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Estudo do IRS Introdução à Fiscalidade _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 1 ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE LEIRIA FISCALIDADE APONTAMENTOS SOBRE O IRS Leiria 17 de Maio de 2008 Fernando Amado Ano Lectivo 2007/2008

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  • Estudo do IRS Introdução à Fiscalidade _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 1

    ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE

    LEIRIA

    FISCALIDADE

    APONTAMENTOS SOBRE O IRS

    Leiria 17 de Maio de 2008

    Fernando Amado

    Ano Lectivo 2007/2008

  • Estudo do IRS Introdução à Fiscalidade _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 2

    PREFÁCIO

    Os presentes apontamentos pretendem ser instrumento de apoio para os alunos das

    disciplinas de Fiscalidade dos cursos de Gestão de Empresas e de Contabilidade e Finanças

    ambas da ESTG Leiria. O trabalho pretende assim ser mais um recurso disponível, sobre o

    ensino da fiscalidade na temática do IRS, seguindo muito de perto as aulas teórico-práticas

    ministradas ao longo da segunda metade do programa de Fiscalidade Empresarial I. É assim

    mais um contributo para o desenvolvimento do tema.

    Leiria 17 de Maio de 2008

    INDICE

    Ano Lectivo 2007/2008

  • Estudo do IRS Introdução à Fiscalidade _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 3

    1.1 - GENERALIDADES 6

    1.2 - CARACTERÍSTICAS 7

    1.3 - INCIDÊNCIA REAL 7

    1.3.1- Base Geral do Imposto 7

    1.3.2- Conteúdo dos diferentes rendimentos 8 1.3.2.1 - Rendimentos do trabalho dependente (categoria A) 8 1.3.2.2- Rendimentos empresariais e profissionais (categoria B) 10 1.3.2.3- Rendimentos de capitais (categoria E) 11 1.3.2.4- Rendimentos prediais (categoria F) 12 1.3.2.5 - Incrementos patrimoniais (categoria G) 12 1.3.2.6- Pensões (Categoria H) 14 1.3.2.7-Delimitação negativa do IRS 15

    1.4 - INCIDÊNCIA PESSOAL 16

    1.4.1- Âmbito do imposto 17

    1.4.2 - Residência 18

    1.4.3 - Rendimentos obtidos em Portugal 18

    1.4.4 - Incidência pessoal quanto ao imposto retido na fonte 20

    1.5 - DETERMINAÇÃO DO RENDIMENTO COLECTÁVEL 21

    1.5.1- Princípios gerais 21 1.5.1.1- Conceito de rendimento colectável 21 1.5.1.2- Englobamento 22 1.5.1.3- Equivalência de rendimentos em moeda diferente 24

    1.5.2- Deduções 24 1.5.2.1 - Rendimentos do trabalho dependente: 24 1.5.2.2 - Rendimentos empresariais e profissionais 26 1.5.2.3 - Rendimentos de capitais (Categoria E) 32 1.5.2.5 - Incrementos patrimoniais (Categoria G) 32 1.5.2.5.1- Mais - Valias 32 1.5.2.5.2 - Valor de realização e aquisição 33 1.5.2.5.3 - Correcção monetária 34 1.5.2.5.4- Divergência de valores 35

    1.5.3 - Dedução de perdas 37

    1.5.4 - Abatimentos 37 1.5.5 - Processo de determinação do rendimento colectável 38 1.5.5.1 - Declaração de rendimentos 38 1.5.5.1.2 - Contribuintes casados 39 1.5.5.2- Bases para o apuramento, fixação ou alteração dos rendimentos 40

    1.6- TAXAS 40

    1.6.1- Regras de aplicação 44

    Ano Lectivo 2007/2008

  • Estudo do IRS Introdução à Fiscalidade _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 4

    1.7.1- Competência, procedimento e formas de liquidação. 45

    1.7.2- Prazos 46

    1.7.3- Deduções à colecta 46 1.7.3.1 - Deduções dos sujeitos passivos, descendentes e ascendentes (art. 79º) 47 1.7.3.2 - Crédito de imposto por dupla tributação internacional (art. 81º) 47 1.7.3.3- Despesas de saúde 48 1.7.3.4- Despesas de educação e formação (art. 83º) 49 1.7.3.5-Encargos com lares (art. 84º) 49 1.7.3.6 - Encargos com imóveis e energias renováveis (art. 85º) 50 1.7.3.7 - Prémios de seguros (art. 86º) 51 1.7.3.8 - Outros Benefícios fiscais (art. 88º) 52

    1.7.4-Liquidação adicional 53

    1.7.5-Juros compensatórios 53

    1.7.6-Prazo de caducidade 54

    1.7.7-Revisão Oficiosa 54

    1.7.8-Juros indemnizatórios 54

    1.8- PAGAMENTO 55

    1.8.1- PRAZOS 55 1.8.1.1 - Prazo normal 55 1.8.1.2 - Prazos especiais 55 1.8.1.3- Imposto retido na fonte 55 1.8.1.3.1- Regras gerais 56 1.8.1.3.2- Retenção sobre os rendimentos das categorias A e H 57 1.8.1.4- Pagamentos por conta 58 1.8.1.5- Prazos, locais e formas dos pagamento por conta 58 1.8.1.6 - Garantia de pagamento - Privilégios creditórios 59

    1.9- OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS 59

    1.9.1- Obrigações declarativas 59

    1.9.2- Obrigações de escrita 60

    1.9.2.1 - Documentos de suporte 60

    1.9.2.2- Livros de registo 61 1.9.2.3 - Centralização e arquivo da escrita 61

    1.9.3 - Comunicação de rendimentos e retenções 62

    1.9.4 - Rendimentos isentos , e outros 62

    1.9.5- Obrigações de terceiros 62

    1.9.6- Obrigação de representação 63

    1.10- FISCALIZAÇÃO 64

    Ano Lectivo 2007/2008

  • Estudo do IRS Introdução à Fiscalidade _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 5

    1.10.1- Competência fiscalizadora 64

    1.10.2- Âmbito e poderes de fiscalização em especial 64

    1.11- GARANTIAS 65

    1.12- DISPOSIÇÕES DIVERSAS 66

    IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO

    Ano Lectivo 2007/2008

  • Estudo do IRS Introdução à Fiscalidade _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 6

    1. IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS PESSOAS SINGULARES (IRS)

    1.1 - Generalidades

    O imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS), em vigor desde 1 de

    Janeiro de 1989, vem regulado no Código aprovado pelo Decreto-Lei 442-A/88, de 30 de

    Novembro, segundo os princípios gerais da Lei nº 106/88, de 17 de Setembro, onde se

    consagra a reforma da tributação do rendimento em ordem a três grandes objectivos:

    equidade, eficiência e simplicidade.

    Equidade, na perspectiva de que a tributação seja adequada à capacidade contributiva

    de cada um, conforme o princípio constitucional da igualdade tributária;

    Eficiência, de molde a que o imposto não constitua entrave ao desenvolvimento

    económico do País, na perspectiva da sua abertura à competição internacional, no contexto de

    um mercado cada vez mais global, e muito em particular com a criação do grande espaço

    económico que é a União Europeia.

    Simplicidade, de forma a que, numa preocupação de mais comodidade para o

    contribuinte:

    - se reduzam ao mínimo as suas prestações acessórias perante a Administração fiscal;

    - se facilite o cumprimento dessas obrigações;

    - se diversifiquem os meios e locais de pagamento do imposto.

    É nesta linha de princípios e propósitos que surge o IRS, imposto global (único) sobre

    o rendimento, progressivo, de índole pessoal, substituindo-se à tributação tradicional, de tipo

    plural, baseada em vários impostos parcelares, de índole real, diversificados segundo a

    natureza ou fonte de rendimentos e um imposto global, de natureza pessoal, incidente sobre a

    soma dos rendimentos abrangidos pela tributação parcelar - o imposto complementar.

    Ano Lectivo 2007/2008

  • Estudo do IRS Introdução à Fiscalidade _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 7

    A par do IRS foi criado o IRC - imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas

    (código aprovado pelo Decreto-Lei nº 442-B/88, de 30 de Novembro), que é igualmente um

    imposto único sobre o rendimento global, mas de natureza real e proporcional, cujo

    aparecimento vem dar expressão à exigência da constituição da República Portuguesa (cfr. o

    seu art. 103º, nºs. 1 e 2) de o imposto sobre o rendimento pessoal dever ser único e

    progressivo e de as empresas deverem ser tributadas, fundamentalmente, na base do seu

    rendimento real.

    1.2 - Características

    Tendo em conta o respectivo regime, o IRS é um imposto:

    - sobre o Rendimento porque a fonte tributada é o rendimento ;

    -Directo, porque existe um acompanhamento directo por parte do sujeito activo desde

    a liquidação à cobrança;

    - Pessoal porque depende das características do sujeito passivo ;

    - Estadual porque a entidade credora é o Estado;

    - Periódico porque se renova anualmente;

    -Ordinário porque fazem parte da estrutura de financiamento do Estado;

    -Global porque abrange todas as fontes de rendimento;

    -Progressivo, em geral, sendo proporcional quanto aos rendimentos tributados, a título

    definitivo, por taxas liberatórias nos termos dos art. 71º e especiais do art. 72º do

    Código respectivo.Esta qualificação atende à estrutura das taxas.

    1.3 - Incidência real

    1.3.1- Base Geral do Imposto

    O IRS incide sobre o valor anual dos rendimentos das categorias seguintes, mesmo

    quando provenientes de actos ilícitos, depois de efectuadas as correspondentes deduções e

    abatimentos previstos na lei.

    Para este efeito, consideram - se seis categorias de rendimentos, assim tipificadas:

    Categoria A - Rendimentos de trabalho dependente;

    Categoria B - Rendimentos empresariais e profissionais;

    Categoria E - Rendimentos de capitais;

    Categoria F - Rendimentos prediais;

    Ano Lectivo 2007/2008

  • Estudo do IRS Introdução à Fiscalidade _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 8

    Categoria G - Incrementos patrimoniais;

    Categoria H - Pensões.

    Os rendimentos, quer em dinheiro quer em espécie, ficam sujeitos a tributação, seja

    qual for o local onde se obtenham, a moeda e a forma por que sejam auferidos.

    A natureza globalizante do imposto, traduzida na aplicação de uma única tabela de

    taxas ao rendimento colectável total, não exclui o tratamento analítico das suas várias

    componentes, que vai desde a discriminação qualitativa dos rendimentos englobados por

    intermédio de deduções específicas de cada categoria até à consagração da retenção na fonte

    nas categorias em que isso se mostre tecnicamente possível.

    1.3.2- Conteúdo dos diferentes rendimentos

    O princípio da tipicidade no direito fiscal, determina que sejam definidos os factos

    tributários, e como tal tipificados. Assim, dada a diversidade de fontes de rendimento

    e de factos que a ele dão origem o Código do IRS, agrupa-os nas categorias atrás

    referidas, as quais á frente serão caracterizadas e desenvolvidas.

    1.3.2.1 - Rendimentos do trabalho dependente (categoria A)

    Consideram-se, em geral rendimentos de trabalho dependente, todas as

    remunerações, provenientes do trabalho por conta de outrem, prestado ao abrigo de contrato

    de trabalho ou de outro a ele legalmente equiparado nos termos do artº 2º.Inclui-se ainda o

    trabalho prestado ao abrigo do contrato de aquisição de serviços, desde que sob a autoridade

    e a direcção da pessoa que ocupa a posição de devedor.

    As remunerações incluem os ordenados, salários, gratificações, subsídios,

    comissões prémios etc. São ainda tributáveis determinadas remunerações acessórias como

    por exemplo, subsídios de refeição, ajudas de custo, abonos para falhas, que excedam os

    limites legais, certos benefícios ou regalias sociais, subsídios de residência ou equivalentes,

    utilização de habitação fornecida pela entidade patronal, aproveitamento de empréstimos

    prestados pela

    entidade patronal, sem juros ou com juros reduzidos (inferiores à taxa de referência

    anualmente estabelecida e publicada pelo Ministério das Finanças), viagens pagas pela

    entidade patronal, não afectas à actividade, etc.

    Ano Lectivo 2007/2008

  • Estudo do IRS Introdução à Fiscalidade _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 9

    A portaria nº30 –A/2008 de 10 de Janeiro fixa os limites legais aplicáveis a determinado tipo

    de retribuições dos servidores do Estado para o ano 2008, servindo estes de referencial para o

    resto da economia. Assim sintetizamos na tabela seguinte os valores de referência para o ano

    2006, 2007 e 2008:

    Ajudas de custo e subsídios diversos

    AJUDAS DE CUSTO - EM PORTUGAL 2006 2007 2008 - Membros do Governo ......................................................... - Funcionário, agentes do Estado e entidades a eles equiparadas:

    • com vencimentos superiores ao valor do indíce 405 .......... • com vencimentos que se situem entre os valores dos indíces 405 e 260

    ..... • outros .......................................................................

    64,89 € 58,85 € (1) 47,87 € 43,94 €

    65,86 €

    59,73 € (1) 48,59 € 44,60 €

    67,24 € 60,98 € (1) 49,61 € 45,54 €

    AJUDAS DE CUSTO - NO ESTRANGEIRO 2006 2007 - Membros do Governo ......................................... - Funcionário, agentes do Estado e entidades a eles equiparadas:

    • com vencimentos superiores ao valor do indíce 405 .......... • com vencimentos que se situem entre os valores dos indíces 405 e 260

    ..... • outros...........................................................................

    156,67 € 139,64 € 1) 123,35 € 104,92 €

    159,02 €

    141,73 € 1) 125,20 € 106,49 €

    162,36 €

    144,71 € 1) 127,83 € 108,73 €

    SUBSÍDIO DE VIAGEM E DE MARCHA 2006 2007 - Transporte em automóvel próprio ..................................... -Transportes públicos ........................................................... - Transporte em automóvel de aluguer:

    • Um funcionário .............................................................. • Dois funcionários (cada um) ........................................... • Três ou mais funcionários (cada um) .................

    - Percurso a pé ........................................................................

    0,37 €/Km 0,12 €/Km

    0,37 €/Km 0,16 €/Km 0,12 €/Km

    0,15 €/Km

    0,38 €/Km 0,12 €/Km

    0,36 €/Km 0,16 €/Km 0,12 €/Km

    -

    0,39 €/Km 0,12 €/Km

    0,37 €/Km 0,16 €/Km 0,12 €/Km

    SUBSÍDIO DE REFEIÇÃO 2006 2007 - Subsídio de refeição ............................................................... (Limite para efeitos de IRS 2008:4,11+50%x4,11 = 6,17 € ; 4,11+70%=6,99€ (2)

    3,95 € 4,03 € 4,11 € (2)

    (1) Valor a considerar para efeitos de não tributação em sede de IRS, nos termos do art. 2º, nº3, al. d), do Código do IRS

    para a generalidade dos trabalhadores.

    (2) Valor a considerar para efeitos de não tributação em sede de IRS, nos termos do art. 2º, nº 3, al. b), nº 2, do Código do

    IRS. De acordo com este preceito, o subsídio de refeição é tributado na parte em que exceder em 50% o limite legal, ou

    em 70%, sempre que o respectivo subsídio seja atribuído através de vales de refeição.

    Exemplo 1

    Vejamos por exemplo a seguintes situações:

    A entidade UUU. Lda, processou a um seu funcionário as seguintes compensações:

    a)Uma ajuda de custo em Portugal completa no valor de 75 €

    Ano Lectivo 2007/2008

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    b)Um subsídio de almoço no valor de 10 €, pago em dinheiro.

    c) O trabalhador percorreu em viatura própria 100 kms ao serviço da Entidade UUU,

    tendo a empresa pago como contrapartida 100 €.

    Considerando os limites anteriormente referidos, quais são os valores deste tipo de

    remunerações, sobre os quais o trabalhador irá pagar IRS ?.

    Assim temos:

    a) Ajuda de custo

    -Valor recebido 75,00

    -Limite isenção 60,98

    -Valor sujeito a IRS 14,02

    b)Subsídio de almoço

    -Valor recebido 10,00

    -Limite isenção 6,17

    -Valor sujeito a IRS 3,83

    c)Deslocação em viatura própria

    -Valor recebido 100,00

    -Limite isenção * 39,00

    -Valor sujeito a IRS 61,00

    * 100 km x 0,39 €

    O valor tributável em IRS deste tipo de rendimentos é assim de (14,04+3,83+61=

    78,85 € ), o qual deverá ser adicionado aos restantes rendimentos da categoria A.

    De referir contudo que caso os valores recebidos pelo colaborador fossem inferiores

    aos limites, não haveria lugar a qualquer tributação.

    1.3.2.2- Rendimentos empresariais e profissionais (categoria B)

    Conforme o art. 3º do CIRS, consideram-se rendimentos empresariais e profissionais

    os que resultam do exercício de qualquer das seguintes actividades:

    Ano Lectivo 2007/2008

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    - comercial e industrial compra e venda, fabricação, pesca, transportes,

    explorações mineiras, artesanato, construção civil e serviços conexos, estudos

    urbanísticos, actividades turísticas, hoteleiras e similares, organização de

    espectáculos, manifestações desportivas, etc.;

    - Agrícola, silvícola e pecuária

    Consideram-se desta natureza as actividades de de produção de produtos

    agrícolas, caça e exploração de pastos, e marinhas de sal, explorações

    apícolas (abelhas) etc.

    - Trabalhos por conta própria

    de qualquer actividade de prestação de serviços de carácter cientifico, técnico

    ou artístico de acordo com a lista anexa ao CIRS, ainda que conexas com

    qualquer actividade mencionada anteriormente;

    -Os provenientes da propriedade intelectual ou industrial ou da prestação de

    informações respeitantes a uma experiência adquirida no sector industrial,

    comercial ou científico, quando auferidos pelo seu titular originário.

    - Consideram-se ainda nesta categoria os rendimentos prediais, capitais, mais-

    valias, subsídios, indemnizações, obtidos no âmbito das actividades

    empresariais ou profissionais .Incluem-se ainda rendimentos de actos

    isolados. São excluídos da tributação os rendimentos de actividade agrícola,

    silvícola e pecuária se o seu valor bruto for não exceder por agregado

    familiar cinco vezes o valor anual do salário mínimo nacional mais elevado.

    1.3.2.3- Rendimentos de capitais (categoria E)

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 12

    Conforme o art. 5º do CIRS consideram-se rendimentos de capitais, os juros obtidos das

    diversas proveniências, bem como os lucros distribuídos, e adiantamentos por conta de lucros

    efectuados por sociedades sujeitas a IRC.

    Os rendimentos derivados de títulos de participação, certificados de fundos de investimento

    ou de outros análogos ou de operações de reporte, os rendimentos da propriedade intelectual

    ou industrial ou de experiência adquirida no sector industrial, comercial ou científico, quando

    não auferidos pelo seu titular originário, ou ainda os derivados de assistência técnica e do uso

    da concessão do uso do equipamento agrícola, industrial, comercial ou científico; as

    importâncias pagas a título de resgate, adiantamento ou vencimento de seguros e operações

    do ramo «vida», na parte excedente aos respectivos prémios pagos ou valores investidos e

    ainda as importâncias pagas a título de antecipação (por resgate, remissão, ou por outra

    forma) de disponibilidades referentes:

    a) a fundos de pensões ou outros regimes complementares de segurança social, na parte

    excedente às respectivas contribuições pagas; o valor atribuído aos associados em

    partilha, nos termos do art. 75º do CIRC, ou na amortização de partes sociais sem

    redução de capital.

    b) Estes rendimentos ficam sujeitos a tributação, desde o momento em que se vencem, se

    presume o vencimento, são colocados à disposição do seu titular, são liquidados ou

    desde a data do apuramento do respectivo quantitativo conforme os casos.

    1.3.2.4- Rendimentos prediais (categoria F)

    De acordo com o art. 8º do CIRS, consideram-se rendimentos prediais, as rendas

    decorrentes da locação, total ou parcial, de prédios rústicos, urbanos e mistos, aluguer de

    maquinismos e mobiliários instalados no imóvel, cedência de uso para fins especiais, bens

    imóveis como por exemplo a publicidade,

    1.3.2.5 - Incrementos patrimoniais (categoria G)

    Ano Lectivo 2007/2008

  • Estudo do IRS Introdução à Fiscalidade _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 13

    Conforme o art. 9º do CIRS, consideram-se incrementos patrimoniais os que não

    sendo considerados rendimentos de outras categorias resultem de :

    -Mais- Valias

    -Indemnizações que visem reparar danos

    -Importâncias recebidas em resultado do compromisso de não efectuar concorrência.

    -Acréscimos patrimoniais não justificados.

    -Prémios recebidos em jogos de sorte em geral.

    1.3.2.5.1- Mais/Menos Valias

    Conceito

    De acordo com o art. 10º do CIRS, consideram-se mais valias os ganhos obtidos que

    não sendo considerados noutras categorias, resultem de:

    -Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis

    -Alienação de partes sociais

    -Alienação de propriedade intelectual ou industrial

    -Cessão onerosa de posições contratuais (trespasse)

    -Operações com instrumentos financeiros derivados.

    Cálculo

    Como regra geral as mais valias resultam da diferença entre o valor de realização e o

    valor de aquisição.

    Na alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis, a Mais Valia (MV) é dada

    pela diferença do Valor de Realização (VR) com o Valor de Aquisição (VA) actualizado por

    um coeficiente. Ou seja:

    MV= VR-VA x coef.

    VR-Valor de Realização

    VA-Valor de Aquisição

    Coef.- Coeficiente de desvalorização monetária

    Reinvestimento

    Ano Lectivo 2007/2008

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 14

    Excluem-se da tributação os ganhos provenientes da transmissão onerosa de imóveis

    destinados à habitação própria e permanente do sujeito passivo ou do seu agregado familiar

    se, no prazo de 24 meses contados da data da realização, o produto da alienação for

    reinvestido na aquisição de outro imóvel, de terreno para a construção de imóvel ou na

    construção, ampliação ou melhoramento de outro imóvel exclusivamente com o mesmo

    destino, e desde que esteja situado em território português. Este benefício caduca se ocorrer

    qualquer dos factos indicados nas alíneas a), b) e c) do nº 6 do art. 10º do CIRS, os quais,

    genericamente, apontam no sentido de, em prazos razoáveis, ali previstos, o contribuinte tem

    o dever afectar à sua habitação ou do seu agregado familiar o novo imóvel, objecto final do

    reinvestimento.

    No caso de reinvestimento parcial do valor de realização e verificadas as condições de

    exclusão tributária, o benefício respeitará apenas à parte proporcional dos ganhos

    correspondente ao valor reinvestido.

    Exemplo 2

    O contribuinte X vendeu no ano 2003 o seu apartamento onde residia por um valor de

    venda de 150 000 €. O apartamento foi comprado pelo preço de 100 000 €. Suponha um

    coeficiente de desvalorização monetário de 1,05.Qual o valor da Mais-Valia ?

    MV = 150 000 - 100 000 x 1,05 = 45 000 €

    Ainda de acordo com o nº 2 do art. 43º, o valor de 45 000 € é reduzido a 50%, ou seja

    22 500 €. Assim temos duas hipóteses :

    a) Caso o contribuinte não tenha declarado a pretensão de reinvestir o valor de

    realização, nos termos do nº 5 do art. 10º, o valor de 22 500 €, deveria ser englobado com as

    restantes categorias de rendimento.

    b) Caso tenha declarado reinvestir será excluído da tributação.

    1.3.2.6- Pensões (Categoria H)

    Ano Lectivo 2007/2008

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 15

    De acordo com o art. 11 º do CIRS, consideram-se pensões os, rendimentos relativos

    a pensões de aposentação ou de reforma, velhice, invalidez, sobrevivência, de alimentos e a

    prestações devidas no âmbito de regimes complementares de segurança social ou ainda

    rendas temporárias ou vitalícias, desde que, nos dois primeiros caso, não constituam

    rendimentos de trabalho dependente.

    1.3.2.7-Delimitação negativa do IRS

    O IRS não incide sobre:

    1-As indemnizações recebidas ao abrigo de contrato de seguro ou devidas a outro

    título, salvo quando:

    a)As indemnizações devam ser consideradas como proveitos para efeitos de

    determinação dos rendimentos empresariais e profissionais;

    b)Se trate das indemnizações referidas na alínea b) do n.º 1 do artigo 9.º;

    c)Se trate das indemnizações relativas a bens sinistrados, de harmonia com o artigo

    43.º do Código do IRC;

    2 -O IRS não incide sobre os rendimentos provenientes do exercício da actividade de

    profissionais de espectáculos ou desportistas quando esses rendimentos sejam tributados em

    IRC nos termos da alínea d) do n.º 3 do artigo 4.º do Código do IRC.

    3-O IRS não incide sobre os montantes respeitantes a subsídios para manutenção, nem

    sobre os montantes necessários à cobertura de despesas extraordinárias relativas à saúde e

    educação, pagos ou atribuídos pelos centros regionais de segurança social e outras

    instituições similares.

    4 -O IRS não incide sobre os prémios atribuídos aos praticantes de alta competição,

    bem como aos respectivos treinadores, por classificações relevantes obtidas em provas

    desportivas de elevado prestígio e nível competitivo, como tal reconhecidas pelo Ministro das

    Finanças e pelo membro do Governo que tutela o desporto, nomeadamente jogos olímpicos,

    campeonatos do mundo ou campeonatos da Europa, nos termos do Decreto-Lei n.º 125/95, de

    31 de Maio, e da Portaria n.º 953/95, de 4 de Agosto.

    5 -O IRS não incide sobre os incrementos patrimoniais sujeitos a imposto sobre as

    sucessões e doações (agora IMT), nem sobre os que se encontrem expressamente previstos

    em norma de delimitação negativa de incidência deste imposto.

    Ano Lectivo 2007/2008

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 16

    1.4 - Incidência pessoal

    Pessoas singulares

    Entende-se por incidência pessoal, a determinação dos sujeitos passivos, que ficam

    abrangidos numa determinada relação jurídico - fiscal, para o caso de reunirem as

    condições e pressupostos da lei quanto aos factos tributários nela previstos, e com

    vista à prestação de imposto. Assim determina o art. 13º do CIRS que como princípio

    geral são sujeitos passivos de IRS :

    a)As pessoas singulares

    b)Que obtenham rendimento em Portugal

    c)Residam ou não em território Português

    Agregado Familiar

    Se existir agregado familiar, o rendimento a tributar é o que resultar do conjunto

    rendimentos de todos os seus membros nos termos do art. 13º nº2. Os sujeitos

    passivos são as pessoas a quem incumbe a direcção do mesmo (normalmente os

    cônjuges).

    O agregado familiar nos termos do nº3 do art. 13º, é constituído por :

    a)Cônjuges, ou cada um dos cônjuges ou ex-cônjuges, e respectivos

    dependentes.

    b)Pai ou a mãe solteiros e os dependentes a seu cargo;

    c)Adoptante solteiro e os dependentes a seu cargo.

    Dependentes:

    Consideram-se dependentes nos termos do nº4 do art. 13º:

    a)Os filhos, adoptados e enteados, menores não emancipados, bem como os

    menores sob tutela;

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 17

    b)Os filhos, adoptados e enteados, maiores, bem como aqueles que até à

    maioridade estiveram sujeitos à tutela de qualquer dos sujeitos a quem incumbe a

    direcção do agregado familiar, que, não tendo mais de 25 anos nem auferindo

    anualmente rendimentos superiores ao salário mínimo nacional mais elevado, tenham

    frequentado no ano a que o imposto respeita o 11.º ou 12.º anos de escolaridade,

    estabelecimento de ensino médio ou superior ou cumprido serviço militar obrigatório

    ou serviço cívico;

    c)Os filhos, adoptados, enteados e os sujeitos a tutela, maiores, inaptos para o

    trabalho e para angariar meios de subsistência, quando não aufiram rendimentos

    superiores ao salário mínimo nacional mais elevado;

    Uniões de facto

    Considerando-se como união de facto a circunstância de duas pessoas viverem em

    comum e desta forma constituírem uma célula familiar, sem que para o efeito exista

    qualquer vínculo jurídico, entendeu o legislador permitir que esses sujeitos passivos,

    possam ser tributados na situação de casados, desde que para o efeito declarem tal

    opção nos termos do artº 14º do CIRS.

    1.4.1- Âmbito do imposto

    .

    O âmbito do imposto está definido no art. 15º , e de acordo com as seguintes regras:

    - quando residentes em território português, ficam sujeitos, em relação aos

    rendimentos que obtenham dentro ou fora deste território;

    - quando não residentes nesse território, apenas ficam sujeitos apenas em relação aos

    rendimentos nele obtidos.

    Verificamos assim que esta norma evoca o chamado princípio da territorialidade,

    muito embora, apresente a excepção referente a tributação dos residentes, na parte em

    que tributa os rendimentos, que são obtidos fora do espaço fiscal português.

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 18

    Poder-se-ia dizer que, no caso dos residentes existe uma incidência subjectiva e por

    isso ilimitada, enquanto que sobre os não residentes recai uma incidência objectiva, e por isso

    limitada aos rendimentos obtidos em território português.

    1.4.2 - Residência

    Vimos no ponto anterior que a definição de residência é de primordial importância

    para efeitos de determinação do sujeito passivo e por consequência do imposto.

    Assim, de acordo com o artº 16º do CIRS é residente os que:

    a)Hajam nele permanecido mais de 183 dias, seguidos ou interpolados;

    b)Tendo permanecido por menos tempo, aí disponham, em 31 de Dezembro desse

    ano, de habitação em condições que façam supor a intenção de a manter e ocupar como

    residência habitual;

    c)Em 31 de Dezembro, sejam tripulantes de navios ou aeronaves, desde que aqueles

    estejam ao serviço de entidades com residência, sede ou direcção efectiva nesse território;

    d)Desempenhem no estrangeiro funções ou comissões de carácter público, ao serviço

    do Estado Português.

    1.4.3 - Rendimentos obtidos em Portugal

    O art.18º do CIRS define e tipifica o conceito de rendimentos obtidos em Portugal.

    Nesse sentido refere que :

    a) No caso de trabalho dependente o critério de definição a adoptar é o local de

    desenvolvimento da actividade profissional, neste caso Portugal.

    b) No caso de remunerações dos membros dos órgãos estatutários das pessoas

    colectivas e outras entidades, devidas por entidades que nele tenham residência, sede,

    direcção efectiva ou estabelecimento estável é o local a que deve imputar-se o pagamento;

    c)Os rendimentos de trabalho prestado a bordo de navios e aeronaves, desde que os

    seus beneficiários estejam ao serviço de entidade com residência, sede ou direcção efectiva

    nesse território;

    d)Os rendimentos provenientes da propriedade intelectual ou industrial, da prestação

    de informações respeitantes a uma experiência adquirida no sector comercial, industrial ou

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 19

    científico, ou do uso ou concessão do uso de equipamento agrícola, comercial ou científico,

    quando não constituam rendimentos prediais, bem como os derivados de assistência técnica,

    devidos por entidades que nele tenham residência, sede, direcção efectiva ou estabelecimento

    estável a que deva imputar-se o pagamento;

    e)Os rendimentos de actividades empresariais e profissionais imputáveis a

    estabelecimento estável nele situado;

    f)Os rendimentos que não se encontrem previstos na alínea anterior decorrentes de

    actividades profissionais e de outras prestações de serviços, incluindo as de carácter

    científico, artístico, técnico e de intermediação na celebração de quaisquer contratos,

    realizadas ou utilizadas em território português, com excepção das relativas a transportes,

    telecomunicações e actividades financeiras, desde que devidos por entidades que nele tenham

    residência, sede, direcção efectiva ou estabelecimento estável a que deva imputar-se o

    pagamento;

    g)Outros rendimentos de aplicação de capitais devidos por entidades que nele tenham

    residência, sede, direcção efectiva ou estabelecimento estável a que deva imputar-se o

    pagamento

    h)Os rendimentos respeitantes a imóveis situados em Portugal, incluindo as mais-

    valias resultantes da sua transmissão

    i)As mais-valias resultantes da transmissão onerosa de partes representativas do

    capital de entidades com sede ou direcção efectiva em território português, incluindo a sua

    remição e amortização com redução de capital, emitidos por entidades que aí tenham sede ou

    direcção efectiva, ou ainda de partes de capital ou outros valores mobiliários quando, não se

    verificando essas condições, o pagamento dos respectivos rendimentos seja imputável a

    estabelecimento estável situado

    Caso não seja possível determinar a permanência dos sujeitos passivos, tem-se assim em

    conta o local onde tenham o seu principal centro de interesses, considerando-se como tal o

    local onde se obtenha a maior parte da base tributável. Em síntese dir-se-á assim que para os

    diferentes rendimentos das diversas categorias têm-se em linha de conta o seguinte:

    - rendimentos do trabalho é local onde é prestada a actividade;

    - rendimentos empresariais e profissionais é o local do estabelecimento ou do

    exercício habitual da profissão;

    - rendimentos de capitais é o local do estabelecimento a que deva imputar-se o

    pagamento;

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 20

    - rendimentos prediais e incrementos patrimoniais é o local onde os imóveis se

    situam;

    - rendimentos de pensões é o local onde são pagas ou colocadas à disposição

    -rutros rendimentos é o local a que deve imputar-se o pagamento

    Imputação especial

    Esta técnica decorre da existência da chamada transparência fiscal prevista no art. 6º

    do CIRC e segundo a qual as entidades nele previstas ficam excluídas da tributação em IRC,

    na medida em que deverão imputar aos seus membros (pessoas singulares ou colectivas) o

    respectivo lucro ou matéria colectável.

    Assim sendo, as pessoas singulares que forem membros ou sócios dessas entidades

    deverão pagar o imposto relativo ao respectivo rendimento imputado.

    De acordo com o nº4 deste art. 20º tal rendimento é de qualificar como rendimento da

    categoria B caso tal participação social esteja afecta a uma actividade empresarial, ou

    categoria E em que não esteja afecta a qualquer actividade comercial ou industrial.

    Supondo assim, que por exemplo um Técnico Oficial de Contas é sócio com uma

    quota de 30%, duma sociedade de profissionais (TOC). A sociedade tem uma matéria

    colectável é 10 000 € no final do exercício. De acordo com este artigo 20º, este TOC deverá

    declarar 30% x 10 000 € =3000 € de rendimento da categoria B na sua declaração de

    rendimentos.

    1.4.4 - Incidência pessoal quanto ao imposto retido na fonte

    O art. 21º do CIRS consagra a figura da substituição tributária, e determina que

    sempre que o CIRS exigir o pagamento total ou parcial do IRS a pessoa diversa daquela em

    relação à qual se verificam os respectivos pressupostos, considera-se a substituta, para todos

    os efeitos legais, como devedor principal do imposto.

    Vários rendimentos sujeitos a imposto são-no através da retenção na fonte, pelo que o

    devedor desses rendimentos que fica obrigado, subsequentemente, a entregá-lo, em prazos

    pré-determinados, nos Cofres do Estado.

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    Este sistema, de substituição tributária, muito vulgarizado, atentas as suas

    reconhecidas virtualidades em termos de garantia da liquidação e cobrança atempadas do

    imposto, verifica-se:

    a) Sempre, quanto aos rendimentos de trabalho dependente

    b) Sempre ainda, quanto aos rendimentos nas condições previstas no art. 71º do

    CIRS, tributados a taxas liberatórias;

    c) Quando o devedor dos rendimentos seja entidade que disponha ou deva dispor de

    contabilidade organizada, em relação aos rendimentos empresariais e profissionais

    (categoria B), de capitais (categoria E), prediais (categoria F).

    Nas hipóteses a) e c), a retenção do imposto é feita a título não definitivo, ou seja, por

    conta do imposto devido a final, em relação à totalidade dos rendimentos do contribuinte:

    - na hipótese a), mediante taxas aplicáveis às remunerações pagas ou colocadas à

    disposição do seu beneficiário, mensalmente, constantes de tabelas anualmente estabelecidas

    e de acordo com os artº100º e 101º do CIRS.

    - na hipótese b) - a retenção do imposto é feita pela aplicação aos rendimentos

    ilíquidos das taxas previstas no art. 71º do CIRS, variáveis consoante a natureza desses

    rendimentos e, em geral, a título definitivo (taxas liberatórias).

    Em determinadas circunstâncias existe a opção de englobamento, como é por exemplo

    o caso dos juros de Depósitos a prazo, e outros nos termos do nº6 do art. 71º.

    - na hipótese c), pela aplicação das taxas referidas no art. 101º do CIRS, que variam

    entre 10,15, e 20%.

    1.5 - Determinação do rendimento colectável

    1.5.1- Princípios gerais

    1.5.1.1- Conceito de rendimento colectável

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    O rendimento colectável é o valor sobre o qual vai incidir a taxa do imposto, por

    forma a apurar o montante a liquidar. O rendimento colectável, correspondendo assim, à

    soma dos rendimentos das várias categorias auferidos pelo contribuinte, em cada ano, depois

    de feitas as deduções e os abatimentos previstos na lei.

    1.5.1.2- Englobamento

    O englobamento de rendimentos está previsto no art. 22º do CIRS, e segundo o qual o

    apuramento do rendimento colectável e posterior cálculo do imposto a pagar apresenta o

    seguinte esquema geral de funcionamento.

    Fig 1- Método de determinação do imposto

    x

    Rendimento Líquido

    Categoria A

    Categoria B

    Categoria E

    Categoria G

    Dedução Específica

    Dedução Específica

    Dedução Inexistente

    Dedução Específica

    Dedução Específica

    Dedução Específica Dedução

    Específica

    Rendimento Líquido

    Categoria F

    Rendimento Líquido

    Rendimento Líquido

    Rendimento Líquido

    Rendimento Global Líquido

    Abatimentos

    Rendimento Colectável

    TAXA

    COLECTA

    Deduções á COLECTA

    Categoria F

    Categoria H

    Dedução Específica

    Rendimento Líquido

    RETENÇÕES PAGAM/ P/

    CONTA

    COLECTA LIQUIDA

    IMPOSTO A

    PAGAR

    O englobamento corresponde assim ao somatório dos rendimentos líquidos das diversas

    categorias de rendimentos por forma a obter o rendimento liquido global, sem prejuízo de

    aplicação do artº 55 que cria regras quanto à comunicabilidade das perdas entre categorias.

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    Assim em síntese este artigo 55º refere no essencial que existem determinadas categorias de

    rendimentos em que as suas perdas não são comunicáveis com os ganhos de outras

    categorias. Desta forma temos:

    a)As perdas da categoria B apenas são dedutíveis aos ganhos da mesma categoria e no

    prazo de seis anos e na mesma categoria.

    b)As perdas da categoria F apenas são dedutíveis nos ganhos da mesma categoria em

    anos seguintes e no prazo de cinco anos.

    c)As menos valias apenas são dedutíveis na mesma categoria e no prazo de cinco anos

    caso não se trate de alienação de partes sociais e outros valores mobiliários. Neste último

    caso as perdas podem ser deduzidas no prazo de dois anos .

    Ao rendimento líquido global deduzem-se eventuais abatimentos por forma a apurar o

    Rendimento colectável. Ao rendimento colectável após a aplicação do quociente conjugal se

    for o caso aplica-se a taxa prevista na tabela correspondente ao respectivo escalão,

    multiplicando esse valor por dois caso haja lugar à aplicação do quociente conjugal, por

    forma a assim obter a colecta. A este valor são retiradas as importâncias das deduções à

    colecta, bem como as retenções e pagamentos por conta por forma a apurar o impostos a

    pagar.

    O englobamento apresenta ainda as seguintes especificidades:

    a) no caso de contitularidade, e em presença de rendimentos da categoria B, o

    rendimento que couber a cada contitular, na proporção das respectivas quotas; no caso das

    restantes categorias o somatório dos rendimentos ilíquidos e as deduções legalmente

    admitidas, na proporção das respectivas quotas.

    b) Não são englobados, para efeitos da sua tributação, os rendimentos auferidos por

    sujeitos passivos não residentes em território português e bem assim os referidos nos artigos

    71.º e 72.º, ou seja rendimentos sujeitos a taxas liberatórias e especiais, (excepto se houver

    opção pelo englobamento), bem como os rendimentos isentos.

    c) Ainda que não englobados para efeitos da sua tributação, são sempre incluídos para

    determinação da taxa a aplicar aos restantes rendimentos os seguintes:

    - rendimentos de acções nominativas ou ao portador;

    - rendimentos isentos, pelo seu valor ilíquido, quando a lei imponha o respectivo

    englobamento;

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    - rendimentos excluídos de tributação, de acordo com o nº2 do art. 10º.

    d) Quando haja rendimentos, que dêem lugar a crédito de imposto por dupla

    tributação internacional (art. 81º) - consideram-se os devem ser considerados pelas

    respectivas importâncias ilíquidas dos impostos sobre o rendimento pagos no estrangeiro.

    Quando o sujeito passivo pretender o englobamento, fica obrigado a declarar a

    totalidade dos rendimentos compreendidos em cada uma das alíneas do art. 71º,

    relativamente às quais exerceu essa opção.

    1.5.1.3- Equivalência de rendimentos em moeda diferente

    Aos rendimentos e também os encargos em moeda sem curso legal em Portugal, será

    feita a equivalência correspondente segundo a cotação oficial da respectiva divisa, de acordo

    com as regras constantes do art. 23º.

    1.5.2- Deduções

    As deduções são aplicáveis aos rendimentos brutos das diversas categorias, e são

    variáveis consoante a natureza dos rendimentos, por forma assim se encontrar o rendimento

    líquido da respectiva categoria.

    1.5.2.1 - Rendimentos do trabalho dependente:

    1 - Aos rendimentos brutos da categoria A deduzir-se-ão, por cada titular que os tenha

    auferido, os seguintes montantes ( art.25º):

    - 72% de 12 vezes o salário mínimo nacional mais elevado, podendo ser

    elevado para 75 % , se a diferença resultar de quotizações para ordens

    profissionais ou para despesas para formação profissional, desde que tais

    valores não sejam reembolsados e a entidade formadora seja reconhecida seja

    organismo de direito público;

    - no caso de as contribuições obrigatórias excederem o limite referido no ponto

    anterior, a dedução será feita pelo montante total dessas contribuições;

    - as indemnizações que o trabalhador pagou à sua entidade patronal;

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    -Quotizações sindicais desde que não excedam por sujeito passivo, 1% do

    rendimento bruto desta categoria, acrescidos de 50%

    - quando se comprove que o sujeito passivo é portador de invalidez

    permanente superior a 60%, determinadas deduções podem ser aumentadas

    em 50%, de acordo com o no nº6 do art. 25º do CIRS.

    No caso, dos praticantes desportivos, mineiros e pescadores, cujas profissões são

    consideradas de desgaste rápido, são dedutíveis na integra as importâncias dispendidas por

    estes sujeitos passivos relativamente a seguros de vida e de acidentes pessoais, desde que se

    observem as condições expressas no artigo 27º.

    As deduções desta categoria estão indexadas ao Salário Mínimo Nacional que para o

    ano de 2008 é de 426 € fixado pelo DL 397/2007 de 31 de Dezembro. .Recorde-se que para

    o ano 2007 aquele valor era de 403 €.

    Exemplo 3

    Supondo um sujeito passivo, solteiro, com rendimento bruto de 10 200 € , no ano

    2008. Verificaram-se ainda os seguintes factos:

    a) Indemnização à entidade patronal de 2000 € , por rescisão unilateral de contrato.

    b) Quota para o sindicato 200 €

    c) Despesas de Formação profissional 500 €, cuja entidade formadora é oficialmente

    reconhecida

    Temos assim:

    Segundo o Art. 25 nº1 alinea a) temos,

    - 72% x 426 x12 = 3 680,64 €

    Contudo de acordo com o nº4 deste art. 25º o limite anteriormente referido poderá ir

    até 75% x 426 x 12 = 3 834 €, desde que a diferença resulte de quotas para ordens

    profissionais, ou formação profissional ministradas por entidades reconhecidas.

    A quota paga para o sindicato é dedutível até 1% do rendimento Bruto acrescida de

    50%.

    Em conclusão pode dizer-se que a dedução específica total será assim:

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    a) Segundo Art. 25º al) a) do CIRS a dedução seria de 3 680,64 €, mas como existem

    despesas de formação de 500 € a dedução poderá ir até 3 834 € conforme nº 4 do artº

    25º do CIRS.

    b) Indemnização de 2000 €

    b)Quota para o sindicato 200 € ou (1%x10 200+50%x1%x10 200)=153 € dos

    dois o mais baixo.

    Temos assim que a dedução específica total é de (3 834 + 2000+153)= 5 987 € .

    Em consequência o rendimento líquido total desta categoria A é de 10 200 – 5987 =

    4213 €.

    Profissões de desgaste rápido

    O conceito de profissões de desgaste rápido, está definido no art. 27º do CIRS estando

    aí determinado, que aqui se incluem a actividade dos desportistas, mineiros e

    pescadores, podendo ser deduzido ao rendimento bruto os prémios de seguros de

    doença, acidentes pessoais, e de vida.

    1.5.2.2 - Rendimentos empresariais e profissionais

    A determinação dos rendimentos empresariais e profissionais, regulados no art. 28º,

    faz-se:

    a) Com base na aplicação das regras decorrentes do regime simplificado;

    b) Com base na contabilidade

    Regime Simplificado

    Sujeitos Passivos Abrangidos

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 27

    A Lei nº 30-G/2000, de 29 de Dezembro, institui em sede de IRS e de IRC, um

    regime simplificado de determinação de rendimentos das actividades empresariais e

    profissionais e do lucro tributável.

    No âmbito do IRS, ficam abrangidas pelo regime simplificado de

    determinação dos rendimentos empresariais e profissionais previsto no art.º 31.º do

    Código do IRS, as pessoas singulares residentes que reúnam, cumulativamente, os

    seguintes requisitos:

    a) Obtenham rendimentos empresariais e ou rendimentos profissionais

    previstos no art.º 3.º daquele diploma;

    b) Não tenham optado, no ano em causa, pelo regime de contabilidade

    organizada como forma de determinação do rendimento, ainda que a possuam

    facultativamente;

    c) No período de tributação imediatamente anterior, não tenham atingido

    um valor superior a qualquer dos seguintes limites:

    1) Volume de vendas: 149.739,37 euros;

    2) Valor ilíquido dos restantes rendimentos da categoria B: (99.759,58

    euros).

    Sujeitos Passivos Excluídos

    Ficam excluídos do regime simplificado os sujeitos passivos que:

    a) Por exigência legal (v.g. no caso do E.I.R.L.), se encontrem obrigados

    a possuir contabilidade organizada;

    b) Sejam sócios ou membros das entidades abrangidas pelo disposto no

    artigo 5.º do Código do IRC, relativamente aos rendimentos auferidos por imputação

    nos termos do artigo 19.º do Código do

    c) Pratiquem actos isolados.

    Opção Pela Contabilidade Organizada

    A opção pela aplicação do regime de contabilidade organizada deve ser

    formalizada:

    Ano Lectivo 2007/2008

  • Estudo do IRS Introdução à Fiscalidade _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 28

    a) Na declaração de início de actividade;

    b) Na declaração de alterações, até ao fim do mês de Março do ano em

    que o sujeito passivo pretende utilizar a contabilidade como forma de determinação

    do rendimento.

    Neste sentido, a permanência do sujeito passivo no regime de tributação pela

    contabilidade organizada, depende da formulação dessa opção até ao fim do mês de

    Março de cada ano.

    Se algum dos limites anteriores for ultrapassado durante dois períodos de tributação

    sucessivos, ou até num único exercício em montante superior a 25% desse limite, fica o

    sujeito passivo sujeito a contabilidade organizada, logo no ano de tributação seguinte à

    verificação do facto.

    Se os rendimentos auferidos resultarem de serviços prestados a uma única entidade, o

    sujeito passivo pode optar pela tributação de acordo com as regras estabelecidas para a

    Categoria A, mantendo-se essa opção por um período de três anos.

    Para a determinação do rendimento só são considerados proveitos e custos os que se

    encontram regulados no art. 29º, nomeadamente:

    - os bens ou valores afectos à empresa ou actividade desenvolvida pelo sujeito

    passivo;

    - o valor de mercado dos bens à data da afectação ou à data da transferência quando os

    mesmos sendo do contribuinte foram afectos à actividade empresarial e profissional ou vice-

    versa, respectivamente.

    De acordo com o art. 30º, na determinação do rendimento dos actos isolados,

    deduzem-se apenas as despesas necessárias à sua obtenção devidamente comprovadas, com

    as limitações decorrentes do art. 33º.

    Apuramento do Rendimento Tributável

    Neste regime, o rendimento a englobar para efeitos de tributação resulta da aplicação

    dos indicadores de base técnico-científica determinados para os diferentes sectores de

    actividade económica.

    Ano Lectivo 2007/2008

  • Estudo do IRS Introdução à Fiscalidade _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 29

    Enquanto estes indicadores não forem aprovados, ou na sua ausência, serão aplicados

    os seguintes coeficientes, relativamente à actividade do sujeito passivo, autonomamente:

    a) 0,20 sobre o valor das vendas de mercadorias e produtos, bem como sobre as

    prestações de serviços das actividades hoteleiras e similares, restauração (cafés,

    pastelarias, snacks, leitarias, etc. e bebidas;

    b) 0,7 sobre o valor ilíquido dos restantes rendimentos desta categoria (com exclusão

    da variação de produção e dos trabalhos para a própria empresa).

    Se da aplicação destes coeficientes resultar um valor inferior a montante mínimo,

    igual a metade do valor anual do salário mínimo nacional mais elevado ou seja (50% x 426 x

    14) = 2 982 €, então considera-se este valor.

    O rendimento assim calculado é objecto de englobamento e tributado nos termos

    gerais.

    Exemplo 4

    Supondo que o contribuinte João está abrangido pelo regime simplificado do IRS e

    que em 2008 obteve 50 000 € de rendimentos da categoria B decorrente de vendas de

    Mercadorias. Qual o rendimento colectável desta categoria ?

    Rendimento colectável = 50 000 x 20% = 10 000 €

    Este seria o valor a tributar nesta categoria de rendimentos e a englobar com outras

    categorias caso houvesse outros rendimentos, por forma a aplicar as respectivas taxas de

    imposto.

    Se os 10 000 €, resultassem, de prestação de serviços de contabilidade, por exemplo, o

    rendimento colectável seria de 10 000 x 70= 7 000 €.

    No caso do contribuinte pretender optar pelo regime normal de tributação, a

    determinação do rendimento colectável, de acordo com o art. 32º do CIRS determina que aos

    rendimentos empresariais e profissionais não abrangidos pelo regime simplificado se

    aplicam-se as regras do IRC - Impostos sobre o rendimento das pessoas colectivas. Esta

    remissão significa assim, que deverá existir um sistema de contabilidade organizada

    Ano Lectivo 2007/2008

  • Estudo do IRS Introdução à Fiscalidade _________________________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 30

    (utilização das regras do POC - Plano Oficial de Contabilidade), tendo em vista tributar o

    lucro real corrigido pelas regras do CIRC - Código do IRC.

    Encargos não dedutíveis para efeitos fiscais

    Mesmo quando contabilizados como custos e perdas do exercício, para efeitos de

    determinação do rendimento da categoria B apurados pelo sistema de contabilidade

    organizada, não são dedutíveis fiscalmente os encargos que se encontram regulados no art.

    33º do CIRS, nomeadamente:

    Para além das limitações previstas no Código do IRC, não são dedutíveis para efeitos

    de determinação do rendimento da categoria B, mesmo quando contabilizadas como custos

    ou perdas do exercício, as despesas de deslocações, viagens e estadas do sujeito passivo ou

    de membros do seu agregado familiar que com ele trabalham, na parte que exceder, no seu

    conjunto, 10% do total dos proveitos contabilizados, sujeitos e não isentos deste imposto.

    As remunerações dos titulares de rendimentos desta categoria, bem como as atribuídas a

    membros do seu agregado familiar que lhes prestem serviço, assim como outras prestações a

    título de ajudas de custo, utilização de viatura própria ao serviço da actividade, subsídios de

    refeição e outras prestações de natureza remuneratória, não são dedutíveis para efeitos de

    determinação do rendimento da categoria B.

    Também não são dedutíveis as despesas ilícitas.

    Se o contribuinte afectar à sua actividade profissional, parte do imóvel destinado à sua

    habitação, deverá ter em conta que os encargos com o imóvel, como sejam, rendas, energia,

    água telefone etc. apenas poderão ser imputados à actividade profissional, uma parte que não

    exceda 25%, das despesas comprovadamente efectuadas de acordo com o nº5 do art, 33º.

    Entrada de património para realização do capital de sociedade

    Quando uma pessoa singular transmita a totalidade do seu património individual para

    o exercício de uma actividade empresarial e profissional, com vista à realização de capital,

    esta não contribui para o apuramento de qualquer resultado tributável, desde que,

    cumulativamente se verifiquem as condições transcritas no art. 38º do CIRS, nomeadamente:

    -a entidade receptora do património tem que ser uma sociedade e tenha a sua sede e

    direcção efectivas em território português;

    Ano Lectivo 2007/2008

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 31

    - a pessoa singular tem que ficar detentora de pelo menos 50% do capital da sociedade

    e actividade desta tem que ser semelhante à que era exercida a título individual;

    - os valores activos e passivos têm que ser registados na contabilidade da sociedade

    pelo mesmos valores que estavam registados nos livros de escrita da pessoa singular;

    -No caso de ulterior transmissão das partes sociais adquiridas, estas sejam valorizadas

    como custos de aquisição pelo valor líquido dos activos e passivos elementos

    transferidos;

    Por outro lado os ganhos daí resultantes deverão ser qualificados como empresariais e

    profissionais caso as partes de capital sejam vendidas antes de decorridos cinco anos.

    Contabilidade Organizada e aplicação de métodos indirectos

    A regra geral de apuramento da matéria colectável consiste na tributação baseada no

    lucro real calculado com base na contabilidade ou escrituração. Esta forma de determinação

    da matéria colectável é denominada de Avaliação Directa da matéria colectável.

    A avaliação indirecta de determinação da matéria colectável, são uma alternativa à

    regra geral de tributação, anteriormente referida e está definida nos casos e condições do

    artigo 87º a 89º da lei geral tributária e segue os termos do artigo 90º da mesma lei, e artigo

    54º do CIRC com as necessárias adaptações.

    Factos como por exemplo falsificação da escrita, erros ou omissões, inexistência de

    contabilidade ou recusa da sua exibição são entre outras razões bastantes para aplicação dos

    métodos indirectos.

    Assim, uma vez, tomada a decisão de aplicar estes métodos por parte da

    administração fiscal, escolhem-se os critérios para fixar a matéria colectável, e que podem ser

    entre outros, margens médias normais, rentabilidade do capital, coeficientes técnicos normais

    do sector, etc.

    Numa situação de atraso na execução da contabilidade ou na escrituração dos livros

    de registo, bem como a não exibição dos citados documentos, implica uma sanção. E se num

    prazo após se ter verificado a infracção, que decorre de 5 até 30 dias, a situação se mantiver,

    então, a determinação do rendimento pode ser presumida por métodos indirectos, de acordo

    com o art. 39º do CIRS.

    Ano Lectivo 2007/2008

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 32

    1.5.2.3 - Rendimentos de capitais (Categoria E)

    Foi anteriormente referido que esta rubrica, incluía essencialmente rendimentos, do tipo juros

    e lucros. No que se refere à questão dos lucros, é preciso ter presente, que estes ao serem

    gerados, pela empresa que os vai distribuir, pagam imposto no âmbito desta empresa sob a

    forma de IRC. Em consequência, ao serem distribuídos, vão tornar a ser rendimentos no

    âmbito de quem os recebe, pelo que desta forma, um mesmo rendimento é tributados mais do

    que uma vez. Este fenómeno é designado, de Dupla Tributação de Lucros distribuídos.

    O artº 40º- A permite de alguma forma atenuar a dupla tributação, permitindo que tais

    rendimentos recebidos, apenas sejam considerados em 50%, para efeitos de tributação em

    IRS.

    O art. 40º do CIRS refere-se a presunções e juros contáveis, segundo o qual os mútuos e

    aberturas de crédito referidos art. 6º, nº 2 e nº 5, presume-se que são obtidos à taxa de juro

    legal. De salientar ainda que esta categoria de rendimentos não tem qualquer dedução

    específica.

    1.5.2.4- Rendimentos prediais (Categoria F)

    Aos rendimentos brutos referidos no art. 8º do CIRS, há que deduzir, de acordo com o

    art. 41º, as despesas suportadas pelo sujeito passivo, desde que documentalmente provadas,

    nomeadamente:

    - As despesas de manutenção e conservação;

    - Contribuição autárquica do prédio arrendado.

    Na sublocação a diferença entre as importâncias recebidas pelo sublocador e a renda

    paga por este, não beneficia de qualquer dedução.

    1.5.2.5 - Incrementos patrimoniais (Categoria G)

    1.5.2.5.1- Mais - Valias

    Ano Lectivo 2007/2008

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 33

    Aos rendimentos qualificados de incrementos patrimoniais, não são feitas quaisquer

    deduções. Apenas certo tipo de mais valias têm um tratamento específico, e que a seguir se

    indicam.

    Nos termos do art. 43º, o valor das mais-valias é dado pelo saldo positivo apurado

    entre as mais e as menos valias realizadas num ano.

    O valor do saldo das mais valias relativas a transmissões de imóveis, propriedade

    industrial e intelectual, ou trespasse é apenas considerado em 50% do seu valor.

    Em relação à alienação onerosa de partes sociais e de outros valores mobiliários, o

    valor do saldo das mais-valias não é tributado nas seguintes situações:

    a)Acções detidas pelo seu titular durante mais de 12 meses

    b)Obrigações e outros títulos de dívida.

    1.5.2.5.2 - Valor de realização e aquisição

    -Valor de realização

    Para a determinação dos ganhos sujeitos a IRS, considera-se valor de realização:

    a) em geral, o da respectiva contraprestação;

    b) nos casos especiais de troca, expropriação ou afectação permanente de bens a fins

    alheios à actividade exercida, os valores indicados, respectivamente, nas alíneas a),

    b) e c) do nº 1 do art. 44º.

    Em qualquer caso, porém, exceptuando o da afectação permanente dos bens a fins

    alheios à actividade exercida, em que releva o valor de mercado, prevalece, quando superior,

    no que respeita a bens imóveis, o valor que releva para efeitos de sisa, ainda que não devida.

    -Valor de Aquisição

    O valor de aquisição para o sobredito efeito é o seguinte:

    a) nas aquisições gratuitas, o que for relevante para efeitos de liquidação de imposto

    sobre as sucessões e doações, ainda que não devida conforme o art. 45º do CIRS.

    b) nas aquisições onerosas:

    b.1 - quanto a bens imóveis - o que for relevante para efeitos de sisa, ainda que

    não devida; tratando-se de imóveis construídos pelo próprio, releva o seu valor

    Ano Lectivo 2007/2008

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 34

    patrimonial inscrito na matriz ou, quando superior, o valor do terreno

    acrescido dos custos de construção (art. 46º);

    b.2 - quanto a bens mobiliários cotados na bolsa - o respectivo custo

    documentalmente comprovado, ou, na sua falta, o da menor cotação verificada

    nos dois anos anteriores à data da alienação ou o declarado, se menor (art. 48º

    alínea a));

    b.3 - quanto a quotas ou valores mobiliários não cotados em bolsa - o custo

    documentalmente provado ou, na sua falta, o respectivo valor nominal (art. 48º

    alínea b));

    b.4 - quanto à propriedade intelectual e industrial e aos bens e direitos,

    afectos de modo duradouro, ao exercício de actividade profissional

    independente - releva o preço pago pelo alienante documentalmente provado

    (art. 49º).

    1.5.2.5.3 - Correcção monetária

    A correcção monetária aplica-se apenas à transmissão de imóveis.

    O valor de aquisição será corrigido pela a aplicação de coeficientes para o efeito

    aprovados pelo ministério das Finanças sempre que tenham decorrido mais de 24

    meses entre a data de aquisição e a data de alienação, tal como está definido no art.

    50º do CIRS.

    De referir ainda que no referente a imóveis, devem ser adicionados os encargos

    comprovadamente suportados nos últimos cinco anos com a sua valorização, bem

    como as despesas necessárias e efectivamente praticadas inerentes à sua alienação

    (art. 51º, alínea a).

    No que se refere a partes sociais, e outros valores mobiliários, bem como à

    propriedade intelectual ou industrial, pode ser adicionado as despesas necessárias e

    efectivamente praticadas inerentes à sua alienação (art. 51, al) b ).

    Exemplo 5

    Ano Lectivo 2007/2008

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 35

    Suponha que o indivíduo A adquiriu em 1998 um apartamento por 70 000 €. Em 2003

    vendeu por 100 000 €, declarando que não pretendia reinvestir o produto da alienação. O

    coeficiente é de 1,141. Calcule a mais valia a tributar.

    Decorre do art. 10 alinea a), conjugado com art. 43º nº 2, art. 44º e art. 46º do CIRS e

    50º do CIRS, a seguinte fómula de cálculo:

    MV= (VR-VA x coef. ) x 50%

    VR-Valor de Realização

    VA-Valor de Aquisição

    Coef.- Coeficiente de desvalorização monetária

    Assim temos:

    MV = (100 000 -70 000*1,14) x 50%

    =10 100 €

    Na hipótese de declarar reinvestimento total ou parcial conforme art. 10º nº 5 ficaria

    excluído da tributação nos termos aí previstos.

    Assim, se declarasse reinvestimento total, o valor de 10 100 € ficava totalmente

    excluído da tributação. Se por exemplo declarasse reinvestir 40% ficava sujeito a

    englobamento a parte proporcional da mais valia não reinvestida ou seja (1-40%)=60%), o

    que seria 60% x 10 100 € = 6 060 €.

    1.5.2.5.4- Divergência de valores

    Em caso de divergência fundada entre o valor declarado e o valor real da transmissão,

    relativo a bens imóveis, pode a D.G.C.I. determinar o valor desta conforme (art. 52º).

    Relativamente a partes sociais far-se-a a determinação de acordo com as seguintes

    regras:

    - na alienação de acções ou outros valores mobiliários, o da respectiva cotação à data

    da transmissão, ou, sendo desconhecido, o da maior cotação no ano da alienação;

    - na falta de cotação, o que resultar do último balanço;

    1 Portaria n.º 287/2003 de 3 de Abril

    Ano Lectivo 2007/2008

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 36

    - na alienação de quotas sociais, o que lhes corresponder de acordo com último

    balanço.

    1.5.2.5 - Pensões (Categoria H)

    Aos rendimentos da categoria H praticam-se as seguintes deduções (art. 53 do CIRS):

    - pensões anuais até (integrando já o subsídio de férias e de Natal) 6 000 €, por cada

    titular - deduzem-se na totalidade;

    - pensões de valor superior - a dedução é igual ao montante anteriormente referido

    6000 €.

    Podem ainda ser deduzidas as quotizações sindicais até 1% acrescidas de 50% bem

    como eventuais contribuições obrigatórias para regimes de protecção social e para

    subsistemas legais de saúde.

    Os rendimentos brutos da categoria H de valor anual superior a € 30.000, por titular,

    têm uma dedução igual ao montante referido no n.º 1, abatido, até à sua concorrência, de 13%

    da parte que excede aquele valor anual.

    O art. 54º do CIRS distingue as componentes de capital e renda quando existe o

    pagamento de pensões em que a prestação tem uma componente de reembolso de capital.

    Exemplo 6

    Pensão recebida 10 000,00

    Dedução Específica 6 000,00

    Valor líquido 4 000,00

    O valor líquido a englobar com as restantes categorias se for esse o caso, é de 4 000 €.

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 37

    1.5.3 - Dedução de perdas

    O artigo 55º do CIRS trata das regras, do chamado princípio de comunicabilidade das

    perdas, segundo o qual, o resultado líquido negativo em qualquer categoria de

    rendimentos deduz-se ao rendimento líquido (art. 55º), da mesma categoria, tendo em

    conta as seguintes condições:

    - quando respeita às categorias B, F e G (saldo negativo das mais-valias) só podem ser

    reportados aos seis, e cinco anos respectivamente. Contudo se as mais valias disserem

    respeito a partes de capital o prazo é de apenas dois anos.

    - quando respeita à categoria B, não são dedutíveis as perdas em relação às

    actividades agrícolas, silvícolas e pecuárias, quando elas são exercidas com outras

    actividades, abrangidas na mesma categoria de rendimentos , devendo por isso haver

    um apuramento distinto dos custos e perdas daquelas actividades, a menos que os seus

    titulares estejam sujeitos ao regime simplificado;

    - estando sujeito ao regime simplificado podem ser deduzidos os prejuízos fiscais ao

    rendimento tributável, apurado em anos anteriores, excepto quando após a aplicação

    dos coeficientes de 0,20 e/ou 0,70 resultar rendimento tributável inferior ao valor

    mínimo, ao que neste caso, é este o valor a considerar para a dedução.

    - a percentagem do saldo negativo da transmissão onerosa de partes sociais e outros

    valores mobiliários (art. 43º nº 3) só pode ser reportada aos dois anos seguintes àquele

    que se verificar.

    1.5.4 - Abatimentos

    Entende-se por abatimentos o valor de determinados encargos de natureza pessoal,

    que podem ser deduzidos ao Rendimento Global Líquido por forma a apurar o Rendimento

    Colectável. Assim, abatem-se as importâncias comprovadamente suportadas e não

    reembolsadas respeitantes aos encargos com as Pensões a que o sujeito passivo esteja

    Ano Lectivo 2007/2008

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 38

    obrigado por sentença judicial ou por acordo judicial homologado de acordo com o artº 56º

    do CIRS.

    1.5.5 - Processo de determinação do rendimento colectável

    A determinação do rendimento colectável é feita segundo as regras dos arts. 22º a 56º

    com base na declaração do contribuinte (regime geral) ou em fixação efectuada pela

    D.G.C.I.( regime excepcional).

    1.5.5.1 - Declaração de rendimentos

    Os sujeitos passivos devem apresentar, anualmente, uma declaração de modelo oficial

    (Declaração Modelo 3), relativa aos rendimentos do ano anterior e a outros elementos

    informativos relevantes para a sua concreta situação tributária (anexos e outros documentos

    que para o efeito sejam mencionados no referido modelo).

    As declarações e demais documentos podem ser entregues em qualquer serviço de

    finanças ou nos locais que vierem a ser fixados ou, ainda, ser remetidas pelo correio para o

    serviço de finanças ou direcção de finanças da área do domicílio fiscal do sujeito passivo.

    Além destas formas, pode ainda recorrer-se através de meios disponibilizados no sistema de

    transmissão electrónica de dados.

    A referida declaração deve ser entregue nos seguintes prazos conforme art. 60º do

    CIRS:

    Se em suporte de papel

    - de 1 de Fevereiro até 15 de Março - quando existam apenas rendimentos da

    categoria A e H;

    - de 16 de Março até 30 de Abril, nos restantes casos;

    Se por transmissão electrónica de dados

    - de 10 de Março até 15 de Abril, quando os sujeitos passivos apenas hajam recebido

    ou tenham sido colocados à sua disposição rendimentos das categorias A e H;

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 39

    - de 16 de Abril até 25 de Maio, nos restantes casos.

    - A declaração pode ainda ser entregue, nos 30 dias imediatos à ocorrência de

    qualquer facto que determine alteração dos rendimentos já declarados ou implique,

    relativamente a anos anteriores, a obrigação de os declarar.

    A sua apresentação e preenchimento obedecerão, fundamentalmente, às regras dos

    arts. 57º e 59º e às instruções constantes do respectivo modelo oficial.

    1.5.5.1.1- Dispensa da declaração

    É dispensada a apresentação da declaração quando se verifique as condições do art. 58º do

    CIRS, ou seja:

    -a) Contribuintes que apenas aufiram rendimentos tributados por taxas liberatórias que

    não sejam rendimentos de acções, e não optem, quando legalmente permitido pelo

    seu englobamento;

    -b) Contribuintes com rendimentos de pensões pagas por regimes obrigatórios de

    protecção social, de montante inferior ao valor anual do salário mínimo nacional

    mais elevado (426 x 14=5 964 €).

    1.5.5.1.2 - Contribuintes casados

    A apresentação da declaração de rendimentos por parte de contribuintes apresenta

    várias alternativas consoante o relacionamento existente entre os cônjuges e nos termos do

    art. 59º. Assim:

    a) Cônjuges não separados judicialmente de pessoas e bens - apresentam uma só

    declaração pelos dois cônjuges ou por um deles, se o outro for incapaz ou ausente;

    b) Cônjuges separados de facto - cada um pode apresentar uma única declaração dos

    seus próprios rendimentos e dos rendimentos dos dependentes a seu cargo, mas

    neste caso, tem que se ter em conta, as condições impostas pelo art. 59º, nº 2, entre

    outras não se aplicando o quociente conjugal.

    Ano Lectivo 2007/2008

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 40

    Convém salientar que de acordo com o art. 63º, e em relação ao englobamento dos

    rendimentos auferidos, há que observar determinadas condições sempre que durante o ano a

    que o imposto respeite, houver mudanças na sociedade conjugal, como por exemplo o

    falecimento de um dos cônjuges, constituição ou dissolução da sociedade conjugal.

    Ocorrendo o falecimento de qualquer pessoa, os rendimentos relativos aos bens

    transmitidos e correspondentes ao período posterior à data de óbito, e na ausência de partilha

    até ao fim do ano a que esses mesmos respeitam, esses bens são englobados nos rendimentos

    dos sucessores e ao cônjuge sobrevivo, segundo a sua quota ideal nos referidos bens.

    1.5.5.2- Bases para o apuramento, fixação ou alteração dos rendimentos

    A Direcção Geral de Contribuições e Impostos, pode, na pessoa do director de

    finanças da área a que respeita o domicílio fiscal do contribuinte ou em funcionários em

    quem foi delegado tal poder, proceder à fixação do rendimento colectável quando ocorrer

    qualquer das seguintes hipóteses:

    a) quando haja motivo para utilização de métodos indirectos no apuramento dos

    rendimentos;

    b) se houver atrasos ou ausência de contabilidade;

    c) se houver divergência entre os valores declarados e os valores reais da transmissão

    de acções ou outros valores mobiliários, cotados ou não na bolsa;

    d) não tenha sido apresentada a declaração nos prazos legalmente estipulados art. 57 º

    CIRS.

    Quando não haja lugar à fixação acima citada, pode a D.G.C.I. proceder a alterações

    dos elementos declarados se detectar erros, omissões ou divergência de documentos ou factos

    com relevância

    Tais actos de fixação ou alteração são sempre notificados aos sujeitos passivos,

    juntamente com a respectiva fundamentação.

    1.6- Taxas

    Ano Lectivo 2007/2008

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    _________________________________________________________________________________________ Fernando Amado 41

    Sendo a taxa, um elemento essencial do imposto, por forma a determinar o “

    Quantum” do imposto”, verificamos que no código do IRS vigoram quatro tipos de

    taxas (art. 68º, 71º e 72º e 73º):

    - Taxas gerais - são taxas progressivas, conforme tabela que se segue integrada no

    art. 68º do CIRS

    As taxas do imposto são as constantes da tabela seguinte para o ano 2006:

    As taxas do imposto são as constantes da tabela seguinte: [Redacção dada pela Lei n.º

    67-A/2007, de 31 de Dezembro - OE]

    Rendimento colectável Taxas ( %)

    Rendimento colectável Normal (A) Média (B)

    Até 4 639 10,5 10,5000

    De mais de 4 639 até 7017 13,0 11,3472

    De mais de 7 017 até 17 401 23,5 18,5994

    De mais de 17 401 até 40 020 34,0 27,3037

    De mais de 40 020 até 58 000 36,5 30,1545

    De mais de 58 000 até 62 546 40,0 30,8701

    Superior a 62 546 42,0

    2 - O quantitativo do rendimento colectável, quando superior a € 4.639, é dividido

    em duas partes: uma, igual ao limite do maior dos escalões que nele couber, à qual se

    aplica a taxa da coluna (B) correspondente a esse escalão; outra, igual ao excedente, a

    que se aplica a taxa da coluna (A) respeitante ao escalão imediatamente superior.

    - Taxas liberatórias - são taxas proporcionais, aplicadas aos rendimentos previstos no

    (art. 71º do CIRS), e cuja retenção é feito a título definitivo, dispensando assim a

    obrigatoriedade de declarar estes rendimentos (excepto acções). Há contudo a opção

    de englobar os rendimentos previstos no nº6 do art. 71º, certos juros e dividendos.

    Estas taxas são assim de :

    Taxa de 35% sobre:

    - Os prémios de rifas, totoloto e jogo do loto, bem como de sorteios ou concursos.

    Taxa de 25% sobre:

    a) Os rendimentos de acções, nominativas ou ao portador;

    Ano Lectivo 2007/2008

  • Estudo do IRS Introdução à Fiscalidade _________________________________________________________________________________________

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    b) Os rendimentos auferidos por não residentes, provenientes de trabalho dependente,

    o de prestação de serviços, por conta própria, sendo ou não actos isolados ou que

    conexo com qualquer actividade comercial, silvícola, industrial agrícola e pecuária,

    e, os rendimentos decorrentes das alíneas d), e) e g) do nº 2, do art. 3º do CIRS;

    c) Os lucros colocados à disposição dos respectivos associados ou titulares, incluindo

    os adiantamentos por conta de lucros, devidos por entidades sujeitas a IRC,

    auferidos por não residentes em Portugal;

    d) Pensões auferidas por não residentes em Portugal;

    e) Os prémios de lotarias, as apostas mútuas desportivas e o bingo.

    Taxa de 20%