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Agitação Fepiana Página 3 Hong Kong - a semente de fogo no território chinês Páginas 4 e 5 A Revolução da publicidade Página 9 “A esperança das Américas ou o novo doente?” Páginas 10 e 11 Portugal mais Fashion Página 14 Beagle: Rumo à sustentabilidade Página 15 Agenda Cultural Páginas 16 e 17 Desporto na FEP Página 18 nº 12 • novembro 2014 • distribuição gratuita • Periodicidade: mensal www.facebook.com/fepianojornal Prefácio de Júlio Magalhães Guia Prático EMPREGO Bom e Já! O trabalho existe e há empresas a contratar. Saiba como conquistar essas vagas! Autor: Ricardo Peixe Págs.: 232 FRANCISCO LOUÇÃ EM ENTREVISTA “Eu não me canso ” Páginas 6 a 8 ERASMUS Da dropbox ao império romano Páginas 12 e 13

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Edição nº 12 - Novembro 2014

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Agitação FepianaPágina 3

Hong Kong - a semente de fogo no território chinês

Páginas 4 e 5

A Revoluçãoda publicidade

Página 9

“A esperançadas Américas ou o novo doente?”

Páginas 10 e 11

Portugalmais Fashion

Página 14

Beagle: Rumo à sustentabilidade

Página 15

Agenda CulturalPáginas 16 e 17

Desporto na FEPPágina 18

nº 12 • novembro 2014 • distribuição gratuita • Periodicidade: mensal www.facebook.com/fepianojornal

Prefácio de Júlio Magalhães

Guia PráticoEMPREGO Bom e Já!O trabalho existe e há empresas a contratar.

Saiba como conquistar essas vagas!

Autor: Ricardo Peixe Págs.: 232

FRANCISCO LOUÇÃ EM ENTREVISTA

“Eu não me canso ”

Páginas 6 a 8

ERASMUSDa dropbox ao império romano

Páginas 12 e 13

2 Nº 12 - novembro 2014

Passado mais um mês, como já vem sendo hábito, neste hall de entrada do vosso jornal dão de caras com um car-dápio dos principais acontecimentos que nos deixaram inequivocamente perturbados ao longo dos últimos tem-pos. Vá, pronto! Talvez sejam apenas episódios que se encaixam no leque da-quilo que são as notícias e esse desas-sossego seja até um pouco infundado. Todos os dias acontecem coisas, não é?! E ao longo de outubro não foi diferen-te. Do orçamento, a um lançamento explosivo, o rebuliço foi constante.

C o m e c e - s e , pois, pelas boas notícias. As previ-sões apontam para uma redução do desemprego. Os principais factos assim o indiciam. Ora vejamos: a Popota saltará para uma nova campanha publi-citária e, diva que é diva, não tem uma comitiva pe-quena; a Leopol-dina também não vai ficar parada e, usando da sua postura mais doce, andará a espalhar sorrisos, enquanto os ex-concorrentes da dita casa mais secreta do país se desdo-brarão em presenças pelos caminhos de Portugal e, quem sabe, no estrangeiro.

O regresso de tantas estrelas só podia ser sinal de que caminhamos a passos largos para a grande festividade do Natal. Aqui e acolá, vão surgindo al-guns sinais disso e nem mesmo o calor consegue abalar a chegada o espírito que invade tudo e todos nesta época. Se entretanto não formos atacados por

nenhuma frente fria e as massas de ar gelado lá da Europa tiverem decidido ir em excursão para outras partes do globo, teremos um Natal mais ao jeito carioca. Para depressão, já bastou tanto pingo no verão.

Mudando de cena, entramos no terceiro ato. Cumprida a exposição e vivido o clímax, dá-se o aguardado de-senlace. Com uma iluminação triunfal e a Comissão Europeia como pano de fundo, seguem as cortesias. Durão Barroso deixa o seu cargo de Presiden-te e entra Jean-Claude Juncker. Uma

nova comissão para um mesmo con-junto de desafios — emprego e cres-cimento. O futuro da União joga-se nesta Comissão, garante o protagonis-ta. Aclamações, agradecimentos... Ao fundo, surge Carlos Moedas, ladeado pelos colegas comissários. A sua no-meação ditou a saída de circulação dos enredos nacionais e a passagem para os agregados da ciência e da inovação. Usurpando os poderes da autoridade monetária, Passos Coelho cunhou, as-sim, o destino de Moedas. Um coisa é

certa: Portugal dá cartas na numismá-tica. Exemplo disso são os prémios in-ternacionais «Coin of the Year 2015», para os quais estão nomeadas duas mo-edas de edições comemorativas portu-guesas.

Vestidos a preceito, seguem os cum-primentos... Bem se podia confundir esta cerimónia com um outro evento made in Portugal. A leveza com que deslizam pela passerelle não denuncia a agitação que se vive nos bastidores. É muito corte e costura. Aos melhores criadores, juntam-se os melhores ma-

nequins e nenhum detalhe é descu-rado. De olhos postos no merca-do internacional, Portugal é fashion e a exportação des-tas criações é cada vez mais uma ten-dência. Os ritos repetem-se, ou-vem-se os aplau-sos e o estilista surge, ainda que timidamente, no palco onde desfi-lara o seu talento. É a combinação perfeita para a ce-

lebração desta indústria que faz jus à famigerada máxima “o que é nacional é bom”. Ponto.

Mais havia para juntar a este rol: uma descida do IRC; um projeto verde para a fiscalidade; aviões russos em vi-sita ao nosso país, duas vezes.

O pano começa a descer e os vossos olhos distraem-se com a próxima pági-na. Ao fundo ecoa: “2015 será um ano de grandes reformas”. É o Primeiro--Ministro quem o vaticina, dando o mote para uma sequela.

Um mês em três atos

JOÃO SEQUEIRA

3Nº 12 - novembro 2014

PEDRO MALAQUIASTÂNIA FREITAS

Testes, testes e mais testes! É a palavra que não sai da nossa cabeça, parece que está em todo o lado! Respira! Vamos ajudar-te a combater esse monstro horrível com as armas certas: gestão de tempo e hábitos saudáveis.

Um dos pontos a que os Fepianos devem dar mais atenção para melhorar a sua produtivida-de académica é a gestão do tempo. O problema não é ter muitas tarefas para realizar, mas a for-ma como utilizamos o tempo para tal fi nalidade. Gerir o tempo signifi ca defi nir e cumprir tarefas nas datas estabelecidas, porque “a sabedoria da vida está na eliminação do não essencial”.

Na gestão do nosso tempo é importante ter em mente vários pontos críticos. Saber quais são os nossos objetivos e prioridades, pensar no longo prazo, ter autoconhecimento, ou seja, perceber o modo como funcionamos melhor e saber o que queremos para o futuro e o que so-mos capazes de sacrifi car para o alcançar. Tam-bém é importante combater a desorganização pessoal e a falta de autodisciplina.

Para um processo efi caz de gestão do tempo, dividimos esse processo em três fases: o estabe-lecimento de objetivos, de prioridades e o pla-neamento pessoal.

A primeira é bastante simples, basta ter em mente e como pano de fundo as questões “o que quero atingir?” e “em que período de tem-

po específi co o quero atingir?”. A junção das respostas a estas duas perguntas irão dar-te in-dicações sobre a meta e os teus objetivos. A sua criação é importante porque no fundo teremos algo mensurável, atingível e realista para que consigamos acompanhar a sua evolução.

O segundo ponto, o estabelecimento de prio-ridades, não é mais do que distinguir o que é importante do que é urgente. Ambas são quali-dades distintas dos objetivos. O grau de impor-tância dá-nos pistas para a quantidade de ener-gia e dedicação a atribuir à tarefa, isto é, quanto tempo vou gastar. O grau de urgência, por sua vez, dá-nos o prazo de realização. Podemos ver na matriz a sua relação.

Por último, foquemo-nos no planeamento dos nossos objetivos no dia a dia. Este plane-amento tem algumas vantagens: por exemplo, obriga-nos a pensar no futuro, a lidar com o fl uxo de trabalho e a evitar sobrecargas. Para a criação de um plano, basta seguir uma linha de pensamento:

• Defi nir o objetivo;• Estabelecer prioridades para todas as ta-

refas;

• Ser realista em relação ao tempo;• Dividir as tarefas quando estas são com-

plexas;• Desenhar o plano em função do tempo;• Escolher a melhor sequência das tarefas;• Defi nir os locais onde vamos realizar es-

sas tarefas;• Guardar tempo para imprevistos;• Transformar o ato de planear num hábito.Depois de tudo organizado, o importante é

“mente sã em corpo são”, por isso, agora vamos ajudar-te com a parte do corpo, pois sem ele operacional, não conseguimos estudar. Nesta época de estudo intenso, a fome instala-se e to-dos sentimos vontade de cometer excessos – co-mer uma pizza, só mais um chocolate, que não faz mal a ninguém, e até auxilia a estimular o cérebro, dizem… Tudo isto são pequenos vícios que têm de ser mudados e nós damos algumas dicas sobre como te manteres saudável:

• É importante dormir 8h e exercitar 1h, diariamente, pois ajuda-nos a descontrair e a fi car aptos para enfrentar mais uma maratona em frente aos livros;

• A rotina é importante para mantermos o nosso corpo a funcionar como deve ser e termos bons hábitos;

• Recorre a snacks saudáveis – frutas, iogur-tes, pão integral, entre outros. Todos es-tes alimentos vão-te saciar durante muito tempo;

• Não te esqueças de comer sempre 1 a 2 lanches entre as refeições;

• Por fi m, faz pausas de 10/15 minutos. Le-vanta-te e vai espairecer.

Alguns alunos da FEP tiveram a amabilidade de cooperar com o Fepiano e decidiram ajudar--te com alguns comentários e dicas sobre o tema.

AGITAÇÃO FEPIANA

Cria um sucesso saudável

“Estudo é prioridade, mas tem de haver sempre tempo para a atividade física por causa do seu contributo para a produtividade académica.

Mente sã em corpo são.’’

“Retirar a melhor experiência académica implica uma efi ciente gestão do tempo, a defi nição e o estabelecimento de metas e objetivos.

Principalmente, ter a ambição de agarrar novas oportunidades e fazer frente a desafi os, pois a

vontade e determinação já nos colocam a meio do percurso.”

“Nas alturas de exames, duas coisas são fundamentais para mim: dormir 8 horas todas as noites e fazer várias pausas ao longo do dia

para petiscar e beber água.”

RUI TAVARES3º ano da Licenciatura de Gestão

GONÇALO FIGUEIREDO1º ano Master in Management

MARIANA AGUIAR2º ano da Licenciatura em Economia

4 Nº 12 - novembro 2014

JOÃO PARREIRAMANUEL LANÇAPEDRO GONZALEZ

Os confrontos – abordagem política e económica

Desde o final do passado mês de setembro, tem-se assistido a protestos nas ruas de Hong Kong protagonizados por estu-dantes. O evento que despoletou estes protestos foi a proposta do governo chinês, de que os can-didatos às eleições de 2017 para o executivo do território fossem nomeados por um colégio elei-toral (leia-se pró-Pequim) antes do sufrágio. Isto significa que a democracia não seria livremen-te exercida em Hong Kong, o que culmina numa crítica ge-neralizada ao sistema eleitoral. Importa, contudo, ressalvar que estas manifestações não resul-

tam meramente da ausência de uma democracia plena. Há ou-tros fatores, por exemplo de na-tureza económica, que estão na génese dos protestos e que man-têm uma relação com o referi-do controlo do sistema eleitoral. São eles a grande desigualdade de rendimentos, sendo que um quinto da população de Hong Kong vive na pobreza, e, aliado a isto, o elevado custo de vida, que se traduz, em particular, na dificuldade de alugar ou com-prar habitação própria. Temos, portanto, causas de natureza po-lítica e económica na origem do protesto.

Não podemos ignorar, contu-do, para além das causas do pro-testo, as condições em que este se desenrola. Para explicar este últi-mo conceito, recorremos a um exemplo: os protestos estudantis de Tiananmen, em 1989. O es-

tado chinês reprimiu esta mani-festação através da força, pois a constituição não salvaguardava certas liberdades individuais dos cidadãos, como a liberdade de protesto e de associação. Aqui-lo a que assistimos em Hong Kong é completamente diferen-te, na medida em que,os seus ci-

dadãos têm direitos consignados na Hong Kong Basic Law, cujo texto foi extremamente influen-ciado pelos britânicos, aquando da transferência de soberania da Grã-Bretanha para a Repúbli-ca Popular da China. Para além disto, Hong Kong goza de inde-pendência jurídica em relação

Hong Kong – a semente de fogo no território chinês

Joshua Wong

Aos 18 anos, Joshua Wong é já uma refe-rência para a sua geração, protagonizando e liderando vários protestos e ações de de-sobediência civil. Neste momento, é classi-ficado como ameaça à segurança pelo Par-tido Comunista Chinês e já esteve preso por mais de 40 horas.Joshua Wong Chi-fung nasceu em Hong Kong a 13 de outubro de 1996, sendo-lhe diagnosticada dislexia pouco tempo depois. Desde muito novo, começou a interessar-se pela política e pelo ativismo, fundando, aos 14 anos, o “Scholarism”, um movimento que visa dar voz política aos estudantes. “Apesar de os estudantes serem menores de idade, ainda não terem profissão nem estatuto social, devem ter um papel para influenciar as políticas do governo”, afirma, justificando que estes são idealistas por natureza.

Em 2012, o seu movimento liderou um protesto de 120 mil estudantes que levou à ocupação da sede do governo, impe-dindo a implementação de um programa de educação considerado pró-China. Joshua chegou a trocar argumentos com CY Leung, Chefe do Executivo de Hong Kong, e recusou-se a apertar-lhe a mão. “Ele parece um gravador. Responde sempre com as mesmas palavras”, disse depois do debate.

Sendo um dos líderes dos protestos pela democracia que se têm vivido atualmente, Joshua não acredita que Pequim mude de ideias. “Nós lutamos pelo nosso objetivo sem analisar as possibilidades de sucesso. Se considerarmos a possibilidade de atingir o objetivo, não devemos envolver-nos no movimento social ou estudantil.” Neste momento, tem um livro publi-cado, “Não sou um herói”, um programa de rádio e escreve numa coluna de opinião.

Citando o filme de 2005 “V for vendetta”, Joshua remata: “O povo não devia ter medo do governo. O governo é que deve ter medo do povo.”

5Nº 12 - novembro 2014

à China continental, exceto em matéria de Relações Internacio-nais e Defesa. Esta demonstra-ção popular implica uma po-sição mais difícil para Pequim do que a de 1989, tornando-se também mais difícil a intimida-ção dos manifestantes pela força, como aconteceu em Tiananmen.

Os confrontos – abordagem histórica

“A possibilidade de um com-boio viajar rápido depende de quem comanda a locomotiva”, es-creve Xi Jinping . Cabe ao homem que o lidera, e não ao próprio par-tido, manter a coesão de um país com mil e trezentos milhões de habitantes, uma posição arrojada que destoa da adotada pelos seus antecessores, que sublinhavam a importância da instituição como um todo. Prudência e mão de fer-ro, os dois pilares de Pequim. Pru-dência, sim, porque o Partido Co-munista chinês (PCC) tem uma noção muito clara do seu passado: sabe que a sua impulsividade na década de 80 teve um grave im-pacto na imagem interna e exter-na e que não se pode dar ao luxo de agir novamente com tamanha brutalidade.

Recuemos até 1989. A 15 de abril morre Hu Yaobang, Secre-tário Geral do PCC entre 1982 e 87 quando foi obrigado a aban-donar o cargo devido às suas ideias liberais, demasiado ‘sub-versivas’ para os restantes mem-bros da cúpula do partido. Con-vidado a afastar-se, a integridade ideológica de Hu elevou-o ao es-tatuto de herói junto dos círcu-los intelectuais e estudantis que se mobilizaram, aquando da sua morte, e apelaram a mudanças na política do Partido Comunis-ta. Sendo conhecida a intransi-gência de Pequim em situações de reivindicação de novos direi-tos, não será difícil adivinhar a resposta que deu à exigência de liberdade de imprensa ou au-mento dos fundos para o ensi-no por parte dos manifestantes. Estabelecido o braço de ferro, e em termos demasiado simplistas para fazer justiça a todo o proces-so, o movimento foi ganhando força e dimensão, representando

uma ameaça grande demais para as autoridades chinesas. A opção tomada foi a mais simples: dis-persar através da força, naque-le que ficou conhecido como o Massacre da Praça de Tianan-men. Volvidos 25 anos, é impos-sível determinar exatamente o número de civis que perderam a vida às mãos do exército na noi-te de 3 para 4 de junho, e se os números oficiais se situam entre as duas e as três centenas, as es-timativas de publicações como o New York Times apontam, ge-ralmente, para pouco menos de um milhar.

De volta a 2014, as compara-ções são inevitáveis. Novamente temos um movimento de ocupa-ção estudantil, que tenta intro-duzir ideais demasiado democrá-ticos para o agrado do governo chinês. Falou-se numa ‘prima-vera asiática’. Foi sublinhado, e bem, que Hong Kong não é si-nónimo de China e que tem uma certa autonomia a nível interno, por mais que os interesses de Pe-quim interfiram. Seriam estes os herdeiros da geração de 89?

A resposta mais simples a dar será não. O partido limitou-se a esperar e não demorou muito até que o cansaço se apoderasse dos manifestantes e a euforia se dissi-passe. Pouco mais teve que fazer que controlar o mediatismo da situação e evitar que o exterior se imiscuísse em assuntos de uma região chinesa, ainda que sob administração especial. Chega-dos a novembro, é óbvia a perda de fulgor dos protestos ao longo do passado mês e a resignação do movimento Occupy Central com a sua impotência perante o poderio e a paciência de Pequim. No entanto, a falta de resultados imediatos não implica que todo o movimento tenha sido um fra-casso. Esta demonstração de des-contentamento com a submissão dos supostos ideais democráti-cos de Hong Kong aos interes-ses da elite governante, aliada à sua maior abertura ao exterior, podem vir a despoletar uma pro-funda alteração nas dinâmicas entre os dois sistemas, fruto da diligência destes jovens estudan-tes. Resta saber quando serão co-lhidos.

Hong Kong – a semente de fogo no território chinêsCY Leung

Figurando como terceiro Chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Hong Kong, CY Leung diz--se disposto a ouvir os estudantes, mas não abdica das suas linhas principais de orientação.Leung Chun-ying, mais conhecido por CY Leung, nas-ceu a 12 de agosto de 1954. Frequentou o King’s Col-lege antes de se licenciar em construção civil no “Hong Kong Polytechnic” em 1974. Continuou os seus estu-dos em Inglaterra, no “Bristol Polytechnic”, na área da gestão imobiliária.

Leung regressou a Hong Kong, mais tarde, e passou por várias empresas, tais como a “Jones Lang Wootton” ou a “Zhu Rongji”. Em 1993, cria a sua própria empresa de construção “C. Y. Leung & Co”. De 2002 a 2007, Leung foi membro do conselho de Governo de Singapu-ra que detinha a propriedade do “DBS Group Holdings Ltd” e do “DBS Bank Hong Kong Ltd”.

A carreira política de Leung, iniciou em 1985 quando ingressou no “Hong Kong Basic Law Consultative Com-mittee”. Foi eleito para Chefe do Executivo de Hong Kong a 25 de março de 2012, depois de ter passado pelo Conselho Executivo da região. Obteve 689 votos num universo de 1200 do Colégio Eleitoral, concorren-do pelo “Aliança Democrática para a Melhoria e Pro-gresso de Hong Kong” (DAB), um partido pró-Pequim.

Em relação aos protestos, Leung mantém-se leal a Pe-quim, embora se disponha a ouvir os estudantes. A sua opinião sobre a democracia em Hong Kong é clara: “Se houvesse democracia em Hong Kong, as pessoas mais pobres decidiriam as eleições.”.

6 Nº 12 - novembro 2014

Francisco Louçã, economista e político, no seu jeito pragmático e descontraído, revela-nos os meandros da cena política nacional e abre o seu álbum de memórias pessoais, recordando os tempos em que a liberdade era proibida. Uma viagem da ditadura de Salazar à “ditadura da dívida”.

JOÃO SEQUEIRAMATILDE ROSA CARDOSO

Quem é Francisco Louçã para lá da figura pública?

Ninguém é juiz em causa própria. O meu trajeto é suficientemente conhecido. Sou economista e fui deputado durante treze anos. Gostei muito de o ser, tendo-me de-dicado à luta pelas ideias que defendo, des-de muito novo, e assim espero continuar. Eu não me canso. Acho que temos tantas difi-culdades e uma crise de tal dimensão no país que precisamos de gente incansável.

Tinha 14 anos quando Marcello Ca-etano lhe perguntou o que pretendia seguir após terminar o Ensino Secun-dário, tendo-lhe respondido que queria Economia. Marcello Caetano comentou que era “um antro de comunistas”. Como encarou este comentário?

Com alguma surpresa, mas com muito agrado. Repare-se que toda a minha família estava ligada à luta contra o salazarismo. O meu avô tinha vivido quase toda a sua vida exilado e esteve preso várias vezes. Para todos nós, era muito claro o significado de ditadu-ra. Ouvir o ditador dizer que uma parte da universidade pública era um lugar de oposi-ção significou para mim, por si só, uma en-cantadora confirmação de que era bom estu-dar Economia.

Participou ativamente na luta política contra a ditadura e a guerra colonial, o que lhe custou a liberdade. Que acon-tecimentos recorda desses tempos?

Estive preso, na altura, na Capela do Rato. Um conjunto de cristãos – a que eu e alguns amigos estudantes nos associámos – fez uma ocupação simbólica de uma capela no centro de Lisboa, mantendo uma vigília e uma as-sembleia de debate sobre a guerra colonial. Estávamos em 1972 e a guerra ocorria já há

muito tempo, sendo um grande problema nacional. Foi uma iniciativa de imensa co-ragem por parte desses cristãos. Fiz grandes amigos, como Francisco Pereira de Moura, Luís Moita e António Pereira, que foram presos comigo e que, aliás, ficaram detidos durante mais tempo. Tinha acabado de fa-zer 16 anos e, portanto, estava no limite da legalidade da prisão. Foi um período mui-to diferente do que Portugal é hoje. Havia uma guerra colonial e uma ditadura, tudo circunstâncias que hoje não temos. Portugal modernizou-se profundamente graças ao 25 de abril e todo esse período foi exaltante, in-teressantíssimo, fascinante, uma história que está a ser feita por nós.

Terminou o Mestrado em Econo-mia e Gestão da Ciência e Tecnologia

com média de 18 valores, em 1992, e foram-lhe atribuídos diversos prémios de mérito. Que conselho pode dar aos estudantes para obterem sucesso aca-démico?

Eu não quero dar conselhos a estudantes, até porque sou professor, mas julgo que é preciso trabalhar sempre muito. É necessário estar-se muito atento à sociedade. A ciência é uma parte da cultura e do conhecimento e a Economia, em particular, é uma ciência social sobre pessoas, que têm dificuldades, com vidas difíceis, que lutam por si e pelos outros. Para os conhecer, é preciso dominar os instrumentos da Economia, as técnicas, a matemática, a estatística, as teorias, as ideias, os modelos e é necessário, sobretudo, conhe-cer a nossa gente, sendo preciso trabalhar muito para isso.

Acompanha aqueles que afirmam que a política em Portugal está descre-dibilizada?

As generalizações são sempre muito difí-ceis. “Ah! Portugal é um país marginal em que os políticos são todos iguais!” Eu creio que nada disso tem verdade. É claro que há uma governação com pouca credibilidade, porque conduziu a um enorme aumento do desemprego e da pobreza, vangloriando-se

FRANCISCO LOUÇÃ, ECONOMISTA E POLÍTICO, EM ENTREVISTA

Cavaqueando com...

“A democracia é sempre a base da credibilidade das soluções”

7Nº 12 - novembro 2014

disso. As políticas de austeridade são políti-cas destrutivas, são uma forma cruel de con-duzir a economia e, como tal, não podem ser bem recebidas pelas pessoas. Há, também, fenómenos de corrupção relativamente for-tes e graves, de desrespeito pela democracia, de autoritarismo, de submissão aos ditames de Merkel ou da União Europeia e tudo isso é descredibilizante. Por outro lado, a política é, também, cada pessoa com o seu direito a decidir, através do voto, da sua vontade e da sua voz, pelo que a democracia é, ela própria, sempre a base da credibilidade das soluções.

Conta que vivemos, atualmente, sob uma “ditadura da dívida”. De que for-ma nos podemos libertar desta?

A reestruturação da dívida é o ponto de partida para uma política económica razo-ável em Portugal. É necessário abater uma parte importante do peso da dívida sobre a economia nacional para que aquilo que pro-duzimos possa ser utilizado para a criação de emprego e para o desenvolvimento econó-mico e das competências do país. Se não for assim, Portugal será sempre um protetorado, o que é aterrador.

Caso não seja possível levar a bom porto uma renegociação da dívida, como defende, a saída de Portugal do Euro será o único caminho a seguir?

A saída constitui a solução última. Penso ser uma solução difícil, pelo que é preciso trabalhá-la bem. Esse trabalho está, em gran-de medida, por fazer para se perceber como se resolvem os problemas. Os economistas têm a obrigação de ser muito honestos com a opinião pública. O livro que escrevi com Ferreira do Amaral sobre o que fazer se a saí-da do Euro for inevitável é um livro que ape-la à inteligência das pessoas, pois não as quer convencer de facilidades, mas sim falar-lhes das dificuldades, o que, para mim, é o cor-reto. Contudo, a maior parte dos problemas mais graves podem ser resolvidos e, se Por-tugal não tiver outra solução, tem que ter a coragem de sair do Euro.

A Europa é o que nos vale ou o que nos sufoca?

Neste momento, é o que nos está a des-truir. Quando Merkel e a Comissão Euro-peia se permitem contestar um aumento do salário mínimo nacional ou a existência de contratos coletivos de trabalho, quando Merkel se permite criticar o sistema de edu-ção em Portugal, quer dizer que nos tratam como um sapato velho e que têm um grande desprezo pelo direito democrático do povo português tomar essas decisões; põem em

causa a nossa soberania sobre a matéria. A União Europeia transformou-se numa pri-são.

O que pensa sobre a crescente frag-mentação da Esquerda política portu-guesa e, particularmente, do Bloco de Esquerda, partido do qual foi fundador e coordenador?

Não falo sobre questões de vida política do Bloco de Esquerda, porque tal não me com-pete. São os seus coordenadores que o de-

Francisco Louçã“Os economistas têm a obrigação de ser muito honestos com a opinião pública”

8 Nº 12 - novembro 2014

vem fazer. Creio que qualquer processo de fragmentação é negativo, sobretudo porque há todas as razões para a convergência. Hoje em dia, há um consenso muito forte, em sec-tores muito amplos da sociedade, contra a desgraça das privatizações – veja-se o caso da PT. Assinei um texto, em conjunto com ou-tras pessoas relevantes, porque achamos que é inaceitável que se perca um bem público como o sistema de telecomunicações em Portugal. O mesmo se dirá em relação a um grande consenso sobre a questão da dívida. É possível criar uma convergência forte sobre temas decisivos que responda aos problemas nacionais. E isso é o contrário daquilo que tem acontecido.

Quando deixou a coordenação do Bloco de Esquerda, sugeriu, como aca-bou por se concretizar, uma dupla que lhe sucedesse. Quais considera serem os benefícios de uma coordenação bi-céfala?

O Bloco tomou uma decisão sobre como deveria funcionar. Há muitos partidos que têm coordenações entre um homem e uma mulher. Corresponde a uma noção de pari-dade, que é uma noção moderna. Se é útil ou não, cabe ao Bloco decidir.

Em 2010, participou na escrita do li-vro “Os Donos de Portugal”. Quem são eles?

“Os Donos de Portugal” identifica um conjunto de cem famílias (cerca de mil pes-soas), que têm, aproximadamente, metade do Produto português. É o núcleo chave da burguesia portuguesa, que representa 0,01% da população. Se considerarmos toda a clas-se social que está à sua volta, como os admi-nistradores e a estrutura de poder, reunimos 3% da população portuguesa, que podemos designar por burguesia. Esses são, em geral, os donos de Portugal. É envoltos nestes inte-resses que estão os grandes escritórios de ad-

vogados e é através destes mesmos interesses que se fazem representar os donos do sistema financeiro nas privatizações, mesmo quando sofrem de percalços importantes. Note-se o caso da família Espírito Santo, que agora perdeu uma parte importante dos seus ati-vos, porque entrou em falência.

Em coautoria, escreveu o livro “Os Burgueses”, um levantamento de todos os governantes portugueses dos deza-nove Governos Constitucionais. Foi fei-ta uma análise à carreira profissional de 776 pessoas e verificou-se que, ao saírem do Governo, grande parte destes ex-governantes foram ocupar lugares em administrações de empresas. Que comentário merece esta realidade?

Identificámos os ex-governantes que vêm das empresas e das administrações e aqueles que, depois do Governo, vão ocupar esses lugares, que é a situação mais comum. Há casos muito diferentes entre si, mas percebe-mos o peso que têm. Porque é que uma parte tão importante vai para empresas financei-ras, parcerias público-privadas ou para gran-des grupos económicos? Concluímos acer-ca desta inter-relação social que se faz entre governantes e o poder económico e de que modo se condicionam mutuamente. Cons-titui um retrato da forma como Portugal é governado.

Atualmente, é professor no Instituto Superior Economia e Gestão de Lisboa. Pondera regressar à vida política ativa,

nomeadamente candidatar-se às próxi-mas presidenciais?

Apesar de não ter saído da vida política, tenho responsabilidades muito diferentes. Acho que o princípio republicano significa que ninguém se deve perpetuar nas mesmas funções. Fui deputado durante treze anos, com muito gosto, mas acho que ninguém deve ficar toda a vida no Parlamento, nem o Parlamento deve ser a sua profissão. De-vemos dedicar-nos à causa pública e ser elei-tos e reeleitos, se assim o entendermos, mas tem que haver substituição dos lugares. Isso é muitíssimo importante. Tomara eu que fosse mais aplicado em Portugal. Tenho uma atividade de opinião pública intensa e conti-nuarei a tê-la. Sou leal ao meu partido. Acho muito importante que haja uma Esquerda de combate, com ideias socialistas, aberta, plural e com capacidade de modernização. As eleições presidenciais estão, ainda, relati-vamente longe. Creio que é importante que haja uma candidatura que represente a luta contra a austeridade e creio que há pessoas muito capazes de o fazer.

Um dos seus gostos pessoais é via-jar. Consegue planear facilmente a sua agenda de forma a fazê-lo?

Agora sim. (risos) Nos treze anos em que estive com funções importantes dentro do Bloco de Esquerda, nunca tinha nenhum fim de semana para mim. Só podia viajar nos poucos dias de férias que tinha. Prati-camente, não podia ir a congressos académi-cos. Continuei a publicar livros, que escrevia no Verão ou nas férias do Natal, mas tinha uma vida bastante limitada. Agora, passou a ser muito mais livre e isso permite-me plane-ar alguns passeios com muito gosto. Estive há poucos dias em Nova Orleães, que é uma cidade fascinante, que vive da música e que é o berço do jazz. Foi encantador.

O que o move e comove?Movem-me os valores que sempre tive e

que fui aprendendo, a curiosidade pelas pes-soas, o encanto por descobrir seres fascinan-tes, a vontade de lutar por um mundo que seja mais justo e no qual possamos sentir--nos melhor uns com os outros – a ideia de comunidade. Comove-me encontrar casos, pessoas, vidas que me ensinam muito. Sara-mago dizia uma coisa muito bonita: “A pes-soa mais culta que conheci foi o meu avô, que era analfabeto.”. Acho que ele resumiu muito daquilo que é a nossa história. Vivi momentos arrebatadores e espero viver ou-tros muito melhores. Zeca Afonso dizia que “os anos da revolução em Portugal foram os melhores da nossa vida”. De facto, foram os melhores anos da minha vida, mas espero ainda ter outros tão intensos, comoventes e fascinantes como aqueles.

O que vale realmente a pena na vida?Vale viver. Viver com os outros, viver para

os outros. Acho que a vida é magnífica.

“Comove-me encontrar casos, pessoas, vidas que me ensinam muito”

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CAROLINA REISREGINA CAPELARUI PEDRO

O advento das novas tecnologias tem per-mitido mudar paradigmas a uma velocidade sem paralelo num mundo sem barreiras, des-de a medicina à cultura, ou mesmo ao des-porto, potenciando notícias no momento, em qualquer lugar, desde que se tenha acesso à Internet.

No entanto, a publicidade foi ficando para trás nesta corrida, tal como a famosa tarta-ruga da fábula. O consumo de publicidade tornou-se imposto, originando uma nova tendência: o zapping. Esta inunda todos os intervalos entre programas televisivos, surge nos vídeos sem que a possamos ignorar na íntegra, em janelas pop-up, outdoors, revistas, basicamente em todo o lado. O discurso é sempre unidirecional e o consumidor, ain-da que obrigado a ver, não presta atenção ao que lhe está a ser transmitido. Está presente, estando ausente. Esta foi a primeira vaga de tentativas de trazer a publicidade para um sé-culo XXI cosmopolita.

Surgiu em janeiro de 2013 outra vaga que promete revolucionar a maneira como enca-ramos a publicidade – adfamilies. Foi cria-da pelas mãos de um grupo de quatro por-tugueses e baseia-se numa página web cujo propósito é a visualização de publicidade, mas, ao mesmo tempo, é muito mais do que isso, é toda uma rede social. Estar registado na adfamilies significa pertencer a uma co-munidade que pretende revolucionar a for-ma como a publicidade é consumida.

A adfamilies promove o consumo crítico de publicidade, no que dizem ser um diálogo entre a marca que a apresenta e o utilizador que comenta e faz as suas observações sobre o que vê. Desta forma, o espectador deixa de ser um elemento passivo nesta relação e as empresas passam a ter acesso a feedbacks, em tempo real, das reações e genuínas opiniões dos utilizadores, grupo que pretendem agra-dar e influenciar. A adfamilies trabalha para aproximar, de uma forma única, os consumi-dores e as marcas anunciantes.

Além do mais, surge como uma forma de se poder evitar a dispersão do investimento em publicidade, dado que as empresas rece-berão um relatório com estatísticas sobre a forma como foram avaliados os seus víde-os, acrescido à possibilidade que o utilizador tem de partilhar a publicidade noutras redes sociais. A empresa paga pelo número exato de classificações ou feedbacks únicos, permi-tindo um investimento totalmente controla-do e sem risco.

Em passos simples, o funcionamento da adfamilies passa por: registo na sua platafor-ma, visualização de anúncios e classificação

dos mesmos, criação de uma família virtual, partilha destes conteúdos e, por último, os ganhos. Ganhar dinheiro vendo publicidade é o que esta rede social inovadora propõe.

Para atrair novos utilizadores ou, neste caso, mais membros para a “família”, a adfamilies tem um sistema de recompensa em que, por cada comentário que é feito, é recebido um valor simbólico que depende da quantia que as marcas investem e, de cada vez que algum membro da família faz o mesmo, também se ganha uma comissão. Um anúncio visto e classificado pode traduzir-se num ganho de 6, 9, 18 ou 24 cêntimos para um utilizador. Este deve acumular os seus ganhos e, após concretizar um saldo de 20 euros, pode levan-tar o dinheiro, ou por transferência bancária ou através de um cartão oferta. A adfamilies disponibiliza ainda a facilidade do montan-te acumulado pelos utilizadores ser canaliza-do para doações a instituições de caridade por parte dos utilizadores.

A adfamilies já conseguiu fazer com que alguns utilizadores ganhassem dinheiro; um deles, o primeiro a efetuar um levantamen-to, fê-lo por transferência bancária no valor de 21 euros e mostrou-se satisfeito quan-to à mecânica da plataforma, alegando, no entanto, que “ninguém vai enriquecer com isto”.

Em explicação a um utilizador da rede so-cial, um dos fundadores revela: “Temos mui-to gosto em beneficiar as pessoas pela sua atenção e opinião e em revolucionar a forma como a publicidade é consumida, porque achamos que assim é que ela faz mais sen-

tido, tornando uma relação “win-win” para todas as partes envolvidas.”.

Por outro lado, existe, também, quem não se revele tão satisfeito com a rede social, ex-plicitando que não é rentável o suficiente, tendo em conta o tempo que se gasta na vi-sualização dos anúncios.

Está disponibilizado, ainda, um ranking dos utilizadores mais recompensados nos primeiros dois meses, que ilustra a visão dos menos satisfeitos:

1º 5,61J

2º 3,07J

3º 2,94J

4º 2,63J

5º 2,55J

No entanto, um dos fundadores — João da Maia Jorge — afirma: «Pela nossa estima-tiva e, falando em valores mínimos, vendo e classificando cinco a oito anúncios por dia, no final do mês os utilizadores terão um ren-dimento de cerca de 35 euros».

A adfamilies conta já com a participação de várias marcas como a Allianz, KIA, Pingo Doce, MEO, Heineken, Sumol, EDP, Fiat, Compal, Coca-Cola, Millennium BCP, Ikea, entre muitas outras.

Nos primeiros três meses de atividade, a família adfamilies contou com mais de 40 mil utilizadores, 250 mil visualizações de anúncios e com uma acumulação de mais de 10 mil euros por parte dos internautas.

A Revolução da Publicidade

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“A esperança das Américas ou o novo doente?”Recessão económica, inflação a rondar os 6,7% e um audacioso esquema de corrupção na Petrobras não foram suficientes para negar à presidente Dilma Rousseff a reeleição para um segundo mandato. Dilma destronou o seu desafiante Aécio Neves (do Partido da Social Democracia Brasileira) por 51,63% contra 48,36% dos votos.

DANIEL SALAZARTERESA SOUSA

Todos estes dados económicos parecem contrastar com a pu-jança vivida pelo Brasil no iní-cio de século. Afinal, onde está o Brasil que vimos outrora? Será a expansão económica vivida es-tável e duradoura ou não passa-rá além de um fenómeno con-juntural e efémero? Conseguirá Dilma manter e estabilizar as re-formas levadas a cabo pelo seu antecessor, Lula da Silva? Vamos por partes.

A 1 de janeiro de 1995, a na-ção brasileira acordou sob a égi-de de um novo presidente, de seu nome Fernando Henrique Cardoso. As grandes bandeiras nos seus dois mandatos foram a política de estabilidade, assente na continuação do Plano Real (criado pelo próprio, enquanto Ministro da Fazenda em 1994, com o objetivo de controlar a in-flação, cuja taxa atingira 46,58% ao mês em junho de 1994) e a liberalização e abertura da eco-nomia ao exterior, promovendo inúmeras privatizações nos seto-res das telecomunicações, ener-gia, mineração e financeiro. Ao longo do seu mandato, a eco-nomia brasileira manteve-se es-tável, consequência do controlo da inflação conseguido com o Plano Real, o que permitiu a en-

trada de quantidades maciças de investimento externo.

Muitas vezes desconhecido e ignorado, Fernando Henrique Cardoso criou as bases sobre as quais a economia brasileira se pôde expandir e gerar recursos para que os governos seguintes de Lula da Silva pudessem criar extensos programas de apoio so-cial. Ironicamente, enquanto lí-der da oposição, Lula discordou de grande parte das políticas de Fernando Henrique Cardoso.

Sob os mandatos de Lula e Dilma Rousseff – ambos do Par-tido dos Trabalhadores (PT) —, foi possível um crescimento sig-nificativo da classe média brasi-leira, graças ao programa social “Brasil sem Pobreza”, do qual se destaca o Bolsa Família, que teve um papel decisivo na melhoria das condições de vida da popu-lação. Destacam-se, também, os subsídios e acordos estatais em prol do controlo dos preços da gasolina e da eletricidade, bem como a forte política de aumen-tos salariais e diminuição da taxa de desemprego, que se encontra atualmente nos 5%. Nos últi-mos 4 anos, o rendimento mé-dio aumentou cerca de 10% e, no presente ano, as Nações Uni-das retiraram o Brasil do Worl-dHungerMap.

Contudo, a economia brasi-leira encontra-se num período de recessão técnica, com pers-petivas de expansão económica abaixo de 0,3% para 2014. No final do ano, o PIB terá aumen-

tado, em média, 1.6% em ter-mos anuais desde que Dilma tomou posse, em 2011. Estes va-lores contrapõem-se aos do go-verno de Lula da Silva, durante o qual o país cresceu, em média, 4% ao ano.

Apesar do Partido dos Tra-balhadores associar esta desa-celeração à conjuntura interna-cional desfavorável, a oposição política aponta o governo de Dilma como o responsável pela deterioração da economia, en-cetando políticas insustentá-veis de estímulo ao consumo. A forte política de redistribui-ção de rendimentos e de cortes nas taxas de juro praticadas pelo Banco Central do Brasil, conti-nuadas num ambiente de crise financeira a nível internacional, levaram ao aumento progres-sivo do défice das finanças pú-blica e à consequente emissão de dívida sobre a qual recaem juros por norma elevados. As agências de rating classificam a dívida brasileira como sen-

do de considerável risco de in-cumprimento. Por outro lado, salienta-se o aumento do défice comercial e a insistência numa elevada carga fiscal, que se en-contra próxima da praticada nos países europeus. Também a burocracia imposta na vida em-presarial e, em última instância, os tumultos sociais reivindica-tivos por melhores serviços pú-blicos, ocorridos recentemente, contribuíram para o clima de recessão instalado.

Tendo sido 2014 um ano de eleições presidenciais, esta con-juntura desfavorável foi alvo de escrutínio por parte de Aé-cio Neves, principal candidato opositor a Dilma Rousseff, cujo programa eleitoral passava pela liberalização económica sem, no entanto, pôr fim às ajudas sociais, como o Bolsa Família. Tornar o Banco Central do Bra-sil independente, fomentar o in-vestimento privado, aumentar a disciplina financeira e diminuir as barreiras ao comércio externo

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“A esperança das Américas ou o novo doente?”seriam medidas prioritárias do seu governo, bem como a refor-ma do código burocrático e do sistema tributário.

Por sua vez, Dilma Rousse-ff apelou para as consequências sociais das medidas propostas por Neves, que poriam inevita-velmente em causa os progres-sos alcançados pelo seu governo. Comprometeu-se a dar conti-nuidade à política de comba-te às desigualdades sociais e de

empréstimos subsidiados às em-presas, restaurando o crescimen-to por esta mesma via, aliada à recuperação da economia mun-dial. Adicionalmente, anunciou a saída do ministro das Finan-ças, Guido Mantega, num even-tual novo governo. O controlo da dívida pública e da inflação estariam na agenda do próximo governo.

No dia 26 de outubro, os bra-sileiros votaram: Dilma ganhou pela margem de vitória mais re-duzida na história do Brasil. A tendência do eleitorado seguiu as linhas clássicas da Histó-ria: o sul e o sudeste brasileiro, zona mais rica do país, apoiou maioritariamente o político de centro-direita; já no norte e no nordeste, onde os níveis de ren-dimentos são menores, a prefe-rência foi a escolha da até então Presidente.

A derrota do “candidato dos banqueiros”, designação satiri-camente atribuída a Neves por Lula da Silva, fez sentir-se nos mercados financeiros. Na última semana de campanha eleitoral, o índice Bovespa caiu 6.8%, à me-

dida que a vitória de Dilma se tornava mais provável. A 27 de outubro, dia da divulgação do resultado eleitoral, o índice re-gistou uma queda de aproxima-damente 6%, entre os quais se destaca a má prestação da esta-tal Petrobras, com uma contra-ção de 12%. O real desvalorizou 1.91% face ao dólar americano, para o valor mais baixo nos últi-mos nove anos.

A animosidade entre o gover-

no do Partido dos Trabalhadores e os investidores tem sido uma constante na economia brasilei-ra. Desde a primeira tomada de posse de Dilma, o real desvalo-rizou cerca de um terço (contra o dólar americano) e o mercado bolsista contraiu 25%. A dimi-nuição da produtividade tem sido largamente associada ao in-tervencionismo do governo bra-sileiro e a reeleição da candidata socialista faz antever uma que-bra ainda mais acentuada do ra-ting da dívida pública.

Em suma, a uma economia em recessão aliam-se níveis de inflação elevados e contas públi-cas desequilibradas. Os ganhos resultantes da estabilidade mo-netária, alcançada com o Plano Real e com algumas reformas es-truturais realizadas no passado, parecem estar a exaurir-se. Tor-na-se particularmente percetível que as políticas tomadas neste segundo mandato de Dilma se-rão alvo de especial atenção por parte dos agentes externos, reve-lando-se cruciais na definição do futuro do Brasil a médio e longo prazos.

Imortalidade, após a morteDescoberta hipotética: Steve Jobs IX lança uma aplicação para

computadores que promete ser revolucionária. A partir desta, qualquer indivíduo fica capaz de gozar um tempo de vida ilimita-do e, também, de viver virtualmente a vida idealizada no tempo de vida dito convencional.

À tecnologia apresentada não poderá ser apresentada qualquer limitação técnica (necessidade de energia, por exemplo), mas uma questão deve ser levantada: deve a humanidade avançar para uma imortalidade virtual?

Eis alguns esclarecimentos e suposições: 1) qualquer experiência tem igual impacto sobre o indivíduo, quer na máquina quer na realidade; 2) a decisão de viver a imortalidade poderá ser tomada com a antecedência desejada, para evitar que um homicídio, por exemplo, nos impeça de ingressar nesta; 3) a entrada na máquina coincide necessariamente com o momento em que abandonamos em definitivo a realidade; 4) os custos de acesso à tecnologia são de tal forma baixos que não excluem qualquer indivíduo; 5) dentro da máquina, viveremos a vida que desejarmos e nada representará um entrave a tal.

Neste momento, já muitas pessoas assinaram o seu vínculo à máquina. Quando morrerem, terão a vida que imaginaram no tempo de vida útil, mas que, por alguma razão, não a consegui-ram efectivamente viver. Portanto, entrar na máquina representa a oportunidade de voltar a estar com um familiar perdido num acidente automóvel, ou, então, conhecer uma cidade que a nossa remuneração mensal nunca permitiu. Pelo que anteriormente foi definido, a virtualidade faz-se com as memórias elaboradas na re-alidade, o que significa que apenas poderei ir a Nova Iorque se, de facto, essa viagem representar um sonho meu. Ao indivíduo que nunca teve acesso a nada senão a uma sachola e à terra que produ-zia o seu alimento, “apenas” será expectável que da sua virtualida-de tire mais duas horas de descanso diário, ou a possibilidade de nunca ver a lenha faltar para aquecer a casa. Em suma, a nossa vida virtual está intimamente ligada às nossas experiências no plano real, ou, por outras palavras, faremos tanto da nossa imortalidade quanto formos capazes.

A máquina é, aparentemente, uma alternativa legítima a todos os nossos cansaços e amarguras. No entanto, por essa mesma ra-zão, estaremos desincentivados a investir na realidade. Por exem-plo, continuaremos dispostos a trabalhar 12h por dia para garantir o pagamento do nosso empréstimo à habitação ou da educação dos nossos filhos, se temos a possibilidade de seguirmos juntos para a máquina. Lá nem teremos que trabalhar, porque todos te-rão a oportunidade de ganhar o Euromilhões e ver a taxa de infla-ção manter-se baixa.

Ao agricultor nada dá mais prazer do que um pedaço de touci-nho embrulhado no pão com uma malga de vinho. Se na máquina apenas tiver esta experiência, perde um termo de comparação. E, se o gozo da felicidade assentar no conhecimento da infelicidade, o prazer de comer e beber bem perde-se no longo prazo, na me-dida em que há um contacto incessante com aquilo que nos dá prazer.

Constata-se que, não adivinhando a eternidade afastada do prazer, há fortes incentivos a alinhar no novo projeto deste Steve Jobs, o que poderá significar um ambicioso aumento da taxa de suicídio. A extinção da espécie humana na “realidade” parece um cenário plausível, mas, em contrapartida, no mundo virtual, con-tinuarão a nascer muitos bebés – ou não.

Independentemente disso, a humanidade exalta a descoberta.

JOSÉ GUILHERME SOUSAQUESTÕES (IN)EXISTENCIAIS

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José Manuel Travassos, estudante licenciado em Economia pela FEP, concluiu o seu último semestre de licenciatura na Facoltà di Economia Tor Vergata, em Roma, Itália. Após viver a experiência de uma vida, pretende agora iniciar a sua atividade profissional na Polónia.

SARA RIBEIROXAVIER BRANDÃO

Qual foi o critério que usaste para es-colher Itália como destino para Erasmus?

A minha primeira opção não era Itália, mas sim Praga, só que não havia vagas. Depois, ao olhar para a lista, acabei por fazer essa escolha, sem nenhum critério muito exigente, sem saber bem o que me esperava.

Em termos linguísticos, sentiste mui-tas dificuldades no que toca à compre-ensão e expressão?

Em termos de compreensão, facilmente se começa a entender tudo; no entanto, falar é mais difícil. Eu sei falar espanhol e, então, misturava muito as duas línguas, tanto que a primeira pergunta que os italianos me costu-mavam fazer era: “Spagnolo?”. Regra geral, conseguia comunicar.

E em termos de quotidiano e alimen-tação?

Se comesse apenas o que eles geralmente têm como oferta, era praticamente só à base de pi-zza e pasta. Um exagero! No entanto, aprendi a cozinhar e conseguia variar. Em termos de dia a dia, era casa-faculdade e festas. Nesse aspeto, em maior proporção do que estava habituado.

Relativamente à integração, foi um pro-cesso fácil? Holisticamente, consideras o povo italiano hospitaleiro?

No início não foi fácil. Nunca tinha mora-do longe de casa, do Porto. O primeiro dia foi difícil, mas a primeira semana já foi correndo melhor, à medida que conhecia as pessoas de Erasmus. O povo italiano poderia ser mais hos-pitaleiro, só ajudam se tiver mesmo de ser. Mui-to poucos falam inglês e, embora difira de pes-soa para pessoa, no geral não é como cá, que considero as pessoas muito acessíveis.

Sentiste muitas diferenças entre o mé-todo de lecionar na FEP e na faculdade em que estiveste?

Há muitas diferenças. Para começar, só um em cinco exames foi por escrito, tendo os res-tantes sido orais. Tive a sorte de me deixarem fazer a avaliação em inglês, em vez de italiano. Foram muito acessíveis. Era um ensino mais organizado, mas tive de fazer várias cadeiras de mestrado para obter as equivalências na FEP. No geral, foi positivo e gostei do método.

A Itália é o quinto país que mais tu-ristas recebe no mundo. Sentiste que, na faculdade e na cidade em que estiveste, havia efetivamente um ambiente interna-cional?

Na faculdade, embora houvesse imensos ita-lianos, lidei com pessoas de muitas nacionalida-des. Nas disciplinas lecionadas em inglês, tive colegas da Tanzânia, China, Coreia, de todo o mundo. Na cidade em si, nas zonas mais ricas e desenvolvidas, havia claramente esse clima in-ternacional, mais por força do turismo. Onde eu morava, era um local mais degradado, com muitos imigrantes e estudantes. Por vezes, eu parecia mesmo a pessoa mais italiana que lá es-tava. Havia imensos asiáticos, pessoas do Ma-grebe, entre muitas outras nacionalidades.

Muitos autores consideram Itália como o “Berço do Renascimento Cultural”. Na tua ótica, quem vai a Itália e, concreta-mente, a Roma o que deve impreterivel-mente visitar?

Eu viajei pouco, porque já conhecia Itália. No país em si, aconselho as cidades de Vene-za, Milão, Florença, Nápoles, Sicília e a própria Roma. Há imenso para visitar. Em Roma, o

Coliseu, a Praça de Espanha, o Panteão… Acho que é o imperdível, mas há muito para ver e um dia não chega.

Quando pensas em Itália, mais espe-cificamente na cidade onde estiveste, Roma, o que te vem à cabeça?

Inevitavelmente, o semestre que lá passei, a experiência de Erasmus. Por outro lado, se me perguntarem o que faz lembrar o Erasmus, é toda a aventura que vivi, conhecer pessoas dos quatro cantos do mundo, os passeios, as paisa-gens, as saídas. É difícil explicar sem o ter vivi-do; é o tipo de experiência que só depois de se viver se entende verdadeiramente.

Consideras Itália um local promissor em termos de oportunidade de emprego? Se te fosse proposta a opção de trabalhar em Itália, aceitarias?

Em termos de emprego, é um país melhor que Portugal. Recebe-se bastante bem, em par-ticular em Roma e Milão. Neste momento, não aceitaria, porque tenho outros planos: trabalhar na Polónia. Ainda assim, se, na altura após me licenciar, tivesse recebido uma proposta, muito provavelmente teria aceitado.

É do conhecimento geral, que o custo de vida em Portugal aumentou conside-ravelmente na última década. Sentiste muitas disparidades entre o nosso país e Itália nesta matéria?

Depende dos custos. Em termos de alimen-tação, era muito acessível, tanto ou mais que cá. Almoçava por 3J uma refeição completa,

JOSÉ MANUEL TRAVASSOS, LICENCIADO EM ECONOMIA PELA FEP, EM ENTREVISTA

MOBILIDADE INTERNACIONAL em Itália

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com prato, bebida, sopa e sobremesa, muito bem servida. Mesmo para jantar fora, perto dos grandes monumentos, não era nada exagerado. Quanto à cultura, também não se pagava mui-to e uma vez é suficiente para conhecer. Nos transportes, existe um título que tem o custo de 35J/mês e permite andar de metro e autocarro por toda a cidade de Roma. O mais caro é a habitação. Por um quarto em casa partilhada e numa zona degradada, embora perto do centro, pagava 380J. Mesmo assim, tive muita sorte, porque conhecia pessoas a viver em piores con-dições e a pagar 500J.

No que diz respeito à diversão noturna, consideras que há, de facto, uma multi-plicidade de opções durante a semana? Identificaste-te com o ambiente? Há al-gum momento ou curiosidade engraçada que possas partilhar?

Roma não é uma cidade conhecida pelas festas e diversão, mas quem procurar encon-tra sempre. No contexto de Erasmus, era pos-sível sair 7 dias por semana que havia sem-pre algo para fazer. A ESN (Erasmus Student Network) não era tão eficiente como em Portugal nesse aspeto; no entanto, nós mes-mos nos organizávamos e realizávamos en-contros. Com muita facilidade se juntavam 20 pessoas à última hora e se faziam churras-cos e festas. Com mais antecedência, era fácil

juntar 70 a 80 pessoas. Partilhar uma experi-ência é difícil, no meio de tantas! Certo dia, marquei com uma colega brasileira uma saí-da num restaurante, que ficava a 30 minutos de transportes públicos. Quando lá cheguei, ela não estava. Liguei-lhe e percebi que era um restaurante idêntico, que ficava a 5 mi-nutos a pé de minha casa. Estava um bocadi-nho alegre e, então, o regresso para casa não foi fácil. Estava perdido no norte de Roma e àquela hora ainda não havia transportes. Andei a vaguear e acabei por encontrar um autocarro que ia para próximo de onde que-ria. Entretanto, encontrei uns colegas de Erasmus e durante a viagem entrou um ho-mem com uns cachorrinhos e uma ovelha. Foi uma situação bastante caricata e diver-timo-nos imenso a tirar fotos e interagir. É curioso que, ao contrário do que vivia aqui, que era bastante previsível, em Erasmus to-dos os dias eram diferentes e não se sabia o que ia acontecer. É incrível. Um dia, quando for mais velho, acho que são estas pequenas

coisas mais estranhas que vou recordar; estes momentos com os amigos.

Que momento guardas para a vida?Não diria um momento, mas a facilidade com

que em Erasmus somos acolhidos por pessoas que não conhecemos. Naquele contexto, facil-mente oferecem teto e ajudam sem haver muita afinidade. Em muito pouco tempo, que é apenas um semestre, criam-se laços para a vida. Acho que viver um Erasmus é uma experiência imperdível e que toda a gente deve tentar vivenciar.

A experiência correspondeu às expeta-tivas? Repetias? O que mudou no Travas-sos?

Não correspondeu, diria mesmo que supe-rou. E claro que repetia. Tal é, que pretendo fazer mestrado na Alemanha. Quanto às mu-danças, sou uma pessoa muito diferente. Acho mesmo que, quando olho para trás, não gosto da pessoa que era, fazia coisas parvas. Tornei-me mais maduro, adulto e ganhei novos interesses. Além disso, antes nunca consideraria emigrar e, agora, o meu objetivo no curto-prazo é ter o meu 1º emprego no estrangeiro.

Se estivesses neste momento no ae-roporto e encontrasses um estudante da FEP prestes a partir para Itália em ERAS-MUS, que conselhos de última hora da-rias?

Aproveitar ao máximo, porque iria ser uma experiência excecional. A FEP e a ESN ajudam bastante e, como já exemplifiquei, as pesso-as vão ser bastante disponíveis, só têm de estar de mente aberta e serem acessíveis, serem vocês mesmos. Assim, vão conhecer grandes pessoas e a prova disso é que, se não tivesse criado grandes laços, não estaria de malas aviadas para Cracó-via, algo impensável há uns meses.

JOSÉ MANUEL TRAVASSOS, LICENCIADO EM ECONOMIA PELA FEP, EM ENTREVISTA

MOBILIDADE INTERNACIONAL em Itália“[Estava a andar de autocarro, quando] entrou um homem com uns cachorrinhos e uma ovelha”

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ALICE MOREIRAHÉLDER FERREIRARITA VALE

De 22 a 25 de outubro, a 35ª edição do Portugal Fashion arrasou Porto e Lisboa com um movimento de moda, criativida-de e design.

A abertura foi levada a cabo pelo Espaço Bloom — uma iniciativa empreendedora onde jovens estilistas, um dos quais entre-vistado pelo Fepiano, podem dar a conhe-cer as suas criações, bem como usufruir de um prémio de 1.000 euros, de acom-panhamento técnico, estratégico e promo-cional, caso façam parte dos 4 vencedores —, tanto no Porto como em Lisboa.

Decorreram vários desfiles a cargo de

renomados estilistas portugueses, como Nuno Baltazar, Miguel Vieira, Luís Bu-chinho, Luís Onofre, Katty Xiomara, Diogo Miranda e Fátima Lopes, estilista que encerrou com “chave de ouro” esta edição, que contou com cerca de 30 mil visitantes.

Este tipo de eventos, presente nas prin-cipais capitais mundiais da moda – Lon-dres, Milão, Paris e Nova Iorque –, é bastante relevante para a indústria têxtil a nível mundial, com um volume de ne-gócios de sensivelmente 2 biliões de eu-ros, onde a indústria portuguesa tem uma quota de 0,3%.

Iniciativas como o Portugal Fashion têm bastantes externalidades positivas, dado que permitem aos países que as al-bergam um elevado encaixe financeiro de-vido ao turismo e maior exposição inter-nacional dos designers.

Fazendo uma análise SWOT, identifi-camos como fraquezas da indústria têxtil nacional a baixa produtividade e formação dos recursos humanos e como ameaças as dificuldades de acesso ao crédito e a cri-se económico-financeira global. No entan-to, estas são compensadas por uma maior concentração empresarial — fusões e aqui-sições —, permitindo que as empresas na-cionais ganhem maior capacidade para competir com marcas estrangeiras, dado já possuírem um grande know-how e elevada tecnologia dos meios de produção.

A próxima edição daquele que é consi-derado o único evento verdadeiramente nacional de moda decorrerá em março de 2015.

Portugal mais FashionInteressados na vertente empreendedora do Portugal Fashion, entrevistámos Cristina Ribeiro, uma das participantes do Espaço Bloom, que viu o seu portefólio ser bastante divulgado.

Como chegaste ao Espaço Bloom?Foi devido a um projeto de final do curso (PAP) que realizei na Escola da Árvore.

A própria fez primeiro uma seleção das coleções com mais originalidade e qualidade de confeção e só depois marcou um encontro com Miguel Flor, coordenador do Espaço Bloom, decisor dos projetos a serem apre-sentados.

E o que é esse espaço? Está destina-do a quem, especificamente?É um projecto destinado aos alunos finalistas dos vários cursos de de-sign moda no norte e tem o propósi-to de ajudar à sua integração neste mercado e de expôr as suas ideias de forma a dar a oportunidade aos jovens empreendedores de singrar neste meio.

Que oportunidades é que sentiste que o Espaço Bloom te deu?Trouxe mais visibilidade à minha criação, que tem sido divulgada em diferentes meios de comunicação, nomeadamente as revistas Vogue e Elle, assim como na SIC Mulher.

Decorreram vários desfiles a cargo de renomados estilistas portugueses, como Nuno Baltazar, Miguel Vieira, Luís Buchinho, Luís Onofre, Katty Xiomara, Diogo Miranda e Fátima Lopes

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Depois de viajarmos pela tecnologia, biologia e pela magia das artes no seio do UPTEC, fomos a Leça conhecer o Pólo do Mar. Costuma-se dizer que “quem vai ao mar perdeu o lugar”, mas a Beagle foi e provou o contrário.

CAROLINA FERNANDESRAQUEL MENESES

A Beagle nasceu em 2011 da enorme for-ça de vontade de duas mulheres empreende-doras: uma engenheira ambiental, Elisabete Rodrigues, e uma designer de comunicação, Patrícia Falcão, numa tentativa de fazerem aquilo que verdadeiramente gostam. É uma empresa de comunicação onde todos os pro-jetos são personalizados, isto é, moldados a cada cliente, tendo uma base de trabalho sustentável e inovadora. Apresenta duas ver-tentes distintas, uma relativa à educação am-biental e outra referente à criação da identi-dade de marcas e realização de suportes para as empresas, onde um dos conceitos centrais é o ecodesign. Elisabete salienta que “todo o material tem de ser duradouro e cumprir o objetivo principal do cliente, mas há sempre a preocupação ambiental”. Em paralelo com estas vertentes, a empresa realiza consulto-ria, onde os clientes identificam o problema, contactam a Beagle, havendo o desenvolvi-mento de uma determinada ação para o solu-

cionar. Essa passa por ser uma imensidão de atividades, dependendo do caso em questão: produção de suportes, ações de rua, ações de formação, ateliers criativos, palestras intera-tivas… Não entraram no UPTEC com uma ideia, mas sim com a empresa formada há um ano e as sócias confirmam a sua ajuda in-cansável desta incubadora. Têm conseguido muitas parcerias e contactos através do UP-TEC, quer sejam empresas da casa ou exter-nas, e apoios a nível de espaço de trabalho e formações, dando ênfase a uma formação na Escola de Gestão do Porto de consultoria, onde lhes fornecem dicas sobre o mercado e uma panóplia de situações futuras possí-veis. Lembras-te de qual foi a empresa en-trevistada na edição anterior? Para os mais distraídos foi a Douro SkinCare e durante a conversa descobrimos que foi a Beagle que idealizou o conceito da empresa e o logó-tipo, bem como o nome da primeira gama de produtos: DVINE, ilustrando a existente colaboração entre as empresas do UPTEC. Outros projetos a destacar por esta empresa são os Relatórios de Sustentabilidade e Re-latórios de Contas da LIPOR, em que por

dois anos consecutivos a Beagle foi a escolhi-da, o evento anual do Dia do Ambiente em parceria com o seu cliente Ambisousa, onde algumas turmas de escolas participam para que as crianças disfrutem de jogos e ativida-des vocacionadas para a educação ambien-tal, entre muitos outros. Para além disso, Elisabete e Patrícia salientaram com esti-ma um projeto em que estão a trabalhar, no Centro de Educação de Vale de Cam-bra, uma vez que este está a dar os primeiros passos, tendo sido, não só todo o conceito e identidade do centro, mas também todas as ações posteriores, idealizado por elas. Nes-te sentido, Elisabete e Patrícia sentiram-se com “a chave na mão”, como elas próprias referiram. A equipa acredita que a distin-ção em relação às empresas concorrentes é a inovação e, principalmente, o contacto di-reto com os clientes que consideram fun-damental neste ramo. Elisabete reforça que o objetivo é satisfazer o cliente e que traba-lham no sentido de “os clientes sentirem que estamos ali para aquilo que eles querem de-senvolver”. Quando questionadas acerca do futuro, tanto Elisabete como Patrícia não es-condem a incerteza que sempre paira neste assunto, mas acreditam que o segredo passa por se manterem informadas sobre o mer-cado, a sustentabilidade ambiental e novos materiais, essenciais ao seu negócio. As zonas Norte e Centro são as áreas de incidência da empresa e é nelas que pretendem expandir o volume de negócio, para já. Terminámos a conversa, questionando-as sobre conse-lhos que dariam aos alunos da FEP interes-sados em ingressar no mercado de trabalho e, quase em simultâneo, Elisabete soltou a palavra “perseverança” e Patrícia a expressão “gostar do que se faz”. Ambas reforçam que é essencial acreditar nas próprias ideias, caso contrário serão facilmente abandonadas. Por fim, não desmentem a ansiedade de ser uma área difícil atualmente, mas sublinham que o primeiro passo para o sucesso é ser paciente e acreditar.

Beagle: Rumo à sustentabilidade

16 Nº 12 - novembro 2014

Agenda Cultural

GUSTAVO SOUSA

O grupo de rap bra-sileiro oriundo do Rio de Janeiro vai estar em Portugal de 19 a 22 de novembro com concertos por Coim-bra (Twiit), Lisboa

(Music Box) e Porto (Hardclub). O grupo constituído por Cert, Rany Money, Maomé, Batoré, Ari e Papatinho já existe há 8 anos, mas só ficou mais conheci-do internacionalmen-te depois do seu álbum

lançado em 2012 “Com os Neurônios Evoluin-do”. Nesta tour, o gru-po vai apresentar o seu último album “Bonde da Madrugada Pt.1” (2014) cujos temas mais abordados são crí-ticas ao consumismo, a

hipocrisia, a política e a falta de caráter, como a “Crew” afirma no site oficial.

É também no site ofi-cial que se pode fazer download gratuito deste trabalho do grupo.

Em relação ao con-certo no dia 22 de

novembro – Porto, Hardclub – está a ser organizado pela Primei-ra Linha e o evento vai ter, ainda, uma primei-ra parte com o grupo de Mem Martins: GROG-Nation. O preço de pré-venda dos bilhetes é 12,50 J e no dia 15J.

PAULO MARTINS

De certeza que a grande maio-ria dos leitores já perdeu muito do seu tempo a ver vídeos na Internet. Este vício dos tempos

modernos surge sempre em al-turas inconvenientes, como a época de exames pois, em vez de estudares, passas o teu tempo procurando na internet vídeos de gatinhos a brincar.

No dia 22 de novembro toda esta realidade será “esmiuçada” por João Paulo Sousa, rosto bem conhecido de todos aqueles que veem o Curto Circuito na Sic Radical, bem como os seus con-vidados que serão sempre rela-cionados com a temática, sendo que um deles é Joel Rodrigues,

o conhecido youtuber, pelo que humor já sabes que não irá fal-tar.

Se todas estas razões não fo-ram sufi cientes para te conven-cer, podes sempre contar com uma atuação musical por parte do segundo classifi cado do pro-grama Operação Triunfo, Diogo Leite, que irá fazer uma pequena incursão no fantástico mundo da música popular portuguesa.

Os bilhetes são a 10 euros e o espetáculo começa às 21:45h, pelo que, se não tinhas planos para este dia, agora passas a ter.

Ópera em três atos de Giu-seppe Verdi (1813-1901), com libretto de Francesco Maria Piave, inspirada na peça Le roi s’amuse de Victor Hugo.

Estreou a 11 de março de 1851, no teatro La Fenice em Veneza e vai estar no dia 14 de novembro numa das salas mais

emblemáticas do grande Porto, o Coliseu.

Aclamada por muitos como a primeira obra-prima da segunda metade da carreira de Verdi, a história trágica desta ópera orbi-ta em torno da conduta liberti-na do duque de Mântua, do seu bobo da corte, Rigoletto, e da

bela filha deste, Gilda.O insensível aristocrata tem

em Rigoletto um cúmplice e companheiro que oculta as con-dutas imorais do duque, mas o feitiço vira-se contra o bobo, ao tornar-se cúmplice do rapto da sua filha e culpado pela sua morte.

EVENTOS A NÃO PERDER

ConeCrewDiretoria em Portugal

LOL no Teatro Sá da Bandeira

RIGOLETTO no Coliseu do Porto

17Nº 12 - novembro 2014Nº 12 - novembro 2014

ESTREIAS DE CINEMA EM OUTUBRO

BOYHOOD: MOMENTOS DE UMA VIDA BOYHOOD

Género: DramaDuração: 165 minutosRealização: Richard LinklaterEstrelas: Ellar Coltrane, Patricia Arquette, Ethan HawkeClassificação: 8/10

O meu interesse por este filme surgiu depois de sa-ber que o ator principal — Ellar Coltrane — foi o mesmo durante os 12 anos da realização. De facto, Richard Linklater acom-panhou o crescimento de Ellar (que interpreta o pa-pel de Mason) dos 5 aos 18 anos. Ao longo do filme, acompanhamos a vida até ao ingresso na faculdade de um jovem com os problemas do quotidiano, passando pelas relações com os com pais, amigos, namoradas a outras peripécias da vida. Com efeito, o enredo não é, de todo, o de um filme de ação com um guião brilhante, mas não é por isso que deixa de ser extremamente interessante e cativante. Devemos aprender a dar valor à simplici-dade e é isso que admiro neste filme; os diálogos, as filmagens e as passagens ou falta delas combinam perfeitamente. O realizador reuniu-se com os atores todos os anos para filmar as cenas que são exibi-das de maneira cronológica e fazem de Boyhood um filme especial. Embora o filme se foque em particular no crescimento de Mason, não deixa de apre-sentar outros contextos mais universais do que a vida de um adolescente. São vários os momentos em que conseguimos encontrar semelhanças com a nossa vida e desen-volvimento desta ao longo dos 165 minutos. Por outro lado, um aspecto que não posso deixar de referir é a duração, que na minha opinião, é excessiva e pode tornar o filme mais “difícil”. Contudo, não é motivo para deixar de o ver. Recomendo!

Os últimos 16 anos foram marcados por uma brutal ascensão de Cris Nolan no mundo do cinema. Contando com a participação do seu irmão mais novo, Jonathan Nolan, na escrita de grande parte dos filmes, penso que todos concordam se disser que o filme menos bom que realizou foi o Insomnia em 2002, que mesmo assim é um filme com qualidade acima da média. Como produtor, Nolan já teve alguns falhanços, mas Interstellar, que é sobre ele que iremos falar, está longe de ser um.É o filme mais aguardado do ano. Se qualquer filme que seja produzido/escrito/realiza-do por Nolan, com banda sonora de Hans Zimmer, com o vencedor do óscar de melhor ator, Matthew McConaughey, e com a belíssima Anne Hathaway tem tudo para se tornar um dos filmes mais desejados, Interstellar eleva esse sentimento pois coloca-se num patamar tão elevado chegando mesmo a desafiar aquele que é o melhor filme de ficção científica, uma das maiores obras do cinema e da arte em geral, 2001: Odisseia no Espaço.Em 1968, o filme de Stanley Kubrick arrasava por completo as melhores expectativas que se poderiam existir. Em boa verdade, 2001: Odisseia no Espaço foi tão inovador que se fosse lançado hoje, enquanto escrevo isto, continuaria a surpreender. É este o desafio que Nolan teria que ultrapassar com Interstellar. Ele e o seu irmão situam a história num futuro não muito distante da realidade em que vivemos, em que os recursos naturais estão completamente esgotados e a única possibilidade de salvar a humanidade é encontrar outro planeta que seja habitável. Para isso, uma equipa de astronautas, recorrendo à mais avançada tecnologia, decide atravessar um wormhole (que teoricamente interliga diferentes pontos e diferentes espaços temporais no uni-verso). O filme tenta sempre ser o mais correto possível em termos científicos, o que não é fácil se pensarmos na complexidade da teoria da Relatividade de Einstein, e para isso Nolan contou com muitos conselheiros científicos especializados nestas áreas. Em termos visuais, o filme está obviamente extraordinário e é possível perceber que grande parte do orçamento de 165 milhões de dólares foi dedicada para efeitos visuais e especiais e a tecnologia IMAX, que já é uma das imagens de marca de Nolan, foi levada até ao extremo do seu potencial. Por isso, se tiverem possibilidade de assistir com o máximo de qualidade, não a desperdicem. Se em termos visuais e sonoros está excelente e a premissa do filme “dá pano para mangas”, falha no outro universo, não aquele que eles partem para explorar, mas sim aquele entre as personagens do filme. A exploração do lado humano bem como a complexidade de cada uma das personagens fica um pouco aquém do esperado, deixando-nos com uma sensação de vazio no final. Isto não significa que existam más representações, pois o elenco faz jus à sua qualidade, mas sim que haveria tanto ou mais para explorar na humanidade das personagens do que nas tecnologias e teorias científicas em que assenta o filme.Num veredicto final, podemos concluir que apesar de ser claramente um dos melhores filmes do ano, bem como um dos melhores filmes do Cris Nolan e estar no topo no que se refere a este género cinematográfico, Interstellar não vem mudar a história da sétima arte, tal como 2001: Odisseia no Espaço fez há já 46 anos atrás. Para isso acontecer, o filme teria que ter inovado muito mais do que aquilo que fez; no entanto, recomendo absolutamente que o vejam. E guardando para o final desta análise aquilo que mais gostei do filme, que é o seu final incrível, poderei dizer que será fruto de dis-cussão entre os cinéfilos para os anos que vierem, tal como o final que Stanley Kubrick deu ao seu filme foi e ainda é fruto de debate. A interpretação daquele final depende única e exclusivamente de ti e é isso que torna Nolan um dos melhores realizadores da atualidade.

RIGOLETTO no Coliseu do Porto

GUSTAVO SOUSA

INTERSTELLARInterstellar

Género: Ficção Científica,Aventura, Drama, MistérioDuração: 169 minutosRealização: Christopher NolanEstrelas: Matthew McConaughey, Wes Bentley, Anne Hathaway, Jessica Chastain, Michael CaineClassificação: 9/10

PAULO MARTINS

18 Nº 12 - novembro 2014

DESPORTO NA FEP

FEP League

FEP CUP

A bola já roda. O espectácu-lo começou. A FEP League está de volta e promete ser mais emo-cionante que nunca, com novas equipas, novo regulamento e novo pavilhão, entre muitas no-vidades.

O sorteio do grupo A, ditou desde já o confronto entre três dos semifinalistas da última época, Prescritos, JAS e IPM, além dos Jocivalter, também

habituados a essas fases avan-çadas. Na teoria, pelos resulta-dos a que nos habituaram, são estas as equipas que partem na pole-position. No entanto, pro-metem ter a concorrência dos históricos Zééé’s e eCORO-balls A.M.U.S., dos recentes Pi100Pé, assim como de três equipas estreantes, MOCHE, Passes Perdidos e Real Sucata. Ao fim da 1ª jornada, não se re-

gistaram surpresas, com os cinco primeiros citados a somarem os 3 pontos.

Já no grupo B, surgem os campeões em título, Atlético Atum, assim como os tradicio-nalmente temidos XERIFES UTD e CTT, que apresentam muitas novidades. Além destes, a equipa mais antiga em prova, a TAFEP, assim como os já co-nhecidos Siga Maluco, NC Ga-

lasataray e Montanelas United. Por fim, mais três estreantes, Os Pupilos do Houdini, WaitForIt e Serviços Fepcretos.

Ao contrário do Grupo A, ve-rificaram-se surpresas após a 1ª jornada. Nenhum dos três favo-ritos somou os 3 pontos, seguin-do os Siga Maluco e NC Galasa-taray na liderança. O confronto entre TAFEP e Serviços Fepcre-tos foi adiado.

GRUPO AClassificação Equipa Pontos Jogos Vitórias Empates Derrotas GM GS DG

1 Jamaican All-stars 3 1 1 24 0 242 Jocivalter F.C. 3 1 1 10 1 93 Prescritos 3 1 1 8 1 74 IPM 3 1 1 6 2 45 Zééé's 3 1 1 5 1 46 Passes Perdidos 0 1 1 2 6 -47 Real Sucata 0 1 1 1 5 -48 Pi100pé 0 1 1 1 8 -79 MOCHE 0 1 1 1 10 -9

10 eCOROballs A.M.U.S 0 1 1 0 24 -24

GRUPO BClassificação Equipa Pontos Jogos Vitórias Empates Derrotas GM GS DG

1 Siga Maluco 3 1 1 8 2 62 NC Galasataray 3 1 1 4 3 13 Os Pupilos do Houdini 1 1 1 5 5 04 CTT 1 1 1 5 5 05 Atlético Atum 1 1 1 3 3 06 Montanelas United 1 1 1 3 3 07 TAFEP 0 0 08 Serviços Fepcretos 0 0 09 XERIFES UTD 0 1 1 3 4 -1

10 WaitForIt 0 1 1 2 8 -6

Melhor Marcador

Equipa Golos Grupo

André Pereira

Jamaican All-stars

10 A

Nuno Pereira

Jamaican All-stars

5 A

Adler Lopes

Jocivalter F.C.

5 A

João Paiva

Jamaican All-stars

4 A

Henrique Sousa

CTT 4 B

Gonçalo Quintal

Prescritos 4 A

André Silva

Jocivalter F.C.

3 A

Diogo Cardoso

Siga Maluco

3 B

Nuno Oliveira

Os Pupilos do Houdini

3 B

Pré-eliminiatória oitavos de final Quartos-final meias-finais FINAL meias-finais Quartos-final oitavos de final Pré-eliminiatória

WaitForIt Os Pupilos do Houdini

NC Galasataray Moche

Real SucataeCOROballs

A.M.U.S

Serv. Fepcretos

Passes Perdidos

Atlético Atum

Zééé‘s

Prescritos

Xerife UTD

Pi100pé

Tafep

Montanelas United

Jamaican all-Stars

CTT

IPM

Siga Maluco

Jocivalter F.C.

 

AFONSO VIEIRAXAVIER BRANDÃO

19Nº 12 - novembro 2014

FILIPE SAMPAIO

No passado dia 15 de outu-bro foi apresentado o Orçamen-to de Estado (OE) para 2015. A meta para o défi ce orçamental é não ultrapassar os 2,5% do Pro-duto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, depois do objeti-vo em 2014 ter sido não exce-der 4% do PIB. Espera-se, tam-bém, que com o OE de 2015 a dívida pública diminua para va-lores de 128,7% do PIB, a taxa de desemprego prevista seja de 14,8%, e a taxa de evolução do PIB de 1,5%.

São de destacar no OE 2015, as mudanças que o mesmo tra-rá para as empresas portugue-sas, começando pela descida do IRC de 23% para 21%. Ainda que não tenha sido uma sur-presa, esta é a medida que mais afetará a vida dos grupos em-

presariais no próximo ano, ao benefi ciarem de um alívio da carga fi scal, que será progressi-vo até 2016. De facto, estima--se que naquele ano a taxa se fi xe entre os 17% e os 19%.

Relativamente às derra-mas, estas só desaparecerão em 2018. “Desta forma, o Governo concretiza o princípio da esta-bilidade e previsibilidade fi scal, que é um elemento fundamen-tal para garantir a efetividade desta reforma na promoção e atração de investimento”, pode ler-se na proposta de Orçamen-to do Estado.

Além destas alterações, as empresas devem estar atentas a outras mudanças, tais como a obrigação de comunicação ele-trónica de stocks em janeiro e novas regras na comunicação de bens em circulação. De acordo com o OE 2015, as empresas com uma faturação anual acima dos 100 mil euros, com conta-bilidade organizada e que este-jam obrigadas à elaboração de inventário, devem comunicar à Autoridade Tributária (AT),

por transmissão eletrónica de dados, o inventário relativo ao último dia do exercício.

No que diz respeito ao Re-gime de Bens em Circulação (RBC), a proposta de orçamen-to também prevê algumas mo-difi cações. Por exemplo, fi ca excluído da obrigatoriedade de comunicação o transporte de bens do ativo fi xo tangível quando efetuado pelo remeten-te, ou seja, apenas se o produ-to a transportar pertencer a ter-ceiros deverá ser comunicado o seu transporte. Outra reforma está relacionada com a clarifi -cação da fi gura do “remeten-te”, que poderá ser também um prestador de serviços que faça o transporte dos bens.

Por fi m, e com o objectivo de reforçar o combate à fraude e à evasão fi scal, que continuará a ser uma prioridade em 2015, o Governo pretende criar até ao fi nal de 2014 um novo Plano Estratégico de Combate à Frau-de e Evasão Fiscais e Aduanei-ras (PECFEFA), que será apli-cado entre 2015 e 2017. Para as

empresas, e no âmbito da pro-posta de Orçamento do Estado, salienta-se o reforço do sistema e-fatura, através da obrigação da comunicação anual dos in-ventários para todos os sujeitos passivos com volume de negó-cio superior a 100 mil euros, e reforço de competências e re-cursos da Unidade dos Grandes Contribuintes da Autoridade Tributária. O Governo, espera assim, compensar a diminuição das receitas provocadas pela re-dução da taxa de IRC.

Com todas estas alterações, o Governo português, clara-mente procura desincentivar não só a fraude e evasão fi scal, como também atrair maior in-vestimento externo para o país. Contudo, é importante lembrar que não basta diminuir o IRC para captar mais investimento. É necessário, essencialmente, que Portugal consiga garantir estabilidade política e económi-ca, e, tendo em conta os acon-tecimentos dos últimos anos, esse será certamente o maior desafi o.

O que muda para as empresas em Portugal…

Esta obra destina-se, antes de tudo, a servir de instrumento de base para alunos de cursos de Ciências Empresariais, mas não impede que seja igualmente uma obra de consulta para todos aqueles que se interessam por esta temática.

Trata-se de uma obra que tenta abarcar os conceitos mais utilizados em Gestão, Economia, Contabilidade e áreas afins.

Autor: Eduardo Sá Silva Páginas: 384

P.V.P.: € 16,90

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Dicionário de Gestão

20 Nº 12 - novembro 2014

Coordenação: João Sequeira e Matilde Rosa CardosoRedação: Afonso Vieira; Alice Moreira; Carolina Fernandes; Carolina Reis; Daniel Salazar; Guilherme Sousa; Gustavo Sousa; Hélder Ferreira; João Parreira; Manuel Lança; Paulo Martins; Pedro Gonzalez; Pedro Malaquias; Raquel Meneses; Regina Capela; Rita Vale; Rui Pedro; Sara Ribeiro; Tânia Freitas; Teresa Sousa; Xavier BrandãoPaginação: Célia César - Grupo Editorial Vida Económica, S.A.Impressão: UnicópiaMorada: Rua Dr. Roberto Frias, 4200-464 (Porto, Portugal) Contacto: [email protected] Facebook: www.facebook.com/fepianojornal Issuu: www.issuu.com/fepiano

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