elaboraÇÃo de mapas conceituais para o ensino de ciÊncias...

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ELABORAÇÃO DE MAPAS CONCEITUAIS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL GONÇALVES, Ana Cláudia de Melo 1 - UFPB CAVALCANTI, Mário Luiz Farias 2 - UFPB RODRIGUES, Raiany Meirelli dos Anjos 3 - UFPB GEGLIO, Paulo César 4 - UFPB Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agências Financiadoras: PROLICEN/UFPB e PIBID/UFPB Resumo As avaliações governamentais do ensino no país, realizadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Aplicadas (INEP), mostram que há consideráveis deficiências de aprendizagem em todas as disciplinas do currículo comum, incluindo aquelas ligadas às áreas de Ciências Naturais, fato que justifica a necessidade de ações que promovam mudanças no processo de ensino. Uma das ações visando à melhoria da qualidade da educação é o uso dos recursos midiáticos, como a internet e os softwares pedagógicos. Aliada a essa tecnologia, os mapas conceituais se apresentam como possibilidades metodológicas complementares, pois se baseiam na teoria da aprendizagem significativa. Esses mapas utilizam uma linguagem para descrição e comunicação de conceitos dentro da teoria de assimilação, representam uma estrutura que vai desde os conceitos mais abrangentes até os menos inclusivos. Assim, no presente trabalho foi feito o esforço para associar esses dois recursos metodológicos de ensino voltados para os conteúdos de Ciências Naturais, ministrados no 6º ano do ensino fundamental, de forma a entender como os temas se interligam, descrevendo a sequência lógica de conteúdos. Foram elaborados cinco mapas conceituais com auxilio do software Cmap Tools, versão 5.05.01, tomando como base os conteúdos do livro didático adotado pelas escolas públicas do município de Areia-PB, bem com as diretrizes dos Parâmetros 1 Graduanda em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba, UFPB. Bolsista PROLICEN/UFPB 2012 (Programa de Licenciatura). E-mail: [email protected]. 2 Biólogo, Doutor em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Campina Grande, UFCG/PB. Professor e pesquisador do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais/CCA/UFPB - Campus II. E-mail: [email protected]. 3 Graduanda em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba, UFPB. Bolsista PROLICEN/UFPB 2012 (Programa de Licenciatura). E-mail: [email protected]. 4 Filósofo, Doutor em Educação (Psicologia da Educação) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP – Brasil. Professor e pesquisador do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais/CCA/UFPB - Campus II. E-mail: [email protected].

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ELABORAÇÃO DE MAPAS CONCEITUAIS PARA O ENSINO DE

CIÊNCIAS NATURAIS NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

GONÇALVES, Ana Cláudia de Melo1 - UFPB

CAVALCANTI, Mário Luiz Farias2 - UFPB

RODRIGUES, Raiany Meirelli dos Anjos 3 - UFPB

GEGLIO, Paulo César4 - UFPB

Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas

Agências Financiadoras: PROLICEN/UFPB e PIBID/UFPB Resumo As avaliações governamentais do ensino no país, realizadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Aplicadas (INEP), mostram que há consideráveis deficiências de aprendizagem em todas as disciplinas do currículo comum, incluindo aquelas ligadas às áreas de Ciências Naturais, fato que justifica a necessidade de ações que promovam mudanças no processo de ensino. Uma das ações visando à melhoria da qualidade da educação é o uso dos recursos midiáticos, como a internet e os softwares pedagógicos. Aliada a essa tecnologia, os mapas conceituais se apresentam como possibilidades metodológicas complementares, pois se baseiam na teoria da aprendizagem significativa. Esses mapas utilizam uma linguagem para descrição e comunicação de conceitos dentro da teoria de assimilação, representam uma estrutura que vai desde os conceitos mais abrangentes até os menos inclusivos. Assim, no presente trabalho foi feito o esforço para associar esses dois recursos metodológicos de ensino voltados para os conteúdos de Ciências Naturais, ministrados no 6º ano do ensino fundamental, de forma a entender como os temas se interligam, descrevendo a sequência lógica de conteúdos. Foram elaborados cinco mapas conceituais com auxilio do software Cmap Tools, versão 5.05.01, tomando como base os conteúdos do livro didático adotado pelas escolas públicas do município de Areia-PB, bem com as diretrizes dos Parâmetros

1 Graduanda em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba, UFPB. Bolsista PROLICEN/UFPB 2012 (Programa de Licenciatura). E-mail: [email protected]. 2 Biólogo, Doutor em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Campina Grande, UFCG/PB. Professor e pesquisador do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais/CCA/UFPB - Campus II. E-mail: [email protected]. 3 Graduanda em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba, UFPB. Bolsista PROLICEN/UFPB 2012 (Programa de Licenciatura). E-mail: [email protected]. 4 Filósofo, Doutor em Educação (Psicologia da Educação) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP – Brasil. Professor e pesquisador do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais/CCA/UFPB - Campus II. E-mail: [email protected].

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Curriculares Nacionais de Ciências Naturais (PCN). De maneira lógica, procuram facilitar o aprendizado do aluno e também auxiliar os professores com aulas mais dinâmicas. Os cinco mapas conceituais elaborados foram apresentados aos professores das escolas públicas da cidade para com sua utilização melhorar o rendimento das aulas. Palavras-chave: Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Formação docente. Aprendizagem significativa.

Introdução

As avaliações sistêmicas da educação básica no país, realizadas pelo Ministério da

Educação (Prova Brasil, Provinha Brasil, ENEM) mostram que há deficiências de

aprendizagem em todas as disciplinas do currículo comum nacional, incluindo a área de

Ciências Naturais, (Química, Física e Biologia), fato que justifica a necessidade de ações que

promovam mudanças no processo de ensino. Alves (2009, p.72) afirma que “[...] o Brasil não

tem conseguido cumprir adequadamente seu papel de criar condições para que todos os

alunos desenvolvam as competências e habilidades com as quais poderão construir e

reconstruir conhecimentos significativos para sua cidadania”, ou seja, as avaliações oficiais

têm mostrado resultados muito baixos, justificando a urgência na elaboração de ações que

promovam mudanças desta condição.

Uma das possibilidades de ações visando à melhoria da qualidade da educação está no

uso dos recursos midiáticos, como, por exemplo, a internet, que é muito utilizada pelas novas

gerações, e que se adaptam de forma surpreendente a ela. Para acessar essa nova forma de

comunicação é cada vez mais comum o uso de equipamentos compactos, e atualmente de

relativo fácil acesso, como, laptops, celulares e tablets. Lopes (2010) afirma que ferramentas

tecnologicamente simples podem apresentar resultados positivos na aprendizagem, desde que

sejam aplicadas boas estratégias pedagógicas pelos professores.

A possibilidade de uso dos recursos da informática está cada vez mais potencializada,

com ações de programas do Governo Federal. Por meio de ações governamentais as escolas

públicas estão sendo equipadas com salas de informática e computadores conectados a rede

mundial de comunicação. Um exemplo é o Programa Nacional de Tecnologia Educacional

(ProInfo). Segundo consta na página eletrônica do Ministério da Educação (MEC)5, O ProInfo

é um programa cujo objetivo é incentivar o uso da informática como recurso pedagógico nas

escolas de educação básica. Para isso, o MEC disponibiliza às unidades educacionais

5 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=244&Itemid=462&msg=1

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aparelhos de microcomputadores, recursos digitais e conteúdos educacionais. Os estados e

municípios que aderirem ao programa devem disponibilizar a infraestrutura para receber esse

material e coloca-lo em condições de uso pela comunidade escolar.

Associado às novas tecnologias da informação e comunicação, consideramos

importante o uso dos mapas conceituais como recurso para o processo de ensino e de

aprendizagem escolar. O mapa conceitual foi proposto por John Novak no ano de 1970, como

forma de organizar e apresentar os conhecimentos sobre determinado fato. Ele se baseia no

conceito de aprendizagem significativa, muito conhecido a partir de Ausubel (1978) para

quem a aprendizagem é significativa quando possui sentido para quem aprende. Souza (2006,

p.50) ressalta que “[...] os mapas representam uma estrutura que vai desde os conceitos mais

abrangentes até os menos inclusivos”. O que supõe aprendizagem de princípios elementares e

altamente elaborados pela ação cognitiva do aluno.

Com essa perspectiva de prática pedagógica, no processo de ensino e aprendizagem,

nosso trabalho consistiu em associar o uso do mapa conceitual ao recurso da informática, no

ensino dos conteúdos de Ciências Naturais para alunos do 6º ano escolar do Ensino

Fundamental Ciências Naturais.

Referencial Teórico

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) consideram que para pensar sobre o

currículo e o ensino dos conteúdos relativos às Ciências Naturais, o conhecimento científico é

de fundamental importância, mas não suficiente. Tão importante quanto os conteúdos a serem

ensinados é essencial considerar o desenvolvimento cognitivo dos estudantes, relacionado às

suas experiências, idade, identidade cultural e social, e os diferentes significados e valores que

as Ciências Naturais podem ter para eles, visando uma aprendizagem significativa. Não

obstante, acreditamos que uma considerável parte dos professores que ministram aulas sobre

os conteúdos da disciplina de Ciências Naturais não está preparada para o uso de ferramentas

tecnológicas e sentem-se inseguros diante das recentes inovações nessa área. Assim,

consideramos importante o investimento governamental na formação continuada de

professores, com vistas ao incentivo do uso dos recursos tecnológicos e de metodologias

diferenciadas na prática pedagógica. Pois, segundo Ausubel, Novak e Hanesian (1978, p. 7),

um juízo crítico sem conhecimento de princípios não é mais efetivo do que o conhecimento de princípios sem juízo crítico. Portanto, deve-se confiar menos na

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crença popularmente aceita de que, com certa dose de crítica e bom senso inatos, qualquer professor com boa vontade, independentemente da formação pedagógica está apto a tomar as decisões certas em sala de aula.

A visão dos autores vai ao encontro da necessidade que aludimos, sobre o

investimento na formação continuada dos professores, visando capacitá-los para implementar

novas práticas pedagógicas em sala de aula. Nesse sentido, como sugestão reforçamos a

importância do uso dos mapas conceituas, como alternativa para o trabalho de ensinar dos

professores. O mapa conceitual funciona como representações gráficas, ressaltando as

relações existentes entre conceitos pré-estabelecidos, que são trabalhados por meio do

reconhecimento de palavras-chave e proporcionam ao aluno os estímulos adequados à

aprendizagem de um determinado saber. Moura (2011, p.3) ressalta que “os mapas

conceituais são instrumentos de transposição do conteúdo sistematizado de forma

significativa no processo de ensino e de aprendizagem”. “A aprendizagem significativa

envolve a aquisição de novos significados e novos significados, por sua vez, são produtos da

aprendizagem significativa [...]” (AUSUBEL, NOVAK, HANESIAN, 1978, p. 34).

Nesse princípio da aprendizagem significativa que se localizam os mapas conceituais,

eles são de grande importância no auxílio ao trabalho do professor, pois facilita o processo de

construção de conhecimento pelos alunos, em sala de aula e dá sentido à aprendizagem. É

importante destacar que não se trata apenas de diagramas que indicam relações entre

conceitos, mas da ordenação de temas de acordo com a necessidade de conhecimento exigido,

ou seja, é uma ordenação sequenciada e hierarquizada dos conteúdos, de forma a oferecer

estímulos adequados aos alunos (MOREIRA, 2006). O uso dos mapas conceituais que

propomos, podem ser construídos com o uso de softwares de simples manuseio, porém isso

exige que o professor tenha interesse, sobretudo que ele tenha disposição para inovar em suas

práticas pedagógicas e se desvencilhar um pouco das sugestões metodológicas apresentadas

nos livros didáticos.

Os livros apresentam uma distribuição uniforme dos conteúdos, muitos são elaborados

a partir de culturas, características geográficas e econômicas de regiões distintas do Nordeste

do Brasil, em função, inclusive, da maioria dos autores não ser dessa localidade. Além disso,

é possível perceber que há exemplares que não estão em sintonia com as orientações dos

PCN. Não obstante à possibilidade de autonomia do professor em imprimir uma sequência de

exposição dos conteúdos, muitos deles, por vários motivos, optam por seguir a sequencia

apresentada nos livros. Embora essa seja uma realidade constatada em nossas observações de

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aulas de professores de Ciências Naturais, é importante frisar que o professor sempre tem

autonomia de fazer uso do livro didático da forma como lhe convém. É nesse sentido, que

ressaltamos o seu uso a partir da elaboração dos mapas conceituais.

Metodologia

O trabalho foi realizado com recursos e incentivos do Programa de Licenciatura

(PROLICEN) e do Sub-Projeto do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência

(PIBID) do Curso de Licenciatura em Ciências Naturais Biológicas do Centro de Ciências

Naturais Agrárias da Universidade Federal da Paraíba. Foi realizado de abril de 2012 a

fevereiro de 2013, com a colaboração de professores de Ciências Naturais do 6º ano de duas

escolas públicas localizadas no município de Areia-PB. O ponto de partida para a elaboração

do trabalho foi a constatação, por meio de conversas informais e pela aplicação de um

questionário aos professores, em que se percebeu que os mesmos ministravam os conteúdos

de ciências naturais com base na sequencia apresentada no livro didático adotado pela escola,

ou seja, sem preocupação em reordenar os conteúdos de acordo com a necessidade dos alunos

e do contexto regional. Percebeu-se também que apesar de existir salas com recursos de

informática, os professores não utilizavam os espaços para as aulas, se concentrando em aulas

expositivas, ou aulas práticas e de campo. Eles também afirmaram que existe dificuldade em

trabalhar o tema universo em sala, pois é um assunto que necessita de grande atenção dos

alunos, devido a complexidade e ausência de recursos para metodologias práticas.

O livro “Perspectiva: Ciências Naturais” de autoria de Pereira, Santana e Waldhelm

(2009) escolhido por ser utilizado na rede pública de ensino do Estado da Paraíba e os

Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais foram utilizados como base para

elaboração dos mapas conceituais para o conteúdo do 6º ano.

Para a elaboração dos mapas conceituais como sugerido por Moreira (2006, p.43) foi

necessário identificar os conceitos-chave do assunto, mapeando e ordenando os conceitos,

colocando o mais geral, no topo do mapa e, gradualmente agregando os demais até completar

o diagrama de acordo com o princípio da diferenciação progressiva, possibilitando uma

fundamentação teórica necessária para trabalhar o conteúdo sequencialmente, ou seja, foi

estabelecida uma estrutura lógica do conhecimento.

As indicações dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais foram

seguidas porque são dirigidas aos educadores que têm como objetivo aprofundar a prática

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pedagógica de Ciências Naturais na escola fundamental, contribuindo para o planejamento de

seu trabalho e para o projeto pedagógico da sua equipe escolar e do sistema de ensino do qual

fazem parte. Para compor os vários textos do documento foram selecionados tanto

conhecimentos teóricos do ensino e da aprendizagem de Ciências Naturais como elementos

instrumentais mais práticos.

Para a confecção dos Mapas Conceituais foi utilizado o software Cmap Tools, versão

5.05.01, uma ferramenta apropriada para elaborar esquemas conceituais e representá-los

graficamente. O referido software foi escolhido por ser eficiente, de simples manuseio e

possuir download gratuito.

Resultados e Discussão

A seguir estão relacionados os mapas conceituais elaborados e sugeridos para

aplicação visando o melhor aprendizado dos alunos do 6º ano. Segundo os PCN Ciências

(1998, p.15), “os conteúdos de Ciências Naturais do 6º ano do ensino fundamental estão

distribuídos nos seguintes eixos temáticos: Terra e Universo; Vida e Ambiente; Ser Humano e

Saúde; Tecnologia e Sociedade. Estes eixos abordam os temas transversais numa perspectiva

interdisciplinar”.

De forma geral as setas indicam que conteúdo exige o conhecimento que está sendo

trabalhado. Se o professor deseja ministrar um conteúdo específico, ele deve observar quais

conhecimentos prévios são necessários para o aluno saber, a partir da análise de onde partem

as setas que chegam até ele. Sendo assim, terá um melhor aproveitamento do conteúdo que

deseja abordar. Se uma seta sair do conteúdo A e apontar pra o conteúdo B, indica que o

entendimento do conteúdo A é de fundamental importância para que o conteúdo B seja bem

trabalhado. O uso das frases de ligação entre os tópicos permitem o reconhecimento da

relação entre os conteúdos.

Terra e Universo

Neste eixo o professor deve proporcionar aos alunos meios que possam ampliar a

orientação espaço-temporal do aluno, ou seja, o indivíduo deve perceber-se parte formadora

do mundo e sua localização. O primeiro tema proposto, conforme a Figura 1 é “Astros”, que

são todos os corpos que se encontram no espaço celeste.

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Figura 1: Mapa Conceitual correspondente ao tema ASTRONOMIA E UNIVERSO. Obs.: As setas indicam que determinado tema só deve ser trabalhado após ser trabalhado o(s) tema(s) de onde parte(m) a(s) seta(s) que chegam a ele.

Através deste conceito, o aluno poderá entender quais os corpos (planetas, estrelas,

asteroides, satélites, etc.) que formam as “Galáxias” e entender como elas surgiram por meio

das “Teorias do Surgimento”, principalmente a mais famosa de todas que é o Big-Bang.

Entendendo o conceito de galáxias e quais astros a formam, o aluno poderá

compreender como se dá o processo da formação, estrutura e funcionamento do “Sistema

Solar”, onde ele conhecerá o sol, cada planeta, suas características e curiosidades e com este

conjunto de temas o aluno irá perceber por meio dos estímulos a imensidão do Universo.

Dentro do Sistema Solar localiza-se a “Terra”, que por ser o planeta onde vivemos

deve ser estudado mais estritamente, enfatizando a importância da Lua e que a partir dos

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“Movimentos Terrestres” de rotação, translação, e do seu inclinado eixo de rotação, é que

ocorrem as “Estações do Ano” e os “Dias e as Noites”.

Vida e Ambiente: Água, Ar, Solo e os Seres Vivos

Os estudos neste eixo temático podem proporcionar ao estudante a ampliação de

conhecimentos sobre os ambientes e seus problemas, sobre os seres vivos, entre eles os seres

humanos, e as condições para a vida. Os conteúdos ministrados devem conter assuntos como:

água, ar, solo e a relação dos seres vivos com o ambiente.

No conteúdo “Água” o professor deve iniciar a apresentação mostrando como a água é

abundante no planeta e como conhecemos e utilizamos este recurso (Figura 2). Depois o

aluno deve perceber que a água é encontrada em “Estados Físicos” na natureza, isto ocorre

porque a água possui características e composições próprias possibilitando a mudança de

estados. Tanto os estados físicos como as características participam e influenciam diretamente

no “Ciclo da Água”, através da chuva, do armazenamento, da evaporação, entre outros. A

partir do ciclo podemos observar com a água chega até os seres vivos para o consumo e onde

está armazenada, a “Hidrosfera”, e as “Funções Vitais” que a água desempenha nos seres

vivos. Por fim, deve-se atentar para a poluição das águas causada pelo ser humano.

Figura 2: Mapa Conceitual correspondente ao tema A ÁGUA.

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Pelo mapa exposto na Figura 3, o professor deve iniciar o conteúdo apresentando uma

definição sobre o “Ar”, e depois falar sobre os “Gases”, para que os alunos entendam sua

“Composição” e como isso possibilita as “Propriedades” específicas que o ar apresenta,

possibilitando a formação de “Furacões e Ciclones” e de como estas características pode-se

nos dar a “Previsão do Tempo”. A partir destes conceitos pode-se avançar o conteúdo,

mostrando a grande massa de ar que envolve a Terra, que é a “Atmosfera” e como é sua

dinâmica. Finaliza com a poluição do ar, uma vez que todo o conteúdo base já foi trabalhado.

Figura 3: Mapa Conceitual correspondente ao tema O AR.

O solo é a camada superficial da crosta terrestre, então o aluno deve entender neste

conteúdo como é a “Estrutura da Terra” (Figura 4). A partir desse conceito ele poderá

observar a “Superfície e Subsolo” e assim compreender que a ação do intemperismo nas

rochas e outros fatores determinam a formação do solo, que pode ser de vários tipos,

dependendo do tamanho da partícula formadora e outras características. Partindo desses

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conceitos, pode-se mostrar aos alunos as formas racionais de utilização deste solo e os

benefícios. Depois de trabalhado esses conteúdos devem ser mostrados os problemas

observados, como é o caso da “Erosão”, que pode ser um fator natural ou antrópico e a

“Poluição” com o uso de agrotóxicos, demais produtos químicos, e outros fatores que tornam

o solo inapropriado devido principalmente ao seu uso irracional.

Figura 4: Mapa Conceitual correspondente ao tema O SOLO.

O conteúdo “Vida e Ambiente” é o mais extenso, abrange grandes relações e por isso

existem muitas ligações entre os tópicos, seguindo as setas de acordo com a Figura 5, o

professor e alunos podem perceber os diferentes conceitos e afinidades que o tema possui. O

aluno deve entender que a “Biodiversidade” se dá como a variedade de organismos vivos

encontrado no ambiente, que cada um deles possui seus próprios “Hábitats” e como é a

distribuição da vida na Terra. Saber que a partir da “Adaptação” foi possível o sucesso de uma

espécie e a extinção de outras, e cada ser vivo se adapta a região em que vive.

O professor deve apresentar que os seres vivos se organizam em “Níveis”. Os

“Ecossistemas” formam um tipo de nível de organização que permite a “Interação entre os

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Seres Vivos”, mostrando como se baseiam as “Cadeias e Teias Tróficas”, um importante

sistema que permite o equilíbrio entre muitas espécies.

Os outros dois eixos temáticos de “Ser Humano e Saúde” e “Tecnologia e Sociedade”,

segundo os PCN´s, ainda não são contemplados de forma específica nos conteúdos dos livros

didáticos. No entanto, eles são encontrados e citados nos assuntos, e são exemplificados em

quase todos os capítulos, sendo inseridos nos tópicos de cada mapa conceitual, pois se tratam

de temas transversais trabalhados pelo professor, que deve inseri-los de maneira lógica, de

modo que se tornem significativos para o aluno, relacionando com o seu cotidiano.

Figura 5: Mapa Conceitual correspondente ao tema OS SERES VIVOS E O AMBIENTE.

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Para que a aprendizagem significativa aconteça em relação a um determinado assunto,

Ausubel (2003, p.1) propõem que são necessárias três condições: “[...] material

potencialmente significativo e lógico para o aprendiz; [...] que a estrutura cognitiva particular

do aprendiz contenha ideias ancoradas relevantes; [...] e que o aprendiz tenha disposição para

relacionar o novo material”.

Os mapas conceituais são muito úteis para representar a estrutura cognitiva que um

aprendiz possui a respeito de um domínio de conhecimento específico, mostrando os

conceitos conhecidos pelo aluno e as ligações que ele reconhece entre estes conceitos. Podem

ser usados tanto como auxiliares na determinação do conhecimento prévio do aluno, quanto

para investigar mudanças em sua estrutura cognitiva durante o processo de aprendizagem

(ARAÚJO, 2002, p.51).

Para Moreira (2006, p.16) “[...] os mapas propostos podem ser usados para mostrar as

relações hierárquicas entre os conceitos que estão sendo ensinados em uma aula, em uma

unidade de estudo ou em um curso inteiro”.

É importante ressaltar que é fundamental a explicação do professor sobre o mapa, pois

ele deve guiar a interpretação, uma vez que algo que possa parecer claro para o docente pode

não ser tão claro para o discente, interferindo na aprendizagem.

Através da construção do mapa o professor pode também organizar seus pensamentos

e demonstrar de forma lógica um modelo que o aluno irá seguir ou terá como base na

construção do seu próprio mapa.

Tavares (2005, p.3) afirma que:

[...] quando o iniciante está construindo o seu mapa, ele está ao mesmo tempo elucidando e explicitando o seu conhecimento, deixando claro as suas facilidades e dificuldades no entendimento dos conceitos do tema em questão.

Na medida em que está elaborando seu mapa o indivíduo poderá consultar as fontes,

resolvendo suas próprias dúvidas e assim construir o seu próprio conhecimento. Assim,

podem-se perceber os mapas conceituais como instrumento de avaliação, como também alega

Moreira (2006, p.17).

Essas funções também são relatadas por Souza (2006, p.50):

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Como uma ferramenta de aprendizagem, o mapa conceitual é extremamente útil para o estudante, por exemplo, para fazer anotações, resolver problemas, planejar o estudo, preparar esquemas conceituais, preparar-se para avaliações e identificar a integração dos tópicos. Para os professores, os mapas conceituais podem constituir-se em poderosos auxiliares nas suas tarefas rotineiras, tais como ensinar novos tópicos, reforçar a compreensão, identificar conceitos mal compreendidos e avaliar de uma forma aberta os conhecimentos do aluno. Em organizações, os mapas conceituais têm sido utilizados para registrar conhecimento especialista, capturar e disseminar conhecimento tácito e para a comunicação de ideias de uma forma que se aproxima da cognição humana.

Os professores de Ciências Naturais do 6º ano do Ensino Fundamental poderão usar os

mapas como um instrumento didático-pedagógico, pois eles facilitam a construção do

conhecimento por meio da explicitação das relações de subordinação e superordenação de

conteúdos.

Considerações Finais

No âmbito da abrangência e duração do incentivo do PROLICEN e PIBID,

concluímos a primeira fase do trabalho, ou seja, a elaboração dos mapas conceituais com o

uso de recursos informáticos. A segunda etapa é a aplicação dos mesmos, pelos professores da

disciplina de Ciências Naturais que colaboraram com as informações pedagógicas que

impulsionaram nosso interesse. Foram elaborados cinco mapas conceituais referentes aos

conteúdos trabalhados no 6º ano do ensino fundamental. Esses mapas apresentam uma

sequência lógica do conteúdo a ser ministrado e podem ser usados pelos docentes com o

objetivo de melhorar o rendimento das aulas, contribuindo assim para a construção do

conhecimento e desmistificando a ideia de que a sequencia do livro didático está correta. Vale

a pena ressaltar que os docentes não precisam ser tão dependentes dos livros didáticos, pois os

mesmos devem ser utilizados como suporte. A partir do 6º ano os alunos estão começando a

viver sua juventude, tornando-se mais críticos, ampliando sua participação no meio social.

Eles necessitam de abordagens mais interessantes e explicativas com os conteúdos de

Ciências Naturais, que possuem tamanha diversidade.

É importante o incentivo de estudos que visem a elaboração de mapas conceituais,

pois, como o Brasil é um país de dimensões continentais, existem particularidades

geográficas, históricas e culturais de cada região. Esses mapas tem que ser elaborados

tomando como base a realidade local, valorizando o conhecimento e realidade do aluno.

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REFERÊNCIAS

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