diretrizes para educaÇÃo nas prisÕes ...educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/18740_11285.pdf20698...

19
ISSN 2176-1396 DIRETRIZES PARA EDUCAÇÃO NAS PRISÕES: ANALISANDO A PRÁTICA Sandra Marcia Duarte 1 - UFPR Evelcy Machado Monteiro 2 - UFPR Grupo de Trabalho - Educação de Jovens e Adultos Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Tem como objeto de análise o ciclo da política de educação para as prisões. O objetivo deste estudo consistiu em analisar o contexto da prática da política a partir dos resultados das atividades educacionais e profissionalizantes e das políticas adotadas no âmbito do sistema carcerário brasileiro no decurso do período de 2009 a 2014. Período correspondente à edição das Diretrizes Nacionais do MEC/2010 para educação em espaços de privação de liberdade documento síntese da política ora analisada. Partiu da conjuntura atual do sistema carcerário brasileiro com população de 750 mil presos; maioria jovem; sem escolaridade básica encarcerados em estrutura deficitária, consolidando uma perene arena de violação de direitos e da dignidade humana. Inscreveu a educação no campo dos direitos humanos BOBBIO (2004); conforme consignado pela ONU e positivado na Constituição/1988. Adotando a metodologia qualitativa a formulação do ciclo de políticas Ball (2011); considerou na análise crítica: o espaço prisional jurisdicionalizado (ROIG: 2005 e MARCÃO 2014) os sujeitos da política (ELIAS: 2000); a possibilidade de execução (BALL 2011). Definiu como documentos: Relatórios Estatísticos - Analíticos do sistema prisional. Analisa a jursidicionalização da educação no campo da execução penal (CANOTILHO: 2002). Focaliza três aspectos que orientam essa política na prática: O direito dos jovens e adultos à educação na perspectiva dos direitos humanos; As diretrizes do MEC para a educação nas prisões/2010 no ciclo da política. As Diretrizes no contexto da prática. Apresenta considerações finais respondendo ao problema: Existem implicações prescritas pela política nos resultados do contexto da prática? Sustenta seus achados com base no relatório do DEPEN concluindo que do ponto de vista normativo houve avanços significativos, não houve avanços no acesso dos presos ao ensino formal e aos cursos de formação profissional. Houve avanços no acesso a outras atividades de caráter educativo como incentivo à leitura. Palavras-chave: Políticas públicas. Educação de jovens e adultos encarcerados. Direitos humanos. Jurisdicionalização da execução penal. Ciclo de políticas. 1 Especialista em Gestão Penitenciária UFPr. Mestranda do PPGE/UFPr em Políticas educacionais. Coordenadora Pedagógica ESPEN/ DEPEN/SESP. Pedagoga PDE/2007. [email protected]. 2 Professora da Pós-graduação em Educação nos Cursos de Mestrado e Doutorado da UFPR. Coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Pedagogia Social da UFPR. [email protected].

Upload: vannhu

Post on 05-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

ISSN 2176-1396

DIRETRIZES PARA EDUCAÇÃO NAS PRISÕES: ANALISANDO

A PRÁTICA

Sandra Marcia Duarte1 - UFPR

Evelcy Machado Monteiro2 - UFPR

Grupo de Trabalho - Educação de Jovens e Adultos

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Tem como objeto de análise o ciclo da política de educação para as prisões. O objetivo deste

estudo consistiu em analisar o contexto da prática da política a partir dos resultados das

atividades educacionais e profissionalizantes e das políticas adotadas no âmbito do sistema

carcerário brasileiro no decurso do período de 2009 a 2014. Período correspondente à edição

das Diretrizes Nacionais do MEC/2010 para educação em espaços de privação de liberdade

documento síntese da política ora analisada. Partiu da conjuntura atual do sistema carcerário

brasileiro com população de 750 mil presos; maioria jovem; sem escolaridade básica

encarcerados em estrutura deficitária, consolidando uma perene arena de violação de direitos

e da dignidade humana. Inscreveu a educação no campo dos direitos humanos BOBBIO

(2004); conforme consignado pela ONU e positivado na Constituição/1988. Adotando a

metodologia qualitativa a formulação do ciclo de políticas Ball (2011); considerou na análise

crítica: o espaço prisional jurisdicionalizado (ROIG: 2005 e MARCÃO 2014) os sujeitos da

política (ELIAS: 2000); a possibilidade de execução (BALL 2011). Definiu como

documentos: Relatórios Estatísticos - Analíticos do sistema prisional. Analisa a

jursidicionalização da educação no campo da execução penal (CANOTILHO: 2002). Focaliza

três aspectos que orientam essa política na prática: O direito dos jovens e adultos à educação

na perspectiva dos direitos humanos; As diretrizes do MEC para a educação nas prisões/2010

no ciclo da política. As Diretrizes no contexto da prática. Apresenta considerações finais

respondendo ao problema: Existem implicações prescritas pela política nos resultados do

contexto da prática? Sustenta seus achados com base no relatório do DEPEN concluindo que

do ponto de vista normativo houve avanços significativos, não houve avanços no acesso dos

presos ao ensino formal e aos cursos de formação profissional. Houve avanços no acesso a

outras atividades de caráter educativo como incentivo à leitura.

Palavras-chave: Políticas públicas. Educação de jovens e adultos encarcerados. Direitos

humanos. Jurisdicionalização da execução penal. Ciclo de políticas.

1Especialista em Gestão Penitenciária UFPr. Mestranda do PPGE/UFPr em Políticas educacionais. Coordenadora

Pedagógica ESPEN/ DEPEN/SESP. Pedagoga PDE/2007. [email protected]. 2Professora da Pós-graduação em Educação nos Cursos de Mestrado e Doutorado da UFPR. Coordenadora do

Núcleo de Pesquisa em Pedagogia Social da UFPR. [email protected].

20698

Introdução

Esta comunicação apresenta resultados da pesquisa do ciclo de política visando o

direito à educação dos sujeitos que se encontram no sistema carcerário brasileiro em privação

de liberdade. Trata-se de uma pesquisa do tipo qualitativo composta de dados empíricos

coletados nos relatórios anuais do Ministério da Justiça e seus órgãos, sobretudo o INFOPEN3

bem como, a título de dar vozes a os sujeitos da política, alguns depoimentos dos presos

foram coletados a partir da pesquisa “Vozes do Cárcere” (PARANÁ: 2013) realizada em 2013

junto a mais de dezoito mil presos e presas de 23 unidades penais do Sistema Penal

Paranaense visando conhecer o significado da violência e as sugestões dos presos para a

superação desse fenômeno no universo carcerário. Desse levantamento se constatou que os

entrevistados consideram que o sistema carcerário é tão violento quanto as ruas; percebem a

escola e o trabalho como um direito dos encarcerados e um instrumento para melhorar suas

condições de vida.

Com base na metodologia de análise do ciclo de políticas desenvolvida por Stephen

Ball (2011) este estudo teve por objetivo analisar os resultados no contexto da prática a partir

das ações dos órgãos envolvidos na Resolução nº 2, de 19 de maio de 2010 nas atividades

educacionais e profissionalizantes e nas políticas adotadas no âmbito do sistema carcerário

brasileiro no decurso do período de 2009 a 2014.

Este período corresponde ao ano que antecede à edição da Resolução nº 2, de 19 de

maio de 2010 a qual dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para a oferta de educação para

jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais do

Ministério da Educação/Secretaria de Educação Continuada. Alfabetização e Diversidade e

subsequentes.

A escolha desse texto se justificou em razão de ter sido considerado por diversos (as)

estudiosos (as) e instituições da educação prisional como Boiago (2012); Ireland (2011);

Onofre e Julião (2013) como um marco na educação prisional do Brasil.

Também corrobora com essa análise, a síntese apresentada por Sauer e Julião (2012)

no documento referência no qual explicitam os resultados do Seminário Educação nas Prisões

3 Informações InfoPen. Sistema Integrado de Informações Penitenciárias – InfoPen. O InfoPen é um programa de

computador (software) de coleta de Dados do Sistema Penitenciário no Brasil, para a integração dos órgãos de

administração penitenciária de todo Brasil, possibilitando a criação dos bancos de dados federal e estaduais sobre

os estabelecimentos penais e populações penitenciárias. É um mecanismo de comunicação entre os órgãos de

administração penitenciária, criando “pontes estratégicas” para os órgãos da execução penal, possibilitando a

execução de ações articuladas dos agentes na proposição de políticas públicas.

20699

realizado em Brasília pelo Ministério da Educação através do Conselho Nacional de

Educação em abril de 2012, "A Educação para Jovens e Adultos em Situação de Restrição e

Privação de Liberdade no Brasil: Questões, Avanços e Perspectivas" .

Neste documento os autores destacam como resultado das articulações iniciadas em

2005 entre os Ministérios da Educação e da Justiça com o apoio da UNESCO visando

implementação do Programa Nacional de Educação para o Sistema Penitenciário, a realização

dos Seminários "Nacional de Educação para o Sistema Penitenciário 2006/2007.

Dessas ações conjugadas, as principais conquistas foram a aprovação das Diretrizes

Nacionais para a oferta de educação nos estabelecimentos penais pelo Conselho Nacional de

Política Criminal e Penitenciária (Resolução nº 3 de 11/03/2009 do CNPCP) e das Diretrizes

Nacionais para a oferta de educação para jovens e adultos em situação de privação de

liberdade nos estabelecimentos penais pelo Conselho Nacional de Educação - CNE (2010) -

Parecer CNE/CEB nº 4/2010 e Resolução CNE/CEB nº 2 de 2 - 19/05/2010; tendo como

consequência a alteração na Lei de Execução Penal que permite às pessoas presas diminuírem

a sua pena com base nas horas de estudo.

No texto dessa normativa, objeto deste estudo, justifica-se sua edição como uma

política cuja função é preencher uma lacuna no que se refere às normas e atribuição de

responsabilidades no âmbito do Estado e da sociedade civil para a efetivação do direito dos

condenados ao acesso à educação.

Esta especificidade na prática tem feito toda a diferença. A começar pela destinação de

espaços físicos para as atividades educativas, de esporte e lazer e profissionalização. Esse

contexto revela a interdependência institucional. Diante dessa contextualização o problema

desse estudo consiste em: Com base na atribuição de funções definida pelas

Diretrizes/MEC/2010, na prática quais ações foram desenvolvidas pelo Ministério da

educação e Ministério da Justiça visando o direito à educação em espaços de privação de

liberdade com possibilidades de implicações nos resultados da educação prisional?

O contexto do Sistema Penitenciário.

Há cinco anos em processo de implementação a realidade carcerária atual, de acordo

com "Mapa do encarceramento: os jovens do Brasil" da Secretaria Geral da Presidência da

República e Secretaria Nacional de Juventude. Em parceria com o PNUD/2015 revela um

quadro comprometedor em relação aos dados atinentes à educação, profissionalização e

condições gerais de encarceramento.

20700

Em suas conclusões o órgão destaca que a maioria dos encarcerados é jovem 54,8% e

negra (60, 8%) os crimes que mais motivam o encarceramento estão relacionados a questões

patrimoniais e drogas. Denuncia que se tem instaurada uma seletividade penal que vitima

segmentos específicos apontando os jovens e negros como as maiores vítimas dessa

seletividade, com 50,88% ou seja, 273.655 pessoas com idades entre 18 e 29 anos.

No Mapa o órgão descreve que se tem instalada uma direta correspondência entre

fatores que são estruturais do modelo social relativos às condições socioeconômicas, a

processos ideológicos e culturais e uma permanente exposição destes indivíduos às situações

cotidianas de violência cuja gênese situa-se nas representações negativas em relação à

população negra.

Quanto à escolaridade, os dados informam que o número de analfabetos é de 27.468,

representando (5,1%) da população carcerária. Presos alfabetizados somam 65.567, ou seja,

12,19%. 236.519 é o número de presos que possuem o ensino fundamental Incompleto

correspondendo a 43,97% da população carcerária.

Dos Fundamentos Teóricos

Ressalta-se, portanto, que se trata de uma política especifica para pessoas privadas de

liberdade que conformam o universo carcerário formado por mais de setecentos mil presos e

presas em sua maioria jovem, negra, com baixa escolaridade, oriundos de áreas de

vulnerabilidade social, com trajetórias de vida marcadas desde a infância por violências

múltiplas e violações de direitos e da sua dignidade humana.

É preciso que se explicite que a arena penitenciária tem uma peculiaridade que

consiste na sua jurisdição, ou seja, todo o processo de execução penal é jurisdição do poder

judiciário.

A educação neste contexto tem o objetivo específico de atender aos dispositivos de

sentença que consistem em duas finalidade da pena a punitiva e preventiva a novos delitos e a

reinserção social do preso em condições de autonomia que lhe permitam a sua autoregulação

(ELIAS:2011) para conviver em sociedade.

Sua requisição está descrita no texto da lei que regula a Execução das penas privativas

de liberdade no capítulo das assistências e constitui em uma política de execução penal.

(BRASIL: 1984)

Embora a administração penitenciária por questão de melhor aparelhamento

institucional seja executada pelo poder executivo, a jurisdição é do poder judiciário. A partir

20701

disso se remete às questões relativas ao estado democrático de direito, a tripartição de poderes

e a autonomia conferida pelo texto Constitucional. (CANOTILHO: 2002)

Outra peculiaridade da educação nos espaços prisionais é o fato de que as penas

privativas de liberdade são cumpridas em instituições totais (GOFFMAN: 2001) pertencentes

à estrutura orgânica do Ministério da Justiça na esfera federal e pelas secretarias de segurança

pública e administração penitenciária na esfera estadual.

As instituições totais, de segurança média e máxima apresentam especificidades de

fechamento, de controle disciplinar, intransponibilidade, de rotinas desempenhadas por

pessoal especializado cuja responsabilidade maior consiste em manter a disciplina, a

segurança e principalmente, evitar fugas.

Sob estas condições o rigor no que se refere a todos as movimentações de pessoal e

presos é rigorosamente controlada, todos os acesso, materiais, equipamentos, atividades, etc.

Significa dizer, portanto, que não há autonomia do Ministério da Educação nem das

Secretarias de Estado para adentrar as Unidades Penais, estabelecer seus padrões e rotinas

escolares, ditar normas de ação, promover atividades com as mesmas performances e

liberdade com que legisla e promove atividades nos estabelecimentos públicos, livres de

ensino.

O panorama das condições de vida da população brasileira em 2009 permite conhecer

a realidade social do País e, por conseguinte, a população encarcerada entendendo que apesar

da intransponibilidade das instituições totais (GOFFMAN:2001), do microcosmo que nelas se

instaura são elas mesmas e todos os atores que nelas se interelacionam, interdependentes da

vida extramuros (ELIAS:1994).

Todos fazem parte de uma mesma teia, enredados em uma ordem invisível que não

pode ser diretamente percebida mas, que atribui diferentes funções para cada um. As funções

não são discricionárias, não existe um plano definindo, mas uma trama cultural e hereditária

que depende do local onde cada um nasce, o meio onde vive, as trajetórias de vida vão sendo

desenhadas com muito pouca margem de autonomia em termos das funções a serem

desempenhadas pelo indivíduo. (ELIAS: 1994)

Não por acaso Ball (2011) afirma que a avaliação crítica das políticas públicas leva em

consideração a questão dos espaços, a interdependência entre as instituições e os atores. Na

prática, essas questões são observadas nos dados apresentados na síntese de indicadores

sociais do IBGE/2009 que apresenta as condições de vida da população brasileira revelando a

realidade social do País.

20702

Segundo este Instituto não há uniformidade na distribuição geográfica das populações

em razão de fatores relativos às condições do clima, da topografia e determinantes de caráter

político, econômico e social históricos de ocupação do espaço territorial que interferem na

ocupação humana ao longo de seu desenvolvimento.

Adorno (2002) explica que no contexto mais amplo esse processo histórico de

ocupação do espaço brasileiro não se dissocia dos aspectos políticos, econômicos e sociais

que remontam a própria história da colonização, segue pela abolição, pelo processo de

industrialização, urbanização e desigualdades sociais que decorreram desse processo.

Considera-se para análise de dados comparativos com a sociedade civil apenas a

população adulta uma vez que a imputabilidade penal é fixada a partir dos 18 (dezoito) anos,

conforme consta o artigo 228 da Constituição Federal, juntamente com o Código Penal e

Estatuto da Criança e do Adolescente. Assim, a análise dos dados revela que a maior

concentração de idade da população carcerária em 2009 ocupava a faixa entre dezoito e vinte

e nove anos, coincidindo com a faixa de maior concentração da população civil. Segundo o

IBGE (2009), havia no Brasil quase 14,1 milhões de pessoas analfabetas, ou seja, 9,02% do

total da população. No Sistema carcerário o índice de analfabetismo nesse período

correspondia a 6% da população de 417, 112 presos.

Ao longo dos cinco anos da proposição das Diretrizes/2010 houve um crescimento da

população carcerária e uma estagnação em termos de crescimento demográfico no mesmo

período. A Figura 1 apresenta a evolução da taxa de encarceramento de maneira que em 2009

havia 247,3 presos para cada cem mil habitantes e em 2014 havia 299,7 presos para cada cem

mil habitantes, essa evolução na taxa é determinante para a promoção das políticas públicas

no campo da segurança, criminal e no âmbito da execução penal as políticas de assistência ao

preso na qual se insere a educação.

20703

Figura 1 – Evolução da Taxa de Encarceramento 2000 - 2014

Fonte: Infopen - 2014

A variação da taxa de aprisionamento mede a proporção em que a população prisional

cresceu em relação à população total, em dado período considerando como referência o

número de presos para cada cem mil habitantes.

Figura 2 – Evolução do Número de Pessoas Presas – 1990 a 2014

Fonte: Infopen - 2014

A análise da Figura 2 revela que a população prisional brasileira em 2014 era de

607.731 pessoas. Segundo análise do DEPEN Nacional, o número de pessoas privadas de

liberdade em 2014 totalizou um crescimento de 161%, valor dez vezes maior que o

crescimento do total da população brasileira, que apresentou aumento de apenas 16% no

período, em uma média de 1,1% ao ano. (BRASIL: JUN/2014).

20704

O Marco Legal do Direito à Educação no Contexto da Jurisdição do Sistema

Carcerário.

O reconhecimento da educação como um direito humano tem seu marco supranacional

prescrito pela Organização das Nações Unidas do qual o Brasil é signatário.

No texto constitucional (BRASIL: 1988) tem-se disciplinado no artigo 6º os direitos

sociais dentre os quais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, o lazer, a segurança, a

previdência social, a proteção à maternidade e a infância e a assistência aos desamparados.

Ainda se referindo à educação no campo da ordem Social a Constituição de 1988

detalha em seu Capítulo III sobre os deveres do Estado, da família e das instituições civis, o

financiamento, os limites de idade, os profissionais da educação, as prioridades, os princípios,

as garantias, tratamento dos conteúdos visando a unidade nacional, a organização do sistema

de ensino, etc., como se constata em seu artigo 205:

A educação direito de todos e dever do Estado e da família será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da

pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

(Saraiva, 2014, p. 67)

Mais além, em seu artigo 206 seus incisos descrevem os princípios que devem nortear

a oferta do ensino estabelecendo entre outros, a igualdade de condições para acesso e

permanência na escola e a garantia do padrão de qualidade.

No campo da execução penal a educação está jurisdicionalizada como um direito do

preso às assistências que fazem parte do tratamento penal visando à reinserção social do preso

atrelada, portanto, ao fim da sentença condenatória.

O direito à educação aparece na arena prisional vinculada à política de educação geral

(MEC) e à política de execução penal (MJ), seu marco legal é supranacional desde a edição

das regras mínimas para tratamento do preso editadas pela ONU em 1957 o direito à educação

nas prisões está consignado, tendo sido contemplado no texto de Lei de execução penal de

1984 e nas regras mínimas para o tratamento do preso no Brasil de 1995.

Institucionalmente a educação prisional insere-se na educação básica na modalidade

de Educação de Jovens e Adultos. No que se refere, às questões de organização de políticas na

esfera do Poder Executivo no âmbito do Ministério da Educação essa modalidade está inscrita

nas ações realizadas pela SECADI – Secretaria de educação Continuada, Alfabetização,

Diversidade e Inclusão.

20705

Essa Secretaria tem por função programar políticas educacionais nas áreas de

alfabetização e educação de jovens e adultos, educação ambiental, educação em direitos

humanos, educação especial, do campo, escolar indígena, quilombola e educação para as

relações étnico-raciais.

O Objetivo desse órgão é contribuir para o desenvolvimento inclusivo dos sistemas de

ensino com vistas à valorização das diferenças e da diversidade, à educação inclusiva, dos

direitos humanos e da sustentabilidade socioambiental, com a promoção de políticas públicas

transversais e Inter setoriais.

A Educação de Jovens e Adultos tem sua trajetória histórica marcada por

invisibilidade e abandono o que se agrava em se tratando do Sistema prisional a partir de 2005

com o acirramento dos debates sobre a educação nas prisões alguns avanços podem ser

considerados, desde o que se relaciona aos fins e princípios dessa modalidade de ensino.

(SAUER e JULIÃO: 2012).

Nesse processo estabeleceu-se um avanço e o princípio da educação permanente que

orientava a práxis evoluiu para a educação ao longo da vida e que, por sua vez, se tornou

aprendizagem ao longo da vida. Passando a ser este o princípio organizador para toda a

educação seja ela formal ou não formal. Nesse processo, a práxis da educação de jovens e

adultos como componente integral da aprendizagem e educação ao longo da vida também

adquiriu assumiu uma nova dimensão contemplando também a educação em espaços de

privação de liberdade. Vista sob este princípio a educação transcende a arena da educação

formal como se constata nos relatórios da

A educação é estruturante do desenvolvimento, pela capacidade de articular políticas públicas pró-equidade, como saúde, cultura, esportes, de potencializar condições de

acesso aos direitos, promovendo a cidadania e o desenvolvimento produtivo, de

viabilizar a construção cultural para um novo padrão de consumo e convivência na

sociedade, e de liberar os potenciais de criatividade e inovação para a produção

sustentável de bens e serviços. Além disso, a urgência em inserir-se no processo global de transformação da sociedade pela economia do conhecimento torna

imprescindível aproximar os conceitos de educação e da sociedade do

conhecimento. (CONSELHO de Desenvolvimento Econômico e Social – CDES,

2011, p. 21).

A política educacional específica para os espaços de privação de liberdade teve sua

regulamentação em termos de definição de responsabilidades institucionais a partir de 2010

com a Resolução nº 2, de 19 de maio de 2010 do MEC.

20706

A resolução apresenta proposições que sugerem avanços nos conceitos que

possibilitam transcender às barreiras da autonomia institucional dos poderes e das instâncias

ministeriais quando sugere a ação conjunta, a intersetorialidade e a interinstitucionalidade.

A efetivação da escolaridade nos presídios é financiada pelo Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação

(FUNDEB) além dos recursos regulares complementares como aqueles que têm origem em

convênios ou para compra de material escolar é financiada pelo. (Relatório Educação para

Todos no Brasil, 2000-2015. Brasil. 2014)

Da Metodologia

Para avaliação do contexto da prática tendo o texto das diretrizes como ponto de

partida, e a metodologia da avaliação crítica de políticas a partir do ciclo de políticas proposto

por Ball (2011) considerou-se a interdependência institucional como o próprio método prevê.

Assim estabeleceu-se a avaliação em duas frentes de análise buscando dados a partir

das ações desenvolvidas pelo MEC e pelo MJ adotando como parâmetro os indicadores

propostos pela Diretriz constituídos de ações de caráter legal /institucional e de ações que

impactaram na dinâmica carcerária em termos de resultados.

Os dados sociodemográficos desta pesquisa têm como fonte de informação os

indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD para os anos de 2009 a

2014, abrangendo todo o Território Nacional.

Os dados coletados foram sistematizados em quadros demonstrativos tendo a realidade

da política educacional nas prisões em 2009 como panorama geral anterior à edição das

Diretrizes/MEC/2010 e uma amostra sobre a visão do preso enquanto sujeito final da política

sobre o seu direito à educação foi contemplada a partir dos depoimentos dos presos em

pesquisa realizada pelo departamento Penitenciário do Estado do Paraná em parceria com a

Universidade federal do Paraná em 2013.

A partir deste quadro procedeu-se à análise crítico da política educacional nos anos

subsequentes até 2014, buscando informações sobre os resultados e ações desenvolvidas pelas

instituições apontadas nas Diretrizes/MEC/2010.

Assim no Contexto da prática foram analisados os resultados das atividades

educacionais e profissionalizantes desenvolvidas no âmbito do sistema carcerário brasileiro

no decurso do período de 2009 a 2014. Considerando que o discurso da política visou

estabelecer as responsabilidades busca-se a partir dos resultados da prática institucional

20707

analisar as ações visando a promoção do direito à educação dos condenados. Para tanto, foram

definidos como documentos bases da análise:

O relatório do Ministério da justiça “Educação no Sistema Prisional 2013-2014” do

Departamento Penitenciário Nacional, neste documento se buscou analisar os resultados

quantitativos em termos de oferta e acesso, estrutura, etc. tal como definido no discurso da

política;

Nos Relatórios Estatísticos - Analíticos do sistema prisional de cada Estado da

Federação. Brasil. Editados anualmente busca-se constatar a efetivação da política na

conformidade do discurso que define o alinhamento do governo federal com os estados

federados.

No Contexto da Prática os Resultados a partir os Dispositivos da Resolução nº 2, de 19

de maio de 2010.

A partir dos resultados apresentados na análise do relatório do Departamento

Penitenciário Nacional foi possível constatar as possibilidades e os limites das

Diretrizes/2010. Nota-se que o foco da política consistiu no acesso à educação formal. A

Tabela-1 revela que comparativamente à Figura 2, que contem a evolução da Taxa da

população carcerária, não houve oscilação significativa no perfil de escolaridade ao longo do

período analisado.

Sinteticamente, comparando os dados consolidados por Nível de Ensino e Etapas, com

base nos números da Tabela 1 consiste dos dados referentes ao perfil de escolaridade por

nível e etapa ao longo dos anos de 2009 a 2014. Da sua análise é possível perceber com maior

clareza a regularidade do perfil de escolaridade na medida em que os números não se

alteraram significativamente no período analisado. Sendo que o quadro permaneceu estático

concentrando o maior número no ensino fundamental incompleto ao longo dos cinco anos

comparados.

Tabela 1 – Perfil de Escolaridade da População Carcerária em Números por Nível e Etapas - 2009 - 2014 Ano Pop. Carcerária Analfabetos Ens. Fund. Inc. Ens. Fund Comp. Ens. Médio Inc. Ens. Médio Comp.

Masc Fem. Masc Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem

2009 392.820 24.292 25.015 1.076 168.113 10.427 63.465 3.916 41.179 2.925 28.283 2.734

2010 417.517 28.188 23.992 1.327 189.980 11.958 49.840 2.986 44.363 3.098 29.744 2.917

2011 441,907 29,347 24,962 1,448 203,463 13,197 55,217 3,829 49,264 3,579 33,041 3,248

2012 482,073 31,64 26,62 1,193 219,241 12,188 58,541 3,634 53,45 3,32 35,76 3,028

2013 505.133 32.657 26.194 1.274 223.432 13.087 60.814 4.065 55.377 3.666 37.906 3.405

Ano Alfabetizado Ens.Sup. incomp Ens. Sup. Comp. Ensino acima Superior Não Informado

Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem.

2009 46.801 2.720 2.524 418 1.478 237 52 8 15.230 245

2010 52.964 2.819 2.699 435 1.582 247 61 11 19.411 714

2011 55,818 2,562 3,285 472 1,677 229 108 44 19,076 803

2012 62,323 1,779 3,632 451 1,8 250 120 9 22,92 900

20708

2013 63.630 1.937 3.474 840 1.868 285 99 20 22.199 1.000

Fonte: as autoras

Assim, a comparação das Figuras 4 e 5 compostas pelos dados percentuais da

escolaridade, permite constatar que do ano de 2009 a 2014, período correspondente à vigência

da Diretriz/2010, a escolaridade carcerária se manteve nos mesmos níveis percentuais na

distribuição por Nível e Etapas de ensino não tendo alteração significativa em relação às

condições iniciais.

Figura 4 – Percentual de Escolaridade da População Carcerária 2014

Fonte: Infopen 2014

As figuras 4 e 5 apresentam o percentual de escolaridade da População carcerária nos

períodos de 2014 e 2009 início e fim do recorte da pesquisa.

Figura 5 - Percentual de Escolaridade da População Carcerária 2009

Fonte Infopen 2014

20709

Quanto às orientações para a promoção do direito à educação nas prisões as Diretrizes

constatou-se na prática:

O fomento à leitura e a programas de implantação, recuperação e manutenção de

bibliotecas destinadas ao atendimento à população privada de liberdade, inclusive as ações de

valorização dos profissionais que trabalham nesses espaços:

Em 2009 o último levantamento oficial do Depen Nacional constatou que dos 1.148

estabelecimentos penais existentes nos estados pesquisados, apenas 305 possuíam bibliotecas,

ou seja, 26,56% das unidades penais ofertavam espaços de biblioteca.. O acervo

disponibilizado aos presos era limitado e em regra, foi formado através de campanhas de

doação de livros fornecidos pela comunidade e por instituições públicas e privadas. Os livros,

na sua maioria, eram didáticos e de literatura variada. A principal dificuldade para a criação

das bibliotecas é a falta de espaço físico nas unidades penais. (BRASIL: 2008)

Em 2014 constata-se a existência de 401 bibliotecas, correspondendo a 32% de oferta

nas unidades penais atuais. Também se tem em atendimento a esta política a instalação de 116

salas pra iniciação à informática correspondendo a 9% das unidades penais do sistema

carcerário nacional.

Define-se nas Diretrizes que a educação nas prisões desenvolverá políticas de elevação

de escolaridade associada à qualificação profissional, articulando-as, também, de maneira

intersetorial, a políticas e programas destinados a jovens e adultos.

Em 2014 foram ofertadas pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e

Emprego (Pronatec) 32.722 vagas para presos e egressos em cursos de formação profissional

diversos a serem distribuídas para todo o sistema penitenciário. (BRASIL: 2014 - d)

A Figura 6 apresenta uma síntese dos resultados alcançados pela política de Educação

Formal somando-se as oportunidades de acesso à Profissionalização revelando que os

percentuais em relação à população carcerária permaneceram estagnados nos cinco anos em

que está em vigor a Diretriz/2010, não tendo oscilação significativa nestas políticas de

educação e profissionalização.

20710

Figura 6 – Percentual de Acesso Ensino e Profissionalização em relação à População Carcerária 2009 - 2014

2009 2010 2011 2012 2013 2014

417.112496.251 514.582 548.003 574.027 607.731

10,28

8,06 9,33 8,64 10,23 8,31

SÍNTESE DE ACESSO A ATIVIDADES EDUCACINAIS E PROFISSIONALIZANTES

POPULAÇAO CARCERÁRIA PRESOS EM ATIVIDADE EDUCATIVA %

Fonte: as autoras.

No Art. 4º da Diretriz (2010) se determina que os órgãos responsáveis pela educação

nos Estados e no Distrito Federal devem tornar público, por meio de relatório anual, a

situação e as ações realizadas para a oferta de Educação de Jovens e Adultos, em cada

estabelecimento penal sob sua responsabilidade. Anualmente o INFOPEN disponibiliza

relatórios anuais obre a oferta de educação nas prisões com informações sobre o tratamento

penal, pessoal responsável, etc.

No artigo 7º propõe-se que as autoridades responsáveis pela política de execução penal

nos Estados e Distrito Federal deverão, conforme previsto nas Resoluções do Conselho

Nacional de Política Criminal e Penitenciária, propiciar espaços físicos adequados às

atividades educacionais, esportivas, culturais, de formação profissional e de lazer, integrando-

as às rotinas dos estabelecimentos penais.

Em maio de 2010 a Lei 12.245 alterou o artigo 83 da Lei de Execução Penal

determinando em seu § 4º: Serão instaladas salas de aulas destinadas a cursos do ensino

básico e profissionalizante. Atualmente a unidades sem sala de aula somam 598

representando 48% e com sala de 632 - 50% do total de unidades penais no sistema

penitenciário nacional.

Orienta-se que os educadores, gestores e técnicos que atuam nos estabelecimentos

penais deverão ter acesso a programas de formação inicial e continuada que levem em

consideração as especificidades da política de execução penal. Segundo o relatório anual do

20711

INFOPEN 2009 havia 620 professores atuando no sistema de ensino formal, atualmente de

acordo com o relatório 2014 o número de professores é de 3.051.

Na análise de Carreira (2010), coordenadora da missão da Relatoria Nacional para o

Direito Humano à Educação, foi constatado que:

• a educação para pessoas encarceradas ainda é vista como um “privilégio” pelo

sistema prisional; • a educação ainda é algo estranho ao sistema prisional. Muitos

professores e professoras afirmam sentir a unidade prisional como uma ambiente

hostil ao trabalho educacional; • a educação se constitui, muitas vezes, em “moeda

de troca” entre, de um lado, gestores e agentes prisionais e, do outro, encarcerados, visando a manutenção da ordem disciplinar; • há um conflito cotidiano entre a

garantia do direito à educação e o modelo vigente de prisão, marcado pela

superlotação, por violações múltiplas e cotidianas de direitos e pelo

superdimensionamento da segurança e de medidas disciplinares. (CARREIRA,

2010, p. 3)

As mesmas conclusões chegam autores como Boiago (2012); Ireland (2011); Onofre e

Julião (2013) afirmando que as ações dos educadores nas instituições penais, na prática,

sofrem interferência das atividades cotidianas das prisões. Nesse sentido Ball (2011) analisa

que é recorrente na prática de políticas o papel dos operadores da política que as interpretam,

executam segundo suas possibilidades analíticas, instrumentais e operacionais.

Considerações Finais

Constatou-se que a educação neste contexto tem o objetivo específico de atender aos

dispositivos de sentença que consistem em duas finalidades da pena: a punitiva e preventiva a

novos delitos e, a reinserção social do preso em condições de autonomia que lhe permitam a

sua autoregulação para conviver em sociedade (ELIAS: 2011).

Sua requisição está descrita no texto da lei que regula a Execução das penas privativas

de liberdade no capítulo das assistências e constitui em uma política de execução penal.

(BRASIL: 1984)

Embora a administração penitenciária por questão de melhor aparelhamento

institucional seja executada pelo poder executivo, a jurisdição é do poder judiciário. A partir

disso se remete às questões relativas ao estado democrático de direito, a tripartição de poderes

e a autonomia conferida pelo texto Constitucional.

A educação nos espaços prisionais se sujeita à jurisdição das penas privativas de

liberdade que são cumpridas em Instituições Totais (GOFFMAN: 2001) pertencentes à

estrutura orgânica do Ministério da Justiça na esfera federal e pelas Secretarias de Segurança

Pública e Administração Penitenciária na esfera estadual. Instituições de segurança média e

20712

máxima apresentam especificidades de fechamento, de controle disciplinar e rotinas

desempenhadas por pessoal especializado responsáveis por manter a disciplina, a segurança.

Sob estas condições o rigor no que se refere a todas as movimentações de presos e de

pessoal é reforçado, todos os acessos, materiais, equipamentos, atividades controlados, etc.

Em 2013 foi realizada uma pesquisa com 18 mil presos do Sistema Penal paranaense

para avaliar na prática, as percepções dos presos sobre a política de encarceramento a partir da

categoria violência e direitos humanos com questões abertas para análise qualitativa e

sugestões. Foi significativo o número de depoimentos atrelando direitos humanos e educação

como possibilidades de mudanças concretas na realidade carcerária e na trajetória de vida dos

encarcerados bem como, denunciando a falta de oportunidades de educação trabalho e

profissionalização.

De fato, ao reconhecer as limitações da Diretriz para defini atribuições demandou o

que não há autonomia do Ministério da Educação nem das Secretarias de Estado para adentrar

as Unidades Penais, estabelecer seus padrões e rotinas, ditar normas de ação, promover

atividades com as mesmas performances e liberdade com que legisla e promove atividades

nos estabelecimentos de ensino público livres.

Apesar das dificuldades apontadas que não possibilitaram avanços em termos

numéricos de garantia do direito à educação, do ponto de vista normativo houve avanços no

que se refere à remição de pena pela leitura; a construção de bibliotecas, a participação em

projetos como o PRONATEC e principalmente, no que se refere aos princípios dessa

modalidade de ensino inscrita no projeto de educação ao longo da vida.

REFERÊNCIAS

ADORNO, Sérgio. Exclusão socioeconômica e violência urbana. Sociologias, Porto Alegre,

ano 4, nº 8, jul/dez 2002, p. 84-135.

BALL. Stephen J. Mainardes. Jefferson. (orgs). Políticas Públicas: Questões e Dilemas.

Cortez. São Paulo – SP. 2011.

BOBBIO. Norberto. A Era dos Direitos. Elsevier. Rio de Janeiro – RJ. 2004.

BOIAGO. Daiane Letícia. Políticas públicas para a educação prisional: perspectivas da

ONU e da UNESCO. IX ANPED SUL. 2012. Seminário de Pesquisa em Educação Região

Sul.

BRASIL - DEPEN Nacional. Relatório da Situação Atual do Sistema Penitenciário. Bibliotecas. Brasília. 2008.

20713

______ Ministério da Justiça. Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária –

CNPCP. Resolução nº- 03, de 11 de março de 2009. Dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para a Oferta de Educação nos estabelecimentos penais.

______ Ministério da Justiça. Educação no Sistema Prisional 2013-2014. Departamento

Penitenciário Nacional – DEPEN. Disponível em -

legislativa/comissoes/comissoespermanentes/ce/arquivos/seminario-educacao-no-sistema-

prisional Acesso em 05/08/2015

______ (c) Ministério da Educação. Relatório Educação para Todos no Brasil, 2000 -2015 / Ministério da Educação. Brasília: MEC- 2014.

______ (d). Ministério da Educação. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

RN. Auditoria Geral - AUDGE/RN. Ação: 2.4 Avaliação dos Controles do Registro de

Frequência dos Servidores em Desempenho de Funções Administrativas no Âmbito do

PRONATEC. Natal/RN Setembro/2014

______ Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional. Levantamento

Nacional de Informações Penitenciárias INFOPEN - junho de 2014. Disponível em

http://www.justica.gov.br/noticias/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen-nesta-terca-feira/relatorio-depen-versao-web.pdf. Acesso em 19/09/2015

______ Departamento Penitenciário Nacional. Relatórios Estatísticos - Analíticos do

sistema prisional de cada Estado da Federação. Brasil. Dez/2012. Disponível

em http://portal.mj.gov.br/main.asp?View={D574E9CE-3C7D-437A-A5B6-

22166AD2E896}&BrowserType=NN&LangID=ptbr&params=itemID%3D%7BC37B2AE9 Acesso em 18/09/2015.

______ FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação. Presidência da República. Ministério da

Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Diretoria Financeira.

Coordenação-Geral de Operacionalização do Fundeb e de Acompanhamento e Distribuição da Arrecadação do Salário-Educação. 2008.

______ LEI N° 010172 de 09 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de

Educação e dá outras providências.

______ Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. LEI Nº

7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Disponível em

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm. Brasília. 1984. Acesso em 19/09/2015.

______ Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília. 1988. Disponível em http://www.brasil.gov.br/governo/2010/11/a-constituicao-federal. Acesso, em 19/09/2015.

______ Resolução nº 2, de 19 de maio de 2010. Dispõe sobre as Diretrizes Nacionais

para a oferta de educação para jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos

20714

estabelecimentos penais. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Continuada.

Alfabetização e Diversidade (MEC/SECAD). Disponível em

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=14906&Itemid=866 Acesso

18/09/2015

CANOTILHO, José Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 5. ed. Coimbra. Almedina, 2002.

CARREIRA, Denise; CARNEIRO, Suelaine. Educação nas prisões brasileiras. São Paulo:

Relatoria Nacional para o Direito Humano à Educação, Plataforma DhESCA. Brasil, 2009.

Disponível em:

http://www.dhescbrasil.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=289:educacao-nas-prisoes-brasileiras&catid=127:relatorios&Itemid=154. Acesso em 19/09/2015

CONSELHO de Desenvolvimento Econômico e Social - CDES. As Desigualdades na

Escolarização no Brasil. Relatório de Observação nº 4. 2ª edição. Brasília, 2011.

Disponível em www.cdes.gov.br/grupo/61/observatorio-da-equidade.html Acesso em

19/09/2015.

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – CNE. PARECER CNE/CEB Nº: 4/2010.

Diretrizes Nacionais para a oferta de educação para jovens e adultos em situação de privação

de liberdade nos estabelecimentos penais RELATOR: Adeum Hilário Sauer PROCESSO N.º:

23000.019917/2008-49 COLEGIADO: CEB. Aprovado em: 9/3/2010. CNE – 2010.

Disponível em

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=5218-

sum003-10&Itemid=30192. Acesso em 19/09/2015.

ELIAS. Norbert. A sociedade dos Indivíduos. Zahar. Rio de Janeiro. RJ. 1994

______. Norbert. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro. Zahar. 2011. 1 v.

GOFFMAN, Erving. Manicômios, Prisões e Conventos. 7ª ed. São Paulo. Perspectiva, 2001.

JULIÃO. Elionaldo Fernandes. Santa Rita, Rosângela Peixoto. (Orgs) Privação de

liberdade. Desafios para a política de direitos humanos. Paco Editorial. Jundiaí – SP. 2014.

INSTITUTO Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Anuário Estatístico do Brasil.

Volume 69. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Rio de Janeiro, RJ. 2009.

Disponível em

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2009/. Acesso em 21/09/2015

IRELAND, Timothy D. Bibliografia comentada sobre educação em prisões. Em Aberto,

Brasília, v. 24, n. 86, p. 171-179, nov. 2011.

MAINARDES, J. Abordagem do Ciclo de Políticas: Uma Contribuição para a Análise de

Políticas Educacionais. Revista Educação e Sociedade. Campinas, vol.27, n.94, p.47-69,

jan/abr. 2006.

20715

______. Jefferson. Reinterpretando os ciclos de Aprendizagem. CORTEZ. São Paulo –

SP. 2007.

MARCÃO. Renato. Lei de Execução Penal Anotada. 5ª ed. Saraiva. 2014.

ONOFRE. Elenice Maria Cammarosano. JULIÃO. Elionaldo Fernandes. A Educação na

Prisão como Política Pública: entre desafios e tarefas. Educação & Realidade, Porto Alegre,

v. 38, n. 1, p. 51-69, jan./mar. 2013.

ONU – Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em http://www.onu.org.br/ Acesso em 19/09/2015.

______ Organização das Nações Unidas. Regras mínimas para o tratamento de

prisioneiros. 1957. Disponível em

http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/Repositorio/30/Documentos/Legisla%C3%A7%C3%

A3o/REGRAS%20M%C3%8DNIMAS%20PARA%20O%20TRATAMENTO%2 0DE%20PRISIONEIROS. doc Acesso em 19/09/2015.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos. Pesquisa “Vozes

do Cárcere” – Paz e não violência em busca de um novo modelo de gestão penal - 2011-

2013. Coordenação Escola de Educação em Direitos Humanos. Orientação UFPR: Dra. Sonia

Maria Chaves Haracemiv. Orientação UTFPR: Dr. Domingos Leite Lima Filho. Coordenação. Drª Cineiva. Campoli.SEJU/UFPR/UTFPR.. Curitiba – Pr. 2013.

ROIG. Rodrigo Duque Estrada. Direito e Prática Histórica da Execução Penal no Brasil.

Revan. Rio de Janeiro – RJ. 2005.

SARAIVA. Editora, Vade-mécum Saraiva. Obra coletiva da editora Saraiva com

colaboração de Luiz Roberto Curia, Lívia Céspedes e Juliana Nicoletti. 18ª ed. Atualizada e

ampliada. São Paulo. Saraiva 2014.

SAUER . Adeum Hilario e JULIÃO. Elionaldo Fernandes. A educação para jovens e

adultos em situação de restrição e privação de liberdade no Brasil: questões, avanços e

perspectivas. Ministério da Educação Conselho Nacional de Educação. Seminário Educação nas Prisões. Brasília/DF - CNE - 23 de Abril de 2012 (Documento-Referência)