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CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO Secretaria de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas 1ª edição Brasília/2013 MANUAL da Lei de Acesso à Informação para Estados e Municípios BRASIL transparente

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  • CONTROLADORIA-GERAL DA UNIOSecretaria de Preveno da Corrupo e Informaes Estratgicas

    1 edio Braslia/2013

    MANUAL da Lei de Acesso Informao para

    Estados e Municpios

    BRASILtransparente

  • CONTROLADORIA-GERAL DA UNIO (CGU)

    Jorge Hage SobrinhoMinistro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da Unio

    Carlos Higino Ribeiro de AlencarSecretrio-Executivo

    Valdir Agapito TeixeiraSecretrio Federal de Controle Interno

    Jos Eduardo RomoOuvidor-Geral da Unio

    Waldir Joo Ferreira da Silva JniorCorregedor-Geral da Unio

    Srgio Nogueira SeabraSecretrio de Preveno da Corrupo e Informaes Estratgicas

    Equipe Tcnica:

    Texto

    Iranildo Nascimento da Costa, Larissa do Esprito Santo Andrade, Lianna Resende, Pepe Tonin, Michele Costa, Ziana Santos.

    Reviso

    Edward Lcio Vieira Borba, Larissa do Esprito Santo Andrade, Michele Costa.

    1 edio Abril de 2013

    SAS, Quadra 1, Bloco A - Edifcio Darcy Ribeiro, CEP 70 070-905 - Braslia/ DF.

    email [email protected]

    site http://www.cgu.gov.br/PrevencaodaCorrupcao/BrasilTransparente

  • Apresentao..............................................................................................5

    1. Acesso Informao: um direito humano fundamental..............................................6

    2. Importncia da garantia do acesso a informaes pblicas........................................6

    3. A Lei de Acesso Informao no cenrio internacional...............................................7

    4. Princpios para uma legislao sobre lei de acesso informao..............................8

    5. Transparncia Pblica no Brasil.........................................................................................9

    6. Lei brasileira de Acesso Informao (Lei n 12.527/11)............................................11

    7. Conceitos Importantes ......................................................................................................12

    8. Qual a abrangncia da Lei de Acesso Informao?...............................................13

    9. Princpios e diretrizes orientadores da Lei de Acesso Informao (Lei n 12.527/11)....................................................................................................................13

    10. Transparncia Ativa.........................................................................................................14

    10.1 Meios de Divulgao das Iniciativas de Transparncia Ativa....................................................15

    10.2 Como implementar aes de Transparncia Ativa no municpio?............................................16

    11. Transparncia Passiva (Sic fsico e eletrnico)............................................................17

    11.1 SIC Fsico...............................................................................................................................17

    11.2 SIC Eletrnico........................................................................................................................18

    11.3 Sistema e-SIC.........................................................................................................................19

    11.4 Como regulamentar e implementar o SIC fsico e o eletrnico?...............................................23

    12. Autoridade de monitoramento......................................................................................24

    13. Direitos do solicitante......................................................................................................26

    13.1 Pedido...................................................................................................................................26

    13.2 Cobrana de taxas.................................................................................................................27

    13.3 Acessibilidade.......................................................................................................................27

    13.4 Motivao .............................................................................................................................28

    13.5 Negativa de acesso................................................................................................................28

    14. Restrio do Acesso: informaes pessoais e informaes sigilosas.....................28

    14.1 Informaes pessoais.............................................................................................................29

    14.2 Informaes sigilosas.............................................................................................................30

    Sumrio

  • 15. Prazos..................................................................................................................................32

    16. Recursos.............................................................................................................................33

    17. Responsabilidades............................................................................................................34

    18. Atribuies da CGU com relao LAI........................................................................35

    19. Providncias para a implementao da LAI com base na experincia do Governo Federal....................................................................................35

    19.1 Regulamentao....................................................................................................................35

    19.2 Servio de Informao ao Cidado.........................................................................................36

    19.3 Dos recursos..........................................................................................................................37

    19.4 Autoridade de monitoramento...............................................................................................39

    20. Planejamento para a implementao da LAI local.....................................................39

    20.1 Providncia n 1 Grupo de Trabalho....................................................................................40

    20.2 Providncia n 2 Gesto da Informao...............................................................................40

    20.3 Providncia n 3 Transparncia Ativa...................................................................................42

    20.4 Providncia n 4 Transparncia Passiva...............................................................................44

    20.5 - Providncia n 5 Capacitao dos servidores ....................................................................45

    21. O trabalho da CGU aps a entrada em vigor da Lei n 12.527/2011 ......................46

    22. Sites de interesse..............................................................................................................47

    Apndice Como fazer um bom atendimento ao solicitante de informaes..........49

    O que atendimento?..................................................................................................................49

    Pblico Interno e Externo..............................................................................................................49

    Processo de Comunicao............................................................................................................49

    As Barreiras..................................................................................................................................50

    Dicas e tcnicas............................................................................................................................50

  • Apresentao

    Com a aprovao da Lei de Acesso Informao (LAI), o Brasil garantiu ao cidado o acesso amplo a qual-quer documento ou informao produzidos ou custodiados pelo Estado que no tenham carter pessoal e no estejam protegidos por sigilo. De cumprimento obrigatrio para todos os entes governamentais, essa Lei produz grandes impactos na gesto pblica e exigir, para sua efetiva implementao, a adoo de uma srie de medidas.

    Este manual busca trazer, de forma didtica e em linguagem simples, informaes sobre a LAI e orientaes aos gestores pblicos estaduais e municipais sobre as medidas necessrias para a efetiva implementao dessa Lei, bem como sua regulamentao. Pretende-se, com isso, apoi-los no aprimoramento da gesto pblica por meio da valorizao da transparncia, acesso informao e estmulo participao e ao con-trole social.

    O objetivo da Controladoria-Geral da Unio com esse Manual apoiar o gestor estadual e municipal no aperfeioamento da gesto, na melhoria da governana pblica e na correta aplicao dos recursos pbli-cos federais.

  • 61. Acesso Informao: um direito humano fundamental

    O direito de acesso informao um direito humano fundamental e est vinculado noo de democracia. Em um sentido amplo, o direito informao est mais comumente associado ao direito que toda pessoa tem de pedir e receber informaes que esto sob a guarda de rgos e entidades pblicas. Dessa forma, para que o livre fluxo de ideias e informaes sejam garantidos, extremamente importante que os rgos pblicos facilitem aos cidados o acesso a informaes de interesse pblico.

    A informao sob a guarda do Estado , via de regra, pblica, devendo o acesso a ela ser restringido apenas em casos especficos. Isto significa que a informao produzida, guardada, organizada e gerenciada pelo Estado em nome da sociedade um bem pblico. O acesso a essas informaes que compem docu-mentos, arquivos, estatsticas constitui-se em um dos fundamentos para o aprofundamento e consolida-o da democracia, ao fortalecer a capacidade dos cidados de participar mais efetivamente do processo de tomada de decises que os afetam.

    O direito de acesso informao impe dois deveres principais sobre os governos. Primeiro, existe o dever de receber do cidado pedidos de informao e respond-los, disponibilizando os dados requisita-dos e permitindo tambm que o interessado tenha acesso aos documentos originais ou receba as cpias solicitadas. Segundo, atribui um dever aos rgos e entidades pblicas de divulgar informaes de interesse pblico de forma proativa ou rotineira, independentemente de solicitaes especficas. Ou seja, o Estado deve ser, ao mesmo tempo, responsivo s demandas de acesso a informaes e proativo no desenvolvi-mento de mecanismos e polticas de acesso informao.

    2. Importncia da garantia do acesso a informaes pblicas

    A garantia do direito de acesso a informaes traz vantagens para a sociedade e para a Administra-o Pblica. De modo geral, o acesso s informaes pblicas um requisito importante para a luta contra a corrupo, o aperfeioamento da gesto pblica, o controle social e a participao popular.

    O acesso s informaes pblicas possibilita uma participao ativa da sociedade nas aes governamentais e, consequentemente, traz inmeros ganhos, tais como:

    Preveno da corrupo: com acesso s informaes pblicas os cidados tm mais condies de monitorar as decises de interesse pblico. A corrupo prospera no segredo. O acompanhamento da gesto pblica pela sociedade um complemento indispensvel fiscalizao exercida pelos rgos pblicos;

    Respeito aos direitos fundamentais: a violao aos direitos hu-manos tambm prospera em um ambiente de segredo e acontece com mais facilidade a portas fechadas. Um governo transparente propicia o respeito a esses direitos;

    Fortalecimento da democracia: lderes polticos so mais pro-pensos a agir de acordo com os desejos do eleitorado se sabem que suas aes podem ser constantemente avaliadas pelo pblico. Os eleitores tm condies de fazer uma escolha apropriada se tiverem informaes sobre as decises tomadas pelos candidatos no desempenho de seus cargos pblicos;

    Melhoria da gesto pblica: o acesso informao pode contri-buir para melhorar o prprio dia a dia das instituies pblicas, pois a partir das solicitaes que recebe dos cidados, os rgos podem

    Controle Social

    a participao do cidado na gesto pblica, na fiscalizao, no monitoramento e no controle da Administrao Pblica. Conhea mais sobre o assunto em: www.portaldatransparencia.gov.br/controleSocial

  • 7identificar necessidades de aprimoramentos em sua gesto documental, em seus fluxos de trabalho, em seus sistemas informatizados, entre outros aspectos que tornaro a gesto pblica mais eficiente;

    Melhoria do processo decisrio: quando o governo precisa tomar uma deciso, se o assunto for aberto para a participao do pblico interessado e de especialistas nas questes que esto sendo de-finidas, possvel obter contribuies que agreguem valor ao resultado.

    Esses e outros benefcios devem ser considerados pelos agentes pblicos para que o direito de acesso s informaes pblicas seja garantido e aperfeioado. Para que o regime de acesso apresente a efetividade desejada necessrio o engajamento e a contribuio de todos, desde os formuladores de polticas pbli-cas at os servidores que cotidianamente produzem e lidam com informaes.

    3. A Lei de Acesso Informao no cenrio internacional

    O acesso informao reconhecido como direito humano fundamental por importantes organis-mos da comunidade internacional. Desde sua origem, a Declarao Universal dos Direitos Humanos, adota-da pela Assembleia Geral da Organizao das Naes Unidas (ONU) em 1948, j previa em seu artigo 19:

    Todo ser humano tem direito liberdade de opinio e de expresso; esse direito inclui a liberdade de ter opinies sem sofrer interferncia e de procurar, receber e divulgar informaes e ideias por quaisquer meios, sem limite de fronteiras.

    Diversos outros atos internacionais, assinados pelo Brasil, reconheceram a importncia de garantir e pro-teger o direito informao. Veja trechos de alguns deles:

    Pacto Internacional dos Direitos Civis e Polticos (1966)

    Art. 19:

    Toda e qualquer pessoa tem direito liberdade de expresso; esse direito compreende a liber-dade de procurar, receber e expandir informaes e ideias de toda a espcie, sem considerao de fronteiras, sob forma oral ou escrita, impressa ou artstica, ou por qualquer outro meio sua escolha.

    Declarao Interamericana de Princpios de Liberdade de Expresso (2000)

    Item 4:

    O acesso informao em poder do Estado um direito fundamental do indivduo. Os Estados esto obrigados a garantir o exerccio desse direito. Este princpio s admite limitaes excepcio-nais que devem estar previamente estabelecidas em lei para o caso de existncia de perigo real e iminente que ameace a segurana nacional em sociedades democrticas.

    Conveno das Naes Unidas contra a Corrupo (2003)

    Artigos 10 e 13:

    Cada Estado-parte dever () tomar as medidas necessrias para aumentar a transparncia em sua administrao pblica () procedimentos ou regulamentos que permitam aos membros do pblico em geral obter () informaes sobre a organizao, funcionamento e processos de-cisrios de sua administrao pblica (...).

    Alm da evoluo quanto ao reconhecimento internacional do direito de acesso informao como um direito humano fundamental, outros fatores contriburam para a aceitao dessa prerrogativa. Destacam--se, a partir dos anos 90, a democratizao de vrios pases e os grandes avanos nas tecnologias de in-formao e comunicao, que mudaram completamente a relao das sociedades com a informao e o uso que fazem dela.

  • 8As possibilidades abertas em todo o planeta com o avano dessas tecnologias intensificaram a velocidade com que tanto os poderes pblicos quanto diversos outros setores da sociedade produzem informaes. Alm disso, intensificou-se, potencialmente, a velocidade e a eficincia com que os rgos pblicos podem fornecer informaes. Assim, a sociedade passou a ter meios mais concretos de controlar os atos gover-namentais, de cobrar dos lderes, de contribuir para os processos decisrios e, por conseguinte, passou a demandar do Estado mais informaes.

    Diante desse cenrio, o direito de acesso informao tem sido um assunto cada vez mais discutido em nvel global, tanto por especialistas, quanto pela sociedade civil e governos. Alm disso, o nmero de pases que possuem leis que regulamentam esse direito tem crescido ao longo dos ltimos anos. Enquanto em 1990 apenas treze pases haviam adotado esse tipo de lei, atualmente cerca de noventa pases de todas as regies do mundo j possuem leis nacionais de acesso informao. Alm do Brasil, pode-se citar: Cana-d, Mxico, Chile, Reino Unido, frica do Sul, ndia e Austrlia.

    Saiba maisA primeira nao no mundo a desenvolver um marco legal sobre acesso informao foi a Sucia, em 1766. Duzentos anos depois, os Estados Unidos aprovaram a sua Lei de Liberdade de Informao, conhecida como FOIA (Freedom of Information Act), que recebeu, desde ento, diferentes emendas visando a sua adequao passagem do tempo. Na Amrica Latina, a Colmbia foi pioneira ao estabelecer, em 1888, um Cdigo que franqueou o acesso a documentos de Governo. J a legislao do Mxico, de 2002, considerada uma referncia, tendo previsto a instaurao de sistemas rpidos de acesso, a serem supervisionados por um rgo independente.

    4. Princpios para uma legislao sobre lei de acesso informao

    O contedo das leis de acesso informao varia de um pas para outro. Mas alguns aspectos so recorrentes nas legislaes de diversos pases. Alguns desses tpicos so considerados, pelos especialistas do direito informao, como padres ou princpios que indicam o caminho a ser seguido por naes que pretendem elaborar suas leis especficas de garantia do acesso informao pblica, ou para as que precisam aperfeioar leis j existentes.

    Abaixo constam alguns dos princpios que orientam as melhores normas sobre acesso informao. Pos-teriormente, veremos de que maneira esses princpios se manifestam na lei brasileira:

    Mxima Divulgao

    O direito de acesso deve abranger o maior tipo de informaes e rgos possveis e tambm deve alcan-ar o maior nmero de indivduos possvel.

    Obrigao de Publicar

    Os rgos pblicos tm a obrigao de publicar informaes de grande interesse pblico, no basta apenas atender aos pedidos de informao formulados pelos interessados.

    Promoo de um Governo Aberto

    Os rgos pblicos precisam promover ativamente a abertura do governo. As diretrizes de um governo aberto estimulam a criao de processos e procedimentos governamentais mais transparentes. A mudana

  • 9de uma cultura de sigilo, que muitas vezes est incorporada ao setor pblico, para uma cultura de abertura essencial para a promoo do direito informao.

    Limitao das Excees

    As excees ao direito de acesso devem ser restritas e claramente definidas. Cada exceo deve estar fun-damentada em uma razo de interesse pblico, pois o sigilo s pode ser justificado em casos em que o acesso informao possa resultar em danos irreversveis sociedade ou ao Estado.

    Procedimentos que Facilitem o Acesso

    Os procedimentos estabelecidos pelo Estado para o acesso infor-mao devem ser simples e de fcil compreenso pelo cidado. Alm disso, os pedidos de informao devem ser processados com rapidez e em linguagem cidad, com a possibilidade de apresentao de recur-so em caso de negativa de fornecimento da informao.

    Moderao dos Custos

    As pessoas no devem ser impedidas de fazer pedidos de informao em funo dos custos envolvidos. As leis sobre acesso informao podem at prever o pagamento de taxas para o fornecimento de informaes, desde que sejam razoveis e aplicadas somente em situaes previamente definidas.

    5. Transparncia Pblica no Brasil

    Em um Estado Democrtico de Direito, a transparncia e o acesso informao constituem-se direitos do cidado e deveres da Administrao Pblica. Cabe ao Estado o dever de informar os cidados sobre seus direitos e estabelecer que o acesso informao pblica a regra e o sigilo, a exceo. Com a promoo de uma cultura de abertura de informaes em mbito governamental, o cidado pode par-ticipar mais ativamente do processo democrtico ao acompanhar e avaliar a implementao de polticas pblicas e ao fiscalizar a aplicao do dinheiro pblico.

    A garantia da transparncia e do acesso informao no um tema novo no Brasil: ao longo da histria brasileira, diferentes leis e polticas j contemplaram de maneiras variadas essa questo. A Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988, por exemplo, colocou o direito de acesso a informaes pblicas no rol de direitos fundamentais do indivduo. De incio, j no Ttulo I - Dos Direitos e Garantias Fundamen-tais, Captulo I Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, foi previsto no art. 5:

    Art. 5. Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:

    .................

    XIV - assegurado a todos o acesso informao e resguardado o sigilo da fonte, quando neces-srio ao exerccio profissional;

    ..................

    XXXIII - todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabili-dade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado.

    A partir da promulgao da Constituio de 1988, foram publicadas vrias leis, decretos e portarias que trataram de questes relacionadas ao acesso s informaes pblicas. Para citar algumas: a Lei que regu-

    Linguagem Cidad

    Na comunicao entre Administrao Pblica e cidado, a linguagem deve ser clara e objetiva. A meta garantir fcil entendimento de informaes e dados.

  • 10

    lamentou o rito processual do habeas data (Lei n 9.507/1997), a Lei do Processo Administrativo (Lei n 9.784/1999), a Lei que criou os preges presencial e eletrnico (Lei n 10.520/2002), o Decreto que criou o SICONV - Sistema de Gesto de Convnios e Contratos de Repasse (Decreto n 6.170/2007) e o Decreto que criou o carto de pagamento do Governo Federal e extinguiu o fim das contas tipo B - suprimento de fundos (Decreto n 6.370/2008).

    Alm dessas normas, outras duas ganham destaque para a garantia da transparncia e do acesso informao: a Lei de Responsabilidade Fiscal LRF ou Lei Complementar n 101/2000 e a Lei Complementar n 131/09.

    Em vigor desde 5 de maio de 2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) uma lei complementar que regulamenta o artigo 163 da Constituio Federal e estabelece as normas que orientam as finanas pblicas no Pas. Ela objetiva aprimorar a responsabilidade na gesto fiscal dos recursos pblicos, por meio de ao planejada e transparente que possibilite prevenir riscos e corrigir desvios que possam afetar o equilbrio das contas pblicas.

    Essa lei instituiu os instrumentos de transparncia da gesto fiscal planos, oramentos, leis de diretrizes oramentrias, prestaes de contas e parecer prvio, Relatrio Resumido da Execuo Oramentria e o Relatrio de Gesto Fiscal determinando que fosse dada ampla divulgao sociedade dessas informa-es. Esto sujeitos LRF os Poderes Executivo, Legislativo, inclusive Tribunais de Contas, e Judicirio, bem como o Ministrio Pblico e os rgos da administrao direta, fundos, autarquias, fundaes e empresas estatais de todas as esferas Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios.

    A edio da Lei Complementar n 131/09 acrescentou novos dispositivos Lei de Responsabilidade Fiscal, inovando ao determinar a disponibilizao, em tempo real, de informaes pormenorizadas sobre a exe-cuo oramentria e financeira da Unio, dos estados, do Distrito Federal e dos municpios, criando os conhecidos portais da transparncia.

    A Lei Complementar n 131/09 estabeleceu prazos diversos para o cumprimento de suas determinaes para Unio, estados, muncipios e DF. Contudo, at maio de 2013 todos os entes da federao devem estar adequados ao que a Lei define.

    Saiba mais sobre a Lei Complementar n 131, de 2009:Prazos para o cumprimento da Lei:

    Atmaiode2010:Unio,estados,DistritoFederalemunicpios,commaisde100mil habitantes;

    Atmaiode2011:municpiosentre50mile100milhabitantes;

    Atmaiode2013:municpioscommenosde50milhabitantes.

    Quais as penalidades para Estados e Municpios que no cumprirem a Lei Complementar n 131/2009?

    Conforme disposto na LC 131, o ente que no disponibilizar as informaes no prazo estabelecido fica impedido de receber transferncias voluntrias*.

    *Transferncias Voluntrias - Consistem na entrega de recursos correntes ou de capital da Unio a outro ente da Federao, a ttulo de cooperao, auxlio ou assistncia financeira, que no decorra de determinao constitucional, legal ou os destinados ao Sistema nico de Sade (LC n 101/2000, art. 25).

  • 11

    Abaixo segue o quadro com o histrico recente dos normativos que ampliam diretamente o direito de acesso informao, a partir da promulgao da Constituio Federal:

    Constituio Federal

    Lei de Responsabilidade Fiscal Lei Complementar n. 131

    1988 2000 2004 2007 2009 2012

    Decreto 6.170 - Regras para celebraode convnios com entidades sem fins lucrativos

    Portal da Transparncia Lei 12.527 - Acesso Informao

    Figura 1 - Histrico de normativos que ampliaram o acesso informao no Brasil

    Em atendimento ao estabelecido nessas normas, existe um quadro de iniciativas adotadas no mbito do Governo Federal para promover a divulgao de informaes sociedade, sobretudo em relao publi-cidade da aplicao de recursos governamentais. Um marco das polticas de transparncia implementadas foi a criao do Portal da Transparncia do Poder Executivo Federal, uma iniciativa da Controladoria-Geral da Unio lanada em novembro de 2004. O objetivo do Portal apoiar a boa e correta aplicao dos recursos pblicos ao possibilitar o acompanhamento e fiscalizao pela sociedade dos gastos pblicos.

    Por meio do Portal da Transparncia, sem necessidade de senha ou cadastro, possvel consultar os gastos do Governo Federal lanados at o dia anterior. Dessa forma, a sociedade pode colaborar com o controle das aes de seus governantes, no intuito de checar se os recursos pblicos esto sendo usados como deveriam.

    Outras iniciativas brasileiras que visam divulgao proativa de informaes pblicas tambm merecem destaque, tais como:

    Pginas de Transparncia Pblica: criadas em 2005, so pginas na Internet por meio das quais so divulgadas as despesas realizadas pelos rgos e entidades da Administrao Pblica Federal, informan-do sobre execuo oramentria, licitaes, contrataes, convnios, dirias e passagens;

    Sites Copa 2014 e Jogos RIO 2016 - Transparncia em 1 lugar: iniciativas que tm o objetivo de facilitar o controle social dos recursos pblicos que sero investidos para os jogos da Copa do Mundo de Futebol em 2014 e Jogos Olmpicos e Paraolmpicos de 2016 na cidade do Rio de Janeiro;

    Sistema de Gesto de Convnios e Contratos de Repasse (SICONV): sistema de acompanhamento e gesto de recursos da Unio transferidos via convnio ou contrato de repasse. Atravs desse sistema devem ser registrados todos os passos para a realizao da transferncia, como celebrao, liberao de recursos e acompanhamento da execuo. O acesso a essas informaes oferecido ao pblico, possibilitando o controle social dos recursos pblicos repassados via convnio.

  • 12

    6. Lei brasileira de Acesso Informao (Lei n 12.527/11)

    A Lei de Acesso Informao (LAI) entrou em vigor em 16 de maio de 2012 e tem como propsito regulamentar o direito consti-tucional de acesso dos cidados s informaes pblicas no pas. A Lei traz vrios conceitos e princpios norteadores do direito fundamen-tal de acesso informao, bem como estabelece orientaes gerais quanto aos procedimentos de acesso. Tais conceitos e princpios de-vem ser corretamente compreendidos pelos ocupantes de cargos e funes pblicas, de forma a garantir a qualquer interessado o pleno exerccio do direito constitucional de acesso informao de seu inte-resse particular ou de interesse coletivo ou geral.

    A LAI representa uma mudana de paradigma em matria de transpa-rncia pblica, pois define que o acesso a regra e o sigilo, a exceo.

    Qualquer pessoa, fsica ou jurdica, poder solicitar acesso s informaes pblicas, isto , aquelas no classificadas como sigilosas, conforme procedimento que observar as regras, prazos, instrumentos de controle e recursos previstos.

    7. Conceitos Importantes

    necessrio conhecer o significado de determinadas terminologias adotadas pela LAI para a sua compreenso plena:

    Informao Dados, processados ou no, que podem ser utilizados para produo e transmisso de conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato.

    Documento Unidade de registro de informaes, qualquer que seja o suporte ou for-mato.

    Informao Pessoal Aquela relacionada pessoa natural identificada ou identificvel.Informao Sigilosa Aquela submetida temporariamente restrio de acesso pblico em ra-

    zo de sua imprescindibilidade para a segurana da sociedade e do Estado.Tratamento da Informao

    Conjunto de aes referentes produo, recepo, classificao, utili-zao, acesso, reproduo, transporte, transmisso, distribuio, arquiva-mento, armazenamento, eliminao, avaliao, destinao ou controle da informao.

    Disponibilidade Qualidade da informao que pode ser conhecida e utilizada por indivdu-os, equipamentos ou sistemas autorizados.

    Autenticidade Qualidade da informao que tenha sido produzida, expedida, recebida ou modificada por determinado indivduo, equipamento ou sistema.

    Integridade Qualidade da informao no modificada, inclusive quanto sua origem, trnsito e destino.

    Primariedade Qualidade da informao coletada na fonte, com o mximo de detalha-mento possvel, sem modificaes.

    Saiba mais!

    O Decreto n 7.724/12 regulamenta a LAI. Importante destacar que esse Decreto no abrange toda a Administrao Pblica, referindo-se somente ao Poder Executivo Federal.

  • 13

    8. Qual a abrangncia da Lei de Acesso Informao?

    A nova legislao deve ser cumprida por todos os rgos e entidades da administrao direta e indireta, ou seja:

    Todos os rgos e entidades

    Federais / Estaduais / Municipais/ Distritais

    Todos os poderes Executivo / Legislativo / JudicirioToda a Administrao Pblica

    Direta (rgos pblicos) / Indireta (autarquias, fundaes, empresas pbli-cas, sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Unio, estados, Distrito Federal e/ou municpios)

    Alm das entidades governamentais, a LAI abrange as entidades privadas sem fins lucrativos que rece-bam recursos pblicos, para a realizao de aes de interesse pblico, diretamente do oramento ou mediante subvenes sociais, contrato de gesto, termo de parceria, convnio, acordo, ajustes ou outros instrumentos congneres. Neste caso, a publicidade a que esto submetidas refere-se parcela dos recur-sos pblicos recebidos e sua destinao.

    No entanto, a LAI prev que providncias relativas a instncias recursais, definio de autoridade de mo-nitoramento bem como procedimentos para instalao e funcionamento de Servios de Informao ao Cidado (SIC) devero ser regulamentados em legislao prpria, a ser elaborada em cada estado ou municpio.

    9. Princpios e diretrizes orientadores da Lei de Acesso Informa-o (Lei n 12.527/11)

    A Lei institui para toda a Administrao Pblica o princpio da publi-cidade mxima que estabelece a publicidade como preceito geral e o sigilo como exceo. Para garantir o exerccio pleno do direito de acesso previsto na Constituio Federal, as excees devem ser definidas de forma clara e de acordo com critrios definidos na Lei. importante tambm assegurar que todos os interesses de sigilo envolvidos sejam devidamente ponderados.

    Relacionamos a seguir os princpios mais relevantes contidos na LAI:

    1. Princpio da publicidade mxima: a abrangncia do direito a in-formao deve ser ampla no tocante ao espectro de informaes e rgos envolvidos, bem como quanto aos indivduos que podero reivindicar esse direito;

    2. Princpio da transparncia ativa e a obrigao de publicar: os rgos pblicos tm a obrigao de publicar informaes de interes-se pblico, no basta atender apenas aos pedidos de informao. O ideal que a quantidade de informaes disponibilizadas proativa-mente aumente com o passar do tempo;

    3. Princpio da abertura de dados: estmulo disponibilizao de dados em formato aberto;

    4. Princpio da promoo de um governo aberto: os rgos pbli-cos precisam estimular a superao da cultura do sigilo e promover

    Princpio da publicidade

    De acordo com a Constituio Federal, em seu art. 37, a publicidade um dos princpios a serem obedecidos pela Administrao Pblica, ao lado de legalidade, impessoalidade, moralidade e eficincia.

    Dado aberto

    um dado que pode ser livremente utilizado, reutilizado e distribudo por qualquer um. (Fonte: Open Definition)

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    ativamente uma cultura de acesso. preciso que todos os envolvidos na gesto pblica compreendam que a abertura do governo mais do que uma obrigao, tambm um direito humano fundamental e essencial para a governana efetiva e apropriada;

    5. Princpio da criao de procedimentos que facilitem o acesso: os pedidos de informao devem ser processados mediante procedimentos geis, de forma transparente e em linguagem de fcil compreenso, com a possibilidade de apresentao de recurso em caso de negativa da informao. Para o atendimento de demandas de qualquer pessoa por essas informaes, devem ser utilizados os meios de comunicao viabilizados pela tecnologia da informao.

    10. Transparncia Ativa

    A LAI contm comandos que fazem referncia obrigatoriedade de rgos e entidades pblicas, por iniciativa prpria, divulgarem informaes de interesse geral ou coletivo, salvo aquelas protegidas por algum grau de sigilo.

    A iniciativa do rgo pblico de dar divulgao a informaes de interesse geral ou coletivo, ainda que no tenha sido expressamente solicitada, denominada de princpio da Transparncia Ativa. Diz-se que, nesse caso, a transparncia ativa, pois parte do rgo pblico a iniciativa de avaliar e divulgar aquilo que seja de interesse da sociedade.

    Toda a LAI estimula a iniciativa de transparncia. Contudo, os artigos da LAI que fazem referncia expressa a iniciativas de Transparncia Ativa so:

    Art. 3. Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito fundamental de acesso informao e devem ser executados em conformidade com os princpios bsicos da ad-ministrao pblica e com as seguintes diretrizes:

    (...)

    II - divulgao de informaes de interesse pblico, independentemente de solicitaes;

    (...)

    Art. 8. dever dos rgos e entidades pblicas promover, independentemente de requerimen-tos, a divulgao em local de fcil acesso, no mbito de suas competncias, de informaes de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas.

    O artigo 8 da LAI, alm de estabelecer que a Transparncia Ativa dever dos rgos e entidades pbli-cas, delimita ainda um rol de informaes mnimas que devero ser objeto de iniciativas de transparncia pblica, quais sejam ( 1o do art. 8):

    I registro das competncias e estrutura organizacional, endereos e telefones das respectivas unidades e horrios de atendimento ao pblico;

    II registros de quaisquer repasses ou transferncias de recursos financeiros;

    III registros das despesas;

    IV informaes concernentes a procedimentos licitatrios, inclusive os respectivos editais e resul-tados, bem como a todos os contratos celebrados;

    V dados gerais para o acompanhamento de programas, aes, projetos e obras de rgos e entidades e;

    VI respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.

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    Relao no exaustivaObserve que a relao de informaes listada no artigo 8 da LAI no exaustiva, ou seja, no so somente estas informaes que devero ser objeto de iniciativas de transparncia pblica. A relao delimita as informaes mnimas que devero ser divulgadas, cabendo ao rgo ou entidade pblica definir outras informaes que possam ser de interesse coletivo ou geral e que devero ser objeto de iniciativas de Transparncia Ativa.

    No caso do Governo Federal, alm de todos os dados relacionados no rol mnimo, o acesso a outras informaes adicionais foi franqueado no Portal da Transparncia:

    Relao de Ocupantes dos Imveis Funcionais da Unio;

    Cadastro de Empresas Inidneas e Suspensas - CEIS;

    Valores dos Recursos Repassados a Estados e Municpios;

    Remunerao e Subsdios (recebidos por ocupante de cargo, posto, graduao, funo e emprego pblico, incluindo auxlios, ajudas de custo, jetons e quaisquer outras vantagens pecunirias, bem como proventos de aposentadoria e penses daqueles que estiverem na ativa, de maneira individualizada);

    Resultados de auditorias, inspees, prestaes e tomadas de contas realizadas nos rgos ou enti-dades, entre outras.

    Como se v, o princpio da Transparncia Ativa no se esgota no cumprimento do artigo 8 da LAI, mas um exerccio permanente do rgo ou entidade pblica de avaliao das informaes que possam ser de interesse coletivo e que, portanto, devero ser objeto de divulgao.

    VantagensA Transparncia Ativa gera benefcios tanto para o cidado, que com o acesso prvio informao no precisa acionar os rgos e entidades pblicas e esperar o tempo necessrio para a resposta, quanto para a Administrao, pois gera economia de tempo e recursos. Quanto mais informaes so disponibilizadas de forma ativa, menor ser a demanda de pedidos de informao.

    10.1 Meios de Divulgao das Iniciativas de Transparncia Ativa

    A LAI definiu tambm, em seu texto, o canal obrigatrio para a divulgao das iniciativas de Trans-parncia Ativa: a Internet. Tal obrigatoriedade est insculpida no 2o do artigo 8 da Lei:

    2. Para cumprimento do disposto no caput, os rgos e entidades pblicas devero utilizar todos os meios e instrumentos legtimos de que dispuserem, sendo obrigatria a divulgao em stios oficiais da rede mundial de computadores (internet).

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    Dessa forma, ainda que outros meios (panfletos, cartazes, impressos, etc.) venham a ser utilizados para a divulgao das informaes relacionadas no 1o do artigo 8 - assim como outras informaes de interesse coletivo ou geral que vierem a ser produzidas - obrigatoriamente elas devem estar disponveis na Internet, em sites de acesso informao especialmente criados com essa finalidade ou no Portal da Transparncia do estado/municpio.

    Os portais na internet criados para dar divulgao s informaes definidas na LAI como objeto de Trans-parncia Ativa devero atender a alguns requisitos, estabelecidos no 3o do artigo 8 da LAI, quais sejam:

    I - conter ferramenta de pesquisa de contedo que permita o acesso informao de forma ob-jetiva, transparente, clara e em linguagem de fcil compreenso;

    II - possibilitar a gravao de relatrios em diversos formatos eletrnicos, inclusive abertos e no proprietrios, tais como planilhas e texto, de modo a facilitar a anlise das informaes;

    III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos em formatos abertos, estruturados e legveis por mquina;

    IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estruturao da informao;

    V - garantir a autenticidade e a integridade das informaes disponveis para acesso;

    VI - manter atualizadas as informaes disponveis para acesso;

    VII - indicar local e instrues que permitam ao interessado comunicar-se, por via eletrnica ou telefnica, com o rgo ou entidade detentora do stio e;

    VIII - adotar as medidas necessrias para garantir a acessibilidade de contedo para pessoas com deficincia, nos termos do art. 17 da Lei n 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9 da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia, aprovada pelo Decreto Legislativo n 186, de 9 de julho de 2008.

    Os requisitos exigidos para os portais na internet precisam ser elaborados de forma a facilitar o acesso dos cidados s informaes, prevendo a existncia de ferramentas de busca e garantindo que as informaes disponibilizadas possam ser amplamente utilizadas.

    Exceo ao uso da InternetMunicpios com populao de at 10.000 (dez mil) habitantes ficam dispensados da divulgao obrigatria na Internet do chamado rol mnimo de informaes previsto no 1 do art. 8 da LAI.

    10.2 Como implementar aes de Transparncia Ativa no municpio?

    preciso definir quais informaes sero disponibilizadas na Internet, atentando para o cumpri-mento no s do que traz o artigo 8 da LAI como tambm das informaes relacionadas na Lei Comple-mentar n 131/2009.

    Aps a definio de quais informaes devero ser divulgadas, preciso estabelecer o meio pelo qual tais informaes sero publicadas, lembrando que, no caso de municpios com mais de 10 mil habitantes, este meio dever, obrigatoriamente, incluir a Internet.

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    Caso a Internet seja o meio obrigatrio, necessrio que seja elaborada uma pgina ou site que abrigue todas essas informaes, nos moldes definidos pela LAI.

    Para mais detalhes sobre a implementao das aes de transparncia em seu estado/municpio, verifique o captulo denominado Planejamento para a implementao da LAI local, ao final desse Manual.

    11. Transparncia Passiva (Sic fsico e eletrnico)

    Assim como estabelece mecanismos da chamada Transparncia Ativa, a LAI estabelece procedi-mentos e aes a serem realizados pelos rgos e entidades pblicas de forma a garantir o atendimento ao princpio da Transparncia Passiva.

    A Transparncia Passiva se d quando algum rgo ou ente demandado pela sociedade a prestar infor-maes que sejam de interesse geral ou coletivo, desde que no sejam resguardadas por sigilo. A obriga-toriedade de prestar as informaes solicitadas est prevista especificamente no artigo 10 da LAI:

    Art. 10. Qualquer interessado poder apresentar pedido de acesso a informaes aos rgos e entidades referidos no art. 1 desta Lei, por qualquer meio legtimo, devendo o pedido conter a identificao do requerente e a especificao da informao requerida.

    Dessa forma, alm de disponibilizar informaes que o estado/municpio julgue ser de carter pblico e de interesse coletivo, tambm dever do ente garantir que as informaes solicitadas pela populao sejam atendidas.

    Figura 2 - Transparncia ativa e transparncia passiva. Fonte: Escola Virtual da CGU

    11.1 SIC Fsico

    A fim de melhor garantir o direito de acesso informao, a LAI previu o estabelecimento de um local prprio para a instalao de um Servio de Informaes ao Cidado (SIC) fsico, descrito no inciso I do artigo 9 da Lei:

    Art. 9. O acesso a informaes pblicas ser assegurado mediante:

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    I - criao de servio de informaes ao cidado, nos rgos e entidades do poder pblico, em local com condies apropriadas para:

    a) atender e orientar o pblico quanto ao acesso a informaes;

    b) informar sobre a tramitao de documentos nas suas respectivas unidades;

    c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a informaes.

    Nesse artigo, a LAI define que os SICs devem contar com uma estrutura que apresente condies para orientar e atender pessoalmente o pblico, informar sobre a tramitao de documentos e protocolizar requerimentos de acesso a informaes e documentos em geral.

    No mbito do Poder Executivo Federal, o SIC uma unidade fsica existente pelo menos na sede de todos os rgos e entidades do poder pblico, em local identificado e de fcil acesso, pronto para atender o cidado.

    Figuras 3 e 4 - SICs do Ministrio do Planejamento e do Ministrio da Previdncia Social

    A despeito de a LAI prever que a regulamentao dos SICs estaduais e municipais fique a cargo de cada um desses entes federados, certo que todos eles devem contar com estruturas fsicas que permitam o atendimento presencial ao cidado.

    Dessa forma, o que o texto da Lei deixou para ser regulamentado por estados e municpios so aspectos operacionais relativos ao funcionamento do SIC, tais como: locais e horrios de atendimento, regras de atendimento, entre outros detalhes no estabelecidos taxativamente na LAI para os mbitos municipal e estadual, mas necessrios ao processo de atendimento ao cidado.

    11.2 SIC Eletrnico

    Alm da obrigatoriedade de um SIC fsico, a LAI estabelece ainda que os rgos e entidades pbli-cas proporcionem meios aos interessados para que estes possam encaminhar pedidos de informao por meio da Internet. A maioria dos rgos busca uma ferramenta de recebimento de pedidos de informao

    Compete a cada estado e municpio, em legislao prpria, obedecidas as normas gerais estabelecidas na LAI, definir regras especficas quanto criao e funcionamento do Servio de Informao ao Cidado (art. 45 da LAI).

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    que, alm de ser um balco de atendimento virtual, seja tambm uma ferramenta de gerenciamento dos pedidos de informao, o que auxilia o trabalho da gesto da informao.

    Nesse tipo de servio o interessado pode, por meio da Internet, fazer o pedido de informao que julgar necessrio. A resposta ao pedido tambm pode ser realizada, pelo rgo pblico demandado, pela Inter-net. A prestao desse servio pela rede de computadores se mostra uma forma gil e fcil de atender ao solicitante, que pode obter as informaes necessrias sem precisar sair de casa.

    A existncia desse servio tambm se mostra vantajosa para a prpria Administrao Pblica, pois com uma maior demanda de pedidos pela Internet, menores so os investimentos necessrios para o funcio-namento de um SIC fsico. Alm disso, o gerenciamento dos pedidos de informao feitos pela Internet facilitado, pois os dados j so organizados de forma inteligente e fornecem informaes teis tambm para o gestor pblico, por meio de relatrios gerenciais que revelam: perguntas mais frequentes, setores mais demandados, atendimento a prazos, recursos impetrados, entre outros dados.

    Nos casos em que j exista uma lei local sobre acesso informao, possvel estabelecer em Decreto ou em outra norma infralegal os procedimentos necessrios implantao do SIC fsico e eletrnico - se tais aspectos no tiverem sido contemplados no texto legal. Alm do Decreto publicado pelo governo federal para orientar seus rgos (Decreto n 7.724/2012), diversos outros estados e municpios publicaram sua prpria regulamentao.

    11.3 Sistema e-SIC

    A fim de atender s determinaes da LAI, a CGU desenvolveu para todos os rgos da Admi-nistrao Direta e Indireta ligadas ao Governo Federal o e-SIC (http://www.acessoainformacao.gov.br/sistema). O e-SIC um sistema eletrnico que funciona como porta de entrada nica para os pedidos de informao, a fim de organizar e facilitar o processo, tanto para o cidado quanto para a Administrao Pblica Federal. Inclusive os pedidos que forem feitos pessoalmente por meio dos SICs (Servio de Infor-maes ao Cidado), instalados fisicamente em todos os rgos e entidades do Governo Federal, tambm so registrados no e-SIC.

    O e-SIC permite que qualquer pessoa, fsica ou jurdica, encaminhe pedidos de acesso informao para rgos e entidades do Poder Executivo Federal. Por meio do sistema, alm de fazer o pedido, possvel acompanhar o prazo pelo nmero de protocolo gerado e receber a resposta da solicitao por e-mail; entrar com recursos, apresentar reclamaes e consultar as respostas recebidas. O e-SIC tambm possi-bilita aos rgos e entidades e CGU, acompanhar a implementao da Lei e produzir estatsticas sobre o seu cumprimento, com a extrao de relatrios com dados referentes a todas as solicitaes de acesso informao e seus respectivos encaminhamentos.

    A Controladoria-Geral da Unio responsvel por manter o pleno funcionamento do e-SIC, implementar melhorias e orientar os rgos do Poder Executivo Federal e cidados sobre a utilizao do e-SIC.

    O e-SIC um sistema que funciona na Internet e centraliza todos os pedidos de informao amparados pela Lei n 12.527/2011 que forem dirigidos ao Poder Executivo Federal, suas respectivas vinculadas e empresas estatais.

    O Sistema permite ao cidado:

    Registrar pedidos de informao;

    Acompanhar pedidos de informao: trmites e prazos;

    Realizar Reclamaes;

    Entrar com recursos;

    Consultar respostas recebidas.

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    O Sistema permite aos rgos, vinculadas e estatais:

    Cadastrar equipe do SIC autorizada a usar o sistema;

    Acessar e responder as solicitaes realizadas;

    Acompanhar os prazos para respostas;

    Solicitar prorrogao de prazo para resposta;

    Reencaminhar pedidos a outros rgos;

    Obter estatsticas de atendimentos;

    Acompanhar e responder reclamaes e recursos.

    importante ressaltar que o sistema disponibilizado destinado somente entrada e sada dos pedidos de acesso, ou seja, os pedidos devem ser inseridos no sistema e suas respectivas respostas devem ser encaminhadas ao cidado via sistema. Ou seja, o sistema no abrange o fluxo interno de documentos de cada rgo, entidade ou estatal. Logo, o cidado ter a informao de que o pedido est em tramitao, sem detalhar o caminho percorrido dentro do rgo.

    O fluxo de informaes dentro do Sistema assim: o SIC recebe um e-mail do sistema entrada sobre a existncia de um pedido de informao e toma as providncias de acordo com o seu prprio fluxo interno. De posse da resposta, encaminha ao cidado via sistema sada.

    No Poder Executivo Federal, todos os pedidos de acesso informao realizados no mbito da Lei n 12.527/2011 so inseridos no Sistema, independente do meio utilizado para encaminhar a resposta. O sistema a garantia que o solicitante tem de que os procedimentos previstos na Lei sero atendidos. E, para o rgo, a segurana de que cumpriu adequadamente seu papel.

    Para utilizar o e-SIC, os servidores precisam estar cadastrados no sistema em um dos perfis de usurio: Gestor SIC, Cadastrador ou Respondente.

    Um Gestor SIC responsvel pela atualizao dos dados dos SIC do seu rgo e das entidades a ele vinculadas. Ele tambm responsvel por autorizar outros servidores a utilizarem o sistema na forma de cadastradores, ou mesmo de respondentes. Estatais tambm tem um Gestor SIC prprio. A CGU o responsvel por fazer o primeiro cadastro do Gestor SIC e alterar o cadastro, caso necessrio. Aps o cadastramento do gestor, este fica responsvel pelas alteraes posteriores.

    Um cadastrador uma pessoa responsvel por cadastrar e gerenciar pessoas que iro usar o sistema para receber solicitaes e respond-las. Um cadastrador autorizado por um Gestor SIC a utilizar o sistema nesse perfil.

    Um respondente uma pessoa que gerenciar pedidos no sistema. Ela pode consult-los, encaminh-los, prorrog-los, export-los para diferentes formatos e, claro, respond-los. Um respondente dever ser autorizado pelo cadastrador ou gestor SIC a utilizar o sistema nesse perfil.

    No caso dos servidores que vo operar o e-SIC, o cadastro realizado pelo Gestor SIC ou Cadastrador, conforme explicado acima. Para tal, necessrio o Nome Completo, CPF, o telefone e o endereo ele-trnico institucionais.

    No caso do cidado, ele dever preencher um formulrio com as seguintes informaes:

    Nome Completo*

    CPF*

    Nmero de Documento de Identificao*

    Data de Nascimento

    Sexo

    Escolaridade

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    Profisso

    E-mail*

    Confirmao de E-mail*

    Endereo*

    Pas, UF, Cidade e CEP*

    Telefone de Contato

    * obrigatrias

    As informaes assinaladas com asteriscos so obrigatrias no e-SIC utilizado pelo Governo Federal. Se o cidado tiver acesso Internet e desejar acompanhar o pedido ou realizar novos pedidos atravs do e-SIC, dever preencher o seu nome de usurio e senha.

    Caso o cidado no tenha acesso Internet, ele dever fazer o seu cadastro na unidade fsica do SIC - ou por telefone. Neste caso, somente a equipe da unidade fsica do SIC Gestor do rgo destinatrio poder acompanhar e informar o cidado sobre o andamento do pedido de acesso.

    O servidor pblico tambm poder se cadastrar como cidado no e-SIC e realizar pedidos de informa-o, mesmo que j esteja cadastrado como gestor SIC, cadastrador ou respondente. Nestas situaes, necessrio inserir um endereo eletrnico pessoal e a numerao de um documento de identificao diferente do CPF.

    Procedimentos para realizar um pedido de acesso informao

    No Governo Federal, os procedimentos para realizar pedidos de informao so:

    Pedido eletrnico: a pessoa acessa o e-SIC, faz o seu cadastro e escolhe seu nome de usurio e a senha de acesso. Em seguida, acessa o sistema com seu nome de usurio e senha, indica o rgo para o qual deseja direcionar seu pedido, registra o pedido por meio do preenchimento do formulrio de solicitao e recebe um nmero de protocolo, que o comprovante do cadastro da solicitao via sistema.

    Pedido fsico: a pessoa se dirige unidade fsica do SIC do rgo ou entidade para o qual preten-de solicitar a informao, preenche o Formulrio de Pedido de Acesso especfico (pessoa natural ou pessoa jurdica), e aguarda a insero da solicitao no e-SIC pelo servidor responsvel, que vai lhe entregar o nmero de protocolo, que o comprovante do cadastro da solicitao. Ou seja, mesmo os pedidos fsicos so necessariamente inseridos no sistema e-SIC.

    De forma mais detalhada, este procedimento realizado na forma descrita a seguir:

    1. Para realizar o pedido o cidado dever identificar no e-SIC o rgo para o qual pretende enviar a solicitao.

    2. Em seguida, ser necessrio identificar a sua preferncia do meio para o recebimento da resposta ao seu pedido de informao. Pode ser que ela no esteja disponvel naquela opo, mas se estiver, o rgo encaminha a resposta ao requerente atendendo forma por ele especificada.

    3. Aps esta etapa, o pedido de informao registrado no campo Descrio. Se necessrio, o cidado poder adicionar anexos para complementar o seu pedido de informao. So aceitos at 5 anexos, com at 2 megabytes cada um.

    4. Uma tela com o nmero de protocolo gerado ser disponibilizado e uma mensagem eletrnica ser encaminhada para o SIC do rgo destinatrio.

    No momento em que o pedido de acesso for inserido no sistema ser gerada uma numerao nica de processo (NUP), a qual ser enviada para o solicitante e, juntamente com o pedido de acesso, para o SIC destinatrio. O NUP uma numerao nica atribuda ao protocolo da solicitao de acesso informao

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    e constitudo de quinze dgitos e dois dgitos de verificao. Logo, o nmero atribudo ao processo ser composto por 17 dgitos separados em grupos:

    Ex.: 00000.000000/0000-00

    O primeiro grupo, de 5 dgitos, identifica o rgo superior solicitado (ministrio ou estatal) e que se trata de um pedido de acesso informao. O segundo grupo, constitudo de seis dgitos, um cdigo numrico serial atribudo a cada pedido e , portanto, a identidade nica daquele pedido.

    Ou seja, por meio desses 11 dgitos possvel identificar que se trata de um pedido feito a um rgo ou a uma de suas vinculadas, bem como verificar o contedo do pedido. Os 4 nmeros subsequentes indicam o ano da solicitao e os dois dgitos finais so dgitos verificadores.

    Conforme a LAI, o rgo dever responder a uma solicitao de informaes, que no esteja disponvel imediatamente, em at 20 dias.

    Com o intuito de facilitar o acompanhamento dos pedidos que devem ser respondidos, o Sistema e-SIC, desenvolvido pelas CGU, envia para cada SIC um nico e-mail dirio com o alerta sobre os pedidos que estejam a 05 (cinco) dias do encerramento do prazo de atendimento e sobre aqueles com o prazo expirado.

    No momento que a resposta inserida no sistema, o e-SIC encaminha um e-mail ao cidado com um informe e disponibiliza o boto para o cidado se desejar entrar com o recurso de 1 Instncia. Para tanto, basta selecionar o tipo de recurso e justificar o motivo da discordncia. Se necessrio, tambm possvel anexar at 5 arquivos de 2 megabytes cada para embasar o recurso. Caso o cidado deseje soli-citar as demais instncias de recurso, o procedimento ser idntico ao acima explanado.

    O boto de reclamao est disponvel no e-SIC quando o rgo no responde a solicitao e o prazo para resposta j estiver esgotado. Caso o rgo solicite prorrogao do prazo, o boto de reclamao estar disponvel aps o trmino dos 30 dias.

    O e-SIC permite ainda o reencaminhamento de um pedido para o SIC competente, quando o solicitante tenha especificado um rgo que no o responsvel por aquela informao.

    O manual para utilizao do e-SIC e mais orientaes sobre como fazer um pedido de acesso informa-o esto disponveis em http://www.acessoainformacao.gov.br/sistema/.

    Os rgos federais j possuem uma pgina especfica para atender s obrigaes de Transparncia Passiva prevista na Lei de Acesso. O link est localizado na pgina principal de cada rgo ou entidade identificado com o nome: Acesso Informao. Outra forma de acessar essa pgina procurar pela logo:

    Figura 5 - Logo que identifica E-SIC no Poder Executivo Federal Na internet

    Se quiser conhecer como a pgina est estruturada acesse: www.acessoainformacao.gov.br

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    Essa a pgina elaborada pelo Poder Executivo Federal para que todos os pedidos de informao dirigidos a essa esfera de poder possam ser feitos (e respondidos) pela Internet:

    Figura 6 - Pgina do E-SIC do Poder Executivo Federal

    No mbito do Programa Brasil Transparente, criado pela CGU para dar apoio aos estados e municpios na implementao da LAI, disponibilizado o cdigo-fonte do programa e-SIC utilizado pelo governo federal. O cdigo-fonte gratuito e pode ser usado livremente por estados e municpios, atendidos alguns requisi-tos mnimos estabelecidos em Termo de Adeso. Para mais informaes, acesse o site do Programa Brasil Transparente www.cgu.gov.br/brasiltransparente.

    Para mais detalhes acerca da implementao do SIC fsico e eletrnico, verifique o captulo denominado Planejamento para a implementao da LAI local, no final desse Manual.

    11.4 Como regulamentar e implementar o SIC fsico e o eletrnico?

    SIC Fsico - No Governo Federal, vrios rgos tiveram que adequar sua estrutura fsica e quadro de servidores a fim de atender s determinaes da LAI. No Ministrio da Justia, por exemplo, algumas das adaptaes necessrias foram divulgadas pelo rgo:

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    Figura 7 - Notcia extrada do site http://blog.justica.gov.br/inicio/tag/sic/

    Como se l na notcia, para que o SIC funcionasse a contento, foi preciso que o Ministrio:

    definisse quais funcionrios ficariam responsveis pelo atendimento ao cidado;

    definisse que o espao destinado ao protocolo fosse reformado e adequado para receber o pblico;

    promovesse a identificao do espao;

    disponibilizasse moblia adequada;

    alterasse a porta de acesso, para permitir a entrada dos solicitantes sem necessidade de identificao para entrada no prdio;

    estipulasse o horrio de atendimento.

    Alm disso, foram definidos os procedimentos a serem adotados quanto ao recebimento dos pedidos de acesso realizados em unidades do MJ localizadas em diversos pontos do Pas.

    Assim como o Ministrio da Justia, todos os rgos do Governo Federal providenciaram as adaptaes (quando necessrias) para que fosse implementado o SIC fsico.

    12. Autoridade de monitoramento

    A figura denominada Autoridade de Monitoramento foi estabelecida pela LAI em seu artigo 40, no mbito da administrao pblica federal:

    Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigncia desta Lei, o dirigente mximo de cada rgo ou entidade da administrao pblica federal direta e indireta designar autoridade que lhe seja diretamente subordinada para, no mbito do respectivo rgo ou entidade, exercer as seguintes atribuies.

    Cabe autoridade mxima designada, em cada rgo, exercer diversas funes, tambm descritas nos incisos do artigo 40, quais sejam:

    I assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso informao, de forma eficiente e

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    adequada aos objetivos desta Lei;

    II monitorar a implementao do disposto nesta Lei e apresentar relatrios peridicos sobre o seu cumprimento;

    III recomendar as medidas indispensveis implementao e ao aperfeioamento das normas e procedimentos necessrios ao correto cumprimento do disposto nesta Lei; e

    IV orientar as respectivas unidades no que se refere ao cumprimento do disposto nesta Lei e seus regulamentos.

    Ao designar uma autoridade para se responsabilizar por uma srie de funes relativas implementao e ao funcionamento da LAI, o normativo legal buscou criar mecanismos garantidores de que os comandos contidos na Lei sejam aplicados de forma exitosa.

    Saliente-se que, nos termos do artigo 40 da LAI, a figura denominada Autoridade de Monitoramento s obrigatria para o governo federal. A ausncia de uma autoridade de monitoramento no impede que a LAI seja implementada. Contudo, facilita tal implementao. Dessa forma, estados e municpios no esto impedidos de reproduzir, adaptar ou at mesmo ampliar as funes de tal entidade, em seus normativos.

    No Governo Federal, cada rgo j estabeleceu sua Autoridade de Monitoramento. Alguns desses r-gos j inclusive produziram seus relatrios sobre o cumprimento da LAI:

    Figura 8 - Notcia extrada do site http://blog.justica.gov.br/inicio/tag/sic/

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    Caber ao legislador municipal, ou ao ente que instituir procedimentos de acesso informao por meio de Decreto, deliberar sobre a necessidade ou no da instituio de uma autoridade de monitoramento da LAI. Caso decida pela designao desta autoridade, o normativo estadual/municipal dever estabelecer quais so suas atribuies e responsabilidades.

    LegislaoEm funo da importncia do estabelecimento de uma Autoridade de Monitoramento para a efetiva implementao e funcionamento da LAI, diversos estados e municpios criaram essa figura em suas leis ou decretos locais. Acesse a relao de legislaes locais sobre a LAI no Mapa da Transparncia em www.cgu.gov.br/brasiltransparente.

    13. Direitos do solicitante

    Ao longo de todo o seu texto, a LAI estabelece uma srie de direitos e prerrogativas ao solicitante de informaes Administrao Pblica. Tais direitos buscam garantir que a legislao infralegal no venha obstar o acesso informao. Dessa forma, todos os normativos ou decretos que venham a ser editados devem obedecer s regras estabelecidas pela LAI, complementadas pelo Decreto n 7.724/2012, que so as seguintes:

    13.1 Pedido

    A LAI definiu em seu texto que qualquer interessado pode solicitar informaes Administrao Pblica. Isso significa dizer que qualquer pessoa pode solicitar informaes: pessoa fsica, jurdica, cidado brasileiro ou estrangeiro, menor, incapaz, etc. (artigo 10 da LAI).

    Disso resulta que normativos infralegais no podem restringir a somente cidados (aqueles que possuem ttulo de eleitor), por exemplo, o direito de acesso informao. Da mesma forma, a solicitao de infor-mao ao rgo pblico no pode ser restrita a maiores de 18 anos, ou a brasileiro nato.

    A existncia de tal direito, contudo, no desobriga a pessoa ou entidade de se identificar perante o rgo pblico, ao realizar o pedido de informao. Essa obrigao est prevista tambm no artigo 10. Mas h uma ressalva: os requisitos de identificao exigidos pelos rgos pblicos devem ser razoveis, de forma a no inviabilizar a realizao do pedido de informao, conforme previsto no texto da Lei:

    1. Para o acesso a informaes de interesse pblico, a identificao do requerente no pode conter exigncias que inviabilizem a solicitao.

    Assim, a LAI estabelece o amplo acesso informao, mas, em atendimento ao princpio constitucional de vedao ao anonimato, o rgo pblico pode solicitar que seja feita a identificao do solicitante.

    Pode ser considerado item que inviabiliza a solicitao de informaes a exigncia de apresentao de ttulo de eleitor, por exemplo, posto que somente brasileiros natos ou naturalizados maiores de 16 anos possuem esse tipo de documento. Uma exigncia como essa inviabilizaria o pedido de informao por pessoas jurdicas ou estrangeiros.

    Logo, ao estatuir seus normativos e regulamentos infralegais, importante que o ente faa uma anlise

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    cuidadosa quanto a que tipo de identificao ser exigida, para no desatender s determinaes contidas na LAI.

    13.2 Cobrana de taxas

    Os pedidos de informao realizados pelos interessados no podem ser objeto de cobrana pela Administrao Pblica. A LAI prev que a pessoa interessada no precisa pagar nem pelo servio de busca da informao nem pela informao obtida.

    Contudo, a LAI prev que, em caso de necessidade de realizao de cpias de documentos, pode ser cobrado exclusivamente o valor necessrio ao ressarcimento do custo dos servios e materiais utilizados. Tal comando encontra-se no artigo 12:

    Art. 12. O servio de busca e fornecimento da informao gratuito, salvo nas hipteses de re-produo de documentos pelo rgo ou entidade pblica consultada, situao em que poder ser cobrado exclusivamente o valor necessrio ao ressarcimento do custo dos servios e dos materiais utilizados.

    definido ainda na LAI que aquele que comprovar no possuir condies econmicas, de acordo com os critrios definidos em lei especfica (Lei n 7.115, de 29 de agosto de 1983), est isento do pagamento dos custos gerados por algum pedido de acesso informao.

    13.3 Acessibilidade

    O direito relativo ao tema acessibilidade na LAI pode dividir-se em dois tipos:

    A = direito de facilidade de encontrar informaes pblicas

    B = direito das pessoas com decincia de acessarem a informao

    Acessibilidade{No que diz respeito facilidade de encontrar informaes da Administrao Pblica, a LAI previu que dever do gestor pblico garantir que a informao seja acessvel, ou seja, que no haja dificuldades para os interessados que queiram obter informao (publicada ou objeto de pedido de acesso).

    Dessa forma, imprescindvel que os rgos e entidades pblicas, ao divulgarem suas informaes, seja na Internet ou em outros meios, tenham o cuidado de avaliar se aquela informao compreensvel para o pblico leigo, ou seja, para o cidado que no conhece siglas ou termos tcnicos utilizados que podem inviabilizar a compreenso. Tal obrigao encontra-se insculpida logo no incio do texto legal:

    Art. 6. Cabe aos rgos e entidades do poder pblico, observadas as normas e procedimentos especficos aplicveis, assegurar a:

    I - gesto transparente da informao, propiciando amplo acesso a ela e sua divulgao.

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    No que diz respeito possibilidade de pessoas com deficincia acessarem a informao, a LAI determina que os rgos pblicos devem adotar medidas que garantam a essas pessoas o acesso informao (inciso VIII do artigo 8 da LAI).

    13.4 Motivao

    No h necessidade de motivar o pedido de acesso informao de interesse pblico. Ou seja, o interessado no necessita explicar o porqu de a informao ser solicitada. Tampouco pode a Administra-o Pblica exigir que o solicitante justifique seu pedido.

    Decretos e normativos infralegais devem ser elaborados atentando para o comando inserto no artigo 10, em pargrafo transcrito:

    3. So vedadas quaisquer exigncias relativas aos motivos determinantes da solicitao de informaes de interesse pblico.

    13.5 Negativa de acesso

    Se o pedido de acesso for negado, direito do requerente receber comunicao que contenha as razes da negativa e seu fundamento legal, as informaes para recurso e sobre a possibilidade de apre-sentao de pedido de desclassificao de informao sigilosa (quando for o caso). No pode o rgo ou entidade pblica negar a informao sem explicitar, por escrito, por qual motivo, de fato ou de direito, a informao no pde ser divulgada. Isso o que define a LAI em artigo especfico para o assunto:

    Art. 14. direito do requerente obter o inteiro teor de deciso de negativa de acesso, por certi-do ou cpia.

    Logo, caso a informao solicitada no venha a ter o acesso franqueado ao requerente, os motivos desse impedimento devero ser relatados pelo rgo, em certido ou cpia do documento que contenha as razes para a negativa e que dever ser entregue ao solicitante.

    ImportanteDurante o processo de tomada de deciso ou de edio de ato administrativo, os documentos preparatrios utilizados como seus fundamentos podero ter o acesso negado. Porm, com a edio do ato ou deciso, o acesso a tais documentos dever ser assegurado pelo poder pblico.

    14. Restrio do Acesso: informaes pessoais e informaes sigilosas

    A Lei de Acesso Informao tem por funo primordial a ampliao e normatizao da trans-parncia do Estado para que a cultura de sigilo seja substituda por uma cultura de transparncia. Muito embora o preceito geral definido na Lei de Acesso seja de publicidade mxima, veremos que nem toda informao pode ou deve ser disponibilizada para acesso pblico, devendo o Estado proteger a informa-o sigilosa e a informao pessoal.

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    14.1 Informaes pessoais

    A informao pessoal aquela relativa intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas. Por definio, a informao pessoal no diz respeito ao interesse pblico e, portanto, o rgo ou entida-de detentora desse tipo de informao deve restringir o seu acesso.

    Os mecanismos regulares de transparncia ativa e passiva da LAI no alcanam o acesso s informaes pessoais e por essa razo elas no so classificveis, ou seja, no necessitam receber o tratamento dado s informaes sigilosas. A LAI dedica ateno especial para o tratamento e hipteses de acesso a essas informaes e esses mandamentos legais concentram-se, sobretudo, no artigo 31 da Lei.

    O tratamento das informaes pessoais deve ser feito de forma transparente e com respeito intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como s liberdades e garantias individuais. sob essa tica de cautela e proteo do direito da pessoa que a LAI prev a restrio de acesso de informaes pessoais pelo prazo mximo de 100 (cem) anos a partir da sua data de produo independentemente de classi-ficao de sigilo.

    Quem tem acesso s informaes pessoais? Somente tero acesso informao pessoal os agentes p-blicos autorizados e as pessoas a quem a informao se referir. Havendo previso legal ou consentimento expresso da pessoa a quem a informao faz referncia, terceiros podem ter acesso a tais informaes.

    Esse consentimento no ser exigido quando a informao for necessria para os casos abaixo (art. 31, 3):

    I. preveno e diagnstico mdico, quando a pessoa estiver fsica ou legalmente incapaz, e para utilizao nica e exclusivamente para o tratamento mdico;

    II. realizao de estatsticas e pesquisas cientficas de evidente interesse pblico ou geral, pre-vistos em lei, sendo vedada a identificao da pessoa a que as informaes se referirem;

    III. Ao cumprimento de ordem judicial;

    IV. defesa de direitos humanos; ou

    V. proteo do interesse pblico e geral preponderante.

    Essa lista taxativa e no podem ser criadas outras hipteses alm das elencadas. Normativos infralegais, portanto, esto impossibilitados de produzir normas que possibilitem qualquer abertura das informaes pessoais pelas quais o Estado tem o dever de zelar.

    Por fim, quanto a informao de cunho pessoal, a LAI normatiza que a restrio de acesso informao re-lativa vida privada, honra e imagem de pessoa no poder ser invocada com o intuito de prejudicar pro-cesso de apurao de irregularidades em que o titular das informaes estiver envolvido, bem como em aes voltadas para a recuperao de fatos histricos de maior relevncia. Ou seja: ainda que a informao seja pessoal, caso o acesso a ela seja necessrio para esclarecer processo de apurao de irregularidade em que a pessoa a que se refere a informao esteja envolvida, nesse caso a informao poder ser divulgada. O mesmo vale para situaes em que h interesse histrico de relevncia envolvido.

    Informao pblica ou informao pessoal? A discusso sobre o que informao pblica e o que informao pessoal mostra-se tem avanado bastante. O Poder Executivo Federal, outros Poderes e entes federados tm optado por dar a maior transparncia a dados relativos a gastos de recurso pblico, ainda que envolva pessoa natural, tendo em vista o princpio da mxima publicidade:

    Divulgao de remunerao de servidores: O Governo Federal, por meio do Decreto n 7.724/2012, determina a divulgao de remunerao, subsdio e vantagens pecunirias por servidor. Essa prtica de transparncia mxima e divulgao ativa de salrios por servidor foi seguida pelos Pode-res Judicirio e Legislativo no mbito federal.

    Informao pessoal

    - No uma informao pblica;

    - relacionada pessoa natural identificada ou identificvel.

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    A divulgao de salrios mostra-se bastante efetiva para o controle social e para a melhoria da gesto dos recursos pblicos. Tambm auxilia na mudana de uma cultura baseada no sigilo para uma cultura de trans-parncia, mudando a percepo da populao em relao ao governo e aos funcionrios pblicos.

    Contudo, por cautela, e preocupada em no gerar prejuzos irreparveis privacidade do servidor pbli-co, a CGU orienta aos rgos e entidades do Poder Executivo Federal que, ao divulgar a listagem com o nome e CPF dos seus servidores, oculte os trs primeiros dgitos e os dois dgitos verificadores do CPF, nos mesmos parmetros adotados pela Lei de Diretrizes Oramentrias (LDO) da Unio.

    14.2 Informaes sigilosas

    Como visto, uma das principais seno a principal diretrizes da LAI a observncia da publicida-de como preceito geral e o sigilo como exceo. Assim sendo, seria de se supor que a prpria lei delimi-tasse as possibilidades e a temporalidade do sigilo em seu prprio texto.

    Como regra geral, a LAI estabelece que uma informao pblica somente pode ser classificada como sigilosa quando considerada imprescindvel segurana da sociedade ou do Estado. Importante considerar que as legislaes especficas de sigilo continuam em vigncia, bem como as informaes relacionadas a segredo de justi-a, segredo industrial decorrentes da explorao direta de atividade econmica pelo Estado ou por pessoa fsica ou entidade privada que tenha qualquer vnculo com o poder pblico.

    O artigo 23, transcrito abaixo, especifica de forma exaustiva quais informaes podem ser consideradas sigilosas:

    Art. 23. So consideradas imprescindveis segurana da sociedade ou do Estado e, portanto, passveis de classifi-cao as informaes cuja divulgao ou acesso irrestrito possam:

    I - pr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do territrio nacional;

    II - prejudicar ou pr em risco a conduo de negociaes ou as relaes internacionais do Pas, ou as que tenham sido fornecidas em carter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais;

    III - pr em risco a vida, a segurana ou a sade da populao;

    IV - oferecer elevado risco estabilidade financeira, econmica ou monetria do Pas;

    V - prejudicar ou causar risco a planos ou operaes estratgicos das Foras Armadas;

    VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvimento cientfico ou tecnolgico, assim como a sistemas, bens, instalaes ou reas de interesse estratgico nacional;

    VII - pr em risco a segurana de instituies ou de altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou

    VIII - comprometer atividades de inteligncia, bem como de investigao ou fiscalizao em anda-mento, relacionadas com a preveno ou represso de infraes.

    As informaes sigilosas previstas no artigo so exaustivas, ou seja, no pode haver acrscimo de novas

    LDO de 2013 (Lei n 12.708/2012) Art. 107, Pargrafo nico: A divulgao prevista no caput dever ocultar os trs primeiros dgitos e os dois dgitos verificadores do CPF.

    Informao sigilosa

    - uma informao pblica;

    - submetida temporariamente restrio em razo de sua imprescindibilidade para a segurana da sociedade e do Estado.

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    informaes que sero objeto de sigilo e respectiva classificao. Essas categorias podem, contudo, nos normativos infralegais, ser adaptadas s especificidades estaduais ou municipais.

    Tutela de Direitos Fundamentais No poder ser negado acesso informao necessria tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais como, por exemplo, informaes ou documentos sobre condutas que impliquem violao dos direitos humanos praticadas por agentes pblicos ou a mando de autoridades pblicas.

    Classificao da informao sigilosa: Para a classificao da informao em determinado grau de sigilo, preciso perguntar-se qual o interesse pblico da informao. Deve-se utilizar, sobretudo, o critrio menos restritivo possvel considerando-se: a gravidade do risco ou dano segurana da sociedade e do Estado e o prazo mximo de restrio de acesso ou o evento que defina seu termo final. Exaurindo-se o prazo de classificao ou consumado o evento que defina o seu fim, a informao se torna automaticamente de acesso pblico.

    A informao em poder dos rgos e entidades pblicas que se enquadre em um dos fundamentos do art. 23 da LAI, observado o seu teor e em razo de sua importncia segurana da sociedade ou do Estado, poder ser classificada como ultrassecreta, secreta e reservada, com os prazos mximos de restrio respectivos de 25, 15 e 5 anos.

    o Decreto n 7.845 de 14 de Novembro de 2012 que regulamenta os procedimentos para o creden-ciamento de segurana e tratamento de informao classificada em qualquer grau de sigilo no Governo Federal. A classificao funciona de acordo com a tabela abaixo:

    GRAU AUTORIDADEUltrassecreta

    (25 anos)

    Presidente e Vice-Presidente da repblica, Ministros de Estados e Autorida-des com as mesmas prerrogativas, Comandantes da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica,

    Chefes de Misses Diplomticas e Consulares permanentesSecreta

    (15 anos)

    Todos de ultrassecreta + Titulares da Administrao Pblica Indireta

    Reservada

    (5 Anos)

    Todos de secreta + Titulares da Administrao - DAS 101.5 ou equivalen-te e superior

    Percebe-se que quanto maior o grau de sigilo da informao, mais alto o grau hierrquico da autoridade que pode classificar e, consequentemente, menor a quantidade de pessoas autorizadas para proceder classificao.

    AtenoAs hipteses de sigilo so exaustivas. O municpio que regulamentar a LAI no pode inovar no rol de hipteses de sigilo, inserindo situaes no previstas na LAI e que justifiquem a restrio de acesso informao.

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    Sigilo apenas em parte: A LAI prev a possibilidade de a informao ser sigilosa apenas em parte. Nesse caso especfico, o interessado ter assegurado o acesso parte no sigilosa (com ocultao da parte sob sigilo com tarjas ou outra forma de preservar a informao).

    Regulamentao local de sigilo e classificao: Como se ver mais adiante, a regulamentao municipal deve prever as regras de sigilo e classificao em mbito municipal. Em alguns municpios que j regula-mentaram a LAI, optou-se por delegar a competncia de classificao no grau ultrassecreto e secreto ao prefeito e subprefeito e no grau reservado, a outras autoridades locais. A determinao das autoridades que podero classificar as informaes sigilosas deve considerar as especificidades locais.

    Dever de resguardo do sigilo: Deve-se ter em mente que o acesso informao classificada como sigi-losa cria a obrigao para aquele que a obteve de resguardar o sigilo. As autoridades pblicas responsveis devem adotar as providncias necessrias para que o pessoal a elas subordinado conhea as normas e observe as medidas e procedimentos de segurana para tratamento de informaes sigilosas. A mesma conduta de zelo e resguardo de informaes sigilosas deve ser tomada por pessoa fsica ou entidade pri-vada que execute atividades de tratamento de informaes sigilosas, guardadas as particularidades do caso.

    O vazamento indevido de informaes sigilosas ou pessoais que estejam sob a guarda do poder pblico ou de entidade com vnculos com o governo resulta em srias consequncias para o rgo ou entidade p-blica, que deve responder diretamente pelos danos causados em decorrncia dessa divulgao. Tambm pode haver uma apurao de responsabilidades caso haja participao de agente responsvel pelo vaza-mento de informao sigilosa ou pessoal, como se ver no captulo especfico sobre Responsabilidades.

    15. Prazos

    A LAI estabelece que dever do Estado oferecer imediatamente as informaes que estejam dis-ponveis. Caso a informao desejada no esteja disponibilizada por meio do mecanismo de transparncia ativa e o interessado deseje acess-la, recomendvel que seja franqueado imediatamente o acesso ao demandante. de se supor que nem sempre o Poder Pblico tenha de pronta-entrega as informaes requeridas. Nesse caso, a Lei estipula o prazo para resposta de 20 (vinte) dias corridos, prorrogveis por mais 10 (dez) dias corridos, desde que justificada a prorrogao.

    Justificativa da prorrogao: o interessado no precisa explicar o motivo da solicitao de informao, mas o Poder Pblico deve obrigatoriamente justificar a prorrogao do prazo ou a negativa de acesso.

    Caso a informao esteja disponvel em 20 dias, o rgo ou entidade demandada deve:

    1. Comunicar, por escrito, a data, local e modo para o solicitante realizar a consulta, efetuar a repro-duo ou obter a certido;

    2. Informar que, caso a informao esteja disponvel em formato digital, poder ser fornecido nesse formato, se h anuncia do requerente;

    3. Fornecer a consulta de cpia, com certificado que confere o contedo com o original, quando a manipulao do documento possa prejudicar sua integridade.

    E se o pedido de acesso informao for negado? direito do requerente obter o inteiro teor de deciso de negativa de acesso, por certido ou cpia. Pode tambm o interessado interpor recurso questionando a deciso proferida como se ver em detalhes no prximo captulo.

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    16. Recursos

    De acordo com a LAI, o demandante de informao pblica pode entrar com recurso em dois casos:

    1. Quando h negativa de acesso informao;

    2. Quando no h a motivao obrigatria da negativa de acesso.

    Instncias Recursais: A LAI obriga todos os entes federados a estabelecerem ao menos 01 instncia recur-sal, qual seja: a autoridade imediatamente superior que negou o pedido de acesso. O interessado tem o prazo de 10 dias para entrar com recurso e, por sua vez, a autoridade a quem foi enviado o recurso tem 05 dias para se manifestar.

    No governo federal, a ttulo exemplificativo, h 4 instncias recursais para a LAI, como se v na ilustrao abaixo:

    Figura 9 - Instncias recursais da LAI no Poder Executivo Federal

    Instncias Recursais no Municpio: A previso de quais e quantas so as instncias recursais no municpio deve estar prevista na regulamentao local. Apesar de a LAI estabelecer como nmero mnimo 01 instn-cia recursal, no h um nmero idntico que se aplique realidade de todos os municpios. Para definir as especificaes para esse tema, devem-se considerar variveis como: o tamanho do municpio, o perfil dos rgos e entidades e a necessidade ou no de se criar novas instncias decisrias que analisem os recursos.

    O municpio, caso julgue apropriado, pode estabelecer mais de uma instncia recursal. o caso de alguns municpios que estabelecem como 2 instncia a Secretaria de Transparncia e Controle ou a Controlado-ria Geral do Municpio. Tambm possvel imaginar outros casos, em que o municpio opte por estabe-lecer 03 instncias recursais: a autoridade imediatamente superior que proferiu a deciso; a autoridade mxima do rgo e uma comisso de secretrios municipais.

    Omisso e Reclamao: O municpio deve prever, igualmente, em sua regulamentao local, instncias recursais as quais o cidado possa recorrer caso no haja resposta do rgo (omisso) ou caso o cidado discorde da classificao de sigilo de uma informao especfica (reclamao). Nesses casos, tambm o Governo Federal adota procedimentos que podem servir de orientao para a regulamentao municipal. Esses procedimentos esto previstos no Decreto n 7.845/2012.

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    17. Responsabilidades

    Como se pode perceber a partir da leitura dos captulos anteriores, a LAI convida os servidores p-blicos a adotar uma nova postura frente gesto pblica. Transparncia e acesso informao so termos que devem ser inseridos nas rotinas e procedimentos do servio pblico. O agente pblico que se puser contrrio aos mandamentos da LAI poder ser responsabilizado.

    Quais seriam essas condutas ilcitas? As condutas ilcitas que configurariam caso de apurao de respon-sabilidade, garantidos os princpios do contraditrio e ampla defesa, esto descritas no artigo 32 da LAI, transcrito abaixo:

    Art. 32. Constituem condutas ilcitas que ensejam responsabilidade do agente pblico ou militar:

    I - recusar-se a fornecer informao requerida nos termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornec-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;

    II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, informao que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou co-nhecimento em razo do exerccio das atribuies de cargo, emprego ou funo pblica;

    III - agir com dolo ou m-f na anlise das solicitaes de acesso informao;

    IV - divulgar ou permitir a divulgao ou acessar ou permitir acesso indevido informao sigilosa ou informao pessoal;

    V - impor sigilo informao para obter proveito pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultao de ato ilegal cometido por si ou por outrem;

    VI - ocultar da reviso de autoridade superior competente informao sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuzo de terceiros; e

    VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos concernentes a possveis violaes de direitos humanos por parte de agentes do Estado.

    As penalidades: Os militares sero apenados de acordo com os regulamentos disciplinares das Foras Armadas e suas condutas sero consideradas transgresses militares mdias ou graves desde que no tipificadas em lei como crime ou contraveno penal. Os agentes pblicos municipais sero penalizados de acordo com a regulamentao local.

    Pelas condutas descritas acima, poder o militar ou o agente pblico responder, tambm, por improbidade administrativa, conforme o disposto na Lei de Improbidade Administrativa (Lei n 8.429, de 2 de junho de 1992).

    Pessoa fsica e entidade privada: A LAI tambm prev sanes para a pessoa fsica ou entidade privada que, em virtude de vnculo de qualquer natureza com rgos ou entidades, tenha acesso informao sigilosa ou pessoal e a submeta a tratamento indevido. As sanes esto previstas no artigo 33, abaixo:

    Art. 33. A pessoa fsica ou entidade privada que detiver informaes em virtude de vnculo de qualquer natureza com o poder pblico e deixar de observar o disposto nesta Lei estar sujeita s seguintes sanes:

    I - advertncia;

    II - multa;

    III - resciso do vnculo com o poder pblico;

    IV - suspenso temporria de participar em licitao e impedimento de contratar com a adminis-trao pblica por prazo no superior a 2 (dois) anos; e

    V - declarao de inidoneidade para licitar ou contratar com a administrao pblica, at que seja promovida a reabilitao perante a prpria autoridade que aplicou a penalidade.

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    18. Atribuies da CGU com relao LAI

    A CGU tem atuao na implementao da LAI, com competncias expressas na Lei e no Decreto n 7.724/12. Alm da atuao recursal em mbito federal, compete CGU:

    Promover campanha de abrangncia nacional de fomento cultura da transparncia na administra-o pblica e conscientizao sobre o direito fundamental de acesso informao;

    Promover o treinamento dos agentes pblicos e, no que couber, a capacitao das entidades priva-das sem fins lucrativos, no que se refere ao desenvolvimento de prticas relacionadas transparncia na administrao pblica;

    Monitorar a implementao da LAI no mbito federal, concentrando e consolidando a publicao de informaes estatsticas;

    Monitorar a aplicao do Decreto n 7.724/12, especialmente quanto ao cumprimento dos prazos e procedimentos;

    Preparar relatrio anual com informaes referentes implementao da LAI, a ser encaminhado ao Congresso Nacional;

    Definir os formulrios padres para o pedido de acesso;

    Definir, em conjunto com a Casa Civil da Presidncia da Repblica, diretrizes e procedimentos complementares necessrios implementao da LAI;

    Estabelecer, em conjunto com o Ministrio do Planejamento, procedimentos, regras e padres de divulgao de informaes ao pblico, fixando o prazo mximo para atualizao;

    Detalhar, em conjunto com o Ministrio do Planejamento, os procedimentos necessrios busca, estruturao e prestao de informaes no mbito do SIC.

    19. Providncias para a implementao da LAI com base na experincia do Governo Federal

    A Lei de Acesso Informao, como anteriormente mencionado, abrange Unio, estados, DF e municpios, em todos os seus Poderes. Embora a Lei seja autoaplicvel, a dificuldade que pode enfrentar o cidado em ter o seu direito de acesso atendido em um ente federado cuja LAI no foi implementada justifica o esforo de todos os agentes pblicos em satisfazer as exigncias mnimas previs