fevereiro de 2015

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PALAVRA DO PáROCO QUARESMA: momento forte de reflexão e conversão www.paroquiadapompeia.org.br/ [email protected] TIRAGEM: 3000 - DISTRIBUIçãO GRATUITA Periodicidade: mensal - Circulação: Zona Leste - Ano: XVIII - Edição de fevereiro de 2015 Nesta edição: Catequese escolar: o tempo do catecismo Página 4 “Francisco, reconstrói a minha casa” Página 7 Quarentena de exercícios Página 5 Quaresma é tempo de abertura para o mis- tério da dor e da morte, da cruz, do Crucifica- do. Tempo no qual somos conduzidos à graça da vida plena, à ressurreição. A conversão, a mudança de vida que a Qua- resma possibilita, é um itinerário de libertação pessoal, comunitário e social. A Campanha da Fraternidade (CF) deste ano nos convida a re- fletir, meditar e rezar nossa relação com o pró- ximo. O tema é “Fraternidade: Igreja e Socie- dade” e o lema “Eu vim para servir” (Mc 10,45). Seu objetivo é nos ajudar a aprofundar, à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, como serviço ao povo brasileiro, para a edificação do Reino de Deus. Então, meus caros irmãos e irmãs, aprovei- temos este momento forte da caminhada cris- tã para uma busca mais intensa de conversão e reflexão da nossa identidade como cristãos inseridos na realidade social. Que tenhamos uma participação ativa e eficaz nas celebra- ções e aproveitemos a reflexão proposta pela CF como instrumento de ajuda neste itinerá- rio. A Campanha da Fraternidade será uma oportunidade de retomarmos os ensinamen- tos do Concílio Vaticano II, que nos levam a ser uma Igreja atuante, participativa, consola- dora, misericordiosa, samaritana. Diante des- ses ensinamentos, devemos nos perguntar: percebemo-nos nas ações práticas de nossa Igreja? Eu, como Igreja, membro de pastoral, pessoa inserida neste contexto da caminhada comunitária, vivo essas dimensões nas minhas ações? Se não vivo, o que posso fazer para de fato vivê-las no seio das comunidades, no serviço pastoral? À luz da palavra de Deus e desses ensinamentos, tenhamos uma frutuo- sa reflexão, contribuin- do assim para nossa conversão. Uma santa e feliz Quaresma para todos nós. Frei Romero José da Silva, OFMCap

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Page 1: Fevereiro de 2015

palavra do pároco

QUarESMa:momento forte de

reflexão e conversão

www.paroquiadapompeia.org.br/ [email protected]

Tiragem: 3000 - disTribuição graTuiTaPeriodicidade: mensal - Circulação: Zona Leste - ano: XViii - edição de fevereiro de 2015

Nesta edição:

catequese escolar: o tempo do catecismo

página 4

“Francisco, reconstrói a minha casa”

página 7

Quarentena de exercícios

página 5

Quaresma é tempo de abertura para o mis-tério da dor e da morte, da cruz, do Crucifica-do. Tempo no qual somos conduzidos à graça da vida plena, à ressurreição.

a conversão, a mudança de vida que a Qua-resma possibilita, é um itinerário de libertação pessoal, comunitário e social. a Campanha da Fraternidade (CF) deste ano nos convida a re-fletir, meditar e rezar nossa relação com o pró-ximo. o tema é “Fraternidade: igreja e socie-dade” e o lema “eu vim para servir” (mc 10,45). seu objetivo é nos ajudar a aprofundar, à luz do evangelho, o diálogo e a colaboração entre a igreja e a sociedade, propostos pelo Concílio ecumênico Vaticano ii, como serviço ao povo brasileiro, para a edificação do reino de deus.

então, meus caros irmãos e irmãs, aprovei-temos este momento forte da caminhada cris-tã para uma busca mais intensa de conversão e reflexão da nossa identidade como cristãos inseridos na realidade social. Que tenhamos uma participação ativa e eficaz nas celebra-ções e aproveitemos a reflexão proposta pela CF como instrumento de ajuda neste itinerá-rio. a Campanha da Fraternidade será uma oportunidade de retomarmos os ensinamen-tos do Concílio Vaticano ii, que nos levam a ser uma igreja atuante, participativa, consola-dora, misericordiosa, samaritana. diante des-ses ensinamentos, devemos nos perguntar: percebemo-nos nas ações práticas de nossa igreja? eu, como igreja, membro de pastoral, pessoa inserida neste contexto da caminhada comunitária, vivo essas dimensões nas minhas ações? se não vivo, o que posso fazer para de fato vivê-las no seio das comunidades, no serviço pastoral? À luz da palavra de deus e desses ensinamentos, tenhamos uma frutuo-sa reflexão, contribuin-do assim para nossa conversão. uma santa e feliz Quaresma para todos nós.

Frei Romero José da Silva, OFMCap

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2informativo da Paróquia - Nossa sra. do rosário de Pompeia - Frades Capuchinhos - Fevereiro de 2015

pároco: Frei romero José da silva, oFmCap

pastoral da comunicação – pascom:anderson Penaandréa matosdavid José gonçalves Tierro ramosdébora Cristina de o. drumond e souzaFrei glaicon givan da rosa, oFmCapFrei márcio José da silva, oFmCapFrei romero José da silva, oFmCapguilherme augusto santos oliveiramaria madalena Loredo Neta

Endereço: rua iara, 171 - Pompeiabelo Horizonte - mg

Telefone: (31) 3889 4980

E-mail: [email protected]

Site: www.paroquiadapompeia.org.br

arte e impressão: Fumarc gráfica

os artigos assinados não representam, necessa-riamente, a opinião do jornal.

o Jornal o rosário reserva-se o direito de editar os materiais recebidos.

ExpEdiENTE

Faça parTE

É daNdo QUE SE rEcEBEa Pastoral da misericórdia da Paróquia

Nossa senhora do rosário de Pompeia assiste mensalmente, com a entrega de cestas básicas, 60 famílias em situação de vulnerabilidade social. Para garantir a continuidade deste trabalho, a Pastoral pede a participação de toda a comunidade paroquiana, com a doação de arroz, açúcar, macarrão, café, molho de tomate, óleo de soja, achocolatado, leite, biscoito, papel higiênico, creme dental e sabonete. as doações podem ser entregues nas celebrações eucarísticas ou na secretaria Paroquial.

a Paróquia Nossa senhora do rosário de Pompeia, com o apoio do serviço de animação bíblica das irmãs Paulinas, pro-move, a partir do mês de março, o curso Visão global da bíblia. a proposta é ofere-cer à comunidade um panorama geral da sagrada escritura, a partir dos seus perso-nagens, lugares, situação política, social, econômica e religiosa de cada período da história do povo de deus e seus reflexos nos escritos bíblicos.

o curso terá duração total de 60 horas, com aulas ministradas quinzenalmente. as inscrições estão abertas de 4 de feve-reiro a 4 de março, e podem ser feitas na secretaria Paroquial. mais informações pelo telefone (31) 3467-4848.

BÍBlia EM coMUNidadE

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3informativo da Paróquia - Nossa sra. do rosário de Pompeia - Frades Capuchinhos - Fevereiro de 2015

dESTaQUE do MÊS

Com o tema “Fraternidade: igreja e socieda-de” e o lema “eu vim para servir”, baseado no evangelista marcos (10, 45), a Campanha da Fra-ternidade (CF) de 2015 quer recordar a vocação e a missão de cada um de nós, de nossas comu-nidades de fé, a partir do diálogo e da colabo-ração entre igreja e sociedade proposta pelo Concílio ecumênico Vaticano ii, celebrado entre 1962 e 1965.

o texto-base da CF reflete a dimensão da vida em sociedade, que se baseia na convivên-cia coletiva, com leis e normas de condutas, or-ganizada por critérios e, principalmente, com entidades que “cuidam do bem-estar daqueles que convivem”.

propostas do texto-base da cFNa primeira parte do texto-base, são apre-

sentadas reflexões sobre o histórico das rela-ções igreja e sociedade no brasil, a sociedade

brasileira atual e seus desafios, o serviço da igreja à sociedade brasileira, e convergência e divergências entre ambas. Na segunda parte, é aprofundada a relação igreja e sociedade à luz da palavra de deus, à luz do magistério da igreja e à luz da doutrina social. a terceira parte deba-

te uma visão social a partir do serviço, diálogo e cooperação entre igreja e sociedade, além de refletir sobre a dignidade humana, bem comum e justiça social. Nessa parte, o texto aponta algu-mas sugestões pastorais para a vivência da CF nas dioceses, paróquias e comunidades. a quar-ta parte apresenta os resultados da Campanha da Fraternidade do ano de 2014, os projetos atendidos por região, a prestação de contas do Fundo Nacional de solidariedade de 2013 e as contribuições enviadas pelas dioceses, além do histórico das últimas campanhas e temas discu-tidos nos anos anteriores.

o serviço em destaqueo cartaz da Campanha da Fraternidade nos

apresenta o Papa Francisco, numa cerimônia da missa de Lava-pés, beijando o pé de um dos fi-éis, e todo o texto-base é permeado pelas pa-lavras servir, serviço, servidor e servidora, com 63 ocorrências. isso é muito em um texto tão pequeno! Por que somos chamados a servir? Nossa igreja é constantemente desafiada a sair dos templos e acolher as pessoas onde quer que elas estejam. o texto recorda as palavras do Papa Francisco, que disse querer uma “igre-ja em saída”, missionária, que se machuca e se suja com as lamas dos caminhos, mas não se acomoda. isso pode ser lido nas páginas 5, 8 e, sobretudo, a partir da página 73 do texto-base da CF 2015.

em sua segunda parte, páginas 39 a 67, o texto nos dá motivações bíblicas e teológicas para agirmos; traz abraão, o grande patriarca, como exemplo de serviço. ele saiu de sua terra, do meio dos seus e foi cumprir uma nova voca-ção. abraão, do alto de sua velhice, não se aco-modou, mas saiu de si, se desinstalou e foi em busca de um serviço a seu deus. solidariedade sempre foi a grande atitude de abraão, e deve

também ser a nossa.

Evangelização completaem sua terceira parte, o texto-base fala da

missão da igreja Católica, que é evangelizar. Quase a maioria das pessoas entende que evan-gelizar é apenas anunciar o evangelho, e que basta isso, mas não é verdade. o anúncio da Palavra na celebração da eucaristia e dos outros sacramentos é um dos serviços importantes, mas existem outros, como o testemunho: teste-munhar com a vida, para que a palavra anuncia-da tenha sentido e valor. Viver em comunhão e no serviço aos outros, em atitude de diaconia, é evangelizar, como ensinava Jesus, com pala-vras e atos. a evangelização se completa quan-do fazemos, ao mesmo tempo, o testemunho,

o serviço, a comunhão e o anúncio. assim fez o nosso mestre, cabeça da igreja.

Que possamos, neste novo ano, viver a Campanha da Fraternidade em todos os níveis eclesiais: nas comunidades, nas paróquias e na diocese inteira. Façamos uma abertura solene, na Quarta-feira de Cinzas, dia 18 de fevereiro, e mantenhamos atividades o ano inteiro. o texto da CF nos apresenta muitas sugestões.

Ismar Dias de Matos, professor de filosofia e cultura religiosa na PUC Minas

E-mail: [email protected]

Servir é o destaque da

O Papa Francisco imita o exemplo de humildade de Jesus Cristo e nos convida a segui-lo (Imagem: Arte sobre divulgação)

campanha da Fraternidade em 2015

“Nossa Igreja é constantemente desafiada

a sair dos templos e acolher as pessoas onde quer que

elas estejam”

“A evangelização se completa quando fazemos,

ao mesmo tempo, o testemunho, o serviço, a comunhão e o anúncio”

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4informativo da Paróquia - Nossa sra. do rosário de Pompeia - Frades Capuchinhos - Fevereiro de 2015

caTEQUESE EScolar

FASE UM: o tEMpo do cAtEciSMo

“bença, mãe, tô indo pro catecismo!” ou mais recentemente: “Tchau, mãe, tô indo pra aula de catequese!”. e juntando sua pastinha com livro, caderno, lápis, borracha e caneta, lá iam as crian-ças fazer o catecismo ou o curso de catequese. Quantas vezes ouvimos falar “aula de catequese”? e “professora” ou “aluno de catecismo”? e não pas-samos nós mesmos por arguições ou provas para ver se podíamos fazer a primeira comunhão? em algumas paróquias, implantou-se até o dever de casa, feito só pela criança ou com a ajuda dos pais. e o caderno ficava cheio de anotações religiosas. a identificação entre catequese e aula de religião que ainda hoje se impõe na prática pastoral vem de outros carnavais, ou melhor, de práticas cate-quéticas bem antigas. Vamos elencar duas fases diferentes dessa catequese: a primeira tem raízes na reforma protestante e no Concílio de Trento (o catecismo) e a segunda na renovação catequética que se firmou no Concílio Vaticano ii (o curso de catequese).

a primeira fase se deu num tempo em que a igreja Católica se viu ameaçada pelo protestantis-mo. Nesse contexto, era preciso ensinar a fé cristã. o Concílio de Trento providenciou isso por meio do catecismo dos párocos. e muitos outros surgi-ram nesse período. era preciso dar informações sobre a fé cristã católica: os mandamentos da lei de deus, os sete sacramentos com sua doutrina, as leis da igreja, as principais orações que deviam ser decoradas, as perguntas do catecismo que de-veriam estar na ponta da língua no dia da argui-ção.

e o catequista perguntava: “Quem é deus?”, “Quantos deuses há?”, “onde está deus?” e as-sim por diante. Para cada pergunta, a resposta vinha pronta e certeira. “deus é um espírito per-feitíssimo, criador do céu e da terra”; “Há um só deus em três pessoas: Pai, Filho e espírito san-to”; “deus está no céu, na terra e em toda parte”. ainda hoje me lembro das aulas de catecismo que frequentei quando criança. e guardo na memória as respostas de difícil compreensão que fui obrigada a decorar, mesmo sem enten-

der. ainda sei de cor orações de fórmulas pe-sadas e estranhas ao meu mundo infantil que aprendi a recitar. eu juntava as mãozinhas e re-zava: “Ó meu Jesus, livrai-nos do fogo do infer-no...” e, no peito, meu coração de criança tremia

de medo de cair nesse lugar de horrores, com fogo e demônios horríveis. Na hora do terço a gente rezava: “salve rainha, [...] a vós bradamos os degredados filhos de eva, a vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas!”. sem saber o que rezava, ficava pensando por que motivo era eu filha de eva, se minha mãe se

chamava maria angélica, e que vale de lágrimas era esse se eu morava no sopé da montanha, fe-liz da vida no meio do mato.

a catequese pensada para o século XVi, quando houve a reforma protestante e conse-quentemente o Concílio de Trento, não fazia mais sentido para uma criança da segunda me-tade do século XX, já influenciada pela razão, possuída de desejo de saber todas as coisas. Poderíamos enumerar os exemplos ao infinito, mas estes são suficientes para percebermos que as aulas de catecismo traziam informações sobre deus, os santos, o céu, o inferno, a vida católica e seus rituais, mas elas não se preocu-pavam em explicar as razões da fé. a igreja – portadora da verdade de deus – se contenta-va em transmitir as verdades da fé professada. a catequese era uma aula, mas uma aula ao modo antigo, não como hoje quando se faz a construção do conhecimento a partir das con-dições próprias do aprendiz. a primeira fase da catequese escolar entendia o catequizando como uma espécie de “cabeça oca” que devia ser preenchida pelas verdades da fé que a igre-ja lhe transmitia. Foi uma fase curiosa da cate-quese, pensada especialmente para responder ao problema do momento: as controvérsias da igreja Católica com as igrejas da reforma. No seu tempo, deu seu fruto. mas, certamen-te, não é essa catequese que propomos hoje para a nossa paróquia, quando nossos tempos não são mais de disputas entre as igrejas, mas de tolerância e diálogo, tempo não mais de monopólio da fé por parte da igreja Católica, mas de pluralismo religioso, de ecumenismo, de diálogo inter-religioso. a fase do catecismo durou do século XVi até o começo do século XX, e nós já estamos no século XXi! o século XX experimentou fortes mudanças que exigiram da igreja uma mudança também na cateque-se. uma nova fase da catequese começou a ser gestada: a reflexão catequética se difundiu ra-pidamente, mas sua implantação foi lenta. so-bre essa segunda fase da catequese, falaremos na próxima edição. Não perca!

Solange Maria do CarmoMestre em teologia bíblica e doutora em

teologia catequética

“Sem saber o que rezava, ficava pensando por que

motivo era eu filha de Eva, se minha mãe se chamava

Maria Angélica”

“A identificação entre catequese e aula de religião

que ainda hoje se impõe na prática pastoral vem de

outros carnavais”

As aulas de catequese, com seus livros, cadernos, lápis, borracha, caneta e dever de casa (Imagem: desenho sobre foto de internet)

As aulas de catecismo traziam informações sobre Deus, os santos, o céu, o inferno, a vida católica e seus rituais, mas elas não se preocupavam em explicar as razões da fé (Imagem: desenho sobre foto de internet)

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5informativo da Paróquia - Nossa sra. do rosário de Pompeia - Frades Capuchinhos - Fevereiro de 2015

QUarENTENa dE ExErcÍcioSTEMpo liTúrgico: QUarESMa

Não raro, as verdadeiras alegrias só as en-contramos do outro lado de muitos infortú-nios. Não que a felicidade fosse sempre resul-tado de esforços penosos, uma conquista ape-nas de nossos empenhos. amiúde recebemos, por pura graça, dádivas inesperadas e imere-cidas alegrias. entretanto, permanece válido e uma frequente experiência humana: a cons-trução da própria humanidade exige também enorme disciplina, suor, renúncias e sacrifícios. Não se edifica a própria grandeza na superfície

de superficialidades, mas sempre e apenas no profundo de bem cavados e fortificados alicer-ces. esta é uma constante da vida humana: a terra da própria liberdade e grandeza só se al-cança do outro lado do deserto, cuja travessia nos custa quarenta anos (ex. 2, 3-35) e a esta-tura humana que mereça tal nome só se logra após um tempo longo e cheio de provas e pro-vações – quarenta dias (mc 1, 1-2).

esse é também o sentido religioso da qua-rentena de abstinência, jejum, renúncias e

sacrifícios que a igreja, nesses dias, prescreve aos seus fieis. Não o desprezo ao mundo e aos seus bens, o que seria uma ofensa ao próprio deus, não uma espécie de autoflagelação, o que seria uma patologia. mas a têmpera e a fortaleza do espírito, num exercício que nos torne capazes de suportarmos, sem fraquejos e curvaturas, os desafios e as exigências que a vida nos impõe.

Frei Márcio, OFMCap

Legenda: Tentações de Cristo. 1481-82. Por Botticelli. Capela Sistina, Vaticano. (Imagem: Reprodução)

Não há unanimidade entre os estudiosos sobre a etimologia da palavra Carnaval, mas a mais recorrente é que deriva do latim carnis levale, que quer dizer adeus à carne, e teria seu início na grécia, por volta dos anos 600 a.C. eram festas em que os gregos agrade-ciam aos deuses a fertilidade do solo e a pro-dução. Quase mil anos depois, em 590 d.C. a igreja Católica adota a comemoração como um período antecedente à prática da absti-nência e jejum da Quaresma, que tem início na Quarta-Feira de Cinzas e se prolonga até a semana santa. Como as demais datas ecle-siásticas que são definidas de acordo com a Páscoa, a terça-feira de Carnaval é sempre 47 dias antes dessa.

ao contrário do tempo da Quaresma, em que os excessos do ano devem ser expiados, inclusive os alimentares, nos dias de Carna-val há uma incessante busca por prazeres, como um momento de liminaridade, com a suspensão da ordem, principalmente num país como o brasil, em que parece que “o ano só começa depois do Carnaval”.

mas neste ano, diferentemente dos ante-riores, alguns festejos do Carnaval estão em vias de serem suspensos. a água, o elemento mais essencial para a vida, está se tornando

escasso. e essa escassez compromete a festa carnavalesca ao longo de todo o país, pois aglomerações de pessoas exigirão maior for-necimento de água. e de onde tirar? Como fornecer mais?

Há notícias sobre a possibilidade de can-celamento de carnavais em algumas cidades, mas tantas outras não se absterão de tão tra-dicional comemoração. assim, não só por causa do Carnaval, mas também em função dele, cabe reforçar a palavra de ordem: eco-nomizar água. a abstinência e o jejum deste ano, não por uma questão de expiação, mas de sobrevivência, deverão iniciar antes mes-mo da Quaresma: todos, carnavalescos ou não, devemos nos abster do uso excessivo e irresponsável da água. se ainda não estiver fazendo a sua parte, comece agora. bom Car-naval!

Andréa Matos R. M. CastroAdvogada; mestre e doutoranda em ciências

sociais

carNaval

MUiTa FESTa para poUca ágUa

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6informativo da Paróquia - Nossa sra. do rosário de Pompeia - Frades Capuchinhos - Fevereiro de 2015

acoNTEcEU Na paróQUia coziNha Fácil

dica dE lEiTUra

Imagem: devaneioselivros.blogspot.com

a obra narra a história de Paulo rigger, filho de rico cacauicultor, que retorna ao brasil, após sete anos em Paris. o protagonista deseja parti-cipar da vida política e intelectual do país, mas tem uma relação de estranhamento com o brasil do Carnaval, por acreditar que a festa popular mantém o povo alienado. depois de embates com a cultura popular brasileira, rigger decide voltar para a europa. Para alguns críticos, a obra é um retrato geracional, por seu autor, então com 18 anos, relatar a juventude ansiosa da época.

este e outros livros você encontra na biblioteca dos Capuchinhos, localizada na rua iara, 171 – Pom-peia, aberta de segunda a quinta, das 13h às 17h.

Marli Teixeira Miranda, bibliotecária

o paÍS do carNaval,de Jorge amado

(Foto: modaeafins.com.br)

Mouse fácil de maracujá

ingredientes2 caixas de gelatina de maracujá2 xícaras de água quente1/2 xícara de suco de maracujá2 xícaras de leite1 lata de leite condensado1 lata de creme de leite sem soro5 maracujás (fruto)

Modo de preparoPrepare a gelatina com a água quente. depois é só ba-ter todos os ingredientes no liquidificador e colocar numa travessa para gelar. Com os maracujás, retire as sementes e decore.

dica de decoração: sementes de maracujá, folhas de hortelã, favos de baunilha, chantili ou chocolate meio amargo derretido.

BAtiSMo do SEnhor

A celebração do Batismo do Senhor, no dia 11 de janeiro, às 19h, emocionou os fiéis. Presidida pelo Frei Romero e com a participação da Pastoral do Batismo, foi um importante momento de reflexão e renovação das promessas de fé (Fotos: Pastoral do Batismo)

Fonte: PASCOM- Pompeia

caça palavraS

volTa àS aUlaS

Terminadas as férias, eis que estamos de VoLTa Às auLas. e esse pode ser um lindo e rico momento:

muitos vão encontrar novos CoLegas, novos ProFessores, reencontrar amigos, cursar novas disCiPLiNas. É tempo de contar o que aconteceu nas férias, partilhar a aLegria do reencontro. Para alguns, a volta às aulas pode representar muita NoVidade: nova escola ou até mesmo nova cidade, novo país. muitos terão que se adaptar a uma vida diferente, como os pequeninos, que estão começando este ano e irão frequentar uma esCoLa pela primeira vez. Vida nova! Por isso, é preciso estar com ÂNimo renovado, com grande eNTusiasmo! mesmo assim, serão bem-vindos os Feriados e os recessos escolares, pois ninguém é de ferro! o rosário deseja a todos bons esTudos e muito suCesso! afinal, estudar é uma aVeNTura maravilhosa.

c r a S K l c M B F Y B E F a v N g B l dr o r o M d M o T S r S S v S o F S c E ix g l i K r T U E N T l E U v ç a v r T So a o E r S a T E U a ç p i d ç v i E E cl U r Y g c N c d z S N d a U d a S p d ii S i v a a S o E i F a o r T d a E o o pT r p E d N S r h g d r g d S S Q M r c lN a c U o S a c i E r E E S E E K o v l io d K ç ç a B a a v T a J S r r E l i a Nv S a S S d d d d o W i a N S o r g Y l aE c E o W i i o F W S Q o r a S l o a a SS a N i v o l T a à S a U l a S r T S E Fc r o a o d a ç a a E r c E a E S g E N lo a d N M B S v c a a i a d p F F o c i il p h g h a c E o B l W z K r o a a i a aa a U v E N T U S i a S M o v r l a a r rN c M i F N r E S U c E S S o p E N i E Ua h S o i M i o i a z a r E T o g i c a TK U d a i p M M K E p z o M v ç r M Q E Na h v i M a Y i r o M E M U c a i o c T Er F E r i a d o S r E B o o ç B a l ç o vg a i r g E l a T N E l E M K g o E d i a

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7informativo da Paróquia - Nossa sra. do rosário de Pompeia - Frades Capuchinhos - Fevereiro de 2015

págiNa FraNciScaNa

“Francisco, reconstrói a minha casa”

Crucifixo de São Damião. Século XII. Por artista desconhecido, atualmente na Basílica de Santa Clara de Assis, Itália (Imagem: Reprodução)

estamos acostumados a ouvir e a ler, seja por meio de escritos ou can-ções, e até em filmes, a expressão “Francisco, re-constrói a minha igreja!”. os franciscanólogos afir-mam, categoricamente, que a tradução mais fiel seja: “Francisco, não vês que a minha casa se des-trói? Vai, pois, e restaura-a para mim” (Legenda dos Três Companheiros cap. V, § 13,7). assim, a voz inte-rior que Francisco ouviu convocou-o a reconstruir a casa e não a igreja. Te-mos, portanto, o seguinte convite: “Francisco, re-constrói a minha casa”.

mas, afinal, qual a dife-rença em substituir a pa-lavra igreja por casa nes-sa expressão tão difundi-da entre nós?

Francisco, ao iniciar o processo ininterrupto de conversão, passou perto das ruínas da antiga igre-ja de são damião que es-tava abandonada em as-sis. ela era destinada aos peregrinos que por ali passavam. Possivelmente, por não ser mais rota de peregrinos, ao se deteriorar, passou a abrigar os leprosos de assis.

Francisco, passando por aquelas proxi-midades, sentiu-se atraído para nela entrar e rezar. mesmo estando em ruínas, havia ali um crucifixo. embora a igreja estives-se deteriorada, o Crucifixo de são damião, um belo ícone oriental, permanecia de pé, extremamente ereto e apenas empoeira-do. esse momento de oração foi um dos marcos na vida do poverello (pobrezinho) de assis, pois ele tomou um banho de luz, com aqueles enormes olhos do Crucificado

de são damião o inundando. e no seu ín-timo, ouviu o apelo: “Francisco, reconstrói a minha casa”. a partir daí, sabemos o que foi feito: ele reconstruiu a igreja Católica e nela nasceu a ordem Franciscana.

entendemos por reconstruir o laborio-so trabalho de construir novamente o que tenha sido destruído e procurar, cuida-dosamente, restaurar o que esteja caído. Francisco compreendeu que precisava re-construir a casa do seu coração, a eterna morada do sumo bem.

Francisco de assis, por meio de seu efi-caz testemunho, tornou-se universal. além dos franciscanos e franciscanas, todos so-

mos convidados à difícil tarefa de cuidar da casa do coração. enquanto ouvimos os apelos constantes à superficialidade, que nos conduz, quase sempre, a ruínas, voltar para a nossa interioridade e solidificar o próprio Cristo Jesus (1Cor 3,11) faz-se ne-cessário e extremamente desafiante para os nossos dias.

Frei Márcio, OFMCap

oração diante do crucifixode São damião

(São Francisco de assis. Tradução do latim feita por

Frei José carlos corrêa pedroso, oFMcap)

Sumo glorioso Deus, Ilumina as trevas do meu coração

E dá-me fé direita, esperança certa e caridade perfeita,

Bom senso e conhecimento, Senhor, Para que faça teu santo e verdadeiro

mandamento.

São Francisco ora diante do crucifixo de são Damião. Afresco. 1296-98. Por Giotto de Bondone, na Basílica de São Francisco de Assis, Itália (Imagem: Reprodução)

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8informativo da Paróquia - Nossa sra. do rosário de Pompeia - Frades Capuchinhos - Fevereiro de 2015