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FACULDADE TECSOMA Curso de Graduação em Enfermagem PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO PÉ DIABÉTICO: papel e atuação do profissional enfermeiro nas unidades de saúde do município de Paracatu - MG Ana Flávia Campos Costa PARACATU 2010

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FACULDADE TECSOMA Curso de Graduação em Enfermagem

PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO PÉ DIABÉTICO: papel e atuação

do profissional enfermeiro nas unidades de saúde do município de Paracatu

- MG

Ana Flávia Campos Costa

PARACATU

2010

ANA FLÁVIA CAMPOS COSTA

PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO PÉ DIABÉTICO: papel e atuação

do profissional enfermeiro nas unidades de saúde do município de Paracatu

- MG

Trabalho de conclusão de curso apresentado à

disciplina Metodologia da Pesquisa Científica

como requisito parcial à obtenção do título de

bacharel em enfermagem da Faculdade Tecsoma

– Paracatu Minas Gerais.

Orientador metodológico: Geraldo Benedito

Batista Oliveira.

Orientadora temática: Carolina Silveira de Souza

PARACATU

2010

COSTA, Ana Flávia Campos, 1986.

PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO PÉ DIABÉTICO: papel e atuação do profissional enfermeiro nas unidades

de saúde do município de Paracatu – MG/Ana Flávia Campos Costa. Paracatu - Minas Gerais: Faculdade

TECSOMA - FATEC, 2010.

54p.

Orientadora: Carolina Silveira de Souza. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação). Faculdade Tecsoma, Curso de Enfermagem.

1. Pé Diabético. 2. Enfermeiro. 3 Assistência de Enfermagem. I Souza, Carolina Silveira de. II Faculdade

Tecsoma. III Título.

CDU: 379.008.64

Ana Flávia Campos Costa

PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO PÉ DIABÉTICO: papel e atuação

do profissional enfermeiro nas unidades de saúde do município de Paracatu

- MG

Trabalho de conclusão de curso apresentado à

disciplina Metodologia da Pesquisa Científica

como requisito parcial à obtenção do título de

bacharel em enfermagem da Faculdade Tecsoma

– Paracatu Minas Gerais.

________________________________________________

Carolina Silveira de Souza (Orientadora Temática) - FATEC

________________________________________________

Geraldo Benedito Batista (Orientador metodológico) - FATEC

Paracatu, 18 de Junho de 2010

Aos meus pais, Ana Maria e Carlos Tadeu,

pelo exemplo, dedicação e confiança nos meus

objetivos. Meus irmãos, Patrícia, Soraya,

Tadeu e Túlio, pelo incentivo e carinho.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por iluminar cada passo de minha vida, me dando

coragem, esperança, prosperidade, serenidade e principalmente oportunidades para

alcançar meus objetivos.

A minha família que sempre está ao meu lado, incentivando e lutando, não

medindo esforços para que meus objetivos fossem alcançados.

Aos meus amigos, Camila Rafaela, Renato Caetano, Guilherme Borges e Vinícius

Barbosa, por sempre estarem presentes nos momentos alegres e principalmente aqueles

mais difíceis que tive durante essa jornada. Mostrando-me que amizade é o pilar que

sustenta a vida, que sempre poderei contar com eles e que nunca mediram esforços para

me fazer feliz.

Ao meu amigo Alan Almeida pelos os dias de dedicação, paciência, interesse que

tornaram esse trabalho uma realidade, e principalmente pela amizade que sempre será

eterna.

Agradeço a família Madeira e Souza por ter me acolhido com tanto amor e carinho,

tornando-se um exemplo para minha vivência.

A Felipe Souza, pessoa admirável, por toda força, carinho, atenção e

principalmente amor.

A minha orientadora Carolina Souza, por todo empenho, atenção e conhecimento

tornando esse trabalho algo concreto e pelos ensinamentos que serão levados por toda vida.

E a todos que tornaram esse trabalho possível de se concluir.

“Não conheço nenhuma fórmula

infalível para obter o sucesso, mas

conheço uma forma infalível de

fracassar: tentar agradar a todos.”

John F. Kennedy

RESUMO

O Diabetes Mellitus (DM) configura-se como uma preocupação mundial, devido ao grande

prejuízo causado aos indivíduos portadores da doença. A neuropatia diabética pode levar à

amputação do pé, provocando assim gastos excessivos ao sistema de saúde, e principalmente

danos físicos e psicológicos ao portador da doença. Diante disso, realizou-se o presente estudo

com o objetivo de avaliar a adoção de medidas preventivas e tratamento do pé diabético pelo

profissional enfermeiro nas unidades de saúde; avaliação do nível de conhecimento do

profissional enfermeiro sobre o pé diabético; verificação da existência de protocolo de manejo

do pé diabético de acordo com o grau de risco e conhecer como se dá a consulta de

enfermagem voltada ao paciente diabético. Trata-se de um estudo quanti-qualitativo realizado

nas unidades do Programa de Saúde da Família do município de Paracatu-MG, sendo possível

conhecer de que forma os serviços de saúde estão estruturados para atender a demanda dos

pacientes diabéticos, sob a ótica da atuação do profissional enfermeiro. Participaram da

pesquisa 12 enfermeiros responsáveis pelas unidades básicas de saúde no município. Para a

coleta de dados foram utilizados questionários com perguntas objetivas e discursivas.

Obtiveram-se dados relevantes que possibilitaram entender o panorama atual de cuidados

prestados ao paciente diabético em Paracatu-MG. Assim, o presente estudo detectou falhas no

processo de atenção ao paciente diabético, demonstrando o baixo nível de envolvimento do

profissional, e a consequente negligência com o cuidado prestado ao portador do chamado pé

diabético ou aqueles que se encontram em risco de desenvolvê-lo. Neste sentido, concluiu-se

que a gestão de saúde municipal, juntamente com o profissional enfermeiro, deve buscar

soluções voltadas à adoção de protocolos pré-estabelecidos, atuação na busca ativa e manejo

dos pacientes, além da capacitação dos profissionais de saúde com vistas a uniformizar o

conhecimento dos envolvidos na assistência e garantir a integralidade no atendimento ao

paciente portador de diabetes.

Palavras-Chaves: Pé Diabético. Enfermeiro. Assistência de Enfermagem.

ABSTRACT

Diabetes Mellitus (DM) is configured as a global concern, due to the great damage caused to

individuals with the disease. Diabetic neuropathy can lead to amputation of the foot, causing

excessive costs to the health system, especially physical and psychological harm to the

disease. Therefore, held the present study aimed to evaluate the adoption of preventive

measures and treatment of diabetic foot by the professional nurse in health units, assessing the

level of knowledge of nursing professionals on the diabetic foot, check for protocol

management of diabetic foot according to the degree of risk and to know how the nursing

consultation focused on the diabetic patient. This is a quantitative and qualitative study

conducted in units of the Family Health Program in the city of Paracatu, making it possible to

know how health services are structured to meet the needs of diabetic patients, from the

perspective of performance professional nurse. 12 nurses participated in the research

responsible for basic health units in the county. To collect the data was used questionnaires

with objective questions and speeches. Relevant data were obtained that enabled to

understand the current landscape of health care provided to diabetic patients in Paracatu.

Thus, this study found flaws in the process of care to diabetic patients, demonstrating the low

level of professional involvement, and the consequent neglect of the care given to the bearer

of so-called diabetic foot or those who are at risk of developing it. In this sense, it was

concluded that the management of municipal health, along with the professional nurse, must

seek solutions towards the adoption of pre-established protocols, performance in the active

search and management of patients, in addition to training health professionals in order to

unify the knowledge of those involved in care and ensure comprehensiveness in care to

patients with diabetes.

Words: Diabetic Foot. Nurse. Nursing Care.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 Evolução do Diabetes no mundo (2000 – 2030) .................................................... 12

FIGURA 2 Avaliação Frequente dos Pés .................................................................................. 24

FIGURA 3 Calçado para o portador de Pé Diabético................................................................ 25

FIGURA 4 Avaliação de Pulsos Periféricos .............................................................................. 28

FIGURA 5 Teste de Semmes- Weinstein ................................................................................. 29

FIGURA 6 Higienização dos Pés .............................................................................................. 30

QUADRO 1 Classificação de risco do pé diabético .................................................................. 28

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Conhecimento dos Protocolos para o cuidado do paciente diabético..............35

GRÁFICO 2 Existência de cadastro de pacientes com Diabetes Mellitus............................36

GRÁFICO 3 Existência de cadastro de pacientes em risco de desenvolver o Pé

Diabético.................................................................................................................................36

GRÁFICO 4 Existência de cadastro para pacientes portadores do Pé Diabético.................37

GRÁFICO 5 Tipo de calçado apropriado, quanto ao material para o paciente

diabético..................................................................................................................................40

GRÁFICO 6 Unhas dos pés, como elas devem ser cortadas, sendo qual material

utilizado...................................................................................................................................41

GRÁFICO 7 Resposta obtida referente ao questionamento: “Os pés devem ser lavados

(água e sabão, esfregando com bucha ou outro material)todos os dias?”...............................42

GRÁFICO 8 Resposta obtida referente ao questionamento: De acordo com seu

conhecimento, com que material se deve enxugar o pé do portados do pé

diabético?................................................................................................................................43

LISTA DE SIGLAS

ABI – Índice Tornozelo- Braquial

ACD – Agente Comunitário Dentário

ACS – Agente Comunitário de Saúde

ADA – American Diabetes Association

DM – Diabetes Mellitus

EBDG – Estudo Brasileiro de Diabetes Gestacional

GI – Trato Gastrointestinal

IGBE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MS – Ministério da Saúde

OMS – Organização Mundial de Saúde

PACS – Programa de Agentes Comunitários de Saúde

PSF – Programa de Saúde da Família

SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes

THD – Técnico de Higiene Dentária

TTG – Teste de Tolerância a Glicose

UBS – Unidade Básica de Saúde

USF – Unidade de Saúde da Família

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12

2 REVISÃO LITERÁRIA ................................................................................................. 16

2.1 Diabetes Mellitus -DM .................................................................................................. 16

2.1.1 Diabetes Mellitus I ...................................................................................................... 17

2.1.2 Diabetes Mellitus II .................................................................................................... 17

2.1.3 Diabetes Gestacional .................................................................................................. 18

2.1.4 Prevenção do Diabetes Mellitus ................................................................................. 19

2.1.5 Diagnóstico e Tratamento .......................................................................................... 20

2.2 Neuropatia Diabética .................................................................................................... 21

2.2.1 Fisiopatologia ............................................................................................................. 22

2.2.2 Prevenção da Neuropatia Diabética .......................................................................... 23

2.2.3 Consulta do Pé Diabético ........................................................................................... 25

2.2.4 Avaliação e História do Paciente ............................................................................... 26

2.2.5 Exame Físico ............................................................................................................... 27

2.2.5.1 Teste de Semmes - Weinstein ................................................................................. 28

2.2.6 Tratamento .................................................................................................................. 30

2.3 Paracatu –MG e a Atenção Básica .............................................................................. 31

3 METODOLOGIA ............................................................................................................ 34

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 35

5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 45

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 47

APÊNDICES ....................................................................................................................... 50

1 INTRODUÇÃO

Diabetes Mellitus (DM) configura-se como uma preocupação mundial, devido ao

grande prejuízo causado aos indivíduos portadores da doença. Cada vez mais tem se tornando

alvo de altos investimentos no âmbito de prevenção, tratamento e recuperação buscando a

melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

Apesar de, no século passado, ter sido inquestionável o avanço científico na área de

diabetes, a qualidade do cuidado ao paciente diabético é, ainda hoje, pobre. Nessa

direção, vários autores preconizam que, para qualificar os cuidados ao paciente

diabético, há necessidade de buscar estratégias efetivas mediante uma abordagem

integrais, envolvendo os elementos fisiopatológicos, psicossociais, educacionais e de

reorganização da atenção à saúde. (FAEDA,2006 p.818).

O Diabetes Mellitus trata-se de uma epidemia mundial sendo um grande desafio para

os sistemas de saúde de todo o mundo. A Organização Mundial de Saúde estima que em todo

mundo chegará a 350 milhões em 2025, sendo que no Brasil são cerca de seis milhões de

portadores e esse número deverá chegar a 10 milhões em 2010. (BRASIL, 2006).

Figura 1 – Evolução do Diabetes no mundo (2000 – 2030)

Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2009

A patologia tem proporções gigantescas, causando prejuízo a vários sistemas

orgânicos do indivíduo. Logo se torna necessário à prática de orientações aos portadores, com

vistas a minimizar os danos causados e melhorar a qualidade de vida.

Segundo Smeltzer e Bare (2006) o diabetes trata-se um grupo de doenças metabólicas

13

caracterizadas por níveis elevados de glicose no sangue (hiperglicemia) decorrentes dos

defeitos na secreção e / ou na ação da insulina (American Diabetes Association [ADA],

Expert Committe on the Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus, 2003).

Normalmente, determinada quantidade de glicose circula no sangue. As principais fontes de

glicose são absorções do alimento ingerido no trato gastrintestinal (GI) e a formação de

glicose pelo fígado a partir das substâncias alimentares.

A insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas, controla o nível de glicose no

sangue ao regular a produção e o armazenamento de glicose. No estado diabético, as células

podem parar de responder à insulina ou o pâncreas pode parar totalmente de produzi-la. As

manifestações clínicas do diabetes mellitus são polimorfas e variam consideralvemente de

pacientes para pacientes. Alguns pacientes podem permanecer assintomáticos durante meses a

anos após a instalação da doença, sendo o seu diagnóstico efetuado casualmente num exame

de glicemia de rotina ou numa consulta médica devido a uma complicação degenerativa da

doença, como neuropatia periférica, oftalmológica, gangrena, impotência sexual ou evento

cardio/cerebrovascular. (MILECH, 2004 p.33).

Assim torna-se importante que os profissionais e gestores de saúde busquem sempre a

manutenção da saúde dos portadores de diabetes, para que os agravos sejam minimizados.

Tendo em vista, que a neuropatia diabética, pode levar à amputação do pé, provocando assim

gastos excessivos ao sistema de saúde, e principalmente danos físicos e psicológicos ao

portador da doença.

O Ministério da Saúde e o Consenso Internacional sobre o Pé Diabético de 2001

concordam em divulgar que mais de 120 milhões de pessoas no mundo sofrem de diabetes

mellitus e muitos desses indivíduos apresentaram úlceras nos pés. Aproximadamente 40 a

60% de todas as amputações não traumáticas dos membros inferiores são realizadas em

pacientes com diabetes. Quatro entre cinco úlceras em indivíduos diabéticos são precipitadas

por trauma externo, sendo que a prevalência de úlceras nos pés é de 4 a 10% da população

diabética.

O pé reflete de uma maneira muito especial todos os danos causados pelo diabetes

mellitus ao organismo do paciente. A associação de comprometimento vascular por

aterosclerose e microangiopatia, neuropatia periférica e deformidades favorecem o

aparecimento de úlceras, infecção e gangrena. (HESS,2002).

O envolvimento dos profissionais enfermeiros e as orientações repassadas aos

portadores de Diabetes, visando à prevenção de agravos, tende a diminuir esses danos ou até

mesmo evitá-los, na medida instrumentaliza o paciente para o autocuidado.

Segundo o Ministério da Saúde, Brasil (2006) a neuropatia diabética é a complicação

mais comum do diabetes, compreendendo um conjunto de síndromes clínicas que afetam o

sistema nervoso periférico sensitivo, motor e autonômico, de forma isolada ou difusa, nos

segmentos proximal ou distal, de instalação aguda ou crônica, de caráter reversível ou

irreversível, manifestando-se silenciosamente ou com quadros sintomáticos dramáticos. A

forma mais comum é a neuropatia simétrica sensitiva motora distal. Pode se manifestar por

sensação de queimação, choques, agulhadas, formigamentos, dor a estímulos não-dolorosos,

câimbras, fraqueza ou alteração de percepção da temperatura.

Em sua forma anatômica, a neuropatia provoca alterações importantes na pele

tornando-a seca, quebradiça, facilmente irritável e diminuindo em muito sua capacidade e

qualidade como barreira natural de proteção. (XAVIER E HEBERT,2003).

Diante do exposto considera-se importante que todos os pacientes diabéticos cuidem

bem de seus pés, principalmente aqueles com mau controle do diabetes e/ou alterações

circulatórias. Assim, cabe o envolvimento da equipe multidisciplinar, para garantir a educação

do paciente e/ou cuidador, bem como avaliara a adesão ao tratamento, para que os riscos de

amputações diminuam.

Logo, cabe ao profissional enfermeiro solicitar durante a consulta de enfermagem, os

exames de rotina definidos como necessários pelo médico da equipe ou de acordo com

protocolos ou normas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal. Acrescentar a esta

consulta de enfermagem, o exame dos membros inferiores para identificação do pé de risco e

realizar cuidados específicos nos pés acometidos e nos pés em risco. (BRASIL, 2006).

Sendo que as úlceras de pés e amputações são as complicações mais graves que acometem os

pacientes diabéticos.

Estima-se que 15% dos diabéticos apresentarão úlcera nos membros inferiores em

algum momento na evolução de sua doença. (RIO DE JANEIRO, 2001).

O reconhecimento precoce e o manejo da neuropatia diabética são importantes, pois,

permitem o início de um tratamento específico em casos assintomáticos, reconhecimento e

orientação adequada de pacientes em risco de lesões em membros inferiores.

O atendimento é prestado pelos profissionais das equipes (médicos, enfermeiros,

auxiliares de enfermagem, agentes comunitários de saúde, dentistas e auxiliares de consultório

dentário) na unidade de saúde ou nos domicílios. (BRASIL, 2006).

Diante do exposto, justifica-se a relevância do presente estudo, pretendendo conhecer

de que forma os serviços de saúde em Paracatu-MG estão estruturados para atender a esta

demanda dos pacientes diabéticos, sob a ótica da atuação do profissional enfermeiro.

15

Tendo como objetivos a avaliação de adoção de medidas preventivas e tratamento do

pé diabético pelo profissional enfermeiro nas unidades de saúde do município de Paracatu-

MG; avaliação do nível de conhecimento do profissional enfermeiro sobre o pé diabético;

verificação da existência de protocolo de manejo do pé diabético de acordo com o grau de

risco e conhecer como se dá a consulta de enfermagem voltada ao paciente diabético.

Assim o presente trabalho torna-se importante, pois acredita-se que o profissional

enfermeiro deve estar preparado para atuar de forma ativa para o desenvolvimento de ações

de saúde, no âmbito individual e coletivo, a fim de melhorar a qualidade de vida e prognóstico

da doença, com foco no autocuidado.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Diabetes Mellitus - DM

Hoje o Diabetes Mellitus é considerado uma das principais síndromes de evolução

crônica que acomete o homem em qualquer idade, condição social e localização geográfica,

tornado-se assim um problema de saúde pública no Brasil em razão de sua prevalência,

morbidade e mortalidade e repercussões econômicas e sociais.

Segundo o Consenso Brasileiro de Diabetes (SBD, 2001) o Diabetes Mellitus é uma

síndrome de etiologia múltipla, que decorre de distúrbios no metabolismo de carboidratos,

proteínas gorduras, secundários a uma deficiência ou ausência de produção de insulina pelo

pâncreas e/ou diminuição nos tecidos-alvo. Como consequência, surge à hiperglicemia, cuja

intensidade tem relação diretamente proporcional à deficiência de insulina, frequentemente

acompanhada de dislipidemia, hipertensão arterial e disfunção endotelial.

Sendo assim a hiperglicemia persistente ocasiona alterações de grande importância nas

membranas basais capilares sanguíneos com a glicolisação não enzimática de proteínas e,

também, a ativação da formação de pólios que se acumulam nas células. Contribuindo para o

aparecimento das complicações crônicas da doença, que incluem nefropatia, com evolução

para insuficiência renal, retinopatia com possível cegueira e/ou neuropatia com risco de

úlceras nos pés, amputações, artropatia de Charcot e manifestações de disfunções

autonômicas. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2001).

Com frequência, os sintomas clássicos como perda de peso, polidipsia, poliúria e

polifagia estão ausentes, porém poderá existir hiperglicemia em grau suficiente para causar

alterações funcionais ou patológicas por um longo período, antes mesmo do estabelecimento

do diagnóstico. Logo nota-se a importância de um manejo adequado dos profissionais em

enfermagem para a prevenção, tratamento e recuperação daqueles que são acometidos por

essa síndrome.

Segundo a American Diabetes Association (ADA), a Organização Mundial de Saúde

(OMS) e a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) o Diabetes Mellitus pode ser classificado

em tipo 1, tipo 2 ,diabetes gestacional e outros tipos específicos que envolvem defeitos

genéticos, doenças do pâncreas dentre outros. (BRASIL,2006).

A seguir, descreveremos as principais formas que o diabetes pode manifestar-se.

17

2.1.1 Diabetes Mellitus I

O Ministério da Saúde, Brasil (2006), afirma que o Diabetes Mellitus tipo1 resulta

primariamente da destruição das células beta pancreáticas e tem tendência à cetoacidose. Esse

tipo ocorre em cerca de 5 a 10% dos diabéticos. É a principal doença endócrina e forma de

diabetes diagnosticada na infância e na juventude, suas características principais são:

necessidade diária de insulina no tratamento, com controle metabólico, grande oscilação na

glicemia e grande tendência a desenvolver cetoacidose e coma. Possuindo duas formas

clínicas quanto à sua origem: o tipo 1 imunomediado e o tipo 1 idiopático.

2.1.2 Diabetes Mellitus II

O Diabetes Mellitus tipo 2 é chamado de não-insulino-dependente ou diabetes estável

do adulto, essa forma vem da associação de forte predisposição genética e familiar, com o

estilo de vida e os fatores ambientais.

Segundo Lima (2006), devido aos erros alimentares e ao sedentarismo crescente em

nossos dias, o diabetes tipo 2 (DM2) tem se tornado uma epidemia mundial, trazendo consigo

aumento na ocorrência de complicações microvasculares (neuropatia, nefropatia e retinopatia)

e macrovasculares (infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral).

Resulta, em geral, de graus variáveis de resistência à insulina e de deficiência relativa

de secreção de insulina. Sendo hoje considerada parte da chamada síndrome plurimetabólica

ou de resistência à insulina e ocorre em 90% dos pacientes diabéticos.

Denomina-se resistência à insulina o estado no qual ocorre menor captação de glicose

por tecidos periféricos (especialmente muscular e hepático), em resposta à ação da insulina.

As demais ações do hormônio estão mantidas ou mesmo acentuadas. Em resposta a essa

resistência tecidual, há uma elevação compensatória da concentração plasmática de insulina,

com o objetivo de manter a glicemia dentro dos valores normais. A homeostase glicêmica é

atingida à custa de hiperinsulinemia. (BRASIL, 2001).

Assim torna-se importante o enfoque na prevenção para que os indivíduos alcancem

melhora na qualidade de vida.

2.1.3 Diabetes Gestacional

Diabetes Gestacional segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes e o Ministério da

Saúde (2006), envolve a diminuição da tolerância à glicose, diagnosticada primeiramente, na

gestação, podendo ou não persistir até o parto. O Estudo Brasileiro de Diabetes Gestacional –

EBDG revelou que 7,6% das mulheres em gestação apresentam intolerância à glicose ou

diabetes.

São diversos fatores que podem ocasionar a síndrome como:

idade superior a 25 anos;

obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual;

deposição central excessiva de gordura corporal;

história familiar de diabetes em parentes de 1º grau;

baixa estatura (≤ 1,51cm);

crescimento fetal excessivo, poliidramnio, hipertensão ou preeclâmpsia na gravidez

atual;

antecedentes obstétricos de morte fetal ou neonatal, de macrossomia ou de diabetes

gestacional.

O procedimento diagnóstico preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)

e agora também pela Associação Americana de Diabetes (ADA) é o teste de tolerância com

sobrecarga oral de 75 g de glicose. Para minimizar a variabilidade desse teste, ele deve ser

aplicado de forma padronizada, de acordo com as normas da OMS, em geral entre 24 e 28

semanas de gestação. (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION,2006).

O tratamento inicial consiste numa orientação alimentar para diabetes que permita

ganho adequado de peso de acordo com o estado nutricional da gestante, avaliado pela

informação do peso pré-gravídico. A atividade física deve fazer parte da estratégia de

tratamento do diabetes gestacional, evitando exercícios de alto impacto e aqueles que

requerem equilíbrio. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2005).

19

2.1.4 Prevenção do Diabetes Mellitus

A prevenção é a forma mais eficaz, barata e gratificante de tratar esses agravos. É de

suma importância e engloba, além da educação para a saúde, a reorganização das

comunidades e da rede básica.

Não cabe somente ao indivíduo, mas como também a equipe de saúde, em especial o

profissional enfermeiro, atuar buscando eliminar os fatores de risco que possam levar ao

desenvolvimento do diabetes. Neste contexto deve-se enfatizar o controle da obesidade,

tabagismo, sedentarismo e estimulando uma alimentação saudável e desenvolvimento de

atividades educativas.

O profissional enfermeiro tem um papel fundamental na prevenção do diabetes, sendo

atuante em várias situações como:

por meio de ações individuais e/ou coletivas, na promoção de saúde com todas as

pessoas na comunidade;

desenvolvimento de atividades educativas individuais ou em grupo com pacientes

diabéticos;

realização de consultas de enfermagem com pessoas com maior risco para diabetes,

com a definição clara de presença de risco e o encaminhamento ao médico da unidade

para o rastreamento com glicemia em jejum quando necessário;

realização da consulta de enfermagem, abordando fatores de risco, estratificando risco

cardiovascular, com orientação de mudanças no estilo de vida e tratamento não –

medicamentoso, verificando a adesão e possíveis intercorrências ao tratamento,

encaminhando ao médico quando necessário.

Segundo o Ministério da Saúde, a detecção precoce e o tratamento estão englobados

na prevenção, evitando complicações e retardando o quadro clínico. Sendo que as ações

devem ser programadas para identificação dos fatores de risco associados, lesão em órgão-

alvo e co-morbidades. (BRASIL, 2001).

2.1.5 Diagnóstico e Tratamento

Para se alcançar um diagnóstico preciso do DM deve-se estar atento a vários fatores

que envolvem história familiar, características clínicas, sinais e sintomas e exames

laboratoriais.

Segundo o Ministério da Saúde, os sinais clássicos de diabetes são:

fadiga;

fraqueza;

letargia;

prurido cutâneo e vulvar;

balanopostite;

infecções de repetição.(Brasil,2006)

As complicações crônicas podem ser decorrentes de alterações da microcirculação

tendo como exemplo retinopatia e nefropatia, macrocirculação como cardiopatia isquêmica,

doença cerebrovascular e doença vascular periférica e as complicações neuropáticas.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, os exames feitos para a detecção do

diabetes incluem glicemia em jejum que vem a ser a verificação do nível de glicose sanguínea

após um jejum de 8 a 12 horas. O teste de tolerância à glicose (TTG-75 g), sendo que o

paciente recebe uma carga de 75 g de glicose, em jejum, e a glicemia é medida antes e 120

minutos após a ingestão.

A glicemia casual também é utilizada como diagnóstico tomada sem padronização do

tempo desde a última refeição. Pessoas que apresentarem a glicemia em jejum entre 110 e 125

mg/dl (glicemia em jejum alterada), por apresentarem alta probabilidade de ter diabetes,

podem requerer avaliação por TTG-75 g em 2 horas. Mesmo quando a glicemia de jejum for

normal (< 110 mg/dl), pacientes com alto risco para diabetes ou doença cardiovascular podem

merecer avaliação por TTG. (BRASIL, 2006).

Após todos esses exames diagnóstico o paciente deve ser encaminhado ao tratamento

adequado, sempre o deixando bem esclarecido sobre sua patologia e com um

acompanhamento para a prevenção de possíveis complicações.

O tratamento inclui as seguintes estratégias: educação, modificações dos hábitos de

vida e, se necessário, medicamentos. O paciente deve ser continuamente estimulado a adotar

hábitos saudáveis de vida (manutenção de peso adequado, prática regular de atividade física,

21

suspensão do hábito de fumar, baixo consumo de gorduras saturadas e de bebidas alcoólicas).

(BRASIL, 2002).

O paciente diabético deverá ser tratado de forma individualizada, respeitando-se as seguintes

situações:

idade do paciente;

presença de outras doenças;

capacidade de percepção da hipoglicemia e de hipotensão;

estado mental do paciente;

uso de outras medicações;

dependência de álcool ou drogas;

cooperação do paciente;

restrições financeiras.

O profissional enfermeiro tem um papel significativo que abrange a detecção precoce,

prevenção e cuidados especiais com as possíveis complicações apresentadas pelo indivíduo

portador do diabetes. Ele deve agir de forma individual e coletiva, visando a realização de

consulta voltada aos fatores de risco, além de desenvolver atividades educativas de promoção

de saúde sempre visando a melhora do quadro e geral e da qualidade de vida do paciente.

2.2 Neuropatia Diabética

As estimativas mostram que existem 10 a 12 milhões de pacientes adultos com

diabetes no Brasil, e provavelmente um número semelhante de casos não-diagnosticados.

Noventa por cento dos casos são diagnosticados em adultos. Um em quatro apresentam sinais

de neuropatia periférica. A incidência de neuropatia periférica aumenta dez anos após o diag-

nóstico, quando o controle glicêmico está aquém do ideal (BATISTA, 2009 p.24).

A neuropatia periférica é um fator associado em 61% das amputações de extremidades

inferiores associadas à diabetes; calcula-se que 86% destes procedimentos poderiam ser

evitados.

Assim, para as pessoas diabéticas, os cuidados com os pés tornam-se de suma

importância, devido a sua vulnerabilidade. A lesão no pé do paciente portador de DM resulta

da presença de dois ou mais fatores de risco associados que atuam concomitantemente e

podem ser desencadeadas, tanto por traumas intrínsecos como extrínsecos, associados à

neuropatia periférica, à doença vascular periférica e à alteração biomecânica. (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE DIABETES, 2005).

Segundo Lopes (2003) as alterações neurológicas ainda são explicadas através de

teorias. Destacamos duas teorias: a teoria vascular, na qual a microangiopatia da vasa

nervorum causaria uma isquemia com lesão do tecido nervoso. E a teoria bioquímica, na qual

a ausência de insulina alteraria as células de Schwann através do efeito tóxico do sorbitol e da

frutose que estão aumentadas no diabetes, e pela depleção do mioinositol.

As lesões geralmente decorrem de trauma e frequentemente se complicam com

gangrena e infecção, ocasionadas por falhas no processo de cicatrização as quais podem

resultar em amputação, quando não se institui tratamento precoce e adequado. (PACE E

OCHOA, 2005).

2.2.1 Fisiopatologia

Os mecanismos fisiopatológicos envolvem tanto nervos sensitivos e motores

(neuropatia sensitivo-motora) quantos nervos autônomos (neuropatia autonômica). A

neuropatia sensitivo-motora acarreta perda gradual da sensibilidade dolorosa, por exemplo, o

paciente diabético poderá não mais sentir o incômodo da pressão repetitiva de um sapato

apertado, a dor de um objeto pontiagudo no chão ou da ponta da tesoura durante o ato de

cortar unhas. Isto o torna vulnerável a traumas e é denominado de perda da sensação

protetora.(CONSENSO INTERNACIONAL SOBRE O PÉ DIABÉTICO, 2001).

Acarreta também a atrofia da musculatura intrínseca do pé causando desequilíbrio

entre flexores e extensores, o que desencadeia deformidades ósteoarticulares (dedos em garra,

dedos em martelo, proeminências das cabeças dos metatarsos, joanetes), que alteram os

pontos de pressão na região plantar com sobrecarga e reação da pele com hiperceratose local

(calo), que com a contínua deambulação evolui para ulceração, que se constitui em uma

importante porta de entrada para o desenvolvimento de infecções.

A neuropatia autonômica é a lesão dos nervos simpáticos, leva a perda do tônus

vascular, promovendo uma vasodilatação com aumento da abertura de comunicações artério-

venosas e consequentemente passagem direta do fluxo sanguíneo da rede arterial para a

venosa, causando a redução da nutrição aos tecidos. Acarretando a anidrose que torna a pele

23

ressecada e com fissuras servindo de porta de entrada para infecções. (LOPES, 2003).

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (2005) o “pé de Charcot”

(neuroosteoartropatia), tem como consequência o aumento de fluxo através das comunicações

artério-venosas, promovendo um aumento da reabsorção óssea com consequente fragilidade

do tecido ósseo.

Desta forma, o chamado “pé de Charcot”, juntamente com a perda da sensação

dolorosa e traumas sucessivos que levam a múltiplas fraturas e deslocamentos ósseos (sub-

luxações ou luxações), a principal causa de deformidades importantes que podem evoluir

também para calosidade e ulceração. (CONSENSO INTERNACIONAL SOBRE O PÉ

DIABÉTICO, 2001).

2.2.2 Prevenção da Neuropatia Diabética

Segundo o Consenso Internacional sobre o Pé Diabético (2001), vários estudos têm

demonstrado que programas abrangentes para cuidados com os pés, que incluem educação,

exame regular dos pés e classificação do risco, podem minimizar a ocorrência das lesões nos

pés em 50% dos pacientes.

Cinco pontos básicos são estratégicos para a prevenção, sendo eles:

inspeção regular e exame dos pés e dos calçados;

identificação do paciente de alto risco;

educação do paciente, da família e dos profissionais;

uso de calçados apropriados;

tratamento da patologia não ulcerativa.

A inspeção regular inclui a avaliação de todos pacientes diabéticos devem ter os pés

expecionados ao menos uma vez por ano, caso seja identificado risco essa avaliação de ser

com maior freqüência,sendo observado na figura 2.

Figura 2 – Avaliação Frequente dos Pés

Fonte: Consenso Internacional sobre o Pé Diabético (2001)

Identificar pacientes de alto risco é um trabalho que pode ser facilmente detectado

através da história do paciente e de exames clínicos. Sendo eles amputações e úlcera prévia,

falta de contado social, educação terapêutica precária, sensação protetora plantar alterada

(monofilamento), sensação vibratória, reflexo do tendão de Aquiles ausente, calos,

deformidades nos pés, calçados inadequados. (BRASIL, 2006).

Assim, classificando adequadamente, promove-se a prevenção de possíveis

complicações juntamente com ênfase no tratamento daqueles diagnosticados com a neuropatia

diabética.

A educação é a prioridade, e neste contexto o profissional enfermeiro tem papel

estratégico, atuando na prevenção das complicações à medida que engloba o paciente como

um todo. A educação deve ser simples, relevante, consistente e contínua, buscando métodos

audiovisuais, de aprendizado prático e de leitura, priorizando o envolvimento da família e do

paciente.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes e o Consenso Internacional sobre o Pé

Diabético (2001), calçados apropriados protegem os pés dos traumas, das temperaturas

excessivas e de contaminação. Os sapatos não devem ser muito apertados nem muito

folgados; a sua parte interna deve ser de 1 a 2 cm maior do que o próprio pé (Figura 3), sendo

que sua largura interna deve ser igual à do pé tomando como referência a face lateral das

articulações dos metatarsos, e a altura, com espaço suficiente para os dedos. Devem ser

experimentados de preferência ao final do dia.

Mais adiante abordaremos a realização do exame dos pés, voltado a identificação do

risco.

25

Figura 3-Calçado para o portador de “Pé Diabético”

Fonte: Consenso Internacional sobre o Pé Diabético (2001)

2.2.3 Consulta do Pé Diabético

Numa consulta de rotina para o cliente diabético deve-se levar em conta os seguintes

fatores de risco:

idade superior a 40 anos;

tabagismo;

diabetes com mais de 10 anos de duração;

diminuição dos pulsos arteriais ou hipoestesia em membros inferiores;

deformidades anatômicas ( artropatia, calosidade);

presença de ulcerações ou amputações prévias.

Os clientes devem ser orientados a examinar seus pés, visando à detecção precoce de

possíveis complicações, assim como seu tratamento, quando necessário. (BARBUI, 2002).

Segundo Hess (2002), a equipe de saúde tem como objetivo o cuidado da lesão, que

sempre deve incluir a família e o paciente para a garantia de melhor função e qualidade de

vida. Espera-se assim reduzir e, talvez, eliminar amputações e óbitos relacionados ao pé

diabético.

A consulta começa com uma minuciosa avaliação dos parâmetros do paciente com o

pé diabético, conforme destacamos a seguir.

2.2.4 Avaliação e História do Paciente

Os membros da equipe de cuidados precisam agir de forma preventiva ao avaliar e

tratar o paciente com o pé diabético, para isso o profissional enfermeiro deve ter uma

compreensão clara da situação patológica e da saúde global do paciente no momento, e não

somente do pé.

Compreender profundamente o quadro clínico do paciente e os fatores de risco atuais

ou potenciais tem a função de determinar o melhor plano de cuidado para uma melhor

atenção.

Uma anamnese minuciosa é fundamental para o plano terapêutico, as perguntas devem

ser especificas a fim de determinar a situação do diabetes do paciente. O paciente deve

descrever verbalmente as técnicas de cuidado com os pés e demonstrar a capacidade de

avaliar os pés e as regiões entre os artelhos. (HESS, 2002).

Desta forma, no momento da consulta, o enfermeiro deverá questionar:

quando o paciente recebeu o diagnóstico da doença?

se faz uso de medicação, qual o esquema?

conhece o processo patológico da doença e suas possíveis complicações?

recebe instruções de profissional qualificado?

apresenta queixa de dor no pé ou em membro inferior indicativos de claudicação?

existe presença de úlcera de pé?

Com base neste questionário o enfermeiro irá avaliar melhor o perfil de seu paciente,

com ênfase na busca de soluções para as possíveis complicações como, por exemplo, o “pé

diabético”.

27

2.2.5 Exame Físico

Segundo Hess (2002) e Brasil (2006), a obtenção de uma anamnese verbal do paciente

fornece apenas metade do quadro clínico, logo se torna importante a realização de uma

avaliação minuciosa dos membros inferiores, pés e artelhos do paciente, pesquisando tônus

muscular, integridade cutânea e tecidual e condições vasculares. Perguntas como veremos a

seguir tornará o exame físico bem preciso:

alguém da equipe realizou o exame físico geral para pesquisar sinais de neuropatia e

desgaste muscular?

alguém da equipe avaliou os pulsos poplíteos e podais do paciente?

alguém da equipe descreveu as condições dos pés ou pé do paciente?

existe evidências de “pé de Charcot”, áreas cicatrizadas, destruição de pele ou unhas

em más condições?

alguém da equipe registrou as condições globais da pele e a presença de cicatrizes por

úlceras ou cirurgias prévias?

alguém da equipe registrou a presença de outras situações nos membros inferiores,

como insuficiência venosa que possam complicar o tratamento?

As estratégias de avaliação para monitorar as condições do pé diabético também devem

incluir:

realização do teste de Semmes-Weinstein, para identificar perda da sensibilidade

protetora no pé diabético;

obtenção do índice tornozelo-braquial (ABI) para avaliar o fluxo sanguíneo, ou

encaminhamento do paciente para exames vasculares arteriais mais sofisticados;

pesquisa de úlceras nos pés dos pacientes, principalmente na face plantar dos artelhos,

nas laterais do pé, entre artelhos e nas pontas dos artelhos;

avaliação dos calçados comumente usados pelo paciente. Eles protegem os pés ou

promovem fricção?

Figura 4- Avaliação de Pulsos Periféricos

Fonte: Consenso Internacional Sobre Pé Diabético (2001)

Os exames dos pés levam ao manejo adequado para a classificação de acordo com o

nível de risco que engloba desde pé sem risco adicional até com presença de ulceração ou

infecção. Veja a classificação no quadro a seguir.

Quadro 1. Classificação de risco do pé diabético.

CLASSIFICAÇÃO ACHADOS

Sem risco adicional

sem sensibilidade

sem sinais de doença arterial periférica

sem outros fatores de risco

Em risco

presença de neuropatia

um único outro fator de risco

Alto risco

diminuição da sensibilidade associada à

deformidade nos pés ou evidência de

doença arterial periférica

ulceração ou amputação prévia ( risco

muito elevado)

Com presença de ulceração ou infecção ulceração presente

Fonte: Caderno de Atenção Básica- Diabetes Mellitus- Ministério da Saúde-2006

2.2.5.1 Teste de Semmes - Weinstein

O exame de Semmes – Weinstein (figura 5) envolve a aplicação de um monofilamento

de náilon de 10 gramas a determinadas regiões estratégicas do pé. O paciente que não

29

consegue perceber o monofilamento tem risco de ulceração e necessita de uma via e de um

plano de prevenção personalizados. O rastreamento anual pelo teste é recomendado em todos

os pacientes com diabetes. (BRASIL, 2006).

O fio de monofilamento é aplicado no pé em 10 lugares:

a face plantar do primeiro, terceiro e quinto artelhos;

a face plantar da primeira, terceira e quinta cabeças metatársicas;

a face plantar da região média do pé;

a face dorsal da região média do pé.

Segundo Hess (2002), a perda da sensibilidade protetora em geral é indicada pela

incapacidade do paciente de sentir o contato com o monofilamento em 4 ou mais 10 locais. Se

o teste indicar que o paciente está apresentando perda de sensibilidade protetora, encaminhe-o

para orientação intensiva em um programa de acompanhamento, de modo que aprenda como

inspecionar e proteger os pés.

Para Hess (2002) e Consenso Internacional sobre Pé Diabético (2001), depois que se

tem a historia e o exame físico do paciente, o clínico deve registrar os achados em detalhes.

Sendo que a etapa seguinte visa à orientação do paciente sobre o processo patológico e a

importância de seu papel no planejamento dos cuidados.

Tendo o envolvimento da avaliação do estilo de aprendizado preferido do paciente e a

inclusão desse estilo no plano de orientação. O envolvimento do paciente com as habilidades

apropriadas e os produtos necessários a prevenção do pé diabético é uma abordagem da

equipe de saúde, e principalmente do profissional enfermeiro.

Figura 5- Teste de Semmes-Weinstein

Fonte: Consenso Internacional sobre Pé Diabético-2001

2.2.6 Tratamento

O tratamento é de acordo com o diagnóstico do paciente, tendo a conduta não-cirúrgica e

cirúrgica.

O controle não-cirúrgico do pé diabético inclui otimizar os cuidados com a ferida

visando à manutenção de um ambiente adequadamente umedecido na mesma, debridamento

do tecido necrótico, eliminação das áreas de pressão no pé e melhora da força muscular e do

comprimento do membro inferior. Além dos cuidados com a higienização, observados na

figura 6.

Figura 6- Higienização dos Pés

Fonte: Consenso Internacional Sobre o Pé Diabético (2001)

Vale ressaltar que o alívio da pressão do pé envolve a adesão do paciente ao

tratamento, da compreensão do clínico sobre biomecânica e da disponibilidade dos produtos e

matérias apropriados. (HESS, 2002).

A conduta cirúrgica envolve intervenções para possibilitar a cicatrização da úlcera de

pé, como debridamento para remover tecido necrótico; para tratar problemas ligados às unhas;

e para modificar a ferida de um estado crônico não - cicatrizado para um estado agudo

inflamatório, o que desencadeia o processo de cicatrização. (BRASIL, 2006).

31

2.3 Paracatu-MG e a Atenção Básica

O município de Paracatu se localiza na região sudeste, Microrregião Noroeste do

Estado de Minas Gerais, sendo o terceiro maior município do estado, com uma extensão

territorial de 8.232 Km2, com uma população de 83.560 habitantes (contagem da população

em 2009-IGBE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Delimitado ao Norte com o

Município de Unaí, a Leste com o Município de João Pinheiro e Lagoa Grande, ao Sul com os

Municípios de Vazante e Guarda-Mor, e a Oeste faz divisa com o Estado de Goiás.

O Serviço Público de Saúde do município encontra-se estruturado em Atenção

Primária, Secundária e Terciária.

Na Atenção Primária 43% da população encontra-se coberta por 11 (onze) Equipes da

Estratégia Saúde da Família:

Estratégia da Família Chapadinha;

Estratégia da Família Paracatuzinho;

Estratégia da Família Aeroporto;

Estratégia da Família Prado;

Estratégia da Família São João Evangelista;

Estratégia da Família Caique;

Estratégia da Família Nossa Senhora de Fátima;

Estratégia da Família Alto do Açude;

Estratégia da Família JK;

Estratégia da Família Amoreiras;

Estratégia da Família Novo Horizonte.

A atenção Secundária é prestada em 03 Centros de Saúde, sendo eles:

Alto do Córrego;

Clínica da Mulher e da Criança;

Posto de Saúde da Bela Vista.

A Atenção Terciária é prestada pelo Hospital Municipal conforme pactuação com os

municípios de Uberaba, Uberlândia, Patos de Minas e Belo Horizonte.

O Município conta também com a assistência privada prestada por clínicas,

consultórios médicos e 01 (um) hospital particular.

O Ministério da Saúde (2006) diz que: a atenção básica caracteriza-se por um conjunto

de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da

saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da

saúde.

Saúde da Família é a estratégia priorizada pelo Ministério da Saúde para organizar a

Atenção Básica e tem como principal desafio promover a reorientação das práticas e

ações de saúde de forma integral e contínua, levando-as para mais perto da família e,

com isso, melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. Incorpora e reafirma os

princípios básicos do SUS – universalização, descentralização, integralidade e

participação da comunidade - mediante o cadastramento e a vinculação dos usuários

(BRASIL, 2006 p.45).

O Programa de Saúde da Família- PSF - é uma estratégia do Ministério da Saúde que

foi iniciado no Brasil em junho de 1991, com a implantação do Programa de Agentes

Comunitário de Saúde (PACS). Em janeiro de 1994 foram formadas as primeiras equipes de

saúde da família, incorporando e ampliando a atuação dos agentes comunitários.

A portaria nº. 648, 28 de março de 2006 diz que a estratégia de Saúde da Família, visa

à reorganização da Atenção Básica no País, de acordo com o Sistema Único de Saúde. Além

dos princípios gerais da Atenção Básica, a estratégia de Saúde da Família deve:

I - ter caráter substitutivo em relação à rede de Atenção Básica tradicional nos

territórios em que as Equipes Saúde da Família atuam;

II - atuar no território, realizando cadastramento domiciliar, diagnóstico situacional,

ações dirigidas aos problemas de saúde de maneira pactuada com a comunidade

onde atua, buscando o cuidado dos indivíduos e das famílias ao longo do tempo,

mantendo sempre postura pró-ativa frente aos problemas de saúde-doença da

população;

III - desenvolver atividades de acordo com o planejamento e a programação

realizada com base no diagnóstico situacional e tendo como foco a família e a

comunidade;

IV - buscar a integração com instituições e organizações sociais, em especial em sua

área de abrangência, para o desenvolvimento de parcerias; e

V - ser um espaço de construção de cidadania.

Para a implantação do PSF torna-se importante:

I - existência de equipe multiprofissional responsável por, no máximo, 4.000

habitantes, sendo a média recomendada de 3.000 habitantes, com jornada de

trabalho de 40 horas semanais para todos os seus integrantes e composta por, no

mínimo, médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem ou técnico de enfermagem e

Agentes Comunitários de Saúde;

II - número de ACS suficiente para cobrir 100% da população cadastrada, com um

máximo de 750 pessoas por ACS e de 12 ACS por equipe de Saúde da Família;

III - existência de Unidade Básica de Saúde inscrita no Cadastro Geral de

Estabelecimentos de Saúde do Ministério da Saúde, dentro da área para o

33

atendimento das Equipes de Saúde da Família que possua minimamente:

a) consultório médico e de enfermagem para a Equipe de Saúde da Família, de

acordo com as necessidades de desenvolvimento do conjunto de ações de sua

competência;

b) área/sala de recepção, local para arquivos e registros, uma sala de cuidados

básicos de enfermagem, uma sala de vacina e sanitários, por unidade;

c) equipamentos e materiais adequados ao elenco de ações programadas, de forma a

garantir a resolutividade da Atenção Básica à saúde;

IV - garantia dos fluxos de referência e contra-referência aos serviços

especializados, de apoio diagnóstico e terapêutico, ambulatorial e hospitalar; e

V - existência e manutenção regular de estoque dos insumos necessários para o

funcionamento da UBS.

Para um funcionamento preciso e atuante do PSF, o profissional enfermeiro é o

principal ponto de partida, pois através de suas ações irá criar um elo com o indivíduo e a

comunidade priorizando a prevenção, promoção e recuperação dos mesmos.

Segundo a portaria nº. 648, de 28 de março de 2006, o enfermeiro deve realizar ações

no PSF, como:

I - realizar assistência integral (promoção e proteção da saúde, prevenção de

agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde) aos

indivíduos e famílias na USF e, quando indicado ou necessário, no domicílio

e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc.), em todas as

fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e terceira

idade;

II - conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor

municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão,

realizar consulta de enfermagem, solicitar exames complementares e prescrever

medicações;

III - planejar, gerenciar, coordenar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS;

IV - supervisionar, coordenar e realizar atividades de educação permanente dos

ACS e da equipe de enfermagem. (BRASIL,2006).

Com isso o enfermeiro e o PSF passam a ter responsabilidade para buscar sempre a

melhoria da qualidade de assistência prestada, sendo mais humana, continua e integral,

atendendo as necessidades da população, estimulando a comunidade para que eles saibam que

a saúde é direito de todos, e contribuindo para a democratização do conhecimento do processo

de saúde e doença.

3 METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma pesquisa de análise quali/quantitativa, do tipo

exploratório-descritiva, tendo por finalidade conhecer a realidade do município de Paracatu-

MG, no que diz respeito aos cuidados prestados ao portador de neuropatia diabética,

realizados pelos profissionais responsáveis pelas unidades básicas de saúde, particularmente o

enfermeiro.

A pesquisa exploratório-descritiva engloba a objetividade de conhecer e interpretar a

realidade, expondo características de um determinado fenômeno.

Segundo Lima (2006) o método qualitativo-quantitativo envolve a triangulação

simultânea, pois se trata de uma expansão para aumentar a diversidade, enriquecer a

compreensão e realizar objetivos específicos.

Para desenvolver este trabalho, realizou-se pesquisa em livros e bibliotecas virtuais,

como Lilacs, Scielo e Bireme, selecionando artigos relacionados ao tema.

Realizou-se entrevistas por meio de questionários nos períodos de Abril e Maio de

2010, com os profissionais enfermeiros responsáveis pelos PSFs.

Segundo Lakatos e Marconi (2007), a entrevista é um procedimento utilizado na

investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de

um problema social. A entrevista era composta por 8 (oito) questões objetivas e 6 (seis)

questões discursivas,que analisou o conhecimento e atuação do enfermeiro na prevenção e

tratamento do Pé Diabético, buscando não julgar, mas conhecer a realidade do município

diante dessa complicação do diabetes.

As entrevistas foram realizadas nas 12 unidades de saúde que o município possui, sendo

que os enfermeiros responderam o questionário de forma voluntária com apresentado a eles

um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de acordo com a Resolução n° 196 de 10 de

outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, garantindo sigilo e anonimato, aspectos

éticos e orientando que a não participação não implicará em perdas na assistência a saúde,

sendo esclarecidos também o objetivo do estudo e qualquer outro tipo de dúvida.

No mês de maio de 2010 realizou-se a análise e discussão dos dados embasados no

referencial teórico e concluindo o estudo.

35

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O conhecimento de protocolos do Ministério da Saúde ligado aos cuidados diante da

patologia - Diabetes Mellitus - e a disposição de rotinas a serem seguidas, torna-se importante

para um melhor cuidado do profissional enfermeiro com o paciente portador da doença. No

município de Paracatu-MG essa realidade é presente, pois 90% dos enfermeiros entrevistados

afirmaram conhecer o protocolo que faz a abordagem (Gráfico-1).

Gráfico 1. Conhecimento dos Protocolos para o cuidado do paciente diabético

Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com os profissionais enfermeiros dos PSFs, pela

acadêmica Ana Flávia Campos Costa, Paracatu , maio de 2010.

Em pergunta aberta direcionada aos enfermeiros entrevistados sobre a existência de

um Protocolo de Manejo do Pé Diabético, obteve-se 100% de respostas negativas sem

maiores argumentações, como a seguir: “Não”. Apesar de não ser possível afirmar as causas

da não aplicação dos protocolos, acredita-se que a causa do problema esteja associada à

gestão da atenção básica, visto que a situação prevalece em todas as unidades pesquisadas,

evidenciando uma questão que deverá ser tratada em âmbito municipal. Desta forma, torna-se

necessário o desenvolvimento de estudos posteriores que busquem identificar quais fatores

determinam a não adoção dos protocolos apesar do conhecimento da sua existência e

aplicabilidade.

No que diz respeito ao cadastramento dos portadores de diabetes (Gráfico-2), 100%

dos profissionais enfermeiros afirmam que em sua unidade existe o cadastro destes pacientes.

Gráfico 2.Existência de cadastro de pacientes com Diabetes Mellitus

Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com os profissionais enfermeiros dos PSFs, pela

acadêmica Ana Flávia Campos Costa, Paracatu, maio de 2010.

Mas quando questionados sobre o cadastramento dos pacientes em risco e daqueles

que já apresentam o pé diabético notou-se que 100% dos profissionais responderam que o

cadastramento não existe. Podendo ser analisados nos gráficos 3 e 4.

Gráfico 3. Existência de cadastro de pacientes em risco de desenvolver o Pé Diabético

Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com os profissionais enfermeiros dos PSFs, pela

acadêmica Ana Flávia Campos Costa, Paracatu, maio de 2010.

37

Gráfico 4. Existência de cadastro para pacientes portadores do Pé Diabético

Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com os profissionais enfermeiros dos PSFs, pela

acadêmica Ana Flávia Campos Costa, Paracatu, maio de 2010.

Isso nos leva a crer que o atendimento ao portador do diabetes não está sendo de forma

integral, pois o Ministério da Saúde deixa claro que o reconhecimento e manejo precoce da

neuropatia diabética é importante para a orientação adequada buscando a prevenção e

melhoria da qualidade de vida do mesmo.

Tendo em vista que a discussão da importância dos cuidados envolvendo os pés é

parte de um programa educativo para a prevenção de úlcera e amputação, logo o profissional

enfermeiro é atuante nesse processo.

Tal dado torna-se preocupante à medida que configura o não atendimento integral ao

paciente portador de diabetes. Assim necessita-se de maiores esclarecimentos para que essa

realidade seja modificada, pois a atenção primária é a forma mais efetiva de atuação do

profissional enfermeiro voltada à prevenção, tratamento e recuperação do paciente portador

do pé diabético.

Destaca-se ainda que o não atendimento aos requisitos estabelecidos pelo Ministério

da Saúde, no que diz respeito às medidas preventivas, acaba por, a médio e longo prazo,

aumentar o número de pacientes com complicações de diabetes, diminuindo a qualidade de

vida do paciente e aumentando o custo para o sistema de saúde.

Em pergunta aberta direcionada aos profissionais enfermeiros em relação a existência

de um plano individualizado de manejo, a ser desenvolvido durante a consulta de enfermagem

que inclua orientações sobre os cuidados dos pés, nota-se que a resposta “Não” prevaleceu

.De forma contraditória, na “Unidade 1” afirma-se que está em construção e que

seguem as linhas guias do Ministério da Saúde como na fala a seguir:..”mas não tem

protocolo a ser seguido sobre o pé diabético. Existe linhas guias do MS sobre diabetes que

tem abrangência geral e é esse que utiliza na unidade.”

Logo nota-se que a existência de uma consulta individualizada não está sendo

realizada por todos os profissionais enfermeiros, supondo que sua atuação não está de forma

dinâmica e ativa para com o paciente portador do pé diabético. Tal fato evidencia a

despadronização nas condutas dos profissionais, à medida que os mesmos não se baseiam nas

normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, órgão máximo de definição de políticas de

saúde no Brasil.

Referente a consulta realizada pelo profissional enfermeiro, questionou-se como a

mesma era realizada e quais itens eram abordados, sendo que as argumentações foram

diversas, como a seguir :

- Unidade 1 diz que “...é abordado história clínica do paciente, padrão alimentar,

exames laboratoriais...”.1

- Na Unidade 2 a afirmação já envolvia os cuidados com os pés, como a seguir:

“Anamnese, exame físico,tendo como itens abordados os cuidados dos pés , higiene, tipo de

calçados, como cortar as unhas , não usar produtos abrasivos, controle de glicemia.”

Nota-se pelas argumetações que os profissionais enfermeiros tem o conhecimento

sobre a necessidade e importância da abordagem do paciente de forma individualizada e

principalmente envolvendo o cuidados com os pés. Mas na sua atuação essa realidade não

está presente, o que nos leva a acreditar que não existe uma forma de cobrança da gestão

municipal para com os profissionais enfermeiros, acarretando descompromisso e

despadronização das condutas de abordagem dos pés dos portadores de diabetes mellitus.

A não atuação efetiva do profissional, é demonstrada através do número crescente de

complicações, como amputações no Brasil, refletindo a ausência de métodos de manejo

adequado e reconhecimento dos pacientes com risco e os que já são portadores da patologia

levando a queda na qualidade de vida.

No questionamento com pergunta aberta feita aos profissionais sobre o conhecimento

da fisiopatologia do pé diabético, notou-se que existem dúvidas, podendo ser averiguado na

afirmação a seguir:

Unidade 3 “Mais ou menos, sabe-se das complicaçoes: dedo em forma de garra, pele

seca (rachaduras, pé quente, frio)...”.

39

Em outras afirmações percebe-se um bom nível de conhecimento, contrastante com o

nível de atuação, como percebe-se a seguir:

- Unidade 4 : “Sim. Lesões decorrentes da neuropatia periférica ou infecções. Se não

tratadas podem necrosar levando à amputações do membro”.

-Unidade 2: “...alterações anatomopatológicas e neurológicas que constituem-se de

neuropatia diabética, problemas circulatórios, infecção[...] a nível vascular ocorre

endurecimento das paredes dos vasos, o que faz a circulação diminuir.”

-Unidade 7: “...neuropatia (alteração nos nervos sensoriais periféricos), no qual

provoca diminuição ou perda da sensibilidade, problemas circulatórios (vasulopatias),

alteração imunológica e infecção...”.

Nota-se que as afirmações são coerentes, porém traz a tona a questão da não aplicação

da consulta individual ao portador de diabetes, o que acarreta a médio prazo maiores gastos ao

sistema de saúde. Desta forma percebe-se a necessidade de investigar a fundo quais fatores

internos e externos interferem na não aplicação desse conhecimento em favor do paciente

diabético.

Ao questionarmos sobre o conhecimento relativo à classificação de risco do pé

diabético e manejo indicado para o paciente, as respostas foram satisfatórias, como a seguir:

-Unidade 7: “Risco 0- neuropatia ausente- avaliação anual; Risco 1- neuropatia

presente sem deformidades- avaliação semestral; Risco 2- neuropatia presente/vasculopatia-

avaliação trimestral; Risco 3- ulceração/amputação- avaliação trimestral.”

-Unidade 10: “Risco 0 – neuropatia ausente- educação terapêutica, avaliação anual/

Risco 1- neuropatia presente, sem deformidade- educação, avaliação semestral e orientação

quanto ao uso de calçados[...] Risco 3- úlceras e amputações prévias- educação, avaliação

bimestral, uso de calçados adequados/especiais”.

Segundo o Ministério da Saúde, a classificação de risco do pé diabético, deve ser

realizada durante a consulta de enfermagem, de forma a guiar o profissional para a definição

da melhor conduta para prevenção e tratamento de complicações.

A não realização da consulta, que tem como foco a inspecção dos pés, a higienização,

a averiguação da sensibilidade e pulsos periféricos, compromete o manejo adequado da

patologia. Assim, a falta de acompanhamento desse paciente, favorece o risco de agravamento

da doença contribuindo sobremaneira para o desenvolvimento de complicações e consequente

queda na qualidade de vida.

A seguir, apresentamos as questões elaboradas com o objetivo de identificar o nível de

conhecimento do profissional acerca dos cuidados diários que deverá ter o paciente diabético,

e que deverão ser parte do plano de cuidados elaborado pelo enfermeiro para este paciente.

No que diz respeito ao calçado mais apropriado, quanto ao material (Gráfico-5),

percebe-se consistência nas respostas, apresentando 100% de afirmativas corretas.

Gráfico 5- Tipo de calçado apropriado, quanto ao material para o paciente diabético

Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com os profissionais enfermeiros dos PSFs, pela

acadêmica Ana Flávia Campos Costa, Paracatu, maio de 2010.

Devido aos possíveis problemas desenvolvidos pelo diabético, com destaque o

chamado pé diabético, torna-se tão necessário o uso de calçados adequados, evitando lesões.

Desta forma, cabe ao profissional enfermeiro, orientar o paciente e família sobre o tipo de

calçado ideal. Nesse sentido, a consulta de enfermagem tem papel importante, pois configura

em momento propício para a abordagem relativa ao autocuidado. Assim, fica clara a

importância da resposta obtida, demonstrando que os enfermeiros do município encontram-se

aptos a orientar os pacientes diabéticos no que diz respeito ao calçado adequado.

O Gráfico-6 apresenta as respostas obtidas quando questionou-se sobre os cuidados

que os pacientes devem ter com as unhas, tais como o corte e qual o instrumento utilizado. A

maioria dos entrevistados (72,73%) escolheu a opção de corte da unha rente ao dedo,

quadrada (reta) e usando lixa; a minoria (27,27%) não rente ao dedo, quadrada (reta) e usando

lixa.

41

Gráfico 6- Unhas dos pés, como elas devem ser cortadas, sendo qual material utilizado

Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com os profissionais enfermeiros dos PSFs, pela

acadêmica Ana Flávia Campos Costa, Paracatu, maio de 2010.

A partir do conhecimento de que o paciente diabético deve ter as unhas

preferencialmente lixadas, de forma reta e horizontalmente, pôde-se constatar que alguns

enfermeiros, exatamente 3, não estão certos do modo de cuidado com as unhas do diabético.

Assim, fica clara a necessidade de uniformizar os conhecimentos dos profissionais,

padronizando as condutas e orientações fornecidas aos pacientes.

No gráfico-7, apresentamos os resultados sobre a questão referente à higienização dos

pés, como devem ser lavados e com qual frequência. Fica evidente a seguir que as dúvidas

estão presentes para alguns profissionais. Obteve-se que 54,55%, responderam “Sim”

afirmando que os pés devem ser lavados com água e sabão, esfregando com bucha ou outro

material, e os outros 45,45% afirmam que “Não”.

Gráfico -7: Resposta obtida referente ao questionamento: ”Os pés devem ser lavados (água e

sabão, esfregando com bucha ou outro material) todos os dias?”

Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com os profissionais enfermeiros dos PSFs, pela

acadêmica Ana Flávia Campos Costa, Paracatu, maio de 2010.

O preconizado para higienização dos pés do paciente diabético contempla a

necessidade de lavagem no mínimo diária, com água morna e sabão neutro, secando bem com

toalha macia. O ato de esfregar não é permitido, pois com o diabetes existe uma perda de

sensibilidade podendo provocar escoriações que poderão levar a maiores complicações.

Percebe-se que cuidados simples e rotineiros com os pés são um ponto de dúvidas até

mesmo para os profissionais, demonstrando assim, que provavelmente para o paciente isso

seja ainda mais presente. Fica desta forma expressa a iminente necessidade de melhor preparo

dos profissionais, visto que estes devem ser promotores de comportamentos de saúde na

comunidade.

Em questionamento referente ao material utilizado para enxugar os pés, do portador de

diabetes, nota-se que 72,73% afirmaram que os pés devem ser enxugados com toalha macia e

18,18% com toalha comum (Gráfico -8).

43

Gráfico 8: Resposta obtida referente ao questionamento: De acordo com seu conhecimento, com

que material se deve enxugar o pé do portador do pé diabético?”

Fonte: Dados coletados em pesquisa de campo com os profissionais enfermeiros dos PSFs, pela acadêmica

Ana Flávia Campos Costa, Paracatu, maio de 2010.

Percebe-se que a maioria dos enfermeiros conhece os cuidados de higiene diária para o

portador de pé diabético, porém algumas dúvidas ainda permanecem. Sabe-se que o principal

material para enxugar os pés é a toalha macia, pois evita possíveis ferimentos ao diabético que

poderão levar a maiores complicações como, por exemplo, uma úlcera.

Com base nestes dados averigua-se que os cuidados com os pés não está sendo

priorizado nas unidades, logo o conhecimento não é repassado ao portador e sua família

gerando falha na assistência prestada, assim provocando maiores incidências de pé diabético.

O Ministério da Saúde, não deixa de esclarecer que os cuidados com os pés é algo de

relevância e que o profissional enfermeiro é atuante para a busca ativa destes possíveis

portadores da complicação.

Fica claro que é preciso uma maior cobrança do profissional por parte da gestão

municipal de saúde e da população em geral através do controle social, buscando formas de

uniformizar o conhecimento e realização da consulta individualizada, voltada aos cuidados

com os pés, buscando melhorar a assistência prestada aos inúmeros portadores de diabetes.

Em pergunta aberta direcionada aos profissionais enfermeiros sobre se a unidade

precisa de modificações para um melhor atendimento ao portador de Diabetes Mellitus,

enfocando o pé diabético, percebe-se que em sua maioria afirmam “Sim”, prevalecendo como

sugestões a melhoria na capacitação dos profissionais de saúde, a aplicação da educação

continuada, maior interesse da gestão no problema e adoção do protocolo condizente com a

realidade do município como a seguir:

-Unidade 8: “...apesar de possuirmos um centro de referência para os portadores de

diabetes, seria fundamental uma melhor capacitação das unidades de saúde...”

-Unidade 7: “...refere-se a educação continuada dos profissionais e também

disponibilizaçao de materiais para o tratamento dos casos...”

-Unidade 10: “Sim. Incluindo capacitação para toda equipe para modificação da

conduta”.

-Unidade 6: “Precisamos continuar trabalhando a prevenção através de educação,

esclarecendo e conscientizando os portadores do diabetes mellitus os riscos que estão

expostos e que o melhor tratamento é a prevenção”.

-Unidade 4: “... protocolo próprio adaptado para a nossa realidade e plano

individualizado de cuidados”.

As afirmações demonstram que os profissionais enfermeiros estão conscientes da

necessidade de mudança na realidade do município no que diz respeito aos cuidados com os

pés dos portadores de diabetes mellitus.

Percebe-se, porém, que os diversos profissionais, adotam uma postura passiva, de

aguardar que a gestão municipal tome providências voltadas à melhoria do atendimento ao

diabético. Cabe destacar aqui, que o Ministério da Saúde, órgão máximo normatizador das

políticas públicas de saúde, tem estabelecido o Protocolo de Manejo do Pé Diabético desde...

Assim, cabe ao profissional atuante na atenção básica, o simples conhecimento e aplicação do

protocolo.

Desta forma, destacamos que o profissional enfermeiro deverá atuar como agente

catalisador das mudanças necessárias e importante agente de transformação da realidade atual

para um panorama de atenção integral ao paciente diabético.

45

5 CONCLUSÃO

A partir da coleta e análise dos dados, bem como do aprofundamento literário sobre o

tema conclui-se que não existe atuação ativa do profissional enfermeiro, nem manejo

adequado para o atendimento voltado aos cuidados dos pés para os portadores do diabetes.

Os dados levantados demonstram que apesar de o Ministério da Saúde normatizar os

cuidados com os pés, o município de Paracatu não aplica o protocolo, o que gera gastos

elevados ao sistema de saúde e diminui a qualidade de vida do paciente diabético.

Assim, o presente estudo possibilitou a detecção de falhas no processo de atenção ao

paciente diabético, demonstrando o baixo nível de envolvimento do profissional, e a

consequente negligencia com o cuidado prestado ao portador do chamado pé diabético ou

aqueles que se encontram em risco de desenvolvê-lo.

A partir da percepção de um bom nível de conhecimento prévio dos profissionais

acerca das possíveis complicações, cabe questionar por que as medidas preventivas não estão

sendo aplicadas pelo enfermeiro. Sugere-se que outros estudos sejam desenvolvidos no intuito

de investigar os fatores externos e internos que interferem na aplicação do protocolo de

manejo.

Neste sentido, a consulta de enfermagem individualizada caracteriza-se como

momento propício para a aplicação dos requisitos de manejo estabelecidos no protocolo, tais

como a avaliação para identificação dos fatores de risco bem como a adoção de medidas

voltadas ao tratamento dos pacientes com lesões. Cabe lembrar que a realização da consulta

de enfermagem é privativa do profissional enfermeiro e está diretamente relacionada à

autonomia e valorização do profissional.

Destacamos que, quanto aos cuidados simples e rotineiros com os pés, os profissionais

apresentaram dúvidas, o que evidencia a necessidade de maior envolvimento e interesse para

que essas dúvidas sejam esclarecidas. Nesse sentido, lembramos que o protocolo e demais

informações necessárias, encontram-se de fácil acesso por meio eletrônico no site no

Ministério da Saúde para consulta de todos a qualquer tempo.

Cabe destacar ainda que a adoção de medidas que previnam o desenvolvimento do pé

diabético, para o município configura como redução de custos no nível da atenção de média

complexidade, já para o paciente diabético e sua família, configura como condição básica para

melhoria da qualidade de vida, autoestima e bem estar, requisitos para a saúde.

Desta forma, a gestão juntamente com o profissional enfermeiro devem buscar

soluções voltadas à adoção de protocolos pré-estabelecidos, além da atuação na busca ativa e

manejo dos pacientes, capacitação dos profissionais de saúde para uniformizar o

conhecimento dos envolvidos voltado à melhoria da assistência prestada no município.

47

REFERÊNCIAS

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XAVIER, Renato.;HEBERT, Sizínio. Ortopedia e Traumatologia: princípios e

prática.3ed. Porto Algre: Artmed,2003.

Apêndice A- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

NOME DA PESQUISA: PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO PÉ DIABÉTICO: papel e

atuação do profissional enfermeiro nas unidades de saúde do município de Paracatu - MG.

PESQUISADORA: Ana Flávia Campos Costa

ORIENTADORA: Carolina Silveira de Souza

INSTITUIÇÃO: Faculdade Tecsoma

Prezado (a) Senhor (a):

Estamos realizando uma pesquisa com os profissionais enfermeiros que coordenam

esta Unidade. Diante disso, necessitamos realizar uma entrevista e gostaríamos de pedir sua

colaboração para responder às questões contidas nos questionários.

Desde já, asseguramos que sua identidade será preservada e que esta pesquisa não

trará prejuízos ao seu trabalho.

Solicito sua autorização, enquanto participante desta pesquisa, para divulgação do

conteúdo de sua entrevista, o que muito contribuirá para a realização deste trabalho. As

informações fornecidas serão utilizadas para fins de pesquisa científica. Sua participação

nesta pesquisa não lhe trará despesas, gastos ou danos e nem mesmo nenhuma gratificação.

O (a) senhor (a) terá total liberdade para se recusar a participar da pesquisa, deixar de

responder questões, podendo inclusive, retirar-se da mesma em qualquer etapa e isso não lhe

causará nenhum prejuízo.

Poderá também pedir novos esclarecimentos sobre a pesquisa a qualquer momento se

achar necessário através do endereço abaixo.

Muito obrigada pela atenção,

____________________________

Ana Flávia Campos Costa

Acadêmica do Curso de Enfermagem da Faculdade Tecsoma

51

Contato: (38) 9916 -0363

Eu, ____________________________________________, tenho conhecimento de minha

participação voluntária no projeto de pesquisa “PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO PÉ

DIABÉTICO: papel e atuação do profissional enfermeiro nas unidades de saúde do município

de Paracatu - MG”, desenvolvido sob a responsabilidade da orientadora Carolina Silveira de

Souza professora do curso de Enfermagem da Faculdade Tecsoma.

A minha participação é voluntária e estará restrita às avaliações necessárias para o

estudo, ao qual se limita à aplicação de questionários.

Tenho consciência de que minha participação como voluntário (a) não me causará

nenhum risco e que os procedimentos aplicados serão gratuitos.

Poderei, a qualquer momento, me retirar do projeto de pesquisa por qualquer motivo,

sem que isso acarrete prejuízo para mim ou para membros de minha família.

Paracatu, ____ de ____________________ de _______

_________________________________

Assinatura do Enfermeiro

Apêndice B – Questionário aplicado aos profissionais enfermeiros do PSF’s

QUESTIONÁRIO

Unidade de Saúde ____________________________________________

1.Você conhece o protocolo do Ministério da Saúde que aborda o Diabetes Mellitus?

( ) Sim

( ) Não

2.Nesta unidade de saúde existe algum protocolo do pé diabético? Se existe o que ele aborda?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

_________________________________________________________

3. Nesta unidade de saúde existe cadastro de portadores de Diabetes Mellitus?

( )Sim

( ) Não

Se sim qual o número de pacientes cadastrados? _______

4. Nesta unidade de saúde existe algum cadastro para pacientes em risco para o

desenvolvimento de Pé diabético?

( ) Sim

( )Não

Se sim qual o número de pacientes cadastrados? ________

5. Nesta unidade de saúde existe um cadastro para os portadores de Pé diabético?

( ) Sim

( ) Não

Se sim qual o número de pacientes cadastrado? ________

6. Nesta unidade de saúde existe um plano individualizado de manejo, a ser desenvolvido

durante a consulta de enfermagem, que inclua orientações sobre os cuidados dos pés?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

7. Referente à consulta realizada pelo profissional enfermeiro, como ela é realizada e quais os

itens abordados?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

53

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

8. Você conhece a fisiopatologia do pé diabético? Explique.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

9. Você conhece a classificação de risco do pé diabético? E qual o manejo indicado para o

paciente? Explique

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

10. O paciente diabético deve usar que tipo de calçado, quanto ao material?

a) ( ) De pano

b) ( ) De couro

c) ( ) De couro sintético

11.Referente às unhas dos pés, como elas devem ser cortadas, sendo qual instrumento

utilizado?

a) ( )Rente ao dedo, quadrada (reta), usando lixa;

b) ( ) Rente ao dedo, redonda (cortando os cantos), usando tesoura e lixa;

c) ( ) Não rente ao dedo, redonda (cortando os cantos), usando tesoura;

d) ( ) Não rente ao dedo ,quadrada ( reta), usando lixa.

12. Os pés devem ser lavados (com água e sabão, esfregando com bucha ou outro material)

todos os dias?

a) ( ) Sim

b) ( ) Não

c) ( ) Ás vezes. Qual a frequência? ________

d) ( ) Só quando toma banho. Qual frequência? _______

13. De acordo com seu conhecimento, com que material se deve enxugar o pé, do portador de

pé diabético?

a) ( ) Toalha comum

b) ( ) Toalha macia

c) ( ) Toalha crespa

d) ( ) Papel

14. Em sua opinião a unidade de saúde precisa de modificações para um melhor atendimento

aos portadores de Diabetes Mellitus, enfocando o pé diabético?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Apêndice C- Autorização para coleta de dados

Assunto: Autorização para coleta de dados para elaboração de Trabalho de Conclusão de

Curso

Prezado Secretário

Vimos através deste apresentar a proposta de trabalho de conclusão de curso

intitulada: “PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO PÉ DIABÉTICO: papel e atuação do

profissional enfermeiro nas unidades de saúde do município de Paracatu – MG”., que será

desenvolvido pela acadêmica Ana Flávia Campos Costa, regularmente matriculada no 7º

Período do Curso de Enfermagem desta IES.

Para realização deste trabalho a acadêmica necessita coletar dados junto aos

profissionais de enfermagem responsáveis pelas Unidades de Saúde. Em nenhum momento

este trabalho tem como objetivo denegrir valores e sim rever conceitos referentes a assunto

tão importante. Este trabalho não visa lucros, nem vai gerar encargos ao município. Após a

conclusão do trabalho e sua aprovação, a Acadêmica se compromete a enviar uma cópia do

mesmo à esta secretaria para apreciação.

Solicitamos, portanto a colaboração e permissão de vossa senhoria para a coleta das

informações necessárias ao estudo.

Sem mais para o momento,

Atenciosamente.

____________________________ ___________________________

Carolina Silveira Ana Flávia Campos Costa

Professora Orientadora Temática Acadêmica do Curso de Enfermagem

Ilustríssimo Senhor

Eurípedes Tobias

Secretário Municipal de Saúde

Paracatu – Minas Gerais