equalizaÇÃo da taxa de ocupaÇÃo em um call center por meio ... · o call center pode ser...
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v.11, Jan. – Jul.2015 2015 ISSN 1982 –2065 2065
EQUALIZAÇÃO DA TAXA DE OCUPAÇÃO EM UM CALL CENTER
POR MEIO DA METODOLOGIA SEIS SIGMA
Elton da Silva Autran1
Drª. Theresa Cristina Frazão2,
RESUMO
Este artigo aborda um estudo de caso realizado em uma empresa de call center de setor
privado, a CONTAX S/A, avaliando parâmetros como “taxa de ocupação”, ociosidade,
demandas por atendentes, comportamento do cliente etc. A análise foi realizada utilizando a
metodologia “Seis Sigma” buscando mostrar as características do controle estatístico do
processo, bem como o seu nível sigma através da aplicação pratica de seu referencial teórico-
metodológico. A avaliação refere a uma alta ociosidade devido à baixa taxa de ocupação de
seus operadores nos finais de semana Os resultados enfatizam a existência de uma dispersão
de taxa de ocupação entre operações sinérgicas resultando alta ociosidade operacional no
atendimento de call center receptivo.
Palavras-Chave: Taxa de Ocupação. Call Center. Seis Sigma.
ABSTRACT
This article discusses a case study in a call center company in the private sector CONTAX S/A
as your high idle due to low occupancy rate of its operators on weekends. The analysis was
performed using the six sigma methodology seeking to show the characteristics of statistical
process control, as well as its sigma level through the practical application of their theoretical
and methodological framework. The results emphasize the existence of a dispersion of
occupancy between synergistic operations resulting in high operational idleness at inbound
call center.
Keywords: Occupancy Rate. Call Center. Six Sigma.
1 AUTRAN, Elton da Silva. Graduado em Química Universidade Federal Rural de Pernambuco. Analista Sênior
de Planejamento Call Center . 2 FRAZÃO, Theresa Cristina. Profª. Drª na Universidade de Pernambuco
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1 INTRODUÇÃO
Call centers são centros de atendimentos operacionais instalados para utilizar a
telecomunicação junto às tecnologias computacionais em diferentes serviços de tele
atendimento ao cliente. Centros operacionais de atendimento receptivos, também chamados
de operações imbound, onde o cliente atua como ativo, ou seja, ele é percussor da ligação são
constituídos por várias pessoas (atendentes) que recebem ligações de outros usuários na
maioria dos casos clientes, os quais solicitam informações inerentes ou não aos serviços
contratados e recebem além das informações solicitadas o registro de seu atendimento na
central. Para Sakamoto (2001) “o call center é o local onde podem ser realizadas, além do
recebimento e realização de das ligações com grandes volumes de demanda, processo de
suporte a vendas e marketing diversificando os serviços de atendimento e apóio ao cliente”.
Podemos avaliar o call center sob dois pontos de vista: para o operacional é um ambiente
físico com várias posições de atendimento ocupadas por teleoperadores interligados via fone
ao público de uma ou mais determinada empresa realizando várias atividades desde o
recebimento de ligações, registro de reclamações até serviços de consultoria, apóio técnico e
vendas. No âmbito dos negócios é designado como interface de relacionamento com o cliente
visando o estreitamento da relação entre empresas e os seus consumidores finais. Para
Weisshuhun (2004, apud BAPAT e PRUITTE Jr., 1998) o foco desse relacionamento é a
desburocratização de processos, fidelização e aumento de receita. Além destes fatores a
redução de custo é também alvo de grandes esforços neste seguimento onde pode se destacar
a redução de custo em recursos humanos contrabalanceada pela otimização de processos.
O call center pode ser considerado uma arma estratégica mais visível da empresa. É
uma frente de batalha de negócios que movimenta milhões em produtos e serviços
que são comprados, vendidos e negociados. Também é um local onde milhares de
clientes são conquistados e perdidos instantaneamente. Como as empresas líderes se
tornam mais criativas em disseminar informação e agregar valor aos seus
consumidores através de linhas telefônicas, é natural que elas enxerguem o call
center como seu ponto de acesso ao mercado. (BAPAT e PRUITTE Jr., 1998)
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Nos últimos anos dentro do seguimento de serviços temos observado um elevado crescimento
dos centros operacionais de call centers, principalmente, no Brasil e em particular na região
Nordeste onde temos uma concentração deste tipo de atividade fruto de uma política de
incentivo fiscal dos representantes governamentais. No aspecto funcional e em geral para as
centrais de atendimento a maior fatia dos custos está relacionada aos recursos humanos, fato
este que justifica o grande desafio dos gestores e planejadores a viabilizar a melhor forma de
gerenciamento e desempenho operacional, buscando cada vez mais indicadores de
desempenho detalhados e estratégias de atendimento mais eficientes dentro de suas operações.
Dimensionar recursos de forma assertiva avaliando a previsão de demanda não é uma
atividade linear e de fácil complexidade. Deve-se estudar o comportamento do cliente o
produto relacionado a ele, além de outros fatores como absenteísmo e turnover de operadores
dentro das centrais.
Os gerentes e planejadores dos call centers têm um emprego muito mais difícil hoje
do que no passado, com muito mais produtos e serviços sendo especialmente
criados, disponibilizados no mercado, vendidos e assistidos, em relação a momentos
anteriores, os call centers têm despendido muitos esforços para fornecer diferentes
níveis de serviço para diferentes tipos de clientes com diferentes necessidades.
(MEHROTRA, PROFOZICH e BAPAT, 1997)
Equalizar a taxa de ocupação é um fator determinante quanto se quer normatizar a ociosidade
operacional. Segundo Koole et. al. (2003) “um dos maiores desafios no dimensionamento de
uma central de atendimento é a relação dos agentes com suas múltiplas habilidades e sua
necessidade de atendentes”. A utilização de métodos de análise estatística é uma ferramenta
de apoio ao efeito gestão, principalmente, na tomada de decisão que podem gerar custos
muito altos em contratação de pessoas e multas contratuais por não cumprimento de acordo
em empresas prestadoras de serviço e seus clientes. Este trabalho faz a avaliação da taxa de
ocupação através da metodologia Seis Sigma como forma de assegurar o melhor
dimensionamento de pessoas evitando a ociosidade operacional nos finais de semana na
empresa Contax S/A.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
A abordagem Seis Sigma iniciada na década de 90 pela Motorola e amplamente divulgada
pela General Eletric como forma de avaliar dados e informações históricas é hoje largamente
utilizada, pois consegue mensurar com assertividade as causas potenciais para os desvios e
riscos dos indicadores que são avaliados. Em sua definição é atribuído o conceito de nível
sigma da qualidade processo em DPMO (Defeito por Milhão de Oportunidades) e a
representação gráfica é a letra do alfabeto grego (σ) que é utilizada na estatística para
identificar o desvio padrão de uma determinada população estimando a sua variação. Quanto
aos níveis de qualidade o objetivo é chegar ao sexto que equivale a 3,4 defeitos por milhão, ou
seja, uma eficiência de 99, 99966%. Abaixo temos um quadro que nos mostrar o percentual
de rendimento x nível sigma.
Quadro 1 - Tabela Simplificada de Conversão em Sigma
Tabela Simplificada de Conversão em Sigma
Seu rendimento é... Seu DPMO é... Seu sigma é...
30,9% 690.000 1,0
69,2% 308.000 2,0
93,3% 66.800 3,0
99,4% 6.210 4,0
99,98% 320 5,0
99,9997% 3.4 6,0 Fonte: Pande et al. (2001,p.31)
Para Pande et al. (2001,p.13) “Seis sigma é um sistema abrangente e flexível para alcançar,
sustentar e maximizar o sucesso empresarial”. Seis Sigma é singularmente impulsionado por
uma estreita compreensão das necessidades dos clientes, pelo uso disciplinado de fatos, dados
e análise estatística e a atenção diligente à gestão, melhoria e reinvenção dos processos de
negócios. Conforme escreve Campos (2003) “Seis Sigma traz uma nova visão sobre os
problemas vivenciados nas organizações, estabelece-se outra forma de gerir o negócio. Á
medida que a organização identifica claramente os problemas e suas causas, ela pode resolvê-
los com mais clareza e eficiência”. “Os esforços para melhoria da qualidade possibilitam o
aumento do potencial competitivo e o aumento da lucratividade, como resultado da redução
da variação dos processos e da satisfação do cliente” (HARRY, 1998, p.60-64).
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A metodologia Seis Sigma difere da grande maioria dos programas gerenciadores e
mensuradores de desempenho é que ela possui uma hierarquia bem definida quanto aos papeis
e responsabilidades de atuação. De acordo com Pinho (2005) o quadro a seguir mostra o
desenho das funções dos planejadores do método Seis Sigma e a hierarquia entre eles.
Quadro 2 - Sistema Belt de Responsabilidades
Denominação Papel
Champions e
Sponsors
São indivíduos de nível hierárquico elevado na organização e que
devem entender o Seis Sigma e se comprometerem com a sua
implantação e manutenção. Os Sponsors são líderes informais que
fazem uso diário do Seis Sigma e procuram oportunidades de
melhoria.
Master Black Belts
São pessoas da alta liderança técnica do programa e devem
compreender as ferramentas da qualidade e os métodos estatísticos
para auxiliarem os Black Belts na elaboração dos projetos de melhoria.
A habilidade de comunicação e ensino é fundamental para o perfil
deles.
Black Belts
São especialistas que dominam as ferramentas da qualidade e métodos
estatísticos e que estão ativamente envolvidos nos processos e
acompanha todas as fases dos projetos Seis Sigma. Buscam formular
projetos e concluí-los para a redução de custo e/ou geração de lucro
para a organização.
Green Belts
Auxilia o Black Belt na condução dos projetos Seis Sigma e também
podem ser líderes de projetos menores, desde a sua concepção até a
conclusão. Eles costumam ser treinados por Master Black Belt e Black
Belt.
Fonte: Pinho (2005, p.105)
Os planejadores Seis Sigma são reverenciados por faixas criando uma analogia as artes
marciais de acordo com o nível de conhecimento ou aperfeiçoamento ou treinamento recebido
como Black Belts (faixas pretas) e Green Belts (faixas verdes). Além deste uma equipe
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completa pode ter a presença de Yellow Belts (faixas Amarelas) e White Belts (faixas
brancas). Os primeiros atuam na implantação e acompanhamento de todo o método que pode
ser aplicado em vários níveis e setores organizacionais, os últimos atuam em atividades de
apoio mais operacional.
Para a implantação do nível sigma nas organizações é necessário termos um conjunto de
técnicas e métodos detalhados que nos orientem para a resolução dos potenciais problemas. O
foco é aperfeiçoar nossos processos sem perder a excelência da qualidade. Este conjunto de
técnicas dentro do âmbito do seis sigma é chamado de ciclo e o mais utilizado na literatura de
acordo com Pande et al. (2001,p.39) é o ciclo DMAIC exemplificado abaixo.
Quadro 3. Visão Geral do Modelo DMAIC
. Processos de Melhoria Seis Sigma
Melhoria de Processo Projeto/Reprojeto de Processo
1. Defina
Identifique o problema
Defina requisitos
Estabeleça meta
Identifique problemas específicos ou
amplos
Defina objetivo/Mude a visão
2. Meça
Valide
problema/processo
Redefina
problema/objetivo
Meça passos-
chave/entradas
Meça desempenho em relação às
exigências
Colete dados sobre eficiência do
processo
3. Analise
Desenvolva hipóteses
casuais
Identifique causas-raiz
“poucas e vitais”
Valide hipóteses
Identifique “melhores práticas”
Avalie projeto do processo
com/sem valor agregado
Gargalo de processo/desconexões
Caminhos alternativos
Redefina exigências
4. Melhore
Desenvolva ideias para
remover causas-raiz
Teste soluções
Padronize
solução/meça
resultados
Projete novo processo
Desafie suposições
Aplique criatividade
Princípios de fluxo de trabalho
Implemente novos processos
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5. Controle
Estabeleça medidas-
padrão para manter
desempenho
Corrija problema
quando necessário
Estabeleça medidas e revisões para
manter o desempenho
Corrija problema quando necessário
Fonte: Pande et al. (2001,p.41)
A metodologia também foi avaliada por Campos (2003) o qual fez uma divisão didática das
etapas do ciclo com a seguinte forma:
Definir: analisar as necessidades dos clientes e do negócio com o
intuito de identificar os processos críticos que por sua vez definirão
os projetos a serem implantados.
Medir: etapa onde são aplicadas diversas ferramentas para medir o
desempenho atual para definição das metas de aprimoramento.
Analisar: etapa onde se identifica, com o auxilio de ferramentas
especificas, a causa-raiz de problemas percebidos.
Aprimorar: nesta etapa se começa o aperfeiçoamento dos processos,
eliminando-se falhas e defeitos, desenvolvendo novas soluções.
Controlar: possibilita-se nesta fase que as melhorias obtidas sejam
mantidas na organização e transformem-se em novos padrões.
Percebe-se nesta divisão que existe um mapeamento lógico com o inicio na identificação e
mensuração do problema, logo após inicia-se o diagnostico e por fim o aperfeiçoamento e
controle. A ideia de ciclo faz sentido quando o processo a qualquer momento pode ser
reiniciado, ou seja, temos a inserção da melhoria continua a qual é bastante utilizada quando
se quer avaliar ou fazer o controle estatístico do processo.
Para a estratificação dos dados e levantamentos dos insumos algumas ferramentas de analise
são fundamentais para a assertividade do diagnostico e para a metodologia Seis Sigma. Para
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cada etapa do ciclo existem algumas ferramentas mais indicadas e essa indicação é atribuída
pela correlação de seus resultados com o momento do ciclo que esta sendo avaliado.
Werkema (2001) propõe uma figura a qual mostra as ferramentas de apoio estatístico em cada
etapa do ciclo DMAIC.
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Figura – 1 Ciclo DMAIC incluindo ferramentas
Fonte: WERKEMA, 2001.
A utilização ou não de uma determinada ferramenta vai depender do tipo de situação a ser
investigada e da área de inclinação do profissional do Seis Sigma responsável pela
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implantação do método. Em nosso estudo utilizaremos gráficos de Pareto, cartas de controle,
histogramas e gráficos de capacidade do processo os quais geralmente são os mais utilizados
quando na avaliação de indicadores de empresas prestadoras de serviço de atendimento.
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3 A EMPRESA
A Contax S/A é a líder em Contact Center na América Latina e um dos maiores do mundo em
BPO, especializado em soluções para gestão do relacionamento com o consumidor, o grupo
Contax atua de maneira consultiva e personalizada por meio de diferentes canais de
comunicação. Além de desenvolver, estabelecer e operar contact centers complexos e
personalizados, o grupo atua em toda a cadeia de relacionamento por meio de soluções
remotas e presenciais desenvolvidas para agregar valor aos seus negócios. Na figura 2
mostramos a evolução da empresa em portfólio de serviço, absorção de capital e de mercado.
A história da Contax é uma história de visão, ousadia e conquistas. Desde o ano 2000, quando
começaram as suas operações, passaram por uma das maiores revoluções tecnológicas da
história da humanidade, pela estabilização econômica, abertura e expansão do mercado
brasileiro e pelo amadurecimento significativo dos direitos dos consumidores no Brasil.
O consumidor nos últimos anos se tornou muito mais sofisticado, rápido e informado,
demandando diferentes formas de atendimento em cada etapa que esse contato acontece. Isso
exige um posicionamento mais amplo e profundo por parte das companhias que atuam nesse
segmento.
Sempre apostando no futuro, a empresa investiu fortemente em formação de suas equipes e
em tecnologia; desenvolveram novos produtos e serviços; ampliaram a participação no
mercado e nos propusemos a ser a melhor e maior provedora de serviços de relacionamento
com o cliente do Brasil, e a partir de 2011 da América Latina. Nos últimos anos, a companhia
se posicionou como parceiro consultivo e tecnológico de nossos clientes, desenvolvendo
soluções de acordo com a necessidade de cada negócio, com linhas de serviços para toda a
cadeia de relacionamento por meio de soluções remotas e presenciais.
Ampliaram consideravelmente suas ofertas de serviços com as aquisições realizadas desde
2010. Passaram a atuar no segmento de TI com a constituição da empresa Todo! passaram a
atuar de forma presencial no ponto de venda com a aquisição da Ability; e avançaram com o
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plano de internacionalização com a aquisição da Allus que detém operações na Argentina,
Colômbia e Peru, além de atividades comerciais com Chile, Estados Unidos e Espanha a
partir de sua plataforma off-shore.
A empresa oferece serviços que vai desde a aquisição do cliente, o atendimento, a expansão
do relacionamento com novas vendas, recuperação de crédito e a manutenção do cliente com
estratégias de retenção e fidelização de forma integrada e multicanal.
Para isso, o grupo conta com companhias dedicadas e especializadas na criação de soluções
customizadas e inovadoras. Hoje, o Grupo Contax conta com mais de 108 mil colaboradores,
possui faturamento superior a R$ 3,6 bilhões e realiza mais de 120 milhões de contatos por
mês.
Visão
NÓS FAZEMOS CLIENTES PARA TODA A VIDA.
Esta visão comprometida com o futuro traduz os esforços diários e contínuos da Companhia
no sentido de agregar valor aos negócios de seus clientes.
Missão
Ser a primeira escolha para construir relacionamentos entre empresas e pessoas, com o talento
e a motivação de seus colaboradores.
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Figura – 2 Histórico da Contax S/A
Fonte: http://www.grupocontax.com.
Entre os seus principais clientes estão empresas líderes no seguimento bancário, seguros,
telecomunicações, mídia, varejista e comércio eletrônico. Nas demais empresas do grupo
vemos a atuação dentro da gestão de TI e engenharia de interação de serviços com inovação
em inteligência em CRM (sistema de relacionamento e cadastro de clientes), bem como nas
promoções e vendas como marketing promocional e treinamento.
Figura – 3 Serviços para a cadeia de relacionamento
Fonte:http://www.grupocontax.com.
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4 ESTUDO DE CASO
Iniciamos o estudo de caso na empresa Contax S/A em uma de suas principais operações Oi
Móvel avaliando se seu resultado da taxa de ocupação apresentava desvios, com isso
poderíamos utilizar a metodologia DMAIC para mensurar e avaliar um diagnóstico em suas
etapas conforme dito por Campos (2003). Para a primeira etapa (D) precisamos entender o
indicador e o resultado que a empresa precisa chegar ao final do diagnostico. Entende-se
como Taxa de Ocupação (Tx.Ocup.) a relação entre o tempo falado do teleatendente pelo
tempo logado subtraindo deste último as pausas lanche e descanso. O gráfico abaixo mostra o
evolutivo da Tx. Ocup. nos meses de agosto de 2013 até março de 2014.
Gráfico – 1 Taxa de ocupação nos Finais de Semana
Fonte: Do Autor.
Identificamos que o indicador apresenta uma forte dispersão chegando a patamares inferiores
a 50%, ou seja, mais de 20 pontos percentuais (p.p) abaixo da meta estipulada pela
organização em 80%. Após essa análise preliminar e como primeira etapa do processo foram
avaliados se os dados seguem uma distribuição normal, ou seja, se estes dados podem ser
mesurados de acordo com a metodologia do controle do processo (CEP).
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Gráfico – 2 Distribuição Normal Taxa de Ocupação Oi Móvel
Fonte: Do Autor.
Na análise de distribuição dos dados não foram observadas desvios de comportamento
indicando que as informações seguem de forma normal e não sujeitos a causas especiais,
sendo assim estáveis e previsíveis. Além do comportamento normal o gráfico 3 indica que a
amostra não possui pontos fora do limite inferior e superior em sua carta de controle.
Esses dados foram apresentados ao corpo gerencial da empresa que após uma definição de
matriz de responsabilidades indicaram uma nova meta com o valor de 4 p.p acima do que a
empresa estava apresentando, neste caso o valor acumulado da Tx. Ocup. ponderado na Oi
Móvel estava em 72, 37%.
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Gráfico – 3 Carta de Controle do Processo
Fonte: Do Autor.
Utilizando a capacidade de processo conforme dito por WERKEMA (2001) como uma das
métricas do Seis Sigma para a melhor definição do problema observamos através do gráfico 4
que a capacidade está em 0,11 evidenciando um forte deslocamento da média fato este
associado a um acentuado desvio padrão de 1,16%. Ainda dentro das observações os dados
indicam que 37,50% da amostra estão fora da especificação o que correspondem a 375.000
mil erros por milhão e quando avaliados ao longo prazo esse valor reduz para 33.00023,
porém bem acima do normal.
O nível sigma do processo está em 1,82 e de acordo com Pande et al. (2001) o valor está em
um patamar muito baixo para uma escala de seis níveis mostrando que o indicador precisa de
um acompanhamento mais efetivo e de processos mais assertivos para melhorar seu nível
sigma, ou seja, para diminuir seu potencial de erro.
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Gráfico – 4 Capacidade do processo Inicial
Fonte: Do Autor.
Na Fase de Mensuração (M) iniciamos com a estratificação do problema ao detalharmos o
indicador de ocupação por produto. Dentro da operação Oi Móvel existem seguimentos os
quais são denominados de produtos.
Gráfico – 5 Taxa de Ocupação Visão Produto
Fonte: Do Autor
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Gráfico – 6 Taxa de Ocupação Visão Controle Consolidado
Fonte: Do Autor.
Os gráficos 5 e 6 mostram a diferença de percentual entre os produtos da Oi Móvel e
identifica o produto Controle Consolidado como o principal ofensor com uma grande
dispersão dos dados abaixo da meta. Quase 60% de seus resultados estão abaixo no 3º quartil
enquanto que os demais em grande parte estão em patamares superiores. Analisando
isoladamente o produto ofensor foi observado que desde Dezembro de 2013 o produto não
atingiu a meta estipulada da empresa.
Seguindo o proposto por WERKEMA (2001) em seus ciclo DMAIC incluindo as ferramentas
e por Pande et al. (2001) em seu modelo geral do DMAIC fizemos na etapa de análise (A) a
identificação das causas raízes do problema com uma análise de hipótese, através de um
Brainstorm onde tivemos 3 causas priorizadas. Utilizamos uma tabela para avaliarmos o
esforço e o impacto em cada causa levantada.
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Quadro – 4 Análise de Hipótese
Fonte: Do Autor.
Construímos um detalhamento com evidências e provas de cada hipótese estipulada dentro da
análise das causas raízes. As figuras abaixo evidenciam cada uma delas com os respectivos
comentários.
Figura – 4 Evidência da primeira causa
Fonte: Do Autor.
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Figura – 5 Prova da primeira causa
Fonte: Do Autor.
Figura – 6 Evidência da Segunda causa
Fonte: Do Autor.
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Figura – 7 Prova da Segunda causa
Fonte: Do Autor.
Figura – 8 Evidência da terceira causa
Fonte: Do Autor.
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Figura – 9 Prova da terceira causa
Fonte: Do Autor.
Após a identificação, mensuração e análise de toda a mostra com o detalhamento dos
ofensores e causas raízes. Seguimos com a metodologia DMAIC e implantamos ações para
normalização dos desvios a essa etapa do ciclo (I) Improve, ou seja, melhorar os processos. O
plano de ação foi baseado na análise de hipótese e tem como principal fator a definição de
responsáveis. De acordo com WERKEMA (2001) uma das ferramentas que pode ser aplicada
nesta etapa é o (5W2H), porém neste caso especifico não temos nenhum custo adiciona por
isso essa metodologia foi adaptada para apenas (5W).
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Quadro – 5 Plano de Ação (5w)
Fonte: Do Autor.
O plano foi elaborado em conjunto com os gestores da empresa tanto operacional quanto de
planejamento. As ações foram para um período máximo de três meses com resultados parciais
acompanhados através de reuniões semanais e envio de e-mails com os principais indicadores
do plano. Dentro da causa de não adesão ao dimensionamento foram utilizadas ferramentas
adicionais para calcular o NS de serviço de atendimento (indicador de qualidade) quando
avaliamos o dimensionamento e capacidade de atendimento (indicador de produtividade)
quanto avaliamos a transferência de operadores para outras operações. Todas as etapas do
plano foram concluídas e os resultados foram mensurados de forma consolidada.
Com o decorrer do plano de ação foram identificadas significativas melhorias no indicador
principal e nos correlacionados e neste momento foi implantado a última etapa do ciclo
DMAIC com o controle do processo (C). Segundo Campos (2003) essa etapa possibilita, após
a obtenção das melhorias, a manutenção do resultado e que este dever ser o novo padrão da
empresa. As figuras abaixo mostram o ganho de desempenho e a manutenção do indicador no
decorrer da aplicação do plano de ação. Neste caso para as causas raízes de adesão ao
dimensionamento e no desvio negativo de tráfego.
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Figura – 10 Taxa de Ocupação e Assertividade de Volume
Fonte: Do Autor.
Figura – 11 Evolução Adesão ao Dimensionamento
5 COMCLUSÃO
Após a utilização da metodologia Seis Sigma e a implantação do ciclo DMAIC a empresa
obteve excelentes resultados, principalmente, quando comparamos com a meta estipulada da
empresa. O gráfico abaixo mostra que o indicador de Tx. Ocup evoluiu em 12,49 p.p.
chegando a 84,86% em detrimento aos 72,37% no inicio da implantação.
Fonte: Do Autor
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Gráfico – 5 Capacidade do processo Após Metodologia
Fonte: Do Autor.
Também foi observado um crescimento da capacidade do processo agora em 1,12 antes
tínhamos um mapeamento de 0,11 o que mostra que as ações do plano surtiram efeito. Ao
avaliarmos o nível Sigma do processo a evolução foi ainda mais eficaz saindo de um patamar
de 1,2 para um nível de 5,87. Fazendo a correspondência para erro por milhão reduzimos o
potencial de erro para 1.300 erros enquanto na análise inicial eram praticados 375.000 erros.
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