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1 s ingu la r FILOSOFIA 2ºs ANOS – Tarde e noite “A vida é doce, feliz e sempre digna de ser vivida.” Epicuro "Todo conhecimento começa com a experiência, mas nem todo conhecimento se funda na experiência” Kant. 3ª. Unidade Letiva PROF.: ROSEMARIE CASTANHO SANCHES 2016

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singular

FILOSOFIA

2ºs ANOS – Tarde e noite

“A vida é

doce, feliz e sempre digna

de ser vivida.” Epicuro

"Todo conhecimento começa com a experiência, mas nem todo conhecimento se funda na experiência” Kant.

3ª. Unidade Letiva

PROF.: ROSEMARIE CASTANHO SANCHES

2016

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Epicuro: Filósofo grego (341 a.C.-270 a.C.)

Epicuro - O criador dos quatro remédios para alcançar a felicidade

Criador do epicurismo, corrente filosófica que postula como objetivo central do ser humano a busca da felicidade. Filho de pais atenienses nasce na ilha de Samos e se interessa por filosofia ainda na adolescência.

Por volta de 14 anos, tem aulas com um discípulo de Demócrito. Na mesma época entra em contato com os ensinamentos do filósofo Xenócrates.

Quatro anos mais tarde viaja para Atenas, onde permanece estudando por um ano. Enquanto leciona em Mitiliene e Lâmpsaco, aproveita para amadurecer sua doutrina e formar um círculo íntimo de amizades. Aos 35 anos volta para Atenas e monta uma escola com o nome de Jardim. Vive na escola, em comunidade com amigos.

Por causa de seu pensamento, muito prático, acaba se opondo ao pensamento platônico e aristotélico. O epicurismo é mal interpretado pelos adversários, para os quais o filósofo prega a exaltação do corpo e o desestímulo ao espírito e à cultura.

Suas obras principais são Carta a Heródoto, Carta a Meneceu e Doutrinas Capitais. Supõe-se que, até morrer, em Atenas, tenha escrito mais de 300 volumes, a maior parte dos quais se perdeu.

A doutrina de Epicuro surgiu em um momento de insatisfação com a condição das Cidades-Estados gregas. A vida social na Pólis era leviana e marcada pela injustiça social. O poder se concentrava nas mãos de poucos: a aristocracia urbana. Não havia felicidade entres os homens no contexto social, no qual as pessoas se interessavam estritamente pelas riquezas e pelo poder; no contexto religioso, no qual predominava a superstição, a religião tornou-se servil, cercada de mitos e ritos sem significação e também crescia a procura por oráculos e a crença em adivinhações. As pessoas gozavam dos prazeres mais supérfluos advindos das riquezas e, assim, eram relativamente felizes, pois estavam se esquecendo do que realmente proporciona a felicidade. Foi a partir disso que Epicuro criou sua doutrina contra a superstição e os bens materiais, voltada para uma reflexão interior e busca da verdadeira felicidade.

Essa doutrina é dividida em canônica, física e ética. Porém, as duas primeiras partes são esclarecimentos para a fundamentação da ética, visto que as ciências naturais só são importantes na medida em que servem de auxílio à moral. Nenhuma teoria é válida se não possuir um objetivo moral, o qual não possa ser aplicado na vida prática. A finalidade de sua ética consiste em propiciar a felicidade aos homens, de modo que essa possa libertá-los das mazelas que os atormentam, quer advenham de circunstâncias políticas e sociais, quer sejam causadas por motivos religiosos.

A Felicidade é alcançada por meio do controle dos medos e dos desejos, de maneira que seja possível chegar à ataraxia, a qual representa um estado de prazer estável e equilíbrio e, consequentemente, a um estado de tranquilidade e a ausência de perturbações, pois, conforme Epicuro há prazeres maus e violentos, decorrentes do vício e que são passageiros, provocando somente insatisfação e dor. Mas também há prazeres decorrentes da busca moderada da Felicidade.

Segundo Epicuro, a posse de poucos bens materiais e a não obtenção de cargos públicos proporcionam uma vida feliz e repleta de tranquilidade interior, visto que essas coisas trazem variadas perturbações. Por isso, as condições necessárias para a boa saúde da alma estão na humildade. E para alcançar a felicidade, Epicuro cria 4 “remédios”:

1. Não se devem temer os deuses;

2. Não se deve temer a morte;

3. O Bem não é difícil de alcançar;

4. Os males não são difíceis de suportar.

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De acordo com essas recomendações, é possível cultivar pensamentos positivos os quais capacitam a pessoa a ter uma vida filosófica baseada em uma ética. A felicidade se alcança através de poucas coisas materiais em detrimento da busca do prazer voluptuoso. O homem ao buscar o prazer procura a felicidade natural. No entanto é necessário saber escolher de modo que se evitem os prazeres que causam maiores dores; quando o homem não sabe escolher, surge a dor e a infelicidade.

O sábio deve saber suportar a dor, visto que logo essa acabará ou até mesmo as que duram por um tempo maior são suportáveis. A conquista do prazer e a supressão da dor se dão pela sabedoria que encontra um estado de satisfação interna.

A virtude subordinada ao prazer só pode ser alcançada pelos seguintes itens:

Inteligência – a prudência, o ponderamento que busca o verdadeiro prazer e evita a dor; Raciocínio – reflete sobre os ponderamentos levantados para conhecer qual prazer é mais

vantajoso, qual deve ser suportado, qual pode atribuir um prazer maior, etc. O prazer como forma de suprimir a dor é um bem absoluto, pois não pode ser acrescentado a ele nenhum maior ou novo prazer.

Autodomínio – evita o que é supérfluo, como bens materiais, cultura sofisticada e participação política;

Justiça – deve ser buscada pelos frutos que produz, pois foi estipulada para que não haja prejuízo entre os homens.

Enfim, todo empenho de Epicuro tinha como meta a felicidade dos homens. Nos jardins (comunidade

dos discípulos de Epicuro) reinava a alegria e a vida simples. A amizade era o melhor dos sentimentos, pois proporcionava a correção das faltas uns dos outros, permitindo as suas correções. Com isso, a moral epicurista é baseada na propagação de suas ações, pois ele não se restringiu apenas ao sentimento e ao prazer como normas de moralidade, mas foi muito além de sua própria teoria, sendo o exemplo vivo da doutrina que proferia.

Filosofia - Brasil Escola

Por João Francisco P. Cabral Colaborador Brasil Escola Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

Epicuro comparava a sua filosofia à medicina: queria ser o médico da alma Por: Professor Marco Maluf

A escola de Epicuro devia ser muito semelhante a uma casa de cura: um simples e tranquilo jardim nos arredores de Atenas, distante do ruído da cidade e da política. Ali o filósofo acolhia a todos, sem distinção: mulheres, escravos até mesmo prostitutas em crise. Curava o corpo com os medicamentos mais adequados e, o espírito, com a força do exemplo. E, mesmo gravemente doente e sofredor, na última carta que escreveu a um amigo saudava a vida: doce, feliz e sempre digna de ser vivida. Principais Ideias: Para Epicuro o objetivo da vida feliz é o prazer, mas, em que consiste a felicidade? É bom ter muitos desejos? Segundo este filósofo o prazer e a felicidade são certamente os critérios condutores do ser humano. O problema está em definir qual é o verdadeiro prazer e como otimizar o bem-estar pessoal, lembrando que a um prazer imediato corresponde muitas vezes uma dor futura. Segundo Epicuro a solução mais sábia está em submeter a busca da felicidade ao juízo da razão. É preciso, portanto, eliminar os medos inúteis (da morte, dos deuses, da dor), moderar as necessidades de modo que o seu gozo não se transforme no contrário e, principalmente, a tranquilidade do espírito, a serenidade. Cálculo do prazer - Consiste na ideia de Epicuro de que é possível maximizar o bem-estar da vida por meio do cuidadoso cálculo matemático, dos sacrifícios e do prazer decorrentes de um comportamento. O cálculo não deve considerar somente as consequências mediatas, mas também, as de longo prazo, posto que, frequentemente, satisfazer um desejo provoca uma imediata felicidade.

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Necessidades - Epicuro distingue três tipos de necessidades: 1) Necessidades naturais e essenciais, a serem saciadas sempre (por exemplo, a fome, a sede, o sono). Dependem das necessidades biológicas do corpo e, se não forem satisfeitas, produzem a morte. 2) Necessidades naturais e não essenciais, a serem buscadas com moderação ou nem mesmo

assim (por exemplo, comer bem ou demais, exceder-se nas práticas sexuais). 3) Necessidades não naturais e não essenciais, que nunca devem ser buscadas, pela sua natureza artificial (glória, sucesso, riqueza, beleza). Hedonismo - Corresponde à doutrina do Epicurismo, pela qual o prazer é o fim e o princípio de uma vida feliz, objetivo em direção ao qual todo indivíduo orienta a própria ação. No entanto, segundo Epicuro, é preciso distinguir entre prazer efêmero (felicidade, alegria) e prazer estável, definido pela negativa, como ausência de dor. Dado que somente o segundo tipo de prazer é perseguido pelo sábio, o Epicurismo condena a tentativa de satisfazer indiscriminadamente todo desejo, defendendo a necessidade do racionalismo ético, ou seja, um sensato controle da razão sobre as emoções e as pulsões do espírito. Prof. Marco Maluf Filósofo, Professor de Filosofia, Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Universidade de São Paulo http://filsofos-vidaeobra.blogspot.com/

Exercícios:

1- Epicuro opina que o prazer é o verdadeiro bem; e, ademais, é ele que nos indica o que convém e o que repugna à nossa natureza. Porém, Epicuro impõe condições muito determinadas para o prazer. Assinale a alternativa que corresponde a uma destas condições impostas por Epicuro. a. O prazer não deve ser sutil ou espiritual. b. O prazer deve ser regido pela paixões violentas. c. O prazer tem que vir mesclado com a dor e o desagrado. d. O prazer tem que deixar o homem dono de si, livre, imperturbável. e. O prazer longo e estável é aquele ligado a sensualidade.

2- (UFF) Canção de Noel Rosa. “Filosofia”

O mundo me condena, e ninguém tem pena Falando sempre mal do meu nome Deixando de saber se eu vou morrer de sede Ou se vou morrer de fome Mas a filosofia hoje me auxilia A viver indiferente assim Nesta prontidão sem fim Vou fingindo que sou rico Pra ninguém zombar de mim Não me incomodo que você me diga Que a sociedade é minha inimiga Pois cantando neste mundo Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo Quanto a você da aristocracia Que tem dinheiro, mas não compra alegria Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente Que cultiva hipocrisia.

Um garçom serve Noel Rosa; estátua localizada na entrada de Vila Isabel, Rio de Janeiro.

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Assinale a sentença do filósofo grego Epicuro cujo significado é o mais próximo da letra da canção “Filosofia”, composta em 1933 por Noel Rosa, em parceria com André Filho. a) É verdadeiro tanto o que vemos como aquilo que apreendemos pela intuição mental. b) Para sermos felizes, o essencial é o que se passa em nosso interior, pois é deste que nós somos donos. c) Para se explicar os fenômenos naturais, não se deve recorrer nunca à divindade, mas se deve deixá-la livre de todo encargo, em sua completa felicidade. d) As leis existem para os sábios, não para impedir que cometam injustiças, mas para impedir que as sofram. e) A natureza é a mesma para todos os seres, por isso ela não fez os seres humanos nobres ou ignóbeis, e, sim suas ações e intenções.

3- Epicuro dizia que: nenhuma teoria é válida se não possuir um objetivo, o qual não possa ser aplicado na vida prática. A finalidade de sua ética consiste em propiciar a felicidade aos homens, de modo que essa possa libertá-los das mazelas que os atormentam, quer advenham de circunstâncias políticas e sociais, quer sejam causadas por motivos religiosos. Qual é esse objetivo? a) alegria b) desejo c) prazer d) moral e) ética 4- (FEA-SP) Os epicuristas eram atomistas e afirmavam que: a) Os deuses não se importavam com a humanidade. Como a morte é o fim, temos de aproveitar essa vida maximizando a felicidade terrena. b) Chegar até os deuses, com suas virtudes, é o principal objetivo do ser humano, enquanto seres vivos. c) Os deuses são infalíveis e devemos entregar nosso destino em suas mãos e agir com correção absoluta em função de seus exemplos mitológicos. d) Essa existência esdrúxula só faz sentido tendo em vista uma outra, perfeita. e) Os epicuristas não eram atomistas.

*Atomismo - o que não pode ser cortado, indivisível) é uma filosofia natural que se desenvolveu em várias tradições antigas.

5- Surge a figura do jardim: o homem sairia da turbulência da polis e iria ao jardim com os seus amigos. Ele não se isolaria, mas se reuniria com os seus amigos, apoiado num esforço de grupo, na busca do autoconhecimento. Propõe a substituição da polis com seu antagonismo, pelo jardim com a sua amizade, onde todos procurariam a sabedoria. Analise as proposições a seguir partindo da proposta fundamental de Epicuro, como CERTAS ou ERRADAS. I - O autoconhecimento. II - O apoio à razão. III - A recusa ao obscurantismo, crendices. IV - Os homens seriam explicáveis racionalmente. Já os deuses seriam serenos porque estariam distantes dos homens assim como estes no jardim se distanciariam da polis para encontrarem a felicidade. V - Os deuses não fazem a libertação do homem, mas o é o homem, que, no jardim, se afastaria da turbulência da polis para encontrar a felicidade. Assim, pode-se concluir que: a) Somente as proposições I, III e V estão certas. b) Somente as proposições I, II e IV estão certas. c) Somente as proposições III, IV e V estão certas. d) Todas as proposições estão erradas. e) Todas as proposições estão certas. 6- Epicuro exerceu enorme influência sobre Diógenes de Enoanda (Turquia), que, inclusive, chegou a inscrever o tetrapharmakon de Epicuro em umas rochas em local visível para que todos os que por lá passassem, independente da raça, sexo ou condição social, pudessem ler e se inspirar nele. Analise as proposições a seguir como Verdadeiras ou Falsas, considerando a sabedoria ética de Epicuro.

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I - Não há nada a temer quanto aos deuses. II - Não devemos temer a morte. III - A felicidade é possível. IV - Podemos escapar da dor. Sobre o tetrapharmakon de Epicuro é CORRETO afirmar que: a) Somente as proposições I, II e IV são verdadeiras. b) Somente as proposições I, III e IV são verdadeiras. c) Somente as proposições I e IV são verdadeiras. d) Somente as proposições II e IV são verdadeiras. e) Todas as proposições são verdadeiras. 7- Na ética epicurista os prazeres da vida política são considerados como a) naturais e necessários, porque ligados à conservação da vida humana. b) naturais mas não necessários, pois são um refinamento do instinto de conservação. c) não naturais e não necessários, pois comprometem a ataraxía e a aponía. d o coroamento da ataraxía e da aponía, pois só a vida pública lhes confere sentido. e) os únicos admissíveis, pois criam condições materiais que favorecem a ataraxía. 8- Um princípio central da doutrina epicurista é a a) necessidade de superar a constante ameaça da morte através da busca pelo prazer e por uma vida simples, em companhia dos amigos. b) inexistência da liberdade e consequente exortação à busca pelo prazer, uma vez que a vida é mero resultado do movimento aleatório dos átomos. c) negação da existência dos deuses como condição para a investigação da natureza, base de todo conhecimento e da busca da felicidade. d) relação intrínseca entre a lúcida compreensão dos fenômenos naturais e a procura de uma felicidade terrena, a ser compartilhada entre mestre e discípulos. e) afirmação da equivalência de todos os desejos, efeitos do movimento aleatório dos átomos, o que anula a imputabilidade moral dos atos humanos. 9- Para Epicuro qual o objetivo da vida feliz? ____________________________ 10- Epicuro dizia que: nenhuma teoria é válida se não possuir um objetivo, o qual não possa ser aplicado na vida prática. A finalidade de sua ética consiste em propiciar a felicidade aos homens, de modo que essa possa libertá-los das mazelas que os atormentam, quer advenham de circunstâncias políticas e sociais, quer sejam causadas por motivos religiosos. Qual é esse objetivo? __________________________.

René Descartes – Famoso pela frase

“Penso, logo existo”. René Descartes (1596-1650) nasceu em La Haye, França, pertencendo a uma família de prósperos burgueses. Estudou no colégio jesuíta de La Flèche, na época um dos mais conceituados estabelecimentos de ensino europeus. Excetuando a aprendizagem que fez da matemática, decepcionou-se com a educação jesuítica de La Flèche. Confessaria, tempos depois, sua decisão de buscar a ciência por conta própria, esforçando-se por decifrar o "grande livro do mundo". Ingressando na carreira militar, mudou-se para a Holanda, onde participou de combates contra os espanhóis. Temendo perseguições religiosas e tendo em mente a condenação de Galileu, tomou uma série de cautelas na exposição de suas ideias. Autocensurou vários trechos de suas obras para evitar tanto a repressão da Igreja católica como a reação fanática dos protestantes. Apesar disso, o que publicou é suficientemente vasto e valioso para situá-lo como um dos pais da filosofia moderna. Linhas básicas de seu pensamento.

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“Penso, logo existo” está em um dos textos mais conhecidos do francês René Descartes: O Discurso do Método traz a autobiografia intelectual do filósofo e a metodologia por ele criada para a busca de um conhecimento verdadeiro. Publicado em 1637, O Discurso do Método, de René Descartes, é um dos textos mais conhecidos daquele que hoje é considerado o fundador da Filosofia moderna e do racionalismo, doutrina que atribui à razão humana a capacidade exclusiva de conhecer e estabelecer a verdade. O racionalismo privilegia o pensamento lógico como forma de explicação da realidade – algo novo para o homem recém-saído da Idade Média e ainda submetido à autoridade intelectual eclesiástica. “A obra foi originalmente escrita em francês, um idioma popular na época, enquanto os textos filosóficos eram comumente publicados em latim”. Tal atitude demonstra a preocupação de Descartes em popularizar os conceitos ali manifestados.

Descartes inicia o texto com o relato de sua formação intelectual. O autor conta que, apesar de ter recebido instrução científica e filosófica em uma das melhores escolas da França – o Colégio Real de La Flèche –, passou a duvidar da verdade formal ensinada na academia. Embora diga admirar a educação recebida, constata que, com exceção da Matemática, o ensino não oferecia nenhum saber isento de dúvidas. Por esse motivo, decidiu deixar os estudos regulares e viajar para observar o mundo e ganhar experiência em contato direto com a realidade.

Em sua jornada pelo “grande livro do mundo” (termo por ele empregado em O Discurso do Método), Descartes diz não ter encontrado respostas satisfatórias às suas dúvidas. Ao observar os costumes dos outros homens, percebeu que neles havia tanta diversidade quanto entre as opiniões dos filósofos.

Nas viagens que fez, Descartes constatou que as verdades variavam conforme as culturas. O filósofo desenvolveu então um método para a boa condução da razão, um meio seguro e eficiente de aquisição de conhecimentos verdadeiros. O método descrito por Descartes, é inspirado no rigor matemático e no encadeamento racional de regras. Ele aponta um caminho, que pretende ser universal, para se conhecer o maior número de coisas com o menor número de regras.

Descartes afirmava que, para conhecermos a verdade, é preciso, de início, colocarmos todos os nossos conhecimentos em dúvida, questionando tudo para criteriosamente analisarmos se existe algo na realidade de que possamos ter plena certeza. Fazendo uma aplicação metódica da dúvida, o filósofo foi considerando como incertas todas as percepções sensoriais, todas as noções adquiridas sobre os objetos materiais. E prosseguiu assim, cada vez mais colocando em dúvida a existência de tudo aquilo que constitui a realidade e o próprio conteúdo dos pensamentos. Finalmente, estabeleceu que a única verdade totalmente livre de dúvida era a seguinte: “meus pensamentos existem”. E a existência desses pensamentos se confunde com a essência da minha própria existência como ser pensante. Disso decorre a célebre conclusão de Descartes: Cogito ergo sum (em latim) ou Penso, logo existo. Para Descartes, esta é uma verdade absolutamente firme, certa e segura, que, por isso mesmo, deveria ser adotada como princípio básico de toda a sua filosofia. É preciso esclarecer que o termo “pensamento” utilizado por Descartes tem um sentido bastante amplo, abrangendo tudo o que afirmamos, negamos, sentimos, imaginamos, cremos e sonhamos. Assim, o ser humano era, para ele, uma substância essencialmente pensante. Da afirmação cartesiana "Penso, logo existo", podemos extrair esta importante consequência: o pensamento (consciência) é algo mais certo do que a própria matéria corporal. Note-se que é a partir do "penso" que ele conclui "logo existo". Baseando-se nesse princípio, toda filosofia posterior, que sofreu a influência de Descartes, assumiu uma tendência idealista, isto é, uma tendência a valorizar a atividade do sujeito pensante em relação ao objeto pensado. Em outras palavras, uma tendência para ressaltar a prevalência da consciência

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subjetiva sobre o ser objetivo, “e a considerar a matéria como algo apenas conhecível, se é que o é, por dedução do que se sabe da mente”. Descartes foi, portanto, um racionalista convicto. Recomendava que desconfiássemos das percepções sensoriais, responsabilizando-as pelos frequentes erros do conhecimento humano. Dizia que o verdadeiro conhecimento das coisas externas devia ser conseguido através do trabalho lógico da mente. Nesse sentido, considerava que, no passado, dentre todos os homens que buscaram a verdade nas ciências, só os matemáticos puderam encontrar algumas demonstrações, isto é, algumas razões certas e evidentes. Como se vê, Descartes atribuía grande valor à matemática como instrumento de compreensão da realidade. Ele próprio foi um grande matemático, sendo interessante lembrarmos sua importante contribuição para essa ciência: a criação da geometria analítica, que tornou possível a determinação de um ponto em um plano mediante duas linhas perpendiculares fixadas graficamente (as coordenadas cartesianas). Da sua obra Discurso do Método, podemos destacar quatro regras básicas, consideradas por Descartes capazes de conduzir o espírito na busca de verdade: 1. Regra da evidência - só aceitar algo como verdadeiro desde que seja absolutamente evidente por sua clareza e distinção, ou seja, só se pode aceitar o que for claro e não suscitar dúvidas. 2. Regra da análise - De acordo com esse princípio, é preciso dividir cada uma das dificuldades

surgidas, os objetos de estudo, em tantas partes quantas forem necessárias para resolvê-las melhor. 3. Regra da síntese - ordenar o raciocínio indo dos problemas mais simples para os mais complexos é necessário elaborar conclusões abrangentes e ordenadas. 4. Regra da enumeração - realizar verificações completas e gerais para ter absoluta segurança de

que nenhum aspecto do problema foi omitido, assim como uma coerência geral da enumeração, determina a revisão minuciosa das conclusões obtidas.

Em O Discurso do Método, Descartes lança uma de suas sentenças mais conhecidas (“penso, logo, existo”). Uma vez estabelecidas às regras do método, Descartes passa a rejeitar tudo o que se apresente a ele como incerto. Esse é o chamado momento da dúvida radical, no qual nada que venha através dos sentidos, ou dos nossos pensamentos, deve ser considerado indubitável, pois aqueles podem nos enganar e estes manifestarem-se tanto no sono quanto na vigília. É do próprio ato de duvidar que surge a primeira verdade para Descartes: se eu duvido, penso; e se penso, logo existo”, lembrando que a segunda certeza para o filósofo é a existência de Deus.

A prova de Descartes sobre a existência de Deus é puramente lógica. Para ele Deus é apenas uma ideia. Nós temos a ideia de que Deus é um ser perfeito, então se ele é perfeito não lhe pode faltar nenhum atributo caso contrário ele não seria perfeito, então é Deus, portanto Deus existe. Isso é o pensamento lógico. (Paulo Ghiraldelli Jr)

Descartes não constitui apenas uma análise lógica "penso logo existo", pois, por mais simples que seja, recai em toda uma visão ética, política e religiosa concebida por diferentes formas. Uma delas é a forma de conduta humana pelo resultado de sua capacidade de pensar e no pragmatismo de seu existir, estando ou não de acordo com as regras impostas pela sociedade. Sendo assim, suscetível a penalidades no mundo real. Por isso, muitos criminosos se auto-declaram insanos, isto é, não pesam, não existem no mundo real, sendo exonerável de suas atitudes e consequentemente sendo imunes das leis que regem uma sociedade. Mas será mesmo que essas pessoas são irreais? E como prova se não estão mentindo para livrar a pele? Então fica esse e vários outros questionamentos que implicaram do método de Descarte. Com o seu método da dúvida crítica (dúvida cartesiana). Descartes abalou profundamente o edifício do conhecimento estabelecido. Sua tentativa, porém, de reconstruir esse edifício não foi uma obra igualmente tão notável e fecunda, se comparada com o efeito demolidor que provocou. Por isso mesmo, podemos dizer que Descartes celebrizou-se não propriamente pelas questões que resolveu,

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mas, sobretudo, pelos problemas que formulou. Problemas que foram herdados pelos filósofos posteriores. ALQUIÉ, L. O. A filosofia de Descartes, p. 141.

Por: Paulo Ghiraldelli Jr - separação entre “corpo” e “cabeça”.

O químico sueco Berzelius andou por Paris e ficou sabendo que no túmulo de Descartes não havia nenhum crânio. Isso o impressionou. Quando de volta para a Suécia, vagueando pelas ruas de Estolcomo, foi avisado de um leilão em que uma das peças era o crânio de Descartes. Berzelius foi ter com o comprador e conseguiu o crânio. Entregou-o ao governo francês. Foi assim que o crânio de Descartes chegou à sua terra natal. Isso foi em 1821. Descartes faleceu em 1650, na Suécia. Quase dois séculos de separação entre “corpo” e “cabeça”. Quando os ossos de Descartes foram transferidos da Suécia para a França, houve a separação. Para comodidade da viagem, de modo a sobrar espaço, colocaram a cabeça em uma caixa e esqueleto na urna, e um capitão resolveu ficar com o crânio. Roubo – é claro. Mas bem intencionado, disse o homem. Era para preservar o crânio! Hoje este crânio contém o nome dos seus vários proprietários, e outras inscrições esquisitas. Está no Museu do Homem, em Paris. Fica lá, ao lado do crânio marcado como “Cro-magnon, idade 100 mil anos”. Nunca mais conseguiu voltar para junto do resto do esqueleto.

Caso possamos – de modo grosseiro – dizer que o crânio abriga o cérebro e este é o “lugar” da mente, então eis aí a separação mente-corpo de Descartes. A única plausível. Pois, ao contrário do que os estudantes (e até professores) de Ciências Cognitivas imaginam, Descartes não “separou corpo e mente”. Aliás, é horrível escutar esse enunciado. É coisa de quem ouviu o galo cantar, mas não sabe onde.

Nas Meditações, Descartes deixou claro que o homem “não é um piloto em seu navio”, não é uma mente comandando um barco, mas um todo coeso. O mental não ocuparia espaço e o não mental ocuparia espaço, e isso deveria implicar em alguma coisa a mais, pensou ele. Eis aí o “dualismo cartesiano” – não mais que isso. De modo algum Descartes queria dizer que poderíamos entender o homem por meio de uma separação entre “corpo” e “mente”. Poderíamos fazer pesquisas metafísicas com tal dualismo, mas não pesquisas filosóficas e antropológicas a respeito do homem.

O projeto de Descartes, ao menos no campo filosófico em sentido restrito, isto é, metafísico, não era o de “entender o homem”. No campo metafísico seu projeto era o de mostrar a inconsistências de posições relativistas e, enfim, céticas – um projeto tradicional em filosofia, portanto, um projeto herdeiro daquele que o próprio Platão se fez porta voz: o de encontrar e bloquear os mecanismos pelos quais nós nos enganamos e tomamos o falso pelo verdadeiro. Como bloquear isso?

Conseguindo uma primeira verdade indubitável. Bastaria uma, as outras poderiam ser tiradas por dedução, por silogismos corretos. Isso deveria, talvez, lhe dar um critério, um modo de saber quando se estaria diante de um enunciado ou pensamento verdadeiro, isto é, certo. E, para tal, ele começou pelo mesmo ponto de Platão: na discussão com a conversa do cético. E o que dizia o cético? O que diz um cético profissional?

O cético não duvida da verdade. Ele duvida do conhecimento. Ele nos fustiga dizendo que o conhecimento não é possível. Conhecimento, lá em Platão, é “crença verdadeira justificada”. E assim também no tempo de Descartes e, de certo modo, ainda hoje utilizamos (em parte) tal definição. O cético não vai dizer que a verdade não existe, pois isso tornaria essa sua frase uma auto-refutação. Ele diz que não conseguimos lhe dar uma boa justificação do que afirmamos ser verdadeiro e, então, o conhecimento é que é o ponto sobre o qual recai a dúvida.

O Júri – caso de Joana e José

Um exemplo: com o caso cotidiano da investigação sobre um crime e de como que um júri pode chegar a responsabilizar ou não o apontado como culpado. Podemos imaginar que estamos assistindo um júri (de tipo americano) em que Joana é a vítima de um assalto levado a cabo por

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José, que está presente e é réu. Tudo que Joana conta sobre o episódio do roubo é bastante plausível e, embora não existam testemunhas, a carteira de Joana é encontrada com José e ele não tem qualquer álibi, nenhuma história plausível para se safar da acusação e, o que é pior, sabe-se que ele já cometeu outros roubos. Por tudo que ouvimos, estamos convencidos de que a verdade está com Joana: ela reconheceu José como assaltante e descreveu o evento do assalto com detalhes, enquanto que José não conseguiu desmenti-la. O júri parece que concorda com nossa opinião. O advogado de José tem o semblante carregado, pois ele não consegue disfarçar sua preocupação, como se ele admitisse que o que Joana diz é verdade e que não há maneira de amenizar a situação de José.

A partir disso, podemos dizer que sabemos que Joana foi roubada por José?

Não há razão para acreditar que Joana não esteja falando a verdade, e temos a crença, então, de que o que diz é verdadeiro. No entanto, apesar de nossa crença, não podemos afirmar que sabemos que Joana foi assaltada por José. Não podemos dizer que temos conhecimento disso – não no sentido correto do termo “conhecimento” ou do termo “saber”.

Em um júri, não estaria Joana com outras intenções e, José, apesar de já ter cometido crimes, não poderia estar calado por causa de ameaças de alguém ligado a Joana, ainda que não tenhamos qualquer indício de que ela se liga a esse tipo de prática?

Joana, afinal, não seria uma mestra da retórica, capaz de dar várias vezes descrições idênticas, e enfáticas, de um evento que não ocorreu, ou que não ocorreu nos termos que ela insiste em dizer que ocorreu?

Nesse tipo de caso é que a crença verdadeira que temos não é conhecimento. Da crença verdadeira, uma vez assim definida – verdadeira – não há o que duvidar. Se a qualificamos como verdadeira, o caso está encerrado (quando digo “eu acredito em X”, é claro que estou tomando que X é um enunciado verdadeiro). Todavia, quanto ao conhecimento, caberia a dúvida. Caso tivéssemos visto o assalto bem de perto e reconhecido José e Joana, então poderíamos dizer: “sabemos que José assaltou Joana” ou “temos conhecimento do assalto e este assalto foi praticado por José contra Joana”. Do conhecimento, cabe duvidar, pois não conseguimos, só com o que acreditamos e assumimos como verdadeiro, dizer que sabemos o que o ocorreu. A dúvida do cético recai sobre o conhecimento.

Seu raciocínio começa pela aceitação da dúvida. O cético quer duvidar, não é? Pois então, que duvide, mas ele tem de duvidar com método. Descartes se põe na condição de cético e passa a mostrar como é que se duvida metodicamente. Não há como duvidar de tudo, pois isso seria um projeto infinito, então, devo duvidar de algo que, caso minha dúvida se mostre eficaz, todo o resto entrará automaticamente em dúvida, até mesmo as crenças e enunciados que desconheço. Descartes resolveu investigar, então, não o conhecimento, mas as faculdades que deveriam ter propiciado a ele ter em sua posse o que até então chamava de conhecimento.

Colocou em dúvida, dessa maneira, as faculdades pelas quais o conhecimento é gerado: os sentidos, a imaginação e o intelecto.

Então, duvidar de tudo que tem e tudo que um homem pode ter é duvidar dos sentidos e da razão (a imaginação estaria subordinada aos sentidos). O que veio pelos sentidos, teria sua primeira morada no exterior à sua alma. O que não veio pelos sentidos e, no entanto, está em sua alma, teria vindo junto com ele ao mundo – seria um conjunto de crenças inatas. As primeiras serviriam para as ciências empíricas, como a física, as segundas construiriam as ciências puramente intelectuais, como a matemática ou geometria.

Sua ideia básica é, então, a de colocar tudo em dúvida – o que vem dos sentidos e o que já está, de modo inato, no intelecto. Como fazer isso? Deveríamos desconfiar não apenas do saber passado, mas também daquilo que nos é oferecido pelos sentidos. Cada objeto do mundo material se

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apresenta de forma tão diversa diante de nós que se torna temerário basear-se somente nos sentidos para se chegar a qualquer conclusão definitiva. Em outras palavras, deve-se duvidar de toda ideia que pode ser posta em dúvida.

A realidade percebida pelos sentidos é enganosa “é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez” (Meditações, I,3). Além disso, nunca podemos ter certeza de estar apenas sonhando. Descartes utilizou um exemplo para explicar as mutações dos objetos do mundo material: um pedaço de cera que acabou de ser retirado de uma colméia é doce, tem ainda o perfume das flores de onde foi colhido; é duro, frio e produz um determinado som quando nele batemos. Conforme aproximamos o pedaço de cera do fogo, seu odor desaparece, sua forma e cor se modificam e ele acaba se transformando em líquido e pode esquentar até que não possamos mais tocá-lo. Ainda é cera, mas os sentidos a percebem de maneira completamente diferente.

Essa percepção da natureza da cera, que se apresenta de forma tão diversa, é fruto da faculdade de entender, que se encontra dentro de cada sujeito.

Com os sentidos Descartes vê que a atuação é fácil. Os sentidos parecem já o ter enganado ao menos uma vez. Então, dali para diante, nada de confiar nos sentidos. Eles estariam na berlinda. Todavia, como colocar as crenças matemáticas e geométricas na berlinda? Como dizer que não confiamos que dois e dois são quatro ou que a soma dos ângulos internos de um triângulo é 180 graus? Impossível. Isso é certo e indubitável, estando nós aqui acordados ou dormindo, estando nós aqui na Terra ou não. Dessa forma, para colocar verdades do tipo da matemática em dúvida, haveria de encontrar outra estratégia.

Descartes elaborou a estratégia da hipótese do “gênio maligno”. Haveria um gênio instalado em seu pensar, de modo a fazer com que ele se enganasse todas as vezes que ele viesse a pensar, mesmo que pensasse coisas logicamente corretas. Surge a ele a primeira verdade: para ser enganado o gênio precisa acessá-lo o tempo todo, e isso só pode ser feito se ele, Descartes (ou o eu de qualquer um que se submeter a tal exercício), estiver pensando – cogitando.

Eis aí que ele tem sua primeira verdade; e também o critério de verdade, que é a certeza produzida no Cogito: por mais errado que esteja eu pensando, devido à atuação do gênio, se estou errando, estou pensando. Pararei de errar se parar de pensar. Mas enquanto penso e me engano, estou pensando. Sendo assim, eis a certeza subjetiva: “penso, sou”.

Que ninguém se engane, aqui, como o “sou”. Descarte não está dizendo é alguma coisa – ainda não está. Ele diz que é “uma coisa pensante” depois. Mas não precisa ir mais além para ter um enunciado certo e indubitável. E se quiserem entender melhor, podem ler o “penso, sou” como “penso, existo”. Isso não é a conclusão de um silogismo. É uma evidência, uma intuição intelectual. Mas, às vezes, a literatura o mostra na forma de conclusão: “penso, logo existo”.

Uma vez que somos capazes de duvidar de tudo e de todos, a única certeza absolutamente incontestável é justamente a nossa capacidade de duvidar. Essa capacidade é fruto da razão; portanto, a única certeza que temos, e que nos define enquanto indivíduos, é a nossa capacidade de pensar. O pensamento existe, e como não pode ser separado do indivíduo, o indivíduo também existe. Essa formulação de Descartes: “penso, logo existo”.

Uma decorrência dessa formulação é a crença de que o Eu pensante é mais real do que o mundo físico. Em outras palavras, a formulação que funda o conhecimento verdadeiro tem origem metafísica (ou seja, está além da física): trata-se da descoberta da alma por si mesma. Assim, a expressão “eu sou, eu existo” é necessariamente verdadeira e incontestável a partir do momento em que foi enunciada. Ela é verdadeira porque existe um sujeito pensante capaz de detê-la.

Que ninguém diga (não em um primeiro momento) que para pensar é preciso existir. Pois isso não vale. Descartes começa as Meditações duvidando de tudo, dos sentidos e, depois, do intelecto.

Portanto, ele não está certo de nada, nem mesmo, é claro, de sua existência.

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O trabalho dos filósofos será o de mostrar que o “eu” que apresentam é universal e, ao mesmo tempo, não uma figura estranha aos homens. Os filósofos passam a disputar para mostrar que cada um pode montar uma subjetividade mais abstrata, mais universal e, ao mesmo tempo, menos falha, menos não humana. O projeto moderno acaba, então, de certo modo, até desconsiderando a questão do conhecimento e da verdade, e volta-se para uma epistemologia mais articulada à psicologia ou a uma metafísica do eu. Crescem os estudos sobre os modelos de sujeito.

A filosofia passa a ser uma fábrica de sujeitos. Todas as vezes que um filósofo critica o outro, em geral o faz apontando as falhas do sujeito montado pelo outro, e então, é fato, deve mostrar como é que é o seu modelo de sujeito – melhor, mais bem acabado.

Exercícios:

1. “Eu penso, logo existo”. Este clássico postulado cartesiano visa o seguinte objetivo:

a) Apresentar a ideia de dúvida hiperbólica a partir de uma assertiva assumida pelo filósofo. b) Promover uma reflexão sobre o “Eu racional”. c) Promover uma reflexão sobre a matematização do mundo, propiciada pela lógica formal. d) Introduzir a ideia de “moral transitória”, com o apoio de uma máxima filosófica essencial. e) Demonstrar a primazia da razão sobre a natureza, cujas leis podem ser descritas e transformadas. 2- Nas Meditações, de Descartes, o exemplo da percepção da cera e de seu derretimento na segunda meditação serve para mostrar que: a) a imaginação desempenha um papel central na determinação das essências das coisas. b) se pode atribuir unidade a um corpo apenas por meio de suas mudanças. c) a mente espera acontecimentos futuros a partir de fatos presentes com base em associações mentais passadas. d) um corpo não permanece o mesmo durante a passagem do tempo. e) concebemos a identidade do objeto percebido apenas por meio da ação do entendimento. 3- Sobre o racionalismo cartesiano, é incorreto afirmar:

a) A verdade deve ser afirmada pela razão. b) A razão não pode provar a existência de Deus. c) É possível duvidar da existência de tudo, menos do sujeito que pensa. d) A razão é capaz de fornecer a natureza e as origens do conhecimento. e) O costume não é uma fonte adequada para fundamentar o conhecimento. 4- Qual das seguintes alternativas não está de acordo com o método cartesiano? a) Nada pode ser aceito como verdade mesmo quando reconhecido como tal. b) Deve-se dividir os problemas em tantas partes quanto possível. c) A reflexão deve seguir uma ordem definida, começando com o que for mais simples. d) Deve-se ter certeza de que tudo foi examinado, sem omissões. e) A ordem da reflexão pode ser inteiramente fictícia.

5- (VUNESP)"Penso, logo existo" significa que a) minha alma pensa. b) meu corpo pensa. c) minha alma sente. d) meu corpo sente. e) meu corpo existe.

6- Descartes é considerado como sendo o filósofo criador do método científico, sendo este formulado por regras diversas, abaixo elencadas. Identifique qual delas é considerada, pelo filósofo, como sendo o ponto de partida e o ponto de chegada de qualquer experiência metodológica. a) A decomposição do conjunto em seus elementos simples; b) A divisão do todo de cada problema em tantas partes menores quanto necessárias para melhor resolvê-lo;

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c) Fazer enumerações completas e revisões gerais, com a certeza de não haver omitido absolutamente nada; d) A evidência de que não se deve acatar jamais como verdadeiro aquilo que não se reconhece como evidência. e) Para Descartes não há um ponto de chegada de qualquer experiência metodológica.

7- Para Descartes, as únicas ciências que parecem seguras, a matemática e a lógica, não servem para conhecer a realidade. Que fazer nesta situação? Ele quer construir, se isso for possível, uma filosofia totalmente certa. Para tanto, Descartes se apoia na: a) física. b) dúvida. c) maiêutica. d) contemplação. e) certeza

8- Assinale a afirmação correta quanto ao conhecimento em Descartes. a) As percepções sensíveis são fundamento do conhecimento. b) O instrumento privilegiado do conhecimento é o silogismo. c) O preceito de clareza e distinção é a primeira regra do método de conhecimento. d) A união substancial é critério de objetividade. e) O paradigma de conhecimento é a lógica formal.

9- (UEL-PR) O principal problema de Descartes pode ser formulado do seguinte modo: “Como poderemos garantir que o nosso conhecimento é absolutamente seguro?” Como o cético, ele parte da dúvida; mas, ao contrário do cético, não permanece nela. Na Meditação Terceira, Descartes afirma: “[...] engane-me quem puder, ainda assim jamais poderá fazer que eu nada seja enquanto eu pensar que sou algo; ou que algum dia seja verdade eu não tenha jamais existido, sendo verdade agora que eu existo [...]” (DESCARTES. René. Meditações Metafísicas. Meditação Terceira, São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 182. Coleção Os Pensadores.)

Com base no enunciado e considerando o itinerário seguido por Descartes para fundamentar o conhecimento, é correto afirmar: a) Todas as coisas se equivalem, não podendo ser discerníveis pelos sentidos nem pela razão, já que ambos são falhos e limitados, portanto o conhecimento seguro detém-se nas opiniões que se apresentam certas e indubitáveis. b) O conhecimento seguro que resiste à dúvida apresenta-se como algo relativo, tanto ao sujeito como às próprias coisas que são percebidas de acordo com as circunstâncias em que ocorrem os fenômenos observados. c) Pela dúvida metódica, reconhece-se a contingência do conhecimento, uma vez que somente as coisas percebidas por meio da experiência sensível possuem existência real. d) A dúvida manifesta a infinita confusão de opiniões que se pode observar no debate perpétuo e universal sobre o conhecimento das coisas, sendo a existência de Deus a única certeza que se pode alcançar. e) A condição necessária para alcançar o conhecimento seguro consiste em submetê-lo sistematicamente a todas as possibilidades de erro, de modo que ele resista à dúvida mais obstinada. 10-(UEL-PR) “E quando considero que duvido, isto é, que sou uma coisa incompleta e dependente, a ideia de um ser completo e independente, ou seja, de Deus, apresenta-se a meu espírito com igual distinção e clareza; e do simples fato de que essa ideia se encontra em mim, ou que sou ou existo, eu que possuo esta ideia, concluo tão evidentemente a existência de Deus e que a minha depende inteiramente dele em todos os momentos da minha vida, que não penso que o espírito humano possa conhecer algo com maior evidência e certeza”. (DESCARTES, René. Meditações. Trad. de Jacó Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 297-298.) Com base no texto, é correto afirmar:

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a) O espírito possui uma ideia obscura e confusa de Deus, o que impede que esta ideia possa ser conhecida como evidência. b) A ideia da existência de Deus, como um ser completo e independente, é uma consequência dos limites do espírito humano. c) O conhecimento que o espírito humano possui de si mesmo é superior ao conhecimento de Deus. d) A única certeza que o espírito humano é capaz de provar é a existência de si mesmo, enquanto um ser que pensa. e) A existência de Deus, como uma ideia clara e distinta, é impossível de ser provada. 11-(UEL-PR) “Tomemos [...] este pedaço de cera que acaba de ser tirado da colmeia: ele não perdeu ainda a doçura do mel que continha, retém ainda algo do odor das flores de que foi recolhido; sua cor, sua figura, sua grandeza, são patentes; é duro, é frio, tocamo-lo e, se nele batermos, produzirá algum som. Enfim, todas as coisas que podem distintamente fazer conhecer um corpo encontram-se neste. Mas eis que, enquanto falo, é aproximado do fogo: o que nele restava de sabor exala-se, o odor se esvai, sua cor se modifica, sua figura se altera, sua grandeza aumenta, ele torna-se líquido, esquenta-se, mal o podemos tocar e, embora nele batamos, nenhum som produzirá. A mesma cera permanece após essa modificação? Cumpre confessar que permanece: e ninguém o pode negar. O que é, pois, que se conhecia deste pedaço de cera com tanta distinção? Certamente não pode ser nada de tudo o que notei nela por intermédio dos sentidos, visto que todas as coisas que se apresentavam ao paladar, ao olfato, ou à visão, ou ao tato, ou à audição, encontravam-se mudadas e, no entanto, a mesma cera permanece.” (DESCARTES, René. Meditações. Trad. De Jacó Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 272.)

Com base no texto, é correto afirmar que para Descartes:

a) Os sentidos nos garantem o conhecimento dos objetos, mesmo considerando as alterações em sua aparência. b) A causa da alteração dos corpos se encontra nos sentidos, o que impossibilita o conhecimento dos mesmos. c) A variação no modo como os corpos se apresentam aos sentidos revela que o conhecimento destes excede o conhecimento sensitivo. d) A constante variação no modo como os corpos se apresentam aos sentidos comprova a inexistência dos mesmos. e) A existência e o consequente conhecimento dos corpos têm como causa os sentidos. 12- (UEL-PR) "Mas logo em seguida, adverti que, enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade eu penso, logo existo era tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar, julguei que poderia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da filosofia que procurava." (DESCARTES, René. Discurso do método. Trad. de J.Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 92. Colecão Os Pensadores.)

De acordo com o texto e com os conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa correta. a) Para Descartes, não podemos conhecer nada com certeza, pois tudo quanto pensamos está sujeito á falsidade. b) O "eu penso, logo existo" expressa uma verdade instável e incerta, o que fez Descartes ser vencido pelos céticos. c) A expressão "eu penso, logo existo" representa a verdade firme e certa com a qual Descartes fundamenta o conhecimento e a ciência. d) As "extravagantes suposições dos céticos" impediram Descartes de encontrar uma verdade que servisse como princípio para a filosofia. e) Descartes, ao acreditar que tudo era falso, colocava em dúvida sua própria existência. 13- Em sua jornada pelo “grande livro do mundo” (termo por ele empregado em O Discurso do Método), Descartes diz não ter encontrado respostas satisfatórias às suas dúvidas. Ao observar os costumes dos outros homens, percebeu que neles havia tanta diversidade quanto entre as opiniões dos filósofos. Nas viagens que fez, Descartes constatou que as verdades variavam conforme as culturas. O filósofo

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desenvolveu então um método para a boa condução da razão, um meio seguro e eficiente de aquisição de conhecimentos verdadeiros. Que método é este? Explique o método descrito por Descartes.

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14- Segundo Descartes qual a nossa única certeza? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

15- Qual a principal característica do método racional? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

16- Descartes atribuía grande valor à matemática como instrumento de compreensão da realidade. Ele próprio foi um grande matemático, sendo interessante lembrarmos sua importante contribuição para essa ciência. Qual a contribuição de Descartes para a matemática? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

17- Da sua obra Discurso do Método, podemos destacar quatro regras básicas, consideradas por Descartes capazes de conduzir o espírito na busca de verdade. Quais são elas? Explique-as. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

18- Na citação, abaixo, Descartes se refere a uma ideia que é o ponto de partida de seu pensamento. Do

que se trata?

“É de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez”. (Descartes, Meditações.)

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19- Leia este trecho: “Suporei, pois, que há não um verdadeiro Deus, que é a soberana fonte da verdade, mas certo gênio maligno, não menos ardiloso e enganador do que poderoso, que empregou toda a sua indústria em enganar-me. Pensarei que o céu, o ar, a terra, as cores, as figuras, os sons e todas as coisas exteriores que vemos são apenas ilusões e enganos de que ele se serve para surpreender minha credulidade. Considerar-me-ei a mim mesmo absolutamente desprovido de mãos, de olhos, de carne, de sangue, desprovido de quaisquer sentidos, mas dotado da falsa crença de ter todas essas coisas. Permanecerei obstinadamente apegado a esse pensamento; e se, por esse meio, não está em meu poder chegar ao conhecimento de qualquer verdade, ao menos está ao meu alcance suspender meu juízo. Eis por que cuidarei zelosamente de não receber em minha crença nenhuma falsidade, e prepararei tão bem meu espírito a todos os ardis desse grande enganador que, por poderoso e ardiloso que seja, nunca poderá impor-me algo”. DESCARTES. Meditações. Tradução J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 88-89.

Nesse trecho, o autor refere-se aos grandes poderes de um suposto “gênio maligno”. Com base na leitura desse trecho e considerando outras ideias contidas nessa obra de Descartes, explique como o filósofo se mostra capaz de vencer o gênio maligno. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

EMANUEL KANT - um dos mais influentes filósofos da modernidade. Kant nasceu em 1724 e morreu em 1804. Nasceu, viveu e morreu em Königsberg, não saiu de sua cidade natal. Era um homem metódico, as pessoas acertavam seus relógios quando o senhor Kant passava, porque sabiam a que hora passava. Era de uma família modesta, muito religiosa, protestante, teve uma vida de professor, solitário, uma vida enormemente singela e simples. É curioso o fato de que tinha boa imaginação: dava cursos de geografia e, ao que parece, descrevia países que não conhecia que nunca tinha visitado, com grande imaginação. Seu pensamento filosófico começou cedo, sem muita precocidade, mas há uma longa época em sua vida na qual - mais ou menos - segue os caminhos do pensamento dominante das primeiras e médias décadas do século XVIII. Depois há uma época bastante longa em que não escreve, medita, pensa... e então começa o período crítico: em 1781 publica seu livro principal, Crítica da razão pura, que depois voltou a publicar - uma edição bastante modificada - em 1787. Justamente a palavra "crítica" é essencial nesse período; ele publica outros livros importantes: Crítica da razão prática, Crítica do juízo, Fundamentação da metafísica dos costumes, entre outros. Nessas obras de maturidade, mais propriamente pessoais, marcam um estilo novo. Este estilo tem a ver, evidentemente, com a tendência que já temos encontrado (e a vimos claramente em Descartes): a tendência a evitar o erro. Mais do que a descoberta da verdade, com mais força ainda, o que se busca é evitar o erro. Kant põe em dúvida muitas possibilidades de conhecimento, ele acha que não são seguras e busca evitar o engano, e procura um fundamento indubitável, que vai ser o cogito, a mente que pensa: algo do qual não se pode duvidar. É a crítica da razão.

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Cabe aqui um esclarecimento terminológico: em Kant a palavra "puro" quer dizer: independente da experiência. Kant dirá em algum lugar: "Todo conhecimento começa com a experiência, mas nem todo conhecimento se funda na experiência". Há conhecimentos que não se fundam na experiência, isto quer dizer "puro" ou também, com outro termo que ele usa muito, "a priori". "A priori" ou "puro" quer dizer independente da experiência, oposto a "a posteriori", que é fundado na experiência. Em segundo lugar, outro esclarecimento terminológico, quando Kant fala de crítica da razão pura e de crítica da razão prática o leitor não filósofo supõe que há uma contraposição entre puro e prático. E não: a razão pura é toda a razão; é a razão pura teórica e a razão pura prática. Ou seja, o adjetivo "puro" corresponde às duas, a diferença é que uma é teórica e outra é prática. Kant vai empreender a tarefa da crítica da razão, de estabelecer os limites da razão, suas possibilidades, sua justificação e isso justamente no momento em que a Física de Newton tem um enorme prestígio. E as três perguntas fundamentais que Kant lança na Crítica da Razão Pura são: Como é possível a matemática pura? Como é possível a física pura? É possível a metafísica? Vejam a diferença entre as perguntas: toma como certo que são possíveis a matemática e a física pura e pergunta se é possível a metafísica. E diz que ainda não se encontrou o caminho seguro da filosofia: enquanto a matemática e as ciências encontraram um caminho seguro e progridem, avançam e se consolidam; em filosofia, em metafísica não se chegou a ter o caminho seguro da ciência e isto é justamente o que ele vai buscar, o que vai determinar a obra de Kant. Isto vai levar Kant a uma reflexão muito profunda. Normalmente considera-se que o pensamento conhece as coisas; conhece as coisas tal como são. E Kant diz: não, isto não é possível. O que chama de "a coisa em si", não se pode conhecer; porque eu conheço "a coisa em mim". O que eu conheço, conheço submetido a mim; submetido ao meu espaço, ao meu tempo, às minhas categorias, isto é a "coisa em mim", que ele chamará "fenômeno", opondo-o a coisa em si. Quando eu conheço algo, transformo, modifico a coisa em si, que, como tal, é inadmissível. É contraditório que eu conheça a coisa em si porque quando a conheço está em mim, ingressa em minha subjetividade, que a modifica. É algo capital, decisivo, que vai iniciar uma nova maneira de propor os problemas filosóficos e é justamente isto que a Crítica da Razão Pura vai explorar. Então faz uma crítica muito profunda da qual, naturalmente, só podemos dar umas poucas amostras. Por exemplo, recorde como, por meio de Deus, esse famoso problema da comunicação das substâncias foi resolvido na filosofia do século XVII (Deus como garantia da evidência em Descartes: não há um gênio maligno que nos engana etc.). A abordagem de Kant é diferente: fala-se da existência como se fosse uma qualidade das coisas... e não o ser, não é um predicado real. O que isto quer dizer? Não é que uma coisa seja o que é e, além disso, exista; não a existência, não é um predicado real.

(vídeo) Kant faz o contraponto da existência de Deus na prova de Descartes, o fato de você dizer que Deus é um ser perfeito, portanto, não pode lhe faltar nenhum atributo se não,não é Deus, Kant diz que é apenas o predicado de uma frase. A existência é o predicado do sujeito “Deus”.

Deus para Kant é apenas uma ideia porque não temos a capacidade de conhecer Deus, ele esta além do campo empírico, nós não temos contato visual com Deu, mas precisamos acreditar, postular Deus como Ser maior, a liberdade de opções éticas desaparecem e principalmente a cadeia de causas. Deus é o criador, de onde vieram todas as coisas e assim é necessário para colocar como fato da razão. É a causa incausada, é Deus, o primeiro motor da existência do mundo. A metafísica é a postulação da existência de Deus é um contato da metafísica, ela funciona como pressuposto como fato da razão para que nosso raciocínio funcione corretamente. (Paulo Ghiraldelli Jr).

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Há um ato de posição: isto é muito importante no pensamento pós-kantiano. Isto leva a uma ideia que é a que se vai chamar o ser transcendental. É uma ideia capital e por isso o idealismo de Kant é chamado de idealismo transcendental. A escolástica já usava os conceitos de imanente e transcendente. Imanente é o que permanece no sujeito; transcendente é o que está além. Kant dirá: “não se trata de imanente nem de transcendente, trata-se do transcendental”. O transcendental é o resultado da inserção, digamos, do real em si - que não é acessível, que não se pode conhecer diretamente como tal - em minha sensibilidade. Os homens percebem o mundo à sua volta por meio da intuição, entendida como um dado obtido pelos sentidos sem a intermediação da linguagem ou da lógica. A visão é o principal sentido da intuição. Existem dois tipos de intuição: a pura e a empírica. A intuição pura e a forma como percebemos o mundo antes da experiência, ou seja, é a forma mais “crua” de entendimento. É constituída pelo espaço e pelo tempo, que são propriedades da consciência. O espaço é o fundamento de toda intuição, é a forma como sentimos a exterioridade. Ou, em outras palavras, é a forma de nosso sentido externo. O tempo inclui a lembrança do

passado e a previsão do futuro que se encontra na nossa interioridade. É a forma como nos percebemos a nós mesmo: quando digo “Sou o Emanuel”, sei que cheguei a essa conclusão porque tenho sido o Emanuel, tem sido assim ao longo do tempo. O tempo é a forma de percepção de nosso sentido interno. Kant usava o termo a priori (= antes da experiência) para se referir à intuição

pura. A intuição empírica é uma associação da razão com a experiência. Ou seja, é a forma como, partindo de um questionamento sobre o mundo dos fenômenos, chegamos a um pensamento sobre ele. Em outras palavras, é o conhecimento obtido a posteriori (= depois da experiência). O espaço, o tempo e as categorias são as que ordenam o que, de modo bruto, é simplesmente um caos de sensações. O que eu vejo, o que eu percebo está ordenado segundo o espaço, o tempo e as categorias e isso não são as coisas, mas os fenômenos, que é o que eu conheço. Este é o ponto de vista da visão kantiana do real, que traz naturalmente consigo uma visão do conhecimento. Uma visão que é - e isto terá conseqüencias – uma transformação do real: ao conhecer eu transformo a coisa em si não é acessível, não é cognoscível, porque conhecer quer dizer transformar em fenômeno, que é o que eu conheço. Portanto o conhecimento é, de certo modo, uma transformação do real. É interessante como, por exemplo, muito recentemente se chegou a uma visão, inclusive física, que tem conexão com isto: para estudar um fenômeno físico, eu devo iluminá-lo, mas a luz transforma o objeto, o modifica: se eu ilumino um sistema físico, modifico-o, mas para conhecê-lo tenho que iluminá-lo. Kant tem, então, a matemática e a física - e a física de Newton é o modelo de ciência que é válido para ele (isto, naturalmente, pode-se corrigir, foram feitas críticas posteriores, houve modificações muito profundas com Einstein, mas para Kant a física de Newton tem plena validade). E Kant se depara com o problema da metafísica; os grandes problemas: Deus, a liberdade, a imortalidade. Estes problemas escapam à experiência... Então ele dirá: não é possível chegar a um conhecimento pleno na crítica da razão pura dessas realidades que vão se portar como o que ele chamará de ideias regulativas, mas não é objeto do conhecimento especulativo, da razão pura teórica. [A moralidade e a boa vontade e a ética para Kant] Ideias chaves: Kant então se encontra com este fato e há uma limitação, que afeta precisamente estes grandes temas da metafísica. Mas não é que desapareça, o que ocorre é que reaparecem no âmbito da razão prática e precisamente no âmbito da moralidade. E há um fato da moralidade: o homem é moral. O homem se sente responsável e, portanto livre e, portanto moral. O único bem sem restrições é a boa vontade, que será o núcleo da atitude moral de Kant: a boa vontade. Ele vai

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precisamente considerar que a boa vontade consiste no respeito ao dever. Kant desvaloriza os desejos, os sentimentos, as emoções... tudo isto está muito bem, mas não tem que ver com a moralidade. Se eu faço algo porque me comovo, porque me parece desejável, por compaixão... isto está muito bem pessoalmente mas não tem nada que ver com a moral. A moral consiste em que eu faça algo por puro respeito ao dever. Este é o ponto de vista kantiano. Por um lado, Kant necessita estabelecer uma moral que seja absolutamente válida. Ele distingue entre imperativos condicionados e imperativos categóricos. Dizem a uma pessoa: - Não coma demasiado porque vai engordar - Pois bem, vou engordar. - Não faça tal coisa porque vai se machucar - Pois bem, vou me machucar... Ou seja, o imperativo perde validade, porque são imperativos condicionados, dependem de uma condição: se essa condição falta ou não se cumpre, então o imperativo cai. E ele quer um imperativo categórico, que obrigue sem restrições, sem mais. Então tem que ser um imperativo não material, não de conteúdo, que não dependa de tal ou qual coisa, mas: Faça as coisas de tal maneira!

A fórmula - há várias fórmulas para o imperativo categórico, mas seria mais ou menos isto: "Age de modo que o motivo de tua ação possa ser uma lei universal da natureza". Se eu posso querer que o motivo pelo qual faça algo, se converta em lei universal da natureza, então isto moralmente obriga de modo absoluto. Se servir para todo mundo então tem valor ético caso contrário não tem valor ético. Exemplo claro que ele dá é o exemplo da mentira. Se universalizarmos a mentira não se poderia conviver.

Ele dá exemplos, alguns muito triviais: se uma pessoa faz um depósito em empréstimo para outra pessoa, há obrigação de devolver. Ou será que posso desejar que seja lei universal que quando se faz um empréstimo não se devolva? Ou que possa querer que seja lei universal que se minta quando se fala? Não, porque então ninguém acreditaria no que se diz e não se poderia viver. Se servir para todo mundo então tem valor ético caso contrário não tem valor ético. Ética do dever e não da felicidade com o objetivo de acompanhar as gerações para buscar a felicidade e para Kant a ética não é isso. Ética para Kant é dever de comportamentos certos ou errados, discutir a respeito de deveres e obrigações, muitas vezes para ser ético você é infeliz.

Essa ideia muito profunda em Kant - a ideia de uma moral autônoma, categórica - não pode ser uma moral de conteúdo - o que depois se chamará "moral material" - é uma moral formal, que se atém à forma da ação, ao motivo pelo qual se executa uma determinada ação. A moral é o conjunto de valores (que variam de cultura para cultura e mudam com o tempo) em que se baseiam os princípios e as normas que garantem o convívio entre as pessoas e, portanto, a sobrevivência do grupo. Ética que se refere aos costumes, é o ramo da filosofia que aborda os problemas fundamentais da moral (significado do bem e do mal, da justiça e do dever, bem como o sentido e finalidade da vida.Trata das regras de conduta permanentes e da validade universal, buscando definir seus princípios. As duas palavras tem o mesmo sentido original (ligado aos costumes) tanto grego quanto latim, mas a moral tem um sentido mais prático (relacionado ao estabelecimento de princípios ou normas), enquanto a Ética tem um sentido mais teórico. O fato da moralidade - o fato de que o homem é responsável, se sente responsável e, portanto livre e, portanto moral - faz com que ingressem no campo da razão prática - que é superior à teórica - esses grandes temas, que não se podem equacionar suficientemente na esfera da razão pura teórica; essas grandes ideias regulativas, reaparecem no mundo moral, culminam no conceito de pessoa moral, que é central no kantismo.

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Portanto, é realmente uma revolução, é uma mudança profundíssima, é uma maneira nova de ver as coisas, é uma renúncia à crença ingênua de que se conhecem as coisas em si mesmas - há uma subjetividade que as transforma, que as converte em algo diferente; conhecer é transformar, mas se salvam os grandes conteúdos da metafísica na esfera da razão prática. A metafísica é "uma tendência natural": o homem não pode renunciar a fazer metafísica; o que acontece é que a tem que deslocar da razão especulativa para a razão prática. "Em primeiro lugar tive que eliminar o saber para dar lugar à crença", uma crença racionalmente justificada, na esfera da razão prática, que é a decisiva. Metafísica é a postulação da existência de Deus, é um contato da metafísica, ela funciona como pressuposto como fato da razão para que nosso raciocínio funcione corretamente. Isto foi, naturalmente, como uma espécie de terremoto intelectual. Naturalmente se trata de um sistema complexo e difícil. Kant foi um filósofo que viveu 80 anos. E só muito tardiamente exerceu influência: por exemplo, seu principal discípulo, Fichte, só o conheceu em 1791, bastante tarde, e os outros são posteriores. Ou seja, os kantianos são netos de Kant: há uma geração intermediária que não é kantiana. E há ainda um problema muito delicado: quando há um grande filósofo, nem toda sua obra está em linguagem clara: há certos silêncios, certos esquecimentos, certas omissões. E entre os pós-kantianos, a razão prática tem muito maior relevo: sim, partem da crítica da razão teórica, contam com ela, mas não é o que seguem, não é o que primariamente desenvolvem. E o que fazem é uma especulação: são grandes construtores de catedrais, os grandes sistemáticos da filosofia, que elaboram grandes e impressionantes construções intelectuais, às vezes com certas violências à realidade. Há um momento no século XX em que se volta a ler Kant de outra maneira, com outros olhos e, sobretudo, como um pensador inacabado, que não chegou a completar sua filosofia: toda sua enorme obra era uma preparação para isto. Kant diz coisas particularmente muito interessantes quando fala das quatro perguntas fundamentais que devem ser feitas:

1. O que posso saber? A Metafísica responde a isto. 2. O que posso esperar? A religião responde a isto. 3. O que devo fazer? Isto é a moral. 4. E finalmente: O que é o homem? A isto responde a antropologia.

E Kant diz que estas quatro perguntas resumem-se, afinal, na última: "O que é o homem": E isto é interessante porque Kant faz a distinção entre dois conceitos da filosofia: o conceito escolar da filosofia e o conceito mundano da filosofia, a filosofia para a vida. E ele diz: “mais importante é a filosofia para vida, o conceito mundano da filosofia”.

Conferência do curso “Los estilos de la Filosofía”, Madrid, 1999/2000. © Edição: Jean Lauand. Tradução: Elie Chadarevian Texto do Portal Brasileiro da Filosofia – www.filosofial.pro. http://ghiraldelli.files.wordpress.com/2008/07/kant_marias.pdf

Exercícios:

1- Kant quer fazer uma ética do dever ser. É uma ética imperativa que obriga. Procura, portanto, um imperativo. Este imperativo categórico se expressa de diversas formas, seu sentido fundamental é o seguinte: "Age de tal modo que? a) agrade a Deus e aos que te são próximos". b) atendas às leis determinadas pelo Estado". c) não tragas nenhum prejuízo para ti mesmo". d) possas querer que o que faças seja lei universal da natureza". e) a cada situação possas dar a resposta que ela requer".

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2- À razão, Kant agrega o adjetivo pura. Razão pura é a que trabalha com: a) a dúvida. b) o imanente. c) princípios a priori. d) princípios a posteriori. e) os experimentos.

3- Qual das frases abaixo não pode ser considerada como fruto do imperativo categórico? a) Toda vez que uma pessoa cometer um erro, não devo compreendê-la. b) Quando for ofendido, devo me vingar. c) Sempre que precisar, agirei com falsidade. d) Darei esmolas sem pensar. e) Quando eu falar, não devo mentir.

4- Kant sustenta, no início da obra Fundamentação da metafísica dos costumes, que "neste mundo, e até também fora dele, nada é possível pensar que possa ser considerado bom sem limitação a não ser uma só coisa: uma boa vontade". Para ele, essa boa vontade indica a) a disposição inata para o agir bem para com os outros. b) a vontade determinada unicamente pela forma universal da lei moral. c) a vontade naturalmente voltada a propósitos virtuosos. d) a capacidade humana de atender às inclinações moralmente elevadas. e) a capacidade animal. 5- Em Kant, existem duas formas de manifestação da razão: a razão teórica e a razão prática. A razão prática acaba por ser o complemento da razão teórica. A razão prática é regida pela vontade e liberdade dos homens, tendo por instrumento principal: a) O imperativo hipotético, o qual se resume na sentença: Aja de tal maneira que tua ação retrate a integridade pessoal. b) O imperativo categórico, o qual se resume na sentença: Os fins justificam os meios. c) O imperativo hipotético, o qual se resume na sentença: Na dúvida, não faças julgamentos entre o bem e o mal. d) O imperativo categórico, o qual se resume na sentença: Age de tal modo que a máxima de tua vontade possa sempre valer simultaneamente como um princípio para uma legislação geral. e) Para Kant não há duas formas de manifestação da razão.

6- "A regra da faculdade de julgar sob as leis da razão pura prática é esta: interroga-te a ti mesmo se a ação que projetas, no caso de ela ter de acontecer segundo uma lei da natureza de que tu próprio farias parte, a poderias ainda considerar como possível mediante a tua vontade. Na realidade, é segundo esta regra que cada um julga se as ações são moralmente boas ou más." (KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, 1989, p. 83.)

A partir do texto e dos seus conhecimentos, avalie se as sentenças abaixo são verdadeiras ou falsas. I. Para Kant, a ação moral não é autônoma, pois o ser humano não é capaz de se determinar conforme leis que a própria razão estabelece. II. O imperativo categórico proíbe os atos que podem ser universalizados. III. O imperativo categórico é condicionado às circunstâncias e, portanto, é relativo. IV. O imperativo hipotético exprime-se numa fórmula geral: age em conformidade apenas com a máxima que possas querer que se torne uma lei universal. Assinale a alternativa CORRETA: a) Todas as proposições são falsas. b) Apenas a proposição II é falsa. c) Apenas a proposição III é falsa.

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d) Apenas a proposição IV é falsa. e) As proposições II, III e IV são falsas.

7- No contexto geral da filosofia crítica de Kant, a imortalidade da alma é a) apenas um dogma da religião. b) um postulado da razão pura prática. c) uma especulação metafísica comprovadamente falsa. d) uma proposição teórica demonstrável pelo entendimento. e) uma hipótese experimental da psicologia. 8- A noção de imperativo categórico representa a base do comportamento moral, de acordo com o pensamento kantiano. Com base nessa ideia, é incorreto afirmar: a) O juízo moral provém da razão; portanto, a moral é racional. b) A moral, por ser racional, consiste numa razão prática pura. c) A ação moral baseia-se numa regra universal. d) Obedecer à lei racional da moral é um dever do ser humano. e) O imperativo categórico é uma expressão das leis da natureza. 9- O juízo de gosto, em Kant, tem como características: a) ser singular e ter universalidade subjetiva. b) ser interessado e ter universalidade objetiva. c) ter interesse prático e ser particular. d) ser desinteressado e ter universalidade objetiva. e) ser interessado e ser um juízo estético. 10- Com as perguntas O que posso saber? e O que devo fazer? Kant caracteriza interesses da razão, que são, respectivamente: a) metafísico e teológico. b) antropológico e científico. c) teórico e prático. d) científico e religioso. e) estético e psicológico. 11- (Fund. Carlos Chagas) “Não se ensina filosofia; ensina-se a filosofar”. (Kant, I. Manual dos cursos de lógica geral)

Esta célebre frase de Kant expressa de modo sucinto e claro que a filosofia: a) é imanente, ao passo que o filosofar é transcendente. b) aprende-se apenas através da atitude crítica do indivíduo. c) tem utilidade exclusivamente especulativa, mas não pedagógica. d) deixa de ser ensinada quando todos se atrevem a filosofar. e) deve substituir a memorização pela elucubração.

12- Por que Kant afirma que não podemos chegar à certeza da existência ou da não existência de Deus, a partir da razão?

I- O homem é um ser que pensa por meio de categorias limitadas. Qualquer ser que esteja fora dessas categorias não é passível de ser conhecido pelo homem. Deus estaria fora e além dessas categorias, por isso não poderíamos provar a sua existência. II- Quando vemos uma grande obra, pensamos que algo ou alguém a construiu. No entanto, apenas podemos supor isso. A prova da existência de Deus, que se refere à causa inicial não pode ser uma prova; ela é uma suposição de que algo ou alguém fez o mundo. Uma suposição não é uma prova. III- O homem não pode conhecer a Deus, porque não pode provar, cientificamente, sua existência. IV- Não se pode provar a existência de Deus, porque não há provas deixadas escritas sobre a sua vida. V- Apesar de a racionalidade humana ser muito ampla, para Kant, Deus se esconde nos mistérios mais profundos e, por isso, o homem não pode provar a sua existência.

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Assinale abaixo a alternativa que responde a questão, segundo o pensamento do filósofo. a) I,III,IV,V b) II,III,IV,V c) I,II d) III,IV.V e) I,II,III

13- Na segunda seção da Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Kant nos oferece quatro exemplos de deveres. Em relação ao segundo exemplo, que diz respeito à falsa promessa, Kant afirma que uma "pessoa vê-se forçada pela necessidade a pedir dinheiro emprestado. Sabe muito bem que não poderá pagar, mas vê também que não lhe emprestarão nada se não prometer firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a promessa; mas tem ainda consciência bastante para perguntar a si mesma: Não é proibido e contrário ao dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo que se decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: Quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou pedi-lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal nunca sucederá". Fonte: KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 130.

De acordo com o texto e os conhecimentos sobre a moral kantiana, considere as afirmativas a seguir: I. Para Kant, o princípio de ação da falsa promessa não pode valer como lei universal. II. Kant considera a falsa promessa moralmente permissível porque ela será praticada apenas para sair de uma situação momentânea de apuros. III. A falsa promessa é moralmente reprovável porque a universalização de sua máxima torna impossível a própria promessa. IV. A falsa promessa é moralmente reprovável porque vai de encontro às inclinações sociais do ser humano. A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é: a) I e II b) I e III c) II e IV d) I, II e III e) I, II e IV

14- Leia o texto a seguir.

Na Primeira Secção da Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Kant analisa dois conceitos fundamentais de sua teoria moral: o conceito de vontade boa e o de imperativo categórico. Esses dois conceitos traduzem as duas condições básicas do dever: o seu aspecto objetivo, a lei moral, e o seu aspecto subjetivo, o acatamento da lei pela subjetividade livre, como condição necessária e suficiente da ação. (DUTRA, D. V. Kant e Habermas: a reformulação discursiva da moral kantiana. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. p. 29.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria moral kantiana, é correto afirmar: a) A vontade boa, enquanto condição do dever, consiste em respeitar a lei moral, tendo como motivo da ação a simples conformidade à lei. b) O imperativo categórico incorre na contingência de um querer arbitrário cuja intencionalidade determina subjetivamente o valor moral da ação. c) Para que possa ser qualificada do ponto de vista moral, uma ação deve ter como condição necessária e suficiente uma vontade condicionada por interesses e inclinações sensíveis. d) A razão é capaz de guiar a vontade como meio para a satisfação de todas as necessidades e assim realizar seu verdadeiro destino prático: a felicidade. e) A razão, quando se torna livre das condições subjetivas que a coagem, é, em si, necessariamente conforme a vontade e somente por ela suficientemente determinada.

15- Assinale qual das alternativas abaixo apresenta um raciocínio dedutivo logicamente correto.

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a) João tem 3 filhos e, neste caso, necessita trabalhar. O mesmo ocorre com Dona Jandira e Seu Bertoldo, portanto todos os homens e mulheres que têm filhos necessitam trabalhar. b) Todos os cavalos bons corredores são também muito dóceis e, portanto, são fáceis de ser manejados ou tratados. Pode-se afirmar que o cavalo de Janete é bom corredor, uma vez que não oferece resistência ao seu tratador. c) Ao longo da história, não foi observado ser vivo que fosse imortal. Desta forma afirmei ao meu amigo que o seu galo de estimação, que é um ser vivo, mais cedo ou mais tarde morrerá. d) Uma quantia bastante expressiva de pessoas afirmou a necessidade de todos os homens e mulheres se engajarem politicamente. Assim, como não sou uma árvore, nem uma barata, me filiei ao partido político com o qual mais me identifico. e) Um homem e uma mulher que trabalharam durante 40 anos, ao alcançarem a idade de 60 anos, devem merecer descanso pelo resto de sua vida. Isto nos leva a ter a certeza de que todos os indivíduos humanos de mais de 60 anos têm direito a descansar até sua morte.

16- Na Crítica da Razão Pura, Kant assevera que uma das utilidades de seu empreendimento crítico consiste em: a) anular qualquer pretensão de se admitir um uso puro prático da razão, na medida em que limita a meros fenômenos tudo aquilo que podemos pensar. b) abrir um espaço para o uso prático da razão, ao operar a transformação das ideias transcendentais relativas em formas a priori da intuição. c) limitar o uso teórico da razão aos fenômenos, ao demonstrar que a intuição e os conceitos relativos àqueles se regulam pela natureza dos objetos. d) admitir o uso prático da razão, ao distinguir entre aquilo que podemos conhecer teoricamente e aquilo que podemos apenas pensar. e) demolir o dogmatismo, que postula a necessidade de uma ciência que determine, a priori, a possibilidade, os princípios e o âmbito de todos os conhecimentos.

17- Qual a ideia chave, a principal, do filósofo Emanuel Kant?

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18- “Age de modo que o motivo de tua ação possa ser uma lei universal da natureza” O que significa esta

frase de Kant?

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A concepção racionalista Concepção filosófica que afirma a razão como única faculdade de propiciar o conhecimento adequado da realidade. A razão, por iluminar o real e perceber as conexões e relações que o constituem, é a capacidade de apreender ou de ver as coisas em suas articulações ou interdependência em que se encontram umas com as outras. Ao partir do pressuposto de que o pensamento coincide com o ser, a filosofia ocidental, desde suas origens, percebe que há concordância entre a estrutura da razão e a estrutura análoga do real, pois, caso houvesse total desacordo entre a razão e a realidade, o real seria incognoscível e nada se poderia dizer a respeito. O racionalismo epistemológico é inseparável do racionalismo ontológico ou metafísico, que enfoca a questão do ser, pois o ser está implicado no pensamento do ser. Declarar que o real tem esta ou

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aquela estrutura implica em admitir, por parte da razão, enquanto faculdade cognitiva do ser humano, a capacidade de apreender o real e de revelar a sua estrutura. O conhecimento, ao se distinguir da produção e da criação de objetos, implica a possibilidade de reproduzir o real no pensamento, sem alterá-lo ou modificá-lo. Dois elementos marcariam o desenvolvimento da filosofia racionalista clássica no século XVII. De um lado, a confiança na capacidade do pensamento matemático, símbolo da autonomia da razão, para interpretar adequadamente o mundo; de outro, a necessidade de conferir ao conhecimento racional uma fundamentação metafísica que garantisse sua certeza. Ambas as questões conformaram a ideia base do Discurso sobre o método (1637) de Descartes, texto central do racionalismo tanto metafísico quanto epistemológico. Para Descartes, a realidade física coincide com o pensamento e pode ser traduzida por fórmulas e equações matemáticas. Descartes estava convicto também de que todo conhecimento procede de ideias inatas - postas na mente por Deus - que correspondem aos fundamentos racionais da realidade. A razão cartesiana, por julgar-se capaz de apreender a totalidade do real mediante "longas cadeias de razões", é a razão lógico-matemática e não a razão vital e, muito menos, a razão histórica e dialética. O racionalismo clássico ou metafísico, não se limitava a assinalar a primazia da razão como instrumento do saber, mas entendia a totalidade do real como estrutura racional criada por Deus, o qual era concebido como “grande geômetra (especialista em geometria) do mundo”. Da mesma maneira que os complexos problemas da matemática, os objetos materiais (ou seja, aqueles que têm extensão, que ocupam espaço) também podem ser decompostos em partes menores, mas a alma (ou o pensamento) não: uma vez que é consciência pura, não ocupa lugar no espaço. Mesmo reconhecendo que o homem é um ser duplo – ao mesmo tempo corpo e alma- , Descartes instaurou a separação entre matéria e pensamento. Sendo assim, o sujeito consciente se opõe ao objeto, àquilo que é conhecido. Descartes foi o fundador da Filosofia do Eu ou Filosofia do sujeito, segundo a qual todo conhecimento é visto como originário de uma elaboração individual. O pensamento de Descartes retoma a tradição do racionalismo, cujas origens remontam a Platão e que se funda na ideia de o saber se originar na razão, que antecede a explicação do real. Tal concepção teve profunda influência no pensamento filosófico ocidental, embora questionada, ainda no século XVI, pela escola do empirismo. A concepção empirista

Sob uma perspectiva contrária, os empiristas britânicos refutaram a existência das ideias inatas e postularam que a mente é uma tabula rasa ou página em branco, cujo material provém da experiência. A oposição tradicional entre racionalismo e empirismo, no entanto, está longe de ser absoluta, pois filósofos empiristas embora insistissem em que todo conhecimento deve provir de uma "sensação", não negaram o papel da razão como organizadora dos dados dos sentidos. O próprio fato de haver toda esta controvérsia em torno da problemática suscitada por Descartes revela a importância crucial das teses racionalistas. O racionalismo cartesiano e o empirismo inglês desembocaram no Iluminismo do século XVIII. A razão e a experiência de que resulta o conhecimento científico do mundo e da sociedade bem como a possibilidade de transformá-los são instâncias em nome das quais se passou a criticar todos os valores do mundo medieval. A nova interpretação dada à teoria do conhecimento pelo filósofo alemão Immanuel Kant, ao desenvolver seu idealismo crítico, representou uma tentativa de superar a controvérsia entre as propostas racionalistas e empiristas extremas. Entendido como posição filosófica que sustenta a racionalidade do mundo natural e do mundo humano, o racionalismo corresponde a uma exigência fundamental da ciência: discursos lógicos,

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verificáveis, que pretendem apreender e enunciar a racionalidade ou inteligibilidade do real. Ao postular a identidade do pensamento e do ser, o racionalismo sustenta que a razão é a unidade não só do pensamento consigo mesmo, mas a unidade do mundo e do espírito, o fundamento substancial tanto da consciência quanto do exterior e da natureza, pressuposto que assegura a possibilidade do conhecimento e da ação humana coerente. Para além de seus possíveis elementos dogmáticos, a filosofia racionalista, ao ressaltar o problema da fundamentação do conhecimento como base da especulação filosófica, marcou os rumos do pensamento ocidental. As principais características do empirismo são:

1 - não há ideias inatas, nem conceitos abstratos; 2 - o conhecimento se reduz a impressões sensíveis e a ideias definidas como cópias enfraquecidas das impressões sensoriais; 3 - as qualidades sensíveis são subjetivas; 4 - as relações entre as ideias reduzem-se a associações; 5 - os primeiros princípios, e em particular o da causalidade, reduzem-se a associações de ideias convertidas e generalizadas sob forma de associações habituais; 6 - o conhecimento é limitado aos fenômenos e toda a metafísica, conceituada em seus termos convencionais, é impossível. Racionalismo e Empirismo

Estas duas correntes do pensamento ocidental determinaram a filosofia especialmente desde o início da modernidade. Na verdade, a discussão vai até a antiguidade com Platão e Aristóteles. Enquanto Aristóteles tinha uma posição mais empirista, Platão foi bastante racionalista. Mas esta distinção é muito artificial se aplicada assim à Antiguidade. Como disse, a partir da modernidade, especialmente com o início da era da teoria do conhecimento, a distinção aparece de forma mais clara. O pai da modernidade, Descartes, também é o primeiro grande representante do racionalismo. Enquanto os racionalistas se desenvolveram mais na Europa continental, os empiristas foram mais fortes na Inglaterra. Bem, mas o que é Racionalismo e Empirismo? Esta é uma questão ampla, mesmo porque existem diferentes formas e variantes nos dois lados. De grosso modo pode-se dizer: Enquanto o racionalismo afirma que a razão pura (a razão sem influência dos sentidos empíricos) é a maior (ou única) fonte do conhecimento, enquanto o empirismo, pelo contrário, afirma que todo nosso conhecimento é adquirido pelos sentidos empíricos (visão, audição, tato, etc). Essa tensão foi o ponto de partida da filosofia de Kant, que tentou conciliar os dois lados. Mas isso tornou a filosofia kantiana cheia de tensões. Por: Dr. Phil Guido Imaguire http://www.filosofos.com.br/tema_racionalismoimpirismo.htm

Exercícios: 1- Podemos DEFINIR o empirismo como a concepção filosófica que: a) desvaloriza o conhecimento sensível, especialmente os sentidos externos, e atribui às ideias todo o valor do conhecimento. b) afirma que todo conhecimento começa com a experiência, mas que a experiência sozinha não nos dá o conhecimento. c) vê o conhecimento proveniente dos sentidos, o que significa que ele tem origem na experiência e nas sensações. d) baseia-se nos princípios da busca da certeza e da demonstração, sustentados por um conhecimento a priori, ou seja, a razão. e) afirma que o conhecimento inclui a existência de ideias inatas, ou seja, que existiriam no homem antes de qualquer experiência.

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2- (Ueg 2013) O ser humano, desde sua origem, em sua existência cotidiana, faz afirmações, nega, deseja, recusa e aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de fato e de valor por meio dos quais procura orientar seu comportamento teórico e prático. Entretanto, houve um momento em sua evolução histórico-social em que o ser humano começa a conferir um caráter filosófico às suas indagações e perplexidades, questionando racionalmente suas crenças, valores e escolhas. Nesse sentido, pode-se afirmar que a filosofia a) é algo inerente ao ser humano desde sua origem e que, por meio da elaboração dos sentimentos, das percepções e dos anseios humanos, procura consolidar nossas crenças e opiniões. b) existe desde que existe o ser humano, não havendo um local ou uma época específica para seu nascimento, o que nos autoriza a afirmar que mesmo a mentalidade mítica é também filosófica e exige o trabalho da razão. c) inicia sua investigação quando aceitamos os dogmas e as certezas cotidianas que nos são impostos pela tradição e pela sociedade, visando educar o ser humano como cidadão. d) surge quando o ser humano começa a exigir provas e justificações racionais que validam ou invalidam suas crenças, seus valores e suas práticas, em detrimento da verdade revelada pela codificação mítica. 3- (Enem PPL 2012) Pode-se viver sem ciência, pode-se adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, pode-se desprezar as evidências empíricas. No entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem honesto pode ignorar que uma outra atitude intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com base em razões e evidências e questionar tudo o mais a fim de descobrir seu sentido último. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2002.

Platão e Aristóteles marcaram profundamente a formação do pensamento Ocidental. No texto, é ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os autores que, em linhas gerais, refere-se à: a) adoção da experiência do senso comum como critério de verdade. b) incapacidade de a razão confirmar o conhecimento resultante de evidências empíricas. c) pretensão de a experiência legitimar por si mesma a verdade. d) defesa de que a honestidade condiciona a possibilidade de se pensar à verdade. e) compreensão de que a verdade deve ser justificada racionalmente. 4- (Unioeste) “É no plano político que a Razão, na Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e formou-

se. A experiência social pode tornar-se entre os gregos o objeto de uma reflexão positiva, porque se prestava, na cidade, a um debate público de argumentos. O declínio do mito data do dia em que os primeiros Sábios puseram em discussão a ordem humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi-la em fórmulas acessíveis a sua inteligência, aplicar-lhe a norma do número e da medida. Assim se destacou e se definiu um pensamento propriamente político, exterior a religião, com seu vocabulário, seus conceitos, seus princípios, suas vistas teóricas. Este pensamento marcou profundamente a mentalidade do homem antigo; caracteriza uma civilização que não deixou, enquanto permaneceu viva, de considerar a vida pública como o coroamento da atividade humana”. Considerando a citação acima, extraída do livro As origens do pensamento grego, de Jean Pierre Vernant, e os conhecimentos da relação entre mito e filosofia, é incorreto afirmar que: a) os filósofos gregos ocupavam-se das matemáticas e delas se serviam para constituir um ideal de pensamento que deveria orientar a vida pública do homem grego. b) a discussão racional dos Sábios que traduziu a ordem humana em fórmulas acessíveis a inteligência causou o abandono do mito e, com ele, o fim da religião e a decorrente exclusividade do pensamento racional na Grécia. c) a atividade humana grega, desde a invenção da política, encontrava seu sentido principalmente na vida pública, na qual o debate de argumentos era orientado por princípios racionais, conceitos e vocabulário próprios. d) a política, por valorizar o debate público de argumentos que todos os cidadãos podem compreender e discutir, comunicar e transmitir, se distancia dos discursos compreensíveis apenas pelos iniciados em mistérios sagrados e contribui para a constituição do pensamento filosófico orientado pela Razão. e) ainda que o pensamento filosófico prime pela racionalidade, alguns filósofos, mesmo após o declínio do pensamento mitológico, recorreram a narrativas mitológicas para expressar suas ideias; exemplo disso e o “Mito de Er” utilizado por Platão para encerrar sua principal obra, A República.

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Vocabulário:

Ataraxia = quietude absoluta da alma Cognitivo= capacidade de adquirir conhecimento Dialética= busca da verdade através do diálogo. Dogmatismo= Toda doutrina ou toda atitude que professa a capacidade do homem atingir a certeza absoluta; filosoficamente é a atitude que consiste em admitir a possibilidade, para a razão humana, de chegar a verdades absolutamente certas e seguras. Epistemológico= teoria do conhecimento. Epistemologia significa ciência, conhecimento, é o estudo científico que trata dos problemas relacionados com a crença e o conhecimento, sua natureza e limitações. É uma palavra que vem do grego. Imputabilidade: Possibilidade de atribuir a alguém a responsabilidade por algum fato. Inatismo= concepção, segundo a qual, certas idéias, princípios ou estruturas do pensamento são inatos em virtude de pertencerem a natureza humana – isto é, à mente ou ao espírito Incognoscível= que não se pode conhecer, que está fora do alcance do conhecimento humano.

Metafísica = aquilo que está além da física, que a transcende. A metafísica definiu-se como filosofia primeira, como

ponto de partida do sistema filosófico, tratando aquilo que é pressuposto por todas as outras partes do sistema, na medida em que examina os princípios e causas primeiras, e que se constitui como doutrina do ser em geral, e não de suas determinações particulares: inclui ainda a doutrina do Ser Divino ou do Ser Supremo. Kant “Por metafísica entendo toda pretensão a conhecimento que busque ultrapassar o campo da experiência possível, e por conseguinte a natureza, ou a aparência das coisas tal como nos é dada, para nos oferecer aberturas àquilo pelo qual esta condicionada; ou para falar de forma mais popular, sobre aquilo que se oculta por trás da natureza e a torna possível. A diferença entre física e metafísica repousa, a grosso modo, sobre a distinção Kantiana, entre fenômeno e coisa- em- si” Ontológico= argumento, pretender passar do plano lógico (das definições) para o plano ontológico defendendo a

existência do ser definido como necessário (perfeito) como uma consequencia da definição. Impossibilidade de uma prova da existência de Deus. Kant combate esta idéia. Postular= admitir como hipótese; pressupor; supor; ter como condição.

Refutar = afirmar o contrário; negar; por em dúvida; contestar. O tetrapharmakon = (quatro remédios para a alma) defendido pelos epicuristas

Referências:

ALQUIÉ, L. O. A filosofia de Descartes, p. 141. Filosofia - Brasil Escola Por João Francisco P. Cabral Colaborador Brasil Escola Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP Conferência do curso “Los estilos de la Filosofía”, Madrid, 1999/2000. © Edição: Jean Lauand. Tradução: Elie Chadarevian Texto do Portal Brasileiro da Filosofia – www.filosofial.pro. http://ghiraldelli.files.wordpress.com/2008/07/kant_marias.pdf Dr. Phil Guido Imaguire http://www.filosofos.com.br/tema_racionalismoimpirismo.htm

Prof. Marco Maluf Filósofo, Professor de Filosofia, Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Universidade de São Paulo http://filsofos-vidaeobra.blogspot.com/