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ISSN 2176-1396 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO ENSINO MÉDIO: CONCEPÇÃO DE LAZER E QUALIDADE DE VIDA Simone Aparecida Pinheiro de Almeida 1 Grupo de Trabalho - Educação de Jovens e Adultos Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O presente artigo é resultado de Pesquisa realizada no curso de Especialização em Educação Profissional Integrada a Educação Básica na Modalidade Educação de Jovens e Adultos no ano de 2012 na Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Neste mesmo período fui docente da disciplina de Sociologia e História para Educação de Jovens e Adultos da Educação Básica. Uma das temática bimestrais que estava sendo trabalhada na disciplina de Sociologia era Revolução Industrial e a concepção de trabalho, mão de obra, proletariado/burguesia e a relação ao tempo livre e lazer. Assim apropriando-se de reflexões críticas os alunos puderam participar e contribuir com a pesquisa. O estudo segue como Pesquisa Qualitativa por se tratar do contato com a percepção dos sujeitos de pesquisa. O levantamento caracteriza-se como Quantitativo por se tratar de dados tabulados por meio de questionário com perguntas fechadas e abertas. O problema levantado nesta pesquisa abordou o seguinte questionamento: Como os alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos) compreendem o Lazer e a Qualidade de Vida? Buscando responder essas indagações destaca- se o Objetivo Geral: Realizar levantamento da percepção dos alunos da EJA no ensino Médio de Ponta Grossa PR, sobre o entendimento dos mesmos em relação ao conceito de Lazer e Qualidade de vida. Em relação aos objetivos específicos: - Analisar a percepção dos alunos em relação aos espaços de lazer. Para coleta de dados foram aplicados. O estudo foi realizado com uma população de 20 alunos de EJA ensino médio público em duas escolas centrais e uma de periferia no período noturno sendo distribuídos 07 questionários para duas Unidade Educacional de EJA na disciplina de Sociologia. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Lazer e Qualidade de Vida. Ensino de Sociologia. 1 Licenciada em História e Ciências Sociais. Bacharel em Turismo. Especialista em Educação de Jovens e Adultos. Especialista em Educação Patrimonial, Especialista Em Mídias na Educação (UFPR). Especialista em Educação do campo (UFPR). Mestre em Turismo e Hotelaria. Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná. Doutoranda em Educação pela UEPG. Pesquisadora de Políticas Públicas para Universidade Aberta para Terceira Idade. [email protected]

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ISSN 2176-1396

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO ENSINO MÉDIO:

CONCEPÇÃO DE LAZER E QUALIDADE DE VIDA

Simone Aparecida Pinheiro de Almeida1

Grupo de Trabalho - Educação de Jovens e Adultos

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O presente artigo é resultado de Pesquisa realizada no curso de Especialização em Educação

Profissional Integrada a Educação Básica na Modalidade Educação de Jovens e Adultos no

ano de 2012 na Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Neste mesmo período fui

docente da disciplina de Sociologia e História para Educação de Jovens e Adultos da

Educação Básica. Uma das temática bimestrais que estava sendo trabalhada na disciplina de

Sociologia era Revolução Industrial e a concepção de trabalho, mão de obra,

proletariado/burguesia e a relação ao tempo livre e lazer. Assim apropriando-se de reflexões

críticas os alunos puderam participar e contribuir com a pesquisa. O estudo segue como

Pesquisa Qualitativa por se tratar do contato com a percepção dos sujeitos de pesquisa. O

levantamento caracteriza-se como Quantitativo por se tratar de dados tabulados por meio de

questionário com perguntas fechadas e abertas. O problema levantado nesta pesquisa abordou

o seguinte questionamento: Como os alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos)

compreendem o Lazer e a Qualidade de Vida? Buscando responder essas indagações destaca-

se o Objetivo Geral: Realizar levantamento da percepção dos alunos da EJA no ensino Médio

de Ponta Grossa – PR, sobre o entendimento dos mesmos em relação ao conceito de Lazer e

Qualidade de vida. Em relação aos objetivos específicos: - Analisar a percepção dos alunos

em relação aos espaços de lazer. Para coleta de dados foram aplicados. O estudo foi realizado

com uma população de 20 alunos de EJA ensino médio público em duas escolas centrais e

uma de periferia no período noturno sendo distribuídos 07 questionários para duas Unidade

Educacional de EJA na disciplina de Sociologia.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Lazer e Qualidade de Vida. Ensino de

Sociologia.

1 Licenciada em História e Ciências Sociais. Bacharel em Turismo. Especialista em Educação de Jovens e

Adultos. Especialista em Educação Patrimonial, Especialista Em Mídias na Educação (UFPR). Especialista em

Educação do campo (UFPR). Mestre em Turismo e Hotelaria. Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná.

Doutoranda em Educação pela UEPG. Pesquisadora de Políticas Públicas para Universidade Aberta para

Terceira Idade. [email protected]

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Introdução

A presente proposta de Pesquisa tinha como foco o entendimento sobre Qualidade de

vida e lazer para alunos da EJA em Ponta Grossa – PR. Tomamos como referência de

currículo para esse estudo a disciplina de Sociologia.

Os alunos da EJA, quando retornam à escola, trazem muitos saberes e as situações do

cotidiano escolar oferecem condições favoráveis ao processo de formação continuada e

produção de saberes pelos alunos e professores.

A função social da escola compreende, antes de tudo, a (re)inserção do aluno nas

situações de vida cotidiana, uma vez que ele está inserido em uma sociedade que marginaliza

e discrimina, dificultando a realização de seus anseios e perspectivas.

Para pensar em qualidade de vida, é preciso pensar no ser humano em sua

integralidade física, psíquica e espiritual.

A sociedade pós-industrial traz no seu âmago a complexidade das relações humanas

onde cada dimensão da vida sofre interferências e também interfere com as demais. A

sociedade é multicultural e as realidades do lazer, da educação e da cultura passam por

transformações resultantes da globalização da evolução tecnológica mudando

comportamentos e estilos de vida.

São muitas as implicações sociais nos modos de vida contemporâneos, especialmente

considerando que esses não mais se estruturam a partir de um polo unificado. Estamos

participando de uma revolução nos pilares básicos que constituem o meio social. No contexto

da globalização econômica e cultural, uma perspectiva a ser observada é que a acumulação do

capital econômico passou a depender da rapidez da circulação de bens, da popularização de

serviços e das consequentes mudanças nos estilos de vida.

A discussão sobre lazer, qualidade de vida e dimensão institucional pode ser iniciada a

partir das negociações que buscam inferir no controle do ritmo social imposto pelas

instituições. Isso gera novos significados de lazer, dadas as diferenças culturais na sua

apropriação e consumo. Assim convivem, no mesmo contexto, diferentes compreensões dos

papéis, interesses e poder das instituições como determinantes de estilos de vida e de lazer.

Para levantamento sobre a concepção de lazer e qualidade de vida dos alunos da EJA

selecionamos alunos da disciplina de Sociologia em três unidades de ensino diferenciadas,

duas localizadas na área central e uma na periferia.

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O campo da Sociologia apresenta importância epistemológica à vida cotidiana,

permitindo uma análise privilegiada para os estudos do lazer.

Apresenta-se em seguida a fundamentação teórica em relação à temática proposta. A

educação de jovens e adultos (EJA), referencial sobre lazer e qualidade de vida e analise de

descrição dos dados que foram levantados por meio de questionário.

Educação de jovens e adultos – EJA

A proposta pedagógica parte do princípio de que a construção de uma educação básica

para jovens e adultos voltada para a cidadania, não se resolve apenas garantindo oferta de

vagas, mas proporcionando ensino comprometido com a qualidade, ministrado por

professores capazes de incorporar ao seu trabalho os avanços das pesquisas nas diferentes

áreas do conhecimento e de estar atentos às dinâmicas sociais e suas implicações no âmbito

educacional.

O ensino e aprendizagem na educação de jovens e adultos, através dos seus

pressupostos teóricos, têm como referência “a pedagogia da libertação” e a educação popular

de Paulo Freire, que destaca a alfabetização desse segmento da população, como um ato

político, um ato criador.

Nesse sentido, escreve Freire (1989, p. 22):

É preciso, na verdade, que a alfabetização de adultos e pós-alfabetização, a serviço

da reconstrução nacional, contribuam para que o povo, tomando mais e mais a sua

história nas mãos, se faça na feitura da História. Fazer história é estar presente nela e

não simplesmente nela estar representado [...] quanto mais conscientemente faça a

sua história, tanto mais o povo perceberá com lucidez, as dificuldades que tem a

enfrentar, no domínio econômico, social e cultural, no processo permanente da sua

libertação.

O processo educativo desse segmento fundamenta-se na socialização dos sujeitos,

agregando elementos e valores que proporcionem à emancipação política e à afirmação de sua

identidade cultural e histórica. Ao ingressarem na EJA os alunos ampliam os horizontes de

socialização, convivendo em um ambiente saudável com grupos que se assemelham, não só

na escola, mas em espaços da educação não formal, como por exemplo: igrejas, associações

culturais e/ou esportivas, clubes, sindicatos e outros. Desse modo, a escola deve ser

mobilizadora e organizadora de um processo em que a comunidade possa se envolver,

integrando os diversos espaços educacionais que estão inseridos na sociedade.

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Assim, a EJA evidência mudanças significativas no ser humano, em relação à ciência,

trabalho e cultura, por meio de uma base sólida de formação científica e histórica,

contribuindo para o desenvolvimento de suas potencialidades, pois, o aluno é constantemente

levado a refletir sobre sua ação e a buscar respostas aos desafios propostos transformando sua

realidade social. Ser escolarizado é condição básica para participar da sociedade com relativa

autonomia e independência, o que implica entre outras coisas, a possibilidade de melhor

inserir-se no mercado de trabalho, de usufruir dos benefícios da sociedade industrial e de

manter o acesso aos diversos bens culturais.

A educação Profissional e também a Educação de Jovens e Adultos sofreram inúmeras

mudanças ao longo da história recente da Legislação. A EJA passou a ser reconhecida como

modalidade de ensino através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, (LDB)

9596/ 96, nesse momento tem-se a preocupação de oferta não só da escolaridade a esse

público, mas também formação para o mundo do trabalho. A EJA deve cumprir três funções:

a reparadora, a equalizadora e a permanente/qualificadora que visa a inclusão social desses

atores no processo produtivo e sua permanência no mundo do trabalho. (BRASIL, 2006).

A EJA deverá ser vista como uma modalidade de ensino que contemple um modelo

pedagógico próprio que concretize a inclusão de estratégias de valorização da experiência de

vida social, cultural e profissional buscando satisfazer as necessidades de aprendizagem dos

alunos.

Machado (2009), enfatiza a necessidade de uma política pública voltada

especificamente para a EJA:

Como condição histórica, a EJA chega ao século 21 com imensos desafios de

conquista de espaço na agenda educacional e de superação de velhas práticas e

concepções equivocadas, fortemente marcadas pelas relações que se estabeleceram

no Brasil entre o Estado e a sociedade civil, destacadas antes como a constituição de uma

“hegemonia couraçada de coerção” (MACHADO, 2009, p. 29).

A educação e Jovens e Adultos no Brasil é marcada por diversas situações de políticas

públicas improvisadas, que de forma paliativa tentava acabar com o analfabetismo.

Na história recente, em que as funções do Estado vêm sendo redefinidas e

restringidas, os governos têm buscado ativamente a colaboração dos movimentos e

organizações sociais para o desenvolvimento de políticas públicas, como as de

formação dos jovens e adultos. As parcerias configuram uma estratégia duplamente

conveniente ao poder público, pois atende às demandas de participação dos

movimentos e organizações sociais, ao mesmo tempo que permite desonerar a

máquina pública de encargos permanentes, como a contratação de pessoal docente.

(UNESCO, p. 52-53).

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Cabe pontuar que as políticas públicas direcionadas à EJA estão em construção e

reconstrução, ainda se tem muito a fazer para que a Educação de Jovens e Adultos seja

realmente igualitária e atenda aos interesses de seus alunos. Neste sentido cabe frisar que uma

educação para esse segmento deverá atender metodologias apropriadas.

A obra de Janeiro (2010), “Educação em valores humanos e Eja”, apresenta exercícios

que podem ser aplicados em sala de aula de EJA, acompanhadas de orientação para os

educadores, destacando que a metodologia de ensino para o segmento da EJA envolve um

direcionamento voltada para a característica de cada um. “O uso social da leitura e da escrita

se dá perante as solicitações culturais do contexto em que os indivíduos estão inseridos”.

(JANEIRO, 2010, p. 12).

Vagula, (2006) menciona que a diversidade das histórias de vida dos diferentes

saberes marcam a trajetória dos alunos de EJA, destacando que é no espaço escolar que elas

aparecem de forma explícita. Esses alunos são marcados pela diversidade e pela

heterogeneidade com diferentes culturas, diferentes saberes em diferentes áreas do

conhecimento.

Os alunos de EJA devem pensar sua autoestima relacionada com sua Qualidade de

vida e a prática do lazer. Muitos chegam do trabalho cansados e vão para escola recuperar o

tempo de estudo que um dia não tiveram por diversos motivos. Assim apresentar para eles o

conceito de lazer e como este pode contribuir com sua qualidade de vida é de suma

importância no âmbito da Educação.

A disciplina de Sociologia apresenta em seu currículo à temática lazer relacionado ao

contexto do trabalho. Portanto cabe ao professor uma análise mais aprofundada e crítica em

relação à concepção de lazer e sua relação com espaços de socialização.

O público da EJA merece considerações cuidadosas. A ela se dirigem jovens e adultos

com suas múltiplas experiências de trabalho, de vida e de situação social.

É preciso considerar que o aluno(a) de EJA tem uma visão de mundo diferenciada do

aluno regular, por isso são necessários investimentos em uma política séria educacional que

proporcione a todos os alfabetizadores uma ação coletiva de união e solidariedade, com

responsabilidade voltada para as dificuldades dos alunos que já fazem parte do processo de

exclusão e que jamais o poder dominante dará condições necessárias para que o professor

possa transformar e formar cidadãos críticos e conscientes ideologicamente.

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Qualidade de vida

Com as transformações ocorridas no mundo resultantes do processo de globalização e

do capitalismo, o homem acabou alterando seu modo de vida, deixando de lado o lúdico,

acabou se tornando sedentário. Muitos estudos apontam a falta de atividade física como uma

das causadoras de doenças, stres. Foram deixadas de lado atividades simples e fundamentais

que interferem na qualidade de vida.

Saúde e Qualidade de Vida são dois conceitos que estão presentes hoje em todos os

contextos vitais: família, escola, trabalho, mídia. Constituem-se em prioridades que

almejamos conquistar e defender frente aos ataques quotidianos das pressões ambientais.

Muitos estudos têm abordado a qualidade de vida no trabalho, porém poucos têm

referenciado a saúde do trabalhador, no seu contexto mais amplo. Além dos fatores

ambientais, (poluição, ruídos, muito agito, etc), que podem ser prejudiciais ao homem,

existem outros fatores que também devem ser considerados.

A saúde do trabalhador pode ser afetada por hábitos e atitudes adquiridas em sua

função profissional. Dentre esses podemos citar a inatividade física, considerada hoje um

agente de risco primário e comprometedor do bem estar. Um estilo de vida com qualidade

requer uma dose adequada de atividade física, alimentação balanceada e controle do estresse

emocional e psicológico. Tudo que põe em risco esses três componentes tende a interferir na

qualidade de vida, diminuindo assim a expectativa e vida.

Um estilo de vida que combina alimentação saudável, atividade física regular, controle

do stress, etc., pode aumentar a expectativa de vida e, acima de tudo, proporcionar uma vida

mais saudável. Para isso, deve-se considerar o comportamento nas diferentes opções de vida

incluindo o exercício, o tempo de lazer, a atividade física, o trabalho e num sentido mais

completo, a espiritualidade das pessoas.

Os programas de exercício podem beneficiar o setor corporativo e através do

melhoramento da imagem da companhia, o relacionamento dos empregados, aumentando a

satisfação dos mesmos, melhorando a produtividade, a redução do absenteísmo e substituição

do pessoal, uma diminuição dos custos médicos, redução de lesões e acidentes e um melhor

estilo de vida em geral. (ALVAREZ, 1996).

Apesar das evidências da importância da prática regular de atividade física, a maioria

da população não tem este comportamento no lazer. As pessoas, quando não estão

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trabalhando, realizam tarefas para manutenção pessoal ou de sua família (compras, educação

dos filhos, tarefas domésticas, estudos).

A prática de atividade física exige um mínimo de segurança, como, por exemplo,

locais adequados para caminhar, parques ou praças com infraestrutura, tanto nos aspectos

ambientais como a segurança, já que a violência nos grandes centros tem aumentado

drasticamente. Com isso, tanto os adultos quanto as crianças têm ocupado o seu lazer com

atividades fisicamente mais passivas. É mais seguro deixar os filhos dentro de casa com um

computador ou vídeo game do que correr o risco da violência das pessoas e do trânsito nas

ruas.

O estilo de vida é a forma com que cada indivíduo conduz a suas atividades diárias, as

quais refletirão diretamente na sua saúde física e mental. Assim, o estilo de vida engloba o

trabalho, a família, o lazer; enfim, tudo o que cerca as pessoas em seu dia-a-dia.

O trabalhador possui outros fatores que influenciam na sua satisfação além do

trabalho. Estas são realizações pessoais, reconhecimento no ambiente de trabalho,

participação em tomadas de decisão, posição social, crescimento profissional permanente,

promoções, treinamento, etc.

A partir disto, dois fatores foram responsáveis por esta mudança: o crescente

desenvolvimento tecnológico, que possibilitou a utilização de máquinas e equipamentos nas

tarefas mais repetitivas e simples, e o desenvolvimento econômico da sociedade, que

possibilitou a elevação do nível de instrução dos trabalhadores, dando-lhes certa autonomia e

maior satisfação e realização pessoal. (CHANLAT, 1992).

As funções do organismo, nas variações periódicas, mostram-nos quatro pontos

importantes: as mudanças de temperatura; as funções cardiocirculatórias e respiratórias, com

atenuação destas durante o dia e diminuição à noite; as funções endócrinas, a atividade renal e

as secreções digestivas obedecem a flutuações periódicas; e a alternância vigília/sono obedece

igualmente a uma periodicidade de vinte e quatro horas.

A definição de saúde, como visto anteriormente, não é apenas a ausência de doenças,

mas, sim um estado de bem-estar geral, incluindo os aspectos físicos, psicológicos,

emocionais, espirituais, sociais e ambientais.

A necessidade do sono varia de pessoa para pessoa, independe da sua atividade ou

trabalho. Observa-se que alguns fatores, como a idade, podem modificar hábitos e padrões de

sono, mas segundo, a duração do sono é claramente menor nas pessoas que trabalham à noite.

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Este mesmo autor verificou, num estudo realizado com maquinistas das ferrovias alemãs em

1974, que muitos turnos noturnos consecutivos sempre levam a um déficit de sono.

Timossi (2009, p. 29) em sua dissertação de mestrado apresenta o conceito de

qualidade de vida:

Os primeiros conceitos sobre QV inicialmente preocupavam-se com questões

materiais na vida dos indivíduos como salário, bens conseguidos, sucesso na área

profissional, ou seja, priorizavam fatores externos. Atualmente, percebe-se uma

abordagem um pouco diferenciada, apontando uma valorização de fatores inerentes

ao ser humano como grau de satisfação, realização tanto profissional como pessoal,

bom relacionamento com a sociedade e acesso à cultura e ao lazer como exemplos

reais de bem estar.

A pesquisadora destaca que atualmente o conceito de qualidade de vida refere-se ao

grau de satisfação pessoal seja na escola no trabalho em espaços culturais/naturais de esporte

e outros espaços que gerem bem estar as pessoas.

O local de trabalho assim como o ambiente escolar se configura como importante

espaço para o desenvolvimento de intervenções visando à promoção da saúde e qualidade de

vida, pela possibilidade de atingir grande número de pessoas.

As reflexões sobre a sociedade pós moderna e a construção da subjetividade sobre

qualidade de vida e lazer tornam-se o foco dessa pesquisa.

Com a grande quantidade de informações é possível o sujeito identificar como está sua

qualidade de vida e procurar em alguns casos melhorá-la.

Lazer: origem e significações

Iniciamos essa discussão teórica apresentando o termo lazer com suas raízes no latim

licere (ser permitido: folga, descanso) indica oposição às obrigações e ao tempo de trabalho.

As palavras loisir (em francês) e leisure (em inglês), também originárias do latim, mantêm o

sentido da palavra licere, já apresentado. Requixa (1980) destaca que o termo usado em

espanhol ócio é derivado do latim otium que significa tranquilidade, repouso, parada. O

antônimo de ócio é negócio, derivado da palavra negotium, que significa a negação do ócio.

O lazer, desde a antiguidade grega, aparece tendo como referência dois elementos: o

trabalho - atividades necessárias à sobrevivência e o tempo - o intervalo das atividades

laborais (ou mesmo simultâneo às mesmas, dependendo do modo e ritmo em executá-las),

necessário à recuperação das forças de trabalho e alívio das tensões oriundas do mesmo.

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Os estudiosos do lazer destacam o tema como o conjunto de ocupações às quais o

indivíduo pode entregar-se de livre e espontânea vontade, seja para repousar, seja para

divertir-se, recrear-se, entreter-se ou, ainda para desenvolver sua informação desinteressada,

sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou

desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.

Alguns estudiosos consideram que o lazer existia em todos os períodos, em todas as

civilizações. O tempo fora-do-trabalho é, evidentemente tão antigo quanto o trabalho, porém

o lazer possui traços específicos, característicos da civilização nascida da Revolução

Industrial.

[...] nas sociedades pré-industriais do período histórico o lazer não existe tampouco.

O trabalho inscreve-se nos ciclos naturais das estações e dos dias: é intenso durante

a boa estação, e esmorece durante a estação má. [...] Alguns pesquisadores fazem

remontar o lazer ao modo de vida das classes aristocráticas da civilização tradicional

(De Grazia). Entretanto, também não acreditamos que a ociosidade dos filósofos da

Grécia ou dos fidalgos do sec. XVI possa ser chamada de lazer. (DUMAZEDIER,

1999, p. 25-26).

Considerando que a formação da sociedade de consumo teve sua origem embrionária

na Revolução Industrial, consolidando o capitalismo como forma de organização do trabalho

faz se uma discussão em relação ao tempo livre e trabalho. A sociedade de consumo tem

como meta principal produzir mercadorias para vendê-las no mercado produção em série.

Historicamente, as conquistas sociais dos trabalhadores como a redução da jornada de

trabalho para 8 horas diárias, melhores salários, férias e aposentadoria remuneradas

aumentaram o tempo livre direcionando e estimulando o homem a exercer atividades que lhe

proporcionassem prazer, nas quais se insere o lazer. (CAMARGO, 1998).

Descrevendo a relação entre trabalho e tempo livre Antunes (2001, p. 175) argumenta

que a redução da jornada diária de trabalho foi uma das mais importantes reivindicações no

mundo do trabalho. Entretanto, “[...] a redução da jornada de trabalho não implica

necessariamente a redução do tempo de trabalho”. A redução da jornada de trabalho poderia

refletir na duplicação da intensidade das atividades realizadas. O autor adverte a respeito do

fato de que lutar pela redução da jornada de trabalho significa lutar pelo controle do tempo

opressivo do trabalho, para que a redução não signifique aumento da carga de trabalho.

Destaca-se que o tempo livre é o elemento básico para que o lazer aconteça. O tempo

livre é o tempo empregado para desfrutar o lazer, um tempo de descanso, de distração e de

entretenimento, que o cinema, o teatro, a televisão, o esporte.

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As atividades sociais em geral passaram a ser reguladas pelo novo ritmo de trabalho

imposto pelas atividades de produção industrial: as atividades rituais reguladas pela

comunidade e pelo trabalho que obedecia aos ciclos naturais cederam a uma nova organização

e, consequentemente a uma nova ordem social; o trabalho profissional foi desvinculado das

demais atividades da vida cotidiana e adquiriu um "limite arbitrário", não mais regulado pela

natureza e pelas regras comunitárias. Este limite arbitrário impôs uma nova organização,

separando claramente trabalho profissional e o tempo de sua execução, das outras atividades.

Coleta de dados: População e Amostra

O estudo foi realizado com uma população de 20 alunos de EJA ensino médio em duas

escolas centrais e uma de periferia no período noturno sendo distribuídos 07 questionários

para duas Unidade Educacional de EJA na disciplina de Sociologia, uma Unidade central

tinha 8 alunos na sala.

Os sujeitos de pesquisa são alunos de ensino médio da EJA de duas escolas centrais de

Ponta Grossa e uma escola de periferia da Educação Básica pública. CEEBJA Paschoal Salles

Rosa e CEEBJA – UEPG e no Colégio Padre Arnaldo Jansen na vila Borsato, em Ponta

Grossa/Pr.

Descrição e análise dos dados

Após aplicação do questionário as três instituições com modalidade EJA em Ponta

Grossa. Foram 8 alunos presentes no CEEBJA – UEPG, no CEEBJA Paschoal Salles Rosa e

na Escola Estadual Padre Arnaldo Jansen foram 7 questionários aplicados em cada uma

dessas 2 unidades, totalizando 14. Foram tabulados os dados no geral e não separados por

instituição

De todos os alunos(as) que responderam o questionário a maioria de estudantes

matriculados na disciplina de Sociologia são do sexo feminino. Os alunos estavam

concentrados em suas atividades e conforme planejamento da disciplina no momento que

estudaram sobe a sociedade e a Revolução Industrial tomaram contato com discussões sobre

tempo livre.

Para ser um aluno de EJA ensino médio tem que ter completado 18 anos, e não há

limites para idades mais avançadas. A partir do questionário aplicado levantou-se uma

diversidade em relação à idade presentes na escola naquele momento.

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Quanto à idade levantou-se 25% entre 22 e 26 e 25% entre 36 e 46.

Figura 1- Idade

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Considerando que a maioria 60% é do sexo feminino a profissão que mais apareceu foi

ser do lar, executar atividades em casa, não estar trabalhando fora no momento. Estão

estudando para conseguir um espaço no mercado de trabalho. Conforme podemos observar na

pergunta aberta sobre por que voltou a estudar, a fazer EJA.

Figura 2 - Profissão

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Em relação à pergunta aberta sobre “Por que procurou a Educação de Jovens e

Adultos (EJA)?”, as respostas foram: “para ter mais chance no mercado”, “para terminar o 2º

grau”, “muito atraso nos estudos e me sinto no dever da rápida conclusão do ensino médio”,

“para ter uma oportunidade de trabalho e pessoal, para que possa ter um salário melhor e

condição de vida mais tranquila para minha família”, “para poder concluir o ensino médio e

poder fazer um curso superior”, “por causa da idade e de meus horários”, “porque não tive a

oportunidade de terminar meu estudo ainda adolescente”, “para compensar o erro de ter

deixado os estudos quando adolescente e agora concluir o ensino médio”, “para concluir os

estudos e ingressar no mercado de trabalho”.

Conforme levantamento do depoimento do profissional pedreiro, o mesmo menciona

que buscou a EJA para: “poder adquirir conhecimento e crescer profissionalmente, no futuro

eu penso em fazer mais cursos e cursar em uma faculdade”. A aluna que assinalou a profissão

do lar mencionou: “porque as oportunidades para as pessoas que pararam de estudar por

motivos aos quais não pode continuar. Eu voltei porque me fez muita falta eu gosto e quero

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fazer magistério para poder aprender fazer algo que eu possa passar para meus futuros

alunos”.

Quanto ao hábito de acordar destacamos que 45% acordam entre 6h e 7h, pois

precisam trabalhar.

Figura 3 - Hábito/Horário de acordar

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Figura 4 – Hábito/Horário de dormir

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Os participantes da pesquisa costumam dormir entre 22h e 23h totalizando um

percentual de 50%.

Em relação à pergunta “quanto tempo você dorme em média?”, a maioria mencionou

dormir 8h por média, só teve um aluno que mencionou dormir em média 4h por dia.

Em relação à pergunta sobre o entendimento de Qualidade de vida os alunos deveriam

enumerar de 1 ao 4 por ordem do que eles fazem no dia a dia enquanto Qualidade de vida.

As perguntas eram: ( ) me alimentar bem ( ) fazer caminhada ( ) praticar esporte ( ) ir

à igreja ( ) tomar remédios ( ) dormir bem ( ) estudar.

As ordens foram às seguintes: 4 alunos declararam que qualidade de vida é se

alimentar bem, seguindo de dormir bem, 2 mencionaram que ir à igreja é qualidade de vida, e

dois mencionaram que tomar remédios é qualidade de vida. Um aluno respondeu que estudar

é qualidade de vida, ficando caracterizado praticar esportes e fazer caminhada como última

opção.

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Respondendo a questão o que é lazer para você destaca-se que a maioria dos alunos

que responderam o questionário mencionou que lazer é conversar com amigos e jogar futebol.

Porém percebemos em menor escala a presença do shopping como espaço de lazer e

até mesmo a escola considerada como espaço de lazer.

Figura 5 - O que é lazer para você.

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Os alunos (as) consideram que jogar futebol (22%) e conversar com amigos (22%) é

lazer, seguidos de ir à escola e a igreja com 17%.

Figura 6 - O que costuma fazer em seu tempo livre?

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

30% costumam em seu tempo livre conversar com os amigos, e 20% caracterizado

como outros apareceu na descrição que usam de seu tempo livre para ver TV ou visitar

familiares.

Considerando a pergunta sobre atividade cultural procurada pelos alunos destacamos

que 65% não procuram nenhuma atividade cultural, os 10% que aparecem na pesquisa

participam de grupo de teatro e grupo de jovens ligado à igreja.

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Figura 7 - Prática alguma atividade cultural?

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Esta análise foi muito interessante por apresentar 65% que não realizam nenhuma

atividade cultural. Aparecendo apenas 10% para as categorias grupo de dança, grupo de

jovens e teatro.

Em relação às atividades realizadas em casa a pesquisa mostra que a maioria costuma

escutar música (25%) e também executam tarefas domésticas (25%), seguido de 15% que

estudam em casa e 5% que jogam videogame. Mesmo estando na era digital apenas 1 aluno

respondeu que no seu tempo livre em casa costuma usar a internet.

Quanto aos espaços para lazer foi bem dividido a opinião dos participantes, 50%

mencionando não ser necessário espaços apropriados para o lazer, pois consideram que

qualquer espaço poderia ser praticado lazer desde que haja tempo livre.

Figura 8 - Lugares apropriados para prática de lazer

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

O gráfico 08 apresenta 85% respondendo que se tivesse lugar apropiado para o lazer

próximo de sua casa faria atividadades para preencher seu tempo.

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Figura 9 - Você considera seu trabalho cansativo

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

A maioria dos pesquisados 70% não consideram que o trabalho atrapalha suas

atividades de lazer, pois não é cansativo.

E se o poder público construísse espaços apropriados de lazer na localidade de sua

residência 95% faria alguma atividade.

Figura 10 - Se o poder público construísse espaços físicos de lazer na sua localidade! Você faria?

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Figura 11 - Espaços que o poder público poderia investir

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Após tabulação dos dados verificou-se que 40% preferem investimento do setor

público em academias ao ar livre, porém que tivesse alguém responsável para orientar sobre

as atividades que poderiam ser realizadas para melhorar sua qualidade de vida. Temos na

sequência 25% da solicitação de praças poliesportivas para que a comunidade pudesse

escolher o esporte que mais lhe agrada.

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Figura 12 - Considera que a prática de lazer poderá melhorar sua qualidade de vida?

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Apenas 1 participante considerou que a prática de lazer não melhoria sua qualidade de

vida.

Considerações finais

A categoria sociológica da cotidianidade tem muito a contribuir para os estudos do

lazer. O cotidiano escolar é um espaço privilegiado da análise sociológica das transformações

dos conflitos dos anseios.

Por isso destacamos a importância da disciplina de Sociologia para Educação de

Jovens e Adultos (EJA) a qual contribui com as discussões sobre tempo livre, concepção de

lazer e o que leva o sujeito a melhorar sua qualidade de vida.

O estilo de vivência do lazer passivo ou ocioso, puramente vinculado ao não desfrute,

à inatividade, e não apenas voltado para a opção do descanso em si, tem associado, entre

outros pressupostos, especialmente, ao despreparo social para usufruir, adequadamente, esse

tempo disponível, em função da primazia que já há muito tempo, tem se dado ao trabalho ao

longo do desenvolvimento da história social humana.

O trabalho ainda é o sustentáculo da sociedade, no entanto o ser humano cada vez

mais busca espaços apropriados de lazer para amenizar os efeitos negativos que envolvem o

cotidiano como a rotina e o estresse.

O lazer dos participantes revela aspectos da cultura local, as atividades culturais

demonstram ser restritas, tanto em diversificação de tipos de atividade, quanto em sua

frequência de realização. Ressaltando-se conversar com amigos em seu tempo livre uma das

preferências. Escutar música em casa também ocupa lugar de destaque nas atividades de lazer

realizadas em casa.

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Ao que se refere às políticas de lazer, muito pouco se faz no sentido de buscar

melhorias para os cidadãos de periferia, os participantes requerem uma articulação contínua

entre os diversos atores sociais.

Após descrição dos dados percebe-se que os alunos da EJA em sua maioria sexo

feminino consideram que o lazer está atrelado a qualidade de vida.

Respondendo a problemática inicial sobre o entendimento dos participantes em relação

ao conceito de lazer e qualidade de vida, percebe-se que a disciplina de Sociologia com suas

discussões foi um aporte fundamental para o entendimento sobre lazer.

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