fepiano (ii)

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nº 2 • maio 2013 • distribuição gratuita • Periodicidade: mensal www.fep.up.pt O essencial das BOAS PRÁTICAS DE GESTÃO. A arte de converter planos de negócios em resultados rentáveis Páginas: 112 P.V.P.: € 8.90 Alta gestão nas PME Páginas: 176 P.V.P.: € 8.90 Despedimento, Estagnação ou Promoção Páginas: 120 P.V.P.: € 8.90 Brevemente Que planos tem para a sua vida? Compre já em http://livraria.vidaeconomica.pt [email protected] 223 399 400 Páginas: 176 P.V.P.: € 8.90 Da autoria de Luis Castañeda. Do mesmo autor: Ex-aluno da FEP Paulo Rebelo fala-nos do seu trajeto de sucesso Em Abril de 2012, lançou o novo site AcademiaDasApostas.com onde agrupa a comunidade que nasceu no fórum PauloRebeloTrader.com, e a partir daí não tem parado de inovar e oferecer aos apostadores tudo aquilo que precisam para estudar e fazer apostas de valor. Pág. 7 PROF. AUGUSTO SANTOS SILVA EM ENTREVISTA “Julgo inaceitável que o ministro das Finanças fale como se as empresas não existissem” Páginas 4-5 Paredes com história Página 2 Erasmus em Riga Viajámos até Riga, a capital da Letónia Páginas 10 e 11 O endividamento público e o crescimento do PIB Professor Pedro Cosme Vieira faz a sua análise. Página 6 Queres ser voluntário? Página 6 Agenda Cultural Página 8 ESPECIAL QUEIMA DAS FITAS 2013

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Edição nº 2 - Maio de 2013

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  • n 2 maio 2013 distribuio gratuita Periodicidade: mensal www.fep.up.pt

    O essencial dasBOAS PRTICAS DE GESTO.

    A arte de converter planos de negcios em resultados rentveis

    Pginas: 112 P.V.P.: 8.90

    Alta gesto nas PME

    Pginas: 176 P.V.P.: 8.90

    Despedimento, Estagnao ou Promoo

    Pginas: 120 P.V.P.: 8.90

    Brevemente Que planos tem para a sua vida?

    Compre j em http://livraria.vidaeconomica.pt [email protected] 223 399 400 Pginas: 176

    P.V.P.: 8.90

    Da autoria de Luis Castaeda.

    Do mesmo autor:

    Ex-aluno da FEPPaulo Rebelo fala-nos do seu trajeto de sucessoEm Abril de 2012, lanou o novo site AcademiaDasApostas.com onde agrupa a comunidade

    que nasceu no frum PauloRebeloTrader.com, e a partir da no tem parado de inovar e oferecer aos apostadores tudo aquilo que precisam para estudar e fazer apostas de valor.

    Pg. 7

    PROF. AUGUSTO SANTOS SILVA EM ENTREVISTA

    Julgo inaceitvel que o ministro das Finanas fale como se as empresas no existissem

    Pginas 4-5

    Paredes com histria

    Pgina 2

    Erasmus em Riga

    Viajmos at Riga, a capital da LetniaPginas 10 e 11

    O endividamento pblico e o crescimento do PIB

    Professor Pedro Cosme Vieira faz a sua anlise.

    Pgina 6

    Queres ser voluntrio?Pgina 6

    Agenda CulturalPgina 8

    ESPECIALQUEIMA DAS FITAS

    2013

  • N 2 - maio 20132

    SEM AMARRAS

    GONALO SOBRAL MARTINS www.gsmar t ins .b logspot .p t

    Para a generalidade dos portugueses, Abril sempre lembrado como o ms em que se festeja a liberdade. A fase do ano em que sonha-mos, utopicamente, que ela existe. Neste mesmo ms, em que se celebra o fi m do regime ditatorial do Estado Novo e, por consequn-cia, a queda da censura , uma jornalista nacional foi suspensa e impedida de entrar nos estabelecimen-tos do canal televisivo onde labora(va), graas a uma pea jornalstica (diria inconveniente a algum). Esta a prova de que, quan-do menos se espera, samos queimados (leia-se cen-surados), numa sociedade aparentemente to liberta.

    Bem vistas as coisas, fal-ta pouqussimo tempo para que todos os univer-sitrios portuenses saiam, igualmente, queimados. A aclamada Queima das Fitas (e no s h sem-pre algum que tende a es-tender o verbo queimar a demais substncias) pro-mete, como j vem sendo hbito, deixar a sua marca e traz-nos um cartaz interes-sante que, certamente, no querero perder.

    Aproveito o referenciar do termo queimados para enunciar dois nomes: Ro-naldo e Messi. Ironia do destino (ou no), os ger-mnicos arrasaram com as equipas espanholas, na 1 mo das meias-fi nais da Liga dos Campees. Apesar destas palavras terem sido escritas antes da derradei-ra 2 mo, a ver pelos re-sultados, tudo aponta para que, fi nalmente, os alemes invadam a Inglaterra, por forma a disputarem a fi nal da liga milionria. Se fosse vivo, Hitler sentir-se-ia or-gulhoso de tal feito e, claro est, da actual Alemanha dominar a Europa pelos prismas econmico e fu-tebolstico.

    Portugal, um dos pases escaldados por brasas ale-ms, saiu rua de cravo ao peito. Na sesso solene do 25 de Abril, Cavaco Silva (de cravo na lapela e com a ferradura no bolso) falou ao pas j me havia esqueci-

    do da sua voz , indicando que, nos tempos actuais, indiscutvel a existncia de uma fadiga de austeridade na gente lusa. Posto isto, s temos a agradecer ao nosso (sempre atento) presidente por referir factos que nos poderiam passar ao lado, dado o nosso elevado ndi-ce de cansao. A sapincia patente nas suas frases di-tas de quando em quando, por forma a no fi carmos, tambm, exaustos de o ou-vir sintetiza algo, par-tida, complicadssimo ao comum dos mortais de en-tender: agora, para alm de nos sentirmos cansados de iluses, tambm estamos abalados pela fadiga que a crise gera em ns. Quem diria

    O chefe de Estado por-tugus ps, ainda, uns cavacos para a fogueira, criticando duramente a execuo de certas medi-das estratgicas, somente tendo em vista as eleies. Por outras palavras, Ca-vaco Silva desincentivou a nossa maior tradio poltica: prometer o que no se cumpre e cumprir o que no se promete. Num ms livre, seria digno propor a execuo de um referendo por cada medida poltica (austera) que no estivesse contida no pro-grama eleitoral. Se, por um lado, acredito que Portugal andasse em referendos dia sim, dia sim, por outro, julgo que este incmo-do dirio fosse prefervel usurpao constante que o Estado aplica ao nosso patrimnio. [Com o rumo que isto toma, talvez imi-tem os E.U.A. e esteja para breve um imposto referen-te chuva que cai sobre a nossa cabea ou, ento, tomem a liberdade de nos colocar um contador de ar na garganta, para punir os seres mais ofegantes das manifestaes]. O melhor mesmo no dar cavaco a quem, de forma inques-tionvel, d uma no cravo e outra na ferradura, sob pena de nos estabelecermos ainda mais fatigados de tan-ta austeridade carregada s costas.

    Uma no cravo e outra na ferradura

    Nesta edio, vamos, tal como prometido, explorar melhor a nossa casa e ainda mostrar-te algumas caractersticas do edifcio em si. Porque que as salas tm sempre duas portas e algumas parecem no ter um seguimento lgico, em termos numricos?

    MARTA TISTA SANTOS O actual edifcio da Faculda-

    de de Economia j foi alvo de inmeras reestruturaes e mo-dificaes.

    Dado que o primeiro local onde as aulas eram lecionadas foi devastado por um grande incndio, uma das principais preocupaes, na construo da nova faculdade, foi evitar que este fenmeno voltasse a acon-tecer. Assim, a FEP era origi-nalmente revestida a amianto, material que evitava a propaga-o de incndios. No entanto, foi provado anos mais tarde, que este continha substncias

    cancergenas, o que levou a que toda a estrutura fosse alterada.

    Durante este perodo de obras, os alunos foram encami-nhados para uma faculdade em madeira, onde tambm eram dadas aulas de medicina den-tria.

    O projecto inicial era que a FEP integrasse um campus em forma de U, plano que no foi totalmente realizado, devi-do s limitaes do espao e das habitaes j existentes, nos ar-redores do atualmente chamado Plo I da Universidade do Porto. No entanto, se tiveres ateno, podes constatar, pela disposio dos edifcios universitrios, que este U de certa forma conse-guido, mas no forma, na rea-lidade, um verdadeiro Campus Universitrio, onde deveriam constar todas as faculdades.

    O edifcio

    O arquitecto, Viana de Lima, criou uma srie de inovaes na construo, o que torna esta faculdade, em certos as-pectos, nica! Neste sentido, a Faculdade de Economia (FEP) foi considerada, pela Direo--Geral do Patrimnio Cultural (DGPC), Monumento de Inte-resse Pblico.

    Desde logo, toda a canaliza-o e electricidade passam por o tecto, escondidos por tectos falsos.

    No obstante, a maioria das salas tem duas portas pois o ob-jectivo era que o professor en-trasse por uma e os alunos pela outra, sendo que a da frente es-tava reservada ao docente. Este facto explica o porqu de mui-tas salas terem dois nmeros e, assim sendo, para encontrar a sala, o mais correcto seria ver o nmero da fechadura.

    Em relao s salas, h ainda uma coisa a apontar: todas tm 3 paredes A quarta corres-ponde ao quadro, o que na al-tura era uma inovao.

    Outra curiosidade, por mui-tos desconhecida, que a actual rea onde se encontra a Tesou-raria foi, em tempos, um espao onde os alunos podiam deixar os casacos e guarda-chuvas mas que no tinha qualquer tipo de segurana. Dado este facto ca-ricato, este local passou a ser utilizado pelo grupo de xadrez da faculdade.

    Para finalizar, deixamos-te uma pequena dica para quando estiveres mesmo aflito(a): pro-cura a porta cujo nmero da fe-chadura o 254 ou 255 e ters resposta aos teus anseios!

    HISTRIAS DA FEP

    Paredes com histria

  • 3N 2 - maio 2013

    MARTA TISTA SANTOS

    Mas agora, histrias parte, passamos ao mais importante da queima - a diverso, algo que no seria to fcil se no existissem as famosas barraquinhas (principalmente as da

    FEP). Da que, nesta edio, te deixamos um guio com as barracas mais importantes do queimdromo e uns passatempos, nos quais te podes habilitar a ganhar prmios! Fica atento ao que te sugerimos e vais ver que

    este ano vais ter a melhor Queima da tua vida, tudo graas ao FEPIANO!!!No mapa, encontram- -se assinaladas as barracas que so organizadas maioritariamente ou exclusivamente por grupos ou pessoas da FEP.

    PASSATEMPOSEl ComandanteQuem postar a melhor foto a imitar o logotipo da barraca na pgina do facebook do El Comandante, ganha quatro shots e uma branca.Um gosto, um voto! Assim, quem tiver mais votos, ganha. Toca a pedir aos amigos para pr um gosto na tua foto e quem sabe sers o grande vendedor!

    TAFEPAs 3 primeiras pessoas a enviar uma foto da sua autoria para email da TAFEP: [email protected], acompanhado do nome e nmero de telemvel, ganham um shot!!!

    eCOROcoposeCOROcopos muito mais do que uma simples barraca do Queimdromo. Com mais de uma dcada de histrias para contar, tem sido ao longo dos anos um ponto de encontro da comunidade Fepiana, onde podes sempre encontrar o bom esprito acadmico que lhe caracterstico. conhecida pelo seu shot especial (cujo nome no adequado para ser citado fora do bomio ambiente do Queimdromo) que vicia quem tema a coragem de o experimentar! E tu, atreves-te??

    PASSATEMPO: Qual foi o primeiro ano em que o eCOROcopos esteve presente no Queimdromo? Para participares basta seres f da pgina do eCOROmia no facebook e deixar um comentrio no mural com a tua resposta. As primeiras 5 respostas correctas ganham uma bebida no eCOROcopos.

    Convvio FEPThey Are Back, como j comea a ser tradio, o Convvio FEP volta a armar a Barraca nas noites da Queima das Fitas do Porto.A ideia da primeira barraca surgiu na saudosa semana de economia de 2010. Aps o sucesso dos bares do Convvio nas festas das semanas de Recepo e de Economia, vimos a necessidade de avanar para a Queima. O Jorge j nem dormia direito, as dvidas eram muitas e a certeza era apenas uma: O Queimdromo chamava por ns.. No sabamos bem como, nem o que fazer, mas juntamos os trocos e demos o passo em frente. E desde esse momento, tudo na queima mudou.H quem diga que na queima tudo pode acontecer, ns no concordamos No queimdromo apenas acontece tudo aquilo que tu no estavas espera. E a que reside a verdadeira magia desta semana nica!

    Nestes ltimos anos, a Barraca passou todo o tipo de situaes inslitas. As histrias por todos ns visveis so interminveis, algumas so at mesmo inexplicveis mas so certamente todas inesquecveis.A Barraca faz este ano o seu quarto aniversrio, no entanto nunca perdeu o seu verdadeiro significado, nunca deixou de ser a barraca de um grupo de amigos.Como sempre, quem for Barraca do Convvio FEP, na queima 2013, pode esperar muita loucura e muita animao, sendo que j esto programadas vrias surpresasNesta queima, e em pareceria com o Fepiano, lanamos o passatempo Mi Barraca s tu Barraca. O vencedor do passatempo receber uma bebida branca, e ser convidado a entrar na barraca e ser ele prprio a servir a sua bebida.PERGUNTA: Quantas garrafas de Vodka se gastaram nos 3 anos de existncia da barraca Convvio FEP?

    Barbante IPMO passatempo passa por responder, no evento do Barbante IPM, no facebook (que ter uma foto para comentar) s questes:

    1. O que o barbante? 2. O que significa IPM?

    Dada a dificuldade das questes, o vencedor ser o que tiver as respostas mais criativas!

    Queima das Fitas 2013 A Origem da Queima das Fitas

    A tradio de queimar as fitas remonta dcada de 50 do sculo XIX. H notcias desta poca em que grupos de estudantes, vendo os exames de 4 ano passados, se juntavam por faculdade Porta Frrea e faziam um cortejo at ao Largo da Feira, onde as fitas tinham um fim eram queimadas numa pequena cova no cho onde ardia um pequeno fogo.Mais tarde vieram as festas do ponto (latadas de fins do sculo XIX). O acto de queimar as fitas anterior prpria festa da Queima das Fitas. As festas do ponto serviam para assinalar o final do ano lectivo e a emancipao dos caloiros.O primeiro acto conhecido das festas ligadas Queima das Fitas, j com um programa estruturado, de 1901. Nesse ano, os estudantes do IV ano jurdico organizaram um cortejo com cerca de 20 carros motorizados e a cavalo. Os caloiros seguiam no cortejo amarrados por fitas e com vrias latas atadas com fios onde os doutores batiam com as bengalas. As fitas eram tiras de tecido que serviam para atar os livros e eram queimadas j noite. As cinzas eram colocadas numa lata que, mais tarde, passou a ser colocada em frente Porta Frrea. Em 1920, surge o primeiro programa oficial da Queima e, a 27 de Maio de 1925, lanado aquele que muitos consideram ser o primeiro livro de caricaturas.

    Queima das Fitas do Porto

    A histria da Queima das Fitas no Porto no muito mais recente que a de Coimbra pois, j em 1920, os finalistas de Medicina da Universidade do Porto faziam a chamada Festa da Pasta, que considerada a origem da Queima das Fitas do Porto.A Festa da Pasta era um evento com um grande esprito acadmico, que comemorava a passagem da pasta dos estudantes que estavam a terminar o seu curso - os quintanistas - aos que entravam na recta final - os quartanistas. Juntamente com a passagem da pasta era imposto o grelo aos quartanistas. Ao longo dos anos, a Festa da Pasta foi-se difundindo pelas diversas faculdades da Universidade do Porto, sendo que cada faculdade tinha a sua prpria festa. As diversas Festa da Pasta realizaram-se ininterruptamente at 1943, ano a partir do qual passou a haver uma s para todas as faculdades e se comeou a usar o nome de Queima das Fitas, paralelamente ao de Festa da Pasta.A partir de 1978, a Queima das Fitas do Porto comeou a tomar os moldes que actualmente conhecemos, com inmeras actividades desde a Serenata, ao Cortejo, passando pelas Noites, concerto Promenade Esta evoluo ao longo dos ltimos 20 anos fez com que a Queima das Fitas deixasse de ser uma festa restrita aos estudantes para passar a ser a segunda maior festa da cidade do Porto e a maior festa Acadmica do Pas.

  • N 2 - maio 20134

    GONALO SOBRAL MARTINS JOS GUILHERME SOUSA

    Com passagens pelo gover-no e uma longa histria no en-sino, sente-se mais realizado a dar aulas ou a exercer car-gos polticos?

    A minha profisso ser aca-dmico. O exerccio de cargos polticos, a tempo inteiro, foi apenas uma circunstncia.

    O que lhe d mais prazer em Sociologia: o ensino ou a investigao?

    O ensino uma extenso da investigao. A base do ensino universitrio a investigao que os acadmicos realizam. No consigo conceber um bom professor universitrio que no seja um investigador nos dom-nios que ensina. Deste modo, as duas partes so relevantes, no conseguindo optar por aquela que me d mais satisfao.

    Como cr que as cadeiras que leciona, cuja importn-cia posta em causa, pode-ro contribuir para o futuro profissional de Economistas e Gestores?

    engraado observar pelos inquritos que haja uma grande divergncia de opinies entre a utilidade de cada uma das dis-ciplinas, para os economistas e gestores. Em relao a Sociolo-gia das Organizaes, os ges-tores tendem a ver nela uma disciplina til para o futuro. Por outro lado, para os economis-tas, ICS uma disciplina que no tem tanta aceitao. O pro-blema dos meus alunos no tem a ver com estas disciplinas, mas com a metodologia cientfica!

    Sendo um poltico to ca-rismtico, nenhuma vez se viu como futuro lder do PS e possvel primeiro-ministro?

    Never say never again! Desde os 15 anos que estou envolvido em actividades polticas. Feliz-mente para mim, formei-me na oposio ditadura existen-te nessa poca e, desde ento, nunca mais me desliguei da vida poltica. H algum tempo que sou membro do partido socialis-

    ta e j ocupei lugares de direc-o no mesmo. Agora, creio que chegou a altura deste novo ciclo do PS se erguer com uma nova gerao e novos protagonistas. No entanto, em matria de fu-turo, no se deve usar expresses como nunca, jamais, Te-nho um grande amigo que, ain-da hoje, vtima de piadas por uma vez ter dito jamais.

    Acredita que o actual Es-tado Social portugus possa estar falido num futuro pr-ximo?

    No. Nem como cidado, nem como acadmico. No acredito que isso seja anteci-pvel. Pode haver, certamen-te, uma nova configurao do Estado Social, mas nunca uma falncia do mesmo. Nas trs grandes reas do Estado Social educao, sade e segurana social o caminho portugus tem sido um caminho de desen-volvimento, apresentando bons resultados em todas elas.

    Porqu que no seu enten-der, e tal como afirmou, num programa televisivo, o gover-no est nos cuidados inten-

    sivos e sobrevive ligado mquina?

    Creio que, desde a apresenta-o dos resultados da 7 avalia-o do programa de assistncia financeira, o actual governo entrou num impasse absolu-tamente estrutural, do qual s sair com uma reviso radical da sua poltica, da sua composio ou mesmo com a sua substitui-o por outro governo. Este 7 exame regular tornou visvel que

    nenhum dos objectivos acorda-dos foi cumprido. A nossa dvi-da aumentou e temos uma taxa de desemprego cada vez maior.

    Em Janeiro passado, de-clarou que Cavaco Silva, enquanto presidente da Re-pblica, deveria ter apre-sentado alternativas para o pas, ao invs de s criticar o trabalho desempenhado pelo governo. O que faria se ocu-passe, hoje, o lugar de Cava-co Silva?

    A minha opinio conheci-da e o meu raciocnio muito simples. Este governo no tem conseguido, sequer, cumprir os objectivos do programa de assis-tncia financeira. Como tal, jul-go que o actual governo deva ser substitudo. No entanto, como eu tambm entendo que a disso-luo do Parlamento e a convo-cao de eleies deva ser uma sada de ltimo recurso, ento havia aqui espao para que o prprio presidente da Repblica tomasse a iniciativa de, no actu-al quadro parlamentar, ajudar constituio de um novo gover-no. At poderia ser um governo de emergncia nacional, forma-do por aqueles partidos que es-to comprometidos com o pro-grama de assistncia financeira (PS, PSD e CDS).

    Neste momento, o que acredita ser mais necessrio gesto de um pas, como Portugal: o empresrio, com experincia no terreno, ou o acadmico, que domina a teoria?

    A experincia diz-me que, em tudo na vida, necessrio um mix onde a diversidade a fr-mula do sucesso. Diferentes pes-soas tm distintas ideias, que so teis ao destino de qualquer pas.

    No acha caricato haver tantos comentadores polticos que, apesar de terem conhe-cimento de causa, no foram um bom exemplo no exerccio das suas funes?

    Eu conheo a maioria dos co-mentadores polticos, seno to-dos, e nenhum deles comenta-dor seno por ter sido convidado. Muitos deles resistiram durante

    vrios meses a esse convite - a co-mear por mim. A cincia racio-cina por perguntas. Portanto, interessante fazermos a primeira: porqu que as televises tm con-vidado tanto, para comentadores, pessoas que tiveram ou tm acti-vidade poltica a tempo inteiro? Outra: porqu que as televises esto a convidar, hoje, mais po-lticos do que acadmicos ou jor-nalistas? Em resumo, creio que as pessoas esto muito preocupadas e inseguras e, nesses momentos, aumenta a necessidade de ouvir vrios pontos de vista e constituir uma opinio coerente sobre a re-alidade.

    Acredita que os telespeta-dores esto disponveis para escutar polticos com grande responsabilidade no estado atual do nosso pas?

    Se no estivessem, no tera-mos Marcelo Rebelo de Sousa e Jos Scrates, juntos, a formar 2,5 milhes de telespectadores. Eu no vou nessa linha de tentar pessoalizar as responsabilidades pela glria ou pelo abismo. Os dirigentes polticos tm muito menos capacidade (poder) do que se imagina. Se tivssemos que usar uma expresso do g-nero aqueles que levaram Por-tugal ao abismo, Aqueles te-

    PROFESSOR DA FEP, EM ENTREVISTA

    Cavaqueando com... Augusto Santos SilvaO Fepiano esteve no gabinete 266 conversa com um dos rostos mais (re)conhecidos e prestigiados da nossa faculdade, Augusto Santos Silva. Afastado da poltica, mas com colaborao regular na imprensa, o Professor, que passou pelos governos de Guterres e Scrates, dedica-se agora quilo que diz ser a sua profisso. Sem quaisquer tons de linguagem caceteira, mas sempre com uma peculiar ironia, Santos Silva comentou o estado atual do pas e no deixou de responder a questes de carcter pessoal.

    Da mesma forma que acharia inconcebvel que eu ensinasse Sociologia sem nunca ter realizado um inqurito, tambm acho inaceitvel que o ministro das Finanas fale como se as empresas no existissem e como se aquilo que elas tm de fazer lhe fosse indiferente.

    No gosto daquelas actividades em que o tempo me parece que fica suspenso. Falo em estar de copo na mo, trs horas seguidas, entre as 3 e as 6 da manh, a ver quando a madrugada nasce para eu poder ir para casa.

  • 5N 2 - maio 2013

    JOS GUILHERME SOUSA

    Meu amigo, s ladro!

    Hoje, lembrei-me que a cor-rupo existe. De verdade! E, se no ltimo Fepiano a nossa via-gem por terras desiguais pare-ceu ter sido um longo recuo no tempo, para vos dar a conhecer o Homo Corruptus, desta vez, tero mesmo de entrar no sc. XV e vestir as roupas de merca-dor, ou comprador, num quadro em que s as trocas comerciais nos interessam.

    Nesta histria, o lucro sinteti-za a existncia do mercador, mas esbarra sempre num fregus que procura aquisies a troco de quase nada. Na impossibilidade de conciliar interesses, o comer-ciante ter de enganar o cliente. Para isso, desenha uma narrativa cheia de contornos com o seu fornecedor e juntos convencem o comprador que est perante um grande negcio. Creio que j percebemos por que temos em Hermes o Deus no s dos mercadores, mas tambm dos ladres!

    Depois de tantos sculos a aperfeioar esta arte, conhece-mos, hoje, histrias fascinantes de desvios e roubos estupendos, apenas ao alcance de gente so-berbamente inteligente. Cor-romper desperta admirao, mas tambm inveja. E, assim, estar dada a picada do mosquito. Na verdade, porque valer a pena ser honesto? Porque nos havemos de arruinar? Neste desnimo em relao virtude, preferimos ser mais um selvagem numa selva em que, afinal, poderia haver menos um patife uma gota no oceano.

    Roubar para quem o faz por fome, no para intervenientes bem vestidos. Ser gatuno em grande torna-se uma profisso que exige muito trabalho e horas de reflexo, sendo que ser esper-to condio necessria. Afinal, esse esforo compensa quando a justia est do lado deles. Na cri-se de 2008, os nicos que saram vitoriosos desta jornada foram os que deram nossa Histria um crime como no houve outro, porque todos os outros acaba-ram mais frgeis e a repor o mal que foi feito.

    Hoje, temos que remediar muito mais do que os nossos problemas financeiros e econ-micos. Enfrentamos uma crise de valores que eu diria irrever-svel. Por aqueles que traba-lham tantas horas para solucio-nar e alimentar novos crimes, apetece-me recordar o castigo de Deus a Ssifo. Este teria de carregar uma enorme pedra at ao topo de uma montanha que, invariavelmente, a faria regressar ao ponto de partida. E exactamente assim, sem ob-jectivos, que esse coitado vive, ainda hoje, a imortalidade con-cedida por Deus.

    PROFESSOR DA FEP, EM ENTREVISTA

    Cavaqueando com... Augusto Santos Silva

    ramos de classificar como todos os que colaboraram activamente no jogo e na bolha especulativa que rebentou em 2008. E nes-ses, a ironia est aqui, incluiria cabea as agncias de rating. Aquelas que davam AAA a bancos que faliram no ms se-guinte, em 2008.

    Acredita que as dificulda-des pelas quais passamos, hoje, tiveram origem externa ou a principal culpa advm dos diversos governos dos l-timos tempos?

    No caso portugus, h cla-ramente uma combinao das duas coisas. Estamos na situao em que estamos por responsabi-lidade prpria e, tambm, por condicionantes externas. S para se ter uma ideia, o ltimo relat-rio da Comisso Europeia iden-tificou 13 pases com desequil-brios macroeconmicos graves, sem considerar os 4 pases sobre

    resgate (Portugal, Grcia, Irlanda e Chipre). Entre o 1 grupo esto pases como a Sucia, a Finln-dia, a Holanda e o Reino-Unido. Portanto, se algum afirmar que a crise se restringe apenas a ns, mostra uma insensatez e ignorn-cia brutais. Agora, Portugal foi um dos alvos fceis da crise que iniciou em 2008 porque possua debilidades estruturais que, por exemplo, o Reino-Unido e a Alemanha no tinham.

    Como ex-ministro da defesa, acredita que, ainda, neces-srio manter um nmero to avultado de militares no acti-vo?

    Tenho seguido a regra de no falar sobre questes da defesa nacional. Gostaria, em todo o caso, de dar o meu testemunho: as foras armadas portuguesas so uma das instituies mais importantes e confiveis que o pas possui. aquilo que fun-

    ciona, mesmo quando tudo o resto parece no funcionar. Portanto, a minha nica reco-mendao, a quem se preocupa com estas questes, que deve considerar as enormes responsa-bilidades que Portugal tem no sistema mundial de segurana e o enorme activo que possui atravs das suas foras destaca-das como provisor de seguran-a. Sobre questes mais concre-tas, evito falar.

    Numa crescente averso dos jovens em relao poltica, dada a crise econmica e so-cial que atravessamos, seria importante esse reaproximar entre os jovens e a poltica. Como que esse aproximar se poder concretizar?

    A desfiliao, como se designa em cincia poltica, existe um pouco por toda a Europa. Con-tudo, em Portugal a expresso particularmente dramtica. An-tes de 1999, fazia estudos nessa vertente e recordo-me de ficar muitssimo impressionado com o facto de ser mais provvel que um jovem portugus, at aos 30 anos, nunca tivesse votado do que algu-ma vez o tivesse feito. Este um problema que deve ser enfrenta-do de diversas formas. Primeiro, dever-se-ia rever a lei eleitoral

    para a Assembleia da Repblica (de modo a conseguir uma maior aproximao entre os eleitos e os eleitores). Em segundo lugar, os partidos polticos com maior ex-presso (o PSD e o PS) deveriam tomar algumas medidas acerca das suas juventudes partidrias, de forma a renov-las, para que no se crie o estigma que essas mesmas juventudes so, somente, estruturas de carreirismo. Por l-timo, dever-se-ia colocar, no cen-tro da agenda poltica, questes que dizem directamente respeito aos jovens, como a da sua auto-nomia ou seja, da sua capaci-dade de construir um projecto de vida prprio.

    Numa aula, referiu que h coisas muito mais interes-santes que Sudoku e palavras cruzadas. Na sua opinio, o que vale mesmo a pena, nesta vida?

    Das coisas que me deram, me do e antecipo que me viro a dar mais prazer na vida, vou in-variavelmente dar minha fam-lia. Em segundo lugar, coloco o gosto intelectual e esttico. No me podem desafiar para melhor programa do que ir a um con-certo desde msica clssica ao indie rock. Quem fala num con-certo, fala, tambm, na leitura de um bom livro. Por fim, em terceiro lugar, dou imensa im-portncia ao envolvimento com o meu tempo. O pior pesadelo, para mim, seria ver-me no final da vida como algum comple-tamente indiferente ao que se sucedeu sua volta. No tolero a ideia de, por exemplo, ver um pas a cair e eu nada fazer para o contrariar.

    A seu ver, qual a sua maior qualidade e o seu maior defei-to?

    Muito simples: misturando as duas coisas, considero-me uma pessoa relativamente medocre, que tem compensado isso com muita disciplina, algum rigor e bastante coragem. Julgo at que as pessoas, bondosamente, me atribuem qua-lidades que eu no tenho.

    Ao contrrio da maioria dos docentes, porta do seu ga-binete, na FEP, inexistente qualquer referncia a profes-sor ou a professor doutor, apenas detendo uma refern-cia ao seu nome. algo pro-positado?

    Sim, encontra-se assim a meu pedido. Chamo-me Augusto Santos Silva e odeio nomes que comeam por outra coisa que no pelo de batismo. Na minha viso, o meu nome nem par-ticularmente interessante. No daria o nome de Augusto a um filho meu. Em todo o caso, o meu nome esse e isso chega.

    Uma grande vantagem de se ser professor universitrio que se lida com gente nova e, ao mesmo tempo, com nova gente.

  • N 2 - maio 20136

    ALICE MOREIRA CAROLINA REIS INS VASCONCELOS

    O voluntariado uma mais--valia no percurso acadmico dos estudantes, facultando-lhes diversas competncias sociais que no so transmitidas com a obteno do grau acadmico. A FEP oferece aos seus alunos muitas oportunidades de voluntariado, a partir da EXUP e da Associao de Estudantes, respons-vel pelo projeto FEP Solidria.

    Os projetos da EXUP cobrem trs grandes reas: escolas, comu-nidade FEP e responsabilidade social. Em todas estas reas de in-terveno existem oportunidades de voluntariado para a academia: voluntariado social (responsabili-dade social), voluntariado tutorial (comunidade FEP) e voluntariado logstico (escolas). no mbito destas reas que so desenvolvi-dos determinados projetos. Dei-xamos-te alguns exemplos!

    Voluntrio por Um DiaO Voluntrio Por Um Dia

    destina-se a todos os que se pre-ocupam com o bem-estar social, contribuindo com parte do seu tempo e conta com mais de 150 estudantes inscritos. Este projeto

    requer apenas recursos humanos voluntrios - estudantes da Facul-dade de Economia da Universi-dade do Porto. Apesar da enorme vontade por parte dos estudantes em ajudar e dado a sua enorme ocupao, este programa desti-nase a voluntariado pontual. Assim, surgiu a ideia de procu-rar instituies que tivessem este tipo de necessidades: recolha de alimentos (Banco Alimentar ou Cruz Vermelha), rondas aos sem-abrigo (de 15 em 15 dias), peditrios, ou ajuda na orga-nizao de eventos. Existe uma base de dados, onde os estudan-tes se podem inscrever ao longo de todo o ano para este tipo de atividades.

    Apoio PedaggicoO projeto rene numa base

    de dados estudantes voluntrios com capacidades distintas em determinadas unidades curricula-res, tendo como objetivo encon-trar um voluntrio para ajudar esse estudante no fornecimento de explicaes e informaes re-levantes no apoio acadmico.

    Dia AbertoO departamento de Comuni-

    cao e Marketing, em conjunto com a Faculdade de Economia do Porto, organiza o Dia Aber-to. Na sua ltima edio, jun-tou cerca de 100 voluntrios da Faculdade de Economia do Por-to. As atividades do Dia Aberto adequam-se a pessoas mais din-micas e com facilidade em falar em pblico e tm como princi-pal objectivo dar a conhecer a FEP e cativar novos estudantes, tendo participado mais de 600 estudantes do ensino secund-rio, nesta ltima edio.

    Tutoria a Estudantes Estrangeiros

    A Tutoria a Estudantes Es-trangeiros permite aos alunos de ERASMUS na FEP uma maior e mais rpida integrao quer na faculdade, quer na cidade do Porto.

    Cabe ao voluntrio proporcio-nar um acolhimento familiar ao novo estudante e orient-lo tan-to na preparao das atividades, como ao nivel das questes lo-gisticas, durante o semestre. Em contrapartida, os tutores tm um contacto privilegiado com outras culturas.

    O voluntariado aumenta a realizao pessoal e um comple-mento actividade profissional, sendo muitas vezes valorizado pelas organizaes e mesmo no acesso a alguns cursos do ensino superior.

    Elza Chambel, presidente da Comisso Nacional

    de Promoo do Voluntariado.

    Relativamente FEP Solidria, os projetos com maior relevncia so:

    Ronda ao Sem-AbrigoFazem-se rondas em grupos

    de 3 em 3 semanas em que o principal objetivo le-var bens essenciais e uma palavra amiga queles que mais precisam, sendo que a obteno destes bens e o espao onde feita toda a preparao para estas rondas exclusivamente concretiza-

    do pela boa vontade de par-ticulares.

    ExplicaesCom a colaborao da Associa-

    o Cultural de Apoio Social do S.C.Cruz - IPSS - este projeto conta com cerca de 20 voluntrios que vo dia-riamente dar explicaes a crianas do 1 ao 3 ciclo.

    Campanha de recolha de tam-pinhas, radiografias, roupa, brinquedos.

    Mega Ddiva de Sangue e Medula ssea

    Em parceria com o Instituto Por-tugus do Sangue e Transplanta-o do Porto e com a Federao Acadmica do Porto foi possvel colaborar com duas colheitas de sangue e medula ssea na FEP.

    Existem alguns projectos que tero lugar no ms de Maio, como a Caminhada Solidria e a Feira do Livro.

    Queres ser voluntrio?

    A teoria microeconmica clssica preco-niza que a produo tem como factores de produo o trabalho e o capital em que, mantendo fixo um dos factores, a produ-tividade do outro factor crescente, mas a taxas decrescentes. Estes pressupostos que parecem ter toda a lgica e ser repeti-damente observados na prtica, tem como corolrio que o crescimento econmico est condenado a terminar. Como a po-pulao no pode crescer para sempre, a deciso racional dos privados de ter sempre a produtividade marginal igual taxa de juro far com que no futuro no haja in-vestimento (porque a rentabilidade margi-nal do capital decrescente far com que as pessoas deixem de poupar). esta a argu-mentao marxista para a inevitabilidade do fim do capitalismo.

    Para evitar a prevista estagnao eco-nmica, preconiza essa ideologia que a estratgia deve ser o Estado a apropriar-se da deciso quanto poupana (que passa a ser obrigatria) e ao investimento (que ser pblico). Para implementar essa es-tratgia, a soluo forte foi a instaurao da economia planificada e a soluo fraca foi a criao do Estado Social Europeu, no qual o Estado se endivida para financiar investimentos pblicos denominados por estratgicos. Com o colapso da Unio Sovitica e o mudar de rumo da China ficamos com a certeza absoluta que a eco-nomia planificada um caminho para o fracasso. Tambm cresce a convico que o endividamento pblico como motor do

    investimento, apesar de forma mais lenta, tambm encaminha os pases para a auto-destruio.

    Estando a discusso pblica em Portugal sobre o endividamento pblico a viver um momento particularmente quente (com a aposio a querer que o governo abando-ne a poltica de austeridade e inicie uma poltica de crescimento) e na comunica-o social ter sido colocado em dvida o resultado de Rogoff - Reinhart de que os pases com maior divida pblica crescem menos, decidi verificar em termos esta-tsticos que relao existe de facto entre o endividamento pblico e o crescimento econmico. No me interessa, por aqui, preocupar-me com as razes que esto por detrs da relao emprica (se positiva ou negativa) mas apenas verificar em que sen-tido e se a sua magnitude importante.

    Os dados

    Fui ao Banco Mundial e recolhi as va-riveis Central government debt, total (% of GDP); GDP per capita growth (annu-al %) e Population, total (para usar como ponderador da importncia dos pases) de todos os anos e pases para os quais existe informao disponvel.

    Obtive um painel no balanceado com um total de 1167 observaes referentes ao perodo 1990-2001 referentes a 107 pa-ses que representam 87.8% da populao mundial mdia no perodo 1990-2011. O nmero de observaes por pas varia entre 1 e 22 tendo 10.8 de mdia e 6.1 de desvio padro.

    O peso atribudo a cada observao foi a populao do pas a dividir pelo nmero de observaes desse pas de forma a corri-gir o no balanceamento da amostra.

    Com os dados (o meu ficheiro est dis-ponvel sob pedido), criei no R um data.frame e usei o comando lm para estimar o modelo linear:

    dados

  • 7N 2 - maio 2013

    Provavelmente, j ouviste falar em trading, ou melhor, sabes certamente o que , mas no associas a este termo. O trading representa o processo de ne-gociao de ativos financeiros (aes, ttulos), ou seja, algo relacionado com operaes na bolsa.

    Relativamente ao trading desportivo, pode-se estabelecer o seguinte parelelis-mo: as empresas podem ser substituidas pelas equipas de futebol. Na prtica, para que se entenda melhor, a vitria da equipa A cotada, no incio do jogo, a 2.00 (o que para uma aposta normal corresponderia a apostar 1J para se ob-

    ter 1J de lucro). Sabe-se que essa equipa tem por hbito comear os jogos muito forte e a probabilidade de marcar pou-co depois do incio do jogo grande. Apostamos 10J na sua vitria; ao in-tervalo, a equipa A est a ganhar e ns no queremos arriscar mais, vamos fazer uma aposta contra a vitria dessa mesma equipa (que vai no sentido contrrio da primeira aposta que fizemos), e como a cotao da vitria da equipa A agora mais baixa (porque est a vencer), va-mos obter lucro qualquer que seja o re-sultado final. Simplificando um pouco, compramos uma posio que pagava

    bem, para a vendermos quando passou a pagar mal (menos do que quando a comprmos), sendo o lucro a diferena entre esses valores.

    Esta pequena introduo mostra-nos que o trading como qualquer outra disciplina ou cincia que, se for apren-dida e estudada, compreendida. Por outro lado, requer caractersticas como a persistncia, a disciplina, a organizao, o controlo emocional, mas algo que se vai ganhando com a experincia.

    Isto e muito mais pode ser visto na comunidade AcademiaDasApostas.com, onde podes encontrar guias que te aju-dam a cimentar os conhecimentos, po-des esclarecer dvidas com pessoas mui-to experientes, podes ver como os erros de principiante foram cometidos e dar esse salto frente, prognsticos dados por profissionais... Em suma, nesta p-gina, tens acesso a tudo o que precisas para ter sucesso.

    Trading: o boom das apostas online

    HISTRIA NA PRIMEIRA PESSOAPAULO REBELO

    Sou o Paulo Rebelo e sou apostador profissional. com todo o gosto que aceito o convite para escrever num projecto da faculdade que frequentei.Honestamente, no meu trabalho, uso cerca de 5% de teoria que aprendi no curso de gesto da FEP. So-me teis os conceitos de disciplinas como Estatstica, Matemtica, Mtodos Economtricos e de Previso. No entanto, na prtica, a minha passagem pela FEP est bastante mais presente na minha forma de trabalhar.Na FEP, ganhei disciplina para poder cumprir com os prazos entre frequncias, trabalhos de grupo e apresentaes. Aprendi a hierarquizar prioridades, por forma a ter a melhor soluo possvel e no a utpica soluo perfeita.No entanto, a grande mais-valia que adquiri

    na FEP foi a de integrar uma rede de relaes com outras pessoas. Pessoas com valor! Tenham presente que a FEP no s o edifcio sombrio. A FEP , sobretudo, a interaco formada pelas pessoas que nela orbitam: professores, alunos, funcionrios, etc. As minhas primeiras folhas de clculo, para as minhas primeiras apostas, foram feitas com a ajuda de professores da FEP. Entre os vrios alunos, meus colegas de curso, escolhi alguns para serem meus parceiros de trabalho.Aceitei arriscar o meu futuro numa rea incerta, ao invs de aceitar um emprego convencional, porque segui a busca recomendada por um antigo professor meu da FEP: Encontrem o vosso emprego certo e no tero que trabalhar um nico dia da vossa vida.

    Academia das apostas

    Esta comunidade vista como a maior e melhor de Portugal, em termos de qualidade do contedo e aproveitamento por parte daqueles que querem aprender mais, sendo que qualquer um bem-vindo. aqui que poders dar incio a uma carreira bem sucedida no mundo do trading... com o devido interesse nada impossvel! Aqui deixamos-te um artigo que eles publicaram recentemente, que te d uma pequena noo do que l poders encontrar:Em Abril de 2012, lanmos o novo site AcademiaDasApostas.com onde agrupmos a comunidade que nasceu no frum PauloRebeloTrader.com, e a partir da no temos parado de inovar e oferecer aos apostadores tudo aquilo que precisam para estudar e fazer apostas de valor.Defendemos que com mtodo e estudo se pode ganhar dinheiro consistentemente nas apostas, e trabalhamos todos os dias para facilitar a vida aos nossos membros.Hoje, j somos mais de 17.000 e por isso temos de dar os parabns e agradecer a todos por fazerem da Academia a mais dinmica comunidade de apostas em Portugal.O espao continua a crescer a um ritmo que era para ns difcil de imaginar no incio do projecto. Com o nosso trabalho e constantes inovaes procuramos surpreender todos os dias aqueles que acreditam em ns.

    Na comunidade AcademiaDasApostas.com podes encontrar guias que te ajudam a cimentar os conhecimentos e esclarecer dvidas com pessoas muito experientes

  • N 2 - maio 20138

    Agenda Cultural Queima das Fitas5 a 12 de Maio, Queimdromo

    Evento que paragem obrigatria para qualquer estudante! Embora este ano apresente um cartaz mediano, comparativamente aos anos anteriores, tem algumas revelaes que valem a pena destacar, como os Brass Wire Orchestra. Contudo, sem dvida um dos grandes eventos acadmicos do ano, ao qual no podes faltar!

    Pedro Abrunhosa11 de Maio, 22h, EuroparqueUm dos cantores de maior sucesso da msica portuguesa, Pedro Abrunhosa, regressa ao palco do Europarque para um concerto de solidariedade.Este espectculo tem como objetivo mobilizar e sensibilizar a populao para a temtica do cancro. As receitas revertero a favor da Liga dos Amigos do Hospital So Sebastio, no apoio oncologia. Esta ser uma noite de homenagem a todos aqueles que nunca desistiram... e a todos aqueles que se recusam a desistir!

    Trs num BaloioAt 12 de Maio, quarta a sbado s 21h30 e domingo s 16h, Teatro do BolhoTrs num Baloio uma comdia inteligente e mordaz, que rapidamente se tornou um sucesso internacional, traduzida em mais de 20 lnguas. Trs homens - um empresrio, um capito do exrcito e um professor - encontram-se no mesmo lugar por trs razes distintas. medida que a noite chega, uma singular atmosfera vai tomando conta dos trs. O resultado um dilogo muitssimo cmico centrado em questes como a vida e a morte, o destino, o livre-arbtrio ou a existncia de Deus.

    Optimus Primavera Sound 201330 de Maio a 1 de Junho, Parque da Cidade - PortoUm dos festivais mais prestigiados do mundo, famosssimo por prever as tendncias musicais dos anos vindouros, chega ao Porto com nomes sonantes como Blur, James Blake, Dead Can Dance, Grizzly Bear e os

    portugueses PAUS, entre outros.Certamente um festival de incio de vero a no perder!

    REPORTAGENS:

    SALTONo passado dia 20 de Abril, tive o prazer de assistir ao concerto dos Salto, que ps a plateia em frente ao edifcio Axa, nos Aliados, contagiada com a sonoridade desta inovadora banda portuense. Num estilo entre Seu Jorge

    e Dm Funk, e sem medo de cantar em Portugus, Guilherme Tom Ribeiro e Lus Montenegro encantaram a plateia com temas do seu disco homnimo, lanado no vero passado.Ao longo do concerto, a plateia foi-se compondo, tendo atingido o seu auge no single, Deixar Cair, seguindo-se logo dum Sem 100 eletrizante, com loops que ecoavam aos nossos ouvidos. Aproveitando

    o nmero crescente de pessoas a danar, a banda continuou na onda eletrnica com um cover dos Tnght e da Kelis, terminando com a msica Por ti demais, pondo a plateia a cantar a letra de cor! Voltaram para o encore, passado uns minutos, para interpretar uma das msicas mais bem conseguidas do lbum, numa verso mais lenta: Teu Par. No entanto, esta no teve a fora e a inrcia demonstradas ao longo da atuao, tendo falhado na misso de fechar este grande concerto com chave de ouro.Em todo o caso, de salientar a grande iniciativa da Cmara do Porto em inaugurar um edifcio unicamente destinado cultura e a viso de eleger esta banda portuense que, sem dvida, representa o que de melhor se faz na msica nacional, actualmente.

    Miguel Arajo JorgeFoi numa agradvel noite primaveril que Miguel Arajo Jorge nos fez ver os avies com a excepcional colectnea de canes que compem o seu lbum 5 dias e meio. Perante a sala Guilhermino Suggia esgotada, Miguel fez com que o seu disco tomasse propores mais picas, tornando os arranjos algo semelhantes aos da sua banda Os Azeitonas, largando toda a simplicidade com que o msico abordou inicialmente este projecto a solo.Num concerto que obedeceu a um crescendo, Miguel inicia a actuao sozinho em palco com a sua guitarra e um copo que diz ser de groselha com Sete passos Carolina, de forma bastante intimista. As surpresas vo-se acumulando, com revelaes de um novo disco a ser preparado e a apresentao de msicas que o integraro tais como Jardim

    e Cartrio. O palco, por sua vez, vai ficando cada vez mais composto, com Miguel a fazer-se acompanhar da sua banda, de um trio de

    sopro de luxo (os Hornsters), de um coro juvenil, amigos de longa data (como Samuel ria e Antnio Zambujo) e, at, msicos estrangeiros.Entre copos partidos e momentos musicais impressionantes, como o solo de bateria no Autopsicodiagnose, o clssico intemporal dos anos 50 Vocs sabem l e o Triunvirato - formado por Samuel ria, Miguel Arajo e Antnio Zambujo (em homenagem a Leonard Cohen, Bob Dylan e Johnny Cash) -, fomos caminhando para o culminar de uma noite bem passada, na qual fomos presenteados com a faixa O Pica do 7, que tornou o concerto ainda mais especial, dado que esta foi a nica msica que no foi tocada em Lisboa, pois sabem l eles o que pica significa!

    DISCOS, FILMES, LIVROSE OUTRAS COISAS QUE TAIS

    Laura Marling - Once I was an eagle:

    The Great Gatsby BazzLurhman, Leonardo DiCaprio, Carey Mulligan

    Steve D.Levitt & Stephen J.Dubner Freakonomics (O lado escondido das coisas)

    Na Dina-marca, os restaurantes no podero cobrar pela gua a no ser que esta e s t e j a a c o m -p a n h a -da com algo mais, como gelo ou uma fatia de limo.

    Na Suia, se algum deixar as chaves dentro do carro com a

    porta destravada, ser multado.

    Em Nova Iorque, as mulhe-res podero praticar topless em

    pblico desde que no seja com fins lucrativos.

    Em Ma-ryland, os preservati-vos podem ser ven-didos em mquinas s o m e n t e em lugares onde so v e n d i d a s b e b i d a s alcolicas para con-sumo no local.

    Em Rhode Island, proibi-da a venda de pasta de dentes e escova de dentes ao mesmo cliente, aos domingos.

    EVENTOS A NO PERDER

    LEIS ECONMICAS BIZARRASANDR SILVA

  • 9N 2 - maio 2013

    Classificaes - DesportoGrupo A - Classificao

    Equipa Jogos Vitrias Empates Derrotas GM GS DG Pontos

    JAS 10 9 1 67 17 50 28

    XERIFES 9 8 1 1 60 15 45 24

    Naite 2.0 9 7 1 1 70 16 54 22

    CTT 10 6 1 3 53 29 24 19

    Siga Maluco 10 5 2 3 31 22 9 17

    TAFEP SAD 10 4 3 3 60 24 36 15

    IPM 10 3 2 5 24 37 -13 11

    Jungle Speed 10 2 1 8 30 123 -93 6

    No mais impostos! 9 1 1 7 8 32 -24 4

    TAFEP SMMM 9 1 1 7 27 97 -70 4

    New Team 10 1 9 28 49 -21 3

    (Classificao oficial dados disponibilizados pela Associao de Estudantes)

    Grupo B ClassificaoEquipa Jogos Vitrias Empates Derrotas GM GS DG Pontos

    Atltico Atum 10 9 1 49 15 34 28

    Jocivalter 8 7 1 52 14 38 21

    Prescritos 10 6 2 2 48 25 23 20

    Quimquipa 10 6 1 3 78 33 45 19

    70 m 10 6 1 3 44 21 23 19

    ADR MAMUTES 10 4 1 5 34 57 -23 13

    Team Rocket 9 3 1 5 40 34 6 10

    Talhantes 10 3 1 6 19 48 -29 10

    Fepalicos 10 3 1 7 27 33 -6 9

    Zs 9 2 7 14 44 -30 6

    eCOROballA.M.U.S. 10 10 8 87 -79 0

    (Classificao oficial dados disponibilizados pela Associao de Estudantes)

    AFONSO VIEIRA

    Eventos desportivos a no perderAt dia 5 de Maio, um dos maiores eventos desportivos, organizados em solo nacional:

    o "novo" Portugal Open.

    Fica atento quele que esperamos que seja o jogo do ttulo e que abra as portas

    ao tri-campeo.

    Em Wembley, dia 25 de Maio de 2013, a grande final da Liga dos Campees entre o Borussia

    de Dortmund e o Bayern de Munique.

    Quartos-de-finalQuimquipa JAS

    Naite 2.0 Jocivalter

    XERIFES Prescritos

    Atltico Atum CTT

  • N 2 - maio 201310

    CAROLINA SILVA ANA MARTA SILVA

    Tiago, sabemos que a uni-versidade onde estiveste ocu-pa um lugar bastante rele-vante relativamente a outras universidades europeias que se focam nas mesmas reas de ensino. Este foi um crit-rio preponderante quando te propuseste a fazer ERASMUS neste local, ou houve outros?

    Foi, sem dvida, um dos critrios mais importantes. Quando estava a decidir qual o destino que ia escolher achei que a oferta da FEP era pouco apelativa pois no valorizava muito o currculo de um estu-dante. Contudo, este aspecto tem vindo a melhorar bastante nos ltimos anos. Na altura, fi-quei indeciso entre a Letnia e a Finlndia mas optei pela pri-meira por achar que tinha um custo de vida mais baixo, sendo que na Finlndia requeriam um certificado de ingls que eu, na altura, no tinha e no tinha tempo para o obter. Assim, aca-bei por ir para Riga e no me arrependo de tal escolha.

    Quais foram as maiores di-ferenas e semelhanas que sentiste entre o estilo de en-sino que experienciaste e o que habitualmente encontras na FEP?

    Em termos de diferenas, em Riga, o sistema de ensino elaborado por mdulos, sendo que, cada unidade curricular tem a durao de 3 a 4 sema-nas. Durante esse perodo, s se tem aulas dessa unidade, 3 a 4 horas por dia, seguidas de momentos para realizao de trabalhos, que muitas vezes tm de ser entregues no dia seguin-te. Ainda assim, possvel rea-lizar duas disciplinas ao mesmo tempo, embora tal exija um esforo maior. No incio, estas mudanas so bastante exigen-tes mas com o tempo uma pes-soa adapta-se. A integrao na vida acadmica melhor que na FEP uma vez que a comuni-dade mais pequena e a carga horria superior, o que impli-ca que as pessoas estejam mais tempo juntas e que acabem por se relacionar mais facilmente.

    Relativamente s semelhan-as, posso dizer que o corpo docente igualmente eficiente ao da FEP.

    Em relao aos docentes, desempenhavam simultane-amente cargos no mercado empresarial? Contactaste com figuras relevantes no mbito das cincias econ-micas e empresariais?

    Sem dvida que sim, recor-do-me at de dois professores

    que considero serem os melho-res que tive at agora. Um deles era professor de Economia Po-ltica e Presidente do departa-mento da Cultura de Riga. O outro era um economista ame-ricano e blogger, que leccionava um curso de especializao em Banca e em Economia, que ti-nha fundado uma faculdade de Economia na Rssia. De certa forma, este ltimo influenciou parte do meu futuro profissio-nal, na medida em que, est di-rectamente relacionado com o prximo estgio que vou fazer no Banco Central Europeu.

    Na Stockholm School of Economics in Riga, em cada ano letivo s entram 125 no-vos alunos para o programa de licenciatura e estes so selecionados segundo rigo-rosos critrios que incluem por exemplo a realizao de teste de admisso e entre-vista. Consideras que isso se refletiu numa maior homo-geneidade de competncias nos colegas com que contac-taste?

    De certa forma sim, porque aos alunos so sujeitos a um processo de seleco muito exigente. V-se que so bons alunos at pela sua postura na sala de aula, nota-se que esto preparados para estar naquele ambiente. Mas, apesar de os alunos se considerarem bons, estavam abertos a discutir v-rios assuntos com os restantes estudantes de programas de in-tercmbio.

    A carga horria de um estu-dante nessa faculdade de 8 horas. Foi fcil adaptares-te a esse ritmo?

    No incio muito diferente mas uma pessoa vai-se habitu-ando.

    H uma ideia na FEP que acho estar bastante enraizada que o facto de as pessoas te-rem tempo para fazer activida-des extracurriculares e, isso verdade. Conseguimos conci-liar a vida acadmica com ou-

    tras actividades. Em Riga, um pouco mais complicado contu-do, isso compensado pelo fac-to de muitas dessas actividades estarem integradas no progra-ma. Assim, o resultado final parecido.

    No fundo, uma carga horria muito concentrada num deter-minado perodo de tempo obri-ga a que seja preciso trabalhar bastante, mas depois, somos compensados com fins-de-se-mana livres, o que nem sempre acontece na Fep pois, apesar de prazos de trabalho mais alarga-dos, acabamos por despender mais tempo na sua realizao.

    Quantas disciplinas tinhas em simultneo? Quais que escolheste e porqu?

    Em termos de opes foi di-fcil optar porque as disciplinas esto um pouco impostas pelas equivalncias que so atribu-das na FEP. De certa forma isso aumentou a carga horria exponencialmente porque eles tem o programa organizado de forma diferente e para obter as equivalncias tinha de fazer ca-deiras do 1, 2 e tambm do 3ano em simultneo. pos-svel conjugar duas unidades curriculares ao mesmo tempo, mas trs j um pouco mais complicado.

    Algumas disciplinas foram lecionadas de forma diferente. Alis, lembro-me que uma de-las me proporcionou uma ex-perincia bastante interessante porque estava organizada de modo a que os estudantes tra-balhassem com uma empresa durante trs semanas. E neste mbito, considero que esta foi uma das experincias mais in-crveis que tive em Riga pois estava a fazer um trabalho para a universidade que implicava ir duas vezes por semana a uma empresa para coloborar com as pessoas que l trabalhavam.

    Em relao aos mtodos de avaliao, consideraste que este foi um perodo especial-mente desafiador?

    A avaliao em Riga obriga-toriamente contnua com exa-me final e este habitualmente tem uma cotao inferior ao dos restantes trabalhos. Como cada unidade curricular tem uma durao de 3 a 4 semanas e acabamos por no ter uma po-ca de exames como a da FEP. Assim, nos intervalos entre disciplinas diferentes consegui-mos ter tempo livre. Tal, per-mite ter o estilo de vida que fre-quentemente associamos a um estudante de ERASMUS. No entanto, este mtodo pode ser vantajoso ou no, dependendo de pessoa para pessoa.

    A Stockholm School of Eco-nomics in Riga uma facul-dade dinmica?

    Sim. Alis aconteciam tantos eventos que eu no era capaz de estar a par de todos. Alguns de-les eram bastante interessantes porque havia uma grande pro-ximidade com o meio empresa-rial, talvez superior que existe na FEP. Lembro-me de ter as-sistido a algumas conferncias e fiz um curso de sueco que me proporcionou no final, de uma maneira completamente ines-perada, um almoo na embai-xada sueca.

    Em ERASMUS, o fator di-verso tambm bastante importante para o estudante. Sentiste que Riga conseguiu cumprir com esse desejo? Havia bastante atividade no-turna?

    Sem dvida. O facto de es-tar a viver no centro da cida-de proporcionou-me uma vida nocturna bastante interessan-te. Havia festas todos os dias pelo que podamos aproveitar realmente o espirito de ERAS-MUS.

    A faculdade proporciona acomodao para estudantes numa residncia prpria (Re-sidence Hall) por 80 euros mensais. Usufruste desta comodidade ou encontraste algo mais apelativo?

    O nico factor que me fez ex-cluir essa proposta foi o facto de ser muito longe do centro da cidade. De todas as pessoas que

    EM ENTREVISTA COM TIAGO ENES

    Erasmus em RigaNesta edio, o Fepiano decidiu entrevistar Tiago Enes, um aluno no terceiro ano da licenciatura em Economia que, no ltimo semestre, foi para a Stockholm School of Economics em Riga, Letnia, no mbito do programa ERASMUS. Esta ocupa actualmente a 20 posio no ranking do Financial Times sobre as European Business School e, da considerarmos que uma opo bastante interessante para os alunos pela sua qualidade j reconhecida.

  • 11N 2 - maio 2013

    EM ENTREVISTA COM TIAGO ENES

    Erasmus em Riga

    conheci de ERASMUS s duas que optaram por ficar na re-sidncia e arrependeram-se um pouco pois, muitas atividades eram no centro e principalmen-te de noite era mais complicado deslocarem-se para l. No ter ficado na residncia saiu ligei-ramente mais caro mas acho que compensou.

    No entanto, preciso salien-tar que encontrar alojamen-to mais fcil do que parece. Por exemplo, durante mais de um ms procurei a partir de c e no consegui, o que levou a que fosse para l sem alojamen-to definido. Contudo, depois de l chegar, apenas me levou um dia a encontrar a situao que mais me convinha.

    Uma boa adaptao ao lo-cal de destino um requisito necessrio para uma experi-ncia agradvel. Sentiste que nesse aspeto, em Riga e na faculdade existiam todas as comodidades e mecanismos de integrao para que tal acontecesse?

    A nvel de integrao a facul-dade conseguia responder per-feitamente a essa necessidade e no senti dificuldades em co-nhecer pessoas novas. O nico fator que foi talvez um pouco descurado foi o apoio na pro-cura de alojamento alternativo ao que fornecido pela facul-dade, mas que foi facilmente superado.

    Como a faculdade organizava

    muitas actividades no era ne-cessria a participao nas rea-lizadas pela ESN de Riga. Estas consistiam em viagens para ou-tras cidades, passeios em Riga, festas na prpria faculdade e, incrivelmente ocorreu termos tambm um jantar na casa do reitor.

    Nessa faculdade, atribu-do um buddy a cada estu-dante includo em projetos de intercmbio? Beneficiaste dessa iniciativa?

    Sim, -nos atribudo um bu-ddy logo quando chegamos. Nas primeiras 48 horas est completamente disponvel para ns e depois vai sempre acompanhando a nossa esta-dia. Numa fase inicial foi bas-tante importante pois, mos-trou-me a cidade, sobretudo os locais que me seriam teis para que tudo corresse bem. Considerei esta iniciativa es-sencial nas primeiras duas a trs semanas.

    No perodo em que estives-te nesta faculdade conside-ras que existia um ambiente internacional?

    Sim. Alis os alunos regulares da faculdade provem de cerca de seis pases diferentes e, se contarmos com os estudantes de ERASMUS essa diversidade cresce ainda mais. Contudo, esses estudantes so essencial-mente da Europa.

    As aulas so leccionadas em ingls. Ainda assim, em situaes do quotidiano sen-tiste que a lngua foi um grande entrave?

    Na faculdade achei que o fac-to de toda a gente falar ingles foi facilitador da integrao. No dia a dia, como Riga uma cidade bastante internacionali-zada no houve necessidade de aprender a lngua deles. Ape-nas numa fase inicial quando

    ia ao supermercado a situao era um pouco mais difcil mas, com a ajuda da minha buddy, a tarefa tornou-se mais fcil.

    muitas vezes dito que, em Riga, as pessoas sentem--se pouco seguras ao deslo-carem-se nas ruas da cidade. Alguma vez sentiste essa in-segurana?

    Essa ideia est mais associada ao passado histrico da cidade e no tanto realidade.

    Enquanto estive l nunca senti que a cidade fosse pouco segura, at porque havia po-liciamento 24 horas por dia. Para alm disso, tambm tinha sido previamente avisado pela minha buddy para no me di-rigir a algumas zonas da cidade a determinadas horas. Ainda assim, no centro da cidade no existia esse problema. Sabia, no entanto que, se me dirigis-se para outras zonas da Letnia poderia encontrar esse proble-ma, pelo facto de existir menos policiamento.

    No website da faculdade referido que um aluno des-pende normalmente 400 eu-ros mensais. Concordas com esta estimativa? Riga pare-ceu-te uma cidade cara para se viver?

    Essa estimativa depende do estilo de vida e das perspectivas de cada um e parece-me que inclui o alojamento na residn-cia da faculdade. No entanto, possvel viver com 400 euros por ms, mas claro que isso de-pende de cada pessoa.

    Relativamente ao custo de vida, este semelhante ao por-tugus, nomeadamente em termos de alimentao e trans-portes, talvez este ltimo ainda mais barato comparativamente ao portugus.

    Qual foi a experincia mais marcante que viveste?

    Foi talvez uma viagem que fiz sozinho no Bltico pelo facto de me ter obrigado a correr al-guns riscos e a manter a mente aberta. Por exemplo, passei um fim-de-semana numa hostel aleatria em Tallinn (Estnia) com pessoas americanas e aus-tralianas, o que se tornou uma experiencia bastante rica em termos de vivncias e partilha de culturas.

    Qual foi a maior dificulda-de? O que que aprendeste com isso?

    Diria que foi mesmo a adap-tao carga horria e ao m-todo de avaliao. Por exemplo, alguns exames chegavam a ter a durao de 3 horas. Mesmo assim, acho que isto foi funda-mental para melhorar a minha

    capacidade de reaco mu-dana.

    Se soubesses o que sabes hoje, voltavas a escolher a mesma faculdade?

    Sem dvida! Ainda assim, acho que iria depender um pouco dos acordos de inter-cmbio que a FEP tivesse. Mas, considerando os que existiam na altura foi uma opo acerta-da, da qual no me arrependo.

    Foste para Riga no primeiro semestre do terceiro ano da licenciatura. Consideras que essa a melhor opo?

    Sim, alis se fosse no segundo semestre era mais difcil porque a poca de exames de Janeiro da FEP coincide com o inicio do 2semestre de aulas l. E, como o 1 semestre l acaba em Dezembro, ainda possvel vir a Portugal realizar alguns exa-mes.

    No fundo, mais difcil ir no 2semestre, mas para quem vai no 1semestre implica comear as aulas no ms de Agosto.

    Em que que achas que esta experincia te valorizou?

    De certa forma abriu-me al-guns horizontes pelo facto de ter uma equipa docente inter-nacional e de ter a oportunida-de de trabalhar no meio empre-sarial. Tal, proporcionou-me o contacto com diferentes for-mas de pensar e obter novas perspetivas sobre o que existe relacionado com a nossa rea no estrangeiro e sobre possveis carreiras profissionais.

    Para alm disso, o facto de me ter relacionado com pessoas de outras culturas tornou-me uma pessoa mais open-minded.

    Consideras que Riga um bom local para um incio de carreira?

    Para mim no seria. Alis, no me imaginaria a viver l mais do que 2 ou 3 anos. Acho que uma cidade interessante para se passar uns meses nome-adamente a estudar, mas no mais que isso. Adorei ficar l 6 meses, mas no sei se ficaria mais tempo. No fundo, acho que uma experincia que pre-cisa de um deadline.

    E por fim, queres dar algum conselho aos alunos que se candidataram a esta faculda-de ou que o planeiam fazer?

    Aos estudantes que se preten-dem candidatar a Riga preciso perceber que embora seja um stio onde existem festas incr-veis e se pode fazer imensas ac-tividades, tambm nos obriga a um estudo intenso. Assim, s o aconselho a quem entender que consegue conciliar ambos.

    Locais a visitar em RigaRiga a capital da Letnia e esta nao a maior dos pases Blticos. Centro histrico de Riga O centro histrico

    desta cidade considerado patrimnio mundial da UNESCO, devido sua Art Nouveau cuja qualidade excepcional mundialmente reconhecida, tal como a sua arquitectura em madeira do sculo XIX.

    Catedral de Riga A catedral de Riga comeou a ser construda em 1211 no dia de S. Jacob e o seu primeiro bispo foi Albert von Buxhoeveden. A catedral tem um museu interior com exposies que retratam a histria de Riga. Durante a visita, no se pode deixar de ver o seu famoso rgo construdo entre 1883 e 1884. Esta catedral um dos edifcios mais visitados da cidade.

    Castelo de Riga Situado nas margens do rio Duna Ocidental, o castelo foi construdo em

    1330 pela Ordem da Livnia e reconstrudo, mais tarde, entre 1497 e 1515. Este tornou--se residncia do governo em 1938 e, ainda hoje, a residncia oficial do Presidente da Letnia.

  • N 2 - maio 201312

    TIRAGEM DESTA EDIO400

    Participaes especiais: Prof. Pedro Cosme Vieira; Ana Marta Silva e Matilde CardosoMorada: Rua Dr. Roberto Frias, 4200-464 Porto PORTUGAL Contatos: [email protected]: Clia Csar - Grupo Editorial Vida Econmica, SA

    COORDENADORES DA EDIO / REDAO

    JOO SEQUEIRACAROLINA REIS GUILHERME SOUSAALICE MOREIRA CAROLINA SILVA MARIA DE SOUSA MARTA SANTOSANDR SILVAAFONSO VIEIRA INS VASCONCELOSGONALO MARTINS

    APOIOS:

    70 metros

    A soluo do desafi o do ms anterior

    encontra-se disponvel no nosso Facebook:

    www.facebook.com/Fepiano

    A me da Maria vende doces e pediu-lhe que embrulhasse 2013 rebuados de 5 co-res diferentes em pacotes de 3, de forma que em cada pacote os rebuados fossem da mesma cor. Como recompensa, prometeu-lhe que poderia comer os que restassem, quando j no fosse possvel fazer mais embrulhos. Quantos poder comer?

    soluo no prximo nmero

    MATILDE CARDOSO

    Desde que, em 1999, Portugal entrou no regime de cmbios fi xos da Zona Euro (ZE), a in-fl ao no nosso pas foi superior em 6,5% mdia da ZE e em 13,2%, relativamente Alema-nha (Eurostat). Esta valorizao dos preos dos nossos bens e servios apenas foi possvel pelo facto da Espanha, que o nos-so principal parceiro comercial, ter seguido o mesmo caminho. O problema que este conti-nuado encarecimento do que produzimos na Pennsula Ib-rica face ao exterior levou-nos, tambm, a um elevado dfi ce da Balana Corrente que obrigou ao aumento do endividamento externo. Estar Portugal ameaado por um cenrio de acionista?

    Num primeiro momento, esta questo pode parecer contro-versa. Afi nal, sendo a defl ao

    caracterizada pela descida gene-ralizada e persistente dos preos dos bens e servios, dever-se- associar conotao negativa da palavra ameaa?

    Vulgarmente, a ideia corrente a de que quanto mais baixa for a infl ao, melhor, e de que se os preos, em vez de subirem, descessem, ento, provavelmen-te, estaramos perante o cenrio ideal. No entanto, a histria mostra-nos que uma situao de defl ao pode ser bem mais grave do que a infl ao e est, geralmente, associada a perodos de depresso econmica, isto , a um retrocesso persistente e au-tossustentado da atividade eco-nmica.

    Exemplos clssicos so o da defl ao que ocorreu depois do crash bolsista de 1929, tendo os preos diminudo 27 p.p., entre 1930 e 1933, nos Estados Uni-dos da Amrica, com uma dimi-nuio, em 40 p.p., dos salrios e um forte nvel de desemprego,

    ou o da defl ao que ocorreu no Japo, entre 1990 e 2000, numa altura em que a taxa de juro di-retora do Banco do Japo atin-giu o nvel 0.

    De facto, nos anos 30, a desci-da dos preos acabou por reduzir de tal forma o valor dos ativos das empresas e das proprieda-des das famlias, que os bancos que lhes tinham emprestado dinheiro viram as suas garan-tias virtualmente encolherem, registando-se ciclos de falncias impressionantes (em 1930, fa-liram 608 bancos, em 1931, 1 272 e em 1933, 2 500).

    Uma defl ao prolongada co-loca os pases numa situao em que, devido a uma expectativa permanente de descida de pre-os, o consumo das famlias e o investimento das empresas no arrancam, deixando a economia num estado de autntica depres-so.

    Com efeito, por se ter vindo a registar, em Portugal, uma

    descida de preos, bem como uma descida das taxas de juro de referncia, nomeadamente a Euribor, as atenes viram--se no para a vantagem que os portugueses podem retirar de ter produtos mais baratos, mas sim para a discusso dos riscos de incio de um processo de de-fl ao.

    Alguns especialistas dizem que a verdadeira queda de preos est escondida atrs da subida do IVA (mesmo que o preo lquido de venda sofra diminuies, com a subida do IVA, o preo pago pelos consumidores preo bru-to de venda tende a manter--se, relativamente, inalterado) e que, quando esse efeito cair, ser visvel a tendncia de defl ao. Vozes mais prudentes afi rmam que curtos perodos de queda de preos no chegam para fazer uma tendncia, mas avisam que a manuteno deste comporta-mento durante mais anos um peso adicional, que compromete

    fatalmente o esforo de reduo da dvida.

    Num aspecto, as opinies so consonantes: Portugal no re-ne, para j, as condies neces-srias para que lhe seja diagnos-ticado este problema. Para isso acontecer, ter-se-ia que verifi car a descida dos preos generali-zada (ocorrendo nos preos de todos os bens e servios), per-sistente, ou seja, prolongada no tempo e no apenas durante al-guns meses, e, alm disso, seria preciso que os agentes econ-micos assumissem que os preos iriam continuar a cair no futuro.

    Paul Samuelson, Nobel da Economia em 1970, um dia disse: Ser que o homem des-ceu das rvores, aprendeu a an-dar e a conquistar at o ncleo do tomo, para chegar, afi nal, concluso de que no capaz de controlar a estabilidade dos preos?. E eu pergunto: ser que Samuelson no tem toda a razo?

    De ao em Portugal uma iluso?

    Abril