estabelecimento virtual – necessidade de normatização

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES- INSTITUTO A VEZ DO MESTRE CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO DE DIREITO EMPRESARIAL E DOS NEGÓCIOS ESTABELECIMENTO VIRTUAL – NECESSIDADE DE NORMATIZAÇÃO Por: GRAZIELA MAGALHÃES DE BARROS ORIENTADOR: FRANCIS RAJZMAN Rio de Janeiro 2010

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Page 1: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES- INSTITUTO A VEZ DO MESTRE CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO DE DIREITO EMPRESARIAL E DOS

NEGÓCIOS

ESTABELECIMENTO VIRTUAL – NECESSIDADE DE NORMATIZAÇÃO

Por: GRAZIELA MAGALHÃES DE BARROS

ORIENTADOR: FRANCIS RAJZMAN

Rio de Janeiro

2010

Page 2: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES- INSTITUTO A VEZ DO MESTRE CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO DE DIREITO EMPRESARIAL E DOS

NEGÓCIOS

ESTABELECIMENTO VIRTUAL – NECESSIDADE DE NORMATIZAÇÃO

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Direito

Empresarial e dos Negócios

Por: Graziela Magalhães de Barros

Page 3: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

3

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha querida mãe Maria Alice,

meu pai, avós, tios e primos pelo carinho e amor.

Page 4: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

4

AGRADECIMENTOS

Aos meus grandes amigos pela solidariedade em ter

que conviver com a minha ausência nos finais de

semana para concretizar o presente trabalho.

Ao meu amigo Luis Henrique pelo carinho ao longo do

meu curso.

A minha professora de Direito Societário- Ieda

Tatiana, a qual ministrando suas aulas comentou

sobre a inovação do Estabelecimento virtual e

despertou minha vontade de estudar melhor o tema.

Page 5: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

5

RESUMO

Indiscutível, as grandes transformações que estão surgindo no mundo

virtual, não podendo ser diferente no âmbito jurídico.

Assim surge o instituto do “estabelecimento virtual”, o qual proporciona

conforto, praticidade, dentre outras vantagens, sem a necessidade de ter que se

deslocar até o estabelecimento físico, tradicional, para aquisição de produtos e

serviços através de acesso eletrônico.

Do mesmo modo, cresce de forma absurda, o comercio eletrônico que é

realizado através do estabelecimento virtual, o qual é tratado como espécie do

gênero estabelecimento empresarial.

O tema é complexo e cria opiniões distintas, apesar da certeza de que o

presente instituto nos trouxe mudanças no direito empresarial e outras áreas,

motivo pelo qual, requer atenção e estudos.

Assim, vamos abordar o mundo mágico do comércio eletrônico, as

vantagens e perigos que são oferecidas ao consumidor, a aplicação do Código de

Defesa do Consumidor no momento da celebração dos contratos, bem como,

possíveis soluções contra a prática abusiva que os produtos e serviços são

ofertados na rede.

Em suma, pretendemos demonstrar a importância do tema, face aos

inúmeros contratos celebrados e a importância de norma especifica para regular a

matéria.

Page 6: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

6

SUMÁRIO RESUMO 05

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I- DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL......................................09

1.1- Conceito...........................................................................................................09

1.2- Da natureza Jurídica........................................................................................11

CAPÍTULO II- DO ESTABELECIMENTO VIRTUAL...............................................13

2.1- Conceito...........................................................................................................13

2.2- Da natureza Jurídica.......................................................................................15

2.3- Das vantagens e Desvantagens do estabelecimento virtual............................15

2.4- Atributos...........................................................................................................16

CAPÍTULO III- DISTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL E DO

ESTABELECIMENTO VIRTUAL.............................................................................17

3.1- Natureza Jurídica.............................................................................................18

3.2- Ponto Comercial ..............................................................................................18

CAPÍTULO IV- DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS.............................................20

4.1- Conceito...........................................................................................................20

4.2- Classificação....................................................................................................21

4.2.1- Contratos intersistêmicos.............................................................................21

4.2.2- Contratos interativos....................................................................................22

4.2.3- Contratos interpessoais...............................................................................22

Page 7: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

7

CAPÍTULO V- DOS PRINCIPIOS GERAIS APLICÁVEIS AOS CONTRATOS

ELETRÔNICOS......................................................................................................22

5.1- Princípios da equivalência funcional dos atos produzidos por meios

eletrônicos com os contratos realizados por meios tradicionais.............................23

5.2-Principio da neutralidade tecnológica das normas reguladoras existentes no

comércio eletrônico.................................................................................................23

5.3-Princípio da conservação e aplicação das normas jurídicas existentes nas

obrigações e contratos eletrônicos.........................................................................24

5.4-Princípio da boa-fé objetiva aos contratos eletrônicos.....................................24

5.5-Princípio da autonomia privada ou da liberdade de contratar..........................26

CAPÍTULO VI- A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO

CONSUMIDOR NOS CONTRATOS ELETRÔNICOS............................................26

6.1- Da Responsabilidade e direitos do Consumidor x Sociedade empresária nos

contratos eletrônicos...............................................................................................29

6.2- Do direito de arrependimento nos contratos eletrônicos.................................30

CAPÍTULO VII- NECESSIDADE DE NORMA ESPECÍFICA..................................32

CONCLUSÃO.........................................................................................................33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................35

ANEXO...................................................................................................................37

Page 8: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

8

INTRODUÇÃO

O presente trabalho aborda a fundamental importância do novo instituto do

estabelecimento virtual, que nos traz novas perspectivas acerca dos conceitos

tradicionais que permeavam o estabelecimento empresarial tradicional.

Um destes novos conceitos é quanto ao modo de acessibilidade que antes

o consumidor tinha que se deslocar até o imóvel onde estava situado o

estabelecimento para aquisição de produtos ou a prestação de serviços, e hoje, no

estabelecimento virtual o consumidor tem acesso por via de transmissão de

dados, ou seja, pela internet.

A partir desse ponto, vamos analisar os bens que integram o

estabelecimento virtual e suas diferenças do estabelecimento tradicional, sua

definição, natureza, jurídica, atribuição, bem como, a nova forma de comércio

através da rede, denominados “contratos eletrônicos”

Ressalta-se ainda, que a constituição do estabelecimento virtual, não exime

a sociedade empresária dos eventuais insucessos e prejuízos dessa nova forma

de constituição, devendo responder pelas obrigações contraídas.

Desse modo, diante dos problemas advindos da celebração dos contratos

eletrônicos, outro ponto de igual importância que será discutido é quanto à

aplicação do nosso Código de Defesa do Consumidor que apesar de não regular a

matéria, exerce grande papel para dirimir os conflitos nas relações de consumo

realizadas de forma virtual.

Contudo, falta norma especifica para regular a matéria, face às

peculiaridades desta atividade tecnológica que cresce de modo avassalador,

modificando-se a cada dia, para que possa proporcionar maior segurança ao

consumidor no mundo virtual.

Page 9: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

9

1. DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

1.1. Conceito:

O conceito de estabelecimento empresarial é antigo, o qual tinha como

expressão “comercial”.

O estabelecimento empresarial nada mais é que um conjunto de bens,

corpóreos ou incorpóreos reunidos pelo empresário para a exploração de uma

atividade econômica.

No nosso novo Código Civil, o conceito de estabelecimento empresarial

está contido no artigo 1.142 que diz que:

“Art.1.142: Considera-se estabelecimento todo

complexo de bens organizado, para exercício da

empresa, por empresário, ou por sociedade

empresária”.

Para nossa doutrina, o conceito de estabelecimento regulado por este artigo

foi denominado como estabelecimento comercial ou fundo de comércio. Este

estabelecimento seria ainda, um mero instrumento de trabalho para a atividade

empresarial, levando-se em consideração o capital e o patrimônio da empresa

realizado pelo titular do estabelecimento.

No estabelecimento empresarial são necessários três fatores para o

exercício da empresa, quais sejam: o trabalho, a organização e o capital.

Para Carvalho de Mendonça, estabelecimento comercial

“é o complexo de meios materiais e imateriais,

pelos quais o comerciante explora determinada espécie

de comércio.”

Page 10: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

10

Oscar Barreto entende por estabelecimento comercial:

“o complexo de bens, materiais e imateriais, que

constituem o instrumento utilizado pelo comerciante

para a exploração de determinada atividade mercantil”.

Túlio Ascarelli sobre o tema diz que:

“A tutela do estabelecimento não decorre,

parece-me de um direito absoluto sobre o

estabelecimento, que tenha por objeto uma nova “res”

e seja distinto dos direitos cujos objetos são os vários

elementos componentes do estabelecimento. Estes

elementos constituem, sim, no seu conjunto, uma

organização e sua conexão não é desprovida de valor

econômico e relevância jurídica, mas cada qual deles

continua sujeito a sua própria disciplina, de bens

móveis, créditos, bens imateriais, não constitui o seu

conjunto, o estabelecimento, “um novo” bem, uma nova

“res” objeto de direitos reais. (1947, p.201-202).”

Sylvio Marcondes apresenta o conceito de estabelecimento da seguinte

forma:

“Quanto ao estabelecimento (azienda), a doutrina

dominante tem indicado, sob esse nome, não o

complexo de relações jurídicas do empresário, para o

exercício de sua atividade empreendedora- patrimônio

aziendale- mas o complexo de bens, que são os

instrumentos com os quais o empresário exerce aquela

atividade. (1977, p.24).”

Para Fábio Ulhoa Coelho, o estabelecimento empresarial:

Page 11: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

11

“é o conjunto de bens reunidos pelo empresário para

exploração de sua atividade econômica.”(COELHO,

2004, p. 96)

Da análise de tais conceitos de estabelecimento empresarial tem-se que é

necessária, a reunião de bens corpóreos ou incorpóreos, colocados a disposição

do empreendimento pelo empresário, que podem ser agrupados, bem como

reagrupados e que geralmente são retirados de seus próprios bens, os quais não

se confundirão e formam parte de outro patrimônio próprio da empresa, tendo por

objeto o exercício de sua atividade econômica.

Atualmente, o estabelecimento empresarial nada mais é do que o local

onde as pessoas exercem a mercancia, também chamado fundo de comércio

(fonds de commerce, na França e azienda, na Itália), negócio comercial ou apenas

casa de comércio.

A partir desta análise, que devemos avaliar as compras efetuadas através

de sites da internet, posto que a lei não faz menção expressa ao aspecto físico.

Logo, o instrumento da atividade econômica do estabelecimento empresarial pode

ser constituído por meio de documentos escritos que evidenciem um acordo entre

as partes e, também de modo virtual, mediante a celebração de contratos

eletrônicos.

1.2. Da Natureza Jurídica:

A natureza Jurídica no estabelecimento empresarial, conforme nos

ensina Fábio Ulhoa, apresentam os seguintes pontos-chaves:

1) O estabelecimento empresarial não é sujeito de direito;

2) O estabelecimento empresarial é uma coisa;

3) O estabelecimento empresarial integra o patrimônio da sociedade

empresária.

Page 12: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

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Alguns entendem que a natureza Jurídica pode ser prontamente

encontrada se diferenciarmos empresário, a empresa e o estabelecimento

empresarial.

Isto porque, Fabio Ulhoa entende que pela definição de empresário

contida no artigo 966 do Código Civil que diz “quem exerce profissionalmente

atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens e

serviços” conclui-se que o estabelecimento empresarial não pode ser o sujeito de

direito nesta relação, sendo uma coisa, composta de elementos corpóreos e

incorpóreos, unidas pelo empresário, que é sujeito de direito na relação para que

possa exercer sua atividade.

Desta feita, sendo o empresário sujeito da relação, o que tem

competência para exercer sua atividade econômica, a empresa por sua vez, é a

atividade econômica organizada que é formada pelo estabelecimento empresarial,

que é o complexo de bens organizados para o exercício da atividade- fica sendo

uma coisa a sua natureza jurídica.

Em outras palavras, o estabelecimento empresarial é o objeto de

direito e não sujeito de direito, motivo pelo qual prevalece como sendo a natureza

jurídica do estabelecimento empresarial a universalidade de fato e bem integrante

do patrimônio do empresário.

Desta forma, após tais considerações sobre o instituto do

estabelecimento empresarial, passaremos ao estudo do estabelecimento virtual.

Page 13: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

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2. DO ESTABELECIMENTO VIRTUAL

2.1-Conceito:

Para Fábio Ulhoa Coelho:

“Estabelecimento virtual (cyberstore ou virtual store) é

aquele que realiza negócios comerciais em que o

contratante ou consumidor manifesta a aceitação em

relação às ofertas por meio de transmissão eletrônica

de dados, sendo fisicamente inacessível: o consumidor

ou adquirente devem manifestar a aceitação por meio

de transmissão eletrônica de dados”. (Coelho, 2000,

p.33).

O estabelecimento virtual para alguns é tido como “estabelecimento

ilusório”, se constitui dos mesmos bens que integram o estabelecimento físico,

tendo como diferença a desnecessidade de deslocamento para aquisição de

determinado produto.

Hoje, é através do estabelecimento virtual em que muitas transações

comerciais vêm sendo concretizadas.

Para melhor elucidar, muitos estabelecimentos empresariais já

possuem seu estabelecimento virtual, o qual o consumidor poderá adentrá-lo

através do seu endereço eletrônico, cuja identificação é o domínio, como é o caso

das Lojas Americanas, onde o seu estabelecimento virtual é encontrado no:

www.lojasamericanas.com .

Vale ressaltar que ocorrendo negócio no interior do estabelecimento

virtual, este será chamado de comércio eletrônico.

O estabelecimento empresarial como já vimos anteriormente, nada

mais é do que um complexo de bens organizados pelo empresário para o

Page 14: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

14

exercício da empresa possui caráter unitário, representado não só pela base física

onde funciona a empresa, como também outros elementos corpóreos e

incorpóreos que possuem a capacidade de realizar negócios, atrair clientes e

gerar lucros na atividade mercantil.

Por sua vez, o comércio eletrônico seria uma maneira de atrair novos

clientes, facilitar a negociação e poupar tempo numa sociedade globalizada,

exigindo da sociedade empresária, maneira eficaz de visualização de seus

produtos por meio de exposição na internet.

Contudo, os estabelecimentos empresariais que não possuem

endereço físico, somente virtual, devemos entender apenas como um bem

incorpóreo, posto que além de um endereço eletrônico, o estabelecimento virtual

requerer organização, recurso humano para operar seu sistema, tecnologia,

espaço físico para a rede de computadores que serão negociados os produtos

e/ou serviços.

Assim, não se pode olvidar desse novo conceito, o do

estabelecimento virtual, que surgiu a partir do estouro da internet e do comércio

eletrônico, onde a venda de produtos e prestação de serviços através da internet é

parte integrante do estabelecimento empresarial.

Como características do comércio eletrônico, Fábio Ulhoa diz ainda

que:

“ é a venda de produtos (virtuais ou físicos) ou a

prestação de serviços realizadas em estabelecimento

virtual. A oferta e o contrato são feitos por transmissão

e recepção eletrônica de dados. O comércio eletrônico

pode realizar-se através da rede mundial de

computadores (comercio internetenáutico) ou fora

dele”.

Page 15: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

15

Assim, com o surgimento da internet, se tornou possível o comércio

eletrônico a partir da criação do www- World Wide Web, a qual o êxito se deve ao

fato de que a pessoa hoje não precisa se deslocar fisicamente para adquirir um

produto ou serviço, tendo apenas que acessar endereço eletrônico, com

praticidade e conforto e sem correr riscos devido a grande violência que vivemos.

Entende da mesma forma Fabio Ulhoa Coelho, senão vejamos:

“Registre-se que o desenvolvimento do comércio

eletrônico via internet importou a criação do

estabelecimento virtual, que o consumidor ou

adquirente de produtos ou serviços acessa

exclusivamente por via de transmissão e recepção

eletrônica de dados. (COELHO, 2004, p. 98.)

2.2. Da Natureza Jurídica:

Para Fábio Ulhoa Coelho, o estabelecimento virtual, (cyberstore ou

virtual store) possui idêntica natureza jurídica que o físico, ou seja, que o

estabelecimento empresarial, aplicando-se as mesmas determinações legais.

2.3. Das Vantagens e Desvantagens do estabelecimento virtual:

A internet nos trouxe grandes mudanças, não só no mundo da

informática, como no universo jurídico.

Desta forma, podemos elencar como vantagens desses contratos

eletrônicos:

i) Conveniência de comprar sem sair de casa ou da empresa;

ii) Rapidez e simplicidade;

iii) Custo menor para o estabelecimento virtual e preço mais

baixo para o cliente;

iv) Lojas abertas 24 horas ao dia e 365 dias ao ano;

Page 16: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

16

v) Segurança;

vi) Customização;

vii) O cliente escolhe seu próprio ritmo de compras;

viii) Facilidade para pesquisar preços e produtos.

Podemos elencar como desvantagens desses contratos eletrônicos:

i) Ausência de contrato direto entre vendedor e comprador;

ii) Limitações de entretenimento;

iii) Limitações do uso de alguns sentidos (olfato, tato, sabor) na

experiência de compra;

iv) Receio sobre segurança de informações e invasão de

privacidade;

v) Falta de familiaridade com computadores e internet para uma

parte do mercado consumidor;

vi) Ausência de normas gerais de contratação eletrônica para

garantia do consumidor.

2.4-Atributos:

Os atributos do estabelecimento não representam direitos imateriais,

e sim uma situação jurídica real ou virtual que pode ser avaliada e quantificada,

sendo assim aferível com base no patrimônio e no desempenho econômico da

organização empresarial.

Temos como atributos essenciais:

i) o aviamento

ii) clientela.

No estabelecimento virtual, o aviamento é a idéia que preside a

organização a qual é protegida como direito autoral, ou seja, como um bem

imaterial.

Page 17: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

17

O aviamento não pode ser considerado um elemento constitutivo do

estabelecimento e sim, um atributo, resultante do funcionamento do fundo de

comércio, considerá-lo como elemento é ignorar o fato, de que o fator pessoal

pode modificar o sobrevalor gerado, cuja competência administrativa é

intrinsecamente ligada aos resultados futuros esperado de determinado

estabelecimento.

Todo estabelecimento tem aviamento, maior ou menor, como

decorrência da organização dos fatores de produção. O aviamento, nada mais é

do que um valor variável e acumula-se lentamente, e sua existência econômica se

manifesta e se determina com segurança de acordo com o número de acessos e

transações efetuadas por certo tempo.

Já a clientela, é o conjunto de pessoas que, de fato, mantém com o

estabelecimento relações continuadas de procura de bens e serviços. (Oscar

Barreto Filho). A clientela do estabelecimento virtual é manifestação externa do

aviamento representada pelas pessoas que realizam negócios via internet, a partir

da homepage do estabelecimento.

3. DISTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL E DO

ESTABELECIMENTO VIRTUAL

Como narrado anteriormente, o estabelecimento empresarial conceituado

pelo nosso código civil em nada fala quanto ao espaço físico, sendo necessário

preencher os seus requisitos, quais sejam: um conjunto de bens, corpóreos ou

incorpóreos.

A partir desta análise, nos permite entender a possibilidade jurídica da

existência de um site, caracterizando o instituto do estabelecimento virtual, que

venda apenas dados eletrônicos, ou seja, que não possua nada de físico, nem em

suas mercadorias comercializadas, tendo ainda características de

estabelecimento, mesmo este sendo virtual.

Page 18: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

18

Para Fábio Ulhoa, o qual fala muito sobre estabelecimento virtual, entende

que existe grande distinção entre o estabelecimento físico e virtual que é o modo

de acessibilidade. Caso haja necessidade de se deslocar no espaço até o imóvel

para se ter acesso, onde encontra-se instalada a empresa, esta é chamada de

estabelecimento físico.

Contudo, se o acesso ao produto ou a prestação de serviço for via

transmissão de dados, o estabelecimento será considerado virtual, devendo ser

ressaltado ainda, que esta corrente liderada por Fábio Ulhoa entende que a

imaterialidade diz respeito apenas à forma de acesso e não aos bens que compõe

o estabelecimento.

O estabelecimento virtual também é possui fundo de empresa, ou seja,

aquele valor somado aos bens que o constituem, como explanado anteriormente

quanto ao conceito de estabelecimento empresarial, contudo, no estabelecimento

virtual pode ser pago valor maior que o da simples soma dos bens materiais e

imateriais voltados para atividade econômica desenvolvida e implementadas na

negociação.

3.1. Natureza Jurídica

Como suscitado anteriormente, o estabelecimento virtual, possui idêntica

natureza jurídica que o físico, ou seja, no estabelecimento empresarial, aplica-se

as mesmas determinações legais, conforme nos ensina Fábio Ulhoa.

3.2. Ponto Comercial

Ponto Comercial é o espaço físico, o qual o empresário reúne, parte ou

totalidade dos bens do seu estabelecimento.

É cediço, a extrema importância do ponto comercial para uma empresa,

uma vez que o local do estabelecimento é o responsável pelo seu sucesso.

Page 19: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

19

Vale ressaltar que, existe divergências na doutrina quanto ao ponto

comercial entre o estabelecimento empresarial (físico) e virtual.

Para Fábio Ulhoa é inexistente o ponto comercial no estabelecimento

virtual, o qual “em razão do tipo de acessibilidade, as duas espécies de

estabelecimento diferenciam-se quanto ao ponto, elemento inexistente no virtual,

embora muito comum no físico.” (COELHO, 2000, p.35)

Para Aldemário Araujo Castro, o ponto comercial que geralmente é o local,

pode ser entendido como sendo o site, um local, só que virtual, já que o código

civil não fala sobre a obrigatoriedade do estado físico.

Para Rubens Requião ponto comercial é :

“....o lugar do comércio, em determinado espaço,

em uma cidade, por exemplo, ou na beira de uma

estrada, em que está situado o estabelecimento

comercial, e para o qual se dirige a clientela. O ponto,

portanto, surge ou da localização da propriedade

imóvel do empresário, acrescendo-lhe o valor, ou do

contrato de locação do imóvel pertencente a terceiro.

Nesse caso, o ponto se destaca nitidamente da

propriedade, pois pertence ao comerciante locatário, e

constitui um bem incorpóreo do estabelecimento”.

(REQUIÃO, 1973, p.168).

Podemos entender que no mundo virtual, o ponto comercial é o ponto

eletrônico, pois este é o único que dá localização ao estabelecimento, acrescenta

valor ao endereço e é imaterial de propriedade de quem criou o site ou endereço

eletrônico.

De igual importância devem ser analisadas as empresas “ponto.com”,

também denominada de “nova economia” que são realizadas no ambiente de um

estabelecimento virtual, tendo por características:

Page 20: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

20

i) carência de experiência acumulada: falta de experiências que lhes

permitam criar modelos de gerenciamento especifico;

ii) Dificuldade de avaliação econômica da empresa: ainda não é

possível quantificar, de forma confiável, as projeções elaboradas

pelos economistas e analistas de mercado;

iii) Investimentos: a proporção dos investimentos em marketing do

empresário PONTOCOM é substancialmente superior aos

investimentos em produção.

iv) Ramos: as empresas PONTOCOM dedicam-se a dois grandes

ramos de comércio eletrônico: o atacado e o varejo.

4. DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS

4.1. Conceito:

Como exaustivamente informado anteriormente, com o avanço da internet,

vem crescendo a cada dia o número de contratos celebrados pela internet.

Contudo, trata-se de um tema atual, não tendo uma correta definição para

estes contratos firmados pela internet, sendo utilizado de forma mais freqüente

pela doutrina como contratos eletrônicos e contratos virtuais. No projeto de lei

brasileiro, o tema é tratado como “contrato eletrônico”.

Assim, para Sheila do Rocio Cercal Santos Leal:

“contrato eletrônico é aquele em que o computador é

utilizado como meio de manifestação e de

instrumentalização da vontade das partes.” (2007, p. 79)

No conceito de Oliver Iteanu o contrato eletrônico é um

“encontro de uma oferta de bens ou serviços que

se exprime de modo audiovisual através de uma rede

Page 21: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

21

internacional de telecomunicações e de uma aceitação

suscetível de manifestar-se por meio da interatividade.

(ITEANU, apud, LEAL, 2007, p.78).

Desta feita, o contrato eletrônico é uma manifestação de vontade entre as

partes contrates realizada mediante a internet.

4.2. Classificação:

Os contratos eletrônicos são considerados atípicos e de forma livre, haja

vista a inexistência de legislação especifica sobre o tema, e são classificados da

seguinte forma:

i) intersistêmicos;

ii) interativos e

iii) interpessoais.

4.2.1. Contratos intersistêmicos

O contrato intersistêmico se dá pela troca de informações entre diferentes

equipamentos de computação das empresas. Neste contrato possibilita a troca de

informações entre os equipamentos de informática das empresas.

Também utilizado em contratos comerciais de atacado e a comunicação é

realizada através de redes fechadas pelo sistema denominado EDI- Eletronic Data

Interchange, podendo realizar troca de informações de sistemas e aplicativos de

hardware e software para emitir informações quanto a aquisição de um produto.

No presente contrato não há manifestação de vontade humana, e sim, uma

programação das máquinas que atuam automaticamente.

Page 22: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

22

4.2.2. Contratos interativos

O contrato interativo é quando a comunicação é realizada da interação de

uma pessoa e um sistema aplicativo programado.

Neste contrato o fornecedor manifesta sua vontade disponibilizando um

produto ou serviço na página eletrônica e em contrapartida, o consumidor deve

manifestar sua aceitação pelo sistema aplicativo do site confirmando seu pedido.

O contrato interativo também é chamado de contrato de adesão, uma vez

que as condições do negócio a ser concretizado são preestabelecidas pelo

fornecedor, restando ao consumidor apenas aceitá-las.

4.2.3. Contratos interpessoais

O contrato eletrônico interpessoal a comunicação entre as partes é

realizada pelo computador através de e-mails, chats ou videoconferências.

Logo, tal modalidade de contrato pode ser realizada de forma simultânea,

quando realizada em tempo real, de forma on line quando realizada em salas de

bate papo ou videoconferências, e não simultâneo quando realizada através de e-

mails, pois existe lapso de tempo para a manifestação de vontade das partes

contratantes.

5. Dos princípios gerais aplicáveis aos contratos eletrônicos.

Os princípios norteadores dos contratos eletrônicos são:

i) Princípio da equivalência funcional dos atos produzidos por meios

eletrônicos com os contratos realizados por meios tradicionais;

ii) Princípio da neutralidade tecnológica das normas reguladoras

existentes no comércio eletrônico;

Page 23: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

23

iii) Princípio da conservação e aplicação das normas jurídicas

existentes nas obrigações e contratos eletrônicos;

iv) Princípio da boa-fé objetiva aos contratos eletrônicos;

v) Princípio da autonomia privada ou da liberdade de contratar.

5.1. Princípio da equivalência funcional dos atos produzidos por meios

eletrônicos com os contratos realizados por meios tradicionais

Inicialmente, faz-se mister informar a grande importância da Lei modelo da

Uncitral, criada em 1996 pelos Estados Unidos para regulamentação do comércio

eletrônico internacional, a qual serviu de inspiração para diversos países, bem

como para o Brasil.

O princípio da equivalência funcional tem por objeto dar validade a um

contrato realizado em ambiente virtual como se fosse celebrado de forma escrita

ou verbal.

Tal princípio pode ser encontrado na legislação pátria, nos artigos 28 e 32 e

no Projeto de Lei nº 4.906/2001 que equipara a expedição de documentos

eletrônicos com a remessa postal e ainda, prevê a utilização de mensagens

eletrônicas para efetuar notificação e intimações extrajudiciais relacionadas à

aquisição de produtos e serviços no meio virtual.

5.2. Princípio da neutralidade tecnológica das normas reguladoras existentes

no comércio eletrônico.

O presente princípio também denominado como princípio da neutralidade e

da perenidade das normas reguladoras do ambiente digital fala sobre a

obrigatoriedade das normas regulamentadoras do comércio eletrônico sejam

neutras e perenes.

Isto porque, as normas reguladoras não podem significar um obstáculo para

o desenvolvimento de novas descobertas tecnológicas, e sim, atualizadas,

Page 24: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

24

flexíveis para que possa sempre reconhecer as novas tecnologias para a sua

atualização.

5.3. Princípio da conservação e aplicação das normas jurídicas existentes

nas obrigações e contratos eletrônicos.

O principio da conservação e aplicação das normas jurídicas tradicionais

existentes nos contratos eletrônicos tem por objeto, como o próprio nome já diz,

garantir a aplicação das normas as normas regulamentadoras do meio eletrônico

que ainda estão em desenvolvimento e manter a sua segurança jurídica.

Desta forma, mesmo com a criação de legislação especifica para regular os

contratos eletrônicos, as leis tradicionais, normas e princípios aplicados ao direito

contratual continuarão sendo adotados nos contratos virtuais.

5.4. Princípio da boa fé objetiva aos contratos eletrônicos

Antes da criação da nossa Carta Magna de 88 de Código de Defesa do

Consumidor, sempre prevaleceu o acordo de vontade entre as partes para garantir

a validade e eficácia dos contratos celebrados. A boa tinha um caráter subjetivo,

onde nenhuma das partes tinha intenção de prejudicar tendo em vista o acordo de

vontade entre as partes.

Contudo, posteriormente a criação da Carta Magna de 88 e o Código de

Defesa do Consumidor passou a vigorar a boa fé objetiva , coibindo as praticas

abusivas.

Assim, o Código de Defesa do Consumidor no seu artigo 4º regulamenta tal

principio quanto às relações de consumo, a qual cumpre transcrever:

Art. 4º- A Política Nacional de Relações de Consumo tem por objetivo o

atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade,

saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria de sua

Page 25: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

25

qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de

consumo, atendidos os seguintes princípios:

I- reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no

mercado de consumo;

II- ação governamental no sentido de proteger

efetivamente o consumidor:

a) por iniciativa direta;

b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações

representativas;

c) pela presença do Estado o mercado de consumo;

d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões

adequados de qualidade, segurança, durabilidade e

desempenho;

III- harmonização dos interesses dos participantes das

relações de consumo e compatibilização da proteção

do consumidor com a necessidade de desenvolvimento

econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os

princípios nos quais se funda a ordem econômica

(artigo 170 da Constituição Federal) sempre com base

na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores

e fornecedores;

IV- educação e informação de fornecedores e

consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com

vistas à melhoria do mercado de consumo;

V- incentivo à criação pelos fornecedores de meios

eficientes de controle de qualidade e segurança de

produtos e serviços, assim como de mecanismos

alternativos de solução de conflitos de consumo;

VI- coibição e repressão eficientes de todos os abusos

praticados no mercado de consumo, inclusive a

concorrência desleal e utilização indevida de inventos e

criações industriais das marcas e nomes comerciais e

Page 26: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

26

signos distintivos, que possam causar prejuízos aos

consumidores;

VII- racionalização de melhoria dos serviços públicos;

VIII- estudo constante das modificações do mercado de

consumo.

Portanto, o principio da boa fé objetiva, visa combater as praticas abusivas,

desrespeitosas e injustas, garantindo maior segurança nos contratos eletrônicos,

implicando ainda, no dever de lealdade e honestidade entre as partes.

5.5. Princípio da autonomia privada ou da liberdade de contratar

O princípio da autonomia privada, visa ampla liberdade de contratação e

fixa as regras dos seus interesses, desde que não seja contraria à ordem pública.

O tipo de contratação é livre, onde os contratantes podem seguir modelos

contratuais típicos que melhor atender às suas necessidades, podendo ou não

manifestar sua vontade de contratar ou não, com quem e o que contratar, bem

como estabelecer novas clausulas contratuais.

6. A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO

CONSUMIDOR NOS CONTRATOS ELETRÔNICOS

Inicialmente, cumpre informar que não existe legislação para regular os

contratos celebrados pela internet.

Contudo, é cediço que vem crescendo a cada dia os contratos celebrados

pela internet, face às inúmeras vantagens, como conforto, praticidade e segurança

de se obter um produto ou serviço sem precisar sair de casa.

Neste sentido, há necessidade de legislação que regule o tema, pois nem o

Código de Defesa do Consumidor-CDC, possui dispositivos que regulem sobre o

consumo do comércio eletrônico.

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27

Na Argentina, por exemplo, o Código do Consumidor foi editado em 1994,

apesar de menos avançado em outros temas, como pode ser visualizado do seu

artigo 32 que fala sobre as vendas por correspondência.

Contudo, apesar do Código de Defesa do Consumidor não regular sobre tal

matéria, este exerce um grande papel nas relações de consumo realizadas

através da internet.

Assim, os requisitos jurídicos para a regularidade do tema estabelecimento

virtual destinado ao fornecimento de bens de consumo, exigidos pela Lei 8.078/90,

estão contidos no seu artigo 31, de forma genérica, que diz:

“Art.31. A oferta e apresentação de produtos ou

serviços devem assegurar informações corretas, claras

e precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre

suas características, qualidades, quantidade,

composição, preço, garantia, prazos de validade e

origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos

que apresentam à saúde e segurança dos

consumidores”.

Da mesma forma que nos contratos celebrados mediante o estabelecimento

empresarial, os produtos adquiridos mediante o estabelecimento virtual devem

obrigatoriamente constar a correta identificação do fabricante do produto, bem

como seu endereço nos impressos escritos ou magnéticos, utilizados na transação

comercial, conforme dispõe o artigo 33 do Código de Defesa do Consumidor.

Os produtos e serviços ofertados na internet para o consumidor devem

conter informações de forma clara, preenchendo os requisitos exigidos pelo

Código de Defesa do Consumidor, podendo sofrer o fornecedor as penalidades

pela sua inobservância, bem, como obriga o autor veiculador da informação a

cumprir o contrato como meio de beneficiar o consumidor, conforme, bem

preceitua o artigo 47 do Código de Defesa do Consumidor.

Page 28: estabelecimento virtual – necessidade de normatização

28

“Art.47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de

maneira mais favorável ao consumidor.

Quanto à ocorrência de vício na qualidade do produto, ou recebimento de

produto diferente nas suas indicações ofertadas pelo site, poderá o vício ser

sanado a critério do consumidor, conforme artigo 20 da lei 8.078/90, a qual

cumpre transcrever in verbis:

“Art. 20. O fornecedor de serviços responde

pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao

consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por

aqueles decorrentes da disparidade com as indicações

constantes da oferta ou mensagem publicitária,

podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua

escolha:

IX- a reexecução dos serviços, sem custo adicional e

quando cabível;

X- a restituição imediata da quantia paga,

monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais

perdas e danos;

XI- o abatimento proporcional do preço”.

Contudo, apesar do Código de Defesa do Consumidor não regular sobre

tal matéria, este exerce um grande papel nas relações de consumo realizadas

através da internet.

O Código de Defesa do Consumidor tem por objeto buscar o equilíbrio entre

as partes, transparência nos seus negócios empresariais, na verdade, a

segurança jurídica , beneficiando não só o consumidor, como toda a sociedade

empresarial.

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29

Assim, se faz necessário assegurar os direitos básicos do consumidor , os

quais encontram-se elencados no artigo 6º do CDC, em especial nos contratos

celebrados de forma virtual.

Pensando desta forma, FORTES diz que:

“o consumidor, ao realizar a operação de compra por

intermédio da internet, encontra-se em um estado de

vulnerabilidade em relação àquele que tem a

possibilidade de se dirigir a um estabelecimento

comercial e observar de perto as características do

produto ofertado.” (FORTES, 2003, p.215).

Conforme supra mencionado, as regulamentações especiais quanto à

publicidade e a propaganda, conforme artigos 30 e 31 do Código de Defesa do

Consumidor

6.1. Da Responsabilidade e Direitos do Consumidor X Sociedade Empresaria

nos contratos celebrados de forma eletrônica

O Código de Defesa do Consumidor não só visa buscar o equilíbrio entre as

partes, transparência nos negócios e segurança, visa também fomentar a

confiança entre fornecedores e consumidores, trazendo desenvolvimento para a

economia do país.

Assim, o negócio jurídico deve ser pautado na transparência, segurança e

confiança por ambas as partes contratantes: consumidor e fornecedor.

No momento da contratação eletrônica, os serviços e/ou produtos

oferecidos na página eletrônica do estabelecimento virtual devem conter todas as

suas informações quanto ao preço, validade da oferta, marca, cor, garantia, valor

do frete.

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30

Para Ricardo Luis Lorenzetti, se faz necessário ainda, conter informações

em relação ao provedor para localização da página eletrônica:

“Deve suprir-se informações sobre a identidade do

provedor, as características essenciais do bem ou do

serviço; o preço do bem ou do serviço, incluídos todos

os impostos, as despesas de entrega, em cada caso;

as modalidades de pagamento; a forma de entrega ou

execução; a existência de um direito de

arrependimento; o custo da comunicação à distância

quando se calcula sobre uma base distinta da tarifa

básica; o prazo de validade da oferta ou do preço.”

(LORENZETTI, Ricardo Luiz, 2000,p.446).

Além das informações já citadas, deve conter a página eletrônica de forma

clara ao seu visitante, o tipo de dados que este registra, o qual deve incluir

também: o nome do provedor, a data e a hora do acesso, a utilização dos cookies,

e outros dados relevantes.

Não podemos deixar de citar também, que deve conter ao final do contrato

as palavras: “ok”, “concordo” ou “aceito” para registrar a declaração de vontade do

consumidor, presumindo estar de acordo com as cláusulas e condições do

contrato celebrado entre as partes.

Outro elemento necessário que a maioria das empresas virtuais n ao

informam, são os seus registros de identificação: razão social, CNPJ, local do

estabelecimento físico, contrato social, elementos necessários, o que dificulta

qualquer tipo de reclamação do consumidor.

Os meios de divulgação dos produtos no comércio eletrônico devem

atender às normas do Código de Defesa do Consumidor, agindo de forma clara na

oferta dos seus produtos na página eletrônica para a satisfação do fornecedor e

consumidor nesse gigantesco mundo do comércio eletrônico.

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31

6.2- Do Direito de Arrependimento nos contratos eletrônicos

O Comércio eletrônico vem crescendo de forma absurda, e por conseguinte

as reclamações quanto aos contratos celebrados de forma virtual também cresce.

O comércio eletrônico cresce desta forma tão abrupta, em virtude das

inúmeras ofertas realizadas pelas empresas virtuais e em contrapartida, pela

comodidade do consumidor, segurança de não ter que se deslocar do seu

domicílio, impulsionados pelo fenômeno denominado consumismo.

Hoje, os estabelecimentos virtuais devem passar as informações corretas

do produto ou serviços anunciados através da sua página eletrônica para que o

consumidor, bem como o fornecedor não tenham surpresas futuramente.

Assim, vale registrar que o Código de defesa do consumidor traz no seu

artigo 49 o direito de arrependimento do consumidor, desde que o negócio seja

realizado fora do estabelecimento empresarial, não havendo ainda, a

necessidade de justificativa de seu arrependimento.

Art.49- O consumidor pode desistir do contrato no

prazo de 7 dias a contar da sua assinatura ou do ato de

recebimento do produto ou serviço, sempre que a

contratação de fornecimento comercial, especialmente

por telefone ou domicílio.

Portanto, com respaldo neste artigo, tem o consumidor o direito de

arrependimento, bem como o direito a devolução da quantia paga pelo produto ou

serviço contratado.

Como também citado anteriormente, o fornecedor não pode negar ou deixar

de passar as informações de forma clara do produto, devendo constar o fabricante

e endereço na embalagem, publicidade e impressos, conforme previsto no artigo

33 do Código de defesa do Consumidor.

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32

O prazo para o arrependimento fixado são de 7 (sete) dias, denominado

pela doutrina como “prazo de reflexão”, o que é considerado pelo legislador

suficiente para não ocorrer eventuais abusos, conforme previsão legal nos artigos

4º, III e artigo 7º do Código de defesa do consumidor.

No mundo do comércio eletrônico, estamos rodeados de ofertas cheias de

atrativos, podendo o consumidor ser vítima de impulso no momento da celebração

do contrato.

Apenas para encerrar o assunto, muitas vezes ao contrário do que se

pensa, o fornecedor que é pego de surpresa, pois a maioria das ofertas de

produtos e serviços anunciados pela internet é o consumidor escolhe o produto

que melhor lhe atende, bem como a forma de pagamento.

Por tal motivo, enfatizamos a necessidade de normatização para tratar da

celebração dos contratos realizados de forma virtual, uma vez que por analogia

aplicamos o código de defesa do consumidor de maneira justa e correta.

7. NECESSIDADE DE NORMA ESPECÍFICA

A internet tem sido uma ferramenta de grande importância para o grande

número de consumidores que procuram praticidade, conforto, segurança, dentre

outras vantagens em adquirir um produto ou serviço pela internet.

No comércio eletrônico, o consumidor fornece dados pessoais , nome,

número de registro de identificação, dados bancários em páginas que nem sempre

garantem política de privacidade, sofrendo a ação de hackers para cometer

diversas fraudes.

Atualmente, diante destes riscos, já existe cursos especializados em Direito

eletrônico, tendo por objeto proporcionar a compreensão das novas relações

jurídicas que se estabelecem em virtude da tecnologia, como diferentes soluções

processuais preventivas e repressivas, tendo como público alvo empresários,

juízes, advogados, dentre outros.

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33

O direito a privacidade é outro tema muito discutido, e de grande

importância, uma vez que um grande número de sites torna pública a sua

privacidade, o que torna urgente a aplicação de normas para tratar o assunto.

Alguns operadores do direito, argumentam ainda, quanto à urgência de

normatização, criar mecanismos capazes de adotar o Poder Judiciário de

conhecimento técnico adequado às inovações tecnológicas , sendo treinados

peritos especializados em comercio eletrônico, com a finalidade de descobrir e

decifrar fraudes que ocorrem no mundo virtual e identificar os causadores dos

prejuízos, o que evitaria maus comerciantes e maus consumidores para que

tenham até mesmo a oportunidade da defesa.

Portanto, a regulamentação do comércio eletrônico é imprescindível para

maior segurança nas transações eletrônicas como reza a atividade mercantil e nas

relações de consumo.

8. CONCLUSÃO

Com o surgimento da internet e suas inovações tecnológicas, surge

também mudanças no mundo jurídico.

Assim, como a internet, destaca-se também o avanço do comércio

eletrônico, proporcionando uma gama de vantagens na aquisição de produtos e

serviços pelo consumidor, e da mesma formam, traz insegurança jurídica na

celebração dos contratos eletrônicos.

Isto porque, nos problemas envolvendo a celebração de contratos na

aquisição de produtos e serviços é aplicada a lei consuemerista e a aplicação por

analogia das normas já existentes.

Contudo, o consumidor esta sujeito a diversos riscos neste tipo de contrato,

sendo necessária a criação de mecanismos de forma eficaz para combater todos

os perigos que a rede oferece.

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Assim, nada mais lógico, que a criação de norma especifica para

acompanhar essas inovações tecnológicas, a fim de proporcionar maior segurança

ao consumidor no ambiente virtual.

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Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001.

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ANEXO

PROJETO DE LEI DE TRANSAÇÕES VIA INTERNET – PROJETO DE LEI Nº

1483/99 E PROJETO DE LEI Nº 1589/99

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