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Energia e Mitos Econômicos1

Nicholas Georgescu-Roegen

Tradução Resumida deAndré G. Ghirardi

Maio de 1995

1Tradução resumida do Capítulo I de Energy and Economic Myths, de Nicholas Georgescu-Roegen, Pergamon Press, Elmsford, NY, 1976.

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Tradução Resumida de Energy and Economic Myths

I. Introdução

Os economistas têm se mantido apegados à epistemologia mecanicista que dominou o pensamento à época dos fundadores da escola neoclássica. Como evidência disso pode-se lembrar a ambição dos primeiros neoclássicos em construir uma ciência econômica à luz do modelo da mecânica ou, nas palavras de Jevons “a mecânica da utilidade e do interesse próprio”. [1]

Os economistas, assim como a grande maioria dos estudiosos e filósofos da época estavam fascinados pelo sucesso das aplicações da mecânica em astronomia e aceitavam a “apoteose mecânica” de Laplace como o que havia de definitivo em conhecimento científico.[2]

Em vista das condições reinantes, os economistas da época tinham razão para estarem seduzidos pelo pensamento mecanicista. O fascínio do modelo mecanicista é justificável: ser capaz de deduzir analiticamente e com precisão qual a condição futura dos mercados, ou de determinados produtos e preços.

Esta mesma razão não pode ser alegada pelos economistas contemporâneos que continuam a realizar seus estudos com base nos princípios propostos pelos pioneiros da área, muito depois do dogma mecanicista ter sido banido da própria física.[3,4]

A principal consequência deste apego ao modelo mecanicista (e portanto mais danosa), é a visão (concepção) do processo econômico como um análogo mecânico, consistindo de um princípio de conservação (transformação) e uma regra de maximização.

Dentro desta visão, a regra geral é a completa reversibilidade. Os “ciclos” econômicos se sucedem. O fundamento da teoria de equilíbrio é que se alguma causa altera as propensões de oferta e demanda, a economia retornará a sua condição anterior, assim que cessar a ação desta causa. A reversibilidade completa é a regra geral, assim como na mecânica. Embora alguns economistas tenham tenham insistido em dizer que o processo econômico se caracteriza pela irreversibilidade (e.g., Marshall, Alfred - Principles of Economics, 8th ed., London, Mcmillan), esta visão foi sempre relegada a segundo plano. De nada adianta alegar como fazem alguns [5] que a análise de equilíbrio sempre levou em consideração o feedback negativo. Os únicos feedbacks na teoria tradicional são aqueles responsáveis pela manutenção do equilíbrio, e não de uma transformação evolutiva.

O melhor exemplo da base epistemológica mecanicista da economia é o diagrama presente em quase todos os textos introdutórios, no qual se representa o processo econômico como um fluxo circular auto-sustentável entre “produção” e “consumo”. No entanto, o ponto crucial é que o processo econômico não é isolado e tampouco auto-sustentável. O próprio dinheiro circulante ou moedas de ouro se desgastam com o tempo e precisam ser substituídas.

Um princípio fundamental que domina a orientação de economistas (neoclássicos ou marxistas) é o que foi claramente enunciado por Pigou; “num estado estacionário os fatores de produção são estoques, de quantidades fixas, dos quais emerge um fluxo contínuo, e também fixo, renda real.”[6] Ambas as escolas compartilham a idéia

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pigouviana de um estado [estacionário] de equilíbrio (steady state) no qual um fluxo material emerge de uma fonte invariável.

Nesta idéia reside a semente de um mito econômcio que é atualmente apregoado por alguns economistas e ecologistas. É o mito de que um mundo estacionário, crescimento populacional zero, porá um fim ao conflito ecológico da humanidade. O mito do moto perpétuo de segunda espécie, segundo o qual poderíamos reusar ciclicamente a mesma energia, permanece vivo sob uma variedade de disfarces.

Outro mito, segundo o qual a humanidade será sempre capaz de descobrir e controlar novas fontes de energia, também é defendido por alguns [7]. A idéia subjacente é de que se, por um lado, o indivíduo humano é mortal, a espécie humana é imortal. Aparentemente ignoram o veredito de uma autoridade em biologia como J.B.S. Haldane de que o destino mais provável da humanidade é o mesmo de tantas outras espécies: a extinção.

Em resumo, uma simples análise da função da energia na vida humana pode ajudar a compor uma visão geral dos problemas ecológicos [aqui usado como sinônimo de ambiental], e chegar a algumas conclusões relevantes.

II. Mecânica versus Termodinâmica

[A mecânica se baseia nos conceitos ] de massa, velocidade, e posição, dos quais derivam os conceitos de energia potencial e cinética. A constância da energia mecânica total (cinética mais potencial) e a constância de massa são os primeiros princípios de conservação reconhecidos pela ciência.

Alguns economistas, entre eles Marshall [8] tiveram o cuidado de observar que o ser humano não pode criar matéria nem energia. No entanto, parece que, ao fazer esta afirmação, eles tinham em mente apenas os princípios mecânicos de conservação já que, logo a seguir, afirmavam que, apesar disso, o ser humano pode produzir utilidade ao mover ou rearrumar a matéria. Esta afirmação ignora uma questão fundamental: como fazer esta movimentação ou rearranjo? No plano de fenômenos mecânicos, toda energia mecânica que entra num processo deve sair na mesma quantidade e qualidade.

Equiparar o processo econômico a um análogo mecânico implica, portanto, no mito de que os ciclos econômicos não afetam de nenhuma forma o seu meio ambiente de matéria e energia. A conclusão óbvia é que é desnecessário incluir o ambiente na formulação analítica do processo.

Os fenômenos reais movem-se em uma direção definida e implicam numa mudança qualitativa. Esta é a lição da termodinâmica. A termodinâmica nasceu do trabalho de um engenheiro francês Sadi Carnot, sobre a eficiência de motores térmicos. Uma de suas primeiras revelações foi que só podemos utilizar uma forma particular de energia. A energia foi então dividida em energia livre ou disponível, que pode produzir trabalho, e energia indisponível, que não pode produzir trabalho. Esta distinção está intimamente ligada ao conceito de entropia.

Para nossos objetivos imediatos, podemos definir entropia simplesmente como um índice da quantidade de energia indisponível num sistema num dado momento.

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A Primeira Lei da Termodinâmica (conservação de energia) é formalmente idêntica à de conservação de energia mecânica, mencionada anteriormente. Esta lei não leva em conta a distinção entre energia disponível e indisponível.

A oposição irredutível entre mecânica e termodinâmica se encontra na Segunda Lei, ou Lei da Entropia. Sua mais antiga formulação é também a mais acessível ao não-especialista: “o calor flui espontaneamente do corpo mais quente para o corpo mais frio, nunca ao contrário”. Outra formulação equivalente, embora mais sofisticada, é que a entropia de um sistema fechado aumenta continuamente (e inexoravelmente) até um máximo, ou seja, a energia disponível está sendo continuamente transformada em energia indisponível, até esgotar-se completamente [sistema fechado é o que não troca energia nem matéria com seu ambiente. A constância de energia-matéria em si não garante o aumento de entropia, já que pode haver trocas com o ambiente].

Em linhas gerais a proposição é simples: todos os tipos de energia se transformam gradualmente em calor, e o calor se dissipa até tornar-se inútil. Nenhum motor térmico pode produzir trabalho se não houver diferença de temperatura entre a caldeira e o resfriador. Para ser disponível a energia tem que estar desigualmente distribuída; a energia completamente dissipada não é mais disponível.

A entropia pode ser vista também como um índice de desordem (ou dissipação) não só de energia mas também de matéria. A Lei da Entropia afirma que, assim como a energia, a matéria também está sujeita a uma dissipação inexorável. O fim do universo será, portanto, o caos.

III. A Lei de Entropia e a Economia

A Lei da Entropia é a única dentre as leis naturais que reconhece que mesmo o universo material está sujeito a uma mudança qualitativa irreversível, a um processo evolutivo.(Rudolf Clausius forjou “entropia” a partir de uma palavra grega que significa ‘transformação”, “evolução” [9]). Mostraremos a seguir que o processo econômico é também governado pela Lei da Entropia. O processo econômico, assim como todo processo de vida, é irreversível (inexoravelmente) e, portanto, não pode ser explicado tão somente em termos mecânicos. A Lei da entropia reconhece a diferença qualitativa entre os insumos de recursos valiosos (baixa entropia) e os produtos finais de dejetos sem valor (alta entropia).

É importante reconhecer que a lei de entropia é a única lei natural que não faz previsões quantitativas. Não especifica a dimensão do aumento de entropia num momento futuro, ou qual será o padrão entrópico resultante. Há uma indeterminação entrópica.

O ponto mais relevante para o estudo de economia é saber que a lei de entropia é a raiz da escassez econômica. Não fosse por esta lei, poderímos usar indefinidamente a energia de um pedaço de carvão, transformando-a em calor, o calor em trabalho, o trabalho novamente em calor, e assim por diante. Neste mundo imaginário, puramente mecânico, não haveria verdadeira escassez de energia e materiais. Uma população que ocupasse todo o espaço do globo poderia viver indefinidamente. Um aumento em renda real per capita seria compensado por um aumento na velocidade do uso (como na circulação de moeda) e em parte por mais mineração. Não haveria razão para conflito.

No contexto da entropia, toda ação de um ser humano ou outro organismo, qualquer processo natural, produz necessariamente um deficit para todo o sistema. Enquanto

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os recursos naturais forem abundantes, podemos desconsiderar esta perda adicional a cada passo.

IV. Energia Acessível e Matéria Acessível

Nem toda energia disponível em qualquer forma ou lugar pode realmente ser usada. Ela deve também ser acessível. A energia solar e seus sub-produtos são acessíveis a custo zero, sem consumo de energia disponível. Em todos os outros casos temos que dispender trabalho e materiais para dispor da energia disponível.

Eficiência econômica implica em eficiência de energia, mas a recíproca não é verdadeira.

Economistas insistem em afirmar que recursos só podem ser adequadamente medidos em termos econômicos e não físicos. Esta afirmação reflete o mito de que o mecanismo de preço pode superar qualquer desabastecimento, seja de terra, energia, ou materiais. No entanto, como revelou Carnot, em cada situação há um limite teórico, independente do estado da arte, que nunca pode ser atingido na realidade. Em geral ficamos bem abaixo dele.

Acessibilidade reflete o fato de que embora a terra esteja em meio a um grande reservatório de energia disponível, apenas uma fração infinitesimal está acessível ao ser humano. Mesmo viajando à velocidade da luz, uma viagem de exploração ao sol mais próximo fora do sistema solar, em busca de planetas semelhantes à terra levaria nove anos [refazer cálculos].

Nossa natureza biológica impõe limites ainda mais restritivos. Não podemos sobreviver a temperaturas extremas (altas ou baixas) ou quando expostos a certo tipo de radiação [ou na ausência de atmosfera]. É por isso que a mineração e o uso de combustíveis nucleares são controvertidos.

Há também limites físicos. Apenas uma pequena fração da imensa radiação solar chega à terra. Não podemos controlar a energia de relâmpagos. O uso pacífico de energia termonuclear também se depara com um obstáculo físico: a fusão do deutério requer a temperatura de 0,2 bilhões de graus Farenheit, uma ordem de grandeza mais quente do que o interior do sol. [verificar temperaturas] A dificuldade diz respeito ao material para a câmara de reação. [o material não pode tocar as paredes; fica suspenso por um campo magnético].

Considerações semelhantes mostram que há também uma quantidade finita de matéria acessível de baixa entropia. No entanto, para a discussão do problema ambiental, é importante tratar os dois casos [energia e matéria] separadamente. Primeiro: a despeito da equivalência de massa e energia de Einstein, só podemos converter energia em matéria em escala atômica e, mesmo assim, só para alguns elementos especiais. Por exemplo, não podemos produzir uma placa de cobre simplesmente a partir de energia. Segundo: nenhuma macroestrutura material cuja entropia seja menor que a de seu meio pode durar para sempre em sua forma original. O conceito final é que a Terra é um sistema termodinâmico aberto somente no que diz respeito a energia. Os meteoritos, embora em quantidade considerável, já chegam a nós dissipados. O resultado é que podemos contar somente com os recursos minerais que são exauríveis e insubstituíveis. Autoridades em geologia desmentem a idéia de que os oceanos seriam uma fonte inesgotável de minerais.

A única forma de usar energia em lugar de baixa entropia material é através de manipulações físico-químicas. Podemos usar quantidades cada vez maiores de

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energia disponível para extrair cobre de minérios cada vez mais pobres e mais profundos.

A reciclagem não pode ser completa. Nenhum processo pode recompor as moléculas de uma moeda desgastada.

V. Resíduos Descartáveis

Para uma escola de pensamento econômico que ignora os insumos de recursos naturais, é natural que não se preste atenção à geração de resíduos. Assim sendo, os resíduos, assim como os recursos naturais, não são representados nas formas mais usuais de função de produção. Dada a natureza entrópica do processo econômico, os resíduos são um produto tão inevitável quanto os insumos de recursos naturais. Os economistas acreditam, no entanto, que se os preços forem justos, não haverá poluição [várias citações de exemplos; ver também Krutilla e Fisher]

Resíduos [dejetos] são um fenômeno físico geralmente nocivo, direta ou indiretamente, a alguma forma de vida. A maior parte dos resíduos indesejáveis (lixo, cadáveres, excrementos) é naturalmente reduzida pelos processos naturais, requerendo apenas algum espaço onde possam ficar isolados até que a redução se complete. Podem causar problemas de higiene, mas não causam danos permanentes ou irreversíveis ao ambiente.

Outros resíduos são descartáveis apenas no sentido de que podem ser convertidos a formas menos nocivas (e.g. CO, SOx). Outros, como lixo nuclear, não podem ser reduzidos, e podem causar danos irreparáveis ao ambiente.

Neste caso, como na acumulação de qualquer outro tipo de detrito, desde latas velhas até calor rejeitado, a dificuldade existe em função da limitação do espaço físico disponível. Esta limitação torna ainda mais perigosos os resíduos que persistem por longo tempo, especialmente os que são absolutamente irredutíveis.

Aparentemente nós acreditamos que, para nos livrarmos da poluição, temos apenas que fazer as mesmas coisas de forma diferente. A verdade é que, assim como reciclagem, o processamento de resíduos tem um custo em termos de energia. Além disso, à medida que aumenta a porcentagem de redução de poluição, o custo aumenta mais que proporcionalmente. Pensar que a humanidade pode construir a um dado custo um novo meio-ambiente talhado para suas necessidades é ignorar completamente que a essência do custo reside na baixa entropia, não na moeda corrente, e está sujeito às limitações impostas pelas leis naturais.

Freqüentemente ouve-se argumentos fundados na crença numa atividade industrial não-poluente. Esta é um mito tão inebriante quanto o da durabilidade perene. A verdade é que, a despeito de nossos esforços, o acúmulo de poluição poderia, sob certas condições, desencadear a primeira [??] série crise ecológica. O que vivemos hoje é somente uma clara premonição de uma tendência que pode se tornar ainda mais acentuada no futuro.

VI. Mitos sobre o Problema Entrópico da Humanidade

São poucos os que hoje em dia professam abertamente a crença na imortalidade da espécie humana. Há os que preferem não excuir esta possibilidade buscando, para tanto, desqualificar qualquer fato que pudesse limitar a vida humana. A idéia que parece atrair mais adesões é a de que temos um dote entrópico praticamente

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inesgotável, essencialmente por causa da habilidade, inerente ao ser humano, de derrotar a natureza.

Para começar, existe o argumento simples segundo o qual as leis em que se apoia a idéia de finitude dos recursos naturais serão refutadas, da mesma forma que já o foram outras leis naturais. O problema deste argumento [de cunho histórico] é que a história mostra com força ainda maior que, primeiro, num espaço finito pode existir apenas uma quantidade finita de baixa entropia e, segundo, que a baixa entropia se dissipa contínua e inevitavelmente. A impossibilidade do moto perpétuo (de ambos os tipos) parece tão firmemente ancorado na história quanto a lei de gravitação. [ver moto perpétuo]

[A terminologia de alta e baixa entropia apresenta um problema de referência, já que a entropia de um sistema só é alta ou baixa em relação à de outro sistema]

Argumentos mais sofisticados foram apresentados pela representação estatística dos fenômenos termodinâmicos. Segundo esta interpretação, a reversibilidade de alta entropia para baixa não é uma impossibilidade, mas apenas um evento altamente improvável. Dado que o evento é possível, poderíamos encontrar maneiras engenhosas de torná-lo mais freqüente. O argumento apenas traz á tona as irredutíveis falácias e contradições embutidas na interpretação estatística pelos idólatras da mecânica. Ocasionalmente alguém sussurra a esperança, já manifestada por alguém do porte de von Neuman que, em dado tempo, encontraremos um modo de fazer da energia um bem gratuito [infinitamente disponível], tal como o ar.[10] Outros imaginam um ‘catalisador’ capaz de decompor, por exemplo, água do mar em oxigênio e hidrogênio, cuja combustão forneceria tanta energia quanto quiséssemos. Este catalisador miraculoso implicaria num ‘sumiço” de entropia, já que a entropia da água é maior que a do oxigênio e hidrogênio após a recomposição.

Infelizmente, esta ilusão é também alimentada por especialistas em energia nuclear que apresentam os reatores “produtores” (breeder reactor) como “produzindo mais energia do que consomem”. A verdade é que o reator breeder é o mesmo que uma fábrica que produz martelos pelo uso de outros martelos. Tudo está sujeito à segunda lei.

Em defesa da visão tradicional do processo econômico, os economistas também apresentam seus argumentos. Pode-se, primeiramente, mencionar o argumento segundo oqual “a noção de um limite absoluto à disponibilidade de recursos naturais é indefensável dado que a definição de recursos muda de forma drástica e imprevisível...pode ser que exista um limite, mas este não pode ser definido ou especificado em termos econômicos”[referências]. O sofisma destes argumentos é flagrante. É claro que não se pode dizer exatamente quanto carvão, por exemplo, é acessível. Tradicionalmente as estimativas de recursos naturais têm se mostrado acanhadas. Estes [e outros] argumentos ignoram as questões de acessibilidade e disponibilidade. Todos os recursos naturais, em conjunto, são finitos, e esta verdade não será alterada por qualquer mudança de taxonomia.

A tese favorita dos economistas (marxistas ou neoclássicos) diz que a tecnologia é sem limites [11, 12, 13, 14, 15, 16]. Seremos sempre capazes de encontrar um substituto para um recurso escasso, cmo também poderemos sempre aumentar a produtividade de qualquer tipo de energia ou material. Esta é uma forma grosseira de pensamento linear. Recentemente alguns economistas apresentaram a teoria de que a tecnologia progride exponencialmente [17, 18, 19]. A justificativa aparente é de que uma inovação (ou progresso) tecnológica induz outras. Isto é verdade, mas não

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tem o mesmo efeito cumulativo do crescimento demográfico. Ainda que a tecnologia contonue a progredir, isto não implica que ela exceda um dado limite; uma sequência crescente pode ter um limite superior. No caso da tecnologia, este limite é estabelecido pelo coeficiente teórico de eficiência. Se o progresso fosse exponencial, o insumo i por unidade de produto ao longo do tempo seguiria a forma i=i0(1+r)-t , aproximando-se constantemente de zero. No limite a produção se tornaria incorpórea.

Finalmente, existe a falácia da substituição sem fim. É verdade que existem apenas alguns poucos elementos “vitamínicos” que desempenham uma função absolutamente específica, como é o caso do fósforo nos organismos vivos. Por outro lado, o alumínio substituiu o ferro e o cobre em várias aplicações. Não obstante, a substituição dentro de um estoque finito de baixa entropia acessível, cuja irrevogável deterioração é acelerada pelo uso, não pode prosseguir indefinidamente.

Sob o ponto de vista ambiental, é essencial entender as formas típicas em que o progresso tecnológico pode ocorrer. Um primeiro grupo é o das “ inovações de economia”, que produzem uma economia líquida de baixa entropia, seja através de uma combustão mais completa, pela redução de atrito, pelo uso de materiais menos intensivos em energia, e assim por diante. Incluem-se neste grupo as descobertas que levam ao uso de novos tipos de baixa entropia. Um segundo grupo consiste das “inovações de substituição”, que simplesmente sustituem energia físico-química em lugar de energia humana. Finalmente há as “inovações de espectro”, que produzem novos bens de consumo.

A história econômica confirma um fato elementar, ou seja, que os grandes saltos em progresso tecnológico foram desencadeados pela descoberta de um modo para fazer uso de um novo tipo de energia disponível. Por outro lado, um grande passo em progresso tecnológico não pode se materializar sem que a inovação seja sucedida por uma grande expansão mineralógica. Por exemplo, um aumento substancial na eficiência do uso de gasolina pouco representa se comparado a um grande incremento no estoque dos campos mais ricos em petróleo. Este é o tipo de expansão que ocorreu durante os últimos cem anos. Descobrimos petróleo, e novas reservas de carvão, e novos depósitos de gás numa proporção muito maior do que se poderia usar durante o mesmo período. Esta fartura em si foi suficiente para reduzir o custo de trazer à superfície os minerais in situ. A existência das energias minerais mais baratas levaram, através de inovações por substituição, à redução da proporção de trabalho no produto final. O capital também evoluiu para formas de menor custo e mais intensivas em energia para produzir o mesmo resultado. O que ocorreu durante este período foi uma modificação da estrutura de custos, com o aumento dos fatores de fluxo,e uma redução dos fatores de fundo [rever terminologia] (para distinções destes termos ver capítulos 5 e 4 deste livro e Lei da Entropia e o Processo Econômico). Pela simples análise da variação relativa dos fatores de fundo durante um período de excepcional fartura mineral, não podemos provar que o custo unitário sempre seguirá uma tendência decrescente, ou que o contínuo progresso tecnológico torna os recursos praticamente inesgotáveis. [do rodapé 38] Os que não compreendem o quanto é excepcional, e mesmo anormal este interlúdio (Journal of Economic Literature, June 1972, pp.459f.), ignoram que a mineração de carvão começou há oitocentos anos e que, embora pareça incrível, metade da quantidade minerada foi extraída durante os últimos trinta anos. Metade da produção total na história do petróleo foi obtida nos últimos dez anos.

Não há dúvidas de que as teses examinadas nesta seção se apoiam nas raízes profundas da crença na imortalidade da humanidade. Nada pode alterar o fato de que, segundo a lei básica da termodinâmica, a dotação física da humanidade é finita.

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Devemos lembrar que a evolução não é feita de repetições lineares embora, durante períodos curtos, possa parecer assim.

Grande parte da confusão reinante sobre problemas ambientais se deve à ignorância ou pouco entendimento da natureza puramente entrópica dos acontecimentos. A ONU em sua Declaração sobre o Ambiente Humano, repetidamente convoca todos a “melhorar o ambiente”, num apelo que contém a falácia de que o ser humano pode reverter a marcha da entropia. O máximo que podemos fazer é evitar exaustão desnecessária de recursos ou a deterioração desnecessária do ambiente e, mesmo assim, sem saber exatamente o que significa “desnecessário” neste contexto.

VII. Crescimento: Mitos, Polêmicas e Fatos

As controvérsias em torno de crescimento se devem em grande parte aos vários significados que se atribuem ao tema. Uma confusão, sobre a qual Joseph Schumpeter advertiu insistentemente, é a que existe entre crescimento e desenvolvimento. Há crescimento quando somente a produção per capita dos tipos existentes de produtos cresce, o que naturalmente implica na crescente exaustão dos recursos acessíveis. Desenvolvimento implica na introdução de qualquer uma das modalidades de inovação mencionadas na seção anterior. No passado, o desenvolvimento foi, em geral, indutor de crescimento, e o crescimento ocorreu apenas em associação ao desenvolvimento. O resultado disso foi uma peculiar combinação dialética conhecida como “crescimento”, mas para a qual poderíamos reservar um outro rótulo, a saber, “crescimento econômico”.

É importante enfatizar que crescimento econômco é um estado dinâmico. São enganosos os ensinamentos de economia tradicional que mostram crescimento econômico apenas como dependendo apenas da decisão de consumir uma fração maior ou menor da produção num dado momento [faz referências]. A despeito dos excelentes modelos matemáticos desenvolvidos por Arrow-Debreu-Hahn, nem todos os fatores de produção (inclusive bens em processamento) podem servir diretamente como bens de consumo. Somente nas sociedades agrícolas primitivas seria verdadeiro que a decisão de poupar milho da atual colheita aumentaria a colheita média do próximo ano [obscuro, esclarecer]. Outras economias estão crescendo hoje porque cresceram ontem, e crescerão amanhã porque estão crescendo hoje.

As raízes do crescimento econômico estão profundamente imbricadas na natureza humana. É em virtude dos instintos Veblenianos de que são dotados os humanos, industriosidade e curiosidade inatas, que uma inovação leva a outra, gerando o desenvolvimento. Associada ao apetite humano por conforto e aparelhos, toda inovação leva ao crescimento. Certamente o desenvolvimento não é um aspecto inevitável da história; depende de vários fatores e também de acidentes, o que explica porque o passado da raça humana consiste principalmente de longos períodos de estados quase-estacionários e porque a efervescência da era atual representa uma pequena exceção. [nota 38, incluída acima].

Do ponto de vista puramente lógico não existe uma associação obrigatória entre crescimento e desenvolvimento; é concebível o desenvolvimento sem crescimento. Devido à falta de atenção às diferenças entre estes dois conceitos, os ambientalistas foram acusados de serem contra o desenvolvimento. Na realidade, a verdadeira posição ambiental deve se concentrar na taxa total de exaustão de recursos (e a decorrente taxa de poluição) [idéia que decorre daqui: qual é a taxa de entropização associada a uma taxa de crescimento de pib? ou seja, qual é a taxa total de exaustão

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mundial de recursos a que se refere GR? o custo total deveria incluir um “royalty de entropia”].

Alguns economistas fizeram tentativas de mesclar ecologia e economia [20,21,22, e GR]. Embora a exaustão de recursos também venha acontecendo com intensidade crescente o tempo todo, consiste usualmente de um fenômeno de volume, abaixo da superfície da terra, onde ninguém pode ver. A poluição, por outro lado, é um fenômeno de superfície, cuja existência não pode ser ignorada, muito menos negada. Os economistas que reagiram ao problema, procuraram, em geral, tornar mais arraigada a posição da racionalidade econômica, propondo que a existência de um mecanismo de preços apropriado poderia por fim a todos os problemas ecológicos [ambientais].

Os economistas foram extremamente críticos de Limits to Growth. Observe-se que, primeiro, os economistas tem insistido, particularmente durante os últimos trinta anos, que somente os modelos matemáticos podem servir aos propósitos maiores da ciência. Com o advento [e popularização] do computador, o uso de modelos econométricos e de simulação tornou-se rotina amplamente difundida. A falácia dos modelos aritmomorfos como instrumentos para prever a marcha da história tem sido ocasionalmente denunciada com base em argumentos técnicos [em particular capítulos 12 e 10 deste livro], mas tudo em vão. Segundo, que a agregação sempre foi reconhecida como um processo mutilante mas necessário em macroeconomia, que desta forma ignora a estrutura. No entanto, economistas criticaram Limits por ser um modelo agregativo. Terceiro, um artigo comum da fé econômica , conhecido como princípio da aceleração, é que o produto é proporcional ao estoque de capital. Assim mesmo criticaram Limits por assumir que a mesma proporcionalidade vale para poluição, que também é um produto. Quarto, o complexo de preços não impediu que economistas desenvolvessem e usassem modelos cujos princípios não contém preços explicitamente, como os modelos de Leontieff estáticos e dinâmicos, o modelo Harrod-Domar, e o modelo Solow, para citar os mais famosos. Mesmo assim os economistas criticaram Limits por não incluir preços.

O último e mais importante ponto é que, salvo raras exceções, os economistas tem sofrido de mania de crescimento. Sistemas e planos econômicos são avaliados principalmente em função de sua habilidade de manter (sustentar) crescimento econômico. A própria teoria de desenvolvimento econômico está solidamente ancorada em modelos de crescimento exponencial.

VIII. Regime Estacionário (Steady-State): Miragem Tópica

Malthus foi criticado por assumir que a população cresce segundo relações matemáticas simples. Seu verdadeiro erro, que aparentemente permanece velado, foi a hipótese implícita que a população pode crescer além de qualquer limite em número e tempo, contanto que não cresça rápido demais. Um erro semelhante foi cometido pelos autores de Limits to Growth que, como Malthus, voltaram-se exclusivamente a provar a impossibilidade do crescimento. Foram iludidos por um silogismo simples e bastante difundido: já que o crescimento exponencial num mundo finito leva a todo tipo de desastre ecológico, a salvação reside no regime estacionário [várias referências]. Herman Daly alega que o “steady-state e’, portanto, uma necessidade”.[23]

Esta visão de um mundo sereno em que tanto população como estoque de capital permanecem constantes, já apresentado habilmente por John Stuart Mill [referência], estava esquecida até há pouco. Em vista da ressurreição deste mito de salvação ecológica [ambiental], convém apontar seus defeitos lógicos e fatuais. O erro crucial

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consiste em não ver que não só o crescimento, mas também um estado de crescimento-zero, mais ainda, mesmo um estado declinante que não convirja para aniquilação total não pode existir indefinidamente num ambiente finito. O erro talvez tenha origem na confusão entre estoque finito e taxa de fluxo finita [referências]. Contrariamente ao que dizem alguns proponentes do regime estacionário, este estado não ocupa uma posição privilegiada frente às leis físicas [Daly, op.cit.]

Os proponentes do regime estacionário devem admitir que um tal estado só pode ter uma duração finita. Ou então devem explicar como uma economia estacionária por longo tempo chega a um fim abrupto.

Aparentemente os defensores do regime estacionário consideram-no equivalente ao regime estacionário termodinâmico aberto, que consiste de um sistema que mantém sua estrutura entrópica constante por meio de trocas de matéria com seu ambiente.

Sem dúvida o crecimento atual deve cessar, ou melhor, ser revertido. Mas pensar que se pode fazer um plano para a salvação ecológica da humanidade é ignorar a natureza da evolução e da história, que é a da luta permanente em formas continuamente novas, e não a de um processo físico-químico previsível e controlável, tal como ferver água ou lançar um foguete.

IX. Um Pouco de Bioeconomia Básica

Exceto por alguma exceções insignificantes [??], todas as espécies, fora a humana, usam somente instrumentos endossomáticos - assim denominados por Alfred Lotka - que fazem parte do indivíduo desde nascença. Somente o ser humano conseguiu, em dado tempo, transcender seus limites biológicos e incluir o uso de instrumentos exossomáticos, ou seja, produzidos pelo homem, mas que não fazem parte de seu corpo.

A evolução exossomática causou duas mudanças fundamentais e irrevogáveis. A primeira é o conflito social irredutível que caracteriza a espécie humana [referência a outros GR]. Existem outras espécies que vivem em sociedade e que não padecem deste conflito. A razão é que suas “classes sociais”correspondem a claras divisões biológicas. Assim sendo, a matança periódica de grande parte do enxame é uma ação natural e biológica das abelhas, e não uma guerra civil. A segunda mudança é o vício (dependência) do ser humano com relação a tais instrumentos exossomáticos. É por causa desta dependência que a sobrevivência humana apresenta um problema inteiramente diferente do das outras espécies; não é biológico nem econômico. É bioeconômico. Seus contornos gerais dependem nas múltiplas assimetrias que cercam as três fontes de baixa entropia, que constituem a dotação humana: a energia livre (gratuita) recebida do sol, e a energia livre e as estruturas materiais organizadas acumuladas nas entranhas da terra.

A primeira assimetria diz respeito ao fato de que o componente terrestre é um estoque, enquanto o solar é um fluxo. Esta diferença deve ser bem compreendida. Carvão in situ é um estoque porque podemos tanto usá-lo todo hoje, como durante séculos. Mas de nenhuma maneira podemos usar hoje uma parte do fluxo futuro de radiação solar. Além disso, o fluxo desta radiação está fora de nosso controle, sendo completamente determinado por condições cosmológicas, inclusive o tamanho da terra. Uma geração, faça o que fizer, não pode alterar a parcela de radiação solar de nenhuma geração futura [??]. O oposto vale para os dotes terrestres, devido à prioridade do presente sobre o futuro e a irrevocabilidade da degradação entrópica. A parcela atual depende de quanto foi consumido pelas gerações passadas.

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Segundo, dado que não existe nenhum procedimento prático disponível para transformar energia em matéria, a baixa entropia material acessível é, de longe, o elemento mais crítico do ponto de vista bioeconômico.

Terceiro, há uma diferença astronômica entre a dimensão do fluxo de energia solar e o tamanho dos estoques terrestres de energia livre. Ao custo de uma redução de massa de 131 x 1012 tons, o sol irradia anualmente 1013 Q, sendo cada Q (quad) igual a 1018 BTU. Deste fluxo fantástico apenas uns 5300 Q são interceptados no limite da atmosafera terrestre, sendo aproximadamente metade deste fluxo refletido de volta ao espaço. Dentro de nossa escala, mesmo esta quantidade é fantástica, já que o consumo total de energia no mundo é hoje da ordem de 0,2 Q por ano [rever números atuais]. Da energia que chega à superfície, a fotossíntese absorve somente 1,2 Q. Das quedas d’água poderíamos obter no máximo 0,08 Q, sendo que no momento usamos aproximadamente um décimo deste potencial. Considere também que o sol continuará a brilhar com praticamente a mesma intensidade por outros cinco bilhões de anos. Sem dúvida espécie humana não sobreviverá para se beneficiar desta abundância.

Passando à dotação terrestre, vemos que, segundo as melhores estimativas, a dotação original de combustíveis fósseis era de somente 215 Q. As reservas recuperáveis (conhecidas e prováveis) equivalem a 200Q. Estas reservas equivalem portanto a somente duas semanas de luz solar sobre o globo. Se sua exaustão continuar a crescer às taxas atuais, estas reservas poderão sustentar a atividade industrial humana por apenas mais algumas décadas.[ilustrar com números]. Mesmo as reservas de urânio-235 não durarão muito mais se usadas nos reatores normais. A esperança são os breeder-reactors que, com a ajuda do U-235, pode extrair energia dos elementos férteis mas não físseis, U-238 e Th-232. Alguns especialistas alegam que estas fontes são virtualmente inesgotáveis [24]. Segundo Hammond e Weinberger, se fosse triturado todo este material, poderíamos obter combustível sufucuente para 32.000 breeder-reactors distribuídos por 4.000 parques em alto mar, capazes de suprir uma população de vinte bilhões por milhões de anos, usando duas vezes mais energia per capita do que o nível atual nos EUA. Este plano grandioso é um exemplo típico de pensamento linear, segundo o qual, tudo o que se precisa para suprir uma população de vinte bilhões ou mais é aumentar todos os suprimentos proporcionalmente. Não que os autores neguem a existência de questões não-técnicas; eles apenas as mantêm cuidadosamente sem destaque. A questão mais importante, isto e’, se podemos atingir uma organização social compatível com a densidade populacional e com a manipulação nuclear em grande escala é posta de lado por Weinberg como sendo “transcientífica”.[25]

Os profissionais responsáveis admitem abertamente que mesmo um único breeder ainda representa grandes riscos de catástrofe nuclear, e que o problema de transporte e armazenamento de combustíveis nucleares não estão resolvidos, mesmo para uma escala de operação moderada.

Resta ainda o sonho maior dos físicos: a reação termonuclear controlada. Um verdadeiro breakthrough teria que vir da reação deutério-deutério, a única que poderia abrir um reservatório formidável de energia por longo tempo. Devido às dificuldades já mencionadas, os especialistas alimentam poucas esperanças.

Para completar pode-se mencionar a energia geotérmica e das marés que, embora considerável (0,1 Q por ano), só pode ser aproveitada em situações muito particulares.

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O quadro geral é claro. As energias terrestres com que podemos efetivamente contar existem em quantidades pequenas, enquanto que o uso das que existem em maior quantidade está cercado de grandes riscos e obstáculos técnicos formidáveis. Por outro lado, há uma imensa energia solar que chega a nós sem falta. Seu uso direto ainda não é praticado em escala significativa, pela razão que as alternativas são no momento muito mais eficientes economicamente. No entanto vários resultados promissores tem sido obtidos. Do ponto de vista bioeconômico o que importa é que a viabilidade do uso direto da energia solar não está condicionada por grandes riscos ou dúvidas; é um fato provado.

A conclusão é que a dotação entrópica da humanidade apresenta um importante diferencial de escassez. Considerando o muito-longo prazo, a energia livre terrestre é muito mais escassa do que a recebida do sol. Este ponto traz a público a insensatez dos que se vangloriam de obter proteínas a partir de combustíveis fósseis. A sensatez sugere que se vá na diração oposta, convertendo matéria vegetal em hidrocarbonetos, uma linha natural óbvia que vem sendo explorada por muitos pesquisadores [26]

Quarto, do ponto de vista de utilização industrial, a energia solar apresenta uma grande desvantagem em comparação com as energias terrestres. Estas estão disponíveis em forma concentrada, em alguns casos concentrada demais. Isto permite que se obtenha quase instantaneamente uma grande quantidade de trabalho que não poderia ser obtido de outra forma. Em contraste, a energia solar chega a nós com intensidade muito baixa. Isto resulta em dificuldades que, no entanto, não são intranponíveis, conforme já mencionamos.

Quinto, a energia solar tem, por outro lado, uma vantagem incomensurável. O uso de energias terrestres produz poluição,que além do mais é irredutível e portanto cumulativa, ainda que somente na forma de poluição térmica. O uso de energia solar é livre de poluição. E mais, quer ela seja usada ou não, o destino da energia solar é transformar-se no calor dissipado que mantém o equilíbrio termodinâmico entre o globo e o espaço à temperatura propícia.

A sexta assimetria diz respeito ao fato elementar de que a sobrevivência de todas as espécies sobre a terra dependem direta ou indiretamente da luz solar (além de alguns elementos de uma faixa superficial). Somente o homem, em virtude de sua dependência exossomática depende também dos recursos minerais. Para o uso destes recursos o homem não compete com nenhuma outra espécie e, no entanto, o uso destes recursos põe em risco muitas formas de vida, inclusive a sua própria. Na verdade algumas espécies já estão à beira da extinção, exclusivamente por causa das necessidades exossomáticas dos humanos e sua tendência ao extravagante. Nada na natureza se compara em ferocidade à competição humana pela energia solar (em sua forma primária ou seus produtos). Os humanos têm procurado exterminar abertamente qualquer espécie que o prive de alimentos ou se alimente deles - lobos, coelhos, ervas, micróbios, insetos, etc.

Mas esta luta dos humanos com outras espécies por alimento (em última análise por energia solar), tem alguns aspectos menos evidentes. Curiosamente é um destes aspectos que tem uma série de importantes conseqüências, além de oferecer uma instrutiva refutação da crença comum segundo a qual toda inovação tecnológica constitui um movimento na direção de economia de recursos. O caso diz respeito à economia das modernas técnicas de agricultura.

X. Agricultura Moderna: Um Desperdício de Energia

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Dado o espectro existente de plantas verdes e sua distribuição geográfica num momento qualquer, a capacidade de carga (carrying capacity) da terra está determinada, embora só possamos calculá-la aproximadamente e com dificuldade. É dentro desta capacidade que os humanos lutam com outras estruturas vivas por alimentos. Mas o humano é único entre as espécies à medida que pode influenciar, dentro de certos limites, não só sua parcela de alimento mas também a eficiência da transformação de energia solar em alimentos. Com o passar do tempo o humano aprendeu a arar mais profundamente, a fazer rodízio do uso do solo, a fertilizar o solo com esterco, e assim por diante. Em sua atividade agrícola, o humano também aprendeu a tirar grandes benefícios do uso de animais domesticados de tiro.

Dois fatores evolutivos influenciaram a tecnologia agrícola ao longo dos anos. O mais antigo é a contínua pressão demográfica sobre o solo disponível para cultivo. A invasão de vilarejos, primeiro, e depois a migração, conseguiram aliviar a pressão. A tensão também foi aliviada por meios de aumentar a produtividade do solo. No entanto, a principal forma de aliviar pressões continuou a ser o desmatamento de grandes áreas. O segundo fator, um sub-produto da Revolução Industrial, foi a extensão à agricultura de um processo pelo qual recursos minerais substituiram recursos biológicos. O processo é até mais notável em agricultura. Os tratores e outras máquinas agrícolas tomaram o lugar dos humanos, dos animais de tiro, e os fertilizantes químicos substituíram a estercagem e adubação natural.

A agricultura mecanizada no entanto não serve para as pequenas propriedades familiares, com muitas mãos à disposição. Mesmo neste caso tinha que acontecer. O camponês que pratica agricultura orgânica, usa animais de tração e esterco como fertilizante deve plantar não só para alimentar sua família, mas também forragem para seus ajudantes. Desta forma, a crescente pressão demográfica forçou também o pequeno agricultor, onde quer que seja, a descartar os animais de carga para poder usar todo seu solo na plantação de alimentos.

O ponto acima de qualquer dúvida é que dada a pressão demográfica na maior parte do mundo, não há outra saída das calamidades de subnutrição e fome a não ser forçar a produtividade do solo cultivado através da mecanização crescente da agricultura, do uso crescente de fertilizantes químicos e pesticidas, e um maior cultivo das novas variedades mais produtivas de cereais. Ao contrário do que pode parecer, estas técnicas modernas de agricultura são, a longo prazo, uma atividade contrária ao interesse bioeconômico da espécie humana.

Primeiramente, o uso de tratores em lugar de bois, de motores em lugar de forragem, de fertilizantes químicos no lugar de esterco, empregam elementos mais escassos em lugar do mais abundante de todos - a energia solar. Em segundo lugar, estas substituições também representam um desperdício de baixa entropia terrestre, devido aos seus retornos fortemente decrescentes. (entre 1951 e 1966 o número de tratores cresceu 63%, fertilizantes fosfatados 75%, fertilizantes nitrogenados 145%, e pesticidas 300%, no entanto as colheitas aumentaram somente 34%). [referências] ( devemos notar, por outro lado, que o uso de energia solar em lugar de energia terrestre seria, pelo contrário, um bom negócio do ponto de vista de energia). Isto quer dizer que, se metade da energia terrestre (contada a partir da mineração) requerida para cultivar um acre pela agricultura moderna de, por exemplo, trigo, fosse usada a cada ano, em dois anos a agricultura menos industrializada produziria mais que o dobro de trigo na mesma parcela de solo. Esta deseconomia, embora possa surpreender os adeptos da maquinária, é particularmente aguda no caso de variedades de alta produtividade.

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O cultivo altamente mecanizado e fertlizado permite a sobrevivência de uma grande população num dado momento, mas ao custo de maior exaustão per capita dos recursos terrestres o que, coeteris paribus, representa uma redução na vida total futura.

Estas considerações se referem à perene questão de quantas pessoas a terra teria condições de abrigar. Alguns especialistas alegam que existe alimento suficiente para 40 bilhões de pessoas ao consumo de 4500 kcal/dia, supondo que os melhores meios de cultivo fossem empregados em todo solo potencialmente cultivável. A lógica do argumento se apoia na multiplicação do solo potencialmente cultivável pelo rendimento médio atual das lavouras em Iowa. Os cálculos podem ser “cuidadosos”, conforme propalado; mesmo assim, eles representam pensamento linear. Claramente nenhum destes autores considerou a questão crucial de por quanto tempo uma população de 40 bilhões, ou mesmo de um milhão, pode durar.[referências]. Esta é a pergunta que, mais do que outras, expõe a inadequação da epítome da visão mecanicista do mundo, que é o mito do nível ótimo de população como sendo aquele que pode ser sustentado indefinidamente” [referências].

XI. Um Programa Bioeconômico Mínimo

No “Blueprint for Survival” é manifesta a esperança de que um dia ocorra a junção de economia e ecologia. Esta mesma possibilidade já foi aventada para física e biologia, sendo que a maioria das opiniões concordam que nesta fusão a biologia encamparia a física.[referências]. Pela mesma razão - que o domínio [campo] abarcado pela ecologia é mais amplo que o da economia - a economia terá que se juntar à ecologia, se algum dia esta união ocorrer. Isto porque, como acabamos de ver, a atividade econômica de qualquer geração tem influência sobre a atividade das gerações futuras; as reservas terrestres de materiais e energia são exauridos de forma irreversível, e os efeitos danosos da poluição sobre o ambiente se acumulam. Um dos mais importantes problemas ecológicos da humanidade é, portanto, a relação entre a qualidade de vida entre uma geração e outra, mais especificamente, a distribuição da dotação humana entre todas as gerações. A economia não pode nem mesmo sonhar em resolver este problema. O objeto da economia é a alocação de recursos escassos; deve-se acrescentar a isso que esta alocação diz respeito tão somente a uma geração. não poderia ser de outra forma.

Há um princípio elementar de economia que diz que a única forma de atribuir um preço relevante para um objeto irreprodutível [único, e.g., uma obra de arte], é que todos, sem exceção, façam sua oferta [seu lance]. Do contrário, se apenas uns poucos fizessem lances, o preço seria apenas local. É exatamente isto que ocorre com os recursos não renováveis. Cada geração pode usar quanto quiser dos recursos naturais e produzir quanta poluição quiser, de acordo com seu “lance” solitário. As gerações futuras não estão (porque não podem estar) presentes no mercado de hoje.

Certamente que a demanda da geração presente reflete também o interesse de proteger os filhos e netos. A oferta também pode refletir o preço futuro esperado por algumas décadas. Mas nem a demanda nem a oferta atuais podem incluir, ainda que remotamente, a situação de gerações mais distantes, por exemplo, do ano 3000, para não falar das que poderão existir daqui a cem mil anos.

[nota 62: Num trabalho pioneiro, Hotelling mostrou que não se pode falar em alocação ótima de recursos sem que se conheça toda a demanda futura]

A única forma de proteger gerações futuras seria nos reeducando par ter alguma solidariedade (simpatia) pelos nossos futuros irmãos, da mesma forma que nos

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interessamos pelo destino e bem-estar de nossos vizinhos “contemporâneos”. Este paralelo não implica que esta nova ética seja fácil. A caridade pelos contemporâneos tem uma base objetiva, o interesse próprio. A dificuldade com a nova ética não seria tanto o que a posteridade fez por mim?” - como disse Boulding - mas “por que deveríamos fazer algo pela posteridade?”. O que nos faz pensar que ainda existirão muitas gerações? Estas questões, pertinentes à nova ética, não se prestam a respostas fáceis e convincentes.

Além disso, há a questão mais urgente segundo a qual, se congelarmos o atual estado de coisas, impedimos os pobres de melhorar suas condições. Por isso há uma corrente de ambientalistas que afirma que a questão do crescimento populacional é apenas um ardil dos países ricos para desviar a atenção de sua própria destruição do ambiente. Para este grupo existe só um mal: desigualdade no desenvolvimento. Dizem que devemos caminhar na direção de uma redistribuição radical da capacidade produtiva entre as nações. Outro grupo argumenta que, pelo contrário, crescimento demográfico é a maior ameaça à humanidade e precisa ser abordado com urgência, independente de qualquer outra coisa. Estes dois pontos de vista colidiram violentamente nas conferências de Estocolmo em 1972, e na conferência sobre população em Bucareste. [acrescentar material sobre a conferência de Nova Dehli]. A dificuldade está enraizada na desconfiança humana: os ricos temem que os pobres não parem de crescer, e os pobres teme que os ricos não parem de enriquecer.

Como população é um fenômeno de superfície que afeta a geração que a produz, podemos ter certeza de que receberá mais atenção oficial do que sua companheira inseparável, a exaustão de recursos.

Nenhuma plataforma ecológica pode ignorar o fato básico de que não há lei natural em biologia que diga que uma espécie deva defender a existência de outras ao custo de sua própria existência. O máximo que pode ser esperado é que nos eduquemos para evitar danos “desnecessários” e para proteger, mesmo com algum custo, o futuro de nossa espécie, protegendo as espécies que nos são benéficas. A proteção completa e a redução absoluta de poluição são mitos perigosos e devem ser denunciados como tal.

Neste momento, a economia de potência (energia) requer uma mudança de direção. Em vez de prosseguir no oportunismo e concentrar pesquisa para encontrar novos modos de extrair energia mineral - todas finitas e altamente poluentes - devemos orientar esforços para melhorar os usos diretos de energia solar, a única fonte limpa e essencialmente ilimitada. A exaustão de recursos naturais deve ser levada ao nível mais baixo possível. É tempo de parar com a ênfase exclusiva no aumento de oferta. Em última análise, o papel da demanda é maior e mais eficiente.

Seria insensato propor uma total renúncia ao conforto industrial da evolução exossomática, mas há alguns pontos que devem ser incluídos num programa bioeconômico mínimo.

Primeiro, a produção de todos os instrumentos de guerra, não apenas a guerra em si, deveria ser completamente proibida.

Segundo, pelo uso dos recursos liberados pelo desmantelamento da indústria bélica, os países subdesenvolvidos devem ser ajudados a atingir um padrão de vida digno, da forma mais rápida.

Terceiro, a humanidade deveria diminuir sua população até um nível que pudesse ser adequadamente alimentado através da agricultura orgânica.

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Quarto, até que o uso direto da energia solar seja amplamente adotada, ou que se obtenha a fusão controlada, todo desperdício de energia (excessos de aquecimento, resfriamento, iluminação, velocidade) deveria ser evitado e rigorosamente regulamentado.

Quinto, eliminar todo consumo supérfluo.

Sexto, eliminar todo tipo de “moda”, esta “doença da mente humana”, conforme Fernando Galliani em Della Moneta (1750). Consumidores devem se educar para rejeitar modismos. As indústrias devem se concentrar na durabilidade dos produtos.

Sétimo, os produtos duráveis devem ser feitos ainda mais duráveis, e serem projetados de modo a prever reparos (conserto).

Oitavo, romper o que eu chamo de “círculo vicioso do barbeador elétrico” [ciclo de comportamento acumulativo] pelo qual devemos barbear mais rápido para ter mais tempo para fazer barbeadores mais rápidos que nos permitam ganhar tempo para fazer máquinas ainda mais rápidas.

Um pensamento persiste em minha mente desde que me interessei pela natureza entrópica do processo econômico. Será que a humanidade dará ouvidos a qualquer proposta que implique em limitação de seu conforto exossomático? Talvez nosso destino seja uma vida extravagante, em vez de longa. Deixemos que outras espécies sem ambições espirituais, como as amebas, sejam herdeiras da terra que ainda será banhada pela abundante luz do sol.

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17. Beckerman op. cit. p. 236.

18. Kaysen, op.cit., p.664.

19. Solow, op. cit., p. 45.

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