evangelhos e atos
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EVANGELHOS SINÓPTICOS E ATOS.
Por Daniel Sotelo
ÍNDICE.
PARTE I - ESBOÇO HISTÓRICO DO I SÉCULO ªC. AO I SÉCULO
d.C.
1. O Mundo Romano do século I ªC. ao século I d.C.
2. Ambiente Histórico Geográfico do Novo Testamento.
3. O Mundo do Novo Testamento.
3.1.O Mundo grego.
3.1.1. Textos Bíblicos.
3.1.2. A Herança Grega.
3.1.3. A Influência Econômico-social.
A- Destino, magia e a astrologia.
B- A sedução da Filosofia.
3.2.O Mundo Romano.
3..2.1. A Política.
3.2.2. Roma e os Judeus.
4. Os Manuscritos do Novo Testamento.
5. O Texto do Novo Testamento.
6. O Cânon do Novo testamento.
PARTE II – OS EVANGELHOS E ATOS.
1. Evangelhos Sinópticos.
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1.1.Os Evangelhos e a Patrística.
1.2.Marcos.
1.3.Mateus
1.4.Lucas.
1.5.Os Evangelhos Sinópticos e as Soluções antigas.
1.6.As soluções antigas.
1.6.1. Teoria do Evangelho Primitivo.
1.6.2. Teoria da Tradição.
1.6.3. Teoria dos Fragmentos.
1.6.4. Teoria da utilização.
1.6.5. Teoria das Fontes.
1.6.6. Prioridade de Marcos.
1.6.7. A Fonte Q.
1.6.8. Os Ditos.
2. Evangelho de Marcos.
2.1.Conteúdo.
2.2.Material de Marcos.
2.3.Autor, local e data.
2.4.Teologia de Marcos.
3. Evangelho de Mateus.
3.1.Conteúdo.
3.2.Fontes e Tradições de Mateus.
3.3.Data, local, autoria.
3.4.Teologia de Mateus.
4. Evangelho de Lucas.
3
4.1.Estrutura da obra de Lucas.
4.2.Fontes.
4.3.Data , local e autoria.
4.4.Teologia de Lucas
5. Teoria das fontes.
6. Atos dos Apóstolos.
6.1.Conteúdo.
6.2.Texto.
6.3.Relação entre Atos e Lucas.
6.4.As fontes de Atos.
6.5.Autor , tempo e lugar.
6.6.Teologia de Atos.
7. Evangelho de João.
7.1.O Evangelho de João.
7.2.Conteúdo.
7.3.João e os Sinópticos.
7.4.As fontes de João.
7.5.Autor, data e local.
7.6.Teologia de João.
8. I João.
8.1.Conteúdo.
8.2.Local , data e autoria.
9. Glossário.
10. Avaliação.
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11. Bibliografia.
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PARTE I - ESBOÇO HISTÓRICO DO 1º SÉCULO A.C. AO 1º SÉCULO D.C.
Introdução.
Temos aqui uma bibliografia básica acerca do mundo do Novo Testamento, um
esboço histórico do Novo Testamento e do mundo ao redor do mesmo: Roma e
Palestina.
BRAKEMEIER, Gottfried. O mundo do Novo Testamento, Polígrafo, I E C L B,
São Leopoldo, 1984, 2 vols.
FOSTER, Werner. From exile to Christ, Philadelphia, Fortress Press, 1972
JEREMIAS, Joachim. Jerusalém nos tempos de Jesus, Edições Paulinas, SP,
1984
LEOPOLDT, J. El mundo del Nuevo Testamento, Ediciones Cristandad, 1984,
Madrid, 3 vols.
REICKE, Bo. História do tempo do N.T, Paulus, 1996, SP.
O aluno lendo alguns destes livros citados acima , mais o esboço e
a introdução terá uma melhor compreensão dos escritos do Novo Testamento,
daquilo que Jesus disse e do que Paulo escreveu como que de outros escritores
do Novo Testamento.
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1 - O MUNDO ROMANO DO I SÉCULO a.C. AO I SÉCULO d.C.
ANTES DE CRISTO.
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Lado Ocidental romano
202- Vitória do Cipion sobre Aníbal.
201- Guerra Púnica.
200-191- Lutas na Itália, Gália conquistada.
Lado oriental romano
203-Antíoco III e Filipe V. Acordo.
202- Antíoco III conquista a Síria.
200-197- II Guerra Macedônia.
192-188- Guerra da Roma contra à Síria.
Palestina
200- Culto Samaritano.
195- Egito perde a Palestina para a Síria (Seleucidas).
190- Influência Helênica sobre Jerusalém.
Religião
214-204-Culto à Cibele em Roma.
200- Testamento dos 12 patriarcas.
Lado ocidental Romano
189- Fracasso da Espanha contra Roma.
Lado oriental Romano
187-175- Vitória de Roma sobre a Galácia. Seleuco IV Eupater rei da Síria.
181- Ptolomeu VI Filometer rei do Egito.
175- Antíoco IV Epífanes.
169-168- Guerra Síria - Egípcia. Antíoco conquista o Egito em Menfis.
168- Pompílio obriga Antíoco deixar o Egito.
164-161- Morte de Antíoco.
164/163-162- Antíoco IV Eupater.
Palestina
174- Jasão sumo- sacerdote em lugar de Onias III.
171- Saída de Jasão. Menelau sumo-sacerdote.
169- Retorno de Jasão e a expulsão de Menelau. Roubo do templo e do tesouro por Antíoco.
168- Conquista de Jerusalém por Antíoco IV. Proibição da
circuncisão por Antíoco.
167- Renovação do culto.
167-162- Guerra dos Macabeus.
Religião
169- Henoc.
168-164- Daniel.
Lado ocidental Romano
149- Guerra Púnica
Lado oriental Romano
162- Demétrio I Soter rei da Síria.
158- Demétrio derrotado no combate contra Alexandre.
Palestina
166- Morte de Matatias. Judas macabeus.
165- Lísias em guerra contra Judas.
164- Purificação do templo de Jerusalém.
163-162- Morte de Menelau e Alcino o sacerdote.
162- Liberdade Religiosa.
152- Jonatas sumo-sacerdote nomeado por Demétrio I.
150- Luta entre assideus: fariseus e Essênios.Mestre da justiça, os fariseus.
Religião
161-Expulsão dos filósofos gregos de Roma.
150- Jubileus. Carta de Aristéia.
Lado ocidental Romano
146- Destruição de Cártago na África, Província de Roma.
Lado oriental Romano
148- Macedônia província de Roma.
146- Conquista de Corinto. Nemésio II Nicator.
145-142- Antíoco VI Epífanes. Dionísio contra Demétrio II apoiado pelo Egito.
145- Ptolomeu VIII rei do Egito
140-130- Demétrio prisioneiro dos partos.
138-129- Antíoco VII.
Palestina
143-Assassinato de Jonatas. Simão seu irmão sumo-sacerdote
liberta os judeus.
142-141- Demétrio II confirma Simão sumo-sacerdote. Simão se torna etnarca de Gaza e de Jope que passam para Judéia.
140-139- Macabeus tem embaixada em Roma.
Religião
149- Judite e Oráculos Sibilinos, manual de disciplina de Qumran. Rolo da guerra de Qumran.
Lado ocidental Romano.
133 - Morte de Tibério Graco.
121 - Gália província romana.
113 - I Guerra Germânica.
111-106 - Guerra Juquitina.
105 - Vitória dos Teutões sobre Roma.
Lado Oriental Romano.
130 - Demétrio II Nicator.
129 - Ásia província de Roma.
128 - Morte de Antíoco VII na guerra contra os partos.
126 - Seleuco V.
126-123 - Antíoco VIII Gripo com sua mão Cleópatra.
122 - Divisão do governo na Síria por Antíoco IX.
116-80 - Ptolomeu IX Soter rei do Egito.
Palestina135- Assassinato de
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Simão. João Hircano I. Antíoco VII derruba as muralhas de Jerusalém.
130 - Edificação de Qumran.
129 - Reconhecimento da Religião Judaica e a dinastia do sumo-sacerdote.
107 - Samaria conquistada e destruída por Aristóbulus e Antíoco.
Religião
Lado Ocidental Romano
102 - Sicília província romana.
100-44 - Júlio César.
70 - Pompeu.
68 - César.
63-12 - César
60 - Triunvirato: César - Pompeu - Crasso.Cleópatra.
Lado Oriental Romano.
87/86-85 - Antíoco XII.
80 - Ptolomeu XII rei do Egito.
64 - Panto-Bitínia: dupla província romana.
63 - Síria-Palestina: província romana.
Palestina
106 - Aristóbulus fica no poder.Aristóbulus se apodera do poder e elimina Alexandra e seu concorrente Antígona.
104-103 Aristóbulus I nomeia-se rei.103 - 77/76 - Alexandra Janeu assume o poder. Judaização da Galiléia.
77-76 - Salomé Alexandra. Os fariseus no Sinédrio.76-67 - Hircano II sumo-sacerdote.67-63 - Disputa de Aristóbulus II e de Hircano II.
67 - Aristóbulus rei e sumo-sacerdote.65-63 - Marcha de Pompeu sobre a Palestina.63 - Tomada de Jerusalém. Pompeu entra no templo.
63-40 - Hircano II sumo-sacerdote.
61 - Aristóbulus e seus filhos. Alexandre e Antígono prisioneiros em Roma. Alexandre volta a Jerusalém.
Religião
I Macabeus.
63 - Salmos de Salomão.
Lado Ocidental Romano
56 - Volta do Triunvirato.
53- Assassinato de Crasso
49 - Ruptura de César e Pompeu.
46 - Títulos de César
44- Assassinato de César por Brutus e Cássio.
43 - Segundo Triunvirato: Antônio - Otaviano - Lepido.
Lado Oriental Romano.
57 - Gabínio governador da Síria.
51-30 Cleópatra VII rainha do Egito.
48- Assassinato de Pompeu no Egito.
47 - César na Síria. César com Cleópatra.
Palestina
57 - Divisão do culto em Jerusalém em cinco partes pelo governador da Síria.
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48-47- Antipater e Hircano recebem favores de César.47 Hircano confirmado sumo-sacerdote e etnarca.
46 - Antipater procurador de César que o nomeia estrategista com seus filhos Fasael e Herodes.
43 Assassinato de Antipatro.
Religião
Documento de Damasco.
50 - Shemaya doutor da lei em Jerusalém.
46 - Introdução de calendário por César. O calendário Juliano.
43 - Templo ao culto à Isis e Serapis em Roma, com culto público.
Lado Ocidental Romano
42 - Vitória do descendente do reino e César sobe Brutus e sobre Cássio e seus suicídio.
40- Repartido o império romano. Antônio no Oriente. Otaviano no ocidente. Lépido no norte da África.
33 - Ruptura de Otaviano e Antônio. Cleópatra declarada inimiga dos romanos.
31 - Vitória de Agripa sobre Antônio e Cleópatra.
30 - Suicídio de Antônio e Cleópatra.
Lado Oriental Romano.
40 - Guerra de Roma contra os partos pela invasão na Síria.
38- Nova invasão dos partos.
34 - Cleópatra recebe de presente cidades da costa da Palestina e Jericó.
31 - Herodes recebe de Otaviano dignidade real.
30 - Herodes conquista Samaria e as cidades da costa. Egito província romana.
Palestina42 - Fasael
nomeado tetrarca.
40 - Conquista de Jerusalém pelos partos. Suicídio de Fasael, Hircano mutilado e Hircano foge.
40-37 - Antígono filho de Aristóbulus II, rei e sumo-sacerdote.
40 - Herodes nomeado rei da Judéia pelo senado romano.
39 - Herodes conquista Jope.
37 Herodes casa-se com Mariane.
37-36 - Anael sumo-sacerdote.
31 - Terremoto na Judéia destruição de Qumran.
30 - Jericó, Judéia, Samaria e Gaza reinos de Herodes.
29 - Execução de Mariane.
Religião
César se aclama Divinus Julius.
29- Fechamento do templo. Janus em Roma.Lado Ocidental Romano
27- Restauração da República. Otaviano recebe o título de Augusto.
12 - Morte de Agripa II e a Guerra Germânica.
6 - Tibério vai para o exílio.
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Lado Oriental Romano.
23 - Herodes recebe Tranconite, Batancia e Aurantis como possessões.
9 a.C. a 39 d.C. - Aretas IV dos Nabateus.
Palestina
20-19 -Construção do templo de Jerusalém
Religião
20 - Hillel doutor da lei em Jerusalém e Shamai.
20a.C-50d.C. - Filon de Alexandria.
12 - Augusto sumo Pontífice.
6.a.C. nascimento de Jesus.
DEPOIS DE CRISTO
Lado Ocidental Romano.
4-16 - III Guerra Germânica.
12-13 - Tibério recebe poderes
14 - Morte de Augusto
37-41 Calígula.
Lado Oriental Romano.
6-7 - Quirino governador da Síria.
35-39 -Vitélio governador da Síria.
36 - Antipas derrotado pelos Nabateus.
Palestina
4 Reconstrução de Qumran. Morte de Herodes. Os filhos de Herodes Antipas fica com a Galícia e Peréia,4-39 d.C. Arquelau com Judéia, Iduméia e Samaria,4-6 d.C. Filipe com Batanéia, Traconite, e Aurantis, 4-34 d.C..
6 - Deposição de Arquelau.
6-7 - Censo de Quirino.
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Zelotas sob a liderança de Judas o Galileu.
6-15 - Anás sumo-sacerdote.
18-37 - Caifás sumo-sacerdote.
26-36 – Poncio Pilatos procurador.
30 - Construção de Tiberiade.
34 - Morte de Filipe.
Religião
28-29- Execução de João Batista
30 - Gamaliel doutor da lei em Jerusalém.
30-33- Crucificação de Jesus.
33-35- Conversão de Paulo.
Lado Ocidental Romano.
54 - Agripa Assassina Cláudio
54-68 - Nero.
Lado Oriental Romano.
38 - Colocação de imagens no templo.
39 - Altar em Jamnia.
39-42- Petrônio governador da Síria.
39-40-Embaixada dos judeus dirigidos
por Filon. Recebem o poder em Roma.
Palestina
37 - Herodes Agripa tetrarca de Filipos e recebe o título de rei.
39 - Desterro de Herodes e Herodes Agripa recebe a tetrarquia do rei.
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40 - Herodes Agripa I recebe a Judéia e Samaria.
52-55 - Antônio Felix procurador.
53 - Agripa II.
55-160-162 - Porcio Festo.
Religião
43-49- Concílio dos apóstolos em Jerusalém.49-50 - Cláudio expulsa os Judeus de Roma.50-130 - Epíteto.50/51-52/53 Paulo em Corinto.50 - I Tess.50-51 - II Tess.
53-56/57 - Paulo em Ef.
55-56 - I Cor.56/ 57 - Fil., II Cor.57-58 - Rom.57-61 - Cartas de Col, Filip.58 - Paulo preso em Jerusalém e encarcerado em Cesárea.
Lado Ocidental Romano.
59- Nero
64 - incêndio de Roma.
68 - Suicídio de Nero
69-70 - Vespasiano.
Lado Oriental Romano.
Palestina
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62- Assassinado o sumo-sacerdote Jonatas.
67-73 - Guerra judaica.
67-70 - Fineias sumo-sacerdote.
67- Vespasiano destrói Samaria e Galiléia.
68 - Destruição de Qumran e a deposição de Ananias. O Sinédrio Zelota - João Giscala e Simão.
70 - Tito conquista Jerusalém e a destrói.
Religião57-61 Cartas de Col e Filip.
58- Paulo preso em Jerusalém e encarcerado em Cesárea.
62 - Morte de Tiago.
64- Perseguição de Nero aos cristãos. Martírio de Paulo e de Pedro.
65-66 - I Pe.
67- Rabi Jonatan Ben Zakkai.
Lado Ocidental Romano.
78-81 - Tito.
98-117 - Trajano.
121 Nascimento de Marco Aurélio.
Lado Oriental Romano.
73 Judéia província romana.
111- Plínio governador da Bitínia.
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Palestina
130-132 -Simão Bar-kochba e a última resistência judaica.
Religião
75-85 - Evangelho de Mt, Mc e Lc. II Esd.
80-100 - At, Ef e Heb.
80-90 - Cartas pastorais.
90-120 - Apoc.
90-130 - Evangelho de Jo.
100 - Tg, Jd.
100 - Concílio de Jamnia.
100-140 - Ap de Baruc Siríaco.
110 - Martírio de Inácio de Antioquia.
112 - Trajano declara ilegal o cristianismo.
117-160 - Gnosticismo.
120-150 - II Pe.
Conclusão.
Neste esboço histórico o aluno pode detectar quando foram escritos os livros do Novo Testamento e pode fazer uma correlação com a historia circundante, principalmente os acontecimentos sociais, político , econômico e religioso.
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2 - AMBIENTE HISTÓRICO-GEOGRÁFICO DO NOVO TESTAMENTO
FOSTER, Werner. From Exile to Christ, Fortress Press, Philadelphia 1974
FREYNE, Sean. The World of the New Testament, Liturgical press, Collegeville, 1990.
BRAKEMEIER, Gottfried. O Mundo do Novo testamento, Poligráfo. São Leopoldo, R S, 1984
LEIOPOLDT, Johannes. El Mundo del Nuevo Testamento, 3 Vols Edidiones Crisrandad, Madrid, 1984
LOHSE, Eduard. Il Mundo del Nuovo testamento, Paideia Editrice, Brescia, 1986
MALINA, Bruce. El Mundo del Nuevo Testamento, Editorial Verbo Divino, Navarra, Estela, 1995
________, Comentário Sócio-literário y Científico del Nuevo Testamento, Editorial Verbo Divino, Navarra, 1995
REICKE, Bo. The New Testament World Era, Fortress Press, Philadelphia, 1994
Introdução.
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Nesta seção poderemos entender melhor a relação entre os acontecimentos sociais, políticos e econômicos através do texto bíblico do Novo Testamento. E também aprenderemos a relacionar o seu contexto ou do Mundo grego ou do mundo Romano como o texto do Novo testamento. Isto pode ser mostrado dependendo de quando foi escrito o texto , quem escreveu op texto, porque foi escrito, qual o motivo do escrito, a sua teologia, o seu estilo literário, a sua teologia, etc.
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3 - O Mundo do Novo Testamento.
3.1. O mundo Grego.
3.1.1.Textos bíblicos.
At 6,1; II Mac 6,1-2; Dn 11,2-3; At 14,11-12; At 17,22-26; I Cor 1,22-24.
3.1.2. A Herança Grega
A influência ou herança do pensamento grego na teologia e nos escritos do Novo Testamento é mais do que evidentes. Alexandre, o Grande, da Macedônia, "o poderoso rei, de grande poder e o que ele fez por sua própria satisfação", foi mencionado no livro do Antigo Testamento em Daniel. Alexandre fez de sua pátria ao norte da Grécia um poder que se estendeu pelo império e em todo Antigo Oriente Próximo (A O P) de 333-323 a.C.
A influência da cidade (polis) grega, principalmente no desenvolvimento da cultura é sentida nos escritos bíblicos. As cidades gregas como as cidades dominadas pelo império grego passaram a ter influência nas cidades da Palestina; o conselho de cidadãos, o chefe que governava o povo, os estrangeiros, os escravos e homens livres.(S)
Na origem da cidade são sentidas as influências econômicas, sociais e as políticas já mencionadas: a burocracia, o comércio, a língua. Os jogos gregos foram implantados nas cidades da Palestina: Tiro, Sidon, Acco (Ptolomaica), Gaza, Samaria, Beth Shean (Citopolis) e Filadélfia.
Paulo quando visitava as comunidades judaicas de Corinto, Antioquia, Efeso, Filipo, Tessalonica e Roma podem ser constatada esta influência grega nos judeus gregos ou nos judeus helenizados. O comércio continuou durante o tempo romano e no tempo Herodiano em Cesárea, Decápolis, Tibérias.
A própria cidade de Santa Jerusalém não ficou imune à mudança desta influência. Até o ano de 170 a.C. alguns judeus helenizados (gregos) permanecem nas cidades gregas como cidadãos leais aos seus costumes e às influências gregas. Atos dos Apóstolos documenta as jornadas de Paulo anunciando a mensagem de Cristo, como também existiam missionários cristãos
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que tinham os seus rivais religiosos com suas pregações de seus deuses, como os filósofos que anunciavam seus pensamentos nas praças das cidades.
3.1.3. A Influência Econômica e Social.
I Mc 1,11 mostra que indivíduos da comunidade em Jerusalém no meio do século II a.C. separam-se do mundo por razões religiosas e que tem problemas financeiros. Este grupo da aristocracia judaica teve maior contato com o Helenismo por vários motivos e viu a possibilidade de prosperidade econômica permanecendo ao lado dos novos opressores.
Alexandre quando capturava seus opositores explorava os seus minérios e o comércio através de muitos períodos como: o ouro a prata, o cobre e o ferro. Do outro lado as especiarias como o incenso para a prática religiosa e alimentos como: o trigo, o vinho. E na luxuria toda espécie de enfeites eram requisitados. Eles desenvolveram técnicas de produtividade na agricultura, na viticultura e na extração de minérios. Por outro lado o dinheiro entrou em cena e modificou o sistema econômico da época tornando o mercado mais lucrativo.(?)
A nova riqueza ficou concentrada no comércio estrangeiro e nos negócios. A classe média teve as novas possibilidades com maiores proveitos no mercado das grandes cidades: Antioquia, Rodes, Éfeso, Corinto e Delos (o centro de comércio de escravos), Alexandria e Tiro. Roma começa a fazer o comércio pelo Mediterrâneo após o ano 200 a.C. nas províncias de Espanha, Galícia e Bretanha um pouco diferente dos gregos, não trazendo complicações imediatas e concorrência.
As classes sociais na Grécia estavam engajadas e formadas em: artesãos, construtores, a manufatura, as artes e profissionais que mantiveram a classe média e a aristocracia evidentes.
Por outro lado os judeus: os saduceus, sacerdotes aristocratas que governaram o templo estado da Judéia no tempo dos persas e depois os fariseus no tempo dos romanos os quais Flávio Josefo o historiador judeu a serviço de Roma denominava de nova classe social (povo da cidade- towns-people). Estes pertenciam à classe de adoração no templo. Apesar destas diferenças religiosas e as implicações sociais no poder religioso e na comunidade religiosa era demasiada grande.
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Em Roma o poder da classe média, a igualdade social como os soldados, emergem originando uma nova forma profissional: o militar. O poder do império romano, a aristocracia, os senadores tornaram um status social na nova política.(S)
A economia na maneira helenística toma nova vitalidade e adota a política de conquista ao estabelecer nas colônias os veteranos e deslocando os camponeses como arrendatários dos locais melhores para outras regiões piores. Os camponeses se tornam arrendatários e os trabalhadores passam a ter um papel relevante na formação econômica. As ameaças de guerras e de escravidão transformam a economia num sistema de taxação (tributarismo) que reflete afetando a vida dos camponeses.
O ataque às caravanas comerciais e também o fechamento de rotas comerciais transformou num comércio lucrativo esta nova atividade. Pela passagem das caravanas nestes locais, a exigência de pagamento de tributos em seus territórios, converte-se numa nova forma de comércio, de lucro e modo de economia.
Os gregos e romanos conquistando os povos inimigos faziam a transposição de habitantes ou transladação, que depois passa a ser uma prática comum entre os invasores. Isto era para facilitar a dominação do povo estrangeiro. Herodes o grande colocou alguns judeus babilônicos nas regiões de Traconite e na Batanéia (norte da Transjordania).
Assim estava dando como incentivo a taxa especial sem cobrar os impostos na espera de que se resolvesse facilmente o roubo das caravanas nestes locais por onde ela passasse. Estes eram habitantes que dificultariam o roubo muito comum neste período no deserto pelas tribos locais, que viam no roubo das caravanas um bom negócio.
Enquanto que, os romanos davam incentivo fiscais e a remissão das taxas, o imperador Calígula em 37-41 d.C. coloca a sua efígie no templo complicando o relacionamento dos romanos com os judeus. Por outro lado os judeus camponeses se refugiavam em suas terras negando o pagamento de impostos devidos. O governador romano da época Petrônio conhece estas dificuldades do banditismo e do não pagamento dos impostos e como seria difícil lidar com os judeus.
A aristocracia judaica era na realidade colaboracionista com os invasores e enviam seus servos para colher os impostos do templo e até utilizavam a força para coletar os impostos. Surgem daí os revolucionários judeus em 66 a.C. que se revoltam por tal situação de opressão estrangeira e fazem guerrilha em Jerusalém na cidade santa, eles destroem judeus e romanos, os colaboradores com o império opressor são perseguidos.
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Nesta revolta uma pessoa do povo denominada de João Giscala na Galiléia Superior elabora um conflito sem precedentes e provoca intrigas contra os cidadãos de Jerusalém. João Giscala um homem raro em sua empresa viu a paz com Roma cada vez mais difícil.
A figura das condições rurais na Palestina pode ser vista nos Evangelhos, nas parábolas, e a situação social da Galiléia que vem à vista com estas narrativas. Ouvimos dos proprietários e dos revoltosos e arrendatários em Mt 21,31-45: os pequenos fazendeiros em Mt 21,28-30 e Lc 15,25-28; dos devedores e dos credores em Mt 18,25-35; a extorsão e a corrupção em Lc 16,1-9; o rico em Lc 12,18; e em Lc 16,20 sobre o mendigo faminto; os diaristas recebendo o salário de subsistência em Mt 20,1-6. A exceção na Galiléia podia comercializar os peixes em Mc 1,16-20, a população de pescadores que era comum na Galiléia e raro no Egito.
A questão da escravidão neste período fora descrito tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento. Mas o Novo Testamento assume a questão da escravidão como se fosse uma coisa muito normal. Enquanto que no Antigo Testamento existe uma legislação com regras e leis bem definidas: o judeu não pode escravizar outros judeus, mas outra nacionalidade pode. Paulo em suas anotações cria uma tensão ao afirmar que o novo homem ou criatura é escravo de Cristo, e em outra que não há escravo ou livre, servo ou senhor, mas que todos são um em Cristo.
Porém, em I Cor 7,21-27 exorta aos escravos obedecerem aos seus
senhores e ao Senhor ser generoso com seus escravos em Ef 6,5-9; Col 3,22-41. Nos evangelhos a questão da escravidão é a condenação como forma social e legal, como se fosse uma repetição de Antigo Testamento em Dt 15,15 e Jó 31,16. Nas parábolas fica evidente nos ditos de Jesus a aceitação do escravo em Mt 8,9; 24,45-51 e 25,14-30. A relação do escravo-senhor é descrita de forma espiritualizada como no relacionamento de Deus- homem, em Mt 10,24ss; 20,26; Jo 13,13-17 e Fil. 2,7.
E sem dúvida alguma, o Ebed Yahweh assumido por Cristo do relato do Antigo Testamento designa a relação da instituição da escravidão greco-romana de Is 40-55. Nas epístolas o termo "redimido" e "resgatado" são tirados como figuras do contesto desta escravidão do período do Novo Testamento.
Em At 16,16 fala da garota escrava em Filipo que foi um modo de grande fonte de dinheiro para seus senhores. Na carta de Paulo a Filemon sobre Onésimo o escravo que se converteu ao cristianismo e que o apóstolo recomenda ao senhor seu dono que receba o escravo de volta. Em Fil. 4,22, sugere que os escravos pelo menos tenha a liberdade religiosa.
Na história do judaísmo e do cristianismo temos notícias destas
práticas: o escritor judeu Filon de Alexandria diz que os essênios, um grupo
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ascético que foram habitantes próximos do Mar Morto tinha seus próprios escravos. Plínio e Sêneca descrevem que o mal trato dos escravos eram praticados por seus senhores como se fossem homens bestas. Clemente e Orígenes falam que Alexandria o centro cultural da época já haviam abolido a escravatura.
O sistema econômico do tributarismo e a economia informal dos helenistas tinham como pano de fundo a escravidão (o modo de produção escravagista). Coletores de impostos são descritos no Novo Testamento e um dos Seguidores de Jesus ao se converter tinha esta profissão em Lc 2,1. O pagamento de tributo que foi recusado por muitos judeus aos romanos foi motivo de juízo e julgamento entre eles próprios com os romanos. Jesus em Lc 23,2 mostra isso . A resposta de Jesus aos seus opositores em Mc 12,17: "dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus", reflete isto.
Conforme Mt 17,24-26 os oficiais do templo fiscalizavam se os discípulos pagavam ou não a taxa ao templo e Pedro assegura numa conversa com eles que fazia isto. No próprio Novo Testamento são descritos casos de extorsão e subtração no pagamento de impostos como que também os coletores ficavam consigo uma parte do tributo dos romanos. Como o caso de Levi o publicano em Mc 2,13-17 e Mt 9,9-13. O caso de Zaqueu conhecido pela estória que se encontra com Jesus em cima da árvore.
Diz que ele devolveria em dobro o que havia retido em Lc 19,1-2. Os coletores entregavam aos governadores que retiravam dos camponeses e fazendeiros e não entregavam a Roma: Herodes da Judéia, Herodes o grande, seus filhos Arquelau, Antipas, Filipe, Agripa I, Agripa II mantiveram esta prática. As regiões e cidades tinham que contribuir com os impostos como: Cafarnaum, e Decápolis. Estas regiões eram divididas para facilitar a cobrança e o pagamento dos impostos. Cada indivíduo ficava responsável por uma região como o caso dos filhos de Herodes.
Muitas vezes além de pagar impostos aos estrangeiros os judeus estavam obrigados a pagar o tributo devido ao templo, ao sacerdote e sua manutenção e ao representante político dos judeus perante os romanos. Em 47 a.C. César taxa toda a Palestina por causa das revoltas em 25% a ser pago do produto vendido ou comercializado em todo o 2o. ano. Como fazia a religião judaica no jubileu no 7o. ano ou o Shabath anual. Em 70 d.C. Vespasiano exige dos judeus tudo o que fosse oferecido ao templo se pagasse meio shekel ao deus Júpiter em Roma e isto foi uma afronta e desastre para os judeus.
O pagamento de taxas não foi só uma problemática da política e da economia. O não pagamento trouxe conseqüências da revolta dos judeus contra Roma e a violência dos romanos com a destruição de locais mais importantes para os judeus. Paulo escreve aos cristãos romanos exortando o respeito às autoridades constituídas que vem da parte de Deus, conforme em Rom 13,5-7.
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Ele mesmo se diz um bom e leal cidadão, fazendo tudo com respeito e como devia fazer todo bom cristão.
3.1..4. Religião.
O Novo Testamento reflete alguns aspectos da religião greco-romana em seus escritos. Paulo é denominado de Hermes e Barnabé de Zeus. Paulo refere-se aos altares dos deuses gregos dizendo quanto a proliferação das divindades: "ao deus desconhecido é este quem vos anunciamos". O Antigo Testamento também tem os reflexos de divindades em vários escritos sobre as divindades Cananéia (o deus Baal e a luta de Elias e Eliseu), os assírios, babilônicos e persas. Quanto ao Livro de Qohelet (Eclesiastes) a influência do ceticismo grego é evidente: "vaidade de vaidade, diz o pregador, tudo é vaidade.
A religião grega antiga influiu em vários aspectos no relacionamento entre a prática religiosa e a cidadania; os mitos, as estórias, o conhecimento de Deus que Paulo menciona. Desta forma fica entendido que em seu pensamento está implícito o estoicismo e a luta do epicurismo na época paulina: "posso fazer isto, não posso fazer aquilo".
A - Destino, magia e a astrologia.
Os evangelhos mencionam alguns dos aspectos acima. Em Mt 2,1-2 fala de homens (os magos) do Oriente que vieram adorar a criança recém nascida em Belém. Os judeus no Antigo Testamento durante o exílio babilônico tiveram acesso a esse tipo de crença e de cultura religiosa dos babilônicos e depois dos persas refletidos nos profetas deste período, principalmente na apocalíptica e na escatologia.
A visão cristã e o Novo Testamento não se atêm muito a estes aspectos. Porém Paulo escrevendo aos gentios cristãos e aos judeus helenizados, aos judeus cristãos mostra claramente esta influência: "Eles não têm recebido o espírito de escravidão contra o medo, mas o espírito de adoção".
Esta terminologia helenizada de Paulo mostra a questão do destino, a "moira" grega. O evangelho de Jo quando fala da "verdade" refere-se ao mesmo tempo a filósofo romano Sêneca que se preocupava com este conceito de verdade e do fatalismo (destino). A expressão tyche da filosofia grega foi muito utilizada no Novo Testamento, que era usada na Astrologia Oriental que é o espírito malévolo.
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No Novo Testamento este espírito causa todo tipo de doenças físicas e corporais. No Antigo Testamento retira esta concepção da religião iraniana, de Zoroastro no período babilônico-persa para expressar o destino.
Em Mc 3.22-32; Mt 12.22-30 Jesus é acusado de ter Belzebu o príncipe dos demônios. Herodes Antipas pensa ter conjurado o espírito reaparecido de João Batista em Mc 6,16; 8,28. No século II d.C. Celso acusa Jesus de ter estado no Egito à procura da mágica e seu aprendizado e que seu corpo foi tatuado pela mágica.
Simão o mago que discute com Pedro e João em Samaria em At 8,9-24 reflete este aspecto. Em Éfeso o lar da deusa Ártemis onde foram encontrados judeus praticando a mágica e possuindo livros dos mágicos em At 19,13-19. O mágico judeu Bar-Jesus, o profeta na corte de Sérgio Paulo o governador de Chipre em At 13,6-10.
Na religião monoteísta Judaica é com enorme surpresa esta certa tolerância da magia e de atos característicos, e influências alienígenas na Diáspora. Os Macabeus falam de um tal de Gorgias o governador de Jamnia onde se encontrava toda sorte de amuletos em II Mc 12,40. Os quais eram proibidos na lei judaica em Dt 7, 25. O temor humano não conhece estes interditos religiosos e que ele se divide na hora do aperto entre as culturas nacionais e outras identidades que são mudadas e adaptadas nas similaridades da lealdade religiosa e o Deus passa a ser um deus particular de um mundo mágico.
Encontramos o nome de Jesus sendo invocado por judeus exorcistas como parte de um ritual mágico em Éfeso em At 19, 13. Também numa outra vida em Mc 9,38-40 é invocado. A influência dos gregos em sua cultura, religião, economia é evidente no mundo do Novo Testamento. Os gregos criam uma expectativa de ansiedade e medo denominado de destino. A procura para um caminho alternativo para escapar a este destino foi a vida religiosa do aperfeiçoamento descrito no relacionamento filosófico do epicurismo e no estoicismo.
B - A Sedução da Filosofia.
O Novo Testamento é eclético quanto ao assunto da filosofia greco-romana: a mistura do estóico e epicurismo como que também do cinismo, pitagorismo são encontrados nas entrelinhas destes escritos. Paulo em Atenas encontra-se com os estóicos e os epicuristas e mais tarde com os cínicos e pitagóricos. Estes pensamentos filosóficos foram incorporados na teologia e nos escritos religiosos. Na disputa e luta do cristianismo fazendo apologia aos seus ensinos incorporaram certos resíduos filosóficos.
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No Antigo Testamento recomenda ao "homem comer e beber, alegrar nos frutos de seu trabalho debaixo do sol, durante todos os dias de sua vida que Deus lhe dá". Esta expressão: comer e beber, é epicurista. Jesus Ben Sirach descreve a sabedoria identificada com a lei judaica nas formas da especulação estóica sobre o logos.
Aqui se encontra a raiz de todas as coisas dos gregos que foram adaptadas e re-elaboradas. Como fez Paulo em dilemas nas suas cartas sobre as afirmações onde "não há judeu nem grego, escravo ou livre, macho ou fêmea, mas um em Cristo" em Rom 10,12; Gal 3,28; I Cor 12,13 ; Col 3,11.
Sobre a escravidão já o caso mencionado de Onésimo e Filemon. Sobre a questão da morte descrita em Paulo em I Cor 15, 55 em relação a Epicuro, Flavio Josefo diz a mesma coisa sobre os saduceus no judaísmo. Em relação ao Novo Testamento da ataraxia epicuréia em relação a Paulo sobre o prazer da vida.
C - As Religiões de Mistérios
As origens cristãs mostram a luta contra esta religião dos mistérios fundada nos rituais secretos, em grupos de devotos na pessoa de deusa Eleusis na celebração da divindade da vegetação e Demétrio representante desta divindade.
Paulo admoesta os seus discípulos a fugir desta prática em At 18, 2. Sobre a festa a Cibele que se tornou o grande festival que durava seis dias com procissões e outras cerimônias de fecundidade. Tudo isto modificou quando o cristianismo se transformou na religião do estado. Onde Paulo admoestou os cristãos romanos a obedecerem as autoridades instituídas colocadas por Deus em Rom 13, 1s. mudou esta forma. Anteriormente os outros modos religiosos eram pelo estado. Sendo assim as religiões estatais, instituídas passaram a comandar tudo.
3.2. O Mundo Romano
I Mc 8, 1-17; Lc 2,1; Lc 3,1-2; Mc 12,17; Jo 11,48; Jo 19,12; At 25,10-12; Rom 1,14-16 Apoc 17,5-6
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O Novo Testamento sofre maior influência no mundo romano. Apesar do pensamento grego perdurar neste período e ser mais forte que o romano. Aqui, sentiu-se o peso econômico, social e político dos romanos do que dos gregos.
3.2.1. A Política
Os romanos seguem o sistema político dos gregos, porém, recriam o Modo de Produção Escravista na economia e na sociedade. A Pax romana implantada pelo imperador César Augusto aparentemente procura melhorar o sistema de vida e de governo pelos romanos. Esta filosofia pragmática procura em seus cidadãos improvisar os modos administrativos e executivos de uma ideologia política instaurada por este novo império. Ele se adapta às necessidades da situação do império.
As circunstancias desta situação política foram importantes para compreensão de muitas coisas do Novo Testamento. Com referências especiais no mundo romano a questão jurídica para entender o julgamento de Jesus e de Paulo no Novo Testamento. Durante o século I d.C. a Judéia tem sido povoada pela autocracia que possuía uma hierarquia política e jurídica, com os procuradores e juizes mencionados como pessoas corruptas.
Eles eram partes integrantes da classe média. Estes procuradores na Judéia durante os anos 44 d.C. tiveram um fator importante para contribuição que arrebentou na revolta judaica entre 66-70 d.C..
Estes procuradores são mencionados no Novo Testamento como Poncio Pilatos nos evangelhos sinóticos e em Jo. Porcio Festus ou Felix em Atos. Felix é o mesmo irmão de Pallas que se filia ao imperador Cláudio tendo a tarefa de julgar os judeus. Separado de Quirino o governador da Síria mencionado no censo narrado nos evangelhos e em Atos. Outros são mencionados em Atos como governadores da província senatorial: Sérgio Paulo em Chipre e Anius Galius em Corinto.
No sistema político das províncias da Judéia governadas por romanos e seus administradores no Novo Testamento são denominados por vezes como rei. Porque na política romana segue-se a idéia original de hereditariedade ou dinastia. Isto vai ocorrer com Herodes na Judéia muito conhecido no Novo Testamento através de seus parentes: Antipas, Arquelau e Filipe.
Antipas é o mesmo quem decapitou João Batista em Mc 6, 14. Nos evangelhos de Mt e Lc ele (Antipas) recebe o nome familiar de seu título oficial de tetrarca, governador de um pedaço de terra (religião) em Mt 14, 1: Lc 9, 7.
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Herodes Agripa I neto de Antipas formou o círculo imperial da corte. Era amigo pessoal do imperador Gaio (Calígula) que recebe o título de rei e governador e que atuou na parte da Palestina de 31-41 d.C.. A sua morte foi em 44 d.C.. Agripa dentre os Herodes foi o mais amável com os judeus. Este foi denominado de devoto e bom rei. Ele mediou os romanos com os judeus.
Porém perseguiu os cristãos da Palestina. Tendo a responsabilidade na morte de apóstolo Tiago. A morte do governador foi bem vinda pelos cristãos em At 12, 1-20 e que fala de sua morte como uma punição de Deus.
Seu filho Agripa II controlou o mesmo território governado pelo pai. Ele tenta fazer como fez seu pai ligando Roma aos judeus na época da revolta em At 25, 13-26, 32. Ele governou e estendeu sua política na Armênia, Capadócia. Sua origem está ligada aos julgamentos de Jesus e Paulo.
O apóstolo Paulo requer como cidadão romano um julgamento melhor e é transferido perante o tribunal provincial de Festo em Roma, o que não aconteceu com Jesus. Paulo fala de sua cidadania em At 16, 37: 25,10-12. Em Filipo, Paulo foi subverter os cidadãos romanos, o qual ele próprio é um cidadão romano em At 16, 19-40.
3.2.2. Roma e os Judeus
I Mc 6, 1-17 mostra realmente como os judeus viram e enfrentaram a presença dos romanos na Palestina. Isto começou quando em 167 a.C. os romanos venceram os seleucidas da Síria e se estabeleceram como novo império dominante. Desde os limites de toda a Palestina do Jordão com exceção das cidades costeiras da Fenícia, Transjordania, no norte e sul foram dominados e subjugados todos os povos pelos novos conquistadores.
Pompeu em 63 a.C. subjuga a Palestina toda. Depois de enfraquecimento dos judeus nas lutas de sucessão dos hasmoneus fica fácil a conquista. O reino Hasmoneu que havia restaurado a liberdade na época helenística e que determinadas regiões estavam nas mãos dos judeus: a Judéia próxima de Jerusalém, Galiléia ao norte, a Peréia ao lado do Jordão foram governadas pelo sumo sacerdote Hircano II.
Este era um tetrarca que tinha o controle financeiro de Antipater. Pompeu invadiu o templo de Jerusalém, entrou, profanou e saqueou o Santo dos Santos. Esta atitude horrorizou os piedosos judeus, que tinha sido profanado por Antíoco IV que violou e roubou o santuário cem anos antes deste episódio. Porém com uma diferença ele não roubou o templo.
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O imperialismo romano trouxe conseqüências piores que o anterior helenístico. Ele restaura Hircano como sacerdote. César garante aos judeus alguma liberdade religiosa, o ano sabático. Mas, recebem em troca os tributos devidos. Jo 2, 18-22 fala dos projetos de reconstrução por Herodes, a estabilidade econômica é restabelecida, e a política da lealdade religiosa é negociada com certos judeus e os representantes de Roma.
A atitude dos romanos para com os judeus vai mudar com os descendentes de Herodes a partir do arrefecimento de grupos judeus e do nacionalismo judaico que provocam em seus seguidores a ira contra os invasores em At 5, 37.
Conclusão.
Os zelotes e sicários provocaram a ira de Roma que passaram a persegui-los por todas as partes da Palestina. Alguns fugiram para as montanhas de Samaria e da Galiléia. Outros judeus construíram fortalezas como de Hazor e de Massada. Esta perseguição chegou ao seu final e com uma grande mortandade de judeus. Com esta destruição de vários locais após a queda de Jerusalém em 70 d.C. e a ultima resistência de Bar Kochba em 132 d.C. acaba definitivamente toda a resistência judaica.
4 . Manuscritos Unciais do Novo Testamento.
Códice "A" (Códex Alexandrino).
Este manuscrito foi doado por Cirilo Lucar, patriarca de
Constantinopla, ao rei Tiago ( The King James I ), em 1621. Este rei logo faleceu
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e quem recebeu o precioso documento foi o seu sucessor, o imperador Carlos I.
Este código foi escrito em Alexandria, no começo do Século V d.C. Ele contém
todo o Antigo Testamento , com exceção de Mt. 1-25,6; Jo 6, 50 - 8,52; II Co 4, 13-
12, 6.
Tem duas colunas em cada página do rolo. O Evangelho de Mc. está
dividido em 48 capítulos. Acha-se arquivado até os dias de hoje no Museu
Britânico de Londres. Ele está inteiramente escrito em Grego Koine.
Códice Vaticano "B" (Códex Vaticanus).
Este códice está datado da primeira metade do século IV d.C., ele
está guardado na Biblioteca do Vaticano desde a época do papa Nicolau V entre
os anos 1447-1455. Ele contém além do Antigo Testamento grego e também a
maior parte do Novo Testamento, menos Hb. 9, 15-13, 25;e as epístolas pastorais
como: Tm., Tt., Fm.
O Apocalipse , o final do Evangelho de Mc. que termina em 16,8. O manuscrito
possui três colunas em cada folha do pergaminho. Os capítulos são pequenos. Mt.
com 170 capítulos, Mc. com 62, Lc. com 152, Jo com 50. Este códice é o melhor
manuscrito (MS) do Novo Testamento e o mais antigo que se tem notícia.
Códice Efraimita ou Efrêmico "C"(Códex Rescriptus).
Este manuscrito é da metade do 1º século, é na realidade um
palimpsesto. Ele pertenceu ao bispo sírio Efrem ou Efraim no século XII. O códice
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foi lavado com prussiato de potassa (hidróxido de potassa - produtos químicos),
reaparecendo um texto primitivo escrito e depois raspado.
Ele contém fragmentos do Antigo Testamento e 58 capítulos do Novo Testamento,
menos as epistolas de II Tess. e II Jo. O manuscrito encontra-se na Biblioteca
Nacional de Paris. O MS tem 209 folhas, sendo 64 do A. T. e 145 do N. T..
Tischendorff especialista em papirologia foi o tradutor deste manuscrito em 1843.
Códice de Beza "D" (Códex Bezae).
Foi descoberto por Teodoro de Beza (1562-1581). O manuscrito era
do Mosteiro de Santo Irineu, em Lion na França. O próprio Beza doou o MS à
Universidade de Cambridge na Inglaterra, onde se encontra até hoje. O
manuscrito pertence ao Século VI d.C. e contém os Evangelhos sinópticos e os
Atos dos Apóstolos.
O texto está em grego com uma tradução latina em colunas paralelas. Existem
omissões, desvios, adições, complementos. Também é considerado como o
manuscrito mais antigo existentes dentre os textos puramente ocidental.
Códice Sinaítico "Aleph" (Códex Sinaiticus).
O manuscrito foi encontrado por Tischendorff em 1844 no convento
de Santa Catarina na parte baixa do monte Sinai, no deserto. Este manuscrito
pertence ao século VI d.C. na segunda parte do mesmo. O texto está em grego e
apresenta-se em quatro colunas com 48 linhas cada. Ele contém todo o Antigo
Testamento e o Novo Testamento, mas também encontramos os escritos
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patrísticos, uma parte do escrito do Pastor de Hermas e a Epístola de Barnabé.
Ele se encontra no Museu Britânico em Londres, desde 1933, tendo sido adquirido
por cem mil libras esterlinas.
O manuscrito possui correções de sete críticos e após a sua descoberta, o
especialista Tischendorff fez cerca de três mil correções em seu texto grego no
Novo Testamento, isto ocorreu a partir da oitava edição do N.T. Grego. O Texto é
único e com MS uncial com o Novo Testamento completo totalmente.
Códice Muratoriano (Códex Muratoriano).
Este manuscrito é o texto mais antigo que se tem notícia. Mesmo que
seja ainda uma cópia do século VII d.C., o seu texto é do século II d.C.. O
manuscrito foi encontrado na Biblioteca Ambrosina ou de Santo Ambrósio em
Milão na Itália, no ano de 1748 pelo bibliotecário da biblioteca chamado Ludovico
Antônio Muratori ( ele também foi um grande historiador italiano) .
O manuscrito foi escrito em Roma, mas ainda a sua origem é muito discutível. O
manuscrito está composto de forma incompleta, contém fragmentos de Lc. e das
Epístolas, menos Hb., Tg e I, II Pd. e II, III Jo.
Código Washingtoniense (Códex Washingtoniensis).
Este manuscrito pertence ao final do século V ou é do princípio do
século VI d.C. O ms. foi adquirido por Charles L. Freer, da cidade de Detroit, em
viagem ao Egito em 1906. Passando por um antiquário comprou-o e trouxe para
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os EUA. Este mesmo encontra-se ainda em Washington, na Smithsonian
Institution.
O texto contém os quatro evangelhos na ordem em que se era aceita
na Igreja Ocidental: Mt, Jo, Lc e Mc ( pela ordem de importância das testemunhas
de Jesus).
Conclusão.
Podemos notar que os manuscritos do Novo Testamento são vários e estão espalhados pelos museus no mundo todo. São destes manuscritos que foram tirados o texto do Novo testamento onde encontramos as nossas traduções na língua portuguesa.
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5 . O Texto do Novo Testamento.
Introdução.
Existem 2542 manuscritos do N. T. em papiros, rolos, códices. Porém manuscritos incompletos são mais de 3000. Estes textos são da época dos primeiros séculos d.C..
O Texto do Novo Testamento.
Para maioria dos apóstolos, da comunidade cristã da Palestina as Sagradas Escrituras era a Bíblia Hebraica, até surgir à idéia de se fazer uma Bíblia Cristã, a partir do que os judeus já haviam feito. A fixação do cânon e do Novo Testamento foi mais complicada do que o texto e o cânon do Antigo Testamento.
Como os massoretas no cânon Hebraico fizeram tudo para facilitar a leitura da Bíblia Hebraica, Paulo é o inventor e criador da Bíblia Cristã. Foi ele que começou a historiografia do novo Testamento e os primeiros escritos são suas obras. Como no século II d.C. o cânon Hebraico estava fixado, o cânon cristão foi somente a partir dos séculos III ao IV d.C. fixado por completo no cânon do Novo Testamento.
O texto do Novo Testamento é contemporâneo a muitas traduções do Antigo Testamento como a LXX, a Vetus Latina e a própria Vulgata. Por isso notamos que o texto do Novo Testamento é uma composição e leitura do próprio Antigo Testamento cristianizado.
O Novo Testamento possui duzentas citações dos mais variados livros do Antigo Testamento. Conforme um especialista americano Robert Pfeiffer 80% destas citações não são feitas do texto hebreu, mas da LXX que era uma tradução e leitura do próprio Antigo Testamento.
O texto do Novo Testamento em todos os seus manuscritos datam do século IV d.C. e algumas décadas depois. Anteriormente não existiam estes manuscritos, o que existiam eram fragmentos e papiros num total de 21. Anterior a essa época o que se pode ter é na realidade a transmissão oral, coleções de ditos.
Esta tradição oral foi mantida por muito tempo e foi conhecida por vários autores do Novo Testamento que fazem alusões a esta tradição. Como por
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exemplo: At 5,32: I Cor 15,3 e o próprio apóstolo Paulo cita estas tradições orais várias vezes.
Esta tradição oral passou a ser escrita, passou por várias mãos,
várias transcrições e transmissões como coleções de ditos e de memórias. Estes testemunhos foram reunidos e formado no final como um escrito geral. As palavras soltas de Jesus (ipssíssima verba e ipssíssima vox – palavras de Jesus) foram juntadas resultando nas logia (palavras) de Jesus.
Existem fragmentos de uma velha cópia destas coleções no denominado papiro Oxirrynco encontrado em 1897 e outro em 1907 que datam do século III d.C. no Egito. Ainda encontramos a fonte Q (Quelle) que é na realidade o documento mais primitivo desta tradição escrita dos evangelhos.
Da passagem da tradição oral para a escrita quase ultrapassou o meado do século I d.C.; pois o primeiro escrito do Novo Testamento data de 45 d.C. que é a carta de Paulo: I Tess e a de I Cor em 50 d.C.. O primeiro evangelho, Mc que data do ano de 65 d.C. e depois vem os outros evangelhos de Mt e Lc e por fim , no final do século I ou início do século II, entre 90 a 120 d.C. o evangelho de João. Nesta mesma época ou ainda bem posterior às cartas católicas ou universais: I Pd, I, II, III Jo, Jd, Tg e a de Heb, e no final o livro da Revelação, o Apocalipse.
O texto do Novo Testamento é denominado de textus receptus (texto recebido). Aquele texto que circulou pelas comunidades e foi aceita como inspirada. Assim se tornou o texto canônico. As cópias feitas, circulando de comunidade em comunidade, as diferenças e discrepâncias originadas destas cópias, várias famílias textuais sugiram, as quatro famílias de manuscritos são: o proto-alexandrino, o alexandrino, o texto original que veio de Cesárea e de Antioquia e o Texto ocidental que veio talvez da África ou da Itália ou ainda da Gália.
Estes textos são provas provavelmente depois de século IV d.C. ou posteriormente que são os códices B, e o Sinaíticos (do século IV), o Alexandrino, o códice L (do século IX), o códice T ( do século V), o minúsculo 33 (do século IX), o códice oriental Teta (Theta do século IX), as versões siríacas denominas de siríaca e muratoriana ( dos séculos IV e VI), o códice ocidental denominado de D (séculos V ou Vi) a versão Latina denominada de K (dos séculos IV ou V). O códice alexandrino é considerado como o melhor conservado.
Conclusão.
Os textos eram em folhas separadas de papiro, depois são agrupadas as folhas com costuras e foram denominados de códices ou rolos, porque eram enrolados. Os códices foram denominados ainda de unciais escritos somente com letras
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maiúsculas e os textos com letras minúsculas. Totalizam os textos uma quantidade de 86 papiros, 269 unciais e 2795 minúsculas. Porém somente 59 destes papiros são completos. Os outros códices faltam uma ou outra coisa: evangelhos, cartas, etc.
6. Cânon do Novo Testamento.
O cânon do Novo Testamento começa a ser criado a partir da preocupação que tiveram os próprios judeus em formular o seu cânon. Pois os dois cânones são subseqüentes: o primeiro de A. T. que data do século II d.C. e o cânon do N. T. denominado cristão dos séculos III e IV d.C.
Os padres da igreja - gregos e latinos normalizaram os critérios para a fundamentação dos escritos neotestamentários: eles aceitavam os ensinamentos de Jesus e a tradição apostólica, das fontes orais e escritas anteriores. A etapa da formação do cânon do Novo Testamento demorou demais em relação ao cânon do Antigo Testamento.
A igreja reconheceu como a autoridade última para a pregação, o ensinamento, o culto e a doutrina apologética. O critério da doutrina como o fundo das escrituras judaicas, a tradição e a autoridade dos apóstolos foram fundamentais para a formação do cânon (Justino em 100-165 d.C.) dizia que a palavra de Jesus é o poder de Deus.
Por outro lado, Papias (70-155 d.C.) mostrava que a tradição mais antiga foi passada oralmente e na memória retinham os mandamentos de Jesus como verdade da fé. O importante para o cânon passa a ser o que diziam e pregavam os apóstolos e os seguidores de Jesus. Outro critério era a divulgação e o uso dos escritos do Novo Testamento nas leituras comunitárias.
Se as comunidades aceitavam o escrito ele era aceito automaticamente no cânon e assim vice-versa. O único livro do Novo Testamento a usar o termo canônico foi o último livro a ser aceito no próprio cânon: o Apocalipse 22,10; 22,18-19, portanto ele é bem próximo dos pais apostólicos no século II ou III d.C.
Podemos considerar o cânon do Novo Testamento como três etapas de formação:
A - A era apostólica a partir de 70 d.C.. Este período pode ser denominado também de pré-canônico de 70-150 d.C. e a canônica de 150-200
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d.C. onde o Novo Testamento estava terminado. A fixação dos livros de Novo Testamento tinha terminado. As autoridades eclesiásticas haviam decidido neste período qual o livro que permaneceria ou sairia do cânon bíblico.
B - A era apostólica antes de 70 d.C. foi o período dos escritos paulinos e vários apócrifos e pseudepigrafes já existiam. Pode ser denominado de período intertestamentário onde, por exemplo, os livros são: os Doze Patriarcas, o livro de Enoc Etíope, a Assunção de Moisés, o Apocalipse de Elias, III e IV Esdras. Neste período também são encontrados os logia de Jesus ou Q ou Ur-Marcus, e a tradição oral de Novo Testamento.
Na realidade neste período encontramos os primeiros escritos de Paulo e do Novo Testamento paralelos a estes acontecimentos escritos: I Tess de 51 d.C.; Gal, II Tess, I e II Cor, Rom entre 52-53 d.C.; I Tim e Tt em 65 d.C.; II Tim em 66 ou 67 d.C.. Depois as cartas não paulinas, o primeiro evangelho escrito foi Mc entre 65 e 67 d.C.. Depois os evangelhos de Mt e de Lc e no final do século I o evangelho de Jo ou no início do século II d.C. (entre 110-130 d.C.).
C - A era pré-canônica entre 70 a 150 d.C. onde a influência de Clemente Romano cita o evangelho do Jo depois de 100 ou depois de 130 d.C.. Ignácio de Antioquia coloca este evangelho entre 70 e 155 d.C. A carta a Diogneto coloca em 130 d.C. Os papiros de Ryland 457 e de Egerton 2 mostram o evangelho de Jo escrito em 120 d.C.
Neste período começa a surgir a denominação de "escritura" e "as outras escrituras" em relação do A. T. e N. T. com os apócrifos citados em II Pd 3,16. Também Clemente Romano escrevendo em 100 d.C. falava desta forma e que Paulo "escreveu sob a inspiração do Espírito" (I Carta aos Corintios 46, 47).
Nesta etapa a política circulava solta e alguns escritos cristãos não permaneceram no cânon por causa de rixa e rivais políticos. Outros livros nem chegaram a ser mencionados para participar do cânon. Lc em seu evangelho falava de muitos antes dele "haviam escrito" e que alguns foram testemunhas oculares e alguns deuterocanônicos como o Pastor de Hermas, a Didaque (estes dois escritos entre 90 d.C.) referem-se a Mt e Lc e outras tradições orais.
Os padres Gregos e Latinos entre eles: Clemente (30 a 100 d.C.) em sua carta aos Corintios que quase entrou e permaneceu no cânon. As sete cartas de Inácio de Antioquia (30-107 d.C.), uma carta de Policarpo de Esmirna (65-155 d.C.), a carta de Barnabé, os escritos de Papias de Hierápolis (final do século I d.C.) citado por Irineu e Eusébio foram de grande valor para a compreensão dos escritos do Novo Testamento.
Surgiram nesta época ainda coleções e mais coleções de obras. Estas eram citadas por pais apostólicos e tinham quase a "autoridade canônica" acabaram ficando de fora do cânon por vários motivos: políticos, religiosos,
37
doutrinários e autoritativos. Papias cita os evangelhos, I Jo, I Pd, o evangelho dos Hebreus que aparece também em Eusébio de Cesárea em História Eclesiástica III, 39.
Clemente Romano cita: Mt, Mc Lc, Rom, I Cor, Tt, Heb Ef, e Apoc.
Inácio de Antioquia relacionava Mt, Jo, as cartas paulinas, I Cor, Ef, I e II Tim, Rom, II Cor, Gal, Col, I e II Tess, Tt, filem, Lc, At, Heb, Tg, I Pd. A Carta a Diogneto em 130 d.C. que é anônima cita Mt, I e II Cor, Fil. e I Pd. Policarpo de Esmirna entre 65-155 d.C. cita Mt, Lc, At, Rom, I e II Cor, Gal, Ef, Fil., I e II Tim, Tt e I Pd. A carta de Barnabé pseudepigrafe cita Mt, Ef e At.
Marcião foi declarado depois hereje (como anti-semita). Ele não aceitava de forma alguma o Antigo Testamento por ser livros de judeus em 140 d.C., cita Mt, Lc, Jo, Rom, I e II Cor, Ef. Porém omite, é claro, as cartas pastorais e complementa as 10 cartas de Paulo tirando as citações do A.T.
D - A etapa canônica (os livros canonizados entre 150-200 d.C.). Neste período ficou decidido através das discussões e as autoridades constituídas eclesiásticas, quais os livros que eram entre dezenas e centenas como apócrifos e pseudepigrafes deveriam permanecer no cânon. Ficou assim constituído que, os apócrifos e pseudepigrafes divididos em obras distintas: os evangelhos, os atos, as cartas e os apocalipses.
Evangelhos : Ev. dos Hebreus, dos Egípcios, os Árabes da infância de Jesus, o Armênio da Infância , Tomé, Protoevangelho de Tiago, Ev. de Pedro, de Bartolomeu, de Basílides, dos Ebionitas, de Marcião, do Nascimento de Maria, de Nicodemos, de Matias, dos Nazarenos, de Filipe, Mat pseudo, José de Arimatéia, Assunção da Virgem Maria, o Livro da Ressurreição de Cristo, José Carpinteiro, Ditos de Jesus,
Atos: de Paulo, de Pilatos, de João, de Pedro, de André, de Tomé, de André e Paulo, de André e Matias, de Barnabé, de Tiago o maior, de Pedro e Paulo, de Filipe, de Tadeu, de Filipe e Hellas, de Paulo e Tecla, de Pedro e dos doze, os Martírios: de Paulo, de Mateus, de Pedro, de Pedro e Paulo, de Tomé e de Bartolomeu.
Cartas: de Paulo aos Laodicenses, de Paulo aos Alexandrinos, de Cristo e Abgáro, de Lentulo, de Tito, dos Apóstolos, III Cor, de Paulo e Sêneca, e de Engnosto.
Apocalipses : de Pedro, de Paulo, de Tiago, de Estevão, de Tomé, da Virgem, dos Dossiteus, de Esdras, de João, de Moisés.
Outros fragmentos deste período que podem ser citados: História de
Abdias, História de André, Ascensão de Tiago, Progressão de Pedro, Sabedoria
38
de Jesus, Ensinamento de Silvano, Ágrafos, Melcon, Pistis Sofia, Cânon dos Apóstolos, Pastor de Hermas e a Didaque.
Conclusão.
Outras obras apareceram depois do século II d.C. como o Evangelho de Pedro e é nesta condição que se sabe que Atos dos Apóstolos fazia parte do Ev. de Lucas ou uma obra em dois volumes. Este período foi a última etapa para a formação e a fixação do cânon do Novo Testamento. Após este período o século II d.C. vem os famosos concílios e posteriores a esta época os séculos III e IV d.C. as decisões preponderantes para o término e o fechamento do cânon do N.T.
Os papiros que chegaram à nossa época são: os papiros Bodmer de 200 d.C.; o Bodmer II do século III d.C.; o Chester Beaty 45, Chester Beaty 47, o Bodmer VII, as harmonias dos evangelhos do ano 170 d.C. que Taciano fez o Diatessaron.
39
7. Opiniões sobre as cronologias dos escritos do Novo Testamento.
A. Opinião de Werner Georg Kuemmel
I e II Ts em 50/1 d.C.
Gal, Fil., I e II Cor, Rom,53-56 d.C.
Col e Filem 56-58 d.C.
Mc 70 d.C.
Lc 70 - 90 d.C.
At e Hb 80 - 90 d.C.
Mt e Ef 80 - 90 d.C.
I Pe, Apoc em 90-95 d.C.
Jo 90-100 d.C.
I, II, III Jo 90-110 d.C.
Tg antes de 100 d.C.
I e II Tm depois de 100 d.C. e Tt.
II Pe 125 - 150 d.C.
40
Opinião de Norman Perrin
I Ts, Gl, I e II Co, Fl, Fm, Rm 50 - 60 d.C.
II Ts, Cl, Ef, Mc, Mt, Lc, At,
Hb 70 - 90 d.C.
Jo, I, II, III Jo 80 - 100d.C.
Ap 90 - 100 d.C.
I Pe, Tg, Epístolas pastorais, Jd e II Pe 90 - 140 d.C.
Opinião de John A. T. Robinson.
I Ts 50 d.C.
II Ts 50/51 d.C.
I Co primavera de 55 d.C
I Tm outono de 55 d.C.
II Co ano 56 d.C.
Gl ano 56 d. C.
Rm ano 57 d. C.
Tt primavera de 57 d. C.
Fl primavera de 58 d.C.
Fm, Cl, Ef verão de 58 d.C.
II Tm outono de 58. d.C
41
7.1. . A lista dos livros do Novo Testamento a partir dos pais apostólicos.
(Papias, Irineu, Clemente, Origines, Eusébio, Tertuliano).
Tg ano 47/8 d.C.
I Ts antes de 50 d.C.
II Ts 50/1 d.C.
I Co Primavera de 55 d.C.
I Tm outono de 55 d.C.
II Co antes de 56 d.C.
Gl depois de 56 d.C.
Rm antes de 57 d.C.
Tt antes da primavera de 58 d.C.
Fl primavera de 58 d.C.
Fm verão de 58 d.C.
Cl verão de 58 d.C.
Ef antes do verão de 58 d.C.
II Tm outono de 58 d. C.
Didaque cerca de 40 - 60 d.C.
Mc cerca de 45 - 60 d.C.
Mt cerca de 40 - 60 + d.C.
Lc - de 57 - 60 + d.C.
Jd ano 61/2 d.C.
II Pe ano 61/2 d.C.
At ano -57- 62 + d.C.
II, III, I Jo cerca 60 65 d.C.
I Pe primavera de 65 d.C.
42
Jo cerca - 40 -65 + d.C.
Hb cerca do ano 67 d.C.
Ap depois de 67 - 70 d.C.
I Clem antes do ano 70 d.C.
Barnabé cerca do ano 75 d.C.
Pastor de Hermas cerca do ano 85 d.C.
Fonte de Pesquisa: ROBINSON, J. A. Redating the New Testment .
Philadelphia, Westminster.
PARTE II. Os Evangelhos Sinópticos e Atos
Introdução.
O inventor dos escritos e da própria historiografia do cristianismo
primitivo foi o apóstolo Paulo. Seus escritos foram os primeiros e os mais antigos
do Novo Testamento. Evangelho no Grego significa mensagem, boas novas,
pregação. Paulo utiliza o termo evangelho.
Esta terminologia aparece no I e no II século d.C. e depois vai ser utilizada pela
patrística para denominar os evangelhos no Novo Testamento. Estes termos que
ocorrem no N.T. e em Paulo e nos próprios evangelhos são inserções posteriores.
Os evangelhos surgiram como tradição oral, através de formulas e de
credos de fé. Isto ocorre após a morte e a ressurreição de Cristo. Na tentativa de
explicar o fenômeno da morte, da ressurreição, das crenças e da mensagem de
salvação, surgem os "evangelhos", ou as memórias orais passadas nos escritos
43
sob a influencia dos escritos de Paulo que circulavam já a algum tempo. Na
implantação da cristandade surge a necessidade de se falar de Jesus.
1 . Evangelhos Sinópticos.
Os três primeiros evangelhos: Mc. Mt. E Lc., eles são chamados de
Sinópticos, porque através do conteúdo, estrutura e do modo de expor a
mensagem trazem os mesmos objetivos. Sinopse no grego significa resumo
esboço. O termo foi pela primeira vez utilizado por J.J Griesbach 1776 que
imprimiu pela primeira vez textos paralelos dos evangelhos para ter-se uma visão
conjunta comparativa das semelhanças apresentadas pelos evangelhos.
1.1.Os Evangelhos na Patrística.
As notícias mais antigas sobre a formação dos evangelhos ou dos
sinópticos foram registradas pelos Pais Apostólicos. O primeiro a dar estas
notícias foi Papias de Hierápolis e Eusébio de Cesárea.
44
1.2. Marcos.
Papias fala de Marcos como interprete e sobrinho do apóstolo Pedro.
Este recebeu de Pedro e guardou na memória suas palavras e atos do Senhor e
depois as escreveu. Marcos não foi discípulo, não ouviu, nem viu, nem
acompanhou o Senhor, mas ele recebeu de Pedro todas as coisas.
1.3. Mateus
Em toda patrística este evangelho é citado como o primeiro a ser
escrito pelo critério de ser um discípulos( no capitulo sobre cânon vimos os
critérios de aceitação de livros no cânon). A grande discussão, neste período, era
se Levi escreveu em hebraico ou em aramaico ou grego seu evangelho. A outra
discussão foi em torno de quantas tradições circulou o evangelho.
1.4. Lucas
Este evangelho teve uma grande aceitação entre os hereges. Lucas
era o evangelho do príncipe dos hereges: Marcião. Na a tradição já mostrava a
autoria de Lucas e de Atos como de um mesmo escritor: Lucas, o médico
acompanhante de Paulo. Irineu falava do autor um dos quais "não viu o Senhor".
Lucas foi um Sírio de Antioquia, iniciou seu trabalho nas viagens missionárias
com Paulo. Lucas morreu na Boecia, solteiro, sem filhos aos 84 anos de idade
depois de redigir o Evangelho de Lucas e Atos dos apóstolos em Acáia, narra a
tradição.
Lucas foi discípulo dos apóstolos, acompanhou Paulo até a sua morte. Teve uma
orientação antijudaica e anti-herética em toda sua obra pode-se notar isto. Os
45
dados biográficos estão no prólogo do evangelho e de Atos traz em parte a
tradição da Igreja em identificar o autor. São inserções posteriores.
1.5. Os Evangelhos Sinópticos e as Soluções Antigas.
O problema dos sinópticos está no parentesco e na diversidade dos
evangelhos. O parentesco mostra disposição de conjunto: Jesus começa sua
atividade pública depois da prisão de João Batista, na Galiléia e conclui com a
marcha sobre Jerusalém. Os últimos dias ele estava nesta cidade, e a sua história
e a da sua paixão são narradas de acordo e simultaneidade nos evangelhos.
Muitas das narrativas tem uma concordância, detalhes e coincidências ou
divergências bem claras. Por exemplo: as parábolas nos outros evangelhos, as
aparições do ressuscitado, o evangelho da infância e o relato milagroso do
nascimento de Jesus, o relato dos pais de Jesus: Mateus menciona Belém, Lucas
em Nazaré, as genealogias em um evangelho começa por Abraão e a outra vai
ao contrario, de Jesus a Adão. Estas coisas mostram a discordância.
1.6. As soluções antigas
1.6.1. Teoria do Evangelho Primitivo.
G.E. Lessing fala dos sinópticos e da existência de um evangelho
primitivo escrito em aramaico que se perdeu, mas foi a fonte de cada escritor em
comum, que foi a base das narrativas dos evangelistas.
46
J.G. Eichhorn desenvolveu esta teoria mediante a suposição de que
nossos evangelhos não se basearam diretamente no evangelho primitivo, senão
em partes de escritos que derivam do mesmo.
1.6.2. Teoria da Tradição.
J.G. Herder e J.C.L. Giesler falam de que existiu uma fonte
inicialmente oral, esta tradição mostra que houve em seu início a instrução oral do
aramáico de palavras e historias que foram traduzidas para o grego em duas
versões: judeu-cristã e pagão -cristã, das quais saíram os evangelhos sinópticos.
A fixação em escrito precedeu um longo período da tradição oral.
1.6.3. Teoria dos Fragmentos.
Friedrich Ernest Daniel Schleiermacher é o autor desta tese e que foi
demonstrado posteriormente por H. Weissweiler. O evangelho desta forma não
utilizou um evangelho primitivo, nem outras exposições que abrangem toda a vida
de Jesus, mas usou um grande número de fragmentos ou composições, com
passagens isoladas que foram re-elaboradas e colecionadas não por razões
biográficas, mas por exigências objetivas.
1.6.4. Teoria da utilização de um Evangelho por outro - Teoria da
dependência.
47
Esta teoria é uma das mais aceitas até hoje. Primeiro houve um
evangelho mais antigo de Mc depois o de Mt. e o de Lc.: as coisas em comum nos
três evangelhos, as diferenças no outro são características de todos. Esta teoria
já era defendida na antiguidade por Santo Agostinho. J.J. Griesbach e de C.
Lidmann de que Mc. é um extrato de Mt. ou que Lc. é fonte para Mt. e Lc
montaram esta teoria.
1.6.5. Teoria das Fontes.
H. J. Holtzmann, C. Weizsacker e B. Weiss depois melhorada a
apresentação por P. Wernle trazem esta teoria das fontes: que Mc. é o primeiro
evangelho a ser escrito e que depois Mt. e Lc. utilizaram como fonte para os seus
evangelhos. Porém nas partes discordantes Mt. e Lc. eles utilizaram uma
segunda fonte, perdida, mas que pode ser reconstruída que continha os ditos de
Jesus e os seus discursos, chamada de fonte em alemão Quelle(Q).
1.6.6. Prioridade de Marcos.
Poucas são as passagens de Mc. que faltam em Mt. e em Lc. Mc.
Aparecem 90% em Mt. e Lc, tendo assim textos mais curtos. E se ocorrem
algumas variantes em Mt. e Lc. são estas versões posteriores dos mesmos. A
primeira tese é a confirmação da gramática deste material. A segunda é a
seqüência das narrações são as mesmas. A seqüência em Mc. É como fonte
primaria ocorre em Mt. e Lc. A terceira tese é que a forma lingüística e estilística e
por não dizer terminológica, fora os semitismos são idênticas.
48
A estatística mostra isso. B. de Solages numa estatística bem
elaborada mostrou que a composição verbal destes textos 10.650 palavras
aparecem 7.040 em Lc., 7.678 em Mt. e em conjunto 8.189 vezes.
A teoria principal é muito discutida por estes autores examinados: as
frases, os verbos mais curtos mais antigos se tornam os mais recentes, pois foram
inseridos depois como explicações
1.6.7. Fonte Q.
A teoria das fontes, a existência de uma fonte denominada de Q é
determinante. Mt. e Lc. tem muitas passagens comuns a Mc. e a maioria das
vezes os discursos ou relatos são freqüentes nas coincidências dos vocabulários.
Conclui-se disto que Mt. e Lc.
Eles utilizaram outra fonte, além do escrito de Mc. Principalmente, quando
relaciona os ditos e as parábolas de Jesus e João Batista. Esta fonte foi
designada como fonte dos discursos ou das logias ou dos ditos, que após o século
XX denominou-se de Q ( do alemão Quelle).
A fonte Q pode ser reconstruída, pois começava com a pregação de
João Batista e terminava com as parábolas escatológicas de Jesus: não fala da
morte de Jesus, fala das tentações Mt. 4,1-11 e Lc. 4,1-13; fala da história do
centurião de Cafarnaum Mt. 8,5-13 e Lc. 7,1-10.
Os diálogos são breves, referências antes sobre o local e a origem ou motivo
como a pergunta do Batista Mt. 11,1ss; Lc. 7,18ss; a perícope do Belzebu Mt.
12,22ss; Lc. 11,14ss a cura do endemoniado mudo.
49
Q era uma coleção de sentenças ou frases que fora transmitido em aramáico, a
língua de Jesus, que foi traduzida depois para o grego permanecendo
peculiaridades lingüísticas do idioma semítico.
1.6.8. As Fontes dos Ditos: Q
Como sabemos a fonte Q fora outrora na tradição oral os ditos, as frases e
os discursos de Jesus em aramaico. As logia são palavras do próprio Jesus. Estes
ditos foram transmitidos através de processos mnemônicos como fontes coletadas
por Mc. , Mt., e Lc.
Os paralelos de Q em Mt. e Lc. são seqüências e seções ou intercalações:
Lc. 6,20-8,3; Q e Lc. 3,7-9.16-17; 4,1-13; 6,20-49; 7,1-6a 9(10); 18,3-50; 9,57-
62; 10,8-16.21-24; 11,9-26(27-28.29-36-37-41-42-52) 12,1.2.22-34(35-38).39-46,
(47-50).51-59; 13,16-30.34.35; 14,15-24.26.27(34.35); 16,13.16-18; 17,1-6.23-
37.
Conclusão.
Hoje existem documentos e reconstruções do texto de Q. E o
evangelho extra-canônico Tomé que mostra os ditos de Jesus. Com as
descobertas dos textos de evangelhos apócrifos em Nag Hammadí no Egito muita
coisa tem sido esclarecido.
BURTON MACK - O Evangelho Perdido. A fonte Q, Editora Imago,
Rio de Janeiro, 1994.
50
MARVIN MAYER - O evangelho de Tomé. Editora Imago, Rio de Janeiro, 1996
2. EVANGELHO DE MARCOS.
Introdução.
O evangelho de Marcos apresenta-nos uma composição da atividade
de Jesus desde o batismo por João Batista até a sua morte através do relato do
sepulcro vazio. Este relato narra um fragmento da vida terrena de Jesus como o
filho de Deus nos Céus, o Senhor da comunidade que espera por Ele.
2.1. Conteúdo
1,1-8,26 - Atividades de Jesus dentro e fora da Galiléia
51
1,1-13 - começo de Evangelho.
1,14-45 - início do ministério de Jesus.
2,1-3,6 - conflitos
3,7-4,34 - Jesus, os discípulos e o povo.
4,35-5,43 - quatro milagres
6,1-8,26 - peregrinação de Jesus.
8,27-10,52 - O caminho de Jesus
8,27-9,1- confissão de Pedro, predição da paixão, sofrimento dos
discípulos de Jesus e os ditos escatológicos.
9,2-50 - transfiguração, cura do epilético, 2ª profecia da paixão e
instrução aos discípulos.
10 - palavras sobre o matrimônio, benção às crianças, os ricos,
terceira predição da morte, petições dos filhos de Zebedeu e a cura do cego de
Jericó.
11-16 - Jesus em Jerusalém
11,1-25 entrada triunfal em Jerusalém da purificação do templo.
11,26-12,44 polemica e doutrina
13 - escatologia
14.15 paixão
16,1-8 sepulcro vazio
16,9-20 2º fim do evangelho
2.2. Material de Mc
Os escritos tinham um material muito rico e múltiplo para apresentar
a atividade de Jesus e a sua morte. Ele é um técnico em compor literariamente
sua obra. Através de pequenas unidades, de peças isoladas, completas ou
52
autônomas Mc. compõe e combina seu evangelho. Ele concatena a tradição oral,
os materiais e elabora uma redação final.
Mc. 13 é um apocalipse que vai dos v 5-27 e ele usa a mesma técnica de
redação. Os v.35 compõem a introdução; v.28-37 um apêndice de exortação, as
interpolações v.7.8.10 fazem o composto final. Como nos outros sinópticos que
também possuem apocalipses tendo a origem na forma judaica são transformados
em apocalipse cristão.
O material final de Mc. é composto da tradição de Jesus
transmitindo no âmbito lingüístico o aramáico traduzido para o grego. Não como
em sua integridade em aramáico e traduzido depois, senão que tomou material
em aramáico e compôs em grego. O material final de Mc. é composto de :
diálogos, estórias de milagres, lendas, cristologias de cima e de baixo, milagres
mais teológicos que históricos.
2.3 Autor, local e data.
A tradição concebeu a autoria de Mc. ao sobrinho de Barnabé
chamado João Marcos, isto se deve à citação da patrística em Papias, Os erros
geográficos cometidos no evangelho exclui um escrito da palestina e a Mc. Ou um
judeu. Clemente de Alexandria coloca como local do escrito em Roma.
Papias diz que o escritor é Marcos e interprete de Pedro, o que exclui os
latinismos contraposto aos semitismos encontrados no evangelho. O mais
provável que foi escrito na Síria grega, a data de composição depois da destruição
de Jerusalém.
53
Mc. 15,38 fala do rompimento do véu do templo, da destruição do mesmo, isto
refere-se a destruição de Jerusalém em 70 d.C. Mc. Foi então escrito depois de
70 d.C.
O final do Evangelho de Mc. encerra com 16,8 o outro final é uma acréscimo
posterior, como a questão do apocalipse de Mc. 13 é de outro autor. O sentido do
Evangelho de Mc. é o querigma ou a pregação da morte e da ressurreição de
Jesus. A tendência do escrito é a apologia, o culto, a parenese e o dogma em
formação.
No Evangelho de Mc. reflete o conflito com os fariseus e escribas. O
contexto é a atuação de Jesus na Galiléia (Mc. 1-10), e em Jerusalém (Mc. 11-16).
No início fala do surgimento de Jesus 1,1-13, nas proximidades em Cafarnaum
1,14-45, os conflitos com os fariseus Mc. 2-3, as parábolas 4,1-34, os milagres
4,35-5,43 e outros textos são secundários. Mc. 11-13 relata os últimos dias de
Jesus, o apocalipse em 13, a história da paixão e do seu sofrimento 14,1-16,8.(S)
2.4. Teologia de Marcos.
A obra escrita para uma comunidade helenística. A pregação dirigia-
se a judeus helênicos, e cristãos de uma mesma comunidade. Preocupação com
Jesus da historio e o Cristo kerigmático. Este é o evangelho do conflito. O segredo
de Jesus da história. A cristologia do escrito é fundamental para a compreensão
do Messias, na escatologia e na história. Em seu corpo fala da fé, da paixão, da
ressurreição e da ascensão de Cristo.
54
Conclusão.
A Cristologia esta marcada pela geografia e a cronologia. As
parábolas mostram o conflito de Jesus e os fariseus, as leis contra a boa nova. O
cristo pregado e a implantação do reino que chega com sua atuação e a
mensagem do contraste da Galiléia e de a Jerusalém, o campo versus a cidade.
3. Evangelho de Mateus
Introdução.
55
Mateus é o evangelho re-elaborado a partir de Q e de Mc., foi
acrescido de outros materiais da tradição, dos ditos e de narrações diversas e de
fontes próprias. Diferentemente de Mc. Começa pela história da infância de Jesus
e termina com as narrativas do ressuscitado.
3.1. Conteúdo
1-4-começo
1.2 -infância
3-4 -preparação para a pregação
5-20- Jesus na Galiléia
5-7- sermão da montanha.
8-9- grandes obras de Jesus
10 - missão dos discípulos
11-12- Jesus e seus inimigos
13,1-53 -as sete parábolas do reino dos Céus
14,13-20,34- caminho da paixão
18- introdução dos discípulos
21-27- Jesus em Jerusalém.
21-22- últimas atividades de Jesus
23-25 -derradeiros discursos
26-27- paixão
28- história da páscoa.
3.2. Fontes e Tradições da Mt.
56
Mateus utiliza esquema de Mc. a partir de Mc. 14,1, pois a
seqüência entre Mc. e Mt. são idênticos. Mt. 3-13 tem desvios de Mc. , Mt.
Extraem os relatos de milagres de Mc. Em 1,40-45;4,35-41;5,1-20.21-43 onde o
evangelista tece as suas narrativas num ciclo de grandes façanhas de Jesus Mt. 8
e 9. Então Mt. 3-13 , também segue o esquema do Evangelho de Mc.(S)
Mt. elimina algumas coisas de Mc. Como a cura do possesso em Mc.
1,23ss; a do surdo-mudo em Mc. 7,32ss; e a do cego de Betsaida 8,22ss; o
exorcismo desconhecido em 9,38 s e a unção da viúva em 12,41ss.
O material dos discursos foi ordenado sistematicamente por Mt. e introduzido no
local adequado dentro do esquema maior de Mc. Mt. configura os ditos de Q e seu
próprio material dos grandes discursos, de Mc. e faz o seu evangelho.
Desta forma notamos que alguns textos comuns de Mc. em Mt. fora
re-elaborados: onde Mt. faz uma introdução e uma conclusão, dando uma
interpretação pessoal e o seu relato se torna mais longo que o inicial. Mt. re-
elabora literariamente as histórias de milagres de Mc..
Abrevia outros textos dando ênfase nas palavras de Jesus
convertendo-as em instruções morais. Mt. reduz o caráter novelista das narrativas
e as converte em apotegmas. Esta conversão tem o sentido estrito de doutrina.
3.3. Data, local e autor.
O uso do evangelho de Mt. surge na peculiaridade litúrgica ,
enquanto que Mc. era kerigmático. Mt.é também, um livro de pericopes cultuais.
57
Pode ser entendido também como um manual de doutrina, de pregação. Mt. tem
elementos catequéticos e litúrgicos.
O livro foi escrito para judeus convertidos (G.D. Kilpatrick, Krister
Sthendhal, Georg Strecker, opinaram desta forma sobre o Evangelho de Mt.). O
livro pode ser entendido como manual para os mestres como em Mt. 5,19; 23,8-12
e para catecúmenos em Mt 8,18ss, que é também uma forma kerígmatica.
O Evangelho de Mt. surge no contexto de um grupo misto judeu
cristão que não se separou ainda da sinagoga e se encontra em grande tensão
com o judaísmo. Nesta mesma comunidade também existem pagãos e cristãos. O
autor é desconhecido, o evangelho fala de seu autor como Mateus um perito da
lei, cristão como mestre, tem procedência judeu cristão.
A data somente é através de dados aproximados, a destruição de Jerusalém
pressupõe ter ocorrido Mt. 22,7 e 23,38. Então a data provável é 90 a 95, isto é,
final do século I d.C.
3.4. Teologia de Mateus.
O evangelho de Mt. É o evangelho dos judeus, a mensagem é para a
comunidade de Jerusalém. O reino dos céus diferentemente do reino de Deus nos
outros evangelistas. Começa com a infância e a páscoa como centro de sua
mensagem.
58
A salvação no evangelho começa na pregação da Galiléia, as
aparições de Jesus iniciam lá também. A cena mais importante do evangelho
começa na montanha: pregação, sermão, transfiguração, morte e ascensão.
Conclusão.
Em contraste anuncia não o filho de Deus, mas o filho do homem. O
evangelho é o primeiro que trata de uma cristologia, soteriologia, e de uma
eclesiologia. Mas a maior importância dada pelo escritor é sobre o ressuscitado do
que será o governador de todo mundo. Cristo é o Messias, filho de Davi.
59
4. EVANGELHO DE LUCAS
Introdução
Lucas é uma re-elaboração de Mc. e Mt. com uma grande diferença:
a composição literária e teológica. O estilo, o grego, e a objetividade da obra. O
seu texto tem uma continuidade e consonância com o Antigo Testamento. O
evangelho de Lucas é o ápice como continuação histórica em At. 1,1, que fala do
proto-logos, o primeiro livro. Tem como objetivos o seu evangelho efetuar uma
obra histórica. O autor usa as normas de narração da época. Lucas descreve a
vida, a história de Jesus como um fenômeno histórico.
4.1. Estrutura da Obra
A - Lc 1-2 história da infância do precursor e do messias.
B - Lc. 3,1-4,13 o começo da atividade
3. atividade do precursor
4,1-13 pregação do Messias
C - 4,14-9,50 atividade de Jesus na Galiléia
D - 9,51-19,27 Jesus em Jerusalém
E - 19,28-21,38 Jesus em Jerusalém e a sua atuação
F - 22-24 paixão e relatos pascais
4.2. Fontes
As fontes do Evangelho de Lc. podem ser procuradas em : Q, Mc. e
Mt., estes escritos adotam alguns dados de Mc. 1,21-3,19 para construir Lc. 4,31-
60
6,19 menos 5,1-11; em Mc. 4,1-9,41 para escrever Lc. 18,15-43 e por fim, Mc.
11,15-14,16 para reescrever Lc. 19,45-22,13.
Coisas que foram omitidas de propósito como partes de Mc. sobre os judeus Mc.
7,1-37, pois Lc. tem em mente os cristãos helênicos e não lhe interessa a
discussão sobre os assuntos judaicos. Na parte lingüística Lc. substitui a
preposição por de, e na maioria das vezes o verbo é transferido no início para o
meio ou para o fim da frase no seu texto.
Como outros historiadores Lc. usa a ênfase de testemunhos
oculares e indica assim a dependência de seus predecessores escritores.
Conforme alguns escritores anglo-saxões demonstraram que existiu um Proto-
Lucas.
Esta tese é de B.H. Streeter. Lc. a partir da fonte Q e de seu material (L) elabora o
seu escrito. O que podemos apreender é que Lc. assume Mc. como esquema e
introduz antes e depois de cada relato fazendo de seu trabalho de relatos uma
obra de historiador.
Em especial isto ocorre nos relatos das histórias da infância e os
relatos pascais. Ele coloca Q e o seu material, Proto Lc. ou L e os inserindo em
seu esquema de Mc., formando assim o seu evangelho.
Lc. 6,20-83 tem uma pequena intercalação: O grande relato da
viagem em 9,51-18,14, retornando depois ao esquema de Mc. Insere e reproduz
o material de Mc. de forma bastante completa. Sempre de forma litúrgica e
teológica são as suas coleções e inserções.(S)
61
Lucas apresenta uma técnica avançada de narrar superior a Mc. e
Mt.; ele pretende enquadrar historicamente os relatos de Jesus. Lucas pretende
ser a teologia da história da salvação.
Mostra a história de Jesus a partir do enquadramento geográfico da Galiléia e as
viagens e Jerusalém. Esta cidade é concebida diferentemente de Mc. e Mt que é o
local da paixão e para estes, para Lucas é a cidade santa do povo de Deus.(?)
4.3. Data , Local e autor.
A critica moderna atribui a autoria a Lucas’, o médico, o evangelho
pode ter sido redigido depois da destruição de Jerusalém após o ano de 70 d.C.,
quase na época de Mt., mais exato seria coloca-lo em 90 d.C., o local é impossível
de se descobrir. O seu prólogo é anti-marcionita e a região pode ser a Acáia, ou
deve ser localizado em qualquer parte da região cristã helenística.
4.4. Teologia de Lucas.
Este escritor prega o Cristo redivivo. Faz uma biografia de Jesus
completa diferentemente dos outros evangelistas. A preocupação histórica é muito
importante ao escritor. Narra a história e as datas. O evangelho da biografia: prega
a importância do Batista e a morte de cristo. Narra a infância e outros relatos de
forma artística.
Conclusão.
62
Prega a salvação universal e já acusa o retardamento da parusia e a
proximidade da formação da igreja. Trata de uma história, da escatologia. Na
historia mostra o autor que Cristo é o centro do tempo. Traz uma imagem de
Jesus sem precedentes.
5. TEORIAS DAS FONTES
Q
Mc Mt
Lc
Q
Mc aramaico
Mc grego Mt
Lc
Q
63
Mc
Mt Q Mt
Mc
L Lc
Q
Mc Mt
Lc
64
6. ATOS DOS APÓSTOLOS
Introdução.
Atos dos apóstolos é a continuação viva de Lucas, tanto na história
como na literatura. O livro começa com a narração dos atos dos apóstolos e
termina com a prisão de Paulo em Roma. A estrutura da obra é a menos unitária
do Novo Testamento. A conciliação sobre a discussão do livro de Atos ainda
persiste em nossa época.
6.1. Conteúdo.
1-12- época da igreja primitiva
1-5 -comunidade inicial
1- pentecostes, eleição de Matias
2- pentecostes
3 - 4 cura do paralítico, pregação de Pedro
5,1-11 Ananias e Safira
5,12-42 prisão, Gamaliel
65
6- instituição dos diáconos e Estevão
7- defesa de Estevão e sua morte
8- Primeira perseguição da igreja, Simão o mágico, Pedro e João em
Samaria, Filipe e o eunuco
9 - conversão de Saulo, visita de Ananias, Saulo em Damasco
em Jerusalém e em Tarso, a cura de Enéas, a ressurreição de
Dorcas
10 -O centurião Cornélio, visão de Pedro, visita a Jope e
descida do Espírito Santo
11- A defesa de Pedro, os discípulos cristãos em Antioquia
12- perseguição da comunidade primitiva por Agripo.
13- Barnabé e Saulo - primeira viagem missionária João Marcos
volta para Jerusalém
14- Paulo e Barnabé em Iconio, a cura de um coxo em Listra
Paulo é apedrejado
15-a controvérsia sobre a circuncisão, reunião de presbíteros e
apóstolos em Jerusalém, envio a Antioquia, 2ª viagem
missionária de Paulo e a separação de Barnabé
16- Paulo leva consigo Timóteo, a visão em Troade, Paulo em Filipos
Paulo e Silas presos em Troade, a conversão do carcereiro, saída
da prisão.
17- Os dois em Tessalônica, depois em Bereia discurso em Atenas.
18 -Paulo em Corinto, anuncio de Jesus, perante Gálio, final da 2ª
viagem missionária, inicio da 3ª viagem.
19- Paulo em Éfeso, na escola de Tirano, envio de Erasmo e
Timóteo a Macedônia, conflito com Demétrio.
20 -Paulo na Macedônia e Grécia, em Troade em Assos e Mileto.
66
21- Paulo em Tiro, em Cesárea, em Jerusalém prisão de Paulo.
22 - Paulo e sua defesa.
23- Paulo no Sinédrio, perante Cláudio e Felix, no pretório com
Herodes.
24- Ananias e Teriulo acusam Paulo a Félix, ele se defende
perante Felix e Drusila.
25 -Paulo perante Festo, apela a César, Festo leva-o a Agripa
26 -Paulo fala a Agripa e é interrompido por Festo, teria sido solto
se ano tivesse apelado a César.
27- Paulo vai para Itália, perigo na viagem, naufrágio
28- Ilha de Malta, continua a viagem, em Roma, prega na prisão
por dois anos.
6.2. O Texto.
Vários textos de At. foram conservados como manuscritos: O Códice
Vaticano, o Alexandrino, o palimpsesto de Santo Efrem, o de Papias , citações
dos pais apostólicos alexandrinos. No texto ocidental o códice Cantabrigense, os
papiros 38 e 48, antigos textos latinos, glosas marginais da versão siríaca, e os
padres latinos. O texto ocidental é o mais longo com releituras. Na época da
patrística já se dizia que o autor desta obra era Lucas o evangelista.
6.3. Relação de Atos e Lucas.
Na introdução de At. mostra a relação com o Evangelho de Lucas, com
a dedicatória a Teófilo (o amigo de Deus), a menção ao primeiro livro, e a
67
indicação sumária com contexto. A hipótese de que este relato inicial seja uma
interpolação, ou que em princípio Lc. e At. eram um único livro. Lc. Foi conectado
ao livro de At. 1,6ss a Lc 24,19. O livro foi dividido em duas partes para ser
incluído no cânon.
A relação de estilo e de linguagem é muito grande entre estes dois
escritos.
6.4. As Fontes de Atos.
O autor de At. não conseguiria inventar todo conteúdo da obra,
senão que elaborou a partir da existência de algum material. O material da
tradição ou de fontes: escritos isolados, passagens, tradições orais fixadas através
do tempo. O grande problema comparando com outros escritos é que não existem
paralelos em At. como os outros livros.
Os indícios internos, diferenças de estilos( o eu e o nós),
terminologia contradições, duplicatas: At. 1-12 não tem tradição fora de relatos
isolados, esta lista de nomes e atos particulares de alguns discípulos tem-se
passado de forma oral.
O martírio de Estevão por apedrejamento já estava escrito. Paulo
menciona o autor como sendo Saulo o líder do martírio. Os atos de Paulo. Aqui
existe um grande problema que é o relato em eu e nós. Fica muito complicada a
explicação da mudança dos pronomes e da autoria: o autor fala das testemunhas
oculares narrativas em nós , e aquele que segue Paulo em suas missões. O autor
finge estar sempre com o missionário nas narrativas em eu.
68
Esta situação pode se explicar que as seções em eu e nós
referem-se a uma fonte antiga e outra recente existentes do qual o escritor usou
compor a sua obra. A tese do itinerário é amplamente aceita, mas surge uma
dificuldade, pois este gênero literário não existia na época de Paulo e é bem mais
recente.
A tese do acompanhante volta à baila. Alguém que devia ter
acompanhado o apóstolo durante as suas viagens, deve ter sido o autor. A
tradição entende ser o médico Lucas o autor desta obra ( Cl. 4,14 e Fm. 24) .
Conclusão.
O autor desta obra empregou o meio literário de informação própria
para mostra a testemunha ocular em alguns setores da vida de Paulo. O itinerário
de modo algum deve ser o fio condutor da obra senão que representa o fio
mediador de 13,4-21. A fonte de origem não cristã que não deve ter nada a ver
com Paulo serve de base para o relato da viagem 27,1-28,2 e o resto do material
considerável como fonte de narração isoladamente.
O pseudônimo de lendas em torno de pessoas e seus nomes, o
interesse milagroso caracterizam com a que as comunidades mais antigas
guardavam as recordações da época primitiva do cristianismo.
6.5. Autor, tempo e lugar.
69
Não foi Lc. o autor, este fiel companheiro de Paulo nas viagens. A
data é muito controvertida: entre 95 d.C. e início do II século d.C., mais ou menos
115 ou 130 d.C. O lugar da redação tanto pode ser na Ásia menor, como na
Macedônia ou Grécia.
6.6. Teologia de Atos.
Esta obra traça a teologia da igreja nascente, em sua perspectiva
missionária. Começa a narrar no inicio a ascensão e o pentecostes até o final da
missão de Pedro e de Paulo em Roma. Aqui a obra continua a narração da
historia da salvação fazendo conexão da obra de Cristo encerrada e o inicio de
uma grande obra. A missão da igreja começa com a vinda do Espírito Santo
substituindo Jesus em sua missão.
Esta pregação não é só de um apóstolo, como o mesmo título
enuncia, os atos de vários apóstolos. A história da salvação é descrita em etapas:
a comunidade de nascente, as ações dos discípulos, a origem dos apóstolos e do
apostolo maior - Paulo e a missão da toda a comunidade.
Conclusão.
A história desta obra descreve os períodos: as testemunhas oculares, a
ressurreição de Jesus, o apostolado, a comunidade de bens e pregação. Assim
sendo, a teologia da comunidade em expansão e missão, na sua pregação de
Cristo, que ascendeu aos céus e enviou o parácleto (consolação).
70
7. Evangelho de João
Introdução.
O evangelho de João ou denominado quarto evangelho é diferente
dos sinópticos em gênero e grau. Um dos maiores intérpretes de João, é Charles
H. Dodd diz que "este evangelho é como a chave de uma abóbada que não se
mantém de pé".
Este é o evangelho do enigma. A tradição costumou a atribuir a autoria ao filho de
Zebedeu, o apóstolo designado como discípulo amado. O grande problema inicia
quando a obra é analisada do ponto de vista literário-doutrinário.
71
7.1. Evangelho de João.
O livro tem sido usado por montanistas e gnósticos como leitura freqüente. Se
fosse o discípulo amado o autor necessitar ter escrito em aramáico e não em
grego. O prólogo é um hino cristológico contra os herejes gnósticos. O evangelho
é menos histórico e mais teológico.
Outros problemas surgem: a questão literária, a questão da origem e da situação
de João dentro do quadro da história das religiões em comparação com os
sinópticos: sua linguagem, seus conceitos e seu simbolismo. As origens mandéia
e maniquéia se inserem dentro do escrito joanino.
7.2. Conteúdo.
1,1-18 - Prólogo
1,19 - seguindo o prólogo
1 - testemunho do Batista, primeiros discípulos
2 - bodas de Caná, a expulsão dos mercadores do templo, Jesus e
Nicodemos
3 - Jesus e o Batista, o testemunho
4 - Jesus e a samaritana
5 - a cura na piscina, discurso de Jesus
6 - milagre, caminhar sobre as águas, sinais, pão da vida, confissão
de
Pedro
72
7 - Jesus e a mulher adultera
8 - disputa com os Judeus
9 - a cura do cego de nascença
10 - discurso sobre o bom pastor
11 - ressurreição de Lázaro, complô contra Jesus, peregrinos
12 - unção em Betânia, entrada em Jerusalém, os gregos
a glorificação, pregação
13 - 20 - Jesus e os seus
13 - lava-pés, traição e traidor, despedida
14-16 - discursos de despedida
17 - oração sacerdotal.
20 - relatos da páscoa
18,1-12 julgamento de Jesus
18,13-27 juízo ante o sacerdote e as negações de Pedro.
18, 28-19,16a Jesus diante de Pilatos
19,38-42 sepultamento
20 relatos da páscoa, Pedro e o discípulo amado, aparição a Maria
aparição aos discípulos, Jesus e Tomé
20,30s - primeira conclusão de João
21 o ressurrecto, aparição de Jesus no mar de Tiberiade
Jesus, Pedro e o discípulo amado
21,24.25 - 2ª conclusão do livro.
7.3. João e os Sinópticos.
Este difere e em muito dos sinópticos. Se compararmos existe uma
diversidade de detalhes. Jo. relata a história de Jesus, sua morte sua ressurreição.
73
Se Jo. conhecia os outros evangelhos superou-os e corrigiu-os. Ele elaborou um
evangelho diferente dos outros. A diferença começa com o marco cronológico e
geográfico da vida de Jesus.
Nos sinópticos Jesus começa pela Galiléia, em João, começa na Galiléia, em
Jerusalém em Judá. Ele fala de três entradas em Jerusalém e os sinópticos uma ,
os sinópticos falam de uma páscoa, Jo. fala de várias (11,15;12,1,18,28) e outras
festas (2,13;6,4). A duração da missão de Jesus nos Sinópticos dura um ano, em
Jo. mais de dois anos. Na morte de Jesus os Sinópticos fala no 1º dia da Páscoa,
no dia 15 do mês de Nisan, em Jo. o dia anterior no dia 14.
Nos discursos de Jesus, os Sinópticos mostram sentenças e grupos
de ditos; e põe outro lado são meditações amplas que se parecem com diálogos
polêmicos ou didáticos. Os milagres também são mais extensos e Jo. narra alguns
que não se encontram nos Sinópticos.
7.4. Fontes de João.
Coleções de milagres, de discursos e o relato da paixão, dois inícios
e dois finais, a escatologia são as fontes do evangelista João. A fonte cristológica
de Jo. é diferente: ele esboça a preexistência de Jesus que não ocorre nos outros
sinópticos. O dualismo é uma constante, o sincretismo religioso mandeu e
gnósticos ocorre em seu pensamento.
7.5. Autor, data e local.
74
A igreja e a tradição sempre enfatizaram a autoria de João o
discípulo amado e certas evidências mostram isto, só que ocorre no 2º final de Jo.
Neste final ocorre uma contraposição entre Pedro e Jo. A patrística com Irineu em
180 d.C. Policarpo de Esmirna fala que Jo. aos 86 anos sofreu o martírio em 155
d.C.
Eles pensam ser Jo. o discípulo amado, contra esta concepção tem as
articulações comparadas com os evangelhos Sinópticos, houve um presbítero
chamado também João e a notícia está em Eusébio de Cesárea e em Papias de
Hierápolis.
Somente após 180 d.C. que o Evangelho recebe o nome de Evangelho de Jo.,
este nome foi dado pela tradição do próprio Jo., ou seja, poderia ter sido um
discípulo de Jo. Que lhe faz uma homenagem. O local e a data são difíceis de se
precisar. Foi escrito no Egito em 125 d.C.
Sendo que o discípulo Jo. havia morrido com Tiago seu irmão muito tempo antes.
A folha do papiro P52 que se tornou conhecido a partir de 1935 e que contém
versículos de Jo. 18 e que provém do Egito e foi escrita mais ou menos em 125
d.C. nas descobertas realizadas neste local.
7.6. Teologia de João.
A diferença do quarto evangelho para os sinópticos ocorre na
exposição de Jesus: para os sinópticos Jesus é terreno e para João é glorificado.
João segue outro esquema literário, cronológico e geográfico diferentemente dos
75
sinópticos, a estrutura dos discursos, a estrutura dos evangelhos em tensões e
incoerências.
Conclusão.
João começa o evangelho com um hino de louvor à palavra e a
criação, combate o gnosticismo, para ele Jesus não é o Messias, o filho de Deus,
mas o Cristo Glorificado e o pastor. O evangelho no seu corpo integral é o que
anuncia os semeion (sinais). Este é o livro dos sinais e dos prodígios.
As festas no evangelho de João tem uma importância primordial, a
páscoa e das cabanas aparecem no evangelistas. O eu tem precedente em
relação aos adversários de Jesus. A fé pascal, o ressurrecto e elevado, o
glorificado fazem do evangelho de João e da sua teologia a combinação do Cristo
preexistente e do exaltado.
8. I João.
Introdução.
76
Esta carta não é uma epístola comum como as que vimos
anteriormente, falta a apresentação, a saudação e a benção. Foi escrita por causa
das falsas doutrinas e de heresias. Não é uma carta para a comunidade como I
Co. e outras, nem uma circular como Gal. , mas se parece mais com Jd. E II Pe.
O Estilo, o modelo e a redação traz um problema da não unidade literária,
formada por breves e agudas antíteses, alternando com passagens desconexas e
amplas.
Usa sentenças breves, apodícticas, formuladas por paralelismus membrorum
precedidas de particípio, parece-se com uma homilia parenética, interpela os
ouvintes, tem origem gnóstica, usa material tradicional da literatura cristã primitiva.
Analisando profundamente há ruptura estilística, mudança de rítmo, re-
interpretação de ditos e um tema comum: comunhão com Deus e o amor fraterno,
contra o pecado e a ênfase na inocência. Há uma escatologia futurista e uma
cristologia inserida.
8.1. Conteúdo.
O conteúdo é contra os falsos mestres cristãos, a ameaça de
heresia. Existe uma ligação detemos , de exortação, de doutrinas e
controvérsias que se justapõe, sem rigidez nenhuma nesta epistola joanina.
1 - comunhão com os cristãos e Deus.
77
2 - conhecimento de Deus, vencer o mundo, contra os falsos
mestres,
filiação divina e amor aos irmãos.
3 - amor ao próximo
4 - falsos mestres, amor fraterno
5 - comunhão com Deus e a conclusão
8.2. Local, data e autoria.
A controvérsia com os hereges gnósticos pressupõe o local da Ásia menor em que foi escrito ou conforme Inácio de Antioquia seria a Síria, no começo do século II d.C. ou mais tarde conforme Policarpo de Esmirna e Justino Mártir no período de 130 até 150 d.C. Autoria não é possível demonstrar, só Deus sabe.
9. GLOSSÁRIO.
Abóbada - parte arredondada superior de um templo ou igreja.Apócrifos- não revelados, escondidos .Apodíticos- lei que proíbe, como exemplo : os mandamentos.Ataraxia- virtude para os gregos.
78
Aristocracia- governo da elite.Burocracia - governo do buro (escritório).Catequético- ensino , catequese.Circundante- aquele que circula.Cânon- os escritos do Antigo e do Novo Testamento.Códices, códigos- textos do Antigo ou do Novo Testamento.Controvérsia- polemica, discussão.Dualismo- doutrina grega , bem e mal, etc.Eleusis- deusa grega.Escravagista- aquele que pratica a escravidão.Genealogias- as origens do parentesco, pais, avós ,etc.Helênicos/helenizados- referentes à cultura grega.Inserções- acréscimos no meio de uma frase ou texto.Interpolações- acréscimos no meio de um texto.Logia- palavras do próprio Jesus.Mandeu - doutrina religiosa do mazdaismo( religião persa).Maniqueu- doutrina da filosofia grega maniqueísmo.Montanistas- heresia de Montano.Nag Hammadí - cidade do Egito onde foram descobertos os evangelhos apócrifos.Gnósticos - filosofia grega do conhecimento.Hereges – os que praticavam a heresia- doutrina contraria ao cristianismo.Joanina- as cartas de João.Oxirrynco - cidade do Egito onde foram descobertos os papiros do Novo Testamento.Parenética- parenese- exortação.Patrística - os pais apostólicos.Pax Romana- a paz de Roma.Perícope - o texto que está envolvido por outros textos anteriores e posteriores.Pseudepigrades- falsos escritos.Selêucidas - relativo ao governo persa.Semitismos- várias palavras hebraicas e aramaicas passadas para o grego sem tradução.Sinópticos- resumo, os evangelhos de Mc, Mt e Lc.Textus receptus- texto recebido.Uncial- manuscrito do Novo Testamento escrito.
10.AVALIAÇÃO.
79
1- O Evangelho de João foi escrito por___________________________.2- Atos e Lucas foram escritos por______________________________.3- Quantos João têm no grupo dos discípulos.
a- doisb- três.c- Um.d- Quatroe- Cinco.
4-Quantas viagens missionárias têm em Atos dos Apóstolos: a- duas. b- três. c- quatro. d- cinco. e- nenhuma
5- Quantos sumos sacerdotes atuavam na época de Jesus. a- um. b- dois. c-tres. d-quatro. e-nenhum.6-quantos manuscritos do Novo Testamento possuem,
a- cinco milb- quatro milc- três mild- dez mile- 5542.
7-qual foi a primeira carta de Paulo a se escrita.a- Gal.b- I Tess.c- I Cord- Efe- II Tess
8-Qual evangelho sinóptico foi escrito primeiro.a- Mcb- Lcc- Matd- Lc e Mate- Mar e Lc
9-Em que ano foi escrito o primeiro livro do Novo Testamento. a- 30b-40.c-45.d- 55.e-60.
10-Quando o cânon do Novo Testamento foi fechado.a- 110 d.C.b- 150 d.C.
80
c- 140 a.C.d- 300 d.C.e- 330 d.C.
11-em que ano morreu Jesus. a-30 b-33 c-35 d-40 e-5012-Nero coloca fogo em Roma e Paulo e Pedro morrem em que ano. a-54 b-68 c-60 d-40 e-56 13- relacionar . Paulo( ) ( ) Pedro Atos ( ) ( ) João Evang de João ( ) Tiago I PED( ) ( ) Gal TIAGO( ) ( ) Lucas.
14- Discuta a questão da influencia do mundo histórico – social no Novo Testamento.15- Os relatos do Novo Testamento recusam, combatem ou usam material de outras religiões para combate-las. Escreva l5 linhas.16- Quem escreveu Atos e Lucas.17- quem começa a divulgar a igreja primitiva.18- onde os cristãos receberam este nome.19-quem recusa a comer os animais impuros no N T.20-quem teve um naufrágio varias vezes no N T.21- Faça uma redação sobre a importância do estudo dos textos do N T.
81
11.BIBLIOGRAFIA.
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