o uso das geotecnologias no ensino da geografia...

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ISSN 2176-1396 O USO DAS GEOTECNOLOGIAS NO ENSINO DA GEOGRAFIA Nayara Fernanda dos Santos 1 - UNICENTRO Cassiano Martins Neumann 2 - UNICENTRO Arieli Santos Cordeiro Giacomet 3 - UNICENTRO Cecilia Hauresko 4 - UNICENTRO Grupo de Trabalho - Comunicação e Tecnologia Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo As diferentes e múltiplas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) permeiam no dia a dia dos alunos o manuseio de objetos para jogar, criar, assistir vídeos, trocar e receber mensagens dos amigos. Neste contexto, as práticas pedagógicas no ensino de Geografia podem explorar as potencialidades das tecnologias contemporâneas que associadas à geotecnologia como o Sensoriamento Remoto e o Sistema de Informações Geográficas permitem desenvolver atividades cartográficas utilizando informações geográficas para localizar, analisar e correlacionar como, por exemplo, o espaço de vivência do aluno, como uma cidade, um bairro ou mesmo um quarteirão sem que haja custos financeiros. O objetivo deste trabalho foi trazer reflexões sobre a utilização de imagens de satélites e softwares livres de geoprocessamento nas aulas de Geografia, como também indicar os desafios para incorporação dessas geotecnologias no ensino de cartografia. Além disso, este trabalho buscou, especificamente, mostrar a importância da apropriação das geotecnologias associadas à representação gráfica nas aulas de Geografia, com intuito de proporcionar aos futuros professores, como também aos alunos, possibilidades para melhoria do processo de ensino e aprendizagem na educação geográfica a partir de materiais atualizados, participativos e interativos com possibilidades para abordar a dinâmica espacial em diferentes escalas espaciais e temporais. No intuito de despertar para o uso desses recursos da geotecnologia, foi realizado com os alunos do Colégio Estadual Santa Clara, localizado no município de Candói, estado do Paraná, um trabalho prático, de forma a levá-los a uma melhor compreensão e entendimento dos temas abordados em sala de aula, visando maximizar o conhecimento de 1 Graduada em geografia licenciatura e mestranda em geografia, pela Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO). E-mail: [email protected] 2 Graduado em geografia bacharelado e mestrando em geografia, pela Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO). E-mail: [email protected] 3 Graduada em geografia bacharelado e Graduanda em geografia licenciatura, pela Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO), e cursando Especialização em Educação, Pobreza e Desigualdade Social pela Universidade Federal do Paraná. e-mail: [email protected] 4 Doutora em geografia, pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, e atualmente professora efetiva do departamento de geografia da Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO). E-mail: [email protected].

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ISSN 2176-1396

O USO DAS GEOTECNOLOGIAS NO ENSINO DA GEOGRAFIA

Nayara Fernanda dos Santos1 - UNICENTRO

Cassiano Martins Neumann2 - UNICENTRO

Arieli Santos Cordeiro Giacomet3 - UNICENTRO

Cecilia Hauresko4 - UNICENTRO

Grupo de Trabalho - Comunicação e Tecnologia

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

As diferentes e múltiplas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) permeiam no dia

a dia dos alunos o manuseio de objetos para jogar, criar, assistir vídeos, trocar e receber

mensagens dos amigos. Neste contexto, as práticas pedagógicas no ensino de Geografia

podem explorar as potencialidades das tecnologias contemporâneas que associadas à

geotecnologia como o Sensoriamento Remoto e o Sistema de Informações Geográficas

permitem desenvolver atividades cartográficas utilizando informações geográficas para

localizar, analisar e correlacionar como, por exemplo, o espaço de vivência do aluno, como

uma cidade, um bairro ou mesmo um quarteirão sem que haja custos financeiros. O objetivo

deste trabalho foi trazer reflexões sobre a utilização de imagens de satélites e softwares livres

de geoprocessamento nas aulas de Geografia, como também indicar os desafios para

incorporação dessas geotecnologias no ensino de cartografia. Além disso, este trabalho

buscou, especificamente, mostrar a importância da apropriação das geotecnologias associadas

à representação gráfica nas aulas de Geografia, com intuito de proporcionar aos futuros

professores, como também aos alunos, possibilidades para melhoria do processo de ensino e

aprendizagem na educação geográfica a partir de materiais atualizados, participativos e

interativos com possibilidades para abordar a dinâmica espacial em diferentes escalas

espaciais e temporais. No intuito de despertar para o uso desses recursos da geotecnologia, foi

realizado com os alunos do Colégio Estadual Santa Clara, localizado no município de Candói,

estado do Paraná, um trabalho prático, de forma a levá-los a uma melhor compreensão e

entendimento dos temas abordados em sala de aula, visando maximizar o conhecimento de

1Graduada em geografia licenciatura e mestranda em geografia, pela Universidade Estadual do Centro Oeste

(UNICENTRO). E-mail: [email protected] 2Graduado em geografia bacharelado e mestrando em geografia, pela Universidade Estadual do Centro Oeste

(UNICENTRO). E-mail: [email protected] 3Graduada em geografia bacharelado e Graduanda em geografia licenciatura, pela Universidade Estadual do

Centro Oeste (UNICENTRO), e cursando Especialização em Educação, Pobreza e Desigualdade Social pela

Universidade Federal do Paraná. e-mail: [email protected] 4 Doutora em geografia, pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, e atualmente professora

efetiva do departamento de geografia da Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO). E-mail:

[email protected].

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aparatos tecnológicos da atualidade que podem ser utilizados para o ensino da geografia pelos

professores.

Palavras-chave: Ensino em geografia. Educação. Geotecnologias. Sistemas de Informação

Geográfica.

Introdução

As novas tecnologias da informação estão cada vez mais presentes no cotidiano das

pessoas, provocando ou ditando assim mudanças nas formas de pensar, de agir e de vivenciar

o mundo. Nesta perspectiva, as novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTICs),

cada vez mais estão inseridas dentro do ambiente escolar, pois a partir do processo de

globalização os novos aparatos tecnológicos surgiram como forma de enriquecer cada vez

mais as aulas, proporcionando oportunidades para que o aluno aprenda de forma diferenciada

e o professor se desvincule do método tradicional de ensino, ainda muito utilizado.

Como aponta Ricarte e Carvalho (2011), mesmo que muitas dessas tecnologias

venham ganhando popularidade dentro do cenário da sociedade de consumo, elas ainda não se

popularizaram pela falta de informação e também disponibilidade financeira das classes

sociais que são menos favorecidas, ou até mesmo por parte dos profissionais da educação que

ainda não aderiram a essas novas formas de ensino e continuam utilizando em suas aulas

formas antigas de ensinar, pois muitos professores; ainda realizam suas aulas com base na

descrição de fatos e imagens e memorização de conceitos. Práticas que podem programar o

aluno a decorar o conteúdo para a prova escrita e em seguida apagá-los da memória, esta

programada para registrar informações apenas para a realização da avaliação escrita.

Os professores de geografia, vistos como cientistas sociais e educadores que interagem

de uma forma histórica e também dialética nos acontecimentos ocorridos no mundo

globalizado são assim chamados a pesquisar, interagir, questionar, criticar e também criar

perspectivas a respeito da estrutura e o contexto da inclusão digital voltada agora aos estudos

das NTICs no ensino da disciplina de geografia, fazendo com que através do suporte das

ferramentas didático-tecnológicas as aulas de geografia tornem-se muito mais dinâmicas,

interessantes e interativas aos alunos (RICARTE E CARVALHO, 2011).

O trabalho desenvolvido aborda a importância das Tecnologias da Informação e

Comunicação (TICs), dentro do espaço escolar por este motivo procuramos ressaltar a

importância das geotecnologias para o estudo de geografia, abordando dois Softwares livres, o

Google Earth e Google Maps.

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A metodologia do trabalho pautou-se em dois momentos: No primeiro momento foi

realizada a busca pelo referencial teórico que nos desse subsídios para a apresentação e

reflexão do tema proposto. Em seguida foi desenvolvido um trabalho com a utilização desses

softwares no Colégio Estadual Santa Clara, localizada no município de Candói- PR, nas aulas

de geografia física. Na aula propriamente dita, a professora ao abordar a Bacia Hidrográfica

fez uso desses meios tecnológicos como recurso metodológico, para uma melhor exposição e

compreensão pelos alunos do conteúdo que estava sendo abordado. Com os recursos da

geotecnologia os alunos conseguiriam visualizar aquilo que havia sido lido e discutido

teoricamente e permanecido, até então, na abstração.

O ensino de geografia hoje pode se apoiar fortemente na utilização das tecnologias de

informação e comunicação, tanto no ensino da geografia física como humana. O professor de

geografia pode fazer uso, por exemplo, do software Google Earth, Google Maps, de vídeos da

internet, entre outros, porém, enfocaremos com maior precisão a utilização do Google Earth e

Google Maps como ferramentas que permitem e possibilitam ensinar de forma diferenciada

conteúdos geográficos, pois através deles é possível fazer com que os discentes conheçam

cidades, regiões, países, os aspectos e características físicas e também humanas, sem

precisarem sair do ambiente escolar, isso em situações em que não é possível, em hipótese

alguma, levá-los a campo. Evidentemente, que cada um deles, tanto a geotecnologia quanto o

trabalho de campo, a observação “in loco” tem suas particularidades e importâncias.

Resultados e Discussões

A importância das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC)

As mudanças tecnológicas estão cada vez mais presentes no nosso dia a dia,

modificando quase todas as nossas atividades. Entretanto, é importante ressaltar que essas

tecnologias não são acessíveis a todos os territórios e em muitos casos em nada interferem nas

territorialidades humanas. Ao mesmo tempo, existem lugares que o único meio de

comunicação é apenas o rádio e a televisão, em outros essas formas de informação e

comunicação ainda não chegaram, assim muitas técnicas ainda ficam restritas a apenas alguns

lugares.

A partir das tecnologias criam-se novas formas de pensar, agir e também de se

comunicar, nunca se teve tantas alterações no cotidiano, mediadas pelas múltiplas e

sofisticadas tecnologias. As tecnologias acabam por invadir os espaços das relações,

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mediatizando estas e dessa forma criando ilusão de que existe uma sociedade de iguais, de

acordo com um realismo que se faz presente nos meios tecnológicos e de comunicação

(PORTO, 2006).

Ainda neste contexto, Porto (2006, p.44), afirma que com o uso dos meios

tecnológicos:

São vencidas barreiras geográficas e criadas aproximações culturais, apesar das diferenças econômicas e dos obstáculos socioculturais que se interpõem para a

produção dos desejos nos cidadãos. As distâncias e os espaços que os meios tendem

a aproximar e a globalizar concorrem para que as necessidades se assemelhem,

mesmo que, para muitos, a satisfação delas não se concretize.

Segundo Crispim (2013) as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), é

entendido como sendo um conjunto de recursos tecnológicos que estão integrados entre si,

que através das funções tecnológicas acabam por proporcionar, a simplificação da

comunicação nos negócios, na pesquisa científica e também no ensino e aprendizagem.

Correspondendo assim em todas as tecnologias que interferem nos processos informacionais e

comunicativos dos seres.

Como essas TICs estão presentes fortemente em nossas atividades, isso não fica longe

do espaço escolar, onde os professores sentem-se desafiados a utilizá-las como forma de

melhoramento de suas aulas. Os novos alunos, os novos discentes que se encontram dentro

das salas de aulas, são exatamente esses que já nasceram inseridos num meio onde novos

aparatos tecnológicos se fazem presentes e em quantidade cada vez maior. A partir dessas

ferramentas, uma grande parcela de informações circula em tempo real e objetos tecnológico-

informacionais tem participado do dia a dia da população e, especificamente, dos mais jovens

direta ou diretamente. Nossos alunos utilizam dessas técnicas tanto para se comunicarem

realizarem atividades escolares, trabalharem ou como forma de diversão e distração.

De acordo com Sales (2009), todas as tecnologias disponíveis, às crianças,

adolescentes e aos jovens, enchem as lan houses, que cada vez mais aumentam em numero e

ampliam rapidamente os seus espaços na cidade, frequentados por pessoas de todas as classes

sociais e também níveis educacionais, para a realização de diversas atividades, entre elas;

trabalhar, brincar, jogar, conversar.

Neste contexto, não é possível a escola ficar longe desta realidade e não inserir no

cotidiano pedagógico o uso de recursos tecnológicos que acabem por possibilitar o

enriquecimento do fazer educativo, e também do crescimento docente e discente, introduzindo

nos ambientes escolares essas novas linguagens.

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O uso de TICs no processo de ensino-aprendizagem implica a tão discutida “inclusão

digital” tanto de professores como de alunos, mas não podemos esquecer que sem certo

domínio na forma como são utilizadas essas tecnologias, fica impossível torná-las, meios

estratégicos, para atingir o objetivo.

De acordo com a realidade socioeconômica de uma parte da população brasileira, cabe

ao Estado promover e criar ações com vistas a incluir digitalmente a população. Percebemos

que na trajetória educacional vivenciada no Brasil nas últimas décadas, observamos com

nitidez que alguns dos aparelhos eletrônicos que possibilitam o uso das Tecnologias da

Informação e Comunicação dentro da escola, são o computador o alvo da maioria das

iniciativas (SARANTE, 2009).

Todas as disciplinas viram a necessidade da utilização das TICs, como partes das

metodologias de ensino, dessa forma foram criadas vários programas que ajudaram a

melhorar o acesso por parte dos professores, levando-os a se utilizar cada vez mais dessas

tecnologias da informação e comunicação.

Os professores de geografia mesmo já trabalhando com a metodologia da realização

do trabalho de campo perceberam que precisariam aderir á outras formas de ensino-

aprendizagem tanto em conteúdos relacionados á geografia física como humana, e passaram a

utilizar recursos técnicos para melhorar as suas aulas.

O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação no ensino de Geografia

A importância das TIC na educação, enquanto um recurso mediador para o ensino da

disciplina de geografia exige que haja a instrumentalização básica do usuário, do discente,

uma vez que não será ensinado sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação, e sim

como utilizá-las, para que consigam aprender e também ensinar geografia. Elas interessam à

educação básica em função dos conteúdos tanto geográficos, biológicos, históricos, físicos

entre outros, e por isso constam no currículo escolar. A partir disso, ensinar sobre assuntos

referentes à geografia, não pode ser confundido com ensinar sobre as TIC, pois estas apenas

darão o suporte que a geografia nos dias atuais precisa para ser melhor compreendida pelos

alunos e melhor ensinada no ambiente escolar pelos professores. Sabemos que o

conhecimento do saber geográfico demanda que ocorra a mediação dos recursos educacionais

digitais para ser compreendido em todas as suas possibilidades e também dimensões

(STÜRMER, 2011).

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Stürmer (2011) evidencia três desafios ao se ensinar geografia em relação ao uso das

TIC sendo: o primeiro é o de construir juntamente com o aluno conhecimentos geográficos,

com relação às implicações que o mundo globalizado apresenta perante o espaço local, ou

seja, as determinações externas sobre a vida nos diferentes lugares, assim utilizando as TIC; o

segundo desafio para o ensino da disciplina de geografia trata na incorporação das

Tecnologias da Informação e Comunicação ao dia-a-dia das aulas, contribuindo no processo

de ensino e aprendizagem do discente, e não só como forma de ilustrar os conteúdos, como se

fazia nos primeiros tempos que foram inseridas as TICs nas escolas. Mas para que isso ocorra

é preciso que o professor licenciado em geografia acesse outros recursos didáticos geográficos

como: fotografias aéreas, imagens orbitais e dados referendados por instituições oficiais que

disponibilizem informações na internet, e também executar a leitura de paisagens distantes,

em escalas diferenciadas e momentos da sua evolução.

O último desafio que Stürmer (2011), nos traz é o de construção de conhecimentos

geográficos perante o mundo global, através das TIC, como forma de permitir ao discente

desenvolver diferentes habilidades e assim construir competências e passar a refletir de forma

diferenciada sobre a importância e o papel das tecnologias para a formação do espaço

geográfico.

A geografia apresenta um leque muito grande em relação ao se trabalhar com as

Tecnologias da Informação e Comunicação, dentre elas cabe citar algumas delas como: o

Google Earth e o Google Maps entre outras, mas no decorrer do artigo retrataremos com

maior precisão a respeito do Google Earth e Google Maps onde descreveremos a utilização

nas aulas de geografia do Colégio Estadual Santa Clara, localizado no município de Candói,

estado do Paraná.

A utilização das novas técnicas de comunicação e informação possibilita uma melhor

compreensão de assuntos ligados a esses dois Sistemas de Informações Geográficas, que

através da utilização dos mesmos é possível compreenderem melhor os assuntos trabalhados

pela geografia física como a cartografia, o relevo, a hidrografia, a localização entre outros. Na

geografia humana esses dois softwares possibilitam a compreensão do ensino das redes

enfocando á logística presente nos territórios, a localização dos países e continentes ou escalas

locais dentre outros assuntos. Enfim tanto o Google Earth como o Google Maps, faz com que

os alunos conheçam lugares e características geográficas sem precisarem sair da escola ou

apenas ficarem presos ao que o livro didático oferece.

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Com a introdução dos novos aparatos tecnológicos sobre o território, vários estudos de

geomorfologia e outras áreas da geografia física e humana foram sendo cada vez mais

utilizados e melhorados, pois essas técnicas fazem com que ocorra um estudo mais preciso e

com maior agilidade na coleta de informações.

Nas palavras de Milton Santos (2006, p. 133), relata sobre a importância das técnicas:

Os progressos técnicos que, por intermédio dos satélites, permitem a fotografia do planeta, permitem-nos, também, uma visão empírica da totalidade dos objetos

instalados na face da Terra. Como as fotografias se sucedem em intervalos regulares,

obtemos, assim, um retrato da própria evolução do processo de ocupação da crosta

terrestre. A simultaneidade retratada é fato verdadeiramente novo e revolucionário

para o conhecimento do real, e, também, para o correspondente enfoque das ciências

do homem, alterando-lhes, assim, os paradigmas.

Assim ocorreu com vários programas da internet como é o caso do software Google

Earth (Fig.01). Segundo Lima (2012, p.18) explica sobre a criação deste software:

O programa Earth Viewer foi desenvolvido pela Keyhole, Inc, uma companhia adquirida pela empresa norte americana Google em 2004. O produto, renomeado de

Google Earth™ (GE), tornou-se em 2005, disponível para uso em computadores

pessoais. Apesar de existirem programas similares, como o seu principal

concorrente, o Microsoft ’s Bing Maps (Virtual Earth), nenhum é comparado ao GE

em popularidade.

Segundo Voges e Nascimento (2010), ele disponibiliza imagens interativas de satélites

onde podem ser visualizadas áreas de várias partes do planeta e do nosso país, inclusive,

centros urbanos. Algumas ferramentas de visualização permitem o usuário observar vários

elementos da superfície terrestre de dois ângulos diferentes: vertical (de cima para baixo),

oblíqua (num ângulo aproximado de 45º).

Com a utilização desde software livre, (Figura 01) nas aulas de geografia, o professor

ao utilizá-lo, consegue deixar as suas aulas mais ricas e mais atraentes aos alunos, pois o

programa consegue fazer com que sejam visualizadas imagens da rua, das áreas florestais, dos

rios, como determinado espaço está construído entre outras coisas.

Conforme já abordamos no decorrer do texto a tecnologia está cada vez mais presente

nas escolas, e os professores devem buscar se adaptar as novas ferramentas tecnológicas para

atender as necessidades dos alunos nesta que chamam de Era Digital.

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Figura 1 – Visualização da tela de entrada do programa Google Earth.

Fonte: Google Earth (2015)

A utilização do Google Maps e Google Earth nas aulas de Geografia

Nas aulas de geografia do 1º ano do Colégio Estadual Santa Clara, localizada no

município de Candói/PR, a professora faz uso do Google Maps e Google Earth, como

instrumentos didáticos. Conforme acompanhávamos as aulas, a professora depois de

explicados os conteúdos teóricos utilizou os programas com o objetivo de levar os seus alunos

a um maior contato e melhor assimilação do conteúdo em sua realidade. No caso analisado

com os alunos do 1º ano do ensino médio, foi à aula sobre Bacias Hidrográficas, cujo objetivo

era o de conhecer a localização e a formação das Bacias Hidrográficas em território nacional,

bem como também mostrar alguns rios próximos as residências dos alunos e a Bacia que

abastece o município que moram.

As aulas iniciaram-se com a utilização do Google Maps, por estar mais ao alcance dos

alunos, não necessitando de instalação como o Google Earth, logo quando abrimos uma

página do Google automaticamente aparecem às opções oferecidas pelo Google como: Web,

mapas, imagens, notícias, entre outros. (figura 2 e 3)

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Figura 2. Página inicial do Google

Fonte: Google (2015)

Figura 3. Página inicial do Google Maps.

Fonte Google (2015)

Esse recurso foi trabalhado para melhorar a compreensão e aprendizagem do aluno

sobre o conteúdo proposto, fazendo com que este se interesse mais pela teoria, e que possa

repassá-los aos demais interessados no assunto, difundindo o conhecimento proposto.

Os alunos tiveram muito interesse pela forma em que a professora trabalhou as aulas

utilizando o Google Maps. As aulas foram ministradas no laboratório do Colégio aonde cada

discente teve acesso a um computador ligado à rede. A aula teve inicio com a atividade de

localização do município de Candói, onde residem os alunos e, posteriormente, foi sendo

localizadas as suas residências e como terceiro passo, a professora solicitou que encontrassem

o rio mais próximo de sua casa.

Depois de feito isso, os alunos, por curiosidade e interesse próprios, foram localizando

as jusantes e as montantes nesses rios, e para completar o trabalho, localizaram a Bacia

Hidrográfica em que esses rios estavam inseridos.

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Quando os alunos já estavam habituados a utilizar-se dos instrumentos tecnológicos

para ter contato com a realidade do conteúdo didático proposto, a docente buscou nova

ferramenta para despertar o interesse dos alunos, ainda trabalhando Bacias Hidrográficas,

utilizou-se do Software Google Earth Pró (Figura 1), esse, não podendo ser instalado nos

computadores do laboratório de informática do colégio. Cada dupla de alunos instalou em

seus notebooks, os quais foram autorizados pelo colégio a serem utilizados em aulas de

geografia como instrumento didático.

Inicialmente, foi proposto aos alunos que fizessem um passeio virtual pelo mundo, que

conhecessem os lugares onde desejam um dia estarem, com intuito de familiarizá-los com o

software. Após alguns minutos de descontração, o próximo passo, foi encontrar seu município

e suas residências, idêntico aos passos realizados com o Google Maps. Considerando que os

alunos não encontraram dificuldades de manusear o Google Earth, a aula seguiu com o

conteúdo sobre as Bacias Hidrográficas e os alunos localizaram a Bacia do Rio Passo Grande,

a qual abastece o município e onde moram os alunos localizam (Figura 4). Com essa

metodologia, foi mais fácil aprender como são formadas as bacias hidrográficas, envolvendo

outros conceitos trabalhados, que somente com explicações orais não estavam sendo

compreendidas, como divisores de água e fundos de vale, por exemplo.

Figura 4. Mapa da Bacia do Rio Passo Grande.

Elaborado por Neumann (2015).

9956

A partir do reconhecimento da Bacia Hidrográfica do Rio Passo Grande, em escala

menor, partimos para o arredor do município e os alunos por iniciativa própria, percorreram a

parte alagada do Salto Santiago, localizado na área fronteira do município. Com base no

percurso virtual feito pelos alunos em sala pelo Rio Iguaçu, foram realizados outros

exercícios, como localizar as usinas hidrelétricas próximas ao município do Candói e outros

pontos de referencia dos alunos.

Considerações Finais

A utilização de TICs como instrumentos didáticos, possibilita ao aluno melhor

compreensão do conteúdo em sua realidade e de como reconhecê-los e aplicá-los no seu dia a

dia. No caso do professor, no ensino de geografia, capacita o aluno para uma construção mais

elaborada e aprimorada do conhecimento do espaço geográfico. Com o passar do tempo

softwares, como o Google Earth deverão, fazer parte do cotidiano de ensino. Com o uso desta

ferramenta, o aluno é capaz de formular hipóteses, conhecer o espaço local ou global, com

maior exatidão e realidade, diferentemente dos mapas utilizados há tantos anos como

instrumentos. Essa utilização é muito importante não só para os professores, mas pelo

trabalho realizado foi possível observar como os alunos utilizando o software em outras

situações e podem transmitir para outras pessoas o conhecimento adquirido em sala de aula, O

interesse demonstrado pelos alunos em usar essas ferramentas, aponta a necessidade de

evolução na área de ensino de geografia, para buscar cada vez mais despertar nos alunos o

interesse e motivá-los a vir e participar das aulas, não vendo a aula ou a sala de aula como

uma obrigação, mas sim como uma porta para novas ideias e conhecimentos.

Após a realização deste trabalho ficou muito mais claro que, através do uso das

geotecnologias é possível problematizar, estudar, realizar trabalhos práticos de conteúdos

específicos de Geografia, como também explorar de forma aprimorada temas ligados ao Meio

Ambiente, favorecendo uma formação de crianças e jovens para uma relação mais harmoniosa

com o espaço geográfico.

REFERÊNCIAS

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