espécies de agaricaceae

Upload: joao-pedro-albuquerque

Post on 14-Feb-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    1/109

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    INSTITUTO DE BIOCINCIAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM BOTNICA

    DISSERTAO DE MESTRADO

    ESPCIES DEAGARICACEAECHEVALL.(AGARICALES,

    BASIDIOMYCOTA) NO PARQUE ESTADUAL DE ITAPU,

    VIAMO, RIO GRANDE DO SUL

    Marcelo Somenzi RotherOrientadora: Profa. Dra. Rosa Mara Borges da Silveira

    Porto Alegre, RS, Brasil

    2007

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    2/109

    Marcelo Somenzi Rother

    ESPCIES DEAGARICACEAECHEVALL.

    (AGARICALES, BASIDIOMYCOTA) NO PARQUE ESTADUAL DE

    ITAPU, VIAMO, RIO GRANDE DO SUL

    Dissertao apresentada ao Programa de

    Ps-Graduao em Botnica, rea deConcentrao em Taxonomia Vegetal

    (Ficologia e Micologia), da Universidade

    Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),

    como requisito parcial para obteno do

    grau de Mestre em Botnica.

    Orientadora: Profa. Dra. Rosa Mara Borges da Silveira

    Porto Alegre, RS, Brasil

    2007

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    3/109

    Dedico com muito carinho essa

    conquista a minha querida famlia

    Pedro, Liamara e Renata Rother

    pelo eterno amor, confiana e

    incentivo.

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    4/109

    AGRADECIMENTOS

    Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de uma forma ou outra auxiliaram eestiveram presentes durante essa fase da minha vida, tornando possvel essa vitria pessoal.

    A Profa. Dra. Rosa Mara Borges da Silveira, pela oportunidade, orientao,

    amizade e ensinamentos transmitidos, oportunizando a execuo deste trabalho;

    A Profa. Dra. Rosa T. Guerrero pelo convvio e pelo gentil emprstimo de

    bibliografias, essenciais na execuo desse trabalho;

    Aos miclogos estrangeiros pelo seu auxlio, discusses e que gentilmente

    enviaram bibliografias de fundamental importncia para o desenvolvimento do trabalho:Andrea Romero (Argentina), Bernardo Lechner (Argentina), Brian Akers (USA), Else

    Vellinga (USA), Rick Kerrigan (USA), Roy Halling (USA), Solomon P. Wasser (Israel);

    Aos professores do Programa de Ps-graduao em Botnica da UFRGS: Arthur

    Germano Fett Neto, Joo Andr Jarenkow, Joo Ito Bergonci, Jorge Waechter, Maria Luisa

    Lorscheitter, Maria Luiza Porto, Paulo Gnter Windisch, Rinaldo P. dos Santos, Slvia

    Miotto, pelos ensinamentos transmitidos e aos recentes coordenadores do PPGBOT, Profa.

    Lcia Rebello Dillenburg e Prof. Joo Andr Jarenkow, por toda a responsabilidade,

    dedicao e empenho na melhoria do curso;

    Ao amigo e colega Vagner Gularte Cortez pela convivncia de muitas horas no

    laboratrio de Micologia, aconselhando, discutindo, trocando idias e pela sua grande

    amizade que no decorrer desses anos demonstrou ser um exemplo a seguir;

    Aos estimados colegas da Micologia da UFRGS: Csar L.M. Rodrigues, Gilberto

    Coelho, Mateus A. Reck, Paula S. Silva e as estagirias ngela Pawlowski e Grasiela B.

    Tognon pelas timas horas vivenciadas, pela amizade, pelas discusses, coletas, auxlio,

    happy hours, etc..., agradeo a todos de corao.

    Ao amigo e colega Emerson Musskopf pela ajuda em um momento difcil e

    complicado da minha vida;

    Aos colegas do mestrado que junto comigo formavam o popular quinteto

    Adriana Leonhardt, Alexandre Rcker, Aline Brugalli Bicca e Eduardo Lus Hettwer Giehl

    pela grande amizade, partilha de conhecimentos, alegrias e momentos magnficos que

    sero guardados no meu corao;

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    5/109

    Aos amigos de longa data e aos colegas miclogos/botnicos que tive o prazer de

    conhecer nestes anos: Camilo Delfino, Carlos Kurtz, Cristiano Buzatto, Greice Mattei,

    Edson Soares, Felipe Wartchow, Guilherme Ceolin, Helenires Q. Souza, Jair Kray, Jean

    Butke, Juliano Baltazar, Luciana Jandelli Gimenes, Lus Fernando Lima, Manuela Dal

    Forno, Marcelo Sulzbacher, Margeli P. Albuquerque, Maria Alice Neves cada um, por

    diferentes razes, merecem o meu agradecimento.

    Aos amigos e ex-orientadores Branca Maria Aimi Severo (UPF) e Jair Putzke

    (UNISC), por todo o estmulo, incentivo e dedicao, ajudando-me nos primeiros passos

    na Botnica;

    Aos professores Doutores Aida Terezinha dos Santos Matsumura (UFRGS),

    Clarice Loguercio Leite (UFSC) e Iuri Goulart Baseia (UFRN) por gentilmente aceitarem o

    convite para fazerem parte da banca examinadora deste trabalho;

    A Secretaria Estadual de Meio Ambiente por permitir a realizao do trabalho no

    Parque Estadual de Itapu, ao CNPq e a CAPES pelo auxlio financeiro. Aos funcionrios

    e guias, especialmente ao Sr. Jairo por nos guiar e acompanhar no Parque;

    Aos funcionrios e motoristas do Programa de Ps-Graduao em Botnica, do

    Instituto de Biocincias, do Herbrio ICN e da biblioteca da Botnica da UFRGS;

    Aos curadores dos herbrios BAFC, LIL, PACA e SP, pelo emprstimo de

    exsicatas que foram de grande auxlio na realizao do trabalho;

    A todos os meus familiares, especialmente ao meu av Dorvalino Somenzi, aos

    meus padrinhos Gilberto e Luclia Secco, a minha prima Gisele Somenzi Secco e ao meu

    tio Lus Antnio Somenzi pela motivao, torcida, ajuda prestada e companhia durante

    esses anos.

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    6/109

    RESUMO

    O estudo de espcimes de Agaricaceae Chevall. (Agaricales Basidiomycota), realizado

    no perodo de abril de 2005 a junho de 2006, no Parque Estadual de Itapu (3020 a3027 S e 5050 a 5105 W), localizado no municpio de Viamo RS, constatou a

    ocorrncia de 19 espcies distribudas em 6 gneros. Foram identificadas: Agaricus cf.

    litoralis (Walkef. & A. Pearson) Pilt, A. porphyrizon P. D. Orton, A. pseudoargentinus

    Albert & J.E. Wright,A. aff. silvaticus Schaeff.,Agaricus sp.1, Chlorophyllum molybdites

    (G. Mey.) Massee,Lepiota guatopoensis Dennis,L. pseudoignicolor Dennis,Lepiota sp.1,

    Leucoagaricus lilaceus Singer, L. rubrotinctus (Beeli) Singer, L. serenus (Fr.) Bon &

    Boiffard, Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, L. brebissonii (Godey) Locq., L.cepistipes (Sowerby) Pat., L. cretaceus (Bull.) Locq., L. fragilissimus (Berk. & M.A.

    Curtis) Pat., L. cf. medioflavus (Boud.) Bon e Macrolepiota procera var.1. Entre as

    espcies encontradas, constituem citaes novas para o Brasil: Agaricus porphyrizon eA.

    pseudoargentinus; e para o estado do Rio Grande do Sul: Lepiota guatopoensis, L.

    pseudoignicolor,Leucoagaricus rubrotinctus eL. serenus.Para a cincia, sero propostas

    duas novas espcies: Agaricus sp.1 e Lepiota sp.1, e uma variedade nova: Macrolepiota

    procera var.1. So apresentadas chaves de identificao, descries e comentrios dos

    gneros e espcies, alm de ilustraes de todas as espcies estudadas.

    Palavras-chave: fungos, taxonomia,Basidiomycota, cogumelos

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    7/109

    ABSTRACT

    The study of specimens of Agaricaceae Chevall. (Agaricales - Basidiomycota),accomplished in the period from April of 2005 to June of 2006, in the Parque Estadual de

    Itapu (3020' to 3027' S and 5050' to 5105' W), located in the city of Viamo - RS, 19

    species, distributed in 6 genus were found. The following species were identified:Agaricus

    cf. litoralis (Walkef. & A. Pearson) Pilt, A. porphyrizon P. D. Orton, A. pseudoargentinus

    Albert & J.E. Wright,A. aff. silvaticus Schaeff.,Agaricus sp.1, Chlorophyllum molybdites

    (G. Mey.) Massee,Lepiota guatopoensis Dennis,L. pseudoignicolor Dennis,Lepiota sp.1,

    Leucoagaricus lilaceus Singer, L. rubrotinctus (Beeli) Singer, L. serenus (Fr.) Bon &Boiffard, Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, L. brebissonii (Godey) Locq., L.

    cepistipes (Sowerby) Pat., L. cretaceus (Bull.) Locq., L. fragilissimus (Berk. & M.A.

    Curtis) Pat., L. cf. medioflavus (Boud.) Bon e Macrolepiota procera var.1. Among the

    identified species, Agaricus porphyrizon and A. pseudoargentinus constitute new records

    for Brazil and Lepiota guatopoensis, L. pseudoignicolor, Leucoagaricus serenus and L.

    rubrotinctusare new records for Rio Grande do Sul State. For science, two new species

    will be proposed: Agaricus sp.1 and Lepiota sp.1 and one new variety: Macrolepiota

    procera var.1. Keys for identification, descriptions and comments about genus and species

    as well as ilustrations for all studied species are presented.

    Key-words: fungi, taxonomy, Basidiomycota, mushrooms

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    8/109

    SUMRIO

    1. INTRODUO ............................................................................................................ 1

    1.1 A famlia Agaricaceae Chevallier........................................................................ 2

    1.2 Importncia do grupo .......................................................................................... 5

    1.3 Estudos em Agaricaceae no Brasil ...................................................................... 7

    2. OBJETIVOS .................................................................................................................15

    3. MATERIAIS E MTODOS........................................................................................16

    3.1 rea de estudo.......................................................................................................16

    3.2 Metodologia...........................................................................................................18

    4. RESULTADOS.............................................................................................................24

    4.1 Chave para os gneros encontrados....................................................................24

    4.2 Agaricus L..............................................................................................................25

    4.2.1 Chave para as espcies deAgaricus ...........................................................25

    4.2.2 A. cf. litoralis.................................................................................................26

    4.2.3 A. porphyrizon ..............................................................................................28

    4.2.4 A. pseudoargentinus .....................................................................................30

    4.2.5 A. aff.silvaticus ............................................................................................32

    4.2.6 Agaricus sp.1 ................................................................................................33

    4.3 Chlorophyllum Massee...........................................................................................35

    4.3.1 C. molybdites ..................................................................................................354.4Lepiota (Pers.) Gray...............................................................................................37

    4.4.1 Chave para as espcies deLepiota..............................................................38

    4.4.2 L. guatopoensis .............................................................................................38

    4.4.3 L. pseudoignicolor ........................................................................................40

    4.4.4 Lepiota sp.1...................................................................................................41

    4.5Leucoagaricus (Locq.) ex Singer ..........................................................................43

    4.5.1 Chave para as espcies deLeucoagaricus..................................................434.5.2 L. lilaceus ......................................................................................................44

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    9/109

    4.5.3 L. rubrotinctus ..............................................................................................45

    4.5.4 L. serenus ......................................................................................................47

    4.6Leucocoprinus Pat..................................................................................................49

    4.6.1 Chave para as espcies deLeucocoprinus .................................................49

    4.6.2 L. birnbaumii ................................................................................................50

    4.6.3 L. brebissonii.................................................................................................52

    4.6.4 L. cepistipes...................................................................................................54

    4.6.5 L. cretaceus ...................................................................................................55

    4.6.6 L. fragilissimus .............................................................................................57

    4.6.7 L. cf.medioflavus..........................................................................................59

    4.7Macrolepiota Singer...............................................................................................61

    4.7.1 M. proceravar.1 ...........................................................................................61

    5. CONCLUSES..............................................................................................................64

    6. CONSIDERAES FINAIS........................................................................................65

    7. FIGURAS .......................................................................................................................67

    8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................91

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    10/109

    1

    1. INTRODUO

    A diversidade dos fungos no planeta Terra muito grande, estima-se que estenmero seja em torno de 1.5 milho de espcies, tendo como base hipottica a

    extrapolao dos dados de trabalhos j concludos. Desta estimativa, aproximadamente 74

    mil espcies ou 5-6% do total so conhecidas, restando muitas espcies ainda para serem

    descritas e muito trabalho para ser feito. As evidncias sugerem que a grande diversidade

    dos fungos maior em regies tropicais do que em regies temperadas (Hawksworth

    2001a).

    Desta estimativa de fungos presentes na Terra, o nmero estimado de cogumelos,ou seja, de fungos pertencentes ordem Agaricales Clements, de 140 mil espcies, mas

    apenas 10% desse total conhecido (Hawksworth 2001b).

    De acordo com a reviso bibliogrfica de Putzke (1994), at aquele momento,

    haviam sido catalogadas 1.011 espcies desta ordem para o territrio brasileiro, porm

    poucos dados sobre a distribuio geogrfica das espcies foi apresentado. Isso

    provavelmente decorre da concentrao de coletas que est proporcionalmente relacionada

    a localizao geogrfica dos miclogos.

    Os Agaricales compreendem um grupo cosmopolita de fungos, popularmente

    conhecidos por cogumelos, chapus-de-cobra e chapus-de-sapo; caracterizados por

    apresentarem o himenforo lamelar. So terrcolas, ligncolas, musccolas ou fungcolas,

    saprbios, micorrzicos, raramente parasitando plantas ou fungos. Podem ser comestveis,

    txicos ou alucingenos. Esta ordem est composta por 26 famlias, 347 gneros e 9387

    espcies (Kirk et al. 2001), sendo que Agaricaceae, tema desse estudo, destaca-se por ser

    um grande grupo de fungos com elevada diversidade especfica e de grande interesse

    econmico e cultural.

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    11/109

    2

    1.1A famlia Agaricaceae Chevallier

    Agaricaceae est posicionada taxonomicamente dentro da ordem Agaricales,

    subclasse Agaricomycetidae, classe Basidiomycetes, filo Basidiomycota, reino Fungi,

    tendo como gnero tipo, o gneroAgaricus L. (CABI Bioscience Database 2006).

    A autoria dessa famlia, de acordo com os trabalhos de Singer (1949, 1986) de

    Fries. Pouzar (1985), em seu trabalho propondo a conservao do nome da famlia, alega

    que o tratamento dado por Fries como Subord. Agaricini taxonomicamente

    inadmissvel hierarquicamente pelo cdigo internacional de botnica por considerar

    somente ordo e ordo naturalis como famlia, portanto o nome Agariceae proposto

    por Chevallier, corretamente alterado para Agaricaceae, o primeiro nome vlido para a

    famlia.

    Esta famlia caracterizada por apresentar basidiomas geralmente com hbito

    tricolomatide, colibiide ou mais freqentemente pluteide,com a superfcie escamosa,

    esquamulosa, fibrilosa ou glabra. Pleo freqentemente umbonado. Margem podendo ser

    sulcada, plicada, estriada ou lisa. Contexto variando de muito fino (membranoso) a

    carnoso. Lamelas finas, livres ou mais raramente adnexas, adnatas ou decurrentes,

    geralmente prximas. Trama regular ou irregular, mas nunca bilateral ou inversa. Basdios

    geralmente tetrasporados. Cistdios presentes ou ausentes. Basidisporos hialinos,

    estramneos ou com outra colorao, lisos ou ornamentados, de parede fina ou espessa,

    com ou sem poro germinativo visvel, metacromticos ou no, amilides ou inamilides,

    mais freqentemente pseudoamilides (dextrinides). Esporada muito variada, podendo ser

    branca, creme, ocrcea, verde, rosa, castanha, violeta ou spia. Estpite central, fibroso, e

    algumas vezes mais alargado na base, facilmente separvel do pleo. Vu membranoso ou

    cortinide presente e em muitos casos efmero, anelado, mvel em alguns gneros. Volva

    geralmente ausente, mas presente em alguns casos. Fbulas ausentes ou presentes.Encontrados em diferentes substratos, sendo freqentemente no solo (terra ou areia),

    hmus e madeira, tambm em estufas, desertos e campos. No apresentam relaes

    micorrzicas com vegetais (Singer 1986).

    Conforme Hawksworth et al. (1995), os fungos desta famlia esto divididos em 42

    gneros (mais 31 sinonmias) compreendendo 591 espcies, mas segundo Kirk et al.

    (2001), a famlia compreende 51 gneros e 918 espcies. Atualmente, atravs da base

    mundial de nomes de fungos (Index Fungorum), so listados 106 gneros pertencentes famlia Agaricaceae. Mas deste montante, muitos esto atualmente em desuso. Para se ter

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    12/109

    3

    uma idia, atravs da pesquisa pelo gnero tipo da famlia, um dos gneros mais antigos,

    foram encontrados 5755 registros de espcies. Destes registros, muitos so sinnimos de

    espcies atualmente classificadas em outras famlias (CABI Bioscience Database 2006).

    De acordo com a organizao proposta por Singer (1986), esta famlia apresenta 25

    gneros distribudos em quatro tribos:

    Agariceae Pat. Agaricus L., Cystoagaricus Singer, Crucispora E. Horak,

    Melanophyllum Velen. eMicropsalliota Hhn.

    Cystodermateae Singer Cystoderma Fayod, Dissoderma (A.H. Sm. & Singer)

    Singer, Horakia Oberw, Phaeolepiota Maire ex Konrad & Maubl., Ripartitella Singer,

    Squamanita Imbach e Pseudobaeospora Singer.

    Lepioteae Fayod Chamaemyces Batt. ex Earle, Cystolepiota Singer, Hiatulopsis

    Singer & Grinling,Janauaria Singer,Lepiota (Pers.) Gray e Smithiomyces Singer.

    LeucocoprineaeSinger Chlorophyllum Massee, Clarkeinda Kuntze,Leucoagaricus

    (Locq.) ex Singer, Leucocoprinus Pat., Macrolepiota Singer, Sericeomyces Heinem e

    Volvolepiota Singer.

    Segundo Donk (1962), a classificao sexual e a etimologia dos gneros presentes

    neste trabalho, com exceo de Chlorophyllum, so:

    Agaricus (masculino; diz ser derivado de Agarica of Sarmatica, um distrito na Rssia);

    Lepiota (feminino; referente a escama, escamosa);

    Leucoagaricus (masculino; branco, do gneroAgaricus);

    Leucocoprinus (masculino; branco, do gnero Coprinus =masculino; esterco, estrume);

    Macrolepiota (feminino; longo, grande, do gneroLepiota).

    Singer (1949) delimita essa famlia como sendo algo intermediria entre o grupo de

    famlias Hygrophoraceae, Tricholomataceae e Amanitaceae por um lado e de Coprinaceae,

    Bolbitiaceae e Strophariaceae, por outro.

    Na reviso de Putzke (1994), vrias espcies pertencentes famlia Agaricaceae

    foram citadas, enquadrando-se nos gneros Agaricus, Chamaemyces, Chlorophyllum,

    Cystolepiota, Hiatulopsis, Janauaria, Lepiota, Leucoagaricus, Leucocoprinus,

    Macrolepiota,Melanophyllum, Phaeolepiota,Ripartitella, Smithiomyces e Volvolepiota.

    Devido confuso no arranjo das espcies de fungos lepiotceos (basidisporos

    claros) com as de agaricceas (basidisporos escuros), e os seus problemas quanto

    classificao na famlia, alguns autores preferem desmembrar essa famlia, transferindo os

    gneros Chamaemyces, Chlorophyllum, Cystolepiota, Lepiota, Leucoagaricus,

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    13/109

    4

    Leucocoprinus, Macrolepiota e Melanophyllum para outra famlia, conhecida como

    Lepiotaceae (Ainsworth et al. 1973; Candusso & Lanzoni 1990; Migliozzi 1997). A

    famlia Lepiotaceae foi descrita primeiramente por Roze, em 1876, mas sua diagnose em

    latim no foi encontrada na literatura (Akers 1997). Os fungos lepiotceos compreendem

    os membros da famlia Agaricaceae com esporada branca ou verde, incluindo todos os

    gneros anteriormente citados, com acrscimo do gnero secotiide EndoptychumCzern

    (Vellinga et al. 2003, Vellinga 2004b). Singer (1949, 1986), devido aos problemas de

    validade nomenclatural, reduziu essa famlia a um nomen nudum, organizando esses

    fungos dentro da famlia Agaricaceae. Este esquema vem sendo seguido, com algumas

    modificaes, por vrios autores modernos.

    Espcies lepiotceas podem ser encontradas em vrios tipos de habitat, na maior

    parte terrcola, vivendo em uma variedade de substratos celulsicos. Muitas crescem em

    ambientes sombreados sob rvores e arbustos e algumas poucas so encontradas em

    ambientes abertos, como gramados e campos, contrastando com espcies do gnero

    Agaricus, encontradas freqentemente neste tipo de habitat (Akers 1997; Vellinga 2004b).

    Seus basidiomas geralmente so formados durante o vero at o outono, especialmente em

    climas temperados e subtropicais (Akers 1997).

    Muitas alteraes vm sendo realizadas desde a classificao proposta por Singer

    (1949, 1986). Com o auxlio da biologia molecular, uma srie de trabalhos (Bruns & Szaro

    1992; Bruns et al. 1998; Challen et al. 2003; Chapela et al. 1994; Hibbett et al. 1997;

    Hopple & Vilgalys 1999; Johnson & Vilgalys 1998; Kerrigan et al. 2005;Moncalvo et al.

    2000, 2002) buscando descobrir as relaes evolutivas, a relao entre espcies e o seu

    correto agrupamento atravs das evidncias contidas nas seqncias dos genes do DNA

    vm quebrando paradigmas e modificando alguns conceitos antigos, baseados em

    caracteres macroscpicos e microscpicos, auxiliando na correta organizao das espcies

    em seus devidos grupos.A relao dos fungos agaricides, gasterides e secotiides h muito tempo vem

    sendo discutida. Os gasteromycetes (puffballs e fungos secotiides) foram considerados

    muitas vezes como sendo os ancestrais dos fungos lamelados e porides (Kretzer & Bruns

    1999; Hibbett et al. 1997). Singer (1986) considera o gnero Endophychum como sendo

    um gasteromycete ancestral dos fungos agaricides. A relao entre os puffballs

    verdadeiros (Lycoperdales) e a famlia Agaricaceae confirmou-se atravs de trabalhos

    moleculares (Agerer 2002; Moncalvo et al. 2002). Txons gasterides e secotiides,

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    14/109

    5

    juntamente com agaricides, foram includos nesta famlia (Kirk et al. 2001; Krger et al.

    2001; Moncalvo et al. 2002).

    Segundo Vellinga (2004a), a famlia Agaricaceae est dividida em 10 clados:

    (1)Agaricus, (2)Chlorophyllum, (3)Macrolepiota, (4)Leucoagaricus e Leucocoprinus,

    (5)Lepiota, (6)Podaxis, (7)Lycoperdaceae, (8)Chamaemyces, (9)Tulostomataceae e

    (10)Coprinus comatus. Atravs do estudo filogentico de espcies de Lepiota, Vellinga

    (2003) afirma que ainda prematuro basear-se nas divises dos clados, embora as

    caractersticas morfolgicas os suportem.

    Segundo Johnson & Vilgalys (1998), o clado lepiotide (Lepiota sensu lato) e

    agaricide (Agaricus) esto prximos e demonstram que as tribos Agariceae, Lepioteae e

    Leucocoprineae correspondem famlia Agaricaceae, sendo a tribo Cystodermateae

    (Cystoderma eRipartitella) excluda da mesma. Vellinga et al. (2003) demonstram que o

    gneroMacrolepiota polifiltico estando relacionado com uma larga escala de espcies

    de Agaricaceae, tendo em um clado espcies relativamente prximas a Agaricus e em

    outro, espcies prximas a Leucoagaricus e Leucocoprinus. Estes dois clados so

    propostos para os gneros Macrolepiota e Chlorophyllum. Novas combinaes foram

    feitas com o gnero Chlorophyllum (Vellinga 2002) e a conservao do seu nome contra o

    gnero secotiideEndoptychumfoi mantida (Vellinga & de Kok 2002).

    1.2Importncia do grupo

    Etnologicamente, os povos tm sido considerados pelos micologistas modernoscomo distribudos em duas categorias distintas, a saber:

    Povos micfilos, que sempre demonstraram atrao pelos fungos, incluindo-os em suas

    crenas, medicina e alimentao;

    Povos micfobos, que nunca manifestaram qualquer interesse pelos fungos e, ao

    contrrio, chegam a sentir averso pelos mesmos.

    De um modo geral, as antigas civilizaes do Novo Mundo podem ser consideradas

    como no micfilas, excetuando-se os povos primitivos do Mxico (Fidalgo 1965, 1968).

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    15/109

    6

    Muitas espcies da famlia Agaricaceae so de grande importncia econmica.

    Espcies do gnero Agaricus que atualmente so cultivadas em escala comercial em

    ambientes climatizados e controlados, eram no passado, cultivadas em cavernas e grutas.

    Muitas espcies desse gnero so comestveis, como: A. bitorquis (Qul.) Sacc., A.

    campestris L. ex Fr. eA. rodmaniiPeck. (Alexopoulos et al.1996). O famoso champignon

    Agaricus bisporus (Lange) Imbach, apesar de ser uma espcie extica (Pereira & Putzke

    1990), uma boa fonte de minerais e vitaminas, contendo uma quantidade de aminocidos

    essenciais superior a todos os vegetais, exceto espinafre e soja (Alexopoulos et al.1996).

    A maioria das espcies de Macrolepiota so comestveis e algumas como M. procera

    (Scop.) Singeresto no topo da lista dos cogumelos mais saborosos e caros (Akers 1997;

    Singer 1986). Em contraste com Macrolepiota, poucas espcies de Leucoagaricus so

    comestveis, masL. naucinus (Fr.) Singer utilizado como alimento e vendido em feiras,

    muitas vezes confundido com espcies de Agaricus. J nenhuma espcie de Lepiota

    utilizada como alimento e pelo menos trs so citadas como txicas e que podem ser

    confundidas com espcies comestveis. Dentre as espcies txicas da famlia podemos

    citar: Agaricus xanthodermus Genev., Macrolepiota venenata Bon, Chlorophyllum

    molybdites (G. Mey.) Massee, Lepiota cristata(Bolton) P. Kumm, L. josserandii Bom &

    Boiffard, L. helveola Bres, Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, entre outras

    (Franco-Molano et al. 2000; Singer 1986; Wright & Albert 2002). Algumas contm

    toxinas que irritam o sistema gastrintestinal (Chlorophyllum molybdites) ou toxinas letais,

    como as amatoxinas que atacam o sistema heptico (espcies de Lepiota sensu stricto,

    seco Ovisporae(J. E. Lange) Kuhner). Esta ltima causando mortes, tanto na Amrica

    quanto na Europa (Akers 1997).

    O popular Cogumelo do Sol conhecido comoAgaricus blazei Murril, descoberto na

    cidade de Piedade, estado de So Paulo e que foi enviado ao Japo para o estudo de suas

    propriedades medicinais, atualmente utilizado pela sociedade por apresentar propriedadesantitumorais. Este cogumelo uma tima alternativa de renda devido ao seu elevado preo

    no mercado internacional e da sua intensa procura (Dias et al.2004). Tambm conhecido

    pelos japoneses por Himematsutake, em sua composio qumica h substncias que

    atuam no organismo humano estimulando as funes imunolgicas, prevenindo contra

    tumores (cncer), colesterol alto, presso alta, lceras gstricas, osteoporose, problemas

    digestivos, estresse fsico e emocional, entre outras doenas; tambm utilizado como um

    efetivo antioxidante (Didukh et al.2003;Takaku et al.2001).

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    16/109

    7

    Segundo Wasser et al. (2002),Agaricus brasiliensis Wasser, M. Didukh, Amazonas

    & Stamets a espcie conhecida no Brasil e que foi por vrias dcadas identificada

    erroneamente como Agaricus blazei. Mais recentemente, Kerrigan (2005) com base na

    anlise de DNA e no estudo dos tipos de Agaricus blazei e A. brasiliensis pode concluir

    que estas duas espcies so sinnimos deAgaricus subrufescens Peck.

    Existem espcies de fungos agaricceos vivendo em simbiose com insetos (Singer

    1986). Os fungos cultivados pela maioria das espcies de formigas so normalmente os

    cogumelos da tribo monofiltica Leucocoprineae, geralmente Leucoagaricus e

    Leucocoprinus (Chapela et al. 1994; Mueller et al. 1998; Singer 1986), e algumas poucas

    espcies de Lepiota, pertencentes tribo Lepioteae (Mueller et al. 1998; Johnson 1999).

    Segundo Chapela et al. (1994), os diferentes modos de cultivo do fungo caracterizam as

    diferentes linhagens de formigas. Uma espcie bem conhecida Leucoagaricus

    gongylophorus(A. Mller) Singer, onde o fungo a fonte de alimento para as larvas e para

    uma parte das formigas adultas, que por sua vez, auxiliam no cultivo e desenvolvimento do

    fungo (Bononi et al. 1981b; Mohali 1998; Singer 1986; Spielmann & Putzke 1998).

    De acordo com Singer (1986), no h relaes micorrzicas entre os fungos

    agaricceos e razes de vegetais, sendo os membros desta famlia saprbios.

    1.3 Estudos em Agaricaceae no Brasil

    Aps o descobrimento do Brasil, nos quatrocentos anos que se passaram, a

    micologia brasileira s teve expresso atravs de trabalhos esparsos publicados noestrangeiro, resultantes do estudo de exsicatas de coletores, em sua maioria europeus, que

    percorrendo algumas regies de nosso pas levavam consigo exemplares da nossa

    micobiota (Fidalgo 1962).

    Somente no princpio do sculo passado, trs padres jesutas (Rick, Theissen e

    Torrend) deram notvel avano ao conhecimento dos fungos do Brasil. Theissen, graas

    influncia exercida por Rick, elaborou um trabalho sobre Polyporaceae, mas

    posteriormente, dedicou-se aos Ascomycetes coletados no Rio Grande do Sul. Torrend,graas aos seus contatos com Lister e Rick, viu seu interesse despertado para os

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    17/109

    8

    Myxomycetes e Polyporaceae, contribuindo com vrios trabalhos para o nosso pas

    (Fidalgo 1968). Mas foi Rick que, graas ao seu dinamismo e a sua dedicao ao estudo

    dos Basidiomycetes, foi capaz de organizar no Colgio Anchieta de Porto Alegre, uma

    coleo estimada entre 12000-15000 exsicatas de fungos, tornando o Rio Grande do Sul,

    talvez, o Estado com a micobiota mais conhecida de todo o pas. Merecidamente, o ttulo

    de pai da micologia brasileira foi dado a esse cidado, falecido em 1946 (Fidalgo 1962,

    1968).

    A contribuio do padre Johannes Rick ao desenvolvimento da micologia brasileira

    se deu pelos seus numerosos trabalhos (1906, 1907, 1920, 1926, 1930, 1937, 1938a,

    1938b, 1939) entre outros, nos quais vrias espcies da famlia Agaricaceae foram citadas.

    Aps a sua morte, graas ao esforo do padre Balduno Rambo em compilar e organizar o

    que Rick havia feito, a sua obra pstuma intitulada Basidiomycetes Eubasidii in Rio

    Grande do Sul, foi publicada. Neste trabalho, Rick (1961), vrias espcies da famlia em

    questo foram citadas, sendo referidos os seguintes gneros: Lepiota, Lepiotella

    (=Volvolepiota), Psalliota (=Agaricus) e Schulzeria (=Leucoagaricus). Schulzeria foi

    representada por: S. flavidula Rick, S. mammosa Rick, S. alba Rick, S. pluteoides Rick.

    Lepiotella por apenas L. brunnea Rick. Psalliota por: P. pratensis (Schaeff.) Gillet, P.

    campestris (L.) Qul., P. abruptibulba (Peck) Rick, P. elvensis Berk. & Broome, P.

    silvatica (Schaeff.) P. Kumm., P. villatica (Brond.) Bres., P. cretacella (Atk.) Rick, P.

    perrara Schulz., P. subrufescens (Peck) Kaufman, P. echinata (Roth) P. Kumm., P.

    albovelutina Rick, P. rhodochroa (Berk. & Broome) Rick, P. placomyces(Peck) Henn., P.

    cretacea (Fr.) Gillet., P. marcelina Rick, P. trissulphurata (Berk.) Rick., P. californica

    (Peck) Rick, P. argentina (Speg.) Herter, P. comtula (Fr.) Qul. e P. straminea Rick.

    O gneroLepiota foi o mais representativo, sendo dividido em quatro seces:

    Proceraeespcies grandes, com pleo maior que 10 cm Lepiota procera (Scop.)

    Gray, L. coriacea Rick, L. excoriata (Schaeff.) P. Kumm., L. bonaerensis Speg., L.

    stercoraria Rick, L. rhacodes (Vittad.) Qul., L. morganii (Peck) Sacc., L. brinkmanii

    Rick, L. permixta Barla, L. molybdites (G. Mey.) Sacc., L. aureoconspersa Rick, L.

    badhamii (Berk. & Broome) Qul. eL. zeyheri Berk.

    Mediaeespcies com pleo entre 5-10 cm e basidisporos entre 5-10 m L. friesii

    (Lasch) Qul., L. ingrata Rick, L. pteropoda Kalchbr. & MacOwan, L. meleagris

    (Sowerby) Qul., L. clypeolaria (Bull.) Qul., L. erythrella Speg., L. rickiana Speg., L.

    steinhausii (Penz.) Sacc., L. medularis Rick, L. leviceps Speg., L. denticulata Speg., L.cyanea Rick,L. fuscoquamea Peck,L. forquignonii Qul., eL. hispida Gillet.

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    18/109

    9

    Minores com pleo entre 3-5 cm L. cepaestipes Sow. (com as variedadespluvialis

    (Speg.) Rick, sordescens (Berk. & M.A. Curtis) Rick, flos-sulphuris (Schnizl.) Rick,

    farinosa (Peck) Rick, rorulenta (Panizzi) Rick, hiatuloides (Speg.) Rick, cheimonoceps

    (Berk. & M.A. Curtis) Rick, schweinfurthii (Henn.) Rick), L. metulispora (Berk. &

    Broome) Sacc., L. cristata (Bolton) P. Kumm. (com a variedade pycnocephala (Berk. &

    Broome) Rick), L. licmophora (Berk. & Broome) Sacc., L. sulphurina Clem., L.

    longistriata Peck, L. felinoides Peck, L. olivaceomammosa Rick (com a variedade grisea

    Rick),L. rubrosquamosa Rick (com a variedade rubescens Rick),L. atrocoerulea Rick,L.

    holosericea (Fr.) Gillet (com a variedade lanata Rick),L. bulbipes Mont.,L. flavosericea

    Rick, L. serenula P. Karst., L. felina (Pers.) P. Karst. (com a variedade laeviceps(Speg.)

    Rick) eL. sordida Rick.

    Minimae com pleo de no mximo 3 cm L. pusilla Speg.,L. rufogranulata Henn.,

    L. noctiphila (Ellis) Sacc.,L. aureofloccosa Henn.,L. gracilis Peck,L. delicata (Fr.) Gillet.

    (com a variedade albonudaRick),L. albosquamosa Rick,L. hypholoma Rick,L. cristatula

    Rick, L. sulphureosquamosa Rick, L. phaeopus Rick, L. serrulata Rick, L. brunnescens

    Peck (com a variedade erythropus Rick), L. straminea Rick, L. alopochroa (Berk. &

    Broome) Sacc., L. plumbicolor (Berk. & Broome) Sacc., L. inclinata Rick (com a

    variedade appendiculata Rick),L. rubella Bres.,L. lanosofarinosa Rick,L. atrorupta Rick,

    L. unicolor Rick,L. anceps Rick,L. anthomyces (Berk. & Broome) Sacc.,L. erminea (Fr.)

    Gillet, L. revoluta Rick, L. radicata Rick, L. russoceps Berk. & Broome, L. pyrrhaes

    (Berk. & Broome) Sacc., L. seminuda (Lasch) Gillet, L. parvannulata (Lasch) Gillet, L.

    micropholis (Berk. & Broome) Sacc.,L. trombophora Berk. & Broome,L. pratensis Speg.,

    L. aurantiaca Henn.,L. brunneoannulata Rick,L. dubia Rick,L. grisea Rick,L. flavipes

    Rick,L. lugens Rick,L. confusa Rick,L. rupta Rick,L. citrinella Speg. (com a variedade

    serrata Rick), L. brunneosquarrosa Rick, L. brunneopurpurea Rick, L. brunneocarnea

    Rick, L. rosella Rick, L. rubrostraminea Rick, L. fulvolutea Rick, L. tortipes Rick, L.

    fulvastra Berk. & M.A. Curtis eL. proletaria Rick.

    Em seu estudo de tipos de Basidiomycetes, Singer (1953), revisou as espcies de

    Rick, depositadas no Colgio Anchieta (PACA), confirmando as seguintes espcies de

    Agaricaceae para o Rio Grande do Sul: Agaricus campestris L. ex Fr. ou A. pampeanus

    (Speg.) Speg., Chlorophyllum molybdites (Meyer ex Fr.) Massee, Lepiota crassior Sing.,

    L. flavidula (Rick) Sing., Lepiotella brunnea Rick, Leucoagaricus confusus (Rick) Sing.,

    L. olivaceomamillatus (Rick) ex Sing., L. rubrosquamosus (Rick) Sing., Leucocoprinuscepaestipes (Sow. ex Fr.) Pat., Macrolepiota bonaerensis (Speg.) Sing, Melanophyllum

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    19/109

    10

    echinatum (Roth ex Fr.) Sing., Ripartitella brasiliensis (Speg.) Sing. e Smithiomyces

    mexicanus (Murr.) Sing.

    Ainda para a regio Sul, em um levantamento genrico de Agaricales em mata

    nativa de pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia (Bertol) O. Kze.), Pereira (1982)

    registrou os gneros Agaricus, Cystoderma e Lepiota na Floresta Nacional de So

    Francisco de Paula, Rio Grande do Sul.

    Raithelhuber (1987a, 1987b, 1987c) contribuiu mencionando vrias espcies dos

    gnerosLeucocoprinus eMacrolepiotapara o Rio Grande do Sul.

    Heinemann (1993) cita Agaricus argentinus Speg., A. trisulphuratus Berk.,

    Psalliota straminea (Rick) Rick (=Agaricus stramineusKrombholz) para o Rio Grande do

    Sul e Agaricus spissicaulisF.H. Mller, A. dicystisHeinem., A. cf. fuscofibrilosus (F.H.

    Mller) Pilt,A. junquitensisHeinem.,A. parasilvaticusHeinem.,A. silvaticusSchaeff.,A.

    cheilotulusHeinem.,A.cf. nivensis(F.H. Mller) F.H. Mller, A.cf. ochrascensHeinem.

    & Goos.-Font., A. silvicola (Vittad.) Peck, A. meijeriHeinem., A. volvatulusHeinem. &

    Goos.-Font.,A. riberaltensisHeinem., A.cf. bugandensis Pegler, A. sulcatellusHeinem.,

    Micropsalliota arginea (Berk. & Broome) Pegler & Rayner, M. cf. campestroides

    (Heinem.) Heinem. eM. cephalocystis(Heinem.) Heinem. para o estado do Paran.

    Heinemann & Meijer (1996) citam Volvolepiota brunnea (Rick) Singer para o

    estado do Paran.

    Pereira (1998) descreveu 10 novas espcies do gneroLepiota:L. apicepigmentata,

    L. araucariicola, L. bifurcata, L. brunneotabacina, L. colorada, L. cutiscamosa, L.

    conglobata,L. ministipitata, L. santacruzensis e L. septata para a regio Sul do Brasil.

    Atravs da reviso de materiais depositados em herbrios brasileiros, Pereira (2000) citou

    mais 23 espcies do gnero Lepiota: L. abruptibulba Murr., L. aspera (Pers. ex Fries)

    Qul., L. brunneoannulata Rick, L. brunneocarnea Rick, L. brunneopurpurea Rick, L.

    brunneosquarrosa Rick, L. clypeolaria (Bull. ex Fr.) Kumm., L. cristata (Bolton ex Fr.)Kumm.,L. flavipes Rick,L. forquignonii Qul.,L. hypholoma Rick,L. inclinata Rick, L.

    ingrata Rick, L. izonetae Singer, L. lugens Rick, L. olivaceomammosa Rick, L.

    parvannulata (Lash. ex Fr.) Gill., L. phaeopus Rick, L. phaeosticta Morg., L. pyrrhaes

    Berk. & Br.,L. radicata Rick,L. rubella Bres. eL. rubrostraminea Rick., alm das suas 10

    espcies anteriormente mencionadas. Posteriormente, Pereira (2001), apresentando os

    resultados da reviso das espcies do gneroLepiota descritas ou citadas para a micobiota

    brasileira, discute oitenta e nove eptetos especficos, destes, cinqenta e cinco foram

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    20/109

    11

    excludos do gnero, dezenove so considerados nomen nudum e quinze so nomes

    duvidosos, por terem a exsicata muito danificada.

    Spielmann & Putzke (1998), citam a ocorrncia deLeucoagaricus gongylophorus

    (A. Mller) Singer em um ninho ativo de formiga, em floresta nativa no Rio Grande do

    Sul.

    Meijer (2001, 2006), atravs de levantamento micolgico realizado desde o ano de

    1979 no estado do Paran, cita vrias espcies de Agaricaceae.

    Mais recentemente, Sobestiansky (2005), atravs de coletas realizadas em sete

    municpios no sul do Brasil, seis no Rio Grande do Sul e um em Santa Catarina, listou as

    seguintes espcies agaricides de Agaricaceae sensu lato: Chlorophyllum hortense

    (Murrill) Vellinga, Chlorophyllum molybdites (G. Mey. : Fr.) Massee, Leucoagaricus cf.

    lilaceus Singer,Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer,L. cretaceus (Bull.: Fr.) Locq.,

    Macrolepiota pulchella Vellinga & de Meijer,Macrolepiota sp. eRipartitella brasiliensis

    (Speg.) Singer.

    Para a regio Sudeste, podemos citar trabalhos como o de Bononi et al. (1981a),

    mencionando Agaricus sp, Lepiota aurea Pers. ex Fr., L. clypeolaria (Bull.) Qul, L.

    morganii Peck, Lepiota sp., Leucocoprinus cepaestipes Pat, L. fragilissimus (Berk. &

    Rav.) Pat.,Leucocoprinus sp., Phaeolepiota aurea (Mattuska ex Fr.) Gillet e Volvolepiota

    brunnea (Rick) Sing para o Parque Estadual Fontes do Ipiranga, So Paulo. Em outro

    trabalho, Bononi et al. (1981b) fazem referncia ocorrncia de Leucocoprinus

    gongylophorus (A. Mller) Heim (=Leucoagaricus gongylophorus) em dois formigueiros

    deAtta sexdens rubropilosa Forel encontrados no estado de So Paulo.

    Grandi et al. (1984), citam pela primeira vez para o Brasil, vrias espcies de

    agaricceas como: Agaricus porosporusHeinem., A. singeri Heinem., Lepiota epicharis

    var. occidentalis Dennis, L. lentiginosa Pegler, Leucoagaricus naucinus (Fr.) Singer,

    Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, Macrolepiota dolichaula (Berk. & Broome)Pegler & R.W. Rayner e M. mastoidea (Fr.) Singer, coletadas no Parque Estadual Fontes

    do Ipiranga, estado de So Paulo.

    Em um trabalho de levantamento de fungos da ordem Agaricales realizado no

    Parque Estadual da Ilha do Cardoso, estado de So Paulo, Capelari (1989), identificou 73

    txons especficos e infraespecficos classificados em 28 gneros. Dentre os espcimes

    identificados, 18 pertencem famlia Agaricaceae, enquadrando-se nos gneros Agaricus,

    Cystoderma, Lepiota e Leucocoprinus. Sendo que as espcies Leucocoprinus brebissonii(Godey) Locq. eL. fragilissimus (Rav.) Pat.,caracterizaram-se como comuns para o local.

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    21/109

    12

    Heinemann (1989) descreveu Micropsalliota pruinosa Heinem. e citou M.

    roseovinacea para o Rio de Janeiro. Para o mesmo Estado, Heinemann (1993), citou

    Agaricus silvaticus var. pallidus (F.H. Mller) F.H. Mller, A. volvatulus Heinem. &

    Goos.-Font., A. riberaltensis Heinem., A. cf. rhopalopodius Pat. e para o estado de So

    Paulo,Agaricus blazei Murril.

    Pegler (1997), visitando o estado de So Paulo a convite da Dra. Vera Lucia

    Bononi, examinou as espcies depositadas no Herbrio Maria Eneyda P. Kauffman

    Fidalgo, confirmando as seguintes agaricceas:

    Tribo Agariceae: Agaricus argyropotamicus Speg., A. porosporus Heinem., A.

    silvaticus Schaeffer, A. parasilvaticus Heinem., A. fiardii Pegler, A. hornei Murr., A.

    endoxanthus Berk. & Broome, A. purpurellus Heinem., A. singeri Heinem., A.

    violaceosquamulosus Baker & Dale,A. ochraceosquamulosus Heinem.,A. rufoaurantiacus

    Heinem.,A. dennisii Heinem.,A. puttemansii Pegler eMicropsalliota roseovinacea Pegler.

    Tribo Cystodermateae: Cystoderma amianthinum (Scop.) Konr. & Maubl., C.

    contusifolium Pegler, C. siparianum (Dennis) Thoen, Ripartitella brasiliensis (Speg.)

    Singer.

    Tribo Lepioteae: Cystolepiota marthae Singer,Lepiota subflavescens Murr.,L. lilacea

    Bres.,L. epicharis (Berk. & Broome) Sacc. var. occidentalis Dennis,L. lineata Pegler,L.

    subcristata Murr., L. lactea Murr., L. phaeosticta Morgan, L. nigropunctata Dennis, L.

    rimosa Murr., L. murinocapitata Dennis,L. guatopoensis Dennis,L. ochraceoaurantiaca

    Dennis, L. quinamana Dennis, L. abruptibulba Murr., L. citriodora Dennis, L.

    griseorubescens Dennis eL. serena (Fr.) Sacc.

    Tribo Leucocoprineae: Chlorophyllum molybdites (Meyer: Fr.) Massee,Leucoagaricus

    hortensis (Murr.) Pegler, L. imperialis (Speg.) Pegler, Leucocoprinus birnbaumii (Corda)

    Singer, L. brebissonii (Godey) Locq., L. fragilissimus (Rav.) Pat., L. meleagris (Sow.)

    Locq.,L. sulphurellus Pegler,L. venezuelanus Dennis eMacrolepiota bonaerensis (Speg.)Singer.

    Em um trabalho avaliando a atividade antimicrobiana de basidiomicetos, Rosa et al.

    (2003) citaram Agaricus cf. nigrecentulus Heinem, A. cf. trinitatensis R.E.D. Baker &

    W.T. Dale, A. porosporus Heinem., Leucoagaricus cf. cinerascens (Qul.) Bon &

    Boiffard, Leucocoprinus cf. longistriatus (Peck) H.V. Sm. & N.S. Weber, mais uma

    espcie indeterminada deLepiota e outra de Leucocoprinuscoletados no estado de Minas

    Gerais e uma nica espcie indeterminada deAgaricuscoletada no estado de So Paulo.

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    22/109

    13

    Capelari e Gimenes (2004) descreveram Leucocoprinus brunneoluteus, uma nova

    espcie de agariccea, pertencente triboLeucocoprineae, para o estado de So Paulo.

    Para a regio Centro-Oeste, o nico registro conhecido o de Heinemann (1993),

    citandoAgaricus argyropotamicus Speg. para o estado do Mato Grosso.

    Para a regio Nordeste, mais especificamente para o estado de Pernambuco, Batista

    (1957) descreveu Lepiota minuta Bat.. Kimbrogh et al. (1994) citam Chlorophyllum

    molybdites (G. Mey) Massee, Lepiota erythrosticta (Berk. & Broome) Sacc. e L.

    teipeitensis Murrill. Maia (1998) cita Agaricus purpurellus (F.H. Mller) F.H. Mller,

    Lepiota americana Peck, L. morganii Peck e L. procera Lloyd. Maia et al. (2002) citam

    Agaricus brunneostictus Heinem., Lepiota griseorubescens Dennis, L. holosericea (Fr.)

    Gillet, L. lineata Pegler, L. stuhlmannii Henn., L. americana Peck, Leucoagaricus

    meleagris (Sowerby) Singer, Melanophyllum sp. e Micropsalliota roseovinaceus Pegler.

    Wartchow (2005), trabalhando em reas de Mata Atlntica na regio metropolitana de

    Recife, identificou 22 espcies de Agaricaceae, sendo que Catatrama costaricensis Franco-

    Mol.,Lepiota elaiophylla Vellinga & Huijser,L. subincarnata J.E. Lange, Micropsalliota

    brunneosperma (Singer) Pegler e Ripartitella alba Halling & Franco-Mol. so novas

    referncias para o Brasil e as demais, em sua maioria, novos registros para o estado de

    Pernambuco.

    Para a regio Norte, Capelari & Maziero (1988) mencionaram Agaricus cf.

    silvaticus Schaeff., Lepiota citriodora Dennis, L. guatopoensis Dennis, L.

    ochraceoaurantiaca Dennis, L. cf. phaeosticta Morgan, L. rubrotincta Peck,

    Leucocoprinus brebissonii (Godey) Locq., L. cepaestipes (Sowerby ex Fr.) Pat. e L.

    fragilissimus (Rav.) Pat, em coletas na regio dos rios Jaru e Ji-Paran, estado de

    Rondnia.

    Singer (1989) descreveu Leucoagaricus tricolor, Hiatulopsis aureoflava,

    Cystolepiota albogilva, C. amazonica, C. potassiovirens, Lepiota gomezii e L. izonetaepara o estado do Amazonas e Chamaemyces paraensispara o estado do Par.

    Bononi (1992), citou apenas uma espcie indeterminada de Agaricus e Lepiota

    citrinella Speg. em seu trabalho realizado na cidade de Rio Branco, estado do Acre, que

    tinha como objetivo maior, iniciar um Herbrio Micolgico junto ao Departamento de

    Botnica da Universidade Federal do Acre.

    Recentemente, em um levantamento de Agaricales na Reserva Biolgica Walter

    Egler, Amazonas, Souza & Aguiar (2004) mencionaram a ocorrncia de espciesindeterminadas dos gnerosAgaricus,Cystoderma eLepiota.

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    23/109

    14

    Mesmo depois da realizao dos vrios trabalhos mencionados, em diferentes

    localidades do nosso pas e principalmente os realizados no estado do Rio Grande do Sul

    por profissionais e amantes da Micologia, muito ainda necessita ser estudado e descoberto.

    Somente com muita dedicao e seriedade ser possvel ampliar o conhecimento e a

    distribuio geogrfica dos fungos desta famlia, sendo de fundamental importncia

    trabalhos de cunho taxonmico, essenciais para o desenvolvimento da cincia bsica e

    aplicada.

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    24/109

    15

    2. OBJETIVOS

    Geral: Ampliar o conhecimento sobre os fungos da famlia Agaricaceae Chevall. no Rio

    Grande do Sul.

    Especficos:

    Conhecer os fungos da famlia Agaricaceae (Agaricales, Basidiomycota) do Parque

    Estadual de Itapu; Identificar a nvel especfico os exemplares coletados no Parque Estadual de Itapu;

    Elaborar chaves dicotmicas para a determinao dos gneros e espcies encontrados

    na rea em estudo;

    Ampliar o acervo do Herbrio do Departamento de Botnica da Universidade Federal

    do Rio Grande do Sul (ICN) a partir da incorporao de todo o material coletado;

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    25/109

    16

    3. MATERIAIS E MTODOS

    3.1rea de estudo

    O Parque Estadual de Itapu (Fig. 1), unidade de conservao de proteo integral,

    localizado no municpio de Viamo, pertence regio metropolitana de Porto Alegre, no

    estado do Rio Grande do Sul. Encontra-se a aproximadamente 60 km ao sul da capital

    gacha e localiza-se frente ao encontro das guas do lago Guaba e da laguna dos Patos.

    Em decorrncia da presena conjunta de morros granticos e plancies arenosas, apresenta

    grande variedade de ambientes e paisagens: praias, lagoas, dunas, banhados, campos,costes, afloramentos rochosos, onde crescem variadas formaes vegetais, incluindo

    remanescentes de Mata Atlntica e uma fauna igualmente rica (Rio Grande do Sul 1997).

    Segundo Rambo (1994), o Parque situa-se dentro dos limites da fisionomia denominada

    Serra do Sudeste, ou Escudo Cristalino, a qual, apresenta-se como um tringulo isscele no

    territrio rio-grandense, cujos vrtices tocariam na lagoa dos Barros, a leste de Porto

    Alegre, e nos municpios de Jaguaro e So Gabriel.

    Com uma rea aproximada de 5.566 hectares, entre as coordenadas (3020 a 3027

    S e 5050 a 5105 W), caracteriza-se por ser o ltimo remanescente dos ambientes

    originais da Regio Metropolitana (SEMA 2006).

    Segundo Irgang (2003), o Parque compreende duas formaes geolgicas: morros

    granticos do Escudo Cristalino (constitudos por rochas cristalinas Pr-Cambrianas, com a

    sua formao a mais de 500 milhes de anos) e Plancie Costeira (formada junto aos

    morros granticos h cerca de 400 mil anos atrs, quando o aumento da temperatura do

    planeta causou o derretimento das geleiras).

    O clima da rea em estudo classificado, segundo o sistema de Koeppen (1948),

    como estando dentro da classe Cfa, descrito como clima subtropical mido, com mdia do

    ms mais quente superior a 22C e mdia do ms mais frio entre os limites 3C e 18C. A

    temperatura mdia anual oscila em torno dos 17C e a precipitao mdia anual fica entre

    1.100 e 1.300 mm, sendo as chuvas bem distribudas ao longo do ano. Os nevoeiros so

    freqentes e a umidade atmosfrica tende a ser elevada devido presena constante das

    massas de ar martimas.

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    26/109

    17

    A vegetao do Parque de Itapu formada por florestas e campos, e destaca-se por

    sua diversidade, estando includa nos domnios da Mata Atlntica. A diversidade ocorre

    devido s variaes das condies fsicas, determinadas pela proximidade dos morros

    granticos com a plancie sedimentar em rea restrita. Destacam-se, entre as formaes

    arbreas, as matas de encosta, matas de restinga arenosa e paludosa, e matas ciliares. As

    matas de encosta, na face sul dos morros caracterizam-se por serem mais midas e

    possurem solos mais profundos com maior capacidade de armazenamento de gua,

    diferente das condies dos cumes e encostas nortes dos morros. So espcies

    caractersticas desse tipo de mata: figueira-de-folha-mida (Ficus organensis (Miq.) Miq.),

    timbava (Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong), aoita-cavalo (Luehea

    divaricataMart. & Zucc.), aroeira-braba (Lithraea brasiliensisMarch.), entre outras. As

    matas de restinga e paludosa so menos comuns, possuem dossel irregular e apresentam

    como espcies tpicas o tarum-branco (Cytharexylum myrianthum Cham.), a embaba

    (Cecropia pachystachya Trec.), a corticeira-do-banhado (Erythrina crista-galli L.) e o

    jeriv (Syagrus romanzoffiana(Cham.) Glassman). As matas ciliares, por sua vez, ocorrem

    junto aos cursos dgua, sendo que aquelas prximas ao Lago Guaba geralmente ocorrem

    internamente vegetao juncal, formada, principalmente, por junco (Scirpus californicus

    (C.A. Mey.) Steud.). Destacam-se na mata ciliar madura o agua-mata-olho (Pouteria

    gardneriana (A. DC.) Radlk.) e o sarandi-amarelo (Terminalia australis Camb.), entre

    outras (Brack et al.1998).

    Embora o Parque tenha sido criado oficialmente em 1973, como conseqncia do

    movimento ecolgico contra a destruio das paisagens e ambientes naturais, causada pela

    extrao de granito, a sua implantao efetiva s ocorreu em 1998, com a concluso da

    infra-estrutura necessria para o cumprimento de seus objetivos como categoria Parque,

    segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservao (Irgang 2003).

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    27/109

    18

    3.2 Metodologia

    Coleta de material

    As coletas foram realizadas durante o perodo de Abril de 2005 a Junho de 2006,

    concentradas durante as estaes do outono, primavera e vero; totalizando 18 visitaes a

    rea de estudo.

    Os diversos locais do Parque, com mata nativa, campos e gramados, foram

    percorridos em busca de espcimes de cogumelos da famlia em questo. Todo o material

    coletado foi retirado do substrato com o auxlio de uma faca ou esptula e envolto em

    papel, para posteriormente ser armazenado separadamente em recipientes ou sacos

    plsticos, evitando assim a mistura de esporos, o que dificultaria a sua identificao.

    Anotaes sobre a natureza do substrato e demais observaes dos espcimes foram

    tomadas no campo a fim de facilitar a determinao do material e interpretar o ambiente

    onde se desenvolvem.Tambm foram feitos desenhos e/ou retiradas fotos dos exemplares

    coletados.

    Anlise macroscpica

    Foram preenchidas fichas de anlise macroscpica, especialmente confeccionadas

    para os fungos desta famlia, para cada exemplar coletado, procurando assim preservar

    caractersticas importantes do material, antes da desidratao, que auxiliariam na sua

    identificao, como:

    a) Pleo: importante anotar o mximo de caractersticas ainda quando o cogumelo estiver

    fresco, pois podem ocorrer variaes em sua colorao e forma, aps a desidratao. Dimenses: dimetro do cogumelo;

    Forma: desde o cogumelo jovem at o adulto, quando possvel;

    Colorao: muito importante na identificao dos fungos desta famlia. Podem

    ocorrer variaes entre a margem e a superfcie, sendo fundamental a utilizao

    de uma carta de cores;

    Superfcie: podendo variar desde lisa (glabra), fibrilosa, esquamulosa a

    fortemente escamosa, tambm fazendo anotaes referentes a sua colorao;

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    28/109

    19

    Margem: formato (plana, revoluta, involuta ou curvada para baixo) e o tipo (lisa

    ou regular, plicada, apendiculada);

    Contexto: anotaes sobre a sua consistncia (membranosa a carnosa), bem

    como a sua colorao.

    b) Himenforo: caracterizado por ser lamelar (Singer 1986). Aqui so feitas anotaes

    referentes colorao das lamelas, insero, abundncia e consistncia.

    c) Estpite: assim como o pleo, pode ocorrer mudana na sua colorao e forma aps a

    desidratao.

    Dimenses: comprimento e largura;

    Forma: variaes no formato, podendo ser cilndrico, clavado, com base maisalargada, sub-bulboso a bulboso;

    Colorao: tambm utiliza-se uma carta de cores;

    Posio: central;

    Superfcie: lisa ou ornamentada (fibrilosa a esquamulosa, ocorrendo em vrias

    espcies dos gnerosMacrolepiota eLepiota);

    Contexto: sua colorao, sua consistncia (carnosa, fibrosa, membranosa) e se

    fistuloso ou no.

    d) Vu parcial (anel): muito importante nessa famlia, tendo em vista que a maioria das

    espcies possui, mesmo que algumas vezes seja efmero. Anotaes quanto a sua

    colorao, posio, consistncia e complexidade.

    e) Vu universal (volva): geralmente ausente nesta famlia, mas podendo estar presente

    em algumas espcies como emAgaricus martineziensis Heinem. (Capelari et al. 2006),

    Leucoagaricus bivelatus B.P. Akers & Ovrebo (Akers & Ovrebo 2005) e Volvolepiotabrunnea (Rick) Sing. (Heinemann & Meijer 1996), entre outras.

    f) Miclio basal e rizomorfas: anotaes quanto a sua presena, colorao e abundncia.

    g) Esporada: a retirada da esporada feita colocando-se uma parte do pleo, com as

    lamelas para baixo, sobre uma folha de papel branca, em cmara mida. Nesta famlia,

    h uma variao enorme na colorao da deposio dos basidisporos, desde branca,

    creme, castanho-acinzentada, castanho, castanho-escura at verde. Quando no forpossvel obter a esporada, observa-se a colorao das lamelas no basidioma maduro, ou

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    29/109

    20

    dos basidisporos em lminas montadas para serem visualizadas no microscpio

    ptico.

    Para as espcies do gnero Agaricus realizou-se o teste qumico conhecido como

    Reao de Schaeffer, que consiste em fazer dois traos, um com cido Ntrico (HNO 3) e

    outro com Anilina, na superfcie do pleo. O resultado positivo quando adiquirir uma

    colorao vermelho-alaranjada a vermelho-fogo no ponto de interseco dos traos (Singer

    1986).

    Todas as caractersticas macroscpicas analisadas foram baseadas na obra de

    Largent (1977), com o auxlio de microscpio estereoscpico LEICA ZOOM 2000. Todas

    as cores foram avaliadas utilizando-se como referncia a carta de cores de Kornerup &

    Wanscher (1978).

    Aps o preenchimento da ficha de anlise macroscpica, todo o material foi

    desidratado em estufa com temperatura aproximada de 45C, sendo posteriormente

    analisado microscopicamente com o auxlio do microscpio ptico.

    Anlise microscpica

    Para a anlise microscpica, foram realizados cortes manuais no basidioma,

    utilizando lminas de barbear novas. As lminas foram montadas com soluo aquosa de

    Hidrxido de Potssio a 5% (KOH), o que permite visualizar a colorao das estruturas

    microscpicas. Outras lminas foram montadas com KOH e o corante Vermelho Congo

    2% (Congo Red), o que possibilitou observar com maior nitidez as microestruturas e

    tambm efetuar o teste de congofilia (que positivo quando os basidisporos ficam

    totalmente corados de vermelho). Foi preenchida para cada espcie, uma ficha de anlise

    microscpica e uma ficha com as medies das microestruturas especialmente montadas

    para os fungos dessa famlia. Foram feitas medies (o mnimo de 20, para cada elemento)

    e ilustraes das microestruturas, frteis e estreis, como basdios, basidisporos, cistdios,

    hifas da trama e superfcie pilear (pileipellis), com o auxlio de uma ocular milimetrada e

    cmara clara acoplada ao microscpio ptico LEICA DM LS2. Todas as medies e

    ilustraes foram efetuadas em aumento de 1000x, com exceo da estrutura da superfcie

    pilear de algumas espcies, em aumento de 400x. A nomenclatura das microestruturas foi

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    30/109

    21

    baseada na obra de Largent et al. (1986). Foram analisadas as seguintes estruturas

    microscpicas:

    a) Basidisporos: as unidades de reproduo sexual dos fungos dessa famlia possuem

    variao na colorao, morfologia e dimenses (Pegler & Young 1971). So feitas

    anotaes quanto a:

    Dimenses: comprimento e largura, para efetuar o clculo do Q (coeficiente

    entre o comprimento e a largura) e o Qm (valor mdio de Q);

    Forma: h uma variao grande na morfologia (globosos, subglobosos,

    amplamente elipsides, elipsides, oblongos, amigdaliformes, calcarados,...),

    apresentando poro germinativo visvel ou no;

    Colorao: desde hialino a tons de castanho e algumas vezes verde;

    Parede: na maioria dos casos lisa ou em poucos casos, ornamentada. Variando

    de fina a espessa.

    b) Basdios: no to expressivos na taxonomia deste grupo, mesmo se tratando da

    estrutura onde ocorre a formao dos basidisporos. So feitas anotaes quanto a sua

    forma, dimenses e aspectos referentes parede;

    c) Cistdios: as microestruturas estreis encontradas nessa famlia so importantes

    taxonomicamente. Geralmente so encontrados queilocistdios (situados no fio/bordo

    das lamelas) e com menor freqncia pleurocistdios (situados nas faces laterais das

    lamelas). So feitas anotaes referentes a sua forma, espessura da parede, colorao e

    dimenses.

    d) Hifas da trama: observao da disposio das hifas, sua colorao e o tipo de parede.

    Geralmente nessa famlia as hifas da trama so regulares.

    e) Hifas da superfcie pilear (pileipellis): de grande importncia taxonmica em alguns

    gneros (Lepiota, Leucocoprinus, Macrolepiota); analisadas quanto a sua estrutura,

    forma, comprimento, colorao e tipo de parede.

    f) Fbulas: conexo entre hifas, semelhante a um gancho, caracterstica do miclio

    secundrio de muitos Basidiomycetes. Elas foram avaliadas atravs da sua presena ou

    ausncia. Na famlia Agaricaceae, a sua ocorrncia limitada a poucos gneros.

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    31/109

    22

    Alguns testes qumicos so de grande importncia na determinao de gneros e

    espcies desta famlia.

    Reao dextrinide: utiliza-se o reagente de Melzer. Neste caso, quando os

    basidisporos ficarem corados de castanho a castanho-avermelhado eles so

    configurados como dextrinides (pseudoamilides), se ficarem azulados (amilides) e

    se no adquirirem nenhuma colorao (inamilides).

    Reao metacromtica: utiliza-se Azul de Cresil. O endosprio e a parede do esporo

    coram-se de rosa a lils. Esta reao observada nos gneros Leucoagaricus,

    Leucocoprinus eMacrolepiota.

    Reao de congofilia: j citada anteriormente.

    Identificao do material

    Para a identificao do material coletado, foram consultadas as obras especializadas

    de Bon (1981), Breitenbach & Krnzlin (1995), Candusso & Lanzoni (1990), Cappelli

    (1984), Dennis (1952, 1961, 1970), Heinemann (1961, 1962a, 1962b, 1962c, 1962d, 1977,

    1986, 1990, 1993), Pegler (1972, 1977, 1983, 1986, 1997), Rick (1961), Singer (1949,

    1986), Singer & Digilio (1951), Vellinga (2001), Wasser (1993), Wright & Albert (2002),

    entre outras.

    O sistema de classificao adotado neste trabalho baseado na obra de Singer

    (1986) e modificado com base no sistema de classificao proposto por Kirk et al. (2001).

    Foram includas somente espcies de gneros agaricides, no contemplando os

    gasterides e secotides.

    Conservao dos basidiomas

    Todo material, aps ter sido analisado e identificado, ser incorporado ao acervo do

    Herbrio do Departamento de Botnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    (ICN).

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    32/109

    23

    Terminologia micolgica, nome dos gneros e das espcies

    Toda a terminologia micolgica seguiu os trabalhos de Fidalgo & Fidalgo (1967),

    Guerrero & Silveira (2003) e Putzke & Putzke (2004). Todos os nomes de gneros e de

    espcies identificados, bem como os seus respectivos basnimos, foram escritos segundo o

    CABI Bioscience Database (2006).

    Nome dos autores dos taxa

    Todas as abreviaes dos nomes de autores foram escritas de acordo com Authors

    of Fungal Names (CABI Bioscience Database 2006).

    Colees examinadas

    Foram analisadas colees de importantes herbrios nacionais e internacionais que

    possuem exsicatas da famlia em questo, como os herbrios da Universidade de Buenos

    Aires (BAFC) e o da Fundao Miguel Lillo (LIL), ambos da Argentina; tambm foram

    revisados herbrios nacionais, o do Instituto de Botnica (SP) e o do Instituto Anchietano

    de Pesquisas/Unisinos (PACA), onde se concentra a maioria das exsicatas de Agaricaceae

    do nosso pas. As siglas dos herbrios seguem o Index Herbariorum (2007).

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    33/109

    24

    4. RESULTADOS E DISCUSSO

    No Parque Estadual de Itapu, nas 18 visitaes realizadas no perodo de Abril de2005 a Junho de 2006, foram identificadas 19 espcies distribudas em 6 gneros

    pertencentes famlia Agaricaceae, dos quais: Agaricus (5 espcies), Chlorophyllum (1

    espcie),Lepiota ( 3 espcies), Leucoagaricus (3 espcies), Leucocoprinus (6 espcies) e

    Macrolepiota (1 espcie).

    4.1 Chave para determinao dos gneros encontrados

    1.Esporada escura (tons de castanho) ou esverdeada, basidisporos pigmentados...........2

    1.Esporada clara (branca a creme), basidisporos no pigmentados (hialinos) ................3

    2.Esporada e basidisporos escuros (castanho-acinzentado a castanho-escuro)..Agaricus

    2.Esporada e basidisporos esverdeados.................................................... Chlorophyllum

    3.Basidisporos com poro germinativo visvel .................................................................4

    3.Basidisporos sem poro germinativo visvel..................................................................5

    4.Basidiomas geralmente delicados e frgeis, com o pleo normalmente

    sulcado/plicado, fbulas ausentes.................................................................Leucocoprinus

    4.Basidiomas mais robustos, com o pleo no sulcado e fbulas presentes, mas de difcil

    visualizao ...................................................................................................Macrolepiota

    5.Basidisporos metacromticos em Azul de Cresil ...................................Leucoagaricus

    5.Basidisporos no metacromticos em Azul de Cresil .......................................Lepiota

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    34/109

    25

    4.2AgaricusL.

    Sp. Plantarum2: 1173 (1753).

    Hbito pluteide dos basidiomas. Pleo carnoso com superfcie glabra a escamosa, seca,pigmentada ou no. Lamelas livres, brancas a rosa quando imaturas, tornando-se mais

    escurecidas com a maturidade dos basidisporos. Esporada castanho-prpura a spia.

    Estpite central, alongado, apresentando um anel membranoso simples ou complexo, com

    base freqentemente bulbosa. Contexto s vezes mudando de cor para vermelho ou

    amarelo quando tocado ou machucado. Basidisporos castanhos, lisos, com parede

    espessa, com at 10 m de comprimento, raramente maiores, no dextrinides, com ou

    sem poro germinativo visvel. Basdios comumente tetrasporados, mas em alguns casosbisporados. Pleurocistdios ausentes. Queilocistdios presentes ou ausentes. Superfcie

    pilear freqentemente composta por hifas prostradas. Trama himenoforal regular a

    irregular. Fbulas ausentes. Crescendo no solo ou em hmus, no interior de florestas ou em

    locais abertos (gramados, campos).

    Espcie tipo:A. campestris L. [como 'campester'].

    4.2.1 Chave para as espcies deAgaricus

    1.Basidiomas pequenos, com o dimetro do pleo inferior a 50 mm e apresentando

    colorao laranja-claro a alaranjado..............................................................Agaricussp.1

    1.Basidiomas robustos e maiores, com o dimetro do pleo superior a 50 mm e

    apresentando colorao diferente da anterior ....................................................................2

    2.Pleo castanho-vinceo a violeta, estpite com a superfcie esqumulosa-fibrilosa,

    basidisporos elipsides (4.3-)4.7-5.2 x 3-4 m .........................................A. porphyrizon

    2.Pleo branco, castanho-claro ou castanho, estpite com a superfcie lisa, basidisporos

    elipsides a oblongos com dimenses maiores .................................................................3

    3.Pleo castanho-claro a castanho, com a superfcie coberta por fibrilas de colorao

    castanho a castanho-claro...................................................................A. pseudoargentinus

    3.Pleo branco, com a superfcie coberta por esqumulas e/ou fibrilas bege, castanho-claro a castanho sobre um fundo branco ...........................................................................4

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    35/109

    26

    4.Estpite com a base bulbosa apresentando um anel carnoso bem desenvolvido e

    persistente, basidisporos elipsides a oblongos 5.5-6.5 x 3-3.8 m........A. aff. silvaticus

    4.Estpite com a base afilada apresentando um anel membranoso bem desenvolvido,

    basidisporos elipsides(6-)6.5-7.5(-8) x 4-5 m.......................................A. cf.litoralis

    4.2.2Agaricus cf.litoralis(Wakef. & A. Pearson) Pilt Fig. 2 e 16

    Klc Kurc. Na. Hub Hrib. Bedl.(Praha): 403 (1952) [como littoralis].

    Psalliota litoralis Wakef. & A. Pearson, in Pearson, Trans. Br. mycol. Soc. 29(4): 205 (1946).

    Pleo 91 mm, convexo a plano-convexo; branco (1.A1); superfcie esquamulosa, seca,

    coberta por esqumulas apressas de colorao castanho-claro (6.D4) a bege (3.B3); borda

    plana com margem apendiculada; contexto carnoso de colorao branca, no mudando de

    colorao aps ser cortado. Lamelas livres, castanho-escuras (7.F5), muito prximas,

    membranosas, apresentando lamlulas. Estpite 51 x 20 mm, central, afinando na base,

    branco; superfcie lisa; estreitamente fistuloso de consistncia carnosa-fibrosa; contexto

    branco no mudando de cor; rizomorfas pequenas e finas de colorao branca; miclio

    basal ausente. Anel mediano a spero, simples, descendente, membranoso, branco, bem

    desenvolvido. Odor agradvel.

    Reao de Schaeffernegativa na superfcie do pleo.

    Basidisporos (6-)6.5-7.5(-8) x 4-5 m, Q = 1.30-1.75, Qm = 1.47, elipsides, castanho-

    acinzentados a castanhos, parede espessa e lisa, no apresentando poro germinativo visvel.

    Esporada castanho-escura (7.F5). Basdios 15-20 x 7-9 m, clavados, hialinos, parede

    fina e lisa, com 4 esterigmas de 2-3 m de comprimento. Pleurocistdios ausentes.

    Queilocistdios 19-29 x 10-15 m, inflado-clavados a clavados, hialinos, parede fina elisa. Superfcie pilear 5-16 m, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas,

    levemente pigmentadas de bege. Fbulas ausentes. Trama himenoforalregular, 4-22 m,

    formada por hifas hialinas de parede fina e lisa.

    Aspectos ecolgicos:crescendo solitrio, em solo de campo aberto (gramado).

    Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamo, Parque Estadual de Itapu,

    Praia de Fora, 27/IV/2006, M.S. Rother 133/06 (ICN 139292).

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    36/109

    27

    Material adicional examinado: ARGENTINA. La Lucila: La Roja al 400, 10/V/1992,

    J.E. Wright (BAFC 32776).

    Distribuio: Europa: Cappelli (1984); Nauta (2001). Amrica do Sul: Heinemann (1993).

    Discusso: Nosso espcime caracterizado por apresentar basidioma branco com a

    superfcie do pleo coberta por esparsas esqumulas de colorao castanho-claro a bege,

    pelo estpite com base afilada, anel spero e descendente, presena de queilocistdios e

    pela reao de Schaeffer negativa. Suas dimenses e morfologia assemelham-se as de

    Agaricus campestris L.e aA. bitorquis (Qul.) Sacc., porm difere da primeira espcie por

    apresentar queilocistdios e da segunda por no apresentar anel duplo e pelo contexto no

    mudar de cor quando cortado ou machucado. A. platensis Speg. descrito para a Argentina

    (Spegazzini 1926) tambm apresenta morfologia parecida, mas difere por possuir anel

    nfero semelhante a uma volva, por apresentar basidisporos menores (5 x 4 m) e pela

    ausncia de cistdios.

    Agaricus spissicaulis F.H. Mller apresenta basidisporos com 5-7 x 4-5,5 m,

    queilocistdios clavados a cilndricos e comumente encontrado em campos prximo ao

    litoral. relacionado com A. maskae Pilt, que difere praticamente por apresentar

    basidisporos e queilocistdios levemente maiores (Cappelli 1984). De acordo com Nauta

    (2001), estas duas espcies so consideradas sinonmias de Agaricus litoralis, nome

    atualmente aceito, que apresenta medidas de basidisporos (6.5-)7-8.5 x (4.5-)5-6.5 m,

    queilocistdios e formas gerais muito semelhantes s de nosso material, alm de ser

    encontrado em substrato semelhante. considerada rara na Europa, tambm conhecida na

    Amrica do Norte e no norte da frica.

    Atravs da anlise de material depositado no herbrio BAFC citado como

    A. spissicaulis, encontrou-se basidisporos medindo 5-6 x 3.5-4 m, mas no foi possvel

    observar algumas caractersticas importantes, como a colorao e a presena de

    queilocistdios, devido ao tempo de herborizao.

    No Brasil, Agaricus spissicaulis foi encontrado em dunas do litoral do estado do

    Paran (Heinemann 1993).

    Sero necessrias mais coletas para confirmar a ocorrncia de A. litoralis (= A.

    spissicaulis)para a rea de estudo e para o Estado.

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    37/109

    28

    4.2.3Agaricus porphyrizonP.D. Orton Fig. 3 e 17

    Trans. Br. mycol. Soc.43(2): 174 (1960).

    Pleo 70-100 mm, hemisfrico a convexo quando jovem tornando-se aplanado namaturidade; castanho-vinceo (10.E6) com o umbo mais violeta (12.F6); superfcie

    esqumulosa-fibrilosa, seca, coberta por esqumulas e fibrilas apressas de colorao

    castanho-vinceo a violeta, dispostas radialmente e com maior concentrao no disco

    central; borda plana com margem regular; contexto carnoso de colorao branca, no

    mudando de colorao aps ser cortado. Lamelas livres, castanhas (7.E5) a castanha-

    escura (7.F6), muito prximas, membranosas, apresentando lamlulas. Estpite 70-80 x

    10-12 mm, central, sub-bulboso (15-19 mm), branco; superfcie radialmente esquamulosa

    abaixo do anel; fistuloso, de consistncia fibrosa; contexto branco no mudando de cor;

    rizomorfas brancas; miclio basal ausente. Anel spero, simples, descendente,

    membranoso, branco, bem desenvolvido. Odor agradvel.

    Reao de Schaefferno observada em material fresco.

    Basidisporos (4.3-)4.7-5.2 x 3-4 m, Q = 1.28-1.67, Qm = 1.44, elipsides, castanho-

    claros, parede espessa e lisa, no apresentando poro germinativo visvel. Esporada

    castanha-escura (7.F6). Basdios 13-19 x 6-8.5 m, clavados, hialinos, parede fina e lisa,

    com 4 esterigmas de 2-3 m de comprimento. Pleurocistdios ausentes. Queilocistdios

    15-24 x 7.5-11 m, clavados a piriformes, hialinos, parede fina e lisa. Superfcie pilear 5-

    9 m, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, pigmentadas de bege a castanho-

    claro. Fbulas ausentes. Trama himenoforalregular, 3-10 m, formada por hifas hialinas

    de parede fina e lisa.

    Aspectos ecolgicos: crescendo solitrio e em pequenos grupos, em solo no interior da

    mata.

    Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamo, Parque Estadual de Itapu,

    Praia da Pedreira, 09/IV/2005, M.S. Rother 029/05 (ICN 139293); M.S. Rother 035/05

    (ICN 139294).

    Material adicional examinado: ARGENTINA. Neuquen: Puerto Manzano, 09/IV/1963,

    Singer M 3357 (BAFC 32283).

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    38/109

    29

    Distribuio: Europa: Cappeli (1984); Nauta (2001).Amricas: Heinemann (1986, 1990,

    1993).

    Discusso: Agaricus porphyrizon caracterizado por apresentar o pleo violceo a

    castanho-vinceo com a superfcie esqumulosa-fibrilosa, estpite branco com a superfcie

    esqumulosa-fibrilosa, anel membranoso descendente e queilocistdios. Segundo Nauta

    (2001), essa espcie est inserida na seo Minores Fr. devido aos basidisporos

    (comprimento < 6.5 m; Qm = 1.35-1.60; poro germinativo ausente), a estrutura do anel e

    a tonalidade amarelada do contexto quando machucado. Em nosso material, no foi

    observada a mudana de cor do contexto, tanto do pleo quanto do estpite e tambm no

    foi possvel realizar a reao de Schaeffer em material fresco, mas as demais caractersticas

    conferem com as observadas nos materiais estudados por Cappelli (1984), Heinemann(1986, 1990) e Nauta (2001).

    Agaricus violaceosquamulosus Baker & Dale descrito para Trinidade e Tobago

    difere de A. porphyrizon por apresentar basidiomas menores e pelo anel ser ascendente

    (Baker & Dale 1951). Agaricus purpurellus (F.H. Mller) F.H. Mller apresenta a

    colorao do pleo similar, mas os basidiomas so menores, a superfcie do pleo fibrilosa

    e os basidisporos so menores (Cappelli 1984).

    Agaricus porphyrizon considerada aparentemente rara e encontrada maiscomumente em regies costeiras, no solo de matas com rvores decduas e em gramados

    de dunas (Nauta 2001); caractersticas aparentemente similares s encontradas na

    vegetao e no solo do Parque.

    No estudo da exsicata (BAFC 32283) identificada por Singer, encontramos medidas

    de basidisporos semelhantes s encontradas em nosso material, porm o basidioma

    menor, o anel no est preservado e no foi possvel visualizar os queilocistdios.

    Este o primeiro registro deAgaricus porphyrizonpara o Brasil.

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    39/109

    30

    4.2.4Agaricus pseudoargentinusAlbert & J.E. Wright Fig. 4 e 18

    Mycotaxon50: 272 (1994).

    Pleo 58-85 mm, inicialmente hemisfrico, convexo a plano-convexo at aplanado namaturidade; castanho-claro (6.D5) com centro castanho (6.E6) sobre um fundo branco;

    superfcie fibrilosa, seca, coberta por fibrilas apressas de colorao castanho a castanho-

    claro; bordo plano com margem apendiculada; contexto carnoso de colorao branca, no

    mudando aps cortado. Lamelas livres, inicialmente rosa (13.A4) tornando-se castanha-

    vincea (11.E4) a castanha-acinzentada (11.E3) com o amadurecimento, muito prximas,

    membranosas, apresentando lamlulas. Estpite 40-72 x 8-14 mm, central, cilndrico,

    levemente mais engrossado na base (18 mm), branco; superfcie lisa; fistuloso, de

    consistncia fibrosa; contexto branco no mudando de cor; rizomorfas de colorao

    branca; miclio basal ausente. Anel spero, simples, descendente, membranoso, branco,

    bem desenvolvido. Odor agradvel.

    Reao de Schaeffernegativa na superfcie do pleo.

    Basidisporos 5.5-6.5(-7) x 3.8-5 m, Q = 1.20-1.60, Qm = 1.38, amplamente elipsides a

    elipsides, castanho-claro a castanho, parede espessa e lisa, no apresentando poro

    germinativo visvel. Esporada castanho-escura (7.F5). Basdios 16-23 x 7-8(-10) m,

    clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 2-3.5 m de comprimento.

    Pleurocistdios ausentes. Queilocistdios 12-33 x 8-12 m, geralmente piriformes a

    clavados, hialinos, parede fina e lisa, abundantes. Superfcie pilear 5-20 m, formada por

    hifas de parede fina e lisa, prostradas, pigmentadas de castanho-claro. Fbulas ausentes.

    Trama himenoforalregular a sub-regular, 3-11 m, formada por hifas hialinas de parede

    fina e lisa.

    Aspectos ecolgicos:solitrio ou em pequenos grupos, em solo no interior e na borda damata.

    Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamo, Parque Estadual de Itapu,

    Praia da Pedreira, 22/X/2005, M.S. Rother 096/05 (ICN 139297); 09/XI/2005, M.S. Rother

    101/05 (ICN 139298); Praia do Stio, 07/IX/2005, M.S. Rother 076/05 (ICN 139295); M.S.

    Rother 078/05 (ICN 139296).

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    40/109

    31

    Material adicional examinado: ARGENTINA. Buenos Aires: Burzaco, X/1991, E.

    Albert (BAFC 32962); Chascoms, campo del INTECH, 09/XI/2000, E. Albert (ED:

    880) (BAFC 50875).

    Distribuio: Amrica do Sul: Albert & Wright (1994); Wright & Albert (2002).

    Discusso: Esta interessante espcie do gnero Agaricus, originalmente descrita

    pertencendo seo Sanguinolenti (Schaeffer & Mller) Singer (Albert & Wright 1994) e

    posteriormente transferida seo AgaricusKonr. & Maubl. devido ao seu contexto ser

    imutvel ao corte ou ao tato (Albert 1996), caracteriza-se principalmente por apresentar

    pleo hemisfrico a plano-convexo, com abundantes fibrilas castanho-claras a castanho-

    escuras sobre um fundo esbranquiado; contexto branco imutvel; reao de Schaeffer

    negativa na superfcie do pleo; estpite branco, cilndrico a levemente clavado; anel

    simples, bem desenvolvido, spero e descendente (Albert & Wright 1994; Wright &

    Albert 2002).

    Agaricus pseudoargentinus foi descrito para a Argentina apresentando basidiomas

    solitrios, encontrados em abundncia e com basidisporos medindo 4.7-5.7(6.5) x

    (3.2)3.7-4.2 m (Albert & Wright 1994). Em nosso material, foram observados

    basidisporos levemente maiores e basidiomas geralmente solitrios ou algumas vezes em

    pequenos grupos, tanto no interior quanto fora da mata.

    Segundo Albert & Wright (1994), A. argentinus Speg. muito prxima desta

    espcie, diferenciando-se pela colorao ferrugem-avermelhada da esporada, por

    apresentar anel duplo e pelo estpite no ser fistuloso.

    Atravs do estudo do material depositado no herbrio BAFC e de comunicao

    pessoal com o autor da espcie, foi possvel confirmar a sua determinao.

    At o momento,Agaricus pseudoargentinuss havia sido citado para a Argentina,

    sendo este o primeiro registro para o Brasil.

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    41/109

    32

    4.2.5Agaricus aff.silvaticusSchaeff. Fig. 5 e 19

    Fung. Bavariae4: 62 (1833).

    Pleo 67-75 mm, convexo a plano-convexo; branco (1.A1); superfcie esqumulosa, seca,coberta por esqumulas recurvadas de colorao castanho-claro (6.D4), mais concentradas

    no disco central; borda plana com margem regular; contexto carnoso de colorao branca,

    no mudando de colorao aps ser cortado. Lamelas livres, castanho-claro (6.D6) a

    castanho (6.E5), muito prximas, membranosas, apresentando lamlulas. Estpite 65-87 x

    6-8 mm, central, com a base bulbosa mais alargada (13-16 mm), branco; superfcie lisa;

    no fistuloso, de consistncia fibrosa; contexto branco adquirindo uma tonalidade amarelo-

    claro depois de cortado; rizomorfas no observadas; miclio basal ausente. Anel spero,

    simples, descendente, carnoso, branco, bem desenvolvido. Odor agradvel.

    Reao de Schaeffernegativa na superfcie do pleo.

    Basidisporos 5.5-6.5 x 3-3.8 m, Q = 1.45-2.00, Qm = 1.78, elipsides a oblongos,

    castanho-claros, parede espessa e lisa, no apresentando poro germinativo visvel.

    Esporadacastanho-escura (7.F6). Basdios 14-17 x 5.5-6.5 m, clavados, hialinos, parede

    fina e lisa, com 4 esterigmas de 1.5-2 m de comprimento. Pleurocistdios ausentes.

    Queilocistdios (14-)18-25(-30) x 9-14 m, inflado-clavados a clavados, difceis de

    visualizar, hialinos, parede fina e lisa. Superfcie pilear 3-14 m, formada por hifas de

    parede fina e lisa, prostradas, pigmentadas de castanho-claro a bege. Fbulas ausentes.

    Trama himenoforalregular, 3-14 m, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa.

    Aspectos ecolgicos:gregrio, em solo no interior da mata.

    Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamo, Parque Estadual de Itapu,

    Praia da Pedreira, 22/X/2005, M.S. Rother 095/05 (ICN 139299).

    Distribuio:Europa: Cappelli (1984); Nauta (2001). Amricas: Heinemann (1986, 1993);

    Hotson & Stuntz (1938); Pegler (1983, 1997).

    Discusso:Agaricus silvaticus apresenta alterao avermelhada na colorao do contexto

    quando machucado, o que no foi observado em nosso material. Heinemann (1986, 1990),

    em ambos trabalhos realizados na Amrica do Sul, refere que esta espcie tem

    basidisporos ovides medindo 4.5-6 x 3-3.5 m. Tanto para o Brasil (Pegler 1997) quanto

    para Martinique (Pegler 1983) so tambm citados basidisporos com a mesma forma e

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    42/109

    33

    com medidas muito prximas. Em nossos exemplares encontramos basidisporos um

    pouco maiores, mas dentro da variao da espcie.

    Cappelli (1984) menciona que Agaricus silvaticus extremamente varivel,

    apresentando um notvel polimorfismo e algumas variedades conhecidas. Heinemann

    (1993) citouA. silvaticus var.pallidus (F.H. Mller) F.H. Mller para o Brasil, sendo que

    esta variedade difere de A. silvaticus pela colorao mais plida das esqumulas. Nosso

    material apresenta esta variao na colorao do pleo e das escamas, talvez devido a ter

    sido coletado em dia chuvoso, o que possibilitaria esta mudana. Segundo Nauta (2001)

    essa variedade no est bem definida por no existir nenhum tipo ou material original

    preservado.

    Pegler (1983) refere Agaricus bambusigenus Berk. & Curt., material coletado em

    Cuba, como uma espcie prxima e que difere de A. silvaticus por apresentar um anel

    grande e persistente, e hbito cespitoso, caractersticas presentes em nossos exemplares.

    Porm, refere que esta espcie estaria aparentemente associada com espcies de bambu.

    Faz-se necessrio mais coletas para confirmar a ocorrncia de Agaricus silvaticus

    na rea de estudo.

    4.2.6Agaricussp.1 Fig. 13 e 20

    Pleo 18-41 mm, convexo a plano-convexo na maturidade; laranja-claro (6.A4), com o

    disco central alaranjado(6.C6); superfcie levemente fibrilosa, seca, coberta por poucas e

    minsculas fibrilas apressas de colorao laranja-claro a laranja; borda plana a revoluta

    com margem levemente apendiculada; contexto carnoso de colorao branca, no

    mudando de colorao aps ser cortado. Lamelas livres, castanhas (6.E6), muito prximas,

    membranosas, apresentando lamlulas. Estpite 25-55 x 2.5-4 mm, central, com a base

    mais alargada (6-9 mm), branco com tons de laranja abaixo do anel; superfcie lisa;

    fistuloso de consistncia fibrosa; contexto branco no mudando de cor; rizomorfas

    pequenas e finas de colorao branca; miclio basal ausente. Anel spero, simples,

    descendente, membranoso, branco. Odor agradvel.

    Reao de Schaeffernegativa na superfcie do pleo.

  • 7/23/2019 Espcies de Agaricaceae

    43/109

    34

    Basidisporos (4.8-)5-5.3(-5.5) x 3.3-4 m, Q = 1.25-1.58, Qm = 1.41, elipsides,

    castanho-claros a castanhos, parede espessa e lisa, no apresentando poro germinativo

    visvel. Esporada castanha-escura (6.F6). Basdios 14-23 x (5-)6-7(-7.5) m,

    estreitamente clavadosa clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 1-3 m

    de comprimento. Pleurocistdios ausentes. Queilocistdios (17-)19-27(-32) x 7-12 m,

    clavados a estreitamente clavados, abundantes, hialinos, parede fina e lisa. Superfcie

    pilear 3-14 m, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, hialinas a levemente

    pigmentadas de bege. Fbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 3-14 m, formada

    por hifas hialinas de parede fina e lisa.

    Aspectos ecolgicos:crescendo gregrio, em solo no interior da mata.

    Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamo, Parque Estadual de Itapu,

    Praia da Pedreira, 09/IV/2005, P.S. Silva 106/05 (ICN 139302); P.S. Silva 107/05 (ICN

    139303); 22/X/2005, M.S. Rother 092/05 (ICN 139300); 27/I/2006, M.S. Rother 104/06

    (ICN 139301).

    Distribuio: Conhecida somente para a rea de estudo (Parque Estadual de Itapu

    Viamo, Brasil).

    Discusso: Nossos espcimes so caracterizados por apresentarem basidiomas com

    colorao alaranjada,