espécies de agaricaceae
TRANSCRIPT
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
1/109
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE BIOCINCIAS
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM BOTNICA
DISSERTAO DE MESTRADO
ESPCIES DEAGARICACEAECHEVALL.(AGARICALES,
BASIDIOMYCOTA) NO PARQUE ESTADUAL DE ITAPU,
VIAMO, RIO GRANDE DO SUL
Marcelo Somenzi RotherOrientadora: Profa. Dra. Rosa Mara Borges da Silveira
Porto Alegre, RS, Brasil
2007
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
2/109
Marcelo Somenzi Rother
ESPCIES DEAGARICACEAECHEVALL.
(AGARICALES, BASIDIOMYCOTA) NO PARQUE ESTADUAL DE
ITAPU, VIAMO, RIO GRANDE DO SUL
Dissertao apresentada ao Programa de
Ps-Graduao em Botnica, rea deConcentrao em Taxonomia Vegetal
(Ficologia e Micologia), da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
como requisito parcial para obteno do
grau de Mestre em Botnica.
Orientadora: Profa. Dra. Rosa Mara Borges da Silveira
Porto Alegre, RS, Brasil
2007
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
3/109
Dedico com muito carinho essa
conquista a minha querida famlia
Pedro, Liamara e Renata Rother
pelo eterno amor, confiana e
incentivo.
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
4/109
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de uma forma ou outra auxiliaram eestiveram presentes durante essa fase da minha vida, tornando possvel essa vitria pessoal.
A Profa. Dra. Rosa Mara Borges da Silveira, pela oportunidade, orientao,
amizade e ensinamentos transmitidos, oportunizando a execuo deste trabalho;
A Profa. Dra. Rosa T. Guerrero pelo convvio e pelo gentil emprstimo de
bibliografias, essenciais na execuo desse trabalho;
Aos miclogos estrangeiros pelo seu auxlio, discusses e que gentilmente
enviaram bibliografias de fundamental importncia para o desenvolvimento do trabalho:Andrea Romero (Argentina), Bernardo Lechner (Argentina), Brian Akers (USA), Else
Vellinga (USA), Rick Kerrigan (USA), Roy Halling (USA), Solomon P. Wasser (Israel);
Aos professores do Programa de Ps-graduao em Botnica da UFRGS: Arthur
Germano Fett Neto, Joo Andr Jarenkow, Joo Ito Bergonci, Jorge Waechter, Maria Luisa
Lorscheitter, Maria Luiza Porto, Paulo Gnter Windisch, Rinaldo P. dos Santos, Slvia
Miotto, pelos ensinamentos transmitidos e aos recentes coordenadores do PPGBOT, Profa.
Lcia Rebello Dillenburg e Prof. Joo Andr Jarenkow, por toda a responsabilidade,
dedicao e empenho na melhoria do curso;
Ao amigo e colega Vagner Gularte Cortez pela convivncia de muitas horas no
laboratrio de Micologia, aconselhando, discutindo, trocando idias e pela sua grande
amizade que no decorrer desses anos demonstrou ser um exemplo a seguir;
Aos estimados colegas da Micologia da UFRGS: Csar L.M. Rodrigues, Gilberto
Coelho, Mateus A. Reck, Paula S. Silva e as estagirias ngela Pawlowski e Grasiela B.
Tognon pelas timas horas vivenciadas, pela amizade, pelas discusses, coletas, auxlio,
happy hours, etc..., agradeo a todos de corao.
Ao amigo e colega Emerson Musskopf pela ajuda em um momento difcil e
complicado da minha vida;
Aos colegas do mestrado que junto comigo formavam o popular quinteto
Adriana Leonhardt, Alexandre Rcker, Aline Brugalli Bicca e Eduardo Lus Hettwer Giehl
pela grande amizade, partilha de conhecimentos, alegrias e momentos magnficos que
sero guardados no meu corao;
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
5/109
Aos amigos de longa data e aos colegas miclogos/botnicos que tive o prazer de
conhecer nestes anos: Camilo Delfino, Carlos Kurtz, Cristiano Buzatto, Greice Mattei,
Edson Soares, Felipe Wartchow, Guilherme Ceolin, Helenires Q. Souza, Jair Kray, Jean
Butke, Juliano Baltazar, Luciana Jandelli Gimenes, Lus Fernando Lima, Manuela Dal
Forno, Marcelo Sulzbacher, Margeli P. Albuquerque, Maria Alice Neves cada um, por
diferentes razes, merecem o meu agradecimento.
Aos amigos e ex-orientadores Branca Maria Aimi Severo (UPF) e Jair Putzke
(UNISC), por todo o estmulo, incentivo e dedicao, ajudando-me nos primeiros passos
na Botnica;
Aos professores Doutores Aida Terezinha dos Santos Matsumura (UFRGS),
Clarice Loguercio Leite (UFSC) e Iuri Goulart Baseia (UFRN) por gentilmente aceitarem o
convite para fazerem parte da banca examinadora deste trabalho;
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente por permitir a realizao do trabalho no
Parque Estadual de Itapu, ao CNPq e a CAPES pelo auxlio financeiro. Aos funcionrios
e guias, especialmente ao Sr. Jairo por nos guiar e acompanhar no Parque;
Aos funcionrios e motoristas do Programa de Ps-Graduao em Botnica, do
Instituto de Biocincias, do Herbrio ICN e da biblioteca da Botnica da UFRGS;
Aos curadores dos herbrios BAFC, LIL, PACA e SP, pelo emprstimo de
exsicatas que foram de grande auxlio na realizao do trabalho;
A todos os meus familiares, especialmente ao meu av Dorvalino Somenzi, aos
meus padrinhos Gilberto e Luclia Secco, a minha prima Gisele Somenzi Secco e ao meu
tio Lus Antnio Somenzi pela motivao, torcida, ajuda prestada e companhia durante
esses anos.
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
6/109
RESUMO
O estudo de espcimes de Agaricaceae Chevall. (Agaricales Basidiomycota), realizado
no perodo de abril de 2005 a junho de 2006, no Parque Estadual de Itapu (3020 a3027 S e 5050 a 5105 W), localizado no municpio de Viamo RS, constatou a
ocorrncia de 19 espcies distribudas em 6 gneros. Foram identificadas: Agaricus cf.
litoralis (Walkef. & A. Pearson) Pilt, A. porphyrizon P. D. Orton, A. pseudoargentinus
Albert & J.E. Wright,A. aff. silvaticus Schaeff.,Agaricus sp.1, Chlorophyllum molybdites
(G. Mey.) Massee,Lepiota guatopoensis Dennis,L. pseudoignicolor Dennis,Lepiota sp.1,
Leucoagaricus lilaceus Singer, L. rubrotinctus (Beeli) Singer, L. serenus (Fr.) Bon &
Boiffard, Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, L. brebissonii (Godey) Locq., L.cepistipes (Sowerby) Pat., L. cretaceus (Bull.) Locq., L. fragilissimus (Berk. & M.A.
Curtis) Pat., L. cf. medioflavus (Boud.) Bon e Macrolepiota procera var.1. Entre as
espcies encontradas, constituem citaes novas para o Brasil: Agaricus porphyrizon eA.
pseudoargentinus; e para o estado do Rio Grande do Sul: Lepiota guatopoensis, L.
pseudoignicolor,Leucoagaricus rubrotinctus eL. serenus.Para a cincia, sero propostas
duas novas espcies: Agaricus sp.1 e Lepiota sp.1, e uma variedade nova: Macrolepiota
procera var.1. So apresentadas chaves de identificao, descries e comentrios dos
gneros e espcies, alm de ilustraes de todas as espcies estudadas.
Palavras-chave: fungos, taxonomia,Basidiomycota, cogumelos
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
7/109
ABSTRACT
The study of specimens of Agaricaceae Chevall. (Agaricales - Basidiomycota),accomplished in the period from April of 2005 to June of 2006, in the Parque Estadual de
Itapu (3020' to 3027' S and 5050' to 5105' W), located in the city of Viamo - RS, 19
species, distributed in 6 genus were found. The following species were identified:Agaricus
cf. litoralis (Walkef. & A. Pearson) Pilt, A. porphyrizon P. D. Orton, A. pseudoargentinus
Albert & J.E. Wright,A. aff. silvaticus Schaeff.,Agaricus sp.1, Chlorophyllum molybdites
(G. Mey.) Massee,Lepiota guatopoensis Dennis,L. pseudoignicolor Dennis,Lepiota sp.1,
Leucoagaricus lilaceus Singer, L. rubrotinctus (Beeli) Singer, L. serenus (Fr.) Bon &Boiffard, Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, L. brebissonii (Godey) Locq., L.
cepistipes (Sowerby) Pat., L. cretaceus (Bull.) Locq., L. fragilissimus (Berk. & M.A.
Curtis) Pat., L. cf. medioflavus (Boud.) Bon e Macrolepiota procera var.1. Among the
identified species, Agaricus porphyrizon and A. pseudoargentinus constitute new records
for Brazil and Lepiota guatopoensis, L. pseudoignicolor, Leucoagaricus serenus and L.
rubrotinctusare new records for Rio Grande do Sul State. For science, two new species
will be proposed: Agaricus sp.1 and Lepiota sp.1 and one new variety: Macrolepiota
procera var.1. Keys for identification, descriptions and comments about genus and species
as well as ilustrations for all studied species are presented.
Key-words: fungi, taxonomy, Basidiomycota, mushrooms
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
8/109
SUMRIO
1. INTRODUO ............................................................................................................ 1
1.1 A famlia Agaricaceae Chevallier........................................................................ 2
1.2 Importncia do grupo .......................................................................................... 5
1.3 Estudos em Agaricaceae no Brasil ...................................................................... 7
2. OBJETIVOS .................................................................................................................15
3. MATERIAIS E MTODOS........................................................................................16
3.1 rea de estudo.......................................................................................................16
3.2 Metodologia...........................................................................................................18
4. RESULTADOS.............................................................................................................24
4.1 Chave para os gneros encontrados....................................................................24
4.2 Agaricus L..............................................................................................................25
4.2.1 Chave para as espcies deAgaricus ...........................................................25
4.2.2 A. cf. litoralis.................................................................................................26
4.2.3 A. porphyrizon ..............................................................................................28
4.2.4 A. pseudoargentinus .....................................................................................30
4.2.5 A. aff.silvaticus ............................................................................................32
4.2.6 Agaricus sp.1 ................................................................................................33
4.3 Chlorophyllum Massee...........................................................................................35
4.3.1 C. molybdites ..................................................................................................354.4Lepiota (Pers.) Gray...............................................................................................37
4.4.1 Chave para as espcies deLepiota..............................................................38
4.4.2 L. guatopoensis .............................................................................................38
4.4.3 L. pseudoignicolor ........................................................................................40
4.4.4 Lepiota sp.1...................................................................................................41
4.5Leucoagaricus (Locq.) ex Singer ..........................................................................43
4.5.1 Chave para as espcies deLeucoagaricus..................................................434.5.2 L. lilaceus ......................................................................................................44
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
9/109
4.5.3 L. rubrotinctus ..............................................................................................45
4.5.4 L. serenus ......................................................................................................47
4.6Leucocoprinus Pat..................................................................................................49
4.6.1 Chave para as espcies deLeucocoprinus .................................................49
4.6.2 L. birnbaumii ................................................................................................50
4.6.3 L. brebissonii.................................................................................................52
4.6.4 L. cepistipes...................................................................................................54
4.6.5 L. cretaceus ...................................................................................................55
4.6.6 L. fragilissimus .............................................................................................57
4.6.7 L. cf.medioflavus..........................................................................................59
4.7Macrolepiota Singer...............................................................................................61
4.7.1 M. proceravar.1 ...........................................................................................61
5. CONCLUSES..............................................................................................................64
6. CONSIDERAES FINAIS........................................................................................65
7. FIGURAS .......................................................................................................................67
8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................91
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
10/109
1
1. INTRODUO
A diversidade dos fungos no planeta Terra muito grande, estima-se que estenmero seja em torno de 1.5 milho de espcies, tendo como base hipottica a
extrapolao dos dados de trabalhos j concludos. Desta estimativa, aproximadamente 74
mil espcies ou 5-6% do total so conhecidas, restando muitas espcies ainda para serem
descritas e muito trabalho para ser feito. As evidncias sugerem que a grande diversidade
dos fungos maior em regies tropicais do que em regies temperadas (Hawksworth
2001a).
Desta estimativa de fungos presentes na Terra, o nmero estimado de cogumelos,ou seja, de fungos pertencentes ordem Agaricales Clements, de 140 mil espcies, mas
apenas 10% desse total conhecido (Hawksworth 2001b).
De acordo com a reviso bibliogrfica de Putzke (1994), at aquele momento,
haviam sido catalogadas 1.011 espcies desta ordem para o territrio brasileiro, porm
poucos dados sobre a distribuio geogrfica das espcies foi apresentado. Isso
provavelmente decorre da concentrao de coletas que est proporcionalmente relacionada
a localizao geogrfica dos miclogos.
Os Agaricales compreendem um grupo cosmopolita de fungos, popularmente
conhecidos por cogumelos, chapus-de-cobra e chapus-de-sapo; caracterizados por
apresentarem o himenforo lamelar. So terrcolas, ligncolas, musccolas ou fungcolas,
saprbios, micorrzicos, raramente parasitando plantas ou fungos. Podem ser comestveis,
txicos ou alucingenos. Esta ordem est composta por 26 famlias, 347 gneros e 9387
espcies (Kirk et al. 2001), sendo que Agaricaceae, tema desse estudo, destaca-se por ser
um grande grupo de fungos com elevada diversidade especfica e de grande interesse
econmico e cultural.
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
11/109
2
1.1A famlia Agaricaceae Chevallier
Agaricaceae est posicionada taxonomicamente dentro da ordem Agaricales,
subclasse Agaricomycetidae, classe Basidiomycetes, filo Basidiomycota, reino Fungi,
tendo como gnero tipo, o gneroAgaricus L. (CABI Bioscience Database 2006).
A autoria dessa famlia, de acordo com os trabalhos de Singer (1949, 1986) de
Fries. Pouzar (1985), em seu trabalho propondo a conservao do nome da famlia, alega
que o tratamento dado por Fries como Subord. Agaricini taxonomicamente
inadmissvel hierarquicamente pelo cdigo internacional de botnica por considerar
somente ordo e ordo naturalis como famlia, portanto o nome Agariceae proposto
por Chevallier, corretamente alterado para Agaricaceae, o primeiro nome vlido para a
famlia.
Esta famlia caracterizada por apresentar basidiomas geralmente com hbito
tricolomatide, colibiide ou mais freqentemente pluteide,com a superfcie escamosa,
esquamulosa, fibrilosa ou glabra. Pleo freqentemente umbonado. Margem podendo ser
sulcada, plicada, estriada ou lisa. Contexto variando de muito fino (membranoso) a
carnoso. Lamelas finas, livres ou mais raramente adnexas, adnatas ou decurrentes,
geralmente prximas. Trama regular ou irregular, mas nunca bilateral ou inversa. Basdios
geralmente tetrasporados. Cistdios presentes ou ausentes. Basidisporos hialinos,
estramneos ou com outra colorao, lisos ou ornamentados, de parede fina ou espessa,
com ou sem poro germinativo visvel, metacromticos ou no, amilides ou inamilides,
mais freqentemente pseudoamilides (dextrinides). Esporada muito variada, podendo ser
branca, creme, ocrcea, verde, rosa, castanha, violeta ou spia. Estpite central, fibroso, e
algumas vezes mais alargado na base, facilmente separvel do pleo. Vu membranoso ou
cortinide presente e em muitos casos efmero, anelado, mvel em alguns gneros. Volva
geralmente ausente, mas presente em alguns casos. Fbulas ausentes ou presentes.Encontrados em diferentes substratos, sendo freqentemente no solo (terra ou areia),
hmus e madeira, tambm em estufas, desertos e campos. No apresentam relaes
micorrzicas com vegetais (Singer 1986).
Conforme Hawksworth et al. (1995), os fungos desta famlia esto divididos em 42
gneros (mais 31 sinonmias) compreendendo 591 espcies, mas segundo Kirk et al.
(2001), a famlia compreende 51 gneros e 918 espcies. Atualmente, atravs da base
mundial de nomes de fungos (Index Fungorum), so listados 106 gneros pertencentes famlia Agaricaceae. Mas deste montante, muitos esto atualmente em desuso. Para se ter
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
12/109
3
uma idia, atravs da pesquisa pelo gnero tipo da famlia, um dos gneros mais antigos,
foram encontrados 5755 registros de espcies. Destes registros, muitos so sinnimos de
espcies atualmente classificadas em outras famlias (CABI Bioscience Database 2006).
De acordo com a organizao proposta por Singer (1986), esta famlia apresenta 25
gneros distribudos em quatro tribos:
Agariceae Pat. Agaricus L., Cystoagaricus Singer, Crucispora E. Horak,
Melanophyllum Velen. eMicropsalliota Hhn.
Cystodermateae Singer Cystoderma Fayod, Dissoderma (A.H. Sm. & Singer)
Singer, Horakia Oberw, Phaeolepiota Maire ex Konrad & Maubl., Ripartitella Singer,
Squamanita Imbach e Pseudobaeospora Singer.
Lepioteae Fayod Chamaemyces Batt. ex Earle, Cystolepiota Singer, Hiatulopsis
Singer & Grinling,Janauaria Singer,Lepiota (Pers.) Gray e Smithiomyces Singer.
LeucocoprineaeSinger Chlorophyllum Massee, Clarkeinda Kuntze,Leucoagaricus
(Locq.) ex Singer, Leucocoprinus Pat., Macrolepiota Singer, Sericeomyces Heinem e
Volvolepiota Singer.
Segundo Donk (1962), a classificao sexual e a etimologia dos gneros presentes
neste trabalho, com exceo de Chlorophyllum, so:
Agaricus (masculino; diz ser derivado de Agarica of Sarmatica, um distrito na Rssia);
Lepiota (feminino; referente a escama, escamosa);
Leucoagaricus (masculino; branco, do gneroAgaricus);
Leucocoprinus (masculino; branco, do gnero Coprinus =masculino; esterco, estrume);
Macrolepiota (feminino; longo, grande, do gneroLepiota).
Singer (1949) delimita essa famlia como sendo algo intermediria entre o grupo de
famlias Hygrophoraceae, Tricholomataceae e Amanitaceae por um lado e de Coprinaceae,
Bolbitiaceae e Strophariaceae, por outro.
Na reviso de Putzke (1994), vrias espcies pertencentes famlia Agaricaceae
foram citadas, enquadrando-se nos gneros Agaricus, Chamaemyces, Chlorophyllum,
Cystolepiota, Hiatulopsis, Janauaria, Lepiota, Leucoagaricus, Leucocoprinus,
Macrolepiota,Melanophyllum, Phaeolepiota,Ripartitella, Smithiomyces e Volvolepiota.
Devido confuso no arranjo das espcies de fungos lepiotceos (basidisporos
claros) com as de agaricceas (basidisporos escuros), e os seus problemas quanto
classificao na famlia, alguns autores preferem desmembrar essa famlia, transferindo os
gneros Chamaemyces, Chlorophyllum, Cystolepiota, Lepiota, Leucoagaricus,
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
13/109
4
Leucocoprinus, Macrolepiota e Melanophyllum para outra famlia, conhecida como
Lepiotaceae (Ainsworth et al. 1973; Candusso & Lanzoni 1990; Migliozzi 1997). A
famlia Lepiotaceae foi descrita primeiramente por Roze, em 1876, mas sua diagnose em
latim no foi encontrada na literatura (Akers 1997). Os fungos lepiotceos compreendem
os membros da famlia Agaricaceae com esporada branca ou verde, incluindo todos os
gneros anteriormente citados, com acrscimo do gnero secotiide EndoptychumCzern
(Vellinga et al. 2003, Vellinga 2004b). Singer (1949, 1986), devido aos problemas de
validade nomenclatural, reduziu essa famlia a um nomen nudum, organizando esses
fungos dentro da famlia Agaricaceae. Este esquema vem sendo seguido, com algumas
modificaes, por vrios autores modernos.
Espcies lepiotceas podem ser encontradas em vrios tipos de habitat, na maior
parte terrcola, vivendo em uma variedade de substratos celulsicos. Muitas crescem em
ambientes sombreados sob rvores e arbustos e algumas poucas so encontradas em
ambientes abertos, como gramados e campos, contrastando com espcies do gnero
Agaricus, encontradas freqentemente neste tipo de habitat (Akers 1997; Vellinga 2004b).
Seus basidiomas geralmente so formados durante o vero at o outono, especialmente em
climas temperados e subtropicais (Akers 1997).
Muitas alteraes vm sendo realizadas desde a classificao proposta por Singer
(1949, 1986). Com o auxlio da biologia molecular, uma srie de trabalhos (Bruns & Szaro
1992; Bruns et al. 1998; Challen et al. 2003; Chapela et al. 1994; Hibbett et al. 1997;
Hopple & Vilgalys 1999; Johnson & Vilgalys 1998; Kerrigan et al. 2005;Moncalvo et al.
2000, 2002) buscando descobrir as relaes evolutivas, a relao entre espcies e o seu
correto agrupamento atravs das evidncias contidas nas seqncias dos genes do DNA
vm quebrando paradigmas e modificando alguns conceitos antigos, baseados em
caracteres macroscpicos e microscpicos, auxiliando na correta organizao das espcies
em seus devidos grupos.A relao dos fungos agaricides, gasterides e secotiides h muito tempo vem
sendo discutida. Os gasteromycetes (puffballs e fungos secotiides) foram considerados
muitas vezes como sendo os ancestrais dos fungos lamelados e porides (Kretzer & Bruns
1999; Hibbett et al. 1997). Singer (1986) considera o gnero Endophychum como sendo
um gasteromycete ancestral dos fungos agaricides. A relao entre os puffballs
verdadeiros (Lycoperdales) e a famlia Agaricaceae confirmou-se atravs de trabalhos
moleculares (Agerer 2002; Moncalvo et al. 2002). Txons gasterides e secotiides,
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
14/109
5
juntamente com agaricides, foram includos nesta famlia (Kirk et al. 2001; Krger et al.
2001; Moncalvo et al. 2002).
Segundo Vellinga (2004a), a famlia Agaricaceae est dividida em 10 clados:
(1)Agaricus, (2)Chlorophyllum, (3)Macrolepiota, (4)Leucoagaricus e Leucocoprinus,
(5)Lepiota, (6)Podaxis, (7)Lycoperdaceae, (8)Chamaemyces, (9)Tulostomataceae e
(10)Coprinus comatus. Atravs do estudo filogentico de espcies de Lepiota, Vellinga
(2003) afirma que ainda prematuro basear-se nas divises dos clados, embora as
caractersticas morfolgicas os suportem.
Segundo Johnson & Vilgalys (1998), o clado lepiotide (Lepiota sensu lato) e
agaricide (Agaricus) esto prximos e demonstram que as tribos Agariceae, Lepioteae e
Leucocoprineae correspondem famlia Agaricaceae, sendo a tribo Cystodermateae
(Cystoderma eRipartitella) excluda da mesma. Vellinga et al. (2003) demonstram que o
gneroMacrolepiota polifiltico estando relacionado com uma larga escala de espcies
de Agaricaceae, tendo em um clado espcies relativamente prximas a Agaricus e em
outro, espcies prximas a Leucoagaricus e Leucocoprinus. Estes dois clados so
propostos para os gneros Macrolepiota e Chlorophyllum. Novas combinaes foram
feitas com o gnero Chlorophyllum (Vellinga 2002) e a conservao do seu nome contra o
gnero secotiideEndoptychumfoi mantida (Vellinga & de Kok 2002).
1.2Importncia do grupo
Etnologicamente, os povos tm sido considerados pelos micologistas modernoscomo distribudos em duas categorias distintas, a saber:
Povos micfilos, que sempre demonstraram atrao pelos fungos, incluindo-os em suas
crenas, medicina e alimentao;
Povos micfobos, que nunca manifestaram qualquer interesse pelos fungos e, ao
contrrio, chegam a sentir averso pelos mesmos.
De um modo geral, as antigas civilizaes do Novo Mundo podem ser consideradas
como no micfilas, excetuando-se os povos primitivos do Mxico (Fidalgo 1965, 1968).
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
15/109
6
Muitas espcies da famlia Agaricaceae so de grande importncia econmica.
Espcies do gnero Agaricus que atualmente so cultivadas em escala comercial em
ambientes climatizados e controlados, eram no passado, cultivadas em cavernas e grutas.
Muitas espcies desse gnero so comestveis, como: A. bitorquis (Qul.) Sacc., A.
campestris L. ex Fr. eA. rodmaniiPeck. (Alexopoulos et al.1996). O famoso champignon
Agaricus bisporus (Lange) Imbach, apesar de ser uma espcie extica (Pereira & Putzke
1990), uma boa fonte de minerais e vitaminas, contendo uma quantidade de aminocidos
essenciais superior a todos os vegetais, exceto espinafre e soja (Alexopoulos et al.1996).
A maioria das espcies de Macrolepiota so comestveis e algumas como M. procera
(Scop.) Singeresto no topo da lista dos cogumelos mais saborosos e caros (Akers 1997;
Singer 1986). Em contraste com Macrolepiota, poucas espcies de Leucoagaricus so
comestveis, masL. naucinus (Fr.) Singer utilizado como alimento e vendido em feiras,
muitas vezes confundido com espcies de Agaricus. J nenhuma espcie de Lepiota
utilizada como alimento e pelo menos trs so citadas como txicas e que podem ser
confundidas com espcies comestveis. Dentre as espcies txicas da famlia podemos
citar: Agaricus xanthodermus Genev., Macrolepiota venenata Bon, Chlorophyllum
molybdites (G. Mey.) Massee, Lepiota cristata(Bolton) P. Kumm, L. josserandii Bom &
Boiffard, L. helveola Bres, Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, entre outras
(Franco-Molano et al. 2000; Singer 1986; Wright & Albert 2002). Algumas contm
toxinas que irritam o sistema gastrintestinal (Chlorophyllum molybdites) ou toxinas letais,
como as amatoxinas que atacam o sistema heptico (espcies de Lepiota sensu stricto,
seco Ovisporae(J. E. Lange) Kuhner). Esta ltima causando mortes, tanto na Amrica
quanto na Europa (Akers 1997).
O popular Cogumelo do Sol conhecido comoAgaricus blazei Murril, descoberto na
cidade de Piedade, estado de So Paulo e que foi enviado ao Japo para o estudo de suas
propriedades medicinais, atualmente utilizado pela sociedade por apresentar propriedadesantitumorais. Este cogumelo uma tima alternativa de renda devido ao seu elevado preo
no mercado internacional e da sua intensa procura (Dias et al.2004). Tambm conhecido
pelos japoneses por Himematsutake, em sua composio qumica h substncias que
atuam no organismo humano estimulando as funes imunolgicas, prevenindo contra
tumores (cncer), colesterol alto, presso alta, lceras gstricas, osteoporose, problemas
digestivos, estresse fsico e emocional, entre outras doenas; tambm utilizado como um
efetivo antioxidante (Didukh et al.2003;Takaku et al.2001).
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
16/109
7
Segundo Wasser et al. (2002),Agaricus brasiliensis Wasser, M. Didukh, Amazonas
& Stamets a espcie conhecida no Brasil e que foi por vrias dcadas identificada
erroneamente como Agaricus blazei. Mais recentemente, Kerrigan (2005) com base na
anlise de DNA e no estudo dos tipos de Agaricus blazei e A. brasiliensis pode concluir
que estas duas espcies so sinnimos deAgaricus subrufescens Peck.
Existem espcies de fungos agaricceos vivendo em simbiose com insetos (Singer
1986). Os fungos cultivados pela maioria das espcies de formigas so normalmente os
cogumelos da tribo monofiltica Leucocoprineae, geralmente Leucoagaricus e
Leucocoprinus (Chapela et al. 1994; Mueller et al. 1998; Singer 1986), e algumas poucas
espcies de Lepiota, pertencentes tribo Lepioteae (Mueller et al. 1998; Johnson 1999).
Segundo Chapela et al. (1994), os diferentes modos de cultivo do fungo caracterizam as
diferentes linhagens de formigas. Uma espcie bem conhecida Leucoagaricus
gongylophorus(A. Mller) Singer, onde o fungo a fonte de alimento para as larvas e para
uma parte das formigas adultas, que por sua vez, auxiliam no cultivo e desenvolvimento do
fungo (Bononi et al. 1981b; Mohali 1998; Singer 1986; Spielmann & Putzke 1998).
De acordo com Singer (1986), no h relaes micorrzicas entre os fungos
agaricceos e razes de vegetais, sendo os membros desta famlia saprbios.
1.3 Estudos em Agaricaceae no Brasil
Aps o descobrimento do Brasil, nos quatrocentos anos que se passaram, a
micologia brasileira s teve expresso atravs de trabalhos esparsos publicados noestrangeiro, resultantes do estudo de exsicatas de coletores, em sua maioria europeus, que
percorrendo algumas regies de nosso pas levavam consigo exemplares da nossa
micobiota (Fidalgo 1962).
Somente no princpio do sculo passado, trs padres jesutas (Rick, Theissen e
Torrend) deram notvel avano ao conhecimento dos fungos do Brasil. Theissen, graas
influncia exercida por Rick, elaborou um trabalho sobre Polyporaceae, mas
posteriormente, dedicou-se aos Ascomycetes coletados no Rio Grande do Sul. Torrend,graas aos seus contatos com Lister e Rick, viu seu interesse despertado para os
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
17/109
8
Myxomycetes e Polyporaceae, contribuindo com vrios trabalhos para o nosso pas
(Fidalgo 1968). Mas foi Rick que, graas ao seu dinamismo e a sua dedicao ao estudo
dos Basidiomycetes, foi capaz de organizar no Colgio Anchieta de Porto Alegre, uma
coleo estimada entre 12000-15000 exsicatas de fungos, tornando o Rio Grande do Sul,
talvez, o Estado com a micobiota mais conhecida de todo o pas. Merecidamente, o ttulo
de pai da micologia brasileira foi dado a esse cidado, falecido em 1946 (Fidalgo 1962,
1968).
A contribuio do padre Johannes Rick ao desenvolvimento da micologia brasileira
se deu pelos seus numerosos trabalhos (1906, 1907, 1920, 1926, 1930, 1937, 1938a,
1938b, 1939) entre outros, nos quais vrias espcies da famlia Agaricaceae foram citadas.
Aps a sua morte, graas ao esforo do padre Balduno Rambo em compilar e organizar o
que Rick havia feito, a sua obra pstuma intitulada Basidiomycetes Eubasidii in Rio
Grande do Sul, foi publicada. Neste trabalho, Rick (1961), vrias espcies da famlia em
questo foram citadas, sendo referidos os seguintes gneros: Lepiota, Lepiotella
(=Volvolepiota), Psalliota (=Agaricus) e Schulzeria (=Leucoagaricus). Schulzeria foi
representada por: S. flavidula Rick, S. mammosa Rick, S. alba Rick, S. pluteoides Rick.
Lepiotella por apenas L. brunnea Rick. Psalliota por: P. pratensis (Schaeff.) Gillet, P.
campestris (L.) Qul., P. abruptibulba (Peck) Rick, P. elvensis Berk. & Broome, P.
silvatica (Schaeff.) P. Kumm., P. villatica (Brond.) Bres., P. cretacella (Atk.) Rick, P.
perrara Schulz., P. subrufescens (Peck) Kaufman, P. echinata (Roth) P. Kumm., P.
albovelutina Rick, P. rhodochroa (Berk. & Broome) Rick, P. placomyces(Peck) Henn., P.
cretacea (Fr.) Gillet., P. marcelina Rick, P. trissulphurata (Berk.) Rick., P. californica
(Peck) Rick, P. argentina (Speg.) Herter, P. comtula (Fr.) Qul. e P. straminea Rick.
O gneroLepiota foi o mais representativo, sendo dividido em quatro seces:
Proceraeespcies grandes, com pleo maior que 10 cm Lepiota procera (Scop.)
Gray, L. coriacea Rick, L. excoriata (Schaeff.) P. Kumm., L. bonaerensis Speg., L.
stercoraria Rick, L. rhacodes (Vittad.) Qul., L. morganii (Peck) Sacc., L. brinkmanii
Rick, L. permixta Barla, L. molybdites (G. Mey.) Sacc., L. aureoconspersa Rick, L.
badhamii (Berk. & Broome) Qul. eL. zeyheri Berk.
Mediaeespcies com pleo entre 5-10 cm e basidisporos entre 5-10 m L. friesii
(Lasch) Qul., L. ingrata Rick, L. pteropoda Kalchbr. & MacOwan, L. meleagris
(Sowerby) Qul., L. clypeolaria (Bull.) Qul., L. erythrella Speg., L. rickiana Speg., L.
steinhausii (Penz.) Sacc., L. medularis Rick, L. leviceps Speg., L. denticulata Speg., L.cyanea Rick,L. fuscoquamea Peck,L. forquignonii Qul., eL. hispida Gillet.
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
18/109
9
Minores com pleo entre 3-5 cm L. cepaestipes Sow. (com as variedadespluvialis
(Speg.) Rick, sordescens (Berk. & M.A. Curtis) Rick, flos-sulphuris (Schnizl.) Rick,
farinosa (Peck) Rick, rorulenta (Panizzi) Rick, hiatuloides (Speg.) Rick, cheimonoceps
(Berk. & M.A. Curtis) Rick, schweinfurthii (Henn.) Rick), L. metulispora (Berk. &
Broome) Sacc., L. cristata (Bolton) P. Kumm. (com a variedade pycnocephala (Berk. &
Broome) Rick), L. licmophora (Berk. & Broome) Sacc., L. sulphurina Clem., L.
longistriata Peck, L. felinoides Peck, L. olivaceomammosa Rick (com a variedade grisea
Rick),L. rubrosquamosa Rick (com a variedade rubescens Rick),L. atrocoerulea Rick,L.
holosericea (Fr.) Gillet (com a variedade lanata Rick),L. bulbipes Mont.,L. flavosericea
Rick, L. serenula P. Karst., L. felina (Pers.) P. Karst. (com a variedade laeviceps(Speg.)
Rick) eL. sordida Rick.
Minimae com pleo de no mximo 3 cm L. pusilla Speg.,L. rufogranulata Henn.,
L. noctiphila (Ellis) Sacc.,L. aureofloccosa Henn.,L. gracilis Peck,L. delicata (Fr.) Gillet.
(com a variedade albonudaRick),L. albosquamosa Rick,L. hypholoma Rick,L. cristatula
Rick, L. sulphureosquamosa Rick, L. phaeopus Rick, L. serrulata Rick, L. brunnescens
Peck (com a variedade erythropus Rick), L. straminea Rick, L. alopochroa (Berk. &
Broome) Sacc., L. plumbicolor (Berk. & Broome) Sacc., L. inclinata Rick (com a
variedade appendiculata Rick),L. rubella Bres.,L. lanosofarinosa Rick,L. atrorupta Rick,
L. unicolor Rick,L. anceps Rick,L. anthomyces (Berk. & Broome) Sacc.,L. erminea (Fr.)
Gillet, L. revoluta Rick, L. radicata Rick, L. russoceps Berk. & Broome, L. pyrrhaes
(Berk. & Broome) Sacc., L. seminuda (Lasch) Gillet, L. parvannulata (Lasch) Gillet, L.
micropholis (Berk. & Broome) Sacc.,L. trombophora Berk. & Broome,L. pratensis Speg.,
L. aurantiaca Henn.,L. brunneoannulata Rick,L. dubia Rick,L. grisea Rick,L. flavipes
Rick,L. lugens Rick,L. confusa Rick,L. rupta Rick,L. citrinella Speg. (com a variedade
serrata Rick), L. brunneosquarrosa Rick, L. brunneopurpurea Rick, L. brunneocarnea
Rick, L. rosella Rick, L. rubrostraminea Rick, L. fulvolutea Rick, L. tortipes Rick, L.
fulvastra Berk. & M.A. Curtis eL. proletaria Rick.
Em seu estudo de tipos de Basidiomycetes, Singer (1953), revisou as espcies de
Rick, depositadas no Colgio Anchieta (PACA), confirmando as seguintes espcies de
Agaricaceae para o Rio Grande do Sul: Agaricus campestris L. ex Fr. ou A. pampeanus
(Speg.) Speg., Chlorophyllum molybdites (Meyer ex Fr.) Massee, Lepiota crassior Sing.,
L. flavidula (Rick) Sing., Lepiotella brunnea Rick, Leucoagaricus confusus (Rick) Sing.,
L. olivaceomamillatus (Rick) ex Sing., L. rubrosquamosus (Rick) Sing., Leucocoprinuscepaestipes (Sow. ex Fr.) Pat., Macrolepiota bonaerensis (Speg.) Sing, Melanophyllum
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
19/109
10
echinatum (Roth ex Fr.) Sing., Ripartitella brasiliensis (Speg.) Sing. e Smithiomyces
mexicanus (Murr.) Sing.
Ainda para a regio Sul, em um levantamento genrico de Agaricales em mata
nativa de pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia (Bertol) O. Kze.), Pereira (1982)
registrou os gneros Agaricus, Cystoderma e Lepiota na Floresta Nacional de So
Francisco de Paula, Rio Grande do Sul.
Raithelhuber (1987a, 1987b, 1987c) contribuiu mencionando vrias espcies dos
gnerosLeucocoprinus eMacrolepiotapara o Rio Grande do Sul.
Heinemann (1993) cita Agaricus argentinus Speg., A. trisulphuratus Berk.,
Psalliota straminea (Rick) Rick (=Agaricus stramineusKrombholz) para o Rio Grande do
Sul e Agaricus spissicaulisF.H. Mller, A. dicystisHeinem., A. cf. fuscofibrilosus (F.H.
Mller) Pilt,A. junquitensisHeinem.,A. parasilvaticusHeinem.,A. silvaticusSchaeff.,A.
cheilotulusHeinem.,A.cf. nivensis(F.H. Mller) F.H. Mller, A.cf. ochrascensHeinem.
& Goos.-Font., A. silvicola (Vittad.) Peck, A. meijeriHeinem., A. volvatulusHeinem. &
Goos.-Font.,A. riberaltensisHeinem., A.cf. bugandensis Pegler, A. sulcatellusHeinem.,
Micropsalliota arginea (Berk. & Broome) Pegler & Rayner, M. cf. campestroides
(Heinem.) Heinem. eM. cephalocystis(Heinem.) Heinem. para o estado do Paran.
Heinemann & Meijer (1996) citam Volvolepiota brunnea (Rick) Singer para o
estado do Paran.
Pereira (1998) descreveu 10 novas espcies do gneroLepiota:L. apicepigmentata,
L. araucariicola, L. bifurcata, L. brunneotabacina, L. colorada, L. cutiscamosa, L.
conglobata,L. ministipitata, L. santacruzensis e L. septata para a regio Sul do Brasil.
Atravs da reviso de materiais depositados em herbrios brasileiros, Pereira (2000) citou
mais 23 espcies do gnero Lepiota: L. abruptibulba Murr., L. aspera (Pers. ex Fries)
Qul., L. brunneoannulata Rick, L. brunneocarnea Rick, L. brunneopurpurea Rick, L.
brunneosquarrosa Rick, L. clypeolaria (Bull. ex Fr.) Kumm., L. cristata (Bolton ex Fr.)Kumm.,L. flavipes Rick,L. forquignonii Qul.,L. hypholoma Rick,L. inclinata Rick, L.
ingrata Rick, L. izonetae Singer, L. lugens Rick, L. olivaceomammosa Rick, L.
parvannulata (Lash. ex Fr.) Gill., L. phaeopus Rick, L. phaeosticta Morg., L. pyrrhaes
Berk. & Br.,L. radicata Rick,L. rubella Bres. eL. rubrostraminea Rick., alm das suas 10
espcies anteriormente mencionadas. Posteriormente, Pereira (2001), apresentando os
resultados da reviso das espcies do gneroLepiota descritas ou citadas para a micobiota
brasileira, discute oitenta e nove eptetos especficos, destes, cinqenta e cinco foram
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
20/109
11
excludos do gnero, dezenove so considerados nomen nudum e quinze so nomes
duvidosos, por terem a exsicata muito danificada.
Spielmann & Putzke (1998), citam a ocorrncia deLeucoagaricus gongylophorus
(A. Mller) Singer em um ninho ativo de formiga, em floresta nativa no Rio Grande do
Sul.
Meijer (2001, 2006), atravs de levantamento micolgico realizado desde o ano de
1979 no estado do Paran, cita vrias espcies de Agaricaceae.
Mais recentemente, Sobestiansky (2005), atravs de coletas realizadas em sete
municpios no sul do Brasil, seis no Rio Grande do Sul e um em Santa Catarina, listou as
seguintes espcies agaricides de Agaricaceae sensu lato: Chlorophyllum hortense
(Murrill) Vellinga, Chlorophyllum molybdites (G. Mey. : Fr.) Massee, Leucoagaricus cf.
lilaceus Singer,Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer,L. cretaceus (Bull.: Fr.) Locq.,
Macrolepiota pulchella Vellinga & de Meijer,Macrolepiota sp. eRipartitella brasiliensis
(Speg.) Singer.
Para a regio Sudeste, podemos citar trabalhos como o de Bononi et al. (1981a),
mencionando Agaricus sp, Lepiota aurea Pers. ex Fr., L. clypeolaria (Bull.) Qul, L.
morganii Peck, Lepiota sp., Leucocoprinus cepaestipes Pat, L. fragilissimus (Berk. &
Rav.) Pat.,Leucocoprinus sp., Phaeolepiota aurea (Mattuska ex Fr.) Gillet e Volvolepiota
brunnea (Rick) Sing para o Parque Estadual Fontes do Ipiranga, So Paulo. Em outro
trabalho, Bononi et al. (1981b) fazem referncia ocorrncia de Leucocoprinus
gongylophorus (A. Mller) Heim (=Leucoagaricus gongylophorus) em dois formigueiros
deAtta sexdens rubropilosa Forel encontrados no estado de So Paulo.
Grandi et al. (1984), citam pela primeira vez para o Brasil, vrias espcies de
agaricceas como: Agaricus porosporusHeinem., A. singeri Heinem., Lepiota epicharis
var. occidentalis Dennis, L. lentiginosa Pegler, Leucoagaricus naucinus (Fr.) Singer,
Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, Macrolepiota dolichaula (Berk. & Broome)Pegler & R.W. Rayner e M. mastoidea (Fr.) Singer, coletadas no Parque Estadual Fontes
do Ipiranga, estado de So Paulo.
Em um trabalho de levantamento de fungos da ordem Agaricales realizado no
Parque Estadual da Ilha do Cardoso, estado de So Paulo, Capelari (1989), identificou 73
txons especficos e infraespecficos classificados em 28 gneros. Dentre os espcimes
identificados, 18 pertencem famlia Agaricaceae, enquadrando-se nos gneros Agaricus,
Cystoderma, Lepiota e Leucocoprinus. Sendo que as espcies Leucocoprinus brebissonii(Godey) Locq. eL. fragilissimus (Rav.) Pat.,caracterizaram-se como comuns para o local.
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
21/109
12
Heinemann (1989) descreveu Micropsalliota pruinosa Heinem. e citou M.
roseovinacea para o Rio de Janeiro. Para o mesmo Estado, Heinemann (1993), citou
Agaricus silvaticus var. pallidus (F.H. Mller) F.H. Mller, A. volvatulus Heinem. &
Goos.-Font., A. riberaltensis Heinem., A. cf. rhopalopodius Pat. e para o estado de So
Paulo,Agaricus blazei Murril.
Pegler (1997), visitando o estado de So Paulo a convite da Dra. Vera Lucia
Bononi, examinou as espcies depositadas no Herbrio Maria Eneyda P. Kauffman
Fidalgo, confirmando as seguintes agaricceas:
Tribo Agariceae: Agaricus argyropotamicus Speg., A. porosporus Heinem., A.
silvaticus Schaeffer, A. parasilvaticus Heinem., A. fiardii Pegler, A. hornei Murr., A.
endoxanthus Berk. & Broome, A. purpurellus Heinem., A. singeri Heinem., A.
violaceosquamulosus Baker & Dale,A. ochraceosquamulosus Heinem.,A. rufoaurantiacus
Heinem.,A. dennisii Heinem.,A. puttemansii Pegler eMicropsalliota roseovinacea Pegler.
Tribo Cystodermateae: Cystoderma amianthinum (Scop.) Konr. & Maubl., C.
contusifolium Pegler, C. siparianum (Dennis) Thoen, Ripartitella brasiliensis (Speg.)
Singer.
Tribo Lepioteae: Cystolepiota marthae Singer,Lepiota subflavescens Murr.,L. lilacea
Bres.,L. epicharis (Berk. & Broome) Sacc. var. occidentalis Dennis,L. lineata Pegler,L.
subcristata Murr., L. lactea Murr., L. phaeosticta Morgan, L. nigropunctata Dennis, L.
rimosa Murr., L. murinocapitata Dennis,L. guatopoensis Dennis,L. ochraceoaurantiaca
Dennis, L. quinamana Dennis, L. abruptibulba Murr., L. citriodora Dennis, L.
griseorubescens Dennis eL. serena (Fr.) Sacc.
Tribo Leucocoprineae: Chlorophyllum molybdites (Meyer: Fr.) Massee,Leucoagaricus
hortensis (Murr.) Pegler, L. imperialis (Speg.) Pegler, Leucocoprinus birnbaumii (Corda)
Singer, L. brebissonii (Godey) Locq., L. fragilissimus (Rav.) Pat., L. meleagris (Sow.)
Locq.,L. sulphurellus Pegler,L. venezuelanus Dennis eMacrolepiota bonaerensis (Speg.)Singer.
Em um trabalho avaliando a atividade antimicrobiana de basidiomicetos, Rosa et al.
(2003) citaram Agaricus cf. nigrecentulus Heinem, A. cf. trinitatensis R.E.D. Baker &
W.T. Dale, A. porosporus Heinem., Leucoagaricus cf. cinerascens (Qul.) Bon &
Boiffard, Leucocoprinus cf. longistriatus (Peck) H.V. Sm. & N.S. Weber, mais uma
espcie indeterminada deLepiota e outra de Leucocoprinuscoletados no estado de Minas
Gerais e uma nica espcie indeterminada deAgaricuscoletada no estado de So Paulo.
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
22/109
13
Capelari e Gimenes (2004) descreveram Leucocoprinus brunneoluteus, uma nova
espcie de agariccea, pertencente triboLeucocoprineae, para o estado de So Paulo.
Para a regio Centro-Oeste, o nico registro conhecido o de Heinemann (1993),
citandoAgaricus argyropotamicus Speg. para o estado do Mato Grosso.
Para a regio Nordeste, mais especificamente para o estado de Pernambuco, Batista
(1957) descreveu Lepiota minuta Bat.. Kimbrogh et al. (1994) citam Chlorophyllum
molybdites (G. Mey) Massee, Lepiota erythrosticta (Berk. & Broome) Sacc. e L.
teipeitensis Murrill. Maia (1998) cita Agaricus purpurellus (F.H. Mller) F.H. Mller,
Lepiota americana Peck, L. morganii Peck e L. procera Lloyd. Maia et al. (2002) citam
Agaricus brunneostictus Heinem., Lepiota griseorubescens Dennis, L. holosericea (Fr.)
Gillet, L. lineata Pegler, L. stuhlmannii Henn., L. americana Peck, Leucoagaricus
meleagris (Sowerby) Singer, Melanophyllum sp. e Micropsalliota roseovinaceus Pegler.
Wartchow (2005), trabalhando em reas de Mata Atlntica na regio metropolitana de
Recife, identificou 22 espcies de Agaricaceae, sendo que Catatrama costaricensis Franco-
Mol.,Lepiota elaiophylla Vellinga & Huijser,L. subincarnata J.E. Lange, Micropsalliota
brunneosperma (Singer) Pegler e Ripartitella alba Halling & Franco-Mol. so novas
referncias para o Brasil e as demais, em sua maioria, novos registros para o estado de
Pernambuco.
Para a regio Norte, Capelari & Maziero (1988) mencionaram Agaricus cf.
silvaticus Schaeff., Lepiota citriodora Dennis, L. guatopoensis Dennis, L.
ochraceoaurantiaca Dennis, L. cf. phaeosticta Morgan, L. rubrotincta Peck,
Leucocoprinus brebissonii (Godey) Locq., L. cepaestipes (Sowerby ex Fr.) Pat. e L.
fragilissimus (Rav.) Pat, em coletas na regio dos rios Jaru e Ji-Paran, estado de
Rondnia.
Singer (1989) descreveu Leucoagaricus tricolor, Hiatulopsis aureoflava,
Cystolepiota albogilva, C. amazonica, C. potassiovirens, Lepiota gomezii e L. izonetaepara o estado do Amazonas e Chamaemyces paraensispara o estado do Par.
Bononi (1992), citou apenas uma espcie indeterminada de Agaricus e Lepiota
citrinella Speg. em seu trabalho realizado na cidade de Rio Branco, estado do Acre, que
tinha como objetivo maior, iniciar um Herbrio Micolgico junto ao Departamento de
Botnica da Universidade Federal do Acre.
Recentemente, em um levantamento de Agaricales na Reserva Biolgica Walter
Egler, Amazonas, Souza & Aguiar (2004) mencionaram a ocorrncia de espciesindeterminadas dos gnerosAgaricus,Cystoderma eLepiota.
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
23/109
14
Mesmo depois da realizao dos vrios trabalhos mencionados, em diferentes
localidades do nosso pas e principalmente os realizados no estado do Rio Grande do Sul
por profissionais e amantes da Micologia, muito ainda necessita ser estudado e descoberto.
Somente com muita dedicao e seriedade ser possvel ampliar o conhecimento e a
distribuio geogrfica dos fungos desta famlia, sendo de fundamental importncia
trabalhos de cunho taxonmico, essenciais para o desenvolvimento da cincia bsica e
aplicada.
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
24/109
15
2. OBJETIVOS
Geral: Ampliar o conhecimento sobre os fungos da famlia Agaricaceae Chevall. no Rio
Grande do Sul.
Especficos:
Conhecer os fungos da famlia Agaricaceae (Agaricales, Basidiomycota) do Parque
Estadual de Itapu; Identificar a nvel especfico os exemplares coletados no Parque Estadual de Itapu;
Elaborar chaves dicotmicas para a determinao dos gneros e espcies encontrados
na rea em estudo;
Ampliar o acervo do Herbrio do Departamento de Botnica da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (ICN) a partir da incorporao de todo o material coletado;
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
25/109
16
3. MATERIAIS E MTODOS
3.1rea de estudo
O Parque Estadual de Itapu (Fig. 1), unidade de conservao de proteo integral,
localizado no municpio de Viamo, pertence regio metropolitana de Porto Alegre, no
estado do Rio Grande do Sul. Encontra-se a aproximadamente 60 km ao sul da capital
gacha e localiza-se frente ao encontro das guas do lago Guaba e da laguna dos Patos.
Em decorrncia da presena conjunta de morros granticos e plancies arenosas, apresenta
grande variedade de ambientes e paisagens: praias, lagoas, dunas, banhados, campos,costes, afloramentos rochosos, onde crescem variadas formaes vegetais, incluindo
remanescentes de Mata Atlntica e uma fauna igualmente rica (Rio Grande do Sul 1997).
Segundo Rambo (1994), o Parque situa-se dentro dos limites da fisionomia denominada
Serra do Sudeste, ou Escudo Cristalino, a qual, apresenta-se como um tringulo isscele no
territrio rio-grandense, cujos vrtices tocariam na lagoa dos Barros, a leste de Porto
Alegre, e nos municpios de Jaguaro e So Gabriel.
Com uma rea aproximada de 5.566 hectares, entre as coordenadas (3020 a 3027
S e 5050 a 5105 W), caracteriza-se por ser o ltimo remanescente dos ambientes
originais da Regio Metropolitana (SEMA 2006).
Segundo Irgang (2003), o Parque compreende duas formaes geolgicas: morros
granticos do Escudo Cristalino (constitudos por rochas cristalinas Pr-Cambrianas, com a
sua formao a mais de 500 milhes de anos) e Plancie Costeira (formada junto aos
morros granticos h cerca de 400 mil anos atrs, quando o aumento da temperatura do
planeta causou o derretimento das geleiras).
O clima da rea em estudo classificado, segundo o sistema de Koeppen (1948),
como estando dentro da classe Cfa, descrito como clima subtropical mido, com mdia do
ms mais quente superior a 22C e mdia do ms mais frio entre os limites 3C e 18C. A
temperatura mdia anual oscila em torno dos 17C e a precipitao mdia anual fica entre
1.100 e 1.300 mm, sendo as chuvas bem distribudas ao longo do ano. Os nevoeiros so
freqentes e a umidade atmosfrica tende a ser elevada devido presena constante das
massas de ar martimas.
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
26/109
17
A vegetao do Parque de Itapu formada por florestas e campos, e destaca-se por
sua diversidade, estando includa nos domnios da Mata Atlntica. A diversidade ocorre
devido s variaes das condies fsicas, determinadas pela proximidade dos morros
granticos com a plancie sedimentar em rea restrita. Destacam-se, entre as formaes
arbreas, as matas de encosta, matas de restinga arenosa e paludosa, e matas ciliares. As
matas de encosta, na face sul dos morros caracterizam-se por serem mais midas e
possurem solos mais profundos com maior capacidade de armazenamento de gua,
diferente das condies dos cumes e encostas nortes dos morros. So espcies
caractersticas desse tipo de mata: figueira-de-folha-mida (Ficus organensis (Miq.) Miq.),
timbava (Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong), aoita-cavalo (Luehea
divaricataMart. & Zucc.), aroeira-braba (Lithraea brasiliensisMarch.), entre outras. As
matas de restinga e paludosa so menos comuns, possuem dossel irregular e apresentam
como espcies tpicas o tarum-branco (Cytharexylum myrianthum Cham.), a embaba
(Cecropia pachystachya Trec.), a corticeira-do-banhado (Erythrina crista-galli L.) e o
jeriv (Syagrus romanzoffiana(Cham.) Glassman). As matas ciliares, por sua vez, ocorrem
junto aos cursos dgua, sendo que aquelas prximas ao Lago Guaba geralmente ocorrem
internamente vegetao juncal, formada, principalmente, por junco (Scirpus californicus
(C.A. Mey.) Steud.). Destacam-se na mata ciliar madura o agua-mata-olho (Pouteria
gardneriana (A. DC.) Radlk.) e o sarandi-amarelo (Terminalia australis Camb.), entre
outras (Brack et al.1998).
Embora o Parque tenha sido criado oficialmente em 1973, como conseqncia do
movimento ecolgico contra a destruio das paisagens e ambientes naturais, causada pela
extrao de granito, a sua implantao efetiva s ocorreu em 1998, com a concluso da
infra-estrutura necessria para o cumprimento de seus objetivos como categoria Parque,
segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservao (Irgang 2003).
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
27/109
18
3.2 Metodologia
Coleta de material
As coletas foram realizadas durante o perodo de Abril de 2005 a Junho de 2006,
concentradas durante as estaes do outono, primavera e vero; totalizando 18 visitaes a
rea de estudo.
Os diversos locais do Parque, com mata nativa, campos e gramados, foram
percorridos em busca de espcimes de cogumelos da famlia em questo. Todo o material
coletado foi retirado do substrato com o auxlio de uma faca ou esptula e envolto em
papel, para posteriormente ser armazenado separadamente em recipientes ou sacos
plsticos, evitando assim a mistura de esporos, o que dificultaria a sua identificao.
Anotaes sobre a natureza do substrato e demais observaes dos espcimes foram
tomadas no campo a fim de facilitar a determinao do material e interpretar o ambiente
onde se desenvolvem.Tambm foram feitos desenhos e/ou retiradas fotos dos exemplares
coletados.
Anlise macroscpica
Foram preenchidas fichas de anlise macroscpica, especialmente confeccionadas
para os fungos desta famlia, para cada exemplar coletado, procurando assim preservar
caractersticas importantes do material, antes da desidratao, que auxiliariam na sua
identificao, como:
a) Pleo: importante anotar o mximo de caractersticas ainda quando o cogumelo estiver
fresco, pois podem ocorrer variaes em sua colorao e forma, aps a desidratao. Dimenses: dimetro do cogumelo;
Forma: desde o cogumelo jovem at o adulto, quando possvel;
Colorao: muito importante na identificao dos fungos desta famlia. Podem
ocorrer variaes entre a margem e a superfcie, sendo fundamental a utilizao
de uma carta de cores;
Superfcie: podendo variar desde lisa (glabra), fibrilosa, esquamulosa a
fortemente escamosa, tambm fazendo anotaes referentes a sua colorao;
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
28/109
19
Margem: formato (plana, revoluta, involuta ou curvada para baixo) e o tipo (lisa
ou regular, plicada, apendiculada);
Contexto: anotaes sobre a sua consistncia (membranosa a carnosa), bem
como a sua colorao.
b) Himenforo: caracterizado por ser lamelar (Singer 1986). Aqui so feitas anotaes
referentes colorao das lamelas, insero, abundncia e consistncia.
c) Estpite: assim como o pleo, pode ocorrer mudana na sua colorao e forma aps a
desidratao.
Dimenses: comprimento e largura;
Forma: variaes no formato, podendo ser cilndrico, clavado, com base maisalargada, sub-bulboso a bulboso;
Colorao: tambm utiliza-se uma carta de cores;
Posio: central;
Superfcie: lisa ou ornamentada (fibrilosa a esquamulosa, ocorrendo em vrias
espcies dos gnerosMacrolepiota eLepiota);
Contexto: sua colorao, sua consistncia (carnosa, fibrosa, membranosa) e se
fistuloso ou no.
d) Vu parcial (anel): muito importante nessa famlia, tendo em vista que a maioria das
espcies possui, mesmo que algumas vezes seja efmero. Anotaes quanto a sua
colorao, posio, consistncia e complexidade.
e) Vu universal (volva): geralmente ausente nesta famlia, mas podendo estar presente
em algumas espcies como emAgaricus martineziensis Heinem. (Capelari et al. 2006),
Leucoagaricus bivelatus B.P. Akers & Ovrebo (Akers & Ovrebo 2005) e Volvolepiotabrunnea (Rick) Sing. (Heinemann & Meijer 1996), entre outras.
f) Miclio basal e rizomorfas: anotaes quanto a sua presena, colorao e abundncia.
g) Esporada: a retirada da esporada feita colocando-se uma parte do pleo, com as
lamelas para baixo, sobre uma folha de papel branca, em cmara mida. Nesta famlia,
h uma variao enorme na colorao da deposio dos basidisporos, desde branca,
creme, castanho-acinzentada, castanho, castanho-escura at verde. Quando no forpossvel obter a esporada, observa-se a colorao das lamelas no basidioma maduro, ou
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
29/109
20
dos basidisporos em lminas montadas para serem visualizadas no microscpio
ptico.
Para as espcies do gnero Agaricus realizou-se o teste qumico conhecido como
Reao de Schaeffer, que consiste em fazer dois traos, um com cido Ntrico (HNO 3) e
outro com Anilina, na superfcie do pleo. O resultado positivo quando adiquirir uma
colorao vermelho-alaranjada a vermelho-fogo no ponto de interseco dos traos (Singer
1986).
Todas as caractersticas macroscpicas analisadas foram baseadas na obra de
Largent (1977), com o auxlio de microscpio estereoscpico LEICA ZOOM 2000. Todas
as cores foram avaliadas utilizando-se como referncia a carta de cores de Kornerup &
Wanscher (1978).
Aps o preenchimento da ficha de anlise macroscpica, todo o material foi
desidratado em estufa com temperatura aproximada de 45C, sendo posteriormente
analisado microscopicamente com o auxlio do microscpio ptico.
Anlise microscpica
Para a anlise microscpica, foram realizados cortes manuais no basidioma,
utilizando lminas de barbear novas. As lminas foram montadas com soluo aquosa de
Hidrxido de Potssio a 5% (KOH), o que permite visualizar a colorao das estruturas
microscpicas. Outras lminas foram montadas com KOH e o corante Vermelho Congo
2% (Congo Red), o que possibilitou observar com maior nitidez as microestruturas e
tambm efetuar o teste de congofilia (que positivo quando os basidisporos ficam
totalmente corados de vermelho). Foi preenchida para cada espcie, uma ficha de anlise
microscpica e uma ficha com as medies das microestruturas especialmente montadas
para os fungos dessa famlia. Foram feitas medies (o mnimo de 20, para cada elemento)
e ilustraes das microestruturas, frteis e estreis, como basdios, basidisporos, cistdios,
hifas da trama e superfcie pilear (pileipellis), com o auxlio de uma ocular milimetrada e
cmara clara acoplada ao microscpio ptico LEICA DM LS2. Todas as medies e
ilustraes foram efetuadas em aumento de 1000x, com exceo da estrutura da superfcie
pilear de algumas espcies, em aumento de 400x. A nomenclatura das microestruturas foi
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
30/109
21
baseada na obra de Largent et al. (1986). Foram analisadas as seguintes estruturas
microscpicas:
a) Basidisporos: as unidades de reproduo sexual dos fungos dessa famlia possuem
variao na colorao, morfologia e dimenses (Pegler & Young 1971). So feitas
anotaes quanto a:
Dimenses: comprimento e largura, para efetuar o clculo do Q (coeficiente
entre o comprimento e a largura) e o Qm (valor mdio de Q);
Forma: h uma variao grande na morfologia (globosos, subglobosos,
amplamente elipsides, elipsides, oblongos, amigdaliformes, calcarados,...),
apresentando poro germinativo visvel ou no;
Colorao: desde hialino a tons de castanho e algumas vezes verde;
Parede: na maioria dos casos lisa ou em poucos casos, ornamentada. Variando
de fina a espessa.
b) Basdios: no to expressivos na taxonomia deste grupo, mesmo se tratando da
estrutura onde ocorre a formao dos basidisporos. So feitas anotaes quanto a sua
forma, dimenses e aspectos referentes parede;
c) Cistdios: as microestruturas estreis encontradas nessa famlia so importantes
taxonomicamente. Geralmente so encontrados queilocistdios (situados no fio/bordo
das lamelas) e com menor freqncia pleurocistdios (situados nas faces laterais das
lamelas). So feitas anotaes referentes a sua forma, espessura da parede, colorao e
dimenses.
d) Hifas da trama: observao da disposio das hifas, sua colorao e o tipo de parede.
Geralmente nessa famlia as hifas da trama so regulares.
e) Hifas da superfcie pilear (pileipellis): de grande importncia taxonmica em alguns
gneros (Lepiota, Leucocoprinus, Macrolepiota); analisadas quanto a sua estrutura,
forma, comprimento, colorao e tipo de parede.
f) Fbulas: conexo entre hifas, semelhante a um gancho, caracterstica do miclio
secundrio de muitos Basidiomycetes. Elas foram avaliadas atravs da sua presena ou
ausncia. Na famlia Agaricaceae, a sua ocorrncia limitada a poucos gneros.
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
31/109
22
Alguns testes qumicos so de grande importncia na determinao de gneros e
espcies desta famlia.
Reao dextrinide: utiliza-se o reagente de Melzer. Neste caso, quando os
basidisporos ficarem corados de castanho a castanho-avermelhado eles so
configurados como dextrinides (pseudoamilides), se ficarem azulados (amilides) e
se no adquirirem nenhuma colorao (inamilides).
Reao metacromtica: utiliza-se Azul de Cresil. O endosprio e a parede do esporo
coram-se de rosa a lils. Esta reao observada nos gneros Leucoagaricus,
Leucocoprinus eMacrolepiota.
Reao de congofilia: j citada anteriormente.
Identificao do material
Para a identificao do material coletado, foram consultadas as obras especializadas
de Bon (1981), Breitenbach & Krnzlin (1995), Candusso & Lanzoni (1990), Cappelli
(1984), Dennis (1952, 1961, 1970), Heinemann (1961, 1962a, 1962b, 1962c, 1962d, 1977,
1986, 1990, 1993), Pegler (1972, 1977, 1983, 1986, 1997), Rick (1961), Singer (1949,
1986), Singer & Digilio (1951), Vellinga (2001), Wasser (1993), Wright & Albert (2002),
entre outras.
O sistema de classificao adotado neste trabalho baseado na obra de Singer
(1986) e modificado com base no sistema de classificao proposto por Kirk et al. (2001).
Foram includas somente espcies de gneros agaricides, no contemplando os
gasterides e secotides.
Conservao dos basidiomas
Todo material, aps ter sido analisado e identificado, ser incorporado ao acervo do
Herbrio do Departamento de Botnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(ICN).
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
32/109
23
Terminologia micolgica, nome dos gneros e das espcies
Toda a terminologia micolgica seguiu os trabalhos de Fidalgo & Fidalgo (1967),
Guerrero & Silveira (2003) e Putzke & Putzke (2004). Todos os nomes de gneros e de
espcies identificados, bem como os seus respectivos basnimos, foram escritos segundo o
CABI Bioscience Database (2006).
Nome dos autores dos taxa
Todas as abreviaes dos nomes de autores foram escritas de acordo com Authors
of Fungal Names (CABI Bioscience Database 2006).
Colees examinadas
Foram analisadas colees de importantes herbrios nacionais e internacionais que
possuem exsicatas da famlia em questo, como os herbrios da Universidade de Buenos
Aires (BAFC) e o da Fundao Miguel Lillo (LIL), ambos da Argentina; tambm foram
revisados herbrios nacionais, o do Instituto de Botnica (SP) e o do Instituto Anchietano
de Pesquisas/Unisinos (PACA), onde se concentra a maioria das exsicatas de Agaricaceae
do nosso pas. As siglas dos herbrios seguem o Index Herbariorum (2007).
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
33/109
24
4. RESULTADOS E DISCUSSO
No Parque Estadual de Itapu, nas 18 visitaes realizadas no perodo de Abril de2005 a Junho de 2006, foram identificadas 19 espcies distribudas em 6 gneros
pertencentes famlia Agaricaceae, dos quais: Agaricus (5 espcies), Chlorophyllum (1
espcie),Lepiota ( 3 espcies), Leucoagaricus (3 espcies), Leucocoprinus (6 espcies) e
Macrolepiota (1 espcie).
4.1 Chave para determinao dos gneros encontrados
1.Esporada escura (tons de castanho) ou esverdeada, basidisporos pigmentados...........2
1.Esporada clara (branca a creme), basidisporos no pigmentados (hialinos) ................3
2.Esporada e basidisporos escuros (castanho-acinzentado a castanho-escuro)..Agaricus
2.Esporada e basidisporos esverdeados.................................................... Chlorophyllum
3.Basidisporos com poro germinativo visvel .................................................................4
3.Basidisporos sem poro germinativo visvel..................................................................5
4.Basidiomas geralmente delicados e frgeis, com o pleo normalmente
sulcado/plicado, fbulas ausentes.................................................................Leucocoprinus
4.Basidiomas mais robustos, com o pleo no sulcado e fbulas presentes, mas de difcil
visualizao ...................................................................................................Macrolepiota
5.Basidisporos metacromticos em Azul de Cresil ...................................Leucoagaricus
5.Basidisporos no metacromticos em Azul de Cresil .......................................Lepiota
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
34/109
25
4.2AgaricusL.
Sp. Plantarum2: 1173 (1753).
Hbito pluteide dos basidiomas. Pleo carnoso com superfcie glabra a escamosa, seca,pigmentada ou no. Lamelas livres, brancas a rosa quando imaturas, tornando-se mais
escurecidas com a maturidade dos basidisporos. Esporada castanho-prpura a spia.
Estpite central, alongado, apresentando um anel membranoso simples ou complexo, com
base freqentemente bulbosa. Contexto s vezes mudando de cor para vermelho ou
amarelo quando tocado ou machucado. Basidisporos castanhos, lisos, com parede
espessa, com at 10 m de comprimento, raramente maiores, no dextrinides, com ou
sem poro germinativo visvel. Basdios comumente tetrasporados, mas em alguns casosbisporados. Pleurocistdios ausentes. Queilocistdios presentes ou ausentes. Superfcie
pilear freqentemente composta por hifas prostradas. Trama himenoforal regular a
irregular. Fbulas ausentes. Crescendo no solo ou em hmus, no interior de florestas ou em
locais abertos (gramados, campos).
Espcie tipo:A. campestris L. [como 'campester'].
4.2.1 Chave para as espcies deAgaricus
1.Basidiomas pequenos, com o dimetro do pleo inferior a 50 mm e apresentando
colorao laranja-claro a alaranjado..............................................................Agaricussp.1
1.Basidiomas robustos e maiores, com o dimetro do pleo superior a 50 mm e
apresentando colorao diferente da anterior ....................................................................2
2.Pleo castanho-vinceo a violeta, estpite com a superfcie esqumulosa-fibrilosa,
basidisporos elipsides (4.3-)4.7-5.2 x 3-4 m .........................................A. porphyrizon
2.Pleo branco, castanho-claro ou castanho, estpite com a superfcie lisa, basidisporos
elipsides a oblongos com dimenses maiores .................................................................3
3.Pleo castanho-claro a castanho, com a superfcie coberta por fibrilas de colorao
castanho a castanho-claro...................................................................A. pseudoargentinus
3.Pleo branco, com a superfcie coberta por esqumulas e/ou fibrilas bege, castanho-claro a castanho sobre um fundo branco ...........................................................................4
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
35/109
26
4.Estpite com a base bulbosa apresentando um anel carnoso bem desenvolvido e
persistente, basidisporos elipsides a oblongos 5.5-6.5 x 3-3.8 m........A. aff. silvaticus
4.Estpite com a base afilada apresentando um anel membranoso bem desenvolvido,
basidisporos elipsides(6-)6.5-7.5(-8) x 4-5 m.......................................A. cf.litoralis
4.2.2Agaricus cf.litoralis(Wakef. & A. Pearson) Pilt Fig. 2 e 16
Klc Kurc. Na. Hub Hrib. Bedl.(Praha): 403 (1952) [como littoralis].
Psalliota litoralis Wakef. & A. Pearson, in Pearson, Trans. Br. mycol. Soc. 29(4): 205 (1946).
Pleo 91 mm, convexo a plano-convexo; branco (1.A1); superfcie esquamulosa, seca,
coberta por esqumulas apressas de colorao castanho-claro (6.D4) a bege (3.B3); borda
plana com margem apendiculada; contexto carnoso de colorao branca, no mudando de
colorao aps ser cortado. Lamelas livres, castanho-escuras (7.F5), muito prximas,
membranosas, apresentando lamlulas. Estpite 51 x 20 mm, central, afinando na base,
branco; superfcie lisa; estreitamente fistuloso de consistncia carnosa-fibrosa; contexto
branco no mudando de cor; rizomorfas pequenas e finas de colorao branca; miclio
basal ausente. Anel mediano a spero, simples, descendente, membranoso, branco, bem
desenvolvido. Odor agradvel.
Reao de Schaeffernegativa na superfcie do pleo.
Basidisporos (6-)6.5-7.5(-8) x 4-5 m, Q = 1.30-1.75, Qm = 1.47, elipsides, castanho-
acinzentados a castanhos, parede espessa e lisa, no apresentando poro germinativo visvel.
Esporada castanho-escura (7.F5). Basdios 15-20 x 7-9 m, clavados, hialinos, parede
fina e lisa, com 4 esterigmas de 2-3 m de comprimento. Pleurocistdios ausentes.
Queilocistdios 19-29 x 10-15 m, inflado-clavados a clavados, hialinos, parede fina elisa. Superfcie pilear 5-16 m, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas,
levemente pigmentadas de bege. Fbulas ausentes. Trama himenoforalregular, 4-22 m,
formada por hifas hialinas de parede fina e lisa.
Aspectos ecolgicos:crescendo solitrio, em solo de campo aberto (gramado).
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamo, Parque Estadual de Itapu,
Praia de Fora, 27/IV/2006, M.S. Rother 133/06 (ICN 139292).
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
36/109
27
Material adicional examinado: ARGENTINA. La Lucila: La Roja al 400, 10/V/1992,
J.E. Wright (BAFC 32776).
Distribuio: Europa: Cappelli (1984); Nauta (2001). Amrica do Sul: Heinemann (1993).
Discusso: Nosso espcime caracterizado por apresentar basidioma branco com a
superfcie do pleo coberta por esparsas esqumulas de colorao castanho-claro a bege,
pelo estpite com base afilada, anel spero e descendente, presena de queilocistdios e
pela reao de Schaeffer negativa. Suas dimenses e morfologia assemelham-se as de
Agaricus campestris L.e aA. bitorquis (Qul.) Sacc., porm difere da primeira espcie por
apresentar queilocistdios e da segunda por no apresentar anel duplo e pelo contexto no
mudar de cor quando cortado ou machucado. A. platensis Speg. descrito para a Argentina
(Spegazzini 1926) tambm apresenta morfologia parecida, mas difere por possuir anel
nfero semelhante a uma volva, por apresentar basidisporos menores (5 x 4 m) e pela
ausncia de cistdios.
Agaricus spissicaulis F.H. Mller apresenta basidisporos com 5-7 x 4-5,5 m,
queilocistdios clavados a cilndricos e comumente encontrado em campos prximo ao
litoral. relacionado com A. maskae Pilt, que difere praticamente por apresentar
basidisporos e queilocistdios levemente maiores (Cappelli 1984). De acordo com Nauta
(2001), estas duas espcies so consideradas sinonmias de Agaricus litoralis, nome
atualmente aceito, que apresenta medidas de basidisporos (6.5-)7-8.5 x (4.5-)5-6.5 m,
queilocistdios e formas gerais muito semelhantes s de nosso material, alm de ser
encontrado em substrato semelhante. considerada rara na Europa, tambm conhecida na
Amrica do Norte e no norte da frica.
Atravs da anlise de material depositado no herbrio BAFC citado como
A. spissicaulis, encontrou-se basidisporos medindo 5-6 x 3.5-4 m, mas no foi possvel
observar algumas caractersticas importantes, como a colorao e a presena de
queilocistdios, devido ao tempo de herborizao.
No Brasil, Agaricus spissicaulis foi encontrado em dunas do litoral do estado do
Paran (Heinemann 1993).
Sero necessrias mais coletas para confirmar a ocorrncia de A. litoralis (= A.
spissicaulis)para a rea de estudo e para o Estado.
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
37/109
28
4.2.3Agaricus porphyrizonP.D. Orton Fig. 3 e 17
Trans. Br. mycol. Soc.43(2): 174 (1960).
Pleo 70-100 mm, hemisfrico a convexo quando jovem tornando-se aplanado namaturidade; castanho-vinceo (10.E6) com o umbo mais violeta (12.F6); superfcie
esqumulosa-fibrilosa, seca, coberta por esqumulas e fibrilas apressas de colorao
castanho-vinceo a violeta, dispostas radialmente e com maior concentrao no disco
central; borda plana com margem regular; contexto carnoso de colorao branca, no
mudando de colorao aps ser cortado. Lamelas livres, castanhas (7.E5) a castanha-
escura (7.F6), muito prximas, membranosas, apresentando lamlulas. Estpite 70-80 x
10-12 mm, central, sub-bulboso (15-19 mm), branco; superfcie radialmente esquamulosa
abaixo do anel; fistuloso, de consistncia fibrosa; contexto branco no mudando de cor;
rizomorfas brancas; miclio basal ausente. Anel spero, simples, descendente,
membranoso, branco, bem desenvolvido. Odor agradvel.
Reao de Schaefferno observada em material fresco.
Basidisporos (4.3-)4.7-5.2 x 3-4 m, Q = 1.28-1.67, Qm = 1.44, elipsides, castanho-
claros, parede espessa e lisa, no apresentando poro germinativo visvel. Esporada
castanha-escura (7.F6). Basdios 13-19 x 6-8.5 m, clavados, hialinos, parede fina e lisa,
com 4 esterigmas de 2-3 m de comprimento. Pleurocistdios ausentes. Queilocistdios
15-24 x 7.5-11 m, clavados a piriformes, hialinos, parede fina e lisa. Superfcie pilear 5-
9 m, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, pigmentadas de bege a castanho-
claro. Fbulas ausentes. Trama himenoforalregular, 3-10 m, formada por hifas hialinas
de parede fina e lisa.
Aspectos ecolgicos: crescendo solitrio e em pequenos grupos, em solo no interior da
mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamo, Parque Estadual de Itapu,
Praia da Pedreira, 09/IV/2005, M.S. Rother 029/05 (ICN 139293); M.S. Rother 035/05
(ICN 139294).
Material adicional examinado: ARGENTINA. Neuquen: Puerto Manzano, 09/IV/1963,
Singer M 3357 (BAFC 32283).
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
38/109
29
Distribuio: Europa: Cappeli (1984); Nauta (2001).Amricas: Heinemann (1986, 1990,
1993).
Discusso: Agaricus porphyrizon caracterizado por apresentar o pleo violceo a
castanho-vinceo com a superfcie esqumulosa-fibrilosa, estpite branco com a superfcie
esqumulosa-fibrilosa, anel membranoso descendente e queilocistdios. Segundo Nauta
(2001), essa espcie est inserida na seo Minores Fr. devido aos basidisporos
(comprimento < 6.5 m; Qm = 1.35-1.60; poro germinativo ausente), a estrutura do anel e
a tonalidade amarelada do contexto quando machucado. Em nosso material, no foi
observada a mudana de cor do contexto, tanto do pleo quanto do estpite e tambm no
foi possvel realizar a reao de Schaeffer em material fresco, mas as demais caractersticas
conferem com as observadas nos materiais estudados por Cappelli (1984), Heinemann(1986, 1990) e Nauta (2001).
Agaricus violaceosquamulosus Baker & Dale descrito para Trinidade e Tobago
difere de A. porphyrizon por apresentar basidiomas menores e pelo anel ser ascendente
(Baker & Dale 1951). Agaricus purpurellus (F.H. Mller) F.H. Mller apresenta a
colorao do pleo similar, mas os basidiomas so menores, a superfcie do pleo fibrilosa
e os basidisporos so menores (Cappelli 1984).
Agaricus porphyrizon considerada aparentemente rara e encontrada maiscomumente em regies costeiras, no solo de matas com rvores decduas e em gramados
de dunas (Nauta 2001); caractersticas aparentemente similares s encontradas na
vegetao e no solo do Parque.
No estudo da exsicata (BAFC 32283) identificada por Singer, encontramos medidas
de basidisporos semelhantes s encontradas em nosso material, porm o basidioma
menor, o anel no est preservado e no foi possvel visualizar os queilocistdios.
Este o primeiro registro deAgaricus porphyrizonpara o Brasil.
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
39/109
30
4.2.4Agaricus pseudoargentinusAlbert & J.E. Wright Fig. 4 e 18
Mycotaxon50: 272 (1994).
Pleo 58-85 mm, inicialmente hemisfrico, convexo a plano-convexo at aplanado namaturidade; castanho-claro (6.D5) com centro castanho (6.E6) sobre um fundo branco;
superfcie fibrilosa, seca, coberta por fibrilas apressas de colorao castanho a castanho-
claro; bordo plano com margem apendiculada; contexto carnoso de colorao branca, no
mudando aps cortado. Lamelas livres, inicialmente rosa (13.A4) tornando-se castanha-
vincea (11.E4) a castanha-acinzentada (11.E3) com o amadurecimento, muito prximas,
membranosas, apresentando lamlulas. Estpite 40-72 x 8-14 mm, central, cilndrico,
levemente mais engrossado na base (18 mm), branco; superfcie lisa; fistuloso, de
consistncia fibrosa; contexto branco no mudando de cor; rizomorfas de colorao
branca; miclio basal ausente. Anel spero, simples, descendente, membranoso, branco,
bem desenvolvido. Odor agradvel.
Reao de Schaeffernegativa na superfcie do pleo.
Basidisporos 5.5-6.5(-7) x 3.8-5 m, Q = 1.20-1.60, Qm = 1.38, amplamente elipsides a
elipsides, castanho-claro a castanho, parede espessa e lisa, no apresentando poro
germinativo visvel. Esporada castanho-escura (7.F5). Basdios 16-23 x 7-8(-10) m,
clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 2-3.5 m de comprimento.
Pleurocistdios ausentes. Queilocistdios 12-33 x 8-12 m, geralmente piriformes a
clavados, hialinos, parede fina e lisa, abundantes. Superfcie pilear 5-20 m, formada por
hifas de parede fina e lisa, prostradas, pigmentadas de castanho-claro. Fbulas ausentes.
Trama himenoforalregular a sub-regular, 3-11 m, formada por hifas hialinas de parede
fina e lisa.
Aspectos ecolgicos:solitrio ou em pequenos grupos, em solo no interior e na borda damata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamo, Parque Estadual de Itapu,
Praia da Pedreira, 22/X/2005, M.S. Rother 096/05 (ICN 139297); 09/XI/2005, M.S. Rother
101/05 (ICN 139298); Praia do Stio, 07/IX/2005, M.S. Rother 076/05 (ICN 139295); M.S.
Rother 078/05 (ICN 139296).
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
40/109
31
Material adicional examinado: ARGENTINA. Buenos Aires: Burzaco, X/1991, E.
Albert (BAFC 32962); Chascoms, campo del INTECH, 09/XI/2000, E. Albert (ED:
880) (BAFC 50875).
Distribuio: Amrica do Sul: Albert & Wright (1994); Wright & Albert (2002).
Discusso: Esta interessante espcie do gnero Agaricus, originalmente descrita
pertencendo seo Sanguinolenti (Schaeffer & Mller) Singer (Albert & Wright 1994) e
posteriormente transferida seo AgaricusKonr. & Maubl. devido ao seu contexto ser
imutvel ao corte ou ao tato (Albert 1996), caracteriza-se principalmente por apresentar
pleo hemisfrico a plano-convexo, com abundantes fibrilas castanho-claras a castanho-
escuras sobre um fundo esbranquiado; contexto branco imutvel; reao de Schaeffer
negativa na superfcie do pleo; estpite branco, cilndrico a levemente clavado; anel
simples, bem desenvolvido, spero e descendente (Albert & Wright 1994; Wright &
Albert 2002).
Agaricus pseudoargentinus foi descrito para a Argentina apresentando basidiomas
solitrios, encontrados em abundncia e com basidisporos medindo 4.7-5.7(6.5) x
(3.2)3.7-4.2 m (Albert & Wright 1994). Em nosso material, foram observados
basidisporos levemente maiores e basidiomas geralmente solitrios ou algumas vezes em
pequenos grupos, tanto no interior quanto fora da mata.
Segundo Albert & Wright (1994), A. argentinus Speg. muito prxima desta
espcie, diferenciando-se pela colorao ferrugem-avermelhada da esporada, por
apresentar anel duplo e pelo estpite no ser fistuloso.
Atravs do estudo do material depositado no herbrio BAFC e de comunicao
pessoal com o autor da espcie, foi possvel confirmar a sua determinao.
At o momento,Agaricus pseudoargentinuss havia sido citado para a Argentina,
sendo este o primeiro registro para o Brasil.
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
41/109
32
4.2.5Agaricus aff.silvaticusSchaeff. Fig. 5 e 19
Fung. Bavariae4: 62 (1833).
Pleo 67-75 mm, convexo a plano-convexo; branco (1.A1); superfcie esqumulosa, seca,coberta por esqumulas recurvadas de colorao castanho-claro (6.D4), mais concentradas
no disco central; borda plana com margem regular; contexto carnoso de colorao branca,
no mudando de colorao aps ser cortado. Lamelas livres, castanho-claro (6.D6) a
castanho (6.E5), muito prximas, membranosas, apresentando lamlulas. Estpite 65-87 x
6-8 mm, central, com a base bulbosa mais alargada (13-16 mm), branco; superfcie lisa;
no fistuloso, de consistncia fibrosa; contexto branco adquirindo uma tonalidade amarelo-
claro depois de cortado; rizomorfas no observadas; miclio basal ausente. Anel spero,
simples, descendente, carnoso, branco, bem desenvolvido. Odor agradvel.
Reao de Schaeffernegativa na superfcie do pleo.
Basidisporos 5.5-6.5 x 3-3.8 m, Q = 1.45-2.00, Qm = 1.78, elipsides a oblongos,
castanho-claros, parede espessa e lisa, no apresentando poro germinativo visvel.
Esporadacastanho-escura (7.F6). Basdios 14-17 x 5.5-6.5 m, clavados, hialinos, parede
fina e lisa, com 4 esterigmas de 1.5-2 m de comprimento. Pleurocistdios ausentes.
Queilocistdios (14-)18-25(-30) x 9-14 m, inflado-clavados a clavados, difceis de
visualizar, hialinos, parede fina e lisa. Superfcie pilear 3-14 m, formada por hifas de
parede fina e lisa, prostradas, pigmentadas de castanho-claro a bege. Fbulas ausentes.
Trama himenoforalregular, 3-14 m, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa.
Aspectos ecolgicos:gregrio, em solo no interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamo, Parque Estadual de Itapu,
Praia da Pedreira, 22/X/2005, M.S. Rother 095/05 (ICN 139299).
Distribuio:Europa: Cappelli (1984); Nauta (2001). Amricas: Heinemann (1986, 1993);
Hotson & Stuntz (1938); Pegler (1983, 1997).
Discusso:Agaricus silvaticus apresenta alterao avermelhada na colorao do contexto
quando machucado, o que no foi observado em nosso material. Heinemann (1986, 1990),
em ambos trabalhos realizados na Amrica do Sul, refere que esta espcie tem
basidisporos ovides medindo 4.5-6 x 3-3.5 m. Tanto para o Brasil (Pegler 1997) quanto
para Martinique (Pegler 1983) so tambm citados basidisporos com a mesma forma e
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
42/109
33
com medidas muito prximas. Em nossos exemplares encontramos basidisporos um
pouco maiores, mas dentro da variao da espcie.
Cappelli (1984) menciona que Agaricus silvaticus extremamente varivel,
apresentando um notvel polimorfismo e algumas variedades conhecidas. Heinemann
(1993) citouA. silvaticus var.pallidus (F.H. Mller) F.H. Mller para o Brasil, sendo que
esta variedade difere de A. silvaticus pela colorao mais plida das esqumulas. Nosso
material apresenta esta variao na colorao do pleo e das escamas, talvez devido a ter
sido coletado em dia chuvoso, o que possibilitaria esta mudana. Segundo Nauta (2001)
essa variedade no est bem definida por no existir nenhum tipo ou material original
preservado.
Pegler (1983) refere Agaricus bambusigenus Berk. & Curt., material coletado em
Cuba, como uma espcie prxima e que difere de A. silvaticus por apresentar um anel
grande e persistente, e hbito cespitoso, caractersticas presentes em nossos exemplares.
Porm, refere que esta espcie estaria aparentemente associada com espcies de bambu.
Faz-se necessrio mais coletas para confirmar a ocorrncia de Agaricus silvaticus
na rea de estudo.
4.2.6Agaricussp.1 Fig. 13 e 20
Pleo 18-41 mm, convexo a plano-convexo na maturidade; laranja-claro (6.A4), com o
disco central alaranjado(6.C6); superfcie levemente fibrilosa, seca, coberta por poucas e
minsculas fibrilas apressas de colorao laranja-claro a laranja; borda plana a revoluta
com margem levemente apendiculada; contexto carnoso de colorao branca, no
mudando de colorao aps ser cortado. Lamelas livres, castanhas (6.E6), muito prximas,
membranosas, apresentando lamlulas. Estpite 25-55 x 2.5-4 mm, central, com a base
mais alargada (6-9 mm), branco com tons de laranja abaixo do anel; superfcie lisa;
fistuloso de consistncia fibrosa; contexto branco no mudando de cor; rizomorfas
pequenas e finas de colorao branca; miclio basal ausente. Anel spero, simples,
descendente, membranoso, branco. Odor agradvel.
Reao de Schaeffernegativa na superfcie do pleo.
-
7/23/2019 Espcies de Agaricaceae
43/109
34
Basidisporos (4.8-)5-5.3(-5.5) x 3.3-4 m, Q = 1.25-1.58, Qm = 1.41, elipsides,
castanho-claros a castanhos, parede espessa e lisa, no apresentando poro germinativo
visvel. Esporada castanha-escura (6.F6). Basdios 14-23 x (5-)6-7(-7.5) m,
estreitamente clavadosa clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 1-3 m
de comprimento. Pleurocistdios ausentes. Queilocistdios (17-)19-27(-32) x 7-12 m,
clavados a estreitamente clavados, abundantes, hialinos, parede fina e lisa. Superfcie
pilear 3-14 m, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, hialinas a levemente
pigmentadas de bege. Fbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 3-14 m, formada
por hifas hialinas de parede fina e lisa.
Aspectos ecolgicos:crescendo gregrio, em solo no interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamo, Parque Estadual de Itapu,
Praia da Pedreira, 09/IV/2005, P.S. Silva 106/05 (ICN 139302); P.S. Silva 107/05 (ICN
139303); 22/X/2005, M.S. Rother 092/05 (ICN 139300); 27/I/2006, M.S. Rother 104/06
(ICN 139301).
Distribuio: Conhecida somente para a rea de estudo (Parque Estadual de Itapu
Viamo, Brasil).
Discusso: Nossos espcimes so caracterizados por apresentarem basidiomas com
colorao alaranjada,