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ISSN 2176-1396 A TEMÁTICA “ORIGEM DA VIDA” EM ALGUMAS EDIÇÕES DE UM LIVRO DIDÁTICO: UMA VIAGEM NO TEMPO Aline Borges Rodovalho 1 - UFU Sara Hissae Hiraiwa 2 - UFU Ariadine Cristine de Almeida 3 - UFU Viviane Rodrigues Alves de Moraes 4 - UFU Grupo de Trabalho Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O livro didático é um importante instrumento na educação, por se constituir em um poderoso mecanismo de seleção e organização curricular e de método de ensino. O presente trabalho analisou o conteúdo, os recursos visuais e as atividades propostas nos capítulos referentes à Origem da Vida do livro didático “Biologia”, nas edições de 1993, 2002 e 2010, dos autores Cezar e Sezar. Esta temática foi escolhida por ser apontada como um desafio para os alunos, uma vez que para a compreensão das teorias, estes deverão ter noções de tempo e espaço, além de imaginar o ambiente primitivo da terra, compreendendo as reações que iniciaram os processos que deram origem à vida. Reconhecendo que o livro didático é um instrumento amplamente utilizado pelos professores, pensamos que, em decorrência das alterações políticas, econômicas, culturais e até mesmo de novas descobertas científicas, este recurso poderia também ter passado por mudanças. Por isso, neste estudo, a pesquisa exploratória, de cunho bibliográfico, consistiu na investigação comparativa entre as três edições anteriormente citadas, considerando o momento sócio histórico em que cada livro foi produzido. Para isso, utilizamos os parâmetros de avaliação do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), publicado pelo Ministério da Educação. Constatamos, de uma forma geral, que no decorrer de quase duas décadas, as três edições mantiveram uma consistência epistemológica no que diz respeito à apresentação do conteúdo e das atividades, visto que, teve pouca inserção de conteúdo, no entanto, as imagens tiveram melhorias, devido à evolução dos recursos tecnológicos utilizados nessa ferramenta de ensino. 1 Graduada em Ciências Biológicas pela UFU. Aluna do Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica da UFU. Professora da Educação Básica da Prefeitura Municipal de Uberlândia-MG. E-mail: [email protected] 2 Mestranda em Biologia Celular Estrutural e Aplicadas na Universidade Federal de Uberlândia. Email: [email protected] 3 Doutora em Zoologia pela UNESP. Professora Adjunta do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia. Email: [email protected] 4 Doutora em Educação em Ciências e Matemática pela USP. Professora Adjunta do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia. Email: [email protected].

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ISSN 2176-1396

A TEMÁTICA “ORIGEM DA VIDA” EM ALGUMAS EDIÇÕES DE UM

LIVRO DIDÁTICO: UMA VIAGEM NO TEMPO

Aline Borges Rodovalho1- UFU

Sara Hissae Hiraiwa2 - UFU

Ariadine Cristine de Almeida 3- UFU

Viviane Rodrigues Alves de Moraes 4 - UFU

Grupo de Trabalho – Didática: Teorias, Metodologias e Práticas

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O livro didático é um importante instrumento na educação, por se constituir em um poderoso

mecanismo de seleção e organização curricular e de método de ensino. O presente trabalho

analisou o conteúdo, os recursos visuais e as atividades propostas nos capítulos referentes à

Origem da Vida do livro didático “Biologia”, nas edições de 1993, 2002 e 2010, dos autores

Cezar e Sezar. Esta temática foi escolhida por ser apontada como um desafio para os alunos,

uma vez que para a compreensão das teorias, estes deverão ter noções de tempo e espaço,

além de imaginar o ambiente primitivo da terra, compreendendo as reações que iniciaram os

processos que deram origem à vida. Reconhecendo que o livro didático é um instrumento

amplamente utilizado pelos professores, pensamos que, em decorrência das alterações

políticas, econômicas, culturais e até mesmo de novas descobertas científicas, este recurso

poderia também ter passado por mudanças. Por isso, neste estudo, a pesquisa exploratória, de

cunho bibliográfico, consistiu na investigação comparativa entre as três edições anteriormente

citadas, considerando o momento sócio histórico em que cada livro foi produzido. Para isso,

utilizamos os parâmetros de avaliação do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD),

publicado pelo Ministério da Educação. Constatamos, de uma forma geral, que no decorrer de

quase duas décadas, as três edições mantiveram uma consistência epistemológica no que diz

respeito à apresentação do conteúdo e das atividades, visto que, teve pouca inserção de

conteúdo, no entanto, as imagens tiveram melhorias, devido à evolução dos recursos

tecnológicos utilizados nessa ferramenta de ensino.

1 Graduada em Ciências Biológicas pela UFU. Aluna do Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica

da UFU. Professora da Educação Básica da Prefeitura Municipal de Uberlândia-MG. E-mail:

[email protected] 2 Mestranda em Biologia Celular Estrutural e Aplicadas na Universidade Federal de Uberlândia. Email:

[email protected] 3 Doutora em Zoologia pela UNESP. Professora Adjunta do Instituto de Biologia da Universidade Federal de

Uberlândia. Email: [email protected] 4 Doutora em Educação em Ciências e Matemática pela USP. Professora Adjunta do Instituto de Biologia da

Universidade Federal de Uberlândia. Email: [email protected].

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Palavras chave: Livro didático. Origem da vida. Ensino de Ciências.

Introdução

É indiscutível a que o livro didático ocupa um lugar importante no cenário

educacional, por se constituírem um poderoso mecanismo de seleção e organização curricular

e de métodos de ensino. Esta importância é confirmada por diversos fatores, tais como o

debate em torno de sua função social relativa à democratização de saberes de diferentes

campos de conhecimento, pela polêmica acerca do seu papel como estruturador da atividade

docente, pelos interesses econômicos em torno da sua produção e comercialização, e ainda

pelos investimentos públicos em programas de avaliação (SELLES; FERREIRA, 2004).

Nessa linha, Spiassi (2008) salienta que o livro didático pode assumir diferentes

funções, dependendo das condições, do lugar e do momento em que é produzido e utilizado

nas diferentes situações escolares. Por ser um objeto de "múltiplas facetas", o livro didático é

pesquisado enquanto produto cultural; como mercadoria ligada ao mundo editorial, dentro da

lógica de mercado capitalista; como suporte de conhecimentos e de métodos de ensino das

diversas disciplinas e matérias escolares; e, ainda, como veículo de valores, ideológicos ou

culturais.

[...] estudos indicam que o livro didático configura-se como um auxílio essencial.

Pois, como instrumento de controle curricular, o livro didático pode orientar o

conteúdo a ser ministrado, sua sequência e as atividades de aprendizagem e

avaliação, possibilitando ao professor mediar as informações ali contidas de forma mais segura e sistemática. (SPIASSI, 2008, p.47).

Situando historicamente o livro didático, temos que sua Legislação foi criada em 1938

(BRASIL, 1938) e nesse período o livro já era considerado uma ferramenta da educação

política e ideológica. Mas, o mecanismo jurídico que o implementou legalmente foi o decreto

9154/85 com a criação do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), no qual em seu

artigo 2º estabeleceu-se a avaliação rotineira dos mesmos (NUÑEZ et al., 2003, p.1). Em

1994, o MEC publicou o documento Definição de Critérios para Avaliação dos Livros

Didáticos. Os critérios estabelecidos pela equipe de Ciências foram organizados em quatro

grupos (BRASIL, 1994): Descritores da estrutura, descritores das concepções de natureza,

descritores das atividades e descritores do livro do professor.

De acordo com Krasilchik (2000, p.86), as mudanças ocorridas em nossa sociedade,

sejam elas políticas, econômicas, sociais ou culturais afetam direta e/ou indiretamente a

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elaboração do conteúdo tratado nos livros didáticos, bem como o ensino nas escolas.

Tomando como marco inicial os últimos 60 anos, durante os quais a Ciência e a Tecnologia

foram reconhecidas como essenciais no desenvolvimento econômico, cultural e social, o

ensino das Ciências em todos os níveis foi também crescendo de importância, sendo objeto de

inúmeros movimentos de transformação e servindo como modelo para algumas tentativas das

reformas educacionais.

A autora destaca que materiais didáticos específicos apareceram durante a “guerra

fria”, quando os Estados Unidos no intuito de vencer a batalha espacial, fez investimentos em

recursos humanos e financeiros, para produzir os primeiros projetos de ensino de Física,

Química, Biologia e Matemática para o ensino médio. A justificativa desse empreendimento

baseava-se na ideia de que a formação de uma elite que garantisse a hegemonia norte-

americana na conquista do espaço dependia, em boa parte, de uma escola secundária na qual

os cursos das Ciências identificassem e incentivassem jovens talentos a seguir carreiras

científicas. Esse período foi marcante e crucial na história do ensino de Ciências, e influencia

até hoje as tendências curriculares das várias disciplinas, tanto no ensino médio como no

ensino fundamental, com repercussões significativas nos livros didáticos (KRASILCHIK,

2000, p.85).

Nas últimas décadas, Bittencourt (2004) aponta que as pesquisas sobre livros

didáticos, no Brasil e no exterior, passaram por uma evolução no sentido de compreender este

artefato cultural em sua complexidade. Especificamente no campo da Educação em Ciências,

o livro didático, como objeto de investigação, tem permitido variadas abordagens com a

problematização de questões que vão desde as leituras e critérios para escolha do livro por

professores de Ciências, passando por críticas acerca das visões de Ciência veiculadas pelos

livros didáticos, até reflexões sobre usos, práticas de escolha e representações do livro nos

currículos e no ideário de professores, entre outras (BITTENCOURT, 2004, p.471).

Destacamos que neste estudo, a temática origem da vida, que está presente na grade

curricular dos ensinos fundamental, médio e superior. Estudos mostram que a complexidade

deste conteúdo resulta em dificuldades, tanto de ensino para os professores, como de

aprendizagem para os alunos (NICOLINI; FALCÃO; FARIAS, 2010). Os autores ressaltam

que as causas apontadas para tais dificuldades são as lacunas nas hipóteses explicativas da

ciência sobre os fenômenos a respeito da origem da vida na Terra, a diversidade de teorias que

envolvem esse tema, além de ser um conteúdo de difícil visualização, pois apresenta

informações que não estão fundamentadas em nosso cotidiano. Além disso, é preciso que o

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professor esteja preparado para elucidar questões sobre investigações científicas e a teorização

dos experimentos realizados, bem como saber lidar com as questões de ordem religiosa e

cultural que esta temática envolve (VIEYRA; SOUZA BARROS, 2000). Assim, traçamos

uma linha do tempo para o conteúdo Origem da Vida contido nas edições de 1993, 2002 e

2010 do livro de Biologia de César e Sezar. Escolhemos essas edições devido ao fato de

apresentarem significativos intervalos de tempo entre um e outro, além de serem acessíveis

devido à sua disponibilidade no Laboratório de Ensino (LEN) da Universidade Federal de

Uberlândia. Portanto, no presente trabalho analisamos especificamente se ocorreram

alterações no conteúdo, nas imagens e atividades referentes aos capítulos que tratam sobre o

tema Origem da Vida nas edições anteriormente mencionadas.

Metodologia

Esta investigação se caracteriza como uma análise documental, por meio da

perspectiva qualitativa, que teve como objetivo identificar e analisar cronologicamente os

conteúdos apresentados em edições diferentes de livros didáticos da coleção “Biologia” dos

autores César e Cezar referentes à “Origem da vida na Terra”. De acordo com Lüdke e André

(1986), a análise documental pode constituir-se numa técnica valiosa de abordagem

qualitativa, seja complementando as informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando

aspectos novos de um tema ou problema.

A pesquisa foi desenvolvida no período de janeiro a abril de 2013, por meio da análise

dos capítulos de livros didáticos da coleção “Biologia” dos autores Cesar e Sezar, sendo que

nossa escolha baseou-se no fato desta coleção ser adotada por várias escolas de Ensino Médio

de nosso município. Para traçarmos uma linha do tempo utilizamos três edições de anos

distintos, 1993, 2002 e 2010.

Como critérios para a análise (Quadro 1), utilizamos os parâmetros de avaliação do

PNLD 2012, levando em consideração os seguintes tópicos:

3616

Quadro 1: Critérios de análise

Quanto ao conteúdo: Quanto aos recursos visuais: Quanto às atividades

propostas

Adequação à série Qualidade das ilustrações (nitidez, cor)

Propõe questões ao final de cada

capítulo/ tema?

Clareza do texto Grau de relação com as informações

contidas no texto

As questões têm enfoque

multidisciplinar?

Nível de atualização do texto Veracidade da informação contida na

ilustração

Propõe atividades em grupo e/

ou projetos para trabalho do

tema exposto?

Grau de coerência entre as

informações apresentadas

Grau de inovação

Indica fontes complementares

de informação? Estimula a utilização de novas tecnologias

como a internet

Fonte: PNLD (2012)

Definidos os parâmetros de análise, o trabalho passou para a segunda etapa com:

• Leitura criteriosa das três edições seguidas de comparação entre as mesmas,

buscando identificar as mudanças relacionadas às categorias citadas acima, levando em

consideração o momento sócio histórico do livro e as descobertas científicas ao longo dos

anos.

• Elaboração de um quadro explicativo contendo informações das três edições quanto à

retirada ou implementação do conteúdo ao longo do capítulo.

Resultados e discussão

Conteúdo

O conteúdo “Origem da Vida” é considerado multidisciplinar, pois há a necessidade

de noções de geografia, química, física e biologia para compreendê-lo. Esse conteúdo é um

desafio para alunos de ensino fundamental, pois para a compreensão das teorias, o aluno

deverá ter noções de tempo e espaço, além de imaginar o ambiente primitivo da terra e

entender as reações que iniciaram o processo para a formação dos primeiros indivíduos

(NICOLINI; FALCÃO; FARIAS, 2010).

Com a análise dos livros, conseguimos notar que houve uma evolução no pensamento

científico. Na edição de 1993, os autores apresentaram o conteúdo dando atenção às

experiências e aos processos relacionados à teoria, deixando o texto mais rico em

informações, porém pensamos que o excesso de informações muitas vezes dificulta o

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entendimento da matéria como um todo. Pois, a quantidade de informações acerca dos

experimentos é muito detalhada, provavelmente com a intenção de que o leitor consiga

compreender porque o cientista fez cada passo do experimento e qual foi seu o resultado.

Entretanto, pensamos que este aprofundamento excessivo, de base cartesiana, dificulta a

contextualização e o estabelecimento de uma aprendizagem significativa para o aluno.

Segundo Santomé (1998), os alunos frequentemente têm dificuldades de aprendizagem

geradas por um currículo disciplinar, fragmentado, que não possibilita uma visão global sobre

o assunto tratado.

Este aspecto, também foi observado nas explicações sobre a formação dos oceanos,

nos experimentos de Oparin, Miller e Fox (ZAIA; ZAIA, 2008).

Nas edições de 2002 e 2010, os detalhes como o motivo de se realizar o experimento,

as condições da época e os materiais utilizados não são expostos de forma clara, apenas

descrevem quais foram os resultados dos experimentos.

Na edição de 1993, o capítulo inicia com o tópico “A ideia de geração espontânea”, o

que nas outras edições tornaram-se texto complementar, disponível no final do capítulo. Neste

contexto, percebe-se uma mudança de visão epistemológica, pois em 1993 a explicação da

geração espontânea possuía tal importância que a situava no início do capítulo, isso talvez

seja possível devido à relevância que esta teoria tinha na época em que o livro foi editado.

Nas outras edições, o capítulo inicia com o tópico “A história da vida” em 2002 e “Vida fora

da Terra” em 2010 e, colocando a geração espontânea num quadro apenas para curiosidade.

Em nossa opinião, essa teoria deve ser lembrada e contextualizada, pois ela faz parte da

história da evolução do conhecimento científico acerca da origem da terra e que por muito

tempo foi aceita.

Os livros de 1993 e 2010 trazem informações sobre pesquisadores dos anos entre 1745

e 1770, Needham e Spallanzani, falando sobre as primeiras experiências acerca da geração

espontânea, somente depois desses dois pesquisadores em 1860 que Oparin conseguiu mostrar

que essa hipótese não era verdadeira. Essas informações são valiosas para que se possa

entender a dinâmica dessas teorias. Curiosamente, na edição de 2002 não há essas

informações, isso pode ser explicado pela valorização da história da Ciência no momento

atual, pois segundo Henry (1998), no livro Revolução Científica e as origens da Ciência

Moderna, é possível analisar o pano de fundo da questão na tentativa de reconstruir o passado.

Como descrito na introdução, há a necessidade de um mediador para elucidar questões

da investigação científica, como as definições de hipóteses, objetivos, experimentação e

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resultados. Daí, a importância de uma formação docente que envolva a história e a filosofia da

Ciência, para construir com os fios da explicação história uma malha significativa de eventos

que leve o aluno a compreender o porquê da hipótese da geração espontânea ter perdido

relevância, com a demonstração de Pasteur.

Textos complementares

Os textos complementares aparecem nas duas últimas edições (2002 e 2010) e vêm

ressaltando informações adicionais ou curiosidades que não encontram espaço na edição de

1993.

Em um texto complementar na edição de 2002, relacionado às bactérias autotróficas e

a possível vida em Marte, o título está confuso “Bactérias que comem pedras e vida em

Marte” apresentando uma ambiguidade na frase. Ao ler a frase rapidamente, o aluno pode ter

duas interpretações: a primeira que existem bactérias que comem pedras e há vida em Marte,

e a segunda que existe bactérias que comem pedras e comem a vida em Marte. Entretanto, a

maior parte dos textos complementares de 2002 não apresentam títulos, há apenas uma caixa

de texto com o assunto. Em 2010, os textos complementares ganham títulos, direcionando o

aluno ao conteúdo de forma mais rápida e consequentemente facilitando a leitura e possível

compreensão daquilo que se irá ler.

Em 1993, havia um pequeno trecho do artigo “A origem da vida” de George Wald,

porém o consideramos inadequado para alunos do ensino médio, pois os termos utilizados não

condizem com a realidade vivenciada nas escolas. O autor usou argumentos confusos para

defender sua ideia. Isso é evidente quando ele cita: “[...] pelo número de casos abrangidos por

uma vida humana, ou, quando muito, pela história humana conhecida” (CÉSAR; SEZAR,

1993, p. 222). No trecho: [...] o ponto importante está no fato de a origem da vida pertencer à

categoria dos fenômenos do ‘pelo menos uma vez’ ”(CÉSAR; SEZAR,1993, p. 218) e

também no trecho: “[...] um intervalo de tempo suficientemente longo permitirá quase com

certeza que ele aconteça pelo menos uma vez” (CÉSAR; SEZAR,1993, p. 224).

Mudanças estruturais do conteúdo

Comparando o conteúdo de 2002 e 2010 observamos pequenas alterações. Ao longo

do texto do livro de 2010, os autores grifaram certas palavras (Figura 1) que apenas apareciam

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na edição de 2002, o que pode significar que queriam intencionalmente destacá-las chamando

a atenção do aluno para as palavras-chaves daquele tópico.

Figura 1 – Trecho do conteúdo mostrando o realce de algumas palavras no texto na edição de 2010. Palavras

não grifadas, edição 2002.

Fonte: César e Sezar (2002, p.304) e César e Sezar (2010, p.307).

Em alguns tópicos, o que era texto principal do conteúdo em 1993, em 2002 virou

texto complementar, o que pode ser um indicativo da mudança de visão dos autores sobre o

que era relevante em 1993, e que, em 2002, não passava de curiosidade. Entretanto,

percebemos o caminho inverso da edição de 2002, na qual determinado texto era

complementar, para 2010, o qual passou a ser inserido no conteúdo geral daquele capítulo

(TABELA 2).

No livro de 1993, não apresentava o tópico “Ideias Recentes – Oparin rediscutido”, já

que se tratava de um artigo mais recente, e que aparece na edição de 2002, porém para 2010,

não houve alterações significativas nesse tópico. Os subtópicos incluídos nas edições de 2002

e 2010 foram: “As condições primitivas foram outras”, argila ou rochas quentes?”, “como

apareceram os genes.”, “Células ou genes: quem veio primeiro?” e “Código genético: a

grande dúvida”.

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Tabela 2 – Relação entre conteúdo e texto de aprofundamento nas três edições (----- = não existe; X= existe)

Tema/ano 1993 2002 2010

Bactérias autotróficas Conteúdo ----- ----- X

Texto de

aprofundamento

----- X -----

Hipótese de Robertson Conteúdo X ----- X

Texto de

aprofundamento

----- X -----

Argumentos a favor e

contra da teoria

endossimbiótica

Conteúdo ----- ----- -----

Texto de

aprofundamento

----- X -----

Coacervado Conteúdo X ----- -----

Texto de

aprofundamento

----- X X

Evolução Conteúdo X ----- -----

Texto de

aprofundamento

----- X X

Fonte: As autoras

Comparando as edições de 1993 e a de 2002, há um grande acréscimo de informações,

evidentemente pelo avanço das pesquisas nessa área de conhecimento, podemos citar, por

exemplo, a explicação sobre a formação dos rios, o conhecimento dos coacervados, a teoria

endossimbiótica e o conhecimento de bactérias autotróficas. Já de 2002 para 2010, há pouco

acréscimo de conteúdo, sendo que, o mais significativo foi o desdobramento da descoberta de

bactérias autotróficas, já citada em 2002, porém não explicada com detalhes. Percebemos

aqui, uma modificação importante, de cunho epistemológico por parte dos autores, pois esta

descoberta fez com que as teorias fossem analisadas mais a fundo, mas, em 2002 a teoria mais

aceita para os primeiros seres vivos era de que eles fossem heterotróficos, no entanto, a

descoberta dessa bactéria autotrófica, em 1977, fez com que essa teoria fosse questionada.

Pensamos que a inserção de uma hipótese nos livros didáticos pode causar uma grande

repercussão, nesse sentido, podemos citar também os experimentos de Oparin, causando

alterações no modo de ensinar e explicar o conteúdo, fazendo conceitos antigos serem

repensados e analisados.

Em 2010, notamos que há a retirada de parte do conteúdo, que indicavam opiniões dos

autores, evidentes na edição de 2002, como por exemplo, “Assim, essa crença, embora

respeitável, tem mais que ver com fé do que com ciência” (CÉSAR; SEZAR, 2002, p. 301)e a

retirada de pontos de exclamação no meio do texto “[...] além de outras moléculas orgânicas,

continha também alguns aminoácidos, as matérias-primas das proteínas!” (CÉSAR; SEZAR,

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2002, p. 300) e “[...] além de não haver cientista que disponha de tempo tão longo para

realizar essa experiência!” (CÉSAR; SEZAR, 2002, p. 301). Isto poderia ser um indicativo de

voltar a uma imparcialidade e neutralidade do texto científico, que objetivaria apenas a

informação, sem a pretensão de formar alguma opinião.

Recursos Visuais

Quanto às imagens, levamos em consideração o ano que o livro foi editado e os

recursos tecnológicos da época. A diferença da época de publicação entre o livro mais antigo

e o mais novo é de 17 anos, portanto consideramos aspectos que influenciaram as mudanças,

tais como estudos sobre ensino/aprendizagem e recursos didáticos, os avanços tecnológicos na

área de recursos visuais, o incentivo das editoras para produzirem livros com mais qualidade,

ilustrações mais chamativas e autoexplicativas, financiamento para a produção dos livros,

demanda de livros na área de ciências, entre outros.

No livro de 1993, as imagens eram desenhos com poucas cores, porém para o contexto

da época, as imagens estão nítidas e contextualizadas com as informações do livro.

Analisando a primeira imagem do conteúdo de Origem da vida, no livro de 2010 a

imagem mostra a terra primitiva, porém com um vulcão em erupção, fumaça e meteoritos

caindo na terra. Já no livro de 2002, a imagem da terra primitiva é um ecossistema muito rico,

com cores vivas e marcantes, que pensamos ter mais potencial para aguçar a criatividade e a

imaginação do aluno (Figura 2).

Figura 2 – Diferença das imagens de abertura do capítulo “Origem da Vida” nas edições de 2002 e 2010,

respectivamente.

Fonte: César e Sezar (2002, p.302) e César e Sezar (2010, p. 301).

Notamos que nas edições de 2002 e 2010, algumas imagens não se alteraram, como

por exemplo, a figura da linha do tempo. Nessa imagem notamos a existe uma falta de

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inovação do livro por parte dos autores, pois após 8 anos, pensamos que o livro poderia

acrescentar ou melhorar suas imagens e ilustrações. A imagem da evolução da célula está

presente nas três edições analisadas, isso pode ter relação também com o fato dessa imagem

ser autoexplicativa e de fácil compreensão, porém o fato das edições atuais terem em mãos

uma ferramenta inexistente na edição mais antiga, os recursos tecnológicos, indicam a falta de

inovação no livro (Figura 3).

Figura 3 – A e B imagens das edições de 2002 e 2010, respectivamente, mostrando a linha do tempo, não há

modificações significativas. C, D e E imagens das 3 edições, 1993, 2002 e 2010 respectivamente, mostrando a

imagem idêntica da formação das células, já que esta ideia ainda prevalece.

Fonte: César e Sezar (1993, p.226) e César e Sezar (2002, p.302) e César e Sezar (2010, p. 301).

Nos três livros não há a inserção de informações relacionadas à veracidade da

ilustração, como por exemplo, escalas, cores fantasias, imagem real ou fictícia e

referência/autor da imagem, salvo algumas exceções na edição de 2010.

Entretanto, com esta análise conseguimos ver a evolução dos recursos tecnológicos

utilizados nos livros didáticos, como nas imagens da formação dos oceanos (Figura 4), em

1993 a imagem está em preto e branco, na edição de 2002, é a mesma imagem, porém em

versão colorida, já no livro de 2010 a mesma imagem foi inovada, pois já se trata de um

desenho computadorizado.

3623

Figura 4 – Imagens das 3 edições em ordem cronológica, mostrando a inovação das imagens em relação aos

avanços tecnológicos de cada época.

Fonte: César e Sezar (1993, p.218) e César e Sezar (2002, p.301) e César e Sezar (2010, p. 308).

No livro de 2010, percebemos um avanço nos recursos visuais com a inserção de

imagens reais no capítulo, porém algumas imagens não estão nítidas (FIGURA 5),

apresentam-se escuras, dificultando a interpretação da mesma, e em uma delas não há a

informação do local de onde a imagem foi retirada. Essas fotos estão relacionadas ao tema das

bactérias autotróficas, que não estavam presentes nas edições anteriores, porém pelos recursos

do ano, pensamos que as imagens poderiam ser mais nítidas e chamativas.

Figura 5 – Imagens reais não nítidas e sem legenda objetiva, edição 2010.

Fonte: César e Sezar (2010, p. 302). César e Sezar (2010, p. 301).

No esquema sobre a hipótese de Robertson combinada com a teoria endossimbiótica

notamos alterações entre as edições de 2002 e 2010. Na figura da edição de 2002, a da direita,

o esquema está autoexplicativo e de fácil interpretação, já na edição de 2010, à esquerda, há

um detalhe que pode induzir o aluno ao erro. Pois, num olhar mais desatento, na ilustração

3624

indicando a célula procarionte (anucleada), pode-se confundir o que está sendo indicado como

DNA como um possível núcleo (FIGURA 6).

Figura 6 – Hipótese de Robertson combinada com a teoria endossimbiótica. Esquema de 2010 induz o erro

devido ao DNA se encontrar no centro da célula, enquanto que o esquema de 2002 apresenta-se de forma clara e

explicativa.

Fonte: (A) César e Sezar (2010, p.316) e (B) César e Sezar (2002, p.308).

Atividades propostas

As três edições apresentam questões no final do capítulo, sendo estas questões de

vestibulares e questões discursivas. Nas duas últimas edições há mais questões ao longo do

capítulo, com questões de interpretação e reflexão dos textos complementares, o que pode ser

um indicativo de avanços de cunho epistemológico no que diz respeito ao entendimento da

aprendizagem do aluno e sua relação com atividades problematizadoras e instigantes de

raciocínio e reflexão, entretanto não há proposição de atividades em grupo, nem de aulas

experimentais. Sendo que, a edição de 2002 e 2010, as questões apresentam-se similares,

modificando apenas aspectos da linguagem. Por exemplo, nos livros de 2002 e 2010,

encontramos uma questão de vestibular idêntica (FIGURA 8). Acreditamos que essa questão

possa ser clássica de vestibulares, haja vista que ela pode contemplar todo o conteúdo

estudado, o que não impediria uma inovação em sua formulação.

A B

3625

Figura 8 – Questões idênticas nas edições de 2002 e 2010

Fonte: César e Sezar (2002, p. 309) e César e Sezar (2010, p.317).

Somente no livro de 2010, há a inserção de um tópico que indica fontes

complementares para acessar na internet, estimulando a pesquisa em outros recursos a não ser

o livro didático. Pensamos que, esse tópico foi inserido em 2010 devido às inovações

tecnológicas e o fácil acesso dos estudantes às informações na internet, o que nas demais

edições não era possível ou tão difundido.

A escola deve integrar as tecnologias de informação e comunicação, pois elas já estão

presentes e influentes em todas as esferas da vida social. Por isso vemos no mercado editorial

um grande interesse na mudança da produção dos livros didáticos, com conteúdos cada vez

mais digitais e multimídia (BELLONI, 2005; MORAES, 2012).

Considerações Finais

Ao realizar este estudo, percebemos a importância da linguagem na temática abordada,

pois notamos que os autores procuraram manter este conteúdo neutro no livro, certamente

para que o aluno tivesse o livre arbítrio de escolher o que ele julga ser a explicação mais

coerente com sua crença.

Com a análise da edição de 1993, nos surpreendemos com a quantidade de

informações que o livro traz sobre os experimentos realizados para provar uma hipótese, com

dados ricos dos resultados encontrados, o que poderia proporcionar aos alunos mais dados

para discussão em sala de aula, o que não é bem evidenciado nas edições mais recentes. Ainda

neste livro, percebemos que houve um grande acréscimo de conteúdo, devido às descobertas

científicas ao longo das últimas décadas, porém muitos parágrafos das edições de 2002 e 2010

estão semelhantes, não mostrando inovação do conteúdo ao longo dos últimos 8 anos.

Levando em conta que nas duas últimas décadas houve grandes mudanças nas tecnologias

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relacionadas à produção de livros, justificam-se as diferenças da edição de 1993 para as

demais. Entretanto, o mesmo não acontece em relação às edições de 2002 comparadas com a

de 2010.

As imagens e ilustrações estão de acordo com a época em que cada livro foi publicado,

no entanto algumas ilustrações apresentadas pela edição mais antiga, 1993, permanecem nos

demais livros, com a diferença da utilização dos recursos computadorizados Outro problema

detectado nas três edições foi a falta de informação referente à veracidade das ilustrações

(sem identificação necessária para melhor entendimento do aluno), salvo algumas exceções

contidas na edição de 2010.

Constatou-se que o sistema de distribuição de atividades nas edições analisadas mudou

muito pouco, pois a maioria das atividades propostas encontra-se no final do capítulo

seguindo a mesma ordem, primeiro as questões discursivas referentes ao conteúdo e em

seguida as questões fechadas de vestibulares passados. Esta organização pode ser uma

evidência da visão epistemológica dos autores com relação à aprendizagem do aluno, que

avança um pouco nas edições mais recentes, principalmente a de 2010, na qual foram

colocadas mais atividades relacionadas aos textos complementares, o que poderia

proporcionar ao aluno uma oportunidade de reflexão e raciocínio sobre o tema.

Acreditamos que este estudo pretendeu chamar a atenção para a elaboração de nossos

livros didáticos ao longo do tempo. Pensamos que outras análises serão necessárias para nos

proporcionar uma visão mais crítica e argumentos mais satisfatórios sobre a evolução do livro

didático, principalmente nesta temática específica.

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