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DEFENSORIA PÚBLICA do Estado de Mato Grosso

3ª. Defensoria Pública de Cáceres

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO.

Terceira Vara Cível da Comarca de Cáceres - MT

Autos n.º 419/2008 — cód. n.º 80775

Agravante: Jesus Maniero

Defensoria Pública do Estado

Agravada: Rosângela Fátima de Souza

Advogado: Cláudia Scatolin de Oliveira

JESUS MANIERO, brasileiro, casado, mototaxista, portador

do RG n.º 223.413 SSP/MT e do CPF n.º 318.506.851-34, residente na Rua

da Rosa, 35, bairro Jardim Solução, Cáceres-MT, por intermédio da

DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MATO GROSSO, via Defensor

Público firmatário, no uso de suas atribuições legais e institucionais, vem, à

presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 522 usque 529; artigo

527,III c/c artigo 558, do Código de Processo Civil, interpor o presente

recurso de AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO da decisão proferida às fls. 48/54 nos autos do processo em

epígrafe, requerendo seu processamento e conhecimento, consubstanciado

nas razões de fato e de direito adiante aduzidas.

Para efeito do conhecimento do presente, em especial em

atenção às exigências dos artigos 524,III, e 525, I, ambos, do CPC, informa-

se:

Rua Cel. Faria esq. c/ Rua Tiradentes, n. 382, Centro, Cáceres/MT, Cep 78200-000, Fone/fax: 3223-7005

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DEFENSORIA PÚBLICA do Estado de Mato Grosso

3ª. Defensoria Pública de Cáceres

Patrono da agravante, Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso-Núcleo de Cáceres-MT,

cujo endereço encontra-se inserto no rodapé deste.

Advogada da agravada, Cláudia Scatolin de Oliveira, com endereço profissional na Rua do

Dorelos, quadra 03, n.º 01, Cavalhada I, Cáceres-MT.

Documentos obrigatórios que instruem este recurso,

a) fotocópia da decisão agravada, que foi exarada no Juízo da 3ª Vara Cível da Comarca de

Cáceres/MT;

b) certidão de intimação da decisão agravada; e

c) fotocópia da procuração outorgada aos advogados da agravada.

*** O agravante deixa de juntar procuração outorgada à Defensoria Pública, pois a atuação

desta prescinde daquela.

Documentos facultativos também inclusos,

a) fotocópia integral do processo nº 419/2008;

b) fotografias do imóvel em questão;

c) contrato de compra e venda realizado entre a imobiliária e Maria Aparecida Gomes;

d) contrato de compra e venda realizado entre Maria Aparecida Gomes e o agravante;

e) mapa do loteamento;

f) declarações firmadas por moradores próximos ao imóvel.

g) documentos pessoais e declaração de hipossuficiência do agravante; e

h) documentos relativos ao IPTU do imóvel em questão;

h) documentos outros.

Nestes termos

Pede deferimento.

Cáceres-MT, 12 de maio de 2023.

Marcello Affonso Barreto RamiresDefensor Público Substituto

Rua Cel. Faria esq. c/ Rua Tiradentes, n. 382, Centro, Cáceres/MT, Cep 78200-000, Fone/fax: 3223-7005

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3ª. Defensoria Pública de Cáceres

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO

C O L Ê N D A C Â M A R A

E M É R I T O S J U L G A D O R E S

RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

I SINOPSE DO PROCESSO

A agravada, alegando ter o direito de ser reintegrada na posse de

um lote urbano localizado na Rua “F”, Quadra 01, Lote 06, localizado às margens

da Via Arco Íris, no residencial Ana Paula, Cáceres-MT, apresentou os seguintes

argumentos de natureza fática:

a) a agravada seria proprietária do lote em referência, conforme consta no

contrato de compra e venda (fls. 16/17) firmado com a Horizonte

Empreendimentos, esta representante dos interesses do Espólio de Luiz

Marques Garcia;

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b) durante os 11 anos desde a aquisição do imóvel, ocorrida em 08/1997, a

requerente teria feito alguns investimentos, na medida da sua condição

financeira, cercando o lote e plantando árvores, criando um ambiente

propício à edificação da sua residência;

c) a agravada é quem efetuaria o pagamento do tributo incidente sobre o

imóvel, sem qualquer atraso;

d) não obstante, em 22/08/2008, a agravada foi surpreendida com a notícia de

que o mencionado lote havia sido invadido pelo agravante, que lá se

encontrava com o ânimo de permanecer, fato este por ela constatado em

visita ao local;

A agravada, buscando demonstrar a veracidade das suas

alegações, anexou à peça vestibular documentos de praxe, a cópia de um contrato

de compra e venda (fl. 16/17), documentos emanados da Prefeitura Municipal de

Cáceres-MT referentes aos tributos incidentes sobre lote (fls. 18/27), boletim de

ocorrência e respectivo termo de declarações (fls. 27/30), fotografias (fls. 31/32) e

mapa da área (fl. 34).

Às fls. 35/37, entendendo que os argumentos expostos na petição

inicial e os documentos juntados não comprovaram a posse da agravada, foi

designada audiência de justificação e citação do agravante, sendo que, na aludida

sessão, ouviram-se Marco Antonio Paggel (fls. 43/44) e Gilmar da Silva Cunha (fls.

45/46).

Às fls. 48/54, a magistrada deferiu liminarmente à agravada e a

reintegração na posse do imóvel descrito na exordial, que teria sido esbulhada

pelo agravante, fixando multa pecuniária diária caso houvesse o descumprimento

da determinação, sendo que as certidões de fls. 62/63 não indicam qualquer

contratempo na execução do correspondente mandado.

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É o epítome do necessário

A seguir, apresentaremos fatos que demonstrarão de maneira

segura que estamos diante de decisão cuja reforma e, no momento, a suspensão,

são medidas que se impõem.

II DO INCONFORMISMO QUANTO AO DEFERIMENTO LIMINAR DA REINTEGRAÇÃO DE POSSE

II.I Da ausência da fumaça do bom direito

A decisão recorrida foi exarada à luz de uma cognição sumária,

baseada em um juízo de probabilidade, sem a ouvida do agravante, dito de outro

modo, a magistrada singular, de maneira precoce, sem oportunizar ao

agravante contradizer as inverdades inicialmente promovidas, afirmou a

provável existência do direito da agravada.

Não obstante o seu costumeiro acerto, a magistrada primeira

entendeu que a agravada teria a posse do imóvel em litígio, um lote sem

qualquer edificação, enquanto o agravante, consoante a estória contida na

peça vestibular, teria se instalado irregularmente no terreno, praticando

esbulho.

Destarte, percebemos que a argumentação fática quanto à

pretensa fumaça do bom direito, requisito da liminar, diz respeito à suposta

posse exercida pela agravada.

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Porém, não é demais pontuar que a agravada, em que pese

a natureza da demanda, procede a profundas incursões na discussão da

própria propriedade do lote, apresentando até, ainda que equivocadamente,

contrato de compra e venda.

À par de demonstrar que a agravada nunca foi possuidora

do lote em litígio, não podendo, portanto, pleitear qualquer reintegração

possessória, o agravante comprovará que adquiriu a posse do terreno de

maneira totalmente lícita — portanto, não havendo que se dizer, nem

superficialmente, assistir razão à agravada, senão vejamos.

A argumentação contida na peça vestibular representa ou um

grande equívoco por parte da agravada ou uma enorme intenção de locupletar-se à

custa do agravante, sendo certo que, por engano ou ganância, a história por ela

contada não corresponde à verdade, ensejando, como demonstremos, a imediata

cassação da liminar e, posteriormente, a improcedência da demanda.

Tratando-se a agravada de pessoa esclarecida, tendo se

qualificado, inclusive, como professora (fls. 08, 16, 27 e 28), acreditamos estarmos

diante da segunda hipótese.

A agravada, em momentos distintos, elaborou versões diversas,

turvando à percepção da magistrada singular, que desconsiderou a lógica certeza

de que em uma ou em outra ocasião a mentira prevaleceu, ou no mínimo, ao

indício de que a demandante apenas diversificou a mentira — de qualquer

maneira, falseou a verdade, comprometendo a confiabilidade das suas

argumentações iniciais.

A primeira versão apresentada pela agravada, na ordem

cronológica, encontra-se acostada no boletim de ocorrência de fl. 27 e no termo de

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declarações de fl. 28/30, sendo que, no primeiro documento, perante a autoridade

policial, foi dito que:

Relata a comunicante [a agravada] que possui um terreno de

12 X 30 e fica na esquina e que o presidente do bairro, o

Senhor Aurino, mandou abrir uma rua e esta rua passou

dentro do lote de um outro rapaz, então, o Senhor Aurino

mandou que este rapaz invadisse o lote da comunicante.

Afirma ainda que o rapaz que ela não sabe o nome está

construindo no seu terreno e que já procurou o Senhor

Aurino e pediu que o mesmo resolvesse, mas ele nada fez.

Perceba que segundo essa versão, o agravante, uma vez

prejudicado pela abertura de logradouro — estranhamente determinada pelo

presidente do bairro — que passou sobre o lote daquele, acabou invadindo o lote

vizinho, a saber, o da própria agravada.

Porém, ainda que, inexplicavelmente, nada disso tenha sido

referido na peça vestibular, convém demonstrar o quão evidente é a inconsistência

dessa fantasiosa argumentação.

Percebam que a agravada apresenta mais de uma dezena de

documentos apontando como seu lote aquele identificado com o n.º 06, entretanto,

o mapa de fl. 34 dos autos de origem, circulado pela própria agravada, para

novamente apontar o lote n.º 06 como o seu, ao contrário do que ela informou, nem

sequer no projeto original formava esquina.

A propósito, a cópia do contrato de compra e venda juntada às fls.

16/17 dos autos de origem (referente ao lote n.º 06) demonstra exatamente que a

agravada adquiriu um lote que nunca foi de esquina, na medida em que ele, como

indica o documento, faz confrontação com apenas uma rua e três outros lotes,

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entre os quais, pela direita, o n.º 07 — este sim de esquina, adquirido meses atrás,

comprovadamente, como veremos, pelo agravante.

A agravada, portanto, pretende-se proprietária de um lote de

esquina (n.º 07), entretanto, traz aos autos provas documentais (mapa e contrato)

de que adquiriu um lote vizinho (n.º 06) ao de esquina — ou seja, promove

demanda evidentemente improcedente, apresentando versão à qual não poderia

ter sido conferido nem sequer o crédito exigido para a antecipação dos efeitos da

tutela.

Muito embora tenha a agravada instruído a sua peça petitória com

o referido boletim de ocorrência e termo de declarações mencionados, ao narrar os

fatos que fundamentam a sua pretensão, mudou totalmente a versão, nada

mencionando no tocante à anterior informação de que o lote do agravante havia

desaparecido em razão de um logradouro, prejudicando a intelecção da própria

causa de pedir da demanda.

Por outro norte, também não é verdadeira a versão promovida

pela agravada em peça petitória, pois, conforme as declarações assinadas por

moradores vizinhos do referido lote (n.º 07), de cuja posse foi o agravante

injustamente privado, ele jamais o invadiu, tendo o adquirido da senhora Maria

Aparecida Gomes, há menos de dois meses, um pouco antes da data apontada

pela agravada como sendo a da suposta invasão.

O imóvel do agravante se encontra devidamente caracterizado

pelo mapa de fl. 34 dos autos de origem, que se encontra incompleto, bem como

pelo mapa anexo ao presente, este completo, sendo que ambos, além de indicar

que o lote da agravada, n.º 06, não é de esquina, indica que o imóvel do agravante,

n.º 07, localizado à direita daquele, sempre formou esquina.

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Além do esclarecimento possibilitado pelos mapas quanto a esse

ponto, também auxiliam a compreensão dos fatos sob apreciação o cotejamento do

contrato juntado pela agravada às fls. 16/17 dos autos de origem, anteriormente

analisado, com o contrato anexo ao presente recurso.

Não obstante a quantidade significativa de documentos carreados

aos autos por iniciativa de ambas as partes, temos que a análise apenas desses

elementos probatórios permite compreender que a improcedência da demanda é

medida que se impõe, senão vejamos:

Linhas atrás, demonstramos que a cópia do contrato apresentado

pela agravada (fls. 16/18 dos autos de origem) deixa suficientemente claro que ela

jamais adquiriu qualquer terreno de esquina, podendo, contudo, ainda existir

contra-argumentação no sentido de que, por outro lado, também o agravante não

tenha adquirido o lote de esquina (n.º 07).

O primeiro contrato de compra e venda apresentado pelo

agravante, anexado ao presente recurso, entretanto, inviabiliza definitivamente

essa impugnação, pois o documento indica claramente que o lote adquirido por

Maria Aparecida Gomes, em 05/08/1997, posteriormente vendido ao agravante,

conforme indica o segundo contrato em anexo, em 02/08/2008, sempre foi e

continua sendo um lote de esquina, desde a concepção do loteamento até a

presente data, mesmo após a abertura dos logradouros.

Trata-se de uma certeza que não pode ser contrariada, pois se

confrontarmos os dois contratos firmados entre a empresa imobiliária com a

agravada e com a pessoa que posteriormente revendeu o lote ao agravante,

veremos que se tratam de imóveis, em verdade, vizinhos, confrontantes, ou seja,

os seus limites e as suas medidas se complementam.

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Por outras palavras, se o imóvel cuja posse é do agravante

encontra-se, nos documentos e na realidade, num canto da quadra, não poderia a

agravada, que é vizinha, pleitear qualquer terreno na mesma esquina, por incompatibilidade lógica, geométrica e topográfica.

Prosseguindo na análise dos elementos probatórios, ainda que

sob pena de recair na redundância argumentativa, concluímos visualmente na

primeira fotografia de fl. 32 dos autos de origem, mais detalhadamente na segunda

de fl. 33 do referido caderno processual, que o agravante edificou uma casa em um

lote de esquina, portanto, justamente como descrito no contrato anexado ao

presente recurso, ou seja, a reclamação da agravada simplesmente não tem

sentido, pois os documentos e os mapas indicam claramente que o imóvel indicado

por ela como sendo o seu, n.º 06, só é de esquina em seus devaneios.

E para evitar o contra-argumento de que no campo fático houve

qualquer alteração na configuração retratada no mapa e indicada em ambos os

contratos, o agravante faz questão de trazer aos autos as fotografias dos quatro

lotes da quadra 01 que fazem confrontações, na parte da frente, com a rua “F”,

sobressaindo que o formato dos mesmos e a correspondente dimensão respeitam

o parcelamento de solo que deu origem ao loteamento.

Pela ordem em que as fotografias anexas ao presente encontram-

se dispostas:

a) a primeira refere-se ao lote em litígio, n.º 07, que é de esquina,

semelhantemente ao que percebemos no contrato e no mapa anexos à

presente, tendo o agravante aí levantado pequeno cômodo simples, de uma

só água, identificado pela porta metálica azul e pela janela de madeira;

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b) a segunda refere-se ao lote da agravada, n.º 06, que não é de esquina,

semelhantemente ao que percebemos no contrato (fls. 16/17) e no mapa (fl.

34) anexos à peça vestibular da agravada;

c) a terceira refere-se ao lote cuja posse é desconhecida, de n.º 05, vizinho à

esquerda da agravada, semelhantemente ao que percebemos no mapa (fl.

34) anexo à peça vestibular da demandante;

d) a quarta refere-se ao lote de posse também desconhecida, de n.º 04,

localizado na outra extremidade da quadra, na mesma rua, vizinho deste

acima indicado, semelhantemente ao que percebemos no mapa (fl. 24)

anexo à peça vestibular da agravada.

Destarte, resta claro que a quadra encontra-se estruturada como

foi concebida, não merecendo qualquer crédito nem sequer a alegação da

agravada de que a abertura do logradouro a desconfigurou — lembrando que

mesmo essa argumentação frágil não se encontra estampada na peça vestibular,

mas apenas na documentação anexa.

Dito de outro modo, se a quadra possui quatro lotes, não há

qualquer motivo para sequer desconfiarmos que o de esquina não seja o lote do

agravante, ao passo que a história contada pela agravada é, por seu turno, além

de mirabolante, maliciosa, principalmente ao silenciar fatos importantes.

Por exemplo, como percebemos pela sexta fotografia anexada

pela agravada (fl. 33 dos autos de origem) e pela primeira fotografia daquelas

anexas ao presente recurso, ao lado do lote de esquina, onde o agravante

construiu um pequeno cômodo, existe uma outra construção, de um imóvel

também simples, identificado por janelas com grades pretas.

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Ambas as acessões, como qualquer vistoria poderá confirmar,

encontram-se em lotes diversos, sendo que a da esquerda (da fotografia), no lote

de esquina, foi levantada pelo agravante, enquanto a da direita, foi levantada

justamente pela agravada, no terreno dela, que, insistimos, nunca foi de esquina, a

não ser na sua pretensão absurda de tornar-se possuidora de dois imóveis

contínuos.

A agravada, ao que tudo indica, deseja para si a posse de lote que

é de outrem, talvez animada pela onda de grilagem que acometeu o loteamento

recentemente, sem contar, porém, que o lote por ela pretendido fazia parte de uma

pequena minoria dos que haviam sido vendidos pela imobiliária, conforme se

encontra hachurado no mapa em anexo.

Destarte, além da improcedência da demanda, afigura-nos justa,

necessária e urgente a reforma da decisão concessiva da liminar, ainda mais

considerando os elementos nesta oportunidade colacionados.

Importante registrar, mais uma vez, que as alegações sob esta

epígrafe, embora tangenciem, ainda que parcialmente, questões eminentemente

ligadas à “propriedade” do lote, correspondem a uma efetiva contra-argumentação

às proposições mentirosas da agravada, restando demonstrado que

improcedência maior do que a do pedido de reintegração, esta a ser declarada em

sentença definitiva, só mesmo o requerimento pela antecipação dos efeitos da

tutela.

II.II Da ausência do perigo da demora

Paralelamente às sobreditas argumentações, percebam que,

no caso em referência, não existia, até o surgimento da decisão combatida,

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qualquer perigo da demora no aguardo de um provimento definitivo de

mérito.

Analisando a situação de ângulos distintos, observamos que

a agravada, que é professora, possui, como afirmado nas páginas

anteriores, um lote (n.º 06) com residência edificada, esta identificada na

fotografia de fl. 33 como a casa em construção, melhor identificada nas

imagens anexas ao presente recurso, que por serem coloridas e mais

recentes, permitem observar que se trata de uma casa com uma janela de

grade.

Não bastasse a agravada, portanto, possuir uma casa em

construção no terreno que é seu, ao lado do de esquina, percebemos, pelas

fotografias anexas ao presente recurso, que a “benfeitoria” (rectius,

acessão) construída pelo agravado no lote em litígio, no exercício de um

direito ou não, encontra-se concluída.

De mais a mais, as fotografias juntadas por uma e outra

parte demonstram que no terreno em litígio não existe qualquer bem

acessório que possa ser colocado em risco pela presença do agravante, que

é carente e agiu orientado pelo propósito de construir, em um terreno que é

seu, moradia para si e sua família, daí entrevermos a presença apenas do

perigo da demora inverso, ou seja, o outro lado da moeda, isto é, a

verificação dos riscos ou conseqüências à parte requerida da concessão do

provimento supostamente de urgência.

III DOS REQUERIMENTOS

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Diante do exposto, requer seja concedido, de plano, nos

termos dos artigos 527, III, e 558, ambos do CPC, em face da flagrante

inexistência de qualquer elemento indiciário dos argumentos expendidos

pela agravada, bem como da ausência do perigo da demora, efeito

suspensivo ao presente recurso, sobrestando os efeitos da decisão

recorrida.

Ainda, requer a intimação da agravada, na pessoa de sua

advogada inicialmente identificada, para, querendo, apresentar contraminuta

ao presente.

Além disso, requer a concessão dos benefícios da Justiça

Gratuita, por ser o agravante pessoa juridicamente pobre, nos moldes da Lei

1.060/50, com redação alterada pela Lei 7.510/86, não tendo condições de

arcar com as custas e despesas processuais sem prejuízo de seu sustento

e dos seus.

Por fim, requer seja conhecido o presente recurso, para

que, no mérito, seja provido, reformando-se a decisão interlocutória

guerreada, via de conseqüência, cassando-se a liminar concedida pela

magistrada singular.

Nestes termos, pede deferimento

Cáceres-MT, 07 de novembro de 2008.

Marcello Affonso Barreto Ramires

Defensor Público Substituto

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