrescente,aparecem as caladas, reas externas de imveis, desocupados ou no, praas e viadutos.tabela8local onde foram encontrados as pessoas em situao de rualocal freqncia %calada 1269 57,1rea externa de imvel 452 20,3praa 208 9,4baixos de viaduto 172 7,7outros 116 5,2sem informao 6 *total 2223 100,0* quantidade insuficiente para a estimao da proporo27Margem de erro de 90%.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com25Na categoria outros encontram-se, com reduzida freqncia: terrenos baldios, mocs,cemitrios, casas abandonadas, depsitos, carrinhos/veculos.Quanto a caracterstica da rea, confirma-se a predominncia de reas comerciais, jidentificada no Censo de 2000 e em outros trabalhos realizados. So as reas comerciais quepossibilitam melhores condies para o abrigo noturno, catao e oferta de alimentos. A diferenaentre o nmero de pessoas entre o perodo diurno e noturno e a maior abundncia de lixo nessasregies, entre outros fatores, contribuem para explicar a concentrao.tabela9caractersticadareaondeforamencontradasaspessoasemsituaoderuacaractersticas freqncia %comercial 1113 50,1misto 762 34,3via expressa 132 5,9residencial 128 5,8industrial 43 1,9outros 35 1,6sem informao 10 -total 2223 100As informaes sobre as condies em que eram abordadas as pessoas em situao derua permitiram, tambm, estimar o nmero de pessoas por ponto. A relao entre as pessoaspernoitando nas ruas com o nmero de pessoas encontradas por ponto, em que se realizou aabordagem, mostrou que a maioria das pessoas encontrava-se s: apenas em 703 pontos foramencontrados grupos e, em aproximadamente 50% desse total, esses grupamentos eram formadospor apenas duas pessoas. Onmero mximo de pessoas encontradas em um ponto foi de 40pessoas de rua, condio, entretanto, pouco freqente.tabela10nmerodepontosagregadospor nmerodepessoasemsituaoderuanmerodepessoas nmerodepontos %1 1520 68,42 348 15,73 a 5 232 10,46 a 10 98 4,411 ou mais 25 1,1total 2223 100A estimativa do nmero de carrinhos de catao presentes entre as pessoas das rua foipreocupao explcita de SAS, haja vista a importncia dessa atividade para a obteno de rendamonetria para esta populao. Uma das demandas localizadas pelas pessoas de rua, que socatadores, a possibilidade de guardar seus carrinhos (ou carroas) nos albergues, possibilitando aguarda desse instrumento de trabalho durante o pernoite.Os resultados da pesquisa mostram queem cerca de 23% dos pontos foram encontrados carrinhos (carroas) de catao. Nesses pontos,PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com26foram observados, na maioria das vezes, apenasum carrinho, embora em alguns pontos tenhamsido encontrados 3 ou mais (50 pontos). Dezcarrinhos em um nico ponto foi o nmeromximo encontrado.tabela11presenadecarrinhosnospontosdeconcentraodepopulaoemsituaoderuanodecarrinhos nodepontos %nenhum 1703 76,61 361 16,22 94 4,23 ou mais 50 2,2sem informao 15 0,7total 2223 1002.3. variveisdemogrficasA populao de pessoas em situao de rua predominantemente masculina. Nosalbergues e nas ruas, a grande maioria de pessoas do sexo masculino, caracterstica essa que serepete nas grandes cidade americanas, europias e at mesmo no Japo28. Na contagem de 2003 emSo Paulo, 87% dos albergados eram do sexo masculino, com percentual quase idntico para ospessoas pernoitando nas ruas: 80%. A populao masculina da cidade de So Paulo encontra-sesobre-representada na populaoem situao de rua: segundo o Censo Demogrfico de 2000-IBGE, aproximadamente 54% da populao maior de 18 anos da cidade de So Paulo do sexofeminino.tabela12sexodaspessoasemsituaoderua- 2003sexo nasruas albergados totalfreqncia % freqncia % freqncia %masculino 3365 79,9 5402 87,3 8767 84,3feminino 647 15,3 773 12,5 1420 13,7semidentificao201 4,8 11 0,22122,0total 4213 100 6186 100 10399 10028Ver, entrte outros trabalhos: Sommer, H. 2000 " Homelessness in Urban America: A Review of the Literature".Institute of Governmental Studies Press, University of California, Berkeley; Marpsat, M. 1999 "Les Sans Domicile Paris et aux Etats - Unis". INSEE, Donnes Sociales, 1999; Marr, M., Abel Valenzuela, Janete Kawachi e TakaoKoike: 2000 " Day Laboreres in Tokyo, Japan: Preliminary Findings from the Sanya Day Labor Survey". UCLACenter for the Study of Urban Poverty.RobertoLoebPDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com27A distribuio da populao de rua segundo gnero no apresenta grandes diferenasem relao a 2000. Neste ano, 80,6% pernoitando das pessoas nas ruas eram homens, 18,6%mulheres e 0,8% no tiveram o sexo identificado. Chama ateno um aparente aumento no nmerode pessoas que no tiveram o sexo identificado. Uma explicao para o fato que a temperaturanas ruas em 2003 era substancialmente mais baixa do que na pesquisa de 2000; nessacircunstncia, a abordagem dos pessoas foi dificultada, pois muitos deles no acordaram e estavamde tal modo protegidos do frio que foi impossvel a identificao do gnero.tabela13sexodaspessoaspernoitandonasruas2000e20032000 2003sexofreqncia % freqncia %masculino 3543 80,6 3365 79,9feminino 816 18,6 647 15,3sem identificao 36 0,8 201 4,8total 4395 100 4213 100O comportamento da distribuio por sexo da populao albergada, em 2003, tambm muito semelhante a de 2000. Em 2000, foram encontrados 87,1% de homens, 10,1% de mulheres;j em 2003, foram estimados 87,3% de homens e 12,5% de mulheres pernoitando em albergues.tabela14sexodaspessoasalbergadas, 2000e20032000 2003sexofreqncia % freqncia %masculino 3218 87,1 5402 87,3feminino 372 10,1 773 12,5semidentificao103 2,8 11 0,2total 3693 100 6186 100Os dados sobre cor da pele so, sabidamente, sujeitos a impreciso. A tarefa declassificar os membros de uma populao por este atributo leva a erros de mensurao, seja elarealizada pelo entrevistador ou pelo entrevistado. A despeito das conhecidas limitaes, procurou-se obter a distribuio desta varivel, no levantamento censitrio e em 2003. Para reduzir os errosde medida, pode-se agregar as respostas parda e preta, criando a categoria no branca, poisas mais freqentes dificuldades de classificao encontram-se, normalmente, nestes dois estratos.Em 2003, a populao em situao de rua era predominantemente de pele nobranca: aproximadamente 60%. Desagregando-se esse resultado pelas categorias parda epreta, obtm-se uma menor presena da cor preta. Examinando-se, mais uma vez, os dados doCenso Demogrfico de 2000, v-se que a populao de pela branca na cidade de So Paulo atingequase 70%, percentual significativamente maior que o encontrados nas ruas e nos albergues29.29Nos Estados Unidos, para cidades com mais de 100.000 habitantes, a porcentagens de negros entre os moradores derua atinge 41%, bastante superior de hispnicos (10%) e pouco menor que a dos brancos no hispnicos (Marpsat,1999). Em Belo Horizonte, a populao se distribui, por cor, nas seguintes propores: branca, 24,6%; negra, 36,8%;parda, 36,7% e amarela/indgena, 1,6%.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com28tabela15distribuiopor cor dapopulaoemsituaoderuanasruas albergados total corfreqncia % freqncia % freqncia %branca 1237 29,4 2596 42,0 3833 36,8parda 1560 37,0 2213 35,8 3773 36,3preta 1068 25,3 1280 20,7 2348 22,6amarela 16 * 43 0,7 59 0,6outra 7 * 14 0,2 21 0,2semidentificao325 7,7 40 0,7 365 3,5total 4213 100 6186 100 10399 100* quantidade insuficiente para a estimao da proporo.Comparando-se os resultados do censo 2000 com a pesquisa de 2003, nota-se que aincidncia de branca entre as pessoas pernoitando nas ruas em 2000 (33,4%) no difere muito daestimativa pontual de 2003 (29,4% ). Foram encontrados 50,6% de no branca no censo 2000;em 2003, estima-se a existncia de pelo menos 62,3% de no brancos nas ruas. A maior diferenaencontrada foi a presena de pessoas de pele parda: 29,3% em 2000 e estimada em 37,0% em2003. A cor amarela pouco freqente, em 2000 e 2003. A interpretao desses resultados develevar em conta, como j mencionado, as dificuldades de medida.tabela16incidnciacomparativadecor dapopulaoemsituaoderua, 2000e20032000 2003corfreqncia % freqncia %branca 1467 33,4 1237 29,4parda 1298 29,5 1560 37,0preta 1325 30,1 1068 25,3amarela 17 0,4 16 *outra 5 0,1 7 *sem identificao 283 6,4 325 7,7total 4395 100 4213 100* quantidade insuficiente para a estimao da proporo.Nos albergues, o percentual de pessoas com pele branca recenseadas em 2000 maiorque as pessoas brancas encontradas nas ruas. Comparando-se os levantamentos de 2000 e 2003,percebe-se pouca diferena na presena de brancos (46,0% em 2000 e 42% em 2003), com umaestimativa pontual um pouco maior de no brancos em 2003 (48,7% em 2000 e 56,5 % em 2003).Observou-se que a freqncia da cor amarela , novamente, bastante reduzida. A categoriasem identificao, como esperado, menor para a populao entrevistada nos albergues do quenas ruas.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com29tabela17cor dapeledaspessoasalbergadasem2000e20032000 2003corfreqncia % freqncia %branca 1697 46,0 2596 42,0parda 1087 29,4 2213 35,8preta 714 19,3 1280 20,7amarela 28 0,8 43 0,7outra 3 0,1 14 0,2semidentificao 164 4,4 40 0,7total 3693 100 6186 100Em 2003, a populao albergada mostrou-se um pouco mais velha do que a encontradanas ruas. A idade modal da populao nas ruas est entre 26 e 40 anos, enquanto que nosalbergues, fica entre 41 e 55 anos.tabela18idadedeclaradadaspessoasemsituaoderua, 2003nasruas albergados total idadefreqncia % freqncia % freqncia %0 a 3 37 * - - 37 0,34 a 6 23 * - - 23 0,27 a 14 147 3,5 - - 147 1,415 a 17 113 2,7 5 0,1 118 1,118 a 25 341 8,1 533 8,6 874 8,426 a 40 1191 28,3 2154 34,8 3345 32,241 a 55 1130 26,8 2361 38,2 3491 33,656 ou mais 340 8,1 1102 17,8 1442 13,9sem informao 891 21,1 31 0,5 923 8,9total 4213 100 6186 100 10399 100,* quantidade insuficiente para a estimao da proporoQuando se compara a distribuio etria das pessoas encontradas nas ruas em 2003 e2000, percebe-se grande semelhana. A idade mdia em 2000 foi de 37 anos, muito semelhante ade 2003, 38 anos.tabela19incidnciacomparativadaidadedeclaradadaspessoasemsituaoderuaem2000e20032000 2003idadefreqncia % freqncia %0 a 3 43 1,0 37 *4 a 6 15 0,3 23 *7 a 14 174 4,0 147 3,515 a 17 136 3,1 113 2,718 a 25 418 9,5 341 8,126 a 40 1338 30,4 1191 28,341 a 55 1071 24,4 1130 26,856 ou mais 343 7,8 340 8,1sem informao 857 19,5 891 21,1total 4395 100 4213 1002000 2003mdiamediana36,93838,039quantidade insuficiente para a estimao daproporoPDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com30A populao albergada em 2003 pouco difere da populao em 2000, em termos deidade. Comparando-se os resultados do censo com a estimativa pontual de 2003, h, talvez, umpequeno aumento na idade dos albergados, com a presena de uma populao um pouco maisvelha.tabela20incidnciacomparativadaidadedeclaradadapopulaoemsituaoderuaem2000e2003* quantidade insuficiente para a estimao da proporo2.4 outrosresultadosquantoaspessoasquepernoitavamnasruasA velocidade exigida ao levantamento de campo, como j comentado, imps restriesao nmero de questes formuladas s pessoas pernoitando nas ruas da cidade. Assim, obteve-sedois conjuntos de informaes: diretas perguntas formuladas s pessoas nas ruas e indiretas,resultantes da observao do entrevistador.Das perguntas diretasaosentrevistados,chama ateno o elevado nmero dequestionrios sem informao, resultado, na maioria das vezes, da recusa do entrevistado em darresposta s questes formuladas. As adversas condies de tempo e temperatura no momento darealizao das entrevistas podem ter provocado o maior nmero de recusa, comparativamente aocenso de 2000. O nmero de pessoas dormindo e/ou abrigadas do frio que se recusava a qualquerinterao com os entrevistadores pode ser responsvel pelos resultados obtidos.Perguntou-se s pessoas em situao de rua sobre as pessoas com quem eles vivem nasruas . A pergunta no se limitou s pessoas que se encontravam com o entrevistado no momento daabordagem, mas quelas, que segundo a interpretao do entrevistado, o acompanham na vida derua. Trata-se de uma questo de mltiplas respostas, na qual o entrevistado poderia mencionarmais de um grupo de acompanhantes. 16,6% dos entrevistados no responderam a essa questo.Mais da metade (50,2%, pelo menos) afirmou que vivem sozinhos na rua. O segundo grupo maiscitado foi o de pessoas sem parentesco: estima-se que pelo menos 16,1% convivam com pessoassem parentesco.2000 2003idadefreqncia % freqncia %0 a 3 32 0,9 - -4 a 6 17 0,5 - -7 a 14 57 1,5 - -15 a 17 18 0,5 5 *18 a 25 279 7,6 533 8,626 a 40 1345 36,4 2154 34,841 a 55 1228 33,3 2361 38,256 ou mais 531 14,4 1102 17,8sem informao 186 5,0 31 0,5total 3693 100 6186 1002000 2003MdiaMediana40,941,042,943,0PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com31tabela21incidnciadecompanhiascomapessoaemsituaoderua2003nanoitedapesquisa(respostasmltiplas)pessoasnasruascomquemestnaruafreqncia %sozinho 2116 50,2acompanhado 1398 33,2sem informao 699 16,6total 4213 100,0tabela22tipodecompanhiadapessoaemsituaoderua2003nanoitedapesquisa(respostasmltiplas)pessoasnasruasfreqncia %total depessoasacompanhadas1398comquemestnarua:adulto 1.283 80,8sem parentesco 678 42,7com parentesco 605 38,1cnjuge 335 21,1me/pai 128 8,1outros 142 8,9crianaeadolescente 305 19,2semparentesco 225 14,2adolescentes 119 7,5crianas 106 6,7comparentesco 80 5,0filho(s) at 12 anos 56 3,5filho(s) com mais de 12 anos 24 1,5Obs: Das 1.283 pessoas nas ruas acompanhadas algumas esto ao mesmo tempo com adultose crianas, o que descreve 1.588 tipos de acompanhamento.Uma das questes levantadas pela pesquisa refere-se ao deslocamento das pessoas derua durante o dia. Aproximadamente 30% das pessoas no responderam a essa questo. Estima-seque pelo menos 58,4% deles apresentaram uma baixa mobilidade, permanecendo no mesmodistrito em que dormiam ou tendo ido a distritos vizinhos. Se admitirmos que o padro de respostados que no deram a informao o mesmo dos que responderam, teremos uma proporo de82,5% de pessoas nessa condio, o que contraria a hiptese de que a populao em situao derua tende a ter alta mobilidade na cidade, pelo menos quando se compara o distrito em que omorador dorme e os que ele freqenta durante o dia. Considerando somente os que responderam,apenas 17,5% visitaram distritos municipais mais distantes ou mesmo outros municpios no dia dapesquisa.tabela23deslocamentoduranteodiadaspessoasemsituaoderuapessoasnasruasdeslocamentoduranteodiafreqncia %permaneceu no mesmo distrito 1611 38,3at distritos vizinhos 847 20,1at outros distritos 469 11,1em outros municpios 52 1,2sem informao 1234 29,3total 4213 100PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com32Os entrevistados apresentam razes para no estarem dormindo em albergues na noiteda entrevista. Um mesmo entrevistado poderia mencionar mais de uma razo. Dos entrevistados,22,7% no responderam a essa questo. Estima-se que pelo menos 20,2% das pessoas em situaode rua relutam em freqentar albergues por no aceitarem suas regras. Essa proporo passa para27,3% se admitirmos que o padro de respostas30dos que no forneceram informaes o mesmodos que responderam. Problemas com outros usurios foi a segunda razo mais mencionada porno freqentar albergues. A alegao em no estar em albergues por falta de vagas de 8,8% oupor desconhecer os albergues em 6,8%. Eliminado os casos sem informao, essas proporespassampara 11,9%e 9,1%, respectivamente. Pesquisa complementar permitir ganharcompreenso sobre as razes apresentadas, embora para muitos dos entrevistados seja difcil deprecisar o motivo. Apesar da insistncia dos entrevistadores, respostas como no gosta, ouambiente no bom, foram bastante freqentes.tabela24razesapresentadaspelapessoanaruapor noestar emalberguenanoitedapesquisarazes freqncia %conhece albergues, mas no freqenta 2604 61,8no conhece nenhum 285 6,8outras 233 5,5sem resposta 1091 25,9total 4213 100,0tabela25rankingdosmotivospeloqual apessoanaruanofreqentaoalberguenanoiteanterior dapesquisa(respostasmltiplas)razes freqncia %conhecealbergues, masnofreqentaporque: 2604no aceita as regras do albergue 851 26,6por problemas com outros usurios 432 13,5no gosta 410 12,8por falta de segurana nos albergues 211 6,6sofreu maus tratos nos albergues 192 6,0por achar o ambiente inadequado 150 4,7por falta de higiene nos albergues 90 2,8no pode ficar com a famlia/amigos 69 2,2o albergue no aceita suas condies/no pode entrar com seuspertences/no tem documentos/no tem vaga791 24,7Obs: Do total de 2.604 que conhecem albergue mas esto nas ruas, foram apresentados 3.196 motivos emrespostas mltiplas.Pelo menos 34,2% dos entrevistados afirmaram nunca ter dormido em albergues(43,3% se admitirmos que os que no responderam tm o mesmo padro de respostas do que osque responderam).30Ou seja, que os que no responderam tero respostas similares aos respondentes, se, por exemplo, 30% dosrespondentes mencionam uma categoria, no caso do padro de resposta ser o mesmo, espera-se que em torno dos 30%dos no respondentes teriam optado por essa categoria. Essa suposio deve ser encarada com cuidado.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com33tabela26experinciaprviadeusodealberguesentreaspessoasnasruasnanoiteanterior dapesquisajdormiramemalbergue freqncia %sim 1881 44,6no 1439 34,2sem resposta 893 21,2total 4213 100,0A informao quanto presena de animais com as pessoas nas ruas foi demanda deSAS. A freqente meno a animais de estimao pelas pessoas nas ruas e sua importncia naaceitao dos pernoites em albergues justificou a obteno dessa informao no levantamento decampo. Como resultado do levantamento, estima-se que pelo menos 14,3% dos pessoas de ruapossuam animais. A taxa de no resposta dessa questo foi de 17,8%.tabela27pessoasemsituaoderuaquepossuamanimaisnanoiteanterior dapesquisapossuemanimais freqncia %sim 601 14,3no 2863 67,9sem resposta 749 17,8total 4213 1002.5. outrosresultadosquantopopulaoalbergadaOs resultados referentes s pessoas albergadas foram obtidos mediante amostra dosalbergues da rea da pesquisa, estratificados por tipo de pblico: masculino, feminino, famlias,mistos. Dadas as condies mais favorveis para a entrevista que as predominantes na rua, foramlevantadas informaes adicionais que permitem uma melhor caracterizao da populao.Em anexo encontra-se o instrumento de coleta de informaes aplicado. Procurou-se,primeiramente,saberse aspessoasalbergadasalternam os pernoites em outros locais,principalmente a rua. Como era de se esperar a grande maioria dos albergados havia dormidorecentemente em albergue (98,0%). A segunda categoria mais mencionada rua, local em quecerca de 8% dos albergados dormiram na ltima semana.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com34tabela28alternativasdepernoitenasemanaanterior pesquisapelaspessoasalbergadas(respostasmltiplas)alternativas freqncia %albergue 6061 85,1rua 483 6,8outroslocaisespecificados: 577 8,1emfamlia 315na prpria casa 99barraco 7casa de amigos/parentes 209penso/hotel 147sobcuidados 46pronto socorro / hospital / 30casa de convivncia 16trabalho 18ceasa/mercado municipal/ 5trabalho 13sobvigilnciapolicial 16deic/ dops/dp/ alojamento da pm 4cadeia 12emlocal temporrio 30posto de gasolina / lava rpido 28guarita/ terreno cedido 2emsolidariedade 5associao/mst (sem teto) 5Obs. Durante os dias da semana anterior as pessoas freqentaram mais de um local, no total de 7.121 opes. Somente 7 noinformaram.Dada a importncia da alternativa rua para caracterizao da populao, essapossibilidade de pernoite foi identificada mediante questes complementares. Estima-se que pelomenos 32% dos albergados nunca dormiram nas ruas . Admitindo-se que o padro de resposta dos9,8% que no responderam a essa questo o mesmo do restante da amostra, essa proporo passapara 35,5%.tabela29pessoas albergadas que j dormiram nas ruasdormiramnarua freqncia %no 1979 32,0sim 3603 58,2sem informao 604 9,8total 6186 100,0Observou-se, tambm, que cerca de 70,3% dos que afirmaram j ter dormido nas ruas,no o fizeram no ms anterior realizao da pesquisa . Apenas 12,8% desse segmento dormiu 6ou mais vezes nas ruas no ltimo ms.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com35tabela30incidnciapeloalbergadodousodaruaparadormir nomsanterior apesquisanodevezes freqncia %nenhuma 2957 70,3sem informao 91 2,2dormiram na rua 1158 27,5total 4206 100,0no dormiram na ruaobs: 1.979, dos 6.186 albergados no dormiram na rua.tabela31nmerodevezesqueosalbergadosdormiramnaruanomsanteriornodevezes freqncia %1 234 20,22 a 5 383 33,16 a 10 176 15,211 a 20 155 13,421 a 29 103 8,930 107 9,2total 1.158 100,0Obs: Esta distribuio trata s do universo de 1.158 quedeclararam ter dormido na rua durante o ms anterior pesquisa.Considerando-se o ms anterior realizao da pesquisa, estima-se que 92,1% dapopulao j estava dormindo em albergues. A rua foi utilizada para pernoite por 20,9% dos atuaisalbergados, constituindo a principal alternativa ao albergue.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com36tabela32alternativasdepernoitedaspessoasalbergadasnomsanterior pesquisa(respostasmltiplas)alternativas freqncia %albergue 5698 66,0rua 1292 15,0outrassemespecificao 52 0,6seminformao 36 0,4outroslocaisespecificados: 1552 18,0emfamlia 816na prpria casa 272casa de amigos/parentes 544penso/hotel 433sobcuidados 93pronto socorro/hospital/casa de convivncia 88moradia provisria 5trabalho 86ceasa 5mercado municipal 5trabalho 41dentro de veculo/carrinho 35sobvigilnciapolicial 32deic/dops/dp 3cadeia 29emlocal temporrio/provisrio 91imvel invadido/abandonado/galpo/depsito/15posto de gasolina/lava rpido 35terminal rodovirio 41emsolidariedade 1associao 1Obs. Parte dos atuais albergados utilizaram no ms anterior 8.630 locais de pernoite e o especificaram, por setratar de respostas mltiplas, j que durante o ms poderia ser usado mais de um tipo de local, o percentual serefere to s a incidncia de cada alternativa citada.As razes para a presena no albergue constituram item de significativo interesse nolevantamento, haja vista a importncia dessas informaes para a elaborao de polticas deatendimento populao. Os resultados obtidos devem ser lidos com cautela. H possveldivergncia na resposta dos entrevistados, alguns considerando um albergue em particular (o queno permitiria generalizar) enquanto outros podem estar se referindo ao conjunto como um todo,generalizando portanto. Os resultados so apresentados como exemplificao das respostas, semque se possa, contudo, tomar a sua quantificao como segura.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com37tabela33razesdeclaradaspelaspessoasalbergadasparaestar dormindonoalbergue(respostasmltiplas)razes freqncia %ausncia de opo 2519 40encaminhado 1066 17,2escolha pessoal 2739 42,2Indicao 1481 23,9sem informao/indiferente 118 1,2Pouco menos de 50% dos albergados utilizam esses servios h menos de um ano Emtorno de metade dos albergados utilizam os albergues como alternativa de moradia h pelo menosum ano , o que pode ser uma indicao de que para parte dessa populao os albergues no souma soluo provisria de moradia Ao mesmo tempo, parece haver um pblico cativofreqentador de albergue a mais de cinco anos.tabela34tempoqueutilizadealbergagemtempo que utiliza de albergagem freqncia % a primeira vez 289 4,7h menos de 6 meses (exclusive) 2102 33,9entre 6 meses e 1 ano (exclusive) 677 10,91 a 2 anos (exclusive) 1148 18,62 a 5 anos ( exclusive) 1100 17,85 anos ou mais 817 13,2sem informao 53 0,9total 6186 100,0Os albergados apresentam maior mobilidade em relao aos que vivem nas ruas.Desconsiderando as no respostas, 17,5% dos que pernoitam nas ruas freqentaram outrosmunicpios ou distritos mais distantes do que aquele em que estavam. J para a populaoalbergada, essa proporo passa para 27,7%. 89,6% dos albergados esto vivendo sozinhos noalbergue, em contraste com os 60,2% (eliminadas as no respostas) dos que dormiam nas ruas .Nenhum outro grupo de resposta ultrapassa 5%.tabela35locaisdedeslocamentoduranteodiadaspessoasalbergadaspessoasalbergadasat outros distritos 2082 33,7permaneceu no mesmo distrito 2244 36,3at distritos vizinhos 1499 24,2sem informao 247 4,0em outros municpios 114 1,8total 6186 100PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com38tabela36dequemestacompanhadonoalberguesituao freqncia %sozinho 5541 86,9acompanhado 826 13,0sem informao 7 0,1total 6374 100* quantidade insuficiente para estimao da proporo.tabela37dequemestacompanhadonoalbergue/rua(respostasmltiplas)situao freqncia %total dequemestacompanhadopor: 826adulto 512 62,0semparentesco 141comparentesco 371conjuge 283sem definio 80pai e/ou me 8por criana 314 38,0sem parentesco 83com parentesco 231filho com at 12 anos 180filho com mais de 12 anos 51Obs: Dos 826 acompanhados nos albergues foram apresentados respostas mltiplas,j que podem ser crianas ou adultos e com ou sem parentesco.As pessoas albergadas tambm so catadores, usurios de carrinhos de catao.Estima-se que pelo menos 31,3% dos albergados sejam catadores de sucata Os produtos maisprocurados pelos catadores so a latinha (85,8%) e o papelo (52,0%). Pelo menos 21,7% dos quecatam utilizam carrinho , desses, 60,7% no so proprietrios dos carrinhos.tabela38pessoasusuriasdosalberguesquesocatadorescatadoresfreq %sim 1936 31,3no 4091 66,1sem informao 159 2,6total 6186 100PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com39tabela39especificaodotipodematerial coletadopeloscatadoresqueestoemalbergues(respostasmltiplas)freqncia %sem informao 159 8,2no especificado 125 6,5especificado 1652 85,3total 1936 100tabela40rankingpor tipodematerial coletadopeloscatadoresqueestoemalbergues(respostasmltiplas)freqncia %tipodematerial 1652latinhas 1798 50,8papelo 1089 30,8sucata 636 18,0ferro 10 0,3garrafa 5 0,1Obs: Dos 1.936 usurios de albergues que so catadores, 1.652 especificaram os tipos de materiaiscoletados, atravs de 3.538 produtos apresentados em resposta mltiplas.tabela41pessoasalbergadas, usuriasdecarrinhodecataofreqncia %sim 455 21,7no 1464 69,9sem informao 176 8,4total 2095 100tabela42pessoasalbergadas- proprietriasdecarrinhofreqncia %sim 175 38,5no 276 60,7sem informao 4 *total 455 100Foi tambm obtida informao sobre a renda monetria dos albergados. necessrioobservar que, novamente, a interpretao dos resultados deve ser feita com cuidado. Isto porque,os rendimentos monetrios das pessoas em situao de rua so bastante variveis em funo danatureza da ocupao; h, portanto, compreensvel dificuldade de clculo por parte dos prpriosentrevistados que podem se equivocar na resposta. Refora essa dificuldade eventuais perodos deinatividade, agravando as condies de clculo e memria dos rendimentos obtidos.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com40Procurando reduzir as dificuldades de clculo e memria, fixou-se um perodo de setedias (semana anterior) como referncia temporal para as informaes sobre a renda monetria. Esteprocedimento permite, ademais, que os valores monetrios possam ser agregados, pois referem-seao mesmo horizonte temporal. Estima-se que mais de um tero dos albergados (36,4%) noauferiram renda na semana anterior pesquisa e que, apenas 27,5% receberam mais de R$ 60,00.A renda semanal mdia foi de R$ 40,45 quando so considerados todos os albergados. Ao limitar aanlise aos que efetivamente receberam alguma quantia, a renda mdia passa a ser R$65,11.tabela43rendarecebidanaltimasemanapelaspessoasalbergadasfreqencia %sem rendimento 2253 36,4at R$30,00 (exclusive) 1161 18,8R$30,00 a r$60,00 (exclusive) 830 13,4R$60,00 a r$100,00 (exclusive) 961 15,5R$100,00 a r$150,00 (exclusive) 372 6,0R$150,00 ou mais 372 6,0sem informao 236 3,8total 6186 100,0tabela44rendimentosdaltimasemanapelaspessoasalbergadasrendamonetriaindicadoresincludasaspessoassemrendimentosexcludasaspessoassemrendimentosmdia 40,45 65,11mediana 17,00 50,00mnimo 0,00 1,00mximo 450,00 450,001o quartil 0,00 22,003o quartil 60,00 79,00Um conjunto de ocupaes permite a gerao da renda monetria,com clarapredominncia das ocupaes com reduzida qualificao. Note-se, tambm, a elevada proporode albergados que no exerceu nenhuma atividade remunerada .tabela45tipodeatividaderemuneradaexercidanaltimasemanadentreaspessoasalbergadasatividade freqncia %exerceu atividade 3696 56,9no exerceu atividade remunerada 225934,8aposentado/pensionista 1752,7pede esmola/recebe ajuda/auxilia doena/seguro desemprego 3184,9sem informao 440,7total 6492 100PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com41tabela46tipodeatividaderemuneradaexercidanaltimasemanapeloalbergado(respostasmltiplas)atividade Freqncia %exerceuatividadesremuneradas 3696 100biscateiro/coleta sucata 1938 52,4trabalhadores de servios/comrcio 714 19,3construo civil 372 10,1frente de trabalho 263 7,1arteso 97 2,6empregado domstico 80 2,2outros 232 6,3Obs. Dos 3696 albergados que alega ter exercido atividade remunerada na ltima semana, 3.464 declararam o tipo deatividade em resposta mlpla.PDF Creator - PDF4Free v2.0http://www.pdf4free.com