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FACULDADE TECSOMA Curso de Enfermagem POSICIONAMENTO DA POPULAÇÃO DE PARACATU, MEDIANTE O PROCESSO DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTES Maria de Lourdes Silva Paracatu 2010

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FACULDADE TECSOMA

Curso de Enfermagem

POSICIONAMENTO DA POPULAÇÃO DE PARACATU, MEDIANTE O

PROCESSO DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTES

Maria de Lourdes Silva

Paracatu

2010

Maria de Lourdes Silva

POSICIONAMENTO DA POPULAÇÃO DE PARACATU, MEDIANTE O

PROCESSO DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTES

Monografia apresentada a Disciplina Trabalho de

Conclusão de Curso II, ministrada pelo professor

Geraldo Benedito B. de Oliveira, como requisito

parcial para obtenção do título de Bacharel em

Enfermagem.

Orientadora: Evanir Soares da Fonseca

Paracatu

2010

Silva, Maria de Lourdes

Posicionamento da população de Paracatu mediante o processo de doação de órgãos

para transplante. Maria de Lourdes Silva. Paracatu, 2010. 61f.

Orientadora: Evanir Soares da Fonseca

Monografia (TCC) - Faculdade Tecsoma, Curso de Enfermagem.

1. Transplante de órgãos. 2. Processo de doação. 3. Educação.

I.Fonseca, Evanir soares. II. Faculdade Tecsoma. III. Título.

CDU: 616.089.843

Maria de Lourdes Silva

POSICIONAMENTO DA POPULAÇÃO DE PARACATU-MG, MEDIANTE O

PROCESSO DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTE

Monografia apresentada a Disciplina Trabalho de

Conclusão de Curso II, ministrada pelo professor

Geraldo Benedito B. de Oliveira, como requisito

parcial para obtenção do título de Bacharel em

Enfermagem.

_____________________________________ Evanir Soares da Fonseca

(Orientadora)

_____________________________________ Geraldo Benedito Batista de Oliveira

(Orientador metodológico)

Paracatu,

2010

AGRADECIMENTOS

Agradeço a primeiramente a Deus pelo dom da vida, pela força, perseverança,

proteção e providencia que me tem concedido e principalmente pela oportunidade de realizar

um dos meus sonhos.

À minha família que eu tanto amo, eu agradeço pela motivação, apoio, incentivo e

amor e pela compreensão, vocês é que apesar da distancia sempre me dão força, não

permitindo que eu desanime nunca.

Aos meus amigos, em especial Josymara, Vicente e Patrícia que sempre me apoiaram

e sempre me incentivaram a correr atrás dos meus sonhos, amo vocês.

Agradeço a Márcia e sua família que me acolheram, suprindo em parte a ausência de

minha família.

Agradeço a Eunice e família, Suzana e família que foram muito importantes na minha

vida, pois foram umas das primeiras amizades que eu construí aqui.

Aos meus professores, a orientadora Evanir Soares da Fonseca, à coordenação do

curso de enfermagem representada pela Rosalba Cassuci e a todos aqueles que contribuíram

para a minha formação profissional.

A todos meu muito Obrigado!

A minha família, pela compreensão, apoio e amor. Aos meus amigos, pelo

companheirismo e a os que têm me ajudado no decorrer desta jornada.

Um acidente fatal

A princípio ambulância, hospital...

Cirurgia tentando recuperar uma vida em agonia

Cérebro parou!!!

Coração forte não se inibe com a morte.

Não tão longe um órgão tenta pulsar compassado

no peito de um desconhecido, desamparado.

No leito um ser franzino faz uma oração:

-Jesus! Faça com que venha me visitar logo um

novo coração.

Espera ansioso o tamborilar congelado, para

soar quente, ritmado

e devolver a vida a um corpo quase estagnado.

Ramgad

RESUMO

O transplante de órgãos deixou de ser uma terapia experimental para se tornar a terapia de

escolha para o paciente com falência de órgãos, porém devido alguns impasses para a

realização do procedimento a demanda de órgãos para transplante no Brasil excede várias

vezes o número de doações. Diante de tal situação e da inexistência de campanhas que

incentivem a doação no município, torna-se necessário que sejam desenvolvidos trabalhos

educativos para esclarecimento da população sobre as questões que norteiam o processo de

doação e retirada de órgãos para transplante. O presente trabalho teve como objetivo analisar

o conhecimento da população de Paracatu, sobre a conduta a ser adotada, diante da decisão de

se tornar um doador de órgãos, bem como identificar a aceitação da população em relação à

doação de órgãos para transplantes. Para a realização deste trabalho foram entrevistadas 378

pessoas residentes no município de Paracatu com faixa etária de 20 a 39 anos, selecionadas

aleatoriamente em todos os bairros do município de Paracatu. Ao final do estudo constatou-se

que a população recebe informações sobre doação de órgãos, através dos meios de

comunicação em massa. Maioria das pessoas entrevistadas é favorável a doação, pois doariam

seus órgãos para ajudar as outras pessoas. O principal fator de recusa á doação apontado pelos

entrevistados foi o medo relacionado a erro no diagnóstico de morte encefálica. Conclui-se

que para a modificação da situação dos transplantes no país, é necessária a adoção de medidas

educativas a fim de esclarecer a população todas as etapas e conceitos envolvidos no processo

de doação de órgãos e tecidos para transplante.

Palavras - chave: Transplantes de órgãos, processo de doação, educação.

ABSTRACT

Organ transplantation is no longer an experimental therapy to become the preferred therapy

for patients with organ failure, but because some dilemmas to perform the procedure the

demand for organ transplantation in Brazil exceeds several times the number of donations.

Faced with this situation and the lack of campaigns to encourage donation in the city, it is

necessary that educational work designed to educate the public regarding the issues that guide

the process of donation and removal of organs for transplantation. This study aimed to

analyze the population's knowledge of Paracatu on the conduct to be adopted before the

decision to become an organ donor, and identify the population's acceptance for the donation

of organs for transplants. For this work were interviewed 378 residents in Paracatu aged 20-39

years, randomly selected from all districts of Paracatu. At the end of the study it was found

that the public receives information about organ donation, through the means of mass

communication. Most people interviewed are in favor of donation, as would donate their

organs to help other people. The main factor will refuse donation appointed by the

respondents was fear related to misdiagnosis of brain death. We conclude that for the different

situation of transplants in the country, it is necessary the adoption of educational measures in

order to clarify the population all the stages and concepts involved in the donation of organs

and tissues for transplantation

Keywords: Transplantation of organs, the donation process, education.

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Características Sociodemográficas da População de Paracatu...................39

TABELA 2: Características Sociodemográficas da População de Paracatu...................40

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: Distribuição dos entrevistados, segundo a informação recebida sobre a

doação de órgãos. Paracatu, 2010.............................................................................................40

GRÁFICO 2: Distribuição segundo a fonte de informação referente a doação de órgãos.

Paracatu, 2010...........................................................................................................................41

GRÁFICO 3: Distribuição dos entrevistados, segundo a intenção de doar os órgãos de um

familiar.Paracatu, 2010.............................................................................................................42

GRÁFICO 4: distribuição dos entrevistados segundo a introdução de uma discussão familiar

sobre a doação de órgãos.Paracatu, 2010..................................................................................43

GRÁFICO 5: distribuição , segundo a intenção de doar seus órgãos após a morte.Paracatu,

2010...........................................................................................................................................44

GRÁFICO 6: distribuição segundo a intenção de doar os órgãos de um membro da família

que não manifestou em vida o desejo de ser doador.Paracatu, 2010........................................44

GRÁFICO 7: distribuição dos principais motivos que levariam os entrevistados a doarem seus

órgãos.Paracatu, 2010...............................................................................................................45

GRÁFICO 8: distribuição , dos fatores apontados como principal motivo de recusa a doação

de órgãos.Paracatu, 2010..........................................................................................................46

GRÁFICO 9: distribuição da conduta a ser adotada diante da decisão de se tornar um

doador.Paracatu, 2010...............................................................................................................47

LISTA DE SIGLAS

ABTO - Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos

CFM – Conselho Federal de Medicina

CIHDOTT – Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante.

CNCDO – Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos

CNNCDO – Central Nacional de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos

GTA – Grupo Técnico de Assessoramento

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH – índice de desenvolvimento humano

IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana

ME – Morte Encefálica

SNT – Sistema Nacional de transplantes

SUS – Sistema Único de Saúde

TCE – Traumatismo Crânio Encefálico

UTI – Unidade de Terapia Intensiva

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................13

1.1 Justificativa...........................................................................................................14

1.2 Objetivos...............................................................................................................15

1.2.1 Objetivos específicos.........................................................................................15

2. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO............................................................16

3 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................18

3.1 História dos Transplantes...................................................................................18

3.2 Situação Atual dos Transplantes de Órgãos no Brasil.....................................19

3.2.1 As filas de Espera...............................................................................................21

3.3.2 Estatísticas dos transplantes..............................................................................22

3.3 Legislação dos Transplantes...............................................................................23

3.4 Política de Transplantes no Brasil......................................................................24

3.4.1 Sistema Nacional de Transplantes....................................................................25

3.4.2 Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos..........................26

3.4.3 Grupo Técnico de Assessoramento...................................................................27

3.4.4 Comissão Intra-Hospitalar de doação de órgãos e tecidos Transplante.........27

3.4.5 complexo MG transplantes................................................................................28

3.5 Processo Doação-Transplante de Órgãos..........................................................28

3.5.1 Detecção do Potencial Doador..........................................................................29

3.5.2 Diagnóstico de Morte Encefálica......................................................................30

3.5.3 Avaliação do Doador.........................................................................................31

3.5.4 Manutenção do Doador.....................................................................................32

3.5.4.1 Cuidados com o potencial doador................................................................33

3.5.5 A Entrevista e o Consentimento Familiar........................................................33

3.5.6 Extração de Órgãos e Tecidos...........................................................................34

4. METODOLOGIA..................................................................................................36

4.1 Tipo de Estudo......................................................................................................36

4.2 Delimitação do público alvo................................................................................36

4.3 Local do Estudo....................................................................................................37

4.4 Instrumento Utilizado..........................................................................................37

4.5 Aspectos éticos......................................................................................................37

4.6 Desenvolvimento do estudo.................................................................................38

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................39

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................48

REFERENCIAS.........................................................................................................50

APENDICES..............................................................................................................56

ANEXOS.....................................................................................................................59

13

1 INTRODUÇÃO

Os transplantes de órgãos e tecidos no Brasil tiveram início no ano de 1964 na cidade

do Rio de Janeiro e no ano seguinte na cidade de São Paulo, através da realização dos dois

primeiros transplantes renais do país. (BRASIL, 2009a).

O médico Euricledes de Jesus Zerbini realizou em 1968, respectivamente na cidade de

São Paulo, o primeiro transplante cardíaco no país amparado pelo critério de morte encefálica

do doador. (DAIBERT, 2007).

Segundo Traiber e Lopes (2006), o transplante de órgãos deixou de ser uma terapia

experimental para se tornar a terapia de escolha para o paciente com falência de órgãos.

Segundo o Ministério da Saúde (2009a), desde o seu inicio, a atividade de

transplantação teve uma notável evolução em termos de técnicas, resultados, variedade de

órgãos transplantados e número de procedimentos realizados.

A lei que regulamenta a atividade dos transplantes de órgãos e tecidos no Brasil, é a

Lei n.º 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, que dispõe sobre a retirada de órgãos para fins de

transplantes. (BRASIL, 2006c).

A política dos transplantes tem sido uma das políticas de saúde mais trabalhadas em

nosso país nos últimos anos. Tal esforço tem gerado resultados positivos, porém, ainda existe

a necessidade de conscientização da sociedade para que haja um aumento significativo no

número de doações. (NOTHEN, 2006).

O que diferencia os transplantes de outras cirurgias“ é a necessidade da utilização de

um órgão ou tecido, proveniente de um doador vivo, ou falecido, como acontece mais

comumente.” (GARCIA, 2006, p.313).

O que limita a realização de transplantes com órgãos de um doador falecido é que

apenas uma pequena fração dos indivíduos que morrem pode converter-se em doadores de

órgãos. A remoção de órgãos, neste caso só é possível com o paciente em diagnóstico de

morte encefálica. (GARCIA, 2006).

Marinho (2006), afirma que menos de 1% de todas as pessoas que morrem tem morte

encefálica antes de apresentar parada cardíaca, limitando o número de potenciais doadores.

No Brasil, a falta de notificação dos casos de morte encefálica, também é outro fator limitante

ao desenvolvimento do transplante.

De acordo com Manfro e Fernandes (2001), a demanda de órgãos para transplante no

Brasil excede várias vezes o número de doações. Essa discrepância entre oferta e demanda

14

acaba por resultar nas enormes filas de espera, onde muitas pessoas acabam morrendo sem

que consigam receber um transplante.

Segundo o Ministério da Saúde (2009b), houve um aumento de 24,3%no número de

transplantes de órgãos realizados em todo o país, com doador falecido no primeiro semestre

de 2009 em comparação com o mesmo período de 2008.

A lista de espera por um transplante no Brasil diminuiu 1% entre dezembro de 2008 e

julho de 2009, quando 63,8 mil pessoas aguardavam por um transplante no país. Para

equacionar a demanda por um transplante, há muito que ser feito, pois mesmo com tal

redução na fila de espera, a demanda ainda excede muito o número de doações. (BRASIL,

2009b).

Segundo dados da ABTO (2009), o Brasil apresentou um expressivo aumento de 20%

na quantidade de doadores por morte encefálica no primeiro semestre de 2009, atingindo a

marca de 8,6 doadores por milhão de população, em comparação com o ano de 2008 em que a

taxa de doadores era de 7,2.

1.1 Justificativa

Diante da situação atual dos transplantes de órgãos no Brasil e da inexistência de

campanhas que incentivem a doação no município, torna-se necessário que sejam

desenvolvidos trabalhos educativos para esclarecimento da população sobre as questões que

norteiam o processo de Doação e retirada de órgãos para transplante, pois quando a população

adquire conhecimento, ela se torna capaz de abrir discussões sobre o tema, tornando-se dessa

forma, peça fundamental na promoção da doação de órgãos, através da disseminação de

informação, possibilitando um equilíbrio entre a oferta e demanda por órgãos e tecidos no

Brasil.

Considerando a importância da educação em saúde para a compreensão e

desmistificação dos aspectos integrantes do processo de doação, faz - se necessário conhecer

o perfil e a opinião da população em estudo, para que a gestão municipal possa programar

ações educativas a serem desenvolvidas no município, afim de conscientizar e sensibilizar a

população sobre a necessidade e importância da doação de órgãos.

15

Este estudo pretende levar as pessoas a refletirem sobre o assunto, contribuindo assim

para a colocação do tema na pauta das discussões em Paracatu, visando contribuir para a

melhoria dos indicadores de mortalidade associados à escassez de órgãos para transplante.

1.2 Objetivo Geral:

Analisar o conhecimento da população de Paracatu, sobre a conduta a ser

adotada, diante da decisão de se tornar um doador de órgãos, bem como identificar a aceitação

da população em relação à doação de órgãos para transplantes.

1.2.1 Objetivos Específicos:

Conhecer o perfil sociodemográfico do público em estudo;

Identificar o nível de aceitação da população com relação à doação;

Identificar os fatores facilitadores e/ ou dificultadores na tomada de decisão de

ser ou não doador;

Verificar o conhecimento da população sobre o processo de doação de órgãos

para transplantes.

16

2 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

O município de Paracatu está localizado na região noroeste do estado de Minas Gerais,

com uma área de 8232 Km² de extensão. Limita-se ao leste com os municípios de João

Pinheiro e Lagoa Grande, a oeste o estado de Goiás, estando a 220 Km da capital brasileira,

ao norte o município de Unaí, e ao sul os municípios de Vazante e Guarda-Mor e lagoa

Grande. (OLIVEIRA MELLO, 2007).

De acordo com Oliveira Mello (2007), o município possui muitos bairros, dentre eles

o Arraial D’ Angola, Paracatuzinho, Vila Mariana, Alto do Córrego, Amoreiras, Bela Vista,

Cidade Nova, Nossa Senhora de Fátima, Alto da Colina, JK, Alto do Açude, Novo Horizonte,

dentre muitos outros.

Segundo estimativas do censo do INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E

ESTATÍSTICA (IBGE) para 2009, o município apresentou uma população de 83557

habitantes, sendo 50,55% relativo ao sexo masculino e 49,45% ao sexo feminino. Em relação

à faixa etária, Paracatu apresenta uma população relativamente jovem, totalizando 53,36% na

faixa de 20 a 59 anos. Os idosos, considerados a partir dos 60 anos, representam 8,30% da

população total do município. (IBGE, 2010).

A assistência a saúde pública prestada à população encontra-se organizada na atenção

básica através de 11 Estratégias de Saúde da Família , cobrindo apenas 43,08% da população

do município. A média mensal de visitas domiciliares por família não chega a 0,5 e a média

anual de consultas médicas por habitante nas especialidades básicas é de apenas 1,96.

(PARACATU, 2010).

O restante da população recebe assistência em 3 unidades de saúde, que desenvolvem

ações básicas e também atendimento em alguma especialidades médicas prestadas a toda a

população do município. (PARACATU, 2010).

A assistência hospitalar é prestada em uma unidade, que conta com 70 leitos de

internação, um pronto socorro 24 horas, um Centro de Tratamento Intensivo com 11 leitos e

um Centro Hemodialítico. (PARACATU, 2010).

No município são realizados exames complementares sofisticados como: Endoscopia

Digestiva, e mamografia. Os exames de Tomografia, Gasometria, ressonância magnética,

polissonografia, eletroneuromiografia, holter, teste ergométrico, dentre outros foram

comprados da iniciativa privada através de processo licitatório. (PARACATU, 2010).

17

Atualmente se encontra em construção o novo pronto socorro, que deverá ocupar uma

área de 800m2 na área do hospital, o que possibilitara realizar um atendimento mais rápido e

mais humanizado aos pacientes. (PARACATU, 2010).

No período 1991-2000, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de

Paracatu cresceu 11,76%, passando de 0,680 em 1991 para 0,760 em 2000. Segundo a

classificação do PNUD, o município está entre as regiões consideradas de médio

desenvolvimento humano (IDH entre 0,5 e 0,8). (PARACATU, 2010).

Quanto à educação, o índice de analfabetismo tem diminuído ao longo dos anos, em

1991 o índice nas pessoas que tinham 18 anos ou mais chegava a 26,46% do total da

população. Em 2000, nesta mesma faixa etária diminui para 20,85%. Apesar do declínio,

percebe-se ainda um número significativo de analfabetismo. (PARACATU, 2010).

18

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 História dos Transplantes

A idéia de substituição de partes doentes do corpo por outras, obtidas de corpos de

pessoas que já não precisam delas, faz parte do imaginário da humanidade há muito tempo.

(NOTHEN, 2006). Segundo Ramos Filho citado por Alencar (2006), Existe um relato

milenar, que trata se da história de Cosme e Damião. Conta-se que eles teriam transplantado a

perna de um homem negro que acabara de morrer em outro homem, um indivíduo branco que

havia perdido a perna naquele mesmo dia. Realizaram o procedimento preocupando-se em

reconstituir a mutilação sofrida pelo cadáver, com a parte afetada do paciente branco.

Fonseca e Carvalho (2005), relatam que o termo transplante foi utilizado pela primeira

vez por John Hunter, em 1778, quando este descreveu sua experiência com órgãos

reprodutores em animais.

Graças às técnicas de anastomose vascular, desenvolvidas por Carrel no início do

século XX, foi possível a realização dos transplantes de órgãos vascularizados como o rim,

fígado, coração, pulmão, pâncreas e intestinos. (NOTHEN, 2006; LIMA, MAGALHAES,

NAKAMAE, 1997).

Guerra e outros (2002), relatam que a história dos transplantes foi marcada por

frustrações e conquistas. Várias tentativas em animais foram feitas até que se conseguisse

realizar o procedimento no ser humano. Em 1933, realizou-se na Ucrânia o primeiro

transplante renal em humanos, infelizmente sem sucesso.

O sucesso dos transplantes começou a surgir por volta de 1946, quando um enxerto

renal funcionou por três dias. Observou-se que, embora as técnicas cirúrgicas tivessem

evoluído, surgiu um novo fantasma: a rejeição do órgão implantado. (GUERRA, et al, 2002).

Segundo Nothen (2006), As pesquisas de Dausset e o bem sucedido transplante renal

realizado entre gêmeos univitelinos, realizado em Boston, trouxeram à luz os aspectos

envolvidos no processo de rejeição e direcionou o foco das pesquisas para a imunossupressão.

Os transplantes renais sofreram grande impulso na década de 60, devido ao advento da

ciclosporina.

19

Ianhez citado por Ribeiro e Schramm (2006) relata que no Brasil, o primeiro

transplante renal com doador vivo e com doador cadáver foram realizados em São Paulo, no

ano de 1965, no Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo.

Carrel e Guthrie foram os primeiros a realizar o transplante cardíaco, de um cão para o

outro, na Universidade de Chicago. Em 1967, Christian Barnard, cirurgião de um hospital sul-

africano, da Universidade de Cape Town, tornou-se o precursor dos transplantes cardíacos, de

humano para humano, bem-sucedidos. (LIMA; MAGALHAES; NAKAMAE, 1997;

GUERRA, et. al, 2002 ).

No ano seguinte, respectivamente no dia 28 de maio de 1969, o Dr. Euriclides J.

Zerbini realizou o primeiro transplante cardíaco no Brasil, no Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina da Universidade de tendo o receptor João Ferreira da Cunha,

sobrevivido 28 dias após o transplante, devido ao processo de rejeição. (GUERRA, et. al,

2002 ; LAMB apud ALENCAR, 2006).

Os avanços na terapia imunossupressiva, na preservação de órgãos, nas técnicas

cirúrgicas e nas medidas de suporte ventilatório e hemodinâmico permitiram que os

transplantes de órgãos se tornassem uma terapêutica de escolha para pacientes com vários

tipos de insuficiência orgânica. (MANFRO; FERNANDES, 2001).

3.2 A Situação Atual dos Transplantes no Brasil

Os transplantes de órgãos foram um dos maiores avanços obtidos pela medicina no

século XX, com índice de sucesso acima de 80%.(MARINHO, 2006). A realização deste

procedimento tem resultado em elevadas taxas de sobrevida do órgão e seu receptor no

primeiro ano de vida, reintegrando o paciente a sociedade. (VERONESE; CLAUSELL;

GONÇALVES, 2001).

Grande parcela dos indivíduos transplantados tem sobrevida superior a cinco, ou até

mesmo dez anos após a realização do procedimento. (PATTINSON, apud MARINHO, 2006).

O transplante de órgãos “é atualmente o tratamento de escolha para a maioria dos

pacientes com doenças crônicas terminais, como insuficiência renal crônica, insuficiência

cardíaca refrataria, pneumopatias e hepatopatias graves.” (VERONESE; CLAUSELL;

GONÇALVES, 2001, p.543).

20

Para Marinho (2006), nosso país ocupa o segundo do mundo em número de

transplantes realizados, sendo superado somente pelos Estados Unidos. Em termos de

dispêndios públicos, o Brasil tem o maior programa de transplantes do mundo, financiando

quase 100% dos procedimentos feitos no país, cobrindo os gastos totais. (BRASIL, 2009b).

Dados do Ministério da Saúde (2009b) demonstram que o Brasil pretende investir o

dobro do valor pago pelos procedimentos de captação de órgãos, os quais estão incluídos a

entrevista com a família do doador e a manutenção hemodinâmica desses prováveis doadores,

gerando um impacto de R$ 6,4 milhões em dois anos.

O Brasil possui hoje um dos maiores programas público de transplantes de órgãos e

tecidos do mundo. Com 548 estabelecimentos de saúde e 1.376 equipes médicas autorizados a

realizar transplantes, o Sistema Nacional de Transplantes está presente em 25 estados do país,

por meio das Centrais Estaduais de Transplantes. (BRASIL, 2009a, p.01).

De acordo com o Ministério da Saúde (2009b), houve uma ampliação de 280% do

número de unidades habilitadas para a realização de transplantes durante um período de 10

anos, o que contribuiu para a melhora das estatísticas.

Em função da demanda crescente, houve um aumento proporcional no número de

transplantes realizados em todo Brasil e também no mundo. (FONSECA; CARVALHO,

2005).

Os dados divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde mostram que o número

de transplantes de órgãos realizados em todo o país, com doador falecido, subiu 24,3% no

primeiro semestre de 2009 em comparação com o mesmo período de 2008. No primeiro

semestre de 2008 foram realizados 9.318 transplantes, contra 9.664 cirurgias no mesmo

período de 2009. (BRASIL, 2009b).

Porém, Manfro e Fernandes (2001), destacam que o maior obstáculo à realização do

procedimento no país é a escassez de doadores cadavéricos.

Nos estudos de Marinho (2006), ele refere que menos 1% dos indivíduos que morrem

tem morte encefálica antes de apresentar parada cardíaca. No ano de 2008, a taxa de doadores

no Brasil, era de 7,2 por milhão de população. (BRASIL, 2009b).

De acordo com dados da ABTO (2010), no primeiro trimestre deste ano o Brasil

conseguiu atingir a marca de doadores de 10 doadores por milhão de população.

Roza (2005), afirma que a desproporção existente entre a demanda por órgãos e o

número de procedimentos é um fator inquestionável.

No Brasil, de cada oito potenciais doadores, apenas um é notificado e somente 20%

destes são utilizados como doadores de múltiplos órgãos. Esses potenciais doadores não

21

duram mais que 72 horas. A deterioração dos órgãos passíveis de serem transplantados é

rápida oscilando entre poucos dias ou até mesmo horas. (MARINHO, 2006).

De acordo com o Ministério da Saúde (2009b), o coração e o pulmão retirado do

doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo duram por no máximo seis horas,

enquanto o fígado e o pâncreas podem durar até 24 horas; As Córneas podem retiradas do

doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidas fora do corpo por até sete dias;

os Rins retirados do doador até 30 minutos após a parada cardíaca e mantidos fora do corpo

podem durar até 48 horas; os Ossos retirados até seis horas depois da parada cardíaca podem

duram até cinco anos.

As principais causas de não efetivação de potenciais doadores, apontadas são: a falta

de notificação da ocorrência de morte encefálica, a recusa familiar, parada cardíaca, contra

indicação médica, problemas logísticos, tais como falta de infra-estrutura hospitalar. (ABTO,

2003).

Roza (2005), aponta a falta de notificação dos pacientes em morte encefálica, com um

dos principais fatores que limitam a realização dos transplantes.

A recusa familiar é outra situação que contribui para que o número de doadores seja

insuficiente para atender à atual demanda por órgãos e tecidos, dessa forma, tem sido

apontada como um dos fatores responsáveis pela escassez de órgãos e tecidos para

transplante. (MORAES; MASSAROLLO, 2009).

3.2.1 As Filas de Espera

Uma vez constatada a necessidade de transplante, o paciente candidato a receptor é

colocado na fila de espera por um órgão. (MARINHO, 2006).

Esse autor relata ainda que a fila para transplantes no SUS para cada órgão ou tecido é

única, e o atendimento é por ordem de chegada, considerados critérios técnicos, de urgência e

geográficos específicos para cada órgão.

Segundo dados do Ministério da Saúde (2009b), no ano de 2008, haviam 58.634

pessoas estavam na fila de espera por transplantes.em contrapartida no ano de 2009, existiam

40.110 pessoas à espera por um transplante, o que demonstra uma redução de

aproximadamente 1,43%.

22

Diante da detecção de um doador efetivo, a central de transplantes é comunicada, pois

apenas ela tem acesso aos cadastros técnicos com informações de quem está na fila esperando

um órgão. A distribuição dos órgãos captados deve obedecer além da ordem da lista de

espera, a compatibilidade entre o doador e o receptor, pois é necessário que haja completa

compatibilidade clínica entre o órgão doado e o receptor. Por esse motivo, nem sempre o

primeiro da fila é o próximo a receber o órgão. (BRASIL, 2009a).

Os potenciais receptores podem escolher o local de realização do transplante, o que os

coloca na dependência de disponibilidade da equipe médica no momento em que o órgão é

encontrado. (BRASIL, 2009a).

De acordo com Marinho (2006), não são divulgados dados oficiais relacionados a taxa

de mortalidade nas filas, porém sabe-se que uma parcela significativa das pessoas que

aguardam por um órgão, morrem antes de conseguir um transplante.

3.2.2 Estatísticas dos Transplantes de Órgãos

Para Marinho (2006), o Brasil é ocupa a segunda posição no ranking mundial em

número de transplantes realizados, sendo superado somente pelos Estados Unidos, que no ano

de 2004 realizava 70 transplantes diariamente, e 300 pessoas ingressavam na lista de espera

por um transplante.

No Brasil, mais de 90% dos procedimentos de transplantação realizados são

financiados pelo sistema público de Saúde. (ABTO, 2002).

No primeiro semestre de 2009, foram realizados 8.192 transplantes no Brasil, sendo 96

cardíacos, 6.151 córneas, 602 hepáticos, 26 pancreáticos, 22 pulmonar, 1.237 renais. Destes

8.192, 873 foram realizados no estado de Minas Gerais. (BRASIL, 2010).

De acordo com o Ministério da Saúde (2010), em contrapartida no mesmo ano, havia

na fila de espera 305 pessoas a espera por um coração, 23.756 por uma córnea, 4.304 por um

fígado, 124 por um pâncreas, 161 por um pulmão, 34.640 por um rim e 576 por um

rim/pâncreas. Totalizando 63.866 aguardando na fila de espera por um órgão ou tecido.

23

3.3 Legislação dos Transplantes

No Brasil, como na maioria dos países, há uma legislação rigorosa controlando o

transplante de órgãos e tecidos, sendo que a primeira lei a versar sobre os transplantes no país

foi a Lei nº 5.479, de 10 de agosto de 1968. (GARCIA, 2006; BRASIL, 2009a).

De acordo com o Ministério da Saúde (2009a), tal lei posteriormente foi revogada pela

Lei nº 8.489 de 18 de novembro de 1992, que dispunha sobre a retirada e transplante de

tecidos, órgãos e partes de cadáver para finalidade terapêutica e científica, mesmo assim, não

existia uma legislação que contemplasse todos os aspectos envolvidos no processo e que

regulamentasse de maneira completa a realização desse procedimento. Nesta época, a

inscrição dos receptores, a retirada e os critérios de distribuição dos órgãos captados eram

tratados apenas em regulamentações regionais.

A partir do momento em que os procedimentos relacionados aos transplantes passaram

a ser financiados por recursos públicos, surgiu-se a necessidade de regulamentar a atividade e

de definir critérios claros, tecnicamente adequados e socialmente justos para a distribuição

dos órgãos. (BRASIL, 2006g).

No ano de 1997, foi sancionada a lei n° 9434 de 4 de Fevereiro de 1997, esta lei dispõe

sobre a remoção gratuita de órgãos e tecidos do corpo humano, em vida e após mortem para

fins de transplante e tratamento. Dentre os tecidos a que se refere esta lei, não estão inclusos o

sangue, o esperma e o óvulo. (BRASIL, 2006c).

De acordo com as reflexões de Roza (2005), criou-se a partir daí, condições legais

para um sistema mais igualitário de acesso aos transplantes no país.

No mesmo ano, a Resolução do Conselho Federal de Medicina n° 1.480, de 8 de

março de 1997, definiu os critérios para o diagnóstico de morte encefálica, conceituando-a

como a parada total e irreversível das funções encefálicas, bem como determina a necessidade

de realização de exames complementares para a confirmação do diagnóstico de morte

encefálica. (BRASIL, 2006f).

Em 30 de Junho de 1997, o decreto n°2.268 regulamentou a lei n°9434 de 4 de

Fevereiro de 1997 e criou o sistema Nacional de Transplantes - SNT, que é responsável por

desenvolver o processo de captação e distribuição de órgãos e tecidos para fins de transplante.

(BRASIL, 2006a).

Esta mesma lei previa a doação presumida, ou seja, todos os indivíduos são doadores,

salvo aqueles que se declararem não doador de órgãos, tendo a sua opção gravada na carteira

24

de identidade civil ou carteira nacional de habilitação, podendo esta opção ser reformulada a

qualquer momento. (BRASIL, 2006c).

No entanto, segundo o Ministério da Saúde (2009a), esta lei não encontrou respaldo na

sociedade, sendo necessário a criação de uma medida provisória, que foi editada em 24 de

outubro de 2000, tornando obrigatória a consulta à família para a autorização da doação e

retirada de órgãos, invalidando a manifestação de vontade do doador, que constava nos

documentos.

No mesmo sentido, posteriormente foi sancionada a lei n° 10.211 de 23 de março de

2001, que alterou os dispositivos da lei n°9434 de 4 de Fevereiro de 1997, que extinguiu a

doação presumida no Brasil e determinou que a doação com doador cadáver só ocorreria

mediante a autorização familiar, independente do desejo em vida do potencial doador.

(BRASIL, 2006b).

Em seu artigo 9, esta lei estabelece que é permitida a doação de órgãos e partes do

corpo vivo para fins de transplante em cônjuges ou parentes consangüíneos até o quarto grau,

ou em outra pessoa mediante autorização judicial. (BRASIL, 2006b).

Vale ressaltar o inciso 3° do artigo 9 da lei n°9434 de 4 de Fevereiro de 1997, que

determina que a doação intervivos só é permitida quando se tratar órgãos duplos , de partes de

órgãos, ou tecidos ou partes do corpo, cuja retirada não prejudique a saúde física e mental do

doador, sendo comprovada a necessidade indispensável do receptor. (BRASIL, 2006c).

3.4 A Política de Transplantes no Brasil

A política Nacional de Transplantes de órgãos e tecidos está fundamentada na

Legislação (Lei nº 9.434/1997 e Lei nº 10.211/2001), tendo como diretrizes a gratuidade da

doação, a beneficência em relação aos receptores e não maleficência em relação aos doadores

vivos. (BRASIL, 2009b).

Ainda de acordo com o Ministério da Saúde (2009b), esta política estabelece também

garantias e direitos aos pacientes que necessitam deste procedimento, bem como regula toda a

rede assistencial através de autorizações e reautorizações de funcionamento de equipes e

instituições. Toda a política de transplante no Brasil, está em sintonia com as leis que regem o

funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS).

25

O Sistema único de Saúde financia todos os procedimentos relativos aos transplantes,

desde os exames para inclusão em lista de espera até o acompanhamento pós-transplante.

Fornece toda a medicação imunossupressora, necessária por toda a vida dos pacientes que se

submetem aos procedimentos. (BRASIL, 2009b).

Garcia (2006), em seu trabalho sobre a política de transplantes no Brasil, aponta que

foram empregadas medidas de cunho legal, financeiras, educacionais e organizacionais e que

foram decisivas para o delineamento de uma política de transplantes no país, impulsionando a

atividade de transplante.

Ainda conforme este autor, das medidas legais implementadas, a mais importante foi

respectivamente, a adequação da legislação que regulamenta os transplantes no Brasil, não

existindo dessa forma barreiras legais que impeçam a realização do procedimento no país.

As medidas financeiras, empregadas foram decisivas para a formulação de uma

política de transplantes para o país, dentre elas destaca-se a criação de um fundo especifico

para o financiamento dos transplantes. (BRASIL, 2009b; GARCIA, 2006).

A realização de encontros regionais com os intensivistas realizados no Rio Grande do

Sul; os encontros periódicos da diretoria da ABTO com os jornalistas, especialistas em

comunicação e formadores de opinião, caracterizam as medidas educativas. (GARCIA, 2006).

Esse mesmo autor descreve as principais medidas organizacionais empregadas para a

formulação da política de transplantes no país, sendo estas:

a criação do SNT que é assessorado pelo Grupo Técnico de Assessoramento (GTA),

sendo o responsável pela política de transplante no país, possuindo funções

normativas a nível nacional. O Estado fica com as funções de normatização,

distribuição e fiscalização em seu âmbito, através da CNCDOs, enquanto a procura

de doadores é função do hospital, através de seus coordenadores. (GARCIA, 2006,

P.317).

3.4.1 Sistema Nacional de Transplantes

Garcia (2006), relata que a criação do SNT e das Centrais Estaduais de Notificação,

Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) foi o primeiro passo no sentido de modificar a

situação organizacional dos transplantes no país.

O Ministério da Saúde (2006d), estabelece que o SNT tem como âmbito de atuação as

atividades de conhecimento de morte encefálica ocorrida em qualquer parte do território

nacional e a determinação do destino dos tecidos e órgãos captados. Os órgãos integrantes o

SNT, estão descritos a seguir, conforme estabelece o decreto n°2.268 de 30 de junho de 1997.

26

Os órgãos que compõe o SNT, são respectivamente: o Ministério da Saúde; as

secretarias de saúde dos estados, municípios e do distrito federal ou órgãos; os hospitais

autorizados, bem como a rede de serviços auxiliares necessários a realização dos transplantes.

(BRASIL, 2006d).

3.4.2 Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos

As centrais de notificação, captação e distribuição de órgãos - CNCDOs são as

unidades executivas das atividades do SNT (BRASIL, 2006d). Suas atribuições são em linhas

gerais: a inscrição e classificação de potenciais receptores em lista de espera; o recebimento

de notificações de morte encefálica, o encaminhamento e providências quanto ao transporte

dos órgãos e tecidos, notificação à Central Nacional dos órgãos não aproveitados no estado

para o redistribuição dos mesmos para outros estados. (BRASIL, 2006d; BRASIL, 2009a).

A CNCDO possui de 22 Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos

estaduais e oito regionais, cobrindo praticamente todo o território nacional. (MARINHO,

2006).

É responsabilidade do coordenador estadual de transplantes, determinar o

encaminhamento e providenciar o transporte do receptor ideal, respeitando os critérios de

classificação, exclusão e urgência de cada tipo de órgão que determinam a posição na lista de

espera. (BRASIL, 2009a).

Como a atividade das Centrais Estaduais se dá no âmbito estadual e com o

desenvolvimento e aumento das atividades de transplante no País, surgiu a necessidade da

criação de uma estrutura que articulasse as ações interestaduais. Assim, em 16 de agosto de

2000, foi criada a Central Nacional de Transplantes – CNNCDO. (BRASIL, 2009a).

A Central Nacional articula o trabalho das Centrais Estaduais e providencia os meios

para as transferências de órgãos entre estados com intuito de suprir as situações de urgência e

evitar os desperdícios de órgãos, quando estes não podem ser aproveitados no estado de

origem. (BRASIL, 2009a).

27

3.4.3 Grupo Técnico de Assessoramento

De acordo com o ministério da saúde (2009a), o GTA - Grupo Técnico de

Assessoramento foi criado no ano de 1998, coma finalidade de assessorar a Coordenação

Nacional do SNT no exercício de suas funções.

Esse Grupo reúne o Coordenador Nacional do SNT, representação das Centrais de

Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos, de associações nacionais de pacientes

candidatos a transplante, do Conselho Federal de Medicina (CFM), do Ministério Público

Federal e da Associação Médica Brasileira. (BRASIL, 2009a).

A portaria GM n. 3.407, de 5 de Agosto de 1998, seção1, artigo 2, estabelece que o

GTA, tem como função, propor diretrizes para a política de transplantes e enxertos, propor

temas de regulamentação complementar, identificar os índices de qualidade para o setor,

analisar os relatórios com os dados sobre as atividades do SNT e dar parecer sobre os

processos de cancelamento de autorização de estabelecimentos e equipes de retirada de órgãos

e realização de transplantes ou enxertos. (BRASIL, 2006d).

3.4.4 Comissão Intra-Hospitalar de doação de órgãos e tecidos para Transplantes

Com o intuito de incrementar a captação de órgãos e apoiar as atividades da CNCDO,

foi estabelecida a obrigatoriedade da existência de uma Comissão Intra-Hospitalar de doação

de órgãos e tecidos para Transplantes (CIHDOTT) nos hospitais com unidade de terapia

intensiva (UTI) do tipo II ou III, hospitais de referência para urgência e emergência e

hospitais transplantadores. (BRASIL, 2009a).

A existência de uma CIHDOTT se faz necessária, para favorecer o processo de

identificação de possíveis doadores para captação e doação de órgãos, para implementar

protocolos para realização de testes diagnósticos e comprovar a existência de morte encefálica

e notificá-la, para sensibilizando a família e reduzindo possíveis obstáculos para a efetivação

de transplantes no país. (CAPPELLARO et. al, 2009).

Essa comissão deve ser composta de, no mínimo, três profissionais de nível superior,

dentre os quais um médico ou um enfermeiro será o coordenador. ( RECH; RODRIGUES

FILHO, 2007a). Cappellaro e outros (2009, p.4575), complementam que “além de ser uma

28

exigência legal, a participação de trabalhadores capacitados de diferentes áreas na comissão, e

a atuação de uma equipe multidisciplinar favorece as relações interpessoais do grupo,

contribuindo para a qualidade do processo”.

A Portaria GM n. 905, de 16 de agosto de 2000, Determina a obrigatoriedade da

constituição de uma comissão intra-hospitalar de doação de órgãos e tecidos para transplante

em todos os hospitais públicos, privados e filantrópicos com mais de 80 leitos. (RECH;

RODRIGUES FILHO, 2007a; BRASIL, 2006e).

3.4.5 Complexo MG – Transplantes

A política de transplantes de órgãos e tecidos no estado de Minas Gerais só foi

institucionalizada no ano de 1992, através da criação da coordenação estadual de transplantes,

atualmente essa coordenação e conhecida como complexo MG – Transplantes. (DAIBERT,

2007).

Em 1999, o governo de Minas Gerais promoveu a descentralização das atividades de

notificação, captação e distribuição de órgãos e tecidos através da criação de centrais

regionais. O complexo MG transplantes estabeleceu uma regionalização para as atividades

relativas a captação e distribuição de órgãos . Dessa forma cada região do estado conta com

uma CNCDO. (DAIBERT, 2007).

O Complexo MG Transplantes é composto por centros de notificação, captação e

distribuição de órgãos no estado, sendo que estes estão localizados em Belo Horizonte, Juiz

de Fora, montes Claros, Uberlândia, Governador Valadares e Pouso Alegre (MINAS

GERAIS, 2009).

3.5 Processo Doação-Transplante de Órgãos

Schelemberg, Andrade e Boing (2007), definem o processo de doação, como todas as

etapas transcorridas, desde a identificação de um potencial doador até que este seja convertido

em doador efetivo.

29

Para Moraes e Massarollo (2009), este processo envolve a introdução do conceito de

doação de órgãos na família, a solicitação da doação, bem como o seu consentimento, a

identificação e manutenção do potencial doador, a confirmação da morte encefálica, até a

captação propriamente dita.

O processo de doação e transplante de órgãos é complexo e sofre influencia de

diversos fatores, tais como, legislação, treinamento, opinião pública e custos. E essa

complexidade, onde há vários atores desde a identificação do potencial doador até os cuidados

pós-operatórios de um transplantado, torna o processo vulnerável a várias adversidades.

(SCHELEMBERG, 2006; SILVA, 2004).

De acordo com Santos e Massarollo (2005), esse processo pode ser estressante e

traumático à família, visto que pode demorar horas ou dias.

3.5.1 Detecção do Potencial Doador

O processo inicia-se com a detecção de um paciente com Morte Encefálica, o que deve

respeitar todas as orientações da resolução nº 1.480/97 do CFM, para todos os pacientes com

suspeita de morte encefálica, independentemente da possibilidade de doação de órgãos.

(ABTO, 2003).

A lei n° 9.434, de 4 de Fevereiro de 1997, em seu artigo 13, estabelece que pós o

diagnóstico de morte encefálica, deve acontecer a notificação às Centrais de Notificação,

Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDOs). (BRASIL, 2006c).

Essa notificação é compulsória, independente do desejo familiar de doação ou da

condição clínica do potencial doador de converter-se em doador efetivo. (ABTO, 2002).

Santos e Massarollo (2005), conceituam o potencial doador, como o paciente com

diagnóstico de morte encefálica, no qual tenham sido descartadas contra-indicações clínicas

que representem riscos aos receptores dos órgãos

É necessário que haja monitorização permanente nas unidades de terapia intensiva,

com o objetivo de identificar precocemente pacientes com possível evolução para morte

encefálica (ME), afim de que os cuidados com o potencial doador iniciem antes da

degeneração dos órgãos. (RECH; RODRIGUES FILHO, 2007b).

Dentre as atribuições do intensivista, a principal diz respeito à identificação do

possível doador, sem o qual não existe doação de órgãos. Diante da confirmação do quadro de

30

morte encefálica e o paciente não tenha nenhuma contra-indicação para a doação, prossegue-

se com o processo de doação, expondo à família do potencial doador a proposta de doação.

(RECH; RODRIGUES FILHO, 2007b; NOTHEN, 2006).

3.5.2 Diagnóstico de Morte Encefálica

Com os avanços tecnológicos e científicos, a evolução das técnicas de ressuscitação e

suporte vital, a atividade cerebral veio definir a vida e a morte do indivíduo, vinculando assim

a morte a critérios neurológicos, evoluindo para o que conhecemos atualmente como ME.

(GUETTI; MARQUES, 2008).

Morte cerebral é uma definição que começou a ser utilizada, na década de 60, nos

Estados Unidos e na maior parte da Europa, visando facilitar a doação de órgãos e justificar o

desligamento dos aparelhos. (VARGAS; RAMOS, 2006).

Estes mesmos autores relatam que é possível sustentar uma pessoa em morte cerebral

por algumas horas, semanas ou por períodos mais longos de tempo. Devido aos avanços

tecnológicos, muitas pessoas em ME permanecem com seus corações batendo normalmente, e

quando este coração pára, ele pode ser reanimado, ou máquinas podem mantê-los

funcionando.

A morte encefálica é um processo complexo que altera de forma dramática a fisiologia

e a bioquímica celulares de todos os sistemas orgânicos. A síndrome clinica da ME produz

mudanças bruscas na pressão arterial, hipoxemia, hipotermia, coagulopatia, disturbios

eletrolítico e hormonal. (RECH; RODRIGUES FILHO, 2007b).

A ME ocorre quando o dano ao encéfalo é tão extenso, que o órgão não tem mais

capacidade de recuperação e não consegue mais manter o equilíbrio das funções do

organismo. (MANFRO; FERNANDES, 2001).

De acordo com Manfro e Fernandes (2001), As causas mais freqüentes da morte

encefálica são:

traumatismo crânio-encefálico (TCE), decorrentes de colisões automobilísticas ou

agressões;

doença cerebrovascular, como o acidente vascular encefálico seja de natureza

hemorrágico ou isquêmico;

Neoplasia intracerebral;

31

No Brasil, o diagnóstico de Morte Encefálica é definido pela Resolução do conselho

federal de medicina - CFM nº 1480/97, devendo ser registrado, no prontuário em um termo de

Declaração de Morte Encefálica, descrevendo os elementos do exame neurológico que

demonstram ausência de reflexos do tronco cerebral, bem como o relatório de um exame

complementar. (ABTO, 2003).

O CFM n° 1.480, de 8 de Agosto de 1997, determina que a morte encefálica deverá ser

conseqüência de processo irreversível e de causa conhecida, e estabelece os parâmetros

clínicos a serem observados para a constatação do diagnóstico de morte encefálica, sendo

estes, coma aperceptivo com ausência de atividade motora supra-espinhal a apnéia. (BRASIL,

2006f).

Guetti e Marques (2008), afirmam que para a constatação do diagnóstico de ME,

deverá ser excluída qualquer causa reversível do coma, tais como: intoxicação exógena, uso

terapêutico de barbitúricos, alterações metabólicas e hipotermia.

Após tais certificações, o paciente é submetido a dois exames neurológicos que

avaliem a integridade do tronco cerebral e que demonstrem a ausência de atividade elétrica

cerebral ou que certifique a ausência de atividade metabólica cerebral e ausência de perfusão

sanguínea cerebral. (ABTO, 2003).

O conselho federal de medicina determina que os intervalos entre as duas avaliações

clínicas necessárias para a caracterização da ME, serão definidos por faixa etária. (BRASIL,

2006f).

3.5.3 Avaliação do Doador

Após a confirmação da morte encefálica, inicia-se a etapa de avaliação clínica e

laboratorial do possível doador visando assegurar ótimas condições de segurança biológica e

viabilidade dos órgãos passíveis de serem transplantados. (NOTHEN, 2006).

Segundo D’Império (2007), esta avaliação envolve uma cuidadosa revisão da história

clinica e social, exame físico com atenção especial à sinais de malignidade, trauma e

comportamento de risco.

Nesta avaliação ”deve se considerar a inexistência de contra-indicações clínicas e

laboratoriais à doação”. (ABTO, 2002, p.02).

32

Sendo assim, as situações que determinam a contra-indicação absoluta da captação de

todos os órgãos de um potencial doador são: Portadores de enfermidades infecto-contagiosas

transmissíveis, como soropositivos para HIV, doença de Chagas, hepatites B e C; Pacientes

em sepse bacteriana ou em Insuficiência de Múltiplos Órgãos e Sistemas ; Portadores de

neoplasias malignas, excetuando-se tumor restrito ao sistema nervoso central, carcinoma

basocelular e carcinoma de cérvix uterino e doenças degenerativas crônicas e com caráter de

transmissibilidade. (GUETTI; MARQUES, 2008; ABTO, 2002).

Doadores com critérios alargados, conhecidos como “doadores marginais” podem ser

utilizados, uma vez determinada a qualidade de órgãos específicos e da urgência médica do

receptor em transplantar. (VERONESE; CLAUSELL; GONÇALVES, 2001).

Para estes autores, os critérios como idade superior a 65 anos e menor que um ano;

hipertensão arterial severa; diabete melito com diagnóstico recente, hepatite pelo vírus B e C e

doador e para cardíaca não contra-indicam a doação, mas exigem uma avaliação criteriosa.

A manutenção do potencial doador deve buscar a estabilidade hemodinâmica, durante

todas as etapas do processo, garantindo assim a viabilidade e qualidade dos órgãos passíveis

de doação. (NOTHEN, 2006).

3.5.4 Manutenção do Doador

Knobel citado por Guetti e Marques (2008) ressalta que o diagnóstico de ME deverá

ser seguido de manutenção prolongada do corpo através de ventilação mecânica e outras

medidas que visem a preservação dos órgãos, com a possibilidade de doação de órgãos.

Um dos grandes obstáculos na manutenção de potenciais doadores consiste em manter

parâmetros hemodinâmicos estáveis com o propósito de tornar os órgãos viáveis para

transplante. (BARROS E SILVA, 2008).

O cuidado de um potencial doador de órgãos e tecidos representa a perspectiva de

beneficio a no mínimo nove pessoas, com a efetivação otimizada desse processo. Manter o

doador em boa condição hemodinâmica possibilitara a doação e preservação do enxerto em

curto, médio e longo prazo. (FAGIOLI; BOTONI, 2009).

Um potencial doador poderá beneficiar, através de seus órgãos e tecidos para

transplantes, mais de 10 pacientes, mas para isso seja possível, é necessário garantir uma

33

adequada preservação dos órgãos, bem como sua viabilidade até o momento da extração.

(GUETTI; MARQUES, 2008).

De acordo com os estudos de Guetti e Marques (2008), a ME é um processo complexo

que altera a fisiologia de todos os sistemas orgânicos, culminando em alterações de ordem

cardiovascular, pulmonar, endócrina, hepática, térmica e da coagulação.

3.5.4.1 Cuidados com o potencial doador

A assistência oferecida ao doador de múltiplos órgãos deve ser realizada

preferencialmente em uma UTI, pois requer uma vigilância constante por profissionais

capacitados no manejo de doentes críticos. (BARROS E SILVA, 2008).

Veronese, Clausell e Gonçalves (2001), ressaltam que devem ser avaliados os sinais

vitais, a saturação de O2, sangramentos, deformidades, débito urinário, bem como história

clínica de hipertensão arterial, diabetes, dentre outras doenças crônicas, neoplasias, infecções

transmissíveis e traumatismos aspiração de secreções endotraqueais devem ser aspiradas.

Os cuidados específicos incluem a garantia de acessos venosos, o tratamento da

hipotensão através da reposição volêmica de soluções colóides e cristalóides, monitoração da

ventilação, controle da hipotermia, reposição de eletrólitos, antibióticoterapia profilática e

correção da hiperglicemia com o uso de insulina regular. (ABTO, 2003).

3.5.5 A Entrevista e o Consentimento Familiar

Em nosso país, a lei N° 10.211 de 23 de março de 2001, em seu artigo 4° estabelece

que a retirada de órgãos e tecidos de pessoas falecidas para fins de transplante, só acontecerá,

mediante a autorização da família, ou seja, dependerá da autorização do cônjuge ou parente,

maior de idade, obedecida à linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau, sendo

firmada em documento assinado por duas testemunhas presentes à verificação da morte.

(BRASIL, 2006b).

As reflexões de Rech e Rodrigues Filho (2007a), apontam que o melhor momento para

a abordagem familiar sobre doação de órgãos é após a notícia da morte encefálica.

34

Primeiramente, o médico intensivista informa a família sobre o diagnóstico de morte

encefálica e o seu significado, permitindo que ela expresse suas dúvidas, esclarecendo-as.

Depois de passado algum tempo, uma nova equipe, que não participou do tratamento do

paciente, faz a solicitação de doação de múltiplos órgãos. (MARKS; WAGNER; PEARSON

apud RECH; RODRIGUES FILHO, 2007a).

A abordagem da família deverá ser feita por uma profissional capacitado para tal, seja

ele médico, enfermeiro, psicólogo ou assistente social, desde que esse profissional não faça

parte da equipe que atendeu o paciente durante sua internação hospitalar. (RECH;

RODRIGUES FILHO, 2007a).

A entrevista deve ser realizada em local apropriado, longe do doador, com todo o

conforto possível onde a família se sinta segura e acolhida. (BARROS E SILVA, 2008).

Segundo as reflexões de Barros e Silva (2008), a família do doador precisa ser

informada e esclarecida sobre todo o processo de doação e suas implicações, para que possa

tomar a decisão com coerência. Todas as informações devem ser fornecidas as famílias de

forma clara e objetiva, antes de se introduzir a possibilidade doação de órgãos para

transplantes.

Ainda de acordo com esse autor, a família pode se manifestar de imediato, ou pedir

um tempo para pensar, ou consultar outras pessoas do convívio do doador. Quando a família é

contrária à doação, os motivos de recusa são apresentados ao profissional da comissão intra-

hospitalar e o caso é encerrado junto a CNCDO.

Todas as etapas do processo de doação e seus tempos devem ser explicados à família

do doador. A família deverá ser esclarecida da possibilidade de alguns órgãos não poderem

ser doados. A decisão de doar pode ser anulada a qualquer momento, mesmo após a assinatura

do termo de consentimento. (RECH; RODRIGUES FILHO, 2007a).

3.5.6 Extração de Órgãos e Tecidos

Um único doador com diagnóstico de morte encefálica pode doar órgãos e tecidos

como: coração, pulmões, fígado, pâncreas, rins, valvas do coração, olhos, pele, ossos, tendões,

cartilagem veias e artérias. (BARROS E SILVA, 2008).

35

Segundo o Ministério da Saúde (2006d), a Portaria GM n° 3.407, de 5 de agosto de

1998, estabelece que para a realização da retirada de órgãos e tecidos, o estabelecimento

devera dispor de:

Uma equipe cirúrgica com permissão para realizar o procedimento de retirada de

órgãos, com disponibilidade para realizá-lo a qualquer momento do dia;

Meios diagnósticos que possibilitem a comprovação da ME, conforme os parâmetros

estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina;

Laboratórios equipados, com capacidade para realizar os exames que se fizerem

necessários;

UTI;

Infra-estrutura hospitalar geral.

A captação dos órgãos deverá ocorrer no hospital em que o doador está internado,

posteriormente, as equipes de retirada dirigem-se para seus hospitais de origem para

realizarem a transplantação. (ABTO, 2003).

De acordo com o decreto n. 2. 268, de 30 de junho de 1997, caberá a CNCDO, de

acordo com as informações que lhe são transmitidas pela equipe de retirada, indicar o destino

dos órgãos, tecidos e partes captadas, em observância a ordem dos receptores inscritos na

lista, com compatibilidade para recebê-los. (BRASIL, 2006a).

De acordo com esse mesmo decreto, o procedimento de transplante só poderá

realizado mediante a realização no doador, de todos os testes que garantam a integridade dos

órgãos a serem transplantados, bem como o consentimento expresso do receptor, após o

devido esclarecimento sobre a excepcionalidade e os riscos do procedimento. (BRASIL,

2006a).

Após a retirada dos órgãos e tecidos, o corpo do doador deverá ser entregue à família

devidamente recomposto, sendo fornecida a família toda orientação que se fizer necessária.

(ABTO, 2003).

A prefeitura da cidade de São Paulo oferece as famílias doadoras um auxílio funerário,

após a doação de órgãos, sendo este apontado como aspecto positivo, pois ajuda a família com

as despesas do funeral. (SANTOS; MASSAROLLO, 2005).

36

4 METODOLOGIA

4.1 Tipo de Estudo

O presente trabalho trata-se de um estudo de campo, analítico e de abordagem

quantitativa, para a análise do conhecimento da população da cidade de Paracatu-MG em

relação à doação de órgãos para transplantes. Foi realizada junto a população paracatuense

com idade entre 20-39 anos.

De acordo com Lakatos e Marconi (2006), a abordagem quantitativa é aquela que

emprega métodos estatísticos e transforma em números as opiniões e informações para que

sejam analisados e classificados.

4.2 Delimitação do Público Alvo

A amostra se constituiu de 378 pessoas com idade entre 20 e 39 anos selecionadas

aleatoriamente dentre uma população de 27.844 pessoas jovens com a faixa etária definida

para o estudo.

Devido a impossibilidade de se trabalhar com o universo total da população descrita

acima foi realizado um calculo estatístico para delimitação da amostra a ser estudada.

A amostragem foi obtida através da teoria de dimensionamento da amostra proposta

por Fonseca e Martins (2006) sendo a variável do estudo nominal/ordinal e identificando a

população como finita, aplicando-se a seguinte formula:

n= ___z² . p. q. N __

d² (N-1)+ Z². p. q

Sendo:

n = amostragem

Z= abscissa da normal padrão, fixado um nível de confiança; (Z= 1,96, onde o nível é

de 95%)

d = erro amostral; (5%)

p = estimativa da proporção; (50%, expresso em decimais: 0,5)

37

q= 1- p

N= tamanho da população; (N=27.884)

4.3 Local do estudo

O estudo será realizado no município de Paracatu-MG, abrangendo toda a cidade.

4.4 Instrumento utilizado

Os dados foram obtidos através de uma entrevista estruturada, utilizando um

questionário com 15 perguntas fechadas.

Na entrevista padronizada o pesquisador segue um roteiro previamente estabelecido,

as perguntas feitas ao indivíduo são predeterminadas. (LAKATOS; MARCONI, 2006).

4.5 Aspectos éticos envolvidos na pesquisa

O estudo foi embasado na Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que

regulamenta as diretrizes e normas de pesquisas envolvendo seres humanos, respeitando todos

os aspectos éticos. (BRASIL, 1996).

As informações foram coletadas, mediante a assinatura do termo de consentimento

livre e esclarecido, em conformidade com a resolução 196. Os participantes foram

esclarecidos quanto aos objetivos e finalidade deste trabalho e de que a participação é de livre

e espontânea vontade, podendo se retirar do estudo no momento em que desejar, sendo as

informações sigilosas.

38

4.6 Desenvolvimento do estudo

Inicialmente foi enviado ao secretário municipal de Saúde Euripedes Tobias, um

Oficio (ANEXO A), solicitando a autorização para coleta de dados para elaboração do

trabalho de conclusão de curso. Mediante sua aprovação, este documento foi apresentado à

enfermeira responsável pelo serviço de saúde.

As entrevistas foram realizadas na sala de espera da clínica da mulher e da criança de

Paracatu-MG durante um período de 30 dias, o restante das entrevistas foram realizadas nos

domicílios nos períodos matutino e vespertino nos meses de abril e maio de 2010.

Os dados provenientes das entrevistas foram computados e digitados em uma

planilha do Programa Microsoft Excel. Os resultados obtidos foram apresentados em forma de

gráficos e tabelas.

Após o processamento dos dados, foi realizada a discussão dos resultados a luz do

referencial teórico e a posterior conclusão do trabalho.

39

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

TABELA 1: CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRAFICAS DA POPULAÇÃO DE PARACATU

Fonte: Dados coletados pela acadêmica de Enfermagem Maria de Lourdes Silva, Paracatu, Abril-

Maio de 2010.

Das 378 pessoas entrevistadas, 41% tinham idade entre 20 e 27 anos, 29% entre 28

a23 e 30% entre 33 a 39 anos. Quanto ao sexo, 21% eram do sexo masculino e 79% feminino.

52% dos entrevistados eram solteiros, 33% casados, 4% divorciados, 1% eram viúvos e 4%

tinham outros tipos de relacionamento.

No quesito religião, 68% dos entrevistados era católicos, 22% eram evangélicos, 3%

se denominaram agnósticos, 3 % espíritas e 4% pertenciam a outros tipos de religião.

Variável N %

Idade

20 a 27

28 a 32

33 a 39

154

109

115

81

297

197

126

16

2

37

258

82

10

11

17

41%

29%

30%

21 %

79%

52%

33%

4%

1%

10%

68%

22%

3%

3%

4%

Sexo

Masculino

Feminino

Estado civil

Solteiro

Casado

Divorciado

Viúvo

Outros

Religião

Católico

Evangélico

Agnóstico

Espírita

Outros

40

TABELA 2: CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRAFICAS DA POPULAÇÃO DE PARACATU

Fonte: Dados coletados pela acadêmica de Enfermagem Maria de Lourdes Silva, Paracatu, Abril-Maio de

2010.

Dos entrevistados, 45% possuíam renda familiar de apenas 1 salário mínimo, 3%

enquanto 37 % tinham rendimento de 2 a 3 salários, e apenas 7% relataram ter renda acima de

4 salários mínimos.6% não souberam informar o rendimento da família, e 5% declararam não

ter rendimento.

Quanto a variável escolaridade, percebe-se que apenas 1% dos entrevistados eram

analfabetos, 37% cursaram o 1° grau incompleto, 10% têm o 1° grau completo, 32% cursaram

o 2° grau completo, 10% têm o 2° grau completo e 10% possuem o ensino superior.

33%

67%

sim

não

GRÁFICO 1: DISTRIBUIÇÃO DOS ENTREVISTADOS, SEGUNDO A INFORMAÇÃO RECEBIDA

SOBRE A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS.

FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio

de 2010.

Variável N %

Rendimento

Familiar

1 salário mínimo

2 a 3 salários

Acima de 4 salários

Não sabe

Sem rendimento

171

138

25

24

20

3

143

37

121

36

38

45%

37%

7%

6%

5%

1%

37%

10%

32%

10%

10%

Escolaridade

Analfabeto

1° grau Incompleto

1°grau completo

2° grau incompleto

2° grau Completo

Superior

41

Dentre as 378 pessoas entrevistadas, 67%, relataram já ter recebido algum tipo de

informação sobre a doação de órgãos enquanto 33% disseram que nunca tiveram acesso a

nenhum tipo de informação sobre esse assunto.

Diante do resultado percebe-se que a população paracatuense tem acesso à informação

sobre a doação de órgãos, o que é um fator positivo e muito importante para a promoção da

doação de órgãos e tecidos.

82%

14%4%

TV, rádio, jornal etc.

através de amigos ou

profissionais de saúde

campanhas educativas em

escolas

GRÁFICO 2: DISTRIBUIÇÃO SEGUNDO A FONTE DE INFORMAÇÃO REFERENTE A DOAÇÃO DE

ÓRGÃOS

FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio

de 2010.

Diante do exposto, nota-se que das 255 pessoas que relataram já terem recebido algum

tipo de informação sobre doação de órgãos (gráfico 1), destes 82% apontam com principal

fonte de informação os meios de comunicação como a TV, rádio, jornal e outros meios de

comunicação, 14% adquiriram informação através de amigos ou profissionais de saúde e 4%

através de campanhas educativas realizadas em escolas.

A maioria da população recebe informações sobre transplante de órgãos através da

televisão, rádio, jornais, revistas, uma pequena parcela é influenciada por familiares, amigos,

profissionais da saúde e campanhas educativas. (EVERS; FAREWELL; HALLORAN apud

TRAIBER; LOPES, 2006).

Para muitas famílias brasileiras, a mídia representa o único meio de acesso à

informação sobre doação de órgãos. (MORAES; MASSAROLLO, 2009).

O esclarecimento da população, sobre os processos que norteiam a doação de órgãos e

tecidos em nosso país é crucial para a modificação da atual situação dos transplantes de

órgãos no Brasil.

42

A desproporção entre o número de pacientes em lista de espera e o número de doações

de órgãos para transplantes no Brasil, só poderá ser solucionado do através de um intenso

esforço de educação de toda a sociedade. (ADOTE, 2009).

Conesa e Ramirez citado por Traiber e Lopes (2006), descrevem que quando a

população adquire conhecimento, ela se torna capaz de abrir discussões sobre o tema,

tornando-se dessa forma, peça fundamental na promoção da doação de órgãos, através da

disseminação de informação.

56%

20%

24%

sim

não

não sabe

GRÁFICO 3: DISTRIBUIÇÃO DOS ENTREVISTADOS, SEGUNDO A INTENÇÃO DE DOAR OS

ÓRGÃOS DE UM FAMILIAR

FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio

de 2010.

Quando questionados sobre a autorização da doação de órgãos de um membro da

família, 56% dos entrevistados responderam que autorizariam sim a doação de órgãos de um

membro da família, 20% não autorizariam a doação e 24% não sabe, porque nunca pararam

para pensar sobre o assunto.

43

27%

71%

2%

sim

não

não se lembra

GRÁFICO 4: DISTRIBUIÇÃO DOS ENTREVISTADOS SEGUNDO A INTRODUÇÃO DE UMA

DISCUSSÃO FAMILIAR SOBRE A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS.

FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio

de 2010.

Dentre os entrevistados apenas 27% já comunicaram a sua família a sua decisão em

relação à doação de órgãos, 71% nunca falaram sobre esse assunto com seus familiares e 2%

não se lembram de já terem discutido este assunto em família.

Visto que a doação de órgãos no Brasil depende única e exclusivamente da autorização

da família, é muito importante que as pessoas comuniquem a família sobre o destino de seus

órgãos após a morte.

Desta forma, é muito positivo para a doação de órgãos que a maioria dos entrevistados

já tenha discutido a sua opinião sobre doação com seus familiares. (COELHO, et. al, 2007).

De acordo com Rech e Rodrigues Filho (2007a), a maioria das pessoas não toma a

decisão de ser um doador em vida e mesmo aqueles que o fazem não compartilham tal

decisão com a família, o que acaba se tornando um empecilho à doação de órgãos.

44

61%17%

22%

sim

não

indeciso

GRÁFICO 5: DISTRIBUIÇÃO , SEGUNDO A INTENÇÃO DE DOAR SEUS ÓRGÃOS APÓS A MORTE.

FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio

de 2010.

Quanto ao desejo de destinar seus órgãos a salvar vidas após a sua morte 61%

responderam que tem intenção de doar, 17% disseram que não autorizaria a família a doar

seus órgãos e 22% ficaram indecisas, pois nunca pararam para pensar no assunto.

Percebe-se que a maioria da população tem uma atitude positiva em relação à doação

como mostra o (gráfico 3). Boa parte da população entrevistada ainda não tem opinião

formada sobre a doação de órgãos.

Os achados desta pesquisa condizem com as taxas apontadas por Rech e Rodrigues

Filho (2007a), onde eles colocam que nos Estados Unidos mais de 65% do público é

favorável à doação e doaria seus próprios órgãos.

25%

43%

32%

sim

não

indeciso

GRÁFICO 6: DISTRIBUIÇÃO SEGUNDO A INTENÇÃO DE DOAR OS ÓRGÃOS DE UM MEMBRO DA

FAMÍLIA QUE NÃO MANIFESTOU EM VIDA O DESEJO DE SER DOADOR.

FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio

de 2010.

45

Dos entrevistados 25% autorizariam a doação de órgãos de um parente em morte

encefálica que não tivesse manifestado em vida o desejo de ser doador, 43% não autorizaria a

doação sem o prévio conhecimento do desejo do seu familiar e32% se declararam indecisos

diante de tal situação.

Rech e Rodrigues Filho (2007a), destacam o desconhecimento do desejo do familiar

sobre doação de órgãos, como uma das principais razões declaradas pelas famílias não-

doadoras.

De acordo com Santos e Massarollo (2005), esse desconhecimento é decorrente da

inexistência de diálogo sobre o assunto dentro das famílias.

Como visto anteriormente no (gráfico 4), maioria das pessoas não comunicam a

família a sua decisão de ser um doador. Quando a família conhece o desejo de seu familiar em

relação ao destino de seus órgãos a tomada de decisão se torna mais fácil, ao passo que o seu

desconhecimento dificulta a tomada de decisão e está associado a maiores taxas de negativa.

69%

7%

1%10%

13%

ajudar as pessoas

reaproveitamento dos órgãos

motivos religiosos

necessidade social de doação

outros

GRÁFICO 7: DISTRIBUIÇÃO DOS PRINCIPAIS MOTIVOS QUE LEVARIAM OS ENTREVISTADOS A

DOAREM SEUS ÓRGÃOS.

FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio

de 2010.

Os principais motivos que levariam as pessoas a doarem seus órgãos após a morte

apontados foram: ajudar as pessoas 69%, reaproveitamento dos órgãos 7%, motivos

religiosos1% , necessidade social de doação10% e outros motivos 13%.

A partir daí, pode-se concluir que o desejo de ajudar ao próximo é o principal fator

que influencia a decisão de se tornar um doador, pois as pessoas têm um sentimento de

solidariedade, sem esperar nada em troca, vendo aqueles de opinião contrária como egoístas.

Bendassolli (2001), afirma que a opção por ser um doador, está ligada a diretivas que

colocam especial importância na ajuda, no auxílio social e na solidariedade. Além de ajudar

ao próximo, a intenção é manter a vida, e prolongá-la ao máximo.

46

De acordo com o estudo realizado por Coelho e colaboradores (2007), os principais

motivos pelos quais as pessoas doariam seus órgãos foram respectivamente: salvar vida,

ajudar o próximo e doar vida.

12%

26%

7%

45%

10%

religião

falta de confiança no sistema de

saúde brasileiro

mutilação do corpo

medo relacionado a erro no

diagnóstico de morte

outros

GRÁFICO 8: DISTRIBUIÇÃO , DOS FATORES APONTADOS COMO PRINCIPAL MOTIVO DE RECUSA

A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS.

FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio

de 2010.

Na opinião dos entrevistados, a respeito dos motivos que levam as pessoas a não

doarem seus órgãos, maioria 45% acredita que o medo relacionado ao erro no diagnóstico de

morte seja o principal motivo de recusa, 26% atribui à recusa a doação de órgãos a falta de

confiança no sistema de saúde brasileiro, 12% a religião, 7% a mutilação do corpo decorrente

da remoção dos órgãos, e 10% outros motivos.

A resistência à doação de órgãos provindos de doadores cadavéricos se deve à falta de

informação sobre o problema, incertezas religiosas, falta de confiança na medicina,

hostilidade às novas idéias e desinformação. (CANTAROVICH apud COELHO, et. al, 2007).

No presente estudo, o principal fator contribuinte para a resistência a doação de órgãos

e tecidos foi o medo relacionado à possibilidade de erro no diagnóstico de morte encefálica.

A falta de compreensão do diagnóstico de morte encefálica é o principal fator

dificultante para a doação de órgãos e tecidos, pois é muito difícil aceitar que uma pessoa que

ainda está quente, respirando e com o coração batendo com ajuda de aparelhos esteja morta.

(MORAES; MASSAROLLO, 2009).

Na pesquisa realizada com estudantes de enfermagem em São Paulo, demonstrou que

o medo de um falso diagnóstico de morte encefálica é uma das várias razões para que as

pessoas sejam contrarias a doação. (MORAES; GALLANI; MENEGHIN, 2006).

47

69%

11%

20%conversaria com seus familiares

entraria em contato com a

central de transplantes

não sabe

GRÁFICO 9: DISTRIBUIÇÃO DA CONDUTA A SER ADOTADA DIANTE DA DECISÃO DE SE

TORNAR UM DOADOR.

FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio

de 2010.

Quando questionados sobre a conduta a ser adotada diante a decisão de se tornar um

doador de órgãos, 69% responderam que conversaria com a família, 11% entraria em contato

com a central de transplantes e 20% não sabem qual deve ser a conduta nesta situação.

Torna-se interessante a comparação com o (gráfico 4), visto que 71% declararam

nunca ter discutido sobre doação de órgãos, enquanto que 69% apontaram a discussão

familiar como a atitude correta a ser adotada.percebe-se que as pessoas sabem o que deve ser

feito, mas não o fazem.

Nesse sentido, campanhas educacionais com o objetivo de promover o registro de

doadores e de incentivar que eles compartilhem essa decisão com seus familiares podem ser

de grande valia para aumentar as taxas de consentimento. (RECH; RODRIGUES FILHO,

2007a).

48

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os transplantes de órgãos é uma conduta médica, que tem possibilitado a inúmeros

portadores de doenças crônicas, a chance de continuar vivendo através da substituição do

órgão doente e incapacitado por um outro saudável.

A realização deste procedimento tem encontrado alguns impasses, visto que depende

da colaboração da sociedade para que possa se desenvolver.

A cidade de Paracatu possui um perfil muito bom para a doação de órgãos, sendo que

a maioria dos entrevistados doaria seus próprios órgãos ou autorizariam a doação de órgãos de

um familiar.

Os meios de comunicação têm possibilitado a toda população o acesso às informações

pertinentes a doação de órgãos, porém, durante o desenvolvimento deste trabalho, me

questionei várias vezes sobre a qualidade desta informação.

As campanhas veiculadas pela mídia são suficientes para conscientizar a população

sobre a importância da doação de órgãos para a sociedade brasileira, porém não tem fornecido

as informações necessárias para o esclarecimento de todas as etapas que norteiam o processo

de doação de órgãos. A doação de órgãos é um assunto polêmico, complexo e cercado de

mitos, talvez seja esse o motivo do insucesso da mídia em transmitir essa informação.

A maioria das pessoas só tem acesso a uma informação detalhada e suficiente sobre

doação de órgãos, no momento em que são abordados sobre o processo de doação de órgãos

durante a realização da entrevista familiar para o consentimento, que é o momento mais

difícil.

Torna-se dessa forma evidente a necessidade de realização de campanhas educativas,

que visem o esclarecimento dos muitos aspectos envolvidos no processo de doação, bem

como o significado do termo morte encefálica.

É necessário incentivar as famílias a colocarem esse assunto na pauta das discussões

familiares, afim de que se esclareçam as opiniões referentes ao destino de seus órgãos após a

sua morte. Visto que maioria da população é favorável à doação de órgãos, porém nunca

discutiram sobre este assunto com suas famílias, mesmo sabendo que essa é a conduta correta

a ser adotada.

Outra que questão que não pode passar despercebida, é o fato de que a opção por ser

doador gravado em documento de identidade perdeu o seu valor, desde o ano de 2001, e até

49

hoje as pessoas não sabem disso, tanto que apenas 01, dos 378 entrevistados estava ciente

desta mudança que ocorreu há mais de 09 anos.

50

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56

APÊNDICES

57

Apêndice A - Roteiro de Entrevista

Nome: ______________________________ Bairro:_____________________

DADOS PESSOAIS

1.Idade:

( )20 a 27 ( )28 a 32 ( )33 a 39

2 .Sexo:

( ) Feminino ( ) Masculino

3. Estado civil:

( ) solteiro ( ) casado ( ) divorciado

( ) viúvo ( ) outros

4. Religião:

( ) Católico ( ) Evangélico ( ) Agnóstico

( ) Espírita ( ) outros

5. Rendimento familiar:

( ) 1 salário

( ) 2 a 3 salários mínimos

( ) acima de 4 salários mínimos

( ) não sabe

( ) sem rendimento

6. Escolaridade:

( ) Analfabeto

( ) 1°grau incompleto

( ) 1°grau completo

( ) 2° grau completo

( ) 2° grau incompleto

( ) superior

ENTREVISTA PADRONIZADA

7. Você já recebeu alguma informação sobre

doação de órgãos?

( ) sim ( ) não

8. Se da resposta da pergunta anterior for sim. De

onde foi que você recebeu informação?

( ) na TV,rádio, jornal etc.

( ) através de amigos ou profissionais de saúde

( ) em campanhas educativas em escolas

9. Você autorizaria a retirada de órgãos de um

membro de sua família?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe

10. Você já discutiu sobre o assunto com a sua

família?

( ) sim ( ) não ( ) não se lembra

11. Você autorizaria a sua família a doar seus órgãos

após a sua morte?

( ) sim ( ) não ( ) indeciso

12. Você autorizaria a doação dos órgãos de um

parente em morte encefálica, que não tivesse

manifestado em vida o desejo de ser doador?

( ) sim ( ) não ( ) indeciso

13. Por qual motivo gostaria de se tornar um doador?

( ) ajudar as pessoas

( ) reaproveitamento dos órgãos

( ) motivos religiosos

( ) necessidade social de doação

( ) outros

14. Em sua opinião, quais os motivos que podem

levar as pessoas à não doar seus órgãos após sua

morte?

( ) religião

( ) falta de confiança no sistema de saúde brasileiro

( ) mutilação do corpo

( ) medo relacionado a erro no diagnóstico de morte

( ) outros

15. Qual seria a sua atitude se você se decidisse se

tornar um doador?

( ) conversaria com seus familiares

( ) entraria em contato com a central de transplantes

( ) não sabe

58

Apêndice B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Pesquisadora responsável: Acadêmica de Enfermagem do 7° período da Faculdade Tecsoma,

Maria de Lourdes Silva.

O presente trabalho, “O POSICIONAMENTO DA POPULAÇÃO DE

PARACATU-MG, MEDIANTE O PROCESSO DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA

TRANSPLANTE” tem como objetivo, analisar o conhecimento e aceitação da população

paracatuense em relação à doação de órgãos para transplante, através da realização de

entrevistas.

A pessoa terá a liberdade de recusar a participar ou cancelar o seu consentimento a

qualquer momento sem penalização alguma. É garantido o sigilo e privacidade dos dados

confidenciais envolvidos na pesquisa. Os dados e informações provenientes deste trabalho

serão utilizados com fins de produção e apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso

(TCC) à Faculdade Tecsoma.

Eu_________________________________________________ venho por meio desta,

manifestar meu consentimento em participar da amostragem da Pesquisa acima referida a ser

realizada pela acadêmica do 7° período de enfermagem da Faculdade Tecsoma, Maria de

Lourdes Silva, estando consciente sobre sua justificativa, objetivos e procedimentos a serem

realizados.

Paracatu, ___/___/___.

__________________________ ___________________________________

Assinatura do Participante Ac.de Enf. Maria de Lourdes Silva

59

ANEXOS

60

Anexo A – Autorização do secretário Municipal de Saúde

61

Anexo B – Mapa de Paracatu