evangelhos e atos

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Segundo Mateus..............................................1 Segundo Marcos............................................101 Segundo Lucas.............................................159 Segundo João..............................................266 Atos dos Apóstolos........................................341 Segundo Mateus 1 O livro da história de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão: 2 Abraão tornou-se pai de Isaque; Isaque tornou-se pai de Jacó; Jacó tornou-se pai de Judá e seus irmãos; 3 Judá tornou-se pai de Peres e de Zerá por meio de Tamar; Peres tornou-se pai de Esrom; Esrom tornou-se pai de Rão; 4 Rão tornou-se pai de Aminadabe; Aminadabe tornou-se pai de Nasom; Nasom tornou-se pai de Salmom; 5 Salmom tornou-se pai de Boaz por meio de Raabe; Boaz tornou-se pai de Obede por meio de Rute; Obede tornou-se pai de Jessé; 6 Jessé tornou-se pai de Davi, o rei. Davi tornou-se pai de Salomão por meio da esposa de Urias; 7 Salomão tornou-se pai de Roboão; Roboão tornou-se pai de Abias;

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Page 1: Evangelhos e Atos

Segundo Mateus....................................................................................................................1Segundo Marcos................................................................................................................101Segundo Lucas...................................................................................................................159Segundo João.....................................................................................................................266Atos dos Apóstolos............................................................................................................341

Segundo Mateus

1 O livro da história de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão:

 2 Abraão tornou-se pai de Isaque;Isaque tornou-se pai de Jacó;Jacó tornou-se pai de Judá e seus irmãos;

 3 Judá tornou-se pai de Peres e de Zerá por meio de Tamar;

Peres tornou-se pai de Esrom;Esrom tornou-se pai de Rão;

 4 Rão tornou-se pai de Aminadabe;Aminadabe tornou-se pai de Nasom;Nasom tornou-se pai de Salmom;

 5 Salmom tornou-se pai de Boaz por meio de Raabe;Boaz tornou-se pai de Obede por meio de Rute;Obede tornou-se pai de Jessé;

 6 Jessé tornou-se pai de Davi, o rei. Davi tornou-se pai de Salomão por meio da

esposa de Urias;

 7 Salomão tornou-se pai de Roboão;Roboão tornou-se pai de Abias;Abias tornou-se pai de Asa;

 8 Asa tornou-se pai de Jeosafá;Jeosafá tornou-se pai de Jeorão;Jeorão tornou-se pai de Uzias;

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 9 Uzias tornou-se pai de Jotão;Jotão tornou-se pai de Acaz;Acaz tornou-se pai de Ezequias;

10 Ezequias tornou-se pai de Manassés;Manassés tornou-se pai de Amom;Amom tornou-se pai de Josias;

11 Josias tornou-se pai de Jeconias e seus irmãos, por ocasião da deportação para Babilônia.

 12 Depois da deportação para Babilônia, Jeconias tornou-se pai de Sealtiel;

Sealtiel tornou-se pai de Zorobabel;13 Zorobabel tornou-se pai de Abiúde;

Abiúde tornou-se pai de Eliaquim;Eliaquim tornou-se pai de Azor;

14 Azor tornou-se pai de Sadoque;Sadoque tornou-se pai de Aquim;Aquim tornou-se pai de Eliúde;

15 Eliúde tornou-se pai de Eleazar;Eleazar tornou-se pai de Matã;Matã tornou-se pai de Jacó;

16 Jacó tornou-se pai de José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.

17 Assim, todas as gerações, desde Abraão até Davi, foram quatorze gerações, e desde Davi até à deportação para Babilônia, quatorze gerações, e desde a deportação para Babilônia até ao Cristo, quatorze gerações.

18 Mas, o nascimento de Jesus Cristo deu-se da seguinte maneira: Durante o tempo em que a sua mãe Maria estava prometida em casamento a José, ela foi achada grávida por espírito santo, antes de se unirem. 19 No entanto, José, seu marido, porque era justo e não queria fazer dela um espetáculo público, pretendeu divorciar-se dela secretamente. 20 Mas, depois de ter cogitado estas coisas, eis que lhe apareceu em sonho

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um anjo de Jeová, dizendo: “José, filho de Davi, não tenhas medo de levar para casa Maria, tua esposa, pois aquilo que tem sido gerado nela é por espírito santo. 21 Ela dará à luz um filho, e terás de dar-lhe o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos pecados deles.” 22 Tudo isso aconteceu realmente para que se cumprisse o que fora falado por Jeová por intermédio do seu profeta, dizendo: 23 “Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e dar-lhe-ão o nome de Emanuel”, que quer dizer, traduzido: “Conosco Está Deus.”

24 José, acordando do sono, fez conforme o anjo de Jeová lhe indicara e levou sua esposa para casa. 25 Mas não teve relações com ela até ela ter dado à luz um filho; e deu-lhe o nome de Jesus.

2 Depois de Jesus ter nascido em Belém da Judéia, nos dias de Herodes, o rei, eis que vieram astrólogos das regiões orientais a Jerusalém, 2 dizendo: “Onde está aquele que nasceu rei dos judeus? Pois vimos a sua estrela [quando estávamos] no Oriente e viemos prestar-lhe homenagem.” 3 O Rei Herodes, ouvindo isso, ficou agitado, e, junto com ele, toda Jerusalém; 4 e, convocando todos os principais sacerdotes e escribas do povo, começou a indagar deles onde havia de nascer o Cristo. 5 Disseram-lhe: “Em Belém da Judéia; pois é assim que se escreveu por intermédio do profeta: 6 ‘E tu, ó Belém da terra de Judá, de nenhum modo és a [cidade] mais insignificante entre os governadores de Judá; pois de ti sairá um governante que há de pastorear o meu povo, Israel.’”

7 Herodes convocou, então, secretamente os astrólogos e averiguou deles cuidadosamente o tempo do aparecimento da estrela; 8 e, ao enviá-los a Belém, ele disse: “Ide e procurai cuidadosamente a criancinha, e quando a tiverdes achado, avisai-me, para que eu também possa ir e prestar-lhe homenagem.” 9 Tendo ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto [quando estavam] no Oriente ia adiante deles,

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até que se deteve por cima do lugar onde estava a criancinha. 10 Ao verem a estrela, alegraram-se muitíssimo. 11 E, ao entrarem na casa, viram a criancinha com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, prestaram-lhe homenagem. Abriram também seus tesouros e presentearam-na com dádivas: ouro, olíbano e mirra. 12 No entanto, por terem recebido em sonho um aviso divino para não voltarem a Herodes, retiraram-se para o seu país por outro caminho.

13 Depois de eles se terem retirado, eis que o anjo de Jeová apareceu a José num sonho, dizendo: “Levanta-te, toma a criancinha e sua mãe, foge para o Egito e fica ali até eu te avisar; porque Herodes está prestes a procurar a criancinha para destruí-la.” 14 Levantou-se, pois, e tomou de noite a criancinha e sua mãe, e retirou-se para o Egito, 15 e lá ficou até o falecimento de Herodes, para que se cumprisse o que fora falado por Jeová por intermédio do seu profeta, dizendo: “Do Egito chamei o meu filho.”

16 Herodes, vendo então que tinha sido logrado pelos astrólogos, foi tomado de grande fúria e mandou eliminar todos os meninos em Belém e em todos os seus distritos, de dois anos de idade para baixo, segundo o tempo que tinha cuidadosamente averiguado dos astrólogos. 17 Cumpriu-se assim o que fora falado por intermédio de Jeremias, o profeta, dizendo: 18 “Ouviu-se uma voz em Ramá, choro e muito lamento; era Raquel chorando por seus filhos, não querendo ser consolada, porque eles já não existem.”

19 Tendo Herodes falecido, eis que o anjo de Jeová apareceu a José num sonho, no Egito, 20 e disse: “Levanta-te, toma a criancinha e sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque já morreram os que buscavam a alma da criancinha.” 21 Então ele se levantou, tomou a criancinha e sua mãe, e entrou na terra de Israel. 22 Mas, ouvindo que Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai Herodes, ficou com medo de partir para lá. Além disso, recebendo em sonho um aviso

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divino, retirou-se para o território da Galiléia 23 e foi morar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora falado por intermédio dos profetas: “Ele será chamado Nazareno.”

3 Naqueles dias veio João Batista pregar no ermo da Judéia, 2 dizendo: “Arrependei-vos, pois o reino dos céus se tem aproximado.” 3 Este, de fato, é aquele de quem se falou por intermédio de Isaías, o profeta, nestas palavras: “Escutai! Alguém está clamando no ermo: ‘Preparai o caminho de Jeová! Fazei retas as suas estradas.’” 4 Mas, este mesmo João usava roupa de pêlos de camelo e um cinto de couro em volta dos lombos; seu alimento, também, era gafanhotos e mel silvestre. 5 Então saíam a ter com ele Jerusalém, toda a Judéia e toda a região em volta do Jordão, 6 e as pessoas eram batizadas por ele no rio Jordão, confessando abertamente os seus pecados.

7 Quando viu os muitos fariseus e saduceus que vinham ao batismo, disse-lhes: “Descendência de víboras, quem vos insinuou fugir do vindouro furor? 8 Produzi, pois, fruto próprio do arrependimento; 9 e não presumais dizer a vós mesmos: ‘Temos por pai a Abraão.’ Pois eu vos digo que Deus é capaz de suscitar destas pedras filhos a Abraão. 10 O machado já está posto à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produzir fruto excelente, há de ser cortada e lançada no fogo. 11 Eu, da minha parte, batizo-vos com água, por causa do vosso arrependimento; mas o que vem depois de mim é mais forte do que eu, não sendo eu nem apto para tirar-lhe as sandálias. Este vos batizará com espírito santo e com fogo. 12 Tem na mão a sua pá de joeirar, e limpará completamente a sua eira, ajuntando seu trigo no celeiro, mas a palha ele queimará em fogo inextinguível.”

13 Jesus veio então da Galiléia ao Jordão ter com João, a fim de ser batizado por ele. 14 Este, porém, tentou impedi-lo, dizendo: “Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” 15 Em resposta, Jesus

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disse-lhe: “Deixa por agora, pois assim é apropriado que executemos tudo o que é justo.” Então cessou de o impedir. 16 Jesus, depois de ter sido batizado, saiu imediatamente da água; e eis que os céus se abriram e ele viu o espírito de Deus descendo sobre ele como pomba. 17 Eis que também houve uma voz dos céus, que disse: “Este é meu Filho, o amado, a quem tenho aprovado.”

4 Jesus foi então conduzido pelo espírito ao ermo, para ser tentado pelo Diabo. 2 Depois de ter jejuado por quarenta dias e quarenta noites, ele teve fome. 3 Veio também o Tentador e disse-lhe: “Se tu és filho de Deus, dize a estas pedras que se transformem em pães.” 4 Mas ele disse em resposta: “Está escrito: ‘O homem tem de viver, não somente de pão, mas de cada pronunciação procedente da boca de Jeová.’”

5 O Diabo levou-o então à cidade santa e o postou sobre o parapeito do templo, 6 e disse-lhe: “Se tu és filho de Deus, lança-te para baixo; pois está escrito: ‘Dará aos seus anjos encargo concernente a ti, e eles te carregarão nas mãos, para que nunca batas com o pé contra uma pedra.’” 7 Jesus disse-lhe: “Novamente está escrito: ‘Não deves pôr Jeová, teu Deus, à prova.’”

8 Novamente, o Diabo levou-o a um monte extraordinariamente alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles, 9 e disse-lhe: “Todas estas coisas te darei, se te prostrares e me fizeres um ato de adoração.” 10 Jesus disse-lhe então: “Vai-te, Satanás! Pois está escrito: ‘É a Jeová, teu Deus, que tens de adorar e é somente a ele que tens de prestar serviço sagrado.’” 11 O Diabo deixou-o então, e eis que vieram anjos e começaram a ministrar-lhe.

12 Ora, quando ele ouviu que João tinha sido preso, retirou-se para a Galiléia. 13 Além disso, depois de deixar Nazaré, veio morar em Cafarnaum, à beira do mar, nos distritos de Zebulão e Naftali, 14 para que se cumprisse o que fora falado por intermédio de Isaías, o

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profeta, dizendo: 15 “Ó terra de Zebulão e terra de Naftali, ao longo da estrada do mar, além do Jordão, Galiléia das nações! 16 O povo sentado na escuridão viu uma grande luz, e quanto aos sentados numa região de sombra mortífera, levantou-se sobre eles uma luz.” 17 Daquele tempo em diante, Jesus principiou a pregar e a dizer: “Arrependei-vos, pois o reino dos céus se tem aproximado.”

18 Andando à beira do mar da Galiléia, ele viu dois irmãos, Simão, que é chamado Pedro, e André, seu irmão, abaixando uma rede no mar, pois eram pescadores. 19 E disse-lhes: “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens.” 20 Abandonando imediatamente as redes, seguiram-no. 21 Passando adiante, viu dois outros [que eram] irmãos, Tiago, [filho] de Zebedeu, e João, seu irmão, no barco, junto com Zebedeu, o pai deles, consertando as suas redes, e ele os chamou. 22 Deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.

23 Ele percorreu então toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas deles e pregando as boas novas do reino, e curando toda sorte de moléstias e toda sorte de enfermidades entre o povo. 24 E a notícia a respeito dele espalhou-se por toda a Síria; e trouxeram-lhe todos os que estavam passando mal, afligidos por várias moléstias e padecimentos, os possessos de demônios, e os epilépticos e os paralíticos, e ele os curou. 25 Conseqüentemente, seguiam-no grandes multidões, da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia e do outro lado do Jordão.

5 Quando viu as multidões, subiu ao monte; e, depois de se assentar, vieram a ele os seus discípulos; 2 e ele abriu a boca e começou a ensiná-los, dizendo:

3 “Felizes os cônscios de sua necessidade espiritual, porque a eles pertence o reino dos céus.

4 “Felizes os que pranteiam, porque serão consolados.

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5 “Felizes os de temperamento brando, porque herdarão a terra.

6 “Felizes os famintos e sedentos da justiça, porque serão saciados.

7 “Felizes os misericordiosos, porque serão tratados com misericórdia.

8 “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.9 “Felizes os pacíficos, porque serão chamados

‘filhos de Deus’.10 “Felizes os que têm sido perseguidos por causa da

justiça, porque a eles pertence o reino dos céus.11 “Felizes sois quando vos vituperarem e

perseguirem, e, mentindo, disserem toda sorte de coisas iníquas contra vós, por minha causa. 12 Alegrai-vos e pulai de alegria, porque a vossa recompensa é grande nos céus; pois assim perseguiram os profetas antes de vós.

13 “Vós sois o sal da terra; mas, se o sal perder a sua força, como se lhe restabelecerá a sua salinidade? Não presta mais para nada, senão para ser lançado fora, a fim de ser pisado pelos homens.

14 “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte. 15 As pessoas acendem uma lâmpada e a colocam, não debaixo do cesto de medida, mas no velador, e ela brilha sobre todos na casa. 16 Do mesmo modo, deixai brilhar a vossa luz perante os homens, para que vejam as vossas obras excelentes e dêem glória ao vosso Pai, que está nos céus.

17 “Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas. Não vim destruir, mas cumprir; 18 pois, deveras, eu vos digo que antes passariam o céu e a terra, do que passaria uma só letra menor ou uma só partícula duma letra da Lei sem que tudo se cumprisse. 19 Quem, portanto, violar um destes mínimos

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mandamentos e ensinar a humanidade neste sentido, será chamado ‘mínimo’ com relação ao reino dos céus. Quanto àquele que os cumprir e ensinar, esse será chamado ‘grande’ com relação ao reino dos céus. 20 Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não abundar mais do que a dos escribas e fariseus, de modo algum entrareis no reino dos céus.

21 “Ouvistes que se disse aos dos tempos antigos: ‘Não deves assassinar; mas quem cometer um assassínio terá de prestar contas ao tribunal de justiça.’ 22 No entanto, digo-vos que todo aquele que continuar furioso com seu irmão terá de prestar contas ao tribunal de justiça; mas, quem se dirigir a seu irmão com uma palavra imprópria de desprezo terá de prestar contas ao Supremo Tribunal; ao passo que quem disser: ‘Tolo desprezível!’, estará sujeito à Geena ardente.

23 “Se tu, pois, trouxeres a tua dádiva ao altar e ali te lembrares de que o teu irmão tem algo contra ti, 24 deixa a tua dádiva ali na frente do altar e vai; faze primeiro as pazes com o teu irmão, e então, tendo voltado, oferece a tua dádiva.

25 “Resolve prontamente os assuntos com aquele que se queixa de ti em juízo, enquanto ainda estás com ele em caminho para lá, para que, de algum modo, o queixoso não te entregue ao juiz, e o juiz, ao oficial de justiça, e sejas lançado na prisão. 26 Eu te digo categoricamente: Certamente não sairás dali até pagares a última moeda de pouco valor.

27 “Ouvistes que se disse: ‘Não deves cometer adultério.’ 28 Mas eu vos digo que todo aquele que persiste em olhar para uma mulher, a ponto de ter paixão por ela, já cometeu no coração adultério com ela. 29 Se, pois, aquele olho direito teu te faz tropeçar, arranca-o e lança-o para longe de ti. Porque é mais proveitoso para ti que percas um dos teus membros, do que ser todo o teu corpo lançado na Geena.

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30 Também, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a para longe de ti. Porque te é mais proveitoso perder um dos teus membros, do que todo o teu corpo acabar na Geena.

31 “Outrossim, foi dito: ‘Quem se divorciar de sua esposa, dê-lhe certificado de divórcio.’ 32 No entanto, eu vos digo que todo aquele que se divorciar de sua esposa, a não ser por causa de fornicação, expõe-na ao adultério, e quem se casar com uma mulher divorciada comete adultério.

33 “Novamente, ouvistes que se disse aos dos tempos antigos: ‘Não deves jurar sem cumprir, mas tens de pagar os teus votos a Jeová.’ 34 No entanto, eu vos digo: Não jureis absolutamente, nem pelo céu, porque é o trono de Deus; 35 nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. 36 Tampouco deves jurar pela tua cabeça, porque não podes tornar nem um só cabelo branco ou preto. 37 Deixai simplesmente que a vossa palavra Sim signifique Sim, e o vosso Não, Não; pois tudo o que for além disso é do iníquo.

38 “Ouvistes que se disse: ‘Olho por olho e dente por dente.’ 39 No entanto, eu vos digo: Não resistais àquele que é iníquo; mas, a quem te esbofetear a face direita, oferece-lhe também a outra. 40 E, se alguém quiser levar-te perante o tribunal para obter posse de tua roupa interior, deixa-o ter também a tua roupa exterior; 41 e, se alguém sob autoridade te obrigar a prestar serviço por mil passos, vai com ele dois mil. 42 Dá ao que te pede e não te desvies daquele que deseja tomar emprestado de ti [sem juros].

43 “Ouvistes que se disse: ‘Tens de amar o teu próximo e odiar o teu inimigo.’ 44 No entanto, eu vos digo: Continuai a amar os vossos inimigos e a orar pelos que vos perseguem; 45 para que mostreis ser filhos de vosso Pai, que está nos céus, visto que ele faz o seu sol levantar-se sobre iníquos e sobre bons, e faz

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chover sobre justos e sobre injustos. 46 Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem também a mesma coisa os cobradores de impostos? 47 E, se cumprimentardes somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem também a mesma coisa as pessoas das nações? 48 Concordemente, tendes de ser perfeitos, assim como o vosso Pai celestial é perfeito.

6 “Tomai muito cuidado em não praticardes a vossa justiça diante dos homens, a fim de serdes observados por eles; do contrário não tereis recompensa junto de vosso Pai que está nos céus. 2 Portanto, quando fizeres dádivas de misericórdia, não toques a trombeta diante de ti, assim como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Deveras, eu vos digo: Eles já têm plenamente a sua recompensa. 3 Mas tu, quando fizeres dádivas de misericórdia, não deixes a tua esquerda saber o que a tua direita está fazendo, 4 para que as tuas dádivas de misericórdia fiquem em secreto; então o teu Pai, que está olhando em secreto, te pagará de volta.

5 “Também, quando orardes, não deveis ser como os hipócritas; porque eles gostam de orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas largas, para serem vistos pelos homens. Deveras, eu vos digo: Eles já têm plenamente a sua recompensa. 6 Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto particular, e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; então o teu Pai, que olha em secreto, te pagará de volta. 7 Mas, ao orares, não digas as mesmas coisas vez após vez, assim como fazem os das nações, pois imaginam que serão ouvidos por usarem de muitas palavras. 8 Portanto, não vos façais semelhantes a eles, porque Deus, vosso Pai, sabe de que coisas necessitais antes de lhe pedirdes.

9 “Portanto, tendes de orar do seguinte modo:

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“‘Nosso Pai nos céus, santificado seja o teu nome. 10 Venha o teu reino. Realize-se a tua vontade, como no céu, assim também na terra. 11 Dá-nos hoje o nosso pão para este dia; 12 e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores. 13 E não nos leves à tentação, mas livra-nos do iníquo.’

14 “Pois, se perdoardes aos homens as suas falhas, também o vosso Pai celestial vos perdoará; 15 ao passo que, se não perdoardes aos homens as suas falhas, tampouco o vosso Pai vos perdoará as vossas falhas.

16 “Quando jejuardes, parai de ficar com o rosto triste, como os hipócritas, pois desfiguram os seus rostos para que pareça aos homens que estão jejuando. Deveras, eu vos digo: Eles já têm plenamente a sua recompensa. 17 Mas tu, quando jejuares, unta a tua cabeça e lava o rosto, 18 para que não pareça aos homens que estás jejuando, mas ao teu Pai, que está em secreto; então o teu Pai, que olha em secreto, te recompensará.

19 “Parai de armazenar para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem consomem, e onde ladrões arrombam e furtam. 20 Antes, armazenai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde ladrões não arrombam nem furtam. 21 Pois, onde estiver o teu tesouro, ali estará também o teu coração.

22 “A lâmpada do corpo é o olho. Se, pois, o teu olho for singelo, todo o teu corpo será luminoso; 23 mas, se o teu olho for iníquo, todo o teu corpo será escuro. Se, na realidade, a luz que está em ti é escuridão, quão grande é essa escuridão!

24 “Ninguém pode trabalhar como escravo para dois amos; pois, ou há de odiar um e amar o outro, ou há de apegar-se a um e desprezar o outro. Não podeis trabalhar como escravos para Deus e para as Riquezas.

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25 “Por esta razão eu vos digo: Parai de estar ansiosos pelas vossas almas, quanto a que haveis de comer ou quanto a que haveis de beber, ou pelos vossos corpos, quanto a que haveis de vestir. Não significa a alma mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestuário? 26 Observai atentamente as aves do céu, porque elas não semeiam nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós mais do que elas? 27 Quem de vós, por estar ansioso, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? 28 Também no assunto do vestuário, por que estais ansiosos? Aprendei uma lição dos lírios do campo, como eles crescem; não labutam nem fiam; 29 mas eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestia como um destes. 30 Se Deus, pois, veste assim a vegetação do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vestirá ele tanto mais a vós, ó vós os de pouca fé? 31 Portanto, nunca estejais ansiosos, dizendo: ‘Que havemos de comer?’ ou: ‘Que havemos de beber?’ ou: ‘Que havemos de vestir?’ 32 Porque todas estas são as coisas pelas quais se empenham avidamente as nações. Pois o vosso Pai celestial sabe que necessitais de todas essas coisas.

33 “Persisti, pois, em buscar primeiro o reino e a Sua justiça, e todas estas [outras] coisas vos serão acrescentadas. 34 Portanto, nunca estejais ansiosos quanto ao dia seguinte, pois o dia seguinte terá as suas próprias ansiedades. Basta a cada dia o seu próprio mal.

7 “Parai de julgar, para que não sejais julgados; 2 pois, com o julgamento com que julgais, vós sereis julgados; e com a medida com que medis, medirão a vós. 3 Então, por que olhas para o argueiro no olho do teu irmão, mas não tomas em consideração a trave no teu próprio olho? 4 Ou, como podes dizer a teu irmão: ‘Permite-me tirar o argueiro do teu olho’, quando, eis que há uma trave no teu próprio olho? 5 Hipócrita! Tira

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primeiro a trave do teu próprio olho, e depois verás claramente como tirar o argueiro do olho do teu irmão.

6 “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis as vossas pérolas diante dos porcos, para que nunca as pisem debaixo dos seus pés, e, voltando-se, vos dilacerem.

7 “Persisti em pedir, e dar-se-vos-á; persisti em buscar, e achareis; persisti em bater, e abrir-se-vos-á. 8 Pois, todo o que [persistir em] pedir, receberá, e todo o que [persistir em] buscar, achará, e a todo o que [persistir em] bater, abrir-se-á. 9 Deveras, qual é o homem entre vós, cujo filho lhe peça pão — será que lhe entregará uma pedra? 10 Ou talvez lhe peça um peixe — será que lhe entregará uma serpente? 11 Portanto, se vós, embora iníquos, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais o vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem!

12 “Todas as coisas, portanto, que quereis que os homens vos façam, vós também tendes de fazer do mesmo modo a eles; isto, de fato, é o que a Lei e os Profetas querem dizer.

13 “Entrai pelo portão estreito; porque larga e espaçosa é a estrada que conduz à destruição, e muitos são os que entram por ela; 14 ao passo que estreito é o portão e apertada a estrada que conduz à vida, e poucos são os que o acham.

15 “Vigiai-vos dos falsos profetas que se chegam a vós em pele de ovelha, mas que por dentro são lobos vorazes. 16 Pelos seus frutos os reconhecereis. Será que se colhem uvas dos espinhos ou figos dos abrolhos? 17 Do mesmo modo, toda árvore boa produz fruto excelente, mas toda árvore podre produz fruto imprestável; 18 a árvore boa não pode dar fruto imprestável, nem pode a árvore podre produzir fruto excelente. 19 Toda árvore que não produz fruto excelente é cortada e lançada no fogo. 20 Realmente, pois, pelos seus frutos reconhecereis estes [homens].

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21 “Nem todo o que me disser: ‘Senhor, Senhor’, entrará no reino dos céus, senão aquele que fizer a vontade de meu Pai, que está nos céus. 22 Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome e não expulsamos demônios em teu nome, e não fizemos muitas obras poderosas em teu nome?’ 23 Contudo, eu lhes confessarei então: Nunca vos conheci! Afastai-vos de mim, vós obreiros do que é contra a lei.

24 “Portanto, todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem discreto, que construiu a sua casa sobre a rocha. 25 E caiu a chuva, e vieram as inundações, e sopraram os ventos e açoitaram a casa, mas ela não se desmoronou, pois tinha sido fundada na rocha. 26 Além disso, todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem tolo, que construiu a sua casa sobre a areia. 27 E caiu a chuva, e vieram as inundações, e sopraram os ventos e bateram contra aquela casa, e ela se desmoronou, e foi grande a sua queda.”

28 Ora, quando Jesus tinha terminado com estas palavras, o efeito foi que as multidões ficaram assombradas com o seu modo de ensinar; 29 pois ele as ensinava como quem tinha autoridade, e não como seus escribas.

8 Tendo ele descido do monte, seguiam-no grandes multidões. 2 E eis que veio um leproso e começou a prestar-lhe homenagem, dizendo: “Senhor, se apenas quiseres, podes tornar-me limpo.” 3 E assim, estendendo a [sua] mão, tocou nele, dizendo: “Eu quero. Torna-te limpo.” E ele ficou imediatamente limpo da lepra. 4 Jesus disse-lhe então: “Cuida de que não digas nada a ninguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece a dádiva designada por Moisés, como testemunho para eles.”

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5 Quando entrou em Cafarnaum, veio a ele um oficial do exército, suplicando-lhe 6 e dizendo: “Senhor, meu servo está de cama em casa, com paralisia, sendo terrivelmente atormentado.” 7 Disse-lhe ele: “Quando eu chegar lá, irei curá-lo.” 8 O oficial do exército disse, em resposta: “Senhor, eu não sou homem apto para entrares debaixo do meu teto, mas, dize apenas a palavra e meu servo estará curado. 9 Pois eu também sou homem sujeito à autoridade, tendo soldados sob as minhas ordens, e digo a este: ‘Vai!’ e ele vai, e a outro: ‘Vem!’ e ele vem, e ao meu escravo: ‘Faze isto!’ e ele o faz.” 10 Ouvindo isso, Jesus ficou pasmado e disse aos que o seguiam: “Em verdade vos digo: Em ninguém em Israel tenho encontrado tamanha fé. 11 Mas, eu vos digo que muitos virão das regiões orientais e das regiões ocidentais e se recostarão à mesa junto com Abraão, Isaque e Jacó, no reino dos céus; 12 ao passo que os filhos do reino serão lançados na escuridão lá fora. Ali é que haverá o [seu] choro e o ranger de [seus] dentes.” 13 Jesus disse então ao oficial do exército: “Vai. Assim como tem sido a tua fé, assim aconteça para ti.” E o servo sarou naquela hora.

14 E Jesus, entrando na casa de Pedro, viu a sogra deste acamada e atacada de febre. 15 De modo que tocou na mão dela e a febre a abandonou, e ela se levantou e começou a ministrar-lhe. 16 Mas, depois do anoitecer, trouxeram-lhe muitas pessoas possessas de demônios; e ele expulsou os espíritos com uma palavra e curou a todos os que passavam mal; 17 para que se cumprisse o que fora falado por intermédio de Isaías, o profeta, dizendo: “Ele mesmo tomou as nossas doenças e levou as nossas moléstias.”

18 Quando Jesus viu uma multidão em volta de si, deu ordem para que partissem para a outra margem. 19 E certo escriba aproximou-se e disse-lhe: “Instrutor, eu te seguirei para onde quer que fores.” 20 Mas Jesus disse-lhe: “As raposas têm covis e as aves do céu têm poleiros, mas o Filho do homem não tem onde deitar a

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cabeça.” 21 Outro dos discípulos disse-lhe então: “Senhor, permite-me primeiro ir e enterrar meu pai.” 22 Jesus disse-lhe: “Persiste em seguir-me e deixa que os mortos enterrem seus mortos.”

23 E, tendo entrado num barco, seguiram-no seus discípulos. 24 Ora, eis que se levantou uma grande agitação no mar, de modo que o barco estava sendo coberto pelas ondas; ele, porém, estava dormindo. 25 E eles vieram e o acordaram, dizendo: “Senhor, salva-nos, pois estamos prestes a perecer!” 26 Mas ele lhes disse: “Por que sois medrosos, vós os de pouca fé?” Levantando-se, então, censurou os ventos e o mar, e deu-se uma grande calmaria. 27 Os homens ficaram por isso pasmados e disseram: “Que sorte de pessoa é este, que até mesmo os ventos e o mar lhe obedecem?”

28 Quando chegou à outra margem, ao país dos gadarenos, vieram-lhe ao encontro dois homens possessos de demônios, saindo dentre os túmulos memoriais, extremamente ferozes, de modo que ninguém tinha a coragem de passar por aquela estrada. 29 E eis que bradavam, dizendo: “Que temos nós contigo, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo designado?” 30 Ora, bastante longe dali havia uma manada de muitos porcos pastando. 31 Os demônios começaram assim a suplicar-lhe, dizendo: “Se nos expulsares, envia-nos para a manada de porcos.” 32 Concordemente, ele lhes disse: “Ide!” Eles saíram e passaram para os porcos; e eis que toda a manada se precipitou despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, e morreu nas águas. 33 Mas os porqueiros fugiram, e, entrando na cidade, relataram tudo, inclusive o caso dos homens possessos de demônios. 34 E eis que toda a cidade saiu e veio ao encontro de Jesus; e, tendo-o visto, instaram muito com ele para que saísse dos seus distritos.

9 Entrando então no barco, passou para a outra margem e entrou na sua própria cidade. 2 E eis que lhe

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trouxeram um homem paralítico, deitado numa cama. Vendo a fé que tinham, Jesus disse ao paralítico: “Coragem, filho! Teus pecados estão perdoados.” 3 E eis que certos escribas disseram para si mesmos: “Este blasfema.” 4 E Jesus, sabendo os seus pensamentos, disse: “Por que imaginais coisas iníquas nos vossos corações? 5 Por exemplo, o que é mais fácil, dizer: Teus pecados estão perdoados, ou dizer: Levanta-te e anda? 6 No entanto, a fim de que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados —”, ele disse então ao paralítico: “Levanta-te, apanha a tua cama e vai para casa.” 7 E ele se levantou e foi para casa. 8 As multidões, ao verem isso, ficaram com medo e glorificaram a Deus, que concedera tal autoridade a homens.

9 A seguir, passando dali para diante, Jesus avistou um homem chamado Mateus, sentado na coletoria, e disse-lhe: “Sê meu seguidor.” Em conseqüência disso, este se levantou e o seguiu. 10 Mais tarde, enquanto estava recostado à mesa, na casa, eis que vieram muitos cobradores de impostos e pecadores, e começaram a recostar-se com Jesus e seus discípulos. 11 Vendo isso, porém, os fariseus começaram a dizer aos discípulos dele: “Por que é que o vosso instrutor come com os cobradores de impostos e os pecadores?” 12 Ouvindo-os, ele disse: “As pessoas com saúde não precisam de médico, mas sim os enfermos. 13 Ide, pois, e aprendei o que significa: ‘Misericórdia quero, e não sacrifício.’ Pois eu não vim chamar os que são justos, mas pecadores.”

14 Vieram então a ele os discípulos de João e perguntaram-lhe: “Por que é que nós e os fariseus praticamos o jejum, mas os teus discípulos não jejuam?” 15 A isto, Jesus lhes disse: “Será que os amigos do noivo têm razão para prantear enquanto o noivo está com eles? Mas, virão dias em que o noivo lhes será tirado, e então jejuarão. 16 Ninguém costura um remendo de pano não pré-encolhido numa velha

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roupa exterior; pois a sua plena força o arrancaria da roupa exterior e o rasgão ficaria pior. 17 Tampouco se põe vinho novo em odres velhos; mas, caso o façam, então os odres rebentarão e o vinho se derramará, e os odres ficarão arruinados. Mas, põe-se vinho novo em odres novos, e ambas as coisas ficam preservadas.”

18 Enquanto lhes dizia estas coisas, eis que certo governante, que se havia aproximado, começou a prestar-lhe homenagem, dizendo: “Minha filha, agora, já deve estar morta; mas vem e põe a tua mão sobre ela, e passará a viver.”

19 Jesus, levantando-se, começou a segui-lo; e o mesmo fizeram os seus discípulos. 20 E eis que uma mulher, que já por doze anos padecia dum fluxo de sangue, veio por detrás e tocou na orla de sua roupa exterior; 21 pois dizia para si mesma: “Se eu apenas tocar na sua roupa exterior, ficarei boa.” 22 Jesus, voltando-se e vendo-a, disse: “Coragem, filha! A tua fé te fez ficar boa.” E, daquela hora em diante, a mulher ficou boa.

23 Chegando então à casa do governante e avistando os flautistas e a multidão em confusão barulhenta, 24 Jesus começou a dizer: “Retirai-vos daqui, pois a menina não morreu, mas está dormindo.” Eles, porém, começaram a rir-se dele desdenhosamente. 25 Assim que a multidão tinha sido mandada para fora, ele entrou e pegou na mão da menina, e ela se levantou. 26 Naturalmente, a notícia disso espalhou-se por toda aquela região.

27 Enquanto Jesus passava adiante, seguiam-no dois cegos, clamando e dizendo: “Tem misericórdia de nós, Filho de Davi.” 28 Tendo ele entrado na casa, dirigiram-se a ele os cegos e Jesus perguntou-lhes: “Tendes fé que eu possa fazer isso?” Responderam-lhe: “Sim, Senhor.” 29 Então tocou nos olhos deles, dizendo: “Aconteça-vos segundo a vossa fé.” 30 E os olhos deles receberam visão. Ainda mais, Jesus advertiu-os

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severamente, dizendo: “Cuidai de que ninguém venha a saber disso.” 31 Mas eles, uma vez fora, tornaram isso público a respeito dele, em toda aquela região.

32 Ora, enquanto estes saíam, eis que lhe trouxeram um homem mudo, possesso dum demônio; 33 e, tendo sido expulso o demônio, o mudo falou. Bem, as multidões ficaram pasmadas e disseram: “Nunca se viu nada igual em Israel.” 34 Mas os fariseus começaram a dizer: “É pelo governante dos demônios que ele expulsa os demônios.”

35 E Jesus empreendeu uma viagem por todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles e pregando as boas novas do reino, e curando toda sorte de moléstias e toda sorte de padecimentos. 36 Vendo as multidões, sentia compaixão delas, porque andavam esfoladas e empurradas dum lado para outro como ovelhas sem pastor. 37 Ele disse então aos seus discípulos: “Sim, a colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38 Por isso, rogai ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para a sua colheita.”

10 Convocou assim os seus doze discípulos e deu-lhes autoridade sobre espíritos impuros, para os expulsarem e para curarem toda sorte de moléstias e toda sorte de padecimentos.

2 Os nomes dos doze apóstolos são estes: Primeiro, Simão, o chamado Pedro, e André, seu irmão; e Tiago, [filho] de Zebedeu, e João, seu irmão; 3 Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, [filho] de Alfeu, e Tadeu; 4 Simão, o Cananita, e Judas Iscariotes, que mais tarde o traiu.

5 A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as seguintes ordens: “Não vos desvieis para a estrada das nações, e não entreis em cidade samaritana; 6 mas, ide antes continuamente às ovelhas perdidas da casa de Israel. 7 Ao irdes, pregai, dizendo: ‘O reino dos céus se tem aproximado.’ 8 Curai doentes, ressuscitai mortos,

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tornai limpos os leprosos, expulsai demônios. De graça recebestes, de graça dai. 9 Não adquirais nem ouro, nem prata, nem cobre, para os bolsos dos vossos cintos, 10 nem alforje para a viagem, nem duas peças de roupa interior, nem sandálias, nem bastão; pois o trabalhador merece o seu alimento.

11 “Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai nela quem é merecedor, e ficai ali até partirdes. 12 Ao entrardes na casa, cumprimentai a família; 13 e, se a casa for merecedora, venha sobre ela a paz que lhe desejais; mas, se ela não for merecedora, volte a vós a vossa paz. 14 Onde quer que alguém não vos acolher ou não escutar as vossas palavras, ao sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés. 15 Deveras, eu vos digo: No Dia do Juízo será mais suportável para a terra de Sodoma e Gomorra do que para essa cidade.

16 “Eis que eu vos envio como ovelhas no meio de lobos; portanto, mostrai-vos cautelosos como as serpentes, contudo, inocentes como as pombas. 17 Guardai-vos dos homens; pois eles vos entregarão aos tribunais locais e vos açoitarão nas suas sinagogas. 18 Ora, sereis arrastados perante governadores e reis, por minha causa, em testemunho para eles e para as nações. 19 No entanto, quando vos entregarem, não fiqueis ansiosos quanto a como ou o que haveis de falar; porque naquela hora vos será dado o que haveis de falar; 20 pois, quem fala não sois apenas vós, mas é o espírito de vosso Pai, que fala por meio de vós. 21 Além disso, irmão entregará irmão à morte, e o pai ao seu filho, e os filhos se levantarão contra os pais e os farão matar. 22 E vós sereis pessoas odiadas por todos, por causa do meu nome; mas aquele que tiver perseverado até o fim é o que será salvo. 23 Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra; pois, deveras, eu vos digo: De modo algum completareis o circuito das cidades de Israel antes de chegar o Filho do homem.

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24 “O discípulo não está acima do seu instrutor, nem o escravo acima do seu senhor. 25 Basta que o discípulo se torne como o seu instrutor e o escravo como o seu senhor. Se chamaram de Belzebu ao dono da casa, quanto mais [chamarão] assim aos de sua família? 26 Portanto, não os temais; pois não há nada encoberto que não venha a ser descoberto e não há nada secreto que não venha a ser conhecido. 27 O que eu vos digo na escuridão, dizei na luz; e o que ouvis sussurrado, pregai dos altos das casas. 28 E não fiqueis temerosos dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma; antes, temei aquele que pode destruir na Geena tanto a alma como o corpo. 29 Não se vendem dois pardais por uma moeda de pequeno valor? Contudo, nem mesmo um deles cairá ao chão sem o [conhecimento de] vosso Pai. 30 Porém, os próprios cabelos de vossa cabeça estão todos contados. 31 Portanto, não temais; vós valeis mais do que muitos pardais.

32 “Todo aquele, pois, que confessar perante os homens estar em união comigo, eu também confessarei perante meu Pai, que está nos céus, estar em união com ele; 33 mas aquele que me repudiar perante os homens, eu também o repudiarei perante meu Pai, que está nos céus. 34 Não penseis que vim estabelecer paz na terra; vim estabelecer, não a paz, mas a espada. 35 Pois vim causar divisão; o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a jovem esposa contra sua sogra. 36 Deveras, os inimigos do homem serão pessoas de sua própria família. 37 Quem tiver maior afeição pelo pai ou pela mãe do que por mim, não é digno de mim; e quem tiver maior afeição pelo filho ou pela filha do que por mim, não é digno de mim. 38 E aquele que não aceita a sua estaca de tortura e não me segue não é digno de mim. 39 Quem achar a sua alma, perdê-la-á, e quem perder a sua alma por minha causa, achá-la-á.

40 “Quem vos recebe, recebe [também] a mim, e quem me recebe, recebe [também] aquele que me

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enviou. 41 Quem receber um profeta porque ele é profeta, receberá a recompensa de profeta, e quem receber um homem justo porque ele é homem justo, receberá a recompensa de homem justo. 42 E aquele que der a um destes pequenos ainda que seja um copo de água fria a beber, porque ele é discípulo, deveras, eu vos digo, de nenhum modo perderá a sua recompensa.”

11 Então, quando Jesus tinha terminado de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali para ensinar e pregar nas cidades deles.

2 João, na cadeia, porém, tendo ouvido [falar] das obras do Cristo, enviou os seus próprios discípulos 3 e mandou dizer-lhe: “És tu Aquele Que Vem, ou devemos esperar alguém diferente?” 4 Jesus disse-lhes, em resposta: “Ide e relatai a João o que ouvis e vedes: 5 Os cegos estão vendo novamente e os coxos estão andando, os leprosos estão sendo purificados e os surdos estão ouvindo, e os mortos estão sendo levantados, e aos pobres estão sendo declaradas as boas novas; 6 e feliz é aquele que não achar em mim nenhuma causa para tropeço.”

7 Enquanto estes estavam em caminho, Jesus principiou a dizer às multidões a respeito de João: “O que fostes ver no ermo? Uma cana jogada pelo vento? 8 O que, pois, fostes ver lá fora? Um homem vestido de roupagem macia? Ora, os que vestem roupagem macia estão nas casas dos reis. 9 Realmente, então, por que fostes lá fora? Para ver um profeta? Sim, eu vos digo, e muito mais do que um profeta. 10 Este é aquele a respeito de quem se escreveu: ‘Eis que eu mesmo envio o meu mensageiro diante da tua face, o qual preparará o teu caminho adiante de ti!’ 11 Deveras, eu vos digo: Entre os nascidos de mulheres não se levantou ninguém maior do que João Batista; mas aquele que é menor no reino dos céus é maior do que ele. 12 Mas, desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus é o alvo para o qual os homens avançam

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impetuosamente, e os que avançam impetuosamente se apoderam dele. 13 Pois todos, os Profetas e a Lei, profetizaram até João; 14 e, se quiserdes aceitá-lo: Ele mesmo é ‘Elias, que está destinado a vir’. 15 Escute quem tem ouvidos.

16 “Com quem compararei esta geração? Ela é semelhante às criancinhas sentadas nas feiras, que gritam para seus companheiros de folguedos, 17 dizendo: ‘Nós tocamos flauta para vós, mas não dançastes; lamuriamos, mas não vos batestes em lamento.’ 18 Correspondentemente, João não veio nem comendo nem bebendo, contudo dizem: ‘Ele tem demônio’; 19 o Filho do homem veio comendo e bebendo, todavia dizem: ‘Eis um homem comilão e dado a beber vinho, amigo de cobradores de impostos e de pecadores.’ Não obstante, a sabedoria é provada justa pelas suas obras.”

20 Principiou então a censurar as cidades nas quais se realizaram a maioria das suas obras poderosas, porque não se arrependeram: 21 “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem ocorrido em Tiro e Sídon as obras poderosas que ocorreram em vós, há muito se teriam arrependido em saco e cinzas. 22 Conseqüentemente, eu vos digo: No Dia do Juízo será mais suportável para Tiro e Sídon do que para vós. 23 E tu, Cafarnaum, serás por acaso enaltecida ao céu? Até o Hades descerás; porque, se as obras poderosas que ocorreram em ti tivessem ocorrido em Sodoma, ela teria permanecido até o dia de hoje. 24 Conseqüentemente, eu vos digo: No Dia do Juízo será mais suportável para a terra de Sodoma do que para ti.”

25 Naquela ocasião, Jesus disse, em resposta: “Eu te louvo publicamente, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e dos intelectuais, e as revelaste aos pequeninos. 26 Sim, ó Pai, porque fazer assim veio a ser o modo aprovado por ti. 27 Todas as coisas me foram entregues por meu Pai,

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e ninguém conhece plenamente o Filho, exceto o Pai, tampouco há quem conheça plenamente o Pai, exceto o Filho e todo aquele a quem o Filho estiver disposto a revelá-lo. 28 Vinde a mim, todos os que estais labutando e que estais sobrecarregados, e eu vos reanimarei. 29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, pois sou de temperamento brando e humilde de coração, e achareis revigoramento para as vossas almas. 30 Pois o meu jugo é benévolo e minha carga é leve.”

12 Naquela época, Jesus passou pelas searas, no sábado. Seus discípulos ficaram com fome e principiaram a arrancar espigas e a comer. 2 Vendo isso, os fariseus disseram-lhe: “Eis que teus discípulos estão fazendo o que não é lícito fazer no sábado.” 3 Ele lhes disse: “Não lestes o que Davi fez quando ele e seus homens ficaram com fome? 4 Como entrou na casa de Deus, e comeram os pães da apresentação, algo que não lhe era lícito comer, nem aos que estavam com ele, mas apenas aos sacerdotes? 5 Ou, não lestes na Lei que os sacerdotes no templo, nos sábados, não tratam o sábado como sagrado e permanecem sem culpa? 6 Mas eu vos digo que algo maior do que o templo está aqui. 7 No entanto, se tivésseis entendido o que significa: ‘Misericórdia quero, e não sacrifício’, não teríeis condenado os inocentes. 8 Porque Senhor do sábado é o que é o Filho do homem.”

9 Tendo partido dali, entrou na sinagoga deles; 10 e eis que havia ali um homem com a mão ressequida! De modo que lhe perguntaram: “É lícito curar no sábado?” para que pudessem conseguir uma acusação contra ele. 11 Ele lhes disse: “Quem é o homem entre vós que, tendo uma só ovelha, e, caindo esta numa cova, no sábado, não a agarra e levanta para fora? 12 Afinal de contas, quanto mais vale um homem que uma ovelha! Por isso é lícito fazer uma coisa excelente no sábado.” 13 Disse então ao homem: “Estende a tua mão.” E ele a estendeu, e ela foi restabelecida sã como a outra mão.

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14 Mas os fariseus saíram e realizaram uma consulta contra ele, para que o pudessem destruir. 15 Jesus, vindo a saber [disso], retirou-se dali. Muitos o seguiram, também, e ele os curou a todos, 16 mas advertiu-os estritamente que não o tornassem manifesto; 17 para que se cumprisse o que fora dito por intermédio de Isaías, o profeta, que disse:

18 “Eis o meu servo a quem tenho escolhido, meu amado, a quem a minha alma tem aprovado! Porei sobre ele o meu espírito e ele esclarecerá às nações o que é justiça. 19 Não altercará, nem gritará, nem ouvirá alguém a sua voz nas ruas largas. 20 Não esmagará nenhuma cana machucada, tampouco extinguirá qualquer mecha fumegante, até enviar a justiça com bom êxito. 21 Deveras, em seu nome esperarão as nações.”

22 Trouxeram-lhe então um homem possesso de demônio, cego e mudo, e ele o curou, de modo que o mudo falava e via. 23 Ora, todas as multidões ficaram simplesmente arrebatadas e começaram a dizer: “Não é este talvez o Filho de Davi?” 24 Ouvindo isso, os fariseus disseram: “Este não expulsa os demônios senão por meio de Belzebu, o governante dos demônios.” 25 Conhecendo os pensamentos deles, disse-lhes: “Todo reino dividido contra si mesmo cai em desolação, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não permanece. 26 Do mesmo modo, se Satanás expulsa a Satanás, ele ficou dividido contra si mesmo; como permanecerá então o seu reino? 27 Ainda mais, se eu expulso os demônios por meio de Belzebu, por meio de quem os expulsam os vossos filhos? É por isso que eles serão os vossos juízes. 28 Mas, se é por meio do espírito de Deus que eu expulso os demônios, o reino de Deus vos tem realmente alcançado. 29 Ou como pode alguém invadir a casa dum homem forte e apoderar-se de seus bens móveis, a menos que primeiro amarre o homem forte? E depois saqueará a casa dele. 30 Quem

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não está do meu lado é contra mim, e quem comigo não ajunta, espalha.

31 “Por esta razão, eu vos digo: Toda sorte de pecado e blasfêmia será perdoada aos homens, mas a blasfêmia contra o espírito não será perdoada. 32 Por exemplo, quem falar uma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas quem falar contra o espírito santo, não lhe será perdoado, não, nem neste sistema de coisas, nem no que há de vir.

33 “Ou tornais a árvore excelente e seu fruto excelente, ou tornais a árvore podre e seu fruto podre; pois é pelo seu fruto que se conhece a árvore. 34 Descendência de víboras, como podeis falar coisas boas quando sois iníquos? Pois é da abundância do coração que a boca fala. 35 O homem bom, do seu bom tesouro, envia coisas boas, ao passo que o homem iníquo, do seu tesouro iníquo, envia coisas iníquas. 36 Eu vos digo que de toda declaração sem proveito que os homens fizerem prestarão contas no Dia do Juízo; 37 pois é pelas tuas palavras que serás declarado justo e é pelas tuas palavras que serás condenado.”

38 Respondendo-lhe então alguns escribas e fariseus, disseram: “Instrutor, queremos ver um sinal da tua parte.” 39 Em resposta, disse-lhes: “Uma geração iníqua e adúltera persiste em buscar um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal de Jonas, o profeta. 40 Porque, assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do enorme peixe, assim estará também o Filho do homem três dias e três noites no coração da terra. 41 Homens de Nínive se levantarão no julgamento com esta geração e a condenarão; porque eles se arrependeram com o que Jonas pregou, mas, eis que algo maior do que Jonas está aqui. 42 A rainha do sul será levantada no julgamento com esta geração e a condenará; porque ela veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão, mas, eis que algo maior do que Salomão está aqui.

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43 “Quando um espírito impuro sai dum homem, passa por lugares áridos em busca dum lugar de descanso, e não o acha. 44 Então diz: ‘Voltarei para a minha casa da qual me mudei’; e, chegando, acha-a desocupada, mas varrida e adornada. 45 Então vai e toma consigo sete espíritos diferentes, mais iníquos do que ele mesmo, e, entrando, ficam morando ali; e a situação final desse homem torna-se pior do que a primeira. É assim que será também com esta geração iníqua.”

46 Enquanto ainda falava às multidões, eis que sua mãe e seus irmãos ficaram parados lá fora, procurando falar-lhe. 47 Portanto, alguém lhe disse: “Eis que a tua mãe e teus irmãos estão parados lá fora, procurando falar-te.” 48 Em resposta, ele disse ao que lhe dizia isso: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?” 49 E, estendendo a mão para os seus discípulos, disse: “Eis minha mãe e meus irmãos! 50 Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está no céu, este é meu irmão, e [minha] irmã e [minha] mãe.”

13 Jesus, naquele dia, tendo saído de casa, estava sentado à beira do mar; 2 e ajuntaram-se a ele grandes multidões, de modo que entrou num barco e se assentou, e toda a multidão estava em pé na praia. 3 Disse-lhes então muitas coisas por meio de ilustrações, dizendo: “Eis que um semeador saiu a semear; 4 e, ao passo que semeava, algumas [sementes] caíram à beira da estrada, e vieram as aves e as comeram. 5 Outras caíram em lugares pedregosos, onde não tinham muito solo, e brotaram imediatamente, por não terem profundidade de solo. 6 Mas, ao se levantar o sol, ficaram queimadas, e, por não terem raiz, murcharam. 7 Outras, também, caíram entre os espinhos, e os espinhos cresceram e as sufocaram. 8 Ainda outras caíram em solo excelente e começaram a dar fruto, esta cem vezes mais, aquela sessenta vezes mais, outra trinta vezes mais. 9 Escute aquele que tem ouvidos.”

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10 Vieram assim os seus discípulos e lhe disseram: “Por que é que lhes falas usando ilustrações?” 11 Em resposta, ele disse: “A vós é concedido entender os segredos sagrados do reino dos céus, mas a esses não é concedido. 12 Pois a todo aquele que tiver, dar-se-á mais e far-se-á abundar; mas a todo o que não tiver, até mesmo o que tiver será tirado dele. 13 É por isso que lhes falo usando ilustrações, porque olhando, olham em vão, e ouvindo, ouvem em vão, nem entendem; 14 e é neles que tem cumprimento a profecia de Isaías, que diz: ‘Ouvindo ouvireis, mas de modo algum entendereis; e olhando olhareis, mas de modo algum vereis. 15 Pois o coração deste povo tem ficado embotado e seus ouvidos têm ouvido sem reação, e eles têm fechado os olhos; para que nunca vissem com os olhos, nem ouvissem com os ouvidos, nem entendessem com os corações e se voltassem, e eu os sarasse.’

16 “No entanto, felizes são os vossos olhos porque observam, e os vossos ouvidos porque ouvem. 17 Pois, deveras, eu vos digo: Muitos profetas e homens justos desejaram ver o que vós estais observando e não o viram, e ouvir as coisas que vós estais ouvindo e não as ouviram.

18 “Escutai, então, a ilustração do homem que semeou. 19 Quando alguém ouve a palavra do reino, mas não a entende, vem o iníquo e arrebata o que foi semeado no seu coração; este é o semeado à beira da estrada. 20 Quanto ao semeado nos lugares pedregosos, este é o que ouve a palavra e a aceita imediatamente com alegria. 21 Contudo, ele não tem raiz em si mesmo, mas continua por algum tempo, e depois de ter surgido tribulação ou perseguição, por causa da palavra, logo tropeça. 22 Quanto ao semeado entre os espinhos, este é o que ouve a palavra, mas as ansiedades deste sistema de coisas e o poder enganoso das riquezas sufocam a palavra, e ele se torna infrutífero. 23 Quanto ao semeado em solo

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excelente, este é o que ouve a palavra e a entende, que realmente dá fruto e produz, este cem vezes mais, aquele sessenta vezes mais, outro trinta vezes mais.”

24 Apresentou-lhes outra ilustração, dizendo: “O reino dos céus tem-se tornado semelhante a um homem que semeou excelente semente no seu campo. 25 Enquanto os homens dormiam, veio seu inimigo e semeou por cima joio entre o trigo, e foi embora. 26 Quando a lâmina cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio. 27 Vieram assim os escravos do dono de casa e disseram-lhe: ‘Amo, não semeaste excelente semente no teu campo? Donde lhe veio então o joio?’ 28 Disse-lhes ele: ‘Um inimigo, um homem, fez isso.’ Disseram-lhe: ‘Queres, pois, que vamos e o reunamos?’ 29 Ele disse: ‘Não; para que não aconteça que, ao reunirdes o joio, desarraigueis também com ele o trigo. 30 Deixai ambos crescer juntos até a colheita; e na época da colheita direi aos ceifeiros: Reuni primeiro o joio e o amarrai em feixes para ser queimado, depois ide ajuntar o trigo ao meu celeiro.’”

31 Apresentou-lhes outra ilustração, dizendo: “O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e plantou no seu campo; 32 o qual, de fato, é a menor de todas as sementes, mas, quando desenvolvida, é a maior das hortaliças e se torna uma árvore, de modo que as aves do céu vêm e acham pousada entre os seus ramos.”

33 Disse-lhes ainda outra ilustração: “O reino dos céus é semelhante ao fermento que certa mulher tomou e escondeu em três grandes medidas de farinha, até que a massa inteira ficou levedada.”

34 Todas estas coisas falou Jesus às multidões por meio de ilustrações. Deveras, nada lhes falava sem ilustração; 35 para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta, que disse: “Abrirei a boca com ilustrações, publicarei as coisas escondidas desde a fundação.”

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36 Despedindo então as multidões, entrou na casa. E vieram a ele os seus discípulos e disseram: “Explica-nos a ilustração do joio no campo.” 37 Em resposta, ele disse: “O semeador da semente excelente é o Filho do homem; 38 o campo é o mundo; quanto à semente excelente, estes são os filhos do reino; mas o joio são os filhos do iníquo, 39 e o inimigo que o semeou é o Diabo. A colheita é a terminação dum sistema de coisas e os ceifeiros são os anjos. 40 Portanto, assim como o joio é reunido e queimado no fogo, assim será na terminação do sistema de coisas. 41 O Filho do homem enviará os seus anjos, e estes reunirão dentre o seu reino todas as coisas que causam tropeço e os que fazem o que é contra a lei, 42 e lançá-los-ão na fornalha ardente. Ali é que haverá o [seu] choro e o ranger de [seus] dentes. 43 Naquele tempo, os justos brilharão tão claramente como o sol, no reino de seu Pai. Escute aquele que tem ouvidos.

44 “O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido no campo, que certo homem achou e escondeu; e, na sua alegria, vai e vende todas as coisas que tem e compra aquele campo.

45 “Novamente, o reino dos céus é semelhante a um comerciante viajante que buscava pérolas excelentes. 46 Ao achar uma pérola de grande valor, foi e vendeu prontamente todas as coisas que tinha e a comprou.

47 “Novamente, o reino dos céus é semelhante a uma rede de arrasto lançada ao mar e que apanhou [peixes] de toda espécie. 48 Quando ela ficou cheia, arrastaram-na para a praia, e, assentando-se, reuniram os excelentes em vasos, mas os imprestáveis lançaram fora. 49 Assim será na terminação do sistema de coisas: os anjos sairão e separarão os iníquos dos justos, 50 e lançá-los-ão na fornalha ardente. Ali é que haverá o [seu] choro e o ranger de [seus] dentes.

51 “Compreendestes o sentido de todas estas coisas?” Eles lhe disseram: “Sim.” 52 Então lhes disse:

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“Sendo este o caso, todo instrutor público, quando ensinado a respeito do reino dos céus, é semelhante a um homem, dono de casa, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.”

53 Terminando Jesus estas ilustrações, foi dali atravessando o país. 54 E, chegando ao seu próprio território, começou a ensiná-los nas sinagogas deles, de modo que ficaram assombrados e disseram: “Onde obteve este homem tal sabedoria e tais obras poderosas? 55 Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama a sua mãe Maria e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas? 56 E suas irmãs, não estão todas elas aqui conosco? Onde obteve, então, este homem todas essas coisas?” 57 De modo que começaram a tropeçar por causa dele. Mas Jesus disse-lhes: “Um profeta não passa sem honra a não ser no seu próprio território e em sua própria casa.” 58 E não fez ali muitas obras poderosas, por terem eles falta de fé.

14 Naquele mesmo tempo, Herodes, o governante distrital, ouviu relatos sobre Jesus 2 e disse aos seus servos: “Este é João Batista. Ele foi levantado dentre os mortos, e é por isso que operam nele obras poderosas.” 3 Pois Herodes havia mandado prender a João, amarrando-o e lançando-o na prisão, por causa de Herodias, esposa de Filipe, seu irmão. 4 Porque João lhe estivera dizendo: “Não te é lícito tê-la.” 5 No entanto, embora quisesse matá-lo, temia a multidão, pois consideravam-no profeta. 6 Mas, quando se celebrava o aniversário natalício de Herodes, dançou nesta ocasião a filha de Herodias, e ela agradou tanto a Herodes, 7 que ele prometeu com juramento dar-lhe tudo o que pedisse. 8 Ela disse então, sob as instigações de sua mãe: “Dá-me aqui numa travessa a cabeça de João Batista.” 9 O rei, embora contristado, em respeito pelos seus juramentos e pelos que se recostavam com ele, ordenou que lhe fosse entregue; 10 e mandou e fez que João fosse decapitado na prisão. 11 E a cabeça dele foi trazida numa travessa e entregue

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à donzela, e ela a levou à sua mãe. 12 Por fim, vindo os discípulos dele, removeram o seu cadáver e o enterraram; e vieram relatá-lo a Jesus. 13 Ouvindo isso, Jesus retirou-se dali de barco para um lugar solitário, para isolamento; mas as multidões, chegando a ouvir isso, seguiram-no a pé, vindo das cidades.

14 Saindo ele então, viu uma grande multidão; e teve pena deles e curou os seus doentes. 15 Mas, ao cair a noite, chegaram-se a ele seus discípulos e disseram: “O lugar é solitário e a hora já está bem avançada; despede as multidões, para que possam entrar nas aldeias e comprar para si algo para comer.” 16 No entanto, Jesus disse-lhes: “Não precisam ir embora; dai-lhes vós algo para comer.” 17 Disseram-lhe: “Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes.” 18 Ele disse: “Trazei-mos aqui.” 19 A seguir, ordenou que as multidões se recostassem na grama, e tomou os cinco pães e os dois peixes, e, olhando para o céu, proferiu uma bênção, e, depois de partir os pães, distribuiu-os entre os discípulos, e os discípulos, por sua vez, entre as multidões. 20 Todos comeram assim e ficaram satisfeitos, e recolheram os pedaços que sobraram, doze cestos cheios. 21 Contudo, os que comeram foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e criancinhas. 22 Daí, sem demora, compeliu os discípulos a entrar no barco e a partir na sua frente para a outra margem, enquanto ele despedia as multidões.

23 Por fim, tendo despedido as multidões, subiu sozinho ao monte para orar. Embora ficasse tarde, estava ali sozinho. 24 O barco já estava então a muitas centenas de metros da terra, sendo duramente castigado pelas ondas, porque o vento era contrário. 25 Mas, no período da quarta vigília da noite, foi ter com eles andando sobre o mar. 26 Quando o avistaram andando sobre o mar, os discípulos ficaram perturbados, dizendo: “É uma aparição!” E clamaram de temor. 27 Mas, Jesus falou-lhes imediatamente com as palavras: “Coragem! Sou eu; não temais.” 28 Pedro

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disse-lhe, em resposta: “Senhor, se és tu, ordena-me ir ter contigo por cima das águas.” 29 Ele disse: “Vem.” Em vista disso, Pedro, descendo do barco, andou por cima das águas e dirigiu-se a Jesus. 30 Mas, olhando para a ventania, ficou com medo, e, começando a afundar-se, clamou: “Senhor, salva-me!” 31 Estendendo imediatamente a mão, Jesus agarrou-o e disse-lhe: “Ó tu, de pouca fé, por que cedeste à dúvida?” 32 E, depois de terem novamente subido ao barco, cessou a ventania. 33 Os que estavam no barco prestaram-lhe então homenagem, dizendo: “Tu és realmente o Filho de Deus.” 34 E fizeram a travessia, desembarcando em Genesaré.

35 Reconhecendo-o os homens daquele lugar, mandaram avisar toda a região circunvizinha, e o povo trouxe-lhe todos os que estavam enfermos. 36 E instavam com ele para que pudessem ao menos tocar a orla de sua roupa exterior; e todos os que a tocaram ficaram completamente bons.

15 Chegaram-se então a Jesus alguns fariseus e escribas, de Jerusalém, dizendo: 2 “Por que infringem os teus discípulos a tradição dos homens dos tempos anteriores? Por exemplo, não lavam as mãos quando estão para tomar uma refeição.”

3 Em resposta, disse-lhes: “Por que é também que vós infringis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? 4 Por exemplo, Deus disse: ‘Honra a teu pai e a tua mãe’; e: ‘Quem injuriar pai ou mãe, acabe na morte.’ 5 Mas vós dizeis: ‘Quem disser ao seu pai ou à sua mãe: “Tudo o que eu tenho, que da minha parte te poderia ser de proveito, é uma dádiva dedicada a Deus”, 6 este absolutamente não deve mais honrar a seu pai.’ E assim invalidastes a palavra de Deus por causa da vossa tradição. 7 Hipócritas! Isaías profetizou aptamente a vosso respeito, quando disse: 8 ‘Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está muito longe de mim. 9 É em vão que persistem em adorar-me, porque ensinam por doutrinas os mandados de

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homens.’” 10 Com isso chamou mais perto a multidão, e disse-lhes: “Escutai e compreendei o sentido disso: 11 Não o que entra pela boca é o que avilta o homem; mas o que sai da boca é o que avilta o homem.”

12 Os discípulos aproximaram-se, então, e lhe disseram: “Sabes que os fariseus tropeçaram por ouvirem o que disseste?” 13 Em resposta, ele disse: “Toda planta que meu Pai celestial não tiver plantado será desarraigada. 14 Deixai-os. Guias cegos é o que eles são. Se, pois, um cego guiar outro cego, ambos cairão numa cova.” 15 Respondendo, disse-lhe Pedro: “Esclarece-nos a ilustração.” 16 A isso ele disse: “Estais vós também ainda sem entendimento? 17 Não percebeis que tudo o que entra pela boca passa para os intestinos e é eliminado para o esgoto? 18 No entanto, as coisas procedentes da boca saem do coração, e estas coisas aviltam o homem. 19 Por exemplo, do coração vêm raciocínios iníquos, assassínios, adultérios, fornicações, ladroagens, falsos testemunhos, blasfêmias. 20 Estas são as coisas que aviltam o homem; mas tomar uma refeição sem lavar as mãos não é o que avilta o homem.”

21 Partindo dali, Jesus retirou-se então para os lados de Tiro e Sídon. 22 E eis que uma mulher fenícia, daquelas regiões, saiu e gritou alto, dizendo: “Tem misericórdia de mim, Senhor, Filho de Davi. Minha filha está muito endemoninhada.” 23 Mas ele não lhe respondeu nenhuma palavra. De modo que seus discípulos se aproximaram e começaram a solicitar-lhe: “Manda-a embora; porque persiste em clamar atrás de nós.” 24 Em resposta, ele disse: “Não fui enviado a ninguém senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” 25 Chegando a mulher, começou a prestar-lhe homenagem, dizendo: “Senhor, ajuda-me!” 26 Em resposta, ele disse: “Não é direito tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.” 27 Ela disse: “Sim, Senhor; mas, realmente, os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa dos seus amos.” 28 Jesus

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disse-lhe então, em resposta: “Ó mulher, grande é a tua fé; aconteça-te conforme desejas.” E a filha dela ficou curada daquela hora em diante.

29 Atravessando dali o país, Jesus veio a seguir para perto do mar da Galiléia, e, tendo subido ao monte, estava assentado ali. 30 Aproximaram-se-lhe então grandes multidões, trazendo coxos, aleijados, cegos, mudos e muitos outros, e quase que os lançavam aos seus pés, e ele os curava; 31 de modo que a multidão ficou pasmada de ver os mudos falar, e os coxos andar, e os cegos ver, e glorificavam o Deus de Israel.

32 Mas Jesus chamou a si os seus discípulos e disse: “Tenho pena da multidão, porque já faz três dias que ficaram comigo e não têm nada para comer; e eu não quero mandá-los embora em jejum. Poderiam desfalecer pela estrada.” 33 No entanto, os discípulos lhe disseram: “Onde vamos arranjar neste lugar solitário pães suficientes para satisfazer uma multidão deste tamanho?” 34 A isso Jesus disse-lhes: “Quantos pães tendes?” Disseram: “Sete, e alguns peixinhos.” 35 Portanto, depois de mandar a multidão recostar-se no chão, 36 tomou os sete pães e os peixes, e, tendo dado graças, partiu-os e começou a distribuí-los entre os discípulos, e os discípulos, por sua vez, entre as multidões. 37 E todos comeram e ficaram satisfeitos, e recolheram dos pedaços que sobraram sete cabazes cheios. 38 Contudo, os que comeram foram quatro mil homens, além de mulheres e criancinhas. 39 Por fim, depois de despedir as multidões, entrou no barco e chegou às regiões de Magadã.

16 Ali se aproximaram dele os fariseus e saduceus, e, tentando-o, pediram-lhe que lhes mostrasse um sinal do céu. 2 Em resposta, disse-lhes: “[[Ao cair a noite, costumais dizer: ‘Haverá tempo bom, pois o céu está vermelho’; 3 e, de manhã: ‘Hoje haverá tempo frio e chuvoso, pois o céu está vermelho, mas de aspecto sombrio.’ Vós sabeis interpretar a aparência do céu, mas os sinais dos tempos não podeis interpretar.]]

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4 Uma geração iníqua e adúltera persiste em buscar um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal de Jonas.” Com isto se afastou, deixando-os atrás.

5 Os discípulos passaram então para a outra margem e se esqueceram de levar pães. 6 Jesus disse-lhes: “Mantende os olhos abertos e vigiai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus.” 7 Começaram assim a raciocinar entre si, dizendo: “Não trouxemos pães conosco.” 8 Sabendo isso, Jesus disse: “Por que raciocinais assim entre vós, por não terdes pães, vós os de pouca fé? 9 Não compreendeis ainda a questão, ou não vos lembrais dos cinco pães, no caso dos cinco mil, e de quantos cestos recolhestes? 10 Ou dos sete pães, no caso dos quatro mil, e de quantos cabazes recolhestes? 11 Como é que não discernis que não vos falei de pães? Mas, vigiai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus.” 12 Compreenderam então que ele dissera que se vigiassem, não do fermento dos pães, mas do ensino dos fariseus e dos saduceus.

13 Tendo então chegado às regiões de Cesaréia de Filipe, Jesus foi perguntar a seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” 14 Disseram: “Alguns dizem João Batista, outros, Elias, ainda outros, Jeremias ou um dos profetas.” 15 Disse-lhes ele: “Vós, porém, quem dizeis que eu sou?” 16 Em resposta, Simão Pedro disse: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente.” 17 Jesus lhe disse, em resposta: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque [isso] não te foi revelado por carne e sangue, mas por meu Pai, que está nos céus. 18 Também, eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta rocha construirei a minha congregação, e os portões do Hades não a vencerão. 19 Eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo o que amarrares na terra, será a coisa amarrada nos céus, e tudo o que soltares na terra, será a coisa solta nos céus.” 20 Advertiu, então, severamente os discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Cristo.

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21 Daquele tempo em diante, Jesus Cristo principiou a mostrar aos seus discípulos que ele tinha de ir a Jerusalém e sofrer muitas coisas da parte dos anciãos, e dos principais sacerdotes, e dos escribas, e [que tinha] de ser morto e de ser levantado no terceiro dia. 22 Em vista disso, Pedro, tomando-o à parte, principiou a censurá-lo, dizendo: “Sê benigno contigo mesmo, Senhor; não terás absolutamente tal [destino].” 23 Mas ele, voltando-lhe as costas, disse a Pedro: “Para trás de mim, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não tens os pensamentos de Deus, mas os de homens.”

24 Jesus disse então aos seus discípulos: “Se alguém quer vir após mim negue-se a si mesmo e apanhe a sua estaca de tortura, e siga-me continuamente. 25 Pois, todo aquele que quiser salvar a sua alma, perdê-la-á; mas todo aquele que perder a sua alma por minha causa, achá-la-á. 26 Pois, de que proveito será para o homem, se ele ganhar o mundo inteiro, mas pagar com a perda da sua alma? Ou que dará o homem em troca de sua alma? 27 Porque o Filho do homem está destinado a vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então recompensará a cada um segundo o seu comportamento. 28 Deveras, eu vos digo que há alguns dos parados aqui que não provarão absolutamente a morte, até que primeiro vejam o Filho do homem vir no seu reino.”

17 Seis dias depois, Jesus tomou a Pedro, e a Tiago, e a João, irmão deste, e levou-os à parte, a um alto monte. 2 E ele foi transfigurado diante deles, e o seu rosto brilhava como o sol, e a sua roupagem exterior tornou-se brilhante como a luz. 3 E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, conversando com ele. 4 Como resposta, Pedro disse a Jesus: “Senhor, é excelente que estejamos aqui. Se desejares, armarei aqui três tendas, uma para ti, e uma para Moisés, e uma para Elias.” 5 Enquanto ele ainda falava, eis que uma nuvem luminosa os encobriu, e eis uma voz vinda

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da nuvem, dizendo: “Este é meu Filho, o amado, a quem tenho aprovado; escutai-o.” 6 Ouvindo isso, os discípulos prostraram-se com os seus rostos [em terra] e ficaram com muito medo. 7 Jesus aproximou-se, então, e, tocando-os, disse: “Levantai-vos e não temais.” 8 Ao levantarem os olhos, não viram mais ninguém a não ser Jesus sozinho. 9 E, ao descerem do monte, Jesus ordenou-lhes, dizendo: “A ninguém conteis esta visão, até que o Filho do homem seja levantado dentre os mortos.”

10 No entanto, os discípulos fizeram-lhe a pergunta: “Por que dizem então os escribas que Elias tem de vir primeiro?” 11 Em resposta, ele disse: “Elias, de fato, vem e restabelecerá todas as coisas. 12 No entanto, eu vos digo que Elias já veio e não o reconheceram, mas fizeram com ele o que quiseram. Do mesmo modo também o Filho do homem está destinado a sofrer às mãos deles.” 13 Os discípulos perceberam então que lhes falara de João Batista.

14 E, ao se chegarem à multidão, aproximou-se-lhe um homem que se ajoelhou diante dele e disse: 15 “Senhor, tem misericórdia de meu filho, porque ele é epiléptico e está enfermo, pois cai muitas vezes no fogo e muitas vezes na água; 16 e eu o trouxe aos teus discípulos, mas eles não o puderam curar.” 17 Jesus disse, em resposta: “Ó geração sem fé e deturpada, até quando terei de continuar convosco? Até quando terei de suportar-vos? Trazei-mo aqui.” 18 Jesus censurou então o demônio e este saiu dele; e o menino ficou curado daquela hora em diante. 19 Chegando-se então os discípulos a Jesus, em particular, disseram: “Por que é que nós não pudemos expulsá-lo?” 20 Ele lhes disse: “Por terdes pouca fé. Pois, deveras, eu vos digo: Se tiverdes fé do tamanho dum grão de mostarda, direis a este monte: ‘Transfere-te daqui para lá’, e ele se transferirá, e nada vos será impossível.” 21 ——

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22 Foi quando estavam ajuntados na Galiléia que Jesus lhes disse: “O Filho do homem está destinado a ser traído às mãos dos homens, 23 e o matarão, e no terceiro dia ele será levantado.” Conseqüentemente, ficaram muito contristados.

24 Chegando eles a Cafarnaum, dirigiram-se a Pedro os homens que cobravam as duas dracmas [de imposto] e disseram: “Não paga o vosso instrutor as duas dracmas [de imposto]?” 25 Ele disse: “Sim.” No entanto, quando entrou na casa, Jesus adiantou-se-lhe por dizer: “O que achas, Simão? De quem recebem os reis da terra os direitos ou o imposto por cabeça? Dos seus filhos ou dos estranhos?” 26 Quando ele disse: “Dos estranhos”, Jesus disse-lhe: “Realmente, então, os filhos estão isentos de impostos. 27 Mas, para que não os façamos tropeçar, vai ao mar, lança o anzol e toma o primeiro peixe apanhado, e, quando lhe abrires a boca, acharás uma moeda de estáter. Leva-a e dá-lha por mim e por ti.”

18 Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos e disseram: “Quem é realmente o maior no reino dos céus?” 2 Portanto, chamando a si uma criancinha, colocou-a no meio deles 3 e disse: “Deveras, eu vos digo: A menos que deis meia-volta e vos torneis como criancinhas, de modo algum entrareis no reino dos céus. 4 Por isso, todo aquele que se humilhar, semelhante a esta criancinha, é o que é o maior no reino dos céus; 5 e todo aquele que receber uma de tais criancinhas à base do meu nome, [também] a mim me recebe. 6 Mas, todo aquele que fizer tropeçar a um destes pequenos que têm fé em mim, para este seria mais proveitoso que se lhe pendurasse em volta do pescoço uma mó daquelas que o burro faz girar e que fosse afundado no alto-mar.

7 “Ai do mundo, devido às pedras de tropeço! Naturalmente, é necessário que venham pedras de tropeço, mas ai do homem por meio de quem vem a pedra de tropeço! 8 Se, pois, a tua mão ou o teu pé te

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faz tropeçar, corta-o e lança-o para longe de ti; é melhor para ti entrares na vida aleijado ou coxo, do que seres lançado com duas mãos ou dois pés no fogo eterno. 9 Também, se o teu olho te faz tropeçar, arranca-o e lança-o para longe de ti; é melhor para ti entrares com um só olho na vida, do que seres com os dois olhos lançado na Geena ardente. 10 Cuidai de que não desprezeis a um destes pequenos; pois eu vos digo que os seus anjos no céu sempre observam o rosto de meu Pai, que está no céu. 11 ——

12 “Que pensais? Se um certo homem vem a ter cem ovelhas e uma delas se perder, não deixará ele as noventa e nove sobre os montes e irá à procura daquela que se perdeu? 13 E, se por acaso a encontrar, certamente vos digo que se alegrará mais com ela do que com as noventa e nove que não se perderam. 14 Do mesmo modo, não é algo desejável para meu Pai, que está no céu, que pereça um destes pequenos.

15 “Outrossim, se o teu irmão cometer um pecado, vai expor a falta dele entre ti e ele só. Se te escutar, ganhaste o teu irmão. 16 Mas, se não te escutar, toma contigo mais um ou dois, para que, pela boca de duas ou três testemunhas, todo assunto seja estabelecido. 17 Se não os escutar, fala à congregação. Se não escutar nem mesmo a congregação, seja ele para ti apenas como homem das nações e como cobrador de impostos.

18 “Deveras, eu vos digo: Todas as coisas que amarrardes na terra serão as coisas amarradas no céu, e todas as coisas que soltardes na terra serão as coisas soltas no céu. 19 Novamente, deveras vos digo: Se dois de vós, na terra, concordarem em qualquer coisa de importância que solicitarem, ela se realizará para eles devido ao meu Pai no céu. 20 Pois, onde há dois ou três ajuntados em meu nome, ali estou eu no meio deles.”

21 Pedro aproximou-se então e disse-lhe: “Senhor, quantas vezes há de pecar contra mim o meu irmão e

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eu lhe hei de perdoar? Até sete vezes?” 22 Jesus disse-lhe: “Eu não te digo: Até sete vezes, mas: Até setenta e sete vezes.

23 “É por isso que o reino dos céus se tem tornado semelhante a um homem, um rei, que queria ajustar contas com os seus escravos. 24 Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um homem que lhe devia dez mil talentos [= 60.000.000 de denários]. 25 Mas, porque não tinha os meios de pagar [isso] de volta, seu amo mandou que ele, e a esposa dele, e os filhos dele, e todas as coisas que tivesse, fossem vendidos e fosse feito o pagamento. 26 Por isso, o escravo prostrou-se e começou a prestar-lhe homenagem, dizendo: ‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo de volta.’ 27 Penalizado, por causa disso, o amo daquele escravo deixou-o ir e cancelou a sua dívida. 28 Mas aquele escravo saiu e achou um dos seus co-escravos, que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, começou a estrangulá-lo, dizendo: ‘Paga de volta o que deves.’ 29 Por isso, seu co-escravo prostrou-se e começou a suplicar-lhe, dizendo: ‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei de volta.’ 30 No entanto, ele não estava disposto, mas foi e mandou lançá-lo na prisão, até que pagasse de volta o que devia. 31 Portanto, quando seus co-escravos viram o que tinha acontecido, ficaram muito contristados, e foram e esclareceram ao seu amo tudo o que tinha acontecido. 32 O amo dele convocou-o então e disse-lhe: ‘Escravo iníquo, eu te cancelei toda aquela dívida, quando me suplicaste. 33 Não devias tu, por tua vez, ter tido misericórdia do teu co-escravo, assim como eu também tive misericórdia de ti?’ 34 Com isso, seu amo, furioso, entregou-o aos carcereiros, até que pagasse de volta tudo o que devia. 35 Do mesmo modo lidará também convosco o meu Pai celestial, se não perdoardes de coração cada um ao seu irmão.”

19 Então, tendo Jesus concluído estas palavras, partiu da Galiléia e chegou às fronteiras da Judéia, do

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outro lado do Jordão. 2 Seguiam-no também grandes multidões, e ele os curava ali.

3 E vieram ter com ele fariseus, decididos a tentá-lo, e disseram: “É lícito que um homem se divorcie de sua esposa por qualquer motivo?” 4 Em resposta, ele disse: “Não lestes que aquele que os criou desde [o] princípio os fez macho e fêmea, 5 e disse: ‘Por esta razão deixará o homem seu pai e sua mãe, e se apegará à sua esposa, e os dois serão uma só carne’? 6 De modo que não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus pôs sob o mesmo jugo, não o separe o homem.” 7 Disseram-lhe: “Então, por que prescreveu Moisés que se desse um certificado de repúdio e que ela fosse divorciada?” 8 Ele lhes disse: “Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos fez a concessão de vos divorciardes de vossas esposas, mas este não foi o caso desde [o] princípio. 9 Eu vos digo que todo aquele que se divorciar de sua esposa, exceto em razão de fornicação, e se casar com outra, comete adultério.”

10 Os discípulos disseram-lhe: “Se esta é a situação do homem com sua esposa, não é aconselhável casar-se.” 11 Disse-lhes ele: “Nem todos os homens dão lugar a esta palavra, mas somente os a quem é dado. 12 Pois há eunucos que nasceram tais da madre de sua mãe, e há eunucos que foram feitos eunucos pelos homens, e há eunucos que se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Dê lugar a isso aquele que pode dar lugar a isso.”

13 Trouxeram-lhe então criancinhas, para que lhes impusesse as mãos e proferisse uma oração; mas os discípulos censuraram-nos. 14 Jesus, porém, disse: “Deixai as criancinhas e parai de impedi-las de vir a mim, pois o reino dos céus pertence a tais.” 15 E ele lhes impôs as mãos e partiu dali.

16 E eis que alguém, aproximando-se, disse-lhe: “Instrutor, que preciso fazer de bom, a fim de obter a vida eterna?” 17 Ele lhe disse: “Por que me perguntas

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sobre o que é bom? Há um que é bom. Se queres, porém, entrar na vida, observa continuamente os mandamentos.” 18 Disse-lhe ele: “Quais?” Jesus disse: “Ora, não deves assassinar, não deves cometer adultério, não deves furtar, não deves dar falso testemunho, 19 honra [teu] pai e [tua] mãe, e, tens de amar o teu próximo como a ti mesmo.” 20 O jovem disse-lhe: “Tenho guardado a todos estes; que me falta ainda?” 21 Jesus disse-lhe: “Se queres ser perfeito, vai vender teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu, e vem, sê meu seguidor.” 22 Quando o jovem ouviu estas palavras, afastou-se contristado, porque tinha muitas propriedades. 23 Jesus, porém, disse aos seus discípulos: “Deveras, eu vos digo que será difícil para um rico entrar no reino dos céus. 24 Novamente, eu vos digo: É mais fácil um camelo passar pelo orifício duma agulha, do que um rico entrar no reino de Deus.”

25 Quando os discípulos ouviram isso, expressaram grande surpresa, dizendo: “Quem, realmente, pode ser salvo?” 26 Encarando-os, Jesus disse-lhes: “Aos homens isto é impossível, mas a Deus todas as coisas são possíveis.”

27 Pedro disse-lhe então, em resposta: “Eis que abandonamos todas as coisas e te seguimos; o que haverá realmente para nós?” 28 Jesus disse-lhes: “Deveras, eu vos digo: Na recriação, quando o Filho do homem se assentar no seu glorioso trono, vós, os que me seguistes, também estareis sentados em doze tronos, julgando as doze tribos de Israel. 29 E todo aquele que tiver abandonado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna.

30 “Porém, muitos que são primeiros serão últimos, e os últimos, primeiros.

20 “Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, um dono de casa, que saiu cedo de manhã

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para contratar trabalhadores para o seu vinhedo. 2 Tendo concordado com os trabalhadores em um denário por dia, mandou-os ao seu vinhedo. 3 Saindo também por volta da terceira hora, viu outros parados, sem emprego, na feira; 4 e ele disse a estes: ‘Vós também, ide ao vinhedo, e eu vos darei o que for justo.’ 5 De modo que eles foram. Ele saiu novamente por volta da sexta hora e da nona hora, e fez o mesmo. 6 Finalmente, por volta da décima primeira hora, saiu e encontrou outros parados, e disse-lhes: ‘Por que ficastes parados aqui o dia todo sem emprego?’ 7 Eles lhe disseram: ‘Porque ninguém nos contratou.’ Disse-lhes: ‘Ide vós também ao vinhedo.’

8 “Quando anoiteceu, o dono do vinhedo disse ao seu encarregado: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes o seu salário, passando dos últimos para os primeiros.’ 9 Ao chegarem os homens da décima primeira hora, cada um deles recebeu um denário. 10 Portanto, ao chegarem os primeiros, concluíram que receberiam mais; mas eles também receberam o pagamento à razão de um denário. 11 Tendo-o recebido, começaram a murmurar contra o dono de casa 12 e disseram: ‘Estes últimos fizeram uma só hora de trabalho; ainda assim os fizestes iguais a nós, os que levamos o fardo do dia e o calor abrasador!’ 13 Mas ele disse, em resposta, a um deles: ‘Amigo, não te faço nenhuma injustiça. Não concordaste comigo em um denário? 14 Toma o que é teu e vai. Eu quero dar a este último o mesmo que a ti. 15 Não me é lícito fazer o que quero com as minhas próprias coisas? Ou é o teu olho iníquo porque sou bom?’ 16 Deste modo, os últimos serão primeiros e os primeiros, últimos.”

17 Estando então prestes a subir a Jerusalém, Jesus tomou os doze discípulos à parte e disse-lhes na estrada: 18 “Eis que estamos subindo a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e escribas, e eles o condenarão à morte, 19 e o entregarão a [homens das] nações, para se

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divertirem às custas dele e para o açoitarem e pregarem numa estaca, e no terceiro dia ele será levantado.”

20 Aproximou-se dele então a mãe dos filhos de Zebedeu com os seus filhos, prestando homenagem e pedindo-lhe algo. 21 Ele lhe disse: “O que queres?” Disse-lhe ela: “Manda que estes dois filhos meus se assentem, no teu reino, um à tua direita e outro à tua esquerda.” 22 Jesus disse, em resposta: “Vós não sabeis o que pedis. Podeis beber o copo que eu estou para beber?” Disseram-lhe: “Podemos.” 23 Disse-lhes ele: “Bebereis, de fato, o meu copo, mas, assentar-se à minha direita e à minha esquerda não é meu para dar, mas pertence àqueles para quem tem sido preparado por meu Pai.”

24 Quando os outros dez ficaram sabendo disso, indignaram-se com os dois irmãos. 25 Jesus, porém, chamando-os a si, disse: “Sabeis que os governantes das nações dominam sobre elas e que os grandes homens exercem autoridade sobre elas. 26 Não é assim entre vós; mas, quem quiser tornar-se grande entre vós tem de ser o vosso ministro, 27 e quem quiser ser o primeiro entre vós tem de ser o vosso escravo. 28 Assim como o Filho do homem não veio para que se lhe ministrasse, mas para ministrar e dar a sua alma como resgate em troca de muitos.”

29 Ora, ao saírem de Jericó, seguia-lhe uma grande multidão. 30 E eis que dois cegos, sentados à beira da estrada, ao ouvirem que Jesus estava passando por ali, clamaram, dizendo: “Senhor, tem misericórdia de nós, Filho de Davi!” 31 Mas a multidão disse-lhes severamente que ficassem calados; não obstante, clamavam ainda mais alto, dizendo: “Senhor, tem misericórdia de nós, Filho de Davi!” 32 Jesus parou, então, chamou-os e disse: “Que quereis que eu faça para vós?” 33 Disseram-lhe: “Senhor, faze que os nossos olhos se abram.” 34 Penalizado, Jesus tocou-lhes

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os olhos e eles receberam imediatamente visão, e o seguiram.

21 Ora, quando se aproximavam de Jerusalém, e chegaram a Betfagé, no Monte das Oliveiras, Jesus enviou então dois discípulos, 2 dizendo-lhes: “Ide à aldeia que está ao alcance de vossa vista, e logo achareis atada uma jumenta, e um jumentinho com ela; desatai-os e trazei-mos. 3 E, se alguém vos disser alguma coisa, tendes de dizer: ‘O Senhor precisa deles.’ Com isso, ele os enviará imediatamente.”

4 Isto aconteceu realmente para que se cumprisse o que fora falado por intermédio do profeta, que disse: 5 “Dizei à filha de Sião: ‘Eis que o teu Rei está vindo a ti, de temperamento brando e montado num jumento, sim, num jumentinho, descendência dum animal de carga.’”

6 Os discípulos foram então e fizeram conforme Jesus lhes ordenara. 7 E trouxeram a jumenta e seu jumentinho, e colocaram sobre estes as suas roupas exteriores, e ele se sentou nelas. 8 A maior parte da multidão estendeu na estrada as suas roupas exteriores, ao passo que outros cortaram ramos das árvores e os espalhavam pela estrada. 9 Quanto às multidões, os que lhe precediam e os que lhe seguiam clamavam: “Salva, rogamos, o Filho de Davi! Bendito é aquele que vem em nome de Jeová! Salva-o, rogamos, nas maiores alturas!”

10 Entrando ele então em Jerusalém, a cidade inteira ficou em comoção, dizendo: “Quem é este?” 11 As multidões diziam: “Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia!”

12 E Jesus entrou no templo e lançou fora todos os que vendiam e compravam no templo, e derrubou as mesas dos cambistas e as bancas dos que vendiam pombas. 13 E disse-lhes: “Está escrito: ‘Minha casa será chamada casa de oração’, mas vós fazeis dela um covil

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de salteadores.” 14 Aproximaram-se dele no templo também cegos e coxos, e ele os curou.

15 Quando os principais sacerdotes e os escribas viram as coisas maravilhosas que ele fazia e os meninos que clamavam no templo e diziam: “Salva, rogamos, o Filho de Davi!” ficaram indignados 16 e disseram-lhe: “Ouves o que estes estão dizendo?” Jesus disse-lhes: “Sim. Nunca lestes o seguinte: ‘Da boca de pequeninos e de crianças de peito forneceste louvor’?” 17 E deixando-os, saiu da cidade para Betânia e passou ali a noite.

18 Ao voltar à cidade de manhã cedo, ficou com fome. 19 E avistando uma figueira à beira da estrada, dirigiu-se a ela; mas, não encontrou nela nada, a não ser folhas, e disse-lhe: “Nunca mais venha de ti fruto algum.” E a figueira secou-se instantaneamente. 20 Mas, quando os discípulos viram isso, admiraram-se, dizendo: “Como é que a figueira se secou instantaneamente?” 21 Em resposta, Jesus disse-lhes: “Deveras, eu vos digo: Se somente tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que eu fiz à figueira, mas também, se disserdes a este monte: ‘Sê levantado e lançado no mar’, acontecerá isso. 22 E todas as coisas que pedirdes em oração, tendo fé, recebereis.”

23 Ora, tendo ele entrado no templo, chegaram-se a ele os principais sacerdotes e os anciãos dentre o povo, ao estar ele ensinando, e disseram: “Com que autoridade fazes estas coisas? E quem te deu esta autoridade?” 24 Jesus disse-lhes, em resposta: “Também eu vos pergunto uma coisa. Se ma disserdes, também eu vos direi com que autoridade faço estas coisas: 25 O batismo de João, donde se originou? Do céu ou dos homens?” Mas eles começaram a raciocinar entre si mesmos, dizendo: “Se dissermos: ‘Do céu’, ele nos dirá: ‘Então, por que não acreditastes nele?’ 26 Se, porém, dissermos: ‘Dos homens’, temos a multidão para temer, porque todos eles consideram João como profeta.” 27 De modo que disseram a Jesus, em

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resposta: “Não sabemos.” Ele, por sua vez, disse-lhes: “Tampouco eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.

28 “Que achais? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje no vinhedo.’ 29 Em resposta, este lhe disse: ‘Irei, senhor’, mas não foi. 30 Dirigindo-se ao segundo, disse-lhe a mesma coisa. Em resposta, este lhe disse: ‘Não irei.’ Depois deplorou isso e foi. 31 Qual dos dois fez a vontade do pai?” Eles disseram: “O último.” Jesus disse-lhes: “Deveras, eu vos digo que os cobradores de impostos e as meretrizes entrarão na frente de vós no reino de Deus. 32 Porque João veio a vós num caminho de justiça, mas vós não acreditastes nele. No entanto, os cobradores de impostos e as meretrizes acreditaram nele, e vós, embora vísseis [isto], não o deplorastes depois, a ponto de acreditardes nele.

33 “Ouvi outra ilustração: Havia um homem, dono de casa, que plantou um vinhedo e pôs uma cerca em volta dele, e escavou um lagar, e erigiu uma torre, e o arrendou a lavradores, e foi viajar para fora. 34 Quando veio a estação dos frutos, mandou seus escravos aos lavradores, para receber os seus frutos. 35 No entanto, os lavradores tomaram os escravos dele, e a um espancaram, a outro mataram, a outro apedrejaram. 36 Mandou novamente outros escravos, mais do que os primeiros, mas fizeram-lhes a mesma coisa. 37 Por fim mandou a eles seu filho, dizendo: ‘Respeitarão o meu filho.’ 38 Ao verem o filho, os lavradores disseram entre si: ‘Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo e apoderemo-nos da sua herança!’ 39 Tomando-o assim, lançaram-no fora do vinhedo e o mataram. 40 Portanto, quando vier o dono do vinhedo, que fará àqueles lavradores?” 41 Disseram-lhe: “Por serem maus, trará sobre eles uma destruição calamitosa e arrendará o vinhedo a outros lavradores que lhe entregarão os frutos quando forem devidos.”

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42 Jesus disse-lhes: “Nunca lestes nas Escrituras: ‘A pedra que foi rejeitada pelos construtores é a que se tem tornado a principal pedra angular. Isto procede de Jeová e é maravilhoso aos nossos olhos’? 43 É por isso que vos digo: O reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que produza os seus frutos. 44 Também, quem cair sobre esta pedra, será despedaçado. Quanto àquele sobre quem ela cair, será pulverizado por ela.”

45 Ora, quando os principais sacerdotes e os fariseus ouviram as ilustrações dele, repararam que falava deles. 46 Mas, embora procurassem apoderar-se dele, temiam as multidões, porque estas o consideravam como profeta.

22 Em resposta adicional, Jesus falou-lhes novamente com ilustrações, dizendo: 2 “O reino dos céus tem-se tornado semelhante a um homem, um rei, que fez uma festa de casamento para seu filho. 3 E ele mandou os seus escravos chamar os convidados à festa de casamento, mas não quiseram vir. 4 Mandou novamente outros escravos, dizendo: ‘Dizei aos convidados: “Eis que tenho preparado o meu repasto, meus touros e animais cevados já foram abatidos e todas as coisas estão prontas. Vinde à festa de casamento.”’ 5 Mas eles, indiferentes, foram embora, um para o seu próprio campo, outro para o seu negócio comercial; 6 mas os restantes, agarrando os escravos dele, trataram-nos com insolência e os mataram.

7 “O rei, porém, ficou furioso e enviou os seus exércitos, e destruiu aqueles assassinos e queimou a cidade deles. 8 Depois disse aos seus escravos: ‘A festa de casamento, deveras, está pronta, mas os convidados não eram dignos. 9 Ide, portanto, às estradas que saem da cidade e convidai a qualquer que achardes para a festa de casamento.’ 10 Concordemente, esses escravos foram às estradas e ajuntaram a todos os que acharam, tanto iníquos como

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bons; e a sala para as cerimônias do casamento ficou cheia dos que se recostavam à mesa.

11 “Quando o rei entrou para inspecionar os convidados, avistou ali um homem que não vestia a roupa de casamento. 12 Disse-lhe, portanto: ‘Amigo, como entraste aqui sem roupa de casamento?’ Ele ficou sem fala. 13 O rei disse então aos seus servos: ‘Amarrai-lhe as mãos e os pés, e lançai-o na escuridão lá fora. Ali é onde haverá o [seu] choro e o ranger de [seus] dentes.’

14 “Porque há muitos convidados, mas poucos escolhidos.”

15 Os fariseus foram então embora e realizaram uma consulta entre si para o enlaçarem na sua palavra. 16 Mandaram-lhe por isso discípulos seus, junto com partidários de Herodes, dizendo: “Instrutor, sabemos que és veraz e que ensinas o caminho de Deus em verdade, e que não te importas com ninguém, pois não olhas para a aparência externa dos homens. 17 Dize-nos, portanto: Que pensas? É lícito ou não pagar a César o imposto por cabeça?” 18 Mas Jesus, conhecendo a iniqüidade deles, disse: “Por que me pondes à prova, hipócritas? 19 Mostrai-me a moeda do imposto por cabeça.” Trouxeram-lhe um denário. 20 E ele lhes disse: “De quem é esta imagem e inscrição?” 21 Disseram: “De César.” Então lhes disse ele: “Portanto, pagai de volta a César as coisas de César, mas a Deus as coisas de Deus.” 22 Ora, quando ouviram [isso], ficaram maravilhados, e, deixando-o, foram embora.

23 Naquele dia, os saduceus, que dizem não haver ressurreição, chegaram-se a ele e perguntaram-lhe: 24 “Instrutor, Moisés disse: ‘Se um homem morrer sem filhos, seu irmão tem de tomar a esposa dele em casamento e suscitar descendência para seu irmão.’ 25 Ora, havia conosco sete irmãos; e o primeiro casou-se e faleceu, e, não tendo descendência, deixou a sua esposa para seu irmão. 26 Aconteceu do mesmo modo

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também com o segundo e com o terceiro, até passar por todos os sete. 27 Por último, morreu a mulher. 28 Conseqüentemente, na ressurreição, de qual dos sete será ela esposa? Pois todos a tiveram.”

29 Em resposta, Jesus disse-lhes: “Estais equivocados, porque não conheceis nem as Escrituras, nem o poder de Deus; 30 pois na ressurreição, os homens não se casam, nem são as mulheres dadas em casamento, mas são como os anjos no céu. 31 Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que vos foi falado por Deus, que disse: 32 ‘Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó’? Ele é o Deus, não de mortos, mas de vivos.” 33 Ouvindo [isso], as multidões ficaram assombradas com o seu ensino.

34 Tendo os fariseus ouvido que ele silenciara os saduceus, ajuntaram-se num só grupo. 35 E um deles, versado na Lei, perguntou para prová-lo: 36 “Instrutor, qual é o maior mandamento na Lei?” 37 Disse-lhe: “‘Tens de amar a Jeová, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua mente.’ 38 Este é o maior e primeiro mandamento. 39 O segundo, semelhante a este, é: ‘Tens de amar o teu próximo como a ti mesmo.’ 40 Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.”

41 Enquanto os fariseus estavam ajuntados, Jesus perguntou-lhes: 42 “Que pensais do Cristo? De quem é ele filho?” Disseram-lhe: “De Davi.” 43 Ele lhes disse: “Como é, então, que Davi, por inspiração, lhe chama ‘Senhor’, dizendo: 44 ‘Jeová disse ao meu Senhor: “Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés”’? 45 Se, portanto, Davi o chama de ‘Senhor’, como é ele seu filho?” 46 E ninguém foi capaz de dizer-lhe uma só palavra em resposta, nem se atreveu alguém, daquele dia em diante, a interrogá-lo mais.

23 Jesus falou então às multidões e aos seus discípulos, dizendo: 2 “Os escribas e os fariseus

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sentaram-se no assento de Moisés. 3 Portanto, todas as coisas que eles vos dizem, fazei e observai, mas não façais segundo as ações deles, pois dizem, mas não realizam. 4 Amarram cargas pesadas e as põem nos ombros dos homens, mas eles mesmos não estão dispostos nem a movê-las com o dedo. 5 Fazem todas as suas obras para serem observados pelos homens; pois ampliam as suas caixinhas [com textos], que usam como proteção, e alargam as orlas [de suas vestes]. 6 Gostam dos lugares mais destacados nas refeições noturnas e dos primeiros assentos nas sinagogas, 7 e dos cumprimentos nas feiras, e de ser chamados Rabi pelos homens. 8 Mas vós, não sejais chamados Rabi, pois um só é o vosso instrutor, ao passo que todos vós sois irmãos. 9 Além disso, não chameis a ninguém na terra de vosso pai, pois um só é o vosso Pai, o Celestial. 10 Tampouco sejais chamados ‘líderes’, pois o vosso Líder é um só, o Cristo. 11 Mas o maior dentre vós tem de ser o vosso ministro. 12 Quem se enaltecer, será humilhado, e quem se humilhar, será enaltecido.

13 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois, vós mesmos não entrais, nem deixais entrar os que estão em caminho para entrar. 14 ——

15 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque percorreis o mar e a terra seca para fazer um prosélito, e, quando se torna tal, fazeis dele objeto para a Geena duas vezes mais do que vós mesmos.

16 “Ai de vós, guias cegos, que dizeis: ‘Se alguém jurar pelo templo, isto não é nada; mas, se alguém jurar pelo ouro do templo, ele está sob obrigação.’ 17 Tolos e cegos! O que, de fato, é maior, o ouro ou o templo que santifica o ouro? 18 Também: ‘Se alguém jurar pelo altar, isso não é nada; mas, se alguém jurar pela dádiva nele, ele está sob obrigação.’ 19 Cegos! O que, de fato, é maior, a dádiva ou o altar que santifica a dádiva? 20 Portanto, quem jurar pelo altar, está jurando por ele e por todas as coisas sobre ele; 21 e

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quem jurar pelo templo, está jurando por ele e por aquele que habita nele; 22 e quem jurar pelo céu, está jurando pelo trono de Deus e por aquele que está sentado nele.

23 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o décimo da hortelã, e do endro, e do cominho, mas desconsiderastes os assuntos mais importantes da Lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Estas eram as coisas obrigatórias a fazer, sem, contudo, desconsiderar as outras. 24 Guias cegos, que coais o mosquito, mas engolis o camelo!

25 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque limpais por fora o copo e o prato, mas por dentro estão cheios de saque e de intemperança. 26 Fariseu cego, limpa primeiro por dentro o copo e o prato, para que também por fora se torne limpo.

27 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque vos assemelhais a sepulcros caiados, que por fora, deveras, parecem belos, mas que por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda sorte de impureza. 28 Do mesmo modo, vós também, deveras, pareceis por fora justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e do que é contra a lei.

29 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque construís os sepulcros dos profetas e decorais os túmulos memoriais dos justos, 30 e dizeis: ‘Se nós estivéssemos nos dias de nossos antepassados, não seríamos parceiros deles no sangue dos profetas.’ 31 Portanto dais testemunho contra vós mesmos de que sois filhos daqueles que assassinaram os profetas. 32 Pois bem, enchei a medida de vossos antepassados.

33 “Serpentes, descendência de víboras, como haveis de fugir do julgamento da Geena? 34 Por esta razão eu vos estou enviando profetas, e sábios, e instrutores públicos. A alguns deles matareis e pregareis em estacas, e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e perseguireis de cidade em cidade; 35 para

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que venha sobre vós todo o sangue justo derramado na terra, desde o sangue do justo Abel até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem assassinastes entre o santuário e o altar. 36 Deveras, eu vos digo: Todas essas coisas virão sobre esta geração.

37 “Jerusalém, Jerusalém, matadora dos profetas e apedrejadora dos que lhe são enviados — quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo de suas asas! Mas vós não o quisestes. 38 Eis que a vossa casa vos fica abandonada. 39 Pois eu vos digo: De modo algum me vereis doravante, até que digais: ‘Bendito aquele que vem em nome de Jeová!’”

24 Afastando-se então, Jesus ia sair do templo, mas os seus discípulos aproximaram-se para mostrar-lhe os edifícios do templo. 2 Ele, porém, disse-lhes: “Não observais todas estas coisas? Deveras, eu vos digo: De modo algum ficará aqui pedra sobre pedra sem ser derrubada.”

3 Enquanto estava sentado no Monte das Oliveiras, aproximaram-se dele os discípulos, em particular, dizendo: “Dize-nos: Quando sucederão estas coisas e qual será o sinal da tua presença e da terminação do sistema de coisas?”

4 E Jesus, em resposta, disse-lhes: “Olhai para que ninguém vos desencaminhe; 5 pois muitos virão à base do meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Cristo’, e desencaminharão a muitos. 6 Ouvireis falar de guerras e relatos de guerras; vede que não fiqueis apavorados. Pois estas coisas têm de acontecer, mas ainda não é o fim.

7 “Porque nação se levantará contra nação e reino contra reino, e haverá escassez de víveres e terremotos num lugar após outro. 8 Todas essas coisas são um princípio das dores de aflição.

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9 “Então vos entregarão a tribulação e vos matarão, e sereis pessoas odiadas por todas as nações, por causa do meu nome. 10 Então, também, muitos tropeçarão e trairão uns aos outros, e se odiarão uns aos outros. 11 E surgirão muitos falsos profetas, e desencaminharão a muitos; 12 e, por causa do aumento do que é contra a lei, o amor da maioria se esfriará. 13 Mas, quem tiver perseverado até o fim é o que será salvo. 14 E estas boas novas do reino serão pregadas em toda a terra habitada, em testemunho a todas as nações; e então virá o fim.

15 “Portanto, quando avistardes a coisa repugnante que causa desolação, conforme falado por intermédio de Daniel, o profeta, estar em pé num lugar santo, (que o leitor use de discernimento,) 16 então, os que estiverem na Judéia comecem a fugir para os montes. 17 O homem [que estiver] no alto da casa não desça para tirar de sua casa os bens; 18 e o homem [que estiver] no campo não volte para casa para apanhar a sua roupa exterior. 19 Ai das mulheres grávidas e das que amamentarem naqueles dias! 20 Persisti em orar que a vossa fuga não ocorra no tempo do inverno, nem no dia de sábado; 21 pois então haverá grande tribulação, tal como nunca ocorreu desde o princípio do mundo até agora, não, nem tampouco ocorrerá de novo. 22 De fato, se não se abreviassem aqueles dias, nenhuma carne seria salva; mas, por causa dos escolhidos, aqueles dias serão abreviados.

23 “Então, se alguém vos disser: ‘Eis aqui está o Cristo!’, ou: ‘Ali!’, não o acrediteis. 24 Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios, a fim de desencaminhar, se possível, até mesmo os escolhidos. 25 Eis que eu vos avisei de antemão. 26 Portanto, se vos disserem: ‘Eis que ele está no deserto!’, não saiais; ‘eis que ele está nos aposentos interiores!’, não o acrediteis. 27 Pois, assim como o relâmpago sai das regiões orientais e brilha sobre as regiões ocidentais, assim será a presença do

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Filho do homem. 28 Onde estiver o cadáver, ali se ajuntarão as águias.

29 “Imediatamente depois da tribulação daqueles dias, o sol ficará escurecido, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e os poderes dos céus serão abalados. 30 Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se baterão então em lamento, e verão o Filho do homem vir nas nuvens do céu, com poder e grande glória. 31 E enviará os seus anjos com grande som de trombeta, e eles ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma extremidade dos céus até à outra extremidade deles.

32 “Aprendei, pois, da figueira o seguinte ponto, como ilustração: Assim que os seus ramos novos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que o verão está próximo. 33 Do mesmo modo, também, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo às portas. 34 Deveras, eu vos digo que esta geração de modo algum passará até que todas estas coisas ocorram. 35 Céu e terra passarão, mas as minhas palavras de modo algum passarão.

36 “Acerca daquele dia e daquela hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas unicamente o Pai. 37 Pois assim como eram os dias de Noé, assim será a presença do Filho do homem. 38 Porque assim como eles eram naqueles dias antes do dilúvio, comendo e bebendo, os homens casando-se e as mulheres sendo dadas em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, 39 e não fizeram caso, até que veio o dilúvio e os varreu a todos, assim será a presença do Filho do homem. 40 Dois homens estarão então no campo: um será levado junto e o outro será abandonado; 41 duas mulheres estarão moendo no moinho manual: uma será levada junto e a outra será abandonada. 42 Portanto, mantende-vos vigilantes, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.

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43 “Mas, sabei isto, que, se o dono de casa tivesse sabido em que vigília viria o ladrão, teria ficado acordado e não teria permitido que a sua casa fosse arrombada. 44 Por esta razão, vós também mostrai-vos prontos, porque o Filho do homem vem numa hora em que não pensais.

45 “Quem é realmente o escravo fiel e discreto a quem o seu amo designou sobre os seus domésticos, para dar-lhes o seu alimento no tempo apropriado? 46 Feliz aquele escravo, se o seu amo, ao chegar, o achar fazendo assim! 47 Deveras, eu vos digo: Ele o designará sobre todos os seus bens.

48 “Mas, se é que aquele escravo mau disser no seu coração: ‘Meu amo demora’, 49 e principiar a espancar os seus co-escravos, e a comer e beber com os beberrões inveterados, 50 o amo daquele escravo virá num dia em que não espera e numa hora que não sabe, 51 e o punirá com a maior severidade e lhe determinará a sua parte com os hipócritas. Ali é onde haverá o [seu] choro e o ranger de [seus] dentes.

25 “O reino dos céus se tornará então semelhante a dez virgens que tomaram as suas lâmpadas e saíram ao encontro do noivo. 2 Cinco delas foram tolas e cinco foram discretas. 3 Pois as tolas tomaram as suas lâmpadas, mas não levaram óleo, 4 ao passo que as discretas levaram óleo nos seus recipientes, junto com as suas lâmpadas. 5 Demorando o noivo, todas elas cochilaram e adormeceram. 6 Logo no meio da noite levantou-se um grito: ‘Aqui está o noivo! Ide ao encontro dele.’ 7 Todas aquelas virgens levantaram-se então e puseram as suas lâmpadas em ordem. 8 As tolas disseram às discretas: ‘Dai-nos do vosso óleo, porque as nossas lâmpadas estão prestes a apagar-se.’ 9 As discretas responderam com as palavras: ‘Talvez não haja suficiente para nós e para vós. Ide, antes, aos que o vendem e comprai-o para vós.’ 10 Enquanto foram comprá-lo, chegou o noivo, e as virgens que estavam prontas entraram com ele para a festa de casamento; e

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a porta foi fechada. 11 Depois veio também o resto das virgens, dizendo: ‘Senhor, senhor, abre para nós!’ 12 Ele disse, em resposta: ‘Eu vos digo a verdade: não vos conheço.’

13 “Portanto, mantende-vos vigilantes, porque não sabeis nem o dia nem a hora.

14 “Pois é assim como quando um homem, prestes a viajar para fora, convocou escravos seus e confiou-lhes os seus bens. 15 E a um deles deu cinco talentos, a outro dois, e a ainda outro um, a cada um segundo a sua própria capacidade, e viajou para fora. 16 Aquele que recebera cinco talentos foi imediatamente e negociou com eles, e ganhou outros cinco. 17 Do mesmo modo, aquele que recebera dois ganhou mais dois. 18 Mas aquele que recebera apenas um foi e cavou no chão, e escondeu o dinheiro de prata de seu amo.

19 “Depois de muito tempo voltou o amo daqueles escravos e ajustou contas com eles. 20 Apresentou-se então o que recebera cinco talentos e trouxe cinco talentos adicionais, dizendo: ‘Amo, confiaste-me cinco talentos; eis que ganhei mais cinco talentos.’ 21 Seu amo disse-lhe: ‘Muito bem, escravo bom e fiel! Foste fiel em poucas coisas. Designar-te-ei sobre muitas coisas. Entra na alegria do teu amo.’ 22 A seguir, apresentou-se aquele que recebera dois talentos e disse: ‘Amo, confiaste-me dois talentos; eis que ganhei mais dois talentos.’ 23 Seu amo disse-lhe: ‘Muito bem, escravo bom e fiel! Foste fiel em poucas coisas. Designar-te-ei sobre muitas coisas. Entra na alegria do teu amo.’

24 “Por fim, apresentou-se aquele que recebera um talento e disse: ‘Amo, eu sabia que és homem exigente, ceifando onde não semeaste e ajuntando onde não joeiraste. 25 Por isso fiquei com medo, e fui e escondi no chão o teu talento. Aqui tens o que é teu.’ 26 Em resposta, seu amo disse-lhe: ‘Escravo iníquo e indolente, sabias, não é verdade, que ceifo onde não

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semeei e ajunto onde não joeirei? 27 Pois bem, devias ter depositado meu dinheiro de prata junto aos banqueiros, e, na minha chegada, eu estaria recebendo o meu com juros.

28 “‘Portanto, tirai-lhe o talento e dai-o àquele que tem dez talentos. 29 Pois a todo aquele que tem, mais será dado, e ele terá abundância; mas, quanto àquele que não tem, até mesmo o que tem lhe será tirado. 30 E lançai o escravo imprestável na escuridão lá fora. Ali é onde haverá o [seu] choro e o ranger de [seus] dentes.’

31 “Quando o Filho do homem chegar na sua glória, e com ele todos os anjos, então se assentará no seu trono glorioso. 32 E diante dele serão ajuntadas todas as nações, e ele separará uns dos outros assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 E porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à sua esquerda.

34 “O rei dirá então aos à sua direita: ‘Vinde, vós os que tendes sido abençoados por meu Pai, herdai o reino preparado para vós desde a fundação do mundo. 35 Pois fiquei com fome, e vós me destes algo para comer; fiquei com sede, e vós me destes algo para beber. Eu era estranho, e vós me recebestes hospitaleiramente; 36 [estava] nu, e vós me vestistes. Fiquei doente, e vós cuidastes de mim. Eu estava na prisão, e vós me visitastes.’ 37 Então, os justos lhe responderão com as palavras: ‘Senhor, quando te vimos com fome, e te alimentamos, ou com sede, e te demos algo para beber? 38 Quando te vimos como estranho, e te recebemos hospitaleiramente, ou nu, e te vestimos? 39 Quando te vimos doente, ou na prisão, e te fomos visitar?’ 40 E o rei lhes dirá, em resposta: ‘Deveras, eu vos digo: Ao ponto que o fizestes a um dos mínimos destes meus irmãos, a mim o fizestes.’

41 “Então dirá, por sua vez, aos à sua esquerda: ‘Afastai-vos de mim, vós os que tendes sido amaldiçoados, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos. 42 Pois fiquei com fome, mas vós

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não me destes nada para comer, e fiquei com sede, mas vós não me destes nada para beber. 43 Eu era estranho, mas vós não me recebestes hospitaleiramente; [estava] nu, mas vós não me vestistes; doente e na prisão, mas vós não cuidastes de mim.’ 44 Então responderão também estes com as palavras: ‘Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estranho, ou nu, ou doente, ou na prisão, e não te ministramos?’ 45 Então lhes responderá com as palavras: ‘Deveras, eu vos digo: Ao ponto que não o fizestes a um destes mínimos, a mim não o fizestes.’ 46 E estes partirão para o decepamento eterno, mas os justos, para a vida eterna.”

26 Então, havendo Jesus terminado com todas estas palavras, disse aos seus discípulos: 2 “Sabeis que daqui a dois dias é a páscoa, e o Filho do homem há de ser entregue para ser pregado numa estaca.”

3 Nessa ocasião, os principais sacerdotes e os anciãos do povo ajuntaram-se no pátio do sumo sacerdote, que se chamava Caifás, 4 e realizaram entre si uma consulta para se apoderarem de Jesus por meio dum ardil e o matarem. 5 No entanto, diziam: “Não durante a festividade, para que não surja alvoroço entre o povo.”

6 Estando Jesus em Betânia, na casa de Simão, o leproso, 7 aproximou-se dele uma mulher com um vaso de alabastro com dispendioso óleo perfumado e começou a derramá-lo sobre a cabeça dele, enquanto ele se recostava à mesa. 8 Vendo isso, os discípulos ficaram indignados e disseram: “Por que este desperdício? 9 Porque isso poderia ter sido vendido por grande soma e dado aos pobres.” 10 Percebendo isso, Jesus disse-lhes: “Por que procurais causar aflição à mulher? Pois ela fez uma ação excelente para comigo. 11 Porque vós sempre tendes convosco os pobres, a mim, porém, nem sempre me tereis. 12 Pois, quando esta mulher derramou este óleo perfumado sobre o meu corpo, fez isso em preparação para o meu enterro.

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13 Deveras, eu vos digo: Onde quer que se pregarem estas boas novas em todo o mundo, o que esta mulher fez também será contado em lembrança dela.”

14 Então um dos doze, aquele chamado Judas Iscariotes, dirigiu-se aos principais sacerdotes 15 e disse: “O que me dareis para traí-lo a vós?” Estipularam-lhe trinta moedas de prata. 16 De modo que daquele momento em diante ele buscava uma boa oportunidade para traí-lo.

17 No primeiro dia dos Pães não Fermentados, os discípulos vieram a Jesus, dizendo: “Onde queres que preparemos para comeres a páscoa?” 18 Ele disse: “Ide à cidade, a fulano, e dizei-lhe: O Instrutor diz: ‘Está próximo o meu tempo designado; celebrarei a páscoa com meus discípulos na tua casa.’” 19 E os discípulos fizeram conforme Jesus lhes mandara, e aprontaram as coisas para a páscoa.

20 Tendo chegado a noitinha, ele estava recostado à mesa com os doze discípulos. 21 Enquanto comiam, ele disse: “Deveras, eu vos digo: Um de vós me trairá.” 22 Ficando muito contristados com isso, principiaram cada um a dizer-lhe: “Não sou por acaso eu, Senhor?” 23 Em resposta, ele disse: “O que mete comigo a mão no prato fundo é o que me há de trair. 24 Deveras, o Filho do homem vai embora, assim como está escrito a respeito dele, mas ai do homem por quem o Filho do homem está sendo traído! Teria sido melhor para ele, se esse homem não tivesse nascido.” 25 Como resposta, Judas, que estava prestes a traí-lo, disse: “Não sou por acaso eu, Rabi?” Ele lhe disse: “Tu mesmo [o] disseste.”

26 Ao continuarem a comer, Jesus tomou um pão, e, depois de proferir uma bênção, partiu-o, e, dando-o aos discípulos, disse: “Tomai, comei. Isto significa meu corpo.” 27 Tomou também um copo, e, tendo dado graças, deu-lho, dizendo: “Bebei dele, todos vós; 28 pois isto significa meu ‘sangue do pacto’, que há de

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ser derramado em benefício de muitos, para o perdão de pecados. 29 Eu vos digo, porém: Doravante, de modo algum beberei deste produto da videira, até o dia em que o beberei novo, convosco, no reino de meu Pai.” 30 Por fim, depois de cantarem louvores, saíram para o Monte das Oliveiras.

31 Jesus disse-lhes então: “Esta noite, todos vós tropeçareis em conexão comigo, pois está escrito: ‘Golpearei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão espalhadas.’ 32 Mas, depois de eu ter sido levantado, irei adiante de vós para a Galiléia.” 33 Mas Pedro, em resposta, disse-lhe: “Ainda que todos os outros tropecem em conexão contigo, eu nunca tropeçarei!” 34 Jesus disse-lhe: “Deveras, eu te digo: Esta noite, antes de cantar o galo, repudiar-me-ás três vezes.” 35 Pedro disse-lhe: “Mesmo que eu tenha de morrer contigo, de modo algum te repudiarei.” Todos os outros discípulos disseram também a mesma coisa.

36 Jesus chegou então com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse aos discípulos: “Sentai-vos aqui enquanto eu vou para lá orar.” 37 E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, principiou a ficar contristado e muito aflito. 38 Disse-lhes então: “Minha alma está profundamente contristada, até à morte. Ficai aqui e mantende-vos vigilantes comigo.” 39 E, indo um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto [em terra], orando e dizendo: “Pai meu, se for possível, deixa que este copo se afaste de mim. Contudo, não como eu quero, mas como tu queres.”

40 E ele veio aos discípulos e achou-os dormindo, e disse a Pedro: “Não pudestes vigiar comigo nem mesmo por uma hora? 41 Mantende-vos vigilantes e orai continuamente, para que não entreis em tentação. O espírito, naturalmente, está ansioso, mas a carne é fraca.” 42 Novamente, pela segunda vez, afastou-se e orou, dizendo: “Pai meu, se não é possível que isto se afaste de mim sem que eu o beba, realize-se a tua vontade.” 43 E veio novamente e os encontrou

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dormindo, pois estavam com os olhos pesados. 44 Portanto, deixando-os, afastou-se novamente e orou pela terceira vez, dizendo mais uma vez a mesma palavra. 45 Veio então ter com os discípulos e disse-lhes: “Numa ocasião destas, vós estais dormindo e descansando! Eis que se tem aproximado a hora para o Filho do homem ser traído às mãos de pecadores. 46 Levantai-vos, vamos embora. Eis que se tem aproximado aquele que me trai.” 47 E, enquanto ainda falava, eis que veio Judas, um dos doze, e com ele uma grande multidão, com espadas e cacetes, da parte dos principais sacerdotes e anciãos do povo.

48 Ora, o que o traía havia-lhes dado um sinal, dizendo: “A quem eu beijar, este é ele; detende-o.” 49 E, dirigindo-se diretamente a Jesus, disse: “Bom dia, Rabi!” e beijou-o mui ternamente. 50 Mas Jesus disse-lhe: “Amigo, para que fim estás presente?” Eles avançaram então e deitaram mãos em Jesus, e detiveram-no. 51 Mas, eis que um dos que estavam com Jesus estendeu a mão e puxou a sua espada, e, golpeando o escravo do sumo sacerdote, cortou-lhe a orelha. 52 Jesus disse-lhe então: “Devolve a espada ao seu lugar, pois todos os que tomarem a espada perecerão pela espada. 53 Ou pensas que não posso apelar para meu Pai, para fornecer-me neste momento mais de doze legiões de anjos? 54 Neste caso, como se cumpririam as Escrituras, de que tem de realizar-se deste modo?” 55 Jesus disse às multidões, naquela hora: “Viestes com espadas e com cacetes, como contra um salteador, para prender-me? Dia após dia costumava eu estar sentado no templo, ensinando; contudo, vós não me detivestes. 56 Mas tudo isso se tem realizado para que se cumprissem as escrituras dos profetas.” Todos os discípulos o abandonaram então e fugiram.

57 Os que detiveram Jesus levaram-no a Caifás, o sumo sacerdote, onde estavam ajuntados os escribas e os anciãos. 58 Pedro, porém, seguia-o duma boa

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distância, até o pátio do sumo sacerdote, e, tendo entrado, estava sentado com os criados, para ver o resultado.

59 Entrementes, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio estavam procurando falso testemunho contra Jesus, para o entregarem à morte, 60 mas não encontraram nenhum, embora se apresentassem muitas testemunhas falsas. Mais tarde, apresentaram-se dois 61 e disseram: “Este homem disse: ‘Eu posso derrubar o templo de Deus e reconstruí-lo em três dias.’” 62 Em vista disso, o sumo sacerdote levantou-se e disse-lhe: “Não tens nenhuma resposta? O que é que estes testificam contra ti?” 63 Mas Jesus ficou calado. O sumo sacerdote disse-lhe, por isso: “Pelo Deus vivente, eu te ponho sob juramento para nos dizeres se tu és o Cristo, o Filho de Deus!” 64 Jesus disse-lhe: “Tu mesmo [o] disseste. Contudo, eu vos digo: Doravante vereis o Filho do homem sentado à destra de poder e vindo nas nuvens do céu.” 65 O sumo sacerdote rasgou então a sua roupagem exterior, dizendo: “Ele blasfemou! Que necessidade temos ainda de testemunhas? Vede! Agora ouvistes a blasfêmia. 66 Qual é a vossa opinião?” Eles deram a resposta: “Está sujeito à morte.” 67 Cuspiram-lhe então no rosto e o esmurraram. Outros o esbofetearam, 68 dizendo: “Profetiza-nos, ó Cristo. Quem te golpeou?”

69 Ora, Pedro estava sentado lá fora no pátio; aproximou-se dele então uma serva, dizendo: “Tu também estavas com Jesus, o galileu!” 70 Mas ele negou-o perante todos, dizendo: “Não sei de que falas.” 71 Tendo saído para a portaria, foi notado por outra moça, e ela disse aos que estavam ali: “Este homem estava com Jesus, o nazareno.” 72 E ele novamente o negou, com juramento: “Não conheço este homem!” 73 Pouco depois, os que estavam parados ali aproximaram-se e disseram a Pedro: “Tu certamente és também um deles, pois, de fato, o teu dialeto te trai.” 74 Ele principiou então a praguejar e a

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jurar: “Não conheço este homem!” E imediatamente cantou um galo. 75 E Pedro lembrou-se da declaração de Jesus, a saber: “Antes de cantar o galo, repudiar-me-ás três vezes.” E ele saiu e chorou amargamente.

27 Ao amanhecer, todos os principais sacerdotes e os anciãos do povo realizaram uma consulta contra Jesus, a fim de o entregarem à morte. 2 E, depois de o amarrarem, levaram-no e entregaram-no a Pilatos, o governador.

3 Então Judas, que o traiu, vendo que tinha sido condenado, sentiu remorso e devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e anciãos, 4 dizendo: “Pequei quando traí sangue justo.” Eles disseram: “Que temos nós com isso? Isso é contigo!” 5 De modo que ele lançou as moedas de prata dentro do templo e retirou-se, e, tendo saído, enforcou-se. 6 Mas os principais sacerdotes tomaram as moedas de prata e disseram: “Não é lícito deitá-las no tesouro sagrado, porque são o preço de sangue.” 7 Depois de se consultarem entre si, compraram com elas o campo do oleiro, para enterrar os estranhos. 8 Aquele campo veio por isso a ser chamado de “Campo de Sangue”, até o dia de hoje. 9 Cumpriu-se assim aquilo que fora falado por intermédio de Jeremias, o profeta, que disse: “E tomaram as trinta moedas de prata, o preço do homem com que foi avaliado, daquele a quem alguns dos filhos de Israel puseram um preço, 10 e deram-nas pelo campo do oleiro, segundo o que Jeová me tinha ordenado.”

11 Jesus estava então perante o governador; e o governador fez-lhe a pergunta: “És tu o rei dos judeus?” Jesus replicou: “Tu mesmo [o] dizes.” 12 Mas ele não deu nenhuma resposta enquanto estava sendo acusado pelos principais sacerdotes e anciãos. 13 Pilatos disse-lhe então: “Não ouves quantas coisas testificam contra ti?” 14 Contudo, ele não lhe respondeu, não, nem com uma só palavra, de modo que o governador ficou muito admirado.

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15 Ora, de festividade em festividade, era costume do governador livrar para a multidão um preso, aquele a quem desejassem. 16 Naquela mesma ocasião estavam retendo um preso notório, chamado Barrabás. 17 Portanto, quando estavam ajuntados, Pilatos disse-lhes: “A qual deles quereis que eu vos livre, a Barrabás ou a Jesus, o chamado Cristo?” 18 Pois ele se apercebia de que o tinham entregado por inveja. 19 Além disso, enquanto estava sentado na cadeira de juiz, sua esposa mandou dizer-lhe: “Não tenhas nada que ver com esse homem justo, pois eu sofri hoje muito, num sonho, por causa dele.” 20 Mas os principais sacerdotes e anciãos persuadiram as multidões a pedir Barrabás e fazer Jesus ser destruído. 21 Então, em resposta, o governador disse-lhes: “A qual dos dois quereis que eu vos livre?” Disseram: “Barrabás.” 22 Pilatos disse-lhes: “O que quereis, então, que eu faça com Jesus, o chamado Cristo?” Todos disseram: “Seja pregado numa estaca!” 23 Ele disse: “Por que, o que fez ele de mal?” Todavia, clamaram ainda mais: “Seja pregado numa estaca!”

24 Vendo que nada adiantava, mas, ao contrário, que se criava um alvoroço, Pilatos tomou água e lavou as mãos diante da multidão, dizendo: “Eu sou inocente do sangue deste [homem]. Isso é convosco.” 25 A isso, todo o povo disse em resposta: “O sangue dele caia sobre nós e sobre os nossos filhos.” 26 Livrou-lhes então Barrabás, porém, mandou que Jesus fosse chicoteado e o entregou para ser pregado numa estaca.

27 Os soldados do governador levaram então Jesus para o palácio do governador e ajuntaram em volta dele todo o corpo de tropa. 28 E, tendo-o despido, puseram sobre ele um manto escarlate, 29 e trançaram uma coroa de espinhos e a puseram na cabeça dele, e [puseram] uma cana na sua direita. E, ajoelhando-se diante dele, divertiam-se às custas dele, dizendo: “Bom dia, ó Rei dos judeus!” 30 E, cuspindo nele,

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tomaram a cana e começaram a bater-lhe na cabeça. 31 Por fim, tendo-se divertido às custas dele, tiraram o manto e puseram nele sua roupagem exterior, e o levaram para ser pregado numa estaca.

32 Saindo, encontraram um nativo de Cirene, de nome Simão. A este homem obrigaram a prestar serviço por levar a sua estaca de tortura. 33 E, quando chegaram ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer Lugar da Caveira, 34 deram-lhe a beber vinho misturado com fel; mas ele, depois de prová-lo, recusou-se a beber. 35 Tendo-o pregado numa estaca, distribuíram a sua roupagem exterior por lançar sortes, 36 e, sentados, vigiavam sobre ele ali. 37 Também puseram por cima de sua cabeça a acusação contra ele, por escrito: “Este é Jesus, o Rei dos judeus.”

38 Dois salteadores foram então com ele pregados em estacas, um à sua direita e outro à sua esquerda. 39 Os que passavam começaram assim a falar dele de modo ultrajante, sacudindo a cabeça 40 e dizendo: “Ó tu, pretenso derrubador do templo e construtor dele em três dias, salva-te a ti mesmo! Se tu és filho de Deus, desce da estaca de tortura!” 41 Do mesmo modo também os principais sacerdotes, junto com os escribas e os anciãos, começaram a divertir-se às custas dele e a dizer: 42 “A outros ele salvou; a si mesmo não pode salvar! Ele é Rei de Israel; desça agora da estaca de tortura, e nós acreditaremos nele. 43 Depositou a sua confiança em Deus; que Ele o socorra agora, se Ele o quiser, pois este disse: ‘Sou Filho de Deus.’” 44 Do mesmo modo, até os salteadores, que com ele estavam pregados em estacas, começaram a vituperá-lo.

45 Da sexta hora em diante, caiu uma escuridão sobre toda aquela terra, até a nona hora. 46 Por volta da nona hora, Jesus exclamou com voz alta, dizendo: “Eli, Eli, lama sabactâni?” isto é: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” 47 Ouvindo isso, alguns dos que estavam por ali em pé começaram a

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dizer: “Este homem está chamando Elias.” 48 E um deles correu imediatamente, e, tomando uma esponja, ensopou-a em vinho acre e a pôs numa cana, dando-lhe de beber. 49 Mas os restantes deles disseram: “Deixa[-o]! Vejamos se Elias vem salvá-lo.” [[Outro homem tomou uma lança e furou-lhe o lado, e saiu sangue e água.]] 50 Novamente, Jesus clamou com alta voz e entregou o [seu] espírito.

51 E eis que a cortina do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo, e a terra tremeu, e as rochas se fenderam. 52 E abriram-se os túmulos memoriais e muitos corpos dos santos que tinham adormecido foram levantados, 53 (e pessoas, saindo dentre os túmulos memoriais depois de ele ter sido levantado, entraram na cidade santa,) e tornaram-se visíveis a muitas pessoas. 54 Mas o oficial do exército e os que com ele vigiavam sobre Jesus, quando viram o terremoto e as coisas que aconteciam, ficaram com muito medo, dizendo: “Certamente este era o Filho de Deus.”

55 Além disso, observando de certa distância, havia ali muitas mulheres que tinham acompanhado Jesus desde a Galiléia, para ministrar-lhe; 56 entre estas estava Maria Madalena, também Maria, a mãe de Tiago e Josés, e a mãe dos filhos de Zebedeu.

57 Então, visto que a tarde já estava avançada, veio um homem rico de Arimatéia, de nome José, que também se tinha tornado discípulo de Jesus. 58 Este homem dirigiu-se a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Pilatos ordenou então que lhe fosse entregue. 59 E José tomou o corpo, enrolou-o em puro linho fino 60 e deitou-o no seu novo túmulo memorial, que ele tinha aberto na rocha. E, depois de rolar uma grande pedra à porta do túmulo memorial, partiu. 61 Porém, Maria Madalena e a outra Maria permaneceram ali, sentadas diante do sepulcro.

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62 No dia seguinte, que era depois da Preparação, ajuntaram-se perante Pilatos os principais sacerdotes e os fariseus, 63 dizendo: “Senhor, lembramo-nos de que esse impostor dizia, enquanto ainda estava vivo: ‘Depois de três dias eu hei de ser levantado.’ 64 Portanto, ordena que o sepulcro seja feito seguro até o terceiro dia, para que não venham os seus discípulos e o furtem, e digam ao povo: ‘Ele foi levantado dentre os mortos!’ e esta última impostura seja pior do que a primeira.” 65 Pilatos disse-lhes: “Tendes uma guarda. Ide fazê-lo tão seguro como sabeis.” 66 De modo que foram e fizeram o sepulcro seguro por selarem a pedra e terem a guarda.

28 Depois do sábado, quando estava ficando claro, no primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.

2 E eis que tinha havido um grande terremoto; pois o anjo de Jeová descera do céu, e, aproximando-se, rolara a pedra [da frente] e estava sentado sobre ela. 3 Sua aparência exterior era como relâmpago e seu vestuário era branco como a neve. 4 Sim, os vigias tremeram de temor dele e ficaram como que mortos.

5 Mas o anjo disse em resposta às mulheres: “Não sejais temerosas, pois eu sei que estais procurando a Jesus, que foi pregado numa estaca. 6 Ele não está aqui, pois foi levantado, assim como disse. Vinde, vede o lugar onde estava deitado. 7 E ide rapidamente e dizei aos seus discípulos que ele foi levantado dentre os mortos, e eis que vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. Eis que eu vo-lo disse.”

8 Deixando assim rapidamente o túmulo memorial, com temor e grande alegria, correram para relatar isso aos discípulos dele. 9 E eis que Jesus foi ao encontro delas e disse: “Bom dia!” Elas aproximaram-se e agarraram-no pelos pés, e prestaram-lhe homenagem. 10 Jesus disse-lhes então: “Não temais! Ide, relatai isso

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a meus irmãos, a fim de que vão para a Galiléia; e ali me verão.”

11 Enquanto elas estavam em caminho, eis que alguns da guarda foram à cidade e relataram aos principais sacerdotes todas as coisas que tinham acontecido. 12 E, depois de estes se terem ajuntado com os anciãos e terem deliberado, deram aos soldados um número suficiente de moedas de prata 13 e disseram: “Dizei: ‘Seus discípulos vieram de noite e o furtaram, enquanto estávamos dormindo.’ 14 E, se isso chegar aos ouvidos do governador, nós [o] persuadiremos e vos livraremos de preocupação.” 15 Assim tomaram as moedas de prata e fizeram como se lhes mandou; e esta palavra se tem espalhado entre os judeus até o dia de hoje.

16 No entanto, os onze discípulos foram para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes designara, 17 e quando o viram, prestaram-lhe homenagem, mas alguns duvidaram. 18 E Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. 19 Ide, portanto, e fazei discípulos de pessoas de todas as nações, batizando-as em o nome do Pai, e do Filho, e do espírito santo, 20 ensinando-as a observar todas as coisas que vos ordenei. E eis que estou convosco todos os dias, até à terminação do sistema de coisas.”

[Notas de rodapé]

“Mateus.” אB(gr.): Math·thaí·on; D(gr.): Mat·thaí·on; derivado do nome próprio hebr. Mat·tith·yáh, significando “Dádiva de Jah”.

Ou “linhagem; origem”. Gr.: ge·né·se·os, “gênesis”; lat.: ge·ne·ra·ti·ó·nis, “geração”; J17,18(hebr.): toh·ledhóth, “genealogia”. Veja Gên 2:4 n. e Gên 5:1 n.: “história”.

Lit.: “procriou”. Gr.: e·gén·ne·sen; lat.: gé·nu·it, “gerou”.

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Ou “por aquela que havia pertencido a Urias”.

WH omite Acazias, Jeoás, Amazias. Mas veja 1Cr 3:11, 12.

Gr.: Ba·by·ló·nos; J17,22(hebr.): Ba·vél. Veja 2Rs 17:24 n.

Ou “liberá-la”. Lit.: “soltá-la”.

“De Jeová.” J3,4,7-14,16-18,22-24,28(hebr.): יהוה (Yeho·wáh); gr.: Κυρίου (Ky·rí·ou), sem o artigo definido: “de Senhor”. The Holy Scriptures, de J. N. Darby, 1920 (correspondendo à Bíblia alemã chamada “Elberfelder Bibel”, 1891), diz numa n. sobre Mt 1:20: “‘Senhor’ sem o artigo, significando, como muitas vezes acontece: ‘Jeová.’” Este é o primeiro de 237 lugares nas Escrituras Gregas Cristãs em que ocorre o nome divino “Jeová” no próprio texto desta tradução. Em adição a isso, ele ocorre 72 vezes nas n., fora do texto propriamente dito. Veja Ap. 1D.

“Jesus.” Gr.: ’Ιησοῦν (I·e·soún); J1-14,16-18,22(hebr.): ישוע (Ye·shú·a‛, “Jesua”, significando “Jeová É Salvação”).

Veja Ap. 1D.

“A virgem.” Gr.: he par·thé·nos; J22(hebr.): ha·‛al·máh.

Gr.: Em·ma·nou·él; J17,18,22(hebr.): ‛Im·ma·nu·’él.

Veja Ap. 1D.

Lit.: “ele não a estava conhecendo”.

Ou “magos”. Gr.: má·goi.

Ou “vimos a sua estrela desde o Oriente”.

“O Cristo.” Gr.: ὁ χριστός (ho Khri·stós); J1-14,16-

18,22(hebr.): המשיח (ham·Ma·shí·ahh, “O Messias; o Ungido”).

Significando “Casa de Pão”. Gr.: Be·thle·ém; J17,18,22(hebr.): Behth lé·hhem.

Ou “líderes”. Gr.: he·ge·mó·sin.

Page 73: Evangelhos e Atos

Ou “líder”. Gr.: he·goú·me·nos.

Ou “que viram desde o Oriente”.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

Ou “magos”.

Veja Ap. 1D.

Ou “vida”. Gr.: psy·khén; J17,18,22(hebr.): né·fesh. Veja Ap. 4A.

Ou “Cidade [do] rebentão”. Gr.: Na·za·rét; J22(hebr.): Na·tsé·reth.

“Nazareno.” J17,18,22(hebr.): Nots·rí. Gr.: Na·zo·raí·os; provavelmente derivado do hebr. né·tser, significando “rebentão”, portanto, figurativamente “prole; descendente”. Veja Is 11:1 e n.: “rebentão”.

“João.” Gr.: I·o·á·nes; J1-14,16-18,22(hebr.): Yoh·hha·nán, “Joanã”, significando “Jeová Tem Mostrado Favor; Jeová Tem Sido Clemente”.

Ou “o Imersor; o Submersor (Mergulhador)”. Gr.: ho Ba·pti·stés; J17,22(hebr.): ham·Mat·bíl.

Ou “proclamar”. Gr.: ke·rýs·son; lat.: praé·di·cans.

“Reino dos céus.” Gr.: ba·si·leí·a ton ou·ra·nón; lat.: ré·gnum cae·ló·rum; J22(hebr.): mal·khúth sha·má·yim.

Veja Ap. 1D.

Ou “cinturão”.

Significando “Posse [ou: Alicerce] da Paz Dupla”. Gr.: I·e·ro·só·ly·ma; J22(hebr.): Yeru·sha·lá·yim.

Lit.: “mudança de idéia”. Gr.: me·ta·noí·as.

Ou “imerjo-vos; submerjo-vos (mergulho-vos)”. Gr.: ba·ptí·zo.

Page 74: Evangelhos e Atos

Ou “força ativa”. Gr.: pneú·ma·ti; lat.: spí·ri·tu; J17,18,22(hebr.): berú·ahh, “com força ativa”. Veja Gên 1:2 n.: “ativa”.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

“Mundo.” Gr.: κόσμου (kó·smou); lat.: mún·di.

Veja Ap. 1D.

“Tens de prestar serviço sagrado.” Gr.: la·treú·seis; J17,18,22(hebr.): ta·‛avódh, “tens de servir (adorar)”. Veja Êx 3:12 n.

Ou “evangelho”. Gr.: eu·ag·gé·li·on; lat.: e·van·gé·li·um.

Ou “As [a confederação das] Dez Cidades”.

“Felizes.” Gr.: Ma·ká·ri·oi; lat.: be·á·ti, que é a base do termo “beatitudes”.

Ou “os indigentes do espírito”.

Lit.: “pacificadores”. Gr.: ei·re·no·poi·oí.

“Uma palavra imprópria de desprezo.” Gr.: Rha·ká; J17, Re·qá’, palavra aram. de desprezo.

Ou “Sinédrio”.

“Geena.” Gr.: γέενναν (gé·en·nan); J1-14,16-18(hebr.): גיהנם (geh·hin·nóm, “vale de Hinom”). Era o lugar onde se queimava o lixo fora de Jerusalém. Veja Ap. 4C.

Lit.: “o último quadrante”; a sexagésima quarta parte dum denário. Veja Ap. 8A.

“Fornicação.” Gr.: por·neí·as; lat.: for·ni·ca·ti·ó·nis; J17,18,22(hebr.): zenúth. Veja Ap. 5A.

Ou “solta”.

Ou “comete infidelidade marital sexual”. Gr.: moi·khá·tai; lat.: a·dúl·te·rat; J22(hebr.): noh·’éf. Veja Ez 16:32 n.

Page 75: Evangelhos e Atos

Veja Ap. 1D.

Ou “daquilo que é iníquo”.

Ou “àquilo que é iníquo”.

“Mil passos.” Gr.: mí·li·on; lat.: míl·le pás·sus. A milha romana tinha 1.479,5 m. Veja Lu 24:13 n.; Ap. 8A.

Ou “completo”.

Ou “não balbucies; não profiras repetições vãs”.

Ou “seja tido por sagrado; seja tratado como santo”. Gr.: ha·gi·a·sthé·to; lat.: sanc·ti·fi·cé·tur; J17,18(hebr.): yith·qad·dásh, “seja santificado”. Veja Êx 29:43 n.: “santificado”.

Lit.: “solta-nos”.

Ou “socorre-nos”.

Ou “daquilo que é iníquo”.

Ou “sincero; unidirecional; em foco; generoso”.

Ou “mau; invejoso”.

Ou “Mamom”. Gr.: ma·mo·naí, no dativo; J17, 18,22(hebr.): ham·ma·móhn, “o mamom”.

Ou “vidas”. Lit.: “alma”. Gr.: psy·kheí, sing. Veja Ap. 4A.

Ou: “Estai buscando.” Gr.: ze·teí·te; a forma do verbo indica uma ação contínua.

Ou “aniquilação”. Gr.: a·pó·lei·an.

Ou “muitos milagres”.

Ou “centurião”, isto é, o comandante de 100 soldados. Lat.: cen·tú·ri·o.

Ou “rilhar; cerrar”.

Isto é, depois do sábado. Veja Mr 1:21-32; Lu 4:31-40.

“Ao país dos gerasenos”, em Mr 5:1; Lu 8:26.

Page 76: Evangelhos e Atos

Ou “saindo dos”.

“Que temos nós contigo?” Esta é uma expressão idiomática; é uma pergunta de repulsa, indicando objeção. Veja Ap. 7B.

Lit.: “os filhos da câmara nupcial”, isto é, os convidados ao casamento.

Ou “bainha; borla”.

Ou “serei salva”.

Ou “te salvou”.

Ou “proclamando”. Gr.: ke·rýs·son; lat.: praé·di·cans.

Ou “atormentadas; molestadas”.

“Pedro” é chamado de cinco maneiras diferentes; aqui: “Simão, o chamado Pedro”; em 16:16: “Simão Pedro”; em At 15:14: “Simeão”; em Jo 1:42: “Cefas”; e mais freqüentemente: “Pedro”, como em Mt 14:28.

Significando “Filho de Tolmai”. Às vezes era chamado Natanael, presumivelmente este era seu sobrenome. Veja Jo 1:46; Jo 21:2.

Também conhecido por Levi. Veja Lu 5:27.

Também conhecido por “Judas, filho de Tiago”. Veja Lu 6:16; Jo 14:22; At 1:13.

Ou “nem uma peça extra de roupa interior”.

Ou “a sinédrios inferiores”. J17,22(hebr.): leSan·hedh·ri·yóhth.

“Testemunho.” Gr.: mar·tý·ri·on; lat.: te·sti·mó·ni·um.

“Belzebu”, VgSyp,s; אB(gr.): Be·e·ze·boúl; CW(gr.): Be·el·ze·boúl. Veja 12:24 n.

Ou “em público; publicamente”.

Lit.: “ao ouvido”.

Ou “vida”. Veja Ap. 4A.

Page 77: Evangelhos e Atos

Veja Ap. 4C.

Lit.: “se vendem . . . por um asse (assário)”; este era a décima sexta parte de um denário. Veja Ap. 8A.

“Estaca de tortura.” Gr.: σταυρόν (stau·rón); lat.: crú·cem (de crux). Veja Ap. 5C.

Ou “vida”. Veja Ap. 4A.

Ou “anjo”.

Ou “Imersor; Submersor (Mergulhador)”. Gr.: Ba·pti·stoú.

Significando “Meu Deus É Jeová”. J18,22(hebr.): ’E·li·yá·hu. Veja 1Rs 17:1 n. e 2Rs 1:3 n.: “Elias”.

Ou: “não serás enaltecida ao céu?”

“Hades.” Gr.: ᾅδου (haí·dou); J7-14,16-18,22(hebr.): שאול (she’óhl). Veja Ap. 4B.

“Para ti”, referindo-se a “ti” como a uma cidade.

Ou: “Entrai sob o meu jugo comigo.”

Ou “tornai-vos meus discípulos”. Veja Jz 7:17.

Ou “vidas”. Veja Ap. 4A.

“Pães da apresentação.” Gr.: ár·tous tes pro·thé·se·os; J22(hebr.): lé·hhem hap·pa·ním. Ou “pães da proposição”. Veja Êx 25:30 n.

Lit.: “o que é”. Gr.: tí e·stin. Veja 26:26 n.

Ou “à vitória”.

“Belzebu”, VgSyc,p,s; CDWSyhArm: “Beelzeboul”; אB: “Beezeboul”; possivelmente significando “Senhor da Habitação”, ou, se for trocadilho da palavra hebr. não-bíblica zé·vel (esterco): “Senhor do Esterco”. Veja 2Rs 1:2 n.: “Baal-Zebube”.

Lit.: “falar rebaixando o espírito santo”.

Page 78: Evangelhos e Atos

Ou “nesta ordem de coisas”. Gr.: ai·ó·ni; lat.: saé·cu·lo; J1-14,16-18(hebr.): va·‛oh·lám, “na ordem de coisas”.

Lit.: “a pregação de Jonas”. Gr.: to ké·ryg·ma I·o·ná; lat.: prae·di·ca·ti·ó·ne Ió·nae.

Ou “términos”. Gr.: pe·rá·ton. Veja At 1:8 n.: “distante”.

.BSyc,s omitem o v. 47°א

Ou “em parábolas”. Gr.: en pa·ra·bo·laís; lat.: in pa·rá·bo·lis; J17,18,22(hebr.): bim·sha·lím.

Lit.: “foi tornado grosso (gordo)”.

Ou “de má vontade”.

Ou “ordem de coisas”. Gr.: ai·ó·nos; lat.: saé·cu·li; J17,18,22(hebr.): ha·‛oh·lám, “a ordem de coisas”.

Ou “e o prazer enganoso de ser rico”.

Ou “ela”, isto é, a “palavra”.

Ou “cizânia”. Veja v. 36 n.

“Grandes medidas.” Ou “seás”. Gr.: sá·ta. Um seá equivalia a 7,33 l.

Ou “cizânia”. Gr.: zi·za·ní·on; J17,22(hebr.): zu·néh. Uma espécie das gramíneas, cujas sementes têm propriedades venenosas, supostamente provenientes dum fungo que se desenvolve nelas.

Ou “fim conjunto; fim conjugado; consumação”. Gr.: συντέλεια (syn·té·lei·a); lat.: con·sum·má·ti·o. Veja Da 12:4 n.: “fim”.

Ou “duma ordem de coisas”. Gr.: ai·ó·nos; lat.: saé·cu·li; J1-14,16-18,22(hebr.): ha·‛oh·lám, “da ordem de coisas”.

Veja v. 39 n.

Ou “toda pessoa instruída”.

Ou “cidade”.

Page 79: Evangelhos e Atos

Lit.: “o tetrarca”, o príncipe territorial agindo pelo imperador.

Ou “milagres”.

Lit.: “muitos estádios”. Um estádio equivalia a um oitavo de milha romana, ou 185 m.

A última vigília (de aproximadamente as 3 horas da madrugada até o nascer do sol), segundo a divisão gr. e romana da noite. Os judeus tinham três divisões, ou vigílias, segundo Êx 14:24 e Jz 7:19, mas eles posteriormente adotaram o sistema romano de quatro vigílias noturnas. Veja Mr 13:35 n.

Ou “morra sem falta”.

Ou “vala”.

Ou “parábola”.

Ou “cloaca; latrina; privada”.

Ou “cananéia”.

Segundo CDWItVg; אBSyc,sArm omitem as palavras entre colchetes duplos.

“Adúltera.” Gr.: moi·kha·lís; lat.: a·dúl·te·ra.

Lit.: “Barjonas”, significando “Filho de Jonas”. Gr.: Ba·ri·o·ná; J17,18,22(hebr.): Bar-Yoh·náh. Bar é um estrangeirismo aram. para “filho”. Veja Esd 5:2 n.

“Tu és Pedro, e sobre esta rocha.” Nas línguas originais, as palavras para “Pedro”, significando “Um Pedaço de Rocha”, são masc. (gr.: Pé·tros, masc.; lat.: Pé·trus, masc.; sir.: Ki’·fa’, precedido pelo pronome pessoal masc. hu), ao passo que as palavras para “rocha” são fem. (gr.: pé·trai, dativo, fem. sing.; lat.: pé·tram, fem.; sir.: ki’·fa’, precedido pelo adjetivo demonstrativo fem. ha·de’).

Ou “minha eclésia (assembléia)”. Gr.: mou ten ek·kle·sí·an; J17,18,22(hebr.): qehil·la·thí.

Page 80: Evangelhos e Atos

“Hades.” Gr.: haí·dou; J7,8,10-14,16-18,22(hebr.): she’óhl. Veja Ap. 4B.

Ou “a coisa já amarrada”, o particípio passivo perfeito.

Ou “a coisa já solta”, o particípio passivo perfeito.

Ou “virando-se”.

Ou “não tens a mente de Deus, mas a de homens”.

Veja Ap. 5C.

Ou “vida”. Veja Ap. 4A.

,BSyc,s omitem o v. 21; CDWVgSypArm: “No entanto°אesta espécie não sai, exceto por oração e jejum.” (Veja Mr 9:29.)

Lit.: “as dracmas duplas”. Gr.: ta dí·drakh·ma. Veja Ap. 8A.

“Uma moeda de estáter”, considerada ser a tetradracma. Veja Ap. 8A.

Veja Ap. 4C.

Ou “sempre têm acesso ao meu Pai”.

BSys omitem isso; DWVgSyc,pArm: “Porque o Filho doאhomem veio para salvar o que estava perdido.” (Veja Lu 19:10.)

Lit.: “repreende-o”.

Ou “tudo o que é dito”.

Lit.: “fique de pé”.

Lit.: “recusar ouvir”.

Ou “à eclésia (assembléia)”. Gr.: tei ek·kle·sí·ai; J17(hebr.): ’el-haq·qa·hál.

Ou “coisas já amarradas”, o particípio passivo perfeito.

Ou “coisas já soltas”, o particípio passivo perfeito.

Page 81: Evangelhos e Atos

“Setenta e sete vezes”, em harmonia com Gên 4:24. Lit.: “setenta vezes sete”.

Um talento de prata equivalia a 6.000 denários. Veja Ap. 8A.

Ou “perdoou-lhe a dívida”.

Veja Ap. 8A.

Ou “perdoei-te toda aquela dívida”.

Ou “aos atormentadores”. Gr.: tois ba·sa·ni·staís; lat.: tor·tó·ri·bus.

Lit.: “se solte”. Veja Le 22:13 n.

“Fornicação.” Gr.: por·neí·ai, dativo, sing.; lat.: for·ni·ca·ti·ó·nem; J17,18,22(hebr.): zenúth. Veja Ap. 5A.

Veja v. 18 n.

“Cometer adultério.” Gr.: moi·kheú·seis; lat.: a·dul·te·rá·bis; J18,22(hebr.): tin·’áf. Veja 5:32 n.: “adultério”; Ez 16:32 n.

Ou “regeneração; renascimento”. Gr.: pa·lin·ge·ne·sí·ai; lat.: re·ge·ne·ra·ti·ó·ne; sir.: be‛al·ma’ Hhad·ta’, “na nova era”. Veja Tit 3:5 n.

Uma moeda romana de prata, que pesava 3,85 g.

Ou “invejoso”.

Ou “fixarem numa estaca (poste)”. Veja Ap. 5C.

Ou “servo”. Gr.: di·á·ko·nos; lat.: mi·ní·ster (de mí·nus, “menos”); J22(hebr.): mesha·réth.

Ou “para servir (assistir)”. Gr.: di·a·ko·né·sai; lat.: mi·ni·strá·re; J17,18,22(hebr.): lesha·réth.

Ou “vida”. Gr.: psy·khén; lat.: á·ni·mam; J17,18,22(hebr.): naf·shóh, “sua vida”.

“Resgate.” Gr.: lý·tron; lat.: re·dem·pti·ó·nem; J17,18,22(hebr.): kó·fer. Veja 1Ti 2:6 n.: “correspondente”.

Page 82: Evangelhos e Atos

“Senhor”, P45BCWVg; א: “Jesus”; DSyc omitem isso.

Lit.: “Hosana.” Gr.: Ho·san·ná; Vgc(lat.): Ho·sán·na; J1-

14,16-18,22(hebr.): Hoh·sha‛·ná’, “Salva, rogamos!”

Veja Ap. 1D.

Ou “nos lugares mais altos”.

Ou “parábola”.

Veja Ap. 1D.

Ou “tantos quantos”.

Ou “aos seus ministros (ajudantes)”. Gr.: tois di·a·kó·nois; lat.: mi·ní·stris; J22(hebr.): lam·sha·rethím.

Ou “rilhar; cerrar”.

Ou “com os herodianos”.

Ou “ao Imperador”. Gr.: Kaí·sa·ri; lat.: Caé·sa·ri; J22(hebr.): laq·Qeh·sár.

Veja 20:2 n.

“Imagem.” Gr.: ei·kón; lat.: i·má·go; J22(hebr.): had·demúth, “a imagem”.

Lit.: “Dai de volta.” Gr.: A·pó·do·te; lat.: réd·di·te; J17,22(hebr.): tenú.

“Ressurreição.” Gr.: a·ná·sta·sin, “levantar-se; erguer-se” (de a·ná, “para cima”, e stá·sis, “estar de pé”); lat.: re·sur·rec·ti·ó·nem; J17(hebr.): tehhi·yáth ham·me·thím, “revivificação dos mortos”.

“Ele é o Deus”, B; J18: “Jeová é Deus.”

Veja Ap. 1D.

Lit.: “no espírito”. Gr.: en pneú·ma·ti; lat.: in spí·ri·tu; J17,18(hebr.): ba·rú·ahh.

Veja Ap. 1D.

Ou “ampliam seus filactérios”.

Page 83: Evangelhos e Atos

Ou “bainhas; borlas”.

Ou “nos lugares de reunião”.

Ou “Meu Grande (Excelente)”. Gr.: Rhab·beí; lat.: ráb·bi; J17(hebr.): Rab·bí Rab·bí.

“Líder.” Gr.: ka·the·ge·tés; lat.: ma·gí·ster.

Ou “servo”. Gr.: di·á·ko·nos; lat.: mi·ní·ster; J17,18(hebr.): lim·sha·réth, “como ajudante”.

BDVgSysArm omitem isso; VgcSyc: “Ai de vós, escribasאe fariseus, hipócritas! porque devorais as casas das viúvas e como pretexto fazeis longas orações; por isso recebereis julgamento mais abundante.” (Veja Mr 12:40.)

Ou “converso”. Gr.: pro·sé·ly·ton; lat.: pro·sé·ly·tum.

“Objeto para.” Lit.: “filho da”.

Veja Ap. 4C.

Ou “habitação (morada) divina”. Gr.: na·oí, no dativo, sing.; lat.: tém·plum; J17,18,22(hebr.): ba·heh·khál, “pelo palácio”. Veja 1Sa 1:9 n.: “templo”.

Ou “fé”.

Ou “estai na plena medida de vossos antepassados”. B: “enchereis a medida de vossos antepassados”.

Veja Ap. 4C.

Ou “pessoas instruídas; escribas”.

Ou “fixareis em estacas (postes)”. Veja Ap. 5C.

Veja Ap. 1D.

Gr.: pa·rou·sí·as. Veja Ap. 5B.

Ou “fim conjunto; fim conjugado; consumação”. Gr.: syn·te·leí·as; lat.: con·sum·ma·ti·ó·nis.

Ou “da ordem de coisas”. Gr.: ai·ó·nos; lat.: saé·cu·li; J1-14,16-18,22(hebr.): ha·‛oh·lám.

Page 84: Evangelhos e Atos

“O Cristo.” Gr.: ho Khri·stós; lat.: Chrí·stus; J17,18,22(hebr.): ham·Ma·shí·ahh.

Ou “remate; fim completo”.

Ou “se agitará; se excitará”.

Veja v. 14 n: “fim”.

Ou “serão proclamadas”. Gr.: ke·ry·khthé·se·tai; lat.: prae·di·cá·bi·tur. Veja Da 5:29 n.: “proclamaram”.

Lit.: “em toda a habitada”. Gr.: en hó·lei tei oi·kou·mé·nei, fem. sing., subentendendo-se a terra; lat.: in u·ni·vér·so ór·be, “no círculo universal”, isto é, da terra. Veja Is 13:11 n.: “produtivo”; Na 1:5 n.

“Testemunho.” Gr.: mar·tý·ri·on; lat.: te·sti·mó·ni·um.

Ou “remate; fim completo; término”. Gr.: té·los.

“Num lugar santo.” Gr.: en tó·poi ha·gí·oi; lat.: in ló·co sánc·to; J17,18(hebr.): bim·qóhm qó·dhesh.

Lit.: “atente aquele que lê”.

Veja At 1:12 n.

“Grande tribulação.” Gr.: thlí·psis me·gá·le; lat.: tri·bu·lá·ti·o má·gna; J17,18(hebr.): tsa·ráh ghedhoh·láh.

Veja Ap. 5B.

“Vir.” Gr.: er·khó·me·non.

Ou “com grande poder e glória”.

“Geração.” Gr.: ge·ne·á; é diferente de gé·nos, “raça”, como em 1Pe 2:9.

“Nem o Filho”, א°BDVgmss.ArmJ18,21,22.

Veja Ap. 5B.

Ou “grande inundação; cataclismo”. Gr.: ka·ta·kly·smoú; lat.: di·lú·vi·um.

Veja Ap. 5B.

Page 85: Evangelhos e Atos

Lit.: “tendo chegado”. Gr.: el·thón.

Ou “o cortará em dois”.

Ou “o [choro] deles”. Lit.: “o [choro]”.

Ou “rilhar; cerrar”.

Ou “dos [dentes] deles”. Lit.: “dos [dentes]”.

Um talento gr. pesava 20,4 kg. Veja Ap. 8A.

Veja v. 15 n.

Ou “duro”.

Ou “tímido; hesitante”.

Veja v. 15 n.

Ou “rilhar; cerrar”.

Lit.: “cabritinhos”.

Lit.: “o lançamento para baixo [de semente]”. Gr.: ka·ta·bo·lés.

Ou “insuficientemente vestido”. Gr.: gy·mnós, significando “pouco vestido; só de roupa de baixo”, não necessariamente nu ou despido.

Ou “truncamento; poda”. Gr.: kó·la·sin. Veja 1Jo 4:18 n.

Ou “fixado numa estaca (poste)”. Veja Ap. 5C.

Ou “se proclamarem”. Gr.: ke·ry·khtheí; lat.: prae·di·cá·tum fú·e·rit. Veja Da 5:29 n.: “proclamaram”.

“Mundo.” Gr.: kó·smoi; lat.: mún·do.

Ou: “No dia antes dos.” Esta tradução da palavra gr. πρῶτος (pró·tos), seguida pelo caso genitivo da palavra seguinte, concorda com o sentido e a tradução duma construção similar em Jo 1:15, 30, a saber: “existiu antes [pró·tos] de mim”. Segundo LS, p. 1535, col. 1, “πρῶτος é [às vezes] usado onde esperaríamos πρότερος [pró·te·ros]”.

Page 86: Evangelhos e Atos

Lit.: “é”. Gr.: e·stin, no sentido de significar, importar em, representar. Veja 12:7 n.: “significa”; também 1Co 10:4 n.: “significava”.

“Novo”, isto é, o produto novo da videira.

Ou “depois de cantarem hinos (salmos)”. Gr.: hy·mné·san·tes; J18(hebr.): wai·yiq·re’ú ’eth·ha- hal·lél. Sem dúvida, os últimos quatro dos Salmos de Halel (115-118). Veja Sal 114:1 n.

Ou “fim”. Gr.: té·los.

“Sinédrio”, J17,18,22. Ou: “Supremo Tribunal.” Veja 5:22.

Ou “habitação (morada) divina”. Gr.: na·ón; lat.: tém·plum; J17,18,22(hebr.): heh·khál, “palácio; templo”.

“Vindo.” Em grego: er·khó·me·non.

Veja 26:61 n.

“Jeremias”, אAB; Syh(margem): “Zacarias”; Syp,s omitem isso.

“Tomaram”, AB; אSyh,p,s: “tomei”.

“Deram-nas”, AcB°CItVg; אBcWSyh,p,s: “dei-as”.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 7B.

Ou: “fixado numa estaca (poste)!” Veja Ap. 5C.

Ou “inocente deste sangue”.

“Gólgota.” Gr.: Gol·go·thá; lat.: Gól·go·tha; J17,18(hebr.): Gol·gol·tá’.

“Lugar da Caveira.” Gr.: Kra·ní·ou Tó·pos; lat.: Cal·vá·ri·ae ló·cus; J17(hebr.): meqóhm Gul·gó·leth.

“Sexta hora”, isto é, por volta do meio-dia.

“Nona hora”, isto é, por volta das 15 horas.

“Eli, Eli, lama sabactâni?” Veja Sal 22:1 n.: “abandonaste”.

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“Outro homem . . . água”, אBC; ADWItVgSyh,p,sArm omitem isso.

Ou “deixou de respirar”. Lit.: “soltou o espírito”. Gr.: a·fé·ken to pneú·ma.

Ou “eles”, não se referindo aos “corpos”.

Lit.: “o centurião”, isto é, o comandante de 100 soldados.

Ou “um filho de Deus; um filho de um deus”.

“Josés”, ABCDcSyh,p; אD°WVgSys: “José”.

“Depois”, J17,18,21,22. Veja a consideração de “Depois do Sábado” no Ap. 7C.

Veja Ap. 1D.

Ou “fixado numa estaca (poste)”. Veja Ap. 5C.

Ou “outros”, como em Mt 26:67.

“Autoridade.” Gr.: e·xou·sí·a; lat.: po·té·stas; J18(hebr.): mim·shál.

Ou “fazei aprendizes”. Gr.: ma·the·teú·sa·te.

Ou “dentro do”.

Veja também 24:3 n.: “terminação”.

Veja 13:39 n.: “coisas”.

Segundo Marcos

1 [O] princípio das boas novas a respeito de Jesus Cristo: 2 Conforme está escrito em Isaías, o profeta: “(Eis que eu envio o meu mensageiro diante da tua face, o qual preparará o teu caminho;) 3 eis que alguém está clamando no ermo: ‘Preparai o caminho de Jeová, fazei retas as suas estradas’”, 4 apareceu João, o batizador, no ermo, pregando [o] batismo [em símbolo]

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de arrependimento para o perdão de pecados. 5 Conseqüentemente, todo o território da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém saíam a ter com ele e eram batizados por ele no rio Jordão, confessando abertamente os seus pecados. 6 Ora, João estava vestido de pêlos de camelo e com um cinto de couro em volta dos seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre. 7 E pregava, dizendo: “Depois de mim vem alguém mais forte do que eu; não sou nem apto para me abaixar e desatar os cordões de suas sandálias. 8 Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com espírito santo.”

9 No decorrer daqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galiléia e foi batizado por João no Jordão. 10 E, subindo da água, viu imediatamente os céus serem partidos e o espírito descer como pomba sobre ele; 11 e uma voz saiu dos céus: “Tu és meu Filho, o amado; eu te tenho aprovado.”

12 E o espírito impeliu-o imediatamente a ir para o ermo. 13 Ele continuou assim no ermo por quarenta dias, sendo tentado por Satanás, e estava com os animais selváticos, mas os anjos lhe ministravam.

14 Ora, depois de João ter sido preso, Jesus entrou na Galiléia, pregando as boas novas de Deus 15 e dizendo: “Tem-se cumprido o tempo designado e o reino de Deus se tem aproximado. Arrependei-vos e tende fé nas boas novas.”

16 Andando à beira do mar da Galiléia, viu Simão e André, irmão de Simão, lançando [suas redes] ao mar, pois eram pescadores. 17 De maneira que Jesus lhes disse: “Vinde após mim, e eu farei que vos torneis pescadores de homens.” 18 E eles abandonaram imediatamente as suas redes e o seguiram. 19 E, tendo andado um pouco mais adiante, viu Tiago, o [filho] de Zebedeu, e João, seu irmão, de fato, enquanto estavam no seu barco consertando as suas redes; 20 e logo os chamou. Eles, por sua vez, abandonaram seu pai

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Zebedeu, no barco, com os homens contratados, e foram após ele. 21 E entraram em Cafarnaum.

Assim que chegou o sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22 E ficaram assombrados com o seu modo de ensinar, pois eis que os ensinava como quem tinha autoridade e não como os escribas. 23 Também, logo naquela ocasião havia na sinagoga deles um homem sob o poder dum espírito impuro, e ele gritou, 24 dizendo: “Que temos nós contigo, Jesus, nazareno? Vieste destruir-nos? Eu sei exatamente quem és, o Santo de Deus.” 25 Mas Jesus censurou-o, dizendo: “Cala-te e sai dele!” 26 E o espírito impuro, depois de o lançar em convulsão, e berrando ao máximo da sua voz, saiu dele. 27 Ora, todos ficaram tão assombrados, que começaram uma discussão entre si, dizendo: “Que é isso? Um novo ensino! Ele dá ordens com autoridade, até mesmo a espíritos impuros, e eles lhe obedecem.” 28 De modo que o relato a respeito dele se espalhou imediatamente em todas as direções, através de toda a região circunvizinha na Galiléia.

29 E saíram imediatamente da sinagoga e entraram na casa de Simão e André, junto com Tiago e João. 30 Ora, a sogra de Simão estava acamada com febre, e falaram-lhe dela imediatamente. 31 E, dirigindo-se a ela, levantou-a, tomando-a pela mão; e a febre a abandonou e ela começou a ministrar-lhes.

32 Ao anoitecer, tendo-se posto o sol, trouxeram-lhe todos os doentes e os possessos de demônios; 33 e a cidade toda estava ajuntada na frente da porta. 34 Curou assim a muitos dos que estavam enfermos com várias doenças e expulsou muitos demônios, mas não deixou os demônios falar, porque sabiam que ele era Cristo.

35 E, de manhã cedo, quando ainda estava escuro, levantou-se e foi para fora, e partiu para um lugar solitário, e ali começou a orar. 36 No entanto, Simão e os com ele foram à sua procura 37 e acharam-no, e

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disseram-lhe: “Todos te procuram.” 38 Mas ele lhes disse: “Vamos a outro lugar, às vilas vizinhas, para que eu pregue também ali, pois é com este objetivo que saí.” 39 E foi, pregando nas sinagogas deles, em toda a Galiléia, e expulsando os demônios.

40 Veio também a ele um leproso, suplicando-lhe, até de joelhos, [e] dizendo-lhe: “Se apenas quiseres, podes tornar-me limpo.” 41 Em vista disso, penalizou-se, e, estendendo a mão, tocou nele e disse-lhe: “Eu quero. Torna-te limpo.” 42 E a lepra desapareceu-lhe imediatamente e ele se tornou limpo. 43 Outrossim, dando-lhe ordens estritas, mandou-o imediatamente embora 44 e disse-lhe: “Cuida de que não digas nada a ninguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação as coisas determinadas por Moisés, em testemunho para eles.” 45 Mas, depois de se afastar, o homem principiou a proclamar isso consideravelmente e a divulgar o relato, de modo que [Jesus] não podia mais entrar abertamente numa cidade, mas continuava fora, nos lugares solitários. Contudo, eles continuavam a vir a ele, de todos os lados.

2 No entanto, depois de alguns dias, entrou novamente em Cafarnaum, e relatou-se que ele estava em casa. 2 Conseqüentemente, ajuntaram-se muitos, a ponto de não haver mais lugar, nem mesmo junto à porta, e ele começou a falar-lhes a palavra. 3 E [certos] homens vieram trazer-lhe um paralítico, carregado por quatro. 4 Mas, não podendo levá-lo diretamente a [Jesus], por causa da multidão, removeram o telhado por cima do lugar onde ele estava, e, tendo aberto um buraco, abaixaram a maca em que o paralítico estava deitado. 5 E, quando Jesus viu a fé que tinham, disse ao paralítico: “Filho, teus pecados estão perdoados.” 6 Ora, alguns dos escribas estavam ali sentados e raciocinavam nos seus corações: 7 “Por que fala este homem dessa maneira? Ele está blasfemando. Quem pode perdoar pecados senão um só, Deus?” 8 Mas,

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Jesus, tendo discernido imediatamente pelo seu espírito que estavam raciocinando deste modo no íntimo, disse-lhes: “Por que estais raciocinando essas coisas em vossos corações? 9 O que é mais fácil, dizer ao paralítico: ‘Teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, apanha a tua maca e anda’? 10 Mas, a fim de que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados” — ele disse ao paralítico: 11 “Eu te digo: Levanta-te, apanha a tua maca e vai para a tua casa.” 12 Com isso, este se levantou e apanhou imediatamente a sua maca, e saiu andando na frente de todos, de modo que todos ficaram simplesmente arrebatados e glorificaram a Deus, dizendo: “Nunca vimos nada igual.”

13 Novamente, foi para a beira do mar; e toda a multidão vinha a ele, e ele começou a ensiná-los. 14 Mas, ao passar para diante, avistou Levi, o [filho] de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: “Sê meu seguidor.” E ele, levantando-se, seguiu-o. 15 Mais tarde, aconteceu que estava recostado à mesa, na casa deste, e muitos cobradores de impostos e pecadores se recostavam com Jesus e seus discípulos, pois havia muitos deles e começavam a segui-lo. 16 Mas os escribas dos fariseus, quando viram que ele comia com os pecadores e os cobradores de impostos, começaram a dizer aos discípulos: “Come ele com os cobradores de impostos e os pecadores?” 17 Ao ouvir isso, Jesus disse-lhes: “Os fortes não precisam de médico, mas sim os enfermos. Não vim chamar os que são justos, mas pecadores.”

18 Ora, os discípulos de João e os fariseus praticavam o jejum. Vieram assim e disseram-lhe: “Por que é que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus praticam o jejum, mas os teus discípulos não praticam o jejum?” 19 E Jesus disse-lhes: “Será que os amigos do noivo podem jejuar enquanto o noivo está com eles? Enquanto tiverem o noivo consigo, não podem jejuar. 20 Mas, virão dias em que o noivo lhes será tirado, e

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então, naquele dia, jejuarão. 21 Ninguém costura um remendo de pano não pré-encolhido numa velha roupa exterior; se o fizer, a sua plena força [o] arrancará dela, o novo da velha, e o rasgão ficará pior. 22 Também, ninguém põe vinho novo em odres velhos; se o fizer, o vinho rebentará os odres e se perderá tanto o vinho como os odres. Mas, põe-se vinho novo em odres novos.”

23 Aconteceu então que ele estava passando pelas searas, no sábado, e seus discípulos, em caminho, principiaram a arrancar espigas. 24 De modo que os fariseus foram dizer-lhe: “Olha! Por que fazem eles no sábado o que não é lícito?” 25 Mas ele lhes disse: “Nunca lestes nenhuma vez o que Davi fez quando passou necessidade e ficou com fome, ele e os homens com ele? 26 Como entrou na casa de Deus, no relato sobre Abiatar, o principal sacerdote, e comeu os pães da apresentação, os quais não é lícito comer, a não ser aos sacerdotes, e deu também deles aos homens que estavam com ele?” 27 Prosseguiu assim a dizer-lhes: “O sábado veio à existência por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; 28 portanto, o Filho do homem é Senhor até mesmo do sábado.”

3 Novamente, ele entrou numa sinagoga, e ali havia um homem com a mão ressequida. 2 Vigiaram-no assim de perto para ver se curaria o homem no sábado, a fim de que pudessem acusá-lo. 3 E ele disse ao homem com a mão ressequida: “Levanta-te [e vem] para o centro.” 4 A seguir, disse-lhes: “É lícito, no sábado, fazer uma boa ação ou fazer uma má ação, salvar ou matar uma alma?” Mas eles ficaram calados. 5 E, depois de olhar para eles, ao redor, com indignação, estando profundamente contristado com a insensibilidade dos seus corações, disse ao homem: “Estende a tua mão.” E ele a estendeu, e sua mão foi restabelecida. 6 Os fariseus saíram então e começaram imediatamente a entrar em conselho contra ele com os partidários de Herodes, a fim de o destruírem.

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7 Mas Jesus, com os seus discípulos, retirou-se para o mar; e seguia-o uma grande multidão da Galiléia e da Judéia. 8 Até mesmo de Jerusalém, e da Iduméia, e de além do Jordão, e dos arredores de Tiro e de Sídon, veio ter com ele uma grande multidão, ao ouvir [falar] de quantas coisas fazia. 9 E ele disse aos seus discípulos que mantivessem continuamente à sua disposição um pequeno barco, para que a multidão não o apertasse. 10 Porque curava a muitos, com o resultado de que todos os que tinham moléstias penosas lançavam-se sobre ele para tocá-lo. 11 Até mesmo os espíritos impuros, sempre que o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: “Tu és o Filho de Deus.” 12 Muitas vezes, porém, os advertia rigorosamente que não o dessem a conhecer.

13 E subiu a um monte e convocou os que quis, e eles foram ter com ele. 14 E formou [um grupo de] doze, aos quais chamou também de “apóstolos”, para que continuassem com ele e para que pudesse enviá-los a pregar 15 e a ter autoridade para expulsar os demônios.

16 E os [do grupo dos] doze que formou eram Simão, a quem também deu o sobrenome de Pedro, 17 e Tiago, o [filho] de Zebedeu, e João, irmão de Tiago (a estes deu também o sobrenome de Boanerges, que significa Filhos do Trovão), 18 e André, e Filipe, e Bartolomeu, e Mateus, e Tomé, e Tiago, [filho] de Alfeu, e Tadeu, e Simão, o Cananita, 19 e Judas Iscariotes, que mais tarde o traiu.

E ele entrou numa casa. 20 Mais uma vez se ajuntou a multidão, de modo que não puderam mais nem sequer tomar uma refeição. 21 Mas, quando os seus parentes ouviram isso, saíram para o pegarem, pois diziam: “Ele perdeu o juízo.” 22 Também os escribas que desceram de Jerusalém diziam: “Ele está com Belzebu e expulsa os demônios por meio do governante dos demônios.” 23 Portanto, tendo-os chamado a si, começou a dizer-lhes com ilustrações: “Como pode Satanás expulsar a Satanás? 24 Ora, se um reino fica dividido contra si

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mesmo, este reino não pode ficar de pé; 25 e se uma casa fica dividida contra si mesma, esta casa não poderá ficar de pé. 26 Também, se Satanás se levantou contra si mesmo e ficou dividido, não pode ficar de pé, mas está chegando ao fim. 27 De fato, ninguém que tenha entrado na casa dum homem forte é capaz de saquear os seus bens móveis, a menos que primeiro amarre o homem forte, e então saqueará a sua casa. 28 Deveras, eu vos digo que todas as coisas serão perdoadas aos filhos dos homens, não importa que pecados e blasfêmias cometam blasfemamente. 29 No entanto, quem blasfemar contra o espírito santo, nunca terá perdão, mas é culpado de pecado eterno.” 30 Isto, porque diziam: “Ele tem um espírito impuro.”

31 Vieram então sua mãe e seus irmãos, e, visto que estavam em pé do lado de fora, mandaram chamá-lo. 32 Acontece que havia uma multidão sentada em volta dele, de modo que lhe disseram: “Eis que tua mãe e teus irmãos, lá fora, estão-te procurando.” 33 Mas ele lhes disse, em resposta: “Quem é minha mãe e meus irmãos?” 34 E, tendo olhado em volta para os sentados ao redor dele num círculo, disse: “Eis minha mãe e meus irmãos! 35 Todo aquele que faz a vontade de Deus, este é meu irmão, e [minha] irmã e [minha] mãe.”

4 E ele principiou novamente a ensinar à beira do mar. E ajuntou-se perto dele uma multidão muito grande, de modo que entrou num barco e ficou sentado lá fora no mar, mas toda a multidão estava à beira do mar, em terra. 2 Começou assim a ensinar-lhes muitas coisas com ilustrações e a dizer-lhes no seu ensino: 3 “Escutai. Eis que o semeador saiu a semear. 4 E, ao passo que semeava, alguma [semente] caiu à beira da estrada, e vieram as aves e a comeram. 5 E outra [semente] caiu no lugar pedregoso, onde, naturalmente, não tinha muito solo, e brotou imediatamente, por não ter profundidade de solo. 6 Mas, ao se levantar o sol, ficou queimada, e, por não

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ter raiz, secou-se. 7 E outra [semente] caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram, e ela não deu fruto. 8 Mas outras caíram em solo excelente, e, crescendo e aumentando, começaram a dar fruto, e deram trinta, e sessenta, e cem vezes mais.” 9 Ele acrescentou então a palavra: “Escute aquele que tem ouvidos para escutar.”

10 Então, quando ficou sozinho, os em volta dele, com os doze, começaram a interrogá-lo sobre as ilustrações. 11 E ele passou a dizer-lhes: “A vós tem sido dado o segredo sagrado do reino de Deus, mas, para os de fora, todas as coisas ocorrem em ilustrações, 12 a fim de que, olhando, olhem mas não vejam, e, ouvindo, ouçam mas não compreendam o sentido disso, nem jamais se voltem e se lhes dê perdão.” 13 Outrossim, disse-lhes: “Vós não sabeis esta ilustração, e, portanto, como entendereis todas as outras ilustrações?

14 “O semeador semeia a palavra. 15 Estes, então, são os à beira da estrada, onde se semeia a palavra; mas, assim que [a] ouvem, vem Satanás e tira a palavra que foi semeada neles. 16 E, semelhantemente, estes são os semeados nos lugares pedregosos: assim que ouvem a palavra, aceitam-na com alegria. 17 Contudo, não têm raiz em si mesmos, mas continuam por algum tempo; então, assim que surge tribulação ou perseguição por causa da palavra, tropeçam. 18 Há ainda outros que são semeados entre os espinhos; estes são os que ouviram a palavra, 19 mas as ansiedades deste sistema de coisas e o poder enganoso das riquezas, e os desejos do resto das coisas, estão intervindo e sufocam a palavra, e ela se torna infrutífera. 20 Finalmente, os que foram semeados em solo excelente são os que escutam a palavra e a recebem favoravelmente, e dão fruto, trinta, e sessenta, e cem vezes mais.”

21 E prosseguiu a dizer-lhes: “Será que se traz uma lâmpada para ser posta debaixo dum cesto de medida ou debaixo duma cama? Não é trazida para ser posta

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sobre um velador? 22 Pois não há nada escondido, exceto com o fim de ser exposto; nada tem ficado cuidadosamente oculto, a não ser com o fim de vir à tona. 23 Escute quem tem ouvidos para escutar.”

24 Disse-lhes mais ainda: “Prestai atenção ao que estais ouvindo. Com a medida com que medirdes, será medido para vós, sim, ainda se vos acrescentará mais. 25 Pois ao que tem, mais será dado; mas ao que não tem, até o que tem será tirado dele.”

26 Prosseguiu assim dizendo: “Deste modo, o reino de Deus é como quando um homem lança semente no solo, 27 e dorme à noite e se levanta de dia, e a semente brota e cresce alta, e ele não sabe exatamente como. 28 O solo, por si mesmo, dá gradualmente fruto, primeiro a lâmina, depois a espiga, finalmente o grão cheio na espiga. 29 Mas, assim que o fruto o permite, ele mete a foice, porque veio o tempo da colheita.”

30 E prosseguiu dizendo: “A que compararemos o reino de Deus, ou com que ilustração o definiremos? 31 Semelhante a um grão de mostarda, que ao tempo em que é semeado no solo é a menor de todas as sementes que há na terra — 32 mas, depois de semeado, brota e se torna maior do que todas as outras hortaliças e produz grandes ramos, de modo que as aves do céu podem achar pousada sob a sua sombra.”

33 Assim, com muitas ilustrações desta sorte, falava-lhes a palavra, até onde eram capazes de escutar. 34 Deveras, não lhes falava sem ilustração, mas explicava todas as coisas em particular, aos seus discípulos.

35 E naquele dia, ao cair a noite, disse-lhes: “Passemos para a outra margem.” 36 Assim, depois de terem despedido a multidão, levaram-no, assim como estava, no barco, e havia outros barcos com ele. 37 Levantou-se então uma violenta tempestade de

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vento e as ondas abatiam-se sobre o barco, de modo que o barco estava ficando inundado. 38 Mas ele estava na popa, dormindo sobre um travesseiro. Acordaram-no assim e disseram-lhe: “Instrutor, não te importas que estejamos prestes a perecer?” 39 E ele, acordando, censurou o vento e disse ao mar: “Silêncio! Cala-te!” E o vento cessou, e deu-se uma grande calmaria. 40 Disse-lhes então: “Por que sois medrosos? Não tendes ainda nenhuma fé?” 41 Mas eles sentiam um temor incomum e diziam um ao outro: “Quem é realmente este, porque até mesmo o vento e o mar lhe obedecem?”

5 Pois bem, chegaram ao outro lado do mar, ao país dos gerasenos. 2 E assim que ele saiu do barco, veio ao encontro dele, dentre os túmulos memoriais, um homem sob o poder dum espírito impuro. 3 Seu antro era entre os túmulos; e, até aquele tempo, absolutamente ninguém fora capaz de amarrá-lo, nem mesmo com uma cadeia, 4 porque tinha sido muitas vezes amarrado com grilhões e cadeias, mas as cadeias foram quebradas por ele e os grilhões foram até despedaçados; e ninguém tinha força para subjugá-lo. 5 E ele clamava continuamente, noite e dia, nos túmulos e nos montes, e se cortava com pedras. 6 Mas, ao avistar Jesus de certa distância, correu e prestou-lhe homenagem, 7 e, tendo clamado com alta voz, disse: “Que tenho eu que ver contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Eu te ponho sob juramento por Deus, que não me atormentes.” 8 Porque lhe dissera: “Sai do homem, ó espírito impuro.” 9 Mas, começou a perguntar-lhe: “Qual é teu nome?” E ele lhe disse: “Meu nome é Legião, porque há muitos de nós.” 10 E suplicou-lhe muitas vezes que não enviasse os espíritos para fora do país.

11 Ora, havia uma grande manada de porcos pastando no monte. 12 Por isso lhe suplicaram, dizendo: “Manda-nos para os porcos, para que entremos neles.” 13 E ele lho permitiu. Os espíritos impuros saíram assim

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e entraram nos porcos; e a manada precipitou-se despenhadeiro abaixo para dentro do mar, cerca de dois mil deles, e afogaram-se um por um no mar. 14 Mas os seus porqueiros fugiram e relataram isso na cidade e na zona rural; e as pessoas vieram ver o que tinha acontecido. 15 Vieram assim a Jesus e viram o [homem] possesso de demônios sentado vestido e de juízo são, esse [homem] que tinha tido a legião; e ficaram temerosos. 16 Os que tinham visto isso relataram-lhes também como isso tinha acontecido ao [homem] possesso de demônios, e acerca dos porcos. 17 E principiaram assim a suplicar-lhe que saísse dos seus distritos.

18 Então, ao entrar ele no barco, o [homem] que tinha estado possesso de demônios começou a suplicar-lhe que pudesse continuar com ele. 19 No entanto, ele não o deixou, mas disse-lhe: “Vai para casa, para teus parentes e relata-lhes todas as coisas que Jeová tem feito para ti e a misericórdia que teve de ti.” 20 E ele foi embora e principiou a proclamar em Decápolis todas as coisas que Jesus fizera para ele, e todos começaram a ficar admirados.

21 Depois de Jesus ter passado novamente de volta, no barco, para a margem oposta, ajuntou-se a ele uma grande multidão; e ele estava à beira do mar. 22 Veio então um dos presidentes da sinagoga, de nome Jairo, e, ao avistá-lo, lançou-se-lhe aos pés 23 e suplicou-lhe muitas vezes, dizendo: “Minha filhinha está nas últimas. Vem, por favor, e põe tuas mãos sobre ela, para que possa ficar boa e viver.” 24 Foi assim com ele. E uma grande multidão seguia-o e apertava-o.

25 Ora, havia ali uma mulher que já por doze anos padecia dum fluxo de sangue, 26 e ela tinha sido submetida a muitas dores, por muitos médicos, e tinha gasto todos os seus recursos, sem ter sido beneficiada, mas, antes, tinha ficado pior. 27 Quando ouviu as coisas a respeito de Jesus, veio por detrás, na multidão, e tocou na roupa exterior dele; 28 pois dizia: “Se eu

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apenas tocar na sua roupagem exterior, ficarei boa.” 29 E a sua fonte de sangue secou-se imediatamente, e ela sentiu no seu corpo que tinha sido curada da penosa doença.

30 Jesus, também, reconhecendo imediatamente em si mesmo que saíra poder dele, voltou-se na multidão e começou a dizer: “Quem tocou na minha roupagem exterior?” 31 Mas os seus discípulos começaram a dizer-lhe: “Vês que a multidão te aperta, e dizes tu: ‘Quem me tocou?’” 32 No entanto, ele estava olhando em volta para ver aquela que tinha feito isso. 33 A mulher, porém, amedrontada e trêmula, sabendo o que lhe tinha acontecido, veio e prostrou-se diante dele, e disse-lhe toda a verdade. 34 Disse-lhe ele: “Filha, a tua fé te fez ficar boa. Vai em paz e fica curada da tua doença penosa.”

35 Enquanto ainda falava, vieram alguns homens da casa do presidente da sinagoga e disseram: “Tua filha morreu! Por que incomodar ainda o instrutor?” 36 Mas Jesus, ouvindo a palavra falada, disse ao presidente da sinagoga: “Não temas, apenas exerce fé.” 37 Não deixou então ninguém acompanhá-lo, exceto Pedro, e Tiago, e João, irmão de Tiago.

38 Chegaram assim à casa do presidente da sinagoga, e ele observou a confusão barulhenta, e os que choravam e deixavam escapar muitos lamentos, 39 e, tendo entrado, disse-lhes: “Por que estais causando confusão barulhenta e choro? A menina não morreu, mas está dormindo.” 40 A isso começaram a rir-se dele desdenhosamente. Mas ele, tendo mandado todos para fora, tomou consigo o pai e a mãe da menina, e os com ele, e entrou onde estava a menina. 41 E, tomando a mão da menina, disse-lhe: “Talita cumi”, que, traduzido, significa: “Donzela, digo-te: Levanta-te!” 42 E a donzela levantou-se imediatamente e começou a andar, pois tinha doze anos de idade. E eles ficaram logo fora de si com grande êxtase. 43 Mas ele lhes ordenou vez após vez que não deixassem

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ninguém saber disso, e disse que dessem a ela algo para comer.

6 E ele partiu dali e entrou no seu próprio território, e seus discípulos o seguiram. 2 Chegando o sábado, principiou a ensinar na sinagoga; e a maioria dos ouvintes ficaram assombrados e disseram: “Onde obteve este homem tais coisas? E por que foi dada tal sabedoria a este homem, e se realizam tais obras poderosas pelas suas mãos? 3 Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, e José, e Judas, e Simão? E não estão as suas irmãs aqui conosco?” Começaram assim a tropeçar por causa dele. 4 Mas Jesus prosseguiu a dizer-lhes: “O profeta não passa sem honra a não ser no seu próprio território, e entre os seus parentes e na sua própria casa.” 5 Assim, não pôde fazer ali nenhuma obra poderosa, exceto pôr as suas mãos sobre alguns doentios e curá-los. 6 Deveras, admirou-se de sua falta de fé. E percorreu as aldeias num circuito, ensinando.

7 Convocou então os doze e principiou a enviá-los de dois em dois, e começou a dar-lhes autoridade sobre os espíritos impuros. 8 Deu-lhes também ordens de não levarem nada para a viagem, a não ser apenas um bastão, nem pão, nem alforje, nem dinheiro de cobre nos bolsos dos seus cintos, 9 mas de amarrarem sandálias, e de não usarem duas peças de roupa interior. 10 Outrossim, disse-lhes: “Onde quer que entrardes numa casa, ficai ali até sairdes daquele lugar. 11 E qualquer lugar que não vos receber, nem vos ouvir, ao sairdes dali, sacudi fora a sujeira que está debaixo dos vossos pés, em testemunho para eles.” 12 Partiram assim e pregavam, a fim de que as pessoas se arrependessem; 13 e expulsavam muitos demônios, e untavam muitos doentios com óleo e os curavam.

14 Ora, isso chegou aos ouvidos do Rei Herodes, pois o nome de [Jesus] tornara-se público e as pessoas diziam: “João, o batizador, tem sido levantado dentre os mortos, e por esta razão operam nele as obras

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poderosas.” 15 Mas outros diziam: “É Elias.” Ainda outros diziam: “É um profeta semelhante a um dos profetas.” 16 Ouvindo-o, porém, Herodes começou a dizer: “O João a quem eu decapitei, este é o que tem sido levantado.” 17 Pois o próprio Herodes mandara prender João e amarrá-lo na prisão, por causa de Herodias, esposa de Filipe, seu irmão, porque se tinha casado com ela. 18 Pois João dissera várias vezes a Herodes: “Não te é lícito ter a esposa de teu irmão.” 19 Herodias, porém, nutria ressentimento contra ele e queria matá-lo, mas não podia. 20 Porque Herodes tinha temor de João, sabendo que era homem justo e santo; e guardava-o a salvo. E, ao ouvi-lo, estava muito perplexo quanto a que fazer; contudo, continuava a ouvi-lo de bom grado.

21 Chegou, porém, um dia conveniente, no seu aniversário natalício, em que Herodes ofereceu uma refeição noturna a seus dignitários e comandantes militares, e aos principais da Galiléia. 22 E entrou a filha desta mesma Herodias e dançou, e ela agradou a Herodes e aos que se recostavam com ele. O rei disse à donzela: “Pede-me o que quiseres, e eu to darei.” 23 Sim, jurou-lhe: “O que for que me pedires, até a metade do meu reino, eu to darei.” 24 E ela saiu e disse à sua mãe: “Que devo pedir?” Ela disse: “A cabeça de João, o batizador.” 25 E entrando logo apressadamente, foi ter com o rei e fez a sua solicitação, dizendo: “Quero que me dês imediatamente, numa travessa, a cabeça de João Batista.” 26 Embora o rei ficasse profundamente contristado, contudo, não quis desconsiderá-la, em vista dos juramentos e dos que se recostavam à mesa. 27 O rei mandou assim imediatamente um guarda pessoal e ordenou-lhe que trouxesse a cabeça dele. E ele foi e o decapitou na prisão, 28 e trouxe a cabeça dele numa travessa, e a deu à donzela, e a donzela a deu à sua mãe. 29 Quando os discípulos dele ouviram isso, vieram e tomaram seu cadáver, e o deitaram num túmulo memorial.

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30 E os apóstolos ajuntaram-se diante de Jesus e relataram-lhe todas as coisas que tinham feito e ensinado. 31 E ele lhes disse: “Vinde, vós mesmos, em particular, a um lugar solitário, e descansai um pouco.” Porque havia muitos que vinham e iam, e não tinham folga nem para tomar uma refeição. 32 Por isso se afastaram no barco para um lugar solitário, à parte. 33 Havia, porém, quem os viu partir e muitos ficaram sabendo disso, e afluíram para lá a pé, de todas as cidades, e chegaram primeiro que eles. 34 Ora, ao desembarcar, ele viu uma grande multidão, mas teve pena deles, porque eram como ovelhas sem pastor. E principiou a ensinar-lhes muitas coisas.

35 A hora, então, já ficara avançada, e seus discípulos aproximaram-se dele e começaram a dizer: “O lugar é isolado e a hora já está avançada. 36 Despede-os, para que possam ir à zona rural e às aldeias circunvizinhas, e comprar para si algo para comer.” 37 Em resposta, disse-lhes: “Dai-lhes vós algo para comer.” Disseram-lhe então: “Devemos ir e comprar pães no valor de duzentos denários, e dar [os pães] ao povo para comer?” 38 Disse-lhes ele: “Quantos pães tendes? Ide ver!” Depois de averiguarem isso, disseram-lhe: “Cinco, além de dois peixes.” 39 E ele mandou que todos se recostassem por companhias na grama verde. 40 E eles se deitaram em grupos de cem e de cinqüenta. 41 Tomando então os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu e proferiu uma bênção, e partiu os pães e começou a dá-los aos discípulos, para que estes os pusessem diante das pessoas; e repartiu os dois peixes entre todos. 42 Todos comeram assim e ficaram satisfeitos; 43 e recolheram os pedaços, doze cestos cheios, além dos peixes. 44 Ademais, os que comeram dos pães foram cinco mil homens.

45 E ele, sem demora, compeliu os discípulos a entrar no barco e a passar adiante, para a margem oposta, para Betsaida, enquanto ele mesmo despedia a multidão. 46 Mas, depois de despedir-se deles, subiu a

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um monte para orar. 47 Tendo então anoitecido, o barco estava no meio do mar, mas ele estava sozinho em terra. 48 E quando viu que tinham dificuldade no remar, porque o vento lhes era contrário, dirigiu-se a eles por volta da quarta vigília da noite, andando sobre o mar; mas estava inclinado a passar por eles. 49 Quando o avistaram andando sobre o mar, pensaram: “É uma aparição!” e clamaram em voz alta. 50 Pois todos eles o viram e ficaram aflitos. Mas, falou-lhes imediatamente e disse-lhes: “Coragem! Sou eu; não temais.” 51 E subiu para junto deles no barco, e o vento cessou. Em vista disso, ficaram grandemente pasmados no seu íntimo, 52 porque não tinham compreendido o significado dos pães, mas os seus corações continuavam obtusos no entendimento.

53 E tendo feito a travessia, chegaram a Genesaré e ancoraram perto. 54 Mas, assim que saíram do barco, as pessoas o reconheceram 55 e percorreram toda aquela região, e principiaram a carregar em macas os que estavam adoentados, para onde souberam que ele estava. 56 E onde quer que entrasse em aldeias ou em cidades, ou na zona rural, colocavam os doentes nas feiras e imploravam-lhe que pudessem tocar pelo menos a orla de sua roupa exterior. E quantos a tocavam, ficavam bons.

7 Ajuntaram-se então em volta dele os fariseus e alguns dos escribas que tinham vindo de Jerusalém. 2 E quando viram alguns dos discípulos dele comer a sua refeição com mãos aviltadas, isto é, não lavadas — 3 pois os fariseus e todos os judeus não comem sem lavar as mãos até os cotovelos, apegando-se à tradição dos homens dos tempos anteriores, 4 e, ao voltarem do mercado, não comem sem se purificarem por aspersão; e há muitas outras tradições que receberam para se apegarem [a elas]: batismo de copos, e de jarros, e de vasos de cobre — 5 de modo que estes fariseus e escribas lhe perguntaram: “Por que é que teus discípulos não se comportam segundo a tradição dos

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homens dos tempos anteriores, mas tomam a sua refeição com mãos aviltadas?” 6 Ele lhes disse: “Isaías profetizou aptamente a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo honra-me com os lábios, os seus corações, porém, estão longe de mim. 7 É em vão que persistem em adorar-me, porque ensinam por doutrinas os mandados de homens.’ 8 Deixando o mandamento de Deus, vós vos apegais à tradição de homens.”

9 Outrossim, ele lhes disse ainda: “Jeitosamente pondes de lado o mandamento de Deus, a fim de reterdes a vossa tradição. 10 Por exemplo, Moisés disse: ‘Honra a teu pai e a tua mãe’, e: ‘Quem injuriar pai ou mãe, acabe na morte.’ 11 Mas vós dizeis: ‘Se um homem disser a seu pai ou à sua mãe: “Tudo o que eu tenho, que da minha parte te poderia ser de proveito, é corbã, (isto é, uma dádiva dedicada a Deus,)”’ — 12 não o deixais mais fazer nem uma única coisa para seu pai ou para sua mãe, 13 e assim invalidastes a palavra de Deus pela vossa tradição que transmitistes. E fazeis muitas coisas semelhantes a esta.” 14 Assim, chamando a si a multidão, passou a dizer-lhes: “Escutai-me, todos vós, e compreendei o significado. 15 Não há nada de fora dum homem passando para dentro dele que possa aviltá-lo; mas as coisas que procedem do homem são as que aviltam o homem.” 16 ——

17 Então, tendo entrado numa casa, afastado da multidão, seus discípulos começaram a interrogá-lo a respeito da ilustração. 18 De modo que lhes disse: “Estais vós também sem percepção, iguais a eles? Não percebeis que nada de fora que passe para dentro dum homem pode aviltá-lo, 19 visto que passa, não para dentro do [seu] coração, mas para os [seus] intestinos, e sai para o esgoto?” Assim declarou limpos todos os alimentos. 20 Outrossim, ele disse: “O que sai do homem é o que avilta o homem; 21 pois, de dentro, dos corações dos homens, saem raciocínios prejudiciais:

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fornicações, ladroagens, assassínios, 22 adultérios, cobiças, atos de iniqüidade, fraude, conduta desenfreada e um olho invejoso, blasfêmia, soberba, irracionalidade. 23 Todas estas coisas iníquas saem de dentro e aviltam o homem.”

24 Ele se levantou e foi dali para as regiões de Tiro e Sídon. E entrou numa casa e não quis que alguém soubesse disso. Contudo, não pôde passar despercebido; 25 mas uma mulher, cuja filhinha tinha um espírito impuro, ouviu logo a respeito dele e veio, e prostrou-se aos seus pés. 26 A mulher era grega, siro-fenícia de nacionalidade; e ela persistia em pedir-lhe que expulsasse de sua filha o demônio. 27 Mas ele começou por dizer-lhe: “Deixa primeiro os filhos ficar satisfeitos, pois não é direito tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.” 28 Em resposta, porém, ela lhe disse: “Sim, senhor, e, no entanto, os cachorrinhos debaixo da mesa comem das migalhas das criancinhas.” 29 A isto ele lhe disse: “Por dizeres isso, vai; o demônio saiu de tua filha.” 30 Ela foi assim para sua casa e achou a criancinha deitada na cama e o demônio já tinha saído.

31 Voltando então das regiões de Tiro, passou por Sídon para o mar da Galiléia, subindo através das regiões de Decápolis. 32 Ali lhe trouxeram um surdo com um impedimento na fala, e suplicaram-lhe que pusesse a sua mão sobre ele. 33 E ele o levou à parte, separado da multidão, e pôs os seus dedos nos ouvidos do homem, e, depois de cuspir, tocou na língua dele. 34 E, com um olhar para o céu, suspirou profundamente e disse-lhe: “Efatá”, isto é: “Abre-te.” 35 Ora, sua faculdade de ouvir foi aberta e o impedimento de sua língua foi solto, e começou a falar normalmente. 36 Com isso os advertiu que a ninguém o dissessem; mas, quanto mais os advertia, tanto mais o proclamavam. 37 Deveras, estavam ficando assombrados de maneira mais extraordinária, dizendo: “Todas as coisas ele tem feito bem. Faz até os surdos ouvir e os mudos falar.”

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8 Naqueles dias, quando havia novamente uma grande multidão e não tinham nada para comer, convocou os discípulos e disse-lhes: 2 “Tenho pena da multidão, porque já faz três dias que permanecem perto de mim e não têm nada para comer; 3 e, se eu os enviar em jejum para seus lares, desfalecerão pela estrada. Deveras, alguns deles vieram de longe.” 4 Mas os seus discípulos responderam-lhe: “Donde poderia alguém satisfazê-los de pães aqui, num lugar isolado?” 5 Contudo, prosseguiu a perguntar-lhes: “Quantos pães tendes?” Disseram: “Sete.” 6 E ordenou que a multidão se recostasse no chão, e tomou os sete pães, deu graças, partiu-os e começou a dá-los aos seus discípulos para os servirem, e serviram-nos à multidão. 7 Tinham também alguns peixinhos; e, tendo-os abençoado, disse-lhes que os servissem também. 8 Concordemente, comeram e ficaram satisfeitos, e recolheram os pedaços que sobraram, sete cabazes cheios. 9 Contudo, havia cerca de quatro mil [homens]. Por fim os despediu.

10 E ele entrou imediatamente no barco, com seus discípulos, e chegou às regiões de Dalmanuta. 11 Ali saíram os fariseus e começaram a discutir com ele, buscando [obter] dele um sinal do céu, para o porem à prova. 12 Ele gemeu então profundamente com seu espírito e disse: “Por que busca esta geração um sinal? Deveras, eu digo: Nenhum sinal será dado a esta geração.” 13 Com isso os deixou, embarcou novamente e dirigiu-se à margem oposta.

14 Aconteceu que se esqueceram de levar pães, e, com a exceção de um só pão, não tinham nada consigo no barco. 15 E ele começou a ordenar-lhes expressamente, dizendo: “Mantende os olhos abertos, acautelai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes.” 16 Disputaram então entre si sobre o fato de não terem pães. 17 Notando isso, ele lhes disse: “Por que disputais sobre não terdes pães? Não percebeis ainda e não compreendeis o significado? Estão os

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vossos corações obtusos no entendimento? 18 ‘Embora tenhais olhos, não vedes; e embora tenhais ouvidos, não ouvis?’ E não vos lembrais, 19 quando parti os cinco pães para os cinco mil [homens], quantos cestos cheios de pedaços recolhestes?” Disseram-lhe: “Doze.” 20 “Quando parti os sete para os quatro mil [homens], quantos cabazes cheios de pedaços recolhestes?” E disseram-lhe: “Sete.” 21 Com isso disse-lhes: “Ainda não compreendeis o significado?”

22 Aportaram então em Betsaida. Trouxeram-lhe ali um cego e suplicaram-lhe que tocasse nele. 23 E ele tomou o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia, e, tendo cuspido nos olhos dele, pôs as mãos sobre ele e começou a dizer-lhe: “Vês alguma coisa?” 24 E o homem olhou e começou a dizer: “Vejo homens, pois observo o que parecem ser árvores, mas estão andando.” 25 Então pôs as mãos novamente sobre os olhos do homem, e o homem viu claramente e ficou restabelecido, e estava vendo tudo distintamente. 26 Mandou-o assim para casa, dizendo: “Mas não entres na aldeia.”

27 Jesus e seus discípulos partiram então para as aldeias de Cesaréia de Filipe, e, em caminho, ele começou a interrogar os seus discípulos, dizendo-lhes: “Quem dizem os homens que eu sou?” 28 Disseram-lhe: “João Batista, e outros, Elias, ainda outros, Um dos profetas.” 29 E ele lhes fez a pergunta: “Vós, porém, quem dizeis que eu sou?” Pedro disse-lhe, em resposta: “Tu és o Cristo.” 30 Então os advertiu estritamente que não dissessem [isso] a ninguém a respeito dele. 31 Principiou também a ensinar-lhes que o Filho do homem tinha de passar por muitos sofrimentos e ser rejeitado pelos anciãos e pelos principais sacerdotes, e pelos escribas, e ser morto, e [que tinha de ser] levantado três dias depois. 32 De fato, fez esta declaração com franqueza. Mas Pedro tomou-o à parte e começou a censurá-lo. 33 Ele se voltou, olhou para os seus discípulos e censurou Pedro,

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dizendo: “Para trás de mim, Satanás, porque não tens os pensamentos de Deus, mas os de homens.”

34 Chamou então a multidão a si, com seus discípulos, e disse-lhes: “Se alguém quer vir após mim, repudie-se a si mesmo e apanhe a sua estaca de tortura, e siga-me continuamente. 35 Pois, todo aquele que quiser salvar a sua alma, perdê-la-á; mas todo aquele que perder a sua alma por causa de mim e das boas novas, salvá-la-á. 36 Realmente, de que proveito é para um homem ganhar o mundo inteiro e pagar com a perda da sua alma? 37 O que, realmente, daria o homem em troca de sua alma? 38 Porque todo aquele que ficar envergonhado de mim e das minhas palavras, nesta geração adúltera e pecaminosa, deste o Filho do homem também se envergonhará, quando chegar na glória de seu Pai, com os santos anjos.”

9 Ainda mais, prosseguiu a dizer-lhes: “Deveras, eu vos digo: Há alguns dos que estão parados aqui, que não provarão absolutamente a morte, até que primeiro vejam o reino de Deus já vindo em poder.” 2 Concordemente, seis dias depois, Jesus tomou a Pedro, e a Tiago, e a João, e os levou a sós a um alto monte. E ele foi transfigurado diante deles, 3 e sua roupagem exterior tornou-se cintilante, muito mais branca do que qualquer lavadeiro na terra poderia alvejar. 4 Apareceu-lhes também Elias com Moisés, e estes estavam conversando com Jesus. 5 E, como resposta, Pedro disse a Jesus: “Rabi, é excelente que estejamos aqui; armemos, pois, três tendas, uma para ti, e uma para Moisés, e uma para Elias.” 6 De fato, não sabia que resposta devia dar, porque ficaram bastante temerosos. 7 E formou-se uma nuvem, encobrindo-os, e uma voz saiu da nuvem: “Este é meu Filho, o amado; escutai-o.” 8 Repentinamente, porém, olharam em volta e não viram mais ninguém com eles, a não ser apenas Jesus.

9 Ao descerem do monte, ordenou-lhes expressamente que não relatassem a ninguém o que

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viram, até depois de o Filho do homem se ter levantado dentre os mortos. 10 E tomaram a palavra a peito, mas discutiram entre si o que significava este levantamento dentre os mortos. 11 E começaram a interrogá-lo, dizendo: “Por que dizem os escribas que primeiro tem de vir Elias?” 12 Disse-lhes ele: “Elias vem primeiro e restabelece todas as coisas; mas, como é que está escrito a respeito do Filho do homem, que ele tem de passar por muitos sofrimentos e não ser tido em conta? 13 Mas eu vos digo: Elias, de fato, já veio, e fizeram com ele quantas coisas quiseram, assim como está escrito a seu respeito.”

14 Ao chegarem então perto dos outros discípulos, notaram uma grande multidão em volta deles e escribas discutindo com eles. 15 Mas, assim que toda a multidão o avistou, ficaram atônitos, e, correndo para ele, começaram a cumprimentá-lo. 16 E ele lhes perguntou: “O que estais discutindo com eles?” 17 E um da multidão respondeu-lhe: “Instrutor, eu te trouxe meu filho, porque tem um espírito sem fala; 18 e, onde quer que o apanhe, lança-o ao chão, e ele espuma e range os dentes, e perde a sua força. E eu disse aos teus discípulos que o expulsassem, mas eles não foram capazes.” 19 Em resposta, ele lhes disse: “Ó geração sem fé, até quando terei de continuar convosco? Até quando terei de suportar-vos? Trazei-mo.” 20 De modo que lho trouxeram. Mas à vista dele, o espírito lançou [o menino] imediatamente em convulsões, e depois de ele cair ao chão, rolava por ali espumando. 21 E perguntou ao pai dele: “Há quanto tempo lhe acontece isso?” Ele disse: “Desde a infância; 22 e repetidas vezes o lança tanto no fogo como na água para o destruir. Mas, se puderes fazer algo, tem pena de nós e ajuda-nos.” 23 Jesus disse-lhe: “Esta expressão: ‘Se puderes’! Ora, todas as coisas podem suceder ao que tem fé.” 24 Clamando imediatamente, o pai do menino dizia: “Tenho fé! Ajuda-me onde necessito de fé!”

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25 Jesus, observando então que a multidão afluía, censurou o espírito impuro, dizendo-lhe: “Espírito sem fala e surdo, ordeno-te que saias dele e não entres mais nele.” 26 E depois de clamar e de passar por muitas convulsões, saiu; e [o menino] ficou como que morto, de modo que a maioria deles dizia: “Ele está morto!” 27 Mas Jesus o tomou pela mão e o levantou, e ele se ergueu. 28 Assim, depois de entrar numa casa, seus discípulos passaram a perguntar-lhe em particular: “Por que não o pudemos expulsar?” 29 E ele lhes disse: “Esta espécie não pode sair exceto por oração.”

30 Partiram dali e passaram através da Galiléia, mas ele não quis que se soubesse disso. 31 Pois estava ensinando os seus discípulos e dizia-lhes: “O Filho do homem há de ser entregue às mãos dos homens, e matá-lo-ão; mas, embora seja morto, será levantado três dias depois.” 32 No entanto, não estavam entendendo a declaração e tinham medo de interrogá-lo.

33 E entraram em Cafarnaum. Então, quando ele estava dentro da casa, fez-lhes a pergunta: “Sobre que estáveis disputando na estrada?” 34 Eles ficaram calados, pois, na estrada tinham disputado entre si quem era maior. 35 Assentou-se assim, chamou os doze e disse-lhes: “Se alguém quer ser o primeiro, tem de ser o último de todos e ministro de todos.” 36 E tomou uma criancinha, postou-a no meio deles, e, pondo os seus braços em volta dela, disse-lhes: 37 “Todo aquele que receber uma dessas criancinhas à base do meu nome, a mim me recebe; e todo aquele que me receber, recebe não [só] a mim, mas [também] aquele que me enviou.”

38 João disse-lhe: “Instrutor, vimos certo homem expulsar demônios pelo uso de teu nome, e tentamos impedi-lo, porque não nos acompanhava.” 39 Mas Jesus disse: “Não tenteis impedi-lo, porque ninguém há que faça uma obra poderosa à base do meu nome que logo

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possa injuriar-me; 40 pois quem não é contra nós, é por nós. 41 Porque quem vos der um copo de água a beber em razão de pertencerdes a Cristo, deveras, eu vos digo que de nenhum modo perderá a sua recompensa. 42 Mas, quem fizer tropeçar a um destes pequenos que crêem, melhor lhe seria que se lhe pusesse em volta do pescoço uma mó daquelas que o burro faz girar e que fosse realmente lançado no mar.

43 “E se a tua mão te fizer alguma vez tropeçar, corta-a; melhor te é entrares na vida aleijado, do que ires com as duas mãos para a Geena, para o fogo inextinguível. 44 —— 45 E, se o teu pé te fizer tropeçar, corta-o; melhor te é entrares na vida coxo, do que seres com os dois pés lançado na Geena. 46 —— 47 E, se o teu olho te fizer tropeçar, lança-o fora; melhor te é entrares com um olho no reino de Deus, do que seres com os dois olhos lançado na Geena, 48 onde o seu gusano não morre e o fogo não se extingue.

49 “Porque cada um tem de ser salgado com fogo. 50 O sal é excelente; mas, se o sal perder a sua força, com que é que o temperareis? Tende sal em vós mesmos e mantende a paz entre vós.”

10 Dali ele se levantou e chegou às fronteiras da Judéia e ao outro lado do Jordão, e novamente se ajuntaram a ele as multidões, e assim como costumava fazer, tornou a ensiná-las. 2 Aproximaram-se então fariseus, e, para o porem à prova, começaram a interrogá-lo, se era lícito que um homem se divorciasse da esposa. 3 Em resposta, ele lhes disse: “Que vos ordenou Moisés?” 4 Disseram: “Moisés concedeu a escrita dum certificado de repúdio e divorciar-se [dela].” 5 Mas Jesus disse-lhes: “Foi por causa da dureza de vossos corações que ele vos escreveu este mandamento. 6 No entanto, desde [o] princípio da criação ‘Ele os fez macho e fêmea. 7 Por esta razão deixará o homem seu pai e sua mãe, 8 e os dois serão uma só carne’; de modo que não são mais dois, mas uma só carne. 9 Portanto, o que Deus pôs sob o mesmo

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jugo, não o separe o homem.” 10 Quando novamente na casa, os discípulos começaram a interrogá-lo a respeito disso. 11 E ele lhes disse: “Quem se divorciar de sua esposa e se casar com outra, comete adultério contra ela, 12 e, se uma mulher, depois de divorciar-se de seu marido, se casar com outro, ela comete adultério.”

13 As pessoas começaram então a trazer-lhe criancinhas, para que as tocasse; mas os discípulos as censuraram. 14 Vendo isso, Jesus ficou indignado e disse-lhes: “Deixai vir a mim as criancinhas; não tenteis impedi-las, pois o reino de Deus pertence a tais. 15 Deveras, eu vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criancinha, de modo algum entrará nele.” 16 E tomou as criancinhas nos seus braços e começou a abençoá-las, impondo-lhes as suas mãos.

17 E, enquanto saía, chegou correndo certo homem e se pôs de joelhos diante dele, perguntando-lhe: “Bom Instrutor, que tenho de fazer para herdar a vida eterna?” 18 Jesus disse-lhe: “Por que me chamas de bom? Ninguém é bom, exceto um só, Deus. 19 Sabes os mandamentos: ‘Não assassines, não cometas adultério, não furtes, não dês falso testemunho, não defraudes, honra a teu pai e a tua mãe.’” 20 O homem disse-lhe: “Instrutor, todas estas coisas tenho guardado desde a minha mocidade.” 21 Jesus olhou para ele e sentiu amor por ele, e disse-lhe: “Uma coisa falta a respeito de ti: Vai, vende o que tiveres e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu, e vem ser meu seguidor.” 22 Mas ele ficou triste com as palavras e se afastou contristado, pois tinha muitas propriedades.

23 Depois de olhar em volta, Jesus disse aos seus discípulos: “Quão difícil será para os de dinheiro entrar no reino de Deus!” 24 Mas os discípulos ficaram surpresos com as suas palavras. Em resposta, Jesus disse-lhes novamente: “Filhos, quão difícil é entrar no reino de Deus! 25 É mais fácil um camelo passar pelo orifício duma agulha, do que um rico entrar no reino de Deus.” 26 Eles ficaram ainda mais assombrados e

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disseram-lhe: “Quem, de fato, pode ser salvo?” 27 Olhando diretamente para eles, Jesus disse: “Para homens é impossível, mas não é assim para Deus, pois para Deus todas as coisas são possíveis.” 28 Pedro principiou a dizer-lhe: “Eis que abandonamos todas as coisas e te temos seguido.” 29 Jesus disse: “Deveras, eu vos digo: Ninguém abandonou casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por minha causa e pela causa das boas novas, 30 que não receba cem vezes mais agora, neste período de tempo, casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições, e no vindouro sistema de coisas a vida eterna. 31 No entanto, muitos dos primeiros serão últimos, e os últimos, primeiros.”

32 Estavam então avançando pela estrada, subindo a Jerusalém, e Jesus ia na frente deles, e eles estavam pasmados; mas os que seguiam começaram a temer. Tornou a tomar à parte os doze e principiou a dizer-lhes as seguintes coisas destinadas a lhe sobrevirem: 33 “Aqui estamos, avançando para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas, e condená-lo-ão à morte e o entregarão a [homens das] nações, 34 e divertir-se-ão às custas dele, e cuspirão nele, e o açoitarão, e o matarão, mas, três dias depois será levantado.”

35 E Tiago e João, os dois filhos de Zebedeu, aproximaram-se dele e disseram-lhe: “Instrutor, queremos que faças para nós o que for que te peçamos.” 36 Disse-lhes ele: “Que quereis que eu faça para vós?” 37 Disseram-lhe: “Concede-nos que nos assentemos um à tua direita e outro à tua esquerda, na tua glória.” 38 Mas Jesus disse-lhes: “Não sabeis o que pedis. Podeis beber o copo que eu estou bebendo ou ser batizados com o batismo com que eu estou sendo batizado?” 39 Disseram-lhe: “Podemos.” A isso Jesus disse-lhes: “Bebereis o copo que eu estou bebendo e sereis batizados com o batismo com que eu estou sendo batizado. 40 No entanto, este assentar-se à

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minha direita ou à minha esquerda não é meu para dar, mas pertence àqueles para quem tem sido preparado.”

41 Ora, quando os outros dez ficaram sabendo disso, principiaram a indignar-se com Tiago e João. 42 Mas Jesus, depois de chamá-los a si, disse-lhes: “Sabeis que os que parecem estar governando as nações dominam sobre elas, e seus grandes exercem autoridade sobre elas. 43 Não é assim entre vós; mas quem quiser tornar-se grande entre vós, terá de ser o vosso ministro, 44 e quem quiser ser o primeiro entre vós, tem de ser o escravo de todos. 45 Pois até mesmo o Filho do homem veio, não para que se lhe ministrasse, mas para ministrar e dar a sua alma como resgate em troca de muitos.”

46 E chegaram a Jericó. Mas quando ele, e seus discípulos, e uma multidão considerável, estavam saindo de Jericó, encontrava-se sentado à beira da estrada Bartimeu (filho de Timeu), um mendigo cego. 47 Quando ouviu que era Jesus, o nazareno, principiou a gritar e a dizer: “Filho de Davi, Jesus, tem misericórdia de mim!” 48 A isso, muitos começaram a dizer-lhe severamente que se calasse; mas ele gritava tanto mais: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” 49 Jesus parou assim e disse: “Chamai-o.” E chamaram o cego, dizendo-lhe: “Coragem! Levanta-te, ele te chama.” 50 Lançando de si a sua roupa exterior, pulou de pé e foi ter com Jesus. 51 E Jesus disse-lhe, em resposta: “Que queres que eu faça para ti?” O cego disse-lhe: “Rabôni, deixa-me recuperar a vista.” 52 E Jesus disse-lhe: “Vai, tua fé te fez ficar bom.” E ele recuperou imediatamente a vista e começou a segui-lo pela estrada.

11 Ora, quando chegaram perto de Jerusalém, a Betfagé e Betânia, no Monte das Oliveiras, mandou dois de seus discípulos 2 e disse-lhes: “Ide à aldeia que está ao alcance de vossa vista, e assim que entrardes nela, achareis amarrado um jumentinho em que ninguém da humanidade ainda montou; soltai-o e

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trazei-o. 3 E, se alguém vos disser: ‘Por que fazeis isso?’ dizei: ‘O Senhor precisa dele, e o mandará logo de volta para cá.’” 4 Foram assim embora e acharam o jumentinho amarrado à porta, do lado de fora, numa rua lateral, e soltaram-no. 5 Mas, alguns dos parados ali começaram a dizer-lhes: “Que estais fazendo, soltando o jumentinho?” 6 Disseram a estes exatamente o que Jesus dissera; e deixaram-nos ir.

7 E trouxeram o jumentinho a Jesus e puseram nele suas roupas exteriores, e ele se sentou nele. 8 Também, muitos estenderam suas roupas exteriores pela estrada, mas outros cortaram folhagem dos campos. 9 E os que iam na frente e os que vinham atrás clamavam: “Salva, rogamos! Bendito é aquele que vem em nome de Jeová! 10 Bendito é o reino vindouro de nosso pai Davi! Salva, rogamos, nas maiores alturas!” 11 E ele entrou em Jerusalém, no templo; e olhou em volta, para todas as coisas, e, visto que a hora já estava avançada, saiu com os doze para Betânia.

12 No dia seguinte, tendo eles saído de Betânia, ficou com fome. 13 E avistando de certa distância uma figueira que tinha folhas, dirigiu-se para ela, para ver se acharia nela algo. Mas, chegando-se a ela, não encontrou nada senão folhas, pois não era a estação dos figos. 14 Assim, como resposta, ele lhe disse: “Nunca mais ninguém coma de ti fruto.” E os seus discípulos estavam escutando.

15 Chegaram então a Jerusalém. Ali entrou no templo e principiou a lançar fora os que vendiam e compravam no templo, e derrubou as mesas dos cambistas e as bancas dos que vendiam pombas; 16 e não deixou ninguém carregar qualquer utensílio através do templo, 17 mas ensinava e dizia: “Não está escrito: ‘Minha casa será chamada casa de oração para todas as nações’? Mas vós fizestes dela um covil de salteadores.” 18 E os principais sacerdotes e os escribas ouviram isso, e começaram a procurar um meio de destruí-lo; pois estavam com temor dele,

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porque toda a multidão ficava continuamente assombrada com o seu ensino.

19 E sempre que ficava tarde no dia, saíam da cidade. 20 Mas, passando de manhã cedo, viram a figueira já seca, das raízes para cima. 21 Pedro, portanto, lembrando-se, disse-lhe: “Rabi, eis que se secou a figueira que amaldiçoaste.” 22 E Jesus disse-lhe em resposta: “Tende fé em Deus. 23 Deveras, eu vos digo que quem disser a este monte: ‘Sê levantado e lançado no mar’, e não duvidar no seu coração, mas tiver fé, que aquilo que disser vai acontecer, ele o terá assim. 24 É por isso que vos digo: Todas as coisas pelas quais orais e que pedis, tende fé que praticamente já [as] recebestes, e as tereis. 25 E quando estiverdes orando em pé, perdoai o que tiverdes contra outro; a fim de que o vosso Pai, que está nos céus, também vos perdoe as vossas falhas.” 26 ——

27 E chegaram novamente a Jerusalém. E andando ele pelo templo, chegaram-se a ele os principais sacerdotes, e os escribas, e os anciãos, 28 e começaram a dizer-lhe: “Com que autoridade fazes estas coisas? Ou quem te deu tal autoridade para fazeres estas coisas?” 29 Jesus disse-lhes: “Eu vos farei uma só pergunta. Respondei-me, e eu também vos direi com que autoridade faço estas coisas. 30 Era o batismo de João do céu ou dos homens? Respondei-me.” 31 Começaram então a raciocinar entre si, dizendo: “Se dissermos: ‘Do céu’, ele dirá: ‘Por que é, então, que não acreditastes nele?’ 32 Mas, atrevemo-nos a dizer: ‘Dos homens’?” — Estavam com temor da multidão, pois todos consideravam que João tinha sido realmente um profeta. 33 Bem, disseram a Jesus, em resposta: “Não sabemos.” E Jesus disse-lhes: “Tampouco eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.”

12 Principiou também a falar-lhes com ilustrações: “Um homem plantou um vinhedo e pôs uma cerca em volta dele, e escavou um recipiente para o lagar, e erigiu uma torre, e o arrendou a lavradores, e foi viajar

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para fora. 2 Então, na época devida, enviou um escravo aos lavradores, para obter alguns dos frutos do vinhedo da parte dos lavradores. 3 Mas tomaram-no, espancaram-no e mandaram-no embora de mãos vazias. 4 E enviou-lhes novamente outro escravo; e a este bateram na cabeça e desonraram. 5 E enviou outro, e a este mataram; e muitos outros, dos quais espancaram alguns e mataram outros. 6 Ele tinha mais um, um filho amado. Por fim o enviou a eles, dizendo: ‘Respeitarão meu filho.’ 7 Mas esses lavradores disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Vinde, matemo-lo, e a herança será nossa.’ 8 Tomaram-no assim e mataram-no, e lançaram-no fora do vinhedo. 9 Que fará o dono do vinhedo? Virá e destruirá os lavradores, e dará o vinhedo a outros. 10 Nunca lestes esta escritura: ‘A pedra que os construtores rejeitaram, esta se tem tornado a principal pedra angular. 11 Isto procede de Jeová, e é maravilhoso aos nossos olhos’?”

12 Em vista disso, começaram a procurar um meio de se apoderar dele, mas temiam a multidão, porque observavam que falara a ilustração pensando neles. Deixaram-no assim e afastaram-se.

13 A seguir, enviaram-lhe alguns dos fariseus e dos partidários de Herodes, para apanhá-lo na sua palavra. 14 Ao chegarem, disseram-lhe: “Instrutor, sabemos que és veraz e que não te importas com ninguém, pois não olhas para a aparência exterior dos homens, mas ensinas o caminho de Deus em harmonia com a verdade: É lícito ou não pagar a César o imposto por cabeça? 15 Devemos pagar ou não devemos pagar?” Percebendo a hipocrisia deles, disse-lhes: “Por que me pondes à prova? Trazei-me um denário para ver.” 16 Trouxeram-lhe um. E ele lhes disse: “De quem é esta imagem e inscrição?” Disseram-lhe: “De César.” 17 Jesus disse então: “Pagai de volta a César as coisas de César, mas a Deus as coisas de Deus.” E começaram a maravilhar-se dele.

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18 Chegaram-se a ele então uns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e fizeram-lhe a pergunta: 19 “Instrutor, Moisés nos escreveu que, se o irmão de alguém morre e deixa esposa, mas não deixa filho, seu irmão deve tomar a esposa e suscitar dela descendência para seu irmão. 20 Havia sete irmãos; e o primeiro tomou uma esposa, mas quando morreu, não deixou descendência. 21 E o segundo a tomou, porém morreu sem deixar descendência; e o terceiro, do mesmo modo. 22 E os sete não deixaram nenhuma descendência. Por fim morreu também a mulher. 23 Na ressurreição, de qual deles será ela esposa? Pois os sete a tiveram como esposa.” 24 Jesus disse-lhes: “Não é por isso que estais equivocados, por não conhecerdes nem as Escrituras, nem o poder de Deus? 25 Porque, quando se levantarem dentre os mortos, nem os homens se casam, nem as mulheres são dadas em casamento, mas são como os anjos nos céus. 26 Mas, a respeito dos mortos, que eles são levantados, não lestes no livro de Moisés, no relato sobre o espinheiro, que Deus lhe disse: ‘Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó’? 27 Ele não é Deus de mortos, mas de viventes. Estais muito equivocados.”

28 Ora, um dos escribas, que se aproximara e os ouvira discutindo, sabendo que ele lhes tinha respondido de modo excelente, perguntou-lhe: “Que mandamento é o primeiro de todos?” 29 Jesus respondeu: “O primeiro é: ‘Ouve, ó Israel: Jeová, nosso Deus, é um só Jeová, 30 e tens de amar a Jeová, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua mente, e de toda a tua força.’ 31 O segundo é este: ‘Tens de amar o teu próximo como a ti mesmo.’ Não há outro mandamento maior do que estes.” 32 O escriba disse-lhe: “Instrutor, bem disseste em harmonia com a verdade: ‘Ele é Um só, e não há outro senão Ele’; 33 e este amá-lo de todo o coração e de todo o entendimento, e de toda a força, e este amar o próximo como a si mesmo, vale muito mais do que

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todos os holocaustos e sacrifícios.” 34 Jesus, em vista disso, discernindo que tinha respondido inteligentemente, disse-lhe: “Não estás longe do reino de Deus.” Mas, ninguém tinha mais coragem de interrogá-lo.

35 No entanto, ao dar uma resposta, Jesus começou a dizer, ao ensinar no templo: “Como é que os escribas dizem que o Cristo é filho de Davi? 36 O próprio Davi disse, pelo espírito santo: ‘Jeová disse ao meu Senhor: “Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.”’ 37 O próprio Davi o chama de ‘Senhor’, mas como é que ele é seu filho?”

E a grande multidão escutava-o com prazer. 38 E ele prosseguiu a dizer no seu ensino: “Acautelai-vos dos escribas, que querem andar de vestes compridas e querem cumprimentos nas feiras, 39 e os primeiros assentos nas sinagogas e os lugares mais destacados nas refeições noturnas. 40 Estes são os que devoram as casas das viúvas, e que, por pretexto, fazem longas orações; estes receberão um julgamento mais pesado.”

41 E ele se assentou, tendo os cofres do tesouro ao alcance da vista, e começou a observar como a multidão lançava dinheiro nos cofres do tesouro; e muitos ricos lançavam [neles] muitas moedas. 42 Veio então uma viúva pobre e lançou [neles] duas pequenas moedas de muito pouco valor. 43 Ele chamou então a si os discípulos e lhes disse: “Deveras, eu vos digo que esta viúva pobre lançou [neles] mais do que todos estes que lançam dinheiro nos cofres do tesouro; 44 pois todos eles lançaram [neles] dos seus excedentes, mas ela, de sua carência, lançou [neles] tudo o que tinha, todo o seu meio de vida.”

13 Ao sair do templo, um dos seus discípulos disse-lhe: “Instrutor, vê que sorte de pedras e que sorte de edifícios!” 2 No entanto, Jesus disse-lhe: “Observas estes grandes edifícios? De modo algum ficará aqui pedra sobre pedra sem ser derrubada.”

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3 E, enquanto ele estava sentado no Monte das Oliveiras, com o templo à vista, Pedro, e Tiago, e João, e André começaram a perguntar-lhe em particular: 4 “Dize-nos: Quando serão estas coisas e qual será o sinal quando todas estas coisas estão destinadas a chegar a uma terminação?” 5 Jesus principiou assim a dizer-lhes: “Acautelai-vos de que ninguém vos desencaminhe. 6 Muitos virão à base do meu nome, dizendo: ‘Sou eu’, e desencaminharão a muitos. 7 Além disso, quando ouvirdes [falar] de guerras e de relatos de guerras, não fiqueis apavorados; [estas coisas] têm de acontecer, mas ainda não é o fim.

8 “Pois nação se levantará contra nação e reino contra reino; haverá terremotos num lugar após outro; haverá escassez de víveres. Estas [coisas] são um princípio das dores de aflição.

9 “Quanto a vós, acautelai-vos; entregar-vos-ão aos tribunais locais e sereis espancados nas sinagogas, e sereis postos diante de governadores e reis, por minha causa, em testemunho para eles. 10 Também, em todas as nações têm de ser pregadas primeiro as boas novas. 11 Mas, quando vos levarem para vos entregar, não estejais ansiosos de antemão sobre o que haveis de falar; mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai, porque não sois vós quem fala, mas o espírito santo. 12 Outrossim, irmão entregará irmão à morte, e o pai ao filho, e os filhos se levantarão contra os pais, e os farão matar; 13 e vós sereis pessoas odiadas por todos, por causa do meu nome. Mas aquele que tiver perseverado até o fim é o que será salvo.

14 “No entanto, quando avistardes a coisa repugnante que causa desolação estar de pé num lugar onde não devia (que o leitor use de discernimento), então, comecem a fugir para os montes os que estiverem na Judéia. 15 Que o homem [que estiver] no alto da casa não desça, nem entre para tirar algo de sua casa; 16 e que o homem [que estiver] no campo não volte para as coisas deixadas atrás, para apanhar sua

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roupa exterior. 17 Ai das mulheres grávidas e das que amamentarem naqueles dias! 18 Persisti em orar que não ocorra no tempo do inverno; 19 pois estes dias serão [dias de] tribulação tal como nunca ocorreu desde [o] princípio da criação, que Deus criou, até esse tempo, nem ocorrerá de novo. 20 De fato, se Jeová não tivesse abreviado os dias, nenhuma carne se salvaria. Mas, por causa dos escolhidos, que ele escolheu, abreviou os dias.

21 “Então, também, se alguém vos disser: ‘Eis aqui está o Cristo!’, ‘eis ali está ele!’, não [o] acrediteis. 22 Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão sinais e prodígios, a fim de desencaminhar, se possível, os escolhidos. 23 Vós, portanto, vigiai; eu vos disse todas as coisas de antemão.

24 “Mas, naqueles dias, depois dessa tribulação, o sol ficará escurecido e a lua não dará a sua luz, 25 e as estrelas cairão do céu, e os poderes que estão nos céus serão abalados. 26 E então verão o Filho do homem vir nas nuvens, com grande poder e glória. 27 E então enviará os anjos e ajuntará os seus escolhidos desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu.

28 “Agora, aprendei da figueira a ilustração: Assim que o seu ramo novo se torna tenro e brota suas folhas, sabeis que o verão está próximo. 29 Assim também vós, quando virdes estas coisas acontecer, sabei que ele está próximo, às portas. 30 Deveras, eu vos digo que esta geração de modo algum passará até que todas estas coisas aconteçam. 31 Céu e terra passarão, mas as minhas palavras não passarão.

32 “Acerca daquele dia e daquela hora ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai. 33 Persisti em olhar, mantende-vos despertos, pois não sabeis quando é o tempo designado. 34 É semelhante a um homem que viajou para fora e deixou a sua casa, dando autoridade aos seus escravos, a cada um o seu

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trabalho, e ordenou ao porteiro que se mantivesse vigilante. 35 Portanto, mantende-vos vigilantes, pois não sabeis quando vem o senhor da casa, quer tarde no dia, quer à meia-noite, quer ao canto do galo, quer cedo de manhã; 36 a fim de que, ao chegar ele repentinamente, não vos ache dormindo. 37 Mas, o que eu vos digo, digo a todos: Mantende-vos vigilantes.”

14 Ora, a páscoa e a [festividade dos] pães não fermentados era dali a dois dias. E os principais sacerdotes e os escribas estavam procurando um meio de se apoderarem dele por meio dum ardil e de o matarem; 2 pois diziam repetidas vezes: “Não durante a festividade; talvez haja um alvoroço do povo.”

3 E, enquanto ele estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso, ao estar recostado durante uma refeição, veio uma mulher com um vaso de alabastro com óleo perfumado, nardo genuíno, muito dispendioso. Rompendo o vaso de alabastro, começou a derramá-lo sobre a cabeça dele. 4 À vista disso, alguns expressavam indignação entre si mesmos: “Por que se deu este desperdício de óleo perfumado? 5 Pois este óleo perfumado poderia ter sido vendido por mais de trezentos denários e dado aos pobres!” E sentiam grande desgosto com ela. 6 Mas Jesus disse: “Deixai-a. Por que procurais causar-lhe aflição? Ela fez uma ação excelente para comigo. 7 Porque vós sempre tendes convosco os pobres, e quando quiserdes, podeis sempre fazer-lhes bem, mas a mim nem sempre tendes. 8 Ela fez o que pôde; antecipou-se em derramar óleo perfumado sobre o meu corpo, em vista de meu enterro. 9 Deveras, eu vos digo: Onde quer que se pregarem as boas novas em todo o mundo, o que esta mulher fez também será contado em lembrança dela.”

10 E Judas Iscariotes, um dos doze, dirigiu-se aos principais sacerdotes, a fim de traí-lo a eles. 11 Quando ouviram isso, alegraram-se e prometeram dar-lhe dinheiro de prata. Ele começou assim a buscar um modo de traí-lo convenientemente.

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12 Ora, no primeiro dia dos pães não fermentados, quando costumavam sacrificar a [vítima] pascoal, seus discípulos disseram-lhe: “Aonde queres que vamos e preparemos para comeres a páscoa?” 13 Em vista disso, ele enviou dois dos seus discípulos e disse-lhes: “Ide à cidade, e um homem levando um vaso de barro com água virá ao encontro de vós. Segui-o, 14 e onde quer que ele entrar, dizei ao dono da casa: ‘O Instrutor diz: “Onde está a sala dos hóspedes para mim, onde eu possa comer a páscoa com meus discípulos?”’ 15 E ele vos mostrará uma grande sala de sobrado, mobiliada em preparação; ali preparai para nós.” 16 Os discípulos saíram, assim, e entraram na cidade, e acharam-no assim como ele lhes dissera; e fizeram preparativos para a páscoa.

17 Depois de anoitecer, chegou ele com os doze. 18 E, enquanto se recostavam à mesa e comiam, Jesus disse: “Deveras, eu vos digo: Um de vós, que está comendo comigo, me trairá.” 19 Eles principiaram a ficar contristados e a dizer-lhe um por um: “Não sou por acaso eu?” 20 Ele lhes disse: “É um dos doze, aquele que mete comigo [a mão] no prato fundo comum. 21 É verdade, o Filho do homem vai embora, assim como está escrito a respeito dele, mas ai daquele homem por quem o Filho do homem está sendo traído! Teria sido melhor para este homem, se não tivesse nascido.”

22 E, enquanto continuavam a comer, tomou um pão, proferiu uma bênção, partiu-o e o deu a eles, e disse: “Tomai-o, isto significa meu corpo.” 23 E, tomando um copo, rendeu graças e o deu a eles, e todos beberam dele. 24 E disse-lhes: “Isto significa meu ‘sangue do pacto’, que há de ser derramado em benefício de muitos. 25 Deveras, eu vos digo: De modo algum beberei mais do produto da videira, até o dia em que o beberei novo no reino de Deus.” 26 Finalmente, depois de cantarem louvores, saíram para o Monte das Oliveiras.

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27 E Jesus disse-lhes: “Todos vós tropeçareis, porque está escrito: ‘Golpearei o pastor, e as ovelhas serão espalhadas.’ 28 Mas, depois de eu ter sido levantado, irei na frente de vós para a Galiléia.” 29 Mas Pedro disse-lhe: “Ainda que todos os outros tropecem, eu não.” 30 Em vista disso, Jesus disse-lhe: “Deveras, eu te digo: Hoje, sim, esta noite, antes de o galo cantar duas vezes, até mesmo tu me terás repudiado três vezes.” 31 Mas ele começou a dizer profusamente: “Mesmo que eu tenha de morrer contigo, de modo algum te repudiarei.” Também todos os outros começaram a dizer a mesma coisa.

32 Chegaram assim ao lugar de nome Getsêmani, e ele disse aos seus discípulos: “Sentai-vos aqui enquanto eu oro.” 33 E tomou a Pedro, e a Tiago, e a João, e principiou a ficar atônito e muito aflito. 34 E ele lhes disse: “Minha alma está profundamente contristada, até à morte. Ficai aqui e mantende-vos vigilantes.” 35 E, avançando um pouco, passou a prostrar-se no chão e começou a orar que, se fosse possível, a hora se afastasse dele. 36 E prosseguiu a dizer: “Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; remove de mim este copo. Contudo, não o que eu quero, mas o que tu queres.” 37 E veio e os achou dormindo, e disse a Pedro: “Simão, estás dormindo? Não tiveste força para te manteres vigilante por uma hora? 38 Homens, mantende-vos vigilantes e orai, a fim de que não entreis em tentação. O espírito, naturalmente, está ansioso, mas a carne é fraca.” 39 E ele se afastou novamente e orou, dizendo a mesma palavra. 40 E veio novamente e os achou dormindo, pois estavam com os olhos pesados, e por isso não sabiam o que lhe responder. 41 E veio pela terceira vez e disse-lhes: “Numa ocasião destas, vós estais dormindo e descansando! Basta! Chegou a hora! Eis que o Filho do homem está sendo traído às mãos de pecadores. 42 Levantai-vos, vamos embora. Eis que se tem aproximado aquele que me trai.”

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43 E imediatamente, enquanto ainda falava, chegou Judas, um dos doze, e com ele uma multidão com espadas e cacetes, da parte dos principais sacerdotes, e dos escribas, e dos anciãos. 44 Ora, o que o traía havia-lhes dado um sinal convencionado, dizendo: “A quem eu beijar, este é ele; detende-o e levai-o seguramente embora.” 45 E ele veio diretamente e se aproximou dele, e disse: “Rabi!” e beijou-o mui ternamente. 46 Deitaram assim mãos nele e o detiveram. 47 No entanto, um dos que estavam parados ali puxou a espada e golpeou o escravo do sumo sacerdote, e cortou-lhe a orelha. 48 Mas Jesus, em resposta, disse-lhes: “Viestes com espadas e com cacetes, como contra um salteador, para prender-me? 49 Dia após dia estava eu convosco no templo, ensinando; contudo, não me detivestes. Não obstante, é para que se cumpram as Escrituras.”

50 E todos o abandonaram e fugiram. 51 Mas, certo jovem, que usava uma roupa de linho fino por cima do [corpo] nu, começou a segui-lo de perto; e tentaram apoderar-se dele, 52 mas ele largou a sua roupa de linho e escapou nu.

53 Levaram então Jesus ao sumo sacerdote, e todos os principais sacerdotes, e os anciãos, e os escribas, reuniram-se. 54 Mas Pedro, duma boa distância, seguia-o até o pátio do sumo sacerdote; e ele estava sentado junto com os criados e se aquecia diante dum fogo. 55 No ínterim, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio estavam procurando testemunho contra Jesus, para o entregarem à morte, mas não encontravam nenhum. 56 Muitos, de fato, davam testemunho falso contra ele, mas os seus testemunhos não estavam em acordo. 57 Levantaram-se também certos e deram testemunho falso contra ele, dizendo: 58 “Nós o ouvimos dizer: ‘Derrubarei este templo feito por mãos e em três dias construirei outro, não feito por mãos.’” 59 Mas, nem mesmo nesta base estava em acordo o seu testemunho.

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60 Por fim se levantou o sumo sacerdote no meio deles e interrogou Jesus, dizendo: “Não dizes nada em resposta? O que é que estes testificam contra ti?” 61 Mas ele ficou calado e não deu nenhuma resposta. O sumo sacerdote começou novamente a interrogá-lo e disse-lhe: “És tu o Cristo, o Filho do Bendito?” 62 Jesus disse então: “Sou; e vós vereis o Filho do homem sentado à destra de poder e vindo com as nuvens do céu.” 63 Em vista disso, o sumo sacerdote rasgou a sua roupa interior e disse: “Que necessidade temos ainda de testemunhas? 64 Ouvistes a blasfêmia. O que vos é evidente?” Todos o condenaram a estar sujeito à morte. 65 E alguns principiaram a cuspir nele, e a encobrir-lhe o rosto todo, e a esmurrá-lo, e a dizer-lhe: “Profetiza!” E os oficiais de justiça levaram-no, esbofeteando-lhe o rosto.

66 Ora, enquanto Pedro estava sentado embaixo, no pátio, veio uma das servas do sumo sacerdote, 67 e, vendo Pedro aquecer-se, olhou diretamente para ele e disse: “Tu também estavas com o Nazareno, este Jesus.” 68 Mas ele o negou, dizendo: “Nem o conheço nem entendo o que dizes”, e saiu para o vestíbulo. 69 Avistando-o ali a serva, principiou novamente a dizer aos que estavam parados ali: “Este é um deles.” 70 Negou-o novamente. E mais uma vez, pouco depois, os que estavam parados ali começaram a dizer a Pedro: “Certamente tu és um deles, pois, de fato, és galileu.” 71 Mas ele principiou a praguejar e a jurar: “Não conheço este homem de quem falais.” 72 E imediatamente cantou um galo, pela segunda vez; e Pedro lembrou-se da declaração que Jesus lhe fizera: “Antes de o galo cantar duas vezes, repudiar-me-ás três vezes.” E ele ficou abatido e se entregou ao choro.

15 E logo ao amanhecer, os principais sacerdotes, com os anciãos e os escribas, sim, o Sinédrio inteiro, realizaram uma consulta, e amarraram Jesus e o levaram e entregaram a Pilatos. 2 De modo que Pilatos o interrogou: “És tu o rei dos judeus?” Respondendo-

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lhe, disse: “Tu mesmo [o] dizes.” 3 Mas os principais sacerdotes passaram a acusá-lo de muitas coisas. 4 Pilatos começou então a interrogá-lo novamente, dizendo: “Não respondes nada? Vê quantas acusações lançam contra ti.” 5 Mas Jesus não respondeu mais, de modo que Pilatos começou a maravilhar-se.

6 Ora, de festividade em festividade, ele costumava soltar-lhes um preso, aquele que requeressem. 7 Naquele tempo havia o chamado Barrabás preso com os sediciosos, que na sua sedição haviam cometido assassínio. 8 A multidão chegou-se assim e principiou a requerer segundo o que ele costumava fazer para eles. 9 Pilatos respondeu-lhes, dizendo: “Quereis que eu vos livre o rei dos judeus?” 10 Pois ele se apercebia de que os principais sacerdotes o tinham entregado por inveja. 11 Mas os principais sacerdotes atiçaram a multidão para que lhes livrasse antes a Barrabás. 12 Novamente, em resposta, Pilatos dizia-lhes: “O que hei de fazer então com aquele a quem chamais de rei dos judeus?” 13 Mais uma vez clamaram: “Para a estaca com ele!” 14 Mas Pilatos prosseguiu a dizer-lhes: “Ora, o que fez ele de mal?” Todavia, clamaram tanto mais: “Para a estaca com ele!” 15 Em vista disso, Pilatos, desejando satisfazer a multidão, livrou-lhes Barrabás, e, depois de mandar Jesus ser chicoteado, entregou-o para ser pregado numa estaca.

16 Os soldados levaram-no então ao pátio, isto é, ao palácio do governador; e convocaram todo o corpo de tropa, 17 e cobriram-no de púrpura e trançaram uma coroa de espinhos e a puseram nele. 18 E principiaram a cumprimentá-lo: “Bom dia, ó Rei dos judeus!” 19 Batiam-lhe também com uma cana na cabeça e cuspiam nele, e, dobrando os joelhos, prestavam-lhe homenagem. 20 Por fim, depois de se terem divertido às custas dele, tiraram-lhe a púrpura e puseram-lhe sua roupagem exterior. E levaram-no fora para o pregarem numa estaca. 21 Obrigaram também um transeunte que vinha do campo, certo Simão de Cirene, pai de

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Alexandre e de Rufo, a prestar serviço por levar a sua estaca de tortura.

22 Trouxeram-no assim ao lugar de Gólgota, que significa, traduzido, Lugar da Caveira. 23 Ali tentaram dar-lhe vinho misturado com mirra, mas ele não quis tomá-lo. 24 E pregaram-no numa estaca e distribuíram sua roupagem exterior por lançarem sortes sobre ela, quanto a quem havia de ficar com quê. 25 Era então a terceira hora, e pregaram-no numa estaca. 26 E a inscrição de acusação estava escrita mais acima: “O Rei dos Judeus.” 27 Além disso, junto com ele, pregaram também em estacas dois salteadores, um à sua direita e outro à sua esquerda. 28 —— 29 E os que passavam por ali falavam dele de modo ultrajante, sacudindo a cabeça e dizendo: “Ora! Tu, pretenso derrubador do templo e construtor dele no tempo de três dias, 30 salva-te por descer da estaca de tortura.” 31 De maneira similar, também os principais sacerdotes divertiam-se entre si, com os escribas, e diziam: “A outros ele salvou; a si mesmo não pode salvar! 32 Desça agora da estaca de tortura o Cristo, o Rei de Israel, para que vejamos e creiamos.” Vituperaram-no até mesmo os que com ele foram pregados em estacas.

33 Quando veio a sexta hora, caiu escuridão sobre todo o país, até à nona hora. 34 E à nona hora, Jesus clamou com voz alta: “Eli, Eli, lama sabactâni?” que significa, traduzido: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” 35 E alguns dos parados por perto, ouvindo isso, começaram a dizer: “Eis que está chamando Elias.” 36 Mas um [deles] correu, ensopou uma esponja em vinho acre, colocou-a numa cana e começou a dar-lhe de beber, dizendo: “Deixai[-o]! Vejamos se Elias vem tirá-lo dali.” 37 Mas Jesus deu um alto grito e expirou. 38 E a cortina do santuário rasgou-se em dois, de alto a baixo. 39 Ora, quando o oficial do exército, que estava presente, tendo-o sob as vistas, viu que tinha expirado nestas circunstâncias, disse: “Certamente este homem era o Filho de Deus.”

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40 Havia ali também mulheres observando de certa distância, entre as quais Maria Madalena, bem como Maria, a mãe de Tiago, o Menor, e de Josés, e Salomé, 41 que costumavam acompanhá-lo e ministrar-lhe quando ele estava na Galiléia, e muitas outras mulheres, que vieram com ele a Jerusalém.

42 A tarde já estava então avançada, e, visto ser a Preparação, isto é, o dia antes do sábado, 43 veio José de Arimatéia, membro bem conceituado do Conselho, que também aguardava o reino de Deus. Ele tomou ânimo para comparecer perante Pilatos e pediu o corpo de Jesus. 44 Mas, Pilatos perguntava-se se já estaria morto, e, convocando o oficial do exército, perguntou-lhe se já tinha morrido. 45 Assim, depois de certificar-se por intermédio do oficial do exército, concedeu a José o cadáver. 46 Concordemente, ele comprou linho fino e tirou-o dali, enrolou-o no linho fino e deitou-o num túmulo aberto na rocha; e rolou uma pedra à porta do túmulo memorial. 47 Maria Madalena e Maria, a mãe de Josés, porém, continuavam a olhar para onde tinha sido deitado.

16 Passado então o sábado, Maria Madalena e Maria, a mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas, a fim de virem e o untarem. 2 E bem cedo, no primeiro dia da semana, chegaram ao túmulo memorial depois de se levantar o sol. 3 E diziam uma à outra: “Quem nos rolará a pedra [da frente] da porta do túmulo memorial?” 4 Mas, ao olharem para cima, observaram que a pedra, embora muito grande, tinha sido rolada [da frente]. 5 Quando entraram no túmulo memorial, viram um jovem sentado à direita, trajado duma comprida veste branca, e elas ficaram atônitas. 6 Ele lhes disse: “Parai de ficar atônitas. Vós estais procurando Jesus, o nazareno, que foi pregado numa estaca. Ele foi levantado, não está aqui. Eis o lugar onde o deitaram. 7 Mas ide, dizei aos discípulos dele e a Pedro: ‘Ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, assim como ele vos disse.’” 8 Saindo então,

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fugiram do túmulo memorial, pois estavam presas de tremor e de forte emoção. E não disseram nada a ninguém, pois estavam tomadas de temor.

CONCLUSÃO CURTA

Alguns manuscritos e versões posteriores contêm uma conclusão curta depois de Marcos 16:8, como segue:

Mas, todas as coisas que se lhes mandaram, relataram brevemente aos em volta de Pedro. Outrossim, depois destas coisas, o próprio Jesus enviou por meio deles, do leste ao oeste, a santa e incorruptível proclamação da salvação eterna.

CONCLUSÃO LONGA

Certos manuscritos antigos (ACD) e versões antigas (VgSyc,p) acrescentam a seguinte conclusão longa, omitida por אBSysArm:

9 Após o levantamento dele cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios. 10 Ela foi e [o] relatou aos que tinham estado com ele, pois pranteavam e choravam. 11 Mas estes, ao ouvirem que passara a viver e que tinha sido observado por ela, não [lhe] acreditaram. 12 Ainda mais, após estas coisas apareceu em outra forma a dois deles ao andarem, pois estavam indo para o campo; 13 e estes voltaram e [o] relataram aos demais. Tampouco a estes acreditaram. 14 Mais tarde, porém, apareceu aos próprios onze, ao estarem recostados à mesa, e exprobrou a sua falta de fé e a dureza de seus corações, porque não tinham acreditado nos que o tinham observado já levantado dentre os mortos. 15 E ele lhes disse: “Ide a todo o mundo e pregai as boas novas a toda a criação. 16 Quem crer e for batizado será salvo, mas o que não crer será condenado. 17 Outrossim, os seguintes sinais acompanharão os que crerem: Pelo uso do meu nome expulsarão demônios, falarão em línguas, 18 e com as

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suas mãos apanharão serpentes, e, se beberem algo mortífero, absolutamente não lhes fará mal. Porão as suas mãos sobre doentes, e estes ficarão bons.”

19 Daí, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi elevado para o céu e se assentou à direita de Deus. 20 Eles, concordemente, saíram e pregaram em toda a parte, sendo que o Senhor cooperava com eles e apoiava a mensagem por meio de sinais acompanhantes.

[Notas de rodapé]

“Marcos.” Gr.: Már·kon, do lat.: Már·cum.

“Boas novas.” Ou “evangelho”. Gr.: eu·ag·ge·lí·ou; lat.: e·van·gé·li·i.

Ou “de”.

Ou “anjo”.

Veja Ap. 1D.

Ou “imersor; submersor (mergulhador)”. Gr.: ba·ptí·zon.

Ou “dentro”; isto é, para entrar nele.

Ou “a força ativa”. Gr.: to pneú·ma; J17,18,22(hebr.): ha·rú·ahh. Veja Gên 1:2 n.: “ativa”.

Esta é uma expressão idiomática; é uma repulsa em forma de pergunta. Veja Ap. 7B.

Lit.: “ele”.

Lit.: “ele”.

Lit.: “os filhos da câmara nupcial”.

“No relato sobre Abiatar, o principal sacerdote.” Lit.: “sobre (em) Abiatar, principal sacerdote”. DWItmss.Sys, Mt 12:4 e Lu 6:4 omitem isso. Veja uma construção similar em Mr 12:26; Lu 20:37.

Ou “pães da proposição”.

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Ou “uma vida”. Gr.: psy·khén; lat.: á·ni·mam; J17,18,22(hebr.): né·fesh. Veja Ap. 4A.

Ou “com os herodianos”.

“Boanerges.” Sir.: Benai Reghshi; J17(hebr.): Beneh-reghóhsh; J18(hebr.): Beneh-rá·ghesh.

“Belzebu”, VgSypJ18; אACDW(gr.): Be·el·ze·boúl; B(gr.): Be·e·ze·boúl; J22(hebr.): Ba·‛al-zevúl.

Ou “parábolas”.

Ou “ordem de coisas”. Gr.: ai·ó·nos; lat.: saé·cu·li; J17,18,22(hebr.): ha·‛oh·lám, “[de] a ordem de coisas”.

“Gerasenos”, א°BDVg; ACSyh,p: “gadarenos”.

Esta é uma expressão idiomática; é uma repulsa em forma de pergunta. Veja Ap. 7B.

Veja Ap. 1D.

Lit.: “a estar proclamando”. Gr.: ke·rýs·sein. Veja 13:10 n.

Ou “Dez Cidades”. Gr.: De·ka·pó·lei.

Ou “serei salva”.

Ou “te salvou”.

“Em paz.” Gr.: eis ei·ré·nen; lat.: in pá·ce; J17,18,22(hebr.): lesha·lóhm.

“José”, אVg; ABCDSyh,p, “Josés”.

“Testemunho.” Gr.: mar·tý·ri·on; lat.: te·sti·mó·ni·um.

Lit.: “pois o nome dele”.

“As pessoas diziam”, BW; אACSyh,p,s: “ele dizia”.

Ou “imersor, submersor (mergulhador)”. Gr.: ba·ptí·zon.

Lit.: “os quiliarcas”. Gr.: khi·li·ár·khois, “comandantes de 1.000 soldados”; lat.: tri·bú·nis.

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O denário era uma moeda romana de prata que pesava 3,85 g.

Veja 13:35 n. e Mt 14:25 n.

Ou “eram salvos”.

Ou “lavar as mãos com o punho”.

Ou “morra sem falta”.

Gr.: Kor·bán; lat.: cór·ban; J17,18,22(hebr.): qor·bán. Veja Le 1:2 n.: “oferta”; Ne 10:34 n.

Ou “uma dádiva votiva”.

B omitem isso; ADVgSyh,p,sArm: “Quem tiver ouvidosאpara escutar, escute.” (Veja 4:9, 23.)

Ou “cloaca; latrina; privada”.

Segundo אAB; alguns mss.: “para o esgoto, mostrando assim serem limpos todos os alimentos?”

“Fornicações.” Gr.: por·neí·ai; lat.: for·ni·ca·ti·ó·nes; J18,22(hebr.): zenu·ním. Veja Ap. 5A.

“Conduta desenfreada.” Gr.: a·sél·gei·a; Vgc(lat.): im·pu·di·cí·ti·ae; J22(hebr.): zim·máh. Veja Gál 5:19 n.: “desenfreada”.

Ou “olho iníquo”.

Ou “Dez Cidades”. Gr.: De·ka·pó·le·os.

Ou “laço”.

Ou “recuperou a vista; voltou a enxergar”.

Ou “Imersor; Submersor (Mergulhador)”. Gr.: Ba·pti·stén.

“Pedro”, אAB; Syp: “Simão”; Sys: “Kefa”. Veja Mt 16:18 n.: “rocha”.

Ou “não tens a mente de Deus, mas a de homens”.

Veja Ap. 5C.

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Ou “vida”. Gr.: psy·khén; J17,18,22(hebr.): naf·shóh (de né·fesh). Veja Ap. 4A.

Ou “guardaram a palavra para si mesmos”.

Lit.: “lançou-o”.

Lit.: “Ajuda a minha falta de fé!”

Ou “traído”.

Veja Ap. 4C.

BCW omitem isso; AD: “onde o seu gusano não morreאe o fogo não se extingue”. (Veja v. 48.)

BCW omitem isso; AD: “onde o seu gusano não morreאe o fogo não se extingue”. (Veja v. 48.)

Ou então, “ficar sem salinidade”.

“Ele”, אBC; ADVgSyh,p,sArm: “Deus”.

Lit.: “se soltar de”. Veja Mal 2:16 n.

“Vida eterna.” Gr.: zo·én ai·ó·ni·on; lat.: ví·tam ae·tér·nam; J17,18,22(hebr.): hhai·yéh ‛oh·lám.

Ou “ordem de coisas”. Gr.: ai·ó·ni; J17,22(hebr.): u·va·‛oh·lám, “e na ordem de coisas”.

Ou “imersão; submersão”. Gr.: bá·pti·sma.

Ou “vida”. Veja Mt 20:28 n.: “alma”.

“Rabôni.” Veja Jo 20:16.

Ou “te salvou”.

Lit.: “Hosana.” Gr.: Ho·san·ná; J7-14,16-18,22(hebr.): Hoh·sha‛·ná’, “Salva, rogamos”.

Veja Ap. 1D.

“O reino vindouro de nosso pai Davi”, אBCD; ASyh: “o reino de nosso pai Davi que vem no nome do Senhor”; J7,8,10-14,16,17: “o reino de nosso pai Davi que vem no nome de Jeová”.

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Ou “nos lugares mais altos”.

BWSys omitem isso; ACDVgSyp: “Mas, se nãoאperdoardes, tampouco vosso Pai, que está nos céus, perdoará as vossas falhas.” (Veja Mt 6:15.)

Veja Ap. 1D.

Ou “dos herodianos”.

Ou “ao imperador”. Gr.: Kaí·sa·ri.

Veja 6:37 n.

Lit.: “Dai de volta.”

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

Ou “tua vida”. Gr.: tes psy·khés sou; J17,18,22(hebr.): naf·shekhá.

Veja Ap. 1D.

Ou “nos lugares de reunião”.

Lit.: “[dinheiro de] cobre”.

Ou “na tesouraria sagrada”.

Lit.: “dois leptas”. O lépton era a menor moeda judaica de cobre ou bronze. Veja Ap. 8A.

Lit.: “que é um quadrante”. Esta era uma moeda romana de cobre ou bronze, avaliada em uma sexagésima quarta parte do denário. Veja Ap. 8A.

Ou “fim conjunto”. Veja Mt 13:39 n.: “terminação”.

Ou “remate; fim completo; término”. Gr.: τέλος (té·los).

Ou “se agitará; se excitará”.

“Terremotos.” Gr.: sei·smoí.

Ou “aos sinédrios inferiores”.

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“Testemunho.” Gr.: mar·tý·ri·on; lat.: te·sti·mó·ni·um.

Ou “ser proclamadas”. Gr.: ke·ry·khthé·nai; lat.: prae·di·cá·ri. Veja Da 5:29 n.: “proclamaram”.

Veja v. 7 n.

Lit.: “até o tempo atual”.

Veja Ap. 1D.

“Vir.” Em gr.: er·khó·me·non.

“Geração.” Gr.: ge·ne·á; diferente de gé·nos, “raça”, como em 1Pe 2:9.

“Tarde no dia.” Esta era a primeira vigília segundo a divisão gr. e romana da noite, desde o pôr-do-sol até por volta das 21 horas.

“À meia-noite.” Esta era a segunda vigília segundo a divisão gr. e romana da noite, desde por volta das 21 horas até a meia-noite.

“Ao canto do galo.” Esta era a terceira vigília segundo a divisão gr. e romana da noite, desde meia-noite até por volta das 3 horas da madrugada.

“Cedo de manhã.” Esta era a quarta vigília segundo a divisão gr. e romana da noite, desde por volta das 3 horas da madrugada até o nascer do sol.

Veja 6:37 n.

Veja Mt 26:17 n.

Ou “é”, no sentido de significar, importar em, representar. Veja Mt 26:26 n.

“Novo”, isto é, o produto novo da videira.

Ou “hinos; salmos”. Sem dúvida, os Salmos de Halel. Veja Sal. 114:1 n.

Esta é uma palavra aram. que significa “o pai”, ou: “Ó Pai!” Gr.: Ab·bá; J17,22(hebr.): ’Ab·bá’.

Ou “sem falta”.

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Ou “pouco vestido”. Veja Mt 25:36 n.

Ou “habitação (morada) divina”. Gr.: na·ón; lat.: tém·plum; J17,18,22(hebr.): ha·heh·khál, “o palácio (templo)”.

“Vindo.” Em gr.: er·khó·me·non.

Ou: “Nem conheço, nem entendo.”

Ou: “Fixa-o numa estaca (poste).” Veja Ap. 5C.

Veja v. 13 n.

Veja Ap. 5C.

“Lugar da Caveira.” Gr.: Kra·ní·ou Tó·pos; lat.: Cal·vá·ri·ae ló·cus.

“Terceira hora”, isto é, por volta das 9 horas da manhã.

ABCD omitem isso; VgSyh,p: “E cumpriu-se a escrituraאque diz: ‘E ele foi contado com os contra a lei.’” (Veja Lu 22:37.)

Veja 14:58 n.

“Sexta hora”, isto é, por volta do meio-dia.

“Nona hora”, isto é, por volta das 15 horas.

“Eli, Eli, lama sabactâni?” Veja Sal 22:1 n.: “abandonaste”.

Significando “Meu Deus É Jeová”. J17,18(hebr.): ’E·li·yá·hu.

Veja 14:58 n.

Ou “centurião”. Gr.: ken·ty·rí·on; comandante de 100 soldados.

Ou “um filho de Deus”; ou: “um filho de um deus”.

“Josés”, אABCDSyh,p; ItVgSys: “José”.

“Josés”, אcBCSyh,p; AVg: “José”.

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Ou “fixado numa estaca (poste)”. Veja Ap. 5C.

O Manuscrito L 019 (Codex Regius, do oitavo séc.) contém tanto a conclusão longa como a curta, após o v. 8 , apresentando primeiro a conclusão curta e prefaciando cada conclusão com uma nota, dizendo que essas passagens estavam em voga em alguns setores, embora, evidentemente, não reconhecesse nenhuma das conclusões como de autoridade.

Segundo Lucas

1 Considerando que muitos empreenderam compilar uma declaração dos fatos que entre nós recebem pleno crédito, 2 assim como no-los transmitiram os que desde [o] princípio se tornaram testemunhas oculares e assistentes da mensagem, 3 também eu, tendo pesquisado todas as coisas com exatidão, desde o início, resolvi escrevê-las para ti em ordem lógica, excelentíssimo Teófilo, 4 para que saibas plenamente a certeza das coisas que te foram ensinadas oralmente.

5 Nos dias de Herodes, rei da Judéia, havia certo sacerdote, de nome Zacarias, da turma de Abias, e ele tinha por esposa [uma] das filhas de Arão, e o nome dela era Elisabete. 6 Ambos eram justos diante de Deus por andarem inculpes de acordo com todos os mandamentos e exigências legais de Jeová. 7 Mas não tinham filho, porque Elisabete era estéril e ambos já estavam bem avançados em anos.

8 Ora, atuando ele perante Deus como sacerdote na designação de sua divisão, 9 segundo a prática solene do cargo sacerdotal, chegou a sua vez para oferecer incenso ao entrar no santuário de Jeová; 10 e toda a multidão do povo orava do lado de fora, na hora de se oferecer incenso. 11 Apareceu-lhe um anjo de Jeová, parado à direita do altar do incenso. 12 Zacarias, porém, ficou aflito ao vê-lo e foi tomado de temor. 13 No

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entanto, o anjo disse-lhe: “Não temas, Zacarias, porque a tua súplica tem sido ouvida favoravelmente, e tua esposa Elisabete tornar-se-á para ti mãe dum filho, e hás de dar-lhe o nome de João. 14 E terás alegria e grande regozijo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento; 15 pois será grande diante de Jeová. Mas não deve beber nenhum vinho nem bebida forte, e será cheio de espírito santo desde a madre de sua mãe; 16 e retornará muitos dos filhos de Israel a Jeová, seu Deus. 17 Também, irá diante dele com o espírito e o poder de Elias, para retornar os corações dos pais aos filhos e os desobedientes à sabedoria prática dos justos, a fim de aprontar para Jeová um povo preparado.”

18 E Zacarias disse ao anjo: “Como hei de ter certeza disso? Pois sou idoso e minha esposa está bem avançada em anos.” 19 Em resposta, o anjo disse-lhe: “Eu sou Gabriel, que está a postos logo diante de Deus, e fui enviado para falar-te e declarar-te as boas novas destas coisas. 20 Mas, eis que ficarás mudo e não poderás falar até o dia em que estas coisas ocorram, porque não acreditaste nas minhas palavras, as quais se cumprirão no seu tempo designado.” 21 Entrementes, o povo continuava à espera de Zacarias; e começavam a admirar-se de sua demora no santuário. 22 Mas, quando saiu, não lhes pôde falar, e perceberam que acabara de ter uma visão sobrenatural no santuário; e fazia-lhes sinais, mas permanecia mudo. 23 Completando-se então os dias de seu serviço público, foi para casa.

24 Depois destes dias, porém, Elisabete, sua esposa, ficou grávida; e ela se manteve apartada por cinco meses, dizendo: 25 “É assim que Jeová tem procedido comigo nestes dias, dando-me sua atenção para tirar o meu vitupério entre os homens.”

26 No sexto mês dela, o anjo Gabriel foi enviado da parte de Deus a uma cidade da Galiléia, de nome Nazaré, 27 a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi; e o nome da

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virgem era Maria. 28 E, ao se lhe apresentar, disse: “Bom dia, altamente favorecida, Jeová está contigo.” 29 Mas ela ficou profundamente perturbada com estas palavras e começou a raciocinar que sorte de cumprimento era este. 30 De modo que o anjo lhe disse: “Não temas, Maria, pois achaste favor diante de Deus; 31 e eis que conceberás na tua madre e darás à luz um filho, e deves dar-lhe o nome de Jesus. 32 Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e Jeová Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, 33 e ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e não haverá fim do seu reino.”

34 Maria, porém, disse ao anjo: “Como se há de dar isso, visto que não tenho relações com um homem?” 35 O anjo disse-lhe, em resposta: “Espírito santo virá sobre ti e poder do Altíssimo te encobrirá. Por esta razão, também, o nascido será chamado santo, Filho de Deus. 36 E eis que a própria Elisabete, tua parenta, também concebeu um filho, na sua velhice, e este é o sexto mês para ela, a chamada estéril; 37 porque para Deus nenhuma declaração será uma impossibilidade.” 38 Maria disse então: “Eis a escrava de Jeová! Ocorra comigo segundo a tua declaração.” Com isso, o anjo ausentou-se dela.

39 Maria levantou-se então naqueles dias e foi apressadamente à região montanhosa, a uma cidade de Judá, 40 e entrou no lar de Zacarias e cumprimentou Elisabete. 41 Pois bem, quando Elisabete ouviu o cumprimento de Maria, pulou a criança na sua madre; e Elisabete ficou cheia de espírito santo, 42 e exclamou com um alto grito e disse: “Abençoada és tu entre as mulheres e abençoado é o fruto de tua madre! 43 Como é então que tenho este [privilégio], de vir a mim a mãe de meu Senhor? 44 Pois, eis que assim que o som de teu cumprimento chegou aos meus ouvidos, a criança na minha madre pulou de regozijo. 45 Feliz também é aquela que acreditou, porque haverá uma completa

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realização das coisas que lhe foram faladas da parte de Jeová.”

46 E Maria disse: “Minha alma magnifica a Jeová 47 e meu espírito não pode deixar de estar cheio de alegria por Deus, meu Salvador; 48 pois ele tem olhado para a situação humilde de sua escrava. Porque, eis que doravante todas as gerações me proclamarão feliz; 49 visto que o Poderoso tem feito grandes ações para comigo, e santo é o seu nome; 50 e sua misericórdia é de geração em geração sobre os que o temem. 51 Ele tem agido valorosamente com o seu braço, tem espalhado os que são soberbos na intenção dos seus corações. 52 Tem derrubado de tronos homens de poder e tem enaltecido humildes; 53 tem plenamente saciado os famintos com coisas boas e tem mandado embora, de mãos vazias, os que tinham riqueza. 54 Ele tem vindo em socorro de Israel, seu servo, para fazer lembrar a misericórdia, 55 assim como disse aos nossos antepassados, a Abraão e a seu descendente, para sempre.” 56 Maria permaneceu então com ela cerca de três meses, e voltou para o seu próprio lar.

57 Chegou então o tempo para Elisabete dar à luz, e ela se tornou mãe dum filho. 58 E os vizinhos e os parentes dela ouviram que Jeová tinha magnificado a sua misericórdia para com ela, e começaram a alegrar-se com ela. 59 E, no oitavo dia, foram circuncidar o menino, e iam dar-lhe o nome do pai dele, Zacarias. 60 Mas a mãe dele respondeu e disse: “De modo nenhum! Mas ele se chamará João.” 61 Em vista disso disseram-lhe: “Não há nenhum entre os teus parentes que seja chamado por este nome.” 62 Foram então perguntar ao pai dele, por sinais, como queria que se chamasse. 63 E ele pediu uma tabuinha [para escrever] e escreveu: “João é o nome dele.” Todos se maravilharam em vista disso. 64 Sua boca foi instantaneamente aberta e a sua língua foi solta, e ele começou a falar, bendizendo a Deus. 65 E caiu temor sobre todos os que moravam na vizinhança deles; e

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falava-se sobre estas coisas em toda a região montanhosa da Judéia, 66 e todos os que [as] ouviam guardavam isso nos seus corações, dizendo: “O que será realmente deste menino?” Pois a mão de Jeová estava deveras com ele.

67 E Zacarias, seu pai, ficou cheio de espírito santo e profetizou, dizendo: 68 “Bendito seja Jeová, o Deus de Israel, porque voltou a sua atenção e realizou livramento para com seu povo. 69 E ele nos suscitou um chifre de salvação na casa de Davi, seu servo, 70 assim como ele, pela boca de seus santos profetas da antiguidade, tem falado 71 duma salvação [nossa] dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam; 72 para realizar a misericórdia em conexão com os nossos antepassados e para fazer lembrar o seu santo pacto, 73 o juramento que fez a Abraão, nosso antepassado, 74 de nos conceder, depois de termos sido resgatados das mãos dos inimigos, o privilégio de lhe prestarmos destemidamente serviço sagrado, 75 com lealdade e justiça, diante dele, todos os nossos dias. 76 Mas, quanto a ti, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, pois irás de antemão na frente de Jeová para aprontar os seus caminhos, 77 para dar ao seu povo conhecimento da salvação por meio do perdão dos seus pecados, 78 por causa da terna compaixão de nosso Deus. Com esta [compaixão] nos visitará do alto uma alvorada, 79 para dar luz aos sentados na escuridão e na sombra da morte, para dirigir os nossos pés prosperamente no caminho da paz.”

80 E a criancinha crescia e se tornava forte em espírito, e continuava nos desertos, até o dia em que se mostrou abertamente a Israel.

2 Ora, naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto, para que toda a terra habitada se registrasse; 2 (este primeiro registro ocorreu quando Quirino era governador da Síria;) 3 e todos viajaram para se registrarem, cada um na sua própria cidade. 4 José, naturalmente, subiu também da Galiléia, da

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cidade de Nazaré, e foi à Judéia, à cidade de Davi, que se chama Belém, por ser membro da casa e família de Davi, 5 a fim de ser registrado com Maria, que lhe fora dada em casamento, conforme prometido, nesta ocasião já em estado avançado de gravidez. 6 Enquanto estavam ali, completaram-se os dias para ela dar à luz. 7 E ela deu à luz o seu filho, o primogênito, e o enfaixou e deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles no alojamento.

8 Havia também no mesmo país pastores vivendo ao ar livre e mantendo de noite vigílias sobre os seus rebanhos. 9 E, repentinamente estava parado ao lado deles o anjo de Jeová, e a glória de Jeová reluzia em volta deles, e ficaram muito temerosos. 10 Mas o anjo disse-lhes: “Não temais, pois, eis que vos declaro boas novas duma grande alegria que todo o povo terá, 11 porque hoje vos nasceu na cidade de Davi um Salvador, que é Cristo, [o] Senhor. 12 E este é um sinal para vós: achareis uma criança enfaixada e deitada numa manjedoura.” 13 E, repentinamente houve com o anjo uma multidão do exército celestial, louvando a Deus e dizendo: 14 “Glória a Deus nas maiores alturas, e na terra paz entre homens de boa vontade.”

15 Assim, quando os anjos se afastaram deles para o céu, os pastores começaram a dizer uns aos outros: “Vamos de todos os modos até Belém e vejamos esta coisa que ocorreu, que Jeová nos fez saber.” 16 E foram apressadamente e acharam Maria, bem como José, e a criança deitada na manjedoura. 17 Quando a viram, fizeram saber a declaração que se lhes fizera a respeito desta criancinha. 18 E todos os que ouviram [isso] maravilhavam-se com as coisas que os pastores lhes contavam; 19 Maria, porém começou a preservar todas essas declarações, tirando conclusões no seu coração. 20 Os pastores voltaram então, glorificando e louvando a Deus por todas as coisas que ouviram e viram, exatamente como se lhes dissera.

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21 Então, quando se completaram os oito dias para que fosse circuncidado, deram-lhe também o nome de Jesus, nome dado pelo anjo antes de ele ter sido concebido na madre.

22 Completando-se também os dias para a purificação deles, segundo a lei de Moisés, trouxeram-no a Jerusalém para o apresentarem a Jeová, 23 assim como está escrito na lei de Jeová: “Todo macho que abre a madre tem de ser chamado santo para Jeová”, 24 e para oferecer sacrifício segundo o que se diz na lei de Jeová: “Um par de rolas ou dois pombos novos.”

25 E, eis que havia em Jerusalém um homem de nome Simeão, e este homem era justo e reverente, esperando a consolação de Israel, e espírito santo estava sobre ele. 26 Ademais, fora-lhe divinamente revelado, pelo espírito santo, que não veria a morte antes de ter visto o Cristo de Jeová. 27 Assim, sob o poder do espírito, ele veio ao templo; e quando os pais trouxeram para dentro o menino Jesus, a fim de fazerem para ele segundo a prática costumeira da lei, 28 foi ele mesmo quem o recebeu nos braços e bendisse a Deus, e disse: 29 “Agora, Soberano Senhor, deixas o teu escravo ir livre em paz, segundo a tua declaração; 30 porque os meus olhos viram o teu meio de salvar, 31 que aprontaste à vista de todos os povos, 32 uma luz para remover das nações o véu e uma glória para o teu povo Israel.” 33 E o pai e a mãe [do menino] admiravam-se das coisas que se falavam dele. 34 Simeão os abençoou também, mas disse a Maria, a mãe [do menino]: “Eis que este é posto para a queda e para o novo levantamento de muitos em Israel, e para sinal contra que se fale 35 (sim, uma longa espada traspassará a tua própria alma), a fim de que sejam desvendados os raciocínios de muitos corações.”

36 Havia também Ana, uma profetisa, filha de Fanuel, da tribo de Aser (esta mulher estava bem avançada em anos e tinha vivido com um marido por sete anos, desde a sua virgindade, 37 e ela era viúva, já com

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oitenta e quatro anos de idade), que nunca estava ausente do templo, prestando noite e dia serviço sagrado, com jejuns e súplicas. 38 E ela se aproximou naquela mesma hora e começou a dar graças a Deus e a falar sobre [a criança] a todos os que aguardavam o livramento de Jerusalém.

39 Tendo assim executado todas as coisas segundo a lei de Jeová, voltaram à Galiléia, à sua própria cidade de Nazaré. 40 E o menino continuava a crescer e a ficar forte, estando cheio de sabedoria, e o favor de Deus continuava com ele.

41 Ora, de ano em ano, seus pais costumavam ir a Jerusalém para a festividade da páscoa. 42 E quando ele atingiu os doze anos de idade, subiram segundo o costume da festividade 43 e completaram os dias. Mas, ao voltarem, o menino Jesus permaneceu em Jerusalém e seus pais não notaram isso. 44 Presumindo que ele estivesse na companhia dos que viajavam juntos, cobriram a distância de um dia e então começaram a ir em busca dele entre os parentes e conhecidos. 45 Mas, não o encontrando, voltaram a Jerusalém, indo diligentemente à procura dele. 46 Bem, depois de três dias, acharam-no no templo, sentado no meio dos instrutores, e escutando-os e interrogando-os. 47 Mas, todos os que o escutavam ficavam constantemente pasmados com o seu entendimento e suas respostas. 48 Ora, quando o viram, ficaram assombrados, e sua mãe disse-lhe: “Filho, por que nos tratas deste modo? Eis que teu pai e eu, em aflição mental, estivemos à tua procura.” 49 Mas ele lhes disse: “Por que tivestes de ir à minha procura? Não sabíeis que eu tenho de estar na [casa] de meu Pai?” 50 No entanto, não compreenderam a declaração que lhes fizera.

51 E ele desceu com eles e chegou a Nazaré, e continuou a estar-lhes sujeito. Sua mãe, também, guardava cuidadosamente todas essas declarações no coração. 52 E Jesus progredia em sabedoria e em

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desenvolvimento físico, e no favor de Deus e dos homens.

3 No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judéia e Herodes era governante distrital da Galiléia, mas Filipe, seu irmão, era governante distrital do país da Ituréia e de Traconítis, e Lisânias era governante distrital de Abilene, 2 nos dias do principal sacerdote Anás e de Caifás, veio a declaração de Deus a João, filho de Zacarias, no ermo.

3 Ele percorreu assim toda a região em volta do Jordão, pregando [o] batismo [em símbolo] de arrependimento para o perdão de pecados, 4 assim como está escrito no livro das palavras de Isaías, o profeta: “Escutai! Alguém está clamando no ermo: ‘Preparai o caminho de Jeová, fazei retas as suas estradas. 5 Cada vala tem de ser enchida e cada monte e colina [têm de ser] nivelados, e as curvas têm de tornar-se caminhos retos, e os lugares escabrosos, caminhos planos; 6 e toda a carne verá o meio salvador de Deus.’”

7 Portanto, começou a dizer às multidões que vinham para ser batizadas por ele: “Descendência de víboras, quem vos insinuou fugir do vindouro furor? 8 Produzi, pois, frutos próprios do arrependimento. E não principieis a dizer no vosso íntimo: ‘Temos por pai a Abraão.’ Pois eu vos digo que Deus tem poder para suscitar destas pedras filhos a Abraão. 9 Deveras, o machado já está em posição na raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produzir fruto excelente, há de ser cortada e lançada no fogo.”

10 E as multidões perguntavam-lhe: “Que devemos fazer, então?” 11 Em resposta, ele lhes dizia: “Aquele que tiver duas peças de roupa interior partilhe com aquele que não tiver nenhuma, e aquele que tiver coisas para comer, faça o mesmo.” 12 Vinham, porém, até mesmo cobradores de impostos para ser batizados,

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e disseram-lhe: “Instrutor, que devemos fazer?” 13 Ele lhes disse: “Não reclameis mais do que a taxa do imposto.” 14 Também os em serviço militar perguntavam-lhe: “Também nós, que devemos fazer?” E ele lhes disse: “Não hostilizeis a ninguém e não acuseis a ninguém falsamente, mas contentai-vos com o vosso soldo.”

15 Ora, visto que o povo estava em expectativa e todos raciocinavam nos seus corações a respeito de João: “Será este o Cristo?” 16 João deu a resposta, dizendo a todos: “Eu, da minha parte, batizo-vos com água; mas vem aquele que é mais forte do que eu, não sendo eu nem apto para desatar-lhe o cordão de suas sandálias. Ele vos batizará com espírito santo e com fogo. 17 Tem na mão a sua pá de joeirar para limpar completamente a sua eira e para ajuntar o trigo no seu celeiro, mas a palha ele queimará em fogo inextinguível.”

18 Dava assim também muitas outras exortações e declarava as boas novas ao povo. 19 Mas Herodes, o governante distrital, por ter sido repreendido por ele com respeito a Herodias, esposa de seu irmão, e com respeito a todas as ações iníquas que Herodes havia feito, 20 acrescentou também a seguinte a todas essas [ações]: encerrou João na prisão.

21 Então, quando todo o povo fora batizado, Jesus também foi batizado, e, enquanto orava, abriu-se o céu 22 e desceu sobre ele o espírito santo, em forma corpórea, semelhante a uma pomba, e uma voz saiu do céu: “Tu és meu Filho, o amado; eu te tenho aprovado.”

23 Outrossim, o próprio Jesus, ao principiar [a sua obra], tinha cerca de trinta anos de idade, sendo, como era a opinião, filho

de José,[filho] de Eli,

24 [filho] de Matate,

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[filho] de Levi,[filho] de Melqui,[filho] de Janai,[filho] de José,

25 [filho] de Matatias,[filho] de Amós,[filho] de Naum,[filho] de Esli,[filho] de Nagai,

26 [filho] de Maate,[filho] de Matatias,[filho] de Semei,[filho] de Joseque,[filho] de Jodá,

27 [filho] de Joanã,[filho] de Resa,[filho] de Zorobabel,[filho] de Sealtiel,[filho] de Néri,

28 [filho] de Melqui,[filho] de Adi,[filho] de Cosã,[filho] de Elmadã,[filho] de Er,

29 [filho] de Jesus,[filho] de Eliézer,[filho] de Jorim,[filho] de Matate,[filho] de Levi,

30 [filho] de Simeão,[filho] de Judas,[filho] de José,[filho] de Jonã,[filho] de Eliaquim,

31 [filho] de Meleá,[filho] de Mena,

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[filho] de Matatá,[filho] de Natã,[filho] de Davi,

32 [filho] de Jessé,[filho] de Obede,[filho] de Boaz,[filho] de Salmom,[filho] de Nasom,

33 [filho] de Aminadabe,[filho] de Arni,[filho] de Esrom,[filho] de Peres,[filho] de Judá,

34 [filho] de Jacó,[filho] de Isaque,[filho] de Abraão,[filho] de Tera,[filho] de Naor,

35 [filho] de Serugue,[filho] de Reú,[filho] de Pelegue,[filho] de Éber,[filho] de Selá,

36 [filho] de Cainã,[filho] de Arfaxade,[filho] de Sem,[filho] de Noé,[filho] de Lameque,

37 [filho] de Metusalém,[filho] de Enoque,[filho] de Jarede,[filho] de Malaleel,[filho] de Cainã,

38 [filho] de Enos,[filho] de Sete,[filho] de Adão,

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[filho] de Deus.

4 Ora, Jesus, cheio de espírito santo, afastou-se do Jordão e foi conduzido pelo espírito, lá no ermo, 2 por quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo. Outrossim, ele não comeu nada naqueles dias, e por isso, ao terminarem, sentiu fome. 3 O Diabo disse-lhe assim: “Se tu és filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão.” 4 Mas Jesus replicou-lhe: “Está escrito: ‘O homem não deve viver só de pão.’”

5 Ele o levou assim para cima e lhe mostrou todos os reinos da terra habitada, num instante de tempo; 6 e o Diabo disse-lhe: “Eu te darei toda esta autoridade e a glória deles, porque me foi entregue e a dou a quem eu quiser. 7 Se tu, pois, fizeres um ato de adoração diante de mim, tudo será teu.” 8 Em resposta, Jesus disse-lhe: “Está escrito: ‘É a Jeová, teu Deus, que tens de adorar e é somente a ele que tens de prestar serviço sagrado.’”

9 Ele o levou então a Jerusalém e o postou sobre o parapeito do templo e lhe disse: “Se tu és filho de Deus, lança-te daqui para baixo; 10 pois está escrito: ‘Dará aos seus anjos um encargo concernente a ti, para preservar-te’, 11 e: ‘Eles te carregarão nas mãos, para que nunca batas com o pé contra uma pedra.’” 12 Jesus disse-lhe, em resposta: “Dito está: ‘Não deves pôr Jeová, teu Deus, à prova.’” 13 Assim, o Diabo, tendo terminado com toda a tentação, retirou-se dele até outra ocasião conveniente.

14 Jesus voltou então no poder do espírito para a Galiléia. E a boa fama dele espalhou-se por toda a região circunvizinha. 15 Começou também a ensinar nas sinagogas deles, sendo tido em honra por todos.

16 E ele chegou a Nazaré, onde tinha sido criado; e, segundo o seu costume no dia de sábado, entrou na sinagoga e levantou-se para ler. 17 Foi-lhe assim entregue o rolo do profeta Isaías, e ele abriu o rolo e achou o lugar onde estava escrito: 18 “O espírito de

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Jeová está sobre mim, porque me ungiu para declarar boas novas aos pobres, enviou-me para pregar livramento aos cativos e recuperação da vista aos cegos, para mandar embora os esmagados, com livramento, 19 para pregar o ano aceitável de Jeová.” 20 Com isto enrolou o rolo, entregou-o de volta ao assistente e se assentou; e os olhos de todos na sinagoga estavam atentamente fixos nele. 21 Principiou então a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta escritura que acabais de ouvir.”

22 E todos começaram a dar-lhe testemunho favorável e a maravilhar-se das palavras cativantes que saíam de sua boca, e diziam: “Não é este um filho de José?” 23 A isto lhes disse: “Sem dúvida aplicareis a mim a seguinte ilustração: ‘Médico, cura-te a ti mesmo; as coisas que ouvimos acontecer em Cafarnaum faze também aqui no teu próprio território.’” 24 Mas ele disse: “Deveras, eu vos digo que nenhum profeta é aceito no seu próprio território. 25 Por exemplo, em verdade vos digo: Havia muitas viúvas em Israel nos dias de Elias, quando o céu ficou fechado por três anos e seis meses, de modo que sobreveio grande fome a toda a terra, 26 contudo, Elias não foi enviado a nenhuma destas [mulheres], mas apenas a Sarefá, na terra de Sídon, a uma viúva. 27 Havia também muitos leprosos em Israel, no tempo de Eliseu, o profeta, contudo, nenhum deles foi purificado, a não ser Naamã, o homem da Síria.” 28 Ora, todos os que ouviam estas coisas na sinagoga ficaram cheios de ira; 29 e levantaram-se e o conduziram às pressas para fora da cidade, e o levaram à beirada do monte em que se situava a sua cidade, a fim de o lançarem de cabeça para baixo. 30 Mas ele passou pelo seu meio e seguiu caminho.

31 E desceu a Cafarnaum, uma cidade da Galiléia. E ele os ensinava no sábado; 32 e ficaram assombrados com o seu modo de ensinar, porque a sua palavra era com autoridade. 33 Ora, havia na sinagoga um homem

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com um espírito, um demônio impuro, e ele gritava com voz alta: 34 “Ah! que temos nós contigo, Jesus, nazareno? Vieste destruir-nos? Sei exatamente quem és, o Santo de Deus.” 35 Mas Jesus censurou-o, dizendo: “Cala-te e sai dele.” Assim, depois de lançar o homem no meio deles, saiu dele o demônio sem lhe fazer dano. 36 Em vista disso, todos se assombraram e começaram a conversar entre si, dizendo: “Que sorte de palavra é esta, porque ordena aos espíritos impuros com autoridade e poder, e eles saem?” 37 De modo que a notícia a respeito dele se espalhava por todo canto da região circunvizinha.

38 Depois de se levantar e sair da sinagoga, entrou no lar de Simão. Ora, a sogra de Simão estava padecendo de febre alta, e fizeram-lhe uma solicitação a favor dela. 39 Inclinou-se então sobre ela e censurou a febre, e esta a abandonou. Ela se levantou no mesmo instante e começou a ministrar-lhes.

40 Mas, pondo-se o sol, todos os que tinham doentes com várias moléstias vieram trazê-los a ele. Curava-os, pondo suas mãos sobre cada um deles. 41 De muitos saíam também demônios, clamando e dizendo: “Tu és o Filho de Deus.” Censurando-os, porém, não lhes permitia que falassem, porque sabiam que ele era o Cristo.

42 No entanto, ficando dia, saiu e foi para um lugar solitário. As multidões, porém, começaram a ir em busca dele e vieram até o lugar onde ele estava, e tentaram impedir que se afastasse deles. 43 Mas ele lhes disse: “Tenho de declarar as boas novas do reino de Deus também a outras cidades, porque fui enviado para isso.” 44 Concordemente, pregava nas sinagogas da Judéia.

5 Em certa ocasião, quando a multidão o apertava e escutava a palavra de Deus, ele estava parado à beira do lago de Genesaré. 2 E viu dois barcos atracados à beira do lago, mas os pescadores tinham

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desembarcado e lavavam as suas redes. 3 Embarcando num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra. Assentou-se então, e, de dentro do barco, começou a ensinar as multidões. 4 Quando parou de falar, disse a Simão: “Rema para onde é fundo, e abaixai as vossas redes para uma pesca.” 5 Simão, porém, disse em resposta: “Preceptor, labutamos toda a noite e não apanhamos nada, mas, ao teu pedido, abaixarei as redes.” 6 Pois bem, quando fizeram isso, cercaram uma grande multidão de peixes. De fato, suas redes começaram a romper-se. 7 Acenaram então para os seus associados no outro barco, para que viessem e os auxiliassem; e eles vieram, e encheram ambos os barcos, de modo que estes começaram a afundar-se. 8 Vendo isso, Simão Pedro prostrou-se aos joelhos de Jesus, dizendo: “Afasta-te de mim, porque sou homem pecaminoso, Senhor.” 9 Pois à vista da safra de peixes que apanharam, tanto ele como os com ele foram tomados de assombro, 10 e assim também Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram parceiros de Simão. Mas Jesus disse a Simão: “Pára de estar com medo. Doravante apanharás vivos a homens.” 11 Trouxeram assim os barcos de volta à terra, abandonaram tudo e o seguiram.

12 Em outra ocasião, enquanto ele estava numa das cidades, eis um homem cheio de lepra! Quando avistou Jesus, prostrou-se com o rosto [em terra] e rogou-lhe, dizendo: “Senhor, se apenas quiseres, podes tornar-me limpo.” 13 E assim, estendendo a sua mão, tocou nele, dizendo: “Eu quero. Torna-te limpo.” E a lepra desapareceu dele imediatamente. 14 E ele deu ao homem ordens de não [o] contar a ninguém: “Mas vai e mostra-te ao sacerdote, e faze uma oferta em conexão com a tua purificação, assim como Moisés determinou, em testemunho para eles.” 15 Mas a palavra a respeito dele espalhava-se tanto mais, e grandes multidões reuniam-se para escutar e para ser curadas de suas

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doenças. 16 No entanto, ele continuava em retiro nos desertos e orava.

17 No decorrer de um desses dias, ele estava ensinando, e havia ali sentados fariseus e instrutores da lei, que haviam chegado de toda aldeia da Galiléia e da Judéia, e de Jerusalém; e o poder de Jeová estava presente para ele fazer curas. 18 E, eis uns homens carregando numa cama um homem paralítico, e eles buscavam um meio de levá-lo para dentro e de colocá-lo diante dele. 19 Assim, não encontrando meio de levá-lo para dentro, por causa da multidão, subiram ao telhado e baixaram-no por entre as telhas, com a pequena cama, no meio dos que [estavam] na frente de Jesus. 20 E, quando ele viu a fé que tinham, disse: “Homem, teus pecados te estão perdoados.” 21 Em conseqüência disso, os escribas e os fariseus principiaram a raciocinar, dizendo: “Quem é este que fala blasfêmias? Quem pode perdoar pecados senão somente Deus?” 22 Mas Jesus, discernindo os seus raciocínios, disse-lhes em resposta: “O que estais raciocinando em vossos corações? 23 O que é mais fácil, dizer: ‘Teus pecados te estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te e anda’? 24 Mas, a fim de que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados —” ele disse ao paralítico: “Eu te digo: Levanta-te, apanha a tua pequena cama e vai para casa.” 25 E, no mesmo instante, este se levantou diante deles, apanhou aquilo em que se deitara e foi para casa, glorificando a Deus. 26 Todos foram então tomados de êxtase e começaram a glorificar a Deus, e ficaram cheios de temor, dizendo: “Vimos hoje coisas estranhas!”

27 Então, depois destas coisas, ele saiu e observou um cobrador de impostos, de nome Levi, sentado na coletoria, e disse-lhe: “Sê meu seguidor.” 28 E este, deixando tudo, levantou-se e seguiu-o. 29 Levi ofereceu-lhe também uma grande festa de recepção na sua casa; e havia ali uma grande multidão de

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cobradores de impostos e de outros, recostados com eles, na refeição. 30 Em vista disso, os fariseus e seus escribas começaram a murmurar aos discípulos dele, dizendo: “Por que é que comeis e bebeis com os cobradores de impostos e os pecadores?” 31 Em resposta, Jesus disse-lhes: “Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os que estão adoentados. 32 Eu não vim chamar os que são justos, mas sim pecadores ao arrependimento.”

33 Disseram-lhe: “Os discípulos de João jejuam freqüentemente e oferecem súplicas, e o mesmo fazem os dos fariseus, mas os teus comem e bebem.” 34 Jesus disse-lhes: “Será que podeis fazer os amigos do noivo jejuar enquanto o noivo está com eles? 35 Contudo, virão dias em que o noivo deveras lhes será tirado; então, naqueles dias, jejuarão.”

36 Outrossim, prosseguiu a dar-lhes uma ilustração: “Ninguém corta um remendo duma nova roupa exterior e o costura numa velha roupa exterior; mas, se o fizer, então, tanto o remendo novo se arrancará como o remendo da roupa nova não combinará com a velha. 37 Além disso, ninguém põe vinho novo em odres velhos; mas, se o fizer, então o vinho novo rebentará os odres e se derramará, e os odres ficarão arruinados. 38 Mas, vinho novo tem de ser posto em odres novos. 39 Ninguém, tendo bebido vinho velho, quer o novo; pois ele diz: ‘O velho é saboroso.’”

6 Aconteceu então, num sábado, que ele estava passando pelas searas, e seus discípulos arrancavam e comiam espigas, esfregando-as nas mãos. 2 Vendo isso, alguns fariseus disseram: “Por que fazeis o que não é lícito no sábado?” 3 Mas Jesus disse-lhes, em resposta: “Nunca lestes o que Davi fez quando ele e os homens com ele ficaram com fome? 4 Que entrou na casa de Deus e recebeu os pães da apresentação, e que comeu e deu também aos homens que estavam com ele, os quais a ninguém é lícito comer, exceto somente aos

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sacerdotes?” 5 E prosseguiu a dizer-lhes: “Senhor do sábado é o que é o Filho do homem.”

6 No decorrer de outro sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar. E havia ali um homem cuja mão direita estava ressequida. 7 Os escribas e fariseus observavam-no então de perto para ver se havia de curar no sábado, a fim de acharem um modo de acusá-lo. 8 Ele sabia, porém, dos seus raciocínios; contudo, disse ao homem com a mão ressequida: “Levanta-te e fica em pé no centro.” E ele se levantou e ficou em pé. 9 Jesus disse-lhes então: “Eu vos pergunto: É lícito, no sábado, fazer o bem ou causar dano, salvar ou destruir uma alma?” 10 E, depois de olhar em volta para todos eles, disse ao homem: “Estende a tua mão.” E ele fez isso, e a sua mão foi restabelecida. 11 Mas eles se encheram de insensatez e começaram a falar entre si sobre o que poderiam fazer a Jesus.

12 Na continuação daqueles dias, ele foi para o monte, a fim de orar, e continuou a noite inteira em oração a Deus. 13 Mas, quando ficou dia, chamou a si os seus discípulos e escolheu dentre eles doze, aos quais também deu o nome de “apóstolos”: 14 Simão, a quem também deu o nome de Pedro, e André, seu irmão, e Tiago e João, e Filipe e Bartolomeu, 15 e Mateus e Tomé, e Tiago, [filho] de Alfeu, e Simão, chamado “zeloso”, 16 e Judas, [filho] de Tiago, e Judas Iscariotes, que se tornou traidor.

17 E, descendo com eles, postou-se num lugar plano, e havia ali uma grande multidão de seus discípulos e uma grande multidão de povo de toda a Judéia e de Jerusalém, e do país marítimo de Tiro e Sídon, que vieram para ouvi-lo e para ser curados de suas doenças. 18 Até mesmo os aflitos com espíritos impuros foram curados. 19 E toda a multidão procurava tocá-lo, porque saía dele poder e sarava a todos eles.

20 E ele ergueu os olhos para os seus discípulos e começou a dizer:

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“Felizes sois vós, pobres, porque vosso é o reino de Deus.

21 “Felizes sois vós os que agora tendes fome, porque sereis saciados.

“Felizes sois vós os que agora chorais, porque haveis de rir.

22 “Felizes sois sempre que os homens vos odiarem, e sempre que vos excluírem, e vos vituperarem, e lançarem fora o vosso nome, como iníquo, por causa do Filho do homem. 23 Alegrai-vos naquele dia e pulai, pois, eis que a vossa recompensa é grande no céu, porque estas são as mesmas coisas que os antepassados deles costumavam fazer aos profetas.

24 “Mas, ai de vós, ricos, porque já tendes plenamente a vossa consolação.

25 “Ai de vós os que agora estais saciados, porque passareis fome.

“Ai, vós que agora rides, porque pranteareis e chorareis.

26 “Ai, sempre que todos os homens falarem bem de vós, porque coisas como essas são as que os antepassados deles fizeram aos falsos profetas.

27 “Mas, eu digo a vós, os que estais escutando: Continuai a amar os vossos inimigos, a fazer o bem aos que vos odeiam, 28 a abençoar os que vos amaldiçoam, a orar pelos que vos insultam. 29 Àquele que te bater numa face, oferece também a outra; e a quem te tirar a tua roupa exterior, não negues nem mesmo a roupa interior. 30 Dá a todo o que te pedir, e daquele que te tirar tuas coisas, não [as] peças de volta.

31 “Também, assim como quereis que os homens façam a vós, fazei do mesmo modo a eles.

32 “E, se amardes aos que vos amam, de que mérito é isso para vós? Pois até mesmo os pecadores amam

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aos que os amam. 33 E, se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, realmente, de que mérito é isso para vós? Até os pecadores fazem o mesmo. 34 Também, se emprestardes [sem juros] àqueles de quem esperais receber, de que mérito é isso para vós? Até mesmo pecadores emprestam [sem juros] a pecadores, para receberem de volta o mesmo. 35 Ao contrário, continuai a amar os vossos inimigos e a fazer o bem, e a emprestar [sem juros], não esperando nada de volta; e a vossa recompensa será grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque ele é benigno para com os ingratos e os iníquos. 36 Continuai a tornar-vos misericordiosos, assim como vosso Pai é misericordioso.

37 “Além disso, parai de julgar, e de modo algum sereis julgados; e parai de condenar, e de modo algum sereis condenados. Persisti em livrar, e sereis livrados. 38 Praticai o dar, e dar-vos-ão. Derramarão em vosso regaço uma medida excelente, recalcada, sacudida e transbordante. Pois, com a medida com que medis, medirão a vós em troca.”

39 Contou-lhes, então, também, uma ilustração: “Será que um cego pode guiar um cego? Não cairão ambos numa cova? 40 O aluno não está acima do seu instrutor, mas, todo aquele que for perfeitamente instruído será semelhante ao seu instrutor. 41 Então, por que olhas para o argueiro no olho de teu irmão, mas não observas a trave no teu próprio olho? 42 Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, permite-me tirar o argueiro no teu olho’, enquanto tu mesmo não estás olhando para a trave naquele olho teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu próprio olho, e então verás claramente como tirar o argueiro no olho de teu irmão.

43 “Pois não há árvore excelente que produza fruto podre; novamente, não há árvore podre que produza fruto excelente. 44 Pois cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Por exemplo, não se colhem figos de espinhos, nem se cortam uvas dum espinheiro. 45 O homem bom, do bom tesouro do seu coração, traz para

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fora o bom, mas o homem iníquo, do seu [tesouro] iníquo, traz para fora o que é iníquo; pois é da abundância do coração que a sua boca fala.

46 “Por que, então, me chamais de ‘Senhor! Senhor!’, mas não fazeis o que eu digo? 47 Todo aquele que vem a mim e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante: 48 Ele é semelhante a um homem construindo uma casa, que cavou e desceu fundo, e lançou o alicerce sobre a rocha. Conseqüentemente, quando veio uma enchente, o rio lançou-se contra aquela casa, mas não foi bastante forte para abalá-la, por ter sido bem construída. 49 Por outro lado, aquele que ouve e não faz, é semelhante a um homem que construiu uma casa em solo sem alicerce. O rio lançou-se contra ela e ela se desmoronou imediatamente, e a ruína daquela casa tornou-se grande.”

7 Tendo completado todas as suas declarações aos ouvidos do povo, entrou em Cafarnaum. 2 Ora, o escravo de certo oficial do exército, estimado por este, estava adoentado e quase à morte. 3 Quando ele ouviu [falar] de Jesus, enviou-lhe anciãos dos judeus para lhe pedirem que viesse e fizesse seu escravo passar [por isso] a salvo. 4 Os que se chegaram a Jesus começaram então a suplicar-lhe seriamente, dizendo: “Ele é digno de lhe concederes isso, 5 porque ama a nossa nação e ele mesmo construiu para nós a sinagoga.” 6 Jesus ia, pois, com eles. Mas, quando já não estava longe da casa, o oficial do exército já lhe enviara amigos para dizer-lhe: “Senhor, não te incomodes, pois não sou apto para que entres debaixo do meu teto. 7 Por esta razão não me considerei digno de ir a ti. Mas, dize a palavra, e seja sarado meu servo. 8 Pois eu também sou homem sujeito à autoridade, tendo soldados sob as minhas ordens, e digo a este: ‘Vai!’ e ele vai, e a outro: ‘Vem!’ e ele vem, e ao meu escravo: ‘Faze isto!’ e ele o faz.” 9 Pois bem, quando Jesus ouviu estas coisas, maravilhou-se dele, e, voltando-se para a multidão que

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o seguia, disse: “Eu vos digo: Nem mesmo em Israel tenho encontrado tamanha fé.” 10 E os que tinham sido enviados, voltando para a casa, encontraram o escravo de boa saúde.

11 Logo depois disso, ele viajou para uma cidade chamada Naim, e seus discípulos e uma grande multidão viajavam com ele. 12 Ao se aproximar do portão da cidade, ora, eis que um morto estava sendo carregado para fora, o filho unigênito de sua mãe. Além disso, ela era viúva. Acompanhava-a também uma multidão considerável da cidade. 13 E, avistando-a o Senhor, teve pena dela e disse-lhe: “Pára de chorar.” 14 Com isso se aproximou e tocou no esquife, e os portadores ficaram parados, e ele disse: “Jovem, eu te digo: Levanta-te!” 15 E o morto sentou-se e principiou a falar, e ele o entregou à sua mãe. 16 Todos foram então tomados de temor e começaram a glorificar a Deus, dizendo: “Um grande profeta tem sido levantado em nosso meio”, e: “Deus voltou a sua atenção para seu povo.” 17 E esta notícia a respeito dele espalhou-se em toda a Judéia e em toda a região circunvizinha.

18 Ora, os discípulos de João relataram-lhe todas estas coisas. 19 De modo que João convocou a certos dois dos seus discípulos e os enviou ao Senhor para dizer: “És tu Aquele Que Vem, ou devemos esperar alguém diferente?” 20 Quando se chegaram a ele, os homens disseram: “João Batista nos mandou a ti para dizer: ‘És tu Aquele Que Vem, ou devemos esperar outro?’” 21 Naquela hora, ele curava a muitos de doenças e de moléstias penosas, e de espíritos iníquos, e concedia a muitos cegos o favor de verem. 22 Por isso, ele disse em resposta aos [dois]: “Ide e relatai a João o que vistes e ouvistes: os cegos estão recebendo visão, os coxos estão andando, os leprosos estão sendo purificados e os surdos estão ouvindo, os mortos estão sendo levantados, os pobres são informados das boas novas. 23 E feliz é aquele que não tropeçou por [causa de] mim.”

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24 Tendo partido os mensageiros de João, principiou a dizer às multidões a respeito de João: “O que fostes observar no ermo? Uma cana jogada pelo vento? 25 O que, pois, fostes ver lá fora? Um homem vestido de macia roupagem exterior? Ora, os que vestem traje esplêndido e vivem em luxo estão nas casas reais. 26 Realmente, então, o que fostes ver lá fora? Um profeta? Sim, eu vos digo, e muito mais do que um profeta. 27 Este é aquele a respeito de quem se escreveu: ‘Eis que eu envio o meu mensageiro diante da tua face, o qual preparará o teu caminho adiante de ti!’ 28 Eu vos digo: Entre os nascidos de mulheres não há ninguém maior do que João; mas aquele que é menor no reino de Deus é maior do que ele.” 29 (E ouvindo [isso] todo o povo e os cobradores de impostos, declararam que Deus é justo, tendo eles sido batizados com o batismo de João. 30 Mas os fariseus e os versados na Lei desconsideravam o conselho de Deus para eles, não tendo sido batizados por ele.)

31 “Com quem, portanto, compararei os homens desta geração, e a quem se assemelham? 32 São semelhantes às criancinhas sentadas nas feiras, gritando umas para as outras e dizendo: ‘Nós tocamos flauta para vós, mas não dançastes; lamuriamos, mas não chorastes.’ 33 Correspondentemente, João Batista veio nem comendo pão nem bebendo vinho, mas vós dizeis: ‘Ele tem demônio.’ 34 O Filho do homem veio comendo e bebendo, mas vós dizeis: ‘Eis um homem comilão e dado a beber vinho, amigo de cobradores de impostos e de pecadores!’ 35 Não obstante, a sabedoria é provada justa por todos os seus filhos.”

36 Ora, certo fariseu pedia-lhe que jantasse com ele. Concordemente, entrou na casa do fariseu e recostou-se à mesa. 37 E eis que uma mulher, conhecida na cidade como pecadora, soube que ele estava recostado numa refeição na casa do fariseu e trouxe um vaso de alabastro com óleo perfumado, 38 e, postando-se atrás, aos pés dele, chorava e principiava a molhar os pés

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dele com as suas lágrimas, e enxugava-os com os cabelos de sua cabeça. Beijava também ternamente os pés dele e untava-os com o óleo perfumado. 39 À vista disso, o fariseu que o convidara dizia no seu íntimo: “Este homem, se fosse profeta, saberia quem e que espécie de mulher é que o toca, que ela é pecadora.” 40 Jesus disse-lhe, porém, em resposta: “Simão, tenho algo para dizer-te.” Ele disse: “Instrutor, dize-o!”

41 “Dois homens eram devedores de certo credor; um devia quinhentos denários, mas o outro, cinqüenta. 42 Quando não tinham com que [lhe] pagar de volta, perdoou liberalmente a ambos. Portanto, qual deles o amará mais?” 43 Em resposta, Simão disse: “Suponho que seja aquele a quem perdoou liberalmente mais.” Disse-lhe ele: “Julgaste corretamente.” 44 Com isso se voltou para a mulher e disse a Simão: “Observas esta mulher? Entrei na tua casa; tu não me deste água para os meus pés. Mas esta mulher molhou os meus pés com as suas lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. 45 Tu não me deste nenhum beijo; mas esta mulher, desde a hora em que entrei, não deixou de beijar ternamente os meus pés. 46 Tu não untaste a minha cabeça com óleo; mas esta mulher untou os meus pés com óleo perfumado. 47 Em virtude disso, eu te digo que os pecados dela, embora sejam muitos, estão perdoados, porque ela amou muito; mas aquele a quem se perdoa pouco, ama pouco.” 48 Então disse a ela: “Teus pecados estão perdoados.” 49 Em vista disso, os que se recostavam com ele à mesa principiaram a dizer no seu íntimo: “Quem é este homem que até mesmo perdoa pecados?” 50 Mas ele disse à mulher: “Tua fé te salvou; vai em paz.”

8 Pouco depois, ele viajava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e declarando as boas novas do reino de Deus. E os doze estavam com ele, 2 bem como certas mulheres que tinham sido curadas de espíritos iníquos e de doenças, Maria, a chamada Madalena, da qual saíram sete demônios, 3 e Joana,

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esposa de Cuza, encarregado de Herodes, e Susana, e muitas outras mulheres, que lhes ministravam de seus bens.

4 Tendo-se então reunido uma grande multidão com os que se dirigiam a ele de cidade após cidade, falou por meio duma ilustração: 5 “Um semeador saiu a semear a sua semente. Ora, ao passo que semeava, parte dela caiu à beira da estrada e foi pisada, e as aves do céu a comeram. 6 Outra caiu sobre a rocha, e, depois de brotar, secou-se, porque não tinha umidade. 7 Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos que cresceram junto com ela a sufocaram. 8 Outra caiu em solo bom, e, depois de brotar, produziu fruto cem vezes mais.” Ao dizer-lhes estas coisas, passou a clamar: “Escute aquele que tem ouvidos para escutar.”

9 Mas os seus discípulos começaram a perguntar-lhe o que significava esta ilustração. 10 Ele disse: “A vós é concedido entender os segredos sagrados do reino de Deus, mas para os demais é em ilustrações, a fim de que, embora olhem, olhem em vão, e, embora ouçam, não compreendam o significado. 11 Ora, a ilustração significa o seguinte: A semente é a palavra de Deus. 12 Os à beira da estrada são os que ouviram, depois vem o Diabo e tira dos seus corações a palavra, a fim de que não creiam e sejam salvos. 13 Aqueles na rocha são os que, quando a ouvem, recebem a palavra com alegria, mas esses não têm raiz; crêem por certa época, mas numa época de prova afastam-se. 14 Quanto à que caiu entre os espinhos, estes são os que têm ouvido, mas, por serem arrebatados pelas ansiedades, e riquezas, e prazeres desta vida, ficam completamente sufocados e não trazem nada à perfeição. 15 Quanto àquela em solo excelente, estes são os que, depois de ouvirem a palavra com um coração excelente e bom, a retêm e dão fruto com perseverança.

16 “Ninguém, depois de acender uma lâmpada, a cobre com um vaso ou a põe debaixo duma cama, mas

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a coloca num velador, para que os que entram possam observar a luz. 17 Pois, não há nada escondido que não se torne manifesto, tampouco há nada cuidadosamente oculto que nunca se torne conhecido e nunca venha à tona. 18 Portanto, prestai atenção a como escutais; pois a quem tiver, mais será dado, mas quem não tiver, até mesmo o que imagina ter lhe será tirado.”

19 Vieram ter com ele então sua mãe e seus irmãos, mas não puderam chegar a ele por causa da multidão. 20 No entanto, relatou-se-lhe: “Tua mãe e teus irmãos estão parados lá fora, querendo ver-te.” 21 Em resposta, ele lhes disse: “Minha mãe e meus irmãos são estes os que ouvem a palavra de Deus e a praticam.”

22 No decorrer de um daqueles dias, ele e seus discípulos entraram num barco, e ele lhes disse: “Passemos para o outro lado do lago.” Assim, fizeram-se à vela. 23 Mas, enquanto velejavam, ele adormeceu. Abateu-se então uma violenta tempestade de vento sobre o lago, e começaram a ficar inundados e a estar em perigo. 24 Por fim se dirigiram a ele e o acordaram, dizendo: “Preceptor, Preceptor, estamos prestes a perecer!” Acordando, censurou o vento e a fúria da água, e eles cessaram, e deu-se uma calmaria. 25 Então lhes disse: “Onde está a vossa fé?” Mas eles se maravilhavam, tomados de temor, dizendo um ao outro: “Quem é realmente este, porque dá ordens até mesmo aos ventos e à água, e eles lhe obedecem?”

26 E rumaram para a margem no país dos gerasenos, que se acha no lado oposto à Galiléia. 27 Mas, ao saltar em terra, veio encontrá-lo certo homem da cidade, que tinha demônios. E ele não tinha usado roupa por bastante tempo, e ficava, não em casa, mas entre os túmulos. 28 À vista de Jesus, gritou alto e prostrou-se diante dele, e disse com voz alta: “Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Eu te peço que não me atormentes.” 29 (Pois ele tinha ordenado ao espírito impuro que saísse do homem. Porque por

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longo tempo o mantivera agarrado, e ele fora repetidas vezes amarrado com cadeias e grilhões, sob guarda, mas rebentava os laços e era impelido pelo demônio para os lugares solitários.) 30 Jesus perguntou-lhe: “Qual é teu nome?” Ele disse: “Legião”, porque muitos demônios haviam entrado nele. 31 E suplicavam-lhe que não lhes ordenasse que se afastassem para o abismo. 32 Ora, ali no monte pastava uma manada de um número considerável de porcos; de modo que lhe suplicaram que lhes permitisse entrar nesses. E ele lhes deu permissão. 33 Os demônios saíram então do homem e entraram nos porcos, e a manada precipitou-se despenhadeiro abaixo para dentro do lago e se afogou. 34 Mas, quando os porqueiros viram o que tinha acontecido, fugiram e o relataram na cidade e na zona rural.

35 As pessoas chegaram-se então para ver o que tinha acontecido, e chegaram a Jesus e encontraram o homem, de quem saíram os demônios, vestido e de são juízo, sentado aos pés de Jesus; e ficaram temerosos. 36 Os que tinham visto isso relataram-lhes como o homem possesso de demônios ficara bom. 37 Assim, toda a multidão da região circunvizinha dos gerasenos pediu-lhe que se afastasse deles, porque estavam tomados de grande temor. Ele entrou então no barco e afastou-se. 38 No entanto, o homem de quem saíram os demônios pedia-lhe para continuar com ele; mas ele despediu o homem, dizendo: 39 “Vai de volta para casa e persiste em relatar as coisas que Deus fez para ti.” Concordemente, foi embora, proclamando em toda a cidade as coisas que Jesus fizera para ele.

40 Quando Jesus voltou, a multidão o recebeu benevolamente, pois todos o esperavam. 41 Mas, eis que veio um homem de nome Jairo, e este homem era um presidente da sinagoga. E ele se prostrou aos pés de Jesus e começou a suplicar-lhe que entrasse na sua casa, 42 porque tinha uma filha unigênita, de cerca de doze anos, e ela estava à morte.

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Enquanto ia, as multidões o comprimiam. 43 E uma mulher, por doze anos padecendo dum fluxo de sangue, que não conseguira cura da parte de ninguém, 44 aproximou-se por detrás e tocou na orla de sua roupa exterior, e o seu fluxo de sangue parou instantaneamente. 45 De modo que Jesus disse: “Quem foi que me tocou?” Quando todos o negavam, Pedro disse: “Preceptor, as multidões te rodeiam e apertam.” 46 Contudo, Jesus disse: “Alguém me tocou, pois percebi que poder saiu de mim.” 47 Vendo que não passara despercebida, a mulher veio trêmula e prostrou-se diante dele, e revelou perante todo o povo a causa pela qual o tocara e como fora curada instantaneamente. 48 Mas ele lhe disse: “Filha, a tua fé te fez ficar boa; vai em paz.”

49 Enquanto ainda falava, chegou certo representante do presidente da sinagoga, dizendo: “A tua filha morreu; não incomodes mais o instrutor.” 50 Ouvindo isso, Jesus respondeu-lhe: “Não temas, apenas exerce fé, e ela será salva.” 51 Chegando à casa, não deixou ninguém entrar com ele, exceto Pedro, e João, e Tiago, e o pai e a mãe da menina. 52 E todos choravam e se batiam de pesar por ela. De modo que ele disse: “Parai de chorar, pois ela não está morta, mas dorme.” 53 Começaram então a rir-se dele desdenhosamente, porque sabiam que ela havia morrido. 54 Mas ele a tomou pela mão e chamou, dizendo: “Menina, levanta-te!” 55 E voltou-lhe o espírito e ela se levantou instantaneamente, e ele ordenou que se lhe desse algo para comer. 56 Ora, os pais dela estavam fora de si; mas ele lhes ordenou que não dissessem a ninguém o que tinha acontecido.

9 Ele convocou então os doze e deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para curar doenças. 2 E assim os enviou a pregar o reino de Deus e a curar, 3 e disse-lhes: “Não leveis nada para a viagem, nem bastão, nem alforje, nem pão, nem dinheiro de prata; tampouco tenhais duas peças de roupa interior.

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4 Mas, onde quer que entrardes num lar, ficai ali e parti dali. 5 E onde quer que não vos receberem, ao sairdes daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra eles.” 6 Partindo então, passaram pelo território, de aldeia em aldeia, declarando as boas novas e realizando curas em toda a parte.

7 Herodes, o governante distrital, ouviu então [falar] de todas as coisas que estavam acontecendo e ficou em grande perplexidade, porque alguns diziam que João fora levantado dentre os mortos, 8 mas outros [diziam] que Elias aparecera, e ainda outros, que certo dos antigos profetas se tinha levantado. 9 Herodes disse: “Eu decapitei a João. Quem é então este de quem ouço [falar] tais coisas?” De modo que buscava vê-lo.

10 E quando os apóstolos voltaram, narraram-lhe as coisas que tinham feito. Ele os levou então consigo e se retirou em isolamento para uma cidade chamada Betsaida. 11 Mas as multidões, sabendo disso, seguiam-no. E ele as recebeu benevolamente, e começou a falar-lhes do reino de Deus e sarou os necessitados de cura. 12 O dia principiou então a declinar. Os doze chegaram-se então e disseram-lhe: “Despede a multidão, para que possam ir às aldeias e à zona rural circunvizinha procurar alojamento e achar provisões, porque aqui fora estamos num lugar solitário.” 13 Mas ele lhes disse: “Dai-lhes vós algo para comer.” Disseram: “Não temos nada mais do que cinco pães e dois peixes, a menos que talvez nós mesmos vamos e compremos comestíveis para todo este povo.” 14 Havia ali, de fato, cerca de cinco mil homens. Mas ele disse aos seus discípulos: “Fazei-os recostar-se como nas refeições, em grupos de cerca de cinqüenta cada um.” 15 E eles fizeram isso e mandaram-nos recostar-se. 16 Tomando então os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu, abençoou-os e partiu-os, e começou a dá-los aos discípulos, para que os pusessem diante da multidão. 17 Assim, todos comeram e ficaram

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satisfeitos, e recolheu-se o que lhes sobrava, doze cestos de pedaços.

18 Mais tarde, enquanto estava orando sozinho, os discípulos ajuntaram-se a ele e ele os interrogou, dizendo: “Quem dizem as multidões que eu sou?” 19 Em resposta, disseram: “João Batista; mas outros, Elias, e ainda outros, que um dos antigos profetas se levantou.” 20 Então lhes disse: “Vós, porém, quem dizeis que eu sou?” Pedro disse, em resposta: “O Cristo de Deus.” 21 Então, numa conversa severa com eles, ordenou-lhes que não dissessem isso a ninguém, 22 mas disse: “O Filho do homem tem de passar por muitos sofrimentos e ser rejeitado pelos anciãos e pelos principais sacerdotes, e pelos escribas, e ser morto, e [tem de] ser levantado no terceiro dia.”

23 Ele prosseguiu então a dizer a todos: “Se alguém quer vir após mim, repudie-se a si mesmo e apanhe a sua estaca de tortura, dia após dia, e siga-me continuamente. 24 Pois todo aquele que quiser salvar a sua alma, perdê-la-á; mas todo aquele que perder a sua alma por minha causa é o que a salvará. 25 Realmente, de que proveito é para um homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a si próprio ou sofrer prejuízo? 26 Porque todo aquele que ficar envergonhado de mim e das minhas palavras, deste o Filho do homem se envergonhará quando chegar na sua glória e na de seu Pai e dos santos anjos. 27 Mas eu vos digo em verdade: Há alguns dos em pé aqui, que não provarão absolutamente a morte, até que primeiro vejam o reino de Deus.”

28 Em realidade, cerca de oito dias depois destas palavras, tomou consigo a Pedro, e a João, e a Tiago, e subiu ao monte para orar. 29 E, enquanto orava, a aparência do seu rosto tornou-se diferente e a sua vestimenta tornou-se resplendentemente branca. 30 Também, eis que dois homens conversavam com ele, sendo eles Moisés e Elias. 31 Estes apareceram com glória e começaram a falar sobre a sua partida, que ele

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estava destinado a cumprir em Jerusalém. 32 Ora, Pedro e os com ele estavam premidos de sono; mas, ao acordarem plenamente, viram a glória dele e os dois homens em pé com ele. 33 E, enquanto estes estavam sendo separados dele, Pedro disse a Jesus: “Preceptor, é excelente que estejamos aqui; armemos, pois, três tendas, uma para ti, e uma para Moisés, e uma para Elias”, não se dando ele conta do que estava dizendo. 34 Mas, enquanto dizia estas coisas, formou-se uma nuvem e começou a encobri-los. Ao entrarem na nuvem, ficaram temerosos. 35 E uma voz saiu da nuvem, dizendo: “Este é meu Filho, aquele que foi escolhido. Escutai-o.” 36 E, quando houve a voz, Jesus achou-se sozinho. Mas eles ficaram calados e não relataram a ninguém naqueles dias quaisquer das coisas que viram.

37 No dia seguinte, ao descerem do monte, veio ao encontro dele uma grande multidão. 38 E eis que um homem dentre a multidão clamava, dizendo: “Instrutor, rogo-te que dês uma olhada no meu filho, porque ele é o meu unigênito, 39 e eis que um espírito o apanha, e ele clama repentinamente, e [o espírito] lança-o em convulsões, com espuma, e quase não se retira dele depois de o machucar. 40 E roguei a teus discípulos que o expulsassem, mas não puderam.” 41 Em resposta, Jesus disse: “Ó geração sem fé e deturpada, até quando terei de continuar convosco e terei de suportar-vos? Traze teu filho para cá.” 42 Enquanto este se aproximava, porém, o demônio lançou-o ao chão e o convulsionou violentamente. No entanto, Jesus censurou o espírito impuro e sarou o menino, e o entregou ao seu pai. 43 Pois bem, todos ficaram assombrados com o poder majestoso de Deus.

Então, enquanto todos se maravilhavam com todas as coisas que fazia, ele disse aos seus discípulos: 44 “Alojai estas palavras nos vossos ouvidos, porque o Filho do homem está destinado a ser entregue nas mãos dos homens.” 45 Mas continuaram sem

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entendimento desta declaração. De fato, foi-lhes oculto para que não o percebessem, e tinham medo de interrogá-lo sobre esta declaração.

46 Chegaram então a raciocinar quem dentre eles seria o maior deles. 47 Jesus, sabendo os raciocínios dos seus corações, tomou uma criancinha, colocou-a ao seu lado 48 e disse-lhes: “Todo aquele que receber esta criancinha à base do meu nome, [também] a mim me recebe, e todo aquele que me receber, recebe [também] aquele que me enviou. Pois, quem se comportar como menor entre todos vós é o que é grande.”

49 Em resposta, João disse: “Preceptor, vimos certo homem expulsar demônios pelo uso de teu nome e tentamos impedi-lo, porque ele não segue conosco.” 50 Mas Jesus disse-lhe: “Não tenteis impedi[-lo], pois quem não é contra vós, é por vós.”

51 Chegando então a completar-se para ele os dias de ser tomado para cima, endureceu o rosto [na determinação] de ir a Jerusalém. 52 De modo que enviou mensageiros na sua frente. E eles foram e entraram numa aldeia de samaritanos, a fim de fazerem os preparativos para ele; 53 mas não o receberam, porque o seu rosto estava endurecido [na determinação] de ir a Jerusalém. 54 Vendo isso os discípulos Tiago e João, disseram: “Senhor, queres que mandemos que desça fogo do céu e os aniquile?” 55 Mas ele se voltou e os censurou. 56 Foram assim a uma aldeia diferente.

57 Enquanto caminhavam assim pela estrada, alguém lhe disse: “Eu te seguirei para onde quer que partires.” 58 E Jesus lhe disse: “As raposas têm covis e as aves do céu têm poleiros, mas o Filho do homem não tem onde deitar a cabeça.” 59 Disse então a outro: “Sê meu seguidor.” O homem disse: “Permite-me primeiro ir e enterrar meu pai.” 60 Mas ele lhe disse: “Deixa que os mortos enterrem seus mortos, mas tu, vai e divulga o

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reino de Deus.” 61 E ainda outro disse: “Eu te seguirei, Senhor; mas permite-me primeiro que eu me despeça dos da minha família.” 62 Jesus disse-lhe: “Ninguém que tiver posto a mão num arado e olhar para as coisas atrás é bem apto para o reino de Deus.”

10 Depois destas coisas, o Senhor indicou outros setenta e os enviou, aos dois, na sua frente, a cada cidade e lugar aonde ele mesmo estava para ir. 2 Começou então a dizer-lhes: “A colheita, deveras, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, rogai ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para a sua colheita. 3 Ide. Eis que eu vos envio como cordeiros no meio de lobos. 4 Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias, e não abraceis a ninguém em cumprimento ao longo da estrada. 5 Onde quer que entrardes numa casa, dizei primeiro: ‘Haja paz nesta casa.’ 6 E, se ali houver um amigo da paz, descansará sobre ele a vossa paz. Mas, se não houver, ela voltará para vós. 7 Assim, ficai naquela casa, comendo e bebendo as coisas que provêem, porque o trabalhador é digno de seu salário. Não vos estejais transferindo de casa em casa.

8 “Também, onde quer que entrardes numa cidade e eles vos receberem, comei as coisas postas diante de vós, 9 e curai os doentes nela e continuai a dizer-lhes: ‘O reino de Deus se tem chegado a vós.’ 10 Mas, onde quer que entrardes numa cidade e eles não vos receberem, saí para as suas ruas largas e dizei: 11 ‘Até mesmo o pó de vossa cidade, que se prendeu aos nossos pés, tiraremos contra vós. Não obstante, lembrai-vos do seguinte, que o reino de Deus se tem chegado.’ 12 Eu vos digo que naquele dia será mais suportável para Sodoma do que para essa cidade.

13 “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se as obras poderosas que ocorreram em vós tivessem ocorrido em Tiro e Sídon, há muito se teriam arrependido, sentadas em saco e cinzas. 14 Conseqüentemente, no julgamento, será mais

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suportável para Tiro e Sídon do que para vós. 15 E tu, Cafarnaum, serás por acaso enaltecida ao céu? Até o Hades descerás!

16 “Quem vos escuta, escuta [também] a mim. E quem vos desconsidera, desconsidera [também] a mim. Ademais, quem me desconsidera, desconsidera [também] aquele que me enviou.”

17 Os setenta voltaram então com alegria, dizendo: “Senhor, até mesmo os demônios nos ficam sujeitos pelo uso do teu nome.” 18 A isso lhes disse: “Comecei a observar Satanás já caído como relâmpago do céu. 19 Eis que eu vos tenho dado autoridade para pisardes serpentes e escorpiões sob os pés, e sobre todo o poder do inimigo, e nada, de modo algum, vos fará dano. 20 Não obstante, não vos alegreis com isso, que os espíritos estão sendo sujeitos a vós, mas alegrai-vos de que os vossos nomes foram inscritos nos céus.” 21 Naquela mesma hora ficou cheio de alegria no espírito santo e disse: “Eu te louvo publicamente, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste cuidadosamente estas coisas dos sábios e dos intelectuais, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque fazer assim veio a ser o modo aprovado por ti. 22 Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e quem o Filho é, ninguém sabe, exceto o Pai; e quem o Pai é, ninguém [sabe] exceto o Filho, e aquele a quem o Filho estiver disposto a revelá-lo.”

23 Com isso ele se voltou para os discípulos, em particular, e disse: “Felizes são os olhos que observam as coisas que vós estais observando. 24 Pois eu vos digo: Muitos profetas e reis desejaram ver as coisas que vós estais observando, mas não as viram, e ouvir as coisas que vós estais ouvindo, mas não as ouviram.”

25 Então, eis que se levantou certo homem versado na Lei, para prová-lo, e disse: “Instrutor, por fazer o que hei de herdar a vida eterna?” 26 Ele lhe disse: “O que está escrito na Lei? Como é que lês?” 27 Em

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resposta, disse: “‘Tens de amar a Jeová, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua força, e de toda a tua mente’, e, ‘o teu próximo como a ti mesmo’.” 28 Ele lhe disse: “Respondeste corretamente; ‘persiste em fazer isso e obterás a vida’.”

29 Mas, querendo mostrar-se justo, o homem disse a Jesus: “Quem é realmente o meu próximo?” 30 Em resposta, Jesus disse: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu entre salteadores, que tanto o despojaram como lhe infligiram golpes, e foram embora, deixando-o semimorto. 31 Ora, por coincidência, certo sacerdote descia por aquela estrada, mas, quando o viu, passou pelo lado oposto. 32 Do mesmo modo também um levita, quando, descendo, chegou ao lugar e o viu, passou pelo lado oposto. 33 Mas, certo samaritano, viajando pela estrada, veio encontrá-lo, e, vendo-o, teve pena. 34 De modo que se aproximou dele e lhe atou as feridas, derramando nelas azeite e vinho. Depois o pôs no seu próprio animal e o trouxe a uma hospedaria, e tomou conta dele. 35 E no dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse: ‘Toma conta dele, e tudo o que gastares além disso, eu te pagarei de volta ao retornar para cá.’ 36 Qual destes três te parece ter-se feito próximo do homem que caiu entre os salteadores?” 37 Ele disse: “Aquele que agiu misericordiosamente para com ele.” Jesus disse-lhe então: “Vai e faze tu o mesmo.”

38 Ao prosseguirem então no caminho, ele entrou em certa aldeia. Ali, certa mulher, de nome Marta, recebeu-o como hóspede em sua casa. 39 Esta mulher tinha também uma irmã, chamada Maria, a qual, porém, se assentara aos pés do Senhor e escutava a palavra dele. 40 Marta, por outro lado, estava desatenta por cuidar de muitos deveres. Ela chegou assim perto e disse: “Senhor, não te importa que minha irmã me deixou sozinha para cuidar das coisas? Dize-lhe,

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portanto, que venha ajudar-me.” 41 Em resposta, o Senhor disse-lhe: “Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas. 42 Poucas coisas, porém, são necessárias, ou apenas uma. Maria, por sua parte, escolheu a boa porção, e esta não lhe será tirada.”

11 Então, na ocasião em que estava em certo lugar orando, quando parou, disse-lhe certo dos seus discípulos: “Senhor, ensina-nos a orar, assim como também João ensinou aos seus discípulos.”

2 Ele lhes disse então: “Sempre que orardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu reino. 3 Dá-nos o nosso pão para o dia, segundo as exigências do dia. 4 E perdoa-nos os nossos pecados, pois nós mesmos também perdoamos a todo aquele que está em dívida conosco; e não nos leves à tentação.’”

5 Ainda mais, disse-lhes: “Quem de vós terá um amigo e irá a ele à meia-noite, e lhe dirá: ‘Amigo, empresta-me três pães, 6 porque um amigo meu acaba de chegar a mim duma viagem e eu não tenho nada para pôr diante dele’? 7 E aquele diz lá de dentro, em resposta: ‘Deixa de incomodar-me. A porta já está fechada à chave e meus filhinhos estão comigo na cama; não posso levantar-me e dar-te algo.’ 8 Eu vos digo: Embora não se levante e não lhe dê nada por ser seu amigo, certamente por causa da persistência ousada deste ele se levantará e lhe dará as coisas que necessita. 9 Concordemente, eu vos digo: Persisti em pedir, e dar-se-vos-á; persisti em buscar, e achareis; persisti em bater, e abrir-se-vos-á. 10 Pois, todo o que [persistir em] pedir, receberá, e todo o que [persistir em] buscar, achará, e a todo o que [persistir em] bater, abrir-se-á. 11 Deveras, qual é o pai entre vós que, se o seu filho lhe pedir um peixe, lhe entregará uma serpente em vez de um peixe? 12 Ou, se lhe pedir um ovo, lhe entregará um escorpião? 13 Portanto, se vós, embora iníquos, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais o Pai, no céu, dará espírito santo aos que lhe pedirem!”

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14 Mais tarde expulsou um demônio mudo. Depois de o demônio sair, o mudo falou. E as multidões maravilhavam-se. 15 Mas, certos deles disseram: “Ele expulsa os demônios por meio de Belzebu, o governante dos demônios.” 16 No entanto, outros, para tentá-lo, começaram a buscar dele um sinal do céu. 17 Conhecendo as suas imaginações, disse-lhes: “Todo reino dividido contra si mesmo cai em desolação, e a casa [dividida] contra si mesma cai. 18 Portanto, se Satanás também está dividido contra si mesmo, então, como ficará de pé o seu reino? Porque vós dizeis que eu expulso os demônios por meio de Belzebu. 19 Se é por meio de Belzebu que eu expulso os demônios, por meio de quem os expulsam os vossos filhos? Por causa disso, serão juízes de vós. 20 Mas, se é por meio do dedo de Deus que eu expulso os demônios, o reino de Deus realmente vos sobreveio. 21 Quando um homem forte, bem armado, guarda o seu palácio, seus bens continuam em paz. 22 Mas, quando alguém mais forte do que ele vem contra ele e o vence, tira-lhe todo o seu armamento em que confiava e reparte as coisas das quais o despojou. 23 Quem não está do meu lado é contra mim, e quem comigo não ajunta, espalha.

24 “Quando um espírito impuro sai dum homem, passa por lugares áridos em busca dum lugar de descanso, e, não achando nenhum, diz: ‘Voltarei para a minha casa da qual me mudei.’ 25 E, chegando, acha-a varrida e adornada. 26 Então vai e toma consigo sete espíritos diferentes, mais iníquos do que ele mesmo, e, entrando, ficam morando ali; e as condições finais desse homem tornam-se piores do que a primeira.”

27 Ora, dizendo ele estas coisas, certa mulher, dentre a multidão, levantou a sua voz e disse-lhe: “Feliz é a madre que te carregou e os peitos em que mamaste!” 28 Mas ele disse: “Não, antes: Felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!”

29 Quando as multidões se apinhavam, principiou a dizer: “Esta geração é uma geração iníqua; procura um

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sinal. Mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal de Jonas. 30 Porque, assim como Jonas se tornou um sinal para os ninivitas, do mesmo modo o será também o Filho do homem para esta geração. 31 A rainha do sul será levantada no julgamento com os homens desta geração e os condenará; porque ela veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão, mas, eis que algo mais do que Salomão está aqui. 32 Os homens de Nínive se levantarão no julgamento com esta geração e a condenarão; porque eles se arrependeram com o que Jonas pregou; mas, eis que algo mais do que Jonas está aqui. 33 Não se põe uma lâmpada, depois de acesa, num lugar oculto, nem debaixo dum cesto de medida, mas no velador, para que os que entram possam observar a luz. 34 A lâmpada do corpo é o teu olho. Quando o teu olho é singelo, todo o teu corpo também é luminoso; mas, quando é iníquo, teu corpo também é escuro. 35 Está alerta, pois. Talvez a luz que há em ti seja escuridão. 36 Portanto, se todo o teu corpo for luminoso, sem nenhuma parte escura, todo ele será tão luminoso como uma lâmpada que te dá luz pelos seus raios.”

37 Tendo falado isso, certo fariseu pediu-lhe que almoçasse com ele. De modo que entrou e se recostou à mesa. 38 No entanto, o fariseu ficou surpreso quando viu que não se lavou primeiro antes do almoço. 39 Mas o Senhor disse-lhe: “Ora, vós fariseus limpais por fora o copo e o prato, mas por dentro estais cheios de saque e de iniqüidade. 40 Desarrazoados! Quem fez o exterior também fez o interior, não fez? 41 Não obstante, dai como dádivas de misericórdia as coisas que estão no íntimo, e, eis que todas as [outras] coisas acerca de vós serão limpas. 42 Mas, ai de vós, fariseus, porque dais o décimo da hortelã, e da arruda, e de todas as [outras] hortaliças, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus! Estas coisas tínheis a obrigação de fazer, mas sem omitir aquelas outras. 43 Ai de vós, fariseus, porque amais os primeiros lugares nas sinagogas e os cumprimentos nas feiras! 44 Ai de vós,

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porque sois como aqueles túmulos memoriais que não estão em evidência, de modo que os homens andam sobre eles e não [o] sabem!”

45 Em resposta, certo dos versados na Lei disse-lhe: “Instrutor, dizendo estas coisas também insultas a nós.” 46 Ele disse então: “Também ai de vós, versados na Lei, porque carregais os homens de cargas difíceis de levar, mas vós mesmos não tocais nas cargas nem com um dos vossos dedos!

47 “Ai de vós, porque construís os túmulos memoriais dos profetas, mas os vossos antepassados os mataram! 48 Vós, certamente, sois testemunhas das ações de vossos antepassados, contudo, consentis nelas, porque estes mataram os profetas, mas vós construís [os seus túmulos]. 49 Por esta razão, a sabedoria de Deus também disse: ‘Eu lhes enviarei profetas e apóstolos, e eles matarão e perseguirão a alguns deles, 50 para que o sangue de todos os profetas, derramado desde a fundação do mundo, seja exigido desta geração, 51 desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e a casa.’ Sim, eu vos digo, será exigido desta geração.

52 “Ai de vós, versados na Lei, porque tirastes a chave do conhecimento; vós mesmos não entrastes e impedistes os que estavam entrando!”

53 Assim, ao sair dali, os escribas e os fariseus principiaram a apertá-lo terrivelmente e a assediá-lo com perguntas sobre coisas adicionais, 54 armando-lhe ciladas para apanhar algo de sua boca.

12 Entrementes, havendo-se ajuntado uma multidão de tantos milhares, que se pisavam uns aos outros, ele principiou a dizer, primeiro aos discípulos: “Vigiai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. 2 Mas não há nada cuidadosamente oculto que não venha a ser revelado, nem secreto que não venha a ser conhecido. 3 Portanto, as coisas que dizeis na escuridão, serão ouvidas na luz, e o que sussurrais em salas

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particulares, será pregado dos altos das casas. 4 Além disso, eu vos digo, meus amigos: Não temais os que matam o corpo e depois disso não podem fazer mais nada. 5 Mas, eu vos indicarei quem é para temer: Temei aquele que, depois de matar, tem autoridade para lançar na Geena. Sim, eu vos digo, temei a Este. 6 Não se vendem cinco pardais por duas moedas de pequeno valor? Contudo, nem mesmo um deles está esquecido diante de Deus. 7 Mas, até mesmo os cabelos de vossas cabeças estão todos contados. Não temais; vós valeis mais do que muitos pardais.

8 “Eu vos digo, pois: Todo aquele que confessar perante os homens [estar em] união comigo, o Filho do homem também confessará, perante os anjos de Deus, [estar em] união com ele. 9 Mas aquele que me repudiar perante os homens será repudiado perante os anjos de Deus. 10 E a todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas a quem blasfemar contra o espírito santo, não lhe será isso perdoado. 11 Porém, quando vos levarem perante assembléias públicas, e [perante] funcionários do governo e autoridades, não fiqueis ansiosos quanto a como ou o que haveis de falar em defesa, ou o que haveis de dizer; 12 pois o espírito santo vos ensinará naquela mesma hora as coisas que deveis dizer.”

13 Disse-lhe então um dos da multidão: “Instrutor, dize a meu irmão que divida comigo a herança.” 14 Ele lhe disse: “Homem, quem me designou juiz ou partidor sobre vós?” 15 Então lhes disse: “Mantende os olhos abertos e guardai-vos de toda sorte de cobiça, porque mesmo quando alguém tem abundância, sua vida não vem das coisas que possui.” 16 Com isso contou-lhes uma ilustração, dizendo: “A terra de certo homem rico produziu bem. 17 Conseqüentemente, ele começou a raciocinar no seu íntimo, dizendo: ‘Que farei, agora que não tenho onde ajuntar as minhas safras?’ 18 De modo que ele disse: ‘Farei o seguinte: Derrubarei os

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meus celeiros e construirei maiores, e ali ajuntarei todos os meus cereais e todas as minhas coisas boas; 19 e direi à minha alma: “Alma, tens muitas coisas boas acumuladas para muitos anos; folga, come, bebe, regala-te.”’ 20 Mas Deus disse-lhe: ‘Desarrazoado, esta noite te reclamarão a tua alma. Quem terá então as coisas que armazenaste?’ 21 Assim é com o homem que acumula para si tesouro, mas não é rico para com Deus.”

22 Ele disse então aos seus discípulos: “Por causa disso eu vos digo: Deixai de estar ansiosos pelas vossas almas, quanto a que haveis de comer, ou pelos vossos corpos, quanto a que haveis de vestir. 23 Pois a alma vale mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestuário. 24 Notai bem que os corvos nem semeiam nem ceifam, e que eles não têm nem palheiro nem celeiro, contudo, Deus os alimenta. De quanto mais valor sois vós do que as aves? 25 Quem de vós, por estar ansioso, pode acrescentar um côvado à duração de sua vida? 26 Se vós, portanto, não podeis fazer a coisa mínima, por que estais ansiosos pelas coisas remanescentes? 27 Notai bem como os lírios crescem; eles nem labutam nem fiam; mas, eu vos digo: Nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, vestia-se como um destes. 28 Então, se Deus reveste assim a vegetação do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais vestirá ele antes a vós, ó vós com pouca fé! 29 Assim, deixai de buscar o que haveis de comer e o que haveis de beber, e deixai de estar em inquietação; 30 porque todas estas são as coisas pelas quais se empenham avidamente as nações do mundo, mas o vosso Pai sabe que necessitais destas coisas. 31 Não obstante, buscai continuamente o seu reino, e estas coisas vos serão acrescentadas.

32 “Não temas, pequeno rebanho, porque vosso Pai aprovou dar-vos o reino. 33 Vendei as coisas que vos pertencem e fazei dádivas de misericórdia. Fazei para vós mesmos bolsas que não se gastem, um tesouro que

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nunca falhe, nos céus, onde o ladrão não chega perto nem a traça consome. 34 Pois onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.

35 “Os vossos lombos estejam cingidos e as vossas lâmpadas acesas; 36 e vós mesmos sede como homens que esperam pelo seu amo, ao voltar ele do casamento, para que, ao chegar e bater, possam imediatamente abrir-lhe. 37 Felizes são aqueles escravos, cujo amo, ao chegar, os achar vigiando! Deveras, eu vos digo: Ele se cingirá e os fará recostar-se à mesa, e chegando-se, ministrar-lhes-á. 38 E, se chegar na segunda vigília, [ou] mesmo na terceira, e os achar assim, felizes são! 39 Mas, sabei isto, que, se o dono de casa tivesse sabido em que hora viria o ladrão, teria ficado vigiando e não teria deixado que se arrombasse a sua casa. 40 Vós também, mantende-vos prontos, porque o Filho do homem vem numa hora que não achais provável.”

41 Pedro disse então: “Senhor, dizes esta ilustração a nós ou também a todos?” 42 E o Senhor disse: “Quem é realmente o mordomo fiel, o discreto, a quem o seu amo há de designar sobre todo o corpo de assistentes, para que lhes dê a sua medida de mantimentos no tempo devido? 43 Feliz é aquele escravo, se o seu amo, ao chegar, o achar fazendo isso! 44 Eu vos digo verazmente: Ele o designará sobre todos os seus bens. 45 Mas, se aquele escravo chegar a dizer no seu coração: ‘Meu amo demora em vir’, e principiar a espancar os servos e as servas, e a comer e beber, e ficar embriagado, 46 o amo daquele escravo virá num dia em que não [o] espera e numa hora que não sabe, e o punirá com a maior severidade e lhe determinará uma parte com os infiéis. 47 Então, aquele escravo, que entendeu a vontade de seu amo, mas não se aprontou, nem fez em harmonia com a sua vontade, será espancado com muitos golpes. 48 Mas aquele que não entendeu, e assim fez coisas que merecem golpes, será espancado com poucos. Deveras, de todo aquele a

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quem muito foi dado, muito se reclamará dele; e a quem encarregaram de muito, deste reclamarão mais do que o usual.

49 “Eu vim dar início a um fogo na terra, e que mais hei de desejar, se já foi aceso? 50 Deveras, tenho um batismo com que [devo] ser batizado, e como estou aflito até que termine! 51 Imaginais que vim dar paz na terra? Deveras, eu vos digo que não, mas antes divisão. 52 Pois, doravante haverá cinco divididos numa casa, três contra dois e dois contra três. 53 Estarão divididos, pai contra filho e filho contra pai, mãe contra filha e filha contra [sua] mãe, sogra contra sua nora e nora contra [sua] sogra.”

54 Prosseguiu então a dizer também às multidões: “Quando vedes uma nuvem surgindo nas regiões ocidentais, dizeis imediatamente: ‘Vem uma tempestade’, e assim se dá. 55 E quando vedes soprar um vento sulino, dizeis: ‘Haverá uma onda de calor’, e assim ocorre. 56 Hipócritas, sabeis examinar a aparência externa da terra e do céu, mas, como é que não sabeis examinar este tempo específico? 57 Por que não julgais também por vós mesmos o que é justo? 58 Por exemplo, quando vais com o teu adversário em juízo perante um governante, empenha-te, no caminho, a livrar-te da disputa com ele, para que nunca te arraste perante o juiz, e o juiz te entregue ao oficial do tribunal, e o oficial do tribunal te lance na prisão. 59 Eu vos digo: Certamente não sairás dali até pagares a última moeda pequena de muito pouco valor.”

13 Naquela mesma época, estavam ali presentes certos que lhe relataram o caso dos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios deles. 2 Ele lhes disse, assim, em resposta: “Imaginais que esses galileus se mostraram piores pecadores do que todos os outros galileus, porque sofreram tais coisas? 3 Deveras, eu vos digo que não; mas, a menos que vos arrependais, sereis todos igualmente destruídos. 4 Ou aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé,

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matando-os, imaginais que eles se mostraram maiores devedores do que todos os outros homens que habitam em Jerusalém? 5 Deveras, eu vos digo que não; mas, a menos que vos arrependais, sereis todos destruídos da mesma maneira.”

6 Prosseguiu então, contando a seguinte ilustração: “Certo homem plantara uma figueira no seu vinhedo e veio procurar fruto nela, mas não achou nenhum. 7 Ele disse então ao vinhateiro: ‘Já faz agora três anos que venho procurar fruto nesta figueira, mas não achei nenhum. Corta-a! Realmente, por que devia ela manter o solo inútil?’ 8 Em resposta, este lhe disse: ‘Amo, deixa-a também este ano, até que eu cave em volta dela e lhe ponha estrume; 9 e, se então produzir fruto no futuro, [muito bem]; mas, se não, hás de cortá-la.’”

10 Ele estava então ensinando numa das sinagogas, no sábado. 11 E eis uma mulher com um espírito de fraqueza, já por dezoito anos, e ela estava encurvada e não podia absolutamente endireitar-se. 12 Quando a viu, Jesus dirigiu-lhe a palavra e disse-lhe: “Mulher, estás livre de tua fraqueza.” 13 E pôs as suas mãos sobre ela; e ela se endireitou instantaneamente e começou a glorificar a Deus. 14 Mas, em resposta, o presidente da sinagoga, indignado porque Jesus fizera a cura no sábado, começou a dizer à multidão: “Há seis dias em que se deve trabalhar; nestes, pois, vinde e sede curados, não no dia de sábado.” 15 O Senhor, porém, respondeu-lhe e disse: “Hipócritas, não é que cada um de vós, no sábado, desata da baia o seu touro ou o seu jumento e o leva para dar-lhe de beber? 16 Não era então apropriado que esta mulher, que é filha de Abraão, e a quem Satanás manteve amarrada, ora! por dezoito anos, fosse solta deste laço no dia de sábado?” 17 Pois bem, quando ele disse estas coisas, todos os seus opositores começaram a ficar envergonhados; mas toda a multidão começou a alegrar-se com todas as coisas gloriosas feitas por ele.

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18 Por isso prosseguiu a dizer: “A que se assemelha o reino de Deus e com que o compararei? 19 É semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e pôs na sua horta, e o qual cresceu e se tornou uma árvore, e as aves do céu ficaram pousando nos seus ramos.”

20 E, novamente, ele disse: “Com que compararei o reino de Deus? 21 É semelhante ao fermento, que certa mulher tomou e escondeu em três grandes medidas de farinha, até que a massa inteira ficou levedada.”

22 E ele viajava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, ensinando e continuando na sua viagem a Jerusalém. 23 Então, certo homem lhe disse: “Senhor, são poucos os que estão sendo salvos?” Ele lhes disse: 24 “Esforçai-vos vigorosamente a entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos buscarão entrar, mas não poderão, 25 uma vez que o dono de casa se tiver levantado e fechado a porta à chave, e vós principiardes a ficar de fora e a bater na porta, dizendo: ‘Senhor, abre-nos.’ Mas ele, em resposta, vos dirá: ‘Não sei donde sois.’ 26 Então principiareis a dizer: ‘Comemos e bebemos na tua frente e tu ensinaste nas nossas ruas largas.’ 27 Mas ele falará e vos dirá: ‘Não sei donde sois. Afastai-vos de mim, todos vós obreiros da injustiça!’ 28 Ali é que haverá o [vosso] choro e o ranger de [vossos] dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas, no reino de Deus, mas vós mesmos lançados fora. 29 Outrossim, pessoas virão das regiões orientais e das ocidentais, e do norte e do sul, e se recostarão à mesa no reino de Deus. 30 E, eis que há os que são últimos, que serão primeiros, e há os que são primeiros, que serão últimos.”

31 Naquela mesma hora chegaram-se certos fariseus, dizendo-lhe: “Sai e vai embora daqui, porque Herodes quer matar-te.” 32 E ele lhes disse: “Ide e dizei àquela raposa: ‘Eis que estou expulsando demônios e efetuando curas hoje e amanhã, e no terceiro dia terei terminado.’ 33 Não obstante, preciso estar em caminho hoje e amanhã, e no dia seguinte, porque não é

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admissível que um profeta seja destruído fora de Jerusalém. 34 Jerusalém, Jerusalém, matadora dos profetas e apedrejadora dos que lhe são enviados — quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, da maneira em que a galinha ajunta a sua ninhada de pintinhos debaixo de suas asas, mas vós não quisestes [isso]! 35 Eis que a vossa casa vos fica abandonada. Eu vos digo: De modo algum me vereis até que digais: ‘Bendito aquele que vem em nome de Jeová!’”

14 E, numa ocasião em que entrou na casa de certo dos governantes dos fariseus, no sábado, para tomar uma refeição, eles o estavam observando de perto. 2 E eis que havia diante dele certo homem que padecia de hidropisia. 3 Assim, como resposta, Jesus falou aos versados na Lei e aos fariseus, dizendo: “É lícito ou não curar no sábado?” 4 Mas eles ficaram calados. Em vista disso, pegou no [homem], curou-o e [o] mandou embora. 5 E ele lhes disse: “Quem de vós, quando o seu filho ou touro cai num poço, não o puxa imediatamente para fora, no dia de sábado?” 6 E não lhe puderam replicar nestas coisas.

7 Prosseguiu então a contar aos convidados uma ilustração, ao notar como eles escolhiam os lugares mais destacados para si mesmos, dizendo-lhes: 8 “Quando fores convidado por alguém para uma festa de casamento, não te deites no lugar mais destacado. Talvez ele tenha convidado ao mesmo tempo alguém mais distinto do que tu, 9 e aquele que te convidou venha com ele e te diga: ‘Deixa este homem ter o lugar.’ Então principiarás com vergonha a ocupar o lugar mais baixo. 10 Mas, quando fores convidado, vai e recosta-te no lugar mais baixo, para que, quando vier o homem que te convidou, te diga: ‘Amigo, vai mais para cima.’ Então terás honra na frente de todos os que contigo foram convidados. 11 Porque todo aquele que se enaltecer será humilhado, e aquele que se humilhar será enaltecido.”

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12 A seguir passou a dizer também ao homem que o convidara: “Quando ofereceres um almoço ou uma refeição noturna, não chames os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus ricos vizinhos. Talvez eles por sua vez te convidem também e isso se torne para ti uma restituição. 13 Mas, quando ofereceres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos; 14 e serás feliz, porque eles não têm nada com que te pagar de volta. Porque se te pagará de volta na ressurreição dos justos.”

15 Ouvindo estas coisas, disse-lhe um dos convivas: “Feliz é aquele que comer pão no reino de Deus.”

16 [Jesus] disse-lhe: “Certo homem estava oferecendo uma lauta refeição noturna, e convidou a muitos. 17 E ele enviou seu escravo na hora da refeição noturna para dizer aos convidados: ‘Vinde, porque todas as coisas estão agora prontas.’ 18 Mas todos em comum começaram a escusar-se. O primeiro disse-lhe: ‘Comprei um campo, e preciso sair e vê-lo; peço-te: Tem-me por escusado.’ 19 E outro disse: ‘Comprei cinco juntas de gado e vou examiná-las; peço-te: Tem-me por escusado.’ 20 Ainda outro disse: ‘Acabei de tomar uma esposa e por esta razão não posso ir.’ 21 O escravo chegou-se assim e relatou estas coisas ao seu amo. O dono de casa ficou então furioso e disse ao seu escravo: ‘Vai depressa para as ruas largas e becos da cidade e traze para cá os pobres, e os aleijados, e os cegos, e os coxos.’ 22 No tempo respectivo, o escravo disse: ‘Amo, foi feito o que me ordenaste, contudo, ainda há lugar.’ 23 E o amo disse ao escravo: ‘Vai para as estradas e para os lugares cercados, e compele-os a vir para dentro, a fim de que a minha casa se encha. 24 Pois, eu vos digo: Nenhum dos homens que foram convidados provará a minha refeição noturna.’”

25 Grandes multidões viajavam então com ele, e ele se voltou e lhes disse: 26 “Quem se chegar a mim e não odiar seu pai, e mãe, e esposa, e filhos, e irmãos, e irmãs, sim, e até mesmo a sua própria alma, não pode

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ser meu discípulo. 27 Quem não levar a sua estaca de tortura e não vier após mim, não pode ser meu discípulo. 28 Por exemplo, quem de vós, querendo construir uma torre, não se assenta primeiro e calcula a despesa, para ver se tem bastante para completá-la? 29 Senão, ele talvez lance o alicerce dela, mas não a possa completar, e todos os espectadores comecem a ridicularizá-lo, 30 dizendo: ‘Este homem principiou a construir, mas não pôde terminar.’ 31 Ou que rei, marchando ao encontro de outro rei numa guerra, não se assenta primeiro e toma conselho para ver se pode com dez mil soldados lidar com o que vem contra ele com vinte mil? 32 Se, de fato, não o puder fazer, então, enquanto aquele ainda está longe, envia um corpo de embaixadores e pede termos de paz. 33 Podeis estar certos, assim, de que nenhum de vós que não se despedir de todos os seus bens pode ser meu discípulo.

34 “O sal, certamente, é excelente. Mas, se até mesmo o sal perder a sua força, com que será temperado? 35 Não é nem conveniente para o solo, nem para o estrume. As pessoas o lançam fora. Escute aquele que tem ouvidos para escutar.”

15 Todos os cobradores de impostos e pecadores chegavam-se então perto dele para o ouvirem. 2 Conseqüentemente, tanto os fariseus como os escribas murmuravam, dizendo: “Este homem acolhe pecadores e come com eles.” 3 Então lhes contou a seguinte ilustração, dizendo: 4 “Que homem dentre vós, com cem ovelhas, perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove atrás no ermo e vai em busca da perdida, até a achar? 5 E quando a tiver achado, ele a põe sobre os seus ombros e se alegra. 6 E, ao chegar à casa, convoca seus amigos e seus vizinhos, dizendo-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que estava perdida.’ 7 Eu vos digo que assim haverá mais alegria no céu por causa de um pecador que se

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arrepende, do que por causa de noventa e nove justos que não precisam de arrependimento.

8 “Ou que mulher, com dez moedas de dracma, se perder uma moeda de dracma, não acende uma lâmpada e varre a sua casa, e procura cuidadosamente até achá-la? 9 E quando a tiver achado, convoca as mulheres que são suas amigas e vizinhas, dizendo: ‘Alegrai-vos comigo, porque achei a moeda de dracma que perdi.’ 10 Assim, eu vos digo, surge alegria entre os anjos de Deus por causa de um pecador que se arrepende.”

11 Ele disse então: “Certo homem tinha dois filhos. 12 E o mais jovem deles disse a seu pai: ‘Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe.’ Dividiu então os seus meios de vida entre eles. 13 Mais tarde, não muitos dias depois, o filho mais jovem ajuntou todas as coisas e viajou para fora, a um país distante, e ali esbanjou os seus bens por levar uma vida devassa. 14 Quando já tinha gasto tudo, ocorreu uma fome severa em todo aquele país, e ele principiou a passar necessidade. 15 Ele até mesmo foi e se agregou a um dos cidadãos daquele país, e este o enviou aos seus campos para pastar porcos. 16 E costumava desejar saciar-se das alfarrobas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava [nada].

17 “Quando caiu em si, disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, enquanto eu pereço aqui de fome! 18 Levantar-me-ei e viajarei para meu pai e lhe direi: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti. 19 Não sou mais digno de ser chamado teu filho. Faze de mim um dos teus empregados.”’ 20 Levantou-se assim e foi ter com seu pai. Enquanto ainda estava longe, seu pai o avistou e teve pena, e correu e lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou ternamente. 21 O filho disse-lhe então: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho. Faze de mim um dos teus empregados.’ 22 Mas o pai disse aos seus escravos: ‘Ligeiro! Trazei uma veste comprida, a

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melhor, vesti-o com ela, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés. 23 E trazei o novilho cevado e abatei-o, e comamos e alegremo-nos, 24 porque este meu filho estava morto, e voltou a viver; estava perdido, mas foi achado.’ E principiaram a regalar-se.

25 “Ora, o filho mais velho dele estava no campo; e quando chegou e se aproximou da casa, ouviu um concerto de música e dança. 26 De modo que chamou a si um dos servos e indagou o significado destas coisas. 27 Este lhe disse: ‘Chegou teu irmão, e teu pai abateu o novilho cevado, porque o recebeu de volta em boa saúde.’ 28 Mas ele ficou furioso e não quis entrar. Saiu então seu pai e começou a suplicar-lhe. 29 Em resposta, ele disse ao seu pai: ‘Eis que trabalhei tantos anos como escravo para ti, e nunca, nem uma única vez, transgredi o teu mandamento, contudo, nunca, nem uma única vez, me deste um cabritinho para alegrar-me com os meus amigos. 30 Mas, assim que chegou este teu filho, que consumiu com as meretrizes o teu meio de vida, abates para ele o novilho cevado.’ 31 Disse-lhe então: ‘Filho, tu sempre estiveste comigo e todas as minhas coisas são tuas; 32 mas nós simplesmente tivemos de nos regalar e alegrar, porque este teu irmão estava morto, e voltou a viver, e estava perdido, mas foi achado.’”

16 Prosseguiu então a dizer também aos discípulos: “Certo homem era rico e tinha um mordomo, e este foi acusado diante dele de manejar com desperdício os seus bens. 2 Chamou-o assim e disse-lhe: ‘Que é isso que ouço a teu respeito? Presta contas da tua mordomia, pois não podes mais administrar a casa.’ 3 O mordomo disse então no seu íntimo: ‘Que é que vou fazer, visto que o meu amo vai tirar-me a mordomia? Não sou bastante forte para cavar; tenho vergonha de mendigar. 4 Ah! Sei o que vou fazer, para que, quando eu for demitido da mordomia, as pessoas me recebam nos seus lares.’ 5 E, chamando a si a cada um dos devedores de seu amo, passou a dizer ao primeiro:

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‘Quanto deves ao meu amo?’ 6 Ele disse: ‘Cem batos de azeite.’ Disse-lhe ele: ‘Toma de volta o teu acordo escrito e assenta-te, e escreve rapidamente cinqüenta’. 7 A seguir, disse a outro: ‘Agora tu, quanto estás devendo?’ Ele disse: ‘Cem coros de trigo.’ Ele lhe disse: ‘Toma de volta o teu acordo escrito e escreve oitenta.’ 8 E o seu amo elogiou o mordomo, embora [fosse] injusto, porque agiu com sabedoria prática; pois os filhos deste sistema de coisas são mais sábios, em sentido prático, para com a sua própria geração, do que os filhos da luz.

9 “Eu vos digo também: Fazei para vós amigos por meio das riquezas injustas, para que, quando estas vos falharem, vos recebam nas moradias eternas. 10 Quem é fiel no mínimo, é também fiel no muito, e quem é injusto no mínimo, é também injusto no muito. 11 Portanto, se não vos mostrastes fiéis em conexão com as riquezas injustas, quem vos confiará o que é verdadeiro? 12 E, se não vos mostrastes fiéis em conexão com o que é de outro, quem vos dará o que é para vós mesmos? 13 Nenhum servo doméstico pode ser escravo de dois amos; pois, ou há de odiar um e amar o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Não podeis ser escravos de Deus e das Riquezas.”

14 Ora, os fariseus, que eram amantes do dinheiro, estavam escutando todas estas coisas, e começaram a escarnecer dele. 15 Conseqüentemente, ele lhes disse: “Vós sois os que vos declarais justos perante os homens, mas Deus conhece os vossos corações; porque aquilo que é altivo entre os homens é uma coisa repugnante à vista de Deus.

16 “A Lei e os Profetas [existiram] até João. Dali em diante, o reino de Deus está sendo declarado como boas novas, e toda sorte de pessoa avança impetuosamente em direção dele. 17 Deveras, mais fácil é passarem céu e terra do que passar sem cumprimento uma só partícula duma letra da Lei.

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18 “Todo aquele que se divorciar de sua esposa e se casar com outra, comete adultério, e quem se casar com uma mulher divorciada do marido, comete adultério.

19 “Mas, certo homem era rico e costumava cobrir-se de púrpura e de linho, regalando-se de dia a dia com magnificência. 20 Mas, certo mendigo, de nome Lázaro, costumava ser colocado junto ao seu portão, [estando] cheio de úlceras 21 e desejoso de saciar-se com as coisas que caíam da mesa do rico. Sim, também os cães vinham e lambiam as suas úlceras. 22 Ora, no decorrer do tempo, morreu o mendigo e foi carregado pelos anjos para [a posição junto ao] seio de Abraão.

“Também o rico morreu e foi enterrado. 23 E no Hades, ele ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu Abraão de longe, e Lázaro com ele [na posição junto] ao seio. 24 Por isso chamou e disse: ‘Pai Abraão, tem misericórdia de mim e manda que Lázaro mergulhe a ponta do seu dedo em água e refresque a minha língua, porque eu estou em angústia neste fogo intenso.’ 25 Mas Abraão disse: ‘Filho, lembra-te de que recebeste plenamente as tuas boas coisas no curso da tua vida, mas Lázaro, correspondentemente, as coisas prejudiciais. Agora, porém, ele está tendo consolo aqui, mas tu estás em angústia. 26 E, além de todas essas coisas, estabeleceu-se um grande precipício entre nós e vós, de modo que os que querem passar daqui para vós não o podem, nem podem pessoas passar de lá para nós.’ 27 Ele disse então: ‘Neste caso, peço-te, pai, que o envies à casa de meu pai, 28 pois eu tenho cinco irmãos, a fim de que lhes dê um testemunho cabal, para que não cheguem a entrar neste lugar de tormento.’ 29 Mas Abraão disse: ‘Eles têm Moisés e os Profetas; que escutem a estes.’ 30 Ele disse então: ‘Não assim, pai Abraão, mas, se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão.’ 31 Mas ele lhe disse: ‘Se não escutam Moisés e os

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Profetas, tampouco serão persuadidos se alguém se levantar dentre os mortos.’”

17 Ele disse então aos seus discípulos: “É inevitável que venham causas para tropeço. Não obstante, ai daquele por meio de quem vêm! 2 Seria mais proveitoso para ele que se lhe pendurasse no pescoço uma mó e que fosse lançado no mar, do que fazer ele tropeçar a um destes pequenos. 3 Prestai atenção a vós mesmos. Se o teu irmão cometer um pecado, censura-o, e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. 4 Mesmo se pecar contra ti sete vezes por dia e voltar a ti sete vezes, dizendo: ‘Arrependo-me’, tens de perdoar-lhe.”

5 Os apóstolos disseram então ao Senhor: “Dá-nos mais fé.” 6 O Senhor disse então: “Se tivésseis fé do tamanho dum grão de mostarda, diríeis a esta amoreira-preta: ‘Sê desarraigada e plantada no mar!’ e ela vos obedeceria.

7 “Quem de vós, que tiver um escravo arando ou cuidando do rebanho, lhe dirá, ao chegar ele do campo: ‘Vem logo para cá, e recosta-te à mesa’? 8 Antes, não lhe dirá: ‘Apronta-me algo para a minha refeição noturna, e põe o avental e ministra-me até eu ter acabado de comer e de beber, e depois podes comer e beber’? 9 Será que ele sentirá gratidão pelo escravo porque ele fez as coisas determinadas? 10 Assim também vós, quando tiverdes feito todas as coisas que vos foram determinadas, dizei: ‘Somos escravos imprestáveis. O que temos feito é o que devíamos fazer.’”

11 E, enquanto ele ia a Jerusalém, passava pelo meio de Samaria e Galiléia. 12 E, ao entrar em certa aldeia, vieram ao encontro dele dez homens leprosos, mas ficaram parados de longe. 13 E elevaram as suas vozes e disseram: “Jesus, Preceptor, tem misericórdia de nós!” 14 E quando os avistou, disse-lhes: “Ide e mostrai-vos aos sacerdotes.” Então, enquanto se afastavam, ocorreu a purificação deles. 15 Um deles,

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quando viu que estava curado, voltou, glorificando a Deus com voz alta. 16 E ele se prostrou com o rosto [em terra] aos pés [de Jesus], agradecendo-lhe; ademais, ele era samaritano. 17 Jesus disse, em resposta: “Dez foram purificados, não foram? Onde estão, então, os outros nove? 18 Não se achou nenhum que voltasse para dar glória a Deus, exceto este homem de outra nação?” 19 E disse-lhe: “Levanta-te e vai; a tua fé te fez ficar bom.”

20 Mas, perguntando-lhe os fariseus quando havia de vir o reino de Deus, ele lhes respondeu e disse: “O reino de Deus não vem de modo impressionantemente observável, 21 nem dirão as pessoas: ‘Eis aqui!’ ou: ‘Ali!’ Pois, eis que o reino de Deus está no vosso meio.”

22 Ele disse então aos discípulos: “Virão dias em que desejareis ver um dos dias do Filho do homem, mas não [o] vereis. 23 E as pessoas vos dirão: ‘Eis ali!’ ou: ‘Eis aqui!’ Não saiais nem corrais atrás [deles]. 24 Pois assim como o relâmpago, com o seu lampejo, brilha duma parte sob o céu à outra parte sob o céu, assim será o Filho do homem. 25 Primeiro, porém, ele tem de passar por muitos sofrimentos e ser rejeitado por esta geração. 26 Ademais, assim como ocorreu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem: 27 comiam, bebiam, os homens casavam-se, as mulheres eram dadas em casamento, até aquele dia em que Noé entrou na arca, e chegou o dilúvio e destruiu a todos. 28 Igualmente, assim como ocorreu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam, construíam. 29 Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre, e destruiu a todos. 30 Do mesmo modo será naquele dia em que o Filho do homem há de ser revelado.

31 “Naquele dia, quem estiver no alto da casa, mas cujas coisas móveis estiverem na casa, não desça para apanhá-las, e quem estiver no campo, do mesmo modo, não volte para as coisas atrás. 32 Lembrai-vos da

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mulher de Ló. 33 Todo aquele que buscar manter a sua alma a salvo para si mesmo, perdê-la-á, mas todo aquele que a perder, preservá-la-á viva. 34 Eu vos digo: Naquela noite, dois [homens] estarão numa só cama; um será levado junto, mas o outro será abandonado. 35 Haverá duas [mulheres] moendo no mesmo moinho; uma será levada junto, mas a outra será abandonada.” 36 —— 37 De modo que lhe disseram em resposta: “Onde, Senhor?” Ele lhes disse: “Onde estiver o corpo, ali se ajuntarão também as águias.”

18 Depois prosseguiu a contar-lhes uma ilustração a respeito da necessidade de sempre orarem e de nunca desistirem, 2 dizendo: “Em certa cidade havia certo juiz que não temia a Deus e não respeitava homem. 3 Mas, havia naquela cidade uma viúva, e ela persistia em ir ter com ele, dizendo: ‘Cuida de que eu obtenha justiça do meu adversário em juízo.’ 4 Pois bem, por um tempo ele não estava disposto, mas depois disse para si mesmo: ‘Embora eu não tema a Deus nem respeite o homem, 5 de qualquer modo, visto que esta viúva me causa continuamente contrariedade, cuidarei de que ela obtenha justiça, para que não persista em vir e em amofinar-me até o fim.’” 6 O Senhor disse então: “Ouvi o que disse o juiz, embora injusto! 7 Certamente, então, não causará Deus que se faça justiça aos seus escolhidos que clamam a ele dia e noite, embora seja longânime para com eles? 8 Eu vos digo: Ele causará que se lhes faça velozmente justiça. Não obstante, quando chegar o Filho do homem, achará realmente fé na terra?”

9 Mas, ele contou a seguinte ilustração também a alguns que confiavam em si mesmos como sendo justos e que consideravam os demais como nada: 10 “Dois homens subiram ao templo para orar, um sendo fariseu e o outro cobrador de impostos. 11 O fariseu estava em pé e começou a orar as seguintes coisas no seu íntimo: ‘Ó Deus, agradeço-te que não sou como o resto dos homens, extorsores, injustos, adúlteros, ou mesmo

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como este cobrador de impostos. 12 Jejuo duas vezes por semana, dou o décimo de todas as coisas que adquiro.’ 13 O cobrador de impostos, porém, estando em pé à distância, não estava nem disposto a levantar os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: ‘Ó Deus, sê clemente para comigo pecador.’ 14 Digo-vos: Este homem desceu para sua casa provado mais justo do que aquele homem; porque todo o que se enaltecer será humilhado, mas quem se humilhar será enaltecido.”

15 As pessoas começaram então a trazer-lhe também suas crianças, para que as tocasse; mas, vendo isso os discípulos, começaram a adverti-las. 16 No entanto, Jesus chamou a si as [crianças], dizendo: “Deixai vir a mim as criancinhas e não tenteis impedi-las. Pois o reino de Deus pertence a tais. 17 Deveras, eu vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criancinha, de modo algum entrará nele.”

18 E certo governante interrogou-o, dizendo: “Bom Instrutor, por fazer o que hei de herdar a vida eterna?” 19 Jesus disse-lhe: “Por que me chamas de bom? Ninguém é bom, a não ser um só, Deus. 20 Sabes os mandamentos: ‘Não cometas adultério, não assassines, não furtes, não dês falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe.’” 21 Ele disse então: “Tenho guardado a todos estes desde a mocidade.” 22 Ouvindo isso, Jesus disse-lhe: “Há ainda uma coisa que falta a respeito de ti: Vende todas as coisas que tens e distribui aos pobres, e terás um tesouro nos céus; e vem ser meu seguidor.” 23 Ouvindo isso, ele ficou profundamente contristado, pois era muito rico.

24 Jesus olhou para ele e disse: “Quão difícil será para os que têm dinheiro abrirem caminho para entrar no reino de Deus! 25 De fato, é mais fácil para um camelo passar pelo orifício duma agulha de costura, do que para um rico entrar no reino de Deus.” 26 Os que ouviram isso disseram: “Quem é que é capaz de ser salvo?” 27 Ele disse: “As coisas impossíveis aos homens

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são possíveis a Deus.” 28 Mas Pedro disse: “Eis que abandonamos as nossas próprias coisas e te seguimos.” 29 Ele lhes disse: “Deveras, eu vos digo: Não há ninguém que tenha abandonado casa, ou esposa, ou irmãos, ou pais ou filhos, pela causa do reino de Deus, 30 que não receba de algum modo muitas vezes mais neste período de tempo, e no vindouro sistema de coisas a vida eterna.”

31 Então tomou os doze à parte e disse-lhes: “Eis que estamos subindo para Jerusalém e completar-se-ão todas as coisas escritas por meio dos profetas quanto ao Filho do homem. 32 Por exemplo, ele será entregue a [homens das] nações e divertir-se-ão às custas dele, e será tratado com insolência e cuspirão nele; 33 e, depois de o açoitarem, matá-lo-ão, mas no terceiro dia ele será levantado.” 34 No entanto, não compreenderam o significado de nenhuma destas coisas; mas esta pronunciação lhes era escondida, e não sabiam as coisas faladas.

35 Chegando ele então perto de Jericó, havia certo cego sentado à beira da estrada, mendigando. 36 Visto que ouvia uma multidão passar por ali, começou a indagar de que se tratava. 37 Relataram-lhe: “Jesus, o nazareno, está passando por aqui!” 38 Em vista disso, clamou, dizendo: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” 39 E os que iam na frente começaram a dizer-lhe severamente que ficasse calado, mas ele gritava tanto mais: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim.” 40 Jesus parou então e ordenou que [o homem] fosse levado a ele. Tendo-se este aproximado, [Jesus] perguntou-lhe: 41 “Que queres que eu faça para ti?” Ele disse: “Senhor, deixa-me recuperar a vista.” 42 De modo que Jesus lhe disse: “Recupera a tua vista; tua fé te fez ficar bom.” 43 E ele recuperou instantaneamente a vista e começou a segui-lo, glorificando a Deus. Também todo o povo, vendo [isso], deu louvor a Deus.

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19 E ele entrou em Jericó e [a] estava atravessando. 2 Ora, havia ali um homem de nome Zaqueu, e ele era chefe de cobradores de impostos e era rico. 3 Bem, ele procurava ver quem era este Jesus, mas não podia, por causa da multidão, porque era de estatura pequena. 4 De modo que correu na frente a um lugar mais adiante e subiu num sicômoro-figueira, a fim de vê-lo, porque estava para passar por ali. 5 Chegando então Jesus ao lugar, olhou para cima e disse-lhe: “Zaqueu, apressa-te e desce, pois hoje tenho de ficar em tua casa.” 6 Com isso ele se apressou e desceu, e o recebeu com alegria como hóspede. 7 Mas, quando viram [isso], todos começaram a murmurar, dizendo: “Entrou para pousar com um homem que é pecador.” 8 Mas Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: “Eis que a metade dos meus bens, Senhor, dou aos pobres, e o que for que eu extorqui de qualquer um por meio de acusação falsa, eu restituo quatro vezes mais.” 9 A isto Jesus disse-lhe: “Neste dia entrou a salvação nesta casa, porque ele também é filho de Abraão. 10 Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido.”

11 Enquanto escutavam estas coisas, contou em adição uma ilustração, porque estava perto de Jerusalém e eles estavam imaginando que o reino de Deus ia apresentar-se instantaneamente. 12 Ele disse, portanto: “Certo homem de nobre estirpe viajou para um país distante, para assegurar-se poder régio e voltar. 13 Chamando dez escravos seus, deu-lhes dez minas e disse-lhes: ‘Fazei negócios até eu voltar.’ 14 Mas os seus cidadãos o odiavam e enviaram um corpo de embaixadores após ele, para dizer: ‘Não queremos que este [homem] se torne rei sobre nós.’

15 “Por fim, tendo ele voltado, depois de se assegurar o poder régio, mandou convocar esses escravos a quem dera o dinheiro de prata, a fim de averiguar o que tinham ganho com a atividade comercial. 16 Apresentou-se, então, o primeiro, dizendo: ‘Senhor, a tua mina ganhou dez minas.’ 17 Ele

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lhe disse assim: ‘Muito bem, escravo bom! Porque te mostraste fiel num assunto muito pequeno, tem autoridade sobre dez cidades.’ 18 Veio então o segundo, dizendo: ‘Tua mina, Senhor, produziu cinco minas.’ 19 Disse também a este: ‘Tu também; toma conta de cinco cidades.’ 20 Mas, veio um diferente, dizendo: ‘Senhor, aqui está a tua mina, que guardei num pano. 21 Compreendes, eu tive temor de ti, visto que és homem rigoroso; apanhas o que não depositaste e ceifas o que não semeaste.’ 22 Ele lhe disse: ‘Da tua própria boca te julgo, escravo iníquo. Sabias, não é verdade, que sou homem rigoroso, apanhando o que não depositei e ceifando o que não semeei? 23 Então, por que é que não puseste meu dinheiro de prata num banco? Assim, na minha chegada, eu o teria cobrado com juros.’

24 “Com isto disse aos que estavam parados ali: ‘Tirai dele a mina e dai-a ao que tem as dez minas.’ 25 Mas eles lhe disseram: ‘Senhor, ele tem dez minas!’ — 26 ‘Eu vos digo: A todo aquele que tem, mais será dado; mas daquele que não tem, até mesmo o que tem lhe será tirado. 27 Ademais, trazei para cá estes inimigos meus que não quiseram que eu me tornasse rei sobre eles e abatei-os diante de mim.’”

28 Assim, depois de dizer estas coisas, começou a ir na frente, subindo para Jerusalém. 29 E quando chegou perto de Betfagé e Betânia, no monte chamado Monte das Oliveiras, enviou dois dos discípulos, 30 dizendo: “Ide à aldeia que está ao alcance de vossa vista, e dentro dela, assim que entrardes, achareis atado um jumentinho em quem ninguém da humanidade jamais montou. Soltai-o e trazei-mo. 31 Mas, se alguém vos perguntar: ‘Por que o soltais?’ tereis de falar deste modo: ‘O Senhor precisa dele.’” 32 Os enviados partiram então e acharam-no exatamente como lhes dissera. 33 Mas, ao soltarem o jumentinho, os donos dele disseram-lhes: “Por que soltais o jumentinho?” 34 Disseram: “O Senhor precisa dele.” 35 E conduziram-

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no a Jesus, e lançaram suas roupas exteriores sobre o jumentinho e Jesus se sentou [nele].

36 Enquanto ele avançava, espalhavam suas roupas exteriores na estrada. 37 Assim que chegou perto da estrada que desce do Monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos principiou a alegrar-se e a louvar a Deus com voz alta a respeito de todas as obras poderosas que tinham visto, 38 dizendo: “Bendito Aquele que vem como Rei em nome de Jeová! Paz no céu e glória nos lugares mais altos!” 39 No entanto, alguns dos fariseus dentre a multidão disseram-lhe: “Instrutor, censura os teus discípulos.” 40 Mas ele disse, em resposta: “Eu vos digo: Se estes permanecessem calados, as pedras clamariam.”

41 E quando chegou perto, contemplou a cidade e chorou sobre ela, 42 dizendo: “Se tu, sim tu, tivesses discernido neste dia as coisas que têm que ver com a paz — mas agora foram escondidas de teus olhos. 43 Porque virão sobre ti os dias em que os teus inimigos construirão em volta de ti uma fortificação de estacas pontiagudas e te cercarão, e te afligirão de todos os lados, 44 e despedaçarão contra o chão a ti e a teus filhos dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não discerniste o tempo de seres inspecionada.”

45 E entrou no templo e principiou a lançar fora os que vendiam, 46 dizendo-lhes: “Está escrito: ‘E a minha casa será casa de oração’, mas vós fizestes dela covil de salteadores.”

47 Outrossim, ia diariamente ensinar no templo. Mas os principais sacerdotes, e os escribas, e os principais do povo, estavam buscando destruí-lo; 48 contudo, não achavam um meio eficiente de o fazer, pois o povo todo se apegava a ele para o ouvir.

20 Num dos dias em que estava ensinando o povo no templo e declarando as boas novas, aproximaram-se os principais sacerdotes e os escribas, com os anciãos, 2 e

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falaram sem rebuços, dizendo-lhe: “Dize-nos com que autoridade fazes estas coisas, e quem é que te deu esta autoridade.” 3 Ele lhes disse, em resposta: “Eu também vos farei uma pergunta, e vós, dizei-me: 4 Foi o batismo de João do céu ou dos homens?” 5 Tiraram então conclusões entre si, dizendo: “Se dissermos: ‘Do céu’, ele dirá: ‘Por que é que não acreditastes nele?’ 6 Mas, se dissermos: ‘Dos homens’, o povo todo nos apedrejará, pois estão persuadidos de que João era profeta.” 7 De modo que responderam que não sabiam a sua fonte. 8 E Jesus disse-lhes: “Tampouco eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.”

9 Então, principiou a contar ao povo a seguinte ilustração: “Um homem plantou um vinhedo e o arrendou a lavradores, e viajou para fora, por bastante tempo. 10 Mas, na época devida, enviou um escravo aos lavradores, para que lhe dessem dos frutos do vinhedo. Os lavradores, porém, mandaram-no embora de mãos vazias, depois de o espancarem. 11 Mas ele repetiu [isso] e lhes enviou um escravo diferente. A este também espancaram e desonraram, e mandaram embora de mãos vazias. 12 Contudo, mais uma vez mandou um terceiro; a este também feriram e lançaram fora. 13 Em vista disso, o dono do vinhedo disse: ‘Que farei? Enviarei o meu filho, o amado. É provável que respeitem a este.’ 14 Quando os lavradores o avistaram, raciocinaram entre si, dizendo: ‘Este é o herdeiro; matemo-lo, para que a herança se torne nossa.’ 15 Com isso lançaram-no fora do vinhedo e o mataram. O que, portanto, lhes fará o dono do vinhedo? 16 Virá e destruirá esses lavradores e dará o vinhedo a outros.”

Ouvindo [isso], disseram: “Que isso nunca aconteça!” 17 Mas ele olhou para eles e disse: “Que significa então aquilo que está escrito: ‘A pedra que os construtores rejeitaram, esta se tem tornado a principal pedra angular’? 18 Todo aquele que cair sobre

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esta pedra, será despedaçado. Quanto àquele sobre quem ela cair, será pulverizado por ela.”

19 Os escribas e os principais sacerdotes procuravam então, naquela mesma hora, deitar mãos nele, mas temiam o povo; porque percebiam que contara esta ilustração pensando neles. 20 E, depois de o observarem de perto, enviaram homens secretamente contratados para pretenderem ser justos, a fim de que o pudessem apanhar na palavra, para o entregarem ao governo e à autoridade do governador. 21 E interrogaram-no, dizendo: “Instrutor, sabemos que falas e ensinas corretamente e não mostras parcialidade, mas que ensinas o caminho de Deus em harmonia com a verdade: 22 É lícito ou não que paguemos imposto a César?” 23 Mas ele percebia a sua astúcia, e disse-lhes: 24 “Mostrai-me um denário. A imagem e inscrição de quem está nele?” Disseram: “De César.” 25 Disse-lhes ele: “De todos os modos, pois, pagai de volta a César as coisas de César, mas a Deus as coisas de Deus.” 26 Bem, não foram capazes de apanhá-lo nesta declaração perante o povo, mas, pasmados com a resposta dele, não disseram nada.

27 No entanto, chegaram-se alguns dos saduceus, aqueles que dizem não haver ressurreição, e interrogaram-no, 28 dizendo: “Instrutor, Moisés nos escreveu: ‘Se morrer o irmão dum homem que tiver esposa, mas não tiver filhos, seu irmão deve tomar a esposa e suscitar dela descendência para seu irmão.’ 29 Concordemente, havia sete irmãos; e o primeiro tomou uma esposa e morreu sem filhos. 30 De modo que o segundo 31 e o terceiro a tomaram. Do mesmo modo até os sete: não deixaram filhos, porém morreram. 32 Por último, morreu também a mulher. 33 Conseqüentemente, na ressurreição, de qual deles torna-se ela esposa? Pois os sete a tiveram como esposa.”

34 Jesus disse-lhes: “Os filhos deste sistema de coisas casam-se e são dados em casamento, 35 mas os

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que têm sido contados dignos de ganhar aquele sistema de coisas e a ressurreição dentre os mortos, nem se casam nem são dados em casamento. 36 De fato, tampouco podem mais morrer, porque são como os anjos, e são filhos de Deus por serem filhos da ressurreição. 37 Mas, que os mortos são levantados, até mesmo Moisés expôs, no relato sobre o espinheiro, quando ele chama Jeová ‘o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó’. 38 Ele é Deus, não de mortos, mas de viventes, pois, para ele, todos estes vivem.” 39 Em resposta, alguns dos escribas disseram: “Instrutor, falaste bem.” 40 Porque não tinham mais a coragem de lhe fazerem uma só pergunta.

41 Ele, por sua vez, lhes disse: “Como é que dizem que o Cristo é filho de Davi? 42 Porque o próprio Davi diz no livro dos Salmos: ‘Jeová disse ao meu Senhor: “Senta-te à minha direita, 43 até que eu ponha os teus inimigos como escabelo para os teus pés.”’ 44 Davi, portanto, chama-o de ‘Senhor’; então, como é que ele é seu filho?”

45 Então, enquanto todo o povo estava escutando, ele disse aos discípulos: 46 “Acautelai-vos dos escribas, que desejam andar de vestes compridas e que gostam dos cumprimentos nas feiras, e dos primeiros assentos nas sinagogas e dos lugares mais destacados nas refeições noturnas, 47 e que devoram as casas das viúvas, e, como pretexto, fazem longas orações. Estes receberão um julgamento mais pesado.”

21 Erguendo então os olhos, viu os ricos lançarem suas dádivas nos cofres do tesouro. 2 Viu então certa viúva necessitada lançar [neles] duas pequenas moedas de muito pouco valor 3 e disse: “Eu vos digo verazmente: Esta viúva, embora pobre, lançou [neles] mais do que todos eles. 4 Porque todos estes lançaram [neles] dádivas do que lhes sobrava, mas esta [mulher], de sua carência, lançou [neles] todo o seu meio de vida.”

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5 Mais tarde, visto que havia certos falando sobre o templo, que este estava adornado com pedras excelentes e com coisas dedicadas, 6 ele disse: “Quanto a estas coisas que estais observando, virão os dias em que não ficará aqui pedra sobre pedra sem ser derrubada.” 7 Interrogaram-no então, dizendo: “Instrutor, quando serão realmente estas coisas e qual será o sinal quando estas coisas estão destinadas a ocorrer?” 8 Ele disse: “Acautelai-vos de que ninguém vos desencaminhe; porque muitos virão à base do meu nome, dizendo: ‘Sou eu’, e: ‘Aproximou-se o tempo devido.’ Não vades após eles. 9 Além disso, quando ouvirdes [falar] de guerras e desordens, não fiqueis apavorados. Porque estas coisas têm de ocorrer primeiro, mas o fim não [ocorre] imediatamente.”

10 Então prosseguiu a dizer-lhes: “Nação se levantará contra nação e reino contra reino; 11 e haverá grandes terremotos, e, num lugar após outro, pestilências e escassez de víveres; e haverá vistas aterrorizantes e grandes sinais do céu.

12 “Mas, antes de todas estas coisas, as pessoas deitarão mãos em vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e às prisões, sendo vós arrastados perante reis e governadores por causa do meu nome. 13 Isto vos resultará num testemunho. 14 Portanto, assentai nos vossos corações não ensaiar de antemão como fazer a vossa defesa, 15 porque eu vos darei uma boca e sabedoria, à qual todos os vossos opositores juntos não poderão resistir, nem [a] disputar. 16 Além disso, sereis entregues até mesmo por pais, e irmãos, e parentes, e amigos, e eles entregarão alguns de vós à morte; 17 e vós sereis pessoas odiadas por todos, por causa do meu nome. 18 Contudo, nenhum cabelo de vossa cabeça perecerá de modo algum. 19 Pela perseverança da vossa parte adquirireis as vossas almas.

20 “Outrossim, quando virdes Jerusalém cercada por exércitos acampados, então sabei que se tem

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aproximado a desolação dela. 21 Então, comecem a fugir para os montes os que estiverem na Judéia, e retirem-se os que estiverem no meio dela, e não entrem nela os que estiverem nos campos; 22 porque estes são dias para se executar a justiça, para que se cumpram todas as coisas escritas. 23 Ai das mulheres grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Porque haverá grande necessidade na terra e furor sobre este povo; 24 e cairão pelo fio da espada e serão levados cativos para todas as nações; e Jerusalém será pisada pelas nações, até se cumprirem os tempos designados das nações.

25 “Também, haverá sinais no sol, e na lua, e nas estrelas, e na terra angústia de nações, não sabendo o que fazer por causa do rugido do mar e da [sua] agitação, 26 os homens ficando desalentados de temor e na expectativa das coisas que vêm sobre a terra habitada; porque os poderes dos céus serão abalados. 27 E então verão o Filho do homem vindo numa nuvem, com poder e grande glória. 28 Mas, quando estas coisas principiarem a ocorrer, erguei-vos e levantai as vossas cabeças, porque o vosso livramento está-se aproximando.”

29 Com isso contou-lhes uma ilustração: “Reparai na figueira e em todas as outras árvores: 30 Quando já estão em flor, sabeis por vós mesmos, observando isso, que já está próximo o verão. 31 Deste modo também vós, quando virdes estas coisas ocorrer, sabei que está próximo o reino de Deus. 32 Deveras, eu vos digo: Esta geração de modo algum passará até que todas estas coisas ocorram. 33 Céu e terra passarão, mas as minhas palavras de modo algum passarão.

34 “Mas, prestai atenção a vós mesmos, para que os vossos corações nunca fiquem sobrecarregados com o excesso no comer, e com a imoderação no beber, e com as ansiedades da vida, e aquele dia venha sobre vós instantaneamente 35 como um laço. Pois virá sobre todos os que moram na face de toda a terra.

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36 Portanto, mantende-vos despertos, fazendo todo o tempo súplica para que sejais bem sucedidos em escapar de todas estas coisas que estão destinadas a ocorrer, e em ficar em pé diante do Filho do homem.”

37 Assim, de dia ele ensinava no templo, mas de noite saía e pousava no monte chamado Monte das Oliveiras. 38 E todo o povo, de manhã cedo, ia ter com ele no templo, para ouvi-lo.

22 Aproximava-se então a festividade dos pães não fermentados, a chamada Páscoa. 2 Também, os principais sacerdotes e os escribas estavam buscando um meio eficiente de se livrar dele, pois estavam em temor do povo. 3 Mas, Satanás entrou em Judas, o chamado Iscariotes, que era contado entre os doze; 4 e ele foi e falou com os principais sacerdotes e os capitães [do templo] sobre o modo eficiente de traí-lo a eles. 5 Bem, eles se alegraram e concordaram em dar-lhe dinheiro de prata. 6 Ele consentiu assim e começou a buscar uma boa oportunidade para traí-lo a eles sem [que houvesse] uma multidão em volta.

7 Chegou então o dia dos pães não fermentados, em que se tinha de sacrificar a [vítima] pascoal; 8 e ele mandou Pedro e João, dizendo: “Ide e aprontai a páscoa, para que comamos.” 9 Disseram-lhe: “Onde queres que [a] aprontemos?” 10 Ele lhes disse: “Eis que, ao entrardes na cidade, virá ao encontro de vós um homem levando um vaso de barro com água. Segui-o para dentro da casa em que ele entrar. 11 E tendes de dizer ao proprietário da casa: ‘O Instrutor te diz: “Onde está a sala dos hóspedes, em que eu possa comer a páscoa com meus discípulos?”’ 12 E esse [homem] vos mostrará uma grande sala de sobrado, mobiliada. Aprontai-a ali.” 13 Eles foram então e acharam-no assim como lhes dissera, e aprontaram a páscoa.

14 Por fim, quando chegou a hora, recostou-se à mesa, e os apóstolos com ele. 15 E ele lhes disse: “Desejei muito comer esta páscoa convosco antes de

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eu sofrer; 16 pois, eu vos digo: Não a comerei de novo até que se cumpra no reino de Deus.” 17 E, aceitando um copo, deu graças e disse: “Tomai isto e passai-o de um para outro entre vós; 18 pois, eu vos digo: Doravante não beberei mais do produto da videira até que chegue o reino de Deus.”

19 Tomou também um pão, deu graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: “Isto significa meu corpo que há de ser dado em vosso benefício. Persisti em fazer isso em memória de mim.” 20 Do mesmo modo também o copo, depois de terem [tomado] a refeição noturna, dizendo: “Este copo significa o novo pacto em virtude do meu sangue, que há de ser derramado em vosso benefício.

21 “Mas, eis que a mão do que me trai está comigo à mesa. 22 Porque o Filho do homem vai embora, segundo o que foi especificado; de qualquer modo, ai do homem por quem ele é traído!” 23 Principiaram assim a discutir entre si a questão de qual deles seria realmente aquele que estava prestes a fazer isso.

24 No entanto, levantou-se também uma disputa acalorada entre eles sobre qual deles parecia ser o maior. 25 Mas ele lhes disse: “Os reis das nações dominam sobre elas, e os que têm autoridade sobre elas são chamados de Benfeitores. 26 Vós, porém, não deveis ser assim. Mas, que o maior entre vós se torne como o mais jovem, e o que age como principal, como aquele que ministra. 27 Pois, quem é maior, aquele que se recosta à mesa ou aquele que ministra? Não é aquele que se recosta à mesa? Mas eu estou no vosso meio como quem ministra.

28 “No entanto, vós sois os que ficastes comigo nas minhas provações; 29 e eu faço convosco um pacto, assim como meu Pai fez comigo um pacto, para um reino, 30 a fim de que comais e bebais à minha mesa, no meu reino, e vos senteis em tronos para julgar as doze tribos de Israel.

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31 “Simão, Simão, eis que Satanás reclamou que fôsseis peneirados como trigo. 32 Mas tenho feito súplica por ti, para que a tua fé não fraquejasse; e tu, uma vez que tiveres voltado, fortalece os teus irmãos.” 33 Então lhe disse: “Senhor, estou pronto a ir contigo tanto para a prisão como para a morte.” 34 Mas ele disse: “Eu te digo, Pedro: O galo não cantará hoje até que tenhas negado três vezes que me conheces.”

35 Ele lhes disse também: “Quando vos enviei sem bolsa, e sem alforje, e sem sandálias, carecestes porventura de alguma coisa?” Disseram: “Não!” 36 Então lhes disse: “Mas agora, quem tiver bolsa, apanhe-a, e assim também um alforje; e quem não tiver espada, venda a sua roupa exterior e compre uma. 37 Pois eu vos digo que se tem de efetuar em mim o que foi escrito, a saber: ‘E ele foi contado com os que são contra a lei.’ Porque aquilo que se refere a mim está sendo efetuado.” 38 Disseram então: “Senhor, eis aqui duas espadas.” Ele lhes disse: “Basta.”

39 Saindo, ele foi, como de costume, para o Monte das Oliveiras; e os discípulos também o seguiram. 40 Chegando ao lugar, disse-lhes: “Fazei orações, para que não entreis em tentação.” 41 E ele mesmo se afastou deles, cerca de um tiro de pedra, e dobrou os joelhos e começou a orar, 42 dizendo: “Pai, se tu quiseres, remove de mim este copo. Não obstante, ocorra, não a minha vontade, mas a tua.” 43 Apareceu-lhe então um anjo do céu e o fortaleceu. 44 Mas, ficando em agonia, continuava a orar mais seriamente; e seu suor tornou-se como gotas de sangue caindo ao chão. 45 E ele se levantou da oração, dirigiu-se aos discípulos e os achou dormitando de pesar; 46 e disse-lhes: “Por que estais dormindo? Levantai-vos e fazei orações, para que não entreis em tentação.”

47 Enquanto ainda falava, eis uma multidão, e o [homem] chamado Judas, um dos doze, ia na frente deles; e ele se aproximou de Jesus para beijá-lo. 48 Mas Jesus disse-lhe: “Judas, trais o Filho do homem com um

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beijo?” 49 Quando os em volta dele viram o que estava para acontecer, disseram: “Senhor, devemos golpeá-los com a espada?” 50 E um certo deles até mesmo golpeou o escravo do sumo sacerdote e lhe tirou a orelha direita. 51 Mas Jesus disse, em resposta: “Deixai-o ficar nisso.” E tocou na orelha e o curou. 52 Jesus disse então aos principais sacerdotes e capitães do templo, e aos anciãos que vieram ali em busca dele: “Viestes com espadas e com cacetes, como contra um salteador? 53 Enquanto eu estava convosco no templo, dia após dia, não estendestes as vossas mãos contra mim. Mas esta é a vossa hora e a autoridade da escuridão.”

54 Prenderam-no então, e o levaram e trouxeram à casa do sumo sacerdote; mas Pedro seguia à distância. 55 Quando acenderam um fogo no meio do pátio e se assentaram juntos, Pedro estava sentado no meio deles. 56 Mas, certa serva o viu sentado junto ao fogo aceso e o examinou, e disse: “Este homem também estava com ele.” 57 Mas ele o negou, dizendo: “Não o conheço, mulher.” 58 E, depois de pouco tempo, outra pessoa, vendo-o, disse: “Tu também és um deles.” Mas Pedro disse: “Homem, não sou.” 59 E, depois de passar aproximadamente uma hora, outro [homem] começou a insistir fortemente: “Este [homem] certamente também estava com ele; pois, de fato, é galileu!” 60 Mas Pedro disse: “Homem, não sei o que dizes.” E, instantaneamente, enquanto ainda falava, cantou um galo. 61 E o Senhor voltou-se e olhou para Pedro, e Pedro lembrou-se da pronunciação do Senhor, quando lhe disse: “Hoje, antes de o galo cantar, repudiar-me-ás três vezes.” 62 E ele saiu e chorou amargamente.

63 Os homens que o tinham em detenção começaram então a divertir-se às custas dele, batendo nele; 64 e, depois de o cobrirem, perguntavam-lhe e diziam: “Profetiza. Quem foi que te golpeou?” 65 E prosseguiam a dizer muitas outras coisas em blasfêmia contra ele.

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66 Por fim, quando se tornou dia, ajuntou-se a assembléia dos anciãos do povo, tanto os principais sacerdotes como os escribas, e o arrastaram para a sua sala do Sinédrio, dizendo: 67 “Se tu és o Cristo, dize-nos.” Mas ele lhes disse: “Mesmo se eu vos dissesse, não o acreditaríeis absolutamente. 68 Além disso, se eu vos interrogasse, não me responderíeis absolutamente. 69 No entanto, doravante o Filho do homem estará sentado à destra poderosa de Deus.” 70 Em vista disso, todos disseram: “És tu, portanto, o Filho de Deus?” Disse-lhes ele: “Vós mesmos dizeis que eu sou.” 71 Eles disseram: “Por que precisamos de mais testemunho? Pois nós mesmos ouvimos [isso] de sua própria boca.”

23 Levantando-se assim a multidão deles, levaram-no a Pilatos. 2 Principiaram então a acusá-lo, dizendo: “Achamos este homem subvertendo a nossa nação e proibindo o pagamento de impostos a César, e dizendo que ele mesmo é Cristo, um rei.” 3 Pilatos fez-lhe então uma pergunta: “És tu o rei dos judeus?” Em resposta a ele, disse: “Tu mesmo [o] dizes.” 4 Pilatos disse então aos principais sacerdotes e às multidões: “Não acho crime neste homem.” 5 Mas começaram a ficar insistentes, dizendo: “Ele atiça o povo por ensinar em toda a Judéia, principiando da Galiléia até mesmo aqui.” 6 Ouvindo isso, Pilatos perguntou se o homem era galileu, 7 e, depois de averiguar que ele vinha da jurisdição de Herodes, enviou-o a Herodes, que também estava em Jerusalém naqueles dias.

8 Quando Herodes viu Jesus, alegrou-se grandemente, porque já por bastante tempo queria vê-lo, por ter ouvido [falar] dele, e esperava ver algum sinal realizado por ele. 9 Começou então a interrogá-lo com muitas palavras; mas ele não lhe dava resposta. 10 No entanto, os principais sacerdotes e os escribas levantavam-se e acusavam-no veementemente. 11 Então Herodes, junto com os soldados de sua guarda, o desacreditava e se divertia às custas dele por vesti-lo

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com uma roupa vistosa, e o mandou de volta a Pilatos. 12 Tanto Herodes como Pilatos tornaram-se assim naquele mesmo dia amigos mútuos; porque antes disso haviam mantido inimizade entre si.

13 Pilatos convocou então os principais sacerdotes, e os governantes, e o povo, 14 e disse-lhes: “Trouxestes-me este homem como alguém que incita o povo à revolta, e, eis que o examinei na frente de vós, mas não achei neste homem base para as acusações que lançais contra ele. 15 De fato, tampouco Herodes, pois no-lo enviou de volta; e, eis que ele não cometeu nada que mereça a morte. 16 Portanto, eu o castigarei e o livrarei.” 17 —— 18 Mas eles clamaram com toda a sua multidão, dizendo: “Tira a este, mas livra-nos a Barrabás!” 19 ([Homem este] que tinha sido lançado na prisão por certa sedição que ocorreu na cidade e por assassínio.) 20 Pilatos exclamou novamente para eles, porque queria livrar Jesus. 21 Começaram então a berrar, dizendo: “Para a estaca! Para a estaca com ele!” 22 Disse-lhes pela terceira vez: “Por que, que coisa má fez este [homem]? Não achei nele nada que mereça a morte; portanto, eu o castigarei e o livrarei.” 23 Em vista disso começaram a instar, com vozes altas, exigindo que fosse pregado numa estaca; e as suas vozes começaram a prevalecer. 24 De modo que Pilatos proferiu sentença para que se satisfizesse a exigência deles: 25 livrou-lhes o homem que tinha sido lançado na prisão por sedição e assassínio, e a quem exigiam, mas entregou Jesus à vontade deles.

26 Então, quando o levaram embora, pegaram Simão, certo nativo de Cirene, que vinha do campo, e puseram nele a estaca de tortura para a levar atrás de Jesus. 27 Mas, seguia-lhe uma grande multidão do povo e de mulheres que se batiam de pesar e que o lamentavam. 28 Jesus voltou-se para as mulheres e disse: “Filhas de Jerusalém, parai de chorar por mim. Ao contrário, chorai por vós mesmas e pelos vossos filhos; 29 porque, eis que virão dias em que as pessoas dirão: ‘Felizes as

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mulheres estéreis e as madres que não deram à luz, e os peitos que não amamentaram!’ 30 Então principiarão a dizer aos montes: ‘Caí sobre nós!’, e às colinas: ‘Cobri-nos!’ 31 Porque, se fazem estas coisas quando a árvore é seivosa, o que ocorrerá quando estiver ressequida?”

32 Mas, dois outros homens, malfeitores, também estavam sendo levados para serem executados com ele. 33 E quando chegaram ao lugar chamado Caveira, pregaram-no numa estaca, e assim também os malfeitores, um à sua direita e outro à sua esquerda. 34 [[Mas Jesus estava dizendo: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo.”]] Outrossim, para distribuírem as roupas dele, lançaram sortes. 35 E o povo parava, olhando. Mas os governantes escarneciam, dizendo: “A outros ele salvou; salve-se a si mesmo, se este é o Cristo de Deus, o Escolhido.” 36 Até mesmo os soldados se divertiam às custas dele, chegando-se perto e oferecendo-lhe vinho acre, 37 e dizendo: “Se tu és o rei dos judeus, salva-te.” 38 Havia também uma inscrição por cima dele: “Este é o rei dos judeus.”

39 Mas, um dos malfeitores pendurados começou a dizer-lhe de modo ultrajante: “Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós.” 40 Em resposta, o outro o censurou e disse: “Não temes absolutamente a Deus, agora que estás no mesmo juízo? 41 E nós, deveras, com justiça, pois estamos recebendo plenamente o que merecemos pelas coisas que fizemos; mas este [homem] não fez nada fora de ordem.” 42 E ele prosseguiu a dizer: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino.” 43 E ele lhe disse: “Deveras, eu te digo hoje: Estarás comigo no Paraíso.”

44 Bem, era então já cerca da sexta hora, contudo, caiu escuridão sobre toda a terra, até à nona hora, 45 porque a luz do sol falhou; a cortina do santuário rasgou-se então pelo meio. 46 E Jesus exclamou com voz alta e disse: “Pai, às tuas mãos confio o meu espírito.”

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Dizendo isso, expirou. 47 Vendo o que estava ocorrendo, o oficial do exército começou a glorificar a Deus, dizendo: “Realmente, este homem era justo.” 48 E todas as multidões, ajuntadas ali para o espetáculo, ao observarem as coisas que ocorriam, começaram a voltar, batendo-se no peito. 49 Além disso, todos os conhecidos dele estavam parados [ali] à distância. Também mulheres, que juntas lhe tinham seguido desde a Galiléia, estavam paradas [ali] observando estas coisas.

50 E eis um homem de nome José, que era membro do Conselho, homem bom e justo — 51 este [homem] não tinha votado em apoio do desígnio e da ação deles — ele era de Arimatéia, uma cidade dos da Judéia, e aguardava o reino de Deus; 52 este [homem] foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. 53 E ele o tirou e enrolou em linho fino, e o deitou num túmulo escavado na rocha, em que ainda ninguém tinha sido deitado. 54 Ora, era o dia da Preparação e aproximava-se a luz vespertina do sábado. 55 Mas as mulheres, que tinham vindo com ele desde a Galiléia, acompanhavam-no, e foram ver o túmulo memorial e como o corpo dele estava deitado; 56 e voltaram para preparar aromas e óleos perfumados. Mas, naturalmente, descansaram no sábado, segundo o mandamento.

24 No primeiro dia da semana, porém, foram muito cedo ao túmulo, levando os aromas que tinham preparado. 2 Mas, acharam a pedra rolada [da frente] do túmulo memorial, 3 e, quando entraram, não acharam o corpo do Senhor Jesus. 4 Enquanto estavam perplexas sobre isso, eis que pararam ao lado delas dois homens em vestuário reluzente. 5 Visto que as [mulheres] ficaram amedrontadas e mantinham os rostos voltados para o chão, os [homens] disseram-lhes: “Por que estais procurando o Vivente entre os mortos? 6 [[Ele não está aqui, mas foi levantado.]] Lembrai-vos de como vos falou enquanto ainda estava na Galiléia, 7 dizendo que o Filho do homem tinha de

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ser entregue às mãos de homens pecaminosos e ser pregado numa estaca, sendo, no entanto, levantado no terceiro dia.” 8 Lembraram-se assim das suas declarações, 9 e voltaram do túmulo memorial e relataram todas estas coisas aos onze e a todo o resto. 10 Eram Maria Madalena e Joana, e Maria, [mãe] de Tiago. Também as demais mulheres com elas estavam contando estas coisas aos apóstolos. 11 No entanto, estas declarações pareciam-lhes tolice e não acreditavam nas [mulheres].

[[12 Mas Pedro levantou-se e correu para o túmulo memorial, e, inclinando-se para a frente, viu somente as faixas. Ele foi assim embora, perguntando-se o que tinha ocorrido.]]

13 Mas, eis que naquele mesmo dia dois deles estavam caminhando para uma aldeia, cerca de onze quilômetros distante de Jerusalém, de nome Emaús, 14 e estavam conversando entre si sobre todas essas coisas que tinham acontecido.

15 Ora, enquanto conversavam e palestravam, aproximou-se o próprio Jesus e começou a andar com eles; 16 mas os olhos deles foram impedidos de reconhecê-lo. 17 Ele lhes disse: “Que assuntos são estes que debateis entre vós enquanto estais caminhando?” E eles ficaram parados de rostos tristes. 18 Em resposta disse-lhe aquele que tinha o nome de Cléopas: “Moras sozinho, como forasteiro, em Jerusalém, e não sabes as coisas que ocorreram nela nestes dias?” 19 E ele lhes disse: “Que coisas?” Disseram-lhe: “As coisas a respeito de Jesus, o nazareno, que se tornou profeta poderoso em obras e palavra perante Deus e todo o povo; 20 e como os nossos principais sacerdotes e governantes o entregaram à sentença de morte e o pregaram numa estaca. 21 Mas nós esperávamos que este [homem] fosse o destinado a livrar Israel; sim, e além de todas estas coisas, este já é o terceiro dia desde que essas coisas ocorreram. 22 Além disso, certas mulheres dentre nós também nos assombraram,

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porque tinham ido cedo ao túmulo memorial, 23 mas, não achando seu corpo, voltaram dizendo que tiveram também uma visão sobrenatural de anjos, que disseram que ele estava vivo. 24 Ademais, alguns dos que estavam conosco foram ao túmulo memorial; e acharam que era assim, exatamente como as mulheres disseram, mas não o viram.”

25 Disse-lhes assim: “Ó insensatos e vagarosos de coração no que se refere a crer em todas as coisas faladas pelos profetas! 26 Não era necessário que o Cristo sofresse estas coisas e que entrasse na sua glória?” 27 E, principiando por Moisés e por todos os Profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras as coisas referentes a si mesmo.

28 Por fim chegaram perto da aldeia para a qual caminhavam, e ele fez como se fosse caminhar mais para diante. 29 Mas eles exerceram pressão sobre ele, dizendo: “Fica conosco, porque já está anoitecendo e o dia já está declinando.” Em vista disso, entrou para ficar com eles. 30 E, ao se recostar com eles à mesa, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e começou a dar-lho. 31 Com isso abriram-se-lhes plenamente os olhos e o reconheceram; e ele desapareceu de diante deles. 32 E disseram um ao outro: “Não se nos abrasavam os corações quando nos falava na estrada, ao nos abrir plenamente as Escrituras?” 33 E eles se levantaram naquela mesma hora e voltaram a Jerusalém, e acharam reunidos os onze e os com eles, 34 que diziam: “O Senhor foi de fato levantado e apareceu a Simão!” 35 Eles mesmos relataram então os [eventos ocorridos] na estrada e como foi reconhecido por eles pelo partir do pão.

36 Enquanto ainda falavam destas coisas, ele mesmo estava em pé no meio deles [[e disse-lhes: “Paz seja convosco.”]] 37 Mas, visto que estavam apavorados e tinham ficado amedrontados, imaginavam ver um espírito. 38 De modo que lhes disse: “Por que estais aflitos e por que é que se levantam dúvidas nos vossos

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corações? 39 Vede minhas mãos e meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, porque um espírito não tem carne e ossos assim como observais que eu tenho.” 40 [[E, dizendo isso, mostrou-lhes suas mãos e seus pés.]] 41 Mas, não acreditando eles ainda de pura alegria e admirando-se, disse-lhes: “Tendes aqui algo para comer?” 42 E entregaram-lhe um pedaço de peixe assado; 43 e ele o tomou e comeu diante dos seus olhos.

44 Disse-lhes então: “Estas são as minhas palavras que vos falei enquanto ainda estava convosco, que todas as coisas escritas na lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos, a respeito de mim, têm de se cumprir.” 45 Abriu-lhes então plenamente as mentes para que compreendessem o significado das Escrituras 46 e disse-lhes: “Assim está escrito que o Cristo havia de sofrer e de ser levantado dentre os mortos no terceiro dia, 47 e que, à base do seu nome, se havia de pregar arrependimento para o perdão de pecados, em todas as nações — principiando por Jerusalém, 48 haveis de ser testemunhas destas coisas. 49 E eis que vos estou enviando o que foi prometido por meu Pai. Vós, porém, permanecei na cidade até serdes revestidos de poder vindo do alto.”

50 Mas ele os conduziu para fora, até Betânia, e, erguendo as suas mãos, abençoou-os. 51 Enquanto os abençoava, foi separado deles e começou a ser levado para o céu. 52 E prestaram-lhe homenagem e voltaram para Jerusalém com grande alegria. 53 E estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.

[Notas de rodapé]

“Lucas.” Gr.: Lou·kán; lat.: Lú·cam.

Lit.: “da palavra”. Gr.: tou ló·gou; J18,22: “da palavra de Jeová”.

“Zacarias” (significando “Jah Lembrou-se”), J7-18,21,22; .”AB: “Zacariasא

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“Abias” (significando “Meu Pai É Jah”), J7-18,21,22; אAB: “Abia”.

Veja Ap. 1D.

Ou “habitação (morada) divina”. Gr.: na·ón; lat.: tém·plum; J17,18,22(hebr.): heh·khál, “palácio; templo”.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

Veja Mt 3:1 n.: “João”.

Veja Ap. 1D.

“Espírito.” Gr.: pneú·ma·tos; lat.: Spí·ri·tu; J22(hebr.): rú·ahh.

Veja Ap. 1D.

Significando “Meu Deus É Jeová”. J17,18,22(hebr.): ’E·li·yá·hu.

Veja Ap. 1D.

Significando “Um Vigoroso de Deus”. Gr.: Ga·bri·él; J17,18(hebr.): Ghav·ri·’él.

Ou “declarar-te o evangelho”. Gr.: eu·ag·ge·lí·sa·sthai; lat.: e·van·ge·li·zá·re.

“Serviço público.” Gr.: lei·tour·gí·as; J17,18(hebr.): ‛avo·dha·thóh, “seu serviço sagrado [como sacerdote]”. Veja He 8:6; He 9:6.

Veja Ap. 1D.

Lit. só “no sexto mês”.

Gr.: Ma·ri·ám; lat.: Ma·rí·a; J17,18,22(hebr.): Mir·yám.

Veja Ap. 1D.

Veja Mt 1:21 n.

Veja Ap. 1D.

Ou “coisa; dito”. Gr.: rhé·ma.

Page 216: Evangelhos e Atos

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

“Minha alma magnifica.” Lat.: Ma·gní·fi·cat á·ni·ma mé·a.

Veja Ap. 1D.

Ou “sua prole”.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

“Chifre de salvação.” Ou “um poderoso salvador”. Gr.: ké·ras so·te·rí·as; lat.: cór·nu sa·lú·tis; J17,18,22(hebr.): qé·ren yeshu·‛áh.

Ou “prestarmos . . . adoração”. Gr.: la·treú·ein; J17,18,22(hebr.): le‛ov·dhóh, “o servirmos (adorarmos)”. Veja Êx 3:12 n.

Veja Ap. 1D.

Ou “Imperador”. Lat.: Caé·sa·re.

Lit.: “a habitada”. Gr.: ten oi·kou·mé·nen, fem. sing., referindo-se à terra.

Ou “sala dos hóspedes”. Veja Mr 14:14.

Ou “morando nos campos”.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

Ou “há de ser”.

“Cristo, [o] Senhor.” Gr.: Khri·stós ký·ri·os. Esta expressão talvez seja uma versão grega do hebr. ma·shí·ahh Yeho·wáh, “Cristo de Jeová”, como em J5-

8,10. Veja 2:26.

Ou “da hoste”. Lat.: mi·lí·ti·ae.

Page 217: Evangelhos e Atos

Ou “homens que ele aprova”. Gr.: an·thró·pois eu·do·kí·as.

Veja Ap. 1D.

Veja Mt 1:21 n.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

“Soberano Senhor”, אAB; gr.: dé·spo·ta; J7,8,10,13,16,17,22(hebr.): ’Adho·naí; J9,18: “Jeová”.

Ou “uma luz para uma revelação das nações”.

Ou “a ressurreição”. Gr.: a·ná·sta·sin. Veja Mt 22:23 n.

Ou “vida”. Gr.: psy·khén. Veja Ap. 4A.

Ou “prestando . . . adoração”. Gr.: la·treú·ou·sa; J22(hebr.): be‛ov·dháh, “em ela servir (adorar)”. Veja Êx 3:12 n.

“Deus”, אAB; VgSyp,s: “ao Senhor”; J5,7-17,28: “a Jeová”.

Lit.: “sobre ela [ou: ele]”.

Veja Ap. 1D.

Ou “coisas”. Gr.: rhé·ma·ta. Veja 1:37 n.

Ou “o imperador”. Gr.: Kaí·sa·ros; lat.: Caé·sa·ris.

Isto é, Herodes Ântipas, filho de Herodes, o Grande.

“Governante distrital.” Lit.: “tetrarca”; príncipe territorial agindo pelo imperador romano. Lat.: te·trár·cha.

Veja Ap. 1D.

Lit.: “da mudança de idéia”. Gr.: me·ta·noí·as.

Page 218: Evangelhos e Atos

Ou “salário”. Lat.: sti·pén·di·is.

Veja v. 1 n.: “distrital”.

Ou “foi imerso; foi submerso (mergulhado)”. Gr.: ba·pti·sthén·tos.

Ou “principiar [a ensinar]”.

Ou “conforme determinado por lei”.

Lit.: “Salatiel”.

“Jesus”, אABVgSysJ18,22; SypJ17,21: “José(s)”.

“Jobel”, א°BSys.

“Sala”, א°BSys.

“Aminadabe”, AVgSyp; B: “Admein”.

“Arã”, ADVgSyp. Ou “Rão”. Veja 1Cr 2:9; Mt 1:3, 4.

P75D omitem “filho de Cainã”, em harmonia com Gên 10:24; Gên 11:12, 15; 1Cr 1:18.

Ou “força ativa”. Gr.: pneú·ma·ti; lat.: Spí·ri·tu; J17,18,22(hebr.): ha·rú·ahh, “pela força ativa”. Veja Gên 1:2 n.: “ativa”.

Segundo אB; ADItVgSyh,p acrescentam: “mas de toda palavra de Deus”; J7,8,10,13-15,17 acrescentam: “mas de tudo o que procede da boca de Jeová”.

“Esta autoridade.” Gr.: ten e·xou·sí·an taú·ten.

Veja Ap. 1D.

“Tens de prestar serviço sagrado.” Gr.: la·treú·seis; J17,18,22(hebr.): ta·‛avódh. Veja Êx 3:12 n.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

“Ungiu”, אAB; J7,8,10,13-15: “Jeová me ungiu.”

Veja Ap. 1D.

Lit.: “esta escritura nos vossos ouvidos”.

Page 219: Evangelhos e Atos

Ou “parábola”.

Lit.: “Sarepta”; nome gr. desta cidade.

Ou “morro”.

Ou “com um espírito demoníaco impuro”. Possivelmente: “com uma expressão inspirada dum demônio impuro”. Veja Re 16:14.

“Que temos nós contigo?” Esta é uma expressão idiomática; é uma pergunta de repulsa, indicando objeção. Veja Ap. 7B.

Ou “Amo”.

“Testemunho.” Gr.: mar·tý·ri·on; lat.: te·sti·mó·ni·um.

Veja Ap. 1D.

Lit.: “os filhos da câmara nupcial”.

“Saboroso”, אBSyp; ACVg: “mais saboroso; melhor”.

Ou “pães da proposição”.

Ou “uma vida”. Gr.: psy·khén; J17,18,22(hebr.): né·fesh. Veja Ap. 4A.

Lit.: “disse-lhe”.

“Zeloso.” Ou “Zelote; Entusiasta”. Gr.: Ze·lo·tén.

“Felizes.” Gr.: Ma·ká·ri·oi; lat.: be·á·ti, que é a base do termo “beatitudes”.

Lit.: “estais dispostos”.

Lit.: “estai fazendo”.

Ou “seio; peito”.

Ou “centurião”. Lat.: cen·tu·ri·ó·nis. O centurião era comandante de 100 soldados.

Ou “com pressa”.

“Logo depois disso”, P75אcAB; א°CD: “No dia seguinte.”

Ou “único”. Gr.: mo·no·ge·nés. Veja 8:42 n.

Page 220: Evangelhos e Atos

Ou “Amo”.

Ou: “Desperta!”

Ou “Amo”.

“Alguém diferente”, אB; AD: “outro”.

“Outro”, P75AB; אD: “alguém diferente”.

Ou “ouvindo[-o]”.

Ou “imersão; submersão (mergulho)”. Gr.: bá·pti·sma.

O denário era uma moeda romana de prata que pesava 3,85 g.

Ou “proclamando”. Gr.: ke·rýs·son; lat.: praé·di·cans.

“Gerasenos”, P75BDItVg; א: “gergesenos”; ASyp,s: “gadarenos”.

Esta é uma expressão idiomática; é uma pergunta de repulsa, indicando objeção. Veja Ap. 7B.

Ou “a profundeza”. Veja Ro 10:7.

Ou “fora salvo”.

Veja v. 26 n.

Ou “única”. Gr.: mo·no·ge·nés. Veja Jz 11:34 n.: “única”.

Ou “bainha; borla”.

Ou “te salvou”.

Ou: “desperta!”

Ou “o fôlego (força de vida)”. Gr.: to pneú·ma au·tés; J17,18,22(hebr.): ru·hháh.

Ou “o tetrarca”. Veja 3:1 e n.

Ou “os discípulos estavam com ele”. B°: “os discípulos vieram ter com ele”.

Ou “o Imersor; Submersor (Mergulhador)”. Gr.: ton Ba·pti·stén.

Page 221: Evangelhos e Atos

Significando “Meu Deus É Jeová”. J17,18,22(hebr.): ’E·li·yá·hu.

Veja Ap. 5C.

Ou “vida”. Gr.: psy·khén; J17,18,22(hebr.): naf·shóh (de né·fesh). Veja Ap. 4A.

Ou “brilhante”.

“Partida.” Gr.: é·xo·don, como em 2Pe 1:15.

Ou “único”. Gr.: mo·no·ge·nés.

“Poder majestoso.” Ou “majestade”. Gr.: me·ga·lei·ó·te·ti; lat.: ma·gni·tú·di·ne; J17,22(hebr.): gedhul·láth.

Ou “quem . . . era”.

Ou “há de ser”.

Ou “vai”.

Ou “de sua ascensão”.

Ou “Amo”.

Ou “casa”.

“Setenta”, אACWSyp; P75BDVgSyc,sArm: “setenta e dois”.

Lit.: “filho”.

Ou “ela”.

“Hades”, אABJ21; J7-18,22: “Seol”.

“Setenta”, אACWSyp; P45,75BDVgArm: “setenta e dois”.

Ou “Amo”.

Veja Ap. 1D.

Ou “vida”. Veja Ap. 4A.

Veja Ap. 8A.

Ou “Amo”.

Page 222: Evangelhos e Atos

Segundo אcBCc; P45,75AC°WVgSyc: “Uma coisa, porém, é necessária.”

Ou “seja tido por sagrado; seja tratado como santo”. Gr.: ha·gi·a·sthé·to; lat.: sanc·ti·fi·cé·tur; J17,18(hebr.): yith·qad·dásh.

“Belzebu”, VgSyc,p,s; P45,75ACDW(gr.): Be·el·ze·boúl; .B(gr.): Be·e·ze·boúl. Veja Mt 12:24 nא

“Varrida”, אAD; B: “desocupada, varrida”.

Ou “outros”.

Veja Mt 12:42 n.

Ou “sincero; unidirecional; em foco; generoso”.

Ou “mau; invejoso”.

Lit.: “não foi primeiro submerso (batizado)”.

Ou “para vós”.

Ou “o julgamento”. Gr.: ten krí·sin; lat.: iu·dí·ci·um; J17,18,22(hebr.): ham·mish·pát.

Ou “lugares de reunião”. Gr.: a·go·raís.

Lit.: “os mataram”.

Lit.: “o lançamento para baixo [de semente]”. Gr.: ka·ta·bo·lés.

Lit.: “das miríades”.

Ou “em público; sem privatividade”.

Lit.: “falastes ao ouvido”.

Veja Ap. 4C.

Lit.: “por dois asses (assários)”. O asse era a décima sexta parte de um denário. Veja Ap. 8A.

Lit.: “sinagogas”.

“Como ou o que”, אABVg; DItSyc,p: “como”; Sys: “o que”.

Page 223: Evangelhos e Atos

Ou “repartidor”.

Ou “vida”. Gr.: psy·khén; J17,18,22(hebr.): naf·shekhá (de né·fesh).

Ou “ir embora; partir”. Veja Ap. 5D.

Ou “da festa de casamento”.

De aproximadamente 21 horas até a meia-noite. Veja Mr 13:35 n.

Da meia-noite até por volta das 3 horas da madrugada.

Ou “Amo”.

Ou “administrador doméstico”. Gr.: oi·ko·nó·mos; lat.: di·spen·sá·tor; J17(hebr.): has·so·khén, “o mordomo”. Veja Gên 24:2 n.; Ef 1:10 n.: “administração”.

Ou “o cortará em dois”.

Lit.: “o último lépton”. Veja Ap. 8A.

“Siloé”, אAB; J17,18,22: “Siloá”.

Ou “tens”.

Ou “Amo”.

Ou “misturou com”.

Lit.: “seás”. Gr.: sá·ta. O seá equivalia a 7,33 l.

Lit.: “Estai forcejando.”

Isto é, Herodes Ântipas, filho de Herodes, o Grande. Veja 3:1.

Lit.: “estarei aperfeiçoado”.

Veja Ap. 1D.

Ou “que estiver no banquete”.

Lit.: “Ele.”

Ou: “Por favor, seja eu escusado.”

Ou “vida”. Veja Ap. 4A.

Page 224: Evangelhos e Atos

Veja Ap. 5C.

A dracma era uma moeda gr. de prata que pesava 3,4 g.

Ou “à tua vista”; como em 1Sa 20:1 na LXX.

Veja v. 18 n.

“Faze de mim um dos teus empregados”, אBDSyh; P75AWVgSyp,s omitem isso.

Ou “sacrificai-o”.

Ou “administrador doméstico”. Gr.: oi·ko·nó·mon; J22(hebr.): soh·khen-bá·yith.

O bato equivalia a 22 l.

O coro equivalia a 220 l.

Ou “ordem de coisas”. Gr.: ai·ó·nos; lat.: saé·cu·li; J17,18,22(hebr.): ha·‛oh·lám, “da ordem de coisas”.

Lit.: “mamom da injustiça”. Gr.: ma·mo·ná tes a·di·kí·as.

Lit.: “tendas eternas”.

Ou “o que é vosso”, P75אADWVgSyh,p,s; B: “o que é nosso”.

Lit.: “de mamom”. Gr.: ma·mo·naí; lat.: ma·mó·nae; J17,18,22(hebr.): ham·ma·móhn, “de mamom”.

“Está sendo declarado como boas novas.” Gr.: eu·ag·ge·lí·ze·tai; lat.: e·van·ge·li·zá·tur; J22(hebr.): mith·bas·sé·reth.

Veja Mt 5:32 n.: “adultério”.

Lit.: “solta”.

Ou “pobre”.

“Lázaro”, אAB; J18,22(hebr.): ’El·‛a·zár, “Eleazar”, significando “Deus Ajudou”.

Page 225: Evangelhos e Atos

“[A posição junto ao] seio”, como quando alguém se recosta na frente de outro, no mesmo leito, numa refeição.

“Hades”, אAB; J6-8,10-18,22: “Seol”; lat.: in·fér·no. Veja Ap. 4B.

“E foi enterrado. E no Hades, ele”, AB; א°: “e foi sepultado no Hades, ele”; Vg(lat.): “e ele foi sepultado in in·fér·no. Mas ele”.

Ou “Amo”.

Ou “esta [árvore] sicamina”.

Lit.: “dele”.

Ou “te salvou”.

Ou “está entre vós”.

Ou “grande inundação; cataclismo”. Gr.: ka·ta·kly·smós; lat.: di·lú·vi·um; J17,18,22(hebr.): ham·mab·búl, “o dilúvio”.

Ou “vida”. Gr.: psy·khén; J17,18,22(hebr.): naf·shóh (de né·fesh).

P75אABW omitem isso; DVgSyc,h,p,s: “Dois homens estarão no campo; um será levado junto, e o outro será abandonado.” (Veja Mt 24:40.)

Ou “Amo”.

Ou “intimidar-me”. Provém duma palavra que significa “socar sob o olho”.

Ou “achará . . . tal fé”.

Ou “seus filhos”.

Ou “ordem de coisas”. Gr.: ai·ó·ni; lat.: saé·cu·lo; J22(hebr.): ba·‛oh·lám, “na ordem de coisas”.

Lit.: “ele”.

Ou “Amo”.

Page 226: Evangelhos e Atos

Ou “te salvou”.

Ou “sicômoro”.

Ou “Amo”.

Ou “assegurar-se um reino”.

A mina gr. pesava 340 g; não era uma moeda, e era diferente da mina hebr.

Ou “reino”. Gr.: ba·si·leí·an; lat.: ré·gno.

Ou “Amo”.

Ou “outro”. Sys: “o último”.

Veja Ap. 1D.

Ou “nas maiores alturas”.

Ou “imersão; submersão (mergulho)”. Gr.: bá·pti·sma.

Ou “ao imperador”. Gr.: Kaí·sa·ri; lat.: Caé·sa·ri.

Este era uma moeda romana de prata que pesava 3,85 g.

“Ressurreição.” Gr.: a·na·stá·sei, “levantar-se; erguer-se” (de a·ná, “para cima”, e stá·sis, “estar de pé”); lat.: re·sur·rec·ti·ó·ne.

Ou “ordem de coisas”. Gr.: ai·ó·nos; lat.: saé·cu·li; J17,18,22(hebr.): ha·‛oh·lám, “a ordem de coisas”.

Veja Ap. 1D.

Ou “quando ele diz: ‘Jeová, o Deus de Abraão’”.

Ou “vivem do seu ponto de vista”.

Veja Ap. 1D.

Veja 11:43 n.

Ou “da tesouraria sagrada”.

Lit.: “dois leptas”. Veja Ap. 8A.

Ou “contribuíram para as dádivas”.

Page 227: Evangelhos e Atos

Ou “remate; fim completo”. Gr.: té·los.

Ou “se agitará; se excitará”.

“Testemunho.” Gr.: mar·tý·ri·on; lat.: te·sti·mó·ni·um.

Ou “fala vigorosa”.

Ou “as vossas vidas [futuras]”. Gr.: psy·khás hy·món; J17(hebr.): naf·sho·theh·khém. Veja Mt 10:28.

Lit.: “dias de vingança”.

“Nações.” Gr.: e·thnón; lat.: gén·ti·bus, “gentios”; J17(hebr.): ghoh·yím, “goim”.

“Se cumprirem e serem”, B.

Lit.: “a habitada”. Gr.: tei oi·kou·mé·nei, dativo, fem. sing., referindo-se à terra; lat.: u·ni·vér·so ór·bi, “o círculo inteiro”, isto é, da terra. Veja Is 13:11 n.: “produtivo”; Na 1:5 n.

Ou “as forças; hostes”.

“Vindo.” Gr.: er·khó·me·non.

“Geração.” Gr.: ge·ne·á; é diferente de gé·nos, “raça”, como em 1Pe 2:9.

Ou “ansiedade quanto aos meios de vida”.

Ou “é”, no sentido de significar, importar em, representar. Veja Mt 26:26 n.

“Que há de ser dado . . . derramado em vosso benefício”, P75אABWVgSyh,pArm; DIt omitem essas palavras dos vv. 19, 20 .

Ou “serve”.

Ou “Amo”.

Lit.: “De nada!”

Ou “Amo”.

Os vv. 43, 44, constam em א°DVgSyc,h,hi,pArm; P75

.cABWSys omitem issoא

Page 228: Evangelhos e Atos

“O”, AD°VgSyh.

“O”, אBDItVg; ASyp: “[a] Jesus”.

Ou “seu Sinédrio”.

Ou “à destra do poder”.

Ou “ao imperador”. Gr.: Kaí·sa·ri; lat.: Caé·sa·ri.

Isto é, Herodes Ântipas, filho de Herodes, o Grande. Veja 3:1.

Ou “esplêndida”.

P75AB omitem o v. 17 ; אWVgSyp: “Ora, de festividade em festividade ele precisava livrar-lhes um homem.” (DSyc,s acrescentam essas palavras após o v. 19 ; veja Mt 27:15; Mr 15:6.)

Ou “Fixa-o numa estaca (poste)!” Veja Ap. 5C.

“Caveira.” Gr.: Kra·ní·on; lat.: Cal·vá·ri·ae; J17,18(hebr.): Gul·gol·tá’. Veja Mt 27:33.

;CVgSyc,p inserem estas palavras entre colchetesאP75BD°WSys omitem isso.

Segundo P75BSyc,s; DVgSyp acrescentam: “(escrita) em letras gregas, e latinas, e hebraicas”, para concordar com Jo 19:20.

Lit.: “O rei dos judeus (é) este.” Gr.: Ho ba·si·leús ton I·ou·daí·on hoú·tos; lat.: hic est rex Iu·dae·ó·rum; J22(hebr.): zé·hu’ mé·lekh hai·Yehu·dhím.

“Hoje.” Embora WH coloque uma vírgula no texto grego antes da palavra “hoje”, nos mss. unciais gr. não se usavam vírgulas. Em harmonia com o contexto, omitimos a vírgula antes de “hoje”. Syc (do quinto séc. EC) verte este texto: “Amém, eu te digo hoje que comigo estarás no Jardim do Éden.” — F. C. Burkitt, The Curetonian Version of the Four Gospels, Vol. I, Cambridge, 1904.

Page 229: Evangelhos e Atos

“No Paraíso”, אABVgJ11,13,16; gr.: en toi pa·ra·deí·soi; J17,18,22(hebr.): beghan-‛É·dhen, “no jardim do Éden”. Veja Gên 2:8, 10, 15, 16, na LXX.

A “nona hora” seria por volta das 15 horas. A “sexta hora” seria por volta do meio-dia, contada desde o nascer do sol.

Ou “da habitação (morada) divina”. Gr.: tou na·oú; lat.: tém·pli; J17,18,22(hebr.): ha·heh·khál.

Ou “centurião”; comandante de 100 soldados.

Ou “conselheiro; senador”. Gr.: bou·leu·tés.

Ou “judeus”. Gr.: I·ou·daí·on.

Ou “e o sábado estava chegando”.

“Do Senhor Jesus”, P75אABCWVgSyhArm; DItmss. omitem isso.

“Ele não está aqui, mas foi levantado”, P75

.ABVgSyArm; DItmss. omitem issoא

Ou “fixado numa estaca (poste)”. Veja Ap. 5C.

“Do túmulo memorial”, P75אABWVgSy; DItmss.Arm omitem isso.

Segundo P75אABWVgSy; DItmss. omitem estas palavras entre colchetes.

Ou “sete e meia milhas [romanas]”. Lit.: “sessenta estádios”. Gr.: sta·dí·ous he·xé·kon·ta; lat.: sta·di·ó·rum se·xa·gín·ta; cerca de 11 km. Compare isso com Mt 5:41 n.; veja Ap. 8A.

“Abrasavam”, אAB; D: “estavam velados”; Syp,s: “estavam pesados”; Itms. l: “estavam obtusos”; Itms. c: “estavam cegos”.

Ou “Amo”.

“E disse-lhes . . . convosco”, P75אAB; DIt omitem isso.

Page 230: Evangelhos e Atos

Segundo P75אABWVgSyh,hi,pArm (veja Jo 20:20); DItSyc,s omitem o v. 40 .

VgSyc,p e mss. ENXΔΘ (do sexto ao décimo séc.) acrescentam: “e um favo de mel”; P75אABDSys omitem isso.

“E começou a ser levado para o céu”, P75

.DSys omitem isso°א ;cABCWVgSypArmא

“Prestaram-lhe homenagem e”, P75אABCWSyh,p; DItmss.Sys omitem isso. Veja He 1:6.

Segundo João

1 No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era [um] deus. 2 Este estava no princípio com o Deus. 3 Todas as coisas vieram à existência por intermédio dele, e à parte dele nem mesmo uma só coisa veio à existência.

O que veio à existência 4 por meio dele foi a vida, e a vida era a luz dos homens. 5 E a luz está brilhando na escuridão, mas a escuridão não a tem vencido.

6 Surgiu um homem enviado como representante de Deus: seu nome era João. 7 Este [homem] veio em testemunho, a fim de dar testemunho da luz, para que pessoas de toda sorte cressem por intermédio dele. 8 Ele não era essa luz, mas havia de dar testemunho dessa luz.

9 A verdadeira luz que dá luz a toda sorte de homem estava para vir ao mundo. 10 Ele estava no mundo, e o mundo veio à existência por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. 11 Veio ao seu próprio lar, mas os seus não o acolheram. 12 No entanto, a tantos quantos o receberam, a estes deu autoridade para se tornarem filhos de Deus, porque exerciam fé no seu nome; 13 e nasceram, não do sangue, nem da vontade carnal, nem da vontade do homem, mas de Deus.

Page 231: Evangelhos e Atos

14 De modo que a Palavra se tornou carne e residiu entre nós, e observamos a sua glória, uma glória tal como a de um filho unigênito dum pai; e ele estava cheio de benignidade imerecida e de verdade. 15 (João deu testemunho dele, sim, ele realmente clamou — este era aquele que [o] disse — dizendo: “Aquele que vem atrás de mim avançou na minha frente, porque existiu antes de mim.”) 16 Pois todos nós recebemos de sua plenitude, sim, benignidade imerecida sobre benignidade imerecida. 17 Porque a Lei foi dada por intermédio de Moisés, a benignidade imerecida e a verdade vieram à existência por intermédio de Jesus Cristo. 18 Nenhum homem jamais viu a Deus; o deus unigênito, que está [na posição] junto ao seio do Pai, é quem o tem explicado.

19 Ora, este é o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram sacerdotes e levitas de Jerusalém para perguntar-lhe: “Quem és?” 20 E ele confessou e não negou, mas confessou: “Eu não sou o Cristo.” 21 E perguntaram-lhe: “O que, então? És tu Elias?” E ele disse: “Não sou.” “És tu O Profeta?” E ele respondeu: “Não!” 22 Disseram-lhe, portanto: “Quem és? para que possamos dar uma resposta aos que nos enviaram. Que dizes a respeito de ti mesmo?” 23 Ele disse: “Eu sou a voz de alguém clamando no ermo: ‘Fazei reto o caminho de Jeová’, assim como disse Isaías, o profeta.” 24 Ora, os que tinham sido enviados eram dos fariseus. 25 De modo que o interrogaram e lhe disseram: “Então, por que batizas, se tu mesmo não és o Cristo, nem Elias, nem O Profeta?” 26 João respondeu-lhes, dizendo: “Eu batizo em água. No meio de vós está parado um a quem não conheceis, 27 o que vem atrás de mim, não sendo eu nem digno de desatar o cordão de suas sandálias.” 28 Estas coisas ocorreram em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando.

29 No dia seguinte viu Jesus aproximar-se dele e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! 30 Este é aquele a respeito de quem eu disse:

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Atrás de mim vem um homem que avançou na minha frente, porque existiu antes de mim. 31 Até eu não o conhecia, mas a razão por que vim batizar em água era que ele fosse manifestado a Israel.” 32 João deu também testemunho, dizendo: “Observei o espírito descer como pomba do céu; e permaneceu sobre ele. 33 Até eu não o conhecia, mas o Mesmo que me enviou a batizar em água disse-me: ‘Sobre quem for que vires descer o espírito e permanecer, este é quem batiza em espírito santo.’ 34 E eu [o] vi e dei testemunho de que este é o Filho de Deus.”

35 Novamente, no dia seguinte, João estava parado com dois dos seus discípulos, 36 e ao olhar para Jesus andando [ali], disse: “Eis o Cordeiro de Deus!” 37 E os dois discípulos o ouviram falar e seguiram a Jesus. 38 Jesus voltou-se então, e, observando que o seguiam, disse-lhes: “O que estais procurando?” Disseram-lhe: “Rabi, (que, traduzido, quer dizer: Instrutor,) onde estás pousando?” 39 Disse-lhes: “Vinde, e vereis.” Concordemente, foram e viram onde estava pousando, e ficaram com ele aquele dia; isso foi cerca da décima hora. 40 André, irmão de Simão Pedro, foi um dos dois que ouviram o que João dissera e que seguiram [a Jesus]. 41 Este, primeiro, achou seu próprio irmão, Simão, e disse-lhe: “Achamos o Messias” (que, traduzido, quer dizer: Cristo). 42 Conduziu-o a Jesus. Olhando Jesus para ele, disse: “Tu és Simão, filho de João; serás chamado Cefas” (que, traduzido, é Pedro).

43 No dia seguinte, ele desejava partir para a Galiléia. Jesus achou assim Filipe e disse-lhe: “Sê meu seguidor.” 44 Ora, Filipe era de Betsaida, da cidade de André e Pedro. 45 Filipe achou Natanael e disse-lhe: “Achamos aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os Profetas: Jesus, filho de José, de Nazaré.” 46 Mas, Natanael disse-lhe: “Pode sair algo bom de Nazaré?” Filipe disse-lhe: “Vem e vê.” 47 Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a respeito dele: “Eis um israelita de verdade, em quem não há fraude.” 48 Natanael

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disse-lhe: “Como é que me conheces?” Jesus, em resposta, disse-lhe: “Antes de Filipe te chamar, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi.” 49 Natanael respondeu-lhe: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel.” 50 Jesus, em resposta, disse-lhe: “Porque eu te disse que te vi debaixo da figueira tu crês? Verás coisas maiores do que estas.” 51 Disse-lhe ainda mais: “Eu vos digo em toda a verdade: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus ascendendo e descendo para o Filho do homem.”

2 Ora, no terceiro dia realizou-se uma festa de casamento em Caná da Galiléia, e a mãe de Jesus estava lá. 2 Jesus e seus discípulos foram também convidados para a festa de casamento.

3 Quando o vinho estava escasseando, a mãe de Jesus disse-lhe: “Eles não têm vinho.” 4 Mas Jesus disse-lhe: “Que tenho eu que ver contigo, mulher? Minha hora não chegou ainda.” 5 Sua mãe disse aos que ministravam: “O que ele vos disser, fazei.” 6 Acontece que havia ali seis talhas de pedra, para água, conforme exigidas pelas regras de purificação dos judeus, cada uma capaz de conter duas ou três medidas de líquidos. 7 Jesus disse-lhes: “Enchei com água as talhas.” E encheram-nas até em cima. 8 E ele lhes disse: “Tirai agora um pouco e levai-o ao diretor da festa.” Levaram-no assim. 9 Ora, quando o diretor da festa provou a água que tinha sido transformada em vinho, mas sem saber donde vinha, embora o soubessem os ministrantes que haviam tirado a água, o diretor da festa chamou o noivo 10 e disse-lhe: “Todo outro homem apresenta primeiro o vinho excelente, e, quando as pessoas ficam inebriadas, o inferior. Tu reservaste o vinho excelente até agora.” 11 Jesus realizou isso em Caná da Galiléia, como princípio dos seus sinais, e tornou manifesta a sua glória; e seus discípulos depositaram nele a sua fé.

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12 Depois disso, ele, e sua mãe, e os irmãos e os discípulos dele, desceram para Cafarnaum, mas não ficaram ali muitos dias.

13 Aproximara-se então a páscoa dos judeus, e Jesus subiu para Jerusalém. 14 E ele achou no templo os que vendiam gado, e ovelhas, e pombas, e os corretores de dinheiro nos seus assentos. 15 Assim, depois de fazer um chicote de cordas, expulsou do templo a todos com as ovelhas e o gado, e derramou as moedas dos cambistas e derrubou as suas mesas. 16 E ele disse aos que vendiam as pombas: “Tirai estas coisas daqui! Parai de fazer da casa de meu Pai uma casa de comércio!” 17 Seus discípulos lembraram-se de que está escrito: “O zelo da tua casa me devorará.”

18 Portanto, os judeus disseram-lhe, em resposta: “Que sinal tens para mostrar-nos, visto que fazes estas coisas?” 19 Em resposta, Jesus disse-lhes: “Demoli este templo, e em três dias o levantarei.” 20 Os judeus disseram, portanto: “Este templo foi construído em quarenta e seis anos, e tu o levantarás em três dias?” 21 Mas ele estava falando do templo do seu corpo. 22 Quando, porém, foi levantado dentre os mortos, seus discípulos lembraram-se de que costumava dizer isso; e eles acreditaram na Escritura e na palavra que Jesus dissera.

23 No entanto, quando ele estava em Jerusalém, na páscoa, na sua festividade, muitas pessoas depositaram sua fé no nome dele, observando os sinais que realizava. 24 Mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos 25 e porque não tinha necessidade de que alguém desse testemunho do homem, pois ele mesmo sabia o que havia no homem.

3 Ora, havia um homem dos fariseus, cujo nome era Nicodemos, um governante dos judeus. 2 Este veio a ele de noite e disse-lhe: “Rabi, sabemos que tu, como instrutor, tens vindo de Deus; pois, ninguém pode realizar esses sinais que tu realizas, a menos que Deus

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esteja com ele.” 3 Em resposta, Jesus disse-lhe: “Digo-te em toda a verdade: A menos que alguém nasça de novo, não pode ver o reino de Deus.” 4 Nicodemos disse-lhe: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Será que pode entrar pela segunda vez na madre de sua mãe e nascer?” 5 Jesus respondeu: “Eu te digo em toda a verdade: A menos que alguém nasça de água e espírito, não pode entrar no reino de Deus. 6 O que tem nascido da carne é carne, e o que tem nascido do espírito é espírito. 7 Não te maravilhes por eu te dizer: Vós tendes de nascer de novo. 8 O vento sopra para onde quer, e ouves o som dele, mas não sabes donde vem e para onde vai. Assim é todo aquele que tem nascido do espírito.”

9 Nicodemos disse-lhe, em resposta: “Como podem suceder estas coisas?” 10 Em resposta, Jesus disse-lhe: “És tu instrutor de Israel e ainda assim não sabes estas coisas? 11 Digo-te em toda a verdade: O que sabemos, falamos, e o que temos visto, disso damos testemunho, mas vós não recebeis o testemunho que damos. 12 Se eu vos disse coisas terrenas e ainda assim não credes, como crereis se eu vos disser coisas celestiais? 13 Ademais, nenhum homem ascendeu ao céu, senão aquele que desceu do céu, o Filho do homem. 14 E assim como Moisés ergueu a serpente no ermo, assim tem de ser erguido o Filho do homem, 15 para que todo o que nele crer tenha vida eterna.

16 “Porque Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, a fim de que todo aquele que nele exercer fé não seja destruído, mas tenha vida eterna. 17 Pois, Deus enviou seu Filho ao mundo, não para julgar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por intermédio dele. 18 Quem nele exercer fé, não há de ser julgado. Quem não exercer fé, já foi julgado porque não exerceu fé no nome do Filho unigênito de Deus. 19 Agora, esta é a base para o julgamento: que a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais a escuridão do que a luz, porque as suas obras eram

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iníquas. 20 Pois quem pratica coisas ruins odeia a luz e não se chega à luz, a fim de que as suas obras não sejam repreendidas. 21 Mas, quem faz o que é verdadeiro se chega à luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas como tendo sido feitas em harmonia com Deus.”

22 Depois dessas coisas, Jesus e seus discípulos foram para o país da Judéia, e ali passou algum tempo com eles e batizava. 23 Mas, João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali uma grande quantidade de água e as pessoas vinham e eram batizadas; 24 pois, João ainda não tinha sido lançado na prisão.

25 Surgiu assim da parte dos discípulos de João uma disputa com um judeu, a respeito da purificação. 26 Vieram assim a João e disseram-lhe: “Rabi, o homem que estava contigo do outro lado do Jordão, de quem deste testemunho, eis que este está batizando e todos vão a ele.” 27 Em resposta, João disse: “O homem não pode receber nem uma única coisa a menos que lhe seja dada do céu. 28 Vós mesmos me dais testemunho de que eu disse: Eu não sou o Cristo, mas, fui enviado na frente deste. 29 Quem tem a noiva é o noivo. No entanto, o amigo do noivo, estando em pé e ouvindo-o, tem muita alegria por causa da voz do noivo. Esta alegria minha, por isso, ficou completa. 30 Este tem de estar aumentando, mas eu tenho de estar diminuindo.”

31 Aquele que vem de cima é sobre todos os outros. Quem é da terra é da terra e fala as coisas da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos os outros. 32 O que ele tem visto e ouvido, disso dá testemunho, mas nenhum homem está aceitando o seu testemunho. 33 Quem tem aceito o seu testemunho, tem posto neste o seu selo, de que Deus é verdadeiro. 34 Pois aquele a quem Deus enviou fala as declarações de Deus, porque ele não dá o espírito por medida. 35 O Pai ama o Filho e tem entregue todas as coisas na sua mão. 36 Quem exerce fé no Filho tem vida eterna; quem desobedece

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ao Filho não verá a vida, mas o furor de Deus permanece sobre ele.

4 Então, quando o Senhor se apercebeu de que os fariseus tinham ouvido [falar] que Jesus fazia e batizava mais discípulos do que João — 2 embora, deveras, o próprio Jesus não batizasse, mas sim os seus discípulos — 3 abandonou a Judéia e partiu novamente para a Galiléia. 4 Mas, era necessário que passasse por Samaria. 5 Concordemente, veio a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, perto do campo que Jacó dera a José, seu filho. 6 De fato, ali se achava a fonte de Jacó. Ora, Jesus, cansado da jornada, estava sentado junto à fonte, assim como estava. Era cerca da sexta hora.

7 Veio uma mulher de Samaria para tirar água. Jesus disse-lhe: “Dá-me de beber.” 8 (Pois os seus discípulos tinham ido à cidade para comprar comestíveis.) 9 Portanto, a mulher samaritana disse-lhe: “Como é que tu, apesar de ser judeu, me pedes de beber, quando eu sou mulher samaritana?” (Porque os judeus não têm tratos com os samaritanos.) 10 Em resposta, Jesus disse-lhe: “Se tivesses sabido da dádiva gratuita de Deus e quem é que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu lhe terias pedido e ele te teria dado água viva.” 11 Ela lhe disse: “Senhor, não tens nem mesmo um balde para tirar água, e o poço é profundo. Donde tens então esta água viva? 12 Será que és maior do que o nosso antepassado Jacó, que nos deu o poço e que bebeu dele junto com os seus filhos e seu gado?” 13 Em resposta, Jesus disse-lhe: “Todo aquele que beber desta água ficará novamente com sede. 14 Quem beber da água que eu lhe der, nunca mais ficará com sede, mas a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que borbulha para dar vida eterna.” 15 A mulher disse-lhe: “Senhor, dá-me desta água, para que eu não tenha sede nem venha mais para este lugar a fim de tirar água.”

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16 Disse-lhe ele: “Vai, chama teu marido e vem para este lugar.” 17 Em resposta, a mulher disse: “Não tenho marido.” Jesus disse-lhe: “Disseste bem: ‘Não tenho marido.’ 18 Pois, tiveste cinco maridos, e o [homem] que agora tens não é teu marido. Isso disseste verazmente.” 19 A mulher disse-lhe: “Senhor, percebo que és um profeta. 20 Nossos antepassados adoravam neste monte; mas vós dizeis que o lugar onde as pessoas devem adorar é em Jerusalém.” 21 Jesus disse-lhe: “Acredita-me, mulher: Vem a hora em que nem neste monte, nem em Jerusalém, adorareis o Pai. 22 Adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação se origina dos judeus. 23 Não obstante, vem a hora, e agora é, quando os verdadeiros adoradores adorarão o Pai com espírito e verdade, pois, deveras, o Pai está procurando a tais para o adorarem. 24 Deus é Espírito, e os que o adoram têm de adorá-lo com espírito e verdade.” 25 A mulher disse-lhe: “Eu sei que vem [o] Messias, que é chamado Cristo. Quando este chegar, ele nos declarará abertamente todas as coisas.” 26 Jesus disse-lhe: “Eu, que falo contigo, sou ele.”

27 Ora, foi neste ponto que chegaram os seus discípulos, e eles começaram a admirar-se, porque falava com uma mulher. Naturalmente, ninguém disse: “O que estás procurando?” ou: “Por que falas com ela?” 28 A mulher, portanto, deixou o seu cântaro e foi à cidade, e disse aos homens: 29 “Vinde, vede um homem que me disse todas as coisas que eu fiz. Será que este é o Cristo?” 30 Saíram da cidade e começaram a chegar-se a ele.

31 Entrementes, os discípulos instavam com ele, dizendo: “Rabi, come.” 32 Mas ele lhes disse: “Tenho alimento para comer de que vós não sabeis.” 33 Os discípulos começaram assim a dizer uns aos outros: “Será que alguém lhe trouxe algo para comer?” 34 Jesus disse-lhes: “Meu alimento é eu fazer a vontade daquele que me enviou e terminar a sua obra. 35 Não

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dizeis que ainda faltam quatro meses até chegar a colheita? Eis que vos digo: Erguei os vossos olhos e observai os campos, que estão brancos para a colheita. Desde já 36 o ceifeiro está recebendo salário e está ajuntando fruto para a vida eterna, para que o semeador e o ceifeiro se alegrem juntos. 37 Neste respeito, de fato, é verdadeira a palavra: Um é o semeador e outro o ceifador. 38 Eu vos mandei ceifar aquilo em que não labutastes. Outros labutaram, e vós entrastes no proveito do seu labor.”

39 Ora, muitos samaritanos daquela cidade depositaram nele fé por causa da palavra da mulher que dissera em testemunho: “Ele me disse todas as coisas que fiz.” 40 Portanto, chegando-se a ele os samaritanos, começaram a pedir-lhe que ficasse com eles; e ficou ali dois dias. 41 Em conseqüência disso, muitos mais creram por causa do que dizia, 42 e começaram a dizer à mulher: “Não é mais pela tua conversa que cremos; porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este homem certamente é o salvador do mundo.”

43 Depois desses dois dias, partiu dali para a Galiléia. 44 O próprio Jesus, porém, dava testemunho de que um profeta não tem honra na sua própria pátria. 45 Portanto, ao chegar à Galiléia, os galileus receberam-no porque tinham visto todas as coisas que ele fizera em Jerusalém, na festividade, pois eles também tinham ido à festividade.

46 Por conseguinte, ele veio novamente à Caná da Galiléia, onde transformara a água em vinho. Havia então ali certo assistente do rei, cujo filho estava doente em Cafarnaum. 47 Quando este homem ouviu que Jesus saíra da Judéia para a Galiléia, foi ter com ele e começou a pedir-lhe que descesse e sarasse seu filho, pois estava às portas da morte. 48 Jesus, porém, disse-lhe: “A menos que vós vejais sinais e prodígios, de modo algum acreditareis.” 49 O assistente do rei disse-lhe: “Senhor, desce antes de minha criancinha

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morrer.” 50 Jesus disse-lhe: “Vai; teu filho vive.” O homem acreditou na palavra que Jesus lhe falou e foi embora. 51 Mas, enquanto ainda estava descendo, vieram ao encontro dele seus escravos para dizer que seu menino estava vivo. 52 Começou assim a indagar deles a hora em que ficou melhor de saúde. Concordemente lhe disseram: “Ontem, na sétima hora, a febre o abandonou.” 53 Portanto, o pai sabia que fora naquela mesma hora que Jesus lhe dissera: “Teu filho vive.” E ele e toda a sua família creram. 54 Demais, este foi o segundo sinal que Jesus realizou depois de sair da Judéia para a Galiléia.

5 Depois destas coisas houve uma festividade dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. 2 Ora, em Jerusalém, junto ao portão das ovelhas, havia um reservatório de água, denominado em hebraico Betsata, com cinco colunatas. 3 Nestas deitava-se uma multidão de doentes, cegos, coxos e os que tinham membros ressequidos. 4 —— 5 Mas, havia ali também certo homem que já estava com a sua doença por trinta e oito anos. 6 Vendo este homem deitado e apercebendo-se de que já estava [doente] por longo tempo, Jesus disse-lhe: “Queres ficar são?” 7 Respondeu-lhe o doente: “Senhor, não tenho nenhum homem para pôr-me no reservatório de água quando a água fica agitada; mas, enquanto eu me chego, outro desce na minha frente.” 8 Jesus disse-lhe: “Levanta-te, apanha a tua maca e anda.” 9 Com isso, o homem ficou imediatamente são, e ele apanhou a sua maca e começou a andar.

Ora, aquele dia era sábado. 10 Os judeus começaram, por isso, a dizer ao homem curado: “É sábado, e não te é lícito carregar a maca.” 11 Mas ele lhes respondeu: “O mesmo que me fez são disse-me: ‘Apanha a tua maca e anda.’” 12 Disseram-lhe: “Quem é o homem que te disse: ‘Apanha-a e anda’?” 13 Mas o homem sarado não sabia quem ele era, porque Jesus se havia desviado, pois havia uma multidão no lugar.

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14 Depois destas coisas, Jesus encontrou-o no templo e disse-lhe: “Eis que tens ficado são. Não peques mais, a fim de que não te aconteça algo pior.” 15 O homem foi embora e disse aos judeus que fora Jesus quem o havia feito são. 16 Assim, por esta razão, os judeus perseguiam a Jesus, porque fazia estas coisas durante o sábado. 17 Mas ele lhes respondeu: “Meu Pai tem estado trabalhando até agora e eu estou trabalhando.” 18 Deveras, por esta razão, os judeus começaram ainda mais a procurar matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também chamava a Deus de seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.

19 Portanto, em resposta, Jesus prosseguiu a dizer-lhes: “Digo-vos em toda a verdade: O Filho não pode fazer nem uma única coisa de sua própria iniciativa, mas somente o que ele observa o Pai fazer. Porque as coisas que Este faz, estas o Filho faz também da mesma maneira. 20 Pois o Pai tem afeição pelo Filho e mostra-lhe todas as coisas que ele mesmo faz, e mostrar-lhe-á obras maiores do que estas, a fim de que vos maravilheis. 21 Porque, assim como o Pai levanta os mortos e os faz viver, assim também o Filho faz viver os que ele quer. 22 Porque o Pai não julga a ninguém, mas tem confiado todo o julgamento ao Filho, 23 a fim de que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honrar o Filho, não honra o Pai que o enviou. 24 Digo-vos em toda a verdade: Quem ouve a minha palavra e acredita naquele que me enviou tem vida eterna, e ele não entra em julgamento, mas tem passado da morte para a vida.

25 “Digo-vos em toda a verdade: Vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que tiverem dado ouvidos viverão. 26 Pois, assim como o Pai tem vida em si mesmo, assim também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. 27 E deu-lhe autoridade para julgar, porque é Filho do homem. 28 Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos túmulos memoriais ouvirão

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a sua voz 29 e sairão, os que fizeram boas coisas, para uma ressurreição de vida, os que praticaram coisas ruins, para uma ressurreição de julgamento. 30 Não posso fazer nem uma única coisa de minha própria iniciativa; assim como ouço, eu julgo; e o julgamento que faço é justo, porque não procuro a minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

31 “Se eu sozinho der testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. 32 Há outro que dá testemunho de mim, e eu sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro. 33 Vós mandastes homens a João, e ele tem dado testemunho da verdade. 34 No entanto, não aceito o testemunho de homem, mas digo estas coisas para que sejais salvos. 35 Esse homem era uma lâmpada acesa e brilhante, e vós, por um pouco de tempo, estáveis dispostos a alegrar-vos grandemente na sua luz. 36 Mas, eu tenho o testemunho maior do que o de João, porque as próprias obras que meu Pai me determinou efetuar, as próprias obras que eu faço, dão testemunho de mim de que o Pai me mandou. 37 Também, o próprio Pai que me enviou tem dado testemunho de mim. Vós nem ouvistes jamais a sua voz, nem vistes a sua figura; 38 e não tendes a sua palavra remanescente em vós, porque não acreditais naquele mesmo a quem ele mandou.

39 “Pesquisais as Escrituras, porque pensais que por meio delas tereis vida eterna; e estas mesmas são as que dão testemunho de mim. 40 Contudo, vós não quereis vir a mim para ter vida. 41 Não aceito glória de homens, 42 mas eu bem sei que não tendes em vós o amor de Deus. 43 Vim em nome de meu Pai, mas não me recebestes; se algum outro chegasse no seu próprio nome, a este receberíeis. 44 Como podeis crer, quando aceitais glória uns dos outros e não buscais a glória que é do único Deus? 45 Não penseis que vos hei de acusar perante o Pai; há um que vos acusa, Moisés, em quem depositastes a vossa esperança. 46 De fato, se

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acreditásseis em Moisés, teríeis acreditado em mim, porque este escreveu a meu respeito. 47 Mas, se não acreditais nos escritos desse, como acreditareis nas minhas declarações?”

6 Depois destas coisas, Jesus partiu, atravessando o mar da Galiléia, ou Tiberíades. 2 Mas, seguia-o uma grande multidão, porque observavam os sinais que ele realizava nos enfermos. 3 Jesus subiu assim a um monte e estava ali sentado com os seus discípulos. 4 Ora, estava próxima a páscoa, a festividade dos judeus. 5 Portanto, quando Jesus levantou os olhos e observou que uma grande multidão se chegava a ele, disse a Filipe: “Onde vamos comprar pães para estes comerem?” 6 No entanto, dizia isso para prová-lo, pois ele mesmo sabia o que ia fazer. 7 Filipe respondeu-lhe: “Pães no valor de duzentos denários não bastam para eles, para que cada um tenha um pouco.” 8 Um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe: 9 “Há aqui um rapazinho que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos. Mas, o que são estes para tantos?”

10 Jesus disse: “Fazei os homens recostar-se como numa refeição.” Ora, havia muita grama no lugar. Os homens recostaram-se assim, cerca de cinco mil em número. 11 Jesus tomou assim os pães, e, tendo dado graças, distribuiu-os aos recostados, do mesmo modo também os peixinhos, tantos quantos quiseram. 12 Mas, quando ficaram saciados, ele disse aos seus discípulos: “Ajuntai os pedaços que sobraram, para que nada se desperdice.” 13 Eles os ajuntaram, portanto, e encheram doze cestos com os pedaços dos cinco pães de cevada, que foram deixados pelos que haviam comido.

14 Por isso, quando os homens viram os sinais que realizava, começaram a dizer: “Este é certamente o profeta que havia de vir ao mundo.” 15 Jesus, portanto, sabendo que estavam para vir e apoderar-se dele para

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o fazerem rei, retirou-se novamente para o monte, sozinho.

16 Chegando a noite, seus discípulos desceram para o mar, 17 e, entrando num barco, partiram, atravessando o mar rumo a Cafarnaum. Pois bem, já ficara escuro e Jesus ainda não viera ter com eles. 18 O mar também começava a agitar-se, porque soprava um forte vento. 19 No entanto, tendo eles remado cerca de cinco ou seis quilômetros, observaram Jesus andando sobre o mar e chegando perto do barco; e ficaram temerosos. 20 Mas ele lhes disse: “Sou eu; não temais!” 21 Portanto, estavam dispostos a acolhê-lo no barco, e o barco chegou logo à terra para onde procuravam ir.

22 No dia seguinte, a multidão parada do outro lado do mar viu que não havia barco, exceto um pequeno, e que Jesus não tinha entrado no barco com seus discípulos, mas que apenas os discípulos tinham partido; 23 chegaram, porém, barcos de Tiberíades às proximidades do lugar onde haviam comido os pães, depois de o Senhor ter dado graças. 24 Portanto, quando a multidão viu que nem Jesus nem os seus discípulos estavam ali, entraram nos seus pequenos barcos e foram a Cafarnaum, para procurar Jesus.

25 Assim, quando o acharam do outro lado do mar, disseram-lhe: “Rabi, quando chegaste para cá?” 26 Jesus respondeu-lhes e disse: “Digo-vos em toda a verdade: Vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e ficastes satisfeitos. 27 Trabalhai, não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece para a vida eterna, que o Filho do homem vos dará; pois neste o Pai, sim, Deus, tem posto o seu selo [de aprovação].”

28 Disseram-lhe, portanto: “Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?” 29 Em resposta, Jesus disse-lhes: “Esta é a obra de Deus, que exerçais fé naquele a quem Este enviou.” 30 Disseram-lhe, portanto: “O que, então, realizas como sinal, a fim de que [o] vejamos e

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acreditemos em ti? Que obra estás fazendo? 31 Nossos antepassados comeram o maná no ermo, assim como está escrito: ‘Ele lhes deu pão do céu para comer.’” 32 Por isso, Jesus disse-lhes: “Digo-vos em toda a verdade: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu. 33 Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.” 34 Disseram-lhe, portanto: “Senhor, dá-nos sempre este pão.”

35 Jesus disse-lhes: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, não terá mais fome, e quem exerce fé em mim, não terá mais sede. 36 Mas, eu vos tenho dito: Vós até mesmo me vistes, e, contudo, não credes. 37 Tudo o que o Pai me dá virá a mim, e aquele que vem a mim, eu de modo algum enxotarei; 38 porque desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 39 Esta é a vontade daquele que me enviou, que eu não perca nada de tudo o que ele me tem dado, mas que eu o ressuscite no último dia. 40 Pois esta é a vontade de meu Pai, que todo aquele que observa o Filho e exerce fé nele tenha vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.”

41 Os judeus começaram, portanto, a resmungar contra ele, porque dissera: “Eu sou o pão que desceu do céu”; 42 e começaram a dizer: “Não é este Jesus, filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como é que ele diz agora: ‘Eu desci do céu’?” 43 Em resposta, Jesus disse-lhes: “Parai de resmungar entre vós. 44 Ninguém pode vir a mim, a menos que o Pai, que me enviou, o atraia; e eu o ressuscitarei no último dia. 45 Está escrito nos Profetas: ‘E todos eles serão ensinados por Jeová.’ Todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim. 46 Não é que algum homem tenha visto o Pai, exceto aquele que é de Deus; este tem visto o Pai. 47 Eu vos digo em toda a verdade: Quem crê, tem vida eterna.

48 “Eu sou o pão da vida. 49 Vossos antepassados comeram o maná no ermo, e, não obstante, morreram. 50 Este é o pão que desce do céu, para que qualquer um

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possa comer dele e não morrer. 51 Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e, de fato, o pão que eu hei de dar é a minha carne a favor da vida do mundo.”

52 Portanto, os judeus começaram a contender entre si, dizendo: “Como pode este homem dar-nos sua carne para comer?” 53 Concordemente, Jesus disse-lhes: “Digo-vos em toda a verdade: A menos que comais a carne do Filho do homem e bebais o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. 54 Quem se alimenta de minha carne e bebe meu sangue tem vida eterna, e eu o hei de ressuscitar no último dia; 55 pois a minha carne é verdadeiro alimento, e o meu sangue é verdadeira bebida. 56 Quem se alimenta de minha carne e bebe meu sangue permanece em união comigo e eu em união com ele. 57 Assim como o Pai vivente me enviou e eu vivo por causa do Pai, também aquele que se alimenta de mim, sim, esse viverá por causa de mim. 58 Este é o pão que desceu do céu. Não é como quando os vossos antepassados comeram, e, não obstante, morreram. Quem se alimentar deste pão viverá para sempre.” 59 Estas coisas ele disse enquanto estava ensinando numa assembléia pública em Cafarnaum.

60 Portanto, muitos dos seus discípulos, ao ouvirem isso, disseram: “Esta palavra é chocante; quem pode escutar isso?” 61 Mas Jesus, sabendo em si mesmo que seus discípulos estavam resmungando sobre isso, disse-lhes: “Causa-vos isso tropeço? 62 Que [seria], portanto, se observásseis o Filho do homem ascender para onde estava antes? 63 É o espírito que é vivificante; a carne não é de nenhum proveito. As declarações que eu vos tenho feito são espírito e são vida. 64 Mas, há alguns de vós que não crêem.” Pois Jesus sabia desde [o] princípio quem eram os que não criam e quem era o que o havia de trair. 65 Prosseguiu assim a dizer: “É por isso que eu vos tenho dito: Ninguém pode vir a mim, a menos que isso lhe seja concedido pelo Pai.”

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66 Devido a isso, muitos dos seus discípulos foram embora para as coisas [deixadas] atrás e não andavam mais com ele. 67 Portanto, Jesus disse aos doze: “Será que vós também quereis ir?” 68 Simão Pedro respondeu-lhe: “Senhor, para quem havemos de ir? Tu tens declarações de vida eterna; 69 e nós cremos e viemos a saber que tu és o Santo de Deus.” 70 Jesus respondeu-lhes: “Não escolhi eu a vós doze? Contudo, um de vós é um caluniador.” 71 Ele estava, de fato, falando de Judas, [filho] de Simão Iscariotes; porque este ia traí-lo, embora [fosse] um dos doze.

7 Então, depois destas coisas, Jesus continuava a percorrer a Galiléia, porque não queria percorrer a Judéia, visto que os judeus buscavam matá-lo. 2 No entanto, estava próxima a festividade dos judeus, a festividade das tendas. 3 Portanto, seus irmãos disseram-lhe: “Passa daqui para lá e entra na Judéia, a fim de que também os teus discípulos possam observar as obras que fazes. 4 Pois, ninguém faz nada em secreto enquanto ele mesmo busca ser conhecido publicamente. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo.” 5 Seus irmãos, de fato, não estavam exercendo fé nele. 6 Portanto, Jesus disse-lhes: “Meu tempo devido ainda não está presente, mas o vosso tempo devido já está aqui. 7 O mundo não tem razão para vos odiar, mas odeia a mim, porque dou testemunho dele de que as suas obras são iníquas. 8 Subi para a festividade; eu ainda não vou a esta festividade, porque o meu tempo devido ainda não veio plenamente.” 9 Assim, depois de dizer-lhes estas coisas, permaneceu na Galiléia.

10 Mas, quando os seus irmãos tinham subido para a festividade, então ele mesmo subiu também, não abertamente, mas em secreto. 11 Portanto, os judeus começaram a procurá-lo na festividade e a dizer: “Onde está esse [homem]?” 12 E havia muitos cochichos sobre ele entre as multidões. Alguns diziam: “Ele é um homem bom.” Outros diziam: “Não é, mas

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desencaminha a multidão.” 13 Ninguém, naturalmente, falava dele publicamente, por causa do temor dos judeus.

14 Estando a festividade então já pelo meio, Jesus subiu ao templo e começou a ensinar. 15 Portanto, os judeus ficaram admirados, dizendo: “Como é que este homem tem conhecimento de letras, sendo que não estudou nas escolas?” 16 Jesus, por sua vez, respondeu-lhes e disse: “O que eu ensino não é meu, mas pertence àquele que me enviou. 17 Se alguém desejar fazer a Sua vontade, saberá a respeito do ensino se é de Deus ou se falo de minha própria iniciativa. 18 Quem fala de sua própria iniciativa está buscando a sua própria glória; mas, quem busca a glória daquele que o enviou, este é verdadeiro, e não há nele injustiça. 19 Não vos deu Moisés a Lei? Mas, nem um só de vós obedece à Lei. Por que buscais matar-me?” 20 A multidão respondeu: “Tu tens demônio. Quem está buscando matar-te?” 21 Em resposta, Jesus disse-lhes: “Uma só ação realizei, e vós todos estais admirados. 22 Por esta razão, Moisés vos deu a circuncisão — não que ela seja de Moisés, mas ela é dos antepassados — e vós circuncidais um homem num sábado. 23 Se um homem recebe a circuncisão num sábado, a fim de que a lei de Moisés não seja violada, estais violentamente irados comigo por eu ter feito um homem completamente são num sábado? 24 Parai de julgar pela aparência externa, mas julgai com julgamento justo.”

25 Portanto, alguns dos habitantes de Jerusalém começaram a dizer: “Não é este o homem a quem buscam matar? 26 E, no entanto, eis que ele está falando em público, e não lhe dizem nada. Será que os governantes vieram a saber com certeza que este é o Cristo? 27 Ao contrário, nós sabemos donde é este homem; contudo, quando vier o Cristo, ninguém há de saber donde é.” 28 Portanto, Jesus clamou, ao estar ensinando no templo, e disse: “Tanto vós me conheceis como sabeis donde sou. Também, eu não vim de minha

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própria iniciativa, mas aquele que me enviou é real, e vós não o conheceis. 29 Eu o conheço, porque sou representante dele, e Este me enviou.” 30 Por isso começaram a buscar segurá-lo, mas ninguém deitou mão nele, porque a sua hora ainda não havia chegado. 31 Todavia, muitos da multidão depositavam fé nele; e principiavam a dizer: “Quando o Cristo chegar, será que ele realizará mais sinais do que este homem realizou?”

32 Os fariseus ouviram a multidão resmungar estas coisas a respeito dele, e os principais sacerdotes e os fariseus mandaram oficiais para o segurarem. 33 Portanto, Jesus disse: “Eu continuo mais um pouco convosco, antes de ir para aquele que me enviou. 34 Vós me procurareis, mas não me achareis, e onde eu estou, vós não podeis ir.” 35 Os judeus disseram, portanto, entre si mesmos: “Para onde pretende ir este [homem], de modo que não o havemos de achar? Será que pretende ir para os [judeus] dispersos entre os gregos e ensinar os gregos? 36 Que significa esta palavra que ele disse: ‘Vós me procurareis, mas não me achareis, e onde eu estou, vós não podeis ir’?”

37 Ora, no último dia, o grande dia da festividade, Jesus estava em pé e clamava, dizendo: “Se alguém tiver sede, venha a mim e beba. 38 Quem depositar fé em mim, assim como disse a Escritura: ‘Do seu mais íntimo manarão correntes de água viva.’” 39 No entanto, ele disse isso com respeito ao espírito que os que depositavam sua fé nele estavam para receber; pois, por enquanto ainda não havia espírito, porque Jesus ainda não havia sido glorificado. 40 Portanto, alguns da multidão, que ouviram estas palavras, começaram a dizer: “Este é certamente O Profeta.” 41 Outros diziam: “Este é o Cristo.” Mas alguns estavam dizendo: “Será que o Cristo vem realmente da Galiléia? 42 Não disse a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, e de Belém, a aldeia onde Davi costumava estar?” 43 Desenvolveu-se, portanto, uma

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divisão sobre ele entre a multidão. 44 Alguns deles, porém, queriam segurá-lo, mas ninguém deitou mãos nele.

45 Portanto, os oficiais voltaram aos principais sacerdotes e fariseus, e estes últimos lhes disseram: “Por que é que não o trouxestes para cá?” 46 Os oficiais responderam: “Nunca homem algum falou como este.” 47 Os fariseus responderam, por sua vez: “Será que também vós fostes desencaminhados? 48 Será que um só dos governantes ou dos fariseus depositou fé nele? 49 Mas esta multidão, que não sabe a Lei, são pessoas amaldiçoadas.” 50 Nicodemos, que viera a ele anteriormente, e que era um deles, disse-lhes: 51 “Será que a nossa lei julga um homem sem que primeiro o tenha ouvido e venha a saber o que ele está fazendo?” 52 Em resposta, disseram-lhe: “Será que tu também és da Galiléia? Pesquisa e vê que nenhum profeta há de ser levantado da Galiléia.”

Os manuscritos אBSys omitem desde o versículo 53 até o capítulo 8, versículo 11, que rezam (com algumas variantes nas diversas versões e textos gregos) como segue:

53 Foram assim cada um para o seu lar.

8 Mas Jesus foi para o Monte das Oliveiras. 2 De madrugada, porém, ele se apresentou novamente no templo e todo o povo começou a vir a ele, e ele se assentou e começou a ensiná-los. 3 Os escribas e os fariseus trouxeram então uma mulher apanhada em adultério, e, depois de a postarem no meio deles, 4 disseram-lhe: “Instrutor, esta mulher foi apanhada no ato de cometer adultério. 5 Na Lei, Moisés prescreve que apedrejemos tal sorte de mulher. Realmente, o que dizes tu?” 6 Naturalmente, diziam isso para o porem à prova, a fim de terem algo com que o acusar. Mas, Jesus abaixou-se e começou a escrever no chão com o seu dedo. 7 Quando persistiram em perguntar-lhe, endireitou-se e disse-lhes: “Que aquele de vós que

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estiver sem pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra.” 8 E, abaixando-se novamente, escrevia no chão. 9 Mas, os que ouviram isso começaram a sair, um por um, principiando com os anciãos, e ele foi deixado só, bem como a mulher que estivera no meio deles. 10 Endireitando-se, Jesus disse-lhe: “Mulher, onde estão eles? Não te condenou ninguém?” 11 Ela disse: “Ninguém, senhor.” Jesus disse: “Tampouco eu te condeno. Vai embora; doravante não pratiques mais pecado.”

12 Portanto, Jesus falou-lhes novamente, dizendo: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, de modo algum andará na escuridão, mas possuirá a luz da vida.” 13 Os fariseus disseram-lhe, por isso: “Dás testemunho de ti mesmo; teu testemunho não é verdadeiro.” 14 Em resposta, Jesus disse-lhes: “Mesmo que eu dê testemunho de mim mesmo, meu testemunho é verdadeiro, porque sei donde vim e para onde vou. Mas vós não sabeis donde vim e para onde vou. 15 Vós julgais segundo a carne; eu não julgo a nenhum homem. 16 E, contudo, se eu julgo, o meu julgamento é veraz, porque não estou sozinho, mas o Pai, que me enviou, está comigo. 17 Também, na vossa própria Lei está escrito: ‘O testemunho de dois homens é verdadeiro.’ 18 Eu sou um que dá testemunho de mim mesmo, e o Pai que me enviou dá testemunho de mim.” 19 Portanto, prosseguiram a dizer-lhe: “Onde está o teu Pai?” Jesus respondeu: “Vós não conheceis nem a mim nem a meu Pai. Se me conhecêsseis, conheceríeis também a meu Pai.” 20 Fez estas declarações na tesouraria, ao estar ensinando no templo. Mas ninguém o segurou, porque a sua hora ainda não havia chegado.

21 Ele lhes disse, por isso, novamente: “Eu vou embora, e vós me procurareis, contudo, morrereis nos vossos pecados. Para onde eu vou, não podeis ir.” 22 Portanto, os judeus começaram a dizer: “Será que ele se matará? Porque diz: ‘Para onde eu vou, não

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podeis ir.’” 23 De modo que prosseguiu a dizer-lhes: “Vós sois dos domínios de baixo; eu sou dos domínios de cima. Vós sois deste mundo; eu não sou deste mundo. 24 Portanto, eu vos disse: Morrereis nos vossos pecados. Pois, se não acreditardes que sou eu, morrereis nos vossos pecados.” 25 Começaram então a dizer-lhe: “Quem és?” Jesus disse-lhes: “Por que é que estou falando convosco? 26 Tenho muitas coisas para falar a respeito de vós e para julgar. De fato, aquele que me enviou é verdadeiro, e as próprias coisas que ouvi dele, eu falo no mundo.” 27 Não compreenderam que lhes falava do Pai. 28 Portanto, Jesus disse: “Uma vez que tiverdes erguido o Filho do homem, então sabereis que sou eu e que não faço nada de minha própria iniciativa; mas assim como o Pai me ensinou, estas coisas eu falo. 29 E aquele que me enviou está comigo; ele não me deixou só, porque faço sempre as coisas que lhe agradam.” 30 Ao falar estas coisas, muitos depositaram fé nele.

31 E Jesus prosseguiu assim a dizer aos judeus que acreditavam nele: “Se permanecerdes na minha palavra, sois realmente meus discípulos, 32 e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” 33 Replicaram-lhe: “Somos descendência de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como é que dizes: ‘Ficareis livres’?” 34 Jesus respondeu-lhes: “Digo-vos em toda a verdade: Todo praticante do pecado é escravo do pecado. 35 Ainda mais, o escravo não permanece para sempre na família; o filho permanece para sempre. 36 Portanto, se o Filho vos libertar, sereis realmente livres. 37 Sei que sois descendência de Abraão; mas vós buscais matar-me, porque a minha palavra não faz progresso entre vós. 38 Eu falo das coisas que vi junto de meu Pai; e vós, portanto, fazeis as coisas que ouvistes de vosso pai.” 39 Em resposta, disseram-lhe: “Nosso pai é Abraão.” Jesus disse-lhes: “Se sois filhos de Abraão, fazei as obras de Abraão. 40 Mas agora buscais matar a mim, um homem que vos disse a verdade que eu ouvi de Deus. Abraão não fez

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isso. 41 Vós fazeis a obra de vosso pai.” Disseram-lhe: “Não nascemos de fornicação; temos um só Pai, Deus.”

42 Jesus disse-lhes: “Se Deus fosse o vosso Pai, vós me amaríeis, pois procedi de Deus e aqui estou. Nem tampouco vim de minha própria iniciativa, mas Este me enviou. 43 Por que é que não sabeis de que estou falando? Porque não podeis escutar a minha palavra. 44 Vós sois de vosso pai, o Diabo, e quereis fazer os desejos de vosso pai. Esse foi um homicida quando começou, e não permaneceu firme na verdade, porque não há nele verdade. Quando fala a mentira, fala segundo a sua própria disposição, porque é um mentiroso e o pai da [mentira]. 45 Porque eu, por outro lado, digo a verdade, vós não me acreditais. 46 Quem de vós me declara culpado de pecado? Se falo a verdade, por que não me acreditais? 47 Quem é de Deus escuta as declarações de Deus. É por isso que não escutais, porque não sois de Deus.”

48 Em resposta, os judeus disseram-lhe: “Não dizemos corretamente: Tu és samaritano e tens demônio?” 49 Jesus respondeu: “Eu não tenho demônio, mas honro a meu Pai, e vós me desonrais. 50 Mas não busco glória para mim mesmo; há Um que busca e julga. 51 Digo-vos em toda a verdade: Se alguém observar a minha palavra, nunca jamais verá a morte.” 52 Os judeus disseram-lhe: “Agora sabemos que tens demônio. Abraão morreu, também os profetas; mas tu dizes: ‘Se alguém observar a minha palavra, nunca jamais provará a morte.’ 53 Será que tu és maior do que nosso pai Abraão, que morreu? Também os profetas morreram. Quem afirmas ser?” 54 Jesus respondeu: “Se eu glorificar a mim mesmo, a minha glória não é nada. É meu Pai quem me glorifica, aquele que dizeis ser vosso Deus; 55 e, no entanto, vós não o conhecestes. Mas eu o conheço. E, se eu dissesse que não o conheço, seria igual a vós, mentiroso. Mas eu o conheço e observo a sua palavra. 56 Abraão, vosso pai, alegrou-se grandemente na perspectiva de ver o meu

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dia, e ele o viu e se alegrou.” 57 Portanto, os judeus disseram-lhe: “Não tens nem cinqüenta anos, e ainda assim viste Abraão?” 58 Jesus disse-lhes: “Digo-vos em toda a verdade: Antes de Abraão vir à existência, eu tenho sido.” 59 Apanharam assim pedras para lhe atirarem; mas Jesus se escondeu e saiu do templo.

9 Ora, quando ia passando, viu um homem cego de nascença. 2 E seus discípulos perguntaram-lhe: “Rabi, quem pecou, este homem ou os seus pais, de modo que nasceu cego?” 3 Jesus respondeu: “Nem este homem pecou, nem os seus pais, mas foi para que as obras de Deus fossem manifestas no seu caso. 4 Temos de fazer as obras daquele que me enviou enquanto é dia; vem a noite em que nenhum homem pode trabalhar. 5 Enquanto eu estiver no mundo, sou a luz do mundo.” 6 Depois de dizer estas coisas, cuspiu no chão e fez barro com a saliva, e pôs este barro sobre os olhos [do homem] 7 e lhe disse: “Vai lavar-te no reservatório de água de Siloé” (que é traduzido ‘Enviado’). E ele foi então e lavou-se, e voltou vendo.

8 Portanto, os vizinhos e os que anteriormente costumavam ver que ele era mendigo, começaram a dizer: “Não é este o homem que costumava estar sentado e mendigar?” 9 Alguns diziam: “É ele.” Outros diziam: “Absolutamente não, mas é semelhante a ele.” O homem dizia: “Sou eu.” 10 Conseqüentemente, começaram a dizer-lhe: “Como é que foram abertos os teus olhos?” 11 Ele respondeu: “O homem chamado Jesus fez barro e untou-me os olhos [com ele], e disse-me: ‘Vai a Siloé e lava-te.’ Portanto, fui e lavei-me, e recebi visão.” 12 A isto disseram-lhe: “Onde está esse [homem]?” Ele disse: “Não sei.”

13 Conduziram aos fariseus o próprio homem anteriormente cego. 14 Incidentalmente, era sábado o dia em que Jesus fizera o barro e lhe abrira os olhos. 15 Esta vez, portanto, os fariseus também começaram a perguntar-lhe como recebera visão. Disse-lhes ele: “Ele pôs barro sobre os meus olhos, e eu me lavei e tenho

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vista.” 16 Portanto, alguns dos fariseus começaram a dizer: “Este não é homem de Deus, porque não observa o sábado.” Outros começaram a dizer: “Como pode um homem, que é pecador, realizar sinais desta sorte?” De modo que havia uma divisão entre eles. 17 Por isso, disseram novamente ao cego: “Que dizes a respeito dele, vendo que ele te abriu os olhos?” O [homem] disse: “Ele é um profeta.”

18 No entanto, os judeus não acreditaram a respeito dele que tivesse sido cego e recebera visão, até que chamaram os pais do homem que recebera visão. 19 E perguntaram-lhes: “É este o vosso filho que dizeis ter nascido cego? Então, como é que ele vê atualmente?” 20 Seus pais disseram, então, em resposta: “Sabemos que este é o nosso filho e que nasceu cego. 21 Mas, como é que ele vê agora, ou quem lhe abriu os olhos, não sabemos. Perguntai-lhe. Ele é maior de idade. Tem de falar por si mesmo.” 22 Seus pais diziam estas coisas porque temiam os judeus, pois os judeus já tinham chegado a um acordo de que todo o que o confessasse como Cristo fosse expulso da sinagoga. 23 É por isso que os pais dele disseram: “Ele é maior de idade. Interrogai-o.”

24 Portanto, chamaram pela segunda vez o homem que tinha sido cego e disseram-lhe: “Dá glória a Deus; sabemos que este homem é pecador.” 25 Ele, por sua vez, respondeu: “Se ele é pecador, não sei. Uma coisa sei, que, tendo eu sido cego, atualmente vejo.” 26 Disseram-lhe, portanto: “Que te fez ele? Como abriu os teus olhos?” 27 Respondeu-lhes ele: “Eu já vos disse, contudo, vós não escutastes. Por que quereis ouvi-lo de novo? Será que quereis também tornar-vos seus discípulos?” 28 Em vista disso, injuriaram-no e disseram: “Tu és discípulo daquele [homem], mas nós somos discípulos de Moisés. 29 Sabemos que Deus falou a Moisés; mas, quanto a este [homem], não sabemos donde é.” 30 Em resposta, o homem disse-lhes: “Isto certamente é uma maravilha, que não sabeis donde ele

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é, e, contudo, ele abriu os meus olhos. 31 Sabemos que Deus não escuta pecadores, mas, se alguém é temente a Deus e faz a sua vontade, ele escuta a este. 32 Desde a antiguidade, nunca se ouviu [falar] que alguém abrisse os olhos de alguém que nasceu cego. 33 Se este [homem] não fosse de Deus, não poderia fazer nada.” 34 Em resposta, disseram-lhe: “Nasceste inteiramente em pecados, e, contudo, ensinas tu a nós?” E lançaram-no fora!

35 Jesus ouviu que o tinham lançado fora, e, achando-o, disse-lhe: “Depositas fé no Filho do homem?” 36 O [homem] respondeu: “E quem é ele, senhor, para que eu possa depositar fé nele?” 37 Jesus disse-lhe: “Tu o viste, e, além disso, é ele quem está falando contigo.” 38 Ele disse então: “Deposito fé [nele], Senhor.” E prestou-lhe homenagem. 39 E Jesus disse: “Para [este] julgamento vim ao mundo: que os que não vêem possam ver e que os que vêem se tornem cegos.” 40 Aqueles dos fariseus que estavam com ele ouviram estas coisas e disseram-lhe: “Será que nós também somos cegos?” 41 Jesus disse-lhes: “Se fôsseis cegos, não teríeis pecado. Mas agora dizeis: ‘Nós vemos.’ Vosso pecado permanece.”

10 “Digo-vos em toda a verdade: Quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas galga por outro lugar, esse é um ladrão e saqueador. 2 Mas, quem entra pela porta é pastor de ovelhas. 3 Para este o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz, e ele chama por nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora. 4 Tendo retirado todas as suas, vai na frente delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. 5 De modo algum seguirão a um estranho, mas fugirão dele, porque não conhecem a voz de estranhos.” 6 Jesus falou-lhes esta comparação; mas eles não sabiam o que significavam as coisas que lhes falava.

7 Portanto, Jesus disse de novo: “Digo-vos em toda a verdade: Eu sou a porta das ovelhas. 8 Todos os que

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vieram em meu lugar são ladrões e saqueadores; mas as ovelhas não os têm escutado. 9 Eu sou a porta; todo aquele que entrar por mim será salvo, e entrará e sairá, e achará pastagem. 10 O ladrão não vem a não ser para furtar, e matar, e destruir. Eu vim para que tivessem vida e a tivessem em abundância. 11 Eu sou o pastor excelente; o pastor excelente entrega a sua alma em benefício das ovelhas. 12 O empregado, que não é pastor e a quem não pertencem as ovelhas como suas próprias, observa o lobo vir e abandona as ovelhas, e foge — e o lobo as arrebata e espalha — 13 porque é um empregado e não se importa com as ovelhas. 14 Eu sou o pastor excelente, e conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim, 15 assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e entrego a minha alma em benefício das ovelhas.

16 “E tenho outras ovelhas, que não são deste aprisco; a estas também tenho de trazer, e elas escutarão a minha voz e se tornarão um só rebanho, um só pastor. 17 É por isso que o Pai me ama, porque entrego a minha alma, a fim de recebê-la de novo. 18 Ninguém a tirou de mim, mas eu a entrego de minha própria iniciativa. Tenho autoridade para a entregar e tenho autoridade para a receber de novo. O mandamento a respeito disso recebi de meu Pai.”

19 Por causa destas palavras resultou novamente uma divisão entre os judeus. 20 Muitos deles diziam: “Ele tem demônio e está louco. Por que o escutais?” 21 Outros diziam: “Estas não são as declarações dum homem endemoninhado. Será que um demônio pode abrir os olhos de cegos?”

22 Nesse tempo ocorreu em Jerusalém a festividade da dedicação. Era inverno, 23 e Jesus estava andando no templo, na colunata de Salomão. 24 Portanto, os judeus rodearam-no e começaram a dizer-lhe: “Quanto tempo hás de manter as nossas almas na expectativa? Se tu és o Cristo, dize-nos francamente.” 25 Jesus respondeu-lhes: “Eu vos disse, e ainda assim não

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acreditais. As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas dão testemunho de mim. 26 Mas, vós não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. 27 Minhas ovelhas escutam a minha voz e eu as conheço, e elas me seguem. 28 E eu lhes dou vida eterna e elas não serão jamais destruídas, e ninguém as arrebatará da minha mão. 29 Aquilo que meu Pai me deu é algo maior do que todas as outras coisas, e ninguém as pode arrebatar da mão do Pai. 30 Eu e o Pai somos um.”

31 Mais uma vez, os judeus apanharam pedras para o apedrejarem. 32 Jesus replicou-lhes: “Eu vos apresentei muitas obras excelentes da parte do Pai. Por qual destas obras me apedrejais?” 33 Os judeus responderam-lhe: “Nós te apedrejamos, não por uma obra excelente, mas por blasfêmia, sim, porque tu, embora sejas um homem, te fazes um deus.” 34 Jesus respondeu-lhes: “Não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: “Vós sois deuses”’? 35 Se ele chamou ‘deuses’ aos contra quem se dirigia a palavra de Deus, e, contudo, a Escritura não pode ser anulada, 36 dizeis a mim, a quem o Pai santificou e mandou ao mundo: ‘Blasfemas’, porque eu disse: Sou Filho de Deus? 37 Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis. 38 Se as faço, porém, mesmo que não me acrediteis, acreditai nas obras, a fim de que saibais e continueis a saber que o Pai está em união comigo e eu em união com o Pai.” 39 Portanto, tentaram novamente apoderar-se dele; ele, porém, pôs-se fora do seu alcance.

40 Retirou-se então novamente para o outro lado do Jordão, para o lugar onde João havia batizado no princípio, e ali ficou. 41 E muitos vinham ter com ele e começavam a dizer: “João, deveras, não realizou nem um único sinal, mas todas as coisas que João disse a respeito deste homem eram todas verdadeiras.” 42 E muitos ali depositaram fé nele.

11 Ora, havia um homem doente, Lázaro de Betânia, da aldeia de Maria e de Marta, sua irmã. 2 Era, de fato,

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Maria quem untara o Senhor com óleo perfumado e lhe enxugara os pés com o seu cabelo, sendo o irmão dela, Lázaro, quem estava doente. 3 Portanto, as irmãs deste mandaram-lhe dizer: “Senhor, eis que aquele por quem tens afeição está doente.” 4 Mas, quando Jesus o soube, disse: “Esta doença não tem a morte por seu objetivo, mas é para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja glorificado por intermédio dela.”

5 Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro. 6 No entanto, quando soube que este estava doente, permaneceu realmente dois dias no lugar onde estava. 7 Depois disse aos discípulos: “Vamos novamente à Judéia.” 8 Os discípulos disseram-lhe: “Rabi, os da Judéia têm ultimamente buscado apedrejar-te, e tu vais novamente para lá?” 9 Jesus respondeu: “Não há doze horas de luz no dia? Se alguém andar na luz do dia, não colidirá com coisa alguma, porque vê a luz deste mundo. 10 Mas, se alguém andar na noite, colidirá com algo, porque a luz não está nele.”

11 Ele disse estas coisas, e depois disso lhes disse: “Lázaro, nosso amigo, foi descansar, mas eu viajo para lá para o despertar do sono.” 12 Os discípulos disseram-lhe, portanto: “Senhor, se ele foi descansar, ficará bom.” 13 Jesus falara, porém, da morte dele. Mas, eles imaginavam que estivesse falando do descanso no sono. 14 Nessa ocasião, portanto, Jesus disse-lhes francamente: “Lázaro morreu, 15 e eu me alegro por causa de vós que não estava lá, a fim de que acrediteis. Mas, vamos ter com ele.” 16 Portanto, Tomé, que era chamado O Gêmeo, disse aos seus condiscípulos: “Vamos também, para que morramos com ele.”

17 Conseqüentemente, quando Jesus chegou, achou que já estava quatro dias no túmulo memorial. 18 Ora, Betânia era perto de Jerusalém, a uma distância de cerca de três quilômetros. 19 Concordemente, muitos dos judeus haviam vindo a Marta e Maria, a fim de confortá-las pelo seu irmão. 20 Marta, portanto, quando

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ouviu que Jesus vinha, foi ao encontro dele; Maria, porém, ficou sentada em casa. 21 Marta, portanto, disse a Jesus: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. 22 E, contudo, sei atualmente que quantas coisas pedires a Deus, Deus te dará.” 23 Jesus disse-lhe: “Teu irmão se levantará.” 24 Marta disse-lhe: “Sei que ele se levantará na ressurreição, no último dia.” 25 Jesus disse-lhe: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem exercer fé em mim, ainda que morra, viverá [outra vez]; 26 e todo aquele que vive e exerce fé em mim nunca jamais morrerá. Crês isso?” 27 Ela lhe disse: “Sim, Senhor; tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus, Aquele que vem ao mundo.” 28 E, dizendo isso, ela foi e chamou Maria, sua irmã, dizendo em secreto: “O Instrutor está presente e te chama.” 29 Esta última, quando ouviu isso, levantou-se depressa e foi ter com ele.

30 Jesus, de fato, ainda não tinha entrado na aldeia, mas estava ainda no lugar onde Marta o encontrara. 31 Portanto, os judeus que estavam com ela na casa e que a confortavam, vendo Maria levantar-se depressa e sair, seguiram-na, supondo que fosse ao túmulo memorial para ali chorar. 32 E Maria, chegando assim ao lugar onde Jesus estava e avistando-o, prostrou-se aos seus pés, dizendo-lhe: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido.” 33 Jesus, portanto, quando a viu chorar e [que] os judeus que vieram com ela choravam, gemeu no espírito e ficou aflito; 34 e disse: “Onde o deitastes?” Disseram-lhe: “Senhor, vem e vê.” 35 Jesus entregava-se ao choro. 36 Portanto, os judeus começaram a dizer: “Vede, quanta afeição tinha por ele!” 37 Mas alguns deles diziam: “Não podia este [homem], que abriu os olhos do cego, impedir que este aqui morresse?”

38 Por isso, Jesus, depois de gemer novamente no seu íntimo, foi ao túmulo memorial. Era, de fato, uma caverna e havia uma pedra encostada nela. 39 Jesus disse: “Retirai a pedra.” Marta, irmã do falecido, disse-

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lhe: “Senhor, ele já deve estar cheirando, porque já faz quatro dias.” 40 Jesus disse-lhe: “Não te disse eu que, se cresses, verias a glória de Deus?” 41 Portanto, retiraram a pedra. Jesus levantou então os olhos para o céu e disse: “Pai, eu te agradeço que me ouviste. 42 Deveras, eu sabia que sempre me ouves; mas falei por causa da multidão parada aqui, a fim de que creiam que tu me enviaste.” 43 E, ao ter dito estas coisas, clamou com voz alta: “Lázaro, vem para fora!” 44 O [homem] que estivera morto saiu com os pés e as mãos amarrados com faixas, e o seu semblante enrolado num pano. Jesus disse-lhes: “Soltai-o e deixai-o ir.”

45 Portanto, muitos dos judeus, que tinham vindo a Maria e que observaram o que ele fez, depositaram fé nele; 46 mas alguns deles foram ter com os fariseus e lhes contaram as coisas que Jesus fez. 47 Conseqüentemente, os principais sacerdotes e os fariseus ajuntaram o Sinédrio e começaram a dizer: “Que devemos fazer, visto que este homem realiza muitos sinais? 48 Se o deixarmos assim, todos depositarão fé nele, e virão os romanos e tirarão tanto o nosso lugar como a nossa nação.” 49 Mas um certo deles, Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: “Vós não sabeis nada 50 e não deduzis logicamente que é para o vosso proveito que um só homem morra a favor do povo e não que toda a nação seja destruída.” 51 Isto, porém, não dizia de sua própria iniciativa; mas, porque era sumo sacerdote naquele ano, profetizava que Jesus estava destinado a morrer pela nação, 52 e não só pela nação, mas, a fim de que os filhos de Deus, que se acham espalhados, fossem também por ele ajuntados numa unidade. 53 Portanto, daquele dia em diante deliberaram matá-lo.

54 Por isso, Jesus não andava mais publicamente entre os judeus, mas partiu dali para o país perto do ermo, para uma cidade chamada Efraim, e ali permaneceu com os discípulos. 55 Ora, estava próxima

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a páscoa dos judeus, e muitos do país subiam para Jerusalém antes da páscoa, a fim de se purificarem cerimonialmente. 56 Foram, portanto, procurar Jesus e diziam uns aos outros, ao estarem parados ociosos no templo: “Qual é a vossa opinião? Que ele não virá absolutamente à festividade?” 57 Acontece que os principais sacerdotes e os fariseus tinham dado ordens que, se alguém soubesse onde ele estava, devia denunciar [isso], a fim de que pudessem apoderar-se dele.

12 Concordemente, Jesus, seis dias antes da páscoa, chegou a Betânia, onde estava Lázaro, a quem Jesus levantara dentre os mortos. 2 Ofereceram-lhe ali, portanto, uma refeição noturna, e Marta ministrava, mas Lázaro era um dos que se recostavam à mesa com ele. 3 Maria, portanto, tomou quase meio quilo de óleo perfumado, nardo genuíno, muito dispendioso, e untou os pés de Jesus e enxugou os pés dele com seu cabelo. A casa encheu-se com a fragrância do óleo perfumado. 4 Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, que estava para traí-lo, disse: 5 “Por que não se vendeu este óleo perfumado por trezentos denários e se deu aos pobres?” 6 Ele disse isso, porém, não porque estivesse preocupado com os pobres, mas porque era um ladrão e tinha a caixa de dinheiro e costumava retirar dinheiro posto nela. 7 Portanto, Jesus disse: “Deixai-a, para que ela mantenha esta observância, em vista do dia do meu enterro. 8 Pois vós tendes sempre convosco os pobres, mas a mim nem sempre tereis.”

9 Portanto, uma grande multidão dos judeus ficou sabendo que ele estava ali, e eles vieram, não somente por causa de Jesus, mas também para ver Lázaro, a quem levantara dentre os mortos. 10 Os principais sacerdotes deliberaram matar também Lázaro, 11 visto que por causa dele muitos dos judeus iam para lá e depositavam fé em Jesus.

12 No dia seguinte, a grande multidão que tinha vindo à festividade, ao ouvirem que Jesus vinha a

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Jerusalém, 13 tomaram ramos de palmeiras e saíram ao encontro dele. E começaram a clamar: “Salva, rogamos-te! Bendito aquele que vem em nome de Jeová, sim, o rei de Israel!” 14 Mas, tendo Jesus achado um jumentinho, sentou-se nele, assim como está escrito: 15 “Não temas, filha de Sião. Eis que vem o teu rei, sentado num filho de jumenta.” 16 No princípio, os discípulos não fizeram caso destas coisas, mas, quando Jesus foi glorificado, então se lembraram de que estas coisas estavam escritas a respeito dele e que lhe fizeram estas coisas.

17 A multidão, que estivera com ele quando chamou Lázaro para fora do túmulo memorial e o levantou dentre os mortos, concordemente, dava testemunho. 18 Por esta razão, a multidão também foi ao encontro dele, porque ouviram que ele realizara este sinal. 19 Os fariseus disseram, por isso, entre si mesmos: “Observais que não conseguis absolutamente nada. Eis que o mundo foi atrás dele.”

20 Ora, havia alguns gregos entre os que subiram para adorar na festividade. 21 Estes, portanto, chegaram-se a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e começaram a solicitar-lhe, dizendo: “Senhor, queremos ver Jesus.” 22 Filipe veio e [o] disse a André. André e Filipe vieram e [o] disseram a Jesus.

23 Mas Jesus respondeu-lhes, dizendo: “Chegou a hora para o Filho do homem ser glorificado. 24 Eu vos digo em toda a verdade: A menos que o grão de trigo caia ao solo e morra, permanece apenas um só [grão]; mas, se morre, então dá muito fruto. 25 Quem estiver afeiçoado à sua alma, destruí-la-á, mas quem odiar a sua alma neste mundo, protegê-la-á para a vida eterna. 26 Se alguém quiser ministrar-me, siga-me, e onde eu estiver, estará também o meu ministro. Quem quiser ministrar-me, a este o Pai honrará. 27 Minha alma está aflita agora, e que hei de dizer? Pai, salva-me desta hora. Não obstante, foi por isso que vim a esta hora. 28 Pai, glorifica o teu nome.” Saiu, portanto,

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uma voz do céu: “Eu tanto [o] glorifiquei como [o] glorificarei de novo.”

29 Por isso, a multidão parada ali e ouvindo-o começou a dizer que tinha trovejado. Outros começaram a dizer: “Um anjo lhe falou.” 30 Em resposta, Jesus disse: “Esta voz ocorreu, não por minha causa, mas por vossa causa. 31 Agora há um julgamento deste mundo; agora será lançado fora o governante deste mundo. 32 Contudo, eu, quando for erguido da terra, atrairei a mim toda sorte de homens.” 33 Dizia isso realmente para indicar de que sorte de morte estava para morrer. 34 Portanto, a multidão respondeu-lhe: “Ouvimos da Lei que o Cristo permanece para sempre; e como é que tu dizes que o Filho do homem tem de ser erguido? Quem é este Filho do homem?” 35 Jesus disse-lhes, portanto: “A luz estará entre vós por mais um pouco de tempo. Andai enquanto tendes a luz, para que não vos vença a escuridão; e, quem anda na escuridão, não sabe para onde vai. 36 Enquanto tendes a luz, exercei fé na luz, a fim de que vos torneis filhos da luz.”

Jesus falou estas coisas e foi embora, e escondeu-se deles. 37 Mas, embora tivesse realizado tantos sinais na frente deles, não depositavam fé nele, 38 de modo que se cumpriu a palavra de Isaías, o profeta, que disse: “Jeová, quem depositou fé na coisa ouvida por nós? E quanto ao braço de Jeová, a quem tem sido revelado?” 39 A razão por que não podiam crer é que Isaías disse novamente: 40 “Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes os corações, para que não vissem com os seus olhos, nem compreendessem o pensamento com os seus corações, nem se voltassem e eu os sarasse.” 41 Isaías disse estas coisas, porque viu a sua glória e falou dele. 42 De qualquer modo, muitos dos próprios governantes depositavam realmente fé nele, mas, por causa dos fariseus, não [o] confessavam, a fim de que não fossem expulsos da sinagoga; 43 pois amavam mais a glória dos homens do que mesmo a glória de Deus.

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44 No entanto, Jesus clamou e disse: “Quem depositar fé em mim, deposita fé, não [somente] em mim, mas [também] naquele que me enviou; 45 e quem me observar, observa [também] aquele que me enviou. 46 Eu vim como luz ao mundo, a fim de que todo aquele que depositar fé em mim não permaneça na escuridão. 47 Mas, se alguém ouvir as minhas declarações e não as guardar, eu não o julgo; pois não vim julgar o mundo, mas salvar o mundo. 48 Quem me desconsiderar e não receber as minhas declarações, tem quem o julgue. A palavra que eu tenho falado é que o julgará no último dia; 49 porque não falei de meu próprio impulso, mas o próprio Pai que me enviou tem-me dado um mandamento quanto a que dizer e que falar. 50 Sei também que o seu mandamento significa vida eterna. Portanto, as coisas que eu falo, assim como o Pai mas disse, assim [as] falo.”

13 Ora, visto que ele sabia antes da festividade da páscoa que havia chegado a sua hora para se transferir deste mundo para o Pai, Jesus, tendo amado os seus próprios que estavam no mundo, amou-os até o fim. 2 Assim, enquanto prosseguia a refeição noturna, tendo o Diabo já posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse, 3 ele, sabendo que o Pai dera todas as coisas nas [suas] mãos, e que procedera de Deus e ia para Deus, 4 levantou-se da refeição noturna e pôs de lado a sua roupagem exterior. E, tomando uma toalha, cingiu-se. 5 Depois pôs água numa bacia e principiou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha de que estava cingido. 6 E, assim chegou a Simão Pedro. Este lhe disse: “Senhor, estás lavando os meus pés?” 7 Em resposta, Jesus disse-lhe: “O que estou fazendo, tu não entendes atualmente, mas entenderás depois destas coisas.” 8 Pedro disse-lhe: “Certamente nunca lavarás os meus pés.” Jesus respondeu-lhe: “A menos que eu te lave, não tens parte comigo.” 9 Simão Pedro disse-lhe: “Senhor, não só os meus pés, mas também as minhas mãos e a minha cabeça.” 10 Jesus disse-lhe: “Quem se banhou,

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não precisa lavar senão os seus pés, mas está inteiramente limpo. E vós estais limpos, mas não todos.” 11 Ele sabia, deveras, quem o traía. É por isso que disse: “Nem todos vós estais limpos.”

12 Tendo então lavado os pés deles e vestido a sua roupagem exterior, e tendo-se deitado novamente à mesa, disse-lhes: “Sabeis o que vos tenho feito? 13 Vós me chamais de ‘Instrutor’ e ‘Senhor’, e falais corretamente, pois eu o sou. 14 Portanto, se eu, embora Senhor e Instrutor, lavei os vossos pés, vós também deveis lavar os pés uns dos outros. 15 Pois estabeleci o modelo para vós, a fim de que, assim como eu vos fiz, vós também façais. 16 Digo-vos em toda a verdade: O escravo não é maior do que o seu amo, nem é o enviado maior do que aquele que o enviou. 17 Se sabeis estas coisas, felizes sois se as fizerdes. 18 Não estou falando a respeito de todos vós; conheço os que tenho escolhido. Mas, é para que se cumpra a escritura: ‘Aquele que costumava alimentar-se do meu pão ergueu o seu calcanhar contra mim.’ 19 Deste momento em diante, digo-vos antes que ocorra, para que, quando ocorrer, acrediteis que sou eu. 20 Digo-vos em toda a verdade: Quem receber a qualquer que eu enviar, recebe [também] a mim. Por sua vez, quem me receber, recebe [também] aquele que me enviou.”

21 Depois de dizer estas coisas, Jesus ficou aflito em espírito, e deu testemunho e disse: “Digo-vos em toda a verdade: Um de vós me trairá.” 22 Os discípulos começaram a olhar uns para os outros, sem saber de qual deles dizia [isso]. 23 Recostava-se na frente do seio de Jesus um dos seus discípulos, e Jesus o amava. 24 Portanto, Simão Pedro acenou com a cabeça para este e disse-lhe: “Dize a respeito de quem ele está dizendo [isso].” 25 De modo que este último se encostou no peito de Jesus e lhe disse: “Senhor, quem é?” 26 Jesus respondeu-lhe, portanto: “É aquele a quem eu der o bocado que mergulho.” E assim, tendo mergulhado o bocado, tomou-o e deu-o a Judas, filho

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de Simão Iscariotes. 27 E após o bocado, Satanás entrou então neste último. Jesus, portanto, disse-lhe: “O que fazes, faze-o mais depressa.” 28 No entanto, nenhum dos que se recostavam à mesa sabia para que fim ele lhe disse isso. 29 Alguns, de fato, visto que Judas tinha a caixa de dinheiro, imaginavam que Jesus lhe dizia: “Compra as coisas que necessitamos para a festividade”, ou que desse algo aos pobres. 30 Portanto, depois de ter recebido o bocado, saiu imediatamente. E era noite.

31 Por isso, tendo ele saído, Jesus disse: “Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado em conexão com ele. 32 E Deus mesmo o glorificará, e o glorificará imediatamente. 33 Filhinhos, estou convosco mais um pouco. Procurar-me-eis; e, assim como eu disse aos judeus: ‘Para onde eu vou, não podeis ir’, digo também a vós atualmente. 34 Eu vos dou um novo mandamento, que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. 35 Por meio disso saberão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor entre vós.”

36 Simão Pedro disse-lhe: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu: “Para onde eu vou, não podes seguir-me agora, mas, seguir-me-ás depois.” 37 Pedro disse-lhe: “Senhor, por que é que não te posso seguir atualmente? Entregarei a minha alma em benefício de ti.” 38 Jesus respondeu: “Entregarás a tua alma em meu benefício? Digo-te em toda a verdade: De modo algum cantará o galo até que me tenhas repudiado três vezes.”

14 “Não se aflijam os vossos corações. Exercei fé em Deus, exercei fé também em mim. 2 Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não, eu vos teria dito, porque vou embora para vos preparar um lugar. 3 Também, se eu for embora e vos preparar um lugar, virei novamente e vos acolherei a mim, para que, onde eu estiver, vós também estejais. 4 E sabeis o caminho para onde vou.”

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5 Tomé disse-lhe: “Senhor, não sabemos para onde vais. Como sabemos o caminho?”

6 Jesus disse-lhe: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim. 7 Se vós me tivésseis conhecido, teríeis também conhecido meu Pai; deste momento em diante vós o conheceis e o tendes visto.”

8 Filipe disse-lhe: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso chega para nós.”

9 Jesus disse-lhe: “Tenho estado tanto tempo convosco e ainda não vieste a conhecer-me, Filipe? Quem me tem visto, tem visto [também] o Pai. Como é que dizes: ‘Mostra-nos o Pai’? 10 Não acreditas que eu esteja em união com o Pai e que o Pai esteja em união comigo? As coisas que vos digo não falo da minha própria iniciativa; mas o Pai, que permanece em união comigo, está fazendo as suas obras. 11 Acreditai-me que estou em união com o Pai e que o Pai está em união comigo; senão, acreditai por causa das próprias obras. 12 Digo-vos em toda a verdade: Quem exercer fé em mim, esse fará também as obras que eu faço; e ele fará obras maiores do que estas, porque eu vou embora para o Pai. 13 Também, o que for que pedirdes em meu nome, eu farei isso, a fim de que o Pai seja glorificado em conexão com o Filho. 14 Se pedirdes algo em meu nome, eu o farei.

15 “Se me amardes, observareis os meus mandamentos; 16 e eu solicitarei ao Pai e ele vos dará outro ajudador para estar convosco para sempre, 17 o espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque nem o observa nem o conhece. Vós o conheceis, porque permanece convosco e está em vós. 18 Não vos deixarei orfanados. Vou ter convosco. 19 Mais um pouco e o mundo não me observará mais, mas vós me observareis, porque eu vivo e vós vivereis. 20 Naquele dia sabereis que estou em união com o meu Pai, e vós estais em união comigo, e eu estou em união

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convosco. 21 Quem tem os meus mandamentos e os observa, este é o que me ama. Por sua vez, quem me ama, será amado por meu Pai, e eu o amarei e me mostrarei claramente a ele.”

22 Judas, não Iscariotes, disse-lhe: “Senhor, o que tem acontecido que pretendes mostrar-te claramente a nós e não ao mundo?”

23 Em resposta, Jesus disse-lhe: “Se alguém me amar, observará a minha palavra, e meu Pai o amará, e nós iremos a ele e faremos a nossa residência com ele. 24 Quem não me ama, não observa as minhas palavras; e a palavra que estais ouvindo não é minha, mas pertence ao Pai que me enviou.

25 “Enquanto permaneci convosco, falei-vos destas coisas. 26 Mas o ajudador, o espírito santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar todas as coisas que eu vos disse. 27 Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não a dou a vós do modo como o mundo a dá. Não se aflijam os vossos corações, nem se encolham de temor. 28 Ouvistes que eu vos disse: Vou embora e venho [de volta] a vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que vou embora para o Pai, porque o Pai é maior do que eu. 29 De modo que eu vos tenho dito isso antes que ocorra, a fim de que, quando ocorrer, acrediteis. 30 Não mais falarei muito convosco, pois o governante do mundo está chegando. E ele não tem nenhum [poder] sobre mim, 31 mas, a fim de que o mundo saiba que eu amo o Pai, assim como o Pai me tem dado mandamento, assim faço. Levantai-vos, vamos embora daqui.

15 “Eu sou a verdadeira videira e meu Pai é o lavrador. 2 Todo ramo em mim que não dá fruto, ele tira, e todo o que dá fruto, ele limpa, para que dê mais fruto. 3 Vós já estais limpos, por causa da palavra que vos falei. 4 Permanecei em união comigo, e eu em união convosco. Assim como o ramo não pode dar fruto de si

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mesmo, a menos que permaneça na videira, do mesmo modo tampouco vós podeis, a menos que permaneçais em união comigo. 5 Eu sou a videira, vós sois os ramos. Quem permanece em união comigo, e eu em união com ele, este dá muito fruto; porque separados de mim não podeis fazer nada. 6 Se alguém não permanece em união comigo, ele é lançado fora como ramo e seca-se; e homens ajuntam estes ramos e os jogam no fogo, e eles se queimam. 7 Se permanecerdes em união comigo e as minhas declarações permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e ocorrerá para vós. 8 Nisto é glorificado o meu Pai, que persistais em dar muito fruto e vos mostreis meus discípulos. 9 Assim como o Pai me tem amado e eu vos tenho amado, permanecei no meu amor. 10 Se observardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu tenho observado os mandamentos do Pai e permaneço no seu amor.

11 “Estas coisas eu vos falei para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria se torne plena. 12 Este é o meu mandamento, que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. 13 Ninguém tem maior amor do que este, que alguém entregue a sua alma a favor de seus amigos. 14 Vós sois meus amigos, se fizerdes o que vos mando. 15 Não mais vos chamo de escravos, porque o escravo não sabe o que seu amo faz. Mas, eu vos chamei de amigos, porque todas as coisas que tenho ouvido do meu Pai vos tenho deixado saber. 16 Vós não me escolhestes, mas eu escolhi a vós, e eu vos designei para prosseguirdes e persistirdes em dar fruto, e que o vosso fruto permaneça; a fim de que, não importa o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dê.

17 “Estas coisas eu vos mando, que vos ameis uns aos outros. 18 Se o mundo vos odeia, sabeis que me odiou antes de odiar a vós. 19 Se vós fizésseis parte do mundo, o mundo estaria afeiçoado ao que é seu. Agora, porque não fazeis parte do mundo, mas eu vos

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escolhi do mundo, por esta razão o mundo vos odeia. 20 Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: O escravo não é maior do que o seu amo. Se me perseguiram a mim, perseguirão também a vós; se observaram a minha palavra, observarão também a vossa. 21 Mas, farão todas estas coisas contra vós por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou. 22 Se eu não tivesse vindo e falado com eles, não teriam pecado; mas agora não têm desculpa para o seu pecado. 23 Quem me odeia, odeia também o meu Pai. 24 Se eu não tivesse feito entre eles as obras que ninguém mais fez, não teriam pecado; mas agora eles têm visto e têm odiado tanto a mim como a meu Pai. 25 Mas, é para que se cumpra a palavra escrita na Lei deles: ‘Odiaram-me sem causa.’ 26 Quando chegar o ajudador que eu vos enviarei do Pai, o espírito da verdade, que procede do Pai, esse dará testemunho de mim; 27 e vós, igualmente, haveis de dar testemunho, porque estivestes comigo desde que comecei.

16 “Tenho falado estas coisas para que não tropeceis. 2 [Os] homens vos expulsarão da sinagoga. De fato, vem a hora em que todo aquele que vos matar imaginará que tem prestado um serviço sagrado a Deus. 3 Mas, farão estas coisas porque não vieram a conhecer nem o Pai nem a mim. 4 Não obstante, tenho-vos falado estas coisas para que, quando chegar a hora delas, vos lembreis de que vos falei delas.

“Estas coisas, porém, eu não vos disse no princípio, porque eu estava convosco. 5 Mas agora vou para aquele que me enviou, e, ainda assim, nem um só de vós me pergunta: ‘Para onde vais?’ 6 Mas, porque vos falei estas coisas, vossos corações estão cheios de pesar. 7 Não obstante, eu vos digo a verdade: É para o vosso proveito que vou embora. Pois, se eu não for embora, de modo algum virá a vós o ajudador; mas, se eu for embora, vo-lo enviarei. 8 E, quando este chegar, dará ao mundo evidência convincente a respeito do pecado, e a respeito da justiça, e a respeito do

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julgamento: 9 em primeiro lugar, a respeito do pecado, porque não exercem fé em mim; 10 daí, a respeito da justiça, porque vou para o Pai e não me observareis mais; 11 então a respeito do julgamento, porque o governante deste mundo tem sido julgado.

12 “Ainda tenho muitas coisas para vos dizer, mas não sois atualmente capazes de suportá-las. 13 No entanto, quando esse chegar, o espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade, pois não falará de seu próprio impulso, mas falará as coisas que ouvir e vos declarará as coisas vindouras. 14 Esse me glorificará, porque receberá do que é meu e vo[-lo] declarará. 15 Todas as coisas que meu Pai tem são minhas. É por isso que eu disse que recebe do que é meu e [o] declara a vós. 16 Dentro em pouco não me observareis mais, e, novamente, dentro em pouco me vereis.”

17 Portanto, alguns dos seus discípulos disseram um ao outro: “Que significa isto que ele nos diz: ‘Dentro em pouco não me observareis, e novamente, dentro em pouco me vereis’, e, ‘porque eu vou para o Pai’?” 18 Por isso diziam: “Que significa isto que ele diz: ‘dentro em pouco’? Não sabemos de que está falando.” 19 Jesus sabia que queriam interrogá-lo, de modo que lhes disse: “Estais indagando entre vós mesmos sobre isso, porque eu disse: Dentro em pouco não me observareis, e novamente, dentro em pouco me vereis? 20 Digo-vos em toda a verdade: Chorareis e lamentareis, mas o mundo se alegrará; vós sereis contristados, mas o vosso pesar será transformado em alegria. 21 Uma mulher, quando dá à luz, tem pesar, porque chegou a sua hora; mas, quando ela deu à luz a criancinha, não se lembra mais da tribulação, por causa da alegria de que um homem tem nascido no mundo. 22 Portanto, vós também, deveras, tendes agora pesar; mas, hei de ver-vos novamente e os vossos corações se alegrarão, e ninguém vos tirará a vossa alegria. 23 E naquele dia não me fareis absolutamente nenhuma pergunta. Eu vos digo em toda a verdade: Se pedirdes ao Pai qualquer

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coisa, ele vo-la dará em meu nome. 24 Até o momento não pedistes nem uma única coisa em meu nome. Pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja plena.

25 “Eu vos falei estas coisas em comparações. Vem a hora em que não vos falarei mais em comparações, mas eu vos relatarei com clareza a respeito do Pai. 26 Naquele dia pedireis em meu nome, e não vos digo que hei de fazer solicitação ao meu Pai a respeito de vós. 27 Pois o próprio Pai tem afeição por vós, porque tivestes afeição por mim e acreditastes que saí como representante do Pai. 28 Saí da parte do Pai e vim ao mundo. Outrossim, deixo o mundo e vou embora para o Pai.”

29 Seus discípulos disseram: “Eis que agora falas com clareza e não proferes nenhuma comparação. 30 Agora sabemos que sabes todas as coisas e que não necessitas de que alguém te interrogue. Por meio disso cremos que saíste da parte de Deus.” 31 Jesus respondeu-lhes: “Credes atualmente? 32 Eis que vem a hora, deveras, já veio, em que sereis espalhados cada um para a sua própria casa e me deixareis sozinho; e, contudo, não estou sozinho, porque o Pai está comigo. 33 Eu vos disse estas coisas para que, por meio de mim, tenhais paz. No mundo tereis tribulação, mas, coragem! eu venci o mundo.”

17 Jesus falou estas coisas, e, levantando os olhos para o céu, disse: “Pai, veio a hora; glorifica o teu filho, para que o teu filho te glorifique, 2 segundo lhe deste autoridade sobre toda a carne, para que, com respeito ao [número] inteiro dos que lhe deste, ele lhes dê vida eterna. 3 Isto significa vida eterna, que absorvam conhecimento de ti, o único Deus verdadeiro, e daquele que enviaste, Jesus Cristo. 4 Eu te tenho glorificado na terra, havendo terminado a obra que me deste para fazer. 5 De modo que agora, Pai, glorifica-me junto de ti com a glória que eu tive junto de ti antes de haver o mundo.

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6 “Tenho feito manifesto o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus e tu mos deste, e eles têm observado a tua palavra. 7 Eles vieram agora a saber que todas as coisas que me deste são de ti; 8 porque eu lhes tenho dado as declarações que me deste, e eles as têm recebido e têm certamente chegado a saber que saí como teu representante, e eles têm acreditado que tu me enviaste. 9 Faço solicitação a respeito deles; faço solicitação, não a respeito do mundo, mas a respeito daqueles que me deste; porque são teus, 10 e todas as minhas coisas são tuas e as tuas são minhas, e eu tenho sido glorificado entre eles.

11 “Também, não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo e eu vou para ti. Santo Pai, vigia sobre eles por causa do teu próprio nome que me deste, para que sejam um, assim como nós somos. 12 Quando eu estava com eles, costumava vigiar sobre eles por causa do teu próprio nome que me deste; e tenho-os guardado, e nenhum deles está destruído exceto o filho da destruição, para que se cumprisse a escritura. 13 Mas agora vou para ti e estou falando estas coisas no mundo, a fim de que tenham a minha alegria plenamente em si mesmos. 14 Tenho-lhes dado a tua palavra, mas o mundo os tem odiado, porque não fazem parte do mundo, assim como eu não faço parte do mundo.

15 “Solicito-te, não que os tires do mundo, mas que vigies sobre eles, por causa do iníquo. 16 Não fazem parte do mundo, assim como eu não faço parte do mundo. 17 Santifica-os por meio da verdade; a tua palavra é a verdade. 18 Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei ao mundo. 19 E santifico-me em seu benefício, para que também sejam santificados por meio da verdade.

20 “Faço solicitação, não somente a respeito destes, mas também a respeito daqueles que depositam fé em mim por intermédio da palavra deles; 21 a fim de que

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todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em união comigo e eu estou em união contigo, para que eles também estejam em união conosco, a fim de que o mundo acredite que me enviaste. 22 Também, eu lhes tenho dado a glória que tu me tens dado, a fim de que sejam um, assim como nós somos um. 23 Eu em união com eles e tu em união comigo, a fim de que sejam aperfeiçoados em um, para que o mundo tenha conhecimento de que tu me enviaste e que os amaste assim como amaste a mim. 24 Pai, quanto ao que me tens dado, quero que, onde eu estiver, eles também estejam comigo, a fim de que observem a minha glória que me tens dado, porque me amaste antes da fundação do mundo. 25 Justo Pai, o mundo, deveras, não veio a conhecer-te; mas eu vim a conhecer-te, e estes vieram a saber que tu me enviaste. 26 E eu lhes tenho dado a conhecer o teu nome e o hei de dar a conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu em união com eles.”

18 Tendo dito estas coisas, Jesus saiu com seus discípulos para o outro lado da torrente hibernal do Cédron, onde havia um horto, e ele e seus discípulos entraram nele. 2 Ora, Judas, quem o traía, também conhecia o lugar, porque Jesus muitas vezes se havia reunido ali com seus discípulos. 3 Portanto, Judas, tomando o destacamento de soldados e os oficiais dos principais sacerdotes e dos fariseus, foi para lá com tochas, e lâmpadas, e armas. 4 Jesus, portanto, sabendo todas as coisas que lhe sobrevinham, saiu e disse-lhes: “A quem procurais?” 5 Responderam-lhe: “A Jesus, o nazareno.” Disse-lhes ele: “Sou eu.” Então Judas, quem o traía, estava também parado com eles.

6 No entanto, quando lhes disse: “Sou eu”, recuaram e caíram no chão. 7 Portanto, perguntou-lhes novamente: “A quem procurais?” Disseram: “A Jesus, o nazareno.” 8 Jesus respondeu: “Eu vos disse que sou eu. Se, portanto, sou eu a quem procurais, deixai ir a estes”; 9 a fim de que se cumprisse a palavra que ele

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dissera: “Não perdi nem um único daqueles que me deste.”

10 Então Simão Pedro, visto que tinha espada, puxou-a e golpeou o escravo do sumo sacerdote, e cortou-lhe a orelha direita. O nome do escravo era Malco. 11 Jesus, porém, disse a Pedro: “Põe a espada na [sua] bainha. Não devia eu de toda maneira beber o copo que o Pai me tem dado?”

12 O destacamento de soldados, e o comandante militar, e os oficiais dos judeus apoderaram-se então de Jesus e o amarraram, 13 e levaram-no primeiro a Anás; pois ele era sogro de Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano. 14 Caifás era, de fato, quem aconselhara aos judeus que era do seu proveito que um só homem morresse a favor do povo.

15 Ora, Simão Pedro, bem como outro discípulo, seguia Jesus. Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote, e ele entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote, 16 mas Pedro estava parado do lado de fora, junto à porta. Portanto, o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu e falou com a porteira e trouxe Pedro para dentro. 17 A serva, a porteira, disse então a Pedro: “Não és tu também um dos discípulos deste homem?” Ele disse: “Não sou.” 18 Ora, os escravos e os oficiais estavam parados por ali, visto que tinham aceso um fogo de brasas, porque fazia frio, e se aqueciam. Pedro também estava parado com eles e se aquecia.

19 E o principal sacerdote interrogou assim Jesus sobre os seus discípulos e sobre o seu ensino. 20 Jesus respondeu-lhe: “Falei ao mundo publicamente. Sempre ensinei numa sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem; e não falei nada em secreto. 21 Por que me interrogas? Interroga os que ouviram o que lhes falei. Eis que estes sabem o que eu disse.” 22 Depois de ele dizer estas coisas, um dos oficiais parados ali deu uma bofetada em Jesus e disse: “É

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assim que respondes ao principal sacerdote?” 23 Jesus respondeu-lhe: “Se falei de modo errado, dá testemunho acerca do erro; mas, se [falei] de modo correto, por que me bates?” 24 Anás mandou-o então amarrado a Caifás, o sumo sacerdote.

25 Ora, Simão Pedro estava parado e se aquecia. Disseram-lhe então: “Não és tu também um dos seus discípulos?” Ele o negou e disse: “Não sou.” 26 Um dos escravos do sumo sacerdote, sendo parente do homem cuja orelha Pedro cortara, disse: “Não te vi no jardim com ele?” 27 No entanto, Pedro negou-o novamente; e, imediatamente, cantou um galo.

28 Conduziram então Jesus de Caifás para o palácio do governador. Já era de manhã cedo. Mas eles mesmos não entraram no palácio do governador, para que não se aviltassem, mas pudessem comer a páscoa. 29 Portanto, Pilatos saiu a ter com eles e disse: “Que acusação levantais contra este homem?” 30 Disseram-lhe, em resposta: “Se este homem não fosse delinqüente, não o teríamos entregado a ti.” 31 Pilatos disse-lhes, por isso: “Tomai-o e julgai-o vós mesmos segundo a vossa lei.” Os judeus disseram-lhe: “Não nos é lícito matar alguém.” 32 Isto, a fim de que se cumprisse a palavra de Jesus, que ele dissera para indicar de que sorte de morte estava destinado a morrer.

33 De modo que Pilatos entrou novamente no palácio do governador e chamou Jesus e disse-lhe: “És tu o rei dos judeus?” 34 Jesus respondeu: “É de tua própria iniciativa que dizes isso ou te contaram outros a respeito de mim?” 35 Pilatos respondeu: “Será que eu sou judeu? A tua própria nação e os principais sacerdotes te entregaram a mim. O que fizeste?” 36 Jesus respondeu: “Meu reino não faz parte deste mundo. Se o meu reino fizesse parte deste mundo, meus assistentes teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, assim como é, o meu reino não é desta fonte.” 37 Portanto, Pilatos disse-lhe: “Pois

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bem, és tu rei?” Jesus respondeu: “Tu mesmo estás dizendo que eu sou rei. Para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que está do lado da verdade escuta a minha voz.” 38 Pilatos disse-lhe: “Que é verdade?”

E, depois de dizer isso, saiu novamente para os judeus e disse-lhes: “Não acho falta nele. 39 Ainda mais, tendes o costume de que eu vos livre um homem por ocasião da páscoa. Quereis, portanto, que eu vos livre o rei dos judeus?” 40 Gritaram então de novo, dizendo: “Não este homem, mas Barrabás!” Ora, Barrabás era salteador.

19 Naquela ocasião, portanto, Pilatos tomou Jesus e o açoitou. 2 E os soldados trançaram uma coroa de espinhos e a puseram na cabeça dele, e vestiram-no com uma roupa exterior de púrpura; 3 e começaram a chegar-se a ele e a dizer: “Bom dia, ó Rei dos judeus!” Davam-lhe também bofetadas. 4 E Pilatos saiu novamente e disse-lhes: “Eis que vo-lo trago para fora, a fim de que saibais que eu não acho falta nele.” 5 Concordemente, Jesus veio para fora, levando a coroa de espinhos e a roupa exterior de púrpura. E ele lhes disse: “Eis o homem!” 6 No entanto, quando os principais sacerdotes e os oficiais o viram, gritaram, dizendo: “Para a estaca [com ele]! Para a estaca [com ele]!” Pilatos disse-lhes: “Tomai-o vós mesmos e pregai-o numa estaca, pois eu não acho nenhuma falta nele.” 7 Os judeus responderam-lhe: “Nós temos uma lei, e é segundo a lei que ele deve morrer, porque se fez filho de Deus.”

8 Ouvindo Pilatos, portanto, esta palavra, ficou mais temeroso ainda; 9 e entrou novamente no palácio do governador e disse a Jesus: “Donde és?” Mas Jesus não lhe deu resposta. 10 Pilatos disse-lhe por isso: “Não falas comigo? Não sabes que tenho autoridade para te livrar e que tenho autoridade para te pregar numa estaca?” 11 Jesus respondeu-lhe: “Não terias absolutamente nenhuma autoridade contra mim, se

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não te tivesse sido concedida de cima. É por isso que o homem que me entregou a ti tem maior pecado.”

12 Por esta razão, Pilatos procurava um modo de livrá-lo. Mas os judeus gritavam, dizendo: “Se livrares este [homem], não és amigo de César. Todo homem que se faz rei fala contra César.” 13 Portanto, Pilatos, depois de ouvir estas palavras, trouxe Jesus para fora e se assentou numa cadeira de juiz, num lugar chamado O Pavimento de Pedra, mas, em hebraico, Gabatá. 14 Ora, era a preparação da páscoa; era cerca da sexta hora. E ele disse aos judeus: “Eis o vosso rei!” 15 No entanto, eles gritavam: “Fora [com ele]! Fora [com ele]! Para a estaca com ele!” Pilatos disse-lhes: “Hei de pregar na estaca o vosso rei?” Os principais sacerdotes responderam: “Não temos rei senão César.” 16 Nesta ocasião, portanto, entregou-o a eles, para ser pregado numa estaca.

Então tomaram conta de Jesus. 17 E, levando ele mesmo a estaca de tortura, saiu para o chamado Lugar da Caveira, que em hebraico é chamado Gólgota; 18 e ali o pregaram numa estaca, e, junto com ele, mais dois [homens], um deste lado e um daquele, mas Jesus no meio. 19 Pilatos escreveu também um título e o pôs na estaca de tortura. Estava escrito: “Jesus, o Nazareno, o Rei dos Judeus.” 20 Portanto, muitos dos judeus leram este título, porque o lugar onde Jesus estava pregado numa estaca era perto da cidade; e estava escrito em hebraico, em latim, em grego. 21 No entanto, os principais sacerdotes dos judeus começaram a dizer a Pilatos: “Não escrevas ‘O Rei dos Judeus’, mas que ele disse: ‘Eu sou o Rei dos Judeus.’” 22 Pilatos respondeu: “O que escrevi, escrevi.”

23 Então, quando os soldados tinham pregado Jesus numa estaca, tomaram as suas roupas exteriores e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte, e a roupa interior. Mas a roupa interior era sem costura, sendo tecida desde a parte de cima, por todo o seu comprimento. 24 Portanto, disseram um ao outro: “Não

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a rasguemos, mas decidamos por sortes de quem será.” Isto foi para que se cumprisse a escritura: “Repartiram entre si a minha roupagem exterior, e lançaram sortes sobre a minha vestimenta.” E, assim, os soldados fizeram realmente estas coisas.

25 Junto à estaca de tortura de Jesus, porém, estavam paradas a sua mãe e a irmã de sua mãe; Maria, esposa de Clopas, e Maria Madalena. 26 Jesus, portanto, vendo sua mãe e o discípulo a quem amava parados ali, disse à sua mãe: “Mulher, eis o teu filho!” 27 A seguir disse ao discípulo: “Eis a tua mãe!” E daquela hora em diante, o discípulo levou-a para o seu próprio lar.

28 Depois disso, sabendo Jesus que já se tinham efetuado todas as coisas, a fim de que se cumprisse a escritura, disse: “Tenho sede.” 29 Havia ali um vaso cheio de vinho acre. Portanto, puseram uma esponja cheia de vinho acre numa [haste] de hissopo e a chegaram à sua boca. 30 Tendo então recebido o vinho acre, Jesus disse: “Está consumado!” e, inclinando a cabeça, entregou o [seu] espírito.

31 Então, os judeus, visto ser a Preparação, a fim de que os corpos não permanecessem nas estacas de tortura no sábado, (pois era grande o dia daquele sábado,) solicitaram que Pilatos fizesse quebrar-lhes as pernas e retirar os [corpos]. 32 Os soldados vieram, portanto, e quebraram as pernas do primeiro [homem] e as do outro [homem] que com ele tinham sido pregados em estacas. 33 Mas, ao chegarem a Jesus, vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas. 34 No entanto, um dos soldados furou-lhe o lado com uma lança, e saiu imediatamente sangue e água. 35 E aquele que viu [isso] tem dado testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro, e esse homem sabe que diz coisas verdadeiras, a fim de que vós também creiais. 36 De fato, estas coisas ocorreram, a fim de que se cumprisse a escritura: “Nenhum osso seu será

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esmagado.” 37 E, novamente, uma escritura diferente diz: “Olharão para Aquele a quem traspassaram.”

38 Então, depois destas coisas, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, mas em secreto, por temor dos judeus, solicitou a Pilatos que pudesse retirar o corpo de Jesus; e Pilatos deu-lhe permissão. Ele veio, portanto, e retirou o corpo dele. 39 Também Nicodemos, o homem que viera a ele pela primeira vez de noite, veio trazer um rolo de mirra e aloés, cerca de trinta e três quilos [disso]. 40 Tomaram assim o corpo de Jesus e o envolveram com faixas, junto com os aromas, do modo como os judeus costumam preparar para o enterro. 41 Incidentalmente, no lugar onde fora pregado numa estaca havia um jardim, e no jardim um túmulo memorial novo, no qual ainda ninguém tinha sido deitado. 42 Ali, então, por causa da preparação dos judeus, deitaram Jesus, porque o túmulo memorial estava perto.

20 No primeiro dia da semana, Maria Madalena veio cedo ao túmulo memorial, enquanto ainda estava escuro, e observou a pedra já retirada do túmulo memorial. 2 Ela correu, portanto, e veio a Simão Pedro e ao outro discípulo, por quem Jesus tinha afeição, e disse-lhes: “Retiraram o Senhor do túmulo memorial, e não sabemos onde o deitaram.”

3 Pedro e o outro discípulo saíram então e partiram para o túmulo memorial. 4 Sim, os dois começaram a correr juntos; mas o outro discípulo correu na frente de Pedro, com mais velocidade, e atingiu primeiro o túmulo memorial. 5 E, inclinando-se para a frente, observou as faixas deitadas [ali], contudo, não entrou. 6 Então veio também Simão Pedro, seguindo-o, e ele entrou no túmulo memorial. E observou as faixas deitadas, 7 também que o pano que tinha estado sobre a cabeça dele não estava deitado com as faixas, mas [estava] enrolado separadamente num só lugar. 8 Naquela ocasião, portanto, o outro discípulo, que tinha atingido primeiro o túmulo memorial, também

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entrou, e viu e acreditou. 9 Porque ainda não discerniam a escritura, de que ele tinha de ser levantado dentre os mortos. 10 E os discípulos voltaram assim para os seus lares.

11 Maria, porém, ficou parada do lado de fora, perto do túmulo memorial, chorando. Então, enquanto chorava, inclinou-se para a frente a fim de olhar para dentro do túmulo memorial 12 e observou dois anjos, de branco, sentados um à cabeceira e outro aos pés do lugar onde o corpo de Jesus estivera deitado. 13 E disseram-lhe: “Mulher, por que estás chorando?” Ela lhes disse: “Retiraram o meu Senhor, e não sei onde o deitaram.” 14 Depois de dizer estas coisas, ela se voltou e observou Jesus em pé, mas não discernia que era Jesus. 15 Jesus disse-lhe: “Mulher, por que estás chorando? A quem estás procurando?” Ela, imaginando que fosse o jardineiro, disse-lhe: “Senhor, se tu o levaste embora, dize-me onde o deitaste, e eu o retirarei.” 16 Jesus disse-lhe: “Maria!” Dando meia-volta, ela disse-lhe, em hebraico: “Rabôni!” (que significa “Instrutor!”). 17 Jesus disse-lhe: “Pára de agarrar-te a mim. Porque ainda não ascendi para junto do Pai. Mas, vai aos meus irmãos e dize-lhes: ‘Eu ascendo para junto de meu Pai e vosso Pai, e para meu Deus e vosso Deus.’” 18 Maria Madalena veio e trouxe a notícia aos discípulos: “Tenho visto o Senhor!” e que ele lhe dissera essas coisas.

19 Portanto, quando já era tarde naquele dia, o primeiro da semana, e, embora estivessem fechadas à chave as portas onde os discípulos estavam, de temor dos judeus, veio Jesus e ficou em pé no meio deles, e disse-lhes: “Haja paz convosco.” 20 E, depois de dizer isso, mostrou-lhes tanto as suas mãos como o seu lado. Os discípulos alegraram-se então por verem o Senhor. 21 Jesus, portanto, disse-lhes novamente: “Haja paz convosco. Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.” 22 E, depois de dizer isso, soprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei espírito santo. 23 Se perdoardes os

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pecados de quaisquer pessoas, ficam-lhes perdoados; se retiverdes os de quaisquer pessoas, ficam-lhes retidos.”

24 Tomé, porém, um dos doze, que era chamado O Gêmeo, não estava com eles quando Jesus veio. 25 Conseqüentemente, os outros discípulos diziam-lhe: “Temos visto o Senhor!” Mas, ele lhes disse: “A menos que eu veja nas suas mãos o sinal dos pregos e ponha o meu dedo no sinal dos pregos, e ponha a minha mão no seu lado, certamente não acreditarei.”

26 Bem, oito dias depois, seus discípulos estavam novamente portas adentro, e Tomé com eles. Jesus veio, embora as portas estivessem fechadas à chave, e ficou em pé no meio deles e disse: “Haja paz convosco.” 27 A seguir, disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui, e vê as minhas mãos, e toma a tua mão e põe-na no meu lado, e pára de ser incrédulo, mas torna-te crente.” 28 Em resposta, Tomé disse-lhe: “Meu Senhor e meu Deus!” 29 Jesus disse-lhe: “Creste porque me viste? Felizes são os que não vêem, contudo, crêem.”

30 De certo, Jesus efetuou muitos outros sinais, também diante dos discípulos, os quais não estão escritos neste rolo. 31 Mas, estes foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e que, por crerdes, tenhais vida por meio do seu nome.

21 Depois destas coisas, Jesus manifestou-se novamente aos discípulos junto do mar de Tiberíades; mas, fez a manifestação do seguinte modo. 2 Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, que era chamado O Gêmeo, e Natanael, de Caná da Galiléia, e os filhos de Zebedeu, e mais dois dos seus discípulos. 3 Simão Pedro disse-lhes: “Vou pescar.” Disseram-lhe: “Nós também vamos contigo.” Foram assim e entraram no barco, mas, durante aquela noite não apanharam nada.

4 No entanto, quando estava amanhecendo, Jesus estava parado na praia, mas os discípulos, naturalmente, não discerniam que era Jesus. 5 Jesus

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disse-lhes então: “Criancinhas, será que tendes algo para comer?” Responderam-lhe: “Não.” 6 Disse-lhes ele: “Lançai a rede do lado direito do barco e achareis [algo].” Lançaram-na então, mas não puderam mais recolhê-la por causa da multidão de peixes. 7 Portanto, aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Por isso, Simão Pedro, ouvindo que era o Senhor, cingiu-se de sua roupa de cima, pois estava nu, e lançou-se no mar. 8 Mas os outros discípulos vieram no pequeno barco, pois não estavam longe da terra, apenas a cerca de noventa metros, arrastando a rede de peixes.

9 No entanto, quando desembarcaram em terra, observaram ali um fogo de brasas e peixe deitado nele, e pão. 10 Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que acabais de apanhar.” 11 Simão Pedro, portanto, subiu a bordo e puxou a rede para terra, cheia de grandes peixes, cento e cinqüenta e três deles. Mas, embora houvesse tantos, a rede não se rompeu. 12 Jesus disse-lhes: “Vinde, tomai o vosso primeiro almoço.” Nenhum dos discípulos tinha a coragem de indagar-lhe: “Quem és?” porque sabiam que era o Senhor. 13 Jesus veio e tomou o pão, e deu-o a eles, e assim também o peixe. 14 Esta foi então a terceira vez que Jesus apareceu aos discípulos depois de ter sido levantado dentre os mortos.

15 Então, depois de terem almoçado, Jesus disse a Simão Pedro: “Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?” Ele lhe disse: “Sim, Senhor, tu sabes que tenho afeição por ti.” Disse-lhe ele: “Apascenta meus cordeiros.” 16 Novamente lhe disse ele, pela segunda vez: “Simão, filho de João, amas-me?” Ele lhe disse: “Sim, Senhor, tu sabes que tenho afeição por ti.” Disse-lhe ele: “Pastoreia minhas ovelhinhas.” 17 Disse-lhe ele pela terceira vez: “Simão, filho de João, tens afeição por mim?” Pedro ficou contristado por ele lhe dizer pela terceira vez: “Tens afeição por mim?” De modo que lhe disse: “Senhor, tu sabes todas as coisas;

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tu te apercebes que eu tenho afeição por ti.” Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhinhas. 18 Eu te digo em toda a verdade: Quando eras mais jovem, costumavas cingir-te e andar onde querias. Mas, quando ficares velho, estenderás as tuas mãos e outro [homem] te cingirá e te levará para onde não queres.” 19 Isto ele disse para indicar por que sorte de morte havia de glorificar a Deus. Assim, depois de dizer isso, disse-lhe: “Continua a seguir-me.”

20 Voltando-se, Pedro viu seguindo o discípulo a quem Jesus havia amado, aquele que na refeição noturna também se encostara no peito dele e dissera: “Senhor, quem é que te trai?” 21 Concordemente, quando o avistou, Pedro disse a Jesus: “Senhor, este [homem fará] o quê?” 22 Jesus disse-lhe: “Se for a minha vontade que ele permaneça até eu vir, de que preocupação é isso para ti? Continua tu a seguir-me.” 23 Em conseqüência, difundia-se esta palavra entre os irmãos, que esse discípulo não ia morrer. No entanto, Jesus não lhe disse que não ia morrer, mas: “Se for a minha vontade que ele permaneça até eu vir, de que preocupação é isso para ti?”

24 Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e que escreveu estas coisas, e nós sabemos que o testemunho que ele dá é verdadeiro.

25 Há, de fato, também muitas outras coisas que Jesus fez, as quais, se alguma vez fossem escritas em todos os pormenores, suponho que o próprio mundo não poderia conter os rolos escritos.

[Notas de rodapé]

“João.” Gr.: I·o·á·nen, forma condensada do nome hebr. Yoh·hha·nán, significando “Jeová Mostrou Favor; Jeová Foi Clemente”. Veja 1Cr 26:3 n.

Ou “o Logos”. Gr.: ho ló·gos; lat.: Vér·bum; J17,18,22(hebr.): had·Da·vár.

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Lit.: “estava para com o Deus”. Gr.: en pros ton The·ón; J17,18(hebr.): ha·yáh ’eth ha·’Elo·hím.

“[Um] deus.” Gr.: the·ós, em contraste com ton The·ón, “o Deus”, na mesma sentença; J17,22(hebr.): we’·lo·hím, “e deus”. Veja o exame da expressão “um deus” no Ap. 6A.

A pontuação dos vv. 3 e 4 segue WH, Vgww, UBS e Nestle-Aland.

Veja Mt 3:1 n.: “João”.

Veja 3:16 n.

Lit.: “sangues”.

Lit.: “habitou em tenda; abarracou”. Veja Re 21:3 n.

“O deus unigênito”, P75אc; P66א°BC°: “deus unigênito”; ACcItVgSyc,h: “o Filho unigênito”.

“Testemunho.” Gr.: mar·ty·rí·a; lat.: te·sti·mó·ni·um.

“Elias” (significando “Meu Deus É Jeová”), J17,18,22; gr.: E·leí·as.

Veja Ap. 1D.

Ou: “Eu imerjo; eu submerjo (mergulho).” Gr.: ba·ptí·zo.

Não a Betânia perto de Jerusalém.

Veja 3:16 n.

Isto é, por volta das 16 horas, contada desde o nascer do sol.

Lit.: “a ele”.

“Cedo na manhã seguinte”, Itmss.Sys.

Ou “o Ungido”. Gr.: ton Mes·sí·an; lat.: Mes·sí·am; J17,18,22(hebr.): ham·Ma·shí·ahh.

“João”, P66,75אB°It; ABcVgcSyp,s: “Jona”.

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“Cefas.” Gr.: Ke·fás. Este é um nome aram. (Keh·fa’), aqui no masc., como em Mt 16:18 nos mss. sir. Veja Mt 16:18 n.: “rocha”.

Significando “Um Pedaço de Rocha”. Gr.: Pé·tros.

Lit.: “Verdadeiramente, verdadeiramente.” Gr.: A·mén, a·mén.

Ou “mensageiros”. Gr.: ag·gé·lous; lat.: án·ge·los. Veja Jó 33:23; Sal 91:11.

Ou “a serviço do”.

Lit.: “O que para mim e para ti?” significando: “O que há de comum entre mim e ti?” Esta é uma expressão idiomática; é uma pergunta de repulsa, indicando objeção. Veja Ap 7B.

Provavelmente o bato, que equivalia a 22 l. Veja Ap. 8A.

Ou “habitação (morada) divina”. Gr.: na·ón; lat.: tém·plum; J17,18,22(hebr.): ha·heh·khál haz·zéh, “este palácio (templo)”.

“Nasça de novo.” Lit.: “seja gerado de cima”. Gr.: gen·ne·theí á·no·then.

Ou “força ativa”. Gr.: pneú·ma·tos; lat.: Spí·ri·tu; J17,22(hebr.): weha·rú·ahh, “e a força ativa”. Veja Gên 1:2 n.: “ativa”.

“Vento.” Gr.: pneú·ma.

“Coisas celestiais.” Gr.: e·pou·rá·ni·a; lat.: cae·lé·sti·a, “coisas celestes”.

“O mundo.” Gr.: ton kó·smon; lat.: mún·dum; J17,18,22(hebr.): ha·‛oh·lám.

Ou “todas as coisas”.

Ou “parcamente”.

Ou “Amo”.

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“Sychem (Siquém)”, Sys. Veja At 7:16 n.: “Siquém”.

Isto é, por volta do meio-dia, contada desde o nascer do sol.

“Porque os judeus . . . samaritanos”, ABCWVgSyp,s; .DItmss. omitem isso°א

Lit.: “Espírito [é] o Deus.” Gr.: Pneú·ma ho The·ós.

Ou “Amo”.

Isto é, por volta das 13 horas, contada desde o nascer do sol.

“Uma”, P66,75ABD; אC: “a”.

“Betsata” (significando “Casa da Oliva”, ou: “Casa de Olivas”), א; P75BVg: “Betsaida”, significando “Casa de Pesca”; ACSyc,hi,pArm: “Betesda” (significando “Casa de Misericórdia”).

P66,75אBDVgSyc omitem o v. 4; AItVgcSyhi,pArm acrescentam: “Porque um anjo do Senhor [J9,22,23: “de Jeová”] costumava de época em época descer ao reservatório e agitar a água; o primeiro que então entrasse nela após a agitação da água ficava bom de saúde, livre de qualquer doença de que padecesse.”

“Jesus”, P66אAVg; P75B: “ele”.

Ou “coisa originária dele”.

Ou “em si mesmo o dom da vida”. Veja Ro 6:23.

“Ressurreição de julgamento.” Gr.: a·ná·sta·sin krí·se·os; lat.: re·sur·rec·ti·ó·nem iu·dí·ci·i.

Ou “coisa originária de mim”.

“Deus”, אADItVgSyc,h,hi,p; P66,75B omitem isso.

O denário era uma moeda romana de prata que pesava 3,85 g.

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Lit.: “cerca de vinte e cinco ou trinta estádios”. O estádio equivalia a um oitavo de milha romana, 185 m.

Ou “Amo”.

“Me”, P66,75BD; אASyc,s omitem isso.

Ou “serão os ensinados”.

Veja Ap. 1D.

“Em união comigo.” Ou “em mim”. Gr.: en e·moí.

Ou “significam”. Veja Mt 12:7 n.

Ou “é um diabo”. Gr.: di·á·bo·lós e·stin.

Ou “sendo que não aprendeu”.

Lit.: “de mim mesmo”.

Ou: “Estás endemoninhado.”

“[Judeus] dispersos.” Lit.: “dispersão”. Gr.: di·a·spo·rán.

“Testemunho.” Gr.: mar·ty·rí·a; lat.: te·sti·mó·ni·um.

“O Pai”, P66,75אcBVg; א°DSyc,s: “aquele”.

Ou “das coisas”.

Ou: “O que é que eu vos estive dizendo.”

Lit.: “de mim mesmo”.

Ou “semente”.

“Da mentira”, J17,22. Lit.: “dela”.

Ou “e estás endemoninhado”.

Ou: “Eu não estou endemoninhado.”

Ou “estás endemoninhado”.

“Viste Abraão?” P66אcABCDVg; P75א°Sys: “Abraão te viu?”

Page 290: Evangelhos e Atos

“Eu tenho sido.” Veja o Ap. 6F para um exame da existência pré-humana de Jesus.

“Siloé”, אAB; J7-14,16-19,22: “Siloá”. Veja Is 8:6 na LXX.

“Expulso da sinagoga.” Ou “excomungado”.

Ou “Amo”.

Ou “correto; certo”.

Ou “minha vida”. Gr.: ten psy·khén mou; J17,18,22(hebr.): naf·shí. Veja Ap. 4A.

Lit.: “é necessário [que] eu conduza”.

“Tirou”, P45א°BSyp; P66אcADVgSys: “tira”.

“A festividade da dedicação (Chanuká).” J22(hebr.): hhagh ha·hhanuk·káh.

“Aquilo . . . coisas”, BItVg(אW, com uma ligeira variação, concordam); ASyh,p,s: “Meu Pai, que [mas] deu, é maior do que todos os outros.”

Ou “estamos em união”. Lit.: “uma (só coisa)”. Gr.: hen, neutro, para mostrar unidade na cooperação. Veja 17:21 n. e 1Co 3:8 n.

“Vós sois deuses.” Gr.: the·oí e·ste; lat.: dí·i é·stis; J17,18,22(hebr.): ’elo·hím ’at·tém.

Ou “a”.

Ou “daquele”.

“Lázaro”, אABJ17; J7-14,16,18,19,22: “Eleazar”, significando “Deus Ajudou”.

Ou “Amo”.

Ou “judeus”. Gr.: I·ou·daí·oi, como em 10:31, 33.

Ou “será salvo”.

Ou “Dídimo”. Gr.: Dí·dy·mos; lat.: Dí·dy·mus.

Page 291: Evangelhos e Atos

Lit.: “afastada uns quinze estádios”. Cerca de 2,8 km. O estádio equivalia a um oitavo de milha romana, 185 m.

Ou “Amo”.

“Eu sou a ressurreição e a vida.” Gr.: E·gó ei·mi he a·ná·sta·sis kai he zo·é; lat.: É·go sum re·sur·réc·ti·o et ví·ta; J17(hebr.): ’A·no·khí hat·tequ·máh weha·hhai·yím.

Veja v. 1 n.

Isto é, o templo.

Veja 11:1 n.

Gr.: lí·tran. Cerca de 327 g.

Cerca de US$ 260, quando se calcula a prata a US$ 0,22 por g. Veja Ap. 8A.

Lit.: “Hosana.” J7-14,16-19,22(hebr.): Hoh·sha‛-ná’.

Veja Ap. 1D.

Ou “vida”. Gr.: psy·khén; J17,18,22(hebr.): naf·shóh (de né·fesh).

“Ministro.” Gr.: di·á·ko·nos; lat.: mi·ní·ster (de mí·nus, “menos”); J18,22(hebr.): mesha·rethí, “meu ministro”.

Ou “todos os homens”.

Veja Ap. 1D.

Ou: “quem acreditou no nosso relato?”

Veja Ap. 1D.

Veja 9:22 n.

Ou “é”.

Ou “se preparava”.

Ou “Amo”.

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“O enviado.” Ou “um apóstolo (emissário)”. Gr.: a·pó·sto·los; lat.: a·pó·sto·lus.

Ou “preferia”.

Ou “por meio dele”.

Ou “vida”. Gr.: psy·khén; lat.: á·ni·mam; J17,18,22(hebr.): naf·shekhá (de né·fesh).

Ou “Amo”.

Lit.: “de mim mesmo”.

“Pedirdes”, ADIt e em harmonia com 15:16 e 16:23; P66

.”BWVgSyh,p: “me pedirdesא

Ou “outro paracleto (consolador)”. Gr.: ál·lon pa·rá·kle·ton, masc.

Ou “a força ativa”. Gr.: to pneú·ma, neutro. Veja Gên 1:2 n.: “ativa”.

“O observa . . . . Vós o conheceis.” “O” (gr.: au·tó, neutro) refere-se a “o espírito” (to pneú·ma, neutro).

Ou “órfãos”. Gr.: or·fa·noús; lat.: ór·fa·nos.

Ou “o paracleto (consolador)”. Gr.: ho . . . pa·rá·kle·tos, masc.

“Esse”, gr. masc., referindo-se ao “ajudador”, gr. masc.

Lit.: “muitas (coisas)”.

Ou “ele poda”.

Ou “produzir”.

Ou “vida”.

Ou “o paracleto (consolador)”. Gr.: ho pa·rá·kle·tos, masc.

“Esse”, gr. masc., referindo-se ao “ajudador”, gr. masc. Veja 16:7.

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Veja 9:22 n.

“Um serviço sagrado.” Gr.: la·treí·an. Veja Êx 12:25 n.

Ou “o paracleto (consolador)”. Gr.: ho pa·rá·kle·tos, masc.

“Dará . . . evidência convincente.” Ou “repreenderá”. Gr.: e·lég·xei.

“Esse”, referindo-se a “o ajudador” no v. 7.

“De que está falando.” B omite isso.

Ou “em união comigo”. Gr.: en e·moí. Veja 6:56 n.

Ou “que te conheçam”. Gr.: hí·na gi·nó·sko·si se.

Ou: “E eu me tenho por sagrado (trato-me como santo).” Gr.: kai . . . e·gó ha·gi·á·zo e·mau·tón; lat.: et . . . é·go sanc·tí·fi·co me íp·sum; J17(hebr.): wehith·qad·dash·tí.

Ou “estejam em união”. Lit.: “uma (só coisa)”. Gr.: hen, neutro, para mostrar unidade na cooperação. Veja 10:30 n.

Lit.: “antes do lançamento para baixo [de semente]”. Gr.: pro ka·ta·bo·lés.

Ou “do vale”.

Ou “o quiliarca”. Gr.: ho khi·lí·ar·khos; o comandante de 1.000 soldados.

“Rei dos judeus.” Gr.: ba·si·leús ton I·ou·daí·on; lat.: rex Iu·dae·ó·rum; J17,18,22(hebr.): mé·lekh hai·Yehu·dhím.

“A fim de dar testemunho.” Gr.: mar·ty·ré·so; lat.: te·sti·mó·ni·um per·hí·be·am.

“Que é verdade?” Gr.: Tí e·stin a·lé·thei·a; lat.: Quid est vé·ri·tas; J17,18(hebr.): Mah hi’ ha·’eméth.

“Eis o homem!” Gr.: I·doú ho án·thro·pos; lat.: éc·ce hó·mo; J22(hebr.): Hin·néh ha·’ísh; J17(hebr.): Hin·néh

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ha·’a·dhám, “Eis o homem terreno!”; J18(hebr.): Hin·néh hag·ga·vér, “Eis o varão vigoroso!” Veja Za 6:12 n.: “homem”.

Ou: “Fixa[-o] numa estaca (poste)!” Veja Ap. 5C.

“Autoridade.” Gr.: e·xou·sí·an; lat.: po·te·stá·tem; J17(hebr.): reshúth.

Ou “desde o céu”.

Ou “do imperador”. Gr.: tou Kaí·sa·ros.

Isto é, por volta do meio-dia, contada desde o nascer do sol.

Veja Ap. 5C.

Veja Mt 27:33 n.: “Lugar da Caveira.”

“Gólgota.” Gr.: Gol·go·thá; J17,18(hebr.): Gol·gol·tá’.

Veja 18:33 n.

Veja Lu 23:38 n.

Ou “preferia”.

Ou “parou de respirar”. Lit.: “entregou o espírito”. Gr.: pa·ré·do·ken to pneú·ma.

Ou “retirá-los”.

“Rolo”, א°B; P66אcAVgSyp: “uma mistura”.

Ou “cem libras”. Gr.: lí·tras, de modo geral igualada à libra romana, que pesava 327 g; lat.: lí·bras.

Ou “Amo”.

“Rabôni!” J18(hebr.): Rib·boh·ní.

Ou “Dídimo”. Gr.: Dí·dy·mos; lat.: Dí·dy·mus.

Ou “preferia”.

Ou “o Amo”.

Lit.: “a cerca de duzentos côvados”. Veja Ap. 8A.

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“João”, BVg; ASyp,s: “Jona”. Veja 1:42 n.: “João”.

“Amas-me.” Gr.: a·ga·país.

“Tenho afeição por ti.” Gr.: fi·ló se.

“Amas-me?” Gr.: a·ga·país.

“Tenho afeição por ti.” Gr.: fi·ló se.

“Tens afeição por mim?” Gr.: fi·leís me.

“Eu tenho afeição por ti.” Gr.: fi·ló se.

Ou “preferido”.

O v. 25 consta em אcABCVgSyp,s; א° omite isso.

Atos dos Apóstolos

1 O primeiro relato, ó Teófilo, eu compus a respeito de todas as coisas que Jesus principiou tanto a fazer como a ensinar, 2 até o dia em que foi tomado para cima, depois de ter dado mandamento, por intermédio de espírito santo, aos apóstolos que escolhera. 3 A estes mostrou-se também vivo, por meio de muitas provas positivas, depois de ter sofrido, sendo visto por eles durante quarenta dias, e contando as coisas a respeito do reino de Deus. 4 E, reunindo-se com eles, deu-lhes as ordens: “Não vos retireis de Jerusalém, mas persisti em esperar por aquilo que o Pai tem prometido, a respeito do qual me ouvistes [falar]; 5 porque João, deveras, batizou com água, mas vós sereis batizados em espírito santo, não muitos dias depois disso.”

6 Tendo-se eles então reunido, perguntavam-lhe: “Senhor, é neste tempo que restabeleces o reino a Israel?” 7 Disse-lhes ele: “Não vos cabe obter conhecimento dos tempos ou das épocas que o Pai tem colocado sob a sua própria jurisdição; 8 mas, ao chegar sobre vós o espírito santo, recebereis poder e sereis

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testemunhas de mim tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até à parte mais distante da terra.” 9 E, depois de dizer estas coisas, enquanto olhavam, foi elevado e uma nuvem o arrebatou para cima, fora da vista deles. 10 E, enquanto fitavam os olhos no céu, durante a partida dele, eis que havia também dois homens em roupas brancas em pé ao lado deles, 11 e estes disseram: “Homens da Galiléia, por que estais parados aí olhando para o céu? Este Jesus, que dentre vós foi acolhido em cima, no céu, virá assim da mesma maneira em que o observastes ir para o céu.”

12 Voltaram então a Jerusalém, do monte chamado Monte das Oliveiras, que está perto de Jerusalém, à distância da jornada de um sábado. 13 Assim, tendo entrado, subiram para o quarto de andar superior onde ficavam, tanto Pedro como João, e Tiago, e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, [filho] de Alfeu, e Simão, o zeloso, e Judas, [filho] de Tiago. 14 De comum acordo, todos eles persistiam em oração, junto com algumas mulheres e Maria, a mãe de Jesus, e com os irmãos dele.

15 Ora, durante esses dias, Pedro levantou-se no meio dos irmãos e disse (a multidão de pessoas era ao todo de cerca de cento e vinte): 16 “Homens, irmãos, era necessário que se cumprisse a escritura, que o espírito santo predissera pela boca de Davi a respeito de Judas, que se tornou guia dos que prenderam a Jesus, 17 porque tinha sido contado entre nós e obtivera uma parte neste ministério. 18 (Este mesmo homem, portanto, comprou um campo com o salário da injustiça, e, jogando-se de cabeça para baixo, rebentou ruidosamente pelo meio e se derramaram todos os seus intestinos. 19 Também todos os habitantes de Jerusalém ficaram sabendo disso, de modo que aquele campo foi chamado na língua deles Acéldama, isto é: Campo de Sangue.) 20 Pois, está escrito no livro dos Salmos: ‘Fique desolada a sua pousada e não haja nela

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morador’, e: ‘Tome outro seu cargo de superintendência.’ 21 Portanto, é necessário que dentre os homens que se reuniam conosco durante todo o tempo em que o Senhor Jesus entrava e saía entre nós, 22 principiando com o seu batismo por João e até o dia em que dentre nós foi acolhido em cima, um destes homens se torne testemunha conosco de sua ressurreição.”

23 Propuseram assim dois: José, chamado Barsabás, cognominado Justo, e Matias. 24 E oraram e disseram: “Ó Jeová, tu que conheces os corações de todos, indica qual destes dois homens tens escolhido 25 para tomar o lugar deste ministério e apostolado, do qual Judas se desviou para ir para o seu próprio lugar.” 26 Lançaram assim sortes sobre eles, e a sorte caiu em Matias; e ele foi contado com os onze apóstolos.

2 Então, estando em progresso o dia [da festividade] de Pentecostes, todos eles estavam juntos no mesmo lugar, 2 e, repentinamente, ocorreu do céu um ruído, bem semelhante ao duma forte brisa impetuosa, e encheu toda a casa onde estavam sentados. 3 E línguas, como que de fogo, tornaram-se-lhes visíveis e se distribuíram, e sobre cada um deles assentou-se uma, 4 e todos eles ficaram cheios de espírito santo e principiaram a falar em línguas diferentes, assim como o espírito lhes concedia fazer pronunciação.

5 Acontece que moravam em Jerusalém judeus, homens reverentes, de toda nação das debaixo do céu. 6 Assim, ao ocorrer este som, a multidão ajuntou-se e estava desnorteada, porque cada um os ouvia falar no seu próprio idioma. 7 Deveras, ficaram assombrados e começaram a perguntar-se, dizendo: “Pois quê! não são galileus todos estes que estão falando? 8 E, no entanto, como é que ouvimos cada um de nós o seu próprio idioma em que nascemos? 9 Partos, e medos, e elamitas, e os habitantes de Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, Ponto e [o distrito da] Ásia, 10 e Frígia, e Panfília, Egito e as partes da Líbia, do lado de Cirene, e

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os residentes temporários de Roma, tanto judeus como prosélitos, 11 cretenses e árabes, nós os ouvimos falar em nossas línguas sobre as coisas magníficas de Deus.” 12 Sim, todos ficaram assombrados e estavam em perplexidade, dizendo um ao outro: “Que denota esta coisa?” 13 No entanto, diversos mofaram deles e começaram a dizer: “Estão cheios de vinho doce.”

14 Mas, Pedro pôs-se de pé com os onze, levantou a sua voz e fez-lhes a seguinte pronunciação: “Homens da Judéia e todos vós, habitantes de Jerusalém, seja isso conhecido por vós e dai ouvidos às minhas declarações. 15 Estes, de fato, não estão embriagados, como supondes, pois é a terceira hora do dia. 16 Ao contrário, isto é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: 17 ‘“E nos últimos dias”, diz Deus, “derramarei do meu espírito sobre toda sorte de carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, e os vossos jovens terão visões e os vossos anciãos terão sonhos; 18 e até mesmo sobre os meus escravos e sobre as minhas escravas derramarei naqueles dias do meu espírito, e eles profetizarão. 19 E darei portentos em cima no céu e sinais em baixo na terra: sangue, e fogo, e fumaça brumosa; 20 o sol será transformado em escuridão e a lua em sangue, antes de chegar o grande e ilustre dia de Jeová. 21 E todo aquele que invocar o nome de Jeová será salvo.”’

22 “Homens de Israel, ouvi estas palavras: Jesus, o nazareno, homem publicamente mostrado a vós por Deus, por intermédio de poderosas obras, e portentos, e sinais, que Deus fez por intermédio dele no vosso meio, conforme vós mesmos sabeis, 23 a este [homem], como alguém entregue pelo conselho resolvido e [pela] presciência de Deus, vós fixastes numa estaca pela mão de homens contrários à lei e [o] eliminastes. 24 Mas Deus o ressuscitou por afrouxar as ânsias da morte, porque não era possível que ele continuasse a ser segurado por ela. 25 Pois, Davi diz com respeito a ele: ‘Eu tinha constantemente a Jeová diante dos meus

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olhos; porque ele está à minha direita, para que eu nunca seja abalado. 26 Por esta razão, meu coração ficou animado e a minha língua se alegrou muito. Além disso, até mesmo a minha carne residirá em esperança; 27 porque não deixarás a minha alma no Hades, nem permitirás que aquele que te é leal veja a corrupção. 28 Fizeste-me saber os caminhos da vida, encher-me-ás de boa animação com o teu rosto.’

29 “Homens, irmãos, é permissível falar-vos com franqueza a respeito do chefe de família Davi, que ele tanto faleceu como foi enterrado, e o seu túmulo está entre nós até o dia de hoje. 30 Portanto, visto que era profeta e sabia que Deus lhe havia jurado com juramento que faria sentar um dos frutos dos seus lombos sobre o seu trono, 31 previu e falou a respeito da ressurreição do Cristo, que ele nem foi abandonado no Hades, nem viu a sua carne a corrupção. 32 A este Jesus, Deus ressuscitou, fato de que todos nós somos testemunhas. 33 Portanto, visto que ele foi enaltecido à direita de Deus e recebeu do Pai o prometido espírito santo, derramou isto que vedes e ouvis. 34 Realmente, Davi não ascendeu aos céus, mas ele mesmo diz: ‘Jeová disse a meu Senhor: “Senta-te à minha direita, 35 até que eu ponha os teus inimigos como escabelo para os teus pés.”’ 36 Portanto, que toda a casa de Israel saiba com certeza que Deus o fez tanto Senhor como Cristo, a este Jesus, a quem pregastes numa estaca.”

37 Ora, quando ouviram isso, ficaram compungidos no coração, e disseram a Pedro e aos demais apóstolos: “Homens, irmãos, o que havemos de fazer?” 38 Pedro [disse] a eles: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado no nome de Jesus Cristo, para o perdão de vossos pecados, e recebereis a dádiva gratuita do espírito santo. 39 Porque a promessa é para vós e para os vossos filhos, e para todos os que estão longe, tantos quantos Jeová, nosso Deus, chamar a si.” 40 E dava cabalmente testemunho e os exortava com muitas outras palavras, dizendo: “Sede salvos desta

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geração pervertida.” 41 Portanto, os que abraçaram de coração a sua palavra foram batizados, e naquele dia acrescentaram-se cerca de três mil almas. 42 E eles continuavam a devotar-se ao ensino dos apóstolos e a partilhar [uns com os outros], a tomar refeições e a orações.

43 Deveras, sobre cada alma começou a cair temor, e muitos portentos e sinais começaram a ocorrer por intermédio dos apóstolos. 44 Todos os que se tornavam crentes estavam unidos em terem todas as coisas em comum, 45 e foram vender as suas propriedades e bens, e distribuir a [receita] entre todos, conforme alguém tivesse necessidade. 46 E dia após dia assistiam constantemente no templo, de comum acordo, tomando as suas refeições em lares particulares e participando do alimento com grande júbilo e sinceridade de coração, 47 louvando a Deus e achando favor [diante] de todo o povo. Ao mesmo tempo, Jeová continuava a ajuntar-lhes diariamente os que estavam sendo salvos.

3 Ora, Pedro e João estavam subindo ao templo para a hora da oração, a nona hora, 2 e certo homem, coxo desde a madre de sua mãe, estava sendo carregado, e o punham diariamente perto da porta do templo, chamada Bela, a fim de pedir dádivas de misericórdia dos que entravam no templo. 3 Quando ele avistou Pedro e João entrando no templo, começou a solicitar, para obter dádivas de misericórdia. 4 Mas Pedro, junto com João, fitou os olhos nele e disse: “Olha para nós.” 5 De modo que ele fixou a sua atenção neles, esperando obter deles alguma coisa. 6 No entanto, Pedro disse: “Não possuo prata nem ouro, mas o que tenho é o que te dou: Em nome de Jesus Cristo, o nazareno, anda!” 7 Com isto o segurou pela mão direita e o levantou. As solas dos seus pés e os ossos dos seus tornozelos foram instantaneamente feitos firmes; 8 e, pulando, pôs-se em pé, e começou a andar, e entrou com eles no templo, andando, e pulando, e louvando a

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Deus. 9 E todo o povo avistava-o andando e louvando a Deus. 10 Além disso, começaram a reconhecê-lo, que este era o homem que costumava sentar-se [pedindo] dádivas de misericórdia no Portão Belo do templo, e ficaram cheios de assombro e de êxtase com o que lhe tinha acontecido.

11 Pois bem, sendo que o homem segurava Pedro e João, todo o povo, fora de si de surpresa, afluía a eles no que era chamado de colunata de Salomão. 12 Quando Pedro viu isso, ele disse ao povo: “Homens de Israel, por que vos admirais disso, ou por que estais fitando os olhos em nós como se nós o tivéssemos feito andar por intermédio de poder pessoal ou de devoção piedosa? 13 O Deus de Abraão, e de Isaque, e de Jacó, o Deus de nossos antepassados, glorificou o seu Servo, Jesus, a quem vós, da vossa parte, entregastes e repudiastes na face de Pilatos, quando ele tinha decidido livrá-lo. 14 Sim, vós repudiastes aquele santo e justo, e pedistes que um homem, um assassino, vos fosse concedido liberalmente, 15 ao passo que matastes o Agente Principal da vida. Mas, Deus levantou-o dentre os mortos, fato de que somos testemunhas. 16 Conseqüentemente, o seu nome, pela [nossa] fé no seu nome, tornou forte este homem que observais e conheceis, e a fé que é por intermédio dele tem dado ao homem esta saúde completa à vista de todos vós. 17 E agora, irmãos, sei que agistes em ignorância, assim como também fizeram vossos governantes. 18 Mas, deste modo Deus tem cumprido as coisas que ele anunciou de antemão por intermédio da boca de todos os profetas, que o seu Cristo havia de sofrer.

19 “Arrependei-vos, portanto, e dai meia-volta, a fim de que os vossos pecados sejam apagados, para que venham épocas de refrigério da parte da pessoa de Jeová 20 e para que ele envie o Cristo designado a vós, Jesus, 21 a quem o céu, deveras, tem de reter até os tempos do restabelecimento de todas as coisas, das quais Deus falou por intermédio da boca dos seus

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santos profetas dos tempos antigos. 22 De fato, Moisés disse: ‘Jeová Deus vos suscitará dentre os vossos irmãos um profeta semelhante a mim. A este tendes de escutar segundo todas as coisas que ele vos falar. 23 Deveras, toda alma que não escutar esse Profeta será completamente destruída dentre o povo.’ 24 E, de fato, todos os profetas, de Samuel em diante e os em sucessão, tantos quantos falaram, declararam também distintamente estes dias. 25 Vós sois os filhos dos profetas e do pacto que Deus celebrou com os vossos antepassados, dizendo a Abraão: ‘E em teu descendente serão abençoadas todas as famílias da terra.’ 26 Deus, depois de suscitar o seu Servo, enviou-o primeiro a vós, para vos abençoar, por desviar a cada um [de vós] das vossas ações iníquas.”

4 Então, enquanto os [dois] estavam falando ao povo, sobrevieram-lhes os principais sacerdotes e o capitão do templo, e os saduceus, 2 aborrecidos porque estavam ensinando o povo e estavam declarando distintamente a ressurreição dentre os mortos, no caso de Jesus; 3 e deitaram mãos neles e os puseram em detenção até o dia seguinte, pois já era noitinha. 4 No entanto, muitos dos que tinham escutado o discurso creram, e o número dos homens chegou a cerca de cinco mil.

5 No dia seguinte, ocorreu em Jerusalém um ajuntamento dos seus governantes, e anciãos, e escribas 6 (também Anás, o principal sacerdote, e Caifás, e João, e Alexandre, e tantos quantos eram da parentela do principal sacerdote), 7 e postaram-nos no meio deles e começaram a indagar: “Com que poder ou em nome de quem fizestes isso?” 8 Então Pedro, cheio de espírito santo, disse-lhes:

“Governantes do povo e anciãos, 9 se estamos sendo examinados neste dia à base duma boa ação para com um homem adoentado, quanto a por quem este homem ficou bom, 10 seja sabido de todos vós e de todo o povo de Israel, que é no nome de Jesus Cristo, o nazareno, a

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quem pregastes numa estaca, mas a quem Deus levantou dentre os mortos, por esse é que este homem está aqui são em pé diante de vós. 11 Esta é ‘a pedra que por vós, construtores, não foi levada em conta, que se tornou a principal do ângulo’. 12 Outrossim, não há salvação em nenhum outro, pois não há outro nome debaixo do céu, que tenha sido dado entre os homens, pelo qual tenhamos de ser salvos.”

13 Ora, quando observaram a franqueza de Pedro e João, e perceberam que eles eram homens indoutos e comuns, ficaram admirados. E começaram a reconhecer a respeito deles que costumavam estar com Jesus; 14 e, olhando para o homem que tinha sido curado, parado [ali] com eles, não tinham nada a dizer em refutação. 15 Ordenaram-lhes, assim, que saíssem da sala do Sinédrio e começaram a consultar-se entre si, 16 dizendo: “Que havemos de fazer com estes homens? Porque, de fato, tem ocorrido um sinal notável por intermédio deles, manifesto a todos os habitantes de Jerusalém; e não o podemos negar. 17 Não obstante, a fim de que isso não se espalhe ainda mais entre o povo, digamos-lhes com ameaças que não falem mais a nenhum homem à base deste nome.”

18 Com isso chamaram-nos e advertiram-nos que em nenhuma parte fizessem qualquer pronunciação, nem ensinassem à base do nome de Jesus. 19 Mas Pedro e João disseram-lhes, em resposta: “Se é justo, à vista de Deus, escutar antes a vós do que a Deus, julgai-o vós mesmos. 20 Mas, quanto a nós, não podemos parar de falar das coisas que vimos e ouvimos.” 21 Assim, tendo-os ameaçado ainda mais, livraram-nos, visto que não acharam nenhuma base para puni-los, e por causa do povo, porque todos estavam glorificando a Deus pelo que tinha ocorrido; 22 pois o homem em quem este sinal de cura tinha ocorrido tinha mais de quarenta anos.

23 Depois de terem sido livrados, foram para a sua própria gente e relataram as coisas que os principais

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sacerdotes e os anciãos lhes haviam dito. 24 Ouvindo isso, elevaram unanimemente as suas vozes a Deus e disseram:

“Soberano Senhor, tu és Aquele que fez o céu e a terra, e o mar, e todas as coisas neles, 25 e quem, por intermédio de espírito santo, disse pela boca de nosso antepassado Davi, teu servo: ‘Por que se tumultuaram as nações e meditaram os povos coisas vãs? 26 Os reis da terra tomaram a sua posição e os governantes aglomeraram-se à uma contra Jeová e contra o seu ungido.’ 27 Mesmo assim, tanto Herodes como Pôncio Pilatos, com [homens das] nações e com povos de Israel, ajuntaram-se realmente nesta cidade contra o teu santo servo Jesus, a quem ungiste, 28 a fim de fazerem as coisas que a tua mão e conselho predeterminaram que ocorressem. 29 E agora, Jeová, dá atenção às ameaças deles e concede aos teus escravos que persistam em falar a tua palavra com todo o denodo, 30 ao passo que estendes a tua mão para sarar e ao passo que ocorrem sinais e portentos por intermédio do nome de teu santo servo Jesus.”

31 E, quando haviam feito súplica, foi abalado o lugar onde estavam ajuntados; e todos juntos ficaram cheios de espírito santo e falaram a palavra de Deus com denodo.

32 Ainda mais, a multidão dos que haviam crido era de um só coração e alma, e nem mesmo um só dizia que qualquer das coisas que possuía fosse a sua própria; mas eles tinham todas as coisas em comum. 33 Também os apóstolos continuavam com grande poder a dar testemunho a respeito da ressurreição do Senhor Jesus; e sobre todos eles havia benignidade imerecida em grande medida. 34 De fato, não havia nem mesmo um só necessitado entre eles; porque todos os que eram proprietários de campos ou de casas vendiam-nos, e traziam os valores das coisas vendidas 35 e os depositavam aos pés dos apóstolos. Por sua vez, fazia-se distribuição a cada um, conforme tivesse

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necessidade. 36 De modo que José, que pelos apóstolos era cognominado Barnabé, que traduzido significa Filho de Consolo, um levita, natural de Chipre, 37 possuindo um pedaço de terra, vendeu-o, trouxe o dinheiro e o depositou aos pés dos apóstolos.

5 No entanto, certo homem, de nome Ananias, junto com Safira, sua esposa, vendeu uma propriedade 2 e reteve secretamente parte do preço, sabendo disso também a sua esposa, e trouxe apenas parte e a depositou aos pés dos apóstolos. 3 Mas Pedro disse: “Ananias, por que te afoitou Satanás a trapacear o espírito santo e a reter secretamente parte do preço do campo? 4 Enquanto permanecia contigo, não permanecia teu, e depois de ter sido vendido, não continuou a estar sob o teu controle? Por que é que propuseste uma ação dessas no teu coração? Trapaceaste, não homens, mas a Deus.” 5 Ao ouvir estas palavras, Ananias caiu e expirou. E veio grande temor sobre todos os que ouviram isso. 6 Mas os homens mais jovens levantaram-se, enrolaram-no em panos e o levaram para fora, e o enterraram.

7 Ora, depois de um intervalo de cerca de três horas entrou a esposa dele, não sabendo o que tinha acontecido. 8 Pedro disse-lhe: “Dize-me, vendestes vós [dois] o campo por tanto?” Ela disse: “Sim, por tanto.” 9 Pedro [disse-]lhe então: “Por que concordastes entre vós [dois] fazer uma prova com o espírito de Jeová? Eis que estão à porta os pés dos que enterraram teu marido, e eles te levarão para fora.” 10 Ela caiu instantaneamente aos pés dele e expirou. Quando os jovens entraram, acharam-na morta, e levaram-na para fora e a enterraram ao lado de seu marido. 11 Conseqüentemente, veio grande temor sobre toda a congregação e sobre todos os que ouviram estas coisas.

12 Além disso, por intermédio das mãos dos apóstolos continuavam a ocorrer muitos sinais e portentos entre o povo; e todos eles estavam de

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comum acordo na colunata de Salomão. 13 Verdadeiramente, nem um só dos outros tinha a coragem de se juntar a eles; não obstante, o povo os afamava. 14 Mais do que isso, os crentes no Senhor continuavam a ser acrescidos, multidões [deles], tanto de homens como de mulheres; 15 de modo que traziam para fora os doentes, até mesmo às ruas largas, e os deitavam ali em pequenas camas e macas, a fim de que, quando Pedro estivesse passando, pelo menos a sua sombra caísse sobre alguns deles. 16 Também a multidão das cidades em volta de Jerusalém afluía, trazendo os doentes e os afligidos por espíritos impuros, e todos eles eram curados.

17 Mas, levantando-se o sumo sacerdote e todos os com ele, a então existente seita dos saduceus, ficaram cheios de ciúme, 18 e deitaram mãos nos apóstolos e os puseram no lugar público de detenção. 19 Mas, durante a noite, o anjo de Jeová abriu as portas da prisão, trouxe-os para fora e disse: 20 “Ide embora, e, tendo tomado posição no templo, persisti em falar ao povo [sobre] todas as declarações a respeito desta vida.” 21 Depois de ouvirem isso, entraram no templo de madrugada e começaram a ensinar.

Ora, chegando o sumo sacerdote e os com ele, convocaram o Sinédrio e toda a assembléia dos anciãos dos filhos de Israel, e mandaram trazê-los da cadeia. 22 Mas, ao chegarem lá os oficiais, não os acharam na prisão. Voltaram, assim, e relataram, 23 dizendo: “Encontramos a cadeia fechada com toda a segurança e os guardas postos às portas, mas, quando a abrimos, não achamos ninguém dentro.” 24 Ora, quando tanto o capitão do templo como os principais sacerdotes ouviram estas palavras, ficaram num aperto por causa destes assuntos, quanto a que se daria. 25 Mas, chegou certo homem e relatou-lhes: “Eis que os homens que pusestes na prisão estão no templo, em pé, e ensinando o povo.” 26 O capitão foi então com os seus

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oficiais e passou a trazê-los, mas sem violência, visto que tinham medo de ser apedrejados pelo povo.

27 Trouxeram-nos assim e os postaram na sala do Sinédrio. E o sumo sacerdote interrogou-os, 28 dizendo: “Nós vos ordenamos positivamente que não ensinásseis à base deste nome, e, ainda assim, eis que enchestes Jerusalém com o vosso ensino, e estais resolvidos a trazer sobre nós o sangue deste homem.” 29 Em resposta, Pedro e os [outros] apóstolos disseram: “Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens. 30 O Deus de nossos antepassados levantou Jesus, a quem matastes por pendurá-lo num madeiro. 31 Deus enalteceu a este, como Agente Principal e Salvador, para a sua direita, para dar a Israel arrependimento e perdão de pecados. 32 E nós somos testemunhas destes assuntos, e assim é também o espírito santo, que Deus tem dado aos que obedecem a ele como governante.”

33 Quando ouviram isso, sentiram-se profundamente feridos e queriam eliminá-los. 34 Mas, levantou-se certo homem no Sinédrio, um fariseu de nome Gamaliel, instrutor da Lei, estimado por todo o povo, e mandou que pusessem os homens para fora por um pouco de tempo. 35 E ele lhes disse: “Homens de Israel, prestai atenção a vós mesmos quanto ao que pretendeis fazer com respeito a estes homens. 36 Por exemplo, antes destes dias, levantou-se Teudas, dizendo ser alguém, e certo número de homens, cerca de quatrocentos, juntaram-se ao seu partido. Mas ele foi eliminado, e todos os que lhe obedeciam foram dispersos e redundaram em nada. 37 Depois dele levantou-se Judas, o galileu, nos dias do registro, e arrastou muitos após si. Contudo, esse homem pereceu, e todos os que lhe obedeciam foram espalhados. 38 E assim, na atual situação, digo-vos: Não vos metais com estes homens, mas deixai-os [em paz]; (porque, se este desígnio ou esta obra for de homens, será derrubada; 39 mas, se for de Deus, não podereis derrubá-los;) senão podereis

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talvez ser realmente achados como lutadores contra Deus.” 40 Em vista disso, atenderam-no e mandaram chamar os apóstolos, chibatearam-nos e ordenaram-lhes que parassem de falar à base do nome de Jesus, e soltaram-nos.

41 Estes, portanto, retiraram-se do Sinédrio, alegrando-se porque tinham sido considerados dignos de ser desonrados a favor do nome dele. 42 E cada dia, no templo e de casa em casa, continuavam sem cessar a ensinar e a declarar as boas novas a respeito do Cristo, Jesus.

6 Ora, naqueles dias, aumentando os discípulos, surgiram resmungos da parte dos judeus que falavam grego contra os judeus que falavam hebraico, porque as suas viúvas estavam sendo passadas por alto na distribuição diária. 2 De modo que os doze chamaram a si a multidão dos discípulos e disseram: “Não é agradável que deixemos a palavra de Deus para distribuir [comida] às mesas. 3 Portanto, irmãos, procurai vós mesmos, dentre vós, sete homens acreditados, cheios de espírito e de sabedoria, para que os possamos designar para esta incumbência necessária; 4 mas, nós mesmos nos devotaremos à oração e ao ministério da palavra.” 5 E a palavra falada agradou a toda a multidão, e selecionaram Estêvão, homem cheio de fé e espírito santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Pármenas, e Nicolau, prosélito de Antioquia; 6 e puseram-nos diante dos apóstolos, e, depois de terem orado, estes puseram as suas mãos sobre eles.

7 Conseqüentemente, a palavra de Deus crescia e o número dos discípulos multiplicava-se grandemente em Jerusalém; e uma grande multidão de sacerdotes começou a ser obediente à fé.

8 Ora, Estêvão, cheio de graça e de poder, realizava grandes portentos e sinais entre o povo. 9 Mas, levantaram-se certos homens da chamada Sinagoga

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dos Libertos, e dos cireneus e alexandrinos, e dos de Cilícia e Ásia, para discutirem com Estêvão; 10 contudo, não podiam fazer face à sabedoria e ao espírito com que ele falava. 11 Induziram então secretamente uns homens a dizer: “Nós o ouvimos falar declarações blasfemas contra Moisés e Deus.” 12 E atiçaram o povo, e os anciãos, e os escribas, e, vindo contra ele repentinamente, tomaram-no à força e o conduziram ao Sinédrio. 13 E apresentaram testemunhas falsas, que diziam: “Este homem não pára de falar coisas contra este santo lugar e contra a Lei. 14 Por exemplo, nós o ouvimos dizer que esse Jesus, o nazareno, derrubará este lugar e mudará os costumes que Moisés nos transmitiu.”

15 E, enquanto todos os sentados no Sinédrio fitavam os olhos nele, viram que o seu rosto era como o rosto dum anjo.

7 Mas, o sumo sacerdote disse: “São assim estas coisas?” 2 Ele disse: “Homens, irmãos e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso antepassado Abraão enquanto ele estava na Mesopotâmia, antes de fixar residência em Harã, 3 e disse-lhe: ‘Sai da tua terra e de teus parentes e vai para uma terra que eu te hei de mostrar.’ 4 Ele saiu então da terra dos caldeus e fixou residência em Harã. E dali, depois de morrer seu pai, [Deus] o fez mudar de residência para esta terra em que agora morais. 5 Contudo, não lhe deu nela nenhuma propriedade transmissível por herança, não, nem mesmo da largura de um pé; mas prometeu dar-lha como propriedade, e depois dele, ao seu descendente, quando ainda não tinha filho. 6 Além disso, Deus falou neste sentido, que seu descendente seria residente forasteiro em terra estrangeira, e que o escravizariam e atribulariam por quatrocentos anos. 7 ‘E eu hei de julgar aquela nação para a qual trabalharão como escravos’, disse Deus, ‘e depois destas coisas sairão e me prestarão serviço sagrado neste lugar.’

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8 “Deu-lhe também um pacto de circuncisão; e assim, ele se tornou pai de Isaque, e o circuncidou no oitavo dia, e Isaque, de Jacó, e Jacó, dos doze chefes de família. 9 E os chefes de família ficaram ciumentos de José e o venderam ao Egito. Mas Deus estava com ele 10 e o livrou de todas as suas tribulações, e deu-lhe graça e sabedoria à vista de Faraó, rei do Egito. E ele o designou para governar o Egito e toda a sua casa. 11 Mas, veio uma fome sobre todo o Egito e Canaã, sim, uma grande tribulação; e os nossos antepassados não achavam quaisquer provisões. 12 Mas Jacó ouviu que havia comestíveis no Egito e enviou os nossos antepassados pela primeira vez. 13 E na segunda vez, José se deu a conhecer aos seus irmãos; e a linhagem de José tornou-se manifesta a Faraó. 14 Assim, José enviou e chamou a Jacó, seu pai, e todos os seus parentes daquele lugar, no número de setenta e cinco almas. 15 Jacó desceu ao Egito. E ele faleceu; e assim também os nossos antepassados, 16 e foram transferidos para Siquém e colocados no túmulo que Abraão havia comprado por certo preço, com dinheiro de prata, dos filhos de Emor, em Siquém.

17 “Justamente quando se aproximava o tempo [para o cumprimento] da promessa que Deus havia declarado abertamente a Abraão, o povo crescia e se multiplicava no Egito, 18 até que se levantou um rei diferente sobre o Egito, que não sabia nada sobre José. 19 Este usava de estadística contra a nossa raça e injustamente obrigava os pais a exporem suas crianças, para que não fossem preservadas vivas. 20 Naquele mesmo tempo nasceu Moisés, e ele era divinamente belo. E ele foi criado por três meses no lar de [seu] pai. 21 Mas, quando foi exposto, foi recolhido pela filha de Faraó e ela o criou como seu próprio filho. 22 Em conseqüência disso, Moisés foi instruído em toda a sabedoria dos egípcios. De fato, era poderoso nas suas palavras e ações.

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23 “Então, quando se cumpriu o tempo de seu quadragésimo ano, veio-lhe ao coração fazer uma inspeção aos seus irmãos, os filhos de Israel. 24 E quando avistou que um certo [deles] estava sendo tratado injustamente, defendeu-o e executou vingança por aquele que estava sendo maltratado, abatendo o egípcio. 25 Supunha que os seus irmãos compreenderiam que Deus lhes estava dando salvação por sua mão, mas eles não [o] compreenderam. 26 E, no dia seguinte, apareceu-lhes quando estavam lutando, e tentou reuni-los novamente em paz, dizendo: ‘Homens, vós sois irmãos. Por que tratais um ao outro injustamente?’ 27 Mas aquele que tratava seu próximo injustamente repeliu-o, dizendo: ‘Quem te designou governante e juiz sobre nós? 28 Será que queres eliminar-me da mesma maneira como eliminaste ontem o egípcio?’ 29 Em vista desta palavra, Moisés fugiu e tornou-se residente forasteiro na terra de Midiã, onde se tornou pai de dois filhos.

30 “E, ao se cumprirem quarenta anos, apareceu-lhe no ermo do Monte Sinai um anjo, na chama ardente dum espinheiro. 31 Ora, quando Moisés viu isso, maravilhou-se do que via. Mas, ao se aproximar para investigar, veio a voz de Jeová: 32 ‘Eu sou o Deus dos teus antepassados, o Deus de Abraão, e de Isaque, e de Jacó.’ Tomado de tremor, Moisés não se atreveu a investigar mais. 33 Jeová disse-lhe: ‘Tira as sandálias dos teus pés, pois o lugar em que estás parado é terreno santo. 34 Tenho certamente visto o tratamento injusto para com o meu povo que está no Egito, e tenho ouvido o seu gemido e tenho descido para livrá-los. E agora vem: Eu te enviarei ao Egito.’ 35 A este Moisés, que eles repudiaram, dizendo: ‘Quem te designou governante e juiz?’, a este homem Deus enviou como governante e como libertador pela mão do anjo que lhe apareceu no espinheiro. 36 Este homem os conduziu para fora, depois de fazer portentos e sinais no Egito, e no Mar Vermelho, e no ermo, por quarenta anos.

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37 “Este é o Moisés que disse aos filhos de Israel: ‘Deus vos suscitará dentre os vossos irmãos um profeta semelhante a mim.’ 38 Este é aquele que veio a estar entre a congregação no ermo, com o anjo que falou com ele no Monte Sinai e com os nossos antepassados, e ele recebeu proclamações sagradas, vivas, para dar a vós. 39 A ele os nossos antepassados se negaram a tornar-se obedientes, mas repeliram-no, e nos seus corações voltaram-se para o Egito, 40 dizendo a Arão: ‘Faze-nos deuses para irem na nossa frente. Quanto a este Moisés, que nos conduziu para fora da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu.’ 41 Fizeram, pois, naqueles dias, um bezerro e trouxeram um sacrifício ao ídolo, e começaram a regalar-se com as obras das suas mãos. 42 De modo que Deus se voltou e os entregou para prestarem serviço sagrado ao exército do céu, assim como está escrito no livro dos profetas: ‘Será que foi a mim que oferecestes vítimas e sacrifícios por quarenta anos no ermo, ó casa de Israel? 43 Mas, acolhestes para vós a tenda de Moloque e a estrela do deus Refã, as figuras que fizestes para adorá-las. Conseqüentemente, eu vos deportarei para além de Babilônia.’

44 “Nossos antepassados tinham no ermo a tenda do testemunho, assim como deu ordens quando falou a Moisés, para fazê-la segundo o modelo que tinha visto. 45 E os nossos antepassados, que a tiveram em sucessão, também a trouxeram com Josué para a terra possuída pelas nações que Deus expulsou de diante dos nossos antepassados. Ali ela permaneceu até os dias de Davi. 46 Ele achou favor à vista de Deus e pediu para [ter o privilégio de] prover uma habitação para o Deus de Jacó. 47 No entanto, Salomão construiu uma casa para ele. 48 Não obstante, o Altíssimo não mora em casas feitas por mãos; assim como diz o profeta: 49 ‘O céu é o meu trono e a terra é o meu escabelo. Que sorte de casa construireis para mim? diz Jeová. Ou qual é o lugar para o meu descanso? 50 Não foi a minha mão que fez todas essas coisas?’

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51 “Homens obstinados e incircuncisos nos corações e ouvidos, vós sempre resistis ao espírito santo; assim como fizeram os vossos antepassados, também vós fazeis. 52 A qual dos profetas foi que os vossos antepassados não perseguiram? Sim, mataram os que faziam anúncio antecipado a respeito da vinda do Justo, cujos traidores e assassinos vós vos tornastes agora, 53 vós, os que recebestes a Lei, conforme transmitida por anjos, mas não a guardastes.”

54 Pois bem, quando ouviram estas coisas, sentiram-se feridos nos corações e começaram a ranger os dentes contra ele. 55 Mas ele, cheio de espírito santo, fitou os olhos no céu e avistou a glória de Deus, e Jesus em pé à direita de Deus, 56 e disse: “Eis que eu observo o céu aberto e o Filho do homem em pé à direita de Deus.” 57 A isto eles clamaram ao máximo da sua voz e puseram as mãos sobre os ouvidos e arremeteram à uma contra ele. 58 E depois de o lançarem fora da cidade, começaram a atirar pedras nele. E as testemunhas deitaram as suas roupas exteriores aos pés dum jovem chamado Saulo. 59 E atiravam pedras em Estêvão, enquanto ele fazia apelo e dizia: “Senhor Jesus, recebe meu espírito.” 60 Então, dobrando os joelhos, clamou com forte voz: “Jeová, não lhes imputes este pecado.” E, dizendo isso, adormeceu [na morte].

8 Saulo, da sua parte, aprovava o assassínio dele.

Naquele dia levantou-se grande perseguição contra a congregação que estava em Jerusalém; todos, exceto os apóstolos, foram espalhados através das regiões da Judéia e de Samaria. 2 Homens reverentes, porém, levaram Estêvão para o enterrarem, e fizeram grande lamentação sobre ele. 3 Saulo, porém, começou a tratar a congregação de modo ultrajante. Invadindo uma casa após outra, e, arrastando para fora tanto homens como mulheres, entregava-os à prisão.

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4 No entanto, os que tinham sido espalhados iam pelo país declarando as boas novas da palavra. 5 Quanto a Filipe, desceu à cidade de Samaria e começou a pregar-lhes o Cristo. 6 As multidões, de comum acordo, prestavam atenção às coisas ditas por Filipe, escutando e olhando para os sinais que ele realizava. 7 Pois havia muitos que tinham espíritos impuros, e estes clamavam com voz alta e saíam. Além disso, foram curados muitos paralíticos e coxos. 8 De modo que havia muita alegria naquela cidade.

9 Ora, havia na cidade certo homem de nome Simão, o qual, antes disso, praticara as artes mágicas e pasmara a nação de Samaria, dizendo ser alguém grande. 10 E todos eles, desde o menor até o maior, prestavam-lhe atenção e diziam: “Este homem é o Poder de Deus, que pode ser chamado Grande.” 11 De modo que lhe prestavam atenção, por tê-los deixado pasmados por bastante tempo com as suas artes mágicas. 12 Mas, quando acreditaram em Filipe, que estava declarando as boas novas do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, passaram a ser batizados, tanto homens como mulheres. 13 O próprio Simão também se tornou crente, e, tendo sido batizado, assistia constantemente Filipe; e ele pasmava-se, observando a ocorrência de sinais e grandes obras poderosas.

14 Quando os apóstolos em Jerusalém ouviram que Samaria havia aceito a palavra de Deus, mandaram-lhes Pedro e João; 15 e estes desceram e oraram para que recebessem espírito santo. 16 Porque não tinha ainda caído sobre nenhum deles, mas eles tinham sido batizados apenas no nome do Senhor Jesus. 17 Impuseram-lhes então as suas mãos e eles começaram a receber espírito santo.

18 Ora, vendo Simão que o espírito era dado pela imposição das mãos dos apóstolos, ofereceu-lhes dinheiro, 19 dizendo: “Dai-me também esta autoridade, para que todo aquele a quem eu impuser as minhas mãos receba espírito santo.” 20 Mas Pedro disse-lhe:

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“Pereça contigo a tua prata, porque pensaste obter posse da dádiva gratuita de Deus por meio de dinheiro. 21 Não tens nem parte nem quinhão neste assunto, porque o teu coração não é reto à vista de Deus. 22 Arrepende-te, portanto, desta maldade tua, e suplica a Jeová, para que, se possível, te seja perdoada esta astúcia do teu coração; 23 pois vejo que tu és um fel venenoso e um laço de injustiça.” 24 Simão disse em resposta: “Fazei súplica a Jeová por mim, para que nenhuma destas coisas que dissestes venha sobre mim.”

25 Portanto, tendo eles dado cabalmente testemunho e falado a palavra de Jeová, voltaram a Jerusalém, e declaravam as boas novas a muitas aldeias dos samaritanos.

26 No entanto, o anjo de Jeová falou a Filipe, dizendo: “Levanta-te e vai para o sul, à estrada que desce de Jerusalém para Gaza.” (Esta é a estrada do deserto.) 27 Em vista disso, levantou-se e foi, e eis um eunuco etíope, homem de poder sob Candace, rainha dos etíopes, que estava sobre todo o tesouro dela. Tinha ido a Jerusalém para adorar, 28 mas regressava e estava sentado no seu carro, e lia em voz alta o profeta Isaías. 29 De modo que o espírito disse a Filipe: “Aproxima-te e junta-te a este carro.” 30 Filipe correu ao lado [dele] e ouviu-o lendo em voz alta Isaías, o profeta, e disse: “Sabes realmente o que estás lendo?” 31 Ele disse: “Realmente, como é que eu posso, a menos que alguém me guie?” E suplicou que Filipe subisse e se assentasse com ele. 32 Ora, a passagem da Escritura que estava lendo em voz alta era: “Como ovelha ele foi levado à matança e como cordeiro que está sem voz diante do seu tosquiador, assim não abre a sua boca. 33 Durante a sua humilhação foi-lhe tirado o julgamento. Quem contará os pormenores de sua geração? Porque a sua vida lhe é tirada da terra.”

34 Em resposta, o eunuco disse a Filipe: “Rogo-te: A respeito de quem diz isso o profeta? A respeito de si

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mesmo ou a respeito de outro homem?” 35 Filipe abriu a sua boca e, principiando com esta escritura, declarou-lhe as boas novas a respeito de Jesus. 36 Então, ao avançarem pela estrada, chegaram a certo corpo de água, e o eunuco disse: “Eis um corpo de água! O que me impede ser batizado?” 37 —— 38 Com isso mandou parar o carro, e ambos desceram à água, tanto Filipe como o eunuco; e ele o batizou. 39 Tendo eles saído da água, o espírito de Jeová conduziu Filipe rapidamente dali, e o eunuco não o viu mais, pois seguiu caminho, alegrando-se. 40 Mas Filipe achou-se em Asdode, e, passando pelo território, declarava as boas novas a todas as cidades, até chegar a Cesaréia.

9 Saulo, porém, respirando ainda ameaça e assassínio contra os discípulos do Senhor, foi ao sumo sacerdote 2 e pediu-lhe cartas para as sinagogas em Damasco, a fim de trazer amarrados, para Jerusalém, quaisquer que achasse pertencendo ao Caminho, tanto homens como mulheres.

3 Então, na viagem, aproximava-se de Damasco, quando repentinamente reluziu em volta dele uma luz do céu, 4 e ele caiu ao chão e ouviu uma voz dizer-lhe: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” 5 Ele disse: “Quem és, Senhor?” Ele disse: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues. 6 Não obstante, levanta-te e entra na cidade, e ser-te-á dito o que tens de fazer.” 7 Ora, os homens que viajavam com ele ficaram parados sem fala, ouvindo, deveras, o som duma voz, mas não observando nenhum homem. 8 Saulo, porém, levantou-se do chão, e, embora se lhe abrissem os olhos, não via nada. De modo que o levaram pela mão e o conduziram a Damasco. 9 E ele não viu nada, por três dias, e não comeu nem bebeu.

10 Havia em Damasco certo discípulo de nome Ananias, e o Senhor disse-lhe numa visão: “Ananias!” Ele disse: “Eis-me aqui, Senhor.” 11 O Senhor disse-lhe: “Levanta-te, vai à rua chamada Direita, e procura na casa de Judas um homem de nome Saulo, de Tarso.

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Pois, eis que está orando, 12 e ele viu numa visão um homem de nome Ananias entrar e pôr as suas mãos sobre ele, para que recuperasse a vista.” 13 Mas, Ananias respondeu: “Senhor, eu ouvi muitos [falar] deste homem, quantas coisas prejudiciais ele fez aos teus santos em Jerusalém. 14 E ele tem aqui autoridade dos principais sacerdotes para pôr em laços a todos os que invocam o teu nome.” 15 Mas o Senhor lhe disse: “Vai, porque este homem é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome às nações, bem como a reis e aos filhos de Israel. 16 Pois eu lhe mostrarei claramente quantas coisas ele tem de sofrer por meu nome.”

17 Ananias foi, assim, e entrou na casa, e pôs as suas mãos sobre ele e disse: “Saulo, irmão, o Senhor, o Jesus que te apareceu na estrada pela qual vieste, enviou-me a fim de que recuperasses a vista e ficasses cheio de espírito santo.” 18 E imediatamente caíram-lhe dos olhos o que parecia escamas, e ele recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado, 19 e tomou alimento e ganhou força.

Ele ficou alguns dias com os discípulos em Damasco 20 e começou imediatamente, nas sinagogas, a pregar Jesus, que Este é o Filho de Deus. 21 Mas todos os que o ouviam foram tomados de assombro e diziam: “Não é este o homem que devastava em Jerusalém os que invocavam este nome, e que viera para cá com o mesmo propósito, para levá-los amarrados aos principais sacerdotes?” 22 Mas, Saulo adquiria ainda mais poder e confundia os judeus que moravam em Damasco, ao provar logicamente que este é o Cristo.

23 Decorrido um bom número de dias, os judeus realizaram entre si uma consulta para o eliminarem. 24 No entanto, Saulo ficou sabendo da sua conspiração contra ele. Mas, eles estavam também vigiando de perto os portões, tanto de dia como de noite, a fim de o eliminarem. 25 De modo que seus discípulos o

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tomaram e o arriaram de noite através duma abertura no muro, fazendo-o descer num cesto.

26 Chegando a Jerusalém, fez esforços para se juntar aos discípulos; mas todos eles estavam com medo dele, porque não acreditavam que fosse discípulo. 27 Barnabé veio, assim, em seu auxílio e o conduziu aos apóstolos, e ele lhes contou em pormenores como tinha visto o Senhor na estrada e que este lhe tinha falado, e como em Damasco falara denodadamente no nome de Jesus. 28 E continuou com eles, entrando e saindo, em Jerusalém, falando denodadamente no nome do Senhor; 29 e falava e discutia com os judeus que falavam grego. Mas estes fizeram tentativas para o eliminarem. 30 Quando os irmãos perceberam isso, trouxeram-no para baixo a Cesaréia e o enviaram a Tarso.

31 Deveras, a congregação através de toda a Judéia, e Galiléia, e Samaria, entrou então num período de paz, sendo edificada; e, como andava no temor de Jeová e no consolo do espírito santo, multiplicava-se.

32 Então, passando Pedro através de todas [as partes], desceu também aos santos que moravam em Lida. 33 Ali ele achou certo homem de nome Enéias que já por oito anos jazia na sua maca, visto que era paralítico. 34 E Pedro disse-lhe: “Enéias, Jesus Cristo te sara. Levanta-te e arruma a tua cama.” E ele se levantou imediatamente. 35 E todos os que habitavam em Lida e [na planície de] Sarom o viram, e estes se voltaram para o Senhor.

36 Mas, havia em Jope certa discípula de nome Tabita, que, traduzido, significa Dorcas. Ela abundava em boas ações e nas dádivas de misericórdia que fazia. 37 Mas, aconteceu que naqueles dias ela adoeceu e morreu. De modo que a banharam e deitaram num quarto de andar superior. 38 Ora, visto que Lida era perto de Jope, quando os discípulos ouviram que Pedro estava naquela cidade, mandaram a ele dois homens

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para [lhe] suplicarem: “Por favor, não hesites em vir ter conosco.” 39 Em vista disso, Pedro levantou-se e foi com eles. E, ao chegar, conduziram-no para cima ao quarto de andar superior; e todas as viúvas apresentaram-se a ele chorando e mostrando muitas roupas interiores e roupas exteriores que Dorcas costumava fazer enquanto estava com elas. 40 Mas Pedro pôs a todos para fora, e, dobrando os joelhos, orou, e, voltando-se para o corpo, disse: “Tabita, levanta-te!” Ela abriu os olhos, e, avistando Pedro, sentou-se. 41 Dando-lhe a mão, ele a levantou e chamou os santos, e as viúvas, e a apresentou viva. 42 Isto se tornou conhecido em toda a Jope, e muitos ficaram crentes no Senhor. 43 Ele ficou muitos dias em Jope com um certo Simão, [que era] curtidor.

10 Havia então em Cesaréia certo homem de nome Cornélio, oficial do exército do chamado destacamento italiano, 2 homem devoto e que temia a Deus, junto com toda a sua família, e ele fazia muitas dádivas de misericórdia ao povo e fazia continuamente súplica a Deus. 3 Cerca da nona hora do dia, ele viu claramente numa visão um anjo de Deus entrar até ele e dizer-lhe: “Cornélio!” 4 O homem fitou os olhos nele, e, ficando amedrontado, disse: “O que é, Senhor?” Disse-lhe ele: “Tuas orações e dádivas de misericórdia têm ascendido como memória perante Deus. 5 Assim, envia agora homens a Jope e convoca certo Simão, que é cognominado Pedro. 6 Este homem está sendo hospedado por certo Simão, curtidor, que tem uma casa à beira do mar.” 7 Assim que o deixou o anjo que lhe falara, ele chamou dois dos seus servos domésticos e um soldado devoto dentre os que constantemente o assistiam, 8 e relatou-lhes tudo e mandou-os a Jope.

9 No dia seguinte, enquanto prosseguiam na jornada e se aproximavam da cidade, Pedro subiu ao alto da casa para orar, perto da sexta hora. 10 Mas, ele ficou com muita fome e queria comer. Enquanto faziam os preparativos, caiu em transe, 11 e observou o céu

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aberto e alguma sorte de vaso descendo, semelhante a um grande lençol de linho, sendo baixado pelas suas quatro extremidades para a terra; 12 e nele havia toda sorte de quadrúpedes e bichos rastejantes da terra, e aves do céu. 13 E veio a ele uma voz: “Levanta-te, Pedro, abate e come!” 14 Mas Pedro disse: “Absolutamente não, Senhor, porque nunca comi nada aviltado e impuro.” 15 E a voz [falou] novamente com ele, pela segunda vez: “Pára de chamar de aviltadas as coisas que Deus purificou.” 16 Isto ocorreu pela terceira vez, e, imediatamente, o vaso foi recolhido ao céu.

17 Ora, enquanto Pedro estava no íntimo em grande perplexidade quanto a que podia significar a visão que tinha visto, eis que os homens mandados por Cornélio haviam indagado acerca da casa de Simão e estavam parados ali no portão. 18 E eles clamaram e indagaram se ali se hospedava Simão, que era cognominado Pedro. 19 Enquanto Pedro repassava na mente a visão, o espírito disse: “Eis que três homens estão-te buscando. 20 No entanto, levanta-te, desce e vai com eles, não duvidando nada, porque eu os mandei.” 21 Pedro desceu, assim, para junto dos homens e disse: “Eis que eu sou aquele a quem buscais. Qual é a causa de estardes aqui?” 22 Disseram: “Cornélio, oficial do exército, homem justo e temente a Deus, de boa reputação da parte de toda a nação dos judeus, recebeu instruções divinas por meio dum santo anjo para te mandar buscar para a sua casa e para ouvir as coisas que tens a dizer.” 23 Portanto, ele os convidou a entrar e os hospedou.

No dia seguinte levantou-se e foi embora com eles, e alguns dos irmãos, que eram de Jope, foram com ele. 24 No dia seguinte entrou em Cesaréia. Cornélio, naturalmente, esperava-os e havia reunido seus parentes e amigos íntimos. 25 Quando Pedro entrou, Cornélio foi ao seu encontro, prostrou-se aos pés dele e prestou-lhe homenagem. 26 Mas Pedro ergueu-o, dizendo: “Levanta-te; eu mesmo também sou homem.”

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27 E, conversando com ele, entrou e achou muitas pessoas reunidas, 28 e disse-lhes: “Vós bem sabeis quão ilícito é para um judeu juntar-se ou chegar-se a um homem de outra raça; contudo, Deus mostrou-me que eu não chamasse nenhum homem de aviltado ou impuro. 29 Por isso vim, realmente sem objeção, quando fui chamado. Portanto, indago a razão pela qual me mandastes chamar.”

30 Concordemente, Cornélio disse: “Há quatro dias, a contar desta hora, eu estava orando na minha casa, à nona hora, quando, eis que um homem em roupa vistosa estava em pé na minha frente 31 e disse: ‘Cornélio, tua oração tem sido ouvida favoravelmente e as tuas dádivas de misericórdia têm sido lembradas diante de Deus. 32 Envia, portanto, a Jope e manda chamar Simão, que é cognominado Pedro. Este homem está sendo hospedado na casa de Simão, o curtidor, à beira do mar.’ 33 Portanto enviei imediatamente a ti, e tu fizeste bem em vir para cá. E agora estamos aqui todos presentes perante Deus para ouvir todas as coisas que foste mandado dizer por Jeová.”

34 Em vista disso, Pedro abriu a boca e disse: “Certamente percebo que Deus não é parcial, 35 mas, em cada nação, o homem que o teme e que faz a justiça lhe é aceitável. 36 Ele enviou a palavra aos filhos de Israel, para declarar-lhes as boas novas de paz por intermédio de Jesus Cristo: Este é Senhor de todos [os demais]. 37 Sabeis de que assunto se falava em toda a Judéia, principiando da Galiléia, depois do batismo pregado por João, 38 a saber, Jesus, que era de Nazaré, como Deus o ungiu com espírito santo e poder, e ele percorria o país, fazendo o bem e sarando a todos os oprimidos pelo Diabo; porque Deus estava com ele. 39 E nós somos testemunhas de todas as coisas que ele fez tanto no país dos judeus como em Jerusalém; mas eles também o eliminaram, pendurando-o num madeiro. 40 Deus ressuscitou a Este no terceiro dia e lhe concedeu tornar-se manifesto, 41 não a todo o povo,

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mas a testemunhas designadas de antemão por Deus, a nós, os que comemos e bebemos com ele depois do seu levantamento dentre os mortos. 42 Também, ele nos ordenou que pregássemos ao povo e que déssemos um testemunho cabal de que Este é o decretado por Deus para ser juiz dos vivos e dos mortos. 43 Dele é que todos os profetas dão testemunho, de que todo aquele que deposita fé nele recebe perdão de pecados por intermédio de seu nome.”

44 Enquanto Pedro ainda falava sobre estes assuntos, caiu o espírito santo sobre todos os que ouviam a palavra. 45 E os fiéis que tinham vindo com Pedro, que eram dos circuncisos, ficaram pasmados, porque a dádiva gratuita do espírito santo estava sendo derramada também sobre pessoas das nações. 46 Pois, ouviam-nos falar em línguas e magnificar a Deus. Pedro respondeu então: 47 “Pode alguém proibir a água, de modo que estes não sejam batizados, sendo que receberam o espírito santo assim como nós?” 48 Com isso mandou que fossem batizados no nome de Jesus Cristo. Solicitaram-lhe, então, que permanecesse alguns dias.

11 Ora, os apóstolos e os irmãos que estavam na Judéia ouviram que pessoas das nações também receberam a palavra de Deus. 2 De modo que, quando Pedro subiu a Jerusalém, os [patrocinadores] da circuncisão começaram a contender com ele, 3 dizendo que ele tinha ido à casa de homens incircuncisos e havia comido com eles. 4 Em vista disso, Pedro principiou e prosseguiu a explicar-lhes as circunstâncias, dizendo:

5 “Eu estava na cidade de Jope, orando, e tive num transe uma visão, alguma sorte de vaso descendo, como um grande lençol de linho sendo abaixado pelas suas quatro extremidades, desde o céu, e chegando-se a mim. 6 Fitando os olhos nele, fiz observações e vi quadrúpedes da terra, e feras, e bichos rastejantes, e aves do céu. 7 Ouvi também uma voz dizer-me:

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‘Levanta-te, Pedro, abate e come!’ 8 Mas eu disse: ‘Absolutamente não, Senhor, porque nunca entrou na minha boca nada aviltado ou impuro.’ 9 Pela segunda vez, a voz do céu respondeu: ‘Pára de chamar de aviltadas as coisas que Deus purificou.’ 10 Isto ocorreu pela terceira vez, e tudo foi novamente puxado para o céu. 11 Também, eis que naquele instante havia três homens parados junto à casa em que estávamos, tendo sido mandados a mim, desde Cesaréia. 12 O espírito me disse, assim, que eu fosse com eles, não duvidando nada. Mas, estes seis irmãos também foram comigo, e nós entramos na casa do homem.

13 “Ele nos relatou como tinha visto um anjo em pé na sua casa e dizendo: ‘Manda homens a Jope e manda buscar Simão, que é cognominado Pedro, 14 e ele te falará aquelas coisas pelas quais podes ser salvo, tu e toda a tua família.’ 15 Mas, quando eu principiei a falar, caiu sobre eles o espírito santo, assim como tinha também caído sobre nós, no princípio. 16 Em vista disso lembrei-me da declaração do Senhor, como costumava dizer: ‘João, da sua parte, batizou com água, mas vós sereis batizados em espírito santo.’ 17 Se Deus, portanto, deu a mesma dádiva gratuita a eles como também dera a nós, os que temos crido no Senhor Jesus Cristo, quem era eu para poder obstar a Deus?”

18 Ora, quando ouviram estas coisas, assentiram, e glorificaram a Deus, dizendo: “Pois bem, Deus tem concedido também a pessoas das nações o arrependimento com a vida por objetivo.”

19 Conseqüentemente, os que tinham sido espalhados pela tribulação que surgiu por causa de Estêvão foram até a Fenícia, e Chipre, e Antioquia, não falando a palavra a ninguém, senão a judeus. 20 No entanto, dentre eles havia alguns homens de Chipre e de Cirene, que vieram a Antioquia e começaram a falar ao povo que falava grego, declarando as boas novas do Senhor Jesus. 21 Além disso, a mão de Jeová estava com

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eles, e um grande número, tornando-se crentes, voltaram-se para o Senhor.

22 O relato sobre eles chegou aos ouvidos da congregação que estava em Jerusalém, e eles enviaram Barnabé até Antioquia. 23 Quando ele chegou e viu a benignidade imerecida de Deus, alegrou-se e começou a encorajar todos a que continuassem no Senhor, [tendo isso] por objetivo do coração; 24 pois ele era homem bom e cheio de espírito santo e de fé. E uma multidão considerável foi acrescentada ao Senhor. 25 De modo que ele partiu para Tarso, a fim de fazer uma busca cabal por Saulo, 26 e, depois de o achar, trouxe-o a Antioquia. Aconteceu assim que por um ano inteiro se ajuntaram com eles na congregação e ensinaram uma considerável multidão, e foi primeiro em Antioquia que os discípulos, por providência divina, foram chamados cristãos.

27 Ora, naqueles dias desceram profetas de Jerusalém para Antioquia. 28 Um deles, de nome Ágabo, levantou-se e passou a indicar, por intermédio do espírito, que uma grande fome estava para vir sobre toda a terra habitada, a qual, de fato, ocorreu no tempo de Cláudio. 29 Assim, os dos discípulos resolveram, cada um deles segundo o que podia, prover aos irmãos que moravam na Judéia uma subministração de socorros; 30 e isto fizeram, mandando-a aos anciãos, pela mão de Barnabé e Saulo.

12 Aproximadamente naquele mesmo tempo, Herodes, o rei, pôs mãos [à obra] para maltratar alguns dos da congregação. 2 Eliminou Tiago, irmão de João, pela espada. 3 Ao ver que isso agradava aos judeus, prosseguiu em prender também Pedro. (Acontecia que aqueles eram os dias dos pães não fermentados.) 4 E, segurando-o, lançou-o na prisão, entregando-o a quatro turmas, de quatro soldados cada uma, para o guardarem, visto que pretendia apresentá-lo ao povo depois da páscoa. 5 Conseqüentemente, Pedro estava sendo guardado na

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prisão; mas a congregação fazia intensamente oração a Deus por ele.

6 Então, quando Herodes estava para apresentá-lo, naquela noite Pedro estava dormindo amarrado com duas cadeias, entre dois soldados, e guardas diante da porta estavam guardando a prisão. 7 Mas, eis que o anjo de Jeová se pôs ao lado dele e uma luz brilhou na cela da prisão. Batendo no lado de Pedro, acordou-o, dizendo: “Levanta-te depressa!” E as suas cadeias caíram-lhe das mãos. 8 O anjo disse-lhe: “Cinge-te e amarra as tuas sandálias.” Ele fez isso. Finalmente, disse-lhe ele: “Põe a tua roupa exterior e vem seguir-me.” 9 E ele saiu e seguia-o, mas não sabia que era real aquilo que estava acontecendo por intermédio do anjo. De fato, supunha que estava tendo uma visão. 10 Passando pela primeira sentinela, e pela segunda, chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade, e este se lhes abriu por si mesmo. E, tendo saído, seguiam por uma rua, e, imediatamente, o anjo afastou-se dele. 11 E Pedro, caindo em si, disse: “Agora sei realmente que Jeová enviou o seu anjo e me livrou da mão de Herodes, e de tudo o que o povo dos judeus estava esperando.”

12 E, depois de considerar isso, foi à casa de Maria, mãe de João, cognominado Marcos, onde muitos estavam ajuntados e orando. 13 Quando bateu na porta do portão de entrada, uma serva de nome Rode veio atender à chamada, 14 e, ao reconhecer a voz de Pedro, ela, cheia de alegria, não abriu o portão, mas correu para dentro e relatou que Pedro estava em pé diante do portão de entrada. 15 Disseram-lhe: “Estás louca.” Mas ela persistia em asseverar fortemente que era assim. Eles começaram a dizer: “É o seu anjo.” 16 Mas Pedro permanecia ali batendo. Quando abriram, viram-no e ficaram assombrados. 17 Mas ele lhes fez sinal com a mão para que ficassem calados e contou-lhes em pormenores como Jeová o tirou da prisão, e disse:

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“Relatai estas coisas a Tiago e aos irmãos.” Com isto ele saiu e viajou para outro lugar.

18 Pois bem, quando ficou dia, não foi pouca a agitação entre os soldados quanto a que realmente tinha sido feito de Pedro. 19 Herodes procurou-o diligentemente, e, não o achando, examinou os guardas e mandou que fossem levados [à punição]; e ele desceu da Judéia para Cesaréia e passou ali algum tempo.

20 Ele tinha então animosidade contra o povo de Tiro e de Sídon. Assim, de comum acordo, vieram ter com ele, e, depois de persuadirem Blasto, que estava encarregado do quarto de dormir do rei, começaram a pedir termos de paz, porque o país deles estava sendo suprido de alimento pelo [país] do rei. 21 Mas, em determinado dia, Herodes vestiu-se da roupa real e se assentou na cadeira de juiz, e começou a fazer-lhes um discurso público. 22 O povo reunido, por sua vez, começou a gritar: “A voz de [um] deus e não de homem!” 23 O anjo de Jeová o golpeou instantaneamente, porque não deu a glória a Deus; e, comido de vermes, expirou.

24 Mas a palavra de Jeová crescia e se espalhava.25 Quanto a Barnabé e Saulo, depois de terem

executado plenamente a subministração de socorros em Jerusalém, voltaram e tomaram consigo João, cognominado Marcos.

13 Ora, havia em Antioquia profetas e instrutores na congregação local, Barnabé, bem como Simeão, que era chamado Níger, e Lúcio de Cirene, e Manaém, que tinha sido educado com Herodes, o governante distrital, e Saulo. 2 Enquanto ministravam publicamente a Jeová e jejuavam, o espírito santo disse: “Dentre todas as pessoas, separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os chamei.” 3 Jejuaram então e oraram, e puseram as suas mãos sobre eles e os deixaram ir.

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4 Concordemente, estes homens, enviados pelo espírito santo, desceram a Selêucia, e dali navegaram para Chipre. 5 E, tendo chegado a Salamina, começaram a publicar a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus. Tinham também João por assistente.

6 Tendo percorrido toda a ilha até Pafos, encontraram certo homem, feiticeiro, falso profeta, um judeu cujo nome era Barjesus, 7 e ele estava com o procônsul Sérgio Paulo, homem inteligente. Chamando Barnabé e Saulo, este homem buscava seriamente ouvir a palavra de Deus. 8 Mas Elimas, o feiticeiro, (é assim, de fato, que se traduz o seu nome,) começou a opor-se a eles, buscando desviar da fé o procônsul. 9 Saulo, que é também Paulo, ficando cheio de espírito santo, olhou para ele atentamente 10 e disse: “Ó homem cheio de toda sorte de fraude e de toda sorte de vilania, ó filho do Diabo, inimigo de tudo o que é justo, não cessarás de torcer os caminhos direitos de Jeová? 11 Pois bem, eis que a mão de Jeová está sobre ti e ficarás cego, não vendo a luz do sol por um período de tempo.” Densa névoa e escuridão caíram instantaneamente sobre ele, e ele andava em volta buscando homens para o conduzirem pela mão. 12 O procônsul, vendo então o que tinha acontecido, tornou-se crente, pois ficou assombrado com o ensino de Jeová.

13 Os homens, junto com Paulo, fizeram-se então ao mar, partindo de Pafos, e chegaram a Perge, na Panfília. Mas João retirou-se deles e voltou para Jerusalém. 14 Eles, no entanto, seguiram de Perge e vieram a Antioquia, na Pisídia, e, entrando na sinagoga no dia de sábado, tomaram assento. 15 Depois da leitura pública da Lei e dos Profetas, os presidentes da sinagoga mandaram dizer-lhes: “Homens, irmãos, se tiverdes alguma palavra de encorajamento para o povo, dizei-a.” 16 Paulo levantou-se, assim, e, acenando com a mão, disse:

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“Homens, israelitas e vós [outros] que temeis a Deus, ouvi. 17 O Deus deste povo de Israel escolheu os nossos antepassados e enalteceu o povo durante a sua residência como forasteiros na terra do Egito, e os tirou dela com braço erguido. 18 E, por um período de cerca de quarenta anos, suportou a sua maneira de agir no ermo. 19 Depois de destruir sete nações na terra de Canaã, distribuiu-lhes a terra por sorte: 20 tudo isso durante cerca de quatrocentos e cinqüenta anos.

“E, depois destas coisas, deu-lhes juízes, até Samuel, o profeta. 21 Mas, dali em diante reclamaram um rei, e Deus lhes deu Saul, filho de Quis, homem da tribo de Benjamim, por quarenta anos. 22 E, depois de removê-lo, suscitou-lhes Davi como rei, a respeito de quem deu testemunho e disse: ‘Achei Davi, filho de Jessé, homem agradável ao meu coração, que fará todas as coisas que desejo.’ 23 Da descendência deste [homem], segundo a sua promessa, Deus trouxe a Israel um salvador, Jesus, 24 depois de João, em antecipação da entrada Desse, ter pregado publicamente, a todo o povo de Israel, [o] batismo [em símbolo] de arrependimento. 25 Mas João, enquanto cumpria a sua carreira, dizia: ‘O que supondes que eu sou? Eu não sou aquele. Mas, eis que depois de mim vem alguém, cujas sandálias não sou digno de desatar.’

26 “Homens, irmãos, filhos da linhagem de Abraão, e aqueles [outros] entre vós que temeis a Deus, a nós nos foi enviada a palavra desta salvação. 27 Pois os habitantes de Jerusalém e os seus governantes não conheceram a Este, mas, ao agirem como juízes, cumpriram as coisas expressas pelos Profetas, coisas que são lidas em voz alta cada sábado, 28 e, embora não achassem causa para morte, reclamaram de Pilatos que fosse executado. 29 Quando, então, tinham efetuado todas as coisas escritas a respeito dele, tiraram-no do madeiro e deitaram-no num túmulo memorial. 30 Mas Deus o levantou dentre os mortos;

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31 e, durante muitos dias, ele se tornou visível aos que tinham subido com ele da Galiléia para Jerusalém, que agora são suas testemunhas junto ao povo.

32 “E, assim, nós vos declaramos as boas novas concernentes à promessa feita aos antepassados, 33 que Deus a cumpriu inteiramente a nós, seus filhos, por ter ressuscitado a Jesus; assim como está escrito no segundo salmo: ‘Tu és meu filho, hoje eu me tornei teu Pai.’ 34 E este fato, de que o ressuscitou dentre os mortos, destinado a nunca mais voltar à corrupção, foi declarado por ele do seguinte modo: ‘Eu vos darei as benevolências para com Davi, que são fiéis.’ 35 Por isso ele diz também em outro salmo: ‘Não permitirás que aquele que te é leal veja a corrupção.’ 36 Pois Davi, por um lado, serviu à vontade expressa de Deus na sua própria geração e adormeceu [na morte], e foi deitado com os seus antepassados e viu a corrupção. 37 Por outro lado, aquele a quem Deus levantou não viu a corrupção.

38 “Sabei, portanto, irmãos, que por intermédio Deste se publica a vós o perdão de pecados; 39 e que, de todas as coisas das quais não podíeis ser declarados inculpes por meio da lei de Moisés, todo aquele que crê é declarado inculpe por meio Deste. 40 Portanto, cuidai de que aquilo que se disse nos Profetas não venha sobre vós: 41 ‘Observai-o, desdenhadores, e admirai-vos disso, e desaparecei, porque estou fazendo uma obra nos vossos dias, uma obra que de modo algum acreditareis, mesmo que alguém a relatasse a vós em pormenores.’”

42 Então, ao saírem, o povo começou a suplicar que se lhes falasse destes assuntos no sábado seguinte. 43 Assim, depois de se dissolver a reunião da sinagoga, muitos dos judeus e dos prosélitos que adoravam [a Deus] seguiram a Paulo e Barnabé, os quais, falando com eles, começaram a instar com eles para que continuassem na benignidade imerecida de Deus.

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44 No sábado seguinte, quase toda a cidade se ajuntou para ouvir a palavra de Jeová. 45 Quando os judeus chegaram a ver as multidões, ficaram cheios de ciúme e começaram a contradizer de modo blasfemo as coisas faladas por Paulo. 46 E assim, falando com denodo, Paulo e Barnabé disseram: “Era necessário que a palavra de Deus fosse falada primeiro a vós. Visto que a repelis e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para as nações. 47 De fato, Jeová nos tem imposto o mandamento nas seguintes palavras: ‘Eu te designei como luz das nações, para que sejas uma salvação até à extremidade da terra.’”

48 Quando os das nações ouviram isso, começaram a alegrar-se e a glorificar a palavra de Jeová, e todos os corretamente dispostos para com a vida eterna tornaram-se crentes. 49 Outrossim, a palavra de Jeová estava sendo levada através de todo o país. 50 Mas os judeus atiçaram as mulheres bem conceituadas, que adoravam [a Deus], e os homens de destaque da cidade, e levantaram uma perseguição contra Paulo e Barnabé, e lançaram-nos fora dos seus termos. 51 Estes sacudiram contra eles o pó dos seus pés e foram para Icônio. 52 E os discípulos continuavam cheios de alegria e de espírito santo.

14 Ora, em Icônio entraram juntos na sinagoga dos judeus e falaram de tal maneira, que uma grande multidão, tanto de judeus como de gregos, se tornaram crentes. 2 Mas os judeus que não criam atiçavam e influenciavam injustamente as almas das pessoas das nações contra os irmãos. 3 Passaram, portanto, um tempo considerável falando com denodo pela autoridade de Jeová, o qual dava testemunho da palavra de sua benignidade imerecida por conceder que ocorressem sinais e portentos por intermédio das mãos deles. 4 No entanto, a multidão da cidade estava dividida, e alguns eram a favor dos judeus, mas outros a favor dos apóstolos. 5 Então, ocorrendo uma

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tentativa violenta, tanto da parte das pessoas das nações como dos judeus com os seus governantes, para os tratarem com insolência e lhes jogarem pedras, 6 eles, informados disso, fugiram para as cidades da Licaônia, Listra e Derbe, e a região circunvizinha; 7 e declaravam ali as boas novas.

8 Ora, em Listra estava sentado certo homem, incapacitado dos pés, coxo desde a madre de sua mãe, e ele nunca jamais tinha andado. 9 Este homem escutava Paulo falar, sendo que este, olhando para ele atentamente e vendo que tinha fé para ficar bom, 10 disse com voz alta: “Ergue-te ereto sobre os teus pés.” E ele pulou e começou a andar. 11 E as multidões, vendo o que Paulo tinha feito, elevaram as suas vozes, dizendo na língua licaônica: “Os deuses tornaram-se iguais a humanos e desceram a nós!” 12 E passaram a chamar a Barnabé de Zeus, mas a Paulo de Hermes, visto que ele tomava a dianteira no falar. 13 E o sacerdote de Zeus, cujo [templo] estava diante da cidade, trouxe touros e grinaldas até os portões, e estava desejando oferecer sacrifícios com as multidões.

14 No entanto, quando os apóstolos Barnabé e Paulo ouviram isso, rasgaram as suas roupas exteriores e pularam para o meio da multidão, clamando 15 e dizendo: “Homens, por que estais fazendo estas coisas? Nós também somos humanos, tendo os mesmos padecimentos que vós, e vos estamos declarando as boas novas, para que vos desvieis destas coisas vãs para o Deus vivente, que fez o céu e a terra, e o mar, e todas as coisas neles. 16 Ele permitiu, nas gerações passadas, que todas as nações andassem nos seus [próprios] caminhos, 17 embora, deveras, não se deixou sem testemunho, por fazer o bem, dando-vos chuvas do céu e estações frutíferas, enchendo os vossos corações plenamente de alimento e de bom ânimo.” 18 Contudo, por dizerem estas coisas,

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mal continham as multidões de lhes oferecerem sacrifícios.

19 Mas, chegaram judeus de Antioquia e de Icônio, e persuadiram as multidões, e apedrejaram Paulo e o arrastaram para fora da cidade, julgando-o morto. 20 No entanto, quando os discípulos o cercaram, ele se levantou e entrou na cidade. E no dia seguinte partiu com Barnabé para Derbe. 21 E depois de declararem as boas novas àquela cidade e fazerem não poucos discípulos, voltaram a Listra, e a Icônio, e a Antioquia, 22 fortalecendo as almas dos discípulos, encorajando-os a permanecerem na fé e [dizendo]: “Temos de entrar no reino de Deus através de muitas tribulações.” 23 Outrossim, designaram-lhes anciãos em cada congregação, e, oferecendo orações com jejuns, encomendaram-nos a Jeová, em quem se tinham tornado crentes.

24 E passando pela Pisídia, entraram na Panfília, 25 e, depois de falarem a palavra em Perge, desceram a Atália. 26 E dali navegaram para Antioquia, onde tinham sido confiados à benignidade imerecida de Deus para a obra que tinham realizado plenamente.

27 Tendo chegado e tendo ajuntado a congregação, passaram a relatar as muitas coisas que Deus tinha feito por meio deles, e que ele abrira às nações a porta da fé. 28 Passaram assim não pouco tempo com os discípulos.

15 Certos homens desceram então da Judéia e começaram a ensinar os irmãos: “A menos que sejais circuncidados, segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos.” 2 Mas, quando havia ocorrido não pouca dissensão e disputa com eles da parte de Paulo e Barnabé, providenciaram que Paulo e Barnabé, e alguns outros deles, subissem até os apóstolos e anciãos em Jerusalém, com respeito a esta disputa.

3 Concordemente, depois de serem acompanhados parte do caminho pela congregação, estes homens

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continuaram viagem, tanto através da Fenícia como [através] de Samaria, relatando em pormenores a conversão de pessoas das nações, e eles estavam causando grande alegria a todos os irmãos. 4 Chegando a Jerusalém, foram recebidos benevolamente pela congregação e pelos apóstolos e anciãos, e eles narraram as muitas coisas que Deus tinha feito por meio deles. 5 Contudo, alguns dos da seita dos fariseus, que haviam crido, levantaram-se dos seus assentos e disseram: “É necessário circuncidá-los e adverti-los que observem a lei de Moisés.”

6 E os apóstolos e os anciãos ajuntaram-se para considerar esta questão. 7 Ora, tendo havido muita disputa, levantou-se Pedro e disse-lhes: “Irmãos, bem sabeis que desde os primeiros dias Deus fez entre vós a escolha de que por intermédio da minha boca as pessoas das nações ouvissem a palavra das boas novas e cressem; 8 e Deus, que conhece o coração, deu testemunho por dar-lhes o espírito santo, assim como dera também a nós. 9 E ele não fez nenhuma distinção entre nós e eles, mas purificou os corações deles pela fé. 10 Ora, portanto, por que estais pondo Deus à prova por impor no pescoço dos discípulos um jugo que nem os nossos antepassados nem nós somos capazes de levar? 11 Ao contrário, confiamos em ser salvos por intermédio da benignidade imerecida do Senhor Jesus, do mesmo modo como também essas pessoas.”

12 Em vista disso, a multidão inteira ficou calada, e começaram a escutar Barnabé e Paulo relatando os muitos sinais e portentos que Deus fizera por intermédio deles entre as nações. 13 Depois de cessarem de falar, Tiago respondeu, dizendo: “Homens, irmãos, ouvi-me. 14 Simeão tem relatado cabalmente como Deus, pela primeira vez, voltou a sua atenção para as nações, a fim de tirar delas um povo para o seu nome. 15 E com isso concordam as palavras dos Profetas, assim como está escrito: 16 ‘Depois destas coisas voltarei e reconstruirei a barraca de

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Davi, que está caída; e reconstruirei as suas ruínas e a erguerei de novo, 17 a fim de que os remanescentes dos homens possam buscar seriamente a Jeová, junto com pessoas de todas as nações, pessoas chamadas por meu nome, diz Jeová, que está fazendo estas coisas, 18 conhecidas desde a antiguidade.’ 19 Por isso, a minha decisão é não afligir a esses das nações, que se voltam para Deus, 20 mas escrever-lhes que se abstenham das coisas poluídas por ídolos, e da fornicação, e do estrangulado, e do sangue. 21 Pois, desde os tempos antigos, Moisés tem tido em cidade após cidade os que o pregam, porque ele está sendo lido em voz alta nas sinagogas, cada sábado.”

22 Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos, junto com toda a congregação, enviar a Antioquia homens escolhidos dentre eles, junto com Paulo e Barnabé, a saber, Judas, que era chamado Barsabás, e Silas, homens de liderança entre os irmãos; 23 e escreveram por sua mão:

“Os apóstolos e os anciãos, irmãos, aos irmãos em Antioquia, e Síria, e Cilícia, que são das nações: Cumprimentos! 24 Sendo que ouvimos [falar] que alguns dentre nós vos causaram aflição com discursos, tentando subverter as vossas almas, embora não lhes déssemos nenhumas instruções, 25 chegamos a um acordo unânime e pareceu-nos bem escolher homens para [os] enviar a vós, junto com Barnabé e Paulo, nossos amados, 26 homens que entregaram as suas almas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. 27 Mandamos, portanto, Judas e Silas, para que eles também possam relatar as mesmas coisas por palavra. 28 Pois, pareceu bem ao espírito santo e a nós mesmos não vos acrescentar nenhum fardo adicional, exceto as seguintes coisas necessárias: 29 de persistirdes em abster-vos de coisas sacrificadas a ídolos, e de sangue, e de coisas estranguladas, e de fornicação. Se vos guardardes cuidadosamente destas coisas, prosperareis. Boa saúde para vós!”

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30 Concordemente, quando estes homens foram despachados, desceram a Antioquia, e ajuntaram a multidão, e entregaram-lhes a carta. 31 Depois de a lerem, alegraram-se com o encorajamento. 32 E Judas e Silas, visto que eles mesmos também eram profetas, encorajaram os irmãos com muitas dissertações e os fortaleceram. 33 Assim, depois de passarem [ali] algum tempo, os irmãos os deixaram ir em paz para os que os tinham enviado. 34 —— 35 No entanto, Paulo e Barnabé continuaram a passar um tempo em Antioquia, ensinando e declarando, também com muitos outros, as boas novas da palavra de Jeová.

36 Então, depois de alguns dias, Paulo disse a Barnabé: “Acima de tudo, voltemos e visitemos os irmãos em cada uma das cidades em que publicamos a palavra de Jeová, para ver como estão.” 37 Barnabé, da sua parte, estava resolvido a levar consigo também João, que se chamava Marcos. 38 Mas Paulo não achava correto que levassem consigo a este, visto que se tinha afastado deles desde Panfília e não tinha ido com eles à obra. 39 Em vista disso, houve um forte acesso de ira, de modo que se separaram um do outro; e Barnabé tomou consigo Marcos e navegou para Chipre. 40 Paulo selecionou Silas e partiu, depois de ter sido confiado pelos irmãos à benignidade imerecida de Jeová. 41 Mas ele passou pela Síria e pela Cilícia, fortalecendo as congregações.

16 Chegou assim a Derbe e também a Listra. E, eis que havia ali um certo discípulo de nome Timóteo, filho duma mulher judia crente, mas de pai grego, 2 e os irmãos em Listra e Icônio davam dele bom relato. 3 Paulo expressou o desejo de que este homem fosse com ele, e, tomando-o, circuncidou-o por causa dos judeus que havia naqueles lugares, pois todos eles sabiam que seu pai era grego. 4 Ora, enquanto viajavam através das cidades, entregavam aos que estavam ali, para a sua observância, os decretos decididos pelos apóstolos e anciãos, que estavam em

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Jerusalém. 5 Portanto, as congregações continuavam deveras a ser firmadas na fé e a aumentar em número, dia a dia.

6 Ainda mais, passaram pela Frígia e pelo país da Galácia, porque estavam proibidos pelo espírito santo de falar a palavra dentro [do distrito] da Ásia. 7 Outrossim, descendo a Mísia, fizeram esforços para entrar na Bitínia, mas o espírito de Jesus não lhes permitiu isso. 8 De modo que deixaram Mísia de lado e desceram a Trôade. 9 E, durante a noite, apareceu a Paulo uma visão: certo homem macedônio estava em pé, suplicando-lhe e dizendo: “Passa à Macedônia e ajuda-nos.” 10 Ora, assim que ele viu a visão, procuramos passar à Macedônia, tirando a conclusão de que Deus nos convocara para declarar-lhes as boas novas.

11 Portanto, de Trôade fizemo-nos ao mar e fomos diretamente à Samotrácia, mas, no dia seguinte, a Neápolis, 12 e dali a Filipos, uma colônia, que é a cidade principal do distrito da Macedônia. Continuamos nesta cidade, passando [ali] alguns dias. 13 E, no dia de sábado, fomos para fora do portão, para junto dum rio, onde pensávamos haver um lugar de oração; e assentamo-nos e começamos a falar às mulheres que se haviam reunido. 14 E certa mulher, de nome Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e adoradora de Deus, estava escutando, e Jeová abriu-lhe amplamente o coração para prestar atenção às coisas faladas por Paulo. 15 Então, quando ela e sua família foram batizadas, disse, suplicando: “Se vós me julgastes fiel a Jeová, entrai na minha casa e ficai.” E ela simplesmente nos fez ir.

16 E aconteceu que, quando íamos para o lugar de oração, veio-nos ao encontro certa serva com um espírito, um demônio de adivinhação. Ela costumava fornecer muito ganho aos seus amos por praticar a arte do vaticínio. 17 Esta [moça] seguia Paulo e a nós, e clamava com as palavras: “Estes homens são escravos

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do Deus Altíssimo, que vos estão publicando o caminho da salvação.” 18 Ela fazia isso por muitos dias. Por fim, Paulo ficou cansado disso, e, voltando-se, disse ao espírito: “Ordeno-te em nome de Jesus Cristo que saias dela.” E saiu dela naquela mesma hora.

19 Pois bem, quando os amos dela viram que acabara sua esperança de ganho, agarraram Paulo e Silas e os arrastaram para a feira, perante os governantes, 20 e, conduzindo-os até os magistrados civis, disseram: “Estes homens estão perturbando muito a nossa cidade, sendo eles judeus, 21 e publicam costumes que não nos é lícito adotar ou praticar, por sermos romanos.” 22 E a multidão levantou-se toda contra eles; e os magistrados civis, depois de lhes arrancarem as roupas exteriores, mandaram que fossem espancados com varas. 23 Depois de lhes terem infligido muitos golpes, lançaram-nos na prisão, ordenando ao carcereiro que os mantivesse seguros. 24 Ele, por ter recebido tal ordem, lançou-os na prisão interior e prendeu os seus pés no tronco.

25 Mas, pelo meio da noite, Paulo e Silas estavam orando e louvando a Deus com cântico; sim, os prisioneiros os ouviam. 26 Repentinamente, houve um grande terremoto, de modo que os alicerces da cadeia foram abalados. Ademais, abriram-se instantaneamente todas as portas e soltaram-se os laços de todos. 27 O carcereiro, acordando do sono e vendo abertas as portas da prisão, puxou a sua espada e estava prestes a acabar consigo, imaginando que os prisioneiros tinham escapado. 28 Mas Paulo clamou com voz alta, dizendo: “Não te faças dano, pois estamos todos aqui!” 29 Ele pediu assim luzes e pulou para dentro, e, tomado de tremor, prostrou-se diante de Paulo e Silas. 30 E ele os trouxe para fora e disse: “Senhores, o que tenho de fazer para ser salvo?” 31 Disseram: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua família.” 32 E falaram a palavra de Jeová a ele e a todos os na sua casa. 33 E ele os levou consigo naquela

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hora da noite e banhou os seus vergões; e todos juntos, ele e os seus, foram batizados sem demora. 34 E ele os trouxe à sua casa e pôs a mesa diante deles, e alegrou-se grandemente, com toda a sua família, agora que tinha crido em Deus.

35 Quando ficou dia, os magistrados civis mandaram os esbirros para dizer: “Livra estes homens.” 36 O carcereiro relatou assim as palavras deles a Paulo: “Os magistrados civis mandaram homens para que vós [dois] fôsseis livrados. Agora, portanto, saí e ide em paz.” 37 Mas Paulo disse-lhes: “Chibatearam-nos publicamente sem condenação, a homens que são romanos, e lançaram-nos na prisão; e agora nos lançam fora secretamente? Não, deveras, mas que venham eles mesmos e nos levem para fora.” 38 De modo que os esbirros relataram estas declarações aos magistrados civis. Estes ficaram temerosos quando ouviram que os homens eram romanos. 39 Conseqüentemente, vieram e suplicaram-lhes, e, depois de os trazerem para fora, solicitaram-lhes que partissem da cidade. 40 Mas eles saíram da prisão e foram ao lar de Lídia, e quando viram os irmãos, encorajaram-nos e partiram.

17 Viajaram então através de Anfípolis e Apolônia, e vieram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga dos judeus. 2 Assim, segundo o costume de Paulo, ele entrou, indo ter com eles, e por três sábados raciocinou com eles à base das Escrituras, 3 explicando e provando com referências que era necessário que o Cristo sofresse e fosse levantado dentre os mortos, e [dizendo]: “Este é o Cristo, este Jesus, que eu vos publico.” 4 Em resultado, alguns deles tornaram-se crentes e associaram-se com Paulo e Silas, e assim fizeram também uma grande multidão dos gregos que adoravam [a Deus] e não poucas das mulheres de destaque.

5 Mas os judeus, ficando com ciúme, acolheram na sua companhia certos homens iníquos dos vadios da

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feira e formaram uma turba, e passaram a lançar a cidade num alvoroço. E eles assaltaram a casa de Jasão e buscavam trazê-los para fora à ralé. 6 Quando não os acharam, arrastaram Jasão e certos irmãos perante os governantes da cidade, clamando: “Estes homens que têm subvertido a terra habitada estão também presentes aqui, 7 e Jasão recebeu-os com hospitalidade. E todos estes [homens] agem em oposição aos decretos de César, dizendo que há outro rei, Jesus.” 8 Agitaram deveras a multidão e os governantes da cidade, quando ouviram estas coisas; 9 e, só depois de receberem suficiente fiança de Jasão e dos outros, deixaram-nos ir.

10 Os irmãos enviaram imediatamente tanto Paulo como Silas, de noite, para Beréia, e estes, ao chegarem, entraram na sinagoga dos judeus. 11 Ora, estes últimos eram de mentalidade mais nobre do que os de Tessalônica, pois recebiam a palavra com o maior anelo mental, examinando cuidadosamente as Escrituras, cada dia, quanto a se estas coisas eram assim. 12 Portanto, muitos deles tornaram-se crentes, e assim também não poucas das mulheres gregas bem conceituadas e dos homens. 13 Mas, quando os judeus de Tessalônica souberam que a palavra de Deus estava sendo publicada por Paulo também em Beréia, foram também para lá incitar e agitar as massas. 14 Então, os irmãos mandaram Paulo imediatamente embora, para ir até o mar; mas tanto Silas como Timóteo permaneceram ali. 15 No entanto, os que acompanhavam Paulo levaram-no até Atenas, e, depois de receberem mandado para que Silas e Timóteo viessem ter com ele o mais depressa possível, partiram.

16 Ora, enquanto Paulo esperava por eles em Atenas, seu espírito, no seu íntimo, ficou irritado ao observar que a cidade estava cheia de ídolos. 17 Conseqüentemente, começou a raciocinar na sinagoga com os judeus e com as outras pessoas que

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adoravam [a Deus], e cada dia, na feira, com os que por acaso estivessem ali. 18 Mas, certos dos filósofos epicureus bem como dos estóicos passaram a conversar com ele polemicamente, e alguns diziam: “O que é que este paroleiro quer contar?” Outros: “Ele parece ser publicador de deidades estrangeiras.” Isto se deu porque ele declarava as boas novas de Jesus e a ressurreição. 19 Assim, agarraram-no e conduziram-no ao Areópago, dizendo: “Podemos saber qual é este novo ensino de que falas? 20 Porque estás introduzindo algumas coisas que são estranhas aos nossos ouvidos. Portanto, desejamos saber o que denotam estas coisas.” 21 De fato, todos os atenienses e os estrangeiros residentes temporariamente ali gastavam seu tempo de folga em nada mais do que em contar algo ou escutar algo novo. 22 Paulo, pois, estando em pé no meio do Areópago, disse:

“Homens de Atenas, eu observei que em todas as coisas pareceis mais dados ao temor das deidades do que os outros. 23 Por exemplo, passeando e observando cuidadosamente os vossos objetos de veneração, encontrei também um altar em que tinha sido escrito: ‘A um Deus Desconhecido.’ Portanto, aquilo a que sem o saber dais devoção piedosa, isso é o que eu vos publico. 24 O Deus que fez o mundo e todas as coisas nele, sendo, como Este é, Senhor do céu e da terra, não mora em templos feitos por mãos, 25 nem é assistido por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa, porque ele mesmo dá a todos vida, e fôlego, e todas as coisas. 26 E ele fez de um só [homem] toda nação dos homens, para morarem sobre a superfície inteira da terra, e decretou os tempos designados e os limites fixos da morada dos [homens], 27 para buscarem a Deus, se tateassem por ele e realmente o achassem, embora, de fato, não esteja longe de cada um de nós. 28 Pois, por meio dele temos vida, e nos movemos, e existimos, assim como disseram certos dos poetas entre vós: ‘Pois nós também somos progênie dele.’

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29 “Visto, pois, que somos progênie de Deus, não devemos imaginar que o Ser Divino seja semelhante a ouro, ou prata, ou pedra, semelhante a algo esculpido pela arte e inventividade do homem. 30 É verdade que Deus não tem tomado em conta os tempos de tal ignorância, no entanto, agora ele está dizendo à humanidade que todos, em toda a parte, se arrependam. 31 Porque ele fixou um dia em que se propôs julgar em justiça a terra habitada, por meio dum homem a quem designou, e ele tem fornecido garantia a todos os homens, visto que o ressuscitou dentre os mortos.”

32 Pois bem, quando ouviram [falar] duma ressurreição dos mortos, alguns começaram a mofar, enquanto outros diziam: “Nós te ouviremos sobre isso ainda outra vez.” 33 Paulo saiu, assim, do meio deles, 34 mas alguns homens juntaram-se a ele e se tornaram crentes, entre os quais havia também Dionísio, juiz do tribunal do Areópago, e uma mulher de nome Dâmaris, e outros além deles.

18 Depois destas coisas, ele partiu de Atenas e chegou a Corinto. 2 E achou certo judeu de nome Áquila, natural de Ponto, que viera recentemente da Itália, e Priscila, sua esposa, por causa do fato de que Cláudio tinha ordenado que todos os judeus se afastassem de Roma. De modo que foi ter com eles, 3 e, em razão de serem da mesma profissão, ficou no lar deles, e trabalhavam, pois eram fabricantes de tendas por profissão. 4 No entanto, cada sábado, ele dava um discurso na sinagoga e persuadia judeus e gregos.

5 Então, tendo descido tanto Silas como Timóteo da Macedônia, Paulo começou a ocupar-se intensamente com a palavra, testemunhando aos judeus para provar que Jesus é o Cristo. 6 Mas, quando persistiam em opor-se e em falar de modo ultrajante, sacudiu a sua roupa e disse-lhes: “O vosso sangue caia sobre as vossas cabeças. Eu estou limpo. Doravante irei às pessoas das nações.” 7 Concordemente, saiu dali e entrou na casa

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dum homem de nome Tício Justo, adorador de Deus, cuja casa era contígua à sinagoga. 8 Mas Crispo, o presidente da sinagoga, tornou-se crente no Senhor, e assim também todos os de sua família. E muitos dos coríntios, que tinham ouvido, começaram a crer e a ser batizados. 9 Ademais, o Senhor disse de noite a Paulo, por intermédio duma visão: “Não temas, mas persiste em falar e em não ficar calado, 10 porque eu estou contigo e nenhum homem te assaltará para fazer-te dano; porque tenho muito povo nesta cidade.” 11 Destarte, demorou ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus.

12 Então, enquanto Gálio era procônsul da Acaia, os judeus levantaram-se de comum acordo contra Paulo e levaram-no perante a cadeira de juiz, 13 dizendo: “Esta pessoa, contrário à lei, conduz os homens a outra persuasão na adoração de Deus.” 14 Mas, quando Paulo estava para abrir a sua boca, Gálio disse aos judeus: “Se se tratasse deveras de alguma injustiça ou dum ato iníquo de vilania, ó judeus, eu, com razão, vos suportaria pacientemente. 15 Mas, se se trata de controvérsias sobre palavras e nomes, e a lei entre vós, isso é convosco. Não quero ser juiz dessas coisas.” 16 Com isso os enxotou de diante da cadeira de juiz. 17 Agarraram assim Sóstenes, o presidente da sinagoga, e espancaram-no na frente da cadeira de juiz. Mas Gálio não se incomodava nada com estas coisas.

18 No entanto, depois de demorar-se mais alguns dias, Paulo despediu-se dos irmãos e passou a navegar para a Síria, e com ele Priscila e Áquila, visto que em Cencréia cortara rente o cabelo de sua cabeça, pois tinha um voto. 19 Chegaram assim a Éfeso, e ele os deixou ali; ele mesmo, porém, entrou na sinagoga e raciocinou com os judeus. 20 Embora lhe solicitassem que permanecesse por mais tempo, não consentiu nisso, 21 mas despediu-se e disse-lhes: “Voltarei novamente a vós, se Jeová quiser.” E, de Éfeso, fez-se

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ao mar 22 e desceu a Cesaréia. Subiu e cumprimentou a congregação, e desceu a Antioquia.

23 E, tendo passado ali algum tempo, partiu e foi de lugar em lugar através do país da Galácia e da Frígia, fortalecendo todos os discípulos.

24 Ora, chegou a Éfeso certo judeu de nome Apolo, natural de Alexandria, homem eloqüente; e ele era bem versado nas Escrituras. 25 Este [homem] tinha sido oralmente instruído no caminho de Jeová, e, visto que era fervoroso no espírito, falava e ensinava com precisão as coisas a respeito de Jesus, mas estava familiarizado apenas com o batismo de João. 26 E este [homem] principiou a falar denodadamente na sinagoga. Ouvindo-o Priscila e Áquila, acolheram-no na sua companhia e expuseram-lhe mais corretamente o caminho de Deus. 27 Além disso, já que ele desejava passar para a Acaia, os irmãos escreveram aos discípulos, exortando-os a que o recebessem benevolamente. Assim, chegando ele lá, ajudou grandemente os que tinham crido por causa da benignidade imerecida [de Deus]; 28 pois provava cabalmente, com intensidade e em público, que os judeus estavam errados, demonstrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo.

19 No desenrolar dos eventos, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo passava pelas regiões interiores e desceu a Éfeso, e achou alguns discípulos; 2 e ele lhes disse: “Recebestes espírito santo, quando vos tornastes crentes?” Disseram-lhe: “Ora, nunca ouvimos [falar] que há espírito santo.” 3 E ele disse: “Então, em que fostes batizados?” Disseram: “No batismo de João.” 4 Paulo disse: “João batizava com o batismo [em símbolo] de arrependimento, dizendo ao povo que cressem naquele que vinha após ele, isto é, em Jesus.” 5 Ouvindo isso, foram batizados no nome do Senhor Jesus. 6 E, quando Paulo pôs as suas mãos sobre eles, veio sobre eles o espírito santo e

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começaram a falar em línguas e a profetizar. 7 Ao todo havia cerca de doze homens.

8 Entrando na sinagoga, falou com denodo, por três meses, proferindo discursos e usando de persuasão a respeito do reino de Deus. 9 Mas, quando alguns prosseguiam em endurecer-se e em não crer, falando injuriosamente sobre O Caminho perante a multidão, retirou-se deles e separou deles os discípulos, proferindo diariamente discursos no [auditório da] escola de Tirano. 10 Isto se deu por dois anos, de modo que todos os que habitavam [no distrito da] Ásia, tanto judeus como gregos, ouviram a palavra do Senhor.

11 E Deus realizava obras extraordinárias de poder por intermédio das mãos de Paulo, 12 de modo que se levavam aos doentios até mesmo panos e aventais do seu corpo, e as moléstias os abandonavam e os espíritos iníquos saíam. 13 Mas, certos dos judeus itinerantes, que praticavam a expulsão dos demônios, também empreenderam usar por nome o nome do Senhor Jesus para com os que tinham espíritos iníquos, dizendo: “Eu vos advirto solenemente por Jesus, a quem Paulo prega.” 14 Ora, havia sete filhos dum certo Ceva, principal sacerdote judaico, que faziam isso. 15 Mas, o espírito iníquo disse-lhes, em resposta: “Eu sei de Jesus e estou familiarizado com Paulo; mas quem sois vós?” 16 Com isso, o homem em quem estava o espírito iníquo pulou sobre eles, dominou um após outro e prevaleceu contra eles, de modo que fugiram nus e feridos daquela casa. 17 Isto se tornou conhecido a todos, tanto aos judeus como aos gregos que moravam em Éfeso; e sobre todos eles caiu temor, e o nome do Senhor Jesus era magnificado. 18 E muitos dos que se tinham tornado crentes vinham e confessavam, e relatavam abertamente as suas práticas. 19 Deveras, um número considerável dos que haviam praticado artes mágicas trouxeram os seus livros e os queimaram diante de todos. E calcularam os preços deles e acharam que valiam cinqüenta mil moedas de prata.

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20 A palavra de Jeová crescia e prevalecia assim de modo poderoso.

21 Ora, tendo sido completadas estas coisas, Paulo propôs-se no seu espírito que, depois de passar pela Macedônia e Acaia, viajaria para Jerusalém, dizendo: “Depois de chegar lá, terei de ver também Roma.” 22 Mandou assim à Macedônia dois daqueles que lhe ministravam, Timóteo e Erasto, mas ele mesmo se demorou algum tempo no [distrito da] Ásia.

23 Naquele mesmo tempo surgiu uma perturbação nada pequena a respeito do Caminho. 24 Pois um certo homem, de nome Demétrio, prateiro, fabricando santuários de prata para Ártemis, fornecia não pouco lucro aos artífices; 25 e ele os ajuntou, bem como os que trabalhavam em tais coisas, e disse: “Homens, bem sabeis que a nossa prosperidade vem deste negócio. 26 Também, observais e ouvis como não somente em Éfeso, mas em quase todo o [distrito da] Ásia, este Paulo tem persuadido uma multidão considerável, voltando-os para outra opinião, dizendo que não são deuses os feitos por mãos. 27 Ainda mais, não somente existe o perigo de que esta ocupação nossa venha a cair em descrédito, mas também que o templo da grande deusa Ártemis venha a ser estimado em nada, e que até mesmo a sua magnificência, que todo o [distrito da] Ásia e a terra habitada adora, esteja prestes a ser reduzida a nada.” 28 Ouvindo isso e ficando cheios de ira, os homens começaram a clamar, dizendo: “Grande é a Ártemis dos efésios!”

29 A cidade ficou assim cheia de confusão, e arremeteram de comum acordo ao teatro, arrastando consigo Gaio e Aristarco, macedônios, companheiros de viagem de Paulo. 30 Paulo, da sua parte, estava disposto a entrar para ir ter com o povo, mas os discípulos não lhe permitiram [isso]. 31 Até mesmo alguns dos promotores de festividades e jogos, que lhe tinham amizade, enviaram e começaram a implorar-lhe que não se arriscasse no teatro. 32 O fato é que alguns

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estavam clamando uma coisa e outros outra; pois a assembléia estava em confusão, e a maioria deles nem sabia a razão por que se tinham reunido. 33 Juntos trouxeram assim Alexandre para fora da multidão, empurrando-o os judeus na sua frente; e Alexandre, acenando com a mão, queria fazer a sua defesa perante o povo. 34 Mas, quando reconheceram que ele era judeu, levantou-se um só grito da parte de todos, gritando eles por cerca de duas horas: “Grande é a Ártemis dos efésios!”

35 Quando, por fim, o escrivão da cidade tinha feito calar a multidão, ele disse: “Homens de Éfeso, quem há realmente na humanidade que não saiba que a cidade dos efésios é a guardiã do templo da grande Ártemis e da imagem que caiu do céu? 36 Portanto, visto que estas coisas são indisputáveis, convém que vos mantenhais calmos e que não atueis irrefletidamente. 37 Pois trouxestes esses homens, que não são nem salteadores de templos nem blasfemadores de nossa deusa. 38 Portanto, se Demétrio e os artífices com ele tiverem um caso contra alguém, há audiências e há procônsules; que levantem acusações uns contra os outros. 39 Se, porém, estais procurando algo mais do que isso, tem de ser decidido numa assembléia regular. 40 Porque nós estamos realmente em perigo de ser acusados de sedição pela questão de hoje, não existindo nem uma única causa que nos permita apresentar uma razão para esta turba desordenada.” 41 E depois de dizer isso, dissolveu a assembléia.

20 Então, tendo diminuído o alvoroço, Paulo mandou chamar os discípulos, e, tendo-os encorajado e despedindo-se deles, saiu a fim de viajar para a Macedônia. 2 Depois de percorrer aquelas regiões e encorajar com muitas palavras os que havia ali, foi à Grécia. 3 E, tendo passado ali três meses, visto que os judeus formavam uma conspiração contra ele quando estava para navegar para a Síria, resolveu voltar pela

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Macedônia. 4 Acompanhava-o Sópater, filho de Pirro, de Beréia, Aristarco e Segundo, dos tessalonicenses, e Gaio, de Derbe, e Timóteo, e, [do distrito] da Ásia, Tíquico e Trófimo. 5 Estes foram adiante e esperaram por nós em Trôade, 6 mas nós nos fizemos ao mar, de Filipos, depois dos dias dos pães não fermentados, e em cinco dias fomos ter com eles em Trôade; e passamos ali sete dias.

7 No primeiro dia da semana, quando estávamos ajuntados para uma refeição, Paulo começou a dissertar para eles, visto que ia partir no dia seguinte; e ele prolongou as suas palavras até à meia-noite. 8 De modo que havia várias lâmpadas no quarto de andar superior onde estávamos ajuntados. 9 Certo jovem, de nome Êutico, sentado à janela, foi tomado de sono profundo enquanto Paulo falava, e, caindo durante o sono, despenhou-se do terceiro pavimento e foi apanhado morto. 10 Mas Paulo desceu, lançou-se sobre ele, e, abraçando-o, disse: “Parai de levantar um clamor, pois a sua alma está nele.” 11 Ele subiu então e começou a refeição e tomou alimento, e, tendo conversado por bastante tempo, até à madrugada, partiu por fim. 12 De modo que levaram o rapaz vivo e foram consolados além de medida.

13 Fomos então na frente até o barco e navegamos para Assos, onde pretendíamos tomar Paulo a bordo, porque, depois de ter dado instruções neste sentido, ele mesmo pretendia ir a pé. 14 Assim, quando nos alcançou em Assos, nós o tomamos a bordo e fomos a Mitilene; 15 e, navegando dali no dia seguinte, chegamos defronte de Quios, mas no dia seguinte tocamos em Samos, e no dia seguinte chegamos a Mileto. 16 Pois Paulo tinha decidido navegar ao largo de Éfeso, a fim de não gastar tempo no [distrito da] Ásia; porque ele se apressava em chegar a Jerusalém, se possível, no dia [da festividade] de Pentecostes.

17 No entanto, de Mileto ele enviou a Éfeso e chamou os anciãos da congregação. 18 Quando foram ter com

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ele, disse-lhes: “Bem sabeis como, desde o primeiro dia em que pisei no [distrito da] Ásia, eu estive convosco todo o tempo, 19 trabalhando como escravo para o Senhor, com a maior humildade mental, e com lágrimas e provações, que me sobrevieram pelas conspirações dos judeus; 20 ao passo que não me refreei de vos falar coisa alguma que fosse proveitosa, nem de vos ensinar publicamente e de casa em casa. 21 Mas, eu dei cabalmente testemunho, tanto a judeus como a gregos, do arrependimento para com Deus e da fé em nosso Senhor Jesus. 22 E agora, eis que, amarrado no espírito, viajo para Jerusalém, embora sem saber o que me acontecerá nela, 23 exceto que o espírito santo, de cidade em cidade, me dá repetidamente testemunho, dizendo que me aguardam laços e tribulações. 24 Não obstante, não levo a minha alma em conta como estimada por mim, desde que eu possa terminar a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho cabal das boas novas da benignidade imerecida de Deus.

25 “E agora, eis que sei que todos vós, entre os quais eu estive pregando o reino, não vereis mais o meu rosto. 26 Por isso, eu vos chamo como testemunhas, no dia de hoje, de que estou limpo do sangue de todos os homens, 27 pois não me refreei de falar a todos vós todo o conselho de Deus. 28 Prestai atenção a vós mesmos e a todo o rebanho, entre o qual o espírito santo vos designou superintendentes para pastorear a congregação de Deus, que ele comprou com o sangue do seu próprio [Filho]. 29 Sei que depois de eu ter ido embora entrarão no meio de vós lobos opressivos e eles não tratarão o rebanho com ternura, 30 e dentre vós mesmos surgirão homens e falarão coisas deturpadas, para atrair a si os discípulos.

31 “Portanto, mantende-vos despertos e lembrai-vos de que por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar a cada um de vós, com lágrimas. 32 E agora eu vos encomendo a Deus e à palavra de sua

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benignidade imerecida, [palavra] que vos pode edificar e [que vos pode] dar a herança entre todos os santificados. 33 De ninguém cobicei a prata, ou o ouro, ou a vestimenta. 34 Vós mesmos sabeis que estas mãos têm cuidado das minhas necessidades, bem como das daqueles que estavam comigo. 35 Eu vos exibi em todas as coisas que, por labutardes assim, tendes de auxiliar os que são fracos e tendes de ter em mente as palavras do Senhor Jesus, quando ele mesmo disse: ‘Há mais felicidade em dar do que há em receber.’”

36 E, dizendo estas coisas, ajoelhou-se com todos eles e orou. 37 Deveras, irrompeu muito choro entre eles todos, e lançaram-se ao pescoço de Paulo e o beijaram ternamente, 38 porque estavam especialmente condoídos por causa da palavra que ele falara, de que não mais iam ver o seu rosto. Passaram assim a acompanhá-lo até o barco.

21 Então, tendo-nos separado deles a muito custo e feito ao mar, tomamos um rumo direto e chegamos a Cós, mas no [dia] seguinte a Rodes, e dali a Pátara. 2 E, quando achamos um barco que ia cruzar para a Fenícia, embarcamos e zarpamos. 3 Tendo avistado a [ilha de] Chipre, deixamo-la atrás, pela esquerda, e navegamos para a Síria e tocamos em Tiro, pois o barco ia desembarcar [a sua] carga. 4 Procurando, achamos os discípulos e permanecemos ali sete dias. Mas eles, por intermédio do espírito, disseram repetidas vezes a Paulo que não pusesse pé em Jerusalém. 5 Assim, ao completarmos os dias, partimos e iniciamos a viagem; todos eles, porém, junto com as mulheres e os filhos, acompanharam-nos para fora da cidade. E, ajoelhados na praia, fizemos oração 6 e nos despedimos uns dos outros, e subimos ao barco, mas eles voltaram para os seus lares.

7 Completamos então a viagem desde Tiro e chegamos a Ptolemaida, e cumprimentamos os irmãos e ficamos um dia com eles. 8 No dia seguinte partimos e chegamos a Cesaréia, e entramos na casa de Filipe, o

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evangelizador, que era um dos sete homens, e ficamos com ele. 9 Este homem tinha quatro filhas, virgens, que profetizavam. 10 Mas, ao permanecermos ali muitos dias, desceu da Judéia certo profeta de nome Ágabo, 11 e ele veio ter conosco e tomou o cinto de Paulo, amarrou os seus próprios pés e mãos, e disse: “Assim diz o espírito santo: ‘Ao homem a quem pertence este cinto, os judeus amarrarão desta maneira em Jerusalém e o entregarão às mãos de pessoas das nações.’” 12 Ora, quando ouvimos isso, tanto nós como os daquele lugar começamos a suplicar-lhe que não subisse a Jerusalém. 13 Paulo respondeu então: “Que estais fazendo, chorando e enfraquecendo o meu coração? Ficai certos de que estou pronto não só para ser amarrado, mas também para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus.” 14 Quando ele não se deixou dissuadir, assentimos com as palavras: “Realize-se a vontade de Jeová.”

15 Então, depois daqueles dias, preparamo-nos para a viagem e começamos a subir a Jerusalém. 16 Alguns dos discípulos de Cesaréia, porém, foram também conosco, para nos levar ao homem em cujo lar íamos ser hospedados, certo Mnáson, de Chipre, antigo discípulo. 17 Ao chegarmos a Jerusalém, os irmãos nos receberam de bom grado. 18 Mas no [dia] seguinte, Paulo foi conosco ter com Tiago; e todos os anciãos estavam presentes. 19 E ele cumprimentou-os e começou a dar em pormenores um relato das coisas que Deus fizera entre as nações por intermédio do ministério dele.

20 Ouvindo isso, começaram a glorificar a Deus, e disseram-lhe: “Observas, irmão, quantos milhares de crentes há entre os judeus; e todos eles são zelosos da Lei. 21 Mas eles ouviram rumores a respeito de ti, de que tens ensinado a todos os judeus entre as nações uma apostasia contra Moisés, dizendo-lhes que não circuncidem os seus filhos nem andem nos costumes [solenes]. 22 O que se há de fazer, então, a respeito

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disso? Em qualquer caso, eles vão ouvir que chegaste. 23 Faze, portanto, o que te vamos dizer: Há conosco quatro homens que têm um voto sobre si. 24 Toma contigo estes homens e purifica-te cerimonialmente junto com eles, e toma conta das despesas deles, para que se lhes rape a cabeça. E todos saberão assim que não há nada nos rumores que se contavam acerca de ti, mas que estás andando ordeiramente, guardando também tu mesmo a Lei. 25 Quanto aos crentes dentre as nações, já avisamos, dando a nossa decisão, de que se guardem do que é sacrificado a ídolos, bem como do sangue e do estrangulado, e da fornicação.”

26 Paulo tomou então consigo os homens, no dia seguinte, e purificou-se cerimonialmente junto com eles, e entrou no templo, notificando os dias a serem cumpridos para a purificação cerimonial, até se apresentar a oferta para cada um deles.

27 Ora, quando os sete dias estavam para se concluir, os judeus da Ásia, observando-o no templo, começaram a lançar toda a multidão em confusão, e deitaram mãos nele, 28 clamando: “Homens de Israel, acudi! Este é o homem que ensina a todos em toda a parte contra o povo, e a Lei, e este lugar, e, ainda mais, ele até mesmo trouxe gregos ao templo e aviltou este santo lugar.” 29 Porque previamente tinham visto Trófimo, o efésio, na cidade com ele, mas estavam imaginando que Paulo o havia trazido ao templo. 30 E toda a cidade ficou em alvoroço e houve uma afluência do povo; e agarraram Paulo e o arrastaram para fora do templo. E fecharam-se imediatamente as portas. 31 E enquanto buscavam matá-lo, o comandante do destacamento recebeu informação de que toda a Jerusalém estava em confusão; 32 e ele tomou imediatamente soldados e oficiais do exército, e desceu correndo até eles. Quando avistaram o comandante militar e os soldados, deixaram de espancar Paulo.

33 O comandante militar chegou-se então perto, agarrou-o e mandou que fosse amarrado com duas

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cadeias; e passou a indagar quem ele era e o que tinha feito. 34 Mas alguns da multidão começaram a gritar uma coisa e outros outra. Assim, não podendo por si mesmo saber nada de certo, por causa do tumulto, mandou que fosse levado ao quartel. 35 Mas, quando ele subia as escadas, a situação ficou tal, que estava sendo carregado pelos soldados, por causa da violência da multidão; 36 pois a multidão do povo seguia, clamando: “Fora com ele!”

37 E, quando estava para ser levado para dentro do quartel, Paulo disse ao comandante militar: “É-me permitido dizer-te algo?” Ele disse: “Sabes falar grego? 38 Não és tu realmente o egípcio que antes destes dias atiçou uma sedição e levou quatro mil faquistas para o ermo?” 39 Paulo disse então: “Sou, de fato, judeu, de Tarso, na Cilícia, cidadão duma cidade nada obscura. Rogo-te, portanto, que me permitas falar ao povo.” 40 Tendo-lhe ele dado permissão, Paulo, de pé na escadaria, fez sinal com a mão para o povo. Quando se fez um grande silêncio, dirigiu-se a eles no idioma hebraico, dizendo:

22 “Homens, irmãos e pais, ouvi agora a minha defesa perante vós.” 2 (Pois bem, quando ouviram que se dirigia a eles no idioma hebraico, ficaram ainda mais calados, e ele disse:) 3 “Eu sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas educado nesta cidade, aos pés de Gamaliel, instruído segundo o rigor da Lei ancestral, zeloso por Deus, assim como todos vós sois neste dia. 4 E eu perseguia este Caminho até à morte, amarrando e entregando às prisões tanto homens como mulheres, 5 conforme tanto o sumo sacerdote como toda a assembléia dos anciãos me podem dar testemunho. Fui também obter deles cartas para os irmãos em Damasco, e eu estava em caminho para trazer amarrados a Jerusalém também os que havia ali, para serem punidos.

6 “Mas, enquanto eu viajava e chegava perto de Damasco, por volta do meio-dia, reluziu

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repentinamente do céu uma grande luz toda em volta de mim, 7 e eu caí ao chão e ouvi uma voz dizer-me: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’ 8 Eu respondi: ‘Quem és, Senhor?’ E ele me disse: ‘Eu sou Jesus, o nazareno, a quem persegues.’ 9 Ora, os homens que estavam comigo deveras observaram a luz, mas não ouviram a voz daquele que falava comigo. 10 A isto eu disse: ‘Que devo fazer, Senhor?’ O Senhor me disse: ‘Levanta-te, vai a Damasco, e ali te será dito tudo o que te foi designado fazer.’ 11 Mas, visto que eu não podia ver nada, por causa da glória daquela luz, cheguei a Damasco levado pela mão daqueles que estavam comigo.

12 “Então, certo Ananias, homem reverente segundo a Lei, de boa reputação entre todos os judeus que moravam ali, 13 veio a mim, e, parando ao meu lado, disse-me: ‘Saulo, irmão, tem novamente a tua visão!’ E naquela mesma hora olhei para ele. 14 Ele disse: ‘O Deus de nossos antepassados escolheu-te para que venhas a saber a sua vontade e a ver o Justo, e a ouvir a voz de sua boca, 15 porque tu hás de ser testemunha dele, perante todos os homens, das coisas que viste e ouviste. 16 E agora, por que demoras? Levanta-te, sê batizado e lava os teus pecados por invocares o seu nome.’

17 “Mas, tendo eu voltado a Jerusalém e estando a orar no templo, caí em transe 18 e o vi dizer-me: ‘Apressa-te e sai ligeiro de Jerusalém, porque não concordarão com o teu testemunho a respeito de mim.’ 19 E eu disse: ‘Senhor, eles mesmos bem sabem que eu costumava encarcerar e chibatear, numa sinagoga após outra, os que criam em ti; 20 e quando se derramava o sangue de Estêvão, tua testemunha, eu mesmo também estava parado ali e aprovava [isso], e guardava as roupas exteriores dos que o eliminavam.’ 21 Contudo, ele me disse: ‘Vai, porque eu hei de enviar-te a nações longínquas.’”

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22 Ora, eles o escutaram até esta palavra, e elevaram as suas vozes, dizendo: “Tira tal [homem] da terra, pois não é apto para viver!” 23 E, visto que clamavam e lançavam em volta as suas roupas exteriores, e atiravam poeira ao ar, 24 o comandante militar mandou que fosse trazido ao quartel e disse que devia ser examinado sob açoites, a fim de que soubesse plenamente por que causa eles estavam gritando dessa maneira contra ele. 25 Mas, quando o tinham esticado para a chicotada, Paulo disse ao oficial do exército parado ali: “É lícito que açoiteis um homem que é romano e que não está condenado?” 26 Pois bem, ouvindo isso o oficial do exército, foi ter com o comandante militar e fez um relatório, dizendo: “Que pretendes fazer? Ora, este homem é romano.” 27 De modo que o comandante militar se chegou e lhe disse: “Diz-me: És tu romano?” Ele disse: “Sim.” 28 O comandante militar respondeu: “Eu comprei estes direitos de cidadão por grande soma [de dinheiro].” Paulo disse: “Mas eu até nasci [com eles].”

29 Portanto, os homens que estavam prestes a examiná-lo com tortura retiraram-se dele imediatamente; e o comandante militar ficou com medo ao averiguar que ele era romano e que o havia amarrado.

30 Portanto, no dia seguinte, querendo saber ao certo exatamente por que ele estava sendo acusado pelos judeus, soltou-o e mandou que se reunissem os principais sacerdotes e todo o Sinédrio. E ele trouxe Paulo para baixo e o postou no meio deles.

23 Olhando atentamente para o Sinédrio, Paulo disse: “Homens, irmãos, eu me comportei perante Deus com uma consciência perfeitamente limpa, até o dia de hoje.” 2 Em vista disso, o sumo sacerdote Ananias mandou que os que estavam em pé junto dele lhe batessem na boca. 3 Paulo disse-lhe então: “Deus te baterá, parede caiada. Assentas-te tu ao mesmo tempo para me julgar segundo a Lei, e, transgredindo

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a Lei, mandas que me batam?” 4 Os parados ali disseram: “Injurias tu o sumo sacerdote de Deus?” 5 E Paulo disse: “Irmãos, eu não sabia que era o sumo sacerdote. Pois está escrito: ‘Não deves falar injuriosamente dum governante do teu povo.’”

6 Ora, quando Paulo notou que uma parte era dos saduceus, mas a outra dos fariseus, passou a clamar no Sinédrio: “Homens, irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus. É por causa da esperança da ressurreição dos mortos que estou sendo julgado.” 7 Por dizer isso, surgiu uma dissensão entre fariseus e saduceus, e a multidão ficou dividida. 8 Pois os saduceus dizem não haver nem ressurreição, nem anjo, nem espírito, mas os fariseus declaram publicamente todos estes. 9 Irrompeu assim uma grande gritaria, e alguns dos escribas do partido dos fariseus se levantaram e começaram a contender ferozmente, dizendo: “Não achamos nada de errado neste homem; mas, se um espírito ou um anjo falou com ele —.” 10 Ora, tornando-se grande a dissensão, o comandante militar ficou com medo de que Paulo fosse dilacerado por eles e mandou a força de soldados descer e arrancá-lo do meio deles, para o levarem ao quartel.

11 Mas, na noite seguinte, o Senhor estava em pé ao lado dele e disse: “Tem coragem! Pois assim como tens dado testemunho cabal em Jerusalém concernente às coisas a respeito de mim, terás de dar também testemunho em Roma.”

12 Então, ficando dia, os judeus formaram uma conspiração e obrigaram-se com uma maldição, dizendo que nem comeriam nem beberiam até matarem Paulo. 13 Foram mais de quarenta homens que formaram esta conspiração juramentada; 14 e eles foram ter com os principais sacerdotes e os anciãos, e disseram: “Obrigamo-nos solenemente com uma maldição, de não tomarmos nem um bocado de alimento até matarmos Paulo. 15 Assim, portanto, vós, junto com o Sinédrio, tornai claro ao comandante

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militar por que ele devia trazê-lo para baixo a vós, como se pretendêsseis resolver mais exatamente os assuntos que o envolvem. Mas, antes de ele chegar perto, estaremos prontos para eliminá-lo.”

16 No entanto, o filho da irmã de Paulo soube que estavam de tocaia, e veio e entrou no quartel, e relatou isso a Paulo. 17 Paulo chamou, assim, um dos oficiais do exército e disse: “Conduze este jovem ao comandante militar, pois tem algo para lhe relatar.” 18 Portanto, este homem o tomou e conduziu ao comandante militar, e disse: “O prisioneiro Paulo chamou-me e solicitou-me que conduzisse este jovem a ti, visto que ele tem algo para dizer-te.” 19 O comandante militar tomou-o pela mão e se retirou, e começou a interrogá-lo em particular: “Que é que tens para relatar-me?” 20 Ele disse: “Os judeus concordaram em solicitar-te que tragas Paulo para baixo ao Sinédrio, amanhã, como se pretendessem inteirar-se de algo mais exato a respeito dele. 21 Acima de tudo, não os deixes persuadir-te, pois mais de quarenta homens deles estão de tocaia contra ele, e eles se obrigaram com uma maldição, de nem comerem nem beberem, até que o tenham eliminado; e eles estão agora prontos, aguardando a tua promessa.” 22 Portanto, o comandante militar deixou o jovem ir embora, depois de lhe ordenar: “Não dês com a língua nos dentes para com ninguém, de que me esclareceste estas coisas.”

23 E ele convocou certos dois dos oficiais do exército e disse: “Aprontai duzentos soldados para marcharem até Cesaréia, também setenta cavaleiros e duzentos lanceiros, para a terceira hora da noite. 24 Também, provede animais de carga, para que façam Paulo cavalgar e o transportem a salvo até Félix, o governador.” 25 E ele escreveu uma carta, na seguinte forma:

26 “Cláudio Lísias, à Sua Excelência, o Governador Félix: Cumprimentos! 27 Os judeus apoderaram-se deste

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homem e ele estava prestes a ser eliminado por eles, mas eu vim repentinamente com uma força de soldados e o resgatei, porque fiquei sabendo que ele era romano. 28 E, querendo averiguar a causa pela qual o acusavam, levei-o para baixo ao Sinédrio deles. 29 Verifiquei que estava sendo acusado por questões da Lei deles, mas não foi acusado de nem uma única coisa que merecesse a morte ou laços. 30 Mas, porque me foi exposta uma conspiração que se fazia contra o homem, envio-o imediatamente a ti e mando que os acusadores falem perante ti contra ele.”

31 Portanto, estes soldados tomaram Paulo, segundo as suas ordens, e o trouxeram de noite a Antipátride. 32 No dia seguinte, permitiram que os cavaleiros prosseguissem com ele, e voltaram para o quartel. 33 Os [cavaleiros] entraram em Cesaréia e entregaram a carta ao governador e apresentaram-lhe também Paulo. 34 Ele a leu, assim, e indagou de que província ele era, e averiguou que era da Cilícia. 35 “Eu te darei uma audiência cabal”, disse ele, “ao chegarem também os teus acusadores”. E mandou que fosse mantido sob guarda, no palácio pretoriano de Herodes.

24 Cinco dias depois desceu o sumo sacerdote Ananias, com alguns dos anciãos e um orador público, certo Tértulo, e deram ao governador informação contra Paulo. 2 Ao ser chamado, Tértulo começou a acusá-lo, dizendo:

“Visto que por intermédio de ti gozamos de grande paz e que se realizam nesta nação reformas por intermédio de tua previdência, 3 Excelência, Félix, recebemos isso em todas as ocasiões e também em todos os lugares com grande gratidão. 4 Mas, a fim de não te obstar mais, imploro-te que nos ouças brevemente na tua indulgência. 5 Pois nós achamos que este homem é uma peste e atiça sedições entre todos os judeus, por toda a terra habitada, e que é ponta-de-lança da seita dos nazarenos, 6 um que tentou também profanar o templo e de quem nos

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apoderamos. 7 —— 8 Tu mesmo podes descobrir dele, por exame, todas estas coisas de que o acusamos.”

9 Com isso, os judeus juntaram-se ao ataque, asseverando que todas estas coisas eram assim. 10 E Paulo, quando o governador lhe acenou para falar, respondeu:

“Bem sabendo que esta nação te tem tido como juiz por muitos anos, falo prontamente em minha defesa as coisas a meu respeito, 11 visto que estás em condições de descobrir que, quanto a mim, não faz mais de doze dias desde que subi para adorar em Jerusalém; 12 e eles não me acharam no templo argumentando com alguém, nem causando que se formasse uma turba, tampouco nas sinagogas ou em toda a cidade. 13 Nem podem provar-te as coisas de que me estão agora acusando. 14 Mas, eu admito o seguinte a ti, que, segundo o caminho que eles chamam de ‘seita’, desta maneira eu presto serviço sagrado ao Deus dos meus antepassados, crendo em todas as coisas expostas na Lei e escritas nos Profetas; 15 e eu tenho esperança para com Deus, esperança que estes mesmos [homens] também alimentam, de que há de haver uma ressurreição tanto de justos como de injustos. 16 Neste respeito, deveras, exercito-me continuamente para ter a consciência de não ter cometido ofensa contra Deus e homens. 17 Assim, depois de certo número de anos, cheguei para trazer dádivas de misericórdia à minha nação, e ofertas. 18 Enquanto eu cuidava destes assuntos, acharam-me cerimonialmente limpo no templo, mas não com uma multidão ou com tumulto. Mas, havia certos judeus [do distrito] da Ásia, 19 que deviam estar presentes perante ti e acusar-me, se tiverem algo contra mim. 20 Ou, que os [homens] aqui digam de si mesmos o que acharam de errado, quando eu estava perante o Sinédrio, 21 exceto com respeito a esta única pronunciação que clamei enquanto estava diante deles: ‘É por causa da ressurreição dos mortos que hoje estou sendo julgado diante de vós!’”

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22 No entanto, sabendo Félix com bastante exatidão os assuntos referentes a este Caminho, começou a livrar-se dos [homens] com evasivas e disse: “Quando Lísias, o comandante militar, descer, decidirei estes assuntos que vos envolvem.” 23 E ele ordenou ao oficial do exército que o homem fosse guardado e que houvesse algum abrandamento [da detenção], e que não proibisse a nenhum do seu povo que o servisse.

24 Alguns dias depois, Félix chegou com Drusila, sua esposa, que era judia, e mandou buscar Paulo e o escutou sobre a crença em Cristo Jesus. 25 Mas, quando ele falava sobre a justiça e o autodomínio, e o julgamento por vir, Félix ficou amedrontado e respondeu: “Por ora vai-te embora, mas, quando eu tiver um tempo oportuno, mandarei buscar-te novamente.” 26 Ao mesmo tempo, porém, esperava que Paulo lhe desse dinheiro. Por esta razão mandava buscá-lo com mais freqüência ainda e conversava com ele. 27 Mas, decorridos dois anos, Félix foi sucedido por Pórcio Festo; e, visto que Félix desejava ganhar o favor dos judeus, deixou Paulo preso.

25 Festo, portanto, depois de assumir o [governo da] província, subiu três dias mais tarde de Cesaréia a Jerusalém; 2 e os principais sacerdotes e os homens de destaque dos judeus deram-lhe informação contra Paulo. De modo que começaram a suplicar-lhe, 3 pedindo para si mesmos como favor contra o [homem], que mandasse buscá-lo para vir a Jerusalém, visto que estavam armando uma emboscada, para o eliminarem ao longo da estrada. 4 No entanto, Festo respondeu que Paulo seria mantido em Cesaréia e que ele mesmo estava partindo para lá em breve. 5 “Portanto”, disse ele, “desçam comigo os que estão em poder entre vós e o acusem, se há algo de condenável nesse homem”.

6 Assim, não tendo passado mais de oito ou dez dias entre eles, desceu a Cesaréia, e no dia seguinte assentou-se na cadeira de juiz e mandou que se

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trouxesse Paulo. 7 Quando ele chegou, os judeus que tinham descido de Jerusalém ficaram de pé em volta dele, lançando contra ele muitas acusações sérias, para as quais não podiam mostrar evidência.

8 Mas Paulo disse em defesa: “Nem contra a Lei dos judeus, nem contra o templo, nem contra César cometi qualquer pecado.” 9 Festo, desejoso de ganhar o favor dos judeus, disse a Paulo, em resposta: “Desejas subir a Jerusalém e ser julgado ali diante de mim a respeito dessas coisas?” 10 Mas Paulo disse: “Estou perante a cadeira de juiz de César, onde devo ser julgado. Não tenho feito nenhuma injustiça aos judeus, como tu mesmo estás descobrindo muito bem. 11 Se, por um lado, sou realmente delinqüente e tenho cometido algo que mereça a morte, não me escuso de morrer; se, por outro lado, não existe nenhuma dessas coisas de que estes [homens] me acusam, nenhum homem me pode entregar a eles como favor. Apelo para César!” 12 Então Festo, depois de falar com a assembléia dos conselheiros, replicou: “Para César apelaste, para César irás.”

13 Ora, havendo passado alguns dias, chegaram a Cesaréia Agripa, o rei, e Berenice, para uma visita de cortesia a Festo. 14 Assim, visto que passavam ali alguns dias, Festo apresentou ao rei os assuntos concernentes a Paulo, dizendo:

“Há um certo homem deixado prisioneiro por Félix, 15 e quando estive em Jerusalém, os principais sacerdotes e os anciãos dos judeus trouxeram-me informação a respeito dele, pedindo um julgamento de condenação contra ele. 16 Mas eu lhes repliquei que não é procedimento romano entregar qualquer homem como favor, antes de o acusado enfrentar face a face os seus acusadores e obter a oportunidade de falar em sua defesa a respeito da queixa. 17 Portanto, quando se ajuntaram aqui, não demorei, mas no dia seguinte assentei-me na cadeira de juiz e mandei que trouxessem o homem para dentro. 18 Tomando o posto,

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os acusadores não forneceram nenhuma acusação das coisas iníquas que eu supusera a respeito dele. 19 Eles simplesmente tinham certas disputas com ele concernentes à sua própria adoração da deidade e concernente a certo Jesus, que estava morto, mas que Paulo asseverava estar vivo. 20 Assim, estando perplexo quanto à disputa sobre estes assuntos, passei a perguntar se ele gostaria de ir a Jerusalém e ser julgado ali concernente a estes assuntos. 21 Mas, quando Paulo apelou para ser guardado para a decisão do Augusto, mandei que fosse guardado até que eu o enviasse a César.”

22 Então, Agripa [disse] a Festo: “Eu mesmo também gostaria de ouvir o homem.” “Amanhã o ouvirás”, disse ele. 23 Portanto, no dia seguinte, Agripa e Berenice vieram com muita pompa e entraram na sala de audiências, junto com os comandantes militares e também os homens eminentes da cidade, e, quando Festo deu a ordem, trouxeram Paulo. 24 E Festo disse: “Rei Agripa e todos os homens que estais presentes conosco, observais este homem a respeito de quem toda a multidão dos judeus junta se dirigiu a mim, tanto em Jerusalém como aqui, gritando que ele não mais devia viver. 25 Mas eu percebi que ele não tinha cometido nada que merecesse a morte. Assim, quando este [homem] mesmo apelou para o Augusto, decidi mandá-lo. 26 Mas não tenho nada de certo para escrever acerca dele a [meu] Senhor. Portanto, eu o apresentei a vós, e especialmente a ti, Rei Agripa, a fim de que, depois de se fazer o exame judicial, eu obtenha algo para escrever. 27 Pois me parece desarrazoado enviar um prisioneiro e não indicar também as acusações contra ele.”

26 Agripa disse a Paulo: “Tens permissão de falar em teu favor.” Paulo estendeu então a mão e passou a dizer em sua defesa:

2 “Concernente a todas as coisas de que sou acusado pelos judeus, Rei Agripa, considero-me feliz de que é

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diante de ti que hoje devo fazer a minha defesa, 3 especialmente visto que tu és perito em todos os costumes bem como nas controvérsias entre os judeus. Portanto, rogo-te que me ouças pacientemente.

4 “Deveras, quanto à minha maneira de viver desde a mocidade, desde [o] princípio, entre a minha nação e em Jerusalém, todos os judeus 5 que já me conheciam desde o início, se quiserem dar testemunho, sabem que vivi como fariseu, segundo a seita mais estrita da nossa forma de adoração. 6 Contudo, agora estou sendo chamado a julgamento pela esperança da promessa que Deus fizera aos nossos antepassados, 7 ao passo que as nossas doze tribos estão esperando alcançar o cumprimento desta promessa por lhe prestarem intensamente serviço sagrado, noite e dia. Concernente a esta esperança estou sendo acusado pelos judeus, ó rei.

8 “Por que se julga incrível entre vós que Deus levante os mortos? 9 Eu, da minha parte, realmente pensei no meu íntimo que devia cometer muitos atos de oposição contra o nome de Jesus, o nazareno, 10 o que, de fato, fiz em Jerusalém, e a muitos dos santos encerrei em prisões, visto que eu tinha recebido autoridade dos principais sacerdotes; e quando eles estavam para ser executados, eu lançava o meu voto contra eles. 11 E, punindo-os muitas vezes, em todas as sinagogas, tentei obrigá-los a fazer uma retratação; e, visto que eu estava extremamente enfurecido contra eles, fui ao ponto de persegui-los até mesmo nas cidades de fora.

12 “No meio destes esforços viajava eu para Damasco, com autoridade e comissão da parte dos principais sacerdotes, quando 13 vi ao meio-dia, na estrada, ó rei, uma luz, além do brilho do sol, reluzir do céu em volta de mim e em volta dos que viajavam comigo. 14 E caindo todos nós ao chão, ouvi uma voz dizer-me no idioma hebraico: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues? Duro te é persistir em dar pontapés contra

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as aguilhadas.’ 15 Mas eu disse: ‘Quem és, Senhor?’ E o Senhor disse: ‘Eu sou Jesus, a quem tu persegues. 16 Não obstante, levanta-te e fica de pé. Pois, para este fim me tornei visível a ti, a fim de te escolher como assistente e testemunha, tanto das coisas que viste como das coisas que eu te farei ver com respeito a mim; 17 ao passo que eu te livro [deste] povo e das nações às quais te envio, 18 para abrires os seus olhos, para os desviares da escuridão para a luz e da autoridade de Satanás para Deus, a fim de que recebam perdão de pecados e uma herança entre os santificados pela [sua] fé em mim.’

19 “Portanto, Rei Agripa, não me tornei desobediente à visão celestial, 20 mas, tanto aos em Damasco, primeiro, como aos em Jerusalém, e por todo o país da Judéia, e às nações, fui levar a mensagem de que se arrependessem e se voltassem para Deus por fazerem obras próprias de arrependimento. 21 Por esta razão se apoderaram de mim os judeus no templo e tentaram matar-me. 22 No entanto, visto que obtive a ajuda que vem de Deus, continuo até o dia de hoje a dar testemunho tanto a pequenos como a grandes, mas, sem dizer nada exceto as coisas que os Profetas, bem como Moisés, declararam que iam ocorrer, 23 que o Cristo havia de sofrer, e que, como primeiro a ser ressuscitado dentre os mortos, ele ia publicar luz tanto a este povo como às nações.”

24 Ora, ao dizer estas coisas em sua defesa, Festo disse em voz alta: “Estás ficando louco, Paulo! A grande erudição está-te levando à loucura!” 25 Mas Paulo disse: “Não estou ficando louco, Excelência, Festo, mas estou proferindo declarações de verdade e de bom juízo. 26 Na realidade, o rei a quem estou falando com franqueza bem sabe estas coisas; pois estou persuadido de que nem uma única destas coisas lhe passou despercebida, porque esta coisa não se fez a um canto. 27 Crês tu nos Profetas, Rei Agripa? Sei que crês.” 28 Mas Agripa disse a Paulo: “Em pouco tempo

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me persuadirias a tornar-me cristão.” 29 A isso Paulo disse: “Quisera eu, perante Deus, quer em pouco tempo quer com muito tempo, que não somente tu, mas também todos os que hoje me ouvem se tornassem homens tais como também eu sou, com a exceção destes laços.”

30 E o rei se levantou, e o mesmo fizeram o governador e Berenice, e os homens sentados com eles. 31 Mas, ao se retirarem, começaram a falar entre si, dizendo: “Este homem não pratica nada que mereça a morte ou laços.” 32 Além disso, Agripa disse a Festo: “Este homem podia ter sido livrado, se não tivesse apelado para César.”

27 Ora, visto que se decidiu que navegássemos para a Itália, passaram a entregar tanto Paulo como certos outros prisioneiros a um oficial do exército, de nome Júlio, do destacamento de Augusto. 2 Subindo a bordo dum barco de Adramítio, que estava prestes a navegar para lugares ao longo da costa [do distrito] da Ásia, fizemo-nos à vela, estando conosco Aristarco, um macedônio de Tessalônica. 3 E no dia seguinte tocamos em Sídon, e Júlio tratou Paulo com humanitarismo e lhe permitiu que visitasse seus amigos e usufruísse o cuidado [deles].

4 E fazendo-nos ao mar, navegamos dali sob o [abrigo de] Chipre, porque os ventos eram contrários; 5 e navegamos através do mar aberto ao longo de Cilícia e Panfília, e aportamos em Mirra, na Lícia. 6 Ali, porém, o oficial do exército achou um barco de Alexandria, que ia navegar para a Itália, e ele nos fez embarcar nele. 7 Então, depois de navegarmos vagarosamente por muitos dias e chegarmos com dificuldade a Cnido, visto que o vento não nos deixava prosseguir, navegamos sob o [abrigo de] Creta, na altura de Salmone, 8 e, costeando com dificuldade, chegamos a certo lugar chamado Bons Portos, perto do qual estava a cidade de Laséia.

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9 Visto que já passara um tempo considerável e já era então perigoso navegar, porque até mesmo o jejum [do dia da expiação] já passara, Paulo fez uma recomendação, 10 dizendo-lhes: “Homens, percebo que a navegação vai ser com dano e com grande perda, não só da carga e do barco, mas também de nossas almas.” 11 No entanto, o oficial do exército dava mais ouvidos ao piloto e ao dono do navio do que às coisas ditas por Paulo. 12 Então, visto que o porto era inconveniente para invernar, a maioria aconselhou que se fizessem dali à vela, para ver se de algum modo podiam chegar a Fênix, um porto de Creta, que dá para o nordeste e para o sudeste, para invernar.

13 Além disso, sendo que o vento sulino soprava brandamente, pensavam que seu objetivo já estava praticamente alcançado, e levantaram âncora e costeavam o litoral de Creta. 14 Não muito tempo depois, porém, abateu-se sobre ela um vento tempestuoso, chamado Euro-aquilão. 15 Visto que o barco foi apanhado com violência e não podia manter a proa contra o vento, cedemos e fomos impelidos. 16 Passamos então sob [o abrigo de] certa ilha pequena chamada Cauda, contudo, quase não pudemos apossar-nos do bote [na popa]. 17 Mas, depois de o içarem para bordo, começaram a usar de recursos para cingir o barco; e, temendo encalhar em Sirte, arriaram os aparelhos e eram assim impelidos. 18 Contudo, visto que estávamos sendo violentamente sacudidos pela tempestade, começaram no [dia] seguinte a aliviar o navio; 19 e no terceiro [dia] alijaram com as suas próprias mãos a armação do barco.

20 Não havendo então aparecido nem o sol nem estrelas por muitos dias, e não sendo pequena a tempestade que se abatia sobre nós, começou finalmente a dissipar-se toda a esperança de sermos salvos. 21 E, tendo havido uma longa abstinência de comida, Paulo levantou-se então no meio deles e disse: “Homens, certamente devíeis ter aceito o meu

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conselho e não vos ter feito ao mar, de Creta, sofrendo tal dano e perda. 22 Ainda assim, recomendo-vos que tenhais bom ânimo, pois nem uma única alma se perderá, mas apenas o barco. 23 Porque esta noite se pôs ao meu lado um anjo do Deus a quem pertenço e a quem presto serviço sagrado, 24 dizendo: ‘Não temas, Paulo. Tens de comparecer perante César, e, eis que Deus te doou todos os que navegam contigo.’ 25 Portanto, homens, tende bom ânimo; pois eu acredito em Deus, que será exatamente assim como me foi dito. 26 No entanto, temos de ser lançados numa certa ilha.”

27 Ora, quando veio a décima quarta noite e nós estávamos sendo jogados de um lado para outro no [mar de] Ádria, à meia-noite, os marujos começaram a suspeitar que estávamos chegando perto de alguma terra. 28 E sondando a profundidade, acharam-na de vinte braças; passaram assim uma curta distância e fizeram de novo sondagem, e acharam-na de quinze braças. 29 E por temerem que fôssemos lançados em alguma parte contra os rochedos, lançaram quatro âncoras da popa e começaram a querer que ficasse dia. 30 Mas, quando os marujos procuravam escapar do barco e arriaram o bote ao mar, sob o pretexto de quererem deitar âncoras da proa, 31 Paulo disse ao oficial do exército e aos soldados: “A menos que estes homens permaneçam no barco, não podeis ser salvos.” 32 Os soldados cortaram então as cordas do bote e o deixaram cair.

33 Então, quando estava para amanhecer, Paulo começou a encorajar a todos juntos para que tomassem algum alimento, dizendo: “Hoje é o décimo quarto dia que tendes estado de vigília e continuais sem alimento, não tendo tomado nada para vós mesmos. 34 Portanto, encorajo-vos a tomardes algum alimento, pois isso é no interesse da vossa segurança; porque nem um único cabelo da vossa cabeça perecerá.” 35 Depois de dizer isso, tomou também um

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pão, deu graças a Deus perante todos eles e partiu-o, e principiou a comer. 36 Todos ficaram assim animados e começaram também a tomar alimento. 37 Ora, ao todo éramos no barco duzentas e setenta e seis almas. 38 Quando se saciaram do alimento, passaram a aliviar o barco, lançando o trigo ao mar.

39 Finalmente, quando ficou dia, não puderam reconhecer a terra, mas observavam certa baía com uma praia, e estavam resolvidos, se pudessem, a arremessar o navio ali. 40 Cortando assim as âncoras, deixaram-nas cair no mar; soltando ao mesmo tempo as amarras dos remos do leme, e, içando o traquete ao vento, dirigiram-se para a praia. 41 Quando deram num banco de areia banhado em ambos os lados pelo mar, encalharam o navio, e a proa se encravou e ficou imóvel, mas a popa começou a ser violentamente despedaçada. 42 Em vista disso, os soldados tomaram a resolução de matar os prisioneiros, para que ninguém escapasse nadando. 43 Mas o oficial do exército desejava manter Paulo a salvo e os conteve no propósito deles. E ele mandou que os que soubessem nadar se lançassem ao mar primeiro e chegassem à terra, 44 e que o resto o fizesse, alguns em tábuas e outros em certos objetos do barco. E assim aconteceu que todos atingiram terra a salvo.

28 Uma vez a salvo, soubemos que a ilha se chamava Malta. 2 E o povo de língua estrangeira teve conosco extraordinário humanitarismo, pois acenderam um fogo e acolheram-nos a todos prestimosamente, por causa da chuva que caía e por causa do frio. 3 Mas, quando Paulo reuniu certo feixe de gravetos e o deitou no fogo, saiu uma víbora, por causa do calor, e se prendeu à mão dele. 4 Quando o povo de língua estrangeira avistou a bicha venenosa pendendo da mão dele, começaram a dizer uns aos outros: “Certamente este homem é assassino, e, embora se salvasse do mar, a justiça vingativa não permitiu que permanecesse vivo.” 5 No entanto, ele sacudiu a bicha

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venenosa para dentro do fogo e não sofreu dano. 6 Mas eles esperavam que fosse inchar com uma inflamação ou cair repentinamente morto. Depois de terem esperado por muito tempo e terem observado que nada nocivo lhe acontecia, mudaram de idéia e começaram a dizer que ele era [um] deus.

7 Ora, na vizinhança daquele lugar havia terras pertencentes ao homem de destaque da ilha, de nome Públio; e ele nos acolheu hospitaleiramente e nos hospedou bondosamente por três dias. 8 Mas, aconteceu que o pai de Públio estava de cama, afligido por febre e disenteria, e Paulo entrou até ele e orou, deitou as suas mãos sobre ele e o sarou. 9 Ocorrendo isso, os demais do povo da ilha, com doenças, começaram também a vir e a ser curados. 10 E honraram-nos também com muitas dádivas, e, quando nos fizemos à vela, carregaram-nos de coisas para as nossas necessidades.

11 Três meses depois fizemo-nos à vela num barco de Alexandria, que invernara na ilha, e que tinha por figura de proa “Filhos de Zeus”. 12 E, aportando em Siracusa, permanecemos [ali] três dias, 13 donde, costeando, chegamos a Régio. E um dia depois se levantou um vento sulino e alcançamos Putéoli, no segundo dia. 14 Ali achamos irmãos, e suplicaram-nos que ficássemos com eles sete dias; e assim nos aproximamos de Roma. 15 E os irmãos de lá, quando ouviram a notícia a nosso respeito, vieram ao nosso encontro até a Feira de Ápio e as Três Tavernas, e, avistando-os, Paulo agradeceu a Deus e tomou coragem. 16 Quando por fim entramos em Roma, permitiu-se a Paulo que ficasse sozinho com um soldado para guardá-lo.

17 No entanto, três dias depois, convocou todos os homens de destaque dos judeus. Quando se tinham reunido, passou a dizer-lhes: “Homens, irmãos, embora eu não tivesse feito nada contrário ao povo ou aos costumes de nossos antepassados, fui entregue como

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prisioneiro, de Jerusalém, às mãos dos romanos. 18 E estes, depois de feito um exame, desejavam livrar-me, visto que não havia em mim nenhuma causa para a morte. 19 Mas, quando os judeus persistiam em falar contra isso, fiquei compelido a apelar para César, mas não como se tivesse algo para acusar a minha nação. 20 Realmente, por esta razão supliquei para vos ver e falar, pois tenho estas cadeias em volta de mim por causa da esperança de Israel.” 21 Disseram-lhe: “Nós tampouco temos recebido cartas da Judéia a respeito de ti, nem tem qualquer dos irmãos que chegaram relatado ou falado algo iníquo a teu respeito. 22 Mas, achamos correto ouvir de ti quais os teus pensamentos, porque, deveras, quanto a esta seita, é sabido por nós que em toda a parte se fala contra ela.”

23 Combinaram assim um dia com ele e vieram em maior número ter com ele na sua pousada. E ele lhes explicou o assunto por dar cabalmente testemunho a respeito do reino de Deus e por usar de persuasão para com eles concernente a Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos Profetas, de manhã até à noite. 24 E alguns começaram a acreditar nas coisas ditas; outros não queriam acreditar. 25 Assim, visto haver desacordo entre eles, começaram a retirar-se, fazendo Paulo este único comentário:

“O espírito santo falou aptamente por intermédio de Isaías, o profeta, a vossos antepassados, 26 dizendo: ‘Vai a este povo e dize: “Ouvindo ouvireis, mas de modo algum entendereis; e, olhando olhareis, mas de modo algum vereis. 27 Pois o coração deste povo tem ficado embotado e com os seus ouvidos têm ouvido sem reação, e eles têm fechado os olhos; para que nunca vissem com os olhos, nem ouvissem com os ouvidos, nem entendessem com o coração e se voltassem, e eu os sarasse.”’ 28 Seja, portanto, sabido por vós que este, o meio pelo qual Deus salva, tem sido enviado às nações; elas certamente o escutarão.” 29 ——

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30 Permaneceu assim por dois anos inteiros na sua própria casa alugada e recebia benevolamente a todos os que vinham vê-lo, 31 pregando-lhes o reino de Deus e ensinando com a maior franqueza no falar as coisas concernentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento.

[Notas de rodapé]

Ou “Amo”.

Ou “dos tempos designados”. Gr.: kai·roús.

Lit.: “autoridade”. Gr.: e·xou·sí·ai.

“Testemunhas.” Gr.: már·ty·res; lat.: té·stes.

“Parte mais distante.” Ou “extremidade”. Gr.: e·skhá·tou; J17,18,22(hebr.): qetséh. Veja Je 25:31, 33 n. Compare isso com Mt 12:42 n.

Ou “brilhantes”.

“Céu”. Gr.: ou·ra·nón; lat.: caé·lum; J17(hebr.): hash·sha·má·yemah, “em direção ao céu”.

Segundo fontes rabínicas, baseadas em Jos 3:4, esta era de cerca de 2.000 côvados (890 m).

“O zeloso.” Veja Lu 6:15 n.

Ou “ao número”.

Ou “e, inchando”.

“Cargo de superintendência.” Gr.: e·pi·sko·pén; J17,18(hebr.): u·fequd·da·thóh, “e . . . seu cargo de superintendência”. Veja 2Rs 11:18 n.

Ou “se desincumbia de suas atividades”.

Veja Ap. 1D.

Ou “conversos”.

Isto é, por volta das 9 horas da manhã, contada desde o nascer do sol.

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Ou “força ativa”. Gr.: pneú·ma·tos; lat.: Spí·ri·tu; J17,18,22(hebr.): ru·hhí, “meu espírito”. Veja Gên 1:2 n.: “ativa”.

Ou “sobre toda a carne”. Gr.: e·pí pá·san sár·ka; lat.: cár·nem; J17,18,22(hebr.): ba·sár.

“Anciãos.” Gr.: pre·sbý·te·roi.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

“Hades”, אAB; J7,8,11-18,22: “Seol”. Veja Ap. 4B.

“Deus”, אAB; J7,8,10: “Jeová”.

Ou “um de sua prole”.

Ou “pela”.

Veja Ap. 1D.

Ou “fixastes numa estaca (poste)”. Veja Ap. 5C.

Veja Ap. 1D.

Ou “associar-se”.

Lit.: “a partir pão”.

Ou “de casa em casa”. Gr.: kat’ oí·kon. Veja 5:42 n.: “casa”.

Veja Ap. 1D.

Isto é, por volta das 15 horas, contada desde o nascer do sol.

Ou “tempos designados”. Gr.: kai·roí.

Lit.: “da face”.

Veja Ap. 1D.

Ou “receber”.

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“Jeová”, J7,8,10-18,20,22-24,28 e LXXP. Fouad Inv. 266 em De 18:15; gr.: Ký·ri·os. Veja Ap. 1D.

Ou “cada alma”.

Ou “prole”.

Lit.: “enquanto eles”.

“Anciãos.” Gr.: tous pre·sby·té·rous.

Ou “foi salvo”.

Ou “fixastes numa estaca (poste)”. Veja Ap. 5C.

Ou “neste nome”.

“Soberano Senhor.” Gr.: Dé·spo·ta; lat.: Dó·mi·ne; J17,18(hebr.): ’Adho·naí. Veja Ap. 1E.

Veja Ap. 1D.

Ou “seu Cristo”.

Ou “fizeste Cristo”. Gr.: é·khri·sas.

Veja Ap. 1D.

Lit.: “te encheu o coração”. Veja Est 7:5; Ec 8:11.

Veja Ap. 1D.

Lit.: “eclésia”. Gr.: ek·kle·sí·an; lat.: ec·clé·si·a; J17,18(hebr.): haq·qa·hál, “a congregação”.

Veja Ap. 1D.

Ou “e todo o Senado”.

Ou “árvore”. Gr.: xý·lou; J22(hebr.): ‛ets. Veja 2:36 n.

Lit.: “segundo [a] casa”. Gr.: kat’ oí·kon. Aqui, ka·tá é usado com o acusativo sing. no sentido distributivo. R. C. H. Lenski, na sua obra The Interpretation of The Acts of the Apostles, Minneapolis, EUA (1961), fez o seguinte comentário sobre At 5:42: “Os apóstolos nem por um instante pararam a sua bendita obra. ‘Cada dia’ eles continuavam, e isto abertamente, ‘no Templo’, onde o Sinédrio e a

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polícia do Templo podiam vê-los e ouvi-los, e, naturalmente, também κατ’ οἵκον, que é distributivo, ‘de casa em casa’, e não meramente adverbial, ‘em casa’.”

Ou “declarar o evangelho”. Gr.: eu·ag·ge·li·zó·me·noi; lat.: e·van·ge·li·zán·tes, “evangelizar”.

Lit.: “dos helenistas”. Gr.: ton Hel·le·ni·stón; lat.: Grae·có·rum.

Lit.: “os hebreus”. Gr.: tous E·braí·ous; lat.: He·braé·os.

Ou “na ministração”. Gr.: en tei di·a·ko·ní·ai; lat.: in mi·ni·sté·ri·o.

Ou “para ministrar”. Gr.: di·a·ko·neín; lat.: mi·ni·strá·re.

Lit.: “Libertos; Alforriados.” Arm: “Líbios”.

“Anciãos.” Gr.: pre·sby·té·rous.

Lit.: “Ele”, referindo-se ao “Deus da glória”, no v. 2.

Ou “prole; posteridade”.

“Prestarão serviço sagrado.” Gr.: la·treú·sou·sin; J17,18,22(hebr.): weya·‛av·dhú·ni, “e me servirão (adorarão)”. Veja Êx 3:12 n.

Veja Gên 46:20, 27 n.

“Ao Egito.” B omite isso.

“Siquém”, SyhJ17,18,22; אAB: “Sychem”.

Lit.: “Hemor”.

“Raça.” Gr.: gé·nos; diferente de ge·ne·á, “geração”, como em Mt 24:34.

Ou “extremamente belo”. Lit.: “belo para o Deus”. Gr.: a·steí·os toi The·oí. Veja Jon 3:3 n.: “grande”.

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“Um anjo”, P74אABCVg; DSyp: “um anjo de [o] Senhor”; J7,8,10-17,28: “o anjo de Jeová”.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

Ou “e . . . resgatador (redentor)”. Gr.: kai ly·tro·tén; lat.: et re·dem·ptó·rem; J17(hebr.): wegho·’él.

“Deus”, אABVg; CSyp: “O Senhor Deus”; J7,8,10-17: “Jeová, vosso Deus”; J28: “Jeová Deus.”

Gr.: Ba·by·ló·nos; J17,18,22(hebr.): me·há·le’ah leVa·vél, “além de Babel”.

Ou “o tabernáculo do testemunho”.

Ou “tipo”. Gr.: tý·pon.

“Jeosué”, J17,18,22; אAB: “Jesus”.

Ou “achar”.

Ou “coisas; lugares”.

Veja Ap. 1D.

Ou “teimosos”.

Lit.: “a Lei como transmissões de anjos”. J17: “a Lei das mãos de comissões de anjos”; lat.: lé·gem in dis·po·si·ti·ó·nem an·ge·ló·rum, “a Lei pela disposição de anjos”. Em 2Cr 23:18, a Vg usa iúx·ta dis·po·si·ti·ó·nem na versão de “pelas mãos de”.

Ou “rilhar; cerrar”.

Ou “invocação; oração”.

Veja Ap. 1D.

“Jeová”, J18,22,23; gr.: tou Ky·rí·ou; VgSyp: “Deus”. Veja Ap. 1D.

“Estás num”, D°Vg.

“Jeová”, J7,8,10,13,15-18,22,23; אAB(gr.): ton Ký·ri·on; DVgmss.Syh,p: “Deus”. Veja Ap. 1D.

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“De Jeová”, J7,8,10,17,18; אBCD(gr.): tou Ky·rí·ou; P74ASyp: “de Deus”. Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

Ou “seu modo de vida”.

P45,74אABCVgSyp omitem o v. 37; ItVgcArm: “Filipe disse-lhe: ‘Se crês de todo o coração, é permissível.’ Em resposta ele disse: ‘Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.’”

Veja Ap. 1D.

“Asdode”, J17,18,22; אAB: “Azoto”.

“Ao Caminho.” Gr.: tes ho·doú.

“Numa visão”, BCSyh,pArm; P74אAVg omitem isso.

Ou “levando a sua vida cotidiana”.

Lit.: “os helenistas”. J17: “os judeus gregos”.

Veja Ap. 1D.

“Sarona”, J17,18,22; אAB: “Sarom”.

“Dorcas” (gr.), correspondente a “Tabita” (aram.); ambos os nomes significam “Gazela”.

Ou “não demores”.

Veja v. 36 n.

Ou “centurião”, comandante de 100 soldados.

Isto é, por volta das 15 horas, contada desde o nascer do sol.

Isto é, por volta do meio-dia, contado desde o nascer do sol.

Ou “sacrifica”.

“Três”, P74אACVgSyp; B: “dois”.

“Recebeu instruções divinas”, אAB; J18: “recebeu ordem de Jeová”.

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Veja v. 3 n.

“Jeová”, J17,18,23; P45אABC(gr.): tou Ky·rí·ou; P74DSyp: “Deus”. Veja Ap. 1D.

Ou “árvore”. Veja Ap. 5C.

“Povo que falava grego.” Lit.: “helenistas”. AD°: “gregos”.

Veja Ap. 1D.

Ou “denominados”.

“Cristãos.” Gr.: Khri·sti·a·noús; lat.: Chri·sti·á·ni; J17,18,22(hebr.): Meshi·hhi·yím, “messianistas”.

“Anciãos.” Gr.: pre·sby·té·rous.

Isto é, Herodes Agripa I.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

Ou “começaram a apresentar-se”. Lit.: “estavam ao lado”.

Veja Ap. 1D.

“De Jeová”, J7,8,10,23; B(gr.): tou Ky·rí·ou; P74אADSyp: “de Deus”. Veja Ap. 1D.

Lit.: “o tetrarca”, o príncipe territorial agindo pelo imperador.

Veja Ap. 1D.

Governador provincial agindo pelo Senado romano.

Possivelmente significando “Pouco; Pequeno”. Gr.: Paú·los.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

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“Durante cerca de quatrocentos e cinqüenta anos. E, depois destas coisas”, P74אABCVg.

Ou: “O que supondes que eu sou, eu não sou.”

Ou “árvore”. Veja Ap. 5C.

“A nós, seus”, Syp; P74אABC°DVg: “a nossos”.

“Que adoravam (temiam) a Deus”, SyP; J18: “que temiam a Jeová”.

“De Jeová”, J17,22; P74אABc(gr.): tou Ky·rí·ou; B°CSyh,p: “de Deus”. Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

“Extremidade.” Ou “parte mais distante”. Gr.: e·skhá·tou. Veja 1:8 n.: “distante”.

“De Jeová”, J7,8,10,13,15-17,22,23; P45,74אAC(gr.): tou Ky·rí·ou; BD: “de Deus”. Veja Ap. 1D.

Veja Ap. 1D.

“Que adoravam (temiam) a Deus”, Syp; J7,8,10,18: “que temiam a Jeová”.

Veja Ap. 1D.

Ou “para ser salvo”.

Ou “Júpiter”. Gr.: Dí·a; lat.: Ió·vem.

Ou “Mercúrio”. Gr.: Her·mén; lat.: Mer·cú·ri·um.

Lit.: “(que) estava diante da cidade”.

Lit.: “tendo designado [por mão estendida]”.

Veja Ap. 1D.

“Palavra”, BD; אACVgSyp: “palavra do Senhor”; P74: “palavra de Deus”; J17,28: “palavra de Jeová”.

“Anciãos.” Gr.: pre·sby·té·rous; J17,18,22(hebr.): wehaz·zeqe·ním, “e os anciãos”. Veja Núm 11:25 n.: “anciãos”.

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Lit.: “reviravolta”. Gr.: e·pi·stro·fén; lat.: con·ver·si·ó·nem.

Uma forma hebr. do nome Simão (Pedro). Veja Mt 10:2 n.

Ou “a tenda”.

Veja Ap. 1D.

Ou “sobre quem tem sido invocado meu nome”.

Veja Ap. 1D.

Ou “que tem tornado essas coisas (18) conhecidas desde a antiguidade”.

“Que se abstenham.” Gr.: a·pé·khe·sthai; lat.: ab·stí·ne·ant.

“Fornicação.” Gr.: por·neí·as; lat.: for·ni·ca·ti·ó·ne. Veja Ap. 5A.

Ou “do que é morto sem ser sangrado”.

“Sangue.” Gr.: haí·ma·tos; lat.: sán·gui·ne; J17,18,22(hebr.): u·min-had·dám, “e do sangue”.

Lit.: “das gerações originais”.

Veja v. 2 n.

Lit.: “unanimemente”. Gr.: ho·mo·thy·ma·dón; lat.: in ú·num, “em união (unidade)”.

Ou “vidas”. Gr.: psy·khás; lat.: á·ni·mas; J17,18,22(hebr.): naf·shám, “suas almas”.

Veja v. 20 n.: “estrangulado”.

Veja Ap. 5A.

Ou: “Passai bem!” J22(hebr.): sha·lóhm la·khém, “A paz esteja convosco!”

P74אAB omitem o v. 34; CDVgc acrescentam, com variações: “Mas pareceu bem a Silas permanecer

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ainda ali; todavia, Judas partiu sozinho para Jerusalém.”

“De Jeová”, J17,18,22,23; gr.: tou Ky·rí·ou; SyP: “de Deus”. Veja Ap. 1D.

“De Jeová”, J7,8,10,17,18,22,23; gr.: tou Ky·rí·ou; Syp: “de Deus”. Veja Ap. 1D.

“De Jeová”, J17,18,22; gr.: tou Ky·rí·ou; Vgc,sSyp: “de Deus”. Veja Ap. 1D.

“Anciãos.” Veja 15:2 n.

Ou “e”.

“Declarar . . . as boas novas.” Gr.: eu·ag·ge·lí·sa·sthai; lat.: e·van·ge·li·zá·re.

Veja Ap. 1D.

“A Jeová”, J7,8,10; אAB(gr.): toi Ky·rí·oi; D: “a Deus”. Veja Ap. 1D.

Lit.: “com um espírito de píton”, termo associado com o oráculo de Delfos. Gr.: é·khou·san pneú·ma pý·tho·na.

Ou “foro”. Gr.: a·go·rán; lat.: fó·rum. Lugar de reuniões públicas.

“De Jeová”, J7,8,10,17,18,22,23,28; P45,74אcAC(gr.): tou Ky·rí·ou; .B: “de Deus”. Veja Ap. 1D°א

Lit.: “poliarcas”. Gr.: po·li·tár·khas, governadores dos cidadãos.

Ou “do imperador”. Gr.: Kaí·sa·ros.

“Suficiente fiança.” Lat.: sá·tis, “bastante”.

Lit.: “apanhador de sementes”.

Lit.: “demônios”. Gr.: dai·mo·ní·on.

Ou “Colina de Ares; Colina de Marte”. Gr.: Á·rei·on Pá·gon; lat.: A·ri·ó·pa·gum.

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“Mais dados ao temor das deidades.” Lit.: “ter mais pavor dos demônios”. Gr.: dei·si·dai·mo·ne·sté·rous; lat.: su·per·sti·ti·o·si·ó·res. Os demônios eram considerados pelos gregos como deidades, boas ou más. Veja 25:19 n.

Ou “habitações (moradas) divinas”. Gr.: na·oís; J17,22(hebr.): beheh·kha·lóhth, “em palácios (templos)”.

Ou “nele”.

“Certos”, a saber, Arato e Cleanto. Paulo cita Os Fenômenos, de Arato, e o Hino a Zeus, de Cleanto.

“Ser Divino.” Gr.: Theí·on, relacionado com The·ós, “Deus”; lat.: Di·ví·num.

“Terra habitada.” Lit.: “habitada”. Gr.: oi·kou·mé·nen, fem. sing., referindo-se à terra; lat.: ór·bem, “círculo”, isto é, da terra. Veja Is 13:11 n.: “produtivo”.

Ou “fé”.

Ou “Dionísio, areopagita”.

Lit.: “helenos”. Gr.: Hél·le·nas.

Governador provincial agindo pelo Senado romano.

A província romana do sul da Grécia, cuja capital era Corinto.

O porto de Corinto para pontos orientais.

Veja Ap. 1D.

Evidentemente a Jerusalém.

Veja Ap. 1D.

Lit. só “da benignidade imerecida”.

DItmss. acrescentam: “desde a quinta hora até a décima”, isto é, desde cerca das 11 horas até por volta das 16 horas.

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Lit.: “ambos”.

“De Jeová”, J7,8,10,13,15-18,23; gr.: tou Ky·rí·ou; VgSyp: “de Deus”. Veja Ap. 1D.

“Do Caminho”, אAB; Vgc: “do caminho do Senhor”; Syp: “do caminho de Deus”; J17,18: “do caminho de Jeová”.

Ou “habitações (moradas) divinas”. Gr.: na·oús; J17(hebr.): heh·khelóhth, “palácios; templos”.

Ou “Diana”. Gr.: Ar·té·mi·dos; lat.: Di·á·nae.

Literalmente: “alguns dos asiarcas”.

“Que caiu do céu.” Lit.: “caída de Zeus (Júpiter)”.

Ou “será”.

Lit.: “para partir pão”.

Ou “vida”. Veja Ap. 4A.

Lit.: “tendo partido o pão”.

“Anciãos.” Em gr.: pre·sby·té·rous.

Ou “e em casas particulares”. Lit.: “e segundo casas”. Gr.: kai kat’ oí·kous. Aqui, ka·tá é usado com o acusativo pl. no sentido distributivo. Veja 5:42 n.: “casa”.

Ou “vida”.

Ou “proclamando”. Gr.: ke·rýs·son; lat.: praé·di·cans. Veja Da 5:29 n.: “proclamaram”.

“Reino”, אAB; VgSyp: “reino de Deus”; J17: “reino de Jeová”.

“Superintendentes.” Gr.: e·pi·skó·pous; J17(hebr.): lif·qi·dhím, “para superintendentes”. Veja Ne 11:9 n.

“Deus”, אBVg; AD: “do Senhor”.

Veja Ap. 6C para um exame mais detido de “o sangue do seu próprio [Filho]”.

“Deus”, אADVgSypJ8,17,18,22; B: “ao Senhor”.

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Ou “missionário”. Gr.: eu·ag·ge·li·stoú; lat.: e·van·ge·lí·stae.

Veja Ap. 1D.

Ou “compareceram”.

Lit.: “miríades; dezenas de milhares”.

“Uma apostasia.” Gr.: a·po·sta·sí·an (do verbo a·fí·ste·mi, “apartar-se de”). O substantivo tem o sentido de deserção, abandono ou rebeldia (rebelião). Veja Jos 22:22; 2Cr 29:19; 2Te 2:3.

Lit.: “enviamos”, BD; P74אAVg: “escrevemos”.

Ou “do que é morto sem ser sangrado”.

Lit.: “quiliarca”, comandante de 1.000 soldados.

Lit.: “centuriões”, oficiais comandantes de 100 soldados.

Ou: “Mata-o!”

Lit.: “sicários; assassinos”. Gr.: si·ka·rí·on.

“Assembléia dos anciãos”, ou: “presbitério”. Gr.: pre·sby·té·ri·on.

Ou “ouviram com entendimento”, assim como Paulo, no v. 7.

Ou “tenho de”.

Ou: “irmão, olha para cima!”

Ou “lava os teus pecados e invoca”.

“Caí em transe”, אAB; J13,14,17,22: “a mão de Jeová estava sobre mim”; J18: “o espírito de Jeová me revestiu”.

Lit.: “quiliarca”, comandante de 1.000 soldados.

Ou “o tinham esticado com as correias”.

Lit.: “centurião”, comandante de 100 soldados.

Ou “comprei esta cidadania”.

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Ou “[nela]”.

Lit.: “ambas (as coisas)”.

“Anciãos.” Em gr.: pre·sby·té·rois.

Isto é, por volta das 21 horas, contada desde o pôr-do-sol.

“Levei-o para baixo ao Sinédrio deles”, P74אAVgSyp; B° omite isso.

Ou “chefe principal”.

“Seita.” Gr.: hai·ré·se·os; lat.: séc·tae.

P74אABVg omitem o seguinte dos vv. 6-8 , que rezam, segundo VgcSyh,pArm: “e queríamos julgar segundo a nossa Lei. (7) Mas Lísias, o comandante militar, subiu e tirou-o com muita força das nossas mãos, (8) ordenando que seus acusadores se apresentassem a ti.”

“Eu presto serviço sagrado.” Gr.: la·treú·o; J17,18(hebr.): ’aní ‛o·védh, “eu sirvo (adoro)”. Veja Êx 3:12 n.

“Ressurreição.” Gr.: a·ná·sta·sin, “levantar-se; erguer-se” (de a·ná, “para cima”, e stá·sis, “estar de pé”); lat.: re·sur·rec·ti·ó·nem.

Lit.: “o quiliarca”, comandante de 1.000 soldados.

Lit.: “ao centurião”, comandante de 100 soldados.

Isto é, da Judéia, servindo Cesaréia de residência para o governador.

Ou “o imperador”.

Isto é, Herodes Agripa II.

A irmã de Herodes Agripa II, mas vivendo incestuosamente com ele.

“Anciãos.” Gr.: pre·sbý·te·roi.

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“Adoração da deidade.” Lit.: “pavor dos demônios”. Gr.: dei·si·dai·mo·ní·as; lat.: su·per·sti·ti·ó·ne; J17,18: “serviço de seu Deus”. Veja 17:22 n.

“Augusto”; ou “o imperador”. Gr.: Se·ba·stoú; lat.: Au·gú·sti. Era o título do Nero César, quarto na sucessão desde Otaviano, que foi o primeiro a ter este título.

Lit.: “com quiliarcas”.

Ou “ao Senhor”.

Ou “seita de nossa religião”. Lat.: séc·tam nó·strae re·li·gi·ó·nis.

Lit.: “prestarem . . . serviço sagrado” (sem “lhe”). J13-17: “servirem (adorarem) . . . a Jeová”.

Lit.: “seixo [de votação]”. Gr.: psé·fon. Veja Re 2:17 n.: “seixo”.

Lit.: “mudança de idéia”. Gr.: me·ta·noí·as.

Lit.: “primeiro dentre a ressurreição”.

“Cristão.” Gr.: Khri·sti·a·nón; lat.: Chri·sti·á·num.

Ou “o imperador”.

 Ou “ao centurião”, comandante de 100 soldados.

Lit.: “com afeição humana”. Gr.: fi·lan·thró·pos.

Uma embarcação de cereais.

Ou “jejum [outonal]”. J22(hebr.): yohm hak·kip·pu·rím, “dia da expiação”.

Ou “vidas”.

Ou “que olha na direção do vento sudoeste e na direção do vento noroeste”.

“Euro-aquilão.” Gr.: Eu·ra·ký·lon; lat.: eu·ro·á·qui·lo; vento nordeste.

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Dois grandes golfos rasos, cheios de bancos movediços de areia, na costa da Líbia, na África do Norte.

Ou “vida”.

Lit.: “estou prestando serviço sagrado”. Gr.: la·treú·o; J17(hebr.): ’aní ‛o·védh, “sirvo (adoro)”. Veja Êx 3:12 n.

Incluindo naquele tempo o que agora é o Mar Adriático, o Mar Jônio e a parte do Mar Mediterrâneo que fica entre a Sicília e Creta.

“Braças.” Gr.: or·gui·ás. A braça costuma ser considerada como tendo quatro côvados (c. 1,8 m).

“Duzentas e setenta e seis”, אItmss.VgSyh,p; A: “duzentas e setenta e cinco”; B: “cerca de setenta e seis”. Em WH, a palavra gr. ὡς (hos, “cerca de”) é assinalada com meios-colchetes superiores, e na margem aparece a palavra gr. di·a·kó·si·ai, “duzentas”. O copista do B evidentemente cometeu um engano por combinar o Ômega final, ῳ (oi), da palavra gr. precedente, πλοίῳ (ploí·oi), com a letra seguinte, Sigma, ς (s), que representa 200, para formar a palavra gr. ὡς (hos, “cerca de”). Portanto, o número correto é 276, em vez de 76.

Ou “pessoas”.

“Melita”, אAB.

Ou “os bárbaros”.

Lit.: “afeição pela humanidade”. Gr.: fi·lan·thro·pí·an. Veja Tit 3:4 n.

Ou “Dióscuros”, os irmãos gêmeos Castor e Pólux.

Agora chamada Pozzuoli.

Ou “Foro de Ápio”. Lat.: Áp·pi·i Fó·rum.

“Três Tavernas.” Vgc(lat.): tres Ta·bér·nas.

Ou “o imperador”.

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Lit.: “engrossado (engordado)”.

Ou “esta salvação [da parte] de Deus”.

,AB omitem o v. 29; Itmss.Vgc: “E depois de dizer issoאos judeus foram embora, tendo entre si muita disputa.”

Ou “proclamando-lhes”. Gr.: ke·rýs·son; lat.: praé·di·cans. Veja Da 5:29 n.: “proclamaram”.