faculdade escola engenharia de agrimensura - … · escola de administração - ufba t323 terra,...

104
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO LUCIANA BOMFIM TERRA A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO (LAI) NA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Salvador 2014

Upload: vantu

Post on 15-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

LUCIANA BOMFIM TERRA

A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO (LAI) NA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Salvador 2014

LUCIANA BOMFIM TERRA

A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO NA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Administração da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientador: Prof. Dr. José Antonio Gomes de Pinho

Salvador 2014

Escola de Administração - UFBA

T323 Terra, Luciana Bomfim.

A implementação da Lei de Acesso à Informação (LAI) na

Universidade Federal da Bahia / Luciana Bomfim Terra. – 2014.

103 f.

Orientador: Prof. Dr. José Antonio Gomes de Pinho.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Escola de

Administração, Salvador, 2014.

1. Universidade Federal da Bahia – Abertura de informações ao público -

Estudo de casos. 2. Transparência na administração pública - Legislação.

3. Abertura de informações ao público. 4. Liberdade de informação – Brasil. I. Universidade Federal da Bahia. Escola de Administração. II. Título.

CDD – 342.81

LUCIANA BOMFIM TERRA

A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO NA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Administração da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Administração.

Aprovada em

Banca Examinadora

Prof. Dr. José Antonio Gomes de Pinho - Orientador Doutor em Regional Planning pela University of London Universidade Federal da Bahia

Prof. Dr. Marco Antonio Carvalho Teixeira Doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Escola de Administração de Empresas de São Paulo – Fundação Getúlio Vargas

Profª Dra. Maria Elisabete Pereira dos Santos Doutora Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP Universidade Federal da Bahia

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Nice e Fernando (in memória), ao meu filho Caio e ao meu Anjo da Guarda pela inspiração dos sentimentos de carinho, coragem, amor e determinação, respectivamente. Ao professor Pinho, meu Orientador, pelo exemplo de diplomacia e pela leveza na condução das orientações. Ao professor Célio Andrade pela paciência e dedicação, nas aulas de Metodologia. Aos professores do Mestrado Profissional em Administração, turma IFBA 2012 Aos colegas da turma IFBA 2012, incluindo os colegas da UFBA por compartilharem essa jornada de luta. Aos colegas de trabalho, servidores da UFBA que prestaram as informações necessárias para a conclusão desta Dissertação. À professora Lídia Maria Brandão Toutain pela disponibilidade e presteza. À professora Leidimar Cândida dos Santos pela gentileza de me disponibilizar seu tempo e material de consulta. Aos funcionários do NPGA, especialmente à Cristina pela competência e cordialidade e aos funcionários Anaélia e Mario, pela atenção.

TERRA, Luciana Bomfim. A Implementação da Lei de Acesso à Informação (LAI) na Universidade Federal da Bahia. 103 f. Il. 2014. Dissertação (Mestrado Profissional) – Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014.

RESUMO

A implementação da Lei de Acesso à Informação, no Brasil, é um tema ainda pouco explorado, tendo em vista a recente aprovação da Lei 12.527/2011, que entrou em vigor em 16 de maio de 2012, através do Decreto 7.724. Esta pesquisa teve como objetivo a analise de como a Universidade Federal da Bahia vem implementando a LAI e como vem acontecendo a produção e a disponibilização das informações para o cidadão, sob a ótica da transparência apregoada pela Controladoria-Geral da União. Para isso, foram utilizados os parâmetros teóricos, baseados nos estudos de Carter, Neuman e Calland que foram organizados em três dimensões: legal, institucional e social. Através da pesquisa documental e de entrevistas realizadas com os servidores da UFBA, foi possível desenvolver o estudo de caso, numa abordagem qualitativa. Com os resultados alcançados, conclui-se que a UFBA vem atendendo às exigências legais, parcialmente, e não está preparada para a aplicação dos procedimentos necessários a fim de que a implementação da lei aconteça efetivamente. Dessa forma, está despreparada para assumir o compromisso com a transparência das informações governamentais.

Palavras-chave: Implementação da Lei de Acesso à Informação. Lei de Acesso à

Informação na UFBA. Lei Brasileira de Acesso à Informação.

TERRA, Luciana Bomfim. The implementation of the Law on Access to Information in Universidade Federal da Bahia. 103 f. Il. 2014. Professional Master Dissertation – Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014.

ABSTRACT

The implementation of the Law on Access to Information, in Brazil, is still a relatively unexplored subject in view of the recent adoption of the Law 12.527/2011, which entered into force on May 16, 2012, through Decree 7.724 This research aimed to examine how the Universidade Federal da Bahia has been implementing the LAI is happening and how the production and provision of information to the citizens, from the perspective of transparency touted by the Controladoria Geral da União. For this, we used the theoretical parameters, based on studies of Carter, Neuman and Calland which were organized in three dimensions: legal, institutional and social. Through desk research and interviews with the officers of the University, it was possible to develop the case study, a qualitative descriptive approach. With a results obtained, it is concluded that the UFBA been meeting the legal requirements, partly, but is not prepared to the implementation of the necessary procedures to ensure that the implementation of the law effectively happen. Thus, is unprepared to commit to transparency of government information.

Keywords: Implementation of the Law on Access to Information. Law on Access to Information in UFBa. Brazilian Law on Access to Information.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 Elementos envolvidos na implementação da Lei de Acesso à Informação.........................................................

41

Quadro

2 Produção e Oferta de Informação na UFBA ..................... 44

Figura 1 Demanda e Oferta de Informação na UFBA ..................... 44

Quadro 3 Procedimentos para a coleta dos dados da pesquisa ...... 47

Quadro 4 Eventos Acadêmicos da Universidade da Bahia – 1808-1946 ...................................................................................

51

Quadro 5 Eventos acadêmicos da Universidade Federal da Bahia – 1946-2008 ........................................................................

53

Quadro 6 Estrutura organizacional da Universidade Federal da Bahia em 2014 ..................................................................

58

Figura 2 Organograma da UFBA ..................................................... 63

Figura 3 Organograma da PROPLAN ............................................. 64

Figura 4 Portal da UFBA – Página principal .................................... 68

Figura 5 Portal da UFBA – Serviço de Informação ao Cidadão ...... 76

Quadro 7 Solicitação de Informação às Unidades da UFBA.............. 81

Quadro 8 Respostas fornecidas pelas Unidades da UFBA e tempo de resposta ........................................................................

81

Quadro 9 Relatório de Pedidos e de Recursos do e-SIC/UFBA........ 83

Figura 6 Portal e-SIC – Serviço de Informação ao Cidadão ............ 85

Figura 7 Portal e-SIC – Pedido de Informação ................................ 86

SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO........................................................................................... 10

2 EM BUSCA DO ACESSO À INFORMAÇÃO........................................... 14 2.1 O CENÁRIO BRASILEIRO.................................................................... 14 2.1.1 A Sociedade Civil.............................................................................. 16 2.1.2 Accountability................................................................................... 19 2.1.3 Governo Eletrônico........................................................................... 21 2.2 DIREITO DE ACESSO À INFORMAÇÃO.............................................. 23 2.2.1 Antecedentes Legais........................................................................ 23 2.2.2 Antecedentes Institucionais............................................................ 25 2.3 A LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO................................................... 26 2.3.1 Panorama Internacional................................................................... 26 2.3.2 A Lei Brasileira.................................................................................. 27 2.3.2.1 A Regulamentação da LAI............................................................... 29 2.3.3 Instituições de Controle................................................................... 30 2.4 IMPLEMENTAÇÃO DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO ............... 32 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................. 42 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA......................................................... 42 3.2 UNIDADE DE ANÁLISE......................................................................... 43 3.3 ETAPAS DA PESQUISA....................................................................... 45 4 ESTUDO DE CASO.................................................................................. 50 4.1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA................................................. 50 4.1.1 Breve histórico.................................................................................. 50 4.1.2 Estrutura atual................................................................................... 57 4.2 A IMPLEMENTAÇÃO DA LAI NA UFBA............................................... 61 4.2.1 Dimensão Legal................................................................................ 64 4.2.2 Dimensão Institucional..................................................................... 66 4.2.2.1 Política de Implementação............................................................... 66 4.2.2.2 Divulgação....................................................................................... 67 4.2.2.3 Pessoal............................................................................................ 71 4.2.2.4 Treinamento..................................................................................... 72 4.2.2.5 Recursos Financeiros e Materiais.................................................... 74 4.2.2.6 Sistema de Informação.................................................................... 75 4.2.2.7 Procedimentos................................................................................. 76 4.2.2.8 Supervisão....................................................................................... 78 4.2.2.9 Avaliação......................................................................................... 82 4.2.3 Dimensão Social............................................................................... 84

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 88 REFERÊNCIAS........................................................................................... 95 APÊNDICE A – Roteiro para entrevista com servidores das Unidades da UFBA que respondem ................................................................................

99

APÊNDICE B – Roteiro para entrevista com a Autoridade Responsável pelo SIC ....................................................................................................

100

APÊNDICE C – Roteiro para entrevista com a Autoridade Responsável pelo SIC .....................................................................................................

101

APÊNDICE D – Roteiro para entrevista com o cidadão interessado nas informações da UFBA .................................................................................

102

10

1 INTRODUÇÃO

Na década de 1990, a Reforma do Estado apresentou-se como uma proposta

de modernização do Estado. Embora, no Brasil, a configuração do Estado ainda

estivesse distante do modelo que pudesse atender, satisfatoriamente, às

necessidades do povo, o propósito da reforma era aumentar a eficiência da

administração pública. Essas mudanças refletiram em alguns direitos que passaram

a ser garantidos pela Constituição Federal de 1988, anunciando condições mais

democráticas, na relação entre o Estado e a Sociedade.

Nossa estrutura social é constituída por uma base sem tradição de

participação popular na política, caracterizada pela ausência da sociedade civil nas

ações de cobrança e acompanhamento do que acontece no país. Apesar de todas

as conquistas democráticas, ainda há muito a ser trilhado no sentido de maior

consciência e discernimento para a construção de uma cultura política participativa.

Essa realidade apresenta um desafio, tanto para o Estado, na busca de um

funcionamento que garanta a consolidação da democracia, quanto para a

Sociedade, na construção de uma identidade e de uma cultura que alimente este

movimento.

Mais recentemente, os avanços da comunicação, junto às tecnologias e até

algumas atitudes reativas, por parte da população, permitiram intensificar a busca

por transparência das ações governamentais, principalmente sobre o destino dos

recursos públicos. Isso trouxe uma necessidade de alteração nas estruturas físicas e

virtuais das instituições públicas, além de mudança na sua filosofia para substituir o

velho modelo de gestão por outra versão mais atual, democrático e eficiente,

consciente do seu papel e do seu compromisso com a sociedade, como já defendia

Rudigier (2002).

O Brasil presencia algumas mobilizações sociais de grupos que buscam

esclarecimentos e mudanças sobre a condução do negócio público, sinalizando um

caminho mais democrático, que segundo Campos (1990) é uma condição

fundamental para a ocorrência da accountability. Esse sentido de responsabilidade

exigido dos governantes, no compromisso em prestar contas, está contido no termo

accountability, definido por Mulgan (2000) como um tipo de controle exercido por

11

uma agência ou pela sociedade que exige a prestação de contas de um indivíduo ou

de uma instituição, por suas ações, em virtude das responsabilidades assumidas no

exercício da gestão pública.

Para nortear a participação cidadã e fortalecer os instrumentos de controle, a

Presidência da República sancionou a Lei 12.527 de 18 de novembro de 2011,

conhecida como a Lei de Acesso à Informação - LAI. Esta legislação garante o

acesso irrestrito a todo e qualquer documento ou informação produzida ou

custodiada pelo Estado, desde que não tenha caráter pessoal ou que não esteja,

legalmente, protegida por sigilo. Dessa forma, o Brasil atende o compromisso de

avançar no processo de democracia, garantindo ao cidadão o direito de acesso à

informação das instituições públicas municipais, estaduais e federais. CGU (2013),

rememorando as previsões legais definidas no artigo 5º, inciso XXXIII da CF/88.

A Universidade Federal da Bahia - UFBA é uma autarquia federal que, assim

como as demais entidades públicas, implementou a LAI com o compromisso de

disponibilizar informações à sociedade, em cumprimento às determinações legais,

independente da frequente obrigação de responder às solicitações de auditoria

sobre indícios de irregularidades oriundas dos órgãos de controle, tais como o

Tribunal de Contas da União - TCU e a Controladoria Geral da União – CGU.

A Controladoria Geral da União está vinculada ao Governo Federal, sendo

responsável por atender as demandas da Presidente da República para os assuntos

do Poder Executivo, no que tangem à defesa do patrimônio público e consolidação

da transparência da gestão pública. A Casa Civil da Presidência da República e a

CGU assumiram a coordenação das ações de implementação da LAI, ficando sob

responsabilidade desta última, o monitoramento e o apoio dessas ações nos órgãos

e entidades do governo, (CGU, 2013).

Em atendimento ao Decreto 7.724, de 16 de maio de 2012, que regulamenta

a Lei de Acesso à Informação em todas as esferas do poder público, a Universidade

Federal da Bahia disponibilizou informações relacionadas a sua estrutura e

funcionamento, de forma proativa, através da Pró-Reitoria de Planejamento e

Orçamento – PROPLAN, e implantou o Serviço de Informações ao Cidadão - SIC,

com uma estrutura física e virtual para atender o cidadão que busca informação no

âmbito da UFBA.

12

Neste contexto, este estudo julga importante questionar como a UFBA vem

implementando a Lei de Acesso à Informação, em consonância com objetivos da

Controladoria Geral da União. O pressuposto é de que a UFBA vem contribuindo

para a implementação da Lei 12.527/2011, somente no intuito de atender às

exigências legais, sem o compromisso efetivo com o incremento da transparência da

gestão e com a defesa do patrimônio público, conforme orientação da CGU. Nesta

pesquisa, o foco recaiu, apenas, sobre o primeiro compromisso.

O objetivo deste trabalho é a analise de como a Universidade Federal da

Bahia vem implementando à Lei de Acesso à Informação, em consonância com os

fundamentos legais e com os propósitos da CGU, a fim de orientar práticas mais

transparentes e eficientes para a gestão pública. O referido objetivo geral desdobra-

se nos seguintes objetivos específicos: a) Relatar as medidas adotadas pela UFBA,

a partir da Lei 12.527/2011; b) Analisar as informações publicadas proativamente

pela UFBA; c) Averiguar a implantação e a estruturação do SIC/UFBA; d) Verificar a

demanda das informações, motivadas pela LAI; e) Pontuar a produção de

informações destinadas ao cidadão e à CGU e f) Avaliar os resultados alcançados,

com base nos parâmetros da LAI e da CGU.

Esta pesquisa aborda um assunto bem recente no Brasil, a Lei nº 12.527 de

18 de novembro de 2011, que entrou em vigor, no âmbito do Poder Executivo, em

2012, trazendo um novo paradigma de disponibilizar as informações públicas “o

acesso é a regra e o sigilo, a exceção" (CGU, 2011, p. 3). O intuito de ampliar a

participação social para fortalecer os instrumentos de controle da gestão pública

pode tornar a administração mais eficiente e passível de controle, de acordo com

Pinho e Sacramento (2009). Contudo, é prudente lembrar que estas promessas

democráticas, acerca da transparência, já estavam presentes na Constituição

Federal de 1988, mas na prática não se consolidaram.

Para Mota (2006) existem mecanismos que possibilitam a accountability, no

Brasil, mas esta autora afirma que os mecanismos de controle são incipientes ou

insuficientes. A sociedade e os órgãos de auditoria, que são as instituições de

controle, podem exigir, das entidades públicas, informações sobre a gestão dos

recursos: materiais, financeiros, humanos, tecnológicos, ambientais, entre outros, a

fim de fiscalizar o patrimônio público. Entretanto, ainda é necessário refletir sobre a

capacidade de atuação dos atores envolvidos nessa problemática, visto que,

13

segundo Angélico (2012), há poucos estudos de caso sobre a implementação da Lei

de Acesso, que ainda se dividem entre o papel da sociedade nesse processo e o

funcionamento das instituições criadas para a aplicação da Lei.

Nesta perspectiva, houve o interesse em investigar como a Universidade

Federal da Bahia vem criando condições para que a Lei de Acesso à Informação

seja implementada e como vem acontecendo a produção e a disponibilização de

informações governamentais para o cidadão interessado. O resultado deste estudo

conduz a uma maior reflexão sobre a cultura da transparência e da eficiência, na

gestão pública, com possibilidades reais de executar as condições que favorecem a

accountabulity no ambiente institucional, sobretudo, na instituição onde a autora

desenvolve as atividades de trabalho que, nos últimos 4 anos, ocorreram junto aos

órgãos de auditoria que controlam a UFBA.

Esta dissertação está estruturada da seguinte forma: introdução, três seções,

conclusão, referências e apêndices.

Na introdução, consta a apresentação do trabalho, com justificativa e intenção

de pesquisa. Esta seção expõe os objetivos gerais e específicos e, ainda, a estrutura

do trabalho.IN

Na seção 2, intitulada Em busca do Acesso à Informação, encontra-se o

entendimento dos autores sobre cenário brasileiro, accountability, governo

eletrônico, além do ponto de vista sobre sociedade civil. São tratadas as questões

do direito de acesso à informação, da legislação pertinente e sobre a implementação

da Lei de Acesso à Informação.

Na seção 3, intitulada Procedimentos Metodológicos, consta a classificação

da pesquisa, a unidade de análise e, em seguida, são apontados os procedimentos

adotados para o desenvolvimento desta pesquisa.

Na seção 4 é apresentado o Estudo de Caso, com breve histórico e estrutura

atual da Universidade Federal da Bahia, bem como trata da Implementação da Lei

de Acesso à Informação, com detalhes sobre as dimensões legal, institucional e

social, seguindo os parâmetros do modelo de análise.

Na última seção são expostas as considerações finais, com os resultados

obtidos na pesquisa. Além disso, constam os apêndices, com o roteiro das

entrevistas realizadas.

14

2 EM BUSCA DO ACESSO À INFORMAÇÃO

2.1 O CENÁRIO BRASILEIRO

Na década de 1990, o Brasil passou por problemas que ensejaram sua

reestruturação econômica e política. Duas décadas antes, a Inglaterra havia

passado por crise semelhante e, para resolver a situação, substituiu o modelo

burocrático do Estado por um modelo gerencial de administração, na busca pela

qualidade, descentralização e avaliação dos serviços públicos.

De acordo com Pereira (2002), nesse processo de reforma do governo

britânico, foram disseminados alguns conceitos que iluminaram novas ideias sobre a

forma de gerenciamento governamental, tais como, managerialism - entendido como

a adoção de práticas estritamente gerenciais privadas dentro do setor público;

consumerism - compreendido como a adoção de serviços públicos voltados para os

anseios dos clientes/consumidores e accountability - percebido como a

transparência e a responsabilização da Administração Pública, ampliando a noção

de cidadania.

Enquanto essas novas idéias circulavam no cenário europeu, o Brasil vivia

outra realidade, no período de 1964 a 1985, com o regime militar, quando, segundo

Abrucio (2007), aconteceram muitos erros históricos na administração pública

brasileira.

De fato, o regime autoritário foi pródigo em potencializar problemas históricos da administração pública brasileira, como o descontrole financeiro, a falta de responsabilização dos governantes e burocratas perante a sociedade, a politização indevida da burocracia, nos estados e municípios, além da fragmentação excessiva das empresas públicas, com a perda de foco de atuação governamental. (ABRUCIO, 2007, p. 2)

Ainda segundo este autor no final da década de 1980, mudanças importantes

ocorreram no desenho estatal brasileiro e na batalha contra o autoritarismo. A

descentralização ganhou enorme relevância, apesar de não ter sido contemplada na

sua totalidade e um exemplo disso, foram “os tribunais de contas, particularmente os

subnacionais, que pouco avançaram no controle dos governantes, quando não

15

estiveram a eles vinculados de forma patrimonialista.”, devido a força do poder

Executivo. (ABRUCIO, 2007, p. 2),

Nos anos subseqüentes, com o fim da ditadura, já era possível a inclusão da

transparência na pauta do Governo. Nessa linha, Pereira (2002) entende a reforma e

modernização do Estado como um processo complexo de transição das estruturas

políticas, econômicas e administrativas. Bresser-Pereira (1989) defende que a

reforma gerencial do Estado brasileiro, ocorrida em 1995, pretendia criar novas

instituições legais e organizacionais capazes de gerir o Estado de forma mais

profissional e moderna.

Um dos principais avanços obtidos com a “chamada reforma Bresser”

(ABRUCIO, 2007, p. 3) foi a reorganização do governo federal, destacando o

trabalho de estruturação e até mesmo de criação de informações da administração

pública, que antes eram desorganizadas ou inexistentes. Por outro lado, ele afirma

que a reforma não teve, ao longo dos governos sucessores, força suficiente para

sustentar uma mudança profunda e contínua na administração pública, a despeito

das conquistas na área fiscal, sedimentada com a Lei de Responsabilidade Fiscal e

com a introdução de políticas públicas estaduais e municipais, promovendo maior

participação social.

Essa nova forma de gestão pública, denominada de governança pública, por

Oliveira (2010), incluiu as tarefas de instituir e acompanhar os canais de participação

e de interlocução com os indivíduos e grupos sociais, interagindo, estabelecendo e

mantendo vínculos de confiança. Embora existam diferentes significados para

governança pública, Oliveira (2010) afirma que esta expressão pode ser,

fundamentalmente, entendida como um modelo alternativo das estruturas

hierarquizadas do Governo, no sentido de maior eficácia frente a economia

globalizada, “[...] não somente atuando com capacidade, máxima de gestão, mas

também garantindo e respeitando as normas e valores próprios de uma sociedade

democrática.” (OLIVEIRA, 2010, p. 2).

Nesse contexto, a questão da transparência das ações governamentais,

surge como uma prática indispensável para o fortalecimento da democracia, bem

como para a legitimação do esforço de modernizar a administração pública. É

possível perceber o exercício da prática democrática, por parte da população

16

brasileira, ainda que em pequena quantidade e intensidade, mas já ensaiam a

utilização dos benefícios assegurados pela Lei de Acesso à Informação.

Angélico e Teixeira (2012) mencionam que depois da LAI, a ONG Conectas

entrou com um pedido de informação sobre mulheres presas em São Paulo,

buscando saber dados de lotação, condições de higiene e de saúde em presídios

femininos do Estado. O Instituto Ethos solicitou às 12 cidades que vão sediar a Copa

do Mundo de Futebol em 2014, informações sobre a situação da infraestrutura e dos

recursos utilizados em obras para a Copa. O Movimento dos Trabalhadores Sem

Terra, também, entrou com um pedido de fornecimento de dados sobre a dívida

pública da União.

Dentre outras demandas, o povo brasileiro, mesmo sendo intermediado por

grupos da sociedade, vem cobrando, cada vez mais, uma atitude ética e

transparente do Governo. E para atender a essas “novas” necessidades sociais, o

Estado vem tentando reunir esforços para oferecer à sociedade um conjunto de

ações, no sentido de cumprir o seu papel. Isso requer um aumento da eficácia e

eficiência da administração pública, a fim de “montar uma rede mais efetiva com

setores sociais para influenciar e/ou fortalecer uma agenda reformista.” (ABRUCIO,

2007, p. 9).

Este mesmo autor declara que os governos mais recentes vem apresentando

o resultado das estratégias de gestão das políticas públicas, trazendo um diálogo

mais aberto com a sociedade.

2.1.1 A Sociedade Civil

O processo de redemocratização, no Brasil, veio acontecendo desde os anos

de 1980 e, nas décadas subsequentes, esse processo continuou se desenvolvendo,

numa longa trajetória entre a intenção e a consolidação da democracia. De forma

sintética, o significado de democracia pode ser representado pelo sentido de

liberdade, igualdade, legitimidade e legalidade, mas ainda assim, na prática, está

longe de se concretizar essa forma de governo que prevê a participação popular nas

decisões políticas.

17

Nossa historia revela uma sociedade composta por estruturas, regimes e

sistemas que vão se acomodando, de forma que a convivência do passado com o

presente acontece concomitantemente, perpetuando hábitos antigos e influenciando

valores do presente. Entretanto, essa convivência não parece ser harmoniosa, pois

segundo Baquero (2008, p. 386), os “cidadãos da nova democracia têm uma boa

compreensão dos ideais democráticos, porém tem predisposições negativas em

relação ao desempenho dos novos regimes, principalmente se comparados com os

do passado.

Nossa modernização gerencial está eivada de resquícios burocráticos e

patrimonialistas. Ainda são contemporâneos os conceitos de Weber (1992) sobre as

formas de dominação legal, tradicional e carismática. Segundo (Pinho, 1998), a

administração pública brasileira ainda é fundamentada no patrimonialismo pela

formação histórica do Brasil, refletida não só no Estado, mas também na sociedade

civil. Para Martins (2011) o problema da cidadania brasileira passa pela herança

cultural, inicialmente, enraizada no escravismo e, posteriormente, fundamentada na

questão agrária, constituindo, de “forma anômala” (p. 17), nossa sociedade

moderna.

Na visão de Martins (2011) o Brasil é um país singular, cheio de contradições.

“A história contemporânea do Brasil tem sido uma história de espera pelo progresso

hipotético das grandes rupturas e a história de desdém pelo progresso real.”

(MARTINS, 2011, p, 16).

É impossível entender o Brasil tradicional, o Brasil moderno e já nesta altura o Brasil pós-moderno, sem levar em conta esta tensa combinação de moderno e tradicional que freia o nosso desenvolvimento social e político e que se renova a cada momento. (MARTINS 2011, p. 8)

Na tentativa de compreender a formação da nossa sociedade e sua

participação política, os cientistas políticos se empenham na busca por um “modelo

ideal” de democracia, mas as pesquisas empíricas revelam a visão parcial da

realidade, pois os estudos são baseados num extrato da população “burguesa”

(CARVALHO, 2002, p. 298).

Esta autora explica a cultura política através de duas correntes: Culturalista

que defende a consolidação da democracia a partir da criação e da difusão de uma

cultura política, com a ideia de que o ambiente social interfere na personalidade do

18

indivíduo. Racionalista que argumenta sobre a consolidação da democracia,

mediante a ação de elites políticas e atribui à razão o papel de protagonista nas

decisões do indivíduo.

Carvalho (2002) afirma que a democratização, no Brasil, vem sendo

desenhada pela corrente racionalista. Na realidade, essas duas abordagens podem

explicar nosso comportamento político, concordando com a supremacia da

abordagem racionalista, visto que, no Brasil não existe uma sociedade civil

estruturada, que por sua vez, delega o rumo político do nosso país à pequenos

grupos. A conduta de desinteresse dos representados em participar da política ou a

disposição em delegar aos governantes o direito e a obrigação de decidir por eles, é

uma característica da democracia delegativa, segundo O’Donnell (2001).

Na visão de Carvalho (2002) a consolidação democrática pressupõe a

inclusão do ator social e da cidadania individual e coletiva. Essa mesma autora

chama a atenção de que, no nosso contexto, o ator social não conhece as normas

que determinam a sua realidade. Segundo Pinho (1998) o Estado parte do

pressuposto que a nossa sociedade está preparada para assumir atribuições, a

serem cumpridas, inclusive para a compreensão de direitos sobre as obrigações do

governo, a serem exigidas pelo cidadão.

Na perspectiva de Pinho (1998), mesmo em se tratando das camadas das

classes mais privilegiadas da nossa sociedade, não há o conhecimento necessário

sobre o funcionamento da máquina pública. Os mecanismos e procedimentos são

obscuros, não ocorrendo a publicidade devida dos atos governamentais que afetam

diretamente a população e que poderiam coibir ou impedir as ações abusivas. Este

mesmo autor defende que, para a ocorrência do controle social, seria necessária a

interposição de mecanismos formais disponíveis para a atuação da sociedade.

Essa situação idealizada poderia ser chamada de democracia accountable,

que segundo Pinho e Sacramento (2009) seria exercida por uma organização social

no acompanhamento das políticas públicas, bem como na cobrança pela

transparência e responsabilização dos gestores na condução do negócio público,

baseado em valores sociais emergentes.

19

2.1.2 Accountability

O saldo da relação entre governo e cidadão pode sinalizar a presença ou a

ausência da accountability, segundo Campos (1990). Um saldo positivo exige a

presença de dois elementos: uma cidadania organizada e um governo transparente,

ficando o primeiro com a responsabilidade de identificar e direcionar as

necessidades e o segundo com a obrigação de atender e publicar as demandas.

Para Angélico e Teixeira (2012, p.9) “A transparência é elemento central da

democracia contemporânea.” Segundo estes autores, a transparência pública é alvo

de debate, principalmente, quando o assunto traz a ideia do controle do Estado.

Pode-se mesmo dizer que a noção de transparência surgiu com John Locke e sua ideia de fim da “razão de Estado” – justificativa utilizada

para diversas ações estatais que prescindiam de explicações ao público. Assim, pode-se afirmar que foi o pensador britânico quem construiu as bases para se pensar o poder político como mandatário dos cidadãos e como uma entidade representativa sem interesses próprios. (ANGÉLICO; TEIXEIRA, 2012, p.15).

Significa dizer que o Estado não tem controle absoluto, em consonância com

as idéias do autor clássico, supracitado, que dissemina o pensamento de que o

Estado precisava ser vigiado e controlado, o que tornava bastante relevante a

questão da transparência. Nos últimos anos, foi atribuída uma importância maior

ainda a esta temática, tendo em vista a “garantia de direitos sociais básicos por meio

de ações estatais – especialmente em países em desenvolvimento.” (ANGÉLICO;

TEIXEIRA, 2012, p.16)

A administração pública brasileira poderia se tornar accountable, segundo

Pinho e Sacramento (2009), se estivesse num estágio democrático mais avançado,

baseando-se na visão de Campos (1990). Para esta autora, na medida em que as

ações governamentais se ampliam, exigindo uma intervenção do governo na vida do

cidadão, a manutenção dos direitos democráticos demanda um efetivo controle da

cidadania organizada, porque uma sociedade desmobilizada e desestruturada não

seria capaz de garantir accountability.

Campos (1990) iniciou a discussão, no Brasil, na década de 1990 sobre a

dificuldade de tradução do termo accountability e resume, definindo-o como a

“obrigação ou responsabilidade de um sujeito, individual ou coletivo para com o

20

outro, por alguma coisa.” (p. 31). Pinho e Sacramento (2009) reforçam esse

entendimento sobre a tradução do termo e orientam quanto ao seu significado,

podendo ser entendido como a responsabilidade em prestar contas, no cumprimento

de funções de âmbito público ou privado, com possibilidade de ocorrer penalidades,

em obediência aos parâmetros legais.

Nessa perspectiva Schedler (1999) esclarece sobre duas dimensões da

accountability: answerability, que é a obrigação dos agentes públicos informarem o

que estão fazendo e porque estão fazendo, no exercício das suas atividades e

enforcement, que é a capacidade das agências de controle imporem sanções aos

indivíduos, investidos no poder público, que violaram as regras.

Faz-se necessário, ainda, a compreensão dos dois tipos de accountability,

que O’Donnell (1998) separou: horizontal - que se refere ao controle da própria

administração pública, onde as entidades governamentais exercem fiscalização

entre elas e vertical - que diz respeito ao monitoramento da sociedade sobre a

administração pública.

Com relação à Lei de Acesso à Informação, ela pode exercer as duas formas

de accountability, já que segundo Angélico (2012) há evidencias empíricas de que

esta legislação garante benefícios potenciais à democracia, embora seja

fundamental a participação da sociedade para garantir o acesso das informações.

Ao retomar o conceito de accountability, traduzido por Campos (1990), como

a responsabilidade de uma pessoa ou de uma organização perante uma outra

pessoa, por algum tipo de desempenho, fica clara a ideia da necessidade de

controle. Os controles formais instituídos mostram-se insuficientes para garantir que

o serviço público atenda o cidadão, de acordo com os padrões e normas de um

governo democrático.

Esta autora evidencia que os controles burocráticos não garantem a

accountability governamental e ainda aponta a relação de causa e efeito entre o

desenvolvimento político e a vigilância do serviço público, o que parece convergir

para a necessidade de mais participação social e construção de um governo aberto.

21

2.1.3 Governo Eletrônico

O movimento de desoneração do Estado e de abertura do Governo, no

período da Reforma, demandou investimento de “publicação eletrônica” (PRADO,

2012, p.14), do governo, mediante “[...] a informatização de suas atividades internas

e pela comunicação com o público externo: cidadãos, fornecedores, empresas, ou

outros setores do governo e da sociedade.” (PINHO, 2008, p. 473), através das

Tecnologias da Informação e da Comunicação - TICs, por “meio do que se chama e-

gov ou governo eletrônico, [...]”.

Em 1990, o conceito de Governo Eletrônico emergiu, segundo Prado (2012),

em função da utilização intensiva das novas Tecnologias da Informação e da

Comunicação, na esfera pública, porque sua definição está bastante associada ao

uso de sistemas informatizados, a fim de modernizar a administração pública para

poder prestar seus serviços, eletronicamente. O acesso às ferramentas e aos

instrumentos das TICs acontece de forma diversificada, conforme Castells (2000), o

que permite uma interação com quem aprende fazendo e modificando as aplicações

da tecnologia.

Para Rudigier (2002) a ampla atuação do Estado pode ocorrer através do uso

das novas TICs para atender as demandas da sociedade. O Governo Eletrônico

pode promover serviços em “tempo real e de forma eficiente [podendo ser o]

promotor de boas práticas de governança e, potencialmente, catalisador de uma

mudança profunda nas estruturas de governo, proporcionando mais eficiência,

transparência e desenvolvimento [...]” (RUDIGIER, 2002, p.1).

O Governo se apropriou desta tecnologia, utilizando-se das vantagens da

adoção dessas ferramentas e instrumentos. O uso da internet possibilita várias

aplicações com “baixo custo, rápida disseminação da informação e amplo alcance,

[o que a torna] uma ferramenta poderosa para mobilizar, organizar e maximizar a

atuação [de] organizações” (PRADO, 2012, p. 44) como o Governo. Dentre outros

benefícios do governo eletrônico, estão incluídos aqueles “referentes ao aumento da

transparência e participação da sociedade nas ações governamentais.” (PINHO,

2008, p.473).

22

Para elucidar esse assunto, Pinho (2008) relembra a existência de vários

tipos de governo eletrônico: business-to-government; government-to-business;

citizen-to-government; government-to-citizen; government-to-investor; investor-to-

government; government-to-government, que se diferenciam pelas “possibilidades

de relacionamento com os diversos atores:” (PINHO, 2008, p. 474). Diante dos tipos

mencionados, as relações government-to-government e government-to-citizen

permeiam este trabalho, visto que na sua aplicação, são tratadas as relações entre

Controladoria-Geral da União, Universidade Federal da Bahia e o Cidadão.

Joia e Cavalcante Neto (2004) apud Pinho (2008) atribuem à expressão

government-to-citizen o seguinte sentido: “O agente que disponibiliza o serviço ou

produto é o ente governamental, ao passo que o cidadão adquire esse produto ou

serviço” (PINHO, 2008, p. 474). Ele, também afirma que o government-to-citizen

pode ser visto como um governo eletrônico restrito, isto é, com a função de

disponibilizar os serviços e as informações aos cidadãos.

A ampliação da visão de governo restrito tem o sentido de contemplar não apenas o que o governo disponibiliza aos cidadãos em termos de produtos ou serviços, mas também de idéias, posicionamentos e posturas ideológicos. Ainda que a disponibilização de produtos e serviços já expresse um posicionamento ideológico, ele pode estar mais pronunciado quando se amplia no sentido da manifestação de maior transparência, o que significa informações de mais qualidade e conteúdo, referentes a processos políticos. Do mesmo modo, a adoção de mecanismos de participação digital implica um governo baseado em maior interação com a sociedade, onde esta compartilha com o governo tarefas até então específicas deste. Com a consideração da visão ampliada do governo eletrônico não está se negando os desdobramentos positivos que a assim chamada visão restrita (disponibilização de serviços e informações aos cidadãos) representa em termos de um melhor desempenho governamental, com repercussões positivas para a população. (PINHO, 2008, p. 474).

Para este autor, com a aplicação dos programas de governo eletrônico restrito

é possível desenvolver e executar a liberação de recursos já previstos no orçamento,

bem como reduzir custos, inclusive custos de transação, melhorar a eficiência dos

processos internos e eliminar problemas como sonegação e corrupção. Entretanto,

Pinho (2008) salienta que, devido aos avanços tecnológicos, o governo eletrônico

não deve se restringir à “disponibilização de serviços online” (p. 475) e sim ampliar

as “possibilidades de interação e participação entre governo e sociedade e pelo

compromisso de transparência por parte dos governos.” (p. 475).

23

A expansão do governo para disponibilizar seus serviços on-line é, sem

dúvida, um avanço na relação que vem, progressivamente, sendo estabelecida entre

o Estado e o cidadão, mas, no caso brasileiro, ainda está longe se ser uma interação

aberta e participativa, efetivamente. Todavia, nas últimas décadas, segundo

Angélico (2012), vem acontecendo uma aproximação sobre a noção de

transparência governamental como uma garantia de direitos sociais básicos,

intermediada por ações estatais, sobretudo nos países em desenvolvimento.

Para este autor, nos países mais pobres, o Estado exerce um papel

fundamental na garantia de saúde, educação, moradia. Por esse motivo, a exigência

por mais transparência passou a ocorrer com maior freqüência, assim como

aumentou a cobrança pelo direito de acesso às informações governamentais.

2.2 DIREITO DE ACESSO À INFORMAÇÃO

2.2.1 Antecedentes Legais

Segundo Angélico e Teixeira (2012, p. 17), “a noção de transparência está

cada vez mais inscrita no universo dos direitos [...]”. A Constituição Federal de 1988,

no seu artigo 37, já previa garantias de acesso à informação e a Emenda

Constitucional nº 19 de 1998, traz no texto que a administração pública “obedecerá

aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência

[...]”.

A CF/88, também, menciona o acesso à informação, como parte dos direitos

individuais, descrito no artigo 5º, inciso XXXIII, garantindo a todo cidadão receber

informações, de interesse pessoal ou geral “[...] que serão prestadas no prazo da lei,

sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à

segurança da sociedade e do Estado”. (BRASIL, 1988)

Entretanto, a questão da publicidade dos atos de governo, apesar de ser uma

exigência do estado de direito, com previsão descrita na Carta Magna para a

administração pública, na prática não havia sido concretizada, por falta de

regulamentação específica.

24

Quase dez anos depois, a Presidência da República sancionou a lei 9.507, de

1997 que estabelece o direito de acesso a informações e disciplina o rito processual

do habeas data, mas não definiu, claramente, quem iria organizar e fornecer os

dados solicitados, nem explicar como o cidadão deveria proceder para obter as

informações. Isso dificultou a aplicação do dispositivo jurídico habeas-data, que

permite ao cidadão requerer informações de qualquer órgão público. (BRASIL, 1997)

Por outro lado, o Brasil avançou na disponibilização de informações das

finanças públicas e gestão fiscal. A Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de

2004, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF tem por finalidade

controlar os gastos públicos dos Municípios, Estados e União, submetendo-os à

participação popular e, posteriormente, à aprovação dos Tribunais de Contas das

respectivas instâncias.

Para reforçar a norma relacionada à gestão financeira, a Presidência da

República sancionou a Lei Complementar nº 131, de 27 de maio de 2009, que

acrescenta dispositivos à LRF, a fim de cobrar a abertura de informações detalhadas

sobre a execução orçamentária e financeira, em tempo real, dentro da unidade

federativa brasileira, no âmbito dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Nesta mesma época, foi assinado o Decreto 6.932 de 11 de agosto de 2009 que

trata da simplificação do atendimento público prestado ao cidadão, ratificando a

dispensa do reconhecimento de firma para documentos produzidos no Brasil.

(BRASIL, 2009)

Este último Decreto, também, instituiu a Carta de Serviços ao Cidadão que

dispõe, dentre outros princípios, sobre a publicidade da Administração Pública, que

deverá informar à sociedade sobre os atos praticados pelos gestores públicos, bem

como acerca dos serviços prestados pelas instituições públicas. Em atendimento a

esse dispositivo legal, a UFBA publicou a Carta de Serviços ao Cidadão,

comunicando que a informação passa a ser um requisito essencial para o exercício

pleno da cidadania, já que o cidadão bem informado poderá requerer direitos,

contribuir para o aperfeiçoamento dos serviços prestados pelos entes públicos

através da avaliação desses serviços e exercer o controle social sobre a

administração pública.

Uma breve comparação a respeito das legislações mencionadas nesta seção,

permite perceber que só é possível avançar na aplicação da lei, se ela apresentar

25

uma orientação de como será realizado o processo de publicidade proposto. Por

exemplo, a Lei nº 101/2004 sinalizou os procedimentos para a transparência das

receitas e despesas públicas, detalhando sobre sua aplicabilidade. E para a

viabilização desse processo, o governo se utilizou das TICs, sobretudo da internet,

além de aperfeiçoar alguns mecanismos e procedimentos para apresentar os

programas institucionais à sociedade.

2.2.2 Antecedentes Institucionais

Em 1987, numa parceria entre a Secretaria do Tesouro Nacional e o Serviço

Federal de Processamento de Dados - SERPRO promoveu a implantação do

Sistema Integrado de Administração Financeira - SIAFI que coloca à disposição do

cidadão dados e informações, on-line, sobre o uso de recursos do orçamento da

União, disponível no site do Ministério da Fazenda.

Os portais institucionais estão sendo, amplamente, utilizados pelo governo

para a publicação de seus dados e informações. Prado (2012) os classifica em três

categorias, de acordo com a relação que o portal estabelece com a transparência:

portais de negócio, que foram criados para efetuar as transações do governo, a

exemplo do ComprasNet e o Portal de Convênios; portais de entrada, que foram

instituídos a fim de apresentar os serviços e informações prestadas pelo governo,

tais como Portal Brasil e Portal Rede Governo e portais de transparência que foram

concebidos no intuito de promover a prestação de contas públicas, como o Portal da

Transparência.

Para este mesmo autor, os portais acima mencionados servem de exemplo

do uso da internet na promoção da transparência, principalmente pela possibilidade

de reunir informações, inclusive sobre serviços, num só ambiente virtual, e isso

facilita o acesso e o atendimento das demandas de parte da população.

Todavia, para que esse aparato seja constituído na sua estruturação e

funcionamento, com a garantia permanente do direito de acesso à informação, é

necessária a existência de uma legislação que ampare a disponibilização de dados e

informações públicas como um direito do cidadão.

26

Com a adoção dos mecanismos de transparência, a partir da Lei Geral de

Acesso à Informação, segundo Angélico e Teixeira (2012), espera-se o

enfrentamento de abusos cometidos pelos agentes do governo, ajudando, na

eficiência da gestão pública, no combate à corrupção e na melhoria do debate

público e reforço na participação do cidadão, e na defesa dos direitos humanos,

dentro os quais está o direito à informação. De acordo com estes autores (2012, p.

17), a noção de transparência é reforçada, na medida em que a expressão “direito à

informação” vem sendo substituído pelo termo “acesso à informação”, tanto no

projeto de Cooperação assinado entre à CGU e a UNESCO, quanto nas leis mais

recentes, aprovadas em diversos países.

2.3 A LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO

2.3.1 Panorama Internacional

A primeira lei de acesso a informação promulgada foi na Suécia, em 1766, Lei

de Liberdade de Imprensa, trazendo no seu texto a garantia de que todos os

indivíduos teriam o direito de acessar documentos públicos, exceto aqueles

classificados como secretos.

A segunda Lei de Acesso só surge 185 anos depois, em 1951, na Finlândia. A

terceira foi aprovada em 1966, nos Estados Unidos, o Freedom of Information Act,

que segundo Mendel (2009) ficou conhecido pela sigla FoIA e traduzido como

“acesso a informação pública” (ANGÉLICO, 2012, p. 26). Essa legislação previa a

ampla garantia de acesso aos documentos públicos e serviu de exemplo para outros

países, mesmo aqueles com democracias já sedimentadas.

Na década de 1990, somente 13 países já adotavam leis nacionais de direito

à informação, sendo que o reconhecimento destas normas era inexistente entre as

organizações intergovernamentais, segundo Mendel (2009). Mas, atualmente, os

bancos multilaterais de desenvolvimento e instituições financeiras internacionais

adotaram as políticas de disseminação das informações, com base nas leis.

27

Por outro lado, a liberdade de informação já era pauta na Declaração

Universal dos Direitos Humanos – DUDH, em 1946, criada pela Organização das

Nações Unidas, com um ideal comum a ser atingido por todas as nações. A

Declaração descreve, no seu artigo 19, que “Todos têm o direito a liberdade de

opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de expressar opiniões sem

interferência e de buscar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer

meios e sem limitações de fronteiras.” (MENDEL, 2009, p. 8).

No ano de 1999, em Londres, foram publicados alguns princípios, para

fortalecer o movimento em prol da liberdade de informação. De acordo com Mendel

(2009), os princípios, apresentados aqui de forma resumida, são os seguintes:

máxima divulgação das informações; obrigação de publicar dos órgãos públicos;

promoção de uma cultura de governo aberto; âmbito limitado das exceções de sigilo;

processos para facilitar o acesso à informação; custos mínimos para o acesso;

reuniões abertas ao público; divulgação com primazia sobre fatores restritivos e

proteção de denunciantes das irregularidades.

Segundo este mesmo autor, esses princípios foram baseados em normas e

padrões locais de Londres e globais, de práticas estatais em desenvolvimento,

utilizando a legislação e a jurisprudência de tribunais nacionais, com a finalidade de

esclarecer medidas que os governos podem adotar para alcançar mais abertura das

informações oficiais.

É importante entender os padrões mundiais sobre o livre acesso à

informação, mas é necessário refletir sobre o que seria possível disponibilizar e

como esse processo se daria, em se tratando da realidade brasileira. Angélico e

Teixeira (2012), citam Tenório (2006) para evidenciar que a Lei brasileira de acesso

à informação, assim como todas as leis gerais de acesso, é um instrumento valioso,

no sentido de permitir um espaço onde todos têm direito à fala, sem nenhum tipo de

coação.

2.3.2 A Lei Brasileira

A Lei de Acesso à Informação foi aprovada 23 anos depois Constituição de

1988, no Brasil, favorecendo a aplicação dos princípios do direito à informação, de

28

acordo com Jardim (2012). Apesar disso, antes da LAI e depois da Carta Magna já

haviam sido publicadas outras leis, decretos e portarias que versavam acerca das

questões relacionadas à transparência governamental e sobre o acesso à

informação pública.

A partir dos anos 2000, o governo passou a divulgar informações, mesmo que

não estivesse obrigado a fazê-lo, por força de lei. Essa disseminação das

informações, independente de determinação ou de solicitação é denominada de

transparência ativa, segundo a CGU (2013). De acordo com Jardim (2012), as

expressões “transparência ativa” e “transparência passiva” emergiram da concepção

e da aplicação de Leis de Acesso á Informação, em alguns países.

A Controladoria-Geral da União chama de transparência ativa a divulgação

espontânea e a disponibilização proativa de informações, por parte do Estado. Já a

transparência denominada passiva é a obrigação do Estado de atender o cidadão, à

medida que acontecem as solicitações de acesso à informação.

Não obstante a evolução da transparência ativa do governo brasileiro, como

por exemplo, com a instituição do Portal Transparência, era necessária a aprovação

de uma lei que disciplinasse e garantisse essas práticas, permanentemente,

avançando na promoção da transparência e no combate à corrupção, com ajuda da

participação popular. Nesse sentido, foi adotada uma legislação que regulamenta o

direito de qualquer cidadão obter informações, produzidas e custodiadas pelo

governo.

A Lei nº 12.527 de 18 de novembro de 2011, conhecida como a Lei de Acesso

à Informação - LAI foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff, com a finalidade

de amparar o direito ao acesso às informações públicas. Dessa forma, o Brasil

tornou-se o 89º país a dispor de uma legislação específica, segundo Angélico e

Teixeira (2012). E, assim passou a ocupar o 19º lugar entre os países latino-

americanos que já possuem um regulamento próprio, de acordo com Angélico

(2012).

Esta nova legislação é constituída de conceitos e princípios que orientam o

direito fundamental de acesso à informação, regulamentando o que já estava

previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216

29

da Constituição da República Federativa do Brasil, tornando factível o direito de

acesso.

No que tange a transparência ativa, a LAI consolidou as políticas que já eram

adotadas pelo governo, nos últimos anos, acrescentando um bloco de informações

obrigatórias a serem disseminadas, nos sites de todos os órgãos e entidades

públicas, de todos os Poderes e esferas do governo. E também, detalha sobre

elementos informacionais para a disponibilização de dados em formato aberto.

(CGU, 2013).

Com relação à transparência passiva, a LAI disciplina o direito de qualquer

cidadão, sem exigir motivo para o seu pleito, de receber dos órgãos e entidades

públicas, de todos os entes e Poderes da União, as informações desejadas. (CGU,

2013). Nesse sentido de permitir o acesso ao cidadão sobre outras informações que

não são disponibilizadas automaticamente, a LAI definiu uma metodologia

padronizada, a ser adotada pelo Serviço de Informação ao Cidadão. O SIC conta

com uma estrutura presencial e virtual, para intermediar as solicitações do

requerente, que são redirecionadas para que os órgãos competentes possam

responder, num prazo determinado.

Também está previsto na lei, o atendimento de novos pedidos de reavaliação,

nos casos de negativa de acesso à informação demandada inicialmente, exceto para

as informações classificadas como sigilosas ou de caráter pessoal. Várias outras

previsões e orientações foram deliberadas no corpo da LAI, com os desdobramentos

previstos no texto do Decreto que regulamenta esta lei.

2.3.2.1 A Regulamentação da LAI

No âmbito do poder Executivo, a lei é acompanhada por outro instrumento

legal, que visa o detalhamento e a aplicabilidade do conteúdo prescrito de forma

mais ampla pela lei. O Decreto, que neste caso, é o de nº 7.724, de 16 de maio de

2012, regulamenta a LAI, definindo as minúcias a serem adotados pelos órgãos e

entidades do governo.

30

Este documento orienta o procedimento para a publicação de informações,

em sítios específicos, seguindo a padronização delineada pela Secretaria de

Comunicação Social da Presidência da República - SECOM. O Decreto, ainda,

estabelece um bloco de publicações obrigatórias das informações de interesse

comum que dizem respeito à remuneração, benefícios e vantagens dos agentes

públicos, e relativas a dados institucionais como telefone, endereço físico e virtual

(CGU, 2013).

Ele detalhou, também, sobre questões operacionais referentes à estrutura e

funcionamento do SIC, orientando todas as etapas de entrada e saída de

informação, elucidando sobre os procedimentos de requisição e de resposta,

orientando as solicitações de reavaliação para as respostas negadas ou

insuficientes, com instâncias de recurso, excetuando as informações pessoais e

sigilosas.

O Decreto trata, inclusive, de entidades privadas sem fins lucrativos,

controladas direta ou indiretamente pela União, Estado, Distrito Federal e Municípios

e dos funcionários que estão vinculadas à administração pública pelas parcerias na

prestação dos serviços públicos (CGU, 2013).

Foram estabelecidas, ainda, as competências das instituições de controle, da

seguinte forma: o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República

deve estipular as regras e procedimentos para o tratamento e classificação das

informações sigilosas; o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão em

conjunto com a CGU vai especificar os procedimentos e as normas de divulgação de

informações ao público, além de detalhar os procedimentos padronizados na busca,

organização e disponibilização das informações a serem gerenciadas pelo SIC. A

Controladoria-Geral da União será responsável pelo monitoramento da

implementação da LAI. (CGU, 2013).

2.3.3 Instituições de Controle

O exercício de verificação da legalidade dos atos da Administração Pública

Federal é avaliado e monitorado pelas agências de controle, como o Tribunal de

Contas de União. No caso específico da lei brasileira de acesso à informação, a

31

CGU participou, desde a sua elaboração, com o Projeto de Lei nº 5.228, até a sua

implementação.

A efetividade das políticas públicas era uma das atribuições da Corregedoria

Geral da União, em 2001, que dois anos depois passou a se chamar Controladoria

Geral da União, ganhando uma ampliação de suas competências, segundo Loureiro

et. al. (2012).

A CGU foi reestruturada e se fortaleceu, tendo em vista o seu

reposicionamento institucional, em nível de ministério, de acordo com Loureiro et. al.

(2012), mas só a partir de 2006 significativos resultados foram atingidos, em função

do Programa de Fiscalização por meio de Sorteios Públicos, Portal da

Transparência, Programa Olho Vivo no Dinheiro Público e da Conferência Nacional

sobre Transparência e Controle Social.

A realização desses projetos foi possível em virtude das novas tecnologias

que permitiram aos portais uma visibilidade, como ferramenta poderosa para a

gestão pública, pelas possibilidades promissoras de disponibilização de informações

a custos reduzidos (PRADO, 2012). Nos sites governamentais constam informações,

sobre contratos, licitações, receitas e despesas, beneficiários dos programas sociais,

salários e diárias dos servidores, com o propósito de aumentar a transparência da

gestão pública e permitir que o cidadão monitore o dinheiro público.

O papel da Controladoria tem sido fundamental nesses avanços rumo a uma

gestão mais aberta e participativa do governo. Em 2009, a Conferência Nacional

sobre Transparência e Controle Social - Consocial teve a Lei de Acesso à

Informação como a pauta de destaque na reunião, onde foi evidenciada a

importância da participação social nesse processo. (CGU, 2013).

A atuação da CGU é bastante inovadora na “defesa da legalidade, combate à

corrupção, promoção da eficiência das políticas públicas e capacitação para o

controle social” (LOUREIRO AT. A., 2012, p. 11) e ainda, no papel político de

mobilização social em defesa e garantia da Lei de Acesso à Informação, inclusive

acompanhando a sua implementação.

32

2.4 IMPLEMENTAÇÃO DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO

A organização Open Society Institute – OSI reconhecendo a necessidade de

avaliar os esforços de implementação e avançar com as boas práticas de

implementação, realizou, em 2003, um estudo para verificar as práticas de

implementação das leis de acesso à informação pública. Inicialmente a pesquisa

havia sido feita com cinco países: Armênia, Bulgária, Macedônia, Peru e África do

Sul. Posteriormente, a pesquisa foi realizada com catorze países, separados em

dois blocos: África do Sul, Armênia, Bulgária, França, México, Peru e Romênia que

já tinham leis de acesso e Argentina, Chile, Espanha, Gana, Macedônia, Quênia e

Nigéria que não dispunham da lei de acesso (ANGÉLICO, 2012).

Os principais resultados obtidos com a pesquisa foram os seguintes:

a) países com a lei de acesso apresentaram uma taxa de resposta três vezes

maior;

b) nos países sem lei de acesso, a falta de resposta chegou a 56% e nos

países com a lei o índice foi de 38%;

c) países com regime democrático em transição: Armênia, Bulgária, Peru,

México e Romênia apresentaram uma taxa superior de resposta em

relação aos países com democracia já estabelecida: França e Espanha;

d) países europeus se saíram melhor do que a África ou América Latina;

e) existe uma diferença no atendimento do pedido em função do requerente,

os identificados como socialmente excluídos obtiveram taxas de resposta

menores do que as pessoas que se apresentaram como jornalistas,

representantes de ONGs ou empresários;

f) pedidos idênticos de informação podem gerar respostas diferentes;

g) raramente a recusa de informação era informada por escrito.

Os pesquisadores, do estudo supracitado, citados por Angélico (2012), fazem

algumas recomendações sobre boas práticas para a implementação da lei de

acesso:

a) as leis de acesso e seus regulamentos devem especificar, claramente, que

o não atendimento de um pedido de informação é uma violação do direito

de acesso à informação;

33

b) as leis e regulamentações devem especificar que os órgãos públicos só

podem manter a informação em segredo, quando a informação puder

prejudicar um interesse legitimo de acordo com as leis regionais e

internacionais e quando esse dano for maior do que o interesse público;

c) os governos devem criar canais adequados para a submissão de pedidos

de informação;

d) os governos devem cobrar apenas tarifas razoáveis, diretamente

relacionadas com o custo de reprodução e entrega da informação;

e) as instituições públicas devem ser instadas a compilar, manter e tornar

públicos índices e catálogos a respeito da informação que possuem;

f) os órgãos públicos devem responder a pedidos de informação de uma

maneira consistente e tempestiva, estabelecendo sistemas e

procedimentos transparentes para processar os pedidos;

g) os agentes públicos devem ser obrigados a informar sobre a inexistência

da informação.

Em se tratando da realidade brasileira, foi realizada a “Pesquisa Diagnóstico

sobre Valores, Conhecimento e Cultura de Acesso à Informação Pública no Poder

Executivo Federal Brasileiro”, em dezembro de 2011, pelo professor Roberto Da

Matta. Este pesquisador defende que a política de implementação de acesso à

informação pode ser facilitada ou dificultada, a partir da concepção mais republicana

ou mais patrimonialista do servidor público, acerca do papel do Estado.

A pesquisa acima mencionada foi desenvolvida em duas etapas: a)

qualitativa, com entrevista feita com 73 autoridades públicas, servidores de vínculo

permanente ou ocupantes de cargos de confiança, diretores, chefes de elevado nível

hierárquico e oficiais das Forças Armadas e b) quantitativa, com aplicação de

questionários para 986 servidores representantes dos diversos órgãos do Poder

Executivo Federal que ingressaram na carreira, mediante concurso público.

Dentre outros resultados, este estudo demonstrou que os servidores

reconhecem o direito dos cidadãos de requerer qualquer informação pública que

está sob a custódia do Estado, embora sintam necessidade de avaliar a pertinência

e a relevância da informação solicitada. Um dos problemas identificados pelos

servidores foi o modo de produção e de gestão informatizada de processos para o

acompanhamento entre a solicitação e a resposta dos pedidos de informação, visto

34

que em alguns órgãos funciona a “cultura do pendrive” e outros, em situação mais

crítica vivem a “cultura do papel”.

Alguns órgãos possuem sistemas informatizados, controles de estatísticas de atendimento, gestão eletrônica de documentos, gestão informatizada de processos, diversos canais de atendimento ao público e estão prontos para fornecer informações por meio eletrônico e cópias digitalizadas de processos em CDs e DVDs. Outros, ainda estão se esforçando para conseguir acompanhar o fluxo entre a solicitação e a resposta, sem um sistema informatizado que registre os pedidos de informação realizados e permita monitorar a entrega destas informações. (DA MATTA, 2011, p.12)

Com relação à capacidade da Administração para implementar a Lei de

Acesso à Informação, a maioria dos servidores entrevistados considera que o

Governo precisaria passar por mudanças de ordem cultural, organizacional ou

operacional para implementar a LAI, apontando os seguintes principais problemas:

a) falta de organização, planejamento e sistematização das informações de

cada área;

b) limitada capacidade de resposta em caso de aumento significativo da

demanda por informações;

c) baixa interoperabilidade dos sistemas e bancos de dados das diferentes

áreas e até mesmo dentro de um mesmo órgão;

d) baixa confiabilidade das bases de dados existentes, motivando temores de

que os erros dos sistemas venham a ser utilizados de forma inadequada e

danosa para o Estado ou para o governo;

e) carência de recursos humanos destinados ao atendimento das solicitações

de dados e informações e também de sua disponibilização proativa em

face de maiores exigências de clareza, detalhamento e interatividade;

f) perigo de a nova legislação cair em descrédito por falta de condições

necessárias e suficientes a sua efetividade.

A implementação é o processo que efetiva algo que foi idealizado, isto é,

significa colocar em prática aquilo que foi planejado. Na opinião de Angélico (2012),

as dificuldades desta etapa vêm sendo alvo de estudos acadêmicos. Neuman e

Calland (2007) esclarecem que a aplicação de uma legislação sobre o direito à

informação passa por um processo de três fases: aprovação, implementação da lei e

35

fiscalização do cumprimento da lei, denominado pelos autores de "triângulo de

transparência".

Para esses pesquisadores, de acordo com o trecho abaixo traduzido, a

implementação é o lastro no processo de garantia do acesso à informação.

[...] todos os três elementos são cruciais e inter-relacionados, mas a experiência indica que a fase de implementação é fundamental e serve como base do triângulo. Sem a implementação completa e eficaz, o direito à informação se torna apenas mais um exemplo da ‘hiperinflação’ de novas leis que não servem de nada. (NEUMAN; CALLAND, 2007, p. 4) (tradução própria).

No sentido de indicar fatores importantes na implementação de leis de acesso

a informação pública, Neuman e Calland (2007) abordam algumas questões para o

debate sobre a implementação, defendendo que esta fase é crucial, pois sem a

efetiva implementação, uma lei de acesso, mesmo bem desenhada, será um

fracasso. A implementação deve ser considerada, não apenas após a aprovação da

lei, mas durante o processo de sua elaboração, devendo ser um acordo bilateral

entre o governo e a sociedade (cidadãos ou organizações civis).

A partir dessas reflexões, Neuman e Calland (op. cit.) apontam fatores

indispensáveis ao processo de implementação da lei de acesso à informação, que

estão resumidos nos itens “a”, “b” e “c”, descritos abaixo, a saber:

a) Política de Implementação:

Vontade política e mudança de mentalidade – o compromisso dos

dirigentes para assegurar os recursos suficientes, contínuos e

necessários ao processo de implementação da lei, além de promover a

mudança de uma cultura de sigilo para uma cultura de transparência;

Previsão de Custos – o orçamento dos custos para a fase de

implementação. Custos de partida que podem incluir um estudo do

sistema de arquivo e de manutenção de registros existentes, o

desenvolvimento de um novo sistema de arquivamento, formação inicial

de servidores públicos, compras de copiadoras e impressoras para

equipar o setor de processamento das solicitações, previsão de

despesas relacionadas à contratação e a criação de uma nova unidade

de coordenação da informação. Custos anuais em andamento que

incluem salários e benefícios para os oficiais de informação, formação

36

contínua relacionada com a manutenção da vitalidade da lei, promocão

e sensibilização de atividades voltadas para a manutenção do aluguel

de escritórios, taxas de manutenção de equipamentos, papel e outros

custos relacionados à prestação de documentos. Custos excepcionais

que podem cobrir os itens extraordinários, tais como: custos de litígio ou

grandes seminários;

Liderança na condução dos esforços - a escolha do gestor com perfil de

liderança, respeito e autoridade que dará autenticidade a proposta da

instituição, do serviço público e da sociedade civil. A pessoa

encarregada de implementar a lei de acesso à informação deve ser

suficientemente confiante na tomada de decisões difíceis e deve

encorajar outros na promoção de mais transparência, através da

divulgação de informações;

Linha de frente da implementação - a contratação dos funcionários

públicos que estarão à frete desse processo é crítica, pois eles serão

responsáveis por fazer a lei ter um significado para os usuários e têm o

poder de facilitar qualquer processo ou criar obstáculos desnecessários.

b) Sistema para a oferta de Informação:

Manutenção de registros e arquivos – um sistema de gestão de

informação adequado deve ser concebido e estabelecido para que os

registros sejam localizados e organizados, a fim de responder às

solicitações. Inclui-se, nesse gerenciamento, os documentos

eletrônicos que criaram um novo conjunto de problemas e

necessidades para a manutenção de registros e arquivamento;

Produção da Informação – o desenvolvimento de padrões de tomada

de registro com a produção de documentos que tenham um nível de

clareza, compreensão e utilidade do ponto de vista da eficácia,

eficiência e economia de suas operações;

Publicação automática – o registro de informações é feito

automaticamente e a disponibilização da informação não precisa ser

motivada por uma demanda. A melhor abordagem para lidar com

grandes quantidades de informação é fazer o maior número possível

37

de registros automaticamente e disponíbilizá-lo incondicionalmente.

Isso limita a necessidade de tomada de decisão, além de ser menos

oneroso;

Sistemas Internos

Procedimentos internos – são orientações claras para os

funcionários públicos a fim de assegurar coerência e eficiência na

implementação, com diretrizes de apresentação de gestão dos

registros, avaliação de pedidos de informações, fornecimento de

documentos e interpretação da lei. A utilização dos usuários dos

registro do sistema interno é uma maneira de descobrir a extensão

na qual a agência do governo está lidando com o problema de

implementação;

Agentes de informação e treinamento – diz respeito aos gerentes

de linha, responsáveis pela implementação e pelas respostas às

solicitações de informação. Os coordenadores ou diretores devem

responder pela mudança de pessoal, lições aprendidas e alterações

de políticas e procedimentos internos que ditam a necessidade de

treinamento com os agestes de informação e outros funcionários

públicos;

Plano de Implementação – trata da consulta à comunidade de

usuários potencias, para a elaboração do Plano de Implementação.

Este processo permite que funcionários do governo compartilhem,

em um ambiente positivo e confidencial, as suas próprias

preocupações com os colegas, o governo e os indivíduos da

sociedade civil. É a oportunidade de desenvolver uma melhor

compreensão dos obstáculos que enfrentam os funcionários

públicos nesse trabalho de prestar contas;

Supervisão especializada e unidade de coordenação – refere-se a

um órgão de supervisão para estabelecer clareza nas diretrizes e

estimular a capacidade de realizar planejamento de longo prazo e

promover as melhores práticas. A unidade de informação ou

comissão de supervisão é responsável pela assistência e

acompanhamento da implementação, pela sensibilização sobre o

38

novo direito à informação, e por fornecer um ponto focal claro para

todos os esforços;

Sanções e incentivos para servidores públicos – são os

incentivos claros para a ação daqueles que fazer uma gestão

democrática eficáz, dentro de uma burocracia e desincentivos

para a inercia daqueles que não conseguem cumprir os prazos

de implementação, atrasam o fornecimento de documentos para

os solicitantes ou criam dificuldades injustificadas para os

usuários;

Fase para efetivar a lei – diz respeito ao prazo fixado para que a lei

entre em vigor. O período deve prever um tempo suficiente para a

preparação do setor público, no sentido de informar os cidadãos

sobre os seus direitos, mas não tão longo a ponto de reduzir o

impulso ou fazer o governo parecer vacilante no compromisso com

a transparência.

c) Demanda de Informação

Neuman e Calland (2007) esclarecem que, sem uma demanda equivalente da

informação, o governo vai parar de dirigir os recursos humanos e financeiros e isso,

inevitavelmente, enfraquece a implementação e a administração de um regime de

acesso à informação. Assim, a resposta da sociedade civil precisa ser enérgica,

comprometida, e de longo prazo.

Ainda, na mesma linha de experiências de pesquisadores que se dedicam à

implementação das leis de acesso, Carter (2007) trabalhou com as legislações de

países como a Austrália, Irlanda, Reino Unido e China, desenvolvendo, também,

treinamentos para a implementação da lei e testes de interesse do cidadão para

utilização da lei. Esta autora considera quatro pontos crucias para o sucesso, na

implementação de uma lei de acesso à informação:

a) Estrutura de transparência A LAI outorga o que pode ser efetivamente implantado para a sociedade e

isso pode significar o empoderamento do cidadão que tenha acesso à informação,

39

uma vez que a partir do acesso, ele poderá questionar sobre as mudanças nas

decisões do governo. A abertura é mais fácil de ser alcançada quando a LAI faz

parte de uma orientação adminstrativa geral que permite aos cidadãos fazer uso

efetivo das informações asseguradas pela lei, até mesmo para desafiar ou alterar as

decisões do governo:

Os direitos podem ser incorporados, num nivel central de publicações,

políticas e procedimentos;

Um programa regular pode ser compartilhado entre agentes

governamentais, agências não-governamentais, comissões de informação e

meios de comunicação, para que se tenha uma visão mais abrangente e

diversificada de diversos setores;

A legislação é testada e implementada com o uso dos interessados;

O cidadão pode avaliar as dicisões governamentais, exigir esclarecimento e

chamar a atenção da mídia;

A participação do cidadão comum é estimulada sem custos de

representação e solicitação de informações.

b) Componentes Legislativos

A LAI precisa conter objetivos claramente definidos, com ênfase na

divulgação, restrições estritamente enquadradas, testes de interesse público, taxas

baixas para o acesso, proteção para os funcionários que divulgam as informações

proativamente, penalidades em caso de violação da lei.

A propria lei precisa trazer no seu corpo componentes que efetivamente

assegurem a abertura:

Objetivos claramente definidos, com ênfase na divulgação;

Requisitos gerais para divulgação ampla de maneira proativa;

Enquadramento rigoroso das exceções, com testes de interesse público

sobre a maioria delas;

Baixas taxas ou isenção de encargos para o acesso;

Proteção sobre a responsabilidade legal para os funcionários que tomarem

a decisão de divulgar informações;

Defesas administrativas para minimizar atos abusivos;

Penalidades por violações e condutas impróprias ou obstrutivas;

40

Relatórios estatísticos de agências sobre o desempenho da LAI;

A avaliação externa independente, com poderes para sanções.

c) Apoio Administrativo

A implementação da LAI deve incluir recursos adequados para as agências

governamentais e para os órgãos de controle. O apoio administrativo é crucial, tanto

em termos dos recursos como das lideranças de todos os níveis de governo:

Liderança e apoio dos níveis hierárquicos mais altos em convergência com

a LAI;

Recursos materiais e humanos para executar a LAI nos órgãos

governamentais;

Formação inicial e reciclagem com as pessoas influentes;

Registro das medidas de desempenho da LAI;

Gestão de registros adequados para a análise dos órgãos externos.

d) Treinamento Para a implementação da LAI é essencial o treinamento do pessoal de acordo

como a função de cada um no processo de implementação. É preciso contar com

estratégias para garantir o meterial de treinamento e orientações de qualidade. O

treinamento tem que começar pelos níveis hierarquicos mais elevados, nos níveis

estratégicos, mesmo que seja feito de forma resumida. Os chefes executivos de

todas as organizações do setor público tem de estar cientes da LAI, de suas

implicações, inclusive sobre as penalidades em caso de descumprimento:

Os executivos que ocupam função em nível estratégico;

Os funcionários que tomam decisões, nos níveis intermediários;

Todos os funcionários envolvidos em função de gerenciamento de

registros e documentos;

Os demais funcionários deveriam tomar conhecimento da LAI.

Os fatores elencados por Neuman e Calland (2007) e os elementos indicados

por Carter (2007) foram utilizados para a construção do modelo de análise deste

projeto, conforme classificado no quadro abaixo, com as adaptações necessárias e

com ênfase na dimensão institucional, já que o intuito aqui é analisar como vem

acontecendo a implementação da Lei de Acesso à Informação, na Universidade

Federal da Bahia.

41

Quadro 1 – Elementos envolvidos na implementação da Lei de Acesso à Informação

Dimensão

Parâmetros

Legal Componente Legislativo – O texto da lei precisa ser completo e objetivo, constando as diretrizes das políticas e dos procedimentos a serem adotados na sua implementação. É necessário garantir os direitos básicos do cidadão e estimular a participação social.

Componente Normativo – A regulamentação da lei precisa ser estabelecida, mediante legislação detalhada, a fim de orientar a sua implementação. Prazo para Efetivação – A data para que a lei entre em vigor precisa ser fixada.

Institucional Política de Implementação – Proposta de mudança para a abertura de informações. Planejamento das estratégias necessárias para que a lei seja implementada, numa elaboração compartilhada entre o governo, os funcionários e a sociedade civil. Divulgação – Publicidade sobre a lei e seleção de informações para ampla disponibilização, de maneira proativa. Pessoal – Definição da linha de frente, responsável pelas decisões, em nível estratégico e intermediário. Escolha dos funcionários incumbidos da execução, gerenciamento e registro dos documentos, bem como do atendimento aos usuários. Treinamento – Formação, preparação e reciclagem de todo o pessoal, no sentido de conhecer a lei e da estrutura que envolve a sua implementação ou ainda na capacitação para as novas políticas e procedimentos internos. Recursos Financeiros e Materiais – Previsão dos recursos de curto, médio e longo prazo. Orçamento dos custos iniciais, custos em andamento e custos excepcionais. Sistemas de Informação – Produção e manutenção dos registros e arquivos, gerenciamento de documentos eletrônicos e gestão da informação. Procedimentos – Orientações claras sobre as operações a serem desenvolvidas a fim de assegurar a coerência e a eficiência na implementação da lei, como incentivos e punições, regras e exceções. Supervisão - Avaliação externa independente, responsável pela assistência e acompanhamento da implementação, com poderes para sanções. Avaliação – Registros das medidas de desempenham, mediante relatórios estatísticos das agências.

Social Teste de Interesse – A resposta da sociedade civil acerca do sistema e dos procedimentos disponibilizados pelo governo, a partir da implementação da lei.

Fonte: Elaboração própria a partir dos indicadores de Neuman e Calland (2007) e de Carter (2007)

A construção teórica dos autores supra citados, convergem para pontos

essenciais que são utilizados na avaliação de uma implementação bem sucedida, de

leis de acesso à informação. Nesse sentido, os indicadores apresentados no quadro

acima sintetizam os parâmetros empregados para a análise comparativa dos dados

da pesquisa.

42

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Sob a ótica de Gil (1991), no que se refere a natureza da pesquisa, ela pode

ser aplicada, quando gera conhecimentos, para que sejam implementados numa

situação prática, no intuito de solucionar um problema específico. Do ponto de vista

da abordagem do problema, a pesquisa é considerada qualitativa, se houver uma

relação entre a realidade factual e o sujeito, isto é, um vínculo entre o mundo

objetivo e a subjetividade do sujeito. E, ainda, se caracteriza como exploratória, na

medida em que proporciona maior familiaridade com o problema, a fim de torná-lo

mais claro.

De fato, este estudo propôs uma abordagem qualitativo, na perspectiva de

Godoy (2008) de estudo básico ou genérico que serve como possibilidade de

pesquisa, na área das ciências humanas e sociais e se aplica a área organizacional,

em consonância com o objeto de investigação em causa. Para (Hartley 1995, apud

Godoy 2008) este estudo é apropriado para compreender um processo de inovação

e mudança organizacional, a partir da complexa interação entre forças interna e

externa. Como resultado final, se chegará à descrição completa e literal do que está

sendo investigado.

A metodologia utilizada na presente pesquisa é de um estudo de caso sobre a

implementação da lei brasileira de acesso à informação, na Universidade Federal da

Bahia. A investigação desse processo de efetivação da lei revela como a UFBA vem

contribuindo para que a legislação seja implementada. Segundo Godoy (2008) essa

abordagem tem como característica o caráter unitário do objeto, sendo que a

organização de dados sociais será feita a partir de uma unidade, podendo ser uma

pessoa, grupo, processo, relação, programa ou procedimento, focando no individual

e no específico.

Godoy (2008) explicita que a pesquisa qualitativa busca dados descritivos

sobre pessoas, lugares e processos interativos, considerando o contato direto do

pesquisador com o objeto de estudo. O fenômeno é compreendido a partir da

43

perspectiva dos sujeitos envolvidos na célula em análise, sendo no caso em tela, os

órgãos, dirigentes e agentes públicos, bem como as agências de controle que estão

ligados à implementação da LAI, na referida Universidade e, ainda, pelo feedback de

um pequeno grupo da sociedade civil.

3.2 UNIDADE DE ANÁLISE

A unidade de análise, desta pesquisa, é a Implementação da Lei de Acesso à

Informação, na Universidade Federal da Bahia, a partir deste marco legal, contando

da vigência da LAI, ocorrida em 16/05/2012. Assim como todos os órgãos públicos

da União, Estado, Distrito Federal e Municípios, a UFBA foi obrigada a adotar

diversos procedimentos diferentes da sua rotina.

Por se tratar de uma pesquisa de caráter exploratório, ou seja, um estudo

para aprofundamento do fenômeno em questão, isto é, a implementação da lei, a

escolha do cenário, a ser investigado não foi preponderante, mas o fator

determinante nesta escolha foi a facilidade de inserção que a autora dispõe, já que

faz parte do quadro de pessoal da UFBA.

A Universidade Federal da Bahia desenvolve as atividades de ensino,

pesquisa e extensão. Além disso, trabalha com o planejamento e orçamento,

infraestrutura dos campi e obras e assistência aos estudantes. Em junho de 2014 a

UFBA conta com um quantitativo de pessoal permanente que totaliza 2.273

docentes e 3.117 servidores técnico-administrativo.

Para facilitar a compreensão do esboço organizacional da Universidade

Federal da Bahia, foi elaborado o quadro 6, exposto na seção 4, que resume a

estrutura acadêmica e administrativa desta Instituição, com base em informações

retiradas do site da UFBA e do novo Regimento Interno da Reitoria de 2013. A partir

da visualização da organograma atual, conforme figura 2, é possível entender que a

Universidade Federal da Bahia é uma instituição de porte grande, com uma atuação

bem mais ampla e abrangente do que se possa representar.

Atualmente, na estrutura da UFBA constam 74 unidades, considerando como

tal os órgãos consultivos e de deliberação, a administração central, as unidades

44

universitárias e outros órgãos complementares desta Universidade, sem incluir neste

quantitativo as suas subdivisões como as coordenações, os colegiados, os

departamentos, os núcleos e os setores internos desta instituição.

Esta pesquisa visa tratar sobre o acesso à informação, do ponto de vista da

oferta da informação, ou seja, sob a perspectiva da instituição. Como a UFBA vem

disponibilizando as informações que são produzidas e/ou custodiadas por ela, para

atender aos interesses do cidadão. Na Universidade Federal da Bahia, para o

cumprimento das exigências legais, foi criada a unidade de Serviço de Informação

ao Cidadão, para responder às demandas de transparência passiva e ampliada a

atuação da Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento, para atender às demandas

de transparência ativa.

Quadro 2 – Produção e Oferta de Informação na UFBA

Serviço de Informação do Cidadão – SIC Pró-Reitoria de Planejamento e

Orçamento – PROPLAN

Transparência Passiva – informação fornecida, a partir da demanda

do cidadão

Transparência Ativa – informação disponibilizada, proativamente,

ao cidadão

Pessoal Autoridade Responsável pelo SIC Servidor do quadro permanente

Estagiários

Pessoal Pró-Reitor da PROPLAN Assessora da PROPLAN Secretária da PROPLAN

Estagiário

Fonte: Elaboração própria

Para facilitar o entendimento sobre o fluxo de informação gerado, mediante os

pedidos de informação formalizados pelo cidadão, na via de transparência passiva,

segue a figura, abaixo, que representa o caminho de entrada e saída da informação.

Neste trabalho, a denominação Unidade da UFBA, refere-se a todos os

componentes elencados no Quadro 6, isto é, Conselho Superior, Administração

Central, Unidades Universitárias e Órgãos da UFBA.

Figura 1 – Demanda e Oferta de Informação na UFBA

Fonte: Elaboração própria

CIDADÃO SIC UNIDADE DA UFBA

45

Então, traduzindo a figura 1, o cidadão interessado pode formalizar seu

pedido de informação, no SIC que funciona como um mediador no processamento

do pedido, direcionando-o para uma a Unidade da UFBA, com competência para

responder sobre a temática questionada. A resposta faz o mesmo percurso até

chegar ao cidadão requerente.

A estrutura da Universidade Federal da Bahia, bem como a função dos

componentes envolvidos no fluxo de informação motivado pela LAI, consta da seção

4 desta dissertação, com maiores detalhes. A seguir são relatadas as etapas desta

pesquisa.

3.3 ETAPAS DA PESQUISA

A pesquisa bibliográfica veio sendo realizada para apoiar o conteúdo deste

trabalho, pela consulta sistemática em publicações como livros, artigos, dissertações

e teses disponíveis em suportes físicos e/ou digitais. Segundo Vergara (2006) a

pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido, com base em material

publicado que contribui, continuamente, para a produção textual. Inicialmente, a

pesquisa demandou um conhecimento de teorias relacionadas à Estado e

Sociedade e conhecimentos mais específicos sobre a Implementação de Leis de

Acesso à Informação, estabelecendo como ponto de partida a Reforma do Estado,

por abranger o período da Constituição Federal de 1988. Assim o referencial teórico

promoveu subsídios para análise e compreensão do objeto da pesquisa.

Foi de suma importância a pesquisa documental, com consulta realizada em

documentos administrativos internos, com leitura, análise e tratamento de dados das

planilhas do SIC/UFBA. Foram verificados o Plano de Desenvolvimento Institucional,

o Regimento Interno da UFBA e os Relatórios de Gestão de 2011, 2012 e 2013, bem

como os Relatórios da CGU. Foi analisada, minuciosamente, a legislação sobre a

Lei de Acesso à Informação: a Lei 12.527/2011 e o Decreto 7.724/2012. Para Godoy

(2008, p.135) “o exame de documentos pode trazer contribuições importantes para o

estudo de caso”. Esta pesquisa documental permitiu a análise dos dados empíricos

e da maioria das informações relativas à Universidade Federal da Bahia.

46

Este estudo de caso foi realizado, também, mediante apuração de

procedimentos institucionais desenvolvidos pelo Serviço de Informações ao Cidadão

da UFBA, que foi instalado no Campus do Vale do Canela, para realizar os

atendimentos presenciais e virtuais que desencadeiam várias ocorrências,

documentos e processos. Foram feitas duas visitas ao local onde funciona o SIC, no

intuito de sondar o atendimento presencial e foi constatada a dificuldade de

encontrar o funcionário para realizar o atendimento. Então, para a terceira visita, o

atendimento foi agendado previamente, por telefone, e a visita foi efetuada com

êxito. Duas visitas foram realizadas para fazer as entrevistas com a Autoridade

Responsável, nos dias 10/03/2014 e 07/04/2014.

No ciberespaço, no período de fevereiro e março de 2014, foi explorado o site

oficial da Universidade: https://www.ufba.br, onde constam as ferramentas,

mecanismos e procedimentos para a visualização de dados on line, disponibilizados

proativamente pela Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento - PROPLAN. Nesta

Unidade da UFBA encontram-se alguns servidores, encarregados de disponibilizar

as informações ativas e passivas de interesse público, conforme demonstrado no

quadro 3, acima.

A entrevista foi utilizada, baseada no entendimento de que é uma técnica

adequada "quando o pesquisador deseja apreender o mundo do entrevistado e as

elaborações que ele usa para fundamentar suas opiniões e crenças" Godoy (2008,

p.134). Foi aplicada a entrevista semi-estruturada, com pessoas chave, envolvidas

no processo de implementação da LAI:

a) Autoridade Responsável pelo SIC, professora Lidia Maria Brandão Toutian,

para esclarecimento sobre a estrutura e funcionamento do Serviço de

informação ao Cidadão;

b) servidores da PROPLAN: a secretária, Sandra Assumpção, e o estagiário,

responsáveis pela transparência ativa proposta pela lei, a fim de verificar

como estes procedimentos são realizados pela Pró-Reitoria de

Planejamento e Orçamento;

c) secretárias das Pró-Reitorias da UFBA, das Unidades mais requisitadas

para responderem às demandas do SIC, sendo elas: a Pró-Reitoria de

Desenvolvimento de Pessoas - PRODEP, a Pró-Reitoria de Graduação -

47

PROGRAD e a Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento: Jany Ribeiro,

Ana Pessoa e Sandra Assumpção, respectivamente, no intuito de entender

o fluxo interno de informação, a partir da solicitação do cidadão;

d) cidadãos que buscam as informações da Universidade, para verificar a

percepção do usuário em relação ao acesso à informação.

Vale ressaltar que, com o grupo " d", acima mencionado, foi realizado,

também um teste de verificação do sistema, mediante uma situação simulada de

interesse em questionar a UFBA, a partir de algumas solicitações de informação ao

e-SIC. Os pedidos de informação foram formalizados por um pequeno grupo de

quatro pessoas escolhidas pela conveniência da proximidade com a pesquisadora,

ou seja, uma escolha induzida, para facilitar as entrevistas acompanhadas da

observação do acesso ao sistema e-SIC. A intenção era compreender o processo e

o funcionamento deste sistema e, ainda, saber qual a percepção do cidadão que

demanda a informação do governo. Os participantes foram: um profissional externo

à UFBA, um técnico-administrativo da Universidade, um estudante de outra

Instituição de Ensino Superior e um discente desta Instituição.

Em suma, o quadro, abaixo, resume, de forma bem sucinta, os procedimentos

adotados para a coleta dos dados empíricos.

Quadro 3 – Procedimentos para a coleta dos dados da pesquisa

Dimensão

Ações

Legal a) Análise da Lei 12.527/2011 e do Decreto7.724/2012.

Institucional a) Acesso e análise do funcionamento e acessibilidade do site oficial da Universidade: https://www.ufba.br, nos locais das publicações automáticas, denominadas de transparência ativa;

b) Leitura do PDI e do Regimento da UFBA, análise dos relatórios, planilhas e informações desenvolvidos pelo Serviço de Informações ao Cidadão/UFBA e dos balanços e relatórios da CGU. Verificação dos procedimentos adotados pelo SIC;

c) Entrevista com a diretoria do SIC e com as secretárias das unidades mais requisitadas da UFBA, encarregados de responder às demandas motivadas pela lei, acerca da transparência ativa e passiva.

Social a) Acompanhamento do acesso ao sistema, com observação e entrevista. Análise das solicitações de informação feitas pelos usuários ao e-sic

Fonte: Elaboração própria

Foi construído o modelo de análise baseado nos indicadores, propostos por

Neuman e Calland (2007) e Carter (2007), como elementos crucias para o sucesso

48

na implementação de uma lei de acesso à informação. Foram propostas três

dimensões: a) legal – análise da Lei 12.527/2011 e do Decreto 7.724/2012; b)

institucional – análise dos aspectos como Divulgação, Pessoal, Treinamento,

Recursos Financeiros e Materiais, Sistemas de Informação, Procedimentos,

Supervisão e Avaliação, atrelados à implementação da LAI, na Universidade Federal

da Bahia e c) social – análise do procedimento para o pedido de informação, via

sistema e-SIC e da percepção do usuário.

Na fase de análise dos dados, foi necessário buscar informações sobre o

quantitativo de servidores da UFBA que participaram do curso oferecido pela

Controladoria-Geral da União, sobre a Lei de Acesso à Informação. O primeiro

contato ocorreu por telefone, quando a pesquisadora foi orientada a formalizar sua

solicitação, mediante correio eletrônico institucional, para que sua demanda fosse

atendida. Foi encaminhado um e-mail, em 09/06/2014, solicitando a lista nominal

dos servidores da Universidade Federal da Bahia que participaram do curso. O setor

de Curso Virtual atendeu, prontamente, enviando o arquivo digital com o nome dos

participantes do curso.

Para melhor compreensão do tamanho da instituição em questão, bem como

do volume de assuntos e de informações produzidas e custodiadas pela

Universidade Federal da Bahia foi apresentado na seção seguinte, um breve

histórico e a estrutura atual, desta instituição. Em seguida, foi feita uma detalhada

comparação entre a proposta dos autores acima mencionados e a realidade da

UFBA. Todos os itens apresentados no quadro 1 foram usados como parâmetro de

comparação para a análise dos dados empíricos. Pretendeu-se, assim alcançar os

objetivos desta investigação, no sentido de responder à pergunta de partida e

verificar os pressupostos da pesquisa.

Para a análise dos dados, foram seguidas as orientações sugeridas por

(HARTLEY 1995, apud GODOY 2008), isto é, os princípios e práticas propostos para

a análise qualitativa, que se resumem em: dados segmentados em unidades

relevantes e homogêneas; dados categorizados, organizados e agrupados; processo

sistemático, exaurindo os dados. Entretanto a análise da grande maioria dos dados

foi posterior a sua coleta, o que gerou a necessidade de buscar mais detalhes sobre

alguns pontos pouco esclarecidos e ainda sobre novas questões que surgiram ao

longo da análise. Nesse caso, os contatos foram feitos por e-mail. A análise das

49

informações obtidas foi feita de forma comparativa entre os dados empíricos e os

elementos conceituais, destacando aspectos dissonantes.

Por fim, de acordo com Santos (2013), foi feito o tratamento do resultado da

pesquisa, a partir da interpretação dos dados e informações obtidos, com base no

referencial teórico. Com isso, foi possível desenvolver as análises e as inferências, a

fim de chegar aos significados contidos nos conteúdos analisados, apresentados no

final desta dissertação.

50

4 ESTUDO DE CASO

4.1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

A Universidade da Bahia foi criada pelo Decreto no 9.155, de 8 de abril de

1946 e a partir daí, segundo Lemos (2007), esta Universidade passou a reunir

algumas Instituições de Ensino Superior que já existiam. Foi fundada como uma

entidade autárquica do Poder Executivo Federal, vinculada ao Ministério da

Educação, com autonomia administrativa, patrimonial, financeira e didático-científica.

De acordo com Ribeiro (2011), esta Instituição passou a se chamar Universidade

Federal da Bahia, em 1965.

4.1.1 Breve histórico

Conforme Ribeiro (2011), antes desse período, já existiam alguns cursos e

Instituições de Ensino Superior, tais como o Colégio Médico Cirúrgico da Bahia com

o curso de Farmácia, o curso de Agronomia, a Academia de Belas Artes com o curso

de Arquitetura, a Faculdade de Direito, o Instituto Politécnico da Bahia, a Escola

Comercial da Bahia, o curso de Administração e Finanças, a Faculdade de Filosofia

Ciências e Letras e a Escola de Enfermagem. Esta autora esclarece que a intenção

era implantar uma Universidade voltada para o ensino, pesquisa e extensão, a fim

de integrar as faculdades isoladas.

Para uma visão panorâmica, o quadro abaixo resume os eventos eleitos por

Ribeiro (2011) como mais relevantes, sobre a história da educação superior da

Bahia, até o momento da criação da Universidade da Bahia, ocorrida em 1946.

51

Quadro 4 – Eventos Acadêmicos da Universidade da Bahia – 1808-1946.

Período

Evento

1808 – 1897 Fundação do Colégio Médico Cirúrgico da Bahia; Criação e incorporação do curso de Farmácia ao Colégio Médico Cirúrgico da Bahia; Criação do curso de Agronomia, Criação e incorporação do curso de Odontologia ao Colégio Médico Cirúrgico da Bahia; Criação da Academia de Belas Artes da Bahia, incluindo o curso de Arquitetura; Criação da faculdade de Direito e Criação do Instituto Politécnico da Bahia.

1905 – 1946 Criação da Escola Comercial da Bahia (futura Faculdade de Ciências Econômicas); Criação do curso de Administração e Finanças, substituído pelos cursos de Ciências Econômicas, Contábeis e Atuariais; Criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e Criação da Escola de Enfermagem.

1946 Criação da Universidade da Bahia.

Fonte: Elaboração própria, a partir de Ribeiro (2011, p.151).

Ao longo da sua existência, a Universidade Federal da Bahia conquistou o

seu espaço e o reconhecimento social pela gratuidade e qualidade da educação,

sendo pioneira como instituição de ensino superior no Estado da Bahia, onde

desempenhou um importante papel na expansão do ensino e consolidou as funções

de pesquisa e de extensão e assim contribui para o fortalecimento e expansão do

ensino superior público (PDI, 2012).

No período de 1946 a 1961, na gestão do Reitor Edgar Santos, Lemos (2007)

afirma que o modelo de educação de alguns cursos propunha desenvolver a

Universidade, na dimensão cultural e artística e menciona acontecimentos, como a

criação das escolas de arte, os seminários de música, que funcionaram como

laboratórios, aprendizagem e extensão, mediante a criação da Orquestra Sinfônica

da Universidade e do Teatro Santo Antônio. Na intenção de realizar a proposta de

atendimento à comunidade, foi implantado o Hospital das Clínicas, contribuindo com

a formação de outras novas escolas: Enfermagem, Nutrição e Farmácia.

A Universidade em questão, ainda com o mesmo reitor, também, criou o

Instituto de Cultura Hispânica, o Instituto Afro-Brasileiro, Casa da França, Institutos

de Estudos Norte Americanos, Instituto de Cultura Portuguesa e o Centro de

Estudos Afro-Orientais. Essas iniciativas demonstram sua expressiva ampliação,

com ênfase nas humanidades, cultura, artes e letras, conforme Lemos (2007). Esta

mesma autora relata que novos cursos tais como Psicologia, Engenharia Mecânica

foram ofertados bem como foram oferecidos, além das graduações, os cursos de

Mestrado em Matemática, Física, Química, Biologia, Ciências Humanas e Desenho.

52

Segundo Ribeiro (2011) em 1968, a UFBA era composta por 24 unidades

universitárias sob a responsabilidade de cinco órgãos da administração superior.

Desde a sua criação, a Universidade Federal da Bahia passou por mudanças que

ampliaram suas atividades, viabilizadas por meio da fundação de faculdades,

institutos, escolas e órgãos de apoio, até atingir o primeiro processo de

reestruturação, ocorrido em 1968, conforme Ribeiro (2011). Vale lembrar que, no

período da ditadura, em 1964, segundo Lemos (2007), os Institutos Federais de

Ensino Superior - IFES passaram por uma desarticulação, com a prisão de alguns

docentes e discentes, provocando, danos e prejuízos morais, intelectuais e

materiais.

No começo dos anos de 1970, esta Universidade contou com o

desenvolvimento da Pós-Graduação, investindo na qualificação docente e na

reestruração institucional. Por outro lado, no contexto da Reforma do Estado, em

1990, segundo Lemos (2007), a partir do movimento de desoneração estatal e

fortalecimento da iniciativa privada, houve sucessivas investidas do governo, no

intuito de promover a privatização da Universidade. No período de abertura política,

os Institutos Federais de Ensino Superior sofreram um processo de desqualificação

e de restrição progressiva de recursos pelo Estado, apesar da Constituição Federal

de 1988 garantir a utilização de verbas públicas para o ensino público, além da

autonomia destas Instituições.

A partir de 2002, com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e

Expansão das Universidades Federais - REUNI foi estendida a oferta do ensino de

Graduação para 15 cursos novos, bem como ampliada as vagas para 11 dos cursos

já existentes, com a oferta de turmas noturnas. Além disso, foi verificado o aumento

de vagas nos diferentes turnos em 16 cursos. Também foram criados os

Bacharelados Interdisciplinares (BI) e os Cursos Superiores de Tecnologia (CST)

com características diferentes da Graduação tradicional, conforme Ribeiro (2011).

Esta autora destaca que as mudanças promovidas no modelo acadêmico e

organizacional da UFBA pretendiam garantir mais inserção social do ensino superior

público no estado da Bahia.

Nesse sentido, visando atender a crescente demanda social por ensino

superior público, a UFBA cria dois campi: o Campus Edgard Santos, o Instituto de

Ciências Ambientais e Desenvolvimento Sustentável – ICAD, em Barreiras, e o

53

Campus Anísio Teixeira, o Instituto Multidisciplinar em Saúde – IMS, em Vitória da

Conquista, estendendo a atuação desta Universidade na região noroeste e sudoeste

do estado da Bahia, respectivamente. Ainda em relação a esta variável, destaca-se

mais uma vez a criação, pelo governo federal, da Universidade Federal do

Recôncavo Baiano – UFRB, no segundo semestre de 2006. RIBEIRO (2011).

No período de 2002 a 2010, a Universidade Federal da Bahia foi conduzida

pelo Reitor Naomar de Almeida Filho que, segundo Ribeiro (2011) fez investimentos

institucionais na preparação dos docentes para atuarem como gestores acadêmicos,

nos mais diferentes níveis da Instituição. Com relação ao pessoal técnico

administrativo, o fator impulsionador ao aumento da qualificação foi a aprovação do

Plano de Carreira pelo Conselho Superior de Ensino, em 25/09/2005.

Quadro 5 – Eventos acadêmicos da Universidade Federal da Bahia – 1946-2008.

Período

Evento

1946 Criação da Universidade da Bahia.

1949 – 1959 Criação do Hospital das Clínicas; Federalização das unidades e cursos isolados; Criação da Escola de Medicina Veterinária; Criação dos Seminários Livres de Música (atual Escola de Música); Criação das Escolas de Teatro e Dança; Criação do curso de Geologia e Criação da Escola de Administração e da Faculdade de Arquitetura.

1965 Mudança da denominação de Universidade da Bahia, para Universidade Federal da Bahia.

1965 – 1968 Nova estrutura organizacional com a criação dos Institutos de Matemática, Geociências, Ciências da Saúde, Química, Física e Biologia; Criação da Escola de Administração; Criação da Faculdade de Educação; Criação das Escolas de Biblioteconomia, Comunicação e Nutrição e Criação do Laboratório e áreas administrativas.

1975 – 1995 Nova estrutura organizacional com a criação das Faculdades de Medicina e Farmácia; Novo Instituto de Matemática; Construção dos Pavilhões de Aulas da Federação (PAF1 e PAF2); Criação da Escola de Dança; Construção da Biblioteca Central; restaurante universitário e áreas administrativas.

1995 – 2008 Construção dos Pavilhões de Aulas da Federação (PAF3); Construção do Centro de Convivência;. Criação dos Campi de Barreiras e Vitória da Conquista;Criação da Pró-Reitoria de Desenvolvimento de Pessoas; Institui a Coordenadoria de Controle Interno; Cria a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil; Cria o Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos; Cria o Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Prof. Milton Santos - HIAC e cria o Instituto de Psicologia. Assessoramento para a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB)

Fonte: Elaboração própria, a partir das informações de Ribeiro (2011).

Algumas informações consideradas relevantes na história da Universidade

Federal da Bahia, ocorridas no período de 1946 a 2008, já apresentadas no texto

acima, estão agrupadas no quadro 5, acima.

54

Ao longo da sua existência, a UFBA registrou sua trajetória em documentos e

novos caminhos à percorrer em propostas oficiais, como no Plano de

Desenvolvimento Institucional, que trata dos objetivos e das diretrizes institucionais,

incluindo os princípios norteadores da organização. No “Complemento PDI – 2008-

2010” foram elencados alguns princípios, tais como: a gestão democrática,

transparente e descentralizada; a igualdade de condições de acesso e permanência,

a valorização e promoção do desenvolvimento de pessoas e o compromisso com a

democracia e a justiça social. (PDI, 2008).

Então, no segundo semestre de 2010, o lema da nova gestão era a

consolidação das metas estabelecidas no projeto REUNI/UFBA, traçadas na gestão

passada. Nessa época, a estrutura física da UFBA ocupava uma área territorial de

1.352.177,65 m². Funcionava com 2 campi no interior do Estado, sendo um campi

em Barreiras e outro em Vitória da Conquista e mais 2 campi em Salvador: Canela e

Federação/Ondina. São 15 pavilhões de aulas e laboratórios e 32 unidades

universitárias, além de 2 hospitais universitários, 1 hospital veterinário, 3 museus, 1

creche, 1 centro de esportes e 4 residências universitárias. Além da área urbana, a

UFBA mantêm em seu parque imobiliário, 3 fazendas experimentais nos municípios

de Oliveira dos Campinhos, São Gonçalo dos Campos e Entre Rios com uma área

construída de 4.745,00 m². (UFBA, 2012).

No sentido de ampliar as oportunidades de acesso à UFBA, houve a

substituição do processo seletivo convencional do vestibular para a adoção do

Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, bem como do Sistema de Seleção

Unificada – SISU, para o ingresso nos cursos de graduação da UFBA, mantendo o

procedimento das etapas da seleção, nas provas de habilidades específicas para os

cursos que já adotavam este procedimento. Em se tratando das políticas de

assistência estudantil, com a proposta de inclusão social, a UFBA vem investindo

em ações que garantam a permanência de estudantes em situação de

vulnerabilidade sócio-econômica, com a oferta de auxílio moradia e auxílio

transporte, bolsas e serviços de transporte exclusivo para seus alunos, com o

“BUZUFBA”. (UFBA, 2014).

Para a realização dessas ações, conduzidas ainda no contexto de expansão

desta universidade, era necessário a execução de obras de construção, ampliação e

recuperação de prédios para garantir a expansão do número de vagas, dos cursos

55

da UFBA. Consta do Relatório de Gestão de 2011, que esta política contou com

investimentos em material permanente como equipamentos de laboratório e de

informática, além da aquisição de material de custeio, fornecimento de passagens e

diárias, visando o intercâmbio de professores e alunos, no âmbito nacional e

internacional.

Adicionalmente, o mesmo documento menciona que a Pró-Reitoria de Ensino

de Pós-Graduação adotou uma política efetiva para fortalecer, em 2011 a Pós-

Graduação e forneceu aos Programas informações e orientações sobre sua gestão

administrativa e financeira e acerca das ações necessárias para a melhoria da

qualidade acadêmica, em busca da elevação do conceito junto a CAPES.

No âmbito das atividades de extensão, mudanças também foram

implementadas, visando a eficiência e transparência dos procedimentos. A Pró-

Reitoria de Extensão Universitária criou o sistema de registro, o Sistema de Gestão

de Bolsas de Extensão e o Sistema de gerenciamento de editais de eventos e

projetos de extensão. A UFBA, também, concentrou esforços para consolidar as

Pró-Reitorias de Pesquisa, Criação e Inovação e de Administração. Ainda, instituiu o

Comitê Gestor de Tecnologia da Informação, o Comitê Gestor de Segurança da

Informação e implantou o Repositório da UFBA. (UFBA, 2012).

Ações que foram empreendidas na esfera administrativa pretendiam tornar a

administração mais ágil e eficiente, conforme o Relatório de Gestão de 2011. Alem

disso, foram estabelecidas ações sustentáveis como, por exemplo, com a criação da

Superintendência de Meio Ambiente e Infraestrutura e a Coordenadoria de

Planejamento, Projetos e Obras – CPPO, executando projetos tais como: Uso

Racional da Água; Uso Racional da Energia e Conforto Ambiental; Reciclagem de

Materiais Sólidos e Urbanismo e Paisagismo.

Em 2012, os planos da Universidade Nova tiveram continuidade na gestão da

professora de Dora Leal Rosa, eleita para o mandato de 2010 a 2014. A

Universidade Federal da Bahia tocou os projetos de construção, recuperação e

ampliação da sua estrutura e nesse período contava com 2.678 professores, 3.260

servidores técnicos e administrativos, no seu quadro de pessoal permanente ativo.

Nesse exercício, foram registradas 167 aposentadorias, mas em contrapartida

ocorreram 251 nomeações, de acordo com informações prestadas no Relatório de

Gestão de 2012.

56

A Pró-Reitoria de Administração é responsável pelas atividades meio da

universidade, executando o trabalho de transporte, vigilância, limpeza, licitações,

patrimônio e contratos. A frota compreende veículos próprios e alugados e em 2012

contava com 34 veículos de passeio, 05 caminhões, 03 ônibus, 22 microônibus, 33

vans e 57 camionetes. Foram realizadas 103 licitações (convite, tomada de preços,

concorrência e pregões), assim como contratações diretas. Foram executados 113

contratos administrativos, cujos bens adquiridos foram incorporados ao patrimônio

da universidade. (UFBA, 2013).

Mediante a contratação de empresas especializadas em vigilância, a UFBA,

demandou os serviços de 405 porteiros, 501 vigilantes armados e desarmados, e a

contratação de vigilância eletrônica 24 horas, em circuito fechado de TV, distribuindo

400 câmaras, nos vários campi da UFBA. O documento Relatório de Gestão de

2012 faz referência aos serviços de limpeza, sob contratação de empresas

terceirizadas, computando 661 postos de trabalho.

Entretanto, a concretização das ações para manter e ampliar o funcionamento

da UFBA provocou desajustes, que afetaram o compromisso de modernizar esta

Instituição. Foram identificados problemas, por exemplo, no retardo da conclusão

das obras, carência de pessoal técnico, especialmente arquitetos e engenheiros,

para o atual volume de obras e em qualificação necessária para a complexidade de

planejar, projetar e fiscalizar as construções e as reformas, em limitado espaço de

tempo. (UFBA, 2013).

Consta do Relatório de Gestão de 2012, que, naquele ano, 36 obras estavam

em andamento, das quais grande parte já deveria ter sido entregue à comunidade,

incluindo projetos para a acessibilidade. Estes projetos demandaram adequação,

com novas exigências para instalações de elevadores, rampas de acesso e piso tátil,

para facilitar a mobilidade intracampus e intercampi, no intuito de atender as

pessoas com necessidades especiais, cada vez mais freqüentes na universidade.

Os desafios da modernização passam, também, pelas propostas de educação

à distância, o que exigiu investimentos na infraestrutura de tecnologia da informação

e comunicação, para ampliar a capacidade de processamento, armazenamento e

comunicação de dados. A Superintendência de Tecnologia da Informação

desenvolveu e implantou novos sistemas, a fim de proporcionar serviços na

qualidade adequada, com maior performance, para suportar os serviços e processos

57

institucionais de armazenamento e dispositivos móveis com capacidade de busca

ampliada, portal de colaboração, entre outras funcionalidades. (UFBA, 2013).

4.1.2 Estrutura atual

Atualmente, a UFBA é formada por órgãos de deliberação colegiada, de

controle, fiscalização e supervisão, consultivos e comissões centrais; órgãos da

administração central, unidades universitárias e órgãos complementares, localizados

nos campi de Salvador e de Vitória da Conquista.

Os Conselhos são órgãos constituídos por alguns dirigentes da instituição,

representantes do corpo docente, discente e técnico administrativo, que em função

do seu propósito, tem a finalidade de deliberar sobre os assuntos da Universidade

Federal da Bahia.

A Reitoria é o órgão máximo da administração superior, com competência

executiva de coordenação, fiscalização e supervisão das atividades de ensino,

pesquisa e extensão; planejamento e orçamento; assistência estudantil; gestão do

campus e infraestrutura e administração geral.

As Pró-Reitorias são os órgãos que auxiliam a Reitoria na execução das

políticas específicas, de acordo com as deliberações dos Conselhos Superiores da

Universidade. As Pró-Reitorias são: de Ensino de Graduação, de Pesquisa e Pós-

Graduação, de Extensão, de Planejamento e Administração, de Assistência

Estudantil e de Desenvolvimento de Pessoas.

As Unidades Universitárias são órgãos que desenvolvem as atividades

acadêmicas, mediante os Colegiados dos cursos de Graduação e Pós-Graduação.

Esta estrutura organizacional da Universidade sofreu algumas alterações que

foram aprovadas no Regimento Interno da Reitoria de 2013. Segue, abaixo, a sua

formação atualizada:

58

Quadro 6 – Estrutura organizacional da Universidade Federal da Bahia em 2014

Estrutura

Componentes

Conselhos Superiores

(n = 5)

Conselho Universitário; Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão; Conselho Acadêmico de Ensino; Conselho Acadêmico de Pesquisa e Extensão; Assembléia Universitária e Conselho de Curadores.

Administração Central (n = 15)

Reitoria; Gabinete do Reitor; Vice-Reitoria; Pró-Reitoria de Ensino de Graduação; Pró-Reitoria de Ensino de Pós-Graduação; Pró-Reitoria de Pesquisa, Inovação e Criação; Pró-Reitoria de Extensão; Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento; Pró-Reitoria de Administração; Pró-Reitoria de Desenvolvimento de Pessoas; Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil; Superintendência de Infraestrutura e Meio Ambiente; Assessoria de Comunicação Institucional; Assessoria para Assuntos Internacionais e Superintendência de Tecnologia da Informação.

Órgãos Estruturantes

(n = 4)

Sistema Universitário de Bibliotecas; Sistema Universitário de Saúde; Sistema Universitário de Museus e Sistema Universitário Editorial.

Unidades Universitárias

(n = 36)

Escola de Administração; Escola de Belas Artes; Escola de Dança; Escola de Enfermagem; Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia; Escola de Música; Escola de Nutrição; Escola de Politécnica; Escola de Teatro; Faculdade de Arquitetura; Faculdade de Comunicação; Faculdade de Ciência Contábeis; Faculdade de Ciências Econômicas; Faculdade de Direito; Faculdade de Educação; Faculdade de Farmácia; Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas; Faculdade de Medicina da Bahia; Faculdade de Odontologia; Instituto de Biologia; Instituto de Ciência da Informação; Instituto de Ciência da Saúde; Instituto de Física; Instituto de Geociências; Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Prof Milton Santos; Instituto de Letras; Instituto de Matemática; Instituto de Psicologia; Instituto de Química; Instituto de Saúde Coletiva; Pavilhão de Aulas de Medicina; Pavilhão de Aulas da Federação I, II e III; Pavilhão de Aulas do Canela; Instituto Multidisciplinar em Saúde (Vitória da Conquista).

Outros Órgãos da UFBA

(n = 14)

Centro de Estudos Afro-Orientais; Centro de Estudos Baianos; Centro de Estudos e Terapia de Abuso de Drogas; Centro de Pesquisa em Geofísica e Geologia; Centro de Recursos Humanos; Comissão Permanente de Pessoal Docente; Coordenadoria de Controle Interno; Escola Oficina de Salvador; Memorial de Medicina; Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher; Núcleo Interdisciplinar do Meio Ambiente; Procuradoria Federal Junto à UFBA; Secretaria dos Conselhos Superiores; Superintendência de Avaliação e Desenvolvimento Institucional.

Fonte: Elaboração própria, com base nas informações do site www.ufba.br/estrutura

No novo Regimento Interno da Reitoria de 2013 foi aprovada a criação de

cinco superintendências: Administração Acadêmica; Avaliação e Desenvolvimento

Institucional; Tecnologia da Informação; Educação a Distância e Meio Ambiente e

Infraestrutura, no intuito de administrar os aspectos executivos, gerenciais e

operacionais.

Entretanto o desenho organizacional permaneceu com a seguinte formação:

órgão superior de controle, fiscalização e supervisão é o Conselho de Curadores, ao

qual se vincula a Coordenadoria de Controle Interno. São órgãos consultivos o

59

Conselho Consultivo Social, o Conselho Consultivo de Aposentados, Eméritos e Ex-

alunos, e o Conselho Social de Vida Universitária. (UFBA, 2014b)

De acordo com a estrutura da UFBA (2014b), os órgãos de deliberação

colegiada são os conselhos superiores: Conselho Universitário, Conselho Superior

de Ensino, Pesquisa e Extensão, Conselho Acadêmico de Ensino, Conselho

Acadêmico de Pesquisa e Extensão e a Assembleia Universitária; e órgãos das

Unidades Universitárias, colegiados de curso, departamentos ou estruturas similares

e congregações.

Constituem comissões centrais da Universidade, a Comissão Própria de

Avaliação, a Comissão Central de Ética, a Comissão Permanente de Arquivo, a

Comissão Permanente de Pessoal Docente e a Comissão Interna de Supervisão da

Carreira dos Técnico-Administrativos em Educação. (UFBA, 2014b).

A administração central é composta pela reitoria; pró-reitorias de ensino de

graduação, de ensino de pós-graduação, de pesquisa, criação e inovação, de

extensão universitária, de planejamento e orçamento, de administração, de

desenvolvimento de pessoas, e de ações afirmativas e assistência estudantil; por

suas superintendências de administração acadêmica, de avaliação e

desenvolvimento institucional, de tecnologia da informação, de educação a distância,

e de meio ambiente e infraestrutura; e pelos órgãos estruturantes, ligados à reitoria.

Também, estão vinculadas Reitoria a Unidade Seccional de Correição, a Ouvidoria

Geral da UFBA e a Consultoria Jurídica. (UFBA, 2014b)

Conforme disposto no organograma da UFBA (2014b), estão as pró-reitorias

e superintendências, Pró-Reitoria de Administração, a Pró-Reitoria de

Desenvolvimento de Pessoas, a Superintendência de Avaliação e Desenvolvimento

Institucional, a Superintendência de Tecnologia da Informação, e a Superintendência

de Meio Ambiente e Infraestrutura.

De acordo com o Relatório de Gestão de 2013, os Órgãos estruturantes como

o Sistema Universitário de Bibliotecas e o Sistema Universitário Editorial exercem

um papel fundamental, nas atividades como: planejamento e gestão; contratos e

convênios; financiamento; ordenamento organizacional; pessoal; infraestrutura;

transporte e logística; tecnologia da informação; arquivo e documentação; acervo

bibliográfico; material e patrimônio e gestão de segurança.

60

As Unidades Universitárias, juntamente com os órgãos complementares

comportam o ensino de graduação e de pós-graduação, pesquisa, criação e

inovação e de extensão universitária. Com relação ao ensino de graduação, a UFBA

dispõe de 112 cursos, com a oferta de 7.991 vagas, nas cinco áreas do

conhecimento. No ano de 2013, registrou-se um total de 33.019 alunos matriculados.

(UFBA, 2014a).

Neste mesmo documento consta que a pós-graduação dispõe de 122 cursos

stricto sensu, o que possibilitou a oferta de 3.036 vagas, no mesmo ano. No que

tange à pesquisa, criação e inovação, foram contabilizados, 523 grupos de pesquisa,

contando com 3.969 pesquisadores da UFBA e de outras instituições, 6.167

estudantes, 668 técnicos, atuando em 2.298 linhas de pesquisa.

O Sistema Universitário de Bibliotecas é responsável pela coordenação do

trabalho desenvolvido nas 21 bibliotecas da UFBA, sendo 4 universitárias; 12

setoriais; 4 especiais; 1 em campus avançado. O acervo da UFBA, em 2013 era

composto por 30.901 livros/exemplares, 19.046 periódicos/títulos e 9.460 materiais

especiais. O Sistema Universitário Editorial, juntamente com as pró-reitorias

acadêmicas vem realizando o Repositório Institucional, contabilizando, até então,

3.005 acessos e 12.502 documentos disponíveis. (UFBA, 2014a).

Ainda, no referido Regimento, são encontrados os registros das atividades de

ensino e pesquisa, a UFBA, na extensão universitária, na ordem de 847 ações,

englobando programas, projetos, cursos, eventos, prestação de serviços, produção

e publicação e outras modalidades, direcionadas à sociedade. As atividades

desenvolvidas, na Universidade Federal da Bahia, já mencionadas anteriormente,

envolvem as atividades docentes, num percentual de 84,2% de professores do

quadro permanente e 15,8% de professores substitutos temporários. (UFBA, 2014a)

Além disso, esta Universidade se ocupa com atividades duas novas

universidades criadas, no Estado da Bahia, supervisionadas pela UFBA: A

Universidade Federal do Oeste da Bahia, criada a partir do desmembramento do

Campus Reitor Edgard Santos, em Barreiras, e a Universidade Federal do Sul da

Bahia, conforme Relatório de Gestão de 2013. Há também uma proposta de criação

da Universidade Federal do Sudoeste da Bahia, a partir do desmembramento do

Campus Anísio Teixeira em Vitória da Conquista e ainda de um novo Campus da

UFBA em Camaçari.

61

A Universidade Federal da Bahia, também desenvolve atividades que só são

viáveis, em virtude das parcerias estabelecidas com outros órgãos do governo

federal, estadual, municipal, de empresas públicas e privadas e de agências de

fomento, como o Ministérios da Educação, da Saúde e da Ciência, Tecnologia e

Inovação; a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia e a Secretaria da Saúde do

Estado da Bahia; a Petrobrás e a Agencia Nacional do Petróleo. Assim, é possível a

realização de projetos de pesquisa, extensão, ensino e desenvolvimento

institucional. (UFBA, 2014a).

Além destas parcerias, foram assinados 56 novos acordos de cooperação

com universidades estrangeiras, a fim de desenvolver projetos de intercâmbio para

estudantes, docentes e técnicos, em países da América Latina, América Central,

América do Norte, África e Europa, de acordo com o texto do Relatório de Gestão de

2013. Isso tudo promove uma miríade de definições, ações, relações e informações

que vão interessar, não somente à comunidade acadêmica, mas ao público em

geral.

4.2 A IMPLEMENTAÇÃO DA LAI NA UFBA

Em 2011, foi aprovada a Lei de Acesso à Informação, mas só no ano seguinte

a LAI entrou em vigor e a partir dai a Universidade passou a cumprir as

determinações legais, disponibilizando novas estruturas e serviços. No site oficial,

foram disseminadas informações relacionadas à transparência ativa, incluindo as

informações sobre os serviços que a UFBA presta à comunidade, como por

exemplo, as atividades do Complexo Hospitalar Professor Edgard Santos, que faz

atendimento gratuito de saúde para a população em geral.

No que tange à transparência passiva, a Reitoria providenciou a implantação

do Serviço de Informação ao Cidadão, através do qual é possível prestar

informações ao solicitante, de forma presencial ou virtual, desde que o interessado

siga as orientações e atenda às exigências procedimentais e legais previstas. A

oferta de informações acerca da transparência passiva e ativa, na UFBA, ainda vem

ocorrendo de maneira dissociada: pelo SIC e pela Pró-Reitoria de Planejamento e

62

Orçamento, respectivamente, estando estas duas estruturas vinculadas diretamente

à Reitoria.

As mudanças, no campo jurídico, refletiram no PDI – 2012-2016, onde se

encontram as macropolíticas estabelecidas para a área meio da Universidade, como

a elaboração e a divulgação, no Portal da UFBA, da Carta de Serviços ao Cidadão,

documento assinado pela então Reitora, Dora Leal Rosa, assumindo o compromisso

de publicar os serviços que a UFBA presta à comunidade. No referido Plano, estão

previstos as diretrizes para a nova estrutura organizacional, como a criação de cinco

Superintendências e, ainda, algumas propostas para os Órgãos Estruturantes,

compostos de sistemas institucionais vinculados à Reitoria, destinados à gestão e a

execução de ações específicas da administração acadêmica.

No Regimento Interno da Reitoria, aprovado em 13/09/2013, foi apresentada

a nova estrutura interna da UFBA, estando a PROPLAN com a seguinte formação:

Coordenação de Planejamento, Coordenação de Orçamento e Coordenação de

Convênios e Contratos Acadêmicos. A primeira Coordenação ficará responsável por

três Núcleos: a) Núcleo de Planejamento, b) Núcleo de Estatística e Documentação

e c) Núcleo de Informação ao Cidadão.

O Núcleo de Informação ao Cidadão da PROPLAN irá absorver o Serviço de

Informação ao Cidadão, para gerenciar, de forma centralizada, as informações

relacionadas à transparência passiva e ativa, conforme pode ser visto no novo

organograma que estabelece esta nova relação hierárquica.

63

Figura 2 – Organograma da UFBA

Fonte: Site da PROPLAN e Regimento Interno da Reitoria, 2013.

Na figura 2, acima, aparece o organograma da Universidade Federal da

Bahia, onde constam os órgãos consultivos e deliberativos a administração central,

as unidades universitárias e outros órgãos da UFBA.

Na figura 3, abaixo, está representado o organograma da Pró-Reitoria de

Planejamento e Orçamento, com suas ramificações internas, onde pode ser

verificado que o Serviço de Informação ao Cidadão será transformado no Núcleo de

Informação ao Cidadão. Dessa foram, as atividades de transparência ativa e passiva

estarão sob a responsabilidade exclusiva da PROPLAN. O estudo Venciendo la

Cultura del Secreto, do Centro de Archivos y Acceso a la Información Pública

(CAINFO, 2011), citado por Angélico (2012) concluiu que os países que colocaram a

implementação da lei em um órgão central mostram melhores resultados.

64

Figura 3 – Organograma da PROPLAN

4.2.1 Dimensão Legal

A Lei 12.527 de 18 de novembro de 2011 garante ao cidadão o direito de

receber dos órgãos/entidades públicas, de todos os entes e todos os Poderes, as

informações desejadas, sem precisar justificativa do pedido. Dessa forma, a lei

regulamenta o que já estava previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º

do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal. Assim, este instrumento

legal permite o exercício da democracia, estimulando as práticas que favorecem a

transparência na administração pública, além de fortalecer a capacidade do cidadão

para cobrar e acompanhar as decisões do Governo. (BRASIL, 2011)

A LAI é composta de dispositivos gerais, aplicáveis a todos os

órgãos/entidades sob sua jurisdição, prevendo no seu Art. 42 que “o Poder

Fonte: Site da PROPLAN e Regimento Interno da Reitoria, 2013

65

Executivo regulamentará o disposto nesta Lei, no prazo de 180 (cento e oitenta)

dias, a contar da data de sua publicação.” Assim, torna o acesso à informação

passível de operacionalização, por ser constituída de princípios norteadores do

direito fundamental de acesso, com orientações gerais quanto aos procedimentos a

serem adotados pelo Poder Público, garantindo ao cidadão o exercício pleno do seu

direito. (BRASIL, 2011)

Nesse sentido, cabe a cada um dos Poderes e entes federativos, de acordo

com sua autonomia constitucional, adotar as providências para expedir suas

próprias regulamentações. No caso da Lei de Acesso à Informação, o Decreto nº

7.724, de 16 de maio de 2012 a regulamenta, no âmbito do Poder Executivo

Federal, definindo os procedimentos a serem adotados pelos órgãos/entidades, a

fim de garantir o efetivo acesso às informações públicas. A partir desta legislação, a

disponibilização de informações vem sendo amplamente formatada nos padrões de

dados abertos, facilitando o acesso para qualquer pessoa. (BRASIL, 2012)

Esse último instrumento legal orienta como deve ser feita a disponibilização

das informações na internet, em seções específicas e, também, elenca uma série de

publicações obrigatórias, tais como a remuneração de ocupantes de cargos,

empregos e funções públicas, incluindo dados como: auxílios, ajudas de custo e

outras vantagens pecuniárias. Além disso, determina a publicação dos contatos das

autoridades de monitoramento, bem como o telefone e o correio eletrônico do

Serviço de Informações ao Cidadão.

O SIC possibilita o cumprimento das normas de acesso e gestão da

informação, orientando procedimentos para a estruturação e funcionamento dos

órgãos/entidades. Com a vigência da LAI, qualquer cidadão, pessoa física ou

jurídica pode solicitar informações públicas, de forma presencial ou através da

plataforma web, e obter a resposta num prazo de 20 dias, prorrogáveis por mais 10

dias, totalizando, no máximo, um período de 30 dias para a aquisição da resposta ao

pedido. Com isso, a lei pretende assegurar o direito de saber, estimulando a

democratização da informação e fomentando a cultura de transparência. (BRASIL,

2012)

Dessa forma, tanto a Lei nº 12.527/2011, quanto o Decreto 7.724/2012

apresentam uma estrutura de transparência e trazem componentes legislativos,

conforme as proposições de Carter (2007). Assim as legislações supracitadas

66

garantem o direito constitucional de acesso a informações do governo e, ainda,

estabelecem procedimentos e regras específicas que permitem operacionalizar as

ações dos órgãos/entidades, facilitando a implementação da lei.

4.2.2 Dimensão Institucional

4.2.2.1 Política de Implementação

O Poder Executivo Federal decidiu elaborar um plano único de ação, a ser

implantado por seus órgãos/entidades, adotando algumas medidas que foram

fundamentais nessa fase do planejamento, como por exemplo, o envolvimento dos

dirigentes da alta cúpula nesse processo. A Casa Civil da Presidência da República

assumiu o papel de coordenação, desde o início, sobre todas as ações relativas à

implementação da LAI. (CGU, 2013).

Segundo informações da Controladoria-Geral da União (2013), este processo

foi iniciado com reuniões entre os Secretários-Executivos de todos os Ministérios,

envolvidos desde o início, com o compromisso de atender os principais dispositivos,

os prazos e os esforços necessários para a implementação da Lei de Acesso à

Informação, em tempo hábil. Para a condução dos trabalhos dentro do órgão, foi

solicitado que cada Secretário-Executivo indicasse um agente interlocutor que

pudesse participar ativamente da efetivação do processo.

Ainda baseado no 1º Balanço da CGU, este órgão de controle ficou

responsável pelo monitoramento e apoio aos órgãos/entidades, com a meta de

cumprir as etapas do cronograma de implementação. Com a intenção de garantir

que todos eles tivessem condições de atender às solicitações de informação dos

cidadãos, a partir da vigência da LAI, foi realizado um diagnóstico prévio de

possíveis demandas, a partir do interesse dos usuários, com base nas questões

pesquisadas nos canais de atendimento, como ouvidoria e fale conosco.

Na Universidade Federal da Bahia, a articulação e o desenvolvimento deste

trabalho foi atribuído à Sra. Lidia Maria Brandão Toutain, professora permanente do

67

Instituto de Ciência da Informação da UFBA, nomeada para a função de Autoridade

Responsável do Serviço de Atendimento ao Cidadão, mediante Portaria de número

051 de 16/04/2012, assinada pela Reitora Dora Leal Rosa.

Para orientar a implementação da LAI, na Universidade, a Autoridade do SIC

realizou e coordenou o “Mapeamento - Diagnóstico dos Arquivos das Unidades

Acadêmicas e Administrativas da UFBA”, baseado em padrões estabelecidos pelo

Arquivo Nacional. Este mapeamento foi, subdividido em quatro grandes módulos:

identificação, atividades de arquivo, acervo e infraestrutura e serviços, com o

objetivo principal de elaborar um diagnóstico dos arquivos das Unidades

Universitárias da UFBA. Uma das conclusões obtidas no mapeamento foi de que a

UFBA não apresenta uma gestão de documentos adequada. Isso, certamente, vai

repercutir negativamente para o sucesso da implementação da LAI, na UFBA.

Entretanto, as autoridades responsáveis pelo plano de implementação, isto é,

Autoridade Responsável pelo SIC e a Reitoria da Universidade Federal da Bahia

assumiram o compromisso de assegurar os recursos materiais e informacionais. A

CGU, também, adotou uma política de implementação, quando encomendou a

“Pesquisa Diagnóstico sobre Valores, Conhecimento e Cultura de Acesso à

Informação Pública no Poder Executivo Federal Brasileiro”, já mencionada

anteriormente.

4.2.2.2 Divulgação

Algumas medidas já vinham sendo adotadas, nos últimos anos, com as

publicações automáticas do governo. Após aprovação da lei, foi criada uma seção

específica denominada “Acesso à Informação”, na página oficial dos

órgãos/entidades, com um conjunto mínimo de informações obrigatórias para

disponibilização nos sites oficiais de todos os Poderes e esferas de governo. A CGU

padronizou um banner para facilitar a identificação e agilizar o acesso, numa área

específica, com estrutura uniformizada. (CGU, 2013).

Em atendimento às exigências legais, para a divulgação de informações que

não necessitam de demanda específica, ou seja, aquelas relacionadas à

transparência ativa, a Universidade Federal da Bahia, assim como os outros

68

órgãos/entidades, criou uma seção, com detalhamento da sua estrutura, das

nomenclaturas e dos conteúdos que disponibilizam informações sobre a

estruturação e o funcionamento organizacional, podendo ser visualizada no

endereço www.ufba.br, conforme pode ser conferido, abaixo:

Figura 4 – Portal da UFBA – Página principal

Fonte: Site www.ufba.br

Na figura 4, é possível encontrar dois caminhos para o mesmo assunto

“Acesso à Informação”, causando uma confusão acerca da área de acesso à

informação desejada. Um dos acessos ao Sistema de Informação ao Cidadão pode

ser feito através do ícone localizado no topo da figura, à direita, em letra amarela.

Para o acesso às informações divulgadas proativamente, o usuário deverá optar

pelo ícone “Acesso à Informação”, em letra branca, localizado no canto superior

esquerdo, onde encontrará informações sobre a instituição, à medida que o

interessado vai navegando nas seguintes seções:

Institucional – divulga o organograma da instituição, com a identificação dos

dirigentes, suas respectivas funções e agenda de atividades, bem como a legislação

que regulamenta o funcionamento da Universidade. Vale ressaltar que na agenda da

Reitoria da UFBA constam atividades realizadas no interstício de maio de 2012 até

setembro de 2013. Em acesso feito no dia 30/01/2014, foi percebida uma defasagem

de 4 meses dos eventos informados. Não houve atualização da programação nesta

69

mesma área revisitada, em 11/03/2014. O organograma, também está

desatualizado, pois ainda não constam as mudanças ocorridas na estrutura

organizacional, aprovadas no final de em 2012 pelo Regimento Interno da UFBA.

Ações e Programas – indica que serão divulgados os programas, projetos,

ações e atividades implementadas pela UFBA, mas estas informações não estão

disponibilizadas nesta seção, nem existe sinalização de onde encontrá-las.

Auditorias – aponta para informações relacionadas aos resultados de

inspeções, prestação e tomada de contas da UFBA. O link direciona o

interessado à página da Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento, onde

constam, dentre outras informações, o Plano de Desenvolvimento Institucional,

o Relatório de Gestão e os Processos de Contas Anuais. Todavia, tanto o PDI

quanto o Relatório de Gestão poderiam ser visualizados na seção de Ações e

Programas.

Convênios – demonstra os resultados dos repasses e transferências de

recursos financeiros efetuados pela UFBA, relativos às execuções

orçamentárias, licitações, convênios, contratos e diárias e passagens. Nesta

seção, constam as informações proposta com bastante detalhamento.

Despesas – apresenta informações sobre a execução orçamentária e

financeira da UFBA, com orientação de consulta avançada para as despesas de

diárias, gastos diretos e execução orçamentária. Nesta seção constam todas as

informações que foram anunciadas ao visitante. Entretanto, no espaço destinado às

informações sobre diárias e passagens consta o seguinte texto “No momento, esta

entidade ainda não divulga as informações de diárias e passagens. “Esta última

mensagem provoca um conflito de informações, tendo em vista que os dados sobre

diárias e passagens já estão disponibilizados na seção “Convênios”, mencionada

acima.

Licitações e Contratos – anuncia as licitações e contratos realizados pela

Universidade. Na área de licitações o usuário é redirecionado ao Portal de Compras

do Governo Federal - COMPRASNET, o que exige do usuário um conhecimento

sobre o Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais – SIASG. Já na

área de contratos, é permitido o acesso às informações dessa modalidade, de

acordo com a unidade gestora do contrato.

70

Servidores - Indica o endereço civil dos servidores públicos lotados ou em

exercício na UFBA, que pode ser acessado via Portal da Transparência. Nesta

seção, também, são divulgados os editais de concursos públicos para

provimento dos cargos na UFBA.

Perguntas Frequentes – anuncia acerca das respostas às perguntas mais

frequentes sobre a UFBA e ações no âmbito de sua competência, todavia não

viabiliza nenhum link de acesso direto ou indireto para estas informações, isto é,

esta seção, não apresenta as “perguntas freqüentes”, nem indica onde podem ser

encontradas.

Informações Classificadas – sinaliza o espaço destinado às informações da

UFBA que foram classificadas em algum grau de sigilo, de acordo com a LAI.

Contudo, informa que nenhum documento foi classificado com base na citada lei.

Em termos de divulgação da LAI propriamente dita, de forma mais

abrangente, outra medida para disseminar a Lei de Acesso à Informação destinada

à população, sobretudo aos servidores públicos, foi adotada pela Controladoria-

Geral da União quando lançou a cartilha denominada “Acesso à Informação Pública:

uma introdução à Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011”, que divulga a Lei

Brasileira de Acesso à Informação, dando uma visão geral sobre o direito de acesso

à informação. (CGU, 2011)

A cartilha pode ser utilizada como uma ferramenta de orientação no trabalho

dos servidores públicos, envolvidos no processo de implementação da Lei para o

atendimento das demandas do cidadão. A CGU, também, divulga a cartilha no seu

site http://www.cgu.gov.br/Publicacoes e em todos os eventos de capacitação

promovidos na área de acesso à informação. Foram distribuídas 261.600 cartilhas,

no ano de 2012, em eventos realizados pela CGU. A UFBA entregou cópia da

versão impressa da cartilha aos membros do seu quadro funcional, mas não é

possível saber se os servidores públicos leram a cartilha ou se a utilizam na sua

rotina de trabalho.

De acordo com as orientações de Neuman e Calland (2007), a melhor

abordagem para lidar com grandes quantidades de informação é fazer o maior

número possível de registros automaticamente e disponíbilizá-los

incondicionalmente.

71

4.2.2.3 Pessoal

O Gestor do SIC é uma pessoa indicada pelo dirigente máximo do

órgão/entidade para organizar e gerenciar o processo de implementação da LAI,

sendo responsável pela atualização e preservação dos dados e gestão da

informação, no Serviço de Informação ao Cidadão. A dirigente do SIC, também, está

responsável por regulamentações internas da sua unidade, pela resolução de

questões pontuais e, ainda, pelo levantamento de informações específicas a serem

prestadas aos órgãos de controle. (CGU, 2013).

Na Universidade Federal da Bahia, a Autoridade Responsável pelo Serviço de

Informação ao Cidadão é a professora Lidia Maria Brandão Toutain, atualmente

lotada no Departamento de Fundamentos e Processos Informacionais do Instituto de

Ciência da Informação/UFBA, onde atua no Programa de Pós-Graduação em

Ciência da Informação. Além disso, ela é Presidente e Coordenadora da Comissão

Permanente de Arquivo da UFBA e Representante da UFBA no Sistema de Gestão

de Documentos de Arquivo.

Segundo informação da profa. Lidia Toutain, os outros funcionários

autorizados a utilizarem o sistema são dois servidores do quadro permanente, um

deles é o responsável pela prestação de serviços de suporte técnico ao e-SIC, mas

é lotado no Arquivo da UFBA, trabalhando com os arquivos da ditadura, o outro

funcionário atende sobre as demandas do Serviço de Informação ao Cidadão. A

estrutura do SIC funciona com o apoio de dois estagiários, periodicamente

selecionados dos cursos de Arquivologia e Bliblioteconomia da UFBA, que vão

manter o funcionamento dos procedimentos do SIC e do sistema e-SIC ao

realizarem o cadastro de informações e respostas para os usuários.

O SIC faz o trabalho de intermediação da informação, portanto os pedidos

protocolados no sistema são enviados aos dirigentes das Unidades da UFBA,

capazes de responder aos questionamentos do cidadão. Nesta pesquisa, o termo

Unidade abrange a Administração Central, as Unidades Administrativas e

Acadêmicas e os Órgãos da UFBA, conforme já demonstrado no Quadro 5, que

totalizam 74 Unidades, sem levar em consideração os setores, departamentos e

outras subdivisões internas da instituição.

72

Fora da estrutura do SIC, estão os funcionários que trabalham na PROPLAN,

fazendo a publicação das informações proativas, ilustradas na figura 2, já

esclarecida na seção anterior. Nesta Pró-Reitoria, três pessoas executam as

atividades relativas à LAI: a Assessora, que se comunica com a CGU para orientar o

pessoal na condução das tarefas de implementação da lei, a Assistente que busca

das Unidades da UFBA as informações sobre os serviços prestados pela

Universidade e o Estagiário que trabalha na arquitetura do site e na publicação

automática das informações ativas da UFBA.

A Autoridade Responsável pelo SIC da UFBA é uma profissional que

ingressou na instituição em 1994, sempre atuando na área da Ciência da

Informação, o que lhe credencia para o cargo ocupado no Serviço de Informação ao

Cidadão. Sua formação e experiência a tornam capaz de fazer o reconhecimento

das demandas do usuário. Junto com sua equipe de trabalho faz a triagem e o

repasse dos pedidos de informação para as unidades internas da UFBA.

4.2.2.4 Treinamento

A preparação dos servidores públicos para a execução da LAI, assim que ela

entrasse em vigor, foi outro ponto trabalhado no processo de implementação. O

treinamento dos servidores teve como meta capacitar os órgãos/entidades para

cumprir os procedimentos da lei, ou seja, garantir que os primeiros pedidos dos

cidadãos fossem recebidos e que a LAI fosse reconhecida e legitimada pela

sociedade. (CGU, 2013)

Nesse sentido, a CGU desenvolveu ações de treinamento direcionadas em

duas frentes de atuação: a capacitação presencial programada para todos os

servidores que iriam atuar diretamente no SIC e para os responsáveis pelo

monitoramento da implementação da lei nos órgãos/entidades. O outro curso foi o

virtual, idealizado para os servidores públicos, independente da área de atuação, no

intuito de disseminar o conhecimento sobre os princípios do direito de acesso à

informação e acerca da Lei de Acesso à Informação brasileira. A CGU realizou o 15º

curso virtual entre os dias 10 e 13 de março de 2014, conforme informações

disponíveis em www.cgu.br, acesso em 12/03/2013.

73

Sobre o treinamento presencial, em nível nacional, foram programadas onze

turmas para o primeiro semestre de 2012, capacitando cerca de 700 servidores de

38 órgãos superiores, 80 entidades vinculadas e 52 estatais. Neste treinamento

foram tratados os princípios gerais de transparência e atendimento ao cidadão, bem

com sobre a Lei de Acesso à Informação, o Serviço de Informações ao Cidadão e a

Transparência Ativa. Já no curso virtual, foi feita uma sensibilização sobre a

importância da LAI e seus impactos no setor público. O curso à distância se propôs

a apresentar uma visão geral sobre a LAI e sobre a cultura de transparência e

acesso à informação pública, preparando um quantitativo de 6.026 servidores e

empregados públicos, até o final de julho de 2012. (CGU, 2013).

Na UFBA, a Autoridade Responsável pelo SIC recebeu orientação da CGU,

para implementação da lei, nesta Universidade, além de disponibilizar o

assessoramento da Controladoria, sobre qualquer dúvida, em qualquer fase do

processo de implementação. Os funcionários da PROPLAN, que tivesse suas

atividades vinculadas à LAI, ou seja, dois servidores e um estagiário, também foram

capacitados, com treinamento específico, num curso virtual para lidar com as

questões motivadas pela lei, inclusive para a sua implementação. A Secretária da

Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento fez o curso, já que exerce o duplo papel

de responder às demandas do SIC que são encaminhadas a sua Unidade e ainda

trabalha na equipe de transparência ativa. Foi preparada, também, a equipe

autorizada a trabalhar com o e-SIC, isto é, três servidores do quadro permanente,

mais dois estagiários e a Autoridade Responsável pelo SIC.

Entretanto, para o pessoal que trabalha nas Unidades da UFBA, respondendo

pelas demandas do SIC, a exemplo das Secretárias da Pró-Reitoria de Gestão de

Pessoas e da Pró-Reitoria de Graduação, não houve qualquer treinamento.

Segundo as entrevistadas, elas não tiveram nenhuma orientação específica para

desenvolver as atividades relacionadas à lei.

Na implementação da LAI é essencial o treinamento do pessoal, de acordo

com a função de cada um no processo de implementação, na visão de Carter

(2007). De acordo com a Escola Virtual da CGU, 55 servidores da UFBA

parrticiparam do curso virtual sobre a LAI. Para se ter uma ideia de

proporcionalidade, o quantitativo de pessoal da Universidade, em junho de 2014,

chegou a um total de 5.390 servidores ativos, nas categorias de docente, técnico e

74

administrativo, conforme dados do Sistema Integrado de Pessoal - SIP. Na lista

nominal, disponibilizada pela Controladoria, do pessoal da UFBA que fez o curso,

não consta nenhum servidor da Pró-Reitoria de Gradução, que é uma das unidades

da UFBA com o maior número de pedidos de informação, originados no SIC. O rol

das unidades mais requisitadas, para responder às demandas do SIC, está exposto

na seção 4.2.2.8 Superivão, mais adiante.

4.2.2.5 Recursos Financeiros e Materiais

As informações sobre os recursos financeiros e materiais não constam da

bibliografia documental utilizada nessa Dissertação, a exemplo dos Relatórios do

SIC e CGU. Então, esta seção foi construída a partir da resposta obtida mediante

um pedido de informação encaminhado ao e-SIC, pela autora. Assim, foram

contemplados dois propósitos: o primeiro em relação à resposta para os recursos

aplicados na implantação do Serviço de Informação ao Cidadão e o segundo acerca

do funcionamento do sistema e-SIC, para a solicitação de informação passiva.

A resposta veio da Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento, através do

sistema e-SIC, informando que não houve dotação orçamentária específica para a

implantação do Serviço de Informação ao Cidadão. Para o funcionamento desta

estrutura virtual e presencial a PROPLAN adquiriu material permanente, como

mobiliário e equipamento de informática, conforme planejamento anual de compra e

através de licitação, mediante legislação vigente. Mensalmente é fornecido material

de consumo necessário para as atividades de rotina.

Em uma das visitas realizada ao Serviço de Informação ao Cidadão que fica

localizado na Biblioteca de Saúde da UFBA, no Vale do Canela, foi possível verificar

que a estrutura física funciona com três computadores, uma impressora e um

telefone. Segundo informação da Autoridade Responsável pelo SIC, não há

problema de logística, nem falta de equipamento ou de material, pois tudo é

providenciado pela PROPLAN que, cuida da estrutura para o funcionamento a fim de

promover a transparência ativa e passiva. Dessa forma, considerando o

entendimento de Carter (2007) sobre apoio administrativo, a UFBA atende os

requisitos desejados para uma boa implementação.

75

4.2.2.6 Sistema de Informação

O Serviço de Informações ao Cidadão é um sistema criado pela

Controladoria-Geral da União e implantado no âmbito do Poder Executivo Federal, a

partir da vigência do Decreto 7.724/2012, para prestar atendimento presencial e

virtual, na sede dos órgãos/entidades, como um ponto de referência para o

atendimento aos interessados. Foi adotado o mesmo padrão visual para a

identificação, em local de fácil acesso, com telefones e endereços eletrônicos

exclusivos. (CGU, 2013)

Para viabilizar o envio das solicitações e das respostas, foi necessária a

criação de um sistema único, disponibilizado na web, que fosse de fácil visualização

e de acesso ao usuário. O Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão,

o e-SIC foi concebido e instalado como uma via de acesso para o protocolo de

entrada dos pedidos, no intuito de atender a qualquer pessoa, física ou jurídica, que

encaminhe uma solicitação de acesso à informação para órgãos/entidades,

mediante qualquer computador com acesso à internet. (CGU, 2013)

Através do sistema, desenhado para todos os órgão/entidades do Poder

Executivo, o requerente pode fazer sua solicitação, acompanhar o prazo de

atendimento pelo número de protocolo, gerado pelo sistema e receber a resposta do

seu pedido, por e-mail. Além disso, o interessado pode consultar as respostas

processadas, entrar com recursos, no caso de respostas negadas ou insuficientes e

apresentar reclamações, estando todas estas operações sob o monitoramento da

Controladoria-Geral da União.

A figura 4, abaixo, representa a página disponibilizada no site oficial da UFBA,

que dá acesso à área para formalizar o pedido de acesso à informação, no ícone

“Acesso à Informação”, devendo o usuário escolher, no menu, a opção SICs”. Esse

caminho a ser percorrido pelo interessado não é encontrado com facilidade, tendo

em vista a dupla via de acesso, visualizada na página inicial.

76

Figura 5 – Portal da UFBA – Serviço de Informação ao Cidadão

Fonte: Site www.ufba.br

Para o primeiro pedido de informação, o interessado precisa fazer um

cadastro, com dados pessoais obrigatórios e facultativos e estas orientações estão

bem definidas no formulário. Entretanto, esta área só será visualizada quando o

usuário selecionar a opção “Veja como:” “Pedir uma informação”, como demonstrado

na figura acima.

4.2.2.7 Procedimentos

A LAI estabeleceu obrigações para o atendimento dos pedidos de informação

que podem ser feitos por qualquer pessoa, sem necessidade de justificar o motivo

das solicitações. A legislação definiu procedimentos para viabilizar a solicitação da

informação, estabelecendo prazos, sendo de 20 dias para resposta, prorrogável por

mais 10 dias. Criou, também, mecanismos para o pedido de recurso, nos casos de

77

negativa de acesso, embora a lei reconheça ser necessária a preservação de

algumas informações que podem colocar em risco a segurança do próprio Estado ou

da sociedade, se forem divulgadas. (CGU, 2013)

Segundo a Autoridade Responsável pelo SIC, a solicitação de informação é

recebida pelos funcionários do SIC/UFBA, responsáveis pelo monitoramento da

questão. A partir do pedido de informação, eles adotarão as providências dos

encaminhamentos devidos para que a demanda seja analisada e respondida ao

requerente. Para os casos em que o cidadão ficar insatisfeito com a resposta, foram

estabelecidas instâncias para pedido de recurso, ampliando a credibilidade sobre o

direito de acesso. Além disso, pode ser apresentada uma reclamação, em caso de

omissão de resposta do órgão/entidade, depois de expirado o prazo de resposta

estabelecido pela LAI.

Inicialmente, o cidadão poderá recorrer à autoridade superior àquela que

respondeu o pedido de acesso. Caso persista insatisfeito com a resposta obtida, o

cidadão pode recorrer ao dirigente máximo do próprio órgão/entidade. Por exemplo,

na UFBA, o requerente vai recorrer ao Dirigente da Unidade da UFBA e,

posteriormente, poderá apelar para o Reitor da Universidade. Se permanecer a

insatisfação com a resposta obtida, ainda será possível recorrer à Controladoria-

Geral da União. Na hipótese de continuar insatisfeito com a decisão da CGU, o

cidadão pode recorrer à Comissão Mista de Reavaliação de Informações.

Com o objetivo de operacionalizar os pedidos de informação, foram criados os

ambientes: presencial e virtual, a fim de estabelecer uma conexão entre a sociedade

e o setor público, denominado Serviço de Informações ao Cidadão. Neste espaço,

constam detalhamentos de aspectos operacionais relativos à instalação e

funcionamento do SIC e do e-SIC, onde se processam os pedidos de acesso à

informação e os procedimentos de resposta por parte dos órgãos/entidades.

A formalização do pedido é feito a partir do cadastramento do cidadão que

deve preencher um formulário com alguns dados pessoais como, nome completo,

CPF, endereço residencial e eletrônico, e outras informações que são de

preenchimento opcional, tais como data de nascimento, sexo, escolaridade e

profissão, o que possibilita identificar o perfil do público solicitante. Caso o cidadão

prefira fazer a consulta de forma presencial, a solicitação da informação desejada

pode ser feita numa unidade física do SIC, ou por telefone, cabendo ao atendente

78

cadastrar o pedido no sistema, mediante formulário próprio, acompanhar o

andamento do pedido e prestar a informação ao cidadão sobre o procedimento e

resultado do seu pedido de acesso.

Para a realização das ações no sentido de promover as respostas a serem

prestadas pelas Unidades da UFBA, foi elaborado um fluxo interno específico que

possibilita a tramitação dos pedidos de acesso à informação. O SIC encaminha, por

e-mail, o pedido de informação à Unidade da UFBA competente para prestar a

informação solicitada. Mesmo que a mensagem tenha o prazo estabelecido para a

resposta, é muito comum a necessidade de ligações com cobranças sobre os prazos

de atendimento, tendo em vista os constantes atrasos no retorno das respostas por

parte das Unidades da UFBA.

4.2.2.8 Supervisão

O monitoramento é um procedimento sistemático realizado pela CGU, em

todos os órgãos da administração direta para garantir que as providências sejam

adotadas e cumpridas. Esse acompanhamento foi desenvolvido mediante o

relacionamento direto e contínuo entre a equipe da Controladoria e os interlocutores

designados em cada instituição e consistiu em um processo de ajuda, buscando

auxiliar na condução adequada dos procedimentos com o objetivo de superar as

dificuldades e cumprir os prazos.

Além do cronograma de providências, do monitoramento dos

órgãos/entidades, a Controladoria-Geral da União é responsável por manter o

funcionamento do e-SIC, implementar melhorias e orientar os órgãos do Poder

Executivo Federal e cidadãos sobre a utilização do sistema.

Na Universidade Federal da Bahia, o SIC também faz o monitoramente,

intermediando os pedidos de informação, que são encaminhados às Unidades

internas da UFBA e acompanhando as respostas até chegarem ao requerente. O

próprio sistema e-SIC gera protocolos e prazos para acompanhar os procedimentos,

mas não permite que sejam registrados maiores detalhes que facilitam o trabalho de

monitoramento.

79

Para atender a essa necessidade específica de detalhamento sobre os

encaminhamentos dos pedidos, controle dos prazos e das respostas, foi criado o

Request Tocker – RT. Este subsistema foi desenvolvido pela Superintendência de

Tecnologia e Informação da UFBA, a pedido da Autoridade Responsável do SIC,

para que pudesse efetuar o registro de dados, de forma mais detalhada, como por

exemplo o nome e contatos dos Dirigentes das Unidades da UFBA para onde os

pedidos de informações são direcionados. Outras informações como respostas

prontas, pendências sobre perguntas parcialmente respondidas ou em tramitação,

também são incluídas no RT, mas não é feito um tratamento das informações

produzidas nesse fluxo de informação.

Vale ressaltar que este subsistema ainda estava sendo testado, segundo a

autoridade responsável pelo SIC. Os dados retirados do relatório do sistema RT,

elaborado a partir dos pedidos de informação, formalizados pelos usuários do e-SIC,

no período entre agosto/2013 e fevereiro/2014, possibilitaram a extração de

informações, com quantitativos que foram organizadas nos quadros, abaixo. Nesse

período, foram formalizados 74 pedidos de informação, por diversos usuários. Esses

pedidos foram analisados pelos funcionários do SIC e encaminhados aos

destinatários, com a devida competência para responder às solicitações.

De acordo com esse relatório interno, intitulado “Tabela de Tramitação dos

Pedidos – SIC”, que permite um detalhamento maior que o relatório oficial do e-SIC,

das 74 solicitações de informação registradas, no intervalo de tempo acima citado,

19 delas tiveram suas respostas atendidas dentro do prazo e 4 perguntas foram

redirecionadas à órgãos externos à UFBA, como o MEC e o IBGE, restando 51

perguntas que foram encaminhadas às Unidades da UFBA.

Nesse mesmo relatório foram visualizados os conteúdos das perguntas

encaminhadas pelos interessados. A partir desses dados, foi possível elencar os

assuntos mais abordados e, por fim, relacioná-los às Unidades da UFBA, com

competência para fornecer as respostas. A lista, abaixo, dos destinatários dos

pedidos de informação, foi organizada por ordem decrescente, sendo que as três

primeiras Unidades relacionadas, isto é: Pró-Reitoria de Desenvolvimento de

Pessoas, Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento e Pró-Reitoria de Graduação

são as mais requisitadas para responderem às questões oriundas do SIC, com os

temas gerais das solicitações encaminhadas:

80

- Pró-Reitoria de Desenvolvimento de Pessoas (PRODEP) – concurso,

contrato para curso, programa de qualidade de vida, pensão e lotação de

servidores;

- Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento (PROPLAN) – recursos do

tesouro nacional, quantitativo sobre cursos, alunos e campi, relatório de

gestão, política de comunicação, prestação de contas, empenho, repasse

de verbas para o REUNI;

- Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) - concursos de discente,

revalidação de diploma, lista de aprovados no vestibular e cursos;

- Pró-Reitoria de Administração (PROAD) – contrato de prestação de serviço

e quantitativo de equipamentos;

- Serviço de Seleção, Orientação e Avaliação (SSOA) – concurso para alunos

e inscrição em cursos específicos;

- Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PROAE) – recebimento de bolsa e

verbas destinadas a projetos estudantis;

- Superintendência Administrativa (SAD) – sistema de protocolo, licitação e

contratos e vagas de estacionamento;

- Superintendência Acadêmica (SUPAC) – transferência de aluno;

- Serviço Médico Universitário Rubens Brasil (SMURB) - licença maternidade

para aluno;

- Faculdade de Educação (FACED), Faculdade de Filosofia e Ciências

Humanas (FFCH), Instituto de Letras (LET) e Instituto de Matemática (MAT)

– disciplinas dos cursos, conteúdo de disciplina, cursos a distancia,

formação de professores e pesquisa específica;

- Instituto de Ciências da Saúde (ICS) e Hospital Universitário Professor

Edgard Santos (HUPES) – pesquisa na área de saúde.

81

Com base nas temáticas questionadas, é possível verificar, de forma geral,

que os interessados em buscar informações a respeito da UFBA são servidores que

visam conhecer sobre qualidade de vida, lotação, pensão, licitação e contratos.

Existe um interesse, também, por parte de possíveis candidatos, em relação aos

cargos a serem ocupados, mediante concurso público. Há uma grande curiosidade

em saber sobre prestação de contas, empenhos, repasses de verbas e recursos do

tesouro nacional, embora não se possa inferir acerca de quem são as pessoas

interessadas nestes assuntos. Percebe-se, ainda uma grande variedade de

perguntas feitas por alunos e/ou vestibulandos com interesse em cursos, aprovação

em concurso de vestibular, revalidação de diploma e outros projetos estudantis.

As solicitações de informação, destinadas à Universidade Federal da Bahia,

no período de agosto/2013 a fevereiro/2014, estão demonstradas no quadro 7,

abaixo, para melhor compreensão do fluxo de informação, em termos quantitativos.

Foram 74 pedidos de informação, sendo 4 deles redirecionados e 51 em tramitação.

Apenas 19 pedidos de informação tiveram suas respectivas respostas enviadas aos

interessados.

Quadro 7 – Solicitação de Informação às Unidades da UFBA

Solicitações de Informação registradas no período de ago/2013 a fev/2014

Total de pedidos 74 Pedidos

redirecionados - 4 Pedidos em

Andamento – 51

Pedidos finalizados – 19

Fonte – Elaboração própria

Dos 19 pedidos finalizados, em virtude das respostas que o SIC encaminhou

aos usuários, apenas 7 delas foram enviadas dentro do prazo de 30 dias,

estabelecido pela lei, contra 12 respostas fora do prazo, legalmente estabelecido.

Quadro 8 – Respostas fornecidas pelas Unidades da UFBA e tempo de resposta

Prazo de resposta – Número de resposta

Dentro do prazo - 7 respostas

Atraso de 7 dias - 1 resposta

Atraso de 2 meses – 4 respostas

Atraso de 3 meses – 1 resposta

Atraso de 4 meses - 1 resposta

Atraso de 5 meses – 1 resposta

Atraso de 6 meses – 1 resposta

Atraso de 7 meses – 3 respostas

Fonte: Elaboração própria

Para as 51 questões, classificadas no grupo de pedidos em andamento,

protocoladas no período de agosto/2013 a fevereiro/2014, apenas 6 delas não foram

82

avaliadas quanto ao prazo de resposta, porque ainda estavam dentro do período

legalmente constituído, ou seja, a análise de todos esses dados ocorreu no início do

mês de março de 2014, portanto não havia decorrido o prazo de 30 dias previsto na

LAI, visto que estes 6 pedidos haviam sido protocolados, em meados de fevereiro de

2014. Então, excluindo os 6 pedidos de informação do grupo de questões em

andamento, restavam 45 questões que, no momento da análise destes dados, já

estavam com o prazo expirado, ou seja, já havia se passado os 30 dias, legalmente

estabelecidos pela LAI, para a resposta do questionamento feito pelo cidadão.

Uma das grandes dificuldades encontradas, pelo Serviço de Informação ao

Cidadão, é a falta de atendimento dos prazos pelas Unidades da UFBA, para dar

respostas aos pedidos de informação. Segundo a Autoridade Responsável pelo SIC,

professora Lidia Maria Brandão Toutain, um problema recorrente, identificado pelo

SIC, é a falta de feedback dos dirigentes, quando eles não dispõem da resposta

para a pergunta formulada. E, nos primeiros dois anos de aprovação da LAI, havia

uma demora maior no envio das respostas. Ultimamente, os prazos estão sendo

mais respeitados, segundo a entrevistada.

4.2.2.9 Avaliação

O Relatório de implementação da Lei de Acesso à Informação é um

instrumento de avaliação assegurado pela própria lei, no em seu artigo 41, inciso IV.

O primeiro relatório, elaborado pela CGU, referente ao período de 2011 a 2012

apresenta, brevemente, um panorama dos avanços na área da transparência pública

e esclarece sobre como foi o processo de preparação dos órgãos/entidades para a

implementação da LAI.

Nele constam os desafios encontrados pelo Poder Executivo Federal para

apresentar o plano de ação que previa a capacitação dos servidores, o

desenvolvimento do Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão (e-

SIC) e a alocação dos agentes responsáveis pela operacionalização da lei. O

primeiro Relatório publicado, em 2013, pela CGU analisa, também, os resultados do

levantamento dos pedidos de informação, órgãos mais demandados, das

83

solicitações por região geográfica e perfil dos solicitantes. Essas informações podem

ser visualizadas no site, conforme demonstra na figura 3, no menu “Publicações”.

Além disso, a Controladoria se comunica periodicamente com os servidores

designados para as atividades relacionadas à LAI e ainda aplica questionários,

direcionado à Autoridade Responsável do SIC, com perguntas sobre quais práticas

foram aplicadas em relação à implementação da LAI e quais as dificuldades

encontradas nesse processo, no intuito de analisar como o processo de

implementação da lei vem ocorrendo, na Universidade.

Outra forma de avaliação é feita através do monitoramento no próprio sistema

e-SIC, onde a CGU acompanha a atuação da UFBA, conferindo os pedidos de

informação, do inicio até o final do processo. Vale ressaltar que as informações de

conteúdo dos recursos impetrados não estão disponíveis na esfera de investigação

desta pesquisa. De qualquer forma, os dados numéricos estão disponíveis no site,

conforme apresentado no quadro 9, abaixo.

Quadro 9 – Relatório de Pedidos e de Recursos do e-SIC/UFBA

Ano Pedido Recurso ao

chefe hierárquico

Recurso à autoridade

máxima

Recursos à CGU

Recurso à CMRI

2012 86 14 4 3 0

2013 125 7 1 0 0

2014 59 0 0 0 0

Fonte – www.ufba.br/acessoaInformacao/Relatórios

No primeiro ano após a aprovação da LAI, em 2012, foram computados os

pedidos de informação a partir de maio até dezembro de 2012, considerando a

vigência da lei. No ano seguinte, foram computados os pedidos de todos os meses

do ano de 2013. Em 2014, foram incluídos, na estatística, apenas os pedidos de

informação dos primeiros meses do ano: janeiro e fevereiro de 2014. Com relação

aos pedidos de recurso, é possível verificar uma queda no quantitativo de 2013, em

relação a 2012, isto é, o cidadão está recorrendo menos às instâncias disponíveis.

De acordo com informações prestadas pela professora Lidia Maria Brandão

Toutain, a Controladoria-Geral da União não tem aplicado nenhuma penalidade para

os atrasos ocorridos na entrega das informações. A iniciativa de recorrer às

instâncias, conforme quadro 8, acima, é do cidadão requerente, caso ele não

84

obtenha a informação desejada. A falta de sanções ou de incentivos para servidores

públicos, na visão de Neuman e Calland (2007), certamente compromete os prazos

e cria dificuldades desnecessárias e injustificadas para os usuários.

4.2.3 Dimensão Social

Com a finalidade de pontuar a percepção do cidadão sobre o funcionamento

do sistema e-SIC, foi feito um simulado, com a formalização de pedidos, seguindo o

protocolo normal para a demanda de informações da Universidade Federal da

Bahia. Os participantes representam os cidadãos interessados em obter qualquer

informação governamental, sendo que os solicitantes foram: um profissional externo

à UFBA, um técnico-administrativo da Universidade, um estudante de outra

Instituição de Ensino Superior e um discente desta Instituição. Todos eles são

usuários comuns das ferramentas digitais, com habilidades para utilização de

aplicativos, tais como matricula web, envio de declaração de imposto de renda via

internet, além da participação em redes sociais.

A orientação feita pela autora foi para que o participante formulasse uma

pergunta, devendo solicitar a informação através do Serviço Eletrônico de

Informação ao Cidadão – e-SIC da UFBA e realizar esse procedimento, acessando a

página principal da Universidade Federal da Bahia.

Os participantes externos à UFBA gastaram cerca de 10 minutos mais do que

os participantes vinculados à UFBA, mas esse fato não interferiu na formalização do

pedido, pois todos eles foram até o final do procedimento. Entretanto, todos tiveram

dificuldade em identificar o local exato para registrar o pedido de informação on-line,

acessando, equivocadamente, e até fazendo download do formulário específico para

o cidadão que deseja entregar o pedido preenchido fisicamente, conforme pode ser

visualizado no texto final da figura 5, apresentada abaixo: “Formulário para pedido

de acesso à informação – Pessoa natural”.

O caminho correto a ser percorrido, pelo interessado, está sinalizado no

mesmo parágrafo, onde consta a seguinte frase: “Os pedidos de informação podem

ser encaminhados ao SIC através do Sistema Eletrônico de Serviço de Informação

ao Cidadão.” Entretanto não existe nenhum destaque, nessa área de acesso, que

85

seja capaz de chamar a atenção do usuário, no sentido de escolher essa opção para

o protocolo virtual do pedido de informação.

Uma das reclamações de todos os participantes foi, exatamente, a respeito da

dificuldade em localizar a área para formalizar o pedido de informação. Todos eles

afirmaram que esta seção poderia sinalizar, de forma mais chamativa, o caminho de

acesso para pedidos no formato digital, destacando a frase “Sistema Eletrônico de

Serviço de Informação ao Cidadão”. A figura 5, apresentada abaixo, mostra a tela

visualizada pelo usuário que deseja protocolar um pedido de informação,

direcionado à Universidade Federal da Bahia, através da web, no endereço:

www.ufba.br.

Figura 6 – Portal e-SIC – Serviço de Informação ao Cidadão

Fonte: Site www.ufba.br

Além disso, exceto o participante técnico-administrativo da UFBA, os demais

acharam que o site deveria ser mais amigável, isto é, ser mais didático para facilitar

86

a navegação. Outro problema comum a todos os participantes foi relativo ao

significado de “Órgão Superior Vinculado”, que é uma janela do formulário virtual

para preenchimento do órgão destinatário do pedido de informação, sendo nesse

caso a UFBA. Nesse espaço, o usuário estudante externo à UFBA, enviou,

equivocadamente, seu pedido para a Secretaria de Direitos Humanos.

Na opinião deste participante, na janela para preenchimento do “órgão

superior vinculado”, conforme pode ser visto na figura 6, abaixo, deveria constar

uma explicação sobre o seu significado ou uma denominação mais apropriada para

identificá-lo, como por exemplo “órgão destinatário da pergunta”. Além disso, o ícone

reservado ao preenchimento do destinatário do pedido de informação deveria sugerir

o nome da UFBA como uma primeira alternativa de órgão, no botão “Buscar”.

Figura 7 – Portal e-SIC – Pedido de Informação

Fonte: Site www.ufba.br

Como o sistema e-SIC é padronizado, num formato que permite sua utilização

por todos os órgãos/entidades do Poder Executivo, as perguntas podem ser

enviadas para qualquer um deles, mesmo que o cidadão tenha acessado o sistema

através da página da UFBA.

87

As dimensões elaboradas, a partir dos elementos propostos por Neuman e

Calland (2007) e Carter (2007) foram utilizadas para a análise dos dados, numa

proposição comparativa entre a teoria e a prática. A dimensão legal, representada

pela Lei 12.527/2011 e pelo Decreto 5.724/2012, está em consonância com a

proposta dos autores. A dimensão institucional está divida em indicadores que

atendem satisfatoriamente às recomendações dos autores, outros que

correspondem, parcialmente, às expectativas propostas e outros que não atendem

aos critérios de uma implementação bem sucedida. A dimensão social cumpre sua

função de disponibilizar o canal de acesso, mas requer alguns ajustes.

88

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho fez uma retrospectiva do cenário brasileiro, tomando por

base a Reforma do Estado, no sentido de evidenciar a redemocratização do país,

reforçada no texto da Constituição Federal/88 que deu o pontapé inicial sobre as

garantias de acesso à informação. A política de transparência já vinha sendo

exercitada no Brasil, através das medidas legais e institucionais, a exemplo da Lei

de Responsabilidade Fiscal e do Portal da Transparência, mas segundo Da Matta

(2011) esse marco regulatório, aprovado mais recentemente, estabelece uma

mudança no paradigma da transparência do Governo, na medida em assegura o

acesso como regra, e o sigilo como exceção.

A partir da vigência da LAI, qualquer cidadão passou a ter o direito de solicitar

acesso às informações governamentais da administração direta ou indireta, de todos

os poderes e entes da federação, estando, no âmbito do poder Executivo, todos os

passos monitorados pela CGU. Então, o objetivo desta pesquisa foi verificar o

processo de implementação da Lei de Acesso à Informação, na UFBA, sob a

perspectiva da oferta da informação. Esta instituição foi analisada, com base nos

requerimentos de Neuman e Calland (2007) e de Carter (2007), para uma

implementação bem sucedida. Estes requerimentos foram analisados à luz da

realidade da instituição em tela, de acordo com as dimensões legal, institucional e

social, mediante uma abordagem qualitativa que permitiu as seguintes conclusões:

Do ponto de vista da dimensão legal, a implementação da LAI foi bem

sucedida, já que a legislação traz um texto completo. Tanto a Lei 12.527/2011

quanto o Decreto 7.724/2012 apresentam orientações para a sua aplicação,

facilitando o entendimento e viabilizando a sua execução, embora tenha sido

necessário 23 anos, para que o país pudesse contar com uma Lei de Acesso à

Informação Pública. Segundo Jardim (2012), esse marco legal favorece a aplicação

dos princípios do direito à informação que já se faziam presentes na Constituição

Federal de 1988.

A nova legislação brasileira trouxe um texto bastante claro para o direito de

acesso. A LAI indicou a necessidade de classificação das informações, por grau de

sigilo e criou canais adequados para a submissão dos pedidos de informação, sem

89

custo para o cidadão ou com tarifas atreladas apenas à reprodução e à entrega da

informação. A própria legislação determinou a emissão de relatórios anuais para

tornar públicos os dados e índices a respeito da informação, ampliando ainda mais a

noção de publicidade, transparência e democracia.

Entretanto, a LAI é pouco conhecida, e um exemplo disso é que desde o inicio

desta pesquisa, excetuando as pessoas que trabalham na implementação da lei de

acesso à informação na UFBA, os demais servidores desta Universidade, com os

quais a pesquisadora teve contato, não sabiam da existência da referida lei, talvez

pelo fato dela ainda ser muito recente. Esta percepção é reforçada em virtude do

número reduzido de 74 pedidos de informação que foram efetuados, no período de

agosto de 2013 a fevereiro de 2014. Além disso, as temáticas de interesse dos

requerentes são por questões bem particulares, diminuindo a potencialidade e

abrangência da lei.

No que tange às recomendações sobre boas práticas para a implementação

da lei de acesso à informação, sob a perspectiva da dimensão institucional, a

Universidade Federal da Bahia adotou as medidas determinadas pela legislação,

designando o gestor responsável, respeitando os prazos para a instalação do

Serviço de Informação ao Cidadão e para a implementação da LAI. Além disso,

ampliou as atividades da Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento para a

execução do trabalho de transparência ativa.

Como todo processo de mudança, o sucesso na implementação de uma

proposta implica em muitos fatores, desde o planejamento estratégico das

lideranças, capacitação das pessoas envolvidas, avaliação dos procedimentos e

políticas para melhoramentos. Nesse sentido, a UFBA atendeu aos requisitos, de

acordo com os parâmetros estabelecidos, nos indicadores da Política de

implementação, dos Recursos financeiros e matérias e do Sistema de informação,

embora este último não atenda às expectativas do SIC, tendo em vista a

necessidade de criar um subsistema para acompanhar os pedidos de informação.

Os indicadores, Procedimentos e Avaliação, atendem às recomendações

estabelecidas nos parâmetros, considerando que não há interseção entre os nove

indicadores. Por exemplo, os problemas de insuficiência de orientação para os

servidores das unidades da UFBA, que respondem às demandas do SIC, tem uma

afinidade com os indicadores, acima mencionados, mas foi enquadrado no indicador

90

Treinamento. Outros dois exemplos, são o descumprimento dos prazos de resposta

e a falta da aplicação de penalidades, que foram abordados no indicador

Supervisão.

Continuando com a análise da implementação ocorrida, na UFBA, durante

estes dois anos, a partir da vigência da lei, isto é, maio de 2012, pode ser percebida

a ocorrência de falhas nesse processo, destacando o indicador Divulgação que

atende algumas questões da transparência ativa, mas requer várias reformulações

para atingir um nível satisfatório das exigências recomendadas. Algumas

providências precisam ser adotadas, em termos operacionais, para a busca por

informações, na web, a saber:

a busca da temática “Acesso à Informação” pode ser iniciada através de

dois caminhos, na página principal da UFBA e isso atrapalha a navegação

nesse site. O ideal seria fazer um redesenho da página principal, a fim de

disponibilizar uma única via para entrar no “Acesso à Informação” e, só

depois, subdividir os caminhos, em uma direção para as informações

proativas e outra para informações passivas.

a falta de dados, a desatualização de informações e a oferta de dados que

exigem conhecimento específico, contribuem para a opacidade das

informações prestadas pela UFBA, podendo comprometer a credibilidade

da proposta de disponibilizar informações. Por exemplo, no que tange à

transparência ativa, tratada na seção 4.2.2 Divulgação, alguns ajustes

precisam ser feitos acerca das informações de publicação proativa, pois

dos nove tópicos intitulados como “Institucional”, “Ações e Programas”,

“Auditorias”, “Despesas”, “Licitações e Contratos”, “Perguntas Frequentes”

e Informações Classificadas”, apenas dois tópicos: “Servidores” e

“Convênios” apresentam as informações pré-anunciadas, de forma clara,

objetiva e de fácil compreensão.

No que se refere ao indicador Treinamento, uma das falhas identificadas,

nesta pesquisa, foi a falta de capacitação do pessoal que trabalha com a oferta de

informações, nas Unidades da UFBA. Elas não recebem nenhuma orientação de

como proceder com as demandas do SIC, nem sobre o descumprimento da lei. Não

são submetidas a qualquer treinamento para proceder no tratamento adequado das

91

informações produzidas, a partir das demandas do SIC. Esse procedimento poderia

ajudar na gestão das informações e evitar novas consultas sobre informações já

prestadas, anteriormente, ou já disponibilizadas, automaticamente, no site da UFBA.

Quanto ao indicador Supervisão, percebe-se a ocorrência de falhas no

processo de implementação da lei de acesso à informação, nesta Universidade

sobre o descumprimento dos prazos das solicitações. Esta questão é bastante

relevante, devido a sua recorrência, podendo provocar um descrédito, por parte do

solicitante e, assim desestimular a participação do cidadão e, consequentemente,

enfraquecer a implementação, confirmando os receios de Neuman e Calland (2007)

no que diz respeito à demanda de informação.

O indicador Pessoal, atende às exigências determinadas, considerando

apenas os servidores da Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento e os

funcionários do SIC, envolvidos no fluxo de informação de transparência ativa e

passiva, respectivamente. Entretanto, não foi possível identificar, com esta pesquisa,

se o pessoal das Unidades da UFBA, responsável por atender às demandas do SIC,

estava preparado para desenvolver estas atividades.

Mesmo que um servidor de cada Unidade da UFBA tenha o perfil apropriado

e tenha sido capacitado para lidar com as demandas do SIC, não seria garantia de

sucesso no processamento do fluxo de informação, visto que, o encaminhamento do

pedido de informação, quando chega na Unidade da UFBA, é direcionado ao

servidor com competência para produzir a resposta e não para o servidor que tenha

feito o treinamento da CGU. Um exemplo disso é a Pró-Reitoria de Graduação que

recebe questionamento acerca de todos os cursos de graduação da UFBA, que

estão localizados nas 30 Unidades Universitárias.

Toda implementação é processual e, dessa forma, exige um tempo entre a

aplicação da lei, a execução das atividades regulamentadas e a avaliação dos seus

efeitos. A Lei de Acesso à Informação entrou em vigor em maio de 2012 e a UFBA

vem adotando medidas, desde então, para a viabilização das recomendações

propostas e ainda precisa de tempo para efetuar algumas mudanças, a exemplo do

novo Regimento Interno da Reitoria, aprovado em 13/09/2013, onde estabelece que

o Serviço de Informação ao Cidadão será subordinado à PROPLAN, o que,

possivelmente, provocará alterações na gestão da informação, podendo refletir em

consequências, que só serão reveladas em estudos futuros.

92

Vale ressaltar que algumas mudanças já foram observadas na página

www.ufba.br/acessoainformacao.gov.br, em acessos feitos no mês de julho de 2014,

após a análise dos dados desta pesquisa, como alteração das cores do site e da

distribuição dos ícones. O link “Faça seu pedido” ganhou destaque na tela, para a

formalização dos pedidos de acesso à informação. Outra mudança efetuada foi a

inclusão do ícone “Quer fazer uma denúncia?” para o cidadão que deseja denunciar

à CGU, o descumprimento da LAI. Entretanto estas alterações, feitas na referida

página, não comprometem as considerações aqui apresentadas.

Passando para a dimensão social, ela atende os critérios estabelecidos pelos

autores, no sentido da viabilizar o acesso permitido ao cidadão interessado, mas

precisa de alguns ajustes para facilitar a sua utilização, visando uma interação mais

aberta e participativa, conforme as recomendações de Pinho (2008). A orientação

dos usuários para utilizarem os procedimentos de formalização do pedido de

informação, no e-SIC, pode ser simplificada, se o caminho a ser navegado pelo

usuário for melhor sinalizado com um tamanho de letra maior, ou com uma cor de

fonte mais vibrante, para chamar a atenção do cidadão sobre o caminho do pedido

de informação, no formato digital.

Para uma opinião mais aprimorada, embora este estudo não tenha um caráter

comparativo, seria interessante uma investigação sobre o processo de

implementação da lei de acesso à informação em outras instituições,

preferencialmente de mesma natureza, a fim de balizar o fenômeno estudado na

UFBA. Todavia, o confronto entre os parâmetros teóricos propostos mediante os

autores que inspiraram o modelo de análise: Carter (2007) Neuman e Calland (2007)

e a realidade dos dados obtidos em campo, permite verificar a ocorrência de falhas

no processo de implementação da lei de acesso à informação, nesta Universidade.

Em se tratando das questões de consistência e tempestividade nas respostas

aos pedidos de informação, principalmente, quando os dirigentes não dispõem das

informações solicitadas, a implementação da LAI, nesta Universidade, está longe do

sucesso apregoado pelo Instituto internacional, embora disponha de um sistema e

de procedimento bastante moderno e democrático para processar os pedidos. A

situação é bem crítica quanto ao descumprimento do prazo, legalmente

estabelecido, para a resposta ao requerente, o que contraria a ideia da

93

transparência como elemento central da democracia, defendida por Angélico e

Teixeira (2012).

Nos casos de insatisfação com as respostas obtidas ou negadas, o cidadão

precisa entrar com recurso, direcionando sua reclamação às instâncias constituídas

e, para estes casos, a Controladoria-Geral da União não aplica qualquer penalidade.

As Unidades da UFBA, em algumas situações não conseguem produzir a resposta

para a pergunta demandada pelo SIC, mas não sofreram nenhuma sanção por esta

infração.

Entretanto, para corrigir estas ações inadequadas, seria necessário saber os

motivos geradores dos atrasos e da falta de informação para as respostas. Um dos

fatores que pode contribuir para o atraso e/ou falta das respostas às perguntas

originadas no SIC, seria a deficiência dos arquivos das Unidades da UFBA, de

acordo com o resultado do Mapeamento - Diagnóstico dos Arquivos das Unidades

Acadêmicas e Administrativas da UFBA.

Os dados aqui apresentados tornam visível a deficiência dos Arquivos nas Unidades da UFBA, onde tem percentuais baixos em itens importantes como recursos humanos, acervo, redes e sistemas, segurança, disponibilização de informação, permeada de dificuldades cada vez mais reconhecidas, principalmente após a implantação da Lei de Acesso a Informação. (TOUTAIN, 2013, p. 15 )

As Unidades da UFBA, mais demandadas pelo SIC, apresentam uma

limitação em relação aos recursos informacionais, pois seguem o mesmo padrão

identificado no diagnóstico realizado pela professora Lidia Toutain e isso pode

influenciar negativamente no processo de implementação da LAI. Esta questão da

gestão de informações governamentais não é recente, nem pontual visto que,

mesmo com a reorganização do governo, ocorrida na Reforma do Estado, conforme

Abrucio (2007), a administração pública enfrentou problemas para a organização

das informações existentes e para a criação de outras que não estavam

devidamente documentadas.

O SIC, também, ainda não consegue desenvolver um procedimento capaz de

reconhecer as necessidades do usuário, como por exemplo, na identificação das

demandas que se repetem, por perguntas originadas de cidadãos diferentes, ou no

registro da frequência destas perguntas. O tratamento destas informações permitiria

transformar transparência passiva em ativa, isto é, aquelas informações mais

94

procuradas pelos usuários poderiam ser disponibilizadas ao cidadão,

automaticamente. Essas medidas poderiam aproximar a UFBA de uma

administração pública accountable, considerando a perspectiva de Pinho e

Sacramento (2009).

A Universidade Federal da Bahia não está preparada para a aplicação dos

procedimentos necessários a fim de que a implementação aconteça efetivamente,

consequentemente ainda está muito despreparada para assumir um compromisso

com a transparência das informações. A Controladoria-Geral da União, embora

tenha um papel importante e inédito, conforme Loureiro et. al. (2012), de estimular a

participação social pela busca da transparência, vem exercendo, parcialmente, a

accountability, na perspectiva de Schedler (1999), apenas na dimensão da

answerability, que é a obrigação dos agentes públicos informarem o que estão

fazendo e porque estão fazendo, sem exercer o enforcement, que é a capacidade

desta agência de controle impor as sanções aos indivíduos, investidos no poder

público, que violarem as regras.

Esse comportamento organizacional confirma, em parte, o pressuposto de

que a UFBA vem implementando a Lei de Acesso à Informação para atender às

exigências legais, tendo em vista que esta instituição atende alguns requisitos

determinados na lei, mas não atinge todas as exigências legais. Enquanto isso, o

compromisso com o incremento da transparência fica impedido de se realizar, pois

demandaria uma eficiência maior desta instituição para atender às necessidades do

cidadão.

O resultado desses achados podem subsidiar o diagnóstico da situação da

Universidade Federal da Bahia e ajudar nas decisões necessárias à correção das

ações desenvolvidas no processo de implementação da LAI. Além disso, pode servir

como um fator de integração entre a administração pública e a comunidade, visto

que as respostas obtidas podem apontar para as mudanças de natureza

organizacional e, sobretudo, operacional necessárias à efetividade da

implementação da Lei de Acesso à Informação, na UFBA.

95

REFERÊNCIAS

ABRUCIO, Fernando Luiz. Trajetória recente da gestão pública brasileira: um

balanço crítico e a renovação da agenda de reformas. RAP, Rio de janeiro, Edição

Especial Comemorativa, 2007.

ANGÉLICO, Fabiano. Lei da Acesso à Informação Publica e seus possíveis desdobramento à Accountability democrático no Brasil. 2012. Dissertação (Mestrado) – FGV, São Paulo, 2012. ______ ; TEIXEIRA, M. A. C. Acesso à Informação e Ação Comunicativa: novo trunfo para a gestão social? Desenvolvimento em Questão, Editora Unijuí, v. 10, n. 21, set-dez. 2012. BAQUERO, M. Democracia formal, cultura política informal e capital social no Brasil. Opinião Pública, Campinas, vol. 14, n. 2, Nov. 2008, p.380-413. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/op/v14n2/05.pdf>. Acesso em: 17 set. 2012. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http:///www2.planalto.gov.br/presidencia/a-constituicao-federal > Acesso em: 10 set. 2013. ______. Lei do habeas data no 9.507, de 12 de novembro de 1997. Regula o direito de acesso a informações e disciplina o rito processual do habeas data. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 nov. 1997. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9507.htm> Acesso em: 10 set. 2013. ______. Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 mai. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp101.htm> Acesso em: 10 set. 2013. ______. Lei Complementar no 131, de 27 de maio de 2009. Acrescenta dispositivos à Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências, a fim de determinar a disponibilização, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 mai. 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp131.htm> Acesso em: 10 set. 2013. ______. Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 nov.

96

2011. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12527.htm > Acesso em: 04 abr. 2013. ______. Decreto no 6.932, de 11 de agosto de 2009. Dispõe sobre a simplificação do atendimento público prestado ao cidadão, ratifica a dispensa do reconhecimento de firma em documentos produzidos no Brasil, institui a “Carta de Serviços ao Cidadão” e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 ago. 2009. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6932.htm> Acesso em: 04 abr. 2013. ______. Decreto no 7.724, de 16 de maio de 2012. Regulamenta a Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011, que dispõe sobre o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do caput do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 mai. 2012 e retificado em 18. Mai. 2012. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Decreto/D7744.htm> Acesso em: 04 abr. 2013.

BRESSER- PEREIRA, L.C. Da Administração Pública burocrática à gerencial.

Revista do Serviço Público. Ano 47, vol.120, n.I, jan-abr. 1996. CAMPOS, Anna Maria. Accountability : Quando podemos traduzi-la para o português? Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro, v. 24, n. 2, fev./abr. 1990. p. 30-50. CARTER, Megan. FOI with bite: recipes for openness. In: V NTERNATIONAL

CONFERENCE OF INFORMATION COMMISSIONERS, Wellington, New Zealand,

2007.

CARVALHO, Maria Alice Rezende de. Cultura Política, Capital Social e a questão do déficit democrático no Brasil. In: VIANA, Luiz Werneck (Org.). A democracia e os três poderes no Brasil. Belo Horizonte: UFMG. Rio de Janeiro: IUPERJ/FAPERJ, 2002. p. 297-335. CONTROLADORIA- GERAL DA UNIÃO. Cartilha. Acesso à Informação Pública. Imprensa Nacional, Brasília, 2011. ______. 1º Balanço da Lei de Acesso à Informação no Poder Executivo Federal – período de 2011 a 2012, Brasília, 2013. Disponível em:<http://www.acessoainformacao.gov.br/publicacoes/index.asp>. Acesso em: 05 set. 2013. DA MATTA, Roberto. Sumário Executivo. Diagnóstico sobre Valores, Conhecimento e Cultura de Acesso à Informação Pública no Poder Executivo Federal Brasileiro. Disponível em:<http://www.acessoainformacao.gov.br/acessoainformacaogov/ publicacoes/SUMARIO_FINAL.pdf>. Acesso em 04 abr.2014 GODOY, Arilda Schmidt. Pesquisa Qualitativa em Estudos Organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. São Paulo: Saraiva, 2006.

97

JARDIM, José Maria. A Lei de Acesso à Informação Pública: dimensões político-informacionais. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, v. 5, n. 1, 2012. Disponível em:<http://inseer.ibict.br/ancib/index.php/tpbci/article/ viewFile/68/110>. Acesso em 04 abr.2014. LEMOS, Denise Vieira da Silva. Alienação no trabalho docente? o professor no centro da contradição. T2007. Tese (Doutorado) — UFBA, Salvador, 2007. LOUREIRO, M. R.; ABRUCIO, F.L.; OLIVIERI, C.;TEIXEIRA, M.A.C. Do controle interno ao controle social: a múltipla atuação da CGU na democracia brasileira. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 17, n. 60, Jan./Jun, 2012. MENDEL, T. Liberdade de informação: um estudo de direito comparado. 2008. Brasília: UNESCO, 2009. Disponivel em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001584/158450por.pdf. > Acesso em: 08 set. 2013. MOTA, Ana Carolina Yoshida Hirano Andrade. Accountability no Brasil: os cidadãos e os seus meios institucionais de controle dos representantes. 2006. Tese (Doutorado) — USP, São Paulo, 2006.

MULGAN, R. 'Accountability': an ever expanding concept? Public Administration, Autumn, v. 28, n. 3, p. 555-573, 2000. NEUMAN, Laura; CALLAND, Richard. Making the Law Work: The Challenges of Implementation.In: FLORINI, Ann (Ed). The Right to Know. New York: Columbia University Press, 2007. p. 179 - 213.

O’DONNELL, Guilhermo. Accountability Horizontal e Novas Poliarquias. Lua Nova, São Paulo, n. 44. p. 27-52, 1998.

______. IAZZETTA, Osvaldo e QUIROGA, Hugo (coords.). Democracia Delegativa. Prometeo. Buenos Aires, 2001. Disponivel em: <http://pt.scribd.com/doc/93258922/Democracia-delegativa-de-Guillermo-O-Donnell-Osvaldo-Iazzetta-y-Hugo-Quiroga-coords-Hernan-Pablo-Toppi. > Acesso em: 29 set. 2013.

PEREIRA, J.M. Reforma do Estado e Transparência: estratégias de controle da corrupção no Brasil. In: VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002. PINHO,J.A.G. Investigando portais de governo eletrônico de estados no Brasil : muita tecnologia, pouca democracia. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 42, n.3, p. 471-493, maio/jun., 2008.

______; SACRAMENTO, A.R.S. Accountability: já podemos traduzi-la para português? Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 43, n.6, p. 1343-1369, nov/dez, 2009.

98

PRADO, Otávio. Governo Eletrônico e transparência: olhar crítico sobre os portais do governo federal brasileiro. In: PINHO, A.J.G.(Org.). Estado, sociedade e interações digitais: expectativas democráticas. Salvador: EDUFBA, 2012. p. 13-39.

RIBEIRO, Denise de Andrade. Trajetetória institucional da Universidade Brasileira – a UFBA como reflexo e modelo. 2011. 279 f. Tese (Doutorado) — Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2011. RUDIGIER, M. A. Governo Eletrônico ou Governança Eletrônica – Conceitos Alternativos no Uso das Tecnologias de Informação para o Provimento de Acesso Cívico aos Mecanismos de Governo e da Reforma do Estado, 2002 SANTOS, Leidimar Cândida dos. O REUNI e a democratização da Universidade Federal da Bahia: estudo a partir das dimensões operacionale reestruturação curricular-pedagógica. 2013. 288f. Tese (Doutorado) — Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013. TESOURO NACIONAL. Serviço Federal de Processamento de Dados. Disponível em: < https://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt/conheca-o-siafi > Acesso em: 12 set. 2013. TOUTAIN, L, M. B. Brandão. Análise do Mapeamento - Diagnóstico dos Arquivos das Unidades Acadêmicas e Administrativas da UFBA, 2013. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA. Plano de Desenvolvimento Institucional. 2012-2016. Salvador: 2012. Disponível em: <www.ufba.br/sites/devportal.ufba.br/files/pdiufba_2012-16.pdf> Acesso em mar. 2012. _____. Relatório de Gestão 2011. Salvador: Proplan/UFBA, 2012. Disponível em:<http://www.proplan.ufba.br/ftp/relatorio_2011/relat_gestao_2011.pdf >. Acesso em mai. 2014. _____. Regimento Interno da Reitoria, 2013. Disponível em: <https://www.ufba.br/legislacao>. Acesso 27 mar. 2014. _____. Relatório de Gestão 2012. Salvador: Proplan/UFBA, 2013. Disponível em:<http://www.proplan.ufba.br/ftp/relatorio_2012/relat_gestao_2012.pdf >. Acesso em mai. 2014. _____. Relatório de Gestão 2013. Salvador: Proplan/UFBA, 2014a. Disponível em:<http://www.proplan.ufba.br/ftp/relatorio_2013/relat_gestao_2013.pdf >. Acesso em mai. 2014. _____. Estrutura. Salvador: UFBA, 2014b. Disponível em:<https://www.ufba.br/estrutura >. Acesso em 20 mar. 2014.

99

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em Administração. 7ª edição. São Paulo, Atlas, 2006. WEBER, Max. Os três tipos puros de dominação legítima. In: Metodologia das Ciências Sociais. Tradução de Augustin Wemet. São Paulo: Cortez, 1992. APÊNDICE A – Roteiro para entrevista com servidores das Unidades da UFBA que respondem I. IDENTIFICAÇÃO Nome do(a) servidor(a): Unidade da UFBA: Servidor efetivo: ( ) sim ( ) não Cargo: Tempo neste cargo: Função: Tempo nesta função: ll. QUESTÕES NORTEADORAS DA ENTREVISTA 1) Você foi designada, formalmente, para a atividade de responder às demandas do

Serviço de Informação ao Cidadão destinadas a esta Pró-Reitoria? 2) Você teve alguma orientação específica para realizar esta atividade? 3) Como chega até você as perguntas oriundas do SIC? 4) Você mesma faz a triagem das perguntas e redireciona para que o setor

competente providencie a resposta? 5) Como funciona esse processo: envio da pergunta, acompanhamento da

resposta? Você é quem estabelece o prazo para o feedback? 6) Você é quem responde ao SIC ? ou o próprio setor responsável pela resposta,

envia diretamente as informações ao SIC?

100

7) Os prazos estabelecidos pela lei estão sendo cumpridos? (20 dias) + (10 dias) 8) Você dá algum tratamento especial às informações direcionadas ao SIC? Por

exemplo: tem um arquivo específico para essas perguntas? Busca alguma forma de tratar ou gerenciar estas informações?

9) O acha que a forma como essa Pró-Reitoria vem atendendo ás solicitações do

SIC é adequada? 10) Você identifica alguma falha nesta rotina de trabalho? Qual seria a sua

recomendação, no sentido de melhorar essa rotina?

APÊNDICE B – Roteiro para entrevista com a Autoridade Responsável pelo SIC

Data: 10/03/2014

I. IDENTIFICAÇÃO Nome: Cargo/Função Tempo de Serviço: ll. QUESTÕES NORTEADORAS DA ENTREVISTA 1. Sua lotação/Unidade de trabalho continua sendo o Instituto de Ciência da Informação? 2. Como se deu a escolha do seu nome para o cargo de Autoridade Responsável

pelo SIC? 3. Como funciona o Serviço de Informação ao Cidadão? 4. Quem são e qual a função as/das pessoas que trabalham com você? 5. O pessoal teve algum treinamento? 6. O SiC fez algum tipo de planejamento antes de começar a funcionar? 7. E depois do SIC estar funcionando, vocês sentiram necessidade de efetuar

alguma mudança?

101

8. Quem faz o acompanhamento ou monitoramento desse trabalho? 9. Quais os problemas que você identifica no SIC, de um modo geral?

102

APÊNDICE C – Roteiro para entrevista com a Autoridade Responsável pelo SIC

Data: 07/04/2014 l. QUESTÕES NORTEADORAS DA ENTREVISTA

1. Foi verificado um atraso considerável para a resposta dos pedidos de informação do cidadão. O que acontece nesses casos?

2. Como proceder, nos casos de atraso das respostas?

3. Quem controla ou monitora esta situação?

4. Qual a penalidade, nos casos de atraso?

5. Existe alguma avaliação por parte da CGU para o SIC ?

6. Vocês tem algum feedback do órgão de controle (CGU)?

103

APÊNDICE D – Roteiro para entrevista com o cidadão interessado em informações da UFBA

I. IDENTIFICAÇÃO Nome: Ocupação: Perfil do usuário, a partir do uso da internet ou das ferramentas da informática: Conhecimento sobre a LAI e o SIC: ll. QUESTÕES NORTEADORAS DA ENTREVISTA/OBSERVAÇÃO Tempo de utilização para protocolar a pergunta, no SIC/UFBA: Dúvidas: Dificuldades: Impressões: Sugestão: